conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

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CONVERSÃO DE TORNO MANUAL EM CNC PARA FABRICAÇÃO DE MICROSSISTEMAS PEDRO HENRIQUE QUEIROZ KOATZ DE GURVITZ Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadores: Carolina Palma Naveira Cotta Jeziel da Silva Nunes Rio de Janeiro Agosto de 2014

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Page 1: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

CONVERSÃO DE TORNO MANUAL EM CNC PARA FABRICAÇÃO DE

MICROSSISTEMAS

PEDRO HENRIQUE QUEIROZ KOATZ DE GURVITZ

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia Mecânica da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos necessários

à obtenção do título de Engenheiro.

Orientadores: Carolina Palma Naveira Cotta

Jeziel da Silva Nunes

Rio de Janeiro

Agosto de 2014

Page 2: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Departamento de Engenharia Mecânica

DEM/POLI/UFRJ

CONVERSÃO DE TORNO MANUAL EM CNC PARA FABRICAÇÃO DE

MICROSSISTEMAS

PEDRO HENRIQUE QUEIROZ KOATZ DE GURVITZ

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO

DE ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

ENGENHEIRO MECÂNICO.

Aprovado por:

________________________________________________

Profa. Carolina Palma Naveira Cotta, D.Sc.

________________________________________________

Prof. Jeziel da Silva Nunes, D.Sc.

________________________________________________

Prof. Renato Machado Cotta, Ph.D.

________________________________________________

Prof. Fernando Pereira Duda, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

Agosto de 2014

Page 3: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

iii

Gurvitz, Pedro Henrique Queiroz Koatz de

Conversão de Torno manual em CNC para Fabricação de

Microssistemas/ Pedro Henrique Queiroz Koatz de Gurvitz. – Rio de

Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2014.

xi, 63 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador(a): Carolina Palma Naveira Cotta

Jeziel da Silva Nunes

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Departamento

de Engenharia Mecânica, 2014.

Referências Bibliográficas: p. 51-52.

1. Adaptação de Máquina Ferramenta. I. Cotta, Carolina Palma

Naveira. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola

Politécnica, Departamento de Engenharia Mecânica. III. Título

Page 4: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

iv

Dedicatória

Dedico esse trabalho ao meu querido avô e pai Pedro Menezes de Queiroz que

não pode estar aqui pra dividir esse momento de grande alegria, mas sei que ele sempre

estará ao meu lado me protegendo.

“De que adianta bons ventos se não sabe para onde vai.”

Pedro Menezes de Queiroz

Page 5: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

v

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a minha Família por me apoiar em todos os momentos, até mesmo

aqueles em que houve dúvidas se eu estava no caminho certo.

Da mesma forma agradeço aos meus amigos do Gordas e do Jenny pela paciência e amizade

inabalável mesmo após longos anos dividindo o tempo com a dedicação aos estudos.

Agradeço especialmente ao meu querido avô Pedro Menezes de Queiroz, que não pode estar

presente para partilhar esse momento, por tantos anos de carinho e aprendizado ao seu lado.

Agradeço aos professores Jeziel Nunes e Carolina Cotta pela orientação e os conhecimentos

que foram passados. Aos colegas do LabMEMS pelo apoio durante essa trajetória.

E finalmente, agradeço aos membros da minha banca avaliadora, os professores Renato

Cotta e Fernando Duda

Page 6: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

vi

Resumo do projeto de graduação apresentado ao DEM/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

CONVERSÃO DE TORNO MANUAL EM CNC PARA FABRICAÇÃO DE

MICROSSISTEMAS

PEDRO HENRIQUE QUEIROZ KOATZ DE GURVITZ

Agosto/2014

Orientadores: Carolina Palma Naveira Cotta

Jeziel da Silva Nunes

Curso: Engenharia Mecânica

Este trabalho tem como objetivo converter um torno manual em um torno de

comando numérico, com uma precisão que supere a máquina original, para a fabricação

de microssistemas. A principal motivação desse trabalho é criar uma máquina que seja

de fácil operação permitindo que os alunos do LabMEMS fabriquem dispositivos

microfluidicos para compor seus projetos de forma mais simples e eficiente. Por ser um

equipamento robusto e de baixo custo ele permitirá que os alunos aprendam a utilizar

controle numérico e a partir daí comecem a fabricar seus próprios microssistemas. Uma

preocupação nesse projeto foi criar um equipamento que permitisse o aluno desenvolver

seus conhecimentos em fabricação para que assim se habilitasse a utilizar todos os

equipamentos de usinagem existentes no laboratório e por esse motivo procurou

padronizar o software utilizado em todos as máquinas operatrizes. Procurou-se manter

os custos de aquisição de peças e de construção abaixo dos valores de aquisição de um

torno CNC comercial para que o projeto tivesse viabilidade.

Page 7: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

vii

Abstract of Undergraduate Project presented to DEM/UFRJ as a part of fulfillment of the

requirements for the degree of Engineer.

CONVERSION OF A MANUAL LATHE MACHINE ON CNC FOR MANUFACTURING

MICROSYSTEMS

PEDRO HENRIQUE QUEIROZ KOATZ DE GURVITZ

August/2014

Advisor: Carolina Palma Naveira Cotta

Jeziel da Silva Nunes

Course: Mechanical Engineering

This paper aims to convert a manual lathe in a CNC lathe, with a better precision

than the original machine for microsystem fabrication. The main motivation of this

work is to create a machine that is easy to operate allowing students of LabMEMS

manufacture parts to make your projects more easily and efficiently. Being a robust and

low-cost equipment, it will allow students learn how to use numerical control and from

there begin to make their own microfluidics devices. One concern in this project was to

create a device that allow students to develop their expertise in manufacturing so that it

enable them to utilize all the existing machinery in the laboratory and this motivated

sought to standardize the software used in all machine tools. We tried to keep the costs

of acquisition and construction of parts below the values of acquiring a commercial

CNC around so that the project had viability.

Page 8: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

viii

Sumário

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1

1.1 Motivação ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 1

1.2 Objetivo ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 2

1.3 Estrutura do Trabalho --------------------------------------------------------------------------------------- 2

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 4

2.1 Conversões de Tornos Manuais em Sistemas CNC. -------------------------------------------------- 4

3. MÁQUINAS DE COMANDO NUMÉRICO ..................................................................... 8

3.1 Histórico ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 8

3.2 Unidade de controle Numérico -------------------------------------------------------------------------- 10

3.3 Dispositivos de acionamento ----------------------------------------------------------------------------- 12

3.4 Sistemas de controle --------------------------------------------------------------------------------------- 17

3.5 Polias Sincronizadoras e Correias ----------------------------------------------------------------------- 18

3.6 Acoplamento ------------------------------------------------------------------------------------------------ 20

3.7 Usinagem----------------------------------------------------------------------------------------------------- 20

4. TORNO DE BANCADA MODELO MR-330 .............................................................. 24

5. PROJETO DE CONVERSÃO ......................................................................................... 29

5.1 Descrições Gerais ------------------------------------------------------------------------------------------ 29

5.2 Especificações de Projeto --------------------------------------------------------------------------------- 30

5.2.1 Árvore Principal .......................................................................................................... 30

5.2.2 Movimentação do Carro Longitudinal........................................................................ 30

5.2.3 Movimentação do Carro Transversal ......................................................................... 31

5.3 Seleção dos Principais Componentes ------------------------------------------------------------------- 32

5.3.1 Motor de Corrente Alternada .................................................................................... 32

5.3.2 Motores de Passo ....................................................................................................... 35

5.3.3 Polia Sincronizadora e Correia dentada ..................................................................... 36

5.3.4 Seleção do Painel de comando .................................................................................. 37

Page 9: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

ix

6. EXECUÇÃO DAS ADAPTAÇÕES ................................................................................. 41

6.1 Adaptações no motor da Árvore principal ------------------------------------------------------------- 41

6.2 Adaptações no Fuso de movimentação do Carro Longitudinal ----------------------------------- 45

6.3 . Adaptações no carro transversal ----------------------------------------------------------------------- 47

7. UTILIZAÇÃO DA MÁQUINA CONVERTIDA ............................................................ 52

8. ANÁLISE DE CUSTO...................................................................................................... 56

9. CONCLUSÃO E PROPOSTAS DE APRIMORAMENTO .......................................... 59

10. BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................. 62

APÊNDICE I – DESENHOS TÉCNICOS .................................................................................. I

APÊNDICE II – CATÁLOGOS ..................................................................................................X

Page 10: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

x

Lista de Figuras

FIGURA 1- TORNO BD-812 BRIDGEPORT CONVERTIDA EM CNC .................................................................. 5

FIGURA 2– DETALHE DO ACOPLAMENTO DO FUSO PRINCIPAL. .................................................................. 6

FIGURA 3- DETALHE DO ACOPLAMENTO DO FUSO DE MOVIMENTAÇÃO TRANSVERSAL ........................... 7

FIGURA 4– TORNO CNC ADAPTADO. ............................................................................................................ 7

FIGURA 5 - PRIMEIRA MÁQUINA CNC DESENVOLVIDA. ............................................................................... 8

FIGURA 6– TORNO CNC MODERNO. ............................................................................................................ 9

FIGURA 7– UNIDADE CONTROLE NUMÉRICO MODERNA. ......................................................................... 10

FIGURA 8 - PROGRAMA CAD/CAM CIMATRON .......................................................................................... 11

FIGURA 9–MOTOR DE PASSO NEMA 34. .................................................................................................... 12

FIGURA 10– MOTOR DE PASSO EM VISTA EXPLODIDA .............................................................................. 13

FIGURA 11– MOTOR DE PASSO DE IMA PERMANENTE .............................................................................. 14

FIGURA 12– MOTOR DE PASSO DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL. ...................................................................... 14

FIGURA 13– MOTOR DE PASSO DE HIBRIDO. ............................................................................................. 15

FIGURA 14– SERVO MOTOR DE CORRENTE CONTINUA. ............................................................................ 16

FIGURA 15– MOTOR DE CORRENTE ALTERNADA. ...................................................................................... 16

FIGURA 16 – SISTEMA DE CONTROLE DE MALHA ABERTA. ........................................................................ 17

FIGURA 17 – SISTEMA DE CONTROLE DE MALHA FECHADA ...................................................................... 18

FIGURA 18 – POLIA SINCRONIZADORA E CORREIA FONTE: HTTP://WWW.GATESBRASIL.COM.BR/ ......... 19

FIGURA 19– PROGRAMA DESIGN FLEX DE SELEÇÃO DE POLIAS E CORREIAS............................................. 19

FIGURA 20 – ACOPLAMENTO ELÁSTICO. .................................................................................................... 20

FIGURA 21 – MOVIMENTOS. ...................................................................................................................... 21

FIGURA 22 – PRINCIPAIS OPERAÇÕES DE TORNEAMENTO. ....................................................................... 22

FIGURA 23 – FERRAMENTAS DE TORNEAMENTO ...................................................................................... 22

FIGURA 24- FURAÇÃO EM MICRO USINAGEM. .......................................................................................... 23

FIGURA 25-TORNEAMENTO LONGITUDINAL EM MICRO ESCALA. ............................................................. 23

FIGURA 26 – TORNO MR-330. .................................................................................................................... 24

FIGURA 27 – DETALHE DO CARRO PRINCIPAL E DO TRANSVERSAL. .......................................................... 25

FIGURA 28 - DETALHE DAS ENGRENAGENS DE TRANSMISSÃO. ................................................................. 26

FIGURA 29 – PLACA UNIVERSAL DE 3 CASTANHAS .................................................................................... 26

FIGURA 30 – DETALHE DO BARRAMENTO DO TORNO MR-330. ................................................................ 27

FIGURA 31 – DETALHE DAS ENGRENAGENS DE TRANSMISSÃO. ................................................................ 27

FIGURA 33 - SISTEMA DE COORDENADA CARTESIANO ADOTADO. ........................................................... 29

FIGURA 35 – ALAVANCA DE ACIONAMENTO PORCA BIPARTIDA ............................................................... 31

FIGURA 36 – CARRO TRANSVERSAL ............................................................................................................ 32

FIGURA 37 – PLACAS CONTROLADORAS DOS MOTORES DE PASSO. ......................................................... 37

FIGURA 38– PLACA OPTO ISOLADORA LPTOP-05. ...................................................................................... 38

FIGURA 39– FONTE 20A.............................................................................................................................. 38

FIGURA 40– INVERSORA DELTA DE 0,75KW. .............................................................................................. 39

FIGURA 41 - PAINEL DE CONTROLE. ........................................................................................................... 40

FIGURA 42 – MOTOR TRIFÁSICO DE 1CV. ................................................................................................... 41

FIGURA 43- POLIAS SINCRONIZADORAS. .................................................................................................... 42

Page 11: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

xi

FIGURA 44-TENSIONADOR DA CORREIA..................................................................................................... 42

FIGURA 45–ENCODER INSTALADO NO BARRAMENTO. .............................................................................. 43

FIGURA 46 – CONJUNTO MONTADO. ......................................................................................................... 44

FIGURA 47- CONJUNTO MONTADO NO TORNO MANROD MR-330 .......................................................... 44

FIGURA 48 - FUSO DE MOVIMENTAÇÃO DO CARRO LONGITUDINAL. ....................................................... 45

FIGURA 49 - SUPORTE DO MOTOR DE PASSO DO CARRO LONGITUDINAL ................................................ 45

FIGURA 50 – SUPORTE MOTOR DE PASSO MONTADO NO CARRO PRINCIPAL .......................................... 46

FIGURA 51 - MOTOR DE PASSO MONTADO NO FUSO DE MOVIMENTAÇÃO DO CARRO LONGITUDINAL. 46

FIGURA 52 - SUPORTE DO MOTOR DE MOVIMENTAÇÃO DO CARRO TRANSVERSAL. ............................... 47

FIGURA 53- CARRO TRANSVERSAL ANTES DA MODIFICAÇÃO.................................................................... 47

FIGURA 54 - MOTOR DE PASSO MONTADO NO FUSO DE MOVIMENTAÇÃO DO CARRO TRANSVERSAL. .. 48

FIGURA 55 - CARRO TRANSVERSAL. ........................................................................................................... 48

FIGURA 56 - MOTOR DE PASSO MONTADO NO FUSO DE MOVIMENTAÇÃO DO CARRO TRANSVERSAL. .. 49

FIGURA 57- DESENHO DO TORNO CONVERTIDO VISTA FRONTAL ............................................................. 49

FIGURA 58- DESENHO DO TORNO CONVERTIDO VISTA LATERAL .............................................................. 50

FIGURA 59- VISTA FRONTAL DO TORNO CONVERTIDO .............................................................................. 50

FIGURA 60-VISTA LATERAL DO TORNO CONVERTIDO ................................................................................ 51

FIGURA 61- FACEAMENTO E TORNEAMENTO LONGITUDINAL .................................................................. 53

FIGURA 62- FURAÇÃO................................................................................................................................. 54

FIGURA 63- CONECTOR .............................................................................................................................. 55

FIGURA 64- TORNO CNC INNOV ................................................................................................................. 57

FIGURA 65 - SISTEMA DE FLUIDO DE CORTE .............................................................................................. 60

FIGURA 64 – SISTEMA DE MUDANÇA AUTOMÁTICA DE FERRAMENTA ..................................................... 61

Tabelas

TABELA 1 - G-CODE NORMA ISSO. .............................................................................................................. 11

TABELA 2 - COMPARATIVA ENTRE OS TIPOS DE ACIONADORES. ............................................................... 17

TABELA 4 – GEOMETRIA DA FERRAMENTA; ............................................................................................... 33

TABELA 5- TABELA DE KIENZLE; .................................................................................................................. 33

Page 12: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

1

1. Introdução

1.1 Motivação

O torneamento é uma operação de usinagem amplamente utilizada na indústria,

que através da remoção do cavaco permite-se usinar peças de formatos geométricos de

revolução. Esta operação ocorre ao se fixar uma peça a placa do torno e faze-la girar,

enquanto uma ferramenta de corte fixa a um carro é pressionada de encontro à peça e

com um avanço regulável remove-se material.

O torno mecânico é uma máquina operatriz altamente versátil, que permite a

usinagem de matérias de um estado bruto até o acabamento final. Permite, também, a

utilização de diversos tipos de ferramentas e fixações para os mais variados tipos de

projetos.

O comando numérico computadorizado ou CNC, proveniente da sigla em

inglês Computer Numerical Control, veio da necessidade de se aumentar a

produtividade das máquinas operatrizes e mais ainda de se produzir formas mais

complexas com uma precisão na repetição que permitisse a intercambialidade de peças

produzidas em um lote.

As primeiras máquinas CNC’s surgiram em um contexto de amplo

desenvolvimento da indústria aeronáutica na década de 50, mas foi somente na década

de 70 que o desenvolvimento dos computadores permitiu a criação de máquinas

dedicadas ao comando numérico. O aprimoramento cada vez maior dos softwares e dos

hardwares computacionais propiciou um desenvolvimento e uma ampliação na

utilização desse gênero de maquinas.

No Laboratório de Nano e Micro Fluídica e Microssistemas (LabMEMS) faz-

se necessário a fabricação de componentes para utilização em pesquisas, que por serem

de escala micro ou nano não são encontrados em larga escala no mercado o que torna o

domínio da sua fabricação benéfica ao laboratório.

Soma-se a isso que este tipo de conversão tem um grande apelo

socioeconômico já que possibilita o acesso de micro e pequenas a esta tecnologia

Page 13: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

2

inacessível para maioria das empresas deste porte. As soluções desenvolvidas nesta

conversão permitirá que essas empresas possam adaptar suas máquinas ferramentas a

uma custo relativamente baixo e assim poder melhorar a sua capacidade produtiva.

1.2 Objetivo

O objetivo principal desse trabalho foi à conversão de um torno mecânico

manual, modelo MR-330 comercializado no Brasil pela Manrod, em um torno de

comando numérico e assim emprega-lo na fabricação de microssistemas e dispositivos

microfluidicos a serem utilizados em pesquisas e protótipos no LAbMEMS-

Laboratório de Nano e Microfluidica e Microssistemas COPPE/UFRJ.

O torno modelo MR-330 fabricado pela Manrod possui projeto bastante

robusto e assemelha-se aos modelos dos demais fabricantes que comercializam essas

máquinas no Brasil, portanto as soluções aplicadas nesse projeto são aplicáveis a

qualquer torno mecânico que apresente essa semelhança.

O torno de comando numérico possui a vantagem de não necessitar de um

operador com treinamento especifico, qualquer aluno do laboratório com conhecimento

mínimo para utilizar o software computacional estará capacitado a fabricar componentes

no torno.

Procurou-se manter o mesmo software utilizado nas demais máquinas CNC do

laboratório com intuito de criar uma padronização para que com isso a transição de uma

máquina para outra fosse facilitada, incentivando ainda mais os alunos do LabMEMS a

se aventurarem nos processos de fabricação e a produzirem cada vez mais protótipos de

suas pesquisas.

1.3 Estrutura do Trabalho

Este trabalho é composto de nove capítulos, no segundo capitulo é possível

encontrar uma revisão bibliográfica que aborda projetos de conversão similares aos que

discutiremos nesse projeto.

Page 14: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

3

No terceiro capitulo discutiremos sobre máquinas CNC, seu histórico e os

principais componentes utilizados nas conversões.

No quarto capitulo encontra-se uma descrição do torno que será objeto deste

trabalho. No quinto capitulo faremos uma apresentação do projeto de conversão com a

seleção dos componentes que foram utilizados. No sexto capitulo será detalhado as

adaptações que foram executadas no projeto.

No sétimo capitulo exemplificaremos as possibilidades de utilização da

máquina após ter sido convertida. No oitavo capítulo faremos uma analise de

viabilidade financeira do projeto para justificar a conversão da máquina.

No nono capitulo teremos uma conclusão sobre os objetivos alcançados no

projeto e no décimo capitulo é possível encontrar a referência bibliográfica que serviu

de base para esse trabalho.

Page 15: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

4

2. Revisão Bibliográfica

2.1 Conversões de Tornos Manuais em Sistemas CNC.

O constante avanço tecnológico da indústria, especialmente a de fabricação

mecânica, vem exigindo de seus colaboradores uma produtividade e precisão cada vez

maiores. De fato, nos próximos anos se espera uma nova revolução nas máquinas

ferramentas com a difusão cada vez maior das máquinas de comando numérico, as

CNC´s, FERRARI (2011), o que traz como uma consequência imediata a grande

necessidade de conversão das máquinas já existentes devido ao alto custo de aquisição

de novas máquinas CNC´s.

Do ponto de vista econômico a aquisição de máquinas novas pode se tornar um

grande desafio para micro, pequeno e médias empresas no país, uma solução que vem

sendo experimentada com bastante sucesso é a modernização, ou retrofitting

(adaptação), que tem por objetivo a atualização tecnológica das máquinas ferramentas.

O retrofitting , ou reforma, é muitas vezes a solução para empresas que não

possuem capital para investir e querem permanecer competitivos no mercado dando

uma sobrevida a máquinas antes consideradas ultrapassadas.

Neste cenário se torna de extrema relevância para o desenvolvimento

tecnológico e econômico do país o desenvolvimento de soluções que permitam a

adaptação dessas máquinas já existentes. A maneira mais comum de se fazer isso é a

substituição de certos componentes necessários para a precisão exigida em CNC´s,

anexando novas tecnologias e mantendo suas características periféricas devido a sua alta

rigidez. Essa demanda vem se tornando cada vez maior, tendo em vista que a eletrônica

das máquinas e sistemas evoluiu de forma rápida nos últimos anos.

Devido ao grande avanço tecnológico e a volatilidade do mercado, os produtos

estão sendo produzidos com uma vida útil comercial cada vez menor. A nova demanda

de produção da indústria como o just in time e com a competição com os produtos

importados da China com baixo custo vem exigindo cada vez mais esforço da indústria

Page 16: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

5

para se manter competitiva em um cenário onde a versatilidade e a redução de custos de

produção são exigências básicas para se manter ativo.

Podemos citar também o enorme ganho ambiental obtido com esse tipo de

adaptação que impede que essas máquinas sejam lançadas no meio ambiente como

sucata FERRARI (2011).

O trabalho desenvolvido por GINGER (2010) realizou uma conversão de um

torno fornece algumas informações relevantes tendo em vista a semelhança do

equipamento com o que será modificado neste projeto.

Neste projeto desenvolvido por GINGER (2010) foi utilizado um torno modelo

BD-812 fabricado pela Bridgeport conforme mostra a Figura 1 foi feito os seguintes

passos: primeiramente ele iniciou desmontando o torno e removendo alguns

componentes originais como o fuso que comanda o carro principal e o trem de

engrenagens que seriam posteriormente substituídos por um fuso de esfera.

Figura 1- Torno BD-812 Bridgeport convertida em CNC

Fonte: Ginger (2010).

A substituição do trem de engrenagem foi feita substituindo-se o servo motor

de corrente continua por um servo motor de corrente alternada de 1/2 hp e utilizando-se

um variador de frequência para que se pudesse obter velocidades variáveis como ocorre

na transmissão com correia e polia, além disso foi utilizado um encoder para que se

monitorasse em tempo real a velocidade de rotação da arvore do torno. Essa substituição

é de especial importância para quem pretende abrir roscas utilizando o torno.

Page 17: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

6

A substituição do fuso foi feita para que se removessem as folgas que são

comuns em fusos de rosca trapezoidais e se alcançasse folga zero como ocorre em fusos

de esfera. Essa substituição foi feita removendo-se a castanha original do carro principal

e adaptando-se uma castanha própria para fusos de esfera, o eixo foi fixado usinando-se

a ponta e posicionando em mancais similares aos originais. O motor de passo foi

acoplado diretamente à ponta do fuso através de um acoplamento e um suporte simples

de sustentação do motor conforme apresentado na Figura 2.

Figura 2– Detalhe do acoplamento do fuso principal.

Fonte: GINGER (2010).

O fuso que controla o avanço do porta ferramentas foi mantido original devido

a falta de espaço para instalação da castanha utilizada em fusos de esfera. Para

movimentação desse fuso foi acoplado uma polia sincronizadora no fuso e utilizado um

motor de passo com correia para a movimentação, a correia sincronizadora foi utilizada

para que não houvesse escorregamento entre correia e polia. O motor de passo foi

fixado utilizando um suporte simples fabricado com chapa de alumínio. Essas

modificações no fuso de movimentação transversal são apresentadas na Figura 3.

Page 18: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

7

Figura 3- Detalhe do acoplamento do fuso de movimentação transversal

Fonte: GINGER (2010).

A empresa STIRLING STEELE comercializa projetos para automatização de

máquinas operatrizes, dentre os projetos disponibilizados pela empresa pode-se destacar

os projetos de conversão de mini tornos como o fabricado pela Cummins Machine

modelo 5278. Os projetos destacam-se por manter a função de operação manual das

maquinas além da adaptação de fusos de esfera para atingir altas precisões. Como a

empresa comercializa esses projetos os detalhes de projeto são restritos aos

compradores, a Figura 4 mostra um desenho de um torno adaptado pela STIRLING

STEELE.

Figura 4– Torno CNC adaptado.

Fonte: STIRLING STEELE

Page 19: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

8

3. Máquinas de Comando Numérico

3.1 Histórico

No contexto da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a demanda acelerada

por aviões, carros, tanques, navio e etc. gerou uma necessidade de evolução das técnicas

de produção com um papel que poderia ser decisivo. Com a perda da mão de obra

masculina que deixara os postos de trabalho para lutar, houve a necessidade de

substituição pela feminina o que implicava em treinamento e refletia diretamente na

produção. Criava-se então o cenário propício para o desenvolvimento de máquinas

automáticas de grande produtividade e que não dependessem da mão de obra utilizada

para obter precisão. A primeira investida nesse sentido ocorreu em 1949 no laboratório

de servomecanismo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, com a junção de

esforços entre a Força Aérea Norte Americana e a empresa Parson Corporation

CASSANIGA (2005).

Para esse experimento foi adotada uma fresadora de três eixos conforme

mostra a Figura 5, que teve seus comandos e controles tradicionais retirados e

substituídos pelo comando numérico, que na época utilizava leitora de fita de papel.

Atualmente com a evolução do computador pessoal o meio mais utilizado para a tomada

de dados em maquinas CNC´s é o computador.

Figura 5 - Primeira máquina CNC desenvolvida.

Page 20: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

9

Fonte: CASSANIGA

No inicio da década de 70, surgiram no Brasil as primeiras máquinas de

comando numérico computadorizado (CNC) conforme mostra Figura 6 importadas dos

Estados Unidos e as primeiras máquinas de comando numérico (CN) de produção

nacional. A partir desse período podemos observar uma constante evolução das CNC

juntamente com os computadores que à medida que foram se modernizando passaram a

ter mais confiabilidade.

Figura 6– Torno CNC moderno.

Fonte: Imagem adaptada da Internet.

Esquematicamente podemos dizer que a CNC opera com três passos básicos

bem definidos. No primeiro passo o computador lê o programa e transforma para o

código binário que é a linguagem da máquina. Em seguida, o operador da inicio ao ciclo

de trabalho, e o computador lê os códigos binários e o transforma em pulsos elétricos

que serão analisador pela unidade controladora da máquina e posteriormente enviada a

unidade alimentadora. Por fim, a unidade acionadora recebe esse pulso e o transforma

em movimento.

Page 21: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

10

3.2 Unidade de controle Numérico

Com o desenvolvimento dos microprocessadores e outros periféricos foi

inaugurada uma nova era para as máquinas CNC, pois diferente de suas ancestrais que

não possuíam capacidade de armazenamento de programas foi permitido ao comando

numérico computadorizado realizar operações de logica, aritméticas e de controle de

movimentação e em especial a de armazenar informações RUBIO (1992). Essa

capacidade de armazenamento de informações gerou uma economia de tempo quando

se produz peças de um mesmo lote uma vez que o programa não necessita de uma nova

leitura a cada peça produzida. A Figura 7 mostra uma unidade de controle numérico

moderna.

Figura 7– Unidade controle numérico moderna.

Fonte: Imagem adaptada da Internet

No código binário o impulso com tensão corresponde ao um e o impulso sem

tensão corresponde ao 0. Apesar do computador só reconhecer o código binário o

programador não precisa estar familiarizado com a linguagem binária para utilizar as

máquinas, ele pode fazer uso de uma lista de comandos determinados pelos fabricantes.

Para que haja uma padronização da linguagem utilizada existe uma norma fornecida

pela ISO (International Organization of Standardization), dentre as linguagens padrões

podemos citar o código G conforme Tabela 1.

Page 22: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

11

Tabela 1 - G-Code norma ISSO.

Fonte: Imagem adaptada da Internet

O sistema funciona da seguinte forma: o programador ao inserir o código no

computador da máquina utilizando o código específico gera um segundo código em

linguagem binária. Esse segundo código que foi gerado no computador da CNC vai

então enviar os sinais corretos para o acionamento dos movimentos.

Além da programação direta através do código G podemos citar também os

programas de CAD/CAM. Utilizando programas como o Cimatron e o TopSolid é

possível gerar diretamente a partir de modelagens em 3D códigos em linguagem G que

podem ser carregados diretamente no programa Mach3. A Figura 8 mostra um exemplo

do software Cimatron.

Figura 8 - Programa CAD/CAM Cimatron

Page 23: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

12

3.3 Dispositivos de acionamento

Para que o deslocamento ocorra entre a peça e a ferramenta existem diversos

tipos de dispositivos acionadores, dentre os mais relevantes para esse projeto podemos

citar os servo motores de corrente continua, os motores de passo e os motores de

corrente alternada.

Os motores de passo conforme mostra a Figura 9 são dispositivos

eletromecânicos de acionamento que através de pulsos elétricos promovem uma

movimentação angular, segundo DOMINGOS (2009) “o motor de passo se caracteriza

pela capacidade de gerar força e velocidade através de sinais elétricos adicionados a sua

bobina”.

Figura 9–Motor de Passo Nema 34.

Fonte: Imagem adaptada da Internet

Para fornecer uma conversão precisa de informações, o motor deve ter

características síncronas, isto é, cada impulso recebido deve ser convertido em um

movimento angular. Cada movimento angular recebe o nome de passo e a sucessão de

impulsos com uma determinada frequência permite impor uma velocidade angular que

pode ser considerada constante. Dada essa característica de movimento angular precisa

o motor de passo garante um controle de posição sem a introdução de erros e isso

Page 24: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

13

somado a simplicidade do controle faz com que os motores de passo sejam largamente

utilizados.

Um motor de passo padrão conforme mostrado na Figura 10 é composto de

imãs montados em volta de um estator central com um enrolamento. O funcionamento é

simples e ocorre quando o estator é energizado através de um pulso elétrico e o rotor

tende a alinhar magneticamente seus polos com o par de polos gerados pelo

enrolamento. Sua desvantagem é o baixo desempenho em altas velocidades.

Figura 10– Motor de Passo em vista explodida

Fonte: Imagem adaptada da Internet

Segundo BETIOL (1989): “dependendo das características construtivas os

motores de passo podem ser classificadas em três tipos: imã permanente, relutância

variável ou hibrido.”.

Os motores de passo de imã permanente mostrado na Figura 11 têm como

principal característica o fato do rotor ser feito de um material que é permanentemente

magnetizado. Os motores deste tipo possuem baixo custo, baixo torque e baixa

velocidade. Seu uso é mais comum em periféricos de informática e devido a suas

características construtivas o motor resulta em ângulos de passo relativamente grandes e

seu controle pode ser mais facilmente implementado.

Page 25: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

14

Figura 11– Motor de Passo de ima permanente

Fonte: Imagem adaptada da Internet

Os motores de passo de relutância variável conforme mostrado na Figura 12 ao

contrario dos motores de passo de imã permanente, não possuem o rotor e o estator

feitos de material permanentemente magnético, seus componentes são feitos de material

ferromagnético ranhurados. A precisão desse motor pode ser aumentada através do

aumento do número de ranhuras no seu eixo. Por não possuírem imãs permanentes seus

componentes podem girar livremente sem torque de retenção. Esse tipo de motor é

frequentemente utilizado em aplicações como mesas de micro posicionamento.

Figura 12– Motor de Passo de Relutância Variável.

Fonte: Imagem adaptada da Internet

Page 26: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

15

Os de passo híbridos conforme mostrado na Figura 13 possuem as

características combinados dos dois outros, eles possuem seus rotores feitos de imã

permanente e de relutância variável. São os motores de passo mais utilizados em

aplicações industriais pois misturam a mecânica mais sofisticada do motor de relutância

variável com a potência do ímã permanente no eixo, dando um torque maior com maior

precisão nos passos.

Figura 13– Motor de Passo de Hibrido.

Fonte: Imagem adaptada da Internet

Os motores de passo podem ser acionados de três formas: passo completo,

meio passo e micro passo que se caracterizam por serem frações do passo inteiro. Essas

três maneiras se diferenciam pela forma como a sequência de comandos é enviadas da

controladora para o motor.

Os servo motores de corrente continua conforme mostrado na Figura 14 são

controlados pela variação de tensão que lhes é aplicada. Fornecem alto torque e por isso

são muito usados para acionar mecanismos de movimentação de máquinas ferramentas.

Page 27: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

16

Figura 14– Servo Motor de corrente continua.

Fonte: Imagem adaptada da Internet

Os motores de corrente alternada conforme mostrado na Figura 15 tem sua

velocidade controlada pela frequência da rede elétrica que os alimenta e por essa

versatilidade são bastante utilizados em projetos de conversão.

Figura 15– Motor de Corrente alternada.

Fonte: Imagem adaptada da Internet

Page 28: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

17

A Tabela 2 mostra um comparativo entre os tipos de acionadores.

Tabela 2 - comparativa entre os tipos de acionadores.

Fonte: FERRARI (2001)

Característica Servo motor de

corrente contínua

Motor de passo motor de corrente

alternada

Velocidade Alta Baixa Média

Torque Zero/alto Alto/média Baixa/alta

Facilidade de

controle

Fácil Média Complexo

Precisão Nenhuma Alta Muito alta

Durabilidade Média Ótima Média

Manutenção Sim Não Sim

3.4 Sistemas de controle

Podemos separar as máquinas de comando numérico em dois grupos no que diz

respeito ao sistema de controle utilizado. Os controles adotados podem ser de malha

aberta ou fechada. A precisão da máquina é definida pelo tipo de malha utilizada

RUBIO (1999).

No sistema de malha aberta conforme mostra a Figura 16, a unidade

controladora não monitora em tempo real a posição da ferramenta. Como não há

realimentação não é possível detectar se existe um desvio de posição portanto a

máquina não reconhece o posicionamento da ferramenta em função do seu ponto de

origem. A posição dependera exclusivamente dos pulsos enviados aos motores de passo.

Como não há utilização de transdutores para fazer a medição da posição, o controle por

malha aberta torna-se mais barato tendo somente como desvantagem a dificuldade em

se detectar erros de posição.

Figura 16 – Sistema de controle de malha aberta.

Fonte: figura SILVEIRA

Page 29: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

18

No sistema de malha fechada conforme mostra a Figura 17, o movimento da

ferramenta é monitorado e essa informação é realimentada para o sistema permitindo

que correções sejam feitas caso necessário. O movimento é detectado por meio de

transdutores e encoders que são dispositivos utilizados para se obter uma leitura da

velocidade de rotação que enviam sinais pra central. O sistema de malha fechada

permite uma maior precisão no posicionamento da ferramenta mas isso tudo tem a

desvantagem de ter um custo de aquisição maior que o sistema de malha aberta. Esse

tipo de sistema é muito usado em servo motores que não possuem uma movimentação

tão precisa quanto os motores de passo.

Figura 17 – Sistema de controle de malha fechada

Fonte: Figura SILVEIRA

3.5 Polias Sincronizadoras e Correias

As polias são elementos mecânicos circulares utilizados para transmitir forças e

movimento, podem ser lisas ou ter ranhuras periféricas. Quando tiverem ranhuras

periféricas são chamadas de polias sincronizadoras conforme mostra a Figura 18 e são

muito utilizadas quando se quer transmitir forças sem que haja escorregamento.

As correias são elementos flexíveis normalmente feitos com uma trama

metálica envolta por camadas de lona ou borracha vulcanizada utilizados para

transmissão entre duas arvores, são mais simples e econômicas de serem instaladas do

que outras formas de transmissão como engrenagens e correntes. Quando projetadas de

forma correta garantem uma transmissão de torque silencioso e não transmitem

vibrações. Com exceção das correias sincronizadoras que possuem dentes pode existir

um movimento relativo de escorregamento entre a correia e a polia.

Page 30: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

19

Figura 18 – Polia sincronizadora e correia

Fonte: http://www.gatesbrasil.com.br/

A empresa GATES comercializa correias e polias para máquinas, em sua

pagina é possível encontrar vasto material sobre seleção incluindo um programa que

auxilia no calculo da seleção. As seleções de correias e polias podem ser feitas de forma

rápida com o auxilio do programa fornecido pela GATES conforme mostra a Figura 19

inserindo-se algumas informações como relação de transmissão, fator de trabalho e

potência do motor e tendo como retorno dados interessantes ao projeto como

comparativo de ruído e economia de energia entre diferentes modelos de polia e correia,

velocidades e tensões.

Figura 19– Programa design flex de seleção de polias e correias.

Fonte: http://www.gatesbrasil.com.br/

Page 31: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

20

3.6 Acoplamento

A necessidade de transmitir de forma precisa o movimento feito pelos motores

de passo cria a necessidade de utilizar acoplamentos que repitam tal precisão, segundo

SANTOS (2001): “seria ineficaz considerarmos em um projeto um motor de passo ou

um servo motor de alta precisão, se os componentes ligados a eles como: acoplamentos,

redutores, posicionadores, fusos de esferas, guias lineares e etc, não conseguissem

manter no sistema o nível de precisão e repetitividade desejados.”.

Existem varias modelos comerciais de acoplamentos, cada um apresentando

suas vantagens e desvantagens. Dentre os principais modelos de acoplamentos podemos

citar os acoplamentos fixos, os móveis e os elásticos. O modelo elástico conforme

mostra a Figura 20 é o tipo mais utilizado em mesas de posicionamento. Ele é composto

de 3 partes, sendo um núcleo confeccionado em acetal e as partes externas de material

metálico. Os cubos internos tem canais defasados em 90 graus onde a parte do núcleo se

acomoda e desliza para absorver pequenos desalinhamentos.

Figura 20 – acoplamento elástico.

Fonte: http://www.ktr.com/br.

3.7 Usinagem

Este tópico em especial tem por objetivo introduzir os conceitos de básicos de

usinagem ao leitor. Antes de projetar uma máquina ferramenta é indispensável que o

leitor conheça e compreenda os conceitos de usinagem e as grandezas físicas

Page 32: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

21

envolvidas. Neste trabalho daremos ênfase ao processo de torneamento, visto que o

objetivo do projeto é desenvolver um torno CNC.

O torneamento é um processo que permite usinar peças de formato geométrico

de revolução. O torno permite a usinagem de uma peça desde o estado bruto até um

formato de revolução ou uma combinação deles.

Dentre as grandezas físicas envolvidas no processo de torneamento podemos

citar como as mais relevantes o movimento de corte, movimento de avanço e

movimento efetivo. A Figura 21 mostra em detalhe os movimentos.

Figura 21 – Movimentos.

Fonte: FERRARESI

Por ser uma máquina muito versátil o torno é capaz de usinar peças de diversos

formatos e maneiras. A Figura 22 lista as principais operações realizadas no torno.

Page 33: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

22

Figura 22 – Principais operações de torneamento.

Fonte: FERRARESI

O torno possui um porta ferramentas que fica sobre o carro transversal onde é

possível prender diversos tipos de ferramentas. A Figura 23 mostra algumas dessas

ferramentas utilizadas em diferentes processos de torneamento.

Figura 23 – Ferramentas de torneamento

Fonte: FERRARESI

Page 34: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

23

Para a fabricação de microssistemas é necessária a utilização de ferramentas

especificas. Por se tratar de micro usinagem onde na maioria das vezes as ferramentas

tradicionais superam por si só as dimensões físicas a serem usinadas na micro escala, a

aquisição de ferramentas com escala reduzida se torna obrigatória. Para a usinagem em

micro escala é recomendado a utilização de ferramentas de metal duro ou aço rápido. A

figura 24 e 25 mostram exemplos de micro usinagem realizada em um torno.

Figura 24- Furação em micro usinagem.

Fonte: http://www.mini-lathe.com/Mini_lathe/Capabilities/Capabilities.htm

Figura 25-Torneamento longitudinal em micro escala.

Fonte: http://www.mini-lathe.com/Mini_lathe/Capabilities/Capabilities.htm

Page 35: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

24

4. Torno de bancada modelo MR-330

A máquina utilizada no contexto do presente estudo de conversão de uma máquina

manual para comando numérico, foi um torno mecânico modelo MR-330 fabricado na

China e comercializado no Brasil pela Manrod adquirido pelo LabMEMS - Laboratório

de Nano e Microfluidica e Microssistemas da COPPE/UFRJ e apresentado na Figura 26.

O torno mecânico modelo MR-330, é um torno de pequeno porte, fabricado em

ferro fundido o que confere mais robustez a construção. Como a maioria dos tornos

possui dois graus de liberdade: a movimentação longitudinal do carro principal sobre o

barramento; e a movimentação do carro transversal.

Figura 26 – Torno MR-330.

Fonte: www.manrod.com.br

Todos os carros movimentam-se sobre guias ao longo do barramento. Na versão que

vem de fabrica, o carro principal pode ser movimentado manualmente através de uma

manivela sobre uma cremalheira. Há também a possibilidade de se acionar o carro

através do fuso que tem sua velocidade regulada por engrenagens conectadas a árvore

principal. O carro transversal apresentado na Figura 27 só é movimentado quando

acionado por um fuso manualmente.

Page 36: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

25

Figura 27 – Detalhe do Carro Principal e do Transversal.

Fonte: www.manrod.com.br

Na versão que vem de fabrica, o torno é equipado com um motor de ¾ hp

monofásico que transmite torque ao eixo árvore através de correia e polia. Através de

um conjunto de polias e engrenagens escalonadas é possível mudar a relação de

transmissão, disponibilizando seis velocidades no eixo da árvore, 125, 210, 420, 620,

1000 e 2000 rpm, sendo essas as velocidades padrão do torno Manrod MR-330.

Através de um trem de engrenagens a árvore principal aciona um fuso que

movimenta o avanço automático do carro principal, tornando possível operações de

rosqueamento de roscas métricas com passo variando de 0,4 a 3,0 milímetros. A figura

28 apresenta um trem de engrenagens com funcionamento similar ao do torno Manrod

MR-330.

Page 37: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

26

Figura 28 - Detalhe das engrenagens de transmissão.

Fonte:Imagem adaptada da Internet.

O torno vem equipado com uma placa universal de três castanhas acionadas

simultaneamente com 120 mm de diâmetro conforme pode ser visto na figura 29.

Figura 29 – Placa Universal de 3 castanhas

Fonte: Imagem adaptada da Internet

.

O cabeçote móvel apresentado na figura 30 serve para fixação de acessórios como o

mandril, contra ponta fixa e a contra ponta rotativa.

O barramento também apresentado mostra a figura 27 que forma o corpo do torno e

por onde o carro principal desliza tem curso de 500mm (quinhentos milímetros), a parte

superior do barramento tem formato trapezoidal que tem as vantagens de resistir melhor

a pressão trabalho, compensar o desgaste das partes em atrito e de possuir grande

precisão.

Page 38: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

27

Figura 30 – Detalhe do Barramento do torno MR-330.

Fonte: Manrod.

O porta ferramentas tem formato quadrado onde é possível fixar uma

ferramenta diferente em cada face, através de uma alavanca é possível girar o porta

ferramentas aumentando ainda mais a versatilidade da máquina. A figura 31 apresenta o

porta ferramentas.

Figura 31 – Detalhe das engrenagens de transmissão.

Fonte: Imagem adaptada da Internet.

Com a configuração original de fábrica a capacidade de fabricação de

microssistemas seria bastante subjetiva, pois estaria diretamente ligada a habilidade do

operador da máquina. A conversão do torno original para o comando numérico elimina

a necessidade de um operador com vasta experiência em fabricação e permite que um

Page 39: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

28

aluno com conhecimentos em comando numérico fabrique seus componentes com uma

regularidade e precisão que dificilmente seriam alcançadas com a operação manual da

máquina.

Page 40: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

29

5. Projeto de Conversão

5.1 Descrições Gerais

O presente projeto de fim de curso visa converter um torno de bancada manual,

como o apresentado no capitulo anterior, em um torno de comando numérico

computadorizado. O torno passara a ser controlado por um computador industrial, mas

também manterá suas características originais de operação manual, essa máquina ficara

disponível a todos os alunos do LabMEMS para auxilia-los na fabricação de

componentes para suas pesquisas.

Optou-se por fazer a movimentação dos carros através de motores de passo e

que esses motores seriam acoplados diretamente nos fusos. A velocidade de rotação do

eixo arvore será provida por um motor trifásico com a velocidade controlada por um

inversor de frequência, e o torque será transmitido através polias e correia dentada para

manter o sincronismo.

Optou-se por um sistema de referência onde o movimento longitudinal do carro

ocorrerá no eixo Y e que o movimento transversal ocorrerá no eixo X conforme figura

32. Como neste tipo de torno não possui movimento vertical o eixo Z ficara definido

apenas para compor o sistema de referencia. Estas definições são necessárias para que o

sistema de coordenadas adotado pelo programa de controle dos movimentos esteja

compatível com o sistema de coordenadas adotado no projeto.

Figura 32 - Sistema de coordenada cartesiano adotado.

Page 41: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

30

Fonte: Imagem adaptadas

5.2 Especificações de Projeto

A automação do torno será feita apenas nas direções X e Y de modo que os

seus principais movimentos sejam controlados e monitorados por um computador

industrial de baixo custo.

5.2.1 Árvore Principal

Optou-se pela substituição do motor original por um motor de maior potência

para dar mais torque à máquina em baixas rotações e que a velocidade do motor seria

controlada por um variador de frequência.

Para que isso fosse feito houve a necessidade de acoplar um contador de giros

ou em inglês encoder ao conjunto. Esse contador de giros foi necessário porque ele

retroalimenta o software de controle com a velocidade do motor e permite que o

software defina o momento correto de mover a ferramenta.

A utilização do novo motor de corrente alternada trifásico controlado pelo

variador de frequência permitiu variar a velocidade gerou a necessidade de substituir as

polias e correias originais por um conjunto de polias e correia dentadas.

5.2.2 Movimentação do Carro Longitudinal

Optou-se por realizar a movimentação do carro longitudinal utilizando um

motor de passo que seria controlado pelo comando numérico e que esse motor seria

acoplado ao eixo, mantendo assim a operação manual.

Com esta decisão foi mantida a manivela de controle manual como também

não foi considerada a substituição do fuso original por um de esfera recirculante que

emprestaria mais precisão e leveza no acionamento. A substituição do fuso por um fuso

de esfera recirculante impossibilitaria a operação manual da máquina, pois não seria

Page 42: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

31

possível utilizar uma porca bipartida para desacoplar o fuso do carro durante a operação

manual.

Assim o acionamento manual continua sendo através de uma engrenagem

sobre uma cremalheira e o acionamento automático através de motor de passo com

comando numérico que ao acionar a alavanca fecha-se a porca sobre o fuso convertendo

o movimento angular do motor de passo em avanço linear no carro. Para a

movimentação manual a porca bipartida fica aberta o movimento do carro é possível

através de uma manivela conforme mostra a figura 33.

Figura 33 – Alavanca de acionamento porca Bipartida

Fonte: www.manrod.com.br

5.2.3 Movimentação do Carro Transversal

Optou-se por automatizar a movimentação do carro transversal que antes só era

controlado manualmente.

O carro transversal conforme mostra a figura 34, desliza sobre guias rabo de

andorinha impulsionado por um fuso sobre o carro principal, para implementar o

controle numérico um motor de passo foi acoplado ao fuso. A escolha do motor de

passo foi devido a sua precisão que descarta a necessidade de utilizar-se controle de

malha fechada simplificando e barateando a instalação.

Page 43: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

32

Figura 34 – Carro Transversal

Fonte: www.manrod.com.br

5.3 Seleção dos Principais Componentes

5.3.1 Motor de Corrente Alternada

O motor de corrente alternada deve atender as necessidades de torque e

potência requeridas nas condições de usinagem mais severas. Através do manual

fornecido pelo fabricante é possível encontrar os limites operacionais da máquina.

A força de corte foi calculada pela equação [1]:

[N] [1]

Onde:

Ks1- Pressão especifica de corte (tabela Kienzle- Fonte: Diniz 2010) [N/mm2];

(1-z)- valor experimental (tabela de Kienzle- Fonte: Diniz 2010);

b- comprimento de corte [mm];

h-largura de corte [mm];

As tabelas 3 e 4 apresentam os valores obtidos por Kienzle de Ks1 e (1-z).

Page 44: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

33

Tabela 3 – Geometria da Ferramenta;

Fonte: Diniz 2010

α= ângulo de folga da ferramenta

χ= ângulo de posição da ferramenta

γ= ângulo de saída da ferramenta

λ= ângulo de inclinação

ε= ângulo de ponta da ferramenta

a= raio de ponta

Tabela 4- Tabela de Kienzle;

Fonte: Diniz 2010

= tensão de ruptura do material (N/mm²)

A potência de corte requerida pela máquina é dada pela equação [2]:

Page 45: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

34

[KW] [2]

onde:

Fc- Força de Corte [N];

Vc- velocidade de corte [m/min];

A potência requerida pelo motor é dada por:

[Kw] [3]

Onde:

Pm- Potência do motor

Pc- Potência de corte

η – Eficiência do motor elétrico

Para os limites de usinagem recomendados pela Manrod usinando aço temos

que a potência requerida pelo motor elétrico é:

[Kw]

Portanto para a nossa máquina foi selecionado um motor trifásico de corrente

alternada de 0,73 kW (1 Cv).

Page 46: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

35

5.3.2 Motores de Passo

Os motores de passo devem ser capazes de atender as necessidades de torque e

potência requeridas nas condições de usinagem mais severas. Através do manual

fornecido pelo fabricante do torno é possível encontrar os limites operacionais da

máquina.

A força de corte no avanço longitudinal foi calculada pela equação [1]:

O torque requerido pelos motores de passo é obtido pela equação [4]:

[4]

Onde:

τ - torque

Fc- força de corte

d- diâmetro externo da peça usinada

Para os limites de usinagem recomendados pela Manrod temos que o torque

necessário será de:

4,4 [N/m]

Para um motor com eficiência fornecido pelo fabricante de η=0,75 teremos:

5,9 [N/m]

Page 47: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

36

Analisando o catálogo dos fabricantes de motores de passo contido no apêndice

dois deste trabalho selecionamos para o carro longitudinal um motor de passo

padronizado pela associação internacional de fabricantes de equipamentos elétricos da

sigla em Inglês Nema 34 de 8,8N/m.

A força de avanço do carro transversal pode ser obtida pela equação [5]:

[5]

=2,36[N/m]

Para o carro transversal foi selecionado um motor de 4,9[N/m], essa folga foi

adotada para que o motor tivesse mais estabilidade em baixas rotações e permitisse uma

movimentação mais precisa do carro transversal.

5.3.3 Polia Sincronizadora e Correia dentada

Tendo selecionado o motor de corrente alternada foi possível selecionar as

polias e a correia a serem utilizadas.

No site da empresa Gates que fabrica correias e polias é possível encontrar um

software que auxilia na seleção conforme foi apresentado na figura 14 na seção 2.5

deste trabalho.

A seleção foi feita baseado na potência do motor de 1Cv, no fator de trabalho

de máquinas operatrizes acrescido de um fator de segurança. Devido ao ambiente onde

as correias serão utilizadas é necessário adotar um fator de trabalho e um fator de

segurança para garantir o funcionamento sem falhas da correia.

Utilizando o software definimos as polias sincronizadoras com 107 mm de

diâmetro e passo 8M. O passo é definido de acordo com a potência e a utilização das

polias, para máquinas ferramenta utiliza-se passo 8M por ser mais resistente. A correia

selecionada tem 840 mm de comprimento com passo 8M.

Page 48: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

37

5.3.4 Seleção do Painel de comando

Para esse projeto foi adquirido uma solução pronta fornecida pelo representante

dos componentes necessários para a montagem do painel de comando. Para isso foram

selecionadas placas controladoras (drivers) modelo DSMU 080 conforme mostra a

figura 35 compatíveis com o torque dos motores de passo, pois são capazes de fornecer

a intensidade corrente necessária para o funcionamento correto dos motores. As placas

escolhidos são de fabricação nacional, fabricadas pela CNC MASTER e podem ser

configuradas para trabalhar com o software Mach 3 utilizado no projeto.

Figura 35 – Placas controladoras dos motores de passo.

Fonte: Hsk Store

Para que o computador industrial próprio para trabalhar em ambientes com

vibração pudesse ser ligado no painel de comando sem risco de sobrecarga através da

porta serial foi necessário selecionar uma placa opto isoladora modelo LPTOP-05

conforme mostra a figura 36. A placa opto isoladora é necessário porque os motores de

passo trabalham com tensões mais altas que o computador dessa forma há risco de

sobrecarregar o hardware do computador.

Page 49: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

38

Figura 36– Placa Opto Isoladora LPTOP-05.

Fonte: Hsk Store

Para alimentar os motores de passo foi necessário selecionar uma fonte capaz

de fornecer a corrente e a tensão necessária. Cada motor de passo necessita de 6A, para

garantir que não haja sobrecarga na partida dos motores foi selecionada uma fonte

fabricada pela CNC MASTER capaz de fornecer 20A. A figura 37 mostra a fonte

utilizada na montagem.

Figura 37– Fonte 20A.

Fonte: Hsk Store

Para a alimentação e controle do motor de corrente alternada trifásico foi

necessário selecionar um variador de frequência capaz de fornecer a potência necessária

para o motor de 1 Cv. Para isso foi selecionado uma inversora da empresa DELTA de

0,75 kW conforme pode ser visto na figura 38.

Page 50: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

39

Figura 38– Inversora Delta de 0,75kW.

Fonte: Delta

O computador utilizado para controlar o sistema utiliza um Hd do tipo SSD

que confere mais velocidade de processamento além de ser mais apropriado por ser

mais resistente a vibrações. O computador utiliza um processador Dual Core e 4Gb de

memória RAM. O software Mach3 foi adquirido e instalado no computador industrial.

Para facilitar a iteração entre o operador e o sistema e em face do ambiente

inóspito que a máquina é utilizada foi selecionado um monitor touch screen que facilita

a operação do software e elimina a necessidade de mouse e teclado que são sensíveis a

entrada de corpos estranhos como cavacos e limalhas.

O sistema de controle foi adquirido pelo LabMEMS, montado em um painel

metálico de 600 milímetros de altura, por 500 milímetros de largura, por 25 milímetros

de profundida próprio para instalações desse gênero.

Componentes do painel:

Dois drivers controladores Cnc Master modelo DSMU 080, com

alimentação de 40Vcc à 80Vcc.

Placa Opto controladora Cnc Master modelo LPTO com cinco entradas e

Doze saídas, com alimentação de 5vcc.

Inversora de Frequência Delta de 0,75KW.

Page 51: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

40

Fonte linear com tensão de entrada de 220v e tensão de saída de 67Vcc e

corrente de 20A.

Cpu industrial composta por uma placa mãe modelo GA-C847N-S2, com

processador Celeron Dual Core, mémoria Ram de 4GB e dispositivo de armazenamento

SSD 60GB.

Licença do software Mach 3.

A Figura 39 apresenta o painel de comando montado:

Figura 39 - Painel de controle.

Page 52: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

41

6. Execução das Adaptações

6.1 Adaptações no motor da Árvore principal

Na montagem do motor não foi necessário nenhuma adaptação uma vez que o

motor adquirido em substituição tem a mesma furação do motor original bastando,

portanto a simples substituição do mesmo. O motor original não permitia a utilização de

uma inversora de frequência para o controle da velocidade, com a utilização do motor

trifásico a inversora pode ser utilizada. A Figura 40 mostra o novo motor montado no

barramento.

Figura 40 – Motor Trifásico de 1Cv.

A transmissão do movimento para a árvore do torno foi modificada com a

retirada do conjunto de polias e a sua substituição por duas polias sincronizadoras de

mesmo diâmetro que transmite o torque do motor a árvore do torno. Na Figura 41 é

vista a montagem das polias.

Page 53: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

42

Figura 41- Polias sincronizadoras.

Observou-se a necessidade de um mecanismo para esticar a correia de forma a

mantê-la na tensão ideal aumentando assim a sua vida útil. Na Figura 42 pode ser visto

o mecanismo de tensionamento da correia. O tensionador utilizado tem 50mm de

diâmetro, 25mm de largura e possui fixação excêntrica para permitir o tensionamento da

correia.

Figura 42-Tensionador da Correia

Page 54: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

43

Na tabela 5 encontram-se os comprimentos de correia padronizados inclusive o

modelo utilizado nesse projeto.

Tabela 05 – Tabela de Medidas Padronizadas de correias

Fonte: catálogo de correias Gates

Como foi utilizado um motor de corrente alternada trifásico, ou seja, um

circuito de malha aberta houve a necessidade de utilizar um encoder para informar o

software de controle a velocidade do motor.

Para que o encoder fosse acoplado o eixo do motor foi prolongado na parte

traseira, permitindo o acoplamento do encoder e preservando o sistema de arrefecimento

do motor. Na Figura 43 pode ser visto o encoder acoplado. No apêndice um deste

trabalho podem ser vistos os desenhos detalhados do acoplamento e do suporte

utilizados nessa montagem.

Figura 43–Encoder instalado no barramento.

Page 55: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

44

Na figura 44 vemos o desenho da montagem de todo o conjunto e na figura 45

apresentamos a foto da máquina convertida nesse projeto com a indicação dos principais

componentes utilizados na conversão.

Figura 44 – Conjunto Montado.

Figura 45- Conjunto Montado no torno Manrod MR-330

Page 56: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

45

6.2 Adaptações no Fuso de movimentação do Carro Longitudinal

No carro longitudinal foi definido que o motor de passo seria instalado na

lateral esquerda da máquina, para que isso fosse feito houve a necessidade de remover

as engrenagens que conectavam o fuso à árvore conforme pode ser visto na figura 46.

Figura 46 - Fuso de movimentação do carro longitudinal.

Após a posição do motor de passo ter sido definida foi necessário fabricar um

suporte para posiciona-lo conforme mostra a figura 47. O suporte foi fabricado com

uma furação que permitisse que o motor ficasse alinhado e a furação seguisse o padrão

dos motores Nema 34 apresentados na figura 4. O catálogo dos motores padrão Nema

34 pode ser encontrado no apêndice dois desse trabalho. O desenho detalhado do

suporte pode ser encontrado no apêndice um deste trabalho.

Figura 47 - Suporte do motor de passo do carro longitudinal

Page 57: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

46

Para acoplar o motor de passo ao fuso foi projetado um acoplamento que

transmitisse o movimento do eixo do motor ao fuso. A figura 48 mostra o acoplamento

junto com o motor montado no suporte fixado ao torno. O desenho detalhado do suporte

pode ser encontrado no apêndice um deste trabalho.

Figura 48 – suporte motor de passo montado no carro principal

No desenvolvimento e montagem das peças procurou-se utilizar a furação já

existente no barramento do torno, embora tenha sido necessário executar alguns furos.

A figura 49 mostra o motor de passo, o acoplamento e o fuso montados.

Figura 49 - Motor de passo montado no fuso de movimentação do carro

longitudinal.

Page 58: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

47

6.3 . Adaptações no carro transversal

Para acionamento automático do carro transversal o motor de passo foi

instalado na parte posterior do carro para manter a manivela de acionamento manual.

Para montagem do motor foi necessário desenvolver e fabricar um suporte que

permitisse o acoplamento do eixo do motor a ponta do fuso. A figura 50 mostra a peça

em questão. O desenho detalhado do suporte pode ser encontrado no apêndice um deste

trabalho.

Figura 50 - Suporte do motor de movimentação do carro transversal.

O suporte adaptador foi montado na parte posterior da mesa o que permitiu a

montagem do motor de forma que fosse possível manter o curso original da mesa. A

figura 51 mostra uma foto do conjunto antes da modificação e a figura 52 mostra uma

representação do conjunto após a modificação.

Figura 51- Carro transversal antes da modificação

Page 59: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

48

Figura 52 - Motor de passo montado no fuso de movimentação do carro

transversal.

Para que fosse possível o acoplamento do eixo do motor com o fuso foi

necessário alongar a ponta do fuso soldando um prolongamento na extremidade e

fabricar um acoplamento que propicia a ligação. A figura 53 mostra o fuso alongado

com o acoplamento. O desenho detalhado do acoplamento pode ser encontrado no

apêndice um deste trabalho.

.

Figura 53 - Carro transversal.

As figuras 54, 55, 56, 57 e 58 mostram respectivamente o motor de passo

montado no fuso de movimentação do carro transversal, uma representação do conjunto

montado em vista frontal e em vista lateral.

Page 60: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

49

Figura 54 - Motor de passo montado no fuso de movimentação do carro

transversal.

Figura 55- Desenho do Torno Convertido Vista Frontal

Page 61: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

50

Figura 56- Desenho do Torno Convertido Vista Lateral

Figura 57- Vista Frontal do Torno Convertido

Page 62: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

51

Figura 58-Vista Lateral do Torno Convertido

Page 63: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

52

7. Utilização da máquina convertida

Após a conversão o torno CNC poderá ser utilizado pelos alunos do LabMEMS

para fabricação de componentes que serão utilizados em suas experiências.

O aluno poderá inserir o desenho da peça feito em um programa CAD a ser

fabricada no torno utilizando o programa Mach3 que converte automaticamente o

desenho para linguagem binária que é entendida pela máquina e então se dá inicio a

fabricação.

O programa Mach3 determina automaticamente os parâmetros das operações

como número de passes, velocidade de aproximação e rotação da árvore do torno o que

na prática facilita a utilização da máquina pelos alunos, pois descarta a necessidade de

conhecimentos específicos de usinagem. O programa também fornece a opção de

customizar os parâmetros de usinagem citados anteriormente e deixa a decisão de quais

parâmetros adotar com o usuário.

Um exemplo de um componente que pode ser fabricado no torno são os

conectores de entrada e saída dos micro trocadores de calor das células fotovoltaicas

com alta concentração (HCPV).

Devido ao seu tamanho reduzido esses conectores não são encontrados no

mercado, portanto sua fabricação é necessária. Para refrigeração do painel ao todo serão

utilizados 300 micro trocadores e com isso será necessário fabricar 600 conectores para

o sistema.

Os conectores podem ser fabricados a partir de uma barra cilíndrica de 1/8 de

polegada (3,17mm) e 20mm de comprimento. O planejamento do processo de usinagem

pode ser feito seguindo-se uma sequência de etapas lógicas conforme será demostrado a

seguir:

• Primeira etapa: nesta etapa as dimensões da peça devem ser acertadas. Um

faceamento da extremidade direita deve ser feito seguido de um torneamento

longitudinal. Essas etapas são necessárias para garantir a cilindricidade da peça o que

garante que ao fixar na castanha seja possível centralizar a peça corretamente.

Page 64: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

53

O faceamento deve ser feito utilizando uma ferramenta de pastilha de metal

duro para garantir que as rebarbas da operação de furação sejam totalmente removidas e

que a superfície fique totalmente plana.

O torneamento longitudinal deve ser feito utilizando uma ferramenta de

pastilha de metal duro para corrigir o diâmetro máximo da peça e para garantir que as

superfícies fiquem totalmente lisas. A barra cilíndrica original vem de fabrica com

3,17mm de diâmetro, portanto um passe longitudinal de 0,17mm de profundidade deve

ser feito por uma extensão de 10mm da peça. A Figura 59 mostra um desenho

representativo das operações realizadas nesse etapa.

Figura 59- Faceamento e Torneamento Longitudinal

• Segunda etapa: a segunda operação a ser realizada no torno é a furação.

Utilizando uma broca de um mm de diâmetro que é fixada no mandril do carro

móvel conforme mostrado na figura 27 podemos aproximar a broca da peça que é

fixado na placa do torno movimentando o mandril manualmente através de uma

alavanca e assim realizar a primeira operação de furação com 10mm de profundidade. A

figura 60 mostra um desenho representativo da operação de furação.

Page 65: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

54

Figura 60- Furação

•Terceira Etapa: nessa etapa a peça usinada advinda da segunda etapa já com a

dimensão máxima ajustada deve passar por uma operação de perfilamento para que os

sucos e os rebaixos possam ser feitos.

A extremidade direita deve ser usinada utilizando uma ferramenta de pastilha

de metal de duro, nessa extremidade serão feitas três ranhuras de 45 graus e 1 mm de

comprimento que mais tarde servirão para ajudar a fixar os tubos de conexão dos micro

trocadores.

A extremidade esquerda deve ser rebaixada em 1 mm para ser acoplada ao

micro trocador, para essa operação serão necessários 2 passes de 0,5mm de

profundidade ao longo de um comprimento longitudinal de 2 mm.

A figura 61 mostra um esboço da peça finalizada e um desenho mais detalhado

com todas as medidas pode ser encontrado no apêndice um deste trabalho.

Page 66: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

55

Figura 61- Conector

Page 67: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

56

8. Análise de Custo

Para que a conversão do torno mecânico modelo MR-330, fabricado pela

Manrod, objeto deste estudo se justifique, foi necessário manter os custos de aquisição

assim como o da fabricação dos componentes utilizados para a conversão abaixo do

custo de aquisição de uma máquina de comando numérico com características similares

encontrada no mercado, ou seja, custos de fabricação abaixo do valor de uma máquina

nova.

Para execução deste projeto de conversão foram adquiridos os seguintes

componentes:

1 motor de corrente alternada tifásico;

1 CPU industrial;

1 placa opto isoladora;

1 motor de passo de 90 Kgf;

1 motor de passo de 50 Kgf;

1 fonte de 20 A;

2 drivers de comando;

1 monitor touch screem de 19”;

1 caixa metálica para painel de controle de 500 x 600 mm;

1 par de polias sincronizadoras e uma correia dentada de 840 mm.

O custo total de aquisição dos componentes e a montagem do painel, que foi

executado pela empresa HSK Store, totalizaram R$ 7.941,00 (Sete mil novecentos e

quarenta e um Reais).

Para a adaptação dos componentes adquiridos, foram projetadas e fabricadas as

seguintes peças:

1 suporte para fixação do encoder;

Page 68: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

57

1 suporte para fixação do motor de passo no eixo do carro longitudinal;

1 suporte para fixação do motor de passo no eixo do carro transversal;

3 acoplamentos;

O custo de fabricação dessas peças totalizou R$1.260,00 (Um mil duzentos e

sessenta Reais).

O somatório dos custos de aquisição e fabricação totalizou R$ 9.201,00 (Nove

mil duzentos e um Reais), deve ser somado a este valor o custo de aquisição do torno,

que foi de R$ 5.400,00 (Cinco mil e quatrocentos Reais).

Assim, chegamos ao total do projeto com custo de R$ 14.601,00 (Quatorze mil

seiscentos e um Reais).

Um torno com características similares às deste projeto, com barramento de

450 mm, fabricado no Brasil pela INNOV, tem custo estimado em aproximadamente R$

29.990,00 (Vinte e nove mil novecentos e noventa Reais). A figura 62 apresenta um

modelo comercial com características similares a máquina convertida neste projeto.

Figura 62- Torno CNC INNOV

Fonte: http://innovcnc.mercadoshops.com.br/

Tendo em vista os dados acima mencionados, pode-se afirmar que este projeto

é viável, pois, além do ganho com a redução dos custos de produção, que engloba a

Page 69: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

58

redução da perda de matéria prima e economia de energia, estima-se que do ponto de

vista de produtividade há ganhos de até 40% na produção.

Page 70: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

59

9. Conclusão e Propostas de Aprimoramento

O objetivo principal deste projeto é a conversão de um torno mecânico manual,

modelo MR-330 comercializado no Brasil pela Manrod, em um torno de comando

numérico e assim emprega-lo na fabricação de microssistemas e dispositivos

microfluidicos a serem utilizados em pesquisas e protótipos no LAbMEMS-

Laboratório de Nano e Microfluidica e Microssistemas COPPE/UFRJ.

Através do presente estudo constatou-se ser possível a proposta inicial de se

converter uma máquina manual em uma de comando numérico computacional com um

custo inferior ao da aquisição de uma nova no mercado, sendo possível agora utilizar

uma nova ferramenta para fabricação de peças e projetos dos alunos com muito mais

rapidez e precisão.

O custo para aquisição de peças e fabricação de outras, sem ser somada a isto a

compra da máquina, totalizou R$ 9.201,00 (Nove mil duzentos e um Reais). Este valor

equivale a menos de 30% do valor total para aquisição de um torno de comando

numérico. Foi gasto R$ 5.400,00 (Cinco mil e quatrocentos Reais) para aquisição do

torno, que representa menos de 20% do valor total do custo de um torno de comando

numérico novo. Ao final, chegamos a um montante total de R$ 14.201,00 (Quatorze mil

duzentos e um Reais), que corresponde a menos de 50% do valor de mercado de um

torno de comando numérico. Portanto, a conversão da máquina mostra-se viável em

termos operacionais e de custos.

O cálculo da mão de obra não foi contabilizado nos custos, pois, não

englobaria apenas as horas trabalhadas durante a execução do projeto e sim o

aprendizado prévio para o mesmo. Para a execução deste projeto, fez-se necessário o

estudo dos trabalhos já existentes, pois, apenas dessa forma foi possível elaborar o

projeto final.

No que se refere a precisão, podemos constatar que a opção pela manutenção

da possibilidade de operação manual e o acréscimo do comando numérico não implica

em ganho direto de precisão, nem tão pouco em perda durante a movimentação manual,

uma vez que para manutenção desta operação foi necessário manter o fuso original com

a porca bipartida. A precisão de movimentação do carro longitudinal na movimentação

Page 71: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

60

manual é de 0,25mm e no carro transversal em 0,125mm. Já a precisão dos motores de

passo é dada pela sua movimentação que no nosso caso é de 0,0075mm o que acarreta

em um ganho significativo de precisão na máquina.

Espera-se que a máquina convertida traga mais versatilidade na medida em que

fabricar os micro conectores que serão utilizados nos micro trocadores de calor. A

utilização do torno com comando numérico permitirá uma redução sensível no tempo de

fabricação e melhor aproveitamento do material. Esta função fara a conexão entre o

micro e o macro proporcionando otimização da fabricação.

A utilização do variador de frequência torna a máquina mais versátil, uma vez

que ele cria uma gama maior de velocidades na árvore do torno, podendo variar de 1

RPM a 1800 RPM.

A utilização dos motores de passo para movimentação do carro longitudinal e

transversal deu flexibilidade adicional ao torno, expandindo o leque de operações de

rosqueamento possíveis de serem feitas, uma vez que os motores de passo trabalham em

passo e micro passo, com isso possibilita abrir além das tradicionais roscas métricas e as

roscas whitworth em qualquer passo que se desejar.

Outra possibilidade que este projeto permite é a adaptação de um sistema de

bombeamento de fluido de corte. Para isso basta acoplar um pequeno compartimento na

parte inferior da máquina e um sistema de bombeamento. A inclusão desse sistema de

arrefecimento e lubrificação aumenta consideravelmente a vida útil das ferramentas

utilizadas. A figura 32 ilustra um sistema de fluido de corte.

Figura 63 - Sistema de fluido de corte

Page 72: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

61

Fonte: Imagem Adaptada da internet

Ainda temos como opção para o aprimoramento do projeto, a inclusão do

sistema de mudança automática de ferramenta, comumente chamado de torno revolver.

Esta adaptação proporcionaria mais versatilidade ao projeto, pois, permite a mudança de

ferramentas sem que a operação tenha que ser interrompida. A figura 33 ilustra um

sistema de mudança automática de ferramenta.

Figura 64 – Sistema de mudança automática de ferramenta

Fonte: http://www.tornoautomatico.com.br/

Page 73: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

62

10. Bibliografia

[1] ARAUJO, ANNA CARLA, Material de aula: “Forças de Corte em Ferramentas

Multicortantes”, Departamento de Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Rio

de Janeiro, 2014

[2] Betiol, W. E. G., Tese: “CONTROLE DE ACIONAMENTO POR MOTORES DE

PASSO APLICADOS A IMPRESSORAS MATRICIAIS”. Curitiba, 1989

[3] BRITES, FELIPE G., ALMEIDA SANTOS, VINICIUS P., Apostila: “Tutorial –

Motor de Passo”, Programa de Educação Tutorial – PET-Tele, Universidade Federal

Fluminense.- 2008

[4] BUDYNAS, RICHARD G., NISBETT, J. KEITH, Livro: Elementos de Máquinas

de Shigley. 8ª ed. – Porto Alegre: AMGH, 2011

[5] CASSANIGA, F.A. Livro: Fácil programação do controle numérico. 2ª ed. São

Paulo: CNC Tecnologia, 2005

[6] Cimatron -Software de CAD/CAM-

http://www.cimatron.com/NA/product.aspx?FolderID=898&docID=2997&lang=EN

Acessado em 21/08/2014

[6] DINIZ, ANSELMO E MARCONDES, FRANCISCO C., COPPINI, NIVALDO L.,

Livro: Tecnologia da Usinagem dos Materiais. 7ª ed. – São Paulo: Artliber, 2010.

[7] DOMINGOS, W. R. Livro: Conceitos de motores de passo. Mecatrônica fácil, São

Paulo, Abril, 2009.

[8] FERRARI , CRISTIANO DONIZETI, Trabalho de graduação: ” IMPLANTAÇÃO

DE UM SISTEMA DE COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO (CNC)

POR RETROFITTING EM UM TORNO MECÂNICO UNIVERSAL.”, São Paulo,

Agosto, 2001

[9] FERRARESI, DINO, Livro: fundamentos da Usinagem dos Metais. 14ª

reimpressão. Ed.: Edgard Blücher Ltda, 2011.

[10] NASCIMENTO, R. A., ABRÃO, A.M., RUBIO, J.C., Artigo: Torno CNC de

Bancada: Uma tentativa de disseminar a filosofia do software livre no ambiente

industrial. Artigo, Universidade Federal de Minas Gerais –UFMG.

http://www.pos.dep.ufmg.br/index.php/pt_br/o-programa-pt/corpo-docente?nick=juan

Acessado em 29/07/2014

[11] SILVEIRA, JOSÉ LUIS L., Apostila “Introdução ao Comando Numérico”,

Departamento de Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2008.

Page 74: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

63

[12] FILHO, FLÁVIO DE MARCO, material de aula: “Elementos de Transmissão

Flexíveis”, Departamento de Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Rio de

Janeiro

[13]GATES – www.gates.com.br, acessado em 03/07/2014 .

[14] GINGER R. (2010), http://plsntcov.8m.com/CNClathe/CNClathe1.html - página

acessada em 01/07/2014.

[15] MANROD, http://www.manrod.com.br/ , acessado em 15/02/2014.

[16] NIEMANN, GUSTAV, Livro: Elementos de Máquina. Vol. 1, 13ª reimpressão.

Ed.: Edgard Blücher Ltda, 2012.

[17] http://www.servo-drive.com/, acessado em 10/02/2014..

[18] WARFIELD, BOB, http://www.cnccookbook.com/, acessado em 10/04/2014.

Page 75: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

I

Apêndice I – Desenhos técnicos Lista de desenhos:

● DESENHO 1 - SUPORTE MOTOR 90KGF ..................................................................................................... II

●DESENHO 2 - SUPORTE DO ENCODER ....................................................................................................... III

●DESENHO 3 - SUPORTE DO CARRO TRANSVERSAL.................................................................................... III

●DESENHO 4- ACOPLAMENTO ENCODER .................................................................................................... V

●DESENHO 5- ACOPLAMENTO DO MOTOR 90KGF ..................................................................................... VI

●DESENHO 6- ACOPLAMENTO DO MOTOR 50KGF .................................................................................... VII

●DESENHO 7- CONECTOR DO MICRO TROCADOR .................................................................................... VIII

●DESENHO 8- ESQUEMA DE LIGAÇÃO DO SISTEMA DE COMANDO ........................................................... IX

Page 76: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

II

● Desenho 1 - Suporte Motor 90Kgf

Page 77: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

III

●Desenho 2 - Suporte do Encoder

Page 78: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

IV

●Desenho 3 - Suporte do Carro Transversal

Page 79: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

V

●Desenho 4- Acoplamento Encoder

Page 80: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

VI

●Desenho 5- Acoplamento do Motor 90Kgf

Page 81: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

VII

●Desenho 6- Acoplamento do Motor 50Kgf

Page 82: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

VIII

●Desenho 7- Conector do Micro Trocador

Page 83: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

IX

●Desenho 8- Esquema de ligação do Sistema de Comando

Page 84: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

X

Apêndice II – Catálogos

●CATÁLOGO 1- TORNO MANROD MR-330 ................................................................................................. XI

●CATÁLOGO 2- MOTORES DE PASSO ......................................................................................................... XII

●CATÁLOGO 3- DRIVER DOS MOTORES .................................................................................................... XIII

Page 85: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

XI

●Catálogo 1- Torno Manrod MR-330

Page 86: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

XII

●Catálogo 2- Motores de Passo

Page 87: conversão de torno manual em cnc para fabricação de microssistemas

XIII

●Catálogo 3- Driver dos Motores