convenção belém do pará 1994

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  • 7/21/2019 Conveno Belm do Par 1994

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    Conveno Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violncia

    Contra a Mulher

    "Conveno de Belm do Par" (1994)

    * Adotada pela Assemblia Geral da Organizao dos Estados Americanos em 6 de junho de 1994 e ratificada pelo Brasil em

    27 de novembro de 1995.

    AAssemblia Geral,

    Considerando que o reconhecimento e o respeito irrestrito de todos os direitos da mulher so condiesindispensveis para seu desenvolvimento individual e para a criao de uma sociedade mais justa,

    solidria e pacfica.

    Preocupada porque a violncia em que vivem muitas mulheres da Amrica, sem distino de raa, classe,

    religio, idade ou qualquer outra condio, uma situao generalizada.

    Persuadida de sua responsabilidade histrica de fazer frente a esta situao para procurar solues

    positivas.

    Convencida da necessidade de dotar o Sistema Interamericanode umInstrumento Internacionalque

    contribua para solucionar o problema da violncia contra a mulher.

    Recordando as concluses e recomendaes da Consulta Interamericana sobre a Mulher e a Violncia,celebrada em 1990, e aDeclarao sobre a Erradicao da Violncia contra a Mulher,nesse mesmo

    ano, adotada pela Vigsima Quinta Assemblia de Delegadas.

    Recordando tambm a ResoluoAG/RES n. 1128(XXI-0/91) "Proteo da Mulher Contra a Violncia",aprovada pelaAssemblia Geral da Organizao dos Estados Americanos.

    Levando em considerao o amplo processo de consulta realizado pela Comisso Interamericana de

    Mulheres desde 1990 para o estudo e a elaborao de um projeto de conveno sobre a mulher e aviolncia.Vistos os resultados da Sexta Assemblia Extraordinria de Delegadas;resolve adotar a

    seguinte:

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    Conveno Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violncia Contra a

    Mulher "Conveno de Belm do Par"

    Os Estados Membros da presente Conveno:

    Reconhecendo que o respeito irrestrito aosDireitos Humanosfoi consagrado naDeclarao Americana

    dos Direitos e Deveres do Homem e na Declarao Universal dos Direitos Humanose reafirmado em

    outros instrumentos internacionais e regionais.

    Afirmando que a violncia contra a mulher constitui uma violao dos direitos humanos e das liberdadesfundamentais e limita total ou parcialmente mulher o reconhecimento, gozo e exerccio de tais direitos e

    liberdades.

    Preocupados porque a violncia contra a mulher uma ofensa dignidade humana e uma manifestao de

    relaes de poder historicamente desiguais entre mulheres e homens.

    Recordando aDeclarao sobre a Erradicao da Violncia contra a Mulher,adotada pela VigsimaQuinta Assemblia de Delegadas da Comisso Interamericana de Mulheres , e afirmando que a violncia

    contra a mulher transcende todos os setores da sociedade, independentemente de sua classe, raa ou grupo

    tnico, nveis de salrio, cultura, nvel educacional, idade ou religio, e afeta negativamente suas prprias

    bases.

    Convencidos de que a eliminao da violncia contra a mulher condio indispensvel para seu

    desenvolvimento individual e social e sua plena igualitria participao em todas as esferas da vida.

    Convencidos de que a adoo de uma conveno para prevenir, punir e erradicar toda forma de violncia

    contra a mulher, no mbito da Organizao dos Estados Americanos, constitui uma contribuio positiva

    para proteger os direitos da mulher e eliminar as situaes de violncia que possam afet-las.

    Convieram o seguinte:

    Captulo I

    Definio e mbito de Aplicao

    Artigo 1

    Para os efeitos desta Conveno deve-se entender por violncia contra a mulher qualquer ao ouconduta, baseada no gnero, que cause morte, dano ou sofrimento fsico, sexual ou psicolgico mulher,

    tanto no mbito pblico como no privado.

    Artigo 2

    Entender-se- que violncia contra a mulher inclui violncia fsica, sexual e psicolgica:

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    Artigo 5

    Toda mulher poder exercer livre r plenamente seus direitos civis, polticos, econmicos, sociais e

    culturais e contar com a total proteo desses direitos consagrados nos instrumentos regionais e

    internacionais sobre direitos humanos. Os Estados Membros reconhecem que a violncia contra a mulherimpede e anula o exerccio desses direitos.

    Artigo 6

    O direito de toda mulher a uma vida livre de violncia incluir, entre outros:

    a) O direito da mulher de ser livre de toda forma de discriminao.

    b) O direito da mulher ser valorizada e educada livre de padres estereotipados de comportamento e

    prticas sociais e culturais baseados em conceitos de inferioridade de subordinao.

    Captulo III

    Deveres dos Estados

    Artigo 7

    Os Estados Membros condenam toda as formas de violncia contra a mulher e concordam em adotar, por

    todos os meios apropriados e sem demora, polticas orientadas e prevenir, punir e erradicar a dita

    violncia e empenhar-se em:

    1. Abster-se de qualquer ao ou prtica de violncia contra a mulher e velar para que as autoridades,seus funcionrios, pessoal e agentes e instituies pblicas se comportem conforme esta obrigao.

    2. Atuar com a devida diligncia para prevenir, investigar e punir a violncia contra a mulher.

    3. Incluir em sua legislao interna normas penais, civis e administrativas, assim como as de outra

    natureza que sejam necessrias para prevenir, punir e erradicar a violncia contra a mulher e adotar as

    medidas administrativas apropriadas que venham ao caso.

    4. Adotar medidas jurdicas que exijam do agressor abster-se de fustigar, perseguir, intimidar, ameaar,

    machucar, ou pr em perigo a vida da mulher de qualquer forma que atente contra sua integridade ou

    prejudique sua propriedade.

    5. Tomar todas as medidas apropriadas, incluindo medidas de tipo legislativo, para modificar ou abolirlei e regulamentos vigentes, ou para modificar prticas jurdicas ou consuetudinrias que respaldem a

    persistncias ou a tolerncia da violncia contra a mulher.

    6. Estabelecer procedimentos jurdicos justos e eficazes para a mulher que tenha submetida a violncia,

    que incluam, entre outros, medidas de proteo, um julgamento oportuno e o acesso efetivo a tais

    procedimentos.

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    7. Estabelecer os mecanismos judiciais e administrativos necessrios para assegurar que a mulher objeto

    de violncia tenha acesso efetivo a ressarcimento, reparao do dano ou outros meios de compensao

    justos e eficazes.

    8. Adotar as disposies legislativas ou de outra ndole que sejam necessrias para efetivar estaConveno.

    Artigo 8

    Os Estados Membros concordam em adotar, em forma progressiva, medidas especficas, inclusive

    programas para:

    1. Fomentar o conhecimento e a observncia do direito da mulher a uma vida livre de violncia o direitoda mulher a que se respeitem para protejam seus direitos humanos.

    2. Modificar os padres scio-culturais de conduta de homens e mulheres, incluindo a construo deprogramas de educao formais e no-formais apropriados a todo nvel do processo educativo, para

    contrabalanar preconceitos e costumes e todo outro tipo de prticas que se baseiem na premissa da

    inferioridade ou superioridade de qualquer dos gneros ou nos papis estereotipados para o homem e a

    mulher ou legitimam ou exacerbam a violncia contra a mulher.

    3. Fomentar a educao e capacitao do pessoal na administrao da justia, policial e demissofuncionrios encarregado da aplicao da lei assim como do pessoal encarregado das polticas de

    preveno, sano e eliminao da violncia contra a mulher.

    4. Aplicar os servios especializados apropriados para o atendimento necessrio mulher objeto de

    violncia, por meio de entidades dos setores pblico e privado, inclusive abrigos, servios de orientaopara toda a famlia, quando for o caso, e cuidado e custdia dos menores afetado.

    5. Fomentar e apoiar programas de educao governamentais e do setor privado destinados a

    conscientizar o pblico sobre os problemas relacionados com a violncia contra a mulher, os recursos

    jurdicos e a reparao correspondente.

    6. Oferecer mulher objeto de violncia acesso a programas eficazes de reabilitao e capacitao que

    lhe permitam participar plenamente na vida pblica, privada e social.

    7. Estimular os meios de comunicao e elaborar diretrizes adequadas de difuso que contribuam para a

    erradicao da violncia contra a mulher em todas suas formas e a realar o respeito dignidade damulher.

    8. Garantir a investigao e recopilao de estatsticas e demais informaes pertinentes sobre as causas,

    conseqncias e freqncia da violncia contara a mulher, como objetivo de avaliar a eficcia das

    medidas para prevenir, punir e eliminar a violncia contra a mulher e de formular e aplicar as mudanas

    que sejam necessrias.

    9. Promover a cooperao internacional para o intercmbio de idias e experincias e a execuo de

    programas destinados a proteger a mulher objeto de violncia.

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    Artigo 9

    Para a adoo das medidas a que se refere este captulo, os Estados Membros tero especialmente em

    conta a situao de vulnerabilidade violncia que a mulher possa sofrer em conseqncia, entre outras,

    de sua raa ou de sua condio tnica, de migrante, refugiada ou desterrada.. No mesmo sentido seconsiderar a mulher submetida violncia quando estiver grvida, for excepcional, menor de idade,

    anci, ou estiver em situao scio-econmica desfavorvel ou afetada por situaes de conflitos armados

    ou de privao de sua liberdade.

    Captulo IV

    Mecanismos Interamericanos de Proteo

    Artigo 10

    Com o propsito de proteger o direito da mulher a uma vida livre de violncia, nos informes nacionais

    Comisso Interamericana de Mulheres, os Estados Membros devero incluir informao sobre as medidasadotadas para prevenir e erradicar a violncia contra a mulher, para assistir a mulher afetado pela

    violncia, assim como cobre as dificuldades que observem na aplicao das mesmas e dos fatores que

    contribuam violncia contra a mulher.

    Artigo 11

    Os Estados Membros nesta Conveno e a Comisso Interamericana de Mulherespodero requerer

    Corte Interamericana de Direitos Humanosopinio consultiva sobre a interpretao desta Conveno.

    Artigo 12

    Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade no-governamental legalmente reconhecida em um ou

    mais Estados Membros da Organizao, pode apresentar Comisso Interamericana de Direitos

    Humanospeties que contenham denncias ou queixas de violao do "artigo 7" da presente

    Concepo pelo Estado Membro, e a Comisso consider-las- de acordo com as normas e os requisitosde procedimento para apresentao e considerao de peties estipuladas na Conveno Americana

    sobre Direitos Humanos e no Estatuto e Regulamento da Comisso Interamericana de Direitos

    Humanos.

    Captulo V

    Disposies Gerais

    Artigo 13

    Nada do disposto na presente Conveno poder ser interpretado como restrio ou limitao legislao

    interna dos Estados Membros que preveja iguais ou maiores protees e garantias aos direitos da mulher e

    salvaguardas adequadas para prevenir e erradicar a violncia contra a mulher.

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    Artigo 14

    Nada do disposto na presente Conveno poder ser interpretado como restrio ou limitao

    Conveno Americana sobre Direitos Humanosou a outra convenes internacionais sobre a matria que

    prevejam iguais ou maiores protees relacionadas com este tema.

    Artigo 15

    A presente Conveno est aberta assinatura de todos os Estados Membros da Organizao dos Estados

    Americanos.

    Artigo 16

    A presente Conveno est sujeita ratificao. Os instrumentos de ratificao sero depositados na

    Secretaria Geral da Organizao dos Estados Americanos.

    Artigo 17

    A presente Conveno fica aberta adeso de qualquer outro Estado. Os instrumentos de adeso sero

    depositados na Secretaria Geral da Organizao dos Estados Americanos.

    Artigo 18

    Os Estados podero formular reservas presente Conveno no momento de aprov-la, assin-la, ratific-la ou aderir a ela, sempre que:

    1. No sejam incompatveis com o objetivo e o propsito da Conveno;

    2. No sejam de carter geral e versem sobre uma ou mais disposies especficas.

    Artigo 19

    Qualquer Estado Membro pode submeter Assemblia Geral,por meio da Comisso Interamericana de

    Mulheres, uma proposta de emenda a esta Conveno.

    As emendas entraro em vigor para os Estados ratificantes das mesmas na data em que dois teros dos

    Estados Membros tenham depositado o respectivo instrumento de ratificao. Quanto ao resto dos

    Estados Membros, entraro em vigor na data em que depositem seus respectivos instrumentos deratificao.

    Artigo 20

    Os Estados Membros que tenham duas ou mais unidades territoriais em que funcionem distintos sistemas

    jurdicos relacionados com questes tratadas na presente Conveno podero declarar, no momento da

    assinatura, ratificao ou adeso, que a Conveno aplicar-se- a todas as unidades territoriais ou somente

    a uma ou mais.

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    Tais declaraes podero ser modificadas em qualquer momento mediante declaraes ulteriores, que

    especificaro expressamente a ou as unidades territoriais s quais ser aplicada a presente Conveno.

    Tais declaraes ulteriores sero transmitidas Secretaria Geral da Organizaodos Estados

    Americanos e entraro em vigor trinta dias aps seu recebimento.

    Artigo 21

    A presente Conveno entrar em vigor no trigsimo dia a partir da data que tenha sido depositado osegundo instrumento de ratificao. Para cada Estado que ratifique ou adira Conveno, depois de ter

    sido depositado o segundo instrumento de ratificao, entrar em vigor no trigsimo dia a partir da data

    em que tal Estado tenha depositado seu instrumento de ratificao ou adeso.

    Artigo 22

    O Secretrio Geral informar a todos os Estados membros da Organizao dos Estados Americanosda

    entrada em vigor da Conveno.

    Artigo 23

    O Secretrio Geral da Organizaodos Estados Americanosapresentar um informe anual aos Estados

    membros da Organizao sobre a situao desta Conveno, inclusive sobre as assinaturas, depsitos de

    instrumentos de ratificao, adeso ou declaraes, assim como as reservas porventura apresentadas pelos

    Estados Membros e, neste caso, o informe sobre as mesmas.

    Artigo 24

    A presente Conveno vigorar indefinidamente, mas qualquer dos Estados Membros poder denunci-lamediante o depsito de um instrumento com esse fim na Secretaria Geral da Organizao dos Estados

    Americanos.Um ano depois da data do depsito de instrumento de denncia, a Conveno cessar em

    seus efeitos para o Estado denunciante, continuando a subsistir para os demais Estados Membros.

    Artigo 25

    O instrumento original na presente Conveno, cujos textos em espanhol, francs, ingls e portugus so

    igualmente autnticos, ser depositado na Secretaria Geral da Organizao dos Estados Americanos,que

    enviar cpia autenticada de seu texto para registro e publicao Secretaria das Naes Unidas, de

    conformidade com o "artigo 102" da Carta das Naes Unidas.