·contra o avanÇo da direita nas escolas ·prossigamos … de... · 2012-10-19 · no plano...

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uec ·CONTRA O AVANÇO DA DIREITA NAS ESCOLAS ·PROSSIGAMOS NA LUTA [COMUNICADO OE BALANÇO CRÍTICO DA lUTA UUE DESENVOLVEMOS} 1 - B REVE C PONO LO GI A DOS AC ON TEC I ME NTnS No i nÍc io de Ab ril o Con se lho do FCTU C no inÍc io do 2 9 semestre de cide serv i ço docen te aos professores pela escola . sa neados - Dia s depoi,s o plenár io da escola decide repu d iar a entrada de este s I orens c or si derad..os cor....c ·n desejáveis e ad optar formas de luta . - fm face da de fi r meza dos estudante s Ca rd ia dec i de en - cerra r as au las na FC TUC a 2& de Ab ril. - Alruns d ia s de po is a A. M. da academia repudia a reinte r ra ção dos .saneados e o en ce rr arr:entos de aulas no FCT UC , aprova uma p ropo s ta de ab ertura de d logo cor as autor id ades e fo r ma de lu ta imediata a g re ve geral . - - A 13 de M aio Car dia como g reve dos estudantes en - ce rra completamente a Uni v er si dade . 3 s e manas dep ois da Un iversidade encer r ada real i za -se o refe - ren do de Cardia; 57% dos estudantes re spondem afir mati vamente numa con - su lta do ni c iliári a a uma fa lsa alter n ati va. - A pe s ar da Universidade a berta dies depois a g reve g er al d a e m man te m- se a 1 00'; até à M agna de 16 de Jun i. G de cid e ape- nas co m cerca de 100 v oto s contra . continuar a re p udi ar a rei ntefr a çàc de sanea dos ; d eci de ta mb é m a b andonar a g re ve ge ral co mo f orma de luta .

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uec

·CONTRA O AVANÇO DA DIREITA NAS ESCOLAS

·PROSSIGAMOS NA LUTA

[COMUNICADO OE BALANÇO CRÍTICO DA lUTA UUE DESENVOLVEMOS}

1 - BREVE CPONO LOGI A DOS ACON TEC I ME NTnS

No i nÍc i o de Ab ril o Con se lho C ientífi c~ do FCTU C no inÍc i o do

2 9 semestre de cide distri~ui r serv i ç o docen te aos professores

pela escola . sa neados

- Dia s depoi,s o plenári o da escola decide repu d iar a entrada de

este s I orens c or s i derad..os cor....c ·n desejáveis e adoptar formas d e luta .

- fm face d a p osiç~o d e fi r meza dos estudante s Ca r d ia dec i d e en ­

cerra r as a u las n a FC TUC a 2& de Ab ril.

- Alruns dia s de po is a A. M. da academia repudia a reinte r ra ção

dos .saneados e o en ce r r arr:entos de aulas no FCT UC , aprova uma propos ta de a b ertura de diá logo cor as autor i d ades e co~o fo r ma de lu ta imediata a

g re ve geral .

- - A 13 de Maio Car dia como re spo~ta ~ g reve dos estudantes en ­

ce rra c o mpletamente a Uni ver s i dade .

3 s e manas dep ois da Un i versidade encer r ada real i za -se o refe -

ren do de Cardia; 57% dos estudantes re spondem afirmati v a mente numa con ­

su lta do n i c iliári a a uma fa l s a alter n ati v a .

- Ape s ar da Universidade a berta dies depois a g reve ger a l de ci d~

d a e m A . ~l. man te m- se a 100'; até à Magna de 16 de Jun i. G ~ue de cid e ape­

nas co m cerca de 100 v oto s contra . continuar a re p udi ar a rei ntefr a çàc

de sanea dos ; deci d e tamb é m a b andonar a g re v e ge ral como f orma de luta .

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- No dia se gu inte 14 professores da FCTUC e mais tarde out ro s 16

num contexto de 30 0 docentes d~cidem n~o dar aulas co mo forma de s olida

ri edade com os s aneado s forçando o ence rramento da FCTUC .

- 2 semanas depois a A. M. reafirma o seu repÚdio pe la reintegra­

çao dos saneados mas não aprova formas de luta cont ra a sua entrada na

FCTUC .

- A FETUC nao foi ence rrada, os sane ado s entraram , a A. M. con ti­

nua a ser o or g ão máx i mo de li b erativo dos estudantes de Co i mbra .

2 - A JU STEZA DA LUTA CONTRA A REI NTEGRAÇAO DE PRO FESSO RE S SANEADOS -- CARACTERIZAÇAO BREVE DA LUTA A DESENVO LVER

A indi g naç~o estudantil face à tentativa de rein tegraç~o de p ro­

fessores sa neados fez - se sent ir desde o pr i meiro momento .

Era uma das principais conquistas da populaç~o universitária con

seguida após o 25 de Abril- o afastamento.das esco la s daquele s ~ue ra ­

v iam s i do os agentes do fascisr·o para o ensino - que estava aneaçaj~ .

Era o sentimento de que . qua i sque r qu e fossem as justificações ~

pressadamente apresentadas , o que . de facto , se ver:-·icava era o da r do::.

primeiro s pas sos parR o re z res so ao ensino ~aduco de :.~ de A ~ ril .

A justeza da indi gnação e repÜdio estudant i s por uma tal ~ed i da

sa l ta ao s olhos .

Argumento com d i sposição co·nstitucionai s e , afinal , falsgar o p r9_

b lema - os estudantes recu sam a r eintegração de p rofe sso re s . saneadosnas

suas escolas , onde se notab ili za ram pelo i nst i ga r ou pactuar para cb~ a

repre ss~o , e pel a d i fus~o dos i ~eais fascistas. N~o se pronunciaram so­

b re a sua situação nos quad ro s ge rais da função pÚblica .

Note- se que to do s aqueles que , em todo este processo , mais têm g r i

tado pela Cons, itui ç~o e pe la legalidade sao exactamente os mesmos qu e

mais têm atentado cont ra

essa Constituição que não

votaram.

Ning~ém de boa -fé

poderá nesar a justeza do

p rote sto estudantil , que

é afinal um protesto pe ­

la complacência com que

s ão tratados os i n i mi gos

do novo Po rtu ga l democr~

tico no seu a ss alt o de-

:t •

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senfreado as instituições diiigentes dos diversos sectores da nossa so­

ciedade. na sua ânsia de liquidação das transformações democráticas con­

seguidas apps o 25 de Abril.

Evidentemente que as formas de materializar na prática este repú­

dio e protesto estudantis careciam de uma prévia caracterização da luta

a desenvolver e dos quadros gerais em que se iria efectivar.

E as dificuldades aumental se se tiver em atenção o que tem sido

a política mais ger,al do actual Gov. P.S. - uma política virada para a~

cuperação capitalista, agrária e imperialista a todos os níveis da nossa

sociedade, em aliança com a direita reaccionária. PPD - CDS. e o capital

internacional.

Mais ainda, note-se que. em toda esta questão, foi e xpressa e pa­

tente a aliança do PS com toda a direita reaccionária, formando · um bloco

empenhado no "assalto" a todos os níveis desse importante aparelho ideo­

lÓgico que é a Escola. E isto porque a recuperação capitalista da nossa

economia passa tamb~m e necessariamente pelas escolas, na formaç~o ·das

quadros técnicos, dóceis serventuários duma tal política .

Neste quadro polÍtico geral, e no quadro particular de um M.A . so

bre o qual se lançam os ataques da direita estudantil, na sua ânsia de

controlo partidário das estruturas democráticas do mov. estudantil,se vai _,---desenvolver a luta contra a reintegraç~o de 'sa neado s .

Certo é que todas estas ideias,ao contrário do que muita gente i~

responsavelmente afirma, não visam provocar a desmobilização estudantil,

antes e bem pelo inverso ao serem consideradas permitem que os estudan­

tes e o seu movimento avancem com prespectivas claras e realistas.

3.- AS FORMAS DE LUTA E AS ILUSOES CRIADAS NO SEIO DOS ESTUDANTES

Desde o inÍcio de todo este processo a UEC alertou para a sua co~

plexidade, afirmando que se tratava de um processo de luta dura e difí­

cil, eventualmente prolongada no tempo, e sobre a qua l não h a veria que

semear ilusões de vitÓrias fáceis e imediatas.

Considerávamos que uma luta de resi st ência, como a que se avizi­

nhava, no quadro da situação política g eral e no quadro difÍcil do pró­

prio M.A .• carecia de ser dirigida com realismo e serenidade.

Havia que ir apontando objectivos intermédios, susceptíveis de se

transformarem em pequenas v itórias que fossem ao mesmo tempo importante

factor de mobilização estudantil, h a vi a que apontar para formas de acção,

susceptíveis de recolherem um elevado grau de adesão dos estudantes.

Inversamente, ve rifica-se que, na primeira A. Magna que se debruça

sobre o assunto e sob proposta da D.G. da A.A.C., a Academia entra emg~

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ve geral.

A precipitaçào de uma tal ·m edida constituiu sempre, ao longo de t~

do o p rocess o, um perigoso factor de di v isão. E isto porque, uma vez de­

cretada a g re ve geral, e de A. Magna para a A. Magn a, ela aparecia com a

autoridade d e uma situaç ão de fact o, perante a qual quealquer alternati­

v a corresponderia inevitavelmente a um recuo.

À partida, este fo i para nós um dos grande s erros comet idos - op ­

ta-se logo de infcio por uma fo r ma avançada de luta, recusando a discus ­

são de alternativa s_ que con stituíssem os primeiros passos, lento s mas se

guros, de uma c aminhada que se ante via longa.

A UEC apresentou, ao lon go de sucessivas A. Ma gnas em que esta s ~

tuação se ve rificou, proposta s de luta alternati v a s que pretendiam reco­

locar a questão das formas de luta, recusando a ideia de que a greve ge­

ral fosse a Única forma d:ie luta v iá ve l e, mais do que isso, fosse, nãosó

o Único como o primeiro passo de uma luta lon g a e difícil. Ao apresentá­

-las recusávamos também ideias s implista s e perigosa~, por poderem semear

ilus~es junto dos estudantes, de que ao entr ar em g re v e ge ral, e porque

entrava em greve geral, a Academia poderia clamar antecipadamente a v itó

ria. Ao apresentá-las queríamos que se discutissem todas as consequências

das for mas de luta_ por que se eAv-ered-ava, quería_mo s-que f=riamenf"e os es- ~~

tudantes pesassem todos os d ado s da situação.

Este o sentido das propostas_ q ue apresent~mos e das c rí ticas que

em devida altura manifestámos relativamente à actuação da D.G. da A.A.C .

e que, como é Óbvio, mantemo s .

Mais ainda do que a precipitação da proposta de greve geral crit~

camas à O.G. o tPiunfalismo inconsequente de quantas intervenções que,s~

me_ando perigosas ilu sões, garantiam vitÓrias fácei s e imediata-s se não rres

mo a queda do Governo (!?).etc. etc ..

Evidentemente que há que neste balanço ressaltar a serenidade e

seriedadede muitos passos dados pela D. G. da A.A . C., nomeadamente ao re­

cusar o pretextar de confrontos e provocações com as forças policiais que

se preparavam, logo após o encerramento da Universidade, para dar cobertura

a uma medida prepotente e anti - democrática de um Mini s tro cada vez mais

falho de argumentos válidos.

De ressaltar ainda a atitude assumida pela D. G. ao longo de todo

este processo de manter viva e sempre presente a ideia da nece ssid ade de

se estabelecer um diálogo s~rio com as estruturas do poder e as estrutu­

ras r~presentativas dos estudantes. De realçar ainda toda a condução do

processo nesta sua fase mais recente, po st -referendo, em que todo s os es

forças são feitos para reagrupar os estudantes em torno da verdadeira al

ternativa do problema - a reintegração dos professores saneados - recu­

sando a perigosa di v isão em dois b loco s aparentemente antagónicos que Car

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dia. com o seu referendo burla, pretendeu cavar.

Mas teremos que recusar ideias como as que pretendem justificar o

recuo efectuado, pela insuficiência da resposta do M.A. a nível nacio-

nal à proposta de g re ve geral nacional. apresentada ainda hoje como a "Úni

ca via da vitória ''(!). Isto~ desconhecer e minimizar os importantes es-

forças desenvolvidos pelo M. A. em Lisboa e Porto, em situações difíceis

de alguma debilidade interna, isto é, apresentar os desejos por realida-

de. A análise fria dessa situação mostra-nos antes o irrealismo da pro-

posta de greve geral nacional, que não atendia v i sivelme nte à situação do

M. A. a nível nacional.

4 - A SOLIDARIEDADE COM A LUTA DOS ESTUDANTES DE COIMBRA

Correspondendo à juste za da luta contra a reintegração de sanea­

dos no serviço docente do FCTur . desde logo a AAC recolheu a solidaried~

de do M. A. a nível nacional e do movimento popular duma maneira geral.

No plano estudantil numerosas moções, plenários de Academia, mani

festações de rua em Lisboa, Porto e Coimbra congregando milhares de estu

dantes e diversas jornadas de luta nacionais (com greve · cumprida a 100%

na maioria das escolas). traduzem bem o amplo apoio que a nossa luta con

gregou.

O contexto em que s e inseriu a luta de Coimbra foi também favorá­

ve l ao desen v olvimento dessa sol idarie dade . Com efeito, estas mov i menta ­

ç6es nacionais continham tamb~m outros pontos de luta como a reabertura

do ISCSP, Psicologia do Porto, o exame de aptidão, o "númerus clausus" e

os exames nacionais no secundário, reinvindicações rr.obilizadores para as

outras Ac ademias. Este foi se m dÚvida alguma, o ponto ma i s alto ao longo

do ano lectivo da contestação à política de Cardia .

E pode-se dizer, sem desmerecimento para a luta travada por outros

secto res estudantis, que a ânsia Cardiesca de isolar a luta de Coimbra p~

ra me l hor a combater, terá motivado a cedência ministerial embora nem sem

pre total , a algumas das rein v indicações de outras Academias e do Sec un­

dário .

Em Coimbra, no entanto nem sempre a forma como a solidariedade na

cional se devia expressar foi bem compreendida.

A i deia largamente propagada de que a v itória se ria fácil e o der

rube de Cardia uma eventuali dade, criou um raciocfnip vic iado que n~o a­

tendia às condiçõas objectiva s de luta nas outras academias. Oizi~-se:

"para a luta s er vitoriosa precisamos do apoio nacional; logo se o a­

poio não vier a culpa da derrota é de Lisboa e Porto". Ninguém se preoc~

pava em saber se havia condições para se dar o apoio desejado! Moções.

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plen~rios massivos e _ jornadas de luta nao indiciávam necessariamente con

diçÕes para uma greve geral nacional, embora em Coimbra tal se fizesse

crer.

e neste contexto que aparece a ji famosa "autocrítica" da UDP. Di

recçõ es Associativas conotadas com esta força polÍtica vinham para os

ENDA(sl de Coimbra prometer mundos e fundos aprovando propostas de luta

avançadas (lembremos só o Caderno Reivind icativo e a g reve gera l) para d~

pois, compreendendo o seu i solamento nas escolas, as não colocarem à dis

cussao.

A UDP, em Coimbra veio mais tarde carpir lagrimas de crocodilo p~

ra as A. M. (s), chegando mesmo a ca v ir algumas Direcç6es Associativa~

afirmando qUe já tenham feito a sua autocrítica e que no s devíamos conti

nuar em greve ge ral, pois agora ~ que eles nela entrariam -segu ramente.

Se à O. G. se deve criticar as ilusões criadas em muitos estudan­

tes, nao se retira ine givel justiça na crítica que faz a algumas AAEE de

terem traído, ou me lhor, enganado. Po rque outras direcçõe s houve que em

tod a s os ENDA(s) apresentaram propostas de luta e votaram co ntra o irrea

lismo da greve geral nacional.

No plano do movimento popular, mais uma vez apareceram no movimen

to estudantil concepçÕes vanguardistãs que em nada ajudaram a clari fi c a ­

ção desse apoio e a integração da luta estudantil na luta mais geral do

povo português .

Ser afirmado por dirigentes da AAC que se fosse necessário para a

luta estudantil sa ir vitoriosa os operários deveriam entrar em luta p~

las rei vindicaçõe s estudantis, se não é miopia políti ca. é, pelo menos não

compreender que os estudante s não são determinantes e que o movime n to p~

pular e a classe operária travam batalhas em sectores muito mais v i tais

para defender a democrac ia e a revolução portuguesa como a Reforma Agrá ­

ria e as nacionalizações , do que o secto r de ensino . ~ o movimento pop u ­

lar, sao os s indicatos que dizem quais os objectivos e as formas de l uta

qual a altura oportuna para os desenvolver , e não são os estudantes que

lhes vão dizer como e quando vão desenvo lver a luta contra a polít i ca de

recuperação capitalista agrária e i mpe riali sta do governo PS.

5 - O PAPEL DE SEMPENHADO PELO S GRUPO S ESQ UERD IS TAS

Ao longo deste processo de luta e, ao mesmo tempo, em todos os seus

momentos nevrélgicos r essaltaram como temos v i ndo a evidenciar~ tentati­

v a s de fazer vi ng a r perigosas concepçÕes de tipo esquerdista .

Para a lém d a sua análise em cada situação concreta~ curioso é notar

q ue tod a s ess a s actu a ções a parecem ligadas afinal pelas mesmas linha~~~s

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tras. conduzindo i nva ri avelme n te os mesmos objectivos.

Senão vejamos.

- Toda a actuação do esquerdismo , particula r mente da UDP , se virou

sistematicamente para o pressiona r da O. G. a assumir as posiçÕes incor­

rectas que aqueles apresentavam. Pretendia-se a cobertura da estrutura d~

ri gente do M. A. em Coimbra para acções provocatórias (caso da proposta de

manifestação e de ocupação das cantinas no d ia do encerramento da Univer

sidade), ou para acçÕes de tipo aventureirista e divisionista (caso da

p ropo sta de greve nacional atrás analisada e a da manutenção da greve em

Coimbra após o referendo, p roposta que dava, em Última análise , cobertu ra

à divisão dos estudantes entre o sim ou não à greve geral , exactamente c~·

mo o pretendia a dire i ta e o MEIC com as suas falsa alternativas referen

distas . que o M. A. recusava , fazendo esforços para recolocar a alternati

va entre o sim e o não à reintegração de saneados, rea g rupando assim a

base de massas do mov i mento estudantil).

- Um outro aspecto de ''campan ha '' esquerdista no processo , situa-

- se no ataque sistemático à organização sindical dos trabalhadores , par ­

ticularmente à Central S indical dos Trabalhadores Portugueses, CGTP- IN­

TER. Escamoteando a questão da exacta colocação do sector de ensino ao n í v e 1 da e s

trutura económica e social do nosso país tecem-s~ concepçÕes que vão de~

de a consideração da capacidade determinante do movimento estudanti lU? l

na alteração da relaçôa de forças sociais .. (mas e desde que o movimen-

to operário siga o mov i mento estudantil! ~ ). Este raciocí nio v iciado na

bas e só pode conduzir à condenação do movimento sindical que é afinal o

objectivo ~nico de tais senho r e~.

A situação objectiva a que, o vingar de semelhantes teses. pode -

ria conduzir , e os pe r igos e ri scos que acarretariam para p mGvimento es

tudantil cumpre~ ser também sumariamente analisadas.

Pretender . na actual situação polít ica e no quadro actual do M. A.,

jogar tudo por tudo em cada luta concreta conduz afinal . a me nosprezar, ma is

a desprezar a importância para os estudantes desse previl i~iado instrumen ­

to da sua luta reivindicati v a , o M. A ..

Debil i ta-se ou liquida - se me smo o M.A., mas salva - se a consciên -

cia ! ? Eis afinal a tese b rilhante que a UDP nos apresenta.

Nós pensamos que se há que salvar a consciência, ela se salva , sal

v a ndo o ~.A . isto é. pugnando pelo reforço das estruturas democráticas

do Mov i mento estudant i l e pelo reforço da unidade dos estudantes.

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6- A DIREITA ESTUDANTIL, D REFERENDO E OS PROJECTOS DA DIREITA PARA A FCTUC.

Apoiando-se na po lí tica repressiva de Cardia . incentivada pelos r~

lativos s _ucessos nas eleiç~es para as Ass. de Representantes e angustia­

da pelo resultado das eleições para a AAC, a dire ita estudantil [PPD/CDS),

com o apoio nem sempre expresso, mas sempre tácito da JS, encarou este

processo em face das formas de luta por vezes utilizadas. como a oportu­

nidade que lhe ofereciam de mão beijada para se afirmar no plano estudan

ti 1 em Coimbra .

Escamoteando a quest~o de fundo que era o apoio ~u nao ~ reentra ­

da dos saneados, pois aí a direita sab i a que ficaria reduzida à sua ver ­

dadeira dimensão de grupo. procurou desde o início confund i r utilizando

largam~nte a cobertura dos orgãos de comunicação social para colocar a

su a alternativa em torno do "SI M ou NAO ~GREVE GERAL ".

Se algum êxito obtiveram com este estratagema . podemos entretanto

afirmar que. em grande medida , os seus projectos saíram go rados. As rep~

tidas promessas que estes saudosistas da Un i versidade caduca do fascismo

fizeram a Cardia de que ganhariam a A. M. segu in te, criaram tão profundas

ilusões no Ministério que este se viu obrigado a reco nhecer em not a ofi­

ciosa que os estudantes ditos "democratas '' iam pouco ~s Assemb leias Ma­

gnas, numa altura em que as Magnas eram das maiores de sempre em Coimbr a

E quando Cardia encerra a Un iversidade, na mira de que intimidan­

do os est udantes com a perca do an o lectivo, estes viessem a caucionar

massivamente o referendo. a direit a mais uma vez pensou que ti8ha c h ega-

do a sua oportun i dade. Perante o desespero e a desorientação provocada

por dois meses de encerramento. as s uas propostas seriam o po rto salva­

dor que se encontra ri a depois da tempestade '' esq~erdista '', Mais uma v ez

a direita se en g anou pois os estudantes deram most ras de grande respon­

sabilidade e de um profundo sentimento anti-fascista .

No referendo respondera m afirmativamente 57 % do s estudantes de

Coimbra a uma pergunta que 100% teria re spondido SIM . nao fosse a incor

recção do processo anti- democ rá tico da consulta domiciliária e o facto de

por trás dele se esconderem objecti v os polÍticos evidentes .

Nem mesmo a imprensa reaccionária escondeu a desilUsão que reinou

nas hostes da direita face a tão desastroso resultad o , tendo em conta a

chantagem e as irregularidade s existentes .

Não se pode entretanto compreender este processo se nao analiza r ­

mos pormenorizadamente quais os projectos da direita reaccionária para a

FCT UC.

A Coordenadora do Cons. CientÍfico ao reinte gr ar os professores sa

neados no serviço docente, que pretendia?

Excluída a hipótese ingénua de estes senhores pensare m que os es-

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tudantes nao reagiriam a mais esta ofens i va contra uma das suas mais

portantes conquistas, aparece hoje claro que o C.C. pretendia o encerra­

mento da Faculdade e a dem i ss ão das estruturas democráticas da escola.

A direita tinha sido derrotada nas eleiçÕes para a Ass. de Repre­

s entantes. Primeiro~ tentou a intriga mais obscura junto do ME IC para que

este não reconhecesse os no vos orgãos eleitos . Depois, como o

era demasiado escandaloso, recorreu à provocaçao.

processo

Mas porquê tanto afã em conqu i star a direcção da Faculdade?

Po rque a direita sabe que a FCTUC necessita de uma urgente rees­

truturação, tend~ para o efeito o seu projecto que conta com o apoio do

MEIC e sabe também que co ntará com uma firme oposição por parte dos estu

dantes e da maioria do corpo docente se esse projecto nao for posto a con

s ideração da escola.

t pa ra conseguir esse seu objectivo - o encerrar da escola - que

3 d~reita recorre a tudo, inclusivé ao abandono do trabalho. Homens que

fazem uso de processos tão ba i xos , que vão até ao não reconhecimento de

deicsões de re uniÕes democráticas , nao merecem, de facto, qualquer res­

peito por parte dos estudantes .

São afinal a vergonha da instituiçãO universitária !

7 - j A POLrTICA DE CAROlA - BJI.LANÇO CRITICA DA LUTA E PERSPECTIVAS]

S e h á sector em que a política de recuperaçao capitalista do go­

verno se tem de alguma forma aplicado i o do ensino. Card ia de~de o iní­

cio do seu reinado tem de facto demonstrado um Ódio tão profundo a to­

das as transformações democráticas no campo do ensino que, mais não l~e resta, pa ra aplicar a sua política, que aliança e a cedência mais desca ­

rada à direita.

Senão.vejamos:

- Ca rd ia recusa o d iál ogo com os estudantes mas recebe os

professores ew g re ve.

- Cardia encerra a Universidade aos estudantes em greve mas

nada faz quanto à greve do grupo minoritário de docentes .

- Cardia dá poderes à direita para estudar a reestrutura­

ção de uma escola mas recusa-se a que essas propostas se­

jam postas à consideração da mesma escola.

A luta que o Mov imento Estudantil desenvolve contra a política de

Cardia, é pois, uma luta difÍcil já que ela atinge o cerne da polÍtica de

recuperação capitalista do governo PS. Ao afirmarmos isto pretendemos nao

a · desmobilização para a luta de que alguns provocadores nos acusam, mas

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antes pelo contrário exigir que qualquer luta seja conduzida numa pers­

pectiva correcta, tendo em linha de conta todos os factores que a possam

determinar.

Na luta que travamos contra o ascenso da direita nas escolas pod~

remos conseguir vitórias parciais. podemos conseguir suster a ofensiva

da direita mas, uma vitória definitiva, nio está dependente do Movimento

Associativo por mais forte que ele seja, mas sim da modificação da corr~

laçio de forças a nível mais geral, da formação de um governo que se pa~

te por uma polÍtica de esquerda, na perspectiva constitucionalmente defi

nida. a do Sociali.smo.

Neste contexto a nossa acção no presente deve ter sempre em lin h a

de conta as batalhas futuras que também teremos que travar, devendo elas

conduzir ao fortalecimento e alargamento da base de massas do M. A. e nun

ca a sua restri ção e ao isolame nto da sua direcção.

Sem termos a pretensão de fazer um balanço exausti vo do processo

de luta que decorreu ao lon go dos Últimos 3 meses, tarefa que cabe ao M.

A. de uma maneira geral e à O.G. da AAC em particular, e para o qual es­

te documento pretende ser um contributo, pensamos poder-se desde já ti­

rar algumas conclusões que a seguir enumeramos:

1. Se é certo que a di rei ta com o apoio de Cardia conseguiu um dos

seus objectivos que era a reintegração de sa11eados. a luta estudantilcon

seguiu pe l o menos evitar um outro que era o encerramento da FCTUC.Por ou

tro lad o criou-se um profundo movimento de opinião no M. E . e fora dele.

de contestação à rein tegração de saneados , que deixa bem claro q~ão inde

sejáveis são e st es homens no corpo Universitário.

2 . Embo r a o M.A. sa ia temporariamente debilitado, estão criadas

condiçÕes para que a luta contra a política de destabilização e de direi

ta de Cardia, pross i ga através de formas massivas.

3. A direita estudantil não conseguiu o seu principal objectivo

que era aprovar p ropo stas em As sembleia Magna e, eventualmente.

a Direcção Geral.

demitir

Entretanto é um factor negativo que no actual processo. se tenha

cavado um fosso tão profundo entre dois blocos estudantis bastante v as­

tos, principalmente em t6rno do referendo . A direita mais . uma vez joga n~

ma falsa demarcação. afirmando a irreconciabilidade destes

res, para mais facilmente assi m ganhar a sua base de massas.

dois secto -

A União dos Es tudantes Comunistas, que ao longo deste processo de

luta soube sempre assumir o seu papel de organização responsá vel. · e cu­

ja actuação, não isenta evidentemente de erros, se pautou pela defesa dos

intere ss e s dos estudantes e pela integração da luta estudantil de uma for

ma correcta na lu~a mais geral que o povo portuguis trava contra o avan-

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ço do fascismo e pela r e cuperação da nossa econom i a com os tr a b a l h adores

e nao com o s cap i tal i stas , ALERTA t o dos os estuda n tes p ar a a necess i d a de

de se prosseguir a luta contra a ~fensiva da d i re i ta nas esco la s , c on tr a

os novos projectos reaccionários que o MEIC se p r epa r a para impô r à Uni­

ve rsidade .

O qu o nos une é muito mai s do qu e o que nos d i v ide !

De facto , in dep end e nte me nte das concep ç Õe s polÍt i cas ou part i dá­

rias da general idade dos estudantes , todos sentimos h o j e com clareza que

a po lÍtica do Mini sté rio da Ed uca ç ão no s nao se rve , que os projectos d a

direita para o ens i no são p r of un d a mente anti-estudantes . limitando-se a

repro duzi r com esta ou aquela pe q uena alteração . os projecto s de Veiga S i

mão do 24 de Ab ril .

O '' numerus c la~ s u s '' , o ex a me de apti dão . o autorita ri smo pedagcig~

co . a i ne x istênc i a de q u a lqu e r democ racia no fu nciona men to escola r , um

ensino eliti z ado e des li gado d a v i da . p r ofundamente embu í do de concep-

cães acientí f i cas e r e ac cioná ri as , não ~ o que s ucess i vas ge rações de e!

tudantes am b icionara m , levando-as à luta. não é o q ue se r ve os interes ses

da esma ga dora n~a ioria dos estudantes e do po v o po r turu~s .

A Uni~o doJ ?at udantea Co~unistas chama a atenção p a r a a nece s -

s~dade dP. prosseg uirmo s com firmeza e na maio r s e r eni rlad e a lu ta pela s

just a s reivin d i c a ções est u dant i s e a l erta pa r a o combn tP. a t o d as a s mani

festaç 6e s de des ~ni mo e dGsmob iliza ç ~ o qu e i de i as inc or rectas sobre a lu

ta desenvolv i da possam ter criado n o Mov i ~ento Es tudantil .

COIMBRA , Ju l ho de 19 77

OI RE CÇAO DA ORGANIZA ÇA D DO E NS I ~O

SUrEPIOR OE COI MBR A DA UEC

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