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MINISTÉRIO DAS FINANÇAS E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRECÇÃO-GERAL DO ORÇAMENTO CONTA GERAL DO ESTADO ANO DE 2004 VOLUME I

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MINISTRIO DAS FINANASE DA ADMINISTRAO PBLICA

DIRECO-GERAL DO ORAMENTO

CONTA GERAL DO ESTADO

ANO DE 2004

VOLUME I

- 3 -

CONTA GERAL DO ESTADO 2004

CONTA GERAL DO -ESTADO DE 2004

1 RELATRIO

1.1 INTRODUO

O Oramento do Estado para 2004 foi aprovado pela Lei n. 107-B/2003, de 31 de Dezembro1. Na sua elaborao foi tida em considerao a estrutura orgnica do XV Governo Constitucional, espelhada no Decreto-Lei n. 120/2002, de 3 de Maio (rectifi cado pela Declarao de Rectifi cao n. 20/2002, de 28 de Maio, e alterado pelos Decretos-Lei n.os 119/2003, de 17 de Junho, 20/2004, de 22 de Janeiro, e 176/2004, de 23 de Julho, os quais procederam republicao da citada lei orgnica). Tendo-se verifi -cado uma mudana de Governo no decorrer da execuo oramental de 2004, necessrio atender que a presente Conta Geral do Estado refl ecte j a estrutura orgnica do XVI Governo Constitucional, apro-vada pelo Decreto-Lei n. 215-A/2004, de 3 de Setembro (rectifi cado pela Declarao de Rectifi cao n. 89/2004, de 18 de Outubro). Tendo em ateno que a nova orgnica produziu efeitos desde 17 de Julho de 2004, naturalmente adequou-se a execuo oramental anterior nova lei orgnica.

A Lei n. 107-A/2003, de 31 de Dezembro, aprovou as Grandes Opes do Plano para 2004, as quais, fazendo parte do plano para 2003-2006, e encontrando-se pormenorizadamente detalhadas em anexo lei, se inserem na estratgia de mdio prazo para o desenvolvimento da sociedade e economia portugue-sas. Concretizando um conjunto de medidas e de investimentos que, em 2004, contriburam para alcan-ar as mencionadas opes, teve-se em ateno o contexto europeu, dado que Portugal procura reforar o seu papel como sujeito activo no processo de construo europeia, nomeadamente no mbito da reviso dos tratados, da discusso das novas perspectivas fi nanceiras e da implementao da poltica externa e de segurana comum. As quatro grandes opes polticas traduziram-se: na consolidao de um estado com autoridade, moderno e efi caz; no saneamento das fi nanas pblicas e desenvolvimento da economia; no investimento na qualifi cao dos Portugueses; e no reforo da justia social e na garantia da igualdade de oportunidades. Refere-se que o esforo de investimento programado para 2004 foi concretizado atravs do Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administrao Central (PIDDAC), enquadrado pelo Quadro Comunitrio de Apoio para 2000-2006 (QCA III). Por ltimo, d-se publicida-de ao quadro da poltica econmica e social das Regies Autnomas em 2004, o qual encerra o ciclo de programao a mdio prazo 2001-2004.

No desenvolvimento do regime jurdico estabelecido pela Lei n. 107-B/2003, de 31 de Dezembro, e dando cumprimento ao disposto no actual n. 2 do artigo 43. da Lei n. 91/2001, de 20 de Agosto (Lei de Enquadramento Oramental), adiante referida, foi aprovado o Decreto-Lei n. 57/2004, de 19 de Maro, contendo as disposies necessrias execuo do Oramento do Estado para 2004, bem como aplica-o, neste ano, do novo regime de administrao fi nanceira do Estado.

CONTA GERAL DO ESTADO 2004

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No decorrer da execuo, o Oramento do Estado para 2004 foi alterado atravs da Lei n. 55/2004, de 30 de Dezembro. Para alm de um aditamento no artigo 6. (transferncias oramentais) e da alterao do artigo 61. (fi nanciamento do Oramento do Estado), bem como da actualizao do artigo 67. (gesto da dvida pblica directa do Estado), da Lei n. 107-B/2003, verifi caram-se alteraes nos seus mapas I (receitas), II, III e IV (despesas), referentes aos servios integrados, adequando-se a estrutura do mapa II, nos captulos que apresentaram alteraes, orgnica do XVI Governo Constitucional. Deste modo, por via da Lei n. 55/2004 verifi cou-se o aumento da previso global das receitas (mapa I) e das despesas dos servios integrados (mapas II, III e IV) de 2 859,7 milhes de euros. Do lado da receita, verifi cou-se o aumento das necessidades brutas de fi nanciamento naquele montante, com expresso integral nos Passivos Financeiros. Paralelamente, foi estabelecido para o acrscimo de endividamento lquido global directo o montante de 11 104,2 milhes de euros. Por sua vez, quanto s despesas, segundo a sua classi-fi cao econmica, destacam-se os aumentos das Transferncias correntes (2 350,8 milhes de euros), sendo de 1 851,8 milhes de euros o destinado prpria Administrao central, de 224,8 milhes de euros para a Segurana social, de 154,2 milhes de euros para outros sectores e de 120,0 milhes de euros para a administrao local, das Despesas com o pessoal (289,0 milhes de euros) e das Transfe-rncias de capital (166,9 milhes de euros, dos quais 136,8 milhes de euros destinados Administra-o central). Foram vrias as situaes de regularizao de dvidas a que se procurou acorrer, nomeada-mente, do Servio Nacional de Sade (1 851,8 milhes de euros, dos quais 580,0 milhes de euros eram despesa do ano), de subsistemas pblicos de sade (261,4 milhes de euros), como a ADSE, dvidas de diversos ministrios Segurana Social (224,8 milhes de euros), do Instituto das Estradas de Portugal para entidades no pblicas (136,8 milhes de euros), relativa compensao s autarquias locais do efeito da Reforma Tributria do Patrimnio (120,0 milhes de euros) ou da contribuio fi nanceira de Portugal para o oramento da Unio Europeia (112,1 milhes de euros).

Traduzindo a terceira alterao Lei de Enquadramento Oramental (Lei n. 91/2001, de 20 de Agos-to), a Lei n. 48/2004, de 24 de Agosto, que renumerou o seu articulado e a republicou, para alm de ter precisado alguns dos conceitos envolvidos, introduz-lhe um conjunto de melhoramentos. Desde logo, salienta-se a actualizao da redaco de um conjunto de artigos relativos oramentao por progra-mas2, bem como a consequente execuo e controlo, tendo, no mbito da interligao entre as tarefas do Governo e a Assembleia da Repblica, sido modifi cado o artigo que especifi ca a orientao da poltica oramental (actual artigo 60.) e aditado o artigo 61., relativo apreciao da reviso do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC). Ao nvel dos princpios e regras oramentais, por via do aditamento do artigo 10., consagrou-se a Equidade intergeracional, subordinando o Oramento do Estado ao princpio da equidade na distribuio de benefcios e custos entre geraes. Aditaram-se ainda, no ca-ptulo relativo ao contedo e estrutura do Oramento do Estado, os artigos 14. (harmonizao com os planos) e 15. (gesto por objectivos), tendo o artigo 5. da Lei n. 48/2004 determinado que o Governo apresenta Assembleia da Repblica, at 30 de Abril de cada ano, a proposta de lei das Grandes Opes do Plano, para alm do prazo da sua discusso (em simultneo com o debate de orientao da poltica oramental) e as situaes em que esta proposta apresentada, discutida e votada em simultneo com a proposta de lei do Oramento do Estado (como acontecia anteriormente).

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CONTA GERAL DO ESTADO 2004

No mbito da reforma da administrao pblica, menciona-se a publicao das Leis n.os 4/2004 (esta-belece os princpios e normas a que deve obedecer a organizao da administrao directa do Estado) e 3/2004 (aprova a lei quadro dos institutos pblicos), bem como da Lei n. 2/2004 (aprova o estatuto do pessoal dirigente dos servios e organismos da administrao central, regional e local), todas de 15 de Janeiro (entradas em vigor no dia 1 de Fevereiro de 2004).

Atravs da Resoluo da Assembleia da Repblica n. 24/2004, de 26 de Fevereiro, publicitaram-se um conjunto de recomendaes ao Governo no mbito da reviso do Programa de Estabilidade e Cres-cimento para 2004-2007.

1.2 A POLTICA ECONMICA EM 2004 E A EVOLUO DA ECONOMIA PORTUGUESA

1.2.1 Evoluo da Situao Econmica em 2004

1.2.1.1 ENQUADRAMENTO INTERNACIONAL

Em 2004, a economia mundial cresceu 5,1 por cento, a taxa mais elevada dos ltimos 25 anos. Os aspectos mais marcantes da evoluo econmica global foram a forte expanso do comrcio mundial (com reforo da participao da China e dos pases da Europa Central e Oriental que aderiram UE em Maio desse ano), a recuperao dos fl uxos globais de investimento estrangeiro (sobretudo dirigido s economias de mercado emergente e em desenvolvimento, em particular s asiticas), o aumento acen-tuado do preo do petrleo, a melhoria generalizada das condies de fi nanciamento e a continuao da tendncia de depreciao do dlar.

QUADRO 1.2.1.1.A PRINCIPAIS INDICADORES DA ECONOMIA INTERNACIONAL3

PIB realProcura

interna

Volume de

exportaes

Saldo global

das AP

Taxa de de-

semprego

Taxa de

infl ao4(tv) (tv) (tv) (% do PIB) (%) (tv)

2003 2004 2003 2004 2003 2004 2003 2004 2003 2004 2003 2004rea do Euro 0,5 2,0 1,2 2,0 0,1 5,8 -2,8 -2,7 8,7 8,8 2,1 2,2

UE-255 1,0 2,4 1,5 2,4 1,7 7,1 -2,9 -2,6 8,9 9,0 1,9 2,1

Alemanha -0,1 1,7 0,5 0,5 1,8 8,2 -3,8 -3,7 9,6 9,2 1,0 1,8

Espanha 2,5 2,7 3,2 4,2 2,6 4,5 0,3 -0,3 11,3 10,8 3,1 3,1

Frana 0,5 2,3 1,3 3,5 -2,5 3,2 -4,2 -3,7 9,5 9,7 2,2 2,3

Reino Unido 2,2 3,1 2,4 3,8 0,9 3,0 -3,3 -3,0 5,0 4,8 1,4 1,3

EUA 3,0 4,4 3,3 4,8 1,9 8,5 -4,6 -4,3 6,0 5,5 2,3 2,7

Japo 1,4 2,6 0,8 1,9 9,1 14,4 -7,8 -7,1 5,3 4,7 -0,2 0,0

CONTA GERAL DO ESTADO 2004

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A expanso econmica foi generalizada a todas as reas geogrfi cas, mas continuou a ser liderada pelos EUA e pela sia.

Nos EUA, o PIB registou um crescimento real de 4,4 por cento (3 por cento em 2003). A acelerao da actividade econmica foi impulsionada pelo forte crescimento do consumo privado e do investimento empresarial, num contexto de aumento continuado do emprego. As exportaes aceleraram, benefi cian-do dos efeitos positivos da depreciao do dlar.

A economia japonesa recuperou, impulsionada pelo forte dinamismo das exportaes. A procura interna tambm aumentou, com destaque para a recuperao do consumo privado, que benefi ciou da melhoria das condies do mercado de emprego. A taxa de infl ao foi nula em 2004, invertendo a situ-ao de defl ao existente nos cinco anos precedentes e as fi nanas pblicas mantiveram-se fortemente desequilibradas.

As economias asiticas em desenvolvimento apresentaram um crescimento robusto de 8,2 por cento em 2004, destacando-se a continuao do elevado crescimento econmico da China de 9,5 por cento em 2004 (9,3 por cento em 2003).

A economia da rea do euro apresentou uma recuperao moderada em 2004, tendo o PIB registado um crescimento mdio anual de 2 por cento (0,5 por cento em 2003). Aps um primeiro semestre em que a actividade econmica se apresentou mais dinmica, o produto desacelerou no segundo semestre, refl ectindo o abrandamento das exportaes que no foi sufi cientemente compensado por um maior di-namismo da procura interna. No entanto, a procura interna registou uma melhoria no conjunto do ano, refl ectindo, nomeadamente, alguma recuperao do investimento que apresentou uma variao positiva em 2004, aps ter registado uma diminuio nos trs anos precedentes. O consumo privado manteve um fraco crescimento, condicionado pela ausncia de uma melhoria signifi cativa do emprego e num quadro de estabilizao da confi ana dos consumidores em nveis baixos. O crescimento das economias de Frana e de Espanha foi sustentado pela procura interna, enquanto a recuperao da Alemanha e da Itlia assentou nas exportaes.

A infl ao nas economias avanadas manteve-se moderada em 2004 (2 por cento que compara com 1,8 por cento, em 2003). No entanto, o surgimento de algumas presses sobre os preos, num quadro de forte expanso econmica e subida dos preos internacionais das matrias primas, levou as autoridades monetrias norte americanas e do Reino Unido a aumentarem as taxas de juro de referncia para 2,25 e 4,75 por cento, respectivamente, no fi nal do ano (1 e 3,75 por cento, respectivamente, no fi nal de 2003). O Banco Central Europeu manteve a principal taxa de juro de referncia nos 2 por cento, num contexto de presses infl acionistas contidas e crescimento econmico moderado. No mercado monetrio, as taxas de juro de curto prazo na rea do euro mantiveram-se estveis, tendo a Euribor a 3 meses diminudo 23 pontos base, situando-se nos 2,1 por cento. Nos EUA, a Libor a 3 meses situou-se em 1,6 por cento, tendo aumentado 40 pontos base em relao a 2003. As taxas de juro de longo prazo mantiveram-se em nveis baixos, situando-se as taxas das obrigaes de dvida pblica a 10 anos nos EUA e na rea do euro, nos 4,3 e 4,1 por cento, respectivamente.

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CONTA GERAL DO ESTADO 2004

GRFICO I TAXAS DE JURO A 3 MESES DO MERCADO MONETRIO6

(MDIAS DO PERODO)

0,00,51,01,52,02,53,03,54,0

De

z-0

1

Ma

r-0

2

Ju

n-0

2

Se

t-0

2

De

z-0

2

Ma

r-0

3

Ju

n-0

3

Se

t-0

3

De

z-0

3

Ma

r-0

4

Ju

n-0

4

Se

t-0

4

De

z-0

4

rea do Euro EUA

Num contexto de taxas de juro de longo prazo reduzidas e de fortes ganhos empresariais, os ndices bolsistas valorizaram-se. No fi nal de 2004, o ndice Nasdaq apresentou uma subida de 10 por cento face ao fi nal do ano transacto e o ndice Dow Jones Euro Stoxx 50 apresentou um aumento de 7 por cento face ao fi nal de 2003.

A tendncia de depreciao do dlar constituiu o principal desenvolvimento dos mercados cambiais em 2004. A evoluo do dlar continuou a refl ectir as preocupaes dos investidores com a sustentabili-dade do dfi ce externo norte americano, num contexto em que o dfi ce da balana corrente aumentou de 4,8 por cento do PIB, em 2003, para 5,7 por cento do PIB em 2004. A taxa de cmbio efectiva nominal do euro aumentou cerca de 4 por cento no conjunto do ano, refl ectindo principalmente a apreciao do euro face ao dlar dos EUA e ao yen japons.

Os preos internacionais das matrias primas registaram aumentos signifi cativos em 2004, asso-ciados s presses ascendentes exercidas pela expanso da procura mundial e aos desenvolvimentos desfavorveis do lado da oferta no caso do petrleo.

CONTA GERAL DO ESTADO 2004

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GRFICO II PREOS DAS MATRIAS-PRIMAS7

16202428323640444852

De

z-0

1

Ma

r-0

2

Ju

n-0

2

Se

t-0

2

De

z-0

2

Ma

r-0

3

Ju

n-0

3

Se

t-0

3

De

z-0

3

Ma

r-0

4

Ju

n-0

4

Se

t-0

4

De

z-0

4

6973778185899397101105

Preo Spot do Petrleo Brent (USD/barril)

ndice de preos das matrias primas no energticas (esc. direita)

No conjunto do ano de 2004, os preos das matrias primas no energticas aumentaram cerca de 19 por cento. O preo do petrleo evoluiu em alta ao longo do ano atingindo, em termos do preo spot do petrleo Brent, um mximo de 49,6 dlares por barril em Outubro e um preo mdio no ano de 38,2 dlares por barril (+32,5 por cento relativamente ao ano anterior).

1.2.1.2 EVOLUO DA ECONOMIA PORTUGUESA

O ano de 2004 caracterizou-se pela recuperao da economia portuguesa, tendo o PIB aumentado 1 por cento, em termos reais, aps uma contraco de 1,1 por cento em 2003. Face rea do euro, o dife-rencial de crescimento manteve-se negativo ainda que menos acentuado, passando de -1,7 pp, em 2003, para 0.8 pp.

A acelerao da actividade econmica mundial, no obstante o aumento dos preos das matrias-pri-mas; a manuteno de condies de fi nanciamento favorveis; a continuao da tendncia descendente da taxa de infl ao e a melhoria generalizada das expectativas dos agentes econmicos constituram um enquadramento favorvel ao crescimento da economia portuguesa, principalmente da procura interna. De facto, invertendo a tendncia dos ltimos dois anos, a procura interna registou um contributo posi-tivo para o crescimento do PIB, enquanto as exportaes lquidas apresentaram um contributo negati-vo. Estes desenvolvimentos traduziram-se num aumento das necessidades de fi nanciamento externo da economia portuguesa para 5,9 por cento do PIB (3,3 por cento em 2003), interrompendo o processo de correco do desequilbrio externo que vinha ocorrendo nos ltimos anos.

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CONTA GERAL DO ESTADO 2004

GRFICO III CONTRIBUTOS PARA O CRESCIMENTO DO PIB8

(TAXA DE VARIAO HOMLOGA E PONTOS PERCENTUAIS)

-4

-2

0

2

4

6

8

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

Procura interna (p.p)

Procura externa (p.p)

PIB (VH)

GRFICO IV PRODUTO INTERNO BRUTO9

(TAXA DE VARIAO HOMLOGA, EM VOLUME, %)

-2

-1

0

1

2

3

4

5

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

diferencial PIB UE12 PIB Portugal

Em 2004, a globalidade das componentes da procura interna apresentou um comportamento dinmico. O consumo privado registou um crescimento de 2,3 por cento (-0,3 por cento em 2003), impulsionado por um clima de confi ana mais favorvel e uma acelerao do rendimento disponvel dos particulares, em linha com o ligeiro aumento do emprego total e dos salrios reais. Paralelamente, a recuperao do consumo privado traduziu-se numa diminuio da taxa de poupana e num novo aumento do rcio de endividamento dos particulares em percentagem do rendimento disponvel.

O investimento (FBCF), aps dois anos de contraco, cresceu 1,3 por cento, refl ectindo o bom de-sempenho do investimento empresarial que benefi ciou do dinamismo da procura e da manuteno de condies de fi nanciamento favorveis.

O dinamismo da procura interna, principalmente em segmentos com forte componente importada, impulsionou signifi cativamente as importaes de bens e servios que registaram, em 2004, uma forte

CONTA GERAL DO ESTADO 2004

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acelerao, aumentando 7 por cento, em volume, o que compara com uma variao marginalmente nega-tiva em 2003. As exportaes de bens e servios apresentaram-se menos dinmicas com um crescimento de 5 por cento, o que, face signifi cativa acelerao do mercado externo, se traduziu numa perda de quota de mercado. Deste modo, registou-se uma deteriorao do dfi ce comercial que passou de 9,1 por cento, em 2003, para 10,8 por cento do PIB, em 2004.

A situao no mercado de trabalho em 2004 evoluiu em consonncia com a recuperao gradual da actividade econmica. O emprego teve uma evoluo marginalmente positiva e, embora se tenha veri-fi cado um abrandamento no crescimento do desemprego, a taxa de desemprego aumentou para 6,7 por cento (6,3 por cento em 2003).

No conjunto do ano de 2004, o emprego total (5.122,8 mil indivduos) registou um aumento de 0,1 por cento (diminuiu 0,4 por cento em 2003). A variao do emprego pelos principais sectores de activi-dade permite concluir que apenas o sector dos servios contribuiu positivamente para a variao do emprego total em 2004, com um aumento de 3 por cento. O emprego no sector da agricultura, silvicul-tura e pesca diminuiu 3,7 por cento e na indstria, construo e energia e gua teve um decrscimo de 3,4 por cento, destacando-se a quebra de 6,1 por cento verifi cada na construo.

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CONTA GERAL DO ESTADO 2004

QUADRO 1.2.1.2.A INDICADORES DA EVOLUO ECONMICA E FINANCEIRA EM PORTUGAL10

Designao Unidade 2001 2002 2003 2004 Contas Nacionais2

Produto Interno Bruto Milhes de Euros 122 549,6 128 458,3 130 511,2 135 078,7PIB e componentes da despesa: Taxa variao real (%) PIB 1,7 0,4 -1,1 1,0Consumo privado 1,2 1,1 -0,3 2,3Consumo pblico 3,3 2,3 0,3 1,2Formao bruta de capital fixo 0,8 -5,1 -9,9 1,3Exportaes de bens e servios 1,4 2,0 5,0 5,1Importaes de bens e servios 1,1 -0,2 -0,1 7,0

Mercado de Trabalho Populao activa Milhares 5 325,2 5 407,8 5 460,3 5 487,8Emprego total Milhares 5 111,7 5 137,3 5 118,0 5 122,8Taxa de emprego (15-64 anos) em % 68,9 68,7 68,0 67,8Taxa de desemprego em % 4,0 5,0 6,3 6,7

Preos e Salrios Taxa de inflao (IPC) Taxa de variao (%) 4,4 3,6 3,3 2,4Contratao colectiva Taxa de variao (%) 5,1 4,5 2,9 2,9Remunerao por trabalhador na indstria Taxa de variao (%) 4,8 5,1 3,0 1,6Salrio mnimo nacional Taxa de variao (%) 5,0 4,1 2,5 2,5

Contas das Administraes Pblicas3 Receita corrente em % do PIB 40,2 41,4 41,8 41,6Impostos e contribuies para a segurana social em % do PIB 36,1 37,0 37,6 37,2Despesa corrente em % do PIB 40,8 41,8 43,0 43,7Despesa primria em % do PIB 43,1 42,9 44,7 45,5Saldo global em % do PIB -4,4 -2,7 -2,9 -2,9Dvida bruta em % do PIB 55,9 58,5 60,1 61,9

Balana de Pagamentos Balana corrente + Balana de capital em % do PIB -9,1 -6,0 -3,3 -5,9 Balana corrente em % do PIB -10,1 -7,6 -5,4 -7,5 Balana de mercadorias em % do PIB -12,4 -10,5 -9,1 -10,8 Balana de capital em % do PIB 1,0 1,6 2,0 1,6

Agregados de Crdito Bancrio Emprstimos ao sector no monetrio, excepto

Administrao Pblica Variao, em %, fim de perodo 11,6 6,5 1,7 4,5Emprstimos a sociedades no financeiras Variao, em %, fim de perodo 13,3 7,8 5,2 2,6Emprstimos a particulares (inclui emigrantes) Variao, em %, fim de perodo 10,4 9,6 1,6 6,9

Taxas de juro Taxa de rentabilidade das OT a taxa fixa a 10 anos em % (Dez) 5,1 4,3 4,4 3,7Taxas de juro bancrias Crdito a sociedades no financeiras em % (Dez) 5,1 4,9 4,5 4,4 Crdito a particulares em % (Dez) 7,1 7,3 5,1 4,9 Depsitos a prazo, at 1 ano em % (Dez) 3,1 2,8 2,0 2,1

Em 2004, a taxa de infl ao, medida pela variao mdia anual do ndice de Preos no Consumidor (IPC), diminuiu para 2,4 por cento (3,3 por cento em 2003). Esta desacelerao dos preos resultou da conjugao de diversos factores, nomeadamente a apreciao do euro e um enquadramento nacional ca-racterizado pela moderao da actividade econmica e do crescimento salarial. O diferencial de infl ao de Portugal face da rea do euro, medido pelo ndice Harmonizado de Preos no Consumidor, diminuiu signifi cativamente em 2004 para 0,4 pp (1,2 pp, em 2003).

De acordo com a 1. notifi cao de 2005 do dfi ce e da dvida pblicos, no mbito do procedimento dos dfi ces excessivos, a estimativa para o dfi ce global das Administraes Pblicas, em 2004, de 3.953 milhes de euros, representando 2,9 por cento do PIB, e mantendo-se, pelo terceiro ano consecu-

CONTA GERAL DO ESTADO 2004

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tivo, abaixo do limite de 3 por cento. semelhana do ocorrido em 2003, este resultado foi alcanado recorrendo a medidas de natureza temporria no equivalente a 2,3% do PIB (2,5% do PIB em 2003). O saldo global, excludo de efeitos temporrios, atingiu 5,2% do PIB, menos 0,2 pontos percentuais que em 2003. Decorrente da orientao da poltica oramental, o dfi ce primrio ajustado de efeitos tem-porrios e do ciclo econmico diminuiu 0,4 pontos percentuais do PIB, situando-se em 1,4% do PIB. Os progressos no sentido da consolidao foram alcanados do lado da receita, uma vez que a despesa ajustada do ciclo aumentou em 0,8 pontos percentuais do PIB. A receita total corrigida do ciclo e de efei-tos temporrios cresceu em 1,3 pontos percentuais do PIB, suportada por uma variao de intensidade idntica na receita fi scal.

Em 2004, as taxas de juro nominais diminuram ligeiramente. No fi nal do ano, a taxa de juro mdia para o crdito s sociedades no fi nanceiras era de 4,4 por cento, menos 0,1 pp do que em 2003, enquan-to que a taxa para os depsitos at um ano se situava em 2,1 por cento, o que representa uma reduo de 0,1 pp relativamente a 2003. A taxa de juro mdia para o crdito a particulares diminuiu 0,2 pp, para 4,9 por cento.

De acordo com a anlise dos dados do Banco de Portugal, o crdito interno ao sector privado no monetrio acelerou em 2004, registando um aumento de 4,5 por cento (1,7 por cento em 2003). Essa ace-lerao resultou, principalmente, da evoluo do crdito a particulares, cuja taxa de crescimento passou de 1,6 por cento em 2003 para 6,9 por cento em 2004. O crdito a sociedades no fi nanceiras aumentou 2,6 por cento, um abrandamento de 2,6 pp, relativamente a 2003.

Os principais indicadores dos mercados fi nanceiros voltaram a apresentar em 2004 um desempenho positivo. Assim, o ndice PSI-20 registou um ganho de 12,6 por cento relativamente ao ano anterior. O ndice PSI-geral registou um aumento de 18 por cento.

1.2.1.3 FINANAS PBLICAS EM PORTUGAL

Dando continuidade s orientaes de poltica oramental encetadas nos ltimos anos, com vista ao cumprimento dos compromissos estabelecidos pelo Tratado de Maastricht, Portugal manteve em 2004, na ptica da contabilidade nacional, as Necessidades de Financiamento das Administraes Pblicas abaixo do limiar dos 3 por cento do PIB. O dfi ce oramental de 3 952,9 milhes de euros manteve, face ao ano anterior, o mesmo peso no PIB, registando apenas um desvio de 0,1 pp do PIB abaixo do objecti-vo defi nido no Oramento de Estado para 2004 (2,8 por cento do PIB), e no estipulado no Programa de Estabilidade e Crescimento 2004-2007 (PEC)13.

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CONTA GERAL DO ESTADO 2004

GRFICO V DVIDA BRUTA E SALDO DAS ADMINISTRAES PBLICAS NA UNIO EUROPEIA NO ANO DE 200414

Na Unio Europeia, a recuperao econmica, iniciada na segunda metade de 2003, traduziu-se, em 2004, em uma evoluo favorvel do produto. Com um crescimento mdio anual do PIB de 1,8 por cento, este indicador registou, comparativamente a 2003, um incremento de 1,3 por cento do PIB, sus-tentado no dinamismo do primeiro semestre de 2004. No obstante o crescimento da actividade na Unio Europeia, este crescimento continuou no entanto a manter-se abaixo dos nveis de expanso da economia mundial, fortemente liderada pelos EUA e a sia.

No domnio das fi nanas pblicas da Zona Euro, assistiu-se a uma evoluo contrria dos indicadores dfi ce e dvida. Acusando uma ligeira melhoria de 0,1 pp do PIB, a nvel do dfi ce (2,7 por cento do PIB), a dvida da Zona Euro registou pelo terceiro ano consecutivo um agravamento, ainda que decres-cente, passando de em 1,3 pp do PIB, em 2003, para 0,5 pp do PIB, em 2004. Em termos globais, os 25 pases da Unio Europeia registaram, no ano de 2004, um dfi ce oramental de 2,6 por cento do PIB e uma dvida pblica de 63,8 por cento do PIB, menos 7,5 pp do PIB, quando comparada com a dvida dos pases da Zona Euro.

semelhana do ano anterior, a Frana, a Alemanha e a Grcia continuaram a violar, o limite de 3 por cento do dfi ce oramental, imposto pelo Tratado de Maastricht, em conjunto com o incumprimento do limite mximo de 60 por cento para a dvida pblica, medidos em percentagem do PIB, com especial destaque para a Grcia que apresentou um dfi ce de 6,1 por cento do PIB e um rcio da dvida de 110,5 por cento do PIB. O Reino Unido alcanou tambm um dfi ce superior ao estabelecido no Tratado.

Entre os pases com maior agravamento do dfi ce, medido em percentagem do PIB, destacam-se o Luxemburgo, Grcia e Espanha. No entanto, enquanto que a Grcia acentuou ainda mais a deteriorao do seu dfi ce (+0,9 pp do PIB), o Luxemburgo e a Espanha inverteram as suas necessidades de fi nancia-

0

20

40

60

80

100

120

140

-7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4

Saldo global (em % do PIB)

Dv

ida

brut

a (e

m %

do

PIB

)

Dinamarca

Blgica

Alemanha

Irlanda

Espanha

Frana

Itlia

Luxemburgo

Holanda

ustriaPortugal

FinlndiaSucia

R. Unido

Zona Euro

UE 15

Grcia

CONTA GERAL DO ESTADO 2004

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mento, anteriormente excedentrios, para situaes defi citrias, muito particularmente o Luxemburgo, em que o saldo oramental excedentrio de 0,5 por cento do PIB, verifi cado em 2003, sofre em 2004 uma acentuada deteriorao para um dfi ce de 1,1 por cento do PIB.

Os Estados da Zona Euro que maior dfi ce registaram foram a Grcia (6,1 por cento do PIB), Frana e Alemanha (ambos com 3,7 por cento do PIB) e Itlia (3,0 por cento do PIB). No conjunto dos doze Estados da Zona Euro, Portugal (2,9 por cento do PIB), Holanda (2,5 por cento do PIB), ustria (1,3 por cento do PIB), Luxemburgo (1,1 por cento do PIB) e Espanha (0,3 por cento do PIB) apresentaram posies oramentrias defi citrias. Fora da Zona Euro, e no obstante a ligeira melhoria do dfi ce ora-mental em 0,2 pp do PIB, o Reino Unido registou em 2004 um dfi ce de 3,2% do PIB.

No que respeita aos pases que apresentaram uma evoluo favorvel do seu saldo oramental, en-contram-se a Irlanda (+1,1 pp do PIB), a Holanda (+0,7 pp do PIB) e a Frana (+0,5 pp do PIB), tendo a Sucia e a Dinamarca, pases fora da Zona Euro, liderado este comportamento, com evolues favor-veis respectivamente de 1,2 e 1,6 pp do PIB.

Comparativamente com o dfi ce oramental para a Zona Euro, Portugal apresentou um dfi ce global superior em 0,2 pp do PIB, sendo, a par da Alemanha, o pas que maior agravamento registou em termos de dvida pblica bruta (+1,8 pp do PIB), um nvel que ascendeu aos 61,9 por cento do PIB, seguidos da Frana, com um crescimento do rcio da dvida pblica bruta de mais 1,7 pp do PIB.

Em termos dos 25 Estados-membros da Unio Europeia, e um ano aps o seu alargamento, o dfi ce para o conjunto destes pases de 2,6 por cento do PIB, revelou uma melhoria face a 2003 de 0,3 pp do PIB. De acordo com a notifi cao de Maro de 2005 do Procedimento dos Dfi ces Excessivos, Malta (-5,2 por cento), Polnia (-4,8 por cento), Hungria (-4,5 por cento), Chipre (-4,2 por cento) e Eslovquia (-3,3 por cento) eram os pases com dfi ce oramental acima do limite imposto pelo Tratado de Maas-tricht. A Estnia continua a ser o pas, do conjunto dos 10 novos Estados-membros, a apresentar um excedente oramental (1,8 por cento do PIB).

Prosseguindo os objectivos de manuteno de um dfi ce oramental abaixo do limiar dos 3 por cento do PIB, o ano de 2004 exigiu, na linha do verifi cado nos dois ltimos anos, o recurso a um importante conjunto de receitas extraordinrias. Com efeito, e no obstante a recuperao da actividade econmica em 2004 (+1,1 por cento do PIB), invertendo a situao de recesso ocorrida em 2003, as polticas de conteno do crescimento da despesa com pessoal no foram contudo sufi cientes para contrariarem o elevado crescimento da despesa social, designadamente o elevado aumento das despesas com penses no regime geral e do regime dos funcionrios pblicos. As receitas extraordinrias incluram em 2004, as transferncias efectuadas por empresas pblicas para a Caixa Geral de Aposentaes, como contra-partida pelo pagamento de encargos futuros com penses de funcionrios abrangidos pelos respectivos fundos de penses. Foram realizadas neste mbito, as transferncias da Caixa Geral de Depsitos, Nave-gao Area Portuguesa, Aeoroportos de Portugal e Imprensa Nacional-Casa da Moeda.

Em linha com esta poltica oramental, a evoluo dos grandes agregados de receita e despesa em

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CONTA GERAL DO ESTADO 2004

2004, na ptica da contabilidade nacional, considerando o efeito das medidas extraordinrias, mantive-ram uma posio do dfi ce em cumprimento com os critrios impostos pelo Tratado de Maastricht. Com um agravamento das necessidades de fi nanciamento das administraes pblicas em 0,01 pp do PIB (+148,7 milhes de euros), o dfi ce oramental ascendeu, em 2004, aos 3 952,9 milhes de euros. A ex-plicar esta evoluo, encontram-se os efeitos diferenciados ocorridos no saldo corrente (a poupana bru-ta deteriorou-se 0,87 pp do PIB) e no saldo de capital (+0,86 pp do PIB). A deteriorao em 96,4 milhes de euros do saldo primrio em 2004 (-0,07 pp do PIB), veio contrariar o efeito positivo que a reduo da despesa com juros e outros encargos da dvida teve em termos do peso no PIB (-0,06 pp do PIB).

No que respeita ao comportamento negativo do saldo corrente, este justifi cado essencialmente, como foi referido anteriormente, pelo forte aumento da despesa com prestaes sociais (+0,74 pp do PIB), acentuada pela quebra da receita corrente (-0,22 pp do PIB), a qual, apesar dos aumentos verifi -cados nas contribuies sociais e nas outras receitas correntes (+0,35 pp do PIB), foi penalizada pela evoluo desfavorvel dos impostos sobre a produo e importao (-0,57 pp do PIB).

No obstante as polticas de conteno do crescimento da despesa com pessoal, designadamente o controlo apertado nas admisses de novos funcionrios pblicos e o congelamento quase total dos seus vencimentos, a despesa corrente cresceu 0,65 pp do PIB, consequncia do forte aumento das despesas com prestaes sociais (0,74 pp do PIB). Na origem deste acrscimo encontram-se a subida da penso mdia decorrente da actualizao das penses, o aumento de novos pensionistas com recebimento de penses em mdia mais elevadas do que as auferidas pelas j existentes, e ainda o crescimento verifi cado nas prestaes com penses no regime dos funcionrios pblicos.

Os aumentos conjuntos do consumo intermdio e das despesas com pessoal, justifi caram em 2004, a quase totalidade do acrscimo do consumo fi nal das administraes pblicas, em 0,13 pp do PIB.

Contrariando a evoluo negativa do saldo corrente, o saldo de capital revela em 2004 uma evoluo favorvel. Para este comportamento concorreu o extraordinrio acrscimo da receita de capital em 1,01 pp do PIB, decorrente essencialmente da integrao, referida anteriormente, dos fundos de penses das empresas pblicas na Caixa Geral de Depsitos, valor que ascendeu a 3 059,3 milhes de euros.

No que concerne evoluo da dvida bruta consolidada das administraes pblicas, o seu valor as-cendeu a 83 577,7 milhes de euros em 2004, representando 61,9 por cento do PIB. Este valor representa um agravamento, face a 2003, de 1,8 pp do PIB, justifi cados, na sua maior parte, pelo crescimento de ttulos da dvida pblica directa do Estado.

No conjunto dos quinze pases da Unio Europeia, sete, continuavam a apresentar rcios da dvida superiores aos compromissos estabelecidos pelo Tratado de Maastricht. Identifi cavam-se nesta situao, a Grcia (110,5%), a Itlia (105,8%) e a Blgica (95,6%), como os pases com os rcios de dvida pbli-ca no PIB mais elevados. A Alemanha e Portugal (ambos com +1,8 pp), a Frana (+1,7 pp), a Holanda (+1,4 pp) e a Grcia (+1,2 pp) foram os pases que em 2004 registaram um maior agravamento no rcio da dvida no PIB. Inversamente, Blgica, Espanha e Irlanda foram os Estados que melhoraram os rcios

CONTA GERAL DO ESTADO 2004

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da dvida pblica, respectivamente em 4,4 pp, 2,5 pp e 2,1 pp do PIB.

Portugal continua a posicionar-se abaixo do valor mdio do rcio da dvida pblica, em relao aos pases da Zona Euro, Euro 15 ou Euro 25, com rcios, respectivamente, de 71,3, 64,7 e 63,8 por cento do PIB, isto , menos 2,8 pp do PIB, relativamente ao conjunto dos 15 pases da Unio Europeia, menos 1,9 pp do PIB, comparativamente com os 25 pases da Unio Europeia e menos 9,4 pp do PIB, compa-rativamente com os pases da Zona Euro.

Na Unio Europeia dos 25 pases, Malta (75,0 por cento), Chipre (71,9 por cento) e Hungria (57,6 por cento) eram os nicos trs novos Estados-membros a revelarem um rcio de dvida superior a 60 por cento do PIB.

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CONTA GERAL DO ESTADO 2004

1.3 Conta Consolidada da Administrao Central e Segurana Social

A conta consolidada da Administrao Central e Segurana Social registou em 2004, na ptica da contabilidade pblica, um dfi ce de 6 924,1 milhes de euros (correspondente a 5,1 por cento do PIB), valor que relativamente a 2003 representou uma degradao de 2,9 pontos percentuais do PIB.

Na origem da evoluo do saldo global em 2004 encontram-se os saldos negativos corrente e de ca-pital, no obstante a evoluo distinta destes indicadores, em termos de peso do PIB, se traduzir numa variao de 3,0 e +0,2 pp do PIB, respectivamente.

Comparativamente a 2003, a receita corrente registou um decrscimo de 0,6 pp do PIB, em grande parte justifi cada pela quebra da receita de impostos directos e indirectos (1.0 pp do PIB). Em sentido inverso, a receita de capital aumentou 0,1 pp do PIB, suportada pelo efeito positivo que a integrao de fundos de penses de empresas pblicas na Caixa Geral de Aposentaes originou.

A despesa total primria revelou, face a 2003, um aumento de 2,7 pp do PIB, sendo as despesas com aquisio de bens e servios e as despesas com pessoal as principais responsveis pela negativa evolu-o deste indicador. A justicao deste comportamento explicada em termos de despesa corrente, por um lado, pela reclassifi cao em aquisio de bens e servios da transferncia do Instituto de Gesto Informtica e Financeira da Sade (IGIF) para os Hospitais, SA, operao que em 2003 havia sido con-tabilizada como transferncia corrente para sociedades no fi nanceiras pblicas, e, por outro lado, pelo acrscimo resultante do reforo de que o Servio Nacional de Sade (SNS) benefi ciou destinado regu-larizao de dvidas a fornecedores. A evoluo das despesas com pessoal, em 0,4 pp do PIB, explicada em grande parte pelo aumento dos encargos com a sade dos funcionrios pblicos.

No que se refere despesa com aquisio de bens de capital, o aumento verifi cado decorre essencial-mente do acrscimo de investimento realizado pelo Instituto de Estradas de Portugal (IEP), designada-mente ao nvel do programa de Construo, e, em menor grau, dos relativos Preparao e Acom-panhamento de Obras e Acessibilidades ao Euro 2004. Igualmente, os investimentos verifi cados na generalidade dos servios que integram o SNS, contribuiram tambm em parte para o aumento do investimento.

CONTA GERAL DO ESTADO 2004

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QUADRO 1.3.A CONTA CONSOLIDADA DA ADMINISTRAO CENTRAL E SEGURANA SOCIAL15

Estado Servios e

Fundos Autnomos2

AdministraoCentral

Segurana Social3

Administrao Central e

Segurana Social1. RECEITAS CORRENTES 31 047,9 20 201,4 40 971,4 16 820,4 52 314,5Impostos directos 11 307,9 10,5 11 318,4 0,0 11 318,4Impostos indirectos 17 074,5 290,2 17 364,7 550,9 17 915,6Contribuies para a Segurana Social 94,4 5 461,0 5 555,4 10 429,2 15 984,6Transferncias correntes 703,5 12 157,6 2 583,2 5 409,3 2 515,2das quais:

Outros subsectores 643,6 10 643,7 1 009,4 4 488,1 20,1Resto do Mundo - UE 5,0 1 216,1 1 221,0 800,2 2 021,2

Outras receitas correntes 1 867,6 2 282,1 4 149,7 431,0 4 580,72. DESPESAS CORRENTES4 37 072,6 20 032,4 46 827,2 16 500,4 57 850,3Despesas em bens e servios 14 583,1 10 994,2 25 577,3 556,1 26 133,4Pessoal 13 110,0 4 041,7 17 151,7 374,2 17 525,9Bens, servios e outras despesas correntes 1 473,1 6 952,6 8 425,6 181,9 8 607,5

Juros e outros encargos 3 741,4 55,5 3 796,9 2,8 3 799,6Transferncias correntes 18 036,0 7 449,7 15 207,8 15 474,8 25 205,3das quais:

Outros subsectores 15 771,6 781,9 6 275,6 1 013,9 1 812,1Resto do Mundo - UE 1 448,4 0,0 1 448,4 2,2 1 450,6

Subsdios 712,2 1 533,0 2 245,2 466,7 2 711,93. SALDO CORRENTE -6 024,7 169,0 -5 855,7 320,0 -5 535,84. RECEITAS DE CAPITAL 349,2 4 351,4 3 376,2 28,6 3 379,1Transferncias de capital 144,2 4 279,9 3 099,7 22,3 3 096,2das quais:

Outros subsectores 65,2 1 272,0 12,8 16,6 3,6Resto do Mundo - UE 78,1 1 100,4 1 178,5 5,7 1 184,2

Outras receitas de capital 205,1 71,5 276,6 6,3 282,95. DESPESAS DE CAPITAL 3 572,7 2 472,4 4 720,8 72,4 4 767,4Aquisio de bens de capital 621,2 1 390,3 2 011,5 41,2 2 052,7Transferncias de capital 2 929,6 1 069,5 2 674,8 31,2 2 680,2das quais:

Outros subsectores 2 665,7 211,7 1 553,0 9,2 1 536,4Resto do Mundo - UE 0 0 0,0 0,0 0,0 0,0

Outras despesas de capital 21,9 12,6 34,5 0,0 34,56. SALDO GLOBAL -9 248,2 2 048,0 -7 200,3 276,2 -6 924,1(em percentagem do PIB) -6,8% 1,5% -5,3% 0,2% -5,1%

7. SALDO PRIMRIO -5 506,8 2 103,4 -3 403,4 279,0 -3 124,4(em percentagem do PIB) -4,1% 1,6% -2,5% 0,2% -2,3%

8. ACTIVOS FINANC. LQ. DE REEMB. 530,4 2 380,4 2 910,8 330,2 3 241,19. SALDO GLOBAL INCL. ACT. FIN. -9 778,6 -332,5 -10 111,1 -54,0 -10 165,1(em percentagem do PIB) -7,2% -0,2% -7,5% 0,0% -7,5%

Para o conjunto dos diferentes subsectores, o saldo global apresentou comportamentos distintos. O Estado foi o subsector que maior deteriorao registou nas suas necessidades de fi nanciamento (3,1 pp do PIB). Os reforos de despesa decorrentes da aprovao do oramento suplementar de 2004, conjuga-do com o aumento defi nido na Lei do Oramento de Estado para 2004, relativa contribuio fi nanceira do Estado para a Caixa Geral de Aposentaes e da transferncia para o oramento da Segurana Social, no mbito da respectiva Lei de bases, justifi cam o agravamento do dfi ce do subsector Estado.

Igualmente com uma evoluo negativa do saldo global, encontra-se a Segurana Social. Este subsec-

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CONTA GERAL DO ESTADO 2004

tor, continua a confi rmar, relativamente a anos anteriores, uma degradao do seu saldo global em 0,3 pp do PIB. A fraca retoma econmica refl ectiu-se no reduzido crescimento da receita de contribuies, o qual, descontando o efeito da operao de titularizao realizada em 2003, teve como resultado um de-crscimo de 0,3 pp do PIB. Em contrapartida, o ritmo de crescimento das prestaes sociais mantm-se elevado, destacando-se o aumento de 9,1 por cento da despesa com penses, do subsdio de desemprego em 11,6 por cento, do abono de famlia em 6,5 por cento e da aco social que cresceu 8,3 por cento relativamente ao perodo homlogo de 2003.

Com um comportamento inverso, os Servios e Fundos Autnomos (SFAs) revelaram uma melhoria do seu saldo global em 0,5 pp do PIB, explicado em boa parte pela contabilizao em outras transfern-cias de capital de montantes relativos aos fundos de penses do pessoal da CGD, da ANA, da NAV e da Imprensa Nacional - Casa da Moeda, em consequncia da integrao daqueles fundos na CGA, a ttulo de compensao fi nanceira pela assuno dos encargos futuros com essas penses.

Assumindo como referncia os valores previstos no Oramento de Estado para 2004, com os apu-rados na Conta Geral do Estado (CGE), o dfi ce global da Administrao Central e Segurana Social registou um agravamento de 2,5 pp do PIB. Por subsectores, o Estado e a Segurana Social apresentam, comparativamente ao Oramento de Estado, uma deteriorao, respectivamente de 3,3 e 0,1 pp do PIB, enquanto os SFAs, em consequncia do efeito positivo acima referido, registam uma melhoria de 0,9 pp do PIB.

Expurgando da anlise as transferncias intersectoriais, as necessidades de fi nanciamento da Admi-nistrao Central e Segurana Social apresentam-se negativas, no montante de 3 599,2 milhes de euros, e agravadas, face ao oramentado, em cerca de 2,6 pp do PIB. Registou-se em todos os subsectores, ainda que o Estado continue a ser o fi nanciador lquido dos restantes, um agravamento deste indicador relativamente ao oramentado, sendo o subsector Estado aquele que maior degradao regista (2 226,1 milhes de euros), equivalente a uma variao negativa de 1,6 pp do PIB.

CONTA GERAL DO ESTADO 2004

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1.4 SUBSECTOR ESTADO

1.4.1 Evoluo da Situao Financeira

O quadro seguinte pretende evidenciar a evoluo da situao fi nanceira para o perodo entre 2002 e 2004, discriminando as diversas componentes, designadamente o saldo global pela sua natureza corrente e de capital, o endividamento lquido e as aplicaes fi nanceiras lquidas de reembolsos.

QUADRO 1.4.1.A EVOLUO DA SITUAO FINANCEIRA DO SUBSECTOR ESTADO (2002-2004)19

(Em milhes de euros)Execuo oramental Variao (%)

2002 2003 2004 2002/2003 2003/2004RECEITAS CORRENTES 30 663,9 30 911,7 31 025,3 0,8 0,4Impostos directos 11 897,9 11 255,1 11 307,9 -5,4 0,5Impostos indirectos 16 611,0 17 338,1 17 074,5 4,4 -1,5Contribuies para a Segurana Social, CGA e ADSE2 97,8 92,9 94,4 -5,0 1,6Taxas, multas e outras penalidades 280,9 361,6 476,8 28,7 31,9Rendimentos da propriedade 554,4 485,2 555,5 -12,5 14,5Transferncias correntes 464,9 634,9 680,9 36,6 7,2 Administraes pblicas 384,7 536,8 526,3 39,5 -2,0 Outras 80,2 98,1 154,6 22,3 57,7Outras receitas correntes 757,1 744,0 835,4 -1,7 12,3RECEITAS DE CAPITAL 1 430,8 745,8 374,1 -47,9 -49,8Transferncias de capital 295,1 188,5 169,1 -36,1 -10,3 Administraes pblicas 131,2 93,2 90,1 -28,9 -3,4 Outras 163,9 95,3 79,0 -41,9 -17,1Outras receitas de capital 1 135,8 557,3 205,1 -50,9 -63,2DESPESAS CORRENTES 33 688,3 33 095,5 37 074,0 -1,8 12,0Despesas com pessoal 12 051,5 12 245,4 13 110,0 1,6 7,1Aquisio de bens e servios 1 219,6 1 057,1 1 176,9 -13,3 11,3Juros e outros encargos 3 827,6 4 030,4 3 741,4 5,3 -7,2Transferncias correntes 15 586,8 14 612,5 18 037,4 -6,3 23,4 Administraes pblicas 13 630,0 12 624,7 15 773,0 -7,4 24,9 Outras 1 956,7 1 987,7 2 264,4 1,6 13,9Subsdios 774,4 846,5 712,2 9,3 -15,9Outras despesas correntes 228,3 303,7 296,2 33,0 -2,5DESPESAS DE CAPITAL 3 356,6 3 415,1 3 573,6 1,7 4,6Aquisio de bens de capital 467,0 612,4 621,2 31,1 1,4Transferncias de capital 2 868,1 2 781,7 2 930,5 -3,0 5,4 Administraes pblicas 2 668,5 2 544,8 2 666,6 -4,6 4,8 Outras 199,6 236,9 263,9 18,7 11,4Outras despesas de capital 21,5 21,0 21,9 -2,3 4,4Total da receita 32 094,8 31 657,6 31 399,4 -1,4 -0,8Total da despesa 37 044,8 36 510,6 40 647,7 -1,4 11,3Saldo corrente -3 024,3 -2 183,8 -6 048,7 Saldo de capital -1 925,7 -2 669,3 -3 199,5 Saldo global -4 950,0 -4 853,1 -9 248,2 Saldo primrio -1 122,4 -822,7 -5 506,8 Por memria: Endividamento lquido 5 873,4 4 948,8 9 778,6 Aplicaes financeiras lquidas 923,4 95,8 530,4

Procedendo anlise dos elementos constantes do quadro anterior, de realar o agravamento do saldo global, apurado na ptica da Contabilidade Pblica, de 2003 para 2004, que se traduziu numa in-verso de tendncia face ao perodo de 2003/2002.

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CONTA GERAL DO ESTADO 2004

Em termos globais para o conjunto do trinio, refi ra-se que o subsector Estado benefi ciou, quer em 2002, quer em 2003, de um forte volume de receitas extraordinrias contando, na sua maior expresso, as que resultaram dos seguintes processos:

Em 2002, a desafectao da rede bsica de telecomunicaes do domnio pblico por parte do Estado, a venda do direito de reintroduo de portagens na CREL e a aprovao de um regime excepcional de regularizao de dvidas fi scais e segurana social (cerca de 1 075,1 milhes de euros)21.

Em 2003, a cesso de crditos fi scais e tributrios para efeitos de titularizao (contabilizados em cerca de 1 417,9 milhes de euros a favor do subsector), a qual compensou, parcialmente, o impacto da contraco do Produto Interno Bruto nesse ano nas receitas arrecadadas de impos-tos, bem como a contabilizao, em receitas do Estado, de 268,3 milhes de euros do Fundo de Penses dos trabalhadores dos CTT, na sequncia da sua integrao no mbito da Caixa Geral de Aposentaes (CGA).

Em 2004, a totalidade das receitas extraordinrias aprovadas nesse ano benefi cia o subsector dos Ser-vios e Fundos Autnomos, estando em causa a transferncia de activos que cobrem responsabilidades com penses e que constituem receita da Caixa Geral de Aposentaes.

Do exposto se justifi ca que a receita do subsector Estado registe uma reduo de 0,8 por cento em 2004.

No que se relaciona com a despesa, salienta-se o facto de, quer em 2002, quer em 2004, terem sido aprovadas alteraes s respectivas leis de Oramento do Estado. Assim, em 2002, foi aprovada a Lei n. 16-A/2002, de 31 de Maio, que se consubstanciou no reforo das verbas oramentais destinadas regularizao de dvidas transitadas de anos anteriores (cerca de 2 075 milhes de euros). Por sua vez, a Lei n. 55/2004, de 30 de Dezembro, reforou as dotaes oramentais de 2004 em 2 859,7 milhes de euros para regularizao de dvidas de anos anteriores (2 159,6 milhes de euros) e do prprio ano (700,1 milhes de euros).

Deste modo, aps um decrscimo da despesa da ordem dos 1,4 por cento em 2003, regista-se um au-mento da ordem dos 11,3 por cento, em resultado da aprovao do oramento suplementar de 2004.

O efeito conjugado de o subsector Estado no ter benefi ciado de receitas extraordinrias em 2004 (ao contrrio dos dois anos precedentes) e de, nesse ano, se ter verifi cado um elevado volume de reforos das dotaes de despesa (que no ocorreu em 2003), traduziu-se numa degradao do saldo global em 2004, apurado na ptica da Contabilidade Pblica.

A parte mais signifi cativa daquele agravamento ocorre ao nvel do dfi ce corrente (em 3 864,9 mi-lhes de euros), o que decorre, fundamentalmente, do facto de os reforos de despesa decorrentes da aprovao do oramento suplementar de 2004 terem sido, na sua maior expresso, de natureza corrente (mais 2 868,5 milhes de euros). Conta, ainda, o aumento consubstanciado, na prpria Lei do Oramen-

CONTA GERAL DO ESTADO 2004

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to do Estado para 2004, da contribuio fi nanceira do Estado para a Caixa Geral de Aposentaes (mais 563,9 milhes de euros) e da transferncia para o oramento da Segurana Social, no mbito da respec-tiva lei de bases (mais 659,9 milhes de euros).

O dfi ce de capital regista um agravamento em 2004, ainda assim de menor expresso (530,2 mi-lhes de euros), encontrando-se infl uenciado pela no contabilizao de receitas extraordinrias que, em 2003, haviam benefi ciado as receitas de capital (salientando-se, como anteriormente referido, as receitas provenientes do Fundo de Penses dos CTT). Por outro lado, a despesa de capital observa um aumento de 158,6 milhes de euros, para o qual contribui, em grande medida, o reforo, atravs do oramento suplementar de 2004, da transferncia do Oramento do Estado para o Instituto das Estradas de Portugal em 136,8 milhes de euros, visando a regularizao de dvidas deste organismo para com entidades no pblicas.

Breve referncia, ainda, evoluo, no perodo, das aplicaes fi nanceiras lquidas de reembolsos, que registaram o seu valor mais elevado em 2002, com a transformao, em Dezembro de 2002, de hospitais pertencentes ao Sector Pblico Administrativo em 31 sociedades annimas de capitais exclusi-vamente pblicos (operao que envolveu 897,8 milhes de euros). Em 2004, o valor dos activos fi nan-ceiros, lquidos de reembolsos, encontra-se fundamentalmente relacionado com as dotaes de capital levadas a cabo, destacando-se as que se realizaram na Caixa Geral de Depsitos (400 milhes de euros) e na Rdio e Televiso de Portugal, SGPS, SA (cerca de 99 milhes de euros).

O endividamento lquido, igualmente, atingiu o seu valor mais elevado, no perodo em anlise, nos anos de 2002 e de 2004, o que se encontra relacionado com o pagamento, nesses anos, por via, respecti-vamente, da Lei n. 16-A/2002, de 31 de Maio, e da Lei n. 55/2004, de 30 de Dezembro, de um elevado volume de despesas de anos anteriores.

Paralelamente, em 2004, salienta-se o facto das disponibilidades na tesouraria do Estado, reportadas a 31 de Dezembro, terem decrescido, relativamente mesma data do ano anterior, em 561 694,4 milhares de euros, em valores absolutos, sendo que 50,3 por cento, cerca de 282 675,5 milhares de euros, daquele montante, respeitam a aplicaes.

No Quadro 1.4.1.B apresentam-se os resultados do subsector Estado no trinio de 2002/2004.

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CONTA GERAL DO ESTADO 2004

QUADRO 1.4.1.B RESULTADO DA CONTA DO SUBSECTOR ESTADO

(Milhares de euros)Designao 2002 2003 2004

Execuo oramental Receitas efectivas1: 33.249.201,9 31.681.348,9 32.684.492,5 Correntes 30.295.316,0 30.650.148,0 30.695.118,4 De capital 1.746.919,8 625.664,7 1.533.170,9 Recursos prprios comunitrios 140.665,7 134.199,1 159.123,1 Reposies no abatidas nos pagamentos 227.958,5 127.388,4 171.059,8 Saldos da gerncia anterior 136.002,4 143.948,7 126.020,3 Contas de ordem2 702.339,5 - -

Despesas efectivas3: 39.122.622,1 36.630.193,5 42.463.125,3 Correntes 33.688.263,6 33.095.542,2 37.074.025,2 De capital 4.732.009,8 3.534.651,3 5.389.100,1 Contas de ordem4 702.348,7 - -

Dfice da Conta Geral do Estado 5.873.420,2 4.948.844,6 9.778.632,8Encargos correntes da dvida 3.827.605,2 4.029.520,2 3.740.151,3Saldo primrio com activos -2.045.815,0 -919.324,4 -6.038.481,5Amortizaes da dvida pblica e outros passivos 15.436.579,4 29.408.465,0 28.247.744,6Necessidades de financiamento (brutas) 21.309.999,6 34.357.309,6 38.026.377,4

Situao de tesouraria

Disponibilidades de tesouraria5: Saldo inicial 2.026.854,0 3.838.387,5 2.841.378,7

Produto da aplicao de emprstimos: 21.309.999,6 34.357.309,6 38.026.377,4 Em moeda nacional 19.947.831,2 32.753.197,9 38.026.377,4 Em moeda estrangeira 1.362.168,4 1.604.111,7 -

Outras operaes especficas do Tesouro 1.811.533,5 -997.008,8 -561.694,4

Disponibilidades de tesouraria6: Saldo final 3.838.387,5 2.841.378,7 2.279.684,3

A cobrana lquida, em 2004, das receitas efectivas oramentais cifrou-se nos 32 684 492,5 milhares de euros, assim distribuda por classifi cao econmica:

Milhares de eurosReceitas correntes 30.695.118,4

- Impostos directos ......................................... 11.307.934,8

- Impostos indirectos ...................................... 17.074.479,6

- Contribuies para a SS, a CGA e ADSE ... 94.388,0

- Taxas, multas e outras penalidades .............. 476.761,3

- Rendimentos da propriedade ....................... 555.494,6

- Transferncias correntes .............................. 680.877,5

- Venda de bens e servios correntes ............. 381.003,7

- Outras receitas correntes .............................. 124.178,9

CONTA GERAL DO ESTADO 2004

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Receitas de capital .......................................... 1.533.170,9

- Venda de bens de investimento ................... 10.623,6

- Transferncias de capital ............................. 169.057,2

- Activos fi nanceiros ...................................... 1.285.062,8

- Outras receitas de capital ............................. 68.427,3

Recursos prprios comunitrios ..................... 159.123,1

Reposies no abatidas nos pagamentos ...... 171.059,8

Saldos da gerncia anterior ............................ 126.020,3

32.684.492,5

Da anlise aos valores apresentados, retiram-se, eventualmente, entre outras, as seguintes ilaes:

que as receitas correntes representam cerca de 93,9 por cento do total da receita efectiva oramen-tal contabilizada pela tesouraria do Estado, sendo que as receitas fi scais, no seu conjunto, repre-sentam cerca de 86,8 por cento, com especial incidncia na cobrana proveniente dos impostos indirectos;

que as receitas de capital, no seu conjunto, valem, em 2004, cerca de 4,7 por cento da receita or-amental efectiva ainda assim, h a referir que 3,9 por cento respeita a Activos Financeiros, com especial incidncia nas receitas provenientes das reprivatizaes;

que as receitas oramentais efectivas no enquadrveis em correntes e/ou de capital, representam, em 2004, cerca de 1,4 por cento, no total contabilizado pela tesouraria do Estado, com especial in-cidncia nas provenientes de Reposies no Abatidas nos Pagamentos e nos Recursos Prprios Comunitrios, no existindo grandes discrepncias na cobrana, entre os captulos que consti-tuem estas receitas.

Comparativamente ao ano de 2003, assistiu-se em 2004 a um acrscimo nas receitas oramentais efectivas lquidas de 1 003 143,6 milhares de euros, assim distribudo, por classifi cao econmica:

Milhares de eurosReceitas correntes 44.970,4

- Impostos directos ......................................... 52.818,1

- Impostos indirectos ...................................... -263.612,2

- Contribuies para a SS, a CGA e ADSE ... 1.458,4

- Taxas, multas e outras penalidades .............. 115.191,9

- Rendimentos da propriedade ....................... 70.332,9

- Transferncias correntes .............................. 46.020,5

- Venda de bens e servios correntes ............. -33.080,8

- Outras receitas correntes .............................. 55.841,6

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CONTA GERAL DO ESTADO 2004

Receitas de capital .......................................... 907.506,2

- Venda de bens de investimento ................... -66.910,5

- Transferncias de capital ............................. -19.464,2

- Activos fi nanceiros ...................................... 1.261.271,5

- Outras receitas de capital ............................. -267.390,6

Recursos prprios comunitrios ..................... 24.924,0

Reposies no abatidas nos pagamentos ...... 43.671,4

Saldos da gerncia anterior ............................ -17.928,4

1.003.143,6

Do exposto, e tendo presente a natureza das receitas que integram os referidos captulos, retiram-se, eventualmente, entre outras, as seguintes concluses:

que as receitas correntes, em 2004, registaram um acrscimo lquido, relativamente ao ano pre-cedente de 2003, de 44 970,5 milhares de euros, em valores absolutos, apresentando, contudo, variaes negativas os captulos dos Impostos Indirectos (menos 263 612,2 milhares de euros) e das Vendas de Bens e Servios Correntes (menos 33 080,8 milhares de euros) e registando, todos os outros, acrscimos de cobrana, em 2004, sendo mais signifi cativo o proveniente das Taxas, Multas e Outras Penalidades;

as receitas fi scais, em 2004, decresceram em 210 794,1 milhares de euros, em valores lquidos, no obstante, em relao aos Impostos Directos se tenha cobrado mais 52 818,1 milhares de euros (acrscimo na cobrana dos IRs, designadamente de IRC, e quebra acentuada na residual Outros). O decrscimo na cobrana dos Impostos Indirectos, em 263 612,2 milhares de euros, deveu-se, fundamentalmente, ao desempenho das cobranas do IVA e do Imposto sobre o Taba-co;

as receitas de capital efectivas registaram, em 2004, uma variao positiva lquida, comparativa-mente ao ano precedente de 2003, de 907 506,2 milhares de euros, tendo sido determinante, para a mesma, as receitas provenientes das reprivatizaes, contabilizadas em Activos Financeiros. Efectivamente, em 2004, foram transferidos para o Fundo de Regularizao da Dvida Pblica, entidade a quem estas receitas esto consignadas, cerca de 1 080 565,8 milhares de euros, quando em 2003 no se efectivou qualquer transferncia. Se exceptuarmos as receitas catalogadas como Activos Financeiros, todos os outros captulos das receitas de capital apresentam em 2004 varia-es negativas nas cobranas efectuadas, quando comparadas com as ocorridas em 2003, com especial incidncia nas englobadas no residual Outras Receitas de Capital, onde a quebra foi mais signifi cativa;

que as receitas oramentais efectivas no englobadas em correntes e/ou de capital registaram, em 2004, uma variao lquida positiva, no valor de 50 667,0 milhares de euros, devido, designada-mente, ao acrscimo nas cobranas de Reposies no Abatidas nos Pagamentos, sendo que os

CONTA GERAL DO ESTADO 2004

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Saldos da Gerncia Anterior registaram uma quebra em 2004;

salienta-se, fi nalmente, que as justifi caes para as variaes apontadas, bem como para as que, eventualmente, tero ocorrido no trinio de 2002/2004, podem ser encontradas, mais adiante, em itens especfi cos respeitantes anlise da receita oramental, por classifi cao econmica.

1.4.2 Anlise da Despesa

1.4.2.1 ENQUADRAMENTO JURDICO

O enquadramento jurdico da execuo do oramento de despesa para 2004 foi defi nido pela Lei n. 107-B/2003, de 31 de Dezembro, a qual aprovou a Lei do Oramento do Estado para 2004, dotando os servios da Administrao Central dos meios fi nanceiros necessrios prossecuo das suas atribui-es.

O ano de 2004 constituiu, em cumprimento da lei de enquadramento oramental o ano de arranque da estruturao, parcial, do Oramento do Estado por programas, tendo por objectivo racionalizar a oramentao da despesa pblica e reforar o controlo da gesto e da execuo oramental, numa base plurianual.

Por fora da lei de enquadramento, toda a despesa executada no mbito dos Investimentos do Plano e a que se realiza no mbito da Lei de Programao Militar obedeceu ao regime de oramentao por programas, destacando-se, ainda, no que respeita despesa de funcionamento, o Programa Cooperao Portuguesa no Estrangeiro.

Tambm na perspectiva de racionalizao da utilizao dos recursos pblicos, os servios da Admi-nistrao Central foram instados a regerem a preparao dos respectivos oramentos de acordo com uma tipologia harmonizada e pr-defi nida de actividades, constante da Circular Srie A n. 1 302, da Direc-o-Geral do Oramento, contendo as directrizes para a preparao do Oramento do Estado para 2004. De acordo com tal estrutura por actividades, correspondentes s modalidades de prestao especfi cas da rea a que respeitam, os servios deveriam apresentar, para efeitos de organizao e sistematizao da contabilidade analtica, indicadores de gesto oramental, designadamente indicadores de meios (huma-nos e de equipamento) e de realizao.

Em matria de disciplina oramental, a Lei do Oramento do Estado para 2004 defi niu cativaes de 20 por cento sobre os montantes executados no mbito da Lei de Programao Militar e de 20 e 15 por cento sobre as verbas inscritas no Oramento do Estado destinadas execuo dos projectos de investi-mento enquadrados no Captulo 50, de natureza corrente e de capital, respectivamente. Incidiram, para alm destas, congelamentos de 10 por cento sobre as rubricas de despesa, com excepo das remunera-es certas e permanentes, juros e outros encargos, bem como as transferncias para o Servio Nacio-nal de Sade, ensino superior e politcnico e aco social, administraes regional e local e segurana

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CONTA GERAL DO ESTADO 2004

social.

So, ainda, defi nidas regras especfi cas para a alienao de imveis e a repartio das correspondentes receitas geradas.

As normas necessrias execuo do Oramento do Estado para 2004 foram estabelecidas no De-creto-Lei n. 54/2004, de 19 de Maro, constando, entre outros aspectos, os prazos para autorizao de despesas e efectivaes dos crditos, as regras que condicionam a libertao de crditos, as rubricas de despesa sujeitas ao regime duodecimal e as condies especfi cas para a aquisio de determinados tipos de bens e servios (veculos, aquisies onerosas de edifcios) e para os contratos de locao.

1.4.2.2 DESPESAS DE ANOS ANTERIORES

O valor global de despesas pagas em 2004 referentes a compromissos assumidos em anos anteriores ascende a 2 266,5 milhes de euros. Este montante reparte-se em 2 159,6 milhes de euros relativos a reforos das verbas oramentais destinadas regularizao de dvidas transitadas de anos anteriores, aprovados pela Lei n. 55/2004, de 30 de Dezembro (Oramento Suplementar de 2004), e 106,9 milhes de euros de despesas de anos anteriores pagas por conta das verbas inscritas no Oramento do Estado para 2004.

QUADRO 1.4.2.2.A DESPESAS DE ANOS ANTERIORES

Agrupamentos e subagrupamentos Pagamentos acumulados Estrutura

(em %) Despesas correntes 2 079,7 91,8 Despesas com o pessoal 319,0 14,1

Remuneraes certas e permanentes 11,7 0,5 Abonos variveis ou eventuais 34,7 1,5 Segurana social 272,6 12,0

Aquisio de bens e servios 75,7 3,3 Encargos correntes da dvida 0,0 0,0 Transferncias correntes 1 664,4 73,4

Administraes pblicas 1 507,9 66,5 Administrao central 1 307,9 57,7 Administrao regional 0,0 0,0 Administrao local 9,5 0,4 Segurana social 190,4 8,4

Outras 156,5 6,9 Subsdios 18,4 0,8 Outras despesas correntes 2,3 0,1 Despesas de capital 186,8 8,2 Aquisio de bens de capital 19,5 0,9 Transferncias de capital 167,3 7,4

Administraes pblicas 137,1 6,1 Administrao central 136,8 6,0 Administrao regional 0,0 0,0 Administrao local 0,3 0,0 Segurana social 0,0 0,0

Outras 30,2 1,3 Outras despesas de capital 0,0 0,0

TOTAL 2 266,5 100,0

CONTA GERAL DO ESTADO 2004

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Procedendo a uma anlise sucinta, na ptica da classifi cao econmica, dos valores mais signifi ca-tivos de compromissos transitados de anos anteriores e pagos em 2004, cabe referir que, ao nvel das despesas com o pessoal (319,0 milhes de euros), a parte mais expressiva se relaciona com a segurana social da Administrao Pblica (272,6 milhes de euros), destacando-se as que de seguida se sistema-tizam:

Reforo, por via do Oramento Suplementar, da verba inscrita no Oramento do Estado para 2004 destinada ao fi nanciamento dos encargos com sade dos funcionrios pblicos civis (ADSE), no montante de 113,4 milhes de euros, relacionado com a regularizao de dvidas a instituies do Servio Nacional de Sade;

Pagamento de encargos com sade das Foras Armadas, respeitante a dvidas transitadas para 2004. Essas despesas totalizam 62,7 milhes de euros, destacando-se os ramos do Exrcito (54,9 milhes de euros) e da Marinha (7,4 milhes de euros). Em termos das entidades prestadoras dos cuidados de sade, refi ra-se que se trata, na parte mais expressiva, de dvidas daqueles ramos a instituies do Servio Nacional de Sade (36,5 e 4,7 milhes de euros, respectivamente);

Regularizao de dvidas dos subsistemas de sade das foras e servios de segurana integrados no Ministrio da Administrao Interna. O valor em causa ascende a 85,3 milhes de euros, repar-tido em 40,5 milhes de euros de dvidas da Polcia de Segurana Pblica e 44,8 milhes de euros da Guarda Nacional Republicana, sendo que a parte mais signifi cativa destes valores se relaciona com dvidas a instituies do Servio Nacional de Sade, mas contando, igualmente, as entidades com as quais aqueles subsistemas celebraram acordos.

Ainda no que respeita s despesas com o pessoal, de destacar o reforo, por via do Oramento Suple-mentar, destinado a ressarcir o Exrcito pelas despesas realizadas com as Foras Nacionais Destacadas, realando-se o montante de 26,8 milhes de euros relativo ao pagamento do suplemento de misso (clas-sifi cado em abonos variveis ou eventuais).

Do valor registado ao nvel das remuneraes certas e permanentes (11,7 milhes de euros), a parte mais expressiva (11,2 milhes de euros) est associada ao pagamento, por conta da dotao inscrita no Oramento do Estado para 2004, de remuneraes do pessoal afecto aos estabelecimentos de educao dos ensinos bsico e secundrio, relativas a anos anteriores.

No que se relaciona com a aquisio de bens e servios (75,7 milhes de euros), este montante en-contra-se disperso por diversos ministrios, sendo, ainda assim, de salientar as despesas de anos anterio-res regularizadas pelo Ministrio da Defesa Nacional (42,4 milhes de euros). No caso deste ministrio, a parte mais expressiva daquele montante est associada a reforos, por via do Oramento Suplementar, num montante global de 29,3 milhes de euros, visando, designadamente, a regularizao de dvidas no mbito das Foras Nacionais Destacadas (19,2 milhes de euros), das misses humanitrias e de paz a cargo da Marinha (5,9 milhes de euros) e de servios prestados pelas Ofi cinas Gerais de Material Aero-nutico (OGMA) (4,2 milhes de euros), na sequncia de encomendas feitas pela Fora Area.

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CONTA GERAL DO ESTADO 2004

Ao nvel das transferncias correntes, cabe salientar o reforo, por via do Oramento Suplementar, de 1 271,7 milhes de euros, destinado a regularizar as dvidas das instituies que integram o Servio Nacional de Sade a terceiros.

Do montante global de reforo, destacam-se as dvidas de 657,5 milhes de euros Associao Na-cional das Farmcias (ANF), 620,0 milhes de euros Associao Portuguesa da Indstria Farmacutica (APIFARMA), 186,2 milhes de euros Associao Portuguesa das Empresas de Dispositivos Mdicos (APORMED) e 151,4 milhes de euros aos hospitais que foram objecto de empresarializao, relativos ao pagamento da produo no mbito do Plano de convergncia dos Hospitais SA.

De referir, ainda, que, dos 1 271,7 milhes de euros de dvidas de anos anteriores, 512,2 milhes de euros respeitam a dvidas at 31 de Dezembro de 2002, correspondendo 481,6 milhes de euros a uma consolidao de dvida da Associao Nacional das Farmcias (ANF) e o remanescente a dvidas cuja conferncia de facturas s foi possvel fi nalizar em 2003 (Hospital da Cruz Vermelha - 21,8 milhes de euros, Hospital da Prelada 4,1 milhes de euros, PT 4,1 milhes de euros, entre outros).

Por outro lado, contam-se dvidas de diversos ministrios Segurana Social, no montante global de 224,8 milhes de euros, tendo parte destas sido regularizadas directamente por transferncias cor-rentes para a Segurana Social (190,4 milhes de euros) e 36,0 milhes de euros por transferncias correntes para o Gabinete de Gesto Financeira do Ministrio da Educao. As dvidas em causa podem ser sistematizadas como se segue:

Ministrio da Agricultura, Pescas e Florestas (181,8 milhes de euros) - est em causa a compen-sao oramental devida Segurana Social em virtude da instituio, por via do Decreto-Lei n. 159/2001, de 18 de Maio, de uma medida especfi ca de proteco social, de carcter excepcional vigente at 2004, traduzindo-se na dispensa parcial do pagamento de contribuies Segurana Social, por parte de pequenos produtores agrcolas;

Ministrio da Educao (36,0 milhes de euros) estas dvidas dizem respeito assuno das responsabilidades defi nidas pela Lei-quadro da Educao Pr-Escolar e pelo enquadramento legal que defi ne o respectivo sistema de organizao e fi nanciamento (Decreto-Lei n. 147/97, de 11 de Junho). As dvidas apuradas relacionam-se, designadamente, com o fi nanciamento dos encargos respeitantes componente educativa e da componente relativa aos educadores de infncia, da responsabilidade do Ministrio da Educao;

Ministrio das Cidades, Administrao Local, Habitao e Desenvolvimento Regional (3,7 mi-lhes de euros) este montante relaciona-se com a necessidade de dar cumprimento ao estatudo no regime de atribuio de subsdio de renda de casa, criado e regulamentado pelo Decreto-Lei n. 68/86, de 27 de Maro, destinado aos arrendatrios e subarrendatrios abrangidos pelo regime de correco extraordinria das rendas e que tivessem rendimentos e rendas, respectivamente, iguais ou inferiores e iguais ou superiores aos limites indicados em tabelas a aprovar anualmente. As dvidas Segurana Social respeitam, assim, a transferncias devidas ao Instituto de Gesto

CONTA GERAL DO ESTADO 2004

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Financeira da Segurana Social, visando o pagamento, quer das despesas relativas aos referidos subsdios de renda, quer das que correspondem aos encargos administrativos;

Ministrio da Justia (3,4 milhes de euros) est em causa a necessidade de dar cumprimento integral s clusulas estabelecidas no protocolo celebrado entre aquele ministrio e o Ministrio da Segurana Social e do Trabalho, em 2000, nos termos do qual os servios da Segurana Social asseguravam a recepo de pedidos de apoio judicirio, por contrapartida de transferncias do oramento do Ministrio da Justia para o oramento da Segurana Social.

As outras transferncias correntes registam um montante de 156,5 milhes de euros relativo a despesas de anos anteriores, que se desagrega nos seguintes reforos aprovados pelo Oramento Suple-mentar:

Das transferncias para o oramento da Unio Europeia no montante global de 112,1 milhes de euros, valor que, tendo sido pago por conta da dotao inscrita para 2004, reporta-se ao exerccio oramental de 2003, facto que tornava aquela insufi ciente para acorrer aos pagamentos Unio Europeia a realizar no decurso do ano de 2004 e relativos ao respectivo exerccio oramental;

Do oramento das direces regionais de educao, num montante global de 32,1 milhes de eu-ros, para regularizao de dvidas para com estabelecimentos de ensino particular e cooperativo;

Do oramento do Ministrio da Cincia, Inovao e Ensino Superior (10,0 milhes de euros), destinando-se ao pagamento de quotas de participao em organizaes internacionais, no mbi-to dos programas multilaterais na rea da Cincia, Inovao e Tecnologia, com destaque para o CERN Laboratoire Europen pour la Physique des Particules e o ESO European Southern Observatory.

O valor dos subsdios relativo a despesas de anos anteriores ascende a 18,4 milhes de euros, salien-tando-se a regularizao de dvidas acumuladas de 17,4 milhes de euros, do Instituto de Comunicao Social aos CTT - Correios de Portugal SA, relativos aos incentivos indirectos Comunicao Social, designadamente a comparticipao, pelo Estado, nos encargos das empresas mediante a assuno dos custos de expedio postal das suas publicaes peridicas, nos termos do Decreto Lei n. 56/2001, de 19 de Fevereiro.

Relativamente s despesas de capital, a aquisio de bens de capital (19,5 milhes de euros) justi-fi cada, essencialmente, pelo pagamento, por conta das dotaes inscritas no Oramento do Estado para 2004, de despesas de anos anteriores realizadas pelo Instituto da gua, no mbito dos Investimentos do Plano (7,2 milhes de euros).

Por sua vez, as transferncias de capital para Administraes Pblicas encontram-se determina-das pelo reforo, por via do Oramento Suplementar, da transferncia do Oramento do Estado, no m-bito dos Investimentos do Plano, para o Instituto das Estradas de Portugal, em 136,8 milhes de euros, visando a regularizao de dvidas deste organismo para com entidades no pblicas. Este organismo

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CONTA GERAL DO ESTADO 2004

executor do programa oramental Transporte Rodovirio, sendo que as dvidas transitadas de 2003 se relacionam com as medidas Construo (59,8 milhes de euros), Conservao/benefi ciao (58,7 milhes de euros) e Preparao e acompanhamento de obras (18,2 milhes de euros).

Ao nvel das outras transferncias de capital (30,2 milhes de euros), conta-se o reforo, por via do Oramento Suplementar, do captulo 60 do Ministrio das Finanas e da Administrao Pblica, desti-nado a assegurar a comparticipao fi nanceira devida pelo Estado no que respeita ao custo da construo das auto-estradas levada a cabo pela BRISA Auto-Estradas de Portugal, SA, nos termos da Base XI do Decreto-Lei n. 294/97, de 24 de Outubro, que rev o contrato de concesso da construo, conservao e explorao de auto-estradas outorgado quela empresa.

1.4.2.3 ALTERAES ORAMENTAIS

No decurso do ano de 2004 registaram-se alteraes oramentais que originaram um aumento de 4 452,1 milhes de euros relativamente ao oramento inicial, como resultado da abertura de crditos es-peciais no montante global de 1 592,4 milhes de euros e das modifi caes introduzidas pela alterao Lei do Oramento do Estado para 2004, no valor de 2 859,7 milhes de euros.

As alteraes oramentais relativas utilizao da dotao provisional, da gesto fl exvel e as que decorreram da aplicao dos artigos 6. e 7. da Lei n. 107-B/2003, de 31 de Dezembro, e do artigo 2. da Lei n. 55/2004, de 30 de Dezembro, no tiveram qualquer refl exo na variao global dos valores oramentados, dada a natureza que revestem.

Atravs dos quadros que a seguir se apresentam procede-se anlise das alteraes que afectaram o oramento dos servios integrados, segundo a classifi cao orgnica, econmica e funcional.

Tendo por base, a informao constante dos quadros, de acordo com a classifi cao orgnica e eco-nmica, a anlise que, de seguida, se desenvolve visa identifi car, por ministrio, os valores mais signi-fi cativos das alteraes oramentais ocorridas no decurso do exerccio oramental de 2004, fazendo-lhe associar, sempre que no se encontrem demasiado dispersas, a natureza econmica das rubricas de des-pesa cujas dotaes foram objecto de alterao oramental.

A variao mais signifi cativa registou-se como referido, no Ministrio da Sade (1 855,2 milhes de euros), devido, essencialmente, ao reforo por via do oramento suplementar de 1 851,8 milhes de euros, o qual originou o reforo das transferncias correntes para o Servio Nacional de Sade, por forma a dotar as instituies que o integram dos meios necessrios para liquidar dvidas a fornecedores acumuladas at 2003 na ordem dos 1 271,7 milhes de euros, bem como para se proceder regularizao de compromissos do prprio ano no montante de 580,1 milhes de euros.

CONTA GERAL DO ESTADO 2004

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QUADRO 1.4.2.3.A CLASSIFICAO ORGNICA

(Em milhes de euros)Alteraes

Natureza de que se revestem Oram. inicial

Crditosespeciais

Provis. Transf. diversas1

Oram.

Suplem.

Oram. final

Exec.oram. DiferenasMinistrios

(1) (2) (3)=(1)+(2)

(4) (3)(1) (4)-(3)

Encargos Gerais do Estado 914,0 13,8 7,4 -1,2 17,4 951,4 788,9 37,3 -162,5Actividades Econmicas e do Trabalho 384,4 3,6 0,0 1,0 0,0 389,1 335,5 4,6 -53,5Defesa Nacional 1 782,0 106,9 0,0 10,1 125,9 2 024,9 1 904,5 242,9 -120,4Finanas e da Administrao Pblica 51

524,3 1 212,8 -418,9 0,0 255,7 52 573,9 40 967,4 1 049,6 -11

606,5Negcios Estrangeiros 331,9 59,2 0,5 -2,0 0,0 389,7 317,8 57,8 -71,9Administrao Interna 1 428,9 44,1 19,8 -3,4 85,3 1 574,8 1 525,3 145,8 -49,5Justia 885,9 27,5 4,8 0,2 3,4 921,9 872,9 36,0 -49,0Cidades, Administrao Local, Habitao e Desenvolvimento Regional 2 690,2 32,3 0,8 -0,2 123,7 2 846,7 2 809,6 156,5 -37,1Agricultura, Pescas e Florestas 582,3 9,7 22,7 6,5 181,8 803,0 761,8 220,7 -41,2Educao 5 499,0 51,9 350,7 2,0 68,0 5 971,6 5 881,6 472,6 -90,1Cincia, Inovao e Ensino Superior 1 483,0 6,9 6,5 0,1 10,0 1 506,6 1 484,4 23,6 -22,2Sade 5 855,5 3,5 0,0 0,0 1

851,87 710,7 7 677,4 1 855,2 -33,2

Segurana Social, da Famlia e da Criana

4 179,3 4,3 0,0 0,0 0,0 4 183,6 4 171,2 4,3 -12,4

Obras Pblicas, Transportes e Comunicaes

809,7 3,9 0,3 -3,2 136,8 947,5 893,3 137,8 -54,2

Cultura 188,9 4,3 0,6 0,0 193,8 171,4 4,8 -22,4Ambiente e do Ordenamento do Territrio

203,6 2,6 4,8 -9,9 0,0 201,1 115,6 -2,5 -85,5

Turismo 38,9 5,0 0,1 0,0 44,0 32,4 5,1 -11,6TOTAL 78

782,0 1 592,4 0,0 0,0 2

859,783 234,1 70 710,9 4 452,1 -12

523,2Por memria FRDP 500,0 980,6 0,0 0,0 0,0 1 480,6 1 080,6 980,6 -400,1

No Ministrio das Finanas e da Administrao Pblica, o aumento ascende a 1 049,6 milhes de euros, para o qual contriburam reforos pela via dos crditos especiais no valor de 1 212,8 milhes de euros, devido em grande medida, ao reforo de crditos especiais no valor 980,6 milhes pelo Instituto de Gesto do Crdito Pblico, verbas estas consignadas ao Fundo de Regularizao da Dvida Pblica, com o objectivo de promover a amortizao da dvida pblica e novas aplicaes de capital no sector produtivo. Embora com menor peso, os reforos efectuados no captulo 60 Despesas excepcionais - Direco-Geral do Tesouro, referentes a custos de amoedao, totalizaram 68,0 milhes de euros, estando em causa o produto de entrega do valor facial das moedas de coleco colocadas em circulao, sendo, de acordo com o artigo 9. do Decreto-Lei n. 130/2004, de 3 de Junho, considerado receita con-signada. Ao nvel da Direco-Geral de Proteco Social aos Funcionrios e Agentes da Administrao Pblica, refi ra-se a abertura de crditos especiais no montante de 60,0 milhes de euros, com contrapar-tida em receitas prprias, para satisfazer encargos com sade gerados por este sub-sistema.

De sinal contrrio, de referir o valor de 418,9 milhes de euros, resultante da diferena entre as anu-laes que tiveram por contrapartida reforos nos oramentos de outros ministrios, no valor de 426,7 milhes de euros, e reforos para o prprio ministrio de 7,7 milhes de euros.

Contam ainda com um impacto signifi cativo no oramento deste ministrio, as alteraes resultantes

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CONTA GERAL DO ESTADO 2004

da aprovao da alterao Lei do Oramento de Estado para 2004 (cerca de 255,7 milhes de euros), de que se destacam os seguintes reforos:

113,4 milhes de euros para pagamento de dvidas de anos anteriores da ADSE para entidades do Servio Nacional de Sade;

30,1 milhes de euros, ao nvel do captulo 60 Despesas excepcionais Direco-Geral do Tesouro, para pagamento da comparticipao devida pelo Estado no que respeita ao custo de construo de auto-estradas levada a cabo pela BRISA Auto-Estradas de Portugal, SA.

112,1 milhes de euros, no mbito do captulo 70 Recursos Prprios Comunitrios, sendo 70,9 milhes de euros destinados ao pagamento dos Recursos Prprios PNB. A restante verba foi repartida pelos Recursos Prprios IVA (29,6 milhes de euros) e pela Compensao ao Reino Unido (11,6 milhes de euros).

QUADRO 1.4.2.3.B CLASSIFICAO ECONMICA (milhes de euros)

AlteraesNatureza de que se revestem Oram.

inicial Crditosespec.

Provis. Ao abrigo da LOE

Oram. Suplem.

Gestoflexvel

Oram. final

Exec. oram. Diferenas Designao

(1) (2) (3)=(1)+(2) (4) (3)-(1) (4)-(3) Despesas correntes 34 719,4 481,3 -0,2 -1,8 2 686,5 263,2 38 148,4 37 074,0 3 428,9 -1 074,3 Despesas com pessoal 12 299,6 149,1 392,8 23,6 289,0 81,7 13 235,9 13 110,0 936,3 -125,9Aquisio de bens e servios 1 202,2 158,2 8,7 18,6 29,3 -20,8 1 396,3 1 176,9 194,0 -219,4Juros e outros encargos 3 871,0 0,1 0,0 0,0 0,0 0,6 3 871,7 3 741,4 0,7 -130,3Transferncias correntes 15 897,0 73,7 19,1 -5,5 2 350,8 13,4 18 348,5 18 037,4 2 451,5 -311,1

Administrao central 7 939,3 2,3 4,8 0,0 1 851,8 0,1 9 798,2 9 713,2 1 858,9 -85,1Administrao regional 1,2 0,0 0,0 0,0 0,0 -0,1 1,0 0,1 -0,1 -0,9Administrao local 1 632,7 3,5 1,2 -5,8 120,0 -4,6 1 747,0 1 740,6 114,2 -6,3Segurana social 4 129,4 0,0 0,0 0,0 224,8 -35,0 4 319,2 4 319,0 189,8 -0,2Outros sectores 2 194,3 67,9 13,2 0,3 154,2 53,0 2 483,0 2 264,4 288,6 -218,6

Subsdios 873 9 1,5 0,0 3,6 17,4 -15,1 881,2 712,2 7,4 -169,1Outras despesas correntes 575,7 98,7 -420,8 -42,2 0,0 203,4 414,8 296,2 -160,9 -118,6 Despesas de capital 44 062,5 1 111,1 0,2 1,8 173,2 -263,2 45 085,7 33 636,8 1 023,2 -11 448,8 Aquisio de bens de capital 820 1 84,3 1,2 2,5 6,3 -26,9 887,4 621,2 67,3 -266,2Transferncias de capital 3 431,3 1 023,2 4,0 -0,7 166,9 5,2 4 629,8 4 011,1 1 198,6 -618,7

Administrao central 1 723,3 991,9 4,0 0,0 136,8 9,0 2 865,0 2 343,3 1 141,7 -521,6Administrao regional 409 2 0,0 0,0 0,0 0,0 -0,3 408,9 406,7 -0,3 -2,2Administrao local 975,5 26,5 0,0 -0,7 0,0 -3,7 997,5 980,6 22,1 -17,0Segurana social 19,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 19,5 16,6 0,0 -2,9Outros sectores 303,8 4,8 0,0 0,0 30,1 0,2 338,9 263,9 35,1 -75,0

Activos financeiros 1 230,0 0,1 0,0 0,0 0,0 -21,2 1 209,0 734,9 -21,1 -474,1Passivos financeiros 38 308,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 38 308,9 28 247,7 0,0 -10 061,2Outras despesas de capital 272,3 3,5 -5,0 0,0 0,0 -220,3 50,6 21,9 -221,7 -28,6

Total 78 782,0 1 592,4 0,0 0,0 2 859,7 0,0 83 234,1 70 710,9 4 452,1 -12 523,2Por memria: Transferncias de capital

Admin. central (FRDP) 500,0 980,6 0,0 0,0 0,0 0,0 1 480,6 1 080,6 980,6 -400,1

CONTA GERAL DO ESTADO 2004

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O Ministrio da Educao benefi ciou de um reforo global do seu oramento em 472,6 milhes de euros, dos quais 350,7 milhes de euros com contrapartida na dotao provisional, destinando-se ao pa-gamento de remuneraes certas e permanentes do pessoal afecto aos estabelecimentos do ensino bsico e secundrio. Cabe, ainda salientar os reforos com origem na alterao Lei do Oramento do Estado para 2004 no montante de 68,0 milhes de euros, dos quais 36,0 milhes de euros destinados ao paga-mento de dvida Segurana Social, no mbito da educao pr-escolar. tambm de referir os reforos destinados ao ensino particular e cooperativo na ordem dos 33,0 milhes de euros.

Por ltimo, de destacar os reforos provenientes da abertura de crditos especiais na ordem dos 51,9 milhes de euros, dos quais 36,1 milhes de euros destinados aos estabelecimentos de educao e ensino bsico e secundrio, com origem em receitas consignadas (24,2 milhes de euros) e verbas provenientes do Fundo Social Europeu (11,9 milhes de euros), associadas ao PRODEP III.

No Ministrio da Defesa Nacional, observa-se um reforo das dotaes oramentais da ordem dos 242,9 milhes de euros, sendo 125,9 milhes de euros com origem na Lei n. 55/2004, de 30 de Dezem-bro. Deste montante 53,1 milhes de euros destinaram-se a ressarcir o Exrcito pelas despesas efectua-das com as Foras Nacionais Destacadas. Acresce a quota parte afecta ao pagamento de encargos com sade das Foras Armadas (62,7 milhes de euros), respeitante a dvidas transitadas para 2004.

Contam ainda os crditos especiais (106,9 milhes de euros), nomeadamente ao nvel da integrao de saldos ao abrigo da Lei de Programao Militar (71,5 milhes de euros) e dos reembolsos decorrentes da participao das Foras Nacionais Destacadas em operaes internacionais de cariz humanitrio e de paz (19,1 milhes de euros).

No caso do Ministrio da Agricultura, Pescas e Florestas, os reforos verifi cados (220,7 milhes de euros) esto, na sua essncia, relacionados com reforos por via da alterao Lei do Oramento de Estado para 2004 (181,8 milhes de euros), estando em causa a compensao oramental devida Se-gurana Social em virtude da instituio, por via do Decreto-Lei n. 159/2001, de 18 de Maio, de uma medida excepcional vigente at 2004, que se traduzia na dispensa parcial do pagamento de contribuies Segurana Social, por parte de pequenos produtores agrcolas. Com menor grau de importncia, refi ra-se os reforos por via da dotao provisional, no valor de 22,7 milhes de euros, dos quais 20,6 milhes destinaram-se ao pagamento de remuneraes certas e permanentes de diversos servios e organismos deste ministrio.

Por ltimo, refi ra-se o Ministrio das Cidades, Administrao Local, Habitao e Desenvolvi-mento Regional, cujas alteraes oramentais rondam os 156,5 milhes de euros, essencialmente por via do oramento suplementar (123,7 milhes de euros). Por esta via procedeu-se ao reforo das trans-ferncias correntes para a Administrao Local, no valor de 120,0 milhes de euros, montante que se destinou a compensar os municpios do efeito da reforma da tributao do patrimnio imobilirio, desig-nadamente, o impacto nas receitas dos oramentos municipais resultante da reduo da receita efectuada em 2003, das taxas do Imposto de Sisa para os nveis que passaram a ser os do novo Imposto Municipal sobre Transmisses, de aplicao a partir de Janeiro de 2004.

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CONTA GERAL DO ESTADO 2004

De seguida, realizar-se- uma anlise das principais alteraes oramentais, de acordo com a natureza de classifi cao funcional, que o quadro seguinte sistematiza. Tendo em conta que esto em causa os mesmos argumentos justifi cativos da anterior anlise orgnica/econmica, a referncia aos mesmos ser sucinta e remissiva a factores explicativos referidos.

QUADRO 1.4.2.3.C CLASSIFICAO FUNCIONAL

(Em milhes de euros)Alteraes

Natureza de que se revestem Oram. inicial Crditos

especiaisProvis. Transf.

diversas1Oram. Suplem.

Oram. final

Exec.oram. DiferenasDesignao

(1) (2) (3)=(1)+(2)

(4) (3)(1) (4)-(3)

Funes Gerais de Soberania 6 792,0 365,2 36,3 2,7 224,6 7 420,9 6 540,3 628,8 -880,5Servios Gerais da Administrao Pblica

2 767,8 203,4 11,6 -0,9 10,0 2 992,0 2 313,7 224,2 -678,3

Defesa Nacional 1 751,7 101,5 0,0 10,1 125,9 1 989,2 1 871,6 237,5 -117,6Segurana e Ordem Pblicas 2 272,5 60,3 24,7 -6,5 88,7 2 439,6 2 355,0 167,1 -84,6Funes Sociais 22 296,5 178,9 363,0 -9,4 2 054,3 24 883,3 24 253,6 2

586,8 -629,7

Educao 6 754,3 53,8 352,9 -0,2 68,0 7 228,8 7 132,1 474,5 -96,7Sade 6 623,1 70,6 0,0 0,0 1 965,2 8 658,9 8 454,0 2

035,8 -204,9

Segurana e Aco Sociais 7 563,1 6,7 0,0 0,0 3,7 7 573,4 7 518,7 10,4 -54,8Habitao e Servios Colectivos 855,7 34,8 5,5 -9,2 0,0 886,9 660,6 31,1 -226,3Servios Culturais, Recreativos e Religiosos

500,3 13,0 4,6 0,0 17,4 535,3 488,3 35,0 -46,9

Funes Econmicas 2 181,8 27,7 27,3 7,4 348,7 2 593,0 2 407,8 411,2 -185,2Agricultura e Pecuria, Silvic., Caa e Pesca

682,3 8,3 22,7 6,5 181,8 901,5 874,5 219,2 -27,0

Indstria e Energia 11,3 0,1 0,0 0,0 0,0 11,4 9,4 0,1 -1,9Transportes e Comunicaes 1 021,6 2,7 0,3 -0,2 166,9 1 191,3 1 100,9 169,8 -90,4Comrcio e Turismo 65,1 5,0 0,3 0,2 0,0 70,6 57,9 5,5 -12,7Outras Funes Econmicas 401,5 11,6 4,1 0,9 0,0 418,2 365,0 16,6 -53,2Outras Funes 47 511,6 1 020,6 -426,7 -0,7 232,1 48 336,9 37 509,2 825,4 -10

827,8Operaes da Dvida Pblica 42 678,9 980,6 0,0 0,0 0,0 43 659,6 33 068,5 980,6 -10

591,1Transferncias entre Administraes Pblicas

4 332,6 40,0 0,0 -0,7 232,1 4 604,0 4 440,7 271,4 -163,3

Diversas no Especificadas 500,0 0,0 -426,7 0,0 0,0 73,3 0,0 -426,7 -73,3

TOTAL 78 782,0 1 592,4 0,0 0,0 2 859,7 83 234,1 70 710,9 4 452,1

-12 523,2

Por memria Operaes da dvida pblica (FRDP) 500,0 980,6 0,0 0,0 0,0 1 480,6 1 080,6 980,6 -400,1

Na ptica da classifi cao funcional, constata-se que em termos absolutos, as alteraes oramentais com maior expresso situam-se ao nvel das Funes Sociais, com uma variao de 2 586,8 milhes de euros.

Individualizando as subfunes que as integram, destaca-se a Sade com um aumento de 2 035,8 milhes de euros, tendo para tal contribudo, em grande medida, o reforo por via da alterao Lei do Oramento de Estado para 2004, nomeadamente no reforo para instituies integradas no SNS (1 851,8 milhes de euros), a que se conjugou o fi nanciamento dos encargos co