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Convivência com o Semiárido Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 8 • nº 1819 Julho/2014 Castelo do Piauí - PI Viver no campo e ter como produzir no quintal de casa sempre foi o sonho da agricultora Maria da Cruz Sousa Almeida, de 34 anos. Esposa do agricultor José Francisco Soares de Almeida, de 36 anos, e mãe de Eduardo e Danilo, sua família vive há 6 anos no Assentamento São José de Dentro, em Castelo do Piauí. Foi lá que Dona Maria e Seu José conquistaram seu pedaço de terra e começaram a cultivar seus sonhos. A água, maior dificuldade no início, hoje também foi conquistada através das cisternas de captação de água da chuva, construídas pela Articulação Semiárido Brasileiro (Asa). Antes da cisterna-calçadão, que a família conquistou através do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), executado na região pelo Centro Regional de Assessoria e Capacitação - CERAC, eles utilizavam a água de um poço tubular comunitário. Segundo Dona Maria, a água era liberada duas vezes ao dia e a família enchia uma caixa de 500 litros. Com o acesso à água limitado, plantar até um canteirinho no quintal era difícil. Ela conta que desde que soube da cisterna, desejou uma no seu quintal. Sua vontade era de produzir canteiros, legumes e frutas, mas somente para o consumo. “Queria parar de comprar na feira as verduras, porque eu hoje sei que muita delas parecem bonitas, mas estão cheias de agrotóxicos. Hoje eu produzo minha pimenta, pimentão, cheiro verde, tomate e alface, que já cheguei até a vender”, diz. Através do caráter produtivo do Programa, que disponibiliza o conjunto de materiais para serem utilizados na construção de benfeitorias na propriedade e aumento da produtividade, a família construiu um galinheiro, aumentou a criação de galinhas e agora também cultivam canteiros de hortaliças e verduras. Os filhos, Eduardo e Danilo, estudam na cidade de Castelo do Piauí e nos horários vagos ajudam os pais nos cuidados com a horta e na lida com os animais. Agora a família tem legumes, frutas e verduras no quintal de casa, além de uma pequena criação de galinhas e caprinos. Transformando realidade, multiplicando experiência

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O boletim conta a história de Maria da Cruz Sousa Almeida, esposa do agricultor José Francisco Soares de Almeida. Sua família vive há 6 anos no Assentamento São José de Dentro, em Castelo do Piauí. Foi lá que Dona Maria e Seu José conquistaram seu pedaço de terra e começaram a cultivar seus sonhos. A água, maior dificuldade no início, hoje também foi conquistada através das cisternas de captação de água da chuva, construídas pela ASA.

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Page 1: Convivência com o Semiárido:Transformando realidade, multiplicando experiênci487 candeeiro pi 2 1819

Convivência com o Semiárido

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8 • nº 1819

Julho/2014

Castelo do Piauí - PI

Viver no campo e ter como produzir no quintal de casa sempre foi o sonho da agricultora Maria da Cruz Sousa Almeida, de 34 anos. Esposa do agricultor José Francisco Soares de Almeida, de 36 anos, e mãe de Eduardo e Danilo, sua família vive há 6 anos no Assentamento São José de Dentro, em Castelo do Piauí. Foi lá que Dona Maria e Seu José conquistaram seu pedaço de terra e começaram a cultivar seus sonhos. A água, maior dificuldade no início, hoje também foi conquistada através das cisternas de captação de água da chuva, construídas pela Articulação Semiárido Brasileiro (Asa).

Antes da cisterna-calçadão, que a família conquistou através do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), executado na r e g i ã o pelo Centro Regional de Assessoria e Capacitação - CERAC, eles utilizavam a água de um poço tubular comunitário. Segundo Dona Maria, a água era liberada duas vezes ao dia e a família enchia uma caixa de 500 litros. Com o acesso à água limitado, plantar até um canteirinho no quintal era difícil. Ela conta que desde que soube da cisterna, desejou uma no seu quintal. Sua vontade era de produzir canteiros, legumes e frutas, mas somente para o consumo. “Queria parar de comprar na feira as verduras, porque eu hoje sei que muita delas parecem bonitas, mas estão cheias de agrotóxicos. Hoje eu produzo minha pimenta, pimentão, cheiro verde, tomate e alface, que já cheguei até a vender”, diz.

Através do caráter produtivo do Programa, que disponibiliza o conjunto de materiais para serem utilizados na construção de benfeitorias na propriedade e aumento da produtividade, a família construiu um galinheiro, aumentou a criação de galinhas e agora também cultivam canteiros de hortaliças e verduras. Os filhos, Eduardo e Danilo, estudam na cidade de Castelo do Piauí e nos horários vagos ajudam os pais nos cuidados com a horta e na lida com os animais.

Agora a família tem legumes, frutas e verduras no quintal de casa, além de uma pequena criação de

galinhas e caprinos.

Transformando realidade, multiplicando experiência

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Piauí

Dona Maria é formada em História Geral, mas trabalhou pouco tempo como professora. Ela diz que sua formação foi um sonho alcançado, mas que para lecionar precisava se afastar do campo, de sua terra, por isso preferiu ficar e cuidar da família. Hoje, a agricultora é instrutora do Curso de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Programa P1MC (Programa Um Milhão de Cisternas) pelo CEFESA (Cent ro de Formação Educacional para a Convivência com o Semiárido). Ela conta que sempre gostou das reuniões e capacitações que participou do P1+2 através do CERAC, gostava das palestras que falavam dos nossos direitos e deveres, do cuidado com a terra, com a água e meio ambiente, da ideia de convivência com o semiárido, isso despertou nela a vontade de repassar o que aprendeu.

O esposo, Seu José, hoje também é multiplicador das experiências de convivência com o semiárido. Este ano ele participou da capacitação de pedreiros para construção de cisternas e agora trabalha no ofício de levar alegria para outras famílias da região. “Meu marido já trabalhou como cortador de cana, em ferrovias e em outras coisas, mas nunca foi pra muito longe, sempre por aqui por perto. Lembro que naquele tempo a gente não tinha quase nada, nem galinha a gente tinha, só correndo atrás de trabalhar, hoje as coisas melhoraram, a gente tem terra, a gente tem água e isso aqui é que é riqueza. Espero um dia receber muitas pessoas para conhecer o meu quintal, contar minha história, para multiplicar essa ideia de convivência com a nossa região”, diz a agricultora.

Realização Apoio

Os filhos do casal ajudam na criação e na conservação dos canteiros. Danilo José colhe o coco e

mostra o caju produzido no quintal da família.