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8 CONVENÇÕES CONTÁBEIS As restrições aos princípios (também conhecidas como convenções ou _._alificações), representam o Complemento dos Postulados e Princípios, no =:1tido de delimitar-lhes conceitos, atribuições e direções a seguir e de :a:limentar toda a experiência e bom-senso da profissão no trato de pro- ==emas contábeis. Se os princípiosnorteiam a direção a seguir e, às vezes, :s vários caminhos paralelos que podem ser empreendidos, as restrições, à ~.:..z de cada situação, nos darão as instruções finais para a escolha do per- _-:rrsodefinitivo. As convenções também serão enunciadas. Entretanto, tais ~unciações serão apenas indicativas e terão menor peso do que no caso dos :;:rtncípios. 8.1 OBJETIVIDADE Para que não haja distorções nas informações contábeis, o contador deve- escolher, entre vários procedimentos, o mais adequado (o mais objetivo) ]ara descrever um evento contábil. Um dos aspectos quase sempre abordado é que os registros contábeis deverão ter suporte, sempre que possível, em documentação gerada nas tran- sações ou evidência que possibilite (além do registro) a avaliação. FALTA DE DOCUMENTO Numa situação em que não haja documento para suporte de contabi- lização, poder-se-iam convocar peritos em avaliação que, através de laudos,

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Page 1: CONVENÇÕES CONTÁBEIS - ceap.br · 122 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONTABILIDADE forneceriam um valor objetivo para o contador desenvolver, de maneira im parcial, a sua contabilidade

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CONVENÇÕES CONTÁBEIS

As restrições aos princípios (também conhecidas como convenções ou_._alificações), representam o Complemento dos Postulados e Princípios, no=:1tido de delimitar-lhes conceitos, atribuições e direções a seguir e de

:a:limentar toda a experiência e bom-senso da profissão no trato de pro­==emas contábeis. Se os princípiosnorteiam a direção a seguir e, às vezes,:s vários caminhos paralelos que podem ser empreendidos, as restrições, à~.:..z de cada situação, nos darão as instruções finais para a escolha do per­_-:rrsodefinitivo. As convenções também serão enunciadas. Entretanto, tais~unciações serão apenas indicativas e terão menor peso do que no caso dos:;:rtncípios.

8.1 OBJETIVIDADE

Para que não haja distorções nas informações contábeis, o contador deve­:á escolher, entre vários procedimentos, o mais adequado (o mais objetivo)]ara descrever um evento contábil.

Um dos aspectos quase sempre abordado é que os registros contábeisdeverão ter suporte, sempre que possível, em documentação gerada nas tran­sações ou evidência que possibilite (além do registro) a avaliação.

FALTA DE DOCUMENTO

Numa situação em que não haja documento para suporte de contabi­lização, poder-se-iam convocar peritos em avaliação que, através de laudos,

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122 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONTABILIDADE

forneceriam um valor objetivo para o contador desenvolver, de maneira im­parcial, a sua contabilidade.

É importante a impessoalidade (neutralidade) do contador (em relaçãoaos usuários dos informes contábeis) que, quanto mais objetivo for, mais im­parciais (não enviesados) serão aqueles informes.

Observe que, no exemplo em que abordávamos a compra de uma máqui­na por $ 5,0 milhões, cujo preço tabelado no mercado era de $ 6,0 milhões, ocontador fez o registro por $ 5,0 milhões (suporte na documentação gerada natransação). Se, por exemplo, a máquina adquirida por $ 5,0 milhões tivessecomo preço de mercado $ 8,0 milhões, o contador seria objetivo se a registras­se por $ 5,0 milhões. Portanto, de nada valeria a opinião do contador sobre omelhor preço a ser registrado. Ele (o contador) será, então, objetivo, neutroimparcial e impessoal.

A "achologia" é algo indesejado na Contabilidade. O que aconteceria secada um pudesse escriturar sua opinião?

8.2 CONSISTÊNCIA

Uma vez adotado certo critério contábil, dentro de vários igualmen:=relevantes, ele não deverá ser mudado, de ano para ano (ou constanteme:J.­te), porque, em assim o fazendo, estaríamos impossibilitando a comparaç2.~dos relatórios contábeis (no decorrer do tempo) e dos estudos preditiYos(tendências) .

EXCEÇÕES

Isso não quer dizer que, se condições supervenientes induzirem a ffi:...­

dar de critério, não deva ser feito. Através de evidenciação (Notas 8.;:­

plicativas) pelo menos nos relatórios contábeis, expondo a mudança de ~­tério e suas implicações no lucro da empresa (se houver), a mudança S~

realizada.

Com a Lei das Sociedades por Ações, em vigor desde 1976, observa:r..::._mudanças de critérios em diversas empresas. Entretanto, isso não pode 5=

encarado como quebra de consistência, porque se trata de uma mudança e~':­rádica e, em certos casos, até compulsória. Nesse caso, a mudança deverá 5-""""

evidenciada em Notas Explicativàs, ou seu efeito no Patrimônio.

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CONVENÇÕES CONTÁBEIS 123

-~ORMIDADE

E importante ressaltar, aqui, que aquela lei consolidou, como notável:ontribuição à Contabilidade, a uniformidade nos relatórios contábeis. Dessa~arma, diversos tipos de sociedades apresentam relatórios padronizados, a:::lesma estrutura em sua forma final, facilitando a comparação dos relatórios=:1treempresa do mesmo ramo operacional ou, ainda, de atividade diferenteevidentemente que a comparação tomar-se-ia difícil, por exemplo, entre uma

-:-,dústria e uma Instituição Financeira ou empresa de Seguros, dadas as pecu­=-:aridadesde ramos de atividade).

Todavia, é preciso destacar que uniformidade não é consistência, sendo--a um conceito básico enquanto aquela não. A uniformidade está mais no::erreno legal do que no científico. Na realidade, a consistência refere-se ao:ontexto temporal, no âmbito da própria empresa, enquanto que a uniformi­:..ade abrange relatórios estruturados dentro das mesmas normas legais, em=:npresas distintas.

Pausa e Reflexão

Podemos dizer que os políticos do nosso país têm sido consistentes?

8.3 MATERIALIDADE

CUSTO VERSUS BENEFÍCIO

Através da materialidade definiremos o que é material (relevante) que o_ontador deve informar em seus relatórios.

Um ângulo bastante interessante para visualizar a materialidade é a aná­e do binômio CUSTO versus BENEFÍCIO.

Há determinadas informações contábeis cujo custo, para evidenciá-Ias:empo do pessoal da contabilidade, material, computador ...), é maior que o

":lenefícioque trará aos usuários (acionistas, administradores ...) daquelas in­~ormações.

O esforço "sobrenatural" para encontrar uma pequena diferença (esporá­'::ca) nos relatórios contábeis; a mobilização de todo um departamento_ontábil para constatar se o consumo de embalagem no valor de $ 15,80 refe­::ce-seao produto A, B ou C etc. são exemplos de montantes irrelevantes que,

uitas vezes, tomam imaterial a sua informação, ou seja, o benefício gerado é:::::lenorque o custo.

Portanto, para valores irrisórios em relação ao todo, a "materialidade"::iesobriga a um tratamento mais rígido que aqueles itens de cifras relevantes.

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124 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONTABJUDADE

Um pequeno erro de averiguação no Balancete que se repete por váriosanos é imaterial? Comente.

8.4 CONSERVADORISMO

A posição conservadora (precaução) do Contador será evidenciada nosentido de antecipar prejuízo e nunca antecipar lucro. Dessa forma, ele nãoestará influenciando os acionistas, por exemplo, a um otimismo que poder2.ser ilusório.

Assim, se a empresa detém um estoque cujo custo de aquisição (ou defabricação) seja de $ 10,0 milhões, e o valor de reposição (preço que a empre­sa pagaria se comprasse o seu estoque hoje) fosse de $ 8,1 milhões, o contadordeve antecipar o prejuízo de $ 1,9 milhão, sem perspectiva no aumento dopreço, mesmo que a mercadoria não tenha sido vendida. Note que o prejuízcainda não ocorreu; todavia, para não esconder dos acionistas uma situaçãonegativa que poderá ocorrer num futuro próximo, o prejuízo será antecipado.De maneira geral, os estoques deverão ser avaliados entre o valor de realiza­ção líquido menos a margem de lucro e o valor de realização líquido.

DÚVIDAS DO CONTADOR

Se o contador estiver em dúvida diante de dois montantes, igualmentEválidos de dívida da empresa com terceiros, ele deverá registrar o maior valor:.Assim, se, no momento do pagamento da dívida, prevalecer o maior valor:.ninguém terá surpresa desagradável. Na Contabilidade, como medida de pru­dência, será evidenciada uma situação pessimista evitando transtornos nãcprevistos.

Portanto, o objetivo do conservadorismo é não dar imagem otimista en::situação alternativa que, com o passar do tempo, poderá reverter-se.

Pausa e Reflexão

Por que, se o conservadorismo permite antecipar prejuízo ainda não ocorri­do, não deveríamos também fazer o inverso, ou seja, considerar o lucro aindanão realizado?

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CONVENÇÕES CONTÁBEIS

leitura Complementar

COMO TER UMA VISÃO GLOBAL DOS PRINCÍPIOS CONTÁBEIS

PARTE 3

A LIMITAÇÃO DO TELHADO

125

Até então vimos a finalidade do alicerce (postulados) e das paredes (prin­cípios)na construção de um edifício.

Seria absurdo pensar que parte da construção não está embaixo do telhado.Conclui-se então que o telhado abriga a construção; portanto, restringe a área, não. avendo flexibilização do prédio além desse limite. As convenções têm a função do:elhado, ou seja, restringem o campo de ação dos princípios. Dessa forma, as con­'"enções estabelecem limites no procedimento do profissional contábil.

Por exemplo, os registros contábeis deverão ter suporte em documentaçãoaerada nas transações ou evidências que possibilitem a avaliação. Sendo assim,

ão haveria distorções nos relatórios contábeis, pois o profissional teria usado deobjetividade para descrever o evento contábil.

o próprio estabelecimento de um novo princípio, a essência sobre a forma,está sujeito ao telhado. Este novo princípio terá que ser útil (relevante, material),praticável e objetivo.

Se uma empresa (entidade) adquire um bem de uso duradouro (continuida­de), devemos registrá-Io pelo custo de aquisição (custo histórico) para quando exis­r:irvenda (realização da receita), podermos comparar a depreciação deste bem(confrontação da despesa) com a receita gerada para apurar o resultado (lucro ouprejuízo). Entretanto, para concretizar esse registro no ativo (por meio do denomi­nador comum monetário) teríamos que ponderar as seguintes indagações:

• o valor é relevante e material? (Admita, por exemplo, que se trata deuma aquisição de uma chave de fenda: nesse caso, não compensariaativar para fazer em seguida as depreciações; poderíamos tratarcomo uma despesa.);

• existem documentos suportando essas operações? (Caso contrárioteria dificuldade em fazer os registros contábeis de forma objetiva.);

• existe algum procedimento anterior nessa seqüência de lançamentosque não poderia mudar? Esse tipo de bem duradouro sempre foiclassificado como estoque de consumo e, nesse caso, não poderiaquebrar a consistência?;

• no momento da aquisição desse bem, não estaria o mesmo obsoleto,ou danificado pelo transporte, ou não ajustado às necessidades daempresa etc.? (Numa dessas hipóteses, poderíamos ter perda real e

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126 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONTABILIDADE

seria prudente ou conservador considerar o menor valor no ato deativar o bem.)

São situações simples, mas que demonstram como os princípios estão sujei­tos e restritos ao abrigo das convenções.

A materialidade considera que toda informação contábil tem um custo e sóseria válido executar essa informação se o benefício (ao usuário ou sistema) re­presentar um valor maior que o custo da informação (papel, espaço, equipamen­tos, salários, encargos etc.) preparada pela Contabilidade.

A consistência diz que uma vez adotado um certo critério contábil, dentrodos vários igualmente aceitos e relevantes, não deverá ser mudado sem um moti­vo de força maior.

o conservadorismo será retratado num sentido de antecipar prejuízo e nun­ca antecipar lucro. A Contabilidade não poderá influenciar o usuário por meio deum otimismo que poderá não se concretizar.

Atividades Práticas

1. PESQUISA

Informações Objetivas, entre outros, é um dos bons boletins na áreE.contábil. Apesar do seu aspecto prático, muita teoria é encontrada principal­mente no caderno Temática Contábil.

Indique e faça referências a uma Temática Contábil que trata de Prin·­pios Contábeis.

2. QUESTIONÁRIO - SALA DE AULA OU HOME WORK

1. Tente relacionar as convenções com atitudes na sua vida. Pc:­

exemplo, quando era criança, às vezes torcia para o Santos e out::rE.­para o Palmeiras. Nesse caso feria a Consistência. Um outro exe=­pIo é quando o chefe anunciou um possível aumento de salário =

eu já fui comemorar num restaurante com toda a família, gastz.=.­do antes da consolidação do fato. Nesse caso não estou sendo cc=.­servador.

2. Qual das quatro convenções pode deixar de existir mais rapiu­mente?