construção do conhecimento e metodologia da extensão

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  • 8/14/2019 Construo do Conhecimento e Metodologia da Extenso

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    TTULO: CONSTRUO DO CONHECIMENTO E METODOLOGIA DA

    EXTENSO

    AUTOR: Michel [email protected]

    INSTITUIO: UFRJ

    Texto apresentado em mesa-redonda, coordenada pelo Prof. Jos Willington Germano

    (Pr-reitor de Extenso da UFRN), no I CBEU Congresso Brasileiro de Extenso

    Universitria - Joo Pessoa PB, em 10 de novembro de 2002.

    J passou a poca em que o significado

    do termo mtodo de extenso eraconfundido com o de tcnica de

    alongamento em exerccios deginstica. (Annimo)

    1. INTRODUO

    Estamos entrando em um novo perodo histrico, com mudanas previsveis e

    imprevisveis, aberto a uma nova esperana de vida cultural nas universidades. Em vez

    de ser menosprezada, como foi o caso nos ltimos anos, a universidade pblica poder

    sair fortalecida e dar novas contribuies em ensino, pesquisa e extenso, com objetivos

    sociais mobilizadores. Nesse novo contexto, acredita-se que os projetos de extenso

    tero uma importncia sempre renovada.

    Tendo em mente esse desafio, sob forma de rpidas anotaes, abordaremos os

    seguintes aspectos:

    A produo de conhecimento e a extenso como construo social.

    O papel da metodologia participativa.

    As dimenses crtica e reflexiva.

    O delineamento de um propsito emancipatrio para a extenso.

    2. CONSTRUO SOCIAL

    mailto:[email protected]:[email protected]
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    a) O que se produz sem se ter em vista as condies de uso, em geral, de pouca valia

    na prtica, e ficar sepultado em revistas de pouca circulao.

    b) O conhecimento fundamental e boa parte dos produtos da pesquisa em cincia

    aplicada raramente so aplicados. A lgica de seu desenvolvimento (com publicaes e

    captao de fundos) diferente de uma atividade de extenso baseada em diagnstico

    das necessidades de atores em situaes reais, com permanente busca de sustentao.

    c) O conhecimento necessrio para muitos projetos de extenso compartilhado entre

    atores com vises e habilidades diferenciadas que tornariam inoperante a transferncia

    de cima para baixo.

    d) O conhecimento requerido pela extenso co-construdo e passa pelo crivo da

    "reflexo-na-ao" (conceito de Donald Schn).

    Levando em conta essa viso de construo social do conhecimento, os projetos

    de extenso adquiriro maior adequao aos objetivos de transformao social.

    A construo do conhecimento ocorre em cada tipo de atividade dos projetos de

    extenso: (a) nos diagnsticos e pesquisas efetuadas em comunidades ou instituies,

    (b) nas aes formativas para membros dessas comunidades ou instituies, (c) nas

    aes formativas para alunos, professores e tcnico-administrativos da universidade, (d)

    nas aes informativas ou mobilizadoras em pblicos mais amplos.

    3. PARTICIPAO

    Objetivamente, a construo social de conhecimento pressupe uma interao e

    algum tipo de cooperao entre diversos atores. Uma vez reconhecido isso, podemos

    considerar que a metodologia de pesquisa e extenso adquire um carter participativo,

    inclusive no plano subjetivo. No dia-a-dia, a participao pode ser implcita e explcita.

    Com a metodologia apropriada ao contexto social, a participao explcita torna-senecessria.

    Muita gente ainda tem medo da metodologia participativa, achando que, com

    esse adjetivo, ela se tornaria menos cientfica, ou mais exposta a manipulaes.

    Aps os avanos da pesquisa participante da dcada de 1980, no Brasil,

    observou-se um recuo na rea acadmica, mas, em compensao, as chamadas

    metodologias participativas ocuparam maior espao, a partir dos anos 90, nas reas de

    atuao de ONGs e da cooperao tcnica internacional, onde so objeto desistematizao (Brose, 2001). No quadro das atividades de extenso universitria, os

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    quatro Seminrios de Metodologia para Projetos de Extenso (SEMPE), organizados

    entre 1996 e 2001, revelaram o interesse de muitos universitrios em matria de

    metodologia participativa e de pesquisa-ao (Thiollent et al., 2000).

    As metodologias participativas tm adquirido maior aplicao em reas de

    educao e organizao, principalmente em pases anglo-saxnicos. (McTaggart, 1997).

    Ademais, conseguiram reconhecimento em certos organismos internacionais. Neste

    ltimo contexto, equipes de especialistas lidam de modo participativo com os

    stakeholders implicados em programas sociais, planos de desenvolvimento rural, local

    ou sustentvel, e em educao e gesto voltadas para o meio ambiente.

    A pesquisa-ao realizada em um espao de interlocuo onde os atores

    implicados participam na resoluo dos problemas, com conhecimentos diferenciados,

    propondo solues e aprendendo na ao. Nesse espao, os pesquisadores,

    extensionistas e consultores exercem um papel articulador e facilitador em contato com

    os interessados. Possveis manipulaes devem ficar sob controle da metodologia e da

    tica.

    Em um processo de pesquisa-ao, segundo Ernest Stringer, a participao

    mais efetiva quando:

    Possibilita significativo nvel e envolvimento.

    Capacita as pessoas na realizao de tarefas

    D apoio s pessoas para aprenderem a agir com autonomia.

    Fortalece planos e atividade que as pessoas so capazes de realizar sozinhas.

    Lida mais diretamente com as pessoas do que por intermdio de representantes ou

    agentes. (Stringer,1999, p.35).

    Alm de ser uma questo de interao entre pessoas e grupos envolvidos no

    projeto, a participao de grupos externos universidade pode tambm adquirir uma

    significao poltica. Isso acontece, por exemplo, quando os trabalhadores rurais de um

    assentamento de reforma agrria tm o apoio de uma universidade para estudarem, em

    projetos conjuntos, seus problemas de produo e comercializao.

    No basta reconhecer a dimenso participativa dos processos de pesquisa e

    extenso e a utilidade de uma metodologia participativa construda na base da

    sistematizao das prticas interativas. A metodologia de que precisamos, cada vez

    mais, deve ter outras dimenses associadas, em particular, crtica, reflexividade e

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    emancipao. s vezes, esses termos geram ceticismo por terem sido exageradamente

    usados em retricas pouco conseqentes, mas vale a pena reafirmar uma nova inteno.

    4. DIMENSO CRTICA

    Entendemos a crtica em trs nveis: o das idias em geral, o da vida cotidiana e

    o da prtica profissional.

    a) Crtica das idias.

    Em perspectiva de transformao social, nos processos de extenso, ocupa um

    lugar de destaque a divulgao de idias crticas sobre os dogmas vigentes. Nos ltimos

    sculos, a crtica aos conhecimentos socialmente inadequados passou pelo marxismo, a

    fenomenologia e outras teorias crticas.

    No sculo XIX, Karl Marx foi mestre em matria de crtica do direito, da

    filosofia hegeliana ou da economia poltica clssica. No sculo XX, Antonio Gramsci

    deu uma contribuio fundamental para criticar os conhecimentos estabelecidos pelos

    grandes intelectuais de sua poca. A partir da dcada de 1960, Michel Foucault

    desempenhou um papel importante no mundo acadmico para criticar, no somente as

    idias gerais, mas as que se impem como normas nas instituies e seus

    micropoderes. Paralelamente, Pierre Bourdieu contribuiu para desmistificar as

    funes de instituies de ensino e cultura, remetendo-as aos processos de reproduo e

    diferenciao social.

    Hoje, levando em conta o legado dos sculos passados, precisamos renovar a

    capacidade crtica para desmistificar os edifcios intelectuais e vises unilaterais que

    existem em torno da globalizao, do mercado, das novas tecnologias e formas de poder. Deveria haver uma crtica aos conhecimentos nobres da economia ou da

    poltica e, tambm, uma crtica de conhecimentos intermedirios, em uso nas reas de

    gesto, tecnologia, educao ou comunicao, por exemplo.

    Mas a crtica no plano das idias no basta, deve ela ser prolongada em nvel das

    prticas do dia-a-dia. a crtica das situaes vividas no trabalho, nas escolas, na

    cidade, em famlia, na vida cotidiana em geral.

    b) Crtica do senso comum e da vida cotidiana.

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    Nesse plano, a crtica evidencia as implicaes das representaes ou percepes

    vigentes e levar a uma denncia dos interesses, dos conflitos, dos efeitos de

    discriminao, de dominao, etc.

    O senso comum pode ser criticado a partir da viso dialtica da histria

    (Gramsci, 1978), ou reconstrudo a partir das mudanas intelectuais conhecidas como

    ps-modernidade, analisadas por Boaventura de Sousa Santos (1996).

    Alm de esclarecer ou denunciar as situaes de injustia, esse tipo de crtica

    tambm construtivo, ou propositivo, gerando idias para possveis transformaes, com

    democracia, ou participao direta dos prprios interessados.

    c) Crtica das prticas profissionais.

    No seu lado impensado, muitas prticas profissionais possuem aspectos de

    excluso, no que se refere tanto aos critrios de acesso ao exerccio da profisso, quanto

    s conseqncias prticas sobre os usurios ou os atendidos dos servios profissionais.

    O papel dos professores nem sempre to democrtico quanto se imagina. A

    pedagogia que adota pode ser, em certos casos, prejudicial aos alunos socialmente

    desfavorecidos. Os mdicos contribuem para a reproduo social dos modos

    inadequados de se lidar com certas doenas. Os engenheiros intervm nos processos de

    produo de uma maneira que, freqentemente, desqualifica o trabalho do operrio. A

    formao cientificista dos agrnomos pode os levar a ignorar os ricos conhecimentos

    e a sabedoria de produtores e nativos que seriam teis para assegurar a sustentabilidade

    da agricultura.

    As crticas formuladas por grupos de profissionais autoconscientes em suas

    prprias prticas de fundamental importncia. J existem exemplos em reas de

    servio social, medicina, agronomia/agroecologia, estatstica, administrao de recursos

    humanos, e outras. Nos projetos propiciando um contato dos universitrios com populaes ou

    grupos de cultura diferenciada, importante salientar as condies de dilogo

    intercultural, limitando preconceitos e vis de percepo para estabelecer uma

    intercompreenso crtica, com base na linguagem dos atores.

    Com, de um lado, a interdisciplinaridade entre grupos universitrios e, por outro

    lado, o dilogo intercultural com os membros externos, cria-se, durante a realizao do

    projeto, um espao de interlocuo onde se produzem efeitos de compreenso, detraduo, de facilitao no plano na comunicao. De acordo com a viso crtica,

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    todos os participantes aprendem em contato com os outros, aceitando relativizar seus

    pontos de vista.

    5. DIMENSO REFLEXIVA

    No contexto da extenso, os conhecimentos teis esto inseridos em prticas

    educacionais, culturais, polticas, tcnicas, profissionais, e fazem sentido na vida

    cotidiana dos interessados. Nunca so simplesmente transferidos ou aplicados, no

    so meras adaptaes de instrues escritas em livros ou monopolizadas por intelectuais

    convencionais.

    Na linha de Schn (2000), possvel problematizar a reflexividade do

    conhecimento na prtica extensionista.

    O esforo reflexivo sobre a prtica por parte dos professores, estudantes e

    tcnico-administrativos implicados na mesma apresenta vrios aspectos:

    reflexo na prtica como fonte de aprendizagem;

    reflexo na ao no decorrer do projeto para um direcionamento adequado,

    corrigindo erros;

    dilogo reciprocamente reflexivo entre professores, alunos e usurios ou grupos

    destinatrios.

    O projeto reflexivo ajuda seus destinatrios a refletirem na ao; assim eles so

    incitados a construir um conhecimento prprio. Bons projetos de extenso so aqueles

    que geram ganhos de conhecimento e de experincia para todos os participantes, com

    base no ciclo relacionando ao e reflexo.

    6. PROPSITO EMANCIPATRIO

    Emancipao o contrrio de dependncia, submisso, alienao, opresso,

    dominao, falta de perspectiva. O termo carateriza situaes em que se encontra um

    sujeito que consegue atuar com autonomia, liberdade, autorealizao, etc.

    No sculo XIX, a emancipao poltica e social dos escravos era sem dvida a

    transformao de maior importncia. No sculo XX, a emancipao das classes

    trabalhadoras foi marcada por avanos e retrocessos.

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    No sculo XXI, que apenas comeou, a emancipao apresenta-se como objetivo

    mais difuso para todos os indivduos ou grupos sociais que sofrem algum tipo de

    discriminao, baseada em condio social, raa, gnero.

    Especialmente em contexto educacional, a busca de emancipao diz respeito a

    pessoas que sofrem as conseqncias de algum tipo de desigualdade social. Essa busca

    se concretiza quando as pessoas conseguem superar os obstculos ligados a sua

    condio e alcanam nveis de conhecimento mais elevados a partir dos quais podero

    exercer atividades desafiadoras (em qualquer rea de atuao especfica).

    Uma ao educacional com propsito emancipatrio um desafio s leis de

    reproduo social, gerando transformaes sociais a partir do fato de as camadas

    desfavorecidas terem acesso educao, no apenas acesso ao vigente conhecimento

    elitizado, mas sobretudo condio de construir conhecimentos novos, em termos de

    contedos, formas e usos. Um mesmo conhecimento tem usos diferenciados que

    depende dos referenciais de classe, dos campos de atuao e dos meios sociais

    envolvidos.

    No passado, relutamos a usar o termo, por causa do medo de se criar uma

    expectativa exagerada. Em vrios de nossos projetos de extenso, de fato, no se deve

    esperar muito em matria de emancipao, devido a limitaes institucionais e

    ideolgicas. Um projeto educacional considerado emancipatrio especialmente

    quando permite aos grupos de condio modesta terem acesso a conhecimentos que no

    teriam alcanado de outro modo.

    Como tema psicossociolgico, a emancipao pode ser aprofundada graas ao

    estudo de trajetrias sociais com base em biografias ou autobiografias de pessoas que

    conseguiram evitar os obstculos sociais e entrar em universos culturais mais amplos, a

    caminho de uma profissionalizao de nvel superior, ou de alto prestgio. Entretanto,

    no se trata de qualquer tipo de ascenso social, pois, em certos casos, a ascenso detipo conservador e no requer uma cultura emancipatria, apenas adeso aos valores

    vigentes e esperteza em situao de competio com os outros.

    Ao nascer em um roado ou em uma favela, uma criana tem pouca

    probabilidade de tornar-se mdico, professor, advogado, escritor, cineasta. Aes

    educacionais que pudessem ajudar nesse sentido seriam de carter emancipatrio.

    A relao entre biografia e pesquisa participativa um tema que j foi

    explicitamente abordado por Henri Desroche (1990). A conduo de um projetoparticipativo no uma tarefa fcil e exige qualidades individuais e sociais observveis

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    na biografia do sujeito. requerida uma ntida capacidade de liderana e um

    relacionamento democrtico, oferecendo a todos o contexto ideal de motivao e

    desempenho. Por outro lado, os processos da pesquisa participativa e de capacitao

    bem conduzidos exercem um efeito significativo nas trajetrias de vida sobre as pessoas

    ou grupos destinatrios.

    Nem todos os projetos de extenso so de tipo emancipatrio, mas um ideal a

    ser perseguido, especialmente quando se trata de extenso voltada para interesses

    populares ou superao de obstculos sociais, como no caso, por exemplo, de cursos de

    preparao ao vestibular ou de programas de apoio criao de cooperativas para

    populao de baixa renda. A emancipao representa uma promoo de carter coletivo

    e compartilhvel entre membros de classes populares.

    Um projeto de extenso pode ser considerado emancipatrio quando as

    atividades que lhes so associadas incitam as pessoas a superar os obstculos e

    limitaes que encontram em sua vida social, cultural ou profissional. Por exemplo, isso

    acontece em um projeto de extenso que ajude a populao de jovens e adultos carentes

    a progredirem em sua formao, possibilitando o acesso a cursos de nveis mdio ou

    superior.

    A emancipao pode ser pensada em termos de trajetria de pessoas que

    superaram obstculos do destino social. Por exemplo, filhos de famlia humilde que

    conseguem estudar e, pelo resultado de seus esforos, alcanar elevados nveis de

    compreenso ou de criao em determinadas reas profissionais ou culturais. A

    emancipao de grupos ocorre quando a iniciativa capaz de mobilizar coletividades e

    alcanar resultados mais abrangentes que a descoberta de talentos individuais, em casos

    isolados. A emancipao diferente de uma simples ascenso social, ou promoo,

    por estar ligada a uma trajetria de superao de obstculos com dimenses

    participativa, crtica e reflexiva.7. CONCLUSO

    Aps uma dcada de liberalismo, a universidade pblica est ameaada e muito

    gente perdeu o nimo, deixando de atuar em projetos audaciosos e conformando-se no

    cumprimento de exigncias de avaliao ou de sobrevivncia.

    No atual contexto de mudana, precisamos recuperar idias mais ousadas para

    enfrentar os desafios intelectuais e da vida cotidiana. animadora a possibilidade de se

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    produzir conhecimento crtico a ser compartilhado com atores sociais por meio de

    programas e projetos de extenso.

    A metodologia de extenso ter tudo a ganhar se reforarmos suas dimenses

    participativa, crtica e emancipatria. Entretanto, para isso, ningum possui uma soluo

    mgica. Isso se constri coletivamente a partir das experincias existentes, com acesso

    ao conhecimento terico-metodolgico (em particular em rea de educao e

    comunicao). Inclusive as tecnologias da informao tm um papel positivo a

    desempenhar nesse contexto.

    Ainda longa a distncia entre a realidade (s vezes, a mediocridade) de nossos

    projetos de extenso e a definio desse ideal, participativo, crtico e emancipatrio. Se

    tal ideal for adequado ao atual (ou futuro) contexto de transformao social, poderemos

    sugerir um esforo de capacitao metodolgica dos docentes e alunos para levarem a

    bem projetos orientados em condizente perspectiva. Tambm os outros aspectos de

    sustentao da poltica de extenso (dedicao, recursos, valorizao) precisam ser

    repensados.

    Seja como for, em contexto de real enfrentamento dos grandes problemas da

    sociedade (educao, sade, fome, emprego, agricultura familiar, preservao

    ambiental, etc.), parece que haver, nos prximos anos, novas oportunidades para a

    experimentao de mtodos participantes em extenso universitria (e tambm em

    outros contextos).

    Hoje, como o atesta este I Congresso Brasileiro de Extenso Universitria, a

    extenso vista como assunto srio, e est adquirindo uma significao e uma

    metodologia mais bem definidas. Vale reafirmar que nesse contexto de mudana, haver

    fortes expectativas em torno da extenso universitria. Algumas universidades sero

    incentivadas para oferecer uma extenso mobilizadora, construtora de conhecimentos,

    respondendo s necessidades de polticas sociais ou de programas de capacitao, emlarga escala, contra o desemprego, por exemplo. Oxal que seja uma extenso com

    participao, emancipao, reflexividade, esprito crtico e embasamento terico

    consolidado!

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    BROSE, Markus (org). Metodologia participativa. Uma introduo a 29 instrumentos.Porto Alegre : Tomo Editorial, 2001.

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    DESROCHE, Henri. Entreprendre dapprendre. Dune autobiographie raisonne aux

    projets dune recherche-action. Apprentissage 3. Paris : Editions Ouvrires, 1990.

    GRAMSCI, A. Concepo dialtica da histria. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira,

    1978.

    McTAGGART, Robin (ed.) Participatory Action Research. International Context and

    Consequences. Albany-NY : State University of New York Press, 1997.

    SANTOS, Boaventura de Sousa. Pela mo de Alice. O Social e o poltico na Ps-

    Modernidade. So Paulo: Cortez, 1996.

    SCHN, Donald A. Educando o profissional reflexivo. Um novo design para o ensino

    e a aprendizagem. Porto Alegre : ArtMed, 2000.

    STRINGER, Ernest. Action Research. 2nd. ed. Thousand Oaks; Londres : Sage, 1999.

    THIOLLENT. Michel, ARAJO FILHO, Targino de, SOARES, Rosa Leonra Salerno.

    (coord.) Metodologia e experincias em projetos de extenso. Niteri-RJ : EDUFF,

    2000. 340 p. - Veja tambm o site do SEMPE no seguinte endereo: