contra maior exploração persistimos na luta -...

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Órgão dos trabalhadores das indústrias metalúrgica, química, farmacêutica, eléctrica, energia e minas N.º 2 Abril 2008 Distribuição gratuita aos associados dos sindicatos federados Ou o Governo muda de política, ou o País tem de mudar de Governo EDITORIAL Lisnave Valorsul Vitória a ferros Contra as fortes pressões da administração e do Governo, que usaram a força policial, os trabalhadores preservaram direitos e horários. 5 Persistimos na luta Contra maior exploração Mais força! Decorre uma campanha com o objectivo de ganhar mais de seis mil novos associados para os sindicatos da Fiequimetal. 9 Riqueza de todos, lucro para alguns Sérgio Dias, Luís Cavaco, Jacinto Anacleto, Raúl Vito- rino, Paulo Cascalheira, An- tónio João Colaço e Manuel Bravo, dirigentes do STIM e da federação, falam sobre a situação do sector mineiro no Baixo Alentejo. Centrais No dia 28 de Março, milhares de jovens desfilaram em Lisboa e deixaram ao primeiro-ministro 50 mil postais de apoio às reivindicações da CGTP-IN para um efectivo combate ao emprego precário. A desenfreada ofensiva do Governo e do patronato, agora centrada na revisão do Código do Trabalho, exige de todos os trabalhadores um ainda maior empenho na luta, resistindo todos os dias nas empresas e participando em força no «aviso geral» de 16 e 17 de Abril e nas comemorações do 1.º de Maio. 17 e 20 12 e 13 1.º Congresso da Fiequimetal e 11.º Congresso da CGTP-IN Integração por cumprir Os trabalhadores da Gestnave e da Erecta exigem que o protocolo que deu milhões ao Grupo Mello seja cumprido nos conteúdos sociais. 3 Galp Energia Acordo conquistado Na revisão salarial, os trabalhadores deixaram claro que estavam dispostos a lutar por mais justiça na distribuição da riqueza criada. 6 EDP e REN Saúde em causa Acordados os aumentos salariais, faltam garantias quanto à aplicação dos direitos da Saúde a todos os trabalhadores. 7 FMEE Fim à discriminação Nos grupos Schindler e Bosch o combate contra as desigualdades salariais e pelo cumprimento do contrato colectivo está a dar resultados. 15 «Juntos avançamos!»

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Page 1: Contra maior exploração Persistimos na luta - Fiequimetalfiequimetal.pt/images/jornal02/jornal-fiequimetal02.pdf · 12 e 13 esso da Fiequimetal N Integração por cumprir Os trabalhadores

Órgão

dos trabalhadores

das indústrias

metalúrgica,

química,

farmacêutica,

eléctrica,

energia

e minas

N.º 2Abril

2008

Distribuição gratuita

aos associados dos sindicatos

federados

Ou o Governo muda de política, ou o País tem de mudar de Governo EDITORIAL

Lisnave

Valorsul

Vitória a ferros Contra as fortes pressões da administração e do Governo, que usaram a força policial, os trabalhadores preservaram direitos e horários.

5

Persistimosna luta

Contra maior exploração

Mais força!Decorre uma campanha com o objectivo de ganhar mais de seis mil novos associados para os sindicatos da Fiequimetal.

9

Riqueza de todos, lucro para algunsSérgio Dias, Luís Cavaco, Jacinto Anacleto, Raúl Vito-rino, Paulo Cascalheira, An-tónio João Colaço e Manuel Bravo, dirigentes do STIM e da federação, falam sobre a situação do sector mineiro no Baixo Alentejo.

Centrais

No dia 28 de Março, milhares de jovens desfilaram em Lisboa e deixaram ao primeiro-ministro 50 mil postais de apoio às reivindicações da CGTP-IN para um efectivo combate ao emprego precário. A desenfreada ofensiva do Governo e do patronato, agora centrada na revisão do Código do Trabalho, exige de todos os trabalhadores um ainda maior empenho na luta, resistindo todos os dias nas empresas e participando em força no «aviso geral» de 16 e 17 de Abril e nas comemorações do 1.º de Maio.17 e 20

12 e 13

1.º Congresso da Fiequimetal

e 11.º Congresso da CGTP-IN

Integração por cumprir Os trabalhadores da Gestnave e da Erecta exigem que o protocolo que deu milhões ao Grupo Mello seja cumprido nos conteúdos sociais.

3

Galp Energia

Acordo conquistado Na revisão salarial, os trabalhadores deixaram claro que estavam dispostos a lutar por mais justiça na distribuição da riqueza criada.

6

EDP e REN

Saúde em causa Acordados os aumentos salariais, faltam garantias quanto à aplicação dos direitos da Saúde a todos os trabalhadores.

7

FMEE

Fim à discriminaçãoNos grupos Schindler e Bosch o combate contra as desigualdades salariais e pelo cumprimento do contrato colectivo está a dar resultados.

15

«Juntos

avançamos!»

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Abril 20082

Nas páginas deste segundo nú-mero do Jornal da Fiequime-tal transparece o descontenta-

mento dos trabalhadores dos sectores representados pela federação, que nas empresas e locais de trabalho lutam pelos direitos laborais, pelos salários e o emprego e contra a prepotência e repressão patronais.

O patronato, estimulado pelas po-líticas de direita antilaborais do Go-verno de Sócrates, procura eliminar

direitos e aumentar a exploração dos trabalhadores que, organizados nos sindicatos da Fiequimetal e enqua-drados pela CGTP-IN, reagem e res-pondem lutando. Essa disponibilida-de de luta, apesar de desenvolvida em condições muito difíceis nas em-presas, transborda para as ruas, com uma forte participação dos activis-tas e trabalhadores dos nossos sec-tores, nas lutas gerais convocadas pela CGTP-IN, contra a política do

Governo de Sócrates. Estas irão ter continuidade nas grandes concen-trações em Lisboa e no Porto, convo-cadas pela central para os dias 16 e 17 de Abril, a que se seguirão as co-memorações dos 34 anos da revolu-ção e do Dia Mundial do Trabalha-dor, com a realização de um grande 1.º de Maio em todo o País.

Os trabalhadores portugueses não aceitam a continuação desta po-

lítica e, ou o Governo muda de polí-tica, ou o País tem de mudar de Go-verno. O povo português exige do Governo: o aumento real dos salá-rios e das pensões de reforma; em-prego de qualidade; o combate ao desemprego e à precariedade; mais e melhor Estado; mais justiça na re-partição da riqueza; o reforço da con-tratação colectiva e a efectivação dos direitos.

O Governo do PS, se fosse real-mente um governo socialista, e

não um governo liberal, comanda-do pelo capital, não avançaria com uma nova revisão da legislação labo-ral, que mais não pretende que satis-fazer as exigências do grande patro-nato organizado na CIP, procurando desregular ainda mais os direitos la-borais e tentando liquidar esse pa-trimónio fundamental, conquistado com o 25 de Abril, que é a contrata-ção colectiva de trabalho.

Como resposta a esta política e para a derrotar, vamos alargar o

caudal de luta, realizando um gran-de 1.º de Maio, de luta e interven-ção, que seja o caminho para novas lutas dos trabalhadores portugueses, exigindo que se cumpra Abril, com a construção de uma sociedade mais justa e mais fraterna, que tenha no horizonte o fim da exploração do ho-mem pelo homem.

Como resposta a esta política e para a derrotar, vamos alargar o caudal de luta

Protesto para continuar

EDIT

ORIA

L

Nos tempos que hoje correm, os jovens en-contram-se numa situação preocupante, no que diz respeito ao acesso ao emprego.

Os jovens que decidem completar os estudos e ingressar num curso superior empenham grande parte da sua vida para conseguirem o tão dese-jado diploma. Para obterem este diploma, muitos desses jovens acabam por se endividar, ainda an-tes de receberem o primeiro ordenado, contraindo empréstimos para pagarem as elevadas propinas e materiais escolares... de uma educação que cons-titucionalmente é pública e gratuita.

Cedo começam a verificar que a realidade do mercado de trabalho é bem mais dura do que al-guma vez imaginaram.

Afinal, onde estão os milhares de novos postos de trabalho que o Governo prometeu!?

O mercado de trabalho está saturado para mui-tos dos cursos superiores e o Governo, em vez de alertar para este facto e disponibilizar outras saídas

com mais garantias de emprego, nada faz. Ficam este jovens trabalhadores a engrossar ainda mais as filas nos centros de emprego, onde lhes são impin-gidos estágios atrás de estágios, trabalhando assim por «metade do preço» e não tendo qualquer víncu-lo contratual com a empresa onde é efectuado o es-tágio, assim como a empresa não assume nenhuns deveres nem obrigações perante eles.

Hoje, entrar para o mundo do trabalho através de um contrato a termo certo, através de trabalho temporário ou através dos falsos recibos verdes, começa a apresentar-se aos olhos dos jovens tra-balhadores como uma situação muito natural, sen-do visto até por alguns como a única forma de con-seguir trabalho. Fica, desta forma, a ideia de que os contratos precários são a regra geral e não a ex-cepção à regra, quando a lei para esta matéria é bem clara: para um posto de trabalho efectivo terá de existir um vínculo contratual efectivo.

Salários baixos, más condições de trabalho, re-

duções de direitos e a acentuação de diversas for-mas de discriminação são apenas algumas das muitas consequências que estão associadas à pre-cariedade. Perante esta realidade, os sindicatos adquirem, cada vez mais, um papel de extrema importância no esclarecimento, na divulgação, na organização e na luta dos jovens trabalhadores pe-los seus direitos e pela garantia de um futuro dig-no e de qualidade.

É importante e essencial a luta pela defesa da contratação colectiva, a recusa da revisão gravo-sa do Código de Trabalho e a denúncia de todas estas situações, como forma de combate à preca-riedade.

É por ser justa a luta dos jovens trabalhadores que milhares de jovens se manifestaram no dia 28 de Março, fazendo ecoar na sua voz a palavra de ordem «não à precariedade», pelas ruas da capi-tal, e vão marcar presença em todas as lutas que se avizinham.

PrecariedadeO problema de se ser jovem…

EsmEralda marquEsDirecção Nacional da Fiequimetal

OpIn

IãO

nacional

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Abril 2008 3

Integração na LisnaveDespedidos desde o primeiro dia de Março, os trabalhadores continuam a exigir que o protocolo que serviu para dar milhões ao Grupo Mello seja cumprido quando estipula a sua entrada para a Lisnave.

O Governo de José Sócrates, servindo os interesses econó-

micos e políticos da admi-nistração da Lisnave, con-sumou no fim de Fevereiro, através da administração (comum) da Gestnave e da Erecta, o despedimento de mais de 200 trabalhadores, que não foram abrangidos pelo «plano social» de pré-reformas e reformas anteci-padas.

Ao fazerem esta acusação - na mais recente das várias notas de imprensa que têm divulgado, no quadro da lu-ta desenvolvida nos últimos dois anos - os órgãos repre-sentativos reafirmam que o Governo deveria ter exigi-do da Lisnave a integração destes trabalhadores e de mais 800, para dar cumpri-mento ao protocolo assina-do em 1997.

Foi também um governo do PS, pela mão de pessoas

que hoje têm altas respon-sabilidades no actual Exe-cutivo, que assinou há onze anos com a Lisnave (Equi-fluid/Navivessel) um proto-colo, na base do qual o Es-tado gastou mais de 100 milhões de contos, dos dinheiros públicos, para

pagamento de dívidas da Lisnave, investimento na pré-reforma e financiamen-to da Gestnave. A Lisnave assumiu o compromisso de ter sempre 1339 trabalha-dores efectivos, mas nunca o cumpriu; tem hoje cerca de 300 trabalhadores, em-

bora no estaleiro estejam permanentemente ocupa-dos cerca de dois mil pos-tos de trabalho.

Apesar de despedidos, os trabalhadores decidiram continuar a reclamar a re-admissão na Lisnave, com todos os direitos.

O Governo anunciou, en-tretanto, um novo acordo com a Lisnave. Desconhece-se quanto pagou, para obter da empresa um novo com-promisso de admissão de 200 trabalhadores da Ges-tnave e da Erecta. Foi envol-vida a Inspecção do Trabalho (ACT), mas os ORTs suspei-tam de que isso terá sido fei-to para fechar os olhos às ilegalidades; quanto à par-ticipação do presidente do IEFP, terá talvez o objecti-vo de pressionar os trabalha-dores a aceitarem continuar a servir a Lisnave, mas com contratos precários e sem di-reitos, para não perderem o subsídio de desemprego.

No dia 14 de Março, no Pinhal Novo, os trabalha-dores voltaram a encon-trar-se e decidiram pro-mover novas acções em defesa do emprego e do cumprimento do protoco-lo de 1997.

actual

Trabalhadores da Gestnave e Erecta não desistem

Numa reunião que terminou já na madrugada de 20 de Março, a administração da LBC Tanquipor, no Lavradio, e o Sinquifa acordaram um aumento de 3,8 por cento na tabela salarial, subindo o subsídio de refeição de 10,50 euros para 11,00 euros (4,7 por cento), com a introdução de um subsídio de transporte no valor do passe social dos TCB. Foi evitada assim a greve de 24 horas convocada para esse dia.

Com as contas bancárias cativadas pelas Finanças e com a insolvência declara-da no final de Fevereiro, fi-caram atrasados os salários desse mês e há muitas pre-ocupações quanto ao futuro da Fapobol e dos seus 169 trabalhadores.

O Sinorquifa possui na em-presa uma organização sóli-da e actuante, e está a mo-bilizar os trabalhadores no sentido de que a insolvên-cia não se encaminhe pa-

ra a falência, salvaguardan-do os postos de trabalho e os direitos.

Num do mais concorridos plenários de sempre, foi exi-gido ao ministro da Finan-ças o descongelamento das contas bancárias e a renego-ciação do acordo que a em-presa não cumpriu, o que poderia passar, designada-mente, pela prorrogação do seu prazo de vigência. A exi-gência ficou expressa num abaixo-assinado, subscri-

to pela esmagadora maio-ria dos trabalhadores. Estes manifestaram, ainda, a firme disposição de lutarem pelos seus direitos, em especial pelo direito fundamental ao trabalho.

Embora concordem que a empresa deve cumprir as su-as obrigações fiscais, defen-dem que não é com cortes cegos e obstruções de con-tas bancárias, inscritas na obsessão doentia de comba-te ao défice do Governo PS/

Sócrates, que se desenvolve a economia nacional.

A Fapobol integra a Fábrica Portuense de Borrachas, que produz correias transportado-ras, piso recauchutado e per-fis vedantes para caixilharias, e a Fábrica de Materiais Plás-ticos, que fabrica artefactos de plástico (para sacos de todas as espécies) e espumas. Tem um volume anual de negócios de 12 milhões de euros e lo-caliza-se no Mindelo, Vila do Conde, distrito do Porto.

Na ETAR da Ribeira dos Moinhos, a mais recente greve iniciou-se a 6 de Fe-vereiro e, ao fim de um mês, a GNR foi mandada carre-gar sobre os trabalhadores, a pretexto de abrir caminho a um camião, habitualmen-te usado para transportar cereais, que iria carregar la-mas oleosas ali acumuladas. Com forte solidariedade da população e das autarquias locais, os trabalhadores im-pediram essa ilegalidade e mantiveram a luta. Afirma-ram que a luta é para man-ter também quando decidi-ram retomar o trabalho, a 1 de Abril, dia em que foram confrontados com processos disciplinares revanchistas.

Já tinham feito outras greves, em Setembro e em Dezem-bro. Batem-se por um cader-no reivindicativo justo e rea-lista. Conseguiram passar de um para dois operadores por turno, o aumento do subsídio de transporte para 55 euros, o compromisso de melhorias em matérias ambientais e de segurança, uma actualização dos salários, com efeitos a 1 de Janeiro, embora ainda lon-ge dos valores reivindicados.

A ETAR é propriedade da Águas de Santo André (que

faz parte do grupo Águas de Portugal, criado com dinhei-ro público e cujos adminis-tradores são nomeados pelo Governo) e está concessio-nada desde 1995 à Sisáqua. Tem cerca de duas dezenas de trabalhadores, que labo-ram em turnos, de dia e de noite, arduamente e com pés-simas condições, ganhando pouco mais que o salário mí-nimo nacional e muito menos do que, para idênticas fun-ções, se ganha nas Águas de Santo André, por exemplo.

Ao fim de duas semanas de greve, os trabalhadores foram bater à porta do mi-

nistro do Trabalho, mas o Governo voltou a nada fa-zer para resolver o conflito.

Como apontou o Sinqui-fa, quanto menos gastar

com os trabalhadores e o ambiente, mais a Sisáqua lucra, contribuindo assim para aumentar os provei-tos do grupo Consulgal/

IPG e do milionário que o domina e que é um his-tórico «accionista de re-ferência» do Millenium BCP. A dúvida que per-siste é acerca de até on-de chegam, no poder polí-tico, as influências destes poderosos que o Governo não mostra coragem para enfrentar.

Entretanto, destaque-se o facto de a ACT de Be-ja ter detectado várias in-fracções graves, cometi-das pela Sisáqua e Águas de Santo André, e ter le-vantado os respectivos au-tos de notícia.

Amoníaco retoma laboraçãoAo fim de mais de três meses de suspensão da actividade produtiva, o grupo CUF e a administração da AP Amoníaco de Portugal, no Lavradio, Barreiro, decidiram no início de Março retomar a produção. O Sinquifa expressou o seu agrado por esta decisão, cuja fundamentação não foi dada a conhecer ao sindicato, mas que poderá estar ligada com o aumento do preço dos produtos. A preocupação quanto ao futuro, contudo, mantém-se, devido a factores como os elevados custos da matéria-prima e do petróleo, as influências negativas da Política Agrícola Comum e as consequências da destruição do sector produtivo nacional.No período de suspensão, recorda o sindicato, o Ministério do Trabalho recusou reunir com os representantes dos trabalhadores e o Ministério da Economia só os recebeu depois de ali se deslocar uma delegação alargada.

Estaleiros de VianaFace ao impasse criado pela administração na negociação do caderno reivindicativo para 2008, os trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo decidiram fazer greve ao trabalho suplementar, a partir de 12 de Março. Desde este dia, passariam a recusar ainda o alargamento dos horários de turno e nocturno, e também os horários desfasados. A decisão foi tomada por unanimidade, em plenário realizado dia 6 de Março, como forma de exigir da administração uma proposta credível, que permita chegar a um acordo.

LBC Tanquipor

Durante os últimos dois anos, os trabalhadores expressaram o seu protesto e apresentaram as suas justas razões aos diversos órgãos de poder (na foto, frente ao Ministério do Trabalho, a 24 de Janeiro deste ano)

Só se notou reacção do Governo quando mandou avançar a GNR

Pelo futuro da Fapobol

Mantém-se a luta na Sisáqua

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Abril 2008�

Exigência aos patrões e ao Governo

Negociação, salários e direitosRepresentantes de centenas de milhares de trabalhadores, com uma forte participação de sectores abrangidos pela Fiequimetal, manifestaram-se dia 24 de Janeiro em Lisboa, frente a associações patronais, à CIP e ao Ministério do Trabalho.

contratação

Em plenário e num abaixo-assinado, a 13 de Fevereiro, os trabalhadores da Vishay, em Vila Nova de Famalicão, exigiram a aplicação do CCTV FMEE e afirmaram-se dispostos a tomar outras decisões com esse objectivo, oportunamente.

Três por cento na CSPA CSP, em Almada, procedeu a aumentos salariais de três por cento, com efeitos a Janeiro. As reuniões do SIESI com a empresa vão prosseguir, sobre matérias como férias, trabalho suplementar, descanso compensatório e formação profissional.O SIESI fez notar à administração que a Delphi, no Seixal, foi condenada em tribunal a atribuir um dia de descanso compensatório por trabalho suplementar superior a quatro horas, como estabelece o CCTV FMEE, e a repor centenas de milhares de horas de descanso aos trabalhadores. Lembrou que empresas como a Siemens, Legrand ou a Visteon aguardam julgamento sobre a mesma matéria. E convidou a CSP a debater rapidamente com o sindicato a regularização desta situação.

Essex em lutaOs trabalhadores da Essex (ex-Nexans) iniciaram há várias semanas uma luta para que a administração satisfaça um caderno reivindicativo, onde o aumento dos salários figura como questão impreterível, porque as condições de vida se têm degradado, com a subida de preços, mas também por verificarem que os vencimentos dos quadros e chefias se situam em valores muito superiores aos do restante pessoal. Recorreram a formas de luta e entraram mesmo em greve, em Fevereiro, durante três dias, à qual aderiu a maioria dos trabalhadores da produção.

CCTV vigora

O «dia nacional de luta pelo direito à negociação colec-

tiva, por melhores salários e por trabalho com direi-tos», foi promovido pela CGTP-IN, para denunciar publicamente o compor-tamento dos máximos re-presentantes patronais e do Governo, aliados para tirarem aos trabalhadores e colocarem na conta dos lucros.

Cerca de cinco mil diri-gentes, delegados e acti-vistas sindicais e membros de comissões de trabalha-dores, de todo o País e de diferentes sectores, con-centraram-se, a meio da tarde, frente à sede da Confederação da Indús-tria Portuguesa e desfila-

ram depois, em manifes-tação, até ao Ministério do Trabalho.

De manhã, foram reali-zadas acções de protesto junto de empresas com

cargos dirigentes em as-sociações patronais que persistem em não con-

cretizar o direito à nego-ciação colectiva, como a EMEF (vice-presiden-te da ANMEE/Fename, acusada de descarri-lar contra os metalúr-gicos) e a Hovione (dos corpos sociais da APEQ e, por isso, co-respon-sável pelo protelamento das negociações e pelo atraso da actualização dos salários na indús-tria química). Repre-sentantes dos trabalha-dores da Gestnave e da Erecta deslocaram-se ao Ministério do Trabalho, exigindo a integração na Lisnave.

Nas duas resoluções aprovadas, dirigidas à confederação da indús-tria e ao Governo, ficou afirmada a determinação de «intensificar a acção reivindicativa nas em-presas e locais de traba-lho, e promover as acções de esclarecimento e mo-bilização dos trabalhado-res, em todos o sectores, preparando as formas de luta que se considerem necessárias, face às ame-aças das entidades patro-nais».

A par da defesa dos di-reitos, da melhoria dos sa-lários e da contratação colectiva, mereceu conde-nação qualquer tentativa de agravar ainda mais as leis do trabalho.

Os aumentos salariais na Thyssen, empresa de ele-vadores e escadas rolantes, com 575 trabalhadores, sede em Massamá (Que-luz, Sintra) e delegações em todo o País, cifraram-se em 5,1 por cento, em média. Foram beneficiados os salários menos elevados e continuaram a ser esba-tidas as diferenças sala-riais entre categorias, con-forme um plano acordado em 2006. Entre os técni-cos electromecânicos, por exemplo, havia 133 salá-rios diferenciados, que já são apenas 51.

Foram aumentados o subsídio de disponibilida-de (para 184,64 euros) e

o valor pago por cada sa-ída em disponibilidade. O trabalho em dia de Na-tal, de Ano Novo e do Tra-balhador dá direito a um acréscimo de perto de 200 euros, além do valor do trabalho suplementar.

Por proposta dos sindica-tos (SIESI e STIENC), ini-ciou-se a discussão sobre o sistema de avaliação de de-sempenho. Um regulamen-to de utilização de viaturas, imposto pela administra-ção, contém aspectos pro-fundamente ilegais e está a merecer forte contestação. Não está a ser pago aos tra-balhadores da reparação e da montagem o tempo que excede o horário de traba-

lho, na deslocação entre a residência e as obras.

Na OTIS, a prestação do trabalho em regime de turnos rotativos melhora de forma significativa, em particular quando se ve-rifique o recurso ao traba-lho suplementar. O SIESI e STIENC estabeleceram um acordo com a adminis-tração da empresa de ele-vadores e escadas rolan-tes OTIS, sediada em Mem Martins, Sintra, que rea-firma o constante da cláu-sula 28.ª do contrato co-lectivo de trabalho (CCTV FMEE), pelo que a realiza-ção de mais de quatro ho-ras de trabalho extraordi-nário, independentemente

do dia da semana, confe-re um dia de descanso compensatório. Estabe-lece ainda o pagamento, nos subsídios de férias e de Natal, dos 50 por cen-to correspondentes ao com-plemento de trabalho noc-turno.

Ficou reforçado o pa-gamento do trabalho suplementar, conforme consta da cláusula 41.ª do contrato colectivo: ao do-mingo, tem um acréscimo de 150 por cento; ao sá-bado, tem um acréscimo de 125 por cento, nas pri-meiras quatro horas, e de 150 por cento nas seguin-tes. Prevê também o paga-mento a 300 por cento, e

respectivo descanso com-pensatório, sempre que o trabalho extraordinário seja prestado no único dia de folga da semana.

Foi revogada uma dispo-sição que autorizava a mu-dança de horário e foi fi-xado o período máximo de trabalho de 8 horas diá-rias, com interrupção de uma hora para refeição.

Quanto à tabela salarial, o valor apresentado pelos sin-dicatos foi de 5,5 por cento, para aumento médio, com garantia de que ninguém te-ria uma actualização inferior a 3,5 por cento. Os resulta-dos líquidos da OTIS no últi-mo ano ultrapassaram os 20 milhões de euros.

Resultados positivos na Thyssen e OTIS

Ó A CIP não cumpre o Acordo para a Dinamização da Contrata-ção Colectiva, assinado em Janei-ro de 2005, e nada fez para que as associações patronais, suas fi-liadas, o cumprissem e aceitas-sem negociar de boa fé a revisão das convenções colectivas - pelo contrário, mantiveram o boicote à contratação colectiva, com o ob-jectivo de destruírem os direitos e imporem a desactualização dos salários, ameaçando o próprio di-reito de negociação e contratação colectiva;

Ó O Governo dá cobertura ao boi-cote patronal à contratação colecti-va, e não alterou a Lei, como se tinha comprometido, para impedir a possi-bilidade de caducidade das conven-ções colectivas e repor o princípio do tratamento mais favorável ao traba-lhador. Faz letra morta do direito à negociação colectiva na Administra-ção Pública, não age perante o boi-cote patronal à contratação colectiva e permite ao patronato condutas an-tinegociais e toda a espécie de ma-nobras e chantagens para tentar des-truir a própria contratação colectiva.

Ï Os trabalhadores e os sindicatos continuarão a defender a contrata-ção colectiva como meio privilegia-do de regular e regulamentar as re-lações de trabalho e como forma de assegurar um modelo de desenvolvi-mento do País, baseado no progres-so e na justiça social. Opõem-se fir-memente à tentativa de substituição da contratação colectiva pela rela-ção individual de trabalho, que con-figuraria um retrocesso histórico no Direito do Trabalho.

(Das resoluções aprovadas dia 24 de Janeiro e entregues na CIP e no Ministério do Trabalho)

Pela contratação colectiva

No dia 24 de Janeiro foi reafirmada a determinação de prosseguir a luta pelos justos interesses e legítimos direitos dos trabalhadores

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Abril 2008 5

contratação

A Blaupunkt Auto-Rádios apresentou um plano de férias para 2008 que só tinha dez dias no período nobre do Verão (Agosto), o que mereceu imediata contestação da Comissão de Trabalhadores e da Comissão Sindical do STIENC. Desde sempre, os trabalhadores tiveram a possibilidade de gozar quinze dias naquele período. Como a administração não aceitou reconsiderar a sua posição, foi decidido auscultar o pessoal, por voto directo e secreto, sob a fiscalização dos representantes dos trabalhadores. Por larga maioria, foi afirmada a possibilidade de gozar quinze dias em período nobre e a empresa teve que elaborar um novo plano de férias.

As negociações do cader-no reivindicativo, apresen-tado pelos trabalhadores e o STIM à administração da Beralt Tin, não come-çaram bem. A aplicação unilateral de valores mui-to aquém das reais possi-bilidades da empresa teve o claro propósito de evi-tar que os trabalhadores se mobilizassem para lu-tarem por melhores condi-ções de vida.

No final de Fevereiro, o sindicato levou à em-presa, para além da pro-posta inicial dos traba-lhadores, mais quatro

possibilidades para via-bilizar o acordo, mas to-das foram recusadas. Em comunicado, o STIM acusou a Beralt de nun-ca se esquecer dos tra-balhadores quando toca a exigir-lhes ainda mais esforço, para atingir os objectivos da empresa, o que já não sucede quan-do se trata de melhorar as condições de vida de quem dá o contributo de-terminante para os resul-tados. Em plenário, no dia 4 de Março, os traba-lhadores demonstraram unidade e determinação

para ir à luta, por uma mais justa distribuição da riqueza.

Nesse mesmo dia, a ad-ministração alterou a sua posição e foi possível che-gar-se a um acordo nego-cial equilibrado, que os trabalhadores considera-ram positivo. Com efeitos a 1 de Janeiro, contempla, nomeadamente: mais 3,5 por cento no salário-base, mais um euro por dia no subsídio de alimentação, aumento para 13 anuida-des. O prémio de produ-ção manteve-se nos mol-des actuais.

Ao longo de nove meses, os traba-lhadores da Valor-

sul fizeram doze dias de greve. A última começou a 13 de Novembro, logo com presença policial, na central de incineração de São João da Talha e no aterro do Mato da Cruz, e foi suspensa ao fim de uma semana, para retomar as negociações com a admi-nistração.

Como salientou o Sinqui-fa, o acordo de revisão do Acordo de Empresa, obti-do no virar do ano, foi uma importante vitória dos 250 trabalhadores:

- os direitos do AE fica-ram intactos e mantive-ram-se, sem alterações, os horários em vigor;

- foi aumentado o tem-po de descanso do pesso-al de turnos (ao contrário do que pretendia a admi-nistração);

- foram aumentados os salários em três por cen-to e os mínimos dos subsí-dios de turno (em 2,5 e 6,8 por cento), bem como ou-tros subsídios.

Ficou ainda acordado: proceder de imediato a uma análise de funções, com vista à reclassifica-ção do pessoal mal classi-ficado e categorias mal en-quadradas; analisar vários casos pendentes, para que o AE se aplique uniforme-mente em todas as unida-

des da Valorsul; iniciar ra-pidamente as negociações para 2008, limitadas à ma-téria de natureza pecuniá-ria.

O sindicato salientou que, com este desfecho, fi-cou provado que é possí-vel reduzir o trabalho su-plementar, sem mexer no acordo de empresa nem nos horários de trabalho em vigor. Esta redução foi o principal objectivo invo-cado, desde o início, pe-la administração, que ar-gumentava como se cada

trabalhador decidisse por si o trabalho extra que de-ve fazer.

Se a administração da Valorsul (que depende do Governo, através da EGF/Águas de Portugal, o maior accionista, acompa-nhado das câmaras de Lis-boa, Amadora, Loures e Vila Franca de Xira e da EDP) tivesse dado ouvidos aos trabalhadores e ao sin-dicato e não persistisse na sua teimosia, bem podia ter evitado as greves rea-lizadas.

Em «estado de sítio»

A imposição, pelos mi-nistérios do Trabalho e do Ambiente, de serviços mínimos violadores do direito à greve serviu pa-ra instalar na Valorsul um autêntico estado de sítio, desde o início da greve de Novembro. A PSP e a GNR forçaram a entra-da de camiões no aterro, para descarregarem li-xo sem condições garan-tidas. Mas a força poli-cial também serviu para

substituir trabalhadores em greve por outros, de empresas de seguran-ça. Houve até situações em que a Polícia chegou a dar ordens aos traba-lhadores, substituindo-se aos órgãos de gestão e às hierarquias da empresa.

Os trabalhadores não vergaram e venceram uma importante batalha, que fi-cará na memória de muita gente e cujos reflexos ex-travasaram, de forma bem evidente, os muros da Va-lorsul.

CACIA sem «bolsa»Perante a luta e unidade dos trabalhadores da Companhia Aveirense Componentes Indústria Automóvel, (conhecida como Renault Cacia) a administração recuou na pretensão de incluir a «bolsa de horas» na negociação do caderno reivindicativo. Os trabalhadores, em plenários realizados dia 15 de Fevereiro, deram o seu acordo ao aumento de 3,25 por cento no salário-base, com efeitos a Janeiro, e à actualização das regalias sociais em 2,5 por cento. A comissão sindical saudou a unidade demonstrada, no decorrer do processo de negociação, e exortou os trabalhadores a manterem-se atentos, unidos e mobilizados para as próximas batalhas.

Auto Sueco condenadaO Sindicato dos Metalúrgicos de Aveiro, Viseu, Guarda e Coimbra congratulou-se com a decisão do Tribunal de Trabalho de Coimbra, que condenou em toda a linha a Auto Sueco (Coimbra), num processo por discriminação, intentado pelo dirigente Victor Ferreira. A empresa foi condenada a pagar as diferenças salariais e os juros de mora, a igualar o trabalhador ao seu colega de igual categoria e profissão, e a pagar uma indemnização.

Blaupunkt recuou

Conseguido acordo na Valorsul

Na luta nascem vitóriasResistindo a fortes pressões da administração e do Governo, e também à força policial, os trabalhadores preservaram os direitos e os horários.

Acordo positivo nas Minas da Panasqueira

Deve ser compensado o contributo determinante dos trabalhadores para os resultados da empresa

A unidade foi a principal arma dos trabalhadores para resistir às pressões

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Abril 20086

As mulheres são maioritárias no Ensino Superior, quer a nível de alunos quer de diplomados, mas concentram-se mais em

cursos associados a elevadas taxas de desemprego.Apesar de serem já quase maioritárias ou maioritárias nos níveis mais elevados de escolaridade, as mulheres ainda não constituem a maioria em todas as profissões de maior qualificação. Nos «quadros superiores e dirigentes da Administração Pública e das empresas», constituem cerca de um terço. Só no grupo «especialistas das profissões intelectuais e científicas» é que são a maioria. Nos serviços, são claramente maioritárias: 66,1 por cento em 2007. Nos restantes grupos profissionais, apenas nos «trabalhadores não qualificados» as mulheres são claramente maioritárias, tendo até o seu peso aumentado, entre 2004 e 2007, de 62,7 para 65 por cento.Em 2007, as mulheres constituíam apenas 46 por cento dos trabalhadores com contrato sem termo, mas eram 48,2 por cento dos que estavam com contrato a prazo; eram 45,2 por cento dos trabalhadores com contrato a tempo completo, mas já constituíam 78,2 por cento dos que tinham contrato a tempo parcial.A desigualdade de remunerações agravou-se. Segundo o Eurostat, a percentagem que a remuneração das mulheres representa da dos homens, nas empresas com dez ou mais trabalhadores, diminuiu, entre 2005 e 2006, de 76,9 para 68,3 por cento. E, segundo o Livro Branco das Relações Laborais, as desigualdades aumentam com a idade e a escolaridade.O número de mulheres atingidas pelo desemprego é superior ao dos homens e a sua percentagem tem aumentado nos últimos anos. Em 2004, eram mulheres 53,1 por cento dos desempregados; em 2007, eram já 56,1 por cento. Por outro lado, em 2007, eram mulheres 53,1 por cento dos desempregados com o ensino básico, 58,3 por cento dos desempregados com o ensino secundário, e 70,3 por cento dos desempregados com o ensino superior. Portanto, quanto maior é o nível de escolaridade, maior é a proporção de mulheres entre os desempregados.Em 2007, o subsídio de desemprego pago aos homens era, em média, de 431 euros, enquanto o valor pago às mulheres era de 340 euros, o que correspondia a 78,9 por cento do montante dos homens. O subsídio social de desemprego pago aos homens era de 216 euros e às mulheres era de 214. Os valores pagos às mulheres, nos dois casos, estavam abaixo do limiar da pobreza e diminuíram entre 2006 e 2007.Em 2007, a pensão média de velhice dos homens era de 449 euros, enquanto a das mulheres era de apenas 272 euros (60,5 por cento); se a pensão de invalidez dos homens era de 352 euros, a das mulheres era de apenas 269 euros (76,5 por cento). Também aqui os valores pagos às mulheres estavam abaixo do limiar da pobreza, que ronda os 400 euros por mês (cálculo para 12 meses). O número das mulheres com estas pensões, em 2007, era já superior a um milhão e cem mil.

Discriminação das mulheresnão diminuiAo passar o Dia Internacional da Mulher, observamos que não estão a diminuir as desigualdades entre mulheres e homens no nosso país. Vejamos alguns dados de um balanço recente.

Eugénio rosaEconomista da CGTP-IN

contratação

Em plenários realiza-dos a 17 de Março, os trabalhadores da

Petrogal e Gás de Portugal ratificaram os acordos de princípio, que dias antes foram estabelecidos pelas comissões negociadoras da Fiequimetal e das ad-ministrações, e que têm efeitos em todo o grupo Galp Energia.

Na Petrogal, ficou acer-tado, para o corrente ano, um aumento salarial de três por cento, sendo que nunca será inferior a 55 euros (o que representa um aumento médio de 3,4 por cento). O subsídio de re-feição passa para 9,43 eu-ros (mais 5,2 por cento) e o subsídio de infantário para 82,30 euros (mais 4,5 por cento). A cada trabalhador é atribuído um prémio de produtividade (anual), no valor de 2.178 euros.

O aumento médio global é de 4,1 por cento, mas o aumento da massa sala-rial, incluindo o prémio, representa 11,7 por cento.

Na Gás de Portugal, o acordo prevê igualmen-te um aumento salarial de três por cento, enquanto o valor das anuidades sobe 4,3 por cento. O subsídio de refeição passa a ser de 9,20 euros e o de peque-no-almoço sobe para qua-tro euros (mais quatro por

cento). São actualizados o complemento do subsí-dio familiar a crianças e jovens (para 21,50 euros, aumento de 4,6 por cento) e o subsídio de limpeza de vestuário (13,50 euros, o que representa mais qua-tro por cento). É atribuí-do a cada trabalhador um prémio (anual) de produti-vidade, de 2.178 euros.

Com anuidades, o aumen-to médio global é de 3,9 por cento. Com o prémio, o aumento da massa salarial atinge 11,7 por cento.

Ficou ainda acordado que o prémio de produ-tividade é também apli-cado, no mesmo valor de

2.178 euros, nas 26 em-presas do grupo Galp Energia.

Estes resultados só foram possíveis devido à grande unidade dos trabalhadores, os quais tinham decidido avançar para a greve, caso a administração não tives-se desbloqueado o impasse negocial - salientou a co-missão negociadora da Fie-quimetal, que integra o Si-norquifa e o Sinquifa.

Alerta mantém-se

Federação e sindicatos ressalvam que persistem outros objectivos de luta, tais como:

- a negociação das cate-gorias profissionais,

- a concretização efectiva dos investimentos nas du-as refinarias,

- e o combate à ofensiva do Governo e do patronato contra os direitos dos tra-balhadores, com particu-lar destaque para o com-bate à flexigurança e às graves mudanças intenta-das no processo de revisão do Código do Trabalho.

Nos plenários de 17 de Março, os trabalhadores manifestaram total disponi-bilidade para participarem nas acções de luta que vie-rem a ser determinadas em função destes objectivos.

Foi determinante a unidade

Acordo no grupo GalpPara que a administração chegasse a uma posição aceitável na revisão salarial, foi necessário que os trabalhadores deixassem claro que estavam dispostos a lutar por mais justiça na distribuição da riqueza criada.

Mudar mais na GalpgesteApós os atrasos ocorridos na resposta a várias questões

e reivindicações colocadas pela comissão intersindical dos Metalúrgicos, a firmeza negocial e a resistência dos trabalhadores levaram a Galpgeste a subir para 2,8 por cento o valor da actualização da tabela salarial.

O acordo global foi alcançado no dia 2 de Abril, com efeitos a 1 de Janeiro, e prevê ainda mais um euro no abono para falhas e 6,17 euros de subsídio de refeição, representando uma evolução face à in-flação verificada. Não põe em causa as reivindica-ções em termos de futuro, para alcançar melhores resultados e respostas a vários problemas sentidos na empresa e em áreas de serviço tais como: o pré-mio Galpgeste e o pagamento das substituições tem-porárias; fugas, falhas de caixa e alterações dos rela-tórios; cartões Sonae e soluções em caso de extravio; apoios e armários; formação em dia de folga; horas extra na mudança de turno; horários intermédios; segurança no turno da noite; limpeza das rodovias; qualidade da água nas áreas de serviço.

Argumentos justos

1 Durante onze anos consecutivos, o aumento do custo de vida foi sempre superior às me-

tas de inflação estabelecidas pelos governos e im-postas pelas administrações como principal crité-rio nas actualizações salariais, reduzindo o poder de compra dos salários;

2Desde Dezembro ocorreu um enorme agra-vamento dos preços, abrangendo produtos e

bens essenciais;

3Continuam a crescer os resultados da empre-sa, mas é inaceitável a distribuição desigual

das muitas centenas de milhões de euros de lu-cros;

4Têm aumentado os níveis de desempenho e de produtividade dos trabalhadores;

5Há que reconhecer, em termos concretos, o contributo determinante que os trabalhadores

em geral (e não apenas alguns) têm dado para os excelentes resultados obtidos.

É necessário concretizar os investimentos nas refinarias

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Abril 2008 7

Acordo salarial na EDP e REN

Manter a Saúde no ACTAcordados aumentos salariais num valor superior ao de 2007, a comissão negociadora da Fiequimetal insiste em obter dos grupos EDP e REN garantias quando à aplicação dos direitos da Saúde a todos os trabalhadores.

contratação

No final de Março, a Fiequimetal chegou a acordo, so-bre a actualização salarial, com a associação patronal AIMMAP, o que permite a aplicação imediata dos valo-res da tabela salarial nas empresas da metalurgia e me-talomecânica.

O acordo prevê aumentos entre 2,5 e 2,7 por cen-to, sobre os valores que o patronato apresentou em 2007. Em comunicado, a federação e os sindicatos su-blinham que se trata de valores mínimos, já que mui-tas empresas aplicaram aumentos superiores e muitas outras têm condições para o fazer. Registaram-se mui-tos aumentos que variam entre 25 e 50 euros, haven-do casos de 60 e até de 70 euros. Confirma-se assim, uma vez mais, que vale a pena estar sindicalizado e ser persistente na luta pela defesa do Contrato Colec-tivo e dos direitos que pertencem aos trabalhadores, conclui o comunicado.

Após o anúncio do des-comissionamento das cen-trais a fuel, a EDP ini-ciou, a partir de meados de 2007, contactos com os trabalhadores do Carrega-do, no sentido de apresen-tar propostas para o futuro dos postos de trabalho.

Desde a primeira hora, o SIESI e o STIENC, conjun-tamente com a CT (local e de empresa), desenvolve-ram um amplo processo de esclarecimento e mo-bilização, visando que as decisões fossem comuns a todos os trabalhadores. Tal facto levou a que fos-sem feitas diversas altera-ções aos documentos e a

situações, obrigando a ad-ministração a ter de vir ao terreno e a encontrar solu-ções com as estruturas re-presentativas.

Foi dessa forma que se encontraram cláusulas de salvaguarda e que evoluiu o processo na primeira central a entrar no desco-

missionamento. A atenção deverá manter-se até final, previsto para 2012.

No caso da Central do Barreiro, cujo processo de fecho é apontado para finais de 2010, estão a decorrer as entrevistas que visam, se-gundo a empresa, apurar as reacções às propostas que tem para apresentar.

Numa primeira análise, este caso surge ao SIESI como algo que não vai ser fácil, pelo que estão em marcha acções de esclare-cimento do sindicato, com vista a serem tomadas as medidas que se impõem.

A outra central abrangi-da será a de Setúbal.

No dia 17 de Mar-ço, as comissões negociadoras dos

grupos EDP e REN e da Fiequimetal chegaram a um acordo global para a actualização da tabela sa-larial e restantes matérias de expressão pecuniária em 2008, fixando um valor superior ao obtido na ne-gociação do ano anterior.

Na tabela salarial, há um aumento de 2,79 por cento, arredondado ao eu-ro superior. A mesma per-centagem aplica-se ao sub-sídio de alimentação, ao valor da anuidade e sub-sídio de horário especial contínuo. Os valores má-ximos dos turnos e folgas rotativas têm um aumento superior a 3,1 por cento.

O acordo prevê a atribui-ção de um prémio anual de 165,00 euros, para todos os trabalhadores, nos mesmos moldes de 2007, bem como a manutenção do comple-mento ao prémio de assidui-dade. Igualmente em con-dições idênticas às do ano passado, será feita ainda a atribuição de resultados/lu-cros aos trabalhadores.

Segundo a informação di-vulgada pela comissão ne-gociadora da Fiequimetal, o prémio de 165,00 euros será pago após a finaliza-ção do processo de avalia-

ção de desempenho e os resultados/lucros serão pa-gos depois da assembleia-geral de accionistas.

A aceitação do acordo foi ratificada pelo plená-rio nacional de dirigen-tes e delegados sindicatos, que reuniu dia 14 de Mar-ço, em Coimbra.

Há condições

No conjunto, os grupos EDP e REN lucraram mais de 1052 milhões de euros em 2007, resultados que, co-mo salientaram os represen-tantes sindicais, confirmam que as empresas têm todas as condições para uma me-

lhoria significativa dos sa-lários e que nada justifica o ataque ao sistema de Saúde.

Os lucros, conseguidos à custa do bolso dos consu-midores e do esforço dos trabalhadores (houve um aumento da produtivida-de superior a 17 por cen-to, em 2006), evidenciam as contradições de um pa-ís profundamente desigual e injusto, onde os fracos rendimentos dos trabalha-dores contrastam com os elevados lucros das em-presas e com os honorários milionários dos seus admi-nistradores.

Comentando a divulga-ção dos resultados, no iní-

cio de Março, a comissão negociadora da Fiequime-tal manifestou indigna-ção perante as posições da EDP e REN, no sentido de pôr em causa direitos dos trabalhadores, como acon-tece com o sistema de Saú-de, defendendo que «não há justificação para que o sistema de Saúde não seja melhorado e aplicado de igual modo a todos os tra-balhadores.

A Fiequimetal mantém a posição assumida em Se-tembro, sobre esta maté-ria, e reafirmou a sua dis-ponibilidade negocial, dentro de princípios justos e equilibrados.

Com a criação da REN Serviços, detida integral-mente pela REN e integrada no Grupo, começou por ficar omitida a aplicação do ACT do sector, pre-tendendo a empresa que a cedência ocasional fos-se «complementada» com uma aceitação implícita da transferência do trabalhador. A aplicação do ACT re-sumia-se a uma mera promessa de analisar e deci-dir mais tarde sobre o que eventualmente poderia ser aplicado.

Este processo, desencadeado em Setembro e que se prolongou até final de Fevereiro, levou à reali-zação de diversos contactos com a empresa, envol-vendo sindicatos e Comissão de Trabalhadores. Foi fundamental a participação nos plenários de traba-lhadores, que foi crescendo e chegou a ser superior ao número de trabalhadores que a REN pretendia movimentar (cerca de 200).

A 17 de Dezembro, por unanimidade e aclamação, foi aprovada por 160 trabalhadores uma carta-aber-ta ao presidente da REN, afirmando a recusa de as-sinar um documento que pudesse servir para legi-timar a transferência individual e confirmando que seria de esperar um processo semelhante à passagem da EDP para a REN, mantendo todos os direitos, in-cluindo o ACT.

A firmeza e unidade dos trabalhadores levaram a REN a recuar e a apresentar uma proposta onde apontava para a efectiva manutenção dos direitos ac-tuais e futuros no Grupo EDP e na REN.

Os trabalhadores do Centro de Despacho da REN Ga-sodutos decidiram realizar uma greve de três dias de gre-ve, com início a 3 de Abril, reclamando, para 2008, uma escala anual definitiva que respeite os pressupostos das escalas dos anos anteriores. Exigem ainda resposta da empresa à Carta Reivindicativa que apresentaram, con-templando a actualização salarial e condições de traba-lho, e querem que páre o processo de reestruturação do sector, até existirem condições para ele ser discutido com os seus representantes, tal como ficou acordado en-tre a empresa e o Sinquifa.

A REN Gasodutos detém a concessão do transporte de gás natural em alta pressão que inclui a gestão téc-nica do sistema nacional de gás natural, coordenan-do as infra-estruturas de distribuição de transporte de gás natural.

Contra o encerramento do posto médico de Almada da EDP, que serve cerca de 1400 utentes, teve lugar no dia 4 de Março uma concentração de trabalhadores no activo, reformados e pré-reformados. Uma nova acção foi convocada pelo SIESI para 17 de Abril, junto ao edifício da administração, no Marquês de Pombal

ACT preservado na REN Serviços

Acordo na metalurgia

Descomissionamento das centrais a fuel

Obtidas salvaguardas no CarregadoConvocada grevena REN Gasodutos

O alerta dos sindicatos teve efeitos positivos

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Abril 20088

contratação

Os trabalhadores da Visteon realizaram várias paralisações,

este ano, e conseguiram evitar que a administração levasse por diante o au-mento da comparticipação do pessoal no seguro de saúde.

No caderno reivindica-tivo, que integrava aque-le objectivo, é igualmente reclamado o aumento dos salários em 50 euros, pa-ra todos, com efeitos a Ja-neiro, e que os dias 24 e 31 de Dezembro se mante-nham como folgas (um di-reito que a administração pretendeu retirar).

A alteração do horário de trabalho ou a mudança de turno deve depender do acordo escrito de cada tra-balhador e do parecer favo-rável da Comissão Sindi-cal. Reivindica-se ainda a eliminação do quarto turno, com transição dos seus tra-balhadores para o terceiro, e que os contratos de traba-lho temporário sejam con-vertidos em contratos com a Visteon, que o descanso compensatório por trabalho suplementar já vencido se-ja gozado, por solicitação

dos trabalhadores, por pe-ríodos mínimos de uma ho-ra, e que seja criada uma dispensa justificada de quatro horas, por trimestre, para tratar assuntos parti-culares.

Os resultados líquidos da Visteon Portuguesa, em 2006, cifraram-se nos 32,23 milhões de euros, sendo que os lucros acu-mulados, desde 2003, as-cendem a 142 milhões. Em 2007, tudo indica que os indicadores positivos se mantenham, situação que se antecipa para 2008, já que a produção contará com quase duas dezenas de novos produtos.

O pessoal desta multi-nacional americana, fa-bricante de auto-rádios e compressores, instalada em Palmela, considera que este contexto económico-financeiro, francamente favorável, não tem tido a correspondência possível e desejável, quer na situ-ação profissional dos cer-ca de 1600 trabalhadores, quer na melhoria das suas condições de vida.

Com a administração da Montitec, empresa de ca-

blagens, de capital nacio-nal, sediada no Montijo e com cerca de 80 trabalha-dores (mulheres, na maio-ria), foi acordada a apli-cação de 25 dias úteis de férias, independentemente da assiduidade. O acordo, celebrado em finais do ano passado, teve já efeitos nas férias gozadas em 2007, por alturas do Natal. Pros-seguem conversações com vista à tomada de medidas para erradicar as doenças profissionais músculo-es-queléticas, designadamen-te as tendinites.

Fruto da acção sindi-cal, a empresa cumpre in-tegralmente o descanso compensatório devido por trabalho suplementar, co-mo previsto no contrato co-lectivo de trabalho vertical

para as empresas fabrican-tes de material e electróni-co (CCTV FMEE).

Na Manindústria, que faz a operação de carvão na Central de Sines da EDP, com cerca de cinco dezenas de trabalhadores com vín-culo precário, foi possível estabelecer um acordo sa-larial, após um período de negociações, à semelhança de anos anteriores. A actu-alização de 2,4 por cento na tabela foi compensada com a continuação da subida do subsídio de turnos, acima da tabela (os 25 por cento são já praticados numa ca-tegoria profissional). Os 2,4 por cento foram aplicados também no subsídio de re-feição, enquanto o aumento para a refeição em trabalho suplementar foi superior,

dado que já não era actu-alizada há dois anos. Na manutenção, uma parte do prémio passou a integrar o salário.

Os trabalhadores da SMP, organizados no SIE-SI, conseguiram a inte-gração no vencimento dos prémios que vigoravam na empresa. As negociações continuam, para criação de um regime de anuida-des e melhoria das condi-ções de trabalho em 2008 (reivindicados 5 por cen-to de aumento salarial). A SMP tem sede em Águe-da, faz a manutenção de unidades industriais e de centros comerciais e opera em todo o território nacio-nal. Dos seus cerca de 200 trabalhadores, cerca de 50 estão no Sul.

Por um aumento real dos salários e contra a retira-da de direitos (particular-mente no seguro de saú-de), estiveram em greve os trabalhadores do grupo Renault Chelas, de 27 a 29 de Fevereiro e nos dias 3 e 4 de Março. Perante a intransigência da adminis-tração, um plenário, no dia 7 de Março, decidiu reto-mar as paralisações (du-rante uma hora por dia, de manhã e à tarde, alterna-damente) no período de 25 de Março a 4 de Abril.

No caderno reivindicativo apresentado na A. A. Sil-

va (baterias Autosil), em Paço de Arcos, reclama-se aumentos de cinco por cento, com efeitos a Janei-ro; para o regime de turnos são exigidos dez por cento. Pretende-se ainda que su-ba para nove euros o subsí-dio de refeição (para quem não tem acesso ao refeitó-rio da empresa) e que se-ja actualizado (a Janeiro) o valor das diuturnidades pa-ra os níveis do contrato co-lectivo (CCTV FMEE).

Na Nextira One, em Carnaxide, foram reivindi-cados aumentos salariais de 5,5 por cento, com efei-

tos a Janeiro e distribuídos de molde a esbater as dis-paridades salariais entre trabalhadores do mesmo grupo profissional. Exige-se também que seja aumen-tado o subsídio de refeição e que passe a ser atribuído um subsídio de transpor-te a todos os trabalhadores. A proposta reivindicati-va inclui ainda o descanso compensatório por traba-lho suplementar, nos ter-mos previstos no contrato colectivo (CCTV FMEE), e o cumprimento integral da lei no que respeita à forma-ção profissional.

A Comissão Intersindical e a Comissão de Trabalhado-res da Tudor reivindicaram aumentos salariais de 5,6 por cento, com efeitos a Janeiro, e a atribuição de um mês de salário suplementar, a ser pago anualmente, em Maio, sempre que a empresa encerre as contas com resultados positivos. No caderno reivindicativo para 2008 propõe-se também a redução do horário semanal para 39 horas, e 25 dias úteis de férias anuais, sem ligação com a assi-duidade.

Os cerca de 400 trabalhadores da fábrica de baterias de Castanheira do Ribatejo reclamam a actualização do subsídio de alimentação (sete euros, para quem não tem acesso ao refeitório) e de outros subsídios. Defendem, ainda, a fixação do complemento mínimo de reforma em 75 euros, melhorias na assistência médica e a manuten-ção do volume de emprego, com a admissão de novos tra-balhadores para os lugares de quem se reforme.

A Comissão de Trabalhadores rejeitou um projecto de regulamento para controlo da alcoolemia na empresa, o qual assentava em medidas punitivas e disciplinares, desresponsabilizando-se dos factores físicos e psicosso-ciais, além de violar direitos, como a reserva da privaci-dade e da confidencialidade dos exames médicos. O pro-jecto da administração, propôs a CT, deve ser substituído por um plano de prevenção, a elaborar com a participa-ção de todos os responsáveis por esta área, incluindo os representantes dos trabalhadores na SHST.

Negociação e luta nas indústrias eléctricas

Melhorar é possívelO SIESI divulgou resultados positivos alcançados na Visteon, com recurso à greve, e noutras empresas, onde foram negociados acordos que melhoram as condições remuneratórias.

Durante os períodos de greve, os trabalhadores concentravam-se junto à entrada das instalações

Reivindicações justas

Tudor pode pagar 15.º mês

GanhosForam acordados aumentos salariais de 30 euros, na Iberol; de 35 euros, na Sakhti; de 40 euros, nas Pirites Alentejanas e na Lustrarte; de 45 euros, na Dyrup; de 50 euros, na Metalurgia Sena, na Greif, na Impormol; de 60 euros, na Naval Centro; de 70 euros, nos Estaleiros Navais do Mondego.

Jado IbériaCom a unidade e organização reforçadas, depois da participação massiva na eleição da Comissão de Trabalhadores (com vitória da lista unitária, apoiada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Braga), foi aplicada na Jado Ibéria uma actualização salarial de três por cento, a título de «adiantamento». O subsídio de refeição teve igual aumento, passando para 6,18 euros.

AlbraAprovada em plenário, a 16 de Janeiro, a proposta reivindicativa na Albra é de mais 50 euros mensais para cada trabalhador e um subsídio de refeição de seis euros.

TradecastPassados sete anos sem que seja actualizados os salários na Tradecast, os trabalhadores aprovaram, a 14 de Janeiro, a reivindicação de mais 50 euros mensais para todos e um subsídio de refeição de cinco euros.

BrowningFoi aprovado em Fevereiro, em reunião geral de trabalhadores da Browning Viana, o acordo que prevê mais 2,5 por cento na tabela salarial, subsídio de refeição de 7,90 euros (incluindo pontes), gozo de um dos três dias de acréscimo de férias no primeiro dia útil de 2009, independentemente da assiduidade, e a aplicação das promoções automáticas previstas no CCTV ao fim de 30 meses desde a admissão na empresa, entre outras matérias.

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Abril 2008 9

Os sindicatos dos Metalúrgicos, da Construção e Sinquifa constituíram, no dia 6 de Março, uma estrutura representativa dos trabalhadores do Parque Industrial de Vendas Novas, para reforçar a organização e aumentar a capacidade reivindicativa.

O sítio Internet da Fiequimetal é um instrumento ao serviço da campanha de sindicalização e or-ganização e uma ferramenta va-liosa na actividade da federação e dos sindicatos.

É, desde logo, uma montra, aberta para milhões de utiliza-dores da Internet, entre os quais estão, seguramente, alguns mi-lhares de trabalhadoras e tra-balhadores dos nossos sectores. Aqui são «afixadas» notícias so-bre os problemas vividos, os com-bates travados, os resultados al-cançados.

É, ao mesmo tempo, um precioso arquivo, onde é possível consul-tar a informação mais importan-

te sobre a actividade sindical nas indústrias metalúrgica, química, farmacêutica, eléctrica, energia e minas - desde os materiais funda-

mentais do 1.º Congresso, aos arti-gos de Canais Rocha sobre a histó-ria do sindicalismo, dos contactos dos sindicatos até aos

dossiers sobre algumas das lutas mais recentes.

Também pode ser visto como um depósito, onde se pode «levan-tar» para redistribuir (pelos meios tradicionais, ou por correio elec-trónico) os materiais centrais da campanha: o cartaz e o folheto.

Para os subscritores da lista «Fiequimetal Informa», o site tor-na-se também um ponto de en-contro, de troca de mensagens e de opiniões.

Vamos continuar a divulgá-lo, a enriquecê-lo e a utilizá-lo. Fica-mos mais fortes na Internet, pa-ra dar mais força à federação, aos sindicatos e aos trabalhadores do sector.

As decisões no senti-do do reforço da or-ganização sindical

foram tomadas no 1.º Con-gresso da federação, a 30 de Novembro, e constam no Programa de Acção e na resolução sobre a acção sindical imediata. Aí se afirma o principal fito deste esforço colectivo: reforçar a organização e a acção nos locais de trabalho. Salienta-se que a orga-nização não é vista como um fim, em sim mesma, mas como um instrumento indispensável para os tra-balhadores e as trabalha-doras alcançarem os seus objectivos reivindicativos, defenderem os direitos e melhorarem as condições de vida e de trabalho.

Para reforçar a organiza-ção e dar mais força à lu-ta, o congresso indicou objectivos centrais: pro-mover a unidade e a parti-cipação dos trabalhadores; aumentar a sindicalização; reforçar a organização nos locais de trabalho; prosse-guir a reestruturação sindi-cal e financeira; melhorar a capacidade de intervenção da federação e dos sindica-tos; eleger e formar novos quadros sindicais; investir na formação sindical; dina-mizar as frentes específicas da organização; melhorar a informação e a propagan-da; prosseguir a coopera-

ção com as comissões de trabalhadores, bem como com os represen-tantes para a Segurança, Higiene e Saúde no Tra-balho e com os represen-tantes nos conselhos de empresa europeus.

O fortalecimento dos sindicatos, associado à implantação e reforço da organização em cada em-presa, fora já apontado co-mo objectivo estratégico na 4.ª Conferência de Or-ganização da CGTP-IN.

Na resolução do 1.º Congresso da Fiequime-tal sobre a acção sindi-cal imediata constam du-as medidas concretas: uma campanha nacional de sindicalização e elei-ção de delegados sindi-cais e representantes em SHST, em 2008; e um en-contro nacional de organi-zação sindical, no primei-ro semestre de 2009.

No dia 4 de Janeiro, em Coimbra, responsáveis dos sindicatos filiados analisaram a estrutura-ção e calendarização da campanha, que depois foram objecto de decisão dos órgãos de direcção da federação. Desde me-ados de Fevereiro, estão em distribuição o cartaz e o folheto, editados pe-la federação, para apoio à dinamização da cam-panha.

Amtrol Alfa

nacional

A estrutura representativa dos trabalhadores da Amtrol Alfa, em Guimarães, ficou reforçada com a recente eleição de sete elementos efectivos e outros tantos suplentes - que ainda tem um significado mais importante, dados os grandes níveis de precariedade, as dezenas de rescisões e cerca de 200 despedimentos (não renovação de contratos) ocorridos no verão passado, os baixos salários praticados. A situação na empresa, que produz para a Galp as botijas de gás «pluma», levou já a União dos Sindicatos de Braga a anunciar uma queixa na CCDR Norte e nas instâncias comunitárias, para que os apoios sejam condicionados ao respeito dos direitos dos trabalhadores.

João de DeusNo dia 27 de Fevereiro realizaram-se três plenários na fábrica de radiadores e intercoolers da empresa João de Deus & Filhos, em Samora Correia. O reconhecimento geral do bom trabalho realizado pelo Sindicato dos Metalúrgicos traduziu-se em 35 novos associados e na eleição de mais um delegado, para reforçar a comissão sindical.

TegaelFoi eleita na Tegael, em Coruche, uma comissão sindical do SIESI e um plenário de trabalhadores aprovou reivindicações relativas a desigualdades salariais, a carreiras e categorias, actualização de remunerações, pagamento de horas extra, formação profissional. Com 280 trabalhadores, a empresa iniciou negociações com o sindicato.

Vendas Novas

Campanha em 2008 e encontro nacional em 2009

Mais força aos trabalhadoresEstá em marcha uma campanha com o objectivo de ganhar mais de seis mil novos associados para os sindicatos da Fiequimetal, a par da eleição de delegados e da formação de dirigentes e activistas. Com organização mais forte, têm mais força as trabalhadoras e os trabalhadores.

Como surgiram as metas

No total, a campa-nha de sindicalização e reforço da organiza-ção de base dos sin-dicatos deverá atingir objectivos que estão quantificados: 6218 novos associados e eleição de 335 dele-gados sindicais e de 152 representantes para a SHST.

Estes números re-sultam da soma das metas assumidas pelos sindicatos, a partir da discussão realizada com as co-missões sindicais e intersindicais das principais empresas (e em parques indus-triais e outros pólos de concentração de trabalhadores) e en-volvendo outros de-legados sindicais. Foram igualmente levadas em conside-ração empresas on-de ainda não existe organização sindical mas onde se consi-dera haver perspec-tivas de a lançar du-rante este ano.Para a campanha foram editados um cartaz e um folheto

Fortes também na Internetwww.fiequimetal.pt

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10 Abril 2008

Em FocoEm Foco

Ganham as multinacionais, perdem os trabalhadores e o País

Sector mineiro - riqueza de todos, lucro para alguns

A contrastar com o tão falado v cenário de crise que atra-vessam muitas empresas de

praticamente todos os ramos de ac-tividade abrangidos pela federação, as notícias que vão chegando da zona onde está instalada a sede do Sindicato dos Trabalhadores da In-dústria Mineira referem magníficos resultados económicos e, em vez de despedimentos, falam de aumento do emprego. Aproveitando uma reunião de trabalho que teve lugar em Lisboa, conversámos com Sérgio Dias, Luís Cavaco, Jacinto Anacleto, Raúl Vito-rino, Paulo Cascalheira, António João Colaço - todos dirigentes do STIM e trabalhadores da Somincor - e Ma-nuel Bravo, que acompanha o sector no secretariado da Fiequimetal.

Combatera precariedade

Nas Pirites Alentejanas, em Al-justrel, a actividade extractiva reco-

meçou no final de 2007 e já foram admitidos quase uma centena de tra-balhadores para a empresa. Jacinto Anacleto, coordenador do sindicato, acrescenta que estão lá também vá-rios empreiteiros e, destes, destaca a Epos, que tem ali cerca de 300 tra-balhadores, e a SPI. «Estamos preo-cupados, porque estes trabalhadores estão todos com vínculos precários e isso está na base de outros proble-mas graves», salienta.

Já na Somincor, que explora a mina de Neves-Corvo, o ano fechou com quase 224 milhões de euros de lu-cros. Mas também aqui há cerca de 300 trabalhadores colocados através da mesma Epos.

Esta tem origens em 1981, quando a Teixeira Duarte se associou à es-panhola Obras Subterráneas, para a construção do poço de extracção na mina de Neves-Corvo. Criada em Ju-nho de 1986, a Epos continua a ter o seu capital social dividido, em partes iguais, entre aquelas duas empresas.

«A Epos está hoje instalada nas du-as minas e a esmagadora maioria dos seus trabalhadores está com víncu-los precários», o que constitui «um flagelo que o sindicato está a tentar combater», diz Jacinto Anacleto.

Os trabalhadores dos empreitei-ros têm vínculos precários, mas não existe rotatividade, «são pratica-mente sempre os mesmos», nas Pi-rites e na Somincor. Ora, «trabalho temporário numa mina é coisa que não faz sentido, quando se trata de extracção, do trabalho de mineiro», e «no início, havia muitos aciden-tes, porque os trabalhadores iam para a mina sem terem o mínimo de formação».

«A nossa luta é para que todos os que estão em funções permanentes, a fazer trabalho de mineiros, tenham

vínculo permanente à empresa que tem a concessão da mina e sejam justamente remunerados», sublinha o dirigente.

António João Colaço, presiden-te da Assembleia Geral do sindi-cato, recorda-se de que, «por lei, era proibido que empreiteiros fi-zessem exploração mineira, po-diam fazer avanços, retirar es-combros, mas não podiam extrair minério se não fossem funcioná-rios da própria empresa». Hoje «isto não se passa assim» e Ja-cinto Anacleto vê a intenção das empresas de constituírem um no-

vo consórcio (designado Perfo-resc) como uma tentativa para ultrapassarem essa norma. «As Pirites hoje não têm um mineiro» e «dos trabalhadores que aguen-taram a luta pela reabertura da mina, restam 40, e não são minei-ros, e entraram, com contrato a prazo, outros 40» para os quadros da empresa. «Os outros mais de 600 que já lá estão, através dos empreiteiros, a Epos e principal-mente a SPI, é que estão a fazer o trabalho de mineiros», afirma.

O sindicato já abordou este tema com a administração e sabe que o deputado José Soeiro, do PCP, fez ao Governo uma pergunta a propósito, na Assembleia da República. Fal-tam as respostas.

Luís Cavaco lembra-se que «uma vez, quando questionámos a admi-nistração sobre a forma como esta-va a ser recrutado pessoal, ainda nos responderam com chantagem, “que-rem que a gente os despeça”».

Algo importante, no entanto, foi conseguido. Em Neves-Corvo, tra-balhadores da Epos faziam 12 horas por dia, trabalhavam sábados e do-mingos, e ganhavam 500 euros por mês. Por intervenção do sindicato e pressionando também a Somincor, a empresa, desde Julho, passou a pra-ticar os horários dos mineiros da So-mincor, de sete horas e meia por dia, mantendo os salários.

Entre quem trabalha para os em-preiteiros há hoje grandes diferenças salariais. «Uns ganham 500 euros,

Uma representação do sindicato participou na jornada de 24 de Janeiro, em Lisboa

Pela qualidade e pela diversidade, Portugal possui importantes recursos geológicos, a nível europeu e mundial. Mas falta uma estratégia nacional para o sector mineiro e a indústria extractiva em geral e as políticas seguidas têm resultado na entrega desta área estratégica da economia a multinacionais, cujo interesse é retirar o maior lucro rapidamente. As elevadas cotações dos metais no mercado internacional propiciam lucros fabulosos, mas destes não saem beneficiados os trabalhadores nem a nossa economia, como se está a ver no Baixo Alentejo.Sobre a actual situação e as perspectivas do STIM, falaram ao Jornal da Fiequimetal alguns dirigentes do sindicato naquela região.

Em Neves-Corvo, no entender do STIM, a Somincor pratica uma extracção desen-freada, ou seja, procura retirar o máximo de minério no menor tempo possível, en-quanto as cotações internacionais dos me-tais estão altas. O sindicato acusa a mul-tinacional canadiana Lundin Mining (que absorveu a Eurozinc) de estar a fazer isto nas minas todas que explora a nível mun-dial (Neves-Corvo e Aljustrel, Aguablanca em Espanha, Galmoy na Irlanda, e Zink-gruvan e Storliden, na Suécia).

Mas esta também não é uma prática no-va. «Fazem aquilo a que chamamos a “la-vra gananciosa”, que se resume a sacar o minério de mais elevado teor, deixan-do irremediavelmente para trás minério de teor mais baixo, mas igualmente ren-tável», conta Jacinto Anacleto, explican-

do que, «depois de lá terem passado os mineiros, tudo fica entulhado com areia e cimento, já não há hipótese de voltar atrás». Cita «um alto quadro da empre-sa», segundo o qual este tipo de explora-ção, há 15 ou 20 anos, encurtou em dez anos a vida útil da mina.

Retirando mais minério, mesmo com te-or menos elevado, a mina já durava mais uns anos.

Agora também é muito mais rápida a extracção. Enquanto António João diz que, «no máximo, retirávamos por ano um milhão e oitocentas mil toneladas de pedra», Jacinto Anacleto refere que «no ano passado já retiraram dois milhões e duzentas mil toneladas, e este ano vai para dois milhões e quinhentas mil», en-quanto «as lavarias também estão a tratar

muito mais, na ordem das 280 toneladas por hora, quando tratavam 230».

Sérgio Dias traz à conversa o novo pro-jecto do Lombador, «que prevêem explo-rar durante dez anos, com 300 postos de trabalho». Mas isto acontece «em parale-lo com a vida da mina, que já não vai até 2029, como inicialmente previam».

A importância deste prazo fica mais evidente quando António João vem lem-brar que «a exploração mineira não pode ser considerada como um sector estrutu-rante, não se pode fazer uma economia só com a mina». Quando a extracção de mi-nério deixar de ser rentável, «vão deixar-nos o ambiente para tratar, vão deixar o pessoal com as hérnias discais e com do-enças para tratar, nem uma estrada em condições cá fica».

A prazo... encurtado

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Em Foco

11Abril 2008

Em Foco

Sector mineiro - riqueza de todos, lucro para alguns

Uma representação do sindicato participou na jornada de 24 de Janeiro, em Lisboa

outros 800, há outros que recebem mil...», diz Jacinto Anacleto, salien-tando que nunca houve diferenças tão grandes.

Manuel Bravo aponta ainda outro aspecto: «Somincor e Pirites são hoje empresas do mesmo grupo, mas têm salários completamente diferentes para as mesmas catego-rias profissionais e para trabalha-dores que desempenham as mes-

mas funções. Nas Pirites pagam muito menos. Nas nossas reivindi-cações temos presente que é preci-

so pôr termo a esta situação, apro-ximando os salários de Aljustrel dos de Neves Corvo».

Em Portugal há reservas de minérios de cobre, de zinco e de estanho (neste grupo, Neves-Corvo é um caso excep-cional, a nível mundial); de volfrâmio e minérios de tungsténio (a Panasqueira é dos maiores produtores mundiais de concentrados de tungsténio); e minérios de urânio (pelos custos de exploração, possuimos as reservas mais interessan-tes da União Europeia).

Tem importância estratégica o subsec-tor dos minérios metálicos. Por lei (DL 90/90), todos pertencem ao domínio pú-blico do Estado. Aqui se incluem os sul-furetos complexos da Faixa Piritosa Ibé-rica, sensivelmente entre Alcácer do Sal e Mértola, prolongando-se por Espanha até Sevilha. É considera uma das maio-res províncias mineiras de metais bási-cos do mundo, possuindo enxofre, co-bre, zinco, chumbo e estanho). Dela fazem parte as minas de Aljustrel e de Neves-Corvo, possuindo esta as reser-

vas de cobre, zinco e estanho mais im-portantes da Europa.

Não somos um país pobre em recursos do subsolo. Mas os jazigos de carvão, cobre, volfrâmio, estanho, ouro, sal-ge-ma e outros estiveram sempre na mão de empresas estrangeiras. Estas exportam concentrados mineiros, produtos pouco elaborados e com pouco valor acrescen-tado - um cenário característico em paí-ses colonizados.

Portugal é uma fonte de matéria-prima, que os países industrializados transfor-mam, para depois nos venderem produ-tos acabados.

A EDM (holding pública) vendeu a Somincor, em 2004, por 128 milhões de euros, dos quais o Estado só recebeu 70. O sindicato sempre defendeu que o Es-tado, em vez de alienar a sua posição (51 por cento), deveria reforçá-la, com-prando a parte da Rio Tinto, quando es-ta decidiu vender os 49 por cento. As-

sim não decidiu o Governo de António Guterres.

No ano seguinte, a receita deu para pagar a compra e sobrou. Daí para cá, tem sido sempre a lucrar. Só mudou de mãos, da Rio Tinto Zinc para a Euro-zinc, que era uma empresa para fazer dinheiro na bolsa, e depois para a Lun-din Mining, que explora minas a nível mundial e com quem a Eurozinc se fun-diu, no final de 2006. O lucro de 223 milhões e 600 mil euros, em 2007, re-presentou mais 70 por cento do que o lucro do ano anterior.

Das Pirites Alentejanas, ninguém ain-da explicou a quem foram vendidas e por quanto dinheiro. Só se conseguiu saber que venderam 96 por cento e que quatro por cento ficaram para os credo-res, mas ninguém diz quantos credo-res eram e qual o montante da dívida - e o STIM não desistiu de questionar os governos. «Podemos hoje dizer que

foi graças ao sindicato que aquilo não se perdeu tudo, porque ainda quiseram abandonar a exploração, nós é que tocá-mos o alarme, para o valioso património que ali se perderia», salienta, a propó-sito, Jacinto Anacleto.

Manuel Bravo nota que, «para além de o Governo ter vendido as minas a mui-to baixo preço, as empresas ainda rece-bem enormes apoios da UE, quase seis mil milhões de euros, nos vários qua-dros comunitários de apoio».

Os preços internacionais da maioria dos minérios metálicos, desde há dois ou três anos, aumentaram em flecha. Mas o Governo português não revela in-teresse em que o Estado desempenhe um papel de relevo na indústria minei-ra, apesar de ainda dispor da EDM, que poderia recolocar-se no sector.

É necessário romper com tal política também no que se refere a este impor-tante sector.

Um mundo à parteQuando a conversa correu sobre as centenas de traba-

lhadores que estão na mina de Aljustrel a trabalhar por conta de empreiteiros, e não das Pirites Alentejanas, Lu-ís Cavaco chamou a atenção para o facto de haver «uma espécie de exclusão social», já que «muita gente é de fo-ra e os empreiteiros criaram em Aljustrel um “bairro”, com uns contentores e uma vedação com rede, para esses trabalhadores lá ficarem».

Jacinto Anacleto notou que «assim, impedem que te-nham convívio com o outro pessoal e dificultam o con-tacto com o sindicato». Mas «as condições em que os ho-mens lá estão são do pior, chega a levantar-se um para outro se deitar na mesma cama». A todos isto faz já lem-brar o que se conhece sobre os tempos da escravidão.

Manuel Bravo ressalva que «não é nossa exigência que só contratem pessoal da terra, até porque somos um sin-dicato nacional e defendemos que os trabalhadores de-vem ser contratados de acordo com outros critérios, que não o local de residência». Só que «nota-se alguma re-sistência da Pirites Alentejanas a contratar pessoal de Aljustrel» e «creio que é por saber que na região há um envolvimento político dos trabalhadores, que lutam pe-los seus direitos». A empresa, acusa, «tenta provocar es-ta separação, apartando o pessoal dos empreiteiros e não contratando pessoal da terra».

«Até na constituição das equipas isso acontece», acres-centa António João Colaço. «Numa equipa de cinco ou seis trabalhadores, eles não põem todos da mesma loca-lidade», porque «assim, não levam problemas do traba-lho para fora do trabalho». Isto, nota, não é de agora, mas «desde sempre», o que levou a que a empresa evitasse «fazer um bairro mineiro, como era tradição nas minas». Para Aljustrel e para Neves-Corvo «vinha gente de todo o lado, mas quiseram sempre que o pessoal ficasse dis-perso pelas redondezas».

Luís Cavaco refere ainda que, «para fomentarem a divi-são, as empresas usam também os prémios». E, como os ordenados são baixos, «é mais uma maneira de obriga-rem os trabalhadores a darem ainda mais».

Deixar de ser colónia

Sérgio Dias, Luís Cavaco e Jacinto Anacleto Manuel Bravo

Raúl Vitorino, Paulo Cascalheira e António João Colaço

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Abril 200812

nacional

1.º Congresso da Fiequimetal

Força consolidadaO 1.º Congresso da Fiequimetal teve lugar no Entroncamento, a 30 de Novembro. Aprovou o Programa de Acção e elegeu a Direcção Nacional da federação para os próximos quatro anos, abrindo uma nova etapa na vida da maior federação sindical portuguesa na indústria, marcada pelo lema «Juntos avançamos! Sindicatos mais fortes, melhores salários, emprego com direitos!».

O congresso, realiza-do na data apontada em Tentúgal, a 18

de Maio de 2007, quando a Fequimetal e a FSTIEP de-cidiram fundir-se e consti-tuir a nova federação, con-tou com a participação de 360 delegados, eleitos pe-los 13 sindicatos filiados,

e cerca de uma centena de convidados. Nos trabalhos participaram o secretário-geral da CGTP-IN, Manuel Carvalho da Silva, e vários membros da Comissão Executiva e do Conselho Nacional da central.

A realização do congresso foi antecedida de um perío-

do de discussão do antepro-jecto de Programa de Acção e de eleição de delegados. Mas nos cerca de seis me-ses que decorreram desde os congressos da fusão tiveram lugar várias acções e inicia-tivas de luta dos trabalhado-res, dos sindicatos e da fe-deração, com destaque para a greve geral, a 30 de Maio, e a grande manifestação na-cional de 18 de Outubro, e incluindo igualmente o com-bate contra o boicote patro-nal da contratação colecti-va nos principais sectores abrangidos e duras lutas tra-vadas em várias empresas.

Tal como o Programa de Acção refere e o coorde-nador da Fiequimetal, João Silva, salientou, na inter-venção sobre o principal documento em discussão no Cine-Teatro São João, às questões relacionadas com o reforço da organização sindical foi dada especial importância, mas elas são encaradas como um meio para reforçar a unidade e a capacidade de intervenção e reivindicação e, assim, melhor defender o empre-go, os salários e os direitos dos trabalhadores. Por ou-tro lado, também o desen-volvimento de lutas justas, envolvendo trabalhado-ras e trabalhadores, aca-ba por contribuir para o re-forço da organização, como demonstra o facto de, des-de Maio, os sindicatos que constituem a Fiequimetal terem angariado mais dois mil novos associados. No total, as 13 estruturas con-tam com mais de 80 mil trabalhadores inscritos.

Entre os vários casos re-feridos, nas três dezenas de

intervenções feitas ao lon-go do dia, vem a propósi-to o relato de que, na Valor-sul, durante a greve de 13 a 20 de Novembro, houve mais 70 trabalhadores que se sindicalizaram no Sin-quifa e foram eleitos mais dois delegados sindicais.

O congresso aplaudiu e saudou, entoando «a luta continua», as referências a esta e outras lutas, como as da Galp, da Gestnave e Erecta, dos mineiros da So-mincor, das Pirites Alenteja-nas e da ex-ENU, do sector automóvel e das indústrias eléctricas, da Portucel, da Qimonda, da Sakhti...

Uma saudação espe-cial foi dirigida aos tra-balhadores da Adminis-tração Pública, nesse dia em greve.

Dali saiu igualmente o apelo à luta nos dias ime-diatos, tanto nas empre-sas e sectores, como no âmbito mais geral. Car-valho da Silva, a encer-rar os trabalhos, apelou à mobilização para o ple-nário nacional que, a 13 de Dezembro, iria levar a exigência de um referen-do popular até ao local onde os chefes de Estado e de Governo dos 27 es-tados-membros da União

Europeia assinavam o «Tratado de Lisboa». O dirigente da central - as-sinalando que estava no congresso de uma fede-ração que abrange o sec-tor a que ele próprio per-tence, como trabalhador - destacou a necessidade de defender e dinamizar o aparelho produtivo na-cional, apontada no Pro-grama de Acção e numa das moções aprovadas pelos delegados.

Os principais documen-tos do congresso estão pu-blicados no sítio Internet da federação (www.fiequi-metal.pt).

Foram saudadas e aplaudidas as referências às lutas em curso em empresas dos sectores abrangidos pela federação

Agir com determinação

A par do Programa de Acção para os próximos quatro anos, de alterações pontuais aos Estatutos da federação e de moções e resoluções (intitula-das «Valeu e vale a pena lutar», «Por uma nova política industrial e energética» e «Por uma no-va ordem internacional e pela paz»), no 1.º Con-gresso da Fiequimetal foram aprovadas medidas para a acção sindical imediata, designadamente no que toca a:

- política de desenvolvimento industrial: re-alizar, em 2008 e 2009, encontros sectoriais de âmbito nacional, para aprofundar a análise da si-tuação económica, social e laboral nos diferentes sectores e contribuir para concretizar o Programa de Acção;

- trabalho e direitos dos trabalhadores: rea-lizar, em 2008, uma iniciativa nacional sobre o combate à precariedade do emprego;

- acção reivindicativa sectorial e de empresa: a par da acção nacional de luta (realizada a 24 de Janeiro), para exigir do patronato e do Governo o desbloqueamento das negociações, o aumento dos salários e a salvaguarda dos direitos, prosseguir as acções junto das empresas dirigentes das asso-ciações patronais; intensificar a acção reivindica-tiva, alargando-a ao maior número de empresas;

- organização e a acção nos locais de traba-lho: realizar, em 2008, uma campanha nacional de sindicalização e eleição de delegados sindicais e de representantes em SHST; realizar, no primei-ro semestre de 2008, uma reunião nacional sobre a igualdade entre homens e mulheres, contra as discriminações e pela aplicação dos direitos da maternidade e paternidade; realizar, em 2008, um encontro nacional de jovens trabalhadores; reali-zar, no primeiro semestre de 2009, um encontro nacional de organização sindical.

Mudar de políticaAs políticas de submissão dos suces-

sivos governos aos ditames das mul-tinacionais e do grande capital finan-ceiro, em detrimento dos interesses nacionais, conduziram à destruição do aparelho produtivo, à desindustria-lização e ao consequente aumento da dependência externa do País.

Constituem exemplos dessa destrui-ção o progressivo desmantelamento de importantes sectores estratégicos (in-dústria naval, a Siderurgia Nacional, a metalomecânica pesada e as indús-trias extractivas) e a entrega ao capital privado de grandes empresas públicas nos sectores da química e da energia.

Manteve-se um modelo de desenvol-vimento baseado em baixos salários e no enfraquecimento dos direitos dos trabalhadores, que levou ao aumento do desemprego; a uma maior concen-tração da riqueza e ao agravamento das desigualdades sociais; ao empo-brecimento do País e ao atraso estru-tural face à esmagadora maioria dos países da UE.

Considerando a urgente necessidade de mudar de rumo, com vista a asse-

gurar a concretização de uma nova po-lítica global de desenvolvimento sus-tentado, os delegados ao Congresso da Fiequimetal decidem:

- reclamar do Governo medidas orientadas para o crescimento econó-mico (com forte investimento produ-tivo nos sectores estratégicos, apro-veitamento integrado e racional dos recursos naturais e dinamização, mo-dernização e controlo das empresas públicas);

- combater os projectos do Governo de avançar para novas privatizações reclamando que sejam interrompidos os processos de privatização em cur-so nas empresas estratégicas do sector energético (EDP, REN e GALP);

- exortar os trabalhadores a desen-volverem a luta por uma efectiva rup-tura das actuais políticas de domina-ção do grande capital monopolista, pela defesa dos postos de trabalho e criação de emprego de qualidade, pe-la defesa dos direitos e regalias e pela valorização dos salários.

Excertos da moção «Por uma nova política industrial e energética»

Participaram no congresso 360 delegados e cerca de uma centena de convidados

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Abril 2008 13

nacional

O 11.º Congresso da CGTP-IN realizou-se nos dias 15 e 16

de Fevereiro, em Lisboa, sob o lema «Emprego. Jus-ta Distribuição da Riqueza. Mais Força aos Sindica-tos», e contou com cerca de dois mil participantes, na soma de quase um mi-lhar de delegados e várias centenas de convidados nacionais e internacionais. Os trabalhos decorreram em plenário, durante mais de 24 horas, em que foram feitas quase nove dezenas de intervenções. Dirigentes e delegados da Fiequimetal e dos seus sindicatos tive-ram participação activa na discussão e nas votações.

O Relatório de Actividades do Conselho Nacional foi aprovado por unanimidade.

O Programa de Acção, que contém as linhas fun-damentais da intervenção sindical no período que vai decorrer até 2012, foi aprovado sem votos contra, depois de ter sido objecto de cerca de um milhar de propostas de alteração, a maior parte das quais aca-bou por ser contemplada no texto final.

Exigindo «uma mudança de rumo nas políticas segui-das e que estão na origem da estagnação económica, da maior taxa de desemprego das últimas duas décadas, de um aumento crescente da precariedade (que já consti-tui um autêntico flagelo so-cial), de continuarmos a ser um dos países da UE com os mais baixos salários e pen-sões e onde a distribuição da riqueza é mais desigual», foi aprovada por unanimidade e aclamação a moção «Com-

promissos de luta geral». Neste documento reafirma-se «um sério e forte aviso ao Governo e ao patro-nato», declarando que «os trabalhadores irão recorrer a todas as formas de luta, não excluindo nenhuma, no sen-tido de rechaçar qualquer iniciativa que vise consubs-tanciar mais um ataque aos direitos dos trabalhadores e ao Direito do Trabalho, que não revogue as normas gra-vosas do Código do Trabalho ou que corporize a concep-ção de “flexigurança”, conti-da no Livro Branco das Re-lações Laborais».

Foi igualmente aprovada por unanimidade e acla-mação a resolução «Dar mais força aos sindicatos», na qual são assumidas me-tas para este quadriénio. A CGTP-IN pretende atin-gir as 160 mil novas ins-crições de trabalhadores e trabalhadoras nos sindica-tos filiados, bem como dez mil novos mandatos de de-legados sindicais e mil no-vos mandatos de represen-tantes na Saúde, Higiene e Segurança no Trabalho. No período desde o 10.º Congresso, os sindicatos filiados (incluindo aqui três que se filiaram desde 2004) registaram 168 mil novos associados (26,5 por cento dos quais tinham menos de 30 anos, en-quanto as mulheres repre-sentaram 51,2 por cento).

Solidariedade

Foi manifestada «pro-funda preocupação em

relação aos desenvolvi-mentos da situação inter-nacional». Numa moção aprovada por unanimi-

dade, a CGTP-IN preco-niza «intensificar o seu apoio e grau de integra-ção no grande movimen-to de resistência popular à “nova ordem” colonial do “império”, empenhan-do-se particularmente no esclarecimento e mobili-zação dos trabalhadores portugueses para que par-ticipem activa e massiva-mente em acções concre-tas de solidariedade para com os trabalhadores e povos vítimas de agres-são». Quanto à União Eu-ropeia, esta «aprofunda, como é patente no tex-to do Tratado de Lisboa, uma vertente militarista, em aliança e complemen-taridade com as imposi-ções dos Estados Unidos e da NATO».

A ampla unidade que marcou o congresso ficou patente na votação dos principais documentos

11.º Congresso da CGTP-IN

Compromisso de lutaO congresso da central constituiu uma demonstração de unidade e determinação para dar uma resposta de luta aos graves problemas do País e dos trabalhadores e para suster a feroz ofensiva do Governo e do patronato.

Momentos depois de estar aberto o congresso, deze-nas de activistas e dirigentes da Interjovem, empunhan-do bandeiras e envergando camisolas com os símbolos que foram ficando conhecidos durante o mês que durou a «Estafeta contra a Precariedade», percorreram o auditó-rio e ocuparam o palco onde se sentavam os membros da Mesa. Da tribuna, falaram sobre aquela iniciativa, que percorreu os diversos distritos e permitiu alertar a opi-nião pública e os trabalhadores, quer para o problema da instabilidade de emprego, quer para situações concretas de abuso do trabalho precário. Em apoio às reivindica-ções da CGTP-IN, durante os dias da «estafeta» circu-lou um abaixo-assinado, em postais dirigidos ao primei-ro-ministro, que recolheu mais de 40 mil assinaturas - trabalho que iria prosseguir até à manifestação marca-da para o Dia Nacional da Juventude.

Juventude contra a precariedade

É possível vencer

Na «Carta reivindicativa de todos os tra-balhadores», aprovada no congresso, são definidos 15 objectivos centrais da acção a levar a cabo nos próximos tempos:

– Revogar as normas gravosas do Códi-go do Trabalho e rejeitar a «flexiguran-ça» contida nas propostas do Livro Bran-co das Relações Laborais;

– Defender a contratação colectiva e impedir a caducidade das convenções co-lectivas.

– Combater a precariedade de empre-go e o desemprego;

– Melhorar os salários e lutar contra a carestia de vida;

– Garantir horários de trabalho que compatibilizem o trabalho com a vida pessoal e familiar;

– Efectivar os direitos individuais e co-lectivos dos trabalhadores, consagrados na lei e nos contratos colectivos;

– Concretizar o direito à formação e qualificação profissional;

– Promover a igualdade no trabalho, combater todas as discriminações, direc-tas ou indirectas;

– Prevenir e reparar a sinistralidade no trabalho e as doenças profissionais;

– Valorizar a Administração Pública, as funções sociais do Estado e os servi-ços públicos;

– Lutar por maior justiça fiscal que as-segure uma mais justa distribuição do ren-dimento e serviços públicos de qualidade;

– Melhorar a Segurança Social e asse-gurar a sua sustentabilidade;

– Investir na Educação, defendendo uma escola pública de qualidade;

– Revitalizar e investir no Serviço Na-cional de Saúde para todos os cidadãos;

– Lutar contra a pobreza e a exclusão social.

Na intervenção de abertu-ra, apresentando os conteú-dos fundamentais que iriam estar em debate, o secretá-rio-geral da CGTP-IN valo-rizou as lutas desenvolvidas no período desde o anterior congresso. «Os trabalha-dores e as trabalhadoras do sector privado e do sector público defenderam direi-tos individuais e colectivos e emprego, evitaram despe-dimentos e encerramentos de empresas e serviços», sa-lientou Manuel Carvalho da Silva, que lembrou de se-guida «grandes combates» travados com êxito (con-tra a privatização de partes das pensões de reforma, pe-lo combate à grande evasão fiscal, pela preservação da generalidade da contratação colectiva e obtendo ganhos para os trabalhadores na re-visão de um grande número de convenções colectivas, e também pelo crescimento do salário mínimo nacional).

Os sucessos alcançados e as firmes lutas levadas a cabo ocorreram, ressalvou Carvalho da Silva, num contexto em que a ofensi-va contra os trabalhado-res resulta de «uma acção convergente do patronato e do poder político». Foi es-pecialmente focado o pro-cesso de revisão do Códi-go do Trabalho, no qual o Governo «submete-se de forma chocante aos inte-resses e às imposições dos grandes senhores do poder económico e financeiro e às orientações do grande patronato».

Carta reivindicativa

O Conselho Nacional da CGTP-IN foi substan-cialmente rejuvenescido, neste congresso. Dos 147 dirigentes (três dezenas dos quais provêem de sectores abrangidos pela Fiequimetal), 47 não integravam antes este órgão. A média etária bai-xou para 48 anos e as 43 mulheres representam 29 por cento (eram 20 por cento na anterior com-posição). A lista única, apresentada pelo CN ces-sante, recebeu 857 votos (95,4 por cento). Foram ainda contados 25 votos em branco (2,9 por cen-to) e 14 votos nulos (1,6 por cento).

Na sua primeira reunião, dia 21 de Fevereiro, o Conselho Nacional elegeu os 29 membros da Co-missão Executiva, os seis membros do Secretaria-do e o secretário-geral.

Rejuvenescimento

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Alegando o efeito das dívidas elevadas à Segurança Social e ao Fisco, a Setubauto anunciou em Fevereiro o encerramento, deixando os seus 32 trabalhadores no desemprego e sem lhes pagar os direitos. O Sindicato dos Metalúrgicos revelou ainda que também a Autexpor, de Palmela, despediu 11 trabalhadores.

A Citroen Lusitânia, unidade industrial do grupo PSA Peu-

geot Citroen, está instala-da em Mangualde há mais de 40 anos. É hoje o maior empregador do concelho, com cerca de 1400 traba-lhadores.

Do centro de produção de Mangualde saíram, em 2007, cerca de 64 mil veículos Citroen Berlingo e Peugeot Partner, o que representou um signifi-cativo aumento de 12 por cento em relação ao ano anterior. Com este recor-de de produção, a fábri-ca portuguesa contribuiu para o aumento dos lu-cros do Grupo PSA em 2007. Em comparação com o ano anterior, o lu-cro líquido quase quin-tuplicou, passando de 183 milhões de euros pa-ra 885 milhões; por cada acção, foram pagos 3,88 euros em 2007, enquan-to em 2008 os accionistas tinha recebido 80 cênti-mos por título.

Contudo, a empresa re-cusou aos trabalhadores aumentos salariais jus-tos e enquadrados com os aumentos de produção, fi-cando pelos níveis de in-flação e impossibilitando qualquer aumento real de salário, como seria justo e era esperado pelos traba-lhadores.

A fábrica de Mangual-de mantém capacidade de competir com outras em-presas, apresentando ele-vados índices de qualida-de e produtividade. Além disso, adoptar a produção de outro modelo automó-vel é uma alteração que pode ser ali realizada sem grandes dificuldades.

O fundamental destas vantagens, como é lembra-do em dias solenes e não pode ser esquecido nos restantes dias, é o contri-buto dos trabalhadores, que todos os dias desen-volvem o seu trabalho com

muito empenho e dedica-ção, por forma a que seja possível alcançar índices de qualidade e de produ-ção ao nível de outras em-presas do grupo, onde o investimento em condi-ções de trabalho e os salá-rios são muito superiores.

As notícias sobre uma eventual deslocalização da Citroen de Mangual-de têm vindo a público em momentos muito impor-tantes e oportunos para a empresa. Aconteceu assim no final de 2006 e tam-bém no início de 2008. O princípio do ano é a altura

de discussão dos aumen-tos salariais, pelo que uma das consequências desta ameaça poderia ser assus-tar os trabalhadores, por forma a serem «contidos» nas suas reivindicações.

«Temos consciência da nossa capacidade enquan-to trabalhadores e do valor do nosso trabalho», comen-ta Jorge Abreu, dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de Aveiro, Viseu, Guarda e Coimbra, lamentando que «por vezes se possa ques-tionar a capacidade daque-les que têm a responsabili-dade de criar as condições

para que a empresa consi-ga novos projectos e tam-bém o espaço físico para que seja possível a amplia-ção das instalações, factor que sempre nos leva a es-tarmos atentos».

A quem ache que tais ameaças podem assustar ou conter as reivindica-ções justas, «os trabalha-dores responderão sem-pre com mais organização e capacidade de luta pelos seus direitos, sabedores que sempre podem con-tar com o acompanhamen-to de um sindicato forte e combativo».

Os trabalhadores da So-lidal, do Grupo Quintas & Quintas, em Esposende, vão ser chamados a ele-ger os seus representan-tes, para a área da Segu-rança, Higiene e Saúde no Trabalho, no próximo dia 28 de Abril.

É a primeira vez que tal acontece, confiando o STIENC que esta eleição irá beneficiar os cerca de 180 trabalhadores daque-la importante unidade, já que as questões da Saúde, Higiene e Segurança no Trabalho serão mais acom-panhadas e melhor defen-didas. Logo que estejam eleitos, os representantes frequentarão um curso de

formação no domínio da SHST.

No dia 28 de Janeiro foi eleita na Motometer, do Grupo Bosch, em Vila Re-al, uma comissão de re-presentantes dos trabalha-dores, para a SHST, já que a anterior terminou a seu mandato, depois de ter de-sempenhado um trabalho muito aceitável, de defe-sa dos interesses dos tra-balhadores nesta área. O STIENC decidiu realizar uma acção de formação di-rigida aos elementos que ainda não beneficiaram de formação na área, para que fiquem mais habilita-dos no exercício das suas funções.

VitóriaA SN Longos foi condenada em Novembro, pelo Tribunal de Trabalho da Maia, num processo movido por um associado do Sindicato dos Metalúrgicos do Norte, por discriminação salarial.

Lusosider à vontadeComo nada foi feito, após o Sindicato dos Metalúrgicos do Sul ter alertado, no final de 2007, para a iminência de uma centena de despedimentos, a Lusosider ganhou a confiança necessária para despedir 65 trabalhadores e encerrar a produção de laminado a frio. O sindicato, no final de Março, responsabilizou o Governo por deixar que a fábrica no Seixal sirva como armazém da multinacional brasileira CSN, para a entrada de produtos no mercado nacional e europeu.Depois do alerta do sindicato, que salientou o investimento público na linha de caminho-de-ferro até à entrada da empresa, a administração, no seu desmentido, confirmou os despedimentos, a par do encerramento da linha de produção da estanhagem electrolítica e do circuito da folha-de-flandres. O Ministério do Trabalho também procurou desmentir os despedimentos, mas confirmou saídas «por mútuo acordo» e também de pessoal dos empreiteiros, sem nada fazer para tal evitar. Nos resultados de 2007, a CSN apresentou um lucro líquido consolidado recorde, com um crescimento de 150 por cento face a 2006.A comissão sindical, em Fevereiro, reafirmou que é preciso aumentar os salários e terminar com as discriminações e a perseguição ao sindicato. Este continua a crescer e a administração foi obrigada a reconhecer crédito de horas a dois delegados.

Dívidas

Deslocalização da Citroen

Resposta aos rumoresMais uma vez, as notícias sobre uma eventual saída de Mangualde da PSA Citroen surgiram num momento de negociação da actualização salarial. A melhor resposta é reforçar o sindicato.

Eleições para SHST

A norte-americana Delphi anunciou no início de Abril que vai encerrar a fábrica em Ponte de Sor, o que provo-cará a destruição de mais de 500 pos-tos de trabalho. Na mesma altura, a ja-ponesa Yazaki fez saber que decidiu despedir 400 trabalhadores na fábrica em Serzedo, Vila Nova de Gaia.

Em Ponte de Sor, os primeiros des-pedidos deverão ser cerca de 80 tra-balhadores contratados a termo, dentro de poucos meses (no Verão). Nos últi-mos meses de 2008 começarão as sa-ídas do pessoal do quadro. O encerra-mento total, segundo a empresa, deverá ocorrer no primeiro trimestre de 2009. Um dirigente do Sinquifa, em declara-ções aos jornalistas, lembrou os graves problemas financeiros que a multina-cional atravessa nos EUA, mas disse

ter recebido a informação de que a pro-dução de airbags vai ser deslocalizada de Portugal para a Hungria. A elevada média de idades dos trabalhadores que vão perder os empregos foi a principal preocupação manifestada pelo sindica-to, já que não há alternativas na zona. No distrito de Portalegre, a fábrica da Delphi é a que tem mais pessoal.

A Yazaki Saltano quer despedir em Gaia 400 pessoas, que trabalham na produção de cablagens para o mode-lo M59, a qual deverá terminar no fi-nal de Abril. A multinacional, que se instalou em Portugal em 1986 e tem mais de dois mil trabalhadores, asse-verou que este processo não afectará a unidade de Ovar (onde há um ano ocorreu o despedimento de mais de 500 operários)

Multinacionais liquidam mil empregos

Foram produzidos em 2007, 64 mil veículos Citroen Berlingo e Peugeot Partner, mais 12 por cento que no ano anterior

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nacional

Sucessivas lutas dos trabalhadores da STE, empresa que monta equipamento eléctrico e de telecomunicações, com instalações no Prior Velho, obrigaram o accionista maioritário e a administração a apresentarem um plano de recuperação financeira da empresa e de pagamento da dívida ao pessoal (15 meses de subsídio de refeição e parte das ajudas de custo). Para o SIESI, a decisão está directamente relacionada com o facto de os cerca de 50 trabalhadores se teremo mostrado na disposição de paralisarem o trabalho e entregarem exposições a diversas entidades sobre o contexto laboral da STE.O sindicato manifestou a sua consternação pelo falecimento de Jaime Simões de Jesus, trabalhador da STE e associado do SIESI há 30 anos, nas cheias que em 18 de Fevereiro atingiram a várzea de Loures.

A CNB Camac, em San-to Tirso, fabrica pneus e emprega cerca de 350 trabalhadores sendo uma empresa de relevante im-portância social para a co-munidade envolvente. Vi-ve actualmente sequelas de um passado com muitos

atropelos aos direitos dos trabalhadores, com opor-tunismos vários e com er-ros de gestão clamorosos.

A administração, ain-da que com boa vontade, recorre a velhas receitas e titubeando tenta a to-do o custo reaver o inves-

tido, implementando me-didas avulsas em que é difícil descobrir propósitos e esclarecer intenções. En-quanto navega à vista, es-perando que o mar se acal-me, os trabalhadores ainda não receberam o subsídio de Natal do ano passado,

alertou o Sinorquifa, notan-do que também o Governo PS/Sócrates não cumpre as suas obrigações, pois o re-embolso do IVA é feito com um atraso mínimo de seis meses. Esta verba dava pa-ra pagar o subsídio de Na-tal aos trabalhadores.

A Autoridade para as Condições de Trabalho au-tuou recentemente a di-recção da fábrica de trans-formadores da Siemens, localizada no Sabugo, ar-redores de Sintra, por so-licitação do SIESI, por não estar a respeitar o descan-so compensatório defini-do no contrato colectivo. O CCTV FMEE estabelece o direito dos trabalhadores a um dia de descanso, sem-pre que realizam trabalho suplementar superior a quatro horas, como acon-tece, frequentemente, aos sábados e dias feriados.

O auto da ACT pôs a des-coberto uma monumental dívida em horas de des-canso, que terão de ser re-postas ou pagas. A título de exemplo, quem traba-lhou 20 sábados num ano tem direito a 120 horas, ou seja, 15 dias de descanso.

Pelos anos em que a in-fracção se verifica e pe-lo número de trabalhado-res envolvidos, o montante global da dívida ascende a mais de 40 mil dias.

Os autos abrangem, ain-da, as dívidas da Siemens resultantes da redução do pagamento do trabalho su-plementar e nocturno, de-pois da empresa ter resol-vido dar por caducado o contrato colectivo.

Caso a fábrica, que em-prega cerca de 250 traba-lhadores, não proceda à regularização, os autos se-guem para tribunal, o qual poderá decidir por despa-cho e sem audiências de julgamento.

Com vista à regularização daquelas dívidas, o SIESI aconselhou os trabalhado-res a fazerem o apuramen-to dos sábados e feriados em que realizaram traba-

lho suplementar, para ser reclamada a reposição do descanso compensatório e das outras importâncias por receber.

A não aplicação na Le-grand do CCTV FMEE no que toca ao descanso com-pensatório por trabalho suplementar, já foi objecto

de autos de contra-ordena-ção da ACT. Numa próxi-ma reunião, a empresa de-verá abordar com o SIESI a regularização desta ma-téria, bem como a liquida-ção da dívida a trabalha-dores discriminados nos salários (também motivo de auto da ACT).

Recentemente, a admi-nistração da unidade de Carcavelos da multinacio-nal francesa comprome-teu-se a responder a uma proposta do sindicato, pa-ra estabeler um quadro negocial específico pa-ra a empresa. O objectivo é acordar aumentos sala-riais (com efeitos a Janei-ro) e outros direitos eco-nómicos dos cerca de 500 trabalhadores.

No âmbito do disposto no Decreto-Lei N.º 266/2007, relativo à protecção sanitá-ria dos trabalhadores con-tra os riscos de exposição ao amianto, a administra-ção comprometeu-se a dar cumprimento às obriga-ções que lhe estão come-tidas, reclamando o SIESI a completa remoção da co-bertura do armazém.

A administração assegu-rou ao sindicato que a em-presa recuperou a estabi-lidade produtiva, pelo que os actuais níveis de em-prego serão mantidos, e que a fábrica portuguesa passou a constituir o cen-tro de desenvolvimento de novos produtos do grupo, o que a consolida do pon-to de vista da actividade e afasta qualquer cenário que comprometa o seu fu-turo.

Na Robert Bosch, onde está a ser concretizado um

protocolo no quadro do «Projecto Equal» (acor-do firmado em Junho de 2004), foi elaborada uma proposta de reclassificação de trabalhadores, confor-me com as responsabilida-des e funções que desem-penham. As actualizações salariais resultantes desta reclassificação entram em vigor em Abril. Foi tam-bém já apresentada uma lista de trabalhadores que vão ser reclassificados em Julho e terão os seus salá-rios revistos.

A actualização salarial correspondente às reclas-sificações soma-se aos au-mentos acordados em Ja-neiro. Este acordo salarial,

para dois anos, fixou em 712,50 euros o valor do salário mínimo na empre-sa. Por proposta sindical, no sentido de uma maior aproximação à eliminação total das diferenças sala-riais, aquele valor passa-rá a 720 euros, em Julho, e será aplicado já no sub-sídio de férias.

A partir de Setembro e até final deste ano, deve-rão ser feitos os acertos necessários noutras cate-gorias profissionais, pa-ra contemplar as situações de desigualdade que não fiquem ainda resolvidas na actual fase.

Aumentos salariais e cor-recção de desigualdades são igualmente objecto das negociações, iniciadas em Março, na Schindler.

A proposta sindical na empresa de elevadores e escadas rolantes preconi-za um aumento dos salários de todos os trabalhadores em cinco por cento e uma actualização do subsídio de refeição para 8,50 euros, desde Janeiro. A filial por-tuguesa da Schindler, com sede em Carnaxide e cerca de 500 trabalhadores, ob-teve lucros de três milhões de euros em 2006 (que te-rão sido ampliados em 2007), e vive um momento favorável do ponto de vista económico-financeiro. Po-de, assim, corresponder à necessidade de reposição de alguma justiça salarial, uma vez que, injustifica-damente, os trabalhadores perderam poder de compra nos últimos anos.

A proposta do SIESI con-sidera, ainda, que os au-mentos salariais em 2008 devem convergir no sentido da correcção das desigual-dades e contemplar espe-cialmente os trabalhadores que não tiveram qualquer aumento no ano passado. Para estes objectivos de-vem ser canalizados todos os recursos financeiros dis-poníveis, incluindo parte dos que estão destinados à retribuição variável, defen-de o sindicato, que reclama também a correcção ime-diata e com efeitos retroac-tivos do montante de cada diuturnidade para o valor contratual de 28,10 euros, que não está a ser cumpri-do.

Em discussão estão ou-tras matérias, como a apli-

cação do contrato colecti-vo (CCTV FMEE) a todos os trabalhadores da Schin-dler (afastando a referên-cia ao CCT da Construção Civil), o pagamento e atri-buição do descanso com-pensatório por trabalho su-plementar, a regularização de situações de incorrecta classificação profissional, as distorções e desigual-dades salariais, a adequa-ção do plano de formação profissional e a passagem a permanentes dos traba-lhadores temporários ou com contratos a termo.

Aos cerca 120 trabalha-dores da Atlas, uma em-presa detida pela Schin-dler, foi já conseguida a aplicação do CCTV FMEE, revelou, a propósi-to, o SIESI.

Assédio autuadoAcerca das várias visitas do Director de Recursos Humanos da Crown Cork & Seal, em Alcochete, aos balneários das mulheres, durante a mudança de turno e troca de roupa, a Comissão de Trabalhadores levantou a dúvida, se não estaríamos perante um assédio. A administração mandou instaurar um inquérito, seguido de procedimento disciplinar aos membros da CT, e concluíu pelo despedimento das duas mulheres da CT e dez dias de suspensão ao homem.O Sindicato dos Metalúrgicos do Sul apoiou os três membros da CT e denunciou o caso à imprensa, aos grupos parlamentares e à ACT. Esta visitou a empresa em Fevereiro e decidiu notificar a entidade patronal de que o direito à vida privada não pode ser afastado depois de os seus subordinados passarem a porta de entrada da empresa. Decidiu ainda elaborar participação por infracção aos artigos 24 e 120 do Código de Trabalho. Espera o sindicato que a administração retire a suspensão e anule os despedimentos.

Plano na STE

Exigências e resultados na Schindler e Bosch

Acabar com discriminaçõesAcabar com as desigualdades salariais e fazer respeitar o contrato colectivo são objectivos dos sindicatos, que estão a ser alcançados nos grupos Schindler e Bosch.

Atrasos na CNB Camac

Na fábrica do Sabugo, a dívida aos trabalhadores é superior a 40 mil dias

Descanso compensatório vai ser reposto

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EnErgia

Culpas da EDP e dos empreiteiros

Prolifera a precariedadeA entrega de importantes áreas a empresas externas serve as contas dos accionistas da EDP e dos empreiteiros, com graves prejuízos para os trabalhadores e a qualidade do serviço.

Sob o discurso da defesa do ambiente, a EDP decidiu, de forma unilateral, passar a enviar os recibos de vencimento por correio electrónico, o que contribuiria para a poupança de papel e afirmaria a EDP como empresa defensora do ambiente. Quanto ao papel, um comprovativo terá sempre de resultar da impressão do recibo. Mas a EDP pouparia também a expedição de alguns milhares de envelopes e outras operações associadas... Só que inúmeros trabalhadores não têm email e há muitos outros que não têm impressoras ao seu directo alcance. Mesmo que tal sucedesse, seria sempre necessário o acordo do trabalhador e este deveria ter sido expressamente questionado antes de qualquer alteração. O SIESI exigiu a regularização da situação, através do meio anterior.

Os trabalhadores da Central do Aero-porto, na Ilha de Santa Maria, estão já re-classificados em Técnicos de Despacho (Nível 4), depois da sentença de primei-ra instância ser confirmada pelo Tribunal da Relação de Lisboa. Este caso deverá reflectir-se em situações com um quadro semelhante, nas restantes ilhas.

Na Terceira, a EDA foi condenada a pagar de acordo com a lei a violação do direito a férias de quatro trabalhadores da Central de Belo-Jardim. As férias foram interrom-pidas unilateralmente para formação.

A Inspecção Regional do Trabalho re-jeitou a posição da EDA, de que a ma-joração das férias, prevista no Código do Trabalho, não incidia sobre os 24 dias úteis consignados no ACT, mas sim so-bre os 22 previstos na Lei. A IRT pro-nunciou-se claramente a favor da posi-ção sindical (24 dias mais três), mas o processo teve que ser reformulado, sob o argumento de não existir norma legal sancionatória.

Na nova Central do Corvo, construída de raíz e sucessivamente inaugurada, pa-ra mostrar obra, a intervenção sindical fez com que passassem a estar dois trabalha-dores por turno e se iniciasse a constru-ção do refeitório.

Um projecto insuficiente, com várias fa-lhas no campo da segurança dos trabalha-dores, exigiu diversas alterações na Cen-tral de Santa Bárbara (Faial), após o SIESI ter accionado a IRT.

A informação sobre o trabalho suple-mentar prestado, para efeito de gozo de descanso compensatório, foi negada pela EDA em alguma ilhas, mas a intervenção sindical resultou na regularização desta situação.

O sindicato pretende reclamar a integra-ção nos quadros da EDA de trabalhadores que estiveram com contratos a termo, cujo fundamento era bastante superficial e, de-pois, entraram para a Segma, para efectua-rem as mesmas tarefas, no mesmo local, sob orientações dos mesmos profissionais.

O SIESI prevê dias muito complicados para os traba-lhadores da Edinfor, depois da EDP ter anunciado, no início de Março, que quer vender a sua participação de 40 por cento. A isto juntam-se outras indicações, como a demissão do presidente do CA (recentemente contrata-do com pompa e circunstância, oriundo dos CTT), que-bras acentuadas em projectos e uma gestão de contornos muito difusos.

O sindicato admite que possa ocorrer uma nova onda de violência laboral, procurando substituir trabalhadores do quadro por contratados ou estagiários.

A Edinfor foi criada nos anos 90 pela EDP, num pro-cesso que sempre foi muito complexo e com explicações evasivas, muito assente na moda das novas tecnologias e, claro, nos interesses que ali se moviam. A EDP enve-redou depois por um projecto megalómano, adquirindo a CASE, a Escritomática, a Copidata e outras. A Edinfor fi-cou a controlar cerca de três dezenas de empresas, algu-mas concorrentes entre si. Houve negócios não explica-dos, nomeadamente envolvendo imóveis.

Os trabalhadores foram os primeiros a pagar esta aven-tura. Muitos começaram a ser assediados para saírem ou para aceitarem a diminuição de salários e direitos.

A venda de 60 por cento da Edinfor à LogicaCMG foi um processo muito nebuloso e gerou novo surto de ata-ques a direitos e postos de trabalho. A intervenção do sindicato levou a recuos substanciais, com a EDP a ten-tar evitar que os problemas ganhassem visibilidade ex-terna.

A EDP apregoa-se como empresa fa-miliarmente res-

ponsável, campeã de práti-cas éticas e de outras que caem bem. Mas as relações de trabalho sofrem um agravamento substancial. Por isso, crescem as acções isoladas ou colectivas de reivindicação.

Proliferam as políti-cas de entregas ao exte-rior. São eliminados pos-tos de trabalho efectivos e a EDP «alivia-se» de trabalhadores que usu-fruem dos direitos emer-gentes do ACT. Para os «prestadores de servi-ços» têm vindo a ser pas-sadas várias actividades, que ocupam milhares de trabalhadores; o ACT é ignorado por estas em-presas, que não respei-tam direitos, tentam im-por salários de miséria e jogam constantemen-te com os contratos pre-cários, procurando evitar reivindicações.

Se a responsabilidade dos empreiteiros não po-de ser escamoteada, a da

EDP muito menos, acusa o SIESI, assegurando que o ataque aos postos de tra-balho terá resposta ade-quada

Um caso ou mais...

Recentemente, os tra-balhadores do Departa-mento de Medidas e Avarias de Lisboa (EDP Distribuição) foram con-frontados com a entrega ao exterior de parte significa-tiva do seu trabalho.

O sindicato contesta a decisão e salienta que há todas as condições inter-nas para assegurar aque-las actividades na pleni-tude. Refere mesmo que o empreiteiro adquiriu uma viatura para o efei-to há mais de oito meses, quando não tinha condi-ções para efectuar o tra-balho.

Mais: a entrega da activi-dade coincide com a saída de um trabalhador do acti-vo, responsável por aquela área, e que neste momen-to assegura o serviço para o empreiteiro.

Após reunir com a em-presa, o sindicato apurou que o caso pode ser ainda mais greve, dado que não foi negada a possibilida-de de situações idênticas ocorrerem noutras áreas.

A EDP anunciou a cria-ção de 250 postos de tra-balho num novo call-cen-ter em Seia, resultado de um acordo com o Gover-no e a Câmara Municipal. Entrou em funcionamento

no início do ano, com ape-nas um quinto daqueles funcionários, mantendo-se a promessa para os próxi-mos meses.

O que não foi dito é que o surgimento daqueles pos-tos de trabalho, na esma-gadora maioria com vín-culos precários, leva à saída, quase proporcional, de pessoal do call-center existente em Odivelas.

A EDP nunca disse, tam-bém, que o call-center de Seia, sendo um sector fun-damental para a empresa, foi entregue a um presta-dor de serviços, neste ca-so a CRH.

Com mais de cinco cen-tenas de trabalhadores, a CRH mereceu várias in-tervenções do SIESI. Uma delas resultou na conver-são em permanentes de mais de três centenas de contratos a prazo.

As condições de higiene e segurança e as remune-rações foram outras áreas visadas na actuação sin-dical. Mais recentemente, foi requerida a interven-ção da ACT, pois voltou a crescer a contratação a termo, houve degradação das condições de higiene e alterações nos contratos, nomeadamente com a pre-tensão de abaixamento das categorias.

Acertadas contasA Paulo & Valentim emprega quatro trabalhadores, que são responsáveis pela operação de uma central de co-geração da Constantino Mota, em Alcanena, que produz energia para uma empresa de curtumes desta mesma firma. Contas feitas, por mês são poupados cerca de 20 mil euros na factura de electricidade da EDP e são ainda geradas vendas de mais de 80 mil euros. Apesar destes resultados, vários problemas têm ocorrido naquela unidade, que já chegou a não ter combustível para trabalhar. Depois de o SIESI ter reunido com a empresa, foram regularizados os pagamentos aos trabalhadores e a central retomou a laboração. Mas o sindicato mantém as preocupações.

Disponibilidade em ordemOs trabalhadores dos piquetes da EDP no Barreiro e Montijo (SE de S. Francisco) foram confrontados com uma pretensão unilateral de alteração dos seus períodos de disponibilidade. Sem qualquer consulta prévia, a hierarquia decidiu afixar uma nova escala. Por intervenção do SIESI, a empresa viu-se obrigada a manter a escala anterior, conforme era a vontade dos envolvidos.

E-vencimentos atabalhoados

Os «prestadores de serviços» ignoram o ACT, não respeitam direitos e pagam salários muito baixos, mas a EDP não pode escamotear responsabilidades nesta situação

Acção com resultados na EDA

Preocupações na Edinfor

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Derrotaremos a «flexigurança»Em face da ofensiva que se desenha, só nos resta a opção de lutar, com a certeza que esta é uma luta justa e uma luta boa. Justa, porque se destina a fazer mais justiça no trabalho; e boa, porque dela resultará a derrota de uma política desastrosa, que é má para o País, para os trabalhadores e para os portugueses.

Joaquim dionísioDa Comissão Executiva da CGTP-IN�(a�partir�da�intervenção�feita��no�11.º�Congresso�da�central)

opinião

O Código do Traba-lho foi apresentado aos portugueses

como o remédio para todos os males, desde os males da economia, até aos ma-les existentes no mundo do trabalho. A partir dele, tudo mudaria para melhor. As leis passariam a ser cumpridas e o País entra-ria na senda do desenvolvi-mento e do progresso, com grandes benefícios para os trabalhadores. Tal como então denunciámos, nada disso aconteceu. Hoje o País está mais pobre e os trabalhadores vivem pior.

O desequilíbrio entre o económico e o social, em particular nas relações de trabalho, assume uma gravidade sem preceden-tes próximos e que amea-ça a própria democracia.

Estamos em presença da maior, mais profunda, estruturada, sustentada e global ofensiva contra os direitos sociais. A con-cretizar-se, ela coloca-ria os direitos dos traba-lhadores uma centena de anos atrás. É nesta ofen-siva que se insere o ata-que ao princípio do tra-tamento mais favorável e ao Direito do Trabalho, enquanto ramo do Direi-to dirigido à protecção do trabalhador.

Tal ofensiva sustenta-se na expressão equívo-ca e mentirosa de «fle-xigurança», atrás da qual o patronato e os seus apoios se pretendem es-conder para atacar os di-reitos dos trabalhadores.

Livro Brancocontraditório

O Livro Branco das Re-lações Laborais destina-se a abrir caminho a uma alteração ao Código do Trabalho para acentuar os aspectos mais gravo-sos deste. Curiosamente, apresenta-se algo con-traditório: faz uma apre-ciação negativa dos qua-tro anos de aplicação do Código, mas preconiza a acentuação dos mesmos traços que determinam a apreciação negativa.

Com efeito, o chamado Livro Branco conclui que todos os indicadores so-ciais pioraram, que as in-justiças cresceram, que as relações laborais são hoje mais desequilibra-das a favor do patronato, que a precariedade cres-ceu e que a qualidade do emprego piorou; e con-clui ainda que os traba-lhadores reconhecem nos sindicatos os seus melho-res defensores, apesar de muitos não se sindicali-zarem (sabemos nós que, frequentemente, com re-ceio das represálias pa-tronais).

Ou seja, o Livro Bran-co conclui (embora não o assuma de forma explíci-ta) que a linha desregula-mentadora empreendida pelo Código do Traba-lho constitui um rotun-do fracasso, face a todos os argumentos apresen-tados pelos seus defen-sores. Uma análise séria deveria levar o Governo a arrepiar caminho e a dar razão aos sindicatos, re-conhecendo que a reso-lução dos problemas do País é indissociável da

resolução dos problemas dos trabalhadores.

Todavia, a comissão do Li-vro Branco (comissão que é da responsabilidade exclu-siva do Governo) não tirou as ilações que a sua própria análise determinaria.

Bem ciente da mis-são que lhe foi confiada, a comissão veio propor mais do mesmo.

Duas caras

O Livro Branco mostra um Governo com dupla personalidade, um Gover-no com duas caras, cínico. Se assim não fosse, não se escondia por detrás de uma comissão fortemente gover-namentalizada e com um peso igualmente significati-vo da CIP. Esconde-se por-que não quer afrontar, de cara aberta, a luta inevitá-vel e justa dos trabalhado-res e do movimento sindi-cal; esconde-se porque não quer assumir os seus com-promissos e os compromis-sos assumidos pelo PS du-rante a campanha eleitoral e durante o debate e a vota-ção do Código de Trabalho, quando era oposição.

Para fazer frente a esta ofensiva do Governo e do patronato, é necessário redobrar os esforços e intensificar a luta dos trabalhadores

O Livro Branco e a revisão do Código do Trabalho

M A subversão do prin-cípio do tratamento mais favorável ao trabalhador (que determina se é aplicada a lei geral ou a convenção colectiva), transformando-o em excepção. A comis-são selecciona as matérias que ficariam abrangidas (e, pela negativa, aquelas que ficariam excluídas) pela aplicação deste princípio. Para a comissão o trata-mento mais favorável seria uma questão de quantidade de matérias, de contabi-lidade, sendo certo que o princípio, co-mo tal, deixaria de existir.

M O desaparecimento da fixação, por lei, dos limites à duração diária e semanal dos horários de trabalho, num processo de desregulação nunca visto. A concretizar-se, tornaria a vida das famílias dependentes da vontade e até dos humores patronais, remetendo para o esquecimento a conciliação da vida profissional com a vida familiar.

M A eliminação do impedimento legal a que uma redução de horá-rio tenha igual redução do salário e a supressão do limite horário do trabalho a tempo parcial. A elimi-nação destas duas disposições legais em conjunto significaria que um traba-lhador que visse reduzido o seu horá-rio de trabalho (de 40 para 35 horas, por exemplo) veria igualmente reduzi-do o seu salário na mesma proporção. Passaríamos a ter contratos a tempo parcial até 39 horas semanais (dura-ção média) com a correspondente re-dução dos salários. Com esta alteração legal, estaria encontrada a fórmula má-gica para que a imposição de reduções de horário fosse acompanhada da redu-ção do salário.

M Que o despedimento se torne mais fácil, mais barato e certo, ainda que seja ilícito. A solução encontrada pela comis-são chama-se «aligeiramento» dos procedimentos prévios ao despe-dimento (processo disciplinar) e prevê a transferência, para o Es-tado, de parte dos custos dos des-pedimentos efectuados sem justa causa. Propõe a inclusão do despedi-mento por inaptidão, dentro do conceito de despedimento por inadaptação. Trata-se de mais um motivo de despedimento, manifes-tamente inconstitucional, que pas-saria a permitir o despedimento sem justa causa, na base de uma alegada incompetência do tra-balhador. Com introdução deste «motivo» de despedimento, pode-mos adivinhar o que aconteceria aos trabalhadores mais exigentes.

M A eliminação das conven-ções colectivas. A forma prática encontrada, para impor a posição patronal, é a extinção de todas as convenções com dez anos de exis-tência.

Mudar para piorEm vez da alteração das normas gravosas que o PSD e o CDS-PP incluíram no Código do Tra-balho, a comissão nomeada pelo Governo vem propor normas ainda piores.

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Órgão dos trabalhadores das indústrias metalúrgica, química, farmacêutica, eléctrica, energia e minas

N.º 2 • Abril 2008

PropriedadeFiequimetal/CGTP-IN – Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgica, Química, Farmacêutica, Eléctrica, Energia e Minas

SedeRua dos Douradores, 160 – 1100-207 LISBOATelefones: 218818500 e 218818560 • Fax: [email protected] • www.fiequimetal.pt

DirectorJosé Machado

RedacçãoDomingos Mealha

GrafismoJorge Caria

Pré-impressãopré&press, LdaImpressãoHeska, SA – Campo Raso2710-139 SINTRADepósito legalN.º 266590/07

Sindicatos filiados na Fiequimetal

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Sindicato dos Metalúrgicos e Ofícios Correlativos da Região Autónoma da Madeira - Rua Dr. Fernão de Ornelas, 15-2.º - 9050-021 FUNCHAL - Telef. e Fax: 291 224 860 Email: [email protected]

Sindicato dos Trabalhadores da Química, Farmacêuti-ca, Petróleo e Gás do Norte - Rua António Granjo, 171 - 4349-019 PORTO - Telef.: 225 899 110 Fax: 225 104 672 Email: [email protected], [email protected]

Sindicato dos Trabalhadores da Química, Farmacêuti-ca, Petróleo e Gás do Centro, Sul e Ilhas - Rua dos Dou-radores, 160 - 1100-207 LISBOA - Telef.: 218 818 536/7 Fax: 218 818 584 Email: [email protected], [email protected]

Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Eléctricas do Norte e Centro - Rua Padre António Vieira, 195 - 4300-031 PORTO - Telef.: 225 198 600 Fax: 225 198 603 Email: [email protected] Site: www.stienc.pt

Sindicato das Indústrias Eléctricas do Sul e Ilhas - Av. Almirante Reis, 74G-4.º - 1150-020 LISBOA - Telef: 218 161 590 Fax: 218 161 639 Email: [email protected] Site: www.siesi.pt

Sindicato do Sector de Produção, Transporte e Distri-buição de Energia Eléctrica do Arquipélago da Região Au-tónoma da Madeira - Av. do Mar, 32 - 9050-029 FUNCHAL – Telef. e Fax: 291 211 454 Email: [email protected], [email protected]

Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira - Rua dos Douradores, 160 - 1100-027 LISBOA - Telef.: 218818561 Fax: 218 818 555 Email: [email protected], [email protected]

Dos objectivos defini-dos pelo MTD, des-tacamos:

- promover e dinamizar o movimento reivindicativo pelo direito ao trabalho;

- apoiar e encaminhar as reivindicações dos desem-pregados, no seu direito à for-mação qualificada e inserso-ra no mercado de trabalho;

- desenvolver um movi-mento solidário de traba-lhadores activos, emprega-dos e desempregados;

- aprofundar o conheci-mento, o estudo e denúncia da realidade do emprego e do desemprego em Portugal.

O MTD bate-se pela revo-gação das normas gravosas da «Lei do Desemprego» (DL 220/06), nomeadamen-te em dois pontos gritantes: o dever de apresentação

quinzenal e o dever de pro-cura activa de emprego.

A apresentação quinze-nal constitui uma medida de coação contra os trabalhado-res desempregados, impon-do-lhes um autêntico «termo de identidade e residência».

A procura activa de em-prego coloca aos trabalhado-res desempregados a obri-gação de «procurar água no deserto». Note-se que es-ta é uma medida do mesmo Governo que não promove a execução de políticas de pleno emprego, que asse-gurem o direito ao trabalho, de modo a fazer cumprir a Constituição (e, em concre-to, o seu art.º 58).

O Movimento dos Traba-lhadores Desempregados coloca-se convictamente ao lado de todos os que com-batem a «flexigurança» à portuguesa. Não é ainda co-nhecida a proposta formal do Governo para a revisão do Código do Trabalho. Mas vai já longe a má fama do re-latório final da Comissão do Livro Branco das Relações Laborais, cujas conclusões são um atentado aos traba-lhadores, visando a facili-tação dos despedimentos, o aumento do desemprego e a continuação da degradação das condições de vida dos desempregados.

Pontapés na formação

Para o MTD, é escanda-losa a forma como o Go-verno Sócrates tem trata-do a formação profissional - a qual deveria ser con-siderada como um factor essencial para uma mais rápida integração dos de-sempregados no mercado de trabalho, tendo em con-ta a melhor rentabilização dos dinheiros públicos pa-ra esta finalidade.

A política do Governo, também nesta matéria, tem sido desastrosa, co-mo se viu com o caso da promoção, pelo Centro de Emprego da Guarda, de um curso de formação pro-fissional de jogadores e jo-gadoras de futebol.

Trata-se de um esbanja-mento dos dinheiros públi-cos, provenientes dos avo-lumados impostos pagos pelos trabalhadores. E é, de todo, inaceitável e revela-dor da péssima política de emprego deste Governo.

Uma boa prática sindical induz benefícios aos trabalhadores.

A Flexipol é uma empresa sobre-tudo produtora de espumas sintéti-cas. Emprega 112 trabalhadores, a maioria dos quais sindicalizados no Sinorquifa, e tem uma comissão sindical activa e uma prática sindi-cal que procura envolver todos na defesa dos seus direitos.

Nesta empresa de São João da Madeira, percebe-se as vantagens e os benefícios de se centrar a ac-tividade sindical no local de tra-balho.

Os plenários de trabalhadores reali-zam-se sempre que ocorrem factos e situações que os justificam, quer pa-ra debate e reflexão com vista à ac-ção sobre temáticas de interesse ge-ral, quer de problemáticas referentes à situação na empresa. Regularmen-te o sindicato elabora e distribui co-municados e outros documentos.

Anualmente, em plenário, deba-te-se e aprova-se um caderno rei-vindicativo, que é negociado com a Administração, procurando me-lhorar salários e outras condições de prestação de trabalho.

Com a unidade e a solidarieda-de dos trabalhadores, o Sinorquifa tem conseguido negociar e acordar com a empresa aumentos salariais reais e outros benefícios para to-dos os trabalhadores.

Este ano já assim aconteceu e as-sim continuaremos, respeitando, aliás, uma orientação da nossa CG-TP-IN e do seu recente XI Congres-so, que entende prioritário o traba-lho sindical no local de trabalho.

nacional

Movimento dos Trabalhadores Desempregados

Direitos de cidadãos activosO MTD, com uma Direcção Nacional renovada e rejuvenescida, está determinado em promover a união dos desempregados para, de forma organizada, fazer valer e defender os seus direitos de cidadãos activos.

Os membros dos Corpos Gerentes do MTD toma-ram posse no dia 1 de Dezembro, na sede do Mo-vimento (Rua dos Fanqueiros, 250-4.º Esq. 1100-232 Lisboa). Entre eles estão dois dirigentes da Fiequimetal: Manuel Bravo, presidente da Direc-ção Nacional, e Luís Leitão, vice-presidente. O MTD pode ser contactado por correio electrónico, pelo endereço [email protected].

Têm vindo a ser constituídas direcções regionais, com a finalidade de melhor responder às necessidades dos desempregados nas diferentes regiões do País.

Lisboa, Porto e Faro já têm uma dinâmica pró-pria, na luta em defesa dos trabalhadores em si-tuação de desemprego, e mais recentemente foi eleita a Direcção Regional do MTD de Setúbal, que já realizou acções de esclarecimento e envol-vimento de desempregados, junto dos Centros de Emprego e do IEFP no distrito.

Estrutura do MTD

FpSinorquifa

Os trabalhadores a ganhar

MARCO DO CORREIO

A "lei do desemprego" contém normas inadmissíveis

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Abril 2008 19

A data escolhida para o lançamento do jornal foi propositadamente o dia 18 de Março, quando se

assinalava o início da Comuna de Paris de 1871, onde, pela primeira vez, o proletariado conquistou o poder político, e que era uma das datas mais queridas do movimento operário. Durante cerca de sete meses A Greve procurou difundir os princípios do sindicalismo revolucionário, contribuindo para que o movimento sindical se libertasse da influência do primitivo Partido Socialista Português, fundado em 1875, o que vem a acontecer, sobretudo, após a implantação da República, em 5 de Outubro de 1910. O lançamento de A Greve inseria-se, pois, na campanha de divulgação do sindicalismo, como ideologia e prática social, e continuava, de certo modo, a iniciada no ano anterior por Emílio Costa no semanário A Conquista do Pão. Arrostando com inúmeras dificuldades e perseguições, o jornal foi publicado como diário durante mais de três meses, findos os quais passou a bissemanário. No entanto, ao fim de sete meses terminou a sua existência. Aparecera cedo demais, e o operariado organizado ainda não estava em condições de manter um diário. Tal só será possível em 1919, após a derrota do sidonismo, quando é lançado o diário operário A Batalha, em 23 de Fevereiro. A importância da imprensa operária

A imprensa operária no nosso país já ultrapassou largamente um século e meio de existência. Durante estes mais de 150 anos, viram a luz do dia centenas e centenas de publicações do movimento operário e sindical. Através desses jornais, revistas, boletins e folhas, uns de longa duração, outros de vida efémera, palpita a vida e a luta dos trabalhadores portugueses durante a Monarquia, a I República, o Fascismo e após a Revolução Democrática de 25 de Abril de 1974. A imprensa operária surge numa altura em que ainda se empregava indistintamente o termo artista e o termo operário para designar o proletário. Contudo, a partir da segunda metade do século XIX, à medida que avança a industrialização e cresce a consciência de classe, o segundo termo vai tornar-se predominante. E, não obstante a elevadíssima taxa de analfabetismo então reinante entre a

população, em geral, e os trabalhadores, em particular, ela acompanha a par e passo o percurso trilhado pelo movimento operário desde o seu alvorecer, contribuindo, decisivamente, para o seu desenvolvimento e consolidação. Inicialmente a imprensa operária tinha como objectivos principais a formação e a organização. Divulgar os princípios e fins da associação e a importância desta para a entreajuda e defesa dos interesses dos operários era o que proclamavam jornais como O Eco dos Operários, aparecido em 1850. Este é o período histórico em que os militantes do associativismo são designados por apóstolos, cujo templo é a associação, e os desempregados por órfãos do trabalho. Nesta fase os partidários do associativismo procuram aglutinar à volta do jornal o núcleo organizador da associação. Por isso, muitos jornais são anteriores à existência da própria associação. O Eco dos Operários será o ponto de partida para o aparecimento, em 1852, do Centro Promotor dos Melhoramentos das Classes Laboriosas, organização que exerceu grande influência no movimento operário no terceiro quartel do século XIX. Os metalúrgicos travam a sua primeira greve (conhecida) em 1849. No ano seguinte aparece o jornal O Eco Metalúrgico, mas a primeira associação, a Associação dos Serralheiros, só será criada em 1854. Por sua vez, os gráficos travam a sua primeira greve em 1850. Dois anos mais tarde fundam a sua primeira associação, a Associação Tipográfica Lisbonense. A partir de 1872 aparecem as associações de resistência, a principal das quais foi a Fraternidade Operária. Nesse ano e no seguinte tem lugar o maior movimento grevista até então verificado em Portugal, com destaque para os metalúrgicos, os gasomistas [operários da indústria do gás], os tintureiros, os manufactores de tabaco e os gráficos. É publicado o Pensamento Social, órgão do núcleo fundador no nosso país da AIT (Associação Internacional dos Trabalhadores), mais conhecida como a Internacional. Até final do século a imprensa operária vai adquirir cada vez mais um carácter reivindicativo. Inicialmente surgem as reivindicações de carácter geral e nacional. Deste modo, os jornais, embora se afirmem desta ou daquela classe profissional ou indústria, dirigem-se

ao operariado em geral, e os temas que abordam têm a ver com problemas nacionais e o proteccionismo. Assim, os gráficos tratam das pautas aduaneiras do papel ou do acordo literário luso-francês; os metalúrgicos batem-se pela construção naval em Portugal; os corticeiros condenam a exportação da cortiça em bruto. Mas, à medida que a consciência de classe se afirma e surgem as associações de classe (sindicatos), as reivindicações especificamente operárias substituem as questões nacionais.

Nascimento e morte de A Greve

Alguns militantes tipógrafos consideravam que o fracasso do movimento grevista de 1904, quando tentaram impor pela primeira vez em Portugal a contratação colectiva (assim como o da Carris de 1906, o dos manipuladores de pão de Lisboa, o dos mineiros de S. Domingos e o dos soldadores de Setúbal, todos do mesmo ano), se ficou a dever ao facto de não haver «um jornal operário que fosse o eco das suas reclamações e que identificasse toda a família trabalhadora numa comunidade de aspirações e de luta». Decidem, pois, lançar no dia 18 de Março de 1908 o diário A Greve, aproveitando a conjuntura política favorável que se seguiu ao fim da ditadura de João Franco e que ficou conhecida como a acalmação, com a instauração do Governo de Ferreira do Amaral. Tipógrafos de três tendências vão colaborar no empreendimento: os socialistas, os anarquistas e os sindicalistas que, mais próximos dos segundos, se demarcam deles, no entanto. Esta heterogeneidade não facilitará a vida do jornal, pois os socialistas não estavam, objectivamente, interessados no seu êxito, até porque a classe gráfica continuava a ser um viveiro de militantes socialistas. Todavia, os sindicalistas não desanimam e, a partir do Número 3 (20 de Março de 1908), iniciam a publicação de um conjunto de artigos sob o título «Sindicalismo». O primeiro termina com os nove pontos, ou bases, em que assentam os sindicatos estrangeiros, ou seja: a) defesa dos interesses de todos os associados; b) estabelecimento das tarifas de preços de mão-de-obra; c) generalização do sistema comanditário(1) e abolição das empreitadas; d) redução do dia normal de trabalho; e) auxílio aos que perderam o seu trabalho por serem sindicados (sindicalizados); f) subsídio na doença, falta de trabalho e

na greve, denominado «viaticum»(2); g) facilitar a colocação dos sem-trabalho; h) ajudar de todas as formas o Sindicato; i) não filiação nos partidos políticos. Ao mesmo tempo denunciam os «malefícios» da actividade política, que é tratada numa secção intencionalmente designada «No Soalheiro da Política». Este combate dirigia-se tanto aos socialistas como aos republicanos, e visava unir os trabalhadores fora e à margem dos partidos políticos, o que só contribuiu para acirrar os ódios contra o jornal.Proíbe-se os vendedores de jornais de vender A Greve. Influencia-se os lojistas para que procedam de igual modo. Propalam-se os boatos mais desencontrados, afirmando uns que o jornal era obra do Governo; outros, que os seus autores eram talassas (monárquicos); outros ainda, que eram testas-de-ferro de uma empresa jornalística. Houve também quem propalasse que na Associação de Classe dos Tipógrafos fora fundada uma Sociedade da Moca, tendo sido mesmo apresentada denúncia ao juiz da instrução criminal, que nada apurou. O jornal resiste a esta ofensiva e só em Lisboa vendem-se milhares de exemplares. Todos os dias aumentam as adesões dos tipógrafos que se revezam na feitura do jornal, laborando das oito horas da noite à uma da madrugada. O número de tipógrafos envolvidos nesta operação atingiu os 126 em Maio. Mas as dificuldades aumentam todos os dias e vão de par com as críticas. O jornal Novos Horizontes, órgão de um grupo de anarquistas, tendo elogiado o aparecimento de A Greve, afirma, em 1 de Maio de 1908, que foram «logrados», porque o sindicalismo do jornal se estava a tornar cada vez mais amarelo. O cansaço entre os tipógrafos começa a fazer sentir os seus efeitos. Sucedem-se os apelos à solidariedade. Mas em vão. O jornal estava condenado. Aparecera cedo demais. Quando a crise se instala, os promotores do jornal tentam uma derradeira solução. Propõem que a Associação de Classe dos Tipógrafos tome conta dele. Mas esta recusa, dadas as suas limitações financeiras. Deste modo, no dia 30 de Junho de 1908, isto é, passados pouco mais de três meses, termina a sua publicação como diário, embora a sua agonia se prolongue por mais uns meses, agora como bissemanário ou semanário.______Notas(1) - Sistema comanditário é a divisão igual do preço de um trabalho pelos operários que nele tomaram parte, trabalho em comandita. (2) - Viaticum é o subsídio que fornecem aos camaradas que têm de transitar de uma terra para outra em busca de trabalho.

Fundado há cem anos o primeiro diário operário

A GreveEm 1908, há precisamente cem anos, apareceu à luz do dia o primeiro diário operário, A Greve, numa altura em que o direito à greve era proibido em Portugal. A Greve representa uma das mais notáveis realizações do movimento operário português e é um marco assinalável na sua longa história.

história

Francisco canais rochaHistoriador

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Firmes e com razão

Estabilidade em vez de exploração

actual

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No dia 28 de Março, mi-lhares de jovens vindos dos diversos distritos e

com actividade em diferentes sectores de actividade, conflu-íram para Lisboa e desfilaram do Rossio até ao Palácio de São Bento, para deixarem na resi-dência do primeiro-ministro 50 mil postais, recolhidos desde meados de Janeiro, em apoio às reivindicações da CGTP-IN para um efectivo combate ao emprego precário.

Mas, como o Governo e a maio-ria parlamentar que lhe dá supor-te estão dispostos a agravar ain-da mais a instabilidade laboral, económica e familiar que decorre dos elevados níveis de emprego precário, foi deixado outro reca-do a José Sócrates: os jovens tra-balhadores reafirmam a sua fir-me disposição de prosseguirem a luta e de se empenharem, no imediato, na mobilização e parti-cipação no «aviso geral», pro-

movido pela CGTP-IN, com ma-nifestações a 16 de Abril, no Porto, e a 17 de Abril, em Lisboa, pronunciando-se assim contra a revisão gravosa do Códi-go do Trabalho e das leis laborais na Administração Pública, e por aumentos salariais.

Em Portugal, cerca de 570 mil jovens trabalhadores estão con-tratados a prazo, refere-se na re-solução que os participantes na manifestação do Dia Nacional da Juventude aprovaram jun-to à escadaria do Parlamento. Mas, ressalvam, a precariedade

no emprego é muito maior, pois é preciso contar com centenas de milhares de casos de falsos contratos de prestação de ser-viços (recibos verdes), de traba-lho ilegal ou clandestino e com o aberrante caso dos jovens à pro-cura do primeiro emprego, per-manentemente precários.

O elevado desemprego juve-nil (acima dos 16 por cento) vem agravar ainda mais esta situa-ção, que serve para que as em-presas aumentem os seus lucros à custa da cada vez maior explo-ração dos trabalhadores e parti-cularmente dos jovens.

Do Governo e dos patrões, a Interjovem e a CGTP-IN exigem medidas concretas para comba-ter a chaga social que é o empre-go precário, nomeadamente:

- respeitar o direito ao emprego com direitos e passar a efectivos todos os trabalhadores que exer-cem funções de carácter perma-nente;

- revogar a norma legal que permite a contratação a prazo de trabalhadores à procura do pri-meiro emprego e desemprega-dos de longa duração;

- controlar e fiscalizar o traba-lho temporário, combatendo as situações de abuso;

- regularizar os falsos contra-tos de prestação de serviços, convertendo-os em vínculos efectivos;

- assegurar o aumento real dos salários;

- efectivar os direitos indivi-duais e colectivos dos trabalha-dores;

- defender, promover e valori-zar a contratação colectiva;

- cumprir o direito de formação e qualificação profissional dos jovens trabalhadores.

Na ETAR da Ribeira de Moinhos, tal como antes, na Valorsul,

os trabalhadores mostraram bem a força da unidade e da determinação, quando se luta por objectivos justos.

Em ambos os casos, o Gover-no não contribuiu, como devia, para resolver os conflitos labo-rais, antes pelo contrário: aju-dou a agravá-los.

Colocou-se claramente do la-do das empresas, tal como fez na Lisnave, ao despedir 209 trabalhadores da Gestnave e da Erecta, permitindo alegre-mente que fique por cumprir aquilo que, no protocolo de 1997, ficou como contrapar-tida da empresa para os cem milhões de contos que o Esta-do desembolsou.

Decretou serviços mínimos ilegais que, a serem cumpri-dos, significariam pura e sim-plesmente a negação do direi-to à greve nas empresas onde se faz tratamento de resíduos. Este conceito de «serviços mínimos» já surgiu aplicado ao sector dos transportes, que a lei tam-bém não inclui entre os «servi-ços sociais impreteríveis», e está sempre à mão para tentar evi-tar que os trabalhadores deci-dam fazer greve, sobretudo se esta tiver efeitos visíveis para a opinião pública.

Por fim, no dia 6 de Março, na Ribeira dos Moinhos, co-mo em Novembro, no aterro do Mato da Cruz e na central de incineração de São João da Talha, mandou avançar as forças policiais contra os tra-balhadores e a população so-lidária.

A luta dos trabalhadores, fir-mes e com razão, acaba por ser a mais certa garantia de justiça.

A administração da Valorsul, que durante uma semana ins-talou na empresa um autênti-co «estado de sítio», acabou por reconhecer a razão dos tra-balhadores no acordo de revi-são do AE. Na ETAR de Si-nes, o camião a quem a GNR abriu caminho acabou por dar meia volta sem carregar, apon-tando a inversão de marcha como o caminho que as empre-sas e o Governo devem também seguir.

Juventude persiste na lutaA precariedade de emprego, que atinge mais de um milhão de portugueses, flagela especialmente os jovens, que se mostram dispostos a combater pelos seus justos direitos, como mostraram as iniciativas mais recentes da Interjovem.

Foi divulgado publicamente um levantamen-to de situações de emprego precário, feito du-rante a «estafeta» realizada no mês que ante-cedeu o congresso da CGTP-IN. São apontadas situações verificadas em várias empresas (além do próprio Estado, que abusa dos vínculos pre-cários na Administração Pública). Referimos alguns exemplos, em sectores abrangidos pela Fiequimetal:

- a Faurécia, em S. João da Madeira, conta 296 trabalhadores contratados a prazo e 626 em regime de trabalho temporário; em Bragança, num total de 150 trabalhadores, mais de 50 têm contratos precários, e há ainda trabalho tempo-rário;

- nas minas, a Somincor tem cerca de 300 tra-balhadores em regime de sub-contratação e as Pirites Alentejanas estão com cerca de 100 a re-cibos verdes;

- a Delphi, em Braga, tem cerca de 800 traba-lhadores, 200 dos quais com contratos a prazo ou de trabalho temporário; na fábrica da Guarda, cerca de 500 trabalhadores estão ameaçados de extinção dos postos de trabalho até Agosto;

- a Leonische, em Guimarães, conta 120 pre-cários em cerca de 300 trabalhadores;

- em Évora, a Tyco mantém vínculos precários com 300 trabalhadores e a Kemet com 159;

- na Qimonda, em Vila do Conde, de cerca de dois mil trabalhadores, 1200 estão com contra-tos precários;

- na Leica, em Famalicão, os precários são 200 em cerca de 700 trabalhadores;

- a Tesco, na Trofa, tem com vínculos precários metade dos seus cerca de 200 trabalhadores;

- na Sonafi, em São Mamede, dos cerca de 220 trabalhadores estão 160 com contrato precário, discriminados nos salários, ganhando apenas o salário mínimo nacional;

- ainda no distrito do Porto, são apontadas a Tegopi (150 precários em 320 trabalhadores), a Sunviauto (150, em cerca de 500), a Sakthi (130 em cerca de 420, ganhando menos 30 por cento que os trabalhares com contrato perma-nente), a Ficocables (350 precários num total de 550 trabalhadores);

- no estaleiro da Mitrena (Lisnave, Gestna-ve e Erecta) contam-se 600 trabalhadores efec-tivos, e cerca de dois mil contratados a termo, temporários e recibos verdes;

- na SN, no Seixal, 65 por cento dos 400 traba-lhadores estão em trabalho precário; na Lusosi-der, há 196 trabalhadores efectivos, 86 contra-tados a prazo e 84 em trabalho temporário;

- a Schnellecke conta 278 efectivos, 144 con-tratados a prazo e 135 em trabalho temporário;

- na Autoeuropa há 226 contratados a termo certo e 103 trabalhadores em trabalho temporá-rio;

- a Taiyo, em Setúbal, tem 90 trabalhadores efectivos, 80 em trabalho temporário e 30 con-tratados a termo certo;

- na Inapal, em Palmela, contaram-se 50 tra-balhadores efectivos, cerca de 150 contratados a termo certo e 15 em trabalho temporário;

- na Portucel, em Setúbal, há cerca de 200 trabalhadores em trabalho temporário (mesmo depois de, pela luta desenvolvida, 120 que esta-vam na IM/MW terem sido integrados numa em-presa do grupo).

Nomes aos bois

A precariedade atinge centenas de milhares de jovens