consulta pÚblica nº 2 - idec · 2017. 7. 3. · abusos, agora com a oi acabamos de chegar no...
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Agência Nacional de Telecomunicações -
ANATEL
Sistema de Acompanhamento de Consulta
Pública - SACP
Relatório de Contribuições Recebidas
Data:17/01/2013
14:39:49
Total de
Contribuições:156
CONSULTA PÚBLICA Nº 2
Item: REGULAMENTO DE GESTÃO DA QUALIDADE DO SERVIÇO DE
COMUNICAÇÃO MULTIMÍDIA (RGQ-SCM)
Consulta acerca do pedido de anulação de obrigações regulamentares estabelecidas
pelo Regulamento de Gestão da Qualidade do Serviço de Comunicação Multimídia
(RGQ-SCM), publicado no Diário Oficial da União em 31 de outubro de 2011,
conforme argumentos apresentados pela prestadora TNL PCS S.A. (OI) e que
constam do documento Pedido de Anulação - Resolução 574.2011 - TNL PCS S.A.
(OI) anexo a esta Consulta Pública n. 2/2012, da Anatel.
Contribuição N°: 1
ID da Contribuição: 58236
Autor da Contribuição: dario marcos peixoto de oliveira
Data da Contribuição: 16/01/2012 15:14:38
Contribuição: anulação ja da TNL
Justificativa: isso vai contra meu direito
Contribuição N°: 2
ID da Contribuição: 58242
Autor da Contribuição: Samuel Filipe Silva Mendes
Data da Contribuição: 16/01/2012 17:19:11
Contribuição: Isso é um absurdo, anular tais obrigações vai contra o
direito de todos os usuários destes serviços.
Justificativa:
A anulação das obrigações tornará ainda mais precário um
serviço que não vem sendo bem ofertado à população
brasileira.
Contribuição N°: 3
ID da Contribuição: 58243
Autor da Contribuição: Fagner Santos Marques
Data da Contribuição: 16/01/2012 20:48:54
Contribuição:
Venho por meio desta informar que sou contra a anulação
de obrigações regulamentares estabelecidas pelo
Regulamento de Gestão da Qualidade do Serviço de
Comunicação Multimídia para a prestadora TNL PCS
S.A. (OI).
Justificativa:
A velocidade de internet e qualidade do serviço prestado
pela empresa TNL PCS S.A. (OI), por exemplo,
atualmente se mantém muito distantes do que é realmente
anunciado. Um contrato garantindo apenas 10% do
serviço contratado, chega a ser ofensivo.
Contribuição N°: 4
ID da Contribuição: 58244
Autor da Contribuição: Cidadão Anônimo
Data da Contribuição: 16/01/2012 23:40:40
Contribuição:
Como cidadão e consumidor de serviços de conexão a
Internet, registro meu *repúdio* à iniciativa desta
empresa em tentar eliminar as parcas métricas de
qualidade que temos na prestação desse serviço. As
empresas da área são notáveis pelo seu total desleixo com
o consumidor, incentivado pela pouca ou nenhuma
concorrência no setor, baixos padrões de qualidade, traffic
shapping, etc. Remover a pouca regulamentação existente
só contribuirá para *piorar* ainda mais o atendimento do
setor.
Justificativa:
Como cidadão e consumidor de serviços de conexão a
Internet, registro meu *repúdio* à iniciativa desta
empresa em tentar eliminar as parcas métricas de
qualidade que temos na prestação desse serviço. As
empresas da área são notáveis pelo seu total desleixo com
o consumidor, incentivado pela pouca ou nenhuma
concorrência no setor, baixos padrões de qualidade, traffic
shapping, etc. Remover a pouca regulamentação existente
só contribuirá para *piorar* ainda mais o atendimento do
setor.
Contribuição N°: 5
ID da Contribuição: 58245
Autor da Contribuição: Odenir Finkler Geraldo
Data da Contribuição: 16/01/2012 23:48:54
Contribuição: O pedido da TNL PCS S.A. (OI) não me agrada e não
deve ser aceito.
Justificativa:
A qualiade da internet no país é baixíssima, vergonhosa e
ainda a tal empresa quer tentar impedir o aumento da
qualidade?
Contribuição N°: 6
ID da Contribuição: 58256
Autor da Contribuição: douglas lourenco caetano
Data da Contribuição: 17/01/2012 08:15:14
Contribuição:
Sou a favor de critérios mínimos e qualidade mínima de
serviços. É necessário controle de qualidade. As empresas
prestadoras de serviços devem manter o mínimo de
qualidade.
Justificativa:
É necessário controle de qualidade. As empresas
prestadoras de serviços devem manter o mínimo de
qualidade.
Contribuição N°: 7
ID da Contribuição: 58258
Autor da Contribuição: Marcel Fleury Pinto
Data da Contribuição: 17/01/2012 10:59:32
Contribuição:
Um dos argumentos da Oi é que metas não são aplicáveis
ao regime privado. Cabé à Anatel responder a esse
argumento, já que metas são utilizadas nos casos de STFC
em regime privado e SCM. Ou poderia mudar o conceito
para indicadores, mas prevendo punições no caso de
descumprimento.
Justificativa:
É mais que evidente que o acesso à internet no Brasil é de
baixa qualidade e precisa de melhora expressiva. São
constantes na mídia reportagens sobre a má qualidade e
péssimo atendimento aos consumidores. Mais espantoso é
a Oi querer anular o art. 23 que fixa meta de instalação
em até 10 dias úteis, prazo mais que suficiente. Considero
como um grande desrespeito ao consumidor. A Oi parece
querer continuar a oferecer seu acesso de péssima
qualidade, como aferido por revistas e sites
especializados, tomando vantagem principalmente nos
bairros e municípios em que a concorrência ainda não
chegou.
Contribuição N°: 8
ID da Contribuição: 58259
Autor da Contribuição: Joaquim Pedro França Simão
Data da Contribuição: 17/01/2012 12:38:46
Contribuição:
Creio que a alteração desta proposta irá beneficiar
somente um lado. O cliente não tem força legal contra
operadoras, pois não há meios certificados para aferição
da qualidade das conexões à Internet. Encerrando, sou
contra o afrouxamento das normas.
Justificativa:
Creio que a alteração desta proposta irá beneficiar
somente um lado. O cliente não tem força legal contra
operadoras, pois não há meios certificados para aferição
da qualidade das conexões à Internet. Encerrando, sou
contra o afrouxamento das normas.
Contribuição N°: 9
ID da Contribuição: 58266
Autor da Contribuição: andre luiz
Data da Contribuição: 17/01/2012 17:39:45
Contribuição: Eu sou contra a oi pois. na minha cidade eu pago por 5
mb e só recebo 1 a 2 megas de velocidade.
Justificativa: Eu sou contra a oi.
Contribuição N°: 10
ID da Contribuição: 58267
Autor da Contribuição: Daniel da Veiga
Data da Contribuição: 18/01/2012 13:19:11
Contribuição: O pedido deve ser desconsiderado, e a norma mantida em
seu inteiro teor.
Justificativa:
A própria proposta em si é indecente, considerando que
uma empresa de porte nacional deseja limitar os direitos
de seus clientes, enquanto mantêm sua renda inalterada. A
venda de um produto com abusiva limitação de sua
usabilidade deveria ter sido derrubada muito tempo atrás.
Se a empresa se preocupa tanto com o impacto desta
norma, o único motivo aparente é que abusa dos
consumidores, vendendo um serviço do qual não dispõe
imediatamente, e limitando seu uso para que se mantenha
conforme a disponibilidade. Tal atitude freia o
desenvolvimento tecnológico e faz com que o Brasil seja
desacreditado no campo tecnológico. Com a iminente
realização de grandes eventos esportivos no país, esse tipo
de limitação vai ferir a imagem do Brasil
internacionalmente.
Contribuição N°: 11
ID da Contribuição: 58270
Autor da Contribuição: GLEISON PARENTE DE SOUZA
Data da Contribuição: 18/01/2012 22:55:10
Contribuição:
A INTERNET EM GERAL ESTÁ LENTA TENHO
VELOX 600K EM MINHA CASA E NUNCA CHEGA
A 300K
Justificativa:
VSE CONTRATEI 600K TEM QUE CHEGAR 600K,
JA PENSOU COMPRAR 20L DE GASOLINA E TE
ENTREGAREM 17L É FRAUDE. MESMA COISA NO
CASO DA BANDA LARGA
Contribuição N°: 12
ID da Contribuição: 58275
Autor da Contribuição: Fábio Teixeira Morão
Data da Contribuição: 19/01/2012 18:57:27
Contribuição:
Se anatel consentir com uma anulação dessas vai estar
privando a população de uso adequado do serviço. Regra
antiga dizia que podia se dar ao cliente apenas 10% e ele
tinha que ficar contente, isso é inadequado. Regra antiga
dizia que você pagava 100mb e podia chegar 10mb e tava
tudo bem... Não pode se permitir mais isso!!!
Justificativa: Pessoa deve receber o que paga por isso e não 10%!!!
Contribuição N°: 13
ID da Contribuição: 58284
Autor da Contribuição: Marlene Oliveira
Data da Contribuição: 22/01/2012 02:15:44
Contribuição: A ANATEL não pode aceitar o pedido de anulação de
obrigações.
Justificativa:
Moro na cidade de Carazinho-RS, aqui só tem OI como
telefonia fixa. Não existe nenhuma concorrente, então
ficamos a mercê dos desmandos. Tenho uma linha
telefonica fixa aproximadamente desde 1985. Após a
privatização acabou o nosso sossego, enquanto era a
BRASILTELECOM estávamos caindo num precipício de
abusos, agora com a OI acabamos de chegar no inferno.
São abusos intermináveis, aqui não teria espaço para
exemplificá-los. Só vou citar o último evento: Em
dezembro / 11 mudei de plano, passei para o OI Conta
Total Light . Foi prometido: -fixo para fixo ligações da
área 54 ilimitadas; -um chip com 50min / mes para ligar
para qualquer operadora ou interurbanos; -internet até
2GB. Como já estava navegando com 1 GB a mais de 3
anos e naquela adesão já havia solicitado 2GB(sempre
alegaram falta de porta disponível), prometeram que
passaria para 1,5GB. O vencimento seria dia 11 de cada
mes. Então depois de uns 5 protocolos estressantes,
descobri que não tenho como saber o meu saldo de
minutos no chip do celular a não ser através do cadastro
do plano naquele site travado da OI , a maioria das vezes
está fora do ar. Agora descobri que a internet segue com
1GB, sob a mesma alegação falta porta e o vencimento
ficou como dia 2 de cada mes. Como a OI tem coragem
de pedir anulação de obrigações. Se a Anatel impusesse o
dobro de obrigações, ainda estaríamos a deriva . Somos
obrigados ficar saltitando em menus comercialistas, sem
sequer termos cumprido a lei do tempo de espera. Depois
quando finalmente chegamos a um robô atendente , nos
deparamos com pessoas despreparadas, que não resolvem
nada, só empurram a ligação para outros setores. E aí!!!
Onde e para quem posso reclamar??? Eu gostaria que a
ANATEL explicasse como uma empresa pode vender um
chip dentro de um plano sem acesso a saldo??? Através
do site eu desafio quem conseguir traduzí-lo, nem os
atendentes conseguiram. Também supondo que cada vez
que usaria o telefone, teria que conectar a internet e
acessar o site orendo e travado. Em algum dos protocolos
que fiz, fui informada que conseguiria o saldo através do
menu do celular no mundo OI , fiz o processo e no final
apareceu a mensagem que este serviço não estava ativado.
E agora??? Gasto sem saber o que quero gastar e depois
pago a conta, considero isso um abuso e uma bela
armadilha. Se tivesse outra opção, daria um TCHAU para
a OI .
Contribuição N°: 14
ID da Contribuição: 58285
Autor da Contribuição: pedro rogerio do nascimento martins
Data da Contribuição: 23/01/2012 00:43:26
Contribuição:
Não concordo com a anulação das obrigações
regulamentares da RGQ-SCM. Acho que as obrigações de
vem ser mantidas.
Justificativa:
Não precisa pesquisar muito para verificar que as
empresas estão buscando qualidade em seus produtos,
pois a concorrência em diversos setores da indústria é
grande. O número limitado de concorrentes nos serviços
de comunicações faz com que os consumidores tornem-se
muitas vezes reféns de esta ou aquela operadora. As
obrigações regulamentares da RGQ-SCM serão um
grande passo na implementação de qualidade nos serviços
prestados pelas operadoras. Com conhecimento de causa,
a prestadora OI tem baixa qualidade na região onde
resido. Mesmo reclamando no seu call center, os serviços
prestados continuam abaixo de aceitável. A tentativa de
anular as obrigações regulamentares da RGQ-SCM é uma
forma da operadora OI manter o seu público com serviços
da baixa qualidade e ainda assim não sofrer nenhuma
penalidade em função disso. Acredito que outro objetivo
da operadora com a tentativa de anulação seja dilatar os
prazos estipulados por esta agência.
Contribuição N°: 15
ID da Contribuição: 58287
Autor da Contribuição: Marcelo Rodrigues Saldanha da Silva
Data da Contribuição: 23/01/2012 07:27:26
Contribuição:
Não é possivel, apesar de estar no regimento interno, que
haja um pedido como este. É evidente que a empresa Oi
está fazendo o papel dela de resguardar seu objetivo, que
é o lucro, reduzindo gastos e investimentos
desnecessários . Por isso que é papel do Estado colocar
serviços essencias tb em regime público, de forma que as
obrigações e os recursos gastos tenham retorno garantido
à sociedade. Meu protesto se segue com o pedido de
inversão de pleito desta consulta pública imoral e
altamente desrespeitosa com a sociedade. Ao invés da
Anatel abrir uma consulta pública à sociedade, o desafio
deve ser para que a Oi traga um abaixo assinado de pelos
menos 3% de seus assinantes, apoiando este pedido. Este
abaixo assinado deve conter uma lista onde a Anatel
escolheria aleatoriamente usuários de todo o Brasil, de
todos os rincões onde a Oi atua com SMP e SCM.
Simples assim.
Justificativa:
Não sei se preciso digitar uma justificativa e qualquer
tentativa de escreve-la pode tender a abonar o simples
fato de que este pedido é uma imoralidade viva do que o
regime privado sobre um serviço essencial pode causar.
Que venha o marco regulatório das comunicações,
alterando o CBC e a LGT. PS.: Queremos sim todos os
artigos mantidos como foram aprovados e que não haja
alteração das datas de implantação dos 60% e demais
sanções.
Contribuição N°: 16
ID da Contribuição: 58294
Autor da Contribuição: ADILSON AGRIPINO BEZERRA
Data da Contribuição: 23/01/2012 19:11:24
Contribuição: Sou contrario a esta anulação feita pela OI.
Justificativa:
Isto virá a se tornar um grande atraso para o
desenvonvimento do país, pois não investindo em
qualidade e infra estrutura a partir de agora a longo prazo
o desenvolvimento será lento. Sem contar que pagamos
um valor muito acima do mercado mundial pela Banda
Larga, que muitas vezes nos deixam na mão.
Contribuição N°: 17
ID da Contribuição: 58298
Autor da Contribuição: LUIS BARBOSA DE A. JUNIOR
Data da Contribuição: 24/01/2012 02:08:17
Contribuição:
A Anatel deve obrigar as prestadoras de serviços a
incluírem nas contas informes sobre os direitos do
consumidor e os meios que o mesmo tem para reclamar e
órgãos a quem recorrer. A Anatel deve sim impor metas
mínimas de qualidade. E também obrigar a
comercialização de velocidades mínimas a partir de 50%
da velocidade estipulado no PNBL para acessos sem fio
em todas as cidades e para acessos a cabo em cidades
pequenas com menos de 50 mil habitantes.
Justificativa:
Em cidades onde há apenas a concessionária, o cidadão
fica a mercê da mesma já que em diversas vezes não é
interessante para as autorizadas se instalarem na cidade
em questão. Mesmo em cidades onde há empresas
autorizadas estas não tem obrigação de cobrir todo o
município continuando o cidadão refém da
concessionária. Então metas mínimas se mostram
necessárias, pois nem sempre há a possibilidade de trocar
de prestador de serviço. Ademais é garantido ao
consumidor, via Código de Defesa do Consumidor, o
direito de ter o serviço contratado da forma a qual foi
anunciada. Sendo as metas de qualidade uma das formas
de garantir os direitos do mesmo. Sendo assim, o pedido
da operadora Oi mostra-se contrário aos direitos do
Consumidor e, pelo que entendo, a Agência foi criada
para fiscalizar as empresas para que as mesmas prestem
um serviço com um mínimo de qualidade.
Contribuição N°: 18
ID da Contribuição: 58300
Autor da Contribuição: Gabriel Pinho de Melo
Data da Contribuição: 24/01/2012 14:46:55
Contribuição: O pedido da operadora não deve ser aprovado.
Justificativa:
Tendo em vista a péssima qualidade do serviço hoje
prestado, a regulamentação proposta é a garantia de que o
consumidor não sofrerá mais com os descasos da referida
operadora. Posso citar aqui várias ocasiões onde cheguei a
ficar mais de 07 dias sem o serviço de voz e 15 dias sem o
serviço de internet, apesar dos insistentes contatos. Outro
exemplo mais recente: desde quinta 19 / 01 o serviço de
internet está instavel, com frequentes desconexões e a
resposta da operadora é que estão com problemas na rede
do estado do RJ e que eu deveria entrar em contato com
eles esporadicamente para saber se a manutenção já havia
sido finalizada. Sendo que até dia 22 / 01 o serviço
continuava instavel e a tal manutenção ainda em
andamento.
Contribuição N°: 19
ID da Contribuição: 58303
Autor da Contribuição: Cassiano Trindade
Data da Contribuição: 25/01/2012 12:40:56
Contribuição: É uma vergonha a Oi solicitar a analação de algumas
obrigações regulamentares.
Justificativa:
As operadoras de Telecomunicações tem o dever e
obrigação de prestarem serviços de qualidade a sociedade
e que a qualidade destes serviços sejam avaliados e
auditados pela Anatel.
Contribuição N°: 20
ID da Contribuição: 58313
Autor da Contribuição: Evandro A C Cordeiro
Data da Contribuição: 26/01/2012 15:41:59
Contribuição: VOTAMOS PELA IMPLANTAÇÃO IMEDIATA do
RGQ-SCM.
Justificativa:
Prezado Cidadão Brasileiro, É lamentável que mais uma
vez esta empresa busque de forma absurda prejudicar os
interesses do cidadão brasileiro. NÃO POSSO
CONCORDAR, na qualidade de cidadão, com este
pedido. E sabem porque, porque ela mais uma vez quer
VARRER PARA DEBAIXO DO TAPETE a sua
incompetência em atender com internet de qualidade a
todos os cidadãos brasileiros. Ela recebeu, DE GRAÇA,
toda uma infraestrutura, HA MAIS DE 15 ANOS, e até
hoje só USOU O QUE RECEBEU. Não INVESTIU NA
MELHORIA DA QUALIDADE DE SEUS SERVIÇOS e
vive da maldita ASSINATURA BASICA, a sua
verdadeira GALINHA DE OVOS DE OURO. Em 2006
por intermedio de pressões injustificadas dessa empresa
junto ao Ministerio das Comunicações ela conseguiu
enbargar o LEILAO DO WIMAX alegando sabe o que,
PREJUIZOS PARA O ERARIO PÚBLICO, mesmo nao
sabendo que valores continham nos LANCES QUE
ESTAVAM EM ENVELOPES FECHADOS E
LACRADOS. Queria GANHAR TEMPO e nao
PERMITIR ASSIM A ENTRADA DE
CONCORRENTES EM SEU MERCADO CATIVO, o
que conseguiu. Hoje eu me pergunto: estamos em 1012,
ou seja, se passaram 6 ANOS, o WIMAX nao saiu do
papel, esta empresa NAO MELHOROU EM NADA
SEUS SERVICOS, e agora quer retirar do cidadão
brasileiro a condição de OBTER UM MINIMO DE
QUALIDADE, isso mesmo, UM MINIMO DE
QUALIDADE. TEMOS QUE DIZER UM NAO
VEEMENTE E CONSISTENTE PARA ESTAS
EMPRESAS QUE CONTINUAM COM ESSA
POSTURA RETRÓGADA. E aproveito para perguntar: 6
anos sem WIMAX gerou ou nao gerou PREJUIZOS AO
BRASIL...
Contribuição N°: 21
ID da Contribuição: 58314
Autor da Contribuição: Marcos Lira Pedroza
Data da Contribuição: 26/01/2012 20:56:56
Contribuição:
Se constitui uma agressão, um crime contra os
contribuintes, eleitores e cidadãos e consumidores aceitar
está proposta imoral desta tal TNL PSC S.A, conhecida
comercialmente como OI quanto a qualidade do serviço.
Esta empresa é a campeão de reclamações nos
PROCONS do Brasil inteiro e ainda tem a coragem de
lançar um proposta imoral como estas. Pergunto aos
nobres conselheiros e tecnicos da ANATEL, os senhores
comprariam um queijo, um sabonete, um vinho, um
paleto ou outro produto que o fornecedor oferecesse
somente 30% de garatia de qualidade ? O serviço precisa
ter 100% de garantia de qualidade e ponto final. A
ANATEL precisa se posicionar se está ao lado da
população ou do lado da companhias telefonicas. É
conviniente a esta agencia dar mais atenção aos
contribuintes, eleitores e cidadãos, pois a administração
anterior não fez nada para receber o respeito do povo, as
reclamações dos PROCONS falam pelo povo brasileiro.
Justificativa:
O descaso com os consumidores e as milhares de
reclamações de usuarios e consumidores nos PROCONS
do Brasil inteiro pelos produtos e servicos da TNL PSC
S.A, conhecida comercialmente como OI por si só é uma
grande justificativa.
Contribuição N°: 22
ID da Contribuição: 58315
Autor da Contribuição: Willians Francisco Gimenes
Data da Contribuição: 27/01/2012 09:13:53
Contribuição:
Eu insisto que o conselho continue firme em sua posição
pelo nosso direito de acesso à Internet confiável e de
qualidade. Os padrões existentes são essenciais de acordo
com especialistas e foram aprovados pelo conselho e, ao
contrário do que se pede, deveria haver um aumento no
nível de qualidade mínimo. O pedido da Oi não deve
destruir nosso acesso essencial à informação na rede.
Justificativa:
Há anos a indústria de telecomunicações recebe críticas
de cidadãos por todo o país, não vamos permitir que a
indústria vença este apelo e destrua nosso acesso à
Internet. Sinceramente, Willians
Contribuição N°: 23
ID da Contribuição: 58317
Autor da Contribuição: Sandra Regina da Silva
Data da Contribuição: 27/01/2012 11:12:25
Contribuição: Eu como usuaria da internet nao concordo com essa
anulacao.
Justificativa:
Porque se eu pago um valor e nunca tenho a velocidade
contratada, ligo para reclamar e nunca tenho assistencia e
quando vem tenho que pagar caro pelo atendimento. As
vezes nao consigo conectar e esta muito lento. Pago por
1MBPS e recebo o maximo 150 kbps
Contribuição N°: 24
ID da Contribuição: 58319
Autor da Contribuição: Fernando Cesar Oliveira Monteiro
Data da Contribuição: 28/01/2012 03:14:59
Contribuição:
Estou através deste me manifestando contrário à
concessão do pedido de anulação de dispositivos dos
regulamentos de gestão de qualidade da banda larga e da
telefonia móvel conforme publicado no Diário Oficial no
edital número 3 / 2012 / SPV referente ao processo Anatel
no 53500.027336 / 2011.
Justificativa:
Todo prestador de serviço de concessão pública deve
preservar a qualidade do serviço sob pena de não o
fazendo perder a concessão. Portanto as metas de
qualidade devem ser ainda mais rigorosa dos que as
propostas no referido regulamento que em minha opinião
trata-se apenas de um pequeno começo para realmente
termos um serviço de qualidade mínima.
Contribuição N°: 25
ID da Contribuição: 58325
Autor da Contribuição: Marsal Campos Batista
Data da Contribuição: 29/01/2012 01:33:59
Contribuição: Sou Contra o anulamento
Justificativa:
A Internet no Brasil já é péssima, se voltarmos atrás e
anular a gestão de qualidade que é uma conquista da
Sociedade estaremos ferindo gravemente a Democracia e
o Direito do Povo.
Contribuição N°: 26
ID da Contribuição: 58326
Autor da Contribuição: Jose de Ribamar Smolka Ramos
Data da Contribuição: 29/01/2012 22:31:36
Contribuição: A anatel deve repensar o modelo regulatório adotado no
RGQ-SCM
Justificativa:
1. Nem todos os argumentos levantados pela TNL PCS S
/ A (Oi) nos pedidos de anulação são válidos. Entretanto
muitos aspectos coerentes na argumentação, e, em minha
opinião, o RGQ-SCM e o RGQ-SMP (tal como
publicados) padecem de sérias imperfeições. Portanto
peço uma cuidadosa reanálise por parte da Anatel sobre
como seguir adiante nesta área. 2. Minha atuação
profissional me leva a considerar de forma unificada
todas as instâncias do provimento de acesso à Internet em
banda larga, por isso não farei muita distinção entre o
SCM e o SMP nos meus comentários. Até porque, a
médio prazo, entendo que estes dois serviços, e ainda o
STFC, devem convergir para uma definição comum. 3.
Acima de tudo percebo uma grande falha no processo de
elaboração e publicação do RGQ-SCM e do RGQ-SMP:
as iniciativas regulatórias foram motivadas basicamente
pelo desejo de dar uma justificativa ao clamor popular ,
amplificado pela imprensa. Isto é política, e não regulação
técnica. Foi negligenciada a medição objetiva do estado
de descumprimento de obrigações contratuais pelos
provedores, e considerado como indicador da existência
de um problema real a repercussão constante na imprensa
de reclamações sobre a qualidade do serviço
particularmente com respeito ao serviço de acesso móvel
à Internet, sem levar em conta que, do ponto de vista da
própria imprensa, notícia boa não vende jornal . Pois bem,
eu posso falar, com base em minha experiência pessoal,
que em mais de dez anos da utilização de acessos em
banda larga, fixos e móveis, à Internet (em várias
localidades), raramente experimentei problemas
sistemáticos de má qualidade que pudessem ser atribuídos
inequivocamente ao provedor. E esta também é a
experiência percebida por vários colegas e amigos. Porém
estas experiências positivas de uso não recebem a mesma
divulgação, nem repercutem tanto, quanto as ruins. O que
me leva a indagar: qual é o estado real das coisas? Não
existe resposta objetiva para esta pergunta, e para uma
boa regulação técnica, é necessário compreender antes o
estado atual do problema (se é que existe um problema
real). 4. As imperfeições que percebo nos Regulamentos
são de ordem conceitual, de ordem técnica e de ordem
legal. 5. No nível conceitual, percebo uma má definição
entre os serviços envolvidos, e o que se pretende atingir
com os regulamentos: a) O serviço de acesso à Internet
não é, no contexto do atual marco regulatório brasileiro,
um serviço de telecomunicação. Ele é definido como um
serviço de valor agregado aos serviços de
telecomunicação que o suportam (nos termos do art. 61 da
LGT). Assim sendo, ele não é passível de regulação
formal pela Anatel. Além disso, a estrutura de governança
federativa da Internet não inclui, no contexto atual, a
garantia de qualidade dos serviços fim a fim. Desta forma
os usuários de serviços providos através da Internet tem
que contentar-se com serviços providos no modo best-
effort; b) É necessário explicitar que o que está sendo
regulado é, tão somente, o serviço de acesso IP em banda
larga, que suporta o serviço de acesso à Internet, pode ser
realizado com diversos suportes tecnológicos. Os
regulamentos excluem do seu alcance os provedores deste
serviço que sejam de pequeno porte (definidos como
aqueles que possuam menos que 50.000 usuários), o que,
na prática, é a mesma coisa que dizer estes regulamentos
só se aplicam aos provedores de acesso IP que também
são concessionários do STFC ou permissionários do SMP
. Então cabe a seguinte pergunta: os usuários que residam
em localidades onde o serviço de acesso IP não é prestado
principalmente por concessionários do STFC ou por
permissionários do SMP (esta situação é típica de
localidades do interior e da periferia das grandes cidades)
não terão direito a informação sobre a qualidade do
serviço prestado por seus provedores? c) O serviço de
acesso à Internet é, no momento, o único serviço
suportado pelo serviço de acesso IP em banda larga. Até
que isto mude, e que regras para a interconexão e garantia
da qualidade do serviço fim a fim nas redes IP dos
provedores sejam estabelecidas (o que é mandatório para
que ocorra a migração destas redes para o modelo NGN),
não existe forma prática dos usuários do serviço de acesso
à Internet se beneficiarem efetivamente de vários dos
parâmetros de desempenho da rede e, ainda assim,
qualquer provedor do serviço de acesso IP em banda larga
só poderá influir nestes parâmetros dentro do seu próprio
escopo de governança (o que não é suficiente para
garantir, do ponto de vista do usuário, desempenho
satisfatório dos serviços providos através da Internet). 6.
No nível técnico chamam-me a atenção os seguintes
aspectos: a) Os indicadores de desempenho da rede
abrangem os aspectos de disponibilidade, taxa de
transmissão (instantânea e média), latência bidirecional
(round-trip delay), variação da latência (jitter) e perda de
pacotes (packet loss); b) Basear o indicador da
disponibilidade da rede do provedor do serviço de acesso
IP em banda larga no comportamento observado de uma
amostra da população é, em minha opinião, questionável.
Eventos que causem efeito significativo na
disponibilidade da rede, a depender do tamanho e da
distribuição geográfica da amostra dos usuários, tem
probabilidade não desprezível de passarem sem detecção
(ex.: a falha de um BRAS da rede de acesso DSL, ou a
falha de um GGSN da rede de acesso HSPA, ou a falha de
um roteador de borda). Neste caso eu sou mais favorável
ao cálculo da disponibilidade a partir dos registros
coletados pelo sistema de gerência de falha da operadora.
O indicador poderia ser calculado pelo produto do n de
usuários afetados pela falha (eventualmente determinado
de forma estatística) pela duração da falha em horas.
Somados estes valores em um mês, temos o indicador de
indisponibilidade expresso em usuários-hora / mês, o qual
deverá ter um valor teto; c) Os indicadores de round-trip
delay, jitter e packet loss são decisivos para avaliar a
capacidade de uma rede IP transportar eficazmente o
tráfego de aplicações de voz e vídeo. Entretanto os
valores ideais para estes parâmetros só podem ser
atingidos por dois meios: a utilização de uma arquitetura
de garantia de QoS nos elementos da rede (ex.: DiffServ),
ou o puro e simples overprovisioning (que eu costumo
chamar de bandwidth overkill). A primeira alternativa,
além de ser complicada para aplicar sobre o tráfego da
Internet, só seria realmente eficaz nos trechos BRAS-
roteador de borda ou GGSN-roteador de borda. No trecho
usuário-BRAS não é possível identificar a natureza das
aplicações utilizadas pelo usuário, porque os pacotes do
usuário trafegam neste trecho encapsulados pelo
mecanismo de tunelamento PPP. De forma similar, no
trecho usuário-GGSN o tunelamento GTP torna invisível
a natureza da aplicação utilizada, e, embora o 3GPP tenha
definido o mecanismo MBMS para garantia de qualidade
do serviço sobre a interface de rádio HSPA, não está claro
como seria o interfuncionamento das classes de serviço
MBMS e as classes de serviço DiffServ. Assim só resta o
overprovisioning para tentar atingir os valores-alvo dos
indicadores. Isto significa que no PMT haverá ociosidade
para garantir que os indicadores fiquem dentro da faixa
esperada, e fora do PMT a ociosidade será enorme. Isto é
má engenharia e péssima economia. Mas é neste sentido
que os regulamentos empurram os provedores de acesso
IP em banda larga afetados pelos regulamentos
publicados. E parece existir uma postura do tipo Eles são
grandes, tem muito dinheiro e podem pagar por isso . Isto
não é boa regulação. É preconceito. d) Não consigo
enxergar lógica no estabelecimento dos mesmos
parâmetros para a taxa de transmissão, instantânea e
média, para redes de acesso DSL e redes de acesso
HSPA. Nas redes DSL o usuário é fixo, e não existe
competição por recursos da rede de acesso entre o tráfego
de voz e tráfego IP. Nas redes HSPA, além de existir a
disputa por banda entre o tráfego de voz e tráfego IP (que
é mais intenso justamente no PMT), existe um
componente estatístico adicional devido à mobilidade dos
usuários (handover entre setores ou células adjacentes). O
resultado lógico é que, para uma mesma densidade de
usuários, as redes de acesso HSPA apresentam um
desempenho com maior variabilidade. Portanto, para
atingir os objetivos de taxa de transmissão instantânea e
média publicados nos regulamentos, e considerando que a
única forma para conseguir isso é através do
overprovisioning, as redes de acesso HSPA terão que
manter capacidade ociosa proporcionalmente maior que
as redes de acesso DSL; e) Este overprovisioning na
interface de rádio das redes de acesso HSPA só pode ser
conseguido pelo adensamento da malha de transceivers
(Node-b), o que, além de dispendioso, é complicado (às
vezes impossível) de conseguir, considerando-se as
restrições à instalação de mais antenas de telefonia
celular; f) A experiência internacional considerada nos
estudos realizados pela Anatel para a instrução do
processo de elaboração e aprovação do RGQ-SCM e do
RGQ-SMP mostra que a adesão voluntária à regulação
(casos do Reino Unido e Portugal) não garantem que os
indicadores de desempenho da rede atingirão os valores
esperados, e que uma regulação impositiva (caso da Índia)
também não é garantia de sucesso. Interessante que, no
caso indiano, os valores objetivo para os indicadores de
desempenho foram estabelecidos a partir de uma pesquisa
que definiu o baseline de partida do processo, o que não
ocorreu no caso Brasileiro; g) Então a conclusão óbvia é
que, em função dos custos que os regulamentos (tais
como publicados) imporão sobre os provedores do serviço
de acesso IP em banda larga, a Anatel precisa explicitar:
& 61607; Porque ela julgou necessário adotar um modelo
impositivo, que é ainda mais restritivo e burocrático que o
modelo indiano? & 61607; Porque isto foi considerado o
único modo de conseguir melhoria objetiva da qualidade
do serviço para os usuários? & 61607; Porque os custos
impostos aos provedores são considerados proporcionais
ao benefício esperado para os usuários? & 61607; Quais
os critérios objetivos para escolher os indicadores de
desempenho da rede aplicáveis e definir seus valores
objetivo iniciais e sua progressão temporal? & 61607;
Considerando a natureza das aplicações acessadas pelos
usuários no SVA de acesso à Internet (que é, no
momento, o único suportado pelo serviço de acesso IP em
banda larga) quais benefícios concretos para os usuários
esta regulação deseja alcançar? & 61607; Qual a relação
custo / benefício da imposição da contratação de terceiros
para executar a geração dos dados de teste e certificar os
processos de coleta dos dados e cálculo dos indicadores?
Pessoalmente, isto mostra que a Anatel não se considera
capacitada para exercer estas atividades, e prefere
terceirizá-las. h) Finalmente, tal como reclamado pela Oi,
existe incompatibilidade aritmética entre o indicador de
reclamação dos usuários com o indicador de reclamações
de reparo. As reclamações de reparo são,
necessariamente, um subconjunto das reclamações
recebidas pela operadora. Ambos os indicadores são
calculados (conforme os regulamentos publicados)
dividindo o número de reclamações (total ou reparo,
conforme o caso) pelo número de acessos em serviço. Isto
torna aritmeticamente impossível que o indicador de
reparo apresente percentuais maiores que o indicador de
reclamações. Creio que houve um engano, e o indicador
de reclamações de reparo não devia usar o número de
acessos em serviço no numerador, mas o número total de
reclamações recebidas (que é o numerador no cálculo do
indicador de reclamações). Isto daria coerência aos dois
indicadores. 7. Vou elencar os aspectos legais que me
preocupam, apesar de não ser advogado: a) Não tenho
conhecimento da existência de uma exposição de motivos
que justifique a opção pela forma dos regulamentos
publicados. Isto fere o art. 40 da LGT (Lei 9.472 de 16 /
07 / 1947) e o princípio da motivação, exigido no caput
do art. 2 da Lei 9.784 de 26 / 01 / 1999; b) Com exceção
dos indicadores de taxa de transmissão instantânea e
média, todos os demais indicadores (com metas
obrigatórias para o SCM e obrigação de divulgação para o
SMP) não tem efeito prático para a qualidade percebida
pelos usuários do SVA de acesso à Internet (único usuário
dos serviços de telecomunicação de acesso IP subjacentes
regulados como SCM ou SMP). Me parece que a Anatel,
assim agindo, fere o princípio de proporcionalidade que
deve orientar a elaboração de atos da Administração
Pública Federal, conforme o caput e inciso VII do
parágrafo único do art. 2 da Lei 9.784 de 26 / 01 / 1999;
c) A imposição de custos aos permissionários do SCM e
do SMP, sem a correspondente comprovação do benefício
objetivo proporcionado aos usuários destes serviços, fere
diretamente a exigência do inciso VI do parágrafo único
do art. 2 da Lei 9.784 de 26 / 01 / 1999: adequação entre
meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições
e sanções em medida superior àquelas estritamente
necessárias ao atendimento do interesse público (grifos
meus); d) A complexidade do modelo regulatório adotado
precisa de justificativa razoável e clara, caso contrário a
Anatel estará descumprindo o inciso IX do parágrafo
único do art. 2 da Lei 9.784 de 26 / 01 / 1999: adoção de
formas simples, suficientes para propiciar adequado grau
de certeza, segurança e respeito aos direitos dos
administrados ; e) Tanto o SCM quanto o SMP são
prestados exclusivamente em regime privado. Assim
sendo o desbalanceamento entre custos e obrigações
impostas às permissionárias e o benefício objetivo
causado aos usuários também fere o estipulado nos
incisos III, IV e V do art. 128 da LGT (Lei 9.472 de 16 /
07 / 1947): os condicionamentos deverão ter vínculos,
tanto de necessidade como de adequação, com finalidades
públicas específicas e relevantes , o proveito coletivo
gerado pelo condicionamento deverá ser proporcional à
privação que ele impuser e haverá relação de equilíbrio
entre os deveres impostos às prestadoras e os direitos a
elas reconhecidos (grifos meus);
Contribuição N°: 27
ID da Contribuição: 58331
Autor da Contribuição: Marcio Patusco Lana Lobo
Data da Contribuição: 30/01/2012 11:05:03
Contribuição:
Tanto para o RGQ do SCM quanto para o RGQ do SMP,
as entidades representantes da sociedade civil infra-
assinadas não concordam com a anulação dos indicadores
solicitados pela Oi, ou eventualmente por qualquer outra
Operadora. Além disso, tendo em vista que as consultas
públicas dos Regulamentos em questão já haviam
terminado, e que a Anatel já os havia emitido pelas
resoluções 574 e 575 / 2011, entendemos que todos os
procedimentos e prazos constantes dos Regulamentos
devam ser rigorosamente mantidos e atendidos tanto pela
Anatel como pelas Operadoras. Francis Bogossian
Presidente do Clube de Engenharia Rosa Leal Presidente
do Instituto Telecom Marcello Miranda Membro do
Conselho Consultivo da Anatel Marcos Dantas Vice-
Presidente da União Latina de Economia Política da
Informação, Comunicação e Cultura - Capítulo Brasil
(ULEPICC-Br) Teresa Trautman Diretora Presidente da
CONCEITO A em Audiovisual S / A
Justificativa:
No Clube de Engenharia, reunimos entidades
representantes da sociedade civil, que após analisarem os
argumentos da Operadora Oi quanto aos procedimentos
de qualidade emitidos pela Anatel nos Regulamentos de
Gestão de Qualidade RGQ, tanto para o Serviço de
Comunicação Multimídia SCM, como para o Serviço
Móvel Pessoal SMP, que motivaram a Consulta Pública n
2 de 13 de janeiro de 2012, emitiram as considerações que
se seguem. Em todos os campos do conhecimento temos
utilizado indicadores como forma de melhor visualizar
questões, tornando-as mais claras, mais fáceis de serem
percebidas e acompanhadas. As métricas são hoje
referência para medição de desempenho em gestão,
marketing, prestação de serviços, comparação de
resultados e ajuda numa tomada de decisão. É comum
hoje ser dito que aquilo que não pode ser medido não
pode ser gerenciado. Em telecomunicações conhecemos
muito bem esse problema, e ele não escapa dos enfoques
da UIT (União Internacional de Telecomunicações) que,
em vários de seus grupos, tem estudado em detalhes as
métricas de desempenho. Aqui mesmo no Brasil, antes, a
Telebrás, e atualmente, a Anatel, têm preocupações claras
nesta direção na prestação dos serviços. Como sabemos, a
infrestrutura de telecomunicações que suportará os
serviços será, durante muito tempo, baseada na
convergência de redes propiciada pela NGN (Next
Generation Network), e devemos nos preparar para ter
formas de prover a sociedade com serviços adequados e
de qualidade aos seus cidadãos. Esse longo tempo que
teremos de convivência com essa nova possibilidade
tecnológica, mais do que justifica que a gestão desses
serviços seja feita de maneira a garantir níveis de
qualidade mais do que satisfatórios aos usuários. 1. Essa
já era preocupação nos EUA em 2001. Em RFC (Request
For Comments) proposta ao FCC (Federal
Communications Comission) em dezembro daquele ano,
com o título Broadband Quality of Service Monitoring: a
Promising Public Policy Response podia-se ler: We
propose a system of hardware and software agents to
measure the performance of the network from points at
which outsiders have access to the network, namely at the
users home or small business connections. 2.
Convencidos dessa necessidade, o FCC Technical
Advisory Council recomendou em seu documento New
Broadband Infrastructure Deployment Policies , de 27 de
abril de 2011, em seu item 6. : 6. Adopt new metrics to
measure network quality: FCC should develop broadband
extended service quality metrics (beyond throughput
speeds) to assist providers, consumers and policymakers
in evaluating broadband capabilities. 3. A revista
Telecommunications Policy em seu número de 16 de
Junho de 2011, publicou o artigo Transparency
Regulation in Broadband Markets: Lessons from
Experimental Research , mostrando a importância em
campo de se ter uma regulamentação clara e de
conhecimento da sociedade: Transparency in broadband
could work in the sense that is likely to enhance total
welfare and incentivize ISPs to increase quality of their
broadband services. Moreover, both full QoS information
accessible to some and imperfect QoS information
accessible to all do better outcomes for consumers, wich
leaves regulators with options. 4. O OFCOM (Office of
Communication), a agência reguladora inglesa, teve
entendimento diferente e adotou a política de um código
de conduta voluntário por parte dos prestadores de
serviço, de acordo com seu documento Voluntary Code of
Practice: Broadband Speeds. No entanto, em recente
pesquisa de campo, o próprio OFCOM reconheceu que as
operadoras não vêm seguindo o código: the gap between
actual and advertised up to speeds had widened. 5. Esse
comportamento reforça a idéia de que o mercado não se
autoregula e de que há necessidade de interferência do
órgão regulador. Em fevereiro de 2011, o National
Regulatory Research Institute dos EUA, emitiu o trabalho
Evaluating Telecommunications Service: Can Consumers
Really Vote with Their Feet or Do We Need Regulatory
Oversight , onde sugere que efetivamente existe uma
relação direta entre qualidade e regulação: the service
quality study recommended in this brief paper, regulators
can determine whether reduced regulatory oversight has
indeed reduced quality of service. 6. Alguns países
europeus vêm adotando indicadores para Banda Larga,
emitidos em consultas públicas para participação da
sociedade, como é o caso da Irlanda em seus documentos
Consultation on the Introduction of Key Parameters
Indicators emitidos pelo Comission for Communications
Regulation desde setembro de 2010. Países como Itália,
França, Alemanha, Noruega, Dinamarca, Estônia, já
implementaram ou estão em fase de elaboração de
parâmetros de qualidade a serem disponibilizados e
acompanhados pelos usuários. 7. O fato é que,
atualmente, no site do FCC, em sua página de Broadband,
(broadband.gov) está disponível um teste de conexão
Consumer Broadband Test , evidenciando a opção por
estabelecer uma clara interação com os usuários, e que
tem a seguinte colocação: The purpose of the Consumer
Broadband Test (Beta) is to give consumers additional
information about the quality of their broadband
connections and to create awareness about the importance
of broadband quality in accessing content and services
over the internet. Additionally, the FCC may use data
collected from the Consumer Broadband Test (Beta),
along with submitted street address, to analyze broadband
quality and availability on a geographic basis across the
United States. 8. No Brasil, a Anatel, o Inmetro e o
CGI.br se uniram para realizar testes nas redes das
Operadoras. Conforme noticiado, vários indicadores de
avaliação foram contemplados na pesquisa, tais como
disponibilidade, velocidade média, velocidade
instantânea, latência, número de tentativas para
estabelecer a conexão, tempo de instalação, tempo de
cancelamento do serviço, entre outros. Os testes vêm
sendo realizados e nenhuma grande questão parece se
interpor. 9. Do ponto de vista técnico, os vários fóruns
que estão discutindo Banda Larga no mundo não refletem
nenhuma dificuldade de estabelecerem indicadores que
venham a ser utilizados. Em recente encontro de maio de
2011, em Berlin, o Broadband Fórum liberou o Release
4.1 do BroadbandSuite de ferramentas para a prestação de
serviços, acentuando: Broadband is rapidly becoming the
accepted means for delivering a multitude of services.
Stability and quality is therefore a number one priority as
the penetration of broadband increases and related service
offerings become increasingly structured. The Broadband
Forum s work has focused on developing the tools
necessary to help providers deliver excellent service
quality and performance to enhance their customers
experience . 10. Artigos e trabalhos vêm sendo escritos
para caracterizar a forma de regulação para os aspectos de
qualidade. Do IEEEXplore, com o título A User-centric
Approach to QoS Regulation in Future Networks ,
retiramos: In this emerging context (NGN environment)
novel QoS policies are required to adapt the traditional
QoS regulatory model to the new scenario. Do exposto,
acreditamos que, já que a tecnologia de NGN nos
acompanhará por longo tempo, e no sentido de dar à
nossa sociedade um serviço adequado, um conjunto de
parâmetros de qualidade seja necessário para caracterizar
a Banda Larga em nosso país, tanto em meios fixos
quanto em meios móveis, para que se possa
adicionalmente acompanhar e estabelecer as metas a
serem alcançadas. Estes parâmetros devem ser discutidos
e acordados entre os envolvidos, e caso não haja acordo,
arbitrados por entidade neutra que, dentro dos moldes dos
procedimentos do RGQ, pode ser a própria Entidade
Aferidora de Qualidade. Quanto às possíveis alegações de
desbalanceamento de custos das Operadoras pela
implementação dos novos procedimentos, a diluição
desses custos ao longo da implantação e operação não
deverá ter impacto nos preços, visto que os processos
depois que entrarem em regime de aferição, como em
toda implantação de uma nova rede, acabarão
amortizados. Portanto, tanto para o RGQ do SCM quanto
para o RGQ do SMP, as entidades representantes da
sociedade civil infra-assinadas não concordam com a
anulação dos indicadores solicitados pela Oi, ou
eventualmente por qualquer outra Operadora. Além disso,
tendo em vista que as consultas públicas dos
Regulamentos em questão já haviam terminado, e que a
Anatel já os havia emitido pelas resoluções 574 e 575 /
2011, entendemos que todos os procedimentos e prazos
constantes dos Regulamentos devam ser rigorosamente
mantidos e atendidos tanto pela Anatel como pelas
Operadoras. Francis Bogossian Presidente do Clube de
Engenharia Rosa Leal Presidente do Instituto Telecom
Marcello Miranda Membro do Conselho Consultivo da
Anatel Marcos Dantas Vice-Presidente da União Latina
de Economia Política da Informação, Comunicação e
Cultura - Capítulo Brasil (ULEPICC-Br) Teresa
Trautman Diretora Presidente da CONCEITO A em
Audiovisual S / A
Contribuição N°: 28
ID da Contribuição: 58343
Autor da Contribuição: Moisés Giordano Mazza
Data da Contribuição: 30/01/2012 23:43:42
Contribuição: O pedido não deve ser atendido.
Justificativa: Sou utilizador da referida empresa e a mesma não pode
ter suas reivindicações atendidas. Em horários de pico a
qualidade do serviço cai muito, sem contar que a mesma
trabalha com valores diferenciados de serviço dependendo
da localidade. O pedido é um absurdo! precisamos
defender as metas estabelecidas, para que essas empresas
parem de explorar a população!
Contribuição N°: 29
ID da Contribuição: 58344
Autor da Contribuição: Rogério Tobias Junior
Data da Contribuição: 30/01/2012 23:55:07
Contribuição:
Em razão da do Regulamento, as demais empresas
prestadoras de serviços de telecomunicações já se
articularam para conseguirem atender e fornecer os
serviços de Banda Larga aos seus usuarios conforme a
determinação. O pedido de anulação das obrigações das
prestadoras de manter o padrão de qualidade definido na
normatização soa como uma manobra para recuperar o
mercado perdido em razão da priorização de elementos
outros que não o padrão de qualidade de conexão ao
usuário final. Desta forma, me manifesto de maneira
contrária à anulação do regulamento. Seu cumprimento
deve ser o alvo de todos os esforços das prestadoras, até
que sua inviabilidade seja comprovada por questões
técnicas e não mercadológicas.
Justificativa:
Como o regulamento supracitado foi concebido há
pouquissimo tempo, se fazem necessárias todas as
tentativas possíveis para cumprir as suas determinações.
Não se percebem esforços da prestadora para o
cumprimento das metas e parâmetros estabelecidos, o que
leva a crer que a empresa não respeita seus consumidores,
tentando, num ato derradeiro,desesperado e egoísta,
atrapalhar a escalada de qualidade de internet vista no
Brasil nos últimos anos.
Contribuição N°: 30
ID da Contribuição: 58346
Autor da Contribuição: Fernando Di Pietro Cordenonssi
Data da Contribuição: 31/01/2012 10:33:14
Contribuição: Rogo que o Regulamento em questão não seja anulado.
Justificativa: A regulamentação em questão é essencial ao Brasil em
razão da exigência de critérios de qualidades a serem
atendidos pelas prestadoras de SCM, serviço este
fundamental ao crescimento da economia e que não pode
ficar com a qualidade em padrão inferior ao estabelecido
na regulamentação ora atacada.
Contribuição N°: 31
ID da Contribuição: 58362
Autor da Contribuição: Denise Guerra Wingerter
Data da Contribuição: 01/02/2012 09:21:06
Contribuição:
Gostaria de externar minha posição quanto ao desejo de
que sejam MANTIDAS as regulamentações de Gestão da
Qualidade do Serviço de Comunicação Multimídia
(RGQ-SCM), e que seja arquivada a solicitação da OI.
Justificativa:
Padronizações de serviços à sociedade são essenciais de
acordo com especialistas e foram aprovados pelo
conselho. As empresas de telecomunicações já
prejudicam o consumidor, e a falta de padrões irá
maximizar esses problemas.
Contribuição N°: 32
ID da Contribuição: 58363
Autor da Contribuição: Lourenço Teixeira Cardoso
Data da Contribuição: 01/02/2012 09:41:41
Contribuição:
A sociedade brasileira tem o direito a servços de
comunicação com um mínimo de qualidade. É a função
da agência reguladora garantir isso. o texto questionado
pretende apenas ser um instrumento de garantia de
qualidade de serviço que é obrigação mínima contratual
das empresas prestadoras de serviço.
Justificativa:
As empresas prestadoras de serviço nas áreas
comunicação por internet e telefonia, oferecem um dos
piores servços do mundo aos cidadãos brasileiros. Se
comparadas às prestações de serviços nos países com
índice de desenvolvimento técnico científico próximo ao
de nosso país, é o pior atendimento com sobras. O custo
dos serviços, inversamente à qualidade, é um dos maiores
do mundo, Questionar a regra de garantia mínima de
qualidade somente não é rematada loucura por que seu
objetivo, mais que impedir a agência de controle
estabelecer regras, é postergar e usar artifícios
protelatórios a fim de se aproveitar de algum descuido da
sociedade.
Contribuição N°: 33
ID da Contribuição: 58373
Autor da Contribuição: Alexandre Elias de Andrade Oliveira
Data da Contribuição: 01/02/2012 12:25:06
Contribuição: Não cabe anulação
Justificativa:
Não cabe anulação do Regulamento de Gestão de
qualidade do Serviço de Comunicação Multimídia, haja
vista o exposto no Art.2 do Decreto N 7.512, DE 30 DE
JUNHO DE 2011 (PGMU III) A Agência Nacional de
Telecomunicações - ANATEL deverá adotar, até 31 de
outubro de 2011, as medidas regulatórias necessárias para
estabelecer padrões de qualidade para serviços de
telecomunicações que suportam o acesso à Internet em
banda larga, definindo, entre outros, parâmetros de
velocidade efetiva de conexão mínima e média, de
disponibilidade do serviço, bem como regras de
publicidade e transparência que permitam a aferição da
qualidade percebida pelos usuários .
Contribuição N°: 34
ID da Contribuição: 58399
Autor da Contribuição: FLÁVIA LEFÈVRE GUIMARÃES
Data da Contribuição: 01/02/2012 12:40:03
Contribuição:
A PROTESTE ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
DEFESA DO CONSUMIDOR, vem oferecer suas
contribuições para o processo de análise dos pedidos
formulados pela TNL PCS S.A. (OI), que pretende anular
dispositivos estabelecidos pelas Resoluções 574&
8725;2011 e 575& 8725;11, fixando metas de qualidade a
serem observadas pelos prestadores dos referidos
serviços. I A MÁ QUALIDADE DO SERVIÇO DE
BANDA LARGA NO BRASIL 1. É pública e notória a
baixa qualidade do serviço de comunicação de dados,
denominado pela ANATEL de Serviço de Comunicação
Multimídia SCM e conhecido pelo público em geral como
banda larga. 2. É também consenso que o SCM tem sido
ofertado no mercado a preços altíssimos, mesmo que
descontada a alta carga tributária incidente para a
prestação do serviço. 3. Os preços praticados são
extorsivos e, principalmente, são desproporcionais à
qualidade de serviço ofertada. 4. Além disso, até agora, a
ANATEL permitiu que as operadoras do SCM ofertassem
10% da velocidade prometida ao consumidor, sem que
esta prática configurasse irregularidade. II A ATUAÇÃO
REGULATÓRIA QUANTO AO SCM 5. Diante do
crescimento da demanda pelo referido serviço, bem como
da edição do Plano Nacional de Banda Larga Decreto
7.175& 8725;2010 e do Plano Geral de Metas de
Universalização Decreto 7.512& 8725;2011, a ANATEL
ficou incumbida de adotar, até 31 de outubro de 2011, as
medidas regulatórias necessárias para estabelecer padrões
de qualidade para serviços de telecomunicações que
suportam o acesso à Internet em banda larga, definindo,
entre outros, parâmetros de velocidade efetiva de conexão
mínima e média, de disponibilidade do serviço, bem
como regras de publicidade e transparência que permitam
a aferição da qualidade percebida pelos usuários . 6.
Cumprindo a determinação do decreto acima transcrito, a
ANATEL instaurou Consulta Pública 46, em agosto de
2011, a fim de receber contribuições para a fixação de
metas para o serviço de acesso à internet. 7. Encerrado o
período de contribuições, foram editadas as Resoluções
aprovando os Regulamentos de Gestão de Qualidade do
SCM e do SMP. 8. O processo de discussão sobre as
metas propostas pela ANATEL foi intenso, com forte
conflito entre os interesses dos consumidores
representados por diversas entidades, entre elas a
PROTESTE, e das empresas autorizadas para a prestação
dos serviços. 9. Editada a norma e prevalecendo as metas
de qualidade propostas no processo de Consulta Pública,
os consumidores comemoraram os direitos que lhes foram
atribuídos pela agência e que passarão a viger a partir de
novembro de 2012. III O PEDIDO DA OI E SUA
REPERCUSSÃO 10. A OI, em 30 de novembro de 2011
protocolou na ANATEL dois pedidos de anulação de
diversos dispositivos relativos às Resoluções 574&
8725;2011 e 575& 8725;2011. 11. A ANATEL, além de
admitir o pedido, promoveu a publicação de Edital de
Notificação, com fundamento no art. 67, inc. IV , do
Regimento Interno da agência, aprovado pela Resolução
270& 8725;2001, em 12 de janeiro deste ano, a fim de
obter manifestações a respeito do pedido da OI, tendo em
vista o impacto coletivo da pretensão que lhe fora
apresentada. 12. Oportuno informar, ainda, que a
ANATEL enviou aos principais órgãos de defesa do
consumidor do país Ofício, dando às entidades
conhecimento direto da questão e abrindo oportunidade
para suas manifestações. 13. Vale destacar, entretanto,
que em inúmeras outras oportunidades a agência, a
despeito de ter recebido pedidos de anulação com
potencial de grande impacto para o interesse de terceiros e
para toda a coletividade, os recebeu e negou acolhimento,
sem notificar o público para manifestações. 14. A própria
OI, na petição que apresentou a ANATEL, faz menção a
um pedido formulado pela Brasil Telecom para anulação
da Resolução 458& 8725;2007, que aprovou o
Regulamento de Remuneração de uso de Redes de
Prestadoras do Serviço de Telefone Fixo Comutado, com
indiscutível impacto para o interesse coletivo, mas não
houve chamamento do público para contribuições. 15. A
PROTESTE, em 30 de novembro de 2011, protocolou na
ANATEL pedido para que a agência reconhecesse a
nulidade do Informe das Multas e, pelo menos até hoje,
não teve conhecimento de que este ato tenha originado a
intimação dos interessados e sequer recebeu qualquer
resposta ou notícia da instauração de processo para o
encaminhamento do assunto. 16. Em face da grande
repercussão da conduta adotada pela ANATEL para tratar
do tema, a ANATEL resolveu instaurar A Consulta
Pública n 2& 8725;2012, com prazo de contribuições até
1 de fevereiro, para obter contribuições. 17. No último dia
30 de janeiro, a Campanha Banda Larga é um Direito Seu
promoveu mobilização da sociedade contra o pedido da
OI. O resultado da campanha foi de grande significado,
com o envio de milhares de e-mails a agência e a OI,
sendo que o protesto ficou como o assunto mais
comentado no twitter. 18. Ou seja, a sociedade não quer
perder essa rara conquista que obteve junto a ANATEL,
com as Resoluções 574 e 575 de 2011, que garantem
padrões de qualidade ao serviço de comunicação de dados
a partir de novembro de 2012. IV O PRINCÍPIO DA
EFICIÊNCIA 19. A PROTESTE, assim como outros
órgãos de defesa do consumidor, vê com temor e
desconfiança o tratamento que a ANATEL está dando ao
pedido da OI. 20. Isto porque a administração pública já
promoveu enorme esforço e despendeu significativos
recursos financeiros e humanos para as Consultas
Públicas que culminaram com a edição nas normas
questionadas pela OI. 21. A princípio, é razoável
expectativa de que a agência, que se caracteriza pelo
domínio das questões técnicas das telecomunicações, ao
fixar as normas impugnadas pela OI, depois de ter ouvido
as razões dos operadores de serviços que coincidem com
as razões que a OI apresenta no seu pedido de anulação
das Resoluções, não mudará de opinião. 22. Todo o
trabalho de análise dos fundamentos invocados pela OI já
foi feita na oportunidade das consultas públicas e, com
fundamento no princípio da eficiência, é correto concluir
que a análise das mesmas questões já apresentadas no ano
passado não levará a resultados diferentes. 23. Valiosa,
neste sentido, a lição de Hely Lopes Meirelles: A
eficiência funcional é, pois, considerada em sentido
amplo, abrangendo não só a produtividade do exercente
do cargo ou da função com perfeição do trabalho e sua
adequação técnica aos fins visados pela Administração,
para o quê se avaliam os resultados, confrontam-se os
desempenhos e se aperfeiçoa o pessoal através de seleção
e treinamento. Assim, a verificação da eficiência atinge os
aspectos quantitativo e qualitativo do serviço, para
aquilatar seu rendimento efetivo, do seu custo operacional
e da sua real utilidade para os administrados e para a
Administração. Tal controle desenvolve-se, portanto, na
tríplice linha administrativa, econômica e técnica. Neste
ponto, convém assinalar que a técnica é, hoje, inseparável
da Administração e se impõe como fator vinculante em
todos os serviços públicos especializados, sem admitir
discricionarismos ou opções burocráticas nos setores em
que a segurança, a funcionalidade e o rendimento
dependam de normas e métodos científicos de
comprovada eficiência . 24. Ou seja, é correta a conclusão
de que a discussão do tema na esfera administrativa está
exaurida, de modo que, se a OI pretende questionar o ato
da ANATEL, deve se valer do Poder Judiciário. 25. A
conduta da ANATEL nos parece temerária e embasada
em argumento de natureza meramente burocrática, na
medida em que inaugura a oportunidade para o
questionamento renitente das normas que venha a editar,
o que pode trazer desprestígio e enfraquecimento de suas
competências regulatórias e fiscalizatórias. 26. Ademais,
a conduta adotada pela agência abre a oportunidade para
que se ponha a perder as importantes conquistas expressas
nas resoluções impugnadas, em desrespeito ao referido
princípio da eficiência, bem como ao direto ao direito do
consumidor. V A INVALIDADE DOS
FUNDAMENTOS INVOCADOS PELA OI V.1 AS
COMPETÊNCIAS DA ANATEL E OS SERVIÇOS
PRETADOS EM REGIME PRIVADO 27. A OI
fundamenta seus pedidos basicamente sobre o argumento
de que os regulamentos em questão tratam de serviços
prestados em regime privado e que, por força deste fato,
seria descabida a imposição de metas que só poderiam ser
impostas para serviços prestados em regime público. 28.
Este fundamento não tem consistência. Independente do
regime a que venha a se submeter o serviço, o fato é que,
de acordo com o art. 21, inc. XI, da Constituição Federal,
é atribuição exclusiva da União Federal - explorar,
diretamente ou mediante autorização, concessão ou
permissão, os serviços de telecomunicações . 29. Ou seja,
ao tratarmos do serviço de comunicação de dados,
estamos falando de um serviço público, cuja atribuição de
garantia de acesso e condições de prestação é do Poder
Público, nos termos do art. 175, da Constituição Federal:
Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente
ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através
de licitação, a prestação de serviços públicos . 30.
Também a Lei Geral de Telecomunicações atribui a
ANATEL poderes para definir regras para os serviços de
telecomunicações, independente do regime em que sejam
prestados, nos termos do art. 19, inc. X: expedir normas
sobre prestação de serviços de telecomunicações no
regime privado . 31. Relevantes para reforçar o
descabimento do pedido da Oi, ainda, os arts. 127, 128 e
130, da LGT, que tratam da disciplina correspondente à
exploração dos serviços em regime provado: Art. 127. A
disciplina da exploração dos serviços no regime privado
terá por objetivo viabilizar o cumprimento das leis, em
especial das relativas às telecomunicações, à ordem
econômica e aos direitos dos consumidores, destinando-se
a garantir: I - a diversidade de serviços, o incremento de
sua oferta e sua qualidade; II - a competição livre, ampla e
justa; III - o respeito aos direitos dos usuários; IV - a
convivência entre as modalidades de serviço e entre
prestadoras em regime privado e público, observada a
prevalência do interesse público; V - o equilíbrio das
relações entre prestadoras e usuários dos serviços; VI - a
isonomia de tratamento às prestadoras; VII - o uso
eficiente do espectro de radiofreqüências; VIII - o
cumprimento da função social do serviço de interesse
coletivo, bem como dos encargos dela decorrentes; IX - o
desenvolvimento tecnológico e industrial do setor; X - a
permanente fiscalização. Art. 128. Ao impor
condicionamentos administrativos ao direito de
exploração das diversas modalidades de serviço no
regime privado, sejam eles limites, encargos ou sujeições,
a Agência observará a exigência de mínima intervenção
na vida privada, assegurando que: I - a liberdade será a
regra, constituindo exceção as proibições, restrições e
interferências do Poder Público; II - nenhuma autorização
será negada, salvo por motivo relevante; III - os
condicionamentos deverão ter vínculos, tanto de
necessidade como de adequação, com finalidades públicas
específicas e relevantes; IV - o proveito coletivo gerado
pelo condicionamento deverá ser proporcional à privação
que ele impuser; V - haverá relação de equilíbrio entre os
deveres impostos às prestadoras e os direitos a elas
reconhecidos. Art. 130. A prestadora de serviço em
regime privado não terá direito adquirido à permanência
das condições vigentes quando da expedição da
autorização ou do início das atividades, devendo observar
os novos condicionamentos impostos por lei e pela
regulamentação. Parágrafo único. As normas concederão
prazos suficientes para adaptação aos novos
condicionamentos. V.2 O CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR 32. O Código de Defesa do Consumidor,
por sua vez, também respalda a atividade do órgão
regulador, quando vem no sentido de estabelecer
parâmetros de qualidade condizentes com o interesse
coletivo e abrangência do serviço ou produto regulado.
33. O art. 4 , do Código de Defesa do Consumidor, que
trata dos fundamentos e princípios da Política Nacional
das Relações de Consumo, estabelece que: A POLÍTICA
NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO TEM
POR OBJETIVO O ATENDIMENTO DAS
NECESSIDADES DOS CONSUMIDORES, O
RESPEITO À SUA DIGNIDADE, SAÚDE E
SEGURANÇA, A PROTEÇÃO DE SEUS INTERESSES
ECONÔMICOS, A MELHORIA DA SUA
QUALIDADE DE VIDA, BEM COMO A
TRANSPARÊNCIA E HARMONIA DAS RELAÇÕES
DE CONSUMO, ATENDIDOS OS SEGUINTES
PRINCÍPIOS: VII - RACIONALIZAÇÃO E
MELHORIA DOS SERVIÇOS PÚBLICOS. 34.
Considerando que este dispositivo legal impõe deveres&
8725;poderes especialmente aos entes formuladores e
implementadores de políticas públicas, é inequívoco o
poder da ANATEL órgão técnico especialmente para
estipular parâmetros de qualidade. 35. E no caso do
serviço de comunicação de dados, com muito mais razão,
na medida em que, na verdade, como a PROTESTE junto
com dezenas de outras entidades da sociedade civil
reunidas na Campanha Banda Larga é um Direito Seu,
este serviço deveria ser incluído pelo Ministério das
Comunicações no regime público, nos termos do art. 65, 1
, da LGT. 36. Trata-se indiscutivelmente de serviço de
interesse coletivo e essencial, com papel estratégico tanto
para o desenvolvimento social quanto econômico.
Portanto, o Poder Público deve atuar para garantir uma
prestação adequada do serviço. 37. Nessa direção,
importante considerar o que dispõem os arts. 20, 22 e 39
do mesmo Código de Defesa do Consumidor, quanto
padrões de qualidade de serviços, especificamente, sobre
os serviços públicos, bem como sobre práticas abusivas:
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios
de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou
lhes diminuam o valor, assim como por aqueles
decorrentes da disparidade com as indicações constantes
da oferta ou mensagem publicitária, podendo o
consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: 2
SÃO IMPRÓPRIOS OS SERVIÇOS QUE SE
MOSTREM INADEQUADOS PARA OS FINS QUE
RAZOAVELMENTE DELES SE ESPERAM, BEM
COMO AQUELES QUE NÃO ATENDAM AS
NORMAS REGULAMENTARES DE
PRESTABILIDADE. Art. 22. Os órgãos públicos, por si
ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou
sob qualquer outra forma de empreendimento, são
obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes,
seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. Parágrafo
único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das
obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas
jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos
causados, na forma prevista neste código. Art. 39. É
vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre
outras práticas abusivas: V - exigir do consumidor
vantagem manifestamente excessiva; 38. Sendo assim, a
OI não pode pretender se eximir de cumprir padrões de
qualidade que garantam a qualidade ao comercializar um
serviço que ela mesma designa de Banda Larga, pois a
própria designação cria a expectativa justificada e
razoável no consumidor de que poderá acessar a internet
de forma rápida, com a possibilidade de realizar
download e upload com velocidades condizentes com a
natureza do serviço. 39. Ademais deve haver
correspondência entre preço cobrado e qualidade ofertada,
sob pena de se configurar a prática abusiva, na medida em
que, havendo preços escorchantes como é o caso do
Brasil e nível de qualidade degradada, a equação do
equilíbrio contratual entre as partes estará desrespeitada,
com vantagem excessiva para o fornecedor. 40. Sendo
assim, são risíveis as interpretações tecidas pela OI em
seu pedido de anulação calcadas no Código de Defesa do
Consumidor, no sentido de que basta informar ao
consumidor que o serviço será prestado em padrão de
qualidade de péssima qualidade, para que os direitos dos
usuários estejam atendidos. 41. Fosse assim, as atividades
regulatória e normativa atribuídas ao Poder Público
seriam absolutamente desnecessárias, interpretação esta
em total descompasso com nosso ordenamento jurídico,
como se pode depreender do que dispõe o art. 174, da
Constituição Federal, com o seguinte teor: Art. 174.
Como agente normativo e regulador da atividade
econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções
de fiscalização, incentivo e planejamento, SENDO ESTE
DETERMINANTE PARA O SETOR PÚBLICO e
indicativo para o setor privado . 42. Vazios, por
conseguinte, os argumentos da OI, quando alega que sua
pretensão tem amparo no Código de Defesa do
Consumidor, ou, ainda, quando afirma que a atuação da
ANATEL neste caso padece de vício de motivação. V.3 O
CLAMOR DA SOCIEDADE POR PADRÕES DE
QUALIDADE PARA O SERVIÇO DE
COMUNICAÇÃO DE DADOS E ÀS FALÁCIAS DA OI
43. A ANATEL deve atender às demandas da sociedade.
As contribuições ofertadas pelos órgãos de defesa do
consumidor e de direito à comunicação, bem como os
índices de reclamações nos PROCONS de todo Brasil,
são mais do que suficientes para revelar o enorme grau de
insatisfação e problemas, que chegam ao Poder Judiciário.
44. Por conseguinte, não falta motivação a justificar as
regras definidas pela ANATEL. Recente matéria
publicada pelo jornal Valor Econômico reforça o desgaste
e conflito existentes na relação de consumidores e
fornecedores do serviço de comunicação de dados por
conta da má qualidade da prestação do serviço. Vejamos:
Percepção de qualidade é diferente para teles e clientes
empresariais Por Talita Moreira De São Paulo Operadoras
de telefonia e grandes clientes empresariais têm
percepções diferentes sobre a qualidade dos serviços
prestados pelas teles, revela pesquisa feita pela
consultoria Frost & Sullivan obtida pelo Valor. Dois
terços das companhias de grande porte afirmam que
enfrentam falhas técnicas na prestação de serviços de
telefonia ao menos ocasionalmente. No entanto, a maior
parte das operadoras (55%) avalia que menos de 5% das
demandas de seus assinantes empresariais deixam de ser
atendidas. A divergência está relacionada aos critérios
diferentes que companhias e operadoras adotam para
medir a qualidade dos serviços, mas deixa evidente um
problema nessa relação entre fornecedor e assinante. Os
clientes corporativos são muito exigentes e conseguem
fazer um monitoramento dos problemas em tempo real.
As operadoras têm dificuldade para enxergar isso porque
os parâmetros que adotam são suficientes para outros
tipos de assinantes , observa Nelson Wang, vice-
presidente da Amdocs Brasil. Foi a empresa, que presta
serviços para operadoras de telefonia, que encomendou a
pesquisa. O estudo foi feito com executivos de empresas e
de operadoras em seis países: Brasil, Estados Unidos,
Canadá, Alemanha, França e Reino Unido. A pesquisa foi
encomendada pela Amdocs para balizar o lançamento de
dois softwares para gerenciar os serviços prestados pelas
operadoras aos assinantes empresariais. Um deles permite
que o cliente faça um autogerenciamento de sua conta. O
outro tem como proposta simplificar a ativação de
serviços solicitados pelos clientes. O levantamento
também mostra que nem sempre o preço é determinante
quando a empresa vai escolher uma prestadora de
serviços de telefonia. Para 85% das grandes corporações
(com ao menos mil funcionários), o fator mais importante
na hora de contratar uma operadora é que ela ofereça um
suporte técnico eficiente. Da mesma maneira, a
insatisfação com o atendimento prestado - e não uma
oferta melhor da concorrência - é o motivo que leva as
grandes companhias a trocar de operadora. O preço se
torna relevante para as companhias de menor porte: 80%
delas apontam essa razão como determinante na escolha
de uma prestadora. Na percepção das teles, a má
qualidade na oferta dos serviços é o principal motivo para
um assinante empresarial migrar para a concorrência.
Esse item foi mencionado por 45% dos executivos das
operadoras que responderam à pesquisa. Uma parcela de
36% apontou o atendimento insatisfatório como outra
razão para cancelamentos. O levantamento joga luz sobre
um segmento que representa um terço do mercado
mundial de telecomunicações e movimentou US$ 605
bilhões em 2010, conforme detectou o estudo. Fica claro
que os clientes empresariais precisam de um atendimento
especial , afirma Wang. Apesar da divergência de
expectativas entre assinantes e prestadoras, o executivo
avalia que as teles começam a se dar conta da importância
desse mercado. As operadoras estão percebendo isso e
começam a buscar soluções. 45. Evidente, portanto, a
razoabilidade da metodologia escolhida pela ANATEL
para o controle da qualidade do serviço levando também
em conta a percepção do consumidor. 46. Ainda que o
artigo acima se refira a grandes consumidores
corporativos, o certo é que esse resultado se repete se o
universo pesquisado for o dos consumidores residenciais,
o que reforça o cabimento e razoabilidade das regras
impostas pela ANATEL, com respaldo em Decreto
Presidencial, como se viu acima. V.3.A AS RESPOSTAS
DA CAMPANHA BANDA LARGA É UM DIREITO
SEU A OI 47. O resultado da mobilização da sociedade
contra o pedido da OI incomodou a empresa, que resolveu
divulgar nota de esclarecimento sobre seus pedidos. Mas
a campanha respondeu, nos seguintes termos: Em reação
à mobilização ocorrida ontem (30 / 01), a Oi criou um
hotsite para afirmar que é a favor da medição da
qualidade na banda larga. A Campanha Banda Larga é um
direito seu! apresenta aqui uma resposta detalhada ao
comunicado da empresa. Oi -- A Oi é favorável à medição
de qualidade na banda larga. Companhia defende o
estabelecimento de padrões classificatórios e rankings de
desempenho das empresas para divulgação transparente,
que permita melhor escolha dos usuários como é feito em
outros países. CBLDS -- O título é falacioso. A Oi é
favorável à medição, mas tenta derrubar as metas e
punições. Isto é, a empresa defende a medição para efeito
informativo. A operadora é contra metas obrigatórias para
indicadores de rede e questiona os dois regulamentos por
vícios de motivação . A Oi defende apenas a medição
para fins de divulgação dos resultados, sem que índices
ruins signifiquem qualquer punição à empresa. Segundo
ela, isso permitiria aos consumidores escolherem a
melhor prestadora e a empresa já sentiria o efeito dos
maus resultados. Porém, em mais de 90% dos municípios
brasileiros, não há concorrência nem no serviço fixo nem
no móvel. Isto é, o consumidor não tem qualquer opção.
Em seu pedido, a operadora se coloca praticamente
contrária à existência, em si, de metas obrigatórias,
alegando que o serviço é prestado em regime privado. A
afirmação desconsidera a competência da Anatel em
exigir qualidade de um serviço público de interesse
coletivo, conforme a Constituição Federal, e ignora o
artigo 127 da Lei Geral de Telecomunicações, que aponta
a qualidade como um dos fatores que podem ser exigidos
no regime privado. Sem dúvida seria positivo que a banda
larga fosse posta em regime público, para que se pudesse
exigir a universalização do serviço e o controle de tarifas,
mas as metas de qualidade são perfeitamente compatíveis
com o regime privado. Oi -- A Oi propôs e formalizou na
Anatel a adoção de um sistema de medição de qualidade
da rede de banda larga, bem como a divulgação dessa
medição, por entidade independente, como medida de
transparência para melhorar a percepção dos
consumidores. A proposta feita à Anatel seguiu os
padrões técnicos adotados na Europa e nos Estados
Unidos e contou com amplo respaldo de estudos de
consultorias especializadas. Além disso, a companhia
participou em 2010 do primeiro teste, realizado pelo
Inmetro em parceria com a Anatel, que apontou a rede da
Oi como um dos melhores indicadores de qualidade.
CBLDS -- A percepção dos usuários é diferente daquela
apresentada pela empresa. No serviço móvel, por
exemplo, os líderes de reclamação (na proporção por
acessos em serviço) são a Brasil Telecom e a Oi Celular,
como apontam dados da Anatel de outubro de 2011.
Também o relatório de reclamações fundamentadas dos
Procons de 2010 mostra a Oi como a empresa com mais
reclamações relativas ao serviço de internet, com elevada
proporção de reclamações não atendidas (44,46%). Além
disso, a adoção de parâmetros de medição não se limita a
dar ao usuário um instrumento de percepção, mas de
controle para poder exigir que o serviço contratado seja
efetivamente ofertado pela operadora. O que o
regulamento quer é dar instrumentos concretos que
permitam ao usuário exercer seu direito de consumidor, e
é exatamente isso que a Oi busca derrubar. Em relação ao
teste pioneiro realizado pelo CGI, Inmetro e Anatel, a
iniciativa contou com a participação voluntária das
empresas e, por acordo com elas, teve como cidades
pesquisadas apenas São Paulo, Belo Horizonte e Rio de
Janeiro. A aplicação das mesmas regras da pesquisa ao
serviço prestado em todo o país sem dúvida revelará um
cenário diferente. Consideramos ainda inadequada a
comparação feita pela Oi, em seu pedido, com o caso do
Reino Unido, uma vez que naquele país há oito empresas
competindo em todo o território, pelo menos cinco delas
de grande porte. No Brasil, em 90% dos municípios não
há competição nem na banda larga fixa nem na móvel. Se
a prestadora não oferece um serviço de qualidade, o
consumidor não tem opção. Oi -- O questionamento da
companhia enviado à Anatel diz respeito ao
estabelecimento de metas que não dependem
exclusivamente das operadoras de telecom, já que o
desempenho está atrelado a diversos outros fatores, que
podem afetar o funcionamento do serviço final, como: a
característica do site que está sendo acessado, conexões
internacionais, redes de outras empresas, o servidor e o
próprio computador utilizados pelo consumidor, entre
outros. Há estudos técnicos de respeitáveis entidades que
respaldam esse conceito. O procedimento regulatório até
aqui praticado é o de obter medições estatisticamente
consistentes, previamente à discussão de metas. CBLDS -
- A medição da Anatel que servirá à verificação do
cumprimento dos regulamentos de qualidade será feita
por aparelhos dedicados instalados em pontos de medição
definidos previamente. Os problemas citados pela
prestadora não comprometem o resultado da medição
feita nestes moldes. Aliás, a Anatel alterou os
regulamentos para contemplar esta preocupação da
empresa, já que o texto original previa que a medição
fosse feita através de um software instalado no
computador do usuário e que estaria sujeito a
interferências. Além disso, a necessidade de oferecer um
serviço com determinados parâmetros de qualidade ao
usuário final levará a empresa a não subestimar a
contratação de capacidade de banda das redes de outras
empresas e conexões internacionais, pressionando a
qualidade nesses outros segmentos, o que é uma
consequência positiva do regulamento da Anatel. Oi --
Não é prática internacional o estabelecimento de metas de
uma rede que utiliza premissas estatísticas para o
dimensionamento das ofertas de banda larga, uma vez que
o próprio uso estatístico é dinâmico e evolutivo, pois
depende da carga dos conteúdos de texto, áudio ou vídeo.
CBDLS -- Há uma ampla discussão internacional quanto
à qualidade da banda larga e à necessidade de se
aproximar as velocidades anunciadas / contratadas das
efetivamente entregues. Os países estão avaliando suas
práticas e estabelecendo modelos regulatórios que
respondam à sua realidade. No Brasil, além de termos um
mercado concentrado, temos as empresas de
telecomunicações no topo dos rankings de reclamações,
especialmente a Oi. Não podemos aceitar que vingue o
entendimento de que o órgão regulador das
telecomunicações no Brasil não tem competência para
estabelecer regras relativas à qualidade do serviço. A
Anatel, há anos, aprova metas de qualidade para os
serviços de telecomunicações. Já há planos de metas de
qualidade para a telefonia fixa, telefonia móvel e TV por
assinatura, aplicáveis tanto às autorizadas em regime
privado quanto às concessionárias em regime público (no
caso da telefonia fixa). Os regulamentos para banda larga
já vêm tarde. Além disso, a Oi apresenta o
questionamento de que a Anatel teria considerado sua
rede como determinística, mesmo sendo uma rede
estatística. A afirmação se mostra inverídica ao analisar
os indicadores de rede determinados. A velocidade
mínima medida deve ficar entre 20%-40% (metas
escalonadas a cada ano) da máxima em 95% dos casos, a
média deve ficar entre 60% e 80% (no mesmo
escalonamento de implantação). Se a rede fosse tratada
como determinística, não haveria motivo de ter
velocidades mínimas ou médias menores que a velocidade
vendida como máxima. Oi -- Por fim, no caso do serviço
móvel de banda larga, os países, de forma generalizada,
não adotam metas de banda garantida, por conta da
inviabilidade técnica dessa garantia, decorrente da
mobilidade característica do serviço. Durante o processo
de Consulta Pública que precedeu o Regulamento, não foi
dado ao conhecimento público eventual estudo técnico
que justificasse tal medida, com a devida avaliação de
impactos. CBLDS -- A medição do serviço móvel deve
ser feita dentro da área atendida pela empresa, portanto já
considerada a mobilidade característica do serviço. Oi --
O pedido de revisão do Regulamento feito pela
companhia é direito previsto no Regimento da Agência,
que o legitima, já tendo sido exercido no setor em outras
oportunidades. A solicitação de Anulação é um termo
regimental da Anatel, utilizado em qualquer tipo de
alteração solicitada, e o objetivo da Oi é aprimorar o
regulamento conforme padrões internacionais. CBDLS --
Anulação não é aqui apenas um termo regimental. No
pedido relativo à banda larga fixa, a empresa pede a
anulação de sete artigos e a revisão de outros quatro. No
pedido relativo à banda larga móvel, há o pedido de
anulação de quatro artigos e a revisão de outros dez.
Mesmo o termo revisão aqui é um eufemismo, já que as
mudanças propostas, se aceitas, esvaziariam de sentido os
artigos modificados. Oi -- A Oi reitera o seu compromisso
com a qualidade e com o consumidor e acredita que o
regulamento de qualidade da Anatel possa ser aprimorado
seguindo os padrões internacionais. CBLDS -- A
Campanha Banda Larga é um Direito seu! considera que
o pedido da Oi reitera justamente a indisposição da
empresa em assumir metas de qualidade e acredita que os
regulamentos de qualidade da Anatel devem ser mantidos
de acordo com o aprovado em outubro último. VI O
PEDIDO DA OI NÃO TEM EFEITO SUSPENSIVO 48.
Por último, fundamental destacar que não há previsão
regimental para que o pedido formulado pela OI implique
e suspensão do prazo estabelecido nas resoluções para a
entrada em vigor dos parâmetros de qualidade. 49. Ou
seja, os descabidos pedidos da OI não podem servir de
artifício para procrastinar o prazo de novembro de 2012
para que as normas entrem em vigor. 50. Diante de todo o
exposto, aguarda a PROTESTE sejam indeferidos os
pedidos da OI. Flávia Lefèvre Guimarães OAB / SP
124.443
Justificativa:
Pretendemos que o pedido da OI seja indeferido, por
entender que a edição das regras de qualidade estão
respaldadas pela Constituição Federal e legislação
específica.
Contribuição N°: 35
ID da Contribuição: 58401
Autor da Contribuição: Wilton de Serpa Monteiro
Data da Contribuição: 01/02/2012 15:04:50
Contribuição:
Entendo ser pertinente e oportuno afirmar que a Anatel
deve, sem pestanejar ou vacilar, desconsiderar por
completo essa intromissão e inversão de papéis proposto
pela TNL PCS, pois o fiscalizado deve se sujeitar e
obedecer o regramento vigente, ainda mais por tratar-se
de artigos que tratam da Qualidade do serviço prestado,
onde a Anatel é signatária do Sistema jurídico de proteção
dos direitos do consumidor.
Justificativa:
Conforme está escrito na Lei Geral de Telecomunicações
- LGT: art 2 O Poder público tem o dever: I - garantir, a
toda a população, o acesso às telecomunicações, a tarifas
e preços razoáveis, EM CONDIÇÕES ADEQUADAS.
art.3 O USUÁRIO DE SERVIÇOS DE
TELECOMUNICAÇÕES TEM DIREITO: I - de acesso
aos serviços de telecomunicações, COM PADRÕES DE
QUALIDADE e regularidade adequados à sua natureza,
em QUALQUER PONTO DO TERRITÓRIO
NACIONAL. art.127 A disciplina da exploração dos
SERVIÇOS NO REGIME PRIVADO TERÁ POR
OBJETIVO VIABILIZAR O CUMPRIMENTO DAS
LEIS, em especial das relativas às telecomunicações, à
ordem econômica e aos DIREITOS DOS
CONSUMIDORES, destinando-se a garantir: I - ..., o
incremento de sua oferta e QUALIDADE.
Contribuição N°: 36
ID da Contribuição: 58447
Autor da Contribuição: Carlos Ari Sundfeld
Data da Contribuição: 01/02/2012 16:46:24
Contribuição:
CONSULTA PÚBLICA ANATEL N 2 / 2012
Referência: submissão a comentários públicos, a título de
assunto de interesse relevante, do Pedido de Anulação
interposto pela TNL PCS S.A. em face dos dispositivos
constantes no Regulamento de Gestão da Qualidade do
Serviço de Comunicação Multimídia (RGQ-SCM) e no
Regulamento de Gestão da Qualidade do Serviço Móvel
Pessoal (RGQ-SMP). A Oi (TNL PCS S.A.) instou-me a
colaborar com o processo, aberto por esta Agência, com o
intuito de colher colaborações para a análise de seu
pedido de anulação de diversos dispositivos constantes da
regulamentação que instituiu normas de qualidade para a
chamada banda larga pelo Serviço de Comunicação
Multimídia (SCM) e pelo Serviço Móvel Pessoal (SMP).
Dois temas de ordem exclusivamente jurídica chamam a
atenção devido à importância e contundência que se
apresentam no caso em exame. Trata-se da falta de
exposição dos fundamentos técnicos ao longo de todo o
processo normativo que precedeu os regulamentos em
análise e, quanto ao mérito, da orientação intervencionista
adotada na regulamentação de serviços sujeitos ao regime
privado de exploração. Sobre esses pontos irei me ater.
AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO A Lei 9.472 / 97, Lei
Geral de Telecomunicações LGT, conferiu amplas e
importantes atribuições regulatórias à Anatel. Não ponho
isso em xeque, tampouco questiono a legitimidade com a
qual o legislador autorizou essa função normativa por
parte da Agência. Todavia, não houve apenas uma
transferência de prerrogativas e poderes à Agência. A lei
também fixou uma série de fundamentais requisitos a
serem observados. Muitos deles são de caráter formal,
procedimental, como o dever de motivar que neste tópico
será tratado. Esses requisitos procedimentais atuam
paralelamente às diretrizes e princípios gerais insculpidos
ao longo de toda a lei para definir um contorno mínimo da
regulação do setor de telecomunicações, condicionando
assim o exercício dessas prerrogativas e, como
consequência, protegendo a sociedade de eventuais
práticas regulatórias abusivas. Tais preceitos devem ser
obedecidos diuturnamente pela Agência no exercício de
suas funções. A lei conferiu poderes à Anatel para
disciplinar a prestação de serviços de telecomunicações,
inclusive os explorados em regime privado . É possível
extrair dessa competência geral a atribuição de fixar
condições mínimas de qualidade que as prestadoras
devam atender na oferta de serviços. Mesmo que a LGT
não tenha, ela própria, indicado requisitos mínimos de
qualidade para oferta de cada modalidade de serviço e não
o fez conscientemente, devido às mudanças tecnológicas
à que o setor se sujeita seria demasiado sustentar que falte
base legal para a Agência fazê-lo. Porém, isso não
significa dizer que, nesse mister, a Anatel possa atuar sem
qualquer baliza. Existem importantes garantias que a
Agência deve observar ao exercer essa ampla
competência normativa. A LGT proibiu, por exemplo, em
diversas passagens, a Agência de agir arbitrariamente,
sem prestar qualquer satisfação sobre os caminhos que
orientaram suas decisões. A indicação geral desse dever
de justificar suas decisões está na imposição do princípio
da motivação em relação a todas as atividades da
Agência. O dever de motivar é geral e, por óbvio, a ele
não escapa a importante função normativa. Sobre o tema
já tive oportunidade de discorrer em artigo escrito em
colaboração com o professor Jacintho Arruda Câmara e
do qual lanço mão para expor os fundamentos jurídicos
dessa exigência: No caso específico do setor de
telecomunicações, o dever de realizar consulta pública e,
consequentemente, de motivar suas decisões
administrativas e de ouvir as partes atingidas pelas futuras
decisões foi encampado expressamente pela Lei Geral de
Telecomunicações Lei 9.472, de 16 de julho de 1997. Em
seu art. 42, a Lei impôs o dever de realização de consulta
pública, como requisito formal inafastável à edição de
qualquer ato normativo pela Agência Nacional de
Telecomunicações - Anatel. Confira-se o texto legal: Lei
Geral de Telecomunicações (LGT) Art. 42. As minutas de
atos normativos serão submetidas à consulta pública,
formalizada por publicação no Diário Oficial da União,
devendo as críticas e sugestões merecer exame e
permanecer à disposição do público na Biblioteca. É
indiscutível, portanto, que, no setor de telecomunicações,
a ausência de consulta pública para a edição de novo ato
normativo conduz à sua nulidade. É importante destacar
que tal requisito não é mera formalidade. Para ser
atendido, é importante que ele cumpra efetivamente as
finalidades para as quais se destina. Isto é, a consulta
pública deve, além de possibilitar a oitiva dos
interessados, expor as razões de fato e de direito que
levaram a Agência a propor tais soluções. Trata-se de um
instrumento fundamental para o cumprimento de outro
importante preceito de índole processual: o que impõe o
dever de motivação das decisões administrativas. O dever
de justificação tem de ser cumprido já quando da
submissão do texto à consulta pública. A Administração
deve divulgar os estudos que elaborou e que demonstrem
a necessidade e as consequências da medida planejada.
Do contrário, as regras projetadas surgiriam como
soluções arbitrárias, sem que ninguém pudesse
compreender suas razões, sentido e alcance. Como já foi
dito, além da já citada Lei de Processo Administrativo
Federal, onde são encontrados dispositivos que impõem o
dever de motivar a toda a Administração Pública Federal,
a LGT também traz dispositivo com teor semelhante, ou
seja, que impõe o dever de apresentar as razões que
serviram de base às decisões da Anatel. Confira-se: Lei
Geral de Telecomunicações (LGT) Art. 40. Os atos da
Agência deverão ser sempre acompanhados da exposição
formal dos motivos que os justifiquem. A regra não exclui
qualquer decisão da Agência desse dever genérico de
motivar. Ela é aplicável, portanto, tanto para as decisões
de caráter individual e concreto quanto em relação às de
caráter normativo (gerais e abstratas) . Como visto, no
caso de decisão de caráter normativo, a LGT fixou o
procedimento por meio do qual a motivação da Agência
deveria se formar. Trata-se do sistema de consulta
pública. Nele a Agência já deve, previamente, informar à
sociedade os estudos e fundamentos técnicos que adotou
na elaboração da minuta que submete aos comentários
públicos. Não basta apontar um punhado de regras, sob a
genérica fundamentação de se estar, com sua edição,
cumprindo a função de regulamentar esse ou aquele tema.
As matérias submetidas à regulamentação da Anatel são,
em boa medida, de caráter técnico. Envolvem decisões
sobre temas de caráter tecnológico, social e econômico.
Há de se presumir que, antes de fazer qualquer proposta, a
Agência baseou-se em estudos, em levantamentos, em
premissas de ordem técnica. Todos esses elementos
devem ser disponibilizados junto com a proposta de
regulamento lançada. Só assim a sociedade em geral terá
os elementos necessários para avaliar o que está sendo
proposto e, quando for o caso, sugerir modificações ou
impugnações (e aqui não me refiro só às de cunho
jurídico, mas especialmente aquelas relacionadas ao
mérito das posturas regulatórias que se pretenda adotar).
Outra fase propícia à apresentação dos motivos envolve a
análise das contribuições obtidas no procedimento de
consulta pública. A Agência, é certo, não se obriga a
atender todas as impugnações e propostas. Mas deve
respondê-las. Trata-se de ônus imposto expressamente
pela LGT, cujo descumprimento expõe o regulamento a
flagrante vício formal de legalidade (art. 42, in fine). Se
não houve suficiente fundamentação prévia,
contemporânea à divulgação da minuta de ato normativo,
que se faça a devida exposição de motivos, quando
menos, ao se examinar propostas e questionamentos
obtidos no processo de consulta pública. A exposição das
justificativas que levaram à desconsideração dos
comentários e sugestões lançados à consulta pública é o
mínimo que se pode esperar para assegurar o
cumprimento do dever de motivação. Não há como
refutar esse dever. Ele não só é decorrência direta do
princípio da motivação de suas decisões, como também
vem expressamente posto na LGT (art. 40). Pois bem, a
Oi (autora do pleito de nulidade) aponta que a Agência
não só publicou as então minutas de atos normativos
desacompanhadas de quaisquer estudos técnicos que
fundamentassem as opções sugeridas, como também
omitiu referidas explicações após o procedimento de
consulta pública. Os citados regulamentos vigem sem que
a sociedade saiba os fundamentos técnicos e econômicos
que levaram a Agência a adotá-los. Aqui não se trata
apenas de indicar, como razão geral de tais regulamentos,
o intuito de proteger os usuários / consumidores do
serviço. Não basta placidamente revelar que os serviços
de banda larga ofertados precisam de um mínimo de
padronização, que o consumidor precisa ser protegido,
que as prestadoras de serviços não podem abusar, que os
consumidores têm o direito de saber o conteúdo dos
serviços ofertados, entre outras generalidades. A questão
envolvida na adequada fundamentação das opções
regulatórias é muito mais contundente. O dever de
motivar pressupõe revelar o porquê destes e não de outros
caminhos, que, igualmente, também propiciariam a
proteção dos consumidores e demais objetivos gerais que
o regulamento pretendeu alcançar. Falta e este é o ponto a
demonstração de que as medidas eleitas são as melhores
para atingir os fins propostos. O resultado da consulta
pública não é capaz de indicar os fundamentos que a
Agência empregou para adotar a linha regulatória
assumida. Ao contrário, vários questionamentos,
lastreados em estudos de natureza técnica, foram
apresentados sem que a Agência os enfrentasse
diretamente. Da contribuição apresentada pela Oi é
possível extrair que: - o parâmetro de qualidade eleito
leva em consideração aspectos que não estão atrelados ao
exclusivo desempenho da prestadora de serviço (seja de
SCM ou de SMP), podendo levar a uma punição da
prestadora em virtude de falhas de outros agentes atuantes
da cadeia de acesso à Internet; - a solução escolhida pela
Agência trará impacto significativo nos custos incorridos
pelas prestadoras, comprometendo a velocidade de
expansão do serviço; - a maioria dos países adota
estratégia distinta da empregada pela Anatel, constituindo
exceção a Índia, que, entretanto, deu indicação de que
caminha para abandonar o sistema em tela; - existem
métodos menos interventivos para propiciar uma eficiente
proteção dos direitos e interesses dos consumidores de
banda larga, modelos aplicados com eficácia comprovada
noutros países; - o SMP possui diversas peculiaridades
em relação ao SCM e, por isso, não poderia se sujeitar a
padrões idênticos de aferição de qualidade; apesar das
evidentes e substanciais diferenças, a Anatel reproduziu o
mesmo padrão de aferição em relação aos dois modos de
oferta de banda larga. Que razões a Anatel abraçou para
insistir no modelo em debate? Por que não adotou uma
regulamentação menos interventiva? Por que restringiu a
possibilidade de as prestadoras ofertarem uma variação
maior entre a velocidade efetiva e a velocidade máxima
contratada? Qual a avaliação feita sobre as propostas de
controle por meio do dever de informar? Nada disso foi
revelado à sociedade. Trata-se de falha objetiva e
incontestável do procedimento que gerou os atuais
regulamentos. O suporte técnico para tais decisões já
deveria ter sido divulgado quando da abertura da consulta
pública. No mínimo, haveria de se esperar uma resposta
formal aos comentários, na qual constasse enfrentamento
técnico específico em virtude do contundente teor da
manifestação da Oi no âmbito da consulta pública. Mas
nada disso foi feito. Os regulamentos foram aprovados
sem a devida exposição dos motivos. A motivação foi
falha, genérica, carente dos suportes técnicos necessários
para sustentar as opções feitas. É importante deixar
marcado que, no presente momento, a eventual
apresentação de estudos ou de fundamentos técnicos não
seria suficiente para sanar o vício de motivação apontado.
A presente consulta pública, cujo objeto é o pedido de
anulação formulado pela Oi, não reabre a oportunidade
para a Anatel motivar decisão de mérito já tomada. A
motivação dos regulamentos impugnados deveria ter sido
feita, por óbvio, antes de sua aprovação, durante o
procedimento de consulta pública de suas respectivas
minutas. O atual procedimento de consulta foi aberto para
verificar a validade do regulamento, não para suprir suas
falhas. Se a fundamentação não foi apresentada a tempo e
hora e, efetivamente não foi não há como fazê-lo
posteriormente, de modo a preservar a legitimidade das
decisões pretéritas. Trata-se de vício de cunho formal
insanável. É a LGT que exige da Agência a produção de
atos sempre acompanhados da exposição formal de
motivos (art. 40). É a mesma Lei que, tratando
especialmente da produção de atos normativos, impõe o
exame das críticas e sugestões lançadas no processo de
consulta pública (art. 42). Essas exigências de
apresentação dos motivos simultaneamente à produção
dos atos têm sua justificativa na preservação da lógica do
procedimento normativo. Ao obrigar a Anatel a divulgar
previamente suas razões, a Lei permite que a sociedade
civil e os órgãos de controle possam aferir a qualidade e a
coerência das propostas. Evita, de outro lado, que
fundamentos sejam criados a posteriori, de maneira ad
hoc, apenas para responder às críticas lançadas . Todo
esse aparato procedimental previsto na LGT pretende
evitar a produção de normas de cunho arbitrário,
desprovidas de fundamentação e base técnica. Da falta de
motivação, nos termos exigidos pela LGT, decorre a
nulidade dos regulamentos. Uma extemporânea
apresentação dos motivos para justificar referida opção
regulatória só poderia ser feita em novo procedimento
normativo, após a anulação dos regulamentos vigentes e
retomada do ciclo legalmente previsto para a criação de
normas pela Agência (nova consulta pública, divulgação
das respostas às contribuições e, finalmente, a edição do
novo regulamento). O DEVER DE MÍNIMA
INTERVENÇÃO REGULATÓRIA Quanto ao mérito, é
possível apontar que o regulamento em análise
descumpriu um preceito básico da LGT. Não deu o
devido acolhimento ao princípio da mínima intervenção
regulatória nos serviços explorados em regime privado. A
coletânea de argumentos lançados pela Oi e que até agora
não mereceram resposta direta da Agência constitui
demonstração contundente de que há outras maneiras de
disciplinar a qualidade na prestação de serviços de acesso
a banda larga muito menos interventivas do que a adotada
na regulamentação em análise. A Anatel instituiu uma
relação rígida que deve ser observada entre a velocidade
máxima contratada e aquela efetivamente obtida em
períodos de maior demanda pelo serviço. Com isso,
obviamente, cerceou a possibilidade de livre conformação
do mercado. Tanto prestadoras como usuários não
poderão livremente pactuar um modelo que, para ambos,
se mostre mais adequado e conveniente. Para assegurar o
que, em sua avaliação (até agora sem motivação técnica
apresentada), seria uma qualidade mínima, a Agência
proibiu determinados modelos de oferta do serviço de
banda larga. Não se trata, como alguém apressadamente
poderia supor, de norma indispensável para coibir prática
abusiva. Nada disso. A vedação exclui qualquer modelo
contratual que importe, nos períodos pré-definidos,
velocidade de transmissão inferior a percentual fixado na
regulamentação, mesmo que essa característica seja
divulgada pela prestadora e aceita pelo usuário. A
regulamentação toma o consumidor como alguém inepto
para decidir as melhores condições de contratação.
Mesmo com o consumidor consciente e informado a
respeito do serviço contratado, a oferta não pode ser
concretizada, sob pena de infringir o que, na visão da
Anatel, deve ser sempre observado como padrão mínimo.
Essa postura da Anatel pode ser considerada uma opção
regulatória válida? Ela apenas denota um viés mais zeloso
da Agência na defesa dos direitos dos consumidores? A
resposta é negativa para ambas as questões. A LGT, ao
mesmo tempo em que conferiu ampla competência
normativa para a Agência, também estabeleceu diversas
diretrizes que devem ser observadas em cada caso. São
ônus legalmente impostos, dos quais a Agência não pode
se desvencilhar, sob pena de produzir normas inválidas. O
poder regulamentar da Agência se vê limitado pelo dever
genérico de se ater aos princípios da proporcionalidade e
da razoabilidade. Eles vêm encartados de modo expresso
no art. 38 da LGT , de modo a incidir sobre qualquer
atividade desenvolvida pela Agência, o que obviamente
inclui a atividade regulamentar. A necessidade de se
observar uma ponderação entre meios e fins a serem
alcançados também foi imposta, desta feita de maneira
mais detalhada, como um dos condicionantes da atividade
reguladora da Agência sobre os serviços explorados em
regime privado. É o que se vê no art. 128, III, da LGT: os
condicionamentos deverão ter vínculos, tanto de
necessidade como de adequação, com finalidades públicas
e relevantes . Dessas regras gerais já seria possível inferir
que, havendo mecanismos mais brandos para alcançar o
fim almejado (melhora da qualidade do serviço e proteção
do consumidor), estes deveriam ser adotados em lugar
daqueles que importassem maiores ônus. Porém, a diretriz
legal mais marcante que não foi observada no presente
caso envolve a opção pela mínima intervenção estatal nos
serviços submetidos à exploração em regime privado. Tal
preceito não constitui mera alegoria. É norma jurídica;
vale e está apta a produzir efeitos. Seu descumprimento
pela Administração enseja a nulidade do ato. A lei impõe
expressamente que, na regulação de tais serviços, a
liberdade será a regra, constituindo exceção as proibições,
restrições e interferências do Poder Público (art. 128, I, da
LGT). A LGT, nessa passagem, impôs à Agência um
importante ônus a observar na instituição de qualquer
restrição à liberdade de atuação no mercado de
telecomunicações. Deve ser demonstrada a necessidade
inarredável de se restringir a liberdade como único meio
de se atingir outro fim instituído legalmente. No caso, a
regulamentação instituiu uma rigorosa restrição à
liberdade de contratação a fim de, com ela, assegurar uma
melhor qualidade dos serviços. Para que tal restrição fosse
juridicamente justificável, ela deveria constituir o único
caminho para assegurar a observância dos direitos dos
usuários relativos à qualidade do serviço. Todavia, como
a Oi demonstrou, a postura seguida pela Anatel na
disciplina da matéria não é a única possível. Para alcançar
o mesmo fim existem mecanismos regulatórios muito
menos invasivos, que são adotados em vários países do
mundo. Tais opções regulatórias asseguram a observância
e o respeito aos direitos dos usuários e,
comprovadamente, têm ensejado a melhoria na qualidade
da prestação de serviços. Poderia a Agência, diante de
alternativas plausíveis e eficientes de regulação menos
invasiva, optar por uma proposta interventiva, que fixe
proibições absolutas e cerceadoras da liberdade de
contratação dos agentes desse mercado (prestadoras e
consumidores)? Mais uma vez a resposta é negativa. Se
há opção menos interventiva, essa deve ser adotada. Não
se trata, dadas essas circunstâncias, de escolha
discricionária entre opções juridicamente viáveis. A LGT
adotou a sua própria opção. Se houver duas maneiras de
impor condicionamentos à prestação de serviços
explorados em regime privado, a regulação deve ser feita
pela maneira menos interventiva. O regulador, em tais
situações, não está diante de mera questão de vontade ou
estilo. Havendo como disciplinar um tema de modo
menos oneroso à liberdade, é dever da Agência fazê-lo. A
adoção de mecanismo mais interventivo será, portanto,
inválida, pois desconsiderará a clara determinação legal
de proteção da liberdade. De acordo com a demonstração
constante da manifestação da Oi, a maioria dos países
busca regular os serviços de banda larga de modo a
propiciar a devida divulgação aos usuários das
informações técnicas relativas à qualidade dos serviços
prestados. Com tal intervenção regulatória, permite-se
que os consumidores saibam corretamente o que
contratam e, consequentemente, sejam capazes de
livremente comparar ofertas e escolher o serviço mais
adequado a seus interesses. Não se impede que o
consumidor, informado das condições técnicas do serviço,
opte por contratar uma velocidade máxima elevada,
sabendo que ela será consideravelmente reduzida em
horários de pico de demanda. O usuário, ciente das
condições de prestação do serviço, pode livremente optar
por contratar uma alta velocidade de acesso, justamente
por seu interesse coincidir com a disponibilização da
maior capacidade de tráfego nos horários ociosos. A
liberdade é a regra. Os clientes, diante da informação cuja
divulgação é imposta pelo regulador, são livres para
contratar o pacote de serviços que quiserem, nas
condições de fruição que desejarem. As características de
cada prestação são informadas e, a partir daí, a liberdade é
exercida. A autoridade reguladora atua na verificação da
veracidade das informações e na coibição de eventuais
abusos. Nada de impor um modelo de consumo do
serviço de banda larga. A Anatel, todavia, não seguiu a
tendência mundial de adotar um sistema regulatório
preocupado essencialmente em assegurar a divulgação de
informações fidedignas aos consumidores. Criou-se um
padrão rígido a ser observado independentemente da
vontade das partes. Prestadora e consumidores não podem
firmar contrato por meio do qual a velocidade máxima
contratada caia além de dada proporção em horários de
pico de demanda. Tal padrão de fornecimento passa a ser
considerado ilícito, por violar os chamados padrões de
qualidade do serviço. E se o consumidor quiser dispor de
acesso de alta velocidade apenas em horário no qual a
rede está ociosa e, por isso, lhe seja conveniente contratar
uma velocidade máxima alta, mesmo sabendo que ela não
será mantida em determinados períodos? De acordo com
a regulamentação impugnada, esse interesse não poderia
ser atendido. A prestadora estará obrigada a só contratar
aquilo que puder assegurar nos percentuais fixados pela
Anatel durante o período de maior demanda. A Anatel,
substituindo-se à livre manifestação de vontade das
partes, simplesmente proibiu esse tipo de contratação por
meio de seus chamados padrões de qualidade. Vale
lembrar o ponto destacado no primeiro tópico. Essa opção
regulatória foi tomada sem a apresentação de qualquer
fundamento técnico. Não foi divulgado, mesmo após a
apresentação de estudos e sugestões por parte da Oi,
qualquer estudo ou análise da Anatel que tivesse como
objetivo justificar a opção pelo sistema de regulação mais
interventivo. Diante desse cenário, há de se concluir que a
opção seguida pela Anatel na presente regulamentação, ao
impor a adoção de uma determinada proporção entre a
velocidade máxima contratada e a velocidade efetiva nos
períodos de maior tráfego, interviu excessivamente na
liberdade de atuação dos agentes do mercado de banda
larga. A regulamentação em tela acabou cerceando, sem
justificativa suficiente, a livre vontade das partes, quando
poderia perfeitamente ter optado por solução menos
interventiva. RESUMO Em face das impugnações objeto
da presente Consulta Pública ofereci, em síntese, as
seguintes ponderações de ordem jurídica: 1. O dever de
motivar seus atos impõe à Anatel o ônus de apresentar os
estudos nos quais se baseou para adotar determinada linha
regulatória, especialmente quando o tema envolve
questões de índole técnica e econômica, como no caso em
exame (art. 40 da LGT). 2. Diante da apresentação de
impugnações, sugestões e estudos técnicos contrários à
minuta submetida à consulta pública, a Anatel, antes de
editar o regulamento, deveria apresentar fundamentos
técnicos suficientes para justificar a manutenção de sua
proposta inicial. A falta de exposição dessas razões de
cunho técnico também macula o processo normativo, por
ausência da motivação exigida pela LGT (art. 42). 3. A
apresentação posterior de estudos ou de outros
fundamentos técnicos não sanaria o vício de ausência de
motivação, pois o que a LGT exige é a apresentação dos
fundamentos simultaneamente à tomada de decisão.
Somente com a apresentação anterior à edição final do
regulamento é que a sociedade poderá devidamente se
manifestar e compreender as propostas lançadas pela
Agência. Tal fito não se obtém, obviamente, com a
apresentação de argumentos criados ad hoc, após a
adoção da medida e posterior questionamento. 4. Diante
de alternativas regulatórias menos interventivas, a Anatel
não pode optar por solução que importe maior
cerceamento à liberdade dos agentes atuantes no mercado
de serviço de telecomunicações explorado em regime
privado. 5. A opção por um modelo de regulação mais
interventivo, quando existirem outros menos restritivos da
liberdade, de eficácia comprovada em vários países,
configura violação ao disposto no art. 128, I da LGT. São
esses os comentários que considero relevante formular.
São Paulo, 1 de fevereiro de 2012. CARLOS ARI
SUNDFELD Professor da Escola de Direito de São Paulo
da Fundação Getúlio Vargas e Coordenador de sua
Especialização em Direito Administrativo Professor
Doutor da Faculdade e do Programa de Pós-Graduação
em Direito da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo Doutor e Mestre em Direito pela PUC / SP
Presidente da Sociedade Brasileira de Direito Público
Justificativa: V. a contribuição. A justificativa está nela encartada.
Contribuição N°: 37
ID da Contribuição: 58453
Autor da Contribuição: Pedro Dutra
Data da Contribuição: 01/02/2012 17:01:54
Contribuição:
CONTRIBUIÇÃO À CONSULTA PÚBLICA n 2, DE 13
DE JANEIRO DE 2012. 1.0. A Consulta Faz objeto da
Consulta ao Público n 2 / 12, formulada pela ANATEL, o
Pedido de Anulação interposto pela TNL PCS S.A. em
face de dispositivos constantes no RGQ-SCM e no RGQ-
SMP . Os Regulamentos de Gestão de Qualidade relativos
ao Serviço de Comunicação de Massa e ao Serviço Móvel
Pessoal (RGQ-SCM e RGQ-SMP) foram editados pelo
Conselho Diretor da ANATEL sob a forma das
Resoluções 574 / 11 e 575 / 11, que fixam metas a serem
cumpridas pelas prestadoras desses serviços. Esta
Manifestação circunscreve-se aos artigos de n s 16 e 17,
do RGQ-SCM, aos artigos 22 e 23, do RGQ-SMP, cuja
anulação foi pedida pela OI. 2.0. Contradições
Preliminarmente, registre-se que todos os serviços de
telecomunicações devem ter a qualidade deles verificada
por critérios objetivos. Não só porque alcançam grandes
contingentes da população, mas porque a sua utilização se
dá rente à atividade ordinária da quase totalidade de seus
usuários. Essa circunstância de intensa contiguidade entre
o usuário e os serviços de telecomunicações reforça a
posição do usuário, de titular do direito de escolher o tipo
de serviço e o prestador dele que melhor atenda a sua
necessidade. Esse direito é um dos pilares do regime de
livre concorrência, a sua vez o cerne do regime privado
estipulado na LGT e em cujo âmbito são prestados SCM e
SMP. Esse direito, todavia, por si não habilita o seu titular
a verificar extensivamente a qualidade, as características
que distinguem o serviço que contrate. É preciso que ao
usuário sejam dados meios de proceder a essa verificação
extensiva, que o permita gerir o serviço que contratou.
Nesse sentido, é apropriado o título dos Regulamentos
aprovados pelas Resoluções 574 / 11 e 575 / 11, ao
identificarem o seu objeto como sendo gestão de
qualidade dos SCM e SMP. A gestão de qualidade é feita
pelo titular dos serviços, que escolhe o serviço que
necessita escolhe o tipo de serviço e entre os ofertantes
dele, aquele que vai contratar e, ainda, escolhe manter sob
contrato o prestador de sua eleição, entre outros
prestadores. Ao cogitar a ANATEL fixar metas de
qualidade, pode-se indagar se não haveria, nesse passo,
uma contradição a surgir entre esse propósito, de
estabelecer metas para gestão de qualidade dos serviços
de SCM e SMP, em lugar de a ANATEL fazer prover ao
usuário desses serviços meios para que ele mesmo os
possa gerir. As metas de qualidade impostas aos
prestadores de SCM e SMP pela ANATEL, conforme as
regras dos artigos 16 e 17 , do RGQ-SCM e 22 e 23 , do
RGM-SMP, segundo o Pedido de Anulação, importariam
em expressivos investimentos a serem feitos pelos
prestadores para cumprirem as metas a eles fixadas nesses
dispositivos. Não se trataria, portanto, de metas de
qualidade, em sentido estrito, e sim de ampliação
compulsória das redes atuais para ser possível aos
prestadores daqueles serviços cumpri-las. Haveria, assim,
uma contradição entre fixação de meta de qualidade e a
sua execução, a exigir do prestador uma ampliação
compulsória de suas redes, precedendo esta última
exigência àquela. Ou seja, tratar-se-ia não propriamente
da qualidade dos serviços, que pode ser verificado pelo
prestador se a ele forem providos os meios, mas sim de
investimento compulsório, a serem feitos pelas
prestadoras, nos termos determinados pela ANATEL. Os
termos da Resolução 574 / 11 confirmam esse quadro, ao
dizer que a ANATEL estabelece as metas de qualidade
sob o ponto de vista da rede e do Assinante. . Deslocou a
ANATEL o usuário da sua posição e também o titular da
rede da posição dele, decidindo ela o índice de qualidade
do serviço que o usuário contrata e o investimento
comandado ao prestador do serviço realizar. 3.0. A
imposição de investimentos meta - e a frustração do
regime privado nos mercados de SCM e SMP. Regime
privado é o regime de livre concorrência. E não há
liberdade, em especial na ordem econômica, que não seja
preceituada. A liberdade de iniciar, de empreender, assim
como o seu consectário, a liberdade de concorrer, na qual
se inscreve o direito de o consumidor escolher a
contratação de bem ou serviço, que lhe atenda, bem como
de empreender, decidir a oportunidade de investir, e o
risco a correr, é preceituada precisamente para assegurar a
sua preservação. Só há livre iniciativa e livre concorrência
na forma da Lei. O livre iniciar entenda-se: pela forma
não vedada em Lei. E a Lei previne e reprime o abuso do
poder econômico de mercado, em quaisquer mercados de
bens e serviços onde ele ocorra e razoavelmente se possa
esperar ocorrer. A lei incumbe ao Estado essa função
preventiva e repressiva, assim como lhe outorga poder de
fiscalizar os mercados e de regular especialmente alguns
deles, por meios de órgãos a esses fins criados. Intervêm
esses órgãos nos mercados econômicos, para os fins e
pela forma prescrita em Lei. A finalidade da intervenção
do Estado na ordem econômica é manter íntegros os seus
princípios regentes, entre eles o de natureza fundante da
ordem constitucional, a livre iniciativa, e a livre
concorrência, que naturalmente a ele coere. Assim, os
órgãos reguladores só podem agir visando essa finalidade,
e pela forma que lhes prescreve a Lei, em seus estritos
limites. Não pode o órgão regulador visar outra
finalidade, nem agir por outro caminho senão o que a Lei
prescreve, por mais que a entenda imperfeita, imprópria,
ineficaz, vencida parcial ou totalmente pelos fatos. Não
pode o órgão regulador substituir-se ao legislador e
transformar a sua função legítima de editar normas
infralegais, que desdobrem o sentido e a aplicação da sua
norma legal de regência, em legislador ordinário
substituto ou concorrente ao Congresso. No caso aqui
analisado, foi o Congresso, o legislador ordinário, por
meio da LGT, que estabeleceu o regime privado para a
prestação de SCM e de SMP. Portanto, na prestação
desses serviços, vigem os regimes de livre iniciativa e da
livre concorrência, a dizer que, nos limites da Lei, a
prestadora desses serviços decide sobre o investimento, e
o risco a correr, na oferta que deles fizerem, em disputa
com competidores que visam o mesmo fim, a preferência
do usuário pelos seus serviços. O serviço prestado em
regime privado, não conhece nem pode conhecer a
imposição de investir. Aliás, nem no regime público
prescrito na LGT pode haver e não há imposição de
investimento. O prestador de serviços no âmbito do
regime público acordou prestá-los. Acordou seguir os
procedimentos que a Lei obriga a União, que em relação à
prestação deles figura como contratante. Nenhuma das
condições estipuladas pela União à prestação desses
serviços foi imposta ao prestador deles. Ao contrário, ele
acordou em cumprir tais condições, as mais variadas, e
entre elas a de investir em sua rede segundo os critérios
pré-fixados, e por ele aceitos ao obrigar-se à prestação de
tais serviços. Muito menos se pode cogitar de imposição
de regras que, no regime privado, ainda que
indiretamente, substituam a discrição do investidor
privado em decidir a inversão de seus capitais, e o risco a
correr, pela vontade unilateral do regulador. O comando
do artigo 128, da LGT, que disciplina o regime privado, é
dirigido à ANATEL, e lhe diz que ao impor
condicionamentos administrativos ao direito de
exploração das diversas modalidades de serviço no
regime privado (...) observará [a ANATEL] a exigência
de mínima intervenção na vida privada, assegurando que
a liberdade será a regra, constituindo exceção as
proibições, restrições do poder público . (grifo nosso). O
dever de a ANATEL cumprir a regra legal citada inclui a
exigência de ela proceder à mínima intervenção na ordem
privada, porque o legislador atendeu ser a liberdade de
iniciativa e de concorrência a regra determinante dos
serviços prestados no regime privado. Não cerceou, ou
muito menos anulou o legislador a ação regulatória da
ANATEL no mercado sob regime privado. Apenas
orientou-a a intervir apenas quando estritamente
necessário, já que a livre concorrência deve ser a força
determinante nesses mercados, e não o poder normativo
da Agência. Nos termos do artigo 80, da LGT , que
disciplina o regime público, as metas periódicas ali
previstas deverão constar de plano específico elaborado
pela Agência e aprovado pelo poder executivo . Note-se
que tal plano deverá detalhar as fontes de financiamentos
das obrigações nele propostas. Este é o regime público.
No regime privado, as fontes de financiamento são os
recursos privados dos acionistas das prestadoras de SCM
e SMP, recursos cuja destinação cabe a eles dar, segundo
a demanda do mercado competitivo onde atuam. Em um
mercado competitivo, a eventual relutância ou demora em
investir significa, sempre, perda de fração de mercado,
pois competidor, mais atento, responderá à demanda. Esse
é um dos fatores a explicar as variações de posições em
mercado competitivo, como é o mercado de
telecomunicações sob regime privado. 4.0. A realidade
dos mercados de SCM e de SMP Um fato incontestável é
o vigor da concorrência nos mercados de SCM e de SMP.
Sucedem-se os índices de crescimento, e a expectativa de
crescimento ainda maior segue a realidade da renda
crescente das camadas da população de menor poder
aquisitivo, que ingressam com maior vigor nesses
mercados. Consequentemente, as prestadoras desses
serviços os vêm ofertando a preços cada vez menores.
Esses resultados sem dúvida promovem uma distribuição
de riqueza em sua mais eficiente e democrática forma, e a
ação da ANATEL, ao exigir o cumprimento da LGT, é
um fator determinante nesse processo. Esta é a realidade
presente, o conjunto de fatos a atestar o vigor do regime
privado de SCM e de SMP. Que este estado, contudo,
possa ser considerado ainda insuficiente, seja pelo poder
executivo, seja pelo poder legislativo ou por órgãos e
integrantes da sociedade em geral para não se falar na
própria ANATEL é antes um sinal do sucesso do regime
de livre concorrência. Sendo esse regime capaz de
aumentar a oferta, a qualidade e promover a redução dos
preços dos serviços de telecomunicações, não há porque
não se buscar estender as ofertas desses serviços às
camadas de menor poder aquisitivo, e o mais brevemente
possível. Por outras palavras, por que não se projetar um
cenário de oferta ampliada, a alcançar um contingente
ainda maior de usuários de banda larga? Nada impede, ao
contrário, tudo recomenda seja esse cenário projetado.
Porém, o projeto, a realidade projetada, só pode ser
figurado com dados da realidade existente. É esta que
deve o regulador considerar como núcleo da motivação de
seus atos que articule o seu propósito de ampliação de
oferta de serviços. A motivação, a razão de fato e de
direito a mover o agente administrativo no cumprimento
de sua função, exige-lhe atender a realidade à sua frente, e
não a realidade que ele projete para o mercado sob sua
jurisdição e, nesse contexto assim divisado, exerça a sua
função, tendo em conta a mínima intervenção no mercado
privado. O regulador, ao editar normas considerando
dados de uma realidade por ele projetada, e não a
realidade presente, em sua atualidade, para alcançar fins
por mais relevantes e socialmente justificáveis, distrai-se,
irremissivelmente, de seu objetivo, comprometendo-lhe a
execução. Se prestadoras de SCM e de SMP forem
obrigadas a investir para habilitar suas redes cumprir,
entre outras, metas de disponibilização compulsória de
banda, como afirma a OI em seu Pedido de Anulação, é
razoável esperar que o valor e a sustentabilidade desse
investimento sejam objeto de cuidadosa avaliação e
debate. Afirma a OI em seu Pedido de Anulação que os
investimentos necessários ao cumprimento das metas de
qualidade fixadas na Resolução 574 / 11 são tão
expressivos que, realizados, poderiam vir a comprometer
a expansão dos serviços de SCM . Surge dos fatos a
envolver a Consulta em referência um dissídio nítido
entre a realidade existente, que a ANATEL não
consideraria, segundo a OI, e a realidade projetada, a qual
a ANATEL, sem identificar os seus números, parece
tomar, exclusivamente, em consideração. 5.0. Pedido de
anulação não se identifica à recusa em haver gestão de
qualidade de serviços. Em nenhum momento o Pedido de
Anulação feito pela OI, de dispositivos constantes das
resoluções aqui referidas, sugere a recusa dessa prestadora
de SCM e SMP em ver a qualidade de seus serviços
medida e verificada por seus usuários. Ao contrário.
Enfatiza a OI a experiência internacional de gerência de
qualidade dos serviços a qual, afirma, tem privilegiado,
para incremento da qualidade do serviço, medidas de
transparência que promovam a melhor informação do
consumidor e a competição entre os prestadores do
serviço. . Nessa linha de argumentação, contesta a OI os
fundamentos das metas fixadas nas regras contidas no
Regulamento Geral de Qualidade de SCM, afirmando que
esse regulamento não está amparado na experiência
internacional citada pela própria ANATEL. . Refere a OI,
a seguir, a autoridade reguladora de telecomunicações da
Índia, que já reconheceu a pouca efetividade da fixação de
níveis de serviços de conexão à internet banda larga nos
moldes pretendidos pela ANATEL , e passou a direcionar
os seus esforços ao incremento da transparência da
prestação dos serviços . Este seria o meio adotado nos
demais países para habilitar o usuário a verificar a
qualidade dos serviços a ele prestados . Prover o usuário
de meios que o permitam decidir qual o tipo de serviço a
contratar e gerir a qualidade deles é medida conforme o
regime privado prescrito na LGT. Os meios à disposição
do usuário, que o permitissem verificar a qualidade dos
serviços a ele prestados, habilitariam-no a contratar e a
descontratar prestador de SCM e de SMP, seja em razão
da qualidade, do preço e da oferta desses serviços. Tanto
mais amplo será o direito à escolha do usuário, quanto
maior for a informação que lhe for posta à disposição
sobre o serviço que lhe é prestado, ou que decidir
contratar. Ninguém mais capaz de prover informação
sobre o serviço que presta do que o seu prestador, e
ninguém melhor habilitada, legalmente, do que a
ANATEL para determinar ao prestador de SCM e de
SMP prover essa informação. Essa a razão de ao
prestador de serviços serem dirigidas as normas de
transparência, que permitem dispor ao usuário de
informação e dados sobre o serviço que contrate,
determinadas pela autoridade reguladora, sob amparo
legal. Bastante o acervo de informações sobre o serviço
que contrata e sobre a prestação dele, será o usuário capaz
de discernir o tipo de serviço e, entre os prestadores,
aquele que melhor o atenda. Dotado das informações
necessárias, será capaz o usuário de exercer o seu direito
de escolha, que caracteriza a livre concorrência e
distingue o regime privado estipulado na LGT. A
informação posta à disposição do usuário reafirma-lhe o
direito de escolher o serviço e o prestador que julgue
melhor lhe atender. Nesse contexto, o órgão regulador,
em lugar de tutelar o usuário, valoriza o seu direito de
escolha. A imposição de metas de qualidade pela forma
dos dispositivos aqui citados, se afirmadas, sustenta a OI
em seu Pedido de Anulação firmemente ancorada na
experiência internacional, que cita, tornariam o usuário
brasileiro em uma exceção . 6.0. Conclusão 6.1. As metas
fixadas pelos dispositivos 16 e 17, do RGQ-SMC, e 22 e
23, do RGQ-SMP, importariam, para o seu cumprimento,
em expressivos investimentos, que poderiam afetar
negativamente a expansão desses serviços, segundo
demonstra a OI, em seu Pedido de Anulação . 6.2. Ao
exigir a disposição compulsória de banda nos índices
referidos nos dispositivos aqui citados, em lugar de
determinar a ANATEL sejam providas ao usuário, com
total transparência, informações que permitam a ele
mesmo gerir a qualidade e escolher o tipo de serviço que
lhe atenda, estaria a ANATEL frustrando ao usuário o
exercício de seu direito de escolha. 6.3. O SCM e o SMP
são serviços prestados sob o regime privado, cujo cerne
são os princípios constitucionais da livre iniciativa e da
livre concorrência, integralmente recebido pela LGT, que
explicitamente dispõe que a ANATEL observará a
exigência de mínima intervenção na prestação desses
serviços, limitando-se a impor apenas condicionamentos
administrativos à exploração deles. A intervenção
regulatória por meio da expedição de norma infra-legal
fixando metas para disciplinar relação entre usuário e
prestador, e cujo cumprimento importaria em expressivos
investimentos de ampliação de rede, não se pode
caracterizar como de mínima intervenção , nem
caracteriza fixação de condicionamento administrativo ,
esses os limites da ação regulatória no regime privado.
6.4. Os mercados de SCM e de SMP são notoriamente
competitivos, fato a mostrar que a relação usuário
prestador é capaz de encaminhar entendimento e a
justificar a intervenção mínima da ANATEL. 6.5. O
expressivo valor dos investimentos exigidos para atender
à disposição compulsória de banda visada pela ANATEL,
segundo a OI, comprometeria a oferta desses serviços e
assim poderia vir a restringir a concorrência neles
verificadas. 6.6. A OI, como se depreende do seu Pedido
de Anulação, não se opõe à fixação, com total
transparência, de parâmetros que habilitassem o usuário a
gerir a qualidade dos serviços que lhe são prestados, a
exemplo da experiência internacional. 6.7. Existindo um
dissídio entre o órgão regulador e seu jurisdicionado,
sobre questões técnicas que admitem objetiva mensuração
e solução de menor ônus ao jurisdicionado atuante em
regime privado, sem prejuízo da ação regulatória da
ANATEL, não se justifica uma posição impositiva por
parte do regulador. 6.8. Os elementos contidos no Pedido
de Anulação, ao nosso ver, indicam a possibilidade de
entendimento entre a ANATEL e a OI que alcance o
objetivo visado pela Agência, sem a necessidade de serem
aplicados dispositivos tais como aqueles aqui citados. 6.9.
Nesse sentido, firmamos esta Manifestação. São Paulo, 1
de fevereiro de 2012. Pedro Dutra
Justificativa:
A importância do estabelecimento de metas de qualidade
que possibilitem ao usuário escolher o tipo de serviço que
melhor atenda a sua necessidade e a sua possibilidade,
preservando-se um ambiente de livre concorrência, que
tem sido o principal responsável pelo crescimento da
oferta e ampliação dos serviços. Igualmente significativo
é prover o usuário de acesso ao serviço que contrate, o
que só pode ser feito pela intervenção da ANATEL. Por
outro lado, a experiência histórica ensina que é preciso,
sem prejuízo dos direitos do consumidor, assegurar a
manutenção e ampliação dos investimentos no setor, para
que ele possa seguir crescendo de forma sustentada. Esse
equilíbrio deve ser buscado designadamente, tanto pela
operadora como pela ANATEL.
Contribuição N°: 38
ID da Contribuição: 58461
Autor da Contribuição: Cláudia Viegas
Data da Contribuição: 01/02/2012 17:08:20
Contribuição:
CONSULTA PÚBLICA ANATEL No. 2 / 2012:
REGULAMENTO DE GESTÃO DA QUALIDADE DO
SERVIÇO DE COMUNICAÇÃO MULTIMÍDIA (RGQ-
SCM) e REGULAMENTO DE GESTÃO DA
QUALIDADE DO SERVIÇO MÓVEL PESSOAL
(RGQ-SMP) Fevereiro de 2012 Contribuição da LCA à
Consulta Pública No. 2 / 2012 Com a aprovação do RGQ-
SCM, por meio da Resolução n. 574 em 28 de outubro de
2011, e de instrumentos análogos para o Serviço Móvel
Pessoal (Regulamento de Gestão da Qualidade do Serviço
Móvel Pessoal RGQ-SMP)1, através da Resolução n. 575
(de mesma data), a ANATEL estabeleceu um conjunto de
indicadores2 e metodologias para aferição e fiscalização
dos respectivos serviços. Adicionalmente, com vistas à
progressiva melhoria da experiência do usuário em
aspectos relacionados ao atendimento e ao desempenho
das conexões de banda larga 3, foram fixadas metas e
obrigações de entrega de velocidade para prestadoras de
grande porte com mais de 50 mil acessos (SCM e SMP)
cujo não cumprimento está sujeito à aplicação de sanções
pela ANATEL. A Consulta Pública No. 2 / 2011 mostra-
se oportuna para que se possa novamente debater o tema
com a sociedade. A manifestação da LCA pretende
reforçar as impraticabilidades associadas à implantação de
alguns dos dispositivos normativos presentes no RGQ-
SCM e no RGQ-SMP e, principalmente, reiterar os
efeitos deletérios que estas exigências podem representar
para o bem-estar do consumidor. A presente manifestação
expressa seu apoio aos Pedidos de Anulação
encaminhados à ANATEL4 pela Oi no que se refere aos
dispositivos presentes nos Regulamentos supracitados,
que introduzem obrigações de cumprimento de metas por
prestadoras de grande porte. Em primeiro lugar, entende-
se que a especial relevância da intervenção regulatória em
tela deve ser pautada por uma análise de custo-benefício.
A discussão com a sociedade seria muito enriquecida pela
apresentação, junto à Consulta Pública, de uma Análise
de Impacto Regulatório (AIR)5 para os Regulamentos de
Gestão da Qualidade do SCM e do SMP, Como
recomenda a OCDE (Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico)6: [...] O AIR precisa ser
integrado ao processo de consulta pública, na medida em
que fornece informações para subsidiar a análise e
permitir às partes afetadas a oportunidade de identificar e
corrigir hipóteses falsas e o próprio raciocínio. O AIR é
agora usado virtualmente em todos os países da OCDE e
em muitos países em desenvolvimento. A aplicação deste
instrumento, prática comum nos sistemas regulatórios
mais desenvolvidos do mundo7, incluindo Austrália,
Canadá, Estados Unidos e Reino Unido, reduziria as
incertezas e os riscos associados a mudanças no quadro
normativo que rege os direitos e obrigações dos agentes
econômicos, de sorte a promover um ambiente de
negócios receptivo ao investimento privado em redes e
tecnologias convergentes, e a melhor alternativa para a
consecução de objetivos de interesse público, como
diversidade, qualidade e acessibilidade de serviços de
telecomunicações. Essa análise torna-se fundamental para
que se verifique o efeito líquido da norma, sobretudo no
que diz respeito ao consumidor. No que diz respeito aos
Regulamentos supracitados, cumpre destacar os seguintes
pontos: a) Da Imposição de Metas de Qualidade para o
serviço de banda larga fixa e móvel O dimensionamento e
o gerenciamento adequado da infraestrutura da rede IP
(Internet Protocol8), tem como base critérios técnicos de
engenharia e racionalização da estrutura física e
tecnológica, de sorte a permitir o atendimento de distintas
necessidades e demandas dos usuários em condições
compatíveis de preço e qualidade do serviço. Como
aponta a SEAE / MF (Secretaria de Acompanhamento
Econômico / Ministério da Fazenda) em contribuição à
Consulta Pública No. 46 / 11, [a] Internet, enquanto
sistema de transporte de pacotes, poderia ser comparada a
sistemas de transporte físicos, como uma rodovia ou um
sistema de trens urbanos, que também têm como
características exigência de grandes investimentos,
sazonalidade horária e pouca margem para ampliação de
capacidade a curto prazo. Nestes casos, em prol da
eficiência alocativa, o usuário que decide fazer uso da
infraestrutura no horário de pico e paga o mesmo preço
dos demais precisa tolerar um certo nível de degradação
do serviço. Nesse contexto, a fixação de metas de
Indicadores de Rede para avaliar o desempenho da banda
larga não se mostra adequada para mensuração, avaliação
e desenvolvimento do serviço, tanto pelas características
da entrega do serviço (best effort9) e pela topologia
estatística da rede IP, quanto pela presença de fatores e
elementos da rede não gerenciáveis ou alheios à
responsabilidade e controle da prestadora do serviço10.
Além da impraticabilidade de imputar metas como
sugeridas nos referidos regulamentos de qualidade, o
nível de exigência da ANATEL mostra-se incompatível e
desproporcional à realidade do serviço no país. A esse
respeito, cabe destacar o trecho abaixo elaborado pela
SEAE / MF, em contribuição à Consulta Pública No. 46 /
11: [...] note-se que a norma como está escrita não poderia
ser aplicada imediatamente nem mesmo em Portugal, país
mais rico e de maior densidade demográfica do que o
Brasil. A proposta de elevar para 80% tal valor, constante
do inciso III, colocaria todos os provedores testados em
Portugal em desacordo com o regulamento. O percentual
está muito próximo da média auferida na Inglaterra, país
em que a Internet já está perto da universalização, com
82,5% de penetração segundo a UIT. O fato de este
número ter sido utilizado na Índia, país que conta com
índice de penetração quatro vezes menor do que o Brasil,
deveria servir mais como sinal de alerta do que como
inspiração. b) Dos efeitos esperados Os regulamentos em
tela demandam um dimensionamento artificial e
inadequado da infraestrutura de rede, que passaria a ser
dimensionada pelo pico, oferecendo para toda a rede
características de tráfego e ocupação de enlaces similares
ao atualmente verificado na oferta de circuitos dedicados
(redes determinísticas). Como evidencia a SEAE: [...] as
garantias de velocidades exigidas pelo regulamento
proposto excedem e muito a realidade do mercado tal
como se apresenta no Brasil hoje, do ponto de vista dos
contratos. Além disso, do ponto de vista de eficiência
alocativa, o aumento da velocidade mínima disponível
individualmente ao longo de todo o período de pico é
indesejável, pois exige a manutenção de um elevado nível
de ociosidade nas redes para que se alcance o nível
técnico que se planeja exigir. Lembra-se que o
desempenho de redes baseadas em protocolo IP, como é a
Internet, varia de assinante para assinante em relação ao
horário de conexão, quantidade de horas utilizadas e
consumo de tráfego. Garantir que a qualquer momento o
assinante possa ter 40% da velocidade contratada
significa dividir a infraestrutura disponível entre menos
assinantes. Uma primeira medida para equacionar esta
questão pode ser a redução da base de assinantes dos
provedores, escassez de usuários que não ocorrerá sem o
incremento do preço dos serviços explorados, dado que a
mesma rede terá que ser mantida por menos usuários. A
segunda opção seria a ampliação da capacidade da rede
para níveis superiores aos existentes (considerando-se
como meta apenas a manutenção do atual número de
assinaturas de banda larga), o que exigiria aportes de
investimentos cuja disponibilidade não se conhece e
incrementaria significativamente custos de exploração do
serviço, com reflexos nos preços. Nota-se então que a
título de elevação da qualidade do serviço o regulador
pode estar a intervir no mercado de forma a diminuir a
quantidade de pessoas atendidas pela banda larga, uma
medida contraditória com os esforços governamentais de
massificação deste serviço. [ grifos nossos ] Com efeito,
entende-se que a manutenção dos dispositivos normativos
do RGQ-SCM e do RGQ-SMP produzirá efeitos
deletérios sobre a oferta do serviço e o bem-estar dos
consumidores, tanto do SCM11 quanto do SMP12, na
medida em que: i. O esforço de adequação às obrigações
nos prazos especificados demandará investimentos em
volume expressivo, tanto na realização de benfeitorias na
rede quanto na troca da planta de equipamentos atuais,
com consequente revisão dos projetos e investimentos
programados pelas prestadoras; ii. Parte dos custos
decorrentes da readequação da infraestrutura e dos
acessos à nova realidade tende a ser repassada aos
consumidores na forma de preços mais elevados dos
serviços, afetando negativamente o consumo de banda
larga fixa e móvel; iii. As novas exigências e as incertezas
relacionadas ao seu cumprimento desestimulam novos
investimentos na expansão e robustecimento da rede, bem
como a oferta de banda larga de alta velocidade em todas
as regiões do país, fatores essenciais à massificação do
serviço, elemento prioritário da agenda pública e do
desenvolvimento nacional. Considerações Finais Em
termos de experiência internacional, a fixação de metas de
qualidade para o serviço de banda larga não se apresenta
como uma intervenção regulatória usual e tampouco
segue recomendações da União Internacional das
Telecomunicações (UIT) para o serviço.
Alternativamente, países da OCDE e os Estados Unidos
tem primado pela adoção de políticas e ações que
aumentam a transparência e a padronização das
informações no que se refere às características e
desempenho dos serviços e planos oferecidos pelas
prestadoras13. A UIT, por sua vez, destaca tais ações
como formas efetivas de incentivar a demanda pelo
serviço de banda larga em países em desenvolvimento; ao
garantir aos consumidores informações acerca dos
provedores, opções de preço e tecnologia disponível 14.
Corroborando informações e análises de outros estudos
apresentados à Consulta Pública No. 46 / 201115,
incluindo parecer analítico da Secretaria de
Acompanhamento Econômico (SEAE), a presente
manifestação reforça que a fixação artificial de metas de
qualidade, associada à aprovação dos Regulamentos de
Gestão de Qualidade do SCM e do SMP, ratifica uma
intervenção regulatória contraproducente aos objetivos de
desenvolvimento dos serviços de telecomunicações
prestados em regime privado, à ampliação do bem-estar
do consumidor e à coerência com os objetivos prioritários
da agenda pública, em um contexto de massificação do
acesso à banda larga. Reitera-se, por fim, o apoio às
proposições constantes nos Pedidos de Anulação
veiculados pela Oi, no que se refere à existência de
mecanismos regulatórios alternativos menos intrusivos
que os propostos pela ANATEL, mas suficientes para
produzir os efeitos desejados tanto do ponto de vista do
consumidor / usuário, que contará com maior informação
para aquisição e contratação do serviço desejado, quanto
do ponto de vista da prestadora do serviço, que seguirá
investindo na ampliação da qualidade e acessibilidade da
banda larga fixa e móvel. Espera-se, assim, que iniciativas
que tenham como objetivo o aumento da transparência da
qualidade e do serviço, complementado pela difusão de
um código de práticas a ser seguido pelos provedores,
inspirada na experiência internacional16, possam garantir
que os consumidores possam escolher os serviços mais
aderentes às suas necessidades e capacidade de
pagamento. NOTAS 1 As regras previstas no RGQ-SMP
foram, originalmente, objeto da Consulta Pública No. 27 /
2010. 2 Dentre eles, cabe destaque aos Indicadores de
Rede , conjunto de parâmetros e procedimentos para
aferição de qualidade e desempenho do serviço,
incluindo: (a) velocidade instantânea de conexão (Art.
16); (b) velocidade média (Art. 17); (c) latência
bidirecional (Art. 18); (d) variação da latência - jitter (Art.
19) e (e) pacotes descartados (Art. 20). Além deles, o
Regulamento apresenta os conjuntos de Indicadores de
Reação ao Cliente, de Atendimento e de Pesquisa. 3
Disponível em . Acesso em 20 / 01 / 2012. 4 Constantes
no documento Pedido de Anulação - Resolução 574.2011
- TNL PCS S.A. (OI) e no documento Pedido de
Anulação - Resolução 575.2011 - TNL PCS S.A. (OI) ,
ambos anexos à Consulta Pública No. 2 / 2012, da
ANATEL. 5 Como parte das recomendações da OCDE, o
AIR é uma ferramenta para melhorar a qualidade da ação
regulatória pela avaliação dos principais impactos, custos
e benefícios de uma possível intervenção fornecendo
informações que motivaram o processo de decisão,
diferentes opções de solução regulatória e avaliação de
impacto. A implantação do AIR, desde o início do
processo decisório, deve ser baseada em informações
objetivas, critérios estabelecidos e rigor metodológico,
sendo disponibilizado, preferencialmente, junto à consulta
pública. 6 OCDE (2008): Introductory Handbook for
Undertaking Regulatory Impact Analysis (RIA) .
Disponível em: http: / / www.oecd.org / dataoecd / 48 / 14
/ 44789472.pdf. Acesso em 20 / 01 / 2012. 7 Ver, por
exemplo, OCDE (1997): Regulatory Impact Analysis:
Best Practices in OECD Countries . Disponível em: <
http: / / www.oecd.org / dataoecd / 21 / 59 /
35258828.pdf>. Acesso em 20 / 01 / 2012. 8 Redes que
empregam o IP (Internet Protocol) trabalham com uma
modalidade de comutação de pacotes (packet switching)
em que não há reserva (exclusividade) de recursos e
circuitos fim-a-fim. 9 Como o grau de disponibilidade de
enlaces na rede é dinâmico, os recursos (capacidade)
ociosos são realocados para outros usuários e finalidades,
garantindo flexibilidade de uso e a alocação eficiente dos
enlaces e roteadores. Neste contexto, o desempenho e a
qualidade do serviço sob redes IP são pautados pelo
método de Melhor Esforço (Best Effort), que não oferece
garantias de entrega e integridade dos pacotes. 10 Dada a
complexidade da arquitetura das redes IP, o desempenho
do tráfego está sujeito a um número grande de obstáculos
e gargalos em trechos não gerenciáveis das redes das
prestadoras; 11 Os investimentos necessários no SCM se
concentrariam na troca e instalação de novos
equipamentos, como roteadores e concentradores, bem
como na antecipação da troca da malha de rede por
variantes da geração (fibra ótica) com vista a suportar o
tráfego e oferta de banda adicional. 12 No SMP, seriam
necessários investimentos na troca e instalação de novos
equipamentos de radiotransmissão, antenas, ampliação do
número de Estações Rádio-Base (com consequente queda
no número de usuários por ERB), licitação / aquisição de
novas faixas do espectro de radiofrequência e
intensificação do seu uso pelas prestadoras. 13 Segundo
destaca a SEAE em contribuição à Consulta Pública No.
46 / 11, [...] o mais importante é a experiência do uso dos
aplicativos desejados, não necessariamente os parâmetros
técnicos da conexão, e mesmo dentre estes não somente a
velocidade máxima, embora ela seja importante. Neste
sentido, é importante que a Agência proponha algum tipo
de orientação ao consumidor de qual conexão à Internet é
adequada para que propósito . 14 Disponível em: < http: /
/ stakeholders.ofcom.org.uk / telecoms / codes-of-practice
/ broadband-speeds-cop / voluntary-codes-of-practice / >.
FICHA TÉCNICA CONSULTA TÉCNICA ANATEL
No. 2 / 2012: Regulamento de Gestão de Qualidade do
Serviço de Comunicação Multimídia (RGQ-SCM) e
Regulamento de Gestão de Qualidade do Serviço de
Telefonia Móvel (RGQ-SMP) EQUIPE: Bernardo
Gouthier Macedo Economista (UFMG). Sócio-diretor da
LCA. Doutor em Economia Unicamp. Cláudia Viegas
Economista (USP). Diretora de Regulação Econômica da
LCA. Doutora em Economia USP. Bruno Teodoro Oliva
Economista (USP). Mestre e Doutorando em Economia
pela FGV-SP. Professor do Insper. Gabriel Dib
Tebechrani Economista (USP). Mestre em Economia pela
UFRJ. Mariana Pereira Suplicy Economista (FGV-SP).
Maria Fernanda Caporale Madi Economista (USP). LCA
Consultores Rua Desembargador Paulo Passaláqua, 308,
São Paulo, SP Fone: 11 3879-3700 Fax: 3879-3737 Site:
www.lcaconsultores.com.br
Justificativa:
CONSULTA PÚBLICA ANATEL No. 2 / 2012:
REGULAMENTO DE GESTÃO DA QUALIDADE DO
SERVIÇO DE COMUNICAÇÃO MULTIMÍDIA (RGQ-
SCM) e REGULAMENTO DE GESTÃO DA
QUALIDADE DO SERVIÇO MÓVEL PESSOAL
(RGQ-SMP) Fevereiro de 2012 Contribuição da LCA à
Consulta Pública No. 2 / 2012 Com a aprovação do RGQ-
SCM, por meio da Resolução n. 574 em 28 de outubro de
2011, e de instrumentos análogos para o Serviço Móvel
Pessoal (Regulamento de Gestão da Qualidade do Serviço
Móvel Pessoal RGQ-SMP)1, através da Resolução n. 575
(de mesma data), a ANATEL estabeleceu um conjunto de
indicadores2 e metodologias para aferição e fiscalização
dos respectivos serviços. Adicionalmente, com vistas à
progressiva melhoria da experiência do usuário em
aspectos relacionados ao atendimento e ao desempenho
das conexões de banda larga 3, foram fixadas metas e
obrigações de entrega de velocidade para prestadoras de
grande porte com mais de 50 mil acessos (SCM e SMP)
cujo não cumprimento está sujeito à aplicação de sanções
pela ANATEL. A Consulta Pública No. 2 / 2011 mostra-
se oportuna para que se possa novamente debater o tema
com a sociedade. A manifestação da LCA pretende
reforçar as impraticabilidades associadas à implantação de
alguns dos dispositivos normativos presentes no RGQ-
SCM e no RGQ-SMP e, principalmente, reiterar os
efeitos deletérios que estas exigências podem representar
para o bem-estar do consumidor. A presente manifestação
expressa seu apoio aos Pedidos de Anulação
encaminhados à ANATEL4 pela Oi no que se refere aos
dispositivos presentes nos Regulamentos supracitados,
que introduzem obrigações de cumprimento de metas por
prestadoras de grande porte. Em primeiro lugar, entende-
se que a especial relevância da intervenção regulatória em
tela deve ser pautada por uma análise de custo-benefício.
A discussão com a sociedade seria muito enriquecida pela
apresentação, junto à Consulta Pública, de uma Análise
de Impacto Regulatório (AIR)5 para os Regulamentos de
Gestão da Qualidade do SCM e do SMP, Como
recomenda a OCDE (Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico)6: [...] O AIR precisa ser
integrado ao processo de consulta pública, na medida em
que fornece informações para subsidiar a análise e
permitir às partes afetadas a oportunidade de identificar e
corrigir hipóteses falsas e o próprio raciocínio. O AIR é
agora usado virtualmente em todos os países da OCDE e
em muitos países em desenvolvimento. A aplicação deste
instrumento, prática comum nos sistemas regulatórios
mais desenvolvidos do mundo7, incluindo Austrália,
Canadá, Estados Unidos e Reino Unido, reduziria as
incertezas e os riscos associados a mudanças no quadro
normativo que rege os direitos e obrigações dos agentes
econômicos, de sorte a promover um ambiente de
negócios receptivo ao investimento privado em redes e
tecnologias convergentes, e a melhor alternativa para a
consecução de objetivos de interesse público, como
diversidade, qualidade e acessibilidade de serviços de
telecomunicações. Essa análise torna-se fundamental para
que se verifique o efeito líquido da norma, sobretudo no
que diz respeito ao consumidor. No que diz respeito aos
Regulamentos supracitados, cumpre destacar os seguintes
pontos: a) Da Imposição de Metas de Qualidade para o
serviço de banda larga fixa e móvel O dimensionamento e
o gerenciamento adequado da infraestrutura da rede IP
(Internet Protocol8), tem como base critérios técnicos de
engenharia e racionalização da estrutura física e
tecnológica, de sorte a permitir o atendimento de distintas
necessidades e demandas dos usuários em condições
compatíveis de preço e qualidade do serviço. Como
aponta a SEAE / MF (Secretaria de Acompanhamento
Econômico / Ministério da Fazenda) em contribuição à
Consulta Pública No. 46 / 11, [a] Internet, enquanto
sistema de transporte de pacotes, poderia ser comparada a
sistemas de transporte físicos, como uma rodovia ou um
sistema de trens urbanos, que também têm como
características exigência de grandes investimentos,
sazonalidade horária e pouca margem para ampliação de
capacidade a curto prazo. Nestes casos, em prol da
eficiência alocativa, o usuário que decide fazer uso da
infraestrutura no horário de pico e paga o mesmo preço
dos demais precisa tolerar um certo nível de degradação
do serviço. Nesse contexto, a fixação de metas de
Indicadores de Rede para avaliar o desempenho da banda
larga não se mostra adequada para mensuração, avaliação
e desenvolvimento do serviço, tanto pelas características
da entrega do serviço (best effort9) e pela topologia
estatística da rede IP, quanto pela presença de fatores e
elementos da rede não gerenciáveis ou alheios à
responsabilidade e controle da prestadora do serviço10.
Além da impraticabilidade de imputar metas como
sugeridas nos referidos regulamentos de qualidade, o
nível de exigência da ANATEL mostra-se incompatível e
desproporcional à realidade do serviço no país. A esse
respeito, cabe destacar o trecho abaixo elaborado pela
SEAE / MF, em contribuição à Consulta Pública No. 46 /
11: [...] note-se que a norma como está escrita não poderia
ser aplicada imediatamente nem mesmo em Portugal, país
mais rico e de maior densidade demográfica do que o
Brasil. A proposta de elevar para 80% tal valor, constante
do inciso III, colocaria todos os provedores testados em
Portugal em desacordo com o regulamento. O percentual
está muito próximo da média auferida na Inglaterra, país
em que a Internet já está perto da universalização, com
82,5% de penetração segundo a UIT. O fato de este
número ter sido utilizado na Índia, país que conta com
índice de penetração quatro vezes menor do que o Brasil,
deveria servir mais como sinal de alerta do que como
inspiração. b) Dos efeitos esperados Os regulamentos em
tela demandam um dimensionamento artificial e
inadequado da infraestrutura de rede, que passaria a ser
dimensionada pelo pico, oferecendo para toda a rede
características de tráfego e ocupação de enlaces similares
ao atualmente verificado na oferta de circuitos dedicados
(redes determinísticas). Como evidencia a SEAE: [...] as
garantias de velocidades exigidas pelo regulamento
proposto excedem e muito a realidade do mercado tal
como se apresenta no Brasil hoje, do ponto de vista dos
contratos. Além disso, do ponto de vista de eficiência
alocativa, o aumento da velocidade mínima disponível
individualmente ao longo de todo o período de pico é
indesejável, pois exige a manutenção de um elevado nível
de ociosidade nas redes para que se alcance o nível
técnico que se planeja exigir. Lembra-se que o
desempenho de redes baseadas em protocolo IP, como é a
Internet, varia de assinante para assinante em relação ao
horário de conexão, quantidade de horas utilizadas e
consumo de tráfego. Garantir que a qualquer momento o
assinante possa ter 40% da velocidade contratada
significa dividir a infraestrutura disponível entre menos
assinantes. Uma primeira medida para equacionar esta
questão pode ser a redução da base de assinantes dos
provedores, escassez de usuários que não ocorrerá sem o
incremento do preço dos serviços explorados, dado que a
mesma rede terá que ser mantida por menos usuários. A
segunda opção seria a ampliação da capacidade da rede
para níveis superiores aos existentes (considerando-se
como meta apenas a manutenção do atual número de
assinaturas de banda larga), o que exigiria aportes de
investimentos cuja disponibilidade não se conhece e
incrementaria significativamente custos de exploração do
serviço, com reflexos nos preços. Nota-se então que a
título de elevação da qualidade do serviço o regulador
pode estar a intervir no mercado de forma a diminuir a
quantidade de pessoas atendidas pela banda larga, uma
medida contraditória com os esforços governamentais de
massificação deste serviço. [ grifos nossos ] Com efeito,
entende-se que a manutenção dos dispositivos normativos
do RGQ-SCM e do RGQ-SMP produzirá efeitos
deletérios sobre a oferta do serviço e o bem-estar dos
consumidores, tanto do SCM11 quanto do SMP12, na
medida em que: i. O esforço de adequação às obrigações
nos prazos especificados demandará investimentos em
volume expressivo, tanto na realização de benfeitorias na
rede quanto na troca da planta de equipamentos atuais,
com consequente revisão dos projetos e investimentos
programados pelas prestadoras; ii. Parte dos custos
decorrentes da readequação da infraestrutura e dos
acessos à nova realidade tende a ser repassada aos
consumidores na forma de preços mais elevados dos
serviços, afetando negativamente o consumo de banda
larga fixa e móvel; iii. As novas exigências e as incertezas
relacionadas ao seu cumprimento desestimulam novos
investimentos na expansão e robustecimento da rede, bem
como a oferta de banda larga de alta velocidade em todas
as regiões do país, fatores essenciais à massificação do
serviço, elemento prioritário da agenda pública e do
desenvolvimento nacional. Considerações Finais Em
termos de experiência internacional, a fixação de metas de
qualidade para o serviço de banda larga não se apresenta
como uma intervenção regulatória usual e tampouco
segue recomendações da União Internacional das
Telecomunicações (UIT) para o serviço.
Alternativamente, países da OCDE e os Estados Unidos
tem primado pela adoção de políticas e ações que
aumentam a transparência e a padronização das
informações no que se refere às características e
desempenho dos serviços e planos oferecidos pelas
prestadoras13. A UIT, por sua vez, destaca tais ações
como formas efetivas de incentivar a demanda pelo
serviço de banda larga em países em desenvolvimento; ao
garantir aos consumidores informações acerca dos
provedores, opções de preço e tecnologia disponível 14.
Corroborando informações e análises de outros estudos
apresentados à Consulta Pública No. 46 / 201115,
incluindo parecer analítico da Secretaria de
Acompanhamento Econômico (SEAE), a presente
manifestação reforça que a fixação artificial de metas de
qualidade, associada à aprovação dos Regulamentos de
Gestão de Qualidade do SCM e do SMP, ratifica uma
intervenção regulatória contraproducente aos objetivos de
desenvolvimento dos serviços de telecomunicações
prestados em regime privado, à ampliação do bem-estar
do consumidor e à coerência com os objetivos prioritários
da agenda pública, em um contexto de massificação do
acesso à banda larga. Reitera-se, por fim, o apoio às
proposições constantes nos Pedidos de Anulação
veiculados pela Oi, no que se refere à existência de
mecanismos regulatórios alternativos menos intrusivos
que os propostos pela ANATEL, mas suficientes para
produzir os efeitos desejados tanto do ponto de vista do
consumidor / usuário, que contará com maior informação
para aquisição e contratação do serviço desejado, quanto
do ponto de vista da prestadora do serviço, que seguirá
investindo na ampliação da qualidade e acessibilidade da
banda larga fixa e móvel. Espera-se, assim, que iniciativas
que tenham como objetivo o aumento da transparência da
qualidade e do serviço, complementado pela difusão de
um código de práticas a ser seguido pelos provedores,
inspirada na experiência internacional16, possam garantir
que os consumidores possam escolher os serviços mais
aderentes às suas necessidades e capacidade de
pagamento. NOTAS 1 As regras previstas no RGQ-SMP
foram, originalmente, objeto da Consulta Pública No. 27 /
2010. 2 Dentre eles, cabe destaque aos Indicadores de
Rede , conjunto de parâmetros e procedimentos para
aferição de qualidade e desempenho do serviço,
incluindo: (a) velocidade instantânea de conexão (Art.
16); (b) velocidade média (Art. 17); (c) latência
bidirecional (Art. 18); (d) variação da latência - jitter (Art.
19) e (e) pacotes descartados (Art. 20). Além deles, o
Regulamento apresenta os conjuntos de Indicadores de
Reação ao Cliente, de Atendimento e de Pesquisa. 3
Disponível em . Acesso em 20 / 01 / 2012. 4 Constantes
no documento Pedido de Anulação - Resolução 574.2011
- TNL PCS S.A. (OI) e no documento Pedido de
Anulação - Resolução 575.2011 - TNL PCS S.A. (OI) ,
ambos anexos à Consulta Pública No. 2 / 2012, da
ANATEL. 5 Como parte das recomendações da OCDE, o
AIR é uma ferramenta para melhorar a qualidade da ação
regulatória pela avaliação dos principais impactos, custos
e benefícios de uma possível intervenção fornecendo
informações que motivaram o processo de decisão,
diferentes opções de solução regulatória e avaliação de
impacto. A implantação do AIR, desde o início do
processo decisório, deve ser baseada em informações
objetivas, critérios estabelecidos e rigor metodológico,
sendo disponibilizado, preferencialmente, junto à consulta
pública. 6 OCDE (2008): Introductory Handbook for
Undertaking Regulatory Impact Analysis (RIA) .
Disponível em: http: / / www.oecd.org / dataoecd / 48 / 14
/ 44789472.pdf. Acesso em 20 / 01 / 2012. 7 Ver, por
exemplo, OCDE (1997): Regulatory Impact Analysis:
Best Practices in OECD Countries . Disponível em: <
http: / / www.oecd.org / dataoecd / 21 / 59 /
35258828.pdf>. Acesso em 20 / 01 / 2012. 8 Redes que
empregam o IP (Internet Protocol) trabalham com uma
modalidade de comutação de pacotes (packet switching)
em que não há reserva (exclusividade) de recursos e
circuitos fim-a-fim. 9 Como o grau de disponibilidade de
enlaces na rede é dinâmico, os recursos (capacidade)
ociosos são realocados para outros usuários e finalidades,
garantindo flexibilidade de uso e a alocação eficiente dos
enlaces e roteadores. Neste contexto, o desempenho e a
qualidade do serviço sob redes IP são pautados pelo
método de Melhor Esforço (Best Effort), que não oferece
garantias de entrega e integridade dos pacotes. 10 Dada a
complexidade da arquitetura das redes IP, o desempenho
do tráfego está sujeito a um número grande de obstáculos
e gargalos em trechos não gerenciáveis das redes das
prestadoras; 11 Os investimentos necessários no SCM se
concentrariam na troca e instalação de novos
equipamentos, como roteadores e concentradores, bem
como na antecipação da troca da malha de rede por
variantes da geração (fibra ótica) com vista a suportar o
tráfego e oferta de banda adicional. 12 No SMP, seriam
necessários investimentos na troca e instalação de novos
equipamentos de radiotransmissão, antenas, ampliação do
número de Estações Rádio-Base (com consequente queda
no número de usuários por ERB), licitação / aquisição de
novas faixas do espectro de radiofrequência e
intensificação do seu uso pelas prestadoras. 13 Segundo
destaca a SEAE em contribuição à Consulta Pública No.
46 / 11, [...] o mais importante é a experiência do uso dos
aplicativos desejados, não necessariamente os parâmetros
técnicos da conexão, e mesmo dentre estes não somente a
velocidade máxima, embora ela seja importante. Neste
sentido, é importante que a Agência proponha algum tipo
de orientação ao consumidor de qual conexão à Internet é
adequada para que propósito . 14 Disponível em: < http: /
/ stakeholders.ofcom.org.uk / telecoms / codes-of-practice
/ broadband-speeds-cop / voluntary-codes-of-practice / >.
FICHA TÉCNICA CONSULTA TÉCNICA ANATEL
No. 2 / 2012: Regulamento de Gestão de Qualidade do
Serviço de Comunicação Multimídia (RGQ-SCM) e
Regulamento de Gestão de Qualidade do Serviço de
Telefonia Móvel (RGQ-SMP) EQUIPE: Bernardo
Gouthier Macedo Economista (UFMG). Sócio-diretor da
LCA. Doutor em Economia Unicamp. Cláudia Viegas
Economista (USP). Diretora de Regulação Econômica da
LCA. Doutora em Economia USP. Bruno Teodoro Oliva
Economista (USP). Mestre e Doutorando em Economia
pela FGV-SP. Professor do Insper. Gabriel Dib
Tebechrani Economista (USP). Mestre em Economia pela
UFRJ. Mariana Pereira Suplicy Economista (FGV-SP).
Maria Fernanda Caporale Madi Economista (USP). LCA
Consultores Rua Desembargador Paulo Passaláqua, 308,
São Paulo, SP Fone: 11 3879-3700 Fax: 3879-3737 Site:
www.lcaconsultores.com.br
Contribuição N°: 39
ID da Contribuição: 58466
Autor da Contribuição: Alexander Castro
Data da Contribuição: 01/02/2012 18:55:28
Contribuição:
1 - Considerações Iniciais O SindiTelebrasil apresenta as
suas contribuições à Consulta Pública 02 / 2012, onde
defende que a ANATEL estabeleça condições que devam
ser observadas pelas operadoras dos serviços de
telecomunicações de forma a garantir a qualidade do
serviço percebido pelo usuário, mas que os Instrumentos
utilizados para esta finalidade sejam revestidos dos
princípios básicos previstos na Lei geral de
Telecomunicações, em seus Artigos 38 e 135, quais sejam
da razoabilidade, da proporcionalidade e da igualdade.
Art. 38. A atividade da Agência será juridicamente
condicionada pelos princípios da legalidade, celeridade,
finalidade, razoabilidade, proporcionalidade,
impessoalidade, igualdade, devido processo legal,
publicidade e moralidade. Art. 135. A Agência poderá,
excepcionalmente, em face de relevantes razões de caráter
coletivo, condicionar a expedição de autorização à
aceitação, pelo interessado, de compromissos de interesse
da coletividade. Parágrafo único. Os compromissos a que
se refere o caput serão objeto de regulamentação, pela
Agência, observados os princípios da razoabilidade,
proporcionalidade e igualdade. 2 - Considerações Gerais
Do RIQ SCM O Regulamento de Gestão da Qualidade do
Serviço de Comunicação Multimídia (RGQ-SCM)
estabelece, pela primeira vez, as metas de qualidade a
serem cumpridas pelas Prestadoras do Serviço de
Comunicação Multimídia (SCM), assim como os critérios
de avaliação, de obtenção de dados e acompanhamento da
qualidade da prestação do serviço. Deve ser registrado e
enfatizado que se trata do estabelecimento de metas de
qualidade de um serviço que já vem sendo comercializado
há bastante tempo, com preços definidos em função da
qualidade que é oferecida, dos custos de implantação,
expansão, modernização e manutenção das redes que lhe
dão suporte, assim como de toda a infraestrutura de pré e
pós venda envolvida. O SindiTelebrasil ao longo das
Consultas Públicas 27 e 46 apresentou inúmeras
contribuições, a maioria delas elaboradas por organismos
de terceira parte, que trataram da questão dos indicadores
de Conexão à Internet (SMP) e dos Indicadores de Rede
(SCM) de forma isenta e apenas dedicadas a apresentar
uma abordagem técnica sobre o tema. Entre eles,
podemos citar os trabalhos do CPqD, da Price
Waterhouse Coopers e a apresentação feita pela
SAMKNOWS no Seminário de Qualidade de Banda
Larga promovido pelo SindiTelebrasil em 2011, todos
eles entregues à ANATEL ao longo das mencionadas
consultas públicas. Em todos os trabalhos apresentados
ficou demonstrado a dificuldade e até mesmo a
inviabilidade técnica de se garantir velocidades mínimas
ou médias de navegação, além de ter sido demonstrado
que praticamente todas as Administrações não optaram
pelo caminho do intervencionismo e da ameaça de
sancionamento como um modelo para se alcançar a
excelência na oferta do serviço. Conforme será detalhado
ao longo dessa contribuição o Sinditelebrasil defende que
o estabelecimento das metas para os Indicadores de Rede
do SCM vão demandar investimentos em volume
expressivo, seja para readequação da rede e da planta de
equipamentos atuais, seja pela revisão dos custos e
projetos relativos ao investimento programado para
expansão de rede. O Sinditelebrasil defende que, com
vistas ao aprimoramento do serviço e dada a sua elevada
importância em um cenário de convergência tecnológica,
a ANATEL adote, de forma similar ao que praticamente
todas as Administrações do mundo adotam, diretrizes
gerais de transparência e baixo grau de intervencionismo.
O SindiTelebrasil defende que sejam realizadas medidas a
partir da metodologia definida no novo Regulamento, e
que os resultados obtidos, de todas as operadoras, para os
indicadores de rede sejam objeto de ampla divulgação
pela ANATEL em seu site. Um modelo diferente do que
foi adotado pela Resolução 574, onde foram estabelecidas
metas extremamente rígidas, a ponto de se definir uma
meta de 80% para a velocidade média de navegação e
40% para a velocidade mínima em relação a velocidade
ofertada, que em função das características do serviço
prestado e das redes que lhe dão suporte propiciarão uma
enxurrada de processos de apuração de descumprimento
de obrigação, mesmo que as empresas invistam fortunas
em suas redes, no sentido de buscar atender estas metas
estabelecidas. Apesar da Oferta de Banda Larga no Brasil
estar experimentando um grande crescimento, seja em
termos de velocidade de acesso, seja em termos de uma
melhor distribuição da oferta desses acessos em todo o
território nacional, ainda temos um longo caminho a
percorrer para colocarmos o Brasil no mesmo patamar das
Administrações que estão no topo do ranking mundial de
oferta de banda larga. Reconhecemos esse fato.
Entretanto, deve ser considerado que o foco
Governamental nos primeiros anos de privatização estava
voltado para a universalização do Serviço Telefônico Fixo
Comutado - STFC e na massificação do Serviço Móvel
Pessoal e os resultados obtidos foram expressivos.
Estamos na década da Banda Larga e dos Serviços
convergentes. Acreditamos que no ritmo que estão sendo
ofertados novos acessos em Banda Larga pelas empresas
que exploram o SCM e o SMP, estimulado pela adoção de
alavancas (políticas públicas) que fomentem a demanda e
a expansão de infraestrutura em todo o território nacional,
o Brasil em 2020 estará muito mais próximo das
Administrações que mais se destacam a nível mundial na
oferta de banda Larga. Não é necessário que a
Administração Brasileira opte pelo caminho solitário do
intervencionismo e da ameaça do sancionamento para
buscar se atingir os mesmos objetivos. É natural que os
organismos de defesa do consumidor tenham se
posicionado favoravelmente a esse modelo aprovado pela
ANATEL nas CP s 27 e 46. Como consumidor queremos
sempre ter a opção do acesso ao serviço, com a melhor
qualidade possível e ao menor preço. Entendemos que
não será diferente agora nesta Consulta Pública. Porém,
acreditamos que cabe ao Órgão Regulador, minimizar a
análise emocional e política do tema e de forma isenta
observar a manutenção principalmente dos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade estabelecidos na
LGT ao estabelecer novos condicionamentos mesmo em
face de relevantes razões de caráter coletivo. Do RIQ
SMP É fato que a ANATEL, em face dos avanços
tecnológicos e do crescimento das necessidades de
serviços por parte da sociedade, pode rever, a qualquer
tempo, as metas de qualidade do serviço, observado o
disposto na regulamentação vigente e nos respectivos
Termos de Autorização. A Resolução 575 é o resultado da
revisão do Plano Geral de Metas de Qualidade do SMP,
em vigência desde 2002. Ocorre que, conforme será
detalhado ao longo dessas contribuições, a Agência, para
indicadores que vem sendo apurados ao longo de 10 anos,
em alguns casos procedeu a alteração de metas e em
outros manteve a meta mas alterou o método de coleta e
medição. Como resultado, chegamos a métricas para os
indicadores de rede que inviabilizam técnica e
economicamente a sua obtenção, conforme será
demonstrado nesta contribuição. Para os indicadores de
Conexão de Dados valem os mesmos comentários que
apresentamos anteriormente para o Serviço de
Comunicação Multimídia, agravados pelas características
intrínsecas do serviço móvel, onde em um determinado
momento o terminal pode estar próximo ou distante da
Estação Rádio Base. Também deve ser considerado, o
número de usuários atendidos pela mesma Estação Rádio
Base em um determinado momento, compartilhando os
mesmos recursos disponibilizados naquela região e que
podem reduzir a velocidade disponibilizada para
navegação na Internet. O Serviço Móvel Pessoal ofertado
no Brasil experimenta uma enorme concorrência. Não é
razoável que a ANATEL adote o caminho inverso ao que
seria natural para um mercado tão competitivo como o
nosso do SMP. Ao invés de gradativamente a Agência
buscar a flexibilização e reduzir a intervenção, para os
Indicadores que vem sendo apurados ao longo de uma
década em áreas de enorme competição e manter os
padrões de qualidade que vinham sendo exigidos para
garantir a qualidade em áreas onde a competição ainda
não se apresenta tão intensa, a ANATEL aperta os
indicadores de qualidade a níveis desproporcionais e não
razoáveis, inclusive em áreas de intensa competição, onde
as leis de mercado têm total condição de regular a oferta.
Apenas para exemplificar, a situação dos indicadores de
rede, tomemos como exemplo o completamento de
chamadas. A meta de 67% foi mantida, porém as
chamadas completadas com mensagem orientativa ou
redirecionadas a caixa postal deixaram de ser computadas
como OK. É da natureza do serviço que o cliente pode
estar com seu telefone desligado, por falta de bateria ou
por estar em alguma reunião ou evento ou mesmo quando
não queira ser incomodado. O nome do serviço é Móvel
Pessoal, assim cabe à pessoa definir se desliga ou não seu
celular. A prestadora nada pode fazer para completar
chamadas destinadas a tais terminais. Nesses casos, a
chamada é interceptada com uma mensagem orientativa
ou redirecionada para a caixa postal, caso o usuário
originador queira deixar algum recado ao destinatário.
Estas chamadas não podem mais ser consideradas como
OK. No caso das chamadas redirecionadas para a caixa
postal, só no caso do usuário ter deixado uma mensagem
é que ela poderá ser considerada completada.
Tecnicamente, as prestadoras não têm como identificar se
o cliente deixa ou não a mensagem. Dessa forma, fica
demonstrado que a ANATEL mudou significativamente e
substancialmente a forma de computar o indicador,
penalizando de forma não razoável as prestadoras e
manteve a meta, o que caracteriza a desproporcionalidade
da medida vez que as prestadoras não têm o que fazer em
casos desse tipo.
Justificativa: Apresentada no tópico de contribuição
Contribuição N°: 40
ID da Contribuição: 58467
Autor da Contribuição: PricewaterhouseCoopers
Data da Contribuição: 01/02/2012 18:58:35
Contribuição:
Contribuição da PricewaterhouseCoopers sobre o
Regulamento de Gestão da Qualidade do Serviço de
Comunicação Multimídia (RGQ-SCM) 1 de fevereiro de
2012 Apresentação A PricewaterhouseCoopers (PwC),
para melhor atender às necessidades de seus clientes,
possui uma estrutura segregada em duas dimensões. A
primeira enfoca o agrupamento de diversas competências
(auditoria, contabilidade, finanças, tributos, organização,
tecnologia, processos etc.) em três unidades de negócios:
Auditoria, Consultoria Tributária e Consultoria de Gestão.
A segunda dimensão está orientada para o conhecimento
aprofundado sobre os diversos segmentos de negócios,
nos quais a economia do País se subdivide, com destaque
para o TICE - Tecnologia, Informação, Comunicação e
Entretenimento. Nesse contexto, mantemos um grupo de
profissionais com grande experiência no setor
contribuindo permanentemente nas discussões que
envolvem o mercado de telecomunicações. A PwC possui
uma estrutura global com mais de 200 sócios e
profissionais dedicados à prestação de serviços de
consultoria em assuntos regulatórios para a indústria de
Informação e Comunicação. Os sócios, diretores e
gerentes líderes na área regulatória de cada região formam
o IRS - InfoComm Regulatory Services da área de
Serviços de Consultoria em telecomunicações, garantindo
que a troca de experiências, as metodologias e recursos
especializados sejam utilizados em benefício de nossos
clientes e mercados onde atuamos. Princípios e Boas
Práticas Regulatórias Os princípios e boas práticas
regulatórias endereçam questões de mercado ou de
competição específicos onde se faz necessária a
intervenção do Órgão Regulador para preservar os
interesses públicos, dos Usuários ou Operadoras. Nesse
sentido, a utilização de medidas regulatórias deve ser
adotada quando existir uma questão específica cuja
resolução não possa ser obtida através de mecanismos de
mercado. De acordo com o Principles of Good Regulation
descritos pelo Better Regulation Task Force do Reino
Unido, sistemas regulatórios modernos apresentam cinco
características fundamentais no endereçamento de
questões, também previstas na Lei Geral de
Telecomunicações LGT: Transparência, consistência,
foco, proporcionalidade e responsabilidade. Os aspectos
de mercado ou serviço que necessitam de intervenção
direta do Órgão Regulador e as potenciais soluções
identificadas para a consecução dos objetivos propostos
não estão claramente identificados, o que permitiria às
Operadoras e a Sociedade o estabelecimento de uma
correlação entre esses e as melhores práticas regulatórias
internacionais. A adoção de regulamentos específicos é
uma ferramenta legítima e eficiente para fornecer à
ANATEL as informações necessárias para o bom
desempenho de suas funções. No entanto, entendemos ser
fundamental que a regulamentação considere o tamanho,
nível de maturidade e estrutura do mercado brasileiro,
para que a aplicação prática das soluções propostas não
exceda em custo o benefício que elas conferem do ponto
de vista regulatório. É importante ressaltar que, a forma
como a ANATEL vem conduzindo todo o processo de
consulta pública, por meio de discussões com os agentes
de mercado, demonstra seu compromisso de construir um
instrumento que atenda aos interesses de todos os
envolvidos. A PwC tem longa experiência no mercado de
telecomunicações e em assuntos regulatórios em diversos
países com os mais variados níveis de maturidade de
mercado. Acreditamos que nossas contribuições e
sugestões, advindas dessa experiência nacional e
internacional, possam auxiliar a ANATEL no
aprimoramento do regulamento ora proposto;
considerando as soluções adotadas em outros países e
analisando seus acertos, suas oportunidades de melhoria
e, principalmente, o que acreditamos ser o mais adequado
frente à realidade do nosso mercado. & 8195; Contexto A
PwC realizou em agosto de 2011 um estudo internacional
para avaliar o nível de regulamentação existente para a
aferição da qualidade da banda larga, a pedido do
SindiTelebrasil, denominado Benchmarking Internacional
de Avaliação da Qualidade da Banda Larga . Esse estudo
avaliou 10 países, que representam 40% do total dos
assinantes mundiais, considerando: (i) o entendimento da
abordagem adotada pelos Órgãos Reguladores para a
Qualidade dos Serviços de Banda Larga; (ii) o
entendimento dos parâmetros utilizados na medição e
transparência dos resultados da Qualidade da Banda
Larga, (iii) o entendimento das penalidades adotadas; (iv)
a percepção dos consumidores: e (v) a eficácia da
abordagem adotada. Os países analisados foram: Estados
Unidos, Coréia do Sul, Alemanha, Reino Unido,
Austrália, Nova Zelândia, Espanha, Chile, Índia e Itália.
Os resultados desse benchmarking foram apresentados,
inicialmente, em um seminário específico e como
contribuições à Consulta Pública n 46 de 10 de agosto de
2011, referente ao Regulamento de Qualidade da Banda
Larga (posteriormente, publicado na Resolução n 574 de
28 de outubro de 2011). As contribuições apresentadas
neste documento baseiam-se neste estudo e devem ser
consideradas e interpretadas no escopo do mesmo.
Sumário dos Resultados do Estudo O estudo demonstrou
que nenhum dos 10 países avaliados implementou uma
regulamentação específica e, principalmente, determinou
metas de qualidade para Banda Larga a serem seguidas.
Ao contrário, as medidas utilizadas pelas Agências
Reguladoras foram no sentido de aumentar a
transparência para os Consumidores em relação à
qualidade e preço oferecidos, por meio da publicação de
informações comparativas sobre os serviços entre as
Operadoras. Essas medidas visam conscientizar os
Consumidores a respeito das variações na qualidade do
serviço, se utilizando da pressão concorrencial existente -
que recairá sobre as Operadoras de desempenho
insuficiente para regular esses mercados. Adicionalmente,
existem ainda países onde não há nenhuma evidência de
intervenção nem de medidas de transparência ou
regulamentação direta. Nesses países, Órgãos
independentes (por exemplo, Associações de
Consumidores) são encarregados pela medição e
divulgação dos resultados sobre a qualidade do serviço
prestado pelas Operadoras. Desta forma, não se pode
estabelecer uma relação clara e direta entre o nível de
regulamentação, sua eficácia e o impacto sobre a
concorrência, bem como sobre a melhoria dos padrões de
qualidade da banda larga oriundos da adoção de
regulamentações específicas de metas de qualidade nos
países analisados. Nesses mercados, apenas a Índia
implementou a obrigatoriedade de divulgação do
desempenho do serviço, não representando uma
regulamentação específica dos níveis de qualidade do
mesmo. Ressaltamos que, os critérios adotados por esses
países são aferidos pela média obtida em um período
determinado. Por outro lado, países que exigem apenas
níveis moderados de transparência dos provedores de
serviço relataram um melhor desempenho da qualidade da
banda larga. A adoção de modelos de medição e
divulgação voluntária, de acordo com critérios
estabelecidos, vem se propagando em mercados com
maior nível de maturidade (por exemplo, Inglaterra). No
entanto, não há evidências capazes de sugerir que essa
abordagem tenha gerado melhorias na qualidade do
serviço em comparação com outros países analisados. Em
relação à qualidade da banda larga móvel, até o momento,
não foram discutidos publicamente propostas ou
regulamentos específicos. Os Reguladores analisados
neste relatório não comentaram sobre a qualidade dos
serviços de banda larga móvel. Embora seja possível em
um futuro próximo visualizarmos requisitos de
transparência semelhantes (ou regimes voluntários) para
banda larga móvel, neste momento ainda não existem
registros ou evidências de que isso possa acontecer no
curto prazo. As razões para tal não foram apresentadas
pelos Reguladores. No entanto, podemos depreender uma
combinação de fatores: da relatividade (quando
comparamos com DSL) da pouca idade para o serviço. da
complexidade para a medição da qualidade do serviço. do
ambiente em que o cliente utiliza o serviço também
influencia na qualidade do mesmo. Regulamentação
Brasileira A Resolução n 574 estabelece as metas de
qualidade, a serem cumpridas pelas Prestadoras do
Serviço de Comunicação Multimídia (SCM), os critérios
de avaliação, de obtenção de dados e acompanhamento da
qualidade da prestação do serviço, assim como estabelece
as informações que devem ser enviadas à Agência
Nacional de Telecomunicações ANATEL. Esses critérios
estabelecem, dentre outros, que as próprias Prestadoras
deverão coletar os dados para serem analisados
posteriormente pela ANATEL. Adicionalmente, a própria
ANATEL efetuará suas próprias medições, prevalecendo,
em caso de divergência, os dados coletados pela Agência.
Desta forma, a Resolução cria mecanismos
operacionalmente conflitantes, podendo dificultar o
entendimento claro dos critérios adotados pela Agência,
tanto pelas Operadoras quanto pelos Usuários.
Adicionalmente, este processo pode impactar na
tempestividade da divulgação dos resultados, na medida
em que eventuais divergências poderão ser questionadas
pelas Operadoras e revistas pela ANATEL. Por outro
lado, a utilização de pesquisa de percepção do Usuário é
um excelente instrumento de medição da qualidade do
serviço, principalmente, considerando o objetivos do
Resolução n 574 e as características sócio-econômicas do
mercado brasileiro. Conclusões Os resultados obtidos no
Benchmarking Internacional de Avaliação da Qualidade
da Banda Larga , demonstram que os Órgãos Reguladores
dos países analisados optaram pela não intervenção direta
na gestão da qualidade do serviço de banda larga. Por
outro lado, esses países aplicaram esforços na medição e
transparência na divulgação dos resultados aferidos sobre
esses serviços. Desta forma, permitem que a concorrência
entre as operadoras exerça seu papel nesses mercados,
bem como incentivam o aumento na qualidade e
disponibilidade dos serviços sem a adoção de
instrumentos de intervenção direta. Nestes países,
observa-se que o papel do Regulador na transparência e
divulgação dos resultados é mais efetivo, pois, tornou-se
um importante fator de decisão na escolha do Usuário.
Adicionalmente, a adoção de metas e regulamentações
específicas para a qualidade da banda larga não garante a
eficácia na melhoria da prestação do serviço. As
experiências demonstraram que, nesses países, a adoção
conjunta (Regulador, Operadoras e Agentes de Mercado)
de critérios objetivos para a medição da qualidade torna-
se mais eficaz e contribui para a melhoria na prestação do
serviço.
Justificativa:
Contribuição da PricewaterhouseCoopers sobre o
Regulamento de Gestão da Qualidade do Serviço de
Comunicação Multimídia (RGQ-SCM)
Contribuição N°: 41
ID da Contribuição: 58475
Autor da Contribuição: Diogo Moyses Rodrigues
Data da Contribuição: 01/02/2012 19:42:47
Contribuição:
CONTRIBUIÇÃO ENVIADA EM NOME DA
CAMPANHA BANDA LARGA É UM DIREITO SEU!
O pedido deve ser desconsiderado na sua integralidade.
Justificativa:
As metas questionadas pela Oi foram amplamente
discutidas e passaram por consulta pública seguindo
tramitação padrão da agência para ações regulatórias,
tendo sido apresentados argumentos similares ao deste
pedido. Sem fatos novos, não há porque rever uma
decisão tomada pelo Conselho Diretor desta agência há
três meses.
Contribuição N°: 42
ID da Contribuição: 58497
Autor da Contribuição: Nara T. Nishizawa
Data da Contribuição: 01/02/2012 21:05:14
Contribuição:
Contribuição de: Magalhães, Nery e Dias Advocacia São
Paulo, 1. de Fevereiro de 2012. Ref. Consulta Pública n.
02 / 2012 Magalhães, Nery e Dias Advocacia, neste ato
representada por seus sócios PROF. DR. NELSON
NERY JÚNIOR e DR. GABRIEL NOGUEIRA DIAS,
tendo tomado conhecimento, por intermédio de TNL PCS
S.A. ( Oi ), da Consulta Pública n. 02 / 2012, organizada
pela Agência Nacional de Telecomunicações ANATEL,
para comentários ao Pedido de Anulação proposto pela Oi
contra dispositivos do Regulamento de Gestão da
Qualidade do Serviço de Comunicação Multimídia (
RGQ-SCM ) e do Regulamento de Gestão da Qualidade
do Serviço Móvel Pessoal ( RGQ-SMP ), aprovados,
respectivamente, pelas Resoluções ANATEL n. 574 e
575, de 28 de outubro de 2011, vem tempestivamente [1]
apresentar seus comentários, tudo no interesse de
contribuir para o adequado julgamento do pedido, em
respeito ao interesse público e arcabouço jurídico vigente.
CONSULTA PÚBLICA. PEDIDO DE ANULAÇÃO DE
ATO ADMINISTRATIVO FORMULADO PELA OI,
CONTRA O RGQ-SCM E RGQ-SMP. PRETENSÃO
PROCEDENTE. RESOLUÇÕES QUE VIOLAM O DUE
PROCESS. IMPOSIÇÃO DE RESTRIÇÃO ILEGAL,
IMOTIVADA E DESPROPORCIONAL ÀS
OPERADORAS. IMPACTOS RELEVANTES À LIVRE
INICIATIVA E À LIBERDADE DE ESCOLHA DO
CONSUMIDOR. EXISTÊNCIA DE MEIOS MENOS
GRAVOSOS PARA SE OBTER INCREMENTO NA
QUALIDADE DOS SERVIÇOS DE SCM E SMP. 1.
AFRONTA AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE:
REGULAMENTO QUE EXTRAPOLA OS LIMITES
DO DEC. PGMU E DA LGT. 2. VIOLAÇÃO AO
DEVER DE MOTIVAÇÃO: (A) DESCOMPASSO
ENTRE OS ELEMENTOS DOS AUTOS E A
REGULAMENTAÇÃO EXPEDIDA PELA AGÊNCIA;
(B) FALTA DE ANÁLISE ESPECÍFICA E
INDIVIDUALIZADA DAS CONTRIBUIÇÕES
ANGARIADAS DURANTE O PROCESSO DE
CONSULTA PÚBLICA; (C) DESCONSIDERAÇÃO DE
ALTERNATIVAS MENOS GRAVOSAS AO
INCREMENTO DA QUALIDADE DOS SERVIÇOS,
AS QUAIS SE ENCONTRAM SUGERIDAS NOS
AUTOS E APLICADAS, COM SUCESSO, EM
DIVERSOS OUTROS PAÍSES. 3. IMPOSIÇÃO DE
ÔNUS DESPROPORCIONAL ÀS OPERADORAS E
RESTRIÇÃO AO DIREITO DE ESCOLHA DO
CONSUMIDOR. UNIFORMIZAÇÃO NA
PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS QUE ARREFECE A
CONCORRÊNCIA, SEM APRESENTAR, EM
CONTRAPARTIDA, GARANTIA DE AUMENTO DO
BEM ESTAR DOS USUÁRIOS, REAL OU
PERCEBIDO. 4. PREOCUPAÇÕES REGULATÓRIAS,
CONCORRENCIAIS E CONSUMERISTAS
RELEVANTES, ENDOSSADAS PELA SEAE E PELA
PROCURADORIA DA ANATEL. I. INTRODUÇÃO 1.
A presente Consulta Pública tem por escopo central e
único o Pedido de Anulação, proposto pela Oi, em face
dos artigos. 8. (caput e 1 ), 11, 12, 13, 16, 17, 18, 19, 20 e
21 do RGQ-SCM e, ainda, dos artigos 8. , 10, 11, 13, 14,
15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22 e 23 do RGQ-SMP. 2. Em
apertada síntese, alega-se, dentre outros fundamentos,
que, quando da edição destas normas, a ANATEL teria
descumprido o seu dever de motivação, deixando de
responder adequadamente às diversas contribuições
apresentadas no bojo das Consultas Públicas de n. 46 /
2011 e n. 27 / 2010, durante as quais foram angariadas
sugestões e críticas ao desenho dos Regulamentos Gerais
de Qualidade que vieram, imediatamente depois, a
receber a chancela definitiva e aprovação formal da
Agência. Alega a Oi, ainda, que a adoção de um sistema
de metas muito rígido, tal como previsto naquelas regras,
acarreta ilegal e desproporcional obrigação de
investimento às operadoras, sendo que, doutro lado, a
uniformização da qualidade mínima dos serviços traria
expressivas preocupações com relação aos consumidores
havendo alternativas menos gravosas e mais efetivas
(testadas com sucesso em outros países), que poderiam
ser perseguidas. 3. Após exame do RGQ-SCM e RGQ-
SMP bem como dos processos administrativos que
resultaram na sua aprovação [2] e de seu cotejo com os
princípios e normas vigentes no nosso ordenamento
jurídico, concluímos que a edição dos referidos
Regulamentos merece detida reflexão e reparos por parte
da ANATEL, haja vista que contrariou o devido processo
legal administrativo (CF, art. 5. LIV), resultando em
restrição à liberdade de iniciativa (imposição de metas
rígidas e uniformes de qualidade) que pode, inclusive,
desaguar em prejuízo efetivo à liberdade de escolha do
consumidor, sem incremento ao seu bem-estar, real ou
percebido. 4. Como será tratado em maior detalhe adiante,
o poder regulador da ANATEL encontra-se, como,
ademais, toda e qualquer iniciativa legislativa no
ordenamento brasileiro, sujeito à observância do devido
processo legal, seja em aspecto formal (incluído, aqui, o
respeito às garantias da legalidade e da motivação), seja
em seu aspecto substancial (razoabilidade e
proporcionalidade da norma criada). 5. Contudo, referidos
Regulamentos parecem-nos ter extrapolado os limites do
Decreto n. 7512 / 2011 [3] ( PGMU ) ao qual
supostamente deveriam regular [4] e da Lei Geral de
Telecomunicações, afrontando, assim, o princípio da
legalidade. Além disso, os Regulamentos não foram
precedidos de adequada fundamentação, na medida em
que: (a) as contribuições oriundas da Consultas Públicas
46 / 2011 e 27 / 2010 não foram alvo de atenção
especifica e efetiva por parte da ANATEL (no tocante ao
RGQ-SMP, por exemplo, foram dedicadas apenas duas
páginas fls. 715 e 716 do processo para comentar as mais
de trezentas e vinte sugestões obtidas na consulta [5]); (b)
as metas de qualidade foram impostas sem ter como
fundamento estudo prévio e específico a amparar as
conclusões da Agência; e; por fim (c) não houve o exame
de soluções e propostas alternativas, que pudessem levar
aos mesmos fins desejados pela ANATEL. 6. As
considerações acima, diga-se, não são meramente
acadêmicas. Essa violação ao due process administrativo
traz consequências palpáveis tanto às operadoras que
ficarão submetidas a um cerceamento de sua liberdade de
iniciativa (CF, arts. 1. , IV, e 170, caput e IV) como,
principalmente, aos usuários finais, cuja liberdade de
escolha (CF, art. 170, V e CDC, art. 6. , II) ficará limitada
pela uniformização da oferta preconizada nos referidos
Regulamentos. Nesse sentido, o regime de metas, tal
como está, além de nos parecer desnecessário, rectius:
carente da devida calibração pois há comprovação nos
autos de que resultados semelhantes aos buscados pela
ANATEL foram obtidos em diversos outros países sem o
recurso a metas impositivas [6] , traz em si o risco de
indesejáveis efeitos colaterais ao mercado, tais como
arrefecimento da competição, redução da oferta do
serviço, aumento de preços e discriminação ilegal de
usuários na mesma situação; tudo isso sem a garantia de
que efetivamente haverá, em contrapartida, aumento do
bem estar do consumidor[7] . 7. Neste contexto, embora
absolutamente louvável o propósito se buscar, agora e
sempre, o aprimoramento da prestação dos serviços de
telecomunicações, parece-nos que o caminho escolhido
pode trazer reveses substanciais, o que justifica uma
análise mais detida, ponderada e prudente em âmbito
administrativo, notadamente pela ANATEL. Assim, e
segundo nosso entendimento, as considerações
formuladas pela Oi em seu Pedido de Anulação são
relevantes e merecem ser sopesadas por essa D. Agência,
a fim de se evitar a adoção de um regulamento de metas
rígidas, quando, conforme se extrai do material colhido
durantes as Consultas Públicas já realizadas, haveria
alternativas mais razoáveis e menos onerosas capazes de
conduzir aos mesmos, ou até melhores, resultados
práticos para o usuário final. Com a devida vênia e
sempre no intuito de contribuir para uma decisão com
melhor aderência ao interesse público e ao ordenamento
jurídico vigente, é o que se passa a expor. II. Da edição
dos Regulamentos questionados: violação ao devido
processo legal administrativo (a) O DUE PROCESS 8.
Como dito acima, tanto o procedimento adotado pela
ANATEL para a elaboração dos Regulamentos, quanto
seu resultado final, podem e devem ser analisados à luz
do Devido Processo Legal. Trata-se de princípio com
status constitucional e de direito fundamental, do qual
devem ser deduzidos todos os demais princípios e regras
processuais[8]. 9. O real alcance da cláusula do due
process, no entanto, vai muito além dos limites do
processo e procedimento[9]. Na qualidade de direito
fundamental, erige-se como verdadeiro sistema de
limitações ao exercício e imposição do poder pelos
agentes estatais, em nome e defesa suprema da liberdade
dos cidadãos [10]. A bem de sua efetividade máxima,
fala-se, assim, modernamente, em devido processo
processual (procedural due process) e devido processo
substancial (substantive due process), representando, cada
qual, diferente dimensão dessa garantia constitucional. 10.
Nesse contexto, e com relação à faceta eminentemente
processual da due process clause, consubstanciam-se em
manifestações desse princípio constitucional, por
exemplo, o direito ao contraditório, o direito à ampla
defesa, o direito à publicidade dos atos processuais, o
direito ao procedimento regular, a igualdade das partes e
paridade de armas, o direito à prova, o direito a um juiz
imparcial etc. Tal princípio reflete-se ainda na obrigação
de devida motivação dos atos produzidos pelos agentes
estatais, especialmente aqueles dos quais possa resultar
obrigação ou restrição a direito. Reflete-se, mais, na
obrigação do juiz ou, melhor dizendo, da autoridade que
conduza o processo de dar efetiva oportunidade às partes
de se manifestarem, levando em consideração seus
argumentos no momento de decidir. Tudo isso, enfim,
compõe o que se convencionou chamar conteúdo
processual do devido processo legal [11]. 11. Por outro
lado, em sua dimensão substancial, a cláusula do due
process atua no âmbito do próprio direito material.
Mediante a garantia do devido processo fica assegurado
não apenas o respeito ao correto procedimento à
imposição dos atos de poder do Estado, mas também que
o conteúdo final desses atos de autoridade será
proporcional e razoável [12]. Assim, e especificamente no
tocante à edição de novas normas, há e deve haver um
devido processo legal legislativo, o qual assegure ao
cidadão tanto o processo, transparente e idôneo, de edição
de novas leis, decretos e regulamentos, quanto seu
resultado final, proporcional, razoável e justo. (b) O
DEVIDO PROCESSO LEGAL ADMINISTRATIVO E
REGULATÓRIO 12. Tudo o que se disse acima se aplica,
com igual força, no âmbito dos processos administrativos
[13]. Não apenas a Constituição Federal expressamente
equipara o processo judicial e o administrativo, mas
também a doutrina já há muito tempo vem tratando da
chamada processualidade no direito administrativo [14].
Com efeito, o processo administrativo para ter validade e
legitimidade deve também observar o devido processo
legal e todas as demais garantias constitucionais [15]. É
hoje absolutamente indiscutível que a Administração deve
assegurar aos administrados todas as garantias inerentes
ao devido processo, em especial, dentre outros, a
obediência ao princípio da legalidade, ao dever de
fundamentar e motivar os atos administrativos, bem como
o respeito ao princípio da razoabilidade das leis [16]. 13.
Naturalmente, tais garantias incidem igualmente no
processo normativo realizado no âmbito das agências
reguladoras, que, embora autônomas, constituem-se
também em braços da Administração Pública. Cabe aqui,
no entanto, uma observação adicional importante: como
se sabe, o desenvolvimento das regulatory agencies se deu
em um contexto de descentralização normativa [17], que
conferiu a essas agências um destacado poder normativo /
regulador [18]. A legitimação desse poder, no entanto,
tem fundamento tanto na sua especialização técnica,
quanto e isso é extremamente relevante na estrita
observância e na democratização de seus
procedimentos[19] , mediante a adoção de mecanismos de
efetiva participação popular para a edição de normas e
regulamentos. 14. A consulta pública [20], assim, se
consubstancia em uma preciosa ferramenta de legitimação
da atuação da agência [21] e, por esse motivo, sobre ela se
aplica, com marcada intensidade, o dever de motivação
específica dos atos administrativos já que de nada
adiantaria a previsão de participação popular se a
Administração pudesse simplesmente ignorar as
contribuições, como se não passassem de mera
formalidade burocrática. Desse modo, integra o due
process regulatório a consideração concreta e efetiva das
sugestões recebidas em consulta pública, com a discussão
e análise das diferentes perspectivas trazidas à
Administração [22] . Importante frisar que consultar não é
apenas trazer a público um tema para debate, cumprindo
um procedimento formal acerca de uma decisão, porém,
já previamente definida e imutável; consultar, ao
contrário, é recepcionar no âmbito legislativo um modo,
mais democrático e legítimo, de aperfeiçoamento a
determinadas regras, o que se dá tanto por meio do grande
número de contribuições e sugestões ao tema (fator
participação), quanto através de uma efetiva ponderação
por parte do Poder Público das contribuições feitas (fator
efetividade). 15. Por fim, e ainda a respeito do devido
processo regulatório, é preciso dizer que as intervenções
das Agências Reguladoras sobre o âmbito econômico
consistem em verdadeiras intervenções do Estado na
economia, sujeitas à disciplina prevista, sobretudo, na
Constituição Federal. A este propósito, é certo que o
Ordenamento Brasileiro, desde os seus primórdios, se
mostrou bastante refratário à desarrazoada intervenção do
Estado na economia [23]. A Carta atual, nesse sentido,
consagra com bastante veemência o princípio da liberdade
de iniciativa e concorrência (art. 170, IV) [24], reservando
à atuação do Estado na economia um caráter subsidiário,
e estabelecendo com isso que qualquer intervenção será
sempre bastante excepcional e na menor medida do
possível [25] (CF, arts. 173 e 174). 16. Sendo assim, e por
expressa disposição constitucional, qualquer regulamento
que venha a interferir na liberdade de iniciativa deve ser
extraordinário, e limitado ao estritamente necessário para
a obtenção dos resultados buscados pela Agência. Mais:
dada a premissa de liberdade que paira sobre os
particulares, a restrição deve vir sobejamente
fundamentada (aplicando-se, portanto, standards bastantes
rigorosos de prova), com a demonstração concreta de que
se trata da solução mais razoável e adequada possível
[26]. A excepcionalidade da intervenção e o respeito à
liberdade de iniciativa compõem, pois, a moldura dentro
da qual se examina a razoabilidade e proporcionalidade da
norma. 17. Em suma: o devido processo legal se aplica
aos procedimentos e normas expedidos pelas Agências
Reguladoras nas quais se insere a ANATEL e somente
será atendido quando tiverem sido respeitadas, dentre
outras, as garantias de legalidade, devida motivação,
razoabilidade e proporcionalidade das normas, o que, no
âmbito de intervenção da ordem econômica, representa a
adoção da medida menos interventiva e menos gravosa, e
que restrinja o menos possível a liberdade de iniciativa e
concorrência. Uma análise do regulamento proposto pela
ANATEL passa, necessariamente, pelo cotejo de cada
uma dessas garantias. II.1. Das Resoluções ANATEL n.
574 e 575 / 2011 (a) VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA
LEGALIDADE 18. Como se sabe, à Administração
Pública só é dado agir secundum legem [27]. O princípio
da legalidade também componente do devido processo
legal administrativo exige do Poder Público estrita
sujeição à Constituição e a Lei [28]. A própria noção de
Estado de Direito [Rechtsstaat], aliás, é caracterizada e
composta pela submissão da Administração Pública à
legalidade, de tal sorte que, sem esse elemento, não
estamos falando mais de Estado de Direito e sim de outra
forma possível de Estado [Estado Patriarcal, Estado
Despótico e etc.] [29] . 19. Em consequência, as Agências
Reguladoras também devem estrita obediência à lei, da
qual extraem, inclusive, seu poder regulamentar. A esse
propósito, é preciso esclarecer que o poder regulamentar,
na verdade, consubstancia-se em uma espécie de poder
normativo, que, apesar dessa natureza, não se confunde
com poder de legislar. Melhor dizendo: poder
regulamentar e poder de legislar são espécies de poder
normativo que não se confundem desde a consagração do
regime constitucional moderno. 20. Com efeito, ao
contrário da legislação, os regulamentos não se prestam à
finalidade de criação de direitos e deveres, no sentido de
inovação normativa. Eles são atos normativos derivados,
secundários sendo sempre expedidos com suporte em
alguma norma, via de regra Lei, hierarquicamente
superior , não servindo, pois, de meio para alterar,
modificar ou acrescentar algum dispositivo a direito
posto. A própria ideia de regulamentar, nesse sentido,
inclusive, implica explicitar, esclarecer, facilitar [30]. 21.
A Lei, portanto, é o instrumento que deve ditar as balizas
dentro das quais as agências poderão exercer seu poder
normativo, sendo vedado ao ente regulador pretender
inovar como legislador [31]. Por mais extensa e atuante
que seja, a competência normativa da agência reguladora,
portanto, exibe natureza infralegal, semelhante àquela
reconhecida ao chefe do poder executivo [32].
Especificamente com relação à ANATEL, o próprio
Supremo Tribunal Federal já decidiu o óbvio, isto é, que a
agência não pode extravasar os limites da Lei, no
exercício do seu poder normativo [33]. 22. No caso ora
sub examine, contudo, tem-se que o ato administrativo
praticado a edição das Resoluções ANATEL n. 574 e 575,
de 2011, violou o princípio da legalidade, porquanto
exorbitou o estrito poder regulamentador da agência. Isto
porque, o Decreto n. 7.512 / 2011 (PGMU), que ela
supostamente quis regulamentar, não dispõe sobre a
qualidade dos serviços explorados, mas apenas e tão
somente fixa metas de universalização dos serviços. 23.
Demais disso, esse decreto (PGMU) autoriza a autarquia
unicamente a estabelecer parâmetros (cfr. seu art. 2. ), não
havendo, pois, que se confundir parâmetros com metas de
qualidade, como o fizeram as Resoluções n. 574 e 575 /
2011 que pretendiam regulamentar o aludido decreto.
Desse modo, as Resoluções n. 574 e 575 / 2011
extrapolaram seu poder regulamentador, e, com isso,
violam o princípio da legalidade e, com isso, o devido
processo administrativo haja vista terem ultrapassado os
limites jurídicos do poder regulamentar da agência,
criando, na realidade, verdadeira lei, inovando obrigações
gerais e abstratas anteriormente inexistentes e não
previstas no ordenamento jurídico. (b) DA VIOLAÇÃO
AO DEVER DE MOTIVAÇÃO 24. Como visto acima, a
instituição de metas rígidas de qualidade viola os limites
do poder normativo conferido à ANATEL. No entanto,
ainda que fosse possível a adoção de semelhante medida,
fato é que a decisão da Agência não veio acompanhada da
devida motivação, capaz de, em tese, justificar a
imposição dessa severa restrição à liberdade de iniciativa
das operadoras. 25. Como se sabe, o art. 93 IX da
Constituição Federal garante ao Administrado um direito
constitucional à fundamentação, que consiste na
necessidade de Administração Pública examinar todas as
questões postas à sua análise. Essa obrigatoriedade
também é explícita na Lei Geral de Telecomunicações
[34] e no próprio Regimento Interno da Anatel [35]. 26.
Motivar significa apontar os pressupostos fáticos e
jurídicos que legitimam, sustentam, embasam a atuação
da Administração Pública [36]. Os motivos, por sua vez,
nada mais são do que fatos e dados científicos ou reais,
bem como as regras e princípios jurídicos dos quais a
Administração parte para tomar uma decisão concreta ou
publicar novas normas de conteúdo geral, tal como um
regulamento. 27. A existência de motivos e de motivação,
além de permitir o controle da legalidade de atos da
Administração, revela a racionalidade do agir
administrativo e, em última instancia, conferem
legitimidade à Administração. A ausência de motivos e,
por conseguinte, da correta motivação, torna os atos
administrativos inconstitucionais e ilegais, permitindo sua
anulação [37]. 28. Destarte, para que um determinado ato
tenha sua legalidade confirmada é preciso, inicialmente,
que os motivos que o ensejaram existam e, além disso,
que corroborem, objetivamente, a necessidade de atuação
do Estado [38]. A fundamentação, assim, deve ser
substancial. Não é um exercício de retórica, nem uma
etapa burocrática. A Administração tem o dever de
analisar detidamente as questões postas a julgamento,
exteriorizando a base fundamental da sua decisão [39].
Tratando-se da edição de ato normativo, sujeito à consulta
pública, é preciso que a administração enderece,
especificamente, todas as contribuições e sugestões
formuladas pelos particulares acolhendo-as ou rejeitando-
as fundamentadamente [40]. Como dito anteriormente, a
participação popular deve ser efetiva, para que a
regulação possa atingir seus objetivos [41] sendo a
consideração especifica das contribuições a única forma
de se assegurar que essa participação se verificou de
forma concreta e efetiva. 29. Por fim, e ainda com relação
à expedição de regulamentos, é preciso, como visto, que a
Administração demonstre o motivo pelo qual está
adotando determinada solução, em detrimento de outros
caminhos possíveis. A questão, insista-se, é tanto mais
relevante quando se trata de restrição a direitos
especialmente direito fundamentais e de intervenção no
domínio econômico, na medida em que, por serem
verdadeiramente excepcionais, demandam uma
demonstração inequívoca de seu cabimento e adequação.
30. Dito isto, cumpre ressaltar que, no caso concreto, a
decisão administrativa de rejeitar as manifestações
formuladas pela Oi e outros, na Consulta Pública e editar
as Resoluções n. 574 e 575 / 2011 padece de nulidade
justamente por ausência de motivação e fundamentação
(violando, pois, também o comando constitucional inserto
na CF 93 IX), na medida em que: (a) Em primeiro lugar, a
ANATEL, com a devida vênia, não fundamentou
adequadamente o cabimento e necessidade do regime de
metas rígidas de qualidade que impôs às operadoras. Os
elementos dos autos em especial os estudos de direito
comparado mostraram que em todos os demais países do
mundo, as agências reguladoras obtiverem resultados
excepcionais empregando, unicamente, medidas para
aumentar a transparência da informação prestada ao
consumidor [42]. (b) Além disso, estudos econômicos
demonstraram que a medida trará um impacto financeiro
excepcional para as operadoras, capaz de comprometer
investimentos para expansão dos serviços [43]. (c) Além
disso, houve a demonstração de que os aspectos técnicos
não são a preocupação primordial do usuário e, portanto,
a alteração em seus parâmetros não será capaz, por si só,
de resultar em um aumento do bem estar dos
consumidores [44]. (d) As características técnicas e
demais fatores que determinam a velocidade e qualidade
do serviço não são as mesmas para o SCM e o SMP [45],
de modo que as metas adotadas (sem justificativa) para o
SMP não poderiam ter sido simplesmente transpostas para
a outra modalidade de serviço. 31. Diante desse quadro,
resta claro, portanto, que os elementos presentes nos
autos, nos quais a Agência deveria ter fundamentado sua
decisão, não apontam para a necessidade de adoção de
metas rígidas de qualidade, muito menos sinalizam, de
forma conclusiva, qual seria o eventual parâmetro
adequado para tais metas, caso, de fato, necessárias. A
decisão dessa D. Agência, assim, e com o devido
acatamento, surge desvinculada e sem nexo com os
elementos dos autos, de modo que não atende aos
elevados standards de convencimento necessários para a
imposição de uma medida tão severamente restritiva de
direitos. 32. A falta de motivação é reforçada pelo fato de
que a Agência, com o devido respeito, não se manifestou
adequadamente sobre as contribuições angariadas com as
Consulta Públicas. A procuradoria da ANATEL, nesse
particular, já havia alertado para o fato de que as
contribuições não haviam nem sequer sido arroladas
adequadamente, com a devida indicação da sugestão e da
resposta da Agência [46] o que, desde logo, já punha em
xeque a validade das conclusões do ente regulatório [47].
Mais grave do que isso, contudo, é o fato de que as mais
de 320 (trezentas) contribuições ao RGQ-SMP foram
respondidas em duas páginas pela ANATEL [48],
restando evidente, portanto, que não foram alvo da detida
consideração exigida pelo dever de motivação previsto na
Constituição Federal, consubstanciando-se em mero ritual
formalístico. 33. No caso ora sub examine, as Consultas
Públicas realizadas pela ANATEL, em especial a
referente ao RG!-SMP, transfiguraram-se, portanto, em
expedientes meramente formais e que não atingiram seu
desiderato, que é a efetiva oitiva e participação da
sociedade. As diversas (repita-se, mais de 1.000; 320
apenas para o SMP) contribuições feitas ao longo das
Consultas Públicas tornaram-se mero emaranhado de
sugestões, sem receber a devida ponderação e juízo
adequado por parte da ANATEL. 34. Demais disso,
justamente porque não foram considerados os pontos
levantados na Consulta Pública, também não foram
efetivamente debatidas eventuais medidas alternativas a
nortear a atuação da Administração Pública e sua
intervenção sobre a economia, que, como dito, é
subsidiária e deve pautar-se sempre pela forma mais
eficiente, menos onerosa e mais adequada, respeitando,
pois, os princípios da proporcionalidade (ou da proibição
de excesso) [49] e da razoabilidade. 35. Nesse particular,
seria recomendável no caso, imprescindível que a
ANATEL tivesse realizado uma prévia e cuidadosa
Análise de Impacto Regulatório, para medidas as devidas
consequências do regime de metas que pretende
inaugurar, nos moldes preconizados pelo Decreto n. 4176
/ 2002 [50]. Referida análise permitiria a comparação e
mensuração dos efeitos, sobre mercado, operadoras e
consumidores, de diferentes soluções para o incremento
da qualidade dos serviços, permitindo comparar e
determinar, de forma inequívoca, o regime que melhor
atenderia aos princípios em jogo. 36. A questão é tanto
mais relevante pelo fato de que numerosas manifestações
nos autos inclusive e principalmente da SEAE indicaram
que a opção por um regime de maior transparência seria
capaz de obter os mesmos ou até melhores resultados,
sem causar preocupações concorrenciais. A experiência
regulatória internacional, em especial da OFCOM
(Autoridade Regulatória do Reino Unido) é extremamente
positiva neste sentido, alcançando resultados concretos
apenas com o investimento nas obrigações de
informações e comparação entre as prestadoras. A falta de
um estudo completo sobre essas alternativas notadamente
o investimento em informação, sugestão que foi reiterada
em diversas e alentadas contribuições compromete a
validade das conclusões, principalmente quando nos autos
não se encontra fundamento suficiente para minimamente
recomendar a adoção de um sistema de metas rígidas,
quanto mais nos patamares apontados pela ANATEL. (C)
CONSEQÜÊNCIAS DA VIOLAÇÃO AO DEVIDO
PROCESSO LEGAL NO CASO CONCRETO 37. As
violações ao devido processo legal tratadas acima não são
invocadas por mero capricho ou retórica. No caso, o
descumprimento dessas regras fundamentais os princípios
da legalidade e da motivação acabam por acarretar danos
concretos aos direitos dos administrados, tanto das
prestadoras de SCM e SMP, quanto, potencialmente, dos
usuários finais, consumidores dos serviços de banda larga.
38. Em primeiro lugar, houve intromissão indevida na
liberdade de iniciativa das operadoras. Tanto o SMP
quando o SCM são serviços prestados em regime privado
[51], de modo que a fixação de padrões mínimos para sua
operação, em caráter obrigatório, vai certamente muito
além do mero incentivo ou planejamento permitidos pela
Constituição Federal (art. 174) 39. Ainda com relação às
operadoras, estas ficaram também sujeitas a obrigações
desproporcionais de cumprimento de metas e
investimentos [52]. Com efeito, investimentos bilionários
serão necessários, e que comprometeram a ampliação da
oferta da rede para os usuários, sem a segurança de que
haverá um resultado efetivo no aumento do bem estar
líquido dos consumidores. É preciso chamar atenção,
ainda, para o fato de que esse pesadíssimo aumento de
custos representa também uma substancial barreira à
futura expansão dos concorrentes menores o que também
representa, por si só, um grave entrave à competição. 40.
Por fim, a imposição de um padrão uniforme de conduta
para os concorrentes no mercado também interfere na
liberdade de escolha do consumidor valor que é um dos
pilares do sistema de proteção ao consumidor. Conforme
se verá a seguir, a implementação de políticas públicas
por determinada agência reguladora deve necessariamente
se harmonizar com as demais políticas públicas
defendidas pelo sistema. No caso, o incremento na
qualidade dos serviços de banda larga fim último da
regulamentação ora examinada deve ser feito de forma
compatível com os direitos e garantias fundamentais do
consumidor, em especial o direito de ter acesso a
variedade e diversidade, o que lhe é garantido, como se
sabe, principalmente através da livre competição. III.
Regulação, competição e direitos do consumidor:
necessidade de harmonização entre diferentes políticas
públicas 41. Ao exercer sua competência de expedir
normas para a regulamentação do setor, não há dúvidas de
que a ANATEL desenvolve papel fundamental para o
avanço de determinadas políticas públicas, ligadas aos
serviços de telecomunicações [53]. No entanto, as
preocupações da ANATEL, nada obstante sabidamente
importantes, compõem apenas parte de um quadro de um
sistema maior que contém ainda outros valores
igualmente relevantes. Dito de outro modo, a política
pública desenvolvida pela Agência, como, ademais,
qualquer política pública, é parcial e limitada, e por isso
mesmo deve ser estrutura de forma a poder cooperar co
outras políticas públicas e valores defendidos pelo
Ordenamento Brasileiro, que são tão ou mais caros ao
sistema e à população. 42. A política de qualidade dos
serviços de comunicação multimídia e da prestação de
serviço móvel pessoal, assim, deve ser regulada de forma
a atender não apenas às diretrizes fixadas na LGT (as
quais, como se viu acima, não parecem ter sido
obedecidas), mas também com a cautela de se harmonizar
e não interferir de forma equivocada com outras políticas
públicas, situação que, por vezes, pode trazer mais danos
que benefícios à sociedade [54]. 43. De modo mais
concreto, a melhor qualidade dos serviços deve ser
buscada em harmonia com os demais valores prestigiados
pelo sistema, dentre eles e em especial a livre iniciativa e
livre concorrência [55], de um lado e, de outro, a
liberdade de escolha do consumidor. 44. Esse último,
aliás, se destaca como importante vetor para composição
desses diferentes valores, na medida em que a liberdade
de escolha do usuário atua como mola propulsora da
inovação e desenvolvimento dos serviços de
telecomunicações, ao mesmo tempo em que é apontada
como objetivo da defesa da concorrência [56]. Além
disso, o sistema do CDC é todo direcionado a assegurar
que o consumidor possa efetivamente ter e exercer ampla
liberdade de escolha no mercado de consumo [57]. Longe
de prescrever um dirigismo econômico do consumidor
impondo o que, quando e de que forma consumir o
Código consagra como princípio fundamental a liberdade
de escolha (art. 6. ), colocando assim, em contrapartida, a
variedade na oferta como valor a ser perseguido [58]. 45.
Assim, o CDC a todo passo se assegura de que o
consumidor deve poder exercer seu direito de escolha de
forma livre e informada [59], e ver cumprida a oferta nos
exatos termos em que contratada: (a) O CDC garante
informação ampla, clara, transparente, útil ao consumidor
[60]. Assegura, ainda, que não haverá publicidade
enganosa tudo para possibilitar que a vontade do
consumidor seja exercida de forma livre. (b) Além disso,
o CDC desenvolveu mecanismos de coerção e proteção
para garantir que, uma vez escolhida, a oferta seja
efetivamente cumprida [61]. Sem isso, a liberdade de
escolher tornar-se-ia, na prática, uma ficção. (c) Por fim,
o CDC atua no sentido de fazer com que o custo de
transação e de mudança pelo consumidor seja o mais
baixo possível, de sorte a lhe permitir contínuas escolhas
e trocas de fornecedores ao longo do tempo, punindo o
mal prestador e bonificando o agente econômico que
respeita seus direitos e, sobretudo, escolhas. 46. Por outro
lado, a liberdade de escolha não se concretiza sem a
garantia de que haverá variedade de opções. Com efeito,
ao mesmo tempo em que fornece informação e proteção
ao consumidor, o sistema deve garantir que o mercado
possa lhe oferecer o maior espectro de variedades
possível [62]. São assim, dois lados da mesma moeda:
liberdade de escolha e variedade de opções [63]. A
preservação do critério da escolha conduz a um ambiente
que oferece os menores preços, a melhor qualidade e
quantidade de produtos e o mais alto grau de excedente
do consumidor, conduzindo, inclusive a outros benefícios
econômicos, dentre os quais a eficiência [64]. Para
assegurar justamente a efetiva liberdade de escolha, livre
iniciativa e livre concorrência tornam-se valores
relevantes [65]. 47. É aqui, pois, que a defesa da
concorrência surge como complemento indispensável à
tutela do consumidor. De fato, é estreita a relação entre o
direito do consumidor e o direito da concorrência [66].
Ambos visam a assegurar escolhas do consumidor e com
isso, maximizar o seu bem estar [67]. Neste sentido, a
proteção da concorrência não é um fim em si mesmo, mas
constitui instrumento que, fundado no princípio da
igualdade, visa a preservar as forças no mercado, a
transparência nas informações que nele circulam e, em
última análise, garantir opções para que o consumidor
possa exercer seu direito básico de escolha [68]. A
garantia da livre competição e da livre concorrência,
desse modo, traz inequívocos benefícios à defesa do
consumidor [69]. A organização da competição, assim,
deve ser feita de forma a não reduzir o bem estar do
consumidor [70] o que, ordinariamente, implica
concessão de liberdade aos agentes para que compitam e
ofereçam no mercado a maior gama de opções possível ao
consumidor. 48. Dentro desse contexto, é possível
concluir que o ordenamento brasileiro se mostra bastante
refratário a medidas que visem à uniformização das
práticas comerciais por exemplo, mediante a imposição
de metas rígidas de qualidade mínima para a prestação do
serviço e, com isso, reduzam as opções disponíveis ao
consumidor, engessando ou mesmo comprometendo
aspectos relevantes da competição [71]. Assim, embora
não se descarte a possibilidade, em alguns casos, de
adoção de semelhantes medidas, fato é que elas
ordinariamente caminham na contramão de valores
privilegiados pelo sistema e, por isso mesmo, devem ser
reservadas a situações muitíssimo excepcionais, nas quais
haja certeza absoluta de que seus benefícios compensaram
seus indesejados efeitos colaterais. 49. No presente caso,
como dito acima, a ANATEL, com o devido acatamento,
não se desincumbiu de demonstrar que a adoção de metas
rígidas seria absolutamente necessária, notadamente,
como única e melhor opção para o desejado incremento
na qualidade dos serviços. Além disso, também não foi
demonstrado que esses patamares específicos seriam
também os mais adequados para atender às diferentes
necessidades do mercado, em todas as suas diferentes
nuances. 50. O que se pode afirmar, no entanto, é que os
eventuais benefícios que a ANATEL aguarda obter com a
medida devem ser sopesados diante dos sérios e
indesejáveis efeitos colaterais que a medida é capaz de
provocar no mercado e que podem acabar desaguando, ao
fim das contas, e no médio e longo prazos (ou, às vezes,
em curtíssimo espaço de tempo) em um quadro final
negativo para o mercado e para o consumidor. 51. A
preocupação com as conseqüências indesejadas da
medida, nesse particular, foi aventada a viva voz nos
autos das Consultas Públicas, em mais de um momento.
Mais importante, a crítica se originou de agentes da
própria Administração Pública, livres, portanto, de
qualquer questionamento que se possa fazer sobre a
eventual parcialidade de tais preocupações. 52. Com
efeito, a primeira preocupação é o arrefecimento da
concorrência, ou, como bem colocado pelo procurador da
ANATEL o estabelecimento de indicador que garanta um
percentual mínimo de transmissão máxima contratada
pode gerar o inconveniente de o parâmetro mínimo
tornar-se, na prática, parâmetro máximo [72]. Com efeito,
há o risco real de que a uniformização nos padrões de
qualidade acabe por acomodar os players no mercado,
reduzindo seus esforços em competição. 53. É preciso
destacar, ainda, que a uniformização preconizada traz
uma preocupação adicional, pois, do ponto de vista da
demanda, as necessidades dos consumidores de SCM e
SMP, ao longo do território nacional, são bastante
diversificadas. Talvez o parâmetro uniforme determinado
pela Agência seja muito baixo para São Paulo, por
exemplo, enquanto que para outras localidades, como o
interior do Maranhão, se revele muito além do necessário
para suprir as necessidades da comunidade,
representando, portanto, em um superinvestimento
absolutamente inócuo para o incremento do bem estar do
consumidor. A meta mínima, assim, não permite calibrar
adequadamente os esforços e investimentos, causando
ineficiência sem que haja, como contrapartida, um efetivo
benefício ao usuário final [73]. 54. Por outro lado, a
Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério
da Fazenda SEAE / MF, em sua contribuição [74],
apontou que as metas da ANATEL se encontram acima
do que vem sendo oferecido pelo mercado que, por sua
vez, vem sendo avaliado como um ambiente bastante
competitivo [75]. Essa constatação, por si só, é suficiente
para recomendar extrema cautela na fixação das metas
[76] notadamente porque pode sinalizar, como acredita a
SEAE, que o problema não é de ordem técnica, mas
apenas de falta de informação adequada [77]. De todo
modo, o aumento de exigências, para além do que o
mercado espontaneamente oferece, traz preocupações
concorrenciais importantes, pois impõe barreiras
artificiais à entrada, reduzindo a oferta, aumentando o
preço e tendo, como conseqüência, a redução do acesso
do consumidor ao serviço: artigos 16 e 17 da proposta,
que tratam de garantias de velocidade média e
instantânea, enquadram-se em hipóteses de dano potencial
à concorrência por excederem na regulamentação o que os
consumidores atuais adquirem no mercado, o que,
segundo o Guia de Avaliação da OCDE, tende a limitar a
concorrência entre empresas por aumentar o custo de
produção e o preço final do serviço; por gerarem uma
assimetria não-neutra do ponto de vista tecnológico,
favorecendo as tecnologias fixas em detrimento das que
dependem de espectro; e ainda por terem o potencial de
gerar ineficiências alocativas na rede. [78] 55. Nesse
particular, estudos econômicos encartados nos autos da
Consulta Pública evidenciam que a adoção desses
parâmetros mínimos envolve gastos elevados, cuja
aplicação na dimensão qualidade do serviço acabará por
comprometer investimentos para a expansão da rede,
culminando por frustrar os objetivos desejados pela
Agência. Esse descompasso entre a expansão esperada e
os parâmetros novos de qualidade vai se resolver em
detrimento do consumidor já que o resultado natural será
o aumento de preços [79]. 56. Finalmente, ao dispensar as
pequenas operadoras do cumprimento das metas de
qualidade, as Resoluções acabam por criar,
inadvertidamente, duas classes de usuários, em ofensa ao
princípio da isonomia. Se, como leva a crer a ANATEL, a
qualidade mínima é um valor a ser perseguido, não faz
sentido oferecê-la apenas a alguns consumidores, mas não
a outros. Com efeito, ou a qualidade mínima é relevante e
todos devem ser igualmente submetidos ao padrão ou não
é; e, nesse caso, as operadoras deveriam ser dispensadas
de seu cumprimento, cada qual oferecendo, livremente, o
serviço com a qualidade que entender ser a mais
adequada. Entender diferentemente é tratar de forma
desigual usuário na mesma situação, em ofensa ao
princípio da isonomia. 57. Posto isto, para além da
discussão, até agora com o devido respeito ainda não
aclarada pela ANATEL, sobre os benefícios / prejuízos e /
ou correta calibração de metas à luz do desejável aumento
de bem estar líquido ao consumidor, deve-se perscrutar
sobre possíveis caminhos outros para o alcance desse
objetivo. 58. Nesse particular, à luz da preservação dos
objetivos centrais desejados pelo CDC (v. acima), parece
boa política pública aquela que privilegie, acima de tudo,
mecanismos de garantia à liberdade de escolha e
cumprimento contratual, com reduzido custo de troca ao
consumidor. Esses fatores não parecem ser recepcionados
pelo regime rígido de metas propugnado pela ANATEL.
Assim, o caminho mais adequado para o incremento
buscado na qualidade do serviço depende, acima de tudo,
do debate sobre instrumentos e incentivos práticos que
pudessem garantir, em teoria e na prática: (a)
Transparência total em relação aos termos do serviço
ofertado (anúncio / publicidade), contratado e
efetivamente prestado pelo fornecedor ao consumidor,
evitando-se ofertas enganosas e / ou uma prestação de
serviço desatrelada daquela contratada pelo consumidor,
sem possibilidade de sua verificação. (b) Determinações
específicas para que o incumprimento contratual pelo
fornecedor possa implicar o fim da relação contratual sem
qualquer multa e / ou respeito a períodos de fidelidade,
garantindo-se ao consumidor efetiva liberdade de troca,
com reduzido custo transacional. V. Conclusões 59. Em
síntese, e, reitere-se, sempre no intuito de contribuir para
uma decisão com melhor aderência ao interesse público e
ao ordenamento jurídico vigente, nossas conclusões são
as seguintes: (a) A edição dos referidos Regulamentos
merece detida reflexão e reparos por parte da ANATEL,
haja vista que contrariou o devido processo legal
administrativo (CF, art. 5. LIV), em sentido formal e
substancial, resultando em restrição à liberdade de
iniciativa (imposição de metas rígidas e uniformes de
qualidade) que pode, inclusive, desaguar em prejuízo
efetivo à liberdade de escolha do consumidor, sem
comprovado incremento ao seu bem-estar, real ou
percebido. (b) Com efeito, os Regulamentos violam o
princípio da legalidade, na medida em que extrapolam os
limites do Decreto n. 7512 / 2011 ( PGMU ) ao qual
supostamente deveriam regular e da Lei Geral de
Telecomunicações. (c) Afrontam, ainda, o princípio da
devida motivação, pois (i) a Agência não dedicou atenção
específica e efetiva ao resultado das Consultas Públicas
46 / 2011 e 27 / 2010; (ii) não embasou a necessidade de
adoção das metas, ou seus parâmetros, em estudos prévios
e específicos; (iii) não foram examinadas propostas e
soluções alternativas, capazes de atingir os mesmos ou até
melhores resultados, com menores ônus para os
administrados e para os usuários. Nesse particular,
constam dos autos diversos estudos que apontam que a
experiência internacional dispensa a adoção de metas
rígidas, concentrando-se, outrossim, na implementação de
políticas de informação, com resultados expressivos no
incremento da qualidade do serviço. (d) A violação ao
devido processo legal narrado acima levou à imposição de
um ônus desproporcional às operadoras, cerceando sua
liberdade de iniciativa. Além disso, o agravamento dos
encargos financeiros pode resultar em barreiras à
expansão de concorrentes, com reflexos indesejados e
negativos para a competição no setor. (e) Mais
importante, a uniformização da oferta preconizada pelos
Regulamentos pode vir a representar severa e injustificada
interferência no direito de livre escolha do consumidor,
trazendo como indesejáveis efeitos colaterais o
arrefecimento da competição, redução da oferta do
serviço, aumento de preços e discriminação ilegal de
usuários na mesma situação, tudo isso sem a garantia de
que efetivamente haverá, em contrapartida, aumento do
bem estar do consumidor. (f) Nesse sentido, e por fim,
cumpre lembrar a advertência da SEAE / MF cuja
imparcialidade no trato da questão está além de qualquer
dúvida que apontou não apenas o risco concorrencial
decorrente da adoção dos regulamentos, mas também para
o fato de que os aspectos técnicos enfocados pela norma
não são prioridade para o consumidor, que seria melhor
atendido mediante a adoção de políticas ainda mais
amplas de informação. É a nossa contribuição à Consulta
Pública, apelando-se ao juízo de prudência e
razoabilidade dessa i. ANATEL no tratamento dos
argumentos e temática sub examine. Nelson Nery Junior
OAB / SP n. 51.737 Gabriel Nogueira Dias OAB / SP n.
221.632 Notas ao longo do texto: [1] O prazo para
contribuição esgota-se em 01 / 02 / 2012, sendo, portanto,
tempestiva a presente manifestação. [2] Processos
administrativos n. 53500.003163 / 2010 e n.
53500.016120 / 2008. [3] Que aprova o Plano Geral de
Metas para Universalização do Serviço Telefônico Fixo
Comutado Prestado no Regime Público PGMU, e dá
outras providências. [4] Conforme consta expressamente
da Análise 810 / 2011-GCJR. [5] Cf. Informe n. 1060 /
2011 / PVCPR / PVCP / SPV. [6] Por exemplo, trabalho
da consultoria Cullen International avalia com detalhes o
quadro regulatório relativo à qualidade do serviço em
diversos países da OCDE, incluindo França, Alemanha,
Itália, Holanda, Suécia, Espanha e Reino Unido. De modo
geral, a prática internacional não dá suporte à aplicação de
metas previstas pelo Regulamento. Ao contrário, os países
pesquisados tem primado pela adoção de políticas e ações
que aumentem a transparência e a padronização das
informações no que se refere às características e
desempenho dos serviços contratados, permitindo ao
consumidor mais informações sobre o que lhe é entregue
(capacidade de acesso), bem como favorecer uma maior
comparabilidade entre as prestadoras e planos anunciados.
Estas são, inclusive, as recomendações da UIT, que
elenca, entre os pilares para incentivar a demanda pelo
serviço de banda larga em países em desenvolvimento (
Building broadband: Strategies and policies for the
developing world ), ações com o objetivo de fornecer aos
consumidores informações acerca dos provedores, opções
de preço e tecnologia disponível (cf. LCA Consultoria
documento apresentado pela Oi como contribuição à
Consulta Pública 46 / 2011). [7] Como ficou demonstrado
ao longo do processo, inclusive por informações prestadas
pela Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE),
a percepção de qualidade, por parte do consumidor, não
se prende precipuamente aos aspectos técnicos objeto do
regulamento, de modo que é provável que, ainda que haja
investimento e melhoria técnica, não haja percepção
efetiva, pelo usuário, de qualquer incremento em seu bem
estar. [8] Nesse particular, bastaria que a CF tivesse
adotado o princípio do due process of law para que dele já
decorressem, per se, todas a garantias e consequências
processuais que se asseguram aos Administrados o direito
a um processo justo e a uma decisão justa, falando-se
modernamente em eficácia processual dos direitos
fundamentais. Nesse sentido: Nelson Nery Junior.
Princípios do Processo na Constituição Federal, 10. ed.,
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, Cap. II, n. 5, pp.
78 / 79. [9] E, portanto, não pode e não deve ficar
confinado a qualquer fórmula rígida Due process cannot
be imprisoned within the treacherous limits of any
formula. Representing a profound attitude of fairness
between man and man, and not particularly between the
individual and government, due process is compounded
of history, reason, the past course of decisions and stout
confidence in the strength of the democratic faith which
we profess (cf. Steven H. Gifis. Law Dictionary, Barron s
Educational Series, Inc.; 4th edition. p. 149-150). [10] Cf.
Candido Rangel Dinamarco. Processo civil empresarial,
São Paulo: Malheiros, p. 62. [11] A cláusula do
procedural due process é, em suma, a possibilidade
efetiva de a parte ter acesso à justiça e à ordem jurídica
justa, deduzindo sua pretensão e defendendo-se do modo
mais amplo possível, ou, na denominação genérica da
Supreme Court dos Estados Unidos da América, de ter his
day in Court. (cf. Nelson Nery Junior. Princípios do
Processo na Constituição Federal, 10. ed., São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2010, Cap. II, n. 8, p. 87). [12]
Com efeito, nos casos em que a Administração dispõe de
certa liberdade para eleger o comportamento cabível
diante do caso concreto, isto é, quando lhe cabe exercitar
certa discrição administrativa, evidentemente tal liberdade
não lhe foi concedida pela lei para agir
desarrazoadamente (Cf. Celso Antônio Bandeira de Melo.
Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros.
2005. p.69). Ao contrário do que afirma parte da doutrina
nacional, razoabilidade não é um conceito jurídico
indeterminado. O conteúdo desse princípio é muito claro
e consiste em três exigências, a saber: qualquer medida
estatal de limitação da liberdade, inclusive econômicas, e
da propriedade deve ser necessária, adequada e
proporcional. A medida interventiva estatal, assim, será
considerada necessária apenas se não houver outra
medida que possa atingir os mesmos objetivos
(adequação) com menores prejuízos ao particular. Acerca
da problemática da razoabilidade no Brasil e no direito
estrangeiro, cf., sobretudo, Irene P. Nohara. Limites à
razoabilidade nos atos administrativos, São Paulo: Atlas,
pp. 45 e seguintes [13] Acerca desse princípio, v. Nelson
Nery Junior. Princípios do processo na Constituição
Federal (processo civil, penal e administrativo), 10. ed.,
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, n. 7, p. 84: O
devido processo legal se manifesta em todos os campos
do direito, em seu aspecto substancial. No direito
administrativo, por exemplo, o princípio da legalidade
nada mais é do que manifestação da cláusula substantive
due process. Os administrativistas identificam o
fenômeno do due process, muito embora sob outra
roupagem, ora denominando-o de garantia da legalidade e
dos administrados, ora vendo nele o postulado da
legalidade. Já se identificou a garantia dos cidadãos
contra os abusos do poder governamental, notadamente
pelo exercício do poder de polícia, como sendo
manifestação do devido processo legal . [14] Cf. Odete
Medauar, A processualidade no direito administrativo,
São Paulo, RT, 2008. [15] Miguel Alejandro López
Olvera. Los principios del procedimiento administrativo,
in David Cienfuegos Salgado e Miguel Alejandro López
Olvera (coord.). Estudios en homenaje a Don Jorge
Fernández Ruiz, Mexico: Universidad Nacional
Autónoma de México, 2005, n. III, p. 180. No mesmo
sentido: Jesús González Pérez. Manual de procedimiento
administrativo, 2. ed., Madrid: Civitas, 2002, Cap. 3, Seç.
1, n. 2, p. 474 [16] Sendo assim, no Estado
Constitucional, o processo administrativo não deve mais
ser examinado apenas como um mero instrumento a
serviço do Estado a fim de tutelar o interesse público. No
Estado Democrático de Direito, o processo administrativo
adquire outra e nova dimensão, constituindo-se como
verdadeira garantia do administrado que não pode ter seus
direitos atingidos pela Administração Pública sem que
seja observado rigorosa e substancialmente o devido
processo legal e as demais garantias constitucionais.
Nesse sentido: Miguel Alejandro López Olvera. Los
principios del procedimiento administrativo, in David
Cienfuegos Salgado e Miguel Alejandro López Olvera
(coord.). Estudios en homenaje a Don Jorge Fernández
Ruiz, Mexico: Universidad Nacional Autónoma de
México, 2005, n. III, p. 179. [17] Sobre o histórico de
desenvolvimento das agências reguladoras, consulte-se
Gustavo Binenbojm. Uma teoria do Direito
Administrativo: Direitos Fundamentais, Democracia e
Constitucionalização. Rio de Janeiro: Renovar, 2008. [18]
Cf. José dos Santos Carvalho Filho, Agências
Reguladoras e Poder Normativo, in O Poder Normativo
das Agências Reguladoras, Coord. Alexandre dos Santos
Aragão, Forense, p. 75. [19] Denis Galligan sintetiza essa
realidade, comentando que os procedimentos ainda são
instrumentos para um resultado, mas a confiança no
resultado está relacionada à confiança no procedimento
(cf. Due Process and Fair Procedures, p. 66). [20]
Consulta pública consiste no questionamento à opinião
pública acerca de assuntos de interesse coletivo,
ordinariamente, antes da elaboração das normas jurídicas
(cf. Gustavo Binenbojm, Uma teoria do Direito
Administrativo: Direitos Fundamentais, Democracia e
Constitucionalização. Rio de Janeiro: Renovar, 2008, p.
297). [21] Com efeito, o principal mecanismo de
legitimação democrática da Administração Pública é o da
participação dos titulares de interesses individuais,
coletivos e difusos através de audiências e consultas
públicas prévias à edição dos atos normativos que possam
afetar seus interesses.(cf. Alexandre Santos de Aragão. A
Legitimação Democrática das Agências Reguladoras. In:
Binenbojm, Gustavo (coord). Agências Reguladoras e
Democracia. Rio de Janeiro: Renovar, 20052005, p. 13).
[22] A participação dos privados no procedimento, ao
permitir a ponderação pelas autoridades administrativas
dos interesses de que são portadores, não só se traduz
numa melhoria de qualidade das decisões administrativas,
possibilitando à Administração uma mais correta
configuração dos problemas e das diferentes perspectivas
possíveis da sua resolução, como também torna as
decisões administrativas mais facilmente aceites pelos
seus destinatários. Pelo que a participação no
procedimento constitui um importante factor de
legitimação e de democraticidade de actuação da
Administração Pública (cf. Vasco Manuel Pascoal Dias
Pereira da Silva. Em Busca do Ato Administrativo
Perdido. Coimbra: Ed. Almedina, 1996, p. 402). [23]
Desde a declaração da independência, as Cons tituições
brasileiras, salvo aquelas editadas nos períodos
autoritários, sempre vedaram a intervenção irrazoável do
Estado na e sobre a economia. A Constituição Imperial de
1824 era explícita ao vedar a intervenção estatal
desnecessária, infundada, tanto que, em seu art. 179,
dispunha que nenhuma lei será estabelecida sem utilidade
pública . Esse dispositivo assentou, há aproximadamente
dois séculos, a razoabilidade como um princípio de
intervenção do Estado na e sobre a liberdade e a
propriedade, observando-se que os destinatários dessa
norma eram os titulares do poder normativo, isto é,
aqueles que tinham competência para editar normas de
restrição da economia. [24] Livre-iniciativa é o direito de
entrar no mercado aberto como produtor, intermediador,
distribuidor de produtos e / ou como prestador de
serviços, e também o direito de inovar e lançar novos
produtos e serviços que permitam esse ingresso.
Reflexamente, esse princípio enseja, ainda, uma proibição
de que o Estado ou qualquer outro agente de mercado
impeça a fruição desses direitos pelos particulares. [25]
Intervenção na economia é a atuação direta do Estado na
execução de atividades primárias, secundárias e terciárias
em substituição ou em complementação às atividades
econômicas exercidas pelos agentes particulares de
mercado. Nessa seara, o Legislador foi sábio ao também
criar um preceito geral que orienta, em última instân cia, a
decisão de o Estado entrar ou não no mercado como
agente produtor ou presta dor de serviços. Trata-se da
norma contida no art. 173, caput da Carta Magna, a qual
afirma expressamente que apenas por motivo de
segurança nacional ou relevante interesse coletivo deverá
agir o Estado como agente econômico (cf. Dinorá Grotti,
Intervenção do Estado na economia, Cadernos de Direito
Constitucional e Ciência Política, n. 15, p. 79). [26] Nesse
sentido, Thomas Fleiner; Alexandre Misic e Nicole
Töpperwien. Swiss Constitutional Law, Berne, Kluwer
Law International, 2002, n. 562-563, p. 180, que
prelecionam que limitações a direitos fundamentais
somente podem ter por base outros direitos fundamentais
o que, no caso do acesso banda larga, pode nem mesmo
ser o caso e devendo a restrição ser sempre absolutamente
fundamentada. [27] Cf. Michel Stassinopoulos. Traité des
actes administratifs, Paris: LGDJ, 1973 (reimpressão da
ed. de 1954), 10, I, p. 69. [28] Cf. Nelson Nery Junior e
Rosa Maria de Andrade Nery. Constituição Federal
Comentada, 2. ed., São Paulo: Revista dos Tribunais,
2009, coment. 7 CF 37, p. 352. [29] Cf. Michel
Stassinopoulos. Traité des actes administratifs, Paris:
LGDJ, 1973 (reimpressão da ed. de 1954), 1, II, pp. 18 /
19; e Georg Jellinek. Teoría general del Estado, México:
Fondo de Cultura Económica, 2004 (reimpressão), XI, 1,
c, p. 348 e 351. [30] Nesse sentido, Gilmar Ferreira
Mendes, Inocêncio M. Coelho e Paulo Gustavo Gonet
Branco. Curso de direito constitucional, São Paulo:
Saraiva, p. 867; e Alexandre de Moraes. Constituição do
Brasil interpretada e legislação constitucional, 5 ed. São
Paulo: Atlas, p. 1.281. [31] Os atos regulatórios devem
ser infralegais, restando vedado ao administrador inovar
como legislador. Assim, por exemplo, a resolução de uma
agência reguladora pode inovar apenas como ato
administrativo, porém nos exatos limites da lei. A
infralegalidade reivindica uma sadia autocontenção. Não
há, portanto, falar deslegalização no campo regulatório,
que pode até valer noutros contextos, mas não tem
guarida em nosso complexo normativo . (Cf. Juarez de
Freitas. O controle dos Atos Administrativos e os
Princípios Fundamentais. 3 Ed. São Paulo: Malheiros,
2004, p.48.). [32] Cf. Gustavo Binenbojm. Uma teoria do
Direito Administrativo: Direitos Fundamentais,
Democracia e Constitucionalização. Rio de Janeiro:
Renovar, 2008, p. 286). Igualmente, Marçal Justen Filho
(O Direito das Agências Reguladoras Independentes. São
Paulo: Dialética, 2002, p. 540) afirma que uma agência
reguladora não pode fazer algo além ou diverso do que
seria reconhecido ao Poder Executivo, em matéria de
produção normativa. [33] (...) 3) deferir, em parte, o
pedido de medida cautelar para: a) quanto aos incisos IV
e X, do art. 19, sem redução de texto, dar-lhes
interpretação conforme à Constituição Federal, com o
objetivo de fixar exegese segundo a qual a competência
da Agência Nacional de Telecomunicações para expedir
normas subordina-se aos preceitos legais e
regulamentares que regem outorga, prestação e fruição
dos serviços de telecomunicações no regime público e no
regime privado (....) (cf. STF, ADI n. 1668 MC, Rel. Min.
Marco Aurélio, Tribunal Pleno, julgado em 20 / 08 /
1998). [34] Art. 40. Os atos da Agência deverão ser
sempre acompanhados da exposição formal dos motivos
que os justifiquem. (...) Art. 42. As minutas de atos
normativos serão submetidas à consulta pública,
formalizada por publicação no Diário Oficial da União,
devendo as críticas e sugestões merecer exame e
permanecer à disposição do público na Biblioteca
(destacamos). [35] Capítulo III Da Consulta Pública Art.
45. A Consulta Pública tem por finalidade submeter
minuta de ato normativo a comentários e sugestões do
público em geral, bem como documento ou assunto de
interesse relevante. 1 A Consulta Pública será formalizada
por publicação no Diário Oficial da União, com prazo não
inferior a dez dias, devendo as contribuições ser
apresentadas conforme dispuser o respectivo ato. 2 Os
comentários e as sugestões encaminhados e devidamente
justificados deverão ser consolidados em documento
próprio a ser enviado à autoridade competente, contendo
as razões para sua adoção ou não, ficando o documento
arquivado na Biblioteca da Agência, à disposição do
público interessado (destacamos) [36] No mesmo sentido,
cfr. STJ, 1. T., REsp 153714-SP, rel. Min. José Delgado.
[37] É precisamente a fundamentação das decisões que
permite controlar o seu acerto, até porque somente com a
motivação é possível auferir se, in concreto, estão
presentes os princípios da legalidade e da imparcialidade
que regem a Administração PúblicaJosé Carlos Barbosa
Moreira. A motivação das decisões judiciais como
garantia inerente ao Estado de Direito, cit., p. 87. [38] Cf.
C.A. Bandeira de Mello, Curso de direito administrativo,
25 ed. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 390-391. [39] José
Carlos Vieira de Andrade. O dever da fundamentação
expressa de actos administrativos, Coimbra: Almedina,
1991, p. 235. [40] Portanto, a fundamentação faz-se
completa quando ela abrange tanto a versão aceita pelo
julgador quanto as razões pelas quais ele recusara a
versão oposta, de sorte a que o convencimento alcance o
nível de racionalidade exigido pela lei. Ovídio Baptista da
Silva. Fundamentação das sentenças como garantia
constitucional, in Pedro Manoel Abreu e Pedro Miranda
de Oliveira (organizadores). Direito e Processo: estudos
em homenagem ao Desembargador Norberto Ungaretti,
Florianópolis: Conceito Editorial, 2007, p. 747. [41] A
realização de audiência pública tem o intuito de propiciar
o debate público e pessoal por pessoas físicas ou
representantes da sociedade civil no que refere a assuntos
de relevância para a população. É fundamental para que a
audiência atinja seus objetivos que todos os interessados
sejam ouvidos, efetivando-se, assim, a participação dos
afetados nas decisões administrativas (TRF-4. Região, 4.
T., AI 5014373-16.2011.404.0000 / RS, Des. Vilson
Darós, j. 4.10.2010). [42] Confira-se, nesse sentido,
trabalho da consultoria Cullen International (cf. LCA
Consultoria documento apresentado pela Oi como
contribuição à Consulta Pública 46 / 2011 [43] Conforme
o estudo da LCA Consultoria, apresentado pela Oi, que
estima que os investimentos para ampliação da banda
larga, de 32 milhões de usuários (2011) para 154 milhões
(2020) corresponderiam a R$ 145 bilhões. Com a
elevação dos custos, em razão da adoção dos
Regulamentos ora examinados, esses mesmos R$ 145
bilhões seriam capazes, apenas de ampliar o acesso para
78 milhões de usuários. [44] Cf. Manifestação da SEAE -
Contribuição n. 17 ID:55911). [45] Cf. Estudo elaborado
pelo CPqD, a pedido do Sindicato Nacional de Empresas
de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal
SindiTelebrasil, apresentado pela Oi em 10.09.2010
(protocolo n. 53500.022382 / 2010) [46] Todavia,
verifica-se que a área consulente não consolidou, em
documento próprio, os comentários e sugestões
encaminhados pela sociedade, seguidos das razões para
sua adoção ou não. Por isto, não resta cumprido o que
dispõe o 2 do art. 45 do Regimento Interno (fls. 772) [47]
Não se pode esquecer, a esse propósito, que são nulas as
sentenças sem relatório (RP 4 / 406; JTJ 153 / 140),
sabida a excepcional utilidade dessa técnica, como forma
de permitir o controle da decisão judicial. O mesmo,
naturalmente, se aplica ao procedimento de arrolar as
contribuições e endereçá-las organizadamente. [48] As
mais de 700 contribuições ao RGQ-SCM tiveram pouco
mais, mas não muito mais, de atenção. [49] V. Jorge Reis
Novais. Os Princípios Constitucionais Estruturantes da
República Portuguesa, Coimbra: Coimbra Editora, 2004,
Cap. II, n. 1.3, pp. 161 / 163. [50] Dentre outros
parâmetros, esse decreto apresenta questões
relevantíssimas e imprescindíveis para a boa aplicação e
normatização de políticas públicas, dentre elas (a) há
necessidade de tomar alguma providência? (b) acontecerá
algo caso nada seja feito? (c) qual o objetivo pretendido
com o ato? (d) quais razões determinam sua iniciativa? (e)
quais seriam os reflexos do problema na economia,
técnica e jurisprudência? (f) quais seriam as alternativas
disponíveis; (g) há uma relação equilibrada entre custos e
benefícios? [51] O regime público, atualmente,
compreende apenas o Serviço Telefônico Fixo Comutado
(art. 64 da LGT). [52] Na tentativa de mensurar o impacto
financeiro da Consulta Pública No 46, a LCA partiu de
estudo prévio, realizado para o 55o Painel TeleBrasil,
realizado em junho de 2011. A pergunta que se coloca é
qual o valor do investimento necessário para a realização
do cenário previsto em tal estudo considerando-se agora
os regulamentos para qualidade. No estudo inicial,
considerou-se um cenário no qual o número de acessos de
banda larga (acessos fixos mais móveis), cresceria de 35,2
milhões para 154 milhões em 2020. Nesse caso a
penetração do serviço no país iria de 18,5 acessos para
cada 100 habitantes para 74,3. Em termos comparativos
isso significa partir de um nível de penetração próximo à
da Malásia e atingir patamar análogo ao de países como
Suécia e Austrália. Para estimar o investimento necessário
para atingir esse crescimento foram utilizados dados de
CAPEX por acesso (incluindo transporte e rede de acesso
- backbone, backhaul e última milha), informado por
empresas do setor. Nesse contexto, os investimentos são
da ordem de R$145 bilhões. Para se adequar às regras de
qualidade propostas, estima-se que o CAPEX da banda
larga fixa tenha um incremento de 82%, enquanto que o
da móvel cresceria 414% (Figura 5). Vale dizer, se
considerarmos o CAPEX com os ajustes de qualidade,
R$145 bilhões não seriam suficientes para atingir sequer
78 milhões de acessos, número alcançado em 2014 no
exercício. O exercício descrito indica que os
regulamentos de qualidade demandariam um crescimento
elevado dos investimentos sem a contrapartida no
aumento do número de acessos, ou seja, haveria um
substancial aumento de custos para provisão dos serviços
de banda larga. Parecer da LCA intitulado Consulta
Pública ANATEL n. 46 / 2011: Regulamento de Gestão
de Qualidade do SCM Setembro de 2011. [53] Políticas
públicas são os programas de ação governamental visando
coordenar os meios à disposição do Estado e as atividades
privadas, para a realização de objetivos socialmente
relevantes e politicamente determinados (cf. Maria Paula
Dallari Bucci, Direito Administrativo e Políticas Públicas,
São Paulo, Saraiva, p. 241). [54] Nesse sentido, Gilberto
Bercovici, parecer inédito, de agosto de 2011, no processo
administrativo n 08012.003921 / 2005-10, perante o
Conselho Administrativo de Defesa Econômica. [55] A
liberdade de iniciativa, alçada a princípio preponderante
da ordem constitucional, consiste, em apertada síntese, na
liberdade dos particulares desenvolverem sua atividade
econômica com o mínimo possível de, e muitas vezes
mesmo nenhuma, interferência do estado. Nesse sentido:
Modesto Carvalhosa, A Ordem Econômica na
Constituição de 1969, São Paulo, RT, p. 112-122; Luis
Roberto Barroso, A Ordem Econômica Constitucional e
os limites à atuação estatal no controle de Preços, Revista
de direito Administrativo, 226 / 200-201; Luis Roberto
Barroso, Modalidades de intervenção do Estado na
Ordem Econômica, Regime Jurídico das Sociedades de
Economia Mista, Inocorrência de Abuso de Poder
Econômico, in Temas de Direito Constitucional, Rio de
Janeuiro, Renovar, 2002, tomo I, p. 393-395; Luciano
Benetti Timm, O direito fundamental à livre iniciativa, in
O novo direito Civil: ensaios sobre o mercado, a
reprivatização do direito civil e a privatização do direito
público, Porto Alegre, Livraria do Advogado, 2008, p. 97-
98. [56] O direito à liberdade de escolha está intimamente
relacionado aos princípios constitucionais da livre
iniciativa e da livre concorrência, previstos no art. 170 da
Constituição, jamais se esquecendo de que tais princípios
gerais da ordem econômica têm por finalidade assegurar a
todos existência digna, conforme os ditames da justiça
social . (cf. Sergio Cavalieri Filho. Programa de Direito
do Consumidor. São Paulo: Atlas, 2008, p. 82). Cf.
também Fábio Konder Comparato. Ensaios e pareceres de
direito empresarial. Rio de Janeiro: Forense, 1978, pp.
481; e Sérgio Varella Bruna. O poder econômico e a
conceituação do abuso em seu exercício. São Paulo: RT,
1997, p.169. [57] A liberdade de escolha concede ao
consumidor a faculdade de tomar decisões segundo a sua
verdadeira vontade. A clareza das informações sobre o
produto e service é imprescindível para a autonomia do
exercício desse direito. É o que vem sendo reconhecido
nos Tribunais.[ ] (cf. Marta Britto de Azevedo,
Consumidor consciente: liberdade de escolha e segurança,
Revista de Direito do Consumidor. São Paulo: RT, n 67,
2008, p.205-206.). Da mesma forma, [o] dever de
informar passa a ser natural na atividade de fomento ao
consumo, na atividade de toda a cadeia de fornecedores, e
é um verdadeiro onus atribuído aos fornecedores,
parceiros contratuais ou não do consumidor. (cf. Cláudia
Lima Marques. Contratos no Código de Defesa do
Consumidor. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
1998, p. 325.) [58] A liberdade de escolha está referida
expressamente no Código de Defesa do Consumidor
como direito básico do consumidor (art. 6 , II), todavia,
ela jamais se tornará efetiva se, ao lado da capacidade de
escolher, não se garantirem variedade de opções . (cf.
Heloísa Carpena, O Direito de Escolha: garantindo a
soberania do consumidor no mercado, Revista de Direito
do Consumidor. São Paulo: RT, n 51, 2004, p. 163). De
outro lado, [a]s chamadas escolhas do consumidor estão
limitadas àquilo que é oferecido (cf. Rizzatto Nunes.
Curso de Direito do Consumidor, 4.ed. São Paulo:
Saraiva, 2008, p. 28). Dito de outra forma, se inexiste a
liberdade para ofertar opções de produtos nos padrões
estipulados pela Constituição Federal e pelo CDC, então a
liberdade de escolha pelo consumidor se torna
necessariamente ausente ou fictícia. [59] A informação
clara, objetiva, verdadeira, cognoscível permite que o
consumidor instrua seu processo de decisão de compra do
produto ou serviço, realizando-o de forma consciente, e
assim minimizando os riscos de dano e de frustração de
expectativas. O direito de informação é garantido de
forma ampla pela lei, não como fim em si mesmo, mas
como condicionante do direito de escolha do consumidor.
(cf. Heloísa Carpena. O Direito de Escolha: garantindo a
soberania do consumidor no mercado. Revista de Direito
do Consumidor. São Paulo: RT, n 51, 2004, p. 163); cf.
também, Paulo Luiz Netto Lôbo. A informação como
direito fundamental do consumidor. Revista de Direito do
Consumidor. São Paulo: RT, n 37, 2001, p.62 e ss. [60] A
fim de realizar os ideais de transparência e harmonia,
vetores da política nacional das relações de consumo (art.
4, caput) a lei incluiu a informação adequada e clara
dentre os direitos básicos do consumidor (art. 6, III). Há
mesmo quem sustente em doutrina que tal direito tem
assento constitucional, relacionado ao disposto no art. 5,
XIV, da CF, que assegura a todos o acesso à informação
(cf. Heloísa Carpena, O consumidor no direito da
concorrência, Renovar, p. 215). [61] Não é difícil notar
que o dever de informar está contido em todas as fases da
comercialização do produto ou prestação do serviço: pré-
contratual, contratual e pós-contratual. Basta
disponibilizá-los, oferecê-los ou contratar. O consumidor,
informado sobre as características do contrato, do bem e
do serviço, terá garantida a liberdade de escolha na
contratação e poderá discernir sobre as vantagens e
desvantagens do negócio. (cf. Marta Britto de Azevedo,
Consumidor consciente: liberdade de escolha e segurança,
Revista de Direito do Consumidor. São Paulo: RT, n 67,
2008, p.211). [62] Em relação ao consumidor, a liberdade
que o texto lhe garante é o objetivo da República, ou seja,
o Estado brasileiro tem entre seus objetivos o de assegurar
que a sociedade seja livre. Isso significa que,
concretamente, no meio social, dentre as várias ações
possíveis, a da pessoa designada como consumidora deve
ser livre. A consequência disso é que o Estado deverá
intervir quer na produção, quer na distribuição de
produtos e serviços, não só para garantir essa liberdade
mas também para regular aqueles bens que, essenciais às
pessoas, elas não possam adquirir por falta da capacidade
de escolha. (...) Cf. Luiz Antonio Rizzatto Nunes. Curso
de direito do consumidor: com exercícios / Rizzatto
Nunes. 4 ed. São Paulo : Saraiva, 2009, pp. 27 e 28,
grifamos. [63] O direito do consumidor se exerce através
do poder de definir seus próprios desejos e satisfazê-los
no mercado. A ênfase, novamente, é na liberdade de
escolha existência de opções e liberdade de escolher entre
elas (Cf. Neil Averitt, Robert Lande, Consumer
Sovereignty: a unified theory of antitrust and consumer
protection Law, Antitrust Law Journal, v. 65, p. 713-746).
[64] Cf. Neil Averitt Robert Lande, Using the consumer
choice approch to antitrust Law, Antitrust Law journal,
74, p. 215. [65] Se a concorrência traz maiores opções
para os consumidores, é precisamente esse direito tutelar
que traz ao consumidor informação e segurança, impondo
ao mercado importantes parâmetros de confiança,
parâmetros de tratamento leal e de boa-fé não só entre
concorrentes, mas entre esses e seus clientes e a sociedade
em geral (Cláudia Lima Marques, Notas sobre o sistema
de proibição de cláusulas abusivas no Código de Defesa
do Consumidor, Revista Trimestral de Direito Civil, p.
23) [66] Cf. Bruno Miragem. Curso de direito do
consumidor. 2 ed. São Paulo: RT, 2010. [67] Cf. Eros
Roberto Grau, A Ordem Econômica na Constituição de
1988, São Paulo, Malheiros, p. 208-214 e Paula A.
Forgioni, Os fundamentos do Antitruste, São Paulo, RT,
2005, p. 24-26, 87-93, 190-199. No mesmo sentido, José
Alexandre Tavares Guerreiro afirma que a livre
concorrência é valor-meio, a servir o valor fim, que vem a
ser o bem comum e o interesse coletivo (cf. Formas de
abuso do poder econômico, Revista de Direito Mercantil,
66 / 49). Vide, ainda, Norbert Reich, Markt und Rechrt:
Theorie und Praxis des Wirtschaftsrechts in der
Bundesrepublik deutschland, Neuwied / Darmstadt,
Luchterhand, 1977, p. 243-245. [68] Cf. Heloísa Carpena.
O consumidor no direito da concorrência. Rio de Janeiro:
Renovar, 2005, p. 259. [69] Cf. Roberto Pfeiffer. Proteção
do consumidor e defesa da concorrência: paralelo entre as
práticas abusivas e infrações contra a ordem econômica.
São Paulo: RT, outubro-dezembro / 2010, p. 150. [70] Cf.
Massimo Motta, Competition Policy: Theory and
Practice, Cambridge / New York, Cambridge University
Press, p. 30. [71] No entanto, é discutível a validade de
convenção coletiva de consumo que disponha acerca de
preços e quantidade de produtos ou serviços. Com efeito,
tais aspectos são importantes variáveis concorrenciais e,
assim, a possibilidade de se efetivar um acordo quanto ao
preço a ser praticado ou a quantidade a ser ofertada
implicará limitação da concorrência (...) em tais hipóteses
e tratando-se de mercados com concorrência efetiva, seria
muito mais vantajoso ao consumidor que não houvesse
uniformização de preços ou quantidades (cf. Roberto
Augusto Castellanos Pfeiffer, defesa da concorrência e
bem estar do consumidor, Tese de Doutorado, USP, 2010,
p. 31). [72] Cf. Processo n. 53500.016120 / 2008 (RGQ-
SMP), fls. 777. [73] Não se pode esquecer que A
velocidade afeta a percepção do usuário sobre a banda
larga enquanto requisito para o uso de diversos tipos de
aplicativo, mas não é o único e muitas vezes nem o mais
importante (cf. SEAE - Contribuição n. 17 ID:55911).
[74] Cf. SEAE Contribuição n. 17 ID:55911 à Consulta
Pública n. 46 / 2011. [75] Como dito pela SEAE:
Portanto, as garantias de velocidades exigidas pelo
regulamento proposto excedem e muito a realidade do
mercado tal como se apresenta no Brasil hoje, do ponto de
vista dos contratos. Além disso, do ponto de vista de
eficiência alocativa, o aumento da velocidade mínima
disponível individualmente ao longo de todo o período de
pico é indesejável, pois exige a manutenção de um
elevado nível de ociosidade nas redes para que se alcance
o nível técnico que se planeja exigir. Lembra-se que o
desempenho de redes baseadas em protocolo IP, como é a
Internet, varia de assinante para assinante em relação a
horário de conexão, quantidade de horas utilizadas e
consumo de tráfego. Garantir que a qualquer momento o
assinante possa ter 40% da velocidade contratada
significa dividir a infraestrutura disponível entre menos
assinantes. Uma primeira medida para equacionar esta
questão pode ser a redução da base de assinantes dos
provedores, escassez de usuários que não ocorrerá sem o
incremento do preço dos serviços explorados, dado que a
mesma rede terá que ser mantida por menos usuários. A
segunda opção seria a ampliação da capacidade da rede
para níveis superiores aos existentes (considerando-se
como meta apenas a manutenção do atual número de
assinaturas de banda larga), o que exigiria aportes de
investimentos cuja disponibilidade não se conhece e
incrementaria significativamente custos de exploração do
serviço, com reflexos nos preços. (cf. Contribuição n. 17
ID:55911 à Consulta Pública n. 46 / 2011). [76] É, uma
vez mais, o problema da motivação inadequada descrito
no item II.1 (b) acima. [77] Sumarizando, para o usuário
final da conexão do SCM o mais importante é a
experiência do uso dos aplicativos desejados, não
necessariamente os parâmetros técnicos da conexão, e
mesmo dentre estes não somente a velocidade máxima,
embora ela seja importante. Neste sentido, é importante
que a Agência proponha algum tipo de orientação ao
consumidor de qual conexão à Internet é adequada para
que propósito. Isto é feito em vários setores com relação a
elementos que são de difícil compreensão para o
consumidor ou impossíveis de medir antes da compra. Por
exemplo, o selo do PROCEL que informa sobre eficiência
energética, ou a recente obrigação imposta pela ANAC de
divulgação do espaço entre os assentos de uma aeronave.
Existem evidências nos resultados do relatório da
OFCOM sobre velocidade da banda larga de 2009 de que
uma vez que o consumidor seja informado, as limitações
de velocidades decorrentes da própria natureza da rede e
de seu inevitável compartilhamento como distância da
infraestrutura física ou número de usuários conectados
simultaneamente não são de difícil compreensão ou
aceitação [7]. No caso inglês, foi encontrada uma
velocidade máxima média equivalente a 83% da
velocidade contratada, e isso gerou uma taxa de
reclamação de 9%. No Brasil, em análise realizada pelo
Inmetro [8], todas as empresas pesquisadas foram
consideradas aprovadas no quesito velocidade (o critério
adotado foi 60%, portanto um pouco menos rigoroso do
que o inglês). Isto é um indício de que o número de
reclamações no Brasil pode estar mais relacionado à
assimetria informacional do que propriamente à qualidade
técnica do produto vendido. (cf. SEAE Contribuição n. 17
ID:55911 à Consulta Pública n. 46 / 2011). [78] Cf. SEAE
Contribuição n. 17 ID:55911 à Consulta Pública n. 46 /
2011. [79] As políticas públicas adotadas nos últimos
anos têm sido diametralmente opostas a uma Internet cara
e para poucos. Dado um nível fixo de investimentos,
existe um trade off entre qualidade para os que já têm o
serviço e expansão da base ou massificação, e a opção
política tem sido no sentido de privilegiar estes últimos.
Portanto, até o amadurecimento das redes, a SEAE
recomenda a adoção de um critério mais flexível. (cf.
Contribuição n. 17 ID:55911 à Consulta Pública n. 46 /
2011).
Justificativa:
Conforme exposto ao longo da contribuição, existem
questões importantes trazidas no pedido de anulação da
Oi que dizem respeito às garantias do devido processo
legal formal (legalidade e motivação) e substancial
(razoabilidade e proporcionalidade da edição da norma),
que, com a devida vênia, merecem ser sopesadas por essa
D. Agência, a fim de se evitar a adoção de um
regulamento de metas rígidas e uniformes para as
operadoras, quando, conforme se extrai do material
colhido durante as consultas públicas já realizadas,
haveria alternativas mais razoáveis e menos onerosas,
capazes de conduzir aos mesmos, ou até melhores,
resultados práticos para o usuário final, e sem o risco de
indesejados efeitos colaterais para o mercado.
Contribuição N°: 43
ID da Contribuição: 58502
Autor da Contribuição: Oi
Data da Contribuição: 01/02/2012 22:10:57
Contribuição: Deferimento do Pedido de Anulação nos termos
apresentados.
Justificativa:
AO ILUSTRÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO
CONSELHO DIRETOR DA AGÊNCIA NACIONAL
DE TELECOMUNICAÇÕES ANATEL Ref.: Consulta
Pública n 02 / 2012 53500.027336 / 2011 (Pedidos de
Anulação RGQ-SCM e RGQ-SMP) TNL PCS S.A. ( Oi ),
já devidamente qualificada nos autos do Processo n
53500.027336 / 2011, referente aos Pedidos de Anulação
de dispositivos do Regulamento de Gestão da Qualidade
do Serviço de Comunicação Multimídia ( RGQ-SCM ),
aprovado pela Resolução n 574, de 28 de outubro de 2011
( Resolução 574 / 2011 ), bem como de dispositivos do
Regulamento sobre Gestão da Qualidade do Serviço
Móvel Pessoal ( RGQ-SMP ), aprovado pela Resolução n
575, de 28 de outubro de 2011 ( Resolução 575 / 2011 ),
vem, em função da abertura de prazo para a apresentação
de manifestação dos interessados pela Consulta Pública
02 / 2012 ( Consulta Pública), expor o quanto se segue. 1.
Em 30.11.2011, a Oi apresentou os Pedidos de Anulação
relativos a determinados dispositivos do RGQ-SCM e do
RGQ-SMP, com base em direito garantido pelo art. 44 da
Lei 9.472 / 97, bem como no art. 66 do Regimento
Interno da Anatel, combinados com o art. 53 da Lei 9.784
/ 99. A Anatel, ao receber as petições, entendeu por bem
abrir uma Consulta Pública para receber contribuições da
sociedade, com base no art. 43 da Lei 9.472 / 97, art. 31
da Lei n. 9.784, de 29 de janeiro de 1999, bem como no
art. 45 do Regimento Interno da Agência. 2. Os Pedidos
de Anulação estão voltados à revisão de determinados
dispositivos do RGQ-SCM e do RGQ-SMP, conforme as
contribuições da Oi, do SindiTelebrasil e das demais
empresas de telecomunicações nas Consultas Públicas
que originaram o RGQ-SCM e o RGQ-SMP, e não
genericamente à supressão do conteúdo integral dos
regulamentos. Ou seja, a Oi é a favor da existência dos
Regulamentos que fomentem a qualidade para os
serviços, contribuindo apenas para que as indicações
empregadas pela Agência sejam adequadas para promover
o bem estar que a sociedade demanda. 3. As razões pelas
quais a Oi entende que tais dispositivos carecem de
ajustes estão devidamente expostas em cada uma das
petições sendo certo que não precisam ser esmiuçadas
nesta oportunidade. Contudo, dado o contexto das
presentes Consultas Públicas, a Oi entende ser importante
tecer alguns esclarecimentos adicionais, em relação ao
procedimento em si. 4. Em primeiro lugar, a atuação da
Oi é legal e devidamente respaldada pelas normas do
setor de telecomunicações. Conforme exposto acima, o
Pedido de Anulação encontra fundamento expresso na Lei
Geral de Telecomunicações (art. 44 da Lei 9.472 / 97),
sendo facultado a qualquer pessoa (interessado ou não) a
possibilidade de provocar a Anatel a rever os atos por ela
praticados. Evidentemente, tal possibilidade abrange todo
e qualquer ato produzido pela Agência, inclusive os
normativos, principalmente diante da presença de
ilegalidades o que impõe a própria atuação de ofício por
parte da Agência, nos termos da Súmula n. 473 do
Supremo Tribunal Federal. 5. O questionamento de atos
normativos não é uma novidade no setor de
telecomunicações e já foi realizado em outras
oportunidades e, como não poderia deixar de ser, aceito
pela Anatel, considerando a existência de previsão legal
expressa. Trata-se de um procedimento absolutamente
legítimo, voltado a questionar a validade e adequação
técnica da regulamentação expedida pelo órgão regulador
com base em direito assegurado pelas normas aplicáveis.
Tal pedido é circunscrito a questões técnicas e jurídicas
para ajustes acerca dos Planos de Qualidade
desenvolvidos pela Anatel, sendo a Oi a favor da
existência de tais Regulamentos, desde que com os
necessários acertos técnicos e jurídicos mencionados. 6. O
expediente adotado pela Oi consiste, ainda, em uma
contribuição para que a Administração Pública possa
reavaliar os seus próprios atos, compatibilizando-os com
os parâmetros legais e padrões técnicos de funcionamento
das redes e serviços de telecomunicações, quando
necessário. E, pelas razões expostas em suas petições, a
Oi está certa de que o RGQ-SCM e o RGQ-SMP
precisam ser alterados, sob pena de gerarem distorções no
funcionamento das redes brasileiras de telecomunicações
e produzirem alocação ineficiente dos investimentos em
banda larga, em prejuízo, ao final, dos próprios
consumidores que os regulamentos em questão visão
proteger. 7. Em segundo lugar, é importante consignar
que a Oi não se opõe à criação de mecanismos para
fomentar o incremento de qualidade nos serviços por ela
prestados aos seus usuários. Tal afirmação pode ser
confirmada com base em uma simples leitura das
contribuições da operadora nas Consultas Públicas que
originaram o RGQ-SCM e o RGQ-SMP. 8. Naquelas
oportunidades, a Oi teve a preocupação de analisar
cuidadosamente a proposta da Anatel, sua motivação e a
compatibilidade das disposições ali contidas com o
ordenamento jurídico. A despeito da conclusão geral de
que a imposição de um sistema de metas é incompatível
com o regime jurídico pertinente a atividades exploradas
em regime privado como é o caso do SCM e do SMP , a
operadora buscou contribuir ativamente com a construção
de um modelo aderente à legislação. 9. Por um lado,
consultou especialistas para determinar os impactos da
adoção da regulamentação tal qual proposta pela Anatel.
Também buscou trazer estudos robustos acerca dos
modelos para o estabelecimento de critérios para a
aferição da qualidade dos serviços análogos aos
constantes das propostas dos RGQ-SCM e RGQ-SMP
utilizados em outros países. 10. Por outro lado, com base
nos dados e fatos levantados pelos especialistas por ela
ouvidos, a Oi procurou contribuir de forma pró-ativa para
a elaboração de um modelo regulatório para a aferição da
qualidade dos serviços compatível com a legislação e
também mais eficiente e com resultados superiores para
os usuários em termos de qualidade efetiva e custo. Nesse
sentido, é que a Oi vem defendendo um modelo que
garanta transparência ao usuário, disponibilidade de
informações à Agência e ampla possibilidade de
comparação de índices de qualidade. 11. Na União
Européia, por exemplo, cuja prática regulatória de
serviços de telecomunicações tem inspirado diversas
iniciativas da ANATEL, a regulação encontra-se
assentada no princípio de garantia de maior transparência
e eficiência na alocação dos investimentos em benefício
do consumidor. 12. É justamente por esse motivo que, na
Europa, a adoção de medidas de transparência
diretamente relacionadas aos direitos e interesses dos
usuários é um dos princípios estabelecidos pela Diretiva
de Serviço Universal ( Universal Service Directive - USD
), conforme complementada pela Diretiva dos Direitos
dos Cidadãos ( Citizens Rights Directive ). Nos termos
dessas normas, todas as prestadoras devem fornecer aos
usuários um contrato especificando, de forma clara e
facilmente acessível, informações sobre acesso, qualidade
e utilização dos serviços e aplicações oferecidos. 13.
Como se vê, em regra, as autoridades regulatórias
européias não especificam níveis mínimos de qualidade
para os serviços de cada prestadora, muito menos metas
para a velocidade de conexão à Internet, seja ela efetiva
ou nominal. A ênfase dos órgãos reguladores no âmbito
da União Européia recai sobre a transparência, de modo a
permitir aos usuários a escolha da melhor prestadora de
serviços, conforme suas performances de mercado. O
incremento geral e gradual da qualidade dos serviços
decorre exclusivamente da competição entre os agentes,
suportada por decisões bem informadas dos
consumidores, e não de imposição regulatória. 14. A
adoção, no Brasil, dos critérios de transparência
consagrados na experiência internacional, que garanta aos
usuários as informações necessárias à melhor decisão de
compra, possibilitando maior comparabilidade entre
diferentes prestadoras, mostra-se, portanto, a medida mais
adequada para incrementar a qualidade dos serviços, sem
criar distorções associadas a metas que geram
investimentos compulsórios (ainda passíveis de sanções
pecuniárias) dissociados da demanda de mercado. 15.
Diante disso, a Oi sugeriu que a proposta de RGQ-SCM
fosse revista estritamente para: (i) evitar o emprego de
velocidades mandatórias; (ii) adotar mecanismos que
beneficiem a transparência na aplicação dos planos; (iii)
implementar sistemas com medições pró-transparência
em linha com as práticas internacionais, com a segregação
de elementos não gerenciáveis de rede e o uso de medição
amostral e não universal; (iv) excluir obrigações similares
à imposição de metas de universalização, tais como taxas
de instalação do serviço; (v) adequar as exigências
regulamentares às características do SCM em suas
diversas formas de prestação; e (vi) excluir obrigações
que levem à ociosidade das redes, especialmente no caso
das redes de cobre, o que representa alocação ineficiente
dos investimentos que poderiam ser destinados para
expansão de novas redes de fibra ótica no tempo. 16.
Nesse contexto, observa-se que a Oi sempre esteve
alinhada com o emprego de mecanismos regulatórios
voltados ao incremento da qualidade dos serviços
prestados, jamais se opondo a esse objetivo. O objetivo
dos Pedidos de Anulação não é, e jamais foi, um
subterfúgio para tentar contornar tal objetivo. De fato, o
que existe é uma divergência quanto às opções e
fundamentos técnicos adotados pela Anatel,
principalmente após o recebimento das contribuições nas
respectivas Consultas Públicas, em termos de motivação,
legalidade e proporcionalidade das medidas impostas. 17.
Em terceiro lugar, nota-se que a submissão à prévia
Consulta Pública do RGQ-SCM e RGQ-SMP não pode
ser vista como um procedimento estritamente formal e
como um fim em si, mas como instrumento indispensável
à motivação das normas presentes nos regulamentos. 18.
Cabe destacar que as Consultas Públicas são instrumentos
democráticos que permitem a legitimação da edição de
atos normativos pelo regulador, sendo as contribuições
técnicas das empresas, consumidores e demais atores da
sociedade elementos que necessariamente devem compor
a motivação das resoluções finais aprovadas. Se há
discordância do regulador em relação às contribuições
formuladas nas Consultas Públicas, devem ser
apresentadas pela Anatel justificativas igualmente
fundamentadas para afastar os argumentos técnicos
formulados pelos atores que questionam e propõem
alterações na norma submetida à consulta pública. 19.
Conforme salientado acima, a Oi apresentou
fundamentação robusta para suas contribuições, tanto do
ponto de vista técnico quanto jurídico. Além de outras
operadoras, o Sindicato Nacional das Empresas de
Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal
SINDITELEBRASIL apresentou estudos que, guardadas
as devidas diferenças, também apontavam para a
necessidade de um modelo distinto do então proposto pela
Anatel. 20. Contudo, não obstante o amplo material
coletado durante os procedimentos de Consulta Pública, a
Oi não identificou, nos documentos produzidos em
momento subseqüente pela Anatel, a existência de
justificativas para sustentar o modelo original
profundamente criticado. Tampouco apresentou
contrapontos técnicos para afastar os dados informados
pela Oi quanto aos impactos decorrentes da imposição de
metas compulsórias, sem efeitos de bem estar social
comprovados, para os agentes privados que atuam na
prestação dos serviços de SCM e SMP e problemas
específicos relacionados a metas operacionais. 21. Em
quarto lugar, a despeito da impossibilidade de tecer
considerações específicas sobre as razões pelas quais a
Anatel afastou os aspectos contrários a determinados
dispositivos do RGQ-SCM e RGQ-SMP, a Oi está
convicta quanto à consistência dos dados e fatos por ela
abordados o que demanda uma necessária revisão dos
referidos regulamentos. 22. Tanto por meio das
contribuições realizadas nas Consultas Públicas quanto
em seus Pedidos de Anulação, a Oi trouxe ao
conhecimento da Anatel diversos elementos que
justificam a revisão dos dispositivos por ela questionados.
Para citar apenas um exemplo, é absolutamente inviável
utilizar os mesmos estudos destinados a fundamentar a
avaliação de metas de qualidade de banda larga fixa para
o serviço móvel que possui peculiaridades que impedem
qualquer comparação. 23. Em relação aos serviços
móveis, por exemplo, estudo técnico detalhado
apresentado pelo CPqD esclarece não apenas as
diferenças entre redes fixas e redes móveis de banda
larga, mas, especialmente, a inviabilidade técnica de
medições consistentes diante da mobilidade no uso dos
serviços. 24. Com a finalidade de auxiliar no
esclarecimento da situação acima descrita, a Oi
providenciou a consolidação das informações e estudos
técnicos necessários para a adequada compreensão dos
problemas envolvidos no modelo aprovado pela Anatel,
disponíveis em www.oiinforma.com.br. 25. Por fim, a Oi
espera que mais essa oportunidade de diálogo com a
Agência contribua para o aprimoramento de um modelo
que, a um só tempo, seja compatível com nosso
ordenamento jurídico e fomente a qualidade dos serviços,
estando devidamente respaldado no sucesso de
experiências estrangeiras similares.
Item: I.
I. LEGITIMIDADE, TEMPESTIVIDADE E CABIMENTO DO PEDIDO DE
ANULAÇÃO
Contribuição N°: 44
ID da Contribuição: 58271
Autor da Contribuição: GLEISON PARENTE DE SOUZA
Data da Contribuição: 18/01/2012 22:55:10
Contribuição:
SE CONTRATEI 600K TEM QUE CHEGAR 600K, JA
PENSOU COMPRAR 20L DE GASOLINA E TE
ENTREGAREM 17L É FRAUDE. MESMA COISA NO
CASO DA BANDA LARGA
Justificativa: SE CONTRATEI 600K TEM QUE CHEGAR 600K, JA
PENSOU COMPRAR 20L DE GASOLINA E TE
ENTREGAREM 17L É FRAUDE. MESMA COISA NO
CASO DA BANDA LARGA
Contribuição N°: 45
ID da Contribuição: 58277
Autor da Contribuição: Gláuber Patrick Silva Maciel
Data da Contribuição: 19/01/2012 21:57:58
Contribuição: A contestação da empresa não se justifica.
Justificativa:
Os serviços da Oi são péssimos em praticamente todas as
regiões em q ela opera, basta fazer uma rápida pesquisa
na internet pra descobrir isso, é disparada a pior empresa,
a que mais se aproveita da condição de monopólio em
certas regiões para explorar a consumidor cobrando
preços fora da realidade do país em troca de péssimos
serviços. Com certeza é a maior responsável pela brazil
ter um dos piores e maais caros serviços de internet do
mundo. Faz contratos com cláusulas abusivas como multa
por cancelamento, limitações de download e entrega 10%
do serviço que vende.
Contribuição N°: 46
ID da Contribuição: 58286
Autor da Contribuição: rammyres josé oliveira pereira
Data da Contribuição: 23/01/2012 01:13:58
Contribuição:
É descabida a solicitação de anulação, considerando
mormente a figura normativa da Anatel na
regulamentação do serviço, de acordo com a
normatização exarada pelo executivo (Decreto 2338 / 97).
A Anatel é competente para regulamentar metas,
especialemente quando se considera a função social da
Agência.
Justificativa:
Decreto 2338 / 97 Art.16. À Agência compete adotar as
medidas necessárias para o atendimento do interesse
público e para o desenvolvimento das telecomunicações
brasileiras, e especialmente: (...) IV - rever,
periodicamente, os planos geral de outorgas e de metas
para universalização dos serviços prestados no regime
público, submetendo-os, por intermédio do Ministro de
Estado das Comunicações, ao Presidente da República,
para aprovação; V - exercer o poder normativo
relativamente às telecomunicações;
Contribuição N°: 47
ID da Contribuição: 58316
Autor da Contribuição: Rodrigo Leitão de Urquiza e Silva
Data da Contribuição: 27/01/2012 09:43:12
Contribuição:
Eu insisto que o conselho continue firme em sua posição
pelo nosso direito de acesso à Internet confiável e de
qualidade. Os padrões existentes são essenciais de acordo
com especialistas e foram aprovados pelo conselho. O
pedido da Oi não deve destruir nosso acesso essencial à
informação na rede.
Justificativa:
Há anos a indústria de telecomunicações recebe críticas
de cidadãos por todo o país, não vamos permitir que a
indústria vença este apelo e destrua nosso acesso à
Internet.
Contribuição N°: 48
ID da Contribuição: 58345
Autor da Contribuição: William Borges Lima
Data da Contribuição: 31/01/2012 09:15:48
Contribuição:
Tal pedido não possui Legitimidade e Cabimento, visto
que todos os outros provedores de internet não
manifestaram tais razões ou um pedido semelhante de
anulação. O pedido também não foi tempestivo, este
deveria ser feito durante o processo de aprovação das
novas regras, que foram ampalmente divulgadas e
discutidas.
Justificativa:
Solicito a Diretoria da Anatel sensibilidade ao não
aprovar tal pedido de Anulação sobre as regras de
qualidade do serviço de internet no país. Estas regras já
foram exautivamente discutidas no âmbito da Anatel.
Seria um retrocesso anular tais regras neste momento, no
qual o mundo interiro está fazendo investimentos em
novas tecnologias, tais como a 4G, dentre outras.
Contribuição N°: 49
ID da Contribuição: 58374
Autor da Contribuição: Alexandre Elias de Andrade Oliveira
Data da Contribuição: 01/02/2012 12:25:06
Contribuição: xxx
Justificativa: xxx
Contribuição N°: 50
ID da Contribuição: 58416
Autor da Contribuição: Floriano Azevedo Marques Neto
Data da Contribuição: 01/02/2012 15:57:02
Contribuição: Item I. LEGITIMIDADE, TEMPESTIVIDADE E
CABIMENTO DO PEDIDO DE ANULAÇÃO
Justificativa:
No que se reportam a este item, nossos comentários
cingem-se a entender que diante do teor da Súmula 473
do Supremo Tribunal Federal, segundo a qual A
administração pode anular seus próprios atos, quando
eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não
se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação
judicial , não pode haver dúvidas quanto ao cabimento do
pedido em questão. Se a Anatel poderia, até mesmo de
ofício, tomar a providência em questão, não se pode
considerar que os interessados não pudessem se valer do
direito constitucional de petição, assegurado no art. 5 ,
XXXVI, a , da Constituição Federal para provocar
manifestação expressa e motivada a respeito. Por fim,
dados os contornos da pretensão, é possível, até mesmo,
cogitar-se da ausência de prazo para que pleito dessa
ordem possa ser apresentado, desde que fundado em
elementos materiais supervenientes, ou de constatação
superveniente. No caso dos autos, não foram apresentados
fatos supervenientes, mas por cautela o interessado valeu-
se do prazo previsto no art. 44 da Lei 9.472 / 97. Em
nosso entendimento não há vícios dessa ordem que
impeçam a apreciação do pedido. Ademais, considerando
o disposto no art. 38 da LGT e o dever da Agência
observar a razoabilidade e finalidade, além da legalidade,
o exercício do direito pela interessada parece vir ao
encontro do exercício das funções da Anatel pois abre a
possibilidade dela aperfeiçoar e ajustar suas normas e
métodos.
Item: II.
II. OBJETO DO PEDIDO DE ANULAÇÃO
Contribuição N°: 51
ID da Contribuição: 58247
Autor da Contribuição: Ramiro Carlos Rocha Rebouças
Data da Contribuição: 16/01/2012 23:57:14
Contribuição:
A INTERNET, considerando a Supralegalidade do Pacto
de San Jose da Costa Rica, deve ser obrigatoriamente
serviço público.
Justificativa:
A questão da suprelagalidade dos Tratados Internacionais
Sobre Direitos Humanos, embora toda vasta
jurisprudência, pode ser resumida em aresto de 2010 do
Colendo Superior Tribunal de Justiça. REsp 914253 / SP
Relator: Ministro LUIZ FUX CE - CORTE ESPECIAL
DJe 04 / 02 / 2010 PROCESSO CIVIL. TRIBUTÁRIO.
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA
CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC.
DEPOSITÁRIO INFIEL. PACTO DE SÃO JOSÉ DA
COSTA RICA. EMENDA CONSTITUCIONAL N. 45 /
2004. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. NOVEL
POSICIONAMENTO ADOTADO PELA SUPREMA
CORTE. 1. A Convenção Americana sobre Direitos
Humanos, em seu art. 7 , 7 , vedou a prisão civil do
depositário infiel, ressalvada a hipótese do devedor de
alimentos. Contudo, a jurisprudência pátria sempre
direcionou-se no sentido da constitucionalidade do art. 5 ,
LXVII, da Carta de 1.988, o qual prevê expressamente a
prisão do depositário infiel. Isto em razão de o referido
tratado internacional ter ingressado em nosso
ordenamento jurídico na qualidade de norma
infraconstitucional, porquanto, com a promulgação da
constituição de 1.988, inadmissível o seu recebimento
com força de emenda constitucional. Nesse sentido
confiram-se os seguintes julgados da Suprema Corte: RE
253071 - GO, Relator Ministro MOREIRA ALVES,
Primeira Turma, DJ de 29 de junho de 2.006 e RE
206.482 - SP, Relator Ministro MAURICIO CORRÊA,
Tribunal Pleno, DJ de 05 de setembro de 2.003. 2. A
edição da EC 45 / 2.004 acresceu ao art. 5 da CF / 1.988 o
3 , dispondo que Os tratados e convenções internacionais
sobre direitos humanos que forem aprovados , em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
quintos dos votos dos respectivos membros, serão
equivalentes às emendas constitucionais , inaugurando
novo panorama nos acordos internacionais relativos a
direitos humanos em território nacional. 3. Deveras, a
ratificação, pelo Brasil, sem qualquer reserva do pacto
Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art. 11) e da
Convenção Americana sobre Direitos Humanos - Pacto de
San José da Costa Rica, (art, 7 , 7), ambos do ano de
1992, não há mais base legal para prisão civil do
depositário infiel, pois o caráter especial desses diplomas
internacionais sobre direitos humanos lhes reserva lugar
específico no ordenamento jurídico, estando abaixo da
constituição, porém acima da legislação
infraconstitucional com ele conflitante, seja ela anterior
ou posterior ao ato de ratificação. Assim ocorreu com o
art. 1.287 do Código civil de 1916 e com o Decreto-Lei
911 / 1969, assim como em relação ao art. 652 do novo
Código Civil (Lei 10.406 / 2002). (voto proferido pelo
Ministro GILMAR MENDES, na sessão de julgamento
do Plenário da Suprema Corte em 22 de novembro de
2.006, relativo ao Recurso Extraordinário n. 466.343 - SP,
da relatoria do Ministro CEZAR PELUSO). 4. A
Constituição da República Federativa do Brasil, de índole
pós-positivista, e fundamento de todo o ordenamento
jurídico, expressa, como vontade popular, que a
República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados, Municípios e do Distrito
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como um dos seus fundamentos a dignidade da
pessoa humana como instrumento realizador de seu
ideário de construção de uma sociedade justa e solidária.
5. O Pretório Excelso, realizando interpretação
sistemática dos direitos humanos fundamentais,
promoveu considerável mudança acerca do tema em foco,
assegurando os valores supremos do texto magno. O
Órgão Pleno da Excelsa Corte, por ocasião do histórico
julgamento do Recurso Extraordinário n. 466.343 - SP,
Relator MIn. Cezar Peluso, reconheceu que os tratados de
direitos humanos têm hierarquia superior à lei ordinária,
ostentando status normativo supralegal, o que significa
dizer que toda lei antagônica às normas emanadas de
tratados internacionais sobre direitos humanos é
destituída de validade, máxime em face do efeito
paralisante dos referidos tratados em relação às normas
infra-legais autorizadoras da custódia do depositário
infiel. Isso significa dizer que, no plano material, as
regras provindas da Convenção Americana de Direitos
Humanos, em relação às normas internas, são ampliativas
do exercício do direito fundamental à liberdade, razão
pela qual paralisam a eficácia normativa da regra interna
em sentido contrário, haja vista que não se trata aqui de
revogação, mas de invalidade. 6. No mesmo sentido,
recentíssimo precedente do Supremo Tribunal Federal,
verbis: HABEAS CORPUS - PRISÃO CIVIL -
DEPOSITÁRIO JUDICIAL - REVOGAÇÃO DA
SÚMULA 619 / STF - A QUESTÃO DA
INFIDELIDADE DEPOSITÁRIA CONVENÇÃO
AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS (ARTIGO 7 ,
n. 7) NATUREZA CONSTITUCIONAL OU CARÁTER
DE SUPRALEGALIDADE DOS TRATADOS
INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS? -
PEDIDO DEFERIDO. ILEGITIMIDADE JURÍDICA
DA DECRETAÇÃO DA PRISÃO CIVIL DO
DEPOSITÁRIO INFIEL, AINDA QUE SE CUIDE DE
DEPOSITÁRIO JUDICIAL. - Não mais subsiste, no
sistema normativo brasileiro, a prisão civil por
infidelidade depositária, independentemente da
modalidade de depósito, trate-se de depósito voluntário
(convencional) ou cuide-se de depósito necessário, como
o é o depósito judicial. Precedentes. Revogação da
Súmula 619 / STF. TRATADOS INTERNACIONAIS
DE DIREITOS HUMANOS: AS SUAS RELAÇÕES
COM O DIREITO INTERNO BRASILEIRO E A
QUESTÃO DE SUA POSIÇÃO HIERÁRQUICA. - A
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Art. 7 ,
n. 7). Caráter subordinante dos tratados internacionais em
matéria de direitos humanos e o sistema de proteção dos
direitos básicos da pessoa humana. - Relações entre o
direito interno brasileiro e as convenções internacionais
de direitos humanos (CF, art. 5 e 2 e 3 ). Precedentes. -
Posição hierárquica dos tratados internacionais de direitos
humanos no ordenamento positivo interno do Brasil:
natureza constitucional ou caráter de supralegalidade? -
Entendimento do Relator, Min. CELSO DE MELLO, que
atribui hierarquia constitucional às convenções
internacionais em matéria de direitos humanos. A
INTERPRETAÇÃO JUDICIAL COMO
INSTRUMENTO DE MUTAÇÃO INFORMAL DA
CONSTITUIÇÃO. - A questão dos processos informais
de mutação constitucional e o papel do Poder Judiciário: a
interpretação judicial como instrumento juridicamente
idôneo de mudança informal da Constituição. A
legitimidade da adequação, mediante interpretação do
Poder Judiciário, da própria Constituição da República, se
e quando imperioso compatibilizá-la, mediante exegese
atualizadora, com as novas exigências, necessidades e
transformações resultantes dos processos sociais,
econômicos e políticos que caracterizam, em seus
múltiplos e complexos aspectos, a sociedade
contemporânea. HERMENÊUTICA E DIREITOS
HUMANOS: A NORMA MAIS FAVORÁVEL COMO
CRITÉRIO QUE DEVE REGER A INTERPRETAÇÃO
DO PODER JUDICIÁRIO. - Os magistrados e Tribunais,
no exercício de sua atividade interpretativa, especialmente
no âmbito dos tratados internacionais de direitos
humanos, devem observar um princípio hermenêutico
básico (tal como aquele proclamado no Artigo 29 da
Convenção Americana de Direitos Humanos), consistente
em atribuir primazia à norma que se revele mais favorável
à pessoa humana, em ordem a dispensar-lhe a mais ampla
proteção jurídica. - O Poder Judiciário, nesse processo
hermenêutico que prestigia o critério da norma mais
favorável (que tanto pode ser aquela prevista no tratado
internacional como a que se acha positivada no próprio
direito interno do Estado), deverá extrair a máxima
eficácia das declarações internacionais e das
proclamações constitucionais de direitos, como forma de
viabilizar o acesso dos indivíduos e dos grupos sociais,
notadamente os mais vulneráveis, a sistemas
institucionalizados de proteção aos direitos fundamentais
da pessoa humana, sob pena de a liberdade, a tolerância e
o respeito à alteridade humana tornarem-se palavras vãs. -
Aplicação, ao caso, do Artigo 7 , n. 7, c / c o Artigo 29,
ambos da Convenção Americana de Direitos Humanos
(Pacto de São José da Costa Rica): um caso típico de
primazia da regra mais favorável à proteção efetiva do ser
humano. (HC 96772, Relator(a): Min. CELSO DE
MELLO, Segunda Turma, julgado em 09 / 06 / 2009,
PUBLIC 21-08-2009 EMENT VOL-02370-04 PP-00811)
7. Precedentes do STJ: RHC 26.120 / SP, Rel. Ministro
MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA
TURMA, julgado em 01 / 10 / 2009, DJe 15 / 10 / 2009;
HC 139.812 / RS, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE
NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em 08 / 09 /
2009, DJe 14 / 09 / 2009; AgRg no Ag 1135369 / SP, Rel.
Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA
TURMA, julgado em 18 / 08 / 2009, DJe 28 / 09 / 2009;
RHC 25.071 / RS, Rel. Ministro VASCO DELLA
GIUSTINA (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO
TJ / RS), TERCEIRA TURMA, julgado em 18 / 08 /
2009, DJe 14 / 10 / 2009; EDcl no REsp 755.479 / RS,
Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 14 / 04 / 2009, DJe 11 / 05 / 2009; REsp
792.020 / RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 18 / 12 / 2008, DJe 19 / 02 / 2009;
HC 96.180 / SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA
TURMA, julgado em 18 / 12 / 2008, DJe 09 / 02 / 2009)
8. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao
regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ 08 /
2008. A supralegalidade em questão não é restrita a um
único dispositivo da Convenção Americana Sobre
Direitos Humanos, e sim aos Tratados Internacionais
Sobre Direitos Humanos. Impende transcrever o
dispositivo do Pacto de San Jose da Costa Rica cuja
legislação infraconstitucional vem afrontando
ostensivamente. Artigo 13. Liberdade de pensamento e de
expressão 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de
pensamento e de expressão. Esse direito compreende a
liberdade de buscar, receber e difundir informações e
idéias de toda natureza, sem consideração de fronteiras,
verbalmente ou por escrito, ou em forma impressa ou
artística, ou por qualquer outro processo de sua escolha.
2. O exercício do direito previsto no inciso precedente
não pode estar sujeito a censura prévia, mas a
responsabilidades ulteriores, que devem ser
expressamente fixadas pela lei e ser necessárias para
assegurar: a. o respeito aos direitos ou à reputação das
demais pessoas; ou b. a proteção da segurança nacional,
da ordem pública, ou da saúde ou da moral públicas. 3.
Não se pode restringir o direito de expressão por vias ou
meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais
ou particulares de papel de imprensa, de freqüências
radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos usados na
difusão de informação, nem por quaisquer outros meios
destinados a obstar a comunicação e a circulação de idéias
e opiniões. 4. A lei pode submeter os espetáculos públicos
a censura prévia, com o objetivo exclusivo de regular o
acesso a eles, para proteção moral da infância e da
adolescência, sem prejuízo do disposto no inciso 2. 5. A
lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, bem
como toda apologia ao ódio nacional, racial ou religioso
que constitua incitação à discriminação, à hostilidade, ao
crime ou à violência. Em que faremos demonstrar caírem
por terra alegações de direito à propriedade, fundamento
do direito ao empreendedorismo, visto disposições do
mesmo Tratado Internacional. Artigo 21. Direito à
propriedade privada 1. Toda pessoa tem direito ao uso e
gozo dos seus bens. A lei pode subordinar esse uso e gozo
ao interesse social. 2. Nenhuma pessoa pode ser privada
de seus bens, salvo mediante o pagamento de indenização
justa, por motivo de utilidade pública ou de interesse
social e nos casos e na forma estabelecidos pela lei. 3.
Tanto a usura como qualquer outra forma de exploração
do homem pelo homem devem ser reprimidas pela lei. A
adoção do regime privado para a prestação de serviço de
Internet Banda Larga viola ostensivamente o parágrafo
terceiro do artigo 13 da Convenção Americana Sobre
Direitos Humanos, o que coloca o Brasil em risco de
sofrer representação frente à Comissão Interamericana de
Direitos Humanos, visto mais, as justificativas
apresentadas violam ostensivamente o parágrafo 3 do art.
21 do Pacto de San Jose da Costa Rica. A Lei Geral de
Telecomunicações em tudo que conflite com os Tratados
do Sistema Interamericano de Direitos Humanos, todos os
dispositivos que causem tal conflito ficam imediatamente
com a eficácia suspensa. Importante destacar do aresto
citado. Isso significa dizer que, no plano material, as
regras provindas da Convenção Americana de Direitos
Humanos, em relação às normas internas, são ampliativas
do exercício do direito fundamental à liberdade, razão
pela qual paralisam a eficácia normativa da regra interna
em sentido contrário, haja vista que não se trata aqui de
revogação, mas de invalidade. O Regime Privado para
regulamentação da banda larga ADSL, quer da banda
larga móvel, no modo como vem sendo regulamentado,
representa sim vício de motivação e vício de finalidade,
aplicação política da Lei por parte da ANATEL visando
favorecer as operadoras.
Contribuição N°: 52
ID da Contribuição: 58278
Autor da Contribuição: Gláuber Patrick Silva Maciel
Data da Contribuição: 19/01/2012 21:34:23
Contribuição: A empresa não deve entregar 60% do que vende, deve
entregar 100%.
Justificativa: Se a empresa não quer entregar só 10% como faz hj, que
baixe o valor da mensalidade em 90%. Simples assim!
Contribuição N°: 53
ID da Contribuição: 58361
Autor da Contribuição: Paulo Arthur Lencioni Goes
Data da Contribuição: 01/02/2012 09:18:31
Contribuição:
Contribuição para os itens 12, 13 Faz parte da
competência e atribuições do órgão fiscalizador, adotar
mecanismos alternativos visando a verificação do
cumprimento de metas pelas prestadoras, conforme
previsão expressa do art. 127, incisos X da lei n. 9.472 /
97, não havendo que se falar em insegurança jurídica.
Além do mais, não se trata de metodologia diversa, e sim
a adoção de outro parâmetro para avaliar a prestação do
serviço oferecido no mercado de consumo, como
mecanismo para atender não só os princípios da atividade
econômica, mas também o da defesa do consumidor.
Consideramos que os métodos alternativos promovidos
pelo órgão regulador devem ser adotados como meio
estratégico para melhoria na qualidade da prestação do
serviço. Contribuição para o item 44 As metas são
fundamentais para monitoramento e avaliação do serviço
oferecido no mercado de consumo, de forma a
proporcionar que a Agência busque mecanismos
alternativos para equacionar o descumprimento pelas
prestadoras. A ausência de metas prejudicará a necessária
verificação e avaliação dos serviços ofertados pelas
prestadoras, de forma a não auferir a qualidade destes, o
que prejudica e lesa o consumidor brasileiro. Além do
mais, no Decreto Federal n. 7512 / 2011, que estabelece o
Plano Geral de Metas para a Universalização do Serviço
Telefônico Fixo Comutado Prestado no Regime Público
PGMU foi determinado como obrigação ao ente regulador
estabelecer padrões de qualidade para serviços de
telecomunicações que suportam o acesso à Internet em
banda larga. Esses padrões de qualidade permitem, entre
outros, o estabelecimento de parâmetros de velocidade
efetiva de conexão mínima e média, de disponibilidade do
serviço, bem como regras de publicidade e transparência
que permitam a aferição da qualidade percebida pelos
usuários. Logo, as metas que o ente regulador, ainda que
aquém para a Fundação PROCON-SP, demonstra o
mínimo que se busca para um mercado de consumo com
padrões de qualidade e eficiência do serviço prestado
pelas empresas. Não estabelecer padrões é permitir que o
consumidor continue a ser lesado pelas prestadoras, pois
não teremos o mínimo que se espera de um serviço, que é
a qualidade, eficiência e adequação do mesmo no
mercado de consumo.
Justificativa:
AS JUSTIFICATIVAS FORAM TRABALHADAS NO
MESMO TEXTO DAS CONTRIBUIÇÕES PARA OS
ITENS 12, 13 E 44.
Contribuição N°: 54
ID da Contribuição: 58375
Autor da Contribuição: Alexandre Elias de Andrade Oliveira
Data da Contribuição: 01/02/2012 12:25:06
Contribuição:
A Resolução 574 / 2011, trata-se da regulamentação do
Decreto 7512 em seu art 2 , em uma clara demonstração
de que o Serviço de Comunicação Multimídia no país está
com a regulamentação defasada. Os usuários, que são, a
necessidade de existir do órgão regulador, anseiam por
uma internet, cujo anúncio de marketing da empresa,
corresponda a realidade.
Justificativa:
II 8.- A Resolução 574 / 2011, não é somente fruto de
consulta pública como alega a prestadora. II 9.- Os lucros
são os bônus das concessões e autorizações, em
contrapartida, os investimentos são o ônus, nada mais
lógico do que a necessidade de se investir em qualidade.
III 10. - Não há que se falar em universalização, uma vez,
que a resolução cita rede da autorizada , portanto, rede
onde está disponível o serviço de SCM, o que não se
confunde, com regime público do STFC rede da
concessionária , na obrigação de universailzar o acesso.
Contribuição N°: 55
ID da Contribuição: 58506
Autor da Contribuição: Daniela Batalha Trettel
Data da Contribuição: 01/02/2012 22:57:31
Contribuição:
Arts 16 a 21 do RGQ-SCM e Arts 22 e 23 do RGQ-SMP
1. DOS SUPOSTOS VÍCIOS DE MOTIVAÇÃO Os
pedidos de anulação têm como um de seus argumentos
centrais a alegação de vício de motivação na aprovação
das metas em questão. Sabe-se que a motivação é
necessária ao ato administrativo, o que se reflete no art.
40 da Lei Geral de Telecomunicações (Lei Federal n.
9.472 / 97). Porém, como verificaremos a seguir, não é
possível afirmar que tal condição não tenha sido suprida
na edição de ambos os regulamentos. 1.1 Ausência da
Análise de Impacto Regulatório (AIR) Segundo a TNL
PCS S.A., a aprovação dos indicadores de rede do SCM e
das taxas de transmissão mínima e média do SMP
apresenta vício de motivação pela ausência de Análise de
Impacto Regulatório, citando as recomendações da OCDE
(Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico). Conquanto o Idec, em diversas
oportunidades, já tenha defendido a realização de AIR no
processo de elaboração de atos da Anatel, a legislação
aplicável não exige a realização de análise nos termos
apresentados pela operadora. Portanto, a ausência desta
análise não enseja a anulação das metas aprovadas. De
outro lado, importa afirmar que a exigência de exposição
formal de motivos foi observada pela Anatel em ambos os
casos. Nos dois regulamentos houve o esforço da agência
em demonstrar os elementos de fato e de direito que
justificam a adoção de metas de qualidade. Quanto aos
parâmetros técnicos das metas, a análise da Anatel
apresenta estudos internacionais, além de contar com a
experiência da pesquisa realizada em parceria com o
CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil) e Inmetro.
Além disso, a própria realidade da prestação do serviço
fundamenta a necessidade de indicadores de rede e taxas
de transmissão das conexões. São recorrentes as
reclamações diante de problemas de conexão e variação
de velocidade, sendo que a regulamentação até então
vigente não oferecia respostas suficientes aos
consumidores. Quanto às empresas, a resposta
comumente dada ao usuário é a atenuação ou exclusão da
responsabilidade diante do serviço prestado, prevendo
cláusulas abusivas em seus contratos de adesão. 1.2 A
experiência internacional citada pela Anatel Mais
especificamente no pedido de anulação do RGQ-SCM, a
TNL PCS S.A. alega que também enseja vício de
motivação o fato de os estudos internacionais citados pela
agência não terem resultado na adoção de padrões
vinculantes nos países de origem. Quanto a isso, cumpre
notar que há uma ampla discussão internacional com
relação à qualidade da banda larga e à necessidade de se
aproximar as velocidades anunciadas e contratadas das
efetivamente entregues. Os países estão avaliando suas
práticas e estabelecendo modelos regulatórios que
respondam à sua realidade. O fato de os estudos citados
pela Anatel não terem, nos países de origem, resultado até
então em regulações vinculantes não significa que os
indicadores e os métodos de medição não possam ser
replicados aqui. O cenário da prestação do serviço no
Brasil é diferente do que se verifica nestes países. Neste
sentido, devemos ressaltar a falta de competição na oferta
do serviço de banda larga no Brasil. Dados consolidados
no mapa Brasil Banda Larga 2012 , editado pela
Converge Comunicações, permite-nos concluir que em
cerca de 90% dos municípios brasileiros não há
competição efetiva na oferta do serviço, fixo ou móvel. A
medição e divulgação dos resultados, sem parâmetros
obrigatórios e sanções, deixariam muitas vezes o
consumidor sem opção diante de um desempenho ruim de
sua prestadora. A vulnerabilidade do consumidor como
Princípio da Política Nacional das Relações de Consumo,
a recorrente prática abusiva das empresas e a
desinformação quanto aos parâmetros de rede, além da
responsabilidade da Anatel em garantir a qualidade dos
serviços de telecomunicações e do cenário de
concentração do mercado, conformam os elementos que
tornam adequados os regulamentos recentemente
aprovados. 2. DA COMPETÊNCIA DA ANATEL PARA
FIXAÇÃO DE METAS DE QUALIDADE NO REGIME
PRIVADO Outro argumento central da empresa para a
anulação dos indicadores de rede do SCM (arts 16 a 21) e
das taxas de transmissão de conexão de dados do SMP
(arts 22 e 23) é a alegação de que os serviços prestados
em regime privado não estão sujeitos à observância de
metas de qualidade. A operadora chega a classificar tal
conduta da agência como ingerência indevida na atividade
econômica das autorizatárias dos referidos serviços. Para
tal classificação, abriga-se na Constituição e na LGT.
Contudo, é com base em ambas que devemos defender o
contrário, isto é, a prerrogativa da Anatel em dispor sobre
metas de qualidade também aos serviços prestados em
regime privado. Para demonstrar a compatibilidade de tal
prerrogativa ao marco regulatório brasileiro das
telecomunicações, cumpre, inicialmente, refletir acerca do
argumento, trazido pela operadora, que envolve a
definição de redes estatísticas e redes determinísticas. A
TNL PSC S.A. alega que o estabelecimento das metas em
discussão altera o perfil da prestação do serviço ao
pretender aproximar uma rede estatística de uma rede
determinística, em que ocorre a reserva de capacidade
remunerada pelo usuário mesmo quando ociosa. A
construção do argumento é complicada em si, na medida
em que a existência de metas para a variação mínima e
média da velocidade contratada demonstra, justamente, a
permissão para a sua variação em decorrência da
característica das redes. Neste sentido, os patamares
exigidos, de variação mínima de 20%-40%, em 95% dos
casos, e variação média de 60%-80%, são plenamente
compatíveis com a natureza estatística do serviço. Isto
posto, importa demonstrar a base constitucional e legal da
competência da Anatel para prever metas de qualidade
também aos serviços de telecomunicações prestados em
regime privado. 2.1 Compatibilidade constitucional e
legal na fixação de metas de qualidade para os serviços de
telecomunicações explorados no regime privado
Inicialmente, devemos recordar que a Constituição
Federal, em seu art. 21, XI, postula que compete à União
explorar os serviços de telecomunicações no país. A
exploração pode se dar diretamente ou mediante
autorização, concessão ou permissão. Sendo de
competência da União a prestação destes serviços, como
considerar ingerência indevida a disposição, pelo órgão
regulador das telecomunicações, de regras relativas à
qualidade dos mesmos? Neste contexto, a regulação da
qualidade é não só permitida, como devida e necessária.
Corroborando este entendimento, estabelece o art. 2 , III
da LGT: Art. 2 O Poder Público tem o dever de: III adotar
medidas que promovam a competição e a diversidade dos
serviços, incrementem sua oferta e propiciem padrões de
qualidade compatíveis com a exigência dos usuários.
[grifo nosso]. Previsão semelhante está presente no Título
específico dos serviços prestados em regime privado, do
mesmo diploma legal. Dispõe o art. 127: Art. 127 A
disciplina da exploração dos serviços no regime privado
terá por objetivo viabilizar o cumprimento das leis, em
especial das relativas às telecomunicações, à ordem
econômica e aos direitos dos consumidores, destinando-se
a garantir: I a diversidade de serviços, o incremento de
sua oferta e sua qualidade. [grifo nosso] Conforme se
verifica das previsões acima, a garantia de padrões de
qualidade não é incompatível com o regime jurídico do
Serviço de Comunicação Multimídia ou do Serviço
Móvel Pessoal. Ao contrário, a legislação enuncia sua
necessidade. Da mesma forma, a determinação de padrões
de qualidade na prestação do serviço não fere os
princípios constitucionais da atividade econômica base da
exploração dos serviços de telecomunicações no regime
privado, segundo o art. 126 da LGT. Em primeiro lugar,
porque não se pode considerar a exigência de qualidade
na prestação de um serviço como uma afronta à livre
iniciativa. Faz parte da atividade de qualquer fornecedor a
responsabilidade pela execução adequada do serviço
oferecido. Não bastasse isso, os pedidos de anulação se
dirigem a serviços de interesse coletivo, cuja exploração é
de competência da União. Em segundo lugar, porque
também a defesa do consumidor é princípio da atividade
econômica e se encontra entre as atribuições da agência.
Segundo seu regulamento, é competência da Anatel atuar
na proteção e defesa dos usuários (art. 16, XIX do
Decreto 2.238 / 1997), estando clara na LGT a autoridade
da agência para reprimir as infrações aos direitos dos
consumidores (art. 19, XVIII da LGT). A determinação
de padrões de qualidade, assim, atende diretamente a um
dos princípios da atividade econômica e não constitui
violação aos outros. A operadora cita ainda o art. 128 da
LGT, argumentando que a intervenção da Anatel na
atividade das prestadoras dos serviços em questão feriria
o princípio da intervenção mínima e da liberdade como
regra. Complementa afirmando que a única exceção a isto
seriam as metas de universalização, restritas aos serviços
prestados no regime público. Omite a operadora, porém,
que o referido artigo 128 trata, na verdade, das condições
a serem observadas pela agência quando da imposição de
condicionamentos à exploração dos serviços no regime
privado. Condicionamentos que podem significar deveres
de abstenção (limites), obrigações de fazer (encargos) ou
deveres de suportar (sujeições). A liberdade como regra
enseja exceções; a intervenção mínima na vida privada
exige justificativa para a previsão de condicionamentos.
Por isso, dispõe o art. 128, III, que limites, encargos ou
sujeições deverão ter vínculos, tanto de necessidade como
de adequação, com finalidades públicas específicas e
relevantes. O inciso IV complementa afirmando que o
proveito coletivo gerado pelo condicionamento deverá ser
proporcional à privação que ele impuser. Os incisos III e
IV dizem respeito, portanto, à aplicação do princípio da
proporcionalidade com seus três elementos: adequação,
necessidade e proporcionalidade em sentido estrito.
Conforme demonstraremos adiante, os indicadores
contestados passam por este teste, ao contrário do que
afirma a operadora TNL PSC S.A. Deste modo, os
condicionamentos recentemente aprovados pela Anatel
estão de acordo com os preceitos constitucionais e o
regime jurídico, privado, de prestação dos serviços
modelado pela LGT. Por fim, importa ressaltar mais uma
característica do regime privado: a inexistência de direito
adquirido, das prestadoras do serviço, à permanência das
condições vigentes quando da expedição da autorização
ou do início das atividades (art. 130). Por conta disso, as
empresas têm a obrigação de observar os novos
condicionamentos impostos por lei e pela
regulamentação. É dever da agência conceder prazos
suficientes para adaptação aos novos condicionamentos, o
que ocorre no presente caso. Mesmo assim, os termos de
autorização do SCM firmados entre prestadoras e Anatel
já estabelecem claramente a competência da agência para
impor condicionamentos, bem como para definir
parâmetros de qualidade ao serviço. Entre os parâmetros
expressamente previstos no termo constam o
fornecimento do transporte de sinais respeitando as
características estabelecidas na regulamentação e a
disponibilidade do serviço nos índices contratados . Já nos
termos de autorização do SMP, há referência expressa ao
Plano Geral de Metas de Qualidade do serviço, além da
reprodução da disposição já citada, de que a prestadora
deve observar os novos condicionamentos legais e
regulamentares. 2.2 O reforço advindo da publicação do
Decreto n. 7.512 / 2011 e seu contexto Não fosse
suficiente toda a base constitucional e legal anteriormente
exposta, o Decreto 7.512 / 2011, aprovado em 30 de
junho de 2011, vem reforçar a necessidade de parâmetros
de qualidade para a banda larga fixa e móvel. Dispõe o
seu art. 2 que a Anatel deverá adotar as medidas
regulatórias necessárias para estabelecer padrões de
qualidade para serviços de telecomunicações que
suportam o acesso à Internet em banda larga, definindo,
entre outros, parâmetros de velocidade efetiva de conexão
mínima e média, de disponibilidade do serviço, bem
como regras de publicidade e transparência que permitam
a aferição da qualidade percebida pelos usuários. Com
relação à previsão acima e aos argumentos apresentados
pela TNL PSC S.A., temos quatro pontos a ressaltar: (i) O
Decreto não estabelece as metas de qualidade em si, mas
prevê moldes e prazos para a sua definição por meio de
instrumento adequado e de acordo com a legislação
setorial. Em que pese a competência normativa da
Presidência da República e do Ministério das
Comunicações, a redação do mencionado artigo 2 é clara
ao atribuir à Anatel a adoção dos referidos padrões, em
conformidade com o art. 19, X da LGT e art. 17, XIV do
regulamento da agência (Decreto 2.338 / 1997); (ii) O
fato de a previsão se referir a padrões e parâmetros não
significa que silencie quanto à imposição de metas de
qualidade. Ao contrário, o artigo preconiza a adoção de
medidas regulatórias necessárias para o estabelecimento
de padrões de qualidade dos serviços. Padrões ,
parâmetros e metas são todas palavras que fazem
referência a medidas regulatórias que dêem respostas
suficientes à realidade e aos problemas da prestação dos
serviços. (iii) A adoção de metas de qualidade é prática
recorrente na atividade regulatória da agência, inclusive
para serviços explorados no regime privado. Neste
sentido, o RGQ-SMP vem substituir o Plano Geral de
Metas (PGMQ) do serviço, assim como há o PGMQ dos
serviços de televisão por assinatura e do serviço de
telefonia fixa, que se aplica a concessionárias e
autorizatárias. A previsão do Decreto se insere neste
contexto e reflete a até então inexistente regulação de
qualidade para o SCM e a necessidade de atualização das
metas do SMP. Tarefas, aliás, previstas no PGR aprovado
por meio da Resolução 516 / 2008. (iv) Com base nos
pontos acima, não podemos concordar que o mencionado
dispositivo se refira apenas ao estabelecimento de
parâmetros que seriam objeto de identificação pelas
medidas de transparência. O art. 2 citado determina que a
Anatel adote medidas regulatórias necessárias para
estabelecer padrões de qualidade necessários ao SCM e
ao SMP, bem como regras de publicidade e transparência
que permitam a aferição da qualidade percebida pelos
usuários . 2.3 A proporcionalidade da medida regulatória
questionada: a presença da adequação, necessidade e
proporcionalidade em sentido estrito nos regulamentos de
qualidade A partir do exame a seguir será possível
demonstrar que os indicadores de rede do SCM, assim
como as taxas de transmissão de conexão de dados do
SMP, observam o princípio da proporcionalidade e as
condições do art. 128 da LGT para imposição de encargos
e sujeições. Antes de iniciarmos, é preciso frisar que a
análise apresentada pela operadora TNL PSC S.A. está
viciada já em seus pressupostos. O art. 2 do Decreto 7.512
/ 2011 não tem apenas o objetivo de reduzir a assimetria
de informações entre os usuários e as prestadoras do SCM
e do SMP. Em sua redação também está clara a
determinação para a adoção de medidas regulatórias que
respondam de maneira suficiente aos problemas
verificados na prestação destes serviços. Contudo,
interessa ressaltar que os regulamentos aprovados não têm
como base normativa somente o mencionado Decreto,
mas considerável referência legislativa e constitucional.
Por fim, é importante que o teste de proporcionalidade
tenha como pressuposto o cenário atual da prestação dos
serviços e de violação do direito dos consumidores já
exposta, nesta contribuição, nas considerações acerca da
motivação dos regulamentos de qualidade. Fixados os
pressupostos, passemos à análise da aplicação do
princípio da proporcionalidade ao caso concreto:
ADEQUAÇÃO as metas são aptas a cumprir os objetivos
propostos. São regras relativas à qualidade do serviço que
atingem problemas recorrentes de conexão e apresentam
parâmetros objetivos para a fiscalização da Anatel e o
acompanhamento do consumidor. O argumento da
prestadora de que a observância de tais regras aumentará
os preços do serviço ou diminuirá as velocidades
ofertadas soa como alegação da própria torpeza e
confirma a necessidade dos regulamentos, já adiantando o
elemento seguinte de análise. Se a exigência de que a
empresa entregue no mínimo 20%, e na média 60%, da
velocidade anunciada no primeiro ano de aplicação destes
critérios gera os efeitos mencionados, significa que a atual
situação de prestação do serviço é realmente inadequada.
NECESSIDADE conforme introduzido acima, tais
medidas são necessárias. A superação dos problemas na
prestação do serviço não pode abrir mão da estipulação de
metas vinculantes para se valer somente de um código de
boas práticas. Se o Código de Defesa do Consumidor, lei
federal vigente há anos no Brasil, ainda conta com
disposições recorrentemente violadas pelas empresas de
telecomunicações, o que dirá um código de boas práticas .
A compulsoriedade das metas e a aplicação de sanções
diante do descumprimento não são supérfluas neste caso.
Também por isso, a mera medição e divulgação dos
resultados não podem ser consideradas formas menos
gravosas de se atingir a mesma finalidade. Além das
razões já apresentadas, é preciso ter em vista a alta
concentração de mercado na prestação do serviço de
banda larga no Brasil, seja fixa ou móvel. Em muitas
localidades há apenas um ou, no máximo, dois provedores
do serviço. Neste cenário pouco competitivo, o
consumidor fica praticamente sem opção diante do baixo
desempenho da sua operadora. Os critérios aqui
discutidos, ao prever porcentagens mínimas e médias de
variação de velocidade, entre outros indicadores de rede,
têm entre seus objetivos justamente combater uma prática
recorrente e comum às maiores prestadoras do serviço a
prática de garantir em seus contratos de adesão apenas
10% da velocidade contratada; isto quando há garantia
expressa. O equilíbrio das relações entre prestadoras e
usuários dos serviços, algo que a disciplina da exploração
no regime privado também se destina a garantir (art. 127,
III da LGT), não é possível sem metas específicas e
vinculantes. PROPORCIONALIDADE EM SENTIDO
ESTRITO as medidas são proporcionais porque impõem
às prestadoras parâmetros que permitem um planejamento
de rede equilibrado e com prazos definidos. Neste
sentido, não pode prosperar o argumento de que os custos
gerados pelas metas afetam a própria atividade econômica
da empresa. Como já vimos, a adequada prestação de um
serviço não pode ser caracterizada como empecilho à
realização da atividade. A exigência progressiva de uma
variação mínima de 20% a 40% da velocidade contratada,
e média de 60% a 80%, até o final de 2014, não pode ser
considerada exagerada em relação aos problemas que visa
enfrentar. Além disso, a experiência internacional
demonstra que tais parâmetros podem ser alcançados,
como o próprio exemplo do Reino Unido citado pela
empresa em seu pedido de anulação. 2.4 Direito do
consumidor: da LEGALIDADE na fixação de metas É no
mínimo enganoso afirmar que a legislação consumerista
considera ilegal a fixação de metas de qualidade de um
serviço de interesse coletivo e de competência da União.
A legislação de proteção ao consumidor, ao contrário do
que alega a TNL PCS S.A., soma-se ao marco legal
setorial na defesa de metas de qualidade para o serviço de
banda larga. Ainda que não houvesse disposições
expressas quanto à exigência de qualidade na prestação de
serviços, o art. 7 do Código de Defesa do Consumidor
(Lei Federal n. 8.078 / 1990) afirma que os direitos nele
previstos não excluem outros decorrentes da legislação
interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas
autoridades administrativas competentes, bem como dos
que derivem dos princípios gerais do direito, analogia,
costumes e eqüidade. Contudo, já do art. 4 , II, alínea d do
referido diploma legal consta a seguinte disposição: Art. 4
A Política Nacional das Relações de Consumo tem por
objetivo o atendimento das necessidades dos
consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e
segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a
melhoria da sua qualidade de vida, bem como a
transparência e harmonia das relações de consumo,
atendidos os seguintes princípios: II - ação governamental
no sentido de proteger efetivamente o consumidor: d) pela
garantia dos produtos e serviços com padrões adequados
de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
[grifo nosso] Embora os regulamentos não se refiram
propriamente a um procedimento de certificação, suas
regras estabelecem medidas que visam garantir a
prestação dos serviços (SCM e SMP) a partir de padrões
adequados de qualidade e desempenho. Além disso, o
Código de Defesa do Consumidor arrola entre os direitos
básicos do consumidor a adequada e eficaz prestação dos
serviços públicos em geral (art. 6 , X) e apresenta um
capítulo específico sobre a qualidade de produtos e
serviços, que trata da responsabilidade do fornecedor,
diante do consumidor, quando da exploração de sua
atividade. Assim, o efetivo equilíbrio entre fornecedor e
consumidor nas relações de consumo vai além da
transparência e do direito à informação, abrangendo, entre
outras, ações do poder público na garantia de padrões de
qualidade e a responsabilidade dos prestadores pelas
atividades desenvolvidas. Todavia, é fato que não
podemos desprezar o peso que a transparência e o direito
à informação têm para a legislação consumerista. Quanto
a isso, as metas aqui questionadas contribuem também
para a efetivação destes postulados e desvelam prática
abusiva das empresas. A definição de parâmetros
mínimos e médios de qualidade da conexão confere ao
consumidor expectativa realista e mensurável do serviço
adquirido, dando-lhe instrumentos para exigir a sua
adequada prestação. A própria argumentação da
operadora demonstra que com estas medidas as ofertas de
velocidade ficarão mais próximas do que efetivamente se
entrega ao consumidor. A isto se dá o nome de
transparência . Art. 23 do RGQ-SCM 3. DA
LEGALIDADE DA TAXA DE INSTALAÇÃO Segundo
a TNL PSC S.A., a definição de prazo máximo para
instalação do Serviço de Comunicação Multimídia é
similar às metas de universalização aplicáveis ao serviços
explorados no regime público. Indo além, a empresa
afirma que metas de instalação apresentam como foco a
universalização do serviço. Tal argumento parece
desconhecer o fato de que metas de universalização se
destinam a disponibilizar o serviço em locais em que
ainda não há cobertura, de forma a atender ao disposto no
art. 79, 1 da LGT; enquanto meta de instalação visa
estabelecer um prazo máximo para ativação do serviço
nos locais em que a empresa já o oferece. A definição de
prazos para a instalação do serviço não encontra
empecilho na legislação do setor e se demonstra
extremamente relevante. Não é raro que o consumidor
tenha que esperar quase 30 dias para a instalação do
serviço de banda larga já contratado e de que necessita
para a realização das mais diversas atividades. A
combinação do art. 35, I e do art. 39, XII do Código de
Defesa do Consumidor confere instrumento importante ao
consumidor. Todavia, é errôneo supor que a execução
forçada de um prazo informado pela empresa na sua
Central de Vendas e não cumprido ou a contestação da
prática da empresa em definir unilateralmente o prazo de
instalação, o que em geral ocorre, são tão eficazes na
proteção do consumidor quanto a fixação de uma meta de
instalação pela Anatel. Por tais razões, a taxa deve ser
mantida sem alterações. Arts 11, 12 e 13 do RGQ-SCM 4.
DA NÃO OCORRÊNCIA DE BIS IN IDEM NAS
RECLAMAÇÕES RELATIVAS A REPARO NOS
ARTIGOS 11, 12 E 13 DO RGQ-SCM A TNL PSC S.A.
afirma, em seu pedido de anulação, que os referidos
artigos avaliam repetidamente o mesmo fator, qual seja,
as reclamações relativas a reparo. No entanto, é preciso
comentar que o primeiro artigo (art. 11) diz respeito à
relação entre o número total de reclamações recebidas na
prestadora e o número total de acessos em serviço;
enquanto o segundo artigo (art. 12) trata da relação entre
o número total de reclamações recebidas na Anatel, em
desfavor da prestadora, e o número total de reclamações
recebidas em todos os canais de atendimento da
prestadora, no mês. O terceiro (art. 13), por sua vez,
refere-se à relação entre a quantidade de reclamações com
reabertura e a quantidade de reclamações recebidas em
todos os canais de atendimento da prestadora. O objetivo
de cada uma dessas taxas é estabelecer um limite máximo
para cada relação, controlando, respectivamente: (i) o
número de reclamações de acordo com a base de
assinantes; (ii) o transbordo de reclamações para a Anatel;
e (iii) a quantidade de demandas não solucionadas pela
empresa e, portanto, reabertas. As penalidades somente
serão impostas caso sejam superados os índices
estabelecidos em cada relação. As reclamações relativas a
reparo integram a amostra geral de reclamações a ser
entregue à agência. O número 1, da alínea a, do 2 dos
artigos mencionados demonstra o interesse da Anatel em
visualizar estes dados em separado dos outros quando do
recebimento do número total de reclamações, mas não
significa uma avaliação repetida da taxa. Esclarecido este
ponto, resta refletir acerca do art. 24 diante das medições
descritas acima. O art. 24 se refere à relação entre o
número de solicitações de reparo, em decorrência de
falhas ou defeitos, e o número total de acessos em
serviço. Seu objetivo é controlar a qualidade da prestação
do serviço, evitando que haja um número alto de falhas ou
defeitos em comparação à base de assinantes. Poderia
haver duplicidade entre o art. 24 e o art. 11, já que se trata
da mesma relação (solicitações ou reclamações / base de
assinantes), se na organização dos dados não houver
diferenciação entre solicitação de reparo e reclamação
relativa a reparo . Todavia, tal possibilidade não enseja a
anulação dos referidos dispositivos, mas apenas a
especificação adequada na consolidação das informações.
Isto porque cada um deles, efetivamente, avalia questões
diferentes.
Justificativa:
Arts 16 a 21 do RGQ-SCM e Arts 22 e 23 do RGQ-SMP
1. DOS SUPOSTOS VÍCIOS DE MOTIVAÇÃO Os
pedidos de anulação têm como um de seus argumentos
centrais a alegação de vício de motivação na aprovação
das metas em questão. Sabe-se que a motivação é
necessária ao ato administrativo, o que se reflete no art.
40 da Lei Geral de Telecomunicações (Lei Federal n.
9.472 / 97). Porém, como verificaremos a seguir, não é
possível afirmar que tal condição não tenha sido suprida
na edição de ambos os regulamentos. 1.1 Ausência da
Análise de Impacto Regulatório (AIR) Segundo a TNL
PCS S.A., a aprovação dos indicadores de rede do SCM e
das taxas de transmissão mínima e média do SMP
apresenta vício de motivação pela ausência de Análise de
Impacto Regulatório, citando as recomendações da OCDE
(Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico). Conquanto o Idec, em diversas
oportunidades, já tenha defendido a realização de AIR no
processo de elaboração de atos da Anatel, a legislação
aplicável não exige a realização de análise nos termos
apresentados pela operadora. Portanto, a ausência desta
análise não enseja a anulação das metas aprovadas. De
outro lado, importa afirmar que a exigência de exposição
formal de motivos foi observada pela Anatel em ambos os
casos. Nos dois regulamentos houve o esforço da agência
em demonstrar os elementos de fato e de direito que
justificam a adoção de metas de qualidade. Quanto aos
parâmetros técnicos das metas, a análise da Anatel
apresenta estudos internacionais, além de contar com a
experiência da pesquisa realizada em parceria com o
CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil) e Inmetro.
Além disso, a própria realidade da prestação do serviço
fundamenta a necessidade de indicadores de rede e taxas
de transmissão das conexões. São recorrentes as
reclamações diante de problemas de conexão e variação
de velocidade, sendo que a regulamentação até então
vigente não oferecia respostas suficientes aos
consumidores. Quanto às empresas, a resposta
comumente dada ao usuário é a atenuação ou exclusão da
responsabilidade diante do serviço prestado, prevendo
cláusulas abusivas em seus contratos de adesão. 1.2 A
experiência internacional citada pela Anatel Mais
especificamente no pedido de anulação do RGQ-SCM, a
TNL PCS S.A. alega que também enseja vício de
motivação o fato de os estudos internacionais citados pela
agência não terem resultado na adoção de padrões
vinculantes nos países de origem. Quanto a isso, cumpre
notar que há uma ampla discussão internacional com
relação à qualidade da banda larga e à necessidade de se
aproximar as velocidades anunciadas e contratadas das
efetivamente entregues. Os países estão avaliando suas
práticas e estabelecendo modelos regulatórios que
respondam à sua realidade. O fato de os estudos citados
pela Anatel não terem, nos países de origem, resultado até
então em regulações vinculantes não significa que os
indicadores e os métodos de medição não possam ser
replicados aqui. O cenário da prestação do serviço no
Brasil é diferente do que se verifica nestes países. Neste
sentido, devemos ressaltar a falta de competição na oferta
do serviço de banda larga no Brasil. Dados consolidados
no mapa Brasil Banda Larga 2012 , editado pela
Converge Comunicações, permite-nos concluir que em
cerca de 90% dos municípios brasileiros não há
competição efetiva na oferta do serviço, fixo ou móvel. A
medição e divulgação dos resultados, sem parâmetros
obrigatórios e sanções, deixariam muitas vezes o
consumidor sem opção diante de um desempenho ruim de
sua prestadora. A vulnerabilidade do consumidor como
Princípio da Política Nacional das Relações de Consumo,
a recorrente prática abusiva das empresas e a
desinformação quanto aos parâmetros de rede, além da
responsabilidade da Anatel em garantir a qualidade dos
serviços de telecomunicações e do cenário de
concentração do mercado, conformam os elementos que
tornam adequados os regulamentos recentemente
aprovados. 2. DA COMPETÊNCIA DA ANATEL PARA
FIXAÇÃO DE METAS DE QUALIDADE NO REGIME
PRIVADO Outro argumento central da empresa para a
anulação dos indicadores de rede do SCM (arts 16 a 21) e
das taxas de transmissão de conexão de dados do SMP
(arts 22 e 23) é a alegação de que os serviços prestados
em regime privado não estão sujeitos à observância de
metas de qualidade. A operadora chega a classificar tal
conduta da agência como ingerência indevida na atividade
econômica das autorizatárias dos referidos serviços. Para
tal classificação, abriga-se na Constituição e na LGT.
Contudo, é com base em ambas que devemos defender o
contrário, isto é, a prerrogativa da Anatel em dispor sobre
metas de qualidade também aos serviços prestados em
regime privado. Para demonstrar a compatibilidade de tal
prerrogativa ao marco regulatório brasileiro das
telecomunicações, cumpre, inicialmente, refletir acerca do
argumento, trazido pela operadora, que envolve a
definição de redes estatísticas e redes determinísticas. A
TNL PSC S.A. alega que o estabelecimento das metas em
discussão altera o perfil da prestação do serviço ao
pretender aproximar uma rede estatística de uma rede
determinística, em que ocorre a reserva de capacidade
remunerada pelo usuário mesmo quando ociosa. A
construção do argumento é complicada em si, na medida
em que a existência de metas para a variação mínima e
média da velocidade contratada demonstra, justamente, a
permissão para a sua variação em decorrência da
característica das redes. Neste sentido, os patamares
exigidos, de variação mínima de 20%-40%, em 95% dos
casos, e variação média de 60%-80%, são plenamente
compatíveis com a natureza estatística do serviço. Isto
posto, importa demonstrar a base constitucional e legal da
competência da Anatel para prever metas de qualidade
também aos serviços de telecomunicações prestados em
regime privado. 2.1 Compatibilidade constitucional e
legal na fixação de metas de qualidade para os serviços de
telecomunicações explorados no regime privado
Inicialmente, devemos recordar que a Constituição
Federal, em seu art. 21, XI, postula que compete à União
explorar os serviços de telecomunicações no país. A
exploração pode se dar diretamente ou mediante
autorização, concessão ou permissão. Sendo de
competência da União a prestação destes serviços, como
considerar ingerência indevida a disposição, pelo órgão
regulador das telecomunicações, de regras relativas à
qualidade dos mesmos? Neste contexto, a regulação da
qualidade é não só permitida, como devida e necessária.
Corroborando este entendimento, estabelece o art. 2 , III
da LGT: Art. 2 O Poder Público tem o dever de: III adotar
medidas que promovam a competição e a diversidade dos
serviços, incrementem sua oferta e propiciem padrões de
qualidade compatíveis com a exigência dos usuários.
[grifo nosso]. Previsão semelhante está presente no Título
específico dos serviços prestados em regime privado, do
mesmo diploma legal. Dispõe o art. 127: Art. 127 A
disciplina da exploração dos serviços no regime privado
terá por objetivo viabilizar o cumprimento das leis, em
especial das relativas às telecomunicações, à ordem
econômica e aos direitos dos consumidores, destinando-se
a garantir: I a diversidade de serviços, o incremento de
sua oferta e sua qualidade. [grifo nosso] Conforme se
verifica das previsões acima, a garantia de padrões de
qualidade não é incompatível com o regime jurídico do
Serviço de Comunicação Multimídia ou do Serviço
Móvel Pessoal. Ao contrário, a legislação enuncia sua
necessidade. Da mesma forma, a determinação de padrões
de qualidade na prestação do serviço não fere os
princípios constitucionais da atividade econômica base da
exploração dos serviços de telecomunicações no regime
privado, segundo o art. 126 da LGT. Em primeiro lugar,
porque não se pode considerar a exigência de qualidade
na prestação de um serviço como uma afronta à livre
iniciativa. Faz parte da atividade de qualquer fornecedor a
responsabilidade pela execução adequada do serviço
oferecido. Não bastasse isso, os pedidos de anulação se
dirigem a serviços de interesse coletivo, cuja exploração é
de competência da União. Em segundo lugar, porque
também a defesa do consumidor é princípio da atividade
econômica e se encontra entre as atribuições da agência.
Segundo seu regulamento, é competência da Anatel atuar
na proteção e defesa dos usuários (art. 16, XIX do
Decreto 2.238 / 1997), estando clara na LGT a autoridade
da agência para reprimir as infrações aos direitos dos
consumidores (art. 19, XVIII da LGT). A determinação
de padrões de qualidade, assim, atende diretamente a um
dos princípios da atividade econômica e não constitui
violação aos outros. A operadora cita ainda o art. 128 da
LGT, argumentando que a intervenção da Anatel na
atividade das prestadoras dos serviços em questão feriria
o princípio da intervenção mínima e da liberdade como
regra. Complementa afirmando que a única exceção a isto
seriam as metas de universalização, restritas aos serviços
prestados no regime público. Omite a operadora, porém,
que o referido artigo 128 trata, na verdade, das condições
a serem observadas pela agência quando da imposição de
condicionamentos à exploração dos serviços no regime
privado. Condicionamentos que podem significar deveres
de abstenção (limites), obrigações de fazer (encargos) ou
deveres de suportar (sujeições). A liberdade como regra
enseja exceções; a intervenção mínima na vida privada
exige justificativa para a previsão de condicionamentos.
Por isso, dispõe o art. 128, III, que limites, encargos ou
sujeições deverão ter vínculos, tanto de necessidade como
de adequação, com finalidades públicas específicas e
relevantes. O inciso IV complementa afirmando que o
proveito coletivo gerado pelo condicionamento deverá ser
proporcional à privação que ele impuser. Os incisos III e
IV dizem respeito, portanto, à aplicação do princípio da
proporcionalidade com seus três elementos: adequação,
necessidade e proporcionalidade em sentido estrito.
Conforme demonstraremos adiante, os indicadores
contestados passam por este teste, ao contrário do que
afirma a operadora TNL PSC S.A. Deste modo, os
condicionamentos recentemente aprovados pela Anatel
estão de acordo com os preceitos constitucionais e o
regime jurídico, privado, de prestação dos serviços
modelado pela LGT. Por fim, importa ressaltar mais uma
característica do regime privado: a inexistência de direito
adquirido, das prestadoras do serviço, à permanência das
condições vigentes quando da expedição da autorização
ou do início das atividades (art. 130). Por conta disso, as
empresas têm a obrigação de observar os novos
condicionamentos impostos por lei e pela
regulamentação. É dever da agência conceder prazos
suficientes para adaptação aos novos condicionamentos, o
que ocorre no presente caso. Mesmo assim, os termos de
autorização do SCM firmados entre prestadoras e Anatel
já estabelecem claramente a competência da agência para
impor condicionamentos, bem como para definir
parâmetros de qualidade ao serviço. Entre os parâmetros
expressamente previstos no termo constam o
fornecimento do transporte de sinais respeitando as
características estabelecidas na regulamentação e a
disponibilidade do serviço nos índices contratados . Já nos
termos de autorização do SMP, há referência expressa ao
Plano Geral de Metas de Qualidade do serviço, além da
reprodução da disposição já citada, de que a prestadora
deve observar os novos condicionamentos legais e
regulamentares. 2.2 O reforço advindo da publicação do
Decreto n. 7.512 / 2011 e seu contexto Não fosse
suficiente toda a base constitucional e legal anteriormente
exposta, o Decreto 7.512 / 2011, aprovado em 30 de
junho de 2011, vem reforçar a necessidade de parâmetros
de qualidade para a banda larga fixa e móvel. Dispõe o
seu art. 2 que a Anatel deverá adotar as medidas
regulatórias necessárias para estabelecer padrões de
qualidade para serviços de telecomunicações que
suportam o acesso à Internet em banda larga, definindo,
entre outros, parâmetros de velocidade efetiva de conexão
mínima e média, de disponibilidade do serviço, bem
como regras de publicidade e transparência que permitam
a aferição da qualidade percebida pelos usuários. Com
relação à previsão acima e aos argumentos apresentados
pela TNL PSC S.A., temos quatro pontos a ressaltar: (i) O
Decreto não estabelece as metas de qualidade em si, mas
prevê moldes e prazos para a sua definição por meio de
instrumento adequado e de acordo com a legislação
setorial. Em que pese a competência normativa da
Presidência da República e do Ministério das
Comunicações, a redação do mencionado artigo 2 é clara
ao atribuir à Anatel a adoção dos referidos padrões, em
conformidade com o art. 19, X da LGT e art. 17, XIV do
regulamento da agência (Decreto 2.338 / 1997); (ii) O
fato de a previsão se referir a padrões e parâmetros não
significa que silencie quanto à imposição de metas de
qualidade. Ao contrário, o artigo preconiza a adoção de
medidas regulatórias necessárias para o estabelecimento
de padrões de qualidade dos serviços. Padrões ,
parâmetros e metas são todas palavras que fazem
referência a medidas regulatórias que dêem respostas
suficientes à realidade e aos problemas da prestação dos
serviços. (iii) A adoção de metas de qualidade é prática
recorrente na atividade regulatória da agência, inclusive
para serviços explorados no regime privado. Neste
sentido, o RGQ-SMP vem substituir o Plano Geral de
Metas (PGMQ) do serviço, assim como há o PGMQ dos
serviços de televisão por assinatura e do serviço de
telefonia fixa, que se aplica a concessionárias e
autorizatárias. A previsão do Decreto se insere neste
contexto e reflete a até então inexistente regulação de
qualidade para o SCM e a necessidade de atualização das
metas do SMP. Tarefas, aliás, previstas no PGR aprovado
por meio da Resolução 516 / 2008. (iv) Com base nos
pontos acima, não podemos concordar que o mencionado
dispositivo se refira apenas ao estabelecimento de
parâmetros que seriam objeto de identificação pelas
medidas de transparência. O art. 2 citado determina que a
Anatel adote medidas regulatórias necessárias para
estabelecer padrões de qualidade necessários ao SCM e
ao SMP, bem como regras de publicidade e transparência
que permitam a aferição da qualidade percebida pelos
usuários . 2.3 A proporcionalidade da medida regulatória
questionada: a presença da adequação, necessidade e
proporcionalidade em sentido estrito nos regulamentos de
qualidade A partir do exame a seguir será possível
demonstrar que os indicadores de rede do SCM, assim
como as taxas de transmissão de conexão de dados do
SMP, observam o princípio da proporcionalidade e as
condições do art. 128 da LGT para imposição de encargos
e sujeições. Antes de iniciarmos, é preciso frisar que a
análise apresentada pela operadora TNL PSC S.A. está
viciada já em seus pressupostos. O art. 2 do Decreto 7.512
/ 2011 não tem apenas o objetivo de reduzir a assimetria
de informações entre os usuários e as prestadoras do SCM
e do SMP. Em sua redação também está clara a
determinação para a adoção de medidas regulatórias que
respondam de maneira suficiente aos problemas
verificados na prestação destes serviços. Contudo,
interessa ressaltar que os regulamentos aprovados não têm
como base normativa somente o mencionado Decreto,
mas considerável referência legislativa e constitucional.
Por fim, é importante que o teste de proporcionalidade
tenha como pressuposto o cenário atual da prestação dos
serviços e de violação do direito dos consumidores já
exposta, nesta contribuição, nas considerações acerca da
motivação dos regulamentos de qualidade. Fixados os
pressupostos, passemos à análise da aplicação do
princípio da proporcionalidade ao caso concreto:
ADEQUAÇÃO as metas são aptas a cumprir os objetivos
propostos. São regras relativas à qualidade do serviço que
atingem problemas recorrentes de conexão e apresentam
parâmetros objetivos para a fiscalização da Anatel e o
acompanhamento do consumidor. O argumento da
prestadora de que a observância de tais regras aumentará
os preços do serviço ou diminuirá as velocidades
ofertadas soa como alegação da própria torpeza e
confirma a necessidade dos regulamentos, já adiantando o
elemento seguinte de análise. Se a exigência de que a
empresa entregue no mínimo 20%, e na média 60%, da
velocidade anunciada no primeiro ano de aplicação destes
critérios gera os efeitos mencionados, significa que a atual
situação de prestação do serviço é realmente inadequada.
NECESSIDADE conforme introduzido acima, tais
medidas são necessárias. A superação dos problemas na
prestação do serviço não pode abrir mão da estipulação de
metas vinculantes para se valer somente de um código de
boas práticas. Se o Código de Defesa do Consumidor, lei
federal vigente há anos no Brasil, ainda conta com
disposições recorrentemente violadas pelas empresas de
telecomunicações, o que dirá um código de boas práticas .
A compulsoriedade das metas e a aplicação de sanções
diante do descumprimento não são supérfluas neste caso.
Também por isso, a mera medição e divulgação dos
resultados não podem ser consideradas formas menos
gravosas de se atingir a mesma finalidade. Além das
razões já apresentadas, é preciso ter em vista a alta
concentração de mercado na prestação do serviço de
banda larga no Brasil, seja fixa ou móvel. Em muitas
localidades há apenas um ou, no máximo, dois provedores
do serviço. Neste cenário pouco competitivo, o
consumidor fica praticamente sem opção diante do baixo
desempenho da sua operadora. Os critérios aqui
discutidos, ao prever porcentagens mínimas e médias de
variação de velocidade, entre outros indicadores de rede,
têm entre seus objetivos justamente combater uma prática
recorrente e comum às maiores prestadoras do serviço a
prática de garantir em seus contratos de adesão apenas
10% da velocidade contratada; isto quando há garantia
expressa. O equilíbrio das relações entre prestadoras e
usuários dos serviços, algo que a disciplina da exploração
no regime privado também se destina a garantir (art. 127,
III da LGT), não é possível sem metas específicas e
vinculantes. PROPORCIONALIDADE EM SENTIDO
ESTRITO as medidas são proporcionais porque impõem
às prestadoras parâmetros que permitem um planejamento
de rede equilibrado e com prazos definidos. Neste
sentido, não pode prosperar o argumento de que os custos
gerados pelas metas afetam a própria atividade econômica
da empresa. Como já vimos, a adequada prestação de um
serviço não pode ser caracterizada como empecilho à
realização da atividade. A exigência progressiva de uma
variação mínima de 20% a 40% da velocidade contratada,
e média de 60% a 80%, até o final de 2014, não pode ser
considerada exagerada em relação aos problemas que visa
enfrentar. Além disso, a experiência internacional
demonstra que tais parâmetros podem ser alcançados,
como o próprio exemplo do Reino Unido citado pela
empresa em seu pedido de anulação. 2.4 Direito do
consumidor: da LEGALIDADE na fixação de metas É no
mínimo enganoso afirmar que a legislação consumerista
considera ilegal a fixação de metas de qualidade de um
serviço de interesse coletivo e de competência da União.
A legislação de proteção ao consumidor, ao contrário do
que alega a TNL PCS S.A., soma-se ao marco legal
setorial na defesa de metas de qualidade para o serviço de
banda larga. Ainda que não houvesse disposições
expressas quanto à exigência de qualidade na prestação de
serviços, o art. 7 do Código de Defesa do Consumidor
(Lei Federal n. 8.078 / 1990) afirma que os direitos nele
previstos não excluem outros decorrentes da legislação
interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas
autoridades administrativas competentes, bem como dos
que derivem dos princípios gerais do direito, analogia,
costumes e eqüidade. Contudo, já do art. 4 , II, alínea d do
referido diploma legal consta a seguinte disposição: Art. 4
A Política Nacional das Relações de Consumo tem por
objetivo o atendimento das necessidades dos
consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e
segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a
melhoria da sua qualidade de vida, bem como a
transparência e harmonia das relações de consumo,
atendidos os seguintes princípios: II - ação governamental
no sentido de proteger efetivamente o consumidor: d) pela
garantia dos produtos e serviços com padrões adequados
de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
[grifo nosso] Embora os regulamentos não se refiram
propriamente a um procedimento de certificação, suas
regras estabelecem medidas que visam garantir a
prestação dos serviços (SCM e SMP) a partir de padrões
adequados de qualidade e desempenho. Além disso, o
Código de Defesa do Consumidor arrola entre os direitos
básicos do consumidor a adequada e eficaz prestação dos
serviços públicos em geral (art. 6 , X) e apresenta um
capítulo específico sobre a qualidade de produtos e
serviços, que trata da responsabilidade do fornecedor,
diante do consumidor, quando da exploração de sua
atividade. Assim, o efetivo equilíbrio entre fornecedor e
consumidor nas relações de consumo vai além da
transparência e do direito à informação, abrangendo, entre
outras, ações do poder público na garantia de padrões de
qualidade e a responsabilidade dos prestadores pelas
atividades desenvolvidas. Todavia, é fato que não
podemos desprezar o peso que a transparência e o direito
à informação têm para a legislação consumerista. Quanto
a isso, as metas aqui questionadas contribuem também
para a efetivação destes postulados e desvelam prática
abusiva das empresas. A definição de parâmetros
mínimos e médios de qualidade da conexão confere ao
consumidor expectativa realista e mensurável do serviço
adquirido, dando-lhe instrumentos para exigir a sua
adequada prestação. A própria argumentação da
operadora demonstra que com estas medidas as ofertas de
velocidade ficarão mais próximas do que efetivamente se
entrega ao consumidor. A isto se dá o nome de
transparência . Art. 23 do RGQ-SCM 3. DA
LEGALIDADE DA TAXA DE INSTALAÇÃO Segundo
a TNL PSC S.A., a definição de prazo máximo para
instalação do Serviço de Comunicação Multimídia é
similar às metas de universalização aplicáveis ao serviços
explorados no regime público. Indo além, a empresa
afirma que metas de instalação apresentam como foco a
universalização do serviço. Tal argumento parece
desconhecer o fato de que metas de universalização se
destinam a disponibilizar o serviço em locais em que
ainda não há cobertura, de forma a atender ao disposto no
art. 79, 1 da LGT; enquanto meta de instalação visa
estabelecer um prazo máximo para ativação do serviço
nos locais em que a empresa já o oferece. A definição de
prazos para a instalação do serviço não encontra
empecilho na legislação do setor e se demonstra
extremamente relevante. Não é raro que o consumidor
tenha que esperar quase 30 dias para a instalação do
serviço de banda larga já contratado e de que necessita
para a realização das mais diversas atividades. A
combinação do art. 35, I e do art. 39, XII do Código de
Defesa do Consumidor confere instrumento importante ao
consumidor. Todavia, é errôneo supor que a execução
forçada de um prazo informado pela empresa na sua
Central de Vendas e não cumprido ou a contestação da
prática da empresa em definir unilateralmente o prazo de
instalação, o que em geral ocorre, são tão eficazes na
proteção do consumidor quanto a fixação de uma meta de
instalação pela Anatel. Por tais razões, a taxa deve ser
mantida sem alterações. Arts 11, 12 e 13 do RGQ-SCM 4.
DA NÃO OCORRÊNCIA DE BIS IN IDEM NAS
RECLAMAÇÕES RELATIVAS A REPARO NOS
ARTIGOS 11, 12 E 13 DO RGQ-SCM A TNL PSC S.A.
afirma, em seu pedido de anulação, que os referidos
artigos avaliam repetidamente o mesmo fator, qual seja,
as reclamações relativas a reparo. No entanto, é preciso
comentar que o primeiro artigo (art. 11) diz respeito à
relação entre o número total de reclamações recebidas na
prestadora e o número total de acessos em serviço;
enquanto o segundo artigo (art. 12) trata da relação entre
o número total de reclamações recebidas na Anatel, em
desfavor da prestadora, e o número total de reclamações
recebidas em todos os canais de atendimento da
prestadora, no mês. O terceiro (art. 13), por sua vez,
refere-se à relação entre a quantidade de reclamações com
reabertura e a quantidade de reclamações recebidas em
todos os canais de atendimento da prestadora. O objetivo
de cada uma dessas taxas é estabelecer um limite máximo
para cada relação, controlando, respectivamente: (i) o
número de reclamações de acordo com a base de
assinantes; (ii) o transbordo de reclamações para a Anatel;
e (iii) a quantidade de demandas não solucionadas pela
empresa e, portanto, reabertas. As penalidades somente
serão impostas caso sejam superados os índices
estabelecidos em cada relação. As reclamações relativas a
reparo integram a amostra geral de reclamações a ser
entregue à agência. O número 1, da alínea a, do 2 dos
artigos mencionados demonstra o interesse da Anatel em
visualizar estes dados em separado dos outros quando do
recebimento do número total de reclamações, mas não
significa uma avaliação repetida da taxa. Esclarecido este
ponto, resta refletir acerca do art. 24 diante das medições
descritas acima. O art. 24 se refere à relação entre o
número de solicitações de reparo, em decorrência de
falhas ou defeitos, e o número total de acessos em
serviço. Seu objetivo é controlar a qualidade da prestação
do serviço, evitando que haja um número alto de falhas ou
defeitos em comparação à base de assinantes. Poderia
haver duplicidade entre o art. 24 e o art. 11, já que se trata
da mesma relação (solicitações ou reclamações / base de
assinantes), se na organização dos dados não houver
diferenciação entre solicitação de reparo e reclamação
relativa a reparo . Todavia, tal possibilidade não enseja a
anulação dos referidos dispositivos, mas apenas a
especificação adequada na consolidação das informações.
Isto porque cada um deles, efetivamente, avalia questões
diferentes.
Item: III. e III.A
III. DOS INDICADORES DE REDE: ARTS. 16 A 21 DO RGQ-SCM
III.A) PRELIMINARMENTE - DOS VÍCIOS DE MOTIVAÇÃO
Contribuição N°: 56
ID da Contribuição: 58248
Autor da Contribuição: Ramiro Carlos Rocha Rebouças
Data da Contribuição: 16/01/2012 23:57:14
Contribuição:
Vício de motivação, de ilegalidade, por violaçãod e
Tratado Internacional, será favorecer o interesse privado
posto acima do Direito Público, do Direito Internacional
Público dos Tratatados Sobre Direitos Humanos
Justificativa:
A questão da suprelagalidade dos Tratados Internacionais
Sobre Direitos Humanos, embora toda vasta
jurisprudência, pode ser resumida em aresto de 2010 do
Colendo Superior Tribunal de Justiça. REsp 914253 / SP
Relator: Ministro LUIZ FUX CE - CORTE ESPECIAL
DJe 04 / 02 / 2010 PROCESSO CIVIL. TRIBUTÁRIO.
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA
CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC.
DEPOSITÁRIO INFIEL. PACTO DE SÃO JOSÉ DA
COSTA RICA. EMENDA CONSTITUCIONAL N. 45 /
2004. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. NOVEL
POSICIONAMENTO ADOTADO PELA SUPREMA
CORTE. 1. A Convenção Americana sobre Direitos
Humanos, em seu art. 7 , 7 , vedou a prisão civil do
depositário infiel, ressalvada a hipótese do devedor de
alimentos. Contudo, a jurisprudência pátria sempre
direcionou-se no sentido da constitucionalidade do art. 5 ,
LXVII, da Carta de 1.988, o qual prevê expressamente a
prisão do depositário infiel. Isto em razão de o referido
tratado internacional ter ingressado em nosso
ordenamento jurídico na qualidade de norma
infraconstitucional, porquanto, com a promulgação da
constituição de 1.988, inadmissível o seu recebimento
com força de emenda constitucional. Nesse sentido
confiram-se os seguintes julgados da Suprema Corte: RE
253071 - GO, Relator Ministro MOREIRA ALVES,
Primeira Turma, DJ de 29 de junho de 2.006 e RE
206.482 - SP, Relator Ministro MAURICIO CORRÊA,
Tribunal Pleno, DJ de 05 de setembro de 2.003. 2. A
edição da EC 45 / 2.004 acresceu ao art. 5 da CF / 1.988 o
3 , dispondo que Os tratados e convenções internacionais
sobre direitos humanos que forem aprovados , em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
quintos dos votos dos respectivos membros, serão
equivalentes às emendas constitucionais , inaugurando
novo panorama nos acordos internacionais relativos a
direitos humanos em território nacional. 3. Deveras, a
ratificação, pelo Brasil, sem qualquer reserva do pacto
Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art. 11) e da
Convenção Americana sobre Direitos Humanos - Pacto de
San José da Costa Rica, (art, 7 , 7), ambos do ano de
1992, não há mais base legal para prisão civil do
depositário infiel, pois o caráter especial desses diplomas
internacionais sobre direitos humanos lhes reserva lugar
específico no ordenamento jurídico, estando abaixo da
constituição, porém acima da legislação
infraconstitucional com ele conflitante, seja ela anterior
ou posterior ao ato de ratificação. Assim ocorreu com o
art. 1.287 do Código civil de 1916 e com o Decreto-Lei
911 / 1969, assim como em relação ao art. 652 do novo
Código Civil (Lei 10.406 / 2002). (voto proferido pelo
Ministro GILMAR MENDES, na sessão de julgamento
do Plenário da Suprema Corte em 22 de novembro de
2.006, relativo ao Recurso Extraordinário n. 466.343 - SP,
da relatoria do Ministro CEZAR PELUSO). 4. A
Constituição da República Federativa do Brasil, de índole
pós-positivista, e fundamento de todo o ordenamento
jurídico, expressa, como vontade popular, que a
República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados, Municípios e do Distrito
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como um dos seus fundamentos a dignidade da
pessoa humana como instrumento realizador de seu
ideário de construção de uma sociedade justa e solidária.
5. O Pretório Excelso, realizando interpretação
sistemática dos direitos humanos fundamentais,
promoveu considerável mudança acerca do tema em foco,
assegurando os valores supremos do texto magno. O
Órgão Pleno da Excelsa Corte, por ocasião do histórico
julgamento do Recurso Extraordinário n. 466.343 - SP,
Relator MIn. Cezar Peluso, reconheceu que os tratados de
direitos humanos têm hierarquia superior à lei ordinária,
ostentando status normativo supralegal, o que significa
dizer que toda lei antagônica às normas emanadas de
tratados internacionais sobre direitos humanos é
destituída de validade, máxime em face do efeito
paralisante dos referidos tratados em relação às normas
infra-legais autorizadoras da custódia do depositário
infiel. Isso significa dizer que, no plano material, as
regras provindas da Convenção Americana de Direitos
Humanos, em relação às normas internas, são ampliativas
do exercício do direito fundamental à liberdade, razão
pela qual paralisam a eficácia normativa da regra interna
em sentido contrário, haja vista que não se trata aqui de
revogação, mas de invalidade. 6. No mesmo sentido,
recentíssimo precedente do Supremo Tribunal Federal,
verbis: HABEAS CORPUS - PRISÃO CIVIL -
DEPOSITÁRIO JUDICIAL - REVOGAÇÃO DA
SÚMULA 619 / STF - A QUESTÃO DA
INFIDELIDADE DEPOSITÁRIA CONVENÇÃO
AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS (ARTIGO 7 ,
n. 7) NATUREZA CONSTITUCIONAL OU CARÁTER
DE SUPRALEGALIDADE DOS TRATADOS
INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS? -
PEDIDO DEFERIDO. ILEGITIMIDADE JURÍDICA
DA DECRETAÇÃO DA PRISÃO CIVIL DO
DEPOSITÁRIO INFIEL, AINDA QUE SE CUIDE DE
DEPOSITÁRIO JUDICIAL. - Não mais subsiste, no
sistema normativo brasileiro, a prisão civil por
infidelidade depositária, independentemente da
modalidade de depósito, trate-se de depósito voluntário
(convencional) ou cuide-se de depósito necessário, como
o é o depósito judicial. Precedentes. Revogação da
Súmula 619 / STF. TRATADOS INTERNACIONAIS
DE DIREITOS HUMANOS: AS SUAS RELAÇÕES
COM O DIREITO INTERNO BRASILEIRO E A
QUESTÃO DE SUA POSIÇÃO HIERÁRQUICA. - A
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Art. 7 ,
n. 7). Caráter subordinante dos tratados internacionais em
matéria de direitos humanos e o sistema de proteção dos
direitos básicos da pessoa humana. - Relações entre o
direito interno brasileiro e as convenções internacionais
de direitos humanos (CF, art. 5 e 2 e 3 ). Precedentes. -
Posição hierárquica dos tratados internacionais de direitos
humanos no ordenamento positivo interno do Brasil:
natureza constitucional ou caráter de supralegalidade? -
Entendimento do Relator, Min. CELSO DE MELLO, que
atribui hierarquia constitucional às convenções
internacionais em matéria de direitos humanos. A
INTERPRETAÇÃO JUDICIAL COMO
INSTRUMENTO DE MUTAÇÃO INFORMAL DA
CONSTITUIÇÃO. - A questão dos processos informais
de mutação constitucional e o papel do Poder Judiciário: a
interpretação judicial como instrumento juridicamente
idôneo de mudança informal da Constituição. A
legitimidade da adequação, mediante interpretação do
Poder Judiciário, da própria Constituição da República, se
e quando imperioso compatibilizá-la, mediante exegese
atualizadora, com as novas exigências, necessidades e
transformações resultantes dos processos sociais,
econômicos e políticos que caracterizam, em seus
múltiplos e complexos aspectos, a sociedade
contemporânea. HERMENÊUTICA E DIREITOS
HUMANOS: A NORMA MAIS FAVORÁVEL COMO
CRITÉRIO QUE DEVE REGER A INTERPRETAÇÃO
DO PODER JUDICIÁRIO. - Os magistrados e Tribunais,
no exercício de sua atividade interpretativa, especialmente
no âmbito dos tratados internacionais de direitos
humanos, devem observar um princípio hermenêutico
básico (tal como aquele proclamado no Artigo 29 da
Convenção Americana de Direitos Humanos), consistente
em atribuir primazia à norma que se revele mais favorável
à pessoa humana, em ordem a dispensar-lhe a mais ampla
proteção jurídica. - O Poder Judiciário, nesse processo
hermenêutico que prestigia o critério da norma mais
favorável (que tanto pode ser aquela prevista no tratado
internacional como a que se acha positivada no próprio
direito interno do Estado), deverá extrair a máxima
eficácia das declarações internacionais e das
proclamações constitucionais de direitos, como forma de
viabilizar o acesso dos indivíduos e dos grupos sociais,
notadamente os mais vulneráveis, a sistemas
institucionalizados de proteção aos direitos fundamentais
da pessoa humana, sob pena de a liberdade, a tolerância e
o respeito à alteridade humana tornarem-se palavras vãs. -
Aplicação, ao caso, do Artigo 7 , n. 7, c / c o Artigo 29,
ambos da Convenção Americana de Direitos Humanos
(Pacto de São José da Costa Rica): um caso típico de
primazia da regra mais favorável à proteção efetiva do ser
humano. (HC 96772, Relator(a): Min. CELSO DE
MELLO, Segunda Turma, julgado em 09 / 06 / 2009,
PUBLIC 21-08-2009 EMENT VOL-02370-04 PP-00811)
7. Precedentes do STJ: RHC 26.120 / SP, Rel. Ministro
MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA
TURMA, julgado em 01 / 10 / 2009, DJe 15 / 10 / 2009;
HC 139.812 / RS, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE
NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em 08 / 09 /
2009, DJe 14 / 09 / 2009; AgRg no Ag 1135369 / SP, Rel.
Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA
TURMA, julgado em 18 / 08 / 2009, DJe 28 / 09 / 2009;
RHC 25.071 / RS, Rel. Ministro VASCO DELLA
GIUSTINA (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO
TJ / RS), TERCEIRA TURMA, julgado em 18 / 08 /
2009, DJe 14 / 10 / 2009; EDcl no REsp 755.479 / RS,
Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 14 / 04 / 2009, DJe 11 / 05 / 2009; REsp
792.020 / RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 18 / 12 / 2008, DJe 19 / 02 / 2009;
HC 96.180 / SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA
TURMA, julgado em 18 / 12 / 2008, DJe 09 / 02 / 2009)
8. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao
regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ 08 /
2008. A supralegalidade em questão não é restrita a um
único dispositivo da Convenção Americana Sobre
Direitos Humanos, e sim aos Tratados Internacionais
Sobre Direitos Humanos. Impende transcrever o
dispositivo do Pacto de San Jose da Costa Rica cuja
legislação infraconstitucional vem afrontando
ostensivamente. Artigo 13. Liberdade de pensamento e de
expressão 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de
pensamento e de expressão. Esse direito compreende a
liberdade de buscar, receber e difundir informações e
idéias de toda natureza, sem consideração de fronteiras,
verbalmente ou por escrito, ou em forma impressa ou
artística, ou por qualquer outro processo de sua escolha.
2. O exercício do direito previsto no inciso precedente
não pode estar sujeito a censura prévia, mas a
responsabilidades ulteriores, que devem ser
expressamente fixadas pela lei e ser necessárias para
assegurar: a. o respeito aos direitos ou à reputação das
demais pessoas; ou b. a proteção da segurança nacional,
da ordem pública, ou da saúde ou da moral públicas. 3.
Não se pode restringir o direito de expressão por vias ou
meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais
ou particulares de papel de imprensa, de freqüências
radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos usados na
difusão de informação, nem por quaisquer outros meios
destinados a obstar a comunicação e a circulação de idéias
e opiniões. 4. A lei pode submeter os espetáculos públicos
a censura prévia, com o objetivo exclusivo de regular o
acesso a eles, para proteção moral da infância e da
adolescência, sem prejuízo do disposto no inciso 2. 5. A
lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, bem
como toda apologia ao ódio nacional, racial ou religioso
que constitua incitação à discriminação, à hostilidade, ao
crime ou à violência. Em que faremos demonstrar caírem
por terra alegações de direito à propriedade, fundamento
do direito ao empreendedorismo, visto disposições do
mesmo Tratado Internacional. Artigo 21. Direito à
propriedade privada 1. Toda pessoa tem direito ao uso e
gozo dos seus bens. A lei pode subordinar esse uso e gozo
ao interesse social. 2. Nenhuma pessoa pode ser privada
de seus bens, salvo mediante o pagamento de indenização
justa, por motivo de utilidade pública ou de interesse
social e nos casos e na forma estabelecidos pela lei. 3.
Tanto a usura como qualquer outra forma de exploração
do homem pelo homem devem ser reprimidas pela lei. A
adoção do regime privado para a prestação de serviço de
Internet Banda Larga viola ostensivamente o parágrafo
terceiro do artigo 13 da Convenção Americana Sobre
Direitos Humanos, o que coloca o Brasil em risco de
sofrer representação frente à Comissão Interamericana de
Direitos Humanos, visto mais, as justificativas
apresentadas violam ostensivamente o parágrafo 3 do art.
21 do Pacto de San Jose da Costa Rica. A Lei Geral de
Telecomunicações em tudo que conflite com os Tratados
do Sistema Interamericano de Direitos Humanos, todos os
dispositivos que causem tal conflito ficam imediatamente
com a eficácia suspensa. Importante destacar do aresto
citado. Isso significa dizer que, no plano material, as
regras provindas da Convenção Americana de Direitos
Humanos, em relação às normas internas, são ampliativas
do exercício do direito fundamental à liberdade, razão
pela qual paralisam a eficácia normativa da regra interna
em sentido contrário, haja vista que não se trata aqui de
revogação, mas de invalidade. O Regime Privado para
regulamentação da banda larga ADSL, quer da banda
larga móvel, no modo como vem sendo regulamentado,
representa sim vício de motivação e vício de finalidade,
aplicação política da Lei por parte da ANATEL visando
favorecer as operadoras. A Banda Larga é um Direito
Humano Protegido pela Convenção Americana Sobre
Direitos Humanos Logo é incompatível com os princípios
mercantilistas do regime privado atualmente vigente na
Banda Larga, exigindo a imediata passagem para o
Regime Público. A regulamentação frouxa, sem metas de
universalização, a permissividade com a prevalência da
lógica do lucro, em desfavor do interesse público, violam
a Convenção Americana Sobre Direitos Humanos. A
prevalência do Interesse Público sobre o Interesse Privado
é gritante, como ululantemente violada pela ANATEL no
regime de regulamentação da Banda Larga. Até agora não
encontramos nenhum texto de direito administrativo
pátrio que tenha enfrentado melhor a questão que a
tradicional obra de Celso Antônio Bandeira de Mello, da
qual nos socorremos para soterrar de vez com todos os
argumentos cambaios sustentados pela OI. Convém
reiterar, e agora com maior detença, considerações dantes
feitas, para prevenir intelecção equivocada ou descabida
sobre o alcance do princípio da supremacia do interesse
público sobre o interesse privado na esfera administrativa.
A saber: as prerrogativas que nesta via exprimem tal
supremacia não são manejáveis ao sabor da
Administração, porquanto esta jamais dispõe de poderes ,
sic et simpliciter. Na verdade, o que nela se encontram
são deveres-poderes, como a seguir se aclara. Isto por que
a atividade administrativa é exercício de função . Tem-se
função apenas quando alguém está assujeitado ao dever
de buscar, no interesse de outrem, o atendimento de certa
finalidade. Para desincubir-se de tal dever, o sujeito de
função necessita manejar poderes, sem os quais não teria
como atender a finalidade que deve perseguir para
satisfação do interesse alheio. Assim, ditos poderes são
irrogados, única e exclusivamente, para propiciar o
cumprimento do dever a que estão ungidos: ou seja, são
conferidos como meios impostergáveis ao preenchimento
da finalidade que o exercente da função deverá suprir.
Segue-se que tais poderes são instrumentais: servientes do
dever de cumprir bem a finalidade a que estão
indissoluvelmente atrelados. Logo, aquele que
desempenha função, tem na realidade, deveres-poderes.
Não poderes , simplesmente. Nem mesmo satisfaz
configurá-los como poderes-deveres , nomenclatura a
partir de Santi Romano. Com efeito, fácil é ver-se que a
tônica reside na idéia de dever, não na de poder . Daí a
conveniência de inverter os termos deste binômio para
melhor vincar sua fisionomia e exibir com clareza que o
poder se subordina ao cumprimento do interesse alheio,
de uma dada finalidade. (...) Interesse público ou
primário, repita-se, é o pertinente à sociedade como um
todo, e só ele pode ser validamente objetivado, pois este é
o interesse que a lei consagra e entrega à compita do
Estado como representante do corpo social. Interesse
secundário é aquele que atina tão-só ao aparelho estatal
enquanto entidade personalizada, e por isso mesmo pode
lhe ser referido e nele encarnar-se pelo simples fato de ser
pessoa, mas que só pode ser validamente perseguido pelo
Estado quando coincidente com o interesse público
primário. Com efeito, por exercerem função, os sujeitos
da Administração Pública têm que buscar o atendimento
do interesse alheio, qual seja, o da coletividade, e não o
interesse de seu próprio organismo, qua tale considerado,
e muito menos o dos agentes estatais . (g.n.) No mais em
que alegue a OI vício de motivo e vício de finalidade para
tentar conduzir a ANATEL em ilícito internacional,
temos a lição doutrinária de Helly Lopes Meirelles,
mantido por seus revisores. O desvio de finalidade ou de
poder verifica-se quando a autoridade, embora atuando
nos limites de sua competência, pratica o ato por motivos
ou com fins diversos dos objetivados pela lei ou exigidos
pelo interesse público. O desvio de finalidade ou de
poder, é, assim, a violação ideológica da lei, ou por outras
palavras, a violação moral da lei, colimando o
administrador público fins não queridos pelo legislador,
ou utilizando motivos e meios imorais para prática de um
ato administrativo aparentemente legal (g.n.). Quando o
Brasil ratificou a Convenção Americana Sobre Direitos
Humanos, e quando aprovou, o Congresso, não apenas o
Tratado, como também deu nova orientação à matéria
com a introdução do parágrafo terceiro no artigo 5 da
CRFB-88, passou a ser defeso não apenas por Lei
Nacional ou Complementar, mas por norma supralegal,
defeso ao Administrador Público alegar prevalência de
portarias e outros interesses menores contra a
supralegalidade de Tratados Internacionais que definem
Direitos Humanos Internacionalmente Protegidos.
Reafirmamos o art. 13 da Convenção Americana Sobre
Direitos Humanos. Isto sem entrar nas questões da
supramacia legal do Código de Defesa do Consumidor,
acima de qualquer portaria da ANATEL.
Contribuição N°: 57
ID da Contribuição: 58282
Autor da Contribuição: Gláuber Patrick Silva Maciel
Data da Contribuição: 19/01/2012 22:08:05
Contribuição:
Art. 16. Durante o PMT, a Prestadora deve garantir uma
velocidade instantânea de conexão, tanto no download
quanto no upload, em noventa e nove por cento dos casos,
de, no mínimo: I noventa e cinco por cento da velocidade
máxima contratada pelo Assinante, desde os primeiros
meses de exigibilidade das metas, conforme estabelecido
no art. 46 deste Regulamento; Art. 17. Durante o PMT, a
Prestadora deve garantir uma velocidade média de
conexão, tanto no download quanto no upload, de, no
mínimo: I noventa e cinco por cento da velocidade
máxima contratada pelo Assinante, desde os doze
primeiros meses de exigibilidade das metas, conforme
estabelecido no art. 46 deste Regulamento; Art. 19.
Durante o PMT, a Prestadora deve garantir que a variação
de latência, tanto no download como no upload, seja de
até trinta milissegundos em, no mínimo: I noventa e cinco
por cento dos casos, desde os primeiros meses de
exigibilidade das metas, conforme estabelecido no art. 46
deste Regulamento; Art. 20. Durante o PMT, a Prestadora
deve garantir que a percentagem de pacotes descartados
seja de até dois por cento em, no mínimo: I noventa e
nove por cento dos casos, desde os primeiros meses de
exigibilidade das metas, conforme estabelecido no art. 46
deste Regulamento; Art. 21. A Prestadora deve garantir
disponibilidade mensal de noventa e nove por cento em,
no mínimo: I noventa e nove por cento, desde os
primeiros meses de exigibilidade das metas, conforme
estabelecido no art. 46 deste Regulamento;
Justificativa: São os valores mais compatíveis com o que o consumidor
contrata e deve receber.
Contribuição N°: 58
ID da Contribuição: 58348
Autor da Contribuição: Marcelo Laboissière Camargos
Data da Contribuição: 31/01/2012 11:53:04
Contribuição: Não há vício de motivação.
Justificativa:
O pedido de anulação carece de fundamentação pois o
argumento utilizado pela Oi atende apenas a lógica da
empresa. Pela ótica do usuário, o Regulamento editado
pela Anatel deveria existir desde o princípio pois utiliza a
premissa básica da defesa do usuário. Não há sentido em
deixar as prestadoras de serviços enganar os usuários com
promessas de velocidade que nunca nem de perto serão
cumpridas. Este engano aos usuários é revestido de
termos técnicos pomposos mas que tem um único
significado: vender uma coisa e entregar outra.
Contribuição N°: 59
ID da Contribuição: 58376
Autor da Contribuição: Alexandre Elias de Andrade Oliveira
Data da Contribuição: 01/02/2012 12:25:06
Contribuição:
III. Métodos alternativos, são necessários. III a. A LGT é
clara em relação a necessidade de se regulamentar a
qualidade do serviço
Justificativa:
12. Métodos alternativos patra coleta de dados, são
necessários, uma vez que, são inerentes a qualquer
processo de auditoria e de maneira alguma se relacionam
com insegurança jurídica. O que não se pode é somente
aceitar dados fornecidos pelo fiscalizado, fosse assim, não
haveriam auditores na Receita Federal. 13 em diante...
Art. 1 Compete à União, por intermédio do órgão
regulador e nos termos das políticas estabelecidas pelos
Poderes Executivo e Legislativo, organizar a exploração
dos serviços de telecomunicações. Parágrafo único. A
organização inclui, entre outros aspectos, o
disciplinamento e a fiscalização da execução,
comercialização e uso dos serviços e da implantação e
funcionamento de redes de telecomunicações, bem como
da utilização dos recursos de órbita e espectro de
radiofreqüências. Art. 2 O Poder Público tem o dever de:
I - garantir, a toda a população, o acesso às
telecomunicações, a tarifas e preços razoáveis, em
condições adequadas; II - estimular a expansão do uso de
redes e serviços de telecomunicações pelos serviços de
interesse público em benefício da população brasileira; III
- adotar medidas que promovam a competição e a
diversidade dos serviços, incrementem sua oferta e
propiciem padrões de qualidade compatíveis com a
exigência dos usuários;
Contribuição N°: 60
ID da Contribuição: 58417
Autor da Contribuição: Floriano Azevedo Marques Neto
Data da Contribuição: 01/02/2012 15:57:02
Contribuição: Item III.A) PRELIMINARMENTE - DOS VÍCIOS DE
MOTIVAÇÃO
Justificativa:
Informa a Agência que prestadora de serviço de
telecomunicações apresentou Pedido de Anulação em face
de dispositivos constantes do Regulamento de Gestão da
Qualidade do Serviço de Comunicação Multimídia RGQ-
SCM e do Regulamento de Gestão da Qualidade do
Serviço Móvel Pessoal RGQ-SMP. A Agência submeteu
o pleito a comentários públicos por considerar tratar-se de
relevante e de interesse público ou de interesse geral, nos
termos do art. 31 da Lei n. 9.784, de 29 de janeiro de
1999, bem como assunto de interesse relevante, nos
termos do art. 45 do Regimento Interno da Agência . É
certo que o interesse geral e o relevo da matéria já fizeram
com que a mesma fosse objeto do exercício das
competências regulatórias da Agência, quando da própria
edição dos Regulamentos respectivos, sendo que sua
edição foi precedida de processos formais de consulta
pública. Nesse sentido, essa coleta de contribuições
públicas quanto aos temas de fundo já foi promovida por
ocasião das Consultas Públicas em questão. O que
segundo entendemos se coloca em debate aqui vai além
do processo formal de Consultas Públicas. Envolve saber
se esses processos formais cumpriram todos os seus
objetivos, em especial (1) aquele que exige da Agência
que motive suas decisões com a profundidade própria de
quem promove uma regulação ex ante de um dado setor
da economia e (2) aquele que exige da regulamentação
que seja editada nos limites da legalidade. Quanto ao
primeiro desses pontos referente à qualidade e
consistência da motivação apresentada tecemos
considerações nesse tópico. Um processo de consulta
pública não pode ser visto apenas como uma formalidade
a ser cumprida. É mais do que promover uma regulação
transparente (atendendo ao princípio do open mind),
divulgada previamente aos interessados e à população. É
fundamentar detalhadamente a decisão tomada a partir de
cada contribuição recebida (hard look). A resposta às
contribuições e críticas apresentadas pela sociedade e
pelos interessados deve ser ampla, em especial quando se
cuida de exercer uma função excepcional. A propósito,
decorre de lei que, nos serviços prestados no regime
privado, a liberdade será a regra, constituindo exceção as
proibições, restrições e interferências do Poder Público .
Os dois regulamentos objeto da presente Consulta Pública
versam sobre serviços prestados sob o regime privado, em
relação aos quais forçosamente deve ser reconhecido o
caráter excepcional da intervenção normativa promovida
ainda que a título de buscar atender ao interesse geral e à
função social dos serviços de interesse coletivo. Assim,
considerando-se que durante esses processos foram
apresentados questionamentos que apontaram
inconsistência técnicas e econômicas na proposta, e que
buscaram revelar excesso na regulação, cumpria ao órgão
regulador que demonstrasse a improcedência dos
questionamentos. À Anatel é imposto que ao impor
condicionamentos, estes necessariamente tenham
vínculos, tanto de necessidade como de adequação, com
finalidades públicas específicas e relevantes . Os
comentários suscitaram que os condicionamentos se
mostravam desnecessários para que se atingissem
determinadas finalidades. Exigia-se do órgão regulador
que expressamente enfrentasse esses argumentos e os
respondesse, justificando sua excepcional intervenção.
Parece-nos fundamental, nesse sentido, que o resultado
deste processo de consulta pública se volte a demonstrar
se a Agência efetivamente cumpriu seu papel e se o
processo de Consulta Pública anteriormente realizado foi
pleno de êxito, apresentando resposta fundamentada a
todas as críticas e sugestões recebidas ou se em alguns
aspectos se mostrou insuficiente essa fundamentação.
Bastante consistentes as ponderações quanto à Análise de
Impacto Regulatório trazidas nos recursos interpostos.
Com referências a lições de direito comparado e, no país,
não apenas ao Decreto 4.176 / 2002 e ao PRO-REG.
Muito embora a Lei Geral de Telecomunicações não
contemple expressamente a exigência de que se promova
a chamada Análise de Impacto Regulatório (não sob essa
nomenclatura), a verdade é que o conjunto das normas
vigentes o impõe. A construção doutrinária acerca da
Análise de Impacto Regulatório (AIR) trabalha, entre
outras, com ferramentas como a ACB (Análise Custo-
Benefício) e a ACE (Análise Custo-Efetividade) dentre
aquelas das quais deve lançar mão o regulador antes da
tomada de duas decisões. A Lei Geral de
Telecomunicações estabelece, em seu art. 128, que ao
impor condicionamentos administrativos ao direito de
exploração de serviços no regime privado a Anatel deve
assegurar que III - os condicionamentos deverão ter
vínculos, tanto de necessidade como de adequação, com
finalidades públicas específicas e relevantes ; V - o
proveito coletivo gerado pelo condicionamento deverá ser
proporcional à privação que ele impuser; , bem como que
V - haverá relação de equilíbrio entre os deveres impostos
às prestadoras e os direitos a elas reconhecidos . Essas
três exigências já veiculam a exigência no plano legal das
análises de custo-benefício e custo-efetividade. A Anatel,
assim, não está diante da mera faculdade de promover a
análise de impacto regulatório. A ela se impõe que
demonstre, à luz de cautelosa análise prospectiva, essa
adequação entre os custos e os efeitos da regulação que
pretende impor. Nem se mostra necessário ir mais longe e
buscar nos dispositivos constitucionais que dão lastro ao
princípio da proporcionalidade. Há norma legal específica
que obriga a Anatel perquirir e sopesar o impacto de suas
decisões regulatórias. Em suma dever de adotar a AIR.
Independeria, até mesmo, de contribuição ou de crítica
recebida durante os processos de consulta pública. Em
outras palavras, é imperativo que se promova a AIR de
ofício, como elemento essencial da motivação das
decisões regulatórias tomadas pela Agência. No caso
concreto, o recurso alude à ausência da promoção desta
análise. A leitura da Contribuição n 21 apresentada
abordava especificamente o tema da Análise de Impacto
Regulatório. Extrai-se desse comentário, em seus itens
108 e 109 o seguinte: 108. Assim, é essencial que, de
saída, seja promovido um estudo com base em dados do
mercado brasileiro e que englobem uma análise de
impacto regulatório. Pode-se dizer ainda que a ausência
de uma análise específica de dados do mercado brasileiro
de SCM acabou por gerar medida que não apenas é
onerosa, mas que também se afasta do objetivo visado.
109. A realização de medições pelo CGI.Br na forma
comentada acima e a criação de benchmarks de
velocidades verificadas nas redes é a melhor forma,
inclusive, de criar condições adequadas de indução a
investimentos em qualidade, o que preencheria o requisito
básico de motivação para o RGQ-SCM. Do contrário,
além da falta de motivação, a Anatel acabaria por ferir
também o princípio da proporcionalidade . A resposta da
Anatel a esse item foi a de que A Anatel avaliará as
contribuições à medida que forem apresentadas pelo
contribuidor, de forma individualizada, por item inserido
no SACP, e desde que guardem correlação com o tema
proposto no correspondente item . Na verdade a
manifestação da Anatel cuidou de uma não resposta. Não
se reconheceu a necessidade da AIR e não apresentou os
estudos em questão. Talvez por isso é que o tema seja
objeto de questionamento e tenha agora que ser
recolocado em Consulta. Mais adiante, na Contribuição
295, o tema foi retomado, com detalhamentos, análises
técnicas e avaliação do quadro internacional. Argumentou
essa contribuição, entre outros aspectos, que (iii) Tal
intervenção regulatória não é usual na experiência
internacional e tampouco segue as recomendações da
União Internacional das Telecomunicações UIT; (iv) O
atendimento progressivo da Consulta Pública No 46, no
que se refere a metas e obrigações maiores dos
indicadores de rede nos prazos especificados, demandará
investimentos em volume expressivo, seja para
readequação da rede e da planta de equipamentos atuais,
seja pela revisão dos custos e projetos relativos ao
investimento programado para expansão de rede visto que
a mesma não acompanhou estudo prévio feito pela
Agência;(v) Os custos supracitados de readequação da
infraestrutura e dos novos acessos tendem a ser
repassados aos consumidores na forma de preços mais
elevados, afetando negativamente o consumo e a
acessibilidade de um serviço identificado como item
prioritário para o desenvolvimento nacional; . Na resposta
oficial que deu a esse comentário, a Anatel sustentou que
a proposta teria sido Parcialmente acatada . Segundo a
resposta, A Anatel acata parte da contribuição por
compreender que as medições realizadas por meio de
equipamento dedicado, instalado na residência do
Assinante, garantem maior confiabilidade aos resultados
obtidos e são estatisticamente mais confiáveis. Entretanto,
a Anatel entende que para o Brasil, levando-se em conta
as características do país e a experiência da Anatel no
setor regulado, é necessário um regulamento de qualidade
com definição de indicadores de rede e metas que avaliem
a qualidade das redes das prestadoras do SCM. Nessas
respostas da Anatel há um tácito reconhecimento de que a
regulamentação foge aos paradigmas internacionais, tanto
que justificou o tratamento inovador para o Brasil .
Ocorre que não apenas não houve resposta (análise custo-
benefício ou custo-efetividade) para rebater o argumento
de que a regulação gerará aumento de custos, como o
próprio argumento para o Brasil se mostra absolutamente
despido de fundamentação. A defesa de uma regulação
consistente, que passa pela Análise de Impacto
Regulatório, volta-se exatamente a evitar que se utilize de
simples argumento de autoridade: a Anatel entende que...
. É necessário que se demonstre não apenas por que ela
assim entende , como igualmente quais estudos e
perspectivas conduzem a esse entendimento . No caso
concreto, resulta claro que a opção regulatória da Agência
pela criação das metas se mostra como já dito um
exercício de competência excepcional (já que a
intervenção constitui exceção). Esse caráter excepcional
se revela, ainda, no 3 do art. 1 . Ocorre que esse
dispositivo deixa claro que sob a ótica do usuário as
metas não são necessárias (dado que um usuário de
Prestadora de Pequeno Porte não tem nelas o parâmetro
mínimo de qualidade dos serviços contratados). A
circunstância de haver certo grau de direcionamento, no
Decreto que aprovou o PGMU, das decisões regulatórias
da Agência acompanhadas da fixação de um prazo fatal
para a regulamentação do tema não constitui elemento
apto a afastar a necessidade de fundamentação mais
profunda, acompanhada de estudos econômicos a lhe dar
lastro. Em outras palavras, acima do dever de
regulamentar a matéria até 31 de outubro de 2011
(previsto no art. 2 do Decreto 7.512 / 2011) está o dever
de promover as análises necessárias ao cumprimento dos
incisos III a V do art. 128 da Lei Geral de
Telecomunicações, sem as quais o regulamento se mostra
ilegal. Assim, seja para demonstrar que não assiste razão
à prestadora que interpôs o recurso e, antes, fizera as
contribuições no processo de consulta pública, seja para
acolher as razões por ela apresentadas, é imperativo que
se promova a Análise de Impacto Regulatório em questão.
Ressalvamos nos presentes comentários o fato de que
dentro do prazo para manifestação neste processo de
Consulta Pública, a Anatel não divulgou elementos
importantes nos quais porventura pode constar adendo à
motivação, a saber, os estudos da International
Telecommunication Union (ITU) e da European
Telecommunications Standards Institute (ETSI) fls. 02 /
20 e 21 / 57, respectivamente, expondo o cenário e
metodologias para a determinação e aplicação de
parâmetros referentes à qualidade do serviço de
telecomunicações e o estudo do Office of
Communications (Ofcom) fls 58 / 93v, órgão regulador
do setor no Reino Unido, abordando a percepção do
consumidor quanto ao serviço de banda larga (fls. 58 /
82v) e a qualidade do serviço (fls. 84 / 93v). É possível
que tais documentos tragam insumos para a análise da
motivação, mas de todo modo parece imprescindível que
a análise não apenas citasse estudos internacionais, mas
justificasse as decisões regulatórias avaliando seu real e
efetivo impacto no mercado brasileiro. Isso se reforça à
luz do fato de que a própria Resposta da Anatel ao
Comentário 295 afirmou que a decisão se devia às
particularidades do mercado brasileiro. Esse
entendimento também se vê reforçado pelo teor da
Análise 870 / 2011-GCJR em seus itens 4.2.2.7 e 4.2.2.8,
nos quais está reconhecido expressamente que o
Regulamento aprovado pela Resolução n 574 / 2011 não
se limitou a seguir as melhores práticas internacionais
(exemplo do OFCOM), que alcançou a melhoria da
qualidade como um resultado que foi naturalmente
alcançado por meio dos instrumentos de transparência e
informação somente . Lá, reconhece a Análise, as metas
de qualidade são utilizadas como referência pelas
prestadoras . No caso brasileiro, além de maximizar a
transparência , metas bem definidas, que deverão ser
observadas de forma mandatória pelas prestadoras do
SCM . Logo, a própria motivação reconhece que inovou
em relação às práticas internacionais. E não promoveu as
análises dos impactos que essa inovação proporcionará à
prestação do SCM no Brasil. Por esse conjunto de razões,
entendemos que a tem razão o recurso apresentado ao
concluir que houve motivação insuficiente das decisões
regulatórias de altíssimo impacto impostas às prestadoras
do SCM no país. Possivelmente, com este novo esforço
de Consulta Pública, a Anatel possa suprir esta falha,
alterando pontos do regulamento que tenham sido
adotados de inopino ou ao menos fundamentando as
razões e os estudos que motivaram tais decisões.
Contribuição N°: 61
ID da
Contribuição: 58468
Autor da
Contribuição: Alexander Castro
Data da
Contribuição: 01/02/2012 19:15:36
Contribuição:
Conforme será detalhado ao longo dessa contribuição o
Sinditelebrasil defende que o estabelecimento das metas para
os Indicadores de Rede do SCM vão demandar investimentos
em volume expressivo, seja para readequação da rede e da
planta de equipamentos atuais, seja pela revisão dos custos e
projetos relativos ao investimento programado para expansão
de rede. O Sinditelebrasil defende que, com vistas ao
aprimoramento do serviço e dada a sua elevada importância em
um cenário de convergência tecnológica, a ANATEL adote, de
forma similar ao que praticamente todas as Administrações do
mundo adotam, diretrizes gerais de transparência e baixo grau
de intervencionismo. O SindiTelebrasil defende que sejam
realizadas medidas a partir da metodologia definida no novo
Regulamento, e que os resultados obtidos, de todas as
operadoras, para os indicadores de rede sejam objeto de ampla
divulgação pela ANATEL em seu site. Um modelo diferente do
que foi adotado pela Resolução 574, onde foram estabelecidas
metas extremamente rígidas, a ponto de se definir uma meta de
80% para a velocidade média de navegação e 40% para a
velocidade mínima em relação a velocidade ofertada, que em
função das características do serviço prestado e das redes que
lhe dão suporte propiciarão uma enxurrada de processos de
apuração de descumprimento de obrigação, mesmo que as
empresas invistam fortunas em suas redes, no sentido de buscar
atender estas metas estabelecidas.
Justificativa:
O Sinditelebrasil registra que a ANATEL não discutiu com as
operadoras nem apresentou nenhum estudo de Análise de
Impacto Regulatório demonstrando o impacto econômico que
tais métricas trariam para as prestadoras de SCM e SMP.
Tampouco, discutiu com as empresas ou apresentou algum
estudo justificando tecnicamente a definição dos níveis
mínimos de qualidade estabelecidos na proposta de
regulamento e da falta de AIR Análise de Impacto Regulatório.
O Regulamento de Gestão da Qualidade do Serviço de
Comunicação Multimídia (RGQ-SCM) estabelece, pela
primeira vez, as metas de qualidade a serem cumpridas pelas
Prestadoras do Serviço de Comunicação Multimídia (SCM),
assim como os critérios de avaliação, de obtenção de dados e
acompanhamento da qualidade da prestação do serviço. Deve
ser registrado e enfatizado que se trata do estabelecimento de
metas de qualidade de um serviço que já vem sendo
comercializado há bastante tempo, com preços definidos em
função da qualidade que é oferecida, dos custos de
implantação, expansão, modernização e manutenção das redes
que lhe dão suporte, assim como de toda a infraestrutura de pré
e pós venda envolvida. O SindiTelebrasil ao longo das
Consultas Públicas 27 e 46 apresentou inúmeras contribuições,
a maioria delas elaboradas por organismos de terceira parte,
que trataram da questão dos indicadores de Conexão à Internet
(SMP) e dos Indicadores de Rede (SCM) de forma isenta e
apenas dedicadas a apresentar uma abordagem técnica sobre o
tema. Entre eles, podemos citar os trabalhos do CPqD, da Price
Waterhouse Coopers e a apresentação feita pela SAMKNOWS
no Seminário de Qualidade de Banda Larga promovido pelo
SindiTelebrasil em 2011, todos eles entregues à ANATEL ao
longo das mencionadas consultas públicas. Em todos os
trabalhos apresentados ficou demonstrado a dificuldade e até
mesmo a inviabilidade técnica de se garantir velocidades
mínimas ou médias de navegação, além de ter sido
demonstrado que praticamente todas as Administrações não
optaram pelo caminho do intervencionismo e da ameaça de
sancionamento como um modelo para se alcançar a excelência
na oferta do serviço. Apesar da Oferta de Banda Larga no
Brasil estar experimentando um grande crescimento, seja em
termos de velocidade de acesso, seja em termos de uma melhor
distribuição da oferta desses acessos em todo o território
nacional, ainda temos um longo caminho a percorrer para
colocarmos o Brasil no mesmo patamar das Administrações
que estão no topo do ranking mundial de oferta de banda larga.
Reconhecemos esse fato. Entretanto, deve ser considerado que
o foco Governamental nos primeiros anos de privatização
estava voltado para a universalização do Serviço Telefônico
Fixo Comutado - STFC e na massificação do Serviço Móvel
Pessoal e os resultados obtidos foram expressivos. Estamos na
década da Banda Larga e dos Serviços convergentes.
Acreditamos que no ritmo que estão sendo ofertados novos
acessos em Banda Larga pelas empresas que exploram o SCM
e o SMP, estimulado pela adoção de alavancas (políticas
públicas) que fomentem a demanda e a expansão de
infraestrutura em todo o território nacional, o Brasil em 2020
estará muito mais próximo das Administrações que mais se
destacam a nível mundial na oferta de banda Larga. Não é
necessário que a Administração Brasileira opte pelo caminho
solitário do intervencionismo e da ameaça do sancionamento
para buscar se atingir os mesmos objetivos. É natural que os
organismos de defesa do consumidor tenham se posicionado
favoravelmente a esse modelo aprovado pela ANATEL nas CP
s 27 e 46. Como consumidor queremos sempre ter a opção do
acesso ao serviço, com a melhor qualidade possível e ao menor
preço. Entendemos que não será diferente agora nesta Consulta
Pública. Porém, acreditamos que cabe ao Órgão Regulador,
minimizar a análise emocional e política do tema e de forma
isenta observar a manutenção principalmente dos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade estabelecidos na LGT ao
estabelecer novos condicionamentos mesmo em face de
relevantes razões de caráter coletivo. Mais uma vez registramos
que as métricas e metas sugeridas não são adequadas para
medir ou pautar o desempenho do SCM, tanto pelas
características da entrega do serviço (best effort) e pela
topologia estatística da rede IP, quanto pela presença de fatores
e elementos da rede não gerenciáveis ou alheios à rede e à
responsabilidade da prestadora do serviço. O Sinditelebrasil já
teve a oportunidade de submeter a essa Agência estudo do
CPqD onde são detalhadas tais dificuldades. Os custos de
readequação da infraestrutura e dos novos acessos tendem a ser
repassados aos consumidores na forma de preços mais
elevados, afetando negativamente o consumo e a acessibilidade
de um serviço identificado como item prioritário para o
desenvolvimento nacional; A seguir extraímos as principais
considerações que fizemos por ocasião da CP 46. EXPOSIÇÃO
DE MOTIVOS PARA JUSTIFICAR ALTERAÇÃO DA
METODOLOGIA PARA APURAÇÃO DOS INDICADORES
DE REDE O Sinditelebrasil entende que a Consulta Pública N
46 / 2011 celebra uma intervenção regulatória contraproducente
aos seus objetivos de gerir e avançar na qualidade do serviço,
introduzindo estrutura de incentivos desfavorável à promoção
dos investimentos necessários à oferta ampla e acessível do
serviço, com impactos deletérios sobre o bem-estar do
consumidor. Tal conclusão se justifica, em grande medida, por
que: (i) As métricas e metas de velocidade instantânea e média,
sugeridas no âmbito dos indicadores de rede para avaliação do
desempenho da banda larga, não são adequadas para medir ou
pautar o desempenho do SCM, tanto pelas características da
entrega do serviço (best effort) e pela topologia estatística da
rede IP, quanto pela presença de fatores e elementos da rede
não gerenciáveis ou alheios à rede e à responsabilidade da
prestadora do serviço;
......................................................................................................
................................ Tal intervenção regulatória não é usual na
experiência internacional e tampouco segue as recomendações
da União Internacional das Telecomunicações UIT; (ii) O
atendimento progressivo da Consulta Pública No 46, no que se
refere a metas e obrigações maiores de velocidade nos prazos
especificados, demandará investimentos em volume expressivo,
seja para readequação da rede e da planta de equipamentos
atuais, seja pela revisão dos custos e projetos relativos ao
investimento programado para expansão de rede, visto que a
mesma não acompanhou estudo prévio feito pela Agência; (iii)
Os custos supracitados de readequação da infraestrutura e dos
novos acessos tendem a ser repassados aos consumidores na
forma de preços mais elevados, afetando negativamente o
consumo e a acessibilidade de um serviço identificado como
item prioritário para o desenvolvimento nacional; Com vistas
ao aprimoramento do serviço e dada a sua elevada importância
em um cenário de convergência tecnológica, as melhores
práticas regulatórias tem se pautado em diretrizes gerais de
transparência e baixo grau de intervencionismo. Entendemos
ser possível atingir os objetivos da ANATEL através da adoção
de um código de prática em linha com o indicado pela
experiência internacional, atendendo-se, simultaneamente, aos
princípios destacados pela LGT para a regulação de serviços
prestados em regime privado, e ao melhor interesse do
consumidor em termos de qualidade e acessibilidade do
serviço. O Sinditelebrasil já teve a oportunidade de submeter a
essa Agência estudo do CPqD onde são abordadas as
dificuldades inerentes à eleição da velocidade como variável
determinante para a qualidade do serviço, bem como os
problemas envolvidos em sua mensuração nos termos da
consulta pública em questão. A seguir reiteramos as
características das redes que dão suporte às conexões à Internet
e elencamos as dificuldades existentes para aferição dos
indicadores de rede. 1.1 Dinâmica de redes estatísticas O
Serviço de Comunicação Multimídia é caracterizado pela
disponibilização de capacidade de transmissão, emissão e
recepção de tráfego multimídia (símbolos, caracteres, sinais,
escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza),
utilizando quaisquer meios, para usuários dentro de uma área
de prestação de serviço. Esta oferta de capacidade é
intermediada pelo Internet Protocol (IP), que organiza a
transmissão de pacotes (datagramas) e armazena as
informações de interesse do usuário (origem) e seu
endereçamento para outro ponto (destino) da Rede IP
(Internet). O protocolo permite, entre outras funções, que os
pacotes trafeguem a partir de sua origem em rotas através de
dispositivos de chaveamento intermediário (roteadores)
localizados em redes independentes, que armazenam e
despacham cada pacote (store-and-foward) para o dispositivo
seguinte, até que ele atinja seu endereço de destino (Figura 2).
Figura 2. Arquitetura de malha da Rede IP (Internet). Fonte:
LCA. Diferentemente da comutação de circuitos (como no caso
de sistemas de telefonia fixa convencionais), o sistema de
comutação de pacotes adotado nas Redes IP não reserva
circuito fim-a-fim: pacotes encaminhados a um roteador cujo
enlace de saída esteja ocupado são armazenados e aguardam
liberação do enlace (em fila) para serem encaminhados para o
nó seguinte de sua rota na rede (Figura 3). Como não existe
uma central de monitoramento de desempenho e os recursos
físicos (infraestrutura) de transmissão e roteamento são
compartilhados por todos os usuários e pacotes, o grau de
disponibilidade de enlaces na rede é dinâmico e o desempenho
de entrega de cada pacote é variável a cada instante. Figura 3.
Comutação de pacotes em redes IP (tecnologia xDSL) Segundo
destaca o Estudo sobre as condições de oferta dos serviços e
banda larga , elaborado pelo CPqD , as redes estatísticas de
comutação de pacotes empregam uma modalidade de
endereçamento, transmissão e entrega dos pacotes conhecida
como Melhor Esforço (best effort), que não oferece garantias
de entrega e integridade dos dados. Através deste serviço, todos
os usuários, aplicações e pacotes recebem tratamento
equivalente nos roteadores e enlaces, desde a origem até o
destino final, sem condições especiais para recuperação de
dados perdidos ou corrompidos: Atualmente, todas as redes que
compõem a Internet global possuem roteadores e tem este
comportamento, resultando em uma entrega de pacotes
baseadas no conceito de melhor esforço (best effort), onde os
atrasos ou perda de pacotes são completamente imprevisíveis e
a entrega dos pacotes é feita na base da tentativa . Pode-se dizer
que hoje, a Internet não provê a garantia de qualidade para os
serviços que utilizam o Protocolo IP, o que dificulta bastante a
garantia de velocidade e o uso de aplicações interativas e de
tempo real (como vídeo e voz sobre IP, por exemplo). (CPqD,
2010, p.83) Neste âmbito, são atribuídas taxas de transferência
(bitrate) variáveis aos usuários e pacotes, a depender do nível
corrente de utilização (ocupação) dos recursos da rede pela
base de usuários conectados. A velocidade , assim, apresenta-se
como produto de um número variado de parâmetros estruturais,
sazonais e esporádicos, particularmente no que se refere à
própria capacidade instantânea da rede em suportar múltiplas
transações simultâneas e administrar um volume variável e
potencialmente grande de dados fim-a-fim (isto é, entre os
pontos terminais de origem e destino dos pacotes). Em
decorrência destas características da Rede IP, o atendimento
aos critérios de integridade, atraso (delay), variação de latência
(jitter), taxa de descarte e perda de pacotes, etc., é referenciado
pela probabilidade dos respectivos pacotes serem transmitidos
com sucesso entre dois pontos da rede. No caso das redes
móveis, estes critérios estão sujeitos a um número adicional de
dificuldades, tanto pelas peculiaridades do meio aéreo de
tráfego (espectro de radiofrequência), quanto pela mobilidade
do usuário / terminal, o que aumenta a susceptibilidade do
acesso à rede a ruídos, sombreamento e interferências, com
riscos à queda de sinal e perda na transmissão de dados. Dado
que a malha da Internet é formada por um conjunto complexo
de tecnologias, equipamentos e redes independentes
interligadas por enlaces e meios de transmissão, a gestão
eficiente dos recursos colocados à disposição dos usuários pela
prestadora deve ser pautada pela melhor relação custo-
benefício no que se refere ao dimensionamento e ao
gerenciamento da infraestrutura de rede, de modo a atender às
distintas necessidades e demandas dos usuários em condições
compatíveis de preço e qualidade do serviço. Sendo a
capacidade um recurso escasso e de uso não-linear, sujeito,
portanto, a intervalos de ociosidade e horários de pico, mas
parcialmente gerenciável, a rede não precisa ser
superdimensionada (isto é, trabalhar com muita capacidade
ociosa) para acomodar um cenário hipotético em que todos os
usuários estejam conectados e demandem, simultaneamente,
toda banda à sua disposição . Como esclarece o CPqD:
Geralmente, o enlace da saída do concentrador não equivale à
soma de todas as velocidades de acesso dos usuários, já que a
probabilidade de todos usarem 100% da velocidade
simultaneamente é muito pequena, pois o uso não é linear e sim
estatístico. Por isso, é factível que o enlace tenha velocidade
menor do que a soma citada. (CPqD, 2010, p.25; grifos nossos)
Em suma, como não há reserva prévia de recursos para cada
usuário, os pacotes das aplicações que ingressam no tráfego
estão sujeitos às condições do tráfego naquele instante (best
effort), incluindo taxas distintas de atraso na entrega de pacotes
(jitter), entregas de pacote fora de ordem, duplicidade, ou
mesmo perda de integridade dos pacotes. Com efeito, um nível
adequado de dimensionamento da rede deve comportar,
paralelamente, ferramentas de gerenciamento de tráfego (como
roteamento, enfileiramento e hierarquização) para tornar mais
flexível e eficiente a banda disponível, acomodando melhor o
tráfego de aplicações e conteúdos específicos em horários de
pico e economizando (redirecionando) recursos ociosos da rede
para outras aplicações em horários de menor utilização. Dadas
as características do serviço atualmente ofertado através das
licenças do SCM e do encaminhamento de pacotes em redes
estatísticas através do melhor esforço, a proposta da Consulta
Pública N . 46 em estabelecer obrigações e metas mínimas para
parâmetros e indicadores de rede, como velocidade instantânea
e média, implicaria um dimensionamento artificial e
inadequado da rede, que passaria a adotar, no limite,
características de prioridade de tráfego e ocupação de enlaces
similares às verificadas em redes determinísticas. Neste caso,
na medida em que as prestadoras são contratadas para fornecer
ao cliente um circuito dedicado fim-a-fim, devem ser
remuneradas de forma proporcional à ociosidade da rede, isto é,
aos recursos alocados exclusivamente para cada cliente. Tal
esforço, além de produzir uma margem de capacidade ociosa
desnecessária por usuário, demandaria um volume significativo
de investimentos em readequação da rede atual e uma revisão
de projetos e investimentos de expansão do serviço. Ademais,
do ponto de vista técnico, não seria possível garantir por parte
das prestadoras tráfego pela rede IP em condições
suficientemente controladas para satisfazer todos os critérios
sugeridos pela Consulta Pública N . 46, dado que, como será
mais bem explorada a seguir, há condicionantes na rede interna
do cliente que afetam a qualidade do SCM sem que as
prestadoras do serviço possam atuar. A seguir abordaremos em
maiores detalhes as características técnicas do tráfego da rede
que afetam a garantia mínima de qualidade de serviço por uma
prestadora do SCM. 1.2 Características técnicas do tráfego da
rede Em se tratando de uma rede interligada de computadores
(e outras redes) notabilizada por sua natureza descentralizada,
os esforços direcionados à adequação e compatibilização das
redes ao tráfego crescente via protocolo IP esbarram em
limitações tecnológicas naturais, com reflexos importantes
sobre a experiência do usuário em termos de velocidade e
qualidade do serviço fim-a-fim, que dependem de inúmeros
fatores alheios ao controle das prestadoras. Há barreiras ao
tráfego dos pacotes espalhadas pelo trajeto entre o terminal /
aplicação do usuário e seu destino final, por exemplo, um
servidor de conteúdo localizado em outro país. A depender da
severidade destes obstáculos e da distância entre a origem e o
destino do sinal, podem-se configurar gargalos importantes,
com influência significativa sobre o desempenho da conexão
(endereçamento, condições de integridade e latência do envio e
entrega dos pacotes) e a percepção do assinante acerca da
qualidade e adequação do serviço contratado (em termos de
suporte às aplicações desejadas). As etapas a serem vencidas e
os respectivos obstáculos são apresentados na figura e tabela
abaixo. Como as características assimétricas de gestão e
organização das plataformas e redes estão a cargo de diferentes
entes, a oferta do serviço de acesso à banda larga fixa pelas
empresas não é capaz de contemplar todos os fatores e
garantias necessárias para assegurar aos clientes a entrega de
um nível mínimo e / ou médio de velocidade de tráfego, sendo-
lhes possível, tão somente, convencionar contratualmente um
teto nominal para o serviço. Tal entendimento é compartilhado
pelo Office of Communications (Ofcom, UK) que destaca, em
seu Código de prática para Banda Larga, que estas disparidades
podem ser resultado de um número extenso de fatores,
incluindo as características da rede do cliente, a capacidade
instalada das redes dos provedores de internet, o número de
assinantes compartilhando a rede, o número de pessoas
acessando um determinado website, etc. Complementarmente,
o relatório da OOKLA , responsável pelas medições de
velocidade disponíveis em websites como Speedtest.net e
Pingtest.net, e pela elaboração do Net Index uma compilação
livre de resultados de mais de 1,5 milhão de resultados de teste,
separados por regiões geográficas aponta que a mensuração da
banda larga é um processo altamente variável: a realização de
testes entre pontos de maior ou menor distância podem
introduzir latência, reduzindo a velocidade de download. Fora
da rede da prestadora do serviço, a Internet é ainda em sua
maior parte uma rede descentralizada, imprevisível e não
gerenciável. O desafio do regulador, neste caso, deveria ser
recolocado: o problema não passa, efetivamente, pela
imposição de metas e obrigações de entrega de velocidade, mas
buscar formas de se reduzir a diferença entre as expectativas do
consumidor e a velocidade entregue do serviço. Este propósito,
entretanto, exige de antemão a implementação de métodos e
sistemas de aferição realizados de forma controlada e na rede
da prestadora, de forma a minimizar, respectivamente, erros de
medida e a influência de fatores não gerenciáveis na avaliação
do desempenho. Como se verá a seguir, esta percepção é
contemplada pela experiência internacional na oferta do serviço
de banda larga. 1.3 Experiência Internacional Dadas as
limitações expostas nas seções anteriores no que se refere à
possibilidade de se atender a todos os usuários da forma típica
de rede determinística; cujo desempenho seja consistente,
embora não completamente administrável, fim-a-fim (isto é, em
toda extensão de rede, equipamentos e aplicações, incluindo
terminais dos usuários, servidores e redes de outras
prestadoras); a prática internacional para regulação e prestação
do serviço de SCM não acolhe a definição de limites mínimos e
médios para parâmetros de velocidade, tampouco rege acerca
de parâmetros de Qualidade do Serviço como latência, jitter e
perda de pacotes. O trabalho da Price Waterhouse Coopers
anexado a esta contribuição apresenta diversos estudos de caso
e demonstra que a proposta de regulamento da ANATEL não
apresenta similaridade em nenhuma das Administrações
estudadas, que representam mais de 40% dos acessos em banda
larga disponibilizados no mundo. Trabalho da consultoria
Cullen International, avalia com detalhes o quadro regulatório
relativo à qualidade do serviço em diversos países da OCDE,
incluindo França, Alemanha, Itália, Holanda, Suécia, Espanha e
Reino Unido. De modo geral, a prática internacional não dá
suporte à aplicação de metas previstas pela Consulta Pública N
46. Os países pesquisados tem primado pela adoção de políticas
e ações que aumentam a transparência e a padronização das
informações no que se refere às características e desempenho
dos serviços contratados, permitindo ao consumidor mais
informações sobre o que lhe é entregue (capacidade de acesso),
bem como favorecer uma maior comparabilidade entre as
prestadoras e planos anunciados. Estas são, inclusive, as
recomendações da UIT, que elenca, entre os pilares para
incentivar a demanda pelo serviço de banda larga em países em
desenvolvimento ( Building broadband: Strategies and policies
for the developing world ), ações com o objetivo de fornecer
aos consumidores informações acerca dos provedores, opções
de preço e tecnologia disponível . Como destaca o Instituto
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(Inmetro) em estudo recente sobre o desempenho das redes de
banda larga, o processo de avaliação de qualidade do serviço
deve ter como objetivo primordial: (...) informar ao consumidor
brasileiro sobre a adequação de produtos e serviços aos
critérios estabelecidos em normas e regulamentos técnicos,
contribuindo para que ele faça escolhas melhor fundamentadas
em suas decisões de compra ao levar em consideração outros
atributos além do preço e, por consequência, torná-lo parte
integrante do processo de melhoria da indústria nacional; A
mensuração e auditoria de indicadores de rede em condições
controladas e com metodologia adequada de amostragem e
coleta, aliada a uma política de divulgação ampla dos
resultados em canais de venda encontra consonância com a
prática internacional na regulação do serviço, que privilegia a
concorrência e as preferências do consumidor como força
motriz da melhoria dos serviços e a iniciativa das firmas em
adequar seus produtos a padrões técnicos e diferenciá-los em
relação aos outros players. Como expõe o Guia do Policymaker
para Gerenciamento de Rede , elaborado pela The Information
Technology & Innovation Foundation: Consumers expect the
advertised bandwidth to be the guaranteed bandwidth, and if
they are throttled below the peak advertised performance, they
get dissatisfied. The obvious solution to this problem is clear
disclo sure, but no ISP wants to come out and advertise the
minimum and maximum performance of its services
unilaterally while its competitors continue to em bellish their
offerings by touting peak performance. Government can play
an important role in helping to solve this problem by mandating
broadband advertis ing rules that require both the guaranteed
and peak performance figures to ensure an even playing field
between ISPs providing broadband. Em sintonia com as
melhores práticas, o FCC americano tem tratado o tema,
provendo aos consumidores e à sociedade maior informação
acerca dos serviços de banda larga correntemente oferecidos no
país (ver, a respeito, o relatório Measuring Broadband America
). Adicionalmente, publicou o Guia do Consumidor para Banda
Larga Residencial (Broadband Service for the Home: A
Consumer s Guide), que busca informar melhor os
consumidores sobre como medir, comparar e escolher as
melhores prestadoras do serviço e os melhores planos de
acordo com as suas necessidades. A diferenciação dos serviços,
possível através do correto dimensionamento e gerenciamento
da rede, permite que usuários de perfil menos intensivo
acessem a rede a preços menores, enquanto os usuários mais
intensivos, que ocupam maior banda e / ou requerem condições
diferenciadas de tráfego, arquem com um preço
proporcionalmente maior, compatível com um serviço de maior
valor agregado. Deve ficar claro ao consumidor, entretanto, que
mesmo serviços de alto desempenho estarão submetidos a um
grau de imprevisibilidade e instabilidade no acesso (jitter e
congestionamento em horários de pico, por exemplo), graças às
características da rede IP (melhor esforço e topologia
estatística). A tarefa de um regulador, como o FCC, deve passar
pela orientação dos consumidores: Several factors can slow
down your Internet speed: an old or slow router, an old or slow
computer, using the Internet at peak times (7 p.m 11 p.m.),
using high-bandwidth applications or sites, or having several
household members online at once. Your network
configuration, including wireless networks, can also affect
speed. If your broadband speed is slower than you expected,
start by seeing whether changing equipment or changing the
way you use the Internet improves your broadband experience.
However, don t hesitate to call your service provider if these
measures don t work and your internet connection simply
seems too slow. Do ponto de vista das prestadoras, a
responsabilidade deve recair sobre uma maior clareza
contratual no serviço entregue ao consumidor, particularmente
quanto aos fatores limitantes de velocidade, e em serviços de
pós-venda, colaborando para solução tempestiva de conflitos e
problemas que possam afetar a experiência do usuário. A
AT&T, uma das empresas líderes no segmento de banda larga,
detalha aspectos similares em seus termos de serviço: The
speeds identified at http: / / www.att.com / speedtiers are
Service Capability Speeds, which are the downstream rates at
which your line transfers Internet access data between the
network interface device at your home, office or apartment
building to the first piece of routing equipment in AT&T s
network. Service Capability Speeds should not be confused
with Throughput Speed, which is the speed at which your
modem receives and sends Internet access data ( Throughput
Speed. ). These speeds may vary and are not guaranteed.
Throughput speed depends upon many factors including
customer location, destination and traffic on the Internet,
interference with high frequency spectrum on your telephone
line, wiring inside your home, office or apartment, the capacity
or performance of your computer or modem, the server with
which you are communicating, internal network factors, and
the networks you and others are using when communicating. In
order to provide a consistently high-quality video service,
AT&T U-verse High Speed Internet throughput speeds may be
temporarily reduced when a customer is using other U-verse
services in a manner that requires high bandwidth. This could
occur more often with higher speed Internet access products.
No caso da Espanha, também não há obrigação de prestação do
serviço a uma velocidade mínima garantida, mas as prestadoras
de serviços de banda larga fixa e móvel são orientadas para
evitar que as velocidades informadas na comercialização dos
produtos não excedam o limite teórico permitido pela
respectiva tecnologia. Além disso, as empresas têm o dever de
informar os usuários finais dos fatores relevantes que podem
restringir a velocidade efetiva da banda larga que será entregue,
previamente à assinatura do contrato. A agência regulatória do
Reino Unido (Ofcom) favorece a adoção de inovações e
mecanismos regulatórios de baixo impacto (não interventivos),
que preservem princípios de transparência, proporcionalidade e
eficiência na gestão dos recursos. Neste sentido, a solução do
Ofcom para lidar com questões de qualidade no serviço de
banda larga foi a criação de um mecanismo de autorregulação:
o Broadband Speeds Code of Practice. Este Código de Práticas
estabelece uma série de princípios, aos quais as prestadoras do
serviço podem acatar voluntariamente e, assim, sinalizar
diferenciais competitivos em relação a outras prestadoras do
mesmo serviço. Entre os princípios elencados no código, pode-
se citar: (i) treinamento e capacitação adequados da equipe de
vendas e de representantes comerciais; (ii) provisão de
informações no ponto de venda; (iii) acurácia das informações
sobre velocidade ofertadas pelos provedores; (iv) suporte à
solução de problemas dos usuários relacionados à velocidade;
(v) apresentação das informações sobre banda larga nos
websites; (vi) adequação ao cronograma do código; (vii)
monitoramento da adequação ao código e cooperação com o
Ofcom; (viii) alertar e informar o consumidor sobre o Código
de prática no processo de venda. O consumidor, melhor
informado, é o responsável pela escolha do serviço que melhor
lhe oferece garantias, condições e a melhor experiência do
serviço. Sob a ótica das melhores práticas, portanto, cabe
ressaltar que a intenção da ANATEL em aumentar e refinar as
informações disponíveis sobre desempenho e qualidade do
SCM encontra respaldo internacional, na medida em que busca
resguardar a transparência na oferta do serviço, com vistas à
manutenção dos direitos e do bem-estar dos consumidores. Tal
intento, entretanto, quando convertido em insumo para criação
de metas e obrigações artificiais de velocidade e desempenho
de rede, como pretende a Consulta Pública No 46, consuma
uma intervenção regulatória sem paralelo relevante no estado
da arte da regulação mundial, cujos impactos podem se revelar
negativos e significativos para o setor de telecomunicações e
para o bem-estar dos consumidores, como tratado na próxima
seção.
Contribuição N°: 62
ID da Contribuição: 58476
Autor da Contribuição: Diogo Moyses Rodrigues
Data da Contribuição: 01/02/2012 19:42:47
Contribuição:
CONTRIBUIÇÃO ENVIADA EM NOME DA
CAMPANHA BANDA LARGA É UM DIREITO SEU!
Não devem ser acatados os pedidos.
Justificativa:
1. A empresa alega que exposição de motivos foi
insuficiente e inapta e que deveria haver uma análise de
impacto regulatório. Em primeiro lugar, os motivos são
intrínsecos à própria natureza da regulamentação. Por sua
vez, a ausência de Análise de Impacto Regulatório é
realmente negativa e deveria ter sido realizada pela
Anatel. Contudo, ela não é obrigatória pela legislação e
não justifica o pedido de anulação das metas. 2. Em
relação às experiências internacionais, somamo-nos à
contribuição enviada pelo Clube de Engenharia e outras
entidades, que mostra a tendência de vários países
adotarem parâmetros em linha com o que propõe a
Anatel. 3. Consideramos ainda inadequada a comparação
feita pela Oi com o caso do Reino Unido, uma vez que
naquele país as redes são desagregadas e há quatro
grandes competidores (mais de 5% de participação no
mercado) competindo em todo o território. No Brasil, em
90% dos municípios não há competição nem na banda
larga fixa nem na móvel. Se a prestadora não oferece um
serviço de qualidade, o consumidor não tem opção.
Contribuição N°: 63
ID da Contribuição: 58492
Autor da Contribuição: Daniel Douek
Data da Contribuição: 01/02/2012 19:47:09
Contribuição:
Recomenda-se a revisão da Resolução n. 574 / 2011, nos
termos dos Pedidos de Anulação apresentados pela TNL
PCS S.A., com a tomada das devidas diligências por parte
desta agência de modo a sanar os vícios de motivação
abordados na justificativa abaixo.
Justificativa: CONSULTA PÚBLICA N. 02 / 2012 PEDIDO DE
ANULAÇÃO AOS DISPOSITIVOS DOS
REGULAMENTOS DE QUALIDADE DO SERVIÇO
DE COMUNICAÇÃO MULTIMÍDIA (SCM) E DO
SERVIÇO MÓVEL PESSOAL (SMP) 1. Pereira Neto,
Galdino, Macedo Advogados, em atenção à Consulta
Pública n. 02 / 2012, vem à presença de Vossas
Senhorias, tecer as considerações a seguir, acerca dos
argumentos apresentados pela TNL PCS S.A. ( Oi ) no
Pedido de Anulação em face de dispositivos constantes no
Regulamento de Gestão de Qualidade do Serviço de
Comunicação Multimídia ( RGQ-SCM ), aprovado pela
Resolução n. 574 / 2011, bem como no Pedido de
Anulação referente ao Regulamento de Gestão da
Qualidade do Serviço Móvel Pessoal ( RGQ-SMP ),
aprovado pela Resolução n. 575 / 2011. 2. A nosso ver,
com base na análise dos documentos disponibilizados
pela Agência no âmbito desta Consulta Pública, é
procedente a irresignação da Oi, notadamente em relação
aos vícios de motivação apresentados na Consulta Pública
n. 46, 10 de agosto de 2011, e Consulta Pública n. 27, de
12 de julho de 2010. Três aspectos fundamentam nosso
posicionamento quando ao caso em questão. 3. Em
primeiro lugar, é importante observar que o dever de
motivação não consiste na mera indicação do fundamento
legal, sendo requisito necessário a apresentação do
elemento fático do ato administrativo para a sua
composição. Isso pressupõe uma adequada ponderação
dos apontamentos colhidos junto aos interessados, aspecto
que se acentua quando ocorre um procedimento de
consulta pública como foi o caso. Ademais, faz-se
essencial que tal ponderação demonstre, de forma clara,
lógica e inequívoca, que a opção adotada deve
preponderar, de modo que a motivação esteja em
consonância com os termos do artigo 50, 1 , da Lei n.
9.784 / 1999. 4. Em segundo lugar, à Agência Nacional
de Telecomunicações ( ANATEL ) foi conferido poder
normativo de assuntos técnicos relacionados ao setor
regulado. Do mesmo modo, ao promover essa regulação,
caberá à agência apresentar argumentos técnicos para
fundamentar suas decisões. A experiência internacional,
bem como de outras agências brasileiras, mostram que as
práticas da Análise de Impacto Regulatório ( AIR )
deveriam ser incorporadas aos processos normativos da
ANATEL, a fim de se assegurar o cumprimento ao
princípio da motivação, mormente quando a nova
regulamentação produz impacto evidente e profundo
sobre os custos das operadoras de telecomunicações. 5.
Em terceiro lugar, as Consultas Públicas que envolveram
a aprovação do RGQ-SCM e do RGQ-SMP foram
marcadas por um duplo vício de motivação. De um lado,
não foi promovida uma análise técnica adequada para se
estipular quais os indicadores de qualidade seriam
exigidos, e seus respectivos valores. De outro, tampouco
houve o exame adequado das contribuições recebidas,
muitas vezes sendo negadas as questões apresentadas sem
qualquer análise pormenorizada. 6. Tais aspectos,
inclusive, ensejam a nulidade do RGQ-SCM e RGQ-SMP
independentemente do pleito formulado pela Oi,
considerando ser dever de ofício da Agência promover a
anulação de atos ilegais o que ocorre no caso,
considerando o vício de motivação. É o que se passa a
expor. I. DO DEVER DE MOTIVAÇÃO: ELEMENTOS
DE DIREITO E DE FATO 7. A motivação consiste em
elemento legitimador do ato administrativo discricionário
da Administração Pública, na medida em que possibilita a
verificação da legalidade do ato, bem como da adequação
entre os motivos invocados e os resultados obtidos sendo
reconhecido como um princípio constitucional implícito,
tamanha sua importância. Trata-se, assim, de princípios
pelo qual a Agência Reguladora deve se pautar, conforme
expresso na Lei n. 9.472, de 16 de julho de 1997 (Lei
Geral de Telecomunicações LGT) e Lei n. 9.784, de 29 de
janeiro de 1999. 8. A precisão e suficiência da motivação
exigem referência às circunstâncias do caso concreto de
maneira detalhada. A mera indicação do fundamento legal
e de expressões vagas descritivas dos elementos fáticos
não permite a concatenação do ato administrativo com a
realidade e, consequentemente, torna-se impossível aferir
se determinada medida atende, de forma adequada e
proporcional, ao interesse público(1) almejado. 9. Decisão
do Superior Tribunal de Justiça corrobora esse
entendimento, exigindo da Administração Pública uma
motivação suficientemente detalhada e precisa, in verbis:
ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA.
INDEFERIMENTO DE AUTORIZAÇÃO PARA
FUNCIONAMENTO DE CURSO SUPERIOR.
AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO DO ATO
ADMINISTRATIVO. NULIDADE. 1. A margem de
liberdade de escolha da conveniência e oportunidade,
conferida à Administração Pública, na prática de atos
discricionários, não a dispensa do dever de motivação. O
ato administrativo que nega, limita ou afeta direitos ou
interesses do administrado deve indicar, de forma
explícita, clara e congruente, os motivos de fato e de
direito em que está fundado (art. 50, I, e 1 da Lei 9.784 /
99). Não atende a tal requisito a simples invocação da
cláusula do interesse público ou a indicação genérica da
causa do ato. 2. No caso, ao fundamentar o indeferimento
da autorização para o funcionamento de novos cursos de
ensino superior na evidente desnecessidade do mesmo , a
autoridade impetrada não apresentou exposição detalhada
dos fatos concretos e objetivos em que se embasou para
chegar a essa conclusão. A explicitação dos motivos era
especialmente importante e indispensável em face da
existência, no processo, de pareceres das comissões de
avaliação designadas pelo próprio Ministério da
Educação, favoráveis ao deferimento, além de
manifestações no mesmo sentido dos Poderes Executivo e
Legislativo do Município sede da instituição de ensino
interessada. 3. Segurança parcialmente concedida, para
declarar a nulidade do ato administrativo (STJ, 1 Seção,
MS 9944 / DF, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ 13 /
06 / 05)(2) 10. Nesse mesmo sentido, para Celso Antônio
Bandeira de Mello(3) a motivação do ato administrativo
envolve uma série de elementos, como (i) o fato jurídico
administrativo, que consiste naquele evento
administrativo previamente tipificado pela lei ou mesmo
considerado relevante pela autoridade administrativa, (ii)
a exposição das normas jurídicas que fundamentaram a
formulação do ato administrativo, e (iii) a apresentação da
causa, isto é, da relação de razoabilidade e de
proporcionalidade que deve haver entre o motivo do ato e
seu conteúdo, diante da finalidade [...] (4) . 11. Destaca-se
que, assim como a motivação, a proporcionalidade
consiste em dos princípios norteadores da Administração
(cf. art. 2 , da Lei n. 9.784 / 99), sendo fundamental
verificar a adequação entre os meios e os fins, de modo a
evitar a imposição de obrigações que superem o
necessário para o atendimento do interesse público (cf.
art. 2 , parágrafo único, inc. VI, da Lei n. 9.784 / 99). Em
situações de conflito envolvendo princípios
constitucionais, como se verifica no presente caso com os
princípios da livre iniciativa, de um lado, e defesa do
consumidor, de outro, o dever de motivação assume
particular relevância como instrumento de ponderação de
interesses e análise da proporcionalidade da intervenção
estatal(5) . 12. Pode-se dizer, assim, que o princípio da
proporcionalidade encontra-se fortemente correlacionado
ao princípio da motivação, uma vez que da análise da
adequação, da necessidade e da proporcionalidade em
sentido estrito se poderá apresentar a causa e revelar a
razoabilidade do ato administrativo, conforme o
entendimento doutrinário exposto acima. 13. Contudo, o
que se nota da análise dos documentos que instruíram o
processo normativo de elaboração dos RGQ-SCM e
RGQ-SMP é que a Anatel não se desincumbiu do ônus de
demonstrar que atendeu a este elevado standard de
motivação. É dizer, não há nos autos do referido processo
administrativo qualquer avaliação concreta da relação
custo-benefício entre o direito sacrificado livre iniciativa
e o fim pretendido defesa do consumidor. Nessa medida,
a motivação da Agência não está completa, pois não é
possível verificar a compatibilidade da medida proposta
com a finalidade almejada. É o que se passará a
demonstrar mais detalhadamente nos itens II e III abaixo.
II. DO DEVER DE MOTIVAÇÃO DAS AGÊNCIAS
REGULADORAS: ANÁLISE DE IMPACTO
REGULATÓRIO (AIR) 14. Deve-se ter em mente que o
processo normativo da atividade regulatória prevê uma
cuidadosa construção procedimental, de modo a assegurar
à adequada motivação dos seus atos. Floriano Azevedo
Marques Neto descreve sinteticamente como se deve
proceder a atividade normativa das agências, sendo
necessário que: (i) passe a ter uma maior preocupação
com a motivação, não meramente formal de seus atos; (ii)
tenha um caráter marcadamente procedimental,
processualizado, com sua subordinação a regras, ritos e
procedimentos claros e preestabelecidos; (iii) envolva
fortemente os administrados mormente os atores
relacionados ao setor específico objeto da regulação no
processo decisório, mediante o recurso a consultas e
audiências públicas, por exemplo; (iv) não possa se
desenvolver sem uma radical transparência, traduzida na
radicalização do princípio da publicidade e na introdução
de efetivos mecanismos de controle pelos sujeitos e
interessados no exercícios desta atividade .(6) 15. É
importante observar que o poder normativo delegado às
agências reguladoras, como a ANATEL, apresenta como
fundamento lógico a possibilidade de editar normas de
cunho técnico, de maneira rápida, em consonância com o
forte dinamismo tecnológico presente nos setores
regulados, notadamente o de telecomunicações. É
exatamente por essa forte tecnicidade presente nas
resoluções emitidas pela ANATEL que a sua motivação
igualmente deve ser fundamentada a partir de uma análise
técnica. 16. Dito de outro modo, se à ANATEL foi
delegado poder normativo para a edição de normas
técnicas para o setor de telecomunicações, do mesmo
modo a agência deve apresentar em sua motivação
parâmetros técnicos. Nesse mesmo sentido dispõe José
Maria Pinheiro Madeira a discricionariedade técnica
existe apenas quando a decisão que nela se fundar poder
ser motivada também tecnicamente. Esta é, quiçá, a
limitação mais importante, pois afasta, ao mesmo tempo,
o arbítrio, o erro, a impostura e a irrazoabilidade (7) . 17.
Portanto, assim como demonstrado nos Pedidos de
Anulação apresentados pela TNL PCS S.A., faz-se
necessária uma análise técnica dos mercados atingidos
pela relo RGQ-SCM e pelo RGQ-SMP. Uma alternativa
seria a Análise do Impacto Regulatório ( AIR ) que vem
sendo fortemente adotado pela experiência internacional.
18. A AIR consiste em uma ferramenta de análise
sistemática dos impactos positivos e negativos dos
regulamentos propostos e existentes(8) . Ou seja, a AIR
permite a análise da probabilidade de benefícios, custos e
efeitos de novos regulamentos, sendo um mecanismo de
sistematização de dados empíricos que possibilitaria a
correta dimensão do problema e a avaliação de diferentes
alternativas para solucioná-lo. 19. De fato, algumas
agências brasileiras, notadamente a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária ( ANVISA ) e a Agência Nacional de
Energia Elétrica ( ANEEL ), buscam implementar práticas
de AIR, fruto do Programa de Fortalecimento da
Capacidade Institucional para Gestão em Regulação (
PRO-REG ), instituído pelo Decreto n. 6.062, de 16 de
março de 2007. 20. O PRO-REG, conforme indicado em
seu artigo 2 , busca formular e implementar medidas que
objetivem: (i) fortalecer o sistema regulatório de modo a
facilitar o pleno exercício de funções por parte de todos
os atores; (ii) fortalecer a capacidade de formulação e
análise de políticas públicas em setores regulados; (iii)
aprimorar a coordenação e o alinhamento estratégico
entre políticas setoriais e processo regulatório; (iv)
fortalecer a autonomia, transparência e desempenho das
agências reguladoras; e (v) desenvolvimento e
aperfeiçoamento de mecanismos para o exercício do
controle social e transparência no âmbito do processo
regulatório. 21. No caso ANVISA, por exemplo, havia
necessidade de aprimorar o regulamento técnico para o
controle dos Bancos de Células e Tecidos Germinativos
(BCTG), que já se encontrava desatualizado em frente às
novas práticas para atuação da vigilância sanitária e dos
prestadores de serviço em reprodução humana assistida, o
que afetava a qualidade e a segurança na prestação desses
serviços. Diante desse cenário, a ANVISA traçou os
seguintes objetivos: (i) estabelecer requisitos mínimos
para funcionamento dos BCTG; (ii) garantir qualidade das
amostras de células e tecidos; (ii) prevenir transmissão de
doenças; (iii) prevenir riscos de procedimento cirúrgico;
(iv) estabelecer padrões seguros para seleção de doadores
e pacientes; e (v) definir normas menos específicas, tendo
em vista o dinamismo do setor e o risco de obsolescência
de normas com grau elevado de detalhamento. 22. Diante
desse cenário, a ANVISA deu início a um processo de
AIR a fim de considerar os impactos (a) da manutenção
da regulação ou (b) de sua atualização, fixando os
princípios e procedimentos pelos quais a análise deveria
se pautar: necessidade, consistência, transparência e
participação. A análise da necessidade de cada alternativa
envolveu a verificação: (i) dos benefícios esperados de
cada alternativa; e (ii) dos custos, dificuldades ou
desvantagens esperados de cada alternativa. 23. No caso
da ANEEL, foram identificados problemas no tocante à
queda de qualidade do serviço de distribuição de energia
elétrica, e uma possível solução seria a implantação de
medidores eletrônicos. Diante desse cenário, a ANEEL
iniciou uma AIR de modo a identificar a melhor maneira
de lidar com esse problema, fixando três alternativas
possíveis: (a) de não intervenção, deixando a substituição
dos medidores para o final de sua vida útil (25 anos); (b)
de intervenção, fixando prazos para troca e
funcionalidades mínimas do novo medidor; e (c) de
intervenção mais profunda, que além de fixar prazos e
critérios técnicos mínimos para os medidores,
estabeleceria sistema de comunicação com a
Distribuidora. A partir da definição das alternativas foram
levantados os custos e benefícios para cada uma delas. 24.
Apenas essa breve indicação de exemplos de AIR
adotadas pela ANVISA e pela ANEEL evidencia a
diferença patente entre as medidas tomadas pela
ANATEL na elaboração do RGQ-SCM e do RGQ-SMP,
isto é, a ausência de levantamento de diferentes
alternativas para o problema encontrado, bem com a
absoluta ausência de uma avaliação do custo-benefício de
cada uma dessas alternativas. 25. Vale destacar, ainda, na
experiência brasileira o Decreto n. 4.176, de 28 de março
de 2002, que estabelece diretrizes e normas para projetos
de atos normativos de competência dos órgãos do Poder
Executivo Federal. O Anexo I do referido Decreto,
conforme acertadamente apontado pelos Pedidos de
Anulação submetidos pela TNL PCS S.A., fixa questões
que devem ser analisadas na elaboração de atos
normativos no âmbito do Poder Executivo, tais como a
delimitação do problema, a identificação das alternativas
disponíveis, o grau de densidade dos atos administrativos
e se o momento para sua aplicação seria adequado. 26.
Embora o Decreto n. 4.176 / 2002 seja destinado aos
órgãos subordinados ao Poder Executivo Federal, não
sendo direcionado explicitamente às agências
reguladoras, o seu modelo deveria ser observado pelas
agências, como standard mínimo de motivação. Deve-se
observar que, se o Poder Executivo Central estabelece as
políticas públicas setoriais, as agências, por sua vez,
procuram concretizar os objetivos nelas fixados. Nesse
contexto, não é admissível que, para atos normativos das
agências, não seja seguido qualquer procedimento mais
criterioso de análise de impacto dos regulamentos no
mercado, assim como aquele a que se submetem os
Ministérios, conforme previsão do Decreto n. 4.176 /
2002. 27. A disciplina prevista no RGQ-SCM e RGQ-
SMP demanda minuciosa análise técnica, notadamente
em relação aos efeitos que tais regulamentos podem
exercer sobre os serviços (quer em termos de preço, quer
em termos de efetiva melhora de sua qualidade) em
decorrência da imposição de novas obrigações aos
prestadores. Nesse sentido, seria impositiva a adoção de
um mecanismo para sistematizar adequadamente a
motivação da Agência que corresponderia à AIR. 28.
Contudo, não se observa que a ANATEL tenha coletado
alternativas compatíveis com a legislação e tecnicamente
viáveis, analisado cada uma delas em relação aos seus
custos e benefícios, selecionando, motivadamente, aquela
que melhor atendesse ao interesse público. É o que se
passará a demonstrar a seguir. III. DOS VÍCIOS DE
MOTIVAÇÃO NAS CONSULTAS PÚBLICAS DO
RGQ-SCM E DO RGQ-SMP 29. No tocante às Consultas
Públicas que ensejaram o RGQ-SCM e o RGQ-SMP,
nota-se uma patente afronta ao dever de motivação em
dois momentos distintos: (i) antes da submissão das
minutas das resoluções para contribuições da sociedade,
na medida em que faltaram análises pormenorizadas
passíveis de embasar os parâmetros utilizados para
definição dos indicadores de qualidade no SCM e no
SMP, assim como faltaram avaliações de custos
associados aos parâmetros propostos; e (ii) após a
submissão das contribuições da sociedade, uma vez que a
ANATEL não apresentou uma análise criteriosa que
justificasse a negativa da aceitação da quase totalidade
das contribuições submetidas pela sociedade ao longo da
consulta pública. 30. No primeiro vício de motivação,
nota-se que a Agência limitou-se a justificar a elaboração
da minuta do RGQ-SCM e do RGQ-SMP a partir da
indicação da norma legal. Contudo, conforme apontado
por Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a motivação não pode
limitar-se a indicar a norma legal em que se fundamenta o
ato (pressuposto de direito) e os fatos (pressupostos de
fato). (9) 31. No processo de elaboração do RGQ-SCM,
foram apresentados estudos internacionais para justificar
a adoção dos indicadores, notadamente os de rede. No
entanto, conforme demonstrado acima, à ANATEL
caberia, além de considerar outros parâmetros
internacionais, (i) analisar a real extensão do problema
com base nos elementos fáticos encontrados no mercado
brasileiro, (ii) apontar as alternativas para superação do
problema, (iii) promover uma análise dos custos e
benefícios para cada uma das alternativas propostas para,
somente então, (iv) determinar os indicadores que seriam
mais adequados. Obviamente, na análise das possíveis
alternativas, deveria ser dada plena publicidade para que
os interessados pudessem realizar suas contribuições e
sugestões. 32. Adicionalmente, especificamente no que
tange ao RGQ-SMP, é inaceitável que os indicadores de
conexão de dados (SMP 10 e SMP 11) sejam
determinados a partir de critérios utilizados para a
definição da qualidade da Banda Larga Fixa, conforme
expresso no Informe n. 127 / 2011 / PVCPR / PVCP /
SPV. A ANATEL deveria analisar o mercado de banda
larga móvel antes de propor qualquer regulamento. De
fato, do modo pelo qual foi conduzida a motivação
técnica, nota-se a ausência de critérios metodológicos
básicos. A ANATEL aparentemente definiu a existência
do problema sem buscar analisar o mercado específico,
bem como não buscou diferentes alternativas para
solucionar o problema, apenas reproduzindo a medida
adotada em um mercado claramente diferente. 33. No
segundo vício de motivação, a análise das contribuições
apresentadas nas Consultas Públicas foi demasiadamente
superficial, sem a apresentação de justificativas claras e
precisas para a sua não aceitação. Conforme previsão do
artigo 42 da LGT, As minutas de atos normativos serão
submetidos à consulta pública, formalizada por
publicação no Diário Oficial, devendo as críticas e
sugestões merecer exame e permanecer à disposição do
público na Biblioteca . 34. Essa situação é ainda mais
grave para as contribuições recebidas na Consulta Pública
n. 27 / 2010, que deram origem ao RGQ-SMP, em que os
argumentos para aceitá-las ou rejeitá-las estavam descritas
apenas nas fls. 716-717 do Processo n. 53500.016120 /
2008, conforme indicado pelo próprio Informe n. 1060 /
2011 / PVCPR / PVCP / SPV. 35. Ademais, nota-se que
em ambas as Consultas Públicas foram juntados
detalhados pareceres e estudos econômicos nas
contribuições, a fim de discutir os valores adotados pelos
indicadores dos referidos regulamentos. Em alguns casos
até mesmo foram indicadas alternativas para a regulação
da qualidade do SCM e do SMP de maneira menos
custosa para os agentes, o que por si só já seria suficiente
para demonstrar a ausência de um dos elementos
necessidade do princípio da proporcionalidade. 36. No
caso concreto, observou-se que diversas empresas (como
a própria Oi), bem como suas entidades representativas,
acostaram aos autos das Consultas Públicas que
originaram o RGQ-SCM e o RGQ-SMP uma série de
estudos técnicos e econômicos para fundamentar a
impossibilidade de se adotar o modelo na forma proposta
pela ANATEL. Igualmente, foram indicados aspectos
constitucionais e legais que inviabilizariam o regime de
metas impositivas do RGQ-SCM e RGQ-SMP, além de
referências às experiências estrangeiras neste assunto. 37.
Contudo, não se observa que a Anatel tenha ponderado
devidamente os elementos trazidos nessas diversas
contribuições conforme será abordado adiante. De fato,
não há, por exemplo, um estudo econômico que indique e
quantifique o impacto que a adoção das metas propostas
terá nos valores dos serviços cobrados dos usuários. Uma
vez que tal aspecto foi levantado e destacado por meio de
estudos emitidos por instituições de reconhecida
expertise, seria imprescindível que a Agência abordasse
frontalmente essa questão, com base em estudos que
gozassem da mesma credibilidade o que não parece ter
ocorrido. 38. Assim, foram aprovadas diversas obrigações
para as prestadoras de serviço, sem que se tivesse
qualquer idéia quanto ao seu impacto financeiro o que
pode comprometer a própria massificação dos serviços. À
ANATEL, em observância ao princípio da eficiência,
caberia analisar a existência de outras alternativas menos
custosas e compatíveis com o ordenamento jurídico para
atingir o objetivo de fomentar o incremento de qualidade
nos serviços. 39. Trata-se de apenas um exemplo dos
problemas da ausência de motivação no caso concreto.
Com base no artigo 42 da LGT, bem como no princípio
da motivação discutido na presente contribuição, fazia-se
necessária a apresentação dos motivos para rejeição
dessas contribuições de forma pormenorizada. 40.
Conforme afirmado por Floriano Marques de Azevedo
Neto(10) , o processo normativo das agências reguladoras
deve envolver uma forte participação dos administrados.
No entanto, ao não promover uma análise adequada das
contribuições, a ANATEL não viola apenas o princípio da
motivação, mas também a transparência que deve
envolver esse processo e seu caráter participativo. 41.
Conclui-se, assim, que tanto o RGQ-SCM quanto o RGQ-
SMP padecem de sério vício de motivação, o que
compromete a sua legalidade e, portanto, não resta outra
alternativa para a Agência senão o acolhimento do pedido
de anulação formulado pela Oi. IV. CONCLUSÃO 42.
Diante do exposto, pode-se concluir que: a. A motivação
dos atos administrativos envolve a indicação dos
pressupostos de direito e de fato, nos termos do art. 2 ,
parágrafo único, inciso VII e do art. 50 da Lei n. 9.784 /
1999; b. Na elaboração da motivação, igualmente deve
ser considerado seu caráter qualitativo, assegurando sua
clareza e congruência, nos termos do 1 , art. 50, da Lei n.
9.784 / 1999; c. Pelo fato de o poder normativo da
ANATEL estar relacionado com dinamismo técnico do
setor em que atua, a motivação de seus atos igualmente
deve apresentar essa tecnicidade, consistindo a aplicação
da Análise de Impacto Regulatório ( AIR) uma alternativa
para adequada motivação de seus atos, assim como vem
sendo aplicado por outras agências brasileiras; d. Embora
o Decreto n. 4.176 / 2002, que fixa regras para a edição de
atos normativos do Poder Executivo Federal, não seja
direcionado à ANATEL, sua atuação na fixação de metas
e planos para o setor de telecomunicações enseja que seus
atos normativos obedeçam a procedimentos similares
àqueles adotados pelo Poder Executivo Central, a fim de
assegurar a adequada motivação de seus atos e adequação
ao interesse público; e e. As Consultas Públicas que
ensejaram o RGQ-SCM e o RGQ-SMP são marcadas por
um duplo vício de motivação, haja vista a ausência de
uma análise técnica para adoção dos valores para os
indicadores de qualidade que considerasse as
características específicas do mercado regulado, bem
como de um exame cuidadoso das contribuições recebidas
nas Consultas Públicas, sem qualquer esclarecimento
mais detalhado das razões para não aceitação das
contribuições e sugestões. 43. Em vista do exposto,
recomenda-se a revisão da Resolução n. 574 / 2011 e da
Resolução n. 575 / 2011, nos termos dos Pedidos de
Anulação apresentados pela TNL PCS S.A., com a
tomada das devidas diligências por parte desta agência de
modo a sanar os vícios aqui abordados. ***** Notas: (1)
Para Gustavo Binenbojm o interesse público comporta,
desde a sua configuração constitucional, uma imbricação
entre interesses difusos da coletividade e interesses
individuais e particulares, não se podendo estabelecer a
prevalência teórica e antecipada de uns sobre outros. Com
efeito, a aferição do interesse prevalecente em dado
confronto de interesses é procedimento que reconduz o
administrador público à interpretação do sistema de
ponderações estabelecido na Constituição e na lei, e, via
de regra, obriga-o a realizar seu próprio juízo ponderativo,
guiado pelo dever de proporcionalidade. (BINENBOJM,
Gustavo. Uma teoria do direito administrativo: direitos
fundamentais, democracia e constitucionalização. Rio de
Janeiro: Renovar, 2006. p.105) (2) No mesmo sentido,
confira-se decisão do TRF-1 (8 Turma, MAS
2006.39.01.000667-7 / PA, Rel. Desembargadora Federal
Maria do Carmo Cardoso, DJ de 10 / 05 / 2007): [...] 6.As
decisões administrativas devem ser motivadas, com
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando
neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses dos
particulares, nos termos do art. 50, I, da Lei 9.784 / 98.
7.A margem de liberdade de escolha de conveniência e
oportunidade, conferida à Administração Pública, na
prática de atos discricionários, não a dispensa do dever de
motivação. O ato administrativo que nega, limita ou afeta
direitos ou interesses do administrado deve indicar, de
forma explícita, clara e congruente, os motivos de fato e
de direito em que está fundado (art. 50, I, 1 , da Lei 9.784
/ 99) MS 9944 / DF, 1 Seção do STJ, Relator Ministro
TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJ 13 / 06 / 2005, p. 157,
sendo que não atende a tal requisito a simples alegação
genérica de falta de amparo legal. 8. Apelação do IBAMA
e remessa oficial a que se nega provimento (3) MELLO,
Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito
Administrativo. 22 ed, pp. 382-383. (4) FRANÇA,
Vladimir da Rocha. Estrutura e Motivação do Ato
Administrativo. São Paulo: Malheiros Editores, 2007, p.
97. (5) Na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal a
aplicação do princípio da proporcionalidade se dá quando
verificada[o] (...) um conflito entre distintos princípios
constitucionais de modo a exigir que se estabeleça o peso
relativo de cada um dos direitos por meio da aplicação
das máximas que integram o mencionado princípio da
proporcionalidade. São três as máximas parciais do
princípio da proporcionalidade: a adequação, a
necessidade e a proporcionalidade em sentido estrito. Tal
como já sustentei em estudo sobre a proporcionalidade na
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (...), há de
perquirir-se, na aplicação do princípio da
proporcionalidade, se em face do conflito entre dois bens
constitucionais contrapostos, o ato impugnado afigura-se
adequado (isto é, apto para produzir o resultado
desejado), necessário (isto é, insubstituível por outro meio
menos gravoso e igualmente eficaz) e proporcionalidade
em sentido estrito (ou seja, se estabelece uma relação
ponderada entre o grau de restrição de um princípio e o
grau de realização do princípio contraposto. (STF. Voto
do Ministro Gilmar Ferreira Mendes, IF 2257 / SP, Rel.
Min. Gilmar Ferreira Mendes, p. 116, DJ 01 / 08 / 2003.)
(6) MARQUES NETO, Floriano Azevedo. A nova
regulação estatal e as Agências Independentes. In:
SUNDFELD, Carlos Ari (Coord.). Direito Administrativo
Econômico, p. 79. (7) MADEIRA, José Maria Pinheiro.
Administração Pública centrlizada e descentralizada. Rio
de Janeiro: América Jurídica, 2000, pp. 233 e 234 (8)
Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE). Regulatory Impact Analysis (RIA)
Inventory. 15.04.2004. Disponível em: http: / /
www.oecd.org / dataoecd / 22 / 9 / 35258430.pdf. (9) DI
PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Discricionariedade
Administrativa na Constituição de 1988. São Paulo: Atlas,
1991, pp. 151-152. (10) MARQUES NETO, Floriano
Azevedo. A nova regulação estatal e as Agências
Independentes. In: SUNDFELD, Carlos Ari (Coord.).
Direito Administrativo Econômico, p. 79.
Contribuição N°: 64
ID da Contribuição: 58507
Autor da Contribuição: Daniela Batalha Trettel
Data da Contribuição: 01/02/2012 22:57:31
Contribuição:
1. DOS SUPOSTOS VÍCIOS DE MOTIVAÇÃO Os
pedidos de anulação têm como um de seus argumentos
centrais a alegação de vício de motivação na aprovação
das metas em questão. Sabe-se que a motivação é
necessária ao ato administrativo, o que se reflete no art.
40 da Lei Geral de Telecomunicações (Lei Federal n.
9.472 / 97). Porém, como verificaremos a seguir, não é
possível afirmar que tal condição não tenha sido suprida
na edição de ambos os regulamentos. 1.1 Ausência da
Análise de Impacto Regulatório (AIR) Segundo a TNL
PCS S.A., a aprovação dos indicadores de rede do SCM e
das taxas de transmissão mínima e média do SMP
apresenta vício de motivação pela ausência de Análise de
Impacto Regulatório, citando as recomendações da OCDE
(Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico). Conquanto o Idec, em diversas
oportunidades, já tenha defendido a realização de AIR no
processo de elaboração de atos da Anatel, a legislação
aplicável não exige a realização de análise nos termos
apresentados pela operadora. Portanto, a ausência desta
análise não enseja a anulação das metas aprovadas. De
outro lado, importa afirmar que a exigência de exposição
formal de motivos foi observada pela Anatel em ambos os
casos. Nos dois regulamentos houve o esforço da agência
em demonstrar os elementos de fato e de direito que
justificam a adoção de metas de qualidade. Quanto aos
parâmetros técnicos das metas, a análise da Anatel
apresenta estudos internacionais, além de contar com a
experiência da pesquisa realizada em parceria com o
CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil) e Inmetro.
Além disso, a própria realidade da prestação do serviço
fundamenta a necessidade de indicadores de rede e taxas
de transmissão das conexões. São recorrentes as
reclamações diante de problemas de conexão e variação
de velocidade, sendo que a regulamentação até então
vigente não oferecia respostas suficientes aos
consumidores. Quanto às empresas, a resposta
comumente dada ao usuário é a atenuação ou exclusão da
responsabilidade diante do serviço prestado, prevendo
cláusulas abusivas em seus contratos de adesão. 1.2 A
experiência internacional citada pela Anatel Mais
especificamente no pedido de anulação do RGQ-SCM, a
TNL PCS S.A. alega que também enseja vício de
motivação o fato de os estudos internacionais citados pela
agência não terem resultado na adoção de padrões
vinculantes nos países de origem. Quanto a isso, cumpre
notar que há uma ampla discussão internacional com
relação à qualidade da banda larga e à necessidade de se
aproximar as velocidades anunciadas e contratadas das
efetivamente entregues. Os países estão avaliando suas
práticas e estabelecendo modelos regulatórios que
respondam à sua realidade. O fato de os estudos citados
pela Anatel não terem, nos países de origem, resultado até
então em regulações vinculantes não significa que os
indicadores e os métodos de medição não possam ser
replicados aqui. O cenário da prestação do serviço no
Brasil é diferente do que se verifica nestes países. Neste
sentido, devemos ressaltar a falta de competição na oferta
do serviço de banda larga no Brasil. Dados consolidados
no mapa Brasil Banda Larga 2012 , editado pela
Converge Comunicações, permite-nos concluir que em
cerca de 90% dos municípios brasileiros não há
competição efetiva na oferta do serviço, fixo ou móvel. A
medição e divulgação dos resultados, sem parâmetros
obrigatórios e sanções, deixariam muitas vezes o
consumidor sem opção diante de um desempenho ruim de
sua prestadora. A vulnerabilidade do consumidor como
Princípio da Política Nacional das Relações de Consumo,
a recorrente prática abusiva das empresas e a
desinformação quanto aos parâmetros de rede, além da
responsabilidade da Anatel em garantir a qualidade dos
serviços de telecomunicações e do cenário de
concentração do mercado, conformam os elementos que
tornam adequados os regulamentos recentemente
aprovados.
Justificativa:
1. DOS SUPOSTOS VÍCIOS DE MOTIVAÇÃO Os
pedidos de anulação têm como um de seus argumentos
centrais a alegação de vício de motivação na aprovação
das metas em questão. Sabe-se que a motivação é
necessária ao ato administrativo, o que se reflete no art.
40 da Lei Geral de Telecomunicações (Lei Federal n.
9.472 / 97). Porém, como verificaremos a seguir, não é
possível afirmar que tal condição não tenha sido suprida
na edição de ambos os regulamentos. 1.1 Ausência da
Análise de Impacto Regulatório (AIR) Segundo a TNL
PCS S.A., a aprovação dos indicadores de rede do SCM e
das taxas de transmissão mínima e média do SMP
apresenta vício de motivação pela ausência de Análise de
Impacto Regulatório, citando as recomendações da OCDE
(Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico). Conquanto o Idec, em diversas
oportunidades, já tenha defendido a realização de AIR no
processo de elaboração de atos da Anatel, a legislação
aplicável não exige a realização de análise nos termos
apresentados pela operadora. Portanto, a ausência desta
análise não enseja a anulação das metas aprovadas. De
outro lado, importa afirmar que a exigência de exposição
formal de motivos foi observada pela Anatel em ambos os
casos. Nos dois regulamentos houve o esforço da agência
em demonstrar os elementos de fato e de direito que
justificam a adoção de metas de qualidade. Quanto aos
parâmetros técnicos das metas, a análise da Anatel
apresenta estudos internacionais, além de contar com a
experiência da pesquisa realizada em parceria com o
CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil) e Inmetro.
Além disso, a própria realidade da prestação do serviço
fundamenta a necessidade de indicadores de rede e taxas
de transmissão das conexões. São recorrentes as
reclamações diante de problemas de conexão e variação
de velocidade, sendo que a regulamentação até então
vigente não oferecia respostas suficientes aos
consumidores. Quanto às empresas, a resposta
comumente dada ao usuário é a atenuação ou exclusão da
responsabilidade diante do serviço prestado, prevendo
cláusulas abusivas em seus contratos de adesão. 1.2 A
experiência internacional citada pela Anatel Mais
especificamente no pedido de anulação do RGQ-SCM, a
TNL PCS S.A. alega que também enseja vício de
motivação o fato de os estudos internacionais citados pela
agência não terem resultado na adoção de padrões
vinculantes nos países de origem. Quanto a isso, cumpre
notar que há uma ampla discussão internacional com
relação à qualidade da banda larga e à necessidade de se
aproximar as velocidades anunciadas e contratadas das
efetivamente entregues. Os países estão avaliando suas
práticas e estabelecendo modelos regulatórios que
respondam à sua realidade. O fato de os estudos citados
pela Anatel não terem, nos países de origem, resultado até
então em regulações vinculantes não significa que os
indicadores e os métodos de medição não possam ser
replicados aqui. O cenário da prestação do serviço no
Brasil é diferente do que se verifica nestes países. Neste
sentido, devemos ressaltar a falta de competição na oferta
do serviço de banda larga no Brasil. Dados consolidados
no mapa Brasil Banda Larga 2012 , editado pela
Converge Comunicações, permite-nos concluir que em
cerca de 90% dos municípios brasileiros não há
competição efetiva na oferta do serviço, fixo ou móvel. A
medição e divulgação dos resultados, sem parâmetros
obrigatórios e sanções, deixariam muitas vezes o
consumidor sem opção diante de um desempenho ruim de
sua prestadora. A vulnerabilidade do consumidor como
Princípio da Política Nacional das Relações de Consumo,
a recorrente prática abusiva das empresas e a
desinformação quanto aos parâmetros de rede, além da
responsabilidade da Anatel em garantir a qualidade dos
serviços de telecomunicações e do cenário de
concentração do mercado, conformam os elementos que
tornam adequados os regulamentos recentemente
aprovados.
Item: III.B)
III.B) DO MÉRITO - ILEGALIDADE DOS INDICADORES DE REDE
Contribuição N°: 65
ID da Contribuição: 58249
Autor da Contribuição: Ramiro Carlos Rocha Rebouças
Data da Contribuição: 16/01/2012 23:57:14
Contribuição:
O artigo 13 da Convenção Americana Sobre Direitos
Humanos é bem claro. Os indicadores de rede, bem como
os limites de dados são violações de Tratado Internacional
e podem levar o Brasil a ser denunciado junto a CIDH-
OEA por ilícito internacional.
Justificativa:
Artigo 13. Liberdade de pensamento e de expressão 1.
Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento e de
expressão. Esse direito compreende a liberdade de buscar,
receber e difundir informações e idéias de toda natureza,
sem consideração de fronteiras, verbalmente ou por
escrito, ou em forma impressa ou artística, ou por
qualquer outro processo de sua escolha. 2. O exercício do
direito previsto no inciso precedente não pode estar
sujeito a censura prévia, mas a responsabilidades
ulteriores, que devem ser expressamente fixadas pela lei e
ser necessárias para assegurar: a. o respeito aos direitos
ou à reputação das demais pessoas; ou b. a proteção da
segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da
moral públicas. 3. Não se pode restringir o direito de
expressão por vias ou meios indiretos, tais como o abuso
de controles oficiais ou particulares de papel de imprensa,
de freqüências radioelétricas ou de equipamentos e
aparelhos usados na difusão de informação, nem por
quaisquer outros meios destinados a obstar a comunicação
e a circulação de idéias e opiniões. 4. A lei pode submeter
os espetáculos públicos a censura prévia, com o objetivo
exclusivo de regular o acesso a eles, para proteção moral
da infância e da adolescência, sem prejuízo do disposto
no inciso 2. 5. A lei deve proibir toda propaganda a favor
da guerra, bem como toda apologia ao ódio nacional,
racial ou religioso que constitua incitação à
discriminação, à hostilidade, ao crime ou à violência.
Contribuição N°: 66
ID da Contribuição: 58280
Autor da Contribuição: Gláuber Patrick Silva Maciel
Data da Contribuição: 19/01/2012 21:48:11
Contribuição:
Os indicadores da velocidade instantânea devem ser de
95% da velocidade contratada em 100% dos casos. O
mesmo para a velocidade média.
Justificativa: São os indicadores que mais se aproximam do que o
cliente assinou e precisa nos dias atuais.
Contribuição N°: 67
ID da Contribuição: 58365
Autor da Contribuição: Paulo Arthur Lencioni Goes
Data da Contribuição: 01/02/2012 09:52:55
Contribuição:
CONTRIBUIÇÃO PARA OS ITENS 53, 54, 55, 111,
112, 113, 114, 115, 116, 117. A Constituição Federal de
1.988 garantiu proteção ao consumidor porque ele é a
parte vulnerável numa relação de consumo. E em razão
disso, ele necessita de uma proteção especial que foi
concretizada no Art. 5 , XXXII. O Direito do Consumidor
é um freio à ordem econômica, pois a exploração do
capital, baseada na livre iniciativa, deve observar dentre
outros princípios a defesa do consumidor. O interesse
social estará sempre presente na regulação da economia e
no atendimento aos direitos dos consumidores que por
serem naturalmente vulneráveis econômico, técnico e
juridicamente necessitam desse amparo. Por sua vez, a
Lei Federal n 9.472 / 97, que dispõe sobre a organização
dos serviços de telecomunicações, diz: Art. 127 A
disciplina da exploração dos serviços no regime privado
terá por objetivo viabilizar o cumprimento das leis, em
especial das relativas às telecomunicações, à ordem
econômica e aos direitos dos consumidores, destinando-se
a garantir: (...) III o respeito aos direitos dos usuários.
(g.n.) E na Lei Federal n 8.078 / 90 (Código de Defesa do
Consumidor) consta: Art. 6 . São direitos básicos do
consumidor: (...) III a informação adequada e clara sobre
os diferentes produtos e serviços, com especificação
correta de quantidade, características, composição,
qualidade e preço (g.n.), bem como sobre os riscos que
apresentem; À luz da legislação consumerista o
fornecedor de serviços responde objetivamente pela
prestação eivada de vício, tornando-o impróprio para o
consumo ou diminuindo-lhe o valor. Conforme artigo 20,
2 do Código de Defesa do Consumidor temos: São
impróprios os serviços que se mostrem inadequados para
os fins que razoavelmente deles se esperam, bem como
aqueles que não atendam as normas regulamentares de
prestabilidade . O Direito Regulatório pode e deve ter
como parâmetro de qualidade e eficiência do serviço os
requisitos de prestabilidade do CDC, podendo inclusive
subsidiar a intervenção / cassação da prestadora. Neste
mesmo raciocínio, o consumidor também poderá solicitar
o abatimento proporcional do preço (artigo 20, III do
CDC). Segundo Antonio Herman Benjamin as hipóteses
legais não se direcionam a punir o fornecedor, mas
imaginadas como maneira de propiciar ao consumidor
uma reparação adequada e eficiente, sendo que a
reexecução do serviço só será admissível quando
significar uma recomposição economicamente viável
(Comentários ao Código de Proteção ao Consumidor.
Coord. Juarez de Oliveira, São Paulo: Saraiva, 1991, p.
106. Importante consignar que a defesa do consumidor
tanto quanto a atividade econômica é um dos princípios
basilares da Ordem Econômica. Logo não há que se dizer
que o Direito do Consumidor não podem servir de
justificativa para interferir na atividade econômica . Há
um ledo engano, não se trata de interferência, até porque
ele faz parte da atividade, além de ser um dos pólos da
relação estabelecida com a prestadora e o serviço que se
oferece no mercado. Outrossim, ao consumidor não basta
dar ciência , é principio basilar e direito do consumidor a
informação. Informação efetiva, clara, precisa e ostensiva
dos serviços. E ainda, equilíbrio na relação de consumo se
dá com respeito aos direitos do consumidor e com os
serviços de qualidade e eficiência no mercado de
consumo, e não com um simples aviso o que é velocidade
contratada e velocidade efetiva , ainda que se tenha
ofertado de forma dispare ao consumidor comparado ao
que a prestadora realmente tem condições de cumprir.
Considerando que a resolução normativa regulamenta a
prestação de serviço, por meio de contratos de adesão,
ressaltamos que Lei 8.078 / 90 expressa em seu art. 51, I,
III e IV, a nulidade de cláusulas que impossibilitem,
exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor
por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços
ou impliquem renúncia ou disposição de direitos e que
transfiram responsabilidades a terceiros . Além de
permitir a fruição de apenas 1 / 10 daquilo que foi
contratado. Nesse sentido, também não se pode
desconsiderar ou afastar do regime jurídico desse contrato
a responsabilidade objetiva do prestador de serviços pelo
bem de consumo que disponibiliza no mercado. Assume-
se verdadeiramente a responsabilidade pelo risco inerente
ao negócio, independentemente da existência de intenção
(dolo) ou de culpa pelo prestador de serviços. Assim as
empresas, ao promoverem a divulgação de um serviço em
determinados moldes assumem a responsabilidade por
adimpli-lo ainda que tal divulgação tenha se dado
erroneamente sem intenção ou por falta do zelo devido
para a sua publicização. Ademais, nas contratações
abrangidas ora reguladas não haverá limite para a
comercialização do contrato, de modo que nos termos da
legislação consumerista, as prestadoras deverão garantir,
para todos aos que aderirem ao contrato, a mesma
qualidade de tráfego de dados, consoante ofertado. O
argumento da empresa acerca de interferências externas
no serviço prestado não pode prosperar. Se as empresas
investem em uma intensa publicidade de seus serviços,
sem dar a informação clara e objetiva aos consumidores
que sobre a variação de velocidade, e sobre a alegada
sobrecarga num mesmo espaço de tempo no acesso a
rede, não é lícito e, muito menos justo, atribuir aos
consumidores, que estão simplesmente fazendo um uso
legal do serviço que adquiriram, os problemas de variação
na velocidade. A justificativa da prestadora de serviço
fere a boa-fé objetiva nesta relação de consumo, o
princípio do equilíbrio econômico-contratual e a função
social do contrato. Os princípios norteadores dos
contratos surgem antes mesmo do efetivo
aperfeiçoamento do pacto. São inerentes, pois, à fase pré-
contratual também, de modo a se observar a verdadeira e
adequada informação divulgada, por exemplo. Nesse
sentido, vale apor os comentários de Leonardo Roscoe
Bessa: [...] Como decorrência de uma nova teoria
contratual, da qual se destaca o princípio da boa-fé
objetiva (arts. 4 , III, e 51, IV), o CDC volta os olhos não
apenas para a celebração e execução do contrato. A
preocupação inicial é com o momento pré-contratual, com
a transparência da oferta e da publicidade, com
informações adequadas e completas sobre os produtos e
serviços, com o modelo de apresentação do contrato de
adesão. Além do dever pré-contratual de informar
adequadamente sobre os bens colocados no mercado (art.
6 , III, e art. 31), os contratos não obrigam os
consumidores se não lhes for dada a oportunidade de
tomar conhecimento prévio do conteúdo ou se estiverem
redigidos de forma complicada (art. 46). [...] A par da
preocupação com clareza e transparência no momento
pré-contratual, o CDC olha para o conteúdo do contrato,
para o equilíbrio e equivalência entre as obrigações
assumidas. A lei considera uma série de cláusulas nulas,
ou seja, sem qualquer valor jurídico (art. 51). Ao
contrário do senso comum, nem tudo escrito no contrato
vincula as partes. O juiz, ao analisar o contrato de
consumo, pode negar eficácia a algumas cláusulas. [...]
(Fonte: Manual de Direito do Consumidor, 2 Ed., RT: SP,
2009, p. 27) Nesse sentido, alertamos a ANTATEL sob a
potencial nulidade das cláusulas contratuais que
exoneram o fornecedor de sua obrigação contratual, em
observância estrita não só aos artigos 6. , 20, 30, 31 e 51,
I, III, IV e 1 , entre outros do Código de Defesa do
Consumidor, aplicáveis a esta peculiar prestação de
serviço, mas também o artigo 1 do mesmo diploma legal
que impõe seu caráter de ordem pública e interesse social.
Esta Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor, por
suas atribuições institucionais e legais, assevera que a
regulamentação ora em exame, imponha aos fornecedores
as seguintes obrigações: (i) forneçam o serviço
adequadamente e sejam pagas pelo serviço que
efetivamente podem prestar e prestam; (ii)
responsabilizem-se em prestar serviço adequado, efetivo e
eficiente, assumindo objetivamente o risco na prestação
do serviço; (iii) prestem informação clara objetiva e
precisa sobre todos os aspectos do serviço, dando
destaque a eventuais restrições no serviço. Não podemos
deixar de citar os preceitos adotados na Resolução n. 272
/ 2011, mormente o disposto no artigo 47, que indica
parâmetros de qualidade do serviço de comunicação
multimídia, artigo 54, que trata dos descontes em favor do
consumidor por interrupção ou degradação do serviço,
artigo 59 que indica alguns direitos dos consumidores.
Tais preceitos, que trazem no seu bojo a proteção e defesa
do consumidor não podem ser afastados sob pena de
nulidade de clausulas contratuais que contrariem tais
preceitos. Dessa forma, consideramos que o
estabelecimento de metas e obrigações na prestação do
serviço, mormente no que tange à velocidade ofertada e o
cumprimento da oferta, encontra plena consonância no
nosso ordenamento jurídico, especialmente a Lei 8.078 /
90, destacando-se o artigo 30 e seguintes que disciplinam
a oferta e seu cumprimento, vinculando-a ao próprio
contrato, contemplando o princípio da boa-fé objetiva,
adotado no Brasil. O argumento da operadora acerca da
utilização da lógica do melhor esforço, não pode
prosperar frente ao ordenamento jurídico pátrio, que eleva
algumas leis, como a Lei n. 8.078 / 90, como normas de
ordem pública e interesse social, a qual foi inserida na Lei
9.472 / 97, conforme acima exposto. Com efeito, o
estabelecimento de metas de qualidade corrobora para
regulamentação da legislação correspondente e encontra
consonância com a Lei n. 8.078 / 90, no que tange a
melhoria no mercado de consumo, o que é tratado no
artigo 4. da referida Lei. Outro ponto importante
protegido pelo CDC é o direito a informação no momento
da oferta na etapa inicial do contrato de consumo, uma
das primeiras representações intelectuais que o
consumidor exigirá é ser bem informado sobre o bem de
consumo, cogitando se não é somente da quantidade da
informação, mas principalmente da sua qualidade, que,
diretamente, tem relação com o aumento da confiança.
Assim, só será possível atribuir efeitos jurídicos a
confiança do consumidor quando estejam presentes
razoáveis expectativas criadas pelo fornecedor, o que
concretamente estará verificado quando a oferta tenha
informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em
língua portuguesa no que tange as características,
qualidades, quantidades, composição, preço, garantia
prazos de validade e origem do bem de consumo, sem
prejuízo de outros dados que se mostrem importantes,
como por exemplo, informações sobre a certificação do
produto como ecologicamente correto. O serviço ofertado
no mercado consumidor não se restringe a um simples
dever de diligência vinculado a uma obrigação de fazer
nos moldes do Código Civil. Sua relação estará
preenchida em função do prometido na relação contratual
e também na confiança depositada pelo consumidor no
fornecedor. Conforme palavras da eminente Claudia Lima
Marques o Código de Defesa do Consumidor representa
um sistema permeável, não exaustivo, daí determinar que
o art. 7 que se utilize a norma mais favorável ao
consumidor (g.n.), encontre-se ela no CDC ou em outra
lei geral, lei especial ou tratado do sistema de direito
brasileiro. Esta abertura é tanta que o art. 7 do CDC
permite a utilização da equidade para preencher as
lacunas em favor dos consumidores (Marques, Cláudia
Lima ET AL, Comentários ao Código de Defesa do
Consumidor, p. 185, São Paulo: Ed. RT, 2003).
Novamente, a Lei Federal n. 8.078 / 90 dispõe: Artigo 54
(...) 4 . As cláusulas que implicarem limitação de direito
do consumidor deverão ser redigidas com destaque,
permitindo sua imediata e fácil compreensão. Nelson
Nery Júnior, um dos autores do anteprojeto do CDC em
seus comentários diz: Sobre os destaques, ganha maior
importância o dever de o fornecedor informar o
consumidor sobre o conteúdo do contrato (art. 46 do
CDC). Deverá chamar a atenção do consumidor para as
estipulações desvantajosas para ele, em nome da boa fé
que deve presidir as relações de consumo. Estipulação
como, por exemplo, se deixar de pagar três parcelas
consecutivas não poderá utilizar dos serviços contratados
, implica restrição de direito, de modo que incide sobre
ela o dispositivo do Código. (Nery Júnior, Nelson, ET
AL, Código Brasileiro de Defesa do Consumidor
Comentado pelos autores do Anteprojeto, p. 626, São
Paulo: Ed. Forense Universitária, 2005). Corroborando tal
posicionamento acima, temos um julgamento da nobre
Corte Bandeirante, na Apelação 0003520-
59.2010.8.26.0408, Relator: Gilberto dos Santos: Ementa:
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. Internet sem fio. Banda
larga pela tecnologia 3G. Plano de fidelidade por 12
meses. Imprestabilidade do serviço não desmerecida por
qualquer prova dos autos. Total deficiência no dever de
informação ao consumidor. Circunstâncias que,
individualmente e por si mesmas, afastam a incidência da
multa contratual e a legitimidade da cobrança das
mensalidades. Rescisão justificada. Apontamento
indevido do nome do autor por dívida infundada.
Indenização por danos morais. Admissibilidade. Ação
procedente. Recurso não provido.
Justificativa:
IDEM À CONTRIBUIÇÃO. AS JUSTIFICATIVAS
ESTÃO INSERIDAS E FORMAM UM ÚNICO TEXTO
COM A CONTRIBUIÇÃO (ITENS 53, 54, 55, 111, 112,
113, 114, 115, 116 E 117.
Contribuição N°: 68
ID da Contribuição: 58377
Autor da Contribuição: Alexandre Elias de Andrade Oliveira
Data da Contribuição: 01/02/2012 12:25:06
Contribuição: - Não existe ilegalidade
Justificativa:
- LGT art 2 inciso III - adotar medidas que promovam a
competição e a diversidade dos serviços, incrementem sua
oferta e propiciem padrões de qualidade compatíveis com
a exigência dos usuários; - A defesa citou a Índia, e
considerou que essa políticade velocidade de rede é pouco
efetiva por lá, entretanto, pode-se se considerar que a
efetividade de uma lei passa também pelo seu
cumprimento, que se dá, pela qualidade da fiscalização e
rapidez na aplicação de sanção. Um exemplo a se
considerar no Brasil é o da universalização da telefonia,
mesmo com legislação suficientemente clara, as
localidades menos atrativas comercialmente tem
problemas graves com a disponibilidade de telefonia.
Contribuição N°: 69
ID da Contribuição: 58418
Autor da Contribuição: Floriano Azevedo Marques Neto
Data da Contribuição: 01/02/2012 15:57:02
Contribuição: Item III.B) DO MÉRITO - ILEGALIDADE DOS
INDICADORES DE REDE
Justificativa:
Quanto aos argumentos de mérito, defendendo a
ilegalidade dos indicadores de rede, externamos nosso
ponto de vista aderindo a parte dos fundamentos
externados no pedido de anulação objeto da presente
consulta. Com efeito, entendemos que o presente processo
ainda que atípico (dado não ser costumeiro que a Agência
traga a público pretensões voltadas ao reconhecimento da
ilegalidade de regulamentos por ela editados) traz
oportunidade importante para a renovação do debate
promovido durante o processo de consulta pública, já à
luz do texto final do regulamento aprovado. Como já
destacado em comentário anterior, a Súmula 473 do
Supremo Tribunal Federal torna inquestionável a
possibilidade de que a própria Anatel, seja em processo
concentrado e normativo como o presente, seja até mesmo
por ocasião da aplicação, em casos concretos, da
regulamentação outrora editada, reconheça a ilegalidade
de regulamentos e normas. Esse processo de
reconhecimento dos vícios na regulamentação reveste-se
de maior facilidade do que aquele promovido por entes
externos, como o Poder Judiciário. Ocorre que basta à
Anatel que edite o ato normativo correspondente
corrigindo os vícios anteriores. No caso concreto,
entendemos que efetivamente houve excesso na
regulamentação que implica sua ilegalidade. Ocorre que
consoante já destacado em comentário anterior, o
regulamento veicula disposição que exprime a confissão e
o reconhecimento inequívocos de que as normas não
foram editadas com vistas a suprir uma necessidade dos
usuários. Ao estipular em seu art. 1 , 3 , que As metas de
qualidade descritas neste Regulamento estão estabelecidas
sob o ponto de vista da rede e do Assinante e devem ser
cumpridas por todas as Prestadoras que não se
enquadrarem na definição de Prestadora de Pequeno
Porte, conforme definido neste Regulamento , a
regulamentação expressa o reconhecimento de que os
serviços podem ser prestados em condições inferiores às
das metas, desde que a prestadora reúna certas
características. Pois bem, essa simples circunstância faz
com que seja lícito concluir que o usuário terá liberdade
de escolha, mais do que de sua prestadora, da qualidade
dos serviços que deseja contratar. Assim, a um usuário é
lícito concordar com a prestação de serviços em qualidade
inferior, desde que contrate com prestadora que não esteja
obrigada a garantir Durante o PMT ... uma velocidade
instantânea de conexão, tanto no download quanto no
upload, em noventa e cinco por cento dos casos, de, no
mínimo 20% . Isso implica dizer que esse patamar
mínimo de 20% (para os primeiros 12 meses) ou de 40%
(após o 24 mês) não é mínimo, do ponto de vista da
qualidade dos serviços. Algumas prestadoras (não todas)
poderão oferecer qualidade inferior sem ferir ao
regulamento. Haverá esse direito de escolha ao usuário, o
que em tese não é ruim. Se esse direito existe, afigura-se
ilegal impedir que uma prestadora (apenas por não ser
considerada de Pequeno Porte) possa supri-lo, oferecendo
as condições de prestação que entenda possíveis e
ensejando ao consumidor que escolha. Não arbitrando
prestadoras hipo e hipersuficientes, sujeitas a assimetrias
regulatórias, mas comparando condições comerciais e de
qualidade para eleger seu prestador. Tanto num cenário de
competição (ou seja, em localidades nos quais prestadoras
de pequeno porte compitam com prestadoras maiores)
quanto em um cenário de ausência desta, o resultado é
ilícito. Imagine-se uma localidade atendida por uma
prestadora de SCM de pequeno porte e três prestadoras
maiores. Nesse cenário, restará inequívoco que o usuário
terá prejudicado seu direito de livre escolha do prestador
pelo usuário assegurado no art. 3 , II, da LGT caso não
deseje pagar pelos parâmetros mínimos das metas, já que
somente poderá contratar uma prestadora. Numa
localidade em que apenas prestadoras de maior porte
estiverem prestando os serviços, este mesmo usuário
estará com maior gravidade sendo privado do direito de
contratar os serviços nos parâmetros de qualidade por ele
desejados. Será obrigado a contratar um serviço de maior
qualidade, pagando naturalmente mais caro por isso. No
ponto, permitimo-nos desenvolver raciocínio inverso
daquele apresentado na impugnação que deu azo à
presente Consulta Pública, mas que igualmente conduz à
ilegalidade das metas. A recorrente asseverou que haveria
quebra da isonomia porquanto trataria alguns usuários
como usuários de segunda classe . Consideramos, sem
confrontar a tese, que mais grave do que esse tratamento é
impedir a liberdade de escolha das prestadoras e impedir a
liberdade de escolha dos níveis de qualidade desejados
pelo próprio usuário, quando o próprio regulador
reconhece que níveis inferiores aos das metas não
representam um serviço cujos níveis de qualidade possam
ser tidos por ilícitos ou inaceitáveis. Cabe enfatizar, uma
vez mais, que a Lei Geral de Telecomunicações
estabelece que os condicionamentos administrativos ao
direito de exploração de serviço no regime privado devem
assegurar (art. 128, III) que os condicionamentos deverão
ter vínculos, tanto de necessidade como de adequação,
com finalidades públicas específicas e relevantes . Os
condicionamentos devem guardar vínculo de adequação,
porquanto não se poderia impô-los sem que se
mostrassem adequados para atingir as finalidades. Nesse
caso, ao menos em tese, esse requisito isoladamente está
atendido já que se presume que se houver metas de
qualidade elas implicarão potencial melhora dos serviços
prestados. Os condicionamentos, porém, devem guardar
também vínculo de necessidade, ou seja, deve ser
necessário exigi-los para que o serviço atinja os níveis
desejados de qualidade. Esse requisito está claramente
ausente. Se a Agência fixasse standards mínimos, poderia
afirmar cuidar-se verdadeiramente de finalidade pública
específica de observância necessária como exige a lei.
Como o regulamento reconhece que esses standards não
são nem universalmente vinculantes e nem mínimos (ou
seja, que é lícito que prestadoras de pequeno porte os
ofereçam a seus usuários), sua intervenção se mostra
desprovida de licitude, já que não há uma finalidade
pública verdadeiramente perseguida. O próprio
regulamento reconhece que essa padronização não é
necessária. Assim, por violação ao art. 128, III, da LGT,
as metas em questão são ilegais diante do disposto no art.
1 , 3 , do Regulamento. Outro ponto que remete à
ilegalidade diz com a ilicitude, no caso concreto, da
assimetria regulatória promovida. O regulamento, em seu
art. 1 , 3 , promove um claro tratamento assimétrico
pautado no tamanho da empresa. Prestadoras com até
cinquenta mil acessos em serviço teriam tratamento
privilegiado (com a dispensa do cumprimento de
quaisquer metas) em relação às prestadoras maiores. Com
efeito, a Lei Geral de Telecomunicações estabelece em
seu art. 71 norma que permite assimetrias em função da
concentração econômica do mercado, estabelecendo que
Visando a propiciar competição efetiva e a impedir a
concentração econômica no mercado, a Agência poderá
estabelecer restrições, limites ou condições a empresas ou
grupos empresariais quanto à obtenção e transferência de
concessões, permissões e autorizações . Embora a regra
não constitua a matriz para a assimetria promovida no
regulamento ora em questão, indiretamente atinge esse
mesmíssimo resultado. Ocorre que esse singelo
dispositivo ( 3 do art. 1 ) acabou por criar duas
modalidades de SCM. O SCM A , sujeito a determinada
regulamentação e o SCM B , sujeito a outra
regulamentação (livre de parâmetros). E essa assimetria
acaba por concorrer contra o usuário do serviço. O
regulamento, contrariando o disposto no art. 71, impediu
empresas de maior porte de prestar o SCM B . O que a lei
admite em seu art. 71 é uma assimetria diretamente
voltada a propiciar a competição efetiva, e não a gerar
reserva de mercado a empresas de menor porte. O
regulamento, tal como disciplinou assimetricamente,
garantiu reserva de mercado às prestadoras de pequeno
porte para o atendimento de todo o universo de usuários
que considere não necessitar dos níveis mínimos (que em
verdade não são mínimos) de qualidade previstos no
Regulamento (o SCM B ). As assimetrias lícitas devem
ser tais que promovam a competição efetiva, não que a
suprimam. A norma, como se vê, viola o art. 71 da LGT
por estatuir uma assimetria não voltada à competição
efetiva. Impôs-se restrição de acesso à prestação do SCM
B a grandes grupos às Prestadoras de Grande Porte.
Portanto, a oportunidade permite demonstrar que para
além de possuir problemas de legalidade (introduzindo
assimetrias ilícitas), de discrepar da prática internacional,
tais medidas contarão contra o usuário seja por coatar sua
liberdade de escolha, seja por em muitas regiões
contribuir para a elevação do custo dos serviços, pois se
adotada obrigará sobreinvestimentos e custos de
ineficiência.
Contribuição N°: 70
ID da Contribuição: 58477
Autor da Contribuição: Diogo Moyses Rodrigues
Data da Contribuição: 01/02/2012 19:42:47
Contribuição:
CONTRIBUIÇÃO ENVIADA EM NOME DA
CAMPANHA BANDA LARGA É UM DIREITO SEU!
Não devem ser acatados os pedidos.
Justificativa:
1. A Oi apresenta o questionamento de que a Anatel teria
considerado sua rede como determinística, mesmo sendo
uma rede estatística. A afirmação se mostra inverídica ao
analisar os indicadores de rede determinados. A
velocidade mínima medida deve ficar entre 20%-40%
(metas escalonadas a cada ano) da máxima em 95% dos
casos, a média deve ficar entre 60% e 80% (no mesmo
escalonamento de implantação). Se a rede fosse tratada
como determinística, não haveria motivo de ter
velocidades mínimas ou médias menores que a velocidade
vendida como máxima. 2. Além disso, a ideia de que a
lógica de melhores esforços seria suficiente para garantir
a qualidade do serviço tem se mostrado inverídica para o
consumidor brasileiro. Há anos, as teles estão no topo das
reclamações dos consumidores, demonstrando que não
têm disposição para resolver esse problema por conta
própria. A lei dos melhores esforços tem sido, na prática,
a lei do mínimo esforço . 3. Não é possível alegar, como
fazem as empresas, que elas não podem garantir a
qualidade por incidir sobre partes da rede que não estão
sob seu controle. Os parâmetros de qualidade para o
usuário final gerarão um positivo efeito de replicação das
exigências na contratação de links e acessos a backhauls e
backbones. Em todos os mercados cabe a quem negocia
com o usuário final a responsabilidade pelo bem ou
serviço. Não há porque ser diferente nas
telecomunicações, serviço público sob regulação estatal.
4. A alegação de que por se tratar de regime privado as
empresas não poderiam ser impostas obrigações de
qualidade é absurda. Conscientes do absurdo, a Oi diz que
o regime privado é regulado pelos artigos 126 e 128 da
Lei Geral de Telecomunicações. Salta justamente o artigo
127, que diz: Art. 127. A disciplina da exploração dos
serviços no regime privado terá por objetivo viabilizar o
cumprimento das leis, em especial das relativas às
telecomunicações, à ordem econômica e aos direitos dos
consumidores, destinando-se a garantir: I - a diversidade
de serviços, o incremento de sua oferta e sua qualidade;
(...) III - o respeito aos direitos dos usuários; ( ) V - o
equilíbrio das relações entre prestadoras e usuários dos
serviços; (...) VIII - o cumprimento da função social do
serviço de interesse coletivo, bem como dos encargos dela
decorrentes; (...) X - a permanente fiscalização. 5.
Também alega a Oi que o regime privado só impõe
obrigações de não fazer . A afirmação desconsidera todo o
arcabouço da LGT e as regras de regime privado previstos
no regulamento dos serviços de telecomunicações. Já no
artigo 2 da LGT estão previstos deveres do poder público.
Entre eles está: III - adotar medidas que promovam a
competição e a diversidade dos serviços, incrementem sua
oferta e propiciem padrões de qualidade compatíveis com
a exigência dos usuários; Na mesma linha, prevê o artigo
3 : Art. 3 O usuário de serviços de telecomunicações tem
direito: I - de acesso aos serviços de telecomunicações,
com padrões de qualidade e regularidade adequados à sua
natureza, em qualquer ponto do território nacional; ( )
Também no artigo que trata dos condicionamentos
previstos no regime privado estão previstas obrigação de
fazer: Art. 128. Ao impor condicionamentos
administrativos ao direito de exploração das diversas
modalidades de serviço no regime privado, sejam eles
limites, ENCARGOS ou SUJEIÇÕES [grifo nosso], a
Agência observará a exigência de mínima intervenção na
vida privada, assegurando que: I - a liberdade será a regra,
constituindo exceção as proibições, restrições e
interferências do Poder Público; II - nenhuma autorização
será negada, salvo por motivo relevante; III - OS
CONDICIONAMENTOS DEVERÃO TER VÍNCULOS,
TANTO DE NECESSIDADE COMO DE
ADEQUAÇÃO, COM FINALIDADES PÚBLICAS
ESPECÍFICAS E RELEVANTES [grifo nosso]; IV - O
PROVEITO COLETIVO GERADO PELO
CONDICIONAMENTO DEVERÁ SER
PROPORCIONAL À PRIVAÇÃO QUE ELE IMPUSER
[grifo nosso]; V - haverá relação de equilíbrio entre os
deveres impostos às prestadoras e os direitos a elas
reconhecidos. O regulamento dos serviços de
telecomunicações, em seu artigo 54, define ENCARGOS
como os condicionamentos administrativos que
impuserem deveres positivos ou obrigações de fazer e
SUJEIÇÕES como os condicionamentos administrativos
que impuserem deveres de suportar . Assim, não há
dúvidas da legalidade de tais condicionamentos no regime
privado. 6. Por fim, alega a Oi que a medida não passaria
no teste de ser adequada, necessária e proporcional. A
nosso ver, as três exigências são atendidas. a. A medida é
adequada por cobrir todos os diferentes parâmetros
necessários para garantir ao usuário final a fruição plena
do serviço de banda larga segundo as características
contratadas, em linha com o que prevê a LGT. b. Ela é
necessária por três motivos: primeiramente, como já foi
apontado, há anos as teles estão no topo das reclamações
dos consumidores, demonstrando que não têm disposição
para resolver esse problema por conta própria. Em
segundo lugar, como também já dito, em 90% dos
municípios brasileiros, não há competição entre os
serviços de banda larga. Se a prestadora não oferece um
serviço de qualidade, o consumidor não tem opção. Em
terceiro lugar, mesmo nas localidades em que há
competição, não há garantia alguma de que, em um
mercado com grandes barreiras à entrada, a competição
gere qualidade. A experiência brasileira mostra
justamente o contrário, com as empresas pactuando entre
si de forma tácita um baixo padrão de qualidade do
serviço. c. Ela é proporcional porque impõe às
prestadoras parâmetros que permitem um planejamento
de rede equilibrado, evitando investimentos
desnecessários (o que aconteceria se houvesse a
exigência, por exemplo, de atendimento permanente de
100% da velocidade máxima).
Contribuição N°: 71
ID da Contribuição: 58508
Autor da Contribuição: Daniela Batalha Trettel
Data da Contribuição: 01/02/2012 22:57:31
Contribuição:
2. DA COMPETÊNCIA DA ANATEL PARA FIXAÇÃO
DE METAS DE QUALIDADE NO REGIME PRIVADO
Outro argumento central da empresa para a anulação dos
indicadores de rede do SCM (arts 16 a 21) e das taxas de
transmissão de conexão de dados do SMP (arts 22 e 23) é
a alegação de que os serviços prestados em regime
privado não estão sujeitos à observância de metas de
qualidade. A operadora chega a classificar tal conduta da
agência como ingerência indevida na atividade econômica
das autorizatárias dos referidos serviços. Para tal
classificação, abriga-se na Constituição e na LGT.
Contudo, é com base em ambas que devemos defender o
contrário, isto é, a prerrogativa da Anatel em dispor sobre
metas de qualidade também aos serviços prestados em
regime privado. Para demonstrar a compatibilidade de tal
prerrogativa ao marco regulatório brasileiro das
telecomunicações, cumpre, inicialmente, refletir acerca do
argumento, trazido pela operadora, que envolve a
definição de redes estatísticas e redes determinísticas. A
TNL PSC S.A. alega que o estabelecimento das metas em
discussão altera o perfil da prestação do serviço ao
pretender aproximar uma rede estatística de uma rede
determinística, em que ocorre a reserva de capacidade
remunerada pelo usuário mesmo quando ociosa. A
construção do argumento é complicada em si, na medida
em que a existência de metas para a variação mínima e
média da velocidade contratada demonstra, justamente, a
permissão para a sua variação em decorrência da
característica das redes. Neste sentido, os patamares
exigidos, de variação mínima de 20%-40%, em 95% dos
casos, e variação média de 60%-80%, são plenamente
compatíveis com a natureza estatística do serviço. Isto
posto, importa demonstrar a base constitucional e legal da
competência da Anatel para prever metas de qualidade
também aos serviços de telecomunicações prestados em
regime privado. 2.1 Compatibilidade constitucional e
legal na fixação de metas de qualidade para os serviços de
telecomunicações explorados no regime privado
Inicialmente, devemos recordar que a Constituição
Federal, em seu art. 21, XI, postula que compete à União
explorar os serviços de telecomunicações no país. A
exploração pode se dar diretamente ou mediante
autorização, concessão ou permissão. Sendo de
competência da União a prestação destes serviços, como
considerar ingerência indevida a disposição, pelo órgão
regulador das telecomunicações, de regras relativas à
qualidade dos mesmos? Neste contexto, a regulação da
qualidade é não só permitida, como devida e necessária.
Corroborando este entendimento, estabelece o art. 2 , III
da LGT: Art. 2 O Poder Público tem o dever de: III adotar
medidas que promovam a competição e a diversidade dos
serviços, incrementem sua oferta e propiciem padrões de
qualidade compatíveis com a exigência dos usuários.
[grifo nosso]. Previsão semelhante está presente no Título
específico dos serviços prestados em regime privado, do
mesmo diploma legal. Dispõe o art. 127: Art. 127 A
disciplina da exploração dos serviços no regime privado
terá por objetivo viabilizar o cumprimento das leis, em
especial das relativas às telecomunicações, à ordem
econômica e aos direitos dos consumidores, destinando-se
a garantir: I a diversidade de serviços, o incremento de
sua oferta e sua qualidade. [grifo nosso] Conforme se
verifica das previsões acima, a garantia de padrões de
qualidade não é incompatível com o regime jurídico do
Serviço de Comunicação Multimídia ou do Serviço
Móvel Pessoal. Ao contrário, a legislação enuncia sua
necessidade. Da mesma forma, a determinação de padrões
de qualidade na prestação do serviço não fere os
princípios constitucionais da atividade econômica base da
exploração dos serviços de telecomunicações no regime
privado, segundo o art. 126 da LGT. Em primeiro lugar,
porque não se pode considerar a exigência de qualidade
na prestação de um serviço como uma afronta à livre
iniciativa. Faz parte da atividade de qualquer fornecedor a
responsabilidade pela execução adequada do serviço
oferecido. Não bastasse isso, os pedidos de anulação se
dirigem a serviços de interesse coletivo, cuja exploração é
de competência da União. Em segundo lugar, porque
também a defesa do consumidor é princípio da atividade
econômica e se encontra entre as atribuições da agência.
Segundo seu regulamento, é competência da Anatel atuar
na proteção e defesa dos usuários (art. 16, XIX do
Decreto 2.238 / 1997), estando clara na LGT a autoridade
da agência para reprimir as infrações aos direitos dos
consumidores (art. 19, XVIII da LGT). A determinação
de padrões de qualidade, assim, atende diretamente a um
dos princípios da atividade econômica e não constitui
violação aos outros. A operadora cita ainda o art. 128 da
LGT, argumentando que a intervenção da Anatel na
atividade das prestadoras dos serviços em questão feriria
o princípio da intervenção mínima e da liberdade como
regra. Complementa afirmando que a única exceção a isto
seriam as metas de universalização, restritas aos serviços
prestados no regime público. Omite a operadora, porém,
que o referido artigo 128 trata, na verdade, das condições
a serem observadas pela agência quando da imposição de
condicionamentos à exploração dos serviços no regime
privado. Condicionamentos que podem significar deveres
de abstenção (limites), obrigações de fazer (encargos) ou
deveres de suportar (sujeições). A liberdade como regra
enseja exceções; a intervenção mínima na vida privada
exige justificativa para a previsão de condicionamentos.
Por isso, dispõe o art. 128, III, que limites, encargos ou
sujeições deverão ter vínculos, tanto de necessidade como
de adequação, com finalidades públicas específicas e
relevantes. O inciso IV complementa afirmando que o
proveito coletivo gerado pelo condicionamento deverá ser
proporcional à privação que ele impuser. Os incisos III e
IV dizem respeito, portanto, à aplicação do princípio da
proporcionalidade com seus três elementos: adequação,
necessidade e proporcionalidade em sentido estrito.
Conforme demonstraremos adiante, os indicadores
contestados passam por este teste, ao contrário do que
afirma a operadora TNL PSC S.A. Deste modo, os
condicionamentos recentemente aprovados pela Anatel
estão de acordo com os preceitos constitucionais e o
regime jurídico, privado, de prestação dos serviços
modelado pela LGT. Por fim, importa ressaltar mais uma
característica do regime privado: a inexistência de direito
adquirido, das prestadoras do serviço, à permanência das
condições vigentes quando da expedição da autorização
ou do início das atividades (art. 130). Por conta disso, as
empresas têm a obrigação de observar os novos
condicionamentos impostos por lei e pela
regulamentação. É dever da agência conceder prazos
suficientes para adaptação aos novos condicionamentos, o
que ocorre no presente caso. Mesmo assim, os termos de
autorização do SCM firmados entre prestadoras e Anatel
já estabelecem claramente a competência da agência para
impor condicionamentos, bem como para definir
parâmetros de qualidade ao serviço. Entre os parâmetros
expressamente previstos no termo constam o
fornecimento do transporte de sinais respeitando as
características estabelecidas na regulamentação e a
disponibilidade do serviço nos índices contratados . Já nos
termos de autorização do SMP, há referência expressa ao
Plano Geral de Metas de Qualidade do serviço, além da
reprodução da disposição já citada, de que a prestadora
deve observar os novos condicionamentos legais e
regulamentares. 2.2 O reforço advindo da publicação do
Decreto n. 7.512 / 2011 e seu contexto Não fosse
suficiente toda a base constitucional e legal anteriormente
exposta, o Decreto 7.512 / 2011, aprovado em 30 de
junho de 2011, vem reforçar a necessidade de parâmetros
de qualidade para a banda larga fixa e móvel. Dispõe o
seu art. 2 que a Anatel deverá adotar as medidas
regulatórias necessárias para estabelecer padrões de
qualidade para serviços de telecomunicações que
suportam o acesso à Internet em banda larga, definindo,
entre outros, parâmetros de velocidade efetiva de conexão
mínima e média, de disponibilidade do serviço, bem
como regras de publicidade e transparência que permitam
a aferição da qualidade percebida pelos usuários. Com
relação à previsão acima e aos argumentos apresentados
pela TNL PSC S.A., temos quatro pontos a ressaltar: (i) O
Decreto não estabelece as metas de qualidade em si, mas
prevê moldes e prazos para a sua definição por meio de
instrumento adequado e de acordo com a legislação
setorial. Em que pese a competência normativa da
Presidência da República e do Ministério das
Comunicações, a redação do mencionado artigo 2 é clara
ao atribuir à Anatel a adoção dos referidos padrões, em
conformidade com o art. 19, X da LGT e art. 17, XIV do
regulamento da agência (Decreto 2.338 / 1997); (ii) O
fato de a previsão se referir a padrões e parâmetros não
significa que silencie quanto à imposição de metas de
qualidade. Ao contrário, o artigo preconiza a adoção de
medidas regulatórias necessárias para o estabelecimento
de padrões de qualidade dos serviços. Padrões ,
parâmetros e metas são todas palavras que fazem
referência a medidas regulatórias que dêem respostas
suficientes à realidade e aos problemas da prestação dos
serviços. (iii) A adoção de metas de qualidade é prática
recorrente na atividade regulatória da agência, inclusive
para serviços explorados no regime privado. Neste
sentido, o RGQ-SMP vem substituir o Plano Geral de
Metas (PGMQ) do serviço, assim como há o PGMQ dos
serviços de televisão por assinatura e do serviço de
telefonia fixa, que se aplica a concessionárias e
autorizatárias. A previsão do Decreto se insere neste
contexto e reflete a até então inexistente regulação de
qualidade para o SCM e a necessidade de atualização das
metas do SMP. Tarefas, aliás, previstas no PGR aprovado
por meio da Resolução 516 / 2008. (iv) Com base nos
pontos acima, não podemos concordar que o mencionado
dispositivo se refira apenas ao estabelecimento de
parâmetros que seriam objeto de identificação pelas
medidas de transparência. O art. 2 citado determina que a
Anatel adote medidas regulatórias necessárias para
estabelecer padrões de qualidade necessários ao SCM e
ao SMP, bem como regras de publicidade e transparência
que permitam a aferição da qualidade percebida pelos
usuários . 2.3 A proporcionalidade da medida regulatória
questionada: a presença da adequação, necessidade e
proporcionalidade em sentido estrito nos regulamentos de
qualidade A partir do exame a seguir será possível
demonstrar que os indicadores de rede do SCM, assim
como as taxas de transmissão de conexão de dados do
SMP, observam o princípio da proporcionalidade e as
condições do art. 128 da LGT para imposição de encargos
e sujeições. Antes de iniciarmos, é preciso frisar que a
análise apresentada pela operadora TNL PSC S.A. está
viciada já em seus pressupostos. O art. 2 do Decreto 7.512
/ 2011 não tem apenas o objetivo de reduzir a assimetria
de informações entre os usuários e as prestadoras do SCM
e do SMP. Em sua redação também está clara a
determinação para a adoção de medidas regulatórias que
respondam de maneira suficiente aos problemas
verificados na prestação destes serviços. Contudo,
interessa ressaltar que os regulamentos aprovados não têm
como base normativa somente o mencionado Decreto,
mas considerável referência legislativa e constitucional.
Por fim, é importante que o teste de proporcionalidade
tenha como pressuposto o cenário atual da prestação dos
serviços e de violação do direito dos consumidores já
exposta, nesta contribuição, nas considerações acerca da
motivação dos regulamentos de qualidade. Fixados os
pressupostos, passemos à análise da aplicação do
princípio da proporcionalidade ao caso concreto:
ADEQUAÇÃO as metas são aptas a cumprir os objetivos
propostos. São regras relativas à qualidade do serviço que
atingem problemas recorrentes de conexão e apresentam
parâmetros objetivos para a fiscalização da Anatel e o
acompanhamento do consumidor. O argumento da
prestadora de que a observância de tais regras aumentará
os preços do serviço ou diminuirá as velocidades
ofertadas soa como alegação da própria torpeza e
confirma a necessidade dos regulamentos, já adiantando o
elemento seguinte de análise. Se a exigência de que a
empresa entregue no mínimo 20%, e na média 60%, da
velocidade anunciada no primeiro ano de aplicação destes
critérios gera os efeitos mencionados, significa que a atual
situação de prestação do serviço é realmente inadequada.
NECESSIDADE conforme introduzido acima, tais
medidas são necessárias. A superação dos problemas na
prestação do serviço não pode abrir mão da estipulação de
metas vinculantes para se valer somente de um código de
boas práticas. Se o Código de Defesa do Consumidor, lei
federal vigente há anos no Brasil, ainda conta com
disposições recorrentemente violadas pelas empresas de
telecomunicações, o que dirá um código de boas práticas .
A compulsoriedade das metas e a aplicação de sanções
diante do descumprimento não são supérfluas neste caso.
Também por isso, a mera medição e divulgação dos
resultados não podem ser consideradas formas menos
gravosas de se atingir a mesma finalidade. Além das
razões já apresentadas, é preciso ter em vista a alta
concentração de mercado na prestação do serviço de
banda larga no Brasil, seja fixa ou móvel. Em muitas
localidades há apenas um ou, no máximo, dois provedores
do serviço. Neste cenário pouco competitivo, o
consumidor fica praticamente sem opção diante do baixo
desempenho da sua operadora. Os critérios aqui
discutidos, ao prever porcentagens mínimas e médias de
variação de velocidade, entre outros indicadores de rede,
têm entre seus objetivos justamente combater uma prática
recorrente e comum às maiores prestadoras do serviço a
prática de garantir em seus contratos de adesão apenas
10% da velocidade contratada; isto quando há garantia
expressa. O equilíbrio das relações entre prestadoras e
usuários dos serviços, algo que a disciplina da exploração
no regime privado também se destina a garantir (art. 127,
III da LGT), não é possível sem metas específicas e
vinculantes. PROPORCIONALIDADE EM SENTIDO
ESTRITO as medidas são proporcionais porque impõem
às prestadoras parâmetros que permitem um planejamento
de rede equilibrado e com prazos definidos. Neste
sentido, não pode prosperar o argumento de que os custos
gerados pelas metas afetam a própria atividade econômica
da empresa. Como já vimos, a adequada prestação de um
serviço não pode ser caracterizada como empecilho à
realização da atividade. A exigência progressiva de uma
variação mínima de 20% a 40% da velocidade contratada,
e média de 60% a 80%, até o final de 2014, não pode ser
considerada exagerada em relação aos problemas que visa
enfrentar. Além disso, a experiência internacional
demonstra que tais parâmetros podem ser alcançados,
como o próprio exemplo do Reino Unido citado pela
empresa em seu pedido de anulação. 2.4 Direito do
consumidor: da LEGALIDADE na fixação de metas É no
mínimo enganoso afirmar que a legislação consumerista
considera ilegal a fixação de metas de qualidade de um
serviço de interesse coletivo e de competência da União.
A legislação de proteção ao consumidor, ao contrário do
que alega a TNL PCS S.A., soma-se ao marco legal
setorial na defesa de metas de qualidade para o serviço de
banda larga. Ainda que não houvesse disposições
expressas quanto à exigência de qualidade na prestação de
serviços, o art. 7 do Código de Defesa do Consumidor
(Lei Federal n. 8.078 / 1990) afirma que os direitos nele
previstos não excluem outros decorrentes da legislação
interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas
autoridades administrativas competentes, bem como dos
que derivem dos princípios gerais do direito, analogia,
costumes e eqüidade. Contudo, já do art. 4 , II, alínea d do
referido diploma legal consta a seguinte disposição: Art. 4
A Política Nacional das Relações de Consumo tem por
objetivo o atendimento das necessidades dos
consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e
segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a
melhoria da sua qualidade de vida, bem como a
transparência e harmonia das relações de consumo,
atendidos os seguintes princípios: II - ação governamental
no sentido de proteger efetivamente o consumidor: d) pela
garantia dos produtos e serviços com padrões adequados
de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
[grifo nosso] Embora os regulamentos não se refiram
propriamente a um procedimento de certificação, suas
regras estabelecem medidas que visam garantir a
prestação dos serviços (SCM e SMP) a partir de padrões
adequados de qualidade e desempenho. Além disso, o
Código de Defesa do Consumidor arrola entre os direitos
básicos do consumidor a adequada e eficaz prestação dos
serviços públicos em geral (art. 6 , X) e apresenta um
capítulo específico sobre a qualidade de produtos e
serviços, que trata da responsabilidade do fornecedor,
diante do consumidor, quando da exploração de sua
atividade. Assim, o efetivo equilíbrio entre fornecedor e
consumidor nas relações de consumo vai além da
transparência e do direito à informação, abrangendo, entre
outras, ações do poder público na garantia de padrões de
qualidade e a responsabilidade dos prestadores pelas
atividades desenvolvidas. Todavia, é fato que não
podemos desprezar o peso que a transparência e o direito
à informação têm para a legislação consumerista. Quanto
a isso, as metas aqui questionadas contribuem também
para a efetivação destes postulados e desvelam prática
abusiva das empresas. A definição de parâmetros
mínimos e médios de qualidade da conexão confere ao
consumidor expectativa realista e mensurável do serviço
adquirido, dando-lhe instrumentos para exigir a sua
adequada prestação. A própria argumentação da
operadora demonstra que com estas medidas as ofertas de
velocidade ficarão mais próximas do que efetivamente se
entrega ao consumidor. A isto se dá o nome de
transparência .
Justificativa:
2. DA COMPETÊNCIA DA ANATEL PARA FIXAÇÃO
DE METAS DE QUALIDADE NO REGIME PRIVADO
Outro argumento central da empresa para a anulação dos
indicadores de rede do SCM (arts 16 a 21) e das taxas de
transmissão de conexão de dados do SMP (arts 22 e 23) é
a alegação de que os serviços prestados em regime
privado não estão sujeitos à observância de metas de
qualidade. A operadora chega a classificar tal conduta da
agência como ingerência indevida na atividade econômica
das autorizatárias dos referidos serviços. Para tal
classificação, abriga-se na Constituição e na LGT.
Contudo, é com base em ambas que devemos defender o
contrário, isto é, a prerrogativa da Anatel em dispor sobre
metas de qualidade também aos serviços prestados em
regime privado. Para demonstrar a compatibilidade de tal
prerrogativa ao marco regulatório brasileiro das
telecomunicações, cumpre, inicialmente, refletir acerca do
argumento, trazido pela operadora, que envolve a
definição de redes estatísticas e redes determinísticas. A
TNL PSC S.A. alega que o estabelecimento das metas em
discussão altera o perfil da prestação do serviço ao
pretender aproximar uma rede estatística de uma rede
determinística, em que ocorre a reserva de capacidade
remunerada pelo usuário mesmo quando ociosa. A
construção do argumento é complicada em si, na medida
em que a existência de metas para a variação mínima e
média da velocidade contratada demonstra, justamente, a
permissão para a sua variação em decorrência da
característica das redes. Neste sentido, os patamares
exigidos, de variação mínima de 20%-40%, em 95% dos
casos, e variação média de 60%-80%, são plenamente
compatíveis com a natureza estatística do serviço. Isto
posto, importa demonstrar a base constitucional e legal da
competência da Anatel para prever metas de qualidade
também aos serviços de telecomunicações prestados em
regime privado. 2.1 Compatibilidade constitucional e
legal na fixação de metas de qualidade para os serviços de
telecomunicações explorados no regime privado
Inicialmente, devemos recordar que a Constituição
Federal, em seu art. 21, XI, postula que compete à União
explorar os serviços de telecomunicações no país. A
exploração pode se dar diretamente ou mediante
autorização, concessão ou permissão. Sendo de
competência da União a prestação destes serviços, como
considerar ingerência indevida a disposição, pelo órgão
regulador das telecomunicações, de regras relativas à
qualidade dos mesmos? Neste contexto, a regulação da
qualidade é não só permitida, como devida e necessária.
Corroborando este entendimento, estabelece o art. 2 , III
da LGT: Art. 2 O Poder Público tem o dever de: III adotar
medidas que promovam a competição e a diversidade dos
serviços, incrementem sua oferta e propiciem padrões de
qualidade compatíveis com a exigência dos usuários.
[grifo nosso]. Previsão semelhante está presente no Título
específico dos serviços prestados em regime privado, do
mesmo diploma legal. Dispõe o art. 127: Art. 127 A
disciplina da exploração dos serviços no regime privado
terá por objetivo viabilizar o cumprimento das leis, em
especial das relativas às telecomunicações, à ordem
econômica e aos direitos dos consumidores, destinando-se
a garantir: I a diversidade de serviços, o incremento de
sua oferta e sua qualidade. [grifo nosso] Conforme se
verifica das previsões acima, a garantia de padrões de
qualidade não é incompatível com o regime jurídico do
Serviço de Comunicação Multimídia ou do Serviço
Móvel Pessoal. Ao contrário, a legislação enuncia sua
necessidade. Da mesma forma, a determinação de padrões
de qualidade na prestação do serviço não fere os
princípios constitucionais da atividade econômica base da
exploração dos serviços de telecomunicações no regime
privado, segundo o art. 126 da LGT. Em primeiro lugar,
porque não se pode considerar a exigência de qualidade
na prestação de um serviço como uma afronta à livre
iniciativa. Faz parte da atividade de qualquer fornecedor a
responsabilidade pela execução adequada do serviço
oferecido. Não bastasse isso, os pedidos de anulação se
dirigem a serviços de interesse coletivo, cuja exploração é
de competência da União. Em segundo lugar, porque
também a defesa do consumidor é princípio da atividade
econômica e se encontra entre as atribuições da agência.
Segundo seu regulamento, é competência da Anatel atuar
na proteção e defesa dos usuários (art. 16, XIX do
Decreto 2.238 / 1997), estando clara na LGT a autoridade
da agência para reprimir as infrações aos direitos dos
consumidores (art. 19, XVIII da LGT). A determinação
de padrões de qualidade, assim, atende diretamente a um
dos princípios da atividade econômica e não constitui
violação aos outros. A operadora cita ainda o art. 128 da
LGT, argumentando que a intervenção da Anatel na
atividade das prestadoras dos serviços em questão feriria
o princípio da intervenção mínima e da liberdade como
regra. Complementa afirmando que a única exceção a isto
seriam as metas de universalização, restritas aos serviços
prestados no regime público. Omite a operadora, porém,
que o referido artigo 128 trata, na verdade, das condições
a serem observadas pela agência quando da imposição de
condicionamentos à exploração dos serviços no regime
privado. Condicionamentos que podem significar deveres
de abstenção (limites), obrigações de fazer (encargos) ou
deveres de suportar (sujeições). A liberdade como regra
enseja exceções; a intervenção mínima na vida privada
exige justificativa para a previsão de condicionamentos.
Por isso, dispõe o art. 128, III, que limites, encargos ou
sujeições deverão ter vínculos, tanto de necessidade como
de adequação, com finalidades públicas específicas e
relevantes. O inciso IV complementa afirmando que o
proveito coletivo gerado pelo condicionamento deverá ser
proporcional à privação que ele impuser. Os incisos III e
IV dizem respeito, portanto, à aplicação do princípio da
proporcionalidade com seus três elementos: adequação,
necessidade e proporcionalidade em sentido estrito.
Conforme demonstraremos adiante, os indicadores
contestados passam por este teste, ao contrário do que
afirma a operadora TNL PSC S.A. Deste modo, os
condicionamentos recentemente aprovados pela Anatel
estão de acordo com os preceitos constitucionais e o
regime jurídico, privado, de prestação dos serviços
modelado pela LGT. Por fim, importa ressaltar mais uma
característica do regime privado: a inexistência de direito
adquirido, das prestadoras do serviço, à permanência das
condições vigentes quando da expedição da autorização
ou do início das atividades (art. 130). Por conta disso, as
empresas têm a obrigação de observar os novos
condicionamentos impostos por lei e pela
regulamentação. É dever da agência conceder prazos
suficientes para adaptação aos novos condicionamentos, o
que ocorre no presente caso. Mesmo assim, os termos de
autorização do SCM firmados entre prestadoras e Anatel
já estabelecem claramente a competência da agência para
impor condicionamentos, bem como para definir
parâmetros de qualidade ao serviço. Entre os parâmetros
expressamente previstos no termo constam o
fornecimento do transporte de sinais respeitando as
características estabelecidas na regulamentação e a
disponibilidade do serviço nos índices contratados . Já nos
termos de autorização do SMP, há referência expressa ao
Plano Geral de Metas de Qualidade do serviço, além da
reprodução da disposição já citada, de que a prestadora
deve observar os novos condicionamentos legais e
regulamentares. 2.2 O reforço advindo da publicação do
Decreto n. 7.512 / 2011 e seu contexto Não fosse
suficiente toda a base constitucional e legal anteriormente
exposta, o Decreto 7.512 / 2011, aprovado em 30 de
junho de 2011, vem reforçar a necessidade de parâmetros
de qualidade para a banda larga fixa e móvel. Dispõe o
seu art. 2 que a Anatel deverá adotar as medidas
regulatórias necessárias para estabelecer padrões de
qualidade para serviços de telecomunicações que
suportam o acesso à Internet em banda larga, definindo,
entre outros, parâmetros de velocidade efetiva de conexão
mínima e média, de disponibilidade do serviço, bem
como regras de publicidade e transparência que permitam
a aferição da qualidade percebida pelos usuários. Com
relação à previsão acima e aos argumentos apresentados
pela TNL PSC S.A., temos quatro pontos a ressaltar: (i) O
Decreto não estabelece as metas de qualidade em si, mas
prevê moldes e prazos para a sua definição por meio de
instrumento adequado e de acordo com a legislação
setorial. Em que pese a competência normativa da
Presidência da República e do Ministério das
Comunicações, a redação do mencionado artigo 2 é clara
ao atribuir à Anatel a adoção dos referidos padrões, em
conformidade com o art. 19, X da LGT e art. 17, XIV do
regulamento da agência (Decreto 2.338 / 1997); (ii) O
fato de a previsão se referir a padrões e parâmetros não
significa que silencie quanto à imposição de metas de
qualidade. Ao contrário, o artigo preconiza a adoção de
medidas regulatórias necessárias para o estabelecimento
de padrões de qualidade dos serviços. Padrões ,
parâmetros e metas são todas palavras que fazem
referência a medidas regulatórias que dêem respostas
suficientes à realidade e aos problemas da prestação dos
serviços. (iii) A adoção de metas de qualidade é prática
recorrente na atividade regulatória da agência, inclusive
para serviços explorados no regime privado. Neste
sentido, o RGQ-SMP vem substituir o Plano Geral de
Metas (PGMQ) do serviço, assim como há o PGMQ dos
serviços de televisão por assinatura e do serviço de
telefonia fixa, que se aplica a concessionárias e
autorizatárias. A previsão do Decreto se insere neste
contexto e reflete a até então inexistente regulação de
qualidade para o SCM e a necessidade de atualização das
metas do SMP. Tarefas, aliás, previstas no PGR aprovado
por meio da Resolução 516 / 2008. (iv) Com base nos
pontos acima, não podemos concordar que o mencionado
dispositivo se refira apenas ao estabelecimento de
parâmetros que seriam objeto de identificação pelas
medidas de transparência. O art. 2 citado determina que a
Anatel adote medidas regulatórias necessárias para
estabelecer padrões de qualidade necessários ao SCM e
ao SMP, bem como regras de publicidade e transparência
que permitam a aferição da qualidade percebida pelos
usuários . 2.3 A proporcionalidade da medida regulatória
questionada: a presença da adequação, necessidade e
proporcionalidade em sentido estrito nos regulamentos de
qualidade A partir do exame a seguir será possível
demonstrar que os indicadores de rede do SCM, assim
como as taxas de transmissão de conexão de dados do
SMP, observam o princípio da proporcionalidade e as
condições do art. 128 da LGT para imposição de encargos
e sujeições. Antes de iniciarmos, é preciso frisar que a
análise apresentada pela operadora TNL PSC S.A. está
viciada já em seus pressupostos. O art. 2 do Decreto 7.512
/ 2011 não tem apenas o objetivo de reduzir a assimetria
de informações entre os usuários e as prestadoras do SCM
e do SMP. Em sua redação também está clara a
determinação para a adoção de medidas regulatórias que
respondam de maneira suficiente aos problemas
verificados na prestação destes serviços. Contudo,
interessa ressaltar que os regulamentos aprovados não têm
como base normativa somente o mencionado Decreto,
mas considerável referência legislativa e constitucional.
Por fim, é importante que o teste de proporcionalidade
tenha como pressuposto o cenário atual da prestação dos
serviços e de violação do direito dos consumidores já
exposta, nesta contribuição, nas considerações acerca da
motivação dos regulamentos de qualidade. Fixados os
pressupostos, passemos à análise da aplicação do
princípio da proporcionalidade ao caso concreto:
ADEQUAÇÃO as metas são aptas a cumprir os objetivos
propostos. São regras relativas à qualidade do serviço que
atingem problemas recorrentes de conexão e apresentam
parâmetros objetivos para a fiscalização da Anatel e o
acompanhamento do consumidor. O argumento da
prestadora de que a observância de tais regras aumentará
os preços do serviço ou diminuirá as velocidades
ofertadas soa como alegação da própria torpeza e
confirma a necessidade dos regulamentos, já adiantando o
elemento seguinte de análise. Se a exigência de que a
empresa entregue no mínimo 20%, e na média 60%, da
velocidade anunciada no primeiro ano de aplicação destes
critérios gera os efeitos mencionados, significa que a atual
situação de prestação do serviço é realmente inadequada.
NECESSIDADE conforme introduzido acima, tais
medidas são necessárias. A superação dos problemas na
prestação do serviço não pode abrir mão da estipulação de
metas vinculantes para se valer somente de um código de
boas práticas. Se o Código de Defesa do Consumidor, lei
federal vigente há anos no Brasil, ainda conta com
disposições recorrentemente violadas pelas empresas de
telecomunicações, o que dirá um código de boas práticas .
A compulsoriedade das metas e a aplicação de sanções
diante do descumprimento não são supérfluas neste caso.
Também por isso, a mera medição e divulgação dos
resultados não podem ser consideradas formas menos
gravosas de se atingir a mesma finalidade. Além das
razões já apresentadas, é preciso ter em vista a alta
concentração de mercado na prestação do serviço de
banda larga no Brasil, seja fixa ou móvel. Em muitas
localidades há apenas um ou, no máximo, dois provedores
do serviço. Neste cenário pouco competitivo, o
consumidor fica praticamente sem opção diante do baixo
desempenho da sua operadora. Os critérios aqui
discutidos, ao prever porcentagens mínimas e médias de
variação de velocidade, entre outros indicadores de rede,
têm entre seus objetivos justamente combater uma prática
recorrente e comum às maiores prestadoras do serviço a
prática de garantir em seus contratos de adesão apenas
10% da velocidade contratada; isto quando há garantia
expressa. O equilíbrio das relações entre prestadoras e
usuários dos serviços, algo que a disciplina da exploração
no regime privado também se destina a garantir (art. 127,
III da LGT), não é possível sem metas específicas e
vinculantes. PROPORCIONALIDADE EM SENTIDO
ESTRITO as medidas são proporcionais porque impõem
às prestadoras parâmetros que permitem um planejamento
de rede equilibrado e com prazos definidos. Neste
sentido, não pode prosperar o argumento de que os custos
gerados pelas metas afetam a própria atividade econômica
da empresa. Como já vimos, a adequada prestação de um
serviço não pode ser caracterizada como empecilho à
realização da atividade. A exigência progressiva de uma
variação mínima de 20% a 40% da velocidade contratada,
e média de 60% a 80%, até o final de 2014, não pode ser
considerada exagerada em relação aos problemas que visa
enfrentar. Além disso, a experiência internacional
demonstra que tais parâmetros podem ser alcançados,
como o próprio exemplo do Reino Unido citado pela
empresa em seu pedido de anulação. 2.4 Direito do
consumidor: da LEGALIDADE na fixação de metas É no
mínimo enganoso afirmar que a legislação consumerista
considera ilegal a fixação de metas de qualidade de um
serviço de interesse coletivo e de competência da União.
A legislação de proteção ao consumidor, ao contrário do
que alega a TNL PCS S.A., soma-se ao marco legal
setorial na defesa de metas de qualidade para o serviço de
banda larga. Ainda que não houvesse disposições
expressas quanto à exigência de qualidade na prestação de
serviços, o art. 7 do Código de Defesa do Consumidor
(Lei Federal n. 8.078 / 1990) afirma que os direitos nele
previstos não excluem outros decorrentes da legislação
interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas
autoridades administrativas competentes, bem como dos
que derivem dos princípios gerais do direito, analogia,
costumes e eqüidade. Contudo, já do art. 4 , II, alínea d do
referido diploma legal consta a seguinte disposição: Art. 4
A Política Nacional das Relações de Consumo tem por
objetivo o atendimento das necessidades dos
consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e
segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a
melhoria da sua qualidade de vida, bem como a
transparência e harmonia das relações de consumo,
atendidos os seguintes princípios: II - ação governamental
no sentido de proteger efetivamente o consumidor: d) pela
garantia dos produtos e serviços com padrões adequados
de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
[grifo nosso] Embora os regulamentos não se refiram
propriamente a um procedimento de certificação, suas
regras estabelecem medidas que visam garantir a
prestação dos serviços (SCM e SMP) a partir de padrões
adequados de qualidade e desempenho. Além disso, o
Código de Defesa do Consumidor arrola entre os direitos
básicos do consumidor a adequada e eficaz prestação dos
serviços públicos em geral (art. 6 , X) e apresenta um
capítulo específico sobre a qualidade de produtos e
serviços, que trata da responsabilidade do fornecedor,
diante do consumidor, quando da exploração de sua
atividade. Assim, o efetivo equilíbrio entre fornecedor e
consumidor nas relações de consumo vai além da
transparência e do direito à informação, abrangendo, entre
outras, ações do poder público na garantia de padrões de
qualidade e a responsabilidade dos prestadores pelas
atividades desenvolvidas. Todavia, é fato que não
podemos desprezar o peso que a transparência e o direito
à informação têm para a legislação consumerista. Quanto
a isso, as metas aqui questionadas contribuem também
para a efetivação destes postulados e desvelam prática
abusiva das empresas. A definição de parâmetros
mínimos e médios de qualidade da conexão confere ao
consumidor expectativa realista e mensurável do serviço
adquirido, dando-lhe instrumentos para exigir a sua
adequada prestação. A própria argumentação da
operadora demonstra que com estas medidas as ofertas de
velocidade ficarão mais próximas do que efetivamente se
entrega ao consumidor. A isto se dá o nome de
transparência .
Item: IV.
IV. DO INDICADOR TAXA DE INSTALAÇÃO DO SERVIÇO: ART. 23 DO
RGQ-SCM
Contribuição N°: 72
ID da Contribuição: 58250
Autor da Contribuição: Ramiro Carlos Rocha Rebouças
Data da Contribuição: 16/01/2012 23:57:14
Contribuição: Deve se observar o regime público não como facultativo
para banda larga, e sim como obrigatório.
Justificativa: O Pacto de San Jose da Costa Rica, art. 13.
Contribuição N°: 73
ID da Contribuição: 58281
Autor da Contribuição: Gláuber Patrick Silva Maciel
Data da Contribuição: 19/01/2012 21:52:15
Contribuição:
A coleta de dados para determinação dos indicadores
deste Capítulo deve ser realizada por empresa
especializada nesse tipo de coleta e sem qualquer tipo de
ligação com as prestadoras, deve ser feita por um órgão
totalmente independente.
Justificativa:
As empresas possuem um alto histórico de práticas
abusivas e enganosas, empresas contratadas por elas não
seriam confiáveis.
Contribuição N°: 74
ID da Contribuição: 58366
Autor da Contribuição: Paulo Arthur Lencioni Goes
Data da Contribuição: 01/02/2012 09:58:16
Contribuição:
CONTRIBUIÇÃO PARA O ITEM 125. Nos comentários
sobre o artigo 36 do CDC, Ezequiel de Morais diz: Enfim,
com base nos princípios da transparência, da boa-fé
objetiva e da confiança, o STJ já decidiu que o direito do
consumidor à informação plena corresponde a um dever
positivo do fornecedor de informar, adequada e
claramente, sobre riscos de produtos e serviços (...). O
direito à informação, abrigado expressamente pelo artigo
5 , XIV, da Constituição Federal, é uma das formas de
expressão concreta do princípio da transparência, sendo
também corolário do princípio da boa-fé objetiva e do
princípio da confiança, todos abraçados pelo CDC. No
âmbito da proteção à vida e saúde do consumidor, o
direito à informação é manifestação autônoma da
obrigação de segurança. Entre os direitos básicos do
consumidor, previsto no CDC, inclui-se exatamente a
informação adequada e clara sobre os diferentes produtos
e serviços, com especificação correta de quantidade,
características, composição, qualidade, preço, bem como
sobre os riscos que apresentem (art. 6 , III). Informação
adequada, nos termos do art. 6 , III do CDC, é aquela que
se apresenta simultaneamente completa, gratuita e útil,
vedada, neste último caso, a diluição da comunicação
efetivamente relevante pelo uso de informações soltas,
redundantes ou destituídas de qualquer serventia para o
consumidor. (...) A obrigação de informação é desdobrada
pelo artigo 31 do CDC, em quatro categorias principais,
imbricadas entre si: a) informação-conteúdo (=
características intrínsecas do produto e serviço), b)
informação-utilização (= como se usa o produto ou
serviço), c) informação-preço (= custo, formas e
condições de pagamento), e d) informação-advertência (=
riscos do produto ou serviço). A obrigação de informação
exige comportamento positivo, pois o CDC rejeita a sub-
informação, o que transmuda o silêncio total ou parcial do
fornecedor em patologia repreensível, relevante apenas
em desfavor do profissional, inclusive como oferta e
publicidade enganosa por omissão (STJ, 2 T., REsp
586316 / RJ, rel. Min. Herman Benjamin, j. 17.04.2007,
publicado em 19.03.2009). Morais, Ezequiel, ET AL,
Código de Defesa do Consumidor Comentado, p. 191,
São Paulo: Ed. RT, 2011.
Justificativa: A JUSTIFICATIVA ESTÁ INSERIDA NO PRÓPRIO
TEXTO DA CONTRIBUIÇÃO PARA O ITEM 125.
Contribuição N°: 75
ID da Contribuição: 58378
Autor da Contribuição: Alexandre Elias de Andrade Oliveira
Data da Contribuição: 01/02/2012 12:27:35
Contribuição: xx
Justificativa: xx
Contribuição N°: 76
ID da Contribuição: 58469
Autor da Contribuição: Alexander Castro
Data da Contribuição: 01/02/2012 19:07:34
Contribuição:
O Sinditelebrasil reconhece que da proposta de Consulta
Pública para a versão aprovada do regulamento, no que
tange este indicador, houve uma evolução com o
reconhecimento pela Agência de que a meta que estava
sendo proposta era desprovida de razoabilidade. Assim, a
meta passou de 3 dias para 10 dias. Apesar de
entendermos que o ideal seria uma meta de 12 dias,
vamos reiterar a ANATEL apenas a nossa solicitação
quanto ao percentual de solicitações que devem atender o
prazo. Solicitamos que a ANATEL considere a
possibilidade de definir um percentual progressivo, ano a
ano, iniciando-se com 75% , passando para 80% no
segundo ano e 85% do terceiro ano em diante.
Acreditamos, ainda que, deveria ser definido um
percentual máximo de 0,5% para solicitações atendidas
com mais de 30 dias úteis, que cobriria casos
excepcionais.
Justificativa: Inserida na contribuição
Contribuição N°: 77
ID da Contribuição: 58488
Autor da Contribuição: Diogo Moyses Rodrigues
Data da Contribuição: 01/02/2012 19:42:47
Contribuição:
CONTRIBUIÇÃO ENVIADA EM NOME DA
CAMPANHA BANDA LARGA É UM DIREITO SEU!
Não devem ser acatados os pedidos
Justificativa:
1. Não é possível dizer que há inadequação ao regime
privado pela exigência de metas de prazo de instalação do
serviço. Haveria inadequação se o regulamento exigisse
metas de universalização do serviço ou buscasse fixar
tarifas, o que ele não faz. As metas de prazo de instalação
do serviço se dão nas áreas atendidas pela operadora,
portanto não exigem a expansão das áreas de
atendimento. Claramente, não se trata de imposição de
meta de universalização.
Contribuição N°: 78
ID da Contribuição: 58509
Autor da Contribuição: Daniela Batalha Trettel
Data da Contribuição: 01/02/2012 22:57:31
Contribuição:
3. DA LEGALIDADE DA TAXA DE INSTALAÇÃO
Segundo a TNL PSC S.A., a definição de prazo máximo
para instalação do Serviço de Comunicação Multimídia é
similar às metas de universalização aplicáveis ao serviços
explorados no regime público. Indo além, a empresa
afirma que metas de instalação apresentam como foco a
universalização do serviço. Tal argumento parece
desconhecer o fato de que metas de universalização se
destinam a disponibilizar o serviço em locais em que
ainda não há cobertura, de forma a atender ao disposto no
art. 79, 1 da LGT; enquanto meta de instalação visa
estabelecer um prazo máximo para ativação do serviço
nos locais em que a empresa já o oferece. A definição de
prazos para a instalação do serviço não encontra
empecilho na legislação do setor e se demonstra
extremamente relevante. Não é raro que o consumidor
tenha que esperar quase 30 dias para a instalação do
serviço de banda larga já contratado e de que necessita
para a realização das mais diversas atividades. A
combinação do art. 35, I e do art. 39, XII do Código de
Defesa do Consumidor confere instrumento importante ao
consumidor. Todavia, é errôneo supor que a execução
forçada de um prazo informado pela empresa na sua
Central de Vendas e não cumprido ou a contestação da
prática da empresa em definir unilateralmente o prazo de
instalação, o que em geral ocorre, são tão eficazes na
proteção do consumidor quanto a fixação de uma meta de
instalação pela Anatel. Por tais razões, a taxa deve ser
mantida sem alterações.
Justificativa:
3. DA LEGALIDADE DA TAXA DE INSTALAÇÃO
Segundo a TNL PSC S.A., a definição de prazo máximo
para instalação do Serviço de Comunicação Multimídia é
similar às metas de universalização aplicáveis ao serviços
explorados no regime público. Indo além, a empresa
afirma que metas de instalação apresentam como foco a
universalização do serviço. Tal argumento parece
desconhecer o fato de que metas de universalização se
destinam a disponibilizar o serviço em locais em que
ainda não há cobertura, de forma a atender ao disposto no
art. 79, 1 da LGT; enquanto meta de instalação visa
estabelecer um prazo máximo para ativação do serviço
nos locais em que a empresa já o oferece. A definição de
prazos para a instalação do serviço não encontra
empecilho na legislação do setor e se demonstra
extremamente relevante. Não é raro que o consumidor
tenha que esperar quase 30 dias para a instalação do
serviço de banda larga já contratado e de que necessita
para a realização das mais diversas atividades. A
combinação do art. 35, I e do art. 39, XII do Código de
Defesa do Consumidor confere instrumento importante ao
consumidor. Todavia, é errôneo supor que a execução
forçada de um prazo informado pela empresa na sua
Central de Vendas e não cumprido ou a contestação da
prática da empresa em definir unilateralmente o prazo de
instalação, o que em geral ocorre, são tão eficazes na
proteção do consumidor quanto a fixação de uma meta de
instalação pela Anatel. Por tais razões, a taxa deve ser
mantida sem alterações.
Item: V.
V. DOS INDICADORES DE REAÇÃO DO ASSINANTE: ART. 11 A 13 DO
RGQ-SCM
Contribuição N°: 79
ID da Contribuição: 58234
Autor da Contribuição: dario marcos peixoto de oliveira
Data da Contribuição: 16/01/2012 15:07:05
Contribuição: sim nenhum assinante quer isso
Justificativa: isso e ilegal
Contribuição N°: 80
ID da Contribuição: 58251
Autor da Contribuição: Ramiro Carlos Rocha Rebouças
Data da Contribuição: 16/01/2012 23:57:14
Contribuição:
O Regime Público deve zelar pela universalização e pela
garantia contra a abusividade de controles privados sobre
as comunicações por meio de Internet.
Justificativa:
Artigo 13. Liberdade de pensamento e de expressão 1.
Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento e de
expressão. Esse direito compreende a liberdade de buscar,
receber e difundir informações e idéias de toda natureza,
sem consideração de fronteiras, verbalmente ou por
escrito, ou em forma impressa ou artística, ou por
qualquer outro processo de sua escolha. 2. O exercício do
direito previsto no inciso precedente não pode estar
sujeito a censura prévia, mas a responsabilidades
ulteriores, que devem ser expressamente fixadas pela lei e
ser necessárias para assegurar: a. o respeito aos direitos
ou à reputação das demais pessoas; ou b. a proteção da
segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da
moral públicas. 3. Não se pode restringir o direito de
expressão por vias ou meios indiretos, tais como o abuso
de controles oficiais ou particulares de papel de imprensa,
de freqüências radioelétricas ou de equipamentos e
aparelhos usados na difusão de informação, nem por
quaisquer outros meios destinados a obstar a comunicação
e a circulação de idéias e opiniões. 4. A lei pode submeter
os espetáculos públicos a censura prévia, com o objetivo
exclusivo de regular o acesso a eles, para proteção moral
da infância e da adolescência, sem prejuízo do disposto
no inciso 2. 5. A lei deve proibir toda propaganda a favor
da guerra, bem como toda apologia ao ódio nacional,
racial ou religioso que constitua incitação à
discriminação, à hostilidade, ao crime ou à violência.
Contribuição N°: 81
ID da Contribuição: 58279
Autor da Contribuição: Gláuber Patrick Silva Maciel
Data da Contribuição: 19/01/2012 21:36:29
Contribuição: Todos os indicadores devem ser mantidos.
Justificativa: É a melhor forma de saber como o serviço chega ao
consumidor.
Contribuição N°: 82
ID da Contribuição: 58379
Autor da Contribuição: Alexandre Elias de Andrade Oliveira
Data da Contribuição: 01/02/2012 12:27:35
Contribuição: xx
Justificativa: xx
Contribuição N°: 83
ID da Contribuição: 58470
Autor da Contribuição: Alexander Castro
Data da Contribuição: 01/02/2012 19:09:15
Contribuição:
3.2 SCM 1 - Taxa de Reclamações Recebidas - Art.11 O
Sinditelebrasil não concorda com a manutenção no
cômputo do indicador das reclamações não procedentes.
Justificativa: Prestadora não deve ser penalizada pela
contabilização de reclamações que não procedem sob o
enfoque de suas responsabilidades. O Sinditelebrasil
reitera a sua contribuição feita no âmbito da CP 27 e 46
quanto aos meios de reclamação considerados para efeito
deste indicador. As operadoras divulgam em seus sites a
relação dos meios disponibilizados para o registro de
reclamações por seus assinantes e apenas os meios de
comunicação oficialmente indicados pela Prestadora
devem ser considerados para reconhecimento e
contabilização de contato feito por seus assinantes. 3.3
SCM 2 Reclamações recebidas na Anatel versus o
número total de reclamações recebidas Art.12 O
Sinditelebrasil reitera a supressão desse Indicador.
Justificativa: Aqui não se aplica o princípio da
razoabilidade. Esta métrica objetiva incentivar as
prestadoras a aperfeiçoar o tratamento de reclamações.
Entretanto, a taxa de reclamações na Anatel não deve ser
classificada como um indicador de qualidade. Empresa
pode ter número de reclamações reduzido demonstrando a
satisfação da maioria esmagadora de seus clientes com o
serviço prestado. Mesmo assim, este número reduzido de
clientes, que não representa a qualidade do serviço
prestado pela operadora, a partir de um simples protocolo
obtido no sistema de atendimento automático da
prestadora, pode registrar na ANATEL a sua reclamação
mesmo que ela tenha sido analisada e concluída como
improcedente pela operadora. Registre-se que aqui
também se fere o princípio da proporcionalidade, pois da
forma como foi publicado, o Regulamento considera que
as reclamações improcedentes devem ser computadas.
Nesse caso, voltando ao exemplo de um SCM-1 próximo
de zero por cento, caracterizando uma excelente prestação
de serviço, os clientes que reclamaram de forma
improcedente podem reiterar a reclamação na ANATEL e
SCM-2 não é atingido. A manutenção desse indicador
caracteriza uma distorção. 3.4 - SCM 3 - Reclamações
com reabertura Art. 13 O Sinditelebrasil não concorda
com a manutenção no cômputo do indicador das
reclamações não procedentes que venham a ser reabertas.
Justificativa: Prestadora não deve ser penalizada pela
contabilização de reclamações que não procedem sob o
enfoque de suas responsabilidades e que são reabertas. O
Sinditelebrasil reitera a sua contribuição feita no âmbito
da CP 27 e 46 quanto aos meios de reclamação
considerados para efeito deste indicador. As operadoras
divulgam em seus sites a relação dos meios
disponibilizados para o registro de reclamações por seus
assinantes e apenas os meios de comunicação
oficialmente indicados pela Prestadora devem ser
considerados para reconhecimento e contabilização de
contato feito por seus assinantes. O Sinditelebrasil reitera
a mesma divergência quanto aos meios de reclamação
considerados para efeito deste indicador. Posição idêntica
ao indicador de Taxa de Reclamações (SCM-1).
Justificativa: Inserida na Contribuição
Contribuição N°: 84
ID da Contribuição: 58510
Autor da Contribuição: Daniela Batalha Trettel
Data da Contribuição: 01/02/2012 22:57:31
Contribuição:
4. DA NÃO OCORRÊNCIA DE BIS IN IDEM NAS
RECLAMAÇÕES RELATIVAS A REPARO NOS
ARTIGOS 11, 12 E 13 DO RGQ-SCM A TNL PSC S.A.
afirma, em seu pedido de anulação, que os referidos
artigos avaliam repetidamente o mesmo fator, qual seja,
as reclamações relativas a reparo. No entanto, é preciso
comentar que o primeiro artigo (art. 11) diz respeito à
relação entre o número total de reclamações recebidas na
prestadora e o número total de acessos em serviço;
enquanto o segundo artigo (art. 12) trata da relação entre
o número total de reclamações recebidas na Anatel, em
desfavor da prestadora, e o número total de reclamações
recebidas em todos os canais de atendimento da
prestadora, no mês. O terceiro (art. 13), por sua vez,
refere-se à relação entre a quantidade de reclamações com
reabertura e a quantidade de reclamações recebidas em
todos os canais de atendimento da prestadora. O objetivo
de cada uma dessas taxas é estabelecer um limite máximo
para cada relação, controlando, respectivamente: (i) o
número de reclamações de acordo com a base de
assinantes; (ii) o transbordo de reclamações para a Anatel;
e (iii) a quantidade de demandas não solucionadas pela
empresa e, portanto, reabertas. As penalidades somente
serão impostas caso sejam superados os índices
estabelecidos em cada relação. As reclamações relativas a
reparo integram a amostra geral de reclamações a ser
entregue à agência. O número 1, da alínea a, do 2 dos
artigos mencionados demonstra o interesse da Anatel em
visualizar estes dados em separado dos outros quando do
recebimento do número total de reclamações, mas não
significa uma avaliação repetida da taxa. Esclarecido este
ponto, resta refletir acerca do art. 24 diante das medições
descritas acima. O art. 24 se refere à relação entre o
número de solicitações de reparo, em decorrência de
falhas ou defeitos, e o número total de acessos em
serviço. Seu objetivo é controlar a qualidade da prestação
do serviço, evitando que haja um número alto de falhas ou
defeitos em comparação à base de assinantes. Poderia
haver duplicidade entre o art. 24 e o art. 11, já que se trata
da mesma relação (solicitações ou reclamações / base de
assinantes), se na organização dos dados não houver
diferenciação entre solicitação de reparo e reclamação
relativa a reparo . Todavia, tal possibilidade não enseja a
anulação dos referidos dispositivos, mas apenas a
especificação adequada na consolidação das informações.
Isto porque cada um deles, efetivamente, avalia questões
diferentes.
Justificativa:
4. DA NÃO OCORRÊNCIA DE BIS IN IDEM NAS
RECLAMAÇÕES RELATIVAS A REPARO NOS
ARTIGOS 11, 12 E 13 DO RGQ-SCM A TNL PSC S.A.
afirma, em seu pedido de anulação, que os referidos
artigos avaliam repetidamente o mesmo fator, qual seja,
as reclamações relativas a reparo. No entanto, é preciso
comentar que o primeiro artigo (art. 11) diz respeito à
relação entre o número total de reclamações recebidas na
prestadora e o número total de acessos em serviço;
enquanto o segundo artigo (art. 12) trata da relação entre
o número total de reclamações recebidas na Anatel, em
desfavor da prestadora, e o número total de reclamações
recebidas em todos os canais de atendimento da
prestadora, no mês. O terceiro (art. 13), por sua vez,
refere-se à relação entre a quantidade de reclamações com
reabertura e a quantidade de reclamações recebidas em
todos os canais de atendimento da prestadora. O objetivo
de cada uma dessas taxas é estabelecer um limite máximo
para cada relação, controlando, respectivamente: (i) o
número de reclamações de acordo com a base de
assinantes; (ii) o transbordo de reclamações para a Anatel;
e (iii) a quantidade de demandas não solucionadas pela
empresa e, portanto, reabertas. As penalidades somente
serão impostas caso sejam superados os índices
estabelecidos em cada relação. As reclamações relativas a
reparo integram a amostra geral de reclamações a ser
entregue à agência. O número 1, da alínea a, do 2 dos
artigos mencionados demonstra o interesse da Anatel em
visualizar estes dados em separado dos outros quando do
recebimento do número total de reclamações, mas não
significa uma avaliação repetida da taxa. Esclarecido este
ponto, resta refletir acerca do art. 24 diante das medições
descritas acima. O art. 24 se refere à relação entre o
número de solicitações de reparo, em decorrência de
falhas ou defeitos, e o número total de acessos em
serviço. Seu objetivo é controlar a qualidade da prestação
do serviço, evitando que haja um número alto de falhas ou
defeitos em comparação à base de assinantes. Poderia
haver duplicidade entre o art. 24 e o art. 11, já que se trata
da mesma relação (solicitações ou reclamações / base de
assinantes), se na organização dos dados não houver
diferenciação entre solicitação de reparo e reclamação
relativa a reparo . Todavia, tal possibilidade não enseja a
anulação dos referidos dispositivos, mas apenas a
especificação adequada na consolidação das informações.
Isto porque cada um deles, efetivamente, avalia questões
diferentes.
Item: VI.
VI. DO ARTIGO 8 , CAPUT E 1
Contribuição N°: 85
ID da Contribuição: 58367
Autor da Contribuição: Paulo Arthur Lencioni Goes
Data da Contribuição: 01/02/2012 10:02:27
Contribuição:
CONTRIBUIÇÃO PARA O ITEM 144. O Cadastro de
Reclamações Fundamentadas decorre de determinação do
Código de Defesa do Consumidor por meio de seu artigo
44, que estabelece: os órgão públicos de defesa do
consumidor manterão cadastros atualizados de
reclamações fundamentadas contra fornecedores de
produtos e serviços, devendo divulgá-los pública e
anualmente. A divulgação indicará se a reclamação foi
atendida ou não pelo fornecedor . O Cadastro representa a
reunião de todas as reclamações recebidas, analisadas e
concluídas pelos órgãos públicos de defesa do
consumidor. Em termos práticos, é a demanda
apresentada pelo consumidor, tratada por meio de
processo administrativo, em que foi concedido ao
fornecedor o contraditório, encontrados elementos de
verossimilhança entre a notícia formulada pelo
consumidor e o descumprimento dos dispositivos do
CDC. A inclusão do fornecedor no Cadastro de
Reclamações Fundamentadas consiste em ato
administrativo cujo objetivo precípuo é informar à
sociedade qual a situação dos fornecedores junto aos
órgãos de Defesa do Consumidor, bem como a postura
destes perante as reclamações formuladas. Por fim, o
Cadastro de Reclamação Fundamentada é uma ferramenta
que viabiliza a implementação de políticas de
enfrentamento dos problemas manifestados pela
demandas individuais e coletivas de maneira que a
utilização do Cadastro é de fundamental importância para
garantir a eficácia das ações da ANATEL que utilizará de
forma plena os recursos disponíveis. Ademais, a
administração pública, por seus órgãos gozam de fé
pública, sendo seus atos, até prova em contrário,
revestidos de legalidade e força coercitiva, entre outros
atributos decorrentes de normas constitucionais e legais,
bem como de princípios do direito administrativo. Nesse
sentido, ainda que o serviço seja prestado em regime
privado, o prestador se submete ao regramento geral e, se
o caso, também ao regramento especial.
Justificativa: A JUSTIFICATIVA ESTÁ INSERIDA NO PRÓPRIO
TEXTO DA CONTRIBUIÇÃO AO ITEM 144.
Contribuição N°: 86
ID da Contribuição: 58380
Autor da Contribuição: Alexandre Elias de Andrade Oliveira
Data da Contribuição: 01/02/2012 12:27:35
Contribuição: xx
Justificativa: xx
Contribuição N°: 87
ID da Contribuição: 58471
Autor da Contribuição: Alexander Castro
Data da Contribuição: 01/02/2012 19:10:18
Contribuição:
O Art. 8 do RIQ do SCM O parágrafo único deste artigo
estabelece que a Anatel pode utilizar métodos alternativos
dos previstos neste Regulamento para coleta de dados dos
Indicadores para comprovação do cumprimento das metas
estabelecidas neste Regulamento. No parágrafo único do
artigo o Regulamento define que caso o valor do
indicador informado pela Prestadora seja diferente
daquele obtido pela Anatel por métodos alternativos,
prevalecerá sob todos os aspectos, aquele obtido pela
Agência. Contribuição: O Sinditelebrasil reitera a sua
posição de que o parágrafo único de tal artigo seja
retirado do regulamento. Sugere ainda a seguinte redação
para o Artigo 8 : A qualquer tempo a Anatel pode
acompanhar a coleta de dados das prestadoras do SCM e,
a seu critério, realizar uma nova coleta de dados,
utilizando recursos próprios ou de terceiros, para fins de
determinação de indicador considerando metodologia
definida neste regulamento. Justificativa: Os
Regulamentos do RIQ-SMP e do RIQ-SCM criaram o
GIPAQ - Grupo de Implantação de Processos de Aferição
da Qualidade, cuja coordenação é da ANATEL. No
regulamento fica claro que todo o processo de aferição da
qualidade de Banda larga, por exemplo, será intensamente
discutido e aprovado no âmbito do GIPAQ e, que em caso
de não haver consenso, os conflitos no âmbito do GIPAQ
serão decididos pelos representantes da ANATEL.
Adicionalmente, a ANATEL poderá realizar auditorias na
Entidade Aferidora da Qualidade - EAQ, cobrar dados
diretamente da mesma entidade, etc. Fica claro que toda a
metodologia será aprovada pela ANATEL e ainda mais,
será auditada por ela própria. Assim sendo, não é razoável
e trata-se de uma medida desprovida de proporcionalidade
admitir-se no regulamento a possibilidade da ANATEL
utilizar uma metodologia em paralelo àquela criada por
ela mesma e pior, em caso de conflito ente os resultados
apurados, valem os métodos alternativos. Ora se o método
que a ANATEL discutiu, aprovou e implementou via
EAQ não é razoável ou conduz a resultados equivocados,
que se discuta um novo método no âmbito do GIPAQ,
mas não que seja aberta a possibilidade de adoção de um
outro método, sem prévia discussão com as empresas e
demais membros do GIPAQ. Neste aspecto a redação
aqui proposta, baseada no artigo 8 do Anexo da
Resolução n 335 / 2003 RIQ SMP, com pequenas
alterações exprime de forma mais adequada a intenção da
Anatel para este artigo. Métodos alternativos de coleta são
contrários aos próprios princípios e conceitos do RGQ-
SCM que preza pela forma idônea de coleta de dados por
meio da certificação oficial.
Justificativa: Inserida na contribuição
Item: VII.
VII. CONCLUSÃO
Contribuição N°: 88
ID da Contribuição: 58368
Autor da Contribuição: Paulo Arthur Lencioni Goes
Data da Contribuição: 01/02/2012 10:09:25
Contribuição:
CONTRIBUIÇÃO PARA O ITEM 148. Por fim, citamos
o texto de Calais-Auloy, Jean; Steinmetz Frank, Droit de
La Consommation, p.1 in Podestá, Fábio Henrique, ET
AL, Código de Defesa do Consumidor Comentado, p.
191, São Paulo: Ed. RT, 2011: O desequilíbrio entre os
sujeitos da relação de consumo não é meramente teórico
ou hipotético, mas decorre de uma realidade natural do
próprio mercado por conta de fatores relacionados à
competência do profissional, às informações das quais
dispõe, e freqüentemente a sua dimensão financeira, o que
lhe permitem ditar a sua lei ao consumidor. Naturalmente
que esse processo gera uma absoluta dependência do
consumidor com relação ao produto. Este, por seu turno,
por deter alguns elementos chaves, tem ditado todas as
regras do jogo: qualidade, preços, marca tipos de
assistência técnica, período de vida útil, formas de
garantia, grau de segurança e outras potencialidades e
características (Souza, Mirian de Almeida. A política
legislativa do consumidor no direito comparado, p. 27,
Belo Horizonte: Nova Alvorada, 1996. Pelo exposto, com
base nos argumentos apresentados requeremos o não
acolhimento dos pedidos efetuados pelo fornecedor.
Justificativa: A JUSTIFICATIVA ESTÁ INSERIDA NA PRÓPRIA
CONTRIBUIÇÃO AO ITEM 148.
Contribuição N°: 89
ID da Contribuição: 58381
Autor da Contribuição: Alexandre Elias de Andrade Oliveira
Data da Contribuição: 01/02/2012 12:27:35
Contribuição: xx
Justificativa: xx
Contribuição N°: 90
ID da Contribuição: 58472
Autor da Contribuição: Alexander Castro
Data da Contribuição: 01/02/2012 19:12:17
Contribuição:
O Regulamento de Gestão da Qualidade do Serviço de
Comunicação Multimídia (RGQ-SCM) estabelece, pela
primeira vez, as metas de qualidade a serem cumpridas
pelas Prestadoras do Serviço de Comunicação Multimídia
(SCM), assim como os critérios de avaliação, de obtenção
de dados e acompanhamento da qualidade da prestação do
serviço. Deve ser registrado e enfatizado que se trata do
estabelecimento de metas de qualidade de um serviço que
já vem sendo comercializado há bastante tempo, com
preços definidos em função da qualidade que é oferecida,
dos custos de implantação, expansão, modernização e
manutenção das redes que lhe dão suporte, assim como de
toda a infraestrutura de pré e pós venda envolvida. O
SindiTelebrasil ao longo das Consultas Públicas 27 e 46
apresentou inúmeras contribuições, a maioria delas
elaboradas por organismos de terceira parte, que trataram
da questão dos indicadores de Conexão à Internet (SMP)
e dos Indicadores de Rede (SCM) de forma isenta e
apenas dedicadas a apresentar uma abordagem técnica
sobre o tema. Entre eles, podemos citar os trabalhos do
CPqD, da Price Waterhouse Coopers e a apresentação
feita pela SAMKNOWS no Seminário de Qualidade de
Banda Larga promovido pelo SindiTelebrasil em 2011,
todos eles entregues à ANATEL ao longo das
mencionadas consultas públicas. Em todos os trabalhos
apresentados ficou demonstrado a dificuldade e até
mesmo a inviabilidade técnica de se garantir velocidades
mínimas ou médias de navegação, além de ter sido
demonstrado que praticamente todas as Administrações
não optaram pelo caminho do intervencionismo e da
ameaça de sancionamento como um modelo para se
alcançar a excelência na oferta do serviço. Conforme será
detalhado ao longo dessa contribuição o Sinditelebrasil
defende que o estabelecimento das metas para os
Indicadores de Rede do SCM vão demandar
investimentos em volume expressivo, seja para
readequação da rede e da planta de equipamentos atuais,
seja pela revisão dos custos e projetos relativos ao
investimento programado para expansão de rede. O
Sinditelebrasil defende que, com vistas ao aprimoramento
do serviço e dada a sua elevada importância em um
cenário de convergência tecnológica, a ANATEL adote,
de forma similar ao que praticamente todas as
Administrações do mundo adotam, diretrizes gerais de
transparência e baixo grau de intervencionismo. O
SindiTelebrasil defende que sejam realizadas medidas a
partir da metodologia definida no novo Regulamento, e
que os resultados obtidos, de todas as operadoras, para os
indicadores de rede sejam objeto de ampla divulgação
pela ANATEL em seu site. Um modelo diferente do que
foi adotado pela Resolução 574, onde foram estabelecidas
metas extremamente rígidas, a ponto de se definir uma
meta de 80% para a velocidade média de navegação e
40% para a velocidade mínima em relação a velocidade
ofertada, que em função das características do serviço
prestado e das redes que lhe dão suporte propiciarão uma
enxurrada de processos de apuração de descumprimento
de obrigação, mesmo que as empresas invistam fortunas
em suas redes, no sentido de buscar atender estas metas
estabelecidas. Apesar da Oferta de Banda Larga no Brasil
estar experimentando um grande crescimento, seja em
termos de velocidade de acesso, seja em termos de uma
melhor distribuição da oferta desses acessos em todo o
território nacional, ainda temos um longo caminho a
percorrer para colocarmos o Brasil no mesmo patamar das
Administrações que estão no topo do ranking mundial de
oferta de banda larga. Reconhecemos esse fato.
Entretanto, deve ser considerado que o foco
Governamental nos primeiros anos de privatização estava
voltado para a universalização do Serviço Telefônico Fixo
Comutado - STFC e na massificação do Serviço Móvel
Pessoal e os resultados obtidos foram expressivos.
Estamos na década da Banda Larga e dos Serviços
convergentes. Acreditamos que no ritmo que estão sendo
ofertados novos acessos em Banda Larga pelas empresas
que exploram o SCM e o SMP, estimulado pela adoção de
alavancas (políticas públicas) que fomentem a demanda e
a expansão de infraestrutura em todo o território nacional,
o Brasil em 2020 estará muito mais próximo das
Administrações que mais se destacam a nível mundial na
oferta de banda Larga. Não é necessário que a
Administração Brasileira opte pelo caminho solitário do
intervencionismo e da ameaça do sancionamento para
buscar se atingir os mesmos objetivos. É natural que os
organismos de defesa do consumidor tenham se
posicionado favoravelmente a esse modelo aprovado pela
ANATEL nas CP s 27 e 46. Como consumidor queremos
sempre ter a opção do acesso ao serviço, com a melhor
qualidade possível e ao menor preço. Entendemos que
não será diferente agora nesta Consulta Pública. Porém,
acreditamos que cabe ao Órgão Regulador, minimizar a
análise emocional e política do tema e de forma isenta
observar a manutenção principalmente dos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade estabelecidos na
LGT ao estabelecer novos condicionamentos mesmo em
face de relevantes razões de caráter coletivo.
Justificativa: Inserida na contribuição
Item: REGULAMENTO DE GESTÃO DA QUALIDADE DO SERVIÇO
MÓVEL PESSOAL (RGQ-SMP)
Consulta acerca do pedido de anulação de obrigações regulamentares estabelecidas
pelo Regulamento de Gestão da Qualidade do Serviço Móvel Pessoal (RGQ-SMP),
publicado no Diário Oficial da União em 31 de outubro de 2011, conforme
argumentos apresentados pela prestadora TNL PCS S.A. (OI) e que constam do
documento Pedido de Anulação - Resolução 575.2011 - TNL PCS S.A. (OI) anexo a
esta Consulta Pública n. 2/2012, da Anatel.
Contribuição N°: 91
ID da Contribuição: 58246
Autor da Contribuição: Odenir Finkler Geraldo
Data da Contribuição: 16/01/2012 23:48:54
Contribuição: O pedido da TNL PCS S.A. (OI) não me agrada e não
deve ser aceito.
Justificativa:
A internet móvel no país é lenta e cara. Os serviços
prestados pela Vivo, por exemplo, são horríveis. Minha
conexão que é lenta e cara, provavelmente não vai
melhorar. As empresas de telefonia e internet deveriam se
preocupar em melhorar a qualidade dos serviço prestado,
e se preocupam com o que? Se preocupam em impedir a
melhoria? É vergonhoso isso.
Contribuição N°: 92
ID da Contribuição: 58252
Autor da Contribuição: Ramiro Carlos Rocha Rebouças
Data da Contribuição: 17/01/2012 00:01:17
Contribuição: Deve ser posto em primazia a supralelgalidade dos
Tratados Internacionais Sobre Direitos Humanos.
Justificativa:
A prevalência do Interesse Público sobre o Interesse
Privado é gritante, como ululantemente violada pela
ANATEL no regime de regulamentação da Banda Larga.
Até agora não encontramos nenhum texto de direito
administrativo pátrio que tenha enfrentado melhor a
questão que a tradicional obra de Celso Antônio Bandeira
de Mello, da qual nos socorremos para soterrar de vez
com todos os argumentos cambaios sustentados pela OI.
Convém reiterar, e agora com maior detença,
considerações dantes feitas, para prevenir intelecção
equivocada ou descabida sobre o alcance do princípio da
supremacia do interesse público sobre o interesse privado
na esfera administrativa. A saber: as prerrogativas que
nesta via exprimem tal supremacia não são manejáveis ao
sabor da Administração, porquanto esta jamais dispõe de
poderes , sic et simpliciter. Na verdade, o que nela se
encontram são deveres-poderes, como a seguir se aclara.
Isto por que a atividade administrativa é exercício de
função . Tem-se função apenas quando alguém está
assujeitado ao dever de buscar, no interesse de outrem, o
atendimento de certa finalidade. Para desincubir-se de tal
dever, o sujeito de função necessita manejar poderes, sem
os quais não teria como atender a finalidade que deve
perseguir para satisfação do interesse alheio. Assim, ditos
poderes são irrogados, única e exclusivamente, para
propiciar o cumprimento do dever a que estão ungidos: ou
seja, são conferidos como meios impostergáveis ao
preenchimento da finalidade que o exercente da função
deverá suprir. Segue-se que tais poderes são
instrumentais: servientes do dever de cumprir bem a
finalidade a que estão indissoluvelmente atrelados. Logo,
aquele que desempenha função, tem na realidade,
deveres-poderes. Não poderes , simplesmente. Nem
mesmo satisfaz configurá-los como poderes-deveres ,
nomenclatura a partir de Santi Romano. Com efeito, fácil
é ver-se que a tônica reside na idéia de dever, não na de
poder . Daí a conveniência de inverter os termos deste
binômio para melhor vincar sua fisionomia e exibir com
clareza que o poder se subordina ao cumprimento do
interesse alheio, de uma dada finalidade. (...) Interesse
público ou primário, repita-se, é o pertinente à sociedade
como um todo, e só ele pode ser validamente objetivado,
pois este é o interesse que a lei consagra e entrega à
compita do Estado como representante do corpo social.
Interesse secundário é aquele que atina tão-só ao aparelho
estatal enquanto entidade personalizada, e por isso mesmo
pode lhe ser referido e nele encarnar-se pelo simples fato
de ser pessoa, mas que só pode ser validamente
perseguido pelo Estado quando coincidente com o
interesse público primário. Com efeito, por exercerem
função, os sujeitos da Administração Pública têm que
buscar o atendimento do interesse alheio, qual seja, o da
coletividade, e não o interesse de seu próprio organismo,
qua tale considerado, e muito menos o dos agentes
estatais . (g.n.) No mais em que alegue a OI vício de
motivo e vício de finalidade para tentar conduzir a
ANATEL em ilícito internacional, temos a lição
doutrinária de Helly Lopes Meirelles, mantido por seus
revisores. O desvio de finalidade ou de poder verifica-se
quando a autoridade, embora atuando nos limites de sua
competência, pratica o ato por motivos ou com fins
diversos dos objetivados pela lei ou exigidos pelo
interesse público. O desvio de finalidade ou de poder, é,
assim, a violação ideológica da lei, ou por outras palavras,
a violação moral da lei, colimando o administrador
público fins não queridos pelo legislador, ou utilizando
motivos e meios imorais para prática de um ato
administrativo aparentemente legal (g.n.). Quando o
Brasil ratificou a Convenção Americana Sobre Direitos
Humanos, e quando aprovou, o Congresso, não apenas o
Tratado, como também deu nova orientação à matéria
com a introdução do parágrafo terceiro no artigo 5 da
CRFB-88, passou a ser defeso não apenas por Lei
Nacional ou Complementar, mas por norma supralegal,
defeso ao Administrador Público alegar prevalência de
portarias e outros interesses menores contra a
supralegalidade de Tratados Internacionais que definem
Direitos Humanos Internacionalmente Protegidos.
Reafirmamos o art. 13 da Convenção Americana Sobre
Direitos Humanos. Isto sem entrar nas questões da
supramacia legal do Código de Defesa do Consumidor,
acima de qualquer portaria da ANATEL. A prestação do
serviço de Internet Banda Larga em Regime Privado por
si mesmo já é uma ostensiva, grotesca violação da
Convenção Americana Sobre Direitos Humanos. Visto a
Lei Geral de Telecomunicações, as regras previstas para o
Regime Público, é fundamental que a ANATEL faça
adequar, sob ônus de seus dirigentes estarem incorrendo
em violação dolosa e imoral da ordem legal, em resumo,
atos de improbidade administrativa, passíveis, inclusive,
de causarem prejuízos imateriais e materiais ao Estado
Brasileiro, conforme possa dar azo, fundamentos técnicos,
para uma representação contra o Brasil frente à Comissão
Interamericana de Direitos Humanos. O regime privado
de banda larga móvel 3G com grotesca limitação de
máximo de dados é violação dolosa do parágrafo terceiro
do artigo 13 da Convenção Americana Sobre Direitos
Humanos. Não alegue a ANATEL o interesse dos
pequenos provedores incapazes de sobreviver à
exigências de universalização do serviço pelo Regime
Público de Concessão para Banda Larga. Teríamos
aplicação política, e dolosamente imoral da Lei. A
Convenção Americana Sobre Direitos Humanos está
acima das limitações passíveis de serem suscitadas a
partir da Lei Geral de Telecomunicações, bem como
exige uma interpretação mais favorável não às
operadoras, mas sim ao cidadão, da legislação.
Contribuição N°: 93
ID da Contribuição: 58257
Autor da Contribuição: douglas lourenco caetano
Data da Contribuição: 17/01/2012 08:15:14
Contribuição:
Sou a favor de critérios mínimos e qualidade mínima de
serviços. É necessário controle de qualidade. As empresas
prestadoras de serviços devem manter o mínimo de
qualidade.
Justificativa:
É necessário controle de qualidade. As empresas
prestadoras de serviços devem manter o mínimo de
qualidade.
Contribuição N°: 94
ID da Contribuição: 58265
Autor da Contribuição: Adelio Antunes de Miranda
Data da Contribuição: 17/01/2012 13:21:11
Contribuição:
Não é possível aceitar tal anulação, pois o RGQ-SMP
mesmo que seja conhecido por poucos USUÁRIOS E
ASSINANTES, nos ajuda e assegura a ter um serviço
prestado com uma qualidade mínima e sem isso
estaríamos a merce da TNL PSC S.A. (OI) mais que já
somos. Hoje temos um serviço horrível, principalmente
nos locais onde outras operadores não atuam e assim não
fazem concorrência a mesma. A questão é muito mais
complicada que simples regras e regulamentos, mas o que
os funcionários da prestadora fazem sem o conhecimento
da mesma que me preocupa, vendendo velocidades
maiores de internet, qualificando quando se paga por fora
velocidades que NA TEORIA não seriam aceitas pelas
linhas de assinante.
Justificativa: Sem essa regulamentação, estaremos ainda mais a merce
desta e de outras prestadoras.
Contribuição N°: 95
ID da Contribuição: 58268
Autor da Contribuição: Kelver Macedo de Araujo
Data da Contribuição: 18/01/2012 15:49:07
Contribuição: Sou contra o Pedido de Anulação - Resolução 575.2011 -
TNL PCS S.A. (OI) .
Justificativa:
Moro na cidade de Formosa-GO, onde existe somente a
empresa OI como a fornecedora de sinal de internet
rapida, como não tem concorrencia, a OI abusa de seus
cliente, oferecendo serviços de internet em sua maioria do
tempo com velocidade na minima. E essa resolução
575.2011 vem para ajudar cidades de interior, onde os
serviços de ADSL são precarios, e monopolizados por
empresa, onde parece que faz o que quer. Isso caracteriza
um atraso na internet no Brasil, sabendo que a empresa OI
não esta interessada em fornecer serviços estaveis e com
qualidade e garantias de velocidade que hoje é de 10%.
Contribuição N°: 96
ID da Contribuição: 58272
Autor da Contribuição: GLEISON PARENTE DE SOUZA
Data da Contribuição: 18/01/2012 22:55:10
Contribuição:
SE CONTRATEI 600K TEM QUE CHEGAR 600K, JA
PENSOU COMPRAR 20L DE GASOLINA E TE
ENTREGAREM 17L É FRAUDE. MESMA COISA NO
CASO DA BANDA LARGA
Justificativa:
SE CONTRATEI 600K TEM QUE CHEGAR 600K, JA
PENSOU COMPRAR 20L DE GASOLINA E TE
ENTREGAREM 17L É FRAUDE. MESMA COISA NO
CASO DA BANDA LARGA
Contribuição N°: 97
ID da Contribuição: 58276
Autor da Contribuição: Fábio Teixeira Morão
Data da Contribuição: 19/01/2012 18:57:27
Contribuição:
O serviço de qualidade movel hoje no brasil é muito
crescente e pouco investido. Quando se faz uma
reclamação junto a prestadora pode ter certeza perdeu-se
1hora da sua vida com isso! Enquanto os atendentes ficam
lá só um momento, +um momento sr.... 30mnutos e nada
resolvido ai tranferem vc... Negligencia total com os
serviços ao cliente.
Justificativa: Atendimento ao cliente deveria ser pós venda!
Contribuição N°: 98
ID da Contribuição: 58299
Autor da Contribuição: RODOLFO SILVA CAMPOS
Data da Contribuição: 24/01/2012 07:42:38
Contribuição:
É EXTREMAMENTE NECESSÁRIA ESTA
REGULAMENTAÇÃO, POIS NÃO HA COMO
COBRAR QUALIDADE DOS SERVIÇOS ,O
USUÁRIO TRAVA UMA LUTA COM AS
OPERADORAS. UMA EMPRESA DESTE PORTE
DEVERIA SERVIR DE EXEMPLO PARA AS
DEMAIS. NÃO PODEMOS ACEITAR ESTES
ARGUMENTOS QUE PRETENDE APENAS
PROTEGER INTERESSES PRIVADOS, A ANATEL
FOI CRIADA PARA DEFENDER OS DIREITOS DE
TODOS OS BRASILEIROS.
Justificativa:
NÃO PODEMOS CONTINUAR COM ESTE SERVIÇO
ATRASO, VAMOS SEDIAR UMA COPA DO MUNDO
E UMA OLIMPÍADA. DESTA FORMA JAMAIS
SEREMOS UM PAÍS DE 1 MUNDO. NÓS TEMOS
CONDIÇÕES DE ACOMPANHAR
DESENVOLVIMENTO GLOBAL, SOMOS CAPAZES,
JÁ PROVAMOS ISTO VÁRIAS VEZES. ESTA
REGULAMENTAÇÃO SE FAZ NECESSÁRIA COM A
MÁXIMA URGÊNCIA.
Contribuição N°: 99
ID da Contribuição: 58304
Autor da Contribuição: Cassiano Trindade
Data da Contribuição: 25/01/2012 12:40:56
Contribuição: É uma vergonha a Oi solicitar a analação de algumas
obrigações regulamentares.
Justificativa:
As operadoras de Telecomunicações tem o dever e
obrigação de prestarem serviços de qualidade a sociedade
e que a qualidade destes serviços sejam avaliados e
auditados pela Anatel.
Contribuição N°: 100
ID da Contribuição: 58320
Autor da Contribuição: Fernando Cesar Oliveira Monteiro
Data da Contribuição: 28/01/2012 03:14:59
Contribuição:
Estou através deste me manifestando contrário à
concessão do pedido de anulação de dispositivos dos
regulamentos de gestão de qualidade da banda larga e da
telefonia móvel conforme publicado no Diário Oficial no
edital número 3 / 2012 / SPV referente ao processo Anatel
no 53500.027336 / 2011.
Justificativa:
Todo prestador de serviço de concessão pública deve
preservar a qualidade do serviço sob pena de não o
fazendo perder a concessão. Portanto as metas de
qualidade devem ser ainda mais rigorosa dos que as
propostas no referido regulamento que em minha opinião
trata-se apenas de um pequeno começo para realmente
termos um serviço de qualidade mínima.
Contribuição N°: 101
ID da Contribuição: 58327
Autor da Contribuição: Jose de Ribamar Smolka Ramos
Data da Contribuição: 29/01/2012 22:31:36
Contribuição: A anatel deve repensar o modelo regulatório adotado no
RGQ-SCM
Justificativa:
1. Nem todos os argumentos levantados pela TNL PCS S
/ A (Oi) nos pedidos de anulação são válidos. Entretanto
muitos aspectos coerentes na argumentação, e, em minha
opinião, o RGQ-SCM e o RGQ-SMP (tal como
publicados) padecem de sérias imperfeições. Portanto
peço uma cuidadosa reanálise por parte da Anatel sobre
como seguir adiante nesta área. 2. Minha atuação
profissional me leva a considerar de forma unificada
todas as instâncias do provimento de acesso à Internet em
banda larga, por isso não farei muita distinção entre o
SCM e o SMP nos meus comentários. Até porque, a
médio prazo, entendo que estes dois serviços, e ainda o
STFC, devem convergir para uma definição comum. 3.
Acima de tudo percebo uma grande falha no processo de
elaboração e publicação do RGQ-SCM e do RGQ-SMP:
as iniciativas regulatórias foram motivadas basicamente
pelo desejo de dar uma justificativa ao clamor popular ,
amplificado pela imprensa. Isto é política, e não regulação
técnica. Foi negligenciada a medição objetiva do estado
de descumprimento de obrigações contratuais pelos
provedores, e considerado como indicador da existência
de um problema real a repercussão constante na imprensa
de reclamações sobre a qualidade do serviço
particularmente com respeito ao serviço de acesso móvel
à Internet, sem levar em conta que, do ponto de vista da
própria imprensa, notícia boa não vende jornal . Pois bem,
eu posso falar, com base em minha experiência pessoal,
que em mais de dez anos da utilização de acessos em
banda larga, fixos e móveis, à Internet (em várias
localidades), raramente experimentei problemas
sistemáticos de má qualidade que pudessem ser atribuídos
inequivocamente ao provedor. E esta também é a
experiência percebida por vários colegas e amigos. Porém
estas experiências positivas de uso não recebem a mesma
divulgação, nem repercutem tanto, quanto as ruins. O que
me leva a indagar: qual é o estado real das coisas? Não
existe resposta objetiva para esta pergunta, e para uma
boa regulação técnica, é necessário compreender antes o
estado atual do problema (se é que existe um problema
real). 4. As imperfeições que percebo nos Regulamentos
são de ordem conceitual, de ordem técnica e de ordem
legal. 5. No nível conceitual, percebo uma má definição
entre os serviços envolvidos, e o que se pretende atingir
com os regulamentos: a) O serviço de acesso à Internet
não é, no contexto do atual marco regulatório brasileiro,
um serviço de telecomunicação. Ele é definido como um
serviço de valor agregado aos serviços de
telecomunicação que o suportam (nos termos do art. 61 da
LGT). Assim sendo, ele não é passível de regulação
formal pela Anatel. Além disso, a estrutura de governança
federativa da Internet não inclui, no contexto atual, a
garantia de qualidade dos serviços fim a fim. Desta forma
os usuários de serviços providos através da Internet tem
que contentar-se com serviços providos no modo best-
effort; b) É necessário explicitar que o que está sendo
regulado é, tão somente, o serviço de acesso IP em banda
larga, que suporta o serviço de acesso à Internet, pode ser
realizado com diversos suportes tecnológicos. Os
regulamentos excluem do seu alcance os provedores deste
serviço que sejam de pequeno porte (definidos como
aqueles que possuam menos que 50.000 usuários), o que,
na prática, é a mesma coisa que dizer estes regulamentos
só se aplicam aos provedores de acesso IP que também
são concessionários do STFC ou permissionários do SMP
. Então cabe a seguinte pergunta: os usuários que residam
em localidades onde o serviço de acesso IP não é prestado
principalmente por concessionários do STFC ou por
permissionários do SMP (esta situação é típica de
localidades do interior e da periferia das grandes cidades)
não terão direito a informação sobre a qualidade do
serviço prestado por seus provedores? c) O serviço de
acesso à Internet é, no momento, o único serviço
suportado pelo serviço de acesso IP em banda larga. Até
que isto mude, e que regras para a interconexão e garantia
da qualidade do serviço fim a fim nas redes IP dos
provedores sejam estabelecidas (o que é mandatório para
que ocorra a migração destas redes para o modelo NGN),
não existe forma prática dos usuários do serviço de acesso
à Internet se beneficiarem efetivamente de vários dos
parâmetros de desempenho da rede e, ainda assim,
qualquer provedor do serviço de acesso IP em banda larga
só poderá influir nestes parâmetros dentro do seu próprio
escopo de governança (o que não é suficiente para
garantir, do ponto de vista do usuário, desempenho
satisfatório dos serviços providos através da Internet). 6.
No nível técnico chamam-me a atenção os seguintes
aspectos: a) Os indicadores de desempenho da rede
abrangem os aspectos de disponibilidade, taxa de
transmissão (instantânea e média), latência bidirecional
(round-trip delay), variação da latência (jitter) e perda de
pacotes (packet loss); b) Basear o indicador da
disponibilidade da rede do provedor do serviço de acesso
IP em banda larga no comportamento observado de uma
amostra da população é, em minha opinião, questionável.
Eventos que causem efeito significativo na
disponibilidade da rede, a depender do tamanho e da
distribuição geográfica da amostra dos usuários, tem
probabilidade não desprezível de passarem sem detecção
(ex.: a falha de um BRAS da rede de acesso DSL, ou a
falha de um GGSN da rede de acesso HSPA, ou a falha de
um roteador de borda). Neste caso eu sou mais favorável
ao cálculo da disponibilidade a partir dos registros
coletados pelo sistema de gerência de falha da operadora.
O indicador poderia ser calculado pelo produto do n de
usuários afetados pela falha (eventualmente determinado
de forma estatística) pela duração da falha em horas.
Somados estes valores em um mês, temos o indicador de
indisponibilidade expresso em usuários-hora / mês, o qual
deverá ter um valor teto; c) Os indicadores de round-trip
delay, jitter e packet loss são decisivos para avaliar a
capacidade de uma rede IP transportar eficazmente o
tráfego de aplicações de voz e vídeo. Entretanto os
valores ideais para estes parâmetros só podem ser
atingidos por dois meios: a utilização de uma arquitetura
de garantia de QoS nos elementos da rede (ex.: DiffServ),
ou o puro e simples overprovisioning (que eu costumo
chamar de bandwidth overkill). A primeira alternativa,
além de ser complicada para aplicar sobre o tráfego da
Internet, só seria realmente eficaz nos trechos BRAS-
roteador de borda ou GGSN-roteador de borda. No trecho
usuário-BRAS não é possível identificar a natureza das
aplicações utilizadas pelo usuário, porque os pacotes do
usuário trafegam neste trecho encapsulados pelo
mecanismo de tunelamento PPP. De forma similar, no
trecho usuário-GGSN o tunelamento GTP torna invisível
a natureza da aplicação utilizada, e, embora o 3GPP tenha
definido o mecanismo MBMS para garantia de qualidade
do serviço sobre a interface de rádio HSPA, não está claro
como seria o interfuncionamento das classes de serviço
MBMS e as classes de serviço DiffServ. Assim só resta o
overprovisioning para tentar atingir os valores-alvo dos
indicadores. Isto significa que no PMT haverá ociosidade
para garantir que os indicadores fiquem dentro da faixa
esperada, e fora do PMT a ociosidade será enorme. Isto é
má engenharia e péssima economia. Mas é neste sentido
que os regulamentos empurram os provedores de acesso
IP em banda larga afetados pelos regulamentos
publicados. E parece existir uma postura do tipo Eles são
grandes, tem muito dinheiro e podem pagar por isso . Isto
não é boa regulação. É preconceito. d) Não consigo
enxergar lógica no estabelecimento dos mesmos
parâmetros para a taxa de transmissão, instantânea e
média, para redes de acesso DSL e redes de acesso
HSPA. Nas redes DSL o usuário é fixo, e não existe
competição por recursos da rede de acesso entre o tráfego
de voz e tráfego IP. Nas redes HSPA, além de existir a
disputa por banda entre o tráfego de voz e tráfego IP (que
é mais intenso justamente no PMT), existe um
componente estatístico adicional devido à mobilidade dos
usuários (handover entre setores ou células adjacentes). O
resultado lógico é que, para uma mesma densidade de
usuários, as redes de acesso HSPA apresentam um
desempenho com maior variabilidade. Portanto, para
atingir os objetivos de taxa de transmissão instantânea e
média publicados nos regulamentos, e considerando que a
única forma para conseguir isso é através do
overprovisioning, as redes de acesso HSPA terão que
manter capacidade ociosa proporcionalmente maior que
as redes de acesso DSL; e) Este overprovisioning na
interface de rádio das redes de acesso HSPA só pode ser
conseguido pelo adensamento da malha de transceivers
(Node-b), o que, além de dispendioso, é complicado (às
vezes impossível) de conseguir, considerando-se as
restrições à instalação de mais antenas de telefonia
celular; f) A experiência internacional considerada nos
estudos realizados pela Anatel para a instrução do
processo de elaboração e aprovação do RGQ-SCM e do
RGQ-SMP mostra que a adesão voluntária à regulação
(casos do Reino Unido e Portugal) não garantem que os
indicadores de desempenho da rede atingirão os valores
esperados, e que uma regulação impositiva (caso da Índia)
também não é garantia de sucesso. Interessante que, no
caso indiano, os valores objetivo para os indicadores de
desempenho foram estabelecidos a partir de uma pesquisa
que definiu o baseline de partida do processo, o que não
ocorreu no caso Brasileiro; g) Então a conclusão óbvia é
que, em função dos custos que os regulamentos (tais
como publicados) imporão sobre os provedores do serviço
de acesso IP em banda larga, a Anatel precisa explicitar:
& 61607; Porque ela julgou necessário adotar um modelo
impositivo, que é ainda mais restritivo e burocrático que o
modelo indiano? & 61607; Porque isto foi considerado o
único modo de conseguir melhoria objetiva da qualidade
do serviço para os usuários? & 61607; Porque os custos
impostos aos provedores são considerados proporcionais
ao benefício esperado para os usuários? & 61607; Quais
os critérios objetivos para escolher os indicadores de
desempenho da rede aplicáveis e definir seus valores
objetivo iniciais e sua progressão temporal? & 61607;
Considerando a natureza das aplicações acessadas pelos
usuários no SVA de acesso à Internet (que é, no
momento, o único suportado pelo serviço de acesso IP em
banda larga) quais benefícios concretos para os usuários
esta regulação deseja alcançar? & 61607; Qual a relação
custo / benefício da imposição da contratação de terceiros
para executar a geração dos dados de teste e certificar os
processos de coleta dos dados e cálculo dos indicadores?
Pessoalmente, isto mostra que a Anatel não se considera
capacitada para exercer estas atividades, e prefere
terceirizá-las. h) Finalmente, tal como reclamado pela Oi,
existe incompatibilidade aritmética entre o indicador de
reclamação dos usuários com o indicador de reclamações
de reparo. As reclamações de reparo são,
necessariamente, um subconjunto das reclamações
recebidas pela operadora. Ambos os indicadores são
calculados (conforme os regulamentos publicados)
dividindo o número de reclamações (total ou reparo,
conforme o caso) pelo número de acessos em serviço. Isto
torna aritmeticamente impossível que o indicador de
reparo apresente percentuais maiores que o indicador de
reclamações. Creio que houve um engano, e o indicador
de reclamações de reparo não devia usar o número de
acessos em serviço no numerador, mas o número total de
reclamações recebidas (que é o numerador no cálculo do
indicador de reclamações). Isto daria coerência aos dois
indicadores. 7. Vou elencar os aspectos legais que me
preocupam, apesar de não ser advogado: a) Não tenho
conhecimento da existência de uma exposição de motivos
que justifique a opção pela forma dos regulamentos
publicados. Isto fere o art. 40 da LGT (Lei 9.472 de 16 /
07 / 1947) e o princípio da motivação, exigido no caput
do art. 2 da Lei 9.784 de 26 / 01 / 1999; b) Com exceção
dos indicadores de taxa de transmissão instantânea e
média, todos os demais indicadores (com metas
obrigatórias para o SCM e obrigação de divulgação para o
SMP) não tem efeito prático para a qualidade percebida
pelos usuários do SVA de acesso à Internet (único usuário
dos serviços de telecomunicação de acesso IP subjacentes
regulados como SCM ou SMP). Me parece que a Anatel,
assim agindo, fere o princípio de proporcionalidade que
deve orientar a elaboração de atos da Administração
Pública Federal, conforme o caput e inciso VII do
parágrafo único do art. 2 da Lei 9.784 de 26 / 01 / 1999;
c) A imposição de custos aos permissionários do SCM e
do SMP, sem a correspondente comprovação do benefício
objetivo proporcionado aos usuários destes serviços, fere
diretamente a exigência do inciso VI do parágrafo único
do art. 2 da Lei 9.784 de 26 / 01 / 1999: adequação entre
meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições
e sanções em medida superior àquelas estritamente
necessárias ao atendimento do interesse público (grifos
meus); d) A complexidade do modelo regulatório adotado
precisa de justificativa razoável e clara, caso contrário a
Anatel estará descumprindo o inciso IX do parágrafo
único do art. 2 da Lei 9.784 de 26 / 01 / 1999: adoção de
formas simples, suficientes para propiciar adequado grau
de certeza, segurança e respeito aos direitos dos
administrados ; e) Tanto o SCM quanto o SMP são
prestados exclusivamente em regime privado. Assim
sendo o desbalanceamento entre custos e obrigações
impostas às permissionárias e o benefício objetivo
causado aos usuários também fere o estipulado nos
incisos III, IV e V do art. 128 da LGT (Lei 9.472 de 16 /
07 / 1947): os condicionamentos deverão ter vínculos,
tanto de necessidade como de adequação, com finalidades
públicas específicas e relevantes , o proveito coletivo
gerado pelo condicionamento deverá ser proporcional à
privação que ele impuser e haverá relação de equilíbrio
entre os deveres impostos às prestadoras e os direitos a
elas reconhecidos (grifos meus);
Contribuição N°: 102
ID da Contribuição: 58332
Autor da Contribuição: Marcio Patusco Lana Lobo
Data da Contribuição: 30/01/2012 11:05:03
Contribuição:
Tanto para o RGQ do SCM quanto para o RGQ do SMP,
as entidades representantes da sociedade civil infra-
assinadas não concordam com a anulação dos indicadores
solicitados pela Oi, ou eventualmente por qualquer outra
Operadora. Além disso, tendo em vista que as consultas
públicas dos Regulamentos em questão já haviam
terminado, e que a Anatel já os havia emitido pelas
resoluções 574 e 575 / 2011, entendemos que todos os
procedimentos e prazos constantes dos Regulamentos
devam ser rigorosamente mantidos e atendidos tanto pela
Anatel como pelas Operadoras. Francis Bogossian
Presidente do Clube de Engenharia Rosa Leal Presidente
do Instituto Telecom Marcello Miranda Membro do
Conselho Consultivo da Anatel Marcos Dantas Vice-
Presidente da União Latina de Economia Política da
Informação, Comunicação e Cultura - Capítulo Brasil
(ULEPICC-Br) Teresa Trautman Diretora Presidente da
CONCEITO A em Audiovisual S / A
Justificativa:
No Clube de Engenharia, reunimos entidades
representantes da sociedade civil, que após analisarem os
argumentos da Operadora Oi quanto aos procedimentos
de qualidade emitidos pela Anatel nos Regulamentos de
Gestão de Qualidade RGQ, tanto para o Serviço de
Comunicação Multimídia SCM, como para o Serviço
Móvel Pessoal SMP, que motivaram a Consulta Pública n
2 de 13 de janeiro de 2012, emitiram as considerações que
se seguem. Em todos os campos do conhecimento temos
utilizado indicadores como forma de melhor visualizar
questões, tornando-as mais claras, mais fáceis de serem
percebidas e acompanhadas. As métricas são hoje
referência para medição de desempenho em gestão,
marketing, prestação de serviços, comparação de
resultados e ajuda numa tomada de decisão. É comum
hoje ser dito que aquilo que não pode ser medido não
pode ser gerenciado. Em telecomunicações conhecemos
muito bem esse problema, e ele não escapa dos enfoques
da UIT (União Internacional de Telecomunicações) que,
em vários de seus grupos, tem estudado em detalhes as
métricas de desempenho. Aqui mesmo no Brasil, antes, a
Telebrás, e atualmente, a Anatel, têm preocupações claras
nesta direção na prestação dos serviços. Como sabemos, a
infrestrutura de telecomunicações que suportará os
serviços será, durante muito tempo, baseada na
convergência de redes propiciada pela NGN (Next
Generation Network), e devemos nos preparar para ter
formas de prover a sociedade com serviços adequados e
de qualidade aos seus cidadãos. Esse longo tempo que
teremos de convivência com essa nova possibilidade
tecnológica, mais do que justifica que a gestão desses
serviços seja feita de maneira a garantir níveis de
qualidade mais do que satisfatórios aos usuários. 1. Essa
já era preocupação nos EUA em 2001. Em RFC (Request
For Comments) proposta ao FCC (Federal
Communications Comission) em dezembro daquele ano,
com o título Broadband Quality of Service Monitoring: a
Promising Public Policy Response podia-se ler: We
propose a system of hardware and software agents to
measure the performance of the network from points at
which outsiders have access to the network, namely at the
users home or small business connections. 2.
Convencidos dessa necessidade, o FCC Technical
Advisory Council recomendou em seu documento New
Broadband Infrastructure Deployment Policies , de 27 de
abril de 2011, em seu item 6. : 6. Adopt new metrics to
measure network quality: FCC should develop broadband
extended service quality metrics (beyond throughput
speeds) to assist providers, consumers and policymakers
in evaluating broadband capabilities. 3. A revista
Telecommunications Policy em seu número de 16 de
Junho de 2011, publicou o artigo Transparency
Regulation in Broadband Markets: Lessons from
Experimental Research , mostrando a importância em
campo de se ter uma regulamentação clara e de
conhecimento da sociedade: Transparency in broadband
could work in the sense that is likely to enhance total
welfare and incentivize ISPs to increase quality of their
broadband services. Moreover, both full QoS information
accessible to some and imperfect QoS information
accessible to all do better outcomes for consumers, wich
leaves regulators with options. 4. O OFCOM (Office of
Communication), a agência reguladora inglesa, teve
entendimento diferente e adotou a política de um código
de conduta voluntário por parte dos prestadores de
serviço, de acordo com seu documento Voluntary Code of
Practice: Broadband Speeds. No entanto, em recente
pesquisa de campo, o próprio OFCOM reconheceu que as
operadoras não vêm seguindo o código: the gap between
actual and advertised up to speeds had widened. 5. Esse
comportamento reforça a idéia de que o mercado não se
autoregula e de que há necessidade de interferência do
órgão regulador. Em fevereiro de 2011, o National
Regulatory Research Institute dos EUA, emitiu o trabalho
Evaluating Telecommunications Service: Can Consumers
Really Vote with Their Feet or Do We Need Regulatory
Oversight , onde sugere que efetivamente existe uma
relação direta entre qualidade e regulação: the service
quality study recommended in this brief paper, regulators
can determine whether reduced regulatory oversight has
indeed reduced quality of service. 6. Alguns países
europeus vêm adotando indicadores para Banda Larga,
emitidos em consultas públicas para participação da
sociedade, como é o caso da Irlanda em seus documentos
Consultation on the Introduction of Key Parameters
Indicators emitidos pelo Comission for Communications
Regulation desde setembro de 2010. Países como Itália,
França, Alemanha, Noruega, Dinamarca, Estônia, já
implementaram ou estão em fase de elaboração de
parâmetros de qualidade a serem disponibilizados e
acompanhados pelos usuários. 7. O fato é que,
atualmente, no site do FCC, em sua página de Broadband,
(broadband.gov) está disponível um teste de conexão
Consumer Broadband Test , evidenciando a opção por
estabelecer uma clara interação com os usuários, e que
tem a seguinte colocação: The purpose of the Consumer
Broadband Test (Beta) is to give consumers additional
information about the quality of their broadband
connections and to create awareness about the importance
of broadband quality in accessing content and services
over the internet. Additionally, the FCC may use data
collected from the Consumer Broadband Test (Beta),
along with submitted street address, to analyze broadband
quality and availability on a geographic basis across the
United States. 8. No Brasil, a Anatel, o Inmetro e o
CGI.br se uniram para realizar testes nas redes das
Operadoras. Conforme noticiado, vários indicadores de
avaliação foram contemplados na pesquisa, tais como
disponibilidade, velocidade média, velocidade
instantânea, latência, número de tentativas para
estabelecer a conexão, tempo de instalação, tempo de
cancelamento do serviço, entre outros. Os testes vêm
sendo realizados e nenhuma grande questão parece se
interpor. 9. Do ponto de vista técnico, os vários fóruns
que estão discutindo Banda Larga no mundo não refletem
nenhuma dificuldade de estabelecerem indicadores que
venham a ser utilizados. Em recente encontro de maio de
2011, em Berlin, o Broadband Fórum liberou o Release
4.1 do BroadbandSuite de ferramentas para a prestação de
serviços, acentuando: Broadband is rapidly becoming the
accepted means for delivering a multitude of services.
Stability and quality is therefore a number one priority as
the penetration of broadband increases and related service
offerings become increasingly structured. The Broadband
Forum s work has focused on developing the tools
necessary to help providers deliver excellent service
quality and performance to enhance their customers
experience . 10. Artigos e trabalhos vêm sendo escritos
para caracterizar a forma de regulação para os aspectos de
qualidade. Do IEEEXplore, com o título A User-centric
Approach to QoS Regulation in Future Networks ,
retiramos: In this emerging context (NGN environment)
novel QoS policies are required to adapt the traditional
QoS regulatory model to the new scenario. Do exposto,
acreditamos que, já que a tecnologia de NGN nos
acompanhará por longo tempo, e no sentido de dar à
nossa sociedade um serviço adequado, um conjunto de
parâmetros de qualidade seja necessário para caracterizar
a Banda Larga em nosso país, tanto em meios fixos
quanto em meios móveis, para que se possa
adicionalmente acompanhar e estabelecer as metas a
serem alcançadas. Estes parâmetros devem ser discutidos
e acordados entre os envolvidos, e caso não haja acordo,
arbitrados por entidade neutra que, dentro dos moldes dos
procedimentos do RGQ, pode ser a própria Entidade
Aferidora de Qualidade. Quanto às possíveis alegações de
desbalanceamento de custos das Operadoras pela
implementação dos novos procedimentos, a diluição
desses custos ao longo da implantação e operação não
deverá ter impacto nos preços, visto que os processos
depois que entrarem em regime de aferição, como em
toda implantação de uma nova rede, acabarão
amortizados. Portanto, tanto para o RGQ do SCM quanto
para o RGQ do SMP, as entidades representantes da
sociedade civil infra-assinadas não concordam com a
anulação dos indicadores solicitados pela Oi, ou
eventualmente por qualquer outra Operadora. Além disso,
tendo em vista que as consultas públicas dos
Regulamentos em questão já haviam terminado, e que a
Anatel já os havia emitido pelas resoluções 574 e 575 /
2011, entendemos que todos os procedimentos e prazos
constantes dos Regulamentos devam ser rigorosamente
mantidos e atendidos tanto pela Anatel como pelas
Operadoras. Francis Bogossian Presidente do Clube de
Engenharia Rosa Leal Presidente do Instituto Telecom
Marcello Miranda Membro do Conselho Consultivo da
Anatel Marcos Dantas Vice-Presidente da União Latina
de Economia Política da Informação, Comunicação e
Cultura - Capítulo Brasil (ULEPICC-Br) Teresa
Trautman Diretora Presidente da CONCEITO A em
Audiovisual S / A
Contribuição N°: 103
ID da Contribuição: 58347
Autor da Contribuição: Fernando Di Pietro Cordenonssi
Data da Contribuição: 31/01/2012 10:33:14
Contribuição: Rogo que o Regulamento em questão não seja anulado.
Justificativa:
A regulamentação em questão é essencial ao Brasil em
razão da exigência de critérios de qualidades a serem
atendidos pelas prestadoras de SCM, serviço este
fundamental ao crescimento da economia e que não pode
ficar com a qualidade em padrão inferior ao estabelecido
na regulamentação ora atacada.
Contribuição N°: 104
ID da Contribuição: 58349
Autor da Contribuição: Marcelo Henrique Borges
Data da Contribuição: 31/01/2012 13:38:33
Contribuição:
A proposta da Oi de adotar um sistema de qualidade é
válida e muito boa, contudo, não deve ser implantada sem
a adoção de metas de qualidade!
Justificativa:
A Oi se baseia em práticas internacionais, entretanto o
Brasil não oferece a mesma qualidade de conexão que tais
países, em que a velocidade mínima de conexão pode
chegar a 30 mbps. A proposta da Oi de adotar um sistema
de qualidade é válida e muito boa, contudo, não deve ser
implantada sem a adoção de metas. Metas também geram
transparência pois mostram o esforço das companhias de
telecom em aperfeiçoar seus serviços. As operadoras têm
a obrigação de buscar atingir tais metas dentro de sua
competência e de seu core-business! Como cidadão
brasileiro reitero minha refuta à este pedido feito pela OI.
Contribuição N°: 105
ID da Contribuição: 58364
Autor da Contribuição: Lourenço Teixeira Cardoso
Data da Contribuição: 01/02/2012 09:41:41
Contribuição:
A sociedade brasileira tem o direito a servços de
comunicação com um mínimo de qualidade. É a função
da agência reguladora garantir isso. o texto questionado
pretende apenas ser um instrumento de garantia de
qualidade de serviço que é obrigação mínima contratual
das empresas prestadoras de serviço.
Justificativa:
As empresas prestadoras de serviço nas áreas
comunicação por internet e telefonia, oferecem um dos
piores servços do mundo aos cidadãos brasileiros. Se
comparadas às prestações de serviços nos países com
índice de desenvolvimento técnico científico próximo ao
de nosso país, é o pior atendimento com sobras. O custo
dos serviços, inversamente à qualidade, é um dos maiores
do mundo, Questionar a regra de garantia mínima de
qualidade somente não é rematada loucura por que seu
objetivo, mais que impedir a agência de controle
estabelecer regras, é postergar e usar artifícios
protelatórios a fim de se aproveitar de algum descuido da
sociedade.
Contribuição N°: 106
ID da Contribuição: 58382
Autor da Contribuição: Alexandre Elias de Andrade Oliveira
Data da Contribuição: 01/02/2012 12:27:35
Contribuição: xx
Justificativa: xx
Contribuição N°: 107
ID da Contribuição: 58400
Autor da Contribuição: FLÁVIA LEFÈVRE GUIMARÃES
Data da Contribuição: 01/02/2012 12:40:03
Contribuição:
A PROTESTE ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
DEFESA DO CONSUMIDOR, vem oferecer suas
contribuições para o processo de análise dos pedidos
formulados pela TNL PCS S.A. (OI), que pretende anular
dispositivos estabelecidos pelas Resoluções 574&
8725;2011 e 575& 8725;11, fixando metas de qualidade a
serem observadas pelos prestadores dos referidos
serviços. I A MÁ QUALIDADE DO SERVIÇO DE
BANDA LARGA NO BRASIL 1. É pública e notória a
baixa qualidade do serviço de comunicação de dados,
denominado pela ANATEL de Serviço de Comunicação
Multimídia SCM e conhecido pelo público em geral como
banda larga. 2. É também consenso que o SCM tem sido
ofertado no mercado a preços altíssimos, mesmo que
descontada a alta carga tributária incidente para a
prestação do serviço. 3. Os preços praticados são
extorsivos e, principalmente, são desproporcionais à
qualidade de serviço ofertada. 4. Além disso, até agora, a
ANATEL permitiu que as operadoras do SCM ofertassem
10% da velocidade prometida ao consumidor, sem que
esta prática configurasse irregularidade. II A ATUAÇÃO
REGULATÓRIA QUANTO AO SCM 5. Diante do
crescimento da demanda pelo referido serviço, bem como
da edição do Plano Nacional de Banda Larga Decreto
7.175& 8725;2010 e do Plano Geral de Metas de
Universalização Decreto 7.512& 8725;2011, a ANATEL
ficou incumbida de adotar, até 31 de outubro de 2011, as
medidas regulatórias necessárias para estabelecer padrões
de qualidade para serviços de telecomunicações que
suportam o acesso à Internet em banda larga, definindo,
entre outros, parâmetros de velocidade efetiva de conexão
mínima e média, de disponibilidade do serviço, bem
como regras de publicidade e transparência que permitam
a aferição da qualidade percebida pelos usuários . 6.
Cumprindo a determinação do decreto acima transcrito, a
ANATEL instaurou Consulta Pública 46, em agosto de
2011, a fim de receber contribuições para a fixação de
metas para o serviço de acesso à internet. 7. Encerrado o
período de contribuições, foram editadas as Resoluções
aprovando os Regulamentos de Gestão de Qualidade do
SCM e do SMP. 8. O processo de discussão sobre as
metas propostas pela ANATEL foi intenso, com forte
conflito entre os interesses dos consumidores
representados por diversas entidades, entre elas a
PROTESTE, e das empresas autorizadas para a prestação
dos serviços. 9. Editada a norma e prevalecendo as metas
de qualidade propostas no processo de Consulta Pública,
os consumidores comemoraram os direitos que lhes foram
atribuídos pela agência e que passarão a viger a partir de
novembro de 2012. III O PEDIDO DA OI E SUA
REPERCUSSÃO 10. A OI, em 30 de novembro de 2011
protocolou na ANATEL dois pedidos de anulação de
diversos dispositivos relativos às Resoluções 574&
8725;2011 e 575& 8725;2011. 11. A ANATEL, além de
admitir o pedido, promoveu a publicação de Edital de
Notificação, com fundamento no art. 67, inc. IV , do
Regimento Interno da agência, aprovado pela Resolução
270& 8725;2001, em 12 de janeiro deste ano, a fim de
obter manifestações a respeito do pedido da OI, tendo em
vista o impacto coletivo da pretensão que lhe fora
apresentada. 12. Oportuno informar, ainda, que a
ANATEL enviou aos principais órgãos de defesa do
consumidor do país Ofício, dando às entidades
conhecimento direto da questão e abrindo oportunidade
para suas manifestações. 13. Vale destacar, entretanto,
que em inúmeras outras oportunidades a agência, a
despeito de ter recebido pedidos de anulação com
potencial de grande impacto para o interesse de terceiros e
para toda a coletividade, os recebeu e negou acolhimento,
sem notificar o público para manifestações. 14. A própria
OI, na petição que apresentou a ANATEL, faz menção a
um pedido formulado pela Brasil Telecom para anulação
da Resolução 458& 8725;2007, que aprovou o
Regulamento de Remuneração de uso de Redes de
Prestadoras do Serviço de Telefone Fixo Comutado, com
indiscutível impacto para o interesse coletivo, mas não
houve chamamento do público para contribuições. 15. A
PROTESTE, em 30 de novembro de 2011, protocolou na
ANATEL pedido para que a agência reconhecesse a
nulidade do Informe das Multas e, pelo menos até hoje,
não teve conhecimento de que este ato tenha originado a
intimação dos interessados e sequer recebeu qualquer
resposta ou notícia da instauração de processo para o
encaminhamento do assunto. 16. Em face da grande
repercussão da conduta adotada pela ANATEL para tratar
do tema, a ANATEL resolveu instaurar A Consulta
Pública n 2& 8725;2012, com prazo de contribuições até
1 de fevereiro, para obter contribuições. 17. No último dia
30 de janeiro, a Campanha Banda Larga é um Direito Seu
promoveu mobilização da sociedade contra o pedido da
OI. O resultado da campanha foi de grande significado,
com o envio de milhares de e-mails a agência e a OI,
sendo que o protesto ficou como o assunto mais
comentado no twitter. 18. Ou seja, a sociedade não quer
perder essa rara conquista que obteve junto a ANATEL,
com as Resoluções 574 e 575 de 2011, que garantem
padrões de qualidade ao serviço de comunicação de dados
a partir de novembro de 2012. IV O PRINCÍPIO DA
EFICIÊNCIA 19. A PROTESTE, assim como outros
órgãos de defesa do consumidor, vê com temor e
desconfiança o tratamento que a ANATEL está dando ao
pedido da OI. 20. Isto porque a administração pública já
promoveu enorme esforço e despendeu significativos
recursos financeiros e humanos para as Consultas
Públicas que culminaram com a edição nas normas
questionadas pela OI. 21. A princípio, é razoável
expectativa de que a agência, que se caracteriza pelo
domínio das questões técnicas das telecomunicações, ao
fixar as normas impugnadas pela OI, depois de ter ouvido
as razões dos operadores de serviços que coincidem com
as razões que a OI apresenta no seu pedido de anulação
das Resoluções, não mudará de opinião. 22. Todo o
trabalho de análise dos fundamentos invocados pela OI já
foi feita na oportunidade das consultas públicas e, com
fundamento no princípio da eficiência, é correto concluir
que a análise das mesmas questões já apresentadas no ano
passado não levará a resultados diferentes. 23. Valiosa,
neste sentido, a lição de Hely Lopes Meirelles: A
eficiência funcional é, pois, considerada em sentido
amplo, abrangendo não só a produtividade do exercente
do cargo ou da função com perfeição do trabalho e sua
adequação técnica aos fins visados pela Administração,
para o quê se avaliam os resultados, confrontam-se os
desempenhos e se aperfeiçoa o pessoal através de seleção
e treinamento. Assim, a verificação da eficiência atinge os
aspectos quantitativo e qualitativo do serviço, para
aquilatar seu rendimento efetivo, do seu custo operacional
e da sua real utilidade para os administrados e para a
Administração. Tal controle desenvolve-se, portanto, na
tríplice linha administrativa, econômica e técnica. Neste
ponto, convém assinalar que a técnica é, hoje, inseparável
da Administração e se impõe como fator vinculante em
todos os serviços públicos especializados, sem admitir
discricionarismos ou opções burocráticas nos setores em
que a segurança, a funcionalidade e o rendimento
dependam de normas e métodos científicos de
comprovada eficiência . 24. Ou seja, é correta a conclusão
de que a discussão do tema na esfera administrativa está
exaurida, de modo que, se a OI pretende questionar o ato
da ANATEL, deve se valer do Poder Judiciário. 25. A
conduta da ANATEL nos parece temerária e embasada
em argumento de natureza meramente burocrática, na
medida em que inaugura a oportunidade para o
questionamento renitente das normas que venha a editar,
o que pode trazer desprestígio e enfraquecimento de suas
competências regulatórias e fiscalizatórias. 26. Ademais,
a conduta adotada pela agência abre a oportunidade para
que se ponha a perder as importantes conquistas expressas
nas resoluções impugnadas, em desrespeito ao referido
princípio da eficiência, bem como ao direto ao direito do
consumidor. V A INVALIDADE DOS
FUNDAMENTOS INVOCADOS PELA OI V.1 AS
COMPETÊNCIAS DA ANATEL E OS SERVIÇOS
PRETADOS EM REGIME PRIVADO 27. A OI
fundamenta seus pedidos basicamente sobre o argumento
de que os regulamentos em questão tratam de serviços
prestados em regime privado e que, por força deste fato,
seria descabida a imposição de metas que só poderiam ser
impostas para serviços prestados em regime público. 28.
Este fundamento não tem consistência. Independente do
regime a que venha a se submeter o serviço, o fato é que,
de acordo com o art. 21, inc. XI, da Constituição Federal,
é atribuição exclusiva da União Federal - explorar,
diretamente ou mediante autorização, concessão ou
permissão, os serviços de telecomunicações . 29. Ou seja,
ao tratarmos do serviço de comunicação de dados,
estamos falando de um serviço público, cuja atribuição de
garantia de acesso e condições de prestação é do Poder
Público, nos termos do art. 175, da Constituição Federal:
Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente
ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através
de licitação, a prestação de serviços públicos . 30.
Também a Lei Geral de Telecomunicações atribui a
ANATEL poderes para definir regras para os serviços de
telecomunicações, independente do regime em que sejam
prestados, nos termos do art. 19, inc. X: expedir normas
sobre prestação de serviços de telecomunicações no
regime privado . 31. Relevantes para reforçar o
descabimento do pedido da Oi, ainda, os arts. 127, 128 e
130, da LGT, que tratam da disciplina correspondente à
exploração dos serviços em regime provado: Art. 127. A
disciplina da exploração dos serviços no regime privado
terá por objetivo viabilizar o cumprimento das leis, em
especial das relativas às telecomunicações, à ordem
econômica e aos direitos dos consumidores, destinando-se
a garantir: I - a diversidade de serviços, o incremento de
sua oferta e sua qualidade; II - a competição livre, ampla e
justa; III - o respeito aos direitos dos usuários; IV - a
convivência entre as modalidades de serviço e entre
prestadoras em regime privado e público, observada a
prevalência do interesse público; V - o equilíbrio das
relações entre prestadoras e usuários dos serviços; VI - a
isonomia de tratamento às prestadoras; VII - o uso
eficiente do espectro de radiofreqüências; VIII - o
cumprimento da função social do serviço de interesse
coletivo, bem como dos encargos dela decorrentes; IX - o
desenvolvimento tecnológico e industrial do setor; X - a
permanente fiscalização. Art. 128. Ao impor
condicionamentos administrativos ao direito de
exploração das diversas modalidades de serviço no
regime privado, sejam eles limites, encargos ou sujeições,
a Agência observará a exigência de mínima intervenção
na vida privada, assegurando que: I - a liberdade será a
regra, constituindo exceção as proibições, restrições e
interferências do Poder Público; II - nenhuma autorização
será negada, salvo por motivo relevante; III - os
condicionamentos deverão ter vínculos, tanto de
necessidade como de adequação, com finalidades públicas
específicas e relevantes; IV - o proveito coletivo gerado
pelo condicionamento deverá ser proporcional à privação
que ele impuser; V - haverá relação de equilíbrio entre os
deveres impostos às prestadoras e os direitos a elas
reconhecidos. Art. 130. A prestadora de serviço em
regime privado não terá direito adquirido à permanência
das condições vigentes quando da expedição da
autorização ou do início das atividades, devendo observar
os novos condicionamentos impostos por lei e pela
regulamentação. Parágrafo único. As normas concederão
prazos suficientes para adaptação aos novos
condicionamentos. V.2 O CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR 32. O Código de Defesa do Consumidor,
por sua vez, também respalda a atividade do órgão
regulador, quando vem no sentido de estabelecer
parâmetros de qualidade condizentes com o interesse
coletivo e abrangência do serviço ou produto regulado.
33. O art. 4 , do Código de Defesa do Consumidor, que
trata dos fundamentos e princípios da Política Nacional
das Relações de Consumo, estabelece que: A POLÍTICA
NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO TEM
POR OBJETIVO O ATENDIMENTO DAS
NECESSIDADES DOS CONSUMIDORES, O
RESPEITO À SUA DIGNIDADE, SAÚDE E
SEGURANÇA, A PROTEÇÃO DE SEUS INTERESSES
ECONÔMICOS, A MELHORIA DA SUA
QUALIDADE DE VIDA, BEM COMO A
TRANSPARÊNCIA E HARMONIA DAS RELAÇÕES
DE CONSUMO, ATENDIDOS OS SEGUINTES
PRINCÍPIOS: VII - RACIONALIZAÇÃO E
MELHORIA DOS SERVIÇOS PÚBLICOS. 34.
Considerando que este dispositivo legal impõe deveres&
8725;poderes especialmente aos entes formuladores e
implementadores de políticas públicas, é inequívoco o
poder da ANATEL órgão técnico especialmente para
estipular parâmetros de qualidade. 35. E no caso do
serviço de comunicação de dados, com muito mais razão,
na medida em que, na verdade, como a PROTESTE junto
com dezenas de outras entidades da sociedade civil
reunidas na Campanha Banda Larga é um Direito Seu,
este serviço deveria ser incluído pelo Ministério das
Comunicações no regime público, nos termos do art. 65, 1
, da LGT. 36. Trata-se indiscutivelmente de serviço de
interesse coletivo e essencial, com papel estratégico tanto
para o desenvolvimento social quanto econômico.
Portanto, o Poder Público deve atuar para garantir uma
prestação adequada do serviço. 37. Nessa direção,
importante considerar o que dispõem os arts. 20, 22 e 39
do mesmo Código de Defesa do Consumidor, quanto
padrões de qualidade de serviços, especificamente, sobre
os serviços públicos, bem como sobre práticas abusivas:
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios
de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou
lhes diminuam o valor, assim como por aqueles
decorrentes da disparidade com as indicações constantes
da oferta ou mensagem publicitária, podendo o
consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: 2
SÃO IMPRÓPRIOS OS SERVIÇOS QUE SE
MOSTREM INADEQUADOS PARA OS FINS QUE
RAZOAVELMENTE DELES SE ESPERAM, BEM
COMO AQUELES QUE NÃO ATENDAM AS
NORMAS REGULAMENTARES DE
PRESTABILIDADE. Art. 22. Os órgãos públicos, por si
ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou
sob qualquer outra forma de empreendimento, são
obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes,
seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. Parágrafo
único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das
obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas
jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos
causados, na forma prevista neste código. Art. 39. É
vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre
outras práticas abusivas: V - exigir do consumidor
vantagem manifestamente excessiva; 38. Sendo assim, a
OI não pode pretender se eximir de cumprir padrões de
qualidade que garantam a qualidade ao comercializar um
serviço que ela mesma designa de Banda Larga, pois a
própria designação cria a expectativa justificada e
razoável no consumidor de que poderá acessar a internet
de forma rápida, com a possibilidade de realizar
download e upload com velocidades condizentes com a
natureza do serviço. 39. Ademais deve haver
correspondência entre preço cobrado e qualidade ofertada,
sob pena de se configurar a prática abusiva, na medida em
que, havendo preços escorchantes como é o caso do
Brasil e nível de qualidade degradada, a equação do
equilíbrio contratual entre as partes estará desrespeitada,
com vantagem excessiva para o fornecedor. 40. Sendo
assim, são risíveis as interpretações tecidas pela OI em
seu pedido de anulação calcadas no Código de Defesa do
Consumidor, no sentido de que basta informar ao
consumidor que o serviço será prestado em padrão de
qualidade de péssima qualidade, para que os direitos dos
usuários estejam atendidos. 41. Fosse assim, as atividades
regulatória e normativa atribuídas ao Poder Público
seriam absolutamente desnecessárias, interpretação esta
em total descompasso com nosso ordenamento jurídico,
como se pode depreender do que dispõe o art. 174, da
Constituição Federal, com o seguinte teor: Art. 174.
Como agente normativo e regulador da atividade
econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções
de fiscalização, incentivo e planejamento, SENDO ESTE
DETERMINANTE PARA O SETOR PÚBLICO e
indicativo para o setor privado . 42. Vazios, por
conseguinte, os argumentos da OI, quando alega que sua
pretensão tem amparo no Código de Defesa do
Consumidor, ou, ainda, quando afirma que a atuação da
ANATEL neste caso padece de vício de motivação. V.3 O
CLAMOR DA SOCIEDADE POR PADRÕES DE
QUALIDADE PARA O SERVIÇO DE
COMUNICAÇÃO DE DADOS E ÀS FALÁCIAS DA OI
43. A ANATEL deve atender às demandas da sociedade.
As contribuições ofertadas pelos órgãos de defesa do
consumidor e de direito à comunicação, bem como os
índices de reclamações nos PROCONS de todo Brasil,
são mais do que suficientes para revelar o enorme grau de
insatisfação e problemas, que chegam ao Poder Judiciário.
44. Por conseguinte, não falta motivação a justificar as
regras definidas pela ANATEL. Recente matéria
publicada pelo jornal Valor Econômico reforça o desgaste
e conflito existentes na relação de consumidores e
fornecedores do serviço de comunicação de dados por
conta da má qualidade da prestação do serviço. Vejamos:
Percepção de qualidade é diferente para teles e clientes
empresariais Por Talita Moreira De São Paulo Operadoras
de telefonia e grandes clientes empresariais têm
percepções diferentes sobre a qualidade dos serviços
prestados pelas teles, revela pesquisa feita pela
consultoria Frost & Sullivan obtida pelo Valor. Dois
terços das companhias de grande porte afirmam que
enfrentam falhas técnicas na prestação de serviços de
telefonia ao menos ocasionalmente. No entanto, a maior
parte das operadoras (55%) avalia que menos de 5% das
demandas de seus assinantes empresariais deixam de ser
atendidas. A divergência está relacionada aos critérios
diferentes que companhias e operadoras adotam para
medir a qualidade dos serviços, mas deixa evidente um
problema nessa relação entre fornecedor e assinante. Os
clientes corporativos são muito exigentes e conseguem
fazer um monitoramento dos problemas em tempo real.
As operadoras têm dificuldade para enxergar isso porque
os parâmetros que adotam são suficientes para outros
tipos de assinantes , observa Nelson Wang, vice-
presidente da Amdocs Brasil. Foi a empresa, que presta
serviços para operadoras de telefonia, que encomendou a
pesquisa. O estudo foi feito com executivos de empresas e
de operadoras em seis países: Brasil, Estados Unidos,
Canadá, Alemanha, França e Reino Unido. A pesquisa foi
encomendada pela Amdocs para balizar o lançamento de
dois softwares para gerenciar os serviços prestados pelas
operadoras aos assinantes empresariais. Um deles permite
que o cliente faça um autogerenciamento de sua conta. O
outro tem como proposta simplificar a ativação de
serviços solicitados pelos clientes. O levantamento
também mostra que nem sempre o preço é determinante
quando a empresa vai escolher uma prestadora de
serviços de telefonia. Para 85% das grandes corporações
(com ao menos mil funcionários), o fator mais importante
na hora de contratar uma operadora é que ela ofereça um
suporte técnico eficiente. Da mesma maneira, a
insatisfação com o atendimento prestado - e não uma
oferta melhor da concorrência - é o motivo que leva as
grandes companhias a trocar de operadora. O preço se
torna relevante para as companhias de menor porte: 80%
delas apontam essa razão como determinante na escolha
de uma prestadora. Na percepção das teles, a má
qualidade na oferta dos serviços é o principal motivo para
um assinante empresarial migrar para a concorrência.
Esse item foi mencionado por 45% dos executivos das
operadoras que responderam à pesquisa. Uma parcela de
36% apontou o atendimento insatisfatório como outra
razão para cancelamentos. O levantamento joga luz sobre
um segmento que representa um terço do mercado
mundial de telecomunicações e movimentou US$ 605
bilhões em 2010, conforme detectou o estudo. Fica claro
que os clientes empresariais precisam de um atendimento
especial , afirma Wang. Apesar da divergência de
expectativas entre assinantes e prestadoras, o executivo
avalia que as teles começam a se dar conta da importância
desse mercado. As operadoras estão percebendo isso e
começam a buscar soluções. 45. Evidente, portanto, a
razoabilidade da metodologia escolhida pela ANATEL
para o controle da qualidade do serviço levando também
em conta a percepção do consumidor. 46. Ainda que o
artigo acima se refira a grandes consumidores
corporativos, o certo é que esse resultado se repete se o
universo pesquisado for o dos consumidores residenciais,
o que reforça o cabimento e razoabilidade das regras
impostas pela ANATEL, com respaldo em Decreto
Presidencial, como se viu acima. V.3.A AS RESPOSTAS
DA CAMPANHA BANDA LARGA É UM DIREITO
SEU A OI 47. O resultado da mobilização da sociedade
contra o pedido da OI incomodou a empresa, que resolveu
divulgar nota de esclarecimento sobre seus pedidos. Mas
a campanha respondeu, nos seguintes termos: Em reação
à mobilização ocorrida ontem (30 / 01), a Oi criou um
hotsite para afirmar que é a favor da medição da
qualidade na banda larga. A Campanha Banda Larga é um
direito seu! apresenta aqui uma resposta detalhada ao
comunicado da empresa. Oi -- A Oi é favorável à medição
de qualidade na banda larga. Companhia defende o
estabelecimento de padrões classificatórios e rankings de
desempenho das empresas para divulgação transparente,
que permita melhor escolha dos usuários como é feito em
outros países. CBLDS -- O título é falacioso. A Oi é
favorável à medição, mas tenta derrubar as metas e
punições. Isto é, a empresa defende a medição para efeito
informativo. A operadora é contra metas obrigatórias para
indicadores de rede e questiona os dois regulamentos por
vícios de motivação . A Oi defende apenas a medição
para fins de divulgação dos resultados, sem que índices
ruins signifiquem qualquer punição à empresa. Segundo
ela, isso permitiria aos consumidores escolherem a
melhor prestadora e a empresa já sentiria o efeito dos
maus resultados. Porém, em mais de 90% dos municípios
brasileiros, não há concorrência nem no serviço fixo nem
no móvel. Isto é, o consumidor não tem qualquer opção.
Em seu pedido, a operadora se coloca praticamente
contrária à existência, em si, de metas obrigatórias,
alegando que o serviço é prestado em regime privado. A
afirmação desconsidera a competência da Anatel em
exigir qualidade de um serviço público de interesse
coletivo, conforme a Constituição Federal, e ignora o
artigo 127 da Lei Geral de Telecomunicações, que aponta
a qualidade como um dos fatores que podem ser exigidos
no regime privado. Sem dúvida seria positivo que a banda
larga fosse posta em regime público, para que se pudesse
exigir a universalização do serviço e o controle de tarifas,
mas as metas de qualidade são perfeitamente compatíveis
com o regime privado. Oi -- A Oi propôs e formalizou na
Anatel a adoção de um sistema de medição de qualidade
da rede de banda larga, bem como a divulgação dessa
medição, por entidade independente, como medida de
transparência para melhorar a percepção dos
consumidores. A proposta feita à Anatel seguiu os
padrões técnicos adotados na Europa e nos Estados
Unidos e contou com amplo respaldo de estudos de
consultorias especializadas. Além disso, a companhia
participou em 2010 do primeiro teste, realizado pelo
Inmetro em parceria com a Anatel, que apontou a rede da
Oi como um dos melhores indicadores de qualidade.
CBLDS -- A percepção dos usuários é diferente daquela
apresentada pela empresa. No serviço móvel, por
exemplo, os líderes de reclamação (na proporção por
acessos em serviço) são a Brasil Telecom e a Oi Celular,
como apontam dados da Anatel de outubro de 2011.
Também o relatório de reclamações fundamentadas dos
Procons de 2010 mostra a Oi como a empresa com mais
reclamações relativas ao serviço de internet, com elevada
proporção de reclamações não atendidas (44,46%). Além
disso, a adoção de parâmetros de medição não se limita a
dar ao usuário um instrumento de percepção, mas de
controle para poder exigir que o serviço contratado seja
efetivamente ofertado pela operadora. O que o
regulamento quer é dar instrumentos concretos que
permitam ao usuário exercer seu direito de consumidor, e
é exatamente isso que a Oi busca derrubar. Em relação ao
teste pioneiro realizado pelo CGI, Inmetro e Anatel, a
iniciativa contou com a participação voluntária das
empresas e, por acordo com elas, teve como cidades
pesquisadas apenas São Paulo, Belo Horizonte e Rio de
Janeiro. A aplicação das mesmas regras da pesquisa ao
serviço prestado em todo o país sem dúvida revelará um
cenário diferente. Consideramos ainda inadequada a
comparação feita pela Oi, em seu pedido, com o caso do
Reino Unido, uma vez que naquele país há oito empresas
competindo em todo o território, pelo menos cinco delas
de grande porte. No Brasil, em 90% dos municípios não
há competição nem na banda larga fixa nem na móvel. Se
a prestadora não oferece um serviço de qualidade, o
consumidor não tem opção. Oi -- O questionamento da
companhia enviado à Anatel diz respeito ao
estabelecimento de metas que não dependem
exclusivamente das operadoras de telecom, já que o
desempenho está atrelado a diversos outros fatores, que
podem afetar o funcionamento do serviço final, como: a
característica do site que está sendo acessado, conexões
internacionais, redes de outras empresas, o servidor e o
próprio computador utilizados pelo consumidor, entre
outros. Há estudos técnicos de respeitáveis entidades que
respaldam esse conceito. O procedimento regulatório até
aqui praticado é o de obter medições estatisticamente
consistentes, previamente à discussão de metas. CBLDS -
- A medição da Anatel que servirá à verificação do
cumprimento dos regulamentos de qualidade será feita
por aparelhos dedicados instalados em pontos de medição
definidos previamente. Os problemas citados pela
prestadora não comprometem o resultado da medição
feita nestes moldes. Aliás, a Anatel alterou os
regulamentos para contemplar esta preocupação da
empresa, já que o texto original previa que a medição
fosse feita através de um software instalado no
computador do usuário e que estaria sujeito a
interferências. Além disso, a necessidade de oferecer um
serviço com determinados parâmetros de qualidade ao
usuário final levará a empresa a não subestimar a
contratação de capacidade de banda das redes de outras
empresas e conexões internacionais, pressionando a
qualidade nesses outros segmentos, o que é uma
consequência positiva do regulamento da Anatel. Oi --
Não é prática internacional o estabelecimento de metas de
uma rede que utiliza premissas estatísticas para o
dimensionamento das ofertas de banda larga, uma vez que
o próprio uso estatístico é dinâmico e evolutivo, pois
depende da carga dos conteúdos de texto, áudio ou vídeo.
CBDLS -- Há uma ampla discussão internacional quanto
à qualidade da banda larga e à necessidade de se
aproximar as velocidades anunciadas / contratadas das
efetivamente entregues. Os países estão avaliando suas
práticas e estabelecendo modelos regulatórios que
respondam à sua realidade. No Brasil, além de termos um
mercado concentrado, temos as empresas de
telecomunicações no topo dos rankings de reclamações,
especialmente a Oi. Não podemos aceitar que vingue o
entendimento de que o órgão regulador das
telecomunicações no Brasil não tem competência para
estabelecer regras relativas à qualidade do serviço. A
Anatel, há anos, aprova metas de qualidade para os
serviços de telecomunicações. Já há planos de metas de
qualidade para a telefonia fixa, telefonia móvel e TV por
assinatura, aplicáveis tanto às autorizadas em regime
privado quanto às concessionárias em regime público (no
caso da telefonia fixa). Os regulamentos para banda larga
já vêm tarde. Além disso, a Oi apresenta o
questionamento de que a Anatel teria considerado sua
rede como determinística, mesmo sendo uma rede
estatística. A afirmação se mostra inverídica ao analisar
os indicadores de rede determinados. A velocidade
mínima medida deve ficar entre 20%-40% (metas
escalonadas a cada ano) da máxima em 95% dos casos, a
média deve ficar entre 60% e 80% (no mesmo
escalonamento de implantação). Se a rede fosse tratada
como determinística, não haveria motivo de ter
velocidades mínimas ou médias menores que a velocidade
vendida como máxima. Oi -- Por fim, no caso do serviço
móvel de banda larga, os países, de forma generalizada,
não adotam metas de banda garantida, por conta da
inviabilidade técnica dessa garantia, decorrente da
mobilidade característica do serviço. Durante o processo
de Consulta Pública que precedeu o Regulamento, não foi
dado ao conhecimento público eventual estudo técnico
que justificasse tal medida, com a devida avaliação de
impactos. CBLDS -- A medição do serviço móvel deve
ser feita dentro da área atendida pela empresa, portanto já
considerada a mobilidade característica do serviço. Oi --
O pedido de revisão do Regulamento feito pela
companhia é direito previsto no Regimento da Agência,
que o legitima, já tendo sido exercido no setor em outras
oportunidades. A solicitação de Anulação é um termo
regimental da Anatel, utilizado em qualquer tipo de
alteração solicitada, e o objetivo da Oi é aprimorar o
regulamento conforme padrões internacionais. CBDLS --
Anulação não é aqui apenas um termo regimental. No
pedido relativo à banda larga fixa, a empresa pede a
anulação de sete artigos e a revisão de outros quatro. No
pedido relativo à banda larga móvel, há o pedido de
anulação de quatro artigos e a revisão de outros dez.
Mesmo o termo revisão aqui é um eufemismo, já que as
mudanças propostas, se aceitas, esvaziariam de sentido os
artigos modificados. Oi -- A Oi reitera o seu compromisso
com a qualidade e com o consumidor e acredita que o
regulamento de qualidade da Anatel possa ser aprimorado
seguindo os padrões internacionais. CBLDS -- A
Campanha Banda Larga é um Direito seu! considera que
o pedido da Oi reitera justamente a indisposição da
empresa em assumir metas de qualidade e acredita que os
regulamentos de qualidade da Anatel devem ser mantidos
de acordo com o aprovado em outubro último. VI O
PEDIDO DA OI NÃO TEM EFEITO SUSPENSIVO 48.
Por último, fundamental destacar que não há previsão
regimental para que o pedido formulado pela OI implique
e suspensão do prazo estabelecido nas resoluções para a
entrada em vigor dos parâmetros de qualidade. 49. Ou
seja, os descabidos pedidos da OI não podem servir de
artifício para procrastinar o prazo de novembro de 2012
para que as normas entrem em vigor. 50. Diante de todo o
exposto, aguarda a PROTESTE sejam indeferidos os
pedidos da OI. Flávia Lefèvre Guimarães OAB / SP
124.443
Justificativa:
Pretendemos que o pedido da OI seja indeferido, por
entender que a edição das regras de qualidade estão
respaldadas pela Constituição Federal e legislação
específica.
Contribuição N°: 108
ID da Contribuição: 58402
Autor da Contribuição: Wilton de Serpa Monteiro
Data da Contribuição: 01/02/2012 15:04:50
Contribuição:
Entendo ser pertinente e oportuno afirmar que a Anatel
deve, sem pestanejar ou vacilar, desconsiderar por
completo essa intromissão e inversão de papéis proposto
pela TNL PCS, pois o fiscalizado deve se sujeitar e
obedecer o regramento vigente, ainda mais por tratar-se
de artigos que tratam da Qualidade do serviço prestado,
onde a Anatel é signatária do Sistema jurídico de proteção
dos direitos do consumidor.
Justificativa:
Conforme está escrito na Lei Geral de Telecomunicações
- LGT: art 2 O Poder público tem o dever: I - garantir, a
toda a população, o acesso às telecomunicações, a tarifas
e preços razoáveis, EM CONDIÇÕES ADEQUADAS.
art.3 O USUÁRIO DE SERVIÇOS DE
TELECOMUNICAÇÕES TEM DIREITO: I - de acesso
aos serviços de telecomunicações, COM PADRÕES DE
QUALIDADE e regularidade adequados à sua natureza,
em QUALQUER PONTO DO TERRITÓRIO
NACIONAL. art.127 A disciplina da exploração dos
SERVIÇOS NO REGIME PRIVADO TERÁ POR
OBJETIVO VIABILIZAR O CUMPRIMENTO DAS
LEIS, em especial das relativas às telecomunicações, à
ordem econômica e aos DIREITOS DOS
CONSUMIDORES, destinando-se a garantir: I - ..., o
incremento de sua oferta e QUALIDADE.
Contribuição N°: 109
ID da Contribuição: 58454
Autor da Contribuição: Pedro Dutra
Data da Contribuição: 01/02/2012 17:01:54
Contribuição: Vide contribuição acima.
Justificativa: Vide justificativa acima.
Contribuição N°: 110
ID da Contribuição: 58473
Autor da Contribuição: Alexander Castro
Data da Contribuição: 01/02/2012 19:18:37
Contribuição:
1 - Considerações Iniciais O SindiTelebrasil apresenta as
suas contribuições à Consulta Pública 02 / 2012, onde
defende que a ANATEL estabeleça condições que devam
ser observadas pelas operadoras dos serviços de
telecomunicações de forma a garantir a qualidade do
serviço percebido pelo usuário, mas que os Instrumentos
utilizados para esta finalidade sejam revestidos dos
princípios básicos previstos na Lei geral de
Telecomunicações, em seus Artigos 38 e 135, quais sejam
da razoabilidade, da proporcionalidade e da igualdade.
Art. 38. A atividade da Agência será juridicamente
condicionada pelos princípios da legalidade, celeridade,
finalidade, razoabilidade, proporcionalidade,
impessoalidade, igualdade, devido processo legal,
publicidade e moralidade. Art. 135. A Agência poderá,
excepcionalmente, em face de relevantes razões de caráter
coletivo, condicionar a expedição de autorização à
aceitação, pelo interessado, de compromissos de interesse
da coletividade. Parágrafo único. Os compromissos a que
se refere o caput serão objeto de regulamentação, pela
Agência, observados os princípios da razoabilidade,
proporcionalidade e igualdade. 2 - Considerações Gerais
O SindiTelebrasil ao longo das Consultas Públicas 27 e
46 apresentou inúmeras contribuições, a maioria delas
elaboradas por organismos de terceira parte, que trataram
da questão dos indicadores de Conexão à Internet (SMP)
e dos Indicadores de Rede (SCM) de forma isenta e
apenas dedicadas a apresentar uma abordagem técnica
sobre o tema. Entre eles, podemos citar os trabalhos do
CPqD, da Price Waterhouse Coopers e a apresentação
feita pela SAMKNOWS no Seminário de Qualidade de
Banda Larga promovido pelo SindiTelebrasil em 2011,
todos eles entregues à ANATEL ao longo das
mencionadas consultas públicas. Em todos os trabalhos
apresentados ficou demonstrado a dificuldade e até
mesmo a inviabilidade técnica de se garantir velocidades
mínimas ou médias de navegação, além de ter sido
demonstrado que praticamente todas as Administrações
não optaram pelo caminho do intervencionismo e da
ameaça de sancionamento como um modelo para se
alcançar a excelência na oferta do serviço. Conforme será
detalhado ao longo dessa contribuição o Sinditelebrasil
defende que o estabelecimento das metas para os
Indicadores de Rede do SCM e SMP vão demandar
investimentos em volume expressivo, seja para
readequação da rede e da planta de equipamentos atuais,
seja pela revisão dos custos e projetos relativos ao
investimento programado para expansão de rede. O
Sinditelebrasil defende que, com vistas ao aprimoramento
do serviço e dada a sua elevada importância em um
cenário de convergência tecnológica, a ANATEL adote,
de forma similar ao que praticamente todas as
Administrações do mundo adotam, diretrizes gerais de
transparência e baixo grau de intervencionismo. O
SindiTelebrasil defende que sejam realizadas medidas a
partir da metodologia definida no novo Regulamento, e
que os resultados obtidos, de todas as operadoras, para os
indicadores de rede sejam objeto de ampla divulgação
pela ANATEL em seu site. Um modelo diferente do que
foi adotado pela Resolução 575, onde foram estabelecidas
metas extremamente rígidas, a ponto de se definir uma
meta de 80% para a velocidade média de navegação e
40% para a velocidade mínima em relação a velocidade
ofertada, que em função das características do serviço
prestado e das redes que lhe dão suporte propiciarão uma
enxurrada de processos de apuração de descumprimento
de obrigação, mesmo que as empresas invistam fortunas
em suas redes, no sentido de buscar atender estas metas
estabelecidas. Apesar da Oferta de Banda Larga no Brasil
estar experimentando um grande crescimento, seja em
termos de velocidade de acesso, seja em termos de uma
melhor distribuição da oferta desses acessos em todo o
território nacional, ainda temos um longo caminho a
percorrer para colocarmos o Brasil no mesmo patamar das
Administrações que estão no topo do ranking mundial de
oferta de banda larga. Reconhecemos esse fato.
Entretanto, deve ser considerado que o foco
Governamental nos primeiros anos de privatização estava
voltado para a universalização do Serviço Telefônico Fixo
Comutado - STFC e na massificação do Serviço Móvel
Pessoal e os resultados obtidos foram expressivos.
Estamos na década da Banda Larga e dos Serviços
convergentes. Acreditamos que no ritmo que estão sendo
ofertados novos acessos em Banda Larga pelas empresas
que exploram o SCM e o SMP, estimulado pela adoção de
alavancas (políticas públicas) que fomentem a demanda e
a expansão de infraestrutura em todo o território nacional,
o Brasil em 2020 estará muito mais próximo das
Administrações que mais se destacam a nível mundial na
oferta de banda Larga. Não é necessário que a
Administração Brasileira opte pelo caminho solitário do
intervencionismo e da ameaça do sancionamento para
buscar se atingir os mesmos objetivos. É natural que os
organismos de defesa do consumidor tenham se
posicionado favoravelmente a esse modelo aprovado pela
ANATEL nas CP s 27 e 46. Como consumidor queremos
sempre ter a opção do acesso ao serviço, com a melhor
qualidade possível e ao menor preço. Entendemos que
não será diferente agora nesta Consulta Pública. Porém,
acreditamos que cabe ao Órgão Regulador, minimizar a
análise emocional e política do tema e de forma isenta
observar a manutenção principalmente dos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade estabelecidos na
LGT ao estabelecer novos condicionamentos mesmo em
face de relevantes razões de caráter coletivo. É fato que a
ANATEL, em face dos avanços tecnológicos e do
crescimento das necessidades de serviços por parte da
sociedade, pode rever, a qualquer tempo, as metas de
qualidade do serviço, observado o disposto na
regulamentação vigente e nos respectivos Termos de
Autorização. A Resolução 575 é o resultado da revisão do
Plano Geral de Metas de Qualidade do SMP, em vigência
desde 2002. Ocorre que, conforme será detalhado ao
longo dessas contribuições, a Agência, para indicadores
que vem sendo apurados ao longo de 10 anos, em alguns
casos procedeu a alteração de metas e em outros manteve
a meta mas alterou o método de coleta e medição. Como
resultado, chegamos a métricas para os indicadores de
rede que inviabilizam técnica e economicamente a sua
obtenção, conforme será demonstrado nesta contribuição.
Para os indicadores de Conexão de Dados valem os
mesmos comentários que apresentamos anteriormente
para o Serviço de Comunicação Multimídia, agravados
pelas características intrínsecas do serviço móvel, onde
em um determinado momento o terminal pode estar
próximo ou distante da Estação Rádio Base. Também
deve ser considerado, o número de usuários atendidos
pela mesma Estação Rádio Base em um determinado
momento, compartilhando os mesmos recursos
disponibilizados naquela região e que podem reduzir a
velocidade disponibilizada para navegação na Internet. O
Serviço Móvel Pessoal ofertado no Brasil experimenta
uma enorme concorrência. Não é razoável que a
ANATEL adote o caminho inverso ao que seria natural
para um mercado tão competitivo como o nosso do SMP.
Ao invés de gradativamente a Agência buscar a
flexibilização e reduzir a intervenção, para os Indicadores
que vem sendo apurados ao longo de uma década em
áreas de enorme competição e manter os padrões de
qualidade que vinham sendo exigidos para garantir a
qualidade em áreas onde a competição ainda não se
apresenta tão intensa, a ANATEL aperta os indicadores
de qualidade a níveis desproporcionais e não razoáveis,
inclusive em áreas de intensa competição, onde as leis de
mercado têm total condição de regular a oferta. Apenas
para exemplificar, a situação dos indicadores de rede,
tomemos como exemplo o completamento de chamadas.
A meta de 67% foi mantida, porém as chamadas
completadas com mensagem orientativa ou redirecionadas
a caixa postal deixaram de ser computadas como OK. É
da natureza do serviço que o cliente pode estar com seu
telefone desligado, por falta de bateria ou por estar em
alguma reunião ou evento ou mesmo quando não queira
ser incomodado. O nome do serviço é Móvel Pessoal,
assim cabe à pessoa definir se desliga ou não seu celular.
A prestadora nada pode fazer para completar chamadas
destinadas a tais terminais. Nesses casos, a chamada é
interceptada com uma mensagem orientativa ou
redirecionada para a caixa postal, caso o usuário
originador queira deixar algum recado ao destinatário.
Estas chamadas não podem mais ser consideradas como
OK. No caso das chamadas redirecionadas para a caixa
postal, só no caso do usuário ter deixado uma mensagem
é que ela poderá ser considerada completada.
Tecnicamente, as prestadoras não têm como identificar se
o cliente deixa ou não a mensagem. Dessa forma, fica
demonstrado que a ANATEL mudou significativamente e
substancialmente a forma de computar o indicador,
penalizando de forma não razoável as prestadoras e
manteve a meta, o que caracteriza a desproporcionalidade
da medida vez que as prestadoras não têm o que fazer em
casos desse tipo.
Justificativa: Inseridas na contribuição
Contribuição N°: 111
ID da Contribuição: 58478
Autor da Contribuição: Diogo Moyses Rodrigues
Data da Contribuição: 01/02/2012 19:42:47
Contribuição:
CONTRIBUIÇÃO ENVIADA EM NOME DA
CAMPANHA BANDA LARGA É UM DIREITO SEU!
O pedido deve ser desconsiderado na sua integralidade.
Justificativa:
As metas questionadas pela Oi foram amplamente
discutidas e passaram por consulta pública seguindo
tramitação padrão da agência para ações regulatórias,
tendo sido apresentados argumentos similares ao deste
pedido. Sem fatos novos, não há porque rever uma
decisão tomada pelo Conselho Diretor desta agência há
três meses.
Contribuição N°: 112
ID da Contribuição: 58498
Autor da Contribuição: Nara T. Nishizawa
Data da Contribuição: 01/02/2012 21:05:14
Contribuição:
Contribuição de: Magalhães, Nery e Dias Advocacia São
Paulo, 1. de Fevereiro de 2012. Ref. Consulta Pública n.
02 / 2012 Magalhães, Nery e Dias Advocacia, neste ato
representada por seus sócios PROF. DR. NELSON
NERY JÚNIOR e DR. GABRIEL NOGUEIRA DIAS,
tendo tomado conhecimento, por intermédio de TNL PCS
S.A. ( Oi ), da Consulta Pública n. 02 / 2012, organizada
pela Agência Nacional de Telecomunicações ANATEL,
para comentários ao Pedido de Anulação proposto pela Oi
contra dispositivos do Regulamento de Gestão da
Qualidade do Serviço de Comunicação Multimídia (
RGQ-SCM ) e do Regulamento de Gestão da Qualidade
do Serviço Móvel Pessoal ( RGQ-SMP ), aprovados,
respectivamente, pelas Resoluções ANATEL n. 574 e
575, de 28 de outubro de 2011, vem tempestivamente [1]
apresentar seus comentários, tudo no interesse de
contribuir para o adequado julgamento do pedido, em
respeito ao interesse público e arcabouço jurídico vigente.
CONSULTA PÚBLICA. PEDIDO DE ANULAÇÃO DE
ATO ADMINISTRATIVO FORMULADO PELA OI,
CONTRA O RGQ-SCM E RGQ-SMP. PRETENSÃO
PROCEDENTE. RESOLUÇÕES QUE VIOLAM O DUE
PROCESS. IMPOSIÇÃO DE RESTRIÇÃO ILEGAL,
IMOTIVADA E DESPROPORCIONAL ÀS
OPERADORAS. IMPACTOS RELEVANTES À LIVRE
INICIATIVA E À LIBERDADE DE ESCOLHA DO
CONSUMIDOR. EXISTÊNCIA DE MEIOS MENOS
GRAVOSOS PARA SE OBTER INCREMENTO NA
QUALIDADE DOS SERVIÇOS DE SCM E SMP. 1.
AFRONTA AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE:
REGULAMENTO QUE EXTRAPOLA OS LIMITES
DO DEC. PGMU E DA LGT. 2. VIOLAÇÃO AO
DEVER DE MOTIVAÇÃO: (A) DESCOMPASSO
ENTRE OS ELEMENTOS DOS AUTOS E A
REGULAMENTAÇÃO EXPEDIDA PELA AGÊNCIA;
(B) FALTA DE ANÁLISE ESPECÍFICA E
INDIVIDUALIZADA DAS CONTRIBUIÇÕES
ANGARIADAS DURANTE O PROCESSO DE
CONSULTA PÚBLICA; (C) DESCONSIDERAÇÃO DE
ALTERNATIVAS MENOS GRAVOSAS AO
INCREMENTO DA QUALIDADE DOS SERVIÇOS,
AS QUAIS SE ENCONTRAM SUGERIDAS NOS
AUTOS E APLICADAS, COM SUCESSO, EM
DIVERSOS OUTROS PAÍSES. 3. IMPOSIÇÃO DE
ÔNUS DESPROPORCIONAL ÀS OPERADORAS E
RESTRIÇÃO AO DIREITO DE ESCOLHA DO
CONSUMIDOR. UNIFORMIZAÇÃO NA
PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS QUE ARREFECE A
CONCORRÊNCIA, SEM APRESENTAR, EM
CONTRAPARTIDA, GARANTIA DE AUMENTO DO
BEM ESTAR DOS USUÁRIOS, REAL OU
PERCEBIDO. 4. PREOCUPAÇÕES REGULATÓRIAS,
CONCORRENCIAIS E CONSUMERISTAS
RELEVANTES, ENDOSSADAS PELA SEAE E PELA
PROCURADORIA DA ANATEL. I. INTRODUÇÃO 1.
A presente Consulta Pública tem por escopo central e
único o Pedido de Anulação, proposto pela Oi, em face
dos artigos. 8. (caput e 1 ), 11, 12, 13, 16, 17, 18, 19, 20 e
21 do RGQ-SCM e, ainda, dos artigos 8. , 10, 11, 13, 14,
15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22 e 23 do RGQ-SMP. 2. Em
apertada síntese, alega-se, dentre outros fundamentos,
que, quando da edição destas normas, a ANATEL teria
descumprido o seu dever de motivação, deixando de
responder adequadamente às diversas contribuições
apresentadas no bojo das Consultas Públicas de n. 46 /
2011 e n. 27 / 2010, durante as quais foram angariadas
sugestões e críticas ao desenho dos Regulamentos Gerais
de Qualidade que vieram, imediatamente depois, a
receber a chancela definitiva e aprovação formal da
Agência. Alega a Oi, ainda, que a adoção de um sistema
de metas muito rígido, tal como previsto naquelas regras,
acarreta ilegal e desproporcional obrigação de
investimento às operadoras, sendo que, doutro lado, a
uniformização da qualidade mínima dos serviços traria
expressivas preocupações com relação aos consumidores
havendo alternativas menos gravosas e mais efetivas
(testadas com sucesso em outros países), que poderiam
ser perseguidas. 3. Após exame do RGQ-SCM e RGQ-
SMP bem como dos processos administrativos que
resultaram na sua aprovação [2] e de seu cotejo com os
princípios e normas vigentes no nosso ordenamento
jurídico, concluímos que a edição dos referidos
Regulamentos merece detida reflexão e reparos por parte
da ANATEL, haja vista que contrariou o devido processo
legal administrativo (CF, art. 5. LIV), resultando em
restrição à liberdade de iniciativa (imposição de metas
rígidas e uniformes de qualidade) que pode, inclusive,
desaguar em prejuízo efetivo à liberdade de escolha do
consumidor, sem incremento ao seu bem-estar, real ou
percebido. 4. Como será tratado em maior detalhe adiante,
o poder regulador da ANATEL encontra-se, como,
ademais, toda e qualquer iniciativa legislativa no
ordenamento brasileiro, sujeito à observância do devido
processo legal, seja em aspecto formal (incluído, aqui, o
respeito às garantias da legalidade e da motivação), seja
em seu aspecto substancial (razoabilidade e
proporcionalidade da norma criada). 5. Contudo, referidos
Regulamentos parecem-nos ter extrapolado os limites do
Decreto n. 7512 / 2011 [3] ( PGMU ) ao qual
supostamente deveriam regular [4] e da Lei Geral de
Telecomunicações, afrontando, assim, o princípio da
legalidade. Além disso, os Regulamentos não foram
precedidos de adequada fundamentação, na medida em
que: (a) as contribuições oriundas da Consultas Públicas
46 / 2011 e 27 / 2010 não foram alvo de atenção
especifica e efetiva por parte da ANATEL (no tocante ao
RGQ-SMP, por exemplo, foram dedicadas apenas duas
páginas fls. 715 e 716 do processo para comentar as mais
de trezentas e vinte sugestões obtidas na consulta [5]); (b)
as metas de qualidade foram impostas sem ter como
fundamento estudo prévio e específico a amparar as
conclusões da Agência; e; por fim (c) não houve o exame
de soluções e propostas alternativas, que pudessem levar
aos mesmos fins desejados pela ANATEL. 6. As
considerações acima, diga-se, não são meramente
acadêmicas. Essa violação ao due process administrativo
traz consequências palpáveis tanto às operadoras que
ficarão submetidas a um cerceamento de sua liberdade de
iniciativa (CF, arts. 1. , IV, e 170, caput e IV) como,
principalmente, aos usuários finais, cuja liberdade de
escolha (CF, art. 170, V e CDC, art. 6. , II) ficará limitada
pela uniformização da oferta preconizada nos referidos
Regulamentos. Nesse sentido, o regime de metas, tal
como está, além de nos parecer desnecessário, rectius:
carente da devida calibração pois há comprovação nos
autos de que resultados semelhantes aos buscados pela
ANATEL foram obtidos em diversos outros países sem o
recurso a metas impositivas [6] , traz em si o risco de
indesejáveis efeitos colaterais ao mercado, tais como
arrefecimento da competição, redução da oferta do
serviço, aumento de preços e discriminação ilegal de
usuários na mesma situação; tudo isso sem a garantia de
que efetivamente haverá, em contrapartida, aumento do
bem estar do consumidor[7] . 7. Neste contexto, embora
absolutamente louvável o propósito se buscar, agora e
sempre, o aprimoramento da prestação dos serviços de
telecomunicações, parece-nos que o caminho escolhido
pode trazer reveses substanciais, o que justifica uma
análise mais detida, ponderada e prudente em âmbito
administrativo, notadamente pela ANATEL. Assim, e
segundo nosso entendimento, as considerações
formuladas pela Oi em seu Pedido de Anulação são
relevantes e merecem ser sopesadas por essa D. Agência,
a fim de se evitar a adoção de um regulamento de metas
rígidas, quando, conforme se extrai do material colhido
durantes as Consultas Públicas já realizadas, haveria
alternativas mais razoáveis e menos onerosas capazes de
conduzir aos mesmos, ou até melhores, resultados
práticos para o usuário final. Com a devida vênia e
sempre no intuito de contribuir para uma decisão com
melhor aderência ao interesse público e ao ordenamento
jurídico vigente, é o que se passa a expor. II. Da edição
dos Regulamentos questionados: violação ao devido
processo legal administrativo (a) O DUE PROCESS 8.
Como dito acima, tanto o procedimento adotado pela
ANATEL para a elaboração dos Regulamentos, quanto
seu resultado final, podem e devem ser analisados à luz
do Devido Processo Legal. Trata-se de princípio com
status constitucional e de direito fundamental, do qual
devem ser deduzidos todos os demais princípios e regras
processuais[8]. 9. O real alcance da cláusula do due
process, no entanto, vai muito além dos limites do
processo e procedimento[9]. Na qualidade de direito
fundamental, erige-se como verdadeiro sistema de
limitações ao exercício e imposição do poder pelos
agentes estatais, em nome e defesa suprema da liberdade
dos cidadãos [10]. A bem de sua efetividade máxima,
fala-se, assim, modernamente, em devido processo
processual (procedural due process) e devido processo
substancial (substantive due process), representando, cada
qual, diferente dimensão dessa garantia constitucional. 10.
Nesse contexto, e com relação à faceta eminentemente
processual da due process clause, consubstanciam-se em
manifestações desse princípio constitucional, por
exemplo, o direito ao contraditório, o direito à ampla
defesa, o direito à publicidade dos atos processuais, o
direito ao procedimento regular, a igualdade das partes e
paridade de armas, o direito à prova, o direito a um juiz
imparcial etc. Tal princípio reflete-se ainda na obrigação
de devida motivação dos atos produzidos pelos agentes
estatais, especialmente aqueles dos quais possa resultar
obrigação ou restrição a direito. Reflete-se, mais, na
obrigação do juiz ou, melhor dizendo, da autoridade que
conduza o processo de dar efetiva oportunidade às partes
de se manifestarem, levando em consideração seus
argumentos no momento de decidir. Tudo isso, enfim,
compõe o que se convencionou chamar conteúdo
processual do devido processo legal [11]. 11. Por outro
lado, em sua dimensão substancial, a cláusula do due
process atua no âmbito do próprio direito material.
Mediante a garantia do devido processo fica assegurado
não apenas o respeito ao correto procedimento à
imposição dos atos de poder do Estado, mas também que
o conteúdo final desses atos de autoridade será
proporcional e razoável [12]. Assim, e especificamente no
tocante à edição de novas normas, há e deve haver um
devido processo legal legislativo, o qual assegure ao
cidadão tanto o processo, transparente e idôneo, de edição
de novas leis, decretos e regulamentos, quanto seu
resultado final, proporcional, razoável e justo. (b) O
DEVIDO PROCESSO LEGAL ADMINISTRATIVO E
REGULATÓRIO 12. Tudo o que se disse acima se aplica,
com igual força, no âmbito dos processos administrativos
[13]. Não apenas a Constituição Federal expressamente
equipara o processo judicial e o administrativo, mas
também a doutrina já há muito tempo vem tratando da
chamada processualidade no direito administrativo [14].
Com efeito, o processo administrativo para ter validade e
legitimidade deve também observar o devido processo
legal e todas as demais garantias constitucionais [15]. É
hoje absolutamente indiscutível que a Administração deve
assegurar aos administrados todas as garantias inerentes
ao devido processo, em especial, dentre outros, a
obediência ao princípio da legalidade, ao dever de
fundamentar e motivar os atos administrativos, bem como
o respeito ao princípio da razoabilidade das leis [16]. 13.
Naturalmente, tais garantias incidem igualmente no
processo normativo realizado no âmbito das agências
reguladoras, que, embora autônomas, constituem-se
também em braços da Administração Pública. Cabe aqui,
no entanto, uma observação adicional importante: como
se sabe, o desenvolvimento das regulatory agencies se deu
em um contexto de descentralização normativa [17], que
conferiu a essas agências um destacado poder normativo /
regulador [18]. A legitimação desse poder, no entanto,
tem fundamento tanto na sua especialização técnica,
quanto e isso é extremamente relevante na estrita
observância e na democratização de seus
procedimentos[19] , mediante a adoção de mecanismos de
efetiva participação popular para a edição de normas e
regulamentos. 14. A consulta pública [20], assim, se
consubstancia em uma preciosa ferramenta de legitimação
da atuação da agência [21] e, por esse motivo, sobre ela se
aplica, com marcada intensidade, o dever de motivação
específica dos atos administrativos já que de nada
adiantaria a previsão de participação popular se a
Administração pudesse simplesmente ignorar as
contribuições, como se não passassem de mera
formalidade burocrática. Desse modo, integra o due
process regulatório a consideração concreta e efetiva das
sugestões recebidas em consulta pública, com a discussão
e análise das diferentes perspectivas trazidas à
Administração [22] . Importante frisar que consultar não é
apenas trazer a público um tema para debate, cumprindo
um procedimento formal acerca de uma decisão, porém,
já previamente definida e imutável; consultar, ao
contrário, é recepcionar no âmbito legislativo um modo,
mais democrático e legítimo, de aperfeiçoamento a
determinadas regras, o que se dá tanto por meio do grande
número de contribuições e sugestões ao tema (fator
participação), quanto através de uma efetiva ponderação
por parte do Poder Público das contribuições feitas (fator
efetividade). 15. Por fim, e ainda a respeito do devido
processo regulatório, é preciso dizer que as intervenções
das Agências Reguladoras sobre o âmbito econômico
consistem em verdadeiras intervenções do Estado na
economia, sujeitas à disciplina prevista, sobretudo, na
Constituição Federal. A este propósito, é certo que o
Ordenamento Brasileiro, desde os seus primórdios, se
mostrou bastante refratário à desarrazoada intervenção do
Estado na economia [23]. A Carta atual, nesse sentido,
consagra com bastante veemência o princípio da liberdade
de iniciativa e concorrência (art. 170, IV) [24], reservando
à atuação do Estado na economia um caráter subsidiário,
e estabelecendo com isso que qualquer intervenção será
sempre bastante excepcional e na menor medida do
possível [25] (CF, arts. 173 e 174). 16. Sendo assim, e por
expressa disposição constitucional, qualquer regulamento
que venha a interferir na liberdade de iniciativa deve ser
extraordinário, e limitado ao estritamente necessário para
a obtenção dos resultados buscados pela Agência. Mais:
dada a premissa de liberdade que paira sobre os
particulares, a restrição deve vir sobejamente
fundamentada (aplicando-se, portanto, standards bastantes
rigorosos de prova), com a demonstração concreta de que
se trata da solução mais razoável e adequada possível
[26]. A excepcionalidade da intervenção e o respeito à
liberdade de iniciativa compõem, pois, a moldura dentro
da qual se examina a razoabilidade e proporcionalidade da
norma. 17. Em suma: o devido processo legal se aplica
aos procedimentos e normas expedidos pelas Agências
Reguladoras nas quais se insere a ANATEL e somente
será atendido quando tiverem sido respeitadas, dentre
outras, as garantias de legalidade, devida motivação,
razoabilidade e proporcionalidade das normas, o que, no
âmbito de intervenção da ordem econômica, representa a
adoção da medida menos interventiva e menos gravosa, e
que restrinja o menos possível a liberdade de iniciativa e
concorrência. Uma análise do regulamento proposto pela
ANATEL passa, necessariamente, pelo cotejo de cada
uma dessas garantias. II.1. Das Resoluções ANATEL n.
574 e 575 / 2011 (a) VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA
LEGALIDADE 18. Como se sabe, à Administração
Pública só é dado agir secundum legem [27]. O princípio
da legalidade também componente do devido processo
legal administrativo exige do Poder Público estrita
sujeição à Constituição e a Lei [28]. A própria noção de
Estado de Direito [Rechtsstaat], aliás, é caracterizada e
composta pela submissão da Administração Pública à
legalidade, de tal sorte que, sem esse elemento, não
estamos falando mais de Estado de Direito e sim de outra
forma possível de Estado [Estado Patriarcal, Estado
Despótico e etc.] [29] . 19. Em consequência, as Agências
Reguladoras também devem estrita obediência à lei, da
qual extraem, inclusive, seu poder regulamentar. A esse
propósito, é preciso esclarecer que o poder regulamentar,
na verdade, consubstancia-se em uma espécie de poder
normativo, que, apesar dessa natureza, não se confunde
com poder de legislar. Melhor dizendo: poder
regulamentar e poder de legislar são espécies de poder
normativo que não se confundem desde a consagração do
regime constitucional moderno. 20. Com efeito, ao
contrário da legislação, os regulamentos não se prestam à
finalidade de criação de direitos e deveres, no sentido de
inovação normativa. Eles são atos normativos derivados,
secundários sendo sempre expedidos com suporte em
alguma norma, via de regra Lei, hierarquicamente
superior , não servindo, pois, de meio para alterar,
modificar ou acrescentar algum dispositivo a direito
posto. A própria ideia de regulamentar, nesse sentido,
inclusive, implica explicitar, esclarecer, facilitar [30]. 21.
A Lei, portanto, é o instrumento que deve ditar as balizas
dentro das quais as agências poderão exercer seu poder
normativo, sendo vedado ao ente regulador pretender
inovar como legislador [31]. Por mais extensa e atuante
que seja, a competência normativa da agência reguladora,
portanto, exibe natureza infralegal, semelhante àquela
reconhecida ao chefe do poder executivo [32].
Especificamente com relação à ANATEL, o próprio
Supremo Tribunal Federal já decidiu o óbvio, isto é, que a
agência não pode extravasar os limites da Lei, no
exercício do seu poder normativo [33]. 22. No caso ora
sub examine, contudo, tem-se que o ato administrativo
praticado a edição das Resoluções ANATEL n. 574 e 575,
de 2011, violou o princípio da legalidade, porquanto
exorbitou o estrito poder regulamentador da agência. Isto
porque, o Decreto n. 7.512 / 2011 (PGMU), que ela
supostamente quis regulamentar, não dispõe sobre a
qualidade dos serviços explorados, mas apenas e tão
somente fixa metas de universalização dos serviços. 23.
Demais disso, esse decreto (PGMU) autoriza a autarquia
unicamente a estabelecer parâmetros (cfr. seu art. 2. ), não
havendo, pois, que se confundir parâmetros com metas de
qualidade, como o fizeram as Resoluções n. 574 e 575 /
2011 que pretendiam regulamentar o aludido decreto.
Desse modo, as Resoluções n. 574 e 575 / 2011
extrapolaram seu poder regulamentador, e, com isso,
violam o princípio da legalidade e, com isso, o devido
processo administrativo haja vista terem ultrapassado os
limites jurídicos do poder regulamentar da agência,
criando, na realidade, verdadeira lei, inovando obrigações
gerais e abstratas anteriormente inexistentes e não
previstas no ordenamento jurídico. (b) DA VIOLAÇÃO
AO DEVER DE MOTIVAÇÃO 24. Como visto acima, a
instituição de metas rígidas de qualidade viola os limites
do poder normativo conferido à ANATEL. No entanto,
ainda que fosse possível a adoção de semelhante medida,
fato é que a decisão da Agência não veio acompanhada da
devida motivação, capaz de, em tese, justificar a
imposição dessa severa restrição à liberdade de iniciativa
das operadoras. 25. Como se sabe, o art. 93 IX da
Constituição Federal garante ao Administrado um direito
constitucional à fundamentação, que consiste na
necessidade de Administração Pública examinar todas as
questões postas à sua análise. Essa obrigatoriedade
também é explícita na Lei Geral de Telecomunicações
[34] e no próprio Regimento Interno da Anatel [35]. 26.
Motivar significa apontar os pressupostos fáticos e
jurídicos que legitimam, sustentam, embasam a atuação
da Administração Pública [36]. Os motivos, por sua vez,
nada mais são do que fatos e dados científicos ou reais,
bem como as regras e princípios jurídicos dos quais a
Administração parte para tomar uma decisão concreta ou
publicar novas normas de conteúdo geral, tal como um
regulamento. 27. A existência de motivos e de motivação,
além de permitir o controle da legalidade de atos da
Administração, revela a racionalidade do agir
administrativo e, em última instancia, conferem
legitimidade à Administração. A ausência de motivos e,
por conseguinte, da correta motivação, torna os atos
administrativos inconstitucionais e ilegais, permitindo sua
anulação [37]. 28. Destarte, para que um determinado ato
tenha sua legalidade confirmada é preciso, inicialmente,
que os motivos que o ensejaram existam e, além disso,
que corroborem, objetivamente, a necessidade de atuação
do Estado [38]. A fundamentação, assim, deve ser
substancial. Não é um exercício de retórica, nem uma
etapa burocrática. A Administração tem o dever de
analisar detidamente as questões postas a julgamento,
exteriorizando a base fundamental da sua decisão [39].
Tratando-se da edição de ato normativo, sujeito à consulta
pública, é preciso que a administração enderece,
especificamente, todas as contribuições e sugestões
formuladas pelos particulares acolhendo-as ou rejeitando-
as fundamentadamente [40]. Como dito anteriormente, a
participação popular deve ser efetiva, para que a
regulação possa atingir seus objetivos [41] sendo a
consideração especifica das contribuições a única forma
de se assegurar que essa participação se verificou de
forma concreta e efetiva. 29. Por fim, e ainda com relação
à expedição de regulamentos, é preciso, como visto, que a
Administração demonstre o motivo pelo qual está
adotando determinada solução, em detrimento de outros
caminhos possíveis. A questão, insista-se, é tanto mais
relevante quando se trata de restrição a direitos
especialmente direito fundamentais e de intervenção no
domínio econômico, na medida em que, por serem
verdadeiramente excepcionais, demandam uma
demonstração inequívoca de seu cabimento e adequação.
30. Dito isto, cumpre ressaltar que, no caso concreto, a
decisão administrativa de rejeitar as manifestações
formuladas pela Oi e outros, na Consulta Pública e editar
as Resoluções n. 574 e 575 / 2011 padece de nulidade
justamente por ausência de motivação e fundamentação
(violando, pois, também o comando constitucional inserto
na CF 93 IX), na medida em que: (a) Em primeiro lugar, a
ANATEL, com a devida vênia, não fundamentou
adequadamente o cabimento e necessidade do regime de
metas rígidas de qualidade que impôs às operadoras. Os
elementos dos autos em especial os estudos de direito
comparado mostraram que em todos os demais países do
mundo, as agências reguladoras obtiverem resultados
excepcionais empregando, unicamente, medidas para
aumentar a transparência da informação prestada ao
consumidor [42]. (b) Além disso, estudos econômicos
demonstraram que a medida trará um impacto financeiro
excepcional para as operadoras, capaz de comprometer
investimentos para expansão dos serviços [43]. (c) Além
disso, houve a demonstração de que os aspectos técnicos
não são a preocupação primordial do usuário e, portanto,
a alteração em seus parâmetros não será capaz, por si só,
de resultar em um aumento do bem estar dos
consumidores [44]. (d) As características técnicas e
demais fatores que determinam a velocidade e qualidade
do serviço não são as mesmas para o SCM e o SMP [45],
de modo que as metas adotadas (sem justificativa) para o
SMP não poderiam ter sido simplesmente transpostas para
a outra modalidade de serviço. 31. Diante desse quadro,
resta claro, portanto, que os elementos presentes nos
autos, nos quais a Agência deveria ter fundamentado sua
decisão, não apontam para a necessidade de adoção de
metas rígidas de qualidade, muito menos sinalizam, de
forma conclusiva, qual seria o eventual parâmetro
adequado para tais metas, caso, de fato, necessárias. A
decisão dessa D. Agência, assim, e com o devido
acatamento, surge desvinculada e sem nexo com os
elementos dos autos, de modo que não atende aos
elevados standards de convencimento necessários para a
imposição de uma medida tão severamente restritiva de
direitos. 32. A falta de motivação é reforçada pelo fato de
que a Agência, com o devido respeito, não se manifestou
adequadamente sobre as contribuições angariadas com as
Consulta Públicas. A procuradoria da ANATEL, nesse
particular, já havia alertado para o fato de que as
contribuições não haviam nem sequer sido arroladas
adequadamente, com a devida indicação da sugestão e da
resposta da Agência [46] o que, desde logo, já punha em
xeque a validade das conclusões do ente regulatório [47].
Mais grave do que isso, contudo, é o fato de que as mais
de 320 (trezentas) contribuições ao RGQ-SMP foram
respondidas em duas páginas pela ANATEL [48],
restando evidente, portanto, que não foram alvo da detida
consideração exigida pelo dever de motivação previsto na
Constituição Federal, consubstanciando-se em mero ritual
formalístico. 33. No caso ora sub examine, as Consultas
Públicas realizadas pela ANATEL, em especial a
referente ao RG!-SMP, transfiguraram-se, portanto, em
expedientes meramente formais e que não atingiram seu
desiderato, que é a efetiva oitiva e participação da
sociedade. As diversas (repita-se, mais de 1.000; 320
apenas para o SMP) contribuições feitas ao longo das
Consultas Públicas tornaram-se mero emaranhado de
sugestões, sem receber a devida ponderação e juízo
adequado por parte da ANATEL. 34. Demais disso,
justamente porque não foram considerados os pontos
levantados na Consulta Pública, também não foram
efetivamente debatidas eventuais medidas alternativas a
nortear a atuação da Administração Pública e sua
intervenção sobre a economia, que, como dito, é
subsidiária e deve pautar-se sempre pela forma mais
eficiente, menos onerosa e mais adequada, respeitando,
pois, os princípios da proporcionalidade (ou da proibição
de excesso) [49] e da razoabilidade. 35. Nesse particular,
seria recomendável no caso, imprescindível que a
ANATEL tivesse realizado uma prévia e cuidadosa
Análise de Impacto Regulatório, para medidas as devidas
consequências do regime de metas que pretende
inaugurar, nos moldes preconizados pelo Decreto n. 4176
/ 2002 [50]. Referida análise permitiria a comparação e
mensuração dos efeitos, sobre mercado, operadoras e
consumidores, de diferentes soluções para o incremento
da qualidade dos serviços, permitindo comparar e
determinar, de forma inequívoca, o regime que melhor
atenderia aos princípios em jogo. 36. A questão é tanto
mais relevante pelo fato de que numerosas manifestações
nos autos inclusive e principalmente da SEAE indicaram
que a opção por um regime de maior transparência seria
capaz de obter os mesmos ou até melhores resultados,
sem causar preocupações concorrenciais. A experiência
regulatória internacional, em especial da OFCOM
(Autoridade Regulatória do Reino Unido) é extremamente
positiva neste sentido, alcançando resultados concretos
apenas com o investimento nas obrigações de
informações e comparação entre as prestadoras. A falta de
um estudo completo sobre essas alternativas notadamente
o investimento em informação, sugestão que foi reiterada
em diversas e alentadas contribuições compromete a
validade das conclusões, principalmente quando nos autos
não se encontra fundamento suficiente para minimamente
recomendar a adoção de um sistema de metas rígidas,
quanto mais nos patamares apontados pela ANATEL. (C)
CONSEQÜÊNCIAS DA VIOLAÇÃO AO DEVIDO
PROCESSO LEGAL NO CASO CONCRETO 37. As
violações ao devido processo legal tratadas acima não são
invocadas por mero capricho ou retórica. No caso, o
descumprimento dessas regras fundamentais os princípios
da legalidade e da motivação acabam por acarretar danos
concretos aos direitos dos administrados, tanto das
prestadoras de SCM e SMP, quanto, potencialmente, dos
usuários finais, consumidores dos serviços de banda larga.
38. Em primeiro lugar, houve intromissão indevida na
liberdade de iniciativa das operadoras. Tanto o SMP
quando o SCM são serviços prestados em regime privado
[51], de modo que a fixação de padrões mínimos para sua
operação, em caráter obrigatório, vai certamente muito
além do mero incentivo ou planejamento permitidos pela
Constituição Federal (art. 174) 39. Ainda com relação às
operadoras, estas ficaram também sujeitas a obrigações
desproporcionais de cumprimento de metas e
investimentos [52]. Com efeito, investimentos bilionários
serão necessários, e que comprometeram a ampliação da
oferta da rede para os usuários, sem a segurança de que
haverá um resultado efetivo no aumento do bem estar
líquido dos consumidores. É preciso chamar atenção,
ainda, para o fato de que esse pesadíssimo aumento de
custos representa também uma substancial barreira à
futura expansão dos concorrentes menores o que também
representa, por si só, um grave entrave à competição. 40.
Por fim, a imposição de um padrão uniforme de conduta
para os concorrentes no mercado também interfere na
liberdade de escolha do consumidor valor que é um dos
pilares do sistema de proteção ao consumidor. Conforme
se verá a seguir, a implementação de políticas públicas
por determinada agência reguladora deve necessariamente
se harmonizar com as demais políticas públicas
defendidas pelo sistema. No caso, o incremento na
qualidade dos serviços de banda larga fim último da
regulamentação ora examinada deve ser feito de forma
compatível com os direitos e garantias fundamentais do
consumidor, em especial o direito de ter acesso a
variedade e diversidade, o que lhe é garantido, como se
sabe, principalmente através da livre competição. III.
Regulação, competição e direitos do consumidor:
necessidade de harmonização entre diferentes políticas
públicas 41. Ao exercer sua competência de expedir
normas para a regulamentação do setor, não há dúvidas de
que a ANATEL desenvolve papel fundamental para o
avanço de determinadas políticas públicas, ligadas aos
serviços de telecomunicações [53]. No entanto, as
preocupações da ANATEL, nada obstante sabidamente
importantes, compõem apenas parte de um quadro de um
sistema maior que contém ainda outros valores
igualmente relevantes. Dito de outro modo, a política
pública desenvolvida pela Agência, como, ademais,
qualquer política pública, é parcial e limitada, e por isso
mesmo deve ser estrutura de forma a poder cooperar co
outras políticas públicas e valores defendidos pelo
Ordenamento Brasileiro, que são tão ou mais caros ao
sistema e à população. 42. A política de qualidade dos
serviços de comunicação multimídia e da prestação de
serviço móvel pessoal, assim, deve ser regulada de forma
a atender não apenas às diretrizes fixadas na LGT (as
quais, como se viu acima, não parecem ter sido
obedecidas), mas também com a cautela de se harmonizar
e não interferir de forma equivocada com outras políticas
públicas, situação que, por vezes, pode trazer mais danos
que benefícios à sociedade [54]. 43. De modo mais
concreto, a melhor qualidade dos serviços deve ser
buscada em harmonia com os demais valores prestigiados
pelo sistema, dentre eles e em especial a livre iniciativa e
livre concorrência [55], de um lado e, de outro, a
liberdade de escolha do consumidor. 44. Esse último,
aliás, se destaca como importante vetor para composição
desses diferentes valores, na medida em que a liberdade
de escolha do usuário atua como mola propulsora da
inovação e desenvolvimento dos serviços de
telecomunicações, ao mesmo tempo em que é apontada
como objetivo da defesa da concorrência [56]. Além
disso, o sistema do CDC é todo direcionado a assegurar
que o consumidor possa efetivamente ter e exercer ampla
liberdade de escolha no mercado de consumo [57]. Longe
de prescrever um dirigismo econômico do consumidor
impondo o que, quando e de que forma consumir o
Código consagra como princípio fundamental a liberdade
de escolha (art. 6. ), colocando assim, em contrapartida, a
variedade na oferta como valor a ser perseguido [58]. 45.
Assim, o CDC a todo passo se assegura de que o
consumidor deve poder exercer seu direito de escolha de
forma livre e informada [59], e ver cumprida a oferta nos
exatos termos em que contratada: (a) O CDC garante
informação ampla, clara, transparente, útil ao consumidor
[60]. Assegura, ainda, que não haverá publicidade
enganosa tudo para possibilitar que a vontade do
consumidor seja exercida de forma livre. (b) Além disso,
o CDC desenvolveu mecanismos de coerção e proteção
para garantir que, uma vez escolhida, a oferta seja
efetivamente cumprida [61]. Sem isso, a liberdade de
escolher tornar-se-ia, na prática, uma ficção. (c) Por fim,
o CDC atua no sentido de fazer com que o custo de
transação e de mudança pelo consumidor seja o mais
baixo possível, de sorte a lhe permitir contínuas escolhas
e trocas de fornecedores ao longo do tempo, punindo o
mal prestador e bonificando o agente econômico que
respeita seus direitos e, sobretudo, escolhas. 46. Por outro
lado, a liberdade de escolha não se concretiza sem a
garantia de que haverá variedade de opções. Com efeito,
ao mesmo tempo em que fornece informação e proteção
ao consumidor, o sistema deve garantir que o mercado
possa lhe oferecer o maior espectro de variedades
possível [62]. São assim, dois lados da mesma moeda:
liberdade de escolha e variedade de opções [63]. A
preservação do critério da escolha conduz a um ambiente
que oferece os menores preços, a melhor qualidade e
quantidade de produtos e o mais alto grau de excedente
do consumidor, conduzindo, inclusive a outros benefícios
econômicos, dentre os quais a eficiência [64]. Para
assegurar justamente a efetiva liberdade de escolha, livre
iniciativa e livre concorrência tornam-se valores
relevantes [65]. 47. É aqui, pois, que a defesa da
concorrência surge como complemento indispensável à
tutela do consumidor. De fato, é estreita a relação entre o
direito do consumidor e o direito da concorrência [66].
Ambos visam a assegurar escolhas do consumidor e com
isso, maximizar o seu bem estar [67]. Neste sentido, a
proteção da concorrência não é um fim em si mesmo, mas
constitui instrumento que, fundado no princípio da
igualdade, visa a preservar as forças no mercado, a
transparência nas informações que nele circulam e, em
última análise, garantir opções para que o consumidor
possa exercer seu direito básico de escolha [68]. A
garantia da livre competição e da livre concorrência,
desse modo, traz inequívocos benefícios à defesa do
consumidor [69]. A organização da competição, assim,
deve ser feita de forma a não reduzir o bem estar do
consumidor [70] o que, ordinariamente, implica
concessão de liberdade aos agentes para que compitam e
ofereçam no mercado a maior gama de opções possível ao
consumidor. 48. Dentro desse contexto, é possível
concluir que o ordenamento brasileiro se mostra bastante
refratário a medidas que visem à uniformização das
práticas comerciais por exemplo, mediante a imposição
de metas rígidas de qualidade mínima para a prestação do
serviço e, com isso, reduzam as opções disponíveis ao
consumidor, engessando ou mesmo comprometendo
aspectos relevantes da competição [71]. Assim, embora
não se descarte a possibilidade, em alguns casos, de
adoção de semelhantes medidas, fato é que elas
ordinariamente caminham na contramão de valores
privilegiados pelo sistema e, por isso mesmo, devem ser
reservadas a situações muitíssimo excepcionais, nas quais
haja certeza absoluta de que seus benefícios compensaram
seus indesejados efeitos colaterais. 49. No presente caso,
como dito acima, a ANATEL, com o devido acatamento,
não se desincumbiu de demonstrar que a adoção de metas
rígidas seria absolutamente necessária, notadamente,
como única e melhor opção para o desejado incremento
na qualidade dos serviços. Além disso, também não foi
demonstrado que esses patamares específicos seriam
também os mais adequados para atender às diferentes
necessidades do mercado, em todas as suas diferentes
nuances. 50. O que se pode afirmar, no entanto, é que os
eventuais benefícios que a ANATEL aguarda obter com a
medida devem ser sopesados diante dos sérios e
indesejáveis efeitos colaterais que a medida é capaz de
provocar no mercado e que podem acabar desaguando, ao
fim das contas, e no médio e longo prazos (ou, às vezes,
em curtíssimo espaço de tempo) em um quadro final
negativo para o mercado e para o consumidor. 51. A
preocupação com as conseqüências indesejadas da
medida, nesse particular, foi aventada a viva voz nos
autos das Consultas Públicas, em mais de um momento.
Mais importante, a crítica se originou de agentes da
própria Administração Pública, livres, portanto, de
qualquer questionamento que se possa fazer sobre a
eventual parcialidade de tais preocupações. 52. Com
efeito, a primeira preocupação é o arrefecimento da
concorrência, ou, como bem colocado pelo procurador da
ANATEL o estabelecimento de indicador que garanta um
percentual mínimo de transmissão máxima contratada
pode gerar o inconveniente de o parâmetro mínimo
tornar-se, na prática, parâmetro máximo [72]. Com efeito,
há o risco real de que a uniformização nos padrões de
qualidade acabe por acomodar os players no mercado,
reduzindo seus esforços em competição. 53. É preciso
destacar, ainda, que a uniformização preconizada traz
uma preocupação adicional, pois, do ponto de vista da
demanda, as necessidades dos consumidores de SCM e
SMP, ao longo do território nacional, são bastante
diversificadas. Talvez o parâmetro uniforme determinado
pela Agência seja muito baixo para São Paulo, por
exemplo, enquanto que para outras localidades, como o
interior do Maranhão, se revele muito além do necessário
para suprir as necessidades da comunidade,
representando, portanto, em um superinvestimento
absolutamente inócuo para o incremento do bem estar do
consumidor. A meta mínima, assim, não permite calibrar
adequadamente os esforços e investimentos, causando
ineficiência sem que haja, como contrapartida, um efetivo
benefício ao usuário final [73]. 54. Por outro lado, a
Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério
da Fazenda SEAE / MF, em sua contribuição [74],
apontou que as metas da ANATEL se encontram acima
do que vem sendo oferecido pelo mercado que, por sua
vez, vem sendo avaliado como um ambiente bastante
competitivo [75]. Essa constatação, por si só, é suficiente
para recomendar extrema cautela na fixação das metas
[76] notadamente porque pode sinalizar, como acredita a
SEAE, que o problema não é de ordem técnica, mas
apenas de falta de informação adequada [77]. De todo
modo, o aumento de exigências, para além do que o
mercado espontaneamente oferece, traz preocupações
concorrenciais importantes, pois impõe barreiras
artificiais à entrada, reduzindo a oferta, aumentando o
preço e tendo, como conseqüência, a redução do acesso
do consumidor ao serviço: artigos 16 e 17 da proposta,
que tratam de garantias de velocidade média e
instantânea, enquadram-se em hipóteses de dano potencial
à concorrência por excederem na regulamentação o que os
consumidores atuais adquirem no mercado, o que,
segundo o Guia de Avaliação da OCDE, tende a limitar a
concorrência entre empresas por aumentar o custo de
produção e o preço final do serviço; por gerarem uma
assimetria não-neutra do ponto de vista tecnológico,
favorecendo as tecnologias fixas em detrimento das que
dependem de espectro; e ainda por terem o potencial de
gerar ineficiências alocativas na rede. [78] 55. Nesse
particular, estudos econômicos encartados nos autos da
Consulta Pública evidenciam que a adoção desses
parâmetros mínimos envolve gastos elevados, cuja
aplicação na dimensão qualidade do serviço acabará por
comprometer investimentos para a expansão da rede,
culminando por frustrar os objetivos desejados pela
Agência. Esse descompasso entre a expansão esperada e
os parâmetros novos de qualidade vai se resolver em
detrimento do consumidor já que o resultado natural será
o aumento de preços [79]. 56. Finalmente, ao dispensar as
pequenas operadoras do cumprimento das metas de
qualidade, as Resoluções acabam por criar,
inadvertidamente, duas classes de usuários, em ofensa ao
princípio da isonomia. Se, como leva a crer a ANATEL, a
qualidade mínima é um valor a ser perseguido, não faz
sentido oferecê-la apenas a alguns consumidores, mas não
a outros. Com efeito, ou a qualidade mínima é relevante e
todos devem ser igualmente submetidos ao padrão ou não
é; e, nesse caso, as operadoras deveriam ser dispensadas
de seu cumprimento, cada qual oferecendo, livremente, o
serviço com a qualidade que entender ser a mais
adequada. Entender diferentemente é tratar de forma
desigual usuário na mesma situação, em ofensa ao
princípio da isonomia. 57. Posto isto, para além da
discussão, até agora com o devido respeito ainda não
aclarada pela ANATEL, sobre os benefícios / prejuízos e /
ou correta calibração de metas à luz do desejável aumento
de bem estar líquido ao consumidor, deve-se perscrutar
sobre possíveis caminhos outros para o alcance desse
objetivo. 58. Nesse particular, à luz da preservação dos
objetivos centrais desejados pelo CDC (v. acima), parece
boa política pública aquela que privilegie, acima de tudo,
mecanismos de garantia à liberdade de escolha e
cumprimento contratual, com reduzido custo de troca ao
consumidor. Esses fatores não parecem ser recepcionados
pelo regime rígido de metas propugnado pela ANATEL.
Assim, o caminho mais adequado para o incremento
buscado na qualidade do serviço depende, acima de tudo,
do debate sobre instrumentos e incentivos práticos que
pudessem garantir, em teoria e na prática: (a)
Transparência total em relação aos termos do serviço
ofertado (anúncio / publicidade), contratado e
efetivamente prestado pelo fornecedor ao consumidor,
evitando-se ofertas enganosas e / ou uma prestação de
serviço desatrelada daquela contratada pelo consumidor,
sem possibilidade de sua verificação. (b) Determinações
específicas para que o incumprimento contratual pelo
fornecedor possa implicar o fim da relação contratual sem
qualquer multa e / ou respeito a períodos de fidelidade,
garantindo-se ao consumidor efetiva liberdade de troca,
com reduzido custo transacional. V. Conclusões 59. Em
síntese, e, reitere-se, sempre no intuito de contribuir para
uma decisão com melhor aderência ao interesse público e
ao ordenamento jurídico vigente, nossas conclusões são
as seguintes: (a) A edição dos referidos Regulamentos
merece detida reflexão e reparos por parte da ANATEL,
haja vista que contrariou o devido processo legal
administrativo (CF, art. 5. LIV), em sentido formal e
substancial, resultando em restrição à liberdade de
iniciativa (imposição de metas rígidas e uniformes de
qualidade) que pode, inclusive, desaguar em prejuízo
efetivo à liberdade de escolha do consumidor, sem
comprovado incremento ao seu bem-estar, real ou
percebido. (b) Com efeito, os Regulamentos violam o
princípio da legalidade, na medida em que extrapolam os
limites do Decreto n. 7512 / 2011 ( PGMU ) ao qual
supostamente deveriam regular e da Lei Geral de
Telecomunicações. (c) Afrontam, ainda, o princípio da
devida motivação, pois (i) a Agência não dedicou atenção
específica e efetiva ao resultado das Consultas Públicas
46 / 2011 e 27 / 2010; (ii) não embasou a necessidade de
adoção das metas, ou seus parâmetros, em estudos prévios
e específicos; (iii) não foram examinadas propostas e
soluções alternativas, capazes de atingir os mesmos ou até
melhores resultados, com menores ônus para os
administrados e para os usuários. Nesse particular,
constam dos autos diversos estudos que apontam que a
experiência internacional dispensa a adoção de metas
rígidas, concentrando-se, outrossim, na implementação de
políticas de informação, com resultados expressivos no
incremento da qualidade do serviço. (d) A violação ao
devido processo legal narrado acima levou à imposição de
um ônus desproporcional às operadoras, cerceando sua
liberdade de iniciativa. Além disso, o agravamento dos
encargos financeiros pode resultar em barreiras à
expansão de concorrentes, com reflexos indesejados e
negativos para a competição no setor. (e) Mais
importante, a uniformização da oferta preconizada pelos
Regulamentos pode vir a representar severa e injustificada
interferência no direito de livre escolha do consumidor,
trazendo como indesejáveis efeitos colaterais o
arrefecimento da competição, redução da oferta do
serviço, aumento de preços e discriminação ilegal de
usuários na mesma situação, tudo isso sem a garantia de
que efetivamente haverá, em contrapartida, aumento do
bem estar do consumidor. (f) Nesse sentido, e por fim,
cumpre lembrar a advertência da SEAE / MF cuja
imparcialidade no trato da questão está além de qualquer
dúvida que apontou não apenas o risco concorrencial
decorrente da adoção dos regulamentos, mas também para
o fato de que os aspectos técnicos enfocados pela norma
não são prioridade para o consumidor, que seria melhor
atendido mediante a adoção de políticas ainda mais
amplas de informação. É a nossa contribuição à Consulta
Pública, apelando-se ao juízo de prudência e
razoabilidade dessa i. ANATEL no tratamento dos
argumentos e temática sub examine. Nelson Nery Junior
OAB / SP n. 51.737 Gabriel Nogueira Dias OAB / SP n.
221.632 Notas ao longo do texto: [1] O prazo para
contribuição esgota-se em 01 / 02 / 2012, sendo, portanto,
tempestiva a presente manifestação. [2] Processos
administrativos n. 53500.003163 / 2010 e n.
53500.016120 / 2008. [3] Que aprova o Plano Geral de
Metas para Universalização do Serviço Telefônico Fixo
Comutado Prestado no Regime Público PGMU, e dá
outras providências. [4] Conforme consta expressamente
da Análise 810 / 2011-GCJR. [5] Cf. Informe n. 1060 /
2011 / PVCPR / PVCP / SPV. [6] Por exemplo, trabalho
da consultoria Cullen International avalia com detalhes o
quadro regulatório relativo à qualidade do serviço em
diversos países da OCDE, incluindo França, Alemanha,
Itália, Holanda, Suécia, Espanha e Reino Unido. De modo
geral, a prática internacional não dá suporte à aplicação de
metas previstas pelo Regulamento. Ao contrário, os países
pesquisados tem primado pela adoção de políticas e ações
que aumentem a transparência e a padronização das
informações no que se refere às características e
desempenho dos serviços contratados, permitindo ao
consumidor mais informações sobre o que lhe é entregue
(capacidade de acesso), bem como favorecer uma maior
comparabilidade entre as prestadoras e planos anunciados.
Estas são, inclusive, as recomendações da UIT, que
elenca, entre os pilares para incentivar a demanda pelo
serviço de banda larga em países em desenvolvimento (
Building broadband: Strategies and policies for the
developing world ), ações com o objetivo de fornecer aos
consumidores informações acerca dos provedores, opções
de preço e tecnologia disponível (cf. LCA Consultoria
documento apresentado pela Oi como contribuição à
Consulta Pública 46 / 2011). [7] Como ficou demonstrado
ao longo do processo, inclusive por informações prestadas
pela Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE),
a percepção de qualidade, por parte do consumidor, não
se prende precipuamente aos aspectos técnicos objeto do
regulamento, de modo que é provável que, ainda que haja
investimento e melhoria técnica, não haja percepção
efetiva, pelo usuário, de qualquer incremento em seu bem
estar. [8] Nesse particular, bastaria que a CF tivesse
adotado o princípio do due process of law para que dele já
decorressem, per se, todas a garantias e consequências
processuais que se asseguram aos Administrados o direito
a um processo justo e a uma decisão justa, falando-se
modernamente em eficácia processual dos direitos
fundamentais. Nesse sentido: Nelson Nery Junior.
Princípios do Processo na Constituição Federal, 10. ed.,
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, Cap. II, n. 5, pp.
78 / 79. [9] E, portanto, não pode e não deve ficar
confinado a qualquer fórmula rígida Due process cannot
be imprisoned within the treacherous limits of any
formula. Representing a profound attitude of fairness
between man and man, and not particularly between the
individual and government, due process is compounded
of history, reason, the past course of decisions and stout
confidence in the strength of the democratic faith which
we profess (cf. Steven H. Gifis. Law Dictionary, Barron s
Educational Series, Inc.; 4th edition. p. 149-150). [10] Cf.
Candido Rangel Dinamarco. Processo civil empresarial,
São Paulo: Malheiros, p. 62. [11] A cláusula do
procedural due process é, em suma, a possibilidade
efetiva de a parte ter acesso à justiça e à ordem jurídica
justa, deduzindo sua pretensão e defendendo-se do modo
mais amplo possível, ou, na denominação genérica da
Supreme Court dos Estados Unidos da América, de ter his
day in Court. (cf. Nelson Nery Junior. Princípios do
Processo na Constituição Federal, 10. ed., São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2010, Cap. II, n. 8, p. 87). [12]
Com efeito, nos casos em que a Administração dispõe de
certa liberdade para eleger o comportamento cabível
diante do caso concreto, isto é, quando lhe cabe exercitar
certa discrição administrativa, evidentemente tal liberdade
não lhe foi concedida pela lei para agir
desarrazoadamente (Cf. Celso Antônio Bandeira de Melo.
Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros.
2005. p.69). Ao contrário do que afirma parte da doutrina
nacional, razoabilidade não é um conceito jurídico
indeterminado. O conteúdo desse princípio é muito claro
e consiste em três exigências, a saber: qualquer medida
estatal de limitação da liberdade, inclusive econômicas, e
da propriedade deve ser necessária, adequada e
proporcional. A medida interventiva estatal, assim, será
considerada necessária apenas se não houver outra
medida que possa atingir os mesmos objetivos
(adequação) com menores prejuízos ao particular. Acerca
da problemática da razoabilidade no Brasil e no direito
estrangeiro, cf., sobretudo, Irene P. Nohara. Limites à
razoabilidade nos atos administrativos, São Paulo: Atlas,
pp. 45 e seguintes [13] Acerca desse princípio, v. Nelson
Nery Junior. Princípios do processo na Constituição
Federal (processo civil, penal e administrativo), 10. ed.,
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, n. 7, p. 84: O
devido processo legal se manifesta em todos os campos
do direito, em seu aspecto substancial. No direito
administrativo, por exemplo, o princípio da legalidade
nada mais é do que manifestação da cláusula substantive
due process. Os administrativistas identificam o
fenômeno do due process, muito embora sob outra
roupagem, ora denominando-o de garantia da legalidade e
dos administrados, ora vendo nele o postulado da
legalidade. Já se identificou a garantia dos cidadãos
contra os abusos do poder governamental, notadamente
pelo exercício do poder de polícia, como sendo
manifestação do devido processo legal . [14] Cf. Odete
Medauar, A processualidade no direito administrativo,
São Paulo, RT, 2008. [15] Miguel Alejandro López
Olvera. Los principios del procedimiento administrativo,
in David Cienfuegos Salgado e Miguel Alejandro López
Olvera (coord.). Estudios en homenaje a Don Jorge
Fernández Ruiz, Mexico: Universidad Nacional
Autónoma de México, 2005, n. III, p. 180. No mesmo
sentido: Jesús González Pérez. Manual de procedimiento
administrativo, 2. ed., Madrid: Civitas, 2002, Cap. 3, Seç.
1, n. 2, p. 474 [16] Sendo assim, no Estado
Constitucional, o processo administrativo não deve mais
ser examinado apenas como um mero instrumento a
serviço do Estado a fim de tutelar o interesse público. No
Estado Democrático de Direito, o processo administrativo
adquire outra e nova dimensão, constituindo-se como
verdadeira garantia do administrado que não pode ter seus
direitos atingidos pela Administração Pública sem que
seja observado rigorosa e substancialmente o devido
processo legal e as demais garantias constitucionais.
Nesse sentido: Miguel Alejandro López Olvera. Los
principios del procedimiento administrativo, in David
Cienfuegos Salgado e Miguel Alejandro López Olvera
(coord.). Estudios en homenaje a Don Jorge Fernández
Ruiz, Mexico: Universidad Nacional Autónoma de
México, 2005, n. III, p. 179. [17] Sobre o histórico de
desenvolvimento das agências reguladoras, consulte-se
Gustavo Binenbojm. Uma teoria do Direito
Administrativo: Direitos Fundamentais, Democracia e
Constitucionalização. Rio de Janeiro: Renovar, 2008. [18]
Cf. José dos Santos Carvalho Filho, Agências
Reguladoras e Poder Normativo, in O Poder Normativo
das Agências Reguladoras, Coord. Alexandre dos Santos
Aragão, Forense, p. 75. [19] Denis Galligan sintetiza essa
realidade, comentando que os procedimentos ainda são
instrumentos para um resultado, mas a confiança no
resultado está relacionada à confiança no procedimento
(cf. Due Process and Fair Procedures, p. 66). [20]
Consulta pública consiste no questionamento à opinião
pública acerca de assuntos de interesse coletivo,
ordinariamente, antes da elaboração das normas jurídicas
(cf. Gustavo Binenbojm, Uma teoria do Direito
Administrativo: Direitos Fundamentais, Democracia e
Constitucionalização. Rio de Janeiro: Renovar, 2008, p.
297). [21] Com efeito, o principal mecanismo de
legitimação democrática da Administração Pública é o da
participação dos titulares de interesses individuais,
coletivos e difusos através de audiências e consultas
públicas prévias à edição dos atos normativos que possam
afetar seus interesses.(cf. Alexandre Santos de Aragão. A
Legitimação Democrática das Agências Reguladoras. In:
Binenbojm, Gustavo (coord). Agências Reguladoras e
Democracia. Rio de Janeiro: Renovar, 20052005, p. 13).
[22] A participação dos privados no procedimento, ao
permitir a ponderação pelas autoridades administrativas
dos interesses de que são portadores, não só se traduz
numa melhoria de qualidade das decisões administrativas,
possibilitando à Administração uma mais correta
configuração dos problemas e das diferentes perspectivas
possíveis da sua resolução, como também torna as
decisões administrativas mais facilmente aceites pelos
seus destinatários. Pelo que a participação no
procedimento constitui um importante factor de
legitimação e de democraticidade de actuação da
Administração Pública (cf. Vasco Manuel Pascoal Dias
Pereira da Silva. Em Busca do Ato Administrativo
Perdido. Coimbra: Ed. Almedina, 1996, p. 402). [23]
Desde a declaração da independência, as Cons tituições
brasileiras, salvo aquelas editadas nos períodos
autoritários, sempre vedaram a intervenção irrazoável do
Estado na e sobre a economia. A Constituição Imperial de
1824 era explícita ao vedar a intervenção estatal
desnecessária, infundada, tanto que, em seu art. 179,
dispunha que nenhuma lei será estabelecida sem utilidade
pública . Esse dispositivo assentou, há aproximadamente
dois séculos, a razoabilidade como um princípio de
intervenção do Estado na e sobre a liberdade e a
propriedade, observando-se que os destinatários dessa
norma eram os titulares do poder normativo, isto é,
aqueles que tinham competência para editar normas de
restrição da economia. [24] Livre-iniciativa é o direito de
entrar no mercado aberto como produtor, intermediador,
distribuidor de produtos e / ou como prestador de
serviços, e também o direito de inovar e lançar novos
produtos e serviços que permitam esse ingresso.
Reflexamente, esse princípio enseja, ainda, uma proibição
de que o Estado ou qualquer outro agente de mercado
impeça a fruição desses direitos pelos particulares. [25]
Intervenção na economia é a atuação direta do Estado na
execução de atividades primárias, secundárias e terciárias
em substituição ou em complementação às atividades
econômicas exercidas pelos agentes particulares de
mercado. Nessa seara, o Legislador foi sábio ao também
criar um preceito geral que orienta, em última instân cia, a
decisão de o Estado entrar ou não no mercado como
agente produtor ou presta dor de serviços. Trata-se da
norma contida no art. 173, caput da Carta Magna, a qual
afirma expressamente que apenas por motivo de
segurança nacional ou relevante interesse coletivo deverá
agir o Estado como agente econômico (cf. Dinorá Grotti,
Intervenção do Estado na economia, Cadernos de Direito
Constitucional e Ciência Política, n. 15, p. 79). [26] Nesse
sentido, Thomas Fleiner; Alexandre Misic e Nicole
Töpperwien. Swiss Constitutional Law, Berne, Kluwer
Law International, 2002, n. 562-563, p. 180, que
prelecionam que limitações a direitos fundamentais
somente podem ter por base outros direitos fundamentais
o que, no caso do acesso banda larga, pode nem mesmo
ser o caso e devendo a restrição ser sempre absolutamente
fundamentada. [27] Cf. Michel Stassinopoulos. Traité des
actes administratifs, Paris: LGDJ, 1973 (reimpressão da
ed. de 1954), 10, I, p. 69. [28] Cf. Nelson Nery Junior e
Rosa Maria de Andrade Nery. Constituição Federal
Comentada, 2. ed., São Paulo: Revista dos Tribunais,
2009, coment. 7 CF 37, p. 352. [29] Cf. Michel
Stassinopoulos. Traité des actes administratifs, Paris:
LGDJ, 1973 (reimpressão da ed. de 1954), 1, II, pp. 18 /
19; e Georg Jellinek. Teoría general del Estado, México:
Fondo de Cultura Económica, 2004 (reimpressão), XI, 1,
c, p. 348 e 351. [30] Nesse sentido, Gilmar Ferreira
Mendes, Inocêncio M. Coelho e Paulo Gustavo Gonet
Branco. Curso de direito constitucional, São Paulo:
Saraiva, p. 867; e Alexandre de Moraes. Constituição do
Brasil interpretada e legislação constitucional, 5 ed. São
Paulo: Atlas, p. 1.281. [31] Os atos regulatórios devem
ser infralegais, restando vedado ao administrador inovar
como legislador. Assim, por exemplo, a resolução de uma
agência reguladora pode inovar apenas como ato
administrativo, porém nos exatos limites da lei. A
infralegalidade reivindica uma sadia autocontenção. Não
há, portanto, falar deslegalização no campo regulatório,
que pode até valer noutros contextos, mas não tem
guarida em nosso complexo normativo . (Cf. Juarez de
Freitas. O controle dos Atos Administrativos e os
Princípios Fundamentais. 3 Ed. São Paulo: Malheiros,
2004, p.48.). [32] Cf. Gustavo Binenbojm. Uma teoria do
Direito Administrativo: Direitos Fundamentais,
Democracia e Constitucionalização. Rio de Janeiro:
Renovar, 2008, p. 286). Igualmente, Marçal Justen Filho
(O Direito das Agências Reguladoras Independentes. São
Paulo: Dialética, 2002, p. 540) afirma que uma agência
reguladora não pode fazer algo além ou diverso do que
seria reconhecido ao Poder Executivo, em matéria de
produção normativa. [33] (...) 3) deferir, em parte, o
pedido de medida cautelar para: a) quanto aos incisos IV
e X, do art. 19, sem redução de texto, dar-lhes
interpretação conforme à Constituição Federal, com o
objetivo de fixar exegese segundo a qual a competência
da Agência Nacional de Telecomunicações para expedir
normas subordina-se aos preceitos legais e
regulamentares que regem outorga, prestação e fruição
dos serviços de telecomunicações no regime público e no
regime privado (....) (cf. STF, ADI n. 1668 MC, Rel. Min.
Marco Aurélio, Tribunal Pleno, julgado em 20 / 08 /
1998). [34] Art. 40. Os atos da Agência deverão ser
sempre acompanhados da exposição formal dos motivos
que os justifiquem. (...) Art. 42. As minutas de atos
normativos serão submetidas à consulta pública,
formalizada por publicação no Diário Oficial da União,
devendo as críticas e sugestões merecer exame e
permanecer à disposição do público na Biblioteca
(destacamos). [35] Capítulo III Da Consulta Pública Art.
45. A Consulta Pública tem por finalidade submeter
minuta de ato normativo a comentários e sugestões do
público em geral, bem como documento ou assunto de
interesse relevante. 1 A Consulta Pública será formalizada
por publicação no Diário Oficial da União, com prazo não
inferior a dez dias, devendo as contribuições ser
apresentadas conforme dispuser o respectivo ato. 2 Os
comentários e as sugestões encaminhados e devidamente
justificados deverão ser consolidados em documento
próprio a ser enviado à autoridade competente, contendo
as razões para sua adoção ou não, ficando o documento
arquivado na Biblioteca da Agência, à disposição do
público interessado (destacamos) [36] No mesmo sentido,
cfr. STJ, 1. T., REsp 153714-SP, rel. Min. José Delgado.
[37] É precisamente a fundamentação das decisões que
permite controlar o seu acerto, até porque somente com a
motivação é possível auferir se, in concreto, estão
presentes os princípios da legalidade e da imparcialidade
que regem a Administração PúblicaJosé Carlos Barbosa
Moreira. A motivação das decisões judiciais como
garantia inerente ao Estado de Direito, cit., p. 87. [38] Cf.
C.A. Bandeira de Mello, Curso de direito administrativo,
25 ed. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 390-391. [39] José
Carlos Vieira de Andrade. O dever da fundamentação
expressa de actos administrativos, Coimbra: Almedina,
1991, p. 235. [40] Portanto, a fundamentação faz-se
completa quando ela abrange tanto a versão aceita pelo
julgador quanto as razões pelas quais ele recusara a
versão oposta, de sorte a que o convencimento alcance o
nível de racionalidade exigido pela lei. Ovídio Baptista da
Silva. Fundamentação das sentenças como garantia
constitucional, in Pedro Manoel Abreu e Pedro Miranda
de Oliveira (organizadores). Direito e Processo: estudos
em homenagem ao Desembargador Norberto Ungaretti,
Florianópolis: Conceito Editorial, 2007, p. 747. [41] A
realização de audiência pública tem o intuito de propiciar
o debate público e pessoal por pessoas físicas ou
representantes da sociedade civil no que refere a assuntos
de relevância para a população. É fundamental para que a
audiência atinja seus objetivos que todos os interessados
sejam ouvidos, efetivando-se, assim, a participação dos
afetados nas decisões administrativas (TRF-4. Região, 4.
T., AI 5014373-16.2011.404.0000 / RS, Des. Vilson
Darós, j. 4.10.2010). [42] Confira-se, nesse sentido,
trabalho da consultoria Cullen International (cf. LCA
Consultoria documento apresentado pela Oi como
contribuição à Consulta Pública 46 / 2011 [43] Conforme
o estudo da LCA Consultoria, apresentado pela Oi, que
estima que os investimentos para ampliação da banda
larga, de 32 milhões de usuários (2011) para 154 milhões
(2020) corresponderiam a R$ 145 bilhões. Com a
elevação dos custos, em razão da adoção dos
Regulamentos ora examinados, esses mesmos R$ 145
bilhões seriam capazes, apenas de ampliar o acesso para
78 milhões de usuários. [44] Cf. Manifestação da SEAE -
Contribuição n. 17 ID:55911). [45] Cf. Estudo elaborado
pelo CPqD, a pedido do Sindicato Nacional de Empresas
de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal
SindiTelebrasil, apresentado pela Oi em 10.09.2010
(protocolo n. 53500.022382 / 2010) [46] Todavia,
verifica-se que a área consulente não consolidou, em
documento próprio, os comentários e sugestões
encaminhados pela sociedade, seguidos das razões para
sua adoção ou não. Por isto, não resta cumprido o que
dispõe o 2 do art. 45 do Regimento Interno (fls. 772) [47]
Não se pode esquecer, a esse propósito, que são nulas as
sentenças sem relatório (RP 4 / 406; JTJ 153 / 140),
sabida a excepcional utilidade dessa técnica, como forma
de permitir o controle da decisão judicial. O mesmo,
naturalmente, se aplica ao procedimento de arrolar as
contribuições e endereçá-las organizadamente. [48] As
mais de 700 contribuições ao RGQ-SCM tiveram pouco
mais, mas não muito mais, de atenção. [49] V. Jorge Reis
Novais. Os Princípios Constitucionais Estruturantes da
República Portuguesa, Coimbra: Coimbra Editora, 2004,
Cap. II, n. 1.3, pp. 161 / 163. [50] Dentre outros
parâmetros, esse decreto apresenta questões
relevantíssimas e imprescindíveis para a boa aplicação e
normatização de políticas públicas, dentre elas (a) há
necessidade de tomar alguma providência? (b) acontecerá
algo caso nada seja feito? (c) qual o objetivo pretendido
com o ato? (d) quais razões determinam sua iniciativa? (e)
quais seriam os reflexos do problema na economia,
técnica e jurisprudência? (f) quais seriam as alternativas
disponíveis; (g) há uma relação equilibrada entre custos e
benefícios? [51] O regime público, atualmente,
compreende apenas o Serviço Telefônico Fixo Comutado
(art. 64 da LGT). [52] Na tentativa de mensurar o impacto
financeiro da Consulta Pública No 46, a LCA partiu de
estudo prévio, realizado para o 55o Painel TeleBrasil,
realizado em junho de 2011. A pergunta que se coloca é
qual o valor do investimento necessário para a realização
do cenário previsto em tal estudo considerando-se agora
os regulamentos para qualidade. No estudo inicial,
considerou-se um cenário no qual o número de acessos de
banda larga (acessos fixos mais móveis), cresceria de 35,2
milhões para 154 milhões em 2020. Nesse caso a
penetração do serviço no país iria de 18,5 acessos para
cada 100 habitantes para 74,3. Em termos comparativos
isso significa partir de um nível de penetração próximo à
da Malásia e atingir patamar análogo ao de países como
Suécia e Austrália. Para estimar o investimento necessário
para atingir esse crescimento foram utilizados dados de
CAPEX por acesso (incluindo transporte e rede de acesso
- backbone, backhaul e última milha), informado por
empresas do setor. Nesse contexto, os investimentos são
da ordem de R$145 bilhões. Para se adequar às regras de
qualidade propostas, estima-se que o CAPEX da banda
larga fixa tenha um incremento de 82%, enquanto que o
da móvel cresceria 414% (Figura 5). Vale dizer, se
considerarmos o CAPEX com os ajustes de qualidade,
R$145 bilhões não seriam suficientes para atingir sequer
78 milhões de acessos, número alcançado em 2014 no
exercício. O exercício descrito indica que os
regulamentos de qualidade demandariam um crescimento
elevado dos investimentos sem a contrapartida no
aumento do número de acessos, ou seja, haveria um
substancial aumento de custos para provisão dos serviços
de banda larga. Parecer da LCA intitulado Consulta
Pública ANATEL n. 46 / 2011: Regulamento de Gestão
de Qualidade do SCM Setembro de 2011. [53] Políticas
públicas são os programas de ação governamental visando
coordenar os meios à disposição do Estado e as atividades
privadas, para a realização de objetivos socialmente
relevantes e politicamente determinados (cf. Maria Paula
Dallari Bucci, Direito Administrativo e Políticas Públicas,
São Paulo, Saraiva, p. 241). [54] Nesse sentido, Gilberto
Bercovici, parecer inédito, de agosto de 2011, no processo
administrativo n 08012.003921 / 2005-10, perante o
Conselho Administrativo de Defesa Econômica. [55] A
liberdade de iniciativa, alçada a princípio preponderante
da ordem constitucional, consiste, em apertada síntese, na
liberdade dos particulares desenvolverem sua atividade
econômica com o mínimo possível de, e muitas vezes
mesmo nenhuma, interferência do estado. Nesse sentido:
Modesto Carvalhosa, A Ordem Econômica na
Constituição de 1969, São Paulo, RT, p. 112-122; Luis
Roberto Barroso, A Ordem Econômica Constitucional e
os limites à atuação estatal no controle de Preços, Revista
de direito Administrativo, 226 / 200-201; Luis Roberto
Barroso, Modalidades de intervenção do Estado na
Ordem Econômica, Regime Jurídico das Sociedades de
Economia Mista, Inocorrência de Abuso de Poder
Econômico, in Temas de Direito Constitucional, Rio de
Janeuiro, Renovar, 2002, tomo I, p. 393-395; Luciano
Benetti Timm, O direito fundamental à livre iniciativa, in
O novo direito Civil: ensaios sobre o mercado, a
reprivatização do direito civil e a privatização do direito
público, Porto Alegre, Livraria do Advogado, 2008, p. 97-
98. [56] O direito à liberdade de escolha está intimamente
relacionado aos princípios constitucionais da livre
iniciativa e da livre concorrência, previstos no art. 170 da
Constituição, jamais se esquecendo de que tais princípios
gerais da ordem econômica têm por finalidade assegurar a
todos existência digna, conforme os ditames da justiça
social . (cf. Sergio Cavalieri Filho. Programa de Direito
do Consumidor. São Paulo: Atlas, 2008, p. 82). Cf.
também Fábio Konder Comparato. Ensaios e pareceres de
direito empresarial. Rio de Janeiro: Forense, 1978, pp.
481; e Sérgio Varella Bruna. O poder econômico e a
conceituação do abuso em seu exercício. São Paulo: RT,
1997, p.169. [57] A liberdade de escolha concede ao
consumidor a faculdade de tomar decisões segundo a sua
verdadeira vontade. A clareza das informações sobre o
produto e service é imprescindível para a autonomia do
exercício desse direito. É o que vem sendo reconhecido
nos Tribunais.[ ] (cf. Marta Britto de Azevedo,
Consumidor consciente: liberdade de escolha e segurança,
Revista de Direito do Consumidor. São Paulo: RT, n 67,
2008, p.205-206.). Da mesma forma, [o] dever de
informar passa a ser natural na atividade de fomento ao
consumo, na atividade de toda a cadeia de fornecedores, e
é um verdadeiro onus atribuído aos fornecedores,
parceiros contratuais ou não do consumidor. (cf. Cláudia
Lima Marques. Contratos no Código de Defesa do
Consumidor. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
1998, p. 325.) [58] A liberdade de escolha está referida
expressamente no Código de Defesa do Consumidor
como direito básico do consumidor (art. 6 , II), todavia,
ela jamais se tornará efetiva se, ao lado da capacidade de
escolher, não se garantirem variedade de opções . (cf.
Heloísa Carpena, O Direito de Escolha: garantindo a
soberania do consumidor no mercado, Revista de Direito
do Consumidor. São Paulo: RT, n 51, 2004, p. 163). De
outro lado, [a]s chamadas escolhas do consumidor estão
limitadas àquilo que é oferecido (cf. Rizzatto Nunes.
Curso de Direito do Consumidor, 4.ed. São Paulo:
Saraiva, 2008, p. 28). Dito de outra forma, se inexiste a
liberdade para ofertar opções de produtos nos padrões
estipulados pela Constituição Federal e pelo CDC, então a
liberdade de escolha pelo consumidor se torna
necessariamente ausente ou fictícia. [59] A informação
clara, objetiva, verdadeira, cognoscível permite que o
consumidor instrua seu processo de decisão de compra do
produto ou serviço, realizando-o de forma consciente, e
assim minimizando os riscos de dano e de frustração de
expectativas. O direito de informação é garantido de
forma ampla pela lei, não como fim em si mesmo, mas
como condicionante do direito de escolha do consumidor.
(cf. Heloísa Carpena. O Direito de Escolha: garantindo a
soberania do consumidor no mercado. Revista de Direito
do Consumidor. São Paulo: RT, n 51, 2004, p. 163); cf.
também, Paulo Luiz Netto Lôbo. A informação como
direito fundamental do consumidor. Revista de Direito do
Consumidor. São Paulo: RT, n 37, 2001, p.62 e ss. [60] A
fim de realizar os ideais de transparência e harmonia,
vetores da política nacional das relações de consumo (art.
4, caput) a lei incluiu a informação adequada e clara
dentre os direitos básicos do consumidor (art. 6, III). Há
mesmo quem sustente em doutrina que tal direito tem
assento constitucional, relacionado ao disposto no art. 5,
XIV, da CF, que assegura a todos o acesso à informação
(cf. Heloísa Carpena, O consumidor no direito da
concorrência, Renovar, p. 215). [61] Não é difícil notar
que o dever de informar está contido em todas as fases da
comercialização do produto ou prestação do serviço: pré-
contratual, contratual e pós-contratual. Basta
disponibilizá-los, oferecê-los ou contratar. O consumidor,
informado sobre as características do contrato, do bem e
do serviço, terá garantida a liberdade de escolha na
contratação e poderá discernir sobre as vantagens e
desvantagens do negócio. (cf. Marta Britto de Azevedo,
Consumidor consciente: liberdade de escolha e segurança,
Revista de Direito do Consumidor. São Paulo: RT, n 67,
2008, p.211). [62] Em relação ao consumidor, a liberdade
que o texto lhe garante é o objetivo da República, ou seja,
o Estado brasileiro tem entre seus objetivos o de assegurar
que a sociedade seja livre. Isso significa que,
concretamente, no meio social, dentre as várias ações
possíveis, a da pessoa designada como consumidora deve
ser livre. A consequência disso é que o Estado deverá
intervir quer na produção, quer na distribuição de
produtos e serviços, não só para garantir essa liberdade
mas também para regular aqueles bens que, essenciais às
pessoas, elas não possam adquirir por falta da capacidade
de escolha. (...) Cf. Luiz Antonio Rizzatto Nunes. Curso
de direito do consumidor: com exercícios / Rizzatto
Nunes. 4 ed. São Paulo : Saraiva, 2009, pp. 27 e 28,
grifamos. [63] O direito do consumidor se exerce através
do poder de definir seus próprios desejos e satisfazê-los
no mercado. A ênfase, novamente, é na liberdade de
escolha existência de opções e liberdade de escolher entre
elas (Cf. Neil Averitt, Robert Lande, Consumer
Sovereignty: a unified theory of antitrust and consumer
protection Law, Antitrust Law Journal, v. 65, p. 713-746).
[64] Cf. Neil Averitt Robert Lande, Using the consumer
choice approch to antitrust Law, Antitrust Law journal,
74, p. 215. [65] Se a concorrência traz maiores opções
para os consumidores, é precisamente esse direito tutelar
que traz ao consumidor informação e segurança, impondo
ao mercado importantes parâmetros de confiança,
parâmetros de tratamento leal e de boa-fé não só entre
concorrentes, mas entre esses e seus clientes e a sociedade
em geral (Cláudia Lima Marques, Notas sobre o sistema
de proibição de cláusulas abusivas no Código de Defesa
do Consumidor, Revista Trimestral de Direito Civil, p.
23) [66] Cf. Bruno Miragem. Curso de direito do
consumidor. 2 ed. São Paulo: RT, 2010. [67] Cf. Eros
Roberto Grau, A Ordem Econômica na Constituição de
1988, São Paulo, Malheiros, p. 208-214 e Paula A.
Forgioni, Os fundamentos do Antitruste, São Paulo, RT,
2005, p. 24-26, 87-93, 190-199. No mesmo sentido, José
Alexandre Tavares Guerreiro afirma que a livre
concorrência é valor-meio, a servir o valor fim, que vem a
ser o bem comum e o interesse coletivo (cf. Formas de
abuso do poder econômico, Revista de Direito Mercantil,
66 / 49). Vide, ainda, Norbert Reich, Markt und Rechrt:
Theorie und Praxis des Wirtschaftsrechts in der
Bundesrepublik deutschland, Neuwied / Darmstadt,
Luchterhand, 1977, p. 243-245. [68] Cf. Heloísa Carpena.
O consumidor no direito da concorrência. Rio de Janeiro:
Renovar, 2005, p. 259. [69] Cf. Roberto Pfeiffer. Proteção
do consumidor e defesa da concorrência: paralelo entre as
práticas abusivas e infrações contra a ordem econômica.
São Paulo: RT, outubro-dezembro / 2010, p. 150. [70] Cf.
Massimo Motta, Competition Policy: Theory and
Practice, Cambridge / New York, Cambridge University
Press, p. 30. [71] No entanto, é discutível a validade de
convenção coletiva de consumo que disponha acerca de
preços e quantidade de produtos ou serviços. Com efeito,
tais aspectos são importantes variáveis concorrenciais e,
assim, a possibilidade de se efetivar um acordo quanto ao
preço a ser praticado ou a quantidade a ser ofertada
implicará limitação da concorrência (...) em tais hipóteses
e tratando-se de mercados com concorrência efetiva, seria
muito mais vantajoso ao consumidor que não houvesse
uniformização de preços ou quantidades (cf. Roberto
Augusto Castellanos Pfeiffer, defesa da concorrência e
bem estar do consumidor, Tese de Doutorado, USP, 2010,
p. 31). [72] Cf. Processo n. 53500.016120 / 2008 (RGQ-
SMP), fls. 777. [73] Não se pode esquecer que A
velocidade afeta a percepção do usuário sobre a banda
larga enquanto requisito para o uso de diversos tipos de
aplicativo, mas não é o único e muitas vezes nem o mais
importante (cf. SEAE - Contribuição n. 17 ID:55911).
[74] Cf. SEAE Contribuição n. 17 ID:55911 à Consulta
Pública n. 46 / 2011. [75] Como dito pela SEAE:
Portanto, as garantias de velocidades exigidas pelo
regulamento proposto excedem e muito a realidade do
mercado tal como se apresenta no Brasil hoje, do ponto de
vista dos contratos. Além disso, do ponto de vista de
eficiência alocativa, o aumento da velocidade mínima
disponível individualmente ao longo de todo o período de
pico é indesejável, pois exige a manutenção de um
elevado nível de ociosidade nas redes para que se alcance
o nível técnico que se planeja exigir. Lembra-se que o
desempenho de redes baseadas em protocolo IP, como é a
Internet, varia de assinante para assinante em relação a
horário de conexão, quantidade de horas utilizadas e
consumo de tráfego. Garantir que a qualquer momento o
assinante possa ter 40% da velocidade contratada
significa dividir a infraestrutura disponível entre menos
assinantes. Uma primeira medida para equacionar esta
questão pode ser a redução da base de assinantes dos
provedores, escassez de usuários que não ocorrerá sem o
incremento do preço dos serviços explorados, dado que a
mesma rede terá que ser mantida por menos usuários. A
segunda opção seria a ampliação da capacidade da rede
para níveis superiores aos existentes (considerando-se
como meta apenas a manutenção do atual número de
assinaturas de banda larga), o que exigiria aportes de
investimentos cuja disponibilidade não se conhece e
incrementaria significativamente custos de exploração do
serviço, com reflexos nos preços. (cf. Contribuição n. 17
ID:55911 à Consulta Pública n. 46 / 2011). [76] É, uma
vez mais, o problema da motivação inadequada descrito
no item II.1 (b) acima. [77] Sumarizando, para o usuário
final da conexão do SCM o mais importante é a
experiência do uso dos aplicativos desejados, não
necessariamente os parâmetros técnicos da conexão, e
mesmo dentre estes não somente a velocidade máxima,
embora ela seja importante. Neste sentido, é importante
que a Agência proponha algum tipo de orientação ao
consumidor de qual conexão à Internet é adequada para
que propósito. Isto é feito em vários setores com relação a
elementos que são de difícil compreensão para o
consumidor ou impossíveis de medir antes da compra. Por
exemplo, o selo do PROCEL que informa sobre eficiência
energética, ou a recente obrigação imposta pela ANAC de
divulgação do espaço entre os assentos de uma aeronave.
Existem evidências nos resultados do relatório da
OFCOM sobre velocidade da banda larga de 2009 de que
uma vez que o consumidor seja informado, as limitações
de velocidades decorrentes da própria natureza da rede e
de seu inevitável compartilhamento como distância da
infraestrutura física ou número de usuários conectados
simultaneamente não são de difícil compreensão ou
aceitação [7]. No caso inglês, foi encontrada uma
velocidade máxima média equivalente a 83% da
velocidade contratada, e isso gerou uma taxa de
reclamação de 9%. No Brasil, em análise realizada pelo
Inmetro [8], todas as empresas pesquisadas foram
consideradas aprovadas no quesito velocidade (o critério
adotado foi 60%, portanto um pouco menos rigoroso do
que o inglês). Isto é um indício de que o número de
reclamações no Brasil pode estar mais relacionado à
assimetria informacional do que propriamente à qualidade
técnica do produto vendido. (cf. SEAE Contribuição n. 17
ID:55911 à Consulta Pública n. 46 / 2011). [78] Cf. SEAE
Contribuição n. 17 ID:55911 à Consulta Pública n. 46 /
2011. [79] As políticas públicas adotadas nos últimos
anos têm sido diametralmente opostas a uma Internet cara
e para poucos. Dado um nível fixo de investimentos,
existe um trade off entre qualidade para os que já têm o
serviço e expansão da base ou massificação, e a opção
política tem sido no sentido de privilegiar estes últimos.
Portanto, até o amadurecimento das redes, a SEAE
recomenda a adoção de um critério mais flexível. (cf.
Contribuição n. 17 ID:55911 à Consulta Pública n. 46 /
2011).
Justificativa:
Conforme exposto ao longo da contribuição, existem
questões importantes trazidas no pedido de anulação da
Oi que dizem respeito às garantias do devido processo
legal formal (legalidade e motivação) e substancial
(razoabilidade e proporcionalidade da edição da norma),
que, com a devida vênia, merecem ser sopesadas por essa
D. Agência, a fim de se evitar a adoção de um
regulamento de metas rígidas e uniformes para as
operadoras, quando, conforme se extrai do material
colhido durante as consultas públicas já realizadas,
haveria alternativas mais razoáveis e menos onerosas,
capazes de conduzir aos mesmos, ou até melhores,
resultados práticos para o usuário final, e sem o risco de
indesejados efeitos colaterais para o mercado.
Item: I.
I. LEGITIMIDADE, TEMPESTIVIDADE E CABIMENTO DO PEDIDO DE
ANULAÇÃO
Contribuição N°: 113
ID da Contribuição: 58383
Autor da Contribuição: Alexandre Elias de Andrade Oliveira
Data da Contribuição: 01/02/2012 12:27:51
Contribuição: xx
Justificativa: xx
Item: II.
II. OBJETO DO PEDIDO DE ANULAÇÃO
Contribuição N°: 114
ID da Contribuição: 58253
Autor da Contribuição: Ramiro Carlos Rocha Rebouças
Data da Contribuição: 17/01/2012 00:01:18
Contribuição:
Nenhum particular, e muito menos a ANATEL, salvo
violação do princípio da juridicidade, pode, quando há
pacífica jurisprudência do STF e do STJ, colocar portarias
acima de obrigações internacionais que são dispostas em
supralegalidade.
Justificativa:
Impende transcrever o dispositivo do Pacto de San Jose
da Costa Rica cuja legislação infraconstitucional vem
afrontando ostensivamente. Artigo 13. Liberdade de
pensamento e de expressão 1. Toda pessoa tem direito à
liberdade de pensamento e de expressão. Esse direito
compreende a liberdade de buscar, receber e difundir
informações e idéias de toda natureza, sem consideração
de fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou em forma
impressa ou artística, ou por qualquer outro processo de
sua escolha. 2. O exercício do direito previsto no inciso
precedente não pode estar sujeito a censura prévia, mas a
responsabilidades ulteriores, que devem ser
expressamente fixadas pela lei e ser necessárias para
assegurar: a. o respeito aos direitos ou à reputação das
demais pessoas; ou b. a proteção da segurança nacional,
da ordem pública, ou da saúde ou da moral públicas. 3.
Não se pode restringir o direito de expressão por vias ou
meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais
ou particulares de papel de imprensa, de freqüências
radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos usados na
difusão de informação, nem por quaisquer outros meios
destinados a obstar a comunicação e a circulação de idéias
e opiniões. 4. A lei pode submeter os espetáculos públicos
a censura prévia, com o objetivo exclusivo de regular o
acesso a eles, para proteção moral da infância e da
adolescência, sem prejuízo do disposto no inciso 2. 5. A
lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, bem
como toda apologia ao ódio nacional, racial ou religioso
que constitua incitação à discriminação, à hostilidade, ao
crime ou à violência. Em que faremos demonstrar caírem
por terra alegações de direito à propriedade, fundamento
do direito ao empreendedorismo, visto disposições do
mesmo Tratado Internacional. Artigo 21. Direito à
propriedade privada 1. Toda pessoa tem direito ao uso e
gozo dos seus bens. A lei pode subordinar esse uso e gozo
ao interesse social. 2. Nenhuma pessoa pode ser privada
de seus bens, salvo mediante o pagamento de indenização
justa, por motivo de utilidade pública ou de interesse
social e nos casos e na forma estabelecidos pela lei. 3.
Tanto a usura como qualquer outra forma de exploração
do homem pelo homem devem ser reprimidas pela lei. A
adoção do regime privado para a prestação de serviço de
Internet Banda Larga viola ostensivamente o parágrafo
terceiro do artigo 13 da Convenção Americana Sobre
Direitos Humanos, o que coloca o Brasil em risco de
sofrer representação frente à Comissão Interamericana de
Direitos Humanos, visto mais, as justificativas
apresentadas violam ostensivamente o parágrafo 3 do art.
21 do Pacto de San Jose da Costa Rica.
Contribuição N°: 115
ID da Contribuição: 58384
Autor da Contribuição: Alexandre Elias de Andrade Oliveira
Data da Contribuição: 01/02/2012 12:27:51
Contribuição: xx
Justificativa: xx
Item: III.
III. PRELIMINARMENTE - DOS VÍCIOS DE MOTIVAÇÃO
Contribuição N°: 116
ID da Contribuição: 58254
Autor da Contribuição: Ramiro Carlos Rocha Rebouças
Data da Contribuição: 17/01/2012 00:01:18
Contribuição: Vício de motivação é a ANATEL insistir no regime
privado para Internet
Justificativa:
A Lei Geral de Telecomunicações em tudo que conflite
com os Tratados do Sistema Interamericano de Direitos
Humanos, todos os dispositivos que causem tal conflito
ficam imediatamente com a eficácia suspensa. Importante
destacar do aresto citado. Isso significa dizer que, no
plano material, as regras provindas da Convenção
Americana de Direitos Humanos, em relação às normas
internas, são ampliativas do exercício do direito
fundamental à liberdade, razão pela qual paralisam a
eficácia normativa da regra interna em sentido contrário,
haja vista que não se trata aqui de revogação, mas de
invalidade. O Regime Privado para regulamentação da
banda larga ADSL, quer da banda larga móvel, no modo
como vem sendo regulamentado, representa sim vício de
motivação e vício de finalidade, aplicação política da Lei
por parte da ANATEL visando favorecer as operadoras.
Isto posto, demonstra que o pleito da OI, além de
falacioso, inconsistente, visa, se acatado, colocar o Brasil
na condição de mais um ilícito internacional. A Banda
Larga é um Direito Humano Protegido pela Convenção
Americana Sobre Direitos Humanos Logo é incompatível
com os princípios mercantilistas do regime privado
atualmente vigente na Banda Larga, exigindo a imediata
passagem para o Regime Público. A regulamentação
frouxa, sem metas de universalização, a permissividade
com a prevalência da lógica do lucro, em desfavor do
interesse público, violam a Convenção Americana Sobre
Direitos Humanos. A prevalência do Interesse Público
sobre o Interesse Privado é gritante, como ululantemente
violada pela ANATEL no regime de regulamentação da
Banda Larga. Até agora não encontramos nenhum texto
de direito administrativo pátrio que tenha enfrentado
melhor a questão que a tradicional obra de Celso Antônio
Bandeira de Mello, da qual nos socorremos para soterrar
de vez com todos os argumentos cambaios sustentados
pela OI. Convém reiterar, e agora com maior detença,
considerações dantes feitas, para prevenir intelecção
equivocada ou descabida sobre o alcance do princípio da
supremacia do interesse público sobre o interesse privado
na esfera administrativa. A saber: as prerrogativas que
nesta via exprimem tal supremacia não são manejáveis ao
sabor da Administração, porquanto esta jamais dispõe de
poderes , sic et simpliciter. Na verdade, o que nela se
encontram são deveres-poderes, como a seguir se aclara.
Isto por que a atividade administrativa é exercício de
função . Tem-se função apenas quando alguém está
assujeitado ao dever de buscar, no interesse de outrem, o
atendimento de certa finalidade. Para desincubir-se de tal
dever, o sujeito de função necessita manejar poderes, sem
os quais não teria como atender a finalidade que deve
perseguir para satisfação do interesse alheio. Assim, ditos
poderes são irrogados, única e exclusivamente, para
propiciar o cumprimento do dever a que estão ungidos: ou
seja, são conferidos como meios impostergáveis ao
preenchimento da finalidade que o exercente da função
deverá suprir. Segue-se que tais poderes são
instrumentais: servientes do dever de cumprir bem a
finalidade a que estão indissoluvelmente atrelados. Logo,
aquele que desempenha função, tem na realidade,
deveres-poderes. Não poderes , simplesmente. Nem
mesmo satisfaz configurá-los como poderes-deveres ,
nomenclatura a partir de Santi Romano. Com efeito, fácil
é ver-se que a tônica reside na idéia de dever, não na de
poder . Daí a conveniência de inverter os termos deste
binômio para melhor vincar sua fisionomia e exibir com
clareza que o poder se subordina ao cumprimento do
interesse alheio, de uma dada finalidade. (...) Interesse
público ou primário, repita-se, é o pertinente à sociedade
como um todo, e só ele pode ser validamente objetivado,
pois este é o interesse que a lei consagra e entrega à
compita do Estado como representante do corpo social.
Interesse secundário é aquele que atina tão-só ao aparelho
estatal enquanto entidade personalizada, e por isso mesmo
pode lhe ser referido e nele encarnar-se pelo simples fato
de ser pessoa, mas que só pode ser validamente
perseguido pelo Estado quando coincidente com o
interesse público primário. Com efeito, por exercerem
função, os sujeitos da Administração Pública têm que
buscar o atendimento do interesse alheio, qual seja, o da
coletividade, e não o interesse de seu próprio organismo,
qua tale considerado, e muito menos o dos agentes
estatais . (g.n.) No mais em que alegue a OI vício de
motivo e vício de finalidade para tentar conduzir a
ANATEL em ilícito internacional, temos a lição
doutrinária de Helly Lopes Meirelles, mantido por seus
revisores. O desvio de finalidade ou de poder verifica-se
quando a autoridade, embora atuando nos limites de sua
competência, pratica o ato por motivos ou com fins
diversos dos objetivados pela lei ou exigidos pelo
interesse público. O desvio de finalidade ou de poder, é,
assim, a violação ideológica da lei, ou por outras palavras,
a violação moral da lei, colimando o administrador
público fins não queridos pelo legislador, ou utilizando
motivos e meios imorais para prática de um ato
administrativo aparentemente legal (g.n.). Quando o
Brasil ratificou a Convenção Americana Sobre Direitos
Humanos, e quando aprovou, o Congresso, não apenas o
Tratado, como também deu nova orientação à matéria
com a introdução do parágrafo terceiro no artigo 5 da
CRFB-88, passou a ser defeso não apenas por Lei
Nacional ou Complementar, mas por norma supralegal,
defeso ao Administrador Público alegar prevalência de
portarias e outros interesses menores contra a
supralegalidade de Tratados Internacionais que definem
Direitos Humanos Internacionalmente Protegidos.
Reafirmamos o art. 13 da Convenção Americana Sobre
Direitos Humanos. Isto sem entrar nas questões da
supramacia legal do Código de Defesa do Consumidor,
acima de qualquer portaria da ANATEL. A prestação do
serviço de Internet Banda Larga em Regime Privado por
si mesmo já é uma ostensiva, grotesca violação da
Convenção Americana Sobre Direitos Humanos. Visto a
Lei Geral de Telecomunicações, as regras previstas para o
Regime Público, é fundamental que a ANATEL faça
adequar, sob ônus de seus dirigentes estarem incorrendo
em violação dolosa e imoral da ordem legal, em resumo,
atos de improbidade administrativa, passíveis, inclusive,
de causarem prejuízos imateriais e materiais ao Estado
Brasileiro, conforme possa dar azo, fundamentos técnicos,
para uma representação contra o Brasil frente à Comissão
Interamericana de Direitos Humanos. O regime privado
de banda larga móvel 3G com grotesca limitação de
máximo de dados é violação dolosa do parágrafo terceiro
do artigo 13 da Convenção Americana Sobre Direitos
Humanos. Não alegue a ANATEL o interesse dos
pequenos provedores incapazes de sobreviver à
exigências de universalização do serviço pelo Regime
Público de Concessão para Banda Larga. Teríamos
aplicação política, e dolosamente imoral da Lei. A
Convenção Americana Sobre Direitos Humanos está
acima das limitações passíveis de serem suscitadas a
partir da Lei Geral de Telecomunicações, bem como
exige uma interpretação mais favorável não às
operadoras, mas sim ao cidadão, da legislação.
Demonstrado ser a Internet um Direito Humano Protegido
Pelo Sistema Interamericano de Direitos Humanos, toda a
Legislação deve ser interpretada com foco e colocando no
centro o cidadão, e não as corporações. Em primeiro
plano o direito do cidadão, sujeito de proteção de seus
direitos taxativamente previstos na Convenção Americana
Sobre Direitos Humanos, e depois, no que for possível e
não viole os Tratados Internacionais, o interesse das
operadoras. A limitação excessiva do limite de dados,
falta de controles de qualidade, significam chancela por
órgão do Governo Federal em favor de particulares
exercerem indevido, vedado, defeso pela Convenção
Americana Sobre Direitos Humanos, abusivo controle
sobre o direito de expressão e comunicação dos cidadãos
brasileiros. Alegar a ANATEL razões de ordem
econômica em desfavor do cidadão, é dolosamente, de
forma consciente, com a inerente imoralidade, quebra do
princípio da Juricidade, é a ANATEL defender, como
autarquia, estar acima dos Tribunais de Sobreposição, e
querer colocar o Brasil na rota de novo ilícito
internacional. Não de menor importância temos o artigo
13 do Protocolo de San Salvador, e se o Ministério da
Educação valida o ensino superior a distância, não pode a
ANATEL, salvo querer de forma consciente, dolosa,
tentar interpretar por viés político e imoral a Lei, tentando
ignorar os Tratados do Sistema Interamericano Sobre
Direitos Humanos, não pode a ANATEL permitir falta de
controle em favor dos cidadãos quanto à qualidade da
Banda Larga, nem permitir limites máximos de dados por
parte das operadoras, visto inviabilizar iniciativas do
Ministério da Educação como Ensino Superior à
Distância pela Internet.
Contribuição N°: 117
ID da Contribuição: 58385
Autor da Contribuição: Alexandre Elias de Andrade Oliveira
Data da Contribuição: 01/02/2012 12:27:51
Contribuição: xx
Justificativa: xx
Contribuição N°: 118
ID da Contribuição: 58479
Autor da Contribuição: Diogo Moyses Rodrigues
Data da Contribuição: 01/02/2012 19:43:05
Contribuição:
CONTRIBUIÇÃO ENVIADA EM NOME DA
CAMPANHA BANDA LARGA É UM DIREITO SEU!
Não devem ser acatados os pedidos.
Justificativa:
1. A empresa alega que exposição de motivos foi
insuficiente e inapta e que deveria haver uma análise de
impacto regulatório. Em primeiro lugar, os motivos são
intrínsecos à própria natureza da regulamentação. Por sua
vez, a ausência de Análise de Impacto Regulatório é
realmente negativa e deveria ter sido realizada pela
Anatel. Contudo, ela não é obrigatória pela legislação e
não justifica o pedido de anulação das metas. 2. Em
relação às experiências internacionais, somamo-nos à
contribuição enviada pelo Clube de Engenharia e outras
entidades, que mostra a tendência de vários países
adotarem parâmetros em linha com o que propõe a
Anatel. 3. Sobre a adoção de parâmetros similares para
banda larga fixa e móvel: embora os serviços fixo e
móvel tenham condições distintas de prestação e precisem
ter metodologias específicas de aferição, o objetivo de
medição é o mesmo. A padronização dos parâmetros é
fundamental por garantir facilidade de comparação e
acesso a informação pelo consumidor e pelo fato de o país
ter uma expansão fortemente sustentada pelo serviço
móvel pessoal, que em muitos lugares, em especial na
região Norte, faz às vezes de banda larga fixa para muitas
regiões. Eventuais diferenças de metodologia na medição
(coerentes com as particularidades de cada serviço)
podem ser definidos pelo GIPAQ.
Contribuição N°: 119
ID da Contribuição: 58493
Autor da Contribuição: Daniel Douek
Data da Contribuição: 01/02/2012 19:47:09
Contribuição:
Recomenda-se a revisão da Resolução n. 575 / 2011, nos
termos dos Pedidos de Anulação apresentados pela TNL
PCS S.A., com a tomada das devidas diligências por parte
desta agência de modo a sanar os vícios de motivação
abordados na justificativa abaixo.
Justificativa:
CONSULTA PÚBLICA N. 02 / 2012 PEDIDO DE
ANULAÇÃO AOS DISPOSITIVOS DOS
REGULAMENTOS DE QUALIDADE DO SERVIÇO
DE COMUNICAÇÃO MULTIMÍDIA (SCM) E DO
SERVIÇO MÓVEL PESSOAL (SMP) 1. Pereira Neto,
Galdino, Macedo Advogados, em atenção à Consulta
Pública n. 02 / 2012, vem à presença de Vossas
Senhorias, tecer as considerações a seguir, acerca dos
argumentos apresentados pela TNL PCS S.A. ( Oi ) no
Pedido de Anulação em face de dispositivos constantes no
Regulamento de Gestão de Qualidade do Serviço de
Comunicação Multimídia ( RGQ-SCM ), aprovado pela
Resolução n. 574 / 2011, bem como no Pedido de
Anulação referente ao Regulamento de Gestão da
Qualidade do Serviço Móvel Pessoal ( RGQ-SMP ),
aprovado pela Resolução n. 575 / 2011. 2. A nosso ver,
com base na análise dos documentos disponibilizados
pela Agência no âmbito desta Consulta Pública, é
procedente a irresignação da Oi, notadamente em relação
aos vícios de motivação apresentados na Consulta Pública
n. 46, 10 de agosto de 2011, e Consulta Pública n. 27, de
12 de julho de 2010. Três aspectos fundamentam nosso
posicionamento quando ao caso em questão. 3. Em
primeiro lugar, é importante observar que o dever de
motivação não consiste na mera indicação do fundamento
legal, sendo requisito necessário a apresentação do
elemento fático do ato administrativo para a sua
composição. Isso pressupõe uma adequada ponderação
dos apontamentos colhidos junto aos interessados, aspecto
que se acentua quando ocorre um procedimento de
consulta pública como foi o caso. Ademais, faz-se
essencial que tal ponderação demonstre, de forma clara,
lógica e inequívoca, que a opção adotada deve
preponderar, de modo que a motivação esteja em
consonância com os termos do artigo 50, 1 , da Lei n.
9.784 / 1999. 4. Em segundo lugar, à Agência Nacional
de Telecomunicações ( ANATEL ) foi conferido poder
normativo de assuntos técnicos relacionados ao setor
regulado. Do mesmo modo, ao promover essa regulação,
caberá à agência apresentar argumentos técnicos para
fundamentar suas decisões. A experiência internacional,
bem como de outras agências brasileiras, mostram que as
práticas da Análise de Impacto Regulatório ( AIR )
deveriam ser incorporadas aos processos normativos da
ANATEL, a fim de se assegurar o cumprimento ao
princípio da motivação, mormente quando a nova
regulamentação produz impacto evidente e profundo
sobre os custos das operadoras de telecomunicações. 5.
Em terceiro lugar, as Consultas Públicas que envolveram
a aprovação do RGQ-SCM e do RGQ-SMP foram
marcadas por um duplo vício de motivação. De um lado,
não foi promovida uma análise técnica adequada para se
estipular quais os indicadores de qualidade seriam
exigidos, e seus respectivos valores. De outro, tampouco
houve o exame adequado das contribuições recebidas,
muitas vezes sendo negadas as questões apresentadas sem
qualquer análise pormenorizada. 6. Tais aspectos,
inclusive, ensejam a nulidade do RGQ-SCM e RGQ-SMP
independentemente do pleito formulado pela Oi,
considerando ser dever de ofício da Agência promover a
anulação de atos ilegais o que ocorre no caso,
considerando o vício de motivação. É o que se passa a
expor. I. DO DEVER DE MOTIVAÇÃO: ELEMENTOS
DE DIREITO E DE FATO 7. A motivação consiste em
elemento legitimador do ato administrativo discricionário
da Administração Pública, na medida em que possibilita a
verificação da legalidade do ato, bem como da adequação
entre os motivos invocados e os resultados obtidos sendo
reconhecido como um princípio constitucional implícito,
tamanha sua importância. Trata-se, assim, de princípios
pelo qual a Agência Reguladora deve se pautar, conforme
expresso na Lei n. 9.472, de 16 de julho de 1997 (Lei
Geral de Telecomunicações LGT) e Lei n. 9.784, de 29 de
janeiro de 1999. 8. A precisão e suficiência da motivação
exigem referência às circunstâncias do caso concreto de
maneira detalhada. A mera indicação do fundamento legal
e de expressões vagas descritivas dos elementos fáticos
não permite a concatenação do ato administrativo com a
realidade e, consequentemente, torna-se impossível aferir
se determinada medida atende, de forma adequada e
proporcional, ao interesse público(1) almejado. 9. Decisão
do Superior Tribunal de Justiça corrobora esse
entendimento, exigindo da Administração Pública uma
motivação suficientemente detalhada e precisa, in verbis:
ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA.
INDEFERIMENTO DE AUTORIZAÇÃO PARA
FUNCIONAMENTO DE CURSO SUPERIOR.
AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO DO ATO
ADMINISTRATIVO. NULIDADE. 1. A margem de
liberdade de escolha da conveniência e oportunidade,
conferida à Administração Pública, na prática de atos
discricionários, não a dispensa do dever de motivação. O
ato administrativo que nega, limita ou afeta direitos ou
interesses do administrado deve indicar, de forma
explícita, clara e congruente, os motivos de fato e de
direito em que está fundado (art. 50, I, e 1 da Lei 9.784 /
99). Não atende a tal requisito a simples invocação da
cláusula do interesse público ou a indicação genérica da
causa do ato. 2. No caso, ao fundamentar o indeferimento
da autorização para o funcionamento de novos cursos de
ensino superior na evidente desnecessidade do mesmo , a
autoridade impetrada não apresentou exposição detalhada
dos fatos concretos e objetivos em que se embasou para
chegar a essa conclusão. A explicitação dos motivos era
especialmente importante e indispensável em face da
existência, no processo, de pareceres das comissões de
avaliação designadas pelo próprio Ministério da
Educação, favoráveis ao deferimento, além de
manifestações no mesmo sentido dos Poderes Executivo e
Legislativo do Município sede da instituição de ensino
interessada. 3. Segurança parcialmente concedida, para
declarar a nulidade do ato administrativo (STJ, 1 Seção,
MS 9944 / DF, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ 13 /
06 / 05)(2) 10. Nesse mesmo sentido, para Celso Antônio
Bandeira de Mello(3) a motivação do ato administrativo
envolve uma série de elementos, como (i) o fato jurídico
administrativo, que consiste naquele evento
administrativo previamente tipificado pela lei ou mesmo
considerado relevante pela autoridade administrativa, (ii)
a exposição das normas jurídicas que fundamentaram a
formulação do ato administrativo, e (iii) a apresentação da
causa, isto é, da relação de razoabilidade e de
proporcionalidade que deve haver entre o motivo do ato e
seu conteúdo, diante da finalidade [...] (4) . 11. Destaca-se
que, assim como a motivação, a proporcionalidade
consiste em dos princípios norteadores da Administração
(cf. art. 2 , da Lei n. 9.784 / 99), sendo fundamental
verificar a adequação entre os meios e os fins, de modo a
evitar a imposição de obrigações que superem o
necessário para o atendimento do interesse público (cf.
art. 2 , parágrafo único, inc. VI, da Lei n. 9.784 / 99). Em
situações de conflito envolvendo princípios
constitucionais, como se verifica no presente caso com os
princípios da livre iniciativa, de um lado, e defesa do
consumidor, de outro, o dever de motivação assume
particular relevância como instrumento de ponderação de
interesses e análise da proporcionalidade da intervenção
estatal(5) . 12. Pode-se dizer, assim, que o princípio da
proporcionalidade encontra-se fortemente correlacionado
ao princípio da motivação, uma vez que da análise da
adequação, da necessidade e da proporcionalidade em
sentido estrito se poderá apresentar a causa e revelar a
razoabilidade do ato administrativo, conforme o
entendimento doutrinário exposto acima. 13. Contudo, o
que se nota da análise dos documentos que instruíram o
processo normativo de elaboração dos RGQ-SCM e
RGQ-SMP é que a Anatel não se desincumbiu do ônus de
demonstrar que atendeu a este elevado standard de
motivação. É dizer, não há nos autos do referido processo
administrativo qualquer avaliação concreta da relação
custo-benefício entre o direito sacrificado livre iniciativa
e o fim pretendido defesa do consumidor. Nessa medida,
a motivação da Agência não está completa, pois não é
possível verificar a compatibilidade da medida proposta
com a finalidade almejada. É o que se passará a
demonstrar mais detalhadamente nos itens II e III abaixo.
II. DO DEVER DE MOTIVAÇÃO DAS AGÊNCIAS
REGULADORAS: ANÁLISE DE IMPACTO
REGULATÓRIO (AIR) 14. Deve-se ter em mente que o
processo normativo da atividade regulatória prevê uma
cuidadosa construção procedimental, de modo a assegurar
à adequada motivação dos seus atos. Floriano Azevedo
Marques Neto descreve sinteticamente como se deve
proceder a atividade normativa das agências, sendo
necessário que: (i) passe a ter uma maior preocupação
com a motivação, não meramente formal de seus atos; (ii)
tenha um caráter marcadamente procedimental,
processualizado, com sua subordinação a regras, ritos e
procedimentos claros e preestabelecidos; (iii) envolva
fortemente os administrados mormente os atores
relacionados ao setor específico objeto da regulação no
processo decisório, mediante o recurso a consultas e
audiências públicas, por exemplo; (iv) não possa se
desenvolver sem uma radical transparência, traduzida na
radicalização do princípio da publicidade e na introdução
de efetivos mecanismos de controle pelos sujeitos e
interessados no exercícios desta atividade .(6) 15. É
importante observar que o poder normativo delegado às
agências reguladoras, como a ANATEL, apresenta como
fundamento lógico a possibilidade de editar normas de
cunho técnico, de maneira rápida, em consonância com o
forte dinamismo tecnológico presente nos setores
regulados, notadamente o de telecomunicações. É
exatamente por essa forte tecnicidade presente nas
resoluções emitidas pela ANATEL que a sua motivação
igualmente deve ser fundamentada a partir de uma análise
técnica. 16. Dito de outro modo, se à ANATEL foi
delegado poder normativo para a edição de normas
técnicas para o setor de telecomunicações, do mesmo
modo a agência deve apresentar em sua motivação
parâmetros técnicos. Nesse mesmo sentido dispõe José
Maria Pinheiro Madeira a discricionariedade técnica
existe apenas quando a decisão que nela se fundar poder
ser motivada também tecnicamente. Esta é, quiçá, a
limitação mais importante, pois afasta, ao mesmo tempo,
o arbítrio, o erro, a impostura e a irrazoabilidade (7) . 17.
Portanto, assim como demonstrado nos Pedidos de
Anulação apresentados pela TNL PCS S.A., faz-se
necessária uma análise técnica dos mercados atingidos
pela relo RGQ-SCM e pelo RGQ-SMP. Uma alternativa
seria a Análise do Impacto Regulatório ( AIR ) que vem
sendo fortemente adotado pela experiência internacional.
18. A AIR consiste em uma ferramenta de análise
sistemática dos impactos positivos e negativos dos
regulamentos propostos e existentes(8) . Ou seja, a AIR
permite a análise da probabilidade de benefícios, custos e
efeitos de novos regulamentos, sendo um mecanismo de
sistematização de dados empíricos que possibilitaria a
correta dimensão do problema e a avaliação de diferentes
alternativas para solucioná-lo. 19. De fato, algumas
agências brasileiras, notadamente a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária ( ANVISA ) e a Agência Nacional de
Energia Elétrica ( ANEEL ), buscam implementar práticas
de AIR, fruto do Programa de Fortalecimento da
Capacidade Institucional para Gestão em Regulação (
PRO-REG ), instituído pelo Decreto n. 6.062, de 16 de
março de 2007. 20. O PRO-REG, conforme indicado em
seu artigo 2 , busca formular e implementar medidas que
objetivem: (i) fortalecer o sistema regulatório de modo a
facilitar o pleno exercício de funções por parte de todos
os atores; (ii) fortalecer a capacidade de formulação e
análise de políticas públicas em setores regulados; (iii)
aprimorar a coordenação e o alinhamento estratégico
entre políticas setoriais e processo regulatório; (iv)
fortalecer a autonomia, transparência e desempenho das
agências reguladoras; e (v) desenvolvimento e
aperfeiçoamento de mecanismos para o exercício do
controle social e transparência no âmbito do processo
regulatório. 21. No caso ANVISA, por exemplo, havia
necessidade de aprimorar o regulamento técnico para o
controle dos Bancos de Células e Tecidos Germinativos
(BCTG), que já se encontrava desatualizado em frente às
novas práticas para atuação da vigilância sanitária e dos
prestadores de serviço em reprodução humana assistida, o
que afetava a qualidade e a segurança na prestação desses
serviços. Diante desse cenário, a ANVISA traçou os
seguintes objetivos: (i) estabelecer requisitos mínimos
para funcionamento dos BCTG; (ii) garantir qualidade das
amostras de células e tecidos; (ii) prevenir transmissão de
doenças; (iii) prevenir riscos de procedimento cirúrgico;
(iv) estabelecer padrões seguros para seleção de doadores
e pacientes; e (v) definir normas menos específicas, tendo
em vista o dinamismo do setor e o risco de obsolescência
de normas com grau elevado de detalhamento. 22. Diante
desse cenário, a ANVISA deu início a um processo de
AIR a fim de considerar os impactos (a) da manutenção
da regulação ou (b) de sua atualização, fixando os
princípios e procedimentos pelos quais a análise deveria
se pautar: necessidade, consistência, transparência e
participação. A análise da necessidade de cada alternativa
envolveu a verificação: (i) dos benefícios esperados de
cada alternativa; e (ii) dos custos, dificuldades ou
desvantagens esperados de cada alternativa. 23. No caso
da ANEEL, foram identificados problemas no tocante à
queda de qualidade do serviço de distribuição de energia
elétrica, e uma possível solução seria a implantação de
medidores eletrônicos. Diante desse cenário, a ANEEL
iniciou uma AIR de modo a identificar a melhor maneira
de lidar com esse problema, fixando três alternativas
possíveis: (a) de não intervenção, deixando a substituição
dos medidores para o final de sua vida útil (25 anos); (b)
de intervenção, fixando prazos para troca e
funcionalidades mínimas do novo medidor; e (c) de
intervenção mais profunda, que além de fixar prazos e
critérios técnicos mínimos para os medidores,
estabeleceria sistema de comunicação com a
Distribuidora. A partir da definição das alternativas foram
levantados os custos e benefícios para cada uma delas. 24.
Apenas essa breve indicação de exemplos de AIR
adotadas pela ANVISA e pela ANEEL evidencia a
diferença patente entre as medidas tomadas pela
ANATEL na elaboração do RGQ-SCM e do RGQ-SMP,
isto é, a ausência de levantamento de diferentes
alternativas para o problema encontrado, bem com a
absoluta ausência de uma avaliação do custo-benefício de
cada uma dessas alternativas. 25. Vale destacar, ainda, na
experiência brasileira o Decreto n. 4.176, de 28 de março
de 2002, que estabelece diretrizes e normas para projetos
de atos normativos de competência dos órgãos do Poder
Executivo Federal. O Anexo I do referido Decreto,
conforme acertadamente apontado pelos Pedidos de
Anulação submetidos pela TNL PCS S.A., fixa questões
que devem ser analisadas na elaboração de atos
normativos no âmbito do Poder Executivo, tais como a
delimitação do problema, a identificação das alternativas
disponíveis, o grau de densidade dos atos administrativos
e se o momento para sua aplicação seria adequado. 26.
Embora o Decreto n. 4.176 / 2002 seja destinado aos
órgãos subordinados ao Poder Executivo Federal, não
sendo direcionado explicitamente às agências
reguladoras, o seu modelo deveria ser observado pelas
agências, como standard mínimo de motivação. Deve-se
observar que, se o Poder Executivo Central estabelece as
políticas públicas setoriais, as agências, por sua vez,
procuram concretizar os objetivos nelas fixados. Nesse
contexto, não é admissível que, para atos normativos das
agências, não seja seguido qualquer procedimento mais
criterioso de análise de impacto dos regulamentos no
mercado, assim como aquele a que se submetem os
Ministérios, conforme previsão do Decreto n. 4.176 /
2002. 27. A disciplina prevista no RGQ-SCM e RGQ-
SMP demanda minuciosa análise técnica, notadamente
em relação aos efeitos que tais regulamentos podem
exercer sobre os serviços (quer em termos de preço, quer
em termos de efetiva melhora de sua qualidade) em
decorrência da imposição de novas obrigações aos
prestadores. Nesse sentido, seria impositiva a adoção de
um mecanismo para sistematizar adequadamente a
motivação da Agência que corresponderia à AIR. 28.
Contudo, não se observa que a ANATEL tenha coletado
alternativas compatíveis com a legislação e tecnicamente
viáveis, analisado cada uma delas em relação aos seus
custos e benefícios, selecionando, motivadamente, aquela
que melhor atendesse ao interesse público. É o que se
passará a demonstrar a seguir. III. DOS VÍCIOS DE
MOTIVAÇÃO NAS CONSULTAS PÚBLICAS DO
RGQ-SCM E DO RGQ-SMP 29. No tocante às Consultas
Públicas que ensejaram o RGQ-SCM e o RGQ-SMP,
nota-se uma patente afronta ao dever de motivação em
dois momentos distintos: (i) antes da submissão das
minutas das resoluções para contribuições da sociedade,
na medida em que faltaram análises pormenorizadas
passíveis de embasar os parâmetros utilizados para
definição dos indicadores de qualidade no SCM e no
SMP, assim como faltaram avaliações de custos
associados aos parâmetros propostos; e (ii) após a
submissão das contribuições da sociedade, uma vez que a
ANATEL não apresentou uma análise criteriosa que
justificasse a negativa da aceitação da quase totalidade
das contribuições submetidas pela sociedade ao longo da
consulta pública. 30. No primeiro vício de motivação,
nota-se que a Agência limitou-se a justificar a elaboração
da minuta do RGQ-SCM e do RGQ-SMP a partir da
indicação da norma legal. Contudo, conforme apontado
por Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a motivação não pode
limitar-se a indicar a norma legal em que se fundamenta o
ato (pressuposto de direito) e os fatos (pressupostos de
fato). (9) 31. No processo de elaboração do RGQ-SCM,
foram apresentados estudos internacionais para justificar
a adoção dos indicadores, notadamente os de rede. No
entanto, conforme demonstrado acima, à ANATEL
caberia, além de considerar outros parâmetros
internacionais, (i) analisar a real extensão do problema
com base nos elementos fáticos encontrados no mercado
brasileiro, (ii) apontar as alternativas para superação do
problema, (iii) promover uma análise dos custos e
benefícios para cada uma das alternativas propostas para,
somente então, (iv) determinar os indicadores que seriam
mais adequados. Obviamente, na análise das possíveis
alternativas, deveria ser dada plena publicidade para que
os interessados pudessem realizar suas contribuições e
sugestões. 32. Adicionalmente, especificamente no que
tange ao RGQ-SMP, é inaceitável que os indicadores de
conexão de dados (SMP 10 e SMP 11) sejam
determinados a partir de critérios utilizados para a
definição da qualidade da Banda Larga Fixa, conforme
expresso no Informe n. 127 / 2011 / PVCPR / PVCP /
SPV. A ANATEL deveria analisar o mercado de banda
larga móvel antes de propor qualquer regulamento. De
fato, do modo pelo qual foi conduzida a motivação
técnica, nota-se a ausência de critérios metodológicos
básicos. A ANATEL aparentemente definiu a existência
do problema sem buscar analisar o mercado específico,
bem como não buscou diferentes alternativas para
solucionar o problema, apenas reproduzindo a medida
adotada em um mercado claramente diferente. 33. No
segundo vício de motivação, a análise das contribuições
apresentadas nas Consultas Públicas foi demasiadamente
superficial, sem a apresentação de justificativas claras e
precisas para a sua não aceitação. Conforme previsão do
artigo 42 da LGT, As minutas de atos normativos serão
submetidos à consulta pública, formalizada por
publicação no Diário Oficial, devendo as críticas e
sugestões merecer exame e permanecer à disposição do
público na Biblioteca . 34. Essa situação é ainda mais
grave para as contribuições recebidas na Consulta Pública
n. 27 / 2010, que deram origem ao RGQ-SMP, em que os
argumentos para aceitá-las ou rejeitá-las estavam descritas
apenas nas fls. 716-717 do Processo n. 53500.016120 /
2008, conforme indicado pelo próprio Informe n. 1060 /
2011 / PVCPR / PVCP / SPV. 35. Ademais, nota-se que
em ambas as Consultas Públicas foram juntados
detalhados pareceres e estudos econômicos nas
contribuições, a fim de discutir os valores adotados pelos
indicadores dos referidos regulamentos. Em alguns casos
até mesmo foram indicadas alternativas para a regulação
da qualidade do SCM e do SMP de maneira menos
custosa para os agentes, o que por si só já seria suficiente
para demonstrar a ausência de um dos elementos
necessidade do princípio da proporcionalidade. 36. No
caso concreto, observou-se que diversas empresas (como
a própria Oi), bem como suas entidades representativas,
acostaram aos autos das Consultas Públicas que
originaram o RGQ-SCM e o RGQ-SMP uma série de
estudos técnicos e econômicos para fundamentar a
impossibilidade de se adotar o modelo na forma proposta
pela ANATEL. Igualmente, foram indicados aspectos
constitucionais e legais que inviabilizariam o regime de
metas impositivas do RGQ-SCM e RGQ-SMP, além de
referências às experiências estrangeiras neste assunto. 37.
Contudo, não se observa que a Anatel tenha ponderado
devidamente os elementos trazidos nessas diversas
contribuições conforme será abordado adiante. De fato,
não há, por exemplo, um estudo econômico que indique e
quantifique o impacto que a adoção das metas propostas
terá nos valores dos serviços cobrados dos usuários. Uma
vez que tal aspecto foi levantado e destacado por meio de
estudos emitidos por instituições de reconhecida
expertise, seria imprescindível que a Agência abordasse
frontalmente essa questão, com base em estudos que
gozassem da mesma credibilidade o que não parece ter
ocorrido. 38. Assim, foram aprovadas diversas obrigações
para as prestadoras de serviço, sem que se tivesse
qualquer idéia quanto ao seu impacto financeiro o que
pode comprometer a própria massificação dos serviços. À
ANATEL, em observância ao princípio da eficiência,
caberia analisar a existência de outras alternativas menos
custosas e compatíveis com o ordenamento jurídico para
atingir o objetivo de fomentar o incremento de qualidade
nos serviços. 39. Trata-se de apenas um exemplo dos
problemas da ausência de motivação no caso concreto.
Com base no artigo 42 da LGT, bem como no princípio
da motivação discutido na presente contribuição, fazia-se
necessária a apresentação dos motivos para rejeição
dessas contribuições de forma pormenorizada. 40.
Conforme afirmado por Floriano Marques de Azevedo
Neto(10) , o processo normativo das agências reguladoras
deve envolver uma forte participação dos administrados.
No entanto, ao não promover uma análise adequada das
contribuições, a ANATEL não viola apenas o princípio da
motivação, mas também a transparência que deve
envolver esse processo e seu caráter participativo. 41.
Conclui-se, assim, que tanto o RGQ-SCM quanto o RGQ-
SMP padecem de sério vício de motivação, o que
compromete a sua legalidade e, portanto, não resta outra
alternativa para a Agência senão o acolhimento do pedido
de anulação formulado pela Oi. IV. CONCLUSÃO 42.
Diante do exposto, pode-se concluir que: a. A motivação
dos atos administrativos envolve a indicação dos
pressupostos de direito e de fato, nos termos do art. 2 ,
parágrafo único, inciso VII e do art. 50 da Lei n. 9.784 /
1999; b. Na elaboração da motivação, igualmente deve
ser considerado seu caráter qualitativo, assegurando sua
clareza e congruência, nos termos do 1 , art. 50, da Lei n.
9.784 / 1999; c. Pelo fato de o poder normativo da
ANATEL estar relacionado com dinamismo técnico do
setor em que atua, a motivação de seus atos igualmente
deve apresentar essa tecnicidade, consistindo a aplicação
da Análise de Impacto Regulatório ( AIR) uma alternativa
para adequada motivação de seus atos, assim como vem
sendo aplicado por outras agências brasileiras; d. Embora
o Decreto n. 4.176 / 2002, que fixa regras para a edição de
atos normativos do Poder Executivo Federal, não seja
direcionado à ANATEL, sua atuação na fixação de metas
e planos para o setor de telecomunicações enseja que seus
atos normativos obedeçam a procedimentos similares
àqueles adotados pelo Poder Executivo Central, a fim de
assegurar a adequada motivação de seus atos e adequação
ao interesse público; e e. As Consultas Públicas que
ensejaram o RGQ-SCM e o RGQ-SMP são marcadas por
um duplo vício de motivação, haja vista a ausência de
uma análise técnica para adoção dos valores para os
indicadores de qualidade que considerasse as
características específicas do mercado regulado, bem
como de um exame cuidadoso das contribuições recebidas
nas Consultas Públicas, sem qualquer esclarecimento
mais detalhado das razões para não aceitação das
contribuições e sugestões. 43. Em vista do exposto,
recomenda-se a revisão da Resolução n. 574 / 2011 e da
Resolução n. 575 / 2011, nos termos dos Pedidos de
Anulação apresentados pela TNL PCS S.A., com a
tomada das devidas diligências por parte desta agência de
modo a sanar os vícios aqui abordados. ***** Notas: (1)
Para Gustavo Binenbojm o interesse público comporta,
desde a sua configuração constitucional, uma imbricação
entre interesses difusos da coletividade e interesses
individuais e particulares, não se podendo estabelecer a
prevalência teórica e antecipada de uns sobre outros. Com
efeito, a aferição do interesse prevalecente em dado
confronto de interesses é procedimento que reconduz o
administrador público à interpretação do sistema de
ponderações estabelecido na Constituição e na lei, e, via
de regra, obriga-o a realizar seu próprio juízo ponderativo,
guiado pelo dever de proporcionalidade. (BINENBOJM,
Gustavo. Uma teoria do direito administrativo: direitos
fundamentais, democracia e constitucionalização. Rio de
Janeiro: Renovar, 2006. p.105) (2) No mesmo sentido,
confira-se decisão do TRF-1 (8 Turma, MAS
2006.39.01.000667-7 / PA, Rel. Desembargadora Federal
Maria do Carmo Cardoso, DJ de 10 / 05 / 2007): [...] 6.As
decisões administrativas devem ser motivadas, com
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando
neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses dos
particulares, nos termos do art. 50, I, da Lei 9.784 / 98.
7.A margem de liberdade de escolha de conveniência e
oportunidade, conferida à Administração Pública, na
prática de atos discricionários, não a dispensa do dever de
motivação. O ato administrativo que nega, limita ou afeta
direitos ou interesses do administrado deve indicar, de
forma explícita, clara e congruente, os motivos de fato e
de direito em que está fundado (art. 50, I, 1 , da Lei 9.784
/ 99) MS 9944 / DF, 1 Seção do STJ, Relator Ministro
TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJ 13 / 06 / 2005, p. 157,
sendo que não atende a tal requisito a simples alegação
genérica de falta de amparo legal. 8. Apelação do IBAMA
e remessa oficial a que se nega provimento (3) MELLO,
Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito
Administrativo. 22 ed, pp. 382-383. (4) FRANÇA,
Vladimir da Rocha. Estrutura e Motivação do Ato
Administrativo. São Paulo: Malheiros Editores, 2007, p.
97. (5) Na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal a
aplicação do princípio da proporcionalidade se dá quando
verificada[o] (...) um conflito entre distintos princípios
constitucionais de modo a exigir que se estabeleça o peso
relativo de cada um dos direitos por meio da aplicação
das máximas que integram o mencionado princípio da
proporcionalidade. São três as máximas parciais do
princípio da proporcionalidade: a adequação, a
necessidade e a proporcionalidade em sentido estrito. Tal
como já sustentei em estudo sobre a proporcionalidade na
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (...), há de
perquirir-se, na aplicação do princípio da
proporcionalidade, se em face do conflito entre dois bens
constitucionais contrapostos, o ato impugnado afigura-se
adequado (isto é, apto para produzir o resultado
desejado), necessário (isto é, insubstituível por outro meio
menos gravoso e igualmente eficaz) e proporcionalidade
em sentido estrito (ou seja, se estabelece uma relação
ponderada entre o grau de restrição de um princípio e o
grau de realização do princípio contraposto. (STF. Voto
do Ministro Gilmar Ferreira Mendes, IF 2257 / SP, Rel.
Min. Gilmar Ferreira Mendes, p. 116, DJ 01 / 08 / 2003.)
(6) MARQUES NETO, Floriano Azevedo. A nova
regulação estatal e as Agências Independentes. In:
SUNDFELD, Carlos Ari (Coord.). Direito Administrativo
Econômico, p. 79. (7) MADEIRA, José Maria Pinheiro.
Administração Pública centrlizada e descentralizada. Rio
de Janeiro: América Jurídica, 2000, pp. 233 e 234 (8)
Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE). Regulatory Impact Analysis (RIA)
Inventory. 15.04.2004. Disponível em: http: / /
www.oecd.org / dataoecd / 22 / 9 / 35258430.pdf. (9) DI
PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Discricionariedade
Administrativa na Constituição de 1988. São Paulo: Atlas,
1991, pp. 151-152. (10) MARQUES NETO, Floriano
Azevedo. A nova regulação estatal e as Agências
Independentes. In: SUNDFELD, Carlos Ari (Coord.).
Direito Administrativo Econômico, p. 79.
Contribuição N°: 120
ID da Contribuição: 58511
Autor da Contribuição: Daniela Batalha Trettel
Data da Contribuição: 01/02/2012 23:03:04
Contribuição:
1. DOS SUPOSTOS VÍCIOS DE MOTIVAÇÃO Os
pedidos de anulação têm como um de seus argumentos
centrais a alegação de vício de motivação na aprovação
das metas em questão. Sabe-se que a motivação é
necessária ao ato administrativo, o que se reflete no art.
40 da Lei Geral de Telecomunicações (Lei Federal n.
9.472 / 97). Porém, como verificaremos a seguir, não é
possível afirmar que tal condição não tenha sido suprida
na edição de ambos os regulamentos. 1.1 Ausência da
Análise de Impacto Regulatório (AIR) Segundo a TNL
PCS S.A., a aprovação dos indicadores de rede do SCM e
das taxas de transmissão mínima e média do SMP
apresenta vício de motivação pela ausência de Análise de
Impacto Regulatório, citando as recomendações da OCDE
(Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico). Conquanto o Idec, em diversas
oportunidades, já tenha defendido a realização de AIR no
processo de elaboração de atos da Anatel, a legislação
aplicável não exige a realização de análise nos termos
apresentados pela operadora. Portanto, a ausência desta
análise não enseja a anulação das metas aprovadas. De
outro lado, importa afirmar que a exigência de exposição
formal de motivos foi observada pela Anatel em ambos os
casos. Nos dois regulamentos houve o esforço da agência
em demonstrar os elementos de fato e de direito que
justificam a adoção de metas de qualidade. Quanto aos
parâmetros técnicos das metas, a análise da Anatel
apresenta estudos internacionais, além de contar com a
experiência da pesquisa realizada em parceria com o
CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil) e Inmetro.
Além disso, a própria realidade da prestação do serviço
fundamenta a necessidade de indicadores de rede e taxas
de transmissão das conexões. São recorrentes as
reclamações diante de problemas de conexão e variação
de velocidade, sendo que a regulamentação até então
vigente não oferecia respostas suficientes aos
consumidores. Quanto às empresas, a resposta
comumente dada ao usuário é a atenuação ou exclusão da
responsabilidade diante do serviço prestado, prevendo
cláusulas abusivas em seus contratos de adesão. 1.2 A
experiência internacional citada pela Anatel Mais
especificamente no pedido de anulação do RGQ-SCM, a
TNL PCS S.A. alega que também enseja vício de
motivação o fato de os estudos internacionais citados pela
agência não terem resultado na adoção de padrões
vinculantes nos países de origem. Quanto a isso, cumpre
notar que há uma ampla discussão internacional com
relação à qualidade da banda larga e à necessidade de se
aproximar as velocidades anunciadas e contratadas das
efetivamente entregues. Os países estão avaliando suas
práticas e estabelecendo modelos regulatórios que
respondam à sua realidade. O fato de os estudos citados
pela Anatel não terem, nos países de origem, resultado até
então em regulações vinculantes não significa que os
indicadores e os métodos de medição não possam ser
replicados aqui. O cenário da prestação do serviço no
Brasil é diferente do que se verifica nestes países. Neste
sentido, devemos ressaltar a falta de competição na oferta
do serviço de banda larga no Brasil. Dados consolidados
no mapa Brasil Banda Larga 2012 , editado pela
Converge Comunicações, permite-nos concluir que em
cerca de 90% dos municípios brasileiros não há
competição efetiva na oferta do serviço, fixo ou móvel. A
medição e divulgação dos resultados, sem parâmetros
obrigatórios e sanções, deixariam muitas vezes o
consumidor sem opção diante de um desempenho ruim de
sua prestadora. A vulnerabilidade do consumidor como
Princípio da Política Nacional das Relações de Consumo,
a recorrente prática abusiva das empresas e a
desinformação quanto aos parâmetros de rede, além da
responsabilidade da Anatel em garantir a qualidade dos
serviços de telecomunicações e do cenário de
concentração do mercado, conformam os elementos que
tornam adequados os regulamentos recentemente
aprovados. 1.3 Adoção dos mesmos padrões para SCM e
SMP Embora os serviços fixo e móvel tenham condições
distintas de prestação e precisem ter metodologias
específicas de aferição, o objetivo de medição é o mesmo.
A padronização dos parâmetros é fundamental por
garantir facilidade de comparação e acesso à informação
pelo consumidor e pelo fato de o país ter uma expansão
fortemente sustentada pelo serviço móvel pessoal, que em
muitos lugares, em especial na região Norte, faz às vezes
de banda larga fixa. Eventuais diferenças de metodologia
na medição (coerentes com as particularidades de cada
serviço) podem ser definidas pelo GIPAQ.
Justificativa:
1. DOS SUPOSTOS VÍCIOS DE MOTIVAÇÃO Os
pedidos de anulação têm como um de seus argumentos
centrais a alegação de vício de motivação na aprovação
das metas em questão. Sabe-se que a motivação é
necessária ao ato administrativo, o que se reflete no art.
40 da Lei Geral de Telecomunicações (Lei Federal n.
9.472 / 97). Porém, como verificaremos a seguir, não é
possível afirmar que tal condição não tenha sido suprida
na edição de ambos os regulamentos. 1.1 Ausência da
Análise de Impacto Regulatório (AIR) Segundo a TNL
PCS S.A., a aprovação dos indicadores de rede do SCM e
das taxas de transmissão mínima e média do SMP
apresenta vício de motivação pela ausência de Análise de
Impacto Regulatório, citando as recomendações da OCDE
(Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico). Conquanto o Idec, em diversas
oportunidades, já tenha defendido a realização de AIR no
processo de elaboração de atos da Anatel, a legislação
aplicável não exige a realização de análise nos termos
apresentados pela operadora. Portanto, a ausência desta
análise não enseja a anulação das metas aprovadas. De
outro lado, importa afirmar que a exigência de exposição
formal de motivos foi observada pela Anatel em ambos os
casos. Nos dois regulamentos houve o esforço da agência
em demonstrar os elementos de fato e de direito que
justificam a adoção de metas de qualidade. Quanto aos
parâmetros técnicos das metas, a análise da Anatel
apresenta estudos internacionais, além de contar com a
experiência da pesquisa realizada em parceria com o
CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil) e Inmetro.
Além disso, a própria realidade da prestação do serviço
fundamenta a necessidade de indicadores de rede e taxas
de transmissão das conexões. São recorrentes as
reclamações diante de problemas de conexão e variação
de velocidade, sendo que a regulamentação até então
vigente não oferecia respostas suficientes aos
consumidores. Quanto às empresas, a resposta
comumente dada ao usuário é a atenuação ou exclusão da
responsabilidade diante do serviço prestado, prevendo
cláusulas abusivas em seus contratos de adesão. 1.2 A
experiência internacional citada pela Anatel Mais
especificamente no pedido de anulação do RGQ-SCM, a
TNL PCS S.A. alega que também enseja vício de
motivação o fato de os estudos internacionais citados pela
agência não terem resultado na adoção de padrões
vinculantes nos países de origem. Quanto a isso, cumpre
notar que há uma ampla discussão internacional com
relação à qualidade da banda larga e à necessidade de se
aproximar as velocidades anunciadas e contratadas das
efetivamente entregues. Os países estão avaliando suas
práticas e estabelecendo modelos regulatórios que
respondam à sua realidade. O fato de os estudos citados
pela Anatel não terem, nos países de origem, resultado até
então em regulações vinculantes não significa que os
indicadores e os métodos de medição não possam ser
replicados aqui. O cenário da prestação do serviço no
Brasil é diferente do que se verifica nestes países. Neste
sentido, devemos ressaltar a falta de competição na oferta
do serviço de banda larga no Brasil. Dados consolidados
no mapa Brasil Banda Larga 2012 , editado pela
Converge Comunicações, permite-nos concluir que em
cerca de 90% dos municípios brasileiros não há
competição efetiva na oferta do serviço, fixo ou móvel. A
medição e divulgação dos resultados, sem parâmetros
obrigatórios e sanções, deixariam muitas vezes o
consumidor sem opção diante de um desempenho ruim de
sua prestadora. A vulnerabilidade do consumidor como
Princípio da Política Nacional das Relações de Consumo,
a recorrente prática abusiva das empresas e a
desinformação quanto aos parâmetros de rede, além da
responsabilidade da Anatel em garantir a qualidade dos
serviços de telecomunicações e do cenário de
concentração do mercado, conformam os elementos que
tornam adequados os regulamentos recentemente
aprovados. 1.3 Adoção dos mesmos padrões para SCM e
SMP Embora os serviços fixo e móvel tenham condições
distintas de prestação e precisem ter metodologias
específicas de aferição, o objetivo de medição é o mesmo.
A padronização dos parâmetros é fundamental por
garantir facilidade de comparação e acesso à informação
pelo consumidor e pelo fato de o país ter uma expansão
fortemente sustentada pelo serviço móvel pessoal, que em
muitos lugares, em especial na região Norte, faz às vezes
de banda larga fixa. Eventuais diferenças de metodologia
na medição (coerentes com as particularidades de cada
serviço) podem ser definidas pelo GIPAQ.
Item: IV.
IV. DO MÉRITO - ILEGALIDADES DA RESOLUÇÃO N. 575/2011
Contribuição N°: 121
ID da Contribuição: 58255
Autor da Contribuição: Ramiro Carlos Rocha Rebouças
Data da Contribuição: 17/01/2012 00:01:18
Contribuição:
É impossível afastar a supralegalidade do Pacto de San
Jose da Costa Rica Artigo 13. Liberdade de pensamento e
de expressão 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de
pensamento e de expressão. Esse direito compreende a
liberdade de buscar, receber e difundir informações e
idéias de toda natureza, sem consideração de fronteiras,
verbalmente ou por escrito, ou em forma impressa ou
artística, ou por qualquer outro processo de sua escolha.
2. O exercício do direito previsto no inciso precedente
não pode estar sujeito a censura prévia, mas a
responsabilidades ulteriores, que devem ser
expressamente fixadas pela lei e ser necessárias para
assegurar: a. o respeito aos direitos ou à reputação das
demais pessoas; ou b. a proteção da segurança nacional,
da ordem pública, ou da saúde ou da moral públicas. 3.
Não se pode restringir o direito de expressão por vias ou
meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais
ou particulares de papel de imprensa, de freqüências
radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos usados na
difusão de informação, nem por quaisquer outros meios
destinados a obstar a comunicação e a circulação de idéias
e opiniões. 4. A lei pode submeter os espetáculos públicos
a censura prévia, com o objetivo exclusivo de regular o
acesso a eles, para proteção moral da infância e da
adolescência, sem prejuízo do disposto no inciso 2. 5. A
lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, bem
como toda apologia ao ódio nacional, racial ou religioso
que constitua incitação à discriminação, à hostilidade, ao
crime ou à violência.
Justificativa:
A Lei Geral de Telecomunicações em tudo que conflite
com os Tratados do Sistema Interamericano de Direitos
Humanos, todos os dispositivos que causem tal conflito
ficam imediatamente com a eficácia suspensa. Importante
destacar do aresto citado. Isso significa dizer que, no
plano material, as regras provindas da Convenção
Americana de Direitos Humanos, em relação às normas
internas, são ampliativas do exercício do direito
fundamental à liberdade, razão pela qual paralisam a
eficácia normativa da regra interna em sentido contrário,
haja vista que não se trata aqui de revogação, mas de
invalidade. O Regime Privado para regulamentação da
banda larga ADSL, quer da banda larga móvel, no modo
como vem sendo regulamentado, representa sim vício de
motivação e vício de finalidade, aplicação política da Lei
por parte da ANATEL visando favorecer as operadoras.
Isto posto, demonstra que o pleito da OI, além de
falacioso, inconsistente, visa, se acatado, colocar o Brasil
na condição de mais um ilícito internacional. A Banda
Larga é um Direito Humano Protegido pela Convenção
Americana Sobre Direitos Humanos Logo é incompatível
com os princípios mercantilistas do regime privado
atualmente vigente na Banda Larga, exigindo a imediata
passagem para o Regime Público. A regulamentação
frouxa, sem metas de universalização, a permissividade
com a prevalência da lógica do lucro, em desfavor do
interesse público, violam a Convenção Americana Sobre
Direitos Humanos. A prevalência do Interesse Público
sobre o Interesse Privado é gritante, como ululantemente
violada pela ANATEL no regime de regulamentação da
Banda Larga. Até agora não encontramos nenhum texto
de direito administrativo pátrio que tenha enfrentado
melhor a questão que a tradicional obra de Celso Antônio
Bandeira de Mello, da qual nos socorremos para soterrar
de vez com todos os argumentos cambaios sustentados
pela OI. Convém reiterar, e agora com maior detença,
considerações dantes feitas, para prevenir intelecção
equivocada ou descabida sobre o alcance do princípio da
supremacia do interesse público sobre o interesse privado
na esfera administrativa. A saber: as prerrogativas que
nesta via exprimem tal supremacia não são manejáveis ao
sabor da Administração, porquanto esta jamais dispõe de
poderes , sic et simpliciter. Na verdade, o que nela se
encontram são deveres-poderes, como a seguir se aclara.
Isto por que a atividade administrativa é exercício de
função . Tem-se função apenas quando alguém está
assujeitado ao dever de buscar, no interesse de outrem, o
atendimento de certa finalidade. Para desincubir-se de tal
dever, o sujeito de função necessita manejar poderes, sem
os quais não teria como atender a finalidade que deve
perseguir para satisfação do interesse alheio. Assim, ditos
poderes são irrogados, única e exclusivamente, para
propiciar o cumprimento do dever a que estão ungidos: ou
seja, são conferidos como meios impostergáveis ao
preenchimento da finalidade que o exercente da função
deverá suprir. Segue-se que tais poderes são
instrumentais: servientes do dever de cumprir bem a
finalidade a que estão indissoluvelmente atrelados. Logo,
aquele que desempenha função, tem na realidade,
deveres-poderes. Não poderes , simplesmente. Nem
mesmo satisfaz configurá-los como poderes-deveres ,
nomenclatura a partir de Santi Romano. Com efeito, fácil
é ver-se que a tônica reside na idéia de dever, não na de
poder . Daí a conveniência de inverter os termos deste
binômio para melhor vincar sua fisionomia e exibir com
clareza que o poder se subordina ao cumprimento do
interesse alheio, de uma dada finalidade. (...) Interesse
público ou primário, repita-se, é o pertinente à sociedade
como um todo, e só ele pode ser validamente objetivado,
pois este é o interesse que a lei consagra e entrega à
compita do Estado como representante do corpo social.
Interesse secundário é aquele que atina tão-só ao aparelho
estatal enquanto entidade personalizada, e por isso mesmo
pode lhe ser referido e nele encarnar-se pelo simples fato
de ser pessoa, mas que só pode ser validamente
perseguido pelo Estado quando coincidente com o
interesse público primário. Com efeito, por exercerem
função, os sujeitos da Administração Pública têm que
buscar o atendimento do interesse alheio, qual seja, o da
coletividade, e não o interesse de seu próprio organismo,
qua tale considerado, e muito menos o dos agentes
estatais . (g.n.) No mais em que alegue a OI vício de
motivo e vício de finalidade para tentar conduzir a
ANATEL em ilícito internacional, temos a lição
doutrinária de Helly Lopes Meirelles, mantido por seus
revisores. O desvio de finalidade ou de poder verifica-se
quando a autoridade, embora atuando nos limites de sua
competência, pratica o ato por motivos ou com fins
diversos dos objetivados pela lei ou exigidos pelo
interesse público. O desvio de finalidade ou de poder, é,
assim, a violação ideológica da lei, ou por outras palavras,
a violação moral da lei, colimando o administrador
público fins não queridos pelo legislador, ou utilizando
motivos e meios imorais para prática de um ato
administrativo aparentemente legal (g.n.). Quando o
Brasil ratificou a Convenção Americana Sobre Direitos
Humanos, e quando aprovou, o Congresso, não apenas o
Tratado, como também deu nova orientação à matéria
com a introdução do parágrafo terceiro no artigo 5 da
CRFB-88, passou a ser defeso não apenas por Lei
Nacional ou Complementar, mas por norma supralegal,
defeso ao Administrador Público alegar prevalência de
portarias e outros interesses menores contra a
supralegalidade de Tratados Internacionais que definem
Direitos Humanos Internacionalmente Protegidos.
Reafirmamos o art. 13 da Convenção Americana Sobre
Direitos Humanos. Isto sem entrar nas questões da
supramacia legal do Código de Defesa do Consumidor,
acima de qualquer portaria da ANATEL. A prestação do
serviço de Internet Banda Larga em Regime Privado por
si mesmo já é uma ostensiva, grotesca violação da
Convenção Americana Sobre Direitos Humanos. Visto a
Lei Geral de Telecomunicações, as regras previstas para o
Regime Público, é fundamental que a ANATEL faça
adequar, sob ônus de seus dirigentes estarem incorrendo
em violação dolosa e imoral da ordem legal, em resumo,
atos de improbidade administrativa, passíveis, inclusive,
de causarem prejuízos imateriais e materiais ao Estado
Brasileiro, conforme possa dar azo, fundamentos técnicos,
para uma representação contra o Brasil frente à Comissão
Interamericana de Direitos Humanos. O regime privado
de banda larga móvel 3G com grotesca limitação de
máximo de dados é violação dolosa do parágrafo terceiro
do artigo 13 da Convenção Americana Sobre Direitos
Humanos. Não alegue a ANATEL o interesse dos
pequenos provedores incapazes de sobreviver à
exigências de universalização do serviço pelo Regime
Público de Concessão para Banda Larga. Teríamos
aplicação política, e dolosamente imoral da Lei. A
Convenção Americana Sobre Direitos Humanos está
acima das limitações passíveis de serem suscitadas a
partir da Lei Geral de Telecomunicações, bem como
exige uma interpretação mais favorável não às
operadoras, mas sim ao cidadão, da legislação.
Demonstrado ser a Internet um Direito Humano Protegido
Pelo Sistema Interamericano de Direitos Humanos, toda a
Legislação deve ser interpretada com foco e colocando no
centro o cidadão, e não as corporações. Em primeiro
plano o direito do cidadão, sujeito de proteção de seus
direitos taxativamente previstos na Convenção Americana
Sobre Direitos Humanos, e depois, no que for possível e
não viole os Tratados Internacionais, o interesse das
operadoras. A limitação excessiva do limite de dados,
falta de controles de qualidade, significam chancela por
órgão do Governo Federal em favor de particulares
exercerem indevido, vedado, defeso pela Convenção
Americana Sobre Direitos Humanos, abusivo controle
sobre o direito de expressão e comunicação dos cidadãos
brasileiros. Alegar a ANATEL razões de ordem
econômica em desfavor do cidadão, é dolosamente, de
forma consciente, com a inerente imoralidade, quebra do
princípio da Juricidade, é a ANATEL defender, como
autarquia, estar acima dos Tribunais de Sobreposição, e
querer colocar o Brasil na rota de novo ilícito
internacional. Não de menor importância temos o artigo
13 do Protocolo de San Salvador, e se o Ministério da
Educação valida o ensino superior a distância, não pode a
ANATEL, salvo querer de forma consciente, dolosa,
tentar interpretar por viés político e imoral a Lei, tentando
ignorar os Tratados do Sistema Interamericano Sobre
Direitos Humanos, não pode a ANATEL permitir falta de
controle em favor dos cidadãos quanto à qualidade da
Banda Larga, nem permitir limites máximos de dados por
parte das operadoras, visto inviabilizar iniciativas do
Ministério da Educação como Ensino Superior à
Distância pela Internet.
Contribuição N°: 122
ID da Contribuição: 58369
Autor da Contribuição: Paulo Arthur Lencioni Goes
Data da Contribuição: 01/02/2012 11:21:30
Contribuição:
CONTRIBUIÇÃO PARA OS ITENS 115, 116, 117, 118,
119, 120 E 121. A Constituição Federal de 1.988 garantiu
proteção ao consumidor porque ele é a parte vulnerável
numa relação de consumo. E em razão disso, ele necessita
de uma proteção especial que foi concretizada no Art. 5 ,
XXXII. O Direito do Consumidor é um freio à ordem
econômica, pois a exploração do capital, baseada na livre
iniciativa, deve observar dentre outros princípios a defesa
do consumidor. O interesse social estará sempre presente
na regulação da economia e no atendimento aos direitos
dos consumidores que por serem naturalmente
vulneráveis econômico, técnico e juridicamente
necessitam desse amparo. Por sua vez, a própria Lei
Federal n 9.472 / 97, que dispõe sobre a organização dos
serviços de telecomunicações, trás em seu bojo, a
proteção e defesa do consumidor, quando expressamente
impõe ao fornecedor a observância aos direitos dos
consumidores, ainda que o serviço seja prestado em
regime privado: Art. 127 A disciplina da exploração dos
serviços no regime privado terá por objetivo viabilizar o
cumprimento das leis, em especial das relativas às
telecomunicações, à ordem econômica e aos direitos dos
consumidores, destinando-se a garantir: (...) III o respeito
aos direitos dos usuários. (g.n.) A Lei n. 8.078 / 90
(Código de Defesa do Consumidor) norma de ordem
pública interesse social, que deve ser aplicada pelo órgão
regulador sob pena de nulidade de seus atos,
especialmente os que se destinam à regular serviços, quer
sejam no regime público quer sejam no regime privado e,
nesse sentido citamos o artigo 6. , do CDC: Art. 6 . São
direitos básicos do consumidor: (...) III a informação
adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços,
com especificação correta de quantidade, características,
composição, qualidade e preço (g.n.), bem como sobre os
riscos que apresentem; Outro ponto importante protegido
pelo CDC é o direito a informação no momento da oferta
na etapa inicial do contrato de consumo, uma das
primeiras representações intelectuais que o consumidor
exigirá é ser bem informado sobre o bem de consumo,
cogitando se não é somente da quantidade da informação,
mas principalmente da sua qualidade, que, diretamente,
tem relação com o aumento da confiança. Assim, só será
possível atribuir efeitos jurídicos a confiança do
consumidor quando estejam presentes razoáveis
expectativas criadas pelo fornecedor, o que concretamente
estará verificado quando a oferta tenha informações
corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua
portuguesa no que tange as características, qualidades,
quantidades, composição, preço, garantia prazos de
validade e origem do bem de consumo, sem prejuízo de
outros dados que se mostrem importantes, como por
exemplo, informações sobre a certificação do produto
como ecologicamente correto. No Código de Defesa do
Consumidor (Lei Federal n 8.078 / 90) temos: Art. 20. O
fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade
que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam
o valor, assim como por aqueles decorrentes da
disparidade com as indicações constantes da oferta ou
mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha: (...) III - o abatimento
proporcional do preço. O serviço ofertado no mercado
consumidor não se restringe a um simples dever de
diligência vinculado a uma obrigação de fazer nos moldes
do Código Civil. Sua relação estará preenchida em função
do prometido na relação contratual e também na
confiança depositada pelo consumidor no fornecedor.
Conforme palavras da eminente Claudia Lima Marques o
Código de Defesa do Consumidor representa um sistema
permeável, não exaustivo, daí determinar que o art. 7 que
se utilize a norma mais favorável ao consumidor (g.n.),
encontre-se ela no CDC ou em outra lei geral, lei especial
ou tratado do sistema de direito brasileiro. Esta abertura é
tanta que o art. 7 do CDC permite a utilização da
equidade para preencher as lacunas em favor dos
consumidores (Marques, Cláudia Lima ET AL,
Comentários ao Código de Defesa do Consumidor, p.
185, São Paulo: Ed. RT, 2003). Ressaltamos que as
cláusulas que limitam direitos do consumidor devem ser
destacadas, consoante dispõe o artigo 54, 4. do CDC:
Artigo 54 (...) 4 . As cláusulas que implicarem limitação
de direito do consumidor deverão ser redigidas com
destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.
Nesse sentido, o jurista Nelson Nery Júnior, um dos
autores do anteprojeto do CDC em seus comentários diz:
Sobre os destaques, ganha maior importância o dever de o
fornecedor informar o consumidor sobre o conteúdo do
contrato (art. 46 do CDC). Deverá chamar a atenção do
consumidor para as estipulações desvantajosas para ele,
em nome da boa fé que deve presidir as relações de
consumo. Estipulação como, por exemplo, se deixar de
pagar três parcelas consecutivas não poderá utilizar dos
serviços contratados , implica restrição de direito, de
modo que incide sobre ela o dispositivo do Código. (Nery
Júnior, Nelson, ET AL, Código Brasileiro de Defesa do
Consumidor Comentado pelos autores do Anteprojeto, p.
626, São Paulo: Ed. Forense Universitária, 2005).
Corroborando tal posicionamento acima, citamos julgado
o Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo: Ementa:
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. Internet sem fio. Banda
larga pela tecnologia 3G. Plano de fidelidade por 12
meses. Imprestabilidade do serviço não desmerecida por
qualquer prova dos autos. Total deficiência no dever de
informação ao consumidor. Circunstâncias que,
individualmente e por si mesmas, afastam a incidência da
multa contratual e a legitimidade da cobrança das
mensalidades. Rescisão justificada. Apontamento
indevido do nome do autor por dívida infundada.
Indenização por danos morais. Admissibilidade. Ação
procedente. Recurso não provido (, Apelação: 0003520-
59.2010.8.26.0408, Relator: Gilberto dos Santos,
Comarca: Ourinhos, Órgão julgador: 11 Câmara do
Direito Privado, Data do Julgamento: 24 / 11 / 2011).
Justificativa:
A JUSTIFICATIVA ESTÁ INSERIDA BA PRÓPRIA
CONTRIBUIÇÃO AOS ITENS 115, 116, 117, 118, 119,
120 E 121.
Contribuição N°: 123
ID da Contribuição: 58386
Autor da Contribuição: Alexandre Elias de Andrade Oliveira
Data da Contribuição: 01/02/2012 12:27:51
Contribuição: xx
Justificativa: xx
Contribuição N°: 124
ID da Contribuição: 58512
Autor da Contribuição: Daniela Batalha Trettel
Data da Contribuição: 01/02/2012 23:03:04
Contribuição:
2. DA COMPETÊNCIA DA ANATEL PARA FIXAÇÃO
DE METAS DE QUALIDADE NO REGIME PRIVADO
Outro argumento central da empresa para a anulação dos
indicadores de rede do SCM (arts 16 a 21) e das taxas de
transmissão de conexão de dados do SMP (arts 22 e 23) é
a alegação de que os serviços prestados em regime
privado não estão sujeitos à observância de metas de
qualidade. A operadora chega a classificar tal conduta da
agência como ingerência indevida na atividade econômica
das autorizatárias dos referidos serviços. Para tal
classificação, abriga-se na Constituição e na LGT.
Contudo, é com base em ambas que devemos defender o
contrário, isto é, a prerrogativa da Anatel em dispor sobre
metas de qualidade também aos serviços prestados em
regime privado.
Justificativa:
2. DA COMPETÊNCIA DA ANATEL PARA FIXAÇÃO
DE METAS DE QUALIDADE NO REGIME PRIVADO
Outro argumento central da empresa para a anulação dos
indicadores de rede do SCM (arts 16 a 21) e das taxas de
transmissão de conexão de dados do SMP (arts 22 e 23) é
a alegação de que os serviços prestados em regime
privado não estão sujeitos à observância de metas de
qualidade. A operadora chega a classificar tal conduta da
agência como ingerência indevida na atividade econômica
das autorizatárias dos referidos serviços. Para tal
classificação, abriga-se na Constituição e na LGT.
Contudo, é com base em ambas que devemos defender o
contrário, isto é, a prerrogativa da Anatel em dispor sobre
metas de qualidade também aos serviços prestados em
regime privado.
Contribuição N°: 125
ID da Contribuição: 58387
Autor da Contribuição: Alexandre Elias de Andrade Oliveira
Data da Contribuição: 01/02/2012 12:27:51
Contribuição: xx
Justificativa: xx
Contribuição N°: 126
ID da
Contribuição: 58474
Autor da
Contribuição: Alexander Castro
Data da
Contribuição: 01/02/2012 19:27:00
Contribuição:
Além dos comentários já realizados para os indicadores de
Rede do RGQ-SCM, chamamos a atenção de que no caso do
SMP, por se tratar de um serviço móvel apresenta limitações
que a própria tecnologia wireless impõe: interferências,
variações na qualidade do sinal, número de usuários utilizando
a rede num segmento. Assim, situações em que em um
determinado momento o terminal pode estar próximo ou
distante da Estação Rádio Base influem significativamente na
velocidade de navegação. Da mesma forma, o número variável
de usuários atendidos pela mesma Estação Rádio Base em um
determinado momento, compartilhando os mesmos recursos
disponibilizados naquela região influem na velocidade
disponibilizada para navegação na Internet. Pelo exposto, O
Sinditelebrasil reitera a sua posição quanto ao não
estabelecimento de metas para os Indicadores de Conexão de
dados que vão demandar investimentos em volume expressivo,
seja para readequação da rede e da planta de equipamentos
atuais, seja pela revisão dos custos e projetos relativos ao
investimento programado para expansão de rede. O
Sinditelebrasil defende que, com vistas ao aprimoramento do
serviço e dada a sua elevada importância em um cenário de
convergência tecnológica, a ANATEL adote, de forma similar
ao que praticamente todas as Administrações do mundo
adotam, diretrizes gerais de transparência e baixo grau de
intervencionismo. O SindiTelebrasil defende que sejam
realizadas medidas a partir da metodologia que está sendo
discutida no âmbito do GIPAQ, e que os resultados obtidos, de
todas as operadoras, para os indicadores de rede sejam objeto
de ampla divulgação pela ANATEL em seu site. Um modelo
diferente do que foi adotado pela Resolução 575, onde foram
estabelecidas metas extremamente rígidas, a ponto de se definir
uma meta de 80% para a velocidade média de navegação e 40%
para a velocidade mínima em relação a velocidade ofertada,
que em função das características do serviço prestado e das
redes que lhe dão suporte propiciarão uma enxurrada de
processos de apuração de descumprimento de obrigação,
mesmo que as empresas invistam fortunas em suas redes, no
sentido de buscar atender estas metas estabelecidas
Justificativa:
O Sinditelebrasil registra que a ANATEL não discutiu com as
operadoras nem apresentou nenhum estudo Análise de Impacto
Regulatório demonstrando o impacto econômico que tais
métricas trariam para as prestadoras de SCM e SMP.
Tampouco, discutiu com as empresas ou apresentou algum
estudo justificando tecnicamente a definição dos níveis
mínimos de qualidade estabelecidos na proposta de
regulamento e da falta de AIR Análise de Impacto Regulatório.
O SindiTelebrasil ao longo das Consultas Públicas 27 e 46
apresentou inúmeras contribuições, a maioria delas elaboradas
por organismos de terceira parte, que trataram da questão dos
indicadores de Conexão à Internet (SMP) e dos Indicadores de
Rede (SCM) de forma isenta e apenas dedicadas a apresentar
uma abordagem técnica sobre o tema. Entre eles, podemos citar
os trabalhos do CPqD, da Price Waterhouse Coopers e a
apresentação feita pela SAMKNOWS no Seminário de
Qualidade de Banda Larga promovido pelo SindiTelebrasil em
2011, todos eles entregues à ANATEL ao longo das
mencionadas consultas públicas. Em todos os trabalhos
apresentados ficou demonstrado a dificuldade e até mesmo a
inviabilidade técnica de se garantir velocidades mínimas ou
médias de navegação, além de ter sido demonstrado que
praticamente todas as Administrações não optaram pelo
caminho do intervencionismo e da ameaça de sancionamento
como um modelo para se alcançar a excelência na oferta do
serviço. Apesar da Oferta de Banda Larga no Brasil estar
experimentando um grande crescimento, seja em termos de
velocidade de acesso, seja em termos de uma melhor
distribuição da oferta desses acessos em todo o território
nacional, ainda temos um longo caminho a percorrer para
colocarmos o Brasil no mesmo patamar das Administrações
que estão no topo do ranking mundial de oferta de banda larga.
Reconhecemos esse fato. Entretanto, deve ser considerado que
o foco Governamental nos primeiros anos de privatização
estava voltado para a universalização do Serviço Telefônico
Fixo Comutado - STFC e na massificação do Serviço Móvel
Pessoal e os resultados obtidos foram expressivos. Estamos na
década da Banda Larga e dos Serviços convergentes.
Acreditamos que no ritmo que estão sendo ofertados novos
acessos em Banda Larga pelas empresas que exploram o SCM
e o SMP, estimulado pela adoção de alavancas (políticas
públicas) que fomentem a demanda e a expansão de
infraestrutura em todo o território nacional, o Brasil em 2020
estará muito mais próximo das Administrações que mais se
destacam a nível mundial na oferta de banda Larga. Não é
necessário que a Administração Brasileira opte pelo caminho
solitário do intervencionismo e da ameaça do sancionamento
para buscar se atingir os mesmos objetivos. É natural que os
organismos de defesa do consumidor tenham se posicionado
favoravelmente a esse modelo aprovado pela ANATEL nas CP
s 27 e 46. Como consumidor queremos sempre ter a opção do
acesso ao serviço, com a melhor qualidade possível e ao menor
preço. Entendemos que não será diferente agora nesta Consulta
Pública. Porém, acreditamos que cabe ao Órgão Regulador,
minimizar a análise emocional e política do tema e de forma
isenta observar a manutenção principalmente dos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade estabelecidos na LGT ao
estabelecer novos condicionamentos mesmo em face de
relevantes razões de caráter coletivo. Mais uma vez registramos
que as métricas e metas sugeridas não são adequadas para
medir ou pautar o desempenho do SCM, tanto pelas
características da entrega do serviço (best effort) e pela
topologia estatística da rede IP, quanto pela presença de fatores
e elementos da rede não gerenciáveis ou alheios à rede e à
responsabilidade da prestadora do serviço. O Sinditelebrasil já
teve a oportunidade de submeter a essa Agência estudo do
CPqD onde são detalhadas tais dificuldades. Os custos de
readequação da infraestrutura e dos novos acessos tendem a ser
repassados aos consumidores na forma de preços mais
elevados, afetando negativamente o consumo e a acessibilidade
de um serviço identificado como item prioritário para o
desenvolvimento nacional; A seguir extraímos as principais
considerações que fizemos por ocasião da CP 46. EXPOSIÇÃO
DE MOTIVOS PARA JUSTIFICAR ALTERAÇÃO DA
METODOLOGIA PARA APURAÇÃO DOS INDICADORES
DE REDE O Sinditelebrasil entende que a Consulta Pública N
46 / 2011 celebra uma intervenção regulatória contraproducente
aos seus objetivos de gerir e avançar na qualidade do serviço,
introduzindo estrutura de incentivos desfavorável à promoção
dos investimentos necessários à oferta ampla e acessível do
serviço, com impactos deletérios sobre o bem-estar do
consumidor. Tal conclusão se justifica, em grande medida, por
que: (i) As métricas e metas de velocidade instantânea e média,
sugeridas no âmbito dos indicadores de rede para avaliação do
desempenho da banda larga, não são adequadas para medir ou
pautar o desempenho do SCM, tanto pelas características da
entrega do serviço (best effort) e pela topologia estatística da
rede IP, quanto pela presença de fatores e elementos da rede
não gerenciáveis ou alheios à rede e à responsabilidade da
prestadora do serviço;
......................................................................................................
................................ Tal intervenção regulatória não é usual na
experiência internacional e tampouco segue as recomendações
da União Internacional das Telecomunicações UIT; (ii) O
atendimento progressivo da Consulta Pública No 46, no que se
refere a metas e obrigações maiores de velocidade nos prazos
especificados, demandará investimentos em volume expressivo,
seja para readequação da rede e da planta de equipamentos
atuais, seja pela revisão dos custos e projetos relativos ao
investimento programado para expansão de rede, visto que a
mesma não acompanhou estudo prévio feito pela Agência; (iii)
Os custos supracitados de readequação da infraestrutura e dos
novos acessos tendem a ser repassados aos consumidores na
forma de preços mais elevados, afetando negativamente o
consumo e a acessibilidade de um serviço identificado como
item prioritário para o desenvolvimento nacional; Com vistas
ao aprimoramento do serviço e dada a sua elevada importância
em um cenário de convergência tecnológica, as melhores
práticas regulatórias tem se pautado em diretrizes gerais de
transparência e baixo grau de intervencionismo. Entendemos
ser possível atingir os objetivos da ANATEL através da adoção
de um código de prática em linha com o indicado pela
experiência internacional, atendendo-se, simultaneamente, aos
princípios destacados pela LGT para a regulação de serviços
prestados em regime privado, e ao melhor interesse do
consumidor em termos de qualidade e acessibilidade do
serviço. O Sinditelebrasil já teve a oportunidade de submeter a
essa Agência estudo do CPqD onde são abordadas as
dificuldades inerentes à eleição da velocidade como variável
determinante para a qualidade do serviço, bem como os
problemas envolvidos em sua mensuração nos termos da
consulta pública em questão. A seguir reiteramos as
características das redes que dão suporte às conexões à Internet
e elencamos as dificuldades existentes para aferição dos
indicadores de rede. 1.1 Dinâmica de redes estatísticas O
Serviço de Comunicação Multimídia é caracterizado pela
disponibilização de capacidade de transmissão, emissão e
recepção de tráfego multimídia (símbolos, caracteres, sinais,
escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza),
utilizando quaisquer meios, para usuários dentro de uma área
de prestação de serviço. Esta oferta de capacidade é
intermediada pelo Internet Protocol (IP), que organiza a
transmissão de pacotes (datagramas) e armazena as
informações de interesse do usuário (origem) e seu
endereçamento para outro ponto (destino) da Rede IP
(Internet). O protocolo permite, entre outras funções, que os
pacotes trafeguem a partir de sua origem em rotas através de
dispositivos de chaveamento intermediário (roteadores)
localizados em redes independentes, que armazenam e
despacham cada pacote (store-and-foward) para o dispositivo
seguinte, até que ele atinja seu endereço de destino (Figura 2).
Figura 2. Arquitetura de malha da Rede IP (Internet). Fonte:
LCA. Diferentemente da comutação de circuitos (como no caso
de sistemas de telefonia fixa convencionais), o sistema de
comutação de pacotes adotado nas Redes IP não reserva
circuito fim-a-fim: pacotes encaminhados a um roteador cujo
enlace de saída esteja ocupado são armazenados e aguardam
liberação do enlace (em fila) para serem encaminhados para o
nó seguinte de sua rota na rede (Figura 3). Como não existe
uma central de monitoramento de desempenho e os recursos
físicos (infraestrutura) de transmissão e roteamento são
compartilhados por todos os usuários e pacotes, o grau de
disponibilidade de enlaces na rede é dinâmico e o desempenho
de entrega de cada pacote é variável a cada instante. Figura 3.
Comutação de pacotes em redes IP (tecnologia xDSL) Segundo
destaca o Estudo sobre as condições de oferta dos serviços e
banda larga , elaborado pelo CPqD , as redes estatísticas de
comutação de pacotes empregam uma modalidade de
endereçamento, transmissão e entrega dos pacotes conhecida
como Melhor Esforço (best effort), que não oferece garantias
de entrega e integridade dos dados. Através deste serviço, todos
os usuários, aplicações e pacotes recebem tratamento
equivalente nos roteadores e enlaces, desde a origem até o
destino final, sem condições especiais para recuperação de
dados perdidos ou corrompidos: Atualmente, todas as redes que
compõem a Internet global possuem roteadores e tem este
comportamento, resultando em uma entrega de pacotes
baseadas no conceito de melhor esforço (best effort), onde os
atrasos ou perda de pacotes são completamente imprevisíveis e
a entrega dos pacotes é feita na base da tentativa . Pode-se dizer
que hoje, a Internet não provê a garantia de qualidade para os
serviços que utilizam o Protocolo IP, o que dificulta bastante a
garantia de velocidade e o uso de aplicações interativas e de
tempo real (como vídeo e voz sobre IP, por exemplo). (CPqD,
2010, p.83) Neste âmbito, são atribuídas taxas de transferência
(bitrate) variáveis aos usuários e pacotes, a depender do nível
corrente de utilização (ocupação) dos recursos da rede pela
base de usuários conectados. A velocidade , assim, apresenta-se
como produto de um número variado de parâmetros estruturais,
sazonais e esporádicos, particularmente no que se refere à
própria capacidade instantânea da rede em suportar múltiplas
transações simultâneas e administrar um volume variável e
potencialmente grande de dados fim-a-fim (isto é, entre os
pontos terminais de origem e destino dos pacotes). Em
decorrência destas características da Rede IP, o atendimento
aos critérios de integridade, atraso (delay), variação de latência
(jitter), taxa de descarte e perda de pacotes, etc., é referenciado
pela probabilidade dos respectivos pacotes serem transmitidos
com sucesso entre dois pontos da rede. No caso das redes
móveis, estes critérios estão sujeitos a um número adicional de
dificuldades, tanto pelas peculiaridades do meio aéreo de
tráfego (espectro de radiofrequência), quanto pela mobilidade
do usuário / terminal, o que aumenta a susceptibilidade do
acesso à rede a ruídos, sombreamento e interferências, com
riscos à queda de sinal e perda na transmissão de dados. Dado
que a malha da Internet é formada por um conjunto complexo
de tecnologias, equipamentos e redes independentes
interligadas por enlaces e meios de transmissão, a gestão
eficiente dos recursos colocados à disposição dos usuários pela
prestadora deve ser pautada pela melhor relação custo-
benefício no que se refere ao dimensionamento e ao
gerenciamento da infraestrutura de rede, de modo a atender às
distintas necessidades e demandas dos usuários em condições
compatíveis de preço e qualidade do serviço. Sendo a
capacidade um recurso escasso e de uso não-linear, sujeito,
portanto, a intervalos de ociosidade e horários de pico, mas
parcialmente gerenciável, a rede não precisa ser
superdimensionada (isto é, trabalhar com muita capacidade
ociosa) para acomodar um cenário hipotético em que todos os
usuários estejam conectados e demandem, simultaneamente,
toda banda à sua disposição . Como esclarece o CPqD:
Geralmente, o enlace da saída do concentrador não equivale à
soma de todas as velocidades de acesso dos usuários, já que a
probabilidade de todos usarem 100% da velocidade
simultaneamente é muito pequena, pois o uso não é linear e sim
estatístico. Por isso, é factível que o enlace tenha velocidade
menor do que a soma citada. (CPqD, 2010, p.25; grifos nossos)
Em suma, como não há reserva prévia de recursos para cada
usuário, os pacotes das aplicações que ingressam no tráfego
estão sujeitos às condições do tráfego naquele instante (best
effort), incluindo taxas distintas de atraso na entrega de pacotes
(jitter), entregas de pacote fora de ordem, duplicidade, ou
mesmo perda de integridade dos pacotes. Com efeito, um nível
adequado de dimensionamento da rede deve comportar,
paralelamente, ferramentas de gerenciamento de tráfego (como
roteamento, enfileiramento e hierarquização) para tornar mais
flexível e eficiente a banda disponível, acomodando melhor o
tráfego de aplicações e conteúdos específicos em horários de
pico e economizando (redirecionando) recursos ociosos da rede
para outras aplicações em horários de menor utilização. Dadas
as características do serviço atualmente ofertado através das
licenças do SCM e do encaminhamento de pacotes em redes
estatísticas através do melhor esforço, a proposta da Consulta
Pública N . 46 em estabelecer obrigações e metas mínimas para
parâmetros e indicadores de rede, como velocidade instantânea
e média, implicaria um dimensionamento artificial e
inadequado da rede, que passaria a adotar, no limite,
características de prioridade de tráfego e ocupação de enlaces
similares às verificadas em redes determinísticas. Neste caso,
na medida em que as prestadoras são contratadas para fornecer
ao cliente um circuito dedicado fim-a-fim, devem ser
remuneradas de forma proporcional à ociosidade da rede, isto é,
aos recursos alocados exclusivamente para cada cliente. Tal
esforço, além de produzir uma margem de capacidade ociosa
desnecessária por usuário, demandaria um volume significativo
de investimentos em readequação da rede atual e uma revisão
de projetos e investimentos de expansão do serviço. Ademais,
do ponto de vista técnico, não seria possível garantir por parte
das prestadoras tráfego pela rede IP em condições
suficientemente controladas para satisfazer todos os critérios
sugeridos pela Consulta Pública N . 46, dado que, como será
mais bem explorada a seguir, há condicionantes na rede interna
do cliente que afetam a qualidade do SCM sem que as
prestadoras do serviço possam atuar. A seguir abordaremos em
maiores detalhes as características técnicas do tráfego da rede
que afetam a garantia mínima de qualidade de serviço por uma
prestadora do SCM. 1.2 Características técnicas do tráfego da
rede Em se tratando de uma rede interligada de computadores
(e outras redes) notabilizada por sua natureza descentralizada,
os esforços direcionados à adequação e compatibilização das
redes ao tráfego crescente via protocolo IP esbarram em
limitações tecnológicas naturais, com reflexos importantes
sobre a experiência do usuário em termos de velocidade e
qualidade do serviço fim-a-fim, que dependem de inúmeros
fatores alheios ao controle das prestadoras. Há barreiras ao
tráfego dos pacotes espalhadas pelo trajeto entre o terminal /
aplicação do usuário e seu destino final, por exemplo, um
servidor de conteúdo localizado em outro país. A depender da
severidade destes obstáculos e da distância entre a origem e o
destino do sinal, podem-se configurar gargalos importantes,
com influência significativa sobre o desempenho da conexão
(endereçamento, condições de integridade e latência do envio e
entrega dos pacotes) e a percepção do assinante acerca da
qualidade e adequação do serviço contratado (em termos de
suporte às aplicações desejadas). As etapas a serem vencidas e
os respectivos obstáculos são apresentados na figura e tabela
abaixo. Figura 4. Modelo representativo de uma rede de
comunicação de protocolo IP Como as características
assimétricas de gestão e organização das plataformas e redes
estão a cargo de diferentes entes, a oferta do serviço de acesso à
banda larga fixa pelas empresas não é capaz de contemplar
todos os fatores e garantias necessárias para assegurar aos
clientes a entrega de um nível mínimo e / ou médio de
velocidade de tráfego, sendo-lhes possível, tão somente,
convencionar contratualmente um teto nominal para o serviço.
Tal entendimento é compartilhado pelo Office of
Communications (Ofcom, UK) que destaca, em seu Código de
prática para Banda Larga, que estas disparidades podem ser
resultado de um número extenso de fatores, incluindo as
características da rede do cliente, a capacidade instalada das
redes dos provedores de internet, o número de assinantes
compartilhando a rede, o número de pessoas acessando um
determinado website, etc. Complementarmente, o relatório da
OOKLA , responsável pelas medições de velocidade
disponíveis em websites como Speedtest.net e Pingtest.net, e
pela elaboração do Net Index uma compilação livre de
resultados de mais de 1,5 milhão de resultados de teste,
separados por regiões geográficas aponta que a mensuração da
banda larga é um processo altamente variável: a realização de
testes entre pontos de maior ou menor distância podem
introduzir latência, reduzindo a velocidade de download. Fora
da rede da prestadora do serviço, a Internet é ainda em sua
maior parte uma rede descentralizada, imprevisível e não
gerenciável. O desafio do regulador, neste caso, deveria ser
recolocado: o problema não passa, efetivamente, pela
imposição de metas e obrigações de entrega de velocidade, mas
buscar formas de se reduzir a diferença entre as expectativas do
consumidor e a velocidade entregue do serviço. Este propósito,
entretanto, exige de antemão a implementação de métodos e
sistemas de aferição realizados de forma controlada e na rede
da prestadora, de forma a minimizar, respectivamente, erros de
medida e a influência de fatores não gerenciáveis na avaliação
do desempenho. Como se verá a seguir, esta percepção é
contemplada pela experiência internacional na oferta do serviço
de banda larga. 1.3 Experiência Internacional Dadas as
limitações expostas nas seções anteriores no que se refere à
possibilidade de se atender a todos os usuários da forma típica
de rede determinística; cujo desempenho seja consistente,
embora não completamente administrável, fim-a-fim (isto é, em
toda extensão de rede, equipamentos e aplicações, incluindo
terminais dos usuários, servidores e redes de outras
prestadoras); a prática internacional para regulação e prestação
do serviço de SCM não acolhe a definição de limites mínimos e
médios para parâmetros de velocidade, tampouco rege acerca
de parâmetros de Qualidade do Serviço como latência, jitter e
perda de pacotes. O trabalho da Price Waterhouse Coopers
anexado a esta contribuição apresenta diversos estudos de caso
e demonstra que a proposta de regulamento da ANATEL não
apresenta similaridade em nenhuma das Administrações
estudadas, que representam mais de 40% dos acessos em banda
larga disponibilizados no mundo. Trabalho da consultoria
Cullen International, avalia com detalhes o quadro regulatório
relativo à qualidade do serviço em diversos países da OCDE,
incluindo França, Alemanha, Itália, Holanda, Suécia, Espanha e
Reino Unido. De modo geral, a prática internacional não dá
suporte à aplicação de metas previstas pela Consulta Pública N
46. Os países pesquisados tem primado pela adoção de políticas
e ações que aumentam a transparência e a padronização das
informações no que se refere às características e desempenho
dos serviços contratados, permitindo ao consumidor mais
informações sobre o que lhe é entregue (capacidade de acesso),
bem como favorecer uma maior comparabilidade entre as
prestadoras e planos anunciados. Estas são, inclusive, as
recomendações da UIT, que elenca, entre os pilares para
incentivar a demanda pelo serviço de banda larga em países em
desenvolvimento ( Building broadband: Strategies and policies
for the developing world ), ações com o objetivo de fornecer
aos consumidores informações acerca dos provedores, opções
de preço e tecnologia disponível . Como destaca o Instituto
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(Inmetro) em estudo recente sobre o desempenho das redes de
banda larga, o processo de avaliação de qualidade do serviço
deve ter como objetivo primordial: (...) informar ao consumidor
brasileiro sobre a adequação de produtos e serviços aos
critérios estabelecidos em normas e regulamentos técnicos,
contribuindo para que ele faça escolhas melhor fundamentadas
em suas decisões de compra ao levar em consideração outros
atributos além do preço e, por consequência, torná-lo parte
integrante do processo de melhoria da indústria nacional; A
mensuração e auditoria de indicadores de rede em condições
controladas e com metodologia adequada de amostragem e
coleta, aliada a uma política de divulgação ampla dos
resultados em canais de venda encontra consonância com a
prática internacional na regulação do serviço, que privilegia a
concorrência e as preferências do consumidor como força
motriz da melhoria dos serviços e a iniciativa das firmas em
adequar seus produtos a padrões técnicos e diferenciá-los em
relação aos outros players. Como expõe o Guia do Policymaker
para Gerenciamento de Rede , elaborado pela The Information
Technology & Innovation Foundation: Consumers expect the
advertised bandwidth to be the guaranteed bandwidth, and if
they are throttled below the peak advertised performance, they
get dissatisfied. The obvious solution to this problem is clear
disclo sure, but no ISP wants to come out and advertise the
minimum and maximum performance of its services
unilaterally while its competitors continue to em bellish their
offerings by touting peak performance. Government can play
an important role in helping to solve this problem by mandating
broadband advertis ing rules that require both the guaranteed
and peak performance figures to ensure an even playing field
between ISPs providing broadband. Em sintonia com as
melhores práticas, o FCC americano tem tratado o tema,
provendo aos consumidores e à sociedade maior informação
acerca dos serviços de banda larga correntemente oferecidos no
país (ver, a respeito, o relatório Measuring Broadband America
). Adicionalmente, publicou o Guia do Consumidor para Banda
Larga Residencial (Broadband Service for the Home: A
Consumer s Guide), que busca informar melhor os
consumidores sobre como medir, comparar e escolher as
melhores prestadoras do serviço e os melhores planos de
acordo com as suas necessidades. A diferenciação dos serviços,
possível através do correto dimensionamento e gerenciamento
da rede, permite que usuários de perfil menos intensivo
acessem a rede a preços menores, enquanto os usuários mais
intensivos, que ocupam maior banda e / ou requerem condições
diferenciadas de tráfego, arquem com um preço
proporcionalmente maior, compatível com um serviço de maior
valor agregado. Deve ficar claro ao consumidor, entretanto, que
mesmo serviços de alto desempenho estarão submetidos a um
grau de imprevisibilidade e instabilidade no acesso (jitter e
congestionamento em horários de pico, por exemplo), graças às
características da rede IP (melhor esforço e topologia
estatística). A tarefa de um regulador, como o FCC, deve passar
pela orientação dos consumidores: Several factors can slow
down your Internet speed: an old or slow router, an old or slow
computer, using the Internet at peak times (7 p.m 11 p.m.),
using high-bandwidth applications or sites, or having several
household members online at once. Your network
configuration, including wireless networks, can also affect
speed. If your broadband speed is slower than you expected,
start by seeing whether changing equipment or changing the
way you use the Internet improves your broadband experience.
However, don t hesitate to call your service provider if these
measures don t work and your internet connection simply
seems too slow. Do ponto de vista das prestadoras, a
responsabilidade deve recair sobre uma maior clareza
contratual no serviço entregue ao consumidor, particularmente
quanto aos fatores limitantes de velocidade, e em serviços de
pós-venda, colaborando para solução tempestiva de conflitos e
problemas que possam afetar a experiência do usuário. A
AT&T, uma das empresas líderes no segmento de banda larga,
detalha aspectos similares em seus termos de serviço: The
speeds identified at http: / / www.att.com / speedtiers are
Service Capability Speeds, which are the downstream rates at
which your line transfers Internet access data between the
network interface device at your home, office or apartment
building to the first piece of routing equipment in AT&T s
network. Service Capability Speeds should not be confused
with Throughput Speed, which is the speed at which your
modem receives and sends Internet access data ( Throughput
Speed. ). These speeds may vary and are not guaranteed.
Throughput speed depends upon many factors including
customer location, destination and traffic on the Internet,
interference with high frequency spectrum on your telephone
line, wiring inside your home, office or apartment, the capacity
or performance of your computer or modem, the server with
which you are communicating, internal network factors, and
the networks you and others are using when communicating. In
order to provide a consistently high-quality video service,
AT&T U-verse High Speed Internet throughput speeds may be
temporarily reduced when a customer is using other U-verse
services in a manner that requires high bandwidth. This could
occur more often with higher speed Internet access products.
No caso da Espanha, também não há obrigação de prestação do
serviço a uma velocidade mínima garantida, mas as prestadoras
de serviços de banda larga fixa e móvel são orientadas para
evitar que as velocidades informadas na comercialização dos
produtos não excedam o limite teórico permitido pela
respectiva tecnologia. Além disso, as empresas têm o dever de
informar os usuários finais dos fatores relevantes que podem
restringir a velocidade efetiva da banda larga que será entregue,
previamente à assinatura do contrato. A agência regulatória do
Reino Unido (Ofcom) favorece a adoção de inovações e
mecanismos regulatórios de baixo impacto (não interventivos),
que preservem princípios de transparência, proporcionalidade e
eficiência na gestão dos recursos. Neste sentido, a solução do
Ofcom para lidar com questões de qualidade no serviço de
banda larga foi a criação de um mecanismo de autorregulação:
o Broadband Speeds Code of Practice. Este Código de Práticas
estabelece uma série de princípios, aos quais as prestadoras do
serviço podem acatar voluntariamente e, assim, sinalizar
diferenciais competitivos em relação a outras prestadoras do
mesmo serviço. Entre os princípios elencados no código, pode-
se citar: (i) treinamento e capacitação adequados da equipe de
vendas e de representantes comerciais; (ii) provisão de
informações no ponto de venda; (iii) acurácia das informações
sobre velocidade ofertadas pelos provedores; (iv) suporte à
solução de problemas dos usuários relacionados à velocidade;
(v) apresentação das informações sobre banda larga nos
websites; (vi) adequação ao cronograma do código; (vii)
monitoramento da adequação ao código e cooperação com o
Ofcom; (viii) alertar e informar o consumidor sobre o Código
de prática no processo de venda. O consumidor, melhor
informado, é o responsável pela escolha do serviço que melhor
lhe oferece garantias, condições e a melhor experiência do
serviço. Sob a ótica das melhores práticas, portanto, cabe
ressaltar que a intenção da ANATEL em aumentar e refinar as
informações disponíveis sobre desempenho e qualidade do
SCM encontra respaldo internacional, na medida em que busca
resguardar a transparência na oferta do serviço, com vistas à
manutenção dos direitos e do bem-estar dos consumidores. Tal
intento, entretanto, quando convertido em insumo para criação
de metas e obrigações artificiais de velocidade e desempenho
de rede, como pretende a Consulta Pública No 46, consuma
uma intervenção regulatória sem paralelo relevante no estado
da arte da regulação mundial, cujos impactos podem se revelar
negativos e significativos para o setor de telecomunicações e
para o bem-estar dos consumidores.
Contribuição N°: 127
ID da Contribuição: 58484
Autor da Contribuição: Diogo Moyses Rodrigues
Data da Contribuição: 01/02/2012 19:43:05
Contribuição:
CONTRIBUIÇÃO ENVIADA EM NOME DA
CAMPANHA BANDA LARGA É UM DIREITO SEU!
Não devem ser acatados os pedidos
Justificativa:
1. A Oi apresenta o questionamento de que a Anatel teria
considerado sua rede como determinística, mesmo sendo
uma rede estatística. A afirmação se mostra inverídica ao
analisar os indicadores de rede determinados. A
velocidade mínima medida deve ficar entre 20%-40%
(metas escalonadas a cada ano) da máxima em 95% dos
casos, a média deve ficar entre 60% e 80% (no mesmo
escalonamento de implantação). Se a rede fosse tratada
como determinística, não haveria motivo de ter
velocidades mínimas ou médias menores que a velocidade
vendida como máxima. 2. Além disso, a ideia de que a
lógica de melhores esforços seria suficiente para garantir
a qualidade do serviço tem se mostrado inverídica para o
consumidor brasileiro. Há anos, as teles estão no topo das
reclamações dos consumidores, demonstrando que não
têm disposição para resolver esse problema por conta
própria. A lei dos melhores esforços tem sido, na prática,
a lei do mínimo esforço . 3. Não é possível alegar, como
fazem as empresas, que elas não podem garantir a
qualidade por incidir sobre partes da rede que não estão
sob seu controle. Os parâmetros de qualidade para o
usuário final gerarão um positivo efeito de replicação das
exigências na contratação de links e acessos a backhauls e
backbones. Em todos os mercados cabe a quem negocia
com o usuário final a responsabilidade pelo bem ou
serviço. Não há porque ser diferente nas
telecomunicações, serviço público sob regulação estatal.
4. A alegação de que por se tratar de regime privado as
empresas não poderiam ser impostas obrigações de
qualidade é absurda. Conscientes do absurdo, a Oi diz que
o regime privado é regulado pelos artigos 126 e 128 da
Lei Geral de Telecomunicações. Salta justamente o artigo
127, que diz: Art. 127. A disciplina da exploração dos
serviços no regime privado terá por objetivo viabilizar o
cumprimento das leis, em especial das relativas às
telecomunicações, à ordem econômica e aos direitos dos
consumidores, destinando-se a garantir: I - a diversidade
de serviços, o incremento de sua oferta e sua qualidade;
(...) III - o respeito aos direitos dos usuários; ( ) V - o
equilíbrio das relações entre prestadoras e usuários dos
serviços; (...) VIII - o cumprimento da função social do
serviço de interesse coletivo, bem como dos encargos dela
decorrentes; (...) X - a permanente fiscalização. 5.
Também alega a Oi que o regime privado só impõe
obrigações de não fazer . A afirmação desconsidera todo o
arcabouço da LGT e as regras de regime privado previstos
no regulamento dos serviços de telecomunicações. Já no
artigo 2 da LGT estão previstos deveres do poder público.
Entre eles está: III - adotar medidas que promovam a
competição e a diversidade dos serviços, incrementem sua
oferta e propiciem padrões de qualidade compatíveis com
a exigência dos usuários; Na mesma linha, prevê o artigo
3 : Art. 3 O usuário de serviços de telecomunicações tem
direito: I - de acesso aos serviços de telecomunicações,
com padrões de qualidade e regularidade adequados à sua
natureza, em qualquer ponto do território nacional; ( )
Também no artigo que trata dos condicionamentos
previstos no regime privado estão previstas obrigação de
fazer: Art. 128. Ao impor condicionamentos
administrativos ao direito de exploração das diversas
modalidades de serviço no regime privado, sejam eles
limites, ENCARGOS ou SUJEIÇÕES [grifo nosso], a
Agência observará a exigência de mínima intervenção na
vida privada, assegurando que: I - a liberdade será a regra,
constituindo exceção as proibições, restrições e
interferências do Poder Público; II - nenhuma autorização
será negada, salvo por motivo relevante; III - OS
CONDICIONAMENTOS DEVERÃO TER VÍNCULOS,
TANTO DE NECESSIDADE COMO DE
ADEQUAÇÃO, COM FINALIDADES PÚBLICAS
ESPECÍFICAS E RELEVANTES [grifo nosso]; IV - O
PROVEITO COLETIVO GERADO PELO
CONDICIONAMENTO DEVERÁ SER
PROPORCIONAL À PRIVAÇÃO QUE ELE IMPUSER
[grifo nosso]; V - haverá relação de equilíbrio entre os
deveres impostos às prestadoras e os direitos a elas
reconhecidos. O regulamento dos serviços de
telecomunicações, em seu artigo 54, define ENCARGOS
como os condicionamentos administrativos que
impuserem deveres positivos ou obrigações de fazer e
SUJEIÇÕES como os condicionamentos administrativos
que impuserem deveres de suportar . Assim, não há
dúvidas da legalidade de tais condicionamentos no regime
privado. 6. Alega também a Oi que a medida não passaria
no teste de ser adequada, necessária e proporcional. A
nosso ver, as três exigências são atendidas. a. A medida é
adequada por cobrir todos os diferentes parâmetros
necessários para garantir ao usuário final a fruição plena
do serviço de banda larga segundo as características
contratadas, em linha com o que prevê a LGT. b. Ela é
necessária por três motivos: primeiramente, como já foi
apontado, há anos as teles estão no topo das reclamações
dos consumidores, demonstrando que não têm disposição
para resolver esse problema por conta própria. Em
segundo lugar, como também já dito, em 90% dos
municípios brasileiros, não há competição entre os
serviços de banda larga. Se a prestadora não oferece um
serviço de qualidade, o consumidor não tem opção. Em
terceiro lugar, mesmo nas localidades em que há
competição, não há garantia alguma de que, em um
mercado com grandes barreiras à entrada, a competição
gere qualidade. A experiência brasileira mostra
justamente o contrário, com as empresas pactuando entre
si de forma tácita um baixo padrão de qualidade do
serviço. c. Ela é proporcional porque impõe às
prestadoras parâmetros que permitem um planejamento
de rede equilibrado, evitando investimentos
desnecessários (o que aconteceria se houvesse a
exigência, por exemplo, de atendimento permanente de
100% da velocidade máxima). 7. Consideramos ainda
inadequada a comparação feita pela Oi com o caso do
Reino Unido, uma vez que naquele país há cinco grandes
competidores (mais de 5% de participação no mercado)
competindo em todo o território. No Brasil, em 90% dos
municípios não há competição nem na banda larga fixa
nem na móvel. Se a prestadora não oferece um serviço de
qualidade, o consumidor não tem opção. 8. No ponto 95
(p. 25) do pedido relativo ao SMP, a Oi alega que o
regulamento gera desincentivo à oferta de velocidades
maiores em diversas áreas, pela inviabilidade econômica
de alteração das tecnologias hoje empregadas de forma a
atender os parâmetros previstos, conforme já mencionado
. A afirmação demonstra a distância do que a empresa
vende e do que realmente oferece. Concretamente, ela diz
que não pode aumentar a velocidade ofertada porque não
terá como garantir isso sem grandes investimentos. Ora, é
muito positivo saber que o regulamento de qualidade
impede uma prática desonesta da empresa de oferecer
comercialmente algo que não está preparada tecnicamente
para garantir. A isto se relaciona a transparência tão
defendida pela empresa em seus pedidos de anulação.
Contribuição N°: 128
ID da Contribuição: 58513
Autor da Contribuição: Daniela Batalha Trettel
Data da Contribuição: 01/02/2012 23:03:05
Contribuição:
Para demonstrar a compatibilidade de tal prerrogativa ao
marco regulatório brasileiro das telecomunicações,
cumpre, inicialmente, refletir acerca do argumento,
trazido pela operadora, que envolve a definição de redes
estatísticas e redes determinísticas. A TNL PSC S.A.
alega que o estabelecimento das metas em discussão
altera o perfil da prestação do serviço ao pretender
aproximar uma rede estatística de uma rede
determinística, em que ocorre a reserva de capacidade
remunerada pelo usuário mesmo quando ociosa. A
construção do argumento é complicada em si, na medida
em que a existência de metas para a variação mínima e
média da velocidade contratada demonstra, justamente, a
permissão para a sua variação em decorrência da
característica das redes. Neste sentido, os patamares
exigidos, de variação mínima de 20%-40%, em 95% dos
casos, e variação média de 60%-80%, são plenamente
compatíveis com a natureza estatística do serviço. Isto
posto, importa demonstrar a base constitucional e legal da
competência da Anatel para prever metas de qualidade
também aos serviços de telecomunicações prestados em
regime privado. 2.1 Compatibilidade constitucional e
legal na fixação de metas de qualidade para os serviços de
telecomunicações explorados no regime privado
Inicialmente, devemos recordar que a Constituição
Federal, em seu art. 21, XI, postula que compete à União
explorar os serviços de telecomunicações no país. A
exploração pode se dar diretamente ou mediante
autorização, concessão ou permissão. Sendo de
competência da União a prestação destes serviços, como
considerar ingerência indevida a disposição, pelo órgão
regulador das telecomunicações, de regras relativas à
qualidade dos mesmos? Neste contexto, a regulação da
qualidade é não só permitida, como devida e necessária.
Corroborando este entendimento, estabelece o art. 2 , III
da LGT: Art. 2 O Poder Público tem o dever de: III adotar
medidas que promovam a competição e a diversidade dos
serviços, incrementem sua oferta e propiciem padrões de
qualidade compatíveis com a exigência dos usuários.
[grifo nosso]. Previsão semelhante está presente no Título
específico dos serviços prestados em regime privado, do
mesmo diploma legal. Dispõe o art. 127: Art. 127 A
disciplina da exploração dos serviços no regime privado
terá por objetivo viabilizar o cumprimento das leis, em
especial das relativas às telecomunicações, à ordem
econômica e aos direitos dos consumidores, destinando-se
a garantir: I a diversidade de serviços, o incremento de
sua oferta e sua qualidade. [grifo nosso] Conforme se
verifica das previsões acima, a garantia de padrões de
qualidade não é incompatível com o regime jurídico do
Serviço de Comunicação Multimídia ou do Serviço
Móvel Pessoal. Ao contrário, a legislação enuncia sua
necessidade. Da mesma forma, a determinação de padrões
de qualidade na prestação do serviço não fere os
princípios constitucionais da atividade econômica base da
exploração dos serviços de telecomunicações no regime
privado, segundo o art. 126 da LGT. Em primeiro lugar,
porque não se pode considerar a exigência de qualidade
na prestação de um serviço como uma afronta à livre
iniciativa. Faz parte da atividade de qualquer fornecedor a
responsabilidade pela execução adequada do serviço
oferecido. Não bastasse isso, os pedidos de anulação se
dirigem a serviços de interesse coletivo, cuja exploração é
de competência da União. Em segundo lugar, porque
também a defesa do consumidor é princípio da atividade
econômica e se encontra entre as atribuições da agência.
Segundo seu regulamento, é competência da Anatel atuar
na proteção e defesa dos usuários (art. 16, XIX do
Decreto 2.238 / 1997), estando clara na LGT a autoridade
da agência para reprimir as infrações aos direitos dos
consumidores (art. 19, XVIII da LGT). A determinação
de padrões de qualidade, assim, atende diretamente a um
dos princípios da atividade econômica e não constitui
violação aos outros. A operadora cita ainda o art. 128 da
LGT, argumentando que a intervenção da Anatel na
atividade das prestadoras dos serviços em questão feriria
o princípio da intervenção mínima e da liberdade como
regra. Complementa afirmando que a única exceção a isto
seriam as metas de universalização, restritas aos serviços
prestados no regime público. Omite a operadora, porém,
que o referido artigo 128 trata, na verdade, das condições
a serem observadas pela agência quando da imposição de
condicionamentos à exploração dos serviços no regime
privado. Condicionamentos que podem significar deveres
de abstenção (limites), obrigações de fazer (encargos) ou
deveres de suportar (sujeições). A liberdade como regra
enseja exceções; a intervenção mínima na vida privada
exige justificativa para a previsão de condicionamentos.
Por isso, dispõe o art. 128, III, que limites, encargos ou
sujeições deverão ter vínculos, tanto de necessidade como
de adequação, com finalidades públicas específicas e
relevantes. O inciso IV complementa afirmando que o
proveito coletivo gerado pelo condicionamento deverá ser
proporcional à privação que ele impuser. Os incisos III e
IV dizem respeito, portanto, à aplicação do princípio da
proporcionalidade com seus três elementos: adequação,
necessidade e proporcionalidade em sentido estrito.
Conforme demonstraremos adiante, os indicadores
contestados passam por este teste, ao contrário do que
afirma a operadora TNL PSC S.A. Deste modo, os
condicionamentos recentemente aprovados pela Anatel
estão de acordo com os preceitos constitucionais e o
regime jurídico, privado, de prestação dos serviços
modelado pela LGT. Por fim, importa ressaltar mais uma
característica do regime privado: a inexistência de direito
adquirido, das prestadoras do serviço, à permanência das
condições vigentes quando da expedição da autorização
ou do início das atividades (art. 130). Por conta disso, as
empresas têm a obrigação de observar os novos
condicionamentos impostos por lei e pela
regulamentação. É dever da agência conceder prazos
suficientes para adaptação aos novos condicionamentos, o
que ocorre no presente caso. Mesmo assim, os termos de
autorização do SCM firmados entre prestadoras e Anatel
já estabelecem claramente a competência da agência para
impor condicionamentos, bem como para definir
parâmetros de qualidade ao serviço. Entre os parâmetros
expressamente previstos no termo constam o
fornecimento do transporte de sinais respeitando as
características estabelecidas na regulamentação e a
disponibilidade do serviço nos índices contratados . Já nos
termos de autorização do SMP, há referência expressa ao
Plano Geral de Metas de Qualidade do serviço, além da
reprodução da disposição já citada, de que a prestadora
deve observar os novos condicionamentos legais e
regulamentares. 2.2 O reforço advindo da publicação do
Decreto n. 7.512 / 2011 e seu contexto Não fosse
suficiente toda a base constitucional e legal anteriormente
exposta, o Decreto 7.512 / 2011, aprovado em 30 de
junho de 2011, vem reforçar a necessidade de parâmetros
de qualidade para a banda larga fixa e móvel. Dispõe o
seu art. 2 que a Anatel deverá adotar as medidas
regulatórias necessárias para estabelecer padrões de
qualidade para serviços de telecomunicações que
suportam o acesso à Internet em banda larga, definindo,
entre outros, parâmetros de velocidade efetiva de conexão
mínima e média, de disponibilidade do serviço, bem
como regras de publicidade e transparência que permitam
a aferição da qualidade percebida pelos usuários. Com
relação à previsão acima e aos argumentos apresentados
pela TNL PSC S.A., temos quatro pontos a ressaltar: (i) O
Decreto não estabelece as metas de qualidade em si, mas
prevê moldes e prazos para a sua definição por meio de
instrumento adequado e de acordo com a legislação
setorial. Em que pese a competência normativa da
Presidência da República e do Ministério das
Comunicações, a redação do mencionado artigo 2 é clara
ao atribuir à Anatel a adoção dos referidos padrões, em
conformidade com o art. 19, X da LGT e art. 17, XIV do
regulamento da agência (Decreto 2.338 / 1997); (ii) O
fato de a previsão se referir a padrões e parâmetros não
significa que silencie quanto à imposição de metas de
qualidade. Ao contrário, o artigo preconiza a adoção de
medidas regulatórias necessárias para o estabelecimento
de padrões de qualidade dos serviços. Padrões ,
parâmetros e metas são todas palavras que fazem
referência a medidas regulatórias que dêem respostas
suficientes à realidade e aos problemas da prestação dos
serviços. (iii) A adoção de metas de qualidade é prática
recorrente na atividade regulatória da agência, inclusive
para serviços explorados no regime privado. Neste
sentido, o RGQ-SMP vem substituir o Plano Geral de
Metas (PGMQ) do serviço, assim como há o PGMQ dos
serviços de televisão por assinatura e do serviço de
telefonia fixa, que se aplica a concessionárias e
autorizatárias. A previsão do Decreto se insere neste
contexto e reflete a até então inexistente regulação de
qualidade para o SCM e a necessidade de atualização das
metas do SMP. Tarefas, aliás, previstas no PGR aprovado
por meio da Resolução 516 / 2008. (iv) Com base nos
pontos acima, não podemos concordar que o mencionado
dispositivo se refira apenas ao estabelecimento de
parâmetros que seriam objeto de identificação pelas
medidas de transparência. O art. 2 citado determina que a
Anatel adote medidas regulatórias necessárias para
estabelecer padrões de qualidade necessários ao SCM e
ao SMP, bem como regras de publicidade e transparência
que permitam a aferição da qualidade percebida pelos
usuários . 2.3 A proporcionalidade da medida regulatória
questionada: a presença da adequação, necessidade e
proporcionalidade em sentido estrito nos regulamentos de
qualidade A partir do exame a seguir será possível
demonstrar que os indicadores de rede do SCM, assim
como as taxas de transmissão de conexão de dados do
SMP, observam o princípio da proporcionalidade e as
condições do art. 128 da LGT para imposição de encargos
e sujeições. Antes de iniciarmos, é preciso frisar que a
análise apresentada pela operadora TNL PSC S.A. está
viciada já em seus pressupostos. O art. 2 do Decreto 7.512
/ 2011 não tem apenas o objetivo de reduzir a assimetria
de informações entre os usuários e as prestadoras do SCM
e do SMP. Em sua redação também está clara a
determinação para a adoção de medidas regulatórias que
respondam de maneira suficiente aos problemas
verificados na prestação destes serviços. Contudo,
interessa ressaltar que os regulamentos aprovados não têm
como base normativa somente o mencionado Decreto,
mas considerável referência legislativa e constitucional.
Por fim, é importante que o teste de proporcionalidade
tenha como pressuposto o cenário atual da prestação dos
serviços e de violação do direito dos consumidores já
exposta, nesta contribuição, nas considerações acerca da
motivação dos regulamentos de qualidade. Fixados os
pressupostos, passemos à análise da aplicação do
princípio da proporcionalidade ao caso concreto:
ADEQUAÇÃO as metas são aptas a cumprir os objetivos
propostos. São regras relativas à qualidade do serviço que
atingem problemas recorrentes de conexão e apresentam
parâmetros objetivos para a fiscalização da Anatel e o
acompanhamento do consumidor. O argumento da
prestadora de que a observância de tais regras aumentará
os preços do serviço ou diminuirá as velocidades
ofertadas soa como alegação da própria torpeza e
confirma a necessidade dos regulamentos, já adiantando o
elemento seguinte de análise. Se a exigência de que a
empresa entregue no mínimo 20%, e na média 60%, da
velocidade anunciada no primeiro ano de aplicação destes
critérios gera os efeitos mencionados, significa que a atual
situação de prestação do serviço é realmente inadequada.
NECESSIDADE conforme introduzido acima, tais
medidas são necessárias. A superação dos problemas na
prestação do serviço não pode abrir mão da estipulação de
metas vinculantes para se valer somente de um código de
boas práticas. Se o Código de Defesa do Consumidor, lei
federal vigente há anos no Brasil, ainda conta com
disposições recorrentemente violadas pelas empresas de
telecomunicações, o que dirá um código de boas práticas .
A compulsoriedade das metas e a aplicação de sanções
diante do descumprimento não são supérfluas neste caso.
Também por isso, a mera medição e divulgação dos
resultados não podem ser consideradas formas menos
gravosas de se atingir a mesma finalidade. Além das
razões já apresentadas, é preciso ter em vista a alta
concentração de mercado na prestação do serviço de
banda larga no Brasil, seja fixa ou móvel. Em muitas
localidades há apenas um ou, no máximo, dois provedores
do serviço. Neste cenário pouco competitivo, o
consumidor fica praticamente sem opção diante do baixo
desempenho da sua operadora. Os critérios aqui
discutidos, ao prever porcentagens mínimas e médias de
variação de velocidade, entre outros indicadores de rede,
têm entre seus objetivos justamente combater uma prática
recorrente e comum às maiores prestadoras do serviço a
prática de garantir em seus contratos de adesão apenas
10% da velocidade contratada; isto quando há garantia
expressa. O equilíbrio das relações entre prestadoras e
usuários dos serviços, algo que a disciplina da exploração
no regime privado também se destina a garantir (art. 127,
III da LGT), não é possível sem metas específicas e
vinculantes. PROPORCIONALIDADE EM SENTIDO
ESTRITO as medidas são proporcionais porque impõem
às prestadoras parâmetros que permitem um planejamento
de rede equilibrado e com prazos definidos. Neste
sentido, não pode prosperar o argumento de que os custos
gerados pelas metas afetam a própria atividade econômica
da empresa. Como já vimos, a adequada prestação de um
serviço não pode ser caracterizada como empecilho à
realização da atividade. A exigência progressiva de uma
variação mínima de 20% a 40% da velocidade contratada,
e média de 60% a 80%, até o final de 2014, não pode ser
considerada exagerada em relação aos problemas que visa
enfrentar. Além disso, a experiência internacional
demonstra que tais parâmetros podem ser alcançados,
como o próprio exemplo do Reino Unido citado pela
empresa em seu pedido de anulação. 2.4 Direito do
consumidor: da LEGALIDADE na fixação de metas É no
mínimo enganoso afirmar que a legislação consumerista
considera ilegal a fixação de metas de qualidade de um
serviço de interesse coletivo e de competência da União.
A legislação de proteção ao consumidor, ao contrário do
que alega a TNL PCS S.A., soma-se ao marco legal
setorial na defesa de metas de qualidade para o serviço de
banda larga. Ainda que não houvesse disposições
expressas quanto à exigência de qualidade na prestação de
serviços, o art. 7 do Código de Defesa do Consumidor
(Lei Federal n. 8.078 / 1990) afirma que os direitos nele
previstos não excluem outros decorrentes da legislação
interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas
autoridades administrativas competentes, bem como dos
que derivem dos princípios gerais do direito, analogia,
costumes e eqüidade. Contudo, já do art. 4 , II, alínea d do
referido diploma legal consta a seguinte disposição: Art. 4
A Política Nacional das Relações de Consumo tem por
objetivo o atendimento das necessidades dos
consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e
segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a
melhoria da sua qualidade de vida, bem como a
transparência e harmonia das relações de consumo,
atendidos os seguintes princípios: II - ação governamental
no sentido de proteger efetivamente o consumidor: d) pela
garantia dos produtos e serviços com padrões adequados
de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
[grifo nosso] Embora os regulamentos não se refiram
propriamente a um procedimento de certificação, suas
regras estabelecem medidas que visam garantir a
prestação dos serviços (SCM e SMP) a partir de padrões
adequados de qualidade e desempenho. Além disso, o
Código de Defesa do Consumidor arrola entre os direitos
básicos do consumidor a adequada e eficaz prestação dos
serviços públicos em geral (art. 6 , X) e apresenta um
capítulo específico sobre a qualidade de produtos e
serviços, que trata da responsabilidade do fornecedor,
diante do consumidor, quando da exploração de sua
atividade. Assim, o efetivo equilíbrio entre fornecedor e
consumidor nas relações de consumo vai além da
transparência e do direito à informação, abrangendo, entre
outras, ações do poder público na garantia de padrões de
qualidade e a responsabilidade dos prestadores pelas
atividades desenvolvidas. Todavia, é fato que não
podemos desprezar o peso que a transparência e o direito
à informação têm para a legislação consumerista. Quanto
a isso, as metas aqui questionadas contribuem também
para a efetivação destes postulados e desvelam prática
abusiva das empresas. A definição de parâmetros
mínimos e médios de qualidade da conexão confere ao
consumidor expectativa realista e mensurável do serviço
adquirido, dando-lhe instrumentos para exigir a sua
adequada prestação. A própria argumentação da
operadora demonstra que com estas medidas as ofertas de
velocidade ficarão mais próximas do que efetivamente se
entrega ao consumidor. A isto se dá o nome de
transparência .
Justificativa:
Para demonstrar a compatibilidade de tal prerrogativa ao
marco regulatório brasileiro das telecomunicações,
cumpre, inicialmente, refletir acerca do argumento,
trazido pela operadora, que envolve a definição de redes
estatísticas e redes determinísticas. A TNL PSC S.A.
alega que o estabelecimento das metas em discussão
altera o perfil da prestação do serviço ao pretender
aproximar uma rede estatística de uma rede
determinística, em que ocorre a reserva de capacidade
remunerada pelo usuário mesmo quando ociosa. A
construção do argumento é complicada em si, na medida
em que a existência de metas para a variação mínima e
média da velocidade contratada demonstra, justamente, a
permissão para a sua variação em decorrência da
característica das redes. Neste sentido, os patamares
exigidos, de variação mínima de 20%-40%, em 95% dos
casos, e variação média de 60%-80%, são plenamente
compatíveis com a natureza estatística do serviço. Isto
posto, importa demonstrar a base constitucional e legal da
competência da Anatel para prever metas de qualidade
também aos serviços de telecomunicações prestados em
regime privado. 2.1 Compatibilidade constitucional e
legal na fixação de metas de qualidade para os serviços de
telecomunicações explorados no regime privado
Inicialmente, devemos recordar que a Constituição
Federal, em seu art. 21, XI, postula que compete à União
explorar os serviços de telecomunicações no país. A
exploração pode se dar diretamente ou mediante
autorização, concessão ou permissão. Sendo de
competência da União a prestação destes serviços, como
considerar ingerência indevida a disposição, pelo órgão
regulador das telecomunicações, de regras relativas à
qualidade dos mesmos? Neste contexto, a regulação da
qualidade é não só permitida, como devida e necessária.
Corroborando este entendimento, estabelece o art. 2 , III
da LGT: Art. 2 O Poder Público tem o dever de: III adotar
medidas que promovam a competição e a diversidade dos
serviços, incrementem sua oferta e propiciem padrões de
qualidade compatíveis com a exigência dos usuários.
[grifo nosso]. Previsão semelhante está presente no Título
específico dos serviços prestados em regime privado, do
mesmo diploma legal. Dispõe o art. 127: Art. 127 A
disciplina da exploração dos serviços no regime privado
terá por objetivo viabilizar o cumprimento das leis, em
especial das relativas às telecomunicações, à ordem
econômica e aos direitos dos consumidores, destinando-se
a garantir: I a diversidade de serviços, o incremento de
sua oferta e sua qualidade. [grifo nosso] Conforme se
verifica das previsões acima, a garantia de padrões de
qualidade não é incompatível com o regime jurídico do
Serviço de Comunicação Multimídia ou do Serviço
Móvel Pessoal. Ao contrário, a legislação enuncia sua
necessidade. Da mesma forma, a determinação de padrões
de qualidade na prestação do serviço não fere os
princípios constitucionais da atividade econômica base da
exploração dos serviços de telecomunicações no regime
privado, segundo o art. 126 da LGT. Em primeiro lugar,
porque não se pode considerar a exigência de qualidade
na prestação de um serviço como uma afronta à livre
iniciativa. Faz parte da atividade de qualquer fornecedor a
responsabilidade pela execução adequada do serviço
oferecido. Não bastasse isso, os pedidos de anulação se
dirigem a serviços de interesse coletivo, cuja exploração é
de competência da União. Em segundo lugar, porque
também a defesa do consumidor é princípio da atividade
econômica e se encontra entre as atribuições da agência.
Segundo seu regulamento, é competência da Anatel atuar
na proteção e defesa dos usuários (art. 16, XIX do
Decreto 2.238 / 1997), estando clara na LGT a autoridade
da agência para reprimir as infrações aos direitos dos
consumidores (art. 19, XVIII da LGT). A determinação
de padrões de qualidade, assim, atende diretamente a um
dos princípios da atividade econômica e não constitui
violação aos outros. A operadora cita ainda o art. 128 da
LGT, argumentando que a intervenção da Anatel na
atividade das prestadoras dos serviços em questão feriria
o princípio da intervenção mínima e da liberdade como
regra. Complementa afirmando que a única exceção a isto
seriam as metas de universalização, restritas aos serviços
prestados no regime público. Omite a operadora, porém,
que o referido artigo 128 trata, na verdade, das condições
a serem observadas pela agência quando da imposição de
condicionamentos à exploração dos serviços no regime
privado. Condicionamentos que podem significar deveres
de abstenção (limites), obrigações de fazer (encargos) ou
deveres de suportar (sujeições). A liberdade como regra
enseja exceções; a intervenção mínima na vida privada
exige justificativa para a previsão de condicionamentos.
Por isso, dispõe o art. 128, III, que limites, encargos ou
sujeições deverão ter vínculos, tanto de necessidade como
de adequação, com finalidades públicas específicas e
relevantes. O inciso IV complementa afirmando que o
proveito coletivo gerado pelo condicionamento deverá ser
proporcional à privação que ele impuser. Os incisos III e
IV dizem respeito, portanto, à aplicação do princípio da
proporcionalidade com seus três elementos: adequação,
necessidade e proporcionalidade em sentido estrito.
Conforme demonstraremos adiante, os indicadores
contestados passam por este teste, ao contrário do que
afirma a operadora TNL PSC S.A. Deste modo, os
condicionamentos recentemente aprovados pela Anatel
estão de acordo com os preceitos constitucionais e o
regime jurídico, privado, de prestação dos serviços
modelado pela LGT. Por fim, importa ressaltar mais uma
característica do regime privado: a inexistência de direito
adquirido, das prestadoras do serviço, à permanência das
condições vigentes quando da expedição da autorização
ou do início das atividades (art. 130). Por conta disso, as
empresas têm a obrigação de observar os novos
condicionamentos impostos por lei e pela
regulamentação. É dever da agência conceder prazos
suficientes para adaptação aos novos condicionamentos, o
que ocorre no presente caso. Mesmo assim, os termos de
autorização do SCM firmados entre prestadoras e Anatel
já estabelecem claramente a competência da agência para
impor condicionamentos, bem como para definir
parâmetros de qualidade ao serviço. Entre os parâmetros
expressamente previstos no termo constam o
fornecimento do transporte de sinais respeitando as
características estabelecidas na regulamentação e a
disponibilidade do serviço nos índices contratados . Já nos
termos de autorização do SMP, há referência expressa ao
Plano Geral de Metas de Qualidade do serviço, além da
reprodução da disposição já citada, de que a prestadora
deve observar os novos condicionamentos legais e
regulamentares. 2.2 O reforço advindo da publicação do
Decreto n. 7.512 / 2011 e seu contexto Não fosse
suficiente toda a base constitucional e legal anteriormente
exposta, o Decreto 7.512 / 2011, aprovado em 30 de
junho de 2011, vem reforçar a necessidade de parâmetros
de qualidade para a banda larga fixa e móvel. Dispõe o
seu art. 2 que a Anatel deverá adotar as medidas
regulatórias necessárias para estabelecer padrões de
qualidade para serviços de telecomunicações que
suportam o acesso à Internet em banda larga, definindo,
entre outros, parâmetros de velocidade efetiva de conexão
mínima e média, de disponibilidade do serviço, bem
como regras de publicidade e transparência que permitam
a aferição da qualidade percebida pelos usuários. Com
relação à previsão acima e aos argumentos apresentados
pela TNL PSC S.A., temos quatro pontos a ressaltar: (i) O
Decreto não estabelece as metas de qualidade em si, mas
prevê moldes e prazos para a sua definição por meio de
instrumento adequado e de acordo com a legislação
setorial. Em que pese a competência normativa da
Presidência da República e do Ministério das
Comunicações, a redação do mencionado artigo 2 é clara
ao atribuir à Anatel a adoção dos referidos padrões, em
conformidade com o art. 19, X da LGT e art. 17, XIV do
regulamento da agência (Decreto 2.338 / 1997); (ii) O
fato de a previsão se referir a padrões e parâmetros não
significa que silencie quanto à imposição de metas de
qualidade. Ao contrário, o artigo preconiza a adoção de
medidas regulatórias necessárias para o estabelecimento
de padrões de qualidade dos serviços. Padrões ,
parâmetros e metas são todas palavras que fazem
referência a medidas regulatórias que dêem respostas
suficientes à realidade e aos problemas da prestação dos
serviços. (iii) A adoção de metas de qualidade é prática
recorrente na atividade regulatória da agência, inclusive
para serviços explorados no regime privado. Neste
sentido, o RGQ-SMP vem substituir o Plano Geral de
Metas (PGMQ) do serviço, assim como há o PGMQ dos
serviços de televisão por assinatura e do serviço de
telefonia fixa, que se aplica a concessionárias e
autorizatárias. A previsão do Decreto se insere neste
contexto e reflete a até então inexistente regulação de
qualidade para o SCM e a necessidade de atualização das
metas do SMP. Tarefas, aliás, previstas no PGR aprovado
por meio da Resolução 516 / 2008. (iv) Com base nos
pontos acima, não podemos concordar que o mencionado
dispositivo se refira apenas ao estabelecimento de
parâmetros que seriam objeto de identificação pelas
medidas de transparência. O art. 2 citado determina que a
Anatel adote medidas regulatórias necessárias para
estabelecer padrões de qualidade necessários ao SCM e
ao SMP, bem como regras de publicidade e transparência
que permitam a aferição da qualidade percebida pelos
usuários . 2.3 A proporcionalidade da medida regulatória
questionada: a presença da adequação, necessidade e
proporcionalidade em sentido estrito nos regulamentos de
qualidade A partir do exame a seguir será possível
demonstrar que os indicadores de rede do SCM, assim
como as taxas de transmissão de conexão de dados do
SMP, observam o princípio da proporcionalidade e as
condições do art. 128 da LGT para imposição de encargos
e sujeições. Antes de iniciarmos, é preciso frisar que a
análise apresentada pela operadora TNL PSC S.A. está
viciada já em seus pressupostos. O art. 2 do Decreto 7.512
/ 2011 não tem apenas o objetivo de reduzir a assimetria
de informações entre os usuários e as prestadoras do SCM
e do SMP. Em sua redação também está clara a
determinação para a adoção de medidas regulatórias que
respondam de maneira suficiente aos problemas
verificados na prestação destes serviços. Contudo,
interessa ressaltar que os regulamentos aprovados não têm
como base normativa somente o mencionado Decreto,
mas considerável referência legislativa e constitucional.
Por fim, é importante que o teste de proporcionalidade
tenha como pressuposto o cenário atual da prestação dos
serviços e de violação do direito dos consumidores já
exposta, nesta contribuição, nas considerações acerca da
motivação dos regulamentos de qualidade. Fixados os
pressupostos, passemos à análise da aplicação do
princípio da proporcionalidade ao caso concreto:
ADEQUAÇÃO as metas são aptas a cumprir os objetivos
propostos. São regras relativas à qualidade do serviço que
atingem problemas recorrentes de conexão e apresentam
parâmetros objetivos para a fiscalização da Anatel e o
acompanhamento do consumidor. O argumento da
prestadora de que a observância de tais regras aumentará
os preços do serviço ou diminuirá as velocidades
ofertadas soa como alegação da própria torpeza e
confirma a necessidade dos regulamentos, já adiantando o
elemento seguinte de análise. Se a exigência de que a
empresa entregue no mínimo 20%, e na média 60%, da
velocidade anunciada no primeiro ano de aplicação destes
critérios gera os efeitos mencionados, significa que a atual
situação de prestação do serviço é realmente inadequada.
NECESSIDADE conforme introduzido acima, tais
medidas são necessárias. A superação dos problemas na
prestação do serviço não pode abrir mão da estipulação de
metas vinculantes para se valer somente de um código de
boas práticas. Se o Código de Defesa do Consumidor, lei
federal vigente há anos no Brasil, ainda conta com
disposições recorrentemente violadas pelas empresas de
telecomunicações, o que dirá um código de boas práticas .
A compulsoriedade das metas e a aplicação de sanções
diante do descumprimento não são supérfluas neste caso.
Também por isso, a mera medição e divulgação dos
resultados não podem ser consideradas formas menos
gravosas de se atingir a mesma finalidade. Além das
razões já apresentadas, é preciso ter em vista a alta
concentração de mercado na prestação do serviço de
banda larga no Brasil, seja fixa ou móvel. Em muitas
localidades há apenas um ou, no máximo, dois provedores
do serviço. Neste cenário pouco competitivo, o
consumidor fica praticamente sem opção diante do baixo
desempenho da sua operadora. Os critérios aqui
discutidos, ao prever porcentagens mínimas e médias de
variação de velocidade, entre outros indicadores de rede,
têm entre seus objetivos justamente combater uma prática
recorrente e comum às maiores prestadoras do serviço a
prática de garantir em seus contratos de adesão apenas
10% da velocidade contratada; isto quando há garantia
expressa. O equilíbrio das relações entre prestadoras e
usuários dos serviços, algo que a disciplina da exploração
no regime privado também se destina a garantir (art. 127,
III da LGT), não é possível sem metas específicas e
vinculantes. PROPORCIONALIDADE EM SENTIDO
ESTRITO as medidas são proporcionais porque impõem
às prestadoras parâmetros que permitem um planejamento
de rede equilibrado e com prazos definidos. Neste
sentido, não pode prosperar o argumento de que os custos
gerados pelas metas afetam a própria atividade econômica
da empresa. Como já vimos, a adequada prestação de um
serviço não pode ser caracterizada como empecilho à
realização da atividade. A exigência progressiva de uma
variação mínima de 20% a 40% da velocidade contratada,
e média de 60% a 80%, até o final de 2014, não pode ser
considerada exagerada em relação aos problemas que visa
enfrentar. Além disso, a experiência internacional
demonstra que tais parâmetros podem ser alcançados,
como o próprio exemplo do Reino Unido citado pela
empresa em seu pedido de anulação. 2.4 Direito do
consumidor: da LEGALIDADE na fixação de metas É no
mínimo enganoso afirmar que a legislação consumerista
considera ilegal a fixação de metas de qualidade de um
serviço de interesse coletivo e de competência da União.
A legislação de proteção ao consumidor, ao contrário do
que alega a TNL PCS S.A., soma-se ao marco legal
setorial na defesa de metas de qualidade para o serviço de
banda larga. Ainda que não houvesse disposições
expressas quanto à exigência de qualidade na prestação de
serviços, o art. 7 do Código de Defesa do Consumidor
(Lei Federal n. 8.078 / 1990) afirma que os direitos nele
previstos não excluem outros decorrentes da legislação
interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas
autoridades administrativas competentes, bem como dos
que derivem dos princípios gerais do direito, analogia,
costumes e eqüidade. Contudo, já do art. 4 , II, alínea d do
referido diploma legal consta a seguinte disposição: Art. 4
A Política Nacional das Relações de Consumo tem por
objetivo o atendimento das necessidades dos
consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e
segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a
melhoria da sua qualidade de vida, bem como a
transparência e harmonia das relações de consumo,
atendidos os seguintes princípios: II - ação governamental
no sentido de proteger efetivamente o consumidor: d) pela
garantia dos produtos e serviços com padrões adequados
de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
[grifo nosso] Embora os regulamentos não se refiram
propriamente a um procedimento de certificação, suas
regras estabelecem medidas que visam garantir a
prestação dos serviços (SCM e SMP) a partir de padrões
adequados de qualidade e desempenho. Além disso, o
Código de Defesa do Consumidor arrola entre os direitos
básicos do consumidor a adequada e eficaz prestação dos
serviços públicos em geral (art. 6 , X) e apresenta um
capítulo específico sobre a qualidade de produtos e
serviços, que trata da responsabilidade do fornecedor,
diante do consumidor, quando da exploração de sua
atividade. Assim, o efetivo equilíbrio entre fornecedor e
consumidor nas relações de consumo vai além da
transparência e do direito à informação, abrangendo, entre
outras, ações do poder público na garantia de padrões de
qualidade e a responsabilidade dos prestadores pelas
atividades desenvolvidas. Todavia, é fato que não
podemos desprezar o peso que a transparência e o direito
à informação têm para a legislação consumerista. Quanto
a isso, as metas aqui questionadas contribuem também
para a efetivação destes postulados e desvelam prática
abusiva das empresas. A definição de parâmetros
mínimos e médios de qualidade da conexão confere ao
consumidor expectativa realista e mensurável do serviço
adquirido, dando-lhe instrumentos para exigir a sua
adequada prestação. A própria argumentação da
operadora demonstra que com estas medidas as ofertas de
velocidade ficarão mais próximas do que efetivamente se
entrega ao consumidor. A isto se dá o nome de
transparência .
Item: IV.B)
IV.B) DO ARTIGO 8 DO RGQ-SMP
Contribuição N°: 129
ID da Contribuição: 58388
Autor da Contribuição: Alexandre Elias de Andrade Oliveira
Data da Contribuição: 01/02/2012 12:28:04
Contribuição: xx
Justificativa: xx
Contribuição N°: 130
ID da Contribuição: 58398
Autor da Contribuição: Carlos Alberto Dalmolin
Data da Contribuição: 01/02/2012 12:33:46
Contribuição:
Manter a obrigação do envio mensal dos dados primários,
amparado na obrigação da colega e guarda, pela
prestadora, desde os primórdios do SMP.
Justificativa:
Eliminar a obrigação do envio dos dados primários por
não prever o envio do relatório de exceção é, no mínimo,
hilário. A prestadora não está impedida de enviar,
juntamente com os dados primários, o relatório de
exceção. Não é razoável imaginar que a Anatel fará o
recálculo do indicador sem levar em conta todos os dados
e informações relacionadas. A meu ver, a prestadora
deveria argumentar que faz questão de demonstrar com
dados a qualidade de serviço que apregoa.
Item: IV.
IV.C) DO ARTIGO 10, CAPUT E 1 DO RGQ-SMP
Contribuição N°: 131
ID da Contribuição: 58389
Autor da Contribuição: Alexandre Elias de Andrade Oliveira
Data da Contribuição: 01/02/2012 12:28:04
Contribuição: xx
Justificativa: xx
Contribuição N°: 132
ID da Contribuição: 58480
Autor da Contribuição: Alexander Castro
Data da Contribuição: 01/02/2012 19:29:49
Contribuição:
O Art. 10 do RIQ do SMP O parágrafo único deste artigo
estabelece que a Anatel pode utilizar métodos alternativos
dos previstos neste Regulamento para coleta de dados dos
Indicadores para comprovação do cumprimento das metas
estabelecidas neste Regulamento. No parágrafo único do
artigo o Regulamento define que caso o valor do
indicador informado pela Prestadora seja diferente
daquele obtido pela Anatel por métodos alternativos,
prevalecerá sob todos os aspectos, aquele obtido pela
Agência. Contribuição: O Sinditelebrasil reitera a sua
posição de que o parágrafo único de tal artigo seja
retirado do regulamento. Sugere ainda a seguinte redação
para o Artigo 10 : A qualquer tempo a Anatel pode
acompanhar a coleta de dados das prestadoras do SCM e,
a seu critério, realizar uma nova coleta de dados,
utilizando recursos próprios ou de terceiros, para fins de
determinação de indicador considerando metodologia
definida neste regulamento. Justificativa: Os
Regulamentos do RIQ-SMP e do RIQ-SCM criaram o
GIPAQ - Grupo de Implantação de Processos de Aferição
da Qualidade, cuja coordenação é da ANATEL. No
regulamento fica claro que todo o processo de aferição da
qualidade de Banda larga, por exemplo, será intensamente
discutido e aprovado no âmbito do GIPAQ e, que em caso
de não haver consenso, os conflitos no âmbito do GIPAQ
serão decididos pelos representantes da ANATEL.
Adicionalmente, a ANATEL poderá realizar auditorias na
Entidade Aferidora da Qualidade - EAQ, cobrar dados
diretamente da mesma entidade, etc. Fica claro que toda a
metodologia será aprovada pela ANATEL e ainda mais,
será auditada por ela própria. Assim sendo, não é razoável
e trata-se de uma medida desprovida de proporcionalidade
admitir-se no regulamento a possibilidade da ANATEL
utilizar uma metodologia em paralelo àquela criada por
ela mesma e pior, em caso de conflito ente os resultados
apurados, valem os métodos alternativos. Ora se o método
que a ANATEL discutiu, aprovou e implementou via
EAQ não é razoável ou conduz a resultados equivocados,
que se discuta um novo método no âmbito do GIPAQ,
mas não que seja aberta a possibilidade de adoção de um
outro método, sem prévia discussão com as empresas e
demais membros do GIPAQ. Neste aspecto a redação
aqui proposta, baseada no artigo 8 do Anexo da
Resolução n 335 / 2003 RIQ SMP, com pequenas
alterações exprime de forma mais adequada a intenção da
Anatel para este artigo. Métodos alternativos de coleta são
contrários aos próprios princípios e conceitos do RGQ-
SCM que preza pela forma idônea de coleta de dados por
meio da certificação oficial.
Justificativa: Inserida na Contribuição
Item: IV.D)
IV.D) DO ARTIGO 11 DO RGQ-SMP
Contribuição N°: 133
ID da Contribuição: 58370
Autor da Contribuição: Paulo Arthur Lencioni Goes
Data da Contribuição: 01/02/2012 11:28:27
Contribuição:
CONTRIBUIÇÃO PARA OS ITENS 133, 134 E 135 A
Fundação PROCON SP considera que a obrigatoriedade
imposta ao fornecedor, corrobora com os preceitos
contidos no principio da Informação de que cogita a Lei
n. 8.078 / 90. Outrossim, o Principio da Informação opera
para minimizar a vulnerabilidade do consumidor e, em se
tratando de serviços de comunicação multimídia, onde
por vezes a linguagem do mercado de consumo, pode
ensejam dúvida ou confusão quanto a conceitos, formas e
outros aspectos da prestação dos serviços, este principio
deve estar substancialmente inserido no regulamento ora
debatido. Nesse sentido, o Código de Defesa do
Consumidor assevera em seu artigo 6. e incisos: Art. 6
São direitos básicos do consumidor: (...) III a informação
adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços,
com especificação correta de quantidade, características,
composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos
que apresentem; O jurista Fábio Henrique Podestá
apresenta o seguinte posicionamento sobre o Principio da
Informação: Nesse ponto, o legislador, mais uma vez,
ressalta a essencialidade do dever de informação como
forma de proporcionar ao consumidor uma decisão
consciente sobre a aquisição de um produto ou utilização
de um serviço, ou seja, a transparência é fator de real
equilíbrio nas relações de consumo (gn). Assim, é
exatamente na diversidade quantitativa e qualitativa
(clareza e adequação) da informação que se registra uma
das maiores fontes de desequilíbrio nas relações entre o
consumidor e o fornecedor, especialmente porque este
último normalmente detém conhecimento exclusivo sobre
as condições de segurança e qualidade dos produtos e
serviços que são disponibilizados no mercado (gn). Logo,
tanto quanto melhor informados os consumidores, mais
aptos estarão na escolha ou recusa do ato de consumo. E,
por óbvio, voltar-se-ão para os produtos ou serviços cuja
relação qualidade-preço seja mais favorável, o que
certamente representa um componente essencial para a
concorrência sadia com nítido favorecimento ao
desenvolvimento econômico. (CALAIS-AULOY, Jean /
STEIMETZ, Frank. Droit de La Consommation, p. 53).
Nada mais essencial ao consumidor do que saber
previamente se na região onde ele utilizará o serviço, ele é
realmente prestado com condições mínimas de
usabilidade. Considerando ainda a sustentabilidade do
tema proposto e o direito de informação do consumidor, a
agência poderia propor como alternativa a utilização de
meios eletrônicos (TV, placares, totens , monitores de
computador, etc.) para visualização dos mapas. Caso a
sugestão seja aceita, ele deve ser de fácil visualização do
consumidor e sem a necessidade de interferência humana
para a obtenção da informação, assim como um mapa
disposto numa parede cumpre essa função.
Justificativa: A JUSTIFICATIVA ESTÁ INSERIDA NA PRÓPRIA
CONTRIBUIÇÃO AOS ITENS 133, 134 E 135.
Contribuição N°: 134
ID da Contribuição: 58390
Autor da Contribuição: Alexandre Elias de Andrade Oliveira
Data da Contribuição: 01/02/2012 12:28:04
Contribuição: xx
Justificativa: xx
Contribuição N°: 135
ID da Contribuição: 58481
Autor da Contribuição: Alexander Castro
Data da Contribuição: 01/02/2012 19:31:26
Contribuição:
O Sinditelebrasil reitera a sua proposta para que a redação
do artigo seja alterada para: Art. 11. A prestadora deve
informar e colocar à disposição dos Usuários, por meio
adequado, mapas detalhados indicando a sua área de
cobertura. Justificativa: Não há razoabilidade de se exigir
que a operadora disponibilize mapas de sua cobertura em
todos os setores de atendimento, até porque nem todos os
meios de comunicação permitem a visualização de mapas.
A proposta alternativa não traz nenhum prejuízo ao
usuário vez que ele vai ser orientado nos pontos de venda
sobre como acessar os mapas de cobertura da empresa.
Justificativa: Inserida na Contribuição
Item: IV.E)
IV.E) DO ART. 13, CAPUT, INCISOS III E IV (SMP1)
Contribuição N°: 136
ID da Contribuição: 58391
Autor da Contribuição: Alexandre Elias de Andrade Oliveira
Data da Contribuição: 01/02/2012 12:28:05
Contribuição: xx
Justificativa: xx
Contribuição N°: 137
ID da Contribuição: 58482
Autor da Contribuição: Alexander Castro
Data da Contribuição: 01/02/2012 19:34:57
Contribuição:
Os artigos 13 e 14 do RGQ-SMP são referentes a taxa de
reclamações e taxa de reclamações na ANATEL. Além
das observações feitas nos memso s indicadores para o
SCM, o Sinditelebrasil traz para reflexão da Agência a
necessidade de se apertar a meta para 1%, no caso do
SMP-1. O Serviço Móvel Pessoal ofertado no Brasil
experimenta uma enorme concorrência. Não é razoável
que a ANATEL adote o caminho inverso ao que seria
natural para um mercado tão competitivo como o nosso
do SMP. Ao invés de gradativamente a Agência buscar a
flexibilização e reduzir a intervenção, para os Indicadores
que vem sendo apurados ao longo de uma década em
áreas de enorme competição e manter os padrões de
qualidade que vinham sendo exigidos para garantir a
qualidade em áreas onde a competição ainda não se
apresenta tão intensa, a ANATEL aperta os indicadores
de qualidade a níveis desproporcionais e não razoáveis,
inclusive em áreas de intensa competição, onde as leis de
mercado têm total condição de regular a oferta.
Concluindo, não concordamos com a alteração da meta e
reiteramos a observação quanto a não se comutar as
reclamações não procedentes e mantemos a nossa posição
de eliminação do indicador de taxa de reclamações na
ANATEL. O Sinditelebrasil não concorda com a
manutenção no cômputo do indicador das reclamações
não procedentes. Justificativa: Prestadora não deve ser
penalizada pela contabilização de reclamações que não
procedem sob o enfoque de suas responsabilidades. O
Sinditelebrasil reitera a sua contribuição feita no âmbito
da CP 27 e 46 quanto aos meios de reclamação
considerados para efeito deste indicador. As operadoras
divulgam em seus sites a relação dos meios
disponibilizados para o registro de reclamações por seus
assinantes e apenas os meios de comunicação
oficialmente indicados pela Prestadora devem ser
considerados para reconhecimento e contabilização de
contato feito por seus assinantes.
Justificativa: Inserida na Contribuição
Item: IV.F)
IV.F) DO ART. 14 (SMP2)
Contribuição N°: 138
ID da Contribuição: 58371
Autor da Contribuição: Paulo Arthur Lencioni Goes
Data da Contribuição: 01/02/2012 11:32:53
Contribuição:
CONTRIBUIÇÃO PARA O ITEM 145. O Cadastro de
Reclamações Fundamentadas decorre de determinação do
Código de Defesa do Consumidor por meio de seu artigo
44. Por sua vez o SINDEC representa a reunião de todas
as reclamações recebidas, analisadas e concluídas pelos
órgãos públicos de defesa do consumidor. Em termos
práticos, trata-se de processo administrativo, por
iniciativa do consumidor, no qual são observados os
princípios constitucionais do contraditório e da ampla
defesa às partes, consumidor e fornecedor, sendo
comumente encontrados elementos em tais processos, que
corroboram para a verossimilhança entre a reclamação
formulada pelo consumidor e o descumprimento dos
dispositivos do CDC. A inclusão do fornecedor no
Cadastro de Reclamações Fundamentadas consiste em ato
administrativo cujo objetivo precípuo é informar à
sociedade qual a situação dos fornecedores junto aos
órgãos de Defesa do Consumidor, bem como a postura
destes perante as reclamações formuladas. Por fim, o
Cadastro de Reclamação Fundamentada é uma ferramenta
que viabiliza a implementação de políticas de
enfrentamento dos problemas manifestados pela
demandas individuais e coletivas de maneira que a
utilização do Cadastro é de fundamental importância para
garantir a eficácia das ações das agências reguladoras,
entre as quais a ANATEL que utilizará de forma plena os
recursos disponíveis.
Justificativa: A JUSTIFICATIVA ESTÁ INSERIDA NA
CONTRIBUIÇÃO AO ITEM 145.
Contribuição N°: 139
ID da Contribuição: 58392
Autor da Contribuição: Alexandre Elias de Andrade Oliveira
Data da Contribuição: 01/02/2012 12:28:05
Contribuição: xx
Justificativa: xx
Contribuição N°: 140
ID da Contribuição: 58483
Autor da Contribuição: Alexander Castro
Data da Contribuição: 01/02/2012 19:36:37
Contribuição:
O Sinditelebrasil reitera a supressão desse Indicador.
Justificativa: Aqui não se aplica o princípio da
razoabilidade. Esta métrica objetiva incentivar as
prestadoras a aperfeiçoar o tratamento de reclamações.
Entretanto, a taxa de reclamações na Anatel não deve ser
classificada como um indicador de qualidade. Empresa
pode ter número de reclamações reduzido demonstrando a
satisfação da maioria esmagadora de seus clientes com o
serviço prestado. Mesmo assim, este número reduzido de
clientes, que não representa a qualidade do serviço
prestado pela operadora, a partir de um simples protocolo
obtido no sistema de atendimento automático da
prestadora, pode registrar na ANATEL a sua reclamação
mesmo que ela tenha sido analisada e concluída como
improcedente pela operadora. Registre-se que aqui
também se fere o princípio da proporcionalidade, pois da
forma como foi publicado, o Regulamento considera que
as reclamações improcedentes devem ser computadas.
Nesse caso, voltando ao exemplo de um SMP-1 próximo
de zero por cento, caracterizando uma excelente prestação
de serviço, os clientes que reclamaram de forma
improcedente podem reiterar a reclamação na ANATEL e
SMP-2 não é atingido. A manutenção desse indicador
caracteriza uma distorção.
Justificativa: Inserida na Contribuição
Contribuição N°: 141
ID da Contribuição: 58514
Autor da Contribuição: Daniela Batalha Trettel
Data da Contribuição: 01/02/2012 23:03:05
Contribuição: 5. DA RELEVÂNCIA DO INDICADOR PREVISTO NO
ART. 14 DO RGQ-SMP O indicador em questão é de
grande relevância à atividade de fiscalização empreendida
pela agência. Isto porque visa mensurar e penalizar o
transbordo de reclamações da empresa, estimulando que
as demandas dos consumidores sejam solucionadas sem a
necessidade de provocação da Anatel. Ainda, interessa
elogiar e defender a manutenção da possibilidade de
utilização dos dados do Sistema Nacional de Defesa do
Consumidor. É uma tarefa da agência se aproximar das
entidades do SNDC para o desenvolvimento de ações em
conjunto e tal previsão está em consonância com este
desafio.
Justificativa:
5. DA RELEVÂNCIA DO INDICADOR PREVISTO NO
ART. 14 DO RGQ-SMP O indicador em questão é de
grande relevância à atividade de fiscalização empreendida
pela agência. Isto porque visa mensurar e penalizar o
transbordo de reclamações da empresa, estimulando que
as demandas dos consumidores sejam solucionadas sem a
necessidade de provocação da Anatel. Ainda, interessa
elogiar e defender a manutenção da possibilidade de
utilização dos dados do Sistema Nacional de Defesa do
Consumidor. É uma tarefa da agência se aproximar das
entidades do SNDC para o desenvolvimento de ações em
conjunto e tal previsão está em consonância com este
desafio.
Item: IV.G)
IV.G) DO ARTIGO 15, INCISO V (SMP3)
Contribuição N°: 142
ID da Contribuição: 58393
Autor da Contribuição: Alexandre Elias de Andrade Oliveira
Data da Contribuição: 01/02/2012 12:28:18
Contribuição: xx
Justificativa: xx
Item: IV.H)
IV.H) DO ARTIGO 16, 4 , INCISO II, F e G , INCISOS IV E V (SMP4)
Contribuição N°: 143
ID da Contribuição: 58394
Autor da Contribuição: Alexandre Elias de Andrade Oliveira
Data da Contribuição: 01/02/2012 12:28:18
Contribuição: xx
Justificativa: xx
Contribuição N°: 144
ID da Contribuição: 58485
Autor da Contribuição: Alexander Castro
Data da Contribuição: 01/02/2012 19:38:45
Contribuição:
Conforme será exposto nos indicadores comentados a
seguir, a ANATEL adotou uma postura de adotar metas
extremamente rígidas, procedimentos operacionais de
apuração do indicador por CN, ao invés de por área de
prestação como era feito antes, e procedimentos
operacionais de cômputo do indicador muito mais
severos. Como já mencionamos isso não se coaduna com
o cenário de alta competição do SMP e não é razoável que
a ANATEL adote o caminho inverso ao que seria natural
para um mercado tão competitivo como o nosso do SMP.
Ao invés de gradativamente a Agência buscar a
flexibilização e reduzir a intervenção, para os Indicadores
que vem sendo apurados ao longo de uma década em
áreas de enorme competição e manter os padrões de
qualidade que vinham sendo exigidos para garantir a
qualidade em áreas onde a competição ainda não se
apresenta tão intensa, a ANATEL aperta os indicadores
de qualidade a níveis desproporcionais e não razoáveis,
inclusive em áreas de intensa competição, onde as leis de
mercado têm total condição de regular a oferta. a) O
Sinditelebrasil gostaria de reiterar as colocações feitas
quanto ao completamento de chamadas, indicador SMP-4.
A meta de 67% foi mantida, porém as chamadas
completadas com mensagem orientativa ou redirecionadas
a caixa postal deixaram de ser computadas como OK. É
da natureza do serviço que o cliente pode estar com seu
telefone desligado, por falta de bateria ou por estar em
alguma reunião ou evento ou mesmo quando não queira
ser incomodado. O nome do serviço é Móvel Pessoal,
assim cabe à pessoa definir se desliga ou não seu celular.
A prestadora nada pode fazer para completar chamadas
destinadas a tais terminais. Nesses casos, a chamada é
interceptada com uma mensagem orientativa ou
redirecionada para a caixa postal, caso o usuário
originador queira deixar algum recado ao destinatário.
Estas chamadas não podem mais ser consideradas como
OK. No caso das chamadas redirecionadas para a caixa
postal, só no caso do usuário ter deixado uma mensagem
é que ela poderá ser considerada completada.
Tecnicamente, as prestadoras não têm como identificar se
o cliente deixa ou não a mensagem. Dessa forma, fica
demonstrado que a ANATEL mudou significativamente e
substancialmente a forma de computar o indicador,
penalizando de forma não razoável as prestadoras e
manteve a meta, o que caracteriza a desproporcionalidade
da medida vez que as prestadoras não têm o que fazer em
casos desse tipo. Atualmente o número de chamadas
interceptadas representa, em média, 20% das chamadas
completadas, sendo que esta interceptação se faz
necessária por motivos que independem da qualidade da
rede da prestadora, e tem por objetivo informar ao usuário
chamador qual motivo impede que o usuário de destino
receba a sua chamada. A exemplo destes motivos temos a
situação (i) de número inexistente, digitado de forma
errada ou incompleta, (ii) assinantes impossibilitados de
receber chamadas porque não possuem créditos ou estão
inadimplente, (iii) usuários com o telefone desligado ou
fora da área de cobertura, (iv) assinantes que solicitam a
suspensão voluntária e temporária da prestação do serviço
por motivos particulares. Não considerar essas chamadas
para cálculo do indicador implica em atribuir às
prestadoras a culpa pelo não atendimento de uma
chamada quando, na verdade, esta chamada não é
atendida por fatores que independem das ações das
prestadoras, que não poderão nem mesmo desenvolver
melhorias para elevar o percentual de chamadas
atendidas. Não é razoável condicionar o completamento
da chamada ao fato dos usuários chamados deixarem ou
não uma mensagem de voz ao usuário chamado. Deixar
recado é uma decisão do usuário chamador que está fora
do controle das prestadoras. Além disto, a modernidade
dos serviços oferecidos pelas prestadoras do SMP faz
com que diversos fatores não contribuam ou incentivem o
usuário chamador deixar a mensagem, dentre eles: (i)
usuário chamador pagará pela chamada, (ii) usuário de
destino paga pelo resgate da mensagem, (iii) a
comunicação por mensagem de texto entre terminais
móveis tem menor custo, mais rapidez, mais prática e
eficaz, (iv) em razão do custo pelo resgate da mensagem
de voz muitos usuários optam por não ter o correio de
voz, (v) serviços como o correio de voz e que não
incidem em custo para o resgate do recado são oferecidos
pelas prestadoras em alternativa aos usuários que não
querem o correio de voz, (vi) a internet oferece diversos
meios de rápida comunicação e envio de mensagens com
custo inferior ao da telefonia. Nossa solicitação é para que
seja mantida a meta e os procedimento de cômputo e
coleta existentes nas Res 335 e 317 da ANATEL.
Justificativa: Inserida na contribuição
Item: IV.I)
IV.I) DO ARTIGO 17 (SMP5)
Contribuição N°: 145
ID da Contribuição: 58235
Autor da Contribuição: dario marcos peixoto de oliveira
Data da Contribuição: 16/01/2012 15:07:05
Contribuição: .
Justificativa: .
Contribuição N°: 146
ID da Contribuição: 58395
Autor da Contribuição: Alexandre Elias de Andrade Oliveira
Data da Contribuição: 01/02/2012 12:28:18
Contribuição: xx
Justificativa: xx
Contribuição N°: 147
ID da Contribuição: 58486
Autor da Contribuição: Alexander Castro
Data da Contribuição: 01/02/2012 19:39:56
Contribuição:
Quanto ao indicador SMP-5, que pretende medir
congestionamento, se trata de um indicador novo e para o
qual gostaríamos de mencionar que a metodologia
proposta para cálculo do indicador, multiplicação do
bloqueio de TCH pelo bloqueio de sinalização, não nos
parece a melhor forma para avaliar este indicador de
congestionamento. Reiteramos nossos comentários feitos
na CP 27. O indicador proposto na Consulta Pública tem
base nos parâmetros de QoS encontrados nas normas do
órgão europeu ETSI. Ele só pode ser medido por
contadores a partir de medidas estatísticas do controlador
da ERB o que introduz erros nas medições, ao contrário
do modelo dos indicadores existentes que são calculados
sobre informações padronizadas obtidas dos registros
CDR que não tomaram canal de tráfego, mas foram
registrados na central. As redes das prestadoras do SMP
podem ter diversos fornecedores de controladores de ERB
e fontes de informações diferentes e sem padrão para
estes contadores. Deve-se, portanto, repensar a coleta
deste indicador a partir de equipamentos externos a rede
das prestadoras que simulassem tentativas de originação e
terminação de chamadas. Assim, a alternativa mais
correta é que a taxa proposta fosse somente um item de
controle e verificação, com efeito comparativo, mas sem
imputar penalidades por seu descumprimento. Em
princípio, até atestar sua viabilidade, propõe-se a
necessária avaliação do indicador durante um período (12
ou 24 meses) para, então, haver a definição de meta de
acompanhamento. A meta atual não possui parâmetro em
normas internacionais, em simulações o percentual varia
entre 80% a 95%, a depender da região e horário de
simulação. Entendemos que a meta aprovada está
demasiadamente apertada, uma vez que os próprios
documentos que a suportam, originários do ETSI,
apresentam uma confiabilidade de 95% . Vale ressaltar
que, somente a fase de projeto das redes de acesso, leva
em consideração uma perda, por equipamento, de 2%. A
forma de apresentação por CN não corresponde a menor
coleta e não representa um elemento de percepção do
usuário visto que o indicador é coletado por controlador
de ERB. O menor elemento de coleta possível seria por
CCC.
Justificativa: Inserida na justificativa
Item: IV.J)
IV.J) ARTIGO 18, 2 , III, IV e V e ARTIGO 19, 2 , III, IV e V (SMP6 E SMP7)
Contribuição N°: 148
ID da Contribuição: 58396
Autor da Contribuição: Alexandre Elias de Andrade Oliveira
Data da Contribuição: 01/02/2012 12:28:18
Contribuição: xx
Justificativa: xx
Contribuição N°: 149
ID da Contribuição: 58487
Autor da Contribuição: Alexander Castro
Data da Contribuição: 01/02/2012 19:41:06
Contribuição:
c) Indicador de envio de Mensagens de Texto A meta
para este novo indicador é a entrega ao usuário final em
até 60 (sessenta) segundos no mínimo em 95% (noventa e
cinco por cento) dos casos, no mês. Reiteramos que esta
meta é desproporcional e não é razoável. O regulamento
não se manifesta quanto às situações em que o terminal de
destino está fora da área de cobertura, desligado, caixa
cheia (para determinados terminais). Adicionalmente, o
regulamento permite a interpretação de que seriam
computadas as mensagens destinadas para fora da rede da
prestadora de origem o que dificulta ainda mais o
atingimento da meta. Dessa forma, reiteramos nossa
proposta quanto a adoção de nossa contribuição na CP 27.
Art. 19. Todas as tentativas válidas de envio de
mensagens de texto devem resultar em entrega ao
usuários, em até 60 (sessenta) segundos, no mínimo em
70% (oitenta por cento) dos casos. Justificativa: O
Regulamento do SMP, estabelece a obrigatoriedade de
entrega da mensagem em 60 até segundo, e menciona que
deve ser considerado o estado da estação móvel do
usuário. Assim, é importante que o texto do PGMQ não
deixe dúvidas sobre quais mensagens devem ser
consideradas para cálculo do indicador: somente as
chamadas válidas, ou seja, aquelas em que o usuário de
destino está apto a receber a mensagem, o que não foi
contemplado. Assim, entende-se que devem ser medidos,
neste indicador, os atributos de responsabilidade da
prestadora, que se encerram com a entrega da mensagem
na prestadora de destino. A partir desta entrega, o
recebimento pelo usuário final depende da qualidade da
rede da prestadora de destino, do terminal móvel do
destinatário estar habilitado, apto e dentro da área de
cobertura. Deve ainda ser considerado que o Regulamento
do SMP, embora estabeleça que a entrega da mensagem
deva se dar em até sessenta segundos, reconhece os
cenários de impossibilidade desta entrega em várias
situações e determina que para as chamadas que não
forem entregues neste prazo permaneçam as tentativas de
entrega pelo prazo de 24 horas. Desse modo, não restam
dúvidas que a Anatel reconhece as diversas situações que
impossibilitam a entrega da mensagem ao usuário de
destino na primeira tentativa, e, portanto, não deve recair
sobre a prestadora do SMP a responsabilidade pela falta
do recebimento efetivo pelo usuário de destino. Deve-se
destacar, ademais, que a meta de 95% é bastante
agressiva, difícil atendimento e, por ser este um novo
indicador de qualidade, o correto é haver uma tomada
histórica de dados, como item de verificação e controle
para, ao final, definir-se uma meta aceitável e
devidamente testada. Tampouco a forma de apresentação
do indicador pode ser por CN. A sua coleta só pode ser
realizada na Plataforma sistêmica responsável pelo
controle e envio da mensagem, na qual não existe esta
separação. Normalmente existe uma plataforma de SMS
que atende toda a prestadora ou, no máximo uma por área
de prestação. A proposta, então, é que haja a apresentação
por Grupo Econômico ou por Plataforma de Mensagem
ou por Termo de Autorização. Adicionalmente,
gostaríamos que a Anatel inclui-se a definição: Criação de
uma definição: Mensagem de Texto: permite o envio e a
recepção na Estação Móvel de pequenas mensagens de
texto
Justificativa: Inserida na Contribuição
Item: V.
V. CONCLUSÃO
Contribuição N°: 150
ID da Contribuição: 58372
Autor da Contribuição: Paulo Arthur Lencioni Goes
Data da Contribuição: 01/02/2012 11:41:14
Contribuição:
CONTRIBUIÇÃO PARA OS ITENS 166 E 167.
Conforme palavras de Ada Pellegrini e Benjamin (autores
do anteprojeto do Código de Defesa do Consumidor) a
proteção do consumidor é necessária: Toda e qualquer
legislação de proteção ao consumidor tem, portanto, a
mesma ratio, vale dizer, reequilibrar a relação de
consumo, seja reforçando, quando possível, a posição do
consumidor, seja proibindo ou limitando certas práticas
de mercado. A purificação do mercado pode ser feita por
dois modos básicos. O primeiro é meramente privado ,
com os próprios consumidores e fornecedores
autocompondo0-se e encarregando-se de extirpar as
práticas perniciosas. Seria o modelo da auto-
regulamentação, das convenções coletivas de consumo e
do boicote. Como já alertamos tal regime não se tem
mostrado capaz de suprir a vulnerabilidade do
consumidor. O segundo modo é aquele que, não
descartando o primeiro, funda-se em normas (aí se
incluindo, no sistema da common law , as decisões dos
tribunais) imperativas de controle do relacionamento
consumidor-fornecedor. É o modelo do intervencionismo
estatal, que se manifesta particularmente em sociedades
de capitalismo avançado, como os Estados Unidos e
países europeus. Nenhum país do mundo protege seus
consumidores apenas com o modelo privado. Todos, de
uma forma ou de outra, possuem leis que, em menor ou
maior grau, traduzem-se em regramento pelo Estado
daquilo que, conforme preconizado pelos economistas
liberais deveria permanecer na esfera exclusiva de decisão
dos sujeitos envolvidos. (Grinover, Ada Pellegrini e
Benjamin, Antonio Herman de Vasconcellos ET AL,
Código Brasileiro de Defesa do Consumidor Comentado
pelos autores do Anteprojeto, p. 7 e 8, São Paulo: Ed.
Forense Universitária, 2005). Corroborando o
posicionamento temos o julgado do egrégio Tribunal de
Justiça do Distrito Federal, cuja ementa transcrevemos
abaixo: EMENTA: Administrativo. Ação anulatória.
Imposição de multas administrativas pelo PROCON.
Legalidade. Proteção ao consumidor. Publicidade
enganosa. Afronta ao dever de prestar informações sobre
produto. Observância do devido processo legal. 1. A
oferta e a apresentação de produtos e serviços devem
assegurar informações corretas, claras, precisas,
ostensivas e em língua portuguesa sobre suas
características, qualidade, quantidade, composição, preço,
garantia prazos de validade e origem, entre outros dados,
bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e
segurança dos consumidores. Inteligência do art. 31 do
CDC. 2. A necessidade do fornecedor de fomentar o
consumo de seus produtos e serviços não se compagina
com o induzimento do consumidor a erro quanto a dado
relevante do produto, tendo em vista que a publicidade
cria expectativas legítimas no consumidor, que contam
com a proteção da lei. Inteligência do art. 37 do CDC. 3.
Deve ser mantida a imposição de multas administrativas
com a observância do devido processo legal e em atenção
aos critérios da razoabilidade e proporcionalidade da
medida, assegurados ao infrator o exercício do
contraditório e da ampla defesa. 4. Apelo conhecido e
improvido. (TJDF,Apelação n 2002.01.1.090302-
8,Relator Des.: Natanael Caetano) Os princípios
norteadores dos contratos surgem antes mesmo do efetivo
aperfeiçoamento do pacto. São inerentes, pois, à fase pré-
contratual também, de modo a se observar a verdadeira e
adequada informação divulgada, por exemplo. Nesse
sentido, vale apor os comentários de Leonardo Roscoe
Bessa: [...] Como decorrência de uma nova teoria
contratual, da qual se destaca o princípio da boa-fé
objetiva (arts. 4 , III, e 51, IV), o CDC volta os olhos não
apenas para a celebração e execução do contrato. A
preocupação inicial é com o momento pré-contratual, com
a transparência da oferta e da publicidade, com
informações adequadas e completas sobre os produtos e
serviços, com o modelo de apresentação do contrato de
adesão. Além do dever pré-contratual de informar
adequadamente sobre os bens colocados no mercado (art.
6 , III, e art. 31), os contratos não obrigam os
consumidores se não lhes for dada a oportunidade de
tomar conhecimento prévio do conteúdo ou se estiverem
redigidos de forma complicada (art. 46). [...] A par da
preocupação com clareza e transparência no momento
pré-contratual, o CDC olha para o conteúdo do contrato,
para o equilíbrio e equivalência entre as obrigações
assumidas. A lei considera uma série de cláusulas nulas,
ou seja, sem qualquer valor jurídico (art. 51). Ao
contrário do senso comum, nem tudo escrito no contrato
vincula as partes. O juiz, ao analisar o contrato de
consumo, pode negar eficácia a algumas cláusulas. [ ...]
Manual de Direito do Consumidor, 2 Ed., RT: SP, 2009,
p. 27. Nesse sentido, alertamos a ANTATEL sob a
potencial nulidade das cláusulas contratuais que
exoneram o fornecedor de sua obrigação contratual, em
observância estrita não só aos artigos 6. , 20, 30, 31 e 51,
I, III, IV e 1 , entre outros do Código de Defesa do
Consumidor, aplicáveis a esta peculiar prestação de
serviço, mas também o artigo 1 do mesmo diploma legal
que impõe seu caráter de ordem pública e interesse social.
Esta Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor, por
suas atribuições institucionais e legais, assevera que a
regulamentação ora em exame, imponha aos fornecedores
as seguintes obrigações: (i) forneçam o serviço
adequadamente e sejam pagas pelo serviço que
efetivamente podem prestar e prestam; (ii)
responsabilizem-se em prestar serviço adequado, efetivo e
eficiente, assumindo objetivamente o risco na prestação
do serviço; (iii) prestem informação clara objetiva e
precisa sobre todos os aspectos do serviço, dando
destaque a eventuais restrições no serviço. Neste mesmo
diapasão citamos trecho da obra A política legislativa do
consumidor no direito comparado, p. 27, Belo Horizonte:
Nova Alvorada, 1996, da autora, Mirian de Almeida
Souza. O desequilíbrio entre os sujeitos da relação de
consumo não é meramente teórico ou hipotético, mas
decorre de uma realidade natural do próprio mercado por
conta de fatores relacionados à competência do
profissional, às informações das quais dispõe, e
freqüentemente a sua dimensão financeira, o que lhe
permitem ditar a sua lei ao consumidor (Calais-Auloy,
Jean; Steinmetz Frank, Droit de La Consommation, p.1)
in Podestá, Fábio Henrique, ET AL, Código de Defesa do
Consumidor Comentado, p. 191, São Paulo: Ed. RT,
2011. Naturalmente que esse processo gera uma absoluta
dependência do consumidor com relação ao produto. Este,
por seu turno, por deter alguns elementos chaves, tem
ditado todas as regras do jogo: qualidade, preços, marca
tipos de assistência técnica, período de vida útil, formas
de garantia, grau de segurança e outras potencialidades e
características . Pelo exposto, requeremos a rejeição aos
pedidos efetuados pelo fornecedor.
Justificativa: A JUSTIFICATIVA ESTÁ INSERIDA NA PRÓPRIA
CONTRIBUIÇÃO AOS ITENS 166 E 167.
Contribuição N°: 151
ID da Contribuição: 58397
Autor da Contribuição: Alexandre Elias de Andrade Oliveira
Data da Contribuição: 01/02/2012 12:28:18
Contribuição: xx
Justificativa: xx
Contribuição N°: 152
ID da Contribuição: 58489
Autor da Contribuição: Alexander Castro
Data da Contribuição: 01/02/2012 19:43:48
Contribuição:
É fato que a ANATEL, em face dos avanços tecnológicos
e do crescimento das necessidades de serviços por parte
da sociedade, pode rever, a qualquer tempo, as metas de
qualidade do serviço, observado o disposto na
regulamentação vigente e nos respectivos Termos de
Autorização. A Resolução 575 é o resultado da revisão do
Plano Geral de Metas de Qualidade do SMP, em vigência
desde 2002. Ocorre que, conforme foi detalhado ao longo
dessas contribuições, a Agência, para indicadores que
vem sendo apurados ao longo de 10 anos, em alguns
casos procedeu a alteração de metas e em outros manteve
a meta mas alterou o método de coleta e medição. Como
resultado, chegamos a métricas para os indicadores de
rede que inviabilizam técnica e economicamente a sua
obtenção, conforme demonstrado nesta contribuição. Para
os indicadores de Conexão de Dados valem os mesmos
comentários que apresentamos anteriormente para o
Serviço de Comunicação Multimídia, agravados pelas
características intrínsecas do serviço móvel, onde em um
determinado momento o terminal pode estar próximo ou
distante da Estação Rádio Base. Também deve ser
considerado, o número de usuários atendidos pela mesma
Estação Rádio Base em um determinado momento,
compartilhando os mesmos recursos disponibilizados
naquela região e que podem reduzir a velocidade
disponibilizada para navegação na Internet. O Serviço
Móvel Pessoal ofertado no Brasil experimenta uma
enorme concorrência. Não é razoável que a ANATEL
adote o caminho inverso ao que seria natural para um
mercado tão competitivo como o nosso do SMP. Ao invés
de gradativamente a Agência buscar a flexibilização e
reduzir a intervenção, para os Indicadores que vem sendo
apurados ao longo de uma década em áreas de enorme
competição e manter os padrões de qualidade que vinham
sendo exigidos para garantir a qualidade em áreas onde a
competição ainda não se apresenta tão intensa, a
ANATEL aperta os indicadores de qualidade a níveis
desproporcionais e não razoáveis, inclusive em áreas de
intensa competição, onde as leis de mercado têm total
condição de regular a oferta. Apenas para exemplificar, a
situação dos indicadores de rede, tomemos como exemplo
o completamento de chamadas. A meta de 67% foi
mantida, porém as chamadas completadas com mensagem
orientativa ou redirecionadas a caixa postal deixaram de
ser computadas como OK. É da natureza do serviço que o
cliente pode estar com seu telefone desligado, por falta de
bateria ou por estar em alguma reunião ou evento ou
mesmo quando não queira ser incomodado. O nome do
serviço é Móvel Pessoal, assim cabe à pessoa definir se
desliga ou não seu celular. A prestadora nada pode fazer
para completar chamadas destinadas a tais terminais.
Nesses casos, a chamada é interceptada com uma
mensagem orientativa ou redirecionada para a caixa
postal, caso o usuário originador queira deixar algum
recado ao destinatário. Estas chamadas não podem mais
ser consideradas como OK. No caso das chamadas
redirecionadas para a caixa postal, só no caso do usuário
ter deixado uma mensagem é que ela poderá ser
considerada completada. Tecnicamente, as prestadoras
não têm como identificar se o cliente deixa ou não a
mensagem. Dessa forma, fica demonstrado que a
ANATEL mudou significativamente e substancialmente a
forma de computar o indicador, penalizando de forma não
razoável as prestadoras e manteve a meta, o que
caracteriza a desproporcionalidade da medida vez que as
prestadoras não têm o que fazer em casos desse tipo.
Justificativa: Inserida na Contribuição
Item: Preambulo
Texto preambular: Considerações da Fundação PROCON/SP à Consulta Pública n
02 de 2012, da ANATEL, para submissão a comentários públicos, a título de
assunto de interesse relevante, o Pedido de Anulação interposto pela TNL PCS S.A.
em face dos dispositivos constantes no Regulamento de Gestão de Qualidade do
Serviço de Comunicação Multimídia (RGQ-SCM) e no Regulamento de Gestão da
Qualidade do Serviço Móvel Pessoal (RGQ-SMP). Da regulação no setor de
Telecomunicações Na Resolução n 516 de 30 de outubro de 2.008 que aprovou o
Plano Geral de Atualização de Regulamentação das Telecomunicações no Brasil
(PGR) consta: III. 3. Melhoria nos níveis de qualidade percebida pelos usuários na
prestação dos serviços. Na atualização da Regulamentação, a Agência também
considerará como princípio essencial a melhoria da qualidade dos serviços de
telecomunicações, a qual deve ser observada sob a ótica do consumidor de maneira a
garantir que suas necessidades sejam amplamente atendidas. Além de garantir a
disponibilização de serviços de telecomunicações, a preços módicos, a toda
população brasileira, é preciso também atentar-se para os níveis de qualidade desses
serviços. A combinação da qualidade técnica com a satisfação do usuário e a
qualidade por ele percebida devem levar a níveis adequados as ofertas dos serviços
de telecomunicações. A própria Lei Geral de Telecomunicações estabelece diversas
formas de controle do mercado, porém essas formas de atuação de regulação do
mercado não foram o suficiente para coibir as práticas realizadas pelas operadoras
que prejudicam o mercado consumidor. A conseqüência é que o setor de
telecomunicações lidera há vários anos o ranking do Cadastro de Reclamações
Fundamentadas da Fundação PROCON/SP. Além disso, é importante que de fato as
diretrizes consagradas na norma supra, sejam efetivamente consideradas e
contempladas.
Contribuição N°: 153
ID da Contribuição: 58350
Autor da Contribuição: Paulo Arthur Lencioni Goes
Data da Contribuição: 31/01/2012 16:56:49
Contribuição:
Texto preambular: Considerações da Fundação PROCON
/ SP à Consulta Pública n 02 de 2012, da ANATEL, para
submissão a comentários públicos, a título de assunto de
interesse relevante, o Pedido de Anulação interposto pela
TNL PCS S.A. em face dos dispositivos constantes no
Regulamento de Gestão de Qualidade do Serviço de
Comunicação Multimídia (RGQ-SCM) e no Regulamento
de Gestão da Qualidade do Serviço Móvel Pessoal (RGQ-
SMP). Da regulação no setor de Telecomunicações Na
Resolução n 516 de 30 de outubro de 2.008 que aprovou o
Plano Geral de Atualização de Regulamentação das
Telecomunicações no Brasil (PGR) consta: III. 3.
Melhoria nos níveis de qualidade percebida pelos usuários
na prestação dos serviços. Na atualização da
Regulamentação, a Agência também considerará como
princípio essencial a melhoria da qualidade dos serviços
de telecomunicações, a qual deve ser observada sob a
ótica do consumidor de maneira a garantir que suas
necessidades sejam amplamente atendidas. Além de
garantir a disponibilização de serviços de
telecomunicações, a preços módicos, a toda população
brasileira, é preciso também atentar-se para os níveis de
qualidade desses serviços. A combinação da qualidade
técnica com a satisfação do usuário e a qualidade por ele
percebida devem levar a níveis adequados as ofertas dos
serviços de telecomunicações. A própria Lei Geral de
Telecomunicações estabelece diversas formas de controle
do mercado, porém essas formas de atuação de regulação
do mercado não foram o suficiente para coibir as práticas
realizadas pelas operadoras que prejudicam o mercado
consumidor. A conseqüência é que o setor de
telecomunicações lidera há vários anos o ranking do
Cadastro de Reclamações Fundamentadas da Fundação
PROCON / SP. Além disso, é importante que de fato as
diretrizes consagradas na norma supra, sejam
efetivamente consideradas e contempladas.
Justificativa:
Idem acima Considerações da Fundação PROCON / SP à
Consulta Pública n 02 de 2012, da ANATEL, para
submissão a comentários públicos, a título de assunto de
interesse relevante, o Pedido de Anulação interposto pela
TNL PCS S.A. em face dos dispositivos constantes no
Regulamento de Gestão de Qualidade do Serviço de
Comunicação Multimídia (RGQ-SCM) e no Regulamento
de Gestão da Qualidade do Serviço Móvel Pessoal (RGQ-
SMP). Da regulação no setor de Telecomunicações Na
Resolução n 516 de 30 de outubro de 2.008 que aprovou o
Plano Geral de Atualização de Regulamentação das
Telecomunicações no Brasil (PGR) consta: III. 3.
Melhoria nos níveis de qualidade percebida pelos usuários
na prestação dos serviços. Na atualização da
Regulamentação, a Agência também considerará como
princípio essencial a melhoria da qualidade dos serviços
de telecomunicações, a qual deve ser observada sob a
ótica do consumidor de maneira a garantir que suas
necessidades sejam amplamente atendidas. Além de
garantir a disponibilização de serviços de
telecomunicações, a preços módicos, a toda população
brasileira, é preciso também atentar-se para os níveis de
qualidade desses serviços. A combinação da qualidade
técnica com a satisfação do usuário e a qualidade por ele
percebida devem levar a níveis adequados as ofertas dos
serviços de telecomunicações. A própria Lei Geral de
Telecomunicações estabelece diversas formas de controle
do mercado, porém essas formas de atuação de regulação
do mercado não foram o suficiente para coibir as práticas
realizadas pelas operadoras que prejudicam o mercado
consumidor. A conseqüência é que o setor de
telecomunicações lidera há vários anos o ranking do
Cadastro de Reclamações Fundamentadas da Fundação
PROCON / SP. Além disso, é importante que de fato as
diretrizes consagradas na norma supra, sejam
efetivamente consideradas e contempladas.
Item: Contribuição Completa do Sinditelebrasil
CONTRIBUIÇÃO DO SINDITELEBRASIL à CONSULTA PÚBLICA 02/2012 1 -
Considerações Iniciais O SindiTelebrasil apresenta as suas contribuições à Consulta
Pública 02/2012, onde defende que a ANATEL estabeleça condições que devam ser
observadas pelas operadoras dos serviços de telecomunicações de forma a garantir a
qualidade do serviço percebido pelo usuário, mas que os Instrumentos utilizados
para esta finalidade sejam revestidos dos princípios básicos previstos na Lei geral de
Telecomunicações, em seus Artigos 38 e 135, quais sejam da razoabilidade, da
proporcionalidade e da igualdade. Art. 38. A atividade da Agência será
juridicamente condicionada pelos princípios da legalidade, celeridade, finalidade,
razoabilidade, proporcionalidade, impessoalidade, igualdade, devido processo legal,
publicidade e moralidade. Art. 135. A Agência poderá, excepcionalmente, em face
de relevantes razões de caráter coletivo, condicionar a expedição de autorização à
aceitação, pelo interessado, de compromissos de interesse da coletividade. Parágrafo
único. Os compromissos a que se refere o caput serão objeto de regulamentação,
pela Agência, observados os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e
igualdade. 2 - Considerações Gerais Do RIQ SCM O Regulamento de Gestão da
Qualidade do Serviço de Comunicação Multimídia (RGQ-SCM) estabelece, pela
primeira vez, as metas de qualidade a serem cumpridas pelas Prestadoras do Serviço
de Comunicação Multimídia (SCM), assim como os critérios de avaliação, de
obtenção de dados e acompanhamento da qualidade da prestação do serviço. Deve
ser registrado e enfatizado que se trata do estabelecimento de metas de qualidade de
um serviço que já vem sendo comercializado há bastante tempo, com preços
definidos em função da qualidade que é oferecida, dos custos de implantação,
expansão, modernização e manutenção das redes que lhe dão suporte, assim como
de toda a infraestrutura de pré e pós venda envolvida. O SindiTelebrasil ao longo
das Consultas Públicas 27 e 46 apresentou inúmeras contribuições, a maioria delas
elaboradas por organismos de terceira parte, que trataram da questão dos indicadores
de Conexão à Internet (SMP) e dos Indicadores de Rede (SCM) de forma isenta e
apenas dedicadas a apresentar uma abordagem técnica sobre o tema. Entre eles,
podemos citar os trabalhos do CPqD, da Price Waterhouse Coopers e a apresentação
feita pela SAMKNOWS no Seminário de Qualidade de Banda Larga promovido
pelo SindiTelebrasil em 2011, todos eles entregues à ANATEL ao longo das
mencionadas consultas públicas. Em todos os trabalhos apresentados ficou
demonstrado a dificuldade e até mesmo a inviabilidade técnica de se garantir
velocidades mínimas ou médias de navegação, além de ter sido demonstrado que
praticamente todas as Administrações não optaram pelo caminho do
intervencionismo e da ameaça de sancionamento como um modelo para se alcançar
a excelência na oferta do serviço. Conforme será detalhado ao longo dessa
contribuição o Sinditelebrasil defende que o estabelecimento das metas para os
Indicadores de Rede do SCM vão demandar investimentos em volume expressivo,
seja para readequação da rede e da planta de equipamentos atuais, seja pela revisão
dos custos e projetos relativos ao investimento programado para expansão de rede.
O Sinditelebrasil defende que, com vistas ao aprimoramento do serviço e dada a sua
elevada importância em um cenário de convergência tecnológica, a ANATEL adote,
de forma similar ao que praticamente todas as Administrações do mundo adotam,
diretrizes gerais de transparência e baixo grau de intervencionismo. O
SindiTelebrasil defende que sejam realizadas medidas a partir da metodologia
definida no novo Regulamento, e que os resultados obtidos, de todas as operadoras,
para os indicadores de rede sejam objeto de ampla divulgação pela ANATEL em seu
site. Um modelo diferente do que foi adotado pela Resolução 574, onde foram
estabelecidas metas extremamente rígidas, a ponto de se definir uma meta de 80%
para a velocidade média de navegação e 40% para a velocidade mínima em relação a
velocidade ofertada, que em função das características do serviço prestado e das
redes que lhe dão suporte propiciarão uma enxurrada de processos de apuração de
descumprimento de obrigação, mesmo que as empresas invistam fortunas em suas
redes, no sentido de buscar atender estas metas estabelecidas. Apesar da Oferta de
Banda Larga no Brasil estar experimentando um grande crescimento, seja em termos
de velocidade de acesso, seja em termos de uma melhor distribuição da oferta desses
acessos em todo o território nacional, ainda temos um longo caminho a percorrer
para colocarmos o Brasil no mesmo patamar das Administrações que estão no topo
do ranking mundial de oferta de banda larga. Reconhecemos esse fato. Entretanto,
deve ser considerado que o foco Governamental nos primeiros anos de privatização
estava voltado para a universalização do Serviço Telefônico Fixo Comutado - STFC
e na massificação do Serviço Móvel Pessoal e os resultados obtidos foram
expressivos. Estamos na década da Banda Larga e dos Serviços convergentes.
Acreditamos que no ritmo que estão sendo ofertados novos acessos em Banda Larga
pelas empresas que exploram o SCM e o SMP, estimulado pela adoção de alavancas
(políticas públicas) que fomentem a demanda e a expansão de infraestrutura em todo
o território nacional, o Brasil em 2020 estará muito mais próximo das
Administrações que mais se destacam a nível mundial na oferta de banda Larga. Não
é necessário que a Administração Brasileira opte pelo caminho solitário do
intervencionismo e da ameaça do sancionamento para buscar se atingir os mesmos
objetivos. É natural que os organismos de defesa do consumidor tenham se
posicionado favoravelmente a esse modelo aprovado pela ANATEL nas CP s 27 e
46. Como consumidor queremos sempre ter a opção do acesso ao serviço, com a
melhor qualidade possível e ao menor preço. Entendemos que não será diferente
agora nesta Consulta Pública. Porém, acreditamos que cabe ao Órgão Regulador,
minimizar a análise emocional e política do tema e de forma isenta observar a
manutenção principalmente dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade
estabelecidos na LGT ao estabelecer novos condicionamentos mesmo em face de
relevantes razões de caráter coletivo. Do RIQ SMP É fato que a ANATEL, em face
dos avanços tecnológicos e do crescimento das necessidades de serviços por parte da
sociedade, pode rever, a qualquer tempo, as metas de qualidade do serviço,
observado o disposto na regulamentação vigente e nos respectivos Termos de
Autorização. A Resolução 575 é o resultado da revisão do Plano Geral de Metas de
Qualidade do SMP, em vigência desde 2002. Ocorre que, conforme será detalhado
ao longo dessas contribuições, a Agência, para indicadores que vem sendo apurados
ao longo de 10 anos, em alguns casos procedeu a alteração de metas e em outros
manteve a meta mas alterou o método de coleta e medição. Como resultado,
chegamos a métricas para os indicadores de rede que inviabilizam técnica e
economicamente a sua obtenção, conforme será demonstrado nesta contribuição.
Para os indicadores de Conexão de Dados valem os mesmos comentários que
apresentamos anteriormente para o Serviço de Comunicação Multimídia, agravados
pelas características intrínsecas do serviço móvel, onde em um determinado
momento o terminal pode estar próximo ou distante da Estação Rádio Base.
Também deve ser considerado, o número de usuários atendidos pela mesma Estação
Rádio Base em um determinado momento, compartilhando os mesmos recursos
disponibilizados naquela região e que podem reduzir a velocidade disponibilizada
para navegação na Internet. O Serviço Móvel Pessoal ofertado no Brasil
experimenta uma enorme concorrência. Não é razoável que a ANATEL adote o
caminho inverso ao que seria natural para um mercado tão competitivo como o
nosso do SMP. Ao invés de gradativamente a Agência buscar a flexibilização e
reduzir a intervenção, para os Indicadores que vem sendo apurados ao longo de uma
década em áreas de enorme competição e manter os padrões de qualidade que
vinham sendo exigidos para garantir a qualidade em áreas onde a competição ainda
não se apresenta tão intensa, a ANATEL aperta os indicadores de qualidade a níveis
desproporcionais e não razoáveis, inclusive em áreas de intensa competição, onde as
leis de mercado têm total condição de regular a oferta. Apenas para exemplificar, a
situação dos indicadores de rede, tomemos como exemplo o completamento de
chamadas. A meta de 67% foi mantida, porém as chamadas completadas com
mensagem orientativa ou redirecionadas a caixa postal deixaram de ser computadas
como OK. É da natureza do serviço que o cliente pode estar com seu telefone
desligado, por falta de bateria ou por estar em alguma reunião ou evento ou mesmo
quando não queira ser incomodado. O nome do serviço é Móvel Pessoal, assim cabe
à pessoa definir se desliga ou não seu celular. A prestadora nada pode fazer para
completar chamadas destinadas a tais terminais. Nesses casos, a chamada é
interceptada com uma mensagem orientativa ou redirecionada para a caixa postal,
caso o usuário originador queira deixar algum recado ao destinatário. Estas
chamadas não podem mais ser consideradas como OK. No caso das chamadas
redirecionadas para a caixa postal, só no caso do usuário ter deixado uma mensagem
é que ela poderá ser considerada completada. Tecnicamente, as prestadoras não têm
como identificar se o cliente deixa ou não a mensagem. Dessa forma, fica
demonstrado que a ANATEL mudou significativamente e substancialmente a forma
de computar o indicador, penalizando de forma não razoável as prestadoras e
manteve a meta, o que caracteriza a desproporcionalidade da medida vez que as
prestadoras não têm o que fazer em casos desse tipo. 3 Dos Artigos questionados no
RIQ do SCM 3.1. O Art. 8 do RIQ do SCM O parágrafo único deste artigo
estabelece que a Anatel pode utilizar métodos alternativos dos previstos neste
Regulamento para coleta de dados dos Indicadores para comprovação do
cumprimento das metas estabelecidas neste Regulamento. No parágrafo único do
artigo o Regulamento define que caso o valor do indicador informado pela
Prestadora seja diferente daquele obtido pela Anatel por métodos alternativos,
prevalecerá sob todos os aspectos, aquele obtido pela Agência. Contribuição: O
Sinditelebrasil reitera a sua posição de que o parágrafo único de tal artigo seja
retirado do regulamento. Sugere ainda a seguinte redação para o Artigo 8 : A
qualquer tempo a Anatel pode acompanhar a coleta de dados das prestadoras do
SCM e, a seu critério, realizar uma nova coleta de dados, utilizando recursos
próprios ou de terceiros, para fins de determinação de indicador considerando
metodologia definida neste regulamento. Justificativa: Os Regulamentos do RIQ-
SMP e do RIQ-SCM criaram o GIPAQ - Grupo de Implantação de Processos de
Aferição da Qualidade, cuja coordenação é da ANATEL. No regulamento fica claro
que todo o processo de aferição da qualidade de Banda larga, por exemplo, será
intensamente discutido e aprovado no âmbito do GIPAQ e, que em caso de não
haver consenso, os conflitos no âmbito do GIPAQ serão decididos pelos
representantes da ANATEL. Adicionalmente, a ANATEL poderá realizar auditorias
na Entidade Aferidora da Qualidade - EAQ, cobrar dados diretamente da mesma
entidade, etc. Fica claro que toda a metodologia será aprovada pela ANATEL e
ainda mais, será auditada por ela própria. Assim sendo, não é razoável e trata-se de
uma medida desprovida de proporcionalidade admitir-se no regulamento a
possibilidade da ANATEL utilizar uma metodologia em paralelo àquela criada por
ela mesma e pior, em caso de conflito ente os resultados apurados, valem os
métodos alternativos. Ora se o método que a ANATEL discutiu, aprovou e
implementou via EAQ não é razoável ou conduz a resultados equivocados, que se
discuta um novo método no âmbito do GIPAQ, mas não que seja aberta a
possibilidade de adoção de um outro método, sem prévia discussão com as empresas
e demais membros do GIPAQ. Neste aspecto a redação aqui proposta, baseada no
artigo 8 do Anexo da Resolução n 335/2003 RIQ SMP, com pequenas alterações
exprime de forma mais adequada a intenção da Anatel para este artigo. Métodos
alternativos de coleta são contrários aos próprios princípios e conceitos do RGQ-
SCM que preza pela forma idônea de coleta de dados por meio da certificação
oficial. 3.2 SCM 1 - Taxa de Reclamações Recebidas - Art.11 O Sinditelebrasil não
concorda com a manutenção no cômputo do indicador das reclamações não
procedentes. Justificativa: Prestadora não deve ser penalizada pela contabilização de
reclamações que não procedem sob o enfoque de suas responsabilidades. O
Sinditelebrasil reitera a sua contribuição feita no âmbito da CP 27 e 46 quanto aos
meios de reclamação considerados para efeito deste indicador. As operadoras
divulgam em seus sites a relação dos meios disponibilizados para o registro de
reclamações por seus assinantes e apenas os meios de comunicação oficialmente
indicados pela Prestadora devem ser considerados para reconhecimento e
contabilização de contato feito por seus assinantes. 3.3 SCM 2 Reclamações
recebidas na Anatel versus o número total de reclamações recebidas Art.12 O
Sinditelebrasil reitera a supressão desse Indicador. Justificativa: Aqui não se aplica o
princípio da razoabilidade. Esta métrica objetiva incentivar as prestadoras a
aperfeiçoar o tratamento de reclamações. Entretanto, a taxa de reclamações na
Anatel não deve ser classificada como um indicador de qualidade. Empresa pode ter
número de reclamações reduzido demonstrando a satisfação da maioria esmagadora
de seus clientes com o serviço prestado. Mesmo assim, este número reduzido de
clientes, que não representa a qualidade do serviço prestado pela operadora, a partir
de um simples protocolo obtido no sistema de atendimento automático da
prestadora, pode registrar na ANATEL a sua reclamação mesmo que ela tenha sido
analisada e concluída como improcedente pela operadora. Registre-se que aqui
também se fere o princípio da proporcionalidade, pois da forma como foi publicado,
o Regulamento considera que as reclamações improcedentes devem ser computadas.
Nesse caso, voltando ao exemplo de um SCM-1 próximo de zero por cento,
caracterizando uma excelente prestação de serviço, os clientes que reclamaram de
forma improcedente podem reiterar a reclamação na ANATEL e SCM-2 não é
atingido. A manutenção desse indicador caracteriza uma distorção. 3.4 - SCM 3 -
Reclamações com reabertura Art. 13 O Sinditelebrasil não concorda com a
manutenção no cômputo do indicador das reclamações não procedentes que venham
a ser reabertas. Justificativa: Prestadora não deve ser penalizada pela contabilização
de reclamações que não procedem sob o enfoque de suas responsabilidades e que
são reabertas. O Sinditelebrasil reitera a sua contribuição feita no âmbito da CP 27 e
46 quanto aos meios de reclamação considerados para efeito deste indicador. As
operadoras divulgam em seus sites a relação dos meios disponibilizados para o
registro de reclamações por seus assinantes e apenas os meios de comunicação
oficialmente indicados pela Prestadora devem ser considerados para reconhecimento
e contabilização de contato feito por seus assinantes. O Sinditelebrasil reitera a
mesma divergência quanto aos meios de reclamação considerados para efeito deste
indicador. Posição idêntica ao indicador de Taxa de Reclamações (SCM-1). 3.5
Indicadores de Rede Art. 16 a 21 O Sinditelebrasil registra que a ANATEL não
discutiu com as operadoras nem apresentou nenhum estudo Análise de Impacto
Regulatório demonstrando o impacto econômico que tais métricas trariam para as
prestadoras de SCM e SMP. Tampouco, discutiu com as empresas ou apresentou
algum estudo justificando tecnicamente a definição dos níveis mínimos de qualidade
estabelecidos na proposta de regulamento e da falta de AIR Análise de Impacto
Regulatório. O Regulamento de Gestão da Qualidade do Serviço de Comunicação
Multimídia (RGQ-SCM) estabelece, pela primeira vez, as metas de qualidade a
serem cumpridas pelas Prestadoras do Serviço de Comunicação Multimídia (SCM),
assim como os critérios de avaliação, de obtenção de dados e acompanhamento da
qualidade da prestação do serviço. Deve ser registrado e enfatizado que se trata do
estabelecimento de metas de qualidade de um serviço que já vem sendo
comercializado há bastante tempo, com preços definidos em função da qualidade
que é oferecida, dos custos de implantação, expansão, modernização e manutenção
das redes que lhe dão suporte, assim como de toda a infraestrutura de pré e pós
venda envolvida. O SindiTelebrasil ao longo das Consultas Públicas 27 e 46
apresentou inúmeras contribuições, a maioria delas elaboradas por organismos de
terceira parte, que trataram da questão dos indicadores de Conexão à Internet (SMP)
e dos Indicadores de Rede (SCM) de forma isenta e apenas dedicadas a apresentar
uma abordagem técnica sobre o tema. Entre eles, podemos citar os trabalhos do
CPqD, da Price Waterhouse Coopers e a apresentação feita pela SAMKNOWS no
Seminário de Qualidade de Banda Larga promovido pelo SindiTelebrasil em 2011,
todos eles entregues à ANATEL ao longo das mencionadas consultas públicas. Em
todos os trabalhos apresentados ficou demonstrado a dificuldade e até mesmo a
inviabilidade técnica de se garantir velocidades mínimas ou médias de navegação,
além de ter sido demonstrado que praticamente todas as Administrações não
optaram pelo caminho do intervencionismo e da ameaça de sancionamento como um
modelo para se alcançar a excelência na oferta do serviço. Conforme será detalhado
ao longo dessa contribuição o Sinditelebrasil defende que o estabelecimento das
metas para os Indicadores de Rede do SCM/SMP vão demandar investimentos em
volume expressivo, seja para readequação da rede e da planta de equipamentos
atuais, seja pela revisão dos custos e projetos relativos ao investimento programado
para expansão de rede. O Sinditelebrasil defende que, com vistas ao aprimoramento
do serviço e dada a sua elevada importância em um cenário de convergência
tecnológica, a ANATEL adote, de forma similar ao que praticamente todas as
Administrações do mundo adotam, diretrizes gerais de transparência e baixo grau de
intervencionismo. O SindiTelebrasil defende que sejam realizadas medidas a partir
da metodologia definida no novo Regulamento, e que os resultados obtidos, de todas
as operadoras, para os indicadores de rede sejam objeto de ampla divulgação pela
ANATEL em seu site. Um modelo diferente do que foi adotado pela Resolução 574,
onde foram estabelecidas metas extremamente rígidas, a ponto de se definir uma
meta de 80% para a velocidade média de navegação e 40% para a velocidade
mínima em relação a velocidade ofertada, que em função das características do
serviço prestado e das redes que lhe dão suporte propiciarão uma enxurrada de
processos de apuração de descumprimento de obrigação, mesmo que as empresas
invistam fortunas em suas redes, no sentido de buscar atender estas metas
estabelecidas. Apesar da Oferta de Banda Larga no Brasil estar experimentando um
grande crescimento, seja em termos de velocidade de acesso, seja em termos de uma
melhor distribuição da oferta desses acessos em todo o território nacional, ainda
temos um longo caminho a percorrer para colocarmos o Brasil no mesmo patamar
das Administrações que estão no topo do ranking mundial de oferta de banda larga.
Reconhecemos esse fato. Entretanto, deve ser considerado que o foco
Governamental nos primeiros anos de privatização estava voltado para a
universalização do Serviço Telefônico Fixo Comutado - STFC e na massificação do
Serviço Móvel Pessoal e os resultados obtidos foram expressivos. Estamos na
década da Banda Larga e dos Serviços convergentes. Acreditamos que no ritmo que
estão sendo ofertados novos acessos em Banda Larga pelas empresas que exploram
o SCM e o SMP, estimulado pela adoção de alavancas (políticas públicas) que
fomentem a demanda e a expansão de infraestrutura em todo o território nacional, o
Brasil em 2020 estará muito mais próximo das Administrações que mais se
destacam a nível mundial na oferta de banda Larga. Não é necessário que a
Administração Brasileira opte pelo caminho solitário do intervencionismo e da
ameaça do sancionamento para buscar se atingir os mesmos objetivos. É natural que
os organismos de defesa do consumidor tenham se posicionado favoravelmente a
esse modelo aprovado pela ANATEL nas CP s 27 e 46. Como consumidor
queremos sempre ter a opção do acesso ao serviço, com a melhor qualidade possível
e ao menor preço. Entendemos que não será diferente agora nesta Consulta Pública.
Porém, acreditamos que cabe ao Órgão Regulador, minimizar a análise emocional e
política do tema e de forma isenta observar a manutenção principalmente dos
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade estabelecidos na LGT ao
estabelecer novos condicionamentos mesmo em face de relevantes razões de caráter
coletivo. Mais uma vez registramos que as métricas e metas sugeridas não são
adequadas para medir ou pautar o desempenho do SCM, tanto pelas características
da entrega do serviço (best effort) e pela topologia estatística da rede IP, quanto pela
presença de fatores e elementos da rede não gerenciáveis ou alheios à rede e à
responsabilidade da prestadora do serviço. O Sinditelebrasil já teve a oportunidade
de submeter a essa Agência estudo do CPqD onde são detalhadas tais dificuldades.
Os custos de readequação da infraestrutura e dos novos acessos tendem a ser
repassados aos consumidores na forma de preços mais elevados, afetando
negativamente o consumo e a acessibilidade de um serviço identificado como item
prioritário para o desenvolvimento nacional; A seguir extraímos as principais
considerações que fizemos por ocasião da CP 46. EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS
PARA JUSTIFICAR ALTERAÇÃO DA METODOLOGIA PARA APURAÇÃO
DOS INDICADORES DE REDE O Sinditelebrasil entende que a Consulta Pública
N 46/2011 celebra uma intervenção regulatória contraproducente aos seus objetivos
de gerir e avançar na qualidade do serviço, introduzindo estrutura de incentivos
desfavorável à promoção dos investimentos necessários à oferta ampla e acessível
do serviço, com impactos deletérios sobre o bem-estar do consumidor. Tal
conclusão se justifica, em grande medida, por que: (i) As métricas e metas de
velocidade instantânea e média, sugeridas no âmbito dos indicadores de rede para
avaliação do desempenho da banda larga, não são adequadas para medir ou pautar o
desempenho do SCM, tanto pelas características da entrega do serviço (best effort) e
pela topologia estatística da rede IP, quanto pela presença de fatores e elementos da
rede não gerenciáveis ou alheios à rede e à responsabilidade da prestadora do
serviço;
......................................................................................................................................
Tal intervenção regulatória não é usual na experiência internacional e tampouco
segue as recomendações da União Internacional das Telecomunicações UIT; (ii) O
atendimento progressivo da Consulta Pública No 46, no que se refere a metas e
obrigações maiores de velocidade nos prazos especificados, demandará
investimentos em volume expressivo, seja para readequação da rede e da planta de
equipamentos atuais, seja pela revisão dos custos e projetos relativos ao
investimento programado para expansão de rede, visto que a mesma não
acompanhou estudo prévio feito pela Agência; (iii) Os custos supracitados de
readequação da infraestrutura e dos novos acessos tendem a ser repassados aos
consumidores na forma de preços mais elevados, afetando negativamente o consumo
e a acessibilidade de um serviço identificado como item prioritário para o
desenvolvimento nacional; Com vistas ao aprimoramento do serviço e dada a sua
elevada importância em um cenário de convergência tecnológica, as melhores
práticas regulatórias tem se pautado em diretrizes gerais de transparência e baixo
grau de intervencionismo. Entendemos ser possível atingir os objetivos da ANATEL
através da adoção de um código de prática em linha com o indicado pela experiência
internacional, atendendo-se, simultaneamente, aos princípios destacados pela LGT
para a regulação de serviços prestados em regime privado, e ao melhor interesse do
consumidor em termos de qualidade e acessibilidade do serviço. O Sinditelebrasil já
teve a oportunidade de submeter a essa Agência estudo do CPqD onde são
abordadas as dificuldades inerentes à eleição da velocidade como variável
determinante para a qualidade do serviço, bem como os problemas envolvidos em
sua mensuração nos termos da consulta pública em questão. A seguir reiteramos as
características das redes que dão suporte às conexões à Internet e elencamos as
dificuldades existentes para aferição dos indicadores de rede. 1.1 Dinâmica de redes
estatísticas O Serviço de Comunicação Multimídia é caracterizado pela
disponibilização de capacidade de transmissão, emissão e recepção de tráfego
multimídia (símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de
qualquer natureza), utilizando quaisquer meios, para usuários dentro de uma área de
prestação de serviço. Esta oferta de capacidade é intermediada pelo Internet Protocol
(IP), que organiza a transmissão de pacotes (datagramas) e armazena as informações
de interesse do usuário (origem) e seu endereçamento para outro ponto (destino) da
Rede IP (Internet). O protocolo permite, entre outras funções, que os pacotes
trafeguem a partir de sua origem em rotas através de dispositivos de chaveamento
intermediário (roteadores) localizados em redes independentes, que armazenam e
despacham cada pacote (store-and-foward) para o dispositivo seguinte, até que ele
atinja seu endereço de destino (Figura 2). Figura 2. Arquitetura de malha da Rede IP
(Internet). Fonte: LCA. Diferentemente da comutação de circuitos (como no caso de
sistemas de telefonia fixa convencionais), o sistema de comutação de pacotes
adotado nas Redes IP não reserva circuito fim-a-fim: pacotes encaminhados a um
roteador cujo enlace de saída esteja ocupado são armazenados e aguardam liberação
do enlace (em fila) para serem encaminhados para o nó seguinte de sua rota na rede
(Figura 3). Como não existe uma central de monitoramento de desempenho e os
recursos físicos (infraestrutura) de transmissão e roteamento são compartilhados por
todos os usuários e pacotes, o grau de disponibilidade de enlaces na rede é dinâmico
e o desempenho de entrega de cada pacote é variável a cada instante. Figura 3.
Comutação de pacotes em redes IP (tecnologia xDSL) Segundo destaca o Estudo
sobre as condições de oferta dos serviços e banda larga , elaborado pelo CPqD , as
redes estatísticas de comutação de pacotes empregam uma modalidade de
endereçamento, transmissão e entrega dos pacotes conhecida como Melhor Esforço
(best effort), que não oferece garantias de entrega e integridade dos dados. Através
deste serviço, todos os usuários, aplicações e pacotes recebem tratamento
equivalente nos roteadores e enlaces, desde a origem até o destino final, sem
condições especiais para recuperação de dados perdidos ou corrompidos:
Atualmente, todas as redes que compõem a Internet global possuem roteadores e
tem este comportamento, resultando em uma entrega de pacotes baseadas no
conceito de melhor esforço (best effort), onde os atrasos ou perda de pacotes são
completamente imprevisíveis e a entrega dos pacotes é feita na base da tentativa .
Pode-se dizer que hoje, a Internet não provê a garantia de qualidade para os serviços
que utilizam o Protocolo IP, o que dificulta bastante a garantia de velocidade e o uso
de aplicações interativas e de tempo real (como vídeo e voz sobre IP, por exemplo).
(CPqD, 2010, p.83) Neste âmbito, são atribuídas taxas de transferência (bitrate)
variáveis aos usuários e pacotes, a depender do nível corrente de utilização
(ocupação) dos recursos da rede pela base de usuários conectados. A velocidade ,
assim, apresenta-se como produto de um número variado de parâmetros estruturais,
sazonais e esporádicos, particularmente no que se refere à própria capacidade
instantânea da rede em suportar múltiplas transações simultâneas e administrar um
volume variável e potencialmente grande de dados fim-a-fim (isto é, entre os pontos
terminais de origem e destino dos pacotes). Em decorrência destas características da
Rede IP, o atendimento aos critérios de integridade, atraso (delay), variação de
latência (jitter), taxa de descarte e perda de pacotes, etc., é referenciado pela
probabilidade dos respectivos pacotes serem transmitidos com sucesso entre dois
pontos da rede. No caso das redes móveis, estes critérios estão sujeitos a um número
adicional de dificuldades, tanto pelas peculiaridades do meio aéreo de tráfego
(espectro de radiofrequência), quanto pela mobilidade do usuário/terminal, o que
aumenta a susceptibilidade do acesso à rede a ruídos, sombreamento e
interferências, com riscos à queda de sinal e perda na transmissão de dados. Dado
que a malha da Internet é formada por um conjunto complexo de tecnologias,
equipamentos e redes independentes interligadas por enlaces e meios de
transmissão, a gestão eficiente dos recursos colocados à disposição dos usuários pela
prestadora deve ser pautada pela melhor relação custo-benefício no que se refere ao
dimensionamento e ao gerenciamento da infraestrutura de rede, de modo a atender
às distintas necessidades e demandas dos usuários em condições compatíveis de
preço e qualidade do serviço. Sendo a capacidade um recurso escasso e de uso não-
linear, sujeito, portanto, a intervalos de ociosidade e horários de pico, mas
parcialmente gerenciável, a rede não precisa ser superdimensionada (isto é, trabalhar
com muita capacidade ociosa) para acomodar um cenário hipotético em que todos os
usuários estejam conectados e demandem, simultaneamente, toda banda à sua
disposição . Como esclarece o CPqD: Geralmente, o enlace da saída do concentrador
não equivale à soma de todas as velocidades de acesso dos usuários, já que a
probabilidade de todos usarem 100% da velocidade simultaneamente é muito
pequena, pois o uso não é linear e sim estatístico. Por isso, é factível que o enlace
tenha velocidade menor do que a soma citada. (CPqD, 2010, p.25; grifos nossos) Em
suma, como não há reserva prévia de recursos para cada usuário, os pacotes das
aplicações que ingressam no tráfego estão sujeitos às condições do tráfego naquele
instante (best effort), incluindo taxas distintas de atraso na entrega de pacotes (jitter),
entregas de pacote fora de ordem, duplicidade, ou mesmo perda de integridade dos
pacotes. Com efeito, um nível adequado de dimensionamento da rede deve
comportar, paralelamente, ferramentas de gerenciamento de tráfego (como
roteamento, enfileiramento e hierarquização) para tornar mais flexível e eficiente a
banda disponível, acomodando melhor o tráfego de aplicações e conteúdos
específicos em horários de pico e economizando (redirecionando) recursos ociosos
da rede para outras aplicações em horários de menor utilização. Dadas as
características do serviço atualmente ofertado através das licenças do SCM e do
encaminhamento de pacotes em redes estatísticas através do melhor esforço, a
proposta da Consulta Pública N . 46 em estabelecer obrigações e metas mínimas
para parâmetros e indicadores de rede, como velocidade instantânea e média,
implicaria um dimensionamento artificial e inadequado da rede, que passaria a
adotar, no limite, características de prioridade de tráfego e ocupação de enlaces
similares às verificadas em redes determinísticas. Neste caso, na medida em que as
prestadoras são contratadas para fornecer ao cliente um circuito dedicado fim-a-fim,
devem ser remuneradas de forma proporcional à ociosidade da rede, isto é, aos
recursos alocados exclusivamente para cada cliente. Tal esforço, além de produzir
uma margem de capacidade ociosa desnecessária por usuário, demandaria um
volume significativo de investimentos em readequação da rede atual e uma revisão
de projetos e investimentos de expansão do serviço. Ademais, do ponto de vista
técnico, não seria possível garantir por parte das prestadoras tráfego pela rede IP em
condições suficientemente controladas para satisfazer todos os critérios sugeridos
pela Consulta Pública N . 46, dado que, como será mais bem explorada a seguir, há
condicionantes na rede interna do cliente que afetam a qualidade do SCM sem que
as prestadoras do serviço possam atuar. A seguir abordaremos em maiores detalhes
as características técnicas do tráfego da rede que afetam a garantia mínima de
qualidade de serviço por uma prestadora do SCM. 1.2 Características técnicas do
tráfego da rede Em se tratando de uma rede interligada de computadores (e outras
redes) notabilizada por sua natureza descentralizada, os esforços direcionados à
adequação e compatibilização das redes ao tráfego crescente via protocolo IP
esbarram em limitações tecnológicas naturais, com reflexos importantes sobre a
experiência do usuário em termos de velocidade e qualidade do serviço fim-a-fim,
que dependem de inúmeros fatores alheios ao controle das prestadoras. Há barreiras
ao tráfego dos pacotes espalhadas pelo trajeto entre o terminal/aplicação do usuário
e seu destino final, por exemplo, um servidor de conteúdo localizado em outro país.
A depender da severidade destes obstáculos e da distância entre a origem e o destino
do sinal, podem-se configurar gargalos importantes, com influência significativa
sobre o desempenho da conexão (endereçamento, condições de integridade e
latência do envio e entrega dos pacotes) e a percepção do assinante acerca da
qualidade e adequação do serviço contratado (em termos de suporte às aplicações
desejadas). As etapas a serem vencidas e os respectivos obstáculos são apresentados
na figura e tabela abaixo. Figura 4. Modelo representativo de uma rede de
comunicação de protocolo IP Fonte: CPqD (2010). Tabela 1. Pontos da rede de
acesso à Internet Referência na Figura 4 Etapa/Posição na Rede Problemas e falhas
comuns 1 Equipamento /Terminal do Cliente de um provedor Hardware defasado
(processador, memória e/ou placa da rede) Sistema operacional e aplicativos de
navegação (browsers) defasados ou mal configurados; Pragas virtuais , incluindo
vírus, Cavalos de Tróia (trojans), malwares, etc. 2 Infraestrutura da Rede Interna do
Cliente Má configuração dos equipamentos de acesso. Equipamentos não confiáveis
ou qualificados, ou ainda com bugs, incluindo roteadores, equipamentos Wi-Fi,
hubs, switches, etc. Cabeamento interno mal confeccionado, defasado ou de má
qualidade; Sobrecarga ou congestionamento no equipamento de Borda que se liga ao
cabeamento da prestadora, ocasionando lag e descarte de pacotes; 3 Rede externa
Problemas físicos e de deterioração de cabos coaxiais, fios de cobre ou fibra ótica;
Interferências e ruídos no cabo de cobre, e atenuação em cabos de fibra; Em acessos
sem fio (wireless), obstrução de sinais, condições impróprias de propagação,
interferências, degradação dos sistemas de transmissão, etc.; 4,5 Equipamento
concentrador da prestadora Mau dimensionamento da capacidade de transmissão
para acomodar a oferta do serviço, gerando volume de pacotes a serem
encaminhados entre o equipamento e o roteador da prestadora superiorà capacidade
do enlace de saída (oversubscription); 6 a 12 Roteadores e enlaces da rede de dados
de uma prestadora (sistema autônomo) Queda de enlaces entre roteadores, gerando
reajuste entre os roteadores para encontrar novas rotas de encaminhamento (aumento
do tempo de convergência do protocolo de roteamento), com possível perda
momentânea de pacotes; Mau dimensionamento da capacidade de transmissão,
acarretando congestionamentos nas filas de entrada e saída usadas para os roteadores
processarem e encaminharem os pacotes IP. Pode ocorrer por oversubscription ou
gargalos sazonais nos enlaces internacionais; 13 a 15 Servidores de conteúdo no
destino e de controle no provedor Configuração dos servidores de destino e do
provedor de conteúdo; Hardware defasado (processador, memória e/ou placa da
rede) Sistema operacional e aplicativos de navegação (browsers) defasados ou mal
configurados; Pragas virtuais , incluindo vírus, Cavalos de Tróia (trojans),
malwares, etc. Falhas e congestionamentos na rede interna da empresa que hospeda
os servidores, ou em seus elementos/equipamentos de rede (roteadores,
equipamentos WiFi, hubs, switches, etc.) Fonte: CPqD (2010); Como as
características assimétricas de gestão e organização das plataformas e redes estão a
cargo de diferentes entes, a oferta do serviço de acesso à banda larga fixa pelas
empresas não é capaz de contemplar todos os fatores e garantias necessárias para
assegurar aos clientes a entrega de um nível mínimo e/ou médio de velocidade de
tráfego, sendo-lhes possível, tão somente, convencionar contratualmente um teto
nominal para o serviço. Tal entendimento é compartilhado pelo Office of
Communications (Ofcom, UK) que destaca, em seu Código de prática para Banda
Larga, que estas disparidades podem ser resultado de um número extenso de fatores,
incluindo as características da rede do cliente, a capacidade instalada das redes dos
provedores de internet, o número de assinantes compartilhando a rede, o número de
pessoas acessando um determinado website, etc. Complementarmente, o relatório da
OOKLA , responsável pelas medições de velocidade disponíveis em websites como
Speedtest.net e Pingtest.net, e pela elaboração do Net Index uma compilação livre de
resultados de mais de 1,5 milhão de resultados de teste, separados por regiões
geográficas aponta que a mensuração da banda larga é um processo altamente
variável: a realização de testes entre pontos de maior ou menor distância podem
introduzir latência, reduzindo a velocidade de download. Fora da rede da prestadora
do serviço, a Internet é ainda em sua maior parte uma rede descentralizada,
imprevisível e não gerenciável. O desafio do regulador, neste caso, deveria ser
recolocado: o problema não passa, efetivamente, pela imposição de metas e
obrigações de entrega de velocidade, mas buscar formas de se reduzir a diferença
entre as expectativas do consumidor e a velocidade entregue do serviço. Este
propósito, entretanto, exige de antemão a implementação de métodos e sistemas de
aferição realizados de forma controlada e na rede da prestadora, de forma a
minimizar, respectivamente, erros de medida e a influência de fatores não
gerenciáveis na avaliação do desempenho. Como se verá a seguir, esta percepção é
contemplada pela experiência internacional na oferta do serviço de banda larga. 1.3
Experiência Internacional Dadas as limitações expostas nas seções anteriores no que
se refere à possibilidade de se atender a todos os usuários da forma típica de rede
determinística; cujo desempenho seja consistente, embora não completamente
administrável, fim-a-fim (isto é, em toda extensão de rede, equipamentos e
aplicações, incluindo terminais dos usuários, servidores e redes de outras
prestadoras); a prática internacional para regulação e prestação do serviço de SCM
não acolhe a definição de limites mínimos e médios para parâmetros de velocidade,
tampouco rege acerca de parâmetros de Qualidade do Serviço como latência, jitter e
perda de pacotes. O trabalho da Price Waterhouse Coopers anexado a esta
contribuição apresenta diversos estudos de caso e demonstra que a proposta de
regulamento da ANATEL não apresenta similaridade em nenhuma das
Administrações estudadas, que representam mais de 40% dos acessos em banda
larga disponibilizados no mundo. Trabalho da consultoria Cullen International,
avalia com detalhes o quadro regulatório relativo à qualidade do serviço em diversos
países da OCDE, incluindo França, Alemanha, Itália, Holanda, Suécia, Espanha e
Reino Unido. De modo geral, a prática internacional não dá suporte à aplicação de
metas previstas pela Consulta Pública N 46. Os países pesquisados tem primado pela
adoção de políticas e ações que aumentam a transparência e a padronização das
informações no que se refere às características e desempenho dos serviços
contratados, permitindo ao consumidor mais informações sobre o que lhe é entregue
(capacidade de acesso), bem como favorecer uma maior comparabilidade entre as
prestadoras e planos anunciados. Estas são, inclusive, as recomendações da UIT, que
elenca, entre os pilares para incentivar a demanda pelo serviço de banda larga em
países em desenvolvimento ( Building broadband: Strategies and policies for the
developing world ), ações com o objetivo de fornecer aos consumidores informações
acerca dos provedores, opções de preço e tecnologia disponível . Como destaca o
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) em
estudo recente sobre o desempenho das redes de banda larga, o processo de
avaliação de qualidade do serviço deve ter como objetivo primordial: (...) informar
ao consumidor brasileiro sobre a adequação de produtos e serviços aos critérios
estabelecidos em normas e regulamentos técnicos, contribuindo para que ele faça
escolhas melhor fundamentadas em suas decisões de compra ao levar em
consideração outros atributos além do preço e, por consequência, torná-lo parte
integrante do processo de melhoria da indústria nacional; A mensuração e auditoria
de indicadores de rede em condições controladas e com metodologia adequada de
amostragem e coleta, aliada a uma política de divulgação ampla dos resultados em
canais de venda encontra consonância com a prática internacional na regulação do
serviço, que privilegia a concorrência e as preferências do consumidor como força
motriz da melhoria dos serviços e a iniciativa das firmas em adequar seus produtos a
padrões técnicos e diferenciá-los em relação aos outros players. Como expõe o Guia
do Policymaker para Gerenciamento de Rede , elaborado pela The Information
Technology & Innovation Foundation: Consumers expect the advertised bandwidth
to be the guaranteed bandwidth, and if they are throttled below the peak advertised
performance, they get dissatisfied. The obvious solution to this problem is clear
disclo sure, but no ISP wants to come out and advertise the minimum and maximum
performance of its services unilaterally while its competitors continue to em bellish
their offerings by touting peak performance. Government can play an important role
in helping to solve this problem by mandating broadband advertis ing rules that
require both the guaranteed and peak performance figures to ensure an even playing
field between ISPs providing broadband. Em sintonia com as melhores práticas, o
FCC americano tem tratado o tema, provendo aos consumidores e à sociedade maior
informação acerca dos serviços de banda larga correntemente oferecidos no país
(ver, a respeito, o relatório Measuring Broadband America ). Adicionalmente,
publicou o Guia do Consumidor para Banda Larga Residencial (Broadband Service
for the Home: A Consumer s Guide), que busca informar melhor os consumidores
sobre como medir, comparar e escolher as melhores prestadoras do serviço e os
melhores planos de acordo com as suas necessidades. A diferenciação dos serviços,
possível através do correto dimensionamento e gerenciamento da rede, permite que
usuários de perfil menos intensivo acessem a rede a preços menores, enquanto os
usuários mais intensivos, que ocupam maior banda e/ou requerem condições
diferenciadas de tráfego, arquem com um preço proporcionalmente maior,
compatível com um serviço de maior valor agregado. Deve ficar claro ao
consumidor, entretanto, que mesmo serviços de alto desempenho estarão submetidos
a um grau de imprevisibilidade e instabilidade no acesso (jitter e congestionamento
em horários de pico, por exemplo), graças às características da rede IP (melhor
esforço e topologia estatística). A tarefa de um regulador, como o FCC, deve passar
pela orientação dos consumidores: Several factors can slow down your Internet
speed: an old or slow router, an old or slow computer, using the Internet at peak
times (7 p.m 11 p.m.), using high-bandwidth applications or sites, or having several
household members online at once. Your network configuration, including wireless
networks, can also affect speed. If your broadband speed is slower than you
expected, start by seeing whether changing equipment or changing the way you use
the Internet improves your broadband experience. However, don t hesitate to call
your service provider if these measures don t work and your internet connection
simply seems too slow. Do ponto de vista das prestadoras, a responsabilidade deve
recair sobre uma maior clareza contratual no serviço entregue ao consumidor,
particularmente quanto aos fatores limitantes de velocidade, e em serviços de pós-
venda, colaborando para solução tempestiva de conflitos e problemas que possam
afetar a experiência do usuário. A AT&T, uma das empresas líderes no segmento de
banda larga, detalha aspectos similares em seus termos de serviço: The speeds
identified at http://www.att.com/speedtiers are Service Capability Speeds, which are
the downstream rates at which your line transfers Internet access data between the
network interface device at your home, office or apartment building to the first piece
of routing equipment in AT&T s network. Service Capability Speeds should not be
confused with Throughput Speed, which is the speed at which your modem receives
and sends Internet access data ( Throughput Speed. ). These speeds may vary and
are not guaranteed. Throughput speed depends upon many factors including
customer location, destination and traffic on the Internet, interference with high
frequency spectrum on your telephone line, wiring inside your home, office or
apartment, the capacity or performance of your computer or modem, the server with
which you are communicating, internal network factors, and the networks you and
others are using when communicating. In order to provide a consistently high-
quality video service, AT&T U-verse High Speed Internet throughput speeds may be
temporarily reduced when a customer is using other U-verse services in a manner
that requires high bandwidth. This could occur more often with higher speed
Internet access products. No caso da Espanha, também não há obrigação de
prestação do serviço a uma velocidade mínima garantida, mas as prestadoras de
serviços de banda larga fixa e móvel são orientadas para evitar que as velocidades
informadas na comercialização dos produtos não excedam o limite teórico permitido
pela respectiva tecnologia. Além disso, as empresas têm o dever de informar os
usuários finais dos fatores relevantes que podem restringir a velocidade efetiva da
banda larga que será entregue, previamente à assinatura do contrato. A agência
regulatória do Reino Unido (Ofcom) favorece a adoção de inovações e mecanismos
regulatórios de baixo impacto (não interventivos), que preservem princípios de
transparência, proporcionalidade e eficiência na gestão dos recursos. Neste sentido,
a solução do Ofcom para lidar com questões de qualidade no serviço de banda larga
foi a criação de um mecanismo de autorregulação: o Broadband Speeds Code of
Practice. Este Código de Práticas estabelece uma série de princípios, aos quais as
prestadoras do serviço podem acatar voluntariamente e, assim, sinalizar diferenciais
competitivos em relação a outras prestadoras do mesmo serviço. Entre os princípios
elencados no código, pode-se citar: (i) treinamento e capacitação adequados da
equipe de vendas e de representantes comerciais; (ii) provisão de informações no
ponto de venda; (iii) acurácia das informações sobre velocidade ofertadas pelos
provedores; (iv) suporte à solução de problemas dos usuários relacionados à
velocidade; (v) apresentação das informações sobre banda larga nos websites; (vi)
adequação ao cronograma do código; (vii) monitoramento da adequação ao código e
cooperação com o Ofcom; (viii) alertar e informar o consumidor sobre o Código de
prática no processo de venda. O consumidor, melhor informado, é o responsável
pela escolha do serviço que melhor lhe oferece garantias, condições e a melhor
experiência do serviço. Sob a ótica das melhores práticas, portanto, cabe ressaltar
que a intenção da ANATEL em aumentar e refinar as informações disponíveis sobre
desempenho e qualidade do SCM encontra respaldo internacional, na medida em
que busca resguardar a transparência na oferta do serviço, com vistas à manutenção
dos direitos e do bem-estar dos consumidores. Tal intento, entretanto, quando
convertido em insumo para criação de metas e obrigações artificiais de velocidade e
desempenho de rede, como pretende a Consulta Pública No 46, consuma uma
intervenção regulatória sem paralelo relevante no estado da arte da regulação
mundial, cujos impactos podem se revelar negativos e significativos para o setor de
telecomunicações e para o bem-estar dos consumidores, como tratado na próxima
seção. 3.6 Solicitações de Instalação de Serviço Art.23 O Sinditelebrasil reconhece
que da proposta de Consulta Pública para a versão aprovada do regulamento, no que
tange este indicador, houve uma evolução com o reconhecimento pela Agência de
que a meta que estava sendo proposta era desprovida de razoabilidade. Assim, a
meta passou de 3 dias para 10 dias. Apesar de entendermos que o ideal seria uma
meta de 12 dias, vamos reiterar a ANATEL apenas a nossa solicitação quanto ao
percentual de solicitações que devem atender o prazo. Solicitamos que a ANATEL
considere a possibilidade de definir um percentual progressivo, ano a ano, iniciando-
se com 75% , passando para 80% no segundo ano e 85% do terceiro ano em diante.
Acreditamos, ainda que, deveria ser definido um percentual máximo de 0,5% para
solicitações atendidas com mais de 30 dias úteis, que cobriria casos excepcionais. 4
Dos Artigos questionados no RGQ do SMP 4.1 Disposições Preliminares - RGQ-
SMP - Art. 10 Valem os mesmo comentários feitos no item 3.1 do RGQ-SCM 4.2
Disposições Preliminares - RGQ-SMP - Art. 11 O Sinditelebrasil reitera a sua
proposta para que a redação do artigo seja alterada para: Art. 11. A prestadora deve
informar e colocar à disposição dos Usuários, por meio adequado, mapas detalhados
indicando a sua área de cobertura. Justificativa: Não há razoabilidade de se exigir
que a operadora disponibilize mapas de sua cobertura em todos os setores de
atendimento, até porque nem todos os meios de comunicação permitem a
visualização de mapas. A proposta alternativa não traz nenhum prejuízo ao usuário
vez que ele vai ser orientado nos pontos de venda sobre como acessar os mapas de
cobertura da empresa. 4.3 INDICADORES DE REAÇÃO DO ASSINANTE Art.13
e 14 Os artigos 13 e 14 do RGQ-SMP são referentes a taxa de reclamações e taxa de
reclamações na ANATEL. Além das observações feitas nos itens 3.1 e 3.2 desta
Contribuição relativas ao RGQ do SCM, o Sinditelebrasil traz para reflexão da
Agência a necessidade de se apertar a meta para 1%, no caso do SMP-1. O Serviço
Móvel Pessoal ofertado no Brasil experimenta uma enorme concorrência. Não é
razoável que a ANATEL adote o caminho inverso ao que seria natural para um
mercado tão competitivo como o nosso do SMP. Ao invés de gradativamente a
Agência buscar a flexibilização e reduzir a intervenção, para os Indicadores que vem
sendo apurados ao longo de uma década em áreas de enorme competição e manter
os padrões de qualidade que vinham sendo exigidos para garantir a qualidade em
áreas onde a competição ainda não se apresenta tão intensa, a ANATEL aperta os
indicadores de qualidade a níveis desproporcionais e não razoáveis, inclusive em
áreas de intensa competição, onde as leis de mercado têm total condição de regular a
oferta. Concluindo, não concordamos com a alteração da meta e reiteramos a
observação quanto a não se comutar as reclamações não procedentes e mantemos a
nossa posição de eliminação do indicador de taxa de reclamações na ANATEL. 4.4
Indicadores de Rede Art. 15 a 19 Conforme será exposto nos indicadores
comentados a seguir, a ANATEL adotou uma postura de adotar metas extremamente
rígidas, procedimentos operacionais de apuração do indicador por CN, ao invés de
por área de prestação como era feito antes, e procedimentos operacionais de
cômputo do indicador muito mais severos. Como já mencionamos isso não se
coaduna com o cenário de alta competição do SMP e não é razoável que a ANATEL
adote o caminho inverso ao que seria natural para um mercado tão competitivo
como o nosso do SMP. Ao invés de gradativamente a Agência buscar a
flexibilização e reduzir a intervenção, para os Indicadores que vem sendo apurados
ao longo de uma década em áreas de enorme competição e manter os padrões de
qualidade que vinham sendo exigidos para garantir a qualidade em áreas onde a
competição ainda não se apresenta tão intensa, a ANATEL aperta os indicadores de
qualidade a níveis desproporcionais e não razoáveis, inclusive em áreas de intensa
competição, onde as leis de mercado têm total condição de regular a oferta. a) O
Sinditelebrasil gostaria de reiterar as colocações feitas quanto ao completamento de
chamadas, indicador SMP-4. A meta de 67% foi mantida, porém as chamadas
completadas com mensagem orientativa ou redirecionadas a caixa postal deixaram
de ser computadas como OK. É da natureza do serviço que o cliente pode estar com
seu telefone desligado, por falta de bateria ou por estar em alguma reunião ou evento
ou mesmo quando não queira ser incomodado. O nome do serviço é Móvel Pessoal,
assim cabe à pessoa definir se desliga ou não seu celular. A prestadora nada pode
fazer para completar chamadas destinadas a tais terminais. Nesses casos, a chamada
é interceptada com uma mensagem orientativa ou redirecionada para a caixa postal,
caso o usuário originador queira deixar algum recado ao destinatário. Estas
chamadas não podem mais ser consideradas como OK. No caso das chamadas
redirecionadas para a caixa postal, só no caso do usuário ter deixado uma mensagem
é que ela poderá ser considerada completada. Tecnicamente, as prestadoras não têm
como identificar se o cliente deixa ou não a mensagem. Dessa forma, fica
demonstrado que a ANATEL mudou significativamente e substancialmente a forma
de computar o indicador, penalizando de forma não razoável as prestadoras e
manteve a meta, o que caracteriza a desproporcionalidade da medida vez que as
prestadoras não têm o que fazer em casos desse tipo. Atualmente o número de
chamadas interceptadas representa, em média, 20% das chamadas completadas,
sendo que esta interceptação se faz necessária por motivos que independem da
qualidade da rede da prestadora, e tem por objetivo informar ao usuário chamador
qual motivo impede que o usuário de destino receba a sua chamada. A exemplo
destes motivos temos a situação (i) de número inexistente, digitado de forma errada
ou incompleta, (ii) assinantes impossibilitados de receber chamadas porque não
possuem créditos ou estão inadimplente, (iii) usuários com o telefone desligado ou
fora da área de cobertura, (iv) assinantes que solicitam a suspensão voluntária e
temporária da prestação do serviço por motivos particulares. Não considerar essas
chamadas para cálculo do indicador implica em atribuir às prestadoras a culpa pelo
não atendimento de uma chamada quando, na verdade, esta chamada não é atendida
por fatores que independem das ações das prestadoras, que não poderão nem mesmo
desenvolver melhorias para elevar o percentual de chamadas atendidas. Não é
razoável condicionar o completamento da chamada ao fato dos usuários chamados
deixarem ou não uma mensagem de voz ao usuário chamado. Deixar recado é uma
decisão do usuário chamador que está fora do controle das prestadoras. Além disto,
a modernidade dos serviços oferecidos pelas prestadoras do SMP faz com que
diversos fatores não contribuam ou incentivem o usuário chamador deixar a
mensagem, dentre eles: (i) usuário chamador pagará pela chamada, (ii) usuário de
destino paga pelo resgate da mensagem, (iii) a comunicação por mensagem de texto
entre terminais móveis tem menor custo, mais rapidez, mais prática e eficaz, (iv) em
razão do custo pelo resgate da mensagem de voz muitos usuários optam por não ter
o correio de voz, (v) serviços como o correio de voz e que não incidem em custo
para o resgate do recado são oferecidos pelas prestadoras em alternativa aos usuários
que não querem o correio de voz, (vi) a internet oferece diversos meios de rápida
comunicação e envio de mensagens com custo inferior ao da telefonia. Nossa
solicitação é para que seja mantida a meta e os procedimento de cômputo e coleta
existentes nas Res 335 e 317 da ANATEL. b) Quanto ao indicador SMP-5, que
pretende medir congestionamento, se trata de um indicador novo e para o qual
gostaríamos de mencionar que a metodologia proposta para cálculo do indicador,
multiplicação do bloqueio de TCH pelo bloqueio de sinalização, não nos parece a
melhor forma para avaliar este indicador de congestionamento. Reiteramos nossos
comentários feitos na CP 27. O indicador proposto na Consulta Pública tem base nos
parâmetros de QoS encontrados nas normas do órgão europeu ETSI. Ele só pode ser
medido por contadores a partir de medidas estatísticas do controlador da ERB o que
introduz erros nas medições, ao contrário do modelo dos indicadores existentes que
são calculados sobre informações padronizadas obtidas dos registros CDR que não
tomaram canal de tráfego, mas foram registrados na central. As redes das
prestadoras do SMP podem ter diversos fornecedores de controladores de ERB e
fontes de informações diferentes e sem padrão para estes contadores. Deve-se,
portanto, repensar a coleta deste indicador a partir de equipamentos externos a rede
das prestadoras que simulassem tentativas de originação e terminação de chamadas.
Assim, a alternativa mais correta é que a taxa proposta fosse somente um item de
controle e verificação, com efeito comparativo, mas sem imputar penalidades por
seu descumprimento. Em princípio, até atestar sua viabilidade, propõe-se a
necessária avaliação do indicador durante um período (12 ou 24 meses) para, então,
haver a definição de meta de acompanhamento. A meta atual não possui parâmetro
em normas internacionais, em simulações o percentual varia entre 80% a 95%, a
depender da região e horário de simulação. Entendemos que a meta aprovada está
demasiadamente apertada, uma vez que os próprios documentos que a suportam,
originários do ETSI, apresentam uma confiabilidade de 95% . Vale ressaltar que,
somente a fase de projeto das redes de acesso, leva em consideração uma perda, por
equipamento, de 2%. A forma de apresentação por CN não corresponde a menor
coleta e não representa um elemento de percepção do usuário visto que o indicador é
coletado por controlador de ERB. O menor elemento de coleta possível seria por
CCC. c) Indicador de envio de Mensagens de Texto A meta para este novo indicador
é a entrega ao usuário final em até 60 (sessenta) segundos no mínimo em 95%
(noventa e cinco por cento) dos casos, no mês. Reiteramos que esta meta é
desproporcional e não é razoável. O regulamento não se manifesta quanto às
situações em que o terminal de destino está fora da área de cobertura, desligado,
caixa cheia (para determinados terminais). Adicionalmente, o regulamento permite a
interpretação de que seriam computadas as mensagens destinadas para fora da rede
da prestadora de origem o que dificulta ainda mais o atingimento da meta. Dessa
forma, reiteramos nossa proposta quanto a adoção de nossa contribuição na CP 27.
Art. 19. Todas as tentativas válidas de envio de mensagens de texto devem resultar
em entrega ao usuários, em até 60 (sessenta) segundos, no mínimo em 70% (oitenta
por cento) dos casos. Justificativa: O Regulamento do SMP, estabelece a
obrigatoriedade de entrega da mensagem em 60 até segundo, e menciona que deve
ser considerado o estado da estação móvel do usuário. Assim, é importante que o
texto do PGMQ não deixe dúvidas sobre quais mensagens devem ser consideradas
para cálculo do indicador: somente as chamadas válidas, ou seja, aquelas em que o
usuário de destino está apto a receber a mensagem, o que não foi contemplado.
Assim, entende-se que devem ser medidos, neste indicador, os atributos de
responsabilidade da prestadora, que se encerram com a entrega da mensagem na
prestadora de destino. A partir desta entrega, o recebimento pelo usuário final
depende da qualidade da rede da prestadora de destino, do terminal móvel do
destinatário estar habilitado, apto e dentro da área de cobertura. Deve ainda ser
considerado que o Regulamento do SMP, embora estabeleça que a entrega da
mensagem deva se dar em até sessenta segundos, reconhece os cenários de
impossibilidade desta entrega em várias situações e determina que para as chamadas
que não forem entregues neste prazo permaneçam as tentativas de entrega pelo prazo
de 24 horas. Desse modo, não restam dúvidas que a Anatel reconhece as diversas
situações que impossibilitam a entrega da mensagem ao usuário de destino na
primeira tentativa, e, portanto, não deve recair sobre a prestadora do SMP a
responsabilidade pela falta do recebimento efetivo pelo usuário de destino. Deve-se
destacar, ademais, que a meta de 95% é bastante agressiva, difícil atendimento e, por
ser este um novo indicador de qualidade, o correto é haver uma tomada histórica de
dados, como item de verificação e controle para, ao final, definir-se uma meta
aceitável e devidamente testada. Tampouco a forma de apresentação do indicador
pode ser por CN. A sua coleta só pode ser realizada na Plataforma sistêmica
responsável pelo controle e envio da mensagem, na qual não existe esta separação.
Normalmente existe uma plataforma de SMS que atende toda a prestadora ou, no
máximo uma por área de prestação. A proposta, então, é que haja a apresentação por
Grupo Econômico ou por Plataforma de Mensagem ou por Termo de Autorização.
Adicionalmente, gostaríamos que a Anatel inclui-se a definição: Criação de uma
definição: Mensagem de Texto: permite o envio e a recepção na Estação Móvel de
pequenas mensagens de texto 4.5 Indicadores de Conexão de Dados Art. 20 a 23
Além dos comentários já realizados para os indicadores de Rede do RGQ-SCM,
chamamos a atenção de que no caso do SMP, por se tratar de um serviço móvel
apresenta limitações que a própria tecnologia wireless impõe: interferências,
variações na qualidade do sinal, número de usuários utilizando a rede num
segmento. Assim, situações em que em um determinado momento o terminal pode
estar próximo ou distante da Estação Rádio Base influem significativamente na
velocidade de navegação. Da mesma forma, o número variável de usuários
atendidos pela mesma Estação Rádio Base em um determinado momento,
compartilhando os mesmos recursos disponibilizados naquela região influem na
velocidade disponibilizada para navegação na Internet. Pelo exposto, O
Sinditelebrasil reitera a sua posição quanto ao não estabelecimento de metas para os
Indicadores de Conexão de dados que vão demandar investimentos em volume
expressivo, seja para readequação da rede e da planta de equipamentos atuais, seja
pela revisão dos custos e projetos relativos ao investimento programado para
expansão de rede. O Sinditelebrasil defende que, com vistas ao aprimoramento do
serviço e dada a sua elevada importância em um cenário de convergência
tecnológica, a ANATEL adote, de forma similar ao que praticamente todas as
Administrações do mundo adotam, diretrizes gerais de transparência e baixo grau de
intervencionismo. O SindiTelebrasil defende que sejam realizadas medidas a partir
da metodologia que está sendo discutida no âmbito do GIPAQ, e que os resultados
obtidos, de todas as operadoras, para os indicadores de rede sejam objeto de ampla
divulgação pela ANATEL em seu site. Um modelo diferente do que foi adotado pela
Resolução 575, onde foram estabelecidas metas extremamente rígidas, a ponto de se
definir uma meta de 80% para a velocidade média de navegação e 40% para a
velocidade mínima em relação a velocidade ofertada, que em função das
características do serviço prestado e das redes que lhe dão suporte propiciarão uma
enxurrada de processos de apuração de descumprimento de obrigação, mesmo que
as empresas invistam fortunas em suas redes, no sentido de buscar atender estas
metas estabelecidas
Contribuição N°: 154
ID da
Contribuição: 58490
Autor da
Contribuição: Alexander Castro
Data da
Contribuição: 01/02/2012 19:46:31
Contribuição:
CONTRIBUIÇÃO DO SINDITELEBRASIL à CONSULTA
PÚBLICA 02 / 2012 1 - Considerações Iniciais O
SindiTelebrasil apresenta as suas contribuições à Consulta
Pública 02 / 2012, onde defende que a ANATEL estabeleça
condições que devam ser observadas pelas operadoras dos
serviços de telecomunicações de forma a garantir a qualidade
do serviço percebido pelo usuário, mas que os Instrumentos
utilizados para esta finalidade sejam revestidos dos princípios
básicos previstos na Lei geral de Telecomunicações, em seus
Artigos 38 e 135, quais sejam da razoabilidade, da
proporcionalidade e da igualdade. Art. 38. A atividade da
Agência será juridicamente condicionada pelos princípios da
legalidade, celeridade, finalidade, razoabilidade,
proporcionalidade, impessoalidade, igualdade, devido processo
legal, publicidade e moralidade. Art. 135. A Agência poderá,
excepcionalmente, em face de relevantes razões de caráter
coletivo, condicionar a expedição de autorização à aceitação,
pelo interessado, de compromissos de interesse da coletividade.
Parágrafo único. Os compromissos a que se refere o caput serão
objeto de regulamentação, pela Agência, observados os
princípios da razoabilidade, proporcionalidade e igualdade. 2 -
Considerações Gerais Do RIQ SCM O Regulamento de Gestão
da Qualidade do Serviço de Comunicação Multimídia (RGQ-
SCM) estabelece, pela primeira vez, as metas de qualidade a
serem cumpridas pelas Prestadoras do Serviço de Comunicação
Multimídia (SCM), assim como os critérios de avaliação, de
obtenção de dados e acompanhamento da qualidade da
prestação do serviço. Deve ser registrado e enfatizado que se
trata do estabelecimento de metas de qualidade de um serviço
que já vem sendo comercializado há bastante tempo, com
preços definidos em função da qualidade que é oferecida, dos
custos de implantação, expansão, modernização e manutenção
das redes que lhe dão suporte, assim como de toda a
infraestrutura de pré e pós venda envolvida. O SindiTelebrasil
ao longo das Consultas Públicas 27 e 46 apresentou inúmeras
contribuições, a maioria delas elaboradas por organismos de
terceira parte, que trataram da questão dos indicadores de
Conexão à Internet (SMP) e dos Indicadores de Rede (SCM) de
forma isenta e apenas dedicadas a apresentar uma abordagem
técnica sobre o tema. Entre eles, podemos citar os trabalhos do
CPqD, da Price Waterhouse Coopers e a apresentação feita pela
SAMKNOWS no Seminário de Qualidade de Banda Larga
promovido pelo SindiTelebrasil em 2011, todos eles entregues
à ANATEL ao longo das mencionadas consultas públicas. Em
todos os trabalhos apresentados ficou demonstrado a
dificuldade e até mesmo a inviabilidade técnica de se garantir
velocidades mínimas ou médias de navegação, além de ter sido
demonstrado que praticamente todas as Administrações não
optaram pelo caminho do intervencionismo e da ameaça de
sancionamento como um modelo para se alcançar a excelência
na oferta do serviço. Conforme será detalhado ao longo dessa
contribuição o Sinditelebrasil defende que o estabelecimento
das metas para os Indicadores de Rede do SCM vão demandar
investimentos em volume expressivo, seja para readequação da
rede e da planta de equipamentos atuais, seja pela revisão dos
custos e projetos relativos ao investimento programado para
expansão de rede. O Sinditelebrasil defende que, com vistas ao
aprimoramento do serviço e dada a sua elevada importância em
um cenário de convergência tecnológica, a ANATEL adote, de
forma similar ao que praticamente todas as Administrações do
mundo adotam, diretrizes gerais de transparência e baixo grau
de intervencionismo. O SindiTelebrasil defende que sejam
realizadas medidas a partir da metodologia definida no novo
Regulamento, e que os resultados obtidos, de todas as
operadoras, para os indicadores de rede sejam objeto de ampla
divulgação pela ANATEL em seu site. Um modelo diferente do
que foi adotado pela Resolução 574, onde foram estabelecidas
metas extremamente rígidas, a ponto de se definir uma meta de
80% para a velocidade média de navegação e 40% para a
velocidade mínima em relação a velocidade ofertada, que em
função das características do serviço prestado e das redes que
lhe dão suporte propiciarão uma enxurrada de processos de
apuração de descumprimento de obrigação, mesmo que as
empresas invistam fortunas em suas redes, no sentido de buscar
atender estas metas estabelecidas. Apesar da Oferta de Banda
Larga no Brasil estar experimentando um grande crescimento,
seja em termos de velocidade de acesso, seja em termos de uma
melhor distribuição da oferta desses acessos em todo o
território nacional, ainda temos um longo caminho a percorrer
para colocarmos o Brasil no mesmo patamar das
Administrações que estão no topo do ranking mundial de oferta
de banda larga. Reconhecemos esse fato. Entretanto, deve ser
considerado que o foco Governamental nos primeiros anos de
privatização estava voltado para a universalização do Serviço
Telefônico Fixo Comutado - STFC e na massificação do
Serviço Móvel Pessoal e os resultados obtidos foram
expressivos. Estamos na década da Banda Larga e dos Serviços
convergentes. Acreditamos que no ritmo que estão sendo
ofertados novos acessos em Banda Larga pelas empresas que
exploram o SCM e o SMP, estimulado pela adoção de
alavancas (políticas públicas) que fomentem a demanda e a
expansão de infraestrutura em todo o território nacional, o
Brasil em 2020 estará muito mais próximo das Administrações
que mais se destacam a nível mundial na oferta de banda Larga.
Não é necessário que a Administração Brasileira opte pelo
caminho solitário do intervencionismo e da ameaça do
sancionamento para buscar se atingir os mesmos objetivos. É
natural que os organismos de defesa do consumidor tenham se
posicionado favoravelmente a esse modelo aprovado pela
ANATEL nas CP s 27 e 46. Como consumidor queremos
sempre ter a opção do acesso ao serviço, com a melhor
qualidade possível e ao menor preço. Entendemos que não será
diferente agora nesta Consulta Pública. Porém, acreditamos que
cabe ao Órgão Regulador, minimizar a análise emocional e
política do tema e de forma isenta observar a manutenção
principalmente dos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade estabelecidos na LGT ao estabelecer novos
condicionamentos mesmo em face de relevantes razões de
caráter coletivo. Do RIQ SMP É fato que a ANATEL, em face
dos avanços tecnológicos e do crescimento das necessidades de
serviços por parte da sociedade, pode rever, a qualquer tempo,
as metas de qualidade do serviço, observado o disposto na
regulamentação vigente e nos respectivos Termos de
Autorização. A Resolução 575 é o resultado da revisão do
Plano Geral de Metas de Qualidade do SMP, em vigência desde
2002. Ocorre que, conforme será detalhado ao longo dessas
contribuições, a Agência, para indicadores que vem sendo
apurados ao longo de 10 anos, em alguns casos procedeu a
alteração de metas e em outros manteve a meta mas alterou o
método de coleta e medição. Como resultado, chegamos a
métricas para os indicadores de rede que inviabilizam técnica e
economicamente a sua obtenção, conforme será demonstrado
nesta contribuição. Para os indicadores de Conexão de Dados
valem os mesmos comentários que apresentamos anteriormente
para o Serviço de Comunicação Multimídia, agravados pelas
características intrínsecas do serviço móvel, onde em um
determinado momento o terminal pode estar próximo ou
distante da Estação Rádio Base. Também deve ser considerado,
o número de usuários atendidos pela mesma Estação Rádio
Base em um determinado momento, compartilhando os
mesmos recursos disponibilizados naquela região e que podem
reduzir a velocidade disponibilizada para navegação na
Internet. O Serviço Móvel Pessoal ofertado no Brasil
experimenta uma enorme concorrência. Não é razoável que a
ANATEL adote o caminho inverso ao que seria natural para
um mercado tão competitivo como o nosso do SMP. Ao invés
de gradativamente a Agência buscar a flexibilização e reduzir a
intervenção, para os Indicadores que vem sendo apurados ao
longo de uma década em áreas de enorme competição e manter
os padrões de qualidade que vinham sendo exigidos para
garantir a qualidade em áreas onde a competição ainda não se
apresenta tão intensa, a ANATEL aperta os indicadores de
qualidade a níveis desproporcionais e não razoáveis, inclusive
em áreas de intensa competição, onde as leis de mercado têm
total condição de regular a oferta. Apenas para exemplificar, a
situação dos indicadores de rede, tomemos como exemplo o
completamento de chamadas. A meta de 67% foi mantida,
porém as chamadas completadas com mensagem orientativa ou
redirecionadas a caixa postal deixaram de ser computadas
como OK. É da natureza do serviço que o cliente pode estar
com seu telefone desligado, por falta de bateria ou por estar em
alguma reunião ou evento ou mesmo quando não queira ser
incomodado. O nome do serviço é Móvel Pessoal, assim cabe à
pessoa definir se desliga ou não seu celular. A prestadora nada
pode fazer para completar chamadas destinadas a tais terminais.
Nesses casos, a chamada é interceptada com uma mensagem
orientativa ou redirecionada para a caixa postal, caso o usuário
originador queira deixar algum recado ao destinatário. Estas
chamadas não podem mais ser consideradas como OK. No caso
das chamadas redirecionadas para a caixa postal, só no caso do
usuário ter deixado uma mensagem é que ela poderá ser
considerada completada. Tecnicamente, as prestadoras não têm
como identificar se o cliente deixa ou não a mensagem. Dessa
forma, fica demonstrado que a ANATEL mudou
significativamente e substancialmente a forma de computar o
indicador, penalizando de forma não razoável as prestadoras e
manteve a meta, o que caracteriza a desproporcionalidade da
medida vez que as prestadoras não têm o que fazer em casos
desse tipo. 3 Dos Artigos questionados no RIQ do SCM 3.1. O
Art. 8 do RIQ do SCM O parágrafo único deste artigo
estabelece que a Anatel pode utilizar métodos alternativos dos
previstos neste Regulamento para coleta de dados dos
Indicadores para comprovação do cumprimento das metas
estabelecidas neste Regulamento. No parágrafo único do artigo
o Regulamento define que caso o valor do indicador informado
pela Prestadora seja diferente daquele obtido pela Anatel por
métodos alternativos, prevalecerá sob todos os aspectos, aquele
obtido pela Agência. Contribuição: O Sinditelebrasil reitera a
sua posição de que o parágrafo único de tal artigo seja retirado
do regulamento. Sugere ainda a seguinte redação para o Artigo
8 : A qualquer tempo a Anatel pode acompanhar a coleta de
dados das prestadoras do SCM e, a seu critério, realizar uma
nova coleta de dados, utilizando recursos próprios ou de
terceiros, para fins de determinação de indicador considerando
metodologia definida neste regulamento. Justificativa: Os
Regulamentos do RIQ-SMP e do RIQ-SCM criaram o GIPAQ -
Grupo de Implantação de Processos de Aferição da Qualidade,
cuja coordenação é da ANATEL. No regulamento fica claro
que todo o processo de aferição da qualidade de Banda larga,
por exemplo, será intensamente discutido e aprovado no âmbito
do GIPAQ e, que em caso de não haver consenso, os conflitos
no âmbito do GIPAQ serão decididos pelos representantes da
ANATEL. Adicionalmente, a ANATEL poderá realizar
auditorias na Entidade Aferidora da Qualidade - EAQ, cobrar
dados diretamente da mesma entidade, etc. Fica claro que toda
a metodologia será aprovada pela ANATEL e ainda mais, será
auditada por ela própria. Assim sendo, não é razoável e trata-se
de uma medida desprovida de proporcionalidade admitir-se no
regulamento a possibilidade da ANATEL utilizar uma
metodologia em paralelo àquela criada por ela mesma e pior,
em caso de conflito ente os resultados apurados, valem os
métodos alternativos. Ora se o método que a ANATEL
discutiu, aprovou e implementou via EAQ não é razoável ou
conduz a resultados equivocados, que se discuta um novo
método no âmbito do GIPAQ, mas não que seja aberta a
possibilidade de adoção de um outro método, sem prévia
discussão com as empresas e demais membros do GIPAQ.
Neste aspecto a redação aqui proposta, baseada no artigo 8 do
Anexo da Resolução n 335 / 2003 RIQ SMP, com pequenas
alterações exprime de forma mais adequada a intenção da
Anatel para este artigo. Métodos alternativos de coleta são
contrários aos próprios princípios e conceitos do RGQ-SCM
que preza pela forma idônea de coleta de dados por meio da
certificação oficial. 3.2 SCM 1 - Taxa de Reclamações
Recebidas - Art.11 O Sinditelebrasil não concorda com a
manutenção no cômputo do indicador das reclamações não
procedentes. Justificativa: Prestadora não deve ser penalizada
pela contabilização de reclamações que não procedem sob o
enfoque de suas responsabilidades. O Sinditelebrasil reitera a
sua contribuição feita no âmbito da CP 27 e 46 quanto aos
meios de reclamação considerados para efeito deste indicador.
As operadoras divulgam em seus sites a relação dos meios
disponibilizados para o registro de reclamações por seus
assinantes e apenas os meios de comunicação oficialmente
indicados pela Prestadora devem ser considerados para
reconhecimento e contabilização de contato feito por seus
assinantes. 3.3 SCM 2 Reclamações recebidas na Anatel versus
o número total de reclamações recebidas Art.12 O
Sinditelebrasil reitera a supressão desse Indicador. Justificativa:
Aqui não se aplica o princípio da razoabilidade. Esta métrica
objetiva incentivar as prestadoras a aperfeiçoar o tratamento de
reclamações. Entretanto, a taxa de reclamações na Anatel não
deve ser classificada como um indicador de qualidade. Empresa
pode ter número de reclamações reduzido demonstrando a
satisfação da maioria esmagadora de seus clientes com o
serviço prestado. Mesmo assim, este número reduzido de
clientes, que não representa a qualidade do serviço prestado
pela operadora, a partir de um simples protocolo obtido no
sistema de atendimento automático da prestadora, pode
registrar na ANATEL a sua reclamação mesmo que ela tenha
sido analisada e concluída como improcedente pela operadora.
Registre-se que aqui também se fere o princípio da
proporcionalidade, pois da forma como foi publicado, o
Regulamento considera que as reclamações improcedentes
devem ser computadas. Nesse caso, voltando ao exemplo de
um SCM-1 próximo de zero por cento, caracterizando uma
excelente prestação de serviço, os clientes que reclamaram de
forma improcedente podem reiterar a reclamação na ANATEL
e SCM-2 não é atingido. A manutenção desse indicador
caracteriza uma distorção. 3.4 - SCM 3 - Reclamações com
reabertura Art. 13 O Sinditelebrasil não concorda com a
manutenção no cômputo do indicador das reclamações não
procedentes que venham a ser reabertas. Justificativa:
Prestadora não deve ser penalizada pela contabilização de
reclamações que não procedem sob o enfoque de suas
responsabilidades e que são reabertas. O Sinditelebrasil reitera
a sua contribuição feita no âmbito da CP 27 e 46 quanto aos
meios de reclamação considerados para efeito deste indicador.
As operadoras divulgam em seus sites a relação dos meios
disponibilizados para o registro de reclamações por seus
assinantes e apenas os meios de comunicação oficialmente
indicados pela Prestadora devem ser considerados para
reconhecimento e contabilização de contato feito por seus
assinantes. O Sinditelebrasil reitera a mesma divergência
quanto aos meios de reclamação considerados para efeito deste
indicador. Posição idêntica ao indicador de Taxa de
Reclamações (SCM-1). 3.5 Indicadores de Rede Art. 16 a 21 O
Sinditelebrasil registra que a ANATEL não discutiu com as
operadoras nem apresentou nenhum estudo Análise de Impacto
Regulatório demonstrando o impacto econômico que tais
métricas trariam para as prestadoras de SCM e SMP.
Tampouco, discutiu com as empresas ou apresentou algum
estudo justificando tecnicamente a definição dos níveis
mínimos de qualidade estabelecidos na proposta de
regulamento e da falta de AIR Análise de Impacto Regulatório.
O Regulamento de Gestão da Qualidade do Serviço de
Comunicação Multimídia (RGQ-SCM) estabelece, pela
primeira vez, as metas de qualidade a serem cumpridas pelas
Prestadoras do Serviço de Comunicação Multimídia (SCM),
assim como os critérios de avaliação, de obtenção de dados e
acompanhamento da qualidade da prestação do serviço. Deve
ser registrado e enfatizado que se trata do estabelecimento de
metas de qualidade de um serviço que já vem sendo
comercializado há bastante tempo, com preços definidos em
função da qualidade que é oferecida, dos custos de
implantação, expansão, modernização e manutenção das redes
que lhe dão suporte, assim como de toda a infraestrutura de pré
e pós venda envolvida. O SindiTelebrasil ao longo das
Consultas Públicas 27 e 46 apresentou inúmeras contribuições,
a maioria delas elaboradas por organismos de terceira parte,
que trataram da questão dos indicadores de Conexão à Internet
(SMP) e dos Indicadores de Rede (SCM) de forma isenta e
apenas dedicadas a apresentar uma abordagem técnica sobre o
tema. Entre eles, podemos citar os trabalhos do CPqD, da Price
Waterhouse Coopers e a apresentação feita pela SAMKNOWS
no Seminário de Qualidade de Banda Larga promovido pelo
SindiTelebrasil em 2011, todos eles entregues à ANATEL ao
longo das mencionadas consultas públicas. Em todos os
trabalhos apresentados ficou demonstrado a dificuldade e até
mesmo a inviabilidade técnica de se garantir velocidades
mínimas ou médias de navegação, além de ter sido
demonstrado que praticamente todas as Administrações não
optaram pelo caminho do intervencionismo e da ameaça de
sancionamento como um modelo para se alcançar a excelência
na oferta do serviço. Conforme será detalhado ao longo dessa
contribuição o Sinditelebrasil defende que o estabelecimento
das metas para os Indicadores de Rede do SCM / SMP vão
demandar investimentos em volume expressivo, seja para
readequação da rede e da planta de equipamentos atuais, seja
pela revisão dos custos e projetos relativos ao investimento
programado para expansão de rede. O Sinditelebrasil defende
que, com vistas ao aprimoramento do serviço e dada a sua
elevada importância em um cenário de convergência
tecnológica, a ANATEL adote, de forma similar ao que
praticamente todas as Administrações do mundo adotam,
diretrizes gerais de transparência e baixo grau de
intervencionismo. O SindiTelebrasil defende que sejam
realizadas medidas a partir da metodologia definida no novo
Regulamento, e que os resultados obtidos, de todas as
operadoras, para os indicadores de rede sejam objeto de ampla
divulgação pela ANATEL em seu site. Um modelo diferente do
que foi adotado pela Resolução 574, onde foram estabelecidas
metas extremamente rígidas, a ponto de se definir uma meta de
80% para a velocidade média de navegação e 40% para a
velocidade mínima em relação a velocidade ofertada, que em
função das características do serviço prestado e das redes que
lhe dão suporte propiciarão uma enxurrada de processos de
apuração de descumprimento de obrigação, mesmo que as
empresas invistam fortunas em suas redes, no sentido de buscar
atender estas metas estabelecidas. Apesar da Oferta de Banda
Larga no Brasil estar experimentando um grande crescimento,
seja em termos de velocidade de acesso, seja em termos de uma
melhor distribuição da oferta desses acessos em todo o
território nacional, ainda temos um longo caminho a percorrer
para colocarmos o Brasil no mesmo patamar das
Administrações que estão no topo do ranking mundial de oferta
de banda larga. Reconhecemos esse fato. Entretanto, deve ser
considerado que o foco Governamental nos primeiros anos de
privatização estava voltado para a universalização do Serviço
Telefônico Fixo Comutado - STFC e na massificação do
Serviço Móvel Pessoal e os resultados obtidos foram
expressivos. Estamos na década da Banda Larga e dos Serviços
convergentes. Acreditamos que no ritmo que estão sendo
ofertados novos acessos em Banda Larga pelas empresas que
exploram o SCM e o SMP, estimulado pela adoção de
alavancas (políticas públicas) que fomentem a demanda e a
expansão de infraestrutura em todo o território nacional, o
Brasil em 2020 estará muito mais próximo das Administrações
que mais se destacam a nível mundial na oferta de banda Larga.
Não é necessário que a Administração Brasileira opte pelo
caminho solitário do intervencionismo e da ameaça do
sancionamento para buscar se atingir os mesmos objetivos. É
natural que os organismos de defesa do consumidor tenham se
posicionado favoravelmente a esse modelo aprovado pela
ANATEL nas CP s 27 e 46. Como consumidor queremos
sempre ter a opção do acesso ao serviço, com a melhor
qualidade possível e ao menor preço. Entendemos que não será
diferente agora nesta Consulta Pública. Porém, acreditamos que
cabe ao Órgão Regulador, minimizar a análise emocional e
política do tema e de forma isenta observar a manutenção
principalmente dos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade estabelecidos na LGT ao estabelecer novos
condicionamentos mesmo em face de relevantes razões de
caráter coletivo. Mais uma vez registramos que as métricas e
metas sugeridas não são adequadas para medir ou pautar o
desempenho do SCM, tanto pelas características da entrega do
serviço (best effort) e pela topologia estatística da rede IP,
quanto pela presença de fatores e elementos da rede não
gerenciáveis ou alheios à rede e à responsabilidade da
prestadora do serviço. O Sinditelebrasil já teve a oportunidade
de submeter a essa Agência estudo do CPqD onde são
detalhadas tais dificuldades. Os custos de readequação da
infraestrutura e dos novos acessos tendem a ser repassados aos
consumidores na forma de preços mais elevados, afetando
negativamente o consumo e a acessibilidade de um serviço
identificado como item prioritário para o desenvolvimento
nacional; A seguir extraímos as principais considerações que
fizemos por ocasião da CP 46. EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS
PARA JUSTIFICAR ALTERAÇÃO DA METODOLOGIA
PARA APURAÇÃO DOS INDICADORES DE REDE O
Sinditelebrasil entende que a Consulta Pública N 46 / 2011
celebra uma intervenção regulatória contraproducente aos seus
objetivos de gerir e avançar na qualidade do serviço,
introduzindo estrutura de incentivos desfavorável à promoção
dos investimentos necessários à oferta ampla e acessível do
serviço, com impactos deletérios sobre o bem-estar do
consumidor. Tal conclusão se justifica, em grande medida, por
que: (i) As métricas e metas de velocidade instantânea e média,
sugeridas no âmbito dos indicadores de rede para avaliação do
desempenho da banda larga, não são adequadas para medir ou
pautar o desempenho do SCM, tanto pelas características da
entrega do serviço (best effort) e pela topologia estatística da
rede IP, quanto pela presença de fatores e elementos da rede
não gerenciáveis ou alheios à rede e à responsabilidade da
prestadora do serviço;
......................................................................................................
................................ Tal intervenção regulatória não é usual na
experiência internacional e tampouco segue as recomendações
da União Internacional das Telecomunicações UIT; (ii) O
atendimento progressivo da Consulta Pública No 46, no que se
refere a metas e obrigações maiores de velocidade nos prazos
especificados, demandará investimentos em volume expressivo,
seja para readequação da rede e da planta de equipamentos
atuais, seja pela revisão dos custos e projetos relativos ao
investimento programado para expansão de rede, visto que a
mesma não acompanhou estudo prévio feito pela Agência; (iii)
Os custos supracitados de readequação da infraestrutura e dos
novos acessos tendem a ser repassados aos consumidores na
forma de preços mais elevados, afetando negativamente o
consumo e a acessibilidade de um serviço identificado como
item prioritário para o desenvolvimento nacional; Com vistas
ao aprimoramento do serviço e dada a sua elevada importância
em um cenário de convergência tecnológica, as melhores
práticas regulatórias tem se pautado em diretrizes gerais de
transparência e baixo grau de intervencionismo. Entendemos
ser possível atingir os objetivos da ANATEL através da adoção
de um código de prática em linha com o indicado pela
experiência internacional, atendendo-se, simultaneamente, aos
princípios destacados pela LGT para a regulação de serviços
prestados em regime privado, e ao melhor interesse do
consumidor em termos de qualidade e acessibilidade do
serviço. O Sinditelebrasil já teve a oportunidade de submeter a
essa Agência estudo do CPqD onde são abordadas as
dificuldades inerentes à eleição da velocidade como variável
determinante para a qualidade do serviço, bem como os
problemas envolvidos em sua mensuração nos termos da
consulta pública em questão. A seguir reiteramos as
características das redes que dão suporte às conexões à Internet
e elencamos as dificuldades existentes para aferição dos
indicadores de rede. 1.1 Dinâmica de redes estatísticas O
Serviço de Comunicação Multimídia é caracterizado pela
disponibilização de capacidade de transmissão, emissão e
recepção de tráfego multimídia (símbolos, caracteres, sinais,
escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza),
utilizando quaisquer meios, para usuários dentro de uma área
de prestação de serviço. Esta oferta de capacidade é
intermediada pelo Internet Protocol (IP), que organiza a
transmissão de pacotes (datagramas) e armazena as
informações de interesse do usuário (origem) e seu
endereçamento para outro ponto (destino) da Rede IP
(Internet). O protocolo permite, entre outras funções, que os
pacotes trafeguem a partir de sua origem em rotas através de
dispositivos de chaveamento intermediário (roteadores)
localizados em redes independentes, que armazenam e
despacham cada pacote (store-and-foward) para o dispositivo
seguinte, até que ele atinja seu endereço de destino (Figura 2).
Figura 2. Arquitetura de malha da Rede IP (Internet). Fonte:
LCA. Diferentemente da comutação de circuitos (como no caso
de sistemas de telefonia fixa convencionais), o sistema de
comutação de pacotes adotado nas Redes IP não reserva
circuito fim-a-fim: pacotes encaminhados a um roteador cujo
enlace de saída esteja ocupado são armazenados e aguardam
liberação do enlace (em fila) para serem encaminhados para o
nó seguinte de sua rota na rede (Figura 3). Como não existe
uma central de monitoramento de desempenho e os recursos
físicos (infraestrutura) de transmissão e roteamento são
compartilhados por todos os usuários e pacotes, o grau de
disponibilidade de enlaces na rede é dinâmico e o desempenho
de entrega de cada pacote é variável a cada instante. Figura 3.
Comutação de pacotes em redes IP (tecnologia xDSL) Segundo
destaca o Estudo sobre as condições de oferta dos serviços e
banda larga , elaborado pelo CPqD , as redes estatísticas de
comutação de pacotes empregam uma modalidade de
endereçamento, transmissão e entrega dos pacotes conhecida
como Melhor Esforço (best effort), que não oferece garantias
de entrega e integridade dos dados. Através deste serviço, todos
os usuários, aplicações e pacotes recebem tratamento
equivalente nos roteadores e enlaces, desde a origem até o
destino final, sem condições especiais para recuperação de
dados perdidos ou corrompidos: Atualmente, todas as redes que
compõem a Internet global possuem roteadores e tem este
comportamento, resultando em uma entrega de pacotes
baseadas no conceito de melhor esforço (best effort), onde os
atrasos ou perda de pacotes são completamente imprevisíveis e
a entrega dos pacotes é feita na base da tentativa . Pode-se dizer
que hoje, a Internet não provê a garantia de qualidade para os
serviços que utilizam o Protocolo IP, o que dificulta bastante a
garantia de velocidade e o uso de aplicações interativas e de
tempo real (como vídeo e voz sobre IP, por exemplo). (CPqD,
2010, p.83) Neste âmbito, são atribuídas taxas de transferência
(bitrate) variáveis aos usuários e pacotes, a depender do nível
corrente de utilização (ocupação) dos recursos da rede pela
base de usuários conectados. A velocidade , assim, apresenta-se
como produto de um número variado de parâmetros estruturais,
sazonais e esporádicos, particularmente no que se refere à
própria capacidade instantânea da rede em suportar múltiplas
transações simultâneas e administrar um volume variável e
potencialmente grande de dados fim-a-fim (isto é, entre os
pontos terminais de origem e destino dos pacotes). Em
decorrência destas características da Rede IP, o atendimento
aos critérios de integridade, atraso (delay), variação de latência
(jitter), taxa de descarte e perda de pacotes, etc., é referenciado
pela probabilidade dos respectivos pacotes serem transmitidos
com sucesso entre dois pontos da rede. No caso das redes
móveis, estes critérios estão sujeitos a um número adicional de
dificuldades, tanto pelas peculiaridades do meio aéreo de
tráfego (espectro de radiofrequência), quanto pela mobilidade
do usuário / terminal, o que aumenta a susceptibilidade do
acesso à rede a ruídos, sombreamento e interferências, com
riscos à queda de sinal e perda na transmissão de dados. Dado
que a malha da Internet é formada por um conjunto complexo
de tecnologias, equipamentos e redes independentes
interligadas por enlaces e meios de transmissão, a gestão
eficiente dos recursos colocados à disposição dos usuários pela
prestadora deve ser pautada pela melhor relação custo-
benefício no que se refere ao dimensionamento e ao
gerenciamento da infraestrutura de rede, de modo a atender às
distintas necessidades e demandas dos usuários em condições
compatíveis de preço e qualidade do serviço. Sendo a
capacidade um recurso escasso e de uso não-linear, sujeito,
portanto, a intervalos de ociosidade e horários de pico, mas
parcialmente gerenciável, a rede não precisa ser
superdimensionada (isto é, trabalhar com muita capacidade
ociosa) para acomodar um cenário hipotético em que todos os
usuários estejam conectados e demandem, simultaneamente,
toda banda à sua disposição . Como esclarece o CPqD:
Geralmente, o enlace da saída do concentrador não equivale à
soma de todas as velocidades de acesso dos usuários, já que a
probabilidade de todos usarem 100% da velocidade
simultaneamente é muito pequena, pois o uso não é linear e sim
estatístico. Por isso, é factível que o enlace tenha velocidade
menor do que a soma citada. (CPqD, 2010, p.25; grifos nossos)
Em suma, como não há reserva prévia de recursos para cada
usuário, os pacotes das aplicações que ingressam no tráfego
estão sujeitos às condições do tráfego naquele instante (best
effort), incluindo taxas distintas de atraso na entrega de pacotes
(jitter), entregas de pacote fora de ordem, duplicidade, ou
mesmo perda de integridade dos pacotes. Com efeito, um nível
adequado de dimensionamento da rede deve comportar,
paralelamente, ferramentas de gerenciamento de tráfego (como
roteamento, enfileiramento e hierarquização) para tornar mais
flexível e eficiente a banda disponível, acomodando melhor o
tráfego de aplicações e conteúdos específicos em horários de
pico e economizando (redirecionando) recursos ociosos da rede
para outras aplicações em horários de menor utilização. Dadas
as características do serviço atualmente ofertado através das
licenças do SCM e do encaminhamento de pacotes em redes
estatísticas através do melhor esforço, a proposta da Consulta
Pública N . 46 em estabelecer obrigações e metas mínimas para
parâmetros e indicadores de rede, como velocidade instantânea
e média, implicaria um dimensionamento artificial e
inadequado da rede, que passaria a adotar, no limite,
características de prioridade de tráfego e ocupação de enlaces
similares às verificadas em redes determinísticas. Neste caso,
na medida em que as prestadoras são contratadas para fornecer
ao cliente um circuito dedicado fim-a-fim, devem ser
remuneradas de forma proporcional à ociosidade da rede, isto é,
aos recursos alocados exclusivamente para cada cliente. Tal
esforço, além de produzir uma margem de capacidade ociosa
desnecessária por usuário, demandaria um volume significativo
de investimentos em readequação da rede atual e uma revisão
de projetos e investimentos de expansão do serviço. Ademais,
do ponto de vista técnico, não seria possível garantir por parte
das prestadoras tráfego pela rede IP em condições
suficientemente controladas para satisfazer todos os critérios
sugeridos pela Consulta Pública N . 46, dado que, como será
mais bem explorada a seguir, há condicionantes na rede interna
do cliente que afetam a qualidade do SCM sem que as
prestadoras do serviço possam atuar. A seguir abordaremos em
maiores detalhes as características técnicas do tráfego da rede
que afetam a garantia mínima de qualidade de serviço por uma
prestadora do SCM. 1.2 Características técnicas do tráfego da
rede Em se tratando de uma rede interligada de computadores
(e outras redes) notabilizada por sua natureza descentralizada,
os esforços direcionados à adequação e compatibilização das
redes ao tráfego crescente via protocolo IP esbarram em
limitações tecnológicas naturais, com reflexos importantes
sobre a experiência do usuário em termos de velocidade e
qualidade do serviço fim-a-fim, que dependem de inúmeros
fatores alheios ao controle das prestadoras. Há barreiras ao
tráfego dos pacotes espalhadas pelo trajeto entre o terminal /
aplicação do usuário e seu destino final, por exemplo, um
servidor de conteúdo localizado em outro país. A depender da
severidade destes obstáculos e da distância entre a origem e o
destino do sinal, podem-se configurar gargalos importantes,
com influência significativa sobre o desempenho da conexão
(endereçamento, condições de integridade e latência do envio e
entrega dos pacotes) e a percepção do assinante acerca da
qualidade e adequação do serviço contratado (em termos de
suporte às aplicações desejadas). As etapas a serem vencidas e
os respectivos obstáculos são apresentados na figura e tabela
abaixo. Figura 4. Modelo representativo de uma rede de
comunicação de protocolo IP Fonte: CPqD (2010). Tabela 1.
Pontos da rede de acesso à Internet Referência na Figura 4
Etapa / Posição na Rede Problemas e falhas comuns 1
Equipamento / Terminal do Cliente de um provedor Hardware
defasado (processador, memória e / ou placa da rede) Sistema
operacional e aplicativos de navegação (browsers) defasados ou
mal configurados; Pragas virtuais , incluindo vírus, Cavalos de
Tróia (trojans), malwares, etc. 2 Infraestrutura da Rede Interna
do Cliente Má configuração dos equipamentos de acesso.
Equipamentos não confiáveis ou qualificados, ou ainda com
bugs, incluindo roteadores, equipamentos Wi-Fi, hubs,
switches, etc. Cabeamento interno mal confeccionado, defasado
ou de má qualidade; Sobrecarga ou congestionamento no
equipamento de Borda que se liga ao cabeamento da
prestadora, ocasionando lag e descarte de pacotes; 3 Rede
externa Problemas físicos e de deterioração de cabos coaxiais,
fios de cobre ou fibra ótica; Interferências e ruídos no cabo de
cobre, e atenuação em cabos de fibra; Em acessos sem fio
(wireless), obstrução de sinais, condições impróprias de
propagação, interferências, degradação dos sistemas de
transmissão, etc.; 4,5 Equipamento concentrador da prestadora
Mau dimensionamento da capacidade de transmissão para
acomodar a oferta do serviço, gerando volume de pacotes a
serem encaminhados entre o equipamento e o roteador da
prestadora superiorà capacidade do enlace de saída
(oversubscription); 6 a 12 Roteadores e enlaces da rede de
dados de uma prestadora (sistema autônomo) Queda de enlaces
entre roteadores, gerando reajuste entre os roteadores para
encontrar novas rotas de encaminhamento (aumento do tempo
de convergência do protocolo de roteamento), com possível
perda momentânea de pacotes; Mau dimensionamento da
capacidade de transmissão, acarretando congestionamentos nas
filas de entrada e saída usadas para os roteadores processarem e
encaminharem os pacotes IP. Pode ocorrer por oversubscription
ou gargalos sazonais nos enlaces internacionais; 13 a 15
Servidores de conteúdo no destino e de controle no provedor
Configuração dos servidores de destino e do provedor de
conteúdo; Hardware defasado (processador, memória e / ou
placa da rede) Sistema operacional e aplicativos de navegação
(browsers) defasados ou mal configurados; Pragas virtuais ,
incluindo vírus, Cavalos de Tróia (trojans), malwares, etc.
Falhas e congestionamentos na rede interna da empresa que
hospeda os servidores, ou em seus elementos / equipamentos de
rede (roteadores, equipamentos WiFi, hubs, switches, etc.)
Fonte: CPqD (2010); Como as características assimétricas de
gestão e organização das plataformas e redes estão a cargo de
diferentes entes, a oferta do serviço de acesso à banda larga
fixa pelas empresas não é capaz de contemplar todos os fatores
e garantias necessárias para assegurar aos clientes a entrega de
um nível mínimo e / ou médio de velocidade de tráfego, sendo-
lhes possível, tão somente, convencionar contratualmente um
teto nominal para o serviço. Tal entendimento é compartilhado
pelo Office of Communications (Ofcom, UK) que destaca, em
seu Código de prática para Banda Larga, que estas disparidades
podem ser resultado de um número extenso de fatores,
incluindo as características da rede do cliente, a capacidade
instalada das redes dos provedores de internet, o número de
assinantes compartilhando a rede, o número de pessoas
acessando um determinado website, etc. Complementarmente,
o relatório da OOKLA , responsável pelas medições de
velocidade disponíveis em websites como Speedtest.net e
Pingtest.net, e pela elaboração do Net Index uma compilação
livre de resultados de mais de 1,5 milhão de resultados de teste,
separados por regiões geográficas aponta que a mensuração da
banda larga é um processo altamente variável: a realização de
testes entre pontos de maior ou menor distância podem
introduzir latência, reduzindo a velocidade de download. Fora
da rede da prestadora do serviço, a Internet é ainda em sua
maior parte uma rede descentralizada, imprevisível e não
gerenciável. O desafio do regulador, neste caso, deveria ser
recolocado: o problema não passa, efetivamente, pela
imposição de metas e obrigações de entrega de velocidade, mas
buscar formas de se reduzir a diferença entre as expectativas do
consumidor e a velocidade entregue do serviço. Este propósito,
entretanto, exige de antemão a implementação de métodos e
sistemas de aferição realizados de forma controlada e na rede
da prestadora, de forma a minimizar, respectivamente, erros de
medida e a influência de fatores não gerenciáveis na avaliação
do desempenho. Como se verá a seguir, esta percepção é
contemplada pela experiência internacional na oferta do serviço
de banda larga. 1.3 Experiência Internacional Dadas as
limitações expostas nas seções anteriores no que se refere à
possibilidade de se atender a todos os usuários da forma típica
de rede determinística; cujo desempenho seja consistente,
embora não completamente administrável, fim-a-fim (isto é, em
toda extensão de rede, equipamentos e aplicações, incluindo
terminais dos usuários, servidores e redes de outras
prestadoras); a prática internacional para regulação e prestação
do serviço de SCM não acolhe a definição de limites mínimos e
médios para parâmetros de velocidade, tampouco rege acerca
de parâmetros de Qualidade do Serviço como latência, jitter e
perda de pacotes. O trabalho da Price Waterhouse Coopers
anexado a esta contribuição apresenta diversos estudos de caso
e demonstra que a proposta de regulamento da ANATEL não
apresenta similaridade em nenhuma das Administrações
estudadas, que representam mais de 40% dos acessos em banda
larga disponibilizados no mundo. Trabalho da consultoria
Cullen International, avalia com detalhes o quadro regulatório
relativo à qualidade do serviço em diversos países da OCDE,
incluindo França, Alemanha, Itália, Holanda, Suécia, Espanha e
Reino Unido. De modo geral, a prática internacional não dá
suporte à aplicação de metas previstas pela Consulta Pública N
46. Os países pesquisados tem primado pela adoção de políticas
e ações que aumentam a transparência e a padronização das
informações no que se refere às características e desempenho
dos serviços contratados, permitindo ao consumidor mais
informações sobre o que lhe é entregue (capacidade de acesso),
bem como favorecer uma maior comparabilidade entre as
prestadoras e planos anunciados. Estas são, inclusive, as
recomendações da UIT, que elenca, entre os pilares para
incentivar a demanda pelo serviço de banda larga em países em
desenvolvimento ( Building broadband: Strategies and policies
for the developing world ), ações com o objetivo de fornecer
aos consumidores informações acerca dos provedores, opções
de preço e tecnologia disponível . Como destaca o Instituto
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(Inmetro) em estudo recente sobre o desempenho das redes de
banda larga, o processo de avaliação de qualidade do serviço
deve ter como objetivo primordial: (...) informar ao consumidor
brasileiro sobre a adequação de produtos e serviços aos
critérios estabelecidos em normas e regulamentos técnicos,
contribuindo para que ele faça escolhas melhor fundamentadas
em suas decisões de compra ao levar em consideração outros
atributos além do preço e, por consequência, torná-lo parte
integrante do processo de melhoria da indústria nacional; A
mensuração e auditoria de indicadores de rede em condições
controladas e com metodologia adequada de amostragem e
coleta, aliada a uma política de divulgação ampla dos
resultados em canais de venda encontra consonância com a
prática internacional na regulação do serviço, que privilegia a
concorrência e as preferências do consumidor como força
motriz da melhoria dos serviços e a iniciativa das firmas em
adequar seus produtos a padrões técnicos e diferenciá-los em
relação aos outros players. Como expõe o Guia do Policymaker
para Gerenciamento de Rede , elaborado pela The Information
Technology & Innovation Foundation: Consumers expect the
advertised bandwidth to be the guaranteed bandwidth, and if
they are throttled below the peak advertised performance, they
get dissatisfied. The obvious solution to this problem is clear
disclo sure, but no ISP wants to come out and advertise the
minimum and maximum performance of its services
unilaterally while its competitors continue to em bellish their
offerings by touting peak performance. Government can play
an important role in helping to solve this problem by mandating
broadband advertis ing rules that require both the guaranteed
and peak performance figures to ensure an even playing field
between ISPs providing broadband. Em sintonia com as
melhores práticas, o FCC americano tem tratado o tema,
provendo aos consumidores e à sociedade maior informação
acerca dos serviços de banda larga correntemente oferecidos no
país (ver, a respeito, o relatório Measuring Broadband America
). Adicionalmente, publicou o Guia do Consumidor para Banda
Larga Residencial (Broadband Service for the Home: A
Consumer s Guide), que busca informar melhor os
consumidores sobre como medir, comparar e escolher as
melhores prestadoras do serviço e os melhores planos de
acordo com as suas necessidades. A diferenciação dos serviços,
possível através do correto dimensionamento e gerenciamento
da rede, permite que usuários de perfil menos intensivo
acessem a rede a preços menores, enquanto os usuários mais
intensivos, que ocupam maior banda e / ou requerem condições
diferenciadas de tráfego, arquem com um preço
proporcionalmente maior, compatível com um serviço de maior
valor agregado. Deve ficar claro ao consumidor, entretanto, que
mesmo serviços de alto desempenho estarão submetidos a um
grau de imprevisibilidade e instabilidade no acesso (jitter e
congestionamento em horários de pico, por exemplo), graças às
características da rede IP (melhor esforço e topologia
estatística). A tarefa de um regulador, como o FCC, deve passar
pela orientação dos consumidores: Several factors can slow
down your Internet speed: an old or slow router, an old or slow
computer, using the Internet at peak times (7 p.m 11 p.m.),
using high-bandwidth applications or sites, or having several
household members online at once. Your network
configuration, including wireless networks, can also affect
speed. If your broadband speed is slower than you expected,
start by seeing whether changing equipment or changing the
way you use the Internet improves your broadband experience.
However, don t hesitate to call your service provider if these
measures don t work and your internet connection simply
seems too slow. Do ponto de vista das prestadoras, a
responsabilidade deve recair sobre uma maior clareza
contratual no serviço entregue ao consumidor, particularmente
quanto aos fatores limitantes de velocidade, e em serviços de
pós-venda, colaborando para solução tempestiva de conflitos e
problemas que possam afetar a experiência do usuário. A
AT&T, uma das empresas líderes no segmento de banda larga,
detalha aspectos similares em seus termos de serviço: The
speeds identified at http: / / www.att.com / speedtiers are
Service Capability Speeds, which are the downstream rates at
which your line transfers Internet access data between the
network interface device at your home, office or apartment
building to the first piece of routing equipment in AT&T s
network. Service Capability Speeds should not be confused
with Throughput Speed, which is the speed at which your
modem receives and sends Internet access data ( Throughput
Speed. ). These speeds may vary and are not guaranteed.
Throughput speed depends upon many factors including
customer location, destination and traffic on the Internet,
interference with high frequency spectrum on your telephone
line, wiring inside your home, office or apartment, the capacity
or performance of your computer or modem, the server with
which you are communicating, internal network factors, and
the networks you and others are using when communicating. In
order to provide a consistently high-quality video service,
AT&T U-verse High Speed Internet throughput speeds may be
temporarily reduced when a customer is using other U-verse
services in a manner that requires high bandwidth. This could
occur more often with higher speed Internet access products.
No caso da Espanha, também não há obrigação de prestação do
serviço a uma velocidade mínima garantida, mas as prestadoras
de serviços de banda larga fixa e móvel são orientadas para
evitar que as velocidades informadas na comercialização dos
produtos não excedam o limite teórico permitido pela
respectiva tecnologia. Além disso, as empresas têm o dever de
informar os usuários finais dos fatores relevantes que podem
restringir a velocidade efetiva da banda larga que será entregue,
previamente à assinatura do contrato. A agência regulatória do
Reino Unido (Ofcom) favorece a adoção de inovações e
mecanismos regulatórios de baixo impacto (não interventivos),
que preservem princípios de transparência, proporcionalidade e
eficiência na gestão dos recursos. Neste sentido, a solução do
Ofcom para lidar com questões de qualidade no serviço de
banda larga foi a criação de um mecanismo de autorregulação:
o Broadband Speeds Code of Practice. Este Código de Práticas
estabelece uma série de princípios, aos quais as prestadoras do
serviço podem acatar voluntariamente e, assim, sinalizar
diferenciais competitivos em relação a outras prestadoras do
mesmo serviço. Entre os princípios elencados no código, pode-
se citar: (i) treinamento e capacitação adequados da equipe de
vendas e de representantes comerciais; (ii) provisão de
informações no ponto de venda; (iii) acurácia das informações
sobre velocidade ofertadas pelos provedores; (iv) suporte à
solução de problemas dos usuários relacionados à velocidade;
(v) apresentação das informações sobre banda larga nos
websites; (vi) adequação ao cronograma do código; (vii)
monitoramento da adequação ao código e cooperação com o
Ofcom; (viii) alertar e informar o consumidor sobre o Código
de prática no processo de venda. O consumidor, melhor
informado, é o responsável pela escolha do serviço que melhor
lhe oferece garantias, condições e a melhor experiência do
serviço. Sob a ótica das melhores práticas, portanto, cabe
ressaltar que a intenção da ANATEL em aumentar e refinar as
informações disponíveis sobre desempenho e qualidade do
SCM encontra respaldo internacional, na medida em que busca
resguardar a transparência na oferta do serviço, com vistas à
manutenção dos direitos e do bem-estar dos consumidores. Tal
intento, entretanto, quando convertido em insumo para criação
de metas e obrigações artificiais de velocidade e desempenho
de rede, como pretende a Consulta Pública No 46, consuma
uma intervenção regulatória sem paralelo relevante no estado
da arte da regulação mundial, cujos impactos podem se revelar
negativos e significativos para o setor de telecomunicações e
para o bem-estar dos consumidores, como tratado na próxima
seção. 3.6 Solicitações de Instalação de Serviço Art.23 O
Sinditelebrasil reconhece que da proposta de Consulta Pública
para a versão aprovada do regulamento, no que tange este
indicador, houve uma evolução com o reconhecimento pela
Agência de que a meta que estava sendo proposta era
desprovida de razoabilidade. Assim, a meta passou de 3 dias
para 10 dias. Apesar de entendermos que o ideal seria uma
meta de 12 dias, vamos reiterar a ANATEL apenas a nossa
solicitação quanto ao percentual de solicitações que devem
atender o prazo. Solicitamos que a ANATEL considere a
possibilidade de definir um percentual progressivo, ano a ano,
iniciando-se com 75% , passando para 80% no segundo ano e
85% do terceiro ano em diante. Acreditamos, ainda que,
deveria ser definido um percentual máximo de 0,5% para
solicitações atendidas com mais de 30 dias úteis, que cobriria
casos excepcionais. 4 Dos Artigos questionados no RGQ do
SMP 4.1 Disposições Preliminares - RGQ-SMP - Art. 10
Valem os mesmo comentários feitos no item 3.1 do RGQ-SCM
4.2 Disposições Preliminares - RGQ-SMP - Art. 11 O
Sinditelebrasil reitera a sua proposta para que a redação do
artigo seja alterada para: Art. 11. A prestadora deve informar e
colocar à disposição dos Usuários, por meio adequado, mapas
detalhados indicando a sua área de cobertura. Justificativa: Não
há razoabilidade de se exigir que a operadora disponibilize
mapas de sua cobertura em todos os setores de atendimento, até
porque nem todos os meios de comunicação permitem a
visualização de mapas. A proposta alternativa não traz nenhum
prejuízo ao usuário vez que ele vai ser orientado nos pontos de
venda sobre como acessar os mapas de cobertura da empresa.
4.3 INDICADORES DE REAÇÃO DO ASSINANTE Art.13 e
14 Os artigos 13 e 14 do RGQ-SMP são referentes a taxa de
reclamações e taxa de reclamações na ANATEL. Além das
observações feitas nos itens 3.1 e 3.2 desta Contribuição
relativas ao RGQ do SCM, o Sinditelebrasil traz para reflexão
da Agência a necessidade de se apertar a meta para 1%, no caso
do SMP-1. O Serviço Móvel Pessoal ofertado no Brasil
experimenta uma enorme concorrência. Não é razoável que a
ANATEL adote o caminho inverso ao que seria natural para
um mercado tão competitivo como o nosso do SMP. Ao invés
de gradativamente a Agência buscar a flexibilização e reduzir a
intervenção, para os Indicadores que vem sendo apurados ao
longo de uma década em áreas de enorme competição e manter
os padrões de qualidade que vinham sendo exigidos para
garantir a qualidade em áreas onde a competição ainda não se
apresenta tão intensa, a ANATEL aperta os indicadores de
qualidade a níveis desproporcionais e não razoáveis, inclusive
em áreas de intensa competição, onde as leis de mercado têm
total condição de regular a oferta. Concluindo, não
concordamos com a alteração da meta e reiteramos a
observação quanto a não se comutar as reclamações não
procedentes e mantemos a nossa posição de eliminação do
indicador de taxa de reclamações na ANATEL. 4.4 Indicadores
de Rede Art. 15 a 19 Conforme será exposto nos indicadores
comentados a seguir, a ANATEL adotou uma postura de adotar
metas extremamente rígidas, procedimentos operacionais de
apuração do indicador por CN, ao invés de por área de
prestação como era feito antes, e procedimentos operacionais
de cômputo do indicador muito mais severos. Como já
mencionamos isso não se coaduna com o cenário de alta
competição do SMP e não é razoável que a ANATEL adote o
caminho inverso ao que seria natural para um mercado tão
competitivo como o nosso do SMP. Ao invés de
gradativamente a Agência buscar a flexibilização e reduzir a
intervenção, para os Indicadores que vem sendo apurados ao
longo de uma década em áreas de enorme competição e manter
os padrões de qualidade que vinham sendo exigidos para
garantir a qualidade em áreas onde a competição ainda não se
apresenta tão intensa, a ANATEL aperta os indicadores de
qualidade a níveis desproporcionais e não razoáveis, inclusive
em áreas de intensa competição, onde as leis de mercado têm
total condição de regular a oferta. a) O Sinditelebrasil gostaria
de reiterar as colocações feitas quanto ao completamento de
chamadas, indicador SMP-4. A meta de 67% foi mantida,
porém as chamadas completadas com mensagem orientativa ou
redirecionadas a caixa postal deixaram de ser computadas
como OK. É da natureza do serviço que o cliente pode estar
com seu telefone desligado, por falta de bateria ou por estar em
alguma reunião ou evento ou mesmo quando não queira ser
incomodado. O nome do serviço é Móvel Pessoal, assim cabe à
pessoa definir se desliga ou não seu celular. A prestadora nada
pode fazer para completar chamadas destinadas a tais terminais.
Nesses casos, a chamada é interceptada com uma mensagem
orientativa ou redirecionada para a caixa postal, caso o usuário
originador queira deixar algum recado ao destinatário. Estas
chamadas não podem mais ser consideradas como OK. No caso
das chamadas redirecionadas para a caixa postal, só no caso do
usuário ter deixado uma mensagem é que ela poderá ser
considerada completada. Tecnicamente, as prestadoras não têm
como identificar se o cliente deixa ou não a mensagem. Dessa
forma, fica demonstrado que a ANATEL mudou
significativamente e substancialmente a forma de computar o
indicador, penalizando de forma não razoável as prestadoras e
manteve a meta, o que caracteriza a desproporcionalidade da
medida vez que as prestadoras não têm o que fazer em casos
desse tipo. Atualmente o número de chamadas interceptadas
representa, em média, 20% das chamadas completadas, sendo
que esta interceptação se faz necessária por motivos que
independem da qualidade da rede da prestadora, e tem por
objetivo informar ao usuário chamador qual motivo impede que
o usuário de destino receba a sua chamada. A exemplo destes
motivos temos a situação (i) de número inexistente, digitado de
forma errada ou incompleta, (ii) assinantes impossibilitados de
receber chamadas porque não possuem créditos ou estão
inadimplente, (iii) usuários com o telefone desligado ou fora da
área de cobertura, (iv) assinantes que solicitam a suspensão
voluntária e temporária da prestação do serviço por motivos
particulares. Não considerar essas chamadas para cálculo do
indicador implica em atribuir às prestadoras a culpa pelo não
atendimento de uma chamada quando, na verdade, esta
chamada não é atendida por fatores que independem das ações
das prestadoras, que não poderão nem mesmo desenvolver
melhorias para elevar o percentual de chamadas atendidas. Não
é razoável condicionar o completamento da chamada ao fato
dos usuários chamados deixarem ou não uma mensagem de voz
ao usuário chamado. Deixar recado é uma decisão do usuário
chamador que está fora do controle das prestadoras. Além
disto, a modernidade dos serviços oferecidos pelas prestadoras
do SMP faz com que diversos fatores não contribuam ou
incentivem o usuário chamador deixar a mensagem, dentre
eles: (i) usuário chamador pagará pela chamada, (ii) usuário de
destino paga pelo resgate da mensagem, (iii) a comunicação
por mensagem de texto entre terminais móveis tem menor
custo, mais rapidez, mais prática e eficaz, (iv) em razão do
custo pelo resgate da mensagem de voz muitos usuários optam
por não ter o correio de voz, (v) serviços como o correio de voz
e que não incidem em custo para o resgate do recado são
oferecidos pelas prestadoras em alternativa aos usuários que
não querem o correio de voz, (vi) a internet oferece diversos
meios de rápida comunicação e envio de mensagens com custo
inferior ao da telefonia. Nossa solicitação é para que seja
mantida a meta e os procedimento de cômputo e coleta
existentes nas Res 335 e 317 da ANATEL. b) Quanto ao
indicador SMP-5, que pretende medir congestionamento, se
trata de um indicador novo e para o qual gostaríamos de
mencionar que a metodologia proposta para cálculo do
indicador, multiplicação do bloqueio de TCH pelo bloqueio de
sinalização, não nos parece a melhor forma para avaliar este
indicador de congestionamento. Reiteramos nossos
comentários feitos na CP 27. O indicador proposto na Consulta
Pública tem base nos parâmetros de QoS encontrados nas
normas do órgão europeu ETSI. Ele só pode ser medido por
contadores a partir de medidas estatísticas do controlador da
ERB o que introduz erros nas medições, ao contrário do
modelo dos indicadores existentes que são calculados sobre
informações padronizadas obtidas dos registros CDR que não
tomaram canal de tráfego, mas foram registrados na central. As
redes das prestadoras do SMP podem ter diversos fornecedores
de controladores de ERB e fontes de informações diferentes e
sem padrão para estes contadores. Deve-se, portanto, repensar a
coleta deste indicador a partir de equipamentos externos a rede
das prestadoras que simulassem tentativas de originação e
terminação de chamadas. Assim, a alternativa mais correta é
que a taxa proposta fosse somente um item de controle e
verificação, com efeito comparativo, mas sem imputar
penalidades por seu descumprimento. Em princípio, até atestar
sua viabilidade, propõe-se a necessária avaliação do indicador
durante um período (12 ou 24 meses) para, então, haver a
definição de meta de acompanhamento. A meta atual não
possui parâmetro em normas internacionais, em simulações o
percentual varia entre 80% a 95%, a depender da região e
horário de simulação. Entendemos que a meta aprovada está
demasiadamente apertada, uma vez que os próprios
documentos que a suportam, originários do ETSI, apresentam
uma confiabilidade de 95% . Vale ressaltar que, somente a fase
de projeto das redes de acesso, leva em consideração uma
perda, por equipamento, de 2%. A forma de apresentação por
CN não corresponde a menor coleta e não representa um
elemento de percepção do usuário visto que o indicador é
coletado por controlador de ERB. O menor elemento de coleta
possível seria por CCC. c) Indicador de envio de Mensagens de
Texto A meta para este novo indicador é a entrega ao usuário
final em até 60 (sessenta) segundos no mínimo em 95%
(noventa e cinco por cento) dos casos, no mês. Reiteramos que
esta meta é desproporcional e não é razoável. O regulamento
não se manifesta quanto às situações em que o terminal de
destino está fora da área de cobertura, desligado, caixa cheia
(para determinados terminais). Adicionalmente, o regulamento
permite a interpretação de que seriam computadas as
mensagens destinadas para fora da rede da prestadora de
origem o que dificulta ainda mais o atingimento da meta. Dessa
forma, reiteramos nossa proposta quanto a adoção de nossa
contribuição na CP 27. Art. 19. Todas as tentativas válidas de
envio de mensagens de texto devem resultar em entrega ao
usuários, em até 60 (sessenta) segundos, no mínimo em 70%
(oitenta por cento) dos casos. Justificativa: O Regulamento do
SMP, estabelece a obrigatoriedade de entrega da mensagem em
60 até segundo, e menciona que deve ser considerado o estado
da estação móvel do usuário. Assim, é importante que o texto
do PGMQ não deixe dúvidas sobre quais mensagens devem ser
consideradas para cálculo do indicador: somente as chamadas
válidas, ou seja, aquelas em que o usuário de destino está apto a
receber a mensagem, o que não foi contemplado. Assim,
entende-se que devem ser medidos, neste indicador, os
atributos de responsabilidade da prestadora, que se encerram
com a entrega da mensagem na prestadora de destino. A partir
desta entrega, o recebimento pelo usuário final depende da
qualidade da rede da prestadora de destino, do terminal móvel
do destinatário estar habilitado, apto e dentro da área de
cobertura. Deve ainda ser considerado que o Regulamento do
SMP, embora estabeleça que a entrega da mensagem deva se
dar em até sessenta segundos, reconhece os cenários de
impossibilidade desta entrega em várias situações e determina
que para as chamadas que não forem entregues neste prazo
permaneçam as tentativas de entrega pelo prazo de 24 horas.
Desse modo, não restam dúvidas que a Anatel reconhece as
diversas situações que impossibilitam a entrega da mensagem
ao usuário de destino na primeira tentativa, e, portanto, não
deve recair sobre a prestadora do SMP a responsabilidade pela
falta do recebimento efetivo pelo usuário de destino. Deve-se
destacar, ademais, que a meta de 95% é bastante agressiva,
difícil atendimento e, por ser este um novo indicador de
qualidade, o correto é haver uma tomada histórica de dados,
como item de verificação e controle para, ao final, definir-se
uma meta aceitável e devidamente testada. Tampouco a forma
de apresentação do indicador pode ser por CN. A sua coleta só
pode ser realizada na Plataforma sistêmica responsável pelo
controle e envio da mensagem, na qual não existe esta
separação. Normalmente existe uma plataforma de SMS que
atende toda a prestadora ou, no máximo uma por área de
prestação. A proposta, então, é que haja a apresentação por
Grupo Econômico ou por Plataforma de Mensagem ou por
Termo de Autorização. Adicionalmente, gostaríamos que a
Anatel inclui-se a definição: Criação de uma definição:
Mensagem de Texto: permite o envio e a recepção na Estação
Móvel de pequenas mensagens de texto 4.5 Indicadores de
Conexão de Dados Art. 20 a 23 Além dos comentários já
realizados para os indicadores de Rede do RGQ-SCM,
chamamos a atenção de que no caso do SMP, por se tratar de
um serviço móvel apresenta limitações que a própria tecnologia
wireless impõe: interferências, variações na qualidade do sinal,
número de usuários utilizando a rede num segmento. Assim,
situações em que em um determinado momento o terminal
pode estar próximo ou distante da Estação Rádio Base influem
significativamente na velocidade de navegação. Da mesma
forma, o número variável de usuários atendidos pela mesma
Estação Rádio Base em um determinado momento,
compartilhando os mesmos recursos disponibilizados naquela
região influem na velocidade disponibilizada para navegação
na Internet. Pelo exposto, O Sinditelebrasil reitera a sua posição
quanto ao não estabelecimento de metas para os Indicadores de
Conexão de dados que vão demandar investimentos em volume
expressivo, seja para readequação da rede e da planta de
equipamentos atuais, seja pela revisão dos custos e projetos
relativos ao investimento programado para expansão de rede. O
Sinditelebrasil defende que, com vistas ao aprimoramento do
serviço e dada a sua elevada importância em um cenário de
convergência tecnológica, a ANATEL adote, de forma similar
ao que praticamente todas as Administrações do mundo
adotam, diretrizes gerais de transparência e baixo grau de
intervencionismo. O SindiTelebrasil defende que sejam
realizadas medidas a partir da metodologia que está sendo
discutida no âmbito do GIPAQ, e que os resultados obtidos, de
todas as operadoras, para os indicadores de rede sejam objeto
de ampla divulgação pela ANATEL em seu site. Um modelo
diferente do que foi adotado pela Resolução 575, onde foram
estabelecidas metas extremamente rígidas, a ponto de se definir
uma meta de 80% para a velocidade média de navegação e 40%
para a velocidade mínima em relação a velocidade ofertada,
que em função das características do serviço prestado e das
redes que lhe dão suporte propiciarão uma enxurrada de
processos de apuração de descumprimento de obrigação,
mesmo que as empresas invistam fortunas em suas redes, no
sentido de buscar atender estas metas estabelecidas
Justificativa: segue a versão completa da Contribuição sem as figuras e a
tabela, em função do sistema não as aceitar
Contribuição N°: 155
ID da
Contribuição: 58491
Autor da
Contribuição: Alexander Castro
Data da
Contribuição: 01/02/2012 19:46:31
Contribuição:
CONTRIBUIÇÃO DO SINDITELEBRASIL à CONSULTA
PÚBLICA 02 / 2012 1 - Considerações Iniciais O
SindiTelebrasil apresenta as suas contribuições à Consulta
Pública 02 / 2012, onde defende que a ANATEL estabeleça
condições que devam ser observadas pelas operadoras dos
serviços de telecomunicações de forma a garantir a qualidade
do serviço percebido pelo usuário, mas que os Instrumentos
utilizados para esta finalidade sejam revestidos dos princípios
básicos previstos na Lei geral de Telecomunicações, em seus
Artigos 38 e 135, quais sejam da razoabilidade, da
proporcionalidade e da igualdade. Art. 38. A atividade da
Agência será juridicamente condicionada pelos princípios da
legalidade, celeridade, finalidade, razoabilidade,
proporcionalidade, impessoalidade, igualdade, devido processo
legal, publicidade e moralidade. Art. 135. A Agência poderá,
excepcionalmente, em face de relevantes razões de caráter
coletivo, condicionar a expedição de autorização à aceitação,
pelo interessado, de compromissos de interesse da coletividade.
Parágrafo único. Os compromissos a que se refere o caput serão
objeto de regulamentação, pela Agência, observados os
princípios da razoabilidade, proporcionalidade e igualdade. 2 -
Considerações Gerais Do RIQ SCM O Regulamento de Gestão
da Qualidade do Serviço de Comunicação Multimídia (RGQ-
SCM) estabelece, pela primeira vez, as metas de qualidade a
serem cumpridas pelas Prestadoras do Serviço de Comunicação
Multimídia (SCM), assim como os critérios de avaliação, de
obtenção de dados e acompanhamento da qualidade da
prestação do serviço. Deve ser registrado e enfatizado que se
trata do estabelecimento de metas de qualidade de um serviço
que já vem sendo comercializado há bastante tempo, com
preços definidos em função da qualidade que é oferecida, dos
custos de implantação, expansão, modernização e manutenção
das redes que lhe dão suporte, assim como de toda a
infraestrutura de pré e pós venda envolvida. O SindiTelebrasil
ao longo das Consultas Públicas 27 e 46 apresentou inúmeras
contribuições, a maioria delas elaboradas por organismos de
terceira parte, que trataram da questão dos indicadores de
Conexão à Internet (SMP) e dos Indicadores de Rede (SCM) de
forma isenta e apenas dedicadas a apresentar uma abordagem
técnica sobre o tema. Entre eles, podemos citar os trabalhos do
CPqD, da Price Waterhouse Coopers e a apresentação feita pela
SAMKNOWS no Seminário de Qualidade de Banda Larga
promovido pelo SindiTelebrasil em 2011, todos eles entregues
à ANATEL ao longo das mencionadas consultas públicas. Em
todos os trabalhos apresentados ficou demonstrado a
dificuldade e até mesmo a inviabilidade técnica de se garantir
velocidades mínimas ou médias de navegação, além de ter sido
demonstrado que praticamente todas as Administrações não
optaram pelo caminho do intervencionismo e da ameaça de
sancionamento como um modelo para se alcançar a excelência
na oferta do serviço. Conforme será detalhado ao longo dessa
contribuição o Sinditelebrasil defende que o estabelecimento
das metas para os Indicadores de Rede do SCM vão demandar
investimentos em volume expressivo, seja para readequação da
rede e da planta de equipamentos atuais, seja pela revisão dos
custos e projetos relativos ao investimento programado para
expansão de rede. O Sinditelebrasil defende que, com vistas ao
aprimoramento do serviço e dada a sua elevada importância em
um cenário de convergência tecnológica, a ANATEL adote, de
forma similar ao que praticamente todas as Administrações do
mundo adotam, diretrizes gerais de transparência e baixo grau
de intervencionismo. O SindiTelebrasil defende que sejam
realizadas medidas a partir da metodologia definida no novo
Regulamento, e que os resultados obtidos, de todas as
operadoras, para os indicadores de rede sejam objeto de ampla
divulgação pela ANATEL em seu site. Um modelo diferente do
que foi adotado pela Resolução 574, onde foram estabelecidas
metas extremamente rígidas, a ponto de se definir uma meta de
80% para a velocidade média de navegação e 40% para a
velocidade mínima em relação a velocidade ofertada, que em
função das características do serviço prestado e das redes que
lhe dão suporte propiciarão uma enxurrada de processos de
apuração de descumprimento de obrigação, mesmo que as
empresas invistam fortunas em suas redes, no sentido de buscar
atender estas metas estabelecidas. Apesar da Oferta de Banda
Larga no Brasil estar experimentando um grande crescimento,
seja em termos de velocidade de acesso, seja em termos de uma
melhor distribuição da oferta desses acessos em todo o
território nacional, ainda temos um longo caminho a percorrer
para colocarmos o Brasil no mesmo patamar das
Administrações que estão no topo do ranking mundial de oferta
de banda larga. Reconhecemos esse fato. Entretanto, deve ser
considerado que o foco Governamental nos primeiros anos de
privatização estava voltado para a universalização do Serviço
Telefônico Fixo Comutado - STFC e na massificação do
Serviço Móvel Pessoal e os resultados obtidos foram
expressivos. Estamos na década da Banda Larga e dos Serviços
convergentes. Acreditamos que no ritmo que estão sendo
ofertados novos acessos em Banda Larga pelas empresas que
exploram o SCM e o SMP, estimulado pela adoção de
alavancas (políticas públicas) que fomentem a demanda e a
expansão de infraestrutura em todo o território nacional, o
Brasil em 2020 estará muito mais próximo das Administrações
que mais se destacam a nível mundial na oferta de banda Larga.
Não é necessário que a Administração Brasileira opte pelo
caminho solitário do intervencionismo e da ameaça do
sancionamento para buscar se atingir os mesmos objetivos. É
natural que os organismos de defesa do consumidor tenham se
posicionado favoravelmente a esse modelo aprovado pela
ANATEL nas CP s 27 e 46. Como consumidor queremos
sempre ter a opção do acesso ao serviço, com a melhor
qualidade possível e ao menor preço. Entendemos que não será
diferente agora nesta Consulta Pública. Porém, acreditamos que
cabe ao Órgão Regulador, minimizar a análise emocional e
política do tema e de forma isenta observar a manutenção
principalmente dos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade estabelecidos na LGT ao estabelecer novos
condicionamentos mesmo em face de relevantes razões de
caráter coletivo. Do RIQ SMP É fato que a ANATEL, em face
dos avanços tecnológicos e do crescimento das necessidades de
serviços por parte da sociedade, pode rever, a qualquer tempo,
as metas de qualidade do serviço, observado o disposto na
regulamentação vigente e nos respectivos Termos de
Autorização. A Resolução 575 é o resultado da revisão do
Plano Geral de Metas de Qualidade do SMP, em vigência desde
2002. Ocorre que, conforme será detalhado ao longo dessas
contribuições, a Agência, para indicadores que vem sendo
apurados ao longo de 10 anos, em alguns casos procedeu a
alteração de metas e em outros manteve a meta mas alterou o
método de coleta e medição. Como resultado, chegamos a
métricas para os indicadores de rede que inviabilizam técnica e
economicamente a sua obtenção, conforme será demonstrado
nesta contribuição. Para os indicadores de Conexão de Dados
valem os mesmos comentários que apresentamos anteriormente
para o Serviço de Comunicação Multimídia, agravados pelas
características intrínsecas do serviço móvel, onde em um
determinado momento o terminal pode estar próximo ou
distante da Estação Rádio Base. Também deve ser considerado,
o número de usuários atendidos pela mesma Estação Rádio
Base em um determinado momento, compartilhando os
mesmos recursos disponibilizados naquela região e que podem
reduzir a velocidade disponibilizada para navegação na
Internet. O Serviço Móvel Pessoal ofertado no Brasil
experimenta uma enorme concorrência. Não é razoável que a
ANATEL adote o caminho inverso ao que seria natural para
um mercado tão competitivo como o nosso do SMP. Ao invés
de gradativamente a Agência buscar a flexibilização e reduzir a
intervenção, para os Indicadores que vem sendo apurados ao
longo de uma década em áreas de enorme competição e manter
os padrões de qualidade que vinham sendo exigidos para
garantir a qualidade em áreas onde a competição ainda não se
apresenta tão intensa, a ANATEL aperta os indicadores de
qualidade a níveis desproporcionais e não razoáveis, inclusive
em áreas de intensa competição, onde as leis de mercado têm
total condição de regular a oferta. Apenas para exemplificar, a
situação dos indicadores de rede, tomemos como exemplo o
completamento de chamadas. A meta de 67% foi mantida,
porém as chamadas completadas com mensagem orientativa ou
redirecionadas a caixa postal deixaram de ser computadas
como OK. É da natureza do serviço que o cliente pode estar
com seu telefone desligado, por falta de bateria ou por estar em
alguma reunião ou evento ou mesmo quando não queira ser
incomodado. O nome do serviço é Móvel Pessoal, assim cabe à
pessoa definir se desliga ou não seu celular. A prestadora nada
pode fazer para completar chamadas destinadas a tais terminais.
Nesses casos, a chamada é interceptada com uma mensagem
orientativa ou redirecionada para a caixa postal, caso o usuário
originador queira deixar algum recado ao destinatário. Estas
chamadas não podem mais ser consideradas como OK. No caso
das chamadas redirecionadas para a caixa postal, só no caso do
usuário ter deixado uma mensagem é que ela poderá ser
considerada completada. Tecnicamente, as prestadoras não têm
como identificar se o cliente deixa ou não a mensagem. Dessa
forma, fica demonstrado que a ANATEL mudou
significativamente e substancialmente a forma de computar o
indicador, penalizando de forma não razoável as prestadoras e
manteve a meta, o que caracteriza a desproporcionalidade da
medida vez que as prestadoras não têm o que fazer em casos
desse tipo. 3 Dos Artigos questionados no RIQ do SCM 3.1. O
Art. 8 do RIQ do SCM O parágrafo único deste artigo
estabelece que a Anatel pode utilizar métodos alternativos dos
previstos neste Regulamento para coleta de dados dos
Indicadores para comprovação do cumprimento das metas
estabelecidas neste Regulamento. No parágrafo único do artigo
o Regulamento define que caso o valor do indicador informado
pela Prestadora seja diferente daquele obtido pela Anatel por
métodos alternativos, prevalecerá sob todos os aspectos, aquele
obtido pela Agência. Contribuição: O Sinditelebrasil reitera a
sua posição de que o parágrafo único de tal artigo seja retirado
do regulamento. Sugere ainda a seguinte redação para o Artigo
8 : A qualquer tempo a Anatel pode acompanhar a coleta de
dados das prestadoras do SCM e, a seu critério, realizar uma
nova coleta de dados, utilizando recursos próprios ou de
terceiros, para fins de determinação de indicador considerando
metodologia definida neste regulamento. Justificativa: Os
Regulamentos do RIQ-SMP e do RIQ-SCM criaram o GIPAQ -
Grupo de Implantação de Processos de Aferição da Qualidade,
cuja coordenação é da ANATEL. No regulamento fica claro
que todo o processo de aferição da qualidade de Banda larga,
por exemplo, será intensamente discutido e aprovado no âmbito
do GIPAQ e, que em caso de não haver consenso, os conflitos
no âmbito do GIPAQ serão decididos pelos representantes da
ANATEL. Adicionalmente, a ANATEL poderá realizar
auditorias na Entidade Aferidora da Qualidade - EAQ, cobrar
dados diretamente da mesma entidade, etc. Fica claro que toda
a metodologia será aprovada pela ANATEL e ainda mais, será
auditada por ela própria. Assim sendo, não é razoável e trata-se
de uma medida desprovida de proporcionalidade admitir-se no
regulamento a possibilidade da ANATEL utilizar uma
metodologia em paralelo àquela criada por ela mesma e pior,
em caso de conflito ente os resultados apurados, valem os
métodos alternativos. Ora se o método que a ANATEL
discutiu, aprovou e implementou via EAQ não é razoável ou
conduz a resultados equivocados, que se discuta um novo
método no âmbito do GIPAQ, mas não que seja aberta a
possibilidade de adoção de um outro método, sem prévia
discussão com as empresas e demais membros do GIPAQ.
Neste aspecto a redação aqui proposta, baseada no artigo 8 do
Anexo da Resolução n 335 / 2003 RIQ SMP, com pequenas
alterações exprime de forma mais adequada a intenção da
Anatel para este artigo. Métodos alternativos de coleta são
contrários aos próprios princípios e conceitos do RGQ-SCM
que preza pela forma idônea de coleta de dados por meio da
certificação oficial. 3.2 SCM 1 - Taxa de Reclamações
Recebidas - Art.11 O Sinditelebrasil não concorda com a
manutenção no cômputo do indicador das reclamações não
procedentes. Justificativa: Prestadora não deve ser penalizada
pela contabilização de reclamações que não procedem sob o
enfoque de suas responsabilidades. O Sinditelebrasil reitera a
sua contribuição feita no âmbito da CP 27 e 46 quanto aos
meios de reclamação considerados para efeito deste indicador.
As operadoras divulgam em seus sites a relação dos meios
disponibilizados para o registro de reclamações por seus
assinantes e apenas os meios de comunicação oficialmente
indicados pela Prestadora devem ser considerados para
reconhecimento e contabilização de contato feito por seus
assinantes. 3.3 SCM 2 Reclamações recebidas na Anatel versus
o número total de reclamações recebidas Art.12 O
Sinditelebrasil reitera a supressão desse Indicador. Justificativa:
Aqui não se aplica o princípio da razoabilidade. Esta métrica
objetiva incentivar as prestadoras a aperfeiçoar o tratamento de
reclamações. Entretanto, a taxa de reclamações na Anatel não
deve ser classificada como um indicador de qualidade. Empresa
pode ter número de reclamações reduzido demonstrando a
satisfação da maioria esmagadora de seus clientes com o
serviço prestado. Mesmo assim, este número reduzido de
clientes, que não representa a qualidade do serviço prestado
pela operadora, a partir de um simples protocolo obtido no
sistema de atendimento automático da prestadora, pode
registrar na ANATEL a sua reclamação mesmo que ela tenha
sido analisada e concluída como improcedente pela operadora.
Registre-se que aqui também se fere o princípio da
proporcionalidade, pois da forma como foi publicado, o
Regulamento considera que as reclamações improcedentes
devem ser computadas. Nesse caso, voltando ao exemplo de
um SCM-1 próximo de zero por cento, caracterizando uma
excelente prestação de serviço, os clientes que reclamaram de
forma improcedente podem reiterar a reclamação na ANATEL
e SCM-2 não é atingido. A manutenção desse indicador
caracteriza uma distorção. 3.4 - SCM 3 - Reclamações com
reabertura Art. 13 O Sinditelebrasil não concorda com a
manutenção no cômputo do indicador das reclamações não
procedentes que venham a ser reabertas. Justificativa:
Prestadora não deve ser penalizada pela contabilização de
reclamações que não procedem sob o enfoque de suas
responsabilidades e que são reabertas. O Sinditelebrasil reitera
a sua contribuição feita no âmbito da CP 27 e 46 quanto aos
meios de reclamação considerados para efeito deste indicador.
As operadoras divulgam em seus sites a relação dos meios
disponibilizados para o registro de reclamações por seus
assinantes e apenas os meios de comunicação oficialmente
indicados pela Prestadora devem ser considerados para
reconhecimento e contabilização de contato feito por seus
assinantes. O Sinditelebrasil reitera a mesma divergência
quanto aos meios de reclamação considerados para efeito deste
indicador. Posição idêntica ao indicador de Taxa de
Reclamações (SCM-1). 3.5 Indicadores de Rede Art. 16 a 21 O
Sinditelebrasil registra que a ANATEL não discutiu com as
operadoras nem apresentou nenhum estudo Análise de Impacto
Regulatório demonstrando o impacto econômico que tais
métricas trariam para as prestadoras de SCM e SMP.
Tampouco, discutiu com as empresas ou apresentou algum
estudo justificando tecnicamente a definição dos níveis
mínimos de qualidade estabelecidos na proposta de
regulamento e da falta de AIR Análise de Impacto Regulatório.
O Regulamento de Gestão da Qualidade do Serviço de
Comunicação Multimídia (RGQ-SCM) estabelece, pela
primeira vez, as metas de qualidade a serem cumpridas pelas
Prestadoras do Serviço de Comunicação Multimídia (SCM),
assim como os critérios de avaliação, de obtenção de dados e
acompanhamento da qualidade da prestação do serviço. Deve
ser registrado e enfatizado que se trata do estabelecimento de
metas de qualidade de um serviço que já vem sendo
comercializado há bastante tempo, com preços definidos em
função da qualidade que é oferecida, dos custos de
implantação, expansão, modernização e manutenção das redes
que lhe dão suporte, assim como de toda a infraestrutura de pré
e pós venda envolvida. O SindiTelebrasil ao longo das
Consultas Públicas 27 e 46 apresentou inúmeras contribuições,
a maioria delas elaboradas por organismos de terceira parte,
que trataram da questão dos indicadores de Conexão à Internet
(SMP) e dos Indicadores de Rede (SCM) de forma isenta e
apenas dedicadas a apresentar uma abordagem técnica sobre o
tema. Entre eles, podemos citar os trabalhos do CPqD, da Price
Waterhouse Coopers e a apresentação feita pela SAMKNOWS
no Seminário de Qualidade de Banda Larga promovido pelo
SindiTelebrasil em 2011, todos eles entregues à ANATEL ao
longo das mencionadas consultas públicas. Em todos os
trabalhos apresentados ficou demonstrado a dificuldade e até
mesmo a inviabilidade técnica de se garantir velocidades
mínimas ou médias de navegação, além de ter sido
demonstrado que praticamente todas as Administrações não
optaram pelo caminho do intervencionismo e da ameaça de
sancionamento como um modelo para se alcançar a excelência
na oferta do serviço. Conforme será detalhado ao longo dessa
contribuição o Sinditelebrasil defende que o estabelecimento
das metas para os Indicadores de Rede do SCM / SMP vão
demandar investimentos em volume expressivo, seja para
readequação da rede e da planta de equipamentos atuais, seja
pela revisão dos custos e projetos relativos ao investimento
programado para expansão de rede. O Sinditelebrasil defende
que, com vistas ao aprimoramento do serviço e dada a sua
elevada importância em um cenário de convergência
tecnológica, a ANATEL adote, de forma similar ao que
praticamente todas as Administrações do mundo adotam,
diretrizes gerais de transparência e baixo grau de
intervencionismo. O SindiTelebrasil defende que sejam
realizadas medidas a partir da metodologia definida no novo
Regulamento, e que os resultados obtidos, de todas as
operadoras, para os indicadores de rede sejam objeto de ampla
divulgação pela ANATEL em seu site. Um modelo diferente do
que foi adotado pela Resolução 574, onde foram estabelecidas
metas extremamente rígidas, a ponto de se definir uma meta de
80% para a velocidade média de navegação e 40% para a
velocidade mínima em relação a velocidade ofertada, que em
função das características do serviço prestado e das redes que
lhe dão suporte propiciarão uma enxurrada de processos de
apuração de descumprimento de obrigação, mesmo que as
empresas invistam fortunas em suas redes, no sentido de buscar
atender estas metas estabelecidas. Apesar da Oferta de Banda
Larga no Brasil estar experimentando um grande crescimento,
seja em termos de velocidade de acesso, seja em termos de uma
melhor distribuição da oferta desses acessos em todo o
território nacional, ainda temos um longo caminho a percorrer
para colocarmos o Brasil no mesmo patamar das
Administrações que estão no topo do ranking mundial de oferta
de banda larga. Reconhecemos esse fato. Entretanto, deve ser
considerado que o foco Governamental nos primeiros anos de
privatização estava voltado para a universalização do Serviço
Telefônico Fixo Comutado - STFC e na massificação do
Serviço Móvel Pessoal e os resultados obtidos foram
expressivos. Estamos na década da Banda Larga e dos Serviços
convergentes. Acreditamos que no ritmo que estão sendo
ofertados novos acessos em Banda Larga pelas empresas que
exploram o SCM e o SMP, estimulado pela adoção de
alavancas (políticas públicas) que fomentem a demanda e a
expansão de infraestrutura em todo o território nacional, o
Brasil em 2020 estará muito mais próximo das Administrações
que mais se destacam a nível mundial na oferta de banda Larga.
Não é necessário que a Administração Brasileira opte pelo
caminho solitário do intervencionismo e da ameaça do
sancionamento para buscar se atingir os mesmos objetivos. É
natural que os organismos de defesa do consumidor tenham se
posicionado favoravelmente a esse modelo aprovado pela
ANATEL nas CP s 27 e 46. Como consumidor queremos
sempre ter a opção do acesso ao serviço, com a melhor
qualidade possível e ao menor preço. Entendemos que não será
diferente agora nesta Consulta Pública. Porém, acreditamos que
cabe ao Órgão Regulador, minimizar a análise emocional e
política do tema e de forma isenta observar a manutenção
principalmente dos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade estabelecidos na LGT ao estabelecer novos
condicionamentos mesmo em face de relevantes razões de
caráter coletivo. Mais uma vez registramos que as métricas e
metas sugeridas não são adequadas para medir ou pautar o
desempenho do SCM, tanto pelas características da entrega do
serviço (best effort) e pela topologia estatística da rede IP,
quanto pela presença de fatores e elementos da rede não
gerenciáveis ou alheios à rede e à responsabilidade da
prestadora do serviço. O Sinditelebrasil já teve a oportunidade
de submeter a essa Agência estudo do CPqD onde são
detalhadas tais dificuldades. Os custos de readequação da
infraestrutura e dos novos acessos tendem a ser repassados aos
consumidores na forma de preços mais elevados, afetando
negativamente o consumo e a acessibilidade de um serviço
identificado como item prioritário para o desenvolvimento
nacional; A seguir extraímos as principais considerações que
fizemos por ocasião da CP 46. EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS
PARA JUSTIFICAR ALTERAÇÃO DA METODOLOGIA
PARA APURAÇÃO DOS INDICADORES DE REDE O
Sinditelebrasil entende que a Consulta Pública N 46 / 2011
celebra uma intervenção regulatória contraproducente aos seus
objetivos de gerir e avançar na qualidade do serviço,
introduzindo estrutura de incentivos desfavorável à promoção
dos investimentos necessários à oferta ampla e acessível do
serviço, com impactos deletérios sobre o bem-estar do
consumidor. Tal conclusão se justifica, em grande medida, por
que: (i) As métricas e metas de velocidade instantânea e média,
sugeridas no âmbito dos indicadores de rede para avaliação do
desempenho da banda larga, não são adequadas para medir ou
pautar o desempenho do SCM, tanto pelas características da
entrega do serviço (best effort) e pela topologia estatística da
rede IP, quanto pela presença de fatores e elementos da rede
não gerenciáveis ou alheios à rede e à responsabilidade da
prestadora do serviço;
......................................................................................................
................................ Tal intervenção regulatória não é usual na
experiência internacional e tampouco segue as recomendações
da União Internacional das Telecomunicações UIT; (ii) O
atendimento progressivo da Consulta Pública No 46, no que se
refere a metas e obrigações maiores de velocidade nos prazos
especificados, demandará investimentos em volume expressivo,
seja para readequação da rede e da planta de equipamentos
atuais, seja pela revisão dos custos e projetos relativos ao
investimento programado para expansão de rede, visto que a
mesma não acompanhou estudo prévio feito pela Agência; (iii)
Os custos supracitados de readequação da infraestrutura e dos
novos acessos tendem a ser repassados aos consumidores na
forma de preços mais elevados, afetando negativamente o
consumo e a acessibilidade de um serviço identificado como
item prioritário para o desenvolvimento nacional; Com vistas
ao aprimoramento do serviço e dada a sua elevada importância
em um cenário de convergência tecnológica, as melhores
práticas regulatórias tem se pautado em diretrizes gerais de
transparência e baixo grau de intervencionismo. Entendemos
ser possível atingir os objetivos da ANATEL através da adoção
de um código de prática em linha com o indicado pela
experiência internacional, atendendo-se, simultaneamente, aos
princípios destacados pela LGT para a regulação de serviços
prestados em regime privado, e ao melhor interesse do
consumidor em termos de qualidade e acessibilidade do
serviço. O Sinditelebrasil já teve a oportunidade de submeter a
essa Agência estudo do CPqD onde são abordadas as
dificuldades inerentes à eleição da velocidade como variável
determinante para a qualidade do serviço, bem como os
problemas envolvidos em sua mensuração nos termos da
consulta pública em questão. A seguir reiteramos as
características das redes que dão suporte às conexões à Internet
e elencamos as dificuldades existentes para aferição dos
indicadores de rede. 1.1 Dinâmica de redes estatísticas O
Serviço de Comunicação Multimídia é caracterizado pela
disponibilização de capacidade de transmissão, emissão e
recepção de tráfego multimídia (símbolos, caracteres, sinais,
escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza),
utilizando quaisquer meios, para usuários dentro de uma área
de prestação de serviço. Esta oferta de capacidade é
intermediada pelo Internet Protocol (IP), que organiza a
transmissão de pacotes (datagramas) e armazena as
informações de interesse do usuário (origem) e seu
endereçamento para outro ponto (destino) da Rede IP
(Internet). O protocolo permite, entre outras funções, que os
pacotes trafeguem a partir de sua origem em rotas através de
dispositivos de chaveamento intermediário (roteadores)
localizados em redes independentes, que armazenam e
despacham cada pacote (store-and-foward) para o dispositivo
seguinte, até que ele atinja seu endereço de destino (Figura 2).
Figura 2. Arquitetura de malha da Rede IP (Internet). Fonte:
LCA. Diferentemente da comutação de circuitos (como no caso
de sistemas de telefonia fixa convencionais), o sistema de
comutação de pacotes adotado nas Redes IP não reserva
circuito fim-a-fim: pacotes encaminhados a um roteador cujo
enlace de saída esteja ocupado são armazenados e aguardam
liberação do enlace (em fila) para serem encaminhados para o
nó seguinte de sua rota na rede (Figura 3). Como não existe
uma central de monitoramento de desempenho e os recursos
físicos (infraestrutura) de transmissão e roteamento são
compartilhados por todos os usuários e pacotes, o grau de
disponibilidade de enlaces na rede é dinâmico e o desempenho
de entrega de cada pacote é variável a cada instante. Figura 3.
Comutação de pacotes em redes IP (tecnologia xDSL) Segundo
destaca o Estudo sobre as condições de oferta dos serviços e
banda larga , elaborado pelo CPqD , as redes estatísticas de
comutação de pacotes empregam uma modalidade de
endereçamento, transmissão e entrega dos pacotes conhecida
como Melhor Esforço (best effort), que não oferece garantias
de entrega e integridade dos dados. Através deste serviço, todos
os usuários, aplicações e pacotes recebem tratamento
equivalente nos roteadores e enlaces, desde a origem até o
destino final, sem condições especiais para recuperação de
dados perdidos ou corrompidos: Atualmente, todas as redes que
compõem a Internet global possuem roteadores e tem este
comportamento, resultando em uma entrega de pacotes
baseadas no conceito de melhor esforço (best effort), onde os
atrasos ou perda de pacotes são completamente imprevisíveis e
a entrega dos pacotes é feita na base da tentativa . Pode-se dizer
que hoje, a Internet não provê a garantia de qualidade para os
serviços que utilizam o Protocolo IP, o que dificulta bastante a
garantia de velocidade e o uso de aplicações interativas e de
tempo real (como vídeo e voz sobre IP, por exemplo). (CPqD,
2010, p.83) Neste âmbito, são atribuídas taxas de transferência
(bitrate) variáveis aos usuários e pacotes, a depender do nível
corrente de utilização (ocupação) dos recursos da rede pela
base de usuários conectados. A velocidade , assim, apresenta-se
como produto de um número variado de parâmetros estruturais,
sazonais e esporádicos, particularmente no que se refere à
própria capacidade instantânea da rede em suportar múltiplas
transações simultâneas e administrar um volume variável e
potencialmente grande de dados fim-a-fim (isto é, entre os
pontos terminais de origem e destino dos pacotes). Em
decorrência destas características da Rede IP, o atendimento
aos critérios de integridade, atraso (delay), variação de latência
(jitter), taxa de descarte e perda de pacotes, etc., é referenciado
pela probabilidade dos respectivos pacotes serem transmitidos
com sucesso entre dois pontos da rede. No caso das redes
móveis, estes critérios estão sujeitos a um número adicional de
dificuldades, tanto pelas peculiaridades do meio aéreo de
tráfego (espectro de radiofrequência), quanto pela mobilidade
do usuário / terminal, o que aumenta a susceptibilidade do
acesso à rede a ruídos, sombreamento e interferências, com
riscos à queda de sinal e perda na transmissão de dados. Dado
que a malha da Internet é formada por um conjunto complexo
de tecnologias, equipamentos e redes independentes
interligadas por enlaces e meios de transmissão, a gestão
eficiente dos recursos colocados à disposição dos usuários pela
prestadora deve ser pautada pela melhor relação custo-
benefício no que se refere ao dimensionamento e ao
gerenciamento da infraestrutura de rede, de modo a atender às
distintas necessidades e demandas dos usuários em condições
compatíveis de preço e qualidade do serviço. Sendo a
capacidade um recurso escasso e de uso não-linear, sujeito,
portanto, a intervalos de ociosidade e horários de pico, mas
parcialmente gerenciável, a rede não precisa ser
superdimensionada (isto é, trabalhar com muita capacidade
ociosa) para acomodar um cenário hipotético em que todos os
usuários estejam conectados e demandem, simultaneamente,
toda banda à sua disposição . Como esclarece o CPqD:
Geralmente, o enlace da saída do concentrador não equivale à
soma de todas as velocidades de acesso dos usuários, já que a
probabilidade de todos usarem 100% da velocidade
simultaneamente é muito pequena, pois o uso não é linear e sim
estatístico. Por isso, é factível que o enlace tenha velocidade
menor do que a soma citada. (CPqD, 2010, p.25; grifos nossos)
Em suma, como não há reserva prévia de recursos para cada
usuário, os pacotes das aplicações que ingressam no tráfego
estão sujeitos às condições do tráfego naquele instante (best
effort), incluindo taxas distintas de atraso na entrega de pacotes
(jitter), entregas de pacote fora de ordem, duplicidade, ou
mesmo perda de integridade dos pacotes. Com efeito, um nível
adequado de dimensionamento da rede deve comportar,
paralelamente, ferramentas de gerenciamento de tráfego (como
roteamento, enfileiramento e hierarquização) para tornar mais
flexível e eficiente a banda disponível, acomodando melhor o
tráfego de aplicações e conteúdos específicos em horários de
pico e economizando (redirecionando) recursos ociosos da rede
para outras aplicações em horários de menor utilização. Dadas
as características do serviço atualmente ofertado através das
licenças do SCM e do encaminhamento de pacotes em redes
estatísticas através do melhor esforço, a proposta da Consulta
Pública N . 46 em estabelecer obrigações e metas mínimas para
parâmetros e indicadores de rede, como velocidade instantânea
e média, implicaria um dimensionamento artificial e
inadequado da rede, que passaria a adotar, no limite,
características de prioridade de tráfego e ocupação de enlaces
similares às verificadas em redes determinísticas. Neste caso,
na medida em que as prestadoras são contratadas para fornecer
ao cliente um circuito dedicado fim-a-fim, devem ser
remuneradas de forma proporcional à ociosidade da rede, isto é,
aos recursos alocados exclusivamente para cada cliente. Tal
esforço, além de produzir uma margem de capacidade ociosa
desnecessária por usuário, demandaria um volume significativo
de investimentos em readequação da rede atual e uma revisão
de projetos e investimentos de expansão do serviço. Ademais,
do ponto de vista técnico, não seria possível garantir por parte
das prestadoras tráfego pela rede IP em condições
suficientemente controladas para satisfazer todos os critérios
sugeridos pela Consulta Pública N . 46, dado que, como será
mais bem explorada a seguir, há condicionantes na rede interna
do cliente que afetam a qualidade do SCM sem que as
prestadoras do serviço possam atuar. A seguir abordaremos em
maiores detalhes as características técnicas do tráfego da rede
que afetam a garantia mínima de qualidade de serviço por uma
prestadora do SCM. 1.2 Características técnicas do tráfego da
rede Em se tratando de uma rede interligada de computadores
(e outras redes) notabilizada por sua natureza descentralizada,
os esforços direcionados à adequação e compatibilização das
redes ao tráfego crescente via protocolo IP esbarram em
limitações tecnológicas naturais, com reflexos importantes
sobre a experiência do usuário em termos de velocidade e
qualidade do serviço fim-a-fim, que dependem de inúmeros
fatores alheios ao controle das prestadoras. Há barreiras ao
tráfego dos pacotes espalhadas pelo trajeto entre o terminal /
aplicação do usuário e seu destino final, por exemplo, um
servidor de conteúdo localizado em outro país. A depender da
severidade destes obstáculos e da distância entre a origem e o
destino do sinal, podem-se configurar gargalos importantes,
com influência significativa sobre o desempenho da conexão
(endereçamento, condições de integridade e latência do envio e
entrega dos pacotes) e a percepção do assinante acerca da
qualidade e adequação do serviço contratado (em termos de
suporte às aplicações desejadas). As etapas a serem vencidas e
os respectivos obstáculos são apresentados na figura e tabela
abaixo. Figura 4. Modelo representativo de uma rede de
comunicação de protocolo IP Fonte: CPqD (2010). Tabela 1.
Pontos da rede de acesso à Internet Referência na Figura 4
Etapa / Posição na Rede Problemas e falhas comuns 1
Equipamento / Terminal do Cliente de um provedor Hardware
defasado (processador, memória e / ou placa da rede) Sistema
operacional e aplicativos de navegação (browsers) defasados ou
mal configurados; Pragas virtuais , incluindo vírus, Cavalos de
Tróia (trojans), malwares, etc. 2 Infraestrutura da Rede Interna
do Cliente Má configuração dos equipamentos de acesso.
Equipamentos não confiáveis ou qualificados, ou ainda com
bugs, incluindo roteadores, equipamentos Wi-Fi, hubs,
switches, etc. Cabeamento interno mal confeccionado, defasado
ou de má qualidade; Sobrecarga ou congestionamento no
equipamento de Borda que se liga ao cabeamento da
prestadora, ocasionando lag e descarte de pacotes; 3 Rede
externa Problemas físicos e de deterioração de cabos coaxiais,
fios de cobre ou fibra ótica; Interferências e ruídos no cabo de
cobre, e atenuação em cabos de fibra; Em acessos sem fio
(wireless), obstrução de sinais, condições impróprias de
propagação, interferências, degradação dos sistemas de
transmissão, etc.; 4,5 Equipamento concentrador da prestadora
Mau dimensionamento da capacidade de transmissão para
acomodar a oferta do serviço, gerando volume de pacotes a
serem encaminhados entre o equipamento e o roteador da
prestadora superiorà capacidade do enlace de saída
(oversubscription); 6 a 12 Roteadores e enlaces da rede de
dados de uma prestadora (sistema autônomo) Queda de enlaces
entre roteadores, gerando reajuste entre os roteadores para
encontrar novas rotas de encaminhamento (aumento do tempo
de convergência do protocolo de roteamento), com possível
perda momentânea de pacotes; Mau dimensionamento da
capacidade de transmissão, acarretando congestionamentos nas
filas de entrada e saída usadas para os roteadores processarem e
encaminharem os pacotes IP. Pode ocorrer por oversubscription
ou gargalos sazonais nos enlaces internacionais; 13 a 15
Servidores de conteúdo no destino e de controle no provedor
Configuração dos servidores de destino e do provedor de
conteúdo; Hardware defasado (processador, memória e / ou
placa da rede) Sistema operacional e aplicativos de navegação
(browsers) defasados ou mal configurados; Pragas virtuais ,
incluindo vírus, Cavalos de Tróia (trojans), malwares, etc.
Falhas e congestionamentos na rede interna da empresa que
hospeda os servidores, ou em seus elementos / equipamentos de
rede (roteadores, equipamentos WiFi, hubs, switches, etc.)
Fonte: CPqD (2010); Como as características assimétricas de
gestão e organização das plataformas e redes estão a cargo de
diferentes entes, a oferta do serviço de acesso à banda larga
fixa pelas empresas não é capaz de contemplar todos os fatores
e garantias necessárias para assegurar aos clientes a entrega de
um nível mínimo e / ou médio de velocidade de tráfego, sendo-
lhes possível, tão somente, convencionar contratualmente um
teto nominal para o serviço. Tal entendimento é compartilhado
pelo Office of Communications (Ofcom, UK) que destaca, em
seu Código de prática para Banda Larga, que estas disparidades
podem ser resultado de um número extenso de fatores,
incluindo as características da rede do cliente, a capacidade
instalada das redes dos provedores de internet, o número de
assinantes compartilhando a rede, o número de pessoas
acessando um determinado website, etc. Complementarmente,
o relatório da OOKLA , responsável pelas medições de
velocidade disponíveis em websites como Speedtest.net e
Pingtest.net, e pela elaboração do Net Index uma compilação
livre de resultados de mais de 1,5 milhão de resultados de teste,
separados por regiões geográficas aponta que a mensuração da
banda larga é um processo altamente variável: a realização de
testes entre pontos de maior ou menor distância podem
introduzir latência, reduzindo a velocidade de download. Fora
da rede da prestadora do serviço, a Internet é ainda em sua
maior parte uma rede descentralizada, imprevisível e não
gerenciável. O desafio do regulador, neste caso, deveria ser
recolocado: o problema não passa, efetivamente, pela
imposição de metas e obrigações de entrega de velocidade, mas
buscar formas de se reduzir a diferença entre as expectativas do
consumidor e a velocidade entregue do serviço. Este propósito,
entretanto, exige de antemão a implementação de métodos e
sistemas de aferição realizados de forma controlada e na rede
da prestadora, de forma a minimizar, respectivamente, erros de
medida e a influência de fatores não gerenciáveis na avaliação
do desempenho. Como se verá a seguir, esta percepção é
contemplada pela experiência internacional na oferta do serviço
de banda larga. 1.3 Experiência Internacional Dadas as
limitações expostas nas seções anteriores no que se refere à
possibilidade de se atender a todos os usuários da forma típica
de rede determinística; cujo desempenho seja consistente,
embora não completamente administrável, fim-a-fim (isto é, em
toda extensão de rede, equipamentos e aplicações, incluindo
terminais dos usuários, servidores e redes de outras
prestadoras); a prática internacional para regulação e prestação
do serviço de SCM não acolhe a definição de limites mínimos e
médios para parâmetros de velocidade, tampouco rege acerca
de parâmetros de Qualidade do Serviço como latência, jitter e
perda de pacotes. O trabalho da Price Waterhouse Coopers
anexado a esta contribuição apresenta diversos estudos de caso
e demonstra que a proposta de regulamento da ANATEL não
apresenta similaridade em nenhuma das Administrações
estudadas, que representam mais de 40% dos acessos em banda
larga disponibilizados no mundo. Trabalho da consultoria
Cullen International, avalia com detalhes o quadro regulatório
relativo à qualidade do serviço em diversos países da OCDE,
incluindo França, Alemanha, Itália, Holanda, Suécia, Espanha e
Reino Unido. De modo geral, a prática internacional não dá
suporte à aplicação de metas previstas pela Consulta Pública N
46. Os países pesquisados tem primado pela adoção de políticas
e ações que aumentam a transparência e a padronização das
informações no que se refere às características e desempenho
dos serviços contratados, permitindo ao consumidor mais
informações sobre o que lhe é entregue (capacidade de acesso),
bem como favorecer uma maior comparabilidade entre as
prestadoras e planos anunciados. Estas são, inclusive, as
recomendações da UIT, que elenca, entre os pilares para
incentivar a demanda pelo serviço de banda larga em países em
desenvolvimento ( Building broadband: Strategies and policies
for the developing world ), ações com o objetivo de fornecer
aos consumidores informações acerca dos provedores, opções
de preço e tecnologia disponível . Como destaca o Instituto
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(Inmetro) em estudo recente sobre o desempenho das redes de
banda larga, o processo de avaliação de qualidade do serviço
deve ter como objetivo primordial: (...) informar ao consumidor
brasileiro sobre a adequação de produtos e serviços aos
critérios estabelecidos em normas e regulamentos técnicos,
contribuindo para que ele faça escolhas melhor fundamentadas
em suas decisões de compra ao levar em consideração outros
atributos além do preço e, por consequência, torná-lo parte
integrante do processo de melhoria da indústria nacional; A
mensuração e auditoria de indicadores de rede em condições
controladas e com metodologia adequada de amostragem e
coleta, aliada a uma política de divulgação ampla dos
resultados em canais de venda encontra consonância com a
prática internacional na regulação do serviço, que privilegia a
concorrência e as preferências do consumidor como força
motriz da melhoria dos serviços e a iniciativa das firmas em
adequar seus produtos a padrões técnicos e diferenciá-los em
relação aos outros players. Como expõe o Guia do Policymaker
para Gerenciamento de Rede , elaborado pela The Information
Technology & Innovation Foundation: Consumers expect the
advertised bandwidth to be the guaranteed bandwidth, and if
they are throttled below the peak advertised performance, they
get dissatisfied. The obvious solution to this problem is clear
disclo sure, but no ISP wants to come out and advertise the
minimum and maximum performance of its services
unilaterally while its competitors continue to em bellish their
offerings by touting peak performance. Government can play
an important role in helping to solve this problem by mandating
broadband advertis ing rules that require both the guaranteed
and peak performance figures to ensure an even playing field
between ISPs providing broadband. Em sintonia com as
melhores práticas, o FCC americano tem tratado o tema,
provendo aos consumidores e à sociedade maior informação
acerca dos serviços de banda larga correntemente oferecidos no
país (ver, a respeito, o relatório Measuring Broadband America
). Adicionalmente, publicou o Guia do Consumidor para Banda
Larga Residencial (Broadband Service for the Home: A
Consumer s Guide), que busca informar melhor os
consumidores sobre como medir, comparar e escolher as
melhores prestadoras do serviço e os melhores planos de
acordo com as suas necessidades. A diferenciação dos serviços,
possível através do correto dimensionamento e gerenciamento
da rede, permite que usuários de perfil menos intensivo
acessem a rede a preços menores, enquanto os usuários mais
intensivos, que ocupam maior banda e / ou requerem condições
diferenciadas de tráfego, arquem com um preço
proporcionalmente maior, compatível com um serviço de maior
valor agregado. Deve ficar claro ao consumidor, entretanto, que
mesmo serviços de alto desempenho estarão submetidos a um
grau de imprevisibilidade e instabilidade no acesso (jitter e
congestionamento em horários de pico, por exemplo), graças às
características da rede IP (melhor esforço e topologia
estatística). A tarefa de um regulador, como o FCC, deve passar
pela orientação dos consumidores: Several factors can slow
down your Internet speed: an old or slow router, an old or slow
computer, using the Internet at peak times (7 p.m 11 p.m.),
using high-bandwidth applications or sites, or having several
household members online at once. Your network
configuration, including wireless networks, can also affect
speed. If your broadband speed is slower than you expected,
start by seeing whether changing equipment or changing the
way you use the Internet improves your broadband experience.
However, don t hesitate to call your service provider if these
measures don t work and your internet connection simply
seems too slow. Do ponto de vista das prestadoras, a
responsabilidade deve recair sobre uma maior clareza
contratual no serviço entregue ao consumidor, particularmente
quanto aos fatores limitantes de velocidade, e em serviços de
pós-venda, colaborando para solução tempestiva de conflitos e
problemas que possam afetar a experiência do usuário. A
AT&T, uma das empresas líderes no segmento de banda larga,
detalha aspectos similares em seus termos de serviço: The
speeds identified at http: / / www.att.com / speedtiers are
Service Capability Speeds, which are the downstream rates at
which your line transfers Internet access data between the
network interface device at your home, office or apartment
building to the first piece of routing equipment in AT&T s
network. Service Capability Speeds should not be confused
with Throughput Speed, which is the speed at which your
modem receives and sends Internet access data ( Throughput
Speed. ). These speeds may vary and are not guaranteed.
Throughput speed depends upon many factors including
customer location, destination and traffic on the Internet,
interference with high frequency spectrum on your telephone
line, wiring inside your home, office or apartment, the capacity
or performance of your computer or modem, the server with
which you are communicating, internal network factors, and
the networks you and others are using when communicating. In
order to provide a consistently high-quality video service,
AT&T U-verse High Speed Internet throughput speeds may be
temporarily reduced when a customer is using other U-verse
services in a manner that requires high bandwidth. This could
occur more often with higher speed Internet access products.
No caso da Espanha, também não há obrigação de prestação do
serviço a uma velocidade mínima garantida, mas as prestadoras
de serviços de banda larga fixa e móvel são orientadas para
evitar que as velocidades informadas na comercialização dos
produtos não excedam o limite teórico permitido pela
respectiva tecnologia. Além disso, as empresas têm o dever de
informar os usuários finais dos fatores relevantes que podem
restringir a velocidade efetiva da banda larga que será entregue,
previamente à assinatura do contrato. A agência regulatória do
Reino Unido (Ofcom) favorece a adoção de inovações e
mecanismos regulatórios de baixo impacto (não interventivos),
que preservem princípios de transparência, proporcionalidade e
eficiência na gestão dos recursos. Neste sentido, a solução do
Ofcom para lidar com questões de qualidade no serviço de
banda larga foi a criação de um mecanismo de autorregulação:
o Broadband Speeds Code of Practice. Este Código de Práticas
estabelece uma série de princípios, aos quais as prestadoras do
serviço podem acatar voluntariamente e, assim, sinalizar
diferenciais competitivos em relação a outras prestadoras do
mesmo serviço. Entre os princípios elencados no código, pode-
se citar: (i) treinamento e capacitação adequados da equipe de
vendas e de representantes comerciais; (ii) provisão de
informações no ponto de venda; (iii) acurácia das informações
sobre velocidade ofertadas pelos provedores; (iv) suporte à
solução de problemas dos usuários relacionados à velocidade;
(v) apresentação das informações sobre banda larga nos
websites; (vi) adequação ao cronograma do código; (vii)
monitoramento da adequação ao código e cooperação com o
Ofcom; (viii) alertar e informar o consumidor sobre o Código
de prática no processo de venda. O consumidor, melhor
informado, é o responsável pela escolha do serviço que melhor
lhe oferece garantias, condições e a melhor experiência do
serviço. Sob a ótica das melhores práticas, portanto, cabe
ressaltar que a intenção da ANATEL em aumentar e refinar as
informações disponíveis sobre desempenho e qualidade do
SCM encontra respaldo internacional, na medida em que busca
resguardar a transparência na oferta do serviço, com vistas à
manutenção dos direitos e do bem-estar dos consumidores. Tal
intento, entretanto, quando convertido em insumo para criação
de metas e obrigações artificiais de velocidade e desempenho
de rede, como pretende a Consulta Pública No 46, consuma
uma intervenção regulatória sem paralelo relevante no estado
da arte da regulação mundial, cujos impactos podem se revelar
negativos e significativos para o setor de telecomunicações e
para o bem-estar dos consumidores, como tratado na próxima
seção. 3.6 Solicitações de Instalação de Serviço Art.23 O
Sinditelebrasil reconhece que da proposta de Consulta Pública
para a versão aprovada do regulamento, no que tange este
indicador, houve uma evolução com o reconhecimento pela
Agência de que a meta que estava sendo proposta era
desprovida de razoabilidade. Assim, a meta passou de 3 dias
para 10 dias. Apesar de entendermos que o ideal seria uma
meta de 12 dias, vamos reiterar a ANATEL apenas a nossa
solicitação quanto ao percentual de solicitações que devem
atender o prazo. Solicitamos que a ANATEL considere a
possibilidade de definir um percentual progressivo, ano a ano,
iniciando-se com 75% , passando para 80% no segundo ano e
85% do terceiro ano em diante. Acreditamos, ainda que,
deveria ser definido um percentual máximo de 0,5% para
solicitações atendidas com mais de 30 dias úteis, que cobriria
casos excepcionais. 4 Dos Artigos questionados no RGQ do
SMP 4.1 Disposições Preliminares - RGQ-SMP - Art. 10
Valem os mesmo comentários feitos no item 3.1 do RGQ-SCM
4.2 Disposições Preliminares - RGQ-SMP - Art. 11 O
Sinditelebrasil reitera a sua proposta para que a redação do
artigo seja alterada para: Art. 11. A prestadora deve informar e
colocar à disposição dos Usuários, por meio adequado, mapas
detalhados indicando a sua área de cobertura. Justificativa: Não
há razoabilidade de se exigir que a operadora disponibilize
mapas de sua cobertura em todos os setores de atendimento, até
porque nem todos os meios de comunicação permitem a
visualização de mapas. A proposta alternativa não traz nenhum
prejuízo ao usuário vez que ele vai ser orientado nos pontos de
venda sobre como acessar os mapas de cobertura da empresa.
4.3 INDICADORES DE REAÇÃO DO ASSINANTE Art.13 e
14 Os artigos 13 e 14 do RGQ-SMP são referentes a taxa de
reclamações e taxa de reclamações na ANATEL. Além das
observações feitas nos itens 3.1 e 3.2 desta Contribuição
relativas ao RGQ do SCM, o Sinditelebrasil traz para reflexão
da Agência a necessidade de se apertar a meta para 1%, no caso
do SMP-1. O Serviço Móvel Pessoal ofertado no Brasil
experimenta uma enorme concorrência. Não é razoável que a
ANATEL adote o caminho inverso ao que seria natural para
um mercado tão competitivo como o nosso do SMP. Ao invés
de gradativamente a Agência buscar a flexibilização e reduzir a
intervenção, para os Indicadores que vem sendo apurados ao
longo de uma década em áreas de enorme competição e manter
os padrões de qualidade que vinham sendo exigidos para
garantir a qualidade em áreas onde a competição ainda não se
apresenta tão intensa, a ANATEL aperta os indicadores de
qualidade a níveis desproporcionais e não razoáveis, inclusive
em áreas de intensa competição, onde as leis de mercado têm
total condição de regular a oferta. Concluindo, não
concordamos com a alteração da meta e reiteramos a
observação quanto a não se comutar as reclamações não
procedentes e mantemos a nossa posição de eliminação do
indicador de taxa de reclamações na ANATEL. 4.4 Indicadores
de Rede Art. 15 a 19 Conforme será exposto nos indicadores
comentados a seguir, a ANATEL adotou uma postura de adotar
metas extremamente rígidas, procedimentos operacionais de
apuração do indicador por CN, ao invés de por área de
prestação como era feito antes, e procedimentos operacionais
de cômputo do indicador muito mais severos. Como já
mencionamos isso não se coaduna com o cenário de alta
competição do SMP e não é razoável que a ANATEL adote o
caminho inverso ao que seria natural para um mercado tão
competitivo como o nosso do SMP. Ao invés de
gradativamente a Agência buscar a flexibilização e reduzir a
intervenção, para os Indicadores que vem sendo apurados ao
longo de uma década em áreas de enorme competição e manter
os padrões de qualidade que vinham sendo exigidos para
garantir a qualidade em áreas onde a competição ainda não se
apresenta tão intensa, a ANATEL aperta os indicadores de
qualidade a níveis desproporcionais e não razoáveis, inclusive
em áreas de intensa competição, onde as leis de mercado têm
total condição de regular a oferta. a) O Sinditelebrasil gostaria
de reiterar as colocações feitas quanto ao completamento de
chamadas, indicador SMP-4. A meta de 67% foi mantida,
porém as chamadas completadas com mensagem orientativa ou
redirecionadas a caixa postal deixaram de ser computadas
como OK. É da natureza do serviço que o cliente pode estar
com seu telefone desligado, por falta de bateria ou por estar em
alguma reunião ou evento ou mesmo quando não queira ser
incomodado. O nome do serviço é Móvel Pessoal, assim cabe à
pessoa definir se desliga ou não seu celular. A prestadora nada
pode fazer para completar chamadas destinadas a tais terminais.
Nesses casos, a chamada é interceptada com uma mensagem
orientativa ou redirecionada para a caixa postal, caso o usuário
originador queira deixar algum recado ao destinatário. Estas
chamadas não podem mais ser consideradas como OK. No caso
das chamadas redirecionadas para a caixa postal, só no caso do
usuário ter deixado uma mensagem é que ela poderá ser
considerada completada. Tecnicamente, as prestadoras não têm
como identificar se o cliente deixa ou não a mensagem. Dessa
forma, fica demonstrado que a ANATEL mudou
significativamente e substancialmente a forma de computar o
indicador, penalizando de forma não razoável as prestadoras e
manteve a meta, o que caracteriza a desproporcionalidade da
medida vez que as prestadoras não têm o que fazer em casos
desse tipo. Atualmente o número de chamadas interceptadas
representa, em média, 20% das chamadas completadas, sendo
que esta interceptação se faz necessária por motivos que
independem da qualidade da rede da prestadora, e tem por
objetivo informar ao usuário chamador qual motivo impede que
o usuário de destino receba a sua chamada. A exemplo destes
motivos temos a situação (i) de número inexistente, digitado de
forma errada ou incompleta, (ii) assinantes impossibilitados de
receber chamadas porque não possuem créditos ou estão
inadimplente, (iii) usuários com o telefone desligado ou fora da
área de cobertura, (iv) assinantes que solicitam a suspensão
voluntária e temporária da prestação do serviço por motivos
particulares. Não considerar essas chamadas para cálculo do
indicador implica em atribuir às prestadoras a culpa pelo não
atendimento de uma chamada quando, na verdade, esta
chamada não é atendida por fatores que independem das ações
das prestadoras, que não poderão nem mesmo desenvolver
melhorias para elevar o percentual de chamadas atendidas. Não
é razoável condicionar o completamento da chamada ao fato
dos usuários chamados deixarem ou não uma mensagem de voz
ao usuário chamado. Deixar recado é uma decisão do usuário
chamador que está fora do controle das prestadoras. Além
disto, a modernidade dos serviços oferecidos pelas prestadoras
do SMP faz com que diversos fatores não contribuam ou
incentivem o usuário chamador deixar a mensagem, dentre
eles: (i) usuário chamador pagará pela chamada, (ii) usuário de
destino paga pelo resgate da mensagem, (iii) a comunicação
por mensagem de texto entre terminais móveis tem menor
custo, mais rapidez, mais prática e eficaz, (iv) em razão do
custo pelo resgate da mensagem de voz muitos usuários optam
por não ter o correio de voz, (v) serviços como o correio de voz
e que não incidem em custo para o resgate do recado são
oferecidos pelas prestadoras em alternativa aos usuários que
não querem o correio de voz, (vi) a internet oferece diversos
meios de rápida comunicação e envio de mensagens com custo
inferior ao da telefonia. Nossa solicitação é para que seja
mantida a meta e os procedimento de cômputo e coleta
existentes nas Res 335 e 317 da ANATEL. b) Quanto ao
indicador SMP-5, que pretende medir congestionamento, se
trata de um indicador novo e para o qual gostaríamos de
mencionar que a metodologia proposta para cálculo do
indicador, multiplicação do bloqueio de TCH pelo bloqueio de
sinalização, não nos parece a melhor forma para avaliar este
indicador de congestionamento. Reiteramos nossos
comentários feitos na CP 27. O indicador proposto na Consulta
Pública tem base nos parâmetros de QoS encontrados nas
normas do órgão europeu ETSI. Ele só pode ser medido por
contadores a partir de medidas estatísticas do controlador da
ERB o que introduz erros nas medições, ao contrário do
modelo dos indicadores existentes que são calculados sobre
informações padronizadas obtidas dos registros CDR que não
tomaram canal de tráfego, mas foram registrados na central. As
redes das prestadoras do SMP podem ter diversos fornecedores
de controladores de ERB e fontes de informações diferentes e
sem padrão para estes contadores. Deve-se, portanto, repensar a
coleta deste indicador a partir de equipamentos externos a rede
das prestadoras que simulassem tentativas de originação e
terminação de chamadas. Assim, a alternativa mais correta é
que a taxa proposta fosse somente um item de controle e
verificação, com efeito comparativo, mas sem imputar
penalidades por seu descumprimento. Em princípio, até atestar
sua viabilidade, propõe-se a necessária avaliação do indicador
durante um período (12 ou 24 meses) para, então, haver a
definição de meta de acompanhamento. A meta atual não
possui parâmetro em normas internacionais, em simulações o
percentual varia entre 80% a 95%, a depender da região e
horário de simulação. Entendemos que a meta aprovada está
demasiadamente apertada, uma vez que os próprios
documentos que a suportam, originários do ETSI, apresentam
uma confiabilidade de 95% . Vale ressaltar que, somente a fase
de projeto das redes de acesso, leva em consideração uma
perda, por equipamento, de 2%. A forma de apresentação por
CN não corresponde a menor coleta e não representa um
elemento de percepção do usuário visto que o indicador é
coletado por controlador de ERB. O menor elemento de coleta
possível seria por CCC. c) Indicador de envio de Mensagens de
Texto A meta para este novo indicador é a entrega ao usuário
final em até 60 (sessenta) segundos no mínimo em 95%
(noventa e cinco por cento) dos casos, no mês. Reiteramos que
esta meta é desproporcional e não é razoável. O regulamento
não se manifesta quanto às situações em que o terminal de
destino está fora da área de cobertura, desligado, caixa cheia
(para determinados terminais). Adicionalmente, o regulamento
permite a interpretação de que seriam computadas as
mensagens destinadas para fora da rede da prestadora de
origem o que dificulta ainda mais o atingimento da meta. Dessa
forma, reiteramos nossa proposta quanto a adoção de nossa
contribuição na CP 27. Art. 19. Todas as tentativas válidas de
envio de mensagens de texto devem resultar em entrega ao
usuários, em até 60 (sessenta) segundos, no mínimo em 70%
(oitenta por cento) dos casos. Justificativa: O Regulamento do
SMP, estabelece a obrigatoriedade de entrega da mensagem em
60 até segundo, e menciona que deve ser considerado o estado
da estação móvel do usuário. Assim, é importante que o texto
do PGMQ não deixe dúvidas sobre quais mensagens devem ser
consideradas para cálculo do indicador: somente as chamadas
válidas, ou seja, aquelas em que o usuário de destino está apto a
receber a mensagem, o que não foi contemplado. Assim,
entende-se que devem ser medidos, neste indicador, os
atributos de responsabilidade da prestadora, que se encerram
com a entrega da mensagem na prestadora de destino. A partir
desta entrega, o recebimento pelo usuário final depende da
qualidade da rede da prestadora de destino, do terminal móvel
do destinatário estar habilitado, apto e dentro da área de
cobertura. Deve ainda ser considerado que o Regulamento do
SMP, embora estabeleça que a entrega da mensagem deva se
dar em até sessenta segundos, reconhece os cenários de
impossibilidade desta entrega em várias situações e determina
que para as chamadas que não forem entregues neste prazo
permaneçam as tentativas de entrega pelo prazo de 24 horas.
Desse modo, não restam dúvidas que a Anatel reconhece as
diversas situações que impossibilitam a entrega da mensagem
ao usuário de destino na primeira tentativa, e, portanto, não
deve recair sobre a prestadora do SMP a responsabilidade pela
falta do recebimento efetivo pelo usuário de destino. Deve-se
destacar, ademais, que a meta de 95% é bastante agressiva,
difícil atendimento e, por ser este um novo indicador de
qualidade, o correto é haver uma tomada histórica de dados,
como item de verificação e controle para, ao final, definir-se
uma meta aceitável e devidamente testada. Tampouco a forma
de apresentação do indicador pode ser por CN. A sua coleta só
pode ser realizada na Plataforma sistêmica responsável pelo
controle e envio da mensagem, na qual não existe esta
separação. Normalmente existe uma plataforma de SMS que
atende toda a prestadora ou, no máximo uma por área de
prestação. A proposta, então, é que haja a apresentação por
Grupo Econômico ou por Plataforma de Mensagem ou por
Termo de Autorização. Adicionalmente, gostaríamos que a
Anatel inclui-se a definição: Criação de uma definição:
Mensagem de Texto: permite o envio e a recepção na Estação
Móvel de pequenas mensagens de texto 4.5 Indicadores de
Conexão de Dados Art. 20 a 23 Além dos comentários já
realizados para os indicadores de Rede do RGQ-SCM,
chamamos a atenção de que no caso do SMP, por se tratar de
um serviço móvel apresenta limitações que a própria tecnologia
wireless impõe: interferências, variações na qualidade do sinal,
número de usuários utilizando a rede num segmento. Assim,
situações em que em um determinado momento o terminal
pode estar próximo ou distante da Estação Rádio Base influem
significativamente na velocidade de navegação. Da mesma
forma, o número variável de usuários atendidos pela mesma
Estação Rádio Base em um determinado momento,
compartilhando os mesmos recursos disponibilizados naquela
região influem na velocidade disponibilizada para navegação
na Internet. Pelo exposto, O Sinditelebrasil reitera a sua posição
quanto ao não estabelecimento de metas para os Indicadores de
Conexão de dados que vão demandar investimentos em volume
expressivo, seja para readequação da rede e da planta de
equipamentos atuais, seja pela revisão dos custos e projetos
relativos ao investimento programado para expansão de rede. O
Sinditelebrasil defende que, com vistas ao aprimoramento do
serviço e dada a sua elevada importância em um cenário de
convergência tecnológica, a ANATEL adote, de forma similar
ao que praticamente todas as Administrações do mundo
adotam, diretrizes gerais de transparência e baixo grau de
intervencionismo. O SindiTelebrasil defende que sejam
realizadas medidas a partir da metodologia que está sendo
discutida no âmbito do GIPAQ, e que os resultados obtidos, de
todas as operadoras, para os indicadores de rede sejam objeto
de ampla divulgação pela ANATEL em seu site. Um modelo
diferente do que foi adotado pela Resolução 575, onde foram
estabelecidas metas extremamente rígidas, a ponto de se definir
uma meta de 80% para a velocidade média de navegação e 40%
para a velocidade mínima em relação a velocidade ofertada,
que em função das características do serviço prestado e das
redes que lhe dão suporte propiciarão uma enxurrada de
processos de apuração de descumprimento de obrigação,
mesmo que as empresas invistam fortunas em suas redes, no
sentido de buscar atender estas metas estabelecidas
Justificativa: segue a versão completa da Contribuição sem as figuras e a
tabela, em função do sistema não as aceitar
Item: Contribuição do Idec à Consulta Pública n. 2/2012
São Paulo, 1 de fevereiro de 2012. Ilmos. Srs. João Rezende e Bruno Ramos
Presidente e Superintendente de Serviços Privados ANATEL - Agência Nacional de
Telecomunicações Prezados Senhores, O Idec Instituto Brasileiro de Defesa do
Consumidor - vem, por meio desta, apresentar suas contribuições à Consulta Pública
aberta pela Anatel, que tem como objetivo receber comentários ao Pedido de
Anulação interposto pela TNL PCS S.A. em face dos dispositivos constantes no
Regulamento de Gestão da Qualidade do Serviço de Comunicação Multimídia
(RGQ-SCM) e no Regulamento de Gestão da Qualidade do Serviço Móvel Pessoal
(RGQ-SMP). Quando da contribuição às Consultas Públicas referentes aos
regulamentos ora questionados, o Idec frisou a importância dos mesmos para a
expansão da banda larga com parâmetros mínimos de qualidade, de forma que a
ampliação do serviço não se resumisse à popularização de seus problemas. Diante da
abertura de comentários públicos ao pedido de anulação apresentados pela TNL PCS
S.A., este Instituto não pode deixar de fazer referência às milhares de mensagens
enviadas ao Conselho Diretor desta agência, ainda em 2011, demonstrando o apoio
da sociedade à aprovação de padrões rígidos de qualidade para os serviços de banda
larga fixa e móvel. Se a empresa TNL PCS S.A. desconsidera a dimensão deste
processo, bem como a necessidade de parâmetros condizentes com a relevância do
serviço de banda larga, é fundamental que a Anatel cumpra seu papel de entidade
reguladora dos serviços de telecomunicações do país, prezando pela qualidade e pela
proteção do consumidor. As considerações mais específicas acerca do pedido de
anulação seguem abaixo. Atenciosamente, Lisa Gunn Veridiana Alimonti
Coordenadora Executiva Advogada Comentários do Idec ao Pedido de Anulação
interposto pela TNL PCS S.A. em face dos dispositivos constantes no Regulamento
de Gestão da Qualidade do Serviço de Comunicação Multimídia (RGQ-SCM) e no
Regulamento de Gestão da Qualidade do Serviço Móvel Pessoal (RGQ-SMP). Arts
16 a 21 do RGQ-SCM e Arts 22 e 23 do RGQ-SMP 1. DOS SUPOSTOS VÍCIOS
DE MOTIVAÇÃO Os pedidos de anulação têm como um de seus argumentos
centrais a alegação de vício de motivação na aprovação das metas em questão. Sabe-
se que a motivação é necessária ao ato administrativo, o que se reflete no art. 40 da
Lei Geral de Telecomunicações (Lei Federal n. 9.472/97). Porém, como
verificaremos a seguir, não é possível afirmar que tal condição não tenha sido
suprida na edição de ambos os regulamentos. 1.1 Ausência da Análise de Impacto
Regulatório (AIR) Segundo a TNL PCS S.A., a aprovação dos indicadores de rede
do SCM e das taxas de transmissão mínima e média do SMP apresenta vício de
motivação pela ausência de Análise de Impacto Regulatório, citando as
recomendações da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico). Conquanto o Idec, em diversas oportunidades, já tenha defendido a
realização de AIR no processo de elaboração de atos da Anatel, a legislação
aplicável não exige a realização de análise nos termos apresentados pela operadora.
Portanto, a ausência desta análise não enseja a anulação das metas aprovadas. De
outro lado, importa afirmar que a exigência de exposição formal de motivos foi
observada pela Anatel em ambos os casos. Nos dois regulamentos houve o esforço
da agência em demonstrar os elementos de fato e de direito que justificam a adoção
de metas de qualidade. Quanto aos parâmetros técnicos das metas, a análise da
Anatel apresenta estudos internacionais, além de contar com a experiência da
pesquisa realizada em parceria com o CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil) e
Inmetro. Além disso, a própria realidade da prestação do serviço fundamenta a
necessidade de indicadores de rede e taxas de transmissão das conexões. São
recorrentes as reclamações diante de problemas de conexão e variação de
velocidade, sendo que a regulamentação até então vigente não oferecia respostas
suficientes aos consumidores. Quanto às empresas, a resposta comumente dada ao
usuário é a atenuação ou exclusão da responsabilidade diante do serviço prestado,
prevendo cláusulas abusivas em seus contratos de adesão. 1.2 A experiência
internacional citada pela Anatel Mais especificamente no pedido de anulação do
RGQ-SCM, a TNL PCS S.A. alega que também enseja vício de motivação o fato de
os estudos internacionais citados pela agência não terem resultado na adoção de
padrões vinculantes nos países de origem. Quanto a isso, cumpre notar que há uma
ampla discussão internacional com relação à qualidade da banda larga e à
necessidade de se aproximar as velocidades anunciadas e contratadas das
efetivamente entregues. Os países estão avaliando suas práticas e estabelecendo
modelos regulatórios que respondam à sua realidade. O fato de os estudos citados
pela Anatel não terem, nos países de origem, resultado até então em regulações
vinculantes não significa que os indicadores e os métodos de medição não possam
ser replicados aqui. O cenário da prestação do serviço no Brasil é diferente do que se
verifica nestes países. Neste sentido, devemos ressaltar a falta de competição na
oferta do serviço de banda larga no Brasil. Dados consolidados no mapa Brasil
Banda Larga 2012 , editado pela Converge Comunicações, permite-nos concluir que
em cerca de 90% dos municípios brasileiros não há competição efetiva na oferta do
serviço, fixo ou móvel. A medição e divulgação dos resultados, sem parâmetros
obrigatórios e sanções, deixariam muitas vezes o consumidor sem opção diante de
um desempenho ruim de sua prestadora. A vulnerabilidade do consumidor como
Princípio da Política Nacional das Relações de Consumo, a recorrente prática
abusiva das empresas e a desinformação quanto aos parâmetros de rede, além da
responsabilidade da Anatel em garantir a qualidade dos serviços de
telecomunicações e do cenário de concentração do mercado, conformam os
elementos que tornam adequados os regulamentos recentemente aprovados. 1.3
Adoção dos mesmos padrões para SCM e SMP Embora os serviços fixo e móvel
tenham condições distintas de prestação e precisem ter metodologias específicas de
aferição, o objetivo de medição é o mesmo. A padronização dos parâmetros é
fundamental por garantir facilidade de comparação e acesso à informação pelo
consumidor e pelo fato de o país ter uma expansão fortemente sustentada pelo
serviço móvel pessoal, que em muitos lugares, em especial na região Norte, faz às
vezes de banda larga fixa. Eventuais diferenças de metodologia na medição
(coerentes com as particularidades de cada serviço) podem ser definidos pelo
GIPAQ. 2. DA COMPETÊNCIA DA ANATEL PARA FIXAÇÃO DE METAS DE
QUALIDADE NO REGIME PRIVADO Outro argumento central da empresa para a
anulação dos indicadores de rede do SCM (arts 16 a 21) e das taxas de transmissão
de conexão de dados do SMP (arts 22 e 23) é a alegação de que os serviços
prestados em regime privado não estão sujeitos à observância de metas de qualidade.
A operadora chega a classificar tal conduta da agência como ingerência indevida na
atividade econômica das autorizatárias dos referidos serviços. Para tal classificação,
abriga-se na Constituição e na LGT. Contudo, é com base em ambas que devemos
defender o contrário, isto é, a prerrogativa da Anatel em dispor sobre metas de
qualidade também aos serviços prestados em regime privado. Para demonstrar a
compatibilidade de tal prerrogativa ao marco regulatório brasileiro das
telecomunicações, cumpre, inicialmente, refletir acerca do argumento, trazido pela
operadora, que envolve a definição de redes estatísticas e redes determinísticas. A
TNL PSC S.A. alega que o estabelecimento das metas em discussão altera o perfil
da prestação do serviço ao pretender aproximar uma rede estatística de uma rede
determinística, em que ocorre a reserva de capacidade remunerada pelo usuário
mesmo quando ociosa. A construção do argumento é complicada em si, na medida
em que a existência de metas para a variação mínima e média da velocidade
contratada demonstra, justamente, a permissão para a sua variação em decorrência
da característica das redes. Neste sentido, os patamares exigidos, de variação
mínima de 20%-40%, em 95% dos casos, e variação média de 60%-80%, são
plenamente compatíveis com a natureza estatística do serviço. Isto posto, importa
demonstrar a base constitucional e legal da competência da Anatel para prever metas
de qualidade também aos serviços de telecomunicações prestados em regime
privado. 2.1 Compatibilidade constitucional e legal na fixação de metas de qualidade
para os serviços de telecomunicações explorados no regime privado Inicialmente,
devemos recordar que a Constituição Federal, em seu art. 21, XI, postula que
compete à União explorar os serviços de telecomunicações no país. A exploração
pode se dar diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão. Sendo de
competência da União a prestação destes serviços, como considerar ingerência
indevida a disposição, pelo órgão regulador das telecomunicações, de regras
relativas à qualidade dos mesmos? Neste contexto, a regulação da qualidade é não só
permitida, como devida e necessária. Corroborando este entendimento, estabelece o
art. 2 , III da LGT: Art. 2 O Poder Público tem o dever de: III adotar medidas que
promovam a competição e a diversidade dos serviços, incrementem sua oferta e
propiciem padrões de qualidade compatíveis com a exigência dos usuários. [grifo
nosso]. Previsão semelhante está presente no Título específico dos serviços
prestados em regime privado, do mesmo diploma legal. Dispõe o art. 127: Art. 127
A disciplina da exploração dos serviços no regime privado terá por objetivo
viabilizar o cumprimento das leis, em especial das relativas às telecomunicações, à
ordem econômica e aos direitos dos consumidores, destinando-se a garantir: I a
diversidade de serviços, o incremento de sua oferta e sua qualidade. [grifo nosso]
Conforme se verifica das previsões acima, a garantia de padrões de qualidade não é
incompatível com o regime jurídico do Serviço de Comunicação Multimídia ou do
Serviço Móvel Pessoal. Ao contrário, a legislação enuncia sua necessidade. Da
mesma forma, a determinação de padrões de qualidade na prestação do serviço não
fere os princípios constitucionais da atividade econômica base da exploração dos
serviços de telecomunicações no regime privado, segundo o art. 126 da LGT. Em
primeiro lugar, porque não se pode considerar a exigência de qualidade na prestação
de um serviço como uma afronta à livre iniciativa. Faz parte da atividade de
qualquer fornecedor a responsabilidade pela execução adequada do serviço
oferecido. Não bastasse isso, os pedidos de anulação se dirigem a serviços de
interesse coletivo, cuja exploração é de competência da União. Em segundo lugar,
porque também a defesa do consumidor é princípio da atividade econômica e se
encontra entre as atribuições da agência. Segundo seu regulamento, é competência
da Anatel atuar na proteção e defesa dos usuários (art. 16, XIX do Decreto
2.238/1997), estando clara na LGT a autoridade da agência para reprimir as
infrações aos direitos dos consumidores (art. 19, XVIII da LGT). A determinação de
padrões de qualidade, assim, atende diretamente a um dos princípios da atividade
econômica e não constitui violação aos outros. A operadora cita ainda o art. 128 da
LGT, argumentando que a intervenção da Anatel na atividade das prestadoras dos
serviços em questão feriria o princípio da intervenção mínima e da liberdade como
regra. Complementa afirmando que a única exceção a isto seriam as metas de
universalização, restritas aos serviços prestados no regime público. Omite a
operadora, porém, que o referido artigo 128 trata, na verdade, das condições a serem
observadas pela agência quando da imposição de condicionamentos à exploração
dos serviços no regime privado. Condicionamentos que podem significar deveres de
abstenção (limites), obrigações de fazer (encargos) ou deveres de suportar
(sujeições). A liberdade como regra enseja exceções; a intervenção mínima na vida
privada exige justificativa para a previsão de condicionamentos. Por isso, dispõe o
art. 128, III, que limites, encargos ou sujeições deverão ter vínculos, tanto de
necessidade como de adequação, com finalidades públicas específicas e relevantes.
O inciso IV complementa afirmando que o proveito coletivo gerado pelo
condicionamento deverá ser proporcional à privação que ele impuser. Os incisos III
e IV dizem respeito, portanto, à aplicação do princípio da proporcionalidade com
seus três elementos: adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito.
Conforme demonstraremos adiante, os indicadores contestados passam por este
teste, ao contrário do que afirma a operadora TNL PSC S.A. Deste modo, os
condicionamentos recentemente aprovados pela Anatel estão de acordo com os
preceitos constitucionais e o regime jurídico, privado, de prestação dos serviços
modelado pela LGT. Por fim, importa ressaltar mais uma característica do regime
privado: a inexistência de direito adquirido, das prestadoras do serviço, à
permanência das condições vigentes quando da expedição da autorização ou do
início das atividades (art. 130). Por conta disso, as empresas têm a obrigação de
observar os novos condicionamentos impostos por lei e pela regulamentação. É
dever da agência conceder prazos suficientes para adaptação aos novos
condicionamentos, o que ocorre no presente caso. Mesmo assim, os termos de
autorização do SCM firmados entre prestadoras e Anatel já estabelecem claramente
a competência da agência para impor condicionamentos, bem como para definir
parâmetros de qualidade ao serviço. Entre os parâmetros expressamente previstos no
termo constam o fornecimento do transporte de sinais respeitando as características
estabelecidas na regulamentação e a disponibilidade do serviço nos índices
contratados . Já nos termos de autorização do SMP, há referência expressa ao Plano
Geral de Metas de Qualidade do serviço, além da reprodução da disposição já citada,
de que a prestadora deve observar os novos condicionamentos legais e
regulamentares. 2.2 O reforço advindo da publicação do Decreto n. 7.512/2011 e seu
contexto Não fosse suficiente toda a base constitucional e legal anteriormente
exposta, o Decreto 7.512/2011, aprovado em 30 de junho de 2011, vem reforçar a
necessidade de parâmetros de qualidade para a banda larga fixa e móvel. Dispõe o
seu art. 2 que a Anatel deverá adotar as medidas regulatórias necessárias para
estabelecer padrões de qualidade para serviços de telecomunicações que suportam o
acesso à Internet em banda larga, definindo, entre outros, parâmetros de velocidade
efetiva de conexão mínima e média, de disponibilidade do serviço, bem como regras
de publicidade e transparência que permitam a aferição da qualidade percebida pelos
usuários. Com relação à previsão acima e aos argumentos apresentados pela TNL
PSC S.A., temos quatro pontos a ressaltar: (i) O Decreto não estabelece as metas de
qualidade em si, mas prevê moldes e prazos para a sua definição por meio de
instrumento adequado e de acordo com a legislação setorial. Em que pese a
competência normativa da Presidência da República e do Ministério das
Comunicações, a redação do mencionado artigo 2 é clara ao atribuir à Anatel a
adoção dos referidos padrões, em conformidade com o art. 19, X da LGT e art. 17,
XIV do regulamento da agência (Decreto 2.338/1997); (ii) O fato de a previsão se
referir a padrões e parâmetros não significa que silencie quanto à imposição de
metas de qualidade. Ao contrário, o artigo preconiza a adoção de medidas
regulatórias necessárias para o estabelecimento de padrões de qualidade dos
serviços. Padrões , parâmetros e metas são todas palavras que fazem referência a
medidas regulatórias que dêem respostas suficientes à realidade e aos problemas da
prestação dos serviços. (iii) A adoção de metas de qualidade é prática recorrente na
atividade regulatória da agência, inclusive para serviços explorados no regime
privado. Neste sentido, o RGQ-SMP vem substituir o Plano Geral de Metas
(PGMQ) do serviço, assim como há o PGMQ dos serviços de televisão por
assinatura e do serviço de telefonia fixa, que se aplica a concessionárias e
autorizatárias. A previsão do Decreto se insere neste contexto e reflete a até então
inexistente regulação de qualidade para o SCM e a necessidade de atualização das
metas do SMP. Tarefas, aliás, previstas no PGR aprovado por meio da Resolução
516/2008. (iv) Com base nos pontos acima, não podemos concordar que o
mencionado dispositivo se refira apenas ao estabelecimento de parâmetros que
seriam objeto de identificação pelas medidas de transparência. O art. 2 citado
determina que a Anatel adote medidas regulatórias necessárias para estabelecer
padrões de qualidade necessários ao SCM e ao SMP, bem como regras de
publicidade e transparência que permitam a aferição da qualidade percebida pelos
usuários . 2.3 A proporcionalidade da medida regulatória questionada: a presença da
adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito nos regulamentos de
qualidade A partir do exame a seguir será possível demonstrar que os indicadores de
rede do SCM, assim como as taxas de transmissão de conexão de dados do SMP,
observam o princípio da proporcionalidade e as condições do art. 128 da LGT para
imposição de encargos e sujeições. Antes de iniciarmos, é preciso frisar que a
análise apresentada pela operadora TNL PSC S.A. está viciada já em seus
pressupostos. O art. 2 do Decreto 7.512/2011 não tem apenas o objetivo de reduzir a
assimetria de informações entre os usuários e as prestadoras do SCM e do SMP. Em
sua redação também está clara a determinação para a adoção de medidas regulatórias
que respondam de maneira suficiente aos problemas verificados na prestação destes
serviços. Contudo, interessa ressaltar que os regulamentos aprovados não têm como
base normativa somente o mencionado Decreto, mas considerável referência
legislativa e constitucional. Por fim, é importante que o teste de proporcionalidade
tenha como pressuposto o cenário atual da prestação dos serviços e de violação do
direito dos consumidores já exposta, nesta contribuição, nas considerações acerca da
motivação dos regulamentos de qualidade. Fixados os pressupostos, passemos à
análise da aplicação do princípio da proporcionalidade ao caso concreto:
ADEQUAÇÃO as metas são aptas a cumprir os objetivos propostos. São regras
relativas à qualidade do serviço que atingem problemas recorrentes de conexão e
apresentam parâmetros objetivos para a fiscalização da Anatel e o acompanhamento
do consumidor. O argumento da prestadora de que a observância de tais regras
aumentará os preços do serviço ou diminuirá as velocidades ofertadas soa como
alegação da própria torpeza e confirma a necessidade dos regulamentos, já
adiantando o elemento seguinte de análise. Se a exigência de que a empresa entregue
no mínimo 20%, e na média 60%, da velocidade anunciada no primeiro ano de
aplicação destes critérios gera os efeitos mencionados, significa que a atual situação
de prestação do serviço é realmente inadequada. NECESSIDADE conforme
introduzido acima, tais medidas são necessárias. A superação dos problemas na
prestação do serviço não pode abrir mão da estipulação de metas vinculantes para se
valer somente de um código de boas práticas. Se o Código de Defesa do
Consumidor, lei federal vigente há anos no Brasil, ainda conta com disposições
recorrentemente violadas pelas empresas de telecomunicações, o que dirá um código
de boas práticas . A compulsoriedade das metas e a aplicação de sanções diante do
descumprimento não são supérfluas neste caso. Também por isso, a mera medição e
divulgação dos resultados não podem ser consideradas formas menos gravosas de se
atingir a mesma finalidade. Além das razões já apresentadas, é preciso ter em vista a
alta concentração de mercado na prestação do serviço de banda larga no Brasil, seja
fixa ou móvel. Em muitas localidades há apenas um ou, no máximo, dois provedores
do serviço. Neste cenário pouco competitivo, o consumidor fica praticamente sem
opção diante do baixo desempenho da sua operadora. Os critérios aqui discutidos, ao
prever porcentagens mínimas e médias de variação de velocidade, entre outros
indicadores de rede, têm entre seus objetivos justamente combater uma prática
recorrente e comum às maiores prestadoras do serviço a prática de garantir em seus
contratos de adesão apenas 10% da velocidade contratada; isto quando há garantia
expressa. O equilíbrio das relações entre prestadoras e usuários dos serviços, algo
que a disciplina da exploração no regime privado também se destina a garantir (art.
127, III da LGT), não é possível sem metas específicas e vinculantes.
PROPORCIONALIDADE EM SENTIDO ESTRITO as medidas são proporcionais
porque impõem às prestadoras parâmetros que permitem um planejamento de rede
equilibrado e com prazos definidos. Neste sentido, não pode prosperar o argumento
de que os custos gerados pelas metas afetam a própria atividade econômica da
empresa. Como já vimos, a adequada prestação de um serviço não pode ser
caracterizada como empecilho à realização da atividade. A exigência progressiva de
uma variação mínima de 20% a 40% da velocidade contratada, e média de 60% a
80%, até o final de 2014, não pode ser considerada exagerada em relação aos
problemas que visa enfrentar. Além disso, a experiência internacional demonstra que
tais parâmetros podem ser alcançados, como o próprio exemplo do Reino Unido
citado pela empresa em seu pedido de anulação. 2.4 Direito do consumidor: da
LEGALIDADE na fixação de metas É no mínimo enganoso afirmar que a legislação
consumerista considera ilegal a fixação de metas de qualidade de um serviço de
interesse coletivo e de competência da União. A legislação de proteção ao
consumidor, ao contrário do que alega a TNL PCS S.A., soma-se ao marco legal
setorial na defesa de metas de qualidade para o serviço de banda larga. Ainda que
não houvesse disposições expressas quanto à exigência de qualidade na prestação de
serviços, o art. 7 do Código de Defesa do Consumidor (Lei Federal n. 8.078/1990)
afirma que os direitos nele previstos não excluem outros decorrentes da legislação
interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas
competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia,
costumes e eqüidade. Contudo, já do art. 4 , II, alínea d do referido diploma legal
consta a seguinte disposição: Art. 4 A Política Nacional das Relações de Consumo
tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria
da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de
consumo, atendidos os seguintes princípios: II - ação governamental no sentido de
proteger efetivamente o consumidor: d) pela garantia dos produtos e serviços com
padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho. [grifo
nosso] Embora os regulamentos não se refiram propriamente a um procedimento de
certificação, suas regras estabelecem medidas que visam garantir a prestação dos
serviços (SCM e SMP) a partir de padrões adequados de qualidade e desempenho.
Além disso, o Código de Defesa do Consumidor arrola entre os direitos básicos do
consumidor a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral (art. 6 , X)
e apresenta um capítulo específico sobre a qualidade de produtos e serviços, que
trata da responsabilidade do fornecedor, diante do consumidor, quando da
exploração de sua atividade. Assim, o efetivo equilíbrio entre fornecedor e
consumidor nas relações de consumo vai além da transparência e do direito à
informação, abrangendo, entre outras, ações do poder público na garantia de padrões
de qualidade e a responsabilidade dos prestadores pelas atividades desenvolvidas.
Todavia, é fato que não podemos desprezar o peso que a transparência e o direito à
informação têm para a legislação consumerista. Quanto a isso, as metas aqui
questionadas contribuem também para a efetivação destes postulados e desvelam
prática abusiva das empresas. A definição de parâmetros mínimos e médios de
qualidade da conexão confere ao consumidor expectativa realista e mensurável do
serviço adquirido, dando-lhe instrumentos para exigir a sua adequada prestação. A
própria argumentação da operadora demonstra que com estas medidas as ofertas de
velocidade ficarão mais próximas do que efetivamente se entrega ao consumidor. A
isto se dá o nome de transparência . Art. 23 do RGQ-SCM 3. DA LEGALIDADE
DA TAXA DE INSTALAÇÃO Segundo a TNL PSC S.A., a definição de prazo
máximo para instalação do Serviço de Comunicação Multimídia é similar às metas
de universalização aplicáveis ao serviços explorados no regime público. Indo além,
a empresa afirma que metas de instalação apresentam como foco a universalização
do serviço. Tal argumento parece desconhecer o fato de que metas de
universalização se destinam a disponibilizar o serviço em locais em que ainda não
há cobertura, de forma a atender ao disposto no art. 79, 1 da LGT; enquanto meta de
instalação visa estabelecer um prazo máximo para ativação do serviço nos locais em
que a empresa já o oferece. A definição de prazos para a instalação do serviço não
encontra empecilho na legislação do setor e se demonstra extremamente relevante.
Não é raro que o consumidor tenha que esperar quase 30 dias para a instalação do
serviço de banda larga já contratado e de que necessita para a realização das mais
diversas atividades. A combinação do art. 35, I e do art. 39, XII do Código de
Defesa do Consumidor confere instrumento importante ao consumidor. Todavia, é
errôneo supor que a execução forçada de um prazo informado pela empresa na sua
Central de Vendas e não cumprido ou a contestação da prática da empresa em
definir unilateralmente o prazo de instalação, o que em geral ocorre, são tão eficazes
na proteção do consumidor quanto a fixação de uma meta de instalação pela Anatel.
Por tais razões, a taxa deve ser mantida sem alterações. Arts 11, 12 e 13 do RGQ-
SCM 4. DA NÃO OCORRÊNCIA DE BIS IN IDEM NAS RECLAMAÇÕES
RELATIVAS A REPARO NOS ARTIGOS 11, 12 E 13 DO RGQ-SCM A TNL
PSC S.A. afirma, em seu pedido de anulação, que os referidos artigos avaliam
repetidamente o mesmo fator, qual seja, as reclamações relativas a reparo. No
entanto, é preciso comentar que o primeiro artigo (art. 11) diz respeito à relação
entre o número total de reclamações recebidas na prestadora e o número total de
acessos em serviço; enquanto o segundo artigo (art. 12) trata da relação entre o
número total de reclamações recebidas na Anatel, em desfavor da prestadora, e o
número total de reclamações recebidas em todos os canais de atendimento da
prestadora, no mês. O terceiro (art. 13), por sua vez, refere-se à relação entre a
quantidade de reclamações com reabertura e a quantidade de reclamações recebidas
em todos os canais de atendimento da prestadora. O objetivo de cada uma dessas
taxas é estabelecer um limite máximo para cada relação, controlando,
respectivamente: (i) o número de reclamações de acordo com a base de assinantes;
(ii) o transbordo de reclamações para a Anatel; e (iii) a quantidade de demandas não
solucionadas pela empresa e, portanto, reabertas. As penalidades somente serão
impostas caso sejam superados os índices estabelecidos em cada relação. As
reclamações relativas a reparo integram a amostra geral de reclamações a ser
entregue à agência. O número 1, da alínea a, do 2 dos artigos mencionados
demonstra o interesse da Anatel em visualizar estes dados em separado dos outros
quando do recebimento do número total de reclamações, mas não significa uma
avaliação repetida da taxa. Esclarecido este ponto, resta refletir acerca do art. 24
diante das medições descritas acima. O art. 24 se refere à relação entre o número de
solicitações de reparo, em decorrência de falhas ou defeitos, e o número total de
acessos em serviço. Seu objetivo é controlar a qualidade da prestação do serviço,
evitando que haja um número alto de falhas ou defeitos em comparação à base de
assinantes. Poderia haver duplicidade entre o art. 24 e o art. 11, já que se trata da
mesma relação (solicitações ou reclamações / base de assinantes), se na organização
dos dados não houver diferenciação entre solicitação de reparo e reclamação relativa
a reparo . Todavia, tal possibilidade não enseja a anulação dos referidos dispositivos,
mas apenas a especificação adequada na consolidação das informações. Isto porque
cada um deles, efetivamente, avalia questões diferentes. Art. 14 do RGQ-SMP 5.
DA RELEVÂNCIA DO INDICADOR PREVISTO NO ART. 14 DO RGQ-SMP O
indicador em questão é de grande relevância à atividade de fiscalização empreendida
pela agência. Isto porque visa mensurar e penalizar o transbordo de reclamações da
empresa, estimulando que as demandas dos consumidores sejam solucionadas sem a
necessidade de provocação da Anatel. Ainda, interessa elogiar e defender a
manutenção da possibilidade de utilização dos dados do Sistema Nacional de Defesa
do Consumidor. É uma tarefa da agência se aproximar das entidades do SNDC para
o desenvolvimento de ações em conjunto e tal previsão está em consonância com
este desafio.
Contribuição N°: 156
ID da Contribuição: 58505
Autor da Contribuição: Daniela Batalha Trettel
Data da Contribuição: 01/02/2012 22:43:08
Contribuição:
São Paulo, 1 de fevereiro de 2012. Ilmos. Srs. João
Rezende e Bruno Ramos Presidente e Superintendente de
Serviços Privados ANATEL - Agência Nacional de
Telecomunicações Prezados Senhores, O Idec Instituto
Brasileiro de Defesa do Consumidor - vem, por meio
desta, apresentar suas contribuições à Consulta Pública
aberta pela Anatel, que tem como objetivo receber
comentários ao Pedido de Anulação interposto pela TNL
PCS S.A. em face dos dispositivos constantes no
Regulamento de Gestão da Qualidade do Serviço de
Comunicação Multimídia (RGQ-SCM) e no Regulamento
de Gestão da Qualidade do Serviço Móvel Pessoal (RGQ-
SMP). Quando da contribuição às Consultas Públicas
referentes aos regulamentos ora questionados, o Idec
frisou a importância dos mesmos para a expansão da
banda larga com parâmetros mínimos de qualidade, de
forma que a ampliação do serviço não se resumisse à
popularização de seus problemas. Diante da abertura de
comentários públicos ao pedido de anulação apresentados
pela TNL PCS S.A., este Instituto não pode deixar de
fazer referência às milhares de mensagens enviadas ao
Conselho Diretor desta agência, ainda em 2011,
demonstrando o apoio da sociedade à aprovação de
padrões rígidos de qualidade para os serviços de banda
larga fixa e móvel. Se a empresa TNL PCS S.A.
desconsidera a dimensão deste processo, bem como a
necessidade de parâmetros condizentes com a relevância
do serviço de banda larga, é fundamental que a Anatel
cumpra seu papel de entidade reguladora dos serviços de
telecomunicações do país, prezando pela qualidade e pela
proteção do consumidor. As considerações mais
específicas acerca do pedido de anulação seguem abaixo.
Atenciosamente, Lisa Gunn Veridiana Alimonti
Coordenadora Executiva Advogada Comentários do Idec
ao Pedido de Anulação interposto pela TNL PCS S.A. em
face dos dispositivos constantes no Regulamento de
Gestão da Qualidade do Serviço de Comunicação
Multimídia (RGQ-SCM) e no Regulamento de Gestão da
Qualidade do Serviço Móvel Pessoal (RGQ-SMP). Arts
16 a 21 do RGQ-SCM e Arts 22 e 23 do RGQ-SMP 1.
DOS SUPOSTOS VÍCIOS DE MOTIVAÇÃO Os
pedidos de anulação têm como um de seus argumentos
centrais a alegação de vício de motivação na aprovação
das metas em questão. Sabe-se que a motivação é
necessária ao ato administrativo, o que se reflete no art.
40 da Lei Geral de Telecomunicações (Lei Federal n.
9.472 / 97). Porém, como verificaremos a seguir, não é
possível afirmar que tal condição não tenha sido suprida
na edição de ambos os regulamentos. 1.1 Ausência da
Análise de Impacto Regulatório (AIR) Segundo a TNL
PCS S.A., a aprovação dos indicadores de rede do SCM e
das taxas de transmissão mínima e média do SMP
apresenta vício de motivação pela ausência de Análise de
Impacto Regulatório, citando as recomendações da OCDE
(Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico). Conquanto o Idec, em diversas
oportunidades, já tenha defendido a realização de AIR no
processo de elaboração de atos da Anatel, a legislação
aplicável não exige a realização de análise nos termos
apresentados pela operadora. Portanto, a ausência desta
análise não enseja a anulação das metas aprovadas. De
outro lado, importa afirmar que a exigência de exposição
formal de motivos foi observada pela Anatel em ambos os
casos. Nos dois regulamentos houve o esforço da agência
em demonstrar os elementos de fato e de direito que
justificam a adoção de metas de qualidade. Quanto aos
parâmetros técnicos das metas, a análise da Anatel
apresenta estudos internacionais, além de contar com a
experiência da pesquisa realizada em parceria com o
CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil) e Inmetro.
Além disso, a própria realidade da prestação do serviço
fundamenta a necessidade de indicadores de rede e taxas
de transmissão das conexões. São recorrentes as
reclamações diante de problemas de conexão e variação
de velocidade, sendo que a regulamentação até então
vigente não oferecia respostas suficientes aos
consumidores. Quanto às empresas, a resposta
comumente dada ao usuário é a atenuação ou exclusão da
responsabilidade diante do serviço prestado, prevendo
cláusulas abusivas em seus contratos de adesão. 1.2 A
experiência internacional citada pela Anatel Mais
especificamente no pedido de anulação do RGQ-SCM, a
TNL PCS S.A. alega que também enseja vício de
motivação o fato de os estudos internacionais citados pela
agência não terem resultado na adoção de padrões
vinculantes nos países de origem. Quanto a isso, cumpre
notar que há uma ampla discussão internacional com
relação à qualidade da banda larga e à necessidade de se
aproximar as velocidades anunciadas e contratadas das
efetivamente entregues. Os países estão avaliando suas
práticas e estabelecendo modelos regulatórios que
respondam à sua realidade. O fato de os estudos citados
pela Anatel não terem, nos países de origem, resultado até
então em regulações vinculantes não significa que os
indicadores e os métodos de medição não possam ser
replicados aqui. O cenário da prestação do serviço no
Brasil é diferente do que se verifica nestes países. Neste
sentido, devemos ressaltar a falta de competição na oferta
do serviço de banda larga no Brasil. Dados consolidados
no mapa Brasil Banda Larga 2012 , editado pela
Converge Comunicações, permite-nos concluir que em
cerca de 90% dos municípios brasileiros não há
competição efetiva na oferta do serviço, fixo ou móvel. A
medição e divulgação dos resultados, sem parâmetros
obrigatórios e sanções, deixariam muitas vezes o
consumidor sem opção diante de um desempenho ruim de
sua prestadora. A vulnerabilidade do consumidor como
Princípio da Política Nacional das Relações de Consumo,
a recorrente prática abusiva das empresas e a
desinformação quanto aos parâmetros de rede, além da
responsabilidade da Anatel em garantir a qualidade dos
serviços de telecomunicações e do cenário de
concentração do mercado, conformam os elementos que
tornam adequados os regulamentos recentemente
aprovados. 1.3 Adoção dos mesmos padrões para SCM e
SMP Embora os serviços fixo e móvel tenham condições
distintas de prestação e precisem ter metodologias
específicas de aferição, o objetivo de medição é o mesmo.
A padronização dos parâmetros é fundamental por
garantir facilidade de comparação e acesso à informação
pelo consumidor e pelo fato de o país ter uma expansão
fortemente sustentada pelo serviço móvel pessoal, que em
muitos lugares, em especial na região Norte, faz às vezes
de banda larga fixa. Eventuais diferenças de metodologia
na medição (coerentes com as particularidades de cada
serviço) podem ser definidos pelo GIPAQ. 2. DA
COMPETÊNCIA DA ANATEL PARA FIXAÇÃO DE
METAS DE QUALIDADE NO REGIME PRIVADO
Outro argumento central da empresa para a anulação dos
indicadores de rede do SCM (arts 16 a 21) e das taxas de
transmissão de conexão de dados do SMP (arts 22 e 23) é
a alegação de que os serviços prestados em regime
privado não estão sujeitos à observância de metas de
qualidade. A operadora chega a classificar tal conduta da
agência como ingerência indevida na atividade econômica
das autorizatárias dos referidos serviços. Para tal
classificação, abriga-se na Constituição e na LGT.
Contudo, é com base em ambas que devemos defender o
contrário, isto é, a prerrogativa da Anatel em dispor sobre
metas de qualidade também aos serviços prestados em
regime privado. Para demonstrar a compatibilidade de tal
prerrogativa ao marco regulatório brasileiro das
telecomunicações, cumpre, inicialmente, refletir acerca do
argumento, trazido pela operadora, que envolve a
definição de redes estatísticas e redes determinísticas. A
TNL PSC S.A. alega que o estabelecimento das metas em
discussão altera o perfil da prestação do serviço ao
pretender aproximar uma rede estatística de uma rede
determinística, em que ocorre a reserva de capacidade
remunerada pelo usuário mesmo quando ociosa. A
construção do argumento é complicada em si, na medida
em que a existência de metas para a variação mínima e
média da velocidade contratada demonstra, justamente, a
permissão para a sua variação em decorrência da
característica das redes. Neste sentido, os patamares
exigidos, de variação mínima de 20%-40%, em 95% dos
casos, e variação média de 60%-80%, são plenamente
compatíveis com a natureza estatística do serviço. Isto
posto, importa demonstrar a base constitucional e legal da
competência da Anatel para prever metas de qualidade
também aos serviços de telecomunicações prestados em
regime privado. 2.1 Compatibilidade constitucional e
legal na fixação de metas de qualidade para os serviços de
telecomunicações explorados no regime privado
Inicialmente, devemos recordar que a Constituição
Federal, em seu art. 21, XI, postula que compete à União
explorar os serviços de telecomunicações no país. A
exploração pode se dar diretamente ou mediante
autorização, concessão ou permissão. Sendo de
competência da União a prestação destes serviços, como
considerar ingerência indevida a disposição, pelo órgão
regulador das telecomunicações, de regras relativas à
qualidade dos mesmos? Neste contexto, a regulação da
qualidade é não só permitida, como devida e necessária.
Corroborando este entendimento, estabelece o art. 2 , III
da LGT: Art. 2 O Poder Público tem o dever de: III adotar
medidas que promovam a competição e a diversidade dos
serviços, incrementem sua oferta e propiciem padrões de
qualidade compatíveis com a exigência dos usuários.
[grifo nosso]. Previsão semelhante está presente no Título
específico dos serviços prestados em regime privado, do
mesmo diploma legal. Dispõe o art. 127: Art. 127 A
disciplina da exploração dos serviços no regime privado
terá por objetivo viabilizar o cumprimento das leis, em
especial das relativas às telecomunicações, à ordem
econômica e aos direitos dos consumidores, destinando-se
a garantir: I a diversidade de serviços, o incremento de
sua oferta e sua qualidade. [grifo nosso] Conforme se
verifica das previsões acima, a garantia de padrões de
qualidade não é incompatível com o regime jurídico do
Serviço de Comunicação Multimídia ou do Serviço
Móvel Pessoal. Ao contrário, a legislação enuncia sua
necessidade. Da mesma forma, a determinação de padrões
de qualidade na prestação do serviço não fere os
princípios constitucionais da atividade econômica base da
exploração dos serviços de telecomunicações no regime
privado, segundo o art. 126 da LGT. Em primeiro lugar,
porque não se pode considerar a exigência de qualidade
na prestação de um serviço como uma afronta à livre
iniciativa. Faz parte da atividade de qualquer fornecedor a
responsabilidade pela execução adequada do serviço
oferecido. Não bastasse isso, os pedidos de anulação se
dirigem a serviços de interesse coletivo, cuja exploração é
de competência da União. Em segundo lugar, porque
também a defesa do consumidor é princípio da atividade
econômica e se encontra entre as atribuições da agência.
Segundo seu regulamento, é competência da Anatel atuar
na proteção e defesa dos usuários (art. 16, XIX do
Decreto 2.238 / 1997), estando clara na LGT a autoridade
da agência para reprimir as infrações aos direitos dos
consumidores (art. 19, XVIII da LGT). A determinação
de padrões de qualidade, assim, atende diretamente a um
dos princípios da atividade econômica e não constitui
violação aos outros. A operadora cita ainda o art. 128 da
LGT, argumentando que a intervenção da Anatel na
atividade das prestadoras dos serviços em questão feriria
o princípio da intervenção mínima e da liberdade como
regra. Complementa afirmando que a única exceção a isto
seriam as metas de universalização, restritas aos serviços
prestados no regime público. Omite a operadora, porém,
que o referido artigo 128 trata, na verdade, das condições
a serem observadas pela agência quando da imposição de
condicionamentos à exploração dos serviços no regime
privado. Condicionamentos que podem significar deveres
de abstenção (limites), obrigações de fazer (encargos) ou
deveres de suportar (sujeições). A liberdade como regra
enseja exceções; a intervenção mínima na vida privada
exige justificativa para a previsão de condicionamentos.
Por isso, dispõe o art. 128, III, que limites, encargos ou
sujeições deverão ter vínculos, tanto de necessidade como
de adequação, com finalidades públicas específicas e
relevantes. O inciso IV complementa afirmando que o
proveito coletivo gerado pelo condicionamento deverá ser
proporcional à privação que ele impuser. Os incisos III e
IV dizem respeito, portanto, à aplicação do princípio da
proporcionalidade com seus três elementos: adequação,
necessidade e proporcionalidade em sentido estrito.
Conforme demonstraremos adiante, os indicadores
contestados passam por este teste, ao contrário do que
afirma a operadora TNL PSC S.A. Deste modo, os
condicionamentos recentemente aprovados pela Anatel
estão de acordo com os preceitos constitucionais e o
regime jurídico, privado, de prestação dos serviços
modelado pela LGT. Por fim, importa ressaltar mais uma
característica do regime privado: a inexistência de direito
adquirido, das prestadoras do serviço, à permanência das
condições vigentes quando da expedição da autorização
ou do início das atividades (art. 130). Por conta disso, as
empresas têm a obrigação de observar os novos
condicionamentos impostos por lei e pela
regulamentação. É dever da agência conceder prazos
suficientes para adaptação aos novos condicionamentos, o
que ocorre no presente caso. Mesmo assim, os termos de
autorização do SCM firmados entre prestadoras e Anatel
já estabelecem claramente a competência da agência para
impor condicionamentos, bem como para definir
parâmetros de qualidade ao serviço. Entre os parâmetros
expressamente previstos no termo constam o
fornecimento do transporte de sinais respeitando as
características estabelecidas na regulamentação e a
disponibilidade do serviço nos índices contratados . Já nos
termos de autorização do SMP, há referência expressa ao
Plano Geral de Metas de Qualidade do serviço, além da
reprodução da disposição já citada, de que a prestadora
deve observar os novos condicionamentos legais e
regulamentares. 2.2 O reforço advindo da publicação do
Decreto n. 7.512 / 2011 e seu contexto Não fosse
suficiente toda a base constitucional e legal anteriormente
exposta, o Decreto 7.512 / 2011, aprovado em 30 de
junho de 2011, vem reforçar a necessidade de parâmetros
de qualidade para a banda larga fixa e móvel. Dispõe o
seu art. 2 que a Anatel deverá adotar as medidas
regulatórias necessárias para estabelecer padrões de
qualidade para serviços de telecomunicações que
suportam o acesso à Internet em banda larga, definindo,
entre outros, parâmetros de velocidade efetiva de conexão
mínima e média, de disponibilidade do serviço, bem
como regras de publicidade e transparência que permitam
a aferição da qualidade percebida pelos usuários. Com
relação à previsão acima e aos argumentos apresentados
pela TNL PSC S.A., temos quatro pontos a ressaltar: (i) O
Decreto não estabelece as metas de qualidade em si, mas
prevê moldes e prazos para a sua definição por meio de
instrumento adequado e de acordo com a legislação
setorial. Em que pese a competência normativa da
Presidência da República e do Ministério das
Comunicações, a redação do mencionado artigo 2 é clara
ao atribuir à Anatel a adoção dos referidos padrões, em
conformidade com o art. 19, X da LGT e art. 17, XIV do
regulamento da agência (Decreto 2.338 / 1997); (ii) O
fato de a previsão se referir a padrões e parâmetros não
significa que silencie quanto à imposição de metas de
qualidade. Ao contrário, o artigo preconiza a adoção de
medidas regulatórias necessárias para o estabelecimento
de padrões de qualidade dos serviços. Padrões ,
parâmetros e metas são todas palavras que fazem
referência a medidas regulatórias que dêem respostas
suficientes à realidade e aos problemas da prestação dos
serviços. (iii) A adoção de metas de qualidade é prática
recorrente na atividade regulatória da agência, inclusive
para serviços explorados no regime privado. Neste
sentido, o RGQ-SMP vem substituir o Plano Geral de
Metas (PGMQ) do serviço, assim como há o PGMQ dos
serviços de televisão por assinatura e do serviço de
telefonia fixa, que se aplica a concessionárias e
autorizatárias. A previsão do Decreto se insere neste
contexto e reflete a até então inexistente regulação de
qualidade para o SCM e a necessidade de atualização das
metas do SMP. Tarefas, aliás, previstas no PGR aprovado
por meio da Resolução 516 / 2008. (iv) Com base nos
pontos acima, não podemos concordar que o mencionado
dispositivo se refira apenas ao estabelecimento de
parâmetros que seriam objeto de identificação pelas
medidas de transparência. O art. 2 citado determina que a
Anatel adote medidas regulatórias necessárias para
estabelecer padrões de qualidade necessários ao SCM e
ao SMP, bem como regras de publicidade e transparência
que permitam a aferição da qualidade percebida pelos
usuários . 2.3 A proporcionalidade da medida regulatória
questionada: a presença da adequação, necessidade e
proporcionalidade em sentido estrito nos regulamentos de
qualidade A partir do exame a seguir será possível
demonstrar que os indicadores de rede do SCM, assim
como as taxas de transmissão de conexão de dados do
SMP, observam o princípio da proporcionalidade e as
condições do art. 128 da LGT para imposição de encargos
e sujeições. Antes de iniciarmos, é preciso frisar que a
análise apresentada pela operadora TNL PSC S.A. está
viciada já em seus pressupostos. O art. 2 do Decreto 7.512
/ 2011 não tem apenas o objetivo de reduzir a assimetria
de informações entre os usuários e as prestadoras do SCM
e do SMP. Em sua redação também está clara a
determinação para a adoção de medidas regulatórias que
respondam de maneira suficiente aos problemas
verificados na prestação destes serviços. Contudo,
interessa ressaltar que os regulamentos aprovados não têm
como base normativa somente o mencionado Decreto,
mas considerável referência legislativa e constitucional.
Por fim, é importante que o teste de proporcionalidade
tenha como pressuposto o cenário atual da prestação dos
serviços e de violação do direito dos consumidores já
exposta, nesta contribuição, nas considerações acerca da
motivação dos regulamentos de qualidade. Fixados os
pressupostos, passemos à análise da aplicação do
princípio da proporcionalidade ao caso concreto:
ADEQUAÇÃO as metas são aptas a cumprir os objetivos
propostos. São regras relativas à qualidade do serviço que
atingem problemas recorrentes de conexão e apresentam
parâmetros objetivos para a fiscalização da Anatel e o
acompanhamento do consumidor. O argumento da
prestadora de que a observância de tais regras aumentará
os preços do serviço ou diminuirá as velocidades
ofertadas soa como alegação da própria torpeza e
confirma a necessidade dos regulamentos, já adiantando o
elemento seguinte de análise. Se a exigência de que a
empresa entregue no mínimo 20%, e na média 60%, da
velocidade anunciada no primeiro ano de aplicação destes
critérios gera os efeitos mencionados, significa que a atual
situação de prestação do serviço é realmente inadequada.
NECESSIDADE conforme introduzido acima, tais
medidas são necessárias. A superação dos problemas na
prestação do serviço não pode abrir mão da estipulação de
metas vinculantes para se valer somente de um código de
boas práticas. Se o Código de Defesa do Consumidor, lei
federal vigente há anos no Brasil, ainda conta com
disposições recorrentemente violadas pelas empresas de
telecomunicações, o que dirá um código de boas práticas .
A compulsoriedade das metas e a aplicação de sanções
diante do descumprimento não são supérfluas neste caso.
Também por isso, a mera medição e divulgação dos
resultados não podem ser consideradas formas menos
gravosas de se atingir a mesma finalidade. Além das
razões já apresentadas, é preciso ter em vista a alta
concentração de mercado na prestação do serviço de
banda larga no Brasil, seja fixa ou móvel. Em muitas
localidades há apenas um ou, no máximo, dois provedores
do serviço. Neste cenário pouco competitivo, o
consumidor fica praticamente sem opção diante do baixo
desempenho da sua operadora. Os critérios aqui
discutidos, ao prever porcentagens mínimas e médias de
variação de velocidade, entre outros indicadores de rede,
têm entre seus objetivos justamente combater uma prática
recorrente e comum às maiores prestadoras do serviço a
prática de garantir em seus contratos de adesão apenas
10% da velocidade contratada; isto quando há garantia
expressa. O equilíbrio das relações entre prestadoras e
usuários dos serviços, algo que a disciplina da exploração
no regime privado também se destina a garantir (art. 127,
III da LGT), não é possível sem metas específicas e
vinculantes. PROPORCIONALIDADE EM SENTIDO
ESTRITO as medidas são proporcionais porque impõem
às prestadoras parâmetros que permitem um planejamento
de rede equilibrado e com prazos definidos. Neste
sentido, não pode prosperar o argumento de que os custos
gerados pelas metas afetam a própria atividade econômica
da empresa. Como já vimos, a adequada prestação de um
serviço não pode ser caracterizada como empecilho à
realização da atividade. A exigência progressiva de uma
variação mínima de 20% a 40% da velocidade contratada,
e média de 60% a 80%, até o final de 2014, não pode ser
considerada exagerada em relação aos problemas que visa
enfrentar. Além disso, a experiência internacional
demonstra que tais parâmetros podem ser alcançados,
como o próprio exemplo do Reino Unido citado pela
empresa em seu pedido de anulação. 2.4 Direito do
consumidor: da LEGALIDADE na fixação de metas É no
mínimo enganoso afirmar que a legislação consumerista
considera ilegal a fixação de metas de qualidade de um
serviço de interesse coletivo e de competência da União.
A legislação de proteção ao consumidor, ao contrário do
que alega a TNL PCS S.A., soma-se ao marco legal
setorial na defesa de metas de qualidade para o serviço de
banda larga. Ainda que não houvesse disposições
expressas quanto à exigência de qualidade na prestação de
serviços, o art. 7 do Código de Defesa do Consumidor
(Lei Federal n. 8.078 / 1990) afirma que os direitos nele
previstos não excluem outros decorrentes da legislação
interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas
autoridades administrativas competentes, bem como dos
que derivem dos princípios gerais do direito, analogia,
costumes e eqüidade. Contudo, já do art. 4 , II, alínea d do
referido diploma legal consta a seguinte disposição: Art. 4
A Política Nacional das Relações de Consumo tem por
objetivo o atendimento das necessidades dos
consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e
segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a
melhoria da sua qualidade de vida, bem como a
transparência e harmonia das relações de consumo,
atendidos os seguintes princípios: II - ação governamental
no sentido de proteger efetivamente o consumidor: d) pela
garantia dos produtos e serviços com padrões adequados
de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
[grifo nosso] Embora os regulamentos não se refiram
propriamente a um procedimento de certificação, suas
regras estabelecem medidas que visam garantir a
prestação dos serviços (SCM e SMP) a partir de padrões
adequados de qualidade e desempenho. Além disso, o
Código de Defesa do Consumidor arrola entre os direitos
básicos do consumidor a adequada e eficaz prestação dos
serviços públicos em geral (art. 6 , X) e apresenta um
capítulo específico sobre a qualidade de produtos e
serviços, que trata da responsabilidade do fornecedor,
diante do consumidor, quando da exploração de sua
atividade. Assim, o efetivo equilíbrio entre fornecedor e
consumidor nas relações de consumo vai além da
transparência e do direito à informação, abrangendo, entre
outras, ações do poder público na garantia de padrões de
qualidade e a responsabilidade dos prestadores pelas
atividades desenvolvidas. Todavia, é fato que não
podemos desprezar o peso que a transparência e o direito
à informação têm para a legislação consumerista. Quanto
a isso, as metas aqui questionadas contribuem também
para a efetivação destes postulados e desvelam prática
abusiva das empresas. A definição de parâmetros
mínimos e médios de qualidade da conexão confere ao
consumidor expectativa realista e mensurável do serviço
adquirido, dando-lhe instrumentos para exigir a sua
adequada prestação. A própria argumentação da
operadora demonstra que com estas medidas as ofertas de
velocidade ficarão mais próximas do que efetivamente se
entrega ao consumidor. A isto se dá o nome de
transparência . Art. 23 do RGQ-SCM 3. DA
LEGALIDADE DA TAXA DE INSTALAÇÃO Segundo
a TNL PSC S.A., a definição de prazo máximo para
instalação do Serviço de Comunicação Multimídia é
similar às metas de universalização aplicáveis ao serviços
explorados no regime público. Indo além, a empresa
afirma que metas de instalação apresentam como foco a
universalização do serviço. Tal argumento parece
desconhecer o fato de que metas de universalização se
destinam a disponibilizar o serviço em locais em que
ainda não há cobertura, de forma a atender ao disposto no
art. 79, 1 da LGT; enquanto meta de instalação visa
estabelecer um prazo máximo para ativação do serviço
nos locais em que a empresa já o oferece. A definição de
prazos para a instalação do serviço não encontra
empecilho na legislação do setor e se demonstra
extremamente relevante. Não é raro que o consumidor
tenha que esperar quase 30 dias para a instalação do
serviço de banda larga já contratado e de que necessita
para a realização das mais diversas atividades. A
combinação do art. 35, I e do art. 39, XII do Código de
Defesa do Consumidor confere instrumento importante ao
consumidor. Todavia, é errôneo supor que a execução
forçada de um prazo informado pela empresa na sua
Central de Vendas e não cumprido ou a contestação da
prática da empresa em definir unilateralmente o prazo de
instalação, o que em geral ocorre, são tão eficazes na
proteção do consumidor quanto a fixação de uma meta de
instalação pela Anatel. Por tais razões, a taxa deve ser
mantida sem alterações. Arts 11, 12 e 13 do RGQ-SCM 4.
DA NÃO OCORRÊNCIA DE BIS IN IDEM NAS
RECLAMAÇÕES RELATIVAS A REPARO NOS
ARTIGOS 11, 12 E 13 DO RGQ-SCM A TNL PSC S.A.
afirma, em seu pedido de anulação, que os referidos
artigos avaliam repetidamente o mesmo fator, qual seja,
as reclamações relativas a reparo. No entanto, é preciso
comentar que o primeiro artigo (art. 11) diz respeito à
relação entre o número total de reclamações recebidas na
prestadora e o número total de acessos em serviço;
enquanto o segundo artigo (art. 12) trata da relação entre
o número total de reclamações recebidas na Anatel, em
desfavor da prestadora, e o número total de reclamações
recebidas em todos os canais de atendimento da
prestadora, no mês. O terceiro (art. 13), por sua vez,
refere-se à relação entre a quantidade de reclamações com
reabertura e a quantidade de reclamações recebidas em
todos os canais de atendimento da prestadora. O objetivo
de cada uma dessas taxas é estabelecer um limite máximo
para cada relação, controlando, respectivamente: (i) o
número de reclamações de acordo com a base de
assinantes; (ii) o transbordo de reclamações para a Anatel;
e (iii) a quantidade de demandas não solucionadas pela
empresa e, portanto, reabertas. As penalidades somente
serão impostas caso sejam superados os índices
estabelecidos em cada relação. As reclamações relativas a
reparo integram a amostra geral de reclamações a ser
entregue à agência. O número 1, da alínea a, do 2 dos
artigos mencionados demonstra o interesse da Anatel em
visualizar estes dados em separado dos outros quando do
recebimento do número total de reclamações, mas não
significa uma avaliação repetida da taxa. Esclarecido este
ponto, resta refletir acerca do art. 24 diante das medições
descritas acima. O art. 24 se refere à relação entre o
número de solicitações de reparo, em decorrência de
falhas ou defeitos, e o número total de acessos em
serviço. Seu objetivo é controlar a qualidade da prestação
do serviço, evitando que haja um número alto de falhas ou
defeitos em comparação à base de assinantes. Poderia
haver duplicidade entre o art. 24 e o art. 11, já que se trata
da mesma relação (solicitações ou reclamações / base de
assinantes), se na organização dos dados não houver
diferenciação entre solicitação de reparo e reclamação
relativa a reparo . Todavia, tal possibilidade não enseja a
anulação dos referidos dispositivos, mas apenas a
especificação adequada na consolidação das informações.
Isto porque cada um deles, efetivamente, avalia questões
diferentes. Art. 14 do RGQ-SMP 5. DA RELEVÂNCIA
DO INDICADOR PREVISTO NO ART. 14 DO RGQ-
SMP O indicador em questão é de grande relevância à
atividade de fiscalização empreendida pela agência. Isto
porque visa mensurar e penalizar o transbordo de
reclamações da empresa, estimulando que as demandas
dos consumidores sejam solucionadas sem a necessidade
de provocação da Anatel. Ainda, interessa elogiar e
defender a manutenção da possibilidade de utilização dos
dados do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor. É
uma tarefa da agência se aproximar das entidades do
SNDC para o desenvolvimento de ações em conjunto e tal
previsão está em consonância com este desafio.
Justificativa:
São Paulo, 1 de fevereiro de 2012. Ilmos. Srs. João
Rezende e Bruno Ramos Presidente e Superintendente de
Serviços Privados ANATEL - Agência Nacional de
Telecomunicações Prezados Senhores, O Idec Instituto
Brasileiro de Defesa do Consumidor - vem, por meio
desta, apresentar suas contribuições à Consulta Pública
aberta pela Anatel, que tem como objetivo receber
comentários ao Pedido de Anulação interposto pela TNL
PCS S.A. em face dos dispositivos constantes no
Regulamento de Gestão da Qualidade do Serviço de
Comunicação Multimídia (RGQ-SCM) e no Regulamento
de Gestão da Qualidade do Serviço Móvel Pessoal (RGQ-
SMP). Quando da contribuição às Consultas Públicas
referentes aos regulamentos ora questionados, o Idec
frisou a importância dos mesmos para a expansão da
banda larga com parâmetros mínimos de qualidade, de
forma que a ampliação do serviço não se resumisse à
popularização de seus problemas. Diante da abertura de
comentários públicos ao pedido de anulação apresentados
pela TNL PCS S.A., este Instituto não pode deixar de
fazer referência às milhares de mensagens enviadas ao
Conselho Diretor desta agência, ainda em 2011,
demonstrando o apoio da sociedade à aprovação de
padrões rígidos de qualidade para os serviços de banda
larga fixa e móvel. Se a empresa TNL PCS S.A.
desconsidera a dimensão deste processo, bem como a
necessidade de parâmetros condizentes com a relevância
do serviço de banda larga, é fundamental que a Anatel
cumpra seu papel de entidade reguladora dos serviços de
telecomunicações do país, prezando pela qualidade e pela
proteção do consumidor. As considerações mais
específicas acerca do pedido de anulação seguem abaixo.
Atenciosamente, Lisa Gunn Veridiana Alimonti
Coordenadora Executiva Advogada Comentários do Idec
ao Pedido de Anulação interposto pela TNL PCS S.A. em
face dos dispositivos constantes no Regulamento de
Gestão da Qualidade do Serviço de Comunicação
Multimídia (RGQ-SCM) e no Regulamento de Gestão da
Qualidade do Serviço Móvel Pessoal (RGQ-SMP). Arts
16 a 21 do RGQ-SCM e Arts 22 e 23 do RGQ-SMP 1.
DOS SUPOSTOS VÍCIOS DE MOTIVAÇÃO Os
pedidos de anulação têm como um de seus argumentos
centrais a alegação de vício de motivação na aprovação
das metas em questão. Sabe-se que a motivação é
necessária ao ato administrativo, o que se reflete no art.
40 da Lei Geral de Telecomunicações (Lei Federal n.
9.472 / 97). Porém, como verificaremos a seguir, não é
possível afirmar que tal condição não tenha sido suprida
na edição de ambos os regulamentos. 1.1 Ausência da
Análise de Impacto Regulatório (AIR) Segundo a TNL
PCS S.A., a aprovação dos indicadores de rede do SCM e
das taxas de transmissão mínima e média do SMP
apresenta vício de motivação pela ausência de Análise de
Impacto Regulatório, citando as recomendações da OCDE
(Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico). Conquanto o Idec, em diversas
oportunidades, já tenha defendido a realização de AIR no
processo de elaboração de atos da Anatel, a legislação
aplicável não exige a realização de análise nos termos
apresentados pela operadora. Portanto, a ausência desta
análise não enseja a anulação das metas aprovadas. De
outro lado, importa afirmar que a exigência de exposição
formal de motivos foi observada pela Anatel em ambos os
casos. Nos dois regulamentos houve o esforço da agência
em demonstrar os elementos de fato e de direito que
justificam a adoção de metas de qualidade. Quanto aos
parâmetros técnicos das metas, a análise da Anatel
apresenta estudos internacionais, além de contar com a
experiência da pesquisa realizada em parceria com o
CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil) e Inmetro.
Além disso, a própria realidade da prestação do serviço
fundamenta a necessidade de indicadores de rede e taxas
de transmissão das conexões. São recorrentes as
reclamações diante de problemas de conexão e variação
de velocidade, sendo que a regulamentação até então
vigente não oferecia respostas suficientes aos
consumidores. Quanto às empresas, a resposta
comumente dada ao usuário é a atenuação ou exclusão da
responsabilidade diante do serviço prestado, prevendo
cláusulas abusivas em seus contratos de adesão. 1.2 A
experiência internacional citada pela Anatel Mais
especificamente no pedido de anulação do RGQ-SCM, a
TNL PCS S.A. alega que também enseja vício de
motivação o fato de os estudos internacionais citados pela
agência não terem resultado na adoção de padrões
vinculantes nos países de origem. Quanto a isso, cumpre
notar que há uma ampla discussão internacional com
relação à qualidade da banda larga e à necessidade de se
aproximar as velocidades anunciadas e contratadas das
efetivamente entregues. Os países estão avaliando suas
práticas e estabelecendo modelos regulatórios que
respondam à sua realidade. O fato de os estudos citados
pela Anatel não terem, nos países de origem, resultado até
então em regulações vinculantes não significa que os
indicadores e os métodos de medição não possam ser
replicados aqui. O cenário da prestação do serviço no
Brasil é diferente do que se verifica nestes países. Neste
sentido, devemos ressaltar a falta de competição na oferta
do serviço de banda larga no Brasil. Dados consolidados
no mapa Brasil Banda Larga 2012 , editado pela
Converge Comunicações, permite-nos concluir que em
cerca de 90% dos municípios brasileiros não há
competição efetiva na oferta do serviço, fixo ou móvel. A
medição e divulgação dos resultados, sem parâmetros
obrigatórios e sanções, deixariam muitas vezes o
consumidor sem opção diante de um desempenho ruim de
sua prestadora. A vulnerabilidade do consumidor como
Princípio da Política Nacional das Relações de Consumo,
a recorrente prática abusiva das empresas e a
desinformação quanto aos parâmetros de rede, além da
responsabilidade da Anatel em garantir a qualidade dos
serviços de telecomunicações e do cenário de
concentração do mercado, conformam os elementos que
tornam adequados os regulamentos recentemente
aprovados. 1.3 Adoção dos mesmos padrões para SCM e
SMP Embora os serviços fixo e móvel tenham condições
distintas de prestação e precisem ter metodologias
específicas de aferição, o objetivo de medição é o mesmo.
A padronização dos parâmetros é fundamental por
garantir facilidade de comparação e acesso à informação
pelo consumidor e pelo fato de o país ter uma expansão
fortemente sustentada pelo serviço móvel pessoal, que em
muitos lugares, em especial na região Norte, faz às vezes
de banda larga fixa. Eventuais diferenças de metodologia
na medição (coerentes com as particularidades de cada
serviço) podem ser definidos pelo GIPAQ. 2. DA
COMPETÊNCIA DA ANATEL PARA FIXAÇÃO DE
METAS DE QUALIDADE NO REGIME PRIVADO
Outro argumento central da empresa para a anulação dos
indicadores de rede do SCM (arts 16 a 21) e das taxas de
transmissão de conexão de dados do SMP (arts 22 e 23) é
a alegação de que os serviços prestados em regime
privado não estão sujeitos à observância de metas de
qualidade. A operadora chega a classificar tal conduta da
agência como ingerência indevida na atividade econômica
das autorizatárias dos referidos serviços. Para tal
classificação, abriga-se na Constituição e na LGT.
Contudo, é com base em ambas que devemos defender o
contrário, isto é, a prerrogativa da Anatel em dispor sobre
metas de qualidade também aos serviços prestados em
regime privado. Para demonstrar a compatibilidade de tal
prerrogativa ao marco regulatório brasileiro das
telecomunicações, cumpre, inicialmente, refletir acerca do
argumento, trazido pela operadora, que envolve a
definição de redes estatísticas e redes determinísticas. A
TNL PSC S.A. alega que o estabelecimento das metas em
discussão altera o perfil da prestação do serviço ao
pretender aproximar uma rede estatística de uma rede
determinística, em que ocorre a reserva de capacidade
remunerada pelo usuário mesmo quando ociosa. A
construção do argumento é complicada em si, na medida
em que a existência de metas para a variação mínima e
média da velocidade contratada demonstra, justamente, a
permissão para a sua variação em decorrência da
característica das redes. Neste sentido, os patamares
exigidos, de variação mínima de 20%-40%, em 95% dos
casos, e variação média de 60%-80%, são plenamente
compatíveis com a natureza estatística do serviço. Isto
posto, importa demonstrar a base constitucional e legal da
competência da Anatel para prever metas de qualidade
também aos serviços de telecomunicações prestados em
regime privado. 2.1 Compatibilidade constitucional e
legal na fixação de metas de qualidade para os serviços de
telecomunicações explorados no regime privado
Inicialmente, devemos recordar que a Constituição
Federal, em seu art. 21, XI, postula que compete à União
explorar os serviços de telecomunicações no país. A
exploração pode se dar diretamente ou mediante
autorização, concessão ou permissão. Sendo de
competência da União a prestação destes serviços, como
considerar ingerência indevida a disposição, pelo órgão
regulador das telecomunicações, de regras relativas à
qualidade dos mesmos? Neste contexto, a regulação da
qualidade é não só permitida, como devida e necessária.
Corroborando este entendimento, estabelece o art. 2 , III
da LGT: Art. 2 O Poder Público tem o dever de: III adotar
medidas que promovam a competição e a diversidade dos
serviços, incrementem sua oferta e propiciem padrões de
qualidade compatíveis com a exigência dos usuários.
[grifo nosso]. Previsão semelhante está presente no Título
específico dos serviços prestados em regime privado, do
mesmo diploma legal. Dispõe o art. 127: Art. 127 A
disciplina da exploração dos serviços no regime privado
terá por objetivo viabilizar o cumprimento das leis, em
especial das relativas às telecomunicações, à ordem
econômica e aos direitos dos consumidores, destinando-se
a garantir: I a diversidade de serviços, o incremento de
sua oferta e sua qualidade. [grifo nosso] Conforme se
verifica das previsões acima, a garantia de padrões de
qualidade não é incompatível com o regime jurídico do
Serviço de Comunicação Multimídia ou do Serviço
Móvel Pessoal. Ao contrário, a legislação enuncia sua
necessidade. Da mesma forma, a determinação de padrões
de qualidade na prestação do serviço não fere os
princípios constitucionais da atividade econômica base da
exploração dos serviços de telecomunicações no regime
privado, segundo o art. 126 da LGT. Em primeiro lugar,
porque não se pode considerar a exigência de qualidade
na prestação de um serviço como uma afronta à livre
iniciativa. Faz parte da atividade de qualquer fornecedor a
responsabilidade pela execução adequada do serviço
oferecido. Não bastasse isso, os pedidos de anulação se
dirigem a serviços de interesse coletivo, cuja exploração é
de competência da União. Em segundo lugar, porque
também a defesa do consumidor é princípio da atividade
econômica e se encontra entre as atribuições da agência.
Segundo seu regulamento, é competência da Anatel atuar
na proteção e defesa dos usuários (art. 16, XIX do
Decreto 2.238 / 1997), estando clara na LGT a autoridade
da agência para reprimir as infrações aos direitos dos
consumidores (art. 19, XVIII da LGT). A determinação
de padrões de qualidade, assim, atende diretamente a um
dos princípios da atividade econômica e não constitui
violação aos outros. A operadora cita ainda o art. 128 da
LGT, argumentando que a intervenção da Anatel na
atividade das prestadoras dos serviços em questão feriria
o princípio da intervenção mínima e da liberdade como
regra. Complementa afirmando que a única exceção a isto
seriam as metas de universalização, restritas aos serviços
prestados no regime público. Omite a operadora, porém,
que o referido artigo 128 trata, na verdade, das condições
a serem observadas pela agência quando da imposição de
condicionamentos à exploração dos serviços no regime
privado. Condicionamentos que podem significar deveres
de abstenção (limites), obrigações de fazer (encargos) ou
deveres de suportar (sujeições). A liberdade como regra
enseja exceções; a intervenção mínima na vida privada
exige justificativa para a previsão de condicionamentos.
Por isso, dispõe o art. 128, III, que limites, encargos ou
sujeições deverão ter vínculos, tanto de necessidade como
de adequação, com finalidades públicas específicas e
relevantes. O inciso IV complementa afirmando que o
proveito coletivo gerado pelo condicionamento deverá ser
proporcional à privação que ele impuser. Os incisos III e
IV dizem respeito, portanto, à aplicação do princípio da
proporcionalidade com seus três elementos: adequação,
necessidade e proporcionalidade em sentido estrito.
Conforme demonstraremos adiante, os indicadores
contestados passam por este teste, ao contrário do que
afirma a operadora TNL PSC S.A. Deste modo, os
condicionamentos recentemente aprovados pela Anatel
estão de acordo com os preceitos constitucionais e o
regime jurídico, privado, de prestação dos serviços
modelado pela LGT. Por fim, importa ressaltar mais uma
característica do regime privado: a inexistência de direito
adquirido, das prestadoras do serviço, à permanência das
condições vigentes quando da expedição da autorização
ou do início das atividades (art. 130). Por conta disso, as
empresas têm a obrigação de observar os novos
condicionamentos impostos por lei e pela
regulamentação. É dever da agência conceder prazos
suficientes para adaptação aos novos condicionamentos, o
que ocorre no presente caso. Mesmo assim, os termos de
autorização do SCM firmados entre prestadoras e Anatel
já estabelecem claramente a competência da agência para
impor condicionamentos, bem como para definir
parâmetros de qualidade ao serviço. Entre os parâmetros
expressamente previstos no termo constam o
fornecimento do transporte de sinais respeitando as
características estabelecidas na regulamentação e a
disponibilidade do serviço nos índices contratados . Já nos
termos de autorização do SMP, há referência expressa ao
Plano Geral de Metas de Qualidade do serviço, além da
reprodução da disposição já citada, de que a prestadora
deve observar os novos condicionamentos legais e
regulamentares. 2.2 O reforço advindo da publicação do
Decreto n. 7.512 / 2011 e seu contexto Não fosse
suficiente toda a base constitucional e legal anteriormente
exposta, o Decreto 7.512 / 2011, aprovado em 30 de
junho de 2011, vem reforçar a necessidade de parâmetros
de qualidade para a banda larga fixa e móvel. Dispõe o
seu art. 2 que a Anatel deverá adotar as medidas
regulatórias necessárias para estabelecer padrões de
qualidade para serviços de telecomunicações que
suportam o acesso à Internet em banda larga, definindo,
entre outros, parâmetros de velocidade efetiva de conexão
mínima e média, de disponibilidade do serviço, bem
como regras de publicidade e transparência que permitam
a aferição da qualidade percebida pelos usuários. Com
relação à previsão acima e aos argumentos apresentados
pela TNL PSC S.A., temos quatro pontos a ressaltar: (i) O
Decreto não estabelece as metas de qualidade em si, mas
prevê moldes e prazos para a sua definição por meio de
instrumento adequado e de acordo com a legislação
setorial. Em que pese a competência normativa da
Presidência da República e do Ministério das
Comunicações, a redação do mencionado artigo 2 é clara
ao atribuir à Anatel a adoção dos referidos padrões, em
conformidade com o art. 19, X da LGT e art. 17, XIV do
regulamento da agência (Decreto 2.338 / 1997); (ii) O
fato de a previsão se referir a padrões e parâmetros não
significa que silencie quanto à imposição de metas de
qualidade. Ao contrário, o artigo preconiza a adoção de
medidas regulatórias necessárias para o estabelecimento
de padrões de qualidade dos serviços. Padrões ,
parâmetros e metas são todas palavras que fazem
referência a medidas regulatórias que dêem respostas
suficientes à realidade e aos problemas da prestação dos
serviços. (iii) A adoção de metas de qualidade é prática
recorrente na atividade regulatória da agência, inclusive
para serviços explorados no regime privado. Neste
sentido, o RGQ-SMP vem substituir o Plano Geral de
Metas (PGMQ) do serviço, assim como há o PGMQ dos
serviços de televisão por assinatura e do serviço de
telefonia fixa, que se aplica a concessionárias e
autorizatárias. A previsão do Decreto se insere neste
contexto e reflete a até então inexistente regulação de
qualidade para o SCM e a necessidade de atualização das
metas do SMP. Tarefas, aliás, previstas no PGR aprovado
por meio da Resolução 516 / 2008. (iv) Com base nos
pontos acima, não podemos concordar que o mencionado
dispositivo se refira apenas ao estabelecimento de
parâmetros que seriam objeto de identificação pelas
medidas de transparência. O art. 2 citado determina que a
Anatel adote medidas regulatórias necessárias para
estabelecer padrões de qualidade necessários ao SCM e
ao SMP, bem como regras de publicidade e transparência
que permitam a aferição da qualidade percebida pelos
usuários . 2.3 A proporcionalidade da medida regulatória
questionada: a presença da adequação, necessidade e
proporcionalidade em sentido estrito nos regulamentos de
qualidade A partir do exame a seguir será possível
demonstrar que os indicadores de rede do SCM, assim
como as taxas de transmissão de conexão de dados do
SMP, observam o princípio da proporcionalidade e as
condições do art. 128 da LGT para imposição de encargos
e sujeições. Antes de iniciarmos, é preciso frisar que a
análise apresentada pela operadora TNL PSC S.A. está
viciada já em seus pressupostos. O art. 2 do Decreto 7.512
/ 2011 não tem apenas o objetivo de reduzir a assimetria
de informações entre os usuários e as prestadoras do SCM
e do SMP. Em sua redação também está clara a
determinação para a adoção de medidas regulatórias que
respondam de maneira suficiente aos problemas
verificados na prestação destes serviços. Contudo,
interessa ressaltar que os regulamentos aprovados não têm
como base normativa somente o mencionado Decreto,
mas considerável referência legislativa e constitucional.
Por fim, é importante que o teste de proporcionalidade
tenha como pressuposto o cenário atual da prestação dos
serviços e de violação do direito dos consumidores já
exposta, nesta contribuição, nas considerações acerca da
motivação dos regulamentos de qualidade. Fixados os
pressupostos, passemos à análise da aplicação do
princípio da proporcionalidade ao caso concreto:
ADEQUAÇÃO as metas são aptas a cumprir os objetivos
propostos. São regras relativas à qualidade do serviço que
atingem problemas recorrentes de conexão e apresentam
parâmetros objetivos para a fiscalização da Anatel e o
acompanhamento do consumidor. O argumento da
prestadora de que a observância de tais regras aumentará
os preços do serviço ou diminuirá as velocidades
ofertadas soa como alegação da própria torpeza e
confirma a necessidade dos regulamentos, já adiantando o
elemento seguinte de análise. Se a exigência de que a
empresa entregue no mínimo 20%, e na média 60%, da
velocidade anunciada no primeiro ano de aplicação destes
critérios gera os efeitos mencionados, significa que a atual
situação de prestação do serviço é realmente inadequada.
NECESSIDADE conforme introduzido acima, tais
medidas são necessárias. A superação dos problemas na
prestação do serviço não pode abrir mão da estipulação de
metas vinculantes para se valer somente de um código de
boas práticas. Se o Código de Defesa do Consumidor, lei
federal vigente há anos no Brasil, ainda conta com
disposições recorrentemente violadas pelas empresas de
telecomunicações, o que dirá um código de boas práticas .
A compulsoriedade das metas e a aplicação de sanções
diante do descumprimento não são supérfluas neste caso.
Também por isso, a mera medição e divulgação dos
resultados não podem ser consideradas formas menos
gravosas de se atingir a mesma finalidade. Além das
razões já apresentadas, é preciso ter em vista a alta
concentração de mercado na prestação do serviço de
banda larga no Brasil, seja fixa ou móvel. Em muitas
localidades há apenas um ou, no máximo, dois provedores
do serviço. Neste cenário pouco competitivo, o
consumidor fica praticamente sem opção diante do baixo
desempenho da sua operadora. Os critérios aqui
discutidos, ao prever porcentagens mínimas e médias de
variação de velocidade, entre outros indicadores de rede,
têm entre seus objetivos justamente combater uma prática
recorrente e comum às maiores prestadoras do serviço a
prática de garantir em seus contratos de adesão apenas
10% da velocidade contratada; isto quando há garantia
expressa. O equilíbrio das relações entre prestadoras e
usuários dos serviços, algo que a disciplina da exploração
no regime privado também se destina a garantir (art. 127,
III da LGT), não é possível sem metas específicas e
vinculantes. PROPORCIONALIDADE EM SENTIDO
ESTRITO as medidas são proporcionais porque impõem
às prestadoras parâmetros que permitem um planejamento
de rede equilibrado e com prazos definidos. Neste
sentido, não pode prosperar o argumento de que os custos
gerados pelas metas afetam a própria atividade econômica
da empresa. Como já vimos, a adequada prestação de um
serviço não pode ser caracterizada como empecilho à
realização da atividade. A exigência progressiva de uma
variação mínima de 20% a 40% da velocidade contratada,
e média de 60% a 80%, até o final de 2014, não pode ser
considerada exagerada em relação aos problemas que visa
enfrentar. Além disso, a experiência internacional
demonstra que tais parâmetros podem ser alcançados,
como o próprio exemplo do Reino Unido citado pela
empresa em seu pedido de anulação. 2.4 Direito do
consumidor: da LEGALIDADE na fixação de metas É no
mínimo enganoso afirmar que a legislação consumerista
considera ilegal a fixação de metas de qualidade de um
serviço de interesse coletivo e de competência da União.
A legislação de proteção ao consumidor, ao contrário do
que alega a TNL PCS S.A., soma-se ao marco legal
setorial na defesa de metas de qualidade para o serviço de
banda larga. Ainda que não houvesse disposições
expressas quanto à exigência de qualidade na prestação de
serviços, o art. 7 do Código de Defesa do Consumidor
(Lei Federal n. 8.078 / 1990) afirma que os direitos nele
previstos não excluem outros decorrentes da legislação
interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas
autoridades administrativas competentes, bem como dos
que derivem dos princípios gerais do direito, analogia,
costumes e eqüidade. Contudo, já do art. 4 , II, alínea d do
referido diploma legal consta a seguinte disposição: Art. 4
A Política Nacional das Relações de Consumo tem por
objetivo o atendimento das necessidades dos
consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e
segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a
melhoria da sua qualidade de vida, bem como a
transparência e harmonia das relações de consumo,
atendidos os seguintes princípios: II - ação governamental
no sentido de proteger efetivamente o consumidor: d) pela
garantia dos produtos e serviços com padrões adequados
de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
[grifo nosso] Embora os regulamentos não se refiram
propriamente a um procedimento de certificação, suas
regras estabelecem medidas que visam garantir a
prestação dos serviços (SCM e SMP) a partir de padrões
adequados de qualidade e desempenho. Além disso, o
Código de Defesa do Consumidor arrola entre os direitos
básicos do consumidor a adequada e eficaz prestação dos
serviços públicos em geral (art. 6 , X) e apresenta um
capítulo específico sobre a qualidade de produtos e
serviços, que trata da responsabilidade do fornecedor,
diante do consumidor, quando da exploração de sua
atividade. Assim, o efetivo equilíbrio entre fornecedor e
consumidor nas relações de consumo vai além da
transparência e do direito à informação, abrangendo, entre
outras, ações do poder público na garantia de padrões de
qualidade e a responsabilidade dos prestadores pelas
atividades desenvolvidas. Todavia, é fato que não
podemos desprezar o peso que a transparência e o direito
à informação têm para a legislação consumerista. Quanto
a isso, as metas aqui questionadas contribuem também
para a efetivação destes postulados e desvelam prática
abusiva das empresas. A definição de parâmetros
mínimos e médios de qualidade da conexão confere ao
consumidor expectativa realista e mensurável do serviço
adquirido, dando-lhe instrumentos para exigir a sua
adequada prestação. A própria argumentação da
operadora demonstra que com estas medidas as ofertas de
velocidade ficarão mais próximas do que efetivamente se
entrega ao consumidor. A isto se dá o nome de
transparência . Art. 23 do RGQ-SCM 3. DA
LEGALIDADE DA TAXA DE INSTALAÇÃO Segundo
a TNL PSC S.A., a definição de prazo máximo para
instalação do Serviço de Comunicação Multimídia é
similar às metas de universalização aplicáveis ao serviços
explorados no regime público. Indo além, a empresa
afirma que metas de instalação apresentam como foco a
universalização do serviço. Tal argumento parece
desconhecer o fato de que metas de universalização se
destinam a disponibilizar o serviço em locais em que
ainda não há cobertura, de forma a atender ao disposto no
art. 79, 1 da LGT; enquanto meta de instalação visa
estabelecer um prazo máximo para ativação do serviço
nos locais em que a empresa já o oferece. A definição de
prazos para a instalação do serviço não encontra
empecilho na legislação do setor e se demonstra
extremamente relevante. Não é raro que o consumidor
tenha que esperar quase 30 dias para a instalação do
serviço de banda larga já contratado e de que necessita
para a realização das mais diversas atividades. A
combinação do art. 35, I e do art. 39, XII do Código de
Defesa do Consumidor confere instrumento importante ao
consumidor. Todavia, é errôneo supor que a execução
forçada de um prazo informado pela empresa na sua
Central de Vendas e não cumprido ou a contestação da
prática da empresa em definir unilateralmente o prazo de
instalação, o que em geral ocorre, são tão eficazes na
proteção do consumidor quanto a fixação de uma meta de
instalação pela Anatel. Por tais razões, a taxa deve ser
mantida sem alterações. Arts 11, 12 e 13 do RGQ-SCM 4.
DA NÃO OCORRÊNCIA DE BIS IN IDEM NAS
RECLAMAÇÕES RELATIVAS A REPARO NOS
ARTIGOS 11, 12 E 13 DO RGQ-SCM A TNL PSC S.A.
afirma, em seu pedido de anulação, que os referidos
artigos avaliam repetidamente o mesmo fator, qual seja,
as reclamações relativas a reparo. No entanto, é preciso
comentar que o primeiro artigo (art. 11) diz respeito à
relação entre o número total de reclamações recebidas na
prestadora e o número total de acessos em serviço;
enquanto o segundo artigo (art. 12) trata da relação entre
o número total de reclamações recebidas na Anatel, em
desfavor da prestadora, e o número total de reclamações
recebidas em todos os canais de atendimento da
prestadora, no mês. O terceiro (art. 13), por sua vez,
refere-se à relação entre a quantidade de reclamações com
reabertura e a quantidade de reclamações recebidas em
todos os canais de atendimento da prestadora. O objetivo
de cada uma dessas taxas é estabelecer um limite máximo
para cada relação, controlando, respectivamente: (i) o
número de reclamações de acordo com a base de
assinantes; (ii) o transbordo de reclamações para a Anatel;
e (iii) a quantidade de demandas não solucionadas pela
empresa e, portanto, reabertas. As penalidades somente
serão impostas caso sejam superados os índices
estabelecidos em cada relação. As reclamações relativas a
reparo integram a amostra geral de reclamações a ser
entregue à agência. O número 1, da alínea a, do 2 dos
artigos mencionados demonstra o interesse da Anatel em
visualizar estes dados em separado dos outros quando do
recebimento do número total de reclamações, mas não
significa uma avaliação repetida da taxa. Esclarecido este
ponto, resta refletir acerca do art. 24 diante das medições
descritas acima. O art. 24 se refere à relação entre o
número de solicitações de reparo, em decorrência de
falhas ou defeitos, e o número total de acessos em
serviço. Seu objetivo é controlar a qualidade da prestação
do serviço, evitando que haja um número alto de falhas ou
defeitos em comparação à base de assinantes. Poderia
haver duplicidade entre o art. 24 e o art. 11, já que se trata
da mesma relação (solicitações ou reclamações / base de
assinantes), se na organização dos dados não houver
diferenciação entre solicitação de reparo e reclamação
relativa a reparo . Todavia, tal possibilidade não enseja a
anulação dos referidos dispositivos, mas apenas a
especificação adequada na consolidação das informações.
Isto porque cada um deles, efetivamente, avalia questões
diferentes. Art. 14 do RGQ-SMP 5. DA RELEVÂNCIA
DO INDICADOR PREVISTO NO ART. 14 DO RGQ-
SMP O indicador em questão é de grande relevância à
atividade de fiscalização empreendida pela agência. Isto
porque visa mensurar e penalizar o transbordo de
reclamações da empresa, estimulando que as demandas
dos consumidores sejam solucionadas sem a necessidade
de provocação da Anatel. Ainda, interessa elogiar e
defender a manutenção da possibilidade de utilização dos
dados do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor. É
uma tarefa da agência se aproximar das entidades do
SNDC para o desenvolvimento de ações em conjunto e tal
previsão está em consonância com este desafio.