contagem regressiva para campanha nacional · 3 campanha salarial bancários aprovam minuta...

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CORREIO BANCÁRIO www.bancarios-es.com.br INFORMATIVO DO SINDICATO DOS BANCÁRIOS DO ES FILIADO À CUT Nº 941 07/08/2015 A 28/08/2015 Página 04 A Conferência Nacional da categoria, realizada entre 31 de julho e 02 de agosto, em São Paulo, aprovou a minuta de reivindicações, que inclui índice de 16%, contratação de mais empregados e fim da terceirização. Página 03 Contagem regressiva para Campanha Nacional Entrevista: Mauro Iasi analisa o crescimento do conservadorismo no Congresso e a “bancada BBB” Página 06 Página 07 Carência de empregados é alarmante e bancários lançam Campanha Nelson Ezídio

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Page 1: Contagem regressiva para Campanha Nacional · 3 Campanha Salarial Bancários aprovam minuta nacional A Conferência Nacional dos Bancá-rios, que aconteceu de 31 de julho a 02 de

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BANCÁRIO

www.bancarios-es.com.br

INFORMATIVO DO SINDICATO DOS

BANCÁRIOS DO ESFILIADO À CUT

Nº 941

07/08/2015 A

28/08/2015

Página 04

A Conferência Nacional da categoria, realizada entre 31 de julho e 02 de agosto, em São Paulo, aprovou

a minuta de reivindicações, que inclui índice de 16%, contratação de mais empregados e fim da terceirização.

Página 03

Contagem regressiva para Campanha Nacional

Entrevista: Mauro Iasi analisa o crescimento do conservadorismo no Congresso e a “bancada BBB”

Página 06

Página 07

Carência de empregados é alarmante e bancários

lançam Campanha

Nelson Ezídio

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Artigo

No dia 10 de junho de 2015, foi aprovado na Assembleia Legis-lativa do Espírito Santo o Projeto de Lei Complementar n. 004/2015 que institui o Programa de Escolas Estaduais de Ensino Médio em Turno Único no Estado do Espírito Santo.

Uma das questões primordiais colocadas durante o debate em torno do projeto se refere à gestão a ser implementada nessas escolas, que ficará sob responsabilidade do Insti-tuto de Corresponsabilidade Educa-cional (ICE). O ICE tem como modelo de gestão a Tecnologia empresarial socioeducacional, baseada na expe-riência empresarial, com projeção de resultados. Para o instituto, a escola deve funcionar assim como funciona uma empresa, com foco na competição em busca de melhores resultados.

Tal princípio não encontra respaldo na legislação pertinente ao campo educacional, uma vez que o ensino deve ser ministrado com base na igualdade de condições para o acesso e permanência na escola e não na competição entre os estudan-tes. Outro ponto que merece atenção se refere à escolha de conteúdos pelos estudantes. Na prática essa escolha representa a negação de direitos, pois os jovens, estando ainda em formação, precisam ter acesso garantido aos mais diversos conteúdos para poderem realmente conquistar uma autonomia com re-lação à atividade social que preten-dam exercer, quando forem adultos. Portanto, o acesso aos conteúdos não pode ser uma escolha, é um direito garantido a todos!

O governo errou no planeja-mento da implementação da política de educação em tempo integral na rede estadual, dessa forma, demons-tra que está aquém dos processos democráticos já acumulados pelos municípios!

Sue Elen Lievore - Professora da rede municipal de Serra e mem-bro do Coletivo Sindiupes pela Base.

Escola Viva: os erros do governo

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www.bancarios-es.com.br

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BANCÁRIOInformativo do Sindicato dos Bancários do Espírito SantoRua Wilson Freitas, 93, Centro, Vitória/ES - 29016-340 Tel: (27) 3331-9999 Colatina (3722-2647), Cachoeiro (3522-7975) e Linhares (3371-0092)

Coordenador Geral: Jessé Gomes de AlvarengaDiretor de Imprensa: Carlos Pereira de AraújoEditoras: Bruna Mesquita Gati - MTb 3049-ES, Elaine Dal Gobbo - MTb 2381-ES, Ludmila Pecine - MTb 2391-ES e Sueli de Freitas - MTb 537/92-ESEstagiária: Lorraine PaixãoEditoração: Jorge Luiz MTb 041/96-ESImpressão: Gráfica Espírito SantoE.mail: [email protected]: 10.000 exemplaresDistribuição gratuita

No dia 24 de julho, a comunicação sindical perdeu uma de suas principais re-ferências no Brasil: Vito Giannotti. Ex-me-talúrgico, escritor, educador e formador popular, Vito era, junto com a jornalista Cláudia Santiago, sua companheira, coor-denador do Núcleo Piratininga da Comu-nicação (NPC), entidade que promove cur-sos para sindicatos e movimentos sociais.

O italiano Vito, que escolheu o Bra-sil para viver, era um defensor da comu-nicação como ferramenta para a disputa da sociedade. “Mas não adianta jogar um tijolo na cabeça dos trabalhadores”, fala-va ele alertando para a necessidade de publicações atrativas para levar o leitor à reflexão sobre a opressão de classe.

A reformulação da comunicação do Sindibancários/ES na década de 90 deveu-se muito a Vito e Cláudia. Assesso-rados por eles, a diretoria do Sindicato e a equipe de comunicação lançaram mão de diversas ferramentas para fazer o diálogo com a categoria e inovar nos jornais.

A partir de 1998, o Correio Bancá-rio ganhou novo visual e passou a ser divi-dido em editorias. “Não basta falar do um-

bigo”, ensinava o mestre, lembrando que o bancário quer saber do seu banco, mas também se preocupa com o preço do pão ou a guerra no Oriente. E mais: tem que falar de outras categorias, afinal, somos a classe trabalhadora, falava Vitor, gesticu-lando e xingando, como bom italiano.

Ele tinha um coração grande, gos-tava de estar rodeado de gente, falando de política, comunicação, movimentos sociais, música e de livros, muitos livros. “Vito reunia três fontes de energia e co-nhecimento – o cristianismo, o comunis-mo e o anarquismo”, como bem definiu o cientista político Reginaldo de Moraes.

A independência de classe, o in-ternacionalismo, a obsessão pela defesa e necessidade das organizações de base dos trabalhadores nortearam a vida de Vito, como conta Sebastião Neto, seu velho ca-marada da Oposição Metalúrgica/SP.

Por tudo que compartilhou e como compartilhou, Vito conseguiu tornar um país tão grande como o Brasil tão próximo na dor com a sua perda. Mas como diria o próprio se ainda aqui estivesse: a luta continua, porra!

Bella Ciao

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Campanha Salarial

Bancários aprovam minuta nacional

A Conferência Nacional dos Bancá-rios, que aconteceu de 31 de julho a 02 de agosto, em São Paulo, apro-

vou a estratégia e a minuta de reivindica-ções nacional da categoria. Entre os eixos estão reajuste de 16%, piso salarial corres-pondente ao salário mínimo do Dieese (R$ 3299,66 em junho), PLR de três salários mais parcela fixa de R$ 7.246,82, defesa do emprego, combate às metas e ao assé-dio moral e fim da terceirização.

A Conferência foi marcada por di-vergências entre o setor majoritário do movimento, a Articulação Bancária (Ar-tban) – vinculada à CUT – e as demais forças políticas presentes na Conferência. Reivindicações importantes como a recu-peração das perdas salariais e o paga-mento da PLR de forma linear, defendidos pela Intersindical, ficaram fora da pauta.

No debate de índice, duas propos-tas dividiram o plenário. Artban defen-deu os 16% de reajuste – proposta que foi aprovada –, enquanto a Intersindical e de-mais correntes (CSP Conlutas, CTB e CSD) apresentaram proposta unificada de 20,63%, correspondente à inflação do período mais 10% de aumento real.

“Para nós o índice de 16% não é compatível com a alta lucrativida-de dos bancos e com a inflação do período, que em algumas regiões já ultrapassa os 10%. A categoria não pode isentar o setor da economia que mais lucra de atender às suas

reivindicações cobrando um índice re-baixado”, argumenta Jessé Alvarenga, coordenador geral do Sindibancários/ES, que a patir da Conferência passa a ser também o representante do Sindica-to no Comando Nacional da categoria.

A discussão de metas também foi criticada pelos setores de oposição. Nova-mente foi aprovada proposta de combater apenas as metas abusivas. “Acreditamos que toda imposição de metas é abusi-

va. Por isso defendemos o fim das metas. Devemos lutar contra esse instrumento que oprime os bancários diariamente nas agências, e não tentar negociar com o as-sediador a política de metas”, diz Jessé.

Apesar das divergências, o co-ordenador do Sindicato destaca que o momento é de unidade para fortalecer a Campanha Salarial e conseguir arrancar novas conquistas. “O sistema financeiro nacional é o que mais lucra no mundo,

um lucro que vem da exploração do trabalhador bancário e da cobrança de juros e tarifas. Não existe crise para os banqueiros. Por isso, vamos iniciar essa Campanha empenhados em garantir tudo o que é de direito da categoria”, salienta o diretor.

A minuta nacional será entre-gue à Fenaban no dia 11 de agosto, em São Paulo.

BANCÁRIOS EM VOTAÇÃO NA CONFERÊNCIA NACIONAL

PRINCIPAIS REIVINDICAÇÕES APROVADAS NA CONFERÊNCIAREMUNERAÇÃO• Reajuste de 16% (inflação mais 5,7%)• PLR: 3 salários mais R$7.246,82• Piso do Diesse: R$3.299,66 (junho/2015)• Tíquete-alimentação e refeição, 13ª cesta

e auxílio-creche/babá: R$788,00 ao mês para cada (salário mínimo nacional).

EMPREGO• Fim das demissões, mais contratações, fim

da rotatividade e combate às terceirizações, além da ratificação da Convenção 158 da

OIT, que coíbe dispensas imotivadas.• Plano de Cargos, Carreiras e Salários

(PCCS) para todos os bancários.• Auxílio-educação para graduação e pós.

SAÚDE E CONDIÇÕES DE TRABALHO• Melhores condições de trabalho com o fim

das metas abusivas e do assédio moral.

SEGURANÇA• Prevenção contra assaltos e sequestros:

permanência de dois vigilantes por andar nas agências e pontos de serviços bancá-

rios, conforme legislação. • Instalação de portas giratórias com detec-

tor de metais no autoatendimento e biom-bos nos caixas. Abertura e fechamento remoto das agências, fim da guarda das chaves por funcionários.

IGUALDADE DE OPORTUNIDADES• Fim às discriminações nos salários e na

ascensão profissional de mulheres, ne-gros, gays, lésbicas, transexuais e pesso-as com deficiência (PCDs).

DELEGAÇÃO CAPIXABA PRESENTE NO EVENTO

Fotos: Nelson Ezídio

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Tempo na fi la de banco tem limite! Queremos a contratação

de mais bancários!

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Caixa

#MAISEMPREGADOSJÁ I Como parte da campanha na Caixa, os bancários realizaram mobilização no dia 6 de agosto em todo o país.

#MAISEMPREGADOSJÁ II Empregados e concursados postaram fotos nas redes sociais com a hashtag #MaisEmpregadosJá.

Lançada campanha por contratações

Ao invés de convocar concursados para ocupar as vagas abertas com a sa-ída dos empregados no Plano de Apoio à Aposentadoria (PAA), a presidenta da Caixa, Miriam Belchior, fala apenas em re-manejamento, conforme áudio divulgado nas redes sociais, ignorando a carência de pessoal que estrangula as unidades.

Para se contrapor a essa política que não considera a necessidade de mais bancários nas agências do banco, os sin-dicatos junto com a Contraf, Comissão de Empregados da Caixa e Fenae lançaram a campanha “Mais Empregados para a Cai-xa, Mais Caixa para o Brasil”.

Na avaliação da diretora do Sin-dibancários/ES Lizandre Borges, mais do que nunca os empregados devem reforçar a campanha: “A Caixa já interrompeu a expansão da rede, agora reduz o núme-ro de empregados. A consequência será a diminuição da atuação do banco público, permitindo que outras instituições e cor-respondentes bancários ocupem espaço nesse mercado”, alerta Lizandre Borges.

A falta de empregados é uma rea-

lidade em todas as unidades da Caixa, o que traz sobrecarga de trabalho e adoece os bancários, além de prejudicar o aten-dimento. Basta olhar nas agências os inú-meros guichês de atendimento vazios e as cadeiras cheias de clientes. No final de 2014, a Caixa tinha 101 mil empregados. Mas neste ano, por meio do PAA, quase três mil trabalhadores deixaram o banco, aumentando a carência de pessoal.

No Espírito Santo foram 107 desli-gamentos através do PAA. Enquanto isso, 605 concursados aguardam a convocação nos polos de Cachoeiro de Itapemirim, Co-latina e Vitória. Do último concurso, cuja validade terminaria neste mês, mas foi prorrogada até julho de 2016, apenas 41 pessoas foram admitidas no Estado. Em média, no país, cada agência tem 17 tra-balhadores. No Espírito Santo essa média cai para oito empregados.

A Caixa tem condições de aumen-tar o número de empregados para melhor atender à população. Só entre janeiro e março de 2015, o banco lucrou mais de R$ 1,5 bilhão.

LOGOMARCA DA CAMPA-NHA QUE ESTÁ NAS RUAS

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Ramal Órgão

9955.................. Administração9956.................. Administração9951.................. Coordenação de Políticas Permanentes9953.................. Informática9959.................. Relações Sindicais9990.................. Relações Sindicais9965.................. Relações Sociais9957.................. Esportes9962.................. Sala dos diretores suplentes9960.................. Finanças9961.................. Finanças9971.................. Imprensa9972.................. Imprensa9988.................. Jurídico9989.................. Jurídico9996.................. Coordenação Geral9991.................. Secretaria (4º andar)9992.................. Secretaria (4º andar)9997.................. Recepção 9977.................. Cultura9978.................. Formação9980.................. Saúde9967.................. Secretaria Geral9954.................. Assuntos Socioeconômicos9993.................. Fax

QUANDO VOCÊ LIGAR PARA O SINDICATO, DISQUE 3331 E ORAMAL DESEJADO.CONFIRA:

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DELEGADOS SINDICAIS IAs eleições complementares para delegados sindicais do BB acontecem de 13 a 19 de agosto.

DELEGADOS SINDICAIS IIApenas as unidades que ainda não elegeram seus representantes participam da eleição.

DELEGADOS SINDICAIS III O mandato dos delegados eleitos começará em 20 de agosto e vai até 20 de abril do próximo ano.

Condições de trabalho precárias

Bancários fecham agência do Itaú em protesto

Na quarta-feira, 29 de julho, o Sindicato dos Bancários/ES re-tardou a abertura da agência

da Reta da Penha, em Vitória, até as 12 horas em protesto contra sobrecarga de trabalho, demissões e atendimento precário aos clientes. O resultado des-sa política de gestão adotada pelo Itaú, que está entre os bancos líderes em de-missões, apesar de ter obtido lucro de R$ 5,733 bilhões somente no primeiro trimestre deste ano, é o adoecimento dos empregados, que sofrem com a so-brecarga de trabalho e com a pressão para o cumprimento de metas.

Os problemas atingem também os clientes, que são obrigados a enfren-tar longas filas, ficando, muitas vezes, sem receber a atenção necessária. “A cada dois gerentes, o Itaú demite um e obriga o bancário que fica a assumir duas carteiras de clientes, das pessoas jurídicas e físicas. Com essa sobrecar-ga muitos bancários estão adoecendo e já temos casos de gerentes que estão em tratamento com psiquiatra. Vamos continuar mobilizados e realizaremos

A AGÊNCIA DA RETA DA PENHA FICOU FECHADA ATÉ O MEIO-DIA

outras ações para pressionar o banco a mudar essa forma de gestão e respeitar seus empregados”, destaca a diretora do Sindibancários/ES Mônica Cristina Pais da Silva Garcia.

FALTA DE SEGURANÇA

O banco também descumpre a Lei 10.092/2013, que obriga a instalação de biombos nos caixas das agências, colo-

cando em risco a vida dos trabalhadores e usuários, que podem ser vítimas de assal-tos, as chamadas “saidinhas”, ou até mes-mo sequestro para extorsão de dinheiro.

O Sindicato, junto com toda a ca-tegoria, luta para que o Itaú respeite os direitos dos seus empregados, garanta um atendimento de qualidade aos seus clientes e cumpra todas as medidas de segurança.

O problema da falta de funcioná-rios no BB tende a aumentar. Além de ter passado por uma reestruturação na do-tação das agências que reduziu cerca de 3100 postos de trabalho em todo o Bra-sil, até agosto mais de 5 mil bancários e bancárias irão se desligar da instituição financeira em virtude do Plano de Apo-

sentadoria Incentivada (PAI). No Espírito Santo, a reestruturação reduziu em torno de 40 funcionários. Já o PAI tirará das agências cerca de 80 trabalhadores no Estado.

“O BB fez a reestruturação na dotação sem dar nenhuma justificativa. Em relação ao PAI, o banco criou um cro-

nograma de desligamento por meio do qual funcionários estão saindo de uma só vez. Também não foi criado um crono-grama de reposição das vagas abertas. É preciso intensificar a luta por mais con-tratações no BB. A Campanha Salarial é o momento propício”, afirma o diretor do Sindibancários/ES, Thiago Duda.

Banco do Brasil reduz postos de trabalho

Sérgio Cardoso

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Bancada da Bíblia, da bala e do boi: o que está por trás?

Diálogo

Mauro Iasi, professor da Escola de Serviço social da UFRJ, integrante do Núcleo de Estudos e

Pesquisas Marxistas e do Comitê Central do PCB, fala nessa entrevista como setores conservadores

se articulam no meio político para fazer prevalecer seus interesses.

Como o senhor avalia as alian-ças de setores conservadores no Con-gresso Nacional?

O sistema político brasileiro está fundado no presidencialismo de coalizão. Isso impõe uma fragmentação exigindo que qualquer governo que se estabeleça seja obrigado a fazer alianças. Mas há uma distorção muito grande, pois a ma-neira como se compõem essas facções no Congresso é determinada numa sistemá-tica eleitoral com financiamento privado de campanha, com grande peso do poder econômico na definição do voto. Então, ao invés de o Congresso representar os diversos segmentos sociais, acaba sendo a expressão dos segmentos que compõem os interesses do capitalismo. Da transição pra cá, o PMDB acabou sendo o fiel da balança pelo peso que tem nos estados, pelo controle das má-quinas eleitorais. O PMDB tem a carac-terística de ser uma organização política extremamente heterogênea, um partido fisiológico, no qual as alianças funcionam à medida que haja troca de favores, entre-ga de cargos. Se é um governo que está disposto a garantir os cargos, tem uma aceitação por parte da população, há um acordo. Saiu desse frágil equilíbrio, retira--se o apoio e cria-se uma crise política como estamos vendo hoje.

Fala-se hoje da bancada BBB, da bala, do boi e da Bíblia. Essa ban-cada está articulada para impedir que o país avance na inclusão social de setores minoritários?

Mauro Iasi

A ordem burguesa no Brasil foi implementada em aliança com setores conservadores do campo. O latifúndio tem uma presença grande na estrutura econômica brasileira e tem um correspon-dente poder político. Então essa chamada “bancada do boi” é formada por aqueles que controlam hoje um setor dinâmico da economia, o chamado agronegócio. Ao lado da “bancada do boi”, tem o lobby das igrejas evangélicas, que elegem can-didatos por vários partidos e utilizam esse apelo religioso, essa leitura fundamenta-lista da bíblia. Mas apesar da aparência

de que o elo é aspecto religioso, a cha-mada “bancada da Bíblia” é formada por poderosas organizações de grande poder econômico. Basta ver o volume de recur-sos que essas igrejas controlam e, agora, por iniciativa do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, está garantida a manu-tenção das isenções fiscais em favor delas. Então essa bancada evangélica se junta à estrutura agrária nesse conservadorismo, moralismo exacerbado, visão preconcei-tuosa sobre relações afetivas. E ambas se somam àqueles que têm posições duras em relação ao trato da segurança pública, que defendem o tripé endurecimento pe-

nal, reforço da repressão a partir do apa-rato policial e o encarceramento. É uma receita que tem prevalecido no Brasil, in-felizmente, há muitas décadas, e que é in-capaz de dar conta do fenômeno violência urbana – fruto dessa ordem tão desigual e injusta, que gera contradições. Então são (as bancadas da Bíblia, do boi e da bala) três elementos de um mesmo fenômeno: interesses conservadores e dominantes no Brasil que se expressam hoje de for-ma mais explícita devido à correlação de forças no Congresso Nacional e pela posi-ção do governo de fazer concessões como

condição para sua governabilidade. Como impedir que retroces-

sos sejam aprovados nesse Congres-so conservador?

Qualquer avanço na garantia de direitos que interessam à maioria da sociedade, principalmente à classe tra-balhadora, nasce e tem condições de se

impor como parte do ordenamento jurídi-co pela força dos movimentos sociais, das organizações dos trabalhadores. Se os tra-balhadores e os movimentos sociais não se constituírem uma força real no cenário político, esses senhores vão continuar go-vernando de costas para a sociedade, pois têm um alto grau de segurança de que suas decisões se impõem como força de lei. O desafio é recuperar a autonomia dos movimentos para se constituir uma força política que pressione o governo e o Con-gresso, não aceitando o que está sendo deliberado como se fosse a expressão legí-tima da vontade da sociedade brasileira.

“O Congresso conservador é a expressão dos segmentos que

compõem os interesses do capitalismo”

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tas alcançadas, compartilhar nossas expectativas em relação às negociações deste ano e incentivar o engajamento dos bancários nas lutas por direitos”, afirma o coordenador geral do Sindicato dos Bancários/ES, Jessé Alvarenga.

A comemoração terá consumação liberada, almoço e roda de boteco.

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PerfilDia da Bancária e do Bancário

“A mim interessava levantar a massa, fazer a revolução e acabar com a ditadura militar

aqui”

Vito Giannotti — 1943-2015

Stênio da Luz

Aposentado da Caixa, Stênio da Luz, 65, lançou o livro de

crônicas e poesias “mulherespérolas”,

que está disponível na Logos Livraria.

CULTURA E ESPORTES IO Sindicato está realizando uma pesquisa sobre atividades de cultura e esportes.

CULTURA E ESPORTES IIO formulário está sendo distribuído nas agências e pode ser acessado no site bancarios-es.org.br.

Trio Virgulino faz show na festa dos bancários

Quando começou a escrever?Comecei a me dedicar de verda-

de à escrita um pouco depois da minha aposentadoria, que ocorreu em 2002.

Desde o início você planeja-va reunir seus escritos em um livro?

Eu não planejei um texto sequer. O primeiro que fiz, de menos de uma página, levou uns bons 40 dias. Mas como saiu bom, me empolguei e resolvi fazer outros. Nada mesmo planejado.

Como foi o processo para pu-blicar o “mulherespérolas”?

Foi uma verdadeira novela. Fiz a “boneca” e tentei o incentivo da Lei Rubem Braga, mas, por problemas bu-rocráticos, me foi negado. Acabei pa-gando a edição com recursos próprios.

Você já tem algum projeto pra tirar da gaveta?

Como o “mulherespérolas” ficou muito tempo engavetado, fui escreven-do outros textos. Mas não tenho interes-se em publicá-los, salvo em coletâneas.

Afesta do Dia da Bancária e do Bancário já tem data confirmada: 29 de agosto, no Ilha Shows, em

Vitória, das 12h às 17h. As atrações mu-sicais deste ano são o Trio Virgulino, que toca forró, e o grupo Beba do Samba. Também haverá participação especial da Banda de Congo Nossa Senhora da Conceição, de Jacaraípe. Além de pro-porcionar diversão para a categoria, a festa é momento de aglutinar os bancá-rios para a Campanha Salarial 2015. O slogan do evento é “Juntos no Ritmo e na Luta” e a marca traz os caititus - mas-cotes do Congresso Estadual dos Bancários.

“Este ano estamos enfatizando que a união da categoria é algo es-sencial para obter-mos uma Campanha Salarial bem suce-dida. A festa é uma forma de reunir os trabalhadores e as trabalhadoras para comemorar as conquis-

Os ingressos são limitados, gratuitos e exclusivos para bancários sindicalizados, mediante reserva. Cada sindicalizado tam-bém tem direito a comprar um ingresso de acompanhante no valor de R$ 60,00.

As reservas podem ser feitas até o dia 21 de agosto, ou até que seja atingido o limite de participantes, pelos telefones (27) 3331 9991, 3331 9992 e 3331 9999.

Os ingressos podem ser retirados no

Sindicato (Rua Wilson Freitas, 93, Centro, Vitória) ou recebidos no local de trabalho, desde que seja feita essa opção na reserva. O pagamento do ingresso do acompanhante deve ser efetuado no momento da entrega.

Na entrada do Ilha Show os bancá-rios deverão apresentar documento. O Sin-dicato solicita que os participantes levem do-ações de agasalho ou um quilo de alimento não perecível.

SAIBA COMO ADQUIRIR INGRESSO

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BANCÁRIO

Mala Direta PostalBásica

9912258789/2014-DR/ESSINDIBANCÁRIOS-ES

... CORREIOS ...

Doação de grandes empresas alimenta corrupção

Aprovado na Câ-mara dos Depu-tados por 420 a

30 votos e uma abs-tenção, no dia 15 de julho, o texto-base do PL altera o tempo de mandato para cinco anos e o fim da reelei-ção para presidente, governador e prefeito. No entanto, a política de troca de favores en-tre o setor empresarial e políticos/partidos foi mantida, com a rejei-ção do fim do financia-mento de campanhas por empresas.

DOAÇÕES

Sem alterar a es-trutura do atual sistema político brasilei-ro, a minirreforma, como o projeto está sendo chamado, vai na contramão da democratização do processo eleitoral, mantendo a sobreposição dos interesses das empresas aos da população. Os de-putados aprovaram que as doações to-tais de empresas privadas aos partidos poderão ser de até R$ 20 milhões, man-tendo o limite da lei atual de doação de até 2% do faturamento bruto do ano an-terior à eleição.

A articulação com o setor empre-sarial representa, ainda, mais verbas para compra de votos por políticos cor-ruptos, promovendo, assim, a eleição/reeleição de deputados e senadores da ala conservadora, que atuam em fa-vor dos interesses das grandes empre-sas. As consequências dessa aliança os trabalhadores sentem na pele, com a aprovação de projetos que propõem a retirada de direitos trabalhistas, como

o PL 4330 (PLC 030) da terceirização.

Para o professor de Ciência Política e doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Uni-versidade Federal da Bahia (UFBA), Jorge Almeida, o financiamento de campanhas deve ser exclusivamente público e barato, não com o custo atual.

“A maioria dos deputados é vin-culada aos interesses das grandes em-presas. Isso quer dizer que todas essas ofensivas do Ministério Público e da Po-lícia Federal não vão acabar com a cor-rupção no Brasil, porque está claro que um dos principais problemas é o finan-ciamento das campanhas por empresas. Os representantes políticos prestam favo-res aos dirigentes das empresas e essas, por sua vez, retribuem com contribuições legais ou mesmo ilegais às campanhas desses políticos”, enfatiza o professor.

Almeida desta-ca, ainda, que a minir-reforma está voltada principalmente para restringir a atuação de partidos menores, impondo cláusulas de barreiras que limitam o acesso aos programas de TV e a participação em debates. “Essas cláusulas atingem par-tidos pequenos, que não são de aluguel, como o PSOL, PSTU e o PCB. Mas todos os grandes problemas do Congresso, os casos de corrupção, partem dos grandes partidos. Não

são nem mesmo as legendas de aluguel os grandes responsáveis por esses es-cândalos no Congresso”, pontua o pro-fessor.

Outros pontos de retrocesso pre-sentes no PL são a manutenção das coligações partidárias e a rejeição em criar uma cota de participação para as mulheres no Congresso. Com isso, o PL agrava ainda mais os déficits de repre-sentação do sistema político brasileiro.

Entre as mudanças previstas também estão a impressão dos votos registrados na urna eletrônica; redução da idade mínima para deputados es-taduais e federais de 21 para 18 anos, senadores de 35 para 29, e governado-res de 30 para 29; e data da posse para governador e presidente, que passarão a ser nos dias 04 e 05 de janeiro, respec-tivamente.

Em curso no Congresso Nacional, o Projeto de Lei (PL) 5735 traz mudanças nas leis sobre os partidos políticos, as eleições e o Código Eleitoral.

CORRUPÇÃO

FINANCIAMENTO PÚBLICO

OUTRAS MUDANÇAS