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AdP - ÁGUAS DE PORTUGAL DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA INFORMATIVA – SISTEMAS MULTIMUNICIPAIS CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO COMPLEMENTARES AOS SISTEMAS MULTIMUNICIPAIS DIRECÇÃO DE ENGENHARIA MAIO DE 2005 CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO António Macieira Antunes Carla Cupido Margarida Silva Tiago Carvalho

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AdP - ÁGUAS DE PORTUGAL DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA INFORMATIVA – SISTEMAS MULTIMUNICIPAIS

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS

DE ABASTECIMENTO COMPLEMENTARES AOS SISTEMAS MULTIMUNICIPAIS

DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

MAIO DE 2005

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM

PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM

SISTEMAS DE ABASTECIMENTO

António Macieira AntunesCarla Cupido

Margarida SilvaTiago Carvalho

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE

MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO

ÍNDICE

1. ENQUADRAMENTO ................................................................................................................................... 3 2. METODOLOGIA PARA DESENVOLVIMENTO DO PLANO ............................................................... 6

2.1. ABORDAGEM GERAL ....................................................................................................................... 6 2.2. CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE PARTIDA....................................................................... 8

2.2.1. Objectivos ................................................................................................................................... 8 2.2.2. Levantamento das Infra-estruturas do Sistema .................................................................... 9 2.2.3. Quantificação das Perdas Físicas e das Perdas Comerciais ........................................... 10 2.2.4. Determinação das Origens e Causas das Perdas ............................................................. 15 2.2.5. Avaliação do Sistema a partir de Indicadores de Desempenho....................................... 16 2.2.6. Síntese da Metodologia .......................................................................................................... 17

2.3. FIXAÇÃO DE METAS ....................................................................................................................... 18 2.3.1. Objectivos ................................................................................................................................. 18 2.3.2. Identificação dos Factores de Influência e Controlo de Perdas ....................................... 20 2.3.3. Cálculo do Nível Económico de Fugas ................................................................................ 21 2.3.4. Desenvolvimento de uma Estratégia de Controlo de Perdas ........................................... 22 2.3.5. Síntese da Metodologia .......................................................................................................... 22

2.4. DEFINIÇÃO DO PROGRAMA DE MEDIDAS ............................................................................... 23 2.4.1. Objectivos ................................................................................................................................. 23 2.4.2. Caracterização das Medidas de Acção................................................................................ 24 2.4.3. Programação da Realização das Medidas .......................................................................... 25 2.4.4. Alocação de Meios Humanos e Materiais a cada Grupo de Medidas............................. 26 2.4.5. Síntese da Metodologia .......................................................................................................... 27

3. IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO.............................................................................................................. 28 3.1.1. Objectivos ................................................................................................................................. 28 3.1.2. Treino e Sensibilização das Equipas de Operação............................................................ 29 3.1.3. Execução do Programa de Medidas..................................................................................... 30 3.1.4. Auditoria e Monitorização Contínua dos Objectivos Fixados............................................ 31

4. CONCLUSÕES........................................................................................................................................... 33

GLOSSÁRIO

ANEXOS ANEXO A – CARACTERIZAÇÃO DAS PERDAS DE ÁGUA E SUAS CAUSAS

ANEXO B – DETECÇÃO E LOCALIZAÇÃO DE FUGAS

ANEXO C – BALANÇO HÍDRICO E INDICADORES DE DESEMPENHO

ANEXO D – CONSIDERAÇÕES SOBRE O NÍVEL ECONÓMICO DE FUGAS

ANEXO E – MEDIDAS DE ACÇÃO A IMPLEMENTAR

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

1. ENQUADRAMENTO

As empresas multimunicipais de abastecimento de água são responsáveis pela produção e

entrega de água para consumo humano aos municípios abrangidos pela sua área de

concessão. Estes, por conseguinte, são responsáveis pelo fornecimento aos consumidores

finais através dos sistemas em baixa.

Uma parte importante do volume de água captado nos sistemas multimunicipais perde-se no

tratamento e durante o transporte até ao consumidor final, assumindo por vezes um peso

significativo, quer nos custos de investimento, quer nos encargos de exploração dos sistemas.

Na procura da racionalidade económica e ambiental dos sistemas, torna-se imperativo introduzir

na sua gestão, mecanismos que conduzam a uma evolução gradual da redução de perdas nas

infra-estruturas de abastecimento de água, contribuindo assim para uma maior eficiência no

serviço prestado às populações.

Todos os estudos disponíveis em Portugal são unânimes em relação à situação actual do país

nesta matéria. Em média, as perdas em sistemas de abastecimento de água situam-se em

valores muito acima dos aceitáveis, sendo actualmente da ordem dos 35%1, com várias

situações acima dos 50%. Assim, um dos objectivos a atingir por todas as entidades

responsáveis pelo serviço público de abastecimento de água deverá ser a redução gradual de

perdas até ao limite economicamente adequado, que se situa entre 15% e 20%. Nesse sentido,

é conveniente que cada entidade gestora possua um plano de acção que defina medidas

concretas, incluindo a respectiva calendarização e os custos associados, para o cumprimento

desse objectivo.

As perdas de água nos sistemas de abastecimento devem ser encaradas como um problema

multidimensional, com um elevado impacto nas várias vertentes da entidade gestora:

É, normalmente, a principal motivação das entidades gestoras para a implementação de um controlo activo de perdas. Estima-se que, anualmente, o custo de produção e transporte do volume de água que se perde nos sistemas em Portugal ascende a 192 milhões de euros.

EconómicoFinanceira

A existência de fugas de água num sistema é inevitável, mas um elevado volume de perdas reais indicia que a rede não se encontra em boas condições. Uma gestão técnica adequada permite optimizar o nível de perdas.

Técnica

O combate às perdas de água e a diminuição do volume de água perdido concretiza uma politica ambientalmente adequada, contribuindo assim para a conservação da Natureza e para uma politica de gestão dos recursos hídricos sustentável.

Ambiental

1 Normalmente refere-se ao volume de água não facturada e não a volume de água perdido. CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

É reconhecido que a maior parcela de perdas num sistema de abastecimento ocorre nas redes

de distribuição. Tendo em conta a necessária articulação funcional entre o sistema em alta e os

sistemas em baixa complementares, as empresas multimunicipais terão um papel muito

importante na sensibilização e prestação de apoio técnico aos municípios para a implementação

de uma estratégia que conduza à redução de perdas nos sistemas em baixa.

Assim, o presente documento pretende contribuir com algumas orientações práticas e

metodologias de abordagem para a elaboração e implementação de planos de minimização de

perdas em sistemas de abastecimento de água. Para tal, apresenta-se um conjunto de aspectos

técnicos essenciais à definição de estratégias ambiental e economicamente adequadas e

adaptáveis à realidade de cada município.

O documento encontra-se estruturado conforme ilustrado na figura seguinte, cobrindo uma série

de abordagens técnicas e procedimentos para a implementação de uma estratégia para a

redução de perdas de água, introduzindo os conhecimentos necessários à optimização do

serviço de abastecimento.

A chave para o desenvolvimento de um Plano de Minimização de Perdas é o conhecimento das

razões que levam à perda de água no sistema de abastecimento e dos factores que as

influenciam. Só a partir do conhecimento destas informações será possível desenvolver as

técnicas e procedimentos dirigidos à especificidade do sistema e dos factores locais.

Consoante os problemas e constrangimentos existentes nas entidades gestoras e de acordo

com as suas características organizacionais e físicas, deverão ser seleccionadas as medidas de

Pontos onde existem fugas são potenciais fontes de contaminação (nos sistemas não pressurizados). Mesmo que o investimento não seja compensador economicamente, a redução de perdas deverá valorizar a componente de saúde pública promovendo a sua prevenção.

Saúde Pública

Perante a sociedade e os consumidores a perda de água é um dos factores mais visíveis da ineficiência da entidade gestora (imagem exterior da entidade gestora) e contribui para o aumento do custo da água consumida (tarifa).

Social

1. Enquadramento2. Metodologia para o desenvolvimento do Plano3. Implementação do Plano4. Conclusões

Anexo ACaracterização

de Perdas

Anexo BDetecção e Localização

de Fugas

Anexo CBalanço Hídrico e

Indicadores de Desempenho

Anexo DNível Económico

de Fugas

Anexo EMedidas de Acção

a Implementar

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

acção aqui apresentadas, com as necessárias adaptações sempre que os problemas

identificados diferirem dos abordados. Pretende-se assim fornecer uma ferramenta facilitadora

que apoie as entidades gestoras dos sistemas em baixa no combate ao desperdício de água.

No final do documento é apresentado um glossário que contem as principais definições da

terminologia utilizada.

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

2. METODOLOGIA PARA DESENVOLVIMENTO DO PLANO

2.1. ABORDAGEM GERAL

A definição de uma estratégia coerente e eficaz para a redução de perdas em sistemas de

abastecimento de água deve basear-se numa sequência de passos-chave a seguir

esquematizados:

A sua concretização, para um determinado contexto, deve ser:

Avaliação da dimensão do problema

Definição de uma estratégia de controlo de perdas

Medição zonada

VIA

S PA

RA

AB

OR

DA

GEM

DO

PR

OB

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A

Localização de fugas

Avaliação de resultados

Reparação

Gestão de pressões

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ÇÃO

DO

PLA

NO

Específica, para ter em conta todos os factores relevantes do sistema ou de

determinada zona do sistema (evitando comparações não suficientemente

fundamentadas com outras entidades gestoras);

Temporal, com objectivos bem definidos e evolutivos ao longo do tempo;

Integrada a todos os níveis do sistema: produção, adução, armazenamento,

distribuição e facturação;

Mobilizadora, agregando os diferentes níveis das estruturas operacionais da entidade

gestora.

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

Assim, para a concretização de um Plano de Minimização de Perdas é essencial, em primeiro

lugar, que toda a estrutura operacional da entidade gestora esteja verdadeiramente

comprometida com o objectivo de minimizar as perdas de água verificadas no sistema. Neste

sentido, a equipa responsável pela gestão deve programar temporalmente metas objectivas,

credíveis e atingíveis, demonstrar o seu empenho na concretização dessas metas e dotar as

equipas operacionais com os meios necessários.

Como parte integrante da sua estratégia global de redução de perdas, destacam-se em seguida

algumas orientações de ordem genérica que devem ser tidas em conta pela entidade gestora:

É recomendável que a estratégia de redução de perdas seja mantida em permanente

actualização e que seja sujeita a uma auditoria anual, através de um especialista interno ou

externo. Nesta actualização devem ser tidas em consideração evoluções do objectivo e

alterações da estratégia face a novos critérios e informações.

Com a implementação do Plano de Acção são expectáveis os seguintes resultados:

Realização de um evento de divulgação do Plano, eventualmente em forma de seminário, que mobilize as equipas, explique a importância de cada um no sucesso do Plano e que ajude a passar a mensagem de que o Plano está em curso e o topo da organização está empenhada.

Formação e treino de todo o pessoal, e não apenas dos que estarão directamente envolvidos na implementação do Plano.

Utilização de prémios de desempenho junto das equipas de gestão do sistema. O pessoal responsável pela manutenção deverá ser premiado pelo bom estado de funcionamento dos equipamentos de controlo de perdas, podendo ser adoptadas acções disciplinares para os não cumpridores.

Publicitação interna e externa junto dos consumidores, das metas definidas e dos resultados obtidos.

Aumento da receita;

Melhoria do desempenho operacional;

Melhor utilização da infra-estrutura;

Adiamento de novos investimentos;

Melhoria da imagem da empresa junto dos consumidores;

Maior rentabilização do recurso água.

Em termos metodológicos, a implementação de um Plano de Minimização de Perdas deverá ser

antecedido por um conjunto de etapas que se passam a ilustrar no organigrama seguinte:

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

Nos capítulos seguintes detalha-se cada um destes passos e descrevem-se as metodologias

mais adequadas para o desenvolvimento e implementação do plano.

3º PASSO – Definição do Programa de Medidas3º PASSO – Definição do Programa de Medidas

CARACTERIZAÇÃO DE ACÇÕES IMEDIATAS E

DE MEDIDAS DE CURTO / MÉDIO PRAZO

CARACTERIZAÇÃO DE ACÇÕES IMEDIATAS E

DE MEDIDAS DE CURTO / MÉDIO PRAZO

ALOCAÇÃO DOS MEIOS HUMANOS E

MATERIAIS A CADA GRUPO DE MEDIDAS

ALOCAÇÃO DOS MEIOS HUMANOS E

MATERIAIS A CADA GRUPO DE MEDIDAS

4º PASSO – Implementação do Plano4º PASSO – Implementação do Plano

PROGRAMAÇÃO DA REALIZAÇÃO

DAS MEDIDAS

PROGRAMAÇÃO DA REALIZAÇÃO

DAS MEDIDAS

TREINO E SENSIBILIZAÇÃO DAS EQUIPAS DE

OPERAÇÃO

TREINO E SENSIBILIZAÇÃO DAS EQUIPAS DE

OPERAÇÃO

AUDITORIA E MONITORIZAÇÃO CONTÍNUA DOS

OBJECTIVOS FIXADOS

AUDITORIA E MONITORIZAÇÃO CONTÍNUA DOS

OBJECTIVOS FIXADOS

LEVANTAMENTO DAS INFRA-

ESTRUTURAS DO SISTEMA

LEVANTAMENTO DAS INFRA-

ESTRUTURAS DO SISTEMA

1º PASSO – Caracterização da Situação de Partida1º PASSO – Caracterização da Situação de Partida

AVALIAÇÃO DAS PERDAS TOTAIS

AVALIAÇÃO DAS PERDAS TOTAIS

DETERMINAÇÃO DAS ORIGENS DAS PERDAS

DETERMINAÇÃO DAS ORIGENS DAS PERDAS

AVALIAÇÃO DO SISTEMA A PARTIR DE

INDICADORES DE DESEMPENHO

AVALIAÇÃO DO SISTEMA A PARTIR DE

INDICADORES DE DESEMPENHO

2º PASSO – Fixação de Metas2º PASSO – Fixação de Metas

IDENTIFICAÇÃO DOS FACTORES DE INFLUÊNCIA E CONTROLO DE

PERDAS

IDENTIFICAÇÃO DOS FACTORES DE INFLUÊNCIA E CONTROLO DE

PERDAS

DESENVOLVIMENTO DE UMA ESTRATÉGIA

DE CONTROLO DE PERDAS

DESENVOLVIMENTO DE UMA ESTRATÉGIA

DE CONTROLO DE PERDAS

CÁLCULO DO NÍVEL

ECONÓMICO DE FUGAS

CÁLCULO DO NÍVEL

ECONÓMICO DE FUGAS

EXECUÇÃO DO PROGRAMA DE

MEDIDAS

EXECUÇÃO DO PROGRAMA DE

MEDIDAS

2.2. CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE PARTIDA

2.2.1. Objectivos

Para o adequado desenvolvimento de um Plano de Minimização de Perdas é essencial, numa

primeira fase a caracterização das perdas de água no sistema de abastecimento (Anexo A), identificando as suas origens e causas.

A obtenção dessa informação exige o conhecimento exaustivo do sistema de abastecimento e

do seu modo de exploração devendo ser respondidas as seguintes questões:

Qual o estado das infra-estruturas do sistema?

Qual o volume de água que se perde?

Qual a origem dessas perdas de água?

Quais as causas?

Qual a estratégia que poderá ser introduzida para reduzir as perdas e melhorar o

desempenho?

Como manter a estratégia?

Para dar resposta a estas questões deverá:

Ser feito um levantamento exaustivo das infra-estruturas do sistema (cadastro), tendo

por objectivo a sua caracterização para efeitos de eventuais intervenções.

Ser efectuado um balanço hídrico de cada sub-sistema de abastecimento, que

conduzirá à determinação do volume de água perdido no sistema, e à identificação

das zonas onde ocorrem as maiores perdas.

Recorrer a indicadores de desempenho, destinados a medir a qualidade dos serviços

prestados pelas entidades gestoras no combate às perdas de água. CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO

9/34

Delinear, tendo como base o balanço hídrico, um programa estratégico de intervenção

na redução das perdas de água, que deverá ser acompanhado pela definição e

implementação de indicadores de desempenho, garantindo assim a sua continuidade,

eficiência e eficácia.

rocesso contínuo e sistemático passando assim a fazer parte da

No organ

partida e

2.2.2.

O levantame z de

q lizado é uma das ferramentas

LEVANTAMENTO DAS INFRA-

ESTRUTURAS DO SISTEMA

Considerar a actividade de redução e controlo de perdas não limitada no tempo,

incorporando-a num p

cultura da entidade operadora. A assimilação deste processo e desta cultura poderá

ser, preferencialmente, formalizada através da criação de uma unidade administrativa

horizontal, com a função específica de controlo e redução de perdas.

igrama seguinte identificam-se as principais etapas da caracterização da situação de

as principais acções a desenvolver em cada uma delas.

1º PASSO – Caracterização da Situação de Partida1º PASSO – Caracterização da Situação de Partida

LEVANTAMENTO DAS INFRA-

ESTRUTURAS DO SISTEMA

• Definição das Zonas de Medição e Controlo

• Realização do balanço hídrico• Volume de água entrada no sistema• Avaliação dos consumos autorizados (facturados e não

facturados)• Quantificação das perdas aparentes e das perdas reais

Por Zona de Medição e Controlo:VOLUME DE PERDAS FÍSICASVOLUME DE PERDAS COMERCIAIS

• Determinação das origens das perdas de água (FÍSICAS E COMERCIAIS)

• Avaliação do sistema a partir dos indicadores de desempenho recomendados pelo IRAR

• Definição das Zonas de Medição e Controlo

• Realização do balanço hídrico• Volume de água entrada no sistema• Avaliação dos consumos autorizados (facturados e não

facturados)• Quantificação das perdas aparentes e das perdas reais

Por Zona de Medição e Controlo:VOLUME DE PERDAS FÍSICASVOLUME DE PERDAS COMERCIAIS

• Determinação das origens das perdas de água (FÍSICAS E COMERCIAIS)

• Avaliação do sistema a partir dos indicadores de desempenho recomendados pelo IRAR

• Rede:• Localização,

extensão e diâmetros

• Materiais• Idade• Estado de

conservação• Divisão por

sectores e patamares de pressão

• Histórico das intervenções

• Reservatórios• Capacidade• Tipo• Idade• Estado de

conservação• Modo de

gestão• Histórico das

intervenções• Contadores

• Rede:• Localização,

extensão e diâmetros

• Materiais• Idade• Estado de

conservação• Divisão por

sectores e patamares de pressão

• Histórico das intervenções

• Reservatórios• Capacidade• Tipo• Idade• Estado de

conservação• Modo de

gestão• Histórico das

intervenções• Contadores

AVALIAÇÃO DAS PERDAS TOTAIS

AVALIAÇÃO DAS PERDAS TOTAIS

DETERMINAÇÃO DAS ORIGENS DAS PERDAS

DETERMINAÇÃO DAS ORIGENS DAS PERDAS

AVALIAÇÃO DO SISTEMA A PARTIR DE

INDICADORES DE DESEMPENHO

AVALIAÇÃO DO SISTEMA A PARTIR DE

INDICADORES DE DESEMPENHO

Levantamento das Infra-estruturas do Sistema

nto e a caracterização de infra-estruturas é fundamental para a gestão efica

ualquer sistema. A existência de um cadastro completo e actua

basilares para a operação e manutenção de um sistema de abastecimento de água, e por

conseguinte para a caracterização da situação de referência e definição do ponto de partida de

qualquer Plano de Minimização de Perdas.

Na maioria dos sistemas, a actualização do cadastro e a compilação da informação relativa à

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

sua operação corrente, acaba por não ser considerada uma actividade primordial, verificando-se

compilação da informação relativa ao traçado rigoroso das redes, localização de

ção recolhida deve ser

A estimativa das perdas num sistema de abastecimento é feita através da comparação entre

d m is pontos desse

(económicas ou aparentes) pode ser efectuada mediante trabalho técnico de campo,

abilizada – e as perdas físicas determinadas.

volume de perda de água. Para tal, deverão ser definidos os locais

um desfasamento mais ou menos lato entre as ocorrências e a sua inserção no cadastro. As

ocorrências usuais de exploração, tais como avarias ou roturas, normalmente não são anexadas

ao cadastro, acabando por se perderem ou ficar simplesmente retidas ao nível dos operadores

do sistema.

Com o aparecimento e divulgação dos sistemas de informação geográfica, mais ou menos

complexos, a

órgãos de manobra e segurança, informações físicas (material, diâmetro, idade, estado de

conservação, …), pressão de serviço e histórico de intervenções, simplificou-se, embora o

sucesso desta tarefa esteja dependente de uma correcta sistematização de procedimentos que

assegurem de forma coordenada a compilação da informação recolhida.

O levantamento rigoroso do sistema de abastecimento de água torna-se assim um passo

fundamental para a caracterização da situação de partida. Toda a informa

sempre compilada e sistematizada de forma uniforme para permitir posteriormente a sua fácil

utilização pelas diferentes áreas funcionais, não sendo obrigatória a adopção de sistemas de

informação complexos. A organização da informação deve ser simples e amigável para quem a

fornece e para quem a consulta e adequada à capacidade tecnológica da entidade gestora.

2.2.3. Quantificação das Perdas Físicas e das Perdas Comerciais

ois volu es de água: o entrado num ponto do sistema e o recebido num ou ma

sistema, situados na exclusiva área de influência desse ponto de entrada. O grau de detalhe e

de rigor com que se consegue estabelecer esta relação é fundamental na avaliação das perdas

de água.

Uma maneira simples, mas menos rigorosa, de identificar e separar as perdas físicas das

comerciais

utilizando como metodologia a análise dos histogramas (registo contínuo) de consumo dos

volumes de água entrados e saídos do sistema. Analisando os consumos nocturnos

estabilizados durante a madrugada, e subtraindo-se os consumos contínuos verificados nesse

período (fábricas, hospitais e outros), obtêm-se, na quase totalidade, as perdas físicas no

sistema.

As perdas comerciais serão a diferença entre as perdas totais de água na distribuição – Água

Não Cont

No Anexo A são apresentados os passos a seguir para a avaliação de cada uma das parcelas

das perdas totais.

Através do cálculo do balanço hídrico é possível obter de uma forma mais consistente e rigorosa

a quantificação do

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

estratégicos de medição de modo a permitir avaliar os seguintes volumes de água: produzida,

fornecida a cada sistema de medição, adquirida ao exterior (importada) e vendida ao exterior

(exportada e consumida internamente).

Em sistemas de distribuição de água em que o índice de medição se aproxime de 100%, onde

as ligações clandestinas tenham pouca importância e exista uma programação eficaz e contínua

Um dos métodos mais utilizados para a detecção de fugas e outras perdas a nível da

macroescala

dos com prudência

dicado, este processo é interactivo e as ZMC

s, estudadas as condicionantes, definidas as melhores

O volum quantificado através do cálculo do balanço hídrico. Um

balanço híd s registados dos volumes de água

Trabalho da International Water Association (IWA) sobre

de adequação e manutenção preventiva de contadores, onde o combate às fraudes e às

ligações clandestinas seja efectivo, as perdas mensuráveis tenderão a reflectir completamente

as perdas físicas de água.

2.2.3.1. Divisão das redes de distribuição em Zonas de Medição e Controlo

da rede de distribuição, de forma contínua e periódica, é aquele que utiliza Zonas

de Medição e Controlo (ZMC). Estas zonas, uma vez definidas, servem de suporte a todas as

fases de preparação e implementação do Plano de Minimização de Perdas.

A implementação de uma Zona de Medição e Controlo para detecção de fugas em redes de

distribuição pressupõe um conjunto de procedimentos que devem ser segui

de forma a evitar a deterioração das condições de funcionamento hidráulico da rede,

prejudicando o abastecimento aos consumidores.

No organigrama apresentado no Anexo B estão identificadas as actividades que devem ser

executadas para a definição das ZMC. Conforme in

definidas numa primeira fase podem ser reajustadas em função da evolução das condições de

funcionamento do sistema.

Com este método consegue-se concentrar esforços numa zona isolada onde são efectuadas em

intervalos regulares as mediçõe

metodologias de localização e de detecção de fugas e assim definir o plano estratégico de

redução e controlo de perdas para essa zona. Através desta análise, a extrapolação para outros

sectores semelhantes do sistema de distribuição permitirá a obtenção de resultados globais

mais eficientes.

2.2.3.2. Balanço hídrico

e de água perdido pode ser

rico rigoroso, baseado nas estimativas ou valore

captada, importada, exportada e consumida, é fundamental para a avaliação das perdas.

Normalmente o balanço hídrico é calculado para um período de 12 meses, pelo que representa

a média anual de todas as variáveis.

Dada a elevada diversidade de metodologias e definições para o cálculo do balanço hídrico,

adoptou-se o definido pelo Grupo de

Perdas de Água.

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

Este balanço decompõe a água importada em dois grandes volumes, consumo autorizado e

perdas de água, durante o período de referência (normalmente um ano).

água, medido ou não

r divididas

(medida ou não) quantifica o volume de água não facturada. O

, desde a captação da água bruta até ao consumo de água

O consumo autorizado é constituído por duas parcelas: o consumo autorizado facturado e o

consumo autorizado não facturado. À primeira corresponde o volume de

medido (estimado), fornecido aos clientes do sistema de abastecimento e inclui a água

exportada para outros sistemas. À segunda corresponde a água fornecida à própria entidade

gestora do sistema e a todas as outras entidades que estejam implícita ou explicitamente

autorizadas a consumi-la (na lavagem de ruas, lavagem de colectores e condutas, combate a

incêndios, rega de jardins municipais, fontanários, balneários e lavadouros públicos).

O volume correspondente às perdas de água resulta da diferença entre a água

captada/importada pelo sistema e o consumo autorizado. Estas perdas podem se

entre perdas físicas e comerciais. As perdas reais são as perdas físicas de água do sistema em

pressão que ocorrem até ao contador do consumidor. O volume destas perdas, materializado

através de todos os tipos de fissuras, roturas e extravasamentos, depende da frequência, do

caudal (que depende da pressão) e da duração média de cada fuga. As perdas comerciais

resultam das imprecisões nas medições, tanto da água importada como da que é fornecida aos

consumidores ou exportada. Os consumos não autorizados (furtos de água) também contribuem

para as perdas comerciais.

A diferença entre o volume de água captada/importada pelo sistema e o volume de água

facturada aos consumidores

consumo autorizado não facturado, as perdas comerciais e as físicas são as três parcelas

constituintes da água não facturada.

Na figura abaixo ilustram-se as principais entradas e saídas de água num sistema típico de

abastecimento, por ordem sequencial

pelos clientes. Alguns sistemas serão certamente mais simples, não tendo todas as

componentes representadas.

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

Cap

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Con

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ento

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M

M

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Medição nas zonas de medição e controlo

M

Águ

atra

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(**)

M

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(**)

M

Águ

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ção

Ponto de controlo de caudalM

M

Águ

abr

uta

impo

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(*)

gua

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M

Águ

afo

rnec

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para

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ção

dire

cta

M

Águ

afo

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ida

aotra

tam

ento

(*) - a importação ou a exportação de água bruta podem ocorrer em qualquer ponto a montante do tratamento(**) - a importação ou a exportação de água tratata podem ocorrer em qualquer ponto a jusante do tratamento

Tran

spor

tede

ág

uabr

uta

Tran

spor

tede

ág

uabr

uta

Con

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uiçã

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istrib

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istrib

uiçã

o

M

Águ

abr

uta

expo

rtada

(*)

Fonte: IWA

A experiência evidencia que o cálculo completo do balanço hídrico com uma exactidão razoável

é particularmente difícil quando para uma parte significativa dos clientes não são feitas

medições. Nesses casos, o consumo autorizado deve ser estimado a partir de medições em

amostras com um número suficiente de ligações individuais e com tipologias de consumidores

representativas do ponto de vista estatístico.

O cálculo do balanço hídrico requer estimativas dos volumes de água em cada ponto de

controlo de caudal assinalado na figura acima. Sempre que possível deve recorrer-se a

medidores calibrados. Na sua ausência, será necessário utilizar estimativas baseadas em

outros dados disponíveis ou aplicar outras técnicas de engenharia fiáveis.

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

Passos para calcular a água não facturada e as perdas de água (Fonte: IWA)

Passo 0: Definir os limites exactos do sistema (ou sector de rede) a auditar; definir as datas de

referência (um ano).

Passo 1: Determinar o volume de água entrada no sistema e introduzi-lo na Coluna A.

Passo 2: Determinar o consumo facturado medido e o consumo facturado não medido na Coluna D;

introduzir o total destes como consumo autorizado facturado (Coluna C) e como água

facturada (Coluna E)

Passo 3: Calcular o volume de água não facturada (Coluna E) subtraindo a água facturada (Coluna E)

à água entrada no sistema (Coluna A).

Passo 4: Definir o consumo não facturado medido e o consumo não facturado não medido na Coluna

D; registar o total em consumo autorizado não facturado na Coluna C.

Passo 5: Somar os volumes correspondentes ao consumo autorizado facturado e ao consumo

autorizado não facturado da Coluna C; introduzir o resultado como consumo autorizado

(Coluna B).

Passo 6: Calcular as perdas de água (Coluna B) como a diferença entre a água entrada no sistema

(Coluna A) e o consumo autorizado (Coluna B).

Passo 7: Avaliar, usando os melhores métodos disponíveis, as parcelas do uso não autorizado e dos

erros de medição (Coluna D), somá-las e registar o resultado em perdas comerciais (Coluna

C).

Passo 8: Calcular as perdas físicas (Coluna C) subtraindo as perdas comerciais (Coluna C) às perdas

Fugas nos ramais (a montante da medição) [m3/ano]

Fugas e extravasamentos nos reservatórios de adução e/ou

distribuição [m3/ano]

Fugas nas condutas de aduçãoe/ou distribuição [m3/ano]

Perdas reais nas condutas de água bruta e no tratamento (quando aplicável) [m3/ano]

Perdas reais [m3/ano]

Perdas de água por erros de medição [m3/ano]

Uso não autorizado [m3/ano]Perdas aparentes

[m3/ano]

Perdas de água totais [m3/ano]

Consumo nem medido nem facturado [m3/ano]

Água não facturada [m3/ano]

Consumo medido não facturado [m3/ano]Consumo autorizado

não facturado [m3/ano]

Consumo não medido facturado[m3/ano]

Água facturada [m3/ano]

Consumo medido facturado (incluindo água exportada)

[m3/ano]Consumo autorizado facturado [m3/ano]

Consumo autorizado total

[m3/ano]

Água entrada no sistema [m3/ano]

EDCBA

Fugas nos ramais (a montante da medição) [m3/ano]

Fugas e extravasamentos nos reservatórios de adução e/ou

distribuição [m3/ano]

Fugas nas condutas de aduçãoe/ou distribuição [m3/ano]

Perdas reais nas condutas de água bruta e no tratamento (quando aplicável) [m3/ano]

Perdas reais [m3/ano]

Perdas de água por erros de medição [m3/ano]

Uso não autorizado [m3/ano]Perdas aparentes

[m3/ano]

Perdas de água totais [m3/ano]

Consumo nem medido nem facturado [m3/ano]

Água não facturada [m3/ano]

Consumo medido não facturado [m3/ano]Consumo autorizado

não facturado [m3/ano]

Consumo não medido facturado[m3/ano]

Água facturada [m3/ano]

Consumo medido facturado (incluindo água exportada)

[m3/ano]Consumo autorizado facturado [m3/ano]

Consumo autorizado total

[m3/ano]

Água entrada no sistema [m3/ano]

EDCBA

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

de água (Coluna C).

Passo 9: Avaliar as parcelas das perdas físicas (Coluna D) usando os melhores métodos disponíveis

(análise de caudais nocturnos, cálculos de frequência/caudal/duração das roturas,

modelação, etc.), somá-las e comparar com o resultado das perdas físicas (Coluna C).

Se o cálculo do balanço hídrico não for para além do passo 3, como no caso dos balanços

hídricos mais simples e tradicionais, o único indicador que pode ser calculado, como veremos

mais à frente, é o indicador financeiro “Água não facturada por volume”. É por isso importante

completar o cálculo até ao passo 8 (de preferência até ao passo 9), para distinguir, da melhor

forma possível, as perdas de água físicas das comerciais. No Anexo C, apresenta-se a

definição de cada uma das variáveis a contabilizar.

2.2.4. Determinação das Origens e Causas das Perdas

Através da análise das diversas componentes de um sistema de abastecimento de água e do

levantamento de toda a informação já referida, é possível identificar as origens e determinar as

causas das perdas.

A maior contribuição para o volume de água perdido ocorre normalmente no sistema de

distribuição devido ao maior número de acessórios e juntas ao longo das condutas e das

respectivas derivações para os ramais prediais, que contribuem fortemente para o aumento do

volume de perdas nestas infra-estruturas. Acrescenta-se ainda que a frequência de novas

roturas, por km de conduta, é superior nos ramais prediais do que nas condutas principais.

Embora na maioria dos sistemas, o caudal perdido em média por rotura seja maior nas

condutas de distribuição do que nas ligações prediais, o maior volume de água perdido ocorre,

normalmente, nestes últimos.

As diferentes causas de perdas de água resultam, essencialmente, do modo de operação da

rede de distribuição e da conservação e estado das infra-estruturas em causa.

No Anexo A são apresentadas as origens e as causas mais comuns das perdas físicas e

comerciais em sistemas de abastecimento de água, de onde se destacam:

Estado e conservação da rede de distribuição;

Práticas correntes e metodologia de operação e gestão da rede incluindo a

monitorização de caudais e pressão;

Nível tecnológico na monitorização e detecção de fugas;

Equipa e sua capacidade/disponibilidade.

As características da região e a capacidade técnica e financeira da entidade gestora são

igualmente factores que influenciam as perdas de água.

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

2.2.5. Avaliação do Sistema a partir de Indicadores de Desempenho

Após a quantificação do volume de água perdido no sistema de abastecimento de água, a

dimensão do problema poderá ser avaliada, através do cálculo de indicadores de desempenho

sob as vertentes económico-financeira, técnica e ambiental, abrangendo assim de forma

integrada todas as suas componentes.

Com este objectivo, a International Water Association (IWA) criou um grupo de trabalho que

pretendia definir um quadro de referência para os indicadores de desempenho, estruturado de

forma a satisfazer as necessidades usuais dos principais tipos de utilizadores, com especial

ênfase para as entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água. Resultou assim a

publicação “Performance indicators for water supply services” que incorpora seis grupos de

indicadores: indicadores de recursos hídricos, de recursos humanos, infraestruturais,

operacionais, de qualidade de serviço e económico-financeiros. Os indicadores propostos

tiveram em linha de conta a experiência efectiva de muitas entidades gestoras de sistemas de

abastecimento de água.

O sistema de indicadores apresentado foi assim tido em conta para a definição de um quadro de

referência de avaliação do desempenho de cada entidade gestora na temática “Perdas de

Água”. Deste modo pretende-se apoiar as entidades gestoras na definição do Plano de

Minimização de Perdas fundamentado em indicadores de desempenho como forma de medida

da eficiência na utilização optimizada dos recursos disponíveis para a produção do serviço e da

eficácia do cumprimento dos objectivos de gestão definidos.

Segundo o IWA, um indicador de desempenho é uma medida quantitativa de um aspecto

particular do desempenho da entidade gestora ou do seu nível de serviço. É um instrumento de

apoio à monitorização da eficiência e eficácia da entidade gestora, simplificando uma avaliação

que de outro modo seria mais complexa e subjectiva.

No vasto conjunto de indicadores propostos pelo IWA existe um subconjunto particularmente

orientado para a avaliação do desempenho da entidade gestora relativamente às perdas de

água. O desempenho associado à gestão das perdas de água deverá ser medido utilizando três

grupos distintos de indicadores: recursos hídricos (WR), operacional (Op) e financeiro (Fi).

Apresentam-se de seguida os indicadores de desempenho a utilizar. De referir que é

recomendável que o cálculo de cada indicador seja feito apenas com uma base anual.

Recomenda-se a leitura conjunta com o Anexo C, onde são definidas as variáveis e as

expressões de cálculo de cada um dos indicadores que a seguir se apresentam:

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

Perdas aparentes durante o período de referência / (Água entrada no sistema –Água bruta exportada – Água tratada

exportada) durante o período de referência x 100

Perdas aparentes (%)Op25

Valor dos componentes de água sem proveito / custos correntes anuais x 100,

durante o período de referência

Água não facturada em termos de custo (%)Fi47

Água não facturada / Água entrada no sistema x 100, durante o período de

referência

Água não facturada em termos de volume (%)Fi46

Perdas reais (Op27) / Perdas reais mínimas (*) (quando o sistema está em

pressão) Índice infra-estrutural de fugas (-)Op29

Perdas reais durante o período de referência x 1000 / (Comprimento de

condutas x Número de horas em que o sistema está em pressão durante o

período de referência / 24)

Perdas reais por comprimento de conduta (l/km/dia com sistema em

pressão)Op28

Perdas reais durante o período de referência x 1000 / (Número de ramais x Número de horas em que o sistema está

em pressão durante o período de referência / 24)

Perdas reais por ramal (l/ramal/dia com sistema em pressão)Op27

Perdas aparentes durante o período de referência / Água entrada no sistema durante o período de referência x 100

Perdas aparentes por volume de água entrada no sistema (%)Op26

(Perdas de água durante o período de referência x 365 / duração do período de referência) / Comprimento de condutas

Perdas de água por comprimento de conduta (m3/km/ano)Op24

(Perdas de água durante o período de referência x 365 / duração do período de

referência) / Número de ramais.

Perdas de água por ramal (m3/ramal/ano)Op23

Perdas reais durante o período de referência / Água entrada no sistema durante o período de referência x 100

Ineficiência na utilização de recursos hídricos (%)WR1

DEFINIÇÃOINDICADOR

Perdas aparentes durante o período de referência / (Água entrada no sistema –Água bruta exportada – Água tratada

exportada) durante o período de referência x 100

Perdas aparentes (%)Op25

Valor dos componentes de água sem proveito / custos correntes anuais x 100,

durante o período de referência

Água não facturada em termos de custo (%)Fi47

Água não facturada / Água entrada no sistema x 100, durante o período de

referência

Água não facturada em termos de volume (%)Fi46

Perdas reais (Op27) / Perdas reais mínimas (*) (quando o sistema está em

pressão) Índice infra-estrutural de fugas (-)Op29

Perdas reais durante o período de referência x 1000 / (Comprimento de

condutas x Número de horas em que o sistema está em pressão durante o

período de referência / 24)

Perdas reais por comprimento de conduta (l/km/dia com sistema em

pressão)Op28

Perdas reais durante o período de referência x 1000 / (Número de ramais x Número de horas em que o sistema está

em pressão durante o período de referência / 24)

Perdas reais por ramal (l/ramal/dia com sistema em pressão)Op27

Perdas aparentes durante o período de referência / Água entrada no sistema durante o período de referência x 100

Perdas aparentes por volume de água entrada no sistema (%)Op26

(Perdas de água durante o período de referência x 365 / duração do período de referência) / Comprimento de condutas

Perdas de água por comprimento de conduta (m3/km/ano)Op24

(Perdas de água durante o período de referência x 365 / duração do período de

referência) / Número de ramais.

Perdas de água por ramal (m3/ramal/ano)Op23

Perdas reais durante o período de referência / Água entrada no sistema durante o período de referência x 100

Ineficiência na utilização de recursos hídricos (%)WR1

DEFINIÇÃOINDICADOR

(*) Ver capítulo 3 do Anexo C

2.2.6. Síntese da Metodologia

Com base na metodologia definida pelo Grupo de Trabalho promovido pelo IRAR/LNEC no

âmbito do “Controlo de Perdas de Água em Sistemas de Adução e Distribuição” sistematiza-se

no esquema seguinte os passos a seguir para a abordagem do problema.

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

Avaliação da dimensão do problema

Definição de uma estratégia de controlo de perdas

Medição zonada

VIA

S PA

RA

AB

OR

DA

GEM

DO

PR

OB

LEM

A

Localização de fugas

Avaliação de resultados

Reparação

Gestão de pressões

Balanço hídrico

Cálculo dos indicadores de desempenho

Avaliação global da situação

Controlar activamente as perdas?

Definição de estratégia de

controlo

Definição de estratégia de manutenção

sim não

CAR

ACTE

RIZ

AÇÃO

DA

SITU

AÇÃO

DE

PAR

TID

A

FIXA

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DO

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NO

2.3. FIXAÇÃO DE METAS

2.3.1. Objectivos

Após a quantificação do volume de água perdido no sistema de abastecimento e da

identificação das suas origens e causas, deverão ser fixados os objectivos a cumprir para a sua

redução.

A abordagem mais comum centra-se normalmente numa perspectiva económica, em que as

metas de redução de perdas de água são encontradas em função do investimento que

implicam. Os restantes factores técnicos, ambientais, sociais e de saúde publica são

considerados como complementares, estando em segundo plano na tomada de decisões.

A definição dos objectivos a atingir pelo plano de acção deverá ser feita de uma forma clara e

concreta, devendo a entidade gestora definir qual a meta de redução de perdas que o sistema

deverá atingir e qual o nível de perdas que deverá ser mantido a longo prazo.

Para tal deverão ser seguidos os seguintes passos:

Identificação dos factores internos (meios humanos, materiais e financeiros) e

externos (sociais, ambientais e físicas) que envolvem o sistema de distribuição de

água;

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO

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CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO

19/34

Determinação do custo da água e do nível económico de fugas (NEF);

Identificação dos métodos de controlo activo de perdas (meios e custos).

Para a fixação de metas deverão ser tidos em conta todos os factores internos e externos à

entidade gestora, no sentido de determinar e compreender quais as condicionantes para a

definição dos seus objectivos e respectiva programação temporal.

Entende-se como factores internos aqueles que são intrínsecos à entidade gestora sendo

controlados internamente: características do sistema (idade, estado, materiais, modo de

exploração), custos de exploração e de manutenção das infra-estruturas e volume de perdas

(objecto de redução).

Os factores externos serão os associados às dificuldades de obtenção de meios económicos

para a implementação de um programa de combate às perdas, a adesão da população como

agente activo, topologia da área de implantação do sistema, etc., ou seja, são os factores que

não são controlados directamente pela entidade gestora mas dos quais esta sofre forte

influência.

Como referido, a definição de objectivos terá sempre em conta os investimentos a efectuar

sendo estes limitados superiormente pelo nível económico de fugas (NEF), isto é, pelo nível a

partir do qual o custo associado à redução de perdas num sistema de abastecimento de água,

não é viável (ver Anexo D).

No organigrama seguinte identificam-se as principais etapas da fixação de metas e as principais

acções a desenvolver em cada uma delas.

Não esquecer que a implementação de uma estratégia de redução de perdas, obriga a uma

avaliação constante dos resultados obtidos de modo a serem definidas as melhores soluções e

prioridades de investimentos.

2º PASSO – Fixação de Metas2º PASSO – Fixação de Metas

IDENTIFICAÇÃO DOS FACTORES DE INFLUÊNCIA E CONTROLO DE

PERDAS

IDENTIFICAÇÃO DOS FACTORES DE INFLUÊNCIA E CONTROLO DE

PERDAS

DESENVOLVIMENTO DE UMA ESTRATÉGIA

DE CONTROLO DE PERDAS

DESENVOLVIMENTO DE UMA ESTRATÉGIA

DE CONTROLO DE PERDAS

• Factores de Influência:

• Internos• Controlo de Perdas

Comerciais• Controlo de Perdas

Físicas

• Externos

• Factores de Influência:

• Internos• Controlo de Perdas

Comerciais• Controlo de Perdas

Físicas

• Externos

CÁLCULO DO NÍVEL

ECONÓMICO DE FUGAS

CÁLCULO DO NÍVEL

ECONÓMICO DE FUGAS

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

2.3.2. Identificação dos Factores de Influência e Controlo de Perdas

A identificação de todos os factores que poderão influenciar a existência ou não de perdas de

água e as suas razões é bastante complexa dada a diversidade de casos e situações

existentes.

De qualquer modo, a curto prazo, a entidade gestora poderá identificar os factores internos que

influenciam o volume de perdas existente. Assim a entidade gestora deverá realizar um estudo

onde identifique os factores que poderão ser melhorados e modificados para criação de novas

metodologias e procedimentos de trabalho para o controlo e combate eficaz das perdas físicas e

comerciais. Apresenta-se de seguida os factores e actividades que exibem uma influência

directa no controlo das perdas físicas e comercias.

2.3.2.1. Controlo de Perdas Físicas

O controlo de perdas físicas poderá ser enquadrado pelas seguintes actividades:

Controlo de pressão na rede de distribuição;

Controlo activo de fugas;

Velocidade e qualidade de reparação;

Planeamento e gestão do sistema de distribuição.

O controlo de pressão na rede tem como objectivo minimizar as pressões do sistema e a faixa

de variação das pressões máximas, assegurando ao mesmo tempo os padrões mínimos de

qualidade de serviço. Estes objectivos são atingidos a partir da sectorização dos sistemas de

distribuição, do controlo das estações elevatórias na rede (sobrepressoras) ou pela introdução

de válvulas redutoras de pressão.

O controlo activo de fugas é, basicamente, a actividade de reparação das roturas quando se

tornam visíveis. A metodologia mais utilizada é a detecção de fugas não visíveis, realizadas

através de diversos métodos como descrito no Anexo B. Essa actividade reduz o tempo entre a

ocorrência da rotura e a sua detecção, sendo tanto menor quanto maior for a frequência de

inspecção. Uma análise de custo benefício poderá definir a frequência ideal para ser realizada

em cada área.

Desde o conhecimento da existência de uma rotura, o tempo gasto para a sua efectiva

localização e reparação é um ponto-chave para a gestão das perdas físicas num sistema. É

igualmente importante assegurar a correcta execução da reparação, que caso seja mal

efectuada irá fazer com que haja uma reincidência após a pressurização da rede de distribuição.

A prática das actividades referidas irá trazer consideráveis melhorias ao sistema devendo ser

apenas decidida a substituição de equipamentos quando, após a realização das outras

actividades, se detectarem ainda elevados índices de perdas na área em questão, uma vez que

o custo de substituição é sempre mais elevado.

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

2.3.2.2. Controlo de Perdas Comerciais

O controlo de perdas comerciais poderá ser feito através da observação dos consumos

clandestinos, dos erros de medição e leitura e do volume de água não medida – facturada e não

facturada.

A partir da implementação de um sistema de medição de caudais e de um correcto

processamento de dados, de modo a ser construído um cadastro comercial consistente e

coordenado com o cadastro físico, cada um desses factores poderá ser controlado e corrigido.

Juntamente com uma equipa de recursos humanos devidamente motivada e formada, a

redução das perdas comerciais tenderá para o mínimo economicamente viável.

2.3.3. Cálculo do Nível Económico de Fugas

Como referido, para a fixação de metas quantitativas para a redução de perdas nos sistemas de

abastecimento de água deve ser determinado o nível económico de fugas (NEF), o qual varia

em função das características do sistema em apreço (Anexo D).

O NEF define-se como o nível abaixo do qual não é compensador, em termos de custo,

continuar a executar investimentos para diminuir o volume de perdas de água. O nível

económico de fugas pode ainda ser entendido como o custo de redução de perdas em que uma

unidade de volume é igual ao custo de produção dessa unidade de água. Surge assim, como

consequência, que a operação de um sistema de distribuição de água no nível económico

resulte na mais baixa combinação entre o custo de acções de controlo de perdas e o preço da

água desperdiçada.

Para que ocorra o nível económico de fugas é necessário obter-se o nível económico de perdas

reais, dado que, para as perdas aparentes a minimização de erros de medições e a redução de

consumos não medidos são independentes dos procedimentos para minimização de fugas.

Seguidamente indica-se alguns aspectos que uma entidade gestora deverá ter presente quando

estimar o NEF de determinado sistema:

Não existe um único NEF. Este variará no tempo dependendo de diversos factores, designadamente de alterações sazonais de pressão, de modificação do modo de operação dos sistemas ou mesmo de alterações meteorológicas capazes de, bruscamente, provocarem variações de caudal.

Os investimentos no controlo de pressão, medições locais e telemetria visando reduzir fugas, também influenciarão o NEF, se o seu cálculo for baseado na actividade do Controlo Activo de Fugas. Quanto mais dispendioso for o método de controlo de fugas mais alto será o NEF.

Novas técnicas de detecção de fugas alterarão a eficiência das operações de detecção resultando numa modificação do NEF. Este será diferente em função do método usado para detecção de fugas por exemplo, baseado numa política regular de inspecção ou baseado no fluxo contínuo nocturno em zonas de medição.

A estimativa do NEF deve basear-se em regras específicas para cada área de distribuição.

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

2.3.4. Desenvolvimento de uma Estratégia de Controlo de Perdas

O estabelecimento de prioridades de intervenção operacional não tem que seguir um modelo

“standard”, devendo cada estratégia ser definida de acordo com o sistema em causa e,

idealmente, de acordo com as necessidades de cada sector de abastecimento previamente

definido.

É essencial que a entidade gestora consiga verificar rapidamente quando e onde vale a pena

investir na implementação de estratégias de minimização de perdas. Deverão ser identificadas

as áreas prioritárias a intervir e avaliadas as alterações a introduzir para o planeamento

estratégico do controlo de perdas físicas e comerciais.

Para tal poderão ser efectuadas duas abordagens: ascendente (“bottom-up”) e descendente

(“top-down”).

Abordagem ascendente

A abordagem ascendente é uma fase intermédia de menor detalhe, enquanto não é possível

uma abordagem descendente. Nesta abordagem deverão ser seleccionados as primeiras zonas

de intervenção com base no conhecimento da frequência actual de roturas, idade e materiais da

rede, tipo (permeabilidade) do solo e dos tipos de consumo. São assim seleccionadas as áreas

mais problemáticas e que necessitam de intervenção mais urgente. Este passo permitirá à

entidade gestora aumentar a sua experiência neste campo e o conhecimento das várias

técnicas existentes para o combate às perdas.

Abordagem descendente

Consiste na avaliação global das necessidades de intervenção, sendo depois feita

progressivamente a níveis de maior detalhe, permitindo a avaliação da situação a vários níveis.

Realização do balanço hídrico global

Definição de objectivos globais

Realização de balanços hídricos em sub-sistemas

Definição de objectivos por sub-sistema

Realização de balanços hídricos por ZMC

Definição de objectivos por ZMC

2.3.5. Síntese da Metodologia

Com base na metodologia definida pelo Grupo de Trabalho promovido pelo IRAR/LNEC no

âmbito do “Controlo de Perdas de Água em Sistemas de Adução e Distribuição” sistematiza-se

no esquema seguinte os passos a seguir para a abordagem do problema.

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

Avaliação da dimensão do problema

Definição de uma estratégia de controlo de perdas

Medição zonada

Localização de fugas

Reparação

Gestão de pressões

Definição objectivos estratégicos

Caracterização preliminar do sistema

Determinação do custo da água e do nível actual de

perdas

Identificação de métodos de controlo activo e seus custos

Cálculo do nível económico de perdas para o(s) método(s)

em avaliação

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S PA

RA

AB

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DA

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ÇÃO

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Avaliação de resultados

2.4. DEFINIÇÃO DO PROGRAMA DE MEDIDAS

2.4.1. Objectivos

A partir da análise das características físicas do sistema de abastecimento, da identificação e

quantificação das perdas físicas e comerciais, da disponibilidade de recursos financeiros da

entidade gestora e da disponibilidade e adequação de recursos humanos e meios materiais,

deverá ser estruturado o programa de medidas para a minimização de perdas de água.

De referir que a etapa de caracterização da situação de partida, deverá ser tomada com o maior

rigor pois a avaliação errada dos volumes de água perdidos poderá levar ao estabelecimento

incorrecto das medidas necessárias à minimização das perdas. O sucesso das medidas

adoptadas é directamente proporcional à consistência dos resultados obtidos nessa fase dos

trabalhos.

Deverão ser estabelecidas metas realistas, de curto, médio e longo prazo, de acordo com a

disponibilidade de recursos da entidade gestora do sistema, do cronograma físico – financeiro e

com outras condicionantes específicas que tenham sido considerados na hierarquização das

acções.

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO

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3º PASSO – Definição do Programa de Medidas3º PASSO – Definição do Programa de Medidas

CARACTERIZAÇÃO DAS MEDIIDAS DE

ACÇÃO

CARACTERIZAÇÃO DAS MEDIIDAS DE

ACÇÃO

ALOCAÇÃO DOS MEIOS HUMANOS E MATERIAIS A CADA

GRUPO DE MEDIDAS

ALOCAÇÃO DOS MEIOS HUMANOS E MATERIAIS A CADA

GRUPO DE MEDIDAS

PROGRAMAÇÃO DA REALIZAÇÃO

DAS MEDIDAS

PROGRAMAÇÃO DA REALIZAÇÃO

DAS MEDIDAS

• Estimativa e calendarização dos investimentos afectos ao Programa de Medidas

• Estimativa e calendarização dos investimentos afectos ao Programa de Medidas

2.4.2. Caracterização das Medidas de Acção

Para a concretização das metas propostas deverão ser adoptadas medidas de acção que se

dividem em três níveis:

Nível 1: acções básicas necessárias ao desenvolvimento do plano

Nível 2: acções de execução necessárias à implementação do plano

Nível 3: acções de continuidade necessárias ao seguimento e optimização do plano

Cada medida é caracterizada em função da sua eficácia, dificuldade de implementação e custo,

variando entre o grau mais baixo (1 símbolo) e o mais alto (3 símbolos). Por eficácia entende-se

a mais valia introduzida com essa medida para o sucesso do Plano de Minimização de Perdas.

A dificuldade de implementação mede a maior ou menor dificuldade de concretização dentro do

quadro de referência de cada uma das entidades gestoras. O custo contabiliza de forma

genérica e simplista as necessidades financeiras para a aplicação de cada medida.

A realidade de cada sistema de abastecimento de água irá determinar as medidas que melhor

se enquadrem nos seus respectivos Planos de Minimização de Perdas. Como primeira proposta

de medidas, apresentam-se de seguida aquelas que podem ser consideradas as mais usuais

em planos desta natureza:

MEDIDAS – NÍVEL 1 OBJECTIVO DE REDUÇÃO EFICÁCIA DIFICULDADE DE

IMPLEMENTAÇÃO CUSTO

Actualização do cadastro técnico e comercial Perdas Comerciais e Físicas *** +++ €€€

Instalação de contadores nos principais pontos de fronteira do sistema de

abastecimento

Perdas Comerciais e Físicas ** ++ €€

Medição de volumes de água não facturados Perdas Físicas ** ++ €

Treino e motivação da equipa Perdas Comerciais e Físicas *** ++ €

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO

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MEDIDAS – NÍVEL 2 OBJECTIVO DE REDUÇÃO EFICÁCIA DIFICULDADE DE

IMPLEMENTAÇÃO CUSTO

Criação de Zonas de Medição e Controlo Perdas Comerciais e Físicas *** ++ €€

Estabilização e controlo da pressão na rede Perdas Físicas *** ++ €€

Optimização da reparação de fugas visíveis Perdas Físicas *** + €€

Reparação e/ou substituição de redes, ramais e acessórios Perdas Físicas *** ++ €€€

Substituição e/ou adequação da capacidade dos contadores Perdas Comerciais *** + €€

Reabilitação de reservatórios de distribuição Perdas Físicas *** + €

Criação de normas técnicas e procedimentos para instalação de contadores e ramais

Perdas Comerciais e Físicas ** + €

Criação de divisão operacional de acompanhamento e controle do Plano

Perdas Comerciais e Físicas *** + €€

Criação ou dinamização de linha de atendimentos para participação de perdas de

água

Perdas Comerciais e Físicas ** + €

Eliminação de erros de leitura de contadores Perdas Comerciais *** + €

MEDIDAS – NÍVEL 3 OBJECTIVO DE REDUÇÃO EFICÁCIA DIFICULDADE DE

IMPLEMENTAÇÃO CUSTO

Campanha de consciencialização da população para o uso racional da água

Perdas Comerciais e Físicas *** + €€

Implementação de sistemas de monitorização de consumos (telemetria, registos contínuos)

Perdas Comerciais e Físicas *** +++ €€€

Detecção e localização de fugas não visíveis Perdas Físicas *** +++ €€€

Melhoria da gestão de grandes consumidores Perdas Comerciais ** +++ €

Redução de leituras por estimativa Perdas Comerciais *** ++ €€

Introdução de contadores móveis associados a regas e lavagens Perdas Comerciais * ++ €€

No Anexo E apresenta-se uma descrição–síntese de cada uma das medidas de acção a

implementar.

2.4.3. Programação da Realização das Medidas

O Plano de Minimização de Perdas deve ser sustentado num Programa de Acção que

contemple o estabelecimento de objectivos concretos e atingíveis, a identificação cronológica

desses objectivos e uma estimativa de afectação, tão rigorosa quanto possível, dos recursos

humanos, físicos e financeiros necessários.

O plano deve desenvolver de forma integrada um conjunto de acções conducentes à redução

de perdas físicas e comerciais, afectando os meios necessários para concretizar as acções

identificadas como determinantes para que a redução de perdas de água seja uma realidade

atingível nos prazos propostos e de forma mensurável. A hierarquização das medidas deverá ter CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO

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em conta os custos envolvidos e os benefícios resultantes, optimizando assim os recursos

disponibilizados.

O desenvolvimento do programa de medidas deve reflectir a realidade da entidade gestora,

ajustando as acções preconizadas à sua realidade funcional.

O programa deve ser o mais realista

possível iniciando-se com medidas que

permitam o seu desenvolvimento

sustentado, evitando acções inaplicáveis

e cujos resultados se poderão traduzir

em recuos indesejáveis ou fracassos

para a equipa envolvida. Devem ser

evitadas demasiadas comparações com

outras entidades gestoras, pois cada

sistema tem a sua estratégia concreta e

o seu contexto próprio, devendo o

programa de medidas integrar essa

realidade numa aquisição do tipo “tailor made”.

O programa de acção além de definir e estabelecer as medidas a adoptar na redução das

perdas de água, deve promover a implementação de instrumentos que permitam a auditoria e

monitorização contínua2, assegurando assim que as metas estabelecidas sejam atingidas e

extrapoladas para fora do limite temporal do plano.

2.4.4. Alocação de Meios Humanos e Materiais a cada Grupo de Medidas

Para a implementação eficaz do plano é essencial que toda a estrutura esteja verdadeiramente

comprometida com o objectivo de minimizar as perdas de água verificadas no sistema, com

destaque para a estrutura de topo que deverá garantir e promover os meios necessários para

atingir os objectivos propostos.

Atendendo às inúmeras variáveis que terão de ser geridas ao longo do desenvolvimento do

programa de acção estabelecido, considera-se, em qualquer situação, que deve ser criada uma

equipa autónoma, dedicada em exclusivo à promoção operativa do plano, mas com uma forte

interacção com todas as áreas da entidade gestora. Esta equipa pode ser integrada na estrutura

operacional, numa óptica de complementaridade de acção e de reestruturação de actividades

quotidianas, ou ser autonomizada, sendo esta a opção que normalmente é aceite como a que

oferece maiores garantias de sucesso. Na prática, na maioria das situações, as solicitações e as

actividades envolvidas na estruturação e implementação do plano de acção dificilmente se

2 Através da fixação de indicadores de desempenho, criação de bases de dados de controlo estatístico e do acompanhamento de acções correctivas, entre outras.

Programa de Acção

Situação de Partida

Situação actual

Situação futura = Objectivos

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coadunam com a gestão diária da rede. A tomada de decisão sobre a forma como a equipa se

integra na estrutura, acaba por ser fortemente condicionada pelas características da entidade

gestora e pelos meios financeiros disponibilizados.

Os elementos seleccionados para integrar esta equipa devem estar cientes da sua missão e das

inúmeras adversidades que os esperam ao longo da fase de implementação do plano. Assim,

os colaboradores da nova organização deverão possuir espírito empreendedor, com capacidade

de organização e de condução de projectos, aliado a um forte sentido crítico de forma a poder

recuar e saber integrar os erros cometidos.

Aliados aos meios humanos disponibilizados, torna-se necessário afectar ao projecto os

necessários meios materiais. Esta afectação deverá ocorrer em função da calendarização das

medidas propostas rentabilizando o investimento necessário em função das reais necessidades

da equipa minimizando assim o esforço financeiro da entidade gestora.

Pela especificidade de alguns dos meios necessários poderá ser vantajoso o recurso à

contratação externa em regime de out-sourcing para trabalhos específicos ou obtenção de

equipamentos especializados demasiado onerosos para serem adquiridos pela entidade

gestora.

Neste ponto dedicado à afectação de meios convém relembrar que os objectivos propostos não

serão atingidos se a equipa responsável pela implementação do plano não for dotada dos meios

necessários. Por outro lado, sem o empenhamento da equipa, os meios materiais não

concretizam por si só a tão desejada redução de perdas.

2.4.5. Síntese da Metodologia

Apresenta-se no Anexo E a síntese da metodologia a implementar por tipo de medida de acção.

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3. IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO 3.1.1. Objectivos

Enunciadas as principais origens e causas da perda de água nos sistemas de distribuição e

apresentada a metodologia de implementação de medidas para o seu combate, segue-se a fase

de aplicação do plano de acordo com as metas estabelecidas. Estas devem ser suficientemente

realistas e consistentes para que no período de implementação e com os recursos físicos e

financeiros disponibilizados, os objectivos previstos sejam atingíveis.

Tal como a tipificação de um plano é de extrema dificuldade devido às inúmeras variáveis que

determinam a existência de perdas de água nos sistema de abastecimento e às várias

tecnologias ou medidas de combate, também a sua implementação não poderá ser

normalizada, mas antes adaptada à realidade da entidade gestora. Na verdade, e atendendo às

variáveis endógenas e exógenas do sistema e da entidade que o gere, cada plano, nas suas

diversas fases, acaba por ser único e desenvolvido de forma particular. Quanto maior for a

especificidade do plano no contexto em que irá ser implementado, melhor e mais eficaz será o

combate às perdas, permitindo alcançar de forma mais rápida os objectivos previstos.

Apesar da implementação não ser tipificável, é possível estabelecer um caminho comum para a

concretização prática de um Plano de Minimização de Perdas. Esse caminho passa por quatro

etapas chave: diagnóstico, programa de acção (com a necessária mobilização de meios),

implementação e monitorização. Na implementação, as fases de diagnóstico e de definição do

programa de acção estão ultrapassadas, pelo que as etapas seguintes podem ser

esquematizadas em:

Para o treino e sensibilização das equipas envolvidas, pode ser promovida uma fase

preparatória com um programa piloto para ensaio das medidas preconizadas.

Recorda-se que durante todo o processo de implementação a entidade gestora deverá

assegurar o conforto dos utilizadores, conservando constantes as condições de serviço

existentes. Para tal, todas as operações, deverão ser efectuadas durante as horas de menor

consumo. Sempre que for previsível um desequilíbrio dessas condições deverá existir uma

divulgação prévia junto dos utilizadores.

4º PASSO – Implementação do Plano4º PASSO – Implementação do Plano

TREINO E SENSIBILIZAÇÃO DAS EQUIPAS DE

OPERAÇÃO

TREINO E SENSIBILIZAÇÃO DAS EQUIPAS DE

OPERAÇÃO

EXECUÇÃO DO PROGRAMA DE

MEDIDAS

EXECUÇÃO DO PROGRAMA DE

MEDIDAS

AUDITORIA E MONITORIZAÇÃO CONTÍNUA DOS

OBJECTIVOS FIXADOS

AUDITORIA E MONITORIZAÇÃO CONTÍNUA DOS

OBJECTIVOS FIXADOS

• Desenvolvimento de um Programa Piloto

• Desenvolvimento de um Programa Piloto

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO

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Para o combate ao desperdício e ao uso racional da água deverão ser promovidos programas

com o objectivo de sensibilizar e envolver a comunidade no cumprimento das metas da entidade

gestora.

3.1.2. Treino e Sensibilização das Equipas de Operação

A implementação de um Plano de Minimização de Perdas deve ser entendido por toda a

organização como uma acção estratégica em que todos têm que participar. Mais do que

promover um conjunto de medidas ou procedimentos, trata-se de alterar uma cultura de trabalho

que todos devem entender como sua, e cujo contributo individual concorre para um melhor

aproveitamento da água produzida e para o aumento da rentabilidade da organização onde

colaboram.

Nessa perspectiva, e conforme referido anteriormente, deve ser constituída uma equipa própria

afecta em exclusivo ao plano mas com poderes para interagir com as outras áreas envolvidas

(área técnica, exploração e facturação/cobrança) e com um forte patrocínio da direcção. Todos

os membros da organização devem-se sentir envolvidos e incentivados a contribuir com o seu

conhecimento do sistema. Este aspecto é tanto mais importante, quanto menor for a informação

cadastrada e menos estruturado for o histórico sobre a exploração da rede. A estabilidade da

equipa também é um factor determinante de sucesso, em especial no arranque do plano onde é

necessário criar rotinas e procedimentos próprios.

Como teste do plano proposto é prática corrente a implementação de uma experiência piloto

numa zona de medição e controlo (ZMC). A ZMC seleccionada deverá permitir testar as

medidas preconizadas e ter um padrão tal que permita realizar o balanço hídrico de forma

completa e assim medir os ganhos efectivos da sua implementação. Um programa piloto

permite de forma prática testar as metodologias de acção, afinar procedimentos e treinar as

equipas que irão para o terreno, incentivando-as de que as melhores práticas e um trabalho de

equipa são o motor dos bons resultados.

Nesta fase, onde as equipas já estão criadas e estabilizadas, é fundamental que o coordenador

do trabalho recolha toda a informação disponibilizada pelas acções de campo, incorporando de

forma aberta as sugestões de melhoria de todos os membros da equipa. Apenas com uma

equipa empenhada será possível implementar um plano cujos resultados raramente tem efeitos

imediatos. Nesse espírito poder-se-á instituir prémios de produtividade às equipas com melhor

performance, incentivando assim a implementação das melhores práticas e a conquista das

metas estabelecidas. Com a medição do efeito das medidas propostas, através de indicadores

objectivos e concretos, é possível um processo de melhoria contínua.

A MINIMIZAÇÃO DE PERDAS ENVOLVE TODAS AS ÁREAS DA ENTIDADE GESTORA

UM PROGRAMA PILOTO PERMITE TESTAR AS METODOLOGIAS DE ACÇÃO

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

Nalgumas situações, nomeadamente em operações mais complexas, como a modelação da

rede ou a inspecção de condutas, poderá ser vantajoso para a entidade gestora o recurso à

contratação externa, assegurando junto de consultores especializados um suporte técnico

adequado. Estas medidas devem ser promovidas junto das equipas envolvidas como acções de

formação e de melhoria dos seus conhecimentos técnicos e das práticas de boa arte. Para

captar esse conhecimento deverá ser assegurado que os elementos mais habilitados das

equipas interajam de forma aberta com as equipas exteriores.

3.1.3. Execução do Programa de Medidas

O plano, conforme referido, terá uma hierarquização de acções em função de inúmeras

variáveis, onde as mais condicionantes são, na generalidade das organizações, os meios

financeiros disponibilizados e o empenho na concretização das metas estabelecidas.

A hierarquização de medidas deve ser tal que permita atingir de forma gradual e consolidada os

objectivos propostos no contexto real de implementação do plano. A conquista de metas, com

especial incidência na fase inicial, deve ser assegurada por pequenos passos mensuráveis,

fundamentais para solidificar a confiança da equipa afecta ao projecto.

Desta forma, e de acordo com o plano de implementação previsto, dever-se-á começar pelas

medidas mais simples ou por acções que irão sustentar medidas de maior complexidade ou de

maior investimento, como por exemplo a planificação do cadastro, a divisão da rede em zonas

de medição e controle, o acompanhamento do nível de pressão ou a criação de condições que

permitam calcular o balanço hídrico. Este tipo de medidas, classificadas normalmente como

acções imediatas ou preparatórias, facilita a informação complementar que permite consolidar o

plano de acção e validar ou afinar as acções de curto e médio prazo.

Consolidado o plano de acção com a informação retirada das acções imediatas, e

preferencialmente da experiência piloto, devem ser iniciadas as medidas subsequentes. A sua

concretização deve ser iniciada pelas zonas mais críticas, que correspondem normalmente às

áreas onde são conseguidos os ganhos mais relevantes. Estas áreas de acção prioritária

coincidem na grande maioria dos casos às zonas da rede com condutas mais antigas, com

pressões mais elevadas e/ou com grande variação de pressão.

Quando o plano de acção não contempla a totalidade da rede, a cultura de combate às perdas,

deverá promover os mecanismos necessários à implementação de um controlo de fugas nas

zonas não abrangidas, com especial incidência nas consideradas mais criticas. Para a sua

identificação em muito contribui a informação dada pelos restantes membros da entidade

gestora e informações comunicadas pelos consumidores. Em complemento podem ainda ser

promovidas auditorias anuais à totalidade da rede para detecção de fugas (a especialização dos

meios envolvidos nestas auditorias dependem dos recursos financeiros disponibilizados, não

HIERARQUIZAÇÃO DE MEDIDAS DE MODO A ATINGIR DE FORMA GRADUAL E CONSOLIDADA OS OBJECTIVOS PROPOSTOS

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO

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sendo contudo o ganho esperado directamente proporcional aos meios envolvidos).

Como o nível de perdas tende a aumentar com o envelhecimento das condutas, a

implementação das regras de boa arte minimizadoras desse efeito previstas no plano de acção,

devem também ser aplicadas nas zonas de expansão da rede, evitando assim a propagação de

problemas ou erros que de futuro irão contribuir para o aumento do volume de água perdido.

Um último aspecto, não menos relevante, é a necessária interacção com os consumidores.

Nesse sentido, é fundamental criar mecanismos, mais ou menos complexos, de atendimento e

recepção de queixas, reclamações/sugestões e de comunicação de roturas na rede. As

comunicações devem ter sempre uma resposta e quando possível ter um desenvolvimento

prático sentido pela população (mais evidente na reparação de roturas ou na resolução de

conflitos de obra). O envolvimento da população num plano que tem como objectivo ultimo

oferecer um melhor serviço é um aspecto que nunca deve ser descorado ao longo da sua

implementação.

ENVOLVIMENTO DOS CONSUMIDORES NA IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO

3.1.4. Auditoria e Monitorização Contínua dos Objectivos Fixados

Apesar do limite temporal de implementação de um Plano de Minimização de Perdas, os

objectivos e as medidas preconizadas devem ter um seguimento mais alargado no tempo,

permitindo a sua integração na cultura de trabalho da organização e a necessária avaliação do

seu impacto. Para esse efeito a implementação de um plano de acção, por mais simplificado

que seja, deve ter associado um programa de medição da sua eficácia através de indicadores

de desempenho já apresentados neste documento. Os indicadores de desempenho permitem

monitorizar a eficiência e a eficácia das medidas propostas ao longo do tempo e assim corrigir

os programas de acção com vista ao cumprimento dos objectivos da organização.

Em paralelo com o sistema de indicadores, que permite uma monitorização contínua dos

resultados das medidas implementadas, devem ser preparadas rotinas e procedimentos de

registo que permita compilar de forma uniformizada e continuada a informação resultante das

acções empreendidas no sistema (consumos, pressão, roturas, reparações, …). A compilação

deste tipo de informação facilita a actualização de cadastros, a criação de um histórico de

ocorrências na rede, a selecção de medidas de acção e a definição de prioridades nas zonas a

intervir, sendo por isso uma importante ferramenta de trabalho à equipa afecta ao projecto.

Para garantir que todos estes programas de seguimento e monitorização das medidas de acção

sejam seguros, devem ser criados mecanismos de auditoria para controlo efectivo das acções

previstas e da metodologia aplicada no desenvolvimento do plano.

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO

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O sistema de auditoria deve ser entendido como um contributo para a melhoria continua do

sistema promovendo um círculo virtuoso que se fecha à medida que se anulam as situações

viciosas e se atinge o nível económico de fugas do sistema.

AU

DIT

AR

Para validar a sua eficácia e o rigor na implementação do Plano de Minimização de Perdas.

Intervenções realizadas

Para identificar e/ou validar as zonas de intervenção em função das prioridades definidas.

Gestão daRede

Aferir e manter regularmente os órgãos de medição e controlo da rede, garantindo assim a fiabilidade e o rigor da informação recolhida.

Meios de Medição

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4. CONCLUSÕES Na procura da racionalidade económica e ambiental dos sistemas, é imperativo introduzir

mecanismos que conduzam a uma evolução gradual da redução de perdas nas infra-estruturas

de abastecimento de água, aumentando assim a eficiência do serviço prestado.

Independentemente das condições físicas e topológicas dos sistemas de abastecimento de

água, as entidades gestoras deverão possuir uma noção tão clara quanto possível do volume de

água perdido e das suas causas, de modo a definir um programa de combate às perdas de

água, assegurando assim a eficaz gestão económico-financeira, a conservação do ambiente, a

racionalização das tarifas e a sua promoção perante a opinião pública.

Este manual não pretende estabelecer um

plano tipo, mas antes contribuir para a

definição de um programa de acções e

orientações práticas para a selecção da

metodologia que irá permitir o

desenvolvimento e a implementação de um

plano de combate às perdas de água nos

sistemas de abastecimento.

No entender do Grupo de Trabalho que o

desenvolveu, a informação disponibilizada

configura-se como uma ferramenta

orientadora, que fornece as pistas para a

concretização individualizada de um “Plano

de Minimização de Perdas de Água”.

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

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Baptista, J.M. (1981). Métodos de detecção de fugas de água em redes de abastecimento. Lisboa:

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London: WAA/WRC. CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO

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GLOSSÁRIO

AdP - ÁGUAS DE PORTUGAL DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA INFORMATIVA – SISTEMAS MULTIMUNICIPAIS

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS

DE ABASTECIMENTO COMPLEMENTARES AOS SISTEMAS MULTIMUNICIPAIS

DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

GLOSSÁRIO

A Água bruta, importada ou exportada: volume de água bruta transferido de e para outros sistemas

de adução e distribuição (as transferências podem ocorrer em qualquer ponto entre a captação e a

estação de tratamento), durante o período de referência.

Água captada: volume de água obtida a partir de captações de água bruta para entrada em estações

de tratamento de água (ou directamente em sistemas de adução e de distribuição), durante o período

de referência.

Água fornecida ao tratamento: volume de água bruta que aflui às instalações de tratamento, durante

o período de referência.

Água produzida: volume de água tratada que é fornecida às condutas de adução ou directamente ao

sistema de distribuição, durante o período de referência. O volume de água sem tratamento prévio

que é distribuído aos consumidores também deve ser contabilizado como água produzida.

Água tratada, importada ou exportada: volume de água tratada transferido de e para o sistema (as

transferências podem ocorrer em qualquer ponto a jusante do tratamento), durante o período de

referência. (Caso exista, o volume de água sem tratamento prévio que é captado e distribuído aos

consumidores também deve ser contabilizado como “água tratada” no contexto do balanço hídrico.)

Água fornecida à adução: volume de água tratada que aflui ao sistema de adução, durante o período

de referência.

Água fornecida para distribuição: volume de água tratada que aflui ao sistema de distribuição,

durante o período de referência.

Água fornecida para distribuição directa: diferença entre a água fornecida para distribuição e a

água tratada exportada (sempre que não seja possível separar a adução da distribuição, a água

fornecida para distribuição directa corresponde à diferença entre a água fornecida à adução e a água

tratada exportada).

Água entrada no sistema: volume introduzido na parte do sistema de abastecimento de água,

durante o período de referência. (Nota: Se o balanço hídrico se referir a uma parte do sistema global,

a água entrada no sistema deve corresponder a essa parte do sistema.)

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Glossário Página 1 de 4

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

Água não facturada: diferença entre a água entrada no sistema e o consumo autorizado facturado. A

água não facturada inclui não só as perdas reais e aparentes, mas também o consumo autorizado não

facturado.

Alta: Parte do sistema de abastecimento de água que compreende as infra-estruturas desde a

captação até aos pontos de entrega, normalmente os reservatórios principais do sistema de

distribuição. Os reservatórios podem ou não fazer parte do sistema em alta. Engloba usualmente as

infra-estruturas de captação e adução.

Por analogia com a rede eléctrica – rede de alta tensão.

B Balanço hídrico: Equação dos valores dos volumes de água em cada ponto de controlo de caudal

dos diversos componentes que integram um sistema de abastecimento de água, por ordem

sequencial, desde a captação da água bruta até ao consumo de água pelos clientes.

Baixa: Parte do sistema de abastecimento de água afecto à distribuição e que compreende todas as

infra-estruturas desde os pontos de entrega do sistema em alta, normalmente os reservatórios

principais do sistema de distribuição, até aos locais de consumo ou pontos de venda.

Por analogia com a rede eléctrica – rede de baixa tensão.

C Controlo activo da pressão: minimização de pressão em excesso num sistema de distribuição de

água com o objectivo de reduzir as perdas reais e a frequência de roturas.

Consumo autorizado: volume de água, medido ou não medido, fornecido a consumidores registados,

à própria entidade gestora e a outros que estejam implícita ou explicitamente autorizados a fazê-lo

para usos domésticos, comerciais e industriais, durante o período de referência. Inclui a água

exportada. O consumo autorizado pode incluir combate a incêndios, lavagem de condutas e

colectores de esgoto, lavagem de ruas, rega de espaços verdes municipais, alimentação de fontes e

fontanários, protecção contra congelação, fornecimento de água para obras, etc. Este consumo pode

ser facturado ou não facturado, medido ou não medido, de acordo com a prática local. O consumo

autorizado inclui as fugas de água e o desperdício, por parte de clientes registados, que não são

medidos.)

Consumo não autorizado: volume de água normalmente associado a combate a incêndios e

ligações clandestinas. Para a sua quantificação poderá ser feita através de sistemas de medição e do

controlo da pressão dos serviços não quantificados (combate a incêndios). A detecção de ligações

ilegais poderá ser realizada através da identificação de clientes com consumos anormalmente baixos.

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

Consumos não facturados: Os consumos não facturados incluem os consumos autorizados mas

não medidos e não facturados (ex. Câmaras Municipais), os consumos autorizados, não facturados

mas medidos (ex. do Sistema) e os consumos clandestinos e fraudulentos.

Correlação acústica: método de localização de fugas que utiliza o correlador acústico, um aparelho

de localização que efectua a escuta em dois pontos diferentes da tubagem e determina a posição

relativa da fuga por correlação cruzada, calculando a diferença de tempo verificada no registo das

mesmas frequências através dos dois microfones.

E Entidades gestoras: as concessionárias dos sistemas multimunicipais e municipais.

I Indicadores de desempenho: destinados a medir, de forma objectiva e quantificada, a qualidade dos

serviços prestados pelas entidades gestoras de sistemas de águas de abastecimento.

N Nível Económico de Fugas: o nível de perdas a que correspondem a melhor relação entre

investimento efectuado na estratégia de combate às fugas e outras perdas e as economias

conseguidas com essa estratégia, isto é, o nível abaixo do qual não é compensador, em termos de

custo, continuar a investir, usando recursos adicionais.

P Perdas de água: diferença entre a água entrada no sistema e o consumo autorizado. As perdas de

água podem ser consideradas para todo o sistema, ou calculadas em relação a sub-sistemas como

sejam a rede de água não tratada, o sistema de adução ou o de distribuição. Em cada caso as

componentes do cálculo são consideradas em conformidade com a situação. As perdas de água

dividem-se em perdas reais e perdas aparentes.

Perdas comerciais: são todos os tipos de imprecisões associadas às medições da água produzida e

da água consumida, e ainda o consumo não-autorizado (por furto ou uso ilícito). Caracterizam-se por

serem decorrentes de problemas associados à medição ou à ausência dela. Diferenciam-se das

físicas pelo facto de resultarem em volumes consumidos mas que, por diversas razões, não são

medidos e, portanto, não são facturados.

Outras designações normalmente utilizadas para perdas comerciais: aparentes, não físicas,

económicas.

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

Perdas físicas: correspondem a perdas reais de água, as quais podem provir de fugas ao longo do

sistema, mas também de inevitáveis perdas, relativas a águas de processo no tratamento, descargas

(programadas ou não), lavagens, desinfecções e outras.

Outras designações normalmente utilizadas para perdas físicas: reais.

S Sistema Multimunicipal: São sistemas multimunicipais os que sirvam pelo menos dois municípios e

exijam um investimento predominante a efectuar pelo Estado em função das razões de interesse

nacional, sendo a sua criação precedida de parecer dos municípios territorialmente envolvidos.

Sustentabilidade: Satisfação das necessidades do presente sem comprometer a capacidade das

futuras gerações em satisfazerem as suas próprias necessidades.

Z Zona de Medição e Controle: Zona onde são instalados medidores de caudal em pontos estratégicos

do sistema distribuição, registando cada um o caudal de uma área restrita a qual, tem uma fronteira

definida e permanente.

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Glossário Página 4 de 4

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CARACTERIZAÇÃO DAS PERDAS DE ÁGUA E SUAS CAUSAS

ANEXO A

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DE ABASTECIMENTO COMPLEMENTARES AOS SISTEMAS MULTIMUNICIPAIS

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

ANEXO A – CARACTERIZAÇÃO DAS PERDAS DE ÁGUA E SUAS CAUSAS

1. DEFINIÇÃO DAS PERDAS

Em todos os sistemas de abastecimento ocorrem perdas de água. O volume perdido depende das

características físicas e idade das condutas, assim como de outros factores locais, das práticas

operacionais e do nível de tecnologia da entidade gestora e da experiência existente no controlo

de perdas.

As perdas totais de água num sistema de abastecimento de água referem-se à diferença entre o

volume de água produzido e o volume de água facturado ou consumido. As perdas totais dividem-

se em perdas físicas e perdas comerciais.

As perdas físicas correspondem a perdas reais de água, as quais podem provir de fugas ao longo

do sistema de distribuição, incluindo condutas, juntas e acessórios; extravasamentos de

reservatórios e perdas pelas suas paredes e fundo e perdas inevitáveis, relativas a águas de

processo no tratamento, descargas (programadas ou não), lavagens, desinfecções e outras. Estas

perdas são normalmente de maior gravidade, e podem não ser detectadas durante meses ou

mesmo anos. O volume de água perdido depende largamente da pressão de serviço do sistema,

do tipo de detecção de perdas e da política de reparação praticada pela entidade gestora.

O sucesso da actividade de detecção de perdas é avaliado a partir do tempo da sua localização

que depende do tipo de solo e da possibilidade de este permitir ou não a detecção visual de água

à superfície. A política de reparação da entidade gestora é avaliada a partir do tempo decorrente

entre o aviso e a reparação.

A redução das perdas físicas permite diminuir os custos de exploração e rentabilizar as infra-

estruturas existentes, aumentando a oferta sem reforçar a capacidade do sistema.

As perdas físicas têm lugar a montante dos utilizadores finais e não têm influência no respectivo

comportamento, até ao limite de se traduzirem numa escassez da água disponível.

As perdas comerciais correspondem às perdas aparentes de água, e podem resultar da

subcontagem nos consumidores ou de ligações clandestinas.

As perdas comerciais, nomeadamente a subcontagem nos contadores tem influência no consumo,

uma vez que por um menor valor pago é permitido ao consumidor despender um maior volume de

água.

A sua redução permite aumentar a facturação, melhorando a eficiência dos serviços prestados e o

desempenho financeiro da entidade gestora.

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo A – Caracterização das Perdas de Água e suas Causas Página 1 de 12

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

O combate às perdas implica a redução do volume de água não contabilizada, exigindo a adopção

de medidas que permitem reduzir as suas componentes físicas e comerciais, e mantê-las

permanentemente em valores aceitáveis, assegurando assim a viabilidade técnico-económica do

plano de minimização de perdas em relação aos custos de exploração de todo o sistema.

2. GANHOS NA REDUÇÃO DE PERDAS – EXEMPLO A título meramente indicativo apresenta-se um exemplo simplista dos potenciais ganhos obtidos

com a implementação de um plano de redução de perdas num cenário hipotético.

Uma entidade gestora detectou, devido à recolha de informação nas várias intervenções que

realizou no âmbito da reparação de roturas que, em média, as perdas de água eram originadas

por furos com 1 mm de diâmetro nos ramais e fendas com 10 mm de diâmetro equivalente nas

condutas. Estas ocorrências tinham uma frequência de duas situações por cada quilómetro de

rede em determinada zona.

Sabendo que para uma pressão de 3Kg/cm2, furos com diâmetros de 1, 10 e 100 mm de diâmetro

debitam cerca de 1, 100 e 10.000 m3 diários, respectivamente, e tendo a rede municipal cerca de

5 km na zona em estudo, obtém-se um volume mensal de água perdido de aproximadamente

30 000 m3. Admitindo um custo médio da água de € 0,3/m3 o valor mensal de perdas será da

ordem dos € 9.000.

Recuperar estes 30 000 m3 de água perdida equivale a abastecer cerca de 3 000 famílias médias,

se o seu consumo mensal for de 10 m3.

Face a estes números, a questão que se coloca à entidade gestora é saber qual a opção que deve

tomar: proceder à reparação das fugas ou efectuar novos investimentos se pretender abastecer

novas populações ou melhorar o abastecimento às existentes. A tabela seguinte contempla

algumas situações:

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo A – Caracterização das Perdas de Água e suas Causas Página 2 de 12

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

m 3

perdidos/dia/Km

Total de Km s da

rede

Total m 3

perdidos/diam 3

perdidos/m ês€ perdidos/m ês

(€0,3/m 3)

Fam ílias potencialm ente

abastecíveis100 1 100 3.000 900 300200 1 200 6.000 1.800 600500 1 500 15.000 4.500 1.500

1.000 1 1.000 30.000 9.000 3.000100 3 300 9.000 2.700 900200 3 600 18.000 5.400 1.800500 3 1.500 45.000 13.500 4.500

1.000 3 3.000 90.000 27.000 9.000100 5 500 15.000 4.500 1.500200 5 1.000 30.000 9.000 3.000500 5 2.500 75.000 22.500 7.500

1.000 5 5.000 150.000 45.000 15.000100 10 1.000 30.000 9.000 3.000200 10 2.000 60.000 18.000 6.000500 10 5.000 150.000 45.000 15.000

1.000 10 10.000 300.000 90.000 30.000100 15 1.500 45.000 13.500 4.500200 15 3.000 90.000 27.000 9.000500 15 7.500 225.000 67.500 22.500

1.000 15 15.000 450.000 135.000 45.000100 20 2.000 60.000 18.000 6.000200 20 4.000 120.000 36.000 12.000500 20 10.000 300.000 90.000 30.000

1.000 20 20.000 600.000 180.000 60.000100 25 2.500 75.000 22.500 7.500200 25 5.000 150.000 45.000 15.000500 25 12.500 375.000 112.500 37.500

1.000 25 25.000 750.000 225.000 75.000

3. IDENTIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS PERDAS FÍSICAS E COMERCIAS

3.1. Perdas Físicas

3.1.1. Origens

No quadro seguinte são indicadas as principais perdas físicas, de acordo com a respectiva

localização:

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo A – Caracterização das Perdas de Água e suas Causas Página 3 de 12

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

Parte do Sistema Origem da perda Importância

DistribuiçãoRoturas na rede

Roturas nos ramais Esvaziamentos

Significativa, dependente do estado das condutas e das pressões

Rotura na estrutura Transbordamento

LimpezaReservatório Variável, dependente do estado das

instalações e da eficiência operacional

Roturas nas condutas EsvaziamentosAdução Variável, dependente do estado das

condutas e da eficiência operacional

CaptaçãoRotura na conduta de adução Limpeza do poço de sucção

Limpeza do desarenador

Variável, dependente do estado das instalações

Estação de TratamentoAvarias nos órgãos Lavagem de filtros Descarga de lamas

Significativa, dependente do estado das instalações e da eficiência operacional

Embora as perdas de água em reservatórios e em condutas adutoras possam ser significativas, o

maior número de fugas ocorre na rede de distribuição.

Fugas na adução de água bruta (compreende captação e adução de água bruta): Estas perdas

são devidas a ocorrências na adução de água bruta. Devido às grandes quantidades

transportadas, na maioria sobre pressões de serviço altas, o volume de perdas pode ser

considerável dependendo do estado das infra-estruturas, do modo de exploração e da

manutenção preventiva.

Perdas no interior da ETA: Estas perdas são devidas ao próprio processo de tratamento e o seu

volume pode ser reduzido através da optimização do modo de operação da ETA.

Perdas no reservatório: Podem ter origem na limpeza de reservatórios, em operações

inadequadas que provoquem extravasamentos, em deficiências estruturais (nas paredes ou na

laje de fundo) ou ainda por defeitos nas condutas de entrada ou saída. O volume de perdas em

reservatórios é variável, dependendo do estado das instalações e da eficiência operacional, mas

em geral, tem pouca importância no contexto geral do sistema, não devendo de qualquer modo

ser menosprezadas. As perdas em reservatórios são quantificadas através de testes de queda,

que permitem determinar a descida do nível de água com as válvulas de entrada e de saída

fechadas, devendo ser efectuado com o reservatório no nível máximo e com uma duração

normalmente variável entre 4 a 12 horas.

Perdas na adução de água tratada: Podem ter origem nas descargas da conduta, seja para

limpeza ou reparação, seja para melhoria da qualidade da água. Nesses casos apenas são

consideradas perdidas as descargas excedentes ao necessário para a correcta exploração do

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo A – Caracterização das Perdas de Água e suas Causas Página 4 de 12

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

sistema. As condutas principais são normalmente projectadas e construídas com altos padrões de

fiabilidade, pelo que o aparecimento de fugas nestas infra-estruturas é indicador do seu

envelhecimento e da sua necessária substituição ou renovação.

Perdas de água no sistema de distribuição: Estas perdas são normalmente pequenas em volume

mas numerosas. A sua identificação e localização são difíceis, devido à larga área coberta pelo

sistema de distribuição, o que poderá ser facilitada através de Zonas de Medição e Controlo

(Anexo B).

Perdas de água nas instalações do consumidor: Estas podem ser bastante pequenas em volume

mas, o seu elevado número pode conduzir a uma percentagem considerável da perda total do

sistema. Normalmente não são contabilizadas devido à falta de sensibilidade dos aparelhos de

medida na gama de caudais associados a este tipo de “consumo”.

3.1.2. Quantificação

Os procedimentos adoptados para a medição do volume de perdas físicas dependem do tipo dos

pedidos de consumo e das características do sistema de distribuição. Para a quantificação do

volume de perdas deverão ser realizadas medições durante 24 horas.

Reservatórios: deverão ser realizados ensaios de queda, em que é medida a descida do nível de

água durante um certo período de tempo, com as válvulas de seccionamento da entrada e da

saída de caudal fechadas. O reservatório deverá estar cheio antes do início do teste. O teste

deverá ser executado durante a noite quando o consumo é mínimo e o seu tempo de duração

poderá variar entre 4 a 12 h, tendo o cuidado de nunca interromper o abastecimento de água.

Condutas Adutoras: deverão ser instalados medidores de caudal que efectuarão medições de

velocidades ou de volumes entre dois pontos da conduta. Os equipamentos disponíveis no

mercado abrangem vários tipos (electromagnéticos, ultrasónicos, volumétricos, entre outros)

devendo ser escolhida a melhor solução, em função das especificações do fabricante.

Rede de distribuição: através da medição dos consumos mínimos nocturnos como referido no

corpo principal do documento.

3.1.3. Causas

As causas das perdas de água provêm, essencialmente, das decisões e opções tomadas ao longo

do desenvolvimento de um sistema de abastecimento, nomeadamente nas fases de planeamento

e projecto, construção, operação/manutenção e expansão.

Uma obra mal planeada, mal concebida e mal projectada terá certamente problemas de

desempenho durante a sua vida útil. A subestimação dos caudais, baseados em projecções

populacionais ou em capitações inadequadas irá reduzir o período de vida útil de um sistema. Por

outro lado a sobreestimação de caudais obriga a maiores investimentos derivados do

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo A – Caracterização das Perdas de Água e suas Causas Página 5 de 12

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

sobredimensionamento do sistema. O cálculo do choque hidráulico e a previsão de ventosas são

igualmente outros pontos críticos dos projectos, sendo também importante a elaboração de

manuais de operação e treino dos operadores.

O sucesso da fase de construção depende de um bom projecto e de um planeamento correcto,

sendo normalmente a fase mais crítica na futura fiabilidade do sistema. No desenvolvimento da

obra é importante que todas as tarefas sejam realizadas com rigor e segundo as boas normas de

execução.

A qualidade dos materiais é vital para o bom desempenho de um sistema de abastecimento,

sendo importante o seu controlo desde a fase de selecção até à fase final de instalação e ensaio,

passando pelas fases de fabrico, transporte, armazenamento e manuseamento em obra. O uso de

equipamentos adequados durante a obra e o treino do pessoal operacional (instaladores) são

outros dos aspectos ligados à qualidade e longevidade do sistema.

Na fase final da obra, durante a sua recepção, a fiscalização terá igualmente um papel

fundamental ao assegurar a conformidade dos ensaios de pressão e estanqueidade. Refira-se

ainda que nesta fase, deverá ser realizado o cadastro completo das infra-estruturas, com base nas

telas finais que traduzem todas as alterações de campo relativamente ao projecto, e que deverá

ser guardado como património da entidade gestora, constituindo assim uma fonte fidedigna de

informação do sistema de abastecimento durante a sua vida útil.

A boa operação e manutenção permitem que o sistema de abastecimento atenda

satisfatoriamente o consumidor. A boa operação reduz o risco de perdas de água, propiciando

uma menor frequência de interrupções no abastecimento de água. A manutenção preventiva

deverá ocorrer em lugar de uma manutenção tipicamente correctiva.

O desenvolvimento de procedimentos e manuais de operação permite que a exploração,

normalmente subjectiva e baseada na experiência pessoal, passe a ser sustentada por

procedimentos uniformes e tecnicamente adequados, desenvolvidos com base no conhecimento

adquirido, nas boas práticas anteriormente utilizadas intuitivamente pelos operadores, no

conhecimento da rede e em eventuais estudos técnicos desenvolvidos sobre o sistema.

A automação é outro aspecto importante que poderá ser implementado gradual e sectorialmente,

reduzindo a possibilidade de manobras e operações inadequadas.

Na identificação das causas das perdas de água, é reconhecido que muitas vezes os sistemas de

abastecimento actualmente em operação são diferentes dos planeados e construídos inicialmente.

De facto, o crescimento acelerado e desordenado dos núcleos urbanos, muitas vezes associado

ao baixo nível de atendimento da população, forçaram as entidades gestoras a expandir a sua

rede para atenderem ao maior número de clientes sem qualquer tipo de planeamento. Com isto,

os sistemas de abastecimento de água, originalmente bem planeados para o cenário idealizado,

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

foram distorcidos conduzindo a uma operação desajustada das condições inicialmente previstas e

muitas vezes agravada pelo desconhecimento das redes e por falta de cadastro actualizado.

Todos estes factores têm um peso considerável sobre a vida útil e qualidade dos sistemas,

devendo ser valorizados para que as perdas sejam desprezáveis nos novos sistemas a construir.

3.1.4. Factores de Influência

Ao longo do funcionamento de um sistema de abastecimento de água, vários são os factores que

influenciam as perdas físicas de água, identificando-se os seguintes:

Pressão normal de funcionamento de uma rede: uma rede de distribuição sujeita a pressões

elevadas é muito susceptível de sofrer acidentes e de ter fugas através das juntas. Por outro lado,

para a mesma dimensão da secção ou orifício de fuga, quanto maior for a pressão na rede, maior

é o caudal perdido. A pressão excessiva pode revelar-se na frequência com que ocorrem as

roturas, no caudal perdido e através da fendilhação e fadiga do material provocada pelas

variações de pressão relativamente à pressão de serviço.

Frequência com que ocorrem as roturas: à ocorrência de uma rotura, pode estar associado a um

regime variável (golpe de aríete) que, ao propagar-se para outras zonas da rede, a pode danificar

de forma sistemática, quer pelo desencaixe da tubagem nas juntas, quer pela abertura de fendas

nas paredes da tubagem nas zonas mais frágeis e mais sujeitas a esforços. A frequência de

ocorrência de roturas em determinada zona, pode também estar associada à não identificação e

eliminação da sua origem. Deste modo, uma zona da rede com roturas frequentes é mais

susceptível de ter novas roturas e um maior número de fugas.

Estado de conservação e idade das condutas e acessórios da rede: a vida útil das condutas

depende do respectivo material, da pressão a que estão sujeitas e do modo de operação do

sistema. As redes mais antigas sofrem, em geral, mais fugas ou porque as juntas deixaram de

vedar por envelhecimento, ou porque as condutas têm fendas ou estão em mau estado de

conservação. Assim, se compreende que as zonas mais recentes da rede tenham normalmente

menos perdas de água.

Modo de construção e de colocação das condutas: em muitas redes de distribuição utilizam-se

materiais que resistem bem às pressões interiores mas que são pouco resistentes à compressão

diametral induzida pelas cargas exteriores, especialmente se a fundação da conduta não for

adequada e os recobrimentos mínimos regulamentares respeitados. Por outro lado, um

assentamento ou uma montagem deficiente da conduta e dos seus acessórios pode originar

fendas não visíveis ou pontos frágeis na tubagem e a torção ou deslocamento das juntas.

Características do solo envolvente e existência de outras fugas: as características do solo

envolvente são determinantes na presença e desenvolvimento de fugas. As infiltrações frequentes

de água no solo, quer de origem pluvial, quer proveniente de fugas nas condutas, dependendo do

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo A – Caracterização das Perdas de Água e suas Causas Página 7 de 12

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

tipo e compacidade do solo envolvente, geram caminhos preferenciais de escoamento, com

arrastamento das partículas mais finas. Este fenómeno pode induzir assentamentos diferenciais

da conduta não absorvidos pela flexibilidade das juntas ou, eventualmente, à rotura da própria

conduta. Uma pequena fuga pode, assim, por arrastamento das partículas finas do solo

envolvente, dar origem a uma rotura de dimensões apreciáveis. Por estas razões, na instalação

das condutas devem-se respeitar criteriosamente as características e especificações das valas

tipo e todas as disposições construtivas definidas no projecto. De referir ainda que certos tipos de

solo mais impermeáveis promovem a visualização das fugas existentes, ao assegurarem o rápido

aparecimento à superfície da água perdida, ao contrário de outros tipos de solo mais permiáveis

onde a existência de fugas pode ocorrer indefinidamente sem qualquer tipo de sinais perceptível à

superfície.

Frequência de passagem de cargas pesadas sobre tubagem: a passagem frequente de veículos

pesados sobre as condutas, pode danificá-las por esmagamento ou fadiga precoce do material, ao

fim de algum tempo. Esta é uma das razões da preferência por certas entidades dos materiais

metálicos nas zonas da rede de distribuição sujeitas a um maior movimento de pesados.

Deterioração de origens de água e de condutas: As falhas mais comuns nas condutas devidas à

deterioração da qualidade da água devem-se a alterações na sua composição química que se

traduzem na formação de incrustações ou na corrosão da tubagem ou do seu revestimento

interior, conduzindo à redução da secção de vazão ou ao aparecimento de furos e fracturas

transversais ou longitudinais.

3.1.5. Passos a Serem Seguidos na Fase de Diagnóstico das Perdas Físicas

1) Diagnóstico e avaliação da medição: A avaliação errada dos volumes produzidos e entregues

ao sector de distribuição poderá induzir a elevados erros de cálculo dos índices de perdas e à

definição incorrecta das medidas necessárias à sua minimização.

A primeira fase de avaliação corresponde à análise do cadastro e verificação da existência e

adequabilidade dos medidores quanto à sua localização, posicionamento e condições de acesso

para manutenção preventiva e correctiva. Caso a avaliação conduza à conclusão de que o sistema

de medidores é satisfatório deverá ser aferida a precisão das medições efectuadas. Caso se

verifique a ausência de um sistema de medição ou este não responda aos requisitos mínimos para

permitir uma razoável avaliação dos volumes produzidos e entregues por zona, é fundamental que

se desenvolva e implemente um projecto para a definição dos pontos de instalação (fronteira das

zonas de medição e controle), ajustando a especificidade dos medidores às características de

cada zona.

2) Diagnóstico e avaliação dos níveis de pressão: a análise dos níveis de pressão existentes

deverá ser acompanhada por um trabalho de campo que permita verificar os dados cadastrais em

termos de pressão através da instalação de medidores de pressão em pontos-chave do sistema.

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo A – Caracterização das Perdas de Água e suas Causas Página 8 de 12

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

Em sistemas onde a divisão por níveis de pressão é inexistente ou deficiente, recomenda-se o

desenvolvimento de estudos e projectos específicos de modelação para a obtenção de um

sistema hidraulicamente equilibrado, com as pressões controladas e dentro das faixas de variação

recomendadas. A configuração ideal será aquela que minimize as perdas e que assegure o

mínimo dispêndio de energia para o abastecimento da zona em causa.

3) Análise do cadastro técnico: a consistência do diagnóstico pressupõe que exista por base um

cadastro técnico correcto, com o registo de todas as características físicas do sistema de

abastecimento. O cadastro técnico de pequenos agregados populacionais poderá obedecer aos

padrões tradicionais, ou seja, plantas em escalas 1:1000 e 1:2000, com suporte físico e

informático. Para os agregados de média dimensão, recomenda-se a utilização de sistemas de

informação geográfica - SIG e, para as de grande dimensão, a associação de SIG a um modelo

que permita a gestão da operação da rede.

4) Avaliação das perdas físicas visíveis e não visíveis: a forma mais conhecida para a identificação

e quantificação das perdas físicas na rede de distribuição é a pesquisa de campo. O tempo e o

custo de pesquisa em toda a área do sistema de distribuição leva à necessidade de definir Zonas

de Medição e Controlo e à extrapolação dos resultados para o restante universo. A pesquisa de

perdas visíveis compreende a identificação e localização da perda, a forma de comunicação ao

operador do sistema, o tempo médio de reparação e o caudal médio perdido. A pesquisa de

perdas não visíveis será efectuada por equipas especializadas que, dotadas de equipamentos

adequados, executarão os serviços de detecção e localização (na rede ou no ramal predial,

distância em relação ao eixo da via ou ao limite do passeio, tipo de pavimento, tipo de tubagem,

etc). Todas estas informações devem ser anotadas em registos próprios de modo a permitir a

construção de uma base de dados com a estatística das ocorrências.

3.2. Perdas Comerciais

3.2.1. Origens

As perdas comerciais apresentam um leque de variação bastante amplo, cujas origens são as

seguintes:

Origem da Perda Importância

Ligações clandestinas/irregulares

Ligações não contadas

Contadores parados

Submedição de contadores

Ligações inactivas reabertas

Pode ser significativa, dependendo de: procedimentos cadastrais, de

facturação, de manutenção preventiva e adequação dos

contadores e de monitorização do sistema

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

As perdas aparentes são, normalmente, pequenas em volume mas o elevado número de

ocorrências contribui com uma grande percentagem para o volume total de perdas.

3.2.2. Causas

As principais causas das perdas comerciais são:

Ausência de contadores: a ausência de contadores é uma das principais causas de perdas

comerciais sendo normalmente do desconhecimento da entidade gestora. O consumo em zonas

com ligações não medidas é limitado pela capacidade do sistema pois o cliente não tem motivos

para economizar água ou evitar desperdícios.

As perdas aparentes devidas a consumos não autorizados contemplam a existência de ligações

ilegais e o uso ilícito de bocas-de-incêndio e de rega localizadas quer em locais públicos quer

particulares. Há locais onde é comum o enchimento de auto-tanques para rega ou lavagem de

ruas a partir de marcos de incêndio. Cabe à entidade gestora agir para alterar esta situação bem

como garantir a adequada protecção, manutenção e selagem de bocas de rega e de marcos de

incêndio.

O uso de ligações ilegais ocorre principalmente em áreas com construção clandestina.

Contagens inadequadas: apresentam-se em seguida as causas da existência de perdas

comerciais nos sistemas de medição:

− Erros de medição dos contadores em condições normais

− Erros de medição por deficiente dimensionamento da instalação

− Erros de leitura ou registo

− Erros de medição ou avaria (natural ou violação do equipamento)

As perdas inerentes ao sistema de medição compreendem aquelas impossíveis de serem

eliminadas e dizem respeito ao erro percentual existente durante a contagem de caudais mesmo

em contadores bem dimensionados e calibrados.

A existência de reservatórios domiciliários agrava os erros por submedição devido ao

amortecimento do diagrama de consumos fazendo com que o caudal que efectivamente passa no

contador seja inferior ao real, traduzindo-se em erros de medição superiores relativamente à

situação de consumo directo. Cabe à entidade gestora o controlo desta situação no licenciamento

de novos projectos.

Outros factores associados a erros de medição:

Mau dimensionamento dos contadores relativamente ao padrão de consumo esperado.

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

Inclinação dos contadores em relação ao seu eixo (conduz à submedição dos volumes de

água fornecidos, em valores dependentes das características do contador e do ângulo de

inclinação. A instalação do contador inclinado pode ocorrer durante a sua montagem ou

para facilitar a sua leitura sendo feito pelo próprio cobrador ou pelo cliente).

Problemas nos contadores, destacando-se os contadores parados, com o mostrador

riscado ou opaco (o que leva a erros de leitura) ou contadores de tempo de vida útil

vencido que leva a submedições superiores às normais.

Nos casos dos erros de medição por avaria, a sua redução poderá ter a intervenção directa da

entidade gestora no que diz respeito à celeridade da detecção das ocorrências e da redução da

sua frequência, apesar do contexto externo poder dificultar esta tarefa.

As perdas aparentes podem ainda ter a ver com a dificuldade de acesso aos contadores, sendo

necessário promover a auto-leitura por parte do consumidor ou o acerto de horários de leitura.

3.2.3. Passos a Serem Seguidos na Fase de Diagnóstico das Perdas Comerciais

1) Avaliação do cadastro comercial: as principais falhas do cadastro comercial dizem respeito a

ligações clandestinas, tipo de ligação incorrecta, tipo de perfil do consumidor incorrecto, falta de

controlo de ligações cortadas e suprimidas e existência de cadastro de consumidores com fonte

própria de abastecimento. Na fase de diagnóstico, a avaliação das perdas por facturação

derivadas de um cadastro incorrecto deverá ser efectuada através de pesquisa de campo. Uma

acção imediata deverá ser a actualização do cadastro à medida que são executadas as leituras

periódicas dos contadores para emissão de facturas.

2) Gestão de grandes consumidores: a definição dos grandes consumidores deverá analisar os

consumos históricos da ligação e, sempre que possível, compará-los com as estimativas de

consumo típicos para aquele tipo de actividade e para o nível de produção registado,

complementado com medições específicas de caudal, com menor periodicidade, de modo a

confirmar o consumo medido.

3) Diagnóstico do sistema de gestão de contadores: Considerando que a facturação de uma

entidade gestora é baseado no resultado da leitura dos valores indicados nos contadores, deverão

ser ponderados os seguintes aspectos na gestão do parque de contadores:

− Aquisição de contadores

− Critérios de dimensionamento e instalação de novos contadores

− Critério de substituição de contadores

− Calibragem

− Reparação de contadores

− Capacitação dos recursos humanos

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

A correcta análise do sistema de gestão de contadores da entidade gestora fornecerá informações

seguras para a recomendação de ajustes nos procedimentos praticados e, quando associadas aos

resultados do trabalho de campo, permitirá a avaliação quantitativa e qualitativa das perdas de

receita.

4) Pesquisa de fraudes: nesta fase de identificação e quantificação de perdas inerentes a este tipo

de irregularidades deverá ser estruturado um programa permanente de identificação e controlo de

fraudes de diversos tipos. Esta politica é facilitada com a implementação de uma zona de medição

e controlo, ao restringir a área de pesquisa.

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DETECÇÃO E LOCALIZAÇÃO DE FUGAS

ANEXO B

AdP - ÁGUAS DE PORTUGAL DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA INFORMATIVA – SISTEMAS MULTIMUNICIPAIS

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS

DE ABASTECIMENTO COMPLEMENTARES AOS SISTEMAS MULTIMUNICIPAIS

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ANEXO B – DETECÇÃO E LOCALIZAÇÃO DE FUGAS

1. CONSIDERAÇÕES Existe uma clara distinção entre detecção e localização de fugas. A detecção é a

aproximação a determinada secção da conduta onde se suspeita localizar a fuga. A

localização de fugas é a identificação da posição de uma fuga antes mesmo de se

proceder à escavação, não sendo de qualquer modo garantida a sua localização exacta.

As actividades de detecção da fuga podem ser efectuadas por rotina, ou seja em

supervisão de cobertura da rede, ou em áreas precisas da rede, guiadas pela análise da

informação das Zonas de Medição e Controlo (ZMC).

A inspecção para localização pode ser efectuada com ou sem a anterior actividade de

detecção de fugas.

Com base na metodologia definida pelo Grupo de Trabalho promovido pelo IRAR/LNEC

no âmbito do “Controlo de Perdas de Água em Sistemas de Adução e Distribuição”

sistematiza-se no esquema seguinte os passos a seguir para a abordagem do problema.

Avaliação da dimensão do problema

Definição de uma estratégia de controlo de perdas

Medição zonada

Localização de fugas

Reparação

Gestão de pressões

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Detecção - Localização aproximada

Localização

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

2. DETECÇÃO DE FUGAS Existem diversos métodos de detecção de fugas, nomeadamente os seguintes:

Controlo passivo de fugas: Neste método apenas as fugas que se evidenciarem são

localizadas e reparadas. Uma fuga torna-se óbvia quando a água aparece à superfície ou

quando existem queixas dos consumidores por fraca pressão ou ruídos no sistema predial

ou no de distribuição. Este método é largamente aplicado e requer inspecções regulares

pela entidade gestora. Este tipo de detecção tem baixo custo e é mais eficaz em zonas

onde as condutas se encontram a baixa profundidade e as condições de solo permitem

que a água atinja facilmente a superfície. Não são necessárias capacidades profissionais

específicas.

Detecção pró-activa: Este método envolve uma vasta equipa de inspecção para detecção

directa do sinal acústico característico das fugas nas válvulas e nas bocas de rega ou

incêndio. A água, sob pressão, quando atravessa uma ranhura ou um pequeno buraco,

emite ondas sonoras através do tubo e do terreno envolvente, na zona audível. A água

circulando no solo e na cavidade gera ondas de baixa frequência com transmissão

limitada pelo solo e que através da utilização de microfones superficiais podem ser

facilmente detectáveis.

Controlo de pressão: O controlo de pressão não envolve directamente a detecção de

fugas mas uma repentina quebra de pressão pode indicar uma possível rotura. Em geral,

reduções na pressão conduzem à redução do fluxo em cada fuga e podem também

prevenir o desencadear de novas fugas. A redução de pressão envolve baixos custos e

pode ser rapidamente efectuada, mas apresenta a desvantagem de incrementar o volume

de água perdido ao tornar as fugas menos detectáveis. A redução da pressão pode ser

conseguida de vários modos, sendo normalmente usadas válvulas de redução de pressão

e câmaras de perdas de carga.

2.1.1. Técnicas de Detecção de Fugas

Existem diversas técnicas para detectar onde ocorrem fugas na rede, apresentando-se de

seguida as seguintes:

− Subdivisão das ZMC em áreas menores pelo fecho temporário de válvulas ou pela

instalação de contadores;

− Variações do tradicional “fecho progressivo”, na literatura anglo-saxónica “step-

test”;

− Utilização de localizadores de fuga (registadores de ruído).

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2.1.2. Procedimentos para Implementação de Zonas de Medição e Controle

O método principal que permite detectar fugas e outras perdas a nível da macroescala da

rede, de forma contínua e periódica é através de Zonas de Medição e Controlo. Este tema

é desenvolvido no Anexo E – Medidas de Acção.

2.1.3. Subdivisão das ZMC

A subdivisão de ZMC não é mais do que o refinamento espacial das técnicas de medição

zonadas apresentadas no Anexo E.

Para tal é necessário que existam válvulas internas à ZMC e que os medidores de caudal

apresentem uma disposição adequada ou que sejam utilizados equipamentos de medição

móvel.

São assim utilizadas campanhas temporárias em que as sub-zonas são fechadas durante

o tempo necessário para as medições, devendo ser efectuadas durante a noite caso o

isolamento das zonas implicar redução da qualidade do serviço de distribuição de água.

2.1.4. “Step-test”

O “step-test” – ou o fecho progressivo – feito através do progressivo isolamento de

secções através do fecho de válvulas de seccionamento, começando-se nas zonas

hidraulicamente periféricas e caminhando no sentido do medidor. São assim isoladas e

medidas zonas progressivamente mais pequenas, centradas no ponto de medição da

ZMC.

Deverá ser realizado durante campanhas nocturnas temporárias devendo o caudal

nocturno em cada secção ser registado ao longo do teste. A redução significativa de

caudal entre secções contíguas representa, muito provavelmente, que a fuga se encontra

localizada no raio de acção dessa busca.

A gama e a sensibilidade do equipamento de medição deverão ser escolhidas para

caudais significativamente mais baixos do que os normalmente medidos.

2.1.5. A Escolha entre “Step-test” e Localização de Fugas

A escolha pela localização de fugas pelo “step-test” ou pelos localizadores de fugas é

decidida pela avaliação do facto da rede suportar, ou não, o primeiro destes métodos.

Poderão existir razões pelas quais um “step-test” não possa ser levado a efeito,

dependendo da estrutura organizacional e características da rede.

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O “step-test” apresenta vários inconvenientes, nomeadamente poder envolver trabalho

nocturno, necessitar de dois ou mais operadores, requerer aviso prévio aos consumidores,

causar problemas de qualidade de água, causar rebentamentos em tubos fracos e causar

inconvenientes a consumidores institucionais nocturnos. Se estes factores forem um

problema numa ZMC particular, devem ser utilizados localizadores de fugas.

Contudo, os “step-tests” têm como principais vantagens a apresentação de resultados

imediatos e a localização poder ser efectuada no imediato.

A escolha do método de detecção dependerá de:

− Configuração e características de cada ZMC;

− Preferências dos operadores;

− Política da entidade gestora.

Contudo haverá claramente situações onde uma das duas técnicas é a mais apropriada ou

tem vantagens particulares e outras onde podem ser usadas seguidas.

3. LOCALIZAÇÃO DE FUGAS A localização de fugas tornou-se comum nos últimos anos e os seus adeptos usam-na em

alternativa ao “step-test”, podendo também ser usada como uma técnica de supervisão

para “varrer” uma zona.

O sistema consiste num conjunto de seis ou mais microfones, cada um incorporando um

registo de dados, instalados em acessórios da rede (normalmente válvulas ou bocas de

incêndio adjacentes), e programados para se ligarem automaticamente num período

predeterminado para a auscultação (normalmente de duas horas). São assim registados

os ruídos gerados pela fuga o que permite a sua localização. Este tipo de equipamento é

fornecido por vários fabricantes.

A leitura dos registos é feita por comparação do nível sonoro e da sua frequência,

detectando-se a existência de uma anomalia consistente em um ou mais acessórios,

necessitando de inspecção na vizinhança mais próxima. A proximidade à localização de

uma fuga é tipicamente representada por um ruído elevado e uma baixa frequência.

Contudo, ao analisar os dados do registo estes devem ser comparados entre si e não

isolados para avaliar a significância dos resultados em grupo.

Os registadores locais deverão estar associados a um sistema de localização de modo a

serem supervisionados por um veículo de passagem equipado com uma unidade de

controlo e receptor. Apenas os registadores que tenham enviado um sinal anómalo serão

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assim investigados futuramente. Existe também disponível um registo de comparação que

grava o som da fuga na memória, conseguindo obter a sua localização entre registos.

3.1.1. Técnicas de Localização de Fugas

3.1.1.1. Supervisão Sonora

A supervisão das ZMC (Zonas de Medição e Controlo) é realizada através do som,

escutando ruídos de fugas nas válvulas, nas bocas-de-incêndio ou à superfície das

condutas. Uma supervisão sonora pode ser feita como o passo seguinte a um exercício de

detecção de fugas ou a uma avaliação de toda a ZMC.

Embora a avaliação de zona possa se mostrar ineficiente em termos de localização das

áreas de fuga, possibilita um exame sistemático das ZMC. Permite ainda que outras falhas

– além das perdas físicas – possam ser identificadas.

As supervisões sonoras podem ser efectuadas com vários tipos de equipamento:

− Vara acústica;

− Vara acústica electrónica;

− Microfone de solo;

− Comparador de ruído.

O instrumento mais básico é a vara acústica, que é utilizada como um instrumento

acústico simples ou electronicamente amplificado. Esta técnica é a normalmente preferida

e é usada em avaliações de cobertura, escuta de válvulas, bocas-de-incêndio e

confirmação da localização de fugas por outros instrumentos (microfone de solo ou

comparador de ruído).

O microfone de solo pode ser equipado para utilização em dois modos: de contacto e de

supervisão. O modo de contacto serve para escutar pontos de operação (válvulas, bocas

de incêndio e outros) operando de forma semelhante a uma vara acústica electrónica. O

modo de supervisão é usado na procura de fugas em comprimentos de tubo situados

entre pontos de operação. A técnica envolve a colocação do microfone no solo, espaçados

ao longo da conduta, sendo identificadas as alterações na amplificação sonora à medida

que o microfone se vai aproximando do local da fuga. Quando esta é detectada, o

microfone de solo é usado em ambos os modos (contacto e supervisão) para a sua

localização.

O comparador do ruído de fuga (correlator) é o mais sofisticado dos instrumentos

acústicos para localização de fugas. A sua localização não depende da intensidade do

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ruído da fuga para a sua localização, baseando-se apenas na velocidade das ondas

sonoras provocadas por cada fuga à medida que estas se propagam ao longo do tubo, na

direcção de cada um dos dois microfones colocados em posições convenientes com um

máximo de 500 m de separação. Podem ser usados hidrofones, para melhorar o som da

fuga, em tubos de plástico ou em tubos de dimensão superior. Não há dúvida que as

últimas versões do comparador podem, com precisão, localizar uma fuga no intervalo de 1

metro na grande maioria dos tipos de tubo. O instrumento é portátil, pode ser operado por

um único indivíduo e tem a possibilidade de seleccionar e filtrar frequências. Contudo, há

algumas fugas que o comparador mostra dificuldade em localizar designadamente:

condutas com pressões baixas, condutas de grande diâmetro, tubos não metálicos e com

raros pontos de aplicação para os microfones.

3.1.1.2. Injecção de Gás

A injecção de gás é das técnicas menos utilizadas para a localização de fugas,

principalmente porque as restantes técnicas são eficazes na maioria dos casos. Para as

fugas mais difíceis de localizar, particularmente em condutas com pressões baixas e em

adutoras não metálicas, a injecção de gás é a opção mais comum. A sua aplicação é

bastante simples sendo injectado um gás inerte na conduta, localizando-se a existência de

fugas à medida que se detecta a saída de gás desta.

3.1.1.3. Outras Técnicas

Várias técnicas inovadoras foram tentadas pela indústria da água como alternativas às

convencionais, acima descritas, normalmente para localizar fugas mais difíceis,

especialmente em adutoras. As técnicas incluem a perfuração do solo, a utilização de

radar, de imagens térmicas e da acústica no interior dos tubos. Esta última técnica requer

a inserção na conduta com pressões baixas, de um microfone, ou um par de microfones. A

velocidade da água na conduta, algumas vezes ajudada por uma bóia, transporta o

microfone para a posição da fuga sendo assim registado o ruído e determinada a sua

posição. Esta técnica encontra-se agora completamente desenvolvida e comercialmente

disponível.

3.1.2. Localização de Fugas em Adutoras

Uma variante do sistema de localização foi desenvolvida para localizar fugas ao longo de

adutoras com grandes comprimentos. O sensor é ligado a pontos sonoros da conduta que

permitem o acesso à coluna de água e que captam o ruído da água sem considerar o

ruído do material da adutora – pode portanto detectar ruídos de baixas frequências ao

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo B – Detecção e Localização de Fugas Página 6 de 8

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

longo de distâncias significativas. Os espaçamentos recomendados são intervalos de 500

a 1000 m embora, para materiais metálicos, distâncias de 2 km sejam possíveis.

Para operar com este equipamento não é necessária qualquer especialidade técnica e o

custo de operação resume-se ao tempo de mão-de-obra necessário para colocação e

recolha do equipamento podendo ainda efectuar o download da informação registada.

Um obstáculo à utilização desta técnica é a falta de pontos de contacto para o

equipamento podendo ser colocados pontos de escuta a cada quilómetro, que servirão

também como pontos de comparação.

4. CONTROLO ACTIVO DE FUGAS O controlo activo de fugas (CAF) consiste em duas actividades distintas mas relacionadas:

− Localização – Todo o trabalho em procurar fugas na área onde se avalia um

excesso de fugas além de um limiar pré-definido.

− Reparação – O trabalho necessário para um eficiente controlo das fugas num

prazo razoável.

Em áreas onde a água tem preços acessíveis e existe em abundância, uma estratégia

possível mas ambientalmente incorrecta, poderá ser apenas reparar as fugas informadas

pelos utentes, e não ter um controlo activo de fugas não identificadas. Neste caso, a única

variável relevante será a selecção da técnica a ser usada para reparar a fuga antes de se

proceder à escavação.

O nível do esforço de reparação de fugas tenderá a ser semelhante de um ano para o

outro, embora possam existir diferenças sazonais e desse modo existirão outras variáveis

ligadas à actividade de reparação de fugas.

Se o número de roturas e fugas for significativo, poderá ser apropriado efectuar uma

supervisão de todo o sistema.

Uma técnica útil para avaliar o sistema, é converter o nível de excesso de fugas no

número equivalente de roturas em condutas (RC) ou roturas em adutoras (RA). Isto pode

ser feito dividindo o excesso de fugas (diferença entre o volume perdido e o volume

associado à meta de redução de perdas estabelecida) pelo volume de água perdido por

uma conduta de serviço média.

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo B – Detecção e Localização de Fugas Página 7 de 8

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

A dimensão média de cada rotura pode ser avaliada comparando a diminuição do volume

de água perdido antes e após a reparação. O conhecimento desta informação é um

elemento chave para o cálculo do Nível Económico de Fugas.

O número equivalente de RCs ou RAs dará uma indicação do número de reparações que

terão de ser efectuadas para ir ao encontro do limite de fugas nessa zona. Se o número é

grande, a aproximação pela supervisão geral é aplicável, caso contrário será mais

eficiente efectuar uma aproximação à área na qual a fuga ocorre antes da sua exacta

localização.

Apresenta-se de seguida metodologia definida pelo grupo de Trabalho IRAR/LNEC no

âmbito do curso “Controlo de Perdas de Água em Sistemas de Adução e Distribuição”:

Avaliação da dimensão do problema

Definição de uma estratégia de controlo de perdas

Medição zonada

Localização de fugas

Reparação

Gestão de pressões

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Intervenção pontual

Renovação de conduta(s)

Reabilitação de sistemas

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo B – Detecção e Localização de Fugas Página 8 de 8

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BALANÇO HÍDRICO E INDICADORES DE DESEMPENHO

ANEXO C

AdP - ÁGUAS DE PORTUGAL DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA INFORMATIVA – SISTEMAS MULTIMUNICIPAIS

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS

DE ABASTECIMENTO COMPLEMENTARES AOS SISTEMAS MULTIMUNICIPAIS

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

ANEXO C – BALANÇO HÍDRICO E INDICADORES DE DESEMPENHO

1. EXACTIDÃO E FIABILIDADE DOS DADOS

Para o correcto e fiável cálculo do balanço hídrico é importante avaliar de forma critica a exactidão

e a fiabilidade das várias variáveis, devendo estas ser avaliadas com a exactidão desejável e

sobre a mesma base temporal. Entende-se por exactidão a aproximação entre o resultado da

medição e o valor (convencionalmente) verdadeiro da grandeza medida. Em geral não é viável

conhecer com rigor o erro associado a cada dado, sendo mais fácil conhecer a sua ordem de

grandeza. A fiabilidade aumentará quando os valores dos volumes adquiridos a outras entidades e

toda a água distribuída forem contabilizados por medidores bem dimensionados e adequadamente

mantidos e calibrados.

Apresenta-se de seguida a exactidão dos dados avaliada de acordo com a seguinte classificação

recomendada pelo IWA:

Banda de exactidão dos dados Erro associado ao dado fornecido

0 – 5% Melhor ou igual a ± 5%

5 – 20% Pior do que ± 5%, mas melhor ou igual ± 20%

20 – 50% Pior do que ± 20%, mas melhor ou igual a ± 50%

> 50% Pior do que ± 50%

A avaliação da qualidade dos dados deve ter também a indicação da fiabilidade da fonte de

informação que reflectirá a confiança na fonte dos dados, recomendando-se a seguinte

classificação igualmente proposta pelo IWA:

Banda de fiabilidade da fonte de informação

Conceito associado

* Dados baseados em estimativas ou extrapolações a partir de uma amostra

limitada.

**

Genericamente como a seguinte, mas com algumas falhas não significativas nos

dados, tais como parte da documentação estar em falta, os cálculos serem

antigos, ou ter-se confiado em registos não confirmados, ou ainda terem-se

incluído alguns dados por extrapolação.

***

Dados baseados em medições exaustivas, registos fidedignos, procedimentos,

investigações ou análises adequadamente documentadas e reconhecidas como o

melhor método de cálculo.

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo C – Indicadores de Desempenho e Balanço Hídrico Página 1 de 14

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

2. COMPONENTES DO BALANÇO HÍDRICO E IDENTIFICAÇÃO DOS CÓDIGOS DAS RESPECTIVAS VARIÁVEIS

Consumo medido facturado

A8 Consumo autorizado

facturado

A10 = A8 + A9 Consumo não medido facturado

A9

Água facturada

A20 = A8 + A9

Consumo medido não facturado

A11

Consumo

autorizado total

A14 = A10 + A13 Consumo autorizado

não facturado

A13 = A11 + A12

Consumo nem medido nem

facturado

A12

Uso não autorizado

A16 Perdas aparentes

A18 = A16 + A17 Perdas de água por erros de

medição

A17

Perdas reais nas condutas de

água bruta e no tratamento

(quando aplicável)

Fugas nas condutas de adução

e/ou distribuição

Fugas e extravasamentos nos

reservatórios de adução e/ou

distribuição

Água entrada no

sistema

A3

Perdas de água

totais

A15 = A3 – A14 Perdas reais

A19 = A15 – A18

Fugas nos ramais (a montante da

medição)

Água não facturada

A21 = A3 – A20

O balanço hídrico deve ser realizado de modo sistemático com uma frequência mínima anual e

incluir:

− Uma contabilização rigorosa de todos os volumes de água entrados e saídos no sistema

em causa;

− A verificação do programa de teste e calibração dos medidores de caudal e verificação

da adequação dos equipamentos existentes.

Sem uma medição eficaz e contínua de volumes de água, as perdas podem apenas ser estimadas

por modelação ou eventualmente por métodos directos específicos (medição de caudais

nocturnos). Sempre que a medição directa não seja possível, deverão ser envidados todos os

esforços para estimar cada componente do balanço hídrico com o maior realismo possível.

Nesses casos, o consumo autorizado deve ser estimado a partir de medições em amostras com

um número suficiente de ligações individuais e de subcategorias representativas em termos

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo C – Indicadores de Desempenho e Balanço Hídrico Página 2 de 14

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

estatísticos, ou em alternativa, a partir de medições de caudais totais em áreas discretas com

uniformidade de utilizadores-tipo, também de várias categorias e subcategorias. Neste caso,

subtraem-se à água entrada no sistema as perdas por fugas, sendo estas determinadas por

análise de sub-componentes dos consumos nocturnos e ajustadas de forma apropriada pelas

variações diurnas de pressão. O grau de confiança associado ao consumo autorizado deve

reflectir o rigor das investigações.

Para o cálculo das variáveis será necessário a identificação das seguintes parcelas:

Consumo medido facturado:

− Contagens de consumo

− Identificação dos consumidores não domésticos

− Identificação dos consumidores domésticos

Consumo não medido facturado:

− Identificação dos consumos domésticos não medidos e da ausência de medições

de consumo autorizado

− Estimativa dos consumos não medidos através da monitorização de um conjunto

consumidores domésticos

Consumo medido não facturado

− Identificação e estimativa dos consumos medidos e não medidos dos clientes

autorizados (câmaras municipais, rega de espaços verdes, combate de incêndios,

lavagem de ruas, outros)

− Identificação e estimativa do volume de água utilizada em manobras operacionais

da entidade gestora (lavagem de reservatórios ou condutas, outros)

Consumo nem medido nem facturado

− Identificação e estimativa dos consumos não medidos e não facturados (rega de

espaços verdes, combate de incêndios, lavagem de ruas, outros)

Perdas físicas (Anexo A)

− Perdas em reservatórios podem ser medidas através de ensaios de nível

− Extravasamento de reservatórios

− Perdas nas condutas de distribuição através da medição dos caudais mínimos

nocturnos, poderá ser possível, de uma maneira expedita, definir as perdas físicas

na rede assim como através da definição de ZMC (Anexo B).

− Perdas em condutas adutoras poderão ser quantificados através da instalação de

medidores de caudal ultra-sónicos

Perdas comerciais: são influenciadas por diversos factores desde sociais a culturais até

aos que dizem respeito à própria operação e modo de exploração do sistema (Anexo A):

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo C – Indicadores de Desempenho e Balanço Hídrico Página 3 de 14

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

− Identificar os consumos ilegais, nomeadamente ligações clandestinas, uso ilícitos

de serviços de combate a incêndios, by-pass a contadores e erro de medição e

leitura. Estimativa do número de ligações ilegais através de registos históricos ou

através da pesquisa de casa a casa.

3. EXPRESSÕES DE CÁLCULO E DEFINIÇÃO DE VARIÁVEIS DOS INDICADORES DE DESEMPENHO

Definição dos Indicadores de Desempenho e Expressões de Cálculo:

WR1 INEFICIÊNCIA UTILIZAÇÃO DE RECURSOS HÍDRICOS (%) WR1 = A19 / A3 x 100

Avalia a pressão exercida sobre os recursos hídricos utilizados devida a perdas reais. Do ponto de vista ambiental as perdas aparentes são irrelevantes pois não correspondem a volumes de água efectivamente captados. Este indicador faz parte do sistema de indicadores de desempenho do IRAR.

Op23 PERDAS DE ÁGUA POR RAMAL (m3/ramal/ano) Op23 = (A15 x 365 / H1) / C24

A experiência mostra que os maiores volumes de perdas ocorrem nos ramais e não nas condutas principais pelo que a designação deste indicador em termos do número de ramais exprimem melhor o volume perdido. Recomenda-se que este indicador seja utilizado em redes que tenham no mínimo 20 ramais por km. Nos sistemas em que tal não se verifique, é mais adequado o uso do indicador expresso em termos de comprimento de conduta (Op24).

Op24 PERDAS DE ÁGUA POR COMPRIMENTO DE CONDUTA (m3/km/ano)

Op24 = (A15 x 365 / H1) / C8

Neste caso pode-se utilizar no denominador tanto o comprimento total de condutas apenas (excluindo ramais) como o comprimento total de condutas e ramais. A segunda opção pode parecer teoricamente mais correcta mas raramente as entidades gestoras dispõem de informação fiável sobre o comprimento total de ramais.

Op25 PERDAS APARENTES (%) Op25 = A18 / (A3 - A5 – A7) x 100

Excluindo o volume de água exportada nos sistemas de distribuição.

Op26 PERDAS APARENTES POR VOLUME DE ÁGUA ENTRADA NO SISTEMA (%)

Op26 = A18 / A23 x 100

Op27 PERDAS REAIS POR RAMAL (l/ramal/dia com sistema em pressão)

Op27 = A19 x 1000 / (C24 x H2 / 24)

Idem Op23.

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo C – Indicadores de Desempenho e Balanço Hídrico Página 4 de 14

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

Op28 PERDAS REAIS POR COMPRIMENTO DE CONDUTA (l/km/dia com sistema em pressão)

Op28 = A19 x 1000 / (C8 x H2 / C24)

Idem Op24.

Op29 ÍNDICE INFRA-ESTRUTURAL DE FUGAS (-) Op29 = Op27 / (18 x C8 / C24 + 0,7 + 0,025 x C25) x D34

Equação empírica, deduzida a partir de um considerável número de estudos experimentais realizados em sistema

bem construídos, operados e mantidos de diversos países. Apesar do interesse prático deste indicador deverá ter-

se em atenção de que se trata de um indicador de cálculo empírico, em que a influência da pressão de serviço é

bastante elevada, sendo esta muitas vezes difícil de avaliar em termos de média anual em todo o sistema.

As perdas físicas mínimas (denominador da expressão de cálculo do Op29), são entendidas como o valor mínimo

tecnicamente atingível e correspondem à melhor estimativa das chamadas Perdas Reais Inevitáveis Médias, PRIM.

Em geral, sistemas com boa manutenção tendem a apresentar valores deste índice próximos de 1,0, enquanto

sistemas com deficiente manutenção apresentarão valores mais elevados.

Fi46 ÁGUA NÃO FACTURADA EM TERMOS DE VOLUME (%) Fi46 = A21 / A3 x 100

Consiste na discriminação do volume entrado no sistema nas componentes facturado e não facturado. O componente não facturado é designado por água que não constitui fonte de receita e é expresso em termos de percentagem do total.

Fi47 ÁGUA NÃO FACTURADA EM TERMOS DE CUSTO (%)

Fi47 = ((A13 + A18) x G57 + A19 x G58) / G5 x 100

Calculado aplicando valores monetários aos volumes anuais de consumo autorizado não facturado, perdas aparentes e perdas reais.

Descrição das variáveis das expressões de cálculo (ordenação alfanumérica):

A3 – Água Entrada no Sistema (m3)

Definição:

Volume introduzido no sistema de abastecimento de água durante o período de referência.

Expressão de Cálculo:

Dado de entrada.

Comentários:

O volume de água entrada no sistema deve incluir a água captada e toda a água importada, bruta e tratada.

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo C – Indicadores de Desempenho e Balanço Hídrico Página 5 de 14

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

A5 – Água Bruta Exportada (m3)

Definição:

Volume total de água bruta transferida para outra entidade gestora ou para outro sistema da mesma área de

abastecimento, durante o período de referência.

Expressão de Cálculo:

Dado de entrada.

A7 – Água Tratada Exportada (m3)

Definição:

Volume total de água tratada exportada para outra entidade gestora ou para outro sistema da mesma área de

abastecimento, durante o período de referência.

Expressão de Cálculo:

Dado de entrada.

Comentários:

Estas transferências podem ocorrer em qualquer ponto a jusante das estações de tratamento ou de outros pontos

em que a entidade gestora considere a água como tratada.

A8 – Consumo Autorizado Facturado (m3)

Definição:

Consumo total autorizado que é medido e facturado (incluindo a água exportada) durante o período de referência.

Expressão de Cálculo:

Dado de entrada.

Comentários:

Este dado de entrada resulta da soma das leituras dos contadores dos clientes. Como, em geral, as datas das

leituras não coincidem com o período exacto da avaliação, serão necessárias interpolações para obter a melhor

estimativa possível do valor verdadeiro.

A9 – Consumo Facturado Não Medido (m3)

Definição:

Consumo total autorizado que não é medido e que é facturado (incluindo a água exportada) durante o período de

referência.

Expressão de Cálculo:

Dado de entrada.

Comentários:

Este dado de entrada é a melhor estimativa disponível, baseada em inquéritos ou em quaisquer outras formas de

avaliação a que a entidade gestora possa recorrer.

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo C – Indicadores de Desempenho e Balanço Hídrico Página 6 de 14

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

A10 – Consumo Autorizado Facturado (m3)

Definição:

Consumo total autorizado que foi facturado durante o período de referência.

Expressão de Cálculo:

A8 + A9

Comentários:

Note-se que o consumo autorizado facturado pode incluir consumos para combate a incêndios e formação de

bombeiros, lavagem de condutas e de colectores, lavagem de ruas, rega de espaços verdes municipais,

alimentação de fontanários públicos, protecção contra baixas temperaturas, obras de construção civil, etc., caso

sejam facturados.

A11 – Consumo Não Facturado Medido (m3)

Definição:

Consumo total autorizado que foi medido mas não facturado (incluindo a água exportada) durante o período de

referência.

Expressão de Cálculo:

Dado de entrada.

Comentários:

Note-se que o consumo autorizado não facturado pode incluir consumos para combate a incêndios e formação de

bombeiros, lavagem de condutas e de colectores, lavagem de ruas, rega de espaços verdes municipais,

alimentação de fontanários públicos, protecção contra baixas temperaturas, obras de construção civil, etc.. Estes

consumos podem ser medidos ou não medidos, de acordo com a prática local.

A12 – Consumo Não Facturado Não Medido (m3)

Definição:

Consumo total autorizado não medido e não facturado (incluindo a água exportada) durante o período de

referência.

Expressão de Cálculo:

Dado de entrada.

Comentários:

Este dado de entrada é a melhor estimativa disponível, baseada em inquéritos ou em quaisquer outras formas de

avaliação a que a entidade gestora possa recorrer.

Note-se que o consumo autorizado não facturado não medido pode incluir consumos para combate a incêndios e

formação de bombeiros, lavagem de condutas e de colectores, lavagem de ruas, rega de espaços verdes

municipais, alimentação de fontanários públicos, protecção contra baixas temperaturas, obras de construção civil,

etc., caso não sejam facturados nem medidos.

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo C – Indicadores de Desempenho e Balanço Hídrico Página 7 de 14

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

A13 – Consumo Autorizado Não Facturado (m3)

Definição:

Consumo total autorizado e não facturado durante o período de referência.

Expressão de Cálculo:

A11 + A12

Comentários:

Note-se que o consumo autorizado não facturado pode incluir consumos para combate a incêndios e formação de

bombeiros, lavagem de condutas e de colectores, lavagem de ruas, rega de espaços verdes municipais,

alimentação de fontanários públicos, protecção contra baixas temperaturas, obras de construção civil, etc., caso

não sejam facturados. Estes consumos podem ser medidos ou não medidos, de acordo com a prática local.

A14 – Consumo Autorizado (m3)

Definição:

Consumo total autorizado durante o período de referência, medido e/ou não medido, de clientes registados, da

própria entidade gestora e de outros que estejam implícita ou explicitamente autorizados a fazê-lo pelo fornecedor

de água, para usos domésticos, comerciais, industriais ou públicos. Inclui a água exportada.

Expressão de Cálculo:

A10 + A13

Comentários:

Note-se que o consumo autorizado pode incluir consumos para combate a incêndios e formação de bombeiros,

lavagem de condutas e de colectores, lavagem de ruas, rega de espaços verdes municipais, alimentação de

fontanários públicos, protecção contra baixas temperaturas, obras de construção civil, etc.. Estes consumos podem

ser facturados ou não facturados, medidos ou não medidos, de acordo com a prática local.

A15 – Perdas de Água (m3)

Definição:

Diferença entre a água entrada no sistema e consumo autorizado.

Expressão de Cálculo:

A3 – A14

Comentários:

As perdas de água podem ser consideradas como um volume total para todo o sistema, ou por sub-sistemas tais

como os sistemas de adução e de distribuição. Em cada caso as componentes de cálculo devem ser consideradas

em conformidade com a situação. As perdas de água consistem em perdas reais e perdas aparentes.

A16 – Consumo Não Autorizado (m3)

Definição:

Consumo total não autorizado durante o período de referência, incluindo furto.

Expressão de Cálculo:

Dado de entrada.

Comentários:

Este dado de entrada é a melhor estimativa disponível, baseada em inquéritos ou em quaisquer outras formas de

avaliação a que a entidade gestora possa recorrer.

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo C – Indicadores de Desempenho e Balanço Hídrico Página 8 de 14

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

A17 – Perdas de Água por Erros de Medição (m3)

Definição:

Consumo total de água não contabilizada durante o período de referência devido a erros de medição.

Expressão de Cálculo:

Dado de entrada.

Comentários:

Este dado de entrada é a melhor estimativa possível, baseada principalmente em dados resultantes da calibração

dos contadores existentes e/ou de inspecções realizadas para esse objectivo.

A18 – Perdas Aparentes (m3)

Definição:

Consumo total de água não contabilizada durante o período de referência devido ao consumo não autorizado e a

erros de medição.

Expressão de Cálculo:

A16 + A17

A19 – Perdas Reais (m3)

Definição:

Volume total de perdas físicas de água do sistema em pressão, até ao contador do cliente, durante o período de

referência.

Expressão de Cálculo:

A15 – A18

Comentários:

O volume de perdas durante o período de referência através de todos os tipos de fugas de água, roturas e

extravasamentos depende das frequências, dos caudais e da duração média das fugas.

A20 – Água Facturada (m3)

Definição:

Consumo total autorizado facturado (incluindo a água exportada) durante o período de referência.

Expressão de Cálculo:

A8 + A9

Comentários:

Tem o mesmo valor de A10 - Consumo autorizado facturado.

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo C – Indicadores de Desempenho e Balanço Hídrico Página 9 de 14

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

A21 – Água Não Facturada (m3)

Definição:

Diferença entre os volumes de água entrada no sistema e do consumo autorizado facturado (incluindo a água

exportada).

Expressão de Cálculo:

A3 – A20

Comentários:

A água não facturada inclui não só as perdas reais e aparentes mas também o consumo autorizado não facturado.

Se o termo água não contabilizada for utilizado, é recomendável que seja definido e calculado do mesmo modo que

a água não facturada. Como consequência, não foram propostos neste manual indicadores de desempenho

específicos para a água não contabilizada.

C8 – Comprimento de condutas (km)

Definição:

Comprimento total das condutas de adução e da rede de distribuição (ramais não incluídos), na data de referência.

Expressão de Cálculo:

Dado de entrada.

Comentários:

Não devem ser incluídas novas condutas que ainda não se encontrem em serviço e condutas antigas que já

tenham sido colocadas fora de serviço.

C24 – Número de Ramais (n.º)

Definição:

Número total de ramais, na data de referência.

Expressão de Cálculo:

Dado de entrada.

Comentários:

Quando não houver informação fiável acerca do número de ramais, pode ser utilizado o número de edifícios como

uma primeira estimativa. Este valor deve no entanto ser corrigido tendo em conta que é inferior ao número real, pelo

facto de alguns edifícios terem mais do que um ramal e por existirem ramais de ligação a outros pontos de consumo

fora de edifícios (por exemplo, bocas de rega e fontanários).

C25 – Comprimento Médio dos Ramais (m)

Definição:

Comprimento médio de tubagem entre a conduta da rede pública e o ponto de medição, na data de referência.

Expressão de Cálculo:

Dado de entrada.

Comentários:

É frequente as entidades gestoras dos sistemas de abastecimento de água não terem informação exacta para

avaliar esta variável. Nesses casos, adoptar-se-á uma estimativa.

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo C – Indicadores de Desempenho e Balanço Hídrico Página 10 de 14

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

D34 – Pressão Média de Operação (kPa)

Definição:

Pressão média de operação nos pontos de entrega quando o sistema está em pressão, na data de referência.

Expressão de Cálculo:

Dado de entrada.

Comentários:

Uma medida exacta da pressão média de operação requereria a monitorização contínua da pressão em cada ponto

de entrega (à saída do ramal). Na prática, é necessário simplificar. Em regiões planas, é fácil obter uma estimativa

desta variável. Também quando estão disponíveis modelos hidráulicos calibrados para períodos longos, podem ser

adoptadas as pressões dos nós ponderadas com as necessidades de consumo de cada nó. Em áreas acidentadas,

quando não se puder obter estimativas melhores, podem traçar-se mapas com curvas de pressão e estabelecer-se

uma estimativa da pressão média de operação de cada banda. O valor global é então avaliado como uma média

ponderada da pressão em cada banda, usando as suas respectivas populações-equivalentes como factor de

ponderação.

G5 – Custos Correntes (€)

Definição:

Custos totais de operação e manutenção e de pessoal durante o período de referência, relativos ao serviço de

abastecimento de água, excluindo o auto-investimento em infra-estruturas.

Expressão de Cálculo:

G7 + G8

G7 – Custos de Exploração (€)

Definição:

Custos de operação e manutenção durante o período de referência, relativos ao serviço de abastecimento de água,

incluindo o valor líquido (obtido por imputação negativa dos custos relativos ao auto-investimento em infra-

estruturas em infra-estruturas) de água importada (bruta e tratada), energia, serviços externos, aluguer de

equipamentos e serviços, reagentes, outros consumíveis e equiparáveis, aluguer de equipamentos e serviços,

taxas, contribuições e impostos, resultados e perdas extraordinários e outros custos de exploração, excluindo a

mão-de-obra.

Expressão de Cálculo:

G9 + G10 + G11 + G12 + G13 + G14 + G15 + G16

G8 – Custos com Pessoal (€)

Definição:

Custos internos de mão-de-obra durante o período de referência, relativos ao serviço de abastecimento de água,

referentes ao valor líquido (obtido por imputação negativa dos custos relativos ao auto-investimento em infra-

estruturas em infra-estruturas) do pessoal cujo salário é pago directamente pela entidade gestora do sistema de

abastecimento de água.

Expressão de Cálculo:

Dado de entrada.

Comentários:

Os custos de mão de obra incluem salários e outros custos que deles derivem directamente, como pagamentos

complementares ou encargos com a segurança social.

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo C – Indicadores de Desempenho e Balanço Hídrico Página 11 de 14

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

G9 – Custos de Serviços Externos (€)

Definição:

Valor líquido (obtido por imputação negativa dos custos relativos ao auto-investimento em infra-estruturas em infra-

estruturas) dos custos totais de serviços exteriores (por exemplo, subcontratação) durante o período de referência,

relativos ao serviço de abastecimento de água, estando os custos de mão-de-obra externa incluídos.

Expressão de Cálculo:

Dado de entrada.

G10 – Custos de Água Importada (Bruta e Tratada) (€)

Definição:

Custo total da água importada durante o período de referência.

Expressão de Cálculo:

Expressão de Cálculo:

Dado de entrada.

G11 – Custos de Energia (€)

Definição:

Custo total da energia durante o período de referência.

Expressão de Cálculo:

Dado de entrada.

Comentários:

Esta variável inclui não só a componente proporcional do consumo de energia mas também todas as outras

componentes dos custos de energia, tais como taxas de potência e tarifas. O consumo de energia para outras

actividades além do bombeamento de água está também incluído.

G12 – Aquisição de Reagentes, Outros Consumíveis e Equiparáveis (€)

Definição:

Valor líquido (obtido por imputação negativa dos custos relativos ao auto-investimento em infra-estruturas em infra-

estruturas) de aquisição de reagentes, de outros consumíveis e de materiais para manutenção e reparação, não

incluídos nos custos dos serviços externos, relativos ao serviço de abastecimento de água, durante o período de

referência.

Expressão de Cálculo:

Dado de entrada.

G13 – Aluguer de Equipamentos e Serviços (€)

Definição:

Valor líquido (obtido por imputação negativa dos custos relativos ao auto-investimento em infra-estruturas) do custo

total do aluguer de equipamentos e serviços durante o período de referência, relativos ao serviço de abastecimento

de água.

Expressão de Cálculo:

Dado de entrada.

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo C – Indicadores de Desempenho e Balanço Hídrico Página 12 de 14

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

G14 – Taxas, Contribuições e Impostos (€)

Definição:

Valor líquido (obtido por imputação negativa dos custos relativos ao auto-investimento em infra-estruturas) de taxas,

contribuições e impostos (excluindo impostos directos nos proveitos) durante o período de referência, relativos ao

serviço de abastecimento de água.

Expressão de Cálculo:

Dado de entrada.

G15 – Resultados Extraordinários (€)

Definição:

Valor líquido (obtido por imputação negativa dos custos relativos ao auto-investimento em infra-estruturas) dos

resultados e perdas excepcionais durante o período de referência, relativos ao serviço de abastecimento de água.

Expressão de Cálculo:

Dado de entrada.

G16 – Outras Despesas de Operação (€)

Definição:

Valor líquido (obtido por imputação negativa dos custos relativos ao auto-investimento em infra-estruturas) de

outros custos de exploração, relativos ao serviço de abastecimento de água, não incluídos na aquisição de

reagentes, outros consumíveis e equiparáveis, no aluguer de equipamentos e serviços, em taxas, contribuições e

impostos ou em resultados e perdas extraordinários, durante o período de referência.

Expressão de Cálculo:

Dado de entrada.

G36 – Vendas – Consumidores Directos (€)

Definição:

Proveitos das vendas de água a clientes domésticos, comerciais, industriais, públicos, institucionais e outros

(excluindo a água exportada).

Expressão de Cálculo:

Dado de entrada.

G57 – Tarifa Média para Consumidores Directos (€)

Definição:

Proveito das vendas de água para consumo directo / água facturada.

Expressão de Cálculo:

G36 / (A8 + A9)

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo C – Indicadores de Desempenho e Balanço Hídrico Página 13 de 14

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G58 – Custo Unitário assumido das Perdas Reais (€)

Definição:

O custo unitário atribuído (G58) será o mais elevado dos valores seguintes: (i) componente variável do custo de

água importada; (ii) custo marginal de longo prazo relativo (*) às origens próprias

Expressão de Cálculo:

Dado de entrada.

(*) – soma de (a) componentes do custo corrente que dependem do caudal (taxas de captação, energia, reagentes

de tratamento e outros consumíveis de processo), e do (b) custo líquido actual incrementado de fornecer

capacidade adicional de satisfazer necessidades e/ou padrões de qualidade da água mais exigentes, por metro

cúbico de água tratada ou poupada.

H1 – Duração do Período de Referência (dia)

Definição:

Duração do período adoptado como referência para o cálculo dos indicadores e das variáveis.

Expressão de Cálculo:

Dado de entrada.

Comentários:

O sistema de indicadores de desempenho da IWA foi concebido numa base anual e por isso recomenda-se

fortemente que o ano seja utilizado como período de referência. Contudo, dado que as entidades gestoras podem

sentir necessidade de controlar o seu desempenho em períodos inferiores ao longo do ano, o sistema de

indicadores está formulado de forma a permitir períodos de referência diferentes em muitos dos indicadores.

Nesses casos, com o objectivo de permitir comparações, os indicadores são expressos em termos de tempo e

estão formulados de forma a converter os valores relativos ao período de referência em valores anuais.

As comparações entre indicadores de desempenho calculados com base em dados obtidos em períodos diferentes

do ano devem ter em conta que o comportamento de muitas variáveis não é uniforme ao longo do ano, devido a

factores aleatórios, sazonais ou de planeamento de actividades; caso contrário, podem levar a interpretações

incorrectas dos resultados.

H2 – Tempo de Pressurização do Sistema (horas)

Definição:

Número de horas do ano em que o sistema está em pressão.

Expressão de Cálculo:

Dado de entrada.

Comentários:

Interrupções devidas a avarias imprevistas do sistema, a reparações correntes ou a trabalhos de reabilitação não

devem ser consideradas para este indicador. Em muitos sistemas intermitentes, as interrupções do abastecimento

não são simultâneas em toda a rede. Quando há subsistemas abastecidos em períodos diferentes, o indicador tem

de ser calculado individualmente para cada um, sendo o resultado a média ponderada com base no número de

ramais de cada subsistema.

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo C – Indicadores de Desempenho e Balanço Hídrico Página 14 de 14

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CONSIDERAÇÕES SOBRE O NÍVEL ECONÓMICO DE FUGAS

ANEXO D

AdP - ÁGUAS DE PORTUGAL DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA INFORMATIVA – SISTEMAS MULTIMUNICIPAIS

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS

DE ABASTECIMENTO COMPLEMENTARES AOS SISTEMAS MULTIMUNICIPAIS

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CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA

ANEXO D – CONSIDERAÇÕES SOBRE O NÍVEL ECONÓMICO DE FUGAS (NEF)

1. DEFINIÇÃO

O Nível Económico de Fugas é, para qualquer sistema de distribuição, o nível de perdas

físicas abaixo do qual não é compensador, em termos de custo, continuar a investir usando

recursos adicionais. Noutras palavras o retorno do valor da água poupado é inferior ao

investido para a poupar, no período de tempo considerado. Normalmente este ponto de

equilíbrio económico designa-se por NEF (Nível Económico de Fugas).

Atendendo às várias as teorias sobre o conceito do NEF e aos vários métodos para o seu

cálculo, introduzem-se apenas neste documento os conceitos básicos associados que podem

ser desenvolvidos através da bibliografia indicada.

2. CUSTO E VALOR DA ÁGUA Apresenta-se graficamente o conceito de NEFr – Nível Económico de Fugas reais em termos

de custos versus nível de perdas:

Fonte: Adaptado de “Controlo de Perdas de Água em

Sistemas de Adução e Distribuição” – IRAR / LNEC

Nível-base de perdas reais (Perdas reais não detectáveis)

Perdas reais de roturas reportadas

Custo total

Custo anual (€/ano)

NEFr – Curto Prazo

Perdas reaisde roturas não Custo da água

perdida reportadas

Custo do controloactivo de perdas

Nível de perdas (m3/dia)

EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo D – Considerações sobre o Nível Económico de Fugas Página 1 de 5

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CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA

NEFr de Curto Prazo

O actual nível de fugas é regulado, no curto-prazo, a partir de um número fixo de parâmetros-

chave que incluem:

− Custo de mão-de-obra;

− Custo da água;

− Pressão média de serviço no sistema;

− Idade e estado de conservação das tubagens e tipos de roturas;

− As disponibilidades para obtenção de informação (zonas de medição e controlo e

telemetria).

O único parâmetro que pode ser rapidamente alterado com impacto no nível de fugas, é o

número de operadores que a entidade gestora coloca no exterior para detectar e reparar as

fugas visíveis, ou seja que implementam um Controlo Activo de Fugas (CAF).

NEFr de Longo Prazo

A optimização do NEF num prazo mais alargado implica investimentos no controlo e medição

por zona, telemetria, gestão da pressão e renovação de condutas. Todos estes factores terão

também impacto no NEF de curto-prazo.

O NEFr de curto-prazo é baseado numa análise económica a qual estima o nível óptimo de

esforço para Controlo Activo de Fugas tendo em consideração os custos deste e o valor da

água na zona de abastecimento.

O NEFr de longo-prazo baseia-se numa análise de investimento tendo em consideração as

seguintes questões:

− Qual o nível actual de fugas?

− Qual o NEF de curto-prazo?

− Como se alterará o NEF de curto-prazo com os investimentos em consideração?

− Quais as economias em perdas de água e a alteração de recursos em CAF a

partir do investimento proposto por comparação com a gestão corrente?

− Qual o custo do investimento proposto?

− Qual o retorno desse investimento?

EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo D – Considerações sobre o Nível Económico de Fugas Página 2 de 5

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CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA

A resposta a estas questões permitirá à entidade gestora decidir uma política de investimentos

usando um critério normal de decisão.

3. CUSTO MARGINAL DO CONTROLO ACTIVO DE FUGAS

O custo marginal do controlo activo de fugas baseia-se na teoria em que em qualquer sistema

(ou subsistema) de abastecimento e distribuição de água, o nível de perdas variará entre dois

extremos:

− No extremo inferior: nível base de perdas, em que todas as roturas foram

reparadas (logo não existem) e em que as únicas perdas ocorrem através da

fissuração e outras pequenas fugas consideradas indetectáveis. A redução deste

nível exigirá uma despesa considerável em controlo activo de perdas.

− No extremo superior, o nível passivo de perdas, em que não há investimento em

controlo activo de perdas, sendo estas apenas controladas através da reparação

das roturas visíveis.

O nível real de perdas e correspondente custo marginal do controlo activo de perdas estará

situado algures entre estes dois extremos. Através da obtenção de mais um ponto entre estes

dois extremos (obtido através da experiência da entidade gestora) determinar-se-á a equação

da curva de custo, tal como apresentada no gráfico anterior.

No entanto o custo marginal do controlo activo de perdas só poderá ser confirmado na prática

após a aplicação e avaliação de resultados da estratégia seleccionada. Trata-se de um

processo evolutivo para a entidade gestora, pois se por um lado necessita dessa experiência

para poder decidir qual a melhor estratégia a adoptar, por outro lado é necessário que desde o

início se proceda a uma análise de todos esses passos, de modo a poder efectivamente tirar

partido dessa informação no futuro.

4. CÁLCULO DO NEF

Existem diversos métodos para a estimativa do NEFr. O objectivo é estabelecer os factores-

chave, os quais devem ser avaliados sempre que o cálculo do NEFr for considerado para uma

zona de abastecimento:

Custo da água – O custo da água incluirá custos de operação tais como energia e químicos

necessários para tratar e distribuir a água por todo o circuito de distribuição. Incluirá também

os custos de investimento de longo-prazo. Se ao reduzirmos as fugas adiarmos ou anularmos

a necessidade de novos trabalhos de ampliação, então o deferimento da aplicação terá um

EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo D – Considerações sobre o Nível Económico de Fugas Página 3 de 5

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA

valor. Do mesmo modo, reduzindo as fugas quanto baste para permitir terminar um trabalho

de tratamento de água, ou uma alteração na rede em operação, também teremos um valor

quantificável.

Custos de redução de fugas de curto-prazo – Estes custos são normalmente limitados ao

custo do CAF. Incluem os custos do pessoal para localizar fugas, os seus veículos,

combustível e equipamento.

Custos de reparação – Existe uma argumentação que estabelece que os custos de reparação

devem ser excluídos do cálculo do NEF, isto porque o número de fugas que ocorre em

qualquer ano é normalmente estável para as mesmas condições de serviço. A alteração no

esforço de Controlo Activo de Fugas afectará, em média, o tempo de escorrência das fugas

até à sua detecção. Não afectará o seu número e assim, as intervenções a efectuar num ano

médio, não se alterarão. Se bem que este argumento possa prevalecer para situações médias,

deverá ter-se algum cuidado quando estamos a reduzir o patamar de fugas. Haverá uma

tendência para encontrar escorrências que de outro modo não seriam encontradas senão

através de um esforço extra de CAF, e nessas circunstâncias o número de reparações

aumentará.

Custos de longo-prazo – Incluem o valor actual de investimento previsto para medidas de

redução de fugas, tais como a avaliação em zonas de medição e controlo, gestão da pressão

e renovação de condutas, durante um horizonte de 20 a 30 anos.

5. O NEF COMO UM ELEMENTO DE EQUILÍBRIO ENTRE A OFERTA E A PROCURA

Sempre que possível, as fugas devem ser consideradas com parte da procura geral na zona e

não com uma parte separada. O cálculo do NEF deve ter em consideração a análise custo-

benefício da redução das fugas em comparação com outras opções de manutenção para

manterem o nível requerido para abastecimento. As opções disponíveis incluem:

Opções de abastecimento:

− Construção de novos sectores ou a expansão dos existentes;

− Lançamento de novas condutas para adução a partir de zonas adjacentes com

melhor abastecimento;

− Compra de água dos sistemas de abastecimento vizinhos.

Opções da procura:

− Controlar a procura através de novas estruturas tarifárias;

EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo D – Considerações sobre o Nível Económico de Fugas Página 4 de 5

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA

− Medir o consumo de clientes onde não se efectuam medições;

− Reduzir a utilização dos consumidores instalando dispositivos economizadores

de água;

− Lançar auditorias para minimizar o desperdício e consumos indevidos.

As opções disponíveis serão comparadas em termos de custos marginais de longo prazo, isto

é, custos analisados ao longo de um horizonte de 20 ou 30 anos em relação aos benefícios

alcançados.

A razão entre o Valor Actual Aproximado (VAA) de custos e o VAA de benefícios, expressos

em unidades de custo por m3, será utilizada para comparar os cenários disponíveis, cenários

estes, que terão diferentes graus de benefício. Desta forma, a análise será conduzida numa

base incremental, escolhendo-se a medida mais económica para cada incremento (em termos

de m3/dia) e reavaliando então o próximo incremento, na base de que a medida anterior está

completamente realizada.

Com tal análise de longo prazo implantada, será evidenciada qual a medida de gestão de

fugas que tem uma efectiva compensação e também o resultante NEF. Esta análise indicará o

nível de esforço do CAF para cada estágio e permitirá ainda um planeamento a longo prazo de

gestão de fugas na zona a ser implantado.

EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo D – Considerações sobre o Nível Económico de Fugas Página 5 de 5

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MEDIDAS DE ACÇÃO A IMPLEMENTAR

ANEXO E

AdP - ÁGUAS DE PORTUGAL DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA INFORMATIVA – SISTEMAS MULTIMUNICIPAIS

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS

DE ABASTECIMENTO COMPLEMENTARES AOS SISTEMAS MULTIMUNICIPAIS

DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA

ANEXO E – MEDIDAS DE ACÇÃO A IMPLEMENTAR Apresenta-se de seguida algumas das medidas de acção que deverão ser implementadas

num sector de abastecimento de água tendo em vista a implementação de um Plano de

Minimização de Perdas de Água. Focam-se essencialmente aquelas que contribuem de

forma mais significativa para o cumprimento dos objectivos estabelecidos, podendo ser

adoptadas por qualquer entidade gestora.

1. CADASTRO TÉCNICO E COMERCIAL O conhecimento pleno das características da rede em conjunto com a utilização de

modelos económicos e hidráulicos permite à entidade gestora um controlo quase integral

do sistema, e por conseguinte do desperdício de água.

Para um bom desempenho e uma elevada qualidade de serviço de um sistema de

distribuição de água é necessário ter um completo conhecimento do sistema de

distribuição, assegurando uma estruturação da rede que garanta o isolamento em

sectores de distribuição e zonas de pressão. Para pequenos sistemas a existência de

medidores de nível em reservatórios, de medidores de caudal na entrada dos sectores e

de pressão a jusante de equipamentos como válvulas redutoras de pressão e

sobrepressoras de rede, já é considerado satisfatório para o controlo de perdas de água.

Através de um mapa de pressões estáticas resultante de um mapa altimétrico da região e

dos níveis de água nos reservatórios, é possível localizar as áreas onde as pressões

devem ser reduzidas. Por exemplo, as informações cadastrais mínimas necessárias para

a realização do controlo de pressão são:

− Curvas de nível de pelo menos 5 em 5 metros

− Traçado integral da rede de distribuição existente

− Localização de reservatórios, VRP e sobrepressoras

− Indicação de registos de consumos

− Localização de grandes consumidores

− Mapeamento de roturas

A manutenção de um cadastro que espelhe a realidade do sistema é essencial para

possibilitar um perfeito controlo do sistema de distribuição de água. Os sistemas de

informação geográfica (SIG) são bastante eficazes pois possibilitam uma resposta rápida

na tomada de decisões, embora a sua implementação não seja fácil e representa um

investimento considerável.

EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo E – Medidas de Acção a Implementar Página 1 de 23

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA

A modelação matemática é uma ferramenta muito útil para a simulação do comportamento

hidráulico de uma rede de distribuição. O ponto-chave para a correcta utilização dos

modelos matemáticos é a sua calibração sendo necessário definir quais e quantos pontos

de medição de pressão e de caudal são necessários e suficientes. Muitos modelos

matemáticos possibilitam já resultados satisfatórios oferecendo dados para análise de

pressões em pontos da rede, velocidade nas condutas e qualidade da água.

O sistema de distribuição sofre contínuas mudanças ao longo do tempo, com a evolução

populacional, a variação no tipo de consumo (residencial, comercial e industrial),

envelhecimento das condutas com o consequente aumento da rugosidade das mesmas,

etc. Esta dinâmica obriga a um controlo contínuo da rede e implica reajustes periódicos na

modulação desenvolvida de forma a validar e actualizar os pressupostos do modelo.

Apenas com um modelo bem calibrado e que traduz a realidade do sistema é possível

garantir um ajustamento real da pressão ou programar a substituição de troços de

condutas.

2. MACROMEDIÇÃO A macromedição é o conjunto de medições realizadas no sistema público de

abastecimento de água desde a captação de água bruta até aos pontos de entrada para

distribuição, tais como medição de água bruta captada ou medições na entrada de

sectores de distribuição.

As perdas num sistema de abastecimento são calculadas pela diferença entre os volumes

disponibilizados (medidos pelo sistema de macromedição) e o total dos volumes

consumidos (medido em contadores prediais e outros). A partir da medição podem ser

tomadas medidas para evitar ou minimizar perdas de água. A macromedição tem assim

por objectivo fornecer a ferramenta necessária à avaliação dos volumes de água que

circulam num sistema público de abastecimento.

A implementação de um sistema de medição não pode ser visto como uma operação

isolada, independente do contexto em que se insere e das suas finalidades. No

estabelecimento de um sistema de medição devem ser formuladas as seguintes

perguntas:

− Por que medir?

− O que medir?

− Como medir (Frequência, tipo de instrumentos, procedimento operacional)?

EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo E – Medidas de Acção a Implementar Página 2 de 23

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA

Cada uma das perguntas e respectivas respostas estarão condicionadas às características

concretas do sistema, às disponibilidades financeiras, aos recursos humanos disponíveis e

à lógica de funcionamento do sistema.

Cumpre destacar que o factor humano tem uma enorme importância no grau de exactidão

e confiabilidade de qualquer sistema de medição, do mais simples ao mais complexo,

podendo ser obtidos maus resultados se a equipa não estiver ajustada ou envolvida nos

objectivos estabelecidos.

2.1. Instalação e Funcionamento de Medidores

A correcta instalação de medidores, evitando a existência de erros de projecto que

possam prejudicar a sua exactidão e até mesmo inviabilizar o seu funcionamento, é

fundamental para a obtenção de bons resultados num sistema de medição.

Um dos primeiros passos será o de conhecer e obedecer às condições de instalação

definidas nos catálogos dos equipamentos, devendo ser seguidos os seguintes aspectos:

− Prescrições para a instalação e distância, definidas em termos de diâmetros e

troços rectilíneos a montante e a jusante do medidor;

− Regime hidráulico de funcionamento da rede de forma a compatibilizar com o

regime e faixas de medição especificas;

− Condições de acessibilidade aos medidores tanto para manutenção correctiva

como preventiva.

O correcto funcionamento do medidor poderá ser comprometido devido à ocorrência de

condições hidráulicas adversas, derivada de opções tomadas tanto na fase de projecto

como de exploração.

2.2. Localização de Medidores

A localização dos medidores deve cobrir todos os pontos que apresentem interesse para o

controlo da distribuição de água, ou seja, todos os pontos de entrada (pontos de entrega,

captações, …) e de saída de água (consumidores/contadores domésticos, exportação) do

sistema de modo a determinar todas as variáveis que entram para o cálculo do balanço

hídrico.

2.3. Parâmetros a serem medidos

Os parâmetros a serem medidos dependem dos objectivos e dos recursos disponíveis,

sendo normalmente contabilizado o caudal e a pressão (ao longo do tempo).

EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo E – Medidas de Acção a Implementar Página 3 de 23

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Caudal: o histórico dos caudais permite que se estabeleça o consumo base que

comparando com as necessidades permite determinar o défice real a ser suprimido. Em

redes de distribuição, os caudais quando considerados de forma simultânea com as

pressões, cotas topográficas e demais informações cadastrais, permitem a modulação do

funcionamento da malha. Associado ao factor tempo poderão ser calculados os volumes

que circulam no sistema.

Pressão: a sua medição e controlo permite optimizar o funcionamento dos sistemas de

distribuição e diminuir as perdas por roturas não visíveis. A utilização da medição da

pressão é utilizada, por exemplo, para a identificação das zonas de alta pressão para

aplicação de válvulas redutoras de pressão.

2.4. Aquisição e Tratamento de Dados

Os dados obtidos constituem o principal produto do sistema de medição. A sua utilização

imediata é importante assim como o histórico de valores de modo a permitir a construção

de uma base de dados. Os dados recolhidos deverão ser compilados, processados,

arquivados e devidamente tratados de modo a gerir a afectação de recursos de forma

optimizada e a fornecer informações fundamentais para o planeamento dos serviços.

2.5. Sistemas Automatizados

Nos sistemas automatizados reduzem-se as actividades de leitura, mas, por outro lado,

amplia-se a necessidade de constituir uma equipa de profissionais especializados em

instrumentação e manutenção. Os sistemas de distribuição localizados em regiões

urbanas densamente povoadas apresentam um quadro desfavorável à leitura periódica e

criteriosa dos medidores, sendo neste caso oportuno automatizar, mesmo parcialmente, o

sistema de medição.

2.6. Controlo Operacional

A partir das informações recebidas dos diversos pontos de medição, do nível dos

reservatórios e de outros dados, poderá ser organizada uma central de controlo

operacional. Para pequenos sistemas poderá ser prescindível a central, mas para grandes

cidades é difícil operar-se sem o seu auxílio. Sob o ponto de vista de controlo de perdas, a

correcta operação evita que hajam sobrepressões em determinados sectores ou o

extravasamento de reservatórios e falta de água em outras zonas. O papel da central é

assim da maior importância para a organização e optimização da operação.

EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo E – Medidas de Acção a Implementar Página 4 de 23

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2.7. Recursos Humanos

Nos casos em que a leitura da medição é realizada por funcionários da entidade gestora, o

profissional de operação realiza esse serviço como parte menor das suas actividades, o

que pode resultar numa baixa qualidade e exactidão das leituras. Devem ser

implementadas actividades de treino e de desenvolvimento dos profissionais de operação,

com a finalidade de valorizar os procedimentos de macromedição e o papel de cada

profissional no controlo do sistema de medição.

2.8. Manutenção Preventiva e Calibração

A manutenção preventiva envolve desde a limpeza e manutenção do local onde se

encontra instalado o medidor até à sua revisão geral, realizada periodicamente. A limpeza

e conservação do local de instalação, aparentemente banal, é fundamental tanto para a

qualidade das leituras quanto para a avaliação dos problemas que podem passar

despercebidos.

A calibração deverá ser realizada com uma periodicidade que no mínimo deverá ser anual,

dependendo essa periodicidade do tipo de equipamento e das variáveis locais do sistema.

O primeiro sinal de perda de eficiência de um medidor poderá ser percebido através dos

próprios dados de leitura, quando é registado uma variação ou tendência em relação aos

registos históricos, por exemplo quando as medições vão decrescendo mês a mês.

2.9. Controlo de Perdas

As actividades e acções deverão ser sistemáticas e compreendem a análise e

consistência de dados, compatibilização de equipamentos, resolução de não

conformidades e solicitação de calibrações.

A verificação das leituras deve ser diária. Para tanto é necessário que haja uma referência

de volumes ou caudais para comparação e avaliação de possíveis desvios. O processo

ideal é o do acompanhamento horário que, no entanto, só é possível com a automação

dos processos.

Em sistemas de pequeno e médio porte onde as leituras dos contadores são feitas com

alguma rapidez é possível totalizar os valores das perdas através da comparação com o

volume macromedido.

Em sistemas de maior porte o procedimento de leitura de contadores já é mais longo não

sendo possível aguardar o resultado das leituras para efectuar a totalização das perdas.

EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo E – Medidas de Acção a Implementar Página 5 de 23

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Deve assim ser trabalhada uma amostragem estatística para prever a evolução dos

consumos e o volume total de perdas.

3. MICROMEDIÇÃO A micromedição é a medição do consumo de água realizada no ponto de abastecimento

de um determinado consumidor, independente da sua categoria (residencial, comercial,

industrial) ou faixa de consumo. A contagem individual do consumo de água possibilita

uma cobrança mais justa do serviço prestado, inibe o excesso de consumo, estimula a

economia e fornece dados operacionais importantes sobre o volume fornecido e potenciais

perdas.

É deste modo importante que o sistema de medição “em baixa” nunca apresente

contadores parados ou com contagens inferiores às reais, o que implica, além da evidente

perda de facturação, valores errados dos indicadores de perdas no sistema, pois apesar

da água ser fornecida ao consumidor, parte dela não é contabilizada.

Não deve também ser esquecida a importância da escolha do tipo de contadores de modo

a produzir o melhor retorno económico.

A micromedição do consumo de água de abastecimento público permitirá:

− Induzir à diminuição do consumo e eventual desperdício se estiver associado um

sistema tarifário conveniente

− Determinar as características físicas de funcionamento do sistema de

abastecimento permitindo assim determinar a parcela da perda física

− Disponibilizar valores de consumos para a avaliação da evolução de

comportamentos e das tendências dos consumidores ao longo do tempo

permitindo estabelecer projecções e formular cenários tendo em vista a

optimização da utilização e a gestão dos recursos hídricos.

− Uma adequada gestão económico-financeira do prestador de serviços, elevando o

nível de eficiência quanto à utilização de recursos hídricos

A selecção dos contadores deve ter em conta as condições reais de operação que

deverão estar dentro das faixas para as quais ele foi projectado. Devem ser tidos em conta

os seguintes factores:

− Qualidade da água

− Condições de instalação

EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo E – Medidas de Acção a Implementar Página 6 de 23

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− Consumos.

3.1. Tipos de medidores

Uma escolha correcta do tipo de medidores a utilizar poderá facilitar grandemente a

operação e manutenção de ZMC.

Os tipos de medidores geralmente disponíveis no mercado para as gamas de diâmetros

habitualmente utilizados em ZMC, e considerados adequados para essa finalidade, são os

seguintes:

− Mecânicos: tipo hélice ou Woltman, com a possibilidade de ligação a um registador

mecânico ou a um gerador de impulsos. Mais utilizados para medição permanente

de caudais em redes de distribuição.

− Electromecânicos: em que a rotação de uma turbina é electronicamente convertida

para valores analógicos ou de frequência.

− Electromagnéticos: medidores que não induzem perturbações no escoamento,

baseados na leitura das variações de um campo magnético, produzindo valores

analógicos ou de frequência. Alternativa mais rentável para a medição permanente

de caudais em redes de distribuição.

− Ultra-sónicos: medidores que não introduzem perturbações no escoamento

estimando o caudal a partir do tempo de percurso de um sinal ultra-sónico e

produzindo valores analógicos ou de frequência. Alternativa mais rentável para a

medição permanente de caudais em redes de distribuição.

3.2. Localização de Contadores

Tipo Vantagens Desvantagens

Dentro da área do consumidor

− Menor custo de manutenção − Medidor mais protegido − Responsabilidade do consumidor pela

conservação

− Maior índice de leituras não efectuadas devido à ausência do consumidor

− Maior facilidade para a execução de desvios clandestinos

− Maior dificuldade na execução do corte da ligação

Fora da área do

consumidor

− Maior facilidade de acesso ao medidor para efectuar a leitura e a manutenção

− Dificulta a realização de derivações clandestinas

− Facilita o corte da ligação − Diminui a não ocorrência de leituras

devidas à ausência do consumidor − Dificulta a inversão do medidor pelo

consumidor

− Maior custo de manutenção e de instalação − Facilidade de roubo do medidor − A responsabilidade pela conservação da caixa

e do medidor é do prestador de serviços

EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo E – Medidas de Acção a Implementar Página 7 de 23

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3.3. Condições de instalações

O dimensionamento de um medidor consiste em determinar o tamanho, ou caudal

nominal, do aparelho que deverá ser instalado numa ligação específica.

A consequência da escolha inadequada dos medidores instalados em ramais prediais, terá

as seguintes consequências:

− Sobredimensionamento, leva à submedição e à consequente perda de facturação

− Submedição, resulta no desgaste do equipamento originando erros de medição

Para que os contadores conservem as suas características metrológicas após a

instalação, devem ser tidas em conta as seguintes recomendações:

− Manter troços rectos de condutas a montante e a jusante do medidor, evitando

curvas, tês, válvulas de seccionamento, válvulas de retenção, bombas, etc., que

podem alterar o perfil de velocidade de escoamento ou causar turbilhões;

− Instalar o medidor de acordo com as especificações do fabricante, caso se

coloquem em posição inadequada originarão desgastes prematuros das peças,

prejudicando o seu funcionamento

− Conhecer previamente as variações de pressão a que o medidor estará submetido

− Conhecer a qualidade da água tendo em conta que:

o Partículas em suspensão: deverão ser suprimidas dado que danificarão o

medidor, alterando a sua medição, será assim necessário prever a

instalação de um filtro a montante do medidor não devendo o conjunto

provocar uma perda de carga

o Presença de ar na água: deverá ser evitada pois modificará o grau de

exactidão do medidor devendo ser instaladas ventosas para a libertação

desse ar, a uma distância razoável e a montante do medidor

o Substâncias em solução na água: a presença de cálcio e magnésio,

responsáveis pela dureza na água, poderá provocar incrustações e alterar

acentuadamente a precisão de leitura do medidor.

Para que os serviços de leitura, instalação, substituição e manutenção dos medidores

sejam executados com facilidade, são necessários os seguintes requisitos:

− Local de fácil acesso, bem iluminado e seco

− Distâncias entre medidor e as paredes da caixa deverão ser as suficientes para

EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo E – Medidas de Acção a Implementar Página 8 de 23

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que o manuseio das ferramentas a serem utilizadas seja possível, e para que a

leitura possa ser feita directamente sem dificuldades

3.4. Leitura e Processamento de Dados

A periodicidade das leituras é um factor importante tanto para a eficiência dos sistemas de

controlo e gestão operacional e comercial como para a gestão financeira dos serviços. A

periodicidade pode ser mensal, quinzenal, semanal, dependendo do tipo de consumo e da

sua variação.

As formas mais usuais de processamento de dados de consumo, facturação e cobrança

dos serviços são a emissão manual e o uso de recursos de informática. A emissão manual

é cada vez menos utilizada, dadas as suas limitações e desvantagens, sendo actualmente

utilizados quase exclusivamente equipamentos informáticos e softwares específicos.

4. CONTROLO DE PRESSÃO NA REDE A pressão é reconhecida como um factor determinante num sistema de abastecimento de

água para o controlo do caudal de perdas, para os consumos e para a taxa de roturas em

condutas. Se implementada adequadamente é uma medida básica para a minimização de

perdas que apresenta uma elevada eficácia com uma boa relação de custo-benefício.

Normalmente, o dimensionamento de uma rede de distribuição pressupõe a garantia de

um nível de pressão mínima, para a situação mais desfavorável (cenário de ponta) no

ponto mais crítico do sistema. Deste modo, se não for efectuada uma gestão activa de

pressões, a rede de distribuição funcionará com pressões superiores ao necessário

durante os extensos períodos em que os consumos são inferiores à ponta. Durante o

período nocturno, de mais baixo consumo, as pressões na rede tendem a aumentar sendo

imprescindível que sejam diminuídas ainda mais do que nos períodos diurnos.

Não esquecer que muitos sistemas apresentam níveis de pressão muito baixos sendo

difícil a sua redução.

O controlo de pressão na rede possibilita assim:

− Reduzir o volume de água perdido: a redução da pressão é particularmente

importante para a diminuição das pequenas fugas, indetectáveis, como por

exemplo em juntas e ligações;

− Reduzir a frequência de rebentamentos de tubagens e consequentes danos que

levam a reparos onerosos, minimizando as interrupções de fornecimento e os

EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo E – Medidas de Acção a Implementar Página 9 de 23

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CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA

perigos causados: as flutuações diárias de pressão levam ao enfraquecimento das

infra-estruturas e ao aumento da taxa de roturas, reduzindo a vida útil das redes;

− Dotar um serviço com pressões mais estabilizadas para o consumidor, diminuindo

a ocorrência de danos nas instalações prediais: o padrão de consumos diário leva

à ocorrência de flutuações significativas de pressão, sendo esta por sua vez

dependente das perdas de carga ao longo da rede e da configuração do sistema.

As pressões baixas podem resultar em caudais baixos e ao não funcionamento de

certos aparelhos e as pressões altas podem resultar em avarias em aparelhos

onde não possa ser ultrapassada uma determinada pressão e ao mau

funcionamento de dispositivos de aquecimento de água;

− Reduzir os consumos relacionados com a pressão da rede: a permanência de

pressões com valores acima dos regulamentares pode levar ao aumento do

consumo de água quando da utilização de dispositivos como torneiras, chuveiros

ou bocas de rega.

Em síntese obtêm-se um efeito geral de redução do risco de aumento do número de

roturas e do caudal de perdas e um aumento da fiabilidade do sistema bem como da

qualidade do serviço prestado. Apesar de eficaz, o controlo de pressão na rede é apenas

uma das acções possíveis para o combate às perdas de água devendo ser concertada em

conjunto com outras medidas.

A gestão de pressão na rede pode resultar de um aumento ou descida da pressão em

diferentes sectores da rede de distribuição, sendo conveniente o uso de sistemas

dinâmicos que tenham resposta para as variações diárias de consumo. Diferentes

alternativas podem ser tidas em conta, desde a sectorização das redes até às válvulas

automáticas de controlo dinâmico. Cada uma das hipóteses deve ser adequada ao tipo de

sistema e ao modo de exploração do mesmo.

4.1. Técnicas de controlo de pressão

4.1.1. Sectorização por Patamares de Pressão

Uma forma de controlar a pressão num sistema é através da sua sectorização,

frequentemente com recurso a válvulas, de modo a estabelecer patamares de pressão.

Através da análise e definição dos patamares de pressão de um sistema de

abastecimento poderá ser feito, de um modo expedito, o controlo de pressão na rede, na

medida em que poderão ser corrigidos e/ou alterados procedimentos e práticas comuns de

exploração.

EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo E – Medidas de Acção a Implementar Página 10 de 23

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CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA

Em situações ideais, cada sector do sistema de abastecimento é constituído por um

reservatório de distribuição destinado a regularizar as variações da adução e da

distribuição e condicionar as pressões na rede de distribuição. Em certos caso, poderá

ainda existir um reservatório elevado cuja principal função será a de servir os aglomerados

existentes nas zonas com cotas topográficas mais altas e que, por essa razão, não podem

ser abastecidos pelo reservatório principal. Neste caso o sector encontra-se dividido em

zonas de pressão, na qual as pressões estáticas e dinâmicas deverão obedecer aos

limites pré-fixados e respeitar os valores regulamentares.

Segundo o Regulamento Geral dos Sistemas Públicos e Prediais de Distribuição de Água

e de Drenagem de Águas Residuais (Decreto-Lei n.º 23/95, de 23 de Agosto) a pressão

máxima, estática ou de serviço, em qualquer ponto de utilização não deve ultrapassar os

600 kPa medido ao nível do solo, impondo-se uma variação máxima ao longo do dia de

300 kPa. O artigo 21º refere ainda que a pressão de serviço em qualquer dispositivo de

utilização predial para o caudal de ponta não deve ser inferior a 100 kPa, correspondendo

aproximadamente a (100 + 40 x n), em que n é o número de pisos.

Assim para que todo o sector possa ser abastecido apenas por um reservatório, é

necessário que o mesmo se situe numa cota de pelo menos 10 metros acima da cota mais

elevada do sector.

Num sistema de abastecimento, a definição das zonas de pressão é feita tomando como

base a limitação da pressão estática máxima em 600 kPa no ponto mais baixo da zona de

pressão e a limitação da pressão dinâmica mínima em 100 kPa no ponto crítico de

pressão. O ponto crítico é aquele, dentro da zona de pressão, onde se verifica a menor

pressão dinâmica, isto é, o ponto mais elevado ou o mais distante. Este ponto é utilizado

para estimar o potencial de redução de pressão na área e para controlar o sistema.

A sectorização deve garantir não só a pressão mínima mas também a pressão máxima e a

manutenção de um nível de pressões estável, devendo ser encontradas soluções

adequadas para os edifícios altos e para as instalações industriais.

Os sectores podem ter dimensões muito variadas devendo ser avaliados para cada caso.

Na estratificação da rede em patamares de pressão, poderá ser necessário proceder à

substituição de condutas a à alteração no funcionamento da rede.

EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo E – Medidas de Acção a Implementar Página 11 de 23

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CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA

Para o estabelecimento de sectores deverão ser definidas zonas com características

idênticas (físicas e hidráulicas) nunca devendo ser posto em causa a garantia dos níveis

de serviço e os cenários normais de funcionamento.

4.1.2. Válvulas Redutoras de Pressão

As válvulas redutoras de pressão (VRP) são acessórios que permitem manter uma

pressão pré-definida a jusante da sua instalação.

Existem assim três tipos básicos de controlo de pressão com utilização de VRP:

− Pressão de saída fixa (sem controlador): é usada quando se pretende obter um

valor de pressão fixo à entrada de uma zona. Aplica-se quando o sistema a ser

controlado não tem mudanças significativas de caudal e apresenta reduzidas

perdas de carga (< 10 m.c.a.).

− Pressão de saída modulada por tempo: é usada para controlar um sistema que

apresenta uma elevada perda de carga (> 10 m.c.a.) e variações de consumo

regulares, funcionando a válvula com patamares de pressão pré-definidos no

tempo. As VRP moduladas por tempo permitem uma forma simples de controlo de

pressão, constituindo a solução mais barata. É particularmente adaptada para

situações de pressão nocturna excessiva. O principal problema ocorre quando são

pedidos caudais elevados, como no caso de combate a incêndios, dado que a

regulação é fixa. Uma limitação adicional resulta no facto de não ser conveniente

aumentar a gama de variação de pressões a mais de 20 m pois poderão ocorrer

riscos de ocorrência de choque hidráulico e cavitação.

− Pressão de saída modulação por caudal: é usada para o controlo em sistemas que

apresentam grandes perdas de carga e grandes variações de consumo, que

podem depender do tipo de uso, da sazonalidade ou da população. Esta VRP

necessita de estar associada a um medidor de caudal. Apesar de ser o tipo de

controlo mais eficaz, pois permite uma maior flexibilidade no controlo, é também o

mais caro.

− Pressão de saída modulada por pressão no ponto crítico: é controlada em função

da pressão verificada num ponto crítico da zona, sendo a pressão de saída

ajustada de modo a não se verificar excesso de pressão durante todo o período,

pré-determinando-se a pressão no ponto crítico.

Em locais já operados e com registos de exploração, a escolha da válvula redutora de

pressão pode ser feita em função do histórico de caudais, pressões e índices de perdas. A

viabilidade para o controlo de pressão na rede pode ser avaliada pela medição de pressão

EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo E – Medidas de Acção a Implementar Página 12 de 23

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CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA

no ponto crítico, durante o período de ponta, em que pressões acima de 30 m.c.a. indicam

potencial para o controlo de pressão.

Os pontos de medição necessários para o bom dimensionamento da válvula (VRP) são:

− Medição de caudal e de pressão a montante do local de instalação de VRP

− Medição de pressão no ponto critico

− Medição de pressão no ponto representativo de pressão média nocturna

− Medição de pressão num ponto próximo de grandes consumos

Para dimensionar correctamente as VRP é importante ter em conta o impacto das

flutuações sazonais do caudal e o tipo de zona que está a ser suprimida. O mau

funcionamento das VRP pode resultar em instabilidade das pressões, aumento de roturas

e abastecimento insuficiente aos consumidores.

É também recomendável a análise do historial de roturas e reparação das mesmas na

área de influência da futura VRP, uma vez que esse dado será utilizado para a

identificação dos pontos críticos da rede contribuindo assim para a verificação do

dimensionamento da válvula.

A instalação das válvulas compreende:

− Execução das caixas

− Execução do by-pass

− Instalação da VRP, acessórios e filtro a montante

− Instalação do medidor de caudal

A instalação de um filtro a montante é fundamental para garantir a operacionalidade da

válvula de modo a não ocorrer danos na mesma. Ainda é recomendável a instalação de

uma ventosa a montante da válvula em locais onde existe um fornecimento intermitente no

abastecimento pois a entrada de ar na VRP poderá danificá-la.

O medidor deverá ser colocado, de acordo com as normas do fabricante sendo corrente a

adopção de 5 DN a jusante de perturbações de escoamento e de 3DN a montante do

mesmo, para garantir a precisão da medição.

A pré-operação de uma nova instalação deverá seguir os seguintes passos:

− Medições com válvula aberta: deverão ser feitas num período mínimo de 24 horas

e deverá ser medido o caudal à entrada da VRP e a pressão na entrada e na saída

EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo E – Medidas de Acção a Implementar Página 13 de 23

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CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA

da VRP, nos pontos críticos do sistema e no ponto representativo de pressão

média nocturna. A VRP deverá ficar em posição aberta.

− Teste controlado com pressão a jusante reduzidas: deve-se regular a VRP para

reduzir a pressão máxima do sistema em patamares de 5 mca e monitorizar os

caudais e as pressões durante 24 horas. Repetir até atingir a pressão desejada no

ponto crítico.

− Teste adicional para válvulas com modulação de caudal: todos os testes anteriores

deverão ser efectuados com o medidor de caudal desligado sendo depois

efectuada a monitorização do caudal durante 24 horas.

4.1.3. Sobrepressoras

Em alguns sectores de sistemas de abastecimento há sectores onde a pressão não é

suficiente para garantir o abastecimento durante todo o dia, havendo intermitências,

principalmente nos períodos de ponta. Uma forma de resolver tal problema é a

implantação de sobrepressoras de modo a elevar a pressão somente na zona do sistema

onde existem problemas de abastecimento, sem aumentar a pressão nas restantes zonas.

A utilização de bombas com velocidade fixa, controladas através de pressóstatos para

ligá-las e desligá-las apesar de terem um custo de instalação mais baixo do que as

bombas de velocidade variável apresentam como principal desvantagem originar um maior

número de rebentamentos derivados da introdução de sucessivos golpes de aríete na rede

de distribuição.

A utilização de bombas de velocidade variável permite uma maior flexibilidade na gestão

das pressões e uma melhor adaptação às solicitações de consumo.

4.1.4. Reservatórios e Instalações elevatórias

Tanto os reservatórios como as estações elevatórias apresentam algum potencial para o

controlo de pressões. Através do estabelecimento dos níveis operacionais dos

reservatórios poderá ser impedida a possibilidade de ocorrência de extravasamentos que

podem estar na origem de perdas significativas.

4.2. Implementação de um Programa de Controlo de Pressão na Rede

A implementação de um programa de controlo de pressão na rede deverá ser abordado de

uma forma integrada e faseada pois implica em muitos outros aspectos de gestão de um

sistema de abastecimento de água.

EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo E – Medidas de Acção a Implementar Página 14 de 23

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CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA

A concepção de um plano de acção deverá ter em conta os requisitos de funcionamento

do sistema e avaliar os efeitos da nova sectorização da rede por patamares de pressão

incluindo:

− Garantia das pressões mínimas e máximas em qualquer ponto do sistema

− Estabilidade da pressão na rede de distribuição

− Garantia dos caudais e pressões em edifícios altos e indústrias

− Efeitos na redução do caudal de perdas e na taxa de ocorrência de novas fugas

− Previsão dos efeitos do controlo de pressões no aumento de facturação

− Garantia de enchimento adequado de reservatórios no período nocturno

− Garantia de bom funcionamento das VRP

Com base na metodologia definida pelo Grupo de Trabalho promovido pelo IRAR/LNEC

no âmbito do “Controlo de Perdas de Água em Sistemas de Adução e Distribuição”

sistematiza-se no esquema seguinte os passos a seguir para a abordagem do problema.

Avaliação da dimensão do problema

Definição de uma estratégia de controlo de perdas

Medição zonada

Localização de fugas

Reparação

Gestão de pressões

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Avaliação de resultados

Análise e avaliação do sistema existente,

identificando os níveis actuais de pressão, perdas e roturas

Identificação de alternativas possíveis para controlo de pressões (geral e sectorial)

incluindo faseamento e implementação

Avaliação das alternativas e selecção dos esquemas a

implementar

Dimensionamento detalhado dos esquemas seleccionados e definição do programa de

implementação

Implementação de acordo com o faseamento definido e

estabelecimento dos programas de operação e

manutenção

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1. Avaliação dos níveis actuais de pressões, perdas e roturas

− Com informação disponível e ferramentas como modelos matemáticos e cadastro

EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo E – Medidas de Acção a Implementar Página 15 de 23

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA

informatizado (se existir)

− Informação de medições no sistema – pré-existente e monitorização complementar

em pontos críticos

− Dados de operação do sistema e reclamações dos consumidores

2. Identificação de esquemas alternativos para controlo de pressões (geral e sectorial)

− Delimitação de novas zonas com pressão reduzida (ZGP – zonas de gestão de

pressão)

− Eventual extensão de ZGP existentes

− Novos sistemas de controlo de pressão em ZGP existentes

− Localização de sobrepressoras em certas zonas de forma a permitir a redução de

pressão noutras

− O potencial para redução da pressão deve ser avaliado considerando a pressão

nos pontos críticos e as pressões médias nocturnas

− As fronteiras de cada zona devem incluir

− Número de válvulas de fronteira

− Número de pontos críticos e suas cotas

− Potencial de redução da pressão em situação de ponta a partir da

estimativa de pontos críticos,

− Número de consumidores em cada ZGP

− Número de locais para colocação de VRP

3. Avaliação das alternativas e a selecção dos esquemas a implementar

− Recurso a indicadores de desempenho

− Análise de custo – benefício devendo ser considerado

− Custos: associados à fase de dimensionamento, aquisição de equipamento,

instalação, monitorização, manutenção de válvulas, intervenções na rede de

distribuição

− Redução do caudal de perdas reais

− Redução do número de roturas

− Aumento da vida útil da rede de distribuição

− Aumento da qualidade de serviço e redução do número de reclamações

− Redução dos custos de exploração

− Impacto nas necessidades de investimento para resposta ao aumento da

EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo E – Medidas de Acção a Implementar Página 16 de 23

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CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA

procura

− Melhoria do controlo operacional da rede

4. Dimensionamento detalhado dos esquemas e definição do programa de implementação

− Selecção de VRP adequadas considerando os seguintes critérios

− Custo

− Adequação a instalações com telemetria

− Possibilidade de controlo remoto

− Facilidade de manutenção

− Fiabilidade

− Disponibilidade

− Gama de operação (caudal e pressão)

− Estabilidade na pressão de saída

− Rapidez de resposta

− Dimensionamento das VRP

− Configurações com mais de um ponto de abastecimento para cada zona ou mais

de um ponto critico para estabelecer o nível de referência para a pressão a jusante

da VRP

5. Implementação e estabelecimento dos programas de operação e manutenção

− Deverá ser acompanhado e ajustado periodicamente, devendo ser prevista a

monitorização, permanente ou em períodos representativos das variações diárias,

semanais ou sazonais.

5. CRIAÇÃO DE ZONAS DE MEDIÇÃO E CONTROLO A criação de zonas de medição e controlo (ZMC) é uma técnica de controlo de caudais e

de perdas que envolve a divisão criteriosa da rede de distribuição num conjunto de zonas

mais pequenas, de limites bem definidos, cujas entradas e saídas de água são

controladas em campanhas temporárias ou permanentes de medição de caudais,

obtendo-se assim informação detalhada sobre o balanço de caudais e o comportamento

dos consumos.

A implementação de uma zona de medição e controlo para detecção de fugas em redes

de distribuição pressupõe um conjunto de procedimentos que devem ser seguidos, com

EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo E – Medidas de Acção a Implementar Página 17 de 23

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DIRECÇÃO DE ENGENHARIA

CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA

Levantamento das características topológicas e

operacionais da rede

Definição (ou reajuste) das Zonas de Medição e Controlo

(ZMC)

Simulação do funcionamento hidráulico da rede e reajuste

das ZMC

Definição pormenorizada de pontos de medição e tipos de

aparelhos a utilizar

Definição da estratégia e planos de controlo das ZMC

Adaptação a novas condições de funcionamento

Registo das ocorrências e construção de uma base de

dados das anomalias

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7

prudência, de forma a evitar a deterioração do funcionamento hidráulico da rede e

consequente prejuízo no abastecimento aos consumidores.

A medição zonada é um método de controlo de fugas utilizado internacionalmente,

permitindo quantificar perdas em redes de distribuição através de dois métodos de cálculo

baseados no balanço hídrico e na observação do comportamento dos consumos: método

dos caudais totais e o método dos caudais nocturnos.

O método dos caudais totais baseia-se no cálculo do balanço hídrico dentro de cada ZMC,

utilizando os volumes de água medidos durante um intervalo de tempo, subtraindo dos

volumes de água afluente todos os volumes de água saídos e conhecidos. O resultado

será o volume de perdas nesse período,

conforme já demonstrado no capítulo 2.2 do

Plano de Minimização de Perdas de Água.

O método dos caudais nocturnos efectua o

mesmo tipo de cálculo, mas utilizando

caudais em vez de volumes, e medindo

apenas durante as horas nocturnas de

menor consumo.

Para além do controlo de perdas, a medição

zonada permite um maior conhecimento do

comportamento dos consumos efectivos no

sistema e da resposta hidráulica desses

sistemas a essas solicitações.

1. Levantamento das características

everá

topológicas e operacionais da rede

O levantamento das características d

ser efectuado com base no cadastro da

rede e no modelo de simulação hidráulico1.

Deverão ser identificadas as componentes

de adução e de distribuição e os patamares

de pressão. A rede deverá ser vista tendo

em conta a sua sectorização em zonas de

1 Existem softwares gratuitos de modelação hidráulica de sistemas, disponíveis para download na INTERNET tais como o Epanet 2.0 em Português em www.dha.lnec.pt/nes/epanet.

EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo E – Medidas de Acção a Implementar Página 18 de 23

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CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA

menor dimensão, de modo a poder medir os caudais fornecidos a cada uma e as pressões

ao longo do dia.

Nesta fase deve ser obtida uma primeira estimativa do volume de perdas face à dimensão

da rede, o que passa pelo diagnóstico completo do sistema e respectivas anomalias.

2. Definição das Zonas de Medição e Controlo

Após o apuramento de todos os dados de base – características topológicas e

operacionais – procede-se à definição das Zonas de Medição e Controlo.

Um critério de delimitação de uma ZMC poderá ser o número de consumidores,

normalmente entre 500 a 3000 ligações. Até 3000 ramais por zona de medição dado que

se considera que acima desse valor será difícil manter a metodologia com alguma eficácia

na identificação e localização de áreas críticas e no apoio a posteriores manobras de

detecção de perdas. Por outro lado, a dimensão mínima aconselhada deverá rentabilizar

os custos associados.

A delimitação da ZMC deverá iniciar-se com um estudo cuidadoso da zona de rede

envolvida recorrendo sempre que possível à modelação existente e ao conhecimento

directo por parte do pessoal de exploração, procurando identificar as potenciais áreas

críticas.

O processo de delimitação deverá tentar minimizar o custo de instalação e manutenção do

esquema procurando seguir a topologia natural e as fronteiras hidráulicas da rede. Deverá

ter em consideração os patamares de pressão a que a rede se encontra sujeita bem como

as limitações hidráulicas de funcionamento.

As condutas principais (com diâmetros de 300 mm ou superior) devem ser deixadas de

fora das ZMC, de forma a dispensar a instalação de dispendiosos medidores, dado o

elevado diâmetro, mas também para refinar o processo de medição de caudais.

Os medidores de caudal serão colocados nos pontos de alimentação e saída de caudal,

idealmente acoplados a sistemas de registo dos valores medidos e/ou a equipamentos de

transmissão remota. As condições topológicas, funcionais e operacionais da rede de

distribuição influenciarão o número de pontos de controlo de caudal.

3. Simulação do funcionamento hidráulico

O apoio informático assume características de enorme valia para este processo, antes e

após a definição das ZMC, avaliando o comportamento hidráulico da rede e permitindo a

determinação de várias possibilidades de funcionamento.

EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo E – Medidas de Acção a Implementar Página 19 de 23

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CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA

A possibilidade de utilização e manipulação de um simulador hidráulico é de extrema

utilidade no processo de planeamento de um sistema de medição zonada, ganhando-se

sensibilidade ao comportamento do sistema sob as novas condições de operação. As

alterações normalmente introduzidas aquando no estabelecimento de ZMC, através da

introdução ou reconfiguração de válvulas e medidores, terão maior ou menor influência

nas condições operacionais do sistema. Deve-se assim ser evitado que o desempenho

hidráulico se deteriore ou que limitações operacionais desfavoráveis sejam introduzidas,

tais como diminuição ou aumento exagerado da pressão em outras zonas da rede de

distribuição.

O modelo de simulação deverá ser desenvolvido e calibrado para um sistema antes da

divisão em ZMC. O fecho progressivo das fronteiras entre zonas de medição permite

também o ajuste faseado e recalibração do modelo, num processo com os seguintes

objectivos (Curso LNEC/IRAR, 2005):

− Identificação de limitações e erros de configuração no sistema existente, com a

possibilidade de correcção localizada, caso se justifique, ainda antes do

estabelecimento do novo esquema. Exemplos típicos de problemas que os

modelos de simulação ajudam a identificar nesta fase são as válvulas erradamente

abertas ou fechadas, redutores de pressão mal ajustados, etc.

− Planeamento iterativo da divisão de ZMC, permitindo a simulação dos efeitos das

alterações topológicas e operacionais nas pressões da rede e a modificação de

zonas desfavoráveis – por exemplo com a estagnação de caudais ou pressões

baixas – antes de se passar à fase de implementação.

− Simulação e análise dos regimes de entrada de caudal nas ZMC, permitindo a

selecção do número e configuração ideal de pontos de medição e escolha dos

respectivos equipamentos.

A consulta do modelo de simulação possibilita a identificação das tubagens que, poderão

ser incluídas no rastreio (e não interrompidas) bem como aquelas cuja interrupção é

aceitável. A simulação permitirá ainda estudar o efeito provável das alterações sobre a

região, no que diz respeito a abertura e/ou fecho de válvulas e a avaliação do efeito sobre

as pressões na rede ao longo dos consumos previsíveis no horizonte de projecto.

A uma escala menos relevante, a não ser em zonas de pressões muito baixas, o efeito

das perdas de carga adicionais introduzidas pela instalação de medidores de caudais e

respectivos acessórios também pode ser simulado e previsto pelo modelo.

EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo E – Medidas de Acção a Implementar Página 20 de 23

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CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA

A simulação hidráulica servirá de suporte ao trabalho de implementação de ZMC mas para

o correcto desenvolvimento e validação de modelos será necessário um volume

considerável de trabalho, quer computacional quer de campo.

4. Definição pormenorizada de pontos de medição e tipos de aparelhos a utilizar

Todos os limites de uma ZMC devem estar equipados com válvulas de seccionamento e

com medidores de caudal. Para a escolha da localização exacta do ponto de medição é

importante a intervenção do pessoal de campo, mais familiarizado com a área, e

conhecedor das condicionantes de cada local.

A selecção do tipo de medidor que melhor se ajuste com a gama de caudais a medir é

feita em função dos resultados da simulação hidráulica. Todos os pontos de medição

devem ser referenciados bem como os equipamentos utilizados (medidores, datalogger e

outros). Um aspecto importante é a adopção de medidores reversíveis de modo a ser

possível a inversão do sentido de escoamento quando necessário.

Após a instalação completa do sistema de medição será necessário verificá-lo, garantindo

que:

− As fronteiras da ZMC são estanques, ou seja, todas as válvulas deverão estar

completamente fechadas;

− Todos os medidores estão operacionais e a funcionar correctamente.

A metodologia recomendada para esta verificação consiste em, durante a hora de menor

consumo (período nocturno), fechar o abastecimento a determinada ZMC e observar os

comportamentos dos caudais e pressões, devendo também ser verificado se alguma

válvula permite a passagem de água.

5. Definição de estratégias e planos de controlo das ZMC

Será conveniente adoptar estratégias integradas de controlo da rede através do balanço

hídrico, de modo a que, contínua ou periodicamente, seja actualizada e analisada a

evolução da situação nas várias zonas de medição.

6. Adaptação a novas condições de funcionamento

Sempre que existir uma redistribuição dos patamares de pressão ou uma expansão da

rede de distribuição pode-se revelar necessário readaptar os limites das ZMC.

EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo E – Medidas de Acção a Implementar Página 21 de 23

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CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA

5.1. Gestão de Zonas de Medição e Controlo

Para a adequada gestão de ZMC deverá haver uma rotina de processamento dos registos,

da caracterização de ZMC e da procura do Nível-Base.

A informação estática onde são descritas as características físicas da rede de distribuição,

a delimitação e os equipamentos instalados em ZMC deverá estar convenientemente

compilada e disponível, devendo conter: plantas de delimitação de ZMC, plantas de

cadastro na superfície coberta pela ZMC (fornecendo toda a informação relativa à rede e

incluindo a localização dos medidores), esquemático da ZMC e características dos

medidores.

Outro dos trabalhos preliminares será a análise do regime de caudais e dos padrões de

consumo da área em estudo. Deverá ser caracterizada a variabilidade dos caudais, e em

especial os seus mínimos nocturnos, e deverá ser levada a cabo um levantamento

rigoroso de todos os grandes consumidores presentes na

ZMC, que possam ter maior influência nos caudais

nocturnos.

O Nível-Base de perdas é o nível de referência em que se

baseia a estratégia de controlo de perdas, consistindo no

nível de perdas obtido após a reparação de todas as

roturas e avarias detectáveis em função da tecnologia

disponível. A diferença entre o Nível-Base de perdas e o

nível real de perdas dará o volume de água perdido e a

combater, caso fosse dedicada atenção à aplicação de

técnicas de localização e detecção de fugas.

O Nível-Base não coincide necessariamente com o Nível

Económico de Perdas, definido por critérios

essencialmente técnico-económicos, e que habitualmente

é mais elevado.

Um aspecto importante é a possibilidade de faseamento

da determinação do Nível-Base. Particularmente em

situações de percentagens muito elevadas de perdas, e

em que os recursos técnicos e humanos são insuficientes

Verificação das válvulas de delimitação

Localização e detecção de fugas

Reparação rápida de fugas

Medição de caudais nocturnos

Nível-Base atingido

Caudal nocturno éaceitável ou

esforço de localização deixa de ser rentável?

sim

não

EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo E – Medidas de Acção a Implementar Página 22 de 23

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CONTRIBUTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MINIMIZAÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA

para o número de ZMC a gerir, poderá considerar-se a utilização de técnicas de detecção

e localização menos intensivas, que permitirão iterativamente ir reduzindo o nível de

perdas e aproximando-o de um Nível-Base ideal (Curso IRAR / LNEC, 2005).

Uma abordagem alternativa será a de utilizar os registos contínuos de consumo ao longo

do dia para a definição do Nível-Base.

Para além destes aspectos é de destacar, como um dos aspectos mais importantes para a

redução de perdas, a organização cuidada e motivação de uma estrutura de pessoal

adequada, como se retrata no capítulo 3 do Plano de Minimização de Perdas.

Uma vez obtidos os Níveis-Base, através da observação do regime de caudais identificará

a ocorrência de alterações e assim a detecção de perdas. A operação de rotina nas ZMC

deverá ser efectuadas através de leitura directa (manual) ou de modo automático,

permitindo assim a tomada de decisões no sentido de minimização de perdas e do

investimento a fazer na sua detecção.

5.2. Manutenção de Zonas de Medição e Controlo

A utilização de ZMC implica um considerável investimento em meios humanos e

equipamentos devendo por isso ser garantida a sua adequação e manutenção ao longo do

tempo. Para isso deverão ser ajustadas todas as evoluções de consumos e condições de

distribuição que venham a ser modificadas, quer sejam novas ligações ou novos cenários

de operação (pressão, regimes de bombagem, inserção de novas zonas).

Do mesmo modo deverão ser mantidos os equipamentos de medição de caudal e

verificada a sua calibração assim como de todo o restante equipamento de recolha e

armazenamento de dados.

EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Anexo E – Medidas de Acção a Implementar Página 23 de 23

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