consumo musical: youtube e facebook como plataformas de convergência para a juventude

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São apresentados dados e inferências sobre o consumo midiático de música no Facebook a partir do compartilhamento de conteúdos publicados no Youtube. Os resultados foram obtidos como parte da pesquisa Jo vem e consumo cultural em tempos de convergência e apresenta os passos metodológicos da pesquisa nacional, fases e abrangência, para se chegar ao recorte analítico utilizado neste artigo. O foco da análise está nas práticas juvenis de consumo musical, nos conteúdos como preferências e na forma como perpassam o consumo cultural e midiático juvenil. São apontadas características da apropriação juvenil dos recursos multimidiáticos disponíveis nas duas redes sociais. Os aportes teóricos envolvem a perspectiva sociocultural do consumo (CANCLINI, 2010), reflexões sobre o YouTube (BURGESS e GREEN, 2009) e as configurações da juventude (REGUILLO, 2013).

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  • Intercom Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicao XXXVIII Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao Rio de Janeiro, RJ 4 a 7/9/2015

    Consumo musical: YouTube e Facebook como plataformas de convergncia para a juventude 1

    DulceMAZER 2PaulaCORUJA 3

    UniversidadeFederaldoRioGrandedoSul(UFRGS)ResumoSo apresentados dados e inferncias sobre o consumo miditico de msica no Facebook a partir do compartilhamento de contedos publicados no Youtube. Os resultados foram obtidos como parte da pesquisa Jovem e consumo cultural em tempos de convergncia e apresenta os passos metodolgicos da pesquisa nacional, fases e abrangncia, para se chegar ao recorte analtico utilizado neste artigo. O foco da anlise est nas prticas juvenis de consumo musical, nos contedos como preferncias e na forma como perpassam o consumo cultural e miditico juvenil. So apontadas caractersticas da apropriao juvenil dos recursos multimiditicos disponveis nas duas redes sociais. Os aportes tericos envolvem a perspectiva sociocultural do consumo (CANCLINI, 2010), reflexes sobre o YouTube (BURGESSeGREEN,2009)easconfiguraesdajuventude(REGUILLO,2013).Palavraschaveconsumomiditicoconsumomusicalconvergnciaculturaparticipativa.IntroduoO artigo apresenta dados e inferncias sobre o consumo miditico de msica no Facebook e

    no Youtube a partir de resultados obtidos com a pesquisa Jovem e consumo cultural em

    tempos de convergncia (JACKS et al, 2014 2015). O estudo foi dividido em trs fases. 4

    que sero explicadas na apresentao do recorte temtico de anlise proposto para este

    artigo. Apresenta uma breve discusso terica sobre consumo miditico e musical na

    pesrpectiva sociocultural (CANCLINI, 2010). Deste vis, o consumo o conjunto de

    1 Trabalho apresentado no GP Comunicao, Msica e Entretenimento (DT 6 Interfaces Comunicacionais), XV Encontro dos Grupos de Pesquisas em Comunicao, evento componente do XXXVIII Congresso BrasileirodeCinciasdaComunicao.2 Doutoranda no Programa de Ps Graduao em Comunicao e Informao (PPGCOM/UFRGS), bolsista CAPES.Email:[email protected] Mestranda no Programa de Ps Graduao em Comunicao e Informao (PPGCOM/UFRGS). Email: [email protected] Pesquisa realizada pela Rede Brasil Conectado. Informaes: https://redebrasilconectado.wordpress.com/ coordenadapelaProfa.Dra.NildaJacks(UFRGS).

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    processos socioculturais em que se realizam a apropriao e os usos dos produtos

    (CANCLINI,2010,p.60).

    O texto est focado nas prticas juvenis para o compartilhamento no Facebook de

    contedos musicais publicados no YouTube. Pretendese analisar como tais contedos

    perpassam o consumo cultural juvenil e de que maneira os usurios se apropriam dos 5

    recursos multimiditicos disponveis nas duas redes. Alm da argumentao terica, o texto

    traz um breve relato metodolgico da pesquisa e do recorte analtico, bem como uma

    descrio dos dados encontrados. Ao final, apresentase uma anlise dos processos de

    consumo e compartilhamento dos jovens participantes da fase exploratria da investigao

    easconclusespossveis.

    ConsumoculturalemiditicodemsicaentreosjovensO consumo musical pode ser entendido como um processo de apropriao, usos e produo

    de sentidos a partir das diversas formas de msica, uma especificidade miditica do

    consumo cultural (TOALDO y JACKS, 2013). Isso porque o consumo musical pode ser

    realizado por diversas formas: shows ao vivo, vinil, CDs, TV, rdio e pelas plataformas

    digitais, como o caso do formato streaming (execuo online) que est ganhando espao 6

    emtodoomundo(OLIVEIRA&ARAJO,2014,p.123).

    O consumo e compartilhamento de msica nas redes conferem ao jovem a condio de

    produzir sentidos, atravs dos usos e apropriaes de meios e bens simblicos

    (MARTNBARBERO, 2009). Nesta forma de consumo cultural, os usos sociais so aes

    a partir de apropriaes de bens, produtos e experincias musicais, onde o que consumido,

    deformamaterialesimblica,sobens,meios,experinciassociaiseestticasmusicais.

    Mediada em diversos suportes, a msica circula em distintos agrupamentos culturais, meios,

    gneroseformatos.

    A noo de msica popular massiva cara a este argumento, uma vez que os aspectos

    miditicos das expresses surgidas no sculo XX, em articulao com os cenrios urbanos,

    5Objetivogeral,considerandoorecortedapesquisanacional.6Streamingumatecnologiaquepermitetransmissoinstantneadedadosdeudioevdeoatravsderedes.possvelescutarmsicasemanecessidadedefazerdownloaddoarquivo,emqueoarquivoficaarmazenadonodispositivodousurio.

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    esto ancoradas no aparato miditico contemporneo, por meio de tcnicas de produo,

    armazenamento,circulao(JANOTTIJR.,2006)econsumo.

    Sobre a cano popular massiva (JANOTTI JR., 2006), vale dizer que, nos estudos

    brasileiros e franceses, h distino entre os conceitos de cultura popular, considerada

    folclrica ou nativista, e de cultura pop (popular miditica). Esta separao difere do

    entendimento dos estudiosos ingleses. Para Janotti Jr., no Brasil, a cultura pop relacionada

    aos fenmenos que colocam em destaque a comunicao gerada pelos conglomerados

    multimiditicos no psguerra (2006, p.131132), diferindo os termos pop/popular

    encontrados na Msica Popular Brasileira (MPB), esta oriunda de manifestaes urbanas e

    de razes brasileiras regionais, no Rock, que por vezes denominado Pop Rock. Em

    realidade, no perodo psguerra que se comea a definir o que seria a msica pop, em que

    os aspectos comerciais so melhor evidenciados, cujo objetivo atingir o maior nmero

    possveldeouvintes.

    A msica pop se desenvolve a partir da popularizao de gneros como o Rock, relacionada

    ao surgimento da TV e popularizao do cinema (JANOTTI JR., 2006). atravs da

    divulgao via cinema, rdio, TV, internet, que a msica pop se propaga (idem), levando a

    dois entendimentos principais sobre o pop: o primeiro a agrupao de gneros musicais,

    que colocam em destaque aspectos homogeneizantes da cadeia miditica o segundo se

    refere ao consumo indiscriminado de qualquer msica, atendendo ao interesse de consumo

    massivo. Neste sentido, a msica popular massiva est diretamente ligada aos encontros

    entreaculturapopulareosartefatosmiditicos(JANOTTIJR,2006,p.134).

    Assumese tambm nesta perspectiva que o consumo musical, como um processo

    complexo, deve considerar o sujeito como produtor de sentido. MartnBarbero afirmou que

    o rock latino, enquanto gnero massivamente popular e de origem norteamericana, rompe

    com a mera escuta juvenil para despertar criatividades insuspeitas de mestiagens e

    hibridaes: tanto de lo cultural con lo poltico como de las estticas transnacionales con

    lossonesyritmosmslocales.(2002,p.?).

    O consumo : um lugar de valor cognitivo, til para pensar e atuar significativa,

    renovadoramente, na vida social (CANCLINI, 2010, p.55), essencial nas formas juvenis de

    apreender, ressignificar o mundo e se expressar. Enquanto consome msica, o jovem

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    compreende o espao ao seu redor e toma dele elementos que o definem subjetivamente,

    umaimportantemediaoparaaconstruodeidentidades(REGUILLO,2013).

    As prticas socioculturais de escuta e (re)produo musical podem ser um meio social

    atravs do qual se identificam e se distinguem simbolicamente seus atores, a partir de

    elementos e ritos socializadores praticados pelos jovens. Alm disso, o estabelecimento de

    prticas musicais de interao converge em surgimento, fortalecimento ou legitimao de

    modelos culturais, de identidades baseadas no gosto, nos significados partilhados e

    apreendidos(BAYONA,2012).

    Em sua pesquisa com juventudes, Arce aponta que o musical uma das mais importantes

    formas de consumo cultural, visto que a msica, alm de colaborar no processo de formao

    identitria, carrega uma srie de prticas: su utiliza como compaia y para estructurar la

    rutina de la vida cotidiana posibilita la creacin de cintas, discos, para su intercambio o

    distribucin entre los amigos es una importante fuente de conversacin entre los jvenes y

    formapartedelprocesodeeducacininformal.(2012,p.124).

    O consumo cultural de msica est tambm marcado pelo de bens como vestimentas e

    discos, atravessados por referenciais simblicos, experincias como shows, ou at mesmo

    um estilo de vida, fazendo parte de uma importante mediao para a construo identitria

    juvenil (REGUILLO, 2013). Enquanto consome msica, o jovem entende o espao ao seu

    redor e toma deste os elementos que vo definir sua identidade, seu lugar no mundo e na

    cultura. Como consumidores, os jovens constroem e ressignificam suas identidades por

    meio da msica. Enquanto consomem, apropriamse e do sentido a contedos musicais,

    encontrando no consumo a condio de construir suas experincias de resistncias e

    conscincia poltica (LUNT & LIVINGSTONE, 1992). Muitas dessas apropriaes se do

    emredesdeculturaparticipativa(JENKINS,2009).

    YouTube:rededeconsumocultural,rededeculturaparticipativa

    O YouTube uma rede social diferente. Mais do que relacionamentos, o YouTube se

    destaca por ser um espao de compartilhamento e cocriao de vdeos, que engloba desde

    os amadores e v surgir uma nova cultura de vloggers aos grandes produtores de mdia,

    como canais de televiso e gravadoras. Cada um desses participantes chega ao YouTube

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    com seus propsitos e objetivos e o modelam coletivamente como um sistema cultural

    dinmico: o YouTube um site de cultura participativa. (BURGESS e GREEN, 2009,

    p.14). O conceito de cultura participativa, desenvolvido por Jenkins (2009), fundamental

    para entender a dinmica do YouTube. Para o autor, a cultura participativa pode ser

    considerada um fenmeno em si, galgado na criao e compartilhamento de contedos entre

    os consumidores de mdia, motivados pela crena de que as suas contribuies so

    relevantes e que esto disponveis para outros. No caso do YouTube, essa importncia

    expressa, principalmente, de duas formas: atravs dos comentrios nos vdeos e no nmero

    devisualizaes.

    Lanado em junho de 2005, o YouTube foi criado para facilitar o compartilhamento de

    vdeos na internet. Apresentado com uma plataforma simples, os usurios podiam fazer

    upload de arquivos, assistir vdeos em streaming, dentro das possibilidades tcnicas da

    poca. No havia limite para o nmero de vdeos que os usurios poderiam fazer upload e a

    rede ofereceu funes bsicas de comunidade, tais como a possibilidade de se conectar a

    outros usurios como amigos, gerar URLs e cdigos HTML que permitiam que os vdeos

    pudessem ser facilmente incorporados em outros sites (BURGESS e GREEN, 2009,

    pp.1718). A facilidade e simplicidade com que os vdeos eram criados e colocados na

    plataforma, fizeram com que a popularidade da rede crescesse muito rapidamente, o que

    despertou o interesse de grandes empresas. Em outubro de 2006, o YouTube foi comprado

    pelo Google em uma operao milionria e sua popularidade continuou crescendo

    vertiginosamente. Segundo Jawed Karim, um dos cofundadores da plataforma, quatro

    recursos essenciais so responsveis pelo grande sucesso do YouTube: as recomendaes

    de vdeos por meio de lista de recomendaes, um link de email que permite

    compartilhamento de vdeos, comentrios e reprodutor de vdeo que pode ser incorporado a

    qualquer pgina da internet, de sites de grandes empresas a blogs caseiros (BURGESS e

    GREEN, 2009, p.19). A briga com empresas produtoras de mdia tambm garante parte do

    sucesso da rede. O YouTube enfrenta esse tipo de litgio, como aps o lanamento do vdeo

    Lazy Sunday, um quadro cmico apresentado no Saturday Night Live (programa da rede

    estadunidense NBC), disponibilizado no YouTube que gerou mais de 1 milho de

    visualizaes em poucos dias. A NBC rapidamente pediu a retirada deste e outros 500

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    vdeos do ar, sob ameaa de processo com base na Lei de Direitos Autorais. Mesmo

    demonstrando imenso potencial entre o pblico jovem, principalmente para o consumo

    miditico de contedos que vinham experimentando queda de audincia, o YouTube foi

    rotulado como uma ameaa pairando sob a lgica vigente do cenrio da

    radiodifuso(BURGESSeGREEN,2009,p.20).

    Outra grande importante mudana de posicionamento consolidou o YouTube como uma

    plataforma de diversidade cultural: a mudana de slogan. Inicialmente, o site se apresentava

    como Your Digital Video Repository (Seu repositrio de vdeos digitais, em traduo

    livre) hoje o slogan Broadcast Yourself (Transmitase, em traduo livre) est

    consolidado e mostra a inteno de ser uma plataforma para a expresso pessoal de um

    pblico que , ao mesmo tempo, audincia e produtor de contedo. A possibilidade de

    compartilhamento de vdeos pessoais e amadores associada possibilidade de servir como

    meio de distribuio de contedo de grandes produtores de mdia que muitas vezes entram

    na lgica de produo de contedo da audincia para aumentar a prpria popularidade

    posiciona o YouTube como foco central em que disputas por direitos autorais, cultura

    participativa e estruturas comerciais para distribuio de vdeos online esto acontecendo

    (BURGESS e GREEN, 2009, p.21). Dessa forma, o compartilhamento o que dita o valor

    de um vdeo, dentro da lgica da circulao de contedos, que o modelo da cultura

    participativa propicia. Assim, a propagabilidade, que reconhece as conexes sociais que so

    ampliadas pelas mdias sociais, como o YouTube, se torna o maior valor do contedo

    (JENKINS,2014).

    Um dos pontos que o YouTube evidencia, a ascenso do que est sendo chamada de

    cultura do quarto, que se refere principalmente aos contedos totalmente gerados por

    usurios, seja apresentando qualquer tipo de performance artstica musical, dramtica, de

    canto ou dana , seja atravs de relatos pessoais por meio de webcams (BURGESS E

    GREEN, 2009). Muitos trabalhos acadmicos, como apontam Burgess e Green, salientam

    que h um controle maior sobre as condies de produo, consumo e representao desses

    produtos por parte desses novos produtores de contedo, mas h o tensionamento entre o

    que seria expresso pessoal e o que exibicionismo dentro da compreenso do papel dos

    vdeosamadores.

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    Mesmo quando pessoas comuns se tornam celebridades por meio de seu prprio esforo criativo, no h necessariamente transferncia de poder de mdia: elas permanecem dentro do sistema de celebridades inerente mdia de massa e por ela controlado.(BURGESSeGREEN,2009,p.45).

    Ou seja, a ascenso dessas celebridades temporrias geradas atravs desses vdeos amadores

    no YouTube mostra que essa rede social se associa mais popularizao de acesso

    miditico, do que democratizao, j que no h uma mudana nas relaes de poder e

    fora. Assim, propicia acesso e gera grande alcance atravs da propagabilidade dos

    contedos, uma lgica diferente dos meios massivos, como a televiso, que tm sua

    popularidade medida apenas pela lgica da audincia. A mesma dinmica de popularizao

    est presente em outras redes sociais usadas pelos jovens para compartilhar contedos que

    se referem ao seu consumo cultural, especialmente o de msica, que mostra o quanto o

    jovemseapropriadasredesparaexpressaraconstruodaprpriaidentidade.

    A partir dos referenciais tericos, apresentase a metodologia da pesquisa e do recorte

    analtico proposto neste artigo, para finalmente apontar inferncias preliminares sobre o

    consumomusicalnocontextojuvenil.

    Recortetemticoapartirdapesquisanacional

    A pesquisa Jovem e Consumo Miditico em Tempos de Convergncia um estudo sobre 7

    as formas de consumo e apropriao de tecnologias miditicas por jovens brasileiros de 18 a

    24 anos. Foi estruturada em trs fases: uma pesquisa exploratria , que levantou 8

    informaes sobre recursos e aspectos demogrficos relacionados ao consumo miditico nas

    26capitaisdosestadosbrasileirosenoDistritoFederal.

    A segunda fase, denominada estudo piloto, buscou recolher dados preliminares sobre o

    consumo miditico juvenil e verificar a melhor abordagem de coleta de dados para a

    terceira fase da pesquisa. A segunda etapa teve duas iniciativas de investigao, sendo uma

    offline, com a aplicao de um questionrio a 10 jovens de cada capital do pas e outra

    7 A pesquisa coordenada pela Profa. Dra. Nilda Jacks (UFRGS), com vicecoordenao da Profa. Dra. Maringela Toaldo (UFRGS) e conta com a atuao de 27 equipes representantes de todos os estados brasileirosedoDF.8 Gratas aos bolsistas Lucas Mello, Andra Britto, Gabriela Habckost, Roberta Gehrke, Andressa Fantoni e Christiana Cirne Lima, que participaram da pesquisa, bem como s doutorandas Maria Clara Martins e Sarah MoralejodaCosta,quecolaboraramnorecorteanaltico.

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    online, com a coleta de posts do Facebook de outros 10 jovens de cada capital durante uma

    semana . A terceira fase de pesquisa se configurou na aplicao de um questionrio online 9

    constitudo por 30 perguntas, que ficou aberto para jovens de qualquer local do pas, sendo

    recebidasmaisde9milrespostasqueestoemanlise nestemomento.10

    Este artigo, no entanto, est focado na anlise dos posts de Facebook relacionados msica,

    que constituram a parte online do estudo piloto nacional. Foram observados os perfis de

    dez jovens da regio metropolitana de cada estado e do DF, levando s prticas, rituais,

    contedos disponibilizados e compartilhados, alm do consumo miditico e cultural

    reveladopelosperfisselecionados.

    Foram colhidos 3018 posts (geral) em todo o estudo piloto, sendo que destes, 292 se

    referem ao consumo musical. A classificao geral se deu a partir de um processo de leitura

    do material, categorizado segundo 39 Supertemas . A partir de suas caractersticas, 11 12

    referemse tanto a processos institudos pelo jovem no momento da postagem, tais como

    alguns posts sobre prticas cotidianas ou relacionamentos como tambm em relao a

    outrasplataformasmiditicas,comonocasodepostsoriundosdeoutrasredessociais.

    Alm disso, os posts foram caracterizados quanto forma e ao contedo. o caso do

    Supertema msica, analisado neste artigo. Para o enfoque, os posts de msica passaram

    por uma segunda categorizao, buscando verificar especificidades do consumo juvenil de

    msica atravs do Facebook. Dentre as treze categorias criadas para a anlise do 13

    Supertema Msica, os audiovisuais compartilhados no Facebook pelos jovens se

    destacaram, sendo que a rede majoritariamente utilizada o YouTube. Apenas um, dos 146

    vdeos compartilhados em postagens de Facebook, se dirigia ao Vimeo. A proeminncia no

    9 A semana foi definida de acordo com a organizao das equipes e a seleo dos respondentes. A primeira semanadecoletafoijunhode2013ealtima,fevereirode2014.10 Para mais informaes sobre a metodologia de pesquisa, ver Jacks et al: Prticas digitais e consumo miditico juvenil em cinco regies brasileiras: alguns achados e novas buscas. Encontro Anual da Compos: Braslia/DF,2015.11 Para categorizao e anlise foi utilizado um recurso CAQDAS (Computer Assisted Qualitative Data Analisys)chamadoNVIVO10.12 Klaus Jensen (1997) os Supertemas so os assuntos mais importantes, que levam os sujeitos a entrar em contatocomalgumreferentemiditico,comonocasodaspostagensemseusperfis.13 As categorias criadas para a primeira fase de anlise, segundo os contedos musicais (Supertema msica) postados pelos jovens so: Sentimentos, Produo Prpria, Haters, Gosto, Gneros (que inclui 19 subcategorias), Msica Nacional, Letras, Imagens (que inclui a subcategoria Memes/Humor), Publicidade/Lanamentos,Eventos,Stream,Audiovisual(cujaprincipalsubcategoriaYouTube),Notcia.

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    Facebook de audiovisuais disponibilizados no YouTube justificou a reflexo sobre: a) os

    contedos disponibilizados/compartilhados pelos jovens (apropriaes e usos) b) a

    convergncia dos meios e das redes (apropriaes) e c) as formas de circulao (usos) dos

    contedos.DemodoqueocorpusanalisadofoidivididoentreTiposdeContedos.

    Antes da anlise, foram identificados os vdeos indisponveis no YouTube, pelas seguintes 14

    razes:

    Privado: preservado pelo usurio nas configuraes de privacidade (modalidade que permitequeapenascontasautorizadasacessemolink)

    Indisponvel: vdeo que est indisponvel por regio ( possvel, ao salvar um vdeo, informar se ele pode ser visualizado no mundo todo), ou que foi retirado do ar por usurio

    RemovidopeloYouTube:aredefezaretiradadovdeopordennciadeSpam Msica/Tirado do ar por gravadora: onde antes continha algum videoclipe ou

    apresentao de msicos (informao que temos pelo comentrio que vem junto da postagem do link no Facebook), agora aparece uma mensagem de reivindicao de DireitosAutoraisdegravadoras.

    Quanto ao Tipo de Contedo encontrado, apontase para o modo como determinadas

    produes so usadas pelos jovens de forma a expressar suas preferncias, o que pode nos

    daralgumaspistasdasdinmicasdecompartilhamento,apartirdoYouTube:

    Programa TV/Msica: performances em programas de TV de qualquer natureza, vdeos digitalizados em alta ou baixa qualidade, bem como gravados diretamente da TV por celularoucmera

    Ao Vivo/Msica: aqui esto includas performances ao vivo, histricas, bem como apresentaescontidasemDVDs

    Videoclipe/Canal Oficial: compartilhado a partir do canal oficial dos msicos ou da gravadoranoYouTube

    Videoclipe/Msica: compartilhado a partir de canal de usurio, incluindo vdeos de qualquerqualidade

    udio/Msica: vdeo com tela esttica e nfase apenas no udio se encaixam aqui os vdeosestticoscomletrasdemsicaetradues

    Msica/Colagem: vdeo gerado por usurio a partir de uma msica com colagens diversasdeimagensdoartista

    14 Como o corpus foi coletado entre jun., 2013 e fev.,2014, alguns vdeos no esto disponveis para anlise, porque j foram retirados do YouTube pelas razes j descritas, ou por que o usurio no disponibilizou publicamente o contedo no Facebook, configurando a privacidade do compartilhamento. Vale ressaltar que esta uma parcela pequena dos vdeos (apenas 4 esto configurados como Privados e 6, Indisponveis), o que julgamosnointerferirdiretamentenasinfernciasgerais.

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  • Intercom Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicao XXXVIII Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao Rio de Janeiro, RJ 4 a 7/9/2015

    Aausnciadecontedocomoindicadordeconflito

    Como foi dito anteriormente, desde que entrou no ar em 2005, o YouTube enfrenta

    constantemente advertncias e processos por quebra de Direitos Autorais. As grandes

    empresas produtoras de mdia esto sempre escrutinando a rede em busca de vdeos com

    seus artistas e produes, pedindo a retirada do ar. Por isso, ao encontrarmos na pesquisa

    links de vdeos que foram tirados do ar a pedido de gravadoras ou grandes produtoras de

    mdia (que so sinalizados na tela, no lugar do vdeo), temos pistas no tanto de como os

    jovens operam na rede, mas de como esses grandes produtores esto em conflito com os

    contedosqueosjovensconsomemecompartilham.

    Ao todo, 12 dos 146 links postados pelos jovens no Facebook, que levavam para contedos

    musicais no YouTube, foram retirados do ar por esse motivo. Esse exemplo ilustra as

    disputas em jogo entre os grandes produtores de mdia e a cultura participativa. Ao mesmo

    tempo em que buscam estratgias para se inserir como protagonistas do processo de

    consumo musical dos jovens, como veremos mais adiante, os grandes produtores ainda

    usam a represso pela violao de direitos como forma de mostrar autoridade e reafirmar a

    posiodedonosdopodermiditico(BURGESSEGREEN,2009).

    Apenas um vdeo dentro do corpus foi retirado pelo YouTube por ter sido denunciado como

    Spam , o que respeita uma srie de normas institudas pela rede a partir das negociaes 15

    geradas nas dinmicas sociais da rede entre os que partilham dessa cultura participativa, que

    atravessatodooconsumoculturalemiditicodosjovensinvestigados.

    15 O YouTube caracteriza dois tipos de prtica como Spam (dos vdeos): publicaes em grandes quantidades de contedos no segmentados, indesejados ou repetitivos em vdeos e spam de trfego artificial, com uso de ferramentas ou sistemas automticos que aumentem artificialmente o nmero de visualizaes, gostos, comentrios ou outra mtrica. Alm disso, podem ser denunciados comentrios que contenham Spam ou contedos no apropriados, conforme a poltica institudo pela rede, que pode ser consultado em https://support.google.com/youtube/topic/2676378?hl=pt&ref_topic=6151248.

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  • Intercom Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicao XXXVIII Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao Rio de Janeiro, RJ 4 a 7/9/2015

    Videoclipes,umaprefernciajuvenilUma das expresses artsticas de maior vitalidade em nosso tempo (MACHADO, 2001), o

    videoclipe um gnero hbrido entre o televisual, o cinematogrfico e o musical.

    Justamente por ser um produto miditico no centro de tenso entre mercados que o

    videoclipe herdou toda a dinmica imersiva de consumo da msica atravs das plataformas

    decompartilhamentodeprodutos(SOARES,2004),principalmenteatravsdoYouTube.

    Tornouse um forte meio de divulgao de artistas e da msica pop, principalmente a partir

    da criao da Music Television (MTV). Como um gnero que apresenta especificidades 16

    tcnicas televisivas e cinematogrficas, no videoclipe a produo de sentido atravessa tanto

    as cenografias dos gneros musicais, as performances, o texto e a melodia, quanto s

    narrativas especficas de um artista (JANOTTI JR. e SOARES, 2008), seu contexto

    miditicoeatmesmosuavidacotidianapublicizadapelocultoscelebridades.

    Neste artigo, observase uma preferncia pelo gnero nos contedos compartilhados pelos

    jovens. Este fenmeno confirma pesquisas mercadolgicas e aponta os jovens brasileiros 17

    como grandes consumidores de videoclipes compartilhados no YouTube e em outras redes,

    comonocasodestapesquisa,atravsdoFacebook.

    Quanto aos contedos categorizados como Videoclipe/Canal Oficial, dos 42 vdeos

    encontrados, metade tm a marca Vevo, uma plataforma de videoclipes que hospeda

    contedos em seu site oficial e no YouTube. A Vevo uma joint venture entre as empresas

    Universal Music Group, Sony Music Entertainment e a Abu Dhabi Media. Apresenta

    contedo de outras gravadoras, como a EMI, uma subsidiria da Universal Music, entre

    outras. Outros trs audiovisuais podem ser considerados produes oficiais. Dois deles so

    shows ao vivo, disponibilizados nos canais oficiais dos msicos no Youtube. Apenas um

    deles um udio sobre imagem esttica (capa do disco), lanado pelo canal oficial Vevo do

    artista. Quanto ao gnero musical, metade apresenta bandas de rock, seguido de artistas pop

    16GneroparaSoares(2004),formatoparaMachado(2001).17 Uma pesquisa sobre consumo na web de audiovisuais com jovens acima de 15 anos, realizada pela comScore Video Metrix apontou que o Google o maior destino de vdeos online no Brasil, impulsionado principalmente pela visualizao no YouTube. Somente o Google teve 39 milhes de acessos nicos a vdeos em dezembro de 2012. O Facebook foi classificado como o terceiro maior destino de visualizao de vdeo com 17,5 milhes de espectadores e o portal da Rede Globo tem a 4 posio, com 14,8 milhes de visualizaes. Segundo o estudo, em 2012 o Brasil j era o stimo maior mercado de vdeo online em todo o mundo.

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    e da msica eletrnica. Metade dos videoclipes nesta categoria de origem nacional.

    Observase que a maioria dos usurios considera suficiente postar no Facebook apenas o

    link para os videoclipes. Atentar para os contedos postados uma forma de reconhecer os

    interesses juvenis. O gosto surge como vis analtico das postagens que constituem o

    corpus desse artigo, uma vez que, conforme Hennion ele pode ser analisado como uma

    atividade reflexiva, corporificada, enquadrada, coletiva, equipada e, simultaneamente,

    produzir as competncias de um amador e o repertrio de objetos que ela/ele valoriza.

    (2005, p. 132). Assim, os jovens manifestam sua relao com a msica a partir de suas

    prefernciaspessoaisnoconsumodecontedosespecficos.

    A segunda categoria mais compartilhada pelos jovens a de Videoclipes/Msica no

    oficiais, com 24 vdeos. Os contedos so disponibilizados em canais de outros usurios do

    YouTube, produzidos com qualquer qualidade, incluindo gravaes de videoclipes da TV,

    criaes prprias, com sobreposio de imagens em movimento e msicas, disponibilizao

    de arquivos baixados, shows gravados ao vivo, ou na TV, canais de fs brasileiros no

    Youtube e produes amadoras. Com duas aparies, estas produes so de bandas

    nacionais,protagonizadasporjovens.

    A categoria Ao Vivo/Msica teve 15 vdeos compartilhados, sendo a maioria composta por

    trechos de shows de artistas do maisntream e quatro produes de performances ao vivo de

    amadores, protagonizadas por jovens. A maioria das canes estrangeira. Duas delas so

    de instrumentistas. Esto includas nesta categoria as performances histricas oficiais de

    artistasconsagradoseapresentaescontidasemDVDs.

    As produes categorizadas como Programa TV/Msica esto relacionados no somente

    ao consumo miditico na internet, mas tambm ao consumo cultural e construo

    identitria dos jovens na rede, como indica Castro: o aumento da penetrao da Internet e a

    crescente utilizao de tecnologias digitais na produo e distribuio de bens simblicos

    nos levam a constatar, no caso da msica, significativas transformaes em suas prticas de

    consumo.(2007,p.63).

    Do corpus analisado, 17 vdeos apresentam contedo gerado pelo usurio com uma

    caracterstica particular: no trazem imagens, apenas udio, que categorizamos como

    udio/Msica. Alguns deles apresentam legenda, exibindo a letra da msica ou traduo,

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    no caso de ser alguma cano internacional. Esse tipo de contedo bem popular desde o

    incio do YouTube, pois so arquivos mais leves, de fcil visualizao at em locais sem

    disponibilidade de banda larga. Sobre os gneros musicais presentes, a maioria so de rock

    (dos10vdeos,9sodebandasouartistasinternacionais),seguidoporMPB.

    Outro tipo de contedo que ficou bem popular, mas que est presente em apenas dois links

    postados pelos jovens, o vdeo feito de colagens (nesse caso de fotos do artista) em cima

    da msica, que categorizamos como Msica/Colagem. Esse tipo de contedo visto como

    forma de homenagem dos fs e sofreu, como outros contedos musicais que vimos

    anteriormente,aperseguioporpartedegrandesprodutores(BURGESSeGREEN,2009).

    Esse fenmeno exemplifica o que Hennion (2005) reconheceu com competncia do amador,

    medida em que desvela formas de apropriao dos meios por parte dos usurios. Outra

    relao com o consumo o uso que esses jovens fazem dos contedos das canes,

    ilustrandoasletrascomsuasinterpretaesapartirdeimagensescolhidas.

    Dos audiovisuais desta categoria, um de rock e o outro apresenta uma msica regional, da

    Festa do Boi, popular na regio Norte do pas. Nesses dois casos, possvel visualizar a

    apropriao que os jovens fazem dos contedos musicais e os ressignificam, em novos

    produtos miditicos, que ganham a apreciao de outros usurios atravs do

    compartilhamento.

    Consideraesfinais

    Buscouse, nesse artigo, abordar as prticas juvenis, a partir dos contedos audiovisuais

    como preferncias na forma como eles perpassam o consumo cultural juvenil . A partir da 18

    anlise do consumo cultural em duas redes sociais, Facebook e YouTube, e de que maneira

    os usurios se apropriam dos recursos multimiditicos disponveis nessas duas redes,

    concluise que os meios dispem de linguagens e ferramentas que sugerem padres de usos

    e apropriaes. O YouTube uma rede social que propicia a formao de redes de cultura

    participativa a partir da produo, postagem e compartilhamento de vdeos, que recebem

    apreciao de outros usurios atravs de comentrios e do boto "gostei". No entanto, os

    usurios reinventam formas de disponibilizar os contedos musicais, apropriamse dos

    18Objetivogeraldoarquivo,considerandoorecortedapesquisanacional.13

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    recursos multimiditicos, enquanto se aprofundam nas ferramentas tecnolgicas, se

    expressam por meio das canes e por suas preferncias de gneros, artistas e formatos

    musicais.

    Em conflito com as redes de cultura participativa, temos os grandes produtores miditicos,

    que interferem diretamente nas dinmicas dos usurios, atravs da retirada de vdeos que

    violam Leis de Direitos Autorais. Com todas essas caractersticas, o YouTube a rede que

    mais apresenta links de vdeos compartilhados pelos jovens analisados no Facebook, outra

    rede social que dispe de ferramentas multimiditicas, que so apropriadas e ressignificadas

    pelos jovens, o que compreendese como parte das competncias do amador (HENNION,

    2005)inseridoemumprocessodeconsumocultural(CANCLINI,2010).

    Entre os contedos dos 146 links compartilhados, o videoclipe o produto musical

    miditico mais popular entre os jovens, esteja ele ofertado em canais oficiais de gravadoras,

    bandas e msicos no YouTube, seja atravs do compartilhamento em contas de usurios.

    Essa preferncia seguida pelas performances ao vivo, em shows ou programas de

    televiso. A interferncia dos grandes produtores de mdia fica evidente na anlise, pois a

    maioria dos links que no temos visualizao de contedo oriunda de aes de violao de

    DireitosAutorais.

    Buscouse apontar as prticas juvenis para o compartilhamento no Facebook de contedos

    musicais publicados no YouTube. Entendendo os usurios como consumidores e os

    contedos como produtos culturais, o texto refletiu sobre o modo como os usurios se

    apropriam dos recursos multimiditicos disponveis nas duas redes. Alm da argumentao

    terica, o texto trouxe uma descrio dos dados encontrados e inferncias sobre os

    processosdeconsumomusicalecompartilhamentodosjovensparticipantesnapesquisa.

    REFERNCIAS

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