coordenaÇÃo regional no pontal do … · os grupos de monitoria do pontal ... geração de renda...
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PROJETO RECUPERAÇÃO E CONSERVAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DODESENVOLVIMENTO AGROFLORESTAL EM COMUNIDADES E ASSENTAMENTOSNO VALE DO RIBEIRA E PONTAL DO PARANAPANEMA ESTADO DE SÂO PAULO
PDA-081-MA
COORDENAÇÃO GERAL DO PROJETOAna Aparecida Rebeschini
COORDENAÇÃO REGIONAL NO PONTAL DO PARANAPANEMADjalma Weffort
FOTOS: Arquivo do Projeto
ENTIDADE PROPONENTE/ EXECUTORA:PROTER – PROGRAMA DA TERRA
Rod. Régis Bittencourt, km 435
Bairro Ribeirão Vermelho - Sítio Santa Gertrudes - Caixa Postal 131
CEP 11900-970 Registro-SP
Telefone: (13) 3821-6983
e-mail: proter [email protected]
www.proter.org.br
ENTIDADE PARCEIRA: APOENARua: Cuiabá, nº. 1-19 Centro
CEP 19470-000 Presidente Epitácio – SP
Tele/fax (18) 3281-3371
e-mail: [email protected]
Projeto financiado pelo Componente “Ações de Conservação da Mata Atlântica” doPD/A-PPG7 Ministério do Meio Ambiente com recursos do KfW – Entwicklungsbank
EDITORAÇÃO ELETRÔNICAEDITORA INTELIGÊNCIA
Bloco 1: Apresentação das Experiências do Projeto PDA 081 MABloco 1: Apresentação das Experiências do Projeto PDA 081 MABloco 1: Apresentação das Experiências do Projeto PDA 081 MABloco 1: Apresentação das Experiências do Projeto PDA 081 MABloco 1: Apresentação das Experiências do Projeto PDA 081 MA
1.1. O Grupo de Cananéia – Clodoaldo Estevam Bernardo 06
1.2. O Grupo de Sete Barras – Geraldo Xavier de Oliveira 08
1.3. O Grupo de Cajatí – Juvenal Pereira de Moraes 12
1.4. O Grupo de Barra do Turvo – José Maria de Souza 14
1.5. Os Grupos de Monitoria do Pontal – Presidente Epitácio e Caiuá 16
Bloco 2: Discussão sobre o DesenvolvimentoBloco 2: Discussão sobre o DesenvolvimentoBloco 2: Discussão sobre o DesenvolvimentoBloco 2: Discussão sobre o DesenvolvimentoBloco 2: Discussão sobre o DesenvolvimentoAgroflorestal na Mata AtlânticaAgroflorestal na Mata AtlânticaAgroflorestal na Mata AtlânticaAgroflorestal na Mata AtlânticaAgroflorestal na Mata Atlântica
2.1. Indicadores ambientais e econômicos: geração de renda e acesso a políticas públicas para SAFs – Armin Deitenbach
2.2. Resultados e Encaminhamentos do Fórum de Desenvolvimento Agroflorestale Serviços Ambientais do Vale do Ribeira (do relatório do evento)
2.3. Indicadores Botâncios de Sistemas Agroflorestais e Identificação das plantas nativas nos SAFs – João Vicente Coffani Nunes
Bloco 3: Ferramentas e indicadores para a descriçãoBloco 3: Ferramentas e indicadores para a descriçãoBloco 3: Ferramentas e indicadores para a descriçãoBloco 3: Ferramentas e indicadores para a descriçãoBloco 3: Ferramentas e indicadores para a descriçãoe avaliação de SAFs:e avaliação de SAFs:e avaliação de SAFs:e avaliação de SAFs:e avaliação de SAFs:
3.1. Introdução
3.2. Fichas de Experiências em Sistemas Agroflorestais
3.3. Croquis ou imagens georeferenciadas
3.4. Indicadores Botânicos de Sistemas Agroflorestais
3.5, Indicadores Ambientais e Socio-Culturais 3636363636
3.6. Indicadores Econômicos de Sistemas Agroflorestais
3.7. Serviços Ambientais e SAFs – André Gonçalves, Centro Ecológico
Lista de SiglasLista de SiglasLista de SiglasLista de SiglasLista de Siglas
3.8. Lista Preliminar de Espécies Arbóreas Nativas da Mata Atlântica ______________________ 61 61 61 61 61
SUMÁRIO
Introdução
47
32
27
2727272727
25
22
19
1919191919
0606060606
04
58
6060606060
Anexos Anexos Anexos Anexos Anexos 5656565656
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4 PROTER EM REVISTA
Este segundo número do PROTER emREVISTA apresenta os resultados do ProjetoPDA 081 MA “RECUPERAÇÃO ECONSERVAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DODESENVOLVIMENTO AGROFLORESTALEM COMUNIDADES E ASSENTAMENTOSNO VALE DO RIBEIRA E PONTAL DOPARANAPANEMA - ESTADO DE SÂOPAULO”, realizado entre fevereiro de 2006 efevereiro de 2010, pelas entidades parceirasPROTER – Programa da Terra (Registro – SP)e APOENA (Presidente Epitácio – SP).
Agradecemos a todos os integrantes doprojeto que contribuíram para que este ProjetoDemonstrativo de Conservação eDesenvolvimento Sustentável conseguissealcançar os resultados narrados nesta revista.São eles:
· os agricultores e agricultoras do Vale doRibeira e suas famílias de Cajatí, Barrado Turvo, Cananéia e Sete Barras e suasorganizações
· os assentados da Reforma Agrária doPontal do Paranapanema e as suasfamílias dos assentamentos Engenho,Lagoinha, Luís de Moraes, Porto Velho,Malú, Maturí, Santa Rita III, SantaAngelina e Vista Alegre (municípios dePresidente Epitácio e Caiuá)
· os técnicos que integraram, ao longodestes quatro anos , a equipe do ProjetoPDA 081 MA – Edgar Alves da Costa Jr,Hamilton Aparecido do Nascimento ,Armin Deitenbach, Cláudia Regina Dias,Maísa Sant`Ana, Juliana Peres, MarceloMendes do Amaral, Thiago SantanaTorres, Alvori Cristo dos Santos e MaíraFreitas Le Moal
· os que apoiaram incansavelmente a
logística e a administração deste projeto– Aline Dias e Cristine Weffort
. Os estagiários deste projeto – Marcos Catelli Rocha, Laura de Biase, Rafael
Thiago Barbieri, Lena Keferstein, ElianeRibeiro Batista e Alex Campos Souza·os dirigentes das entidades parceirasPROTER e APOENA, Antônio FrancisoMaia de Oliveira e Djalma Weffort deOliveira
· A coordenadora geral do projeto, AnaAparecida Rebeschini
Agradecemos ainda aos nossos parceirosinstitucionais, sem os quais também nãoteriamos conseguido chegar onde chegamos.São eles:
· Associação Sindical dos Trabalhadoresna Agricultura Familiar do Vale do Ribeirae Litoral Sul - SINTRAVALE/FAF/CUT –Registro
· Família do Vale Cooperativa Agroecológica –Registro
· Associação ÁGUA – Sete Barras· Sindicato dos Trabalhadores Rurais -
STR - Cajatí. CETESB, Agências Ambientais de Registro
e Presidente Prudente· Fundação Florestal – Registro· Projeto Mata Ciliar/SMA – São Paulo· Secretaria de Estado do Meio Ambiente -
SMA/SP – São Paulo· Banco do Brasil – Superintendência 1,
Sâo Paulo· Ministério do Desenvolvimento Agrário –
MDA, Delegacia no Estado de Sao Paulo· Cesp: Companhia Energética de São
Paulo, distrito de Primavera,em Rosanae São Paulo
· Instituto Nacional de Colonização eReforma Agrária - INCRA – São Paulo,Presidente Epitácio e Registro
· Fundação ITESP: Instituto de Terras doEstado de São Paulo – Presidente
INTRODUÇÃO
5 PROTER EM REVISTA
Venceslau, Presidente Prudente e SãoPaulo
· Esalq/USP: Escola Superior deAgricultura “Luiz de Queiróz” -Piracicaba
· Secretaria de Educação de PresidenteEpitácio
· Gaema: Grupo de Atuação Especial deDefesa do Meio Ambiente – NúcleoPontal do Paranapanema – MPE
· Procuradoria da República, emPresidente Prudente
· Empresa Júnior da UNESP - Registro
Homenagem postuma:
Prestamos aqui a nossa especialhomenagem aos que inciaram estacaminhada conosoco, mas que agora já nãonos acompanham mais. Entre agricultoresparticipantes do projeto e colaboradores sãotrês que faleceram durante a vigência doprojeto:
• Antônio Cirilo de Abréu, Grupo doPrimeiro Ribeirão, Barra do Turvo
• Sebastiana Pereira da Silva,Guapiruvú, Sete Barras
• Patrick dos Anjos, PresidenteEpitácio
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Neste capítulo, os quatro monitoresagroflorestais do Projeto PDA 081 M A relatamas suas experiências com sistemasagroflorestais e com a instalação de novosSAFs através da monitoria agroflorestal.
1.1. Clodoaldo Estevan Bernardo – Grupode Cananéia
Clodoaldo coordena o Grupo de MonitoriaAgroflorestal de Cananéia, com o SAFdemonstrativo com 14 anos no Sítio Bela Vista,Bairro Rio Branco, e com SAFs monitoradosnos bairros Rio das Minas, Ex-Colônia Velha,Aroeira e Rio Branco.
Clodoaldo e o irmão Marçal começaramtrabalhar com sistemas agroflorestais em1995, com uma parcela experimental de50x10 m. Depois foram ampliando parachegar em 2009 em 7 há e ainda estãoinstalando áreas novas.
Hoje o SAF é bem diversificado, planejadopara sempre ter produtos para a feira.Inicialmente tinha mais banana, hoje estãoaumentando as palmeiras e citrus.Clodoaldo está se preparando paraproduzir polpa de juçara.
SAF demonstrativo do Clodoaldo
Clodoaldo (dir) levantando dados para osindicadores de sustenatbilidade de SAFs
No início do trabalho com a monitoriaagroflorestal foi montado o grupo deagricultores interessados e o trabalho foifocado em áreas degradadas queprecisavam ser recuperadas. Foi discutidono grupo como seria a implantação dosSAFs, depois foi feito um planejamentopara cada área.O monitor visita as propriedades eacompanha a implantação dos SAFs,passando a experiência dele - ele é oanimador do grupo
Apresentação das Experiências doProjeto PDA 081 MA
Bloco 1:Bloco 1:Bloco 1:Bloco 1:Bloco 1:
7 PROTER EM REVISTA
Quantos SAFs de que tipo foram instalados pelo grupo?
Dificuldades encontradas • As áreas do grupo de Cananéia são
muito distantes entre si, o que trazdificuldades tanto para o monitor comopara os agricultores se encontrarem paramutirões (dependem de transporte daPrefeitura);
• Áreas degradadas com solos muitofracos;
• Vizinhos tentam desmotivar o grupo; • No início, a comercialização foi um
problema, com a feira do produtormelhorou.
• Proteção de áreas de preservaçãopermanente em beira de água;
• Erosão foi estancada;• Não tem mais queima do solo;• Manutenção da biodiversidade vegetal;• os animais aumentaram bastante
Resultados para o Meio-Ambiente
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Resultados para o bolso• Grupo comercializa produtos
agroflorestais na feira e em eventosturísticos como a Festa do Mar;
• Eliminou os atravessadores;
Exemplo de resultados econômicos de um SAF de 3 anos (em R$ 1,00)
Como vai ser a continuidade do trabalho?• O grupo vai continuar articulado,
discutindo políticas públicas emconjunto;
• O monitor Clodoaldo participa do GTSAF da Rede Ecovida que continuamelhorando a discussão sobre osindicadores de SAFs e discutindopagamento por serviços ambientais.
Um trabalho de destaque que Clodoaldodesenvolve é o Turismo no SAF – com istoele consegue um boa agregação de valor,vendendo refeições e produtos do sítio paraos turistas que vem para conhecer os sistemasagroflorestais. Muitas vezes são faculdadesflorestais ou de agronomia ou escolas queorganizam visitas a experiência.
Como iniciou o SAF e como ele é hoje?A área foi criada a partir de um bananaldegradado e onde já tinha sido plantadogengibre. A partir de 2000 iniciaram adiversificação com frutíferas e nativas. Asmudas são produzidas no viveiro da
Geraldo, levantando indicadores econômicos noseu SAF
1.2. Geraldo Xavier, Guapiruvú – Grupo doGuapiruvú - Sete BarrasGeraldo é o monitor do Grupo Agroflorestal doBairro Guapiruvú, em Sete Barras. O SAFdemonstrativo fica no Sítio do Geraldo e foiiníciado em 2002. Ele monitora SAFs no bairroGuapiruvú e no Assentamento Agroambientaldo INCRA que fica ao lado.
• Agregam valor – geléias e compotas,licores, turismo rural e agroflorestal;
• Venda nas propriedades pelo circuitode agroturismo e para carros queparam.
TurismoInformativonoSistemaAgroflorestal
Obs: o agricultor gasta 10% da sua força de trabalho com a manutenção do SAF, mesmo assim o SAFproporciona uma contribuição em torno de R$ 4.500,00 por ano, já descontados os custos.
9 PROTER EM REVISTA
comunidade. Hoje diminuiu o percentual debanana e tem mais palmeiras como pupunhae juçara. O SAF já tem 5 andares.
Como foi o trabalho com a monitoriaagroflorestal?O trabalho foi bastante difícil, havia um embateforte com a agricultura convencional.
A imagem do Satélite Ikonos mostra a distribuição dos SAFs na paisagem doGuapiruvú
O trabalho trouxe inicialmente queda deprodução o que refletiu de forma negativa nacomunidade. Deu trabalho de provar que olucro vem de médio a longo prazo. Aos poucos,o grupo começa a acreditar na agroecologia enos sistemas agroflorestais. O grupo faz aspróprias mudas e trabalha com mutirão.
10 PROTER EM REVISTA
SAFs instalados pelo Grupo de Sete Barras:
11 PROTER EM REVISTA
Dificuldades encontradas• O gengibre e a banana degradaram
muito o solo;• A conversão do pensamento da
monocultura para o SAF foi muitodifícil;
• Os agricultores têm pouco tempopara os encontros e mutirões;
• O grupo ainda não encontrou ummercado para a produçãoagroecológica;
• Riqueza não precisa ser dinheiro apenas, mas a contribuição para a
alimentação é muito importante;• O grupo vende sementes e polpa de
juçara, vende mudas em geral;• Aprovação de projeto de crédito do
PRONAF Floresta;• Iniciada a venda dos produtos
agroflorestais via PAA para aPrefeituras;
• O SAF representa uma poupança parao futuro.
Geraldo recebe o contrato assinado de PRONAFFloresta na Agência Sete Barras do Banco do Brasil
Resultados para o Meio-Ambiente• Aparecimento de variedades de aves e
outros animais;• Solo protegido da erosão, também em
APP;• Mudança de paisagem e aumento da
biodiversidade;• SAFs são planejados para futuramente
ter madeira;• Solo mais poroso que absorve a água
como uma esponja;• O Projeto SAF ajuda o Assentamento
Agroambiental a cumprir com a suamissão.
Resultados para o bolso
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Como vai ser a continuidade do trabalho?• Trazer a Rede Juçara para a discussão
dos sistemas agroflorestais;• Estender o crédito PRONAF Floresta
para os demais agricultoresinteressados;
• Introduzir frutas nativas na alimentaçãoda população;
• Se estamos melhorando abiodiversidade, porque não exigir dasociedade que nos auxilie nestetrabalho de melhoria da qualidade devida, através do pagamento pelosserviços ambientais... (PSA)
1.3. Juvenal Pereira Moraes – Grupo deCajati Juvenal coordena o Grupo Agroflorestal deCajatí e tem o seu SAF demonstrativo no SítioLavras, na Reserva de DesenvolvimentoSustentável - RDS de Lavras, que faz partedo Mosaico de Unidades de Conservação doJacupiranga. Os SAFs monitorados ficam nosbairros Capelinha, Vila Tatú, Timbuva e Lavras.
Como iniciou o SAF e como ele é hoje?A área era uma monocultura de banana, massomente com a banana não dava paracompetir no CEASA. Em 2000 a área começoua ser diversificada com frutas e outras árvoresnativas pensando numa estratégia de longoprazo. O SAF hoje é bem diversificado, abanana perdeu importância, o palmito juçarapara polpa e pupunha e palmeira real parapalmito ganharam mais importância
SAF demonstrativo do Juvenal, na RDS de Lavras
Como foi o trabalho da monitoriaagroflorestal?Foi formado o grupo inicial e construído oviveiro para fornecimento de mudas.Agendaram mutirões para a experimentaçãoparticipativa de SAFs. Os agricultores têm umgrande saber sobre os recursos naturais e arealidade da região.
Dificuldades encontradas • A distância entre as famílias é muito
grande (até 100 km). • A maioria tinha monocultura e
pecuária, foi difícil conseguir espaço etempo para o SAF ou para participardo mutirão.
Resultados para o Meio-Ambiente• Aumento da água dos riachos;• Menos queimadas;• Recuperação de espécies em extinção,
ex. ipê-roxo, jatobá, juçara;• Aumento de espécies vegetais levando
ao aumento de animais (cachorro-do-mato, veado, jacú, paca...)
Resultados para o bolso• Com a diversificação, novos mercados
foram conquistados: bolsões na BR116, feira municipal e venda para PAAe merenda;
• Menos gastos com insumos agrícolas;
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• Todos do grupo já ganham dinheiro como SAF ou deixam de gastar(autoconsumo), o SAF contribui entreR$ 1.000 e 10.000 por ano;
Como vai ser a continuidade do trabalho?• Os SAFs ajudam a discutir as normas
de uso sustentável da RDS e da APA;
• Vamos tentar aprovar novos projetosjunto a Fundação Florestal e SEBRAE;
• Articulação de políticas públicas –crédito para SAFs;
• Regularização de áreas para que asáreas de SAF sejam reconhecidaspelos órgãos ambientais;
O viveiro do Grupo Agroflorestal de Cajatí
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1.4. José Maria de Souza – Grupo de Barrado Turvo
José Maria trabalha com o Grupo AgroflorestalBarra do Turvo. O SAF demonstrativo fica noSítio do Monjolo, Primeiro Ribeirão. Os SAFsmonitorados ficam no mesmo bairro, nos sítiosAlto da Serra, Gengibre e Santa Luzia.
Como iniciou o SAF e como ele é hoje?José Maria Iniciou seu SAF em 1995, apósuma palestra do agricultor experimentadorErnst Goetsch. Ele instalou o SAF em áreadegradada pelo excesso de queimadas,carpidas etc. Iniciou a recuperação plantandoárvores adubadeiras e frutíferas e fazendomanejo da matéria orgânica. Hoje o SAFé bem desenvolvido com bastante árvores,
o que facilita o manejo – a terra está seregenerando.
Como foi o trabalho com a monitoriaagroflorestal?Foi um pouco difícil, pois nem todos acreditamno trabalho agroflorestal. Fizeram mutirão,porém com poucas pessoas. A maioria dasmudas foi feita em viveiros do grupo, outrasforam recebidas do PROTER e daCooperafloresta.
Quantos SAFs de que tipo foram instaladospelo grupo?Instalamos cinco áreas, todos similares,comfrutíferas, adubadeiras etc com diversidade.As áreas somam em torno de 6 há.
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Resultados para o Meio-Ambiente• Recuperação das nascentes• Resgate da fauna e da flora, espécies
ameaçadas de extinção estão voltando;• Recuperação do solo e dos
microorganismos;• Combate a poluição e ao efeito estufa;
Resultados para o bolso• Antes de fazer SAF, o monitor teve de
trabalhar fora, depois que iniciou o SAFe a horta, ele trabalha somente no sítio;
• Os SAFs do grupo são novos e aindadão pouco retorno;
• Urucum e açafrão já dão um bomretorno;
• PAA ajuda a alavancar a renda;• Os SAFs já contribuem para diminuir a
despesa no supermercado.
Como vai ser a continuidade do trabalho?• Com coragem e esforço vamos
continuar;Monitor José Maria (esq.) e a Técnica do PROTERCláudia Regina Dias.
• Estamos juntos com a Cooperafloresta;• Temos tudo para crescer.
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1.5. A frente de replicação da MonitoriaAgroflorestal no Médio Pontal doParanapanema – Presidente Epitácio eCaiuá
O Projeto PDA 081 MA iniciou, junto a entidadeparceira local APOENA, uma frente dereplicação do trabalho com a MonitoriaAgroflorestal em assentamentos da ReformaAgrária administrados pelo INCRA e pelo
ITESP no Médio Pontal do Paranapanema.
No Pontal partciparam seis monitoresagroflorestais do projeto, envolvendo osassentamentos constantes na Tabela abaixo.
No percorrer do projeto foram instalados 28sistemas agroflorestais com aproximadamente15,4 ha de extensão, sendo o tamanho médioaprox, 0,5 ha.
SAFs no Médio Pontal do Paranapanema
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18 PROTER EM REVISTA
19 PROTER EM REVISTA
Discussão sobre oDesenvolvimento Agroflorestal
na Mata Atlântica
2.1. Indicadores ambient ais e econômicos:geração de renda e acesso a políticaspúblicas p ara SAFs
Armin Deitenbach – PROTER, Registro - SP
Histórico
A discussão mais ampla sobre sistemasagroflorestais no Vale do Ribeira teve Iníciopor volta de 1995. Em parceria entre PROTER,STR, Prefeitura de Barra do Turvo e a CATIforam realizados cursos sobre SistemasAgroflorestais (SAFs) com Ernst Goetsch emBarra do Turvo, Cananéia e Iguape. Osagricultores implantaram os primeirossistemas agroflorestais diversificados no Valedo Ribeira. Uma nova fase de implantação foipor volta de 2000 a 2002, onde outrosagricultores participaram de cursos, entre elescomunidades de Sete Barras e de Cajatí.
Histórico do trabalho com indicadores
A partir de 2000 o PROTER começou a buscapor indicadores de sustentabilidade dos SAFs.O Projeto Iguape/Juréia, em parceria comentidades da França, fez pesquisas sobre ocusto de implantação des SAFs em Barra doTurvo.
Entre 2003 e 2005, o CONSAF - ProjetoFormação Agroflorestal na Mata Atlânticaintroduziu a utilização de mapas deindicadores ambientais, sociais e econômicos
junto a agricultores de Cananéia, Sete Barras,Barra do Turvo, Eldorado e foram feitos osprimeiros trabalhos com monitoriaagroflorestal.
No projeto, apoiado pelo FNMA, trabalharam16 entidades do Rio Grande do Sul até oCeará. Do Vale do Ribeira participaram oPROTER e o ITESP - Escritório de Eldorado.Os resultados foram documentados na“Cartilha Agroflorestal da Mata Atlântica” e numfilme disponível em DVD.
Entre 2006 e 2010, o Projeto de Recuperaçãode Áreas da Mata Atlântica com SistemasAgroflorestais (PROTER-PDA 081 MA)reforçou o trabalho com indicadores no Valedo Ribeira e no Pontal do Paranapanema,onde a entidade parceira é a APOENA.
O projeto deu ênfase nos indicadoreseconômicos para que os agricultorespudessem comprovar os níveis de geração derenda para a obtenção do crédito PRONAFFloresta.
Bloco 2:Bloco 2:Bloco 2:Bloco 2:Bloco 2:
20 PROTER EM REVISTA
O trabalho partiu da investigação de 4 SAFsconsolidados em 4 municípios do Vale doRibeira. Estes mostraram níveis decontribuição para a segurança alimentar dasfamílias e de geração de rendasurpreendentes e comparáveis com osmelhores SAFs do país. Ao mesmo tempo,estes SAFs apresentam níveis de rendasuperior a outras oportunidades no Vale doRibeira, tais como bananicultura ou o trabalhopara fora.
SAFs demonstrativos e agricultores e técnicosentusiasmados com esta forma de produzir econservar. É importante a consolidação dacomercialização dos produtos de SAFs embolsões, feiras, entregas diretas e através doPAA com Doação Simultânea para mostrar quea produção diversificada e decentralizada temcomo acessar mercados diferenciados.
No Pontal do Paranapaema trata-se de umaregião de reforma agrária com poucasreferências de SAFs, uma delas é o SAF “cafécom floresta”, idealizado pela ONG IPE. OsSAFs são frequentemente confundidos comreflorestamento. Os assentados se espelhamna grande fazenda de gado. INCRA e ITESPidealizam pecuária de leite que passam poruma alta histórica de preços, tanto para paraleite como para carne. Mesmo com estescondicionantes negativos, no Pontal foramimplantados 28 áreas de SAF.
O Vale do Ribeira mostra-se hoje como umaregião madura para novas áreas de SAFs. Aregião tem referências bem sucedidas de
Paralelamente, foram instaladas duas frentesde replicação de sistemas agroflorestais, umano Vale do Ribeira e outra no Pontal doParanapanema, com SAFs que hoje tem emmédia 3 e 1,5 anos respectivamente.
SAF em assentamento no Médio Pontal doParanapanema
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Indicadores e Políticas Públicas paraSAFs
O trabalho com os indicadores significou oreconhecimento e a legitimação dosconhecimentos gerados pelos agricultoresfamiliares em parceria com o PROTER. Osindicadores ambientais podem subsidiar decisãodo licenciamento de SAFs em APP e ReservaLegal onde os SAFs podem ser usados emestratégias de conectividade para a formação demini-corredores ecológicos. Por sua vez, osindicadores econômicos demonstram acapacidade de pagamento dos SAF como sistemade produção e abrem caminho para linhasespeciais de crédito (PRONAF Floresta, PRONAFSustentável).
Crédito para Sistemas Agroflorestais:No Capítulo 3.6 desta Revista é apresentada aexperiência dos quatro monitores agroflorestaisque conseguiram recursos de crédito da LinhaPRONAF Floresta. A demanda pelo crédito surgiudurante o trabalho com os indicadores econômicosdo Projeto PDA 081 MA, quando ficou comprovadoque os 4 SAFs pesquisados apresentaram altosníveis de renda e, consequentemente, capacidadede pagamento de crédito.
Para a discussão da obtenção de apoio peloPRONAF Floresta foi formado um grupo detrabalho, do qual particiaram, além do PROTER edos agricultores interessados, a Superintendência1 e a Assessoria Agronômica do Banco do Brasilcomo o agente oficial do crédito, a Delegacia doMinistério do Desenvolvimento Agrário em SãoPaulo, como órgão gestor do crédito, e osmovimentos sociais SINTRAVALE e Família doVale Cooperativa Agroecológica comodemandantes da política pública de fomento pormeio de crédito.
Na primeira reunião, os próprios agricultorestiveram a oportunidade de apresentar os seusprojetos de crédito e, em seguida, PROTER e aAssessoria Técnica do banco, trabalharam nasplanilhas que embasam o pedido de crédito e que
demonstram a capacidade de pagamento de cadaproposta, baseado numa análise de renda, decustos e da demanda de dinheiro para amanutenção da família. Nesta fase foi fundamentalque os agricultores tinham pesquisados osindicadores econômicos dos SAFs e dos sítios,pois foram estes dados que permitiram preencheras planilhas do Banco do Brasil e convencer osgerentes das agências de que eles tinhamcapacidade para o futuro pagamento dos créditospor meio da renda projetada para os sistemasagroflorestais (vide capítulo IndicadoresEconômicos).
A partir de abril de 2009 começou a negociaçãodos projetos nas agências do Banco do Brasilque atendem os domicílios dos quatro agricultoresinteressados – Cajatí, Jacupiranga e Sete Barras.Nesta fase, o que ajudou foi a apresentação aosgerentes das agências, do Manual Agroflorestalda Mata Atlântica (MDA-REBRAF 2008) e daCartilha do Projeto sobre os indicadoreseconômicos dos SAFs (PROTER 2008). Outrofator positivo, relatado por um dos técnicos doBanco, foi uma discussão anterior que havia sidolevado às agências pela equipe de DRS daSuperintendência sobre as linhas especiais doPRONAF, entre eles o PRONAF Floresta.
Reconhecimento dos SAFs pelos órgãosambientais – cadastro e licenciamentoJá havia sido discutida pelo PROTER, desde oProjeto Iguape-Juréia em 2000, a necessidade decadastrar os SAFs biodiversificados dosagricultores familiares do Vale do Ribeira no órgãoambiental, na época o DEPRN, para que estespudessem comprovar a origem dos produtosflorestais nativos, tais como produtos florestais nãomadeireiros, lenha, palmito juçara e, futuramente,madeira para serraria, oriundos do manejo dossistemas agroflorestais. Uma das preocupaçõessão problemas no transporte e na comercializaçãoquando não tem comprovação da origem lícitadestes produtos.
Outro assunto importante é a possibilidade derecuperação de áreas de preservação permanente,principalmente de matas ciliares, por sistemas
22 PROTER EM REVISTA
agroflorestais diversificados. Importante frisar queesta permissão de recuperar áreas de APP valeapenas para o pequeno produtor familiar e não podeser feito onde já há capoeira ou mata na beira do rio.Não podemos promover o corte raso de toda avegetação no SAF, pois ela tem função de proteçãodo solo, do barranco etc.Até a edição da Instrução Normativa IN 005/2009– MMA, a recuperação de APP com SAF precisavade licenciamento ambiental formal. Em áreas deassentamentos da Reforma Agrária, estelicenciamento é mais importante ainda, poisnormalente trata-se de áreas comuns doassentamento. Para este tipo de recuperação, osindicadores botânicos e ambientais podem ajudara embasar os licenciamentos, pois comprovam onúmero de espécies florestais nativas da região,presentes no SAF, e a densidade do SAF que fazcom que ele cumpra com as necessidades deproteção ambiental destas áreas de preservaçãopermanente e de reserva legal. Lembramos quetanto a IN 005/MMA como também normasestaduais estabelecem densidades mínimas(número de árvores por há) bem comodiversidades mínimas (número de espéciesarbóreas nativas da região) para a recuperaçãode APP por sistemas agroflorestais.
Neste sentido foi preparado, pelo Projeto PDA 081MA, um pedido de licenciamento de recuperaçãode áreas por sistemas agroflorestais e de manejode produtos florestais não-madeireiros (plantasmedicinais e cosméticas) em áreas de beira de rioem Barra do Turvo – SP. Todavia, em se tratar deáreas de posse com documentação cartográficaprecária e com a iminência da medição dosterrenos por empresa especializada, numa parceriaentre o MDA e o ITESP, fez com que os agricultorespreferem esperar receber os mapasgeorreferenciados e avalizados pelos órgãosfundiários competentes para somente depois dissodefinirem as suas propostas de alocação deReserva Legal e de recuperação e manejo deáreas de preservação permanente.
Em alguns assentamentos do Pontal doParanapanema, os agricultores manifestaram o
desejo de recuperar áreas de reserva legal e depreservação permanente dos assentamentos comsistemas agroflorestais. Valendo-se dasexperiências positivas de implantação de sistemasagroflorestais dentro dos lotes, os agricultoresentenderam os SAFs serem uma oportunidade dedisporem de mais terras para trabalhar emáreas relativamente perto de casa e, ao mesmotempo, estancar os processos de degradação emcurso e que ameaçam os recursos hídricos e, emalguns casos, até as próprias moradias dosassentados pelo avanço das voçorocas.
Foram então feitas várias visitas técnicas e aCoordenadora Técnica do Projeto no Pontal ajudouos agricultores em definir o tipo de sistemaagroflorestal, o desenho de implantação e o futuromanejo dos SAFs. Estas informações foramtransformadas em projetos técnicos que foramapresentados às entidades mantenedoras dosassentamentos, INCRA e ITESP, bem como aSecretaria do Meio Ambiente do Estado de SãoPaulo que manifestou todo interesse em apoiar ainiciativa. No início de 2010, estamos aguardandoa formalização dos pedidos de licenciamento pelosórgãos para depois acompanhar e apoiar aimplantantação dos SAFs nestas áreasambientalmente importantes e vulneráveis.
Monitor Agroflorestal José Linhares na Avaliação Final do Projetono Pontal do Paranapanema, agosto de 2007
23 PROTER EM REVISTA
No final de um rico debate sobre as questõesacima, os participantes definiram os seguintesencaminhamentos e sugestões dosparticipantes para alavancar odesenvolvimento agroflorestal no Vale doRibeira:
1. Mapeamento e sistematização dos SAFsno Vale do Ribeira
Já existem várias inciativas de implantação desistemas agroflorestais no Vale do Ribeira, masnem de todos temos conhecimento. Sugere-se omapeamento e a sistematização destasexperiências agroflorestais utilizando-se asseguintes ferramentas, entre outros:
• Fichas de descrição de SistemasAgroflorestais, desenvolvidas no Brasilpela REBRAF e presentes no ManualAgroflorestal da Mata Atlântica
• Croquis ou imagens georreferenciadas(vide exemplo no relato do Sr. GeraldoXavier, Sete Barras, acima).
• Informações botânicos sobre os SAFs
(espécies, porte das árvores, diversidade,densidade e distribuição).
• Indicadores de sustentabilidade dosSAFs, (ambientais, econômicos esocioculturais).
2. Troca de informações em Fóruns
A sugestão é de organizar periodicamente Fórunsde Desenvolvimento Agroflorestal e ServiçosAmbientais no Vale do Ribeira, para que osagricultores e técnicos tenham um espaço ondepossam trocar as suas experiências com sistemasagroflorestais.
3. Cursos agroflorest ais
Devem ser oferecidos cursos de capacitação emsistemas agroflorestais, similar daqueles que foramrealizados pelo Projeto CONSAFs em 2004 e 2005,com conteúdo prático e visitas a experiências deSAFs. Os cursos podem ser programadosconforme demanda e podem ser diferenciados pelopúblico a ser atendido, entre cursos para técnicosde ATER, cursos para monitores agroflorestais,cursos para agricultores etc.
Box 1: Questões norteadoras para os grupos:1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890112345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789011234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890112345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789011234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890112345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789011234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890112345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789011234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890112345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789011234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890112345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789011234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890112345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789011234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890112345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789011234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890112345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901
1. É possível recuperar as matas ciliares utilizando Sistemas Agroflorestais? De que forma/ comqual metodologia?
2. Como replicar as experiências com SAFs em todo o Vale do Ribeira?
3. Quais as ações necessárias para a criação de uma Rede de SAF’s no Vale do Ribeira?
4. As políticas públicas existentes são suficientes para fomentar e fortalecer os SAF’s? Em caso negativo, o que poderia ser feito para melhorar esta situação?
Nos dias 20 e 21 de outubro de 2009, asentidades parceiras PROTER, InstitutoSocioambiental, Vidágua, UNESP e IDESCorganizaram, em Registro – SP, o Fórum de
Desenvolvimento Agroflorestal e ServiçosAmbientais do Vale do Ribeira.Durante o evento, os mais de 200 participantestrabalharam em grupos, dividios poragricultores familiares e poder público, sobreas seguintes questões:
2.2. ENCAMINHAMENTOS DO FÓRUM DE DESENVOLVIMENTOAGROFLORESTAL DO VALE DO RIBEIRA - 20/10/2009
24 PROTER EM REVISTA
4.1. Crédito para Sistemas Agroflorestais:
O encaminhamento sugerido é a formação de umGrupo de Trabalho, dentro da Câmara Temáticada Agricultura Familiar do CONSAD Vale doRibeira, sobre a ampliação do acesso ao PRONAFFloresta para projetos de sistemas agroflorestais.4.2. Reconhecimento dos SAFs pelosórgãos ambientais
Outra proposta do Fórum é promover o cadastrodos sistemas agroflorestais junto aos órgãosambientais (CETESB) para que possa sercomprovado, mais tarde, a origem de recursosflorestais nativos, produzidos pelo SAF, tais comopalmito, lenha, madeira ou produtos florestais nãomadeireiros. Isto é importante para acomercialização e o transporte destes produtos.
No caso de áreas em beira de cursos de água, éimportante que elas possam ser recuperadas comsistemas agroflorestais para se tornaremagroflorestas ciliares, propiciando retornoambiental e econômico. Utilizar, para este tipo deplantio, os indicadores botânicos e ambientais,para comprovar o número de espécies florestaisnativas da região, presentes no SAF, e a densidadedo SAF que faz com que ele cumpra com asnecessidades de proteção ambiental desta áreade preservação permanente.
Importante frisar que esta permissão de recuperaráreas de APP vale apenas para o pequenoprodutor familiar e não pode ser feito onde já hácapoeira ou mata na beira do rio. Outrossim
também não podemos promover o corte raso detoda a vegetação local, pois ela tem função deproteção do solo, do barranco etc.
5. Organização de uma Rede Agroflorest aldo Vale do Ribeira
No final desta discussão ficou claro que o Vale doRibeira reúne todas as condições para dar um saltode escala na adoção de sistemas agroflorestaisou técnicos na região como um todo:
• Há muita gente iniciando o trabalho comSAFs, ou por conta própria ou pororientação de monitores agroflorestais outécnicos;
• Há forte demanda por oportunidades decapacitação e intercâmbio emagosilvicultura;
• Existem várias entidades que trabalhamcom sistemas agroflorestais como linhaprincipal de trabalho ou como uma daslinhas prioritários, entre eles o Instituto
Socioambiental, o Instituto Vidágua, oPROTER, a Cooperafloresta, a ÁGUA, oINCRA, a Fundação Florestal, Itesp,Prefeituras, entre outros. Portanto já existeuma base sólida de assessoria;
• Existe também uma forte baseorganizacional da agricultura familiar, como SINTRAVALE, a ASSTRAF, a Família doVale Cooperativa Agroecológica,associações de bairro e temáticos. Estaorganização é reforçada pelas CâmarasTemáticas do CONSAD ligados ao tema, aCT Agricultura Familiar, a CT SegurançaAlimentar e a CT do Meio Ambiente.
• Existem políticas públicas de fomento aSAFs que podem ajudar a alavancar odesenvolvimento agroflorestal na região,tais como as linhas especiais de crédito doPRONAF, a permissão de recuperar APPcom SAF, as diretrizes da Política Nacionalde Assistência Técnica e Extensão Rural,entre outros.
4. Avançar na discussão sobre o acesso apolíticas públicas
Durante o I Fórum que ao mesmo tempo foi oseminário de apresentação dos resultados doProjeto PDA 081 MA no Vale do Ribeira, váriosgrupos e pessoas mostraram interesse em ampliaro acesso as políticas públicas para SAFs, como ocrédito, ATER ou o cadastro e licenciamentoambiental dos SAFs.
25 PROTER EM REVISTA
Contrbuição de João Vicente Coffani Nunes,Pesquisador Associado ao PROTER
A Mata Atlântica está entre os ecossistemas maisricos em diversidade de espécies vegetais domundo e cada ecossistemas brasileiro apresentauma riqueza de espécies muito particular.Independentemente de qual ecossistema, todoseles estão sofrendo grande pressão em função doavanço dos sistemas agropastoris ou pelo própriodesenvolvimento das cidades. Dessa forma, o SAF,além de se apresentar como um sistema deprodução alternativo, também possibilita apreservação de espécies nativas. Assim, promovera discussão sobre os indicadores botânicos dentrodo SAF possibilitará aprimorar o planejamentodo plantio, bem como do papel das plantas nativasdentro do sistema.Vários são os indicadores botânicos que podemser trabalhados em um SAF, no entanto, vamosressaltar dois muito importantes:
• Diversidade e• Densidade
das espécies vegetais presentes no SAF.
Mas antes de pensarmos nesses dois indicadores,seria fundamental entendermos alguns conceitosbásicos de “nomenclatura”, ou seja, sobre o nomeda planta.Para saber quais as plantas nativas estãopresentes nos SAFs do Vale do Ribeira temos quesaber o nome exato de cada uma.
Você tem apelido?
Os nomes das plantas são similares dos nomesdas pessoas. Acontece que muitas pessoas têm omesmo nome. Você tem um apelido? Se tiver umapelido essa situação ficou pior, pois tem muitos“Zés” em uma cidade! Por exemplo, nesta sala,há três pessoas com o apelido de “Zé”, porém,verificando melhor, um é o José Batista, outroo
José Maria, e mais um, o José Eusébio. Ainda
assim podem ter pessoas com o mesmo nome,
nesse caso o nome de família pode nos ajudar a
reconhecer quem é quem – José Maria pode ter
mais do que um, mas José Maria de Souza só
tem um, é o nosso monitor agroflorestal de Barra
do Turvo – pronto, identificamos a pessoa. Ou seja,
uma pessoa pode apresentar um apelido e um
nome oficial (aquele presente na Certidão de
Nascimento). O nome oficial é único! Dificilmente
você errará de pessoa se procurá-la pelo seu nome
oficial.
E as plantas – elas têm apelido?
Como podemos ter certeza que a planta que
procuramos é ela mesma? E qual é a importância
de ter esta certeza?
Uma das formas para encontrarmos uma planta é
por meio do seu nome popular, do seu apelido,
mas muitas vezes uma mesma planta pode ter
diferentes nomes populares conforme a região em
que ela ocorre, ou ainda, plantas muito diferentes
podem apresentar o mesmo nome popular.
As plantas também têm nome oficial (nome
científico), ou seja, cada planta, ou melhor, cada
espécie de planta tem um nome científico que é
único, que nenhuma outra espécie poderá ter igual.
Assim, quando eu utilizo o nome científico de uma
planta eu tenho a certeza de que estou falando
exatamente da planta de que tenho interesse. Mas
para quê eu preciso ter tanta certeza? É simples,
cada espécie de planta tem suas características
próprias, se você pegar a planta errada, não
encontrará o que estava procurando. No caso das
indústrias isso pode ser a diferença de ganhar ou
perder muito dinheiro na produção de um
medicamento ou de qualquer outro produto.
Vamos dar um exemplo da importância do nome
científico da planta.
2.3. INDICADORES BOTÂNICOS DE SAFs
26 PROTER EM REVISTA
A planta (A) tem o nome científico de Miconiacinnamomifolia (DC) Naud e a planta (B) deTibouchina mutabilis Cogn.Voltamos a questão dos apelidos:Miconia cinnamomifolia também é conhecidapopularmente como: quaresmeira, carvalhovermelho, jacatirão-açú, vassourinha, casca-de-arroz, jacatirão-de-copada, jacatirão-preto,nhatirão, quaresmeira-vassoura, vassoura-mansa.Tibouchina mutabilis também é conhecidacomo: jacatirão,cuipeúna, manacá-da-serra,flor-de-maio, flor-de-quaresma, jacatirão-de-capote, jaguatirão, pau de flor.
Quem é o Jacatirão no Vale do Ribeira?Na Mata Atlântica do Vale do Ribeira temosas duas plantas. Tibouchina mutabilis é a maisfreqüente, e é conhecida como jacatirão, aoutra espécie, Miconia cinnamomifolia, que émenos freqüente, é conhecida como jacatirão-preto na região de Cananéia ou jacatirão-de-copa na região de Cajati.
As duas espécies ocorrem nas capoeiras esistemas agroflorestais do Vale do Ribeira,
É lógico que não! No entanto, as duas plantasacima têm o apelido de jacatirão, masdefinitivamente não são iguais!!
A
B
mas somente uma delas foi contemplada naPORTARIA MMA No- 51, DE 3 DEFEVEREIRO DE 2009 que permite o manejode árvores pioneiras no estágio médio deregeneração da Mata Atlântica. A espécieautorizada para se fazer o manejo é a Miconiacinnamomifolia, aquela que no Vale do Ribeira(jacatirão-de-copa) é menos freqüente. Issoocorreu porque para essa espécie já háestudos científicos realizados no Estado deSanta Catarina, portanto, para que Tibouchinamutabilis, mais conhecido como jacatirão noVale do Ribeira e onde é a espécie maisfreqüente, possa ter o manejo permitido,devemos fazer um estudo técnico e científicosobre a espécie e confirmar a sua condiçãode espécie pioneira de interesse da agriculturafamiliar e propor ao Ministério do MeioAmbiente a sua inclusão na Portaria MMA no.51.Nosso desafio é, a partir de estudos técnicos-científicos e troca de informações com osprodutores, achar os nomes científicoscorretos para as árvores nativas que estão nosSAFs – o jacatirão é apenas um exemplo, temmuitas outras plantas onde os nomes eespécies são confundidos.
E esses indicadores estão descritos com maisdetalhes no Bloco 3 desta Revista.
• Riqueza de espécies• Perfil vertical• Perfil horizontal• Densidade de espécies• Outros
A partir daí, podemos medir os parâmetrosbotânicos ou fitosociológicos, que são:
Assim, poderemos aprofundar o conhecimentosobre as espécies que são utilizadas nosSAFs, bem como a função. Além disso,poderemos analisar a contribuição dos SAFsna preservação de espécies nativas. Destaforma, poderemos entender e consolidar osSistemas Agroflorestais.
Veja essasfotos. Essasplantas sãoiguais?
27 PROTER EM REVISTA
Ferramentas e indicadoresutilizadas
para a descrição e avaliação deSAFs:
Este bloco traz a descrição detalhada de cada umadestas metodologias, incluindo os roteiros ouquestionários utilizados, para que o leitor possaexperimenta-las na prática e utilizar para o seutrabalho.Entretanto, isto não que dizer que se trata de umconjunto ótimo de ferramentas para a descrição esistematização de informações sobre sistemasagroflorestais. No Projeto PDA 081 MA, este
Bloco 3:Bloco 3:Bloco 3:Bloco 3:Bloco 3:informações chaves sobre os sistemasagroflorestais, seja para fins de difusão, onde omapeamento de experiências bem sucedidas éuma ferramenta importante, seja para gerar dadosque permitam o acesso a políticas públicas comocrédito ou cadastro ambiental.As ferramentas de descrição e sistematização desistemas agroflorestais devem dar conta destasfinalidades, ou seja, descrever os principais itensnecessários para o entendimento da dinâmica doSAF e gerar indicadores que permitam ointercâmbio e o acesso as políticas públicas.
No caso do Projeto PROTER PDA 081 MAutilizamos as seguintes ferramentas:
3. 1. INTRODUÇÃO
Como mostramos nos capítulos anteriores, se fazcada vez mais urgente a sistematização de
conjunto de ferramentas foi escolhido após muitadiscussão entre os técnicos e os monitoresagroflorestais e foi testado na prática, onde sofreuvárias modificações e adaptações.Cabe a cada projeto repetir este esforço dediscussão e adaptação de ferramentas desistematização e colocar os resultados adisposição do público interessado.
28 PROTER EM REVISTA
POR QUE ?O que motiva a experiência ?
QUEM ?Quem é o precursor da experiência ?Quais são os diferentes atores envolvidos naexperiência ?Por que estes atores ?De que meio sócio-profissional provém os atoresenvolvidos ?Quantos atores se envolveram no princípio equantos neste momento?
AONDE ?Em que país se desenvolve a experiência ?Em que região ?Em que localidade ?A experiência tem algum desafio de tipo territorial ?Em caso de que existir, de que maneira o contextoterritorial influencia ou determina o curso daexperiência ?
QUANDO ?Quando ocorreu a experiência ?Porque nesse momento ?Quanto durou a experiência ?É uma experiência contínua ao longo do tempo ?Como o contexto histórico influenciou a experiência ?
PARA FAZER O QUE ?O que se deseja transformar ?O que se deseja implementar ?Para melhorar qual processo ?Se deseja atuar sobre a legislação?Mobilizar pessoas ?Qual é a vontade de transformar ?Em quais valores se apóia a experiência ?
COMO SE FAZ ?Pode descrever detalhadamente odesenvolvimento da experiência ?Que metodologias e técnicas estão utilizando ?
REGRAS PARA AS FICHAS DEEXPERIÊNCIAS
EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS NOBRASIL
As fichas terão um tamanho máximo de trêspáginas datilografadas em “formato.rtf”. Osredatores devem, obrigatoriamente, forneceras seguintes informações:
TÍTULO: (De que trata a ficha)Deve ser breve e atrativo. Deve ser elaborado detal maneira que contenha indicações sobre asseguintes perguntas: de que se trata (qual aproposição, a ação ou as experiências? qual oobjetivo da experiência? onde ocorre o assuntoapresentado na ficha? etc...).
RESUMO: (sub-título) Qual é a problemáticacentral da ficha em relação ao tema. Nomáximo 4 linhas
REDATOR DA FICHA : Informações sobre apessoa que escreve a ficha.NOME: sobrenomes da pessoa (em maiúsculas),nome.P. ex.: DUBOIS, Jean.ORGANIZAÇÃO : O órgão representado peloredator da ficha. Em maiúsculas a sigla daorganização seguida por =, seguido pelo nomecompleto da organização a qual pertence o redatorda ficha.
QUAIS SÃO OS RESULTADOS ?Quais são as dificuldades que tem encontrado emsua prática e de que maneira as tem resolvido ?Poderia identificar os principais aspectosinovadores de sua experiência ?Que lições poderiam extrair de sua experiência ?Que impactos esta experiência tem sobre o entorno(meio ambiente, território, sociedade)?E sobre aqueles que tem poder de decisão ?E sobre você mesmo ?Os atores envolvidos em sua experiência têmevoluído, como ?Quais são os limitantes e as falhas que sepercebem em sua experiência ?E se realizasse novamente a experiência, comofaria ?
Quais outras práticas inspiraram a experiência ?Poderia ilustrar com exemplos concretos a suamaneira de atuar ?
3. 2. FICHA DE EXPERIÊNCIA EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS
Metodologia utilizada internacionalmente eintroduzida no Brasil pela REBRAF. A fichalevanta informações sobre o histórico do SAF,as intenções do agricultor com o SAF einformações gerais sobre o SAF em questão.
Recomendações para produzir uma fichade experiência
29 PROTER EM REVISTA
Por exemplo: REBRAF = Instituto Rede BrasileiraAgroflorestal.ENDEREÇO: da organização mencionada acima,fornecer o endereço completo de correio.Por exemplo: REBRAF - Cx. Postal 70060, CEP22422-970 Rio de Janeiro, RJ, Brasil) + fax* + tel*+ e-mail e website. [* inclusive os códigos nacionaise internacionais]
DATA DE REDAÇÃO: AAAA/MM/DD
TEXTO: Se trata aqui de descrever com precisãoa experiência DETALHADA do SAF, incluindo: 1) descrição detalhada do SAF
componentes do sistemaestrutura do sistemaseqüencia de estabelecimentointerações entre componentes e com orestante da unidade produtiva2) fonte de recursos para implantação eprocedimentos/problemas paraobtenção3) fluxos de caixa realizados / esperadospor ano após estabelecimento4) modalidade de beneficiamento e/oucomercialização
Considerando também a necessidade dedescrever: Onde ? De que se trata ? Com quemse faz ? Quando aconteceu ? Para fazer o que ?Com que resultados ? Quais foram as dificuldadese os fatores limitantes ?
Escrever o texto sem configuração especial:texto corrido, porém pode organizar o textocom parágrafos e utilizar sub-títulos. Produzirum texto focando especificamente o temaescolhido. O texto deve ter duas páginas.
Às vezes, vale a pena subdividir o texto em partesdistintas (com os respectivos subtítulos), porexemplo:
(a) o contexto da ação ou da experiência;(b) o diagnóstico de base;(c) a experiência concluída ou a experiência(proposta) sugerida;(d) meios empregados (ou a serem utilizados)pro ditto;(e) resultados obtidos (lições aprendidas) ouresultados esperados;(f) fatores limitantes (gargalhos) e/ouinsucessos; etc.
As fichas podem ser elaboradas a partir dequalquer fonte de informação. As fontes de
informação devem ser assinaladas explicitamentena seção «BIBLIOGRAFIA E REFERENCIAS NAINTERNET»COMENTÁRIOS: Escrever os comentários semconfiguração especial. Texto corrido ou subdividoem parágrafos, caso se tratar de comentário umtanto mais longo. É a seção “aberta” da ficha, oredator tem este espaço para colocar em relevoos ensinamentos que ele tira das informaçõesapresentadas no “Texto”.Qual é a problemática da experiência ?Quais são os impactos produzidos e as liçõesaprendidas?Quais poderiam ser as perspectivas destaexperiência com respeito a alternativassustentáveis de uso da terra e promoção dossistemas agroflorestais ?
NOTAS: A partir do contexto de redação daficha e observações diversas.Exemplo: Esta ficha foi realizada durante apreparação da I Oficina de capacitação esistematização sobre informação eexperiências agroflorestais do Brasil. A oficinafoi organizada pela REBRAF, durante o mêsde agosto de 2004, com o apoio de AlmedioConsulting (www.almedio.fr), Pro NaturaInternacional (www.pronatura.org) e aFondation Charles Léopold Mayer(www.fph.ch).
PALAVRAS-CHAVE PROPOSTAS: Palavraspróprias (ou órgão em questão, ou usuais naregião, ou por conta do tema em questão) quedeveriam ser integradas no tesauro de DPH.Exemplo: SISTEMA AGROFLORESTAL .
PALAVRAS-CHAVE GEOGRÁFICAS:BRASIL (é sempre o nome do país ondeocorre a experiência).
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA: zona ouregião onde existe a experiência (fora oudentro do país). Exemplo: Vale do Paraíba ;Serra da Concórdia.
TIPO DE FICHA: escolher entreEXPERIÊNCIA OU ANÁLISE
ORIGEM DA INFORMAÇÃO: escolher entre4 opções: ENTREVISTA; DOCUMENTOESCRITO; MULTIMÍDIA; OUTRO.
30 PROTER EM REVISTA
AUTOR DA EXPERIÊNCIA: Informações sobre apessoa que dá a informação, no caso ela não sero redator.PESSOA CONTATO/ENTREVISTA COM:Exemplo: DUBOIS, Jean ClaudeOutros contatos: Armin DEITENBACH –engenheiro florestal – PROTER (Programa daTerra); José Maria de SOUZA – Agricultor.ÓRGÃO-CONTATO: Exemplo :REBRAF=Instituto Rede BrasileiraAgroflorestal
ENDEREÇO-CONTATO:Exemplo : REBRAF, Cx. P. 70060, cep. 22422-970 Rio de Janeiro, Brasil. Tel/fax ++55 212521 1593; e-mail: [email protected] //website www.rebraf.org.br
DATA DA ENTREVISTA: (AAAA/MM/DD) - Exemplo : 2004/08/27
BIBLIOGRAFIA E REFERENCIAS NAINTERNET:Referências bibliográficas disponíveis cominformação de acesso e/ou endereço do sitep. ex. o da REBRAF www.rebraf.org.br
3.3. CROQUIS OU IMAGENSGEORREFERENCIADAS
Os croquis ou imagens (aéreas ou de satélite)georeferenciadas são importantes para ostrabalhos de intercâmbio em dois sentidos:
a) para que os interessados de outras regiõespossam localizar os SAF geograficamente,p.ex. com ferramentas como o Google Earth.
b) para conhecer a paisagem na qual o SAFse insere (vide a imagem dos SAFs instaladosno bairro Guapiruvú.
Um bom exemplo para o uso de imagens desatélite é o relato do monitor agroflorestalGeraldo, de Sete Barras. No bairro Guapiruvúacabamos utilizando uma imagem recente dealta resolução do satélite Iconos, cedida pela
ESALQ-USP que tinha adquirida a imagempara comparar o manejo agroflorestal com omanejo convencional de bananais na regiãodo assentamento agroecológico ao lado dobairro.
Com apoio da Empresa Júnior, da UNESP deRegistro, localizamos os sistemasagroflorestais dos agricultores participantes dogrupo e destacamos os contornos dos SAFspor linhas brancas. Desta forma dá paraperceber que os SAFs já fazem parte dapaisagem do Guapiruvú e do assentamento.
Fica visível que o SAF do próprio Geraldoacaba assumindo a função de um minicorredorecológico entre a mata de encosta de um ladoe a mata ciliar do Rio Etá de outro, uma vezque os vizinhos do Geraldo trabalham commonocultivos de bananas e de legumes ehortaliças, onde os animais não encontramproteção. No SAF do Geraldo, entretanto, elesconseguem se esconder dos predadores oudo homem, pois o SAF parece mais umafloresta do que um bananal. O próprio Geraldojá avistou muitos animais de volta que não seencontravam mais no sítio dele quando eleainda era adepto do monocultivo convencional.
Existem várias ferramentas que podem serutilizadas para oferecer uma imagemgeoreferenciada de um SAF. No caso do PDA081 MA, utilizamos muito imagens aéreas(tiradas em sobrevôo de avião) da Secretariado Meio Ambiente. Estes tem boa resolução eescala, porém são de 2001, ou seja, foramtiradas antes do início do nosso projeto. Asolução encontrada foi de deixar a imagemdo SAF em branco, mostrando ogeoreferenciamento das divisas dos SAFs ea paisagem na qual o SAF se insere.
31 PROTER EM REVISTA
A seguir um exemplo de uma foto aéreagerorreferenciada com as divisas de um SAFem Cajatí – SP:
Outra ferramenta, bastante utilizada para afinalidade de análise de sistemasagroflorestais e para intercâmbio é o GoogleEarth que fornece, para a maioria das regiõesdo Projeto, excelentes imagens, porém nemsempre 100% atualizados.
A seguir uma imagem Google Earth de umaárea a ser recuperada por SAF em APP deassentamento no Pontal de Paranapanema:
Onde não existe acesso às ferramentas deinformação geográfica, pode ser utilizado umcroqui feito pelos técnicos e agricultores eonde se georreferencia as vértices das divisascom aparelho GPS de mão. Desta forma alocalização do SAF é documentada o que paramuitas finalidades já é o suficiente.
32 PROTER EM REVISTA
3.4. INDICADORES BOTÂNICOS DESISTEMAS AGROFLORESTAIS
A - Composição botânica dos SAF oulevantamento fitosociológico
Exemplo de dois perfis botânicos oufitosociologicos de SAFs no Vale do Ribeira
Em seguida é feito uma amostragem dacomposição botânica do SAF, em um local querepresenta grande parte da área toda. Caso o SAFse apresenta muito diferente de um lugar paraoutra, é preciso utilizar mais que uma área deamostragem. No final queremos chegar em 5 a10% de área amostrada, conforme a diversidadeinterna do SAF.
São feitas as seguintes anotações:• Espécie• Localização da planta dentro da
amostra• Altura (todas as plantas)• Diámetro à altura do peito (arbustos
e árvores)
São desenhados dois perfis – o perfil horizontal,que mostra os andares ou estratos do SAF e operfil vertical, da perspectiva de pássaro, quemostra a distribuição espacial das plantas dentroda amostra de SAF.
É interessante fotografar o perfil dos estratos(andares) do SAF, para ter uma idéia das feiçõesdo SAF que está sendo desenhado no perfil.
No final temos o levantamento fitosociológico daárea que pode ser utilizado para o cadastro doSAF junto ao órgão ambiental e/ou para pedidosde licenciamento do SAF quando isto fornecessário. Importante atentar para a suficiênciaamostral exigida na legislação ambiental, ou seja,quando o SAF for grande e pouco homogêneo,fazer duas ou mais amostras.
São duas famílias que apresentam seusconhecimentos construídos em um ato decompleta solidariedade não privada, através doProjeto PDA/PROTER 081 MA. As duas famíliassão apresentadas iniciando pelo perfil sobre osestratos (andares) com muitos significados, algunsinterpretados na análise dos resultados, outroscompondo futuras pautas de investigação pelaimagem dos SAFs de cada família e por fotos quemostram o pedaço da agrofloresta onde forampesquisados os perfis.
As experiências são do Sr. Geraldo em SeteBarras, do Juvenal em Cajatí:
O primeiro passo é percorrer a área de SAFa ser investigada e listar as dezenas de espéciesmanejadas, entre elas, as espécies agrícolas esas florestais. Das espécies florestais é importantesaber se elas são exóticas ou nativas do local. Sepossível, anotar mais tarde o nome científico dasespécies florestais.
: Visão geral do SAF do Juvenal Visão do SAF em outro ponto
33 PROTER EM REVISTA
Figura 1 - Perfil de estratos da parcela na área de SAF do Sr. Geraldo (sem escala).
rasteiras
Anexo I - Reconhecimento da composição botânica.
Parcela 2x25m sem escala.
* reboleira de capeba
34 PROTER EM REVISTA
Visão geral dos estratos do SAF do Sr. Geraldo, Sete Barras.
Estrato superior do SAF
35 PROTER EM REVISTA
Figura 4 a - Perfil de estratos da parcela na área de SAF do Sr. Geraldo (sem escala).
Figura 4 b - Reconhecimento da composição botânica
Parcela 2x25m sem escala.
* não estraga o solo, é típico da região.
36 PROTER EM REVISTA
12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789011234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890112345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789011234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890112345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789011234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890112345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789011234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890112345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901
3.5.INDICADORES AMBIENTAIS E SÓCIO-CULTURAIS
A metodologia utilizada para gerar osindicadores ambientais e sócio-culturais nasquatro propriedades é baseada no métododesenvolvido pelo Projeto de FormaçãoAgroflorestal em Rede na Mata Atlântica -CONSAFs.
O método aplicado consiste nadiscussão e priorização, com os agricultores,de um conjunto de indicadores desustentabilidade e na avaliação dos mesmoscom ajuda de um questionário com perguntasreferentes aos descritores de cada indicador(Anexos II e III).
As respostas para cada descritor estãorepresentadas por um número (4>3>2>1) comas respectivas atribuições (muito bom, bom,regular, ruim), tais respostas avaliam acondição de cada descritor. A média aritméticadas respostas dos descritores reflete a notados indicadores de sustentabilidade numdeterminado sistema. A média geral do mapaé resultado da média das notas dosindicadores, que permitem a comparação dediferentes sistemas agroflorestais de umaregião ou entre regiões diferentes.
3.5.1. Indicadores de sustentabilidadeambiental
Agricultor:Data:Pesquisador:
I – Diversidade e Densidade do SAF 1. Estratos
2. Densidade comparada com a matanativa (cobertura viva)
3. Cobertura morta (serrapilheira)4. Diversidade5. Presença de matrizes no SAF
II- Manejo do SAF1. Manejo de espaços vazios2.
Sincronia3. Manejo de pragas e doenças4. Origem sementes e mudas
III – Equilíbrio Ecológico1. Animais nativos2. Plantas nativas3. Oferta de água4. Predadores naturais
IV – Solos1. Marcas da erosão2. Presença de erosão na água3. Vida no solo4. Manutenção da fertilidade5. Umidade do solo após chuva
V - Regularidade Ambiental1. Conhecimento da legislação ambiental
e de espaços especialmente protegidos2. Proteção ou recuperação das APP3. Averbação e uso sustentável da
Reserva Legal4. Cadastro do SAF no órgão ambiental e
licenciamento de SAF em áreasespecialmente protegidas (RL, APP)
Estas caixas servem para anotar os comentários do agricultor sobre o item, na impressão devem sergrandes o suficiente para os comentários, caso eles não caibam utilizar o verso do formulário
Comentário:
I - DIVERSIDADE, DENSIDADE DO SAF
I 1. ESTRATOS: Em relação ao número de estratos, o sistema tem:(1) dois andares;(2) três andares;(3) quatro andares;(4) 4 andares e cipós e epífitas (bromélias, orquídeas etc).
37 PROTER EM REVISTA
Sugestão de definição de faixa de altura que os estratos ocupam (podem variar):
I 2 DENSIDADE (cobertura viva): Comparando o SAF com a mata original, o SAF apresenta:(1) pouca densidade de plantas em todos os estratos;(2) pelo menos um estrato é mais adensado;(3) quase todos os estratos têm boa densidade;(4) todos os estratos com boa densidade, muito semelhantes à floresta nativa.
I 3 - SERAPILHEIRA (cobertura morta): os materiais como folhas mortas, galhos e ramos cobrem:(1) 0% da superfície (não tem cobertura morta);(2) 25%;(3) 75%;(4) 100% (toda área do SAF está coberta).
Comentário
Comentário
38 PROTER EM REVISTA
I 4 - DIVERSIDADE: A diversidade é avaliada pelo número de espécies e/ou de variedades de uma mesmaespécie. O SAF tem:(1) poucas espécies;(2) poucas espécies, mas muitas variedades (raças) da mesma espécie;(3) muitas espécies;(4) muitas espécies e muitas variedades (raças) de algumas espécies.
Comentário
I 5 - MATRIZES: Em relação às principais espécies nativas da região que estão ficando raras (árvores, arbustos,ervas, cipós, bromélias e orquídeas) a propriedade:(1) não tem nenhuma planta-matriz para obtenção de sementes ou estacas;(2) tem poucas;(3) tem uma boa quantidade;(4) tem muitas.
Comentário
II MANEJO DO SAF
II 1 - MANEJO : Depois da colheita ou fim de ciclo de uma espécie ou consórcio do SAF, o espaço:(1) fica vazio por muito tempo;(2 )fica vazio até que se decida o que plantar;(3) é replantado em pouco tempo;(4) já tem outra espécie ou grupo crescendo para ocupar o vazio.
Comentário
39 PROTER EM REVISTA
II 2 - SINCRONIA: As espécies de interesse em crescimento no SAF estão acompanhadas de:(1) gramíneas e ervas competidoras agressivas;(2) árvores e arbustos pioneiros de ciclo curto;(3) ervas de folhas largas e habituadas à sombra;(4) grande variedade de árvores, inclusive da mata terciária (ciclo longo).
Comentário
II 3 – MANEJO DE PRAGAS E DOENÇAS : Insetos, fungos e doenças são controlados:(1) com produtos químicos;(2) com produtos orgânicos comprados fora;(3) com produtos orgânicos produzidos na propriedade;(4) não é necessário controle ou pulverizações.
Comentário
II 4 - ORIGEM DE SEMENTES E MUDAS: Em relação às espécies de cultivo no SAF, as sementes, mudas eoutros materiais reprodutivos são obtidos:(1) fora da região;(2) fora da comunidade, mas na região;(3) na comunidade;(4) boa parte vem da propriedade ou brotou no próprio SAF.
Comentário
40 PROTER EM REVISTA
III - EQUILÍBRIO ECOLÓGICO
III 1 - ANIMAIS NATIVOS: A observação de animais nativos visitando, se alimentando ou utilizando como abrigopara reprodução a área onde agora existe o SAF:(1) diminuiu;(2) ficou igual;(3) aumentou;(4) aumentou muito (listar quais espécies, e se estão associadas a alguma espécie em particular).
Comentário, espécies, associação à plantas:
III 2 - PLANTAS NATIVAS : Como ficaram as plantas nativas no SAF comparado com a situação da área antesda implantação do SAF:
(1) muitas plantas nativas foram cortadas para dar lugar ao SAF(2) poucas plantas nativas foram cortadas para dar lugar ao SAF(3) antes não havia plantas nativas, mas agora elas estão se estabelcendo(4) havia plantas nativas que hoje integram o SAF e estão aumentando
Comentário
III 3 - ÁGUA : A instalação do SAF fez com que:(1) a oferta de água ficou igual como antes;(2) a oferta de água ficou mais constante;(3) a oferta de água aumentou e ficou mais constante;(4) nascentes que tinham secados voltaram a fornecer água
Comentário
41 PROTER EM REVISTA
III 4 - PREDADORES: Se procurarmos por predadores naturais, que ajudam a combater insetos e outras pragas,vamos encontrar:(1) nenhum;(2) poucos;(3) uma boa quantidade;(4) muitos.
Comentário
IV - SOLOS
IV 1 - EROSÃO: As marcas de erosão mostram:(1) formação de voçorocas e deposição de solo superficial nas baixadas;(2) perda de solo superficial e pequenos valos;(3) pequenas perdas de solo superficial;(4) não existe nenhuma erosão aparente.
Comentário
IV 2 - EROSÃO e ÁGUA : A água que escorre do sistema:(1) tem forte cor de terra;(2) tem cor de terra;(3) tem cor de terra após chuva forte, mas normalmente é clara;(4) sai limpa.
Comentário
42 PROTER EM REVISTA
IV 3 – VIDA NO SOLO: Mexendo na cobertura morta do solo e na primeira camada do solo):(1) não se vê nenhum sinal de vida;(2) se notam alguns organismos;(3) se encontra certa diversidade de espécies;(4) se encontra grande número de organismos e grande diversidade de espécies.
Comentário
IV 4 – MANUTENÇÃO DA FERTILIDADEA fertilidade do solo é mantida:(1) somente comprando adubos de fora da propriedade;(2) da propriedade e trazendo materiais e adubos comprados fora;(3) trazendo materiais de outras áreas da propriedade;(4) apenas com materiais do próprio SAF.
Comentário
IV 5 - UMIDADE E INFILTRAÇÃO: Quando chove bem para os padrões da região, o solo no SAF:(1) seca imediatamente;(2) seca em menos de uma semana;(3) se mantém úmido por mais de uma semana;(4) se mantém úmido por semanas.
Comentário
43 PROTER EM REVISTA
V - REGULARIDADE AMBIENTAL DA PROPRIEDADE/POSSE E DO SAF
V 1 – CONHECIMENTO DA LEGISLAÇAO AMBIENTAL: Em relação a legislação ambiental que rege o usosustentável dos recursos naturais e o manejo de SAF:(1) a família não conhece e somente ouviu falar do conteúdo das leis(2) a família tem conhecimentos básicos sobre legislação ambiental e os órgãos ambientais(3) a família conhece as principais legislações tais como Código Florestal e Lei da Mata Atlântica(4) a família, além de conhecer as leis ambientais participa do debate sobre as mesmas e da proposição delegislações locais e regionais
Comentário
V 2 – ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP): Em relação às APP da propriedade e dos SAFs:(1) a família não sabe do que se trata e as APP não são considerados no planejamento das atividades(2) a família sabe onde estão as APP na propriedade/posse e procura respeitá-las na medida do possível(3) as APP encontram-se mapeadas e protegidas ou em recuperação(4) além da proteção e/ou recuperação das APP, os SAFs em APP encontram-se licenciados e cumprem com osrequisitos da legislação específica a respeito (federal e estadual)
Comentário
V 3 – RESERVA LEGAL (RL): Em relação à Reserva Legal da propriedade/posse:(1) a família não sabe do que se trata e a RL não é considerada no planejamento das atividades(2) a família sabe o que é Reserva Legal e tem área de vegetação nativa suficiente para cumprir com a legislaçãoa respeito(3) a RL encontra se delimitada em mapa e averbada (em caso de posse o família assinou Termo de ReservaLegal) e o uso se faz seguindo a legislação a respeito(4) além da proteção da Reserva Legal, os SAFs em RL cumprem com os requisitos da legislação específica arespeito (federal e estadual)
Comentário
44 PROTER EM REVISTA
V 4 – CADASTRO DO SAF NO ÓRGÃO AMBIENTAL:(1) a família desconhece esta possibilidade e não considera necessária a documentação do SAF junto ao órgãoambiental competente(2) a família considera importante o registro do SAF junto ao órgão ambiental e dispõe das informações necessáriaspara o cadastro(3) a família procurou o órgão ambiental e deu entrada no cadastro do SAF junto ao órgão ambiental(4) a família fez o cadastro do SAF no órgão ambiental e o informa periodicamente sobre novos plantios e sobreas previsões de escoamento de produtos nativos do SAF
Comentário
3.5.3. Indicadores Sócio-Culturais Vale do RibeiraTrata-se de um tema novo na discussão ambiental que ainda está em desenvolvimento.Neste projeto procuramos avaliar:
• A participação de toda a família no trabalho e nas decisões sobre o SAF• A inserção do trabalho com SAFs na comunidade e na organização social na qual a
família está inserida.• O significado cultural do SAF ou algumas das plantas• Os usos das plantas do SAF além da produção de alimentos ou das funções no SAF• A satisfação da Família• Os conhecimentos sobre ciclos de produção e fatores que os influenciam
Questionário utilizado pelo projeto para avaliar os indicadores sócio-culturais:
Indicadores sócio-culturais de sistemas agroflorestais
Agricultor: Data: Pesquisador:
UsosConsiderando todas as espécies presentes no SAF, tanto espontâneas como cultivadas, a família fazuso direto ou indireto de:(1) menos de 25%;(2) 50%;(3) 75%;(4) quase 100%?
Comentário
45 PROTER EM REVISTA
Faça uma lista de espécies em uso corrente e coloque em ordem de prioridade (importânciade uso). Sugestão: faça listas diferentes por gênero e idade.
Planta Uso
Faça uma lista de usos que são conhecidos, mas não praticados. Anote o motivo do não-uso ao lado da espécie.
Tradições
Algumas culturas humanas têm tradições (músicas, provérbios, histórias, mitos, festividades) ligadasàs plantas. Considerando as espécies presentes no SAF:(1) não existem plantas deste tipo;(2) uma ou duas plantas tem esse significado;(3) algumas plantas são intencionalmente cultivadas por este motivo;(4) muita planta presente tem conexões deste tipo?
Obs.: use folhas adicionais se necessário
Ciclos
Algumas culturas agrícolas consideram informações ambientais e as fases da lua para organizar suasatividades de manejo. Quem maneja o SAF observa:(1) apenas as épocas favoráveis de umidade e temperatura durante o ano;(2) além disso, observa fases lunares;(3) além de 1 e 2, observa o comportamento de espécies de plantas nativas para planejar o melhormomento para plantios e manejos;(4) além de 1, 2 e 3, utiliza informações de comportamento de fauna nativa ou outros fenômenos eobservações?
Planta Uso
Comentário / Exemplos de tradições ligadas as plantas:
Comentário
46 PROTER EM REVISTA
CONHECIMENTO para manejo do SAF, desde a implantação até o uso final dos produtos.Considerando o conhecimento necessário para obter sucesso em todas as etapas do SAF, a pessoaque o maneja considera que sabe:(1) menos que 25% do necessário;(2)50%;(3)75%;(4)100%?
Comentário e lista das principais lacunas de conhecimento:
DOMÍNIO DO CONHECIMENTO entre membros da família: Considerando as informações necessáriaspara implantar e manejar com sucesso o SAF, este conhecimento é dominado(1) apenas pela pessoa que o maneja;(2) pelos homens ou mulheres adultos;(3) pela família, incluindo adolescentes e idosos de ambos os sexos;(4) por vários indivíduos da comunidade?
Comentário
FLUXO de INFORMAÇÔES: A informação necessária para manejar estes sistemas(1) não tem momentos de troca, e é dominado apenas por quem maneja o SAF;(2) é repassado na família;(3) é repassado entre famílias;(4) é repassado entre comunidades?
Comentário
Comentários Adicionais – use folhas adicionais:
47 PROTER EM REVISTA
Vamos construiur as respostas por meio doexemplo de quatro famílias que no período de2007/2008 apresentaram os seus indicadoreseconômicos num trabalho realizado em quatromunicípios do Vale do Ribeira.
As respostas às perguntas acima são construídosa partir da memória e da oralidade das famíliasparticipantes. Quando possível, documentosgerados ao longo do ano, como p.e.x romaneiosou recibos de entrega de alimentos a associaçõesou cooperativas e os cadernos de campo dosagricultores podem auxilar nesta tarefa.
Alguns lembretes para o trabalho em campo:
1) O aprender é fazendo e comparando2) as dúvidas surgem no trabalho realizado ecomentado3) As diferenças entre cada família é que tornamais completo o método.
Construimos, para facilitar as anotações, um roteirode campo, detalhando referente ao anopesquisado:
• a ocupação da área, onde devem aparecertodas as parcelas com diferentes cultivos
e ocupações, e também as partes que nãopossuem produção para o mercado,
• a descrição dos produtos comercializados• o valor obtido,• os produtos consumidos pela família• o valor economizado pois não foi preciso
comprar os produtos no supermercado ouna venda
• os custos vinculados à produção,transformação e comercialização
Os registros se referem a toda a unidade deprodução, incluindo subsistemas manejados foradas áreas de SAFs.
A entrevista pode ser feita em 2 a 3 horas, ondese consegue cercar o todo. Depois é importanteum segundo momento com a síntese já realizada.É um privilégio que diminui os errossubstantivamente.
Passo 1: Caracterização da ocupação da área:
A seguir o exemplo do Juvenal, RDS de Lavras,Cajatí – ele possui o Sítio Lavras de 25,5 ha, ondetem 3 há em sistema agroflorestal silvi-bananeiro,além de muita floresta nativa em vários estágiosde regeneração.
• Sistemas Agroflorestais produzem?
• SAFs geram renda?
• Os SAFs conseguem bons preços?
• Quais são os custos dos SAFS.
• Para o futuro, a produção dos SAFsdiminui?
3.6. Indicadores Econômicos deSistemas Agroflorest ais
Os Indicadores econômicos nos ajudam aresponder perguntas importantes sobre sistemasagroflorestais:
Monitor Agroflorestal Juvenal e o técnico doprojeto Alvori Cristo apresentam os resultadosdos indicadores econômicos do Grupo de Cajati
48 PROTER EM REVISTA
Passo 2 – Caracterizar a mão-de obra familiar do sítio
No nosso exemplo, no sítio trabalham o Juvenaldedicando todo o seu trabalho, mensurado em 312dias por ano à produção do sítio e o filho, quededica metade deste tempo pois no outro, estuda.A família dedica 1,5 Unidades de Trabahlho (UT)ao trabalho no sítio.
Como eles somente tem SAFs, as 1,5 UT sãodedicados ao trabalho com sistemas agroflorestais.
No quadro 2 temos duas importantes informações:a primeira sobre a ocupação da área produtiva, ea segunda sobre a proporção de mão-de-obrautilizada nos SAFs e nos outros subsistemas. Oagricultor Caso1 se diferencia dos outros,demonstrando que o SAF não é sua maiorprioridade. O agricultor Caso 2 destina parte desua mão-de-obra para o subsistema que écomplementar ao SAF. O Caso 3 e o Caso 4apresentam somente os SAFs como subsistemascaracterísticos. Estas diferenças podem serdeterminantes em relação aos resultados futurosdos SAFs de produção e conservação.
UT = unidade de trabalho [o tempo de trabalhoanual de um trabalhador dedicando 6 dias porsemana durante 12 meses]
49 PROTER EM REVISTA
Caso 1 (José Maria); Caso 2 (Clodoaldo); Caso 3 (Juvenal); Caso 4 (Geraldo).
São três números perseguidos, e muitas vezesconseguimos somente 2, por que o terceiro nãoexiste:
- Primeiro, de forma bem aberta, perguntamos secada membro da família que trabalha napropriedade realiza alguma tarefa fora dapropriedade. A resposta tem como objetivo resgataro todo incluindo os tempos vazios: sendo 2pessoas a resposta seria todo tempo napropriedade e portanto 2 unidades de trabalho, oque determinaria 2UT X 6 dias X 52 semanas.
- Segundo, a pergunta realizada quase no finalquando se sabe as atividades no sistema de
Passo três: pesquisar a produção anual dafamília
Quadro 2 - Funcionamento produtivo pela proporção (%) de ocupação da área produtiva e uso damão-de-obra.
produção: qual a proporção de trabalho para cadaatividade do sistema, tipo 70% para o SAF e 30%para a horta comercial. Esta proporção incide sobreo número final obtido na primeira pergunta ou naterceira.
- Terceiro, quantas horas cada membro da famíliatrabalha por dia em média no ano e quantos diasem média por semana. Esta pergunta facilmenteincide sobre tempos reais dedicados e excluitempos vazios entre uma e outra atividade. Oimportante é desvincular a pergunta das atividades.A resposta geralmente é diferente da primeirapergunta, a diferença são os tempos vazios.
Para responder a pergunta 1 “Sistemas
Agroflorestais Produzem”, procuramos quantificara produção das quatro famílias durante o ano de2008. Vejamos o exemplo do Juvenal:
50 PROTER EM REVISTA
Os SAFs do Juvenal, com 3 há, apresentam umaprodução geral de 33.850 kg de alimentos no anode 2008. Esta produção foi remunerada em médiaem R$ 0,65 por kg.
possível fazer uma conta de quanto alimento afamília consome (refeições por dia x número depessoas x 0,6 kg) para se chegar num valor médioem kg e gasto evitado.
É facil fazer, a família lembra, neste ponto a mulhercontribui muito mais. Os próprios agricultoresmultiplicadores conseguem realizar esta tarefa.
Passo cinco: pesquisar o custo do manejo doSAF
Aqui devemos descrever cada tipo de custo queimplica em desembolso financeiro, seja ele anualou periódico (sementes, adubos, outros), aquantidade e o valor correspondente ao custoanual. Quem não somente pesuisa os SAFs deveseparar os custos do SAF e de outros sistemas deprodução. Alguns custos são somente do SAF,outros vão ter que ser atribuído ao SAF emporcentagem (bota, ferramentas de uso comum).
É interessante tambem estimar, junto com afamília, a despesa anual familiar necessária, ouseja, quanto desembolso financeiro é necessáriopara manter a família.
Passo quatro: estimar o autoconsumo dafamíliaDa mesma forma e utilizando-se da memória dafamília, podemos construir uma tabela para oautoconsumo da família, colocando quantos kg daprodução do SAF foram comercializados e quantoskg foram utlizados para a alimentação.
Neste caso, devemos usar os preços que a famíliapagaria, caso tivesse que comprar os alimentosno vizinho, na venda ou no supermercado.Normalmente, os preços para o autoconsumo sãomais altos.
Nota-se que para a produção dos alimentos parao autoconsumo é utilizada a mão-de-obra familiar,ou seja, as 1,5 UT no exemplo do Juvenal,produzem os 33.850 kg para o mercado mais oautoconsumo.
Em casos que os agricultores não conseguemestimar o que consumiram durante o ano, é
51 PROTER EM REVISTA
Vejamos o exemplo dos custos do Juvenal;
Ele gasta pouco com ferramentas e insumos. Omaior custo é o do transporte e da comercialização.Como ele produziu 33.860 kg de alimentos, o custopor kg de alimento produzido é deaproximadamente R$ 0,04 por kg.
Passo seis – Cálculo dos indicadoreseconômicos:
a) Produtividade física do trabalho
Pesquisamos através do nosso roteiro, os valoresabsolutos da produção dos SAF. No exemplo doJuvenal produziu em 3 há 33.580 kg de alimentosutilizando 1,5 Unidades de Trabalho.
Para a comparação de diferentes SAFs entre si,devemos levar em conta que eles tem tamanhos
Quadro 1 - Indicadores de funcionamento da economia da produção.
diferentes e exigem mais ou menos mão-de-obra.Os nosso indicador para fins de comparação é aprodutividade física do trabalho obtida nas áreasde SAFs. O resultado nos 4 SAFs pesquisadosvaria entre 7.480 e 25.601 Kg por unidadeprodutiva (Kg de alimentos) por uma unidade detrabalho (UT) no período de um ano produtivo. Nocaso do Juvenal, o resultado é de 22.988 kg/UT.
Para obter este indicador a produção total do anofoi dividida pela quantidade de mão-de-obradisponibilizada pela família. (Quadro 1).
Para garantir esta produção cada unidade detrabalho necessita de uma área de produção entre2,0 e 6,4 hectares. Visto de outra forma, umapessoa que dedica todo o seu tempo ao manejodo SAF, daria conta de trabalhar entre 2,0 e 6,4há.
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Caso 1 (José Maria); Caso 2 (Clodoaldo); Caso 3 (Juvenal); Caso 4 (Geraldo);]
b) Produtividade Econômica do Trabalho:
Para calcular este indicador, levamos em conta aquantidade de alimentos produzidos por UT (vendae autosconumo), o preço obtido ou evitado e ocusto.
Utilizamos a seguinte fórmula para calcular aProdutividade econômica do trabalho-R$/ut/ano
Produtividade física do trabalho (ha/ut) Xprodutividade física do trabalho (Kg/há) X Preço(R$/kg) – custos (R$/kg).
Este indicador pode ser expresso por ano, por mêsou por dia. Para fins de comparação com outrasoportunidades de renda, os agricultores preferemusar o valor por dia, o que possibilita a comparaçãodireta p.ex. com o preço pago por dia quandotrabalham fora. Para fins de comparação comsalários mensais percebidos ou com o saláriomínimo vigente, o valor expresso por mês é maisadequado.
São três indicadores chave finais: - A produtividade econômica por unidadede trabalho (ut) - A produtividade econômica por unidade de área(ha) - E a produtividade física ou por área ou portrabalho (kg de alimentos/ha ou kg de alimentos/UT) As três complementam a análise e tornam maiscomplexa a condição do sistema de produçãoestudado. Existem SdP com alta produtividadeeconômica do trabalho e baixa por unidade deárea. Seriam sistemas extensivos que, sesustentáveis, sugerem ocupações de grandesproporções de área por uma só família, casos deextrativismo, por exemplo.
SAFs geram renda?
Os resultados das quatro famíliasapresentam a produtividade econômica do trabalhoanual variando entre R$ 9.075,20 e R$ 13.971,30.A produtividade econômica do trabalho, conforme
53 PROTER EM REVISTA
o Quadro 1, refere-se ao resultado econômicolíquido extraídos os custos. Este é o resultado dotempo de trabalho anual de um trabalhadordedicando 6 dias por semana durante 12 meses.O valor remunera o dia trabalhado entre R$ 29,09e R$ 44,78. Este valor pode ser analisado aindana perspectiva da renda mensal individual entreR$ 756,27 e R$ 1.164,28, ou seja, entre 1,82 e2,80 salários mínimos (referência R$ 415,00 -2008).
Em relação à renda recebida pelo agricultoro resultado mostra que está bem acima daoportunidade de trabalho regional, com diárias emtorno de R$ 15,00 (comentários das famílias), egarante a manutenção de despesas familiaresmensais acima de um salário mínimo.
Os Quadros acima são construídos pelasinformações do roteiro de campo em anexo, a partirdo detalhamento da ocupação da área de trabalhoda família e da ocupação da mão-de-obra. Aocupação da área a ser preenchida no roteiro édireta, detalhando cada forma de ocupação (áreasde produção, capoeiras, matas, pasto e outras).
agricultor permanece disponibilizando a mão-de-obra para esta atividade sem poder utilizá-la emoutro trabalho (períodos de subutilização da mão-de-obra).
Os SAFs conseguem bons preços?
O preço da soja no Brasil varia em tornode 11 dólares a saca (R$ 19,80), ou seja, R$ 0,33o Kg. Pelo leite a agricultura familiar recebe,historicamente, valores menores do que R$ 0,45o litro. O mercado do milho paga ao agricultor R$0,33 por Kg, e pela banana o agricultor recebe doatravessador valores que variam entre R$ 0,30 aR$ 0,40 por Kg. A fruticultura no Sul do Brasiloferece preços entre 0,50 R$ a 0,80 R$ por Kg,em regiões especializadas, para poucas famílias(Rede de Agricultores Familiares Gestores deReferências, DESER 2006-2007).
Normalmente, o agricultor familiar nãoconsegue interferir na formação do preço dos seusprodutos, geralmente formado por um, dois, ou trêsitens. No caso dos SAFs, não só o valor nominal émaior como a capacidade de complementação e/ou formação parcial do preço é elevada.
A matriz dos produtos comercializadospelos SAFs (Quadro 3) apresenta algumasparticularidades que interferem nos resultadoseconômicos finais.
A mão-de-obra, exige a análise maisdetalhada com o agricultor entrevistado. A respostaé simples, quantas unidades de trabalho sãonecessárias para manejar a propriedade e para oSAF. A informação necessária não se resume aquantidade exata de dias utilizados diretamentena produção, mas inclui períodos em que o
Quadro 3 - Matriz dos principais produtos comercializados nos SAFs, proporção (%) monetária
Caso 1 (José Maria); Caso 2 (Clodoaldo); Caso 3 (Juvenal); Caso 4 (Geraldo).
54 PROTER EM REVISTA
Clodoaldo (Caso 2) comercializa 19 itens,sendo os citros (4 itens) responsáveis por 40,27%.O seu diferencial está na agregação de valorconferida pelo turismo de visitas, de refeições ede compra de alimentos na propriedade pelosvisitantes. O agricultor José Maria (Caso 1)comercializa em feira local 13 itens, o abacaxirepresenta 39,59%. Estes dois casos, pelascaracterísticas acima, comercializam a maioria dosseus produtos em feiras e mercados diferenciados,e assim elevam o preço dos seus produtos.
Geraldo (Caso 4) comercializa,basicamente, banana para atravessadores daregião e recebe menor preço. O agricultor Juvenal(Caso 3) comercializa 12 itens, em mercadosdiferenciados (feiras, banca na BR 116 e para oPrograma de Aquisição de Alimentos - PAA, doGoverno Federal), e a banana representa 83,68%dos valores monetários comercializados.
A complexidade dos SAFs garantindo omercado permite decisões internas do agricultorem vender mais um item ou outro, dependendoda oferta do mercado. A existência de mercadodefine a formação do preço e da renda, assimcomo para todas as produções e de todas ascategorias sociais. A questão é proceder à análiseidentificando a extrema capacidade de produçãodos SAFs, e produção limpa. A decisão de compraé da sociedade e cabe ao estado incentivar efomentar esta forma inovadora de agriculturacumprindo o papel de regulador. Políticas públicascomo o PAA e o mercado institucional daalimentação escolar podem ser estas açõesreguladoras.
Os custos dos SAFs.
Os custos de produção dos quatro estudosde caso variam entre 3% e 7% sobre os preçosrecebidos. A característica marcante dos custosde SAFs é a sua natureza. Os custos não sãopara manejo de solos, reposição de fertilidade,controle de populações ou de dependênciagenética (sementes e mudas). São custos demanutenção de ferramentas de trabalho(facão,lima, foice, enxadas, botas) e custos de
comercialização, por vezes de transformação.
Para o futuro, a produção dos SAFs diminui?
O Quadro 4 apresenta a matriz daocupação populacional dos SAFs por algunsgrupos de espécies estratégicas para cada umadas famílias, que auxilia na resposta à perguntasobre a produção futura. A população foiquantificada pela oralidade de cada agricultor, ese refere às espécies diretamente manejadas, nãoincluem alguns grupos específicos comoherbáceas e outras.
Todos tendem a manter sua produção,porém, o Caso 1 apresenta maiores dificuldadesde ampliação. Esta família agricultora prioriza osoutros subsistemas, e apesar de apresentar grandediversidade de espécies produtivas, a mão-de-obrapara manejar os SAFs é utilizada prioritariamentenos outros subsistemas. Esta condição podecomprometer a capacidade de conservação e usofuturo do SAF.
Para o agricultor Geraldo (Caso 4) oscenários futuros indicam produção menor parabanana e maior para outras espécies, comdestaque para o palmito, polpa de juçara, café ejaca. A produção de biomassa é garantida com apresença de espécies arbóreas adubadoras, asmadeiras duras estão presentes nos estratossuperiores.
O agricultor Juvenal (Caso 3) apresentauma condição semelhante à do Geraldo, possuias mesmas opções de frutíferas, as mesmasadubadoras estão presentes, incluindo adubaçãoverde e espécies madeireiras. A população demercado futuro é menor comparada ao Caso 4, oque pode significar menor potencial de escolha demelhores indivíduos. Os padrões de gruposfuncionais das produtoras de palmito e frutíferastropicais são mantidos. O seu desafio é acelerar odesenvolvimento do SAF, priorizando o uso demão-de-obra para os manejos.
55 PROTER EM REVISTA
Quadro 4 - Matriz da ocupação populacional dos SAFs por grupos arbóreos de funcionalidadeeconômico-ecológica em metros quadrados por indivíduo das principais espécies.
Caso 1 (José Maria); Caso 2 (Clodoaldo); Caso 3 (Juvenal); Caso 4 (Geraldo).
§ No caso 1, o manejo dos SAFs apresentaos grupos funcionais das madeiras duras e dasfrutíferas tropicais com grande atraso de produção.A sucessão econômica depende das palmeiras depalmito.
§ No caso 2 parece haver um equilíbrio depopulações com números definidos de indivíduospor grupos funcionais. As espécies adubadorasque cumprem papel de estabelecimento do sistema(pioneiras e secundárias de ciclo curto) estãopresentes em menor proporção. As frutíferas emadeireiras dos andares superiores já seencontram presentes em proporções estáveis.
A diversidade biológica dos SAFs com suasproporções de população produtiva para o futuro(grupos de funcionalidade), tornam-se tambémindicadores de conservação pelo número deespécies e pela densidade populacional de cadaespécie (Quadro 4). A biodiversidade populacionaldos SAFs permite afirmar que existem indícios de
conservado, promovendo a manutenção dehabitats, fornecendo capacidade de conectividadeentre fragmentos florestais e criando as condiçõespara ampliação de fluxos de dispersão.
Os resultados econômicos dos SAFs no futuro
A projeção dos preços segue os cenáriosde mercado, no entanto, com um diferencial. Ofato dos SAFs possuírem mais de 30 itenscomercializáveis, os quais podem ser processadosderivando um número maior de produtos, garantemao agricultor uma grande capacidade de definiçãode preços. Em relação aos custos, com o aumentoda produção e o potencial de agregação de valoraos preços, estes tendem a se manter ou reduzirmesmo em cenários de reajustes de mercado. OQuadro 5 apresenta comentários qualitativos sobrea evolução das taxas econômicas. São trêssituações vividas pelas 4 famílias.
que ao manejar SAFs o ecossistema está sendo
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Quadro 5 - Inferências sobre tendências de taxas em cenário.
Caso 1 (José Maria); Caso 2 (Clodoaldo); Caso 3 (Juvenal); Caso 4 (Geraldo).
O caso 1 em função de não ter o SAF comosubsistema prioritário para a família encontra-seem fase de manutenção e/ou queda. O caso 2 porse encontrar em um momento de consolidaçãoavançada apresenta característica de manutençãode taxas.
Os casos 3 e 4, apesar de suas diferençasem relação ao tipo de mercado ondecomercializam, possuem características depopulação e sucessão semelhantes e são SAFsem fase de qualificação. As consideraçõesrelativas ao Quadro 5 podem ser qualificadas
como impressões fortes e também devem compora pauta de futuros estudos.
Observação final: Por parte dos técnicos existeuma resistência muito grande a ser quebrada queinclui o não creio que o resultado pode ser obtido,não creio ser científico, não creio que a memóriado agricultor possa ser fiel. Existe daí umatendência a querer montar manuais com opçõesde resposta o que via de regra torna o processoburocrático, demorado, e inevitavelmenteproporciona maior margem de erro.
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3.7. Metodologia de avaliação de
indicadores de serviços Ambient ais
- André Gonçalves – Centro
Ecológico – Litoral (RS)
3.7.1. Procedimentos amostrais
Cinco unidades produtivas foram selecionadas
para a investigação pela equipe técnica. As
propriedades selecionadas foram as que melhor se
adequavam aos objetivos do estudo, i.e., sistemas que
empiricamente demonstraram potencial de promover
serviços ambientais e simultaneamente alcançar um
desempenho econômico satisfatório.
Para o cálculo da biomassa e avaliação da
biodiversidade, foram realizadas amostragens nos
respectivos sistemas de produção e fragmentos
florestais. A metodologia utilizada nos SAF foi detalhada
no Capítulo I. Para os fragmentos florestais foram
adotados diferentes métodos de amostragem, de
acordo com a facilidade em explorar a área de estudo
em face do tempo disponível para o trabalho de campo.
Nos casos Dirceu (Juína) e Antônio (Cotriguaçú), optou-
se pelo método dos quadrantes. Este método consiste
no estabelecimento de pontos equidistantes ao longo
de um eixo amostral, e em cada um desses pontos
determina-se quatro quadrantes. A partir dos pontos
centrais são amostrados os indivíduos mais próximos,
em cada um dos quadrantes. Para o caso Castanha
(Juína) e Antônio (Cotriguaçú) foi adotado o método de
parcelas. Na primeira propriedade foram estabelecidas
40 parcelas aleatórias de 100 m2 na área de fragmento
florestal, e na segunda 25 parcelas também de 100
m2. Em todas as áreas apenas os indivíduos com CAP
(Circunferência à Altura do Peito) igual ou acima dos
40 cm foram amostrados. Foi estimado também a altura
e diâmetro de copa de cada exemplar.
Para a análise energética os dados foram
coletados através de entrevista com cada um dos
proprietários. As seguintes informações foram
levantadas: tamanho da área em hectares, insumos
utilizados (fertilizante, pesticida, adubo orgânico,
calcário, etc.) e suas respectivas quantidades, horas
de trabalho e o volume da produção. No caso dos
agricultores que possuíam registros e anotações sobre
a área de manejo, solicitou-se consulta a esses
apontamentos. Assim, para alguns sistemas, foi
possível validar as informações obtidas através da
entrevista com as anotações dos agricultores.
3.7.2. Procedimentos Analíticos
Biomassa e carbono sequestrado:
O cálculo do volume de biomassa em m3 foi
realizado através da seguinte equação geral: AB × H ×
0,06, onde AB = área basal em m, H = altura em m e
0,06 o fator de correção. Para a estimativa do carbono
sequestrado em cada exemplar arbóreo esses valores
foram multiplicados pela sua respectiva densidade, e
corrigidos por um fator de 0,5. Quando possível,
determinou-se nas áreas estudadas as curvas de
incremento da biomassa, ou seja, o quanto foi
acumulado ao longo dos anos. No caso dos sistemas
em que a biomassa não foi mensurada, utilizaram-se
dados de referências bibliográficas.
O objetivo do estudo foi determinar os benefícios
incrementais dos SAF no sequestro de carbono acima
do solo, fixado nas árvores cultivadas pelos agricultores.
Isto foi feito comparando-se SAF com os sistemas de
uso tradicional (pastagens e monocultivos anuais).
Embora o volume de C na serrapilheira e abaixo do
solo seja expressivo, é muitas vezes de difícil
59 PROTER EM REVISTA
mensuração. Em face desta limitação, optou-se por uma
estratégia analítica mais conservadora.
Inventário Florístico
A biodiversidade vegetal foi determinada
através de um inventário florístico em cada um dos
subsistemas agrícolas (SAF e fragmentos). As espécies
foram devidamente identificadas e classificadas por um
botânico da Universidade Federal do Mato Grosso, com
notório conhecimento sobre a vegetação do bioma
Amazônico. A similaridade dos diferentes fragmentos
florestais foi determinada através dos índices de
Jaccard e Sørensen. Estes índices determinam a
similaridade dos sistemas através de uma expressão
matemática, baseada na relação entre a presença e a
ausência de espécies. As fórmulas utilizadas são as
seguintes:
SIj = a / (a + b + c) – Índice de Similaridade de Jaccard
• SIs = 2a / (2a + b + c) – Índice de Similaridade
de Sørensen. Onde:
• a = número de espécies comuns nas duas
amostras
• b = número de espécies na amostra 1
• c = número de espécies na amostra 2
A comunidade de plantas nos fragmentos
florestais foi analisada através de um levantamento
fitossociológico. Os seguintes parâmetros foram
determinados para cada uma das áreas:
• Densidade absoluta (DA) – número de
indivíduos da espécie i por unidade de área (indivíduos/
hectare)
• Densidade Relativa (DR) – porcentagem dos
indivíduos da comunidade correspondente aos
indivíduos da espécie i
• Frequência Absoluta (FA) – porcentagem das
unidades amostrais em que ocorre a espécie i
• Frequência Relativa (FR) – frequência absoluta
da espécie dividida pela soma da frequência absoluta
de todas as espécies, espressa em porcentagem
• Dominância Absoluta (DoA) – área basal de
todos os indivíduos da espécie por unidade de área
(m2.ha-1)
• Dominância Relativa (DoR) – área basal da
espécie i expressa em porcentagem da área basal total
de todas as espécies
• Índice de Valor de Importância (IVI) – índice
composto pela soma dos valores relativos de
densidade, dominância e frequência de uma espécie.
A diversidade alfa, ou seja, o conjunto de
espécies encontradas em uma determinada área
circunscrita foi determinado através do índice de
Shannon (H). Este indicador reflete a diversidade de
uma determinada área baseado no número e na
frequência em que as espécies ocorrem. A fórmula para
o cálculo do índice de Shannon é a seguinte:
• H = - Σ (ni/N)ln(n
i/N). Onde:
• ni é o número de indivíduos da espécie I e
• N é o número total de indivíduos de todas as
espécies.
Para os cálculos da eficiência energética cada
um dos fatores de produção e o produto obtido foram
transformados em seus respectivos equivalentes
energéticos. Além do balanço energético a quantidade
de proteína produzida por hectare também foi calculada.
Esses dados (produção de calorias e proteínas)
permitem realizar algumas inferências quanto ao
número correspondente de pessoas que podem ser •
alimentadas, de acordo com necessidades nutricionais
médias. Na tabela se encontra um sumário dos
principais indicadores e seus respectivos parâmetros
utilizados para avaliar os serviços ambientais
promovidos pelas unidades de produção agrícola.
60 PROTER EM REVISTA
Siglas utilizadas na Revista
61 PROTER EM REVISTA
3.8. List a Preliminar de EspéciesArbóreas Nativas da Mat a Atlânticautilizadas em SistemasAgroflorest ais no V ale do Ribeira.
João Vicente Coffani-Nunes (1); ErickW. Weissenberg (2); Armin
Deitenbach (3)
(1) Professor Adjunto no Instituto de CiênciasBiológicas e da Saúde da UniversidadeFederal de Alagoas e Pesquisador Associadodo PROTER;
(2) Mestrando do Programa de Pós-graduaçãoem Botânica do Instituto de Biociências daUNESP de Botucatu;
(3) Assessor da Diretoria Executiva do PROTER.
A Lista Preliminar de Espécies Arbóreasda Mata Atlântica utilizadas em sistemasAgroflorestais no Vale do Ribeira é um dosprodutos obtidos pelo Projeto “RECUPERAÇÃOE CONSERVAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DODESENVOLVIMENTO AGROFLORESTAL EMCOMUNIDADES E ASSENTAMENTOS NO VALE DORIBEIRA E PONTAL DO PARANAPANEMA - ESTADODE SÂO PAULO” e se refere às espécies dosSAFs acompanhados pelo PROTER no Valedo Ribeira (SP). É importante realçar ametodologia pela qual foi construída essa listapreliminar: dentro do projeto, cada monitorelaborou uma lista de espécies, a partir dosnomes populares, utilizadas nos SAFs que eleacompanha. As quatro listas originais foramcompiladas em uma única lista e em umareunião com os monitores procurou-seentender e padronizar alguns desses nomespopulares. Além do aprimoramento da lista deespécies, essa reunião teve como resultadosrelevantes que:
1) uma mesma planta pode ter nomespopulares diferentes conforme acidade ou sub-região no Vale doRibeira;
2) que era difícil descrever uma plantapara a outra pessoa;
3) que somente com o nome popularnão poderíamos ter a certeza de
estarmos falando da mesma planta;4) que é fundamental realizar a coleta
e a identificação botânica dessasplantas;
5) que é importante criar um catálogode espécies utilizadas nos SAFs; e
6) que a coleção de plantas oriundasdo SAF deve ficar depositada emuma instituição no próprio Vale doRibeira e aberta para consultapública.
A partir da lista de nomes populares,livros sobre a flora brasileira foram consultadosna tentativa de localizar os nomes científicosdessas plantas. Apesar da melhoria no númerode publicações sobre espécies nativas, adificuldade de achar e, principalmente, de seter a certeza que o nome popular encontradoem uma obra era, de fato, a mesma espécieque o monitor designou, foi muito grande. Essadificuldade foi tão grande, que não temos acerteza dessa correlação, pois não haviamaterial testemunho das espécies dos SAFspara serem comparadas e muito menos,identificadas de forma adequada.
Dentro desse contexto, a partir denomes populares, foi criada essa “ListaPreliminar de Árvores Nativas da MataAtlântica Utilizadas em Sistemas Agroflorestaisno Vale do Ribeira”.
Apesar das incertezas aqui expostas,é apresentada uma lista com 74 espécies,algumas identificadas ao nível de espécie,outras pelo gênero, visto que pode ser maisde uma espécie, ou mesmo pela famíliabotânica, já que aquele nome popular podeser utilizado para várias espécies de diferentesgêneros daquela família.
O presente trabalho tem um aspectosingular na iniciativa de começar a desvendara diversidade de espécies nativas comutilização dentro dos SAFs, e mostrar aimportância e urgência no desenvolvimento denovos projetos que venham preencher essalacuna de conhecimento e auxiliar no avançodo estabelecimento de Indicadores AmbientaisBotânicos para os Sistemas Agroflorestais.
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Onde buscar mais informações sobre Sistemas Agroflorest ais
Sites Informativos:www.rebraf.org.brwww.consaf.orgwww.proter.org.br
Literatura recomendada:Manual Agroflorestal da Mata Atlântica – MDA-REBRAF 2008
Cartilha: Construção Participativa de Indicadores de Sustentabilidade de SAFs no Valedo Ribeira – PROTER 2008
Ambos podem ser encontrados para download no endereço:
http://www.pronaf.gov.br/dater/ index.php?sccid=433
Rod. Régis Bittencourt, km 435Bairro Ribeirão Vermelho – Sítio Santa Gertrudes
CEP 11900-970 Registro-SPCaixa Postal 131
Telefone: (13) 3821-6983e-mail: proter [email protected]
www.proter.org.br
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