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O Poder Legislativo Módulo I Aspectos gerais Unidade 1 Origem e evolução do Poder Legislativo Para discorremos sobre a origem do Poder Legislativo é necessário remontarmos à Idade Média, especificamente à Inglaterra do século XIII. Foi naquele País que surgiu a ideia de “Parlamento”, conforme se depreende do seguinte trecho: “A Magna Carta Inglesa, assinada em 1215, mas tornada definitiva só em 1225, tornou-se um símbolo da liberdade, por ter sido a base do desenvolvimento constitucional e fonte de inspiração para que juristas dela extraíssem os fundamentos da ordem jurídica democrática inglesa. Trazia em seu bojo os primeiros traços do governo representativo, a organização das assembleias políticas, as imunidades parlamentares, a ilegitimidade da tributação sem participação dos representantes do povo (...).” (Fonte: Charles Soares de Oliveira. A representação política ao longo da História). Para compreender melhor as atribuições do Legislativo em vários países, bem como sua evolução no Brasil, sugerimos a leitura do texto 'Os Poderes do Legislativo brasileiro - uma análise comparada e histórica', do Professor Júlio Roberto de Souza Pinto, disponível na Biblioteca deste curso, em 'Textos complementares'. Pág. 2 - Absolutismo Esse processo foi complexo e longo. Iremos apenas contextualizá-lo para que você tenha uma noção básica sobre o seu surgimento. O Poder, na Inglaterra, era exercido pelo rei, senhor soberano que encarnava em si todo o Poder daquela sociedade. Vivia-se o período conhecido como Absolutismo. Mas o que significava uma sociedade pautada pelo Absolutismo? “...aquela forma de Governo em que o detentor do poder exerce este último sem dependência ou controle de outros poderes, superiores ou inferiores...”;

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  • O Poder Legislativo

    Mdulo I Aspectos gerais

    Unidade 1 Origem e evoluo do Poder Legislativo

    Para discorremos sobre a origem do Poder Legislativo necessrio

    remontarmos Idade Mdia, especificamente Inglaterra do sculo XIII.

    Foi naquele Pas que surgiu a ideia de Parlamento, conforme se depreende

    do seguinte trecho:

    A Magna Carta Inglesa, assinada em 1215, mas tornada definitiva s em 1225,

    tornou-se um smbolo da liberdade, por ter sido a base do desenvolvimento

    constitucional e fonte de inspirao para que juristas dela extrassem os

    fundamentos da ordem jurdica democrtica inglesa. Trazia em seu bojo os

    primeiros traos do governo representativo, a organizao das assembleias

    polticas, as imunidades parlamentares, a ilegitimidade da tributao sem

    participao dos representantes do povo (...). (Fonte: Charles Soares de

    Oliveira. A representao poltica ao longo da Histria).

    Para compreender melhor as atribuies do Legislativo em vrios pases, bem

    como sua evoluo no Brasil, sugerimos a leitura do texto 'Os Poderes do

    Legislativo brasileiro - uma anlise comparada e histrica', do Professor Jlio

    Roberto de Souza Pinto, disponvel na Biblioteca deste curso, em 'Textos

    complementares'.

    Pg. 2 - Absolutismo

    Esse processo foi complexo e longo. Iremos apenas contextualiz-lo para que

    voc tenha uma noo bsica sobre o seu surgimento.

    O Poder, na Inglaterra, era exercido pelo rei, senhor soberano que encarnava

    em si todo o Poder daquela sociedade. Vivia-se o perodo conhecido como

    Absolutismo.

    Mas o que significava uma sociedade pautada pelo Absolutismo?

    ...aquela forma de Governo em que o detentor do poder exerce este ltimo

    sem dependncia ou controle de outros poderes, superiores ou inferiores...;

  • Ou ento:

    Sistema poltico em que a autoridade soberana no tem limites

    constitucionais.

    Ou:

    Sistema poltico que se concretiza juridicamente atravs de uma forma de

    Estado em que toda a autoridade (poder legislativo e executivo) existe, sem

    limites nem controles, nas mos de uma nica pessoa.

    Pg. 3 - Assembleia

    Nesse contexto, o monarca, a seu bel-prazer, institua impostos seja para

    captar recursos para fazer frente s diversas guerras da poca, seja para

    manter a estrutura da corte.

    Entretanto, esses tributos oneravam os diversos segmentos sociais. Assim, a

    aristocracia e os comerciantes reuniam-se em assembleias para debater essas

    e outras dificuldades que afligiam toda a comunidade.

    Aps um longo processo de disputa de Poder, essa assembleia evoluiu para o

    modelo de Poder Legislativo, existente nos dias atuais.

    Pg. 4 - O Juiz

    Surgiu, ento, a diviso de Poderes na qual o rei s poderia instituir ou

    aumentar os tributos com a concordncia do Parlamento.

    Com o tempo, essa funo de limitar o poder monrquico de instituir taxas e

    impostos evoluiu no sentido de o Parlamento representar um espao pblico de

    repercusso de toda e qualquer situao relevante ocorrida na sociedade.

    Surge o embrio dos poderes Legislativo e Executivo. Entretanto, a relao

    entre o monarca e a assembleia s vezes era conflituosa e tensa. Necessitava-

    se de outro ator social para pr fim aos impasses: nasce, neste momento, a

    figura de um mediador com poder de deciso para decidir os conflitos: o juiz,

    que ser o embrio do nosso Poder Judicirio.

    Pg. 5 - Organizao do Estado

  • No mbito terico, diversos estudiosos se debruaram sobre esse assunto, em

    especial o pensador e filsofo Montesquieu, que nos legou a clssica

    organizao dos Poderes do estado moderno e suas respectivas funes:

    Executivo, Legislativo e Judicirio.

    Montesquieu sugeriu que no haveria melhor garantia para a liberdade dos

    cidados e para o funcionamento das instituies polticas do que a diviso

    tripartite dos poderes do Estado.

    Essa diviso do Poder nas funes Executiva, Legislativa e Judiciria no

    absoluta.

    Pg. 6 - Atribuies

    De fato, a cada Poder atribuda uma funo primordial. Isto , ao Executivo

    cabe, principalmente, administrar os bens e recursos de toda sociedade; ao

    Legislativo compete, fundamentalmente, elaborar as normas legais; e, por fim,

    ao Judicirio cabe a funo de dirimir os conflitos existentes na sociedade.

    Esses papis so realizados de forma harmoniosa e cooperativa entre tais

    instituies

    Podemos afirmar que legislar tpica funo do Poder Legislativo, embora ele

    tambm exera, de forma atpica, a funo jurisdicional quando julga seus

    processos administrativos, bem como a funo administrativa em relao aos

    seus bens, recursos e patrimnios.

    Temos ento:

    Pg. 7 - Curiosidades

    No entanto, no decorrer dos tempos, o Parlamento mudou muito. No s no

    que diz respeito ao seu papel institucional, mas a sua prpria composio se

    alterou: se, de incio, era um espao poltico exclusivamente masculino, com o

    passar dos anos permitiu-se o acesso das mulheres s cadeiras legislativas,

    bem como a outras minorias sociais que cada vez mais esto presentes nos

    parlamentos dos pases democrticos.

    Pg. 8 - Voto Feminino

  • E, no Senado Federal, a primeira mulher a ocupar uma cadeira foi Eunice

    Michiles, que assumiu o posto, em 1979, com a morte do titular do cargo, o

    Senador Joo Bosco de Lima.

    Pg. 9 - Origem do termo Parlamento

    O professor Vamireh Chacon, em sua obra Histria do Legislativo Brasileiro

    Congresso Nacional, expe que Parlamento vem do latim medieval parlare,

    falar, isto , parlatrio, lugar onde falavam politicamente os conselheiros do rei.

    Em muitos dos iniciais Pases europeus tinham sido institucionalizadas suas

    peridicas reunies, de incio na Corte, depois em edifcios prprios e com

    cada vez maior autonomia. As primeiras reivindicaes, da as primeiras

    competncias do Parlamento, foram a fiscalizao das despesas do Estado e

    as garantias individuais da nobreza burguesia, em seguida ao povo, por

    sucessivas revolues e reformas.

    Aproveite, acesse o link e navegue em nossa legislao!

    Link: http://www2.planalto.gov.br/acervo/legislacao

    Unidade 2 Conceito, papel e especificidades do Poder Legislativo

    Conceituar o que seja o Poder Legislativo no uma das tarefas mais fceis.

    Talvez as frases seguintes, em seu conjunto, permitam-nos compreender o

    significado de to importante instituio:

    O Legislativo a instituio responsvel pela elaborao das leis de

    uma determinada comunidade.

    O Legislativo o Poder que sintetiza e encarna a ideia de democracia.

    O Legislativo a instituio representativa dos diversos segmentos da

    sociedade.

    O Legislativo o espao pblico em que as disputas sociais e os

    conflitos de interesses so redimensionados e transformados em

    consensos.

    O Legislativo a caixa de ressonncia da sociedade.

    O Legislativo o local em que os grandes temas de um pas so

    debatidos e solucionados.

  • O Legislativo o depositrio da Soberania nacional.

    O Legislativo o espelho da opinio nacional.

    Pg. 2 - Funo do Poder Legislativo

    De fato, o Parlamento se caracteriza por ser o local por excelncia do debate,

    da discusso, da negociao, na busca do consenso, o que o torna a instncia

    mais afinada com os princpios e as regras democrticas.

    o Parlamento a instituio por excelncia que melhor reflete a diversidade de

    opinies, valores e tendncias existentes em uma determinada sociedade.

    Norberto Bobbio, em seu Dicionrio de Poltica, expe a seguinte definio de

    o que seja o Parlamento:

    E qual a funo do Poder Legislativo?

    Entre as funes que o Legislativo exerce nas sociedades modernas,

    destacaremos trs que se destacam pela sua visibilidade:

    Funo Legiferante;

    Funo Fiscalizadora;

    Funo Educativa.

    Pg. 3 - Funo Legiferante

    Quando pensamos no papel do Poder Legislativo, a primeira coisa que nos

    vem mente a elaborao das leis, isto , das normas jurdicas que iro nos

    dizer o que podemos ou no fazer, quais so os nossos direitos e os direitos

    dos outros. Em resumo, as regras de cumprimento obrigatrio que norteiam

    uma determinada sociedade. Como j visto antes, o papel de legislar ,

    indubitavelmente, a funo primordial dos Parlamentos modernos.

    Pg. 4 - Funo Educativa

    Mas como assim educar?

    nesse espao pblico o Legislativo que as propostas que afetam

    diretamente o interesse de todos os cidados so apresentadas, debatidas e

    transformadas em normas legais. Nesse processo de criao das leis muito

  • comum que os segmentos organizados da sociedade (sindicatos,

    confederaes de trabalhadores e empregadores, ONGs, associaes, etc.)

    sejam ouvidos, apresentem suas ideias e colaborem com os parlamentares.

    Por exemplo, isto ocorre frequentemente nas Audincias Pblicas realizadas

    pelas duas Casas Legislativas.

    Norberto Bobbio, em seu Dicionrio de Poltica, classifica as funes

    fundamentais dos Parlamentos da seguinte forma:

    de Representao --> o Parlamento o espao para as manifestaes

    dos diversos segmentos e grupos sociais.

    de Legislao --> o Parlamento tem como a sua mais tpica funo a

    atividade legislativa.

    de Controle do Executivo --> o Parlamento exerce o controle do

    Executivo e das atividades dos seus setores burocrticos.

    de Legitimao --> o Parlamento ajuda a conferir ou a subtrair

    legitimidade poltica ao Governo.

    Pg. 5 Curiosidade

    Pg. 6 - Para Refletir

  • O Poder Legislativo

    Mdulo II Aspectos constitucionais e histricos do Legislativo brasileiro

    Unidade 1 O Legislativo no Imprio

    Em 1823, O Imperador D. Pedro I convoca a Assembleia Geral, Constituinte e

    Legislativa do Imprio do Brasil, que se instala na cidade do Rio de Janeiro.

    Octaciano Nogueira, em seu livro O Poder Legislativo no Brasil (1821-1930),

    observou o seguinte sobre o processo eleitoral daquela poca:

    As freguesias ou povoaes indicavam compromissrios que, reunidos nas 81

    cabeas de Distrito em que foi dividido o Brasil (incluindo a Cisplatina), elegiam

    os Deputados mediante o voto exarado em cdula escrita.

    Continua o autor:

    Os Deputados para a Assembleia Geral Constituinte e Legislativa do Reino do

    Brasil no podem por ora ser menos de 100.

    Pg. 2 - Voto Censitrio

    Frisa-se que as provncias de Minas Gerais, Bahia e Pernambuco, juntas,

    foram responsveis pela eleio de quase a metade dos Deputados naquele

    pleito: exatos 46 parlamentares.

    poca, para se ter direito ao voto exigia-se das pessoas uma determinada

    renda mnima, era o que se chamava de voto censitrio, que caracterizava as

    eleies em toda a Europa, com a exceo da Sua, que adotara o voto

    universal j em 1830.

    Como reflexo do voto censitrio, so oportunos os comentrios do professor

    Vamireh Chacon:

    Com o resultado de, em 1881, prximo da proclamao da Repblica, o Brasil

    s ter cento e cinquenta mil eleitores numa populao de doze milhes de

    habitantes. Acontece que esta regra [do voto censitrio] se originava em

    inspirao europeia: a Gr-Bretanha praticou o critrio censitrio nada menos

    que at 1918. (grifo nosso). (Fonte: Histria do Legislativo Brasileiro

    Congresso Nacional. Volume IV. Braslia. 2008).

    Pg. 3 - Conflitos

    poca, so notrios os conflitos entre o monarca e a Assembleia

    Constituinte, como se observa do prprio Projeto de Constituio engendrado

    pelo Parlamento, que no previa a existncia nem do Poder Moderador, nem

  • tampouco do direito de dissolver a Cmara dos Deputados, prerrogativas

    vislumbradas pelo Imperador.

    Em 12 de novembro de 1823, a Assembleia Constituinte foi dissolvida por

    Decreto do Imperador, e, em seu lugar, cria-se um Conselho de Estado com o

    objetivo de elaborar novo Projeto de Constituio.

    Alguns meses depois, em 25 de maro de 1824, D. Pedro I outorga Nao a

    primeira Constituio brasileira.

    Pg. 4 - Constituio de 1824

    A Constituio de 1824 reconhecia, em seu art. 10, a existncia, no Brasil, de

    quatro poderes: o Legislativo, o Moderador, o Executivo e o Judicial.

    O Poder Moderador, exercido diretamente pelo Imperador, situava-se acima

    dos demais Poderes previstos na clssica tripartio de Montesquieu,

    permitindo ao monarca interferir nos assuntos do Executivo e do Legislativo.

    Na verdade, a estrutura de Poder existente naquela poca estava

    fundamentada na concentrao do poder nas mos do Imperador. E isso se

    refletia, sobremaneira, no perfil do Poder Legislativo que iria marcar todo o

    perodo de nossa histria Imperial.

    Organograma da Constituio de 1824

    O imperador reinava absoluto sobre os outros poderes do imprio

    Organizao dos poderes segundo a Constituio de 1824

    Pg. 5 - Poder Legislativo

    Em relao ao Poder Legislativo, temos que ele sempre foi, no Brasil, em nvel

    nacional, bicameral, isto , constitudo por duas Casas de Leis.

    Prova disso a previso, estabelecida j na Constituio de 1824, de que o

    Poder Legislativo seria delegado Assembleia Geral, constituda pela Cmara

    de Deputados e Cmara de Senadores (Senado), com a sano do Imperador.

    Temos ento:

    Poder Legislativo

    Assembleia Geral

    Cmara de Deputados

    Cmara de Senadores (ou Senado)

  • Pg. 6 - Eleies

    Como funcionavam as eleies?

    Os cidados ativos reuniam-se nas Assembleias Paroquiais para elegerem os

    eleitores de Provncia, e estes, por sua vez, elegiam os Deputados e

    Senadores.

    E quem eram esses cidados ativos?

    Nas eleies primrias votavam: os cidados brasileiros no gozo de seus

    direitos polticos e os estrangeiros naturalizados que tivessem a renda lquida

    anual de 100 mil ris por bens de raiz, indstria, comrcio ou emprego.

    Eram excludos de votar nas Assembleias Paroquiais:

    os menores de 25 anos (salvo os casados; os oficiais militares maiores

    de 21 anos; os bacharis formados e clrigos de Ordens Sacras);

    os filhos de famlias que estivessem na companhia de seus pais (salvo

    se servissem ofcios pblicos);

    os criados de servir (em cuja classe no entram os guarda-livros e

    primeiros-caixeiros das casas de comrcio, os criados da Casa Imperial

    que no fossem de galo branco, e os administradores das fazendas

    rurais e fbricas);

    os religiosos e quaisquer que vivessem em comunidade claustral.

    E quem eram os eleitores de provncia?

    Todos aqueles que podiam votar nas Assembleias Paroquiais, estavam aptos a

    eleger os deputados e senadores do Imprio, exceto:

    os que no tivessem de renda lquida anual 200 mil ris por bens de

    raiz, indstria, comrcio ou emprego;

    os libertos;

    os criminosos pronunciados em querela ou devassa.

    Pg. 7 - Quem poderia ser eleito Deputado ou Senador

    E quem poderia ser eleito Deputado ou Senador?

    Podia ser eleito Deputado todo e qualquer eleitor de provncia, exceto:

    os que no tivessem 400 mil ris de renda lquida anual;

    os estrangeiros naturalizados;

    os que no professassem a religio do Estado.

    Podia ser eleito Senador todo e qualquer eleitor de provncia que:

  • fosse cidado brasileiro no gozo dos direitos polticos;

    tivesse a idade mnima de 40 anos;

    fosse pessoa de saber, capacidade e virtudes, com preferncia os que

    tivessem prestado servios Ptria;

    tivesse rendimento anual, por bens, indstria, comrcio ou emprego, de

    800 mil ris.

    Pg. 8 - Domiclio Eleitoral

    Domiclio Eleitoral

    No Imprio, os cidados eram elegveis em cada distrito eleitoral para o cargo

    de Deputado ou de Senador mesmo que ali no tivessem nascido ou fossem

    residentes ou domiciliados. O princpio do domiclio eleitoral regra que, no

    Brasil, s surge com a Repblica, quando a lei passa a impor, como condio

    de elegibilidade, um nmero determinado de anos de residncia no Estado por

    onde o candidato deseja ser eleito.

    A questo da Escravido

    Se hoje em dia, o voto universal, exercido por cerca de 140 milhes de

    cidados, no podemos esquecer que durante o Imprio (at 1888, com a

    Abolio da Escravatura) uma imensa parcela da populao brasileira estava

    alijada do processo eleitoral: os escravos.

    E, sem dvida, o Parlamento Imperial foi palco de inmeros debates entre os

    abolicionistas e os defensores do sistema escravocrata.

    Pg. 9 Curiosidade

    Voc sabia que pela Constituio de 1946... Cada legislatura durava 4 anos?

    Os Deputados e senadores recebiam anualmente igual subsdio e ajuda de custo. Esse subsdio era dividido em duas partes: uma fixa, que se pegava no

    decurso do ano, e outra varivel, correspondente ao comparecimento? O Deputado ou Senador investido na funo de Ministro de Estado, inventor

    federal ou secretrio de Estado no perdia o respectivo mandato. Nesses casos, convocava-se o respectivo suplente?

    Cada Territrio era representado por 1 Deputado?

    Pg. 10 - Da Cmara dos Deputados e do Senado no Imprio

    Da Cmara dos Deputados no Imprio

  • Cmara Dos Deputados, eletiva e temporria, cabia a iniciativa privativa

    sobre impostos, reforma da Constituio, discusso das propostas feitas pelo

    Poder Executivo e escolha da nova Dinastia no caso de extino da existente.

    Alm disso, cabia a ela apresentar acusao contra ministros e conselheiros de

    Estado.

    Do Senado no Imprio

    Conforme a Constituio, cada provncia tinha tantos Senadores, todos

    vitalcios, quantos fossem a metade de seus respectivos deputados.

    Sobre essa questo da vitaliciedade senatorial, oportuno o seguinte

    comentrio:

    A vitaliciedade do Senado foi sempre, desde 1831, objeto de ampla e

    permanente contestao dos liberais, tendo permanecido, no entanto, como

    preceito constitucional at a proclamao da Repblica. (Constituies

    Brasileiras 1824. Volume I. Octaciano Nogueira).

    Se o nmero de Deputados da Provncia fosse impar, o nmero de Senadores

    se restringiria metade do nmero imediatamente menor. Como exemplo, uma

    provncia que tivesse 11 Deputados, elegeria 5 Senadores.

    A provncia que elegesse apena um Deputado tinha garantida a eleio de um

    Senador, independentemente da regra acima.

    As eleies eram feitas da mesma maneira que as eleies para Deputados,

    mas em listas trplices, com o Imperador escolhendo o tero na totalidade da

    lista.

    Diferentemente de hoje em dia, em que cada Senador eleito com 2 suplentes,

    quando se vagava o cargo de Senador realizava-se nova eleio, isto , no

    havia a figura do Suplente de Senador.

    Hoje

  • Pg. 11 - Curiosidade

    Algumas atribuies exclusivas do Senado durante o Imprio:

    Conhecer dos delitos individuais cometidos pelos membros da Famlia

    Imperial, Ministros de Estado, Conselheiros de Estado e Senadores, e dos

    delitos dos Deputados durante o perodo da Legislatura.

    Convocar a Assembleia Geral no caso de morte do Imperador para a eleio

    da Regncia.

    No Imprio, o Poder Legislativo exerceu alm da tpica funo legislativa

    um papel poltico fundamental, adaptando-se s especificidades de cada um de

    seus perodos, seja durante o primeiro reinado, na fase da regncia ou mesmo

    no decorrer do longo reinado de Dom Pedro II.

    Pg. 12 - Ateno

  • Nesse sentido, oportuno o comentrio do historiador Boris Fausto, em sua obra

    Histria do Brasil:

    Afora a abolio da escravatura, uma das medidas mais importantes do

    Imprio na dcada de 1880 foi a aprovao de uma reforma eleitoral conhecida

    como Lei Saraiva, em janeiro de 1881. (...) A reforma eleitoral estabeleceu o

    voto direto para as eleies legislativas, acabando assim com a distino

    restritiva entre votantes e eleitores. Todos, isto , as pessoas em condies de

    votar, eram agora eleitores. Manteve-se a exigncia de um nvel mnimo de

    renda o censo econmico e introduziu-se claramente, a partir de 1882, o

    censo literrio, isto , daquele ano em diante s poderiam votar as pessoas

    que soubessem ler e escrever. O direito de voto foi estendido aos no-

    catlicos, aos brasileiros naturalizados e aos libertos.

    Pg. 13 - Para refletir

    Unidade 2 O Legislativo na Repblica

    O Parlamento luz da Constituio de 1891

    Com a Proclamao da Repblica, o Brasil ganha, em 1891, uma nova

    Constituio.

    J no fazia sentido a existncia de um Poder Moderador, marca registrada da

    nossa fase Imperial, sobreposto aos demais Poderes do Estado.

    O sistema eleitoral sofre modificaes substanciais, haja vista a lgica

    republicana ter como fundamento a ideia de que o poder tem como legtimo

    titular o povo, que, direta ou indiretamente, escolhe os seus representantes.

  • Pg. 2 - Coronelismo

    Evidentemente, precisamos relativizar a perspectiva desse poder popular. As

    primeiras dcadas de nossa Repblica caracterizaram-se pela concentrao do

    poder nas mos de uma elite que comandava e orientava o voto da grande

    massa da populao brasileira. Foi o perodo do fenmeno do coronelismo e

    do voto de cabresto.

    O conceito de coronelismo foi construdo pelo saudoso professor Victor

    Nunes Leal:

    ...concebemos o coronelismo como resultado da superposio de formas

    desenvolvidas do regime representativo a uma estrutura econmica e social

    inadequada. (...) o coronelismo sobretudo um compromisso, uma troca de

    proveitos entre o poder pblico, progressivamente fortalecido, e a decadente

    influncia social dos chefes locais, notadamente, dos senhores de terras.

    (retirado da obra de Victor Nunes Leal. Coronelismo, Enxada e Voto o

    Municpio e o Regime Representativo no Brasil).

    Pg. 3 - Congresso Nacional

    Agrega-se, ainda, a questo de que o nosso colgio eleitoral era extremamente

    reduzido (no votavam as mulheres e os analfabetos, por exemplo).

    A Constituio de 1891 estabelecia que o Poder Legislativo fosse exercido pelo

    Congresso Nacional, este composto de dois ramos: a Cmara dos Deputados e

    o Senado Federal.

    Foi com a Repblica que se consagrou a expresso Congresso Nacional para

    denominar a reunio conjunta da Cmara dos Deputados e do Senado Federal.

    A mudana de regime poltico no alterou o formato bicameral de nosso

    Parlamento. De fato, o princpio do bicameralismo marca registrada de nossa

    histria poltica seja na fase Imperial, seja na Republicana.

    O Congresso Nacional se reunia, independentemente de convocao, em 3 de

    maio de cada ano, funcionando por 4 meses, podendo esse prazo prorrogado,

    adiado ou haver convocao extraordinria, se necessrio.

    Uma peculiaridade interessante nessa questo de que a faculdade de

    prorrogar as sesses legislativas era algo facultado apenas ao prprio

    Parlamento, diferentemente da fase Imperial, em que essa prerrogativa era

    exclusividade do Poder Executivo.

    Pg. 4 - Curiosidade

    Voc sabia que no incio da Repblica: A legislatura durava trs anos?

  • Vagando cargo no congresso Nacional, por qualquer causa, inclusive renncia, o Governo do Estado determinava imediatamente que se procedesse a nova

    eleio? As deliberaes eram tomadas por maioria de votos, achando-se presente a

    maioria absoluta de seus membros? Durante as sesses os Senadores e os Deputados recebiam o mesmo subsdio

    pecunirio?

    Condies de elegibilidade para o Congresso Nacional

    Estar na posse dos direitos de cidado brasileiro e ser alistado como

    eleitor.

    Para a Cmara, ser cidado brasileiro h mais de 4 anos e para o

    Senado Federal h mais de 6 anos.

    Para o Senado Federal era necessrio ter mais de 35 anos de idade.

    Da Cmara dos Deputados

    A Cmara dos Deputados era composta de representantes do povo eleitos

    pelos Estados e pelo Distrito Federal, mediante o sufrgio direto, garantindo-se

    a representao da minoria.

    O nmero de Deputados era fixado por lei em proporo que no excedia de

    um por 70 mil habitantes, no devendo esse nmero ser inferior a 4 por Estado.

    Do Senado Federal

    A Constituio de 1891 estabeleceu em 3 o nmero de Senadores por Estado

    e pelo Distrito Federal, todos eleitos pelo mesmo processo da eleio dos

    Deputados. O mandato dos Senadores eleitos durava 9 anos e a renovao do

    Senado ocorria pelo tero trienalmente.

    Naquela poca, o Vice-Presidente da Repblica ocupava o cargo de Presidente

    do Senado. Entretanto, a ele s era dado o direito de voto de qualidade

    (desempate).

    Algumas das atribuies privativas do Congresso Nacional segundo a

    Constituio de 1891

    Autorizar o Poder Executivo a contrair emprstimos e a fazer operaes de

    crdito.

    Orar a receita, fixar a despesa federal anualmente e tomar as contas da

    receita e despesa de cada exerccio financeiro.

    Autorizar o governo a declarar guerra, se no tiver lugar ou malograr-se o

    recurso do arbitramento, e a fazer a paz.

  • Mudar a capital da Unio.

    Criar e suprimir empregos pblicos federais, fixar-lhes as atribuies, estipular-

    lhes os vencimentos.

    Pg. 5 - Para refletir

    Pg. 6 - O Legislativo luz da Constituio de 1934

    O Legislativo luz da Constituio de 1934

    Com a Revoluo de 1930 e o fim da Repblica Velha, chega ao Poder Getlio

    Vargas, representante de novos atores polticos. A estrutura legal herdada da

    Repblica Velha j no mais correspondia aos anseios do povo e,

    principalmente, das novas elites polticas.

    Esse perodo da histria parlamentar brasileira restringe o papel exercido pela

    Casa Alta O Senado Federal ao determinar, conforme a CF/1934, que o

    Poder Legislativo fosse exercido pela Cmara dos Deputados com a

    colaborao do Senado Federal.

    A Lei Maior previa, ainda, que a Cmara dos Deputados fosse composta de

    representantes do povo, eleitos mediante o sistema proporcional e sufrgio

    universal, igual e direto, e de representantes eleitos pelas organizaes

    profissionais na forma que a lei indicasse.

    Pg. 7 - Representao Classista

  • De fato, essa a grande novidade em nosso Legislativo: a existncia da

    representao classista, isto , indivduos eleitos por sindicatos de empregados

    e de empregadores.

    O nmero total de Deputados era calculado da seguinte maneira: o de

    deputados representantes do povo era calculado proporcionalmente

    populao de cada Estado e do Distrito Federal, no podendo exceder de um

    por 150 mil habitantes at o mximo de vinte, e deste limite para cima, de um

    por 250 mil habitantes. Os representantes das profisses, em total equivalente

    a um quinto da representao popular.

    Frisa-se que os Deputados representantes das profisses eram eleitos, na

    forma de lei ordinria, por sufrgio indireto de associaes profissionais que

    representassem as seguintes divises: 1 lavoura e pecuria; 2 indstria; 3

    comrcio e transportes; e 4 profisses liberais e funcionrios pblicos.

    Essa representao profissional deveria garantir a representao igual, para as

    trs primeiras categorias, de empregados e de empregadores.

    Condies de elegibilidade

    Eram elegveis para a Cmara dos Deputados os brasileiros natos, alistados

    eleitores e maiores de 25 anos, sendo que os representantes das profisses

    deveriam, ainda, pertencer a uma associao compreendida na classe e grupo

    que os elegessem.

    Pg. 8 - Curiosidade

    Voc sabia que ... A legislatura durava 4 anos?

    A Cmara dos Deputados reunia-se, anualmente, no sia 3 de maio? A Cmara dos Deputados funcionava durante 6 meses, podendo ser

    convocada extraordinariamente por iniciativa de um tero dos seus membros, pela Seo Permanente do Senado Federal ou pelo Presidente da Repblica? Era extensiva aos suplentes de Deputados a imunidade prevista aos titulares dos cargos que no podiam ser processados criminalmente, nem presos, sem

    licena da Cmara dos Deputados, salvo no caso de flagrncia em crime inafianvel?

    Os territrios elegiam 2 Deputados? Os deputados recebiam uma ajuda de custo por sesso legislativa e durante a

    mesma percebiam um subsdio pecunirio mensal?

    Atribuies privativas do Poder Legislativo

    Votar anualmente o oramento da receita e da despesa.

  • Criar e extinguir empregos pblicos federais, fixar-lhes e alterar-lhes os

    vencimentos sempre.

    Por lei especial.

    Legislar sobre todas as matrias de competncia da Unio.

    Extenso do direito do voto s mulheres

    Com o Cdigo Eleitoral de 1932, as mulheres brasileiras obtiveram o direito ao

    voto. A incluso dessa grande parcela da populao representou a eliminao

    dos obstculos existentes universalizao do voto. A grande barreira que

    persistiu foi a proibio do voto aos analfabetos, que conquistaram esse direito

    com a Constituio de 1988.

    O direito ao voto feminino em alguns pases do mundo:

    Estados Unidos (1920);

    Gr-Bretanha (1928);

    Portugal (1931);

    Frana (1945); e

    Sua (1971).

    Pg. 9 - Para refletir

    Pg. 10 - O Poder Legislativo luz da Constituio de 1937

  • O Poder Legislativo luz da Constituio de 1937

    Em 1937, Getlio Vargas rompe com os princpios democrticos e instaura o

    perodo conhecido na histria como Estado Novo.

    A Constituio de 1937 estabelecia, em seu art. 38, que o Poder Legislativo

    seria exercido pelo Parlamento Nacional com a colaborao do Conselho da

    Economia Nacional e do Presidente da Repblica. O Parlamento Nacional

    colaboraria com pareceres nas matrias da sua competncia consultiva, e o

    Presidente da Repblica colaboraria com a iniciativa e sano dos projetos de

    lei e promulgao dos decretos-leis autorizados pela prpria Constituio.

    Pg. 11 - Parlamento Nacional

    Por sua vez, o Parlamento Nacional seria composto por duas cmaras: a

    Cmara dos Deputados e o Conselho Federal.

    Anualmente, o Parlamento Nacional se reuniria na Capital Federal na data de 3

    de maio e funcionaria por 4 meses. Qualquer prorrogao, adiamento ou

    convocao extraordinria somente se daria por iniciativa do Presidente da

    Repblica. Cada Legislatura duraria 4 anos.

    De fato, infelizmente, esse perodo de nossa histria parlamentar, na prtica,

    transferiu todo o Poder Legislativo ao ento Presidente da Repblica, Getlio

    Vargas, que o exercia por meio de Decretos-Lei.

    Mas os mais jovens poderiam pensar que essa histria de Decreto-Lei algo

    do passado, da dcada de 1930, algo que no nos afeta mais, no ?

    No assim, e a sobrevivncia de legislaes antigas confirma isso.

    Vivemos em um mundo jurdico em que algumas imposies legais (isto ,

    leis que no foram devidamente elaboradas, debatidas e votadas pelo rgo

    mais democrtico de uma sociedade moderna: o Legislativo) so frutos de uma

    vontade no democrtica. Exemplo:

    Cdigo Penal: Decreto-Lei n 2.848/1940.

    Consolidao das Leis do Trabalho CLT: Decreto-Lei n. 5.452/1943.

    Pg. 12 - Preenchimento de vagas no Parlamento

    As vagas que surgissem seriam preenchidas por eleio suplementar (no caso

    da Cmara dos Deputados) e por eleio ou nomeao, conforme o caso (em

    se tratando do Conselho Federal).

  • A Constituio de 1937 previa, ainda, que em caso de manifestao contrria

    existncia ou independncia da Nao ou incitamento subverso violenta da

    ordem pblica ou social, poderia qualquer das duas Casas, por maioria de

    votos, declarar vago o lugar do Deputado ou membro do Conselho Federal,

    autor da manifestao ou incitamento.

    Pg. 13 - Da Cmara dos Deputados

    A Cmara dos Deputados seria composta de representantes do povo, eleitos

    mediante sufrgio indireto. Os eleitores eram os vereadores das Cmaras

    Municipais, e, em cada municpio, 10 cidados eleitos por sufrgio direto no

    mesmo ato da eleio da Cmara Municipal.

    Essa Constituio estabelecia, ainda, que o nmero de Deputados por Estado

    deveria ser proporcional populao e fixado por lei, no podendo ser superior

    a 10 nem inferior a 3 por Estado.

    Pg. 14 - Do Conselho Federal

    O Conselho Federal era composto de representantes, com mandatos de 6

    anos, dos Estados e de 10 membros nomeados pelo Presidente da Repblica.

    Cada Estado elegeria seu representante por meio de sua Assembleia

    Legislativa. Entretanto, o Governador do Estado poderia vetar o nome

    escolhido e, neste caso, s seria definitivamente eleito se confirmada sua

    eleio por dois teros de votos da totalidade dos membros da Assembleia.

    Para ser eleito representante dos Estados era necessrio ser brasileiro nato

    maior de 35 anos, alistado eleitor e que houvesse exercido, por espao nunca

    menor de 4 anos, cargo de governo na Unio ou nos Estados.

    Frisa-se, ainda, que o Conselho Federal era presidido por um Ministro de

    Estado, designado pelo Presidente da Repblica.

    Pg. 15 - Iniciativa das Leis

    A Constituio de 1937 previa em seu art. 64 que a iniciativa dos projetos de lei

    cabia, em princpio, ao Governo. Alm disso, em todo caso, no seriam

    admitidos como objeto de deliberao projetos ou emendas de iniciativa de

    qualquer das Cmaras que versassem sobre matria tributria ou que

    resultassem aumento de despesa.

  • Ademais, a nenhum membro de qualquer das Cmaras caberia a iniciativa de

    projetos de lei. Essa iniciativa s poderia ser tomada por um tero de

    Deputados ou de membros do Conselho Federal.

    Qualquer projeto iniciado em uma das Cmaras teria suspenso o seu

    andamento se o Governo comunicasse o seu propsito de apresentar projeto

    que regulasse o mesmo assunto.

    Pg. 16 - Curiosidade

    Voc sabia que... Embora a Constituio de 1937 seja reflexo de um perodo ditatorial, ela foi a que, at ento, mais vislumbrou as prtica plebiscitrias. As Constituies de 1824, 1891 e 1934, em seus textos, no se referiam momento ao instrumento

    do plebiscito, tipicamente presente nos pases democrticos? Francisco Campos, jurista e poltico nomeado Ministro da Justia,foi o

    elaborador intelectual da Carta de 1937? Todos os partidos polticos foram dissolvidos, de acordo com o Decreto-lei n

    37, de 2 de dezembro de 1932, e os trabalhos legislativos foram suspensos de 10 de novembro de 1937 a 31 de janeiro de 1946?

    Pg. 17 - Para refletir

    Pg. 18 - O Poder Legislativo luz da Constituio de 1946

    Com a queda de Getlio Vargas e o processo de redemocratizao do pas,

    torna-se necessria a elaborao de uma Constituio que refletisse esse novo

    perodo: cria-se, assim, a Constituio de 1946.

  • Essa Constituio devolveu as prerrogativas inerentes ao Poder Legislativo, ao

    estabelecer, em seu artigo 37, que esse Poder fosse exercido pelo Congresso

    Nacional, composto pela Cmara dos Deputados e pelo Senado Federal.

    Sobre essa Constituio, o historiador Boris Fausto, na obra Histria do Brasil,

    comenta que:

    No captulo referente cidadania, o direito e a obrigao de votar foram

    conferidos aos brasileiros alfabetizados, maiores de dezoito anos, de ambos os

    sexos. Completou-se assim, no plano dos direitos polticos, a igualdade entre

    homens e mulheres. A Constituio de 1934 determinava a obrigatoriedade do

    voto apenas para as mulheres que exercessem funo pblica remunerada.

    Pg. 19 - Decoro Parlamentar

    Em relao ao Poder Legislativo, frisa-se que at ento as constituies

    brasileiras no previam a punio dos parlamentares indisciplinados ou de

    procedimento incompatvel com as suas funes. A Constituio de 1946

    previa que perderia o mandato, por 2/3 dos votos, o Deputado ou Senador cujo

    procedimento fosse reputado incompatvel com o decoro parlamentar.

    Aliomar Baleeiro e Barbosa Lima Sobrinho apontam, na obra Constituies

    Brasileiras 1946, que j na primeira Legislatura desse perodo de

    redemocratizao esse comando constitucional foi aplicado:

    Essa pena extrema foi aplicada, logo na primeira legislatura, ao Deputado E.

    Barreto Pinto, que permitia a jornais e revistas fotograf-lo de casaca e cuecas

    com uma garrafa de champanhe sob o chuveiro, alm de criar repetidos

    incidentes no curso dos debates.

    Para voc se aprofundar nas relaes entre participao e representao

    polticas, especificamente considerando os aspectos ticos, sugerimos a leitura

    do texto 'Para um modelo das relaes entre eticidade universalista e

    sociedade poltica democrtica no Brasil', do Professor Eurico Gonzales

    Cursino dos Santos, disponvel na Biblioteca deste curso, em 'Textos

    complementares'.

    Pg. 20 - Condies de elegibilidade para o Congresso Nacional

    Ser brasileiro.

    Estar no exerccio dos direitos polticos.

    Ser maior de 21 anos (para a Cmara dos Deputados).

    Ser maior de 35 anos (para o Senado Federal).

  • Inicia-se uma nova fase para o Parlamento, com o Congresso Nacional

    reunindo-se por um perodo maior de tempo no decorrer do ano: de 15 de

    maro at 15 de dezembro de cada ano.

    Nessa fase surgem os primeiros partidos polticos nacionais, com programas

    ideolgicos definidos que expressavam as diversas correntes de opinio

    existentes naquela poca. Embora no perodo 1945/1964 tenha existido mais

    de uma dzia de partidos polticos, 3 deles dominaram o cenrio poltico: o

    Partido Social Democrtico (PSD), a Unio Democrtica Nacional (UDN) e o

    Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).

    Sobre esse perodo, o cientista poltico Glucio Ary Dillon Soares, em sua

    paradigmtica obra Sociedade e Poltica no Brasil, expe que:

    A evoluo do sistema poltico baseado na extenso da cidadania pode ser

    aquilatada a partir do crescimento da prpria participao eleitoral. Esta

    evoluo apresentou um grande salto quantitativo do perodo 1910 (quando

    tivemos a primeira eleio presidencial competitiva) para as eleies de 33-34

    quando, pela primeira vez, a relao votantes/populao supera os 5% e outro

    grande salto em 1945, quando votam mais de 6 milhes de eleitores, um

    aumento de 400% sobre 1933-1934.

    Pg. 21 - Curiosidade

    Voc sabia que pela Constituio de 1946... Cada legislatura durava 4 anos?

    Os Deputados e senadores recebiam anualmente igual subsdio e ajuda de custo. Esse subsdio era dividido em duas partes: uma fixa, que se pegava no

    decurso do ano, e outra varivel, correspondente ao comparecimento? O Deputado ou Senador investido na funo de Ministro de Estado, inventor

    federal ou secretrio de Estado no perdia o respectivo mandato. Nesses casos, convocava-se o respectivo suplente?

    Cada Territrio era representado por 1 Deputado?

    Poder Legislativo

    A CF/1946 determinava, em seu art. 37, que o Poder Legislativo fosse exercido

    pelo Congresso Nacional, composto da Cmara dos Deputados e do Senado

    Federal.

    Cmara dos Deputados

    Era composta de representantes do povo eleitos segundo o sistema de

    representao proporcional pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos

    Territrios.

  • O nmero de Deputados seria fixado por lei, em proporo que no excedesse

    um para cada 150 mil habitantes at 20 Deputados, e, alm desse limite, um

    para cada 250 mil habitantes.

    O nmero mnimo de Deputados por Estado e pelo Distrito Federal era de 7

    parlamentares.

    Senado Federal

    O Senado Federal era composto de representantes dos Estados e do Distrito

    Federal, eleitos segundo o princpio majoritrio.

    Cada Estado e o Distrito Federal elegiam 3 Senadores para mandato de 8

    anos.

    A representao de cada Estado e a do Distrito Federal renovar-se-ia de 4 em

    4 anos, alternadamente, por um e por dois teros.

    O Senador seria substitudo ou sucedido pelo suplente com ele eleito.

    O Vice-Presidente da Repblica exercia a funo de Presidente do Senado

    Federal, onde s teria voto de qualidade.

    Iniciativa das Leis

    O artigo 67 da Constituio de 1946 estabelecia que a iniciativa das leis,

    ressalvados os casos de competncia exclusiva, caberia ao Presidente da

    Repblica e a qualquer membro ou comisso da Cmara dos Deputados e do

    Senado Federal.

    Pg. 22 - Para refletir

    Pg. 23 - O Poder Legislativo luz da Constituio de 1967

    Com o Golpe militar de 1964, tivemos um refluxo em nossa histria

    democrtica. Nesse perodo de exceo, os militares outorgam ao povo

  • brasileiro a Constituio de 1967, feita sem a aprovao de uma assembleia

    constituinte. Essa Constituio foi substancialmente modificada em 1969 por

    meio de um decreto-lei baixado pela junta militar que governou durante o

    impedimento, por motivo de sade, do ento presidente General Costa e Silva.

    Pg. 24 - Reunies e Condies de elegibilidade

    CF/67 determinava que o Poder Legislativo fosse exercido pelo Congresso

    Nacional, composto da Cmara dos Deputados e do Senado Federal.

    As reunies do Congresso Nacional eram marcadas para ocorrerem,

    anualmente, na Capital da Unio, de 1 de maro a 30 de junho e de 1 agosto

    a 30 de novembro. No caso das reunies extraordinrias, a convocao

    poderia ser feita por um tero dos membros de qualquer de suas Cmaras ou

    pelo Presidente da Repblica.

    Condies de elegibilidade

    Ser brasileiro nato.

    Estar no exerccio dos direitos polticos.

    Ser maior de 21 anos para a Cmara dos Deputados e 35 anos para o

    Senado.

    Pgina 25 - Reunio Conjunta

    A CF/1964 previa que a Cmara dos Deputados e o Senado Federal se

    reunissem em sesso conjunta para:

    inaugurar a sesso legislativa;

    elaborar o Regimento Comum;

    receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da

    Repblica;

    deliberar sobre veto;

    atender aos demais casos previstos naquela Constituio.

    O art. 33 da CF/64 estabelecia que, salvo disposio constitucional em

    contrrio, as deliberaes de cada Cmara sero tomadas por maioria de

    votos, presente a maioria de seus membros.

    Pg. 26 - Da Cmara dos Deputados e do Senado Federal

    Da Cmara dos Deputados

    A Cmara dos Deputados era composta por representantes do povo, eleitos

    por voto direto e secreto, em cada Estado e Territrio.

  • Cabia privativamente Cmara dos Deputados declarar, por 2/3 dos seus

    membros, a procedncia de acusao contra o Presidente da Repblica e os

    Ministros de Estado.

    Do Senado Federal

    O Senado Federal era composto de representantes dos Estados, eleitos pelo

    voto direto e secreto, segundo o princpio majoritrio. Cada Estado elegia 3

    Senadores, com mandato de 8 anos, renovando-se a representao de 4 em 4

    anos, alternadamente, por um e por dois teros.

    Competia privativamente ao Senado Federal julgar o Presidente da Repblica e

    os Ministros de Estado, havendo conexo, nos crimes de responsabilidade.

    Pg. 27 - Curiosidade

    Voc sabia que pela Constituio de 1967... Cada Legislatura durava 4 anos?

    O nmero de Deputados era fixado por lei, na proporo em que excedesse de uma para cada 300 mil habitantes at o numero de 25 Deputados, e, alm

    desse limite, um para cada milho de habitantes? Era de 7 o nmero mnimo de Deputados por Estado?

    Cada territrio teria 1 deputado?

    O Legislativo no mbito da ditadura militar

    Esse perodo da histria nacional foi marcado pela existncia de duas

    agremiaes polticas que atuavam no Parlamento: a Aliana Renovadora

    Nacional (ARENA), de base governista, e o Movimento Democrtico Brasileiro

    (MDB), que agrupava as correntes de oposio - diga-se de passagem, uma

    oposio consentida.

    Pg. 28 - Para refletir

  • O Poder Legislativo

    Mdulo III O Legislativo hoje em dia

    Unidade 1 O Congresso Nacional

    A Constituio de 1988, popularmente conhecida como Constituio Cidad

    em razo dos diversos direitos de cidadania nela incorporados, estabeleceu,

    em seu art. 2, que os Poderes da unio, independentes e harmnicos entre si,

    so o Legislativo, o Executivo e o Judicirio.

    Pg. 2 - Trs nveis de Poder

    O Legislativo, objeto deste nosso curso, encontra-se presente nos trs nveis

    de Poder existentes no Brasil: federal (Cmara dos Deputados e Senado

    Federal), estadual (nos Estados, as Assembleias Legislativas, e, no Distrito

    Federal, a Cmara Legislativa do Distrito Federal) e municipal (as Cmaras de

    Vereadores).

    Como j salientado anteriormente, este nosso estudo restringe-se ao Poder

    Legislativo no mbito federal, que exercido pelo Congresso Nacional,

    composto pela Cmara dos Deputados e Senado Federal (art. 44 da CF/88).

    Temos ento:

    Pg. 3 - Funcionamento do Congresso Nacional

    O Congresso Nacional rene-se, anualmente, na Capital Federal, de 2 de

    fevereiro a 17 de julho e de 1 de agosto a 22 de dezembro.

    Quando as datas acima recarem nos sbados, domingos ou feriados, as

    reunies so transferidas para o primeiro dia til subsequente.

    Alm disso, a sesso legislativa no ser interrompida, em 17 de julho, caso

    no se aprove o projeto de lei de diretrizes oramentrias.

  • Alm de outros casos previstos na Constituio Federal, a Cmara dos

    Deputados e o Senado Federal renem-se em sesso conjunta para:

    inaugurar a sesso legislativa;

    elaborar o regimento comum e regular a criao de servios comuns s

    duas Casas;

    receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da

    Repblica;

    conhecer do veto e sobre ele deliberar;

    discutir e votar o oramento;

    delegar ao Presidente da Repblica poderes para legislar;

    promulgar emendas Constituio.

    Caso voc, estudante, tenha interesse em se aprofundar na temtica sobre as

    relaes entre representao poltica e participao popular, sugerimos a

    leitura do artigo 'Representao e participao no Parlamento' do Professor

    Fernando Sabia Vieira, disponvel na Biblioteca deste curso, em 'Textos

    complementares'.

    Pg. 4 - Como se compe a Mesa do Congresso Nacional?

    A Constituio determina que a Mesa do Congresso Nacional seja presidida

    pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos exercidos,

    alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Cmara dos

    Deputados e no Senado Federal.

    Complicado?

    No !

    Para compreendermos a composio da Mesa do Congresso Nacional,

    precisamos vislumbrar a composio das Mesas Diretoras das duas Casas

    Legislativas, a saber:

    Mesa do Senado Federal

    Mesa da Cmara dos Deputados

    Mesa do Congresso Nacional

    Presidente

    Presidente

    Presidente (do Senado)

    1 Vice-Presidente

    1 Vice-Presidente

    1 Vice-Presidente (da Cmara)

  • 2 Vice-Presidente

    2 Vice-Presidente

    2 Vice-Presidente (do Senado)

    1 Secretrio

    1 Secretrio

    1 Secretrio (da Cmara)

    2 Secretrio

    2 Secretrio

    2 Secretrio (do Senado)

    3 Secretrio

    3 Secretrio

    3 Secretrio (da Cmara)

    4 Secretrio

    4 Secretrio

    4 Secretrio (do Senado)

    Pg. 5 - Convocao

    Todos j devem ter visto na televiso ou lido nos jornais que o Congresso

    Nacional foi convocado extraordinariamente para aprovar essa ou aquela

    matria, no ?

    Mas quem convoca? E em quais casos? Quais os assuntos que so objetos de

    deliberao?

    O Presidente do Senado Federal convoca extraordinariamente o Congresso

    Nacional nos seguintes casos: decretao de estado de defesa ou de

    interveno federal; pedido de autorizao para a decretao de estado de

    stio; compromisso e posse do Presidente e Vice-Presidente da Repblica.

    O Presidente da Repblica, os Presidentes da Cmara dos Deputados e do

    Senado Federal e a maioria dos membros de ambas as Casas, por meio de

    requerimento, convocam extraordinariamente o Congresso Nacional nos

    seguintes casos: de urgncia ou interesse pblico relevante (em todas as

    hipteses deste inciso com a aprovao da maioria absoluta de cada uma das

    Casas do Congresso Nacional).

    Nessas convocaes extraordinrias, o Congresso Nacional somente delibera

    sobre a matria para a qual foi convocado, e havendo medidas provisrias em

    vigor na data da convocao extraordinria, sero elas automaticamente

    includas em sua pauta.

  • Pg. 6 - Curiosidade

    Voc sabia que segundo a Constituio atual... A legislatura dura 4 anos?

    O qurum necessrio para as deliberaes de cada Casa e de suas respectivas comisses o da maioria dos votos, presente a maioria absoluta

    seus membros? Cada territrio elege 4 deputados?

    O mandato de senador da Repblica dura 8 anos?

    Pg. 7 - Quais so as atribuies do Congresso Nacional?

    A Constituio Federal de 1988, em seu art. 48, estabeleceu que compete ao

    Congresso Nacional, com a sano do Presidente da Repblica, dispor sobre

    todas as matrias de competncia da Unio.

    Outras matrias, conforme previsto no art. 49 da Constituio, so de

    competncia exclusiva do Congresso Nacional, isto , aps aprovadas no iro

    se submeter ao veto ou sano presidencial por exemplo: autorizar o

    Presidente da Repblica a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que

    foras estrangeiras transitem pelo territrio nacional ou nele permaneam

    temporariamente (ressalvados os casos previstos em lei complementar); sustar

    os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar

    ou dos limites de delegao legislativa; mudar temporariamente sua sede;

    escolher dois teros dos membros do Tribunal de Contas da Unio; autorizar

    referendo e convocar plebiscito, e outras matrias assemelhadas.

    Pg. 8 - O Legislativo e sua funo fiscalizatria

    A Cmara dos Deputados, o Senado Federal e suas respectivas Comisses

    podem convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de rgos

    diretamente subordinados Presidncia da Repblica para prestarem,

    pessoalmente, informaes sobre assunto previamente determinado. A

    ausncia, sem justificativa adequada, importa crime de responsabilidade.

    Alm disso, as Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal podem

    encaminhar pedidos escritos de informaes a Ministros de Estado ou a

    qualquer das autoridades citadas anteriormente, importando em crime de

    responsabilidade a recusa, ou o no atendimento no prazo de 30 dias, bem

    como a prestao de informaes falsas.

    Pg. 9 - Funo Fiscalizadora

  • Embora a elaborao de leis seja uma funo fundamental de qualquer

    parlamento, ela no a nica atribuio dos modernos legislativos. Outra to

    importante quanto a de elaborar as leis a funo fiscalizadora exercida pelo

    Legislativo.

    As Casas legislativas do Congresso Nacional Cmara dos Deputados e

    Senado Federal contam com instrumentos, previstos tanto na Constituio

    Federal como nos respectivos regimentos internos, que permitem aos

    parlamentares ou s comisses exercerem a fiscalizao dos atos do Poder

    Executivo.

    Entre esses instrumentos, destacam-se:

    as Comisses Parlamentares de Inqurito CPIs;

    os Requerimentos de Informaes, que podem ser solicitados a todo e

    qualquer titular de rgo diretamente subordinado Presidncia da

    Repblica, entre os quais os Ministros de Estado;

    os Requerimentos de Convocao de Ministros de Estado e de titulares

    de rgos diretamente subordinados Presidncia da Repblica.

    Vdeo 1/3

    https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=Tdy_UCfRPeY

    Vdeo 2/3

    https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=PM9IXkPq25o

    Vdeo 3/3

    https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=Lq5Lkb7oM5A

    Unidade 2 O Senado Federal

    O Senado Federal composto, conforme o art. 46 da CF/88, de representantes

    dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princpio majoritrio.

    Cada Estado e o Distrito Federal elegem 3 Senadores, cada um com dois

    suplentes, com mandato de 8 anos.

    A representao de cada Estado e do Distrito Federal renovada de quatro

    em quatro anos, alternadamente, por um e dois teros.

    Frisa-se, ento, que o mandato dos Senadores da Repblica corresponde ao

    perodo de 2 Legislaturas (cada Legislatura dura 4 anos).

  • Parece complicado, no ?

    Vamos, ento, descomplicar as informaes acima!

    Pg. 2 - Eleies para o Senado Federal

    O Brasil, atualmente, formado por 27 unidades federativas (26 Estados e o

    Distrito Federal). Em cada uma delas h, de quatro em quatro anos, eleies

    para o Senado Federal.

    Temos ento:

    27 unidades federativas x 3 Senadores = 81 Senadores (o total de Senadores

    que compe o Senado Federal).

    Entretanto, esses 3 Senadores no so eleitos de uma vez s! Em uma eleio

    so eleitos 2 Senadores e na eleio seguinte apenas 1 Senador, e assim

    sucessivamente.

    Como exemplo, observe o nmero de Senadores eleitos nas ltimas eleies

    em cada Estado e no Distrito Federal:

    Pg. 3 - Matrias de competncia privativa do Senado Federal

    Alguns assuntos de grande importncia para o Brasil so discutidos e votados

    apenas no mbito do Senado Federal, ou seja, no so nem objeto de votao

    na Cmara dos Deputados, nem sofrem a sano ou o veto presidencial.

    Mas quais so essas matrias de competncia privativa do Senado Federal?

    So vrias. Como exemplo, cabe privativamente ao Senado Federal processar

    e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da Repblica nos crimes de

    responsabilidade.

  • Alm disso, o Senado Federal tambm processa e julga os Ministros do

    Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justia e do

    Conselho Nacional do Ministrio Pblico, o Procurador-Geral da Repblica e o

    Advogado-Geral da Unio nos crimes de responsabilidade.

    As competncias privativas do Senado Federal no se restringem a processar

    e julgar ilustres autoridades pblicas. Cabe a essa Casa Legislativa tambm

    aprovar previamente, por voto secreto (aps arguio pblica), a escolha de

    diversos ocupantes de importantes cargos pblicos, como por exemplo os

    Ministros do Tribunal de Contas da Unio que sejam indicados pelo Presidente

    da Repblica.

    Unidade 3 A Cmara dos Deputados

    A Cmara dos Deputados, conforme o art. 45 da CF/88, composta de

    representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado,

    em cada Territrio e no Distrito Federal.

    O nmero total de Deputados, bem como a representao por Estado e pelo

    Distrito Federal, estabelecido por lei complementar, proporcionalmente

    populao, procedendo-se aos ajustes necessrios, no ano anterior s

    eleies, para que nenhuma daquelas unidades da Federao tenha menos de

    8 ou mais de 70 Deputados.

    Sabemos que, atualmente, no existem territrios em nosso Pas. No

    obstante, caso futuramente se crie algum Territrio, a prpria Constituio

    Federal j determina que ele seja representado por 4 parlamentares na

    Cmara dos Deputados.

    Assim como h assuntos de competncia privativa do Senado Federal, h

    tambm determinadas matrias que so deliberadas e votadas privativamente

    pela Cmara dos Deputados.

    a Cmara dos Deputados que autoriza, por 2/3 de seus membros, a

    instaurao de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da Repblica.

    Alm disso, caso o Presidente da Repblica no preste contas ao Congresso

    Nacional dentro do prazo de 60 dias aps a abertura da sesso legislativa,

    cabe privativamente Cmara dos Deputados proceder a essa tomada de

    contas.

    Pg. 2 - Curiosidade

    Voc sabia que...

  • os Deputados e senadores so inviolveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opinies, palavras e votos?

    Desde a expedio do diploma, os Deputados e Senadores so submetidos a julgamento somente perante o Supremo Tribunal federal?

    Desde a expedio do diploma, os membros do Congresso Nacional no podem ser presos, salvo em flagrante de crime inafianvel (neste caso, os autos so remetidos, dentro de 24 horas, respectiva Casa, para que, pelo

    voto da maioria de seus membros, resolva sobre a priso)? Os Deputados e Senadores no so obrigados a testemunhar sobre

    informaes recebidas ou prestadas em razo do exerccio do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informaes?

    As imunidades de Deputados ou Senadores subsistem durante perodo de estado de stio, s podendo ser suspensas mediante o voto de dois teros dos membros da respectiva Casa, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatveis com a execuo da medida?

    Para compreender os desafios enfrentados pela atual conjuntura poltico-

    partidria brasileira, sugerimos o texto 'Reforma poltica: desenho de um

    debate', do Professor Caetano Arajo, disponvel na Biblioteca deste

    curso, em 'Textos complementares'.

  • O Poder Legislativo

    Mdulo IV O Legislativo e suas relaes institucionais

    Unidade 1 O Congresso Nacional e o Governo Federal

    No Brasil, o Poder Executivo exercido, na esfera federal, pelo Presidente da

    Repblica, que governa com o auxlio dos Ministros de Estado.

    Entre as diversas atribuies desse Poder, destacamos o fundamental papel

    que ele exerce na formulao e confeco das polticas oramentrias (o Plano

    Plurianual, a Lei de Diretrizes Oramentrias, o oramento anual e os crditos

    adicionais).

    Para compreender melhor as coalizes governativas, sugerimos o texto 'Notas

    sobre coalizes polticas e democracia: diz-me com quem andas...', de Ftima

    Anastasia e Magna Incio, disponvel na Biblioteca deste curso, em 'Textos

    complementares'.

    Pg. 2 - Competncia exclusiva do Presidente da Repblica

    Alm da prerrogativa de apresentar os projetos de lei relativos ao oramento, o

    Presidente da Repblica detm competncia exclusiva para iniciar o processo

    legislativo em diversos outros assuntos, como por exemplo nos projetos que

    tratam:

    da fixao ou modificao dos efetivos das Foras Armadas;

    da criao de cargos, funes ou empregos pblicos na administrao

    direta e autrquica ou aumento de sua remunerao;

    da organizao administrativa e judiciria, matria tributria e

    oramentria, servios pblicos e pessoal da administrao dos

    Territrios;

    dos servidores pblicos da Unio e Territrios, seu regime jurdico,

    provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria;

    da organizao do Ministrio Pblico e da Defensoria Pblica da Unio,

    bem como normas gerais para a organizao do Ministrio Pblico e da

    Defensoria Pblica dos Estados, do Distrito Federal e dos Territrios.

    Alm disso, cabe ao Poder Executivo vetar no todo ou em parte os projetos

    aprovados pelo Poder Legislativo.

    Unidade 2 O Congresso Nacional e a sociedade civil

  • O Congresso Nacional uma Casa viva, pulsante e extremamente

    diversificada.

    A frase acima surpreende muita gente que acredita que o Parlamento seja um

    espao pblico dissociado da realidade social. Muitos, erroneamente,

    imaginam um Parlamento descolado das questes sociais, dos conflitos, dos

    dilemas e dos problemas que ocupam as capas de jornais e as discusses

    entre familiares e amigos.

    Na verdade, o Parlamento o lugar por excelncia do convvio, nem sempre

    harmnico, entre, de um lado, os representantes eleitos, e de outro, os

    eleitores, as organizaes da sociedade civil, os partidos polticos, as

    associaes e demais organizaes que diariamente ocupam o espao do

    Congresso Nacional trazendo suas demandas, apresentando suas

    necessidades e expondo suas ideias sobre todo e qualquer assunto da agenda

    poltica e social.

    Pg. 2 - Convvio

    Na verdade, o Parlamento o lugar por excelncia do convvio, nem sempre

    harmnico, entre, de um lado, os representantes eleitos, e de outro, os

    eleitores, as organizaes da sociedade civil, os partidos polticos, as

    associaes e demais organizaes que diariamente ocupam o espao do

    Congresso Nacional trazendo suas demandas, apresentando suas

    necessidades e expondo suas ideias sobre todo e qualquer assunto da agenda

    poltica e social.

    De fato, a nossa democracia s ser plena e ampla se garantirmos a atuao

    livre, autnoma e plural da sociedade civil organizada.

    Pg. 3 - Crise

    Se observarmos durante alguns dias a movimentao existente nas diversas

    comisses temticas de qualquer uma das Casas do Congresso Nacional, ou

    mesmo nos prprios Gabinetes Parlamentares, perceberemos nitidamente que

    o Parlamento se constri e se reorganiza substancialmente em torno de

    diversas demandas que esses atores sociais lanam diariamente na agenda

    poltica de nosso Pas.

    Alguns estudos acadmicos ressaltam que vivemos em um perodo de crise da

    representao poltica, crise de legitimidade das instituies representativas e,

    consequentemente, do prprio significado do Parlamento.

  • De fato, infelizmente, um nmero significativo de cidados apenas cumpre, de

    quatro em quatro anos, o papel obrigatrio do voto, esquecendo-se de

    acompanhar o desempenho de seu parlamentar e de cobrar dele as aes e

    atitudes para as quais foi eleito.

    Pg. 4 - A realidade

    Como consequncia, a imagem que se tem de alguns polticos no caso, de

    alguns parlamentares de que eles se preocupam com os eleitores, com a

    populao de seu Estado, regio ou at mesmo sua cidade, apenas nos

    perodos eleitorais, momento em que so postos prova novamente.

    Entretanto, essa uma leitura superficial da realidade. O Congresso Nacional

    e suas Casas, o Senado Federal e a Cmara dos Deputados um espao

    pblico de intenso trabalho, onde centenas, ou milhares, de pessoas,

    sindicatos, associaes, Organizaes No Governamentais (ONGs),

    entidades de trabalhadores e de empregadores, apresentam, diariamente, suas

    demandas, seus anseios e seus interesses.

    E essas demandas so, sim, ouvidas, absorvidas e respondidas!

    Quer ver um exemplo atual e de grande repercusso na sociedade?

    Pg. 5 - Ficha Limpa e Lei Maria da Penha

    A Lei Complementar n 135/2010 (Lei da Ficha Limpa) exemplar. Ela surgiu

    da iniciativa da sociedade civil a partir da coleta de mais de 1 milho de

    assinaturas em seu favor.

    Outro exemplo paradigmtico da atuao da sociedade civil e logo, da

    realidade social na atuao parlamentar pode ser vista com a aprovao da

    Lei n 11.340/2006 (Lei Maria da Penha).

    O projeto inicial foi elaborado por um grupo interministerial, a partir da demanda

    de organizaes que formalizaram uma denncia Comisso Interamericana

    de Direitos Humanos da Organizao dos Estados Americanos (OEA), que o

    encaminhou anlise do Congresso Nacional.

    No Parlamento, essa proposta foi transformada em Projeto de Lei, sendo

    debatida em diversas audincias pblicas com a presena de inmeras

    entidades da sociedade civil.

  • Em 7 de agosto de 2006, essa Lei, que previa mecanismos para coibir a

    violncia no mbito das relaes familiares, foi sancionada pelo Presidente da

    Repblica.

    Pg. 6 - Cdigo Florestal

    Outro exemplo clssico da participao da sociedade civil temos com a

    discusso atual do novo Cdigo Florestal, em tramitao no Congresso desde

    1999, que, embora seja uma iniciativa tecnicamente parlamentar, envolve

    profundamente diversos segmentos da sociedade civil organizada, que

    defendem ou no a sua aprovao.

    O importante, com esses poucos exemplos, constatarmos que todo e

    qualquer assunto debatido no mbito do Legislativo nacional no passa

    despercebido. Esses temas agregaram ao seu redor uma parcela significativa

    de nosso povo.

    Pg. 7 - Democracia

    O nome disso democracia. O Legislativo, enquanto instituio fundamental

    nas atuais democracias modernas, , crticas parte, uma instituio

    fundamental para a nossa sociedade.

    Precisamos, sem dvida, melhor-lo a cada dia. Como tudo na vida, seja nossa

    casa, nossas relaes com os vizinhos, amigos, colegas de trabalho, seja com

    a forma de lidarmos e respeitarmos os bens e recursos pblicos.

    Talvez, tanto como aprimorarmos o Poder Legislativo includo a o seu (e o

    nosso) papel precisamos, tambm, nos imbuir do papel de cidado ativo, no

    ?

    E, nesse sentido, as Casas Legislativas do Congresso Nacional, hoje em dia,

    possuem diversos canais de comunicao com os cidados de todas as partes

    do pas. Listamos, a seguir, algumas delas:

    Na Cmara dos Deputados:

    Conhea os Deputados Federais acessando:

    http://www2.camara.gov.br/deputados/pesquisa

    Fiscalize o oramento acessando:

    http://www2.camara.gov.br/atividade-legislativa/orcamentobrasil/fiscalize

  • Entre em contato com a Ouvidoria Parlamentar acessando:

    http://www2.camara.gov.br/a-camara/ouvidoria

    Encaminhe sua proposta para a Comisso de Legislao Participativa

    acessando:

    http://www2.camara.gov.br/participe/sua-proposta-pode-virar-lei

    No Senado Federal:

    Conhea os Senadores acessando:

    http://www.senado.gov.br/senadores/

    Fiscalize o oramento acessando:

    http://www9.senado.gov.br/portal/page/portal/orcamento_senado

    Entre em contato com a Ouvidoria do Senado acessando:

    http://www.senado.gov.br/senado/ouvidoria/

    Conhea o Portal da Transparncia do Senado Federal acessando:

    http://www.senado.gov.br/transparencia/

    Vdeo

    https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=iuwsD_4DzUU