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MINISTÉRIO DAS FINANÇAS E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRECÇÃO-GERAL DO ORÇAMENTO CONTA GERAL DO ESTADO ANO DE 2008 VOLUME I

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  • MINISTÉRIO DAS FINANÇAS E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

    Direcção-Geral Do orçamento

    CONTA GERAL DO ESTADO

    ANO DE 2008

    VOLUME I

  • Conta Geral do estado de 2008 3

    ACRÓNIMOS

    AA Arsenal do Alfeite

    ABDR Anexo ao Balanço e à Demonstração dos Resultados

    AC Administração Central

    ACSS Administração Central do Sistema de Saúde

    ACT Autoridade para as Condições de Trabalho

    AdL Administração Local

    AdR Administração Regional

    ADSE Direcção-Geral de Protecção Social aos Funcionários e Agentes da Administração Pública

    AE Área do Euro

    AFN Autoridade Florestal Nacional

    AFP Acções de formação profissional

    AL Autarquias Locais

    AMA Agência para a Modernização Administrativa

    ANA Aeroportos de Portugal, SA

    ANCP Agência Nacional de Compras Públicas, EPE

    ANPC Autoridade Nacional de Protecção Civil

    ANSR Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária

    AP Administração Pública

    APDL Administração dos Portos do Douro e Leixões, SA

    APL Administração do Porto de Lisboa, SA

    AR Assembleia da República

    ARS Administração Regional de Saúde

    ARSLVT Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo

    ASAE Autoridade de Segurança Alimentar e Económica

    ATA Aerocondor Transportes Aéreos, SA

    BCE Banco Central Europeu

    BEI Banco Europeu de Investimento

    BP Banco de Portugal

    BRISA Auto-estradas de Portugal, SA

    BT Bilhetes do Tesouro

    CA Certificados de Aforro

    CAd Conselho de Administração

    CARRIS Companhia Carris de Ferro de Lisboa, SA

    CCDR Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional

    CCDRLVT Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo

    CCDRN Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte

    CCE Central de Compras do Estado

    CCSCI Conselho Coordenador do Sistema de Controlo Interno da Administração Financei-ra do Estado

    CD Conselho Directivo

  • 4 Volume I

    CE Comunidade Europeia

    CEDIC Certificados Especiais da Dívida Pública

    CGA Caixa Geral de Aposentações, IP

    CGD Caixa Geral de Depósitos, SA

    CGE Conta Geral do Estado

    CIEC Código dos Impostos Especiais sobre o Consumo

    CIMI Código do Imposto Municipal sobre Imóveis

    CIRC Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas

    CIRS Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares

    CIS Código do Imposto do Selo

    CISV Código do Imposto sobre Veículos

    CIUC Código do Imposto Único de Circulação

    CIVA Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado

    CNCAP Comissão de Normalização Contabilística da Administração Pública

    CNCCR Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República

    CNP Centro Nacional de Pensões

    CP Caminhos de Ferro Portugueses, SA

    CPCOM Exploração de Espaços Comerciais da CP, SA

    CSE Conselho Superior de Estatística

    CSR Contribuição de Serviço Rodoviário

    CSS Conta da Segurança Social

    CT Código do Trabalho

    CTT Correios de Portugal, SA

    DGADR Direcção-Geral da Agricultura e Desenvolvimento Rural

    DGAE Direcção-Geral das Actividades Económicas

    DGAEP Direcção-Geral da Administração e Emprego Público

    DGAIEC Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo

    DGAJ Direcção-Geral da Administração da Justiça

    DGAL Direcção-Geral das Autarquias Locais

    DGARTES Direcção-Geral das Artes

    DGC Direcção-Geral do Consumidor

    DGCI Direcção-Geral dos Impostos

    DGDR Direcção-Geral do Desenvolvimento Regional

    DGEG Direcção-Geral de Energia e Geologia

    DGIE Direcção-Geral de Infra-Estruturas e de Equipamentos

    DGITA Direcção-Geral de Informática e Apoio aos Serviços Tributários e Aduaneiros

    DGO Direcção-Geral do Orçamento

    DGRF Direcção-Geral dos Recursos Florestais

    DGRHE Direcção-Geral de Recursos Humanos da Educação

    DGRS Direcção-Geral da Reinserção Social

    DGSP Direcção-Geral dos Serviços Prisionais

    DGSS Direcção-Geral da Segurança Social

  • Conta Geral do estado de 2008 5

    DGT Direcção-Geral do Tesouro

    DGTC Direcção-Geral do Tribunal de Contas

    DGTF Direcção-Geral do Tesouro e Finanças

    DL Decreto-Lei

    DLEO Decreto-lei de execução orçamental

    DOMUS Sistema de Informação Contabilística das Câmaras Municipais

    DPP Departamento de Prospectiva e Planeamento

    DR Diário da República

    DRA Direcção Regional de Agricultura

    DRABI Direcção Regional de Agricultura da Beira Interior

    DRADR Direcção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural

    DRAP Direcção Regional de Agricultura e Pescas

    DRAPC Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro

    DRAPLVT Direcção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo

    DRARO Direcção Regional de Agricultura do Ribatejo e Oeste

    DRE Direcção Regional de Economia

    DReg Decreto Regulamentar

    DRELVT Direcção Regional de Educação de Lisboa e Vale do Tejo

    DRE-LVT Direcção Regional de Economia de Lisboa e Vale do Tejo

    DUC Documento Único de Cobrança

    EBF Estatuto dos Benefícios Fiscais

    ECP European Commercial Paper

    EDIA Empresa de Desenvolvimento da Infraestrutura do Alqueva, EPE

    EDP EDP – Gestão da Produção de Energia, SA

    EFM Estabelecimentos Fabris Militares

    EGE Encargos Gerais do Estado

    EIA Equipa de Instalação e Apoio

    EM Estatuto do Mecenato

    EMA Empresa de Meios Aéreos, SA

    EMGFA Estado-Maior-General das Forças Armadas

    EP Empresa Pública

    EPC Entidade Pública de Compras

    EPE Entidade Pública Empresarial

    ERP Enterprise Resource Planning

    EUA Estados Unidos da América

    FA Forças Armadas

    FAT Fundo de Acidentes de Trabalho

    FBCF Formação bruta de capital fixo

    FCR Fundo de Certificados de Reforma

    FCT Fundação para a Ciência e Tecnologia, IP

    FDUL Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa

    FEADER Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural

  • 6 Volume I

    FEAGA Fundo Europeu Agrícola de Garantia

    FED Reserva Federal dos Estados Unidos da América

    FEDER Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional

    FEFSS Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social

    FEOGA Fundo Europeu de Orientação e de Garantia Agrícola

    FET Fundo de Estabilização Tributário

    FFC Fundo de Fomento Cultural

    FGA Fundo de Garantia Automóvel

    FLUL Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

    FMDUL Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa

    FPC Fundo Português de Carbono

    FRDP Fundo de Regularização da Dívida Pública

    FRI Fundo de Relações Internacionais

    FRV Fundo de Renda Vitalícia

    FSE Fundo de Social Europeu

    FSS Fundo de Socorro Social

    FTP File Transfer Protocol

    GBP Great Britain Pounds

    GEP Gabinete de Estratégia e Planeamento

    GEPE Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação

    GESTNAVE GESTNAVE – Prestação de Serviços Industriais, SA

    GNR Guarda Nacional Republicana

    GOP Grandes Opções do Plano

    GPERI Gabinete de Planeamento, Estratégia e Relações Internacionais

    GPP Gabinete de Planeamento e Políticas

    HSJ Hospital de S. João

    HSTV Hospital de S. Teotónio - Viseu

    IA Imposto Automóvel

    IABA Imposto sobre o Álcool e as Bebidas Alcoólicas

    IAPMEI Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação, IP

    IARA Inspecção Administrativa Regional da Região Autónoma dos Açores

    IAS International Accounting Standards

    ICNB Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade

    ICP-ANACOM Instituto das Comunicações de Portugal – Autoridade Nacional das Comunicações

    IDP Instituto do Desporto de Portugal, IP

    IDT Instituto da Droga e da Toxicodependência, IP

    IEC Impostos Especiais sobre o Consumo

    IEFP Instituto do Emprego e da Formação Profissional, IP

    IESM Instituto de Estudos Superiores Militares, IP

    IFAP Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas, IP

    IFDR Instituto Financeiro para o Desenvolvimento Regional, IP

    IGAC Inspecção-Geral das Actividades Culturais

  • Conta Geral do estado de 2008 7

    IGAI Inspecção-Geral da Administração Interna

    IGAL Inspecção-Geral da Administração Local

    IGAOT Inspecção-Geral do Ambiente e do Ordenamento do Território

    IGAP Inspecção-Geral da Agricultura e Pescas

    IGAS Inspecção-Geral das Actividades em Saúde

    IGCP Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público, IP

    IGDC Inspecção-Geral Diplomática e Consular

    IGDN Inspecção-Geral da Defesa Nacional

    IGE Inspecção-Geral da Educação

    IGESPAR Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico

    IGF Inspecção-Geral de Finanças

    IGFCSS Instituto de Gestão de Fundos de Capitalização da Segurança Social

    IGFIJ Instituto de Gestão Financeira e Infra-estruturas da Justiça, IP

    IGFPJ Instituto de Gestão Financeira e Patrimonial da Justiça

    IGFSE Instituto de Gestão do Fundo Social Europeu

    IGFSS Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social

    IGIF Instituto de Gestão Informática e Financeira da Saúde

    IGMCTES Inspecção-Geral do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

    IGMTSS Inspecção-Geral do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social

    IGOPTC Inspecção-Geral das Obras Públicas, Transportes e Comunicações

    IGSJ Inspecção-Geral dos Serviços de Justiça

    IH Instituto Hidrográfico, IP

    IHPC Índice Harmonizado de Preços no Consumidor

    IHT Isenção de horário de trabalho

    II Instituto de Informática

    IM Instituto de Meteorologia, IP

    IMC Instituto dos Museus e da Conservação

    IMI Imposto Municipal sobre Imóveis

    IMT Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis

    IMTT Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres

    INAG Instituto da Água, IP

    InCI Instituto da Construção e do Imobiliário, IP

    INCM Imprensa Nacional – Casa da Moeda, SA

    INE Instituto Nacional de Estatística, IP

    INEM Instituto Nacional de Emergência Médica, IP

    INFARMED Autoridade Nacional da Farmácia e do Medicamento, IP

    InIR Instituto de Infra-Estruturas Rodoviárias, IP

    INPI Instituto Nacional da Propriedade Industrial, IP

    INR Instituto Nacional para a Reabilitação, IP

    INRB Instituto Nacional de Recursos Biológicos, IP

    IP Instituto Público

    IPC Índice de Preços no Consumidor

  • 8 Volume I

    IPE Investimentos e Participações Empresariais

    IPS Instituto Português do Sangue

    IPSS Instituições particulares de solidariedade social

    IPTM Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos, IP

    IR Impostos sobre o rendimento

    IRC Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas

    IRFM Inspecção Regional de Finanças da Região Autónoma da Madeira

    IRN Instituto dos Registos e do Notariado, IP

    IRS Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares

    IS Imposto do Selo

    ISP Imposto sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos

    ISS Instituto da Segurança Social, IP

    ISV Imposto sobre Veículos

    IT Imposto de consumo sobre o Tabaco

    ITIJ Instituto das Tecnologias de Informação na Justiça, IP

    ITP Instituto do Turismo de Portugal

    IUC Imposto Único de Circulação

    IVA Imposto sobre o Valor Acrescentado

    IVV Instituto da Vinha e do Vinho, IP

    LBSS Lei de Bases da Segurança Social

    LEO Lei de Enquadramento Orçamental

    LFL Lei de Finanças Locais

    LGT Lei Geral Tributária

    LMPQF Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos

    LNEC Laboratório Nacional de Engenharia Civil, IP

    LNEG Laboratório Nacional de Energia e Geologia

    LOE Lei do Orçamento do Estado

    LPM Lei de Programação Militar

    LUSA Agência de Notícias de Portugal, SA

    MAC Maternidade Alfredo da Costa

    MADRP Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas

    MAI Ministério da Administração Interna

    MAOTDR Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Rural

    MC Ministério da Cultura

    MCTES Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

    MDN Ministério da Defesa Nacional

    ME Ministério da Educação

    MEI Ministério da Economia e Inovação

    METROCOM METROCOM – Exploração de Espaços Comerciais, SA

    MFAP Ministério das Finanças e da Administração Pública

    MJ Ministério da Justiça

    ML Metropolitano de Lisboa

  • Conta Geral do estado de 2008 9

    MM Manutenção Militar

    MNE Ministério dos Negócios Estrangeiros

    MOPTC Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações

    MP Metropolitano do Porto

    MS Ministério da Saúde

    MTSS Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social

    NATO Organização do Tratado do Atlântico Norte

    NAV NAV Portugal, EPE – Navegação Aérea de Portugal

    NIC Normas Internacionais de Contabilidade

    OE Orçamento do Estado

    OET Operações específicas do Tesouro

    OGFE Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento

    OGME Oficinas Gerais de Material de Engenharia

    OSS Orçamento da Segurança Social

    OT Obrigações do Tesouro

    PARPÚBLICA Participações Públicas (SGPS), SA

    PAYSHOP Payshop Portugal, SA

    PCM Presidência do Conselho de Ministros

    PDE Procedimento dos Défices Excessivos

    PEC Plano de Estabilidade e Crescimento

    PGR Procuradoria-Geral da República

    PIB Produto interno bruto

    PIDDAC Programa de Investimentos e de Despesas de Desenvolvimento da Administração Central

    PJ Polícia Judiciária

    PLC Pedido de libertação de crédito

    PMOT Planos Municipais de Ordenamento do Território

    PMQAP Programa de Modernização e Qualificação da Administração Pública

    PNB Produto Nacional Bruto

    PNBEPH Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroeléctrico

    POC Plano Oficial de Contabilidade

    POCISSSS Plano Oficial de Contabilidade das Instituições Públicas do Sistema de Solidarie-dade e de Segurança Social

    POCP Plano Oficial de Contabilidade Pública

    POPH Programa Operacional do Potencial Humano

    PPP Parcerias público-privadas

    PPTH Programa Pagar a Tempo e Horas

    PRACE Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado

    PRIME Programa de Incentivos à Modernização da Economia

    PSP Polícia de Segurança Pública

    PTE Plano Tecnológico da Educação

    QCA Quadro Comunitário de Apoio

    QREN Quadro de Referência Estratégico Nacional

  • 10 Volume I

    RA Região Autónoma

    RAA Região Autónoma dos Açores

    RAFE Reforma da Administração Financeira do Estado

    RAM Região Autónoma da Madeira

    RCM Resolução do Conselho de Ministros

    RCP Remunerações certas e permanentes

    REFER Rede Ferroviária Nacional, EP

    REN Rede Eléctrica Nacional, SA

    RGIT Regime Geral das Infracções Tributárias

    RH Recursos Humanos

    RIAP Recenseamento dos Imóveis da Administração Pública

    RIAP II Recenseamento dos Imóveis da Administração Pública – 2.ª fase

    RITI Regime do Imposto sobre o Valor Acrescentado nas Transmissões Intracomunitá-rias

    RNAP Reposições não abatidas nos pagamentos

    RNB Rendimento Nacional Bruto

    RPC Recursos Próprios Comunitários

    RPT Recursos Próprios Tradicionais

    RTP Rádio e Televisão de Portugal, SA

    RVCR Regime de Vinculação, Carreiras e Remunerações

    SA Sociedade Anónima

    SANEST Saneamento da Costa do Estoril, SA

    SAS Serviços de Acção Social

    SATA Sociedade Açoreana de Transportes Aéreos

    SCC Sistema Central de Contabilidade

    SCCP Sistema Central de Contratos Plurianuais

    SCE Sistema de Cobranças do Estado

    SCI Sistema de Controlo Interno da Administração Financeira do Estado

    SCML Santa Casa da Misericórdia de Lisboa

    SCR Sistema Central de Receitas

    SCUT Sem custo para o utilizador

    SEAV Secção Especializada de Avaliação de Serviços

    SEC Sistema Europeu de Contas

    SEE Sector Empresarial do Estado

    SEF Serviço de Estrangeiros e Fronteiras

    SEFQRH Secção Especializada de Formação e Qualificação de Recursos Humanos

    SEIP Secção Especializada de Informação e Planeamento

    SENM Secção Especializada de Normas e Metodologias

    SFA Serviços e fundos autónomos

    SG Secretaria-Geral

    SGA Saldos da gerência anterior

    SGI Sistema de Gestão de Interfaces

    SGMC Secretaria-Geral do Ministério da Cultura

  • Conta Geral do estado de 2008 11

    SGMEI Secretaria-Geral do Ministério da Economia e Inovação

    SGMJ Secretaria-Geral do Ministério da Justiça

    SGPCM Secretaria-Geral da Presidência do Conselho de Ministros

    SGPS Sociedade Gestora de Participações Sociais

    SGR Sistema de Gestão de Receitas

    SGT Sistema de Gestão de Tesouraria

    SI/TI Sistemas de informação/Tecnologias de informação

    SIADAP Sistema Integrado de Avaliação e Gestão do Desempenho na Administração Públi-ca

    SIADAP1 Subsistema de Avaliação do Desempenho dos Serviços da Administração Pública

    SIAudit Sistema de Informação das Auditorias do Sistema de Controlo Interno da Adminis-tração Financeira do Estado

    SIBS Sociedade Interbancária de Serviços

    SIC Sistema de Informação Contabilística

    SIC-PIDDAC Sistema de Informação Contabilística do Programa de Investimentos e de Despesas de Desenvolvimento da Administração Central

    SIED Serviços de Informações Estratégicas de Defesa

    SIGO Sistema de Informação para a Gestão Orçamental

    SIMAB Sociedade Instaladora de Mercados Abastecedores, SA

    SIRP Sistema de Informação da República Portuguesa

    SIS Serviço de Informações e Segurança

    SME Sistema de Mobilidade Especial

    SNCP Sistema Nacional de Compras Públicas

    SNS Serviço Nacional de Saúde

    SOE Sistema do Orçamento do Estado

    SPA Sector Público Administrativo

    SRH Sistema de Gestão de Recursos Humanos

    SS Segurança Social

    SSAP Serviços Sociais da Administração Pública

    SSS Sistema de Segurança Social

    STCP Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, SA

    TAP TAP – Transportes Aéreos Portugueses, SGPS, SA

    TC Tribunal de Contas

    TIC Tecnologias de Informação e Comunicação

    TMU Taxa Municipal Urbana

    TP Turismo de Portugal, IP

    UE União Europeia

    UL Universidade de Lisboa

  • Conta Geral do estado de 2008 13

    CONTA GERAL DO ESTADO DE 2008

    SÍNTESE DA EXECUÇÃO ORÇAMENTAL

    CONTA CONSOLIDADA DA ADMINISTRAÇÃO CENTRAL E SEGURANÇA SOCIAL

    Em 2008, na óptica da contabilidade pública, registou-se um défice global da conta consolidada da AC e SS de 3.187,7 milhões de euros, que corresponde a 1,9 por cento do PIB. Este valor representa uma melhoria de cerca de 360 milhões de euros face ao valor registado em 2007 e representa uma redução do défice de cerca de 0,3 pontos percentuais.

    A melhoria do saldo global da AC e SS face a 2007, em cerca de 360,4 milhões de euros, compara com a melhoria verificada de 2006 para 2007 de cerca de 1.878,8 mil milhões de euros. Esta desacele-ração na consolidação orçamental ficou a dever-se em larga medida ao comportamento da receita, em particular à receita fiscal e contributiva que aumentou 779 milhões de euros em 2008, montante que compara com o aumento de cerca de 4.373 milhões de euros, em 2007. Em 2008, diferentemente de 2007, o maior contributo para a consolidação orçamental proveio do saldo de capital que registou um aumento de 1.846,5 milhões de euros, o qual inclui a receita de concessões hídricas no montante de 1.382 milhões de euros.

    A execução de 2008, no que concerne a comparação com 2007, deve no entanto ser qualificada, quer quanto às despesas, quer quanto às receitas. As receitas globais da AC e da SS registaram uma taxa de crescimento de 4,3 por cento, menos 3,5 pontos percentuais que o crescimento verificado em 2007, e verificaram-se ainda alterações significativas na sua estrutura e no impacto sobre o saldo glo-bal.

    A redução, de cerca de 2,4 por cento, na receita dos impostos indirectos, deve-se em parte à consig-nação da CSR, a qual tem impacto de igual montante do lado da despesa com a eliminação das transfe-rências para a EP – Estradas de Portugal, SA, e à desaceleração da actividade económica.

    A receita do IVA e do ISV reflecte as alterações legislativas, respectivamente, de redução da taxa normal de 21 para 20 por cento, a partir de Julho de 2008, e de desagravamento fiscal dos veículos menos poluentes.

    Relativamente à receita não fiscal, proveniente de atribuição de concessões hídricas no montante de 1.382 milhões de euros (registado em outras receitas de capital), cerca de 466 milhões de euros foram usados para pagamento à REN (registado em subsídios) no âmbito da amortização do défice tarifário.

    A despesa da AC e da SS aumentou 3,5 por cento face a 2007, o que representou uma desaceleração de 0,7 pontos percentuais face ao comportamento verificado em 2007. Esta desaceleração beneficiou, por um lado, do fim do financiamento à EP – Estradas de Portugal, SA, por via das transferências do

  • 14 Volume I

    PIDDAC, mas foi contrariada, por outro lado, pela amortização do défice tarifário à REN e pelo pagamento de despesa com assunção de passivos e responsabilidades anteriormente registada em OET e que passou em 2008 a ser registada como despesa orçamental.

    A despesa com pessoal praticamente não cresceu na AC e SS, reduzindo mais uma vez o seu peso no PIB. Esta evolução ficou a dever-se não só ao efeito de empresarialização de hospitais, mas também à contenção no salário médio por via do efeito composição, do número de funcionários, que resultou na quase estagnação em termos absolutos das remunerações certas e permanentes, no Estado, não obs-tante a actualização salarial de 2,1 por cento.

    Considerando os saldos sem transferências intersectoriais, verificou-se que o maior contributo para a consolidação orçamental da AC e SS se ficou a dever ao subsector Estado com uma melhoria, face a 2007, de cerca de 859 milhões de euros.

    Em 2008, a despesa líquida com activos financeiros do Estado atingiu o montante de 535,4 milhões de euros, o que representa um aumento de 411 milhões de euros, o qual decorre principalmente do apoio financeiro do Estado no âmbito dos programas de redução do prazo médio de pagamentos.

    Comparativamente com o orçamentado, a execução da AC e da SS, de 2008, apresenta um saldo global (excluindo activos financeiros líquidos) superior ao previsto em 1.442,7 milhões de euros. Este resultado deriva de receitas superiores ao previsto (+582,3 milhões de euros) e de despesas inferiores em cerca de 860,4 milhões de euros.

    A perda de receita fiscal e contributiva, de cerca de 946,6 milhões de euros, foi mais do que com-pensada pela receita proveniente das concessões hídricas (1.382 milhões de euros). A receita de impos-tos indirectos ficou abaixo do previsto em cerca de 1.403 milhões de euros, tendo a receita líquida de IVA do Estado ficado abaixo da previsão em 718 milhões de euros, cerca de 5 por cento menos que o previsto.

    A execução da receita não fiscal da SS ficou abaixo do orçamentado em cerca de 587 milhões de euros devido fundamentalmente às transferências do FSE. Esta quebra na receita proveniente do FSE não implica, porém um impacto negativo no saldo da SS.

    A execução da despesa da AC e SS abaixo do previsto em cerca de 860,4 milhões de euros benefi-ciou significativamente da execução dos subsídios correntes à formação profissional (co-financiados pelo FSE), na SS, que se situou abaixo do orçamentado em cerca de 825 milhões de euros.

    A AC apresenta despesa superior ao orçamentado em cerca de 293,4 milhões (303,7 milhões excluindo transferências para outros subsectores), contudo este excesso ficou a dever-se ao pagamento da amortização do défice tarifário à REN (466,2 milhões de euros) que foi financiado pela receita de concessão hídrica à EDP.

    A despesa total da AC e da SS representou 42,4 por cento do PIB o que representa mais 0,6 pontos percentuais do que o estimado no Orçamento. Porém, este agravamento é devido ao efeito revisão do PIB, sem o qual a despesa em percentagem do PIB teria ficado abaixo do orçamentado em cerca de 0,5 pontos percentuais.

  • Conta Geral do estado de 2008 15

    QUADRO 1 – CONTA CONSOLIDADA DA AC E SS1 milhões de euros

    EstadoFundos e Serviços

    Autónomos

    Administração Central Segurança Social

    Administração Central e

    Segurança Social

    1. RECEITAS CORRENTES 38 889,3 22 525,0 50 045,6 21 618,9 64 256,5

    Impostos directos 15 305,3 22,2 15 327,5 0,0 15 327,5Impostos indirectos 20 291,0 312,3 20 603,3 691,9 21 295,2Contribuições de Segurança Social 204,8 6 160,7 6 365,6 13 082,1 19 447,7Transferências Correntes 1 016,5 13 140,2 2 788,0 7 128,4 2 508,4 das quais: Outros Subsectores 838,2 11 437,3 906,8 6 522,6 21,4 Resto do mundo - UE 145,9 1 316,6 1 462,5 453,4 1 915,8Outras receitas correntes 2 071,7 2 889,5 4 961,3 716,5 5 677,8

    2 DESPESAS CORRENTES 43 163,9 22 240,7 54 035,9 19 964,9 66 592,8

    Despesas em bens e serviços 15 672,6 11 433,4 27 106,0 500,2 27 606,2 Pessoal 13 915,1 3 601,7 17 516,9 364,0 17 880,9 Bens Serv. e Outras Desp. Corr. 1 757,5 7 831,6 9 589,2 136,1 9 725,3Juros e Outros Encargos 4 886,5 18,6 4 905,1 2,5 4 907,6Transferências Correntes 21 459,1 9 617,4 19 707,7 19 046,6 31 346,4 das quais: Outros Subsectores 19 070,1 932,5 8 633,9 907,1 2 133,0 Resto do mundo - UE 1 618,4 14,8 1 633,1 9,2 1 642,3Subsídios 1 145,7 1 171,4 2 317,0 415,6 2 732,6

    3. SALDO CORRENTE -4 274,6 284,3 -3 990,3 1 654,0 -2 336,3 4.RECEITAS DE CAPITAL 1 921,2 1 815,1 3 060,2 31,0 3 074,8

    Transferências de Capital 120,3 1 608,3 1 052,5 17,0 1 053,105 das quais: Outros Subsectores 70,1 619,9 14,0 9,5 7,110 Resto do mundo - UE 44,0 937,5 981,5 7,5 989,037Outras receitas de capital 1 800,9 206,8 2 007,7 14,0 2 021,689 5. DESPESAS DE CAPITAL 2 826,3 1 718,6 3 868,9 73,6 3 926,2

    Aquisição de bens de capital 700,9 511,6 1 212,5 32,6 1 245,1Transferências de Capital 2 088,5 1 200,4 2 612,9 41,0 2 637,5 das quais: Outros Subsectores 1 933,1 226,0 1 483,1 6,9 1 473,6 Resto do mundo - UE 0,1 1,1 1,2 0,1 1,3Outras despesas de capital 36,9 6,6 43,6 0,0 43,6

    6.SALDO GLOBAL -5 179,8 380,7 -4 799,0 1 611,4 -3 187,7 (em percentagem do PIB) -3,1% 0,2% -2,9% 1,0% -1,9%

    7. SALDO PRIMARIO -293,2 399,3 106,1 1 613,9 1 719,9 (em percentagem do PIB) -0,2% 0,2% 0,1% 1,0% 1,0%

    8. ACTIV. FIN. LIQ. DE REEMBOLSOS 535,4 143,1 678,5 1 591,1 2 269,6

    9. SALDO GLOBAL INCLUINDO ACT. FIN. -5 715,2 237,6 -5 477,6 20,3 -5 457,3 (em percentagem do PIB) -3,4% 0,1% -3,3% 0,0% -3,3%

    1 O quadro da conta consolidada da AC e SS consolida as transferências correntes e de capital entre os subsectores Estado e SFA e entre AC e SS, tendo-se procedido a algumas alterações na consolidação prévia intrasectorial efectuada no subsector dos SFA para uma melhor acomodação das discrepâncias intersectoriais. A acomodação das discrepâncias é feita procuran-do a correcção nas rubricas onde as discrepâncias de registos entre a instituição pagadora e a recebedora são mais frequen-tes. A conta do Estado exclui, na receita, o produto da alienação de partes sociais de empresas e, na despesa, as transferências para o FRDP. A conta dos SFA tem como fonte o Mapa XXI da conta consolidada das receitas e das despesas dos SFA, anexo à CGE, tendo sido incluída a execução orçamental do FRDP e da AR. A conta do FRDP exclui, na receita, as transferências do Estado relativas ao produto da alienação de partes sociais de empresas e, na despesa, a aplicação dessa transferência. A despesa com subsídios, processada para outros subsectores das AP, foi reclassificada em transferências correntes. A conta da SS tem como fonte o Mapa XXII da conta consolidada das receitas e despesas do sistema de SS, elaborada pelo IGFSS. As receitas e as despesas da SS de e para a AC foram reconciliadas com a informação proveniente da AC.

  • 16 Volume I

    RELATÓRIO

    Introdução

    O OE para o ano de 2008 foi aprovado pela Lei n.º 67-A/2007, de 31 de Dezembro (rectificada pela Declaração de Rectificação n.º 2/2008, de 28 de Janeiro), compreendendo o orçamento da AC, do qual fazem parte quer os serviços integrados, quer os SFA, e o OSS. A LOE compreende ainda disposições legais relativas a outros aspectos e a apresentação de mapas com informação mais detalhada, como seja a relativa ao PIDDAC, despesas correspondentes a programas, responsabilidades contratuais plu-rianuais e às transferências, ao abrigo das respectivas leis de finanças, para a AdR e a AdL.

    No desenvolvimento do regime jurídico estabelecido na lei orçamental, e em cumprimento do dis-posto no n.º 2 do artigo 43.º da LEO (Lei n.º 91/2001, de 20 de Agosto, alterada e republicada pela Lei n.º 48/2004, de 24 de Agosto), foi publicado o DL n.º 41/2008, de 10 de Março (com a Declaração de Rectificação n.º 27/2008, de 9 de Maio), contendo as disposições necessárias à execução do OE.

    A elaboração do OE para 2008 foi concretizada tendo em conta as GOP para 2008, aprovadas e em anexo à Lei n.º 31/2007, de 10 de Agosto, que se inserem na estratégia de desenvolvimento económico e social do país definida no Programa do XVII Governo Constitucional, bem como nas GOP para 2005-2009 (Lei n.º 52/2005, de 31 de Agosto), no Plano Nacional de Acção para o Crescimento e Emprego (PNACE), no PEC e no QREN.

    Em termos legislativos, salienta-se a publicação no decorrer de 2008 do DL n.º 18/2008, de 29 de Janeiro, que, entrando em vigor seis meses depois, aprova o Código dos Contratos Públicos, que esta-belece a disciplina aplicável à contratação pública e o regime substantivo dos contratos públicos que revistam a natureza de contrato administrativo (rectificado pela Declaração de Rectificação n.º 18-A/2008, de 28 de Março, e alterado o seu artigo 4.º pelo artigo 12.º da Lei n.º 59/2008, de 11 de Setembro), a RCM n.º 34/2008, de 22 de Fevereiro, que aprova o programa de redução de prazos de pagamentos a fornecedores de bens e serviços pelo Estado, denominado PPTH, tendo a RCM n.º 191-A/2008, de 27 de Novembro, aprovado o Programa de Regularização Extraordinária de Dívi-das do Estado. A RCM n.º 70/2008, de 22 de Abril, que aprovou as orientações estratégias do Estado destinadas à globalidade do SEE e ainda a Lei n.º 41/2008, de 13 de Agosto, que estabeleceu as GOP para 2009, as quais apresentam o estado da acção governativa, com destaque para o período mais recente de 2007-2008 e identificam as principais linhas actuação política para 2009.

    A Política Económica em 2008 e a Evolução da Economia Portuguesa

    EVOLUÇÃO DA SITUAÇÃO ECONÓMICA EM 2008

    Enquadramento Internacional

    Em 2008, a economia internacional desacelerou significativamente, tendo o PIB mundial registado um crescimento de 3,1% (5,1% em 2007), com destaque para o enfraquecimento acentuado na parte

  • Conta Geral do estado de 2008 17

    final do ano, momento em que se assistiu à entrada em recessão de um grande número de economias avançadas. As economias emergentes e em desenvolvimento também desaceleraram, invertendo a ten-dência de forte crescimento registado nos anos precedentes.

    Para esta evolução contribuiu o impacto da crise financeira internacional, a quebra do sector da construção no segmento imobiliário nos EUA e em algumas economias avançadas (como o Reino Unido, a Espanha e a Irlanda). No caso das economias emergentes e em desenvolvimento acresce ain-da a redução do preço das matérias-primas (petróleo e não energéticas) no final de 2008 (Gráfico 1).

    GRÁFICO 1 – PREÇO DAS MATÉRIAS-PRIMAS

    35,0

    55,0

    75,0

    95,0

    115,0

    135,0

    155,0

    Dez

    -05

    Mar

    -06

    Jun-

    06

    Set

    -06

    Dez

    -06

    Mar

    -07

    Jun-

    07

    Set

    -07

    Dez

    -07

    Mar

    -08

    Jun-

    08

    Set

    -08

    Dez

    -08

    Fontes: DGEG e FMI.

    100110120130140150160170180

    Preço Spot do Petróleo Brent (USD/bbl, esc. esq.)Preço dos Produtos Alimentares (2005=100)

    A transmissão da crise dos mercados financeiros internacionais à economia real, conjugado com o aumento da incerteza e a deterioração das perspectivas de crescimento e procura global, amplificaram o processo recessivo em termos mundiais. A diminuição da procura e a deterioração da confiança dos empresários levou ao adiamento das decisões de investimento por parte dos agentes económicos. Tam-bém a verificação de condições mais restritivas na concessão do crédito, em virtude da distribuição assimétrica de liquidez e do aumento dos prémios de risco incorporados nas taxas de juro dos emprés-timos, contribuiu para o enfraquecimento económico da generalidade dos países.

    Na primeira metade do ano, o forte crescimento dos preços das matérias-primas (petróleo e produ-tos alimentares) contribuiu para a subida da taxa de inflação para a generalidade dos países, tendo sido especialmente significativa para as economias emergentes e em desenvolvimento: 9,3% em 2008 (o valor mais elevado desta década) (Gráfico 1). As taxas de juro de curto prazo diminuíram considera-velmente no último trimestre do ano, em linha com a implementação de uma política monetária mais acomodatícia com vista ao relançamento das economias. Após meados de Outubro, assistiram-se a movimentos abruptos na evolução das principais moedas, tendo no final do ano correspondido a uma depreciação do euro face ao dólar e ao iene, invertendo a tendência dos últimos anos.

  • 18 Volume I

    QUADRO 2 – PRINCIPAIS INDICADORES DA ECONOMIA INTERNACIONAL

    Fonte: CE, “Economic Forecasts”, Primavera 2009. 1 IHPC, para os países da UE.

    Nos EUA, o crescimento da actividade desacelerou, reflectindo uma redução da procura interna e um abrandamento das exportações particularmente acentuada na parte final do ano. O investimento privado agravou-se, tendo a componente residencial diminuído pelo terceiro ano consecutivo. Mas, se no primeiro semestre as restantes componentes do PIB compensaram a quebra do investimento resi-dencial, o mesmo já não sucedeu no segundo semestre, em que a deterioração das condições financei-ras internas e a desaceleração da economia internacional provocaram o enfraquecimento expressivo, quer do consumo privado, quer das exportações. A subida abrupta da taxa de desemprego para 7,2% em Dezembro de 2008 (5% no final de 2007) e a redução do valor do património financeiro das famí-lias norte-americanas, associada à depreciação das suas participações no mercado de capitais e à dimi-nuição dos preços do imobiliário, condicionaram a evolução do consumo privado.

    A economia asiática, apesar de ter desacelerado, continuou a apresentar um elevado dinamismo, destacando-se o desempenho da China e da Índia, que registaram crescimentos reais do PIB de 9 e 7,3%, respectivamente, e excedentes elevados da balança corrente.

    O ano de 2008 foi desfavorável para a economia japonesa, a qual apresentou um decréscimo do PIB, reflectindo sobretudo uma quebra acentuada do investimento privado residencial e uma desacele-ração acentuada das exportações.

    A actividade económica da UE desacelerou, tendo sido extensível à generalidade dos países, desta-cando-se a redução mais pronunciada na Irlanda, na Finlândia, em Itália, em Espanha, no Reino Unido, na Suécia e nos Países Bálticos.

    O enfraquecimento da actividade económica foi particularmente significativo na área do euro, reflectindo o impacto do agravamento e generalização da crise económica e financeira sobra a procura externa e sobre as decisões de consumo e de investimento dos agentes económicos. O investimento diminuiu 0,2% (4,3% em 2007) e as exportações desaceleraram para 1,2% (5,9% em 2007).

    Em 2008, especialmente a partir do quarto trimestre, a generalidade dos Bancos Centrais dos países adoptou uma política monetária caracterizada por uma redução das taxas de juro devido ao agravamen-to e generalização da turbulência nos mercados financeiros e à medida que se tornaram evidentes as repercussões negativas da crise financeira sobre a economia real e seu alastramento para as economias emergentes. O BCE procedeu a três descidas na sua taxa de juro de referência, para se situar no final do ano em 2,5% (4% no final de 2007). A Reserva Federal dos EUA prosseguiu a tendência de redu-ção das taxas de juro oficiais, iniciada em 2007, tendo diminuído a taxa dos federal funds, por cinco

    2007 2008 2007 2008 2007 2008 2007 2008 2007 2008 2007 2008Área do Euro (AE-15) 2,7 0,8 2,4 0,8 6,0 1,2 -0,6 -1,9 7,5 7,5 2,1 3,3União Europeia (UE-27) 2,9 0,9 3,0 0,9 5,0 1,6 -1,6 -2,3 7,1 7,0 2,4 3,7Alemanha 2,5 1,3 1,1 1,7 7,5 2,7 -0,2 -0,1 8,4 7,3 2,3 2,8Espanha 3,7 1,2 4,2 0,1 4,9 0,7 2,2 -3,8 8,3 11,3 2,8 4,1França 2,2 0,7 2,9 1,0 3,1 1,2 -2,7 -3,4 8,3 7,8 1,6 3,2Reino Unido 3,0 0,7 3,5 0,6 -4,1 0,1 -2,7 -5,5 5,3 5,6 2,3 3,6EUA 2,0 1,1 1,4 -0,1 8,4 6,3 -2,8 -5,9 4,6 5,8 2,8 3,8Japão 2,4 -0,7 1,3 -0,8 8,4 1,7 -2,5 -2,9 3,9 3,9 0,0 1,4

    PIB real ProcuraInterna

    (taxa de variação, %) (taxa de variação, %)

    Volume deExportações

    (taxa de variação, %)

    Saldo Global das AP

    (% do PIB)

    Taxa de Desemprego

    (%)Inflação1

    (tv)

    Taxa de

  • Conta Geral do estado de 2008 19

    vezes, fixando-a no intervalo de [0 – 0,25%] no final do ano de 2008 (4,25% no final de 2007), e o Banco de Inglaterra também procedeu à sua diminuição por cinco vezes terminando em 2% no ano de 2008 (5,5% no final de 2007) (Gráfico 2).

    GRÁFICO 2 - TAXAS DE JURO DE REFERÊNCIA DOS BANCOS CENTRAIS

    (em %)

    0,25

    5,25

    2,00

    5,75

    0,0

    1,0

    2,0

    3,0

    4,0

    5,0

    6,0Ab

    r-04

    Ago-

    04

    Dez

    -04

    Abr-

    05

    Ago-

    05

    Dez

    -05

    Abr-

    06

    Ago-

    06

    Dez

    -06

    Abr-

    07

    Ago-

    07

    Dez

    -07

    Abr-

    08

    Ago-

    08

    Dez

    -08

    Fontes: BCE; FED e Banco de Inglaterra.

    Área do Euro EUA Reino Unido

    Durante 2008, as taxas de juro de curto prazo diminuíram quer na área do euro quer nos EUA, tendo a redução sido mais pronunciada nos EUA. De facto, a Euribor a 3 meses diminuiu para 3,3% em Dezembro de 2008 (4,9% em Dezembro de 2007) e nos EUA a Libor a 3 meses para 1,8% em Dezem-bro de 2008 (5% em Dezembro de 2007. As taxas de juro de longo prazo registaram uma evolução descendente, diminuição particularmente acentuada no caso dos EUA, que se situou em 2,4% no final de 2008 (4,1% no final de 2007.

    No decurso do ano de 2008, assistiu-se a um movimento de fuga aos activos de maior risco que se traduziu em quedas significativas dos índices bolsistas internacionais. E, ainda, a intensificação da turbulência financeira na sequência da falência do banco de investimento Lehman Brothers, em Setembro, provocou uma alteração na composição da carteira dos agentes económicos, que substituí-ram instrumentos negociáveis com risco de mercado por activos mais líquidos. A moeda europeia registou uma apreciação de 2,7% em termos nominais efectivos no final de 2008 face ao final de 2007 (6,3%, no final de 2007).

    Evolução da Economia Portuguesa

    Em 2008, reflectindo a evolução muito desfavorável do enquadramento económico mundial e, mui-to em particular, dos nossos principais parceiros comerciais, a economia portuguesa desacelerou signi-ficativamente, registando um crescimento real nulo (1,9% em 2007). A evolução do PIB reflectiu, quer o contributo negativo da procura externa líquida (que diminuiu de 0,1 pontos percentuais em 2007 para 1,1 pontos percentuais em 2008), quer o abrandamento significativo da procura interna, decorrente da contracção do investimento (variação de -1,1% em termos reais, que compara com 3,2% em 2007).

  • 20 Volume I

    De referir que o perfil intra-anual do crescimento do PIB, em termos reais, foi distinto ao longo de 2008, tendo as quebras significativas das exportações e do investimento registadas no último trimestre do ano contribuído decisivamente para o resultado registado.

    As necessidades de financiamento da economia portuguesa aumentaram 1,8 pontos percentuais do PIB para 10,2% em 2008, em resultado da evolução do saldo da balança de rendimentos e, sobretudo, da evolução do saldo da balança de bens, reflectindo, essencialmente, os desenvolvimentos ocorridos na primeira metade do ano associados à alta do preço do petróleo. O saldo negativo das AP correspon-deu a 2,6% do PIB, o mesmo valor registado em 2007.

    A taxa média de desemprego em 2008 foi de 7,6%, diminuindo 0,4 pontos percentuais face a 2007. A variação do emprego foi de 0,5%, acelerando ligeiramente face ao ano anterior (+0,3 pontos percen-tuais do que em 2007).

    O diferencial de crescimento da economia portuguesa face à média da área do euro continuou nega-tivo (Gráfico 4).

    GRÁFICO 3 - CONTRIBUTOS PARA O CRESCIMENTO DO PIB

    (Taxa de variação homóloga e pontos percentuais)

    GRÁFICO 4 - PIB (Taxa de variação homóloga, em volume, %)

    -3

    -2

    -1

    0

    1

    2

    3

    4

    2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

    Procura interna (p.p)

    Procura externa (p.p)

    PIB (VH)

    -2

    -1

    0

    1

    2

    3

    4

    2000

    2001

    2002

    2003

    2004

    2005

    2006

    2007

    2008

    Diferencial (p.p)PIB AE15 (VH)PIB Portugal (VH)

    Fonte: INE. Fontes: INE e Eurostat.

    O desempenho menos favorável da procura interna resultou da forte deterioração do investimento, enquanto o consumo privado estabilizou e o consumo público registou um ligeiro aumento.

    De facto, em 2008, o consumo privado cresceu 1,6% em termos reais (valor idêntico a 2007). Para este resultado foi determinante a aceleração observada no consumo dos bens correntes, cujo cresci-mento se cifrou em 1,9%, mais 0,6 pontos percentuais do que em 2007. Esta aceleração fez-se sentir, quer na categoria dos bens alimentares, quer na categoria dos bens não alimentares e serviços, embora tenha sido ligeiramente mais expressiva nesta última, que compensou a contracção marginal que ocor-reu na componente de bens duradouros.

    Em 2008, o consumo público registou um crescimento de 0,5% em termos reais, aumentando o seu peso no PIB em 0,4 pontos percentuais.

  • Conta Geral do estado de 2008 21

    Como foi referido, o investimento (FBCF) foi a componente da procura interna que registou o com-portamento mais desfavorável, tendo diminuído 1,1% em termos reais face ao ano anterior. Salien-ta-se, no entanto, que este resultado foi motivado maioritariamente pelo comportamento da FBCF no 4.º trimestre do ano, tendo sido observada uma quebra homóloga de 8,6% nesse período.

    Por tipo de bens, a evolução negativa registada no investimento em construção e no investimento em material de transporte (designadamente no 2.º semestre do ano) contribuiu para o comportamento desfavorável da FBCF, enquanto o investimento em produtos metálicos e máquinas apresentou o com-portamento mais dinâmico.

    As exportações, com uma quebra real de 0,5%, apresentaram uma forte deterioração face ao com-portamento registado em 2007 (+7,5%, em termos homólogos reais). Esta desaceleração verificou-se ao longo do ano, mas acentuou-se no 4.º trimestre de 2008, com uma quebra de 8,9% em termos homólogos.

    A evolução das exportações em 2008 resultou do comportamento simultaneamente desfavorável das componentes de bens e de serviços. As exportações de bens registaram uma quebra homóloga de 1,1% (que compara com um crescimento homólogo de 5,7% em 2007) e as exportações de serviços desace-leraram de 13,5% em 2007 para 2,3% em 2008, em termos homólogos.

    Analisando os dados da balança de mercadorias em termos homólogos nominais, verifica-se que a quebra das exportações de bens, em 2008, resultou da evolução das exportações intracomunitárias, que caíram 2,8% tendo as exportações extra-comunitárias aumentado 13,5% nesse período.

    Em linha com a evolução da actividade económica, as importações desaceleraram (2,1% em 2008, que compara com 5,5% em 2007), resultado, em grande parte, da evolução desfavorável da procura global. As importações, apesar de tudo, mantiveram-se positivas, tanto em termos reais como nomi-nais. Em termos nominais, as importações aumentaram devido à componente energética, designada-mente devido ao forte crescimento do preço dos combustíveis ao longo de 2008. A compra de material aeronáutico ao longo da primeira metade de 2008 também impulsionou o crescimento das importações.

    Desta forma, as necessidades de financiamento da economia portuguesa, medidas pelo défice con-junto das Balanças Corrente e de Capital, aumentaram para 10,2% do PIB.

    No conjunto de 2008, o mercado de trabalho apresentou uma evolução positiva, consubstanciada num maior crescimento do emprego e numa diminuição da taxa de desemprego face a 2007, reflectin-do o desfasamento habitual face ao ciclo económico. Esta evolução foi influenciada pelo desempenho positivo ao longo dos primeiros seis meses do ano, uma vez que durante o 2.º semestre o comporta-mento do mercado de trabalho foi condicionado pelos desenvolvimentos da crise económica interna-cional.

    O crescimento anual do emprego total (0,5%) ficou a dever-se aos ganhos registados durante o 1.º semestre, sendo de destacar o forte contributo do emprego feminino, que apesar da evolução intra-anual desfavorável manteve sempre um comportamento positivo. Num contexto em que se verificou um menor crescimento da população activa portuguesa e uma ligeira melhoria da taxa de participação

  • 22 Volume I

    (74,2% no grupo etário 15-64 anos, que compara com 74,1% em 2008), o emprego total beneficiou de um ligeiro aumento da taxa de emprego, a qual, em termos médios, se fixou em 57,8% durante 2008, 0,2 pontos percentuais acima do valor de 2007.

    QUADRO 3 - INDICADORES DA EVOLUÇÃO ECONÓMICA E FINANCEIRA EM PORTUGAL Designação Unidade 2005 2006 2007 2008

    Contas Nacionais1

    Produto Interno Bruto Milhões de Euros 149123 155446 163190 166197PIB e componentes da despesa Taxa de variação real (%)PIB 0,9 1,4 1,9 0,0Consumo privado 2,0 1,9 1,6 1,6Consumo público 3,2 -1,4 0,0 0,5Formação bruta de capital fixo -0,9 -0,7 3,2 -1,1Exportações de bens e serviços 2,0 8,7 7,5 -0,5Importações de bens e serviços 3,5 5,1 5,6 2,1

    Mercado de TrabalhoPopulação activa Milhares 5544,8 5587,3 5618,3 5624,9Emprego total Milhares 5122,6 5159,5 5169,7 5197,8Taxa de emprego (15-64 anos) em % 67,5 67,9 67,8 68,2Taxa de desemprego em % 7,6 7,7 8,0 7,6

    Preços e SaláriosTaxa de inflação (IPC) Taxa de variação (%) 2,3 3,1 2,5 2,6Contratação colectiva Taxa de variação (%) 2,7 2,7 2,9 3,1Índice de custo do trabalho2 Taxa de variação (%) 2,0 1,7 4,0 4,3Salário minímo nacional Taxa de variação (%) 2,5 3,0 4,4 5,7

    Contas das Administrações PúblicasReceita corrente em % do PIB 40,1 41,2 42,2 42,3Impostos e contribuições p/ segurança social em % do PIB 36,0 36,7 37,5 37,5Despesa corrente em % do PIB 43,4 42,9 42,2 43,2Despesa primária em % do PIB 45,1 43,5 42,9 43,0Saldo global em % do PIB -6,1 -3,9 -2,6 -2,6Dívida bruta em % do PIB 63,6 64,7 63,5 66,4

    Balança de PagamentosBalança corrente + Balança de capital em % do PIB -8,3 -9,3 -8,4 -10,2 Balança corrente em % do PIB -9,8 -10,4 -9,6 -11,7 Balança de mercadorias em % do PIB -10,2 -9,7 -9,8 -10,5 Balança de capital em % do PIB 1,5 1,2 1,2 1,5

    Agregados de Crédito Bancário3

    Crédito ao sector privado não financeiro Variação, em % (Dez) 7,7 8,7 9,9 7,1Crédito a sociedades não financeiras Variação, em % (Dez) 5,0 7,1 11,2 10,6Crédito a particulares (inclui emigrantes) Variação, em % (Dez) 9,8 9,9 9,0 4,6

    Taxas de JuroTaxa de rentabilidade das OT a taxa fixa a 10 anos em % (Dez) 3,4 4,1 4,5 4,0Taxa de juro sobre saldos Crédito a sociedades não financeiras em % (Dez) 4,4 5,4 6,2 6,1 Crédito a particulares em % (Dez) 4,6 5,5 6,2 6,5 Depósito a prazo, até 2 ano em % (Dez) 2,1 2,7 3,6 4,0 Fontes: BP, INE, MFAP e MTSS. 1 INE - Contas Nacionais Trimestrais. 2 Excepto AP e corrigido de dias úteis. 3 As taxas de variação anual são calculadas com base na relação entre saldos de empréstimos bancários em fim de mês, ajus-tados de operações de titularização, e transacções mensais, as quais são calculadas a partir de saldos corrigidos de reclassifi-cações, de abatimentos ao activo e de reavaliações cambiais e de preço. Não inclui a componente titulada.

    Em 2008, a população desempregada diminuiu 4,8% em relação a 2007, revertendo assim o aumen-to registado naquele ano (+4,9%). Esta evolução motivou uma diminuição da taxa de desemprego para 7,6%, beneficiando sobretudo as mulheres, cuja taxa de desemprego diminuiu de 9,6% para 8,8%. Em termos de grupos etários, a redução do desemprego beneficiou sobretudo os indivíduos com idade compreendida entre os 25 e os 44 anos, que em 2008 apresentaram uma taxa de desemprego de 7,7% (menos 0,5 pontos percentuais que em 2007).

  • Conta Geral do estado de 2008 23

    O desemprego de longa duração registou, em 2008, uma redução de 3,2%, acentuando a evolução favorável que havia ocorrido no ano anterior (diminuição de 0,7%). Ainda assim, pelo facto de a popu-lação desempregada total ter diminuído de forma mais acentuada, em termos médios, o peso do desemprego de longa duração aumentou ligeiramente em 2008, atingindo 49,8% do desemprego total (+0,8 pontos percentuais que em 2007).

    Em 2008, a inflação média anual, medida pela variação anual do IPC, situou-se em 2,6%, represen-tando um aumento marginal de 0,1 pontos percentuais face ao ano anterior. O comportamento da taxa de inflação média anual encerra uma elevada volatilidade no preço dos bens ao longo do ano, explica-da, fundamentalmente, pelo comportamento dos preços dos bens energéticos. De facto, a variação homóloga, em termos médios, do IPC de bens nos três primeiros trimestres foi de 2,9%, caindo no 4.º trimestre para 0,7%, enquanto a taxa de variação do IPC de serviços manteve-se praticamente constan-te, em cerca de 3%, ao longo de todo o ano.

    O diferencial da taxa de inflação média anual face à área do euro, medido pelo IHPC, inverteu-se em 2008, situando-se em -0,6 pontos percentuais (+ 0,3 pontos percentuais em 2007). Desde Setembro de 2007 que o diferencial em termos homólogos tem sido negativo, uma vez que os efeitos da acelera-ção dos preços dos bens energéticos e dos produtos alimentares não transformados têm sido inferiores em Portugal quando comparados com os da área do euro.

    No contexto de ampliação da crise financeira internacional, assistiu-se, em 2008, a um novo acrés-cimo de dificuldades de financiamento das instituições financeiras para, numa fase posterior, terem-se propagado ao crédito bancário destinado ao sector privado não financeiro (empresas e famílias), o qual foi sujeito a condições mais difíceis e restritivas caracterizadas por um aumento dos prémios de risco.

    Durante os três primeiros trimestres de 2008, as taxas de juro bancárias mantiveram a tendência de subida iniciada no último trimestre de 2005, evolução que foi condicionada pela elevada incerteza nos mercados financeiros internacionais, pela quebra de confiança generalizada e pela restrição de oferta de fundos no mercado monetário interbancário no sentido de prevenir dificuldades de liquidez. Porém, no último trimestre do ano, perante a intensificação da crise económica a nível global e a ocorrência de menores riscos para a estabilidade dos preços, assistiu-se a uma inversão de tendência, tendo dado lugar a uma redução das taxas de juro, particularmente acentuada no caso das operações de crédito às empresas não financeiras, que se situou em 6,13% no final de 2008, sensivelmente igual ao do ano precedente.

    Prosseguindo a tendência dos últimos anos, o aumento do crédito aos particulares desacelerou, associado sobretudo à evolução descendente do crédito destinado à habitação que evoluiu de um cres-cimento de 8,5% em 2007 para 4,3% em 2008, devido, em parte, à deterioração das perspectivas para o mercado da habitação. Interrompendo a tendência de forte aceleração dos últimos anos, o crescimento do crédito destinado às sociedades não financeiras abrandou ligeiramente para 10,6% em 2008 (11,2% em 2007), movimento associado, em parte, à diminuição das necessidades de financiamento para investimento.

  • 24 Volume I

    As condições financeiras a nível global foram significativamente afectadas pelas fortes quedas dos preços nos mercados accionistas em 2008. O índice PSI-Geral registou uma redução de 50% em ter-mos homólogos, semelhante à verificada na área do euro, o que compara com um aumento de 18% em 2007. Este comportamento reflectiu o adensar dos problemas no sistema financeiro a nível global e a sua crescente interacção com a desaceleração observada e perspectivada da actividade económica.

    Finanças Públicas em Portugal

    NO CONTEXTO DAS FINANÇAS PÚBLICAS EUROPEIAS

    Em 2008, o contexto das Finanças Públicas Europeias, de acordo com os dados publicados pelo Eurostat2, apurados numa óptica de Contabilidade Nacional, é marcado por uma evolução negativa das posições orçamentais, reflexo, designadamente, dos efeitos da crise económica. Verifica-se que, entre 2007 e 2008, tanto para o conjunto dos Estados-Membros da UE, como para os Estados-Membros da AE, o processo de consolidação orçamental que se vinha a verificar nos últimos anos foi interrompido, motivado em simultâneo por um aumento da despesa e pela diminuição da receita.

    Em 2008, a despesa pública na AE correspondia a 46,6 por cento do PIB e a receita a 44,7 por cento do PIB, enquanto na UE, o peso da despesa e receita em termos do PIB foi de, respectivamente, 46,8 e 44,5 por cento. Em ambas as zonas, de 2007 para 2008, verificou-se a situação anteriormente referida de aumento do peso da despesa e diminuição do peso da receita.

    De 2007 para 2008, o défice e a dívida pública, quer da UE, quer da AE, aumentaram apresentando, respectivamente, 2,3 e 61,5 por cento do PIB para a UE e 1,9 e 69,3 por cento do PIB na AE.

    Na UE, o aumento de 2,8 pontos percentuais do rácio da dívida pública deu origem a que aquele conjunto de Estados-Membros ultrapassasse, enquanto um todo, o valor de referência de 60 por cento do PIB, estabelecido no Tratado da UE. No caso da AE, a dívida pública, que já em 2007 se situava acima dos 60 por cento, registou um aumento de 3,3 pontos percentuais face ao ano anterior, reflectin-do, para além do agravamento do défice, um volume significativo de aquisições de activos líquidos financeiros.

    Em termos de défice público, os valores apurados para 2008, apesar de registarem aumentos de, respectivamente, 1,5 pontos percentuais na UE e 1,3 pontos percentuais na AE, mantém-se abaixo do limiar dos 3 por cento de referência para aquele indicador.

    Enquanto em 2007, apenas a Grécia (da AE) e a Hungria apresentavam défices orçamentais acima dos 3 por cento, em 2008, dez Estados-Membros registaram défices superiores ao valor de referência (de 3 por cento do PIB) definido no Tratado da UE, destacando-se entre eles a Irlanda com um défice de 7,1 por cento, o que representa uma deterioração da sua posição orçamental em 7,3 pontos percen-tuais, passando de uma situação de superavit em 2007 para um défice significativo no ano seguinte.

    2 Fonte: Eurostat – Euro-indicators, newsrelease 56/2009 – 22 Abril 2009; Eurostat – Government Finance Statistics, Summary tables 1/2009.

  • Conta Geral do estado de 2008 25

    Destaque ainda para a Hungria, que embora tendo registado um défice de 3,4 por cento, conseguiu melhorar a sua posição orçamental entre 2007 e 2008 em 1,5 pontos percentuais No global dos Esta-dos-Membros, cinco registaram uma melhoria no valor do saldo orçamental, vinte e um Esta-dos-Membros pioraram e apenas um manteve o mesmo nível de saldo orçamental de 2007 para 2008.

    QUADRO 4 – SALDO ORÇAMENTAL E DÍVIDA PÚBLICA, EM PERCENTAGEM DO PIB, NA UE E AE

    (em percentagem do PIB)

    Saldo Orçamental

    Dívida Pública

    Saldo Orçamental

    Dívida Pública

    Saldo Orçamental

    Dívida Pública

    Alemanha -0,2 65,1 -0,1 65,9 0,0 0,8Áustria -0,5 59,4 -0,4 62,5 0,1 3,1Bélgica -0,2 84,0 -1,2 89,6 -1,0 5,6Chipre 3,4 59,4 0,9 49,1 -2,5 -10,2Eslováquia -1,9 29,4 -2,2 27,6 -0,3 -1,7Eslovénia 0,5 23,4 -0,9 22,8 -1,4 -0,6Espanha 2,2 36,2 -3,8 39,5 -6,0 3,3Finlândia 5,2 35,1 4,2 33,4 -1,1 -1,7França -2,7 63,8 -3,4 68,0 -0,7 4,2Grécia -3,6 94,8 -5,0 97,6 -1,4 2,8Irlanda 0,2 25,0 -7,1 43,2 -7,3 18,3Itália -1,5 103,5 -2,7 105,8 -1,2 2,3Luxemburgo 3,6 6,9 2,6 14,7 -1,1 7,8Malta -2,2 62,1 -4,7 64,1 -2,5 2,0Países Baixos 0,3 45,6 1,0 58,2 0,7 12,6Portugal -2,6 63,5 -2,6 66,4 0,0 2,9AE -0,6 66,0 -1,9 69,3 -1,3 3,3Bulgária 0,1 18,2 1,5 14,1 1,5 -4,1Dinamarca 4,5 26,8 3,6 33,3 -1,0 6,5Estónia 2,7 3,5 -3,0 4,8 -5,7 1,3Hungria -4,9 65,8 -3,4 73,0 1,5 7,2Letónia -0,4 9,0 -4,0 19,5 -3,6 10,5Lituânia -1,0 17,0 -3,2 15,6 -2,2 -1,4Polónia -1,9 44,9 -3,9 47,1 -2,0 2,2Reino Unido -2,7 42,7 -2,8 43,2 -0,1 0,5República Checa -0,6 28,9 -1,5 29,8 -0,8 0,9Roménia -2,5 12,7 -5,4 13,6 -2,9 0,9Suécia 3,8 40,5 2,5 38,0 -1,3 -2,5UE -0,8 58,7 -2,3 61,5 -1,5 2,9

    2007 2008 Variações

    Enquanto em 2007 onze Estados-Membros obtiveram um excedente orçamental, em 2008 este gru-po foi restringido para sete, sendo que destes, todos já tinham apresentado um excedente em 2007: a Bulgária, o Chipre, a Dinamarca, a Finlândia, o Luxemburgo, os Países Baixos e a Suécia.

    Embora o rácio da Dívida Pública sobre o PIB tenha aumentado tanto para os Estados-Membros da AE como para os Estados-Membros da UE, enquanto conjuntos, em sete Estados-Membros da UE (dos quais quatro da AE) observou-se uma redução daquele indicador, destacando-se entre eles o Chipre, que teve uma diminuição do rácio da dívida pública no PIB de 10,2pontos percentuais. Em todos os restantes 20 Estados-Membros da UE verificou-se um aumento do rácio da dívida pública no PIB, com especial destaque para a variação de + 18,2 pontos percentuais no caso da República da Irlanda.

    No que respeita à posição dos rácios da dívida pública, verifica-se que em 2008 nove Esta-dos-Membros da UE tinham valores para o rácio da dívida pública no PIB acima do valor de referência estabelecido no Tratado da UE. Bélgica (89,6 por cento), França (68,0 por cento), Alemanha (65,9 por cento), Grécia (97,6 por cento), Hungria (73,0 por cento), Itália (105,8 por cento), Malta (64,1 por cen-to) e Portugal (66,4 por cento) continuaram, tal como em 2007, com o seu rácio da dívida pública aci-ma dos 60 por cento do PIB, tendo a Áustria integrado também este grupo ao passar de um rácio da

  • 26 Volume I

    dívida pública no PIB de 59,4 por cento em 2007 para 62,5 por cento em 2008. Deve ser referido que destes Estados-Membros só a Hungria não pertence à AE.

    A Itália mantém-se como o Estado-Membro com o maior rácio da dívida pública no PIB, tendo registado em 2008 um valor na ordem dos 105,8 por cento. A Estónia, por outro lado, embora tenha registado um défice orçamental de 3,0 por cento apresenta, em 2008, um rácio da dívida de apenas 4,8 por cento, o que representa um aumento de 1,3 pontos percentuais.

    Concluindo, em 2008 verifica-se um agravamento da posição orçamental e da dívida pública em percentagem do PIB no conjunto da UE, o qual foi mais acentuado nos Estados-Membros da AE.

    AS FINANÇAS PÚBLICAS PORTUGUESAS EM 2008

    O défice das AP, na óptica da contabilidade nacional, manteve-se no ano de 2008 abaixo do limiar de 3 por cento fixado pelo Tratado da UE. A estimativa de défice de € 4.340,7 milhões para 2008, equivalente a 2,6 por cento do PIB excedeu, em 0,2 pontos percentuais do PIB, o objectivo inicialmen-te previsto no OE, tendo-se, contudo, mantido comparativamente a 2007 o mesmo valor em percenta-gem do PIB.

    O resultado orçamental alcançado em 2008 reflectiu, por um lado, o comportamento desfavorável do saldo corrente e, por outro lado, a evolução positiva do saldo de capital (+ 0,8 pontos percentuais do PIB).

    O elevado aumento da despesa corrente primária em 2008 reflecte, não apenas o crescimento da despesa em prestações sociais, mas também, e em menor escala o aumento do consumo intermédio. A introdução de novas medidas de apoio social, como sejam o alargamento do complemento solidário para idosos e a introdução de benefícios adicionais de saúde, assim como o aumento do abono de famí-lia para agregados de baixo rendimento e a criação do passe escolar, explicam o aumento de 0,7 pontos percentuais das prestações sociais, com o crescimento das pensões a revelar uma evolução acima do crescimento nominal do PIB. A contribuir igualmente para este comportamento expansivo das presta-ções sociais, refira-se, adicionalmente, as despesas com o subsídio familiar a crianças e jovens e o ren-dimento social de inserção. Numa menor dimensão, as despesas com o consumo intermédio registaram em 2008 um incremento de 0,2 pontos percentuais do PIB, traduzindo, entre outros factores, a evolu-ção dos pagamentos decorrentes dos contratos existentes com as entidades concessionárias das auto-estradas SCUT.

    Por seu turno, as despesas com pessoal mantiveram em 2008 o seu peso no PIB, com um cresci-mento que não ultrapassou 1,5 por cento. Esta evolução, ainda que influenciada pelas operações de empresarialização dos hospitais ocorridas no ano, as quais se traduzem numa redução das despesas com pessoal e consumo intermédio com contrapartida num aumento das prestações sociais em espécie, foi justificada em boa parte pela actualização da tabela salarial em 2,1 por cento e pela política de con-tenção nas admissões na AP.

    Comparativamente ao ano anterior, o consumo final das AP inflectiu a trajectória, registando em 2008 um acréscimo de 0,4 pontos percentuais do PIB, para se fixar, em rácio do PIB, nos 20,7 por cen-

  • Conta Geral do estado de 2008 27

    to. As prestações sociais em espécie e o consumo intermédio foram as componentes da despesa que justificaram a quase totalidade do aumento daquele indicador.

    A concluir a análise da despesa corrente, as despesas com juros registaram em 2008 um acréscimo de 0,1 pontos percentuais do PIB, consequência do crescimento do stock da dívida, não obstante a redução das taxas de juro no final do segundo semestre.

    No lado da receita, a carga fiscal em rácio do PIB estabilizou em 2008, em consequência do aumen-to das contribuições sociais e dos impostos sobre o rendimento e património, suficientes para absorver a quebra de receita proveniente dos impostos sobre a produção e a importação.

    As contribuições sociais voltaram a registar em 2008 um aumento do seu peso no PIB (+ 0,3 pontos percentuais do PIB), em resultado, não apenas, das medidas de combate à fraude e evasão contributiva, mas também do aumento do emprego no conjunto do ano de 2008. Relativamente ao aumento em 0,2 pontos percentuais do PIB da receita dos impostos sobre o rendimento e o património, ele reflectiu, em particular, o aumento da base tributável em sede de IRC e a não repercussão dos efeitos do abranda-mento económico nos pagamentos por conta efectuados ao longo de 2008. Em sentido contrário, o decréscimo da receita dos impostos sobre a produção e importação em 0,4 pontos percentuais do PIB, face a 2007, é justificado pela redução da receita de IVA, decorrente da diminuição em um ponto per-centual da sua taxa normal, a partir de meados de 2008, agravada ainda pelo abrandamento económico sentido com especial incidência no último trimestre do ano. Na mesma linha de evolução desfavorável identificam-se o ISP, marcado pelo menor consumo de combustíveis, e o IMT e o ISV, para os quais a redução de receita é explicada respectivamente pelo abrandamento das transacções no mercado imobi-liário e pelas alterações legislativas introduzidas na tributação automóvel.

    No seu conjunto, a receita corrente registou em 2008 um aumento marginal de 0,1 pontos percen-tuais do PIB, em particular devido à receita não fiscal, designadamente ao comportamento das transfe-rências correntes e rendimentos da propriedade.

    No que respeita ao Saldo de Capital, o contributo de 0,8 pontos percentuais do PIB para a redução do défice orçamental em 2008 é explicado na quase totalidade pelas operações de concessão realizadas durante o ano, muito em particular as referentes à capacidade hidroeléctrica nacional, cujo registo em contas nacionais, como venda de activos, contribuiu para a redução do peso relativo no PIB das outras despesas de capital. No mesmo sentido, o investimento público sofreu, comparativamente ao ano ante-rior, uma diminuição de 0,2 pontos percentuais do PIB, influenciado pela receita da alienação de imó-veis, cujo tratamento na óptica da contabilidade nacional estabelece o registo como desinvestimento, afectando negativamente a formação bruta de capital fixo.

    A evolução favorável das receitas de capital resultou do aumento dos fundos comunitários recebi-dos, em parte, decorrente da sobreposição de fundos do QCA III com o QREN.

    No quadro da evolução da dívida bruta consolidada das AP (critério de Maastricht) para o ano de 2008, de acordo com os dados da dívida reportados na notificação de Abril de 2009 do PDE, Portugal aumentou em 2,9 pontos percentuais o seu rácio da dívida pública, fixando-se em 66,4% do PIB.

  • 28 Volume I

    Inflectindo o decréscimo de 1,1 pontos percentuais do PIB verificado em 2007, o aumento do valor da dívida em percentagem do PIB em 2008 é na quase totalidade explicado pelo efeito do diferencial entre a taxa de juro implícita da dívida pública e a taxa de crescimento do PIB, a par dos ajustamentos défice/dívida, nos quais se incluem o recurso à emissão de dívida pública para financiamento de regu-larização de dívidas comerciais, das operações de aumento de capital em empresas públicas e dos empréstimos concedidos pelas AP neste ano.

    A estimativa do saldo da conta das AP, na óptica da contabilidade nacional, em 2008, apurada na notificação do PDE de Abril de 2009, é de € -4.340,7 milhões (-2,6 por cento do PIB) que compara com a estimativa do OE de 2008 de € -4.090,9 milhões (-2,4 por cento do PIB). Na deterioração face à estimativa do orçamento inicial destaca-se o contributo das “empresas não mercantis”, das dotações de capital nos Hospitais EPE e o perdão de juros da dívida de Moçambique.

    Conta das Administrações Públicas 2008 (Óptica da Conta-bilidade Nacional) e explicação da passagem da óptica da Contabilidade Pública para a Contabilidade Nacional.

    A passagem da contabilidade pública para a contabilidade nacional é determinada pelos ajustamen-tos necessários devido às diferenças metodológicas e às diferenças de consolidação.

    A realização destes ajustamentos decorre da aplicação das regras de contabilização do registo das operações, previstas no SEC 95, muito em particular o princípio da especialização económica (“Accrual”). De acordo com este princípio, o registo das operações efectua-se no momento em que o valor económico, os direitos ou as obrigações, são criados, transformados ou extintos, e não no momento em que as mesmas são recebidas ou pagas, tal como a contabilidade base-caixa as regista.

    Os ajustamentos que explicam a passagem das contas das AP na óptica das Contas Públicas à óptica das Contas Nacionais assumem natureza diversa, identificando-se neste domínio aqueles que resultam:

    Do efeito de registo segundo a especialização do exercício;

    Do ajustamento de diferenças de universo a considerar;

    Outros ajustamentos com impacto no saldo não tipificáveis nas categorias anteriores, onde se incluem entre outras as reclassificações de operações de receita e despesa.

  • Conta Geral do estado de 2008 29

    QUADRO 5 – CONTA DAS AP – 2008

    (milhões de euros) ADM.

    CONTABILIDADE NACIONAL Código AdCentral AdL&Reg Seg. Social PÚBLICAS

    1. Impostos sobre a Produção e Importação D2 20 670,3 2 729,4 865,4 24 265,12. Impostos correntes sobre Rendimento e Património D5 15 658,9 865,5 0,0 16 524,4

    3. Contribuições para Fundos da Segurança Social D61 1 741,8 145,8 19 658,3 21 546,0 Das quais: Contribuições Sociais Efectivas D.611 204,8 10,4 19 637,9 19 853,14. Vendas (1) 2 341,7 1 805,1 15,7 4 162,55. Outra Receita Corrente D.7r+D.4r+D.39r 3 270,6 2 508,0 7 790,5 3 824,76. Total das Receitas Correntes (1+2+3+4+5) 43 683,3 8 053,8 28 329,9 70 322,77. Consumo Intermédio P.2 4 372,1 2 618,5 274,0 7 264,78. Despesas com pessoal D.1 17 743,2 3 098,0 536,0 21 377,39. Prestações Sociais (2) 8 367,4 599,4 24 072,8 33 039,6 Das quais: em espécie 6 361,8 462,0 246,7 7 070,510. Juros D.41 4 765,083 290,521 0,354 4 816,14811. Subsídios D.3 1 359,4 212,8 358,6 1 930,812. Outra Despesa Corrente (3) 10 471,0 559,6 1 786,9 3 313,013. Total Despesa Corrente (7+8+9+10+11+12) 47 078,2 7 378,9 27 028,7 71 741,414. Poupança Bruta (6-13) B.8g -3 394,9 674,9 1 301,2 -1 418,715. Transferências de Capital Receita D.9r 986,3 2 049,7 17,1 1 549,216. Total Receitas (6+15) 44 669,6 10 103,6 28 347,0 71 872,017. Formação Bruta Capital Fixo P.51 1 042,1 2 472,9 28,9 3 543,918. Outra Despesas Capital (4) 1 994,2 391,5 45,6 927,319. Total Despesa Capital (17+18) 3 036,3 2 864,4 74,5 4 471,320. Total Despesa (13+19) 50 114,5 10 243,3 27 103,2 76 212,721. Capacid. (+)/Nec. (-) Financ. Líquido (16-20) B.9 -5 444,8 -139,7 1 243,8 -4 340,7

    (em percentagem do PIB) -3,3% -0,1% 0,7% -2,6%Consumo Final das Administrações Públicas 27 130,0 6 182,4 1 085,9 34 398,3Saldo Primário -679,8 150,8 1 244,2 475,4Carga Fiscal(Impostos+PrestEfectivas+Imp Suc e Doaç) 36 541,8 3 608,5 20 503,3 60 653,6

    (1): P.11+P.12+P.131(2): D.62+D.6311+D.63121+D.63131(3): D.29p+D.42p+D.43p+D.44p+D.45p+D5.p+D.7p(4): P.52+P.53+K.2+D.9p

    Nos termos da notificação do PDE, os quadros 2-A, 2-C e 2-D evidenciam os ajustamentos funda-mentais entre a contabilidade pública e a contabilidade nacional, para cada um dos três subsectores das contas das AP. O quadro abaixo reúne, para o ano de 2008, os três subsectores correspondentes aos quadros 2-A, 2-C e 2-D, respectivamente AC, AdL e AdR e Fundos da SS.

  • 30 Volume I

    QUADRO 6 – QUADROS 2 DA NOTIFICAÇÃO DO PDE DE ABRIL DE 2009

    Estado Membro: PORTUGALValores em milhões de euros

    Data:27/03/2009Administração

    Central Administração

    Local e RegionalFundos da Seg. Social

    Saldo Global incluindo Activos Financeiros (Óptica da Contab. Pública) -5 713,4 -493,6 -10,1

    Operações Financeiras consideradas no Saldo Global incluindo Activos Financeiros 535,4 19,6 1 595,6 Empréstimos, concedidos (+) 208,7 14,2 0,0 Empréstimos, amortizações (-) -24,3 -7,7 0,0 Acções e outras participações + unidades de participação, Aquisição (+) 347,1 55,5 1 945,1 Acções e outras participações + unidades de participação, Alienação (-) -5,6 -30,2 -969,7 Outras operações financeiras (+/-) 9,4 -12,2 620,1

    Outras contas a receber (+) -340,3 -0,9 19,0 Ajustamento temporal dos impostos e Contribuições Sociais -335,4 -11,3 Neutralidade dos Fundos Comunitários 30,3 Outros -4,8 -0,9 0,0

    Outras contas a pagar (-) 120,0 330,9 0,0

    Diferença entre juros pagos (+) e juros vencidos (EDP D.41)(-) -10,2 0,0 0,0

    Necessidade (-) Capacid. líq. de Financ. (+) de outras entidades da Adm. Central. 341,0

    Ajustamento de Universo 5,4 -360,6 Administração Regional (Saudaçor, IROA, PATRIRAM, RAMEDM) 9,0 Administração Local (Freguesias, Serv. Fundos Autónomos da Adm. Local) -3,6 Caixa Geral de Aposentações -360,6

    Outros ajustamentos (+/-) -377,5 -1,1 0,0 Leasing (Novos Contratos - Amortizações) 0,7 9,3 Dívidas assumidas em outros sectores 0,0 Injecções de capital reclassificadas como Despesa não-financeira -258,1 -12,0 Despesa com Material Militar (Pagamentos - Valor de Entregas) 55,0 Outros -175,0 1,6 0,0

    Necessidade (-)/ Capacidade líquida de financiamento (+) (EDP B.9) -5 444,8 -139,7 1 243,8(SEC 95)

    Estimativa 2008

    AJUSTAMENTOS DE ESPECIALIZAÇÃO DO EXERCÍCIO

    O efeito no saldo do ajustamento à especialização do exercício registou no ano de 2008 impactos positivos no subsector da AdR e AdL e no subsector dos Fundos da SS, respectivamente de € 330 milhões e € 19 milhões, em contraste com o efeito negativo de € 230,4 milhões, verificado no subsec-tor da AC3, justificado em boa parte pelos ajustamentos temporais decorrentes de impostos e pelos valores apurados em outras contas a pagar.

    No subsector da AdR e AdL, o ajustamento positivo à especialização do exercício é justificado, fundamentalmente pela rubrica “Outras contas a pagar”, cujo impacto positivo de € 330,9 milhões, reflecte o elevado valor de despesas pagas de anos anteriores efectuadas pela RAM e alguns municí-pios, na sequência da utilização de financiamentos contratados no âmbito do PPTH, diploma aprovado pela RCM n.º 24 /2008, de 22 de Fevereiro.

    No que se refere aos Fundos da SS, o ajustamento à especialização do exercício de € 19 milhões é explicado pelo efeito conjugado da aplicação do princípio da neutralidade dos fundos comunitários (com um impacto no saldo de € 30,3 milhões) e dos ajustamentos temporais às contribuições da SS e

    3 O efeito de especialização do exercício para outras entidades deste subsector, que não o subsector Estado, encontra-se implícito no montante de € 341 milhões de “ Necessidade/capacidade líquida de Financiamento de outras entidades da Administração”. Encontra-se aqui igualmente incluído o efeito da neutralidade dos fundos comunitários nos SFA.

  • Conta Geral do estado de 2008 31

    IVA (com um impacto no saldo de € 30,3 milhões), à semelhança do que é adoptado no ajustamento temporal dos impostos indirectos.

    No subsector da AC, a parcela mais importante para a explicação do impacto negativo da especiali-zação do exercício são os ajustamentos temporais de impostos, um tratamento que consiste no ajusta-mento da receita efectivamente gerada num ano, em função do prazo médio de pagamento do imposto, tendo por objectivo eliminar os desfasamentos temporais que incidem sobre o IVA, o ISP, o IT e o IABA. O valor negativo de € - 335,4 milhões é assim justificado pelos contributos negativos do IVA, ISP, IT e IABA, este último em menor escala. Em sentido oposto, a aplicação do efeito de especializa-ção da despesa teve como resultado um impacto positivo de € 120 milhões.

    AJUSTAMENTOS DE UNIVERSO

    No conjunto dos ajustamentos relativos às diferenças de universo, e à semelhança do verificado em 2007, apenas se individualizam nos quadros 2 de notificação ao EUROSTAT, os ajustamentos nos subsectores da AdR e AdL e Fundos da SS.

    No subsector Fundos da SS, o ajustamento de universo efectuado resulta da inclusão da CGA neste subsector, por deslocação do subsector dos SFA, tal como figura no universo das AP, na óptica da con-tabilidade pública. O ajustamento negativo de € 360,6 milhões da CGA neste subsector não produz este impacto no saldo das contas consolidadas das AP, porquanto esta entidade é reclassificada do sub-sector dos SFA pelo saldo apresentado pela sua Conta de Gerência. Na conta consolidada das AP o impacto deste ajustamento de universo transforma-se num ajustamento de especialização do exercício.

    No que respeita ao subsector da AdR e AdL, a expressão dos ajustamentos de universo não ultra-passa os € 5,4 milhões, identificando-se neste subsector um impacto diferenciado na reclassificação das entidades não mercantis. A AdR contribui favoravelmente para este ajustamento (€ 9 milhões), contrariamente ao contributo negativo de entidades não mercantis reclassificadas para o subsector da AdL (€ - 3,6 milhões).

    Contrariamente aos subsectores da AdR e AdL, e Fundos da SS, os ajustamentos de universo na AC não se encontram explicitados nestes quadros. O conjunto de ajustamentos efectuados neste subsector consiste na exclusão do Universo das AP, das contas das unidades de regulação e das unidades desig-nadas “Quase empresas”, entidades consideradas produtores mercantis, como tal integradas no sector das sociedades, e na inclusão das contas de Instituições Sem Fins Lucrativos das AP e de unidades designadas de Empresas Não Mercantis, nomeadamente a EP – Estradas de Portugal, EPE, as Socieda-des Polis e a SCML (excluindo o Departamento de Jogos). O valor do seu impacto em 2008 encon-tra-se incorporado nos € 341 milhões que correspondem à capacidade líquida de financiamento de outras entidades da AC.

    OUTROS AJUSTAMENTOS

    A completar a explicação dos ajustamentos que determinam a passagem do Saldo em Contabilidade Pública para o Saldo em Contabilidade Nacional, o subsector Estado concentra uma vez mais a quase totalidade do conjunto de outros ajustamentos, não tipificáveis, com impacto no saldo. Os valores de

  • 32 Volume I

    outros ajustamentos realizados no subsector Estado com impacto negativo no saldo da AC, e por con-seguinte nas AP, totalizaram em 2008 os € 377,5 milhões, equivalente a 0,2% do PIB.

    No conjunto de ajustamentos realizados destacam-se pela sua dimensão, as injecções de capital no montante de € 258,1 milhões, relativos a aumentos de capital em empresas com capitais públicos nomeadamente, RTP (€ 42,6 milhões), Parque Expo (€ 41 milhões), Polis (€ 29 milhões), e MP (€ 19 milhões), para além dos realizados em hospitais, centros hospitalares e unidades locais de saúde, num total de € 106,6 milhões. Estas operações reflectem a reclassificação para despesa não financeira de activos financeiros contabilizados na óptica da contabilidade pública, cujo tratamento em contabilidade nacional tem como efeito, o impacto negativo no saldo das AP.

    Os restantes ajustamentos, a justificarem aproximadamente 1/3 do total (€ 377,5 milhões) são devi-dos ao registo do perdão de dívida a Moçambique (€ 84,3 milhões) e à reclassificação de empréstimos concedidos pelo Estado às entidades Polis (€ 26,4 milhões), Estaleiros Navais de Viana de Castelo (€ 8 milhões) e SIMAB (€ 3,5 milhões), num valor total de € 37,9 milhões. À semelhança das injecções de capital, por se tratar de entidades cujos resultados da actividade reflectem uma situação recorrente de prejuízos, contribuindo para a constante erosão dos seus capitais próprios, os apoios realizados pelo Estado sob a forma de empréstimos são considerados na óptica da contabilidade nacional uma transfe-rência de capital, implicando a reclassificação destes empréstimos como activos financeiros para des-pesa não financeira.

    Subsector Estado

    EVOLUÇÃO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

    O défice do subsector Estado em 2008 situou-se em 5.179,8 milhões de euros, o que representa uma degradação de 144,3 milhões de euros relativamente ao registado em 2007.

    O quadro seguinte detalha as receitas e despesas por classificação económica relevantes para a determinação do défice, assim como as despesas com activos líquidos de reembolsos e o endividamen-to líquido do subsector.

  • Conta Geral do estado de 2008 33

    QUADRO 7 – EVOLUÇÃO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA DO SUBSECTOR ESTADO (2006-2008)4

    (milhões de euros)

    2006 2007 2008 2007 / 2006 2008 / 2007

    Receita corrente 35 430,1 38 803,5 38 912,2 9,5 0,3Impostos directos 12 610,5 14 763,1 15 305,3 17,1 3,7Impostos indirectos 20 016,2 20 875,2 20 291,0 4,3 -2,8Contribuições para a SS, CGA e ADSE 102,7 195,4 204,8 90,2 4,8Taxas, multas e outras penalidades 651,1 537,8 528,9 -17,4 -1,7Rendimentos da propriedade 605,0 586,3 575,9 -3,1 -1,8Transferências correntes 669,2 990,3 1 039,4 48,0 5,0Outras receitas correntes 775,3 855,4 967,0 10,3 13,1

    Receita de capital 495,2 614,6 1 906,8 24,1 210,3Transferências capital 120,9 166,3 106,0 37,6 -36,3Outras receitas de capital 374,4 448,2 1 800,9 19,7 301,8

    Despesa corrente 39 869,3 41 296,4 43 172,4 3,6 4,5Despesas com pessoal 13 296,5 13 639,2 13 915,1 2,6 2,0Aquisição bens e serviços 1 165,3 1 331,2 1 385,9 14,2 4,1Juros e outros encargos 4 397,4 4 719,9 4 886,5 7,3 3,5Transferências correntes 20 076,2 20 681,8 21 467,6 3,0 3,8Subsídios 664,7 656,0 1 145,7 -1,3 74,6Outras despesas correntes 269,3 268,2 371,6 -0,4 38,5

    Despesa de capital 3 195,8 3 157,1 2 826,3 -1,2 -10,5Aquisição de bens de capital 516,3 678,5 700,9 31,4 3,3Transferências capital 2 658,7 2 458,5 2 088,5 -7,5 -15,1Outras despesas capital 20,8 20,1 36,9 -3,5 83,9

    Total da receita 35 925,3 39 418,1 40 819,0 9,7 3,6 Receita fiscal 32 626,7 35 638,3 35 596,3 9,2 -0,1 Receita não fiscal 3 298,6 3 779,8 5 222,8 14,6 38,2Total da despesa 43 065,1 44 453,5 45 998,8 3,2 3,5

    Saldo corrente -4 439,3 -2 492,9 -4 260,3Saldo de capital -2 700,6 -2 542,6 -919,5Saldo global -7 139,8 -5 035,5 -5 179,8Saldo primário -2 742,5 -315,6 -293,3

    Por memória:Endividamento líquido 7 490,8 5 159,4 5 715,2Activos financeiros líquidos 351,0 123,9 535,4

    Execução orçamental Variação (%)

    4 Os valores registados nas rubricas de encargos com a dívida (incluídos nos “Juros e outros encargos”) correspondem aos valores levantados pelo IGCP para pagamento dos encargos da dívida pública, que podem não corresponder aos encargos efectivamente pagos por aquele Instituto pelas razões explicitadas no Quadro 26-C, apresentado no Volume II - Tomo I.

  • 34 Volume I

    Entre 2007 e 2008, a receita desacelerou 6,1 pontos percentuais, tendo crescido 3,6 por cento em 2008. O crescimento das receitas deveu-se em 3,7 pontos percentuais às receitas não fiscais, tendo o contributo das receitas fiscais sido ligeiramente negativo. Para aquela evolução da receita não fiscal contribuiu decisivamente as entregas ao Estado pela EDP, no âmbito da regularização da atribuição de títulos de utilização às empresas titulares de centros electroprodutores5 (759,0 milhões de euros) e por diversas operadoras, enquanto contrapartida pela transmissão de direitos no domínio hídrico6, no âmbi-to da implementação do PNBEPH7 (623,5 milhões de euros).

    No que respeita à receita fiscal, verificou-se um crescimento dos impostos directos em 3,7 por cento e um decréscimo dos impostos indirectos em 2,8 por cento, sendo de salientar os seguintes aspectos:

    Relativamente aos impostos directos, o acréscimo da receita cobrada reflecte o impacto das medi-das legislativas previstas na LOE para 2008, no âmbito do combate à fraude e evasão fiscais e pla-neamento abusivo. No caso particular do IRS, de referir o efeito da actualização dos escalões em 2,1 por cento e a continuação do processo de convergência da dedução específica da categoria H para a categoria A;

    A redução da receita de impostos indirectos decorreu, em grande medida, da diminuição da receita do ISP e do ISV. Relativamente ao ISP, de referir como causas para a evolução observada a quebra na procura de produtos petrolíferos, a consignação da CSR prevista na Lei n.º 55/2007, de 31 de Agosto, bem como a não actualização das taxas deste imposto. No que respeita ao ISV, a evolução negativa deste imposto foi justificada essencialmente pelas alterações introduzidas na LOE para 2008, a qual permitiu o desagravamento dos veículos menos poluentes. Para a evolução da receita dos impostos indirectos no período 2006-2008 contribuiu, em grande medida, o comportamento da receita do IVA, cuja acentuada desaceleração em 2008 (de 6,4 por cento em 2007 para 1,8 por cen-to em 2008) ficou essencialmente a dever-se à alteração introduzida pela Lei n.º 26-A/2008, de 27 de Junho, a qual estabeleceu a taxa de IVA normal em 20%, a partir do dia 1 de Julho de 2008, bem como ao aumento de reembolsos para as empresas e do acréscimo das transferências para as RA.

    A despesa cresceu 3,5 por cento em 2008, acelerando 0,3 pontos percentuais relativamente ao ano precedente. No entanto, é de referir que a despesa coberta por receitas gerais aumentou 1,9 por cento. O aumento da despesa coberta por receitas consignadas em 22,4 por cento reflectiu, em grande medi-da, o pagamento à REN de 466,2 milhões de euros visando a amortização do défice tarifário energéti-co, por contrapartida de parte das verbas recebidas pelo Estado pela transmissão de direitos de utiliza-ção do domínio hídrico. De referir, ainda, o diferente perfil de transferências da receita adicional ao IVA para a CGA, em resultado da antecipação da transferência da receita referente ao mês de Dezem-bro de 2008.

    5 Artigos 91.º e 92.º do Decreto-Lei n.º 226-A/2007, de 31 de Maio. 6 EDP, IBERDROLA Generación, SAU, e ENDESA Generación Portugal, SA. 7 Decreto-Lei n.º 226 -A/2007, de 31 de Maio.

  • Conta Geral do estado de 2008 35

    QUADRO 8 – ESTRUTURA DO FINANCIAMENTO DA DESPESA – RECEITAS GERAIS/RECEITAS CONSIGNADAS

    (milhões de euros)

    2007 2008 Variação (%)

    Com cobertura em receitas gerais do Estado 41 093,8 41 885,6 1,9

    Com cobertura em receitas consignadas 3 359,8 4 113,2 22,4

    Total da Despesa sem Activo