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Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia III Semana de Letras Epistemologias, práticas, contribuições 15 a 18 de Julho, 2013 Caderno de resumos

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Universidade Estadual

do Sudoeste da Bahia

III Semana de Letras

Epistemologias, práticas,

contribuições

15 a 18 de Julho, 2013

Caderno de resumos

Page 2: contribuições 15 a 18 de Julho, 2013 - UESB - …GINA 5 III SEMANA DE LETRAS-CADERNO DE RESUMOS Produção de vogais e síndrome de down 29 Luana Porto Pereira – UESB/Núcleo de

III SEMAN A DE LETRAS - PÁGINA 2

Anne Carolline Dias Rocha

Bruno Pacheco de Souza

Eugenio Souza dos Santos

Jamilly Silva Morais

Karina Damaceno Dias

Joyce Maria Sandes

Lêda Sousa Bastos

Gizelle dos Santos Macedo

Mônica Freitas Morais Lopes

Priscila Plácido Moreira

Rafael Teixeira Gonçalves

Raiane Silva Souza

Silmara Brito

Savanna Souza de Castro

Selso Silva Alves

Eloísa Barbosa

Flávia Correia

Juliet Sousa

Sheila dos Santos

Sivonei Rocha

Tyrone Chaves Filho

Monitoria

Comissão organizadora

Realização

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III SEMAN A DE LETRAS - PÁGINA 3

Sumário

Página

Aquisição e patologias da Linguagem

Afasia e processos alternativos de significação: uma abordagem da Neurolinguística.........................09

Flávia Santos Caldeira – UESB/LAPEN ([email protected]) Raiane Silva Souza – UESB/LAPEN ([email protected])

Nirvana Ferraz Santos Sampaio – DELL/UESB/LAPEN ([email protected] )

Reconstrução da linguagem no ECOA e o convívio social com sujeitos afásicos...................................10

Raiane Silva Souza ([email protected])

Flávia Santos Caldeira ([email protected]) Nirvana Ferraz Santos Sampaio ([email protected] )

A Aquisição da escrita do português por pessoas surdas: natureza gramatical dos problemas...........11

Joyce Maria Sandes da Silva – UESB ([email protected]) Adriana Stella Cardoso Lessa-de-Oliveira – DELL/UESB ([email protected])

Aquisição da leitura e da escrita: duas teorias..........................................................................................12

Tauana Nunes Paixão – UESB/LAPEN ([email protected])

Silvana Perottino – UESB/LAPEN ([email protected])

Educação: metodologia, linguagens e práticas

Rio cachoeira e a relação com a história e a identidade dos itabunenses................................................13

Elijersse dos Santos –UESC ([email protected]) Flávia Queiroz Menezes –UESC ([email protected])

Reheniglei Rehem – UESC ([email protected])

O caso do ensino da gramática normativa em sala de aula: como transpor as regras dessa gramática

para contextos de uso da língua..................................................................................................................14

Eloísa Maiane Barbosa Lopes – UESB ([email protected]) Denise Aparecida Brito Barreto – DELL/UESB ([email protected])

Pressupostos para a ressignificação do ensino/aprendizagem de língua portuguesa.............................15

Emiliane Santana Gomes – UNEB ([email protected]) Emanuelle Rodrigues Loyola – UNEB ([email protected])

Luzia de Oliveira Santos – UNEB ([email protected])

(Re)ações didáticas: reescrita e retextualização como gestos de docência em torno do gênero

legenda...................................................................................................................... .....................................16

Flávia Silene Santos Correia (UESB/ PIBID)

Ester Maria de Figueiredo Souza (DELL/UESB)

O dialogismo no gênero discursivo aula: proposições necessárias...........................................................17

Jéssica Stefhânia Figueiredo Rocha – PPGCEL /UESB ([email protected]) Ester Maria de Figueiredo Souza – PPGCEL /UESB ( [email protected])

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 4

(Re) pensando a leitura e a produção textual a partir de práticas discursivas na sala de aula: um

olhar de professores em formação............................................................................................. .............18 Juliet Aparecida de Jesus Sousa – UESB ([email protected])

Joyce Maria Sandes da silva – UESB ([email protected])

Raiane Silva Souza – UESB ([email protected])

Quadrinhos no ensino de língua materna: uma investigação sobre o uso das tirinhas como

instrumento de aprimoramento da leitura e da interpretação textual...............................................19 Lêda Sousa Bastos – UESB ([email protected])

Denise Aparecida Brito – DELL/UESB ([email protected])

Fernanda de Castro Coelho – DELL/UESB ([email protected] )

Livro didático de português: mapeamento de um gênero...................................................................20

Marineide Freires Caetité – UESB/PIBID ([email protected])

Ester Maria de Figueiredo Souza – DELL/UESB ([email protected])

O gênero teatro e sua relação com sujeitos surdos na sala de aula - um estudo de caso...................21

Nayra Marinho Silva – UESB ([email protected])

O conceito de letramento digital e sua influência no processo ensino/aprendizagem.......................22

Sara Rodrigues de Queiroz – UESC/PIBID ([email protected])

Reheniglei Rehem – UESC/PIBID ([email protected] )

A formação do professor e propostas pedagógicas avaliativas no ensino superior: uma visão crítica

do discente.................................................................................................................. ..............................23 Sérgio Machado de Araújo – UESC ([email protected])

A importância das Intervenções didáticas mediadas pelo PIBID na formação do professor de

leitura e literatura....................................................................................................................................24

Sheila Ferreira dos Santos – UESB/PIBID ([email protected])

Ester Maria de Figueiredo Souza – DELL/UESB ([email protected])

Aula de português: estratégias didáticas na microinteração com a réplica ativa..............................25

Virgínia Vieira da Silva – UESB/PIBID ([email protected])

Ester Maria de Figueiredo Souza – DELL/UESB ([email protected])

Estudos fonético-fonológicos

A vogal /i/ em contexto de afirmativa, interrogativa e exclamativa: dados preliminares de uma

análise acústica............................................................................................................. ............................26 Alcione de Jesus Santos – LAPEFF/UESB ([email protected])

Vera Pacheco – LAPEFF/DELL/UESB ([email protected])

Marian dos Santos Oliveira – LAPEFF/DELL/UESB ([email protected])

O papel da duração vocálica na caracterização das vogais médias realizadas por

conquistenes..............................................................................................................................................27 Jéssica Ribeiro de Oliveira – LAPEFF/ UESB ([email protected])

Vera Pacheco – LAPEFF/DELL/UESB ([email protected])

Jaciara Mota Silva – LAPEFF/ UESB ([email protected])

Exclamativas em foco: uma análise acústica da curvava de f0............................................................28

Juscelia Silva Novai Oliveira – LAPEFF/ UESB ([email protected])

Vera Pacheco – LAPEFF/DELL/UESB ([email protected]) Marian dos Santos Oliveira – LAPEFF/DELL/UESB ([email protected])

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 5

Produção de vogais e síndrome de down................................................................................................29

Luana Porto Pereira – UESB/Núcleo de Pesquisa em Estudos em Síndrome de Down

([email protected])

Marian Oliveira – UESB, Núcleo de Pesquisa em Estudos em Síndrome de Down ([email protected])

Vera Pacheco – UESB, Núcleo de Pesquisa em Estudos em Síndrome de Down

([email protected])

A relação prosódia/segmento: uma investgação da qualidade das vogais aberta /a/ /e/ /o/ em

sentenças afirmativas, interrogativas e exclamativas............................................................................30 Polliana Teixeira Alves – UESB/ LAPEF ([email protected])

Vera Pacheco – LAPEFF/DELL/UESB ([email protected])

Marian Oliveira – LAPEFF/DELL/UESB ([email protected])

Frequência fundamental: comparação entre as sílabas tônica e pretônica na fala de indivíduos

conquistenses................................................................................................................ .............................31

Tássia da Silva Coelho – UESB/ LAPEFF ([email protected]) Marian dos Santos Oliveira – UESB/LAPEFF ([email protected])

Vera Pacheco – UESB/LAPEFF ([email protected])

Linguística textual

O processo de construção do gênero resenha acadêmica......................................................................32 Anne Carolline Dias Rocha – UESB/Grupo de Pesquisa em Linguística Textual e Aplicada

([email protected])

Márcia Helena de Melo Pereira – DELL/UESB/Grupo de Pesquisa em Linguística Textual e Aplicada ([email protected])

Um estudo dos aspectos intencionais e orais das frases do futebol, retiradas da revista

“Placar”.....................................................................................................................................................33 Eloísa Maiane Barbosa Lopes – UESB ([email protected])

Márcia de Melo Pereira – DELL/UESB ([email protected])

Literaturas, Poéticas

A tragédia de Otelo, o mouro de Veneza: Ascenção e decadência do humano.....................................34

Bárbara Albuquerque da Paixão – UESC ([email protected]) Isaias Francisco de Carvalho – UESC ([email protected])

A voz poética na canção “Campo branco”, de Elomar Figueira Mello...............................................35 Fernando Marvitor Duque Portela – PPGLCEL/UESB ([email protected])

Luiz Otávio de Magalhães – PPGLCEL/DH/UESB ([email protected])

Alexandre Herculano e Florbela Espanca: o que é ser poeta?.............................................................36

Jeanne Cristina Barbosa Paganucci – UESB ([email protected])

Zilda de Oliveira Freitas – UESB ([email protected] )

Mito de Pedro e Inês de Castro em Garcia de Resende e António Patricio........................................37

Jeanne Cristina Barbosa Paganucci – UESB ([email protected])

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 6

Ars moriendi: a memória da morte initerruptamente presente na vida..............................................38 Joseane Aguiar Novais – UESB/PPGMLS ([email protected])

Marcello Moreira – DELL/UESB ([email protected])

O homem é pó varrido pelo vento: um estudo sobre o uso da agudez em um poema de Dom

Francisco Manuel de Melo.......................................................................................................................39

Lêda Sousa Bastos UESB ([email protected])

Marcello Moreira DELL/UESB ([email protected])

Poesia, memória e a ‘morte’ do gênero épico.........................................................................................40

Milena Pereira Silva – UESB/Literatura e História Social (p.silva.milena@gmailcom) Marcello Moreira – DELL/UESB ([email protected])

Memória

Memória grapiunense: o canto macuco como representação identitária............................................41 Flávia Q. Menezes – UESC ([email protected]) Elijersse dos Santos – UESC ([email protected])

Luana C. Thibes – UESC ([email protected])

A fotografia e a paleografia na preservação da memória linguística do Sudoesta baiano................42

Giovane Santos Brito – LAPELINC/UESB ([email protected])

Vanessa Oliveira Nogueira de Sant’Ana – LAPELINC/UESB ([email protected])

Jorge Viana Santos – DELL/UESB/LAPELINC ([email protected])

Sentidos

O sentido da palavra cai-cai em uma reportagem sobre apelido dado ao jogador Neymar no

futebol brasileiro: um estudo à luz da Semântica do Acontecimento..................................................43

Eloísa Maiane Barbosa Lopes – UESB ([email protected]) Lêda Sousa Bastos – UESB ([email protected])

Adilson Ventura da Silva – DELL/UESB ([email protected])

O hospital do poder: sentidos da palavra poder em um enunciado sobre o Hospital Sírio-

Libanês.......................................................................................................................................................44

Lêda Sousa Bastos – UESB ([email protected]) Eloísa Maiane Barbosa Lopes – UESB ([email protected])

Adilson Ventura – DELL/UESB ([email protected])

Christian Grey: sargento do sexo?..........................................................................................................45 Tyrone Chaves Filho – Labedisco/UESB ([email protected])

Sintaxe

Uma descrição do tipo e função do pronome clítico “se” em estruturas com interpolação da

negação e adjacência na história do português europeu.......................................................................46 Eloísa Maiane Barbosa Lopes – UESB/LAPELINC ([email protected])

Cristiane Namiuti Temponi – DELL/UESB/LAPELINC ([email protected])

Caracterização dos elementos localizadores..........................................................................................47

Lizandra Caires do Prado –UESB/PPGLin ([email protected]) Adriana Stella Cardoso Lessa-de-Oliveira – UESB/DELL/PPGLin ([email protected])

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 7

Utilização de constituintes topicalizados nas cartas de alforria oitocentistas: uma investigação

preliminar da sintaxe do corpus DOVIC................................................................................................48

Silmara de Brito Silva – UESB ([email protected])

Cristiane Namiuti Temponi – DELL/UESB ([email protected])

Jorge Viana Santos – DELL/UESB ([email protected])

Sociolinguística e Linguística Histórica

O funcionamento do item linguístico agora em ocorrência no Facebook............................................49

Andréia Prado Lima – UESB/PPGLIN ([email protected])

Jorge Augusto Alves da Silva – DELL/UESB/PPGLIN ([email protected]) Valeria Viana Sousa – DELL/UESB ([email protected])

Advérbio aqui: uma análise do item no corpus de português popular de Vitória da Conquista.......50

Andréia Prado Lima – UESB/PPGLIN ([email protected]) Jorge Augusto Alves da Silva – DELL/UESB/PPGLIN ([email protected])

Valeria Viana Sousa – DELL/UESB ([email protected])

Um estudo sobre as formas de negação do português popular dos falantes de Vitória da

Conquista...................................................................................................................................................51

Bárbara Bonfim Xavier – UESB ([email protected] ) Luciane Neri Pereira – UESB ([email protected] )

Valéria Viana Sousa – DELL/UESB ([email protected])

Colligendo verba oculis: proposta de chave de transcrição para um corpus do português popular de

Vitória da Conquista.................................................................................................................................52 Bruno Pacheco de Souza – UESB/Grupo de Pesquisa em Linguística Histórica e Grupo de Pesquisa em

Sociofuncionalismo ([email protected])

Jorge Augusto Alves da Silva – DELL/UESB/([email protected])

Valeria Viana Sousa – DELL/UESB ([email protected])

Ou isto ou aquilo: a duplicidade de sentido em questões de provas de português para concursos

públicos..................................................................................................................... .................................53 Delvarte Alves de Sousa – UESB/PPGCEL ([email protected])

Lucas Santos Campos – DELL/UESB/PPGCEL ([email protected])

Estudos preliminares sobre a repetição na oralidade e seus aspectos funcionais: a coesividade e a

compreensão..............................................................................................................................................54

Lorenna Oliveira dos Santos – UESB/Grupo de Pesquisa em Linguística histórica e em Sociofuncionais-

mo ([email protected] ) Warley José Campos Rocha – UESB/Grupo de Pesquisa em Linguística histórica e em Sociofuncionais-

mo ([email protected] )

Valéria Viana Sousa – UESB/Grupo de Pesquisa em Linguística histórica e em Sociofuncionaism ([email protected])

Um estudo preliminar sobre o item linguístico NÂO no corpus do português popular de Vitória da

Conquista...................................................................................................................................................55

Leilian França dos Santos – UESB/Grupo de Pesquisa em Linguística Histórica e em Sociofuncionalismo

([email protected])

Savanna Souza de Castro – UESB/Grupo de Pesquisa em Linguística Histórica e em Sociofuncionalismo ([email protected])

Valéria Viana Sousa – DELL/UESB/Grupo de Pesquisa em Linguística Histórica e Sociofuncionalismo

([email protected])

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 8

Sintagma nominal de número no Serão da Ressaca: aspectos linguísticos e extralinguísticos.......56 Maria Aparecida de Souza Guimarães – UESB/PPGLIN/UNEB/– UESB/Grupo de Pesquisa em Lin-

guística Histórica e em Sociofuncionalismo ([email protected])

Jorge Augusto Alves da Silva – UESB/PPGLIN/Grupo de Pesquisa em Linguística Histórica e Socio-

funcionalismo ([email protected])

Valéria Viana Sousa – UESB/PPGLIN/Grupo de Pesquisa em Linguística Histórica e Sociofuncionalis-

mo ([email protected])

Percepções de variação e mudança no discurso de escritores latinos: tendo Cícero como

Cicerone...................................................................................................................................................57

Rafael Teixeira Gonçalves – UESB/Grupo de Pesquisa em Linguística Histórica e Grupo de Pesquisa

em Sociofuncionalismo ([email protected]) Bruno Pacheco de Souza – UESB/Grupo de Pesquisa em Linguística Histórica e Grupo de Pesquisa em

Sociofuncionalismo ([email protected])

Jorge Augusto Alves da Silva – DELL/UESB/Grupo de Pesquisa em Linguística Histórica e Grupo de Pesquisa em Sociofuncionalismo ([email protected])

Gramaticalização do verbo dar: de sentido pleno a verbo suporte...................................................58 Luana Carvalho Coelho – UESB ([email protected])

Jorge Augusto Alves da Silva – DELL/UESB ([email protected])

Valéria Viana Sousa – DELL/UESB ([email protected])

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 9

AFASIA E PROCESSOS ALTERNATIVOS DE SIGNIFICAÇÃO: UMA ABORDAGEM

DA NEUROLINGUÍSTICA

Flávia Santos Caldeira (UESB/LAPEB)

[email protected]

Raiane Silva Souza (UESB/LAPEN)

[email protected]

Nirvana Ferraz Santos Sampaio (UESB/LAPEN)

[email protected]

Baseando-se nos postulados da Neurolinguística Discursiva, expostos por Coudry (1988, 2008),

temos como propósito explicitar a maneira como ocorre a reconstrução da linguagem de sujeitos

afásicos através de uma situação comunicativa extraída de atividades em grupo. “A Neurolin-

guística Discursiva é constituída por um conjunto de teorias e práticas, cuja concepção de lin-

guagem, ao contrário de uma visão organicista, concebe língua, discurso, cérebro e mente como

construtos humanos que se relacionam” (COUDRY, 2008, p. 18). Segundo Coudry (1988), a

afasia é uma perturbação da linguagem em que há alteração de mecanismos lingüísticos em to-

dos os níveis, quer produtivo, quer interpretativo, causada por lesão estrutural do sistema nervo-

so central em virtude de acidentes vasculares cerebrais (AVC). A metodologia de pesquisa é

baseada no acompanhamento longitudinal e no conceito de dado-achado postulado por Coudry

(1991/1996). A coleta de dados é feita através de gravações em áudio e vídeo das reuniões em

grupo que acontecem quinzenalmente no ECOA (Espaço de Convivência entre Afásicos e Não-

afásicos). A análise das transcrições nos permite descrever o modo como os investigadores li-

dam com as situações comunicativas, a maneira pela qual os sujeitos reagem perante suas difi-

culdades e como se dá a inserção dos sujeitos no grupo, e, consequentemente, a inclusão em

práticas sociais de linguagem. Assim, para que ocorra a reconstituição da linguagem é necessá-

rio que haja interação social. Os dados mostram que são por meio dos processos alternativos de

significação, entre eles os gestos, e a articulação deles aos processos de significação verbais que

os sujeitos afásicos são entendidos e compreendem o que dizem os participantes de uma deter-

minada situação comunicativa. As atividades em grupo complementam as sessões individuais,

além de permitirem que o afásico entre em contato com as mais diversificadas práticas sociais

de uso da linguagem, o que propicia a eles um momento de partilha de experiências e reinserção

na vida em sociedade.

Palavras-chave: Linguagem; Processos alternativos de significação; Afasia.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 10

RECONSTRUÇÃO DA LINGUAGEM NO ECOA E O CONVÍVIO SOCIAL COM

SUJEITOS AFÁSICOS

Raiane Silva Souza (UESB/LAPEN)

[email protected]

Flávia Santos Caldeira (UESB /LAPEN)

[email protected]

Nirvana Ferraz Santos Sampaio (DELL/UESB/LAPEN)

[email protected]

Este trabalho objetiva apresentar as bases teórico-metodológicas das atividades realizadas

no Espaço de Convivência entre Afásicos e não Afásicos (ECOA). O estudo é centrado no

trabalho com a linguagem desenvolvido no ECOA, a partir das práticas discursivas, dos pro-

cessos de significação verbais e não verbais e das propriedades interativas que constituem a

realidade particular desse espaço. Este estudo articula investigação e intervenção, enfocando

os encontros que acontecem quinzenalmente com os integrantes do ECOA. O material em-

pírico da pesquisa é construído a partir de várias formas de registros feitos no decorrer das

diversas atividades do grupo, como: filmagem e caderno de registro das anotações. Todas as

atividades produzidas pelo grupo são registradas sob a forma de filmagem, ou gravação. O

que facilita a constituição de um acervo que abarca todo o trabalho desenvolvido. A análise

desse material é realizada por meio de transcrições dos diálogos e descrição das atividades,

dos gestos e dos movimentos, através da observação dos vídeos. O diário de campo e o ca-

derno de registros das sessões além de servirem como material para busca de episódios,

também auxiliam no próprio momento das transcrições e das descrições – já que neles con-

tém as observações registradas e elaboradas no momento ou logo após as atividades – o que

torna essas formas de registro fundamentais nas possíveis leituras de indícios. A partir da

análise das situações interativas, pode-se verificar que afásicos e não afásicos dividem co-

nhecimentos mútuos, sejam eles verbais ou não verbais, o que possibilita que a comunica-

ção seja efetivada através de práticas significativas. O sentido dos processos alternativos de

significação não está predeterminado, mas é construído no momento de interlocução entre

os sujeitos por meio de “uma série de fatores ântropo-culturais que qualificam a interação

em foco [...]” (COUDRY, 2008, p. 12-13). As dinâmicas de grupo colocam em evidência a

maneira como os sujeitos afásicos lidam com suas dificuldades e como reagem quando es-

tão face a face com as dificuldades dos outros sujeitos participantes das mesmas atividades.

Palavras-chave: Linguagem; Neurolinguística; Afasia.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 11

AQUISIÇÃO DA ESCRITA DO PORTUGUÊS POR PESSOAS SURDAS: NATUREZA

GRAMATICAL DOS PROBLEMAS

Joyce Maria Sandes da Silva (UESB)

[email protected]

Adriana Stella Cardoso Lessa-de-Oliveira (DELL/UESB)

[email protected]

O presente trabalho tem por objetivo investigar o processo de aquisição da escrita do portu-

guês por pessoas surdas e pontuar os possíveis obstáculos desse processo. A aquisição da lín-

gua portuguesa por surdos, na grande maioria dos casos, ocorre como aquisição da modalidade

escrita apenas, uma vez que as pessoas surdas não têm acesso ao input acústico da língua oral,

o que as impede de adquiri-la. Segundo Kato (2005), assim como ocorre com a aquisição de

uma segunda língua (L2), a aquisição da escrita se dá mediante acesso indireto à Gramática

Universal (GU), intermediado pela modalidade falada dessa língua. Tal fenômeno perdura até

que o individuo se aproprie dos valores paramétricos da L2. Todavia, a apropriação da escrita

do português por pessoas surdas tem se mostrado extremamente difícil, uma vez que tal pro-

cesso diz respeito à aquisição da modalidade escrita de uma língua oro-auditiva e os surdos

não têm a modalidade falada dessa língua para servir de base. A partir da análise de dados de

escrita do português fornecidos por um sujeito-informante surdo, filho de pais surdos, com a

idade de 15 anos, cursando o 1º ano do Ensino Médio na rede regular de ensino, investigamos

a natureza dos problemas gramaticais encontrados, com base no quadro teórico gerativista

(Chomsky, 1981, 1995). Os resultados indicam que cerca de 90% dos problemas encontrados

são de grau profundo, atingindo a composição da estrutura argumental, no que diz respeito à

seleção semântica, à seleção categorial e ao número de argumentos. Concluímos que, a agra-

maticalidade das sentenças analisadas é de natureza semântica e categorial, tendo, portanto,

uma razão muito mais profunda que problemas de flexão verbal ou falta de artigos e conecti-

vos, como pode parecer a priori. Este grau de profundidade da agramaticalidade é motivado,

provavelmente, pela falta da modalidade falada do português que devia servir de ponte de

acesso à GU, o que confirma a hipótese de Kato (2005) a respeito do processo de aquisição da

escrita.

Palavras-chave: Aquisição de Segunda Língua; Estrutura Argumental; Inatismo; Português

Escrito; Surdo.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 12

AQUISIÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA: DUAS TEORIAS

Tauana Nunes Paixão (UESB/LAPEN)

[email protected]

Silvana Perottino (UESB/LAPEN)

[email protected]

O presente trabalho traz estudos realizados por duas linhas diferentes para a Aquisição da

Linguagem: o cognitivismo e o interacionismo. Em algum momento essas nomenclaturas

podem se confundir, pois já foram e ainda podem ser chamadas por alguns pelo mesmo no-

me. Mas as teorias divergem em muitos pontos, inclusive, no quesito aprendizagem da leitu-

ra e da escrita. A importância de se estudar a Aquisição da linguagem pode ser justificada

pelo fato de o objeto de estudo da Linguística como ciência ser a língua (Saussure, 2006).

Sendo assim, é indiscutível a importância de se procurar entender como a adquirimos. O pro-

cesso de aquisição de linguagem materna é complexo e demanda diferentes posições do su-

jeito perante a linguagem. A aquisição desse sistema arbitrário não depende unicamente do

falante: ele precisa do outro, do meio, ele precisa estar na língua para dominá-la em seus vá-

rios aspectos, seja oral ou escrito. Os estudos nessa área se iniciaram há muitos anos e teve

suas primeiras impressões registradas com os diaristas. Esses primeiros observadores da fala

da criança tinham o papel de escrever manualmente aquilo que elas diziam, desde as primei-

ras palavras até a, agora conhecida, a aquisição da linguagem como um todo. As anotações

por eles feitas encadearam o surgimento de algumas linhas de estudo como a Psicolinguísti-

ca em 1954, quando a área foi criada. Há três perspectivas importantes de como a aquisição

de linguagem se dá, são elas: o Inatismo de Chomsky, o Cognitivismo de Vygotsky e o Inte-

racionismo de Claudia De Lemos. O presente estudo irá se deter apenas nas duas últimas

por, de certa maneira, se aproximarem mais em alguns aspectos. Não é de nosso interesse

estabelecer qual das teorias apresentadas se encaixa melhor em pesquisas da área, muito me-

nos atribuir juízo de valor. Apenas desejamos apresentar uma breve discussão a respeito de

como a leitura e a escrita é vista em interacionismos distintos.

Palavras-chave: Aquisição da linguagem; Interacionismo; Cognitivismo.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 13

O RIO CACHOEIRA E A RELAÇÃO COM A HISTÓRIA E A IDENTIDADE DOS

ITABUNENSES.

Elijersse dos Santos (UESC)

[email protected]

Flávia Queiroz Menezes(UESC)

[email protected]

Reheniglei Rehem(UESC)³

[email protected]

Apresenta-se, neste trabalho, um relato de experiência sobre a oficina "Água: História, Identi-

dade e Vida", aplicada nos dias 13 e 15 de maio de 2013, no Colégio Modelo Luís Eduardo

Magalhães de Itabuna - BA, para os alunos do 1º ano noturno, pelas bolsistas-discentes do

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID/CAPES/UESC-Letras, ati-

vidade concernente ao projeto Letramento Digital e Escrita Colaborativa em Língua Portu-

guesa, coordenado e orientado pela professora Reheniglei Rehem, com a supervisão

da bolsista-supervisora, professora Joelma Andrade. Essa oficina foi criada a partir de um

projeto desenvolvido no próprio Colégio Modelo, intitulado Educação do Patrimônio Artísti-

co (EPA) o qual visa incrementar as práticas culturais no campo da história, da arte, da ju-

ventude e do patrimônio, em vista da preservação da memória cultural e à democratização

dos saberes e dos espaços históricos. Trata-se de ações fundamentais para o exercício do di-

reito à cultura, para a defesa dos valores históricos e artísticos, com vistas à formação de uma

nova mentalidade cultural e ao estímulo das práticas culturais de preservação do patrimônio

baiano. A oficina teve como enfoque central a conscientização dos alunos a respeito da im-

portância da água para o meio ambiente e a sobrevivência das espécies. Os aspectos históri-

cos, sociais e culturais de um povo, a partir da sua relação com a Natureza, no nosso caso,

com o rio Cachoeira, recurso hídrico que banha e corta a cidade de Itabuna, localizada na re-

gião cacaueira sul baiana. Com metodologia do tipo intervenção interativa, os alunos foram

motivados a fazer uma reflexão crítica do referido tema a partir de leitura e discussão de tex-

tos referenciais e literários, a exemplo de artigos de jornais e revistas especializadas e de poe-

mas, como o "Diante do Rio", de Cyro de Matos, escritor local. Esta experiência possibilitou

que o aluno tivesse contato com diversos gêneros textuais (poemas, blogs, sites, biogra-

fia, etc), em ambiente informatizado e propulsor à interação efetiva entre os agentes, alunos,

professores e bolsistas do PIBID-Letras da UESC, nesta experiência de iniciação à docên-

cia. Espera-se contribuir com as discussões sobre o ensino de língua e literatu-

ra portuguesa, bem como a formação do professor de língua materna.

Palavras-chave: Literatura; PIBID; Letramento digital; Sustentabilidade.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 14

O CASO DO ENSINO DA GRAMÁTICA NORMATIVA EM SALA DE AULA: CO-

MO TRANSPOR AS REGRAS DESSA GRAMÁTICA PARA CONTEXTOS DE USO

DA LÍNGUA.

Eloísa Maiane Barbosa Lopes (UESB)

[email protected]

Denise Aparecida Brito Barreto (DELL/UESB)

[email protected]

O ensino e aprendizagem da Gramática Normativa (doravante GN) em sala de aula é uma

problemática interessante, preocupante e que deve sempre ser repensada por professores e

por pessoas que estudam e pesquisam acerca das práticas de ensino de língua materna, visto

que como nos afirma Bagno (2009), é impossível conceber a língua sem a sua gramática, pa-

ra ele o problema está na ideia errônea de ensinar gramática a partir da decoração de suas

nomenclaturas e definições (cf. BAGNO, 2009, p. 164). Destarte, esse trabalho se justifica

na medida em que propõe repensar, observar e analisar o ensino de GN, mais especificamen-

te do conteúdo de Concordância Verbal (doravante CV), bem como desenvolver métodos de

ensino desse conteúdo que possam ser mais eficazes. Essa pesquisa é um Estudo de Caso que

apresenta uma observação sobre o ensino da GN em sala de aula, especificamente o conteú-

do de CV, bem como conhecer e identificar possíveis falhas, com vistas a uma intervenção

didático-pedagógica baseada em Planos de Aula. Nesse intuito, fizemos um levantamento

teórico do nosso objeto, Gramática Normativa em sala de aula, e a luz das ideias de autores

como Possenti (1996) e Bagno (2009), dentre outros, construímos um questionário que fora

aplicado a professores do Ensino Médio de Língua Portuguesa com questões referentes ao

caso. Posteriormente, analisamos os questionários para entendermos o tratamento do conteú-

do em sala de aula. Pensando nesse tratamento, também, orientamo-nos por análises de Li-

vros Didáticos, sendo dois deles referenciados pelos professores questionados e outro utiliza-

do pela escola onde os mesmos trabalham, bem como em Compêndios Gramaticais selecio-

nados por nós. Com os resultados das análises foi possível se pensar em uma nova metodolo-

gia de ensino da gramática, o qual se resultou em planos de aula. Os resultados deste traba-

lho confirmam e afirmam que existem, ainda, muitas falhas no ensino de nossa língua, par-

tindo do trabalho com os conteúdos da GN em sala de aula, e que muito ainda deve ser feito,

e é possível se fazer, nesse aspecto. Diante disso, o que propomos e apresentamos neste tra-

balho, além de um estudo de caso a respeito da GN no contexto escolar, foi, como resultado,

uma metodologia que seja mais atraente aos alunos e que possa ser, de fato, “eficaz” para

esse ensino e, consequentemente, para aprendizagem dos conteúdos gramaticais no aperfei-

çoamento das práticas de uso da língua. Contudo, não nos foi possível aplicar nossa metodo-

logia, portanto não podemos, neste momento, comprovar “essa sua eficácia”. Entretanto, es-

tamos cientes que, de certa forma, contribuímos e avançamos na tentativa de solucionar o

problema do ensino gramatical.

Palavras-chaves: Gramática Normativa; Língua; Concordância Verbal.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 15

PRESSUPOSTOS PARA A RESSIGNIFICAÇÃO

DO ENSINO/APRENDIZAGEM DE LÍNGUA PORTUGUESA

Emiliane Santana Gomes (UNEB)

[email protected]

Emanuelle Rodrigues Loyola (UNEB)

[email protected]

Luzia de Oliveira Santos (UNEB)

[email protected]

Este trabalho trata das questões relacionadas às variedades atinentes à Língua Portuguesa. O

idioma português é reconhecido como um dos mais complexos que existe. Isso se dá, principal-

mente, pela forma como o ensino deste é transmitido em muitas instituições escolares: de ma-

neira extremamente tradicional, sem se levar em consideração as mutações que têm ocorrido

em nossa língua materna no decorrer dos tempos. Os estudos linguísticos, a Linguística e a

Linguística Aplicada contribuíram muito nos últimos anos, para as práticas de ensino e de

aprendizagem da Língua Portuguesa como língua materna. Partindo do pressuposto de que a

Língua não é unívoca, pretende-se através das abordagens diacrônica, diastrática e diatópica da

escrita e da oralidade, demonstrar que a Língua é tão dinâmica quanto os/as falantes e escrito-

res/as que a empregam. Tendo como base os referencias teóricos de Bagno, Possenti e Soares,

apontar que o “preconceito linguístico” se encontra arraigado na ideia de classes consideradas

“superiores” e “inferiores” atingindo a sociedade através do conceito de línguas “melhores” ou

“piores”. O fato é que isso é cientificamente inaceitável e o que há são diferenças na língua,

simplesmente. E, quanto ao conceito de língua superior e inferior, este se estenderá enquanto

não houver o total entendimento por nossa própria língua. Sendo assim, é preciso respeitar a

diversidade da Língua Portuguesa. E por que não Língua Brasileira? Portanto, é necessário que

todas as variantes sejam incluídas no currículo. E, a partir de tal reconhecimento, saber qual a

situação adequada para o seu uso. Abordar-se-ão, também, as novas possibilidades de uso da

escrita; e as modificações contemporâneas ocorridas nos usos formal e informal da linguagem.

Assim, este trabalho se baseia numa reflexão crítica acerca da questão do “certo” e do “errado”

na língua portuguesa brasileira, cumprindo o papel de desafiar a todos os/as educandos/as, edu-

cadores/as e pesquisadores/as para militar contra todo tipo de preconceito que existe em rela-

ção à nossa língua, seja no aspecto linguístico seja no social.

Palavras-chave: diversidade linguística; língua materna; preconceito; sociolinguística.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 16

(RE)AÇÕES DIDÁTICAS: REESCRITA E RETEXTUALIZAÇÃO COMO GESTOS

DE DOCÊNCIA EM TORNO DO GÊNERO LEGENDA.

Flávia Silene Santos Correia (UESB/ PIBID)

[email protected]

Ester Maria de Figueiredo Souza (DELL/UESB)

[email protected]

Professores de Língua Portuguesa concentram seu trabalho em três práticas: leitura, escrita e

análise linguística. Nesse âmbito se encontram a reescrita textual e a retextualização, objetos

de nossa pesquisa. Observações acerca da ação pedagógica na sala de aula, campo de pesqui-

sa, tem demonstrado que o professor limita a correção da escrita de seus alunos a questões lin-

guísticas, relegando o trabalho com aspectos discursivos e sociocomunicativos do texto. Dessa

forma, o docente desenvolve ação didática que não prioriza os aspectos interacionais, defendi-

dos por uma perspectiva sociointeracionista da língua(gem), além de não despertar no aluno o

senso crítico relativo aos possíveis usos da língua. Dos dados da pesquisa em desenvolvimen-

to, constatamos nas aulas de língua portuguesa observadas que o professor não promove à

adaptação de uma modalidade textual a outra modalidade, enfocando as estratégias de retextu-

alização e reescrita. À vista disso, o êxito da reescrita e da retextualização consiste no traba-

lho com a transposição didática que incorpora como recurso didático o discurso textual do alu-

no, a fim de realçar o uso dos elementos linguístico-semânticos e os elementos pragmáticos, e

promover a criatividade do discente no uso da língua(gem) e a reflexão do mesmo acerca de

seu próprio texto, revelando os gestos de docência para o ensino e aprendizagem da escrita na

escola. Para ilustrar os dados, analisamos uma atividade didática de produção de texto com o

gênero textual legenda a partir da interação com outros gêneros. Apresentamos, neste trabalho,

uma proposta vinculada a pesquisa em curso do Núcleo de Linguagens PIBID (Programa de

Iniciação à Docência – CAPES) e IC (Iniciação Científica) Letras UESB que tem como finali-

dade investigar as especificidades do ensino de Língua Portuguesa no ensino fundamental e

médio da rede pública no município de Vitória da Conquista, BA.

Palavras-chave: Linguística Aplicada; Reescrita; Retextualização; Metodologia de ensino.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 17

O DIALOGISMO NO GÊNERO DISCURSIVO AULA: PROPOSIÇÕES NECESSÁRIAS

Jéssica Stefhânia Figueiredo Rocha (PPGCEL –UESB)

[email protected]

Ester Maria de Figueiredo Souza (PPGCEL –UESB)

[email protected]

Orientando-nos pelos estudos da teoria dialógica da linguagem referenciada no Círculo de Bakh-

tin (1986, 2003), bem como nos estudos da interação didática no ambiente aula (MATENCIO,

2001), tomamos o discurso didático como objeto de análise e lugar de (re)construção das identi-

dades de professor e alunos. A sala de aula é, nessa medida, pensada como um gênero do discur-

so (BAKTHIN 2003, MATENCIO, 2001) que se orienta por percursos interativos a fim de se

analisar as diferentes vozes, valores mutáveis e concorrentes a elas subjacentes, por meio das

quais docente e discente(s) re(a)presentam-se discursivamente na sala de aula, por meios de seus

dizeres e silêncios constitutivos da dialogia (a interação discursiva entre docente e discente é

firmada por circunstâncias que expressam a contraposição de lugares). Episódios de aulas trans-

critas de Língua Portuguesa são trazidos para demonstrar de que modo essa dialogia pode lin-

guisticamente se materializar. Para a análise discursiva desses episódios foram atualizadas as

noções de referente, objeto de discurso e pré-construído. Como metodologia de trabalho agenci-

ada para geração e tratamento dos dados, recorremos a princípios da abordagem etnográfica de

pesquisa (ERICKSON, 1973, 2004) com vistas a análises qualitativas (FLICK, 2005). A análise

dos dados atestou que os papéis sociointeracionais de professor e alunos, embora sejam comple-

mentares, são constituídos por meio da ambivalência discursiva da dialogia presentificada no

gênero aula. Assim, este trabalho debruça-se sobre a noção do dialogismo, ainda implícita no

discurso didático, de modo a favorecer a ambivalência e simultaneidade dos papéis discursivos

na aula, revigorando os usos da palavra na e para a convivência intersubjetiva que a sala de aula

como contexto interacional e institucional efetiva e também representa; busca-se também, a va-

lorização da diversidade cultural presente no espaço escolar cabendo ao professor levar em con-

sideração tal diversidade para que promova momentos de interação entre os sujeitos e, assim,

possibilite a construção de novos conhecimentos.

Palavras-chave: Aula; Dialogia; Discurso.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 18

(RE)PENSANDO A LEITURA E A PRODUÇÃO TEXTUAL A PARTIR DE

PRÁTICAS DISCURSIVAS NA SALA AULA: UM OLHAR DE PROFESSORES EM

FORMAÇÃO

Juliet Aparecida de Jesus Sousa (UESB)

[email protected]

Joyce Maria Sandes da silva (UESB)

[email protected]

Raiane Silva Souza (UESB)

[email protected]

Neste trabalho buscamos pensar um outro caminho para o ensino de Língua Portuguesa que

não o ensino tradicional. Para tanto, propomos um diálogo entre as concepções de leitura,

produção de texto e práticas discursivas, a fim de apresentar uma práxis para o ensino de L.P.

Segundo Bezerra (2002), o ensino de L.P. no Brasil tem sido ancorado pelas práticas tradicio-

nalistas, as quais apontam a exploração da gramática normativa, em sua perspectiva prescriti-

va e analítica, como a melhor alternativa para o ensino-aprendizagem. A nossa defesa é de

que para que ocorra o processo de aprendizagem é preciso que a escola seja um espaço de so-

cialização, os conteúdos devem se relacionar à história de vida do sujeito e à cultura. Portan-

to, é necessário que o trabalho em sala de aula se baseie em práticas discursivas, ou seja, em

“[...] uma situação de uso efetivo da linguagem da qual participam pessoas (alunos e profes-

sores) que têm uma língua comum, fazendo uso de diferentes gêneros de discurso [...]

(BAKHTIN, 1952-53/ 1997 apud COUDRY; FREIRE, 2005, p.17)”. A abordagem da pes-

quisa de cunho etnográfico (PEIRANO, 1992; ERICKSON, 1973, 2006; GREEN; DIXON;

ZAHARLICK, 2005) e a abordagem qualitativa (FLICK, 2005) orientam a pesquisa em cam-

po. Dentre os instrumentos de pesquisa geradores de dados estão o diário de campo utilizado

para o registro das observações e atividades didático-pedagógicas aplicadas em uma turma de

9º ano do ensino fundamental da rede pública de ensino no município de Vitória da Conquista

– Bahia. Os resultados desse trabalho revelarão, além de outros fatores, a nossa percepção

enquanto professores em formação e pesquisadores em processo inicial, o modo como temos

olhado para o conhecimento científico e a maneira como transpomos esse conhecimento para

a prática pedagógica. Acreditamos que, por meio da discussão de conceitos ligados ao ensino-

aprendizagem de Língua Portuguesa e na transposição destes conceitos para atividades didáti-

cas, propiciaremos aos alunos um processo de experiência concernente às práticas discursi-

vas, ou seja, para que se apropriem das competências linguísticas de forma significativa.

Palavras-chave: práxis educacional; ensino-aprendizagem; leitura e produção de texto; práti-

cas discursivas.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 19

QUADRINHOS NO ENSINO DE LÍNGUA MATERNA: UMA INVESTIGAÇÃO SO-

BRE O USO DAS TIRINHAS COMO INSTRUMENTO DE APRIMORAMENTO DA

LEITURA E DA INTERPRETAÇÃO TEXTUAL

Lêda Sousa Bastos (Autora-UESB)

[email protected]

Denise Aparecida Brito (Orientadora-UESB)

Fernanda de Castro Coelho (Co-orientadora-UESB)

O presente trabalho objetiva apresentar a noção do gênero tirinhas obtida a partir de uma in-

vestigação em uma turma do sétimo ano do Ensino Fundamental, em uma escola municipal da

rede pública de ensino, cujo instrumento de pesquisa consistiu em um questionário que conti-

nha perguntas sobre o gênero em questão. Esse trabalho fora realizado durante dois semestres

nas disciplinas Estágio Supervisionado I, com a construção de um projeto, e Estágio Supervi-

sionado II, com o desenvolvimento de um artigo a partir da realização da pesquisa supracita-

da, respectivamente, sob a orientação das professoras doutoras Fernanda de Castro Coelho e

Denise Aparecida Brito. Desse modo, o trabalho em questão apresentará a pesquisa efetivada

com alguns alunos do período escolar já mencionado parte do intuito de conhecermos o conta-

to e o conhecimento que esses alunos têm acerca do gênero que está sendo apresentado. Sen-

do assim, a partir dos resultados dos questionários selecionados, intencionamos expor como

as tirinhas são vistas pelos alunos do sétimo ano e qual a sua função na concepção destes alu-

nos. Além disso, apresentaremos o conceito de gênero textual, do gênero tirinhas e das habili-

dades de leitura e interpretação, bem como a construção do sentido do texto presente nos qua-

drinhos a partir dessas habilidades relacionadas a outros conhecimentos previamente adquiri-

dos pelos alunos. Desse modo, no presente trabalho, desenvolvido, objetivamos investigar co-

mo o gênero tirinhas pode auxiliar os alunos, desde o ensino fundamental, no aprimoramento

da leitura e da interpretação textual, de modo que possa contribuir para um bom desempenho

dessas habilidades em etapas de escolarização posteriores. Para tanto, é imprescindível que

esbocemos os resultados da pesquisa sobre a concepção que os alunos do período escolar em

questão apresentam sobre o gênero tirinhas, bem como a noção do aperfeiçoamento dessas

duas habilidades nestes quadrinhos, os quais podem colaborar para a melhoria de ambas as

habilidades.

Palavras-chave: Tirinhas; Leitura; Interpretação.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 20

LIVRO DIDÁTICO DE PORTUGUÊS: MAPEAMENTO DE UM GÊNERO

Marineide Freires Caetité (UESB/PIBID)

[email protected] Ester Maria de Figueiredo Souza (DELL/UESB)

[email protected]

O trabalho aborda sobre o livro didático de português – LDP, como um gênero discursivo com-

plexo, sob a compreensão da Teoria dos Gêneros do Círculo de Bakhtin, apresentando a análise

de um livro selecionado para uso nas escolas públicas, por meio do Programa Nacional do Livro

Didático – PNLD, do Ministério da Educação do Brasil. É desdobramento de reflexões dos en-

contros de orientação e formação do Programa de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID, da

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, do subprojeto Letras, do Núcleo Linguagens. É

uma realidade que o livro didático é um insumo que organiza o ensino das disciplinas escolares.

Essa realidade é questionável e reveladora de concepções e ideologias de metodologia de ensino

de língua. O material foi analisado a partir do mapeamento da presença e recorrência dos gêne-

ros e tratamento didático indicado como atividade de ensino conferido no material aos gêneros

textuais e ao gênero textual tirinha, sendo expostos os resultados por meio de quadros e tabelas

comparativas, destacando-se o gênero tirinha, investigando-se como se dá a recorrência desse

gênero e como o mesmo é abordado no livro didático-objeto de análise. A análise discursiva foi

desenvolvida para que se percebessem os propósitos didáticos requeridos com as atividades que

contemplavam a tirinha como texto-base e, nessa medida, objeto de reflexão. Como resultado

inicial dos dados, verificamos uma pequena recorrência de gêneros textuais no livro didático

analisado, somando um total de 24 distintos gêneros. Mesmo englobando os três anos do Ensino

Médio, em alguns capítulos do livro analisado, constatam-se a ausência de gêneros e a aborda-

gem fragmentada dos mesmos no objeto de análise selecionado. Expõem-se, ainda, resultados

que mobilizam reflexão sobre os usos de estratégias didáticas discursivas para o trabalho com o

gênero tirinha nas aulas de português e sobre a concepção de linguagem presente no livro didá-

tico analisado.

Palavras-chave: Gênero discursivo; Livro Didático; Metodologia de ensino de Português.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 21

O GÊNERO TEATRO E A SUA RELAÇÃO COM SUJEITOS SURDOS NA SALA DE

AULA- UM ESTUDO DE CASO.

Nayra Marinho Silva (UESB)

[email protected]

Este trabalho objetiva analisar com base na visão bakhtiniana acerca dos gêneros textuais, o

uso do teatro como instrumento de comunicação para alunos surdos matriculados, na rede re-

gular de uma escola estadual de Vitória da Conquista. Pretende-se por meio desse estudo, ava-

liar a produção textual desses alunos disposta em etapas, de acordo com a proposta de Schneu-

wly e Dolz (2004). Para isso, a análise foi distribuída segundo as etapas discriminadas por es-

ses autores e cada fase do processamento textual realizada pelos dois alunos também foi obser-

vada. Através dessa pesquisa, procurou-se aprofundar o conhecimento a respeito do gênero

estudado, o teatro. Conhecer acerca da sua forma estrutural, apresentar as concepções filosófi-

cas que permearam a configuração inicial desse gênero e tratar da sua relação com sujeitos sur-

dos. Para os referidos autores, o gênero é tratado como ‘megainstumento’ de comunicação. Em

outras palavras, a comunicação é baseada nos gêneros e agir por meio deles é apropriar-se, é

alcançar um domínio discursivo. É sabido que o teatro pode orientar-se no diálogo, no monólo-

go, no gesto e movimento. Nesse sentido, atenta-se para um teatro do silêncio do corpo e do

grito que toca sensivelmente o espectador que se debruça diante dessa produção feita por alu-

nos surdos. Pois “a voz” do surdo é a sua mão; ao nos atentarmos para essa “voz”, notamos

como eles concebem a palavra escrita. Cabe salientar que o presente gênero também pode ser

tomado como recurso para que o professor ouvinte interaja mais com o seu aluno surdo. As-

sim, o educador se aproximará mais desse alunado inserindo o gênero no ensino de língua ma-

terna, ou mesmo intermediando o aprendizado do aluno com o meio em que ele se encontra

inserido. O acompanhamento dessa pesquisa permite-nos examinar como esses dois alunos se

apropriaram do gênero tratado como instrumento de comunicação, tendo como base os concei-

tos sobre gêneros textuais edificados na teoria bakhtiniana.

Palavras-chave: Gêneros Textuais; Surdos; Educação e ensino.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 22

O CONCEITO DE LETRAMENTO DIGITAL E SUA INFLUÊNCIA NO PROCESSO

ENSINO/APRENDIZAGEM

Sara Rodrigues de Queiroz (UESC/PIBID)

[email protected]

Reheniglei Rehem (UESC/PIBID)

[email protected]

O presente artigo tem como objetivo nortear alguns conceitos acerca do significado de uns dos

termos mais utilizados atualmente: letramento digital. A princípio analisaremos o letramento

digital e a sua contribuição para o desenvolvimento de novos suportes textuais e de habilidades

tanto na leitura quanto na escrita mediante o contexto do hipertextual. Analisaremos de que for-

ma essas ferramentas contribuem no processo ensino/aprendizagem e como poderíamos traba-

lhar com esses novos gêneros virtuais. Nesse contexto, deve-se pensar em uma educação de

qualidade e inclusiva, que possa preparar os alunos para interagir no meio social de forma cons-

ciente e autônoma, com um espírito crítico reflexivo, ou seja, preparar o indivíduo para que ele

não se deixe levar pelo excesso de informações midiáticas sem se pronunciar a respeito. Tam-

bém será exposto aqui um relato acerca do projeto Pibid (Programa Institucional de bolsa de

Iniciação à Docência) cujo principal enfoque é o letramento digital e a escrita colaborativa. O

letramento digital foca os aspectos sociais e históricos, é um meio de interação entre os indiví-

duos. Assim, no processo de aprendizagem o aluno tem a possibilidade de, nas práticas de leitu-

ra e escrita, interpretar e repercutir sua interpretação no seu convívio social, avançando nas prá-

ticas de interação e intervenção com o texto. Defendemos aqui a inclusão digital propagada ao

letramento digital, visto que não basta somente que o indivíduo tenha o acesso às tecnologias da

informação e comunicação, e sim que avance da mera utilização funcional para o patamar de

interatividade. As possibilidades de comunicação que encontramos hoje na sociedade através

das tecnologias e mídias nos propõem repensar nosso processo de ensino e aprendizagem. Hoje

as tecnologias digitais são uma realidade, e despontam novas modalidades de leitura e escrita,

desencadeando novas práticas e eventos de letramento. O letramento digital é uma nova forma de práti-

ca de leitura e escrita. Com novos gêneros e suportes também vem os novos desafios, mas em geral,

percebemos que os alunos conseguem desenvolver trabalho de forma efetiva. Eles estão viven-

do em uma era em que o papel esta coexistindo com o texto digital mediado pela mecânica da

web, que se apresenta a partir de uma tela. Este suporte para a interação, aberto como um novo

espaço de escrita altera os processos de construção do texto e as estratégias de leitura desenca-

deando mais um patamar no processo de letramento. O ambiente virtual remodelou o espaço de

escrita. Do papel para a tela, diferentes habilidades despontaram como necessárias. Assim, con-

sideramos importante fazer um estudo das regras não-oficiais de comportamento nas ferramen-

tas da internet como Blog, Twitter, Orkut, MSN, Facebook, E-mail.

Palavras-chave: Aprendizagem; Ensino; Letramento digital.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 23

A FORMAÇÃO DO PROFESSOR E PROPOSTAS PEDAGÓGICAS AVALIATIVAS

NO ENSINO SUPERIOR: UMA VISÃO CRÍTICA DO DISCENTE

Sérgio Machado de Araújo (UESC)

[email protected]

Este trabalho traz à discussão uma temática pouco pesquisada e analisada no contexto acadê-

mico. Na verdade, discutimos muito sobre metodologias inovadoras e criativas, material didá-

tico para fins específicos, entre outros elementos que cercam o processo de ensino-

aprendizagem no ensino superior. Mas limitamos a nossa pesquisa quando falamos sobre a

mudança metodológica que deveria ser feita a partir de uma pontuação ou sinalização do alu-

no. A formação do professor no ensino superior não deve está voltada apenas para sua realiza-

ção profissional, mas para a necessidade cultural e social do aluno. Para isso, busco destacar

nessa pesquisa a necessidade de projetos pedagógicos e uma inovação curricular capaz de tra-

zer ao aluno a aplicação de conteúdos significativos em seu cotidiano. A criação e o desenvol-

vimento de projetos pedagógicos no ensino superior precisa ter o objetivo de inserir um aluno

“diferenciado” numa sociedade carente de olhares críticos; é sobre este ponto de partida que se

faz necessário uma modificação curricular, a avaliação, pois o processo avaliativo não deve

está voltado apenas para a aquisição de conteúdos programáticos, mas na efetivação desse co-

nhecimento no desenvolvimento intelectual, profissional e sociocultural do indivíduo como

parte integrante de uma universidade constituída de formadores de opiniões. O ensino superior

não deve ser um filtro selecionador, mas uma porta aberta para os que buscam o conhecimento.

Com isso, compreende-se que a universidade é o campo cultural onde o indivíduo tem a opor-

tunidade de buscar algo além do conhecimento teórico ou a prática e efetivação do conheci-

mento adquirido no ensino superior, mas o campo social que ajudará o aluno a transformar

seus conhecimentos teóricos em práticas sociais. Para tal, a fundamentação teórica deste traba-

lho inclui Ausubel (1980), Marcuschi (2005), Masetto (2012), Gavaldon (2003), Carpinelli

(2003), Faraco e Tezza (2010), entre outros. Entende-se que resultados positivos na qualidade

do ensino universitário só chegarão ao alvo com a consideração do olhar crítico-avaliativo do

aluno sobre sua própria formação acadêmica e futura atuação profissional.

Palavras-chave: Ensino; Projetos; Inovação; Profissionalização.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 24

A IMPORTÂNCIA DAS INTERVENÇÕES DIDÁTICAS MEDIADAS PELO PIBID

NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LEITURA E LITERATURA

Sheila Ferreira dos Santos (UESB/PIBD)

[email protected]

Ester Maria de Figueiredo Souza (DELL/UESB)

[email protected]

Este trabalho objetiva responder a seguinte quentão: Quais as contribuições do PIBID para o

ensino de literatura e a formação do professor? Ela será abordada tanto do ponto de vista teó-

rico como prático, utilizando para isso alguns arcabouços metodológicos. Também será dis-

cutido o quão importante o programa é para o aperfeiçoamento do graduando. Partindo das

experiências como bolsista do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docên-

cia), que vão desde estudos teóricos à praticas metodológicas, será enfocado uma intervenção

didática sobre ensino de literatura, numa turma de 6° ano do ensino fundamental, com o gê-

nero contos em sala de aula aplicados de uma forma mais lúdica onde a criança teve espaço

para refletir sobre sua impressão do texto lido. Descrevemos as etapas pelas quais os gradu-

andos tiveram que passar para o planejamento da intervenção didática, tais como: pesquisa

etnográfica, planejamento e os resultados da aplicação didática. A literatura na sala de aula

será apresentada como um instrumento humanizador que tem seus atributos negligenciados

por muitos professores de Português. Entende-se por Humanização o ato de civilizar e tornar

humano o outro. No âmbito escolar isso se daria no processo de crescimento do aluno, fazen-

do com que este adquirisse senso critico. Como se sabe a relevância da escola na vida do es-

tudante vai além de aprendizado de conteúdos fechados em si. Esse estudante precisa ter o

discernimento das coisas que o rodeia. A literatura tem esse poder nas mãos por que através

dela o professor pode trabalhar com áreas diversificadas do conhecimento, tais como: filoso-

fia, sociologia, política, etc. Em muitos casos a mesma é somente vista como algo que serve

para entretenimento e não tem todos os seus “dotes” utilizados pelo professor em sala. Um

livro pode acarretar um circulo de discussões muito ricas que contribuem para a formação do

adolescente.

Palavras-chave: Formação de professor. Literatura. Leitura. Estratégias. Planejamento

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 25

AULA DE PORTUGUÊS: ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS NA MICROINTERAÇÃO

COM A RÉPLICA ATIVA

Virgínia Vieira da Silva (UESB/ PIBID)

[email protected]

Ester Maria de Figueiredo Souza (DELL/UESB)

[email protected]

Neste trabalho, resultante de pesquisa do Programa de Bolsa de Iniciação à Docência, do sub-

projeto Letras UESB, do Núcleo Linguagens refletimos sobre a aula como um gênero do dis-

curso, enfatizando a responsividade da interação na aula de língua portuguesa. De acordo com

Souza (2011) faz necessário um olhar direcionado par a relevância “... das contrapalavras, da

réplica, da resposta bakhtiniana, pois a palavra coloca o outro na responsabilidade de respondê-

la”. O que leva a crer que a palavra não se transforma apenas em palavra para responder a uma

resposta, ela então, ao ser acionada precisaria sentidos múltiplos, mesmo porque, ora constrói,

ora é desconstruída e é perpassada pelo outro, esse que por sua vez, é capaz de (re)criá-la ou

mesmo (re)pensá-la. Focalizar o processo de interação verbal da aula e o uso de estratégias di-

dáticas é um cenário que se descortina para a pesquisa, visto a relevância para o campo de estu-

dos da linguística Aplicada para que “a microinteração seja incorporada ao quadro da interação

principal” (COELHO, 2011). Referenciamos na Teoria Dialógica da Linguagem – TDL, nas

contribuições Bakhtin (2003) nas aplicações dos conceitos de enunciado, dialogia e interação

verbal para interpretar a dinâmica discursiva da aula de português, a fim de tipificá-la em um

contexto social que se orienta para responder e indicar as significações de “como /por quê /

para quê” se ensina determinados conteúdos didáticos. Busca-se indicar as estratégias discursi-

vas da microinteração na aula, como a réplica ativa, escolhendo esse tipo de interação como o

mais favorável para o exercício da autonomia discursiva na sala de aula, rompendo com o pa-

drão I-R-A da circularidade da pergunta didática. A descrição etnográfica da sala de aula é a

nossa opção metodológica, expondo-se os resultados da imprescindibilidade das trocas e turnos

conversacionais, bem como o estabelecimento das práticas discursivas orais como um agir co-

laborativo dos sujeitos escolares – professor e aluno - que, por meio das práticas com a lingua-

gem, assumem posições argumentativas reveladoras de valores éticos circulantes na aula.

Palavras-chave: Aula; Gêneros do Discurso; Linguística Aplicada; Interação.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 26

A VOGAL /i/ EM CONTEXTO DE AFIRMATIVA, INTERROGATIVA E EXCLA-

MATIVA: DADOS PRELIMINARES DE UMA ANÁLISE ACÚSTICA

Alcione de Jesus Santo (UESB/LAPEFF)

[email protected]

Vera Pacheco (DELL/UESB/LAPEFF)

[email protected]

Marian dos Santos Oliveira (DELL/UESB/LAPEFF)

[email protected]

Com base nos pressupostos teóricos da teoria de produção da fala ou Teoria Fonte-Filtro, de

Fant (1960), as vogais possuem características acústicas que estão diretamente relacionadas

aos seus aspectos articulatórios. Assim o padrão formântico de uma vogal relaciona-se direta-

mente com a forma como uma vogal está sendo articulada. Uma vogal, contudo, nunca ocorre

isoladamente em um enunciado. As vogais constituem núcleos silábicos de palavras inseridas

em sentenças que pode apresentar diversos padrões melódicos. Diante disso, este trabalho ob-

jetiva demonstrar a forma como os padrões melódicos e formânticos se interagem. Neste pro-

pósito, analisamos a configuração formântica das vogais altas em sentenças afirmativas, ex-

clamativas e interrogativas, partindo da hipótese de uma alteração no padrão formântico des-

sas vogais consequente das variações melódicas de frases. Essa pesquisa contou com a parti-

cipação de um falante do gênero feminino nativo do português brasileiro. Os dados resultan-

tes da gravação, via Audacity, de leitura de doze sentenças, produzidas em cartões, sendo

quatro interrogativas, quatro exclamativas e quatro afirmativas, nas quais estavam as palavras

com a vogal /i/ em sílabas tônicas, foram analisados por meio do Praat, para a caracterização

dos padrões formânticos das vogais altas produzidas pelo informante. Os valores das frequên-

cias formânticas foram submetidos à ANOVA de Kruskall-Wallis, com vistas a avaliar se as

médias obtidas dos três primeiros formantes em afirmativa, interrogativa e exclamativa são

diferentes entre si. A análise da integração dos parâmetros acústicos segmentais e variações

melódicas é um tópico pouco explorado na literatura. Os resultados aqui encontrados para a

vogal /i/, um estudo de caso, mostram que a configuração formântica de uma vogal pode so-

frer alterações significativas nos três padrões melódicos estudados. O valor de p encontrado

para o contraste de F1 da vogal /i/ em afirmativa, interrogativa e exclamativa foi maior que

0.05, o que significa que para a vogal em questão seu grau de abertura não é alterado quando

produzida nos contextos melódicos investigados. Valores de p menores que 0.05 são, contu-

do, encontrados para os contrastes de F2 e F3, o que sinaliza que essa vogal realiza-se com

valores dos segundo e terceiro formantes significativamente diferentes a depender do padrão

melódico. Considerando os resultados obtidos, pode-se afirmar que a vogal não altera seu

grau de abertura quando se encontra em contextos melódicos de afirmativa, interrogativa e

exclamativa, isso porque não foi atestada diferença significativa, para o sujeito avaliado, entre

as médias de F1. Mas alterações de F2 e F3 foram encontradas, o que são fortes evidências de

que o sujeito avaliado produz a vogal com diferentes níveis de movimento da língua na área

sagital e com tamanhos da cavidade anterior e posterior diferentes.

Palavras-chave: Vogal /i/; Padrão formântico; Variação melódica.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 27

O PAPEL DA DURAÇÃO VOCÁLICA NA CARACTERIZAÇÃO DAS VOGAIS

MÉDIAS REALIZADAS POR CONQUISTENSES

Jéssica Ribeiro de Oliveira (UESB/LAPEFF)

[email protected]

Vera Pacheco (DELL/UESB/LAPEFF)

[email protected]

Jaciara Mota Silva (UESB/LAPEFF)

[email protected]

A duração que, segundo Cruttenden (1986), é a quantidade de tempo durante o qual uma unida-

de linguística é produzida, é um importante parâmetro para a caracterização dos sons de uma

dada língua. É também um parâmetro acústico fortemente associado à tonicidade silábica: síla-

bas tônicas tendem a ter seus constituintes com maior duração do que os de sílaba átona. Pen-

sando no papel da duração vocálica na caracterização do falar de conquistenses, esta pesquisa

traz à baila uma investigação acústica sobre a influência da consoante, no que se refere ao seu

modo e ponto de articulação, na caracterização das vogais médias abertas [é] e [ó] em sílaba

pretônica, realizadas por indivíduos naturais de Vitória da Conquista/BA. A realização desta

pesquisa contou com a elaboração de um corpus constituído por palavras oxítonas e com o nú-

cleo da sílaba pretônica ocupado pelas vogais médias. Essas palavras foram inseridas na frase

veículo “Digo XXX baixinho”. As frases-veículo impressas em cartão branco foram apresenta-

das aos sujeitos da pesquisa que deveriam lê-las por quatro vezes por sujeitos naturais de Vitó-

ria da Conquista. As gravações dessas leituras foram realizadas em microfone profissional em

cabine acústica. Foi mensurada a duração relativa das vogais (duração segmental/pela duração

total da palavra * 100) obtida por meio do programa Praat. Os escores brutos foram submetidos

à Anova de Kruskal-wallis. Foram consideradas diferenças significativas entre as médias valo-

res p menores que 0.05. A análise estatística foi realizada pelo BioEstat. Os resultados encon-

trados mostram diferença significativa entre os valores das sílabas tônica e pretônica na análise

de duração. A sílaba tônica apresentou valores maiores que a pretônica. Foi possível verificar,

também, o fato de que para a maioria das ocorrências, o ponto e o modo de articulação não con-

ferem as vogais resultados diferentes dos que são encontrados em análises gerais das mesmas.

Dessa forma, pode-se afirmar que as consoantes adjacentes às vogais não influenciam em sua

duração relativa.

Palavras-chave: Vogais; Duração; Acústica.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 28

EXCLAMATIVAS EM FOCO: UMA ANÁLISE ACÚSTICA DA CURVAVA DE F0

Juscelia Silva Novais Oliveira (UESB/LAPEFF)

[email protected]

Vera Pacheco (DELL/UESB/LAPEFF)

[email protected]

Marian Oliveira (DELL/UESB/LAPEFF)

[email protected]

A entoação assume um papel importante no processo comunicativo de uma língua. A partir

dela é possível, numa situação sócio comunicativa, identificar marcas dialetais, como também

marcar a atitude de um falante. No Português do Brasil, a entoação, entre outras, tem a função

de diferenciar as orações, de forma a provocar diferenças semânticas ou pragmáticas. A partir

da estrutura dos contornos melódicos (ascendente/descendente), é possível distinguir, na fala,

enunciados interrogativos de assertivos, por exemplo. A entoação possui também, dentro de

um contexto comunicativo, uma função expressiva, que transmite informações semântica e/ou

pragmática, tais como surpresa, admiração, dúvida, raiva, etc. Para Fónagy (1993), as frases

exclamativas se filiam, por excelência, a essa função. As exclamativas, de acordo com o au-

tor, marcam o fato de se comunicar uma experiência que provocou uma forte emoção no lo-

cutor, emoções do tipo espanto, admiração, ou o contrário, indignação. Tradicionalmente, a

entonação das exclamações está condicionada ao grau e à natureza da emoção de quem fala

(CUNHA; CINTRA, 2008). Para Halliday, é preciso conceber as atitudes e emoções do falan-

te como parte do significado (HALLIDAY, 1970). Ainda são poucos os trabalhos realizados

no Brasil sobre os enunciados exclamativos. Além do trabalho de Moraes (2008), têm-se o de

Zendron da Cunha (2012) que investigam o padrão entoacional das sentenças exclamativas do

PB. Diante disso, este trabalho visa à ampliação dos estudos sobre o tema e tem como objeti-

vo investigar o comportamento da frequência fundamental das sentenças exclamativas de fa-

lantes naturais de Vitória da Conquista - BA. Propõe-se aqui fazer um estudo entoacional de

forma a descrever acusticamente o padrão melódico das exclamativas produzidas por falantes

da cidade de Vitória da Conquista (BA), comparando-o com o padrão descrito para o PB nos

estudos já realizados. As sentenças analisadas foram do tipo exclamativa com pronome de

abertura (Como a babá é bela!) e exclamativa sem pronome (A babá é bela!). Para tentar res-

ponder se os padrões melódicos das exclamativas em falares conquistense estão de acordo

com os estudos prosódicos realizados no PB, tomaremos como modelo os estudos de Moraes

(2008) e os de Zendron da Cunha (2012). Para a pesquisa, realizamos uma análise com enun-

ciados exclamativos, inseridos em delineamento experimental montado especificamente para

esse fim e produzidos por dois informantes conquistenses. A análise consiste da descrição

minuciosa do comportamento da curva de F0, medida através do software PRAAT

(BOEERSMA; WEENINCK, 2006), de todas as sílabas tônicas dos enunciados. O trabalho se

justifica, pois além de contribuir com os estudos prosódicos em geral, amplia as poucas pes-

quisas sobre enunciados exclamativos do PB.

Palavras-chave: prosódia; entonação; exclamativa.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 29

PRODUÇÃO DE VOGAIS E SÍNDROME DE DOWN

Luana Porto Pereira (UESB/Núcleo de Pesquisa em Estudos em Síndrome de Down)

[email protected]

Marian Oliveira (DELL/UESB/Núcleo de Pesquisa em Estudos em Síndrome de Down)

[email protected]

Vera Pacheco (DELL/UESB/Núcleo de Pesquisa em Estudos em Síndrome de Down)

[email protected]

A síndrome de Down (SD), segundo Mustacchi e Peres (2000), é causada por uma alteração

genética que acontece durante a fecundação, ao invés das células receberem 46

cromossomos, recebem 47 e o cromossomo extra, na maioria das vezes, se liga ao par 21,

por isso a Trissomia do par 21 é a forma mais comum desta síndrome. Segundo Ideriha e

Limongi (2007, apud OLIVEIRA, 2011), a boca da pessoa com SD é pequena e a língua

projeta-se um pouco para fora, em função da macroglossia ou falsa macroglossia, decorrente

da cavidade oral pequena, da hipotonia da musculatura orofacial e da fenda palato-ogival.

Essas características conferem ao sujeito com Down uma cavidade oral diferenciada.

Baseamo-nos na Teoria Fonte-Filtro, de Fant (1960), consideramos que o trato vocal

funciona como um filtro acústico para a produção dos sons da fala, dessa maneira, é possível

que a vogal produzida por pessoa com SD, por conta da alteração do trato vocal desse

sujeito, se diferencie, acusticamente, daquela produzida por pessoas sem a síndrome.

Partindo desse pressuposto, analisamos o padrão formântico da vogal aberta /a/, a partir das

médias de F1, F2 e F3 retiradas de dados obtidos da gravação de dois sujeitos do sexo

feminino com síndrome de Down, naturais de Vitória da Conquista. Para gravação

utilizamos um corpus constituído por logatomas dissílabos, com estrutura CV.’CV, contendo

todas as obstruístes, com a vogal aberta /a/ ocupando a posição tônica e pretônica e inseridas

em frase veículo “digo__baixinho”. Analisando as médias obtidas, observamos que há uma

tendência a não distinção entre o parâmetro nos contextos silábicos em que a vogal foi

inserida, quais sejam, pretônico e tônico. Considerando que a vogal /a/ exige, em sua

realização, o máximo de abertura da mandíbula e que quando realizada em posição tônica,

teoricamente, ela deveria ser realizada de forma mais proeminente. Não é isso, contudo, que

observamos tendo em vista os valores encontrados. A vogal /a/ quando realizada de forma

prototípica tem sua frequência em F1 em torno de 900 a 1200 Hz, mas as médias de F1 de

um dos sujeitos apontam para algo em torno de 700 Hz; isso sugere que tal vogal é

produzida com uma abertura aquém da esperada. Observamos, também, que a diferença

entre o valor de F1 da vogal em posição tônica e em pretônica é bem pequena, nos dois

sujeitos. Isso mostra que não há diferença na realização da vogal /a/ na posição tônica e

pretônica. Como podemos compreender da análise dos dados, as especificidades encontradas

na realização da vogal /a/ se restringem aos valores de F1, o que nos permite afirmar, com

base na teoria Fonte-Filtro, que essas especificidades estão relacionadas à abertura da boca

na produção dessa vogal.

Palavras-chave: Padrão formântico; Síndrome de Down; Vogal /a/.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 30

A RELAÇÃO PROSÓDIA /SEGMENTO: UMA INVESTIGAÇÃO DA QUALIDADE

DAS VOGAIS ABERTAS /A/ /E/ /O/ EM SENTENÇAS AFIRMATIVAS, EXCLAMA-

TIVAS E INTERROGATIVAS

Polliana Teixeira Alves (UESB/ LAPEF)

[email protected]

Vera Pacheco (DELL/UESB)

[email protected]

Marian dos Santos Oliveira (DELL/UESB)

[email protected]

Ressalta-se a importância da prosódia para o sistema linguístico. Dentre os vários fenômenos

prosódicos existentes merece destaque a variação melódica, por ser uma unidade do sistema

fonológico, sintático e semântico da língua que estabelece diferenças tanto no que se refere

ao significados, quanto, foneticamente falando, no que tange ao contorno melódico de cada

frase. É com base nessa evidencia da relação de prosódia com funções gramaticais da língua,

que nos propomos a investigar a relação prosódia e segmento, pois é partindo da hipótese de

que a variação melódica, fenômeno que caracteriza o contorno de tipos de sentenças, modifi-

ca o padrão formântico das vogais que compõem as sentenças, que pressupomos uma possí-

vel alteração na qualidade acústica e articulatória dos segmentos vocálicos. Teorizações co-

mo a da teoria Fonte Filtro de Fant 1960, confirmam que a percepção da qualidade distinguí-

vel das vogais pode ser atribuída, em geral, às suas três primeiras frequências. O primeiro

formante F1 está relacionado com o grau de abertura da boca e os valores de F2 e F3 são afe-

tados pelo local de articulação. Dessa forma, embasada nesse pressuposto, esta pesquisa tem

por objetivo investigar a qualidade acústica das vogais abertas /a/ /e/ /o/ em frases afirmati-

vas, exclamativas e interrogativas. Para o estudo foram analisados enunciados de um infor-

mante, do sexo feminino de nível superior da cidade de Barra do Choça. Utilizamos o Pro-

grama Praat que realiza a segmentação das sentenças através de gráficos que nos fornecem os

valores das frequências que compõem o padrão formântico das vogais em estudo. E também

utilizou-se para a concretização deste trabalho, o Audacity, programa usado para realizarmos

a gravação das frases, além do programa de estatística, Bioestat. Por meio dos dados levanta-

dos, verificou-se que os resultados encontrados para a vogal /a/ não apresenta, para o sujeito

aqui estudado alterações significativas para os três contornos melódicos estudados. Os dados

mostram que essa vogal quer realizada sob o efeito melódico de uma afirmativa, exclamativa

ou interrogativa tende a não apresentar diferença significativa em suas médias. Quanto à vo-

gal /e/ observamos uma alteração significativa para o valor de F1 em seu contorno melódico

interrogativo. Verificou-se que o valor encontrado foi menor que 0.05, o que significa que

para a vogal em questão ocorreu uma alteração do seu grau de abertura. Já os valores de F2 e

F3 não foram significativos, encontramos como valores destas frequências valores de p maio-

res que 0.05. Quanto a vogal /o/ verificou-se que os resultados encontrados para a essa vogal

apresentou alterações significativas, notamos, novamente, uma alteração significativa para os

valores de F1. A diferença aqui é que as alterações significativas se deram em dois contornos

melódicos, na melodia exclamativa e na interrogativa.

Palavras-chave: variação melódica; prosódia; exclamativa; interrogativa; exclamativa

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 31

FREQUÊNCIA FUNDAMENTAL: COMPARAÇÃO ENTRE AS SÍLABAS TÔNICA E

PRETÔNICA NA FALA DE INDIVÍDUOS CONQUISTENSES

Tássia da Silva Coelho (UESB/ LAPEFF)

[email protected]

Marian dos Santos Oliveira (UESB/LAPEFF)

[email protected]

Vera Pacheco (UESB/LAPEFF)

[email protected]

Nas palavras com mais de uma sílaba, existe uma que é pronunciada com mais força do que as

outras, a chamada sílaba tônica. As sílabas realizadas de maneira mais fraca, em contrapartida,

são chamadas de sílabas átonas. As tônicas, em relação às átonas, são produzidas com maior

força expiratória, tornando-se mais perceptíveis, já que são produzidas com ligeira elevação da

voz. Ser tônica ou átona é uma característica que destaca alguns segmentos e/ou sílabas em de-

trimento de outros correspondentes, essa característica pode ser evidenciada pelos valores de

alguns parâmetros, a exemplo da Frequência Fundamental (F0), que está relacionada à vibração

das pregas vocais na produção dos sons. A partir dessas considerações, este trabalho objetivou

avaliar o padrão de F0 das vogais médias nas posições pretônica e tônica na fala de indivíduos

de Vitória da Conquista/BA e estabelecer a relação entre os valores de F0 e sílabas pretônica e

tônica. Para tanto, foi montado um corpus com palavras dissílabas, que obedeceram à estrutura

CV.‘CV, contendo todas as consoantes fricativas, com as vogais médias nas posições tônica e

pretônica. As palavras foram inseridas na frase veículo “digo ________ baixinho”, impressas e

apresentadas a quatro informantes: dois do sexo masculino e dois do sexo feminino, com faixa

etária entre 18 e 25 anos, residentes em Vitória da Conquista/BA. Os informantes pronunciaram

quatro vezes cada frase, que foram gravadas em uma cabine acústica do Laboratório de Pesqui-

sa e Estudos em Fonética e Fonologia. A análise dos dados de fala foi feita por meio do progra-

ma Praat, no qual foi feita a mensuração dos valores de F0 extraídos no ponto estacionário da

vogal, a fim de obter valores com o mínimo de interferência dos segmentos adjacentes. Posteri-

ormente, foi empreendida uma análise estatística por meio do programa BioEstat 5.0, utilizan-

do-se o teste t. Após análises empreendidas, verificou-se que, diferentemente do esperado pela

literatura especializada, embora a análise estatística não tenha apontado diferença significativa,

a F0 das vogais médias realizadas pelos sujeitos dessa pesquisa apresentaram valores maiores

em posição pretônica.

Palavras-chave: Frequência Fundamental; Vogais; Tonicidade

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 32

O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO GÊNERO RESENHA ACADÊMICA

Anne Carolline Dias Rocha (UESB/Grupo de Pesquisa em Linguística Textual e Aplicada)

[email protected]

Márcia Helena de Melo Pereira (UESB/Grupo de Pesquisa em Linguística Textual e Aplicada)

[email protected]

Ao entrar na universidade, o aluno se depara com gêneros diferentes daqueles mais comumente

vistos no ensino básico. A resenha acadêmica é um deles. Frequentemente lhe são solicitadas

resenhas de artigos científicos, capítulos de livros ou mesmo de livros inteiros. Nosso propósito

é investigar a resenha do ponto de vista de sua criação, de sua gênese. Como nasce uma rese-

nha? Essa é uma de nossas questões. Mencionando a metáfora do iceberg, podemos dizer que o

texto acabado é apenas a ponta do iceberg, que encobre todo o produto necessário para a cons-

trução do próprio texto. O que nós queremos aqui é justamente conhecer o que está escondido.

O conceito de gênero do discurso, portanto, é fundamental em um trabalho como esse. É em

Bakhtin (1997) [1952-3] que buscamos o arsenal teórico para discutirmos a noção de gênero.

Nessa obra (Estética da criação verbal), o autor concebe gêneros como “tipos relativamente

estáveis de enunciados” do ponto de vista temático, composicional e estilístico, constituídos

sócio-historicamente nas diversas esferas de comunicação verbal existentes. Bakhtin faz, ainda,

uma relação do gênero com a questão do estilo. Para o teórico, não se deve estudar o estilo sem

levar em consideração o conceito de enunciado e de gênero, pois há entre eles um “um vínculo

indissolúvel, orgânico”. Este estilo é coletivo, pois sempre tomamos por base um gênero mar-

cado pela história para enunciar, e ao mesmo tempo individual, tendo um caráter singular por

ser produzido por indivíduos. Portanto, há a possibilidade de um sujeito imprimir seu estilo

individual no gênero, o que não significa a criação de gêneros novos. Bakhtin postula que há

gêneros que não permitem muitas inovações, como é o caso de um requerimento, por exemplo,

que apresenta elementos constitutivos mais rígidos, tornando-o mais estável; mas há outros

mais acomodatícios a entradas subjetivas, como é o caso dos gêneros literários. Partindo dessas

considerações de Bakhtin, pretendemos discutir essa relação contígua existente entre estilo e

gênero com base em dados do processo de construção de uma resenha produzida por uma du-

pla de estudantes do curso de Ciências da Computação de uma universidade Estadual do interi-

or da Bahia. Será que prevalecerá o estilo do gênero ou ele deu margem para o aparecimento

do estilo individual? O texto foi escrito conjuntamente de propósito: registrar a conversa manti-

da entre os sujeitos a respeito do texto que estavam produzindo. Essa conversa, juntamente

com uma entrevista posterior que fizemos com a dupla, acrescentou dados valiosos sobre a

apreensão desse gênero do discurso, constituindo nossos dados processuais.

Palavras-chave: gênero; estilo individual; processo textual.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 33

UM ESTUDO DOS ASPECTOS INTENCIONAIS E ORAIS DAS FRASES DO FUTE-

BOL, RETIRADAS DE REVISTAS “PLACAR”

Eloísa Maiane Barbosa Lopes (UESB)

[email protected]

Márcia Helena de Melo Pereira (DELL/UESB)

[email protected]

Os antigos estudos acerca dos Gêneros Textuais ligados apenas à Literatura e a Retórica foram

substituídos por uma ideia atual e mais ampla para esses gêneros proposta por Bakhtin (1992).

Para ele, toda a atividade de comunicação humana deve estar inserida em um gênero textual,

que deve ser adequado ao seu propósito comunicativo. Sendo assim, tudo o que falamos e es-

crevemos prevê uma estrutura específica que parte de gêneros textuais. Pensando nisso, temos

como exemplo um gênero, ainda pouco estudado, mas que possui características de gênero pri-

mário e bastante comum na comunicação cotidiana, o Gênero “Frases”. As “Frases” são carac-

terizadas como gêneros textuais, para Pedrosa (2010), por se tratarem de opiniões e comentários

sobre um determinado tema inseridos em um contexto. Os conteúdos dessas frases podem ser

de fatos atuais ou memoráveis relacionados a um tema específico de qualquer natureza. Tendo

em vista que as frases são opiniões e comentários a respeito de um tema, pensamos, então, em

um tema frequente em nosso país, conhecido como: “O país do Futebol”! O futebol é um espor-

te que atrai a maioria dos brasileiros que buscam sempre ter conhecimento do que acontece nes-

se universo. Com isso, entendemos que as frases sobre o futebol constituem uma informação a

respeito do esporte. Destarte, neste trabalho, estudamos os comentários e opiniões sobre o fute-

bol que constituem o Gênero “Frases”, investigando os aspectos intencionais e orais presentes

nesse gênero. Sendo assim, nesse intuito, catalogamos, classificamos e analisamos frases ditas

por pessoas do futebol encontradas em um periódico que trata, exclusivamente, sobre o futebol,

a revista Placar. Nos resultados obtidos as Frases do Futebol que procuramos investigar e enten-

der, neste trabalho, apresentaram certas particulares tanto do gênero como um todo. Essas fra-

ses apresentam uma estrutura mais simples, a qual as caracterizam como um gênero primário,

de acordo com Bakhtin, e que o aproxima da oralidade. Nas frases analisadas, percebemos a

existência dessa aproximação através de expressões, presentes nas mesmas, que podem ser de-

nominadas como marcas de oralidade. As frases futebolísticas, as quais analisamos, são de pes-

soas que direta ou indiretamente estão ligadas ao esporte e que estão argumentando sobre al-

gum assunto que diz respeito a aquele com a intenção de convencer sua torcida, pois é a torcida

que “levanta a arquibancada” e move o esporte. Sobre os argumentos dessas frases, observamos

que nelas existe certa regularidade nos argumentos, pois os locutores em suas frases pretendem

sempre enfatizar, explícita ou implicitamente, que o futebol é um jogo que se joga com mais de

uma pessoa, e que todo time, incluindo a equipe técnica, deve se esforçar para obter melhores

resultados para dar glória ao time e a sua torcida.

Palavras-chave: Gênero Textual; Gênero Frases; Intencionalidade; Oralidade; Futebol.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 34

A TRAGÉDIA DE OTELO, O MOURO DE VENEZA: ASCENÇÃO E

DECADÊNCIA DO HUMANO.

Bárbara Albuquerque da Paixão (UESC)

[email protected]

Isaias Francisco de Carvalho (UESC)

[email protected]

O dramaturgo inglês Willian Shakespeare está magistralmente imortalizado por retomar aque-

les modelos clássicos, norteados principalmente pela Poética de Aristóteles, com uma diferen-

ça ímpar: ele pintou a medida do teatro, inovador para o período elisabetano, tanto nas tragé-

dias quanto nas comédias. O autor procurou revelar o homem enquanto ação. Em suas obras, a

natureza humana está em evidência, porém distanciada daquele modelo clássico em que se pre-

tendia mostrar aquilo que o humano deveria ser. A proposta de educação e os sentimentos ca-

tárticos promovidos pelo teatro clássico toma agora uma perspectiva diferenciada. Em Otelo, o

Mouro de Veneza, considerada pelos críticos e estudiosos de Shakespeare como uma peça de

um tempo psicológico e que aponta temas variados, tais como amor, ciúme, traição e inveja,

tem como inovadora característica os monólogos que permeiam a decadência de Otelo. O que

diferencia a degradação e a ruína do herói são ações norteadas pela dualidade razão e emoção.

O protagonista tem sua desdita ao assassinar sua bela esposa Desdêmona acometido pelo ciú-

me desenfreado, característica esta que é diretamente ligada à emoção. Paralelo a isso, o uso da

razão comparece na peça no personagem Iago, seu antagonista, que, a todo instante, trama,

planeja e cuidadosamente examina a ação e a natureza de todos. Dessa maneira, se apropria da

razão, faz uso dos métodos. Se existem possibilidades de interpretações e estudos sobre todos

os sentimentos evidenciados na peça – o amor, o ciúme e a inveja, entre outros – são porque

tais sentimentos são consequências daquilo que é humano, demonstrado por Shakespeare. Por-

tanto, a proposta deste trabalho é evidenciar a ascensão da razão como algo que está coadju-

vante na obra e a decadência do herói: a paixão enquanto ação humana. O marco teórico tem

como base Auerbach (2007), Bloom (2010) e Leski (2006).

Palavras-chave: Natureza Humana; Poética; Shakespeare; Iago.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 35

A VOZ POÉTICA NA CANÇÃO “CAMPO BRANCO”, DE ELOMAR FIGUEIRA

MELLO

Fernando Marvitor Duque Portela (PPGLCEL/UESB)

[email protected]

Luiz Otávio de Magalhães (PPGLCEL/DH/UESB)

[email protected]

A voz poética que possui particularidades distintivas e que se apropria de elementos que defi-

nem a representatividade, é um dos mecanismos que se faz presente nas canções elomarianas

e que, por consequência, evoca e constata códigos construídos. É nesse viés, que este trabalho

apresenta uma breve análise da apropriação da voz poética na canção “Campo Branco”, do

compositor baiano Elomar Figueira Mello. Tal canção tem como baliza representacional a

ambientação que sofre e, por extensão, o próprio ser imerso em tal topografia. Este ser é o ser-

tanejo que possui em si as marcas profundas de seu lugar e que carrega a constante presença

da ambientação em que está inserido. É na tentativa de buscar e encontrar os aspectos linguís-

ticos, sonoros e fonêmicos, que se pretende compreender e detectar como se dá a construção

do sertanejo ali cantado e representado. A partir da canção selecionada, juntamente com teori-

as que buscam encontrar a representação da voz entoada, pretende-se compreender como a

voz que emerge do instante de silêncio e se faz presente no corpo que evoca, se apresenta no

trato musical. Desta forma, é a voz poética que possui particularidades distintivas que tem co-

mo características não informar, isto é, não é um canal de uma mensagem que perpassa, mas

que antes se faz sentir e ouvir enquanto corpo, se fazendo presente no tom, no uso das pala-

vras e que exige atenção no momento de enunciação que resgata, assim, um momento singu-

lar de atualização da voz, como aplica o estudioso suíço Paul Zumthor. Assim, é a voz que

emerge do instante de silêncio e se faz presente no corpo que evoca. Neste breve texto, a arti-

culação aqui proposta, apenas pincela de forma superficial o objetivo central de compreender

a voz poética. O que se pretende ao mencionar tal perspectiva é compreender como códigos

são construídos e manifestados a partir de uma voz constituída simbolicamente, tais são os

elementos importantes que nortearão essa breve análise. Em suma, é através da sonoridade

típica, com arranjos complexos e musicalidade erudita que a voz cantada traz em si a constan-

te junção do ser que canta unido à ambientação que sofre. Desta feita, a análise de “Campo

Branco”, sob o viés da perspectiva da voz poética, evidenciará como se constrói poeticamente

o sertanejo elomariano em tal canção.

Palavras-chave: Voz poética; Sertanejo; Sertão.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 36

ALEXANDRE HERCULANO E FLORBELA ESPANCA:

O QUE É SER POETA?

Jeanne Cristina Barbosa Paganucci (UESB)

[email protected]

Zilda de Oliveira Freitas (UESB)

[email protected]

O presente trabalho tem como finalidade apresentar a especulação em torno da poesia Ser

poeta de Florbela Espanca e do fragmento da obra Eurico o presbítero de Alexandre Hercu-

lano a respeito do que é ser poeta. Busca-se refletir sobre o conteúdo do texto de Herculano e

especula-se a possível resposta de Florbela no que diz respeito ao questionamento de Hercu-

lano. Neste aspecto, o texto visa à reflexão e instigação acerca do questionamento e especula-

ção filosófica do ser poeta. Estudam-se os fatos a partir das leituras de Agustina Bessa

(1984), Maria Lúcia Dal Farra (1995). Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo nasceu em

Lisboa (Pátio do Gil, Rua de São Bento) em 28 de março 1810, escreveu poesias, romances e

teatro, foi historiador e jornalista. Escritor que se destaca no período do Romantismo, publica

Eurico o presbítero em 1842, obra que se destaca no que diz respeito ao Romance Histórico

em Portugal (século XIX). Estudou Latim, Retórica e Lógica no Palácio das Necessidades,

escreveu poesia impulsionado por sua veia crítica e pertinaz, sempre motivado por suas ideo-

logias. Introduziu e desenvolveu a narrativa histórica em Portugal. É considerado um dos

precursores do Romantismo em Portugal, ao lado de Almeida Garrett, cujas obras desenvol-

veram temas relacionados ao meio social com o qual o homem vive e a incompatibilidade

deste com o meio. Flor Bela d’Alma da Conceição Espanca nasceu em Vila Viçosa

(Alentejo) a 8 de dezembro de 1894. Filha de Antônia da Conceição Lobo e do republicano

João Maria Espanca, sua vida é finalizada ao completar 36 anos. A esse respeito, muitas são

as especulações em torno do suposto suicídio de Florbela e também de sua instabilidade sen-

timental. Trata-se de uma poetisa do século XX, neorromântica e presencista. De acordo

Agustina Luís (1984, 8) sua mensagem é um discurso o qual utiliza para atingir a libertação

do medo, visto que assim ascende à condição completa do homem cujas paixões e erros não

comovem. Florbela foi uma mulher introvertida e por isso, a vida afetiva é seu ponto fraco.

No que tange às sensações, é extravertida e seu ideal é a realidade. Neste aspecto, observa-se

sua necessidade de vestir-se bem, sua violenta objetividade ao desejar algo, o ciúme e as an-

gústias as quais se desenvolvem até à neurose. A leitura acerca da obra Eurico, o presbítero

de Alexandre Herculano instigam o olhar acerca da literatura no que diz respeito às incessan-

tes buscas por respostas. Neste sentido, Florbela Espanca é uma incógnita, visto que o que se

sabe de Florbela gira em torno de sempre questionar se realmente vivenciou o que escreveu.

Isso vale para as suas leituras, sobretudo o que foi observado neste trabalho, que privilegiou

sua poesia à sua vida. Diz-se que a respeito da poetisa todos os que procuram estudá-la hip-

notizam-se por sua biografia e são seduzidos por sua peculiar maneira de viver, além da sua

morte. Conclui-se que Florbela pode ter lido a obra de Alexandre Herculano, mas que nada

se pode afirmar quanto a essa possibilidade.

Palavras-chave: Ser poeta; Florbela Espanca; Alexandre Herculano.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 37

MITO DE PEDRO E INÊS DE CASTRO EM GARCIA DE RESENDE E ANTÓNIO

PATRÍCIO

Jeanne Cristina Barbosa Paganucci (UESB)

[email protected]

Inês morre e é enterrada. O amor de D.Pedro dá início ao mito em torno de Inês, da consagração

ao amor e do modo de concretizar um casamento interrompido, revelando a necessidade humana

de transcendência no que tange ao saudosismo. A saudade é o desejo real de D.Pedro, que inva-

dido pela tristeza e saudosismo, desenterra a rainha e a honra como rainha viva. A história do

Infante D. Pedro e Inês de Castro suscita emoções singulares ao primeiro contato com os textos

que versam sobre a vida dos amantes. No entanto, mitos surgiram no decorrer do tempo acerca

do casamento secreto, do assassinato de Inês e a vingança de D. Pedro. Entre a lenda e o fato real

ocorre a imprecisão, visto que a história enquanto realidade e a sublimação do mito criou nova

configuração ao contexto do romance, então se perpetuam versões distintas do amor, da morte e

dos personagens históricos. Convém destacar que o texto não versará a respeito dos fatos históri-

cos, mas sim sobre a lírica de Garcia de Resende (1470-1536) em seu poema Estes homens d’on-

de irão? Cuja versão dos fatos repercute a voz da rainha morta. Por outro lado, António Patrício

(1982), em Pedro o cru, trata os acontecimentos em torno dos amantes partindo da visão de

D.Pedro em uma busca pela verdade, considerando então sua cavalaria, seus subalternos, a igreja

e o povo, além de conferir ao teatro uma versão dramática e violenta dos acontecimentos da vida

do rei. Os elementos míticos presentes no romance do casal mítico surgem nas passagens da his-

toriografia como o amor não idealizado, a condenação dos assassinos de Inês, a morte dos assas-

sinos, o transporte do corpo da Rainha de Coimbra para o Mosteiro de Alcobaça, a recusa em

aceitar Inês na corte, dicotomia morte/vida, a coroação da rainha morta, a idealização do mundo

divinizado, a contemplação do corpo morto e a comunhão com o ser amado. Para trabalhar o mi-

to dos amantes nas versões de G. Resende e A. Patrício, utiliza-se como embasamento teórico

Mircea Eliade (1989) e Joseph Campbell (1990). O texto pretende realizar uma leitura em torno

do mito de Pedro e Inês nos textos supracitados, cuja idealização do amor repercutiu da idade

média à contemporaneidade. Nesse sentido, versará sobre a presença do casal na literatura e na

arte, ressurgindo e repercutindo no contexto sócio histórico e cultural lusitano.

Palavras-chave: Os amantes; Lírica e teatro; mito.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 38

ARS MORIENDI: A MEMÓRIA DA MORTE ININTERRUPTAMENTE PRESENTE

NA VIDA

Joseane Aguiar Novais (UESB/PPGMLS)

[email protected]

Marcello Moreira (DELL/UESB/PPGMLS)

[email protected]

As artes do bem morrer compostas nos séculos XVI e XVII tinham por finalidade, utilizando

a memória da morte, lembrar aos homens dessas centúrias o que deviam fazer em vida para

alcançarem uma boa morte, tal qual pregada pela Igreja Católica, instituição que exerceu bas-

tante influência no modo como os cristãos medievais e do alvorecer da Idade Moderna viam

a morte e o morrer, fazendo com que, através de seu discurso, passassem a se preocupar com

o destino de suas almas, com o inferno, com o purgatório e com outras questões relacionadas

à salvação. Para tanto, a memória da morte foi bastante explorada, servindo de ensinamento

para os vivos, que deveriam estar atentos à fugacidade da vida terrena e à efemeridade da vi-

da humana, temas tratados largamente nos manuais da arte do bem morrer, bem como em

poemas, pregações, sermões, dentre tantos outros que, juntos, formavam uma verdadeira so-

lução de morte. A Ars Moriendi foi um tipo de texto largamente produzido, influenciando

diretamente o modo como as pessoas se comportavam socialmente, uma vez que o modo co-

mo se vivia era pré-requisito primordial para o sucesso ou não do último instante de vida,

quando, segundo a Igreja, anjos e demônios vinham disputar a alma do moribundo. O presen-

te trabalho visa explicitar a importância da meditação da morte ao longo da vida pregada em

um desses manuais: a Arte de bien morir, y guia del camino de la muerte, texto impresso em

Lisboa, em 1616, e escrito por Antonio de Alvarado, obra em que o autor exorta acerca da

necessidade que temos de aprender a bem morrer. Concomitantemente, buscaremos explici-

tar a consonância do seu conteúdo com o de diversos outros escritos medievais e do início do

Renascimento que abordavam a mesma temática desse manual.

Palavras-chave: ars moriendi; morte; Igreja Católica; salvação; vida.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 39

O HOMEM É PÓ VARRIDO PELO VENTO: UM ESTUDO SOBRE O USO DA

AGUDEZA EM UM POEMA DE DOM FRANCISCO MANUEL DE MELO

Lêda Sousa Bastos (UESB)

[email protected]

Marcello Moreira (DELL/UESB)

[email protected]

Objetiva-se com esse trabalho fazer uma análise da elocução de um poema de Dom Francisco

Manuel de Melo, que, sendo de forte cunho moral, representa o ser humano e suas vicissitudes

enquanto peregrino neste mundo por meio de metáforas arditte. Para figurar a precariedade da

condição desse vivente, o poeta se vale da metáfora, recurso da elocução comumente presente

na poesia, como já se disse. Explanar-se-á como em um soneto de Dom Francisco Manuel de

Melo, poeta do século XVII, há a ocorrência da agudeza, cujo núcleo central é a metáfora.

Apresentar-se-á como o procedimento agudo consiste numa relação de analogia entre dois

cognoscíveis extremos, que necessariamente apresentam uma predicação em comum entre si,

resultando num ensinamento rápido e deleitoso ao leitor ou ouvinte. Aqui, far-se-á um esboço

acerca da tópica pulvis es, explanando como o ser humano é metaforizado pelo “pó”. Eviden-

ciar-se-á também como as vaidades mundanas são representadas pelo “vento” (vil), que con-

duz o vivente deste mundo aos descaminhos, extraviando-o. Para tanto, apresentar-se-ão al-

guns princípios doutrinais concernentes ao desengano e à precariedade da vida, que respeitam

a todo e qualquer vivente, e que servem de admoestação voltada aos homens, cortesãos e cida-

dãos comuns, que são por meio deles advertidos e recomendados a viver como fieis cristãos.

Os princípios doutrinais sobre o desengano e a precariedade da vida são lugares-comuns em

tratados teológicos, tratados de confessores e na parênese quinhentista e seiscentista, apresen-

tando-se, no âmbito da catolicidade europeia, em obras compostas também em castelhano e

português. Principiar-se-á o estudo pela exposição da doutrina do desengano e da precariedade

da vida, com que se aconselha os homens a olhar com suspeição as coisas deste mundo, pois

podem levá-los ao descaminho. Seguidamente, numa segunda seção, analisar-se-á a figuração

metafórica do homem e da vaidade pelo pó e pelo vento, apresentando-se uma análise dos pro-

cedimentos retóricos que possibilitam a aproximação entre esses dois conceitos e os termos

próprios que substituem.

Palavras-chave: Dom Francisco Manuel de Melo; Metáfora; Agudezas; Vanidade.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 40

POESIA, MEMÓRIA E A ‘MORTE’ DO GÊNERO ÉPICO

Milena Pereira Silva (UESB/PPGMLS)

[email protected]

Marcello Moreira (DELL/UESB/PPGMLS)

[email protected]

A epopeia é um gênero morto. A afirmação categórica de Hansen (2008, p. 18) coloca aqueles

que se dedicam ao estudo dos poemas épicos na delicada posição de arqueólogos, exumando as

obras e aqueles restos que constituíam os preceitos vigentes à época de sua escritura, na tentati-

va de refletir acerca deste objeto sem incorrer em raciocínios extemporâneos e de estabelecer

critérios de legibilidade pertinentes que funcionem como ferramentas adequadas para lidar com

este material. Sobre este gênero importa dizer que “Enquanto duraram as instituições do mun-

do antigo, a epopéia narrou a ação heróica de tipos ilustres, fundamentando-a em princípios ab-

solutos, força guerreira, soberania jurídico-religiosa, virtude fecunda” (HANSEN, 2008, p. 17).

Nesse sentido devemos nos atentar para a estreita vinculação entre os gêneros épico e histórico.

Sabemos com Aristóteles que a história é da ordem do particular e narra aquilo que aconteceu,

enquanto a poesia é da ordem do universal e narra aquilo que poderia ter acontecido, “[coisas]

possíveis no ponto de vista da verossimilhança ou da necessidade” (ARISTÓTELES IX, 2005,

p. 28). Dessa forma, como pensar que um poema, valendo-se de um argumento histórico, possa

estar ainda na ordem do universal, como assevera Aristóteles? Para a discussão que visamos a

empreender, admitimos que os enunciados da poesia épica, mesmo sendo pseudo-referenciais,

estabelecem estreita correlação com a memória, posto que, enquanto discurso retoricamente

referenciado, fundamenta a narrativa da ação em crônicas históricas, emulando os grandes

exempla tidos como autoridade para a composição de épicas, como Camões, Homero e Virgílio,

a exemplo das obras que constituem o nosso corpus de pesquisa: “O Uraguay”, de José Basílio

da Gama (1769), e o “Caramurú, Poema épico do descubrimento da Bahia”, de Santa Rita Du-

rão (1781). Por sua vez, estabelecem a memória dos feitos e homens louvados no poema e do

poeta que engendrou a obra, reafirmando a autoridade daqueles que serviram como modelo pa-

ra sua composição.

Sendo assim, o objetivo deste trabalho é refletir acerca da relação entre memória e poesia épica,

considerando as peculiaridades do gênero e a necessidade de estabelecer uma leitura eficaz, ain-

da que parcial, das obras remanescentes desse gênero poético.

Palavras-chave: Gênero Épico; Gênero Histórico; Memória; Retórica; Poesia.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 41

MEMÓRIA GRAPIUNENSE: O CANTO MACUCO COMO REPRESENTAÇÃO

IDENTITÁRIA

Flávia Q. Menezes (UESC)

[email protected]

Elijersse dos Santos (UESC)

[email protected]

Luana C. Thibes (UESC)

[email protected]

Os aspectos históricos e culturais que identificam um povo funcionam como laço social estão

presentes na memória tanto individual quanto coletiva. Os atores históricos, como os cantado-

res, principalmente no nordeste, revivem essa memória através dos seus “causos”, como faz o

contador de histórias e poeta sul baiano José Delmo. Os causos são narrativas populares em

que unem os costumes do povo e o prazer de contar história; geralmente possuem um aspecto

irônico e ambíguo. A melhor apreensão das relações entre passado, presente e futuro proble-

matiza a memória não como um simples objeto da história de um povo, mas também como re-

presentação identitária. O papel da linguagem funciona como portadora da memória, e é atra-

vés da narrativa que se viabiliza a perpetuação dos valores culturais de uma dada sociedade.

Nesse sentido, a memória se processa como fonte de identidade. Nossa relação com a memória

se processa inicialmente pela escuta. Dessa maneira, antes de nos apropriarmos da nossa pró-

pria capacidade de narrar, nós ouvimos histórias. Nós, como membros de um dado grupo soci-

al, portadores de uma memória que reflete nossa cultura e assim nossa identidade, somos sub-

jetivamente responsáveis pela perpetuação dessas histórias, porque são nelas que nos identifi-

camos como um construto social. Sendo assim, pesquisa foi desenvolvida tendo como base

inicial o estudo da memória de Pierre Nora, historiador francês, cuja perspectiva define lugar

de memória, que são lugares em todos os sentidos do termo, indo do objeto material e concre-

to, ao mais abstrato, simbólico e funcional. Teve também como fundamento teórico os estudos

de Pierre Achard, que partem da explicação do papel da memória sob diferentes aspectos e

desmistifica questões como o que é produzir memória e como a mesma se constitui. Portanto,

esses conceitos servirão de base para verificar a longevidade de determinada cultura em sua

transformação e renovação no sentido de estabelecer sua identidade.

Palavras-chave: Literatura; Memória; Identidade.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 42

A FOTOGRAFIA E A PALEOGRAFIA NA PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA

LINGUÍSTICA DO SUDOESTE BAIANO

Giovane Santos Brito (LAPELINC/UESB)

[email protected]

Vanessa Oliveira Nogueira de Sant’Ana (LAPELINC/UESB)

[email protected]

Jorge Viana Santos (DELL/UESB/LAPELINC)

[email protected]

Algumas fontes judiciais da região sudoeste da Bahia têm muito a dizer a respeito do passado

e do presente da língua portuguesa. Alguns títulos antigos – como, por exemplo, os notariais

dos séculos XVIII e XIX originários da 1ª Vara Cível do Fórum João Mangabeira, Seção Ju-

diciária de Vitória da Conquista – Bahia - refletem a história do português brasileiro. Entre-

tanto, estes mesmos títulos muitas vezes são amontoados em condições de armazenamento

que não garantem um tratamento adequado que estes documentos necessitam. Isso nos mostra

que os mais variados campos do conhecimento, devem acompanhar a tendência e necessidade

mundial de utilização de recursos tecnológicos digitais que permitam uma melhor organiza-

ção, preservação e divulgação de textos dessa ordem. Desse modo, o presente trabalho visa

oferecer algumas propostas de tratamento e preservação de fontes documentais para os mais

variados estudos, das mais diversas áreas do conhecimento. Acreditamos que através da Foto-

grafia e da Paleografia – enquanto métodos técnicos aplicados à formação de corpora – pode-

se alcançar resultados de caráter prático e cientificamente confiáveis quanto ao tratamento,

transcrição, edição e preservação de fontes que, por meio da ação do tempo, poderiam se ex-

tinguir do meio social. Assim, este trabalho está dividido em tópicos diretamente relaciona-

dos à integração nascente do tratamento fotográfico e paleográfico de fontes antigas na elabo-

ração de corpora linguísticos mais facilmente manipuláveis. Esta relação apresenta processos

de recursos tecnológicos digitais que constituem etapas de grande relevância para a preserva-

ção e divulgação do patrimônio histórico-linguístico da região, pois visa contribuir, sobrema-

neira, para a conservação e perpetuação da memória linguística e histórica da cultura da regi-

ão sudoeste da Bahia, e por seu turno, da memória do Brasil, na medida em que garante o

acesso às variantes do português que foram utilizadas no país durante os séculos XVIII e

XIX, face ao português que foi e que é utilizado no continente europeu, por exemplo.

Palavras-chave: Corpora; Fotografia; Linguística; Memória; Paleografia.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 43

O SENTIDO DA PALAVRA CAI-CAI EM UMA REPORTAGEM SOBRE O

APELIDO DADO AO JOGADOR NEYMAR NO FUTEBOL BRASILEIRO: UM ES-

TUDO À LUZ DA SEMÂNTICA DO ACONTECIMENTO

Eloísa Maiane Barbosa Lopes (UESB)

[email protected]

Lêda Sousa Bastos (UESB)

[email protected]

Adilson Ventura da Silva (DELL/UESB)

[email protected]

No mundo do futebol faz-se bastante comum a prática de apelidar jogadores. Esses apelidos

servem tanto para atribuir títulos que evidenciam qualidades e habilidades dos jogadores,

quanto para rotulá-los por seus defeitos ou por alguma atitude sua que não seja bem vista pe-

los olhos da mídia, da torcida ou de todos aqueles que estão envolvidos no meio. Em nosso

país, apelidos como: Fenômeno, Imperador, Rei, Fabuloso etc. funcionam, na maioria das ve-

zes, muito mais do que simples apelidos, chegando a substituírem os próprios nomes dos jo-

gadores. Por se tratarem de rótulos atribuídos a jogadores a partir de seu trabalho dentro e fora

de campo, os apelidos são capazes de produzir diversos efeitos de sentido mediante opiniões

diferentes sobre eles, e consequentemente, sobre o jogador e suas qualidades e defeitos. Pen-

sando nisso, observamos, em uma reportagem da Revista Placar (outubro de 2012), o novo

apelido dado ao jogador Neymar, o qual está recebendo o rótulo de Cai-Cai, como apresenta a

reportagem. Neste trabalho fizemos um estudo acerca da palavra Cai-Cai, tentando entender o

sentido produzido por ela dentro do texto. Para esse estudo, basear-nos-emos nas perspectivas

da Semântica do Acontecimento, esta que, de acordo com Guimarães, “considera que a análi-

se do sentido da linguagem deve localizar-se no estudo da enunciação, do acontecimento do

dizer.” (GUIMARÃES, 2002, p.7). Destarte, observamos o que a palavra Cai-Cai designa no

texto e nesse intuito utilizaremos de dois procedimentos, os quais são a reescrituração e arti-

culação. A partir do uso destes procedimentos podemos observar que o apelido Cai-Cai, dado

ao jogador Neymar, possui dois sentidos diferentes que se opõem pelo seu valor positivo e

negativo. Essa palavra ganha um sentido positivo quando relacionada como uma habilidade

do jogador que é astro e muito talentoso. Em contrapartida, Cai-Cai evidencia um sentido

negativo quando é vista como uma falta grave do jogador, uma atitude que ridiculariza o fute-

bol.

Palavras-chave: Semântica do Acontecimento; Sentido; Cai-Cai.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 44

O HOSPITAL DO PODER: SENTIDOS DA PALAVRA PODER EM UM

ENUNCIADO SOBRE O HOSPITAL SÍRIO-LIBANÊS

Lêda Sousa Bastos (UESB)

[email protected]

Eloísa Maiane Barbosa Lopes (UESB)

[email protected]

Adilson Ventura (DELL/UESB)

No presente trabalho, pretendemos apresentar uma análise realizada a partir de um enunciado

retirado de uma edição da revista Veja, cujo texto junto ao enunciado nos oferece subsídios

para o conhecimento sobre o grande destaque do Hospital Sírio-Libanês no Brasil. A análise

foi realizada no domínio da Semântica do Acontecimento, a qual nos permitiu observar aspec-

tos que apresentam, pelo menos, três sentidos para a palavra poder no enunciado em análise,

bem como as considerações feitas para que esse hospital seja tão reconhecido. Desse modo, o

enunciado analisado é composto pelos dizeres que formam o lugar de enunciação, consideran-

do o agenciamento enunciativo, ou seja, aquele que fala e para quem se fala, levando-nos à

compreensão de que revistas de informação em geral, como é o caso da revista Veja, abarca

informações que implicam o conhecimento a respeito do que circula hoje no meio social. Para

aprofundarmos mais esse trabalho prosseguiremos com o recorte de aspectos cruciais, como, o

funcionamento do enunciado O Hospital do Poder; a representação da imagem do Hospital

Sírio-Libanês; o memorável e a cena enunciativa que o texto constitui. Esses aspectos são de

extrema relevância no domínio da Semântica, especificamente, no campo da Semântica do

Acontecimento. Assim sendo, é imprescindível elucidarmos que o enunciado O Hospital do

Poder é composto a partir de um lugar de enunciação por um enunciador-genérico que com-

põe a cena enunciativa com base num ponto de vista da revista Veja, lugar social que, apesar

de se mostrar neutra, segue uma ideologia e defende um ponto de vista específico. Portanto, a

análise realizada permitiu que pudéssemos concluir que a constituição dos sentidos do termo

poder em três diferentes maneiras ocorre a partir de um recorte do memorável no passado com

vistas a possibilitar uma interpretação no presente e uma latência de futuro.

Palavras-chave: Semântica do Acontecimento; Enunciação; Poder.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 45

CHRISTIAN GREY: SARGENTO DO SEXO?

Tyrone Chaves Filho (Labedisco/UESB)

[email protected]

Dado o fenômeno de vendas e a imensa aceitabilidade que a obra “50 tons de Cinza”, da

escritora inglesa Erika Leonard James encontrou na sociedade, a nível global, colocamo-

nos diante de uma indagação bastante sui generis: será que estamos testemunhando uma

mudança (ou descontinuidade) na mentalidade social? Por que essa obra encontrou, nos

tempos atuais, condições de circulação tão favoráveis e uma incomensurável introjeção no

imaginário social? A partir da publicação da referida obra, nos defrontamos com uma trans-

formação na demanda e na expectativa da recepção (o leitor) em relação a temas como o

sexo, por exemplo e, nesse sentido, é possível que na obra estejam funcionando dispositi-

vos de sexualidade, para falar em termos foucaultianos, uma vez que nela é possível encon-

trar estratégias, técnicas utilizadas pelo poder para o assujeitamento dos corpos. Nesse sen-

tido, defendemos a ideia de que por meio do personagem Christian Grey, um dos persona-

gens centrais da trama ficcional, a partir de suas atividades em “50 tons de cinza”, um dis-

curso em torno do sexo é mobilizado e aciona a noção de sexualidade, como é pensada por

Michel Foucault, que diz respeito ao sexo/sexualidade como um mecanismo de poder e um

regime que marca o sujeito, na sociedade, e transfere uma visibilidade ao mesmo e aos ou-

tros no circuito social. Deste modo, pretendemos mostrar, a partir da obra “50 tons de cin-

za” e, mais especificamente, a partir do personagem Christian Grey, como a sexualidade

funciona, ditando um manual do desejo e, por conseguinte, funcionando como um mecanis-

mo de poder que, como sabemos, ventila um saber. A sexualidade, de igual modo, da forma

como é gerenciada na obra, possui um papel principal na fabricação de sujeitos e, no senti-

do que nos interessa aqui, também, é responsável por marcar o sujeito no tempo e na histó-

ria, alçando-o a condições de existência preconizada por ela.

Palavras-chave: Sexualidade; Corpo; Norma; Poder.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 46

UMA DESCRIÇÃO DO TIPO E FUNÇÃO DO PRONOME CLÍTICO “SE” EM

ESTRUTURAS COM INTERPOLAÇÃO DA NEGAÇÃO E ADJACÊNCIA NA

HISTÓRIA DO PORTUGUÊS EUROPEU

Eloísa Maiane Barbosa Lopes (UESB/LAPELINC)

[email protected]

Cristiane Namiuti Temponi (DELL/UESB/LAPELINC)

[email protected]

A investigação sobre o clítico SE é de grande importância, pois na história do português seu

uso tem algumas particularidades que o diferenciam dos demais pronomes clíticos. No Portu-

guês Clássico (século XVI-XVIII), nos contextos de variação próclise e ênclise

(diferentemente dos demais clíticos o SE se apresenta produtivo em estruturas enclíticas

(CHOCIAY, 2003), podendo variar a sua função: indeterminado, passivo, inerente ao verbo,

reflexivo, inerente/reflexivo ou ambíguo. Na diacronia do português, nos contextos de prócli-

se categórica, o pronome pode variar quanto à adjacência ao verbo e a interpolação de consti-

tuintes entre o clítico e o verbo. A interpolação é um tipo de fronteamento específico que en-

volve principalmente os constituintes complementos e adjuntos. É um fenômeno bastante pro-

dutivo nas orações dependentes do Português Antigo e nas línguas românicas e que desapare-

ce das produções literárias no século XVI (Cf.NAMIUTI, 2008). Considerando a importância

do fenômeno da interpolação para se entender as mudanças profundas na sintaxe da língua, o

presente trabalho desenvolvido no âmbito do projeto “Novos meios para antigas fontes: sinta-

xe diacrônica em corpus eletrônico do português” visa apresentar os resultados da investiga-

ção diacrônica do uso do clítico SE em estruturas com interpolação da negação (se-neg-verbo)

e estruturas com adjacência (neg-se-verbo); nos textos portugueses dos séculos XVI ao XIX

(Corpus Histórico do Português Tycho Brahe), investigando o fator tipo de SE. Para este tra-

balho, selecionamos trinta e três textos escritos por autores nascidos entre os séculos XV a

XIX os quais foram retirados do Corpus Histórico do Português Anotado Tycho Brahe, o

qual é um Corpus eletrônico anotado, composto de textos em português escritos por autores

nascidos entre 1380 e 1845 e disponibilizado na rede mundial de computadores. Fizemos o

levantamento dos dados com clíticos e buscamos as sentenças com o clítico SE através da

busca automática (Corpus Search) nos contextos de próclise em estruturas com interpolação

da negação e adjacência SE-verbo. Posteriormente, separamos os textos, analisamos os clíti-

cos SE quanto sua função indeterminado, passivo, inerente ao verbo, reflexivo, ambíguo ou

inerente/ reflexivo das respectivas estruturas. Finalmente, os avaliamos quantitativamente

com a ajuda das ferramentas do EXCEL. Os resultados finais desta pesquisa apontam um

comportamento específico do pronome Clítico SE tanto nas estruturas de interpolação da ne-

gação quanto nas de adjacência (SE-verbo). Diante da análise dos dados, podemos atestar

que, no geral, existe uma preferência pelo SE indeterminador que possui a função de sujeito

nas estruturas com interpolação, enquanto que nas estruturas de adjacência existe o predomí-

nio do SE inerente ao verbo e dos SE reflexivo e inerente/reflexivo que têm a função de obje-

to, como também do SE Passivo com função de sujeito. Quanto ao SE ambíguo, possui quase

a mesma frequência em ambas as estruturas.

Palavras-chave: Clítico SE; Interpolação; Adjacência.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 47

CARACTERIZAÇÃO DOS ELEMENTOS LOCALIZADORES

Lizandra Caires do Prado (UESB/PPGLIN)

Adriana Stella Cardoso Lessa-de-Oliveira (UESB/DELL/PPGLIN)

Este estudo apresenta resultados parciais acerca da análise dos chamados elementos

localizadores, em Libras. Identificamos esses elementos por essa nomenclatura, uma vez que,

embora já existam alguns trabalhos sobre os mesmos, esses poucos trabalhos ainda não os

tratam de forma padronizada e nenhuma das referências anteriores, como lócus, dêitico-

anafóricos ou anafóricos nos pareceu adequada ao que observamos da natureza desses

elementos. Os localizadores (Loc. ou Locs.) são elementos que se caracterizam pela sua

natureza dêitica e por apontarem ou localizarem elementos no espaço físico narrativo, logo a

frente do enunciador. Segundo as análises do corpus, estes elementos podem ser agrupados por

sua natureza articulatória em dois grupos: articulados e não-articulados. Os Locs. articulados

são caracterizados por sua realização sintática na sentença, assim como os sinais/gestos em

Libras normalmente o são, ou seja, envolvem a presença dos parâmetros da língua, conforme a

hipótese da unidade MLMov (Mão – Locação - Movimento), proposta por Lessa-de-Oliveira

(2012). Este grupo de Locs. pode indicar a referenciação de duas formas: acompanhando outros

sinais dentro de um sintagma; ou isolados, servindo eles mesmos como argumentos de verbos.

Também a forma de articulação e direção do movimento destes localizadores são importantes

para a referenciação dos objetos no espaço físico. Os Locs. não-articulados caracterizam-se

pela não realização dos parâmetros da língua, mas pela referenciação através da direção do

olhar e movimento de corpo, este último demonstrando ter um papel essencialmente textual,

uma vez que as sentenças são construídas sem a sua presença. Esses referentes podem estar

presentes no discurso, ausentes, ou mesmo serem referentes imaginários. Dessa forma,

podemos identificar as pessoas do discurso, “eu”, “tu” ou a “não-pessoa”, segundo Benveniste

(2006), sendo que, em línguas de sinais, estes espaços ou localizações são respeitados ao longo

do discurso, não havendo, portanto, a possibilidade de trocas aleatórias dos mesmos. A partir

disso, podemos supor que os Locs. possuem uma função gramatical, segundo os pressupostos

teóricos da Gramática Gerativa (CHOMSKY, 1995).

Palavras-chave: Libras; Localizadores; Sintaxe; Teoria Gerativa.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 48

UTILIZAÇÃO DE CONSTITUINTES TOPICALIZADOS NAS CARTAS DE

ALFORRIA OITOCENTISTAS: UMA INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR DA

SINTAXE DO CORPUS DOVIC

Silmara de Brito Silva (UESB)

[email protected]

Cristiane Namiuti Temponi (DELL/UESB)

[email protected]

Jorge Viana Santos (DELL/UESB)

[email protected]

Os estudos da Mudança no quadro gerativo buscam aspectos linguísticos que favoreçam a

elaboração de hipóteses sobre gramáticas. Um desses aspectos é a ordem de constituintes na

sentença. Pontes (1987), Galves (2001) e Duarte e Kato (2008) defendem que o português

brasileiro (PB) é caracterizado como uma língua voltada para o tópico, diferentemente do

português europeu (PE), porém, ambas as línguas foram originadas do português clássico

(PCl), que também, conforme pesquisas recentes, EIDE (2002); PAIXÃO DE SOUSA

(2004); GIBRAIL (2010), entre outros, era uma língua XV (V2), em que X era um elemento

fronteado, focalizado ou topicalizado. Portanto, com o nosso subprojeto de pesquisa propo-

mos investigar a hipótese de que as estruturas de topicalização do PB tiveram origem no por-

tuguês clássico. O corpus desta pesquisa é constituído de cartas de alforria oitocentistas que

compõem o Corpus DOViC. A construção e implementação desse corpus faz parte dos objeti-

vos do projeto desenvolvido na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, intitulado

“Novos meios para antigas fontes: Sintaxe diacrônica em corpus eletrônico do portu-

guês” (coordenado pela Professora Dra Cristiane Namiuti (UESB)). No âmbito da iniciação

científica contribuímos nas tarefas de construção do corpus DOVIC. Diversos trabalhos tem

argumentado que atualmente o PB é uma língua voltada para o discurso, com proeminência

de tópico (cf. PONTES, 1987; GALVES, 2001; DUARTE e KATO, 2008, entre outros traba-

lhos). No entanto, a gramática do PB não parece seguir uma tipologia de tópico como a do

Chinês (cf. KENEDY 2011). Nossa reflexão gira em torno da hipótese de que o fato do PB

ser uma língua em que o tópico discursivo tem um papel saliente na gramática, podendo até

concordar com o predicado verbal, como no exemplo de Galves (2001) “Essas janelas batem

sol”, se deve ao caso de ter sido originada de uma língua em que os constituintes pré-verbais

comumente eram elementos fronteados para uma posição sintática diferente da posição sujei-

to e com conteúdos informacionais fortes. Isso pode ter influenciado construções sentencias

com as que começamos a encontrar nos documentos do século XIX do corpus DOVIC: ao

concerto abaixo assignado este li, conferi, concertei eassinei... GIBRAIL (2010), estudando o

PCl atesta, em consonância com outros estudos, que nos anos de 1500 a língua portuguesa

tinha propriedades XV (V2), em que X era um elemento fronteado, focalizado ou topicaliza-

do. Assim, o português que veio para o Brasil, no século XVI, era regido por uma gramática

diferente do português europeu atual e do português brasileiro moderno que contemplava uma

sintaxe V2. Ou seja, estruturas de fronteamento e topicalização eram naturais naquela gramá-

tica, logo, é possível postular que as características do português brasileiro no que concerne

aos fenômenos da topicalização pode ter origem no português clássico.

Palavras-chaves: Topicalização; Sintaxe; Focalização.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 49

O FUNCIONAMENTO DO ITEM LINGUÍSTICO AGORA EM OCORRÊNCIAS DO

FACEBOOK

Andréia Prado Lima (UESB/PPGLIN)

[email protected]

Jorge Augusto Alves da Silva (DELL/UESB/PPGLIN)

[email protected]

Valeria Viana Sousa (DELL/UESB/PPGLIN)

[email protected]

O presente trabalho tem por objetivo analisar, sob a luz da Teoria Funcionalista, o funciona-

mento do item agora que, na Tradição Gramatical, é comumente classificado como um advér-

bio de tempo presente e, numa abordagem sincrônica, observa-se, no entanto, que tal item po-

de ser encontrado funcionando com o escopo temporal ampliado bem como percorrendo por

outras classes gramaticais. Segundo Neves (2001), tal comportamento pode ser explicado atra-

vés da Gramaticalização, estudo funcionalista no qual nos baseamos para entender, por exem-

plo, o conceito de abstratização. Nesta perspectiva, foram selecionados e categorizados os pa-

drões funcionais do agora, nos enunciados da rede social Facebook que ,embora seja um su-

porte para gêneros textuais escritos, traz gêneros textuais escritos com características e mar-

cas da oralidade. Procuramos compreender as relações morfológicas, sintáticas, semânticas e

discursivas das ocorrências supracitadas. Inicialmente, apresentaremos uma sucinta aborda-

gem sobre o Funcionalismo cujo propósito principal é observar a língua do ponto de vista do

uso; em seguida, descreveremos o processo de Gramaticalização, que demonstra como um

item A, por exemplo, um advérbio, pode migrar para uma condição B, por exemplo, funcio-

nando como um conector na oralidade, a partir dos postulados de Hopper (1991), Gonçalves

(2007) apud Neves (2001). Conforme observaremos é o que vem ocorrendo com o item lin-

guístico agora. Para tanto, traremos, também, a história desse item e como ele é exposto em

compêndios gramaticais e em dicionários etimológicos do português. Neste trabalho, ancora-

mo-nos em pressupostos funcionalistas, por buscarmos uma teoria que reconheça a língua co-

mo natural, variável e como pertencente ao falante de determinado grupo social; e na gramati-

calização, que se centra, principalmente, no fato de que alguns itens lexicais ou sintáticos per-

dem total ou parcialmente o significado original, definido por Givón (1984) apud Neves

(2001) como prototípico, passando, na maior parte dos casos, de uma categoria gramatical pa-

ra outra. Finalmente, observando os resultados da amostra investigada e recordando o protóti-

po do item agora sendo ele em sua função mais concreta um advérbio de tempo presente, po-

demos afirmar que esse item em análise sofreu o processo de Gramaticalização, passando de

uma função gramatical concreta para outras abstratas ficando distante do seu sentido original.

Palavras-chave: Agora; Funcionalismo; Gramaticalização.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 50

ADVÉRBIO AQUI: UMA ANÁLISE DO ITEM NO CORPUS DE PORTUGUÊS

POPULAR DE VITÓRIA DA CONQUISTA

Andréia Prado Lima (UESB/PPGLIN)

[email protected]

Jorge Augusto Alves da Silva (DELL/UESB/PPGLIN)

[email protected]

Valeria Viana Sousa (DELL/UESB/PPGLIN)

[email protected]

Segundo Antônio Geraldo da Cunha (2010, p. 51), no “Dicionário etimológico da língua portu-

guesa”, o item linguístico aqui é um advérbio que indica “neste lugar, cá. Do lat. eccum hĭc”. O

que é comumente autenticado por outros gramáticos da língua portuguesa, como Cunha (1976),

Cegalla (1988), Cunha e Cintra (2001). Embora os gramáticos tradicionais restrinjam a classifi-

cação do item linguístico aqui apenas como advérbio de lugar, no “Dicionário Aurélio de Língua

Portuguesa” e no “ Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa”, este verbete é apresentado com

valores de lugar, mas também de tempo e, no “Prontuário de Análise Gramatical e Lógica”, o

Pe. Antônio da Cruz, já em 1948, além de ratificar esse sentido mais concreto de aqui , amplia o

escopo desse advérbio, atribuindo-lhe outros sentidos, como: “ Adv. de tempo. Ex.: Aqui fala o

advogado. – Daqui a oito dias. Expletivo, quando pode suprimir-se sem alteração do sentido. Ex.:

Morreu aqui há coisa de vinte anos. Locuções adverbiais: daqui a pouco, eis-aqui. Loc. interjeti-

va: aqui delrei.” (CRUZ, 1948. p. 25). No presente trabalho, abordaremos a categorização reali-

zada pelo Pe. Cruz (1948) em consonância ao pensamento da Teoria Funcionalista, cujo propó-

sito principal é observar a língua sob a perspectiva do uso. A análise da classe advérbios, ou ad-

verbiais, como prefere Perini ( 2010), tem trazido inquietações aos estudiosos da língua. Bechara

(2004), Vilela e Koch (2001), Perini (2009) e Castilho (2010) admitem que um estudo sistemáti-

co da classe dos advérbios não é simples de ser feita. Afinal, sua funcionalidade inviabiliza certas

análises. Com intuito de realizar um estudo verticalizado sobre este advérbio em particular, sele-

cionamos as ocorrências do aqui encontradas nos enunciados do Corpus de Português Popular

de Vitória da Conquista – BA (Grupo de Pesquisa em Linguística Histórica e do Grupo de Pes-

quisa em Sociofuncionalismo – CNPq), e, embora reconhecendo este item linguístico como pro-

totípico de um adverbial locativo, categorizamos as ocorrências também segundo os demais pa-

drões definidos pelo Pe. Cruz (1948), procurando compreender suas relações morfológicas, sintá-

ticas, semânticas e discursivas na atualidade.

Palavras-chave: Advérbio; Aqui; Funcionalismo; Gramaticalização.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 51

UM ESTUDO SOBRE AS FORMAS DE NEGAÇÃO DO PORTUGUÊS POPULAR DOS

FALANTES DE VITÓRIA DA CONQUISTA

Bárbara Bonfim Xavier (UESB)

[email protected]

Luciane Neri Pereira (UESB)

[email protected]

Valéria Viana Sousa (DELL/UESB)

[email protected]

De acordo com Neves (2012), a negação no interior de um enunciado, é um formador de senti-

do que age como instrumento de interação no discurso. A partícula não, dentro do sistema da

língua portuguesa, atua como um elemento fundamental na construção desse instrumento de

interação. Sendo esta partícula um elemento básico para tal processo, o não configura-se como

elemento prototípico do processo de negação. No entanto, é perceptível que, na língua portu-

guesa, existem ainda outras partículas que corroboram também com o sentido da negação, co-

mo as partículas nunca, jamais, nem, sem e nenhum, agindo, muitas vezes, além do valor de

negação, com valores de aspecto, tempo, exclusão e conjunção coordenativa com valor de adi-

ção. Com o intuito de observar essas formas de negação presentes no Corpus do Português Po-

pular de Vitória da Conquista (Projeto Estudos de Fenômenos Linguísticos na Perspectiva So-

ciofuncionalista), foram analisadas quatro (04) entrevistas, nas quais os informantes estão clas-

sificados por gênero feminino/masculino e faixa etária jovem/idoso, possuindo até (05) anos de

escolarização ou nenhuma escolarização. No presente estudo, a partir do corpus em análise, se-

lecionamos os itens não, nunca, jamais, nem, sem e nenhum; discutimos cada item, ancora-

dos teoricamente em Cruz (1948), Cunha (2010) e Neves (2012); investigamos a etimologia

destas partículas de negação, bem como descrevemos esses itens a partir de gramáticas da lín-

gua portuguesa, como, entre outros, Arnauld e Lancelot (1612/2001), Lima (1937), Bueno

(1944), Rocha Lima (1915/1991), Souza da Silveira (1983), Cunha e Cintra (1985), Perine

(1998), Bechara (2004), Almeida (2005); e, por fim, realizamos a análise dessas partículas no

referido corpus, observando o efeito de sentido que tais elementos provocam no enunciado, co-

mo a construção da interação é estabelecida, a gradação de uso desses itens negativos pelos fa-

lantes do português popular de Vitória da Conquista e, assim, qual é o item de negação mais e

menos marcado no corpus em estudo.

Palavras-chave: Advérbio; princípio da marcação; formas negativas; Português Popular.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 52

COLLIGENDO VERBA OCULIS: PROPOSTA DE CHAVE DE TRANSCRIÇÃO

PARA UM CORPUS DO PORTUGUÊS POPULAR DE VITÓRIA DA CONQUISTA – BA

Bruno Pacheco de Souza (UESB/Grupo de Pesquisa em Linguística Histórica e Grupo de Pes-

quisa em Sociofuncionalismo)

[email protected]

Jorge Augusto Alves da Silva (UESB/Grupo de Pesquisa em Linguística Histórica e Grupo de

Pesquisa em Sociofuncionalismo)

[email protected]

Valéria Viana Sousa (UESB/Grupo de Pesquisa em Linguística Histórica e Grupo de Pesquisa

em Sociofuncionalismo

[email protected]

O presente estudo faz parte de uma das ações desenvolvidas pelos Grupos de Pesquisa em

Linguística Histórica e Sócio-Funcionalismo, os quais procuram descrever e analisar aspectos

estruturais do vernáculo dos falantes da comunidade de Vitória da Conquista. Nesse sentido,

discutimos a opção por uma da transcrição “grafemática” (SILVA, 2003) ou

“ortográfica” (LUCCHESI, 2000), visto que ela permite menor recorrência ao áudio gravado,

facilitando o trabalho do pesquisador que há de codificar ocorrências e submetê-las ao instru-

mento de quantificação. Nesse sentido, foram considerados como relevantes fatos linguísticos

que constituem marcas específicas do fala de informantes do português popular do Brasil. As

entrevistas transcritas são do tipo DOC (documentador), INF (informante) e CIRC

(circunstante). Nos casos de inteligibilidade, foi usado o símbolo ININT. Em caso de interrup-

ção do inquérito, usou-se a legenda INTERRUPT. Foram desprezados na transcrição fatos

como: elevação das vogais médias em posição átona final, ditongação antes de consoante

constritiva implosiva, palatalização do t e d, antes de vogal palatal, epêntese da vogal alta que

desfaz o travamento do grupo consonântico e vocalização da consoante lateral pós-vocálica.

Deu-se especial atenção, no âmbito dessa pesquisa, à ausência de marca de número no sintag-

ma verbal e nominal, à presença ou ausência de preposições, ao objeto nulo, à nasalização, às

alterações de acento, ao “eiísmo”, ao rotacismo e à inserção ou supressão de segmentos fôni-

cos. Além disso, foram consideradas estruturas tais quais: abaixamento das vogais altas em

distribuição não acentuada, bem como a redução de certos ditongos. Ademais, foram destaca-

das: a inserção de segmento no início do vocábulo, a supressão de segmento no início de vo-

cábulo, a redução de terminações verbais, a redução de morfemas próprios do diminutivo, a

redução de proparoxítonas, a aglutinação e a elisão. A transcrição revela-se no âmbito da So-

ciolinguística uma das tarefas mais árduas, mas que possui inegável relevância já que o rigor

usado em tal atividade será responsável pela eficaz caracterização dos fenômenos destacados

para análise.

Palavras-chave: Transcrição; Português Popular; Estruturas Linguísticas.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 53

OU ISTO OU AQUILO: A DUPLICIDADE DE SENTIDO EM QUESTÕES DE

PROVAS DE PORTUGUÊS PARA CONCURSOS PÚBLICOS

Delvarte Alves de Souza (UESB/PPGCEL)

[email protected]

Lucas Santos Campos (DELL/UESB/PPGCEL)

[email protected]

O ensino tradicional da língua portuguesa concebe que um texto deve ser construído sem ambi-

guidades. Esse preceito se aplica necessariamente aos gêneros textuais que se caracterizam pela

exatidão, como os textos formais, acadêmicos, jornalísticos e instrucionais. Dessa forma, em

alguns casos, a ambiguidade é um defeito a ser evitado pelo seu caráter perturbador (Fiorin,

2003, p.135). Por outro lado, a múltipla possibilidade de leitura de um texto pode ser o resultado

de um recurso de construção textual, uma estratégia intencional do autor. Nos textos publicitá-

rios, por exemplo, longe de se constituir um erro, a ambiguidade se apresenta como recurso usa-

do propositadamente para persuadir e encantar um determinado público-alvo. À luz das refle-

xões semânticas e discursivas sustentadas por autores como Câmara (1991), Cançado (2012),

Fiorin (2003), Koch (2009) e Marcuschi (2008), este estudo analisa os seguintes tipos de ambi-

guidade: i) ambiguidade lexical, uma dupla interpretação incidente somente sobre o item lexi-

cal; ii) ambiguidade sintática, comumente gerada pela estrutura da sintaxe, pela combinação das

palavras e sentenças; iii) ambiguidade por correferência, que se dá pelo uso de pronomes que

podem ter diversos antecedentes; e iv) ambiguidade de escopo, que decorre da estrutura semânti-

ca de um termo. A discussão da temática evidencia que, em todas as esferas do ensino da língua

portuguesa, professores e alunos devem se apegar ao funcionamento da linguagem, vendo nela

um instrumento de interação, utilizado para informar, deleitar e persuadir o outro. O corpus con-

tém questões de provas de português para concursos públicos destinados ao provimento de va-

gas em órgãos do governo. Aponta-se e explicita-se aqui a ambiguidade instalada nos textos das

questões das provas de português elaboradas pelas seguintes organizadoras de concursos para

empregos públicos: Cesgranrio, Cespe, Esaf, FCC e FGV. A análise das provas sinaliza o uso

desse fenômeno linguístico ora como vício de linguagem, ora como recurso estilístico em gêne-

ros textuais como a propaganda e a publicidade, exigindo cuidadosa análise interpretativa para a

compreensão dos textos e a construção dos sentidos pretendidos pelos enunciadores das provas.

Palavras-chave: ambiguidade; concursos; provas; sentido.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 54

ESTUDOS PRELIMINARES SOBRE A REPETIÇÃO NA ORALIDADE E SEUS

ASPECTOS FUNCIONAIS: A COESIVIDADE E A COMPREENSÃO

Lorenna Oliveira dos Santos (UESB/Grupo de Pesquisa em Linguística histórica e em Socio-

funcionaismo)

[email protected]

Warley José Campos Rocha (UESB/Grupo de Pesquisa em Linguística histórica e em Socio-

funcionaismo)

[email protected]

Valéria Viana Sousa- orientadora (DELL/UESB/Grupo de Pesquisa em Linguística histórica e

em Sociofuncionaismo)

[email protected]

A oralidade tem um caráter pragmático, fazendo com que aconteça a cooperação imediata en-

tre os interlocutores, em uma perspectiva face a face, através de recursos de natureza linguís-

tica e, também, de natureza paralinguística com o objetivo de facilitar a interação entre os en-

volvidos no evento de fala. Como exemplos de recursos próprios desse tipo texto, o texto oral,

temos: as correções, hesitações, inserções, repetições e paráfrases. Um desses recursos, fre-

quentemente utilizado pelos falantes na oralidade, será o nosso objeto de estudo neste traba-

lho: a repetição. A repetição, segundo Marcuschi (2006), é responsável por contribuir com a

organização do discurso e com o monitoramento da coerência textual, além, de favorecer a

continuidade da organização tópica e as atividades interativas. Nesse sentido, objetivamos

verificar de que forma os falantes do português popular de Vitória da Conquista utilizam o

recurso da repetição em suas falas e qual é a importância dessa utilização. Com esse propósi-

to, a priori, traçamos uma discussão sobre esse tema, ancorados em Koch (2006) e Neves

(2009), abordamos as duas modalidades da língua, a fala e a escrita, para, em seguida, priori-

zarmos as realizações faladas, ressaltando as características da repetição na oralidade. A pos-

teriori, com base nos estudos de Marcuschi (2006), demonstramos a importância da repetição,

no auxílio que ela fornece na comunicação entre os interlocutores e na formulação do texto

discursivo. Para expressar tal importância, categorizamos e explicamos os aspectos funcionais

da repetição, utilizando exemplos de elementos lexicais, sintagmáticos e oracionais retirados

do Corpus do Português Popular da Comunidade de Vitória da Conquista (cidade situada no

sudoeste da Bahia). Os aspectos que ora focalizamos, no estudo desse tema, foram o da coesi-

vidade – que auxilia como um suporte na composição textual – e o da compreensão – que pro-

voca um melhor entendimento na interação direta e ativa entre os interlocutores –. Dentro des-

ses fatores, estudamos outras subfunções, como: a listagem, os amálgamas sintáticos e os en-

quadramentos sintático-discursivos – na coesividade; e a intensificação, a transformação de

rema em tema e o esclarecimento – na compreensão.

Palavras-chave: Repetição; oralidade; português popular; coesividade; compreensão.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 55

UM ESTUDO PRELIMINAR SOBRE O ITEM LINGUÍSTICO NÃO NO CORPUS DO

PORTUGUÊS POPULAR DE VITÓRIA DA CONQUISTA

Leilian França dos Santos (UESB/Grupo de Pesquisa em Linguística Histórica e em Sociofun-

cionalismo)

[email protected]

Savanna Souza de Castro (Grupo de Pesquisa em Linguística Histórica e em Sociofuncionalis-

mo)

[email protected]

Valéria Viana Sousa (DELL/UESB/Grupo de Pesquisa em Linguística Histórica e Sociofuncio-

nalismo

[email protected]

Recorrendo às gramáticas científicas e pedagógicas e aos estudos linguísticos realizados por

Padre Antônio da Cruz (1948), no Prontuário de Análise Gramatical e Lógica, acerca da atua-

ção do item linguístico não, elencamos para este item cinco (05) funções na língua portuguesa,

a saber: (1) advérbio de negação, função mais prototípica desse item linguístico: Não quero que

estudes demais; (2) advérbio de dúvida, quando o uso da partícula não parece esboçar , na ver-

dade, uma certeza sobre algo: Eu não lhe disse?; (3) expletivo, quando a presença ou ausência

da partícula, a rigor, não faria diferença de sentido, mas, apenas, uma realce de intensidade:

Que doce não era a vida! Não veio, não; (4) locução interjectiva, quando a partícula está a ser-

viço de força expressiva: Não mais!; e, ainda, como locução adverbial : Não vê. Com relação à

posição ocupada por esse item na sentença, verificamos que o não ocorre, a rigor, em posição

pré-verbal, sendo essa a sua função canônica. Mas, também, ocorre em posição pós-verbal, con-

forme afirmam Macedo, Roncarati e Mollica (1996), e, ainda, como acrescentam Cohen e Ra-

mos (2002), em posições pré-verbal e pós-verbal simultaneamente em um único enunciado,

fenômeno linguístico conhecido como dupla negação. Nesta perspectiva, a partir desses pressu-

postos, a presente pesquisa tem como objeto de estudo o item linguístico não e objetiva catego-

rizar os usos que os falantes do Português Popular de Vitória da Conquista (cidade situada no

sudoeste da Bahia) fazem dessa partícula. Para tanto, em nosso artigo, realizamos, em gramáti-

cas científicas e pedagógicas, uma discussão sobre a classe dos advérbios e, em seguida, parti-

cularizamos no item não; selecionamos as ocorrências dessa partícula em quatro (04) entrevis-

tas retiradas do Corpus de Português Popular de Vitória da Conquista, no qual os informantes

estão estratificados em gênero/sexo masculino e feminino e em faixa etária jovem e idoso, to-

dos com escolaridade até cinco (05) anos ou sem escolaridade; e, por fim, categorizamos o uso

do não em: Introdutor discursivo: Não as coisas foi piorano; Resposta isolada :Não; Pergunta

eco: Você não vê [ning]{init} é só algum acidente{init} na obra , num foi?; Manobra discursi-

va: Eu comprei, não foi meu marido que me deu; Reforço da primeira ocorrência: Só que num

gosto do meu padrasto não. Mais pra mim não num gosto não. Ressaltamos que, embora essa

seja uma pesquisa ainda em andamento, a partir da amostra estudada é possível afirmar que, em

nosso corpus, as diferentes realizações do item não, não contrapõem ao que já foi teorizado e

categorizado. Dessa forma, evidenciamos, nesse estudo, o caráter multifuncional desse item,

bem como a capacidade que o falante tem de usar esse item nas mais diversas funções na lín-

gua.

Palavras-chave: Advérbio; Não; Português Popular; Gramaticalização.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 56

SINTAGMA NOMINAL DE NÚMERO NO SERTÃO DA RESSACA: ASPECTOS LIN-

GUÍSTICOS E EXTRALINGUÍSTICOS

Maria Aparecida de Souza Guimarães (UESB/PPGLIN/ UNEB/Grupo de Pesquisa em Linguís-

tica Histórica e Sociofuncionalismo)

[email protected]

Jorge Augusto Alves da Silva (UESB/PPGLIN/Grupo de Pesquisa em

Linguística Histórica e Sociofuncionalismo)

[email protected]

Valéria Viana Sousa (UESB/PPGLin/Grupo de Pesquisa em Linguística Histórica e Sociofunci-

onalismo)

[email protected]

Esse artigo discute a importância da compreensão de fatores sociais e históricos na construção

do vernáculo da Comunidade de fala de Vitória da Conquista, segunda maior cidade do interior

da Bahia. Além disso, detém na construção da história de bairros populares e, consequente-

mente, na configuração de fenômenos linguísticos relacionados à construção dos valores citadi-

nos constituídos no interior dessa comunidade. Com vistas aos aspectos da migração, de acordo

com pesquisas do demógrafo, professor e pesquisador do Núcleo de Estudos de População, José

Marcos Pinto da Cunha (2012), na história demográfica do Brasil, a migração sempre esteve

presente em todas as fases do processo de desenvolvimento econômico/social e ocupação terri-

torial no país em suas modalidades mais adversas. (CUNHA, 2012, p. 30). Se, para Cunha

(2012), a questão dos deslocamentos espaciais da população constituem um aspecto central pa-

ra, além da compreensão do processo de redistribuição demográfica no território nacional, as

causas e consequências das desigualdades regionais e sociais que até hoje caracterizam o Brasil,

para a linguística, ciência social, sob foco da migração, conhecer a história de uma comunidade

de fala é condição sine qua non para se discutir as mudanças linguísticas em processo e as que

foram concluídas nessa comunidade. Nesse sentido, objetivamos investigar a variação na con-

cordância de número no sintagma nominal, questão já revisitada por autores, que postulam para

o Português Popular direções diferentes de mudança: Scherre (1988), Carvalho (1997), Lopes

(2001) e Baxter-Lucchesi (2009), entre outros. A presente pesquisa tem como corpus o Portu-

guês Popular da Comunidade de Vitória da Conquista, constituído pelo Grupo de Pesquisa em

Linguística Histórica e Sociofuncionalismo (UESB), transcrito pelo recurso grafemático, sendo

suas ocorrências codificadas pela chave de codificação do Projeto Vertentes (UFBA). E, no in-

tuito de tecermos considerações preliminares sobre a concordância nominal de número no sin-

tagma nominal, foram selecionadas entrevistas com seis informantes não escolarizados ou com

escolarização precária que apresentam o seguinte perfil: moradores de Vitória da Conquista,

filhos de conquistenses ou filhos de migrantes que viveram maior parte de sua vida na comuni-

dade de fala. Para se estudar o fenômeno da variação na concordância no sintagma nominal é

possível realizá-lo tendo em vista a análise mórfica e a sintagmático. Vale dizer que, no âmbito

desse estudo, assumiremos àquela a esta. Para tanto, a discussão perpassa pelo viés do Portu-

guês Popular do Brasil, considerando-o vernáculo daqueles que compõem a base da pirâmide

brasileira.

Palavras-chave: Comunidade de fala; Vitória da Conquista; sintagma nominal de número.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 57

COM PERCEPÇÕES DE VARIAÇÃO E MUDANÇA NO DISCURSO DE

ESCRITORES LATINOS: UM ESTADO DA LÍNGUA LATINA

Rafael Teixeira Gonçalves (UESB/Grupo de Pesquisa em Linguística Histórica e Grupo de Pes-

quisa em Sociofuncionalismo)

[email protected]

Bruno Pacheco de Souza (UESB/Grupo de Pesquisa em Linguística Histórica e Grupo de Pes-

quisa em Sociofuncionalismo)

[email protected]

Jorge Augusto Alves da Silva (DELL/UESB/Grupo de Pesquisa em Linguística Histórica e Gru-

po de Pesquisa em Sociofuncionalismo)

[email protected]

Os estudos sistemáticos sobre a relação entre fatores sociais e linguísticos têm sua formalização

a partir dos estudos labovianos; no entanto, reflexões sobre a relação entre língua e sociedade

têm acompanhado o homem há muito tempo. A ideia de que as línguas variam no tempo, no es-

paço, nas classes sociais e nas diversas situações do trato social está presente de forma implícita

ou explícita em diversos momentos da história da humanidade. No presente estudo, tendo como

base testemunhos de escritores latinos, abordaremos a questão da percepção da variação (de gê-

nero e espaço-situacional) e da percepção da mudança a partir de falas do grande orador romano

Cícero (106 a.C. – 43 a.C) e do poeta Horácio (65 a.C – 8 a.C). Nos excertos selecionados, o

célebre prosador e orador romano apresenta pistas a serem investigadas sobre a fala conservado-

ra de certas matronas romanas. Além disso, Cícero faz afirmações sobre a variedade do latim

apropriada ao fórum e a variedade do latim apropriada ao trato familiar, situação que pode ser

vista em documentos menos formais que são encaminhados àqueles que lhe são mais próximos e

chegados. Em relação a Horácio, tomamos como base a obra Ars Poetica em que o autor acon-

selha os Pisões a tomarem cuidado com as peculiaridades de fala dos utentes do latim, conside-

rando sua procedência regional e sua camada social. Nesse sentido, a nossa proposta foi estabe-

lecer um quando comparativo da percepção horaciana com os fatos linguísticos apontados por

latinas e filólogos. Nesse sentido, não buscamos assumir uma postura anacrônica, mas demons-

trar que a percepção da heterogeneidade da língua é um fato perceptível em diversas épocas da

história da humanidade. A percepção das variedades de uma língua é um dos caminhos para se

entender o percurso evolutivo dessa língua e compreender o panorama linguística de dada épo-

ca, o que costumamos chamar de estado da língua.

Palavras-chave: Variação e Mudança; Percepção de heterogeneidade; Língua Latina.

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III SEMAN A DE LETRAS - CADERNO DE RESUMOS PÁGINA 58

GRAMATICALIZAÇÃO DO VERBO DAR: DE SENTIDO PLENO A VERBO

SUPORTE

Luana Carvalho Coelho (UESB)

[email protected]

Jorge Augusto Alves da Silva (DELL/UESB)

[email protected]

Valéria Viana Sousa (DELL/UESB)

[email protected]

A língua falada, como objeto social, é passível a mudanças. Considerando que o processo de

variação na linguagem está relacionado a fatores sociais, percebemos que,nessa modalidade,

muitas vezes, há um distanciamento das normas estabelecidas pela gramática normativa, sem,

contudo, violar o sistema linguístico. Inovações surgem constantemente e novos conceitos,

significados, palavras vão se formando. Dentro desse processo de mudança linguística, nota-

mos que os fenômenos da linguagem apresentam, por vezes, uma complexidade muito maior

do que as regras estabelecidas, prescritas e fixadas por uma tradição. Por esse viés, propomo-

nos a analisar o verbo dar. O verbo dar, a rigor, tem sido apresentado pela tradição gramatical

da língua portuguesa como responsável por atribuir papel temático aos argumentos. No entan-

to, observando o seu uso na língua, em diversos contextos de fala, verificamoso surgimento de

novas categorias gramaticais às quais este verbo se relaciona e, assim, a sua polifuncionalida-

de. A partir dessa perspectiva, objetiva-se com este estudo refletir sobre a natureza polissêmica

do verbo dar no português brasileiro à luz da teoria funcionalista a fim de investigar as altera-

ções sofridas por esse verbo. Para análise dos dados, selecionamos cinco entrevistas extraídas

do Corpus de Português Popular da Comunidade de Vitória da Conquista (projeto Estudos de

Fenômenos Linguísticos na Perspectiva Sociofuncionalista), localizamos as ocorrências que

continham esse verbo e realizamos a categorização em: verbo auxiliar, verbo predicador não

pleno, noção de transferência, de causa e em casos em que o sujeito sofre a ação em vez de

provocá-la. Com relação ao fenômeno de gramaticalização, a pesquisa pretende ainda averi-

guar as características que afastam esse item da categoria lexical e o aproximam do caráter

gramatical ou, em outras palavras, investigar as características que afastam o verbo dar do seu

sentido pleno e o aproxima de verbo suporte constituído como um substantivo. Para isso, in-

vestigamos a origem desse verbo e observamos como alguns dicionários da língua portuguesa,

Caldas (1925), Fernandes (1979) e Houaiss (2009), lidam com a categorização do dar. Nesse

estudo, constatamos que o processo de gramaticalização é o responsável pela capacidade cate-

gorial desse verbo.

Palavras-chave: polifuncionalidade; verbo dar; gramaticalização.

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Realização

Comissão organizadora

Eloísa Barbosa

Flávia Correia

Juliet Sousa

Sheila dos Santos

Sivonei Rocha

Tyrone Chaves Filho

Monitoria

Anne Carolline Dias Rocha

Bruno Pacheco de Souza

Eugenio Souza dos Santos

Jamilly Silva Morais

Karina Damaceno Dias

Joyce Maria Sandes

Lêda Sousa Bastos

Gizelle dos Santos Macedo

Mônica Freitas Morais Lopes

Priscila Plácido Moreira

Rafael Teixeira Gonçalves

Raiane Silva Souza

Silmara Brito

Savanna Souza de Castro

Selso Silva Alves

www.uesb.br/eventos/semanaletras