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VILMAR MENEGON BRISTOT
CONTROLE DE TEMPERATURA DE SECADORES
DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS
ALIMENTADOS COM GÁS NATURAL
FLORIANÓPOLIS
2002
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM ENGENHARIA ELÉTRICA
CONTROLE DE TEMPERATURA DE SECADORES
DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS
ALIMENTADOS COM GÁS NATURAL
Dissertação submetida à
Universidade Federal de Santa Catarina
como parte dos requisitos para a
obtenção do grau de Mestre em Engenharia Elétrica
VILMAR MENEGON BRISTOT
Florianópolis, Julho de 2002
ii
CONTROLE DE TEMPERATURA DE SECADORES
DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS
ALIMENTADOS COM GÁS NATURAL
Vilmar Menegon Bristot
“Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre
em Engenharia Elétrica, Área de Concentração em Controle, Automação e Informática
Industrial, e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Elétrica da Universidade Federal de Santa Catarina.”
Prof. Julio Normey Rico, Dr. Orientador
Prof. Edson Roberto De Pieri, Dr.
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica
Banca Examinadora:
Augusto Humberto Bruciapaglia, Dr. Ing. Eugênio de Bona Castelan Neto, Dr.
Nestor Roqueiro, D. Sc. Daniel Juan Pagano, Dr.
iii
À família e aos amigos...
iv
AGRADECIMENTOS
A Deus.
A toda minha família, que de uma forma ou outra contribuiu para a realização de um
sonho, em especial aos meus pais Valdemar e Ada e ao meu irmão Vilson pelo apoio e
incentivo no seguimento de minha carreira como engenheiro.
A minha noiva Simone , pela paciência, incentivo, carinho e compreensão nos
momentos difíceis.
Aos meus amigos e colegas de empresa, Adriano C. S. T. Lima, Leandro Rosa Medeiros,
Celito H. Cardoso, Cláudio O. Modesto, José Celso Barbosa Júnior, Gilson Bez Fontana
Menegali, Sandra T. Mondardo, Adir João Gastaldon, Werther Serralheiro e principalmente a
Nídia Joaquina Goulart.
Aos colegas e amigos do curso de mestrado em Engenharia Elétrica, pela amizade e
companheirismo tão importantes.
E por fim aos professores do Departamento de Automação e Sistemas, particularmente
aos professores Alexandre Trofino, Antônio Augusto Rodrigues Coelho e Eugênio de Bona
Castelan, pelo ensinamento e oportunidade oferecida e aos professores Julio Elias Normey
Rico e Daniel Juan Pagano, pelo apoio, dedicação, determinação e orientação, fatores
importantes e motivadores no desenvolvimento deste trabalho.
v
Resumo da Dissertação apresentada à UFSC como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Elétrica.
CONTROLE DE TEMPERATURA DE SECADORES
DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS
ALIMENTADOS COM GÁS NATURAL
Vilmar Menegon Bristot
Julho/2002
Orientador : Julio Elias Normey Rico, Dr.
Área de Concentração : Controle, Automação e Informática Industrial
Palavras-chave : Controle de processos, controle robusto, controle PID e controle preditivo
Número de Páginas : 93
Esta dissertação, que tem um caráter teórico-prático, apresenta um estudo do processo de secagem de
peças cerâmicas e analisa o projeto e ajuste do sistema de controle de temperatura de um secador
vertical de ciclo contínuo. O estudo do comportamento do processo é realizado a partir de um modelo
matemático obtido com dados experimentais do secador instalado na linha de produção de monoporosa
da Eliane Revestimentos Cerâmicos – Unidade V, em Criciúma - SC. A partir do modelo obtido
projetam-se diversas estratégias de controle clássico, controle PI, PID e uma técnica de controle
preditivo, o Controle Preditivo Generalizado (GPC) baseado no preditor de Smith. A aplicação destas
técnicas ao modelo simulado do secador, permite compara-las tanto do ponto de vista do
comportamento dinâmico como da complexidade de implementação. As conclusões desta análise
servem para indicar as modificações a serem implantadas no sistema de controle analógico existente no
processo real. Finalmente, apresentam-se resultados experimentais com a utilização do controlador PI
analógico instalado no processo que mostram as melhorias introduzidas no desempenho do sistema
com o ajuste proposto para o controlador. Desta forma o trabalho contribui para a melhoria imediata do
comportamento do secador e aponta para futuras modificações do sistema de medição e controle que
permitiriam otimizar o seu desempenho.
vi
Abstract of Dissertation presented to UFSC as a partial fulfillment of the
Requirements for the degree of Master in Electrical Engineering
CONTROL OF TEMPERATURE OF CERAMIC
TILES COATING DRIERS WITH
NATURAL GAS
Vilmar Menegon Bristot
July/2002
Advisor : Julio Elias Normey Rico, Dr
Area of Concentration : Control, Automation and Information Industrial
Keywords : Process Control, Control PID, robust control and predictive control
Number of Pages : 93
This dissertation, that has a theoretical-practical character, presents a study of the ceramic tiles drying
process and analyzes the design and tuning of the temperature’s control system of a continuous cycle
vertical drier. The study of the process behavior is carried out from a mathematical model with
experimental data in the drier installed in the monoporous line production at Eliane Ceramic Tiles –
Plant V, in Criciúma - SC. Several classic control strategies are designed using the obtained model: PI,
PID and a Generalized Predictive Controller (GPC) based on the Smith’s predictor. Some comparative
results taking into account the dynamic behavior of the system, as well as the implementation
complexity of the controllers are presented using the simulated model. The conclusions of this analysis
are used to indicate the modifications to be performed in the existing analogical control system in the
real process. Finally, experimental results are presented using the analogical PI controller that shows
the improvements introduced in the system’s performance with the proposed tuning procedure.
Therefore, the study contributes to the immediate improvement of the drier’s behavior and also
suggests future modifications of the measurement and control structure in order to improve its
performance.
vii
SUMÁRIO
1 - Introdução 01
1.2 – Estrutura da Dissertação 02
2 - O Processo Cerâmico e o Processo de Secagem 04
2.1 – Introdução 04
2.2 – O Processo Cerâmico 05
2.3 – Secadores 13
2.3.1 – Especificação dos Elementos que Compõem o Secador Vertical 17
2.3.2 – Características Técnicas do Secador Vertical 19
2.4 – Especificação dos Elementos do Sistema de Aquisição de Dados 20
2.5 – Especificação dos Elementos do Sistema de Controle em Malha Fechada do Secador Vertical
22
2.6 – Conclusão 23
3 – Modelagem e Identificação do Processo de Secagem de Peças Cerâmicas
24
3.1 – Introdução 24
3.2 – Modelo Matemático a partir da Aquisição de Dados do Secador Vertical 25
3.2.1 – Ensaios realizados 25
3.2.2 – Cálculo do Modelo Matemático do Processo a partir de Dados de Identificação
26
3.3 – Conclusão 36
4 – Ajustes dos Controladores Industriais 37
4.1 – Introdução 37
4.2 – Objetivos do Controle 39
4.3 – O Controlador PID 39
4.4 – Configurações do PID 40
viii
4.4.1 – Tipos de Controladores PID 41
4.4.2 – Distribuição das Ações do PID 43
4.5 – Métodos de Ajuste do PID 45
4.5.1 – Método de Cohen-Coon 46
4.5.2 – Método IMC 47
4.5.3 – Método de Haalman 48
4.5.4 – Método de Ziegler-Nichols 49
4.5.5 – Método de ITAE 49
4.5.6 – Método de Ästrom e Hagglund 50
4.6 – PID de Dois Graus de Liberdade 53
4.7 – Controle Preditivo Generalizado Baseado no Preditor de Smith (SPGPC) 54
4.7.1 – O Algoritmo SPGPC 55
4.7.2 – Ajuste Robusto dos Parâmetros do SPGPC 57
4.8 – Conclusão 61
5 – Avaliação dos Ajustes dos Controladores 62
5.1 - Introdução 62
5.2 – Ajustes do Controlador PI 63
5.3 – Ajustes para o Controlador PID 67
5.4 – Estudo da Robustez das Soluções 72
5.5 – Controlador Preditivo Generalizado baseado no Preditor Smith (SPGPC) 82
5.6 – Resultados Experimentais 84
5.7 - Conclusão 86
6 – Conclusões e Perspectivas 87
7 – Referências Bibliográficas 90
xiii
LISTA DE TABELAS
2.1 Características técnicas do secador vertical 19
3.1 Valores estimados dos parâmetros das funções de transferência de primeira ordem 29
3.2 Valores estimados dos parâmetros das funções de transferência de segunda ordem 29
4.1 Parâmetros do Método de Cohen-Coon 47
4.2 Parâmetros do Método IMC 48
4.3 Parâmetros para o Método de Haalman 48
4.4 Parâmetros do Método de Ziegler-Nichols 49
4.5 Parâmetros do Método ITAE para referência (set points) 50
4.6 Parâmetros do Método ITAE para perturbação 50
4.7 Parâmetros para o caso estável do Método de Astrom e Hagglund 52
5.1 Valores dos parâmetros Kc e Ti do controlador PI para o caso P(s)T 63
5.2 Valores dos parâmetros Kc e Ti do controlador PI para o caso P(s)A 63
5.3 Valores dos parâmetros Kc e Ti do controlador PI para o caso P(s)B 63
xiv
5.4 Valores dos parâmetros Kc , Ti e Td do controlador PID para o caso P(s)T 67
5.5 Valores dos parâmetros Kc , Ti e Td do controlador PID para o caso P(s)A 68
5.6 Valores dos parâmetros Kc , Ti e Td do controlador PID para o caso P(s)B 68
5.7 Valores dos parâmetros analíticos e os aplicados (Kc e Ti ) nos diversos casos 84
ix
LISTA DE FIGURAS
2.1 Fluxograma do processo cerâmico (monoporosa) 06
2.2 Moinhos de bolas descontínuos 06
2.3 Atomizador (Spray drier) 07
2.4 Prensa hidráulica e Secador vertical 08
2.5 Linha de esmaltação 09
2.6 Aplicação de esmalte – véu campana 10
2.7 Serigráfica rotativa 11
2.8 Fornos a rolo monoestrado 12
2.9 Zona de classificação, embalamento, paletização e expedição 13
2.10 Secador vertical 14
2.11 Sistema de carga de peças cerâmicas em um secador vertical 14
2.12 Injeção de ar quente nas peças cerâmicas 15
2.13 Circulação de ar e movimento de peças no secador 15
2.14 Sistema de recirculação de ar e de combustão do secador (Vista superior) 16
2.15 Servo motor com as válvulas de ar e gás 17
2.16 Elementos componentes dos sistemas de aquisição de dados e de controle de temperatura do secador vertical
20
3.1 Modelagem a partir de uma mudança na entrada 26
3.2 Estrutura genérica do processo de secagem de peças cerâmicas 27
3.3 Resposta em Malha Fechada do Processo e dos Modelos Identificados Pp(s)1 e Ps(s)1 30
3.4 Resposta em Malha Fechada do Processo e dos Modelos Identificados Pp(s)2 e Ps(s)2 30
x
3.5 Resposta em Malha Fechada do Processo e dos Modelos Identificados Pp(s)3 e Ps(s)3 31
3.6 Resposta em Malha Fechada do Processo e dos Modelos Identificados Pp(s)4 e Ps(s)4 31
3.7 Resposta em Malha Fechada do Processo e dos Modelos Identificados Pp(s)5 e Ps(s)5 32
3.8 Resposta em Malha Fechada do Processo e dos Modelos Identificados Pp(s)6 e Ps(s)6 32
3.9 Resposta em Malha Fechada do Processo e dos Modelos Identificados Pp(s)7 e Ps(s)7 33
3.10 Resposta em Malha Fechada do Processo e dos Modelos Identificados Pp(s)8 e Ps(s)8 33
3.11 Resposta em Malha Fechada do Processo e dos Modelos Identificados Pp(s)9 e Ps(s)9 34
3.12 Resposta em Malha Fechada do Processo e dos Modelos Identificados Pp(s)10 e Ps(s)10 34
4.1 Diagrama de Blocos do PID Acadêmico 40
4.2 Estrutura Acadêmica de um PID 41
4.3 Estrutura em Série de um PID 42
4.4 Estrutura em Paralelo de um PID 42
4.5 Representação de um PD + PID 44
4.6 Controle por realimentação Cp(s) e Cr(s) 44
4.7 Inclusão de um filtro na referência 45
4.8 Medida de Ms 52
4.9 Estrutura com a inclusão de um filtro no sinal de referência 53
4.10 Estrutura do SPGPC 58
4.11 Ir para variações de λ 59
4.12 Ir para variações de β 59
4.13 Erro de modelagem Pδ 60
5.1 Desempenho dos controladores PI em relação ao processo P(s)T 64
xi
5.2 Esforço de controlador PI para o processo P(s)T 64
5.3 Desempenho dos controladores PI em relação ao processo P(s)A 65
5.4 Esforço de controlador PI para o processo P(s)A 65
5.5 Desempenho dos controladores PI em relação ao processo P(s)B 66
5.6 Esforço de controlador PI para o processo P(s)B 66
5.7 Desempenho dos controladores PID em relação ao processo P(s)T 69
5.8 Esforço de controlador PID para o processo P(s)T 69
5.9 Desempenho dos controladores PID em relação ao processo P(s)A 70
5.10 Esforço de controlador PID para o processo P(s)A 70
5.11 Desempenho dos controladores PID em relação ao processo P(s)B 71
5.12 Esforço de controlador PID para o processo P(s)B 71
5.13 Robustez dos controladores PI e PID para o processo P(s)T 74
5.14 Robustez dos controladores PI e PID para o processo P(s)A 74
5.15 Robustez dos controladores PI e PID para o processo P(s)B 75
5.16 Ajuste da robustez dos controladores PI e PID para o processo P(s)T 75
5.17 Ajuste da robustez dos controladores PI e PID para o processo P(s)A 76
5.18 Ajuste da robustez dos controladores PI e PID para o processo P(s)B 76
5.19 Respostas dos Controladores Ajustados para o Modelo Nominal do Caso T 77
5.20 Esforço de Controle para o Modelo Nominal do Caso T 77
5.21 Respostas dos Controladores Ajustados para o Modelo Nominal do Caso A 78
5.22 Esforço de Controle para o Modelo Nominal do Caso A 78
5.23 Respostas dos Controladores Ajustados para o Modelo Nominal do Caso B 79
xii
5.24 Esforço de Controle para o Modelo Nominal do Caso B 79
5.25 Respostas dos Modelos de Primeira Ordem para o Caso A 80
5.26 Esforço de Controle dos Modelos de Primeira Ordem para o Caso A 80
5.27 Respostas dos Modelos de Primeira Ordem para o Caso B 81
5.28 Esforço de Controle dos Modelos de Primeira Ordem para o Caso B 81
5.29 Resposta do Sistema para Diversos Valores de Lambda 82
5.30 Esforço do Controle para Diversos Valores de Lambda 82
5.31 Resposta para Diversos Modelos do Processo – Caso A 83
5.32 Esforço de Controle para Diversos Modelos do Processo – Caso A 83
5.33 Respostas do Caso T para os Controladores PI Analógico 84
5.34 Respostas do Caso A para os Controladores PI Analógico 85
5.35 Respostas do Caso B para os Controladores PI Analógico 85
1. INTRODUÇÃO
O processo de secagem é uma etapa de fundamental importância dentro de uma linha
de produção de peças cerâmicas. Neste processo, que é executado após a prensagem das
peças, retira-se o excesso de umidade das mesmas de forma tal a uniformizá-las antes da
entrada ao forno. Esta secagem, feita normalmente por secadores onde circula-se ar quente
entre as peças a uma determinada temperatura e velocidade, é uma das principais
responsáveis pelas dimensões finais do produto e pela presença de defeitos estéticos, tais
como, “covinha1, furo2 e Ra3”, quando esta temperatura não está no padrão.
Assim, um correto funcionamento do secador assegura peças mais uniformes, menor
desperdício e maior qualidade. Para conseguir este objetivo, deve-se controlar a
temperatura no interior do secador em valores pré-determinados pelo ceramista,
independentemente das variações de carga e das eventuais paradas da linha de produção.
O processo de secagem, utilizado pela maioria das indústrias cerâmicas, tem sempre os
mesmos objetivos porém as caraterísticas dinâmicas do sistema dependem fortemente do
tipo de secador, do fabricante e da instrumentação instalada.
Atualmente, no secador do tipo vertical, localizado na Unidade V da Eliane
Revestimentos Cerâmicos em Criciúma – SC, processo que será objeto de estudo deste
trabalho, o controle de temperatura é realizado por dois algoritmos do tipo PI analógico. O
sistema de medição de temperatura é baseado em termopares e o controlador atua sobre
uma servo válvula que regula a dosagem ar-gás natural do queimador. Os ventiladores que
realizam a recirculação do ar, não possuem controle de velocidade. O sistema de controle
possui dois pontos de operação. O primeiro, a 160 oC, é utilizado quando a linha de
produção trabalha em velocidade normal. O segundo, a 100 oC, utiliza-se nos momentos
que a linha de produção pára e um conjunto de peças permanecem no secador por mais
tempo do que o especificado.
1Covinha = pequena depressão que ocorre na superfície da peça
2Furo = semelhante à furo de ponta de agulha em grande quantidade ocorrendo em toda a superfície da peça 3Ra = trinca que aparece nos cantos ou no centro da peça
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO 2
O ajuste dos controladores PI deve garantir o seguimento as referências de 160 e 100 oC com erros menores que 1% e a transição entre os dois pontos de operação com uma
dinâmica rápida e sem oscilações.
Por outro lado, a manutenção de uma estrutura de controle simples é importante
para minimizar o investimento e permitir uma rápida adaptação dos operadores. Assim, os
objetivos do trabalho podem ser divididos em dois. O primeiro objetivo consiste no estudo
do comportamento do sistema e na otimização do ajuste dos parâmetros do controlador PI
instalado no processo. Este objetivo pode ser atingido a curto prazo como mostra-se neste
documento. Já o segundo objetivo, de médio ou longo prazo, consiste em apontar soluções
mais avançadas, que mediante a modificação do hardware instalado no processo, permitam
melhorar o comportamento do sistema visando respostas adequadas e minimizando o
consumo de gás natural.
Com estes objetivos e dadas as caraterísticas dinâmicas do processo, propõem-se
neste trabalho o ajuste de controladores PID e um controlador preditivo simplificado,
analisando em todos os casos a facilidade de sintonização, a robustez e a forma em que
podem ser implementados.
Finalmente, deve-se destacar que as soluções analisadas neste trabalho podem ser
estendidas para outras etapas do processo de fabricação de revestimentos cerâmicos
(atomizador, fornos, etc.), assim como para outros tipos de processos, diminuindo desta
forma a distância entre a teoria e a prática.
1.2 - ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
Este documento está organizado da seguinte forma. No capítulo 2, apresenta-se a
descrição do processo cerâmico, dando maior ênfase ao setor de secagem de peças
cerâmicas. Neste capítulo detalha-se o princípio de funcionamento de um secador vertical,
citando suas partes, componentes e características técnicas. Também, descrevem-se os
elementos utilizados no sistema de controle de temperatura e de aquisição de dados do
processo.
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO 3
O capítulo 3 dedica-se à análise da planta, a seu modelamento matemático e a
validação dos modelos, utilizando dados experimentais.
No capítulo 4, estudam-se algumas técnicas para o controle de temperatura do
secador através de simulações com o modelo obtido, apontando vantagens e desvantagens
dos algoritmos. Já no capítulo 5, apresentam-se os resultados experimentais com o controle
PI reajustado e também resultados de simulação utilizando os controladores PID e o
controlador preditivo simplificado propostos no capítulo 4.
Finalizando o trabalho, o capítulo 6 apresenta as conclusões e perspectivas.
2. O PROCESSO CERÂMICO E O PROCESSO DE
SECAGEM
2.1 - INTRODUÇÃO
A arte da cerâmica se perde nos tempos. Com a invenção do torno no Antigo Egito,
a fabricação da cerâmica tem andado em passos consideráveis. Na atualidade estamos
maravilhados pela beleza e a perfeição das peças tanto artísticas como utilitárias que foram
fabricadas pelas distintas civilizações da antigüidade. Desde a Idade Média até nossos dias,
a cerâmica tem-se condicionado pelos distintos aspectos da vida cotidiana.
A palavra cerâmica vem do grego Keramos, que referia-se especificamente ao
vasilhame em terracota. Atualmente este termo é empregado a tudo que se fabrica com
matéria-prima argilosa (KINGERY, 1998).
O processo de fabricação de revestimentos cerâmicos é composto de várias etapas,
que vão sendo executadas seqüencialmente até obter o produto final. Uma dessas etapas é a
secagem de peças cerâmicas
O termo secagem aplicado para produtos cerâmicos é entendido como sendo a
remoção de água de um material sólido. A secagem de muitos materiais, dos quais a peça
cerâmica é um bom exemplo, é acompanhada por uma contração no volume, devido a
remoção da água (BRISTOT, 1996). Esta contração que depende fortemente da
temperatura de secagem pode causar diferenças no tamanho da peça.
Além desse problema, podemos relacionar outros que afetam o processo cerâmico
devido a uma instabilidade na temperatura de secagem, a qual cita-se como já mencionado
no capítulo anterior, os defeitos estéticos como o de “covinha, furo e Ra” e também o da
variação da resistência mecânica a seco das peças cerâmicas.
CAPÍTULO 2: O PROCESSO CERÂMICO E O PROCESSO DE SECAGEM 5
Portanto, o controle de temperatura é de fundamental importância para o processo
como um todo. Assim, este trabalho propõe o estudo do controle térmico do processo de
secagem de peças cerâmicas.
Dos métodos de secagem existentes pode-se citar a secagem por absorção, secagem
por separação mecânica e a secagem por evaporação. Este último ocorre quando promove-
se a evaporação da água pelo uso (ação) do calor (KINGERY, 1998). É o método universal
de secagem de sólidos, líquidos não voláteis e principalmente de corpos cerâmicos .
Neste capítulo, apresenta-se o processo cerâmico e o funcionamento do sistema de
secagem de peças cerâmicas através da utilização de secadores verticais, citando suas
partes, componentes e características técnicas, além de descrever os elementos presentes
para o controle térmico e a aquisição de dados deste processo.
2.2 - O PROCESSO CERÂMICO
O processo de fabricação de produtos cerâmicos “tradicionais”, entre os quais estão
incluídos os pavimentos e revestimentos cerâmicos, se desenvolve normalmente em três
fases sucessivas:
a) preparação das matérias primas,
b) conformação da peça,
c) tratamentos adicionais para conferir ao produto as propriedades finais desejadas, como
submetê-lo à secagem e à queima uma ou mais vezes.
A seguir, apresenta-se um fluxograma que mostra o processo de fabricação de
revestimentos cerâmicos por monoporosa (azulejo), onde foram realizados os experimentos
práticos de identificação e controle desta dissertação (figura 2.1)
CAPÍTULO 2: O PROCESSO CERÂMICO E O PROCESSO DE SECAGEM 6
P R E P A R A Ç Ã O D A M A S S A
V I A S E C A V I A Ú M I D A
C O N F O R M A Ç Ã O
S E C A G E M
E S M A L T A Ç Ã O
Q U E I M A
C L A S S IF I C A Ç Ã O
Figura 2.1 – Fluxograma do processo cerâmico (monoporosa)
O processo cerâmico começa com a seleção das matérias-primas que devem formar
parte da composição de partida. Nos produtos cerâmicos denominados “tradicionais”, as
matérias-primas utilizadas são fundamentalmente : argilas, caulins, feldspatos, quartzos e
carbonatos.
Na indústria cerâmica tradicional, as matérias primas podem ser utilizadas tal como
são extraídas da jazida, ou depois de submetê-las a um tratamento mínimo. Sua procedência
natural exige, na maioria dos casos, uma homogeneização prévia que assegure a
continuidade de suas características.
Uma vez realizada a primeira mistura dos distintos componentes da massa cerâmica,
esta será submetida a um processo de moagem, que pode ser “via seca” (moinhos de
martelos ou pendulares) ou “via úmida” (moinhos de bolas contínuos ou descontínuos -
figura 2.2).
Figura 2.2 – Moinhos de bolas descontínuos
CAPÍTULO 2: O PROCESSO CERÂMICO E O PROCESSO DE SECAGEM 7
O material resultante da moagem apresenta algumas características distintas se for
efetuado por via seca ou via úmida. No primeiro caso produz-se uma fragmentação,
mantendo-se tanto os agregados como os aglomerados de partículas, sendo o tamanho de
partículas resultante (existem partículas maiores de 300 micrometros) superior ao obtido
por via úmida (todas as partículas são menores de 200 micrometros).
O procedimento que se tem imposto na fabricação de pavimentos e revestimentos
cerâmicos por monoqueima, como conseqüência das importantes melhoras técnicas que
apresenta, é o de via úmida e posterior secagem da suspensão resultante por atomização.
No procedimento por via úmida, as matérias-primas podem ser introduzidas total ou
parcialmente no moinho de bolas (tipo Alsing), que é o habitual, ou dissolver diretamente.
Da suspensão resultante será eliminada uma parte da água, até alcançar o conteúdo
de umidade necessário para cada processo. O método mais utilizado na fabricação de
pavimentos e revestimentos cerâmicos é a secagem por atomização (figura 2.3).
Figura 2.3 – Atomizador (Spray drier)
CAPÍTULO 2: O PROCESSO CERÂMICO E O PROCESSO DE SECAGEM 8
Depois da etapa de moagem e secagem, existem possibilidades distintas de preparar
o material, que depende do método de conformação da peça que se vai utilizar. O
procedimento de conformação de peças mais habitual neste tipo de produto é por
prensagem a semi seco (5 - 8% de umidade), mediante o uso de prensas hidráulicas.
A peça cerâmica uma vez conformada, será submetida a uma etapa de secagem, com
o fim de eliminar a água contida, procurando que não sejam produzidos defeitos (figura
2.4).
Figura 2.4 – Prensa hidráulica e Secador vertical
Normalmente nos secadores industriais, o calor necessário para efetuar a secagem
das peças é introduzido predominantemente por convecção, sendo que esses gases quentes
podem ser gerados numa fornalha e/ou do ar de recuperação do forno.
Nos produtos não esmaltados, logo após a etapa de secagem realiza-se a queima.
Nos produtos esmaltados fabricados por monoqueima, a etapa seguinte a secagem é a de
esmaltação.
A esmaltação consiste na aplicação, por distintos métodos, de uma ou várias
camadas de vidrado com uma espessura compreendida entre 75 a 500 micrometros no total,
que cobrirá a superfície da peça. Este tratamento será realizado para conferir ao produto
queimado uma série de propriedades técnicas e estéticas, tais como:
- impermeabilidade;
- facilidade de limpeza;
- brilho;
Prensa hidráulica
Secador vertical
CAPÍTULO 2: O PROCESSO CERÂMICO E O PROCESSO DE SECAGEM 9
- cor;
- textura;
- resistência química e mecânica.
A natureza da camada resultante é essencialmente vítrea, mas em muitas ocasiões,
inclui-se elementos cristalinos em sua estrutura.
O vidrado é composto por uma série de matérias primas inorgânicas e sílica como
componente fundamental (formador de vidro).
Dependendo do tipo de produto, de sua temperatura de queima, dos efeitos e
propriedades a conseguir no produto acabado, formula-se uma ampla variedade de esmaltes.
Em outros processos cerâmicos (porcelana artística, sanitários), utilizam-se na formulação
de vidrados única e exclusivamente matérias primas cristalinas, naturais ou de sínteses, que
introduzem os óxidos necessários. Em contrapartida, nos processos de pavimentos e
revestimento cerâmicos tem-se usado matérias primas de natureza vítrea (fritas), preparadas
a partir dos mesmos materiais cristalinos submetidos previamente a um tratamento térmico
de alta temperatura.
A esmaltação das peças cerâmicas realiza-se via um processo contínuo (figura 2.5).
Figura 2.5 – Linha de esmaltação
CAPÍTULO 2: O PROCESSO CERÂMICO E O PROCESSO DE SECAGEM 10
Os métodos de aplicação mais usados na fabricação destes produtos cerâmicos
( KINGERY, 1998), são:
a)Pulverização : é um dos procedimentos mais generalizados para qualquer tipo de produto.
Exige uma grande uniformidade nas características da barbotina de esmalte utilizada, para
assegurar a uniformidade de produção. Existem equipamentos manuais, automáticos e
robotizados. As principais características que devem ser levadas em conta, são: reologia
(densidade, viscosidade, tixotropia), pressão do ar e da barbotina, alimentação da barbotina,
desenho, número e distribuição das boquilhas, granulometria do esmalte, capacidade de
absorção do suporte e temperatura. A aplicação do esmalte mediante um disco que gira a
uma velocidade elevada é uma das técnicas mais empregadas na fabricação de pisos. Por
este procedimento resultam gotas um pouco maiores do que quando a pulverização se
efetua mediante boquilhas a pressão.
b) Em cascata ou cortina: a peça recobre-se de esmalte ao passar por debaixo de uma
cortina de barbotina. Os dispositivos mais correntemente utilizados para este tipo de
aplicação são os denominados de “campana” e de “fileira”. As características reológicas do
material são muito importantes, neste caso, para assegurar a uniformidade na aplicação. As
peças devem ser necessariamente planas, aplicando-se o esmalte unicamente na parte
superior (figura 2.6).
Figura 2.6 – Aplicação de esmalte – véu campana
CAPÍTULO 2: O PROCESSO CERÂMICO E O PROCESSO DE SECAGEM 11
c) A seco: tem-se desenvolvido uma série de aplicações baseadas na utilização do esmalte
moído a seco ou bem granulado. Este tipo de esmalte permite conseguir efeitos estéticos
denominados “mármore”, “granito”, etc..
d) Decorações: entre as técnicas decorativas aplicáveis às peças cerâmicas, destacam-se a
serigrafia, as calcomanias e a estamparia por tampão. A serigrafia é a técnica mais utilizada
na fabricação de pavimentos e revestimentos, devido a sua facilidade de aplicação nas linhas
de esmaltação. Esta técnica utiliza-se tanto em monoqueima como em biqueima e terceira
queima, e consiste na seqüência de um determinado desenho que se reproduz por aplicação
de uma ou várias telas sobrepostas (telas tensionadas de uma luz de malha determinada).
Estas telas apresentam a tonalidade de sua superfície fechada por um produto endurecedor,
deixando livre de passagem unicamente o decalque que se irá reproduzir. Ao passar sobre a
tela, um elemento que exerce pressão (espátula), obriga a pasta serigráfica a atravessá-la,
caindo a impressão sobre a peça (figura 2.7)
Figura 2.7 – Serigráfica rotativa
Depois da etapa de esmaltação, realiza-se a queima do esmalte no processo de
biqueima, ou a queima do esmalte e do suporte conjuntamente nos processos de
monoqueima. A queima dos produtos cerâmicos é uma das etapas mais importantes do
processo de fabricação, já que dela dependem grande parte das características do produto
cerâmico: resistência mecânica, estabilidade dimensional, resistência aos agentes químicos,
facilidade de limpeza, resistência ao fogo, etc..
CAPÍTULO 2: O PROCESSO CERÂMICO E O PROCESSO DE SECAGEM 12
As variáveis fundamentais a considerar na etapa de queima são : o ciclo térmico
(temperatura x tempo) e a atmosfera do forno, que devem adaptar-se a cada composição e
tecnologia de fabricação, dependendo do produto cerâmico que se deseja obter.
A queima rápida de pavimentos e revestimentos cerâmicos realiza-se, atualmente,
em fornos monoestrados de rolos, que têm permitido reduzir de forma significatia a duração
dos ciclos de queima até tempos inferiores aos 40 minutos, devido à melhora dos
coeficientes de transmissão de calor das peças e à uniformidade e flexibilidade dos mesmos
(figura 2.8).
Figura 2.8 – Fornos a rolo monoestrado
Após a queima acontece a classificação dos defeitos estéticos (borrado, falha de véu,
furo de esmalte, etc) e físicos (tamanho, empeno, etc) dos revestimentos cerâmicos. Esta
classificação é realizada em máquinas classificadeiras automáticas. Em seguida é realizado o
embalamento e a paletização, e as caixas vão para o setor de expedição (figura 2.9).
CAPÍTULO 2: O PROCESSO CERÂMICO E O PROCESSO DE SECAGEM 13
Figura 2.9 – Zona de classificação, embalamento, paletização e expedição
2.3 - SECADORES
São equipamentos nos quais, por meio de calor (normalmente), é efetuada a
secagem de materiais. Podem ser classificados de diversas maneiras e entre elas prefere-se a
seguinte (BRISTOT, 1996):
a) baseado no sistema de alimentação do material a secar:
- funcionamento estático ou intermitente;
- funcionamento contínuo;
b) baseado no sistema de aquecimento:
- Aquecimento por convecção;
- Aquecimento por condução;
- Aquecimento por irradiação;
- Aquecimento misto.
Dentre os vários tipos de secadores utilizados para secagem de peças cerâmicas,
estudou-se o secador contínuo vertical (figura 2.10).
CAPÍTULO 2: O PROCESSO CERÂMICO E O PROCESSO DE SECAGEM 14
Figura 2.10 – Secador vertical
Nestes secadores as peças são transportadas através de cestones (espécie de caixas
com planos a rolos), onde sobre os planos destes são carregados e descarregados os
revestimentos cerâmicos. Ele possui a carga e descarga do material contínua e
automática (figura 2.11).
Figura 2.11 – Sistema de carga de revestimentos cerâmicos em um secador vertical
Planos dos cestones Revestimentos Cerâmicos
CAPÍTULO 2: O PROCESSO CERÂMICO E O PROCESSO DE SECAGEM 15
A parada e o acionamento dos cestones é determinada através de um sensor que
envia um sinal para o sistema motriz para acertar o posicionamento dos mesmos.
Nestes secadores, um fluxo de ar circula em contra corrente ao fluxo do material a
secar. Devido a este princípio as peças cerâmicas ao entrarem no secador, são cobertas por
ar moderadamente quente e estão bastante úmidas; durante o processo as zonas são cada
vez mais quentes e menos úmidas.
O ar quente proveniente do gerador de calor mistura-se com o ar de recirculação e
juntos são injetados na câmara central do secador. A seguir este ar quente passa através de
aberturas denominadas de serrandas, que podem ser reguladas manualmente na parte
externa do secador, e entra em contato com os revestimentos cerâmicos (figura 2.12).
Figura 2.12 – Injeção de ar quente nas peças cerâmicas
A seguir mostram-se o sistema de circulação e recirculação de ar quente, a exaustão
do ar saturado e a movimentação de peças cerâmicas dentro do secador vertical (figura
2.13).
Figura 2.13 – Circulação de ar e movimentação de peças no secador
Ar quente
Revestimentos Cerâmicos
Plano do cestone
Serrandas
EM
Vc G
V
V1
CAPÍTULO 2: O PROCESSO CERÂMICO E O PROCESSO DE SECAGEM 16
Legenda da figura 2.13:
EM = Entrada de material (peças cerâmicas)
G = Gerador de calor
V = Ventilador de recirculação
V1 = Boca de aspiração
Vc = Ventilador de tiragem de ar saturado (úmido)
O sistema de recirculação de ar é composto de um ventilador que puxa o ar que está
no interior do secador e o injeta no queimador (figura 2.14). Por sua vez este queimador é
constituído de um servo motor, uma válvula de ar e uma válvula de gás (SACMI, 1989).
Figura 2.14 – Sistema de recirculação de ar e de combustão do secador
(Vista superior)
O sistema de controle de temperatura do secador está composto de um termopar
que mede a temperatura de aquecimento do secador e envia um sinal para um dos
Ar quente do gerador Ar úmido
Ar frio
Ventilador de recirculação
SECADOR VERTICAL
Termopar
Servo motor
Válvula de ar
Válvula de gás
Controladores PI A e B
Entrada de ar quente
CAPÍTULO 2: O PROCESSO CERÂMICO E O PROCESSO DE SECAGEM 17
controladores do tipo PI (proporcional e integral). Este processo possui dois controladores
pois, quando a linha de produção está em funcionamento um dos controladores é acionado
e quando a linha de produção pára, o outro por sua vez entra em funcionamento. Estes
controladores enviam um sinal para o servo motor que através de braços mecânicos
regulados manualmente e que estão ligados nas válvulas, são responsáveis pela relação ar x
gás do sistema (figura 2.15).
Figura 2.15 – Servo motor com as válvulas de ar e gás
2.3.1 – ESPECIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS QUE COMPÕEM O SECADOR VERTICAL
•• ESTRUTURA EXTERNA
A estrutura externa é construída em aço de grande espessura, fixada rigidamente
sobre uma fundação em concreto. O elemento motriz está localizado na parte superior da
estrutura .
•• CANALIZAÇÕES INTERNAS
Servem para a introdução de ar quente na zona de aquecimento e de ar frio na zona
de resfriamento, através de uma série de serrandas reguláveis manualmente.
•• CORRENTES
Constituído de duas correntes a rolo em aço de alta resistência com chapas
estampadas para sustentar os cestones, onde ficam armazenadas as peças cerâmicas.
Válvula de gás Válvula de ar
Servo Motor
Braços mecânicos
CAPÍTULO 2: O PROCESSO CERÂMICO E O PROCESSO DE SECAGEM 18
•• GRUPO DE MOVIMENTAÇÃO DAS CORRENTES
É responsável pela movimentação dos cestones. É constituído de um moto redutor e
por um acoplamento/junta a fricção, sendo que o motor é auto frenante e o redutor é
composto internamente por engrenagens cilíndricas.
•• ISOLAMENTO TÉRMICO
Todo o isolamento térmico é composto por lã de rocha. Esta lã é fixada na parte
interna do secador permitindo assim um melhor sistema de inspeção e manutenção.
•• SERRANDAS
São elementos que têm como função fazer a distribuição e regular a quantidade de
ar quente e frio que está se injetando nas peças cerâmicas.
•• CESTONES
São construídos em aço trefilado, montado de forma que se possa bascular em
relação as correntes para evitar que as peças cerâmicas deslizem e caiam do cestone. Esses
cestones possuem vários planos fixos por onde são carregados e descarregados os
revestimentos cerâmicos.
•• GERADOR DE CALOR
É do tipo “veia de ar” dotado de todas as seguranças previstas nas normas
internacionais sobre combustão e o combustível utilizado nestes geradores é o gás natural.
•• VENTILADOR DE RECIRCULAÇÃO
Possui um motor elétrico que faz o acionamento de um rotor através de correias e
polias. Este rotor puxa o ar da parte interna do secador através de uma tubulação e envia
para o gerador de calor, e este ar retorna novamente para o processo com a temperatura
CAPÍTULO 2: O PROCESSO CERÂMICO E O PROCESSO DE SECAGEM 19
ideal para a secagem das peças cerâmicas. A tubulação é isolada térmicamente com lã de
rocha para evitar desperdício de calor.
•• VENTILADOR DE TIRAGEM
Está situado sobre a plataforma de serviço e tem a função de retirar o ar saturado da
zona inferior do secador através de uma tubulação e enviar para o meio externo.
•• LUBRIFICAÇÃO DAS CORRENTES
O óleo resistente a altas temperaturas é injetado automaticamente nas correntes de
transporte dos cestones através uma bomba acionada pneumaticamente.
•• SISTEMA DE CONTROLE DA TEMPERATURA
Composto por dois controladores do tipo PI, um termopar tipo J, um servo motor,
uma válvula que regula a quantidade de gás e uma outra de ar de combustão.
2.3.2 - CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DO SECADOR VERTICAL
Potência elétrica instalada [kw] 23
Potência térmica instalada [kcal/h] 600000
Temperatura máxima de secagem [oC] 200
Pressão da linha de combustível [kgf/cm2] 0,5 – 8
Pressão da rede de ar comprimido [bar] 5 – 6
Combustível Gás natural
Umidade máxima de entrada das peças cerâmicas [%] 8
Umidade de saída das peças cerâmicas [%] 0,5
Número total de cestones 34
Número de planos por cestones 13
Tabela 2.1 – Características técnicas do secador vertical
CAPÍTULO 2: O PROCESSO CERÂMICO E O PROCESSO DE SECAGEM 20
2.4 - ESPECIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS DO SISTEMA DE AQUISIÇÃO DE DADOS
A tomada de decisões e resolução de problemas são dependentes do acesso a
informação adequada sobre o problema a ser resolvido. Freqüentemente a informação
avaliada está originalmente na forma de dados ou observações que requerem interpretação
antes da análise e tomada de decisões (COELHO, 1999).
Para determinar um modelo de comportamento dinâmico do secador foram
realizados diversos experimentos de identificação. Dado que o secador não podia ser parado
nem colocado para funcionar fora da faixa de temperatura de operação normal, estes
experimentos foram realizados colocando o sistema de aquisição em paralelo com o sistema
de controle de temperatura (em malha fechada) do secador (figura 2.14). Desta forma,
pode-se capturar e manipular de forma segura e confiável, os dados do processo (figura
2.16).
Figura 2.16 – Elementos componentes dos sistemas de aquisição de dados e de controle de
temperatura do secador vertical
+
_ +
Fonte 24 V
Transdutor
Termopar B
Conversor Corrente x Tensão
Placa de Aquisição de Dados
Computador
+_
_ _
+ +
SECADOR VERTICAL
Termopar A
Controladores PI A e B
CAPÍTULO 2: O PROCESSO CERÂMICO E O PROCESSO DE SECAGEM 21
A seguir, descrevem-se os componentes utilizados no experimento prático para a
aquisição de dados de um processo de secagem de peças cerâmicas.
• Termopar B
Termopar tipo J, composição ferro, cobre e níquel, faixa de utilização = - 40 a 750 o C.
• Transmissor de temperatura
Modelo TT-02, marca Equipe, entrada do termopar tipo J, saída a 2 fios, 4 a 20 mA,
alimentação12 a 30 vdc, faixa fixa -40 a 750 oC.
• Conversor corrente-tensão
Marca Yokogawa, modelo 2371 A – F13 / AHE / AE, entrada 4 a 20 mA,
resistência de entrada ≅ 7Ω, saída 0 ∼ 5 V CC / 10 kΩ, precisão ± 0,25 %, alimentação 220
V / 60 Hz.
• Placa de aquisição de dados
Marca Iotech, modelo DaqBook/100, número de canais = 16, resolução = 12 bits,
ranges = Unipolar 0 a +10 V, 0 a +5 V, 0 a +2,5 V e 0 a +1,25 V, Bipolar 0 a ±5 V, 0 a
±2,5 V, 0 a ±1,25 V e 0 a ±0,625 V
• Software WinSDCA
Este software é uma ferramenta de apoio para engenheiros de controle destinada à
identificação de processos e ajuste de controladores industriais desenvolvida no DAS-
UFSC. Através do uso de equipamentos auxiliares (como placas de aquisição de dados), o
CAPÍTULO 2: O PROCESSO CERÂMICO E O PROCESSO DE SECAGEM 22
software atua como gerenciador e permite obter modelos matemáticos do processo, assim
como, ajustar os parâmetros do algoritmo de controle.
2.5 - ESPECIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS DO SISTEMA DE CONTROLE EM MALHA
FECHADA DO SECADOR VERTICAL
Os elementos pertencentes ao sistema de controle em malha fechada do secador
vertical são os seguintes:
• Termopar A
Termopar tipo J, composição ferro, cobre e níquel, faixa de utilização = - 40 a 750 o C.
• Servo Motor
Marca Sibec, 220 V, 60 Hz, tempo de trabalho a 90o = 15 a 120 s, ângulo de
rotação = 90o a 160o, temperatura de operação = - 20 oC até 60oC.
• Controladores A e B
Marca Ascon, tipo analógico, faixa de operação de 0 a 200 oC, implementado com a
estrutura acadêmica, modelo VTC – 1 – I – N – F2
CAPÍTULO 2: O PROCESSO CERÂMICO E O PROCESSO DE SECAGEM 23
2.6 - CONCLUSÃO
Este capítulo apresentou o processo para produção de revestimentos cerâmicos
dando uma maior ênfase ao setor de secagem. Mostrou-se o funcionamento, os
componentes e as características técnicas de um secador vertical.
Também foi estudada uma série de elementos e conceitos presentes neste secador e,
em paralelo, o sistema de controle em malha fechada para a aquisição de dados. O objetivo
foi reconhecer os elementos para poder capturar e manipular, de forma segura e confiável
os dados do processo, sendo isto decisivo para a tomada de decisões no projeto.
O capítulo 3 será dedicado à análise da planta. Será feito o modelamento matemático
do processo e analisado detalhadamente seu comportamento através de simulações em
malha fechada, visando obter o modelo que melhor represente o processo térmico de
secagem.
3. MODELAGEM E IDENTIFICAÇÃO DO PROCESSO
DE SECAGEM DE PEÇAS CERÂMICAS 3.1 - INTRODUÇÃO
A modelagem do comportamento dinâmico de um processo é uma etapa
fundamental do procedimento de definição e ajuste de um sistema de controle. A obtenção
de um modelo matemático que represente o funcionamento de um processo industrial deve
cumprir geralmente dois requisitos básicos. Primeiramente, o modelo deve ser
suficientemente completo para representar fielmente a dinâmica dominante do sistema. Por
outro lado, o modelo deve ser suficientemente simples para permitir a definição e o ajuste
de um sistema de controle de baixa complexidade e fácil utilização pelos operadores. Este
equilíbrio entre simplicidade e exatidão (ou precisão) do modelo, pode ser obtido muitas
vezes estudando os resultados experimentais obtidos em campo.
Neste capítulo, esta metodologia é aplicada ao sistema térmico para secagem de
peças cerâmicas. Para alcançar o objetivo mencionado, analisam-se na seção 3.2, os
resultados experimentais de ensaios do tipo “step-test” realizados com o sistema real
funcionando em diversas situações. Os resultados obtidos são validados comparando o
comportamento do modelo identificado com os dados experimentais em diversas situações
de operação. O modelo assim obtido é utilizado no próximo capítulo para escolher a melhor
estratégia de controle para o processo.
Por fim, na seção 3.3 serão apresentadas as principais conclusões obtidas neste
capítulo.
CAPÍTULO 3: MODELAGEM E IDENTIFICAÇÃO DO PROCESSO DE SECAGEM DE PEÇAS CERÂMICAS 25
3.2 - MODELO MATEMÁTICO A PARTIR DA AQUISIÇÃO DE DADOS DO SECADOR
VERTICAL
A dinâmica de muitos sistemas, sejam eles mecânicos, elétricos, térmicos, etc., pode
ser descrita em termos de equações diferenciais, que podem ser obtidas utilizando-se as leis
que os governam. Mas o modelo completo depende do conhecimento de vários parâmetros
que são difíceis de medir no processo. Assim, pode-se através de dados experimentais
encontrar as expressões finais da função de transferência do sistema.
O principal objetivo na utilização de aquisição de dados não é a geração de históricos
de variáveis de processo, mas sim ser um elemento básico para a execução de análises e
avaliações off-line (neste caso), além de possibilitar a utilização de técnicas no
desenvolvimento de novas aplicações para a planta (COELHO, 1999).
Para a aquisição de dados do sistema foi adotada a metodologia de análise de
comportamento em malha fechada, dado que o secador não poderá ser parado para ensaios
de malha aberta sem prejuízo de produção. Sendo assim, procedeu-se a realização de
ensaios e levantamento de dados em operação normal.
Estas limitações impostas pela operação do sistema, dificultaram a obtenção de dados,
já que em muitas ocasiões havia a interrupção da identificação pela parada da linha ou
outros problemas externos.
3.2.1 – Ensaios Realizados
Foram realizadas aquisições no secador vertical número 1 da Eliane Revestimentos
Cerâmicos – Unidade V.
Com este levantamento obteve-se as curvas com o comportamento da situação atual da
variação de temperatura nos seguintes casos:
a) Caso T = transição da temperatura de aproximadamente 100 oC para
aproximadamente 160 oC e transição da temperatura de aproximadamente160 oC para
aproximadamente 100 oC ;
CAPÍTULO 3: MODELAGEM E IDENTIFICAÇÃO DO PROCESSO DE SECAGEM DE PEÇAS CERÂMICAS 26
b) Caso A = variações da temperatura de aproximadamente ± 10 oC nas vizinhanças do
ponto de operação de 160 oC;
c) Caso B = variações da temperatura de aproximadamente ± 10 oC nas vizinhanças do
ponto de operação de 100 oC ;
Estas aquisições foram coletadas mediante os equipamentos citados no capítulo
anterior.
3.2.2 – Cálculo do Modelo Matemático do Processo a partir de Dados de
Identificação
Segundo (Leal, 1996) “a modelagem matemática de um processo dinâmico pode ser
definida como a determinação de um conjunto de equações que o representam sob
determinadas condições”.
Vale ressaltar que um sistema pode ser representado por várias maneiras diferentes
e, portanto, podem haver muitos modelos matemáticos que representem o comportamento
deste. Por isso, optou-se por uma descrição simplificada , tendo em mente o compromisso
entre simplicidade do modelo e sua fidelidade na representação.
Para o processo em questão, o modelo foi obtido a partir das medidas associadas ao
processo e coletadas a partir de uma realização experimental.
Neste trabalho foi utilizada a identificação pelo teste de resposta ao degrau em malha
fechada (mudança da entrada e armazenamento das medidas em um registrador), conforme
mostra a figura 3.1:
Figura 3.1 – Modelagem a partir de uma mudança na entrada
Processo em malha fechada
registrador
saída Mudança de set
point pelo operador
entrada
CAPÍTULO 3: MODELAGEM E IDENTIFICAÇÃO DO PROCESSO DE SECAGEM DE PEÇAS CERÂMICAS 27
O modelo final é uma forma do conhecimento da relação existente entre sinal de
entrada do processo e a saída, caracterizada pela função de transferência do processo.
A figura 3.2 mostra a estrutura de controle implementada no processo em questão.
Figura 3.2 – Estrutura genérica do processo de secagem de peças cerâmicas
Com base nesta estrutura obtém-se:
)().(1
)().()(
sPsC
sPsCsG
+= (3.9)
onde:
)s(C ⇒ Controlador
)(sP ⇒ Processo de secagem
Na literatura existe uma variedade de métodos baseados na resposta do processo ao
degrau para identificação do melhor modelo para cada caso (ZIEGLER & NICHOLS,
1942, SUNDARESAN, 1977, SMITH, 1985, HÄGGLUND, 1991). Neste trabalho optou-
se pela identificação baseada no método de Mollenkamp (COELHO, 1999) e pela
representação do secador por um modelo de primeira/segunda ordem com atraso.
Sensor Secador Atuador
Sinal de referência
-
Controlador
+
C(s))
P(s)
CAPÍTULO 3: MODELAGEM E IDENTIFICAÇÃO DO PROCESSO DE SECAGEM DE PEÇAS CERÂMICAS 28
Assim, utilizaram-se dois modelos para representar a dinâmica do secador: um
modelo de primeira ordem com atraso Pp(s) e um modelo de segunda ordem com atraso
Ps(s):
Lse)Ts(
K)s(Pp −
+=
1 (3.10)
onde:
K = ganho estático
T = constante de tempo
L = atraso de transporte
e
Lse)sT).(sT(
K)s(Ps −
++=
11 21
(3.11)
onde:
K = ganho estático
1T e 2T = constantes de tempo
L = atraso de transporte
A seguir apresentam-se os resultados obtidos com a identificação:
CAPÍTULO 3: MODELAGEM E IDENTIFICAÇÃO DO PROCESSO DE SECAGEM DE PEÇAS CERÂMICAS 29
Temperaturas [oC] Modelo K T L
93,8 para 162,6 1 0,123 71,5 16,13 Caso T
161,4 para 93,5 2 0,119 71,34 14,53
156,6 para 166 3 0,424 71,42 18
165,4 para 156 4 0,415 50 12
156,6 para 146,2 5 0,415 50 12 Caso A
148,8 para 156,6 6 0,425 100 18
100,2 para 108,2 7 0,62 111,1 17,5
108,8 para 102,2 8 0,46 100 20,5
102 para 92 9 0,5 125 22.5 Caso B
91,6 para 102,4 10 0,62 101,1 16,5
Tabela 3.1 – Valores estimados dos parâmetros das funções de transferência de
primeira ordem Pp(s)
Temperaturas [oC] Modelo K 1T 2T L
93,8 para 162,6 1 0,123 8,9 72,04 12,007 Caso T
161,4 para 93,5 2 0,119 7,98 72,04 11,98
156,6 para 166 3 0,424 15,42 72,05 10,9
165,4 para 156 4 0,415 16,06 72,03 12,5
156,6 para 146,2 5 0,415 16,5 73,2 11 Caso A
148,8 para 156,6 6 0,425 26,54 72,46 12
100,2 para 108,2 7 0,62 35,34 72,15 9
108,8 para 102,2 8 0,46 36,66 72,99 11
102 para 92 9 0,5 42,23 73,54 11 Caso B
91,6 para 102,4 10 0,62 35,46 72,06 11
Tabela 3.2 – Valores dos parâmetros das funções de transferência do processo de
segunda ordem Ps(s)
CAPÍTULO 3: MODELAGEM E IDENTIFICAÇÃO DO PROCESSO DE SECAGEM DE PEÇAS CERÂMICAS 30
Para validar o resultado da identificação, comparam-se a seguir, para cada
experimento, a resposta em malha fechada do processo real e dos modelos identificados de
primeira ordem com atraso (Pp(s)) e de segunda ordem com atraso (Ps(s)), sendo que os
controladores instalados no processo foram ajustados com o ganho proporcional (Kc) igual
a 10 % e ganho integral (Ti) igual a 72 s :
a) Transição da temperatura de 93,8 oC para 162,8 oC
Figura 3.3 – Resposta em Malha Fechada do Processo e dos Modelos Identificados
Pp(s)1 e Ps(s)1
b) transição da temperatura de 161,4 oC para 93,5 oC
Figura 3.4 - Resposta em Malha Fechada do Processo e dos Modelos Identificados
Pp(s)2 e Ps(s)2
CAPÍTULO 3: MODELAGEM E IDENTIFICAÇÃO DO PROCESSO DE SECAGEM DE PEÇAS CERÂMICAS 31
c) variações de 156,6 oC para 166 oC
Figura 3.5 - Resposta em Malha Fechada do Processo e dos Modelos Identificados
Pp(s)3 e Ps(s)3
d) variações de 165,4 oC para 156 oC
Figura 3.6 - Resposta em Malha Fechada do Processo e dos Modelos Identificados
Pp(s)4 e Ps(s)4
CAPÍTULO 3: MODELAGEM E IDENTIFICAÇÃO DO PROCESSO DE SECAGEM DE PEÇAS CERÂMICAS 32
e) variações de 156,6 oC para 146,2 oC
Figura 3.7 - Resposta em Malha Fechada do Processo e dos Modelos Identificados
Pp(s)5 e Ps(s)5
f) variações de 148,8 oC para 156,6 oC
Figura 3.8 - Resposta em Malha Fechada do Processo e dos Modelos Identificados
Pp(s)6 e Ps(s)6
CAPÍTULO 3: MODELAGEM E IDENTIFICAÇÃO DO PROCESSO DE SECAGEM DE PEÇAS CERÂMICAS 33
g) variações de 100,2 oC para 108,2 oC
Figura 3.9 - Resposta em Malha Fechada do Processo e dos Modelos Identificados
Pp(s)7 e Ps(s)7
h) variações de 108,8 oC para 102,2 oC
Figura 3.10 - Resposta em Malha Fechada do Processo e dos Modelos Identificados
Pp(s)8 e Ps(s)8
CAPÍTULO 3: MODELAGEM E IDENTIFICAÇÃO DO PROCESSO DE SECAGEM DE PEÇAS CERÂMICAS 34
i) variações de 102 oC para 92 oC
Figura 3.11 - Resposta em Malha Fechada do Processo e dos Modelos Identificados
Pp(s)9 e Ps(s)9
j) variações de 91,6 oC para 102,4 oC
Figura 3.12 - Resposta em Malha Fechada do Processo e dos Modelos Identificados
Pp(s)10 e Ps(s)10
CAPÍTULO 3: MODELAGEM E IDENTIFICAÇÃO DO PROCESSO DE SECAGEM DE PEÇAS CERÂMICAS 35
Para o ajuste dos controladores é necessário definir um modelo nominal para cada
situação de operação. Assim, calcularam-se os modelos nominais através dos valores
médios das tabelas 3.1 e 3.2, tanto para os casos de primeira ordem como de segunda
ordem, conforme mostra-se a seguir:
a) Caso T : quando a linha de produção pára por um grande período de tempo, ocorrendo a
transição da temperatura do set point do controlador A para o set point do controlador B
ou quando o secador volta a trabalhar ocorrendo a transição da temperatura do set point do
controlador B para o set point do controlador A. Neste caso obtém-se:
s,T e
)s,(
,)s(Pp 3315
14271
1210 −
+= e s,
T e)s,).(s,(
,)s(Ps 9911
144812272
1210 −
++= (3.11)
a) Caso A : quando a linha de produção pára por um pequeno período de tempo ou o
sistema é perturbado, ocorrendo oscilações da temperatura em relação ao set point do
controlador A. Os modelos obtidos são:
sA e
)s,(
,)s(Pp 15
1666
40 −
+= e s,
A e)s,).(s,(
,)s(Ps 611
1631814372
40 −
++= (3.12)
c) Caso B : para a temperatura de funcionamento do secador quando a linha de produção
pára por um longo período de tempo ou o sistema é perturbado, ocorrendo oscilações da
temperatura em relação ao set point do controlador B. Os modelo para este caso são:
s,B e
)s,(
,)s(Pp 2519
13109
550 −
+= e s.
B e)s,).(s,(
,)s(Ps 510
1423716872
550 −
++= (3.13)
CAPÍTULO 3: MODELAGEM E IDENTIFICAÇÃO DO PROCESSO DE SECAGEM DE PEÇAS CERÂMICAS 36
3.3 - CONCLUSÃO
Os modelos matemáticos do secador foram obtidos através de ensaios do tipo “step-
test” em várias condições de trabalho. Estes permitem identificar algumas características do
processo que têm interesse do ponto de vista do operador, tais como: o valor do ganho,
da(s) constante(s) de tempo e do atraso, os quais são fundamentais para ajustar os
controladores que se apresentam no próximo capítulo.
Como características mais importantes dos modelos identificados de primeira
ordem, observou-se uma constância em todos os valores estimados dos parâmetros para o
caso T e uma variação destes parâmetros para o caso A e B. Em relação aos modelos de
segunda ordem, pode-se destacar um atraso de transporte praticamente constante em todas
as situações estudadas e uma constante de tempo e um ganho estático variável dependendo
da situação (caso T ou operação nas vizinhanças dos casos A e B). Observou-se, também,
através dos gráficos que tanto os modelos de primeira ordem, quanto os modelos de
segunda ordem podem representar bem a dinâmica do processo real. Estes modelos
identificados e validados serão utilizados no próximo capítulo onde serão aplicadas algumas
estratégias de controle escolhidas para o referido processo.
4. AJUSTE DOS CONTROLADORES INDUSTRIAIS 4.1 - INTRODUÇÃO
Os processos existentes em indústrias químicas, petroquímicas, de papel e celulose e
cerâmicas, entre muitas outras, constituem um campo vasto para aplicações de técnicas de
controle automático. Anteriormente, antes aos anos 40 (LUYBEN, 1990), a maioria das
plantas industriais eram operadas essencialmente em modo manual, o que exigia a utilização
de muitos operadores. Nos dias de hoje, em razão da extensão, da complexidade e da
interação entre os processos, passando também pelas exigências de qualidade dos produtos
e de redução do custo de produção, é essencial a utilização de controle automático na
operação dos processos.
O controlador PID é o tipo de controlador de estrutura fixa mais utilizado nas
aplicações industriais, tanto no Brasil como no mundo. Esses controladores tornaram-se
disponíveis comercialmente na década de 30, e já nos anos 40 estavam sendo utilizados na
indústria com grande aceitação (SEBORG & MELLICHAMP,1989).
Trabalhos de pesquisa recentes (TAKATSU & ARAKI, 1998) mostram que ainda
hoje mais de 95% das malhas de controle de processos industriais são do tipo PID e que as
estruturas de controle distribuído mais complexas têm o PID como elemento básico.
Esta predominância deve-se basicamente a: (i) uma grande quantidade de processos
industriais, principalmente os de origem térmica e química, possuem uma dinâmica que pode
ser bem modelada por uma função de transferência de primeira ou segunda ordem, o que
permite que um controlador de poucos parâmetros consiga obter uma performance
adequada; (ii) a ação integrativa do PID garante que o sistema em malha fechada possa
trabalhar sem erro em regime permanente, para referências ou perturbações constantes;
CAPÍTULO 4:AJUSTE DOS CONTROLADORES INDUSTRIAIS 38
(iii) a ação derivativa do PID tem características preditivas, importantes para corrigir as
dinâmicas transitórias.
Em geral, pode-se dizer que para processos com dinâmicas bem comportadas e
especificações não muito exigentes, o controlador PID é uma solução que oferece um bom
compromisso entre simplicidade e bom comportamento em malha fechada.
Apesar da importância prática do PID e da grande quantidade de pesquisas sobre
este controlador no meio acadêmico (BRUCIAPAGLIA, 1992, POSSER, 1998), é normal
encontrar no meio industrial controladores PID mal ajustados e/ou mal utilizados
(NORMEY-RICO, 2001). O fato é que a realização do ajuste de controladores na base da
tentativa e erro, é uma tarefa entediante e muitas vezes demorada, o que a torna custosa.
Além do mais, esse tipo de ajuste depende muito da experiência do técnico que o realizará.
Um outro problema, que surge quando da partida de plantas novas, é o acúmulo de malhas
que devem ser ajustadas, o que acaba levando o pessoal responsável por essa tarefa a
colocar “valores padrões”, obtidos em outras malhas semelhantes, até porque o tempo
torna-se escasso nessas ocasiões, em virtude do grande número de problemas que surgem.
Nos capítulos anteriores foi realizada uma análise completa do processo a ser
controlado. Estudou-se seu princípio de funcionamento e fez-se a modelagem matemática.
Neste capítulo, estudam-se algumas estratégias de controle utilizadas para resolver os
problemas comumente encontrados em ambientes industriais, verificando-se as soluções que
são mais apropriadas para o processo em questão.
Basicamente serão apresentadas e comparadas algumas metodologias de ajuste de
controle PI e PID, tradicionalmente usadas na indústria e outras de cunho mais acadêmico.
Também, apresenta-se neste capítulo, o ajuste de um controle preditivo generalizado (GPC)
baseado no preditor de Smith (SP) que permite considerar além das especificações da
resposta de temperatura, o consumo de gás do sistema, fator econômico muito importante
na indústria cerâmica.
CAPÍTULO 4:AJUSTE DOS CONTROLADORES INDUSTRIAIS 39
4.2 - OBJETIVOS DO CONTROLE
O objetivo principal deste trabalho é o de estudar alguns métodos para ajustar os
ganhos do controlador PI que hoje faz parte do processo de secagem de peças cerâmicas,
de forma a melhorar o comportamento do sistema sem realizar investimentos nas áreas de
hardware e nem software.
O segundo objetivo deste trabalho é o de propor um novo tipo de controlador,
visando obter um melhor desempenho em relação ao já existente, utilizando algumas
propostas de projeto de controle moderno, especificamente o Controle Preditivo
Generalizado baseado no Preditor Smith (SPGPC), que tem se mostrado muito eficiente
para o controle de processos com características similares ao aqui estudado (NORMEY-
RICO & CAMACHO, 1999).
Assim, definiu-se alguns objetivos de controle a serem alcançados para os dois
casos:
a) simplicidade do controlador e ajuste dos seus parâmetros,
b) seguimento assintótico de referências constantes, com erro zero (especificação que
pode ser liberada para um erro em regime menor que 1 %),
c) rejeição de perturbações de carga com dinâmica pouco oscilatória e mais rápida que
em malha aberta,
d) transição entre os dois pontos de operação com uma dinâmica mais rápida que em
malha aberta e sem oscilações,
e) estabilidade robusta da solução.
Para o SPGPC, também considera-se como especificação, a minimização do consumo
de gás através da ponderação do esforço de controle.
4.3 - O CONTROLADOR PID
O controlador PID é composto pela soma de três ações : uma proporcional (P), uma
integral (I) e uma derivativa (D). A forma mais simples de implementar este tipo de
CAPÍTULO 4:AJUSTE DOS CONTROLADORES INDUSTRIAIS 40
controlador mostra-se na figura 4.1, onde todas as ações encontram-se na malha direta.
Como as três ações atuam em paralelo, obtém-se a típica lei de controle PID:
∫ ++=t
di
c )dt
)t(deTdt)t(e
T(K)t(u
0
11 (4.1)
onde :
Kc = ganho proporcional
Ti = tempo integral
Td = tempo derivativo
e(t) = erro entre a referência r e o sinal que deseja-se controlar y:
)()()( tytrte −= (4.2)
Figura 4.1 – Diagrama de Blocos do PID Acadêmico
4.4 - CONFIGURAÇÕES DO PID
As estruturas de implementação do PID podem ser classificadas de duas formas: (i)
pelo tipo de interação entre as ações P, I e D e (ii) pela distribuição das ações P e D dentro
da malha de controle.
CAPÍTULO 4:AJUSTE DOS CONTROLADORES INDUSTRIAIS 41
4.4.1 – Tipos de Controladores PID
O PID pode ser implementado com a estrutura série ou acadêmica (também
chamadas de interativa e não interativa) e também a forma paralela. Na figura 4.2, 4.3 e 4.4,
mostram-se estas três alternativas para representar o PID. Considerando PID ideais (isto é,
sem o filtro da parte derivativa), as funções de transferência das três configurações são
dadas por:
PID acadêmico: )sTsT
(K)s(E
)s(Ud
ic ++=
11 (4.3)
PID série: )sT).(sT
(K)s(E
)s(UD
Ic ++= 1
11 (4.4)
PID paralelo: sKs
KK
)s(E
)s(Ud
ic ++= (4.5)
Figura 4.2 – Estrutura Acadêmica de um PID
CAPÍTULO 4:AJUSTE DOS CONTROLADORES INDUSTRIAIS 42
Figura 4.3 – Estrutura em Série de um PID
Figura 4.4 – Estrutura em Paralelo de um PID
Observa-se que os parâmetros dos controladores são diferentes e que as funções de
transferência dos controladores não são sempre equivalentes. Na estrutura série, os zeros do
controlador somente podem ser reais enquanto na paralela e na acadêmica podem ser reais
ou complexos conjugados. Esta última característica é útil quando o sistema a controlar tem
pólos complexos conjugados. A estrutura série é chamada de interativa, pois o ajuste da
ação I afeta a ação D e vice-versa.
Neste trabalho, utilizaremos a estrutura do tipo acadêmica, dado que esta se
corresponde com a do sistema instalado no secador.
CAPÍTULO 4:AJUSTE DOS CONTROLADORES INDUSTRIAIS 43
4.4.2 – Distribuição das Ações do PID
Tanto a ação proporcional como a derivativa do PID podem gerar,
instantaneamente, grandes valores finais do sinal de controle u quando o erro e(t) varia
bruscamente, o que normalmente acontece quando há saltos no sinal de referência do
sistema r. Para evitar este efeito geralmente prejudicial, pois leva a saturar o controle ou a
produzir respostas com pico elevado quando se muda a referência, alguns controladores
industriais possuem dois parâmetros extras de ajuste que permitem ponderar o erro de
seguimento que entra nas ações P e D do controlador. Com estas ponderações, o
controlador passa a comportar-se como um controlador em dois graus de liberdade ou
como a soma de uma ação na realimentação mais uma pré-alimentação.
Esta divisão das ações pode ser aplicada para quaisquer das estruturas analisadas no
item anterior, porém neste trabalho utilizaremos aqui a configuração acadêmica ideal do
PID.
Ao dividir as ações P e D do controlador entre o sinal de saída e o sinal de erro, a
equação que define o sinal de controle u(t) é dada por:
−++−= ∫ dt
))t(y)t(cr(dT)t(d).t(e
T)t(y)t(brK)t(u d
ic
1 (4.6)
onde b ( 10 ≤≤ b ) é o fator de ponderação da ação P e c ( 10 ≤≤ c ) é o fator de
ponderação da ação D. Desta forma se b = 1 e c = 1 temos o PID tradicional, se b = 0 e c =
0, as ações P e D estão somente na realimentação. Como se analisam a continuação,
escolhendo valores de b e c no intervalo (0,1) o controlador pode ter a sua performance
otimizada. Na prática é muito comum encontrar a parte derivativa totalmente na
realimentação (c = 0), porém esta nem sempre é a melhor solução. No caso geral (b e c
entre 0 e 1), o controle pode ser considerado como um PD + PID ou como um controle de
realimentação mais um de pré-alimentação ou, ainda, como um controle PID mais um filtro
de referência Fr o que permite um ajuste que utiliza o conceito de dois graus de liberdade.
Em um primeiro momento, o controle da realimentação é ajustado para obter uma boa
CAPÍTULO 4:AJUSTE DOS CONTROLADORES INDUSTRIAIS 44
resposta do sistema às perturbações de carga e, na segunda etapa do projeto do controle,
ajusta-se a pré-alimentação para uma resposta adequada às mudanças de referência.
As funções de transferência dos controladores PD e PID1 da figura 4.5 calculam-se
como:
sT)c(K)b(K)s(PD dcc −+−= 11 (4.7)
e
)scTsT
b(K)s(PID di
c ++=1
1 (4.8)
Figura 4.5 – Representação de um PD + PID
e as de Cr e Cp da figura 4.6 como:
)s(PID)s(C p 1= (4.9)
e
)sTsT
(K)s(C di
cr ++=1
1 (4.10)
Figura 4.6 – Controle na realimentação Cp(s) e Cr(s)
na
CAPÍTULO 4:AJUSTE DOS CONTROLADORES INDUSTRIAIS 45
e finalmente Fr e PID2 da figura 4.7 calculam-se como:
)s(C)s(PID r=2 (4.11)
e
)s(C
)s(CF
r
pr = (4.12)
Figura 4.7 – Inclusão de um filtro na referência
O ajuste do controlador pode ser realizado com quaisquer dos esquemas utilizando
técnicas clássicas ou empíricas.
4.5 - MÉTODOS DE AJUSTE DO PI E PID
O ajuste de controladores tem sido tratado por muitos pesquisadores em artigos
publicados nos últimos 60 anos. Praticamente, desde 1942, com a publicação das regras de
ajuste de Ziegler e Nichols (ZIEGLER & NICHOLS, 1942), uma grande quantidade de
pesquisadores tem investido no desenvolvimento de metodologias de ajuste destes
controladores (NORMEY-RICO, 2000, ÄSTRÖM & HÄGGLUND, 1995).
Embora existam muitas propostas de ajuste de controladores, apenas algumas delas
visam o controle de algum tipo de processo específico. Neste item será apresentado um
estudo comparativo onde alguns métodos de ajuste serão aplicados especificamente para o
processo de secagem de peças cerâmicas.
CAPÍTULO 4:AJUSTE DOS CONTROLADORES INDUSTRIAIS 46
Os modelos do processo, utilizados pelos diferentes métodos são o modelo de
primeira ordem com atraso (4.13) e o modelo de segunda ordem com atraso (4.14), ambos
estáveis em malha aberta:
Lse)Ts(
K)s(P −
+=
1 (4.13)
e
Lse)sT).(sT(
K)s(P −
++=
11 21
(4.14)
onde:
K = ganho estático
T , 1T e 2T = constantes de tempo
L = atraso de transporte
A seguir são apresentadas as fórmulas de cálculo dos parâmetros do PI e PID por
alguns métodos propostos na literatura. Para cada um deles são apontadas as principais
características.
4.5.1 - Método de Cohen-Coon
O método de Cohen-Coon (COHEN-COON, 1953) é baseado no modelo de
primeira ordem com atraso (4.13) e utiliza como objetivo de projeto a redução do pico da
resposta a perturbações de carga minimizando a integral do erro (IE). Usando a alocação de
pólos dominantes do sistema o método consegue que a relação entre o primeiro e segundo
pico da resposta a um degrau de perturbação seja de ¼. A tabela 4.1 mostra as regras de
ajuste propostas para o PI e PID implementado com estrutura acadêmica :
CAPÍTULO 4:AJUSTE DOS CONTROLADORES INDUSTRIAIS 47
Ganhos/Controladore
s
PI PID
cK
+
L
T.
K
T
L.,
12
190
+
L
T.
K
T
L.
4
1
3
4
iT ( )L.
T
L.
T
L.
+
+
209
330 ( )L.
T
L.
T
L.
+
+
813
632
dT
_ ( )L.
T
L.
+ 211
4
Tabela 4.1 – Parâmetros do Método de Cohen-Coon
4.5.2 - Método IMC
O método do IMC (RIVERA, 1986, MORARI & ZAFIRIOU, 1989) é baseado no
conceito de modelo interno e utiliza o modelo de primeira ordem com atraso (4.13).
O objetivo deste controle é otimizar a resposta a degraus na referência apesar de ser
possível o projeto de um controle de dois graus de liberdade. Usando uma aproximação de
Padée para o atraso de transporte e cancelamento dos pólos do modelo do processo, o
método consegue uma boa resposta ao degrau de referência, porém, prejudicando a rejeição
de perturbações. O algoritmo inclui também a constante de tempo de um filtro de primeira
ordem ( λ ), utilizado como um parâmetro de ajuste para estabelecer um compromisso entre
robustez e desempenho. Quanto menor for λ mais rápida será a resposta, porém o sistema
será mais sensível a incertezas. A tabela 4.2 apresenta o ajuste dos parâmetros dos
controladores por este método, implementado com a estrutura série :
CAPÍTULO 4:AJUSTE DOS CONTROLADORES INDUSTRIAIS 48
Ganhos/Controladore
s
PI PID
cK K..
LT.
λ2
2 +
)L.(K.
LT.
++
λ2
2
iT 2
LT +
2
LT +
dT _
LT.
L.T
+2
Tabela 4.2 – Parâmetros do Método IMC
4.5.3 - Método de Haalman
O método de Haalman (HAALMAN, 1995) utiliza um modelo de segunda ordem
(4.14). O objetivo do projeto é definir um modelo em malha fechada, que gere uma resposta
desejada para um degrau de referência. Usando modelos simples e cancelamento dos pólos
dos sistema, o método consegue uma boa resposta ao degrau de referência. Devido ao uso
do cancelamento, tem-se a mesma desvantagem que o método IMC. O controlador é
implementado com a estrutura acadêmica e os parâmetros de ajuste estão na tabela 4.3 a
seguir:
Ganhos/Controladores PID
Kc L.
)TT.(
3
2 21 +
Ti 21 TT +
Td 21
21
TT
T.T
+
Tabela 4.3 – Parâmetros para o Método de Haalman
CAPÍTULO 4:AJUSTE DOS CONTROLADORES INDUSTRIAIS 49
4.5.4 - Método de Ziegler-Nichols
No seu artigo clássico ZIEGLER & NICHOLS (1942), propuseram regras de ajuste
objetivando alcançar no projeto que a relação entre o primeiro e segundo pico da resposta
a um degrau de perturbação seja de ¼ em malha fechada para sistemas, que em malha
aberta, possam ser representados por um modelo de primeira ordem com tempo morto. Os
parâmetros de ajuste foram obtidos por experimentos empíricos com modelos de processos
que verificam a relação 0,1 < L/T < 1. Neste método os controladores foram implementados
com a estrutura acadêmica. A tabela 4.4 sumariza as regras de ajuste por eles proposta.
Ganhos/Controladore
s
PI PID
cK
L
T.
K
,90
L
T.
K
,21
iT L.,333 L.2
dT _ L.,50
Tabela 4.4 – Parâmetros do Método de Ziegler-Nichols
4.5.5 - Método de ITAE (“Integrated Time-Weighted Absolute Error”)
A integral do erro absoluto ponderado no tempo é o critério de desempenho que
melhor concilia propriedades de desempenho e robustez. SMITH et al.(1994) determinaram
os parâmetros de controladores PI e PID que minimizam o critério ITAE para diferentes
valores de L/T. A forma da função erro depende tanto do tipo de perturbação quanto da
localização onde ela ocorre na malha de controle. Também desenvolveram expressões tanto
para o degrau na referência (set point) quanto no distúrbio na carga conforme tabelas 4.5 e
CAPÍTULO 4:AJUSTE DOS CONTROLADORES INDUSTRIAIS 50
4.6 a seguir, observando que neste método os controladores foram implementados com a
estrutura acadêmica.
Ganhos/Controladore
s
PI PID
cK 9160
5860,
L
T.
K
,
85509650
,
L
T.
K
,
iT
−
T
L.,,
T
1650031
−
T
L.,,
T
14707690
dT
_
9290
3080,
T
L.T.,
Tabela 4.5 – Parâmetros do Método ITAE para referência (set points)
Ganhos/Controladore
s
PI PID
cK 9770
8590,
L
T.
K
,
94703571
,
L
T.
K
,
iT 6800
6740
,
T
L.
,
T
7380
8420
,
T
L.
,
T
dT _ 9950
3810,
T
L.T.,
Tabela 4.6 – Parâmetros do Método ITAE para perturbação
4.5.6 - Método de Astrom e Hagglund
CAPÍTULO 4:AJUSTE DOS CONTROLADORES INDUSTRIAIS 51
Astrom e Hagglund (ASTRON & HAGGLUND, 1995) desenvolveram um método
empírico, baseado na resposta ao degrau, que é mais completo que os anteriores pois
considera um conjunto maior de especificações, soluções separadas para processos estáveis
e integradores e considera simultaneamente as respostas as mudanças de set point e
perturbações.
O método considera a descrição do processo com T , a e τ , para plantas estáveis,
sendo que estes se determinam das relações:
T
L.Ka = (4.15)
e
TL
L
+=τ (4.16)
Os parâmetros do controlador também são normalizados e incluem a ponderação do
ganho proporcional b. O ganho normalizado é a.K, o tempo integral normalizado é L/Ti e
o tempo derivativo é L/Td . O método empírico utiliza um conjunto de modelos para
simular o comportamento do processo real e calcula o PID pela técnica de alocação de
pólos dominantes. Finalmente os valores encontrados para estes parâmetros são descritos
por funções de τ com coeficientes tabelados. O método considera ainda a sensibilidade
máxima Ms como parâmetro de ajuste, o que permite optar por um PID mais “robusto” ou
mais rápido.
Ms pondera a distância entre o ponto –1 no diagrama de Nyquist e a curva
G(jw)Cr(jw) onde Cr é o controle por realimentação (neste caso o PID) e G é o modelo do
processo. Esta sensibilidade calcula-se como:
)jw(C).jw(GmaxM
rs +
=1
1 [ )∞∈ ,w 0 (4.17)
de forma que 1/Ms é a menor distância do diagrama G(jw)Cr(jw) ao ponto –1.Valores
maiores de Ms implicam em menor robustez já que menores erros entre o modelo e o
CAPÍTULO 4:AJUSTE DOS CONTROLADORES INDUSTRIAIS 52
processo real podem levar ao diagrama a circundar o ponto –1. A figura 4.8 ilustra este
conceito.
Figura 4.8 – Medida de Ms
As funções de aproximação foram escolhidas como:
221
0τττ aaea)(f += (4.18)
e os valores de Ms como Ms = 2,0 para o PID “rápido”e Ms = 1,4 para o PID “robusto”.
A tabela 4.7 fornece os parâmetros para processos estáveis, que é o caso do secador:
Ms = 1,4 Ms = 2,0
a0 a1 a2 a0 a1 a2
a.Kc 3,8 - 8,4 7,3 8,4 - 9,6 9,8
L/Ti 5,2 - 2,5 - 1,4 3,2 - 1,5 - 0,93
L/Td 0,89 - 0,37 - 4,1 0,86 - 1,9 - 0,44
B 0,4 0,18 2,8 0,22 0,65 0,051
Tabela 4.7 – Parâmetros para o caso estável do Método de Ästrom e Hagglund
CAPÍTULO 4:AJUSTE DOS CONTROLADORES INDUSTRIAIS 53
4.6 – PID de Dois Graus de Liberdade
Quando deseja-se ajustar de forma independente a resposta do sistema de controle
para mudanças de referência e rejeição de perturbações é necessário utilizar um controlador
de dois graus de liberdade.
Como explicado na seção 4.4.2, nos caso do PID, isto pode ser obtido utilizando a
divisão das ações P e D. Porém desta forma o controlador passa a ter cinco parâmetros de
ajuste, o que dificulta a utilização na indústria. Uma forma simples de contornar este
problema é utilizar um filtro passa baixas no sinal de referência (figura 4.9), conjuntamente
com um método de ajuste que otimize a resposta do PID para perturbações de carga. Neste
trabalho propõem-se usar como controlador PID 2 DOF o PID com o ajuste ITAE
perturbação e o filtro de referência de primeira ordemsTf
)s(F+
=1
1, onde este controle
será denominado ITAE – 2 DOF. Como mostrado em (NORMEY-RICO, 2000), esta
metodologia permite obter bons resultados e é bastante simples de ajustar na prática.
Figura 4.9 – Estrutura com a inclusão de um filtro no sinal de referência
F(s) C(s) P(s) _
+
ITAE 2 DOF
CAPÍTULO 4:AJUSTE DOS CONTROLADORES INDUSTRIAIS 54
4.7 - CONTROLE PREDITIVO GENERALIZADO BASEADO NO PREDITOR DE SMITH
(SPGPC)
O Controle Preditivo Generalizado (GPC), (CLARKE et al., 1987), tem sido
implementado com êxito em muitas aplicações industriais, mostrando um bom
comportamento e um certo grau de robustez. Pode resolver muitos problemas de controle
para uma ampla gama de plantas com um número razoável de variáveis de projeto que são
especificadas pelo operador dependendo do conhecimento prévio do processo e dos
objetivos do controle.
Uma das vantagens do GPC é a possibilidade de ponderar simultaneamente o erro
de seguimento e a ação de controle, permitindo assim escolher um comportamento que
atenda as especificações do usuário no que se refere ao compromisso comportamento-
consumo de energia. Outras vantagens são: o GPC trata as restrições nas variáveis de
controle e saída da planta, pode ser aplicado a processos de fase não mínima e é
especialmente interessante se o processo tem atraso. Esta última caraterística é muito
importante devido a que os processos com atraso são muito comuns na indústria, como é o
caso do sistema de controle de temperatura do secador.
Por outro lado, como toda estratégia de controle baseada em modelo o GPC é
fortemente dependente da eleição do modelo do processo e das perturbações utilizados para
calcular as predições. Assim a estrutura do preditor tem importância fundamental no
comportamento e robustez do sistema em malha fechada, e como foi mostrado em
(NORMEY-RICO et al., 2000), a correta eleição do preditor pode levar a melhorar
consideravelmente a robustez do sistema. Finalmente, uma vez definida a estrutura de
predição e a técnica de otimização (que caracteriza a eleição de um controlador preditivo
específico) ainda devem ser definidas regras de ajuste dos parâmetros que possam ser
facilmente interpretadas pelos operadores, e consequentemente utilizadas em ambientes
industriais.
CAPÍTULO 4:AJUSTE DOS CONTROLADORES INDUSTRIAIS 55
Levando em conta todas estas caraterísticas do problema, foi proposto recentemente
um novo algoritmo de controle preditivo (o controle preditivo generalizado (GPC) baseado
no preditor de Smith (SP), SPGPC) que se baseia nas idéias de otimização quadrática do
algoritmo GPC proposto em (CLARKE, et al., 1987) e nas caraterísticas de predição do SP
proposto por (SMITH, 1958) e posteriormente modificado em (NORMEY-RICO et al.,
1997). Os resultados relacionados com a proposta do SPGPC para o caso SISO podem ser
encontradas em (NORMEY-RICO et al., 1998), sendo que em (NORMEY-RICO et al.,
2000) apresenta-se, ainda para o caso SISO, um estudo da robustez do controlador e do
ajuste de parâmetros, inclusive comparando o SPGPC com outros controladores preditivos.
Nestes trabalhos, mostra-se como o SPGPC tem um procedimento de ajuste
bastante simples para ser utilizado em aplicações reais de processos com atraso onde
existem grandes erros de modelagem, como é o caso do processo aqui analisado.
Usando um modelo para predizer o comportamento da planta num dado horizonte,
o controle é calculado a partir da minimização de um critério que considera o erro entre a
mencionada predição e a referência, assim como uma ponderação do esforço de controle.
Desta forma, o sistema de controle obtido possui duas partes principais. Na primeira parte
ou etapa, calculam-se as predições da saída da planta, usando-se para isto um preditor
ótimo que permite encontrar o valor esperado da saída na presença de perturbações
estocásticas e, na segunda etapa, o horizonte e as ponderações do erro e do esforço de
controle devem ser definidas para a minimização do critério.
No caso particular do processo de secagem, a utilização do SPGPC resulta
interessante pois permite considerar o consumo de gás natural através da ponderação do
esforço de controle e da escolha adequada do horizonte.
4.7.1 – O Algoritmo SPGPC
O algoritmo de controle preditivo generalizado baseado no preditor de Smith
(NORMEY-RICO et al., 1998; NORMEY-RICO & CAMACHO, 1999) possue um
conjunto de propriedades que o tornam mais atrativo que o GPC tradicional para ser
utilizado em controle de processos industriais estáveis.
CAPÍTULO 4:AJUSTE DOS CONTROLADORES INDUSTRIAIS 56
O algoritmo SPGPC utiliza, como o GPC, uma seqüência de controles que
minimizam uma função de custo:
[ ] [ ]2
1
2
12
1
∑∑==
−+++−+=N
j
N
Nj
)jt(u)j()jt(w)tjt(y)j(J ∆λδ (4.19)
onde N é o horizonte de controle, N1 e N2 são os horizontes de predição, )j(δ e )j(λ
são as seqüências de ponderação (que neste trabalho se escolhem λλδ == )j(;)j( 1 ),
w(t+j) é a referência futura e )tjt(y + é a predição ótima da saída do sistema em t + j
calculada em um tempo t usando um modelo incremental da planta:
∆ A(z-1)y(t)=z-dB(z-1) ∆ u(t-1), (4.20)
e considerando conhecidas as predições da saída até t+d (d representa o atraso do sistema).
Nesta equação ∆ =1- z-1 e
A(z-1)=1+a1 z-1+a2 z
-2+ ... + anaz-na
B(z-1)=b0+b1 z-1+b2 z
-2+ ... + bnbz-nb (4.21)
Usando este procedimento e na ausência de restrições, a lei de controle ótima se
resume na seguinte equação (NORMEY-RICO, 1998):
∑ ∑∑= =
+
=
+++−++−+=nb
i
N
iii
na
ii )idt(wf)t(ulu)tidt(yly)t(u
1 1
1
1
11 ∆∆ (4.22)
onde lyi , lui e fi são os coeficientes calculados a partir de ai , bi e do ajuste das ponderações
e horizontes. As predições da saída da planta se calculam usando o mesmo procedimento
que no preditor de Smith (SMITH, 1958):
CAPÍTULO 4:AJUSTE DOS CONTROLADORES INDUSTRIAIS 57
se calcula a prediç ão )tidt(y −+0 para i = 0,1,...,na usando o modelo de malha aberta
da planta )t(u)z(Bz)t(y)z(A d 111 −= −−− ;
se corrige cada prediç ão de malha aberta somando a diferença entre a saída do modelo e
a do processo, isto é, para i = 0,1,...,na, se calcula:
)it(y)it(y)tidt(y)tidt(y −−−+−+=−+ 00 (4.23)
Para melhorar a robustez do sistema, é possível incluir um filtro passa-baixa F no
controlador o qual é utilizado para filtrar o erro entre o modelo e o processo
)it(y)it(y)i(e −−−= 0 antes de somar ao valor da predição em malha aberta
(NORMEY-RICO & CAMACHO, 1999). O filtro F pode ser usado para aumentar o valor
do índice de robustez do sistema de controle na faixa de freqüências desejadas sem alterar o
comportamento nominal as trocas de referências, porém se modifica a rejeição de
perturbações, como sucede também em GPC (YOON & CLARKE, 1995).
4.7.2 – Ajuste Robusto dos Parâmetros do SPGPC
Como já foi mencionado, o ajuste do controlador preditivo depende
fundamentalmente dos horizontes de controle (N), das ponderações (λ) e dos filtros do
preditor (F).
Neste trabalho a análise do ajuste destes parâmetros considera que a dinâmica do
processo pode ser aproximada por um sistema de primeira ordem com atraso:
Lsn e
Ts
K)s(P −
+=
1 (4.24)
O modelo discreto, para período de amostragem Ts, do processo e segurador de ordem zero
é dado por:
CAPÍTULO 4:AJUSTE DOS CONTROLADORES INDUSTRIAIS 58
dn z
az
b)z(P −
−= (4.25)
Assim tendo em conta o tipo de processo em estudo, os horizontes do SPGPC se
elegem como N1 = d+1, N2 = d+N , de tal forma que se considera as predições somente
depois de transcorrido o tempo morto e se simplifica o ajuste a um único horizonte. O valor
de N se elege então considerando uma janela de tempo que captura a dinâmica transitória do
sistema (normalmente um valor entre 10 e 15).
Com estes parâmetros já fixados, o ajuste final do controle se tem elegendo
adequadamente λ e o filtro de robustez F. Supondo que o módulo do erro de modelagem,
relativo ao modelo do processo, pode ser limitado superiormente no domínio da freqüência
por uma função )w(Pδ (MORARI & ZAFIRIOU, 1989):
)e(F)e(G)e(C
)e(G)e(C)w(I)w(P
jwjwn
jw
jwn
jw
r
+=<
1δ ; ]T/,[w π0∈∀ (4.26)
onde Gn é o modelo do processo sem atraso e C é o controle primário equivalente do
controlador SPGPC como mostrado na figura 4.10:
Figura 4.10 – Estrutura do SPGPC
Fr P
F
C
Gn z-d
Controle primário
Controle saída Referência +
_
+ +
_ +
CAPÍTULO 4:AJUSTE DOS CONTROLADORES INDUSTRIAIS 59
Neste esquema, C depende apenas do modelo sem atraso e de λ (NORMEY-RICO
& CAMACHO, 1999). O efeito de λ na robustez do sistema se estuda analisando a forma
de Ir(w) para diferentes valores de λ com F = 1 conforme figura 4.11:
Figura 4.11 – Ir para variações de λ
e para λ =1 e diferentes filtros do tipo β
β−
−=z
z)(F
1 (ver figura 4.12).
Índi
ce d
e R
obus
tez
sem
Filt
ro
Freqüência Normalizada
Freqüência Normalizada
Índi
ce d
e R
obus
tez
com
Filt
ro
1=λ em todos os casos
CAPÍTULO 4:AJUSTE DOS CONTROLADORES INDUSTRIAIS 60
Figura 4.12 – Ir para variações de β
Na figura 4.13 se mostra os valores de Pδ para diferentes valores de L, um ganho
fixo e erros na estimação de atraso de 20 %.
Figura 4.13 – Erro de modelagem Pδ
Como se observa nas figuras, o ajuste de λ não permite uma suficiente melhora na
robustez do controlador na faixa de freqüência de interesse, onde o erro de modelagem é
mais importante (entre 0,1 e 1). Por outro lado, o ajuste do filtro de robustez permite
modificar consideravelmente o Ir na mesma faixa. A outra vantagem de utilizar um filtro
para este propósito é que o comportamento nominal do sistema ao seguimento de referência
não se modifica.
Assim, se propõe utilizar o ajuste de λ apenas para ponderar o esforço de controle e
o ajuste de β para conseguir a condição de robustez desejada. Desta forma o controlador
resultante tem apenas dois parâmetros de ajuste que tem um significado físico para o
operador ( λ e β ). No próximo capítulo, mostra-se como ajustar o SPGPC e compara-se o
comportamento obtido com o dos PIDs.
Freqüência Normalizada
Mód
ulo
do E
rro
Rel
ativ
o
L = 10
L = 6
L = 2
CAPÍTULO 4:AJUSTE DOS CONTROLADORES INDUSTRIAIS 61
4.8 - CONCLUSÃO
Os métodos de ajuste de controladores PID mais conhecidos e utilizados no meio
industrial têm como grande vantagem a simplicidade, porém não permitem utilizar
especificações de controle diferentes e mais apropriadas para uma dada aplicação. Por este
motivo, eles são geralmente usados como ponto de partida para ajustes empíricos baseados
no conhecimento do processo por parte do operador. Já os métodos mais modernos, e
também menos conhecidos e utilizados, têm uma série de vantagens sobre os métodos
anteriores por permitirem maior liberdade no ajuste e a obtenção de um conjunto maior de
especificações.
Por outro lado, os algoritmos mais modernos, como o SPGPC, permitem ajustes
bastantes simples para processos de primeira ordem com atraso, considerando
simultaneamente o erro de modelagem e a ponderação simultânea do erro de seguimento e
da ação de controle, obtendo assim um compromisso entre comportamento, robustez e
redução no consumo de combustível (gás natural).
No próximo capítulo, avalia-se o desempenho desses métodos de controle e aponta-
se a solução mais adequada para o processo, levando em consideração os objetivos traçados
anteriormente.
5. AVALIAÇÃO DOS AJUSTES DOS CONTROLADORES
5.1 - INTRODUÇÃO
No capítulo anterior, apresentaram-se alguns métodos para o ajuste de
controladores PI e PID bastante usados em ambientes industriais. Para verificar se estas
propostas realmente estão de acordo com as especificações de desempenho exigidas no
processo de secagem de peças cerâmicas, é necessário que as mesmas sejam testadas e
avaliadas. Para realizar estas avaliações, foram executados testes simulados e experimentais.
Apresentam-se neste capítulo os resultados da análise comparativa .
Este capítulo está organizado da seguinte forma. Na seção 5.2 serão comparados os
resultados encontrados para os diferentes ajustes do controlador PI e na seção 5.3 os
correspondentes ao controlador PID. A comparação entre os controladores projetados
considera o seguimento de referências, a rejeição de perturbações e o esforço de controle.
Como resultado deste estudo escolhem-se os métodos de ajuste dos controladores PI e PID
que apresentam melhor desempenho.
Utilizando o método escolhido, estuda-se, na seção 5.4, a robustez da solução para
cada caso, fazendo os ajustes necessários para obter um compromisso entre a performance e
a robustez dos controladores.
Na seção 5.5 apresenta-se o projeto do controlador preditivo generalizado baseado
no preditor de Smith, comparando-o com o controlador PID ajustado. Assim procura-se
mostrar as vantagens que este tipo de controlador tem em relação aos demais controladores
aqui estudados, principalmente no que se refere a economia de combustível.
Na seção 5.6 apresentam-se os resultados experimentais com a utilização do
controlador PI analógico instalado no processo, mostrando o desempenho do sistema nas
condições anteriores e posteriores aos ajustes propostos para este controlador. Por fim, a
seção 5.7 apresenta as conclusões do capítulo.
CAPÍTULO 5:AVALIAÇÃO DOS AJUSTES DOS CONTROLADORES 63
5.2 - AJUSTE DO CONTROLADOR PI
Utilizando os métodos de ajuste vistos no capítulo anterior, mostram-se nas tabelas
5.1, 5.2 e 5.3 os valores calculados dos parâmetros dos controladores para cada caso:
Métodos/Parâmetros Kc Ti
Ziegler/Nichols 34,652 51,048
Cohen-Coon 35,341 35,339
ITAE – Referência 19,826 71,808
ITAE – 2 DOF 31,923 37,216
IMC ( =λ 26,061) 25,079 79,085
Tabela 5.1 – Valores dos parâmetros Kc e Ti do controlador PI para o caso P(s)T
Métodos/Parâmetros Kc Ti
Ziegler/Nichols 9,99 49,95
Cohen-Coon 10,198 34,072
ITAE – Referência 5,739 67,08
ITAE – 2 DOF 9,213 35,858
IMC ( =λ 25,5) 7,29 74,1
Tabela 5.2 – Valores dos parâmetros Kc e Ti do controlador PI para o caso P(s)A
Métodos/Parâmetros Kc Ti
Ziegler/Nichols 9,29 64,1
Cohen-Coon 9,44 46,92
ITAE – Referência 5,22 109,19
ITAE – 2 DOF 8,52 49,78
IMC ( =λ 32,72) 6,6 118,92
Tabela 5.3 – Valores dos parâmetros Kc e Ti do controlador PI para o caso P(s)B
CAPÍTULO 5:AVALIAÇÃO DOS AJUSTES DOS CONTROLADORES 64
Para avaliar o comportamento dos diferentes controladores realizaram-se diversas
simulações. A seguir apresentam-se graficamente somente os melhores resultados dos
métodos estudados, no que se refere ao comportamento em malha fechada do sistema de
secagem de peças cerâmicas para seguimento de referência, rejeição a perturbações e o
esforço de controle nos casos P(s)T , P(s)A e P(s)B. Em todos estes casos aplicou-se para a
simulação, um degrau unitário na entrada e uma perturbação unitária no tempo de 500.
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 10000
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
Tempo
Saí
da
IMC ITAE referênciaITAE 2 DOF
Figura 5.1 – Desempenho dos controladores PI em relação ao processo P(s)T
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 10000
5
10
15
20
25
30
Tempo
Con
trol
e
IMC
ITAE referência
ITAE 2 DOF
5.2 – Esforço de controlador PI para o processo P(s)T
CAPÍTULO 5:AVALIAÇÃO DOS AJUSTES DOS CONTROLADORES 65
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 10000
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
Tempo
Saí
da
IMC
ITAE referência
ITAE 2 DOF
Figura 5.3 – Desempenho dos controladores PI em relação ao Caso P(s)A
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Tempo
Con
trol
e
IMC ITAE referência
ITAE 2 DOF
5.4 – Esforço de controlador PI para o processo P(s)A
CAPÍTULO 5:AVALIAÇÃO DOS AJUSTES DOS CONTROLADORES 66
0 500 1000 15000
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
Tempo
Saí
da
IMC
ITAE referência
ITAE 2 DOF
Figura 5.5 – Desempenho dos controladores PI em relação ao processo P(s)B
0 500 1000 1500-2
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo
Con
trol
e
IMC
ITAE referêcia
ITAE 2 DOF
5.6 – Esforço de controlador PI para o processo P(s)B
CAPÍTULO 5:AVALIAÇÃO DOS AJUSTES DOS CONTROLADORES 67
A partir dos resultados obtidos, observa-se que o método ITAE-2DOF é o que
apresenta o melhor desempenho em relação à perturbação. Isto é um fator importante no
processo de secagem de peças cerâmicas, pois freqüentemente ocorre este tipo de situação.
Esta solução de dois graus de liberdade permite também ajustar satisfatoriamente as
respostas para seguimento de referências e esforço de controle. Nas simulações o filtro
usado na referência foi:
125
1)(
+=
ssF (5.1)
5.3 - AJUSTES PARA O CONTROLADOR PID
Da mesma forma que na seção anterior mostram-se nas tabelas 5.4, 5.5 e 5.6 os
valores calculados dos parâmetros dos controladores PID para cada caso:
Métodos/Parâmetros Kc Ti Td
Ziegler/Nichols 46,203 30,66 7,66
Cohen-Coon 53,403 34,674 5,365
Haalman 3,508 80,669 7,558
ITAE – Referência 29,724 96,847 5,266
ITAE – 2 DOF 48,156 27,247 5,885
IMC ( 8323,=λ ) 34,108 79,085 6,922
Astrom e Hagglund Ms = 1,4
( b = 0,45 ) 41,939 49,161 11,25
Astrom e Hagglund Ms = 2,0
( b = 0,247 ) 81,102 36,6 9,308
Tabela 5.4 – Valores dos parâmetros Kc , Ti e Td do controlador PID para o caso P(s)T
CAPÍTULO 5:AVALIAÇÃO DOS AJUSTES DOS CONTROLADORES 68
Métodos/Parâmetros Kc Ti Td
Ziegler/Nichols 13,32 30 7,5
Cohen-Coon 15,425 33,797 5,239
Haalman 5,233 91,06 14,81
ITAE – Referência 8,629 90,502 5,135
ITAE – 2 DOF 13,918 26,326 5,757
IMC ( 753,=λ ) 9,88 74,1 6,74
Astrom e Hagglund Ms = 1,4
( b = 0,454 ) 11,59 47,102 10,875
Astrom e Hagglund Ms = 2,0
( b = 0,248 ) 22,366 35,359 8,978
Tabela 5.5 – Valores dos parâmetros Kc , Ti e Td do controlador PID para o caso P(s)A
Métodos/Parâmetros Kc Ti Td
Ziegler/Nichols 13,57 34 8,5
Cohen-Coon 15,323 40,399 6,087
Haalman 6,99 110,1 24,701
ITAE – Referência 7,635 264,373 6,237
ITAE – 2 DOF 13,47 38,514 6,55
IMC ( 254,=λ ) 9,434 208,5 8,153
Astrom e Hagglund Ms = 1,4
( b = 0,412 ) 23,444 72,121 14,337
Astrom e Hagglund Ms = 2,0
( b = 0,231 ) 47,917 48,12 12,572
Tabela 5.6 – Valores dos parâmetros Kc , Ti e Td do controlador PID para o caso P(s)B
Os mesmos testes de simulação realizados com os controladores PI foram repetidos
com os controladores PID. Os resultados mostram-se a continuação.
CAPÍTULO 5:AVALIAÇÃO DOS AJUSTES DOS CONTROLADORES 69
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 10000
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
Tempo [s]
Saí
da
IMC
ITAE referência
ITAE 2 DOF
Métodos
Figura 5.7 – Desempenho dos controladores PID em relação ao processo P(s)T
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000-5
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Tempo
Con
trol
e
IMC
ITAE referênciaITAE 2 DOF
Métodos
5.8 – Esforço do controlador PID para o processo P(s)T
CAPÍTULO 5:AVALIAÇÃO DOS AJUSTES DOS CONTROLADORES 70
0 200 400 600 800 10000
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
Tempo [s]
Saí
da
IMC
ITAE referência
ITAE 2 DOF
Métodos
Figura 5.9 – Desempenho dos controladores PID em relação ao processo P(s)A
0 2 0 0 4 0 0 6 0 0 8 0 0 1 0 0 0-2
0
2
4
6
8
1 0
1 2
T e m p o
Con
trol
e
IM C
ITA E r e f e r ê n c i a
ITA E 2 D O F
M é t o d o s
5.10 – Esforço do controlador PID para o processo P(s)A
CAPÍTULO 5:AVALIAÇÃO DOS AJUSTES DOS CONTROLADORES 71
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 10000
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
Tempo [s]
Saí
da IMC
ITAE referência
ITAE 2 DOF
Métodos
Figura 5.11 – Desempenho dos controladores PID em relação ao processo P(s)B
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000-4
-2
0
2
4
6
8
10
12
Tempo
Con
trol
e
IMC
ITAE referência
ITAE 2 DOF
Métodos
5.12 – Esforço do controlador PID para o processo P(s)B
CAPÍTULO 5:AVALIAÇÃO DOS AJUSTES DOS CONTROLADORES 72
Observa-se também que para o controlador PID o método ITAE-2DOF é o que
apresenta o melhor desempenho em relação à perturbação. Da mesma forma que no caso do
controlador PI, esta solução de dois graus de liberdade permite ajustar satisfatoriamente as
respostas para seguimento de referências e esforço de controle.
5.4 - ESTUDO DA ROBUSTEZ DAS SOLUÇÕES
Nesta seção será apresentado um estudo da robustez dos controladores PI e PID
para as melhores soluções da seção anterior em cada caso.
Para o estudo da robustez das soluções supõe-se que a planta pode ser representada
por uma família de funções de transferência. No caso particular do secador considera-se que
cada função de transferência (F.T.) identificada Gi(s) é um elemento da família e que a F.T.
escolhida para o ajuste dos controladores é o modelo nominal G(s). Desta forma pode-se
escrever que:
Gi(s)=G(s) + DG(s) = G(s) (1+ dG(s)) (5.2)
o qual permite definir um erro de modelagem entre o processo real e o modelo que é, na sua
forma multiplicativa, representado por dG(s). Utilizando um diagrama de Nyquist do
sistema controlado pelo PI ou PID (que denomina-se aqui C(s)) é possível definir um índice
de robustez para o controlador como:
)jw(C).jw(G
)jw(C).jw(GIr
+=
1 [ )∞∈ ,w 0 (5.3)
de forma tal que para que o controlador mantenha a robustez de malha fechada para
quaisquer planta da família é necessário que se verifique:
)jw(dGmaxIr > [ )∞∈ ,w 0 (5.4)
CAPÍTULO 5:AVALIAÇÃO DOS AJUSTES DOS CONTROLADORES 73
Em geral quando deseja-se que o sistema de controle mantenha uma resposta pouco
oscilatória e não apenas estável, define-se uma distância mínima entre o índice de robustez e
o erro de modelagem:
0e)jw(dGmaxIr +> [ )∞∈ ,w 0 (5.5)
Assim, denominando de erro máximo à função da freqüência obtida como:
0e)jw(dGmaxmax_erro += [ )∞∈ ,w 0 (5.6)
para um dado e0, é possível analisar a robustez do controlador e ajusta-lo adequadamente
utilizando gráficos no domínio da freqüência com os valores de Ir e erro_max.
Além disso deve observar-se que o índice de robustez do controlador é a inversa do
módulo da F.T. de malha fechada do sistema pelo que o próprio índice pode ser usado
como uma medida de comportamento em malha fechada. Nota-se que sempre existe um
compromisso entre robustez e comportamento pois uma maior freqüência de corte do
sistema em malha fechada implica em menores valores do Ir e consequentemente em menor
robustez.
A seguir, o índice de robustez dos controladores PI e PID juntamente com o erro de
modelagem e o erro máximo ( para 500 ,e = ) são mostrados para diferentes situações.
CAPÍTULO 5:AVALIAÇÃO DOS AJUSTES DOS CONTROLADORES 74
10-2
10-1
100
101
102
10-2
10-1
100
101
102
103
104
Robustez Caso T
Freqüência
Mód
ulo
índice de robustez PI
índice de robustez PID
erro máximo
PI : Kc = 31.9 e Ti = 37.2 PID : Kc = 48.1, Ti = 27.2 e Td = 5.8
5.13 – Robustez dos controladores PI e PID para o processo P(s)T
10-2
10-1
100
101
102
10-2
10-1
100
101
102
103
104
Robustez - Caso A
Freqüência
Mód
ulo
índice de robustez PI
índice de robustez PID
P I : Kc = 9.2 e Ti = 35.8
P ID : Kc = 13.9, Ti = 26.3 e Td = 5.7
erro máximo
erro de modelagem
5.14 – Robustez dos controladores PI e PID para o processo P(s)A
CAPÍTULO 5:AVALIAÇÃO DOS AJUSTES DOS CONTROLADORES 75
10-2
10-1
100
101
102
10-3
10-2
10-1
100
101
102
103
104
Freqüência
Mód
ulo
P I : Kc = 8,5, Ti = 49,7
P ID : Kc = 13,4 , Ti = 38,5 , Td = 6,5
índice de robustez do PI
índice de robustez do PID
erro máximo
erro de modelagem
5.15 – Robustez dos controladores PI e PID para o processo P(s)B
Observa-se que com os ajustes analisados nas seções anteriores os controladores
não atendem a especificação de robustez, e em algumas situações levariam ao sistema à
instabilidade. Para obter uma solução robusta do problema os controladores foram
reajustados e os resultados se apresentam nos gráficos a seguir:
10-2
10-1
100
101
102
10-3
10-2
10-1
100
101
102
103
104
Ajuste da Robustez dos Controladores PI e PID para o Processo T
Freqüência
Mód
ulo
erro máximo
índice de robustez PID
índice de robustez PI
P I : Kc = 20, Ti = 40
P ID : Kc = 35, Ti = 40, Td = 6
erro de modelagem
5.16 – Ajuste da robustez dos controladores PI e PID para o processo P(s)T
CAPÍTULO 5:AVALIAÇÃO DOS AJUSTES DOS CONTROLADORES 76
10-2
10-1
100
101
102
10-2
10-1
100
101
102
103
104
Freqüência
Mód
ulo
Ajuste da Robustez dos Controladores PI e PID para o Processo A
índice de robustez PI
índice de robustez PID
erro máximo
PI : Kc = 5,5 , Ti = 40
PID : Kc = 7, Ti = 40, Td = 5
erro de modelagem
5.17 – Ajuste da robustez dos controladores PI e PID para o processo P(s)A
10-2
10-1
100
101
102
10-2
10-1
100
101
102
103
104
Ajuste da Robustez dos Controladores PI e PID para o Processo P(s) B
Freqüência
Mód
ulo erro máximo
índice de robustez PI
índice de robustez PID
P I : Kc = 8, Ti = 65
P ID : Kc = 10, Ti = 60, Td = 5
5.18 – Ajuste da robustez dos controladores PI e PID para o processo P(s)B
CAPÍTULO 5:AVALIAÇÃO DOS AJUSTES DOS CONTROLADORES 77
Das figuras observa-se que sempre é possível acelerar a resposta do sistema com o
uso da ação derivativa do PID. Deve ser ressaltado que o ajuste destes controladores não é
ótimo e que poderia ser melhorado utilizando ferramentas mais complexas de cálculo para o
coeficientes dos controladores. Porém, neste trabalho optou-se por uma metodologia
simples e baseada em conceitos clássicos.
As respostas em malha fechada do secador com os novos ajustes mostram-se nas
próximas figuras (5.19 a 5.24) para o modelo nominal nos casos A, B e T.
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 5000
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
Tempo
Saí
da
P I
P ID
Caso T
Figura 5.19 –Respostas dos Controladores Ajustados para o Modelo Nominal do Caso T
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 5000
5
10
15
20
25
Tempo
Con
trol
e
PI PID
Figura 5.20 – Esforço de Controle para o Modelo Nominal do Caso T
CAPÍTULO 5:AVALIAÇÃO DOS AJUSTES DOS CONTROLADORES 78
0 100 200 300 400 5000
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
Tempo
Saí
da PI P ID
Caso A
Figura 5.21 –Respostas dos Controladores Ajustados para o Modelo Nominal do Caso A
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 5000
1
2
3
4
5
6
Tempo
Con
trol
e
PI
PID
Figura 5.22 – Esforço de Controle para o Modelo Nominal do Caso A
CAPÍTULO 5:AVALIAÇÃO DOS AJUSTES DOS CONTROLADORES 79
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 5000
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
Tempo
Saí
da
P I
P ID
Caso B
Figura 5.23 –Respostas dos Controladores Ajustados para o Modelo Nominal do Caso B
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500-1
0
1
2
3
4
5
6
7
Tempo
Esf
orço
de
Con
trol
e
Figura 5.24 – Esforço de Controle para o Modelo Nominal do Caso B
CAPÍTULO 5:AVALIAÇÃO DOS AJUSTES DOS CONTROLADORES 80
Para comprovar o ajuste robusto mostram-se nas figuras 5.25 a 5.28 as respostas
obtidas para diferentes modelos da família ( os identificados no capítulo 3 e apresentados na
tabela 3.1).
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 5000
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
Tempo
Saí
da
Modelo nominalModelo 1 Modelo 2 e 3 Modelo 4
Caso A
Figura 5.25 – Respostas dos Modelos de Primeira Ordem para o Caso A
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 5000
1
2
3
4
5
6
7
Tempo
Con
trol
e
Modelo nominal
Modelo 1
Modelo 2 e 3
Modelo 4
Figura 5.26 – Esforço de Controle dos Modelos de Primeira Ordem para o Caso A
CAPÍTULO 5:AVALIAÇÃO DOS AJUSTES DOS CONTROLADORES 81
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 5000
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
Tempo
Saí
da Modelo nominalModelo 7 Modelo 8 Modelo 9 Modelo 10
Caso B
Figura 5.27 – Respostas dos Modelos de Primeira Ordem para o Caso B
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500-2
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo
Con
trol
e
Modelo NominalModelo 7 Modelo 8 Modelo 9 Modelo 10
Figura 5.28 – Esforço de Controle dos Modelos de Primeira Ordem para o Caso B
Nota-se como já esperado, que as respostas dos controladores PID ajustados
tiveram melhor desempenho em comparação com os controladores PI.
CAPÍTULO 5:AVALIAÇÃO DOS AJUSTES DOS CONTROLADORES 82
5.5 - CONTROLADOR PREDITIVO GENERALIZADO BASEADO NO PREDITOR DE
SMITH (SPGPC)
O ajuste do SPGPC foi realizado como especificado no capítulo 4 para o modelo
nominal do caso A do secador. Utilizando N = 10 e β = 0,7 mostra-se na figura 5.29 a
resposta do sistema para diversos valores de λ , tanto para o seguimento de referências
como para a rejeição de perturbações (observa-se que a seqüência de sinais de entrada e
perturbação é a mesma que a utilizada para o teste dos controladores PID).
0 100 200 300 400 5000
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
tempo
saíd
a
lambda=0.1
lambda=0.5 lambda=0.02
Figura 5.29 – Resposta do Sistema para Diversos Valores de Lambda
Assim é possível ajustar o esforço de controle e consequentemente o consumo de
gás natural. Observa-se que para λ maiores o consumo diminui.
0 100 200 300 400 5000
1
2
3
4
5
6
7
8
tempo
cont
role
lambda=0.1
lambda=0.02
lambda=0.5
Figura 5.30 – Esforço do Controle para Diversos Valores de Lambda
CAPÍTULO 5:AVALIAÇÃO DOS AJUSTES DOS CONTROLADORES 83
Na prática deve ser utilizado um valor de λ que apresente um bom compromisso
entre a resposta dinâmica e o consumo.
Usando λ = 0,1 analisa-se a robustez do sistema simulando o controlador com
vários modelos do processo.
0 1 0 0 2 0 0 3 0 0 4 0 0 5 0 00
0 . 2
0 . 4
0 . 6
0 . 8
1
1 . 2
1 . 4
T e m p o
Saí
da
a j u s t e c o m l a m b d a = 0 . 1
5.31 – Resposta para Diversos Modelos do Processo – Caso A
0 100 200 300 400 500-1
0
1
2
3
4
5
6
7
Tempo
Con
trol
e
ajuste com lambda=0.1
5.32 – Esforço de Controle para Diversos Modelos do Processo – Caso A
CAPÍTULO 5:AVALIAÇÃO DOS AJUSTES DOS CONTROLADORES 84
O comportamento pode ser comparado ao do PID a partir dos resultados
apresentados nas figuras 5.31/5.32 e 5.25/5.26. Assim observa-se:
• o controle mais suave
• uma menor variação da resposta (melhor robustez)
• um melhor desempenho, principalmente na rejeição de perturbações, onde o GPC
permite obter uma resposta de 20 a 30% mais rápida.
Utilizando os mesmos procedimentos citados anteriormente, pode-se projetar e
ajustar este tipo de controlador para os modelos dos casos B e T. Mas como o objetivo
proposto para este trabalho é apontar as vantagens do SPGCP em relação a outros
controladores, estes casos não são apresentados.
5.6 - RESULTADOS EXPERIMENTAIS
Nesta seção apresentam-se os resultados experimentais com as modificações dos
parâmetros dos controladores PI analógicos instalados no processo. Estes ajustes usaram
como ponto de partida os valores de Ti e Kc calculados na seção 5.4. Como em toda
aplicação real foi necessário realizar um reajuste de Ti e Kc de forma empírica. A tabela
mostra os resultados destes ajustes:
Parâmetros Analíticos Parâmetros Aplicados
Kc (%) Ti (s) Kc (%) Ti (s)
Caso A 5,5 40 4 45
Caso B 8 65 5 70
Caso T 20 40 19 45
Tabela 5.7 – Valores dos parâmetros analíticos e os aplicados (Kc e Ti ) nos diversos casos
CAPÍTULO 5:AVALIAÇÃO DOS AJUSTES DOS CONTROLADORES 85
Os gráficos a seguir, demonstram o desempenho do controlador antes e depois dos
ajustes efetuados.
Figura 5.33 – Respostas do Caso T para os Controladores PI Analógico
Figura 5.34 – Respostas do Caso A para os Controladores PI Analógico
Kc = 19 % Ti = 45 s
Kc = 10 % Ti = 72 s
Kc = 10 % Ti = 72 s
Kc = 4 % Ti = 45 s
CAPÍTULO 5:AVALIAÇÃO DOS AJUSTES DOS CONTROLADORES 86
Figura 5.35 – Respostas do Caso B para os Controladores PI Analógico Observam-se nestes gráficos que as respostas ao seguimento de referência e a
perturbações para todos os casos foram melhores do que as anteriores. Com esse melhor
desempenho obteve-se no processo uma melhora significativa em termos de qualidade e
produtividade.
5.7 - CONCLUSÃO
Os resultados deste capítulo mostraram que o método ITAE – 2 DOF ajustado de
forma robusta pode ser usado como uma alternativa ao mesmo tempo simples e eficiente
para a solução do problema de controle de temperatura do secador permitindo uma boa
resposta do sistema para mudanças de referência e rejeições de perturbações.
Mostrou-se também que esta técnica permite resultados também satisfatórios
quando dispõe-se unicamente de controladores do tipo PI, como é o caso real e atual do
secador estudado.
Kc = 5 % Ti = 70 s
Kc = 10 % Ti = 72 s
CAPÍTULO 5:AVALIAÇÃO DOS AJUSTES DOS CONTROLADORES 87
O estudo da robustez dos controladores analisados mostrou que, em algumas
situações, o sistema tornava-se instável, o que comprova que os métodos mais simples de
ajuste de PID não podem ser utilizados de forma direta e que é necessário o re-ajuste dos
parâmetros para garantir um funcionamento seguro.
Notou-se como já esperado que as respostas dos controladores PID ajustados
tiveram melhor desempenho em comparação aos controladores PI.
Por fim, apresentou-se o ajuste do controlador SPGPC, que permite ponderar
simultaneamente o erro de seguimento e a ação de controle, visando obter um compromisso
entre comportamento em malha fechada e economia de combustível (gás natural). Mostrou-
se como mantendo constantes o horizonte N e o filtro de robustez é possível ajustar o valor
de λ para encontrar o melhor compromisso entre as características citadas anteriormente.
6. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS O presente trabalho apresentou um estudo sobre o controle térmico de um secador
vertical de ciclo contínuo para revestimentos cerâmicos, onde foram estudadas algumas
particularidades do processo e do sistema de controle.
Primeiramente, realizou-se o estudo para determinação de um modelo matemático a
partir da aquisição de dados do secador que representasse as características do processo de
secagem. O comportamento do modelo obtido, foi representado por um modelo de primeira
ou segunda ordem com atraso. Com estes modelos, foram apresentadas e testadas várias
técnicas de ajuste de controladores PI e PID industriais. Dentre os métodos analisados o
denominado ITAE – 2 DOF apresentou melhores resultados. Este método de ajuste foi
derivado do conhecido método que minimiza o ITAE para as perturbações de carga com a
inclusão de um filtro passa baixas no sinal de referência. Para determinar o ajuste final do
controlador realizou-se um análise de estabilidade e comportamento robusto, que
considerou as diferentes situações de trabalho identificadas no sistema real.
Para validar os resultados do projeto foram realizados diversos testes de simulação.
Nestes testes verificou-se o comportamento do sistema, tanto nas vizinhanças do ponto de
funcionamento escolhido (caso A e B), quanto nas transições (caso T) . Os resultados
obtidos mostraram o bom desempenho do controle proposto e permitiram comparar os
controladores PI e PID ajustados, levando em consideração o comportamento dinâmico no
que se refere a seguimento de referências, rejeição a perturbações e a robustez.
Apresentou-se também, através de simulação, o projeto de um controle preditivo
generalizado baseado no preditor de Smith (SPGPC), que tem como principal objetivo obter
um melhor compromisso entre a resposta dinâmica e o consumo de gás, utilizando ao
mesmo tempo uma metodologia de ajuste simplificada. Os resultados de simulação obtidos
com esta estratégia foram bastante satisfatórios tanto na simplicidade do ajuste como no
CAPÍTULO 6: CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS 88
desempenho e robustez. De forma geral, este controlador permite obter uma melhor relação
performance robustez que o PID, que deve-se fundamentalmente à possibilidade de
compensar o atraso de transporte do sistema.
Por fim, realizaram-se os ensaios experimentais no secador com os valores dos
ajustes propostos para o controlador PI analógico (único disponível no processo real), onde
foram obtidos bons resultados. Após a mudança nos ajustes dos controladores foi realizado
um acompanhamento do funcionamento do secador durante alguns meses. Neste processo
estimaram-se algumas variáveis do tipo econômico-industrial que avaliam a importância das
modificações introduzidas. Estas foram:
• um aumento de 2 % na qualidade final do processo devido a diminuição dos
defeitos do tipo “covinha, Ra e furo”, defeitos estes oriundos de uma má secagem;
• aumento na produção, de 1 %, isto porque, quando acontece a variação de
temperatura nas peças cerâmicas, as mesmas possuem uma conseqüente variação na
resistência mecânica, ocasionando a quebra das mesmas;
• uma economia de gás natural importante, porém não mensurável de forma exata
porque o equipamento ainda não possui um medidor de vazão instalado.
Assim, os resultados deste trabalho podem ser considerados como muito positivos já
que tem contribuído, de forma significativa, para melhorar o comportamento do sistema de
controle do secador e como conseqüência do processo cerâmico.
Como trabalhos futuros, e com o objetivo de melhorar o comportamento do sistema
de controle de secagem, pretende-se substituir o controlador analógico instalado por um
controlador PID ou por um controle digital que permita o uso da técnica de controle
preditivo SPGPC.
Por outro lado, a metodologia aplicada nesta dissertação poderá vir a ser usada
trabalhos futuros na indústria cerâmica de revestimentos, como por exemplo nos demais
CAPÍTULO 6: CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS 89
tipos de secadores, nos atomizadores e principalmente nos fornos, que são parte
fundamental do processo cerâmico.
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