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COOTRAM
- Cooperativa dos Trabalhadores Autônomos do Complexo de Manguinhos -
“Uma experiência emblemática”1
(1993-2003)
Vanêssa Alves Pinheiro2
Este artigo é composto por uma exposição de uma pesquisa, em andamento, cujo tema
é a Cooperativa dos Trabalhadores Autônomos do Complexo de Maguinhos (COOTRAM)
criada em 22 de novembro de 1994, no Rio de Janeiro, pelo “ Projeto Articulado de Melhoria
da Qualidade de Vida – Universidade Aberta”, vinculado à Fiocruz. Esta cooperativa se
configura como uma estratégia de atuação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na região ao
redor de seu campus em Manguinhos.
O objetivo deste trabalho consiste na tentativa de compreender as motivações e razões
pelas quais a Fiocruz, que há tempos atua nas Comunidade de Manguinhos, e que incorporou
como umas das formas de atuação nas comunidades do entorno a constituição de uma
“cooperativa popular”. No cerne da questão está o diálogo da Fiocruz com as ideias que
pautaram o Programa Comunidade Solidária do Governo Federal, além de como a instituição
delineou suas estratégias para promoção da saúde, com o intuito de reduzir as desigualdades
sociais e contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população das Comunidades de
Manguinhos através da COOTRAM.
A COOTRAM como uma ação alternativa de atuação da Fiocruz nas áreas
circunvizinhas, na qual estava previsto o desenvolvimento econômico e social das
Comunidades de Manguinhos, com a intenção de promover o acesso à cidadania da população
1 COEP. Das ruas às redes: 15 anos de mobilização social na luta contra a fome e a pobreza/COEP. Rio de Janeiro:
COEP, 2008. 2Mestranda do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz –
COC/FIOCRUZ, orientada por Tania Maria Dias Fernandes Doutora em História Social pela Universidade de São
Paulo e pesquisadora da Casa de Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz.
desta região, acaba por ser interpretada como uma experiência emblemática diante de outras
similares.3
Ampliação do conceito de saúde e suas consequências para elaboração e implantação de
políticas públicas no Brasil e o estabelecimento dos determinantes da saúde.
A Constituição de 1988 representa uma marca importante no processo de
redemocratização no Brasil, com a proposição de conquista de um estado de bem-estar social
com ênfase no acesso à cidadania. No campo da saúde, a constituição de 1988 ressalta a
mudança no entendimento do termo saúde, incorporando ao seu significado o alcance de direito
de todos e definindo os princípios e as diretrizes norteadoras da política de saúde no país.4
De acordo com Sarah Escorel, essas transformações no campo da saúde são
provenientes do movimento sanitarista, o qual difundiu a ideia de democratização do acesso à
saúde, tema amplamente discutido entre os constituintes.
A saúde passou a ser considerada como direito de todos e dever do Estado (art.
196), adotando-se o conceito ampliado de saúde formulado na 8ª CNS. E foi
criado o SUS, sistema universal de atenção à saúde, regido pelos princípios de
descentralização, integridade e participação da comunidade. (Brasil, 1988)5
Na década de 1990 buscou-se implementar dispositivos formais e legais para a possível
reforma do sistema de saúde6. Contribuindo para este processo, Escorel, em seus estudos sobre
a Reforma Sanitária, menciona a elaboração da Lei Orgânica 8.080 de 1990 como uma
3 COEP. Das ruas às redes: 15 anos de mobilização social na luta contra a fome e a pobreza/COEP. Rio de Janeiro:
COEP, 2008. 4MENICUCCI, Telma. A implementação da Reforma Sanitária: a formação de uma política. In: Hochman,
Gilberto; Arretche, Marta; Marques, Eduardo (orgs.). Políticas Públicas no Brasil. Rio de Janeiro, Fiorcruz, 2007,
P.304
PAIVA, Carlos Henrique Assunção; TEIXEIRA, Luiz Antonio. “Reforma sanitária e a criação do Sistema Único
de Saúde: notas sobre contextos e autores”. História, Ciência, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.21, n.1, jan-
mar. 2014, p. 15-35. 5 ESCOREL Sarah. “História das Políticas de Saúde no Brasil de 1964 a 1990: do golpe militar à Reforma
Sanitária”. In: Giovanella, L; Escorel, S.; Lobato, L.V.; Noronha, J.C.; Carvalho, A.I.. (Orgs.). Políticas e Sistema
de Saúde no Brasil. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2012, p. 359. 6 MENICUCCI, Telma. A implementação da Reforma Sanitária: a formação de uma política. In: Hochman,
Gilberto; Arretche, Marta; Marques, Eduardo (orgs.). Políticas Públicas no Brasil. Rio de Janeiro, Fiorcruz, 2007,
P.304
importante ferramenta legal para a organização do Sistema Único de Saúde.7 A aprovação desta
legislação é relevante pois estabeleceu as principais condições para a promoção da saúde, dentre
elas a definição de seus condicionantes e determinantes, como a alimentação, moradia,
saneamento básico, meio ambiente, trabalho, renda, educação, transporte, lazer, acesso aos bens
e serviços, etc.8
O que caracteriza a promoção da saúde modernamente é considerar como foco
da ação sanitária os determinantes gerais sobre a saúde. Saúde é assim
entendida como produto de um amplo espectro de fatores relacionados à
qualidade de vida, como padrões adequados de alimentação e nutrição,
habitação e saneamento, trabalho, educação, ambiente físico limpo, ambiente
social de apoio a famílias e indivíduos, estilo de vida responsável e um
espectro adequado de cuidados de saúde.9
A definição dos determinantes da saúde, de acordo com Paulo Buss, contribuiu para
uma maior percepção de que as políticas públicas sociais ou econômicas afetavam diretamente
o desenvolvimento da população, fazendo-se necessária a adoção de uma perspectiva
abrangente, na qual o desenvolvimento humano deveria ser “integral (abranger todos os setores
relevantes), sustentável (técnica, cultural, social, filosófica, política e econômica) e ser
implementada no nível local”.10 Deste modo, pode-se entender a política de saúde como uma
política social, na qual o acesso à saúde é um direto de todos e que se encontra intrinsecamente
ligado à condição de cidadania.11
O processo de construção democrática, oriundo das forças sociais, que lutaram contra a
ditadura civil-militar nos anos 1980, partilhavam a ideia de um projeto democratizante e
participativo, visavam alargamento da cidadania e aprofundamento da democracia. Este
7ESCOREL Sarah. “História das Políticas de Saúde no Brasil de 1964 a 1990: do golpe militar à Reforma
Sanitária”. In: Giovanella, L; Escorel, S.; Lobato, L.V.; Noronha, J.C.; Carvalho, A.I.. (Orgs.). Políticas e Sistema
de Saúde no Brasil. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2012, p. 359. 8 Lei Orgânica 8. 080 de 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm Acesso em
20 de abril de 2016. 9 BUSS, Paulo Marchiori; CARVALHO, Antonio Ivo de. Determinantes Sociais na Saúde, na Doença e na
Intervenção. In: GIOVANELLA, Ligia; ESCOREL, Sarah; LOBATO, Lenaura de Vasconcelos Costa, et a. (orgs.)
Políticas e Sistemas de Saúde no Brasil. Rio de Janeiro, Editora Fiocruz, 2008. P.154 10 BUSS, Paulo; CARVALHO. Projeto Desenvolvimento humano sustentável (DHS) no nível local da perspectiva
da saúde. 11 FLEURY, Sonia; OUVERNEY, Assis Matfort. Política de Saúde: uma Política Social. In: GIOVANELLA,
Ligia; ESCOREL, Sarah; LOBATO, Lenaura de Vasconcelos Costa, et a. (orgs.) Políticas e Sistemas de Saúde no
Brasil. Rio de Janeiro, Editora Fiocruz, 2008. P.23
processo contribuiu para a construção de espaços públicos e a ascendência da participação da
sociedade civil nos debates públicos sobre questões políticas.12
Em 1989, com a eleição para a presidência da república de Fernando Collor de Melo,
tomou folego o processo de implementação do neoliberalismo no Brasil, que previa a concepção
de um Estado mínimo, o qual visava restringir a atuação do Estado na regulação da sociedade,
gradativamente diminuindo suas responsabilidades sociais, repassando-as à sociedade civil.
Portanto, nos anos 1990, além da concretização dos princípios orientadores da reforma do
sistema de saúde, outras tensões emergiram no país.13
A adoção da política neoliberal no final da década de 1980, acirrou o aumento das
desigualdades sociais, comprometendo a melhoria da qualidade de vida da população. Garantir
condições dignas de sobrevivência, através do reconhecimento da cidadania, tornava-se um dos
principais objetivos dos movimentos sociais. Todavia, as próprias políticas sociais eram
fomentadoras das desigualdades entre os cidadãos, expressos no acesso de direito à cidadania.14
O jogo entre a ordem econômica e social, somado a distância entre os direitos
formais e os reais, refreou a possibilidade da leitura da totalidade das
demandas da sociedade. Este é o momento da conversão das políticas sociais
de direitos em políticas de combate a pobreza que se voltam para a redução da
miséria sem alcance de direitos sociais.15
Nesse caminho de combate à pobreza e de minimização da miséria e a busca pelo acesso
à cidadania, no início da década de 1990, foi preparado pelo IPEA (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada), no governo do presidente Itamar Franco, um estudo que resultou na
elaboração do Mapa da Fome. Este conferiu maior visibilidade às condições de vida da
população mais pobre no Brasil, colaborando para o estabelecimento da linha da pobreza.16
12DAGNINO, Evelina. Confluência Perversa, Deslocamento de Sentido, Crise Discursiva. In: GRIMSON,
Alejandro. (Org.). La Cultura En Las Crisis Latinoamericanas. 1ªed. Buenos Aires : Clacso, 2004. P. 196
Disponível em: http://biblioteca.clacso.edu.ar/ar/libros/grupos/grim_crisis/11Confluencia.pdf Acesso em 20 de
abril de 2016 13Ibidem, p. 197. 14SPOSATI, Aldaiza. Tendências latino-americanas da política social pública no século 21. R. Katál.,
Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 104-115, jan./jun. 2011. P. 108 15Ibidem, p. 108. 16COEP. Das ruas às redes: 15 anos de mobilização social na luta contra a fome e a pobreza / COEP. Rio de
Janeiro: COEP, 2008. P.47,64, 73.
Segundo Aldaiza Sposati, o combate à pobreza pressupõe encarar as desigualdades sociais
também nos acessos as políticas sociais que, também, reverbera na política econômica.17
A questão da fome destacada por Josué de Castro na primeira parte do século XIX, ainda
no início da década de 1990 não havia sido superada. Somando-se a esta o contexto de
disparidade da modernização da economia no Brasil, propiciou a produção do mapeamento da
fome pelo IPEA, o surgimento do Ação da Cidadania e a adoção do Plano Combate à Fome e
à Miséria pelo presidente Itamar Franco.18
No decorrer da década de 1980, diversas estratégias de combate à fome foram
idealizadas por intelectuais ligados a nutrição e alimentação, que posteriormente serviram de
subsídios para a estruturação de medidas produzidas pelo governo federal, em especial, no que
tange o Ministério da Saúde.19 Segundo Gilza S. Pereira e Inês R. R. de Castro, o setor da saúde
deveria concentrar seus esforços em fatores que envolvessem as condições de moradia, o acesso
aos serviços de saúde e o investimento em atividades educativas. 20 Para as autoras, o
enfrentamento e a superação do quadro de fome e miséria estabelecido no Brasil só seriam
almejados mediante a apropriação dos princípios previstos no Plano de Combate à Fome e à
Miséria, como a solidariedade, parceria e descentralização, aliados a uma articulação entre o
governo e a sociedade civil através de medidas emergenciais.21
“Projeto Articulado de Melhoria da Qualidade de Vida – Universidade Aberta”
No início da década de 1990, no Rio de Janeiro, percebe-se um aumento da sensação de
medo e insegurança na sociedade, que de acordo com Mario Brum está calcado na ideia de que
as favelas são áreas violentas, que estão sempre em ‘guerra’ e que seus moradores estão
subjugados as “regras do tráfico”, tornando-se ‘coniventes’ ou ‘vítimas indefesas’, consoante a
17 SPOSATI, Aldaiza. Tendências latino-americanas da política social pública no século 21. R. Katál.,
Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 104-115, jan./jun. 2011. P.109 18 VASCONCELOS, F de A. G. de. Fome, solidariedade e ética: uma análise do discurso da Ação da Cidadania
contra a Fome, a Miséria e pela Vida. História, Ciências, Saúde. Manguinhos vol. 11, maio-ago. 2004. P. 260 19 Ibidem, p. 261. 20PEREIRA, Gilza S.; Castro, Inês R. R. de. Considerações sobre o Plano de Combate à Fome e à Miséria. Cad.
Saúde Públ., Rio de Janeiro, 9 (supl.1): 106-113, 1993. P. 106. 21Ibidem, p. 112.
leitura efetuada da situação. Além disso, frequentemente, a favela é descrita na grande imprensa
como uma localidade essencialmente violenta.22
As comunidades de Manguinhos no entorno da Fiocruz, Rio de Janeiro, neste período, de
acordo com esta representação, também eram incorporadas ao grupo de favelas consideradas
violentas. A Secretaria de Articulação Institucional e Parcerias do Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome em uma de suas publicações menciona episódios
de violência em Manguinhos que afetaram a Fiocruz, instituição esta, que sempre buscou uma
abertura política e constante envolvimento com as comunidades ao seu redor.23
Em maio de 1994, após uma série de episódios violentos, o médico doutor em Saúde
Pública e diretor da Escola Nacional de Saúde Pública Adauto José Gonçalves de Araújo,
elaborou uma carta circular, na qual visava promover o debate e possíveis soluções para os
presentes acontecimentos. Dentre elas, haviam medidas emergenciais como a transferência dos
cursos para o prédio da expansão na Avenida Brasil24, diminuindo a circulação de pessoas no
prédio da ENSP até que a proposta de blindagem das janelas fosse efetuada, além de um maior
rigor na identificação na entrada e saída de pedestre e veículos, buscando intensificar o sistema
de segurança da instituição.25
Ciente de que a população do entorno da Fiocruz encontrava-se também em situação de
vulnerabilidade foi criado o “Projeto Articulado de Melhoria da Qualidade de Vida –
Universidade Aberta” em 1993, que se inseria nas medidas assumidas pela Fiocruz que
tentavam ampliar o diálogo com as comunidades que a circundavam, com a intenção de
promover uma maior ‘aproximação’ da instituição com as Comunidades de Manguinhos. O
Universidade Aberta objetivava a identificação e a realização de ações integradas entre
“educação, saúde, meio ambiente e habitação” visando a “melhoria da qualidade de vida da
22BRUM, Mario Sergio Ignácio Brum. Relações entre Favelas e Estado no Século XX. 2003. 206 f. Monografia
(Graduação em História) Departamento de História do Instituto de Ciências Humanas e Filosofia da Universidade
Federal Fluminense, UFF, Niterói, 2003. P. 13 23Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Parcerias por um Brasil sem fome e mais justo:
sociedade, empresas e governo juntos para gerar renda e dignidade. Brasília: MDS, UNESCO, 2006. P.69 24O prédio da expansão encontra-se localizado na Avenida Brasil, no Rio de Janeiro, em frente ao campus sede da
Fiocruz. 25Carta Circular. Acervo do Fundo Szachna Cynamon.
população das Comunidades de Manguinhos”, além de “contribuir para o desenvolvimento do
papel social da Fiocruz”.26
No entorno da Fiocruz, no Rio de Janeiro, localizam-se as Comunidades de Manguinhos,
que, em 1993, era composta por volta de 10 favelas: Parque João Goulart, Cabo Verde, Centro
de Habitação Provisória (CHP2), Vila Turismo, Parque Oswaldo Cruz (Amorim), Parque
Carlos Chagas (Varginha), Nelson Mandela, Samora Machel, Vila União e Mandela de Pedra
(Mandela III).
O “Projeto Articulado de Melhoria da Qualidade de Vida – Universidade Aberta” foi
idealizado pela Escola Nacional de Saúde Pública, coordenado pelo professor e engenheiro
sanitarista Szachna Eliasz Cynamon27. Este projeto elaborou uma pesquisa e levantamento, num
primeiro momento, na busca da identificação das principais necessidades das Comunidades de
Manguinhos, com o intuito de produzir dados que corroborassem na escolha das ações
adequadas a região, assim:
...consistiu em descobrir os interessados e suas expectativas e estabelecer um
primeiro levantamento (diagnóstico) da situação, dos problemas prioritários e
das eventuais ações. Para tal, foi realizado um reconhecimento das
comunidades do Complexo de Manguinhos, com uma pesquisa exploratória
que levantou informações sobre os grupos sociais e suas expectativas. Foram
realizados, além do perfil socioeconômico, perfil habitacional, avaliação da
qualidade da água e monitoramento do cólera, o levantamento de indicadores
de saúde infantil e da mulher, o levantamento cartográfico, demográfico e de
ocupação e o diagnóstico da situação de coleta e identificação de áreas de
risco”.28
26KLIGERMAN, Débora Cynamon. A experiência do Programa Universidade Aberta e suas contribuições para a
transformação social. Revista Ciência & Saúde Coletiva, 2005. Disponível em:
http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=63009921. Acesso em 05 de abril de 2015.
27Formado pela Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil, iniciou sua carreira profissional de
engenheiro sanitário no Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), na qual coordenou projetos de obras para
instalações de tratamento e abastecimento de água e esgoto sanitário. Em sua carreira ainda participou de várias
atividades no campo da educação sanitária, com treinamentos feitos em escolas rurais pelo país. Quando ingressou
na Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), criou o Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental, tornando-
se o idealizador da 1ª patente tecnológica internacional da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), tornando-se,
também, o responsável pela consolidação do ensino no campo da engenharia sanitária nesta instituição.
28 KLIGERMAN, Débora Cynamon. A experiência do Programa Universidade Aberta e suas contribuições para a
transformação social. Revista Ciência & Saúde Coletiva, 2005. Disponível em:
http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=63009921. Acesso em 05 de abril de 2015. P. 199
Finalizada essa primeira etapa, o Projeto Universidade Aberta que era subdividido em
áreas temáticas começou suas atividades práticas. A área socioeconômica, cultural e
educacional, passou promover palestras socioeducativas, eventos de dança afro, curso de
cartonagem e eco-artesanato, oficinas de corte e costura, formação de técnicos em saneamento
e saúde ambiental. A área epidemiológica realizava coleta e análise de laboratório de amostra
de água, monitoramento do cólera na água e nas saídas de esgotos das comunidades de
Manguinhos). E por último ainda havia a área ambiental, com trabalhos de jardinagem e
implantação da coleta seletiva e limpeza do campus da Fiocruz29
Após uma reunião realizada na Fiocruz, com a participação de lideranças das
comunidades vizinhas, e funcionários da instituição, na qual o professor Cynamon orientou um
debate sobre a possibilidade de ações construtivas entre a instituição e as Comunidades de
Manguinhos foi proposta a criação de uma cooperativa de prestação de serviços. Negociação,
esta, intermediada pelo professor Paulo Buss, vice-presidente de Ensino e Informação da
Fiocruz.30
Como estratégia para alcançar um de seus objetivos, em 22 de novembro de 1994, por
intermédio de diversos apoios, o Projeto Universidade Aberta criou a Cooperativa dos
Trabalhadores Autônomos de Manguinhos (COOTRAM), na busca de um caminho que
promovesse a ampliação do diálogo entre a Fiocruz e as Comunidades de Manguinhos.
COOTRAM - Cooperativa de Trabalhadores Autônomos do Complexo de Maguinhos
A criação da COOTRAM teve o apoio de diversas unidades, departamentos e
Presidência da Fiocruz. Além do Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela
Vida31, do Banco do Brasil e da Incubadora de Cooperativas da COPPE-UFRJ. Com o
surgimento, durante a década de 1990, de várias experiências identificadas como economia
29 Projeto Articulado de Melhoria da Qualidade de Vida – Universidade Aberta, Acervo do Fundo Szachna
Cynamon. 30Carta Circular. Acervo do Fundo Szachna Cynamon. 31“O Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e Pela Vida - COEP é um colegiado, de caráter associativo,
sem fins lucrativos, criado em 02 de agosto de 1993, no Fórum de Ciência e Cultura da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ). Resultado de um movimento de mobilização da sociedade civil contra a pobreza e a
exclusão, liderado pelo sociólogo Herbert de Sousa, o Betinho, o COEP reúne cerca de 700 entidades distribuídas
em 20 comitês estaduais com o objetivo articular e incentivar ações que promovam e desenvolvam programas e
projetos para o Combate à Fome e à Miséria e construção de segurança alimentar, em atendimento ao Artigo 3 a
da Constituição Federal de 1988. ” RUAS, João Luiz de Lima. ITCP – Uma Cronologia Documental. Incubadora
Tecnológica de Cooperativas Populares, COPPE/URFJ.
solidária32, contou também com o apoio da “Ação pela Cidadania Contra a Miséria e pela
Vida”33, que objetivava o desenvolvimento de ações que não se limitavam apenas a arrecadação
e distribuição de alimentos, mas que fomentassem a geração de trabalho e renda. Herbert José
de Souza, o Betinho34, integrou a liderança deste movimento e buscou conferir um novo sentido
à mobilização ao apoiar atividades que não fossem consideradas assistencialistas. Em 1994, a
COOTRAM iniciou suas atividades com aproximadamente 140 cooperados, atingindo em 2001
o quantitativo de 1200 cooperados, contando ainda, naquele momento, com um quantitativo
significativo excedente em espera.
Conforme afirma Mario Brum, embora ainda na década de 1980 tenha ocorrido a luta
pela democratização e as campanhas de mobilização nacional, o Brasil na década posterior
encontrava-se em uma profunda crise econômica, além de, nas cidades, haver a sensação de
uma desorganização urbana por intermédio da deterioração social, ocasionada pelo crescente
desemprego e retração do Estado35. A COOTRAM surge, neste contexto, como uma alternativa
econômica para a população da região de Manguinhos, configurando-se no que denominamos
de “cooperativa popular”, que emerge no país concomitante às transformações ocorridas no
mundo do trabalho, associada a uma conjuntura que culminava no desemprego, na
flexibilização do contrato trabalhista e no aumento da economia informal.
32A Economia Solidária é apresentada pelo Ministério do Trabalho e Emprego como “um jeito diferente de
produzir, vender, comprar e trocar o que é preciso para viver. Sem explorar os outros, sem querer levar vantagem,
sem destruir o ambiente. Cooperando, fortalecendo o grupo, cada um pensando no bem de todos e no próprio bem.
A economia solidária vem se apresentando, nos últimos anos, como inovadora alternativa de geração de trabalho
e renda e uma resposta a favor da inclusão social. Compreende uma diversidade de práticas econômicas e sociais
organizadas sob a forma de cooperativas, associações, clubes de troca, empresas autogestionárias, redes de
cooperação, entre outras, que realizam atividades de produção de bens, prestação de serviços, finanças solidárias,
trocas, comércio justo e consumo solidário. ”. BRASIL, Ministério do Trabalho e Emprego. Disponível em:
http://portal.mte.gov.br/ecosolidaria/o-que-e-economia-solidaria.htm Acesso em 17 de novembro de 2015. 33A Ação da Cidadania contra a Miséria e pela Vida “nasceu em 1993, formando uma imensa rede de mobilização
de alcance nacional para ajudar 32 milhões de brasileiros que, segundo dados do Ipea, estavam abaixo da linha da
pobreza. ” Disponível em: http://www.acaodacidadania.com.br/?page=quemsomos Acesso em 15 de novembro de
2015. 34Betinho, em 1992 integrou a liderança do Movimento pela Ética na Política, que culminou na criação da Ação
da Cidadania Contra a Miséria e Pela Vida, que ficou mais conhecida como Campanha Contra a Fome. Porém, os
horizontes de Betinho sobre cidadania eram amplos e a Ação da Cidadania buscava a conquista de políticas
públicas para enfrentar as cruciais questões da educação, saúde, habilitação e segurança”. Disponível em:
http://www.comitebetinho.org.br/ Acesso em 15 de novembro de 2015. 35BRUM, Mario Sergio Ignácio Brum. Relações entre Favelas e Estado no Século XX. 2003. 206 f. Monografia
(Graduação em História) Departamento de História do Instituto de Ciências Humanas e Filosofia da Universidade
Federal Fluminense, UFF, Niterói, 2003. P. 140
Neste sentido, podemos compreender as “cooperativas populares” com uma das novas
alternativas de estratégia da economia solidária, tanto no âmbito do trabalho quanto no social.
Paul Singer, em entrevista, define economia solidária como uma forma de produzir, que prioriza
a igualdade e a autogestão, sendo os empreendimentos produzidos e geridos pelos próprios
trabalhadores de forma democrática36. Esta, segundo Nöelle Marie Paule Lechat, prevê uma
organização que busca privilegiar as relações cooperativas e solidárias, com a finalidade de
seguir um desenvolvimento sustentável37. A esta discussão, Marcos Arruda acrescenta que a
economia solidária pode ser entendida com um caminho para a geração de renda, através de
uma economia suficiente que tem por finalidade a autossuficiência e democratização dos
ganhos da produtividade38. Portanto, a economia solidária, propõe atividades que permitam um
desenvolvimento mais justo, igualitário, no qual todos que participam da produção se
beneficiem, sendo a autogestão e o caráter democrático suas principais características.
Como o mencionado anteriormente, a década de 1990, no Brasil, apresenta elevados
índices de desemprego, uma maior fragilização do trabalho formal e o aumento da busca por
outras alternativas de sobrevivência. Desta forma, com o aumento do desemprego e com o
processo de industrialização, vimos emergir o embrião das “cooperativas populares” que são
distintas das ditas cooperativas tradicionais, em especial pela presente ideia intrínseca de
solidariedade. De acordo com Gonçalo Guimarães, as “cooperativas populares” necessitam de
um tratamento distinto da demais cooperativas, pois diz respeito à definição de um grupo social
específico. Não visto como um fim, o cooperativismo deve ser entendido como um instrumento
político e econômico, cujo objetivo está na inserção social dos excluídos na busca por uma
alternativa coletiva ao sistema.39 Ao visar atender a um púbico específico, no caso a população
da região de Manguinhos, além de inicialmente focalizar a geração de renda e trabalho, e contar,
36SINGER, Paul. Economia solidária. 23/09/2007. Entrevista concedida a Paulo de Salles Oliveira, professor do
Departamento de Psicologia Social e do Trabalho do Instituto de Psicologia da USP 37LECHAT, Nöelle Marie Paule. Trajetórias intelectuais e o campo da economia solidária no Brasil. 2004. 314 f.
Tese (Doutorado em Ciências Sociais) Departamento de Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas da Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, Campinas, 2004 38ARRUDA, Marcos. Estratégias de formação no campo da economia dos setores populares. In: KRAYCCHETE,
Gabriel; AGUIAR, Katia (org.). Economia dos setores populares: sustentabilidade e estratégias de formação. São
Leopoldo: Oikos, 2007. P.126 39GUIMARÃES, Gonçalo. (org.). Ossos do ofício: cooperativas populares em cena aberta. Rio de Janeiro:
COPPE: FINEP, 1998, p. 22.
também, com o apoio técnico e material fornecido pela Fiocruz, a COOTRAM deve ser
compreendida como uma “cooperativa popular”.
Em 1995, a atuação da COOTRAM foi viabilizada através do Convênio de Cooperação
nº 018/95 estabelecido entre a cooperativa e a Fiocruz, o qual firmava um acordo de cooperação
técnica de produção, de serviços e treinamento pessoal, como o descrito em sua Primeira
Cláusula como objeto e previa
...o desenvolvimento conjunto do projeto piloto de Implantação de
Cooperativa de Trabalhadores Autônomos do Complexo de Manguinhos,
vinculado ao Programa “Universidade Aberta”, com vistas a capacitação e
treinamento de recursos humanos, através da oportunidade de aprendizado e
trabalho, nas diversas áreas da Fiocruz.40
Perante este convênio, a Fiocruz ficava responsável por disponibilizar a estrutura física
e material para a operacionalização das atividades desempenhadas pelos cooperados, conforme
a sua disponibilidade financeira, e ainda implicava no repasse de recursos necessários ao seu
funcionamento.
O êxito inicial alcançado pela COOTRAM com atividades voltadas para os trabalhos
de limpeza, jardinagem e manutenção predial das Unidades da Fiocruz no Rio de Janeiro, foco
principal do convênio, permitiu o desdobramento de outras atividades que o margeavam, como
a elaboração das as fábricas de costura, blocos de concreto, insul-film, bolsas, serviços de
higienização de bibliotecas, produção de fraldas descartáveis.41
Vista como uma alternativa estratégica para obtenção de uma sociedade mais justa e
solidária, de acordo com as ideias propagadas na década de 1990, a criação da COOTRAM
buscava atender aos anseios empresariais ao mesmo tempo em que se tentava se firmar como
autossustentável.
Desta forma, como o descrito em sua Ata de Criação e em seu Estatuto Social, a
COOTRAM objetivava atuar na “defesa sócio-econômica de seus associados, por meio de ajuda
mútua procurando libertá-los do intermediário trabalhista, mediante o trabalho autônomo em
atividades agropecuárias, industriais, comerciais, prestação de serviços e exploração mineral. ”
40 Convênio n º 018/95, Acervo do Fundo Szachna Cynamon. 41 Justificativa de Convênio nº 018/95. Folheto A Experiência da Fiocruz com a Cooperativa de Manguinhos.
Acervo do Fundo Szachna Cynamon.
42 Sua intenção girava em torno da produção de novos empregos e da garantia, em certa medida,
da proteção aos trabalhadores cooperados.
O crescimento da COOTRAM possibilitou o surgimento de outras atividades ligadas
à cooperativa, como o seu Projeto Cultural e Social que ampliava sua atuação para além dos
cooperados visando atingir as Comunidades de Manguinhos como um todo. O intuito deste era,
gradativamente, conscientizar os cooperados de seus deveres e direitos como cidadão diante a
sociedade. Na prática, o trabalho consistia na elaboração de diversos cursos como o de limpeza
ambiental e hospitalar, treinamentos contínuos e palestras sobre os mais variados temas, entre
eles: cooperativismo, violência doméstica, cidadania, postura profissional, preconceito social e
racial.43
Inicialmente, as práticas e ações produzidas pela COOTRAM conferiram apenas uma
representação de uma organização econômica para trabalhadores, todavia no decorrer de seu
funcionamento outros interesses correlacionados desenvolvimento local, integrado e
sustentável ao foram fomentados, como, por exemplo, a proposta de um projeto de urbanização
para a região de Manguinhos.
Elaborado pela ENSP, o “Projeto Desenvolvimento Humano Sustentável (DHS) no
nível local da perspectiva da saúde”, em meados da década de 1990, previa entre outras ações,
a construção de casas e reformas de algumas moradias existentes, além de obras de saneamento
básico. Este projeto configurou-se em um dos desdobramentos oriundos da evolução da
COOTRAM, os quais abriram caminhos para as primeiras articulações que almejavam a
melhoria das habitações e urbanização das Comunidades de Manguinhos.44
A COOTRAM contribuía para o acesso a cidadania da população das Comunidades
de Manguinhos através da melhoria da qualidade de vida de forma sustentável, a cooperativa
era uma estratégia local para a promoção do desenvolvimento humano completo.45
42 Ata de Assembleia Geral de Constituição da Cooperativa dos Trabalhadores Autônomos de Manguinhos Ltda.
22/11/1994. Acervo do Fundo Szachna Cynamon. 43 Projeto Cultural e Social da COOTRAM. Acervo do Fundo Szachna Cynamon. 44 Ofício como o resumo do Projeto Desenvolvimento Humano Sustentável no Nível Local Perspectiva da Saúde.
Acervo do Fundo Szachna Cynamon. 45BUSS, Paulo. In: Prefácio. BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Avaliação em promoção da
saúde: uma antologia comentada da parceria entre o Brasil e a cátedra de abordagens comunitárias e iniquidades
O crescimento da COOTRAM, no entanto, parece não ter sido acompanhado pelas
questões normativas e estruturais de sua administração, o que não permitiu a construção de um
caráter empresarial da cooperativa, o qual promoveria uma maior independência possibilitando
sua autossuficiência.46
Em 2005, por determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), a COOTRAM
teve suas atividades suspensas. Este entendia que o processo de contratação da cooperativa pela
Fiocruz não era legal, pois afirmava que não correspondia ao descrito na legislação sobre as
licitações. O Jornal O Dia, em 2003, ao veicular a denúncia que corroborou, em certa medida,
para o fim das atividades da COOTRAM sobre o possível envolvimento de alguns cooperados
com os membros do tráfico de drogas ilícitas da região.47
Com o Término da COOTRAM, alguns trabalhadores foram remanejados para outras
empresas que possuíam convênio com a Fiocruz, sendo garantido trabalho com vínculo legal e
Carteira Trabalho e Previdência Social (CTPS) assinada para os seus antigos cooperados.
Considerações Finais
A criação da COOTRAM figurava-se com uma “cooperativa popular”, que buscava
para além de apenas uma organização econômica, na qual seria possível gerar emprego e renda.
Idealizada pela Fiocruz, por intermédio do Projeto Universidade Aberta, funcionou como
ferramenta que viabilizou a “aproximação” da instituição com as Comunidades de Manguinhos,
numa tentativa de eliminar/amenizar as supostas práticas violentas na região de Manguinhos.
Com a intenção, a princípio, de gerar empregos e renda para os moradores de
Manguinhos, a cooperativa ampliou seus objetivos e passou a almejar o desenvolvimento, local
e integrado, e que através de várias parcerias culminou em uma proposta de projeto de
urbanização para as Comunidades de Manguinhos.
A opção de escolha em atuar nas Comunidades de Manguinhos através de uma
cooperativa popular, permitiu que a Fiocruz estabelecesse ações e planos que atendessem
em saúde (CACIS), da Universidade de Montreal de 2002 a 2012 / Conselho Nacional de Secretários de Saúde. –
Brasília: CONASS, 2014. 46 Relatório Final do Diagnóstico de Reconhecimento Situacional da Cooperativa dos Trabalhadores do Complexo
de Manguinhos Ltda. Acervo do Fundo Szachna Cynamon. 47 Reportagem no caderno de polícia de 02/11/2003 do Jornal O DIA. Acervo do Fundo Szachna Cynamon.
algumas das demandas existentes na região, ao mesmo tempo em que buscava a participação
de todos os envolvidos na construção e funcionamento da COOTRAM. Porém, há indícios que
o projeto careceu de uma maior disseminação dos princípios do cooperativismo entre os seus
integrantes, que não foram apreendidos por grande parte dos cooperados, dificultando a
independência da cooperativa.
A experiência da COOTRAM apresenta-se como emblemática, pois configurou-se
como uma solução pontual para a região de Manguinhos, na qual o problema social para sua
superação contava com o apoio de várias organizações atuando em conjunto. A escolha da
cooperativa como estratégia também se adequava ao sistema capitalista vigente, além de
colaborar para geração de renda e trabalho. Desdobramentos como a construção de um
“modelo” de cooperativa que pudesse ser replicado pela COPPE/UFRJ, também nos ajuda a
perceber a COOTRAM como uma experiência inovadora com a capacidade de transformação
tanto econômica quanto social.
Documentação e Referências Bibliográficas
Documentação
Fundo Szachna Cynamon, Dossiê Fundador e Presidente da Cooperativa de
Trabalhadores Autônomos do Complexo de Manguinhos (COOTRAM), acervo da Casa
de Oswaldo Cruz (COC):
- Ata de Assembleia Geral de Constituição da Cooperativa dos Trabalhadores Autônomos de
Manguinhos Ltda. 22/11/1994.
- Carta Circular.
- Convênio n º 018/95.
- Folheto A Experiência da Fiocruz com a Cooperativa de Manguinhos.
- Justificativa de Convênio nº 018/95.
- Ofício como o resumo do Projeto Desenvolvimento Humano Sustentável no Nível Local
Perspectiva da Saúde.
- Projeto Articulado de Melhoria da Qualidade de Vida – Universidade Aberta.
- Projeto Cultural e Social da COOTRAM.
- Relatório Final do Diagnóstico de Reconhecimento Situacional da Cooperativa dos
Trabalhadores do Complexo de Manguinhos Ltda.
- Reportagem no caderno de polícia de 02/11/2003 do Jornal O DIA.
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