contribuições ao acionamento e controle dos motores de

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA Filipe Pinarello Scalcon CONTRIBUIÇÕES AO ACIONAMENTO E CONTROLE DOS MOTORES DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL E SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA Santa Maria, RS, Brasil 2019

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Page 1: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIACENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃOEM ENGENHARIA ELÉTRICA

Filipe Pinarello Scalcon

CONTRIBUIÇÕES AO ACIONAMENTO E CONTROLE DOSMOTORES DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL E SÍNCRONO DE

RELUTÂNCIA

Santa Maria, RS, Brasil2019

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Filipe Pinarello Scalcon

CONTRIBUIÇÕES AO ACIONAMENTO E CONTROLE DOS MOTORESDE RELUTÂNCIA VARIÁVEL E SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA

Dissertação apresentada ao Curso de Mes-trado do Programa de Pós-Graduaçãoem Engenharia Elétrica, Área de Con-centração em Processamento de Ener-gia Elétrica, da Universidade Federal deSanta Maria (UFSM-RS), como requi-sito parcial para obtenção do grau deMestre em Engenharia Elétrica.

Orientador: Prof. D.Sc. Hilton Abílio GründlingCoorientador: Prof. Dr. Rodrigo Padilha Vieira

Santa Maria, RS, Brasil2019

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Ficha catalográfica elaborada através do Programa de Geração Automáticada Biblioteca Central da UFSM, com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Scalcon, Filipe PinarelloContribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

Relutância Variável e Síncrono de Relutância / Filipe PinarelloScalcon - 2019

158 p.; 30 cm

Orientador: Hilton Abílio GründlingCoorientador: Rodrigo Padilha VieiraDissertação (mestrado) – Universidade Federal de Santa

Maria, Centro de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação emEngenharia Elétrica, RS, 2019

1.Engenharia Elétrica 2. Motor de Relutância Variável 3.Motor Síncrono de Relutância 4. Controle de Velocidade 5.Modelagem I. Gründling, Hilton Abílio. II. Vieira, RodrigoPadilha.

c© 2019Todos os direitos autorais reservados a Filipe Pinarello Scalcon. A reprodução de partes ou dotodo deste trabalho só poderá ser feita com autorização por escrito do autor.Endereço: Av. Roraima, No 1000, Bairro Camobi, Santa Maria, RS, Brasil, CEP: 97105-900;Fone: (55) 9-9920-3033;Endereço Eletrônico: [email protected]

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DEDICATÓRIA

A todos aqueles que estiveram perto de mim ao longo do desenvolvimentodeste trabalho e que fazem de minhas conquistas sua felicidade.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Professor Hilton Abílio Gründling pela orientação, motivação ao longoda realização deste trabalho, valiosos ensinamentos acadêmicos e pela confiança deposi-tada desde a iniciação científica, colaborando diretamente à minha formação. Ao professorRodrigo Padilha Vieira pela coorientação, amizade e convívio diário, tendo contribuídode maneira essencial para a realização deste trabalho. Aos demais professores do Grupode Eletrônica de Potência e Controle, pelos conhecimentos compartilhados ao longo desteperíodo.

Aos meu pai, Claudio Roberto Scalcon, e minha mãe, Vera Lucia Pinarello Scalcon,pelo amor, incentivo e apoio incondicional. Agradeço ainda por abrirem mão de tantascoisas, buscando sempre proporcionar a mim uma educação de qualidade.

À minha família, pelo amor, incentivo e compreensão.A todos os meus amigos, essenciais ao longo de todo este período, por todas as

conversas, risadas, festas e churrascos. Agradeço ainda por todos os momentos comparti-lhados, que no futuro serão lembranças de uma das melhores etapas de minha vida.

Aos colegas de laboratório e amigos Caio Osório, Ricardo Morim, Thiago Lazzari eThieli Gabbi pelas diversas conversas e discussões, que certamente contribuíram de formadireta para esta dissertação. Aos demais colegas do GEPOC por proporcionarem umótimo ambiente de trabalho.

Pela colaboração direta na construção da bancada experimental deste trabalho,agradeço os alunos de iniciação científica Henrique Höpner e Marcelo Back e ao técnicoem mecânica do NAFA, Luís Adolfo Berni.

À Universidade Federal de Santa Maria, ao Programa de Pós-Graduação de Enge-nharia Elétrica, professores e técnicos administrativos, pela oportunidade de acesso a umcurso de pós-graduação de tamanha qualidade. Ao GEPOC por fornecer um ambientede trabalho e recursos essenciais ao desenvolvimento desta dissertação. À CAPES pelosuporte financeiro.

A todos aqueles que fizeram parte de minha vida ao longo destes dois anos, con-tribuindo com a realização deste trabalho e com a conclusão de mais esta etapa de minhaformação, muito obrigado!

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“For long you live and high you flyAnd smiles you’ll give and tears you’ll cryAnd all your touch and all you seeIs all your life will ever be.Pink Floyd - Breathe”

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RESUMO

CONTRIBUIÇÕES AO ACIONAMENTO ECONTROLE DOS MOTORES DE RELUTÂNCIAVARIÁVEL E SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA

Autor: Filipe Pinarello ScalconOrientador: Hilton Abílio Gründling

Coorientador: Rodrigo Padilha Vieira

Esta dissertação apresenta contribuições ao acionamento e controle dos motoresde relutância variável e síncrono de relutância. Apresenta-se como principais caracterís-ticas da máquina de relutância variável o baixo custo de produção, robustez, tolerância afaltas, elevado conjugado de partida e ausência de ímãs ou enrolamentos no rotor. Taiscaracterísticas fazem do SRM uma candidata para aplicações aeroespaciais e de traçãoelétrica. A máquina síncrona de relutância, por sua vez, tem como principais caracte-rísticas baixo custo de produção, robustez e ausência de ímãs ou enrolamentos no rotor.Essas características, somada a sua similaridade à máquina de indução, fazem dela umaalternativa para aplicações industriais.

Assim, para ambas as máquinas, faz-se necessário a regulação de velocidade rotó-rica. Neste contexto, estratégias de controle de velocidade rotórica são propostas paraambas as máquinas. Duas técnicas são apresentadas para a máquina de relutância variá-vel: um algoritmo sliding mode, onde são mostrados o projeto e análise de estabilidadedo controlador, e um algoritmo adaptativo robusto por modelo de referência, onde sãomostrados o projeto e a escolha do modelo de referência. Para a máquina síncrona derelutância, são utilizados controladores PI, onde destaca-se o método para projeto dos ga-nhos. São mostradas as características construtivas, formas de acionamento e modelagemmatemática de cada máquina. Resultados de simulação e experimentais validam a análiseteórica desenvolvida e demonstram o desempenho dos esquemas de controle propostos.

Palavras-chave: Motor de relutância variável, motor síncrono de relutância, controle develocidade, modelagem.

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ABSTRACT

CONTRIBUTIONS TO THE DRIVING ANDCONTROL OF THE SWITCHED RELUCTANCE

AND SYNCHROUNOUS RELUCTANCEMOTORS

Author: Filipe Pinarello ScalconAdvisor: Hilton Abílio Gründling

Coadvisor: Rodrigo Padilha Vieira

This master thesis presents contributions to the driving and control of switchedreluctance motors and synchronous reluctance motors. The main characteristics of theswitched reluctance machine are the low production costs, robustness, fault tolerance, highstarting torque and absence of magnets or windings in the rotor. These characteristicsmake the SRM a candidate for aerospace and electric vehicle applications. The synchro-nous reluctance machine has as its main characteristics low production costs, robustnessand absence of magnets or windings in the rotor. These characteristics, coupled with itssimilarity to the induction machine, make it an alternative for industry applications.

Thus, for both machines, it is necessary to regulate rotor speed. In this context,rotor speed control strategies are proposed for both machines. Two techniques are pre-sented for the switched reluctance motor: a sliding mode algorithm, where the design andstability analysis of the controller are presented, and a robust model reference adaptivecontrol, where the design and the choice of the reference model are shown. or the synch-ronous reluctance machine, PI controllers are used, where the method for designing thegains is discussed. The constructive characteristics, driving strategies and mathematicalmodeling of each machine are shown. Simulation and experimental results validate thetheoretical analysis developed and demonstrate the performance of the proposed controlschemes.

Keywords: Switched reluctance motor, synchronous reluctance motor, speed control,modeling.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 – Consumo de energia elétrica no Brasil entre os anos de 2007 e 2017. 33Figura 1.2 – Custo de produção de máquinas elétricas com base nos materiais

utilizados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35Figura 1.3 – Tipos de motores de relutância. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37Figura 2.1 – Estrutura construtiva de dupla saliência do MRV trifásico 12x8. . . . . 46Figura 2.2 – Conversor AHB para acionamento do SRM trifásico. . . . . . . . . . . . . . . . . . 47Figura 2.3 – Etapas de operação do AHB. (a) Etapa de excitação; (b) Etapa de

desmagnetização; (c) Etapa de roda livre. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48Figura 2.4 – Posições rotóricas da MRV. (a) Fase “A” alinhada; (b) Fase “A”

desalinhada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49Figura 2.5 – Perfil de indutâncias para o SRM trifásico 12 x 8. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50Figura 2.6 – Posições rotóricas. (a) Máquina alinhada com a fase “A”; (b) Má-

quina alinhada com a fase “C”; (c) Máquina alinhada com a fase “B”.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

Figura 2.7 – Perfil de indutância da máquina 12x8 com destaque para as regiõesde operação como gerador e como motor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

Figura 2.8 – Operação como motor. A “posição a” indica a posição de maiorrelutância, enquanto a “posição b” mostra a posição próxima ao ali-nhamento, onde os interruptores deixam de ser operados. . . . . . . . . . . . . 52

Figura 2.9 – Diagrama de blocos do controle utilizando histerese de corrente. . . . 55Figura 2.10 – Processo de regulação de corrente via regulador de histerese. . . . . . . . 55Figura 2.11 – Diagrama de blocos do controle utilizando acionamento a pulso único.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57Figura 2.12 – Processo de acionamento a pulso único. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57Figura 2.13 – Variação de co-energia com a posição para um mesmo valor de cor-

rente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60Figura 2.14 – Estrutura de simulação do SRM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62Figura 3.1 – Diagrama da função sinal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66Figura 3.2 – Diagrama de blocos do controlador Sliding Mode de velocidade apli-

cado ao SRM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66Figura 3.3 – Diagrama de blocos do controlador sliding mode em tempo discreto. 69Figura 3.4 – Resultado de simulação com variação de referência para o controla-

dor sliding mode: velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência(ωref ). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

Figura 3.5 – Resultado de simulação com degrau de carga para o controlador sli-ding mode: velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência (ωref ). 71

Figura 3.6 – Resultado de simulação com falha na fase “A” para o controlador sli-ding mode: velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência (ωref ). 71

Figura 3.7 – Resultados de simulação para o controlador sliding mode: (a) Cor-rentes após o degrau de carga; (b) Correntes após a falha na fase“A”. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

Figura 3.8 – Resultados de simulação para o controlador sliding mode: (a) Torqueeletromagnético após o degrau de carga; (b) Torque eletromagnéticoapós a falha na fase “A”. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

Figura 3.9 – Diagrama de blocos do controlador RMRAC genérico. . . . . . . . . . . . . . . . . 73Figura 3.10 – Diagrama de blocos do controlador RMRAC de velocidade aplicado

ao SRM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74Figura 3.11 – Diagrama de blocos do controlador RMRAC em tempo discreto. . . . . 76Figura 3.12 – Resposta ao degrau da planta mecânica e do modelo de referência. . 76

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LISTA DE FIGURAS

Figura 3.13 – Resultado de simulação com variação de referência para o controla-dor RMRAC: (a) velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência(ωref ); (b) ganho adaptativo (θad). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

Figura 3.14 – Resultado de simulação com degrau de carga para o controlador RM-RAC: (a) velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência (ωref );(b) ganho adaptativo (θad). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

Figura 3.15 – Resultado de simulação com falha na fase “A” para o controlador RM-RAC: (a) velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência (ωref );(b) ganho adaptativo (θad). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80

Figura 3.16 – Resultados de simulação para o controlador RMRAC: (a) Correntesapós o degrau de carga; (b) Correntes após a falha na fase “A”. . . . . . 80

Figura 3.17 – Resultados de simulação para o controlador RMRAC: (a) Torqueeletromagnético após o degrau de carga; (b) Torque eletromagnéticoapós a falha na fase “A”. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

Figura 4.1 – Diagrama de blocos da bancada utilizada para acionamento do SRM. 84Figura 4.2 – Resultado experimental com variação de referência para o controla-

dor sliding mode: velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência(ωref ). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85

Figura 4.3 – Resultado experimental com degrau de carga para o controlador sli-ding mode: velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência (ωref ). 85

Figura 4.4 – Resultado experimental com falha na fase “A” para o controlador sli-ding mode: velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência (ωref ). 86

Figura 4.5 – Resultado experimental para o controlador sliding mode: (a) Cor-rentes após o degrau de carga; (b) Correntes após a falha na fase“A”. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

Figura 4.6 – Resultado experimental com variação de referência para o controla-dor RMRAC: (a) velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência(ωref ); (b) ganho adaptativo (θad). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88

Figura 4.7 – Resultado experimental com degrau de carga para o controlador RM-RAC: (a) velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência (ωref );(b) ganho adaptativo (θad). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89

Figura 4.8 – Resultado experimental com falha na fase “A” para o controla-dor RMRAC: (a) velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência(ωref ); (b) ganho adaptativo (θad). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90

Figura 4.9 – Resultado experimental para o controlador RMRAC: (a) Correntesapós o degrau de carga; (b) Correntes após a falha na fase “A”. . . . . . 90

Figura 5.1 – Exemplo de material com anisotropia de indutância submetido acampo magnético. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94

Figura 5.2 – Geometrias de rotor para máquinas síncronas de relutância. (a)Laminada axialmente, (b) e (c) Laminada transversalmente. . . . . . . . . 96

Figura 5.3 – Geometrias de rotor presente no SynRM usado neste trabalho, lami-nada transversalmente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97

Figura 5.4 – Curva característica do fator de potência do SynRM em função dataxa de saliência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98

Figura 5.5 – Princípio de operação do SynRM: (a) Campo alinhado com o eixo ddo rotor; (b) Rotação do campo magnético acompanhada da rotaçãodo rotor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99

Figura 5.6 – Inversor trifásico de 3 braços usado para acionamento do SynRM. . . 100Figura 5.7 – Circuito elétrico do SynRM em coordenadas abc . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101Figura 5.8 – Relação entre as coordenadas abc e dq. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104Figura 5.9 – Circuito equivalente do SynRM em coordenadas dq. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104

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LISTA DE FIGURAS

Figura 5.10 – Modelo matemático do SynRM em coordenada dq, com destaquepara o acoplamento entre eixos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105

Figura 5.11 – Modelo de simulação do SynRM em tempo discreto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107Figura 6.1 – Diagrama de blocos do controle de campo orientado indireto aplicado

ao SynRM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110Figura 6.2 – Mapa de polos e zeros das funções transferências do modelo de se-

gunda ordem e da planta em malha fechada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112Figura 6.3 – Respostas ao degrau unitário do modelo de segunda ordem, do mo-

delo de simulação e experimental para os eixos d e q. . . . . . . . . . . . . . . . . 113Figura 6.4 – Resultado de simulação com variação de referência para o controle

vetorial: velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência (ωref ). . 116Figura 6.5 – Resultado de simulação com variação de referência para o controle

vetorial: correntes id e iq e correntes de referência idrefe iqref

. . . . . . . . 116Figura 6.6 – Resultado de simulação com variação de referência para o controle

vetorial: (a) Correntes para ωr = 50rad/s; (b) Correntes para ωr =100rad/s; (c) Correntes para o acionamento completo. . . . . . . . . . . . . . . . 117

Figura 6.7 – Resultado de simulação com variação de referência para o controlevetorial: velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência (ωref ). . 118

Figura 6.8 – Resultado de simulação com variação de referência para o controlevetorial: correntes id e iq e correntes de referência idref

e iqref. . . . . . . . 118

Figura 6.9 – Resultado de simulação com variação de referência para o controlevetorial: (a) Correntes antes do degrau; (b) Correntes depois dodegrau; (c) Correntes para o acionamento completo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119

Figura 7.1 – Diagrama de blocos da bancada utilizada para acionamento do SynRM.122

Figura 7.2 – Resultado experimental com variação de referência para o controlevetorial: velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência (ωref ). . 123

Figura 7.3 – Resultado experimental com variação de referência para o controlevetorial: correntes id e iq e correntes de referência idref

e iqref. . . . . . . . 123

Figura 7.4 – Resultado experimental com variação de referência para o controlevetorial: (a) Correntes para ωr = 50rad/s; (b) Correntes para ωr =100rad/s; (c) Correntes para o acionamento completo. . . . . . . . . . . . . . . . 124

Figura 7.5 – Resultado experimental com degrau de carga para o controle vetorial:velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência (ωref ). . . . . . . . . . . . . 125

Figura 7.6 – Resultado experimental com degrau de carga para o controle vetorial:correntes id e iq e correntes de referência idref

e iqref. . . . . . . . . . . . . . . . . . 125

Figura 7.7 – Resultado experimental com degrau de carga para o controle vetorial:(a) Correntes antes do degrau; (b) Correntes depois do degrau; (c)Correntes para o acionamento completo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126

Figura A.1 – Cargas resistivas e fonte CC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143Figura A.2 – Carga mecânica detalhada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144Figura A.3 – Diagrama simplificado da bancada de acionamento do SRM. . . . . . . . . 145Figura A.4 – Acoplamento mecânico entre SRM e IM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145Figura A.5 – Gabinete contendo instrumentação e o conversor AHB. . . . . . . . . . . . . . . . 146Figura A.6 – Diagrama simplificado da bancada de acionamento do SRM. . . . . . . . . 146Figura A.7 – Acoplamento mecânico entre SynRM e IM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147Figura A.8 – Gabinete contendo instrumentação e VSI. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148Figura B.1 – Circuito para ensaio de resistência estatórica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149Figura B.2 – Circuito para ensaio de indutâncias de eixo direto e de quadratura. 150Figura B.3 – Perfil de indutância do SynRM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151Figura B.4 – Indutâncias de eixo d e q em função da corrente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152Figura A.1 – Curvas de magnetização. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155

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LISTA DE FIGURAS

Figura A.2 – Tabela de corrente ITBL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156Figura A.3 – Curvas de co-energia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156Figura A.4 – Tabela de torque TTBL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157Figura A.5 – Perfil de indutância. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157Figura A.6 – FCEM estimada para corrente nominal em velocidades de 60 rad/s

até 160 rad/s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1 – Consumo energético por tipo de consumidor no Brasil no ano de2017. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

Tabela 1.2 – Principais características das máquinas de relutância. . . . . . . . . . . . . . . . . 37Tabela 3.1 – Parâmetros da máquina de relutância variável 12x8. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69Tabela 3.2 – Parâmetros do controlador RMRAC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77Tabela 6.1 – Parâmetros da máquina síncrona de relutância. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115Tabela A.1 – Componentes da carga mecânica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144Tabela A.2 – Principais componentes da bancada experimental do SRM. . . . . . . . . . . 145Tabela A.3 – Principais componentes da bancada experimental do SynRM. . . . . . . . 147Tabela B.1 – Medidas de tensão e corrente para ensaio de Rs. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150Tabela B.2 – Medidas de tensão e corrente para ensaio de Lq. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152Tabela B.3 – Medidas de tensão e corrente para ensaio de Ld. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

EPE Empresa de Pesquisa EnergéticaIBGE Instituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaIM Motor de Indução - (Induction Motor)PMSM Motor Síncrono de Ímãs Permanentes - (Permanent Magnet Synchronous

Motor)SRM Motor de Relutância Variável - (Switched Reluctance Motor)SynRM Motor Síncrono de Relutância - (Synchronous Reluctance Motor)USD Dólar dos Estados Unidos - (United States Dollar)PI Proporcional-IntegralRMRAC Controle Adaptativo Robusto por Modelo de Referência - (Robust Model

Reference Adaptive Control)CC Corrente ContínuaCA Corrente AlternadaAHB Meia Ponte Assimétrica - (Assymetric Half Bridge)MRV Máquina de Relutância VariávelCA Corrente AlternadaFCEM Força Contra-eletromotrizPWM Modulação por Largura de Pulso - (Pulse Width Modulation)ITBL Tabela de Busca de CorrenteTTBL Tabela de Busca de TorqueDSP Processador Digital de Sinais - Digital Signal ProcessorMSR Máquina Síncrona de RelutânciaDSP Processador Digital de Sinais - Digital Signal Processor

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LISTA DE SÍMBOLOS

am Polo do modelo de referênciaap Polo do modelo mecânicoB Coeficiente de atrito viscosoe Força contra-eletromotriz do SRMed,eq,eω Erro de rastreamentofc Frequência de corte do filtro passa-baixafs Frequência de amostragemFPImax Fator de potência interno máximog Sinal de gate das chaves do conversor AHBGC Função transferência do controlador (genérico)Gcd

(s),Gcq(s),Gcmec(s)

Função transferência dos controladores PI

Gd(s),Gq(s) Função transferência elétricaGmfd

(s) ,Gmfq(s)

Funções transferência de malha fechada (malha elétrica)

Gmfmec(s) Função transferência de malha fechada (malha mecânica)Gmec(s) Função transferência mecânicai Corrente de faseia,b,c Correntes das fases “A”, “B” e “C”id Corrente de eixo diretoiq Corrente de eixo de quadraturaidref

Corrente de referência de eixo diretoiqref

Corrente de referência de eixo de quadraturairef Corrente de referênciaJ Coeficiente de inércia do rotorKid ,Kiq Ganhos integrais da malha elétricaKimec Ganho integral da malha mecânicaKpd

,Kpq Ganhos proporcionais da malha elétricaKpmec Ganho proporcional da malha mecânicaKPd

,KPq ,KPmec

Ganhos proporcionais discretos

KId,

KIq ,KImec

Ganhos integrais discretos

KSM Ganho do controlador sliding modeKTN Constante de torque do SRML Indutância da faseLa,b,c Indutância das fases “A”, “B” e “C”la,b,c Indutância incremental das fases “A”, “B” e “C”Ld Indutância de eixo direto

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LISTA DE SÍMBOLOS

Lq Indutância de eixo de quadraturaLm Amplitude máxima da indutância mútua entre enrolamentosLmax Indutância máximaLmin Indutância mínimaL(θ, i) Indutância própria da fase considerando saturaçãoL(θ) Indutância própria da fase desprezando saturaçãol(θ, i) Indutância incrementalLs Indutância de magnetização de um enrolamentoMab,ac,bc Indutâncias mútuas entre as fases “AB”, “AC” e “BC”M0 Sinal de entrada da sigma-modificationms Normalizador robustonp Numero de pares de polos do SynRMnph Numero de fases do SRMnr Numero de polos no rotor do SRMne Numero de polos no estator do SRMP Potência nominalPdq0 Matriz de transformação para coordenadas sincronasPdq0

−1 Matriz inversa de transformação para coordenadas sincronaspin Potência instantânea de entradapg Potência no entreferroR Resistência estatórica do SRMRa,b,c Resistência estatórica das fases “A”, “B” e “C”Rs Resistência estatórica do SynRMS1,2,3,4,5,6 Interruptores dos conversores AHB e VSIt TempoTLSRM

Período da indutância do SRMTem Torque eletromagnéticoTL Torque de cargaTm Torque mecânicoTs Período de amostragemu Lei de controle SMv Tensão de faseV Função candidata a LyapunovVcc Tensão da fonte CCva,b,c Tensão das fases “A”, “B” e “C”vd Tensão de eixo diretovq Tensão de eixo de quadraturaW co Co-energiaWm Modelo de referênciax Estado associado a lei de controle SMxref Referência de estado associado a lei de controle SMz Sinal auxiliarα Inteiro inferior

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LISTA DE SÍMBOLOS

δ0 Ganho do normalizador∆θph Defasagem angular entre os perfis de indutância de fase∆i Banda de histerese∆W co Variação da co-energiaφ Fluxo magnéticoφe Vetor de erroφa,b,c Fluxo magnético das fases “A”, “B” e “C”ε Erro aumentadoΓ Ganho do algoritmo gradienteµ∆m(s) Distúrbio não modeladoθa,b,c Posição angular referidas as fases “A”, “B” e “C”θad Ganho adaptativoθe Posição angular elétricaθoff Ângulo de fim de excitaçãoθon Ângulo de início de excitaçãoθph Posição angular relativa a cada faseσ Superfície de deslizamentoσs Função sigma-modificationσo Amplitude máxima do sinal da função sigma-modificationωc Frequência angular de corte do filtro passa-baixaωCd

,ωCq Frequência angular dos controladores da malha elétricaωCmec Frequência angular dos controladores da malha mecânicaωr Velocidade angular rotóricaωref Velocidade angular de referênciaξ Taxa de saliênciaξCd

,ξCq Coeficientes de amortecimento dos controladores da malha elétricaξCmec Coeficiente de amortecimento do controlador da malha mecânicaξ1,ξ2,ξ3 Coeficientes de amortecimento do numeradorξ Taxa de saliência

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LISTA DE APÊNDICES E ANEXOS

Apêndice A – Descrição das bancadas experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143Apêndice B – Ensaio para obtenção de parâmetros do SynRM . . . . . . . . . . . . 149Anexo A – Curvas características do SRM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 331.1 Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 331.2 Revisão Bibliográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 361.2.1 Máquinas de Relutância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 361.2.2 Motor de Relutância Variável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 381.2.3 Motor Síncrono de Relutância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 401.3 Escopo do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 421.4 Objetivos do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 421.5 Organização do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 432 MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 452.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 452.2 Características Construtivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 452.2.1 Conversor Estático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 472.2.2 Perfil de Indutância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 482.3 Acionamento do Motor de Relutância Variável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 512.3.1 Acionamento via regulador de histerese de corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 542.3.2 Acionamento via pulso único . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 562.4 Modelagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 572.4.1 Modelo elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 572.4.2 Torque eletromagnético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 592.4.2.1 Análise não-linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 592.4.2.2 Análise linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 602.4.3 Modelo mecânico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 612.5 Modelo de simulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 622.6 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 633 CONTROLE DO MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁ-VEL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 653.2 Controlador Sliding Mode de velocidade aplicado ao acionamento

do SRM via histerese de corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 653.2.1 Projeto do controlador sliding mode . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 673.2.1.1 Projeto do Filtro Passa-Baixa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 673.2.2 Prova de estabilidade do controlador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 683.2.3 Controlador em tempo discreto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 693.2.4 Resultados de simulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 693.2.4.1 Resposta à variação de referência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

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SUMÁRIO

3.2.4.2 Resposta ao degrau de carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 703.2.4.3 Resposta à falha de fase em aberto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 713.3 Controlador RMRAC de velocidade aplicado ao acionamento via

histerese de corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 733.3.1 Projeto do controlador RMRAC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 743.3.2 Controlador em tempo discreto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 753.3.3 Resultados de simulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 773.3.3.1 Resposta à variação de referência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 773.3.3.2 Resposta ao degrau de carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 783.3.3.3 Resposta à falha de fase em aberto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 793.3.4 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 814 RESULTADOS EXPERIMENTAIS - SRM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 834.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 834.2 Descrição da Plataforma Experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 834.3 Controlador Sliding Mode . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 834.3.1 Resposta à variação de referência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 844.3.2 Resposta ao degrau de carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 854.3.3 Resposta à falha de fase em aberto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 864.4 Controlador RMRAC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 874.4.1 Resposta à variação de referência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 874.4.2 Resposta ao degrau de carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 884.4.3 Resposta à falha de fase em aberto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 894.5 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 905 MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 935.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 935.2 Conceito de Relutância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 935.3 Características construtivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 945.3.1 Rotor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 955.3.2 Taxa de Saliência e Fator de Potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 975.4 Acionamento do motor síncrono de relutância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 985.4.1 Acionamento via Controle de Campo Orientado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 995.4.2 Acionamento Line Start . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1005.5 Modelagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1005.5.1 Modelo Elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1015.5.1.1 Representação em coordenadas abc . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1015.5.1.2 Representação em coordenadas síncronas dq . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1035.5.2 Modelo Mecânico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1065.6 Modelo de simulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106

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SUMÁRIO

5.7 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1076 CONTROLE DO MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂN-CIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109

6.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1096.2 Controle de Campo Orientado Indireto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1096.2.1 Projeto dos Controladores PI para Malha de Corrente . . . . . . . . . . . . . . . 1106.2.2 Validação da Estratégia de Projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1116.2.3 Projeto dos Controladores PI para Malha de Velocidade . . . . . . . . . . . . . 1136.3 Controladores em tempo discreto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1146.4 Resultados de simulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1156.4.1 Controle de Campo Orientado Indireto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1156.4.1.1 Resposta à variação de referência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1166.4.1.2 Resposta ao degrau de carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1176.5 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1207 RESULTADOS EXPERIMENTAIS - SynRM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1217.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1217.2 Descrição da Plataforma Experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1217.3 Controle de Campo Orientado Indireto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1217.3.1 Resposta à variação de referência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1227.3.2 Resposta ao degrau de carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1247.4 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1268 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1278.1 Artigos Publicados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1288.2 Propostas para trabalhos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131APÊNDICES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141A.1 Carga Mecânica e Alimentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143A.2 Bancada experimental SRM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144A.3 Bancada experimental SynRM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146B.1 Resistência estatórica (Rs) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149B.2 Indutâncias em eixos síncronos (Ld , Lq) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150ANEXOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153

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1 INTRODUÇÃO

1.1 MOTIVAÇÃO

O consumo de energia elétrica tem se tornado tema de grande interesse nas últimasdécadas, sendo o foco de incentivos governamentais e pesquisas a nível mundial. Estapreocupação é fundamentada na crescente demanda por energia, combinada com a buscapela redução na emissão de gases causadores de efeito estufa, nocivos ao ambiente e apopulação (DIESENDORF, 1996; RAHMAN, 2003; BOSE, 2010; HONGTAO; WENJIA,2018). Desta forma, uma série de pesquisas tratando de eficiência energética e melhoriade processos têm sido realizadas nos últimos anos (KIRSCHEN; NOVOTNY; LIPO, 1987;BONNETT; YUNG, 2008; AMARA et al., 2009).

No panorama nacional, verifica-se uma significativa elevação no consumo de energiaelétrica ao longo dos últimos 10 anos. Este fenômeno pode ser visualizado através daFigura 1.1, onde são apresentados dados de consumo energético do Brasil entre os anosde 2007 e 2017, do Anuário Estatístico de Energia Elétrica pela Empresa de PesquisaEnergética (2018). Verifica-se que entre os anos 2007 e 2014 o consumo de energia dopaís cresceu 25, 94%, enquanto a população, neste mesmo período, cresceu apenas 10, 2%(IBGE, 2011; IBGE, 2014). No triênio 2014-2016 nota-se a queda no consumo, justificadopela situação de recessão econômica do Brasil. No ano de 2017, entretanto, observa-seuma retomada no crescimento do consumo de energia elétrica.

Figura 1.1 – Consumo de energia elétrica no Brasil entre os anos de 2007 e 2017.

Fonte: Adaptado de (Empresa de Pesquisa Energética, 2012) e (Empresa de PesquisaEnergética, 2018).

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34 1 INTRODUÇÃO

O crescente aumento no uso de energia elétrica no mundo normalmente está atre-lado a atividades produtivas, uma vez que boa parte da energia gerada é consumida pelosetor industrial. No contexto brasileiro a realidade é semelhante, com o setor industrialsendo responsável pelo consumo de 35,8% da energia elétrica do país, segundo dados doAnuário Estatístico de Energia Elétrica de 2018 (ano base 2017), (Empresa de PesquisaEnergética, 2018), conforme visto na Tabela 1.1.

Tabela 1.1 – Consumo energético por tipo de consumidor no Brasil no ano de 2017.

Consumidor Consumo (GWh) Participação (%)Industrial 167.398 35,8Residencial 134.368 28,8Comercial 88.292 18,9Rural 28.136 6,0Outros 48.455 10,5

Fonte: Adaptado de (Empresa de Pesquisa Energética, 2018).

A maior parte da energia consumida pela indústria se dá na forma de energia mo-triz, através de motores elétricos. A utilização de motores elétricos é vista em aplicaçõescomo tração elétrica, esteiras transportadoras, bombas hidráulicas, bobinamento de pa-pel, dentre outras. Assim, é de interesse a busca de máquinas elétricas com um melhorrendimento.

Os motores de indução (Induction Motor - IM) são os motores elétricos mais uti-lizados em aplicações industriais. Dentre suas vantagens destacam-se a elevada robustez,baixo custo de fabricação e aquisição, necessidade de manutenção reduzida e capacidade departida direta, sem a necessidade de inversor para operação. O IM, entretanto, apresentamenor rendimento que outras máquinas, devido a suas correntes rotóricas, que causamperdas e significativo aquecimento da máquina (ZHU; HOWE, 2007).

Na busca de máquinas mais eficientes, a utilização de motores síncronos de ímãspermanentes (Permanent Magnet Synchronous Motor - PMSM) se destaca. O PMSMapresenta uma densidade de potência significativamente maior que o IM, além de nãopossuir perdas rotóricas, tendo assim melhor eficiência (PILLAY; KRISHNAN, 1989).Observa-se, entretanto, que o custo de produção de um PMSM é muito superior ao custode produção de uma máquina de indução, como visto na Figura 1.2 (WIDMER; MARTIN;KIMIABEIGI, 2015). Embora o custo de aço seja bastante similar e o PMSM apresentecustos de cobre significativamente menores, o custo dos ímãs permanentes utilizados tornaa máquina uma alternativa bastante cara, restringindo sua aplicação. Somando-se aisso, o mercado de ímãs permanentes é bastante restrito. Grande parte das reservas demateriais de terras raras, necessárias para a fabricação de ímãs permanentes, concentram-se na China (XUE; LIN, 2011). Desta forma, o preço das máquinas torna-se altamente

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1 INTRODUÇÃO 35

dependente do preço dos ímãs, que costuma apresentar grandes oscilações. Ainda, omercado fica dependente do fornecimento de ímãs do mercado chinês, estando sujeito asuas políticas econômicas e eventuais sanções.

Figura 1.2 – Custo de produção de máquinas elétricas com base nos materiais utilizados.

Fonte: Adaptado de (WIDMER; MARTIN; KIMIABEIGI, 2015).

Neste contexto, se faz de interesse o uso de motores de relutância, como o motorde relutância variável (Switched Reluctance Motor - SRM) e o motor síncrono de relu-tância (Synchronous Reluctance Motor - SynRM). Os motores de relutância apresentamestrutura bastante simples, elevada robustez e estrutura de rotor que não faz uso de enrola-mentos ou ímãs permanentes. Os motores de relutância tem como característica principalter seu rotor constituído por material ferro magnético, reduzindo assim seu custo de pro-dução de forma considerável (STATON; MILLER; WOOD, 1993; KRISHNAMURTHYet al., 2006; BOLDEA et al., 2014), como pode ser visto na Figura 1.2. Além disso, nãoapresentam perdas no rotor, com exceção das perdas por correntes de Foucault, que sãocomumente desprezadas (XU et al., 1991; CHINDURZA; DORRELL; COSSAR, 2005).

O SRM se caracteriza como uma máquina de corrente pulsada, onde a comutaçãoentre fases é feita com base na posição rotórica. Esta máquina apresenta ainda caracte-rísticas como elevado conjugado de partida, flexibilidade de operação, motor e geradorutilizando-se o mesmo sistema de acionamento e tolerância a faltas, dado que a excitaçãode cada fase é feita de maneira independente. Tais características o tornam um candi-dato para aplicações aeroespaciais e tração de veículos elétricos (RAHMAN et al., 2000;KRISHNAMURTHY et al., 2006; BOLDEA et al., 2014). O SynRM, por sua vez, é umamáquina senoidal, com estrutura similar ao motor de indução. Caracteriza-se ainda porelevada robustez, baixo custo produtivo e melhor eficiência que o IM, devido a reduçãosignificativa de perdas rotóricas (VAGATI, 1994; BOGLIETTI et al., 2006). Essas carac-terísticas fazem do SynRM uma alternativa para aplicações industriais, especialmente nasubstituição do IM (BOGLIETTI; PASTORELLI, 2008; MOGHADDAM, 2011).

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36 1 INTRODUÇÃO

1.2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Nesta seção é apresentada uma revisão bibliográfica sobre o acionamento e con-trole de motores de relutância variável e motores síncronos de relutância. Inicialmente,uma breve revisão a respeito de máquinas de relutância é feita. Posteriormente, cadamáquina é discutida de maneira separada, analisando as principais estratégias de controleempregadas para cada motor.

1.2.1 Máquinas de Relutância

O conceito de torque de relutância, caracterizado pela tendência de um materialmóvel se alinhar com um campo magnético na posição onde sua indutância é máxima, foidescoberto no fim dos anos 1800. Desde então, uma série de trabalhos buscaram o desen-volvimento de máquinas elétricas rotativas baseadas nesse princípio de funcionamento.

Os primeiros relatos de máquinas de relutância encontradas na literatura são tra-balhos como o de (KOSTKO, 1923). Estes trabalhos têm como característica geral oestudo de máquinas síncronas de indução (MSI), onde são estudadas máquinas de indu-ção com rotor usinado, conferindo um perfil de indutância variável, porém, mantendoalgumas barras no rotor, permitindo a partida direta deste tipo de máquina. Além disso,estas máquinas, após a partida, possuem a capacidade de operar em velocidade síncrona.Verifica-se, no entanto, baixo desempenho devido a construção rotórica. Kostko (1923)desenvolve a teoria do motor de reação, terminologia utilizada pelo autor na época ao quehoje se conhece como o Line-Start SynRM (motor síncrono de relutância com partida narede).

A complexidade deste tipo máquina somada a reduzida perspectiva de utilização,entretanto, fizeram com que os trabalhos a respeito de máquinas de relutância só fossemretomados no final da década de 60. Com o advento dos microcontroladores e desen-volvimento de dispositivos semicondutores, aplicações como sistemas para acionamentode máquinas em velocidade variável tornaram-se viáveis (MILLER, 2001). Somando-sea isso, além da máquina com excitação senoidal, o conceito de máquina de relutânciavariável, caracterizada pelo seu comportamento de excitação comutada, similar ao motorde passo, passou a ser tema de alguns trabalhos (NASAR, 1969; LAWRENSON et al.,1980; DAVIS; RAY; BLAKE, 1981).

No contexto atual, os motores de relutância podem ser divididos em três principaistipos: o motor de relutância variável (SRM), o motor síncrono de relutância (SynRM) e omotor síncrono de relutância assistido por ímãs permanentes (Pma-SynRM). Esta divisãopode ser visualizada através da Figura 1.3, onde os motores são classificados quanto aotipo de excitação.

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1 INTRODUÇÃO 37

Figura 1.3 – Tipos de motores de relutância.

Fonte: Autor.

Esta dissertação tem como foco as máquinas elétricas de relutância variável e sín-crona de relutância. As principais características das duas máquinas são apresentadasde maneira extensiva na literatura (MILLER, 2001; KRISHNAN, 2001; MOGHADDAM,2011; PELLEGRINO et al., 2016) e podem ser sintetizadas na Tabela 1.2.

Tabela 1.2 – Principais características das máquinas de relutância.

Máquina de Relutância Variável Máquina Síncrona de Relutância1 - Polos salientes no rotor e estator. 1 - Estator liso, com exceção das ranhuras.2 - Os enrolamentos estatóricossão concentrados, onde cadaenrolamento corresponde a um polo.

2 - Os enrolamentos estatóriossão distribuidos senoidalmente,onde a máquina é normalmente trifásica.

3 - A excitação se dá atravésde pulsos de corrente aplicadosde maneira sequencial a cadafase da máquina.

3 - A excitação é realizada porcorrentes senoidais defasadasnormalmente em 120.

4 - A excitação é independente,onde cada fase é conectada demaneira separada ao conversor.

4 - A excitação normalmente ocorreatravés da ligação em estrela ou delta.

As máquinas de relutância, embora de princípio de funcionamento simples, de-vido a sua considerável não-linearidade e características construtivas, apresentam-se comograndes desafios do ponto de vista de controle, sendo tema de uma série de trabalhos arespeito. Nas subseções a seguir será realizada a revisão das máquinas separadamente,destacando-se os principais estratégias de acionamento e técnicas de controle utilizadasna literatura.

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38 1 INTRODUÇÃO

1.2.2 Motor de Relutância Variável

A partir do final da década de 60, o motor de relutância variável surge como umaalternativa viável no mercado de máquinas elétricas. Em síntese, algumas de suas prin-cipais características são: estrutura simples, elevada robustez, tolerância a faltas, elevadoconjugado de partida, capacidade de operação como motor ou gerador, ausência de enrola-mentos ou ímãs no rotor e baixo custo. Tais características fazem do SRM uma candidatapara aplicações aeroespaciais, onde robustez e tolerância a faltas são importantes, e detração elétrica, onde a tolerância a faltas é imperativa e a capacidade de operação comogerador pode ser utilizada para frenagem regenerativa, por exemplo (JACK; MECROW;HAYLOCK, 1996; RAHMAN et al., 2000; ZHU; HOWE, 2007; BOLDEA et al., 2014;WIDMER; MARTIN; KIMIABEIGI, 2015).

Um exemplo de aplicação comercial do SRM é a empresa inglesa Nidec SR DrivesLtd., que apresenta uma vasta linha de produtos com o motor de relutância variável.Destaca-se uma versão do veículo Land Rover 110 Defender, onde o motor a diesel foisubstituído por um SRM com potência nominal de 70 kW. Segundo a empresa, o veículoé capaz de atingir uma velocidade de 110 km/h e não apresenta necessidade de troca demarchas, tendo apenas uma única caixa de engrenagens (DRIVES, 2019).

Alguns dos desafios associados a utilização do SRM, entretanto, são a elevadaoscilação de conjugado eletromagnético e ruído sonoro, bem como a necessidade de umcontrolador robusto para operação em amplas faixas de velocidade. Alguns trabalhos bus-cam minimizar as oscilações de torque e ruído através de diferentes técnicas (HUSAIN;EHSANI, 1996; POLLOCK; WU, 1997; HUSAIN, 2002; AHN; PARK; LEE, 2004; TA-KIGUCHI et al., 2015). Pesquisas como a de Husain (1996) fazem uso de estratégiasde funções de divisão de torque, associada a modulação PWM. Através do controle dacorrente, pode-se dividir o torque total entre as fases, fazendo com que a soma do torqueproduzido por cada uma delas seja igual ao torque de referência. Verifica-se uma reduçãosignificativa nas oscilações de torque, inclusive nos pontos de comutação entre fases, ondefaz-se o uso da condução simultânea.

Para o controle do SRM faz-se ainda necessário um sensor de posição, acrescen-tando custo e complexidade ao sistema de acionamento, ao passo que reduz-se a robustez,dado que é adicionado um novo possível ponto de falha. Diversos trabalhos buscam con-tornar este problema por meio de técnicas sensorless, usando estimadores de velocidadee posição, ou através do uso de sensores simplificados, com baixa resolução e custo re-duzido. Uma série de trabalhos propõe o acionamento sensorless, onde pode-se verificaro uso de técnicas dependentes de dados da máquina, nas quais a posição é obtida pelaestimação de fluxo, e dependentes de hardware, onde a injeção de sinais adicionais é uti-lizada, requerendo circuitos extras (EHSANI; FAHIMI, 2002; MESE; TORREY, 2002;GAO; SALMASI; EHSANI, 2004; CAI; DENG, 2012).

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1 INTRODUÇÃO 39

Uma série de estratégias distintas de controle aplicadas ao motor de relutância va-riável podem ser encontradas na literatura (YE; MALYSZ; EMADI, 2015; YE; BILGIN;EMADI, 2015; AHMAD; NARAYANAN, 2016; LI et al., 2016; SU et al., 2017; HUSAINet al., 2019). Ye, Malysz e Emadi (2015) propõem uma estratégia de controle de correntesliding mode com frequência de chaveamento fixa. A característica não-linear do contro-lador é de interesse, dado que o SRM apresenta variações paramétricas e efeitos comosaturação magnética. O projeto do controlador é feito com base no modelo equivalentedo SRM, levando em consideração a saturação magnética e acoplamento entre fases. Osautores avaliam a estabilidade do controlador para duas situações: quando os parâmetrosda máquina são conhecidos e para uma condição com erros de modelagem limitados. Ocontrolador é ainda comparado com o regulador via histerese, onde verifica-se vantagenscomo a frequência de chaveamento constante. Considerando os modos de operação doSRM, Husain et al. (2019) propõe um controlador para atuação em ampla faixa de ve-locidade, atingindo cinco vezes a velocidade base. O algoritmo combina estratégias decontrole de corrente e controle direto instantâneo de torque, apresentando baixo ripple detorque em regiões de baixa e média velocidade.

Li et al. (2016) apresenta um controlador PID fuzzy adaptativo, a fim de reduzirproblemas relacionados a acoplamento, não-linearidade e oscilação de velocidade. Umacomparação entre as técnicas PID e fuzzy para controle de velocidade é avaliada em Suet al. (2017). Uma técnica de linearização do SRM para controle de corrente em malhafechada é proposta em Ahmad (2016). Como uma técnica de projeto convencional nãopode ser facilmente aplicada ao SRM, os autores apresentam uma análise de pequenossinais para a máquina e identificam o modelo linearizado mais adequado para o projetode um controlador PI para a malha de corrente. Com o modelo linear, um controladorPI de ganhos fixos é proposto, com projeto realizado através da resposta em frequência.Um simples método de estimação da força contra-eletromotriz também é proposto, como propósito de compensar esse distúrbio durante a operação.

Com base na revisão apresentada nesta subseção, pode-se observar que o SRMainda apresenta uma série de desafios do ponto de vista de acionamento e controle a fimde que possa se consolidar no mercado, especialmente junto aos fabricantes de veículoselétricos. Verifica-se, entretanto, alguns trabalhos que apontam que suas característicase grande avanço observado nos últimos anos já o colocam em uma posição de grandeviabilidade (RAHMAN et al., 2000; KRISHNAMURTHY et al., 2006).

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40 1 INTRODUÇÃO

1.2.3 Motor Síncrono de Relutância

Após os estudos de Kostko (1923), e com o advento dos dispositivos semicondu-tores e microprocessadores, trabalhos relacionados às máquinas síncronas de relutânciavoltaram a ganhar destaque. Suas principais características são: baixo custo de fabrica-ção, ausência de enrolamentos ou ímãs no rotor e elevada robustez. Somando-se a isso, oSynRM é bastante similar ao IM, ambos possuindo enrolamentos senoidalmente distribuí-dos no estator, sendo sua principal diferença a estrutura rotórica. O SynRM possui apenasmaterial ferromagnético em seu rotor, fazendo com que não existam correntes rotóricas,como no IM. Esta característica faz com que o SynRM apresente menor grau de aqueci-mento, bem como resulta em maior rendimento quando comparado ao IM (BOGLIETTIet al., 2006).

O SynRM é utilizado em uma série de aplicações comerciais, destacando-se a linhaproduzida pela empresa suíça ABB. São oferecidas duas linhas de motores, uma com focoem máquinas de elevada potência e outra direcionada a máquinas com altíssima eficiência.A empresa oferece máquinas síncronas de relutância com potência nominal variando numafaixa de 2 kW até 315 kW . Segundo a empresa, estas máquinas oferecem um desempenhopróximo ao de uma máquina de ímãs permanentes, enquanto possuem o preço e facilidadede manutenção de uma máquina de indução (ABB, 2019).

Devido a sua semelhança com o IM, uma série de trabalhos foram realizados a fimde comparar estas máquinas (VAGATI, 1994; VAGATI et al., 1996; BOGLIETTI et al.,2006; BOGLIETTI; PASTORELLI, 2008; VARTANIAN; TOLIYAT, 2009; PANCORBOet al., 2015). Nos trabalhos de Vagatti (1994) e Vagatti et al. (1996) são realizadascomparações entre o SynRM e outras máquinas quanto a perdas, torque eletromagnéticoe volume. O autor salienta a característica de rotor frio do SynRM, devido a ausência decorrentes rotóricas, bem como seu volume reduzido. Verifica-se através destes trabalhosa tendência de substituição da máquina de indução pela síncrona de relutância, ondepode-se conseguir uma redução de espaço e economia energética.

A máquina síncrona de relutância, entretanto, apresenta alguns desafios. Destacam-se a dificuldade de projeto da geometria rotórica e a oscilação de torque eletromagnético,causada pela grande variação observada entre as indutâncias de eixo d e q. Diversos tra-balhos buscam a redução do ripple de torque através da elaboração de novas geometriasrotóricas (PARK et al., 2006; CHOI; KIM; LEE, 2008; MOGHADDAM; GYLLENSTEN,2014; MUTEBA; TWALA; NICOLAE, 2016). Em Moghaddam e Gyllensten (2014), umprocedimento sistemático de projeto do rotor é apresentado, visando redução de ripple emaximização do torque da máquina. Para este projeto, são utilizadas análises de elemen-tos finitos, bem como algumas regras relacionadas a teoria de anisotropia rotórica. EmChoi, Kim e Lee (2008) a estratégia utilizada para projeto do rotor faz uso da metodolo-gia de superfície de resposta, que relaciona as variáveis de projeto a análises estatísticas,

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1 INTRODUÇÃO 41

aliada a análise de elementos finitos.Assim como o SRM, o SynRM apresenta a necessidade de um sensor de posição.

Como mencionado anteriormente, o sensor mecânico introduz complexidade e diminui arobustez do sistema, fazendo com que a operação sensorless seja de interesse. Diversos tra-balhos investigam técnicas de acionamento sensorless para o motor síncrono de relutância(HA; KANG; SUL, 1999; IWATA et al., 2003; ICHIKAWA et al., 2006; MORALES-CAPORAL; PACAS, 2008; GHADERI; HANAMOTO, 2011; WEI; LIU, 2012). Umacombinação de estratégia de injeção de pulsos de alta frequência em baixas velocidades eestimação de fluxo em medias e altas velocidades é proposta em Ha, Kang e Sul (1999).Em Ichikawa et al. (2006) é discutida uma técnica de estimação da posição baseadana força contra-eletromotriz. Um modelo estendido para o SynRM é mostrado, onde asaturação da máquina é levada em consideração.

Devido a semelhança com outras máquinas senoidais, o controle do SynRM porestratégias de campo orientado é tema de diversos trabalhos (KIM et al., 1998; SENJYUet al., 2003; LIN, 2004; INOUE; MORIMOTO; SANADA, 2011; DARYABEIGI et al.,2015). Em Senjuy et al. (2003) uma estratégia de controle vetorial com estimação deparâmetros em tempo real é proposta. Os autores fazem uso do Filtro de Kalman Es-tendido a fim de estimar as indutâncias de eixo d e q, bem como a resistência estatóricada máquina, permitindo assim que o controlador seja sintonizado em tempo real. Kim etal. (1998) demonstra uma estratégia de controle vetorial considerando as perdas no ferrodo SynRM. São demonstradas ainda como estas perdas podem interferir na estimação dotorque da máquina quando desconsideradas. O controle com abordagem Máximo Torquepor Ampere (MTPA) é mostrada em Inoue, Marimoto e Sanada (2011) e Daryabeigi etal. (2015). Em ambos os casos, realiza-se a estimação do torque da máquina, a fim depermitir o cálculo da corrente de eixo d mínima necessária, permitindo operação commelhor eficiência.

Os trabalhos mais recentes têm como foco principal realizar melhorias no desempe-nho da máquina através de diferentes diretrizes de projeto, como uma nova topologia paraarranjo das bobinas ou diferentes geometrias rotóricas (BABETTO; BACCO; BIANCHI,2018; GAMBA et al., 2018; KABIR; HUSAIN, 2018; YAN et al., 2018). Do ponto devista de controle, os trabalhos tem como foco principal o desenvolvimento de algoritmossensorless e técnicas de redução de ripple de torque (AWAN et al., 2018; HINKKANENet al., 2018; LEE et al., 2018; LIU et al., 2018; THIKE; PILLAY, 2018). Verifica-se, noentanto, um número reduzido de publicações relacionadas a novas estratégias de controle.

Com base na revisão apresentada a respeito do motor síncrono de relutância, nota-se que vários desafios do ponto de vista de acionamento e controle ainda persistem. Amáquina, entretanto, apresenta-se consolidada a ponto de já ser parte do mercado, bus-cando apenas ganhar maior base instalada.

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42 1 INTRODUÇÃO

1.3 ESCOPO DO TRABALHO

O estudo de máquinas de relutância, iniciado ainda no século XX, evoluiu de modosignificativo nos últimos anos, no entanto, verifica-se ainda um amplo espaço para novostrabalhos, especialmente relacionados a estratégias de controle aplicadas a estas máquina.Como apresentado na revisão bibliográfica deste trabalho, as máquinas de relutânciavariável se apresentam como ótima alternativa para veículos elétricos e aplicações aero-espaciais, enquanto a máquina síncrona de relutância surge como forte candidata parautilização industrial, buscando a substituição de máquinas de indução.

Com base nestas possíveis aplicações, esta dissertação se insere à medida que re-toma a estrutura construtiva e as técnicas de acionamento das máquinas de relutância.Ainda, contribui realizando o estudo de três diferentes estratégias de controle: slidingmode e adaptativo robusto por modelo de referência (Robust Model Reference AdaptiveControl - RMRAC), aplicadas ao SRM e de campo orientado indireto (Indirect FieldOriented Control - IFOC), aplicada ao SynRM. Desta forma, neste trabalho são apre-sentadas diferentes estratégias de controle de velocidade para o SRM e para o SynRM,apresentando-se o procedimento para projeto dos controladores. Somando-se a isso, sãoapresentados modelos de simulação destas máquina e algumas contribuições às bancadasexistentes em laboratório, visando o acionamento destas máquinas como motor.

1.4 OBJETIVOS DO TRABALHO

Esta dissertação tem como objetivo apresentar contribuições a respeito do aciona-mento e controle de velocidade dos motores relutância variável e síncrono de relutância.

De forma específica, os objetivos dessa dissertação são:

• Apresentar o princípio de funcionamento do SRM e do SynRM, bem como de suascaracterísticas construtivas, relacionando-as com modelos matemáticos que descre-vem a dinâmica do sistema;

• Descrever os modelos de simulação para as máquinas utilizadas neste trabalho;

• Apresentar as estratégias de acionamento usadas para o SRM e o SynRM;

• Desenvolvimento de duas técnicas para controle de velocidade do SRM: uma técnicade controle sliding mode e uma técnica adaptativa robusta por modelo de referência;

• Desenvolver uma estratégia para projeto de controladores PI para as malhas decorrente e de velocidade do SynRM baseado na escolha de um modelo de segundaordem com resposta de interesse;

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1 INTRODUÇÃO 43

• Contribuições ao desenvolvimento de duas bancadas experimentais já existentes,responsáveis pelo acionamento do SRM e do SynRM, permitindo a operação tantocomo motor ou gerador, viabilizando a validação dos resultados de simulação;

• Obtenção de resultados experimentais a fim de validar as técnicas de controle pro-postas para ambas as máquinas.

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

O presente trabalho está organizado em oito capítulos. O Capítulo 1 apresentou amotivação para o estudo do acionamento e controle de motores de relutância, apresentandouma revisão bibliográfica a respeito do tema. Somando-se a isso, são apresentados o escopoe os objetivos do trabalho. No Capítulo 2 apresenta-se o motor de relutância variável,onde são detalhadas suas características construtivas, o princípio de operação, sua formade acionamento e modelagem matemática em tempo contínuo.

Duas estratégias de controle para velocidade do SRM são mostradas no Capítulo3. Um controlador sliding mode de velocidade é proposto, onde seu projeto é feito combase no modelo mecânico da máquina. Apresenta-se ainda a prova de estabilidade do con-trolador. Da mesma forma, também é proposto um controlador RMRAC, cujo modelo dereferência é escolhido com base na planta mecânica do SRM. Para ambos os controladores,resultados de simulação são apresentados a fim de validar as técnicas propostas. No Ca-pítulo 4, apresenta-se resultados experimentais referentes aos controladores apresentadospara o SRM, bem como uma descrição da bancada experimental utilizada.

O Capítulo 5, de maneira análoga ao Capítulo 2, trata a respeito do motor sín-crono de relutância, apresentando suas características construtivas, o princípio de opera-ção, acionamento e modelagem matemática. O modelo discreto de simulação também éapresentado. No Capítulo 6, apresenta-se a estratégia de controle da máquina síncronade relutância, onde realiza-se controle de campo orientado indireto. O projeto dos contro-ladores é proposto, com base na escolha de um modelo de segunda ordem com respostadesejada. Resultados de simulação mais uma vez são mostrados, validando as técnicaspropostas. A descrição da bancada experimental do SynRM, bem como os resultadosexperimentais são apresentados no Capítulo 7.

O Capítulo 8 contém a conclusão do trabalho, os trabalhos publicados referentesa esta dissertação e a possibilidade de trabalhos futuros. No Apêndice A é apresentadaa descrição das bancadas experimentais, destacando-se os componentes de cada uma. NoApêndice B mostra-se a metodologia utilizada para obtenção dos parâmetros elétricos doSynRM. Por fim, no Anexo A são mostradas as características elétricas do SRM utilizado,provenientes do trabalho de (OSÓRIO, 2017).

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2 MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL

2.1 INTRODUÇÃO

Nas últimas duas décadas, o número de trabalhos referentes ao acionamento domotor de relutância variável (SRM) em velocidade variável cresceu significativamente.Devido a suas características construtivas e elevada robustez, a máquina se apresentacomo uma forte candidata para utilização em aplicações de tração elétrica (RAHMAN etal., 2000; KRISHNAMURTHY et al., 2006). Além disso, a contínua evolução da eletrônicade potência, reduzindo custos de dispositivos semicondutores, e a elevação da capacidadede processamento de microprocessadores vem impulsionando este processo.

Neste capítulo serão apresentadas as características construtivas da máquina derelutância variável (MRV), onde são destacadas a estrutura de dupla saliência e a relaçãoentre polos do rotor e do estator. Somando-se a isso, o perfil de indutância da máquina éapresentado, onde verifica-se a relação entre o número de polos e o período da indutância.

É apresentado o sistema de acionamento para a operação da MRV como motor e asetapas de acionamento do conversor estático são analisadas. Ainda, são discutidas duasdas técnicas mais utilizadas para o acionamento do motor em baixas e altas velocidades.Na sequência é realizada a modelagem da máquina, onde são evidenciadas as dinâmicaselétricas e mecânicas. É discutido e explicado o modelo obtido, apresentando-se o métodopara obtenção dos dados de simulação, compostos pelas tabelas de busca de corrente e detorque.

2.2 CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS

O motor de relutância variável possui uma construção bastante simples quandocomparado a outras máquinas elétricas existentes no mercado, dado que sua estrutura écomposta por dupla saliência, com excitação exclusivamente estatórica via enrolamentosindependentes. Cada fase apresenta enrolamentos concentrados nas saliências do estator,enquanto o rotor do SRM é composto apenas por material ferromagnético laminado, nãoapresentando enrolamentos ou ímãs permanentes (KRISHNAN, 2001).

As estruturas mais comumente utilizadas para SRM apresentam polos simétricose igualmente espaçados. As configurações trifásicas mais usuais possuem um par de polospor fase (6 polos no estator e 4 polos no rotor, 6x4) ou dois pares de polos por fase (12polos no estator e 8 polos no rotor, 12x8). Máquinas com um maior número de fasestambém são utilizadas, como a máquina 8x6, que possui quatro fases e um par de polos

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46 2 MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL

por fase (MILLER, 2002). A máquina utilizada neste trabalho apresenta uma estrutura12x8, conforme mostra a Figura 2.1.

Figura 2.1 – Estrutura construtiva de dupla saliência do MRV trifásico 12x8.

Fonte: Autor.

A máquina de relutância variável normalmente apresenta número de polos do rotore estator pares, a fim de garantir a dualidade magnética necessária para criar um caminhopara o fluxo magnético. Quando os polos do rotor e estator se alinham, um caminho demínima relutância é formado. Para a operação como motor, é necessário que o númerode saliências do rotor e do estator sejam diferentes. Assim, consegue-se garantir queexista torque de partida, dado que os polos de uma das fases da máquina sempre estarãodesalinhados com relação aos polos do rotor.

A escolha do número de fases e polos da máquina esta altamente ligada a suaaplicação. Para acionamento como motor, um maior número de fases auxilia com asuavização do torque eletromagnético da máquina, bem como confere maior robustezao sistema, dado que apresenta maior tolerância à faltas, características desejáveis emaplicações como tração de veículos elétricos (RAHMAN et al., 2000; KRISHNAMURTHYet al., 2006). A elevação do número de fases, entretanto, restringe o espaço disponívelpara enrolamentos no interior das ranhuras da máquina. Além disso, um maior númerode fases eleva o nível de complexidade e custo do conversor utilizado para o acionamentoda máquina (BOLDEA et al., 2014).

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2 MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL 47

2.2.1 Conversor Estático

Para operação, seja como motor ou como gerador, a máquina de relutância variávelrequer a utilização de um conversor estático. O drive deve ser capaz de excitar as fases demodo individual e no instante correto, o que demonstra a alta dependência da máquinacom relação a sua posição rotórica. Além disso, o conversor ainda necessita de uma fontede alimentação, a fim de fornecer a energia necessária para o acionamento da máquina,quando operando como motor, ou para prover a excitação inicial, quando operando comogerador.

A topologia de conversor mais utilizada para o acionamento da máquina de relu-tância variável é o conversor de meia ponte assimétrica (Assymetric Half Bridge - AHB).Nesta topologia, um braço contendo dois interruptores e dois diodos é ligado em série comcada fase da máquina, como visto na Figura 2.2. Essa configuração é bastante populardado que permite a operação da máquina como motor ou gerador, sem grandes alteraçõesno circuito do conversor, como a adição de uma bateria e um diodo de proteção.

Figura 2.2 – Conversor AHB para acionamento do SRM trifásico.

Fonte: Autor.

Considerando-se que a excitação das fases é individual, sem que haja sobreposição,pode-se analisar as etapas de operação do conversor de modo separado, como visto naFigura 2.3. Considerando a operação como motor, quando os interruptores de uma dadafase estão em condução, inicia-se a primeira etapa de operação do conversor, onde ocorreo processo de excitação. A corrente se eleva até que os interruptores sejam bloqueados. Aenergia armazenada no enrolamento, então, faz com que os diodos entrem em condução,oferecendo um novo caminho para a corrente permanecer circulando. Este fenômenoda início a segunda etapa de operação do conversor, responsável pela desmagnetizaçãodo enrolamento. Os diodos permanecem em condução até que os interruptores sejamnovamente colocados em condução ou até que a corrente chegue a zero. Uma terceiraetapa pode ser utilizada, onde apenas o interruptor inferior (S2) é mantido em conduçãoe o interruptor superior (S1) é bloqueado. Esta etapa é conhecida como roda livre, pois

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48 2 MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL

a corrente flui somente na fase, no interruptor e no diodo, com tensão nula sobre oenrolamento. Esta etapa, entretanto, não será utilizada neste trabalho.

Figura 2.3 – Etapas de operação do AHB. (a) Etapa de excitação; (b) Etapa de desmag-netização; (c) Etapa de roda livre.

Fonte: Autor.

Nota-se que a topologia é unidirecional em corrente, uma vez que o sentido dacorrente em um enrolamento permanece sempre o mesmo, independente da etapa de ope-ração do conversor. Do ponto de vista de tensão, entretanto, verifica-se que o conversorapresenta comportamento bidirecional, dado que enquanto os interruptores estão em con-dução a tensão aplicada sobre o enrolamento é igual à da fonte, quando os diodos estão emcondução, por sua vez, a tensão aplicada possui polaridade inversa a da fonte (MILLER,2001).

A topologia do conversor permite ainda a operação da máquina na condição defalta, uma vez que permite o controle de cada uma das fases de modo individual. Aprincipal desvantagem, entretanto, deste conversor está associada ao maior número deinterruptores por fase, quando comparado com um circuito para acionamento de umamáquina CA. O elevando número de interruptores contribui para a elevação do custo totaldo sistema de acionamento, bem como para a elevação das perdas em condução, dado quesempre dois dispositivos estão em série com a fase excitada (BARNES; POLLOCK, 1998).

2.2.2 Perfil de Indutância

A relutância do circuito magnético da MRV é dependente da posição do rotor,sendo que as posições de alinhamento e desalinhamento se destacam das demais. Naposição alinhada, quando um par de polos do rotor está alinhado com um par de polos doestator, o circuito magnético apresenta relutância mínima e, por consequência, indutânciamáxima. Na posição desalinhada, quando um par de polos do rotor está no ponto de maiordesalinhamento com um par de polos do estator, o circuito magnético apresenta relutância

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2 MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL 49

máxima e, portanto, indutância mínima. Estas posições podem ser visualizadas na Figura2.4.

Figura 2.4 – Posições rotóricas da MRV. (a) Fase “A” alinhada; (b) Fase “A” desalinhada.

Fonte: Autor.

A característica periódica de variação da indutância da máquina é conhecida comoperfil de indutância. O período deste perfil (TLSRM

) é uma função do número de polos dorotor da máquina (nr), enquanto a defasagem entre as fases (∆θph) é função da relaçãoentre o número de polos do estator (ne) e do número de fases da máquina (nph). O períodoe a defasagem podem ser calculados segundo as equações (2.1) e (2.2), respectivamente.

TLSRM= 360

nr(2.1)

∆θph = 3602nphne2 (2.2)

Para a máquina trifásica 12x8 utilizada neste trabalho, verifica-se um período daindutância de 45 e uma defasagem entre fases de 15. Assumindo a posição inicial de0 como a posição de alinhamento da fase “A”, pode-se traçar o perfil de indutância damáquina, por meio de uma aproximação senoidal, como visto na Figura 2.5. É neces-sário ressaltar que o perfil não apresenta formato senoidal, entretanto, a aproximação éfrequentemente utilizada para fins explicativos.

Na Figura 2.6 pode-se visualizar a seção transversal da máquina em três posiçõesdistintas, alinhadas com as fases “A”, “C” e “B”, respectivamente. Verifica-se ainda adefasagem de 15 entre as fases. Nota-se também que o ciclo inicia-se novamente após asequência ser realizada, tendo a fase “A” como sendo a próxima fase a atingir a posiçãode alinhamento.

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50 2 MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL

Figura 2.5 – Perfil de indutâncias para o SRM trifásico 12 x 8.

Fonte: Autor.

Figura 2.6 – Posições rotóricas. (a) Máquina alinhada com a fase “A”; (b) Máquinaalinhada com a fase “C”; (c) Máquina alinhada com a fase “B”.

Fonte: Autor.

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2 MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL 51

Para a operação correta do sistema de controle, a posição rotórica obtida da MRVé referida a cada fase, a fim de obter-se a posição relativa de cada uma. Este processo éfeito levando-se em consideração a defasagem da máquina, calculada em (2.2). As posiçõesrelativas podem ser obtidas segundo as relações vistas nas expressões (2.3), (2.4) e (2.5).

θa =(θ

45 − α)· 45 (2.3)

θb = θa + 15 (2.4)

θc = θa − 15 (2.5)

onde α é o inteiro inferior da divisão de θ/45, θa é a posição relativa da fase “A”, θb é aposição relativa da fase “B”, θc é a posição relativa da fase “C” e θ é a posição rotórica.

2.3 ACIONAMENTO DO MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL

O acionamento da máquina de relutância variável se dá através do uso de umconversor estático, onde seus interruptores são acionados de tal forma a operar a máquinacomo motor ou gerador. O modo de operação é definido pelos ângulos de início e términode excitação, definidos como θon e θoff , respectivamente. Dada a máquina 12x8 utilizadaneste trabalho e considerando-se a posição de 0 como a posição em que um par de polos dorotor está alinhada com um par de polos do estator, pode-se traçar o perfil de operação damáquina em função dos ângulos de acionamento, como visto na Figura (2.7). Acionando-se o conversor no intervalo de diminuição de indutância, entre os ângulos de 0 e 22, 5

a máquina irá operar como gerador, enquanto acionando-se no intervalo de elevação deindutância, entre os ângulos de 22, 5 e 45, a máquina irá operar como motor.

Figura 2.7 – Perfil de indutância da máquina 12x8 com destaque para as regiões deoperação como gerador e como motor.

Fonte: Autor.

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52 2 MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL

Ao promover-se a excitação de uma fase da máquina, o rotor tende a se alinharcom os polos do estator, buscando uma posição de equilíbrio, devido ao fenômeno derelutância magnética. Para a operação como motor, deve-se promover a excitação de cadafase da máquina de modo sequencial, fazendo com que o rotor busque continuamente anova posição de equilíbrio. Assim, nota-se que a operação como motor busca de formacontínua minimizar a relutância, ou seja, busca maximizar a indutância do circuito. AFigura (2.8) ilustra o processo de motorização, onde a excitação é iniciada no pontode maior relutância (22, 5) e encerrada a medida que se aproxima do ponto de menorrelutância (37, 5), onde será promovida a excitação da fase seguinte.

Figura 2.8 – Operação como motor. A “posição a” indica a posição de maior relutância,enquanto a “posição b” mostra a posição próxima ao alinhamento, onde osinterruptores deixam de ser operados.

Fonte: Adaptado de (OSÓRIO, 2017).

Somando-se a isso, para que o sistema opere como motor de maneira adequada,é necessária uma estrutura de controle em malha fechada, dado que em malha aberta amáquina é instável. O controle do SRM deve ser robusto, uma vez que a máquina apre-senta uma série de fenômenos que influenciam seu funcionamento. Dentre estes fenômenos

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2 MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL 53

destacam-se os descritos a seguir (KRISHNAN, 2001):

• Característica não-linear : Como apresentado na subseção (2.2.2), as indutânciasda máquina são altamente dependentes da posição rotórica, variando significativa-mente ao longo do período. Esse fenômeno dificulta o projeto de controladores,especialmente com ganhos fixos, e dificulta a modelagem matemática da máquina.

• Força contra-eletromotriz (FCEM): Assim como a indutância, a FCEM da máquinaapresenta alta dependência da posição rotórica. Durante a operação como motor,dependendo da velocidade da máquina, o valor da FCEM pode assumir valores ele-vados, inclusive maiores que os da fonte de alimentação do sistema. Esse fenômenodificulta o controle de corrente da máquina, uma vez que uma FCEM elevada im-pede o controle de corrente da máquina via histerese, normalmente utilizado emvelocidades mais baixas.

• Oscilações de torque: Devido a sua característica de comutação entre fases e controlede corrente de baixa complexidade, o SRM apresenta elevada oscilação de torqueeletromagnético. Essas oscilações são indesejadas, uma vez que se propagam paraa velocidade do motor. Somando-se a isso, como o torque da máquina é função dacorrente e posição, este também contribui para a dificuldade na obtenção de ummodelo matemático de alta fidelidade.

Para o acionamento com velocidade variável, deseja-se excitar a máquina baseadaem uma referência vinda de um controlador atuando em uma malha externa. A variaçãodesta excitação pode ser feita de algumas formas diferentes, das quais destacam-se:

• Acionamento via regulador histerese de corrente: Esta técnica realiza o controle decorrente da máquina a partir de uma referência de corrente vinda de uma malhaexterna. Este controlador usa o erro de velocidade para determinar a corrente deexcitação necessária para atingir a velocidade de referência. Para esta estratégia, osângulos de acionamento, θon e θoff , são mantidos fixos. O regulador via histerese,então, regula a corrente de fase de tal modo que ela permaneça interna a uma banda,projetada previamente. Este regulador é de interesse pois não necessita de projeto,nem tem seu desempenho comprometido por variações paramétricas, configurandoelevada robustez. A frequência de comutação, entretanto, é variável.

• Acionamento com modulação PWM: Assim como com a regulação via histerese, estaestratégia realiza o controle de corrente da máquina, tomando como base a referênciagerada em uma malha externa. A modulação PWM apresenta vantagens sobre oregulador via histerese, como uma frequência fixa de comutação e um reduzido ripplede corrente. O projeto de um controlador para esta técnica, entretanto, apresentauma elevada complexidade, dado que o modelo elétrico da máquina é altamente

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54 2 MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL

dependente da posição rotórica, conferindo baixa robustez ao sistema (HUSAIN;EHSANI, 1996; KRISHNAMURTHY et al., 2006; CHEN; GU, 2010).

• Acionamento a pulso único: Essa técnica realiza a variação dos ângulos de exci-tação da máquina, seja do ângulo de início (θon) ou do ângulo de término (θoff ).Comumente o ângulo θon é mantido fixo, sendo que o ângulo θoff é obtido por umcontrolador, como um PI, calculado a partir do erro de rastreamento da velocidade.

As estratégias de controle normalmente são analisadas por fase, uma vez que pode-se considerar o sistema desacoplado. Para implementação das técnicas são usados con-troladores idênticos, um para cada fase, sendo que cada controlador é realimentado coma posição rotórica referenciadas a fase controlada. As estratégias descritas neste trabalhosão o acionamento via regulador histerese de corrente e o acionamento a pulso único, queserão melhor explorados na subseção a seguir.

2.3.1 Acionamento via regulador de histerese de corrente

O acionamento via regulador de histerese de corrente pressupõe a existência deuma malha de controle externa à malha de corrente, responsável pela geração de umacorrente de referência, iref , a fim de realizar o controle de velocidade do SRM. O processode controle pode ser visualizado na Figura 2.9. No diagrama verifica-se que são medidasas correntes de cada fase para a comparação com a corrente de referência, a fim de queo processo de histerese seja realizado. A banda de histerese é definida previamente ecomparando-se o erro de corrente com os limites desta banda, pode-se definir os estadosdos interruptores do conversor AHB.

Nota-se ainda a presença de um bloco chamado de sig. Este bloco é responsávelpor verificar se uma dada fase encontra-se no intervalo adequado de excitação, ou seja,se alguma das fases encontra-se no intervalo de diminuição de relutância. Este processoé feito através da comparação do ângulo referido a cada fase com os ângulos θon e θoff .Caso alguma das fases esteja entre estes ângulos, o resultado deste bloco retorna 1, queirá multiplicar a corrente de referência vinda do controlador de velocidade. Para as fasesque se encontram fora deste intervalo, o resultado será 0, fazendo com que o resultado damultiplicação seja nulo e mantendo os interruptores destas fases bloqueados.

O processo de regulação por histerese pode ser visualizado na Figura 2.10. Ini-cialmente, quando a posição relativa de uma dada fase satisfaz a condição θph ≥ θon, acorrente de referência passa a ser diferente de zero. Os interruptores do conversor, então,entram em condução, promovendo a elevação da corrente de fase. Nota-se que enquanto osinterruptores estão em condução a tensão sobre a fase é igual a tensão da fonte. Uma vezque o valor da corrente atinge o limite superior da banda de histerese, os interruptores são

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2 MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL 55

Figura 2.9 – Diagrama de blocos do controle utilizando histerese de corrente.

Fonte: Adaptado de (OSÓRIO, 2017).

bloqueados. Neste instante, os diodos são polarizados diretamente, oferecendo um novocaminho para que a corrente permaneça circulando. Observa-se então que a corrente defase passa a decair, até que o limite inferior da banda de histerese seja atingido, onde osinterruptores mais uma vez entram em condução. Nota-se que enquanto os diodos estãoem condução a tensão sobre a fase permanece igual a da fonte, entretanto, com polaridadeinvertida. Este processo é mantido até que a condição θph > θoff seja satisfeita, onde osinterruptores serão bloqueados e a corrente irá decair até que chegue a zero, onde os di-odos também deixam de conduzir. Os interruptores permanecem bloqueados até que aposição volte a satisfazer o intervalo, dando início novamente ao processo de regulação.

Figura 2.10 – Processo de regulação de corrente via regulador de histerese.

Fonte: Adaptado de (OSÓRIO, 2017).

O processo de regulação via histerese de corrente é de interesse uma vez que podeser aplicado ao SRM sem conhecimento dos parâmetros elétricos da máquina. Somando-sea isso, o regulador de histerese apresenta alta robustez, uma vez que é imune a variações

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paramétricas. Esta técnica, entretanto, apresenta algumas desvantagens. Um dos proble-mas verificado é a frequência de comutação variável, uma vez que ao longo do período deregulação a frequência com que a corrente atinge as extremidades da banda varia (MI-KAIL et al., 2014; YE; MALYSZ; EMADI, 2015). Esta variação está diretamente ligadaa frequência de comutação dos interruptores do conversor. Outro problema verificado é oelevado ripple de corrente desta técnica, fator que afeta diretamente a forma de onda detorque da máquina.

O acionamento via regulador de histerese de corrente destina-se exclusivamente abaixas e médias velocidades, tendo como limitante a velocidade base da máquina. Nestavelocidade o valor da FCEM tem módulo igual ao da fonte que alimenta o SRM. Assim,para velocidades superiores a velocidade base a FCEM assume valores superiores a tensãode alimentação do motor, inviabilizando o controle de corrente via regulador de histerese.Estes conceitos serão melhor abordados no Anexo A.

2.3.2 Acionamento via pulso único

Para velocidades acima da velocidade base, utiliza-se o acionamento via pulsoúnico. Essa técnica faz uso de apenas um único pulso no intervalo de excitação, ondeo controle é realizado através da variação do ângulo θoff . Os ângulos de acionamentoimpactam diretamente a dinâmica da máquina, bem como o valor de corrente de fase. Ovalor de pico da corrente, entretanto, não pode ser controlado no acionamento a pulsoúnico.

O diagrama de blocos do controle com acionamento a pulso único pode ser vi-sualizado na Figura 2.11. Nesta configuração, o ângulo θon é mantido fixo, enquanto oângulo θoff é determinado através de um controlador a partir do erro de rastreamentode velocidade. Os interruptores do conversor AHB são acionados segundo a lógica dobloco sig, que os coloca em condução enquanto a condição θon ≤ θph ≤ θoff é satisfeita.As formas de onda do processo de acionamento via pulso único podem ser visualizadasna Figura 2.12. Nota-se que enquanto a posição de uma fase encontra-se no intervalode acionamento, a corrente da fase cresce, até que o ângulo θoff seja atingido, onde acorrente passa a diminuir até atingir zero.

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2 MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL 57

Figura 2.11 – Diagrama de blocos do controle utilizando acionamento a pulso único.

Fonte: Adaptado de (OSÓRIO, 2017).

Figura 2.12 – Processo de acionamento a pulso único.

Fonte: Adaptado de (OSÓRIO, 2017).

2.4 MODELAGEM

Nesta seção do trabalho são apresentados os modelos elétrico e mecânico do SRM,a fim de expressar o comportamento dinâmico da máquina. A dependência de certasvariáveis com relação à posição rotórica, e a saturação magnética são considerados.

2.4.1 Modelo elétrico

Em um SRM a tensão em seus terminais é definida por:

v = Ri+ dφ

dt(2.6)

onde φ corresponde ao fluxo magnético das bobinas do estator e R a resistênciados enrolamentos do estator. Levando-se em consideração a saturação magnética, têm-seque o fluxo e indutância L são dependentes tanto da corrente quanto da posição θ do eixo.

Page 60: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

58 2 MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL

Define-se, então, o fluxo magnético como:

φ(i, θ) = L(i, θ)i(t) (2.7)

Substituindo-se (2.7) em (2.6), e calculando-se a derivada, tem-se,

v = Ri+ L(θ, i)didt

+ idL(θ, i)dt

. (2.8)

Expandindo-se a derivada da indutância em relação ao tempo, obtém-se:

dL(θ, i)dt

= ∂L(θ, i)∂θ

dt+ ∂L(θ, i)

∂i

di

dt(2.9)

Realizando a substituição de (2.9) em (2.8), e reagrupando os termos têm-se (2.10),

v = Ri+ l(θ, i)didt

+ e (2.10)

onde

l(θ, i) = L(θ, i)didt

+ i∂L(θ, i)∂i

(2.11)

e = iωr∂L(θ, i)∂i

(2.12)

ωr = dθ

dt(2.13)

O termo l(θ, i), visto em (2.11), representa a indutância incremental (SALMASI;FAHIMI, 2004; GAO; SALMASI; EHSANI, 2004; YE; BILGIN; EMADI, 2015). Nestetermo estão inclusos os efeitos de saturação magnética, dado que são considerados aindutância própria L(θ, i), a corrente elétrica e a variação da indutância promovida por i.

Pode-se representar (2.10) de forma matricial, como visto em (2.14)

va

vb

vc

=Ra + ωr

∂La

∂θ0 0

0 Rb + ωr∂Lb

∂θ0

0 0 Rc + ωr∂Lc

∂θ

ia

ib

ic

+

la 0 00 lb 00 0 lc

ddt

ia

ib

ic

(2.14)

em que va, vb e vc são as tensões de fase; Ra, Rb, Rc são as resistências dos enrolamentos;La, Lb e Lc são as indutâncias próprias de fase; la, lb e lc são as indutâncias incrementaise ia, ib e ic são as correntes de fase.

Pode-se reescrever a expressão apresentada em (2.9), desprezando-se a saturação.Neste caso, o comportamento do fluxo eletromagnético em relação à corrente é dito linear,tornando a indutância uma função apenas da posição e constante em relação à corrente.

Page 61: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

2 MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL 59

Assim, têm-se:

dL(θ, i)dt

= dL(θ)dt

= ∂L(θ)∂θ

dt(2.15)

logo, a tensão de fase pode ser expressa apenas como função de L(θ):

v = Ri+ L(θ)didt

+ iωr∂L(θ, i)∂i

(2.16)

2.4.2 Torque eletromagnético

A modelagem matemática referente ao torque eletromagnético da máquina seráfeita em duas etapas: análise não-linear, onde será levada em consideração o efeito dasaturação magnética, e a análise linear, onde o efeito de saturação será desprezado, a fimde simplificar a análise.

2.4.2.1 Análise não-linear

Durante a operação, as máquinas de relutância variável operam longe da região delinearidade magnética. Assim, para que se possa modelar de maneira correta o processode conversão eletromecânica de energia, deve-se fazer uma análise levando em conta asnão-linearidades do sistema. A fim de se considerar a saturação do circuito magnético damáquina, deve-se levar em consideração as características de magnetização da mesma, ouseja, as curvas de magnetização que relacionam o comportamento de fluxo em função dacorrente e da posição rotórica (MILLER, 2001).

A Figura 2.13 mostra a característica de magnetização para uma situação ondeexiste saturação magnética, onde ∆W co representa a variação da co-energia. A energia édefinida como a integral da corrente em relação ao fluxo, a co-energia, por sua vez, é defi-nida como a integral do fluxo em relação à corrente, como visto em (2.17) (KRISHNAN,2001; MILLER, 2001).

W coj =

i∫0

φ(θ, i)di, (2.17)

onde j se refere a fase, sendo j ∈ N e 1 ≤ j ≤ 3, considerando-se a máquina trifásicadeste trabalho. A co-energia total é dada como a soma da co-energia de cada fase, comovisto em (2.18).

W co =3∑j=1

W coj (i, θ) (2.18)

Page 62: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

60 2 MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL

Figura 2.13 – Variação de co-energia com a posição para um mesmo valor de corrente.

Fonte: Autor.

Assim, para um determinado valor de corrente, pode-se determinar o valor detorque eletromagnético através da variação da co-energia em relação a posição, comovisto na equação (2.19).

Tem = ∂W co

∂θ(2.19)

2.4.2.2 Análise linear

A fim de se realizar uma análise simplificada, pode-se deduzir o torque eletromag-nético a partir da potência de entrada, utilizando-se uma abordagem linear (MILLER,2001). Realizando-se o produto da equação da tensão da máquina, (2.16), pela correntei, pode-se representar a potência instantânea de entrada como

pin = vi = Ri2 + i2dL(θ)dt

+ L(θ)ididt. (2.20)

Dado que a taxa de varição da energia magnética armazenada é dada por

d [L(θ)i2]dt

= 2L(θ)ididt

+ dL(θ)dt

i2, (2.21)

pode-se isolar o termo

L(θ)ididt

=d[

12L(θ)i2

]dt

− 12dL(θ)dt

i2. (2.22)

Substituindo-se o termo L(θ)ididt, da equação (2.20), pela equação (2.22) tem-se

pin = Ri2 +d[

12L(θ)i2

]dt

+ 12dL(θ)dt

i2. (2.23)

Como a saturação é desprezada nesta análise, é possível substituir-se a derivada

Page 63: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

2 MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL 61

da indutância em (2.23), dL(θ)dt

, pela mostrada em (2.15). Dessa forma, a potência deentrada por ser reescrita como

pin = Ri2 +d[

12L(θ)i2

]dt

+ 12i

2∂L(θ)∂θ

ωr. (2.24)

Na equação (2.24) a potência instantânea de entrada, pin, pode ser dividida emtrês termos. O primeiro termo é composto pelas perdas resistivas no enrolamento. Osegundo termo representa a taxa de variação da energia armazenada no campo magnéticoe, de acordo com a lei de conservação de energia, o último termo representa a potência noentreferro. Dado que a potência no entreferro é o produto do conjugado eletromagnéticopela velocidade rotórica,

pg = Temωr, (2.25)

o torque eletromagnético da máquina, ignorando-se os efeitos de saturação, podeser expresso como

Tem = 12i

2∂L(θ)∂θ

. (2.26)

Destaca-se que a o torque do SRM apresenta característica oscilante por natureza,dada a variação de corrente e de indutância, como observado na equação (2.26).

2.4.3 Modelo mecânico

Considerando a operação como motor, a equação dinâmica de uma máquina girantepode ser definida como

ωr = −BJωr + 1

JTm, (2.27)

onde B é o coeficiente de atrito viscoso e J é o coeficiente de inércia do rotor. O torqueeletromagnético pode ser definido como

Tm = Tem − TL, (2.28)

onde TL corresponde ao torque de carga aplicado no eixo da máquina.Utilizando-se o modelo linearizado, onde a saturação é desprezada, pode-se de-

terminar o torque mecânico substituindo-se a equação (2.16) em (2.27). A expressão detorque resultante pode ser vista em (2.29).

Tm = −12i

2dL(θ, i)dθ

+Bω + Jdω

dt(2.29)

Page 64: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

62 2 MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL

2.5 MODELO DE SIMULAÇÃO

Para modelar o comportamento dinâmico do SRM é necessário ter conhecimentodos dados de magnetização da máquina. Como mencionado previamente, estas caracterís-ticas são altamente não-lineares, fazendo com que estratégias específicas sejam utilizadaspara esta modelagem. Dentre elas pode-se citar a utilização de método de elementosfinitos e a obtenção de parâmetros através de ensaios experimentais, que proporcionammaior fidelidade as curvas de magnetização da máquina.

Desta forma, o modelo de simulação para o SRM utilizado neste trabalho foi obtidoatravés de dados adquiridos experimentalmente, como apresentado em (OSÓRIO, 2017).Isso permite a representação das características não-lineares da máquina, dando maiorfidelidade ao modelo de simulação. O procedimento para levantamento dos dados demagnetização consiste na obtenção do comportamento do fluxo magnético da máquinaem função da posição rotórica e da corrente elétrica (φ(i, θ)). Com estes dados, pode-segerar as tabelas de busca ITBL (tabela de busca de corrente) e TTBL (tabela de buscade torque) (BARROS, 2015; BARROS et al., 2018). A estrutura de simulação do SRMpode ser visualizada na Figura 2.14.

Figura 2.14 – Estrutura de simulação do SRM.

Fonte: Adaptado de (OSÓRIO, 2017).

O processo de simulação tem início com o estado dos interruptores do conversor.São medidas a tensão sob fase e a corrente que circula nesta mesma fase, permitindo quese possa computar o fluxo. Com o valor do fluxo e da posição rotórica da máquina, pode-se descobrir o valor de corrente na fase, através da tabela ITBL. Com o novo valor decorrente e ainda com a posição rotórica, utiliza-se a tabela TTBL a fim de determinar-seo valor de torque eletromagnético. Este procedimento é realizado para as três fases da

Page 65: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

2 MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL 63

máquina, de forma simultânea. O valor total de torque é então obtido através da soma dotorque produzido por cada fase e, através da equação (2.27), pode-se calcular a velocidaderotórica do SRM. A partir da velocidade rotórica, pode-se determinar a posição do eixoda máquina, que é então inserida no bloco mod. Este bloco é responsável por transformara posição rotórica nas posições referidas a cada fase, bem como aplicar a defasagem de15 existente entre as fases.

O Anexo A apresenta as curvas características da máquina, os perfis de indutân-cia e outros dados obtidos experimentalmente relevantes para a caracterização do SRMutilizado neste trabalho.

2.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste capítulo foram apresentados os conceitos básicos relacionados ao funciona-mento do SRM. Foram mostradas as características construtivas da MRV, com foco naestrutura de dupla saliência, bem como no perfil de indutância da máquina. O conversorutilizado para acionamento da máquina foi apresentado, onde suas etapas de operaçãoforam analisadas, verificando como afetam o funcionamento da máquina operando comomotor. Somando-se a isso, as técnicas de acionamento do SRM foram analisadas, com foconas duas estratégias apresentadas neste trabalho: acionamento via regulador histerese decorrente e acionamento a pulso único. A modelagem referente a parte elétrica e a partemecânica da máquina são apresentadas, juntamente do modelo de simulação, onde umaestrutura de tabelas representa o comportamento dinâmico da máquina. O projeto doscontroladores será realizado posteriormente e fará uso destes modelos.

Page 66: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de
Page 67: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

3 CONTROLE DO MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL

3.1 INTRODUÇÃO

Como apresentado anteriormente, verifica-se que o controle de velocidade do SRMé necessário para uma série de aplicações em eletrodomésticos, tração veicular e aeroespa-ciais. Tais aplicações demandam velocidade variável, bem como apresentam significativasvariações de torque de carga, gerando comportamentos transitórios no sistema.

O motor de relutância variável apresenta em sua dinâmica de velocidade uma fortedependência da corrente em suas fases. Para que seja possível o controle de velocidade doSRM, independente da carga conectada ao eixo e da velocidade rotórica, deve-se variar onível de corrente do motor. Ainda, a estratégia de controle utilizada deve ser robusta ecapaz de rejeitar distúrbios de carga e variações paramétricas, mantendo a velocidade domotor regulada.

Como visto no Capítulo 2, pode-se realizar o acionamento do SRM de algumasmaneiras diferentes. Neste trabalho, é realizado o acionamento via regulador histerese decorrente, onde a máquina opera abaixo da velocidade base. Neste Capítulo são projetadosdois controladores de velocidade para uso com histerese, um com técnica sliding mode eoutro com técnica adaptativa robusta por modelo de referência (RMRAC).

3.2 CONTROLADOR SLIDING MODE DE VELOCIDADE APLICADO AO ACIO-NAMENTO DO SRM VIA HISTERESE DE CORRENTE

A utilização de controladores sliding mode tem origem na década de 30, ondeverifica-se a existência de registros de sua utilização para controle de tensão de um geradorCC. A denominação da técnica está atrelada ao contexto dos relés, uma vez que estecontrolador faz uso de uma função chaveada descontínua de alta frequência, idealmenteinfinita, para atingir a referência desejada (UTKIN; GULDNER; SHI, 2009). A funçãochaveada mais simples é conhecida como função sinal, apresentada na Figura 3.1.

A equação que define a função sinal é apresentada em (3.1).

u (t) =

+uo, se e(t) > 0,−uo, se e(t) > 0,

(3.1)

Verifica-se que a função sinal, baseada no sinal da variável inserida em sua entrada,resulta em uma saída de amplitude fixa, definida previamente, e de mesmo sinal daentrada.

Page 68: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

66 3 CONTROLE DO MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL

Figura 3.1 – Diagrama da função sinal.

Fonte: Autor.

Para o controle sliding mode, define-se uma superfície de deslizamento, como vistoabaixo, para qual o controlador irá direcionar a trajetória do sistema, fazendo uso dafunção descontínua (GABBI, 2015).

e (t) = xref (t)− x (t) (3.2)

O controlador sliding mode se faz de interesse para aplicação no controle de ve-locidade do SRM, uma vez que a natureza não-linear do controlador é adequada parautilização com plantas que possuem dinâmicas não-lineares. Somando-se a isso, a utili-zação do acionamento via histerese de corrente também apresenta as vantagens da açãonão-linear do controlador, que possui elevada robustez a variações paramétricas (Barroset al., 2017; OSÓRIO, 2017). O projeto do controlador sliding mode é feito levando-se emconsideração o modo de operação descrito na Figura 2.10, e a implementação se da comoapresentada na Figura 3.2.

Figura 3.2 – Diagrama de blocos do controlador Sliding Mode de velocidade aplicado aoSRM.

Fonte: Autor.

Page 69: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

3 CONTROLE DO MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL 67

3.2.1 Projeto do controlador sliding mode

Para uma máquina rotativa, pode-se definir a equação dinâmica da velocidadecomo:

ωr = −BJωr + 1

JTe (3.3)

Assume-se que o torque da máquina pode ser definido como:

Te = KTN iref2 (3.4)

Assim, substituindo (3.4) em (3.3), têm-se:

ωr = −BJωr + 1

JKTN iref

2 (3.5)

A superfície de deslizamento é definida como:

σ = ωr − ωref (3.6)

Derivando-se a equação (3.6), têm-se:

σ = ωr − ωref (3.7)

Substituindo (3.7) em (3.5) e rearranjando os termos, têm-se:

ωr − ωref = −BJωr + 1

JKTN iref

2 − ωref (3.8)

Isolando o termo iref da equação (3.8), encontra-se,

iref2 = − J

KTN

(−BJω − ωref

). (3.9)

Adiciona-se o termo Ksign(σ) a (3.9), onde têm-se a função sinal do erro e umganho K, do controlador por modos deslizantes. A referência de corrente do reguladorpor histerese pode, então, ser definida como:

iref =√

J

KTN

(B

Jω + ωref −KSMsign(σ)

)(3.10)

3.2.1.1 Projeto do Filtro Passa-Baixa

Devido à introdução do termo da função sinal na equação (3.10), têm-se umareferência de corrente com uma característica chaveada de alta frequência, indesejadapara a malha interna de controle do SRM. A fim de atenuar estas oscilações e limitar a

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68 3 CONTROLE DO MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL

banda do controlador, utiliza-se um filtro passa-baixa de primeira ordem, definido como,

H (s) = ωcs+ ωc

. (3.11)

Comumente define-se a frequência de corte do filtro uma década abaixo da frequên-cia de corte da malha interna, de corrente. Neste trabalho utilizou-se fc = 100 Hz.

3.2.2 Prova de estabilidade do controlador

Seja a função candidata a Lyapunov, dada por

V = 12σ

2. (3.12)

Derivando-se (3.12), tem-se

V = σσ. (3.13)

Substituindo-se (3.7) em (3.13), resulta

V = σ (ωr − ωref ) . (3.14)

Substituindo a expressão (3.8) em (3.14), obtém-se

V = σ(−BJωr + 1

JKTN i

2ref − ωref

)(3.15)

O termo i2ref pode ser substituído pela expressão (3.9), como visto abaixo.

V = σ(−BJωr + 1

JKTN

(− J

KTN

(−BJω − ωref +Ksign(σ)

))− ωref

)(3.16)

Rearranjando os termos, tem-se

V = σ(−BJω + B

Jω − ωref + ωref −KSMsign(σ)

). (3.17)

Somando os termos de sinal oposto, resulta

V = −KSMσsign(σ). (3.18)

A função sinal pode ser substituída pelo módulo de σ, como visto em (3.19).

V = −KSM |σ| (3.19)

Assim, o controlador é estável para todo ganho KSM > 0.

Page 71: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

3 CONTROLE DO MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL 69

3.2.3 Controlador em tempo discreto

Para obtenção de resultados de simulação e resultados experimentais, apresenta-dos nos Capítulos 3 e 4 deste trabalho, o controlador apresentado na equação (3.10) foidiscretizado com frequência de amostragem de fs = 30kHz. O diagrama de blocos daestrutura do controlador sliding mode discreto é apresentado na Figura 3.3.

Figura 3.3 – Diagrama de blocos do controlador sliding mode em tempo discreto.

Fonte: Autor.

3.2.4 Resultados de simulação

Buscando-se validar a estratégia de controle de velocidade apresentada, foram ob-tidos resultados de simulação. O sistema foi simulado como descrito na seção 2.5 destetrabalho. Nas sub-seções a seguir são apresentados o comportamento do controlador frenteà variações de referência, degrau de carga e falha em uma das fases durante a operação.Para estes resultados foram utilizados o acionamento via regulador histerese de correntee ângulos de início e término de excitação fixos, dados por θon = 22.5 e θoff = 37.5,respectivamente. Os ângulos foram escolhido de forma tal que em qualquer posição ro-tórica exista uma fase sendo excitada. Após uma série de testes, escolheu-se o ganhoKSM = 5000. Os parâmetros da MRV utilizada são apresentados na Tabela 3.1.

Tabela 3.1 – Parâmetros da máquina de relutância variável 12x8.

Parâmetro Símbolo EspecificaçãoTensão Vcc 400 VCorrente Nominal In 5 APotência Nominal P 2 kWVelocidade Nominal ωn 1500 RPMCoeficiente de atrito viscoso B 0.006 NmsMomento de inércia do rotor J 0.004 kg.m2

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70 3 CONTROLE DO MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL

3.2.4.1 Resposta à variação de referência

A fim de verificar o desempenho do controlador frente à variação de referência,criou-se um perfil composto por duas rampas, responsáveis por elevar a velocidade rotóricada máquina em 50 rad/s no período de um segundo. Após cada rampa, a referência émantida fixa por um período de dois segundos, a fim de verificar a resposta do controlarem regime. A resposta de velocidade rotórica pode ser vista na Figura 3.4.

Figura 3.4 – Resultado de simulação com variação de referência para o controlador slidingmode: velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência (ωref ).

Fonte: Autor.

Verifica-se a capacidade do controlador de rastrear a referência, demonstrando bomdesempenho durante regime permanente e transitório.

3.2.4.2 Resposta ao degrau de carga

Para avaliar o desempenho do controlador frente a um degrau de carga, foi realizadoo acionamento do SRM com velocidade fixa e aplicado um degrau de carga de 4.5 Nm.A carga é conectada ao SRM no instante t = 6s e, no instante t = 8s, a mesma édesconectada. A resposta de velocidade rotórica pode ser vista na Figura 3.5. As formasde onda de corrente elétrica após o degrau de carga podem ser vistas na Figura 3.7 (a),enquanto a forma de onda de torque eletromagnético pode ser vista na Figura 3.8 (a).

Pode-se verificar que o controlador é capaz de rejeitar o distúrbio de carga e mantera velocidade de referência. Nota-se uma pequena ampliação na oscilação de velocidadeno intervalo do degrau de carga. Tal fenômeno está relacionado à elevação do ripple detorque, oriundo do método de controle de corrente utilizado.

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3 CONTROLE DO MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL 71

Figura 3.5 – Resultado de simulação com degrau de carga para o controlador sliding mode:velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência (ωref ).

Fonte: Autor.

3.2.4.3 Resposta à falha de fase em aberto

Buscando avaliar a tolerância à faltas da máquina quando acionada pelo algoritmosliding mode, simulou-se uma falta do tipo fase em aberto. Assim, após o instante t = 6s,os interruptores da fase “A” foram intencionalmente mantidos bloqueados, fazendo comque apenas as fases “B’ e “C” pudessem ser controladas. A resposta de velocidade rotóricapode ser vista na Figura 3.6. As formas de onda de corrente após a falha podem ser vistasna Figura 3.7 (b), enquanto a forma de onda de torque eletromagnético pode ser vista naFigura 3.8 (b).

Figura 3.6 – Resultado de simulação com falha na fase “A” para o controlador slidingmode: velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência (ωref ).

Fonte: Autor.

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72 3 CONTROLE DO MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL

Pode-se verificar que o controlador é capaz de manter a velocidade de referênciaapós a falha na fase “A”. Verifica-se, assim como no degrau de carga, uma pequena elevaçãona oscilação da velocidade medida. Este fenômeno, no entanto, justifica-se pelo fato deapenas duas fases estarem produzindo torque a fim de manter a velocidade rotórica.

Figura 3.7 – Resultados de simulação para o controlador sliding mode: (a) Correntes apóso degrau de carga; (b) Correntes após a falha na fase “A”.

Fonte: Autor.

Figura 3.8 – Resultados de simulação para o controlador sliding mode: (a) Torque eletro-magnético após o degrau de carga; (b) Torque eletromagnético após a falhana fase “A”.

Fonte: Autor.

Page 75: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

3 CONTROLE DO MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL 73

3.3 CONTROLADOR RMRAC DE VELOCIDADE APLICADO AO ACIONAMENTOVIA HISTERESE DE CORRENTE

Controle adaptativo pode ser definido como uma estratégia de controle capaz dealterar seu comportamento baseado nas modificações de dinâmica de um processo oudevido a distúrbios que venham a afetar este sistema (ASTRÖM, 1994). Assim, nota-seque um controlador adaptativo tem capacidade de alterar seus ganhos em tempo reala fim de alterar seu comportamento dinâmico. A estrutura básica de um controladoradaptativo pode ser vista na Figura 3.9.

Figura 3.9 – Diagrama de blocos do controlador RMRAC genérico.

Fonte: Adaptado de (ASTRÖM, 1994).

A utilização de controladores adaptativos robustos é de interesse em sistemas queapresentam incertezas ou variações paramétricas (MILLER, 2003). Sabe-se que controla-dores de ganho fixo, como os controladores PID (Proporcional-Integral-Derivativo), apre-sentam comportamento com desempenho degradado em situações de variação paramé-trica, visto que o ponto de operação do sistema se altera. Assim, a utilização de uma leide controle robusta é uma alternativa para esse tipo de aplicação.

O controle adaptativo robusto por modelo de referência (RMRAC) faz uso de ummodelo de referência, a ser escolhido pelo projetista, para determinar a dinâmica do sis-tema controlado em malha fechada. Assim, pode-se definir previamente o comportamentocaracterístico desejado para o sistema através de uma função transferência, considerando-se um sinal de entrada como a referência (TÂMBARA, 2018).

O controlador RMRAC se faz de interesse para aplicação no SRM, dado que a má-quina apresenta natureza não-linear, apresentando significativas variações paramétricas.Somando-se a isso, deseja-se acelerar a dinâmica da malha de velocidade, o que pode serfeito através da escolha de um modelo de referência adequado. Neste trabalho, o pro-jeto do controlador RMRAC será feito levando-se em consideração o modo de operaçãodescrito na Figura 2.10, e a implementação será conforme visto na Figura 3.10.

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74 3 CONTROLE DO MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL

Figura 3.10 – Diagrama de blocos do controlador RMRAC de velocidade aplicado aoSRM.

Fonte: Autor.

3.3.1 Projeto do controlador RMRAC

Inicialmente, assume-se que a planta mecânica pode ser definida da seguinte forma,

G(s) = y

u= 1s+ ap

(1 + µ∆m(s))u , (3.20)

onde ap é o polo responsável pela característica dinâmica da planta mecânica em malhaaberta e µ∆m(s) é algo não modelado, como por exemplo um distúrbio.

Para o controlador RMRAC de velocidade, define-se a lei de controle utilizadacomo

u = −θady + ωref , (3.21)

onde θad é o ganho adaptativo do controlador.O modelo de referência, Wm, é dado por

Wm = ams+ am

(3.22)

onde am é o polo do modelo de referência, a ser escolhido pelo projetista.Na equação (3.23) verifica-se o estimador de parâmetro utilizado, do tipo gradiente,

com a função sigma-modification, responsável por garantir robustez ao sistema,

.

θad = Γεφe − σsΓθad, (3.23)

onde ε é o erro aumentado e φe é o vetor de erro.O erro aumentado e o vetor de erro podem ser definidos segundo (3.24) e (3.25),

respectivamente.

ε = z − θadφem2s

(3.24)

Page 77: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

3 CONTROLE DO MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL 75

φe = 1s+ am

y (3.25)

onde z é um sinal auxiliar, que tende a zero quando o controlador entra em regimepermanente e ms é o normalizador, responsável por evitar que o sinal φe cresça de formademasiada. Estes sinais são definidos por (3.26) e (3.27), respectivamente. Destaca-seque nesta lei de controle o normalizador é feito de forma robusta, como apresentado em(IOANNOU, 1996).

z = y − 1s+ am

u (3.26)

m2s = 1 + nd (3.27)

onde nd é dado por,nd = −δ0nd + u2 + y2, (3.28)

com a condição inicial de

nd(0) = 0 . (3.29)

A função sigma-modification é dada por (3.30), de forma análoga a (CÂMARA,2007).

σs =

0 caso|θad| < M0(|θad|M0− 1

)σ0 casoM0 < |θad| <= 2M0

σ0 caso|θad| > 2M0

(3.30)

Esta função garante a estabilidade do sinal normalizador, fazendo com que θad semantenha limitado na presença do distúrbio ∆m(s). M0 é o valor limite superior para θad,caso este apresente desvio além dos valores admissíveis, devendo ser ajustado com basenas simulações. O mecanismo deste controlador faz com que o polo da planta ap busquea localização do polo do modelo de referência am. Assim, a escolha de am influenciaráa dinâmica do sistema em malha fechada, portanto, deve-se escolher am adequadamente.Informações adicionais, como a prova de estabilidade do controlador podem ser vistas em(IOANNOU, 1996).

3.3.2 Controlador em tempo discreto

Para obtenção de resultados de simulação e experimentais, apresentados nos Ca-pítulos 3 e 4 deste trabalho, o controlador apresentado na subseção 3.3.1 foi discretizadocom frequência de amostragem de fs = 30 kHz. O diagrama de blocos da estrutura do

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76 3 CONTROLE DO MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL

controlador RMRAC discreto é apresentado na Figura 3.11.

Figura 3.11 – Diagrama de blocos do controlador RMRAC em tempo discreto.

Fonte: Autor.

O modelo de referência escolhido tem polo am = 50, como pode ser visto na equação(3.31).

Wm = ams+ am

= 50s+ 50 (3.31)

A resposta ao degrau unitário da planta mecânica e do modelo de referência esco-lhido podem ser visualizadas na Figura 3.12. Nota-se que o modelo escolhido é significa-tivamente mais rápido que a planta original. Esta escolha foi feita a fim de melhorar aresposta transitória da malha mecânica do sistema.

Figura 3.12 – Resposta ao degrau da planta mecânica e do modelo de referência.

Fonte: Autor.

Para implementar o algoritmo de adaptação de parâmetros, deve-se escolher osvalores de Γ, δ0, M0 e σ0. M0 deve ser escolhido de forma que M0 ≥ ‖θ∗ad‖, onde θ∗ad éo vetor de parâmetros verdadeiro de θad. Assim, escolhe-se um valor qualquer para M0,maior que o valor de ‖θad‖ e uma vez que o algoritmo já convergiu, outro valor poderáser escolhido. Recomenda-se que para o caso de um identificador do tipo gradiente que1 ≤ Γ ≤ 20, e que 0.01 ≤ σ0 ≤ 0.5.

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3 CONTROLE DO MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL 77

Por fim, deve-se escolher o parâmetro δ0. Reescrevendo-se a equação (3.28) nodomínio da frequência, tem-se

nd (s)(u2 + y2) (s) = 1

s+ δ0(3.32)

O valor de δ0 deve ser escolhido de tal forma que 0 ≤ δ0 ≤ q0, onde q0 é tal queos polos da dinâmica não modelada são estáveis. Informações adicionais a respeito doprojeto podem ser encontradas em (GRÜNDLING, 1995).

Os parâmetros do controlador utilizados em simulação e para obtenção de resulta-dos experimentais podem ser vistos na Tabela 3.2.

Tabela 3.2 – Parâmetros do controlador RMRAC.

Γ δ0 M0 σ0

2.25 1.1 5 0.5

3.3.3 Resultados de simulação

A fim de validar a estratégia de controle de velocidade apresentada, foram obtidosresultados de simulação. A estrutura de simulação foi mantida a mesma utilizada parao controlador sliding mode. Nas sub-seções a seguir são apresentados o comportamentodo controlador frente à variações de referência, degrau de carga e falha em uma das fasesdurante a operação. Ressalta-se que estes resultados também fizeram uso o acionamentovia regulador histerese de corrente e ângulos de início e término de excitação fixos, dadospor θon = 22.5 e θoff = 37.5, respectivamente.

3.3.3.1 Resposta à variação de referência

Buscando-se verificar o desempenho do controlador frente à variação de referên-cia, novamente, utilizou-se o perfil composto por duas rampas, responsáveis por elevara velocidade rotórica da máquina em 50 rad/s no período de um segundo. Após cadarampa, a referência é mantida fixa por um período de dois segundos, a fim de verificara resposta do controlar em regime permanente. As respostas de velocidade rotórica e doganho adaptativo, θad, podem ser vistas na Figura 3.13.

Verifica-se que o controlador RMRAC é capaz de rastrear a referência, apresen-tando bom desempenho em regime permanente e transitório. Observa-se ainda que oganho θad é sintonizado com rapidez durante a primeira rampa de velocidade, apresen-tando uma pequena alteração quando submetido à segunda variação de referência.

Page 80: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

78 3 CONTROLE DO MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL

Figura 3.13 – Resultado de simulação com variação de referência para o controlador RM-RAC: (a) velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência (ωref ); (b) ganhoadaptativo (θad).

Fonte: Autor.

3.3.3.2 Resposta ao degrau de carga

Para análisar o desempenho do controlador RMRAC frente a um degrau de carga,realizou-se, novamente, o acionamento do SRM com velocidade fixa seguido da aplicaçãoum degrau de carga de 4.5 Nm. Assim como para o algoritmo sliding mode, a carga éinserida no instante t = 6s e removida no instante t = 8s. A resposta de velocidade rotó-rica pode ser vista na Figura 3.14. As formas de onda de corrente após o degrau de cargapode ser vista na Figura 3.16 (a), enquanto a forma de onda de torque eletromagnéticopode ser vista na Figura 3.17 (a).

Observa-se que o controlador é capaz de manter a velocidade de referência, re-jeitando o distúrbio de carga. Novamente, é verificado uma ampliação na oscilação develocidade durante o degrau de carga, associada à elevação do ripple de torque, proveni-ente do método de controle de corrente escolhido. Nota-se ainda que o ganho θad sofrealteração após o degrau de carga, retornando ao valor original após a remoção do distúrbiode carga.

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3 CONTROLE DO MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL 79

Figura 3.14 – Resultado de simulação com degrau de carga para o controlador RMRAC:(a) velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência (ωref ); (b) ganho adap-tativo (θad).

Fonte: Autor.

3.3.3.3 Resposta à falha de fase em aberto

Para avaliar a tolerância a faltas da máquina quando acionada pelo algoritmo RM-RAC, simulou-se uma falta de fase em aberto, na fase “A”. O procedimento para simulaçãoda falha é igual ao descrito para o controlador sliding mode. A resposta de velocidaderotórica pode ser vista na Figura 3.15. As formas de onda de corrente após a falha podemser vistas na Figura 3.16 (b), enquanto a forma de onda de torque eletromagnético podeser vista na Figura 3.17 (b).

Percebe-se que o controlador, mais uma vez, é capaz de regular a velocidade,seguindo a referência mesmo após a falha na fase “A”. A dinâmica da velocidade apre-senta uma pequena variação, onde observa-se uma ampliação da oscilação de velocidade.Verifica-se uma pequena variação no ganho θad, a fim de compensar o fato de apenas duasfases da máquina estarem produzindo torque a fim de manter a velocidade rotórica.

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80 3 CONTROLE DO MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL

Figura 3.15 – Resultado de simulação com falha na fase “A” para o controlador RMRAC:(a) velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência (ωref ); (b) ganho adap-tativo (θad).

Fonte: Autor.

Figura 3.16 – Resultados de simulação para o controlador RMRAC: (a) Correntes após odegrau de carga; (b) Correntes após a falha na fase “A”.

Fonte: Autor.

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3 CONTROLE DO MOTOR DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL 81

Figura 3.17 – Resultados de simulação para o controlador RMRAC: (a) Torque eletro-magnético após o degrau de carga; (b) Torque eletromagnético após a falhana fase “A”.

Fonte: Autor.

3.3.4 Considerações Finais

Neste Capítulo apresentou-se estratégias para controle de velocidade do motorde relutância variável. O acionamento foi realizado via regulador histerese de corrente,uma vez que operou-se o SRM abaixo de sua velocidade base. O controlador sliding modeproposto é projetado a partir da equação dinâmica da velocidade da máquina. Uma provade estabilidade do controlador através de uma função candidata a Lyapunov também éapresentada. Para o projeto do controlador RMRAC, o projeto do controlador é feito apartir da escolha do modelo de referência adequado, onde busca-se alterar a dinâmica daplanta mecânica.

A fim de validar as estratégias de controle propostas, foram apresentados resultadosde simulação para ambos os controladores sob as condições de variação de referência,degrau de carga e falha de fase em aberto. Verificou-se resposta satisfatória de ambosos controladores, sendo que foram capazes de manter a velocidade de referência quandosubmetidos a estes distúrbios.

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4 RESULTADOS EXPERIMENTAIS - SRM

4.1 INTRODUÇÃO

Este Capítulo apresenta os resultados experimentais, a fim de validar as estratégiasde controle de velocidade propostas no Capítulo 3. É descrita a bancada utilizada paraimplementação dos controladores propostos, onde são destacadas as características dohardware. Na sequência, são discutidos os resultados experimentais obtidos para o controlede velocidade do SRM. Por fim, são feitas algumas considerações a respeito dos resultadosobtidos.

4.2 DESCRIÇÃO DA PLATAFORMA EXPERIMENTAL

Para a obtenção de resultados experimentais, foi utilizada uma bancada, vide odiagrama de blocos da Figura 4.1, que traz uma visão geral de sua estrutura. A bancadaresponsável pelo acionamento do SRM é composta por um motor de relutância variável,uma máquina de indução (utilizada como gerador), sistemas de comando para o motor(fonte de alimentação, conversor AHB, DSP, sensores de corrente e placas de interface ede condicionamento), um banco de capacitores, para excitação do gerador de indução, eresistores, usados como carga. Um encoder absoluto de 10 bits com comunicação serialé utilizado para obtenção da posição e velocidade rotórica. O controle foi implementadoem tempo discreto com uma frequência de amostragem de 30 kHz, utilizando-se o DSPTMS320F28335, da Texas Instruments.

4.3 CONTROLADOR SLIDING MODE

O controlador sliding mode, projetado na seção 3.2.1, foi implementado conformea estrutura apresentada na Figura 3.3. Nas sub-seções a seguir são apresentados o com-portamento do controlador frente à variações de referência, degrau de carga e falha emuma das fases durante a operação. Para estes resultados foram utilizados o acionamentovia regulador histerese de corrente e ângulos de início e término de excitação fixos, dadospor θon = 22.5 e θoff = 37.5, respectivamente.

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84 4 RESULTADOS EXPERIMENTAIS - SRM

Figura 4.1 – Diagrama de blocos da bancada utilizada para acionamento do SRM.

Fonte: Autor.

4.3.1 Resposta à variação de referência

Buscando-se verificar o desempenho do controlador frente à variação de referência,criou-se um perfil composto por duas rampas, responsáveis por elevar a velocidade rotóricada máquina em 50 rad/s no período de um segundo. Após cada rampa, a referência émantida fixa por um período de dois segundos, a fim de verificar a resposta do controlarem regime permanente. A resposta de velocidade rotórica pode ser vista na Figura 4.2.

Pode-se verificar que o controlador é capaz de rastrear a referência, apresentandobom desempenho durante regime e transitórios, como visto nos resultados de simulação.

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4 RESULTADOS EXPERIMENTAIS - SRM 85

Figura 4.2 – Resultado experimental com variação de referência para o controlador slidingmode: velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência (ωref ).

Fonte: Autor.

4.3.2 Resposta ao degrau de carga

A fim de verificar o desempenho do controlador frente a um degrau de carga, foirealizado o acionamento do SRM com velocidade fixa e aplicado um degrau de carga de4.5 Nm. Para a aplicação do degrau de carga, a máquina de indução, acoplada ao SRM,foi conectada a um banco de capacitores, permitindo seu acionamento como gerador auto-excitado. Uma contatora conecta uma carga resistiva trifásica nos terminais do gerador noinstante t = 6s e, no instante t = 8s, a mesma é desconectada. A resposta de velocidaderotórica pode ser vista na Figura 4.3. As formas de onda de corrente após o degrau decarga podem ser vistas na Figura 4.5 (a).

Figura 4.3 – Resultado experimental com degrau de carga para o controlador sliding mode:velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência (ωref ).

Fonte: Autor.

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86 4 RESULTADOS EXPERIMENTAIS - SRM

Pode-se verificar que o controlador é capaz de manter a velocidade de referênciaapós a conexão e desconexão da carga. Nota-se uma ampliação na oscilação de velocidadedurante o degrau de carga. Isto pode ser explicado pela elevação do ripple de torque,proveniente do método de controle de corrente escolhido.

4.3.3 Resposta à falha de fase em aberto

Com o intuito de avaliar a tolerância a faltas da máquina quando acionada peloalgoritmo sliding mode, foi simulada uma falta de fase em aberto. Para tanto, após oinstante t = 6s, os interruptores da fase “A” foram propositalmente mantidos bloqueados,fazendo com que apenas as fases “B” e “C” estivessem disponíveis para controle. Aresposta de velocidade rotórica pode ser vista na Figura 4.4. As formas de onda decorrente após a falha podem ser vistas na Figura 4.5 (b).

Figura 4.4 – Resultado experimental com falha na fase “A” para o controlador slidingmode: velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência (ωref ).

Fonte: Autor.

Pode-se verificar que o controlador é capaz de manter a velocidade de referênciaapós a falha na fase “A”. Verifica-se uma pequena elevação na oscilação da velocidademedida, entretanto, justifica-se pelo fato de apenas duas fases estarem produzindo torquea fim de manter a velocidade rotórica.

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4 RESULTADOS EXPERIMENTAIS - SRM 87

Figura 4.5 – Resultado experimental para o controlador sliding mode: (a) Correntes apóso degrau de carga; (b) Correntes após a falha na fase “A”.

Fonte: Autor.

4.4 CONTROLADOR RMRAC

O controlador RMRAC projetado na seção 3.2.1 foi implementado conforme aestrutura apresentada na Figura 3.3.1. Nas sub-seções a seguir são apresentados o com-portamento do controlador frente à variações de referência, degrau de carga e falha emuma das fases durante a operação. Assim como feito para o algoritmo sliding mode, estesresultados também fizeram uso do acionamento com regulador de histerese de correntee ângulos de início e término de excitação fixos, dados por θon = 22.5 e θoff = 37.5,respectivamente.

4.4.1 Resposta à variação de referência

Buscando-se verificar o desempenho do controlador frente à variação de referência,utilizou-se o perfil composto por duas rampas, responsáveis por elevar a velocidade rotóricada máquina em 50 rad/s no período de um segundo. Após cada rampa, a referência émantida fixa por um período de dois segundos, a fim de verificar a resposta do controlarem regime. As respostas de velocidade rotórica e do ganho adaptativo, θad, podem servistas na Figura 4.6.

Pode-se verificar que o controlador RMRAC é capaz de rastrear a referência, apre-sentando bom desempenho em regime e durante transitórios, assim como foi verificadonos resultados de simulação. Verifica-se ainda que o ganho θad é rapidamente sintonizadodurante a primeira rampa de velocidade, apresentando uma pequena alteração quando asegunda variação de referência é imposta.

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88 4 RESULTADOS EXPERIMENTAIS - SRM

Figura 4.6 – Resultado experimental com variação de referência para o controlador RM-RAC: (a) velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência (ωref ); (b) ganhoadaptativo (θad).

Fonte: Autor.

4.4.2 Resposta ao degrau de carga

Para análise do desempenho do controlador RMRAC frente a um degrau de carga,realizou-se, novamente, o acionamento do SRM com velocidade fixa e aplicou-se um degraude carga de 4.5 Nm. O processo para aplicação do degrau foi feito da mesma formadescrita para o controlador sliding mode. Desta forma, uma contatora conecta uma cargaresistiva trifásica aos terminais gerador de indução no instante t = 6s e, no instante t = 8s,a desconecta. A resposta de velocidade rotórica pode ser vista na Figura 4.7. As formasde onda de corrente após o degrau de carga pode ser vista na Figura 4.9 (a).

Verifica-se que o controlador é capaz de manter a velocidade de referência quandosubmetido ao degrau de carga. Uma ampliação na oscilação de velocidade durante odegrau de carga é verificada. Novamente, pode-se explicar este fenômeno pela elevaçãodo ripple de torque, proveniente do método de controle de corrente escolhido. Observa-seainda que o ganho θad sofre modificação durante o degrau de carga, retornando ao valorinicial após o fim do distúrbio provocado.

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4 RESULTADOS EXPERIMENTAIS - SRM 89

Figura 4.7 – Resultado experimental com degrau de carga para o controlador RMRAC:(a) velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência (ωref ); (b) ganho adap-tativo (θad).

Fonte: Autor.

4.4.3 Resposta à falha de fase em aberto

Com o intuito de avaliar a tolerância a faltas da máquina quando acionada peloalgoritmo RMRAC, simulou-se uma falta de fase em aberto, na fase “A”. O procedimentopara simulação da falha é idêntico ao descrito para o controlador sliding mode. A respostade velocidade rotórica pode ser vista na Figura 4.8. As formas de onda de corrente apósa falha podem ser vistas na Figura 4.9 (b).

Observa-se que o controlador, novamente, é capaz de manter a velocidade de refe-rência após a falha na fase “A”. A dinâmica da velocidade não apresenta variação visível,entretanto, deve-se ressaltar que em uma situação sob carga, é verificado uma ampliaçãoda oscilação de velocidade. Verifica-se uma pequena variação no ganho θad. Certamenteisto ocorreu para compensar a perda de uma fase e, por apenas duas outras fases estaremproduzindo o torque necessário para manter a velocidade rotórica.

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90 4 RESULTADOS EXPERIMENTAIS - SRM

Figura 4.8 – Resultado experimental com falha na fase “A” para o controlador RMRAC:(a) velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência (ωref ); (b) ganho adap-tativo (θad).

Fonte: Autor.

Figura 4.9 – Resultado experimental para o controlador RMRAC: (a) Correntes após odegrau de carga; (b) Correntes após a falha na fase “A”.

Fonte: Autor.

4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste Capítulo foram apresentados resultados experimentais obtidos através dabancada experimental utilizada para o acionamento do motor de relutância variável. Maisdetalhes sobre a bancada experimental são apresentados no Apêndice A.

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4 RESULTADOS EXPERIMENTAIS - SRM 91

As diferentes técnicas de controle foram analisadas, permitindo a validação dos re-sultados de simulação apresentados e os controladores projetados neste trabalho. Verificou-se que a velocidade rotórica dos SRM foi controlada de maneira satisfatória em todos oscasos, sendo capaz de rastrear a referência e rejeitar distúrbios aplicados, como carga oufalha de uma fase.

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5 MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA

5.1 INTRODUÇÃO

Desde a década de 70, o número de trabalhos sobre o acionamento e controle emvelocidade variável do motor síncrono de relutância (SynRM) elevou-se significativamente.Com a queda de preço dos dispositivos semicondutores e a evolução dos microcontrola-dores, o acionamento do SynRM por meio de inversores começou a tornar-se economica-mente viável. Dada sua elevada robustez, características construtivas e de operação, oSynRM torna-se uma opção para aplicações industriais, especialmente na substituição demáquinas de indução (VAGATI, 1994; VAGATI et al., 1996; BOGLIETTI et al., 2006).Somando-se a isso, seu elevado rendimento, menor volume e reduzido custo de fabricaçãotem acelerado este processo.

Neste capítulo, aborda-se o conceito de relutância na produção de torque eletro-magnético, e como pode-se aplicar esta ideia para o SynRM. Ainda, serão apresentadasas características construtivas da máquina síncrona de relutância (MSR), onde são des-tacados a estrutura anisotrópica do rotor. Serão mostradas ainda algumas topologiasdiferentes para construção do rotor, seja por anisotropia laminada axialmente ou trans-versalmente. A relação entre as indutâncias de eixo direto e de quadratura é analisada,introduzindo-se o conceito de taxa de saliência e sua relação com a produção de torque efator de potência da máquina.

Na sequência, mostra-se o princípio de funcionamento do SynRM, juntamente dosistema utilizado para acionamento da máquina como motor, destacando-se a utilização deconversor estático para acionamento via controle vetorial e uma abordagem para partidadireta na rede. É também apresentada a modelagem das dinâmicas elétricas e mecânicasdo SynRM. Por fim, o modelo de simulação utilizado é explicado, onde verificar-se ométodo para obtenção dos dados, bem como a estrutura de simulação utilizada, com baseno modelo de tempo discreto da máquina.

5.2 CONCEITO DE RELUTÂNCIA

O conceito de relutância e de torque de relutância pode ser explicado com auxílioda Figura 5.1. Na Figura, observa-se um material com anisotropia magnética, uma vezque apresenta indutâncias de eixo d e eixo q diferentes. Quando este material é submetidoa um campo magnético, o objeto terá uma tendência natural a se alinhar com o campo.Assim, o objeto irá rotacionar, fazendo com que seu eixo de maior indutância, d, fique

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94 5 MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA

alinhado com o campo. Este fenômeno é conhecido como torque de relutância e é oprincípio básico para o funcionamento do SynRM (MOGHADDAM, 2011; ZEKIC, 2016).

Figura 5.1 – Exemplo de material com anisotropia de indutância submetido a campomagnético.

Fonte: Autor.

5.3 CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS

O SynRM, assim como o SRM, apresenta construção bastante simples quandocomparada a outras máquinas elétricas. Isso se deve ao fato que a máquina apresentaenrolamentos exclusivamente no estator, sendo seu rotor constituído apenas por materialferromagnético, dispensando o uso de enrolamentos adicionais ou ímãs permanentes. Atopologia mais comum encontrada é a trifásica, onde são fornecidos acesso a seis terminais,permitindo-se a ligação delta ou estrela.

Do ponto de vista construtivo, a máquina síncrona de relutância se assemelha a ou-tras máquinas senoidais, como a máquina síncrona e a máquina de indução. A construçãodo estator é muito similar as demais, onde identifica-se enrolamentos, comumente trifá-sicos, distribuídos de forma uniforme e senoidal. Levando-se em consideração este fato,em conjunto a ausência de ímãs no rotor, uma série de trabalhos na literatura tem comofoco a comparação do SynRM com o IM, buscando analisar qual o melhor candidato paraaplicações industriais, por exemplo (VAGATI, 1994; VAGATI et al., 1996; VARTANIAN;TOLIYAT, 2009; PANCORBO et al., 2015).

A principal diferença entre a máquina de indução e a máquina síncrona de relutân-cia se da na construção do rotor. Diferentemente do IM, que apresenta barras metálicascurto-circuitadas no rotor, o SynRM apresenta uma estrutura composta por chapas dematerial ferro-magnético. Isso faz com que o SynRM não apresente correntes rotóricas(com exceção das perdas por correntes de Foucalt), diferentemente do IM, que apresenta

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5 MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA 95

significativo nível de corrente no rotor. Desta forma, de modo geral, o SynRM apresentarendimento significativamente superior ao IM (MOGHADDAM; MAGNUSSEN; SADA-RANGANI, 2010). Além disso, as reduzidas perdas fazem com que máquinas de relutânciade dimensões iguais a máquinas de indução apresentem aquecimento significativamentemenor, permitindo a redução de carcaça para uma mesma aplicação ou maior capacidadenominal para a mesma carcaça (BOGLIETTI et al., 2006; BOGLIETTI; PASTORELLI,2008).

Nesta seção serão discutidas as características construtivas da máquina síncronade relutância, com foco na construção do rotor e na taxa de saliência, destacando-se suaimportância na produção de torque da máquina, bem como o impacto no fator de potênciada máquina.

5.3.1 Rotor

O rotor é uma peça fundamental para o funcionamento da máquina síncrona derelutância, de modo que seu projeto possui grande impacto em fatores como no rendimentoe no fator de potência. Como apresentado na Seção 5.2 deste capítulo, o projeto adequadode um rotor para o SynRM deve buscar maximizar a relação entre as indutâncias deeixo direto e de quadratura, também conhecida como anisotropia do rotor (STATON;MILLER; WOOD, 1993; MATSUO; LIPO, 1994; KERSTEN, 2017).

Embora não seja o foco desta dissertação, uma breve história sobre as diferentesgeometrias de rotor para máquinas síncronas de relutância será apresentada, a fim defacilitar o entendimento das estruturas modernas. Uma série de registros a respeito deSynRM com rotores dotados de gaiolas de esquilo são encontrados na literatura (GAMBAet al., 2013; GAMBA et al., 2015). A ideia combina o mecanismo de partida do motorde indução e o funcionamento em regime do motor síncrono de relutância, visto que ocontrole vetorial era bastante custoso antes do fim do século passado. Estas máquinas,entretanto, apresentavam baixo desempenho, uma vez que possuíam um fator de saliênciamenor a fim de abrigar as barras do rotor gaiola de esquilo (MATSUO; LIPO, 1994).

Com o avanço das técnicas de controle vetorial, bem como a queda de preço emaior disponibilidade de dispositivos semicondutores, o estudo de geometrias de rotor seintensificou. As primeiras geometrias verificadas são compostas por rotores de máquinasde indução, com estrutura fresada em certos pontos. Este tipo de estrutura, no entanto,apresentava baixa taxa de saliência. Trabalhos como (LEE, 1959; FUKAO; CHIBA;MATSUI, 1989) fazem uso de um rotor convencional de uma máquina síncrona de polossalientes, entretanto, sem os enrolamentos. Em (HASSAN; OSHEIBA; MOHAMADEIN,1980) também fez-se uso de variações desta geometria de rotor, no entanto, a taxa desaliência obtida continuou baixa, comprometendo o desempenho da máquina.

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96 5 MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA

O estudo de geometrias de rotor se dividiu em duas linhas distintas após o trabalhode (KOSTKO, 1923). O autor foi responsável por verificar que o uso de múltiplos caminhose barreiras de fluxo eram uma estratégia eficaz, resultando em uma elevada taxa desaliência. Os trabalhos subsequentes aos de Kostko desenvolvem novas geometrias de duasformas diferentes: anisotropia laminada axialmente ou transversalmente. A geometrialaminada axialmente pode ser vista na Figura 5.2 (a). Esse tipo de estrutura apresentauma série de chapas instaladas uma sobre as outras na direção do rotor, apresentandoelevada taxa de saliência quando comparada a outras geometrias. Nota-se, entretanto,que este tipo de rotor introduz desafios de montagem e produção, uma vez que as placasdeve ser fixadas em uma direção radial e suportar diferentes esforços.

Figura 5.2 – Geometrias de rotor para máquinas síncronas de relutância. (a) Laminadaaxialmente, (b) e (c) Laminada transversalmente.

Fonte: Autor.

A geometria laminada transversalmente, por sua vez, é composta por uma sériede chapas idênticas, empilhadas e posteriormente colocadas em um eixo, como visto naFigura 5.2 (b) e (c). Esta geometria também apresenta elevada taxa de saliência, podendoapresentar mais de uma geometria, seja através de caminhos curvos ou retos. Somando-se a isso, este tipo de construção apresenta uma série de vantagens do ponto de vistaprodutivo, uma vez que a fabricação de inúmeras chapas idênticas é simples.

A máquina síncrona de relutância utilizada neste trabalho é produzida pela ABB,fazendo parte da linha IE4 de alto rendimento. A geometria utilizada é do tipo lami-nada transversalmente com quatro polos, apresentada na Figura 5.3. Destaca-se ainda ocaminho de maior indutância, alinhado com o eixo d e o caminho de menor indutância,alinhado com o eixo q. Além disso, são destacadas as estruturas denominadas por ribs ewebs. Estas estruturas têm por função garantir a integridade do rotor, dado que para seproduzir tal geometria através de uma chapa, deve-se deixar material a fim de conectarmecanicamente todos os segmentos. Devido a suas dimensões, normalmente estes segmen-tos apresentam saturação, sendo necessário sua análise no projeto de novas geometrias(MOHANARAJAH et al., 2016).

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5 MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA 97

Figura 5.3 – Geometrias de rotor presente no SynRM usado neste trabalho, laminadatransversalmente.

Fonte: Autor.

5.3.2 Taxa de Saliência e Fator de Potência

Um dos parâmetros mais importantes no estudo e projeto de máquinas síncronasde relutância é a taxa de saliência. Este parâmetro pode ser definido como a relação entrea indutância de eixo direto e de quadratura, como visto em (5.1).

ξ = LdLq

(5.1)

Esta taxa indica de maneira geral o desempenho da máquina, dado que está di-retamente ligada ao fator de potência, a produção de torque e outros aspectos do com-portamento dinâmico da máquina (ZEKIC, 2016). O fator de potência interno máximoda máquina, FPImax, pode ser escrito como função da taxa de saliência, como visto em(5.2).

FPImax = ξ − 1ξ + 1 (5.2)

Observa-se que para a obtenção de um fator de potência elevado, é necessária umataxa de saliência elevada. O comportamento do FPImax em função da taxa de saliênciapode ser visto na Figura 5.4.

É válido ressaltar que para valores superiores a 8, tem-se pequeno retorno namelhora do fator de potência. Somando-se a isso, o projeto e fabricação de geometriasde elevada saliência tornam-se bastante complexos, diminuindo o interesse de buscar-setaxas muito elevadas.

Page 100: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

98 5 MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA

Figura 5.4 – Curva característica do fator de potência do SynRM em função da taxa desaliência.

Fonte: Autor.

5.4 ACIONAMENTO DO MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA

O acionamento da máquina síncrona de relutância se da de forma bastante similaràs demais máquinas senoidais. A fim de operar como motor, deve-se alimentar os enro-lamentos da máquina com tensão senoidal, sendo que para a máquina trifásica, utilizadaneste trabalho, a alimentação deve ser feita através de três fases, defasadas em 120. Oprocesso de conversão eletromecânica de energia pode ser melhor entendido com o auxílioda Figura 5.5.

Considerando-se que a máquina possui enrolamentos distribuídos de forma senoidalno estator, assim como a máquina de indução, sabe-se que um campo girante de velocidadesíncrona é produzido quando os enrolamentos são alimentados com corrente trifásica.Dado que o rotor do SynRM possui anisotropia de indutância, quando imerso no campoproduzido pelo estator, seu eixo d irá buscar alinhamento de forma constante. Destemodo, como observado na Figura 5.5 (a), alinha-se o campo girante do estator com orotor na direção de maior indutância. Após o alinhamento, pode-se dar início a rotaçãodeste campo, como visto na Figura 5.5 (b). Verifica-se que ao rotacionar-se o campo doestator, o rotor busca constante alinhamento, promovendo a rotação do eixo da máquinae configurando a operação como motor.

Nas subseções a seguir serão discutidas brevemente as duas formas mais comunspara acionamento da MSR como motor: o acionamento via controle de campo orientadoe o acionamento através de partida direta ligada a rede.

Page 101: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

5 MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA 99

Figura 5.5 – Princípio de operação do SynRM: (a) Campo alinhado com o eixo d do rotor;(b) Rotação do campo magnético acompanhada da rotação do rotor.

Fonte: Autor.

5.4.1 Acionamento via Controle de Campo Orientado

O acionamento através do controle de campo orientado é a técnica mais utilizadapara a operação do SynRM. Algumas das vantagens da utilização desta técnica são acapacidade de partida e o acionamento em velocidade variável. Para tanto, é necessário ouso de um inversor, sendo tipicamente utilizada a topologia apresentada na Figura 5.6. Autilização de um inversor implica também na necessidade de dispositivos adicionais paracontrole, como sensores de tensão, corrente e microcontroladores, elevando o custo totaldo sistema.

Destaca-se que o uso de uma estratégia de controle para a partida é imperativo,uma vez que o SynRM, assim como outras máquinas síncronas, não apresenta capacidadede partida direta, sendo normalmente utilizada uma partida com velocidade variável.

Page 102: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

100 5 MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA

Figura 5.6 – Inversor trifásico de 3 braços usado para acionamento do SynRM.

Fonte: Autor.

5.4.2 Acionamento Line Start

Outra forma de acionamento existente para o SynRM é denominada de Line Start.O método Line Start permite que um motor síncrono de relutância seja ligado diretamentea rede trifásica, sem necessidade de hardware adicional, tal como a máquina de indução.Esta técnica, no entanto, apresenta uma série de desvantagens quando comparada aoacionamento por controle de campo orientado (KERSTEN, 2017). Para que o SynRMpossa ser conectado diretamente a rede, deve-se incluir em seu projeto barras no rotor,assim como no IM. Desta forma, como mencionado anteriormente, tem-se uma geometriaprejudicada, com menor taxa de saliência, devido a presença das barras. Somando-se aisso, o rotor passa a apresentar as mesmas perdas do IM durante a partida, prejudicando orendimento do SynRM. Por fim, sem a utilização de um inversor, perde-se a capacidade departida e operação em velocidade variável, que se faz de grande interesse para aplicaçõesindustriais e em eletrodomésticos.

5.5 MODELAGEM

Nesta seção do trabalho são apresentados os modelos elétrico e mecânico do SynRM,a fim de expressar o comportamento dinâmico da máquina. O modelo elétrico é desen-volvido em duas etapas: primeiramente apresenta-se o modelo em coordenadas abc e emseguida é desenvolvido o modelo em coordenadas dq.

Page 103: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

5 MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA 101

5.5.1 Modelo Elétrico

Para a modelagem da máquina síncrona de relutância, algumas hipóteses são con-sideradas (KRAUSE; WASYNCZUK; SUDHOFF, 2002):

1. Os enrolamentos do estator são balanceados e distribuídos de forma senoidal;

2. As indutâncias são funções senoidais da posição rotórica;

3. Os efeitos de saturação e incertezas paramétricas são desprezados;

4. As perdas no núcleo são desprezadas;

5. As resistências estatóricas são consideradas idênticas.

5.5.1.1 Representação em coordenadas abc

O modelo em coordenas abc pode ser obtido através da aplicação das leis deKirchhoff ao circuito elétrico equivalente da máquina síncrona de relutância (KRAUSE;WASYNCZUK; SUDHOFF, 2002), apresentado na Figura 5.7.

Figura 5.7 – Circuito elétrico do SynRM em coordenadas abc

Fonte: Autor.

va

vb

vc

=

Rs 0 00 Rs 00 0 Rs

ia

ib

ic

+ d

dt

φa

φb

φc

(5.3)

φa

φb

φc

=

La Mab Mac

Mba Lb Mbc

Mca Mcb Lc

ia

ib

ic

(5.4)

Page 104: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

102 5 MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA

onde va, vb e vc são as tensões estatóricas de fase, ia, ib e ic são as correntes estatóricas defase, φa, φb e φc são os fluxos estatóricos, Rs é a resistência estatórica, La, Lb e Lc são asindutâncias próprias de fase e Mab, Mac, Mba, Mbc, Mca e Mcb são as indutâncias mútuasentre fases.

A relação entre as indutâncias mútuas é dada por,

Mab = Mba

Mac = Mba

Mbc = Mcb

. (5.5)

Levando-se em consideração as variações de indutância na direção radial do motor,como é verificado nas máquinas síncronas de relutância, pode-se modelar as indutânciaspróprias e as indutâncias mútuas como função da posição rotórica (KRAUSE; WASYNC-ZUK; SUDHOFF, 2002). Assim, as indutâncias próprias e mútuas podem ser expressas,respectivamente, como

La = Ls + Lm cos (2θe)Lb = Ls + Lm cos

(2θe − π

3

)Lc = Ls + Lm cos

(2θe + π

3

) (5.6)

e

Mab = −12Ls + Lm cos (2θe)

Mac = −12Ls + Lm cos

(2θe − π

3

)Mbc = −1

2Ls + Lm cos(2θe + π

3

) , (5.7)

onde Ls é a indutância de magnetização de um enrolamento e Lm é a amplitude máximada indutância mútua entre enrolamentos.

Assim, a partir de (5.3) e (5.4), pode-se reescrever o modelo em coordenadas abcna forma matricial, como

vabc = Rabciabc + Labcdiabcdt

. (5.8)

Os vetores vabc e iabc são definidos como,

vabc =[va vb vc

]T(5.9)

iabc =[ia ib ic

]T(5.10)

Page 105: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

5 MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA 103

e as matrizes Rabc e Labc são dadas por

Rabc =

Rs 0 00 Rs 00 0 Rs

(5.11)

Labc =

La Mab Mac

Mba Lb Mbc

Mca Mcb Lc

. (5.12)

5.5.1.2 Representação em coordenadas síncronas dq

No estudo de máquinas senoidais frequentemente transforma-se o sistema trifásicoem coordenadas abc em um sistema de coordenadas síncronas dq. Para tanto, faz-se usoda transformada de Park, buscando-se transformar grandezas estatóricas em um planode referência fixado no rotor. Desta forma, pode-se eliminar a variação de indutânciasno tempo, vistas no modelo abc. Somando-se a isso, consegue-se realizar o controle devariáveis como correntes sem a análise de termos senoidais, permitindo maior simplicidadeno projeto dos controladores.

A matriz de transformação para coordenadas síncronas é dada por (vide por exem-plo (KRAUSE; WASYNCZUK; SUDHOFF, 2002))

Pdq0 = 23

cos (θe) cos

(θe − 2π

3

)cos

(θe + 2π

3

)− sin (θe) − sin

(θe − 2π

3

)− sin

(θe + 2π

3

)12

12

12

(5.13)

e sua inversa é expressa por (segundo (KRAUSE; WASYNCZUK; SUDHOFF, 2002))

Pdq0−1 =

cos (θe) − sin (θe) 1

cos(θe − 2π

3

)− sin

(θe − 2π

3

)1

cos(θe + 2π

3

)− sin

(θe + 2π

3

)1

. (5.14)

A Figura 5.8 mostra a relação entre as coordenas abc e dq. Assim, após a trans-formação de coordenadas, o circuito equivalente do SynRM em coordenadas síncronas dqpode ser visto na Figura 5.9.

Como realizado para coordenadas abc, o modelo em coordenas dq também pode serobtido através da aplicação da lei das tensões de Kirchhoff ao circuito elétrico equivalenteda máquina síncrona de relutância, apresentado na Figura 5.9. Desta forma, obtém-se asseguintes relações,

Page 106: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

104 5 MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA

Figura 5.8 – Relação entre as coordenadas abc e dq.

Fonte: Autor.

Figura 5.9 – Circuito equivalente do SynRM em coordenadas dq.

Fonte: Autor.

vd = Rsid + Lddiddt− ωeLqiq (5.15)

vq = Rsiq + Lqdiqdt

+ ωeLdid , (5.16)

onde vd e vq são as tensões de eixo direto e de quadratura, Rs é a resistências estatórica,id e iq são as correntes de eixo d e q, Ld e Lq são as indutâncias de eixo d e q e ωe é avelocidade angular elétrica do SynRM.

Isolando-se os termos diferenciais, pode-se obter as equações dinâmicas de corrente,como apresentado a seguir,

id = −Rs

Ldid + 1

Ldvd + ωe

LqLdiq (5.17)

Page 107: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

5 MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA 105

iq = −Rs

Lqiq + 1

Lqvq − ωe

LdLqid (5.18)

O torque eletromagnético produzido pelo SynRM pode ser expresso como,

Tem = 32np(Ld − Lq)idiq (5.19)

onde np é o número de pares de polos da máquina síncrona de relutância.A relação entre a posição angular elétrica, θe , e a velocidade angular elétrica é

dada por,

dθedt

= ωe, (5.20)

e a relação entre velocidade mecânica é expressa por (5.21).

ωe = npωr (5.21)

Substituindo-se a equação (5.21) em (5.17) e (5.18), pode-se determinar o modelodinâmico das correntes utilizado no controle do SynRM, como visto abaixo, e representadona forma de diagrama de blocos na Figura 5.10.

id = −Rs

Ldid + 1

Ldvd + npωr

LqLdiq

iq = −Rs

Lqiq + 1

Lqvq − npωr

LdLqid

(5.22)

Figura 5.10 – Modelo matemático do SynRM em coordenada dq, com destaque para oacoplamento entre eixos.

Fonte: Autor.

Page 108: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

106 5 MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA

Observa-se que o modelo em eixos dq é de menor complexidade quando comparadoao modelo em coordenadas abc, uma vez que elimina a variação temporal e o acoplamentoentre as indutâncias estatóricas. Verifica-se ainda, entretanto, a presença de acoplamentoentre as variáveis id e iq, através do termo de FCEM. Assim, variações na corrente deeixo direto podem se refletir em distúrbios na corrente de eixo de quadratura e vice-versa.Este termo de acoplamento é dependente da corrente de um dos eixos e da velocidaderotórica, assim como de constantes tal qual indutância e número de polos.

5.5.2 Modelo Mecânico

Considerando a operação como motor, a equação dinâmica de uma máquina girantepode ser definida como

ωr = −BJωr + 1

JTm, (5.23)

onde B é o coeficiente de atrito viscoso e J é o coeficiente de inércia do rotor. O torqueeletromagnético pode ser definido como

Tm = Tem − TL, (5.24)

onde TL corresponde ao torque de carga aplicado no eixo da máquina.

5.6 MODELO DE SIMULAÇÃO

O modelo de simulação, responsável por representar o comportamento do SynRM,foi implementado através das equações diferencias da máquina, apresentadas em (5.17),(5.18), (5.19) e (5.23). Buscando-se uma maior aproximação da bancada utilizada paraobtenção de resultados experimentais, optou-se pela simulação em tempo discreto.

As equações, então, foram discretizadas para implementação no software Matlab.O período de amostragem, Ts, adotado é de 10−4 s. Usando a técnica de discretização deEuler, as equações discretas são dadas por,

id(k+1) = id(k) + TsLd

(vd(k) +Rsid(k) + npωr(k)Lqiq(k)

)(5.25)

iq(k+1) = iq(k) + TsLq

(vq(k) +Rsiq(k) − npωr(k)Ldid(k)

)(5.26)

Tem(k+1) = 32np(Ld − Lq)id(k+1)iq(k+1) (5.27)

Page 109: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

5 MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA 107

ωr(k+1) = ωr(k) + TsJ

(−Bωr(k) +

(Tem(k) − TL(k)

)). (5.28)

O processo de simulação pode ser visto na Figura 5.11. Verifica-se que inicialmente,tendo como entradas os valores de vd(k) e vq(k), computa-se as correntes id(k+1) e iq(k+1).Com as correntes, pode-se determinar o valor de torque eletromagnético e, por consequên-cia, o valor da velocidade rotórica. Este valor é então realimentado nas equações elétricas,a fim de computar o termo de FCEM.

Figura 5.11 – Modelo de simulação do SynRM em tempo discreto.

Fonte: Autor.

5.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste capítulo foram apresentados os conceitos básicos relacionados ao funciona-mento e a construção do SynRM. Inicialmente, abordou-se o conceito de relutância e a suarelação com a produção de torque através de anisotropia. Apresentou-se as característicasconstrutivas da máquina, com foco na geometria do rotor e na taxa de saliência, fatoresque impactam diretamente no funcionamento e desempenho da máquina. O princípiode funcionamento, bem como o conversor utilizado para acionamento da máquina foramapresentados, com o foco no acionamento via controle vetorial, utilizado neste trabalho.Uma breve descrição sobre o acionamento por partida direta também foi feita. A modela-gem referente a parte elétrica e a parte mecânica da máquina são mostradas, juntamentedo modelo de simulação, onde o comportamento dinâmico da máquina é representadoatravés de suas equações em tempo discreto.

Page 110: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de
Page 111: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

6 CONTROLE DO MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA

6.1 INTRODUÇÃO

Sabe-se que o controle de velocidade do SynRM é de interesse para uma sériede aplicações, especialmente industriais, visando a substituição de máquinas de indução.Esse tipo de aplicação requer acionamento em velocidade variável, bem como demandarobustez frente à variações de torque de carga.

O motor síncrono de relutância apresenta sua dinâmica de velocidade relacionadaà frequência de suas correntes estatóricas. Para que seja possível o controle de velocidadedo SRM, independente da carga conectada ao eixo e da velocidade rotórica, deve-se variara frequência das correntes do motor.

Como apresentado no Capítulo 5, o acionamento do SynRM pode ser feito de for-mas diferentes. Neste trabalho, é realizado o acionamento via controle de campo orientadoindireto, onde realiza-se o controle em coordenadas dq. Neste Capítulo é apresentado ummétodo para projeto dos controladores PI das malhas de corrente, bem como para o con-trolador PI da malha de velocidade. A técnica de projeto é validada através de resultadosde simulação e experimentais.

6.2 CONTROLE DE CAMPO ORIENTADO INDIRETO

Para o controle de velocidade do SynRM, será utilizada a estratégia de controle ve-torial, mais especificamente a técnica de controle por campo orientado indireto (IndirectField Oriented Control - IFOC). A técnica IFOC considera que o vetor de fluxo rotó-rico está sempre alinhado com o eixo d. Dessa forma, consegue-se controlar de maneiraseparada o fluxo da máquina (eixo d) e o torque eletromagnético (eixo q).

A principal vantagem da utilização da abordagem indireta (IFOC) sobre a abor-dagem direta (DFOC) está relacionada a medição do fluxo. A instalação de sensores paraa medição de fluxo pode se tornar complexa e custosa, entretanto, é imperativa na abor-dagem DFOC. Na estratégia IFOC, por sua vez, utiliza-se apenas as correntes id e iq pararealimentação no sistema, o que se torna de menor complexidade e de maior interessepara aplicações industriais (GASTALDINI, 2008).

O projeto dos controladores apresentados a seguir é feito levando-se em considera-ção o modo de operação descrito na Figura 5.10, e a implementação se da como vista naFigura 6.1.

Page 112: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

110 6 CONTROLE DO MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA

Figura 6.1 – Diagrama de blocos do controle de campo orientado indireto aplicado aoSynRM.

Fonte: Autor.

6.2.1 Projeto dos Controladores PI para Malha de Corrente

O primeiro passo para o projeto dos controladores PI das malhas de corrente é adeterminação das funções transferência de malha fechada de id e iq. Para tanto, faz-senecessário definir as funções transferência dos controladores PI utilizados para as correntesde eixo d e q, mostrados nas equações (6.1) e (6.2), respectivamente.

Gcd(s) = kpd

+ kids

(6.1)

Gcq(s) = kpq + kiqs

(6.2)

onde kpde kpq são os ganhos proporcionais e kid e kiq os ganhos integrais.

As funções transferência do modelo elétrico do SynRM em coordenadas dq sãodefinidas por (6.3) e (6.4).

Gd(s) =1Ld

s+ Rs

Ld

(6.3)

Gq(s) =1Lq

s+ Rs

Lq

(6.4)

Com as funções transferências dadas em (6.1), (6.2), (6.3) e (6.4), pode-se deter-minar as funções transferência de malha fechada para as correntes id e iq como Gmfd

(s) eGmfq(s),

Gmfd(s) = Gcd

(s)Gd(s)1 +Gcd

(s)Gd(s)=

kpd

Lds+ kid

Ld

s2 + Rs+kpd

Lds+ kid

Ld

(6.5)

Page 113: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

6 CONTROLE DO MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA 111

Gmfq(s) = Gcq(s)Gq(s)1 +Gcq(s)Gq(s)

=kpq

Lqs+ kiq

Lq

s2 + Rs+kpq

Lqs+ kiq

Lq

. (6.6)

Verifica-se que as dinâmicas em malha fechada para as plantas são de segundaordem. A fim de se projetar o ganho dos controladores, a planta de malha fechada seráaproximada por uma função transferência de segundo grau, como visto em (6.7) e (6.8).

Gmfd(s) =

kpd

Lds+ kid

Ld

s2 + Rs+kpd

Lds+ kid

Ld

=2ξ1ωCd

s+ ω2Cd

s2 + 2ξCdωCd

s+ ω2Cd

(6.7)

Gmfq(s) =kpq

Lqs+ kiq

Lq

s2 + Rs+kpq

Lqs+ kiq

Lq

=2ξ2ωCqs+ ω2

Cq

s2 + 2ξCqωCqs+ ω2Cq

(6.8)

onde ξCde ξCq correspondem aos coeficientes de amortecimento desejados para o sistema,

ξ1 e ξ2 são os coeficientes de amortecimentos obtidos pela igualdade do denominador eωCd

e ωCq as frequências naturais não amortecidas.Observação O1: A resistência estatória é significativamente menor que o ganho

propocional a ser projetado, permitindo que possa ser desprezado na comparação dasplantas, como visto em (6.9).

kpd Rs

kpq Rs

(6.9)

Dessa forma, pode-se determinar os ganhos dos controladores PI para as malhasde corrente segundo (6.10).

kpd= 2ξCd

ωCdLd −Rs

kpq = 2ξCqωCqLq −Rs

kid = ω2CdLd

kiq = ω2CqLq

(6.10)

6.2.2 Validação da Estratégia de Projeto

A fim de validar-se o método de projeto apresentado, pode-se avaliar os contro-ladores obtidos em (6.10) e comparar seu comportamento dinâmico com o modelo desegundo grau escolhido. Para o projeto dos controladores da malha elétrica escolheu-seξCd

= ξCq = 0.9, enquanto ωCde ωCq foram determinados segundo (6.11).

ωCd= 10

(Rs

Ld

)ωCq = 10

(Rs

Lq

) (6.11)

Page 114: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

112 6 CONTROLE DO MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA

Os polos e zeros das funções transferências mostradas em (6.7) e (6.8) podem servistos na Figura 6.2. As funções em vermelho correspondem ao modelo de segunda ordemescolhido para o projeto, enquanto as em azul correspondem as funções transferências demalha fechada, usadas em simulação.

Figura 6.2 – Mapa de polos e zeros das funções transferências do modelo de segundaordem e da planta em malha fechada.

Fonte: Autor.

Nota-se que os polos das funções são idênticos, entretanto, devido a ausência deRs no denomidador das funções de malha fechada, os zeros das funções apresentam umapequena diferença.

Na Figura 6.3 são mostradas as respostas ao degrau unitário, para eixos d e q,para o modelo de segunda ordem escolhido para o projeto, para a funções transferênciasde malha fechada usada em simulação e o degrau experimental, obtido no SynRM emlaboratório.

Observa-se que a resposta de simulação e a resposta experimental estão sobrepos-tas, enquanto a resposta do modelo de segunda ordem apresenta leve diferença em regimetransitório. Este fato se justifica pela diferença apresentada entre as funções transferênciasfrente a ausência do termo Rs, o que altera ligeiramente a dinâmica da planta.

Page 115: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

6 CONTROLE DO MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA 113

Figura 6.3 – Respostas ao degrau unitário do modelo de segunda ordem, do modelo desimulação e experimental para os eixos d e q.

Fonte: Autor.

6.2.3 Projeto dos Controladores PI para Malha de Velocidade

O projeto do controlador PI para a malha de velocidade será análogo ao realizadopara a malha de corrente. Inicialmente, define-se a equação do controlador utilizado,como visto em (6.12).

Gcmec(s) = kpmec + kimec

s(6.12)

onde kpmec é o ganho proporcional e kimec é o ganho integral do controlador.A função transferência do modelo mecânico do SynRM é dada por,

Gmec(s) =1J

s+ BJ

. (6.13)

Com as funções transferências dadas em (6.12) e (6.13) pode-se determinar a funçãotransferência de malha fechada para a malha de velocidade Gmfmec(s),

Gmfmec(s) = Gcmec(s)Gmec(s)1 +Gcmec(s)Gmec(s)

=kpmec

Js+ kimec

J

s2 + B+kpmec

Js+ kimec

J

(6.14)

Page 116: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

114 6 CONTROLE DO MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA

Assim como para a parte elétrica, observa-se que as dinâmicas em malha fechadapara a planta é de segunda ordem. A fim de se projetar o ganho do controlador, a plantade malha fechada será aproximada por uma função transferência de segundo grau, comovisto em (6.15).

Gmfmec(s) =kpmec

Js+ kimec

J

s2 + B+kpmec

Js+ kimec

J

= 2ξ3ωCmecs+ ω2Cmec

s2 + 2ξCmecωCmecs+ ω2Cmec

(6.15)

onde ξCmec corresponde ao coeficiente de amortecimento desejados para o sistema e ωCmec

à frequência natural não amortecida.Observação O2: O coeficiente de atrito viscoso é significativamente menor que o

ganho proporcional a ser projetado, permitindo que possa ser desprezado na comparaçãodas plantas, como visto em (6.16).

kpmec B (6.16)

Dessa forma, pode-se determinar os ganhos do controlador PI para a malha develocidade segundo (6.17).

kpmec = 2ξCmecωCmecJ

kimec = ω2Cmec

J(6.17)

6.3 CONTROLADORES EM TEMPO DISCRETO

Para obtenção de resultados de simulação e resultados experimentais, apresentadosnos Capítulos 6 e 4 deste trabalho, os controladores apresentados nas equações (6.10) e(6.17) foram discretizado com frequência de amostragem de fs = 10kHz. Os ganhospodem ser discretizados através da metodologia apresentada em (OGATA, 1994).

KPd= kpd

− kid

2 Ts

KPq = kpq −kiq

2 Ts

KPmec = kpmec −kimec

2 Ts

KId= kidTs

KIq = kiqTs

KImec = kimecTs

(6.18)

onde KPd, KPq e KPmec são os ganhos proporcionais discretos e KId

, KIq e KImec os ganhosintegrais discretos.

A implementação do controlador é apresentada em (OGATA, 1994) conforme apre-

Page 117: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

6 CONTROLE DO MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA 115

sentado em (6.19).

vd(k) = vd(k−1) + (KPd+KId

) ed(k) −KPded(k−1)

vq(k) = vq(k−1) +(KPq +KIq

)eq(k) −KPqeq(k−1)

iqref (k) = iqref (k−1) + (KPmec +KImec) eω(k) −KPmeceω(k−1)

(6.19)

onde ed(k), eq(k) e eω(k) são os erros de rastreamento. Os erros podem ser definidos comovisto em (6.20).

ed(k) = idref (k) − id(k)

eq(k) = iqref (k) − iq(k)

eω(k) = ωref(k) − ωr(k)

(6.20)

6.4 RESULTADOS DE SIMULAÇÃO

Nesta seção são apresentados resultados de simulação a fim de validar as estraté-gias de controle aplicadas ao SynRM. Os parâmetros da máquina síncrona de relutânciautilizada são apresentados na Tabela 6.1.

Tabela 6.1 – Parâmetros da máquina síncrona de relutância.

Parâmetro Símbolo EspecificaçãoTensão Vcc 400 VCorrente Nominal In 5 APotência Nominal P 2.2 kWVelocidade Nominal ωn 1500 RPMResistência estatórica Rs 2.4077 ΩIndutância eixo d Ld 326.89 mHIndutância eixo q Lq 94.36 mHCoeficiente de atrito viscoso B 0.006 NmsMomento de inércia do rotor J 0.004 kg.m2

6.4.1 Controle de Campo Orientado Indireto

O controle vetorial projetado na Seção 6.2 foi implementado conforme a estruturaapresentada na Figura 6.1. Nas sub-seções a seguir são apresentados o comportamentodo controlador frente à variações de referência e resposta ao degrau de carga. Para osresultados de simulação foi utilizado uma corrente idref

= 3 A.

Page 118: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

116 6 CONTROLE DO MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA

6.4.1.1 Resposta à variação de referência

A fim de verificar-se o desempenho do controlador frente à variação de referência,utilizou-se o perfil composto por duas rampas já descrito. A resposta de velocidaderotórica pode ser vista na Figura 6.4. Na Figura 6.5 são apresentadas as correntes id e iq,bem como suas respectivas referências, idref

e iqref.

Figura 6.4 – Resultado de simulação com variação de referência para o controle vetorial:velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência (ωref ).

Fonte: Autor.

Figura 6.5 – Resultado de simulação com variação de referência para o controle vetorial:correntes id e iq e correntes de referência idref

e iqref.

Fonte: Autor.

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6 CONTROLE DO MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA 117

Verifica-se a capacidade do controlador de rastrear a referência, apresentando bomdesempenho durante regime e transitórios. As correntes id e iq são controladas de ma-neira satisfatória, apresentando pequeno erro de rastreamento durante os períodos deaceleração.

As formas de onda de corrente trifásica para a velocidade de 50rad/s, 100rad/s epara todo o período de acionamento podem ser vistas na Figura 6.6. Observa-se que aamplitude das correntes se mantém constante ao longo do acionamento. A frequência éelevada, promovendo um aumento da velocidade rotórica do SynRM.

Figura 6.6 – Resultado de simulação com variação de referência para o controle vetorial:(a) Correntes para ωr = 50rad/s; (b) Correntes para ωr = 100rad/s; (c)Correntes para o acionamento completo.

Fonte: Autor.

6.4.1.2 Resposta ao degrau de carga

Para verificar o desempenho do controlador frente a um degrau de carga, realizou-se o acionamento do SynRM com velocidade fixa e aplicou-se um degrau de carga de

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118 6 CONTROLE DO MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA

4.5 Nm. Desta forma, no instante t = 6s, a carga é conectada e, no instante t = 8s,desconectada. A resposta de velocidade rotórica pode ser vista na Figura 6.7. Na Figura6.8 são apresentadas as correntes id e iq, juntamente de suas respectivas referências, idref

e iqref.

Figura 6.7 – Resultado de simulação com variação de referência para o controle vetorial:velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência (ωref ).

Fonte: Autor.

Figura 6.8 – Resultado de simulação com variação de referência para o controle vetorial:correntes id e iq e correntes de referência idref

e iqref.

Fonte: Autor.

Page 121: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

6 CONTROLE DO MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA 119

Nota-se que no instante de conexão e desconexão da carga, um distúrbio de apro-ximadamente 15 rad/s é observado na velocidade rotórica do SynRM. O controlador,no entanto, consegue manter a velocidade regulada, levando cerca de dois segundos paraatingir o regime permanente após o degrau. Verifica-se uma elevação da corrente iq, bus-cando garantir a regulação de velocidade após a conexão da carga. Uma vez removida, acorrente iq retorna a seu valor original, anterior ao degrau.

As formas de onda de corrente antes do degrau de carga, após o degrau de carga epara todo o período de acionamento podem ser vistas na Figura 6.9. A variação observadaem iq também pode ser observada nas formas de onda de corrente trifásica. Durante odegrau de carga, as correntes estatóricas se elevam e, após o fim do degrau, retornam aovalor original. Ressalta-se ainda o fato de que a simulação não contempla a modulaçãoPWM, fazendo assim com que não verifique-se ripple nas formas de onda das correntes.

Figura 6.9 – Resultado de simulação com variação de referência para o controle vetorial:(a) Correntes antes do degrau; (b) Correntes depois do degrau; (c) Correntespara o acionamento completo.

Fonte: Autor.

Page 122: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

120 6 CONTROLE DO MOTOR SÍNCRONO DE RELUTÂNCIA

6.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste Capítulo apresentou-se estratégias para controle de velocidade do motor sín-crono de relutância. O acionamento foi realizado através da técnica de controle de campoorientado indireto. Os controladores PI propostos são projetados a partir de um modelode segunda ordem, com dinâmica escolhida pelo projetista. Uma validação da estratégiade projeto do controlador é apresentada, onde são comparados a posição dos polos e zeros,bem como a resposta ao degrau unitário das funções de transferência utilizadas. A fimde validar as estratégias de controle propostas, foram apresentados resultados de simula-ção para as condições de variação de referência e degrau de carga. Observou-se respostasatisfatória para os controladores, sendo que foram capazes de manter a velocidade dereferência quando submetidos a estes distúrbios.

Page 123: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

7 RESULTADOS EXPERIMENTAIS - SynRM

7.1 INTRODUÇÃO

Este Capítulo apresenta os resultados experimentais, a fim de validar as estratégiasde controle de velocidade propostas no Capítulo 6. É descrita a bancada utilizada paraimplementação do controlador proposto, onde são destacadas as características de hard-ware. Na sequência, são discutidos os resultados experimentais obtidos para o controle develocidade do SynRM. Por fim, são feitas algumas considerações a respeito dos resultadosobtidos.

7.2 DESCRIÇÃO DA PLATAFORMA EXPERIMENTAL

Para a obtenção de resultados experimentais, foi utilizada a bancada descrita nodiagrama de blocos da Figura 7.1, que traz uma visão geral dos componentes. Para o aci-onamento do SynRM, utiliza-se uma bancada dotada de um motor síncrono de relutância,uma máquina de indução (utilizada como gerador), sistemas de comando para o motor(fonte de alimentação, inversor trifásico, DSP, sensores de corrente e tensão, placas deinterface e de condicionamento), um banco de capacitores, para excitação do gerador deindução, e resistores, usados para o degrau de carga. Um encoder absoluto de 12 bits comsaída paralela é usado para obtenção da posição e velocidade rotórica. O controle foi im-plementado em tempo discreto com uma frequência de amostragem de 10 kHz, usando-seo DSP TMS320F28335, da Texas Instruments.

7.3 CONTROLE DE CAMPO ORIENTADO INDIRETO

O controle vetorial projetado na seção 6.2 foi implementado conforme a estruturaapresentada na Figura 6.1. Nas sub-seções a seguir são apresentados o comportamentodo controlador frente à variações de referência e resposta ao degrau de carga. Para osresultados experimentais, assim como para os de simulação, foi utilizado uma correnteidref

= 3 A.

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122 7 RESULTADOS EXPERIMENTAIS - SYNRM

Figura 7.1 – Diagrama de blocos da bancada utilizada para acionamento do SynRM.

Fonte: Autor.

7.3.1 Resposta à variação de referência

Buscando-se verificar o desempenho do controlador frente à variação de referência,utilizou-se o mesmo perfil composto por duas rampas, responsáveis por elevar a velocidaderotórica da máquina em 50 rad/s no período de um segundo. Manteve-se a referênciafixa por um período de dois segundos, a fim de verificar-se a resposta do controlar emregime. A resposta de velocidade rotórica pode ser vista na Figura 7.2. Na Figura 7.3são apresentadas as correntes id e iq, bem como suas respectivas referências, idref

e iqref.

Pode-se verificar que o controlador é capaz de rastrear a referência, apresentandobom desempenho durante regime e transitórios, como visto nos resultados de simulação.As correntes id e iq são controladas de forma satisfatória, seguindo os valores de referênciaimpostos.

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7 RESULTADOS EXPERIMENTAIS - SYNRM 123

Figura 7.2 – Resultado experimental com variação de referência para o controle vetorial:velocidade rotórica (ωr) e velocidade de referência (ωref ).

Fonte: Autor.

Figura 7.3 – Resultado experimental com variação de referência para o controle vetorial:correntes id e iq e correntes de referência idref

e iqref.

Fonte: Autor.

As formas de onda de corrente trifásica para a velocidade de 50 rad/s, 100 rad/se para todo o período de acionamento podem ser vistas na Figura 7.4. Verifica-se quea amplitude das correntes se mantém constante ao longo do acionamento. A frequência,por sua vez, é elevada a fim de aumentar a velocidade rotórica do SynRM.

Page 126: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

124 7 RESULTADOS EXPERIMENTAIS - SYNRM

Figura 7.4 – Resultado experimental com variação de referência para o controle vetorial:(a) Correntes para ωr = 50rad/s; (b) Correntes para ωr = 100rad/s; (c)Correntes para o acionamento completo.

Fonte: Autor.

7.3.2 Resposta ao degrau de carga

Para verificar o desempenho do controlador frente a um degrau de carga, foi re-alizado o acionamento do SynRM com velocidade fixa também aplicando um degrau decarga de 4.5 Nm. Para a aplicação do degrau de carga, utilizou-se o mesmo métodousada para o SRM, dado que o SynRM também é acoplado a uma máquina de indução.Desta forma, no instante t = 6s, uma contatora conecta uma carga resistiva trifásica aosterminais do gerador e, no instante t = 8s, é desconectada.

A resposta de velocidade rotórica pode ser vista na Figura 7.5. Na Figura 7.6 sãoapresentadas as correntes id e iq, juntamente de suas respectivas referências, idref

e iqref.

As formas de onda de corrente antes do degrau de carga, após o degrau de carga e paratodo o período de acionamento podem ser vistas na Figura 7.7.

Nota-se que no instante de conexão e desconxão da carga ao gerador, um distúrbiode aproximadamente 10 rad/s é observado na velocidade rotórica do SynRM. O controla-dor, entretanto, é capaz de manter a velocidade regulada, levando cerca de dois segundospara atingir o regime após o degrau. Verifica-se ainda a elevação da corrente iq, a fim degarantir a regulação de velocidade após a elevação da carga. Uma vez removida, nota-se

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7 RESULTADOS EXPERIMENTAIS - SYNRM 125

que a corrente iq retorna a seu valor original, anterior ao degrau.A variação observada em iq também pode ser observada nas formas de onda da

corrente trifásica. Durante o degrau de carga, as correntes estatóricas se elevam e, apóso fim do degrau, retornam ao valor original.

Figura 7.5 – Resultado experimental com degrau de carga para o controle vetorial: velo-cidade rotórica (ωr) e velocidade de referência (ωref ).

Fonte: Autor.

Figura 7.6 – Resultado experimental com degrau de carga para o controle vetorial: cor-rentes id e iq e correntes de referência idref

e iqref.

Fonte: Autor.

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126 7 RESULTADOS EXPERIMENTAIS - SYNRM

Figura 7.7 – Resultado experimental com degrau de carga para o controle vetorial: (a)Correntes antes do degrau; (b) Correntes depois do degrau; (c) Correntespara o acionamento completo.

Fonte: Autor.

7.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste Capítulo foram apresentados resultados experimentais obtidos através dabancada experimental utilizada para o acionamento do motor síncrono de relutância.Mais detalhes sobre as bancadas experimentais são apresentados no Apêndice A.

A técnica de controle foi analisada, permitindo a validação dos resultados de si-mulação apresentados, bem como do projeto. Verificou-se que a velocidade rotórica foicontrolada de maneira satisfatória em todos os casos, sendo capaz de rastrear a referênciae rejeitar distúrbios aplicados, como carga.

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8 CONCLUSÃO

Esta dissertação apresenta contribuições ao acionamento e controle dos motoresde relutância variável e síncrono de relutância. Para isso, o primeiro capítulo apresenta amotivação para o estudo dos motores de relutância, dando foco ao reduzido custo destetipo de máquina, aliado a restrita distribuição geográfica dos ímãs de terras raras naChina. Realiza-se ainda uma revisão bibliográfica a respeito de máquinas de relutância edas técnicas de controle mais utilizadas para seu acionamento, visando informar o leitora respeito do estado da arte.

No capítulo seguinte, a máquina de relutância variável é descrita, onde são apre-sentadas suas características construtivas, os métodos de acionamento mais comumenteutilizados. Destaca-se ainda o perfil de indutância da máquina e o conversor estático neces-sário para seu acionamento. O sistema é modelado matematicamente, onde apresenta-se amodelagem elétrica, uma análise linear e não-linear de torque eletromagnético e o modelomecânico. Por fim, mostra-se a estrutura de simulação, composta pelas tabelas de buscade corrente e torque.

Em seguida, são propostas duas estratégias de controle de velocidade para o SRM.Inicialmente, propõe-se uma estratégia sliding mode. O projeto é feito com base na equa-ção dinâmica da velocidade, e a estabilidade do controlador é provada através do critériode Lyapunov. Apresenta-se ainda um controlador RMRAC, também projetado com basena dinâmica mecânica da máquina. O modelo de referência foi escolhido de tal formaa acelerar esta dinâmica, que em malha aberta é bastante lenta. Destaca-se que sãoapresentados os detalhes de implementação em tempo discreto para ambos os contro-ladores. Resultados de simulação para ambas as estratégias foram mostrados, onde oscontroladores foram testados para as condições de variação de referência, degrau de cargae condição de falha de fase em aberto. Os resultados de simulação e experimentais, apre-sentados a seguir, validam as estratégias propostas, apresentando bom desempenho emregimes transitório e permanente.

A máquina síncrona de relutância é abordada na sequência. Com o objetivo demelhor explicar seu funcionamento, apresenta-se o conceito de torque de relutância, e comoele pode ser utilizado para conversão eletromecânica de energia. De maneira análogaao SRM, as características construtivas da máquina são apresentadas, dando foco asgeometrias do rotor e a taxa de saliência da máquina. Ressalta-se o impacto desta taxasobre a geração de torque eletromagnético e fator de potência da máquina.

Avalia-se o controle de velocidade do SynRM a seguir. A estratégia proposta fazuso do controle de campo orientado indireto, uma estratégia de controle vetorial compostapelo controle de corrente em eixos d e q, além de um terceiro controlador, a fim de regulara velocidade. A estratégia de projeto dos controladores PI, com base na escolha deum modelo de segunda ordem com resposta desejada, é demonstrada e validada através

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128 8 CONCLUSÃO

da comparação de resultados de simulação e experimentais. Mais uma vez, resultadosde simulação para as condições de variação de referência e degrau de carga são usadospara validar os controladores, onde observa-se bom desempenho em regimes transitório epermanente.

Através dos resultados, verifica-se algumas das características do SRM. Destaca-sea elevada capacidade de produção de torque, rejeitando rapidamente distúrbios de cargae a sua tolerância à faltas, dado que consegue-se operar com apenas duas fases, sendode interesse para aplicações aeroespaciais e veiculares. A máquina, entretanto, apre-senta maior complexidade do ponto de vista de controle e acionamento, se comparada aoSynRM. Somando-se a isso, o custo associado ao conversor é maior, uma vez que são uti-lizados o dobro de dispositivos semicondutores do que no inversor do SynRM. A respeitodo SynRM, pode-se destacar as similaridades de acionamento e controle, quando compa-rada ao IM, fazendo da máquina uma alternativa viável na substituição de máquinas deindução, principalmente em aplicações industriais. O SynRM, no entanto, não apresentaa mesma robustez a falhas que o SRM.

Os objetivos da dissertação foram cumpridos ao passo que obteve-se resultados ex-perimentais para todas as estratégias de controle apresentadas, validando tanto o projetocomo os resultados de simulação mostrados. Algumas modificações nas bancadas experi-mentais foram necessárias, bem como o ensaio do SynRM, sendo que estas informaçõesencontram-se nos apêndices deste trabalho. Assim, esta dissertação contribui com as es-tratégias de controle de velocidade dos motores de relutância, onde verificam-se uma sériede peculiaridades da operação destas máquinas.

8.1 ARTIGOS PUBLICADOS

Como resultado desta dissertação, submeteu-se e apresentou-se 5 artigos científicosde conferências nacionais e internacionais. São eles, em ordem cronológica de apresenta-ção:

• SCALCON, F. P.; OSORIO, C. R. D. ; VOLPATO FILHO, C. J. ; GABBI, T. S. ;VIEIRA, R. P. ; GRUNDLING, H. A. Controle de Velocidade por Modos DeslizantesAplicado ao Motor de Relutância Variável. 10th Seminar on Power Electronicsand Control, 2017.

• SCALCON, F. P.; MORIM, R. B. ; VIEIRA, R. P. ; GRUNDLING, H. A. Contro-lador Adaptativo Robusto por Modelo de Referência para o Controle de Velocidadedo Motor de Relutância Variável. XXII Congresso Brasileiro de Automática,2018.

• SCALCON, F. P.; GABBI, T. S. ; VIEIRA, R. P. ; GRUNDLING, H. A. Controle de

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8 CONCLUSÃO 129

Velocidade do Motor de Relutância Variável via Controlador por Modos Deslizantes.XXII Congresso Brasileiro de Automática, 2018.

• SCALCON, F. P.; GABBI, T. S. ; VIEIRA, R. P. ; GRUNDLING, H. A. Con-trole Vetorial Desacoplado Baseado em Observador de Distúrbio Aplicado ao MotorSíncrono de Relutância. 11th Seminar on Power Electronics and Control,2018.

• SCALCON, F. P.; GABBI, T. S. ; VIEIRA, R. P. ; GRUNDLING, H. A. SlidingMode Speed Control Applied to the Switched Reluctance Motor. 44th AnnualConference of the IEEE Industrial Electronics Society, 2018.

8.2 PROPOSTAS PARA TRABALHOS FUTUROS

De forma a dar prosseguimento ao trabalho realizado, algumas propostas paratrabalhos futuros com o SRM são:

1. Implementação de um estimador de velocidade e posição para operação sensorless,removendo a necessidade de um sensor mecânico;

2. Controle de torque, buscando minimizar o ripple;

3. Estudo de otimização dos ângulos de início e término de excitação;

4. Desenvolvimento de técnicas robustas para controle de corrente, a fim de substituira histerese;

5. Operação em alta velocidade;

Da mesma forma, algumas propostas para trabalhos futuros com o SynRM são:

1. Implementação de um estimador de velocidade e posição para operação sensorless,removendo a necessidade de um sensor mecânico;

2. Utilização de técnicas de controle robusto de corrente;

3. Análise de estabilidade e projeto dos ganhos da estratégia de controle desacopladopor observador de distúrbios, apresentada em (SCALCON et al., 2018);

4. Operação como gerador, visando analisar a viabilidade da máquina síncrona derelutância como alternativa para geradores eólicos, por exemplo;

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APÊNDICES

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143

Apêndice A – Descrição das bancadas experimentais

Durante o desenvolvimento desta dissertação, fez-se uso de duas bancadas expe-rimentais distintas, responsáveis pelo acionamento do SRM e do SynRM. As bancadasapresentam hardware distinto, assim, a descrição será feita de maneira separada, nas sub-seções deste Apêndice. Somando-se a isso, serão descritas a carga mecânica e a fonte dealimentação utilizadas

A.1 CARGA MECÂNICA E ALIMENTAÇÃO

Na Figura A.1, mostra-se os equipamentos utilizados em ambas as bancadas.Observa-se a esquerda as cargas resistivas, usadas para os degraus de carga. A cargaé composta por 9 resistores de 30 Ω cada, apresentando conexão série, totalizando 90 Ωpor fase, ligadas em estrela. Verifica-se ainda uma de uma fonte CC regulada, utilizadaconectada diretamente ao barramento dos conversores.

Figura A.1 – Cargas resistivas e fonte CC.

Fonte: Autor.

A carga mecânica, por sua vez, é aplicada através da utilização de um gerador deindução autoexcitado. O GI é conectado mecanicamente ao eixo dos motores (SRM eSynRM), e seus terminais são ligados a um banco de capacitores. Com o acionamentodos motores, é promovida a excitação do gerador e, no instante do degrau de carga, a

Page 146: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

144 Apêndice A – Descrição das bancadas experimentais

contatora Kcarga conecta os terminais do gerador a uma carga resistiva. O diagrama dacarga mecânica pode ser visto na Figura A.2 e os componentes utilizados estão listadosna Tabela A.1.

Figura A.2 – Carga mecânica detalhada.

Fonte: Autor.

Tabela A.1 – Componentes da carga mecânica.

Componente Marca EspecificaçãoMáquina de Indução WEG 3 CV - 4 polos - 220/380 V

Capacitores EPCOS 30 µFContatora WEG CWM80Resistores - 30 Ω - 100 W

A.2 BANCADA EXPERIMENTAL SRM

A bancada experimental utilizada para obtenção de resultados experimentais decontrole de velocidade do SRM foi desenvolvida em (OSÓRIO, 2017). A Figura A.3apresenta um diagrama simplificado da bancada utilizada.

A bancada é composta por uma máquina de relutância variável, usada como mo-tor, uma máquina de indução, usada como gerador para aplicação de degrau de carga econversor para acionamento. Um encoder absoluto de 10 bits é acoplado ao eixo, permi-tindo a medição da posição rotórica. Um transdutor de torque está acoplado entre as duasmáquinas, permitindo a medição do torque mecânico. Por fim, um banco de capacitores éconectado à máquina de indução, permitindo que a máquina seja acionada como geradorauto-excitado, para realização do distúrbio de carga.

Page 147: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

Apêndice A – Descrição das bancadas experimentais 145

Figura A.3 – Diagrama simplificado da bancada de acionamento do SRM.

Fonte: Adaptado de (OSÓRIO, 2017).

Na Figura A.4 verifica-se a montagem mecânica das máquinas, enquanto na FiguraA.5 observa-se o gabinete de comando, dotado da instrumentação (DSP e medição) e doconversor AHB. Os principais componentes presentes na bancada estão na Tabela A.2.

Figura A.4 – Acoplamento mecânico entre SRM e IM.

Fonte: Autor.

Tabela A.2 – Principais componentes da bancada experimental do SRM.

Componente Marca EspecificaçãoMáquina de Relutância Variável - 2.2 kW

Máquina de Indução WEG 3 CV - 4 polos - 220/380 VEncoder Absoluto Hengstler AC58/0010AK.42SGBSensor de Corrente LEM LA 55-P

Capacitores de Barramento EPCOS 2x 4700 µF, em série

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146 Apêndice A – Descrição das bancadas experimentais

Figura A.5 – Gabinete contendo instrumentação e o conversor AHB.

Fonte: Autor.

A.3 BANCADA EXPERIMENTAL SYNRM

A bancada experimental utilizada para obtenção de resultados experimentais decontrole de velocidade do SynRM foi desenvolvida, em parte, em (GABBI, 2015). AFigura A.6 apresenta um diagrama simplificado da bancada utilizada.

Figura A.6 – Diagrama simplificado da bancada de acionamento do SRM.

Fonte: Autor.

Page 149: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

Apêndice A – Descrição das bancadas experimentais 147

Na Figura A.7 verifica-se a montagem mecânica das máquinas, enquanto na FiguraA.8 observa-se o gabinete de comando, dotado da instrumentação (DSP e medição) e doinversor traifásico (Voltage Source Inverter - VSI).

Figura A.7 – Acoplamento mecânico entre SynRM e IM.

Fonte: Autor.

A bancada é composta por uma máquina síncrona de relutância variável, usadacomo motor, uma máquina de indução, usada como gerador para aplicação de degraude carga e inversor para acionamento. Um encoder absoluto de 12 bits é acoplado aoeixo, realizando a medição da posição rotórica. O mesmo banco de capacitores usadona bancada do SRM pode ser conectado a máquina de indução acoplada ao SynRM,permitindo que esta máquina também seja acionada como gerador auto-excitado, pararealização de degraus de carga. A Tabela A.3 apresenta a lista dos principais componentesda bancada do SynRM.

Tabela A.3 – Principais componentes da bancada experimental do SynRM.

Componente Marca EspecificaçãoMáquina Síncrona de Relutância ABB M3AL 90 LDA 4 - 2.2 kW

Máquina de Indução WEG 3 CV - 4 polos - 220/380 VEncoder Absoluto Hengstler AC58/0012EK.42PGB - 12 bitsSensor de Corrente LEM LA 55-P

Page 150: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

148 Apêndice A – Descrição das bancadas experimentais

Figura A.8 – Gabinete contendo instrumentação e VSI.

Fonte: Autor.

Page 151: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

149

Apêndice B – Ensaio para obtenção de parâmetros do SynRM

Para a modelagem do motor síncrono de relutância, bem como para o projetodos controladores de corrente, é necessário o conhecimento dos parâmetros elétricos damáquina. Os motores da ABB, usados neste trabalho, não contém em sua documentaçãoos parâmetros elétricos da máquina, sendo apenas o coeficiente de inércia do rotor (J)fornecido pelo fabricante. Assim, a fim de se obter os parâmetros de resistência estatóricae as indutâncias de eixo direto e de quadratura, realizou-se o ensaio da máquina. EsteApêndice tem como objetivo descrever o método utilizado para o ensaio da máquina. Oprocedimento para obtenção de parâmetros utilizado é o mesmo que é apresentado em(KHANG et al., 2008) e (HWANG et al., 2010).

B.1 RESISTÊNCIA ESTATÓRICA (RS)

Para obtenção do valor de resistência estatória, deve-se conectar uma fonte detensão contínua a dois dos terminais da máquina, como visto na Figura B.1. A seguir,a tensão da fonte CC deve ser variada de maneira incremental, medindo-se valores decorrente para diferentes valores de tensão.

Figura B.1 – Circuito para ensaio de resistência estatórica.

Fonte: Autor.

Com os valores de tensão e corrente, pode-se computar o valor de resistência, RAB,para cada ponto medido, através da lei de ohm, como visto em (B.1),

RAB = Vccicc

(B.1)

onde Vcc corresponde ao valor de tensão e icc ao valor de corrente medida.

Page 152: Contribuições ao Acionamento e Controle dos Motores de

150 Apêndice B – Ensaio para obtenção de parâmetros do SynRM

Em seguida, deve-se obter o valor médio de resistência de todos os pontos medidos,RABmed

. Com o valor médio, pode-se então determinar a resistência estatória dividindo-seo valor encontrado por 2, como visto em (B.2). Isso se deve ao fato de que a mediçãorealizada apresenta dois enrolamentos ligados em série, fazendo com que a medida seja de2Rs.

Rs = RABmed

2 (B.2)

Os valores de tensão e corrente medidos podem ser observados na Tabela B.1 e ovalor de resistência estatória pode ser visto em (B.3).

Tabela B.1 – Medidas de tensão e corrente para ensaio de Rs.

Medida 1 2 3 4 5 6Tensão (V) 2.4184 4.829 7.19 9.61 12.04 14.44Corrente (A) 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0

Rs = 2.4077 Ω (B.3)

B.2 INDUTÂNCIAS EM EIXOS SÍNCRONOS (LD , LQ)

Para obtenção do valor de resistência estatória, inicialmente, deve-se conectar umafonte de tensão alternada a dois dos terminais da máquina, como visto na Figura B.2. Aseguir, a tensão da fonte CA deve ser variada de maneira incremental, medindo-se valoresde corrente para diferentes valores de tensão.

Figura B.2 – Circuito para ensaio de indutâncias de eixo direto e de quadratura.

Fonte: Autor.

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Apêndice B – Ensaio para obtenção de parâmetros do SynRM 151

Sabe-se que o perfil de indutância em eixos abc para a máquina síncrona de re-lutância apresenta um comportamento senoidal, como visto na Figura B.3. Assim, paradeterminação dos valores de Ld e Lq, deve-se promover a rotação do eixo, de maneiramanual, buscando-se encontrar o ponto de maior e menor corrente para cada valor detensão, onde pode-se determinar LABmax e LABmin.

Figura B.3 – Perfil de indutância do SynRM.

Fonte: Autor.

Com os valores de tensão e corrente para os pontos de máxima e mínima indutância,pode-se computar a indutância do enrolamento segundo (B.4).

LAB = 12πf

√√√√(Vaciac

)2− 4R2

s (B.4)

Com os valores máximos de indutância, pode-se computar o valor médio de LABmax

e através de (B.5), determinar o valor de Ld. De maneira análoga, pode-se computar ovalor de Lq através do valor médio de LABmin usando-se (B.6).

Ld = LABmax

2 (B.5)

Lq = LABmin

2 (B.6)

Os valores de tensão e corrente medidos para a condição de indutância mínimapodem ser observados na Tabela B.2, enquanto os valores para a condição de indutânciamáxima podem ser observados na Tabela B.3 e o valor de resistência estatória pode servisto em (B.3). Os valores de indutância para os eixos d e q, em função da corrente, podemser vistos na Figura B.4. As medições de tensão e corrente foram feitas com multímetrosda marca Fluke, modelo 175.

Verifica-se o efeito da saturação na indutância de eixo de quadratura, dado quecom a elevação da corrente o valor da indutância decresce. Para os valores de indutância

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152 Apêndice B – Ensaio para obtenção de parâmetros do SynRM

de eixo direto, não pode-se ultrapassar o valor de 1 A de corrente por limitações da fonteutilizada. Sabe-se que a elevada indutância do eixo d resulta em uma elevada impedância,requerendo um alto nível de tensão para alcançar-se correntes superiores as atingidas.

Tabela B.2 – Medidas de tensão e corrente para ensaio de Lq.

Medida Tensão (V) Corrente (A) Medida Tensão (V) Corrente (A)1.A 35.65 0.255 1.B 35.50 0.2542.A 56.98 0.504 2.B 54.03 0.5043.A 64.77 0.745 3.B 65.00 0.7454.A 74.10 1.000 4.B 74.70 1.0205.A 82.20 1.254 5.B 82.20 1.2536.A 89.60 1.506 6.B 89.70 1.5077.A 103.4 2.012 7.B 103.3 2.0038.A 115.9 2.500 8.B 116.2 2.5129.A 128.7 3.023 9.B 128.0 3.006

Tabela B.3 – Medidas de tensão e corrente para ensaio de Ld.

Medida Tensão (V) Corrente (A) Medida Tensão (V) Corrente (A)1.A 55.70 0.250 1.B 56.50 0.2512.A 120.8 0.501 2.B 123.0 0.5043.A 185.0 0.751 3.B 186.8 0.7534.A 223.0 0.907 4.B 224.2 0.9035.A 246.0 1.002 5.B 246.3 0.995

Figura B.4 – Indutâncias de eixo d e q em função da corrente.

Fonte: Autor.

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ANEXOS

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155

Anexo A – Curvas características do SRM

A fim de obter um modelo de simulação para o SRM, uma série de dados a respeitoda máquina devem ser levantados de maneira experimental. Este Anexo tem como obje-tivo apresentar as curvas não-lineares de magnetização da máquina utilizada, obtidos em(OSÓRIO, 2017). É valido ressaltar que o processo completo, bem como os coeficientesnuméricos das tabelas, bem como os polinômios, encontram-se no trabalho de Osório.

A fim de caracterizar a máquina, inicialmente deve-se obter as curvas de magne-tização da máquina. Para isso, uma fonte de tensão e um osciloscópio são utilizados.Com o comportamento de tensão e corrente, pode-se calcular a característica de fluxo,como visto em (Barros et al., 2017), permitindo obter-se as curvas de corrente por fluxo,como visto na Figura A.1. É valido salientar que o procedimento deve ser repetido paratodas as posições da máquina, variando do ponto de alinhamento até o ponto de máximodesalinhamento. Quanto menor a taxa de variação de ângulo for utilizada, melhor será acaracterização obtida.

φ (t) =t∫

0

(v −Ri) dt (A.1)

Figura A.1 – Curvas de magnetização.

Fonte: Autor.

Em seguida, obtém-se a tabela de corrente ITBL, que retorna o valor de correntepara uma dada posição rotórica e valor de fluxo estatórico. Os valores de ITBL podem serobtidos através da interpolação das características de fluxo com as de corrente. A tabelade corrente ITBL pode ser vista na Figura A.2.

O próximo passo para a caracterização do SRM é a obtenção da tabela de torqueITBL. Para tanto, deve-se determinar os valores de torque a partir da co-energia. Como

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156 Anexo A – Curvas características do SRM

Figura A.2 – Tabela de corrente ITBL.

Fonte: Autor.

apresentado no Capítulo 2, o torque da máquina de relutância variável pode ser calculadosegundo (A.2) e (A.3), sendo necessário obter-se as curvas de co-energia da máquina.

Tem = ∂W co

∂θ(A.2)

W coj =

i∫0

φ(θ, i)di (A.3)

Assim, as curvas de energia podem ser observadas na Figura A.3.

Figura A.3 – Curvas de co-energia.

Fonte: Autor.

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Anexo A – Curvas características do SRM 157

A partir dos valores de co-energia obtidos, pode-se obter o torque eletromagnéticopara uma dada corrente em função da posição aproximando a equação descrita em (A.2)por (A.4) (OSÓRIO, 2017).

Tem|i=cte = 180π·W con −W co

n−1θn − θn−1

(A.4)

Com os dados de torque, pode-se obter a tabela de torque TTBL, que retorna ovalor de torque eletromagnético para uma dada corrente e posição, visto na Figura A.4.

Figura A.4 – Tabela de torque TTBL.

Fonte: Autor.

Utilizando-se a expressão (2.7), é possível obter os valores de indutância atravésda relação entre fluxo e corrente. O perfil de indutância da máquina utilizada pode servisto na Figura A.5.

Figura A.5 – Perfil de indutância.

Fonte: Autor.

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158 Anexo A – Curvas características do SRM

Nota-se que a indutância varia com a posição, sendo máxima no ponto de ali-nhamento. Pode-se verificar ainda que o valor da indutância decresce, para uma mesmaposição, com a elevação da corrente estatórica. Este fenômeno pode ser explicado devidoa saturação da máquina.

Por fim, como visto no Capítulo 2, a FCEM do SRM é dada por,

e = iωr∂L(θ, i)∂i

. (A.5)

Assumindo-se corrente nominal, 5A, pode-se estimar o valor de FCEM para dife-rentes valores de velocidade fazendo uso do perfil de indutância da máquina. A FiguraA.6 apresenta os valores de FCEM estimados para valores de velocidade variando de 60rad/s até 160 rad/s, com um passo de 10 rad/s.

Figura A.6 – FCEM estimada para corrente nominal em velocidades de 60 rad/s até 160rad/s .

Fonte: Autor.

Esta última análise é de interesse, uma vez que pode-se determinar a velocidadebase da máquina. Como mencionado anteriormente, a velocidade base da máquina cor-responde ao ponto onde a FCEM tem valor igual a tensão da fonte utilziada para oacionamento do SRM. Desta forma, sabendo que o barramento utilizado tem tensão de400 V , a velocidade base da máquina pode ser definida como 110 rad/s.