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Tema 001 - Contratos: noções gerais. conceito e evolução. princípios fundamentais. a nova ótica contratual. os princípios contratuais da autonomia da vontade, da obrigatoriedade, da relatividade e do consensualismo e suas mitigações. a função social dos contratos. o princípio da probidade e da boa-fé. a boa-fé objetiva e sua distinção da boa-fé subjetiva aplicabilidade do princípio da boa-fé objetiva nas diversas fases do contrato. Tema 002 - Classificação dos contratos: contratos unilaterias, bilaterais e bilaterais imperfeitos. contratos gratuitos e onerosos. contratos comutativos e aleatórios. contratos solenes e não-solenes ou consensuais. contratos reais. contratos principais e acessórios. contratos típicos e atípicos. contratos paritários e de adesão. o contrato de adesão no Código Civil (arts.423 e 424) e no Código de Defesa do Consumidor Tema 003 - Interpretação dos contratos. o contrato e a norma jurídica. métodos e normas de interpretação dos contratos. a interpretação dos contratos no código civil e no código de defesa do consumidor. Tema 004 - A estrutura interna e a formação dos contratos. os elementos subjetivos do contrato. a parte contratante. capacidade e legitimação. o contrato celebrado pelo incapaz. o consentimento. as formas de manifestação da vontade. o silêncio vinculativo. o objeto do contato. causa e motivo. fases da formação dos contratos. tratativas ou negociações preliminares. proposta ou policitação. a oferta ao público (art.429). aceitação. celebração dos contratos entre ausentes. teorias aplicáveis. o lugar da celebração do contrato. Tema 005 - Contrato preliminar. noções gerais. evolução do contrato preliminar. aplicabilidade. o contrato preliminar no Código Civil de 2002. classificação, requisitos e efeitos do contratos preliminar. registro do contrato preliminar. contrato com pessoa a declarar. conceito. aplicabilidade.

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Tema 001 - Contratos: noes gerais. conceito e evoluo. princpios fundamentais. a nova tica contratual. os princpios contratuais da autonomia da vontade, da obrigatoriedade, da relatividade e do consensualismo e suas mitigaes. a funo social dos contratos. o princpio da probidade e da boa-f. a boa-f objetiva e sua distino da boa-f subjetiva aplicabilidade do princpio da boa-f objetiva nas diversas fases do contrato.

Tema 002 - Classificao dos contratos: contratos unilaterias, bilaterais e bilaterais imperfeitos. contratos gratuitos e onerosos. contratos comutativos e aleatrios. contratos solenes e no-solenes ou consensuais. contratos reais. contratos principais e acessrios. contratos tpicos e atpicos. contratos paritrios e de adeso. o contrato de adeso no Cdigo Civil (arts.423 e 424) e no Cdigo de Defesa do Consumidor

Tema 003 - Interpretao dos contratos. o contrato e a norma jurdica. mtodos e normas de interpretao dos contratos. a interpretao dos contratos no cdigo civil e no cdigo de defesa do consumidor.

Tema 004 - A estrutura interna e a formao dos contratos. os elementos subjetivos do contrato. a parte contratante. capacidade e legitimao. o contrato celebrado pelo incapaz. o consentimento. as formas de manifestao da vontade. o silncio vinculativo. o objeto do contato. causa e motivo. fases da formao dos contratos. tratativas ou negociaes preliminares. proposta ou policitao. a oferta ao pblico (art.429). aceitao. celebrao dos contratos entre ausentes. teorias aplicveis. o lugar da celebrao do contrato.

Tema 005 - Contrato preliminar. noes gerais. evoluo do contrato preliminar. aplicabilidade. o contrato preliminar no Cdigo Civil de 2002. classificao, requisitos e efeitos do contratos preliminar. registro do contrato preliminar. contrato com pessoa a declarar. conceito. aplicabilidade. regulamentao no Ccigo Civil de 2002. estipulao em favor de terceiro. promessa de fato de terceiro.

Tema 006 - Elementos naturais do contrato. vcios redibitrios. conceito. requisitos. efeitos. aes edilcias. prazos. evico. conceito. requisitos. clusula de reforo, diminuio e excluso da garantia. efeitos da evico. evico PARCIAL.

Tema 007 - Extino dos contratos. adimplemento. dissoluo. resilio bilateral ou distrato e resilio unilateral. denncia, renncia, revogao e resgate. resoluo. clusula resolutiva tcita e expressa. inadimplncia da obrigao: resciso. exceo do contrato no cumprido.

Tema 008 - Resoluo por onerosidade excessiva. Teoria da impreviso ou onerosidade excessiva no Cdigo de Defesa do Consumidor e no Cdigo Civil de 2002. Efeitos da onerosidade excessiva. A reviso dos contratos. Vcios da vontade contratual. A leso e o estado de perigo.

Tema 009 - Contratos eletrnicos. formao do contrato. contratos entre presentes e ausentes. documento eletrnico. certificao digital. responsabilidade do provedor. relaes de consumo na internet sob o aspecto contratual.

Tema 010 - Compra e venda I conceito. Classificao. Elementos. Restries legais celebrao do contrato de compra e venda. Invalidade da compra e venda. Efeitos da compra e venda. Tradio. Compra e venda de imveis. Venda ad corpus e ad mensuram.. Venda em condomnio pro indiviso.

Tema 011 - Compra e venda II. Clusulas especiais da compra e venda. Retrovenda. Venda a contento e venda sujeita a prova. Preempo ou preferncia. Venda com reserva de domnio. Venda sobre documentos. Troca ou permuta.

Tema 012 - Promessa de compra e venda. Cesso da promessa de compra e venda. Efeitos do registro imobilirio. Forma e prova do contrato.

Tema 013 - Doao: Conceito, formao e classificao. Promessa de doao. Aceitao presumida. Clusula de reverso. Doao remuneratria. Doao modal. Doao ao nascituro. Doao ao incapaz. Doao com clusulas restritivas ao exerccio da propriedade. Adiantamento da legtima. Doao propter nuptias e doao ao convivente. Doao com clusula de reverso. Doao universal. Doao com reserva de usufruto. Doao inoficiosa. Doao do cnjuge adltero. Doao conjuntiva e o direito de acrescer. Revogao da doao por descumprimento do encargo e por ingratido do donatrio.

Tema 014 - Locao I. Locao de Coisas. Locao de imvel. Conceito, elementos, classificao e delimitao da incidncia da Lei n 8.245/91. Estatuto da Terra. Cdigo de Defesa do Consumidor e Cdigo Civil. Locao imobiliria urbana: Multiplicidade de sujeitos. Denncia do contrato pelo locatrio, nu-proprietrio, fideicomissrio e adquirente. Clusula de vigncia.

Tema 015 - Locao II. Sucesso, cesso e sublocao. O aluguel e a sua fixao, reajuste e reviso. Ao de despejo. Direitos e deveres do locador e locatrio. Direito real de aquisio. Regramento das benfeitorias. Direito de reteno.Tema 016 - Locao III. Garantias locatcias. Nulidades. Fraude lei. Regime jurdico da locao para fins residenciais e no residenciais. A relao jurdica entre empreendedor e lojista na locao em shopping-center.

Tema 017 - Contrato de Fiana: Conceito, classificao e contedo. Espcies de fiana: fianas convencional, bancria, legal e judicial. Abonao. Retrofiana. Co-fiana. Fianas condicional e limitada. Benefcios de ordem, diviso e sub-rogao. Exonerao do fiador luz do Cdigo Civil e da lei do inquilinato. Extino da fiana.

Tema 018 Contrato de Emprstimo. Comodato: conceito, classificao e efeitos. Mtuo: conceito, classificao, espcies e efeitos. Limite de juros remuneratrios no mtuo feneratcio nas suas diversas possibilidades. O anatocismo. Taxa de Juros. Lei de Usura. Estipulao usuria. Mtuo feito a menor.

Tema 019 - Contrato de Depsito. Depsito voluntrio: conceito, classificao, objeto, direitos e deveres do depositante e do depositrio. Direito de reteno. Depsito necessrio: depsito legal e miservel. Depsito irregular. Aspectos processuais. Priso civil do depositrio infiel. Constituio de renda.

Tema 020 - Contrato de Mandato: conceito, classificao, forma, espcies. A procurao e o substabelecimento. Mandato com e sem representao. A clusula-mandato nos contratos de consumo. Direitos e deveres do mandante e mandatrio. Extino do mandato. Mandato em causa prpria. Renncia e revogao do mandato. Mandato judicial.

Tema 021 - Prestao de Servios: conceito, classificao, pressupostos existenciais e institutos afins. Empreitada: conceito, classificao, espcies, riscos, responsabilidade civil, prazo de garantia, subempreitada e reviso do preo da obra. Contrato de Incorporao.

Tema 022 - Contrato de Seguro: conceito e classificao. Incio da cobertura. Aplice. Co-seguro. Aspectos jurdicos do risco e da cobertura. Pluralidade de seguros. Boa-f e probidade como deveres do segurador e segurado. Responsabilidade do segurador. Seguro de dano e de pessoa.

Tema 023 - Atos Unilaterais: Da promessa de recompensa. Da gesto de negcios. Do pagamento Indevido. Do enriquecimento sem causa.

Tema 024 - Contrato Estimatrio. Transao e Compromisso. Jogo e Aposta

Tema 001Contratos: noes gerais. conceito e evoluo. princpios fundamentais. a nova tica contratual. os princpios contratuais da autonomia da vontade, da obrigatoriedade, da relatividade e do consensualismo e suas mitigaes. a funo social dos contratos. o princpio da probidade e da boa-f. a boa-f objetiva e sua distino da boa-f subjetiva aplicabilidade do princpio da boa-f objetiva nas diversas fases do contrato.

O contrato um negcio jurdico bilateral ( um resultado jurdico perseguido pelo homem com autonomia de vontade). Deforma diversa, o ato jurdico pode ser definido como o resultado perseguido pelo homem que se encontra em lei.

No existe contrato se no tivermos, no mnimo, duas partes. Assim, todo o contrato um negcio jurdico, mas nem todo o negocio jurdico um contrato, vez que existem os negcios jurdicos unilaterais onde temos, to-somente, uma nica parte.

Para um contrato ser vlido necessrio que ele observe os requisitos do Art. 104 do CC.

CC, Art. 104. A validade do negcio jurdico requer:I - agente capaz;II - objeto lcito, possvel, determinado ou determinvel;III - forma prescrita ou no defesa em lei.

A parte que diz respeito a contrato no CC tem incio no Art. 421.

CC, Art. 421. A liberdade de contratar ser exercida em razo e nos limites da funo social do contrato.

No CC/16 alguns doutrinadores entendiam que os atos jurdicos poderiam retratar contratos. Hoje no mais se fala nisto, vez que os atos jurdicos ficaram atido ao disposto no Art. 185 do CC.

CC, Art. 185. Aos atos jurdicos lcitos, que no sejam negcios jurdicos, aplicam-se, no que couber, as disposies do Ttulo anterior.

Princpios

1. Princpio da Autonomia da Vontade

O Art. 421 expresso no sentido de que as partes tm liberdade para contratar. Contudo, esta autonomia de vontade precisa ser equilibrada, equilibrada pela funo social do contrato.

CC, Art. 421. A liberdade de contratar ser exercida em razo e nos limites da funo social do contrato.

Neste passo, O grande fornecedor tem esta sua autonomia de vontade muito mitigada devido ao apelo pblico de tais empresas. Ressalta-se que a sua autonomia de vontade mitigada independentemente de a forma de contratao ser por contrato de adeso ou no.

2. Princpio da Fora Obrigatria do Contrato (o contrato lei entre as partes)

O Art. 478 do CC mitiga este princpio.

CC, Art. 478. Nos contratos de execuo continuada ou diferida, se a prestao de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinrios e imprevisveis, poder o devedor pedir a resoluo do contrato. Os efeitos da sentena que a decretar retroagiro data da citao.

3. Princpio da Relatividade dos Contratos

O contrato, em regra, diz respeito somente s partes que contrataram.

Temos como exceo a este princpio a estipulao em favor de terceiro que ocorre, por exemplo, no caso do beneficirio de um seguro de vida. No caso da estipulao de terceiro quem exige o seu cumprimento o terceiro que no faz parte do contrato.

Outra exceo poderia ser encontrada ao aplicarmos Princpio da Funo Social.

Ateno (colocao do Fabrcio Carvalho): No que se refere ao Princpio da Funo Social dos contratos temos que este incide principalmente nas relaes externas contratual. Citamos como exemplo da sua incidncia a hiptese de tutela externa do crdito (Exemplo: caso do Zeca Pagodinho) retratado na jurisprudncia infra.

STJ, Informativo 376

CONTRATO. SFH. EFICCIA. TERCEIROS.

Firmou-se contrato de mtuo habitacional (SFH) com o agente financeiro vinculado ao extinto BNH. Sucede que houve a cesso da posio contratual (devedor) por fora de escritura de compra e venda na qual se ressalvava a existncia de cauo hipotecria dada ao BNH pelo agente financeiro, mediante endosso em cdula hipotecria. Ento, os cessionrios quitaram antecipadamente o saldo devedor, quitao essa passada pelo agente financeiro, autorizando-os a levantar o gravame hipotecrio. Remanesceu, contudo, o direito real de cauo sobre o crdito hipotecrio. Porm, a CEF firmou contrato de novao com o agente financeiro (em liquidao extrajudicial) e adquiriu, entre outros, os direitos sobre a cauo hipotecria constituda sobre o imvel dos cessionrios. Foi o inadimplemento do agente financeiro que gerou a pretenso de a CEF opor-se ao levantamento do gravame da cauo, o que levou os cessionrios a ingressar com ao ordinria contra a CEF, com o fito de liber-los desse nus real. Quanto a isso, veja-se que o princpio da relatividade dos efeitos dos contratos (res inter alios acta) tem sofrido mitigaes mediante a admisso de que os negcios entre as partes, eventualmente, podem interferir (positiva ou negativamente) na esfera jurdica de terceiros. Essas mitigaes do-se pela doutrina do terceiro cmplice, a proteo do terceiro diante dos contratos que lhe so prejudiciais ou mesmo pela tutela externa do crdito. Porm, em todos os casos, sobressaem a boa-f objetiva e a funo social do contrato. No caso, a cesso dos direitos de crdito CEF deu-se aps o adimplemento da obrigao pelos cessionrios, negcio que se operou inter partes (devedor e credor). Assim, o posterior negcio entre a CEF e o agente financeiro no tem fora para dilatar sua eficcia e atingir os devedores adimplentes. Aflora da interpretao dos arts. 792 e 794 do CC/1916 a necessidade de que os cessionrios sejam notificados da cesso do ttulo caucionado, com o desiderato de no pagarem em duplicidade, assertiva compartilhada pelas instncias ordinrias. No entanto, no h, nos autos, prova de que a CEF tenha promovido a notificao. Por ltimo, v-se que a Sm. n. 308-STJ tem aplicao analgica ao caso e que os princpios da boa-f objetiva, funo social e os relativos proteo das relaes jurdicas tambm impedem a responsabilizao dos cessionrios. Com esse entendimento, a Turma, conheceu em parte do recurso da CEF e, nessa parte, negou-lhe provimento. REsp 468.062-CE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 11/11/2008.

STJ, Smula 308: A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior ou posterior celebrao da promessa de compra e venda, no tem eficcia perante os adquirentes do imvel.

Assim sendo, percebe-se que enquanto a tutela externa do crdito aproximou os direitos contratuais dos reais, atravs da gerao de efeitos contra terceiros dos contratos celebrados, a smula 308 do STJ tambm contribuiu para esta aproximao s que de forma diversa, isto , ela possibilitou a mitigao da eficcia erga omnes do direito real de hipoteca.

4. Princpio da Boa-f

Segundo o professor Capanema de boa-f a estrada do inferno est pavimentada, vez que todo o infrator alega que estava de boa-f quando do cometimento do ato ilcito ou do abuso do direito. Esta boa-f a subjetiva.

A boa-f exigida no contrato a objetiva, que representa a boa-f externa. A boa-f objetiva quela que demonstrada, que vista pelo olhar do outro.

Quando retratamos a boa-f no contrato precisamos entender que a funo deste a obteno do lucro. O que descaracteriza a boa-f na relaes contratuais no o lucro, mas, to-somente, a sua exorbitncia.

Ateno (colocao do Fabrcio Carvalho): Para corrente majoritria da doutrina a diferena bsica entre a funo social e a boa f objetiva seria boa f objetiva inter atuar partes e funo social, to-somente, perante terceiros. O Princpio da Boa F tem uma trplice funo, a saber:

primeira funo: a de interpretao dos negcios jurdicos;

segunda funo: a de limitao ao exerccio de direitos. Dentre desta funo temos:

Tucoc: representa a supresso, a perda de uma prerrogativa por conta do cometimento de conduta ilcita.

Venire Contra Factum Proprium: representa a supresso, a perda de uma prerrogativa por conta do cometimento de condutas lcitas contraditrias. Tem autores que entendem que a supressio e a surrecio so espcies de venire. Para outros so institutos autnomos.

Supressio: representa a supresso, a perda de uma prerrogativa por conta da inrcia prolongada do seu respectivo titular. Supressio e Surressio so duas faces de uma mesma moeda.

Surressio: representa a surgimento de uma prerrogativa por conta reiterao de uma conduta. Supressio e Surressio so duas faces de uma mesma moeda.

terceira funo: a de integrao dos negcios jurdicos.

Algumas jurisprudncias do STJ pertinentes a boa-f objetiva contratual.

STJ, REsp 620787 / SP

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. VIOLAO AO ARTIGO 535 DO CPC. NO-OCORRNCIA. AO DE REINTEGRAO DE POSSE AJUIZADA EM VIRTUDE DE INADIMPLEMENTO DE CONTRATO DE COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA. IMPOSSIBILIDADE DE DEFERIMENTO DE ANTECIPAO DE TUTELA SEM QUE TENHA HAVIDO MANIFESTAO JUDICIAL ACERCA DA RESOLUO DO CONTRATO, AINDA QUE ESTE CONTE COM CLUSULA RESOLUTRIA EXPRESSA. PRINCPIO DA BOA-F OBJETIVA.

1. No h violao ao artigo 535 do CPC quando a Corte de origem aprecia a questo de maneira fundamentada, apenas no adotando a tese do recorrente.

2. imprescindvel a prvia manifestao judicial na hiptese de resciso de compromisso de compra e venda de imvel para que seja consumada a resoluo do contrato, ainda que existente clusula resolutria expressa, diante da necessidade de observncia do princpio da boa-f objetiva a nortear os contratos.

3. Por conseguinte, no h falar-se em antecipao de tutela reintegratria de posse antes de resolvido o contrato de compromisso de compra e venda, pois somente aps a resoluo que poder haver posse injusta e ser avaliado o alegado esbulho possessrio.

4. Recurso provido em parte, para afastar a antecipao de tutela.

STJ, REsp 1096639 / DF

DIREITO CIVIL. VIZINHANA. CONDOMNIO COMERCIAL QUE ADMITE UTILIZAO MISTA DE SUAS UNIDADES AUTNOMAS. INSTALAO DEEQUIPAMENTO POR CONDMINO QUE CAUSA RUDO. INDENIZAO DEVIDA. DANO MORAL FIXADO EM QUANTUM RAZOVEL.

- O exerccio de posies jurdicas encontra-se limitado pela boa-f objetiva. Assim, o condmino no pode exercer suas pretenses de forma anormal ou exagerada com a finalidade de prejudicar seuvizinho. Mais especificamente no se pode impor ao vizinho uma conveno condominial que jamais foi observada na prtica e que se encontra completamente desconexa da realidade vivenciada no condomnio.

- A 'suppressio', regra que se desdobra do princpio da boa-f objetiva, reconhece a perda da eficcia de um direito quando este longamente no exercido ou observado.

- No age no exerccio regular de direito a sociedade empresria que se estabelece em edifcio cuja destinao mista aceita, de fato, pela coletividade dos condminos e pelo prprio Condomnio, pretendendo justificar o excesso de rudo por si causado com a imposio de regra constante da conveno condominial, que impe o uso exclusivamente comercial, mas que letra morta desde sua origem.

- A modificao do quantum fixado a ttulo de compensao por danos morais s deve ser feita em recurso especial quando aquele seja irrisrio ou exagerado.

Recurso especial no conhecido.

STJ, REsp 281290 / RJ

CIVIL. CONDOMNIO. POSSVEL A UTILIZAO, PELOS CONDMINOS, EM CARTER EXCLUSIVO, DE PARTE DE REA COMUM, QUANDO AUTORIZADOS POR ASSEMBLIA GERAL, NOS TERMOS DO ART. 9, 2, DA LEI N 4.591/64. A DECISO DO TRIBUNAL DE ORIGEM, BASEADA NO CONJUNTO PROBATRIO, NO PODE SER REEXAMINADA, EM FACE DA SMULA 7/STJ.

1. O Tribunal "a quo" decidiu a questo com base nas provas dos autos, por isso a anlise do recurso foge mera interpretao da Lei de Condomnios, eis que a circunstncia ftica influi na soluo do litgio. Incidncia da Smula 07/STJ.

2. O alcance da regra do art. 3, da Lei n 4.591/64, que em sua parte final dispe que as reas de uso comum so insuscetveis de utilizao exclusiva por qualquer condmino", esbarra na determinao da prpria lei de que a conveno de condomnio deveestabelecer o "modo de usar as coisas e servios comuns", art. 3, 3, "c", da mencionada Lei. Obedecido o quorum prescrito no art. 9, 2 da Lei de Condomnio, no h falar em nulidade da conveno.

3. Consoante precedentes desta Casa: " o princpio da boa-f objetiva tempera a regra do art. 3 da Lei n 4.591/64" e recomenda a manuteno das situaes consolidadas h vrios anos.(Resp' n.s 214680/SP e 356.821/RJ, dentre outros).

Recurso especial no conhecido.

STJ, REsp 908835 / SP

SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAO. COMPRA E VENDA DE IMVEL. FINANCIAMENTO. RELAO DE CONSUMO. COMISSO DE CONCESSO DE CRDITO. INCIDNCIA MENSAL QUE VIOLA A BOA-F OBJETIVA.

- A comisso de concesso de crdito, cobrada pela instituio financeira para fornecer crdito ao muturio, incide apenas uma vez, no incio do contrato. Qualquer outra cobrana do referido encargo ilcita. A cobrana mensal do referido encargo viola preceitos de boa-f objetiva, razo pela qual no deve ser admitida.

Recurso Especial provido.

STJ, REsp 554622 / RS

CIVIL. BEM DE FAMLIA. LEI N 8.009, DE 1990.

A impenhorabilidade resultante do art. 1 da Lei n 8.009, de 1990, pode ser objeto de renncia vlida em situaes excepcionais; prevalncia do princpioda boa-f objetiva.

Recurso especial no conhecido.

PROMESSA DE COMPRA E VENDA. CONSENTIMENTO DA MULHER. ATOS POSTERIORES. "VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM". BOA-FE. PREPARO. FERIAS.

1. TENDO A PARTE PROTOCOLADO SEU RECURSO E, DEPOIS DISSO, RECOLHIDO A IMPORTANCIA RELATIVA AO PREPARO, TUDO NO PERIODO DE FRIAS FORENSES, NO SE PODE DIZER QUE DESCUMPRIU O DISPOSTO NO ARTIGO 511 DO CPC. VOTOS VENCIDOS.

2. A MULHER QUE DEIXA DE ASSINAR O CONTRATO DE PROMESSA DE COMPRA E VENDA JUNTAMENTE COM O MARIDO, MAS DEPOIS DISSO, EM JUIZO,EXPRESSAMENTE ADMITE A EXISTENCIA E VALIDADE DO CONTRATO, FUNDAMENTO PARA A DENUNCIAO DE OUTRA LIDE, E NADA IMPUGNA CONTRA A EXECUO DO CONTRATO DURANTE MAIS DE 17 ANOS, TEMPO EM QUE OS PROMISSARIOS COMPRADORES EXERCERAM PACIFICAMENTE A POSSE SOBRE O IMOVEL, NO PODE DEPOIS SE OPOR AO PEDIDO DE FORNECIMENTO DE ESCRITURA DEFINITIVA. DOUTRINA DOS ATOS PROPRIOS. ART. 132 DO CC.

3. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.

STJ, Informativo 368

DUPLICATA. NULIDADE. VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM.

Atento vedao de venire contra factum proprium, no h como se acolher a nulidade, por falta de lastro, de duplicata endossada e posta em circulao sem aceite, enquanto a emitente e a sacada, no obstante serem pessoas jurdicas diversas, so administradas por um mesmo scio cotista, responsvel tanto pela emisso quanto pelo aceite. Precedente citado: REsp 296.064-RJ, DJ 29/3/2004. REsp 957.769-PE, Rel. Min. Joo Otvio de Noronha, julgado em 16/9/2008.

STJ, REsp 415971 / SP

Civil. Art. 1450 do Cdigo Civil. Inadimplemento de contrato de seguro. Falta de pagamento de mais da metade do valor do prmio. Indenizao indevida pelo sinistro ocorrido durante o prazo de suspenso do contrato, motivada pela inadimplncia do segurado.

- A falta de pagamento de mais da metade do valor do prmio justificativa suficiente para a no onerao da companhia seguradora que pode, legitimamente, invocar em sua defesa a exceo de suspenso do contrato pela inadimplncia do segurado.

- Apenas a falta de pagamento da ltima prestao do contrato de seguro pode, eventualmente, ser considerada adimplemento substancial da obrigao contratual, na linha de precedentes do STJ, sob pena de comprometer as atividades empresariais da companhia seguradora. (o adimplemento substancial uma das espcies de manifestao as supressio/surrecio)

Formao do Contrato

Como se forma o contrato?

Resposta: O contrato tem incio com a proposta. Quando se faz a proposta j se est se comprometendo, na forma do disposto no Art. 427 do CC. Ressalta-se que o anncio de jornal a proposta.

CC, Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrrio no resultar dos termos dela, da natureza do negcio, ou das circunstncias do caso.

A proposta cria responsabilidade civil contratual porque embute no outro idia premente que o negcio ser realizado.

O contrato normal tem incio com as propostas. Entretanto, alguns contratos mais complexos se iniciam com as tratativas que antecedem as propostas. O CC no regula as tratativas.

As tratativas, em regra, no criam responsabilidade civil porque representam um estudo para que a proposta seja realizada. Entretanto, se foi embutido no outro a idia premente que o negcio ser realizado as tratativas podem gerar responsabilidade civil. Neste caso aplica-se a VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM, na medida em que quem rompeu tais tratativas visa obter vantagem atravs de condutas lcitas contraditrias (posio do Fabrcio Carvalho). Trata-se de responsabilidade civil aquiliana vez que o contrato ainda no foi realizado.

Caderno de Exerccios

1 Questo

A empresa de enlatados XIXA anualmente compra a safra de tomates do agricultor RIBAMAR, inclusive disponibilizando-lhe materiais como sementes e caixas para o armazenamento da produo, situao essa que se repete com habitualidade. Ocorre que, neste ano, a empresa resolve contratar outros agricultores da mesma regio, atraindo-os para o cultivo dos tomates, e igualmente distribuindo-lhes sementes e caixas, sem comunicar tal fato a RIMAMAR. No ms de novembro, poca em que normalmente era adquirida a colheita de RIBAMAR, este dirige-se empresa XIXA, que lhe informa no mais desejar comprar sua produo, tendo em vista j haver recebido tomates dos outros agricultores da regio. Inconformado, RIBAMAR ingressa com ao de reparao de danos em face de XIXA, postulando inclusive lhe sejam ressarcidos os custos decorrentes da parte da produo que no conseguiu vender para outras empresas. Em contestao, a empresa XIXA invoca a ausncia de contrato escrito. Decida o caso acima, luz do entendimento jurisprudencial sobre a matria.

Soluo

Como anualmente os tomates eram plantados e vendidos para a sociedade entende-se que temos sim a realizao de um contrato, mesmo que no escrito. Neste problema temos um contrato verbal que foi rompido sem nenhuma espcie de comunicao prvia. Trata-se de responsabilidade civil contratual pelo seu descumprimento.

Faltou sociedade lealdade, faltou boa-f objetiva, faltou o cuidado com o outro contratante.

Embargos Infringente 591083357 Relator Juiz Adalberto Librio Barros 01.11.91.

2 Questo

P ROVA PRELIMINAR DO XXXIX CONCURSO PARA INGRESSO NA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Na fase final das tratativas, o proponente desiste de prosseguir nas negociaes. Tem o outro policitante direito indenizao pelas despesas que realizou? Ocorrendo ou no o direito, qual seria a espcie de responsabilidade?

Soluo

Policitante no termo que usa nas tratativas, mas sim nas propostas.

As tratativas, em regra, no criam responsabilidade civil porque representam um estudo para que a proposta seja realizada. Entretanto, se foi embutido no outro a idia premente que o negcio ser realizado as tratativas podem gerar responsabilidade civil. Trata-se de responsabilidade aquiliana vez que o contrato ainda no foi realizado.

J em relao proposta temos a responsabilidade civil contratual.

3 Questo

Jos Antonio Fernandes, proprietrio de um edifcio comercial no Bairro da Penha, foi procurado por um funcionrio da empresa NEXTIL, o qual lhe informou que a empresa estava interessada em locar parte da rea do imvel em questo para instalao de uma antena de recepo de telefonia celular. Aps negociaes, as partes avenaram a locao, com prazo de 10 anos, e aluguel mensal de R$ 2.500,00, alm das demais condies locatcias.A empresa NEXTIL elaborou o contrato em duas vias, sem apor sua assinatura, mas com todos os dados preenchidos. O contrato foi assinado por duas testemunhas, sendo uma delas, o gerente jurdico da empresa, que negociou as condies contratuais com o proprietrio.Aps receber e examinar o documento sem nada alterar, Jos Antonio Fernandes assinou as duas vias contratuais, reconheceu sua firma em cartrio e devolveu uma das vias para a empresa no prazo de trs dias, convencido de que o contrato se aperfeioara.Passados alguns dias sem receber notcias e com sua via assinada, Jose Antonio Fernandes entrou em contato com a NEXTIL, ocasio em que lhe foi comunicado, para sua surpresa, que a empresa desistira do negcio, optando por outra rea, o que, segundo ela, se fazia possvel por no ter assinado o contrato.Diante das circunstncias do caso, decida fundamentadamente:

1) A desistncia da empresa se afiguraria regular?

2) Ter direito o outro solicitante a indenizao?

3) Se afirmativa a resposta, qual o fundamento legal?

4) Ocorrendo ou no o direito, qual seria a espcie de responsabilidade?

Soluo

O contrato se aperfeioa com a assinatura dos dirigentes da sociedade. Entretanto, como no caso em tela foi incutida a realizao do negcio cabe sim responsabilidade civil da sociedade no caso em tela.

1) A empresa pode desistir mais ter que pagar por isso.

2) Ter o solicitante a indenizao.

3) A fundamentao prprio princpio da boa-f.

4) Trata-se de responsabilidade pr-contratual, aquiliana, pela interrupo das tratativas, vez que o contrato inexiste na medida em que no foi assinado pelos dirigentes da sociedade.

Apelao Cvel 2003.001.34607. TJ_RJ. Este acrdo trata da segunda e terceira questo.

TJ_RJ, Apelao Cvel 2003.001.34607. TJ_RJ

Ao indenizatria. Responsabilidade civil pr-contratual. Abandono das tratativas. Abuso de direito. Aplicao dos princpios da boa-f objetiva e da funo social.

A regra geral admite que qualquer das partes pode se retirar das tratativas, independentemente de pagar perdas e danos, e sem precisar declinar as razoes. Se, entretanto, a parte se conduz, durante as negociaes preliminares, de tal maneira convincente, que incute na mente da outra a certeza da realizao do contrato, e depois se arrepende, no o firmando, isto traduz abuso de direito, que se equipara ao ato ilcito, fazendo gerar o dever de indenizar.

No se pode considerar como simples minuta, s para exame, o instrumento entregue por uma parte a outra, em 2 vias, com todos os dados preenchidos, e j ambas as vias assinadas por testemunhas, sendo que uma delas o prprio advogado da parte que encaminhou o documento. Revestida de tais caractersticas, o documento deixa de representar uma minuta, e se converte em policitao, que tem forca obrigatria, e cuja retirada obriga a indenizar.

A boa-f deve ser respeitada em todas as fases do contrato, mesmo durante a preliminar, e tal principio no se aplica apenas apos o advento do Novo Cdigo Civil. (...)

Tema 002Classificao dos contratos: contratos unilaterias, bilaterais e bilaterais imperfeitos. contratos gratuitos e onerosos. contratos comutativos e aleatrios. contratos solenes e no-solenes ou consensuais. contratos reais. contratos principais e acessrios. contratos tpicos e atpicos. contratos paritrios e de adeso. o contrato de adeso no Cdigo Civil (arts.423 e 424) e no Cdigo de Defesa do Consumidor

Classificao dos contratos

Contrato uma relao jurdica obrigacional que tem como objeto a prestao, que um comportamento de dar, fazer e no fazer.

O titular da relao jurdica obrigacional tem o poder de exigir a prestao. Sempre que tivermos diante de uma obrigao jurdica obrigacional sempre teremos algum que tem o interesse de exigir a prestao.

Quem tem o interesse jurdico de exigir o credor. Quem tem o dever de realizar a relao jurdica o devedor.

O principal ato que cria o direito obrigacional o contrato. Se celebrado um contrato, a relao que surge a partir da uma relao obrigacional. No criada uma relao jurdica de direito real com um contrato. Um contrato cria, to-somente, uma relao jurdica de direto obrigacional.

Contrato um ato pelo qual obrigatoriamente duas ou mais vontades so manifestadas. O contrato sempre um negcio jurdico bilateral.

Uma promessa de recompensa um ato unilateral vez que necessita somente de uma vontade para que o ato seja formado.

Uma vez formado o contrato relevante ver as suas classificaes.

Classificaes

No que tange aos seus efeitos, pode ser:

Unilateral: da conjuno de vontades nasce obrigao para apenas uma das partes. No contrato unilateral no se admite interpretao extensiva. Exemplo: doao pura, somente o doador tem a obrigao de entregar a coisa doada.

Unilateral Imperfeito: imperfeito porque no uma liberalidade pura, vez que se estabelece um encargo para a outra parte. Exemplo: doao com encargo.

Bilateral Imperfeito: um contrato cuja essncia unilateral, mas que pode se tornar bilateral. Exemplo: mandato.

Bilateral: da conjuno de vontades nasce obrigao para ambas as partes. Tanto uma parte quanto a outra ter direito subjetivo e dever jurdico. O importante desta espcie de contrato no simplesmente a gerao de obrigao para ambas as partes, mas sim a vinculao, condicionamento, dos direitos e deveres. Esta correspondncia se chama de sinalagma. Por esta razo que o contrato bilateral denominado de sinalagmtico. No contrato bilateral se admite interpretao extensiva exatamente por esta correspondncia entre direitos e deveres. Os institutos do vcio redibitrio, evico, clusula resolutria tcita (nos contratos bilaterais, se uma das partes no cumpre a sua obrigao a outra pode resolver o contrato), exceo do contrato no cumprido (uma parte pode se defender da outra parte alegando o no cumprimento do contrato no prazo estipulado), dentro outros, se aplicam, to-somente, aos contratos bilaterais por causa desta sua caracterstica de sinalagma.

Quanto busca do proveito econmico, podem ser:

Gratuito: somente uma das partes busca o proveito econmico. Exemplo: doao, onde o doador no tem interesse econmico nenhum.

Oneroso: ambas as partes busca o proveito econmico. Exemplo: contrato de compra e venda.

Quanto proporcionalidade das obrigaes assumidas:

Comutativo: um contrato oneroso onde as obrigaes so proporcionais em termo de valor, desde logo, e temos a certeza da contraprestao. Exemplo: compra e venda e locao.

Aleatrio: um contrato oneroso onde as obrigaes no so proporcionais e no temos a certeza da contraprestao. Eles so pautados por um risco, por uma lea. A desproporcionalidade das obrigaes faz parte destes contratos. Algum paga, por exemplo, R$ 1,00 por uma rifa e pode ganhar um carro zero. Algum paga o prmio de seguro de seu carro pode ser indenizado pela perda total do bem. A certeza da contraprestao tambm no est presente no contrato aleatrio. A pessoa celebra esta espcie de contrato querendo exatamente que a contraprestao no ocorra. Ningum faz o seguro de um bem querendo que o sinistro ocorra.

STJ, REsp 803481 / GO

AGRAVO REGIMENTAL. COMPRA E VENDA. SOJA. PREO FIXO. ENTREGA FUTURA. ONEROSIDADE EXCESSIVA. BOA-F OBJETIVA.

- "Nos contratos agrcolas de venda para entrega futura, o risco inerente ao negcio. Nele no se cogita em impreviso" (REsp 783.520/HUMBERTO).

STJ, REsp 803481 / GO

DIREITO CIVIL E AGRRIO. COMPRA E VENDA DE SAFRA FUTURA A PREO CERTO. ALTERAO DO VALOR DO PRODUTO NO MERCADO. CIRCUNSTNCIA PREVISVEL. ONEROSIDADE EXCESSIVA. INEXISTNCIA. VIOLAO AOS PRINCPIOS DA FUNO SOCIAL DO CONTRATO, BOA-F OBJETIVA E PROBIDADE. INEXISTNCIA.

- A compra e venda de safra futura, a preo certo, obriga as partes se o fato que alterou o valor do produto agrcola no era imprevisvel.

- Na hiptese afigura-se impossvel admitir onerosidade excessiva, inclusive porque a alta do dlar em virtude das eleies presidenciais e da iminncia de guerra no Oriente Mdio motivos alegados pelo recorrido para sustentar a ocorrncia de acontecimento extraordinrio porque so circunstncias previsveis, que podem ser levadas em considerao quando se contrata a venda para entrega futura com preo certo.

- O fato do comprador obter maior margem de lucro na revenda, decorrente da majorao do preo do produto no mercado aps a celebrao do negcio, no indica a existncia de m-f, improbidadeou tentativa de desvio da funo social do contrato.

- A funo social infligida ao contrato no pode desconsiderar seu papel primrio e natural, que o econmico. Ao assegurar a venda de sua colheita futura, de se esperar que o produtor inclua nos seus clculos todos os custos em que poder incorrer, tanto os decorrentes dos prprios termos do contrato, como aqueles derivados das condies da lavoura.

- A boa-f objetiva se apresenta como uma exigncia de lealdade, modelo objetivo de conduta, arqutipo social pelo qual impe o poder-dever de que cada pessoa ajuste a prpria conduta a esse modelo, agindo como agiria uma pessoa honesta, escorreita e leal. No tendo o comprador agido de forma contrria a tais princpios, no h como inquinar seu comportamento de violador da boa-fobjetiva.

Recurso especial conhecido e provido.

STJ, REsp 783404 / GO

DIREITO CIVIL E AGRRIO. COMPRA E VENDA DE SAFRA FUTURA A PREO CERTO. ALTERAO DO VALOR DO PRODUTO NO MERCADO. CIRCUNSTNCIA PREVISVEL. ONEROSIDADE EXCESSIVA. INEXISTNCIA. VIOLAO AOSPRINCPIOS DA FUNO SOCIAL DO CONTRATO, BOA-F OBJETIVA E PROBIDADE. INEXISTNCIA. CLUSULAS ACESSRIAS ABUSIVAS. IRRELEVNCIA.

- A compra e venda de safra futura, a preo certo, obriga as partes se o fato que alterou o valor do produto agrcola no era imprevisvel.

- Na hiptese afigura-se impossvel admitir onerosidade excessiva, inclusive porque chuvas e pragas motivos alegados pelo recorrido para sustentar a ocorrncia de acontecimento extraordinrio so circunstncias previsveis na agricultura, que o produtor deve levar em considerao quando contrata a venda para entrega futura com preo certo.

- O fato do comprador obter maior margem de lucro na revenda, decorrente da majorao do preo do produto no mercado aps a celebrao do negcio, no indica a existncia de m-f, improbidade ou tentativa de desvio da funo social do contrato.

- A funo social infligida ao contrato no pode desconsiderar seu papel primrio e natural, que o econmico. Ao assegurar a venda de sua colheita futura, de se esperar que o produtor inclua nos seus clculos todos os custos em que poder incorrer, tanto os decorrentes dos prprios termos do contrato, como aqueles derivados das condies da lavoura.

- A boa-f objetiva se apresenta como uma exigncia de lealdade, modelo objetivo de conduta, arqutipo social pelo qual impe o poder-dever de que cada pessoa ajuste a prpria conduta a esse modelo, agindo como agiria uma pessoa honesta, escorreita e leal. No tendo o comprador agido de forma contrria a tais princpios, no h como inquinar seu comportamento de violador da boa-f objetiva.

- Nos termos do art. 184, segunda parte, do CC/02, a invalidade da obrigao principal implica a das obrigaes acessrias, mas a destas no induz a da obrigao principal. Portanto, eventual abusividade de determinadas clusulas acessrias do contrato no tem relevncia para o deslinde desta ao. Ainda que, em tese, transgridam os princpios da boa-f objetiva, da probidade e da funo social do contrato ou imponham nus excessivo ao recorrido, tais abusos no teriam o condo de contaminar de maneirairremedivel o contrato, de sorte a resolv-lo.

Recurso especial conhecido e provido.

Quanto execuo, podem ser:

Instantneos: A relao jurdica obrigacional, ao contrrio da relao real, ela nasce para morrer. A maneira salutar da extino da obrigao o seu cumprimento, pagamento. Os contratos instantneos so queles que nascem e extinguem no mesmo momento porque a natureza da obrigao contratual comporta esta execuo imediata. Inobstante a obrigao comportar a execuo imediata, pode ser que, por interesse das partes, se estipule que o cumprimento se de ao longo do tempo. Nem por isso ele deixa de ser instantneo.

De execuo imediata: queles que nascem e extinguem no mesmo momento.

De execuo diferida: por interesse das partes se estipule que o cumprimento se de ao longo do tempo de uma obrigao que comporte execuo imediata.

De Durao: so os contratos que a natureza de sua obrigao no comporta a execuo imediata. Exemplo: locao, no pode se exaurido de forma imediata porque a posse duradoura. Contrato de manuteno. Este contrato no se confunde com o de execuo diferida.

Quanto solenidade, podem ser:

Formais: quando a lei assim o exige. Exemplo: contrato de fiana onde a lei exige a forma escrita.

Informais: em regra os contratos so informais, bastando o consenso das partes. Exemplo: contrato de compra e venda.

Quanto vontade, podem ser:

Consensuais: normalmente os contratos so consensuais, vez que, em regra, basta conjuno das vontades para o contrato nascer. Exemplo: contrato de compra e venda.

Reais: so os contratos que exigem mais que a conjuno das vontades para que o contrato ocorra, que a entrega da coisa. Exemplo: contrato de comodato. O contrato de comodato unilateral vez que s gera obrigao para o comodatrio de restituir a coisa, pois se o comodante no entregar a coisa no h descumprimento do contrato, pois, o mesmo, no chegou nem mesmo a se formar. Outros exemplos seriam o contrato de depsito e o contrato estimatrio (venda em consignao).

Quanto ao objeto, podem ser:

Principais

Acessrios: s sobrevivem se o principal no for nulo. Exemplo: fiana.

Adeso (CC 423/424)

So muitos freqentes no dia de hoje. Os contratos de massa s podem ser de adeso vez que impossvel o fornecedor negociar com cada um dos consumidores.

O contrato de adeso quele em que todas as clusulas so previamente e unilateralmente estabelecidas por uma das partes. O CC/16 no falava do contrato de adeso, sendo este regulado exclusivamente pelo CDC. O CC/02 j trouxe alguns dispositivos que se aplicam a esta espcie de contrato.

Caractersticas:

Imutabilidade da proposta: as clusulas so previamente estipuladas.

Igualdade da proposta para todos os aderentes: a proposta igual para todos os contratantes. Exatamente porque as clusulas so pr-estabelecidas a proposta precisa ser igual para todos os contratantes.

Obrigao de contratar: se a pessoa rene os requisitos para aderir s clusulas pr-estipuladas obrigado o fornecedor a contratar com ela. Tratando-se de contrato de adeso no se aplica a mxima de que ningum obrigado a contratar. No contrato de adeso temos sim a obrigatoriedade de contratar, exatamente para contrabalanar a desproporcionalidade contratante contratado. Se fornecedor se negar em contratar estamos diante de um exemplo de abuso de direito.

Regras do CDC para mitigar o desequilbrio

Redao: a redao de um contrato de adeso precisa ser clara, de fcil entendimento. As clusulas restritivas de direito precisam estar destacadas.

Clusulas Especiais

J os contratos paritrios so os demais contratos que no os adesivos.

Clusula Restritiva x Clusula Abusiva

Clusulas restritivas so lcitas. O que no permitido so as clusulas abusivas. Nada impede que determinado risco seja excludo de uma aplice de seguro. Contudo, no momento que se assumiu o risco no se pode excluir a responsabilidade. Nesta linha de raciocnio poderia se contratar um seguro que no cobre a cirurgia cardaca. Se que se assumiu o risco desta espcie de cirurgia no se poderia exonerar da responsabilidade de se colocar, por exemplo, uma prtese em uma cirurgia cardaca, vez que esta utilizada como meio de eficincia da cirurgia cardaca.

STJ, REsp 735168 / RJ

DIREITO CIVIL E CONSUMIDOR. SEGURO SADE. CONTRATAO ANTERIOR VIGNCIA DO CDC E LEI 9.656/98. EXISTNCIA DE TRATO SUCESSIVO.INCIDNCIA DO CDC, MAS NO DA LEI 9.656/98. BOA-F OBJETIVA. PRTESE NECESSRIA CIRURGIA DE ANGIOPLASTIA. ILEGALIDADE DA EXCLUSO DE STENTS DA COBERTURA SECURITRIA. DANO MORAL CONFIGURADO. DEVER DE REPARAR OS DANOS MATERIAIS.

- As disposies da Lei 9.656/98 s se aplicam aos contratos celebrados a partir de sua vigncia, bem como para os contratos que, celebrados anteriormente, foram adaptados para seu regime. A Lei 9.656/98 no retroage, entretanto, para atingir o contrato celebrado por segurados que, no exerccio de sua liberdade de escolha, mantiveram seus planos antigos sem qualquer adaptao.

- Embora o CDC no retroaja para alcanar efeitos presentes e futuros de contratos celebrados anteriormente a sua vigncia, a legislao consumerista regula os efeitos presentes de contratos de trato sucessivo e que, por isso, foram renovados j no perodo de sua vigncia.

- Dada a natureza de trato sucessivo do contrato de seguro sade, o CDC rege as renovaes que se deram sob sua vigncia, no havendo que se falar a em retroao da lei nova.

- A clusula geral de boa-f objetiva, implcita em nosso ordenamento antes da vigncia do CDC e do CC/2002, mas explicitada a partir desses marcos legislativos, impe deveres de conduta leal aos contratantes e funciona como um limite ao exerccio abusivo de direitos.

- O direito subjetivo assegurado em contrato no pode ser exercido de forma a subtrair do negcio sua finalidade precpua. Assim, se determinado procedimento cirrgico est includo na cobertura securitria, no legtimo exigir que o segurado se submeta a ele, mas no instale as prteses necessrias para a plena recuperao desua sade.

- abusiva a clusula contratual que exclui de cobertura a colocao de stent, quando este necessrio ao bom xito do procedimento cirrgico coberto pelo plano de sade. Precedentes.

- Conquanto geralmente nos contratos o mero inadimplemento no seja causa para ocorrncia de danos morais, a jurisprudncia desta Corte vem reconhecendo o direito ao ressarcimento dos danos morais advindos da injusta recusa de cobertura de seguro sade, pois tal fato agrava a situao de aflio psicolgica e de angstia no esprito do segurado, uma vez que, ao pedir a autorizao da seguradora, j se encontra em condio de dor, de abalo psicolgico e com a sade debilitada.

Recurso especial a que se d parcial provimento.

STJ, RESP REsp 1080973 / SP

DIREITO CIVIL E CONSUMIDOR. SEGURO SADE. CONTRATAO ANTERIOR VIGNCIA DA LEI 9.656/98. DOENA PR-EXISTENTE. OMISSO IRRELEVANTE. LONGO PERODO DE SADE E ADIMPLEMENTO CONTRATUAL ANTES DA MANIFESTAO DA DOENA.

- As disposies da Lei 9.656/98 s se aplicam aos contratos celebrados a partir de sua vigncia, bem como para os contratos que, celebrados anteriormente, foram adaptados para seu regime. A Lei 9.656/98 no retroage para atingir o contrato celebrado por segurados que, no exerccio de sua liberdade de escolha, mantiveram seus planos antigos sem qualquer adaptao.

- O segurado perde direito indenizao, nos termos do art. 766, CC/2002, (art. 1.444/CC1916) se tiver feito declaraes inverdicas quando poderia faz-las verdadeiras e completas. E isso no se verifica se no tiver cincia de seu real estado de sade. Precedentes.- Excepcionalmente, a omisso do segurado no relevante quando contrata seguro e mantm vida regular por vrios anos, demonstrando que possua, ainda, razovel estado de sade quando da contratao da aplice.

- Aufere vantagem manifestamente exagerada, de forma abusiva e em contrariedade boa-f objetiva, o segurador que, aps longo perodo recebendo os prmios devidos pelo segurado, nega cobertura, sob a alegao de que se trata de doena pr-existente. Recurso Especial provido.

Outro exemplo de clusula abusiva est disposto no Art. 424 do CC.

CC, Art. 424. Nos contratos de adeso, so nulas as clusulas que estipulem a renncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negcio.

Ressalta-se que o CC/02 no traz o tratamento completo sobre este tema, assim se aplica de forma subsidiria o CDC nas relaes cveis.

Caderno de Exerccios

1 Questo

Adelaide ofereceu, no seu edifcio, para empregados e vizinhos bilhetes de rifa. O prmio era uma viagem para a cidade de Fortaleza com direito a dois acompanhantes. Laudelino adquiriu vinte e nove dos trinta bilhetes de rifa. O faxineiro Enas adquiriu o 30 bilhete. No dia do sorteio, foi contemplado o bilhete adquirido por Enas. Furioso, Laudelino alegou que Adelaide deveria reparar seu dano, pois, tratando-se de contrato oneroso, ele no poderia ficar sem auferir vantagem. Correta a pretenso de Laudelino?

Soluo

No est correta a pretenso, pois o contrato de rifa um contrato de jogo, aleatrio, que tem como caractersticas a desproporcionalidade das prestaes a incerteza do seu cumprimento.

2 Questo

JOS promitente comprador de um apartamento junto incorporadora e construtora SENSAN. Aps haver sido constatado, por laudo tcnico do rgo municipal competente um abalo na estrutura do edifcio, que sequer teve o "habite-se" concedido, Jos resolve sustar o pagamento das prestaes mensais at que o problema seja resolvido, tendo inclusive, notificado extrajudicialmente a incorporadora.Diante disso, a empresa SENSAN ingressa com ao de resoluo de compra e venda, cumulada com cobrana de multa contratual em face de Jos.Resolva a questo acima, apontando os dispositivos legais pertinentes.

Soluo

Por se tratar de contrato bilateral onde um dos obrigados no cumpriu a prestao temos o rompimento do sinalagma. Nesta hiptese, a Jos, antes de ser acionado, poderia ter entrado com uma ao de resciso alegado a clusula rescisria tcita. Como Jos no entrou com esta ao cabe a ele alegar, em sede de contestao, a exceo do contrato no cumprido.

3 Questo

No retorno do trabalho para sua residncia Carla, que normalmente utilizava transporte ferrovirio, decidiu em virtude da hora avanada, fazer uso de transporte coletivo rodovirio. Ingressou no nibus e pagou a passagem normalmente. Prximo sua residncia, em lugar ermo, Carla solicitou ao motorista que alterasse, em um pequena parte do percurso, o itinerrio, para deix-la mais perto de sua residncia, pois o local onde desceria do nibus era perigoso, havendo grande risco de assalto. Em decorrncia da recusa do motorista, Carla no teve outra alternativa seno utilizar a parada normal do veculo de transporte. Ocorre, contudo, que no caminho de casa Carla, assaltada e lhe subtrado o valor de R$ 1.200,00 (hum mil e duzentos reais) recebido por ela a ttulo de salrio. Em razo deste fato, ajuza ao perante a empresa de nibus pretendendo responsabiliz-la civilmente pelo dano sofrido. Deve prosperar a pretenso de Carla? Explique.

Soluo

No deve prosperar a legao de Carla considerando que o contrato de transporte um contrato de adeso que, por sua vez, no se sujeita a mudana da proposta.

Tema 003Interpretao dos contratos. o contrato e a norma jurdica. mtodos e normas de interpretao dos contratos. a interpretao dos contratos no cdigo civil e no cdigo de defesa do consumidor.

Tomei por base livro do Caio Mrio.

Interpretao dos contratos

Teorias que presidem hermenutica contratual so duas:

a ) Teoria da Vontade (Willenstheorie): que procura investigar a vontade real das partes uma vez que foi ela que criou o contrato, e s ela, para os seguidores, tem importncia, independentemente da declarao.

b ) Teoria da Declarao (Erklrungstheorie): segundo a qual o que predomina a exteriorizao da vontade, que h de prevalecer, no como se constituiu no mundo psicofsico do agente, mas como conhecida no mundo psicossocial em que se manifestou. E, como o processo de exteriorizar-se a declarao, esta que tem a preeminncia sobre a vontade em si.

O nosso entendimento que o hermeneuta que tem de procurar a vontade das partes, mas, como se exprime ela pela declarao, viajar atravs desta, at atingir aquela, sem deixar de ponderar nos elementos exteriores, que envolveram a formao do contrato, elementos sociais e econmicos, bem como negociaes preliminares, minuta elaborada, troca de correspondncia - fatores todos, em suma, que permitam fixar a vontade contratual.

CC, Art. 112. Nas declaraes de vontade se atender mais inteno nelas consubstanciada (Teoria da Vontade) do que ao sentido literal da linguagem (Teoria da Declarao). (privilegia os elementos internos)

CC, Art. 113. Os negcios jurdicos devem ser interpretados conforme a boa-f (objetiva) E os usos do lugar de sua celebrao. (privilegia os elementos externos)

CJF, 27 - Art. 422: na interpretao da clusula geral da boa-f, deve-se levar em conta o sistema do Cdigo Civil e as conexes sistemticas com outros estatutos normativos e fatores metajurdicos.

Ateno: Todo o dispositivo do CC que citar boa-f e lig-la a vcio de vontade, formao, estamos falando de boa-f subjetiva. Caso contrrio estamos falando em boa-f objetiva.

Ateno: As clusulas gerais devem ser sempre levadas em considerao quando da interpretao contratual, mesmo que no estejam escritas.

O conceito de boa-f, embora flexvel, pode ser dominado por uma regulamentao pragmtica, a dizer que o esprito da declarao deve preponderar sobre a letra da clusula; a vontade efetiva predominar sobre o formalismo; o direito repousar antes na realidade do que nas palavras.

Alguns Cdigos criaram extensas regras positivadas para esta interpretao (francs, italiano, ...). Outros traaram apenas regras gerais (brasileiro). O Cdigo Francs consolidou em seus artigos as famosas 14 regras interpretativas consolidadas por Pothier, na forma abaixo disposta:

1 ) O intrprete deve indagar a inteno comum das partes, de preferncia ao sentido gramatical das palavras;

2 ) Quando uma clusula for suscetvel de dois entendimentos, deve ter aquele em que possa produzir algum efeito, e no no em que nenhum possa gerar;

3 ) Quando um contrato encerrar expresses de duplo sentido, deve entender-se no sentido condizente com a natureza do negcio mesmo;

4 ) A expresso ambgua interpreta-se segundo o que de uso no pas;

5 ) Devem-se considerar implcitas em todo contrato as clusulas de uso;

6 ) As clusulas contratuais interpretam-se uma em relao s outras, sejam antecedentes, sejam uconseqentes;

7 ) Em caso de dvida, a clusula interpreta-se contra o estipulante e em favor do promitente;

8 ) As clusulas contratuais, ainda quando genricas, compreendem apenas aquilo que foi objeto do contrato, e no as coisas de que os contratantes no cogitam;

9 ) Compreendem-se na universidade todas as coisas particulares que a compem, mesmo quando as partes ao contratar no tenham tido conhecimento destas;

10 ) O caso expresso para explicao da obrigao no deve considerar-se com o efeito de restringir o vnculo, e sim que este abrange os casos no expressos;

11 ) Uma clusula expressa no plural decompe-se muitas vezes em clusulas singulares;

12 ) O que est no fim da frase se relaciona com toda ela e no apenas com o que imediatamente a precede, uma vez que guarde concordncia em gnero e nmero com a frase inteira;

13 ) Interpreta-se a clusula contra aquele contratante, em razo de cuja m-f, ou culpa, a obscuridade, ambigidade ou outro vcio se origina;

14 ) As expresses que se apresentam sem sentido nenhum devem ser rejeitadas como se no constassem do texto do contrato.

Alm destas 14 regras de Pothier, a doutrina acrescenta que o intrprete deve cogitar de como o contrato tem sido anteriormente cumprido pelas partes, pois que so elas o melhor juiz de sua hermenutica, devendo considerar-se que se se executou num dado sentido, porque entenderam os contratantes que esta era a sua verdadeira inteno. Mas o princpio no pode ser tido como absoluto, pois que lcito ao interessado impugnar a declarao por erro.

Acrescente-se ainda que na ocorrncia de clusula ambgua, ou obscura, os contratos a ttulo gratuito devem interpretar-se da maneira menos gravosa ao obrigado (favor debitoris), enquanto que os onerosos se entendero em termos que realizem equnime temperamento dos interesses em jogo (art. 114 do Cdigo).

CC, Art. 114. Os negcios jurdicos benficos e a renncia interpretam-se estritamente.

Por fim, o Cdigo contm ainda uma regra de hermenutica especfica para os contratos de adeso, que se caracterizam pelo fato de o seu contedo ser determinado unilateralmente por um dos contratantes, cabendo ao outro contratante apenas aderir ou no aos seus termos. Exatamente em razo de nesses tipos de contrato no se dar ao aderente qualquer possibilidade de influir no contedo do contrato, o Cdigo determinou no seu art. 423 que eventuais clusulas ambguas ou contraditrias sejam interpretadas de maneira mais favorvel a ele.

CC, Art. 423. Quando houver no contrato de adeso clusulas ambguas ou contraditrias, dever-se- adotar a interpretao mais favorvel ao aderente.

Segue, abaixo, alguns artigos do CC que tambm dispem sobre critrios contratuais interpretativos.

CC, Art. 299. facultado a terceiro assumir a obrigao do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assuno, era insolvente e o credor o ignorava.Pargrafo nico. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assuno da dvida, interpretando-se o seu silncio como recusa.

CC, Art. 423. Quando houver no contrato de adeso clusulas ambguas ou contraditrias, dever-se- adotar a interpretao mais favorvel ao aderente.

CC, Art. 819. A fiana dar-se- por escrito, e no admite interpretao extensiva.

CC, Art. 843. A transao interpreta-se restritivamente, e por ela no se transmitem, apenas se declaram ou reconhecem direitos.

Ateno: Os contratos que regulam as relaes de consumo recebem interpretao de maneira mais favorvel ao consumidor.

CDC, Art. 46. Os contratos que regulam as relaes de consumo no obrigaro os consumidores, se no lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prvio de seu contedo, OU se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreenso de seu sentido e alcance.

CDC, Art. 47. As clusulas contratuais sero interpretadas de maneira mais favorvel ao consumidor.

CDC, Art. 48. As declaraes de vontade constantes de escritos particulares, recibos e pr-contratos relativos s relaes de consumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execuo especfica, nos termos do art. 84 e pargrafos.

CDC, Art. 51. So nulas de pleno direito, entre outras, as clusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e servios que: (...) IV - estabeleam obrigaes consideradas inquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatveis com a boa-f ou a eqidade; (...)"

Caderno de Exerccios

1 Questo

Antonio (promitente vendedor) e Jos (promitente comprador), firmaram promessa de compra e venda de imvel, cuja stima clusula dispunha: "As despesas relativas ao SPU, superiores a seis mil reais, sero da responsabilidade do promitente vendedor, bem como todos os tributos em atraso junto municipalidade (IPTU). Essas despesas devero ser pagas pelo promitente vendedor por ocasio da quitao da ltima parcela do preo do imvel".Jos (promitente comprador) quitou com o FISCO os impostos devidos; R$ 2.000,00 de IPTU e R$ 8.000,00 de SPU. Pretende, agora, compensar a quantia de R$ 4.000,00 no valor de sua ltima prestao, ao que resiste Antonio, ao argumento de que a clusula contratual no previa essa compensao. Sustenta que a ele caberia pagar os impostos devidos e no a Jos, e que, tendo este efetuado o pagamento, nada pode reclamar. Jos ajuizou ao consignatria em face de Antonio e pleiteia o depsito do valor da ltima prestao, e que dele deve ser abatido o que pagou de impostos.Pergunta-se: Dever ser acolhida a pretenso de Jos? Justifique.

Soluo

Jos tem razo. No caso em tela dever ser realizada uma interpretao da clausula contratual. Devendo segundo o STJ a melhor interpretao com base na boa-f contratual e a funo social do contrato, para entender a clausula do caso em tela, como que caberia a compensao. Pois se extrai da analise do contrato a real inteno do promitente vendedor era que os dbitos fossem quitados, o que de fato foi atingido. Desta forma seria possvel a compensao dos valores pagos, pela ultima prestao, do valor acordado, com base na interpretao da clausula visando o fim imediato do contrato.

2 Questo

Antonio (promitente vendedor) e Jos (promitente comprador), firmaram promessa de compra e venda de imvel, cuja stima clusula dispunha: "As despesas relativas ao SPU, superiores a seis mil reais, sero da responsabilidade do promitente vendedor, bem como todos os tributos em atraso junto municipalidade (IPTU). Essas despesas devero ser pagas pelo promitente vendedor por ocasio da quitao da ltima parcela do preo do imvel".Jos (promitente comprador) quitou com o FISCO os impostos devidos; R$ 2.000,00 de IPTU e R$ 8.000,00 de SPU. Pretende, agora, compensar a quantia de R$ 4.000,00 no valor de sua ltima prestao, ao que resiste Antonio, ao argumento de que a clusula contratual no previa essa compensao. Sustenta que a ele caberia pagar os impostos devidos e no a Jos, e que, tendo este efetuado o pagamento, nada pode reclamar. Jos ajuizou ao consignatria em face de Antonio e pleiteia o depsito do valor da ltima prestao, e que dele deve ser abatido o que pagou de impostos.Pergunta-se: Dever ser acolhida a pretenso de Jos? Justifique.

Soluo

No assiste razo ao gerente da loja, vez que se trata de contrato tcito realizado atravs das condutas reiteradas. Para evitar a indenizao mesmo em um contrato tcito deveria ter um aviso prvio.

Tema 004A estrutura interna e a formao dos contratos. os elementos subjetivos do contrato. a parte contratante. capacidade e legitimao. o contrato celebrado pelo incapaz. o consentimento. as formas de manifestao da vontade. o silncio vinculativo. o objeto do contato. causa e motivo. fases da formao dos contratos. tratativas ou negociaes preliminares. proposta ou policitao. a oferta ao pblico (art.429). aceitao. celebrao dos contratos entre ausentes. teorias aplicveis. o lugar da celebrao do contrato.

1. Manifestao de vontade

Ela pode ser:

Expressa: aquela que no da margem a dvidas com relao ao querer do agente. No deve ser confundida com a manifestao de vontade escrita vez que ela pode se manifestar, por exemplo, por simples manifestao gestual. Exemplo: fazer sinal para um taxi.

Tcita (partes): ocorre quando as partes, bilateralmente, deliberam que na omisso das partes o contrato est formado. No se confunde com o silencia vez que ocorre a manifestao de vontade, s que tcita. A manifestao tcita precisa ser obrigatoriamente bilateral. Ver a 3 questo que ilustra esta espcie de manifestao.

Presumida (lei): neste caso a lei estabelece que na omisso das partes o contrato est formado. Ressalta-se que as partes no podem presumir. Quem presume , somente, a lei. Exemplo: Art. 539 do CC.

CC, Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatrio, para declarar se aceita ou no a liberalidade. Desde que o donatrio, ciente do prazo, no faa, dentro dele, a declarao, entender-se- que aceitou, se a doao no for sujeita a encargo.

2. Silncio

No caso do CDC o silncio tambm reputado como prtica abusiva na forma do Art. 39, III e pargrafo nico do CDC.

CDC, Art. 39. vedado ao fornecedor de produtos ou servios, dentre outras prticas abusivas: (Redao dada pela Lei n 8.884, de 11.6.1994) III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitao prvia, qualquer produto, ou fornecer qualquer servio; Pargrafo nico. Os servios prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na hiptese prevista no inciso III, equiparam-se s amostras grtis, inexistindo obrigao de pagamento.

Assim, consumidor que cala no consente.

Contudo, se o fornecer com o seu comportamento criar para o consumidor a legtima expectativa da contratao, mesmo se calando ele pode ser obrigado a se contratar. A regra do contrato de hospedagem que o hospedeiro tem a obrigao de informar que no tem vagas, sob a pena de responder por perdas e danos.

Nas relaes cveis o silncio a falta de manifestao de vontade. Est a regra que comporta a exceo disposta no Art. 111 do CC.

CC, Art. 111. O silncio importa anuncia, quando as circunstncias ou os usos o autorizarem, e no for necessria a declarao de vontade expressa.

No caso da assuno de dvida, salvo a hipotecria, credor que cala no consente na cesso do dbito.

CC, Art. 299. facultado a terceiro assumir a obrigao do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assuno, era insolvente e o credor o ignorava.Pargrafo nico. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assuno da dvida, interpretando-se o seu silncio como recusa.Outra exceo est disposta no Art. 13 da lei que inquilinato.

L8245, Art. 13. A cesso da locao, a sublocao e o emprstimo do imvel, total ou parcialmente, dependem do consentimento prvio e escrito do locador. 1 No se presume o consentimento pela simples demora do locador em manifestar formalmente a sua oposio. 2 Desde que notificado por escrito pelo locatrio, de ocorrncia de uma das hipteses deste artigo, o locador ter o prazo de trinta dias para manifestar formalmente a sua oposio.

No trabalho da Judith Martins e da Cludia Lima Marques o caso dos tomates dado como exemplo da aplicao da boa-f objetiva no sentido de que no silncio da fornecedora temos a formao do contrato. Trata-se de silncio eloqente do fornecedor.

3. Causa e Motivo

Causa: um propsito, objetivamente considerado, que leva a pessoa a contratar. Todo contrato tem um causa e esta obtida se analisando o tipo negocial. Exemplo: recebimento do aluguis pelo locador.

Ateno: Quando falamos em enriquecimento sem causa estamos exatamente fazendo uma anlise da existncia ou no de causa da celebrao do contrato. Para tal fundamental sabermos qual foi efetivamente o contrato analisado (vez que o nome dado ao contrato pelas partes no vincula o julgador). Exemplo: um contrato denominado de leasing que no tem a opo de compra ao final , em realidade, contrato de locao. Um contrato denominado de locao com a opo de compra ao final , em realidade, um leasing. No leasing se passa aluguel, assim, no h como se discutir repetio de indbito em contrato de leasing (no passado como STJ entendia que o contrato de leasing, onde o valor residual era antecipado, era contrato de compra e venda a prazo era cabvel a incidncia do instituto da repetio do indbito).

Motivo: o elemento anmico, subjetivamente considerado, que conduz celebrao do contrato. O motivo, em regra, no vincula. Esta disposio a anloga a Teoria dos Motivos Determinantes do Direito Administrativo, no sentido de que se o ato (contrato) for motivado, estes o vinculam.

CC, Art. 140. O falso motivo s vicia a declarao de vontade quando expresso como razo determinante.

Assim sendo, se em determinado contrato criamos clusula expressa para o motivo, temos que este vincula.

4. Formao dos Contratos

Seo IIDa Formao dos Contratos

Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente (ou policitante), se o contrrio no resultar dos termos dela, da natureza do negcio, OU das circunstncias do caso.

O Professor Caio Mrio entende que esta obrigatoriedade mitigada pelo princpio da autonomia da vontade, na forma disposta no Art. 428 do CC.

Art. 428. Deixa de ser obrigatria a proposta:

4.1 Contrato entre presentes

I - se, feita SEM PRAZO a PESSOA PRESENTE, no foi imediatamente aceita. Considera-se tambm presente a pessoa que contrata por telefone OU por meio de comunicao semelhante (aqui o legislador est certamente se referindo, v.g., comunicao por via da Internet, quando ambos os usurios esto em contacto simultneo. Nesta hiptese, a proposta formulada por um deles deve imediatamente ser aceita, sob pena de deixar de ser obrigatria, diferentemente do que ocorre com a proposta feita por via de e-mail, na qual ambos os usurios da rede no esto ao mesmo tempo conectados);

Assim, a compra por telefone, pela internet, quando ambos os contratantes esto presentes, contrato entre presentes. J a contratao por email considerada proposta entre ausentes.

II - se, feita SEM PRAZO a PESSOA AUSENTE, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente (prazo moral);

Chama-se a este tempo prazo moral, que h de ser razovel, nem longo demais que mantenha o proponente em suspenso por um lapso exagerado, nem to estreito que ao oblato impea resposta cuidadosa.

O melhor era que esta previso no existisse, pois ela traz muita insegurana jurdica a contratao.

III - se, feita a PESSOA AUSENTE, no tiver sido expedida a resposta dentro do PRAZO DADO (o mesmo se aplica ao caso de PESSOA PRESENTE);

IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratao do proponente.

CC, Art. 433. Considera-se inexistente a aceitao, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratao do aceitante.

A proposta ao pblico, em princpio igual a quaisquer outras, delas distinguindo-se em que comumente comporta reservas, bem como no tocante ao prazo moral da aceitao, em razo da indeterminao mesma do oblato (a quem a proposta dirigida).

CC, Art. 429. A oferta ao pblico equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrrio resultar das circunstncias ou dos usos. Pargrafo nico. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgao, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada.

CDC, Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou servios recusar cumprimento oferta, apresentao ou publicidade, o consumidor poder, alternativamente e sua livre escolha: I - exigir o cumprimento forado da obrigao, nos termos da oferta, apresentao ou publicidade; II - aceitar outro produto ou prestao de servio equivalente; III - rescindir o contrato, com direito restituio de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.

V-se que o Cdigo do Consumidor foi alm do Cdigo Civil ao disciplinar a oferta ao pblico, tendo em vista que concedeu expressamente ao oblato a possibilidade de exigir o cumprimento especfico da obrigao, se assim o desejar.

Logo a relao disposta neste pargrafo no aplicvel s relaes de consumo, vez que a lei geral no revogou a lei especial que o Cdigo do Consumidor.

H enorme variedade de contratos que se formam mediante ofertas ao pblico. Podemos mencionar o que se realiza por licitao ou por concurso.

4.2. Contrato entre ausentes

Ponto relevante na doutrina da formao das avenas o que se refere a precisar em que momento se deve considerar formado o contrato entre ausentes, dos quais so exemplo os por correspondncia epistolar ou telegrfica e os celebrados via e-mail, quando o oblato no manifesta incontinenti a sua aceitao. Observao: O contrato por telefone equiparado a contrato entre presentes.

Neste caso, para que o contrato tenha efeitos para ambas as partes, existe a necessidade da exteriorizao daquela vontade do Oblato. Da o surgimento de vrias teorias, que indicamos em resumo: (C(S)ER)

A ) Teoria da informao ou cognio: considera perfeito o contrato quando o proponente toma conhecimento da aceitao do oblato. Tem o inconveniente de deixar ao arbtrio do proponente abrir a correspondncia e tomar conhecimento da resposta positiva e geradora do ajuste.

B ) Teoria de recepo: entende celebrado quando o proponente recebe a resposta, mesmo que no a leia, ou seja, quando o aceitante depositasse em algum lugar acessvel a sua aceitao.

C ) Teoria da declarao ou da agnio ou da simples aceitao: d-o como concludo no momento em que o oblato escreve a resposta positiva. Peca do defeito de impreciso, por no haver um meio certo de determinar o policitante quando o fato ocorra.

D ) Teoria da expedio: afirma a sua realizao no instante em que a aceitao expedida. De todas, a melhor esta porque evita o arbtrio dos contratantes e reduz ao mnimo a lea de ficar uma declarao de vontade, prenhe de efeitos, na incerteza de quando se produziu, bem como afasta dvidas de natureza probatria, pois que a expedio da resposta se reveste de ato material que a desprende do agente. O Cdigo Civil aceitou-a, mas de forma mitigada admitindo um pouco a da recepo e um pouco a da informao, o que um mal, j que a impreciso doutrinria na fixao do conceito perturba a boa aplicao dos princpios.

CC, Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitao expedida (Teoria da Expedio mitigada pelos disposies dos incisos), exceto:

I - no caso do artigo antecedente;

CC, Art. 433. Considera-se inexistente a aceitao, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratao do aceitante.

II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta (pode ser tanto a Teoria da Informao como Teoria da Recepo visto a impreciso na redao deste inciso);

III - se ela no chegar no prazo convencionado.

Art. 430. Se a aceitao, por circunstncia imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este comunic-lo- imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos.

Observao: A utilizao do disposto neste artigo muito aplicada aos contratos por correspondncia (hoje ditos entre ausentes), onde h intervalo entre aceitao e proposta.

Caderno de Exerccios

1 Questo

Determinada empresa responsvel pela manuteno de filtros de purificao de gua envia carta registrada para a sede de empresa de transporte e oferece seus servios. Aps quinze dias da expedio da oferta, dois empregados da empresa de manuteno comparecem sede da empresa de transporte. O representante legal da empresa de transporte no permite o ingresso dos empregados, afirmando que no havia nenhum contrato celebrado. Consultado o representante legal da empresa de manuteno, dito que o contrato estava celebrado, pois no houve negativa expressa. A quem assiste razo?

Soluo

A contratao neste caso entre ausentes, vez que o contrato foi encaminhado por carta. Neste caso assiste razo ao representante legal da empresa de transporte na forma do Art. 434 do CC, vez que no h nada na questo que indique silencio eloqente. Assim, deve-se adotar a teoria da expedio.

2 Questo

Joaquim encaminhou proposta para Jos cujo objeto era a alienao de 200 cabeas de gado pelo preo de R$ 50.000,00. Na referida proposta, o policitante se obrigou a aguardar resposta no prazo de 30 dias. Ocorre que o proponente faleceu no 10 dia do encaminhamento da proposta. Comprovado que houve a aceitao no prazo veiculado na proposta, responda se os herdeiros do falecido esto obrigados a cumpr-la.

Soluo

No caso do falecimento do proponente os herdeiros s no estaro obrigados a honr-lo se se tratar de contrato personalssimo.

3 QuestoAndr remete proposta de contrato para Caio estabelecendo o prazo de cinco dias para a resposta e fazendo constar uma clusula segundo a qual o silncio implicar celebrao do negcio na forma do que dispe o art.432 do Cdigo Civil.

Decorrido o prazo, Caio no remete a resposta e Andr cobra-lhe judicialmente o cumprimento das obrigaes contratuais pactuadas.

Deve prosperar a pretenso de Andr? Explique.

Soluo

Se trata de manifestao unilateral. Assim, no se pode dizer que o contrato est formado por manifestao tcita vez que nem todos os contratantes deliberam neste sentido. Assim, a pretenso de Andr dever ser julgada improcedente porque a manifestao tcita precisa ser obrigatoriamente bilateral.

4 Questo

Caio enviou a Mvio, atravs de correspondncia epistolar, proposta de contrato estipulando o prazo de cinco dias para a resposta. No terceiro dia Mvio expediu a aceitao . Acontece, entretanto, que em virtude da queda de uma ponte, Caio recebeu a correspondncia somente uma semana depois.Considerando que a teoria a princpio adotada no Direito Brasileiro para formao dos contratos epistolares o da expedio, houve a celebrao do contrato? Explique.

Soluo

Neste caso no houve a celebrao do contrato vez que ela, neste caso, foi afastada pela vontade das partes.

Tema 005Contrato preliminar. noes gerais. evoluo do contrato preliminar. aplicabilidade. o contrato preliminar no Cdigo Civil de 2002. classificao, requisitos e efeitos do contratos preliminar. registro do contrato preliminar. contrato com pessoa a declarar. conceito. aplicabilidade. regulamentao no Ccigo Civil de 2002. estipulao em favor de terceiro. promessa de fato de terceiro.

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1 Questo

Jos, promitente vendedor, celebrou com Marcos, promitente comprador, contrato preliminar de compra e venda de imvel situado em Niteri, por instrumento particular no averbado no registro imobilirio, sem qualquer clusula de arrependimento. Pergunta-se:a) Cumpridas todas as prestaes por parte de Marcos, esclarea se cabvel, no caso em tela, pedido de adjudicao compulsria do imvel em face de Jos, considerando o que estabelecem os artigos 1417 e 1418 do Cdigo Civil. b) Supondo que na hiptese acima Jos, na pendncia do contrato preliminar, alienou o referido imvel para Caio, esclarea se Marcos, cumprindo todas as prestaes decorrentes do pr-contrato, poder legitimamente requerer a adjudicao compulsria do imvel em face do adquirente do aludido bem (Caio)..

Soluo

Tema 006Elementos naturais do contrato. vcios redibitrios. conceito. requisitos. efeitos. aes edilcias. prazos. evico. conceito. requisitos. clusula de reforo, diminuio e excluso da garantia. efeitos da evico. evico PARCIAL.

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1 Questo

Indstria de tintas adquire matria prima de fbrica para a elaborao de seus produtos. Dois anos depois do recebimento da mercadoria, prope ao estimatria, com base na alegao de que a tinta imprestvel para dar colorao a seus produtos. Merece ser reconhecido o direito da Indstria?

Soluo

2 Questo

Tendo ocorrido a apreenso policial da coisa, em razo de roubo ocorrido anteriormente sua aquisio, o adquirente sustentou ter sofrido evico. O alienante alegou que no havia evico e, ademais, que esta s surge com a perda judicial do bem adquirido. Pode a apreenso policial ser admitida como caso de evico?

Soluo

3 Questo

MAURCIO ajuizou ao ordinria em face de COMPRE FCIL Ltda. para receber indenizao por danos decorrentes da compra e venda de veculo furtado.Em defesa, a empresa R alegou que o autor, diante da evidncia de ato criminoso, devolveu o produto do crime autoridade policial. Sustenta, ainda, que a entrega espontnea, sem a espera da regular apreenso do bem, enseja a perda do direito evico, uma vez que condio de procedibilidade da ao, a necessria discusso e defesa da legitimidade de sua posse. Considerando os fatos comprovados, decida.

Soluo

4 Questo

Ademar ajuizou ao de Indenizao por perdas e danos em face de Valentino Empreendimentos Imobilirios Ltda..O autor sustenta que adquiriu um terreno para o qual j havia aprovao de dois projetos de construo. Por isso, edificou apartamentos sem que tivesse recebido, ao longo da construo, qualquer tipo de impugnao. Aps a construo, recebeu intimao para prestar depoimento em ao ordinria, movida por determinada empresa em face da ora R, na qual foi proferida sentena que anulou a escritura de compra e venda entre esta e a outra empresa, com o que foi atingido o direito de Ademar.Ademar requer indenizao pelo preo pago pelo terreno, cumulado com o valor das benfeitorias, na forma do art. 453 do Cdigo Civil.Em contestao, alega Valentino Empreendimentos Imobilirios Ltda. que: a) necessria se faz a denunciao da lide da primeira empresa que lhes vendeu o bem; b) que o art. 453 do Cdigo Civil no se aplica ao caso, tendo em vista que o referido dispositivo diz expressamente que o alienante responder pelas benfeitorias necessrias ou teis e a construo realizada no terreno objeto da lide tem natureza de acesso. Decida fundamentadamente.

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Tema 007Extino dos contratos. adimplemento. dissoluo. resilio bilateral ou distrato e resilio unilateral. denncia, renncia, revogao e resgate. resoluo. clusula resolutiva tcita e expressa. inadimplncia da obrigao: resciso. exceo do contrato no cumprido.

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Tema 008Resoluo por onerosidade excessiva. Teoria da impreviso ou onerosidade excessiva no Cdigo de Defesa do Consumidor e no Cdigo Civil de 2002. Efeitos da onerosidade excessiva. A reviso dos contratos. Vcios da vontade contratual. A leso e o estado de perigo.

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Tema 009Contratos eletrnicos. formao do contrato. contratos entre presentes e ausentes. documento eletrnico. certificao digital. responsabilidade do provedor. relaes de consumo na internet sob o aspecto contratual.

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Tema 010Compra e venda I conceito. Classificao. Elementos. Restries legais celebrao do contrato de compra e venda. Invalidade da compra e venda. Efeitos da compra e venda. Tradio. Compra e venda de imveis. Venda ad corpus e ad mensuram.. Venda em condomnio pro indiviso.

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Tema 011Compra e venda II. Clusulas especiais da compra e venda. Retrovenda. Venda a contento e venda sujeita a prova. Preempo ou preferncia. Venda com reserva de domnio. Venda sobre documentos. Troca ou permuta.

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Tema 012Promessa de compra e venda. Cesso da promessa de compra e venda. Efeitos do registro imobilirio. Forma e prova do contrato.

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Tema 013Doao: Conceito, formao e classificao. Promessa de doao. Aceitao presumida. Clusula de reverso. Doao remuneratria. Doao modal. Doao ao nascituro. Doao ao incapaz. Doao com clusulas restritivas ao exerccio da propriedade. Adiantamento da legtima. Doao propter nuptias e doao ao convivente. Doao com clusula de reverso. Doao universal. Doao com reserva de usufruto. Doao inoficiosa. Doao do cnjuge adltero. Doao conjuntiva e o direito de acrescer. Revogao da doao por descumprimento do encargo e por ingratido do donatrio.

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Tema 014Locao I. Locao de Coisas. Locao de imvel. Conceito, elementos, classificao e delimitao da incidncia da Lei n 8.245/91. Estatuto da Terra. Cdigo de Defesa do Consumidor e Cdigo Civil. Locao imobiliria urbana: Multiplicidade de sujeitos. Denncia do contrato pelo locatrio, nu-proprietrio, fideicomissrio e adquirente. Clusula de vigncia.

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Tema 015Locao II. Sucesso, cesso e sublocao. O aluguel e a sua fixao, reajuste e reviso. Ao de despejo. Direitos e deveres do locador e locatrio. Direito real de aquisio. Regramento das benfeitorias. Direito de reteno.

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Tema 016Locao III. Garantias locatcias. Nulidades. Fraude lei. Regime jurdico da locao para fins residenciais e no residenciais. A relao jurdica entre empreendedor e lojista na locao em shopping-center.

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Tema 017Contrato de Fiana: Conceito, classificao e contedo. Espcies de fiana: fianas convencional, bancria, legal e judicial. Abonao. Retrofiana. Co-fiana. Fianas condicional e limitada. Benefcios de ordem, diviso e sub-rogao. Exonerao do fiador luz do Cdigo Civil e da lei do inquilinato. Extino da fiana.

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Tema 018Contrato de Emprstimo. Comodato: conceito, classificao e efeitos. Mtuo: conceito, classificao, espcies e efeitos. Limite de juros remuneratrios no mtuo feneratcio nas suas diversas possibilidades. O anatocismo. Taxa de Juros. Lei de Usura. Estipulao usuria. Mtuo feito a menor.

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Tema 019Contrato de Depsito. Depsito voluntrio: conceito, classificao, objeto, direitos e deveres do depositante e do depositrio. Direito de reteno. Depsito necessrio: depsito legal e miservel. Depsito irregular. Aspectos processuais. Priso civil do depositrio infiel. Constituio de renda.

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Tema 020Contrato de Mandato: conceito, classificao, forma, espcies. A procurao e o substabelecimento. Mandato com e sem representao. A clusula-mandato nos contratos de consumo.

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Tema 021Prestao de Servios: conceito, classificao, pressupostos existenciais e institutos afins. Empreitada: conceito, classificao, espcies, riscos, responsabilidade civil, prazo de garantia, subempreitada e reviso do preo da obra. Contrato de Incorporao.

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Tema 22Contrato de Seguro: conceito e classificao. Incio da cobertura. Aplice. Co-seguro. Aspectos jurdicos do risco e da cobertura. Pluralidade de seguros. Boa-f e probidade como deveres do segurador e segurado. Responsabilidade do segurador. Seguro de dano e de pessoa.

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Tema 023Contrato de Seguro: conceito e classificao. Incio da cobertura. Aplice. Co-seguro. Aspectos jurdicos do risco e da cobertura. Pluralidade de seguros. Boa-f e probidade como deveres do segurador e segurado. Responsabilidade do segurador. Seguro de dano e de pessoa.

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Tema 024Contrato Estimatrio. Transao e Compromisso. Jogo e Aposta

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