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    CONVERSO

    STANLEY JONES

    Que converso?

    Como se d a converso?

    Quais so os seus efeitos duradouros?

    Imprensa Metodista 1984

    Ttulo desta obra em Ingls: CONVERSION.

    Copyright da Abingdon Press, Nashville, Tenn., E. U. A.

    Traduzido e publicado em portugus com a devida autorizao.

    Traduo:

    Messias FreireeAlice Gerab Labaki

    Capa:Lair Gomes de Oliveira

    Marta CerqueiraLeite Guerra

    Composto e Impresso na IMPRENSA METODISTA

    Av. Sen. Vergueiro, 1.301 - So Bernardo do Campo SP

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    NDICE

    Prefcio

    I - A necessidade da conversoII - A natureza da converso

    III - A converso do eu

    IV - A converso do Nosso Amor Prprio

    V - Os casos reais de converso

    VI - Os frutos da converso

    VII - O efeito da converso sobre a sadeVIII - A converso de Nossas Palavras

    IX - A converso e a Educao Religiosa

    X - O Como da converso

    XI - Podem os que se desviaram converter-se novamente?XII - O cultivo da converso

    XIII - Como ajudar aos outros a se converterem?

    XIV - O Esprito Santo na converso

    XVI Eplogo

    PREFCIO

    Perguntei a Srinavasa Shastri, um dos grandes homens da ndia ,talvez o maior homem da atualidade na ndia , depois de MahatmaGandhi e Jawaharlal Nehru: "Senhor Shastri, participa o senhor doceticismo de Poona?" A cidade de Poona e os seus arredores so aparte mais ctica da ndia . Ele me respondeu: "No sou religioso, masno sou irreligioso. A religio no real para mim. Eu gostaria quefosse. No tenho uma centelha divina para dar aos Servos daSociedade Hindu, da qual sou o cabea. O meu corao cinza. Masparece-me que a religio real para o senhor. Como se torna ela real?".Ento contei-lhe a minha converso; e, quando terminei, ele me disse,pensativamente: "Sei qual a minha necessidade; necessito deconverso. Preciso encontrar a converso para mim, ou entoaquecer o meu corao junto ao de algum que j foi convertido."

    Esta revelao feita por um grande e nobre hindu o tirardo vu que cobre a alma do homem moderno tanto no Orientecomo no Ocidente. O quadro da alma do homem atual foi pintadopor Jesus, quando disse que o esprito imundo deixou umhomem, e, quando voltou, achou-o "varrido e guarnecido" - e"vazio". A alma do homem moderno est varrida de muitassupersties, guarnecida com muitas coisinhas do conhecimentocientfico e de muitas utilidadezinhas que a cincia lheproporciona, mas vazia de vida real. Ele sabe tudo a respeito davida, exceto como viv-la. Ele est cheio de confuso mental enum caos espiritual. Ele est vazio de um meio positivo de vida.Ele necessita de converso.

    Esse mesmo Sr. Shastri, presidindo uma reunio decristos e no-cristos em que eu falei, disse na abertura:"Sempre sabemos de onde parte Stanley Jones. Se elecomear com o teorema do binmio, ele comear na parte daconverso".

    Duas coisas se destacam nestas afirmaes do Sr. Shastri:1) Os homens modernos, mesmos os mais elevados e maisnobres, esto, na maior parte, vazios. Passou-se o que era velhoe o que novo ainda no lhes nasceu. 2) A inevitabilidade daConverso. Comece-se ande se quiser neste assunto chamado

    vida, at mesmo no teorema do binmio, e ter-se-, de comearcom a necessidade da converso. O que o homem, no o

    I

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    oriental ou o ocidental, mas o homem como homem em si, precisa deconverso.

    A tese deste livro se fundamenta nestas duas coisas. O homem

    da atualidade est vazio e necessita de converso e a converso inevitvel.

    A urgncia da converso se encontra na velocidade em que avida se dirige para a construo ou para o caos. Todos os antigoshorrios esto antiquados. Quando perguntaram ao meu neto Stanley,aos trs anos de idade, que queria ele ser quando crescesse, elerespondeu sem hesitao: "Quero ser um chimpanz, sentar-menuma rvore e comer bananas". Quando aos seis anos lhe fizeram amesma pergunta, ele respondeu novamente sem hesitao: "Queroser um astronauta. Quero descobrir o que est l no espao". Avida moderna avana na velocidade em que se vai de chimpanz ao

    astronauta em trs anos. A dificuldade que o astronauta, comtoda a sua, inteligncia, ainda tem a alma de um chimpanz. Ele estmanejando vastas foras, com grande mas no est preparadomoral e espiritualmente para manej-las. 0 astronauta jogoufora a banana e est agora mascando estopins de dinamite. Ele podefazer explodir a si mesmo e a nossa civilizao. Ele precisa deconverso.

    Estamos cada vez mais convictos de que a converso umanecessidade, mas ser necessrio um outro livro sobre isso? Tmaparecido alguns grandes livros sobre a converso; por exemplo "O fatoda converso", par George Jackson, e "Homens nascidos duas vezes",

    por Harold Begbie. Mas os livros de Jackson foram escritos com basenuma cultura existente h mais de uma gerao. Essa cultura mudouagora, e somos tentados a dizer que mudou completamente. Asnecessidades bsicas so as mesmas, os fatores do ambiente emmudana produzem reas de necessidades no sonhadas por uma ouduas geraes passadas. O que pensvamos que era seguro nos diaspassados est completamente ultrapassado; no somente nos cidos dopensamento moderno, mas tambm nos cidos dos fatos dos nossosdias, como, por exemplo, a descoberta da energia nuclear. O homematual sente-se despido, nu, sozinho, destitudo de amparo csmico. Tema converso qualquer relevncia para ele?

    O livro de Begbie se baseia na teoria das converses das pessoasarruinadas e transviadas. E uma teoria gloriosa! Mas enquanto que

    essa rea de necessidade ainda existe, essa necessidade transferiu-separa as camadas chamadas dos respeitveis - entre os desviados l decima. A necessidade desta classe to grande ou ainda maior do que adaquela classe que est em necessidade visvel. Pois atrs desta

    fachada de respeitabilidade existem conflitos e temores e apenas umvazio completo que aterrorizante. O homem atual recusou-se a vivercom Deus, e agora no pode viver consigo mesmo. Os consultriosmdicos esto cheios de pessoas desmanteladas, que estotransportando as doenas da sua mente e da sua alma para os seuscorpos. Os consultrios dos psiquiatras vivem ainda mais cheios,incluindo muitas vezes o prprio psiquiatra. Disse um proeminentecirurgio: "Aquele psiquiatra o nico psiquiatra realmente integradoque j vi". Esta uma afirmao obviamente exagerada. Mas o homemdescrito arruinou-se e esgotou-se e foi para um sanatrio quando aexperincia religiosa que o havia sustentado se desmantelou. Apsiquiatria pag est mostrando mais e mais ser inadequada para tratar

    daqueles que esto em runa mental, para cur-los de maneira completae duradoura. Os psiquiatras cristos esto levando a melhor.

    Quando nos voltamos para os assistentes sociais profissionaisdescobrimos que eles esto, na maioria das vezes, tratando com aspessoas e procurando cur-las atravs desse profissionalismo. Essemtodo fracassa. Falei a cerca de 500 desses profissionais, e quandolhes fiz a pergunta: "No so os senhores problemas lidando comproblemas?", eles tanto riram como me perguntaram: "Como descobriu osenhor isso?" Foi fcil; os seus rostos mostravam mais conflitos do quetranqilidade. Podamos ver que pertenciam mais doena do que cura. A durao mdia do servio da assistente social profissional de

    cerca de sete anos. A sua motivao e os seus recursos, a menos quesejam sustentados pela experincia religiosa, medida que enfrentam,dia a dia, as necessidades humanas aterradoras. Ento abandonamesse trabalho e vo fazer alguma outra coisa. Usando os seus prpriosrecursos eles perdem a batalha. Conhecimento eles tm, mas nopossuem os recursos internos.

    Quando nos voltamos para a Igreja encontramos uma situaomelhor, pois, ela , apesar de todas as suas falhas, a maior instituioservidora sobre a terra. Ela merece muitas crticas, mas no tem rivaisna obra da redeno humana. Ela possui uma motivao e um poderque a sustenta na sua marcha em face da oposio, da indiferena e dafalta de apreciao. Peguei o meu jornal na ndia e o cabealho dizia:Necessita-se do Esprito Missionrio". E isto vinha do prefeito comunista

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    de uma grande cidade hindu. Na inaugurao de um Kshatriya, umcolgio, o presidente disse: "Precisamos torn-lo um colgio realmentecristo." Um governador hindu disse a um mdico, tambm, hindu,encarregado de um leprosrio: "O senhor est fazendo um pouco do

    servio realmente cristo aqui". Repito que a Igreja susceptvel demuitas crticas, mas no encontra rivais na obra da redeno humana.Mas - e esse "mas" grande - e importante! Cerca apenas de um terodos membros das igrejas responsvel por este ataque redentor almada humanidade. O resto est passeando. Tenho dito freqentemente acongregaes, no pas e no exterior, que esses grupos podem,provavelmente, ser divididos em trs classes: um crculo interior paraquem a religio ocupa o 1 lugar, vital e capaz de mudar a vida. Ela dum alvo e o poder para alcan-la. Ela purifica a culpa do passado,concede recursos adequados para o presente e confiana no futuro. Faza vida ter sentido e valor. Deus no um nome, mas uma realidadeviva. Eles chamam Jesus de Salvador, pois Ele os salva agora do

    pecado e daquilo que no querem ser para aquilo que querem ser. Areligio liberta o seu amor para com as necessidades humanas, d-lhesuma alegria indizvel e cheia de glria e uma paz eterna em meio mudana das circunstncias. A sua converso real e est operando.

    Ao redor deste grupo interior est um segundo grupo para quem areligio no ocupa o 1lugar e sim o segundo. Eles tiram a sua f dascoisas que os cercam: dos livros, do trabalho, dos parentes e doscostumes sociais. Tirem-se-lhes estas coisas e eles fracassaro. Porque , por exemplo, que nos Estados Unidos a porcentagem mdia daspessoas que pertencem Igreja , em geral, de 62% no interior do pas,enquanto que na costa ocidental essa mdia apenas de 24%? A

    resposta simples. As pessoas que foram da costa oriental e do interiordo pas para a costa ocidental tinham, em muitos casos, um tipo de fde segunda mo. Quando os fatores ambientais que sustentavam a suaf lhes foram tirados, eles no possuam contato com Deus, de primeiramo, suficiente para sustentar-lhes na fora da transplantao demaneira que sucumbiram. Um pouco mais de um em trs tinham o quese chama espiritualidade. Esse grupo com f de segunda mo no tinhaaquilo que precisa ter. Eles criam em Deus, mas no o conheciam.Tropeavam de evento em evento, guiados apenas por meia luz semliderana. Sentiam-se frustrados e vazios. Um banqueiro ficou cego. Eramembro de uma igreja, mas a sua religio era apenas de segunda mo,superficial. De maneira que ele ficou frustrado. Ele me disse que eraigual a uma caricatura (que ele havia visto) de um macaco montado numcachorro segurando uma bengala em cuja ponta estava amarrado um

    pedao de carne que ele mantinha frente do nariz do co. O cachorroestava exausto. Assim ele tambm estava, disse-me, na sua busca deDeus, mas sem jamais encontr-lo. Este segundo grupo est frustrado,insatisfeito.

    O terceiro grupo est ainda mais distanciado da realidade. Elesno tm f, quer de primeira, quer de segunda mo. Mas ficam naIgreja, completamente vazios. Algum disse com humorismo que aIgreja, est cheia de pessoas vazias. H um pouco de exagero nisto,mas a afirmao contm verdade suficiente para ferir. Isso certamenteverdade com referncia a este terceiro grupo, e isso srio. Poisquando Deus se afasta, o alvo desaparece; quando o alvo, o objetivovai-se embora, o sentido tambm vai; quando o sentido vai, o valortambm vai. Ento a vida fica morta nas suas mos. Vivem como almasmortas num universo morto; e, no entanto, so compelidos a viveremaparentemente.

    De modo que apenas cerca de um tero das pessoas dentro daIgreja sabe o que converso num sentido vital. Os outros dois terosprecisam de converso.

    Nestes dois teros que necessitam de converso encontram-sepastores, professores da Escola Dominical, oficiais e bispos. OMetropolitano da ndia, o bispo chefe da sua denominao, disse numadas minhas reunies: "A vida comeou para mim aos 72 anos de idade".At aos 72 anos ele era um clrigo respeitvel, de moral, devotado, masno convertido. Os dez anos seguintes da sua vida foram de frutosincomensurveis; foram mais frutferos do que os 72 anteriores. Um

    outro bispo de uma denominao disse, aps a sua aposentadoria:"Estou vazio e frustrado". Tirado da situao de publicidade e na

    qual ele era o centro das coisas, descobriu que nada possua parasustent-la. Ele necessitava de converso.

    Nos nossos Ashrams, no oriente e no ocidente, nessas ocasiesde retiro espiritual, comeamos com aquilo que chamamos de "A manhdo corao aberto", na qual dizemos as nossas necessidades.Perguntamos: "Por que vieram? Que querem? De que necessitamrealmente?" Ns lhes dizemos que eles no so obrigados a dizer assuas necessidades, que no estaro fora da nossa comunho se no ofizerem, mas que tanto eles como ns seremos mais pobres se no ofizerem. Alm disso, chamamos-lhes a ateno para o fato de que se

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    eles agirem como se no tivessem necessidades, ento ficamossabendo de que tm a maioria delas. Eles necessitam de ver econfessar as suas necessidades. De maneira que os vemos confess-las alegremente numa comunho de confiana. Damos 4 ou 5 horas a

    esta catarse. A reao de um membro que escutou isso pela primeiravez foi esta: "Cus! temos todas as pessoas desmanteladas do pasaqui presentes?" A minha resposta foi: "No, aqui est uma parte ruimda vida da Igreja revelada honestamente". Na igreja comum, isso suprimido pela respeitabilidade, pelo desejo de parecermos melhores doque realmente somos. Aqui nos Ashrams temos aprendido a sermossimples, honestos e reais. Mas espere at o ltimo dia: "A manh docorao transbordante", e o Senhor pensar que temos aqui todas aspessoas transformadas do pas. Pois de 95 a 98% saem transformadase radiantes - convertidas!

    Parece que, neste prefcio, desviamos a necessidade de

    converso para o respeitvel, comeando com um hindu altamenterespeitvel, e terminando com uma fila de membros e lderes da igreja.Ser que nos desviamos das necessidades dos que esto arruinados?No, este livro estar cheio de casos de converso dos arruinados nasbaixas camadas, tanto quanto de casos de convertidos dos arruinadosdas altas camadas e daqueles que permeiam estes dois extremos emtodos os seus graus, incluindo jovens e crianas. Uma jovem, babandode alegria por ter encontrado h pouco a experincia da converso,perguntou-me recentemente: "No vai o senhor escrever um livro paraos jovens?" Ao que respondi: "No estou certo se poderei faz-lo. Issoexige inteligncia! Mas no meu prximo livro - o livro sobre a converso -levarei em conta os jovens". Ela saiu satisfeita com isso.

    Este livro dirigido na direo da necessidade humana daconverso onde quer que ela se encontre: dentro e fora da igreja, entreos respeitveis e os miserveis, os cristos e os no cristos, os moose os velhos, os intelectuais e os no intelectuais, os de moral e osimorais; ele dirigido necessidade humana e essa necessidade universal.

    Estes casos de converses e estas observaes a seu respeito eas dedues tiradas dos mesmos foram colhidos em quase todos ospases e classes sociais do mundo durante um ministrio evangelsticodurante mais de 50 anos. De maneira que esta no uma discussoabstrata a respeito da converso e da sua necessidade terica; umarevelao de como essa experincia opera maravilhas nas vidas

    humanas mudadas em todos os climas, em todas as classes e em todasas raas. Ela vai dos intelectuais, dos milionrios e dos diplomatas aoscanibais da frica e a todos os tipos entre esses dois extremos. O fatoda converso somado a tudo na vida abre uma possibilidade

    estonteante. No somos destinados pela hereditariedade, peloambiente, pelos hbitos, pelo nosso subconsciente ou pelo nossopassado a permanecermos naquilo que somos. Podemos ser mudados,convertidos, aqui e agora, em qualquer idade, com qualquer cultura, emqualquer ambiente, e com seja o que for que haja sido reunido nopassado e seja qual for a mistura do presente. Deus tem uma resposta eessa resposta a oferta da converso.

    Certa mulher disse na "hora do corao aberto": "Estou quase aser transformada na espcie de pessoa que eu no quero ser". Alguns jforam transformados, alguns esto para ser, e alguns esto na iminnciade serem. Mas ningum precisa permanecer no que ou no que est

    para ser, pois a porta da mudana est aberta - converso. E nenhumapessoa ou coisa pode impedi-la de entrar por essa porta, exceto se vocmesmo recusar a faz-la. A converso a necessidade de Deus para anecessidade do homem.

    E. Stanley Jones

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    Captulo I

    A NECESSIDADE DA CONVERSO

    Dividimos a humanidade em muitas classes: brancos e de cor,ricos e pobres, educados e no educados, americanos e no-americanos, orientais e ocidentais. A juventude japonesa atual divide aspessoas em "molhadas" e "enxutas". As "molhadas" so aquelas queobservam os costumes e a moralidade e as "enxutas" so as que secomportam como querem. Mas Jesus traou uma linha atravs de todas

    estas distines e dividiu a humanidade apenas em duas classes: osno convertidos, e os convertidos, os que nasceram uma vez e os quenasceram duas vezes. Todos os homens vivem num ou no outro ladodessa linha. Nenhuma outra diviso tem importncia; esta uma divisoque divide; uma diviso que vai atravs do tempo e da eternidade.

    "Em verdade, em verdade te digo que se algum no nascer denovo, no pode ver o Reino de Deus. (Jo 3.3). "Se no vos converterdese no vos tornardes como criancinhas, de modo algum entrareis noReino do Cu." (Mt 18.3).

    Que queria Jesus dizer por "nascer de novo" e converter-se? Ele,

    certamente, queria dizer alguma coisa muitssimo importante, pois, o t-la ou no t-la divide os homens, todos os homens, no tempo e naeternidade. Faremos num outro captulo uma exposio sobre a con-verso e o novo nascimento. Antes de prosseguirmos precisamosdesfazer uma confuso que existe em muitas mentes entre proselitismoe converso. Eles so a mesma coisa para muitas pessoas, mas, nopensamento de Jesus, no se pode ir alm disto: Ele rejeitou um e insis-tiu sobre a outra. Ele disse aos lderes religiosos daquele tempo"Rodeais o mar e a terra para fazer um proslito; e, uma vez feito, otornais filho do inferno duas vezes mais do que vs". Ele rejeitou esseesforo por conseguir nmeros que apenas se somavam ao seuegosmo coletivo - um processo essencialmente irreligioso. Pois oproselitismo o mudar-se de um grupo para outro sem qualquermudana necessria de carter e de vida. uma mudana de rtulo e

    no de vida. A converso, do outro lado, mudana de carter e de vidaseguida por outra mudana exterior de fidelidade correspondente transformao interior. Um hindu me disse um dia: "Eu me batizarei se osenhor me der 20 mil rupees e um bom emprego". Ento lhe respondi:

    "Meu irmo se o senhor me colocasse 20 mil rupees nos ps e medissesse: batize-me, por favor, eu o recusaria; mesmo o senhor!".Proselitismo e converso so plos opostos, e o confundi-las degradara converso - a coisa mais preciosa que a vida mantm. o mesmo queconfundirmos o amor com a lascvia, a beleza com a feira, a vida com amorte.

    Alm disso, o confundirmos o se ser convertido com o estar dentroda Igreja e o no ser convertido com o estar fora da Igreja cairmos nomesmo erro fatal. Pois Jesus frisou esta necessidade de nascer de novoa Nicodemos, um altamente respeitvel "professor de religio de Israel".Por que disse Ele isto to diretamente: "Necessrio vos nascer de

    novo"? A razo era obviamente que Ele viu Nicodemos virsorrateiramente, noite, olhando deste e daquele lado, com medo deque as pessoas espalhassem que ele havia vindo ver este jovem per-turbador do "status quo". Nicodemos tinha como centro o povo ao invsde Deus. Alguns esto centralizados em si mesmos, alguns no povo ealguns em Deus. Nicodemos pertencia a uma combinao dos doisprimeiros e no ao ltimo. De modo que Jesus teve de coloc-lo, comgentileza, no lado daqueles que no vem o Reino de Deus.

    Mas foi essa uma diviso arbitrria imposta sobre a vida, impostapor um Fantico Gentil? Ou no imps Jesus alguma coisa sobre a vida,mas exps alguma coisa que est fora da vida? Diz a vida tambm:

    "Necessrio vos nascer de novo" e "se no vos converterdes nopodereis entrar no Reino de Deus?. Est a vida pronunciando o mesmoveredito que Jesus pronunciou h dois mil anos? E com uma insistnciae um a pelo crescente?. V voc escutar o que revelado nosconsultrios mdicos onde os desmantelados esto transferindo asdoenas de suas mentes e de suas almas para os seus corpos; ao queos pacientes esto dizendo aos psiquiatras aos lhes revelarem a suaconfuso mental, emocional e espiritual; ao que jaz atrs da fachada derespeitabilidade nos lares onde os conflitos maritais levam os cnjuges agangorra beira da exausto e da separao; ao que os patres e osempregados esto dizendo medida que as suas relaes pioram atatingirem a hostilidade e o conflito aberto; ao que pais e filhos dizemquando os pais no-convertidos ficam irritados at o descontrole aoverem os filhos praticarem os pecados que eles mesmos praticam; ao

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    que os representantes de naes, centralizados em si mesmos eegostas, esto dizendo inconscientemente medida que tropeam defracasso em fracasso procurando acordos - acordos esses que afetam odestino de todos ns; ao que esto dizendo silenciosamente muitos que

    esto com o corao cheio de uma caceteao aterrorizante produzidapor uma vida vazia; ao que a conscincia est dizendo, medida que roda dia e noite por um senso de separao atravs da culpa. Escute avida como realmente. E voc ouvir num crescendo: "Necessrio vos nascer de novo. . . Se no vos converterdes no podeis viver agora nemdepois".

    A vida como um todo um comentrio daquilo que acabo de dizer.Precisamos chamar o rol das testemunhas do fato de que a vidafracassa sem a converso?

    Eis o que H. G. Wells escreveu um pouco antes da morte: "Est

    existindo uma terrvel esquisitice sombria. At agora os eventos tm sidosustentados por uma certa consistncia lgica, assim como os corposcelestes tm sido mantidos pela corda urea da gravitao. Agora ascoisas esto como se aquela corda se tivesse desvanecido e tudo sejadirigido de qualquer maneira e para qualquer direo numa velocidadefirme e crescente. O escritor est convencido de que no h sada fora,ao redor ou atravs do impasse. o f im".

    A estava uma grande mente sem uma converso interiorsustentadora, colocada contra o muro branco da futilidade: o fim.Mas esse fim; atravs da converso, podia tornar-se num comeo, comotem acontecido a muitos, a todos quantos o tem tentado.

    Um dos maiores estadistas do nosso tempo me disse: "Estoucheio". O seu patriotismo e a sua devoo, sem a converso, haviampercorrido o seu curso e no eram suficientes para sustent-la. Um outrogrande estadista me disse recentemente: "Alcanamos o fundo". A vidasem a converso no possui esperana sustentadora. Um outro, demisso elevada, disse: "A minha religio e a minha filosofia medesapontaram. De maneira que odeio o meu trabalho e a vida". A sua"religio" e a sua "f ilosofia" no lhe proporcionaram a converso e assimo desapontaram.

    Um governante japons me apresentou com estas palavras: "Souum homem aqui, nesta noite, sem f. Eu gostaria de ter f. Tenho invejadaqueles que dentre vs tm f. Mas sou uma ovelha perdida. Vim aqui,

    nesta noite, para ganhar f, se possvel, atravs do pregador. E esperoque vs a recebais tambm". E ele era um dos oficiais de um templobudista.

    Um mdico japons me disse que a tuberculose havia sidoclassificada como sendo o matador nmero UM no Japo vencendo asdoenas do corao e a alta presso arterial. Quando lhe perguntei qualera a causa, ele respondeu: "Intranqilidade espiritual". No final daguerra, a filosofia de um grande povo havia entrado em colapso - noera um povo divino com um imperador divino que governava por destinodivino. Essa concepo de vida se desmoronou em sangue e runa edeixou um vcuo. Desse modo, esse senso de vcuo tem elevado apresso arterial de uma nao toda.

    Carl Jung, o grande psiquiatra, disse: "A neurose central do nossotempo o vazio". A natureza humana simplesmente no suporta o vazio

    e a falta de sentido. Ela se torna saltitante, amedrontada e sedesmorona.

    O que trgico que esse senso de falta de significado tem setornado a caracterstica do nosso clima atual. O professor W. T. Stace,da Universidade de Princeton, disse: "A essncia da mente moderna que o universo no tem sentido e objetivo". A mente moderna nos temdado conhecimento e utilidades - e o vazio!

    Um estudante de uma das nossas grandes universidades disse aSam Shoemaker: "No sei o que h comigo, mas me sinto perdido". Odoutor Shoemaker citou a um certo nmero dos seus contemporneos, e

    nove em 10 responderam: "Sou eu".Esse senso de se estar perdido tem produzido um senso de

    cinismo e uma falta de f em tudo e em todos. Um moo perguntou a umprofessor de histria: "Qual a sua profisso?. O professor lherespondeu que era professor de histria, e ento, lhe perguntou se eleno estava interessado em histria, ao que o moo replicou: "No, querodeixar que as coisas passadas fiquem no passado". Ele no estavainteressado em coisa alguma, pois nada lhe dava um sentido bsico eum alvo para a vida. Ele precisava de converso.

    Leigh Hunt, falando das semanas finais de Napoleo quandoescapou de Elba e foi vencido em Waterloo, disse: "Nenhum grandeprincpio ficou com ele". Isso est no fundo do senso de pedra na alma

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    do homem moderno. Nenhum grande princpio o ajuda. Ele sente-serfo, separado, a ss - terrivelmente a ss. Tem-se definido um ateucomo sendo "um homem que no tem meios invisveis de sustentao".Mas muitos que no gostariam de ser chamados de ateus tm esse

    mesmo senso de falta de sustentao invisvel. Afundam-se sob apresso das circunstncias, pois no possuem meios de sustentoinvisveis.

    Vi um homem andar por uma estao frrea, no Japo, curvadosob o peso de um enorme cartaz s costas, no qual se liam estaspalavras: "O Universo". Um indivduo curvado sob o peso do universo!Isso descreve graficamente o que aconteceu ao indivduo. Atravs delivros, de jornais, do rdio e da televiso, o "universo" e os seusproblemas so colocados diariamente as costas de indivduos que f icaminquietos devido ao peso. Eles tm, alm disso, de suportar o fardoexistente dentro do seu corao. No de se estranhar que, sem uma

    converso sustentadora, muitos se desmoronem sob esse peso.Na ndia, um homem falou no Rotary, durante uma hora, sobre o

    "Nada". Pois este Nada (sunyavadi) tornou-se uma filosofia. Nada tendopara sustent-las, capitalizaram o nada e se refugiam no mesmo. Demaneira que o vazio se refugia no vazio, mas voc no pode mudar ovazio em plenitude simplesmente capitalizando-o. O vazio tem detransformar-se em plenitude pela converso. Um cristo hindu disse decerto homem: "Ele est sofrendo do nada". Muitos esto.

    Um filho brilhante de um pastor, que trabalhava numa grandefirma, disse a seu pai: "Estou lutando para ser ateu, mas tenho sido

    provado por isso! Ele e a sua esposa esto gastando, cada um, 40dlares por semana, com o mesmo psiquiatra. A converso tiraria osseus ps dessa areia movedia da preocupao e os enviaria pela vidaregozijando-se porque seriam libertos.

    Uma irm contou a respeito do seu irmo que no ia Igreja e quehavia dito que no precisava de dinheiro, mas que trabalhava apenaspara fugir de si mesmo, e que a sua esposa havia dito que o fazia paraevitar de cometer suicdio. A converso lhes daria novamente sentido,valor e alvo vida. Sem ela eles andam confundidos.

    O senhor Thomaz Salt, inventor da Alpaca e fundador de Saltaire,ouviu um pregador dizer que vira uma taturana arrastar-se por uma varapintada acima em busca de um broto cheio de caldo apenas para voltar

    atrs pelo mesmo caminho. H os canios pintados do prazer, dariqueza, do poder e da fama. Os homens sobem por eles apenas paraterem de voltar atrs. No dia seguinte o Baro visitou o pregador e lhedisse: "Eu tenho estado subindo naquelas varas pintadas. Sou um

    homem cansado. H descanso para um milionrio cansado?". Eleencontrou descanso e libertao atravs das palavras de Jesus: "Vindea mim todos os que estais cansados e sobrecarregados e eu vosaliviarei (Mt 11.28).

    Um ateu hindu me disse que ele era como um aparelho receptorde rdio quebrado procurando captar a extenso da onda. Uminteressado entrou ao ter eu terminado a minha palestra com estehomem, e, ento lhe pedi que servisse de intrprete para o que eu iadizer ao interessado que falava uma lngua que eu no conhecia. Eleacedeu alegremente. Um ateu interpretando a mensagem crist para uminteressado! Ele o fez entusiasticamente, enfatizando as minhas idias.

    Pela primeira vez na sua vida, entrou em contato com alguma coisapositiva, esperanosa e construtiva. Ele estava apenas transmitindo,mas o sentimento que, ele teve do que transmitia foi bom. Odescobrimento disso seria aquilo de que ele estava realmente querendo,no meio de todo o seu atesmo.

    Que diremos daqueles que se refugiam em narcticos? umatentativa para escapar-se da futilidade.

    Conversei com um alcolatra e senti que ele estava concordandocomigo em tudo; de maneira que lhe sugeri que nos ajoelhssemospensando que ele depositaria alegremente a sua vida perturbada aos

    ps de Cristo. Mas ele recusou, ficou sentado ereto e disse com osdentes cerrados: "Serei um remendado se o fizer". De modo que oreisem ele. Mas fui interrompido por um barulho e abri os olhos e o vi entrarsorrateiramente no banheiro para tomar um trago que o sustentasse naprova de resistir salvao. Ele havia sempre voltado ao lcool comoum meio de sada, e nas grandes crises da sua vida, volta-se para omesmo novamente. Ele queria um refgio para esconder-se dasalvao! Mais tarde, no seu leito de morte, ele voltou-se de maneirafranca para Deus, submetendo a sua vida arruinada para salvar a suaalma arruinada. E o amor que o havia seguido durante todos os anosabraou-o e permitiu regozijo no cu. A converso teria salvado a suavida tanto quanto a sua alma.

    Estavam numa cidade dois letreiros lado a lado: "V Igreja. Ache

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    fora para a sua vida". Ao seu lado estava este: "Onde h vida, hcerveja Budwelzer". Esses dois letreiros representam duas maneiras deconsiderarmos a vida. Uma vai do interior para o exterior; a outra doexterior para o interior. Uma se apia na salvao interna da culpa, dos

    temores e dos conflitos; a outra se apia nos estimulantes externos -refrigerantes que o desapontam. O aumento no consumo de narcticose de calmantes o sintoma exterior de uma necessidade profunda deconverso. o substituto pago da converso, com resultadospatticos.

    Quando nos voltamos para os filsofos, para os psiquiatras, paraos escritores e novelistas, ouvimos o mesmo senso de no haveremalcanado aquilo que adequado, freqentemente alcanando odesespero.

    O doutor William E. Hocking, filsofo da universidade de Harvard,

    disse na Conferncia de Jerusalm, que o homem se eleva at certoponto e, ento, descobre que no possui os recursos para completar-sea si mesmo. Ele precisa completar-se com alguma coisa de fora, algumacoisa alm de si mesmo. Fiquei com a respirao suspensa para ver seele diria a palavra, mas no o fez. No encerramento eu lhe: disse:"Doutor Hocking, por que no disse o senhor a palavra?". "Quepalavra?", perguntou ele. Respondi-lhe: "Quando o senhor disse que ohomem no tem recursos suficientes para completar a si mesmo, e queprecisa faz-lo com alguma coisa que est fora de si, por que no disseo senhor: "A converso, o novo nascimento, o nascimento de cima?".Ele respondeu, de maneira pensativa, que era um filsofo, que nopodia dizer a palavra e que eu era um missionrio e evangelista e podiadiz-la. Mas eu lhe respondi que no estava querendo que eletransferisse para mim a responsabilidade de faz-la mas, que, se ele areconhecia, devia diz-la. A filosofia diz a palavra, quer por silncioimplicador, quer por um revelador e aponta para a necessidade daconverso, de se ser nascido de cima.

    Escute esta palavra desesperadora de um filsofo oriental: "Umatartaruga cega e uma canga esto flutuando num vasto oceano, atartaruga tem tanta possibilidade de colocar a sua cabea naquelacanga como voc tem de nascer de novo como um homem ou como umanimal". Bertrand Russel, filsofo ocidental, pensa do mesmo modoquando sugere "um desespero constante" como remdio.

    Os homens aceitam o que dizem estes filsofos do desespero

    porque isso representa o seu modo de vida. "Quem, ento, fala demaneira a mais poderosa aos homens desta gerao e por eles?Aqueles poetas, artistas e filsofos que pregam o desespero e cantamAqueles poetas, artistas e filsofos que pregam o desespero e cantam

    um encontro frio, desrtico, com o silncio, a futilidade e o no-ser". (

    1

    )

    Estes escritores podem dizer:Nas minhas narinas h o odorDa Morte e da Dissoluo;

    Mas somente a f crist com a sua crena na converso podeterminar dizendo:

    Mas h tambm a fragrnciaDe uma eterna Primavera. (2)

    Quando nos voltamos para a psiquiatria pag, encontramos esse

    mesmo senso de futilidade final o homem no tem recursos paracompletar-se a si mesmo. Ao estabelecer um centro de PsiquiatriaCrist, o Centro de Psiquiatria Nunnanzil, em Lucknow, na ndia, defi-nimos a relao entre a Psiquiatria e o Cristianismo, nestes termos: "APsiquiatria levada a efeito sob os auspcios cristos e com o motivo e oesprito cristos tem como seu objetivo ajudar os pacientes a se torna-rem mental e emocionalmente livres suficientemente para sesubmeterem, de modo inteligente, a Deus, e providenciar tcnicas paraa nova vida". O fim de todo o processo tirar o paciente das suasprprias mos e coloc-la nas de Deus, pois, a causa bsica do seudesajuste mental e emocional a preocupao centralizada no eu. APsiquiatria pag no tem meios para conseguir essa libertao, pois elano possui o propsito nem o mtodo da rendio a Deus. Espera-seque o paciente se cure por um conhecimento prprio, o que umafalcia. Se o conhecimento prprio no o leva a render-se a Deus, entoo leva a girar em torno de si mesmo, o que a prpria doena, estejacheia de conhecimento quanto possa estar. Freud, o sumo sacerdote daPsiquiatria pag, disse: "A verdade religiosa pode ser abandonada, se-gundo o nosso ponto de vista. Poderes obscuros, fora do sentimento edo amor determinam o destino humano". Suspeito de uma premissa queme leva concluso de que "poderes obscuros e fora do sentimento edo amor determinam o destino humano", pois se eu crer nisso, entoisso corta o nervo da minha f na possibilidade de a natureza humanaser transformada. Lana-se fora a converso, e feito isto, nada mais ha fazer seno mergulhar-se na fatalidade das foras sem sentimento esem amor residentes no subconsciente.

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    Um psiquiatra chamou um ministro amigo meu e lhe perguntou:"Pode o senhor ajudar-me? Estes pacientes dependuraram-se no meucinto como se eu fosse Deus. Chamam-me s duas, trs ou quatro horasda madrugada para conversar comigo. Isso est me fazendo ficar

    nervoso. No posso suport-lo". O ministro sugeriu-lhe o livro "OCaminho". O psiquiatra leu sete pginas e converteu-se, ficandogloriosamente convertido. Contou ao pastor que cobrava 50 dlares porhora de tratamento e que quando os pacientes estavam prontos, a teremalta, ele arranjava um outro motivo e lhes cobrava 50 dlares por hora!Depois da sua converso, ele baixou o preo para oito dlares a hora eainda no cobrava de muitos. Ele ficou tremendamente entusiasmadocom o Cristianismo. Uma nova possibilidade abriu-se diante dele e dosseus pacientes - a converso. O fatalismo de se estar nas garras depoderes sem sentimento e sem amor quebrou-se; quebrou-se pelaconverso, uma converso que o levou ao contato salvador com o poderda luz, do amor e da vida. No de se admirar que um grande

    psicologista tenha dito a Bryan Green: "Eu preciso de uma experinciareligiosa porque os meus clientes necessitam dela, e eu no a possodar-lhes a menos que eu a possua". Um outro psicologista disse quesempre enviava os seus clientes Igreja porque l se prega o perdo depecados. Um psiquiatra que tratava dos desmantelados de Hollywood, aaltos preos, disse que o que aqueles seus clientes precisavam era dese assentarem no banco dos arrependidos.

    Estas palavras importantes do doutor Henry Sloane Coffinresumem a tendncia: "A psicologia corrente soma-se a estes libis mo-rais. Os homens e as mulheres so analisados e encontram aemancipao no banir os nomes feios que a religio vigorosa d aospecados, onde estes so batizados com rtulos sem nenhuma sugestode culpa. So mais mal-ajustados ou introvertidos do que desonestos ouegostas. Um pai de meia idade cansa-se de sua esposa e se envolvecom uma jovem com a metade da sua idade, e um psicologista lhe dizque ele est sofrendo de "um espasmo de re-adolescncia", quando lhedeviam bater no rosto com isto: "No adulterars".(3)

    Ao nos voltarmos para os cientistas, somos surpreendidos por umsorriso de desapontamento diante da afirmao de Adam Smith nosprimeiros dias da cincia moderna: "A cincia o grande antdoto para oveneno do entusiasmo e da superstio. Quando aprendermos a fazeruso sensato da cincia, o mundo no estar cheio de guerra, deignorncia, de preconceitos, de superstio e de medo". Sorrimosespecialmente diante das duas ltimas palavras "de medo"! Exatamente

    neste momento estamos nas garras de um medo mundial produzido pelacriao da bomba atmica pela cincia. Alguns dos fabricantes dessabomba reuniram os ministros dos arredores de Chicago numaconferncia de dois dias e anunciaram: "Francamente, estamos

    amedrontados. Podemos produzir os meios na energia atmica, masno podemos produzir os fins para os quais tenham de ser usados. Amenos que os senhores ministros possam produzir os fins morais eespirituais para os quais a energia atmica seja usada, soobraremos".A cincia voltou-se para a religio e clamou: Salva-nos ou perecemos".E eles o fizeram com seriedade, pois, viram que a menos que umaconverso individual e coletiva - mude o objetivo da energia atmica dadestruio para a construo, ns soobraremos literalmente. Anecessidade simples e profunda - converso!

    O doutor John B. Watson, o fundador do behaviorismo americano,diz-nos que nada mais precisamos do que as leis comuns da fsica e da

    qumica para explicar o comportamento humano. Lembro-me de haverdito ao doutor George Carver, o grande santo e cientista negro, que umprofessor de qumica me havia dito que a vida nada mais era do que umclaro de uma chama produzida pela combusto de elementosqumicos, ao que o grande qumico sacudiu a cabea e disse: "O pobrehomem, o pobre homem!". Era isso mesmo! E era o suficiente. Poisqualquer que afirma que o comportamento e a vida humana podem serexplicados em termos de fsica e qumica no passa de um pobrecoitado, com uma viso pobre da vida e com um poder pobre paraajudar o comportamento e a vida humana. Esse precisa de converso,tanto do seu ponto de vista como da sua pessoa.

    E a religio organizada, fala ela da necessidade da converso?Certamente sim, e com insistncia cada vez maior. Quando o relatriodo Arcebispo sobre evangelismo disse que a Igreja mais um campo doque uma fora, para o evangelismo, ele disse a verdade. Eu disseacima, que provavelmente dois teros dos membros das igrejas poucoou nada sabem a respeito da converso como um fato pessoal eexperimental. Isso no deve desencorajar-nos com referncia Igreja.Pois os hospitais existem para banir a doena, e, no entanto, estocheios de pessoas enfermas. Apenas alguns - os mdicos e osauxiliares - esto bem. As escolas existem para banir a ignorncia, e, noentanto, esto cheias de estudantes ignorantes. A Igreja est a parabanir o pecado e, todavia, est cheia de pessoas pecadoras. Isso no de se admirar e nem precisa preocupar-nos. O que nos deve preocupar: esto as pessoas dentro da Igreja sendo convertidas? Ou esto elas,

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    aps vir para a Igreja, acomodando-se a uma meia converso, vivendo meia luz, ou pior do que isso, completamente vazias sob o respeitvelabrigo da Igreja? O rigoroso teste da validez de uma igreja crist seela pode no s conseguir a converso de pessoas de fora, mas,

    tambm, levar as de dentro a se converterem. Quando ela no podefazer ambas essas coisas, ela est fora do caminho certo.

    Muitos daqueles que esto dentro das igrejas tm os seus motivose a sua conduta determinados por outras fontes que no as crists. CarlJung diz que os seus motivos, interesses e impulsos decisivos no vmda esfera do Cristianismo, mas da alma inconsciente e nodesenvolvida, a qual to pag e arcaica quanto o foi sempre. Jung dizaqui que o comportamento de uma pessoa descrita determinado pelosubconsciente e no pelas fontes crists.

    Um ministro de estado Britnico comentou com um amigo que no

    podia dizer que o ser ele cristo afetasse seriamente as decises quetomava, o modo pelo que as tomava ou as suas relaes com os outros.Que podemos: esperar dos leigos se os ministros tambm

    necessitam de converso? Um formando de um seminrio teolgicoperguntou-me: "Que quer o senhor dizer por ser nascido de novo?. Eleno o havia encontrado no seminrio. Um estudante recm-formado noseminrio me perguntou sobre que queria eu dizer por submisso, edisse que jamais ouvira essa palavra no seminrio. O prefcio de umlivro sobre conselhos pastorais contm estas palavras: "Ningum penseque se converter atravs da leitura deste livro". Quando deixei o livro,pensei comigo mesmo: "No h perigo de que algum se convertaatravs da leitura desse livro. Essa pessoa jamais se aproxima disso". Apalavra submisso no foi usada no livro, nem sugerida. Os conselhosgiravam em torno de elementos marginais, deixando a essncia do eusem ser tocada e, da, no convertida.

    Um catlico polons estava fazendo a corte a uma jovemamericana. Enquanto assistia ao culto numa igreja evanglica, elelevantou-se do lado da moa e foi ao altar. A moa disse consigomesma: "Aqui estou orando em favor do meu futuro marido catlicoromano, ele vai frente, enquanto eu, metodista no convertida, novou". Ela foi frente e ambos foram convertidos. Chamaram o pastormetodista para dar-lhe as boas novas. Ele foi frio: "Vocs vencero isso.Isso acontece freqentemente". Os dois jovens no conseguiram o quequeriam naquela igreja, ento foram para outra.

    Uma senhora perguntou a um ministro qual era o significado dacruz, ao que ele lhe respondeu que no conhecia outro meio melhor dese adornar o topo de um templo.

    Uma senhora resumiu-o nestas palavras: "Voc no pode falardaquilo que no conhece mais do que voltar de um lugar em que nuncaesteve".

    Ministros no convertidos ou meio convertidos no plpitoproduzem pessoas no convertidas ou meio convertidas nos bancos.Algum definiu humoristicamente um metodista como sendo umapessoa com religio suficiente para faz-la sentir-se mal num bar, masque no a tem suficiente para faz-la sentir-se vontade numa reuniode orao. Se qualquer um de outras denominaes, ao ler isso, estiverpara lanar a primeira pedra ao metodista, ser-lhe- bom que se olhe noespelho primeiramente!

    Sam Shoemaker diz enfaticamente que "muitos no soconvertidos, mas que se tornaram um pouco civilizados por sua religio".

    Peguei o meu vidro de "Viet", meus tabletes de vitamina deverduras. O rtulo do vidro saiu na minha mo, deixando o vidro.Enquanto estava ali com o rtulo na mo, li os vrios itens do contedoda vitamina. Eu poderia ficar carente de vitaminas lendo o contedo semtomar os tabletes. Muitos ficam com a lista do contedo da religio: assuas doutrinas, as suas crenas, mas no tomam a coisa em si - Cristo,o Redentor e Salvador - para convert-las e salv-las. Morrem de fomelendo o menu!

    Muitos se esquecem dos panelas-quentes que se esquecem deque o maior perigo so os panelas-frias que so em muito maior nmerodo que os primeiros, estando na proporo de 100 para um. Estesmembros da Igreja de religio exterior e no de religio interiornecessitam supremamente de uma coisa, e somente de uma coisa -converso. Quando um bispo anunciou um Dia de Silncio para osclrigos, um deles lhe escreveu dizendo: "O que a minha parquiaprecisa no de um Dia de Silncio, mas de um terremoto". Agostinhodescreve os cristos no convertidos como sendo "cristos gelo". Elesnecessitam do brilho quente do poder convertedor do Esprito paradegel-las. Um crente desse tipo orou numa reunio de orao assim:" Deus, se qualquer centelha da graa divina foi acesa nesta reunio,atire gua sobre ela". Muitas pessoas tm a ocupao de jogar gua nas

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    centelhas! Para mudarmos a figura, muitos pertencem "frota doscristos naftalina- cristos imobilizados" .

    Escute a estas afirmaes, feitas no por pessoas de fora, mas

    por aqueles que esto dentro da Igreja, ditas nos nossos Ashrams, na"Manh do corao aberto": No Ashram de Sapporo, no Japo: "A Igrejano est tocando nas nossas feridas, no h confisso. Penso quelevarei a igreja a confessar - a nos abrirmos na presena de Deus".

    No Ashram de Sendai, no Japo: "Arrependi-me da minha atitudefria para com a minha famlia e, na noite passada, tudo se esclareceu.Eu queria ser o patro dos meus familiares e no tinha amor para comeles".

    Um comerciante de ferragens, no Ashram de Sendai, Japo: "Soucristo h 30 anos, mas vejo que no sou honesto no pagamento do

    imposto de renda. Tenho de reparar isto. No quero ficar assustadoquando o telefone da recebedoria de imposto me chamar".

    No mesmo Ashram: "Tenho muitos defeitos para ser um bompastor. Quando as pessoas erram, devo sentir mais profundamente. Soufrio para com aqueles que fracassam na vida crist. Ao invs de umsentimento centralizado no eu, quero ter boa vontade para com todos.Minha pregao tem sido aquela em que a palavra se torna palavra aoinvs de a palavra se torna carne. Ainda nesse Ashram: "Estou cansado.Algum me deu um gravador, de maneira que pude escutar os meusprprios sermes. Fiquei surpreendido. A linguagem, o pensamento,tudo era vergonhoso. Preciso comear de novo.

    No Ashram de Hiroshima, Japo: "Preciso de tudo; preciso serrefeito. Necessito de um corao que confie nos membros da igreja. Noconfio nas pessoas e nada digo porque no tenho f". No mesmoAshram: "Estou conseguindo interessados, mas no sei o que fazer comeles. Submisso a minha necessidade mais profunda".

    No Ashram de Fukuoka, Japo: "Estou no ministrio h 40 anos enada aconteceu. Estou com medo. O senso de medo sempre meaborreceu e, tambm, um complexo de inferioridade. Eu pensava queme havia submetido totalmente, mas aparentemente no havia". Nomesmo Ashram: "Quero banir o ressentimento e a luta do meu corao.Quero que a minha igreja deixe de ser uma igreja centralizada noministro para ser uma igreja centralizada em Cristo".

    No Ashram de Amagisanso, Japo: "Quero libertar-me de mimmesmo e ficar cheio do Esprito Santo. Fui salvo de uma molstia, mas otemor da mesma est no subconsciente e me impede de servir a Cristo".No mesmo Ashram: "Quando ouvi o irmo Stanley no sabia porque ele

    falava to depressa. Por que estava ele entusiasmado? Pensei quedevia tentar falar depressa, visto que esse era o segredo do seu poder.Mas quando falei a minha fala no tocou s pessoas. Eu queriatransformar o mundo, mas eu no podia transformar um grupo de 12pessoas. Pensei em deixar bigode e tornar os cabelos grisalhos - issome ajudaria. Agora vejo que do Esprito Santo que eu preciso".

    No Ashram de Osaka, Japo: "Tenho uma idia destrutiva arespeito de tudo. Disseram-me que eu precisava de misticismo. Mas oconhecimento torna as pessoas orgulhosas, o amor torna-as humildes.O meu negativismo fez-me desentender-me com o meu irmo. O meuorgulho um muro entre Deus e eu. Sinto o vazio que sou". No mesmo

    Ashram: "Faz cerca de um ano que comecei a vir igreja. Compreendoque sou arrogante e orgulhoso e tenho causado muitos problemas aosmembros da igreja. Quero libertar-me dos velhos hbitos. Quero nascerde novo neste Ashram".

    Ainda nesse Ashram: "Ns, os luteranos, estamos sempre dizendoque temos as melhores doutrinas, mas o nosso evangelismo no estmarchando. A nossa Igreja Luterana precisa de uma outra Reforma. Emnossas igrejas temos muitas pessoas procurando, mas no as levamos converso".

    Disse um dos melhores homens do plpito americano: "Fui ao altarduas vezes porque eu estava pregando um evangelho inspido. E aquivem este visitante e prega o evangelho com tanto refrigrio e poder queas pessoas tiram o chapu e ficam em seus lugares".

    No Ashram de Keuka, em Nova York, uma pessoa disse l do seubanco: "Resolvi deliberadamente tornar-me pessoa superficial; acho-omais fcil. Mas isso fere a minha f e me fere". Foi dito de uma membroda igreja: "Ela cr um pouco em tudo. E nada em qualquer coisa". Navotao na ndia, com 200 milhes de eleitores potenciais, sendo muitosdeles analfabetos, venceram a dificuldade, colocando as urnas de cadapartido em fila, contendo o smbolo do partido. Um homem rasgou a suacdula em pequenos pedaos e colocou um em cada uma das 10 urnas- votou "em todos - e em nenhum! O doutor Samuel Johnson, disse,certa vez, com vigor: "Um homem pode ser tanto de tudo que nada seja

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    a respeito de qualquer coisa". Muitas pessoas so de mente to abertaque ela se torna uma peneira; no pode manter uma convico.

    E aqueles que j foram convertidos, mas cuja converso se

    desvaneceu? Um homem disse numa reunio de testemunhos:"Converti-me h vinte anos e o meu clice ficou cheio e desde entonem uma gota entrou e nem uma gota saiu". Ento algum acrescentou:"Nesse caso, tenho certeza de que est cheio de larvas". Muitosnecessitam de um renascimento, como princpio geral, aos quarenta.Hazlitt escreveu a respeito de Colerigde, na sua meia idade: "Tudo queele tinha feito de importncia, ele o fez h 20 anos; da em diante, pode--se dizer, que ele viveu ao som da sua prpria voz". Muitos esto vivendoespiritualmente ao som da sua prpria voz - ecos do passado ao invsde uma" experincia do presente. Harnack, o grande historiador daIgreja, traando esta evaporao interior, diz: "O entusiasmo originalevapora-se e a religio das leis e das formas surge". Disse um alto

    dignitrio da Igreja que "no se importava com o que acontecesse nomundo exterior e assim podia dizer a missa todas as manhs", Uma mis-sa mas no uma mensagem!

    Que diremos da absoro dos deveres triviais da igreja em lugardeste contgio divino? Foi dito de um homem que quanto mais eleperdia o caminho mais ele acelerava o passo. Os negcios tomam olugar da bno. Sentei-me ao lado de uma colina, na hora devocional,e observei um cachorro abanando a cauda com entusiasmo e com acabea entre os arbustos. Eu esperava que ele saltasse sobre umcoelho a qualquer momento; mas ele estava perseguindo apenas grilos.Todo aquele tempo e energia por causa de grilos! Muitas das atividadesda igreja podem ser classificadas como ateno a grilos. Estamosatarefados por nada!

    Uma grande parte da obra missionria fica por ser feita porque omissionrio est absorvido no missionrio e nos seus problemas.Perguntei a uma missionria que estava para ser enviada de volta ao lar:Que pensa voc ser a base do seu problema?" Ela respondeu-me:"Estou sentada sobre um barril de plvora". Quando lhe perguntei qualera o barril de plvora, ela respondeu:

    "Eu mesma. Sou duas pessoas: uma pessoa que no queria vir aocampo missionrio e a outra que tinha medo de se perder se noviesse". Eu lhe respondi: "Voc no pode ser nenhuma dessas pessoas,pois ambas esto insatisfeitas. Voc precisa se decidir a ser uma nova

    pessoa, diferente daquelas - precisa ser convertida". Ela concordou emque essa era a nica sada. Essa a nica sada para todos, tanto nooriente como no ocidente. No de se admirar que um mdicodinamarqus, trabalhando num campo missionrio na frica, me tenha

    dito que 99% dos missionrios que voltam para casa o faam por causade doenas emocionais e mentais. A mudana de clima no lhesadiantar, mas, a submisso a Deus sim.

    Alexander Pope, o escritor, murmurou esta orao: " Senhor,faze de mim um homem melhor", e o seu companheiro espiritualmenteiluminado respondeu: "Seria mais fcil torn-lo um novo homem".Ningum necessita receber algum rtulo, mas ser transformado, con-vertido e nascido de novo. Um negociante disse a um grupo que querianascer. A sua experincia da vida levou-o quela concluso. O fato que a vida toda est tomando-nos pela mo e guiando-nos necessidade de converso. Algum perguntou a George Whitefield por

    que pregava ele tanto sobre o texto "se algum no nascer de novo, nopode ver o Reino de Deus", e ele respondeu fitando-o no rosto: "porque o senhor precisa nascer de novo". Whitefield havia pregadosobre aquele texto por mais de trezentas vezes, mas a prpria vida estpregando sobre o mesmo nos consultrios mdicos, dos psiquiatras, nassalas de conferncias, nas fbricas, nas conferncias internacionais, nosnossos lares e, se nos conhecemos a ns mesmos, os nossos prprioscoraes. Algum disse num dos nossos Ashrams que eu seria umaconfuso sem o Esprito Santo. E ela estava certa - profundamentecerta. Todos ns sem o Esprito Santo estamos em confuso; sem o seupoder que converte e regenerar. Os nossos lares so, tambm, umaconfuso. Algum disse que 90% dos lares tm um problema noresolvido.

    Um pago brilhante disse a um ministro amigo meu: "O senhorno precisa criar a minha procura pelas suas mercadorias. Anecessidade qumica; ela j existe em todos". A necessidade deconverso no est escrita apenas nos textos das Escrituras; ela estescrita na tessitura do nosso ser e das nossas relaes. A v ida no podeser vivida a menos que seja convertida a um nvel mais elevado. Ela vaide embrulhada em embrulhada, de confuso em confuso e deproblema em problema. A vida total ecoa as palavras de Sir. PhilipSidney: " faze cessar em mim estas guerras civis". Pois existe umaguerra civil dentro de cada pessoa que no est em paz com Deus. Sevoc no quiser viver com Deus, voc no poder viver consigo mesmo.O psiclogo William James nos diz que o inferno que a Teologia diz que

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    teremos de suportar mais tarde no pior do que o inferno que criamospara ns mesmos neste mundo ao habitualmente moldarmos o nossocarter de maneira errnea.

    Todas as coisas que mencionamos neste captulo, e ainda outras,convergem para uma coisa - a necessidade de converso dos bons, dosmaus e dos indiferentes. Sem ela os bons no so suficientementebons, os maus so demasiadamente maus para serem transformados eos indiferentes no podem acordar-se. A vida est fazendo ecoar, comnfase crescente, o que Jesus pregou e ofereceu: "Necessrio vos nascer de novo".

    CITAES:

    1) Julian N. Hartt: "Visando a uma Teologia de Evangelismo", p. 15.

    2) Idem, p. 24.3) Henry Sloane Coffin, "Alegria no Crer", p. 96.

    CaptuloII

    A NATUREZA DA CONVERSO

    Vimos a necessidade pressionante de converso, e que estanecessidade no uma imposio do exterior, mas do interior. Ela inerente e, portanto, dela no h fugir. Neste captulo, veremos anatureza da converso crist. Eu digo converso crist porque esta deuma espcie especfica, possui um certo contedo e carter definidoconduzindo a certos resultados definidos na vida.

    A lei da vida a converso. Todas as coisas esto sob umprocesso de converso. A vida neste planeta est baseada sobre aconverso. A fotossntese o processo pelo qual a energia da luz solar usada para transformar a gua e o ar em alimento para a planta. Semessa converso bsica a vida pereceria. De maneira que, aqueles quedizem que no crem na converso esto realmente dizendo que nocrem na vida, pois a vida no s depende da converso, mas umaconverso.

    No momento em que a vida produzida, ela comea a converter:o alimento em energia, a energia em realizao e, mais tarde, uma vidaem uma outra vida pela reproduo. Um industrial disse que toda aindstria est baseada na converso: a converso da matria prima emprodutos manufaturados. Onde h vida h converso. Onde no h vida,no h converso. Todo o processo da vida a converso de formasmais baixas em formas mais altas. O mineral t ransformado em vegetal,o vegetal em animal, o animal no homem e o homem no Reino de Deus.Em cada caso, a vida na sua forma mais baixa nascida de cima.

    A f crist introduziu neste vasto processo universal de conversoum tipo especfico: a converso crist. Quando voc consegue esse tipode converso, voc introduzido ao mais alto tipo de vida no cu ou naterra - o Reino de Deus. A converso crist a converso no seusentido mais elevado.

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    Para torn-la clara, precisamos examin-la e excluir da mesmatudo que lhe foi acrescentado e v-Ia como Jesus a apresentou. Jvimos que no podemos confundir converso com proselitismo, o qualJesus repudiou, pois o proselitismo a mudana de um grupo para outro

    sem a necessria mudana de carter e de vida. O proselitismo podeser atingido pelo egosmo individual ou coletivo num desejo de ampararo egosmo pelo aumento no nmero e de provar ser superior. Jesuschamou o proselitismo de uma mudana para baixo. "Vs fazeis (oproslito) duas vezes mais filho do inferno do que vs mesmos". O unir-se Igreja pode, e muitas vezes acontece, resultar numa conversocrist; ou pode resultar da uma perverso: o uso da Igreja como ummeio para os seus prprios fins, os de ganhar o reconhecimento social.Um homem colocou este assunto nestes termos: "Eu examinei aquesto de ser membro da Igreja para ver que Igreja ofereceria o melhorcampo para vender os meus produtos". Os motivos podem estar tomisturados que a pessoa termine numa mistura - em conflito. Ou a

    Igreja, como um corpo, pode estar to no convertida que esteja prontaa aceitar qualquer motivo. Um vendedor de bebidas alcolicasaproximou-se, irado, de um redator e lhe disse: "No sabe o senhor queo meu negcio est na "lista aprovada" pela igreja? Aquela mesma"igreja" ofereceu o batismo a um chefe africano que possua 7 esposas,a ele e s esposas juntamente. O chefe africano respondeu: "Mas issono seria cristo". Um homem de fora da Igreja dizendo a uma grandeinstituio religiosa o que cristo e o que no ! Ele estava certo, poisviu que isso no seria converso crist.

    Esta passagem nos diz o que a converso no : "Mas, a todosquantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; asaber: aos que crem no seu nome; os quais no nasceram do sangue,nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus"(Jo1.12-13). Aqui ele nos diz que o novo nascimento , antes de tudo, "nodo sangue". Voc no o consegue atravs da corrente sangunea,atravs da hereditariedade. Os seus pais podem dar-lhe muita coisa,mas no podem dar-lhe isto. O nascer num lar cristo no o tornacristo. "O fato de ter nascido numa caixa de bolachas no faz com queum camundongo seja uma bolacha". Ou como diz algum: "Deus notem netos". O nascer num lar cristo pode dar-lhe um impulso interiornessa direo, mas voc, como pessoa, tem de decidir e entregar-separa o resto da vida.

    Em segundo lugar, ele nos diz que este nascimento no "atravsda vontade da carne". Voc no o consegue por chicoteamento da

    vontade, por esforar-se um pouco mais, por ser um pouco mais fiel nosexerccios religiosos, por ser mais assduo na sua freqncia igreja,por levantar a si mesmo pelos cordes dos sapatos. Ele no vem pelochicoteamento da vontade, mas pela sua submisso da mesma. Voc

    no acha a Deus atravs do subir por uma escada, degrau a degrau,para ach-lO no degrau superior da escada da dignidade. Esta umabusca egocntrica da salvao. Voc O acha no primeiro degrau daescada, pois Ele desce pela escada da encarnao e nos encontra ondeestamos como pecadores. "Eu no vim chamar os justos, mas ospecadores". Esta a salvao centralizada em Deus. Um interessadohindu disse: "o que fez de mim um cristo foi a pergunta que o senhorfez no seu livro: a salvao uma procura ou uma oferta? Vi, numrelance, que no era uma procura; nada havia que pudssemos fazerpara ganh-la, mas era uma oferta que Ele nos faz no primeiro degrauda escada, como pecadores. Isso me abriu os portes".

    Em terceiro lugar, ela no vem da "vontade do homem". Nenhumhomem lha pode dar: nem o profeta, nem o pastor, nem o sacerdote,nem o papa. Se qualquer profeta, ou pastor, ou sacerdote, ou papa lhedisser que lha pode dar, ele mesmo tem necessidade especial damesma. Ela vem diretamente de Deus ou no vem de qualquer outraparte.

    Se a converso no nenhuma destas coisas, que ento? "Emverdade, em verdade te digo: Quem no nascer da gua e do Esprito,no pode entrar no reino de Deus" (Jo 3.5). Penso que o "nascer dagua" significa o entrar-se numa comunho exterior, a igreja, atravs dobatismo. O "nascer do Esprito" significa sofrer uma mudana no cartere na vida pelo impacto do Esprito Santo sobre o nosso esprito. Algunsso "nascidos da gua" mas no so "nascidos do Esprito".

    Esse era o meu caso: experimentei meia converso sob o apelodo pregador, uni-me igreja, senti a religio durante algumas semanase, ento, ela se desvaneceu. Voltei ao que era antes; as fontes do meucarter no haviam sido purificadas. O meu rtulo havia sido mudado,mas no a minha vida. Eu tinha sido convertido horizontalmente, masno verticalmente. Da h dois anos enfrentei nova crise. Eu, desta vez,no estava para ser descartado apanhando apenas frases e slogans. Euqueria uma experincia real.

    Uma pequena menina branca, na frica, numa estao onde nohavia outras crianas, adotou um "faa de conta" que seja companheira,

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    com quem ela conversava e brincava. Um dia, porm, ela disse a suame: "Mame, estou cansada desse faa de conta; eu quero umacompanheira real". A idolatria um "faa de conta": "faa de conta" queeste dolo Deus; muita coisa do ir-se Igreja um "faa de conta";

    "faa de conta" que estamos encontrando a Deus, quando estamosapenas encontrando nossos iguais, socialmente falando.

    Bem, eu tambm estava cansado desse "faa de conta". Eu queriarealmente. Busquei durante trs dias, mas nenhuma resposta recebi. Ocu era de bronze. No terceiro dia, ajoelhei-me ao lado da cama antesde ir igreja e orei assim: " Jesus, salva-me nesta noite!. Umpequenino raio de luz penetrou na minha escurido; surgiu a esperana;quando dei conta de mim estava correndo pelos quase dois quilmetrosat a igreja. O anseio da minha alma entrou no meu corpo. Sentei-me naprimeira fileira. Eu sentia que se eu apenas pudesse chegar ao altar daorao, eu a encontraria. Sei agora que Ele me havia achado quando euestava ao lado da cama, mas eu havia sido ensinado que O encontrarianum altar de orao. O ministro tinha apenas acabado de falar quandofui frente. Eu acabara de dobrar os joelhos, e o cu entrou no meuesprito. Agarrei um homem pelo ombro e lhe disse: "Eu o consegui". "O"- que queria eu dizer com "o"? Ele era tudo o que eu queria: areconciliao com Deus, comigo mesmo, com os meus irmos, com anatureza, com a prpria vida. Eu estava reconciliado. A separao haviadesaparecido! O universo abriu os braos e me recebeu. Sentia-mecomo se quisesse abarcar o mundo com os braos e repartir isso comtodos.

    Depois de 56 anos, eu ainda quero fazer a mesma coisa. Essa razo por que no posso aposentar-me. Espero que o meu ltimosussurro sejam as palavras de Wesley: "Eu lhe recomendo o meuSalvador". Se eu alcanar o cu, espero pedir um descanso de 48 horas,pois compreendo que se voc der natureza um descanso de 24 horas,ela far o balano e lanar fora todas as toxinas da fadiga. Se depoisde 24 horas de completo relaxamento voc ainda se sentir cansado, eno houver doena, ento o cansao est na mente. Bem, eu estarei dolado da segurana. Dobr-lo-ei e pedirei uma folga de 48 horas. Entopedirei uma licena de 24 horas para andar pelo cu e encontrar osmeus amigos. Ento irei a Jesus e lhe direi: "Isto maravilhoso. Masno tem o Senhor um mundo decado em alguma parte onde necessitemde um evangelista das boas novas? Envie-me, por favor".

    Fui nascido do Esprito naquele abenoado lugar no pequeno

    templo em Baltimore. Toda a comunidade ouviu logo a esse respeito.Alguns dos meus companheiros na velha vida no podiam cr-la, demodo que um dia me cercaram e me perguntaram: "Stan, voc no estrealmente convertido, est?" A minha resposta foi, de acordo com um

    velho professor: "Mas no, hem!" Usei o velho vocabulrio paraexpressar a nova alegria encontrada!

    De maneira que Jesus disse que precisamos nascer internamente- nascer do Esprito, e nascer externamente da gua. A vida total, tantointerna como externa, tem de expressar converso. Pois, se a exteriorsem a interior hipocrisia, a interior sem a exterior tambm hipocrisia.

    Ento disse Jesus: "Em verdade vos digo que, se no vosconverterdes e no vos tornardes como crianas, de modo algumentrareis no reino dos cus" (Mt 18.3). Rabindranath Tagore, o grandepoeta e filsofo hindu, disse que esta a mais bela passagem da Bblia.Ele citava-a de Marcos 10.15: "Em verdade vos digo: Quem no recebero reino de Deus como uma criana, de maneira nenhuma entrar nele".Ele tomava o texto que deixa de lado a palavra "converterdes", pois,sendo hindu no gostava de converso, confundindo-a, como muitos ofazem, com proselitismo. No podemos deixar de fora o "converterdes" -a raiz - e tomar o "tornardes como crianas" - que o fruto - e "entrar noreino de Deus que , tambm fruto. Os trs devem ficar juntos.

    Os trs passos so: 1) ser convertido - uma nova direo; 2)tornar-se como criana - um novo esprito; 3) entrar no reino de Deus -uma nova esfera de vida. Estes trs do a essncia da converso.

    Primeiro precisamos achar uma nova direo. A palavra convertidovem de "com" e "vertere" - virar. A grande pergunta na vida : estou com orosto ou com as costas viradas para Cristo? O primeiro passo na novavida o virar-me com as costas para a velha vida e o rosto para Cristo.Voc no faz isso sozinho; existe o "com". No momento em que voc pea sua vontade na Sua direo, Ele ai est com voc. Ele o ajuda a fazeraquilo que voc no pode: abandonar a velha vida, mas voc tem detomar essa deciso de dar meia volta. Ningum pode tom-la por voc:nem seus pais, nem os seus companheiros, nem mesmo Deus. Ai ficasozinho, e como um ser moral livre toma a deciso sozinho, totalmentesozinho. Entretanto, voc no est sozinho, pois, no momento em quepratica esse ato, Ele est com voc.

    Segundo, precisamos "tornar-nos como crianas" - adquirir umnovo esprito. Voc recebe um novo esprito - o de uma criancinha; voc

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    passa a ter um novo comeo com os pecados perdoados. Essaemancipao da antiga culpa e do conseqente senso de inferioridade,de separao de Deus, do homem, de si mesmo e do universo, aemancipao mais importante e radical que se pode imaginar. "Se o

    Filho vos libertar, sereis realmente livres". Essa uma liberdade "real";absolutamente nada se lhe iguala. Voc no somente se emancipa dopassado; voc se torna receptivo. Uma criana receptiva. O novoesprito o de receptividade. Voc agora pode receber a vida a mo-cheia, a corao cheio e o ser-cheio. Voc no mais luta contra a vida;voc a recebe de modo desarmado. Voc est vivo para a vida at ponta dos dedos.

    John Masefield diz assim:

    No pensei, no lutei,A paz profunda deu vida ao meu eu;A porta trancada havia sido quebrada,Eu sabia que estava liberto do pecado.Eu sabia que Cristo me dera nascimentoPara irmanar-me a todos os filhos na terra,E todas as aves e todos os animaisParticipariam das migalhas na festa. (1)

    Terceiro, precisamos "entrar no reino de Deus" ganhar uma novaesfera de vida. As suas circunstncias sero as mesmas, mas agoravoc vive em dois mundos ao mesmo tempo: o das relaes fsicas e odo Reino de Deus. Este novo mundo interior torna novo todo o mundoexterior. Agora voc far as coisas com um novo motivo, um novoesprito e uma nova viso. Como diz um dos cristos mais vivos queconheo: "A nica coisa que mudou a sua razo de viver". Nesta "novaesfera de vida" voc entra com a disposio e Ele entra com o poder. Avida no est mais sozinha, lutando, tensa, ansiosa e incerta. Ela agoradescansa, liberta-se, tem segurana e receptiva. Voc no vive maispelo princpio da unidade, mas no plano da cooperao.

    Resumindo: o primeiro passo - "A nova direo" - seu; osegundo - "O novo esprito" dEle; o terceiro - "A nova esfera de vida" - seu e dEle.

    A converso crist sui generis, um tipo totalmente diferente.Contraste-se esta com o procedimento budista. Um sacerdote budista,no Japo, fazendo, num ofcio fnebre, um sermo de carter

    questionvel, d um nome santo aos pecados do defunto e o absolve.Sake (uma bebida alcolica) gua santa; diz-se que um sacerdote quetem uma mulher tem uma virgem santa como sua companheira. D-seum outro nome e tudo se absolve! Mas na converso crist voc recebe

    uma nova natureza, e da um novo nome; um novo desejo, e da umanova direo; uma nova esfera de vida, da uma nova qualidade de vida.Esta converso tem sido descrita como sendo um "fora do eu, paradentro de Cristo, para dentro dos outros". Isto no reforma, regenerao.

    A descrio mais interessante que j foi feita da converso esta:"Se algum est em Cristo, nova criatura: as coisas antigas jpassaram; eis que se fizeram novas" (2Co 5. 17). H uma "novacriatura"; mas note que ela diz: As coisas antigas j passaram; eis quese fizeram novas". A idia usual de converso que a velha natureza tirada e uma nova natureza transplantada para o seu lugar. A VersoPadro Americana torna o assunto mais claro. Voc uma novacriatura: as "coisas velhas" passaram; aquelas "coisas antigas" setornaram "novas". O velho eu, como sendo dominante, passou, masvoltou submisso, como um servo. A vida sexual, como lascvia, passou,mas tornou-se nova como atividade criadora, criando, dentro dasrelaes conjugais, filhos e camaradagem, e criando, fora dessasrelaes, novas esperanas, almas nascidas de novo, e novosmovimentos. O instinto de luta, como fora destrutiva e desmanteladora,passou, mas tornou-se novo agora, no sentido em que ele agora pugnaem favor de causas, dos direitos humanos, dos oprimidos, de condiesmais justas. O instinto gregrio passou como subserviente, fazendoservilmente o que os outros fazem e se tornou novo, possuindo agoraum amor que sai em favor das pessoas sem ser escravizado ao grupo.O apelo aquisitivo, naquela nsia de acumular riqueza para a suaprpria importncia e segurana, passou e voltou na forma de um desejode servir aos outros atravs da riqueza dedicada. O desejo de mostrar-se passou e tornou-se agora um desejo de apresentar o Senhor. Aambio de domnio egosta passou e se tornou nova no seu desejo deque a sua pessoa e todos os homens estejam sob o domnio do Reinode Deus.

    Todas estas inclinaes naturais foram pervertidas pelo pecado, eagora foram convertidas aos fins do reino. De maneira que a converso uma converso da perverso. Essas inclinaes ainda so parteintegrante de todos ns, mas agora elas se voltam para novos fins,como novas motivos e um novo esprito. A converso no nos

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    desumaniza transplantando uma vida estranha para o arcabouo donatural, criando assim uma tenso entre o natural e o sobrenatural. Osobrenatural nos torna mais naturais, convertendo as nossas inclinaesdo no-natural para o verdadeiramente natural. O homem convertido

    mais natural porque controlado pelo sobrenatural, possuindo alegria,espontaneidade, liberdade e realizao naturais.

    Paul Tillich diz assim: "O Novo Ser no alguma coisa,simplesmente toma o lugar do Velho Ser. Mas uma renovao doVelho que havia sido corrompido, distorcido, partido e quase destrudo.A salvao no destri a criao; mas transforma a Velha Criao emuma Nova Criao. Por isso podemos falar da Nova em termos deRenovao, o trplice "re", especialmente a re-conciliao, a re-unio e are-surreio." (2)

    Isto importante porque desfaz o dualismo no-natural que muitosmanifestam na nova vida - o natural guerreando contra o sobrenatural. Avida crist se torna, para eles, um campo de batalha entre osobrenatural e o natural e que os tornam pessoas tensas, ansiosas elutadoras. Mas na nova apresentao do assunto dada acima, osobrenatural nos torna mais naturais, mais ajustados, mais integrados,mais vontade com ns mesmos e com a vida, porque ficamos mais vontade com Deus.

    Os neo-ortodoxos usam o termo "castigo" para descrever asituao do homem decado; eu prefiro o termo "separao". O castigose refere a uma pessoa apanhada por causa dos seus pecados; aseparao descreve uma pessoa separada de Deus, de si mesma e davida. A separao fala de uma relao; o castigo fala de uma condio;um centraliza o seu pensamento em Deus de quem voc separado, eo outro centraliza o pensamento em si mesmo, o castigo em se achar asi mesmo. Do ponto de vista da separao, a converso restaura umarelao atravs do perdo divino, quando Deus vem a ns "levando osnossos pecados no Seu prprio corpo sobre a cruz". Quando nosreconciliamos com Deus, uma reconciliao toma lugar em toda a linha;reconciliamo-nos com ns mesmos, com o nosso corpo, com o homemnosso irmo, com a natureza e com a prpria vida.

    Um psiquiatra veio ao lugar onde eu estava escrevendo noHimalaia com o fim especfico de render-se a Deus. Isso aconteceu nocaminho quando ele ainda estava a quase 40 quilmetros de distncia.Ele o descreve: "Eu estava excessivamente cansado depois de uma

    noite sem dormir; cansado e transtornado. Quando de repente me rendia Deus, a canseira e a frustrao desapareceram. Eu era um novohomem. Vim a Sat Tal caminhando atravs das montanhas como se euestivesse calado com botas de sete lguas. E Sat Tal jamais foi to

    belo para mim. O lugar estava vivo e belo". Ele estava possudo de umaalegria divina. Reconciliado com Deus, reconciliara-se tambm consigomesmo, com o seu corpo, com os seus irmos, com a natureza, com avida e com a sua psiquiatria. A psiquiatria no lhe era agora dominante,orgulhosa, toda suficiente nas suas tcnicas. Agora ela possua umponto do qual partir para a vida - Cristo. Era uma serva, no maissenhora. A vida total ficou no seu devido lugar, e a vida total comeou ater sentido.

    Temos o seguinte de Charles M. Laymon: "Devemos insistir hojeem que a converso crist um novo nascimento em Cristo.Psicologicamente podemos dizer que ela seja uma reintegrao da vidaao redor de um novo centro pelo qual os nossos conflitos so resolv idos.Mas como cristos s podemos descrev-la como sendo o encontro deuma nova vida, de novos padres de valores e novos objetivos para avida como um resultado da unio com Cristo". (3)

    Em outras palavras: "A converso uma reao em que Cristo central".

    Quando voc faz de Cristo o centro, voc est convertido. Umpsicologista definiu a converso como sendo "o nascimento de umanova afeio dominante pela qual a conscincia de Deus, at entomarginal e vaga, se torna em foco e dinmica". Deus estando namargem, alguma outra coisa est no centro: o eu, o sexo, o grupo, ousimplesmente o pecado. A vida dominada por alguma coisa que noDeus. Deus entra na conscincia de vez em quando como um intrusoestrangeiro, perturbador, transtornador, pondo-nos em dificuldade. Entoo senso de erros, de futilidade e de culpa nos leva a fazer com que essecentro falso se renda. Quando a rendio do eu tem lugar, Deus sai damargem e toma posse do centro. Ele j no mais "marginal e vago";Ele agora o "foco e dinmico". Ele est no centro e tudo mais O serve,e Ele dinmico: no mais opera da margem sobre ns, de maneirafraca. Ele agora opera dinamicamente: a Vida de nossa vida, o Amor denosso amor, o Ser de nosso ser e a Alegria da nossa alegria. Comoalgum disse: "Eu me exponho a tudo que Seu". "Jesus Senhor!".

    O Baro Von Hgel, um leigo catlico romano, disse que "ns

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    temos partido de uma base falsa. Temos concebido a vida crist comouma imitao de Cristo. Ela no uma imitao de Cristo; umaparticipao de Cristo". Como pode algum imitar a Cristo na sua vidatendo o eu, o sexo, a grei no centro? Isso querer o impossvel. Esse

    centro se rende, Cristo entra, e, ento, participamos de Cristo - os Seusrecursos se tornam a fonte das nossas aes. Vivemos por um Outro.

    Esta converso " o nascimento de uma nova afeio dominante". uma mudana na crena, porm mais do que isso; uma mudanade atitude, mas ainda mais; uma mudana de direo, porm mais;ela basicamente uma mudana em "afeio". uma converso donosso amor. Temos amado o eu, o sexo ou a sociedade, de maneirasuprema; agora amamos a Deus supremamente. Esse no um amorcolocado ao lado de outros amores; uma "nova afeio dominante". uma afeio que se torna suprema e que comanda. Ela absorve em sitodas as afeies menores, e, nesse processo, as liberta. AlanRichardson, pastor de Durham, nos diz que "a converso representauma reorientao da vida e da personalidade, a qual inclui a adoo deuma nova conduta tica, o abandono do pecado e uma volta retido".Mas esta pode no ser uma definio crist da converso a menos quea reorientao tenha Cristo como centro. Somente ento ela se tornauma converso crist.

    Uma outra pessoa definiu a converso como sendo "umacompreenso alterada". , mas uma alterao da compreenso deCristo, no somente como mestre ou como exemplo, mas como Senhor,e, portanto, como Salvador. uma dominante afeio a Cristo.

    A definio que o psiclogo William James deu converso clssica: "Ser convertido, ser regenerado, receber a graa, experimentara religio, ganhar segurana, so tantas frases que indicam o processo,gradual ou sbito, pelo qual o eu, at aqui dividido e conscientementeerrado, inferior e infeliz, se torna unificado e conscientemente reto,superior e feliz, em conseqncia de uma aderncia mais firme srealidades religiosas".

    Esta definio segura e penetrante nas suas fases psicolgicas:1) "Um eu at aqui dividido" - a pessoa uma guerra civil, cancelando-se a si mesma pelos seus conflitos interiores. 2) "Conscientementeerrado" o senso de separao, de desarmonia. Assim como umhomem disse: "Estou em harmonia com o caos". 3) "Inferior" - cheia derejeio de si mesma, de descontentamento de si mesma, de dio a si

    mesma porque no est se tornando na pessoa que devia ser e estavadestinada a ser. 4) "Infeliz" - Naturalmente infeliz porque no se podefazer feliz um homem que est dividido, que tem conscincia do erro ede ser inferior. Ele est basicamente infeliz e nenhuma quantidade de

    felicidade marginal pode torn-lo feliz. Ento vem a converso: 1) A vidadividida "unificada" ao redor de um centro Cristo. 2) "Tem conscinciada retido" - aceito por Deus, torna-se aceito pelo universo. Sente-se vontade como universo e com a vida. 3) "Superior" - Todo aqueledesgosto e dio de si mesmo desaparecem; sendo aceito por Deus, eleaceita a si mesmo; amado por Deus, ama a si mesmo. 4) "Feliz" - naturalmente feliz, pois a sua felicidade agora no depende dosacontecimentos, mas das relaes que persistem entre o fluxo dosmesmos. Ele pode ser feliz "apesar de", quando ele no pode ser "porcausa de". incorrigivelmente feliz.

    Essa definio se enfraquece no seu fim, quando diz: "emconseqncia de uma aderncia mais firme s realidades religiosas". Aconverso no "uma aderncia mais firme s realidades religiosas"; isso, mas muito mais. As "realidades religiosas" so uma Pessoa. Ele odomina firmemente. Voc no passa a ter "um domnio mais firme" dealguma coisa - Algum o domina com firmeza. Voc no est cerrandoos dentes com a determinao de conseguir esse "domnio mais firme";voc "permite o barco correr e permite a Deus". Voc recebe e cooperae regozija-se!

    Esta afirmao de Mildred E. Whitcomb de, que e a converso luminosa: "Se voc me perguntar o que significa a religio para mimagora que a peregrinao da minha alma terminou em triunfo, eu possodizer-lhe: 1) Ela significa que o meu tratamento mental de todos osassuntos est mudando; as idias surgem em luz clara ao invs desombra. 2) Ela significa que a minha atitude um tanto cnica estsofrendo uma determinada mudana. Devo amar aqueles a quem Deusama. 3) Sinto-me livre, exultante, exaltada. 4) Certa vez fiqueiamedrontada pelo nome de Deus, por isso compreendo agora porque que h pessoas que ficam nas esquinas das ruas gritando as boasnovas a respeito de Deus e de Seu Filho. 5) A Igreja chama isso deconverso. A Bblia o chama de novo nascimento. Eu o chamo demilagre, pois, foi isso que me aconteceu". (4)

    Uma voz do passado, um cristo do segundo sculo escrevendoao seu amigo Diognetus, caracteriza o Cristianismo como sendo "estenovo interesse que entrou na vida". Posso entender o que ele queria

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    dizer por ter vivido entre civilizaes cansadas, nas quais a base ntimada vida est ruindo. H sinais de um avivamento exterior causado pelainjeo no brao da moderna viso cientfica e do progresso, mas estesavivamentos exteriores so acompanhados de uma firme decadncia

    interior das bases filosficas e religiosas sobre as quais a vida temdescansado at aqui. Estes novos motivos que vm do patriotismo e dacincia iluminam a vida momentaneamente, mas logo tomam o seurumo, desaparecem gradualmente e deixam os homens caceteados edesencorajados. "A minha religio e a minha filosofia fracassaram. Notenho recursos para enfrentar a tragdia. Odeio a vida; odeio a tudo".Isto vem de uma alma muito nobre, nobre entre a runa das coisas.Ento vem o Cristianismo com a sua oferta de converso, de um novonascimento, e quando aceito ele produz o que fez ao mundo fatigado,desencorajado e decadente da Grcia e de Roma: "Este novo interesseque entrou na vida. A vida se torna refrescada, cheia de sentido e deentusiasmo, uma surpresa em cada esquina, uma vida explodindo denovidade e de surpresa, que rasga horizontes, desdobra panoramas: um"novo interesse" entrou na vida! D-se o filme aos fatigados quenecessitam de um estimulante! A vida para mim o meu filme, e medida que ele se desenrola diante de mim, eu dano e canto e batopalmas. Um "novo interesse entrou na vida!" No de se admirar queum porteiro de hotel ficasse surpreso ao abrir a porta da frente a umacrist radiante, e lhe tendo perguntado: "Como est a senhora?"recebesse a resposta espontnea: "Convertida". Isso era a coisaimportante que havia transformado a vida em Vida.

    A converso pode ser definida como sendo a Vida impingindo-sesobre a vida, acordando-a, unificando-a, dando-lhe brilho, moralizando-a, fazendo-a "importar-se", pondo um novo entusiasmo em tudo, efazendo-a amar. Como disse algum: "Para um a converso significa omatar a besta que existe dentro de si; para outro, ela traz a tranqilidadea uma mente inquieta; para um terceiro, ela a entrada para umaliberdade mais ampla e uma vida mais abundante; mas ela ainda areunio de foras no interior de uma alma que est em guerra" ( 5) Paratodos, ela significa Vida. Quando a converso tem lugar, todos osnossos substantivos comuns se tornam em nomes prprios: tudo capitalizado e elevado. Um novo interesse entra na vida.

    O Dr. Spoffard Ackerly, da clnica psiquitrica Norton, disse que "oobjetivo da religio a criao de uma nova vida, o desenvolvimento deum tom sentimental e a regenerao da energia psquica". Ele pe o

    dedo sobre trs coisas: nova vida, desenvolvimento de um tom

    sentimental e a regenerao da energia psquica. No centro das trsest o "desenvolvimento do tom sentimental". E isto vem de umpsiquiatra! Isto no meio de um mundo religioso em que muitos tm medoda emoo, como se a emoo pudesse ser divorciada de uma profunda

    mudana de vida chamada converso! Se nos calarmos, as pedrasclamaro!

    Harry M. Tiebout fala desta experincia da converso como sendo"o avanar atravs de um muro. "O avanar atravs de" liberta poder,uma sensao de fora e de liberdade internas que vm quando umapessoa se v libertada do seu muro psicolgico".

    H uma ou duas geraes atrs, o motivo dominante daconverso era o medo do castigo futuro. Isso persiste nesta gerao.Um professor numa escola bblica conservadora diz: "O medo atinge a60 ou 75 % dos motivos que levam os homens a serem salvos. Nenhum,numa classe de mais de cem, havia sido levado a ser salvo pelo amor".O clima educacional daqueles estudantes havia sido obviamente o medodas conseqncias - e grandemente do futuro. Enquanto isto verdadeem tais grupos, o motivo est agora transferindo-se - o temor do castigofuturo est transferindo-se para o temor do inferno dos conflitos ntimos,das neuroses, dos esgotamentos, das tenses, de um senso interior deculpa. O inferno exterior ainda permanece, mas este inferno interior maisimediato est agora preocupando a mente desta gerao. Atualmente area da obra da converso est grandemente no reino do pensamento,das atitudes, e das emoes errneas - de um eu em confuso. Esteinferno interior muito pior do que o exterior, pois mais imediato, maispresente, mais ntimo. Uma gerao que rejeitou o inferno exteriordescobre que ele se transferiu para o sim interior. "E o ltimo estadodaquele homem pior do que o primeiro". "O inferno porttil".

    A nfase da converso est na libertao daquilo que voc agora, ao invs da libertao daquilo que voc ser em algum mundofuturo. Esse mundo futuro ainda impingido sobre ns e sempre o ser,mas a mordida, a picada, a presso da converso vem do inferno de tervoc de viver com um eu de que voc no gosta e no pode respeitar,um eu que voc odeia, mas com quem voc tem de viver todas as horase todos os dias. Pode esse eu ser convertido? Precisamos voltar-nospara isso agora.

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    CITAES:

    1) John Masefield: "A misericrdia eterna".2) Paul Tillich: "O Novo Ser", p. 20.

    3) "Nova Vida em Cristo", por Charles M. Laymon, p. 14.4) Estes Acharam o Caminho", por David Wesley Soper.5) "O Fato da Converso", por George Jackson, p. 97.

    CaptuloIII

    A CONVERSO DO EU

    Terminamos o ltimo captulo enfatizando a necessidade daconverso que nos liberta de um eu impossvel. Esse o cerne doproblema, tudo mais fica na margem.

    A questo daquilo que acontece ao eu central na religio. Afilosofia do Vedanta afirma: "O eu Deus realize-o". Mas a respostabvia a isto que o dizer a um homem que est sinceramenteprocurando a Deus que ele "Aham Brahma" (eu sou Deus) o mesmoque dizer a um mendigo faminto que ele alimento. Sabemos que nosomos Deus, e isso pe fim questo, pois se somos Deus, entoperdemos todo o respeito a Deus; se somos Deus, ento Deus nadavale.

    Uma outra resposta o oposto: "Torne-se nada". O hino quecontm estes versos: Tudo do eu e nada de Ti / Um pouco do eu e umpouco de Ti / Nada do eu e tudo de Ti belo num sentido, mas falso,pois voc no pode viver sem "nada do eu". O eu uma parte integralde ns e no pode ser alijado. Posto para fora pela porta, ele volta pelajanela.

    Uma terceira resposta : "D expresso a si mesmo". Esta igualmente impossvel, pois se voc expressar a si mesmo, voc nogostar do eu que est expressando. Voc far aquilo que desejar, masento no gostar daquilo que faz. Voc no pode dar mais expressode si mesmo do que pode dizer a um jardim: "D expresso a ti mesmo",e no ter capins como resultado.

    Ento qual a resposta crist? Ela definida e simples: submeta-se a Deus. E o resultado? A realizao do eu atravs da rendio do eu. a converso de uma pessoa centralizada em si mesma para umacentralizada em Deus.

  • 8/3/2019 Converso_-_E._Stanley_Jones

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    Muita gente ainda pensa que o Cristianismo ensina a rendio domundo. Mas a f crist atinge maior profundidade do que isso, pois possvel submeter o mundo e no submeter a si mesmo. Os Sadus, naIndia, freqentemente se vestem de cinza, mas no se vestem dehumildade: eles insistem na diferena de classes ao irem banhar-se noGanges. H confuso quando essa ordem no preservada. Masquando voc se submete, ento, o eu e o mundo voltam para voc;ambos so seus. "Tudo o vosso: ...seja o mundo, seja a vida, seja amorte, sejam as coisas presentes, sejam as futuras, tudo vosso, e vsde Cristo" (1Co 3.21-23). Se voc pertencer a Cristo, todas as coisaspertencem a voc. A renncia do eu termina na realizao do eu e domundo. Voc no mais pertence ao mundo; o mundo pertence a voc: asua beleza, a sua arte, a sua possibilidade de desenvolvimento, as suasrelaes; tudo isso lhe pertence. Emancipado do domnio do eu, vocpassa a possuir todas as coisas.

    A dificuldade o deixar esse eu ir. Assim diz algum: "A palavraconverso tem implicaes apropriadas aos nveis mais bsicos, masficamos realmente amedrontados diante de uma converso maissuperficial. Ao contempl-la, a pessoa tem o sentimento de que estepasso pode ser to revolucionrio que lhe apague toda a sua vidapessoal anterior. Tive ainda de aprender que, na converso, voc atiraao mar o seu egocentrismo, mas no lana o que voc ".(1)

    No de se admirar que ele chegue concluso de que o atoreligioso mais importante a rendio pessoal. At qu