·contra o avanÇo da direita nas escolas ·prossigamos … de... · 2012-10-19 · no plano...
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uec
·CONTRA O AVANÇO DA DIREITA NAS ESCOLAS
·PROSSIGAMOS NA LUTA
[COMUNICADO OE BALANÇO CRÍTICO DA lUTA UUE DESENVOLVEMOS}
1 - BREVE CPONO LOGI A DOS ACON TEC I ME NTnS
No i nÍc i o de Ab ril o Con se lho C ientífi c~ do FCTU C no inÍc i o do
2 9 semestre de cide distri~ui r serv i ç o docen te aos professores
pela escola . sa neados
- Dia s depoi,s o plenári o da escola decide repu d iar a entrada de
este s I orens c or s i derad..os cor....c ·n desejáveis e adoptar formas d e luta .
- fm face d a p osiç~o d e fi r meza dos estudante s Ca r d ia dec i d e en
cerra r as a u las n a FC TUC a 2& de Ab ril.
- Alruns dia s de po is a A. M. da academia repudia a reinte r ra ção
dos .saneados e o en ce r r arr:entos de aulas no FCT UC , aprova uma propos ta de a b ertura de diá logo cor as autor i d ades e co~o fo r ma de lu ta imediata a
g re ve geral .
- - A 13 de Maio Car dia como re spo~ta ~ g reve dos estudantes en
ce rra c o mpletamente a Uni ver s i dade .
3 s e manas dep ois da Un i versidade encer r ada real i za -se o refe -
ren do de Cardia; 57% dos estudantes re spondem afirmati v a mente numa con
su lta do n i c iliári a a uma fa l s a alter n ati v a .
- Ape s ar da Universidade a berta dies depois a g reve ger a l de ci d~
d a e m A . ~l. man te m- se a 100'; até à Magna de 16 de Jun i. G ~ue de cid e ape
nas co m cerca de 100 v oto s contra . continuar a re p udi ar a rei ntefr a çàc
de sanea dos ; deci d e tamb é m a b andonar a g re v e ge ral como f orma de luta .
- No dia se gu inte 14 professores da FCTUC e mais tarde out ro s 16
num contexto de 30 0 docentes d~cidem n~o dar aulas co mo forma de s olida
ri edade com os s aneado s forçando o ence rramento da FCTUC .
- 2 semanas depois a A. M. reafirma o seu repÚdio pe la reintegra
çao dos saneados mas não aprova formas de luta cont ra a sua entrada na
FCTUC .
- A FETUC nao foi ence rrada, os sane ado s entraram , a A. M. con ti
nua a ser o or g ão máx i mo de li b erativo dos estudantes de Co i mbra .
2 - A JU STEZA DA LUTA CONTRA A REI NTEGRAÇAO DE PRO FESSO RE S SANEADOS -- CARACTERIZAÇAO BREVE DA LUTA A DESENVO LVER
A indi g naç~o estudantil face à tentativa de rein tegraç~o de p ro
fessores sa neados fez - se sent ir desde o pr i meiro momento .
Era uma das principais conquistas da populaç~o universitária con
seguida após o 25 de Abril- o afastamento.das esco la s daquele s ~ue ra
v iam s i do os agentes do fascisr·o para o ensino - que estava aneaçaj~ .
Era o sentimento de que . qua i sque r qu e fossem as justificações ~
pressadamente apresentadas , o que . de facto , se ver:-·icava era o da r do::.
primeiro s pas sos parR o re z res so ao ensino ~aduco de :.~ de A ~ ril .
A justeza da indi gnação e repÜdio estudant i s por uma tal ~ed i da
sa l ta ao s olhos .
Argumento com d i sposição co·nstitucionai s e , afinal , falsgar o p r9_
b lema - os estudantes recu sam a r eintegração de p rofe sso re s . saneadosnas
suas escolas , onde se notab ili za ram pelo i nst i ga r ou pactuar para cb~ a
repre ss~o , e pel a d i fus~o dos i ~eais fascistas. N~o se pronunciaram so
b re a sua situação nos quad ro s ge rais da função pÚblica .
Note- se que to do s aqueles que , em todo este processo , mais têm g r i
tado pela Cons, itui ç~o e pe la legalidade sao exactamente os mesmos qu e
mais têm atentado cont ra
essa Constituição que não
votaram.
Ning~ém de boa -fé
poderá nesar a justeza do
p rote sto estudantil , que
é afinal um protesto pe
la complacência com que
s ão tratados os i n i mi gos
do novo Po rtu ga l democr~
tico no seu a ss alt o de-
:t •
senfreado as instituições diiigentes dos diversos sectores da nossa so
ciedade. na sua ânsia de liquidação das transformações democráticas con
seguidas apps o 25 de Abril.
Evidentemente que as formas de materializar na prática este repú
dio e protesto estudantis careciam de uma prévia caracterização da luta
a desenvolver e dos quadros gerais em que se iria efectivar.
E as dificuldades aumental se se tiver em atenção o que tem sido
a política mais ger,al do actual Gov. P.S. - uma política virada para a~
cuperação capitalista, agrária e imperialista a todos os níveis da nossa
sociedade, em aliança com a direita reaccionária. PPD - CDS. e o capital
internacional.
Mais ainda, note-se que. em toda esta questão, foi e xpressa e pa
tente a aliança do PS com toda a direita reaccionária, formando · um bloco
empenhado no "assalto" a todos os níveis desse importante aparelho ideo
lÓgico que é a Escola. E isto porque a recuperação capitalista da nossa
economia passa tamb~m e necessariamente pelas escolas, na formaç~o ·das
quadros técnicos, dóceis serventuários duma tal política .
Neste quadro polÍtico geral, e no quadro particular de um M.A . so
bre o qual se lançam os ataques da direita estudantil, na sua ânsia de
controlo partidário das estruturas democráticas do mov. estudantil,se vai _,---desenvolver a luta contra a reintegraç~o de 'sa neado s .
Certo é que todas estas ideias,ao contrário do que muita gente i~
responsavelmente afirma, não visam provocar a desmobilização estudantil,
antes e bem pelo inverso ao serem consideradas permitem que os estudan
tes e o seu movimento avancem com prespectivas claras e realistas.
3.- AS FORMAS DE LUTA E AS ILUSOES CRIADAS NO SEIO DOS ESTUDANTES
Desde o inÍcio de todo este processo a UEC alertou para a sua co~
plexidade, afirmando que se tratava de um processo de luta dura e difí
cil, eventualmente prolongada no tempo, e sobre a qua l não h a veria que
semear ilusões de vitÓrias fáceis e imediatas.
Considerávamos que uma luta de resi st ência, como a que se avizi
nhava, no quadro da situação política g eral e no quadro difÍcil do pró
prio M.A .• carecia de ser dirigida com realismo e serenidade.
Havia que ir apontando objectivos intermédios, susceptíveis de se
transformarem em pequenas v itórias que fossem ao mesmo tempo importante
factor de mobilização estudantil, h a vi a que apontar para formas de acção,
susceptíveis de recolherem um elevado grau de adesão dos estudantes.
Inversamente, ve rifica-se que, na primeira A. Magna que se debruça
sobre o assunto e sob proposta da D.G. da A.A.C., a Academia entra emg~
ve geral.
A precipitaçào de uma tal ·m edida constituiu sempre, ao longo de t~
do o p rocess o, um perigoso factor de di v isão. E isto porque, uma vez de
cretada a g re ve geral, e de A. Magna para a A. Magn a, ela aparecia com a
autoridade d e uma situaç ão de fact o, perante a qual quealquer alternati
v a corresponderia inevitavelmente a um recuo.
À partida, este fo i para nós um dos grande s erros comet idos - op
ta-se logo de infcio por uma fo r ma avançada de luta, recusando a discus
são de alternativa s_ que con stituíssem os primeiros passos, lento s mas se
guros, de uma c aminhada que se ante via longa.
A UEC apresentou, ao lon go de sucessivas A. Ma gnas em que esta s ~
tuação se ve rificou, proposta s de luta alternati v a s que pretendiam reco
locar a questão das formas de luta, recusando a ideia de que a greve ge
ral fosse a Única forma d:ie luta v iá ve l e, mais do que isso, fosse, nãosó
o Único como o primeiro passo de uma luta lon g a e difícil. Ao apresentá
-las recusávamos também ideias s implista s e perigosa~, por poderem semear
ilus~es junto dos estudantes, de que ao entr ar em g re v e ge ral, e porque
entrava em greve geral, a Academia poderia clamar antecipadamente a v itó
ria. Ao apresentá-las queríamos que se discutissem todas as consequências
das for mas de luta_ por que se eAv-ered-ava, quería_mo s-que f=riamenf"e os es- ~~
tudantes pesassem todos os d ado s da situação.
Este o sentido das propostas_ q ue apresent~mos e das c rí ticas que
em devida altura manifestámos relativamente à actuação da D.G. da A.A.C .
e que, como é Óbvio, mantemo s .
Mais ainda do que a precipitação da proposta de greve geral crit~
camas à O.G. o tPiunfalismo inconsequente de quantas intervenções que,s~
me_ando perigosas ilu sões, garantiam vitÓrias fácei s e imediata-s se não rres
mo a queda do Governo (!?).etc. etc ..
Evidentemente que há que neste balanço ressaltar a serenidade e
seriedadede muitos passos dados pela D. G. da A.A . C., nomeadamente ao re
cusar o pretextar de confrontos e provocações com as forças policiais que
se preparavam, logo após o encerramento da Universidade, para dar cobertura
a uma medida prepotente e anti - democrática de um Mini s tro cada vez mais
falho de argumentos válidos.
De ressaltar ainda a atitude assumida pela D. G. ao longo de todo
este processo de manter viva e sempre presente a ideia da nece ssid ade de
se estabelecer um diálogo s~rio com as estruturas do poder e as estrutu
ras r~presentativas dos estudantes. De realçar ainda toda a condução do
processo nesta sua fase mais recente, po st -referendo, em que todo s os es
forças são feitos para reagrupar os estudantes em torno da verdadeira al
ternativa do problema - a reintegração dos professores saneados - recu
sando a perigosa di v isão em dois b loco s aparentemente antagónicos que Car
dia. com o seu referendo burla, pretendeu cavar.
Mas teremos que recusar ideias como as que pretendem justificar o
recuo efectuado, pela insuficiência da resposta do M.A. a nível nacio-
nal à proposta de g re ve geral nacional. apresentada ainda hoje como a "Úni
ca via da vitória ''(!). Isto~ desconhecer e minimizar os importantes es-
forças desenvolvidos pelo M. A. em Lisboa e Porto, em situações difíceis
de alguma debilidade interna, isto é, apresentar os desejos por realida-
de. A análise fria dessa situação mostra-nos antes o irrealismo da pro-
posta de greve geral nacional, que não atendia v i sivelme nte à situação do
M. A. a nível nacional.
4 - A SOLIDARIEDADE COM A LUTA DOS ESTUDANTES DE COIMBRA
Correspondendo à juste za da luta contra a reintegração de sanea
dos no serviço docente do FCTur . desde logo a AAC recolheu a solidaried~
de do M. A. a nível nacional e do movimento popular duma maneira geral.
No plano estudantil numerosas moções, plenários de Academia, mani
festações de rua em Lisboa, Porto e Coimbra congregando milhares de estu
dantes e diversas jornadas de luta nacionais (com greve · cumprida a 100%
na maioria das escolas). traduzem bem o amplo apoio que a nossa luta con
gregou.
O contexto em que s e inseriu a luta de Coimbra foi também favorá
ve l ao desen v olvimento dessa sol idarie dade . Com efeito, estas mov i menta
ç6es nacionais continham tamb~m outros pontos de luta como a reabertura
do ISCSP, Psicologia do Porto, o exame de aptidão, o "númerus clausus" e
os exames nacionais no secundário, reinvindicações rr.obilizadores para as
outras Ac ademias. Este foi se m dÚvida alguma, o ponto ma i s alto ao longo
do ano lectivo da contestação à política de Cardia .
E pode-se dizer, sem desmerecimento para a luta travada por outros
secto res estudantis, que a ânsia Cardiesca de isolar a luta de Coimbra p~
ra me l hor a combater, terá motivado a cedência ministerial embora nem sem
pre total , a algumas das rein v indicações de outras Academias e do Sec un
dário .
Em Coimbra, no entanto nem sempre a forma como a solidariedade na
cional se devia expressar foi bem compreendida.
A i deia largamente propagada de que a v itória se ria fácil e o der
rube de Cardia uma eventuali dade, criou um raciocfnip vic iado que n~o a
tendia às condiçõas objectiva s de luta nas outras academias. Oizi~-se:
"para a luta s er vitoriosa precisamos do apoio nacional; logo se o a
poio não vier a culpa da derrota é de Lisboa e Porto". Ninguém se preoc~
pava em saber se havia condições para se dar o apoio desejado! Moções.
plen~rios massivos e _ jornadas de luta nao indiciávam necessariamente con
diçÕes para uma greve geral nacional, embora em Coimbra tal se fizesse
crer.
e neste contexto que aparece a ji famosa "autocrítica" da UDP. Di
recçõ es Associativas conotadas com esta força polÍtica vinham para os
ENDA(sl de Coimbra prometer mundos e fundos aprovando propostas de luta
avançadas (lembremos só o Caderno Reivind icativo e a g reve gera l) para d~
pois, compreendendo o seu i solamento nas escolas, as não colocarem à dis
cussao.
A UDP, em Coimbra veio mais tarde carpir lagrimas de crocodilo p~
ra as A. M. (s), chegando mesmo a ca v ir algumas Direcç6es Associativa~
afirmando qUe já tenham feito a sua autocrítica e que no s devíamos conti
nuar em greve ge ral, pois agora ~ que eles nela entrariam -segu ramente.
Se à O. G. se deve criticar as ilusões criadas em muitos estudan
tes, nao se retira ine givel justiça na crítica que faz a algumas AAEE de
terem traído, ou me lhor, enganado. Po rque outras direcçõe s houve que em
tod a s os ENDA(s) apresentaram propostas de luta e votaram co ntra o irrea
lismo da greve geral nacional.
No plano do movimento popular, mais uma vez apareceram no movimen
to estudantil concepçÕes vanguardistãs que em nada ajudaram a clari fi c a
ção desse apoio e a integração da luta estudantil na luta mais geral do
povo português .
Ser afirmado por dirigentes da AAC que se fosse necessário para a
luta estudantil sa ir vitoriosa os operários deveriam entrar em luta p~
las rei vindicaçõe s estudantis, se não é miopia políti ca. é, pelo menos não
compreender que os estudante s não são determinantes e que o movime n to p~
pular e a classe operária travam batalhas em sectores muito mais v i tais
para defender a democrac ia e a revolução portuguesa como a Reforma Agrá
ria e as nacionalizações , do que o secto r de ensino . ~ o movimento pop u
lar, sao os s indicatos que dizem quais os objectivos e as formas de l uta
qual a altura oportuna para os desenvolver , e não são os estudantes que
lhes vão dizer como e quando vão desenvo lver a luta contra a polít i ca de
recuperação capitalista agrária e i mpe riali sta do governo PS.
5 - O PAPEL DE SEMPENHADO PELO S GRUPO S ESQ UERD IS TAS
Ao longo deste processo de luta e, ao mesmo tempo, em todos os seus
momentos nevrélgicos r essaltaram como temos v i ndo a evidenciar~ tentati
v a s de fazer vi ng a r perigosas concepçÕes de tipo esquerdista .
Para a lém d a sua análise em cada situação concreta~ curioso é notar
q ue tod a s ess a s actu a ções a parecem ligadas afinal pelas mesmas linha~~~s
tras. conduzindo i nva ri avelme n te os mesmos objectivos.
Senão vejamos.
- Toda a actuação do esquerdismo , particula r mente da UDP , se virou
sistematicamente para o pressiona r da O. G. a assumir as posiçÕes incor
rectas que aqueles apresentavam. Pretendia-se a cobertura da estrutura d~
ri gente do M. A. em Coimbra para acções provocatórias (caso da proposta de
manifestação e de ocupação das cantinas no d ia do encerramento da Univer
sidade), ou para acçÕes de tipo aventureirista e divisionista (caso da
p ropo sta de greve nacional atrás analisada e a da manutenção da greve em
Coimbra após o referendo, p roposta que dava, em Última análise , cobertu ra
à divisão dos estudantes entre o sim ou não à greve geral , exactamente c~·
mo o pretendia a dire i ta e o MEIC com as suas falsa alternativas referen
distas . que o M. A. recusava , fazendo esforços para recolocar a alternati
va entre o sim e o não à reintegração de saneados, rea g rupando assim a
base de massas do mov i mento estudantil).
- Um outro aspecto de ''campan ha '' esquerdista no processo , situa-
- se no ataque sistemático à organização sindical dos trabalhadores , par
ticularmente à Central S indical dos Trabalhadores Portugueses, CGTP- IN
TER. Escamoteando a questão da exacta colocação do sector de ensino ao n í v e 1 da e s
trutura económica e social do nosso país tecem-s~ concepçÕes que vão de~
de a consideração da capacidade determinante do movimento estudanti lU? l
na alteração da relaçôa de forças sociais .. (mas e desde que o movimen-
to operário siga o mov i mento estudantil! ~ ). Este raciocí nio v iciado na
bas e só pode conduzir à condenação do movimento sindical que é afinal o
objectivo ~nico de tais senho r e~.
A situação objectiva a que, o vingar de semelhantes teses. pode -
ria conduzir , e os pe r igos e ri scos que acarretariam para p mGvimento es
tudantil cumpre~ ser também sumariamente analisadas.
Pretender . na actual situação polít ica e no quadro actual do M. A.,
jogar tudo por tudo em cada luta concreta conduz afinal . a me nosprezar, ma is
a desprezar a importância para os estudantes desse previl i~iado instrumen
to da sua luta reivindicati v a , o M. A ..
Debil i ta-se ou liquida - se me smo o M.A., mas salva - se a consciên -
cia ! ? Eis afinal a tese b rilhante que a UDP nos apresenta.
Nós pensamos que se há que salvar a consciência, ela se salva , sal
v a ndo o ~.A . isto é. pugnando pelo reforço das estruturas democráticas
do Mov i mento estudant i l e pelo reforço da unidade dos estudantes.
6- A DIREITA ESTUDANTIL, D REFERENDO E OS PROJECTOS DA DIREITA PARA A FCTUC.
Apoiando-se na po lí tica repressiva de Cardia . incentivada pelos r~
lativos s _ucessos nas eleiç~es para as Ass. de Representantes e angustia
da pelo resultado das eleições para a AAC, a dire ita estudantil [PPD/CDS),
com o apoio nem sempre expresso, mas sempre tácito da JS, encarou este
processo em face das formas de luta por vezes utilizadas. como a oportu
nidade que lhe ofereciam de mão beijada para se afirmar no plano estudan
ti 1 em Coimbra .
Escamoteando a quest~o de fundo que era o apoio ~u nao ~ reentra
da dos saneados, pois aí a direita sab i a que ficaria reduzida à sua ver
dadeira dimensão de grupo. procurou desde o início confund i r utilizando
largam~nte a cobertura dos orgãos de comunicação social para colocar a
su a alternativa em torno do "SI M ou NAO ~GREVE GERAL ".
Se algum êxito obtiveram com este estratagema . podemos entretanto
afirmar que. em grande medida , os seus projectos saíram go rados. As rep~
tidas promessas que estes saudosistas da Un i versidade caduca do fascismo
fizeram a Cardia de que ganhariam a A. M. segu in te, criaram tão profundas
ilusões no Ministério que este se viu obrigado a reco nhecer em not a ofi
ciosa que os estudantes ditos "democratas '' iam pouco ~s Assemb leias Ma
gnas, numa altura em que as Magnas eram das maiores de sempre em Coimbr a
E quando Cardia encerra a Un iversidade, na mira de que intimidan
do os est udantes com a perca do an o lectivo, estes viessem a caucionar
massivamente o referendo. a direit a mais uma vez pensou que ti8ha c h ega-
do a sua oportun i dade. Perante o desespero e a desorientação provocada
por dois meses de encerramento. as s uas propostas seriam o po rto salva
dor que se encontra ri a depois da tempestade '' esq~erdista '', Mais uma v ez
a direita se en g anou pois os estudantes deram most ras de grande respon
sabilidade e de um profundo sentimento anti-fascista .
No referendo respondera m afirmativamente 57 % do s estudantes de
Coimbra a uma pergunta que 100% teria re spondido SIM . nao fosse a incor
recção do processo anti- democ rá tico da consulta domiciliária e o facto de
por trás dele se esconderem objecti v os polÍticos evidentes .
Nem mesmo a imprensa reaccionária escondeu a desilUsão que reinou
nas hostes da direita face a tão desastroso resultad o , tendo em conta a
chantagem e as irregularidade s existentes .
Não se pode entretanto compreender este processo se nao analiza r
mos pormenorizadamente quais os projectos da direita reaccionária para a
FCT UC.
A Coordenadora do Cons. CientÍfico ao reinte gr ar os professores sa
neados no serviço docente, que pretendia?
Excluída a hipótese ingénua de estes senhores pensare m que os es-
tudantes nao reagiriam a mais esta ofens i va contra uma das suas mais
portantes conquistas, aparece hoje claro que o C.C. pretendia o encerra
mento da Faculdade e a dem i ss ão das estruturas democráticas da escola.
A direita tinha sido derrotada nas eleiçÕes para a Ass. de Repre
s entantes. Primeiro~ tentou a intriga mais obscura junto do ME IC para que
este não reconhecesse os no vos orgãos eleitos . Depois, como o
era demasiado escandaloso, recorreu à provocaçao.
processo
Mas porquê tanto afã em conqu i star a direcção da Faculdade?
Po rque a direita sabe que a FCTUC necessita de uma urgente rees
truturação, tend~ para o efeito o seu projecto que conta com o apoio do
MEIC e sabe também que co ntará com uma firme oposição por parte dos estu
dantes e da maioria do corpo docente se esse projecto nao for posto a con
s ideração da escola.
t pa ra conseguir esse seu objectivo - o encerrar da escola - que
3 d~reita recorre a tudo, inclusivé ao abandono do trabalho. Homens que
fazem uso de processos tão ba i xos , que vão até ao não reconhecimento de
deicsões de re uniÕes democráticas , nao merecem, de facto, qualquer res
peito por parte dos estudantes .
São afinal a vergonha da instituiçãO universitária !
7 - j A POLrTICA DE CAROlA - BJI.LANÇO CRITICA DA LUTA E PERSPECTIVAS]
S e h á sector em que a política de recuperaçao capitalista do go
verno se tem de alguma forma aplicado i o do ensino. Card ia de~de o iní
cio do seu reinado tem de facto demonstrado um Ódio tão profundo a to
das as transformações democráticas no campo do ensino que, mais não l~e resta, pa ra aplicar a sua política, que aliança e a cedência mais desca
rada à direita.
Senão.vejamos:
- Ca rd ia recusa o d iál ogo com os estudantes mas recebe os
professores ew g re ve.
- Cardia encerra a Universidade aos estudantes em greve mas
nada faz quanto à greve do grupo minoritário de docentes .
- Cardia dá poderes à direita para estudar a reestrutura
ção de uma escola mas recusa-se a que essas propostas se
jam postas à consideração da mesma escola.
A luta que o Mov imento Estudantil desenvolve contra a política de
Cardia, é pois, uma luta difÍcil já que ela atinge o cerne da polÍtica de
recuperação capitalista do governo PS. Ao afirmarmos isto pretendemos nao
a · desmobilização para a luta de que alguns provocadores nos acusam, mas
antes pelo contrário exigir que qualquer luta seja conduzida numa pers
pectiva correcta, tendo em linha de conta todos os factores que a possam
determinar.
Na luta que travamos contra o ascenso da direita nas escolas pod~
remos conseguir vitórias parciais. podemos conseguir suster a ofensiva
da direita mas, uma vitória definitiva, nio está dependente do Movimento
Associativo por mais forte que ele seja, mas sim da modificação da corr~
laçio de forças a nível mais geral, da formação de um governo que se pa~
te por uma polÍtica de esquerda, na perspectiva constitucionalmente defi
nida. a do Sociali.smo.
Neste contexto a nossa acção no presente deve ter sempre em lin h a
de conta as batalhas futuras que também teremos que travar, devendo elas
conduzir ao fortalecimento e alargamento da base de massas do M. A. e nun
ca a sua restri ção e ao isolame nto da sua direcção.
Sem termos a pretensão de fazer um balanço exausti vo do processo
de luta que decorreu ao lon go dos Últimos 3 meses, tarefa que cabe ao M.
A. de uma maneira geral e à O.G. da AAC em particular, e para o qual es
te documento pretende ser um contributo, pensamos poder-se desde já ti
rar algumas conclusões que a seguir enumeramos:
1. Se é certo que a di rei ta com o apoio de Cardia conseguiu um dos
seus objectivos que era a reintegração de sa11eados. a luta estudantilcon
seguiu pe l o menos evitar um outro que era o encerramento da FCTUC.Por ou
tro lad o criou-se um profundo movimento de opinião no M. E . e fora dele.
de contestação à rein tegração de saneados , que deixa bem claro q~ão inde
sejáveis são e st es homens no corpo Universitário.
2 . Embo r a o M.A. sa ia temporariamente debilitado, estão criadas
condiçÕes para que a luta contra a política de destabilização e de direi
ta de Cardia, pross i ga através de formas massivas.
3. A direita estudantil não conseguiu o seu principal objectivo
que era aprovar p ropo stas em As sembleia Magna e, eventualmente.
a Direcção Geral.
demitir
Entretanto é um factor negativo que no actual processo. se tenha
cavado um fosso tão profundo entre dois blocos estudantis bastante v as
tos, principalmente em t6rno do referendo . A direita mais . uma vez joga n~
ma falsa demarcação. afirmando a irreconciabilidade destes
res, para mais facilmente assi m ganhar a sua base de massas.
dois secto -
A União dos Es tudantes Comunistas, que ao longo deste processo de
luta soube sempre assumir o seu papel de organização responsá vel. · e cu
ja actuação, não isenta evidentemente de erros, se pautou pela defesa dos
intere ss e s dos estudantes e pela integração da luta estudantil de uma for
ma correcta na lu~a mais geral que o povo portuguis trava contra o avan-
ço do fascismo e pela r e cuperação da nossa econom i a com os tr a b a l h adores
e nao com o s cap i tal i stas , ALERTA t o dos os estuda n tes p ar a a necess i d a de
de se prosseguir a luta contra a ~fensiva da d i re i ta nas esco la s , c on tr a
os novos projectos reaccionários que o MEIC se p r epa r a para impô r à Uni
ve rsidade .
O qu o nos une é muito mai s do qu e o que nos d i v ide !
De facto , in dep end e nte me nte das concep ç Õe s polÍt i cas ou part i dá
rias da general idade dos estudantes , todos sentimos h o j e com clareza que
a po lÍtica do Mini sté rio da Ed uca ç ão no s nao se rve , que os projectos d a
direita para o ens i no são p r of un d a mente anti-estudantes . limitando-se a
repro duzi r com esta ou aquela pe q uena alteração . os projecto s de Veiga S i
mão do 24 de Ab ril .
O '' numerus c la~ s u s '' , o ex a me de apti dão . o autorita ri smo pedagcig~
co . a i ne x istênc i a de q u a lqu e r democ racia no fu nciona men to escola r , um
ensino eliti z ado e des li gado d a v i da . p r ofundamente embu í do de concep-
cães acientí f i cas e r e ac cioná ri as , não ~ o que s ucess i vas ge rações de e!
tudantes am b icionara m , levando-as à luta. não é o q ue se r ve os interes ses
da esma ga dora n~a ioria dos estudantes e do po v o po r turu~s .
A Uni~o doJ ?at udantea Co~unistas chama a atenção p a r a a nece s -
s~dade dP. prosseg uirmo s com firmeza e na maio r s e r eni rlad e a lu ta pela s
just a s reivin d i c a ções est u dant i s e a l erta pa r a o combn tP. a t o d as a s mani
festaç 6e s de des ~ni mo e dGsmob iliza ç ~ o qu e i de i as inc or rectas sobre a lu
ta desenvolv i da possam ter criado n o Mov i ~ento Es tudantil .
COIMBRA , Ju l ho de 19 77
OI RE CÇAO DA ORGANIZA ÇA D DO E NS I ~O
SUrEPIOR OE COI MBR A DA UEC