cor, hierarquia e sistema de classificação. a diferença fora do lugar. marjory

Upload: caio-cerqueira

Post on 16-Jul-2015

99 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

COR,ERARAE SISTEMA DE " CLASSIFICAAO: a.erena foradolugar olhohumanotmcapcidade de ver milhe de core diferentes, ma existe um nmero limitdo de termosbsicodecor.O quesignifica isso?Muitosantroplogosdiscutiram essaquestoepenaramarelao entre a prcepo e o signo. O tabalho deBerlineKay,BCiccolorterms (1970),ppularizouagrandedescobertadauniveralidadedostermos bsicosdecor,M foisempreinterpretado atravs do vis crtico dorelativismocultural Sahlins(1977), em brilhanteartig, repenaascolocaesdeBerlineKay apartir dformulaetruturalist que apontm para a arbitrariedade do signo. Diz ele: "O trmos de cor no tmseusentidoimpstoploscontrangimentosdanaturez l1icaehu-Yvonne Maggie M;aocontrrio,elestormesses limitenmedidaemquesosigncativos." A questo que se coloca em primeiro lugradesaberpr quecr diferenassotomadascomoreaiseoutrsignoradas.SrqueM ntureza limitaaprcepo?Ouaprcepo poda atribuirsignificados coisas indepndentemente deselimite?DiscutireseproblemaO mesmoque refetir sobr a relao entre anaturezaea mentehumana. BerlineKaydecobriramque08 termodcresuerais,variandode 2a12 em nmer.Omais recotIentesso08que8ereferemao pretoe ao branco;aobrilho eausncia de brilho, cor e auncia de cor. Essereultadoabriuumespaopara Nota A primeira vero destettoroi eritacmo introuo a Ca6lgo Crio d Abol (Rio de Janeir. ACECIECI Ncleoda Cr-UFRJ,1989), pruzido plo Prjet AboJio. volvido ploCntroInterdiciplinardeEstudosCntmprlndaEsldem UFRJepla Lboratrio de Peuia Soial da Intitut de Filosfa e Cincis Saiaia 8tud8t8, Ria deJaneiro, val7, n144, g 14.150bHSTRCS 1VWocrlticodorelativismoeprum afatamententre88deaoberde BerlineKayeoetruturalismo.Sahlins repnde aesaoposio dizendo: "Sustantoqueessereultdo(de BerlineKay) eoconenciado uo eoial d88core nosprasignifCr diferenMobjetiV88dantureza \antedetudo,pcomunicardistinessigcativa dacultura." Ouseja,entrenaturezement, Sahlin coloa Mtrtu, a cult que a prtir de cmbin binria atribui signicdos naturz. A combin binriasestotntonnturezcomo nmentehuman,eaculturaque atribui signifcado a es e pre de op.-Slao. Asim,aquestonosabersea nturezaquelimitaopenamento, masimcomoaculturacontricom binesicativasquelimitamo usod88psibilidadefornecid88pla naturzaohomem.Eselimiteimpsto pla cultura faz comque s ecl, entea milhes de coreexistant e prceptlveis ao olho humano, apO a que pssamcomunicar diferen88sicativancultura.S diz, como Lvi-Stralssobre o totemismo,que as core so ba p p'esadiscusso sobretermoe coreeimprtanteparrefazerprguntastantasvezejfeitaeobreo sistemadeclassificaod88cored8 ps Ono Brasil. Esss prguntas so formuladas tantoquando se fala sobre identidade tnic qUAnto de sitemA de clasifco das "raas". A identidade tnicasapresntaao olhodas pe088comorepreentaocontruda, como dizManuelaCarneirodaCa (1987). A clAsifcaod8corespare c,ao contrrio, serqUBe sempren turalizda.FalAndodecoreetnano Brail, tudo S9 pasa comos S8 Cj.ns edanaturezpraM repre sentaoq"sehipcrita,etem-sBsensao deetaremcampo minado. Muitojflaramsobreidentidade e sistma clasifcatrio de cor. ManuelaCarneirodaCunha,PeterFre Carlo Vog, Batriz G Dants falarmsobraconstruodeidentidade naAfrica,no Cnd6ounoterreiros decndombl.MarinHarris,Oracy NogueiraeMomadePoli Tixeirase pIparam com aquestodacs ifcaodascore d pssoas. Discutindo a identidade tnica, ManuelaCarneirodaCn(1987) mostracomonegI"quesaramdoBrasil nofnldosculo Xeforamparaa NigriaAssumlaidentidadede brasileirosecatlicos,enquantoseus " Bi . 'dt'da11I8osnoraSUIamalen1. deafriC eareligiodosYorub. ComisoaidentidadedosNagno Brasilfoirlativizda,eabriu-se uma enoJme ponta para se relativizr e denturalizar a "cultura negras", PeterFr e Carlo Vogt (1982)decrvemO MO daUnguanoCafund6 como sinl diacrtico de identidade. Beatriz Ge Dantas (1988) repnsa a categria "Nag6 autntico" noBrasil. Aautoradicutaarelatividadedesa contruoeosicadoqueteveno Brailaditinode grupnegro comomispuroparaaidentidades do OUlinegl. 'd05 esse trabalhosfalam de "neg" edidentidade mostrandocomo se pdeconstruiraidentidade nneg noBrasil.Acategoriaquemarcaa identidade parece ser a expreso "neg",esrarmente5efalaem "pesoa de cor". O fto que h sempre um certo deconforto no M dostrmos de corplossci610gosquandoflamde identidade. RbertDaMatta,emsua''Fbula dat ra"(1987), discutaacontruodaidentidadebrasileiraatrav d88 ra8 que cmpm o tringulo COR lUERUIA E SISTEMA DE CI&SIFCAO151 branco-ndio-negra, contratndoese sistemacomoamericano,queope brancos e negos. O tringulo d reas refere-se deigualdada "nt" d psoaeflaemorigen.Sstoma O autres que uam o sistmade classifcaodcor pre pnsaridentidade, v-se que todos s defontam com a "arbigidade". Mr Harris(1970) quasesborroriza aoaprentr odeenho de Mmemfg ainformantdistinto. Odesenhoercs ificdo,segundoa cor, d fOIa bem diferent depndendo doentrevistd.MHarristambmopeese sistemaao nortameri C edizqueobrileiroambguo, enquanto o nortamericano plar . Orec Nogueire (1985) decreve um sistema cujo preconceit de origem, e outroquetem opreconceito damarea. NosEUAnegroaquelequetemancestrais negros; noBrasil aquele que temaple escura eocabelo "ruim" ou o nariz mais ''largon. Moemade Poli Tixeira(1986) descobriu um vis mais relativizador aindaedescreveumsistemarelacional ondenohbrancoseneg=oupret, M claros e ecuros.A contruo dese grediente depnde da cordaquelequeclassifca.Usa-seogradiente pareaclassifcaodeprximo.S terceirosdistantespodemserclasifcados como brencos ou pretos. Haindaaqueleque,desdeNina Rigue(1894),flamdemetiagem,elogiandooumaldizendo.Omulato,cmodizEduardoOliveiraOliveira(1974), Mobstculo epistemolgico,ouM vlvuladeecap,no dizerdeDegler(1971).MaisrecentementeCarlosHasenbalg,Nelsondo ValeeSilvaeLuizCludioBarcelo (1989)flamdopas"miscigendo"e descrvemoaumentodonmerode pardosnapopulaobrasileire.Luiz Felip d'Alencastro descreve, em "Gepoltic da metiagem" (1985), aarbitrarieadedosigno"mestio"dizendo que h situaes que levam ao embrenqueimentoe outra ao enegrecimento d ppulae. Seguindo a pista de Sahlin, deve-e refetirsobrea"liberdade" ou arbitrariedaden ecolhados signos, dos termo de cr, naprprianaturez d coredpssoas.Ou,colocandode outro jeito:entre a nturezadcores dapsoas ea menteh um trtus, a cultura, que opre com opsiesbinria pare comunicar diferenas significativas. A discusso sobre o sistemade classifi caodecornoBrasilcertamente se enriquecera partir dovasto materialcolhidonoanodoCntenrioda AboliodaEcravatureploProjet Abolio. Aculture impe limites natureze,comosever.entremuitos termosdecornoBrasil,escolheualg parefalardeorigem, identidde e cultura;out= p f de diferenasnaordempropriamentesocial,e aindaumterceiroco'untodetermos paraecamoteardiferenas. oProjeto Aolio Oque sfezeoquesedise noano doCentenriodaAbolio?Oquese falou ecomo sefalou sobre a relaes rciaisou sobre ascorescemanosdepoisdeextinta aecravidono Brasil? O levantamento que se realizou dentro doProjeto Abolioao lon doanode 1988 tomou Obquestescomo ponto departida,M deoutroladocontituiu fonte inegotveldeprguntas. Paredarincioaoprojeto,decidiuse.comotarefabsica.levantros "eventos"doCntenrio.Acategoria "evento" fazpartedaclasificao que OB informante, ''nativos'',fiZeramdos 152ESTDOS HSTrCOS -Iacontecimentosproduzidosduranteo ano. "Evento" umacategoria que significatambmacontecimentdentro desituaes cvicas: "oseventos do BicentenriodaRevoluoFrancesa", prexemplo.Asim,partiu-sedessa noo "ntiva" para contruir o mapeamento do ano do Centenrio. Depis de exaustivo proceso decoleta, chegou-se a 1.702 registros. Eventofoitudooqueseproduziu para"criticar',"repnsar","comemorar" ou"negr"o Centenrio da Abolio.Resolveu-se listar eventos privilegiandonosos"maisimprtante", mastodosaquelesquefalassemdo Centenrio.Oepectrodolevantamento foiamplo, prtanto, e teve como fundamentoopropsitodeverificar onde, com quem, como epara quem se pnouesefalousobreodramadas relaes raciais. A coletafoifeitaem mbito nacionl prM equipcompstademuits pesoas. Antroplogos, etudante, fot6grafo,umapesquisadoradeTMequipdevideo,umaequipedelevantamento e arquivo, M equip de documentaopusermmosobra,cntandocomainfra-struturaadministrativadoCIEC/ECO edoLaboratrio dePesquisaSocial/lFCS,daUniveridadeFeeraldoRiode Janeiro. Olevantamentomaisaprofundado concentrou-senoRiodeJaneiro,em SoPauloeemSalvador.Aequip deslocou-seaindaparaointeriordo EstadodoRio,foiaDivinplis(G) em ma io e a Macei e Serra da Barriga () emnovembro. Usou-seametodologiaclssicada antroplogiasocial,fazendoobservaoparticipanteemsituaespreviamente escolhidas. Foram feitas muitas entrevistasduranteoseventos,com prguntapadronizadasparaparticipanteseorganizadores.Outras entrevistasmaislongasforamrealizadas com a inteno de regtar histrias de vida de algumapsoas. Paraolevantamentmaisamplo fez-se uso de uma fl 8, Lux, que coletainormaesemjorisdetodoo pasobrequalquertemadesejado. Atravsdecartfez-seconttocom orgnizaeseentidadeemdiferentes estados, que respnderam psitivamenteenviandomaterial. Olevantamentoemvdeotem40 horasdematerialbrutoecobriu12 eventosnoRio,SoPaulo,Salvador, Divinpli e Belo Horizonte. Esse material grou um trabalho de 20 minuts elaboradoplaequipeRdiodaLua. Mais de30 eventos foram fotografados e218foramobseradosintensamente pelaequip. Oresultadodesetrabalhofoirico: formou-se uma coleo de documents quehojeestorganizdaeabertao pblico.J em1989publicou-seoC tlogo Centenrio daAblio que, emboracomlacunas,anolaoseventos levantados,classifcando-os.05resultados dainvestigaotericaque ese materialpossibilitacertamenteso menos imediatos, mas jsefazem sentirem textosintrodutrios. Classificaes,correlaes Oprimeiropassoparaaanlisedo materialrecolhidofoifazerumaclassificaodos eventos ede todaa documentaoprtip(aformaemqueo eventofoiproduzido),porter(assuntos tratados)e pr cs e(a gnese doevento).l Pensou-seaindaemclassifcargeografcamenteoseventos (ocorridosforadascapitaiseforado Brasil)eemdistinguirentreasduas principaisdatasdo"anodoCentenrio":o13demaio,data daassinatura daLiAurea,que extinguiu aescravi-COR HIERQUIA E SISTEMA DE LIFICAO153 do,eo20 denovembro,dataemque . t h . osmOVlmenO neglomenage1m Zumbi dos Palmares, lder do quilombo maisclebredahistriadoBrail Criou-setambmumacJifco das plavrasque,nos ttulos dos evento,identificavamuminteno.O prmotore usavam "fr","comemorao"e"abolio"paraexpresarcrtica,exltaoou M postura neutra diante doCentenrio. Embora nem tdososttulosofizessem, grandeparte deleusavaessasexpreseque apntamparaa posturado organizadore diante do signifcado daAbolio. Houveumaaboliodaecravatura? Foi umafara?Deve-secomemoraro fmdaescravido? A categorias classificatriaforam asimescolhidasapartirdouniverso de categorias usadas pelos prpriosinfointe. Arelatividade da classifcao, noentanto, no deve sr obstculo parasechegrlgcadodiscuro noanodoCentenrio. Feitaesadsifcaoprliminar, quepartiubasicamentedottulodo eventos,mastambmdaanlisede muitosrelatrio de psquiadore,de documentos produzidos pr cada eventoe dedisc1s essobreoque B disse nese eventos,pU-seapnar algumascorrelaes.Computou-seentoa fncia decada tema, de cada tipecs deevento,eaindaafqnia dos eventos ligado dats de maioe novembro. Cmomostraomaterialcoletdo, maio tvemuitomais evento (666) do quenvembro(162),oquerevelaa imJrtncia da data da asinaturada -Li Aura. O 13 de mio dat presen-t no S nos evento orgnizado plo Estado, mas tambm em muitos eventospopulare,privado ede moviment negl. Dig-s,no entanto,queo movimentosnegnoanode1987 decidiram concentrr eforos n crti-cadataofcialeprgramaTmpaseeatas p odia 13 de maioem todas ascapitaisdoBrasil.O13 demio foi conideradoplosmovimentosnegros oDiaNacionaldeCombateaoRacismo.Masisso no bata para explicar a enOl'meconcentraodeeventsno ms noqualtradicionalmentecomemorada aAolio ou o "dia dos ecravos" I como sedizppulal'ment. Jemnovembronohouvetntos eventos,embora muitosdoeque se realizramtenhamsido"ofciais",oque apntaparaumapropriao"nacional"dadataemqueosmovimentoe negloshomenageiamZumbi.O20de novembro, ofcialmente, passou a ser o DiaNacional da Cncincia Negla. A data criada pr moviments negros inquietoscoma buscadesinaisdiacrticos de identidade paulatinamente pssou aser smbolonacional. OutTaconttoqueoseventos do interior form meno numeIque osdascpitais,equelaagncias municipaisdo governoe univeridade etaduaispareemt estdo ma i preente do que os moviment negos. Maacorrelao maissigcativa paradiscutiracorcomoterO''om parasepnar" aquantidadeem-:3e:ta:::os sentidos,tanto movimentosnegros, comoigrejas,academ,ppulares, privados,Etadoetc.ecolheramotma "cultura neglnprapenar o ". go"eadifernaentTa"negros" eoutro. Seguem-se na prioridade d intereseostema"negrohoje","Aoli-o""ecravido""vultone" , J, , "discriminao","Mrica"."pltica", "mulher",'dentidade",eprltimo "relaesraciais".4 EsssescolhastmtiC refetem um discuro que fala sobre a diferena e a mrginalizao do "negro hoje". A diferena p no entanto no estar sendo contruda a par-154ESTDOS HSTRICOS -19!14 tirdoulugar"socialdounegro".Onmerodeeventosquefalamsobrea "ecravido"8}ntaindaparaum mecanismodebuscadeexplicaoda diferenano passado. A prspctiva da EscolaPaulista,queatribuiopreconceitoeadiscriminao aumasobrevivnciadopassadoescravista,resultadodavisodequeaquestono tantoderaacomodeclasse.Assim, comodizFlorestanFernndes,osnegrosdepisdaAbolioestodefasados "culturalmente" eportantoimpssibilitadosdecompetiremigualdade depondiescomosmigrantesbrancos. Onmerodeeventosquefalam em "farsa"fazanteveruraperspectiva quedesenfatizaaimprtnciadaLi Aureaparaa libertaodos"negros" -"negro" expressorecorrenteecons tant,havendopoucaounenhumareferncia mestiagem, no s nos ttulosdoseventoscomonocontedodos documentosproduzidos. Dos1.702 eventos, apnas 35 falam dasrelaeentre"brancose pretos"e dosnmerosdasdesigualdadesraciais.Desses35,4foramrealizados foradoBrasil,sendoqueototalde eventosrealizadosnoexteriorsobea apenas12. Comoexplicaressa recusa? Por que essafaJacoletivaquedescreveadiferenaentre"brancos"e"negros",ou "brancos","ndios"e"negrosn,llsando sumdosplos,os "negros",marcan dosuaspeculiaridadesculturaisou seus sinaisdiacrticosnacultura? No ano doCentenrio,um ano limi nar,falou-sema ideBrasildoque "negros"e"brancos",Maisda"fbula dastrsraas",comodiz RobertoDaMatta,doquedolugarsocialdo "negro", e mais de "identidade",buscando sinais diacrticos da cultura, do que de desigualdadessocialmenteproduzid. Cinco exemplos Cincoexemplosserousadosaqui paracontruiresasquestes:odiscuro do presidente Jos Sarney no dia 12 de maio de 1988 na sesso solene do Congresso em Braslia; documentos do Movimento Negro Unicado e de organizdoresdosmovimentosnegrosa Campanha da Fraternidade de 1988; o CatlogodoCongressoInternacional da Escravido,eoedital de um "leilo simulado deescravos" distribudo pla Bolsa de Valoresdo RiodeJaneiro. Sarney faladano negra, dos negrosmarginalizados,e usa aculturae opovonegrocomseussinaisdiacrti cos para definir a "nao africana". Co modPeterFry(1983),ossinaisde um pvonegropassamasersmbolos da nacionalidade. Os documentos dos movimentos ne gros conclamam crtica das "comemoraes" ereivindicammelhorescondi esdevida.Matambmreforama importnciadonegronaformaoda "nao".Onegroorigem:"(00')estamos ns ruas lutando em nome de uma verdadeirahistriadonegro,quefoi responvelpeJacontruodoalicercedesta sociedade que hoje nosdiscri-Um outro documento do movimento negodescreve,alutadosnegrosse iniciando com a Africa, a escravido, as revoltasdosquilomboseasrevoltas dos Mal. Trmin com a explicao da razo denosefetejaroCentenrio: porqueh36milbedecrianas abandonada, a maioria negracontinua nas favelas.O slga dapasseata "MarchacontraafradaAbolio", dia 11 de maio WRio, que sofreuenormerprso,d:"Nadamudou,vamomudar." 'dosU documentosdescrevem uma histria do negro. O negro que, da COR HIEHQUIA E SISTEMA DE C IFCAO155 Mrica,ecravizado, veio para oBrasil efoimarginalizado.Omovimentos negrostmdemandasporigualdade. Noentnto,esasdemandasnoconseguem tranbordar os limitesdeum pequeno grupo de militantes, como diz Carlos Hasenbalg (1987). A anlise da Campnha da Fraterdadede1988prmiteumarefexo mais aprofndada sobre a queto. Pela primeiravezna histria desa campnha religioa, o arcebisp do Rio rompu comasdetreelaboradasn ConfernciaNacionldosBispsd Brail ecriouumacmpanha prpria. NaCNBB havia trs prpstas. Vencu o seguinte sla: "i o clamor desse pvo'" A propt derrotada dizia: ''Ouvi o clamor dese povo negro'" O arebisp doRio,quetambmsaiuderrotdo, queria:"Muitasraseum5pvo". Quediferenhaverentresao s? Por que a diculdade d se pnar e clasifcar relae entre "'ras" como relaede diferna maradas no social? O povo "negro",o pvo muit ras, o pvo clama. Chega-se ao maior semrio do ano} promovido pelas univeridade federais e estaduais,plo CNPq e plo Mtrio da Cultura -o Cng internciondaEscravido.Eminandoo Tsumo das cnfern contidos no CatlogodoCngso,saltaoolhosa quantidadedetsbrreligio, candombl,culturaneg,sambano BrailconteJlrne,eapucrf ..rnciasituao sidonegro hoje. Apnstreumosfalamds:um psquisador americano discute a t de Florestn Ferndes sobra gnese da marginalizao do negro, Mdem6graa fala de casamentos interraciais e umapquisadorabrasileirafladas condiedavidarrl.Qunose discute a mestiagem. Ningum deCIe veosnmerosdasdeigualdade"ciais". O nmero de tt sobr "eer-vido" no ultrapas a o de t sobre "cultura negra", O documento da Bolsa de Valores do Riode Janeirotalvez possa repnder aesasprguntas.Nessaterrvel agressoemforma depiadatalvez se possavercomosefalaeoquesediz quando se fala do negro no Brasil No dia 12 de maio de 1988 foi distribudonaBolsadeValoresdoRiode Janeiroumpanfletoanunciando,em edital,avendadeescravos.Noera umacpia deeditldoperodoescravista.O panleto intitulava-se"Edital do 1 LeiloparaaConverodaLei Aurea". Oprimeiropargrafodopanfeto dizia que o dispostona Li Aureaper-deriaavalidadea