contos como estratÉgia na formaÇÃo do leitor · funcionamento e é sensível ao contexto ......

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CONTOS COMO ESTRATÉGIA NA FORMAÇÃO DO LEITOR

Autora: Márcia Eloisa Denker Maldonado1 Orientadora: Mirian Schröder2

RESUMO:

Este artigo apresenta o desenvolvimento de uma pesquisa-ação que envolve uma prática com o gênero discursivo Conto aplicada no nono ano do ensino fundamental II. O estudo se pauta na concepção sociointeracionista da linguagem e em estudos que demonstram que, ao ler, o leitor ativa conhecimentos que estão armazenados na memória, os quais dele exigem estratégias cognitivas e metacognitivas, além de habilidades linguísticas na construção de sentido (KLEIMAN, 2002; KOCH, 2003). A opção pelo gênero Conto deu-se pelo fato deste apresentar uma linguagem elaborada, bem como riqueza polissêmica possibilitando assim a elaboração de atividades que contribuam para o desenvolvimento de um olhar atento e reflexivo no leitor aprendiz. Com o objetivo de proporcionar ao educando melhores condições de leitura e escrita, propôs-se um trabalho com gêneros textuais/discursivos a partir do procedimento criado por Schneuwly e Dolz, denominado Sequência Didática. Este procedimento abrange atividades de ensino que auxiliam o educando na construção de estratégias adequadas para processar a leitura, construir o sentido e produzir o texto, são, portanto, atividades como as de análise dos elementos temáticos, estruturais e linguísticos, atividades de produção e circulação do gênero. Os resultados obtidos na implementação desta Sequência Didática permitem vislumbrar a importância de uma prática pedagógica sistematizada e diferenciada com a leitura e produção textual em sala de aula cujo foco seja o desenvolvimento da proficiência e do gosto pela leitura.

PALAVRAS-CHAVE: Gêneros; Contos; Leitura; Escrita.

1 Graduada em Letras, com especialização em Linguística e ensino de língua portuguesa. Professora

do Colégio Estadual Luiz Augusto Morais Rego, Toledo, Integrante do PDE 2010. 2 Dra. em Letras (UFPR), professora orientadora vinculada à Universidade Estadual do Oeste do

Paraná (UNIOESTE), Campus de Marechal Cândido Rondon.

1 INTRODUÇÃO

A formação de um leitor competente não se esgota, é resultado de um

processo contínuo. Portanto, considerando as práticas de leitura e produção textual

como práticas de letramento, propomos o desenvolvimento de uma sequência

didática sobre o gênero discursivo Conto, tendo como base o modelo didático criado

por Schneuwly e Dolz, denominado Sequência Didática. As atividades foram

realizadas pelos alunos do 9º A, período matutino, ano 2011, no colégio Estadual

Luiz Augusto Morais Rego, Ensino Fundamental, Médio e Profissionalizante, na

cidade de Toledo/Paraná. Os objetivos deste estudo foram: oportunizar aos alunos o

desenvolvimento de competências discursivas; promover o desenvolvimento de

estratégias para a leitura e compreensão do texto; assim como fomentar atividades

que tornem o ato de ler um momento de prazer e de aquisição de conhecimento.

Tendo em vista tais finalidades, o artigo se organiza em três momentos.

Apresentaremos, inicialmente, a base teórica na qual o estudo está ancorado, em

seguida, será exposto o relato dos procedimentos com o gênero discursivo Conto no

nono ano do ensino fundamental, viabilizados pela aplicação da sequência didática

e, finalmente, serão avaliados os resultados deste estudo e de sua aplicação.

2 FUNDAMENTAÇÂO TEÓRICA

A leitura inicia-se quando começamos a compreender, a dar sentido ao

mundo no qual nos achamos inseridos (MARTINS, 1990). A partir do momento em

que fazemos relações entre sons, objetos, cheiros, etc. e passamos a dar significado

a cada um deles, estamos iniciando nossa aprendizagem da leitura.

Toda experiência e conhecimento armazenados na memória, desde o

nascimento, ou até antes dele, vão contribuir para a apropriação do ato de ler

(FREIRE, 2005). Essa apropriação constrói, amplia e transforma o conhecimento de

mundo (enciclopédico, linguístico, cognitivo, social, histórico) de cada leitor. Para

Freire (2005, p.11), “a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a

leitura desta implica a continuidade da leitura daquela.”

Baseando-nos nas ideias apresentadas por Koch (2003), Kleiman (2002) e

Marcuschi (2008), tomamos a concepção de língua como lugar de interação, como

atividade social. Como explica Koch (2003, p.15):

A língua vista como lugar de interação corresponde à noção de sujeito como entidade psicossocial, sublinhando-se o caráter ativo dos sujeitos na produção mesma do social e da interação e defendendo a posição de que os sujeitos (re)produzem o social na medida em que participam ativamente da definição da situação na qual se acham engajados e que são atores na utilização das imagens e representações sem as quais a comunicação não poderia existir.

Na mesma direção teórica, Marcuschi (2008, p.240) afirma que:

A língua é um fenômeno cultural, histórico, social e cognitivo que varia ao longo do tempo de acordo com os falantes; ela se manifesta no seu funcionamento e é sensível ao contexto [...] se manifesta nos processos discursivos, no nível da enunciação, caracterizando-se nos usos textuais mais variados.

A partir desta concepção de língua como lugar de interação social

(KOCH,2003), pode-se estabelecer também a concepção de sujeito adotada como

ser que se constitui através da linguagem de maneira colaborativa, adquirindo

habilidades de interagir, justamente por ser um sujeito essencialmente social e

histórico.

O texto é tratado por Marcuschi (2008, p. 242) como evento enunciativo e

não como um produto acabado, nem um simples artefato pronto. Para o autor, o

texto é um evento comunicativo, um processo, “o texto é uma proposta de sentido e

se acha aberto a várias alternativas de compreensão.” Lembrando que não a toda e

qualquer compreensão, pois há limites que devem ser respeitados.

Para Koch (2003, p.17), “o texto passa a ser considerado como o próprio

lugar de interação entre os interlocutores, como sujeitos ativos que – dialogicamente

– nele se constroem e são construídos.”

Desta forma, a compreensão é resultado de um processo utilizado pelo leitor

e que exige dele estratégias complexas para a construção de sentidos. Ela se dá

numa atividade colaborativa (MARCUSCHI, 2008), e não solitária e individual.

Conforme Koch (2003, p.17), “o sentido do texto é construído na interação entre

texto-sujeito (ou texto–co-enunciadores) e não algo que preexista a essa interação.”

Koch defende que:

A compreensão deixa de ser entendida como simples “captação” de uma representação mental ou como a decodificação da mensagem resultante de uma codificação de um emissor. Ela é uma atividade interativa altamente complexa de produção de sentidos, que se realiza, evidentemente, com base nos elementos linguísticos presentes na superfície textual e na sua forma de organização, mas que requer a mobilização de um vasto conjunto de saberes (enciclopédia) e sua reconstrução no interior do evento comunicativo. (2003, p.17, grifos da autora).

Para Koch (2003) e Kleiman (2002), a leitura envolve o desenvolvimento de

estratégias, pelo indivíduo, para processar e compreender o texto. Os fatores

integrantes desse processo são: a estrutura da memória, a natureza das

representações na mente e a organização de unidades cognitivas.

Koch (2003, p. 48, grifo da autora), pautando-se em Heinemann e Viehweger

(1991), explicita os conhecimentos linguístico, enciclopédico e interacional que são

acessados durante o processamento textual:

O conhecimento linguístico compreende conhecimento gramatical e o lexical, sendo responsável pela articulação som-sentido. [...] O conhecimento enciclopédico ou conhecimento de mundo é aquele que se encontra armazenado na memória de longo termo. [...] O conhecimento sociointeracional e o conhecimento sobre as ações verbais, isto é, sobre as formas de inter-ação através da linguagem. Engloba os conhecimentos do tipo ilocucional, comunicacional, metacomunicativo e superestrutural.

O conhecimento de dois aspectos, psicológico e cognitivo, da leitura é

importante, pois estes podem auxiliar os professores, de maneira eficaz, na

elaboração de suas práticas pedagógicas, evitando assim aquelas que “inibem o

desenvolvimento de estratégias adequadas para processar e entender o texto.”

(KLEIMAN, 2002, p.31). E o professor, de posse desses conhecimentos, deve

auxiliar o aprendiz/leitor a construir modelos textuais e outros conhecimentos que

possam auxiliar na formação de um leitor competente.

Ao ler, o leitor ativa conhecimentos que estão armazenados em sua

memória, sendo que estes conhecimentos resultam de suas experiências. Desta

forma, a escola deve desenvolver uma ação pedagógica que contribua para a

ampliação desses conhecimentos, vislumbrando o contato do educando com os

mais variados gêneros discursivos. Para Koch (2003, p.46), a “cada vivência do

mesmo tipo de situação – ou a cada leitura/conversa sobre ela – nossos modelos

são atualizados e/ou reformulados.” Assim o leitor cria modelos que, no ato da

leitura, são resgatados para a construção do sentido do texto em uso.

Kleiman (2002, p.61) reforça a ideia da necessidade de o professor ter clara

a “concepção do processo cognitivo, que permite reproduzir em sala de aula,

mediante tarefas que imitam o comportamento do leitor proficiente, aquelas

estratégias que caracterizam o comportamento reflexivo, de nível consciente do

leitor.”

Nesse sentido, as DCEs (2008) orientam que o trabalho com gêneros

discursivos não se limite apenas ao ensino de formas, regras, mas que se observe a

sua condição de atividade social. O discurso nasce de uma necessidade de

interação (social, política econômica) entre indivíduos. Sendo assim, a escola deve

oportunizar ao aluno/leitor o uso de diferentes gêneros discursivos em diferentes

usos da língua.

Segundo as DCEs (2008, p.56), “a leitura é vista como um ato dialógico,

interlocutivo”, para cuja realização o leitor utiliza dos conhecimentos de mundo que

já possui através de suas vivências pessoais e sociais. E, em termos de domínio

literário como é o caso do Conto, tem-se:

A literatura, como produção humana, [...] intrinsecamente ligada à vida social. O entendimento do que seja o produto literário está sujeito a modificações históricas, portanto não pode ser apreensível somente em sua constituição, mas em suas relações com outros textos e sua articulação com outros campos: o contexto de produção, a crítica literária, a linguagem, a cultura, a história, a economia, entre outros. (DCEs, 2008, p.57).

Mediante toda essa reflexão sobre conceitos e concepções de como se

realiza o ato de ler, tendo em vista a concepção bakhtiniana de linguagem como

instrumento de interação e fato de que os gêneros discursivos é que fundam a

possibilidade de comunicação/interação entre os indivíduos; propõe-se um trabalho,

em sala de aula, com o texto em seu funcionamento mediante seu contexto de

produção/leitura. Para tanto, pretende-se realizar um trabalho com gêneros

textuais/discursivos ensinados a partir do procedimento criado por Schneuwly e Dolz

denominado Sequência Didática (SD).

Como explicam Schneuwly e Dolz (2010, p.82), “uma Sequência Didática é

um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno

de um gênero textual oral ou escrito.”

Para realizar este trabalho em sala de aula, sob orientação da SD,

escolhemos o gênero literário Conto, tendo em vista o fato de apresentar uma forma

breve de narrar, concisa e concentrada num acontecimento preciso. Este gênero

compõe uma junção entre o mundo concreto e o mundo imaginário, por isso,

acredita-se, gera o prazer da leitura. Além disso, o Conto apresenta um mundo de

significações bem tramadas e amarradas que conquistam o leitor (MARINHO, 2009).

Também sua estrutura curta torna viável o trabalho com a leitura e análise do gênero

em sua totalidade, em sala, e não apenas de uma parcela textual.

Ao se trabalhar com o texto literário, podem-se vislumbrar várias

possibilidades para desenvolver um olhar atento e reflexivo no leitor em

desenvolvimento. Segundo Aguiar e Bordini (1993, p.13), “todos os livros favorecem

a descoberta de sentidos, mas são os literários que o fazem de modo mais

abrangente.” Por sua riqueza polissêmica, estes livros exigem do leitor o

reconhecimento de um sentido, levando-o a participar ativamente desta construção

apoiada na sua própria experiência.

Os textos literários permitem a viagem do leitor para outros espaços, em

tempos distintos, para outras formas de ver e pertencer ao mundo. Conhecer novas

experiências de homens e mulheres, de lugares e épocas diferentes (PETIT, 2008).

A partir destas afirmativas, podemos perceber a necessidade de conduzir

um trabalho analisando as várias facetas que são oferecidas pelo texto literário.

Desta forma, a escola deve buscar, nas aulas de leitura, práticas pedagógicas que

provoquem a interação, via texto, entre o material produzido, o produtor da obra e o

leitor.

3 CARACTERIZAÇÃO DO GÊNERO CONTO

O gênero discursivo Conto pertence ao agrupamento dos gêneros da ordem

do narrar, segundo a proposta de Schneuwly e Dolz (2010).

Os Contos são textos nos quais temos a narração de uma história centrada

numa única complicação. A história é breve, com tempo e espaço reduzidos, e as

poucas personagens existem em função de um núcleo. É o relato de uma situação

ocorrida na vida das personagens. O tempo pode ser cronológico ou psicológico, e o

caráter, real ou fantástico. Possui uma linguagem rica em sentidos e

minuciosamente trabalhada pelo autor (MARINHO, 2009).

O Conto é encontrado em livros especializados, coletâneas de contos,

revistas, jornais, em sites na internet, em blogs. Utilizando-se de linguagem literária,

exige participação ativa do leitor ampliando o campo de análise de sua construção

como texto, resultante de uma produção artística.

Nesse sentido, busca-se versar sobre as características do gênero Conto,

em termos de suas dimensões (conteúdo temático, construção composicional,

associadas ao contexto de produção), conforme caracteriza Bakhtin (2006) e,

sobretudo, suas marcas de estilo, por meio das vozes que perpassam o locutor no

processo de enunciação — os elos posteriores e anteriores.

4 ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA

Ao se propor um trabalho com gêneros discursivos/textuais, abre-se a

possibilidade de focarmos a análise do texto sob várias perspectivas,

compreendendo-o quanto à sua situação de produção, à sua função social, ao seu

gênero e às marcas linguísticas que o constituem.

De acordo com Dolz e Schneuwly (2010), o trabalho com gêneros possibilita a

produção de ações didático-metodológicas de ensino que levam em consideração os

problemas de aprendizagem e as novas etapas pelas quais os alunos necessitem

passar, o que instrumentaliza o professor sobre como e o que trabalhar em níveis e

situações concretas de ensino. De posse dos textos produzidos pelos alunos, os

professores podem criar estratégias de revisão, reescrita dos mesmos para corrigir

possíveis problemas de aprendizagem em relação à produção textual e leitura. Por

isso, adotar os gêneros como instrumento para o trabalho com a linguagem na

escola torna-se uma estratégia importante e adequada.

Os Contos, como textos literários, possuem uma linguagem

harmoniosamente trabalhada, portanto, rica de sentidos. Além de possibilitarem ao

leitor viajar por lugares e épocas distintas no tempo e no espaço, conhecer novas

formas de ver e pertencer ao mundo (PETIT, 2008), também fornecem ao professor

a possibilidade de formular atividades de ensino que auxiliem o educando na

construção de estratégias adequadas para processar a leitura e construir o sentido.

Para elaboração da nossa sequência didática foi selecionado um corpus de

cinco contos de autores diferentes, cuja temática comum era o tema amor e cujos

estilos se diferenciavam, visando assim ampliar o leque de leituras dos educandos

envolvidos. Os contos selecionados foram: O primeiro beijo – Clarice Lispector; Uns

braços – Machado de Assis; Eu estava ali deitado – Luiz Vilela; Venha ver o pôr do

sol – Lygia Fagundes Telles e Uma história de amor3 – Domingos Pellegrini.

5 DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA

Para que a atividade de implementação contasse com o envolvimento de

todos os segmentos da instituição escolar, houve apresentação da proposta de

implementação pedagógica, ação que aconteceu durante a semana pedagógica, no

segundo semestre de 2011. Durante a explanação, os professores questionaram

sobre as estratégias a serem desenvolvidas. Pode-se perceber grande ansiedade

em relação ao projeto e preocupação em relação à formação do leitor aprendiz.

As atividades de implementação da sequência didática foram organizadas

da seguinte forma:

5.1 Apresentação da situação de produção – Conheça o mundo através dos

contos

A dinâmica inicial do trabalho foi a observação de obras literárias,

especificamente de Contos, levadas à sala de aula para leitura, com o objetivo de

promover o reconhecimento da estrutura, circulação social, função social e possíveis

leitores. As observações se deram através de comentários e questionamentos em

relação à organização do livro e informações apresentadas nas capas e contracapas

3 Este conto foi selecionado após realização da produção escrita inicial em virtude dos problemas

diagnosticados sendo, desta forma, trabalhado num módulo específico.

dos mesmos. Também foram feitas leituras de contos pelos alunos e professora.

Foram escolhidos para leitura os contos “Dois corpos que caem” de João Silvério

Trevisam e “O nariz” de Nicolai Vassilievitch Gogol. Os alunos escolheram os contos

porque acharam seus títulos interessantes.

Após esta verificação inicial dos livros, a turma foi ao laboratório de

informática para acessar alguns blogs e sites que publicam contos. Essa atividade

foi importante para o reconhecimento do gênero e de seus aspectos nos principais

veículos de circulação social.

Após este contato com o gênero em estudo, outros questionamentos foram

levantados pela professora. Um deles seria que aprender mais sobre a língua

poderia ser divertido. Destacaram-se, neste ensejo, vários aspectos que envolvem o

ensino da leitura e a formação do leitor competente. E também afirmou-se que

nesse aprendizado os alunos poderiam, através da leitura dos contos, conhecer

outros lugares, pessoas e diferentes épocas. Poderiam também, nessas leituras,

viver diferentes aventuras. E por meio da escrita de seus próprios contos, seria

possível, segundo a professora, registrar, compartilhar, interagir com o outro,

expressar suas ideias, sentimentos e emoções.

Então, a partir desse momento foi proposto um trabalho de leitura e análise

de contos, para posterior produção e reescrita textual. Depois do trabalho de

reescrita e revisão, foi explicado aos alunos, que os contos seriam digitados e

publicados no blog criado para este fim.

5.2 Apresentação do gênero

Para esta etapa foi realizada a leitura de quatro diferentes contos: “O

primeiro beijo” de Clarice Lispector; “Uns braços” de Machado de Assis; “Eu estava

ali deitado” de Luiz Vilela e “Venha ver o pôr do sol” de Lygia Fagundes Telles.

Observando-se, em cada leitura, o contexto de produção, características do gênero,

leitura e compreensão do texto e elementos de análise linguística de cada Conto.

Esta leitura plural foi realizada com a finalidade de promover o contato do educando

com vários textos, pois a cada nova leitura seus conhecimentos são atualizados e

seu conhecimento enciclopédico se amplia (KOCK, 2003).

5.2.1 O primeiro beijo

A professora iniciou a apresentação do gênero com o Conto “O primeiro

beijo” de Clarice Lispector. Antes da leitura do Conto, algumas informações sobre a

autora foram repassadas aos alunos com o objetivo de esclarecer o estilo da autora

e instrumentá-los para leitura do Conto. Foi ressaltado o caráter intimista e

introspectivo de suas obras, revelando o mundo psicológico de seus personagens,

pois o tema abordado no Conto em análise tem esse caráter intimista.

Depois os alunos realizaram a atividade cujo título é “Preparando para a

leitura”. Esse momento é importante, pois ativa os conhecimentos armazenados na

memória do leitor preparando-o para a leitura. As ideias sugeridas foram em relação

à adolescência que é uma fase da vida que se experimenta novas sensações e

emoções. É um período de grandes descobertas. O ser humano começa a olhar

para o outro de maneira especial, a percebê-lo como nunca antes o havia percebido.

A querer estar com ele, a sentir a respiração ficar ofegante, o coração bater

acelerado, enfim, sente-se aquele friozinho na barriga. Os alunos foram estimulados

a falar sobre suas experiências sobre esta fase da vida. Quando questionados se já

haviam querido compartilhar/estar com alguém, responderam que sim, porém, diante

da turma, como é esperado, observou-se certo pudor para comentar o assunto.

Nas atividades orais de análise do contexto de produção, os elementos de

contextualização presentes no Conto, como o autor do texto e sua função social, os

possíveis interlocutores e sua representação na sociedade, veículos de circulação e

contexto histórico foram estudados. Alguns alunos comentaram que saber sobre a

época de produção do texto era muito interessante e os ajudava a saber como as

pessoas pensavam em determinada época. As questões tratadas nesta temática

foram as seguintes: O que você sabe sobre Clarice Lispector? Já leu outros contos

ou outras obras que ela escreveu? Quais? Quem a autora tinha em mente como

provável leitor de seu conto (público-alvo)? Onde os contos geralmente são

publicados? Quando foi publicado o conto “O primeiro beijo”? O que você sabe

sobre esta época? Qual seria a intenção da autora ao escrever este conto? Qual é o

tema central do texto?

Nas atividades de caracterização do gênero, embora já houvesse sido

conversado sobre as características do gênero Conto, passamos, neste momento, a

fazê-lo de maneira sistematizada, abordando as características comuns aos contos

e específicas ao Conto “O primeiro beijo”. Elementos como o ponto vista,

personagens e suas características, discurso direto e indireto, a técnica do flashback

na construção do sentido do texto. Algumas questões foram elaboradas para facilitar

o trabalho. Tais questões foram elaboradas para que os discentes percebessem

como esses elementos organizadores do gênero Conto e as escolhas da técnica de

flashback feitas pela autora contribuem para a construção do efeito de sentido

pretendido e revelam o mundo interior do personagem. Verificou-se que o Conto não

segue uma ordem linear, o narrador é em terceira pessoa, onisciente e utiliza-se da

técnica do flashback para introduzir as lembranças do protagonista. Notou-se, assim,

em conjunto com a turma, o trabalho artístico desenvolvido pela autora.

Para a atividade de leitura e compreensão, algumas questões foram

elaboradas para o debate e a construção do sentido do texto. Através desta

atividade, os alunos puderam perceber que, mesmo o texto tendo sido escrito no

século passado, abordou assuntos que ainda estão presentes em nossos dias, no

caso, “a descoberta da sexualidade”. Constatou-se que a autora falou de um tema

tabu para muitos de uma maneira sutil e poética. Desvendando aspectos íntimos de

seu personagem que podem ser percebidos principalmente pelo uso da técnica

chamada flashback. Conforme o desenvolvimento desta atividade, os alunos

concluíram que o Conto revela também que autora era uma mulher moderna para os

padrões morais rígidos de sua época.

5.2.2 Uns braços

Na sequência foram propostas a leitura e a análise do Conto “Uns braços”

de Machado de Assis. Como afirmado anteriormente, este estudo sobre contos tem

como objetivo possibilitar ao educando o contato com autores de estilos diferentes,

bem como de épocas diferentes para que amplie seus conhecimentos sobre esse

gênero textual, daí esta seleção tão variada.

Iniciamos com a atividade de preparação para leitura na qual o aluno

desenvolve estratégias de ativação do conhecimento prévio sobre o assunto,

observa o contexto de produção e levanta hipóteses sobre o texto a ser lido, dessa

maneira, acredita-se que a compreensão do texto seja facilitada. Para tanto algumas

questões foram aplicadas em relação ao título. Foi solicitado aos alunos que

listassem dez ações que poderiam estar relacionadas ao título do Conto. As

sugestões foram as mais variadas e inusitadas. Desde amputar, abraçar, acolher,

erguer... Após levantamento e justificativa dada pelos alunos que sugeriram tais

ações, o texto foi entregue aos educandos para que fizessem a leitura silenciosa.

Após a leitura, percebeu-se que a falta de conhecimento prévio sobre

aspectos relacionados ao contexto de produção gerou certa resistência ao Conto

lido. Os elementos de contextualização presentes no Conto, como autor do texto e

sua função social, os interlocutores, a época em que a história foi narrada, os

veículos de circulação social, a temática abordada pelo Conto são os elementos

estudados na sequência, durante a atividade de análise do contexto de produção,

cuja finalidade é fornecer aos alunos informações para a compreensão do texto. A

partir da realização desta atividade em que os conhecimentos foram sendo

adquiridos e construídos, a aceitação do Conto pelos alunos aconteceu. O que vem

comprovar a teoria em que nos pautamos e que leva em consideração o

conhecimento linguístico e enciclopédico do leitor na construção de sentido do texto.

Além da análise do contexto de produção, os alunos também realizaram a

atividade de caracterização do gênero que, no trabalho com este Conto, foi mais

aprofundada. A partir desta atividade, os alunos compreenderam que o Conto tem

uma organização estrutural própria de textos narrativos. No texto em estudo, os

alunos constataram a presença do narrador em terceira pessoa, observador

onisciente. A descrição das personagens bem como suas ações ajudam a construir

o sentido do texto; o lugar e época em que se passa a história compõem a trama.

Verificou-se que todo Conto apresenta um enredo, que se compõe de:

apresentação, complicação, clímax e desfecho. Elementos que foram observados

pelos alunos-leitores neste Conto.

Dando continuidade ao estudo deste Conto, propôs-se a atividade de leitura

e compreensão tendo como objetivo uma exploração maior dos sentidos do Conto e

também a promoção do debate sobre a temática abordada (a descoberta do amor),

procurando encontrar nele organizadores textuais e marcas linguísticas que são

indicadores de intencionalidade e do estilo do autor. As perguntas respondidas pelos

alunos foram de grande importância na compreensão da utilidade dos tempos

verbais, dos advérbios, dos questionamentos, da ausência de voz de alguns

personagens, da análise do relacionamento entre alguns personagens na época de

produção do Conto (relação homem/mulher, como o adolescente era visto na época)

da comparação entre a época do Conto e a época atual, bem como a utilização do

recurso da metonímia na construção do texto.

5.2.3 Eu estava ali deitado

Para ampliar os conhecimentos dos adolescentes sobre os elementos utilizados

para reforçar o estilo de cada autor, passamos a leitura e análise do Conto “Eu estava ali

deitado” de Luiz Vilela.

Luiz Vilela é um dos grandes representantes de escritores de contos

contemporâneos. Com seu estilo particular, ele rompe com estruturas formais

consagradas criando uma forma peculiar de utilizar os recursos da língua para criar

e recriar a realidade. No Conto “Eu estava ali deitado” não poderia ser diferente.

Antes da leitura do Conto, algumas hipóteses foram levantadas. Para este

exercício, as seguintes questões foram sugeridas: O que poderia acontecer num

conto cujo título é “Eu estava ali deitado”. A que nos remete este título? Levante

suposições a respeito. Por quais motivos alguém poderia estar ali deitado? O título

traz informações suficientes para que possamos descobrir, de imediato, qual o

assunto tratado por Luiz Vilela nesse conto? Justifique a sua resposta fazendo

suposições pertinentes. Do seu ponto de vista, o título deixa entrever do que se trata

ou é enigmático? Justifique sua resposta.

Após a leitura do Conto, verificou-se que o texto lido apresentava aspectos

diferentes dos lidos anteriormente. Além das atividades comuns a todos os textos

(análise do contexto de produção, caracterização do gênero), para uma melhor

compreensão dos recursos linguísticos que o autor utilizou para construção do texto,

outra atividade realizada foi análise de figuras como o polissíndeto e assíndeto na

construção de sentido.

Após a leitura de trechos selecionados, foi chamada a atenção dos alunos

para que pudessem perceber que o autor utilizou alguns recursos de linguagem

como: o polissíndeto que é a figura que consiste em repetir os conectivos entre

orações dispostas em sequência. E também utilizou outro recurso denominado

assíndeto, figura de construção que consiste na omissão continuada de elementos

de ligação entre palavras, sintagmas ou frases, ao contrário do polissíndeto. Foi

explicado aos alunos que o assíndeto costuma aplicar-se concretamente à

supressão da conjunção coordenativa copulativa "e", que é substituída por uma

vírgula ou outro sinal de pontuação, mas, no caso do texto em questão, o autor

optou por deixar espaços vagos entre as frases, tendo como objetivo conferir

dinamismo, vivacidade, rapidez e ritmo ao discurso (criando um efeito de total

agitação no personagem).

Os alunos foram levados a perceber que a falta de pontuação produz no

discurso dúvida e truncamento quanto à certeza da personagem. Pode-se creditar a

isso a causa do sentimento de angústia. Usando esses recursos, o autor procurou

recriar um aspecto observado por ele sobre o momento narrado. O texto procura

representar um “fluxo de consciência”, ou seja, a livre-associação de ideias do

narrador-personagem. Demonstrando a angústia que ele sentia através de seus

pensamentos.

Dessa forma os alunos puderam perceber a importância das escolhas

destes elementos linguísticos para a construção do efeito de sentido proposto pelo

autor do texto. A ponto de, na atividade final da SD, alguns alunos optarem por

escrever seus contos sob forma de um monólogo interior.

Após a leitura e análise do Conto de Vilela, os alunos assistiram ao vídeo

“Contos da meia noite” em que o autor Matheus Nachtergaele interpreta o enredo do

Conto. Assim, neste outro suporte, os alunos puderam perceber que a leitura fluente

do texto é importante para a compreensão do seu sentido.

5.2.4 Venha ver o pôr do sol

Dando continuidade ao trabalho de apresentação do gênero, propomos a

leitura do Conto “Venha ver o pôr do sol” de Lygia Fagundes Telles. Antes da leitura

do Conto, alguns alunos apresentaram informações sobre a autora. Inclusive

comentaram sobre outros Contos que haviam lido, fato que deixou a turma curiosa

para ler o texto. Tratou-se, nesta atividade, de questões relacionadas ao possível

significado que as palavras adquirem em diferentes contextos. As questões

trabalhadas foram: Você aceitaria um convite para ver o pôr-do-sol? O que esta

expressão pôr-do-sol pode significar? Levante hipóteses sobre que tipos de

personagens irão encontrar, onde eles estariam e como estariam se sentindo?

Por meio das atividades sugeridas a partir da leitura deste Conto, propiciou-

se aos alunos qualificarem a leitura do gênero textual Conto, oportunizando a estes

conhecerem os principais elementos destas narrativas: narrador, personagens,

enredo, espaço e tempo. Como também foi possível reforçar sobre como o enredo se

estrutura: Apresentação/estado de equilíbrio (contexto inicial da história);

Problema/fato novo (algo diferente, uma possibilidade não esperada); Ações

decorrentes do fato novo (providências, procedimentos das personagens);

Clímax/ponto culminante da história (acontecimento mais importante); Desfecho

(conclusão da narrativa). Além disso, buscou-se desenvolver leitura compreensiva;

trazer o texto para o contexto do aluno e abordar aspectos discursivos.

Como não se pode afirmar com certeza que o desfecho do Conto se dá

com a morte da personagem Raquel, os alunos escreveram finais diferentes para a

história. Três finais foram selecionados e postados no blog e o internauta pode

escolher o que mais gostou. Nesta atividade os alunos exercitaram elementos

linguísticos que garantem a sequencialidade, portanto, a coesão e a coerência do

texto. Bem como a criatividade no trabalho com linguagem, tendo como objetivo

conquistar o leitor.

5.3 PRODUÇÃO INICIAL

A leitura dos contos “O primeiro beijo”, “Uns braços”, “Eu estava ali deitado”

e “Venha ver o pôr do sol” possibilitou aos alunos uma melhor compreensão das

transformações sociais e levou-os a uma reflexão crítica sobre a realidade

oportunizando ao estudante sentir o prazer de ler textos literários, dialogar com os

textos que circulam socialmente e relacioná-los, a partir de seus temas, com

questões que fazem parte da vida cotidiana. Os eventos que aconteceram na vida

dos personagens são passíveis de acontecerem na vida de qualquer ser humano,

em qualquer tempo e lugar, foi a conclusão a que os alunos chegaram.

Na atividade de produção inicial, propôs-se a elaboração de escrita da

primeira versão dos contos dos alunos. No intuito de inspirá-los, sugeriu-se que

entrevistassem pessoas de sua família e de seu convívio social para que

descobrissem as histórias de amor que viveram. Depois da entrevista, os alunos

deveriam selecionar uma dessas histórias como fonte de inspiração para produzir o

próprio Conto. Deveriam, assim, criar uma história envolvente usando a imaginação

e procurando usar criativamente a linguagem de maneira que o leitor se sentisse

atraído pelo Conto.

A partir da leitura da primeira produção, definiu-se o que era preciso

trabalhar a fim de desenvolver as capacidades de linguagem dos alunos,

apropriando-se dos instrumentos de linguagens próprios do gênero, desta forma, os

educandos estariam mais preparados para a realização da produção final.

Nesta atividade inicial, também foi sugerido aos alunos que, antes que

entregassem seu Conto para apreciação da professora, fizessem uma revisão. Para

auxiliá-los nessa revisão, sugeriu-se um roteiro com as seguintes questões

(adaptadas de CORDEIRO et al, 2009. p.25):

1. Meu texto é um conto que narra uma história de amor?

2. Organizei bem os elementos e as partes da narrativa (apresentação,

complicação, clímax e desfecho) de modo a construir um todo harmonioso?

3. Lancei mão de recursos expressivos (flashback, monólogo interior, metonímia,

entre outros recursos) para relatar os fatos e organizar as ideias?

4. Explorei formas para reproduzir a fala das personagens, como discurso direto e

características da língua para dar mais vivacidade ao conto?

5. De acordo com a escolha do narrador (em 1ª ou 3ª pessoa) fiz a adequada

concordância entre pronomes e verbos?

6. Fiquei atento ao entrelaçar os elementos que vão construir a narrativa e aos

recursos de linguagem usados para ligar palavra a palavra, oração a oração,

parágrafo a parágrafo, ideia a ideia?

7. Realizei a revisão gramatical para evitar falhas de ortografia, acentuação,

pontuação, conjugação dos verbos, etc.?

5.4 REESCRITA

Após a leitura e correção dos textos, a SD teve como foco a reescrita,

considerando que escrever uma história requer que o escritor trabalhe seu texto até

considerá-lo compreensível e satisfatório. A reescrita do texto é importante e

necessária para que a produção fique atraente ao leitor. Os módulos foram criados a

partir das dificuldades apresentadas pelos alunos e tiveram como objetivo a

superação das mesmas. Ao ler os contos, percebeu-se que alguns alunos não

conseguiram transformar o relato ouvido em Conto. Apresentavam dificuldade no

trabalho com a linguagem, na criação e no desenvolvimento de uma situação

problema. A partir desta observação, além de orientações individuais, criou-se um

módulo para sanar esta dificuldade.

Propôs-se a leitura do Conto “Uma história de amor”, de Domingos Pellegrini,

que foi produzido a partir de lembranças da infância do autor. Após a leitura e

interpretação, os alunos, juntamente com a professora, passaram a observar o que

conferia ao texto características de Conto. Fez-se uma revisão dos elementos que

compõem a estrutura narrativa, conforme o trabalho anterior desenvolvido com os

quatro contos apresentados (5.2.1 a 5.2.4). A caracterização dos personagens

através de emprego de adjetivos e suas ações também foram observadas.

Alguns textos de alunos foram lidos e sugestões foram dadas para que se

criassem situações-problema e também para caracterização de personagens. Após

esta atividade, os discentes voltaram aos textos produzidos por eles, verificaram se

respeitaram a estrutura da narrativa e arrumaram o que foi necessário.

Outra dificuldade observada foi o emprego dos discursos direto e indireto.

Para tanto, foram retomados os contos de Machado de Assis e Lygia Fagundes

Telles para observação do emprego das falas dos personagens nos textos. Foram

trabalhados também os verbos de citação ou de dizer e seus efeitos de sentido.

Depois da retomada do conteúdo, os alunos-autores passaram para a reescrita de

seus textos.

Alguns alunos necessitaram reescrever seus textos mais de uma vez

sempre sob a orientação da professora. Cada texto foi reescrito, no mínimo, três

vezes antes que se escrevesse a versão final. E ainda assim havia algo que podia

ser melhorado.

5.5 PRODUÇÃO FINAL/CIRCULAÇÃO DO TEXTO – COMPARTILHANDO

HISTÓRIAS DE AMOR

Os alunos digitaram seus contos e trouxeram para uma revisão final (erros

de digitação, espaçamento, tamanho de fonte, enfim, alguns detalhes) antes de

serem postados no blog literaturamorais.blogspot.com. Efetivou-se, assim, a

circulação social das produções dos alunos fora da sala de aula e também fora da

escola. Além das produções finais dos alunos, o blog foi alimentado, após cada texto

estudado em sala de aula (5.2.1 a 5.2.4), com a biografia dos autores, principais

obras, resumo de textos e fóruns em que os alunos participaram. A divulgação do

blog foi feita pelos alunos da turma, que passaram de sala em sala falando do

trabalho que estavam desenvolvendo.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta de trabalho com o gênero discursivo Conto desenvolvida

apresenta-se como uma das práticas pedagógicas sugeridas para a formação do

leitor-aprendiz e vem reforçar o quão importante é o trabalho com gêneros

discursivos em sala de aula, por proporcionar ao aluno o desenvolvimento de sua

capacidade linguística discursiva, autonomia no processo de leitura e produção de

textos, bem como propiciar seu envolvimento participativo no contexto social.

Considerando-se as estratégias elaboradas para estimular e aprofundar a

leitura dos contos estudados, pode-se afirmar que o leitor é fundamental na

construção do sentido do texto. Por meio da estrutura comum que o texto oferece, o

leitor é levado a reconstruir o enredo percebendo o ato de ler como algo significativo,

interessante, decisivo, o qual pode fazer grande diferença em sua vida.

A realização deste projeto possibilitou, através da sequência didática, levar

aos alunos conhecimentos sobre o gênero Conto: seus elementos composicionais,

estilísticos e temáticos que poderão ser acessados por eles ao lerem outros textos e

até outros gêneros.

REFERÊNCIAS

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ASSIS, Machado de. O alienista e outros contos. São Paulo: Moderna, 2005.

BAKHTIN, Mikhail. A estética da criação verbal. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes,1997.

CORDEIRO, I. C. et al. Trabalhando com a linguagem. v.4. São Paulo: Quinteto Editorial, 2009.

COSTA-HÜBES, Terezinha da Conceição;BAUMGÄRTNER, Carmen Teresinha (organizadoras). Sequência Didática – uma proposta para o ensino da Língua Portuguesa no Ensino Fundamental - anos iniciais. Caderno pedagógico 03. Cascavel: ASSOESTE, 2009.

FONTANA, Niura Maria; PAVIANI, N.M.S; PRESSANTO, I.M.P. Práticas de linguagem: gêneros discursivos e interação. Caxias do Sul, RS: Educs,2009.

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KLEIMAN, Angela. Oficina de leitura: teoria e prática. 9.ed. Campinas: Pontes, 2002.

KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Desvendando os segredos do texto. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2003.

LISPECTOR, Clarice. O primeiro beijo e outros contos. 6. ed. São Paulo: Editora Ática, 1992.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gênero e compreensão. 2. ed. São Paulo: Parábola, 2008.

MARINHO, Jorge Miguel. O prazer de ser nocauteado por um conto. Na Ponta do Lápis, v.5, n.12, p.32-33, dez.2009.

MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. 12. ed. São Paulo: Brasiliense,1990.

PARANÁ. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para os anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio. Curitiba: SEED, 2008.

PELLEGRINI, Domingos. Contos antológicos. Org.Leônidas Pellegrini. São Paulo: Editora Nova Alexandria Ltda, 2006.

PETIT, Michéle. Os jovens e a leitura: uma nova perspectiva. São Paulo: Editora 34, 2008.

SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim. Gêneros orais e escritos na escola. Tradução e organização de Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. 2.ed. Campinas, SP: Mercado das Letras, 2010.

TELLES, Lygia Fagundes. Venha ver o pôr-do-sol. São Paulo: Ática,1997.

VILELA, Luiz. No bar. 2. ed. São Paulo: Ática , 1984.

Sítios consultados:

http://saladeestudos.com/material/lygia-fagundes-telles-venha-ver-o-por-do-sol.pdf

http://www.youtube.com/watch?v=Qv0f1H7DnTA

http://www.algosobre.com.br/resumos-literarios/o-primeiro-beijo-e-outros-contos.html

www.releituras.com.br

http://www.infoescola.com/literatura/machado-de-assis/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Conto

http://literatura.uol.com.br/literatura/figuras-linguagem/23/artigo134982-1.asp