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  • UNIVERSIDADE TECNOLGICA FEDERAL DO PARAN PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO

    MESTRADO EM ENGENHARIA DE PRODUO

    ANTO RODRIGO VALENTIM

    CONSTRUO DE UM PROCEDIMENTO PARA AVALIAO DA LUCRATIVIDADE E PRODUTIVIDADE DE LIGAS DE ALUMNIO

    RECICLADO

    DISSERTAO

    PONTA GROSSA 2011

  • ANTO RODRIGO VALENTIM

    CONSTRUO DE UM PROCEDIMENTO PARA AVALIAO DA LUCRATIVIDADE E PRODUTIVIDADE DE LIGAS DE ALUMNIO

    RECICLADO

    Dissertao apresentada como requisito parcial para obteno do ttulo de Mestre em Engenharia de Produo, do Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo, Universidade Tecnolgica Federal do Paran. rea de Concentrao: Produo e Manuteno.

    Orientador: Prof. Dr. Ivanir Luiz de Oliveira.

    PONTA GROSSA 2011

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    A minha amada esposa, Edwiges, que esteve ao meu lado me apoiando com sua compreenso e dedicao. Ao meu pequeno e amado filho Gabriel, pela pacincia que teve e pela fora que me d para que eu possa ser a cada dia um homem melhor. Em especial minha me, Maria Conceio, pela vitria sobre um cncer e uma pneumonia, durante o decorrer do ano de 2010. minha famlia, pai, me e irm, por tudo que fizeram para meu crescimento pessoal e profissional. Pelo apoio prestado nos primeiros passos de minha vida.

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    AGRADECIMENTOS

    Primeiramente agradeo a Deus, por todas as bnos derramadas em minha

    vida at o dia de hoje. Por ter sido meu refgio nos momentos de dificuldades e minha

    fortaleza para vencer mais esse desafio.

    Aos meus amigos, de modo geral, que compreenderam esse momento da

    minha vida e respeitaram minha ausncia quando se fez necessrio.

    Ao meu orientador, professor Doutor Ivanir Luiz de Oliveira, pela pacincia,

    companheirismo e ajuda durante a execuo desse trabalho.

    Aos meus companheiros de trabalho do IFPR, pela motivao para realizao

    do trabalho, bem como pelos esforos para disponibilizar horrios para realizao

    deste.

    UTFPR, em especial aos professores que compem a Coordenao de

    Mecnica, responsveis por minha formao mdia e superior. Aos mesmos,

    posteriormente pelo apoio, como companheiros de trabalho, os quais me acolheram e

    ajudaram no incio da minha caminhada como docente. Ao Hotel de Projetos, nas

    pessoas dos professores Luis Maurcio, Magda e Eliane.

    Fundao Araucria, pelos recursos disponibilizados para execuo desse

    trabalho.

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    RESUMO

    VALENTIM, Anto Rodrigo. Construo de um procedimento para avaliao da lucratividade e produtividade de ligas de alumnio reciclado. 2011. 120 f. Dissertao (Mestrado em Engenharia de Produo) Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo, Universidade Tecnolgica Federal do Paran. Ponta Grossa, 2011.

    O alumnio e suas ligas vm ganhando espao nos diversos seguimentos da indstria. Isso ocorre devido as suas caractersticas fsicas e qumicas, que possibilitam seu uso nas mais diversas aplicaes. Mesmo o alumnio, tendo excelente reciclabilidade, com vantagens em relao ao processo primrio, os ndices de reciclagem deste material ainda so baixos. Isso visvel pelos baixos ndices de reciclagem alcanados, principalmente pelos produtos produzidos pelo setor de embalagens, que possuem um baixo ciclo de vida e geralmente empregam o alumnio laminado com pequena espessura (folhas de alumnio). Um fator que influencia diretamente nos custos de produo das ligas secundrias so os preos das sucatas, que no seguem padres de mercado, mas so impostos por grandes centrais de reciclagem ou por atores intermedirios (sucateiros), que inflacionam o mercado. Desta forma, pequenas empresas que reciclam sucatas de alumnio produzidas localmente enfrentam a concorrncia das grandes centrais de reciclagem e das grandes empresas produtoras de alumnio primrio, precisando, assim, buscar alternativas para conseguirem melhores resultados financeiros e de produo. Neste sentido, um estudo que proponha um procedimento para avaliao do processo de produo de ligas de alumnio secundrio faz-se necessrio. O presente estudo buscou entender o mercado de alumnio, de forma regional, analisando a lucratividade e a produtividade alcanada na produo de ligas de alumnio secundrio requeridas. Utilizaram-se as sucatas disponveis na regio de estudo para produo ligas, por meio de uma escala piloto. Foram realizadas 669 corridas que produziram 9 padres de ligas comercias diferentes, num total de 32,9 toneladas de ligas sob a forma de lingotes. Para a produo, levantou-se: a demanda, a necessidade regional de ligas e a disponibilidade das sucatas para produo das ligas demandadas. O estudo apontou que o uso de folhas finas, material alternativo de baixo valor percebido pelo mercado de sucata, aumenta os ndices de produtividade e a lucratividade na produo de ligas de alumnio secundrio. Por outro lado, grupos de sucatas valorizados no mercado regional apresentaram tendncia em diminuir a lucratividade e produtividade pela sua adio nas cargas.

    Palavras-chave: Reciclagem de alumnio. Produtividade. Lucratividade. Forno eltrico induo. Folhas de alumnio.

  • 7

    ABSTRACT

    VALENTIM, Anto Rodrigo. Construction of a procedure for evaluating the profitability and productivity of recycled aluminum alloy. 2011. 120 f. Dissertation (Master in Production Engineering) Graduate Program in Production Engineering, Federal Technological University of Paran. Ponta Grossa, 2011.

    The aluminum and its alloys are gaining space in the various segments of the industry. This is due to its physical and chemical characteristics that allow its use in several applications. Even the aluminum, with excellent recyclability, with advantages over the primary process, the rates of recycling of this material are still low. This is visible by the low levels of recycling achieved, especially for products produced by the packaging industry, which have a low life cycle and typically employ aluminum laminated with thin sheets (aluminum). One factor that directly influences the production costs of the minor leagues are the prices of scrap that do not follow industry standards, but are imposed by large recycling plants or by intermediary actors that inflate the market (scrap). Thus, small companies looking for recycle aluminum scrap locally produced face competition from large recycling plants and the major producers of primary aluminum, so need to find alternatives to achieve better financial results and production. In this regard, a study to propose a procedure to evaluate the production of secondary aluminum alloys it is necessary. This study sought to understand the market for aluminum, regionally, analyzing the profitability and productivity achieved in the production of secondary aluminum alloys required. We used the scraps available in the study region to produce alloys by means of a pilot scale. 669 races were held that produced nine different patterns of commercial alloys, a total of 32.9 tons of alloys in the form of ingots. For production, rose: the demand, the need for regional availability of scrap and alloys to produce alloys of defendants. The study found that the use of thin sheets, alternative materials, low perceived value by the market of scrap, increases productivity levels and profitability in the production of secondary aluminum alloys. On the other hand, groups of scrap valued in the regional market, tended to reduce profitability and productivity through its addition of loads.

    Keywords: Recycling aluminum. Productivity. Profiatability. Electric induction furnace. Aluminum foils.

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Ciclo da reciclagem do alumnio.................................................................... 27

    Figura 2 - Fluxo de operao industrial do alumnio secundrio. ................................... 31

    Figura 3 - Fluxo de processo e comparativo entre centrais de reciclagem por refuso e

    refinaria. ......................................................................................................................... 32

    Figura 4 Forno rotativo horizontal em corte. ................................................................ 35

    Figura 5 - Diagrama de equilbrio da mistura NaCl/KCl. ................................................. 35

    Figura 6 - Forno TRF. ..................................................................................................... 37

    Figura 7 Geometria e inclinao do forno TRF. ........................................................... 38

    Figura 8 - Forno URTF. .................................................................................................. 39

    Figura 9 - Forno Side-well com sistema LOTTUS. ......................................................... 40

    Figura 10 Forno a Plasma IPT. ................................................................................... 41

    Figura 11 - Perda na fuso em funo da espessura do material. ................................. 46

    Figura 12 - Perda de metal em funo da espessura da sucata e sua composio. ..... 47

    Figura 13 Relaes entre as etapas do estudo. .......................................................... 53

    Figura 14 Fluxo do processo de reciclagem utilizado na pesquisa ............................. 58

    Figura 15 Grupo alumnio duro .................................................................................... 59

    Figura 16 Grupo perfil. ................................................................................................ 59

    Figura 17 Grupo alumnio mole ................................................................................... 60

    Figura 18 Grupo panela............................................................................................... 60

    Figura 19 Grupo folha. ................................................................................................ 60

    Figura 20 Grupo lata. .................................................................................................. 60

    Figura 21 Lingotes produzidos durante a pesquisa. .................................................... 62

    Figura 22 - Layout da produo em escala piloto, com ilustrao do fluxo de produo.

    ....................................................................................................................................... 62

    Figura 23 - Amostra de alumnio j analisada pelo espectrmetro. ................................ 64

    Figura 24 Lingotamento da liga de alumnio................................................................ 65

    Figura 25 Alimentao do forno induo com um fardo de folhas de alumnio. ....... 67

    Figura 26 Detalhe da alimentao do fardo de folhas de alumnio. ............................. 67

    Figura 27 Grfico comparativo de linhas de tendncias entre os diversos grupos de

    sucata e a produtividade. ............................................................................................... 73

  • 9

    Figura 28 Grfico comparativo de linhas de tendncias entre os diversos grupos de

    vsucata e a lucratividade. ............................................................................................... 77

    Figura 29 Rendimento obtido para as diversas corridas. ............................................ 81

    Figura 30 Comparao entre o resultado do presente trabalho, em forno induo

    (folha), com o obtido em outras pesquisas e com fornos e sucatas diferentes. ............. 81

    Figura 31- Grfico porcentagem de folha de alumnio versus produtividade. .............. 109

    Figura 32- Grfico porcentagem de lata versus produtividade. .................................... 109

    Figura 33- Grfico porcentagem de panela versus produtividade. ............................... 110

    Figura 34- Grfico porcentagem de alumnio mole versus produtividade. ................... 110

    Figura 35- Grfico porcentagem de perfil versus produtividade. .................................. 111

    Figura 36- Grfico porcentagem de alumnio duro versus produtividade. .................... 111

    Figura 37- Grfico porcentagem de folha de alumnio versus lucratividadde. .............. 116

    Figura 38- Grfico porcentagem de lata versus lucratividade. ..................................... 116

    Figura 39- Grfico porcentagem de panela versus lucratividade. ................................ 117

    Figura 40- Grfico porcentagem de alumnio mole versus lucratividade. ..................... 117

    Figura 41- Grfico porcentagem de perfil versus lucratividade. ................................... 118

    Figura 42- Grfico porcentagem de alumnio duro versus lucratividade. ..................... 118

  • 10

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Propriedades fsicas do elemento qumico alumnio. ................................... 21

    Tabela 2 Composio qumica da folha de alumnio. .................................................. 65

    Tabela 3 Resumo dos resultados de regresso. ......................................................... 75

    Tabela 4 Comparativo entre os resultados de r por grupo de sucatas versus

    produtividade e valores de r crticos de Pearson. ........................................................... 75

    Tabela 5 Comparativo entre os resultados de r por grupo de sucatas versus

    lucratividade e valores de r crticos de Pearson. ............................................................ 79

    Tabela 6 Tabela de frequncia folha de alumnio versus produtividade. ................... 106

    Tabela 7 Tabela de frequncia lata versus produtividade. ........................................ 106

    Tabela 8 Tabela de frequncia panela versus produtividade. ................................... 106

    Tabela 9 Tabela de frequncia alumnio mole versus produtividade. ........................ 107

    Tabela 10 Tabela de frequncia perfil versus produtividade. .................................... 107

    Tabela 11 Tabela de frequncia alumnio duro versus produtividade. ...................... 107

    Tabela 12 Tabela de frequncia folha de alumnio versus lucratividade. .................. 113

    Tabela 13 Tabela de frequncia lata versus lucratividade. ....................................... 113

    Tabela 14 Tabela de frequncia panela versus lucratividade. .................................. 113

    Tabela 15 Tabela de frequncia alumnio mole versus lucratividade. ....................... 114

    Tabela 16 Tabela de frequncia perfil versus lucratividade. ..................................... 114

    Tabela 17 Tabela de frequncia alumnio duro versus lucratividade. ........................ 114

    Tabela 18 Tabela de preo de sucatas de alumnio e elementos de adio. ............ 120

  • 11

    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 Nmero de plantas de reciclagem de alumnio nos diversos continentes. .. 26

    Quadro 2 Classificao de sucatas de alumnio. ......................................................... 28

    Quadro 3 Classificao de sucatas de alumnio. ......................................................... 29

    Quadro 4 Classificao da ao dos fluoretos e cloretos utilizados junto ao fluxo

    salino. ............................................................................................................................. 36

    Quadro 5 Resumo de caractersticas dos equipamentos de fuso. ............................ 44

    Quadro 6 Fornecedores de sucatas participantes do projeto. ..................................... 55

    Quadro 7 Consumidores de ligas de alumnio na regio de estudo. ........................... 56

    Quadro 8 Classificao de laminados em folhas. ........................................................ 66

    Quadro 9 Sucatas fornecidas pelo mercado local. ...................................................... 69

    Quadro 10 Principais fornecedores de sucatas de alumnio, sucatas processadas e

    respectiva classificao. ................................................................................................. 70

    Quadro 11 Principais consumidores locais de ligas de alumnio. ................................ 70

    Quadro 12 Principais ligas consumidas na regio de estudo. ..................................... 71

    Quadro 13 Ficha de controle de entrada de sucatas ................................................... 94

    Quadro 14 Ficha para coleta das ligas consumidas por consumidor. ......................... 94

    Quadro 15 Formulrio de coleta de dados de produo. ............................................ 95

  • 12

    LISTA DE ABREVIATURAS

    ABAL - Associao Brasileira do Alumnio

    ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    ABRALATAS - Associao Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade

    ABRELPE - Associao Brasileira de Empresas de Limpeza Pblica e Resduos Especiais

    EAFA - European Aluminium Foil Association

    EMP - Electromagnetic Pumping

    GLP - Gs Liquefeito de Petrleo

    IAI - International Aluminium Institute

    IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    IPT - Instituto de Pesquisas Tecnolgicas

    ISRI - Institute of Scrap Recycling Industries

    LME - London Metal Exchange

    NBR - Norma Brasileira

    PmaisL - Produo mais Limpa

    SAE - Society of Automobile Engineers

    TRF - Tiliting Rotary Furnace

    URTF - Universal Rotary Titable Furnace

    RSU - Resduo Slido Urbano

  • 13

    SUMRIO

    1 INTRODUO .......................................................................................................... 15 1.1 CONTEXTULIZAO ........................................................................................... 15 1.2 TEMA .................................................................................................................... 16 1.3 OBJETIVOS .......................................................................................................... 16 1.3.1 Objetivo Geral ..................................................................................................... 16 1.3.2 Objetivos Especficos.......................................................................................... 16 1.4 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 17 1.5 ESTRUTURA DA PESQUISA ............................................................................... 18 2 REFERENCIAL TERICO ....................................................................................... 19 2.1 O ALUMNIO ......................................................................................................... 19 2.2 CARACTERSTICA DO ALUMNIO ...................................................................... 20 2.3 VALOR MONETRIO DO ALUMNIO .................................................................. 21 2.4 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL ........................................................... 22 2.5 A RECICLAGEM DO ALUMNIO .......................................................................... 24 2.5.1 O Ciclo da Reciclagem do Alumnio ................................................................... 26 2.5.1.1 A coleta da sucata de alumnio ......................................................................... 27 2.5.1.2 O processo de reciclagem do alumnio ............................................................. 31 2.5.1.3 Tecnologias aplicadas fuso da sucata de alumnio ...................................... 33 2.6 ESCRIA DO ALUMNIO ..................................................................................... 45 2.6.1 Mecanismos de Formao da Escria ................................................................ 45 2.7 PARMETROS DE AVALIAO DO PROCESSO DE RECICLAGEM DE ALUMNIO ..................................................................................................................... 48 2.7.1 Produtividade ...................................................................................................... 48 2.7.2 Lucratividade ...................................................................................................... 49 3 MATERIAIS E MTODOS ........................................................................................ 52 3.1 CLASSIFICAO DA PESQUISA ........................................................................ 52 3.2 PROCEDIMENTO DA PESQUISA ....................................................................... 53 3.2.1 Realizao da Pesquisa ..................................................................................... 54 3.2.2 Coleta de Dados ................................................................................................. 54 3.2.2.1 Reconhecimento do mercado ........................................................................... 54 3.2.2.2 Produo de ligas comerciais de alumnio secundrio ..................................... 57 3.2.3 Tabulao de Dados ........................................................................................... 59 3.2.4 Anlise dos Dados .............................................................................................. 61 3.2.5 Procedimento Experimental ................................................................................ 61 3.2.5.1 Procedimento para avaliao da produo de ligas de alumnio com folhas ... 65 4 RESULTADOS E DISCUSSO ................................................................................ 68 4.1 RECONHECIMENTO DO MERCADO .................................................................. 68 4.2 PRODUO DE LIGAS COMERCIAIS DE ALUMNIO SECUNDRIO ............... 71 4.2.1 Anlise da Produtividade na Fabricao de Ligas Comerciais de Alumnio Secundrio .................................................................................................................... 72 4.2.1.1 Validao estatstica dos dados de produtividade ............................................ 74 4.2.2 Anlise da Lucratividade na Fabricao de Ligas Comerciais de Alumnio Secundrio .................................................................................................................... 76 4.2.2.1 Validao estatstica dos dados de lucratividade .............................................. 79

  • 14

    4.3 INFLUNCIA DAS FOLHAS DE ALUMNIO SOBRE A PRODUTIVIDADE ......... 80 5 CONSIDERAES FINAIS ...................................................................................... 83 6 SUGESTES PARA TABALHOS FUTUROS .......................................................... 86 REFERNCIAS ............................................................................................................. 87 APNDICE A Formulrio de coleta de dados ........................................................ 93 APNDICE B Tabulao dos dados. ....................................................................... 96 APNDICE C Planilha para elaborao e correo das ligas de alumnio. ......... 98 APNDICE D Composio qumica das principais ligas produzidas. ............... 101 APNDICE E Classificao das sucatas utilizadas na pesquisa. ...................... 103 APNDICE F Tabela de freqncia para os diversos grupos de sucatas versus produtividade. ............................................................................................................ 105 APNDICE G Grficos - Percentual de sucatas versus produtividade. ............ 108 APNDICE H Tabelas de freqncia para diversas sucatas versus lucratividade ................................................. ............................................................................... .....112 APNDICE I Grficos - Porcentagem de sucatas versus lucratividade ............ 115 APNDICE J Preos das sucatas de alumnio e dos elementos de adio. ..... 119

  • 15

    1 INTRODUO

    1.1 CONTEXTULIZAO

    O alumnio o metal no-ferroso mais consumido no mundo. Sua produo

    mundial em 2007 foi de aproximadamente 38 milhes de toneladas. Para o mesmo ano,

    a produo mundial de alumnio secundrio (reciclado) foi de aproximadamente 18

    milhes de toneladas. (IAI, 2009a).

    Estima-se que, para o ano de 2020 o consumo de alumnio seja de 70 milhes

    de toneladas, sendo que 30 milhes de toneladas provero da reciclagem. Segundo

    Bertram, no ano de 2004 existiam no mundo 1200 plantas de reciclagem de alumnio e

    200 plantas de alumnio primrio (BERTRAM, 2008).

    No Brasil, a reciclagem do alumnio tem incio com a prpria implantao da sua

    indstria na dcada de 20. Naquela poca, a matria prima utilizada na fabricao de

    utenslios eram sucatas importadas de diversos pases. Atualmente, o Brasil lider

    mundial na reciclagem de latas de alumnio, reciclando aproximadamente 198,8 mil

    toneladas. Isso corresponde a um ndice de 98,2% do total de latas produzidas no pas.

    Apesar do alto ndice da reciclagem de latas, no mundo somente 31,1% do alumnio

    consumido em produtos domsticos reciclado (ABAL, 2011a).

    Estabelecer as latas como nico indicador da reciclagem de alumnio no

    corresponde realidade dos diversos produtos fabricados com este metal. Muitos

    produtos fabricados em alumnio so de difcil reciclagem. Isto ocorre devido a grande

    afinidade deste metal com o oxignio o que leva a uma baixa produtividade durante o

    processo de fuso. Um exemplo desses produtos so os laminados finos ou folhas de

    alumnio (aluminium foil). Tal fato poderia explicar, em parte, os baixos ndices de

    reciclagem desses produtos.

    Neste sentido, o aumento da recuperao do alumnio metlico dos resduos

    slidos passa pela busca de novas tcnicas aliadas a estudos de produtividade e

    lucratividade, hoje carentes na literatura.

  • 16

    O presente estudo realizou pesquisa sobre a recuperao de alumnio de

    sucatas e a aplicao da folha de alumnio na fabricao de ligas, em forno eltrico

    induo. Adicionalmente, estudou-se o mercado local da reciclagem e aprofundou-se

    no estudo sobre a produtividade e lucratividade na produo de ligas comerciais de

    alumnio.

    1.2 TEMA

    O tema da presente pesquisa a o estudo da produtividade e lucratividade na

    produo de ligas comerciais de alumnio secundrio (reciclado).

    1.3 OBJETIVOS

    1.3.1 Objetivo Geral

    Construir um procedimento para avaliar a influncia das matrias primas sobre

    a produtividade e a lucratividade de ligas recicladas de alumnio secundrias.

    1.3.2 Objetivos Especficos

    Avaliar a influncia regional do mercado de sucatas, e da demanda de ligas de

    alumnio, sobre a lucratividade e produtividade de ligas de alumnio secundrio;

    Avaliar a produtividade e lucratividade na produo de ligas comerciais de alumnio a

    partir de sucatas;

    Analisar os efeitos da incorporao de sucata de alumnio no convencionais na

    produo de ligas em forno eltrico induo.

  • 17

    1.4 JUSTIFICATIVA

    O alumnio secundrio (reciclado) possui diversas fontes geradoras, tais como:

    sobras de processos industriais; ps-venda; ps-consumo domstico, veicular e

    agrcola. A variedade e a quantidade de produtos de alumnio disponvel numa regio

    podem indicar uma grande variedade de composies qumicas, contaminantes e

    formatos fsicos que influenciam o seu processamento em ligas normatizadas.

    A mdia mundial de recuperao de alumnio foi de 33,5% para o ano de 2008.

    O Brasil, apesar de ficar com um ndice acima da mdia mundial, ocupava a stima

    posio, com um ndice de recuperao do alumnio de 36,6%, atrs de Estados Unidos

    (39%), Coria do Sul (39,5%), Itlia (39,6%), Espanha (41,2%) e Reino Unido (59,5%),

    sendo este lder mundial da reciclagem de alumnio (ABAL, 2010b).

    Uma explicao para o baixo ndice de reciclagem da sucata de alumnio o

    longo ciclo de vida de alguns produtos que demoram a voltar para o ciclo da

    reciclagem. Por outro lado, o setor de embalagens um grande consumidor de

    alumnio e fabrica produtos com ciclo de vida de apenas alguns dias. Segundo a

    Noviles (2011), no Brasil, por exemplo, a lata de alumnio possui um ciclo de vida mdio

    de apenas 30 dias.

    Segundo a European Aluminium Foil Association - EAFA (2010), 75% das

    folhas de alumnio produzidas na Europa so utilizadas na indstria de embalagens.

    Sendo que em 2008, foram recuperados 45% do alumnio em folhas. Segundo

    Datamark (2011), no Brasil, no ano de 2008 foram produzidas 256 mil toneladas de

    embalagens em alumnio

    Um fator que contribui para o baixo ndice de recuperao das folhas de

    alumnio forma com que estas so colocadas no mercado. As folhas de alumnio,

    principalmente no setor de embalagens, chegam ao mercado nas formas: (I) separada;

    (II) agregada em camadas com plstico; (III) agregada em camadas com papel; (IV)

    agregada em camadas com plstico e papel. Outro fator a baixa produtividade

    alcanada na recuperao das folhas de alumnio durante fuso em fornos

    convencionais.

  • 18

    O mercado de ligas de alumnio constitudo por grandes empresas produtoras

    de alumnio primrio e de grandes e pequenas empresas recicladoras de alumnio. As

    grandes empresas produtoras de alumnio primrio formam o preo de suas ligas com

    base na Bolsa de Mercadorias de Londres (LME). Por sua vez, as empresas

    recicladoras de alumnio seguem os preos estabelecidos por essas, mantendo os

    preos de suas ligas abaixo aos determinados. Pequenas empresas recicladoras,

    muitas vezes, no conseguem acompanhar os preos praticados pelas grandes

    empresas do setor. Neste sentido, a logstica e disponibilidade de matrias primas so

    determinantes na sustentabilidade dessas empresas.

    Existem mltiplos fatores que determinam a sustentabilidade de uma empresa

    recicladora de alumnio que esto associados a aspectos mercadolgicos e a aspectos

    tcnicos que ainda necessitam ser estudados.

    1.5 ESTRUTURA DA PESQUISA

    A presente pesquisa est estrutura em seis captulos. No captulo 1 ser

    realizada a apresentao sobre o assunto tratado, bem como, os objetivos do estudo e

    sua justificativa.

    No captulo 2 ser apresentado o referencial terico sobre o alumnio, suas

    caractersticas fsicas e qumicas, seu mercado, reciclabilidade e perdas de

    produtividade e formao de escrias. Revisar-se- tambm as tecnologias de fuso

    com foco nos equipamentos utilizados.

    No captulo 3 ser apresenta a metodologia utilizada na pesquisa, procedimento

    de coleta de dados, tabulao e ferramentas utilizadas para interpretao destes.

    O captulo 4 mostrar os resultados obtidos e discusses realizadas.

    Por fim, no captulo 5 sero apresentadas as concluses e no captulo 6

    sugestes para trabalhos futuros.

  • 19

    2 REFERENCIAL TERICO

    2.1 O ALUMNIO

    Segundo a ABAL (2010c), a produo de alumnio primrio no Brasil, em 2010,

    foi de 1.536,2 mil toneladas. Segundo o International Aluminium Institute IAI (2011c), a

    produo mundial de alumnio primrio para o mesmo perodo foi de 24.290 mil

    toneladas.

    O alumnio o terceiro elemento mais abundante na crosta terrestre, atrs do

    oxignio e silcio. Sua concentrao na crosta terrestre continental de 8%. Na

    formao do planeta, os metais pesados como o ferro se concentraram no centro,

    enquanto elementos como o magnsio e o alumnio formaram a parte externa da crosta

    terrestre. O alumnio reagiu com o silcio e o oxignio, formando compostos qumicos

    bsicos para maioria das rochas do planeta (SCHMITZ, 2007, p.2). O alumnio est

    presente na natureza na forma de xido de alumnio. A bauxita o principal minrio

    utilizado na produo do alumnio, contendo 35% a 55% de xido de alumnio.

    O valor unitrio do alumnio, no incio de sua produo, era muito caro se

    comparado a outros metais. Porm, no ano de 1965, ele tornou-se mais barato que o

    cobre, o que ajudou o crescimento da indstria do alumnio. No setor eltrico, ele

    compete diretamente com o cobre, apesar de sua menor condutibilidade eltrica, acaba

    sendo compensado pelo seu baixo peso, tornando-o interessante para aplicao em

    linhas de transmisso eltrica. Como material de engenharia, destaca-se por suas

    propriedades fsicas e qumicas, e sua resistncia corroso devido formao

    intrnseca de uma camada protetora de xido (HABASHI, 2003, p. 3).

    Segundo ABAL (2010f), os principais setores da indstria que consomem o

    alumnio e suas ligas so:

    Embalagens;

    Automotivo e Transportes;

    Construo civil;

    Bens e consumos;

  • 20

    Eletricidade;

    Mquinas e equipamentos;

    Outros setores.

    Em outros setores, esto s indstrias que consomem o alumnio modo ou

    fundido e atomizado, que pode ser transformado em pasta ou utilizado como matria-

    prima na indstria qumica como: ferro-liga, minerao, explosivos, refratrios,

    pigmentos; tambm como combustvel slido para foguetes. Na indstria farmacutica

    aplicado na fabricao de medicamentos anticidos em que aparece na forma de

    hidrxidos e cloridrxidos de alumnio.

    2.2 CARACTERSTICA DO ALUMNIO

    A superfcie do alumnio altamente reflexiva. A energia radiante, a luz visvel,

    ao calor radiante e as ondas eletromagnticas so eficientemente refletidas. O alumnio

    apresenta alto grau de condutibilidade eltrica, que aliado a sua propriedade mecnica

    aplicado em linhas de transmisses de alta tenso. Sua condutibilidade trmica o

    torna interessante para aplicao em trocadores de calor, evaporadores, cabeotes e

    pistes de motores de automveis.

    O alumnio no ferromagntico, o que o torna interessante para aplicao na

    indstria de eletroeletrnico. Por ser atxico utilizado na indstria de embalagens. Por

    possuir boa aparncia superficial brilhante, ou ainda, por poder receber tratamento

    superficial de anodizao, que confere cores e texturas diferente ao alumnio, fazendo

    com que este tenha aplicaes decorativas e estruturais (DAVIS, 1993, p. 3)

    O alumnio, na maioria das vezes, est ligado com outros materiais formando

    ligas. Quando o alumnio fundido possui elementos de liga, ao se resfriar, solidificando-

    se, alguns dos elementos de liga podem ser retidos em soluo slida. Isso faz com

    que a estrutura atmica do metal se torne mais rgida.

    A principal funo dos elementos de ligas aumentar a resistncia mecnica

    sem prejudicar as outras propriedades. Assim, novas ligas tm sido desenvolvidas

  • 21

    combinando as propriedades adequadas aplicaes especficas. A tabela 1 apresenta

    as propriedades fsicas e qumicas do alumnio. (BRESCIANE, 1997 p 25.).

    Tabela 1 Propriedades fsicas do elemento qumico alumnio.

    Nmero atmico 13

    Massa atmica 26,98

    Densidade 2,7 Mg/m3 (20C)

    Ponto de fuso 660 C

    Calor especfico 400 J/kg.K (25C)

    Calor latente de fuso 397 kJ/kg

    Condutibilidade trmica 247 W/m.K (25C)

    Resistividade eltrica (volumtrica) 26,55 n.m (20C)

    Condutibilidade eltrica 64,94 % IACS

    Estrutura cristalina CFC

    Fonte: Bresciane (1997).

    2.3 VALOR MONETRIO DO ALUMNIO

    Por ser uma commodittie, o alumnio tem seu valor monetrio estabelecido com

    base na relao oferta-demanda e outros fatores conjunturais. O preo de venda das

    ligas de alumnio ditado pelas grandes empresas que produzem o alumnio primrio,

    estas utilizam como referncia a cotao do metal na LME (London Metal Exchange).

    No Brasil, esta utilizada como referncia desde 1990, quando o preo do metal foi

    liberado do controle governamental (LOUREIRO FILHO, 2006).

    A formao do preo de venda do alumnio e suas ligas, pelas grandes

    empresas do setor, algo particular. As margens de lucro com que elas trabalham e os

    custos levados em considerao, entre outros fatores, so difceis de serem definidos.

    Empresas que produzem ligas de alumnio secundrio tm como referncia os

    preos praticados pelas empresas produtoras de alumnio primrio. O problema ocorre

    quando os custos e margens esperadas pelas empresas recicladoras ultrapassam o

    preo de venda praticado pelas grandes empresas. Isso faz com que as empresas

    recicladoras deixem de ser competitivas.

  • 22

    2.4 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

    Gro Harlem Brudtland, em sua contribuio no Prefcio da Presidente, do

    Relatrio Nosso Futuro Comum finalizado no ano 1987, relata que o ps-guerra,

    ocorrido ao trmino da II Guerra Mundial, trouxe uma nova esperana ao mundo, um

    esprito de cooperao global em busca de objetivos comuns. Essa postura persistiu

    at a dcada de 70, onde comeou a ocorrer um clima de reao e isolamento das

    naes. Brudtland critica a postura dos pases industrializados, os quais buscam o

    crescimento econmico, a qualquer custo, sem pensar no meio ambiente, ou seja, uma

    postura no sustentvel.

    devido ao grande poder poltico e econmico desses pases, suas decises

    quanto ao desenvolvimento tero profundo impacto sobre as possibilidades de

    todos os povos manterem o progresso humano para as geraes futuras. (Gro

    Harlem Brutland, Nosso Futuro Comum, Comisso Mundial sobre o Meio

    Ambiente, 1987).

    Este relatrio apresenta a definio de desenvolvimento sustentvel: aquele

    que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das

    geraes futuras.

    Segundo Lustosa et al. (2003, p. 157), o grande desafio das empresas que

    buscam a sustentabilidade ambiental, ou seja, que os recursos naturais sirvam para

    geraes futuras, tm a sua frente um problema complexo, multidisciplinar,

    interdisciplinar e sem uma resposta nica, capaz de ser resolvido pela inovao

    tecnolgica. Estas podem ser tcnicas: utilizao de novos processos, produtos,

    sistemas ou equipamentos; ou organizacional: mudanas nas formas de organizao,

    nas polticas, nas rotinas de trabalho.

    Segundo Lustosa et al. (2003), as empresas esto tomando conscincia de sua

    responsabilidade ambiental. Encaram os recursos gastos, com foco no desenvolvimento

    sustentvel, como por exemplo, a destinao e processamento correto de seus

    resduos. Esto percebendo os retornos ambientais e econmicos que suas aes

    esto proporcionando.

  • 23

    A partir dos anos 90, com a globalizao alcanando seu pico, as inovaes

    tecnolgicas e as alteraes nas legislaes, houve uma elevao, por parte das

    empresas, na conscincia ambiental, o que permitiu o aperfeioamento e

    desenvolvimento de normas e ferramentas de gesto ambiental, destacam-se a srie

    ISO (International Organization for Standardization) 14.000, Avaliaes do Ciclo de

    Vida, Produo Limpa (PL), Produo mais Limpa (PmaisL) Ecologia Industrial, Zero

    Emission Research Iniciative - Zeri, entre outros (DINIZ, 2007, p.14).

    Os consumidores, do mesmo modo, devem rever seu modo de vida no que

    tange o consumo e responsabilidade ambiental. A sociedade atual est alicerada no

    consumo de bens. Devido ao rpido desenvolvimento tecnolgico e reduo do ciclo

    de vida dos produtos, a cada dia os consumidores tm novas possibilidades de

    consumo. Porm, a sociedade do consumo ainda no percebeu as consequncias

    ambientais causadas pelo consumo insustentvel em que a mesma est inserida,

    enxergando somente o produto de desejo, no se preocupando com os possveis

    impactos ambientais e sociais na produo e descarte dos produtos ps-consumo,

    indesejveis.

    O aumento do consumo gera, de maneira proporcional, o aumento do lixo.

    Atualmente so gerados principalmente os resduos produzidos com materiais do tipo

    commodities como o alumnio e plstico. (MANO et al., 2005, p. 113).

    Segundo pesquisa realizada pela ABRELPE (2010), o Brasil produziu entre os

    anos de 2008 e 2009 aproximadamente 57 milhes de toneladas de resduo slido

    urbano (RSU), o que equivale a um ndice per capto de 1,152 kg de RSU, um aumento

    6,8% em relao ao mesmo perodo anterior. Desse total de RSU gerado 43%,

    aproximadamente 22 milhes de toneladas, no tiveram destino corretos, tendo como

    destino final aterros controlados ou lixes.

    Neste sentido, estudos que tragam informaes relevantes sobre a reciclagem

    de materiais, de modo a contribuir para diminuio dos impactos ambientais causado

    pelos resduos slidos gerado pelas empresas e pela sociedade fazem-se necessrio.

  • 24

    2.5 A RECICLAGEM DO ALUMNIO

    Uma grande vantagem de reciclar o alumnio a economia de energia em

    relao ao processo primrio de reduo da bauxita. Na produo do alumnio primrio,

    o consumo de energia eltrica corresponde a um tero dos custos do processo. O

    consumo mdio de energia do processo primrio de aproximadamente 15 kWh/kg.

    Para realizar a reciclagem do alumnio, levando em considerao todo processo desde

    a preparao at a fuso da sucata, so consumidos em torno de 6% a 8% do total da

    energia necessria para obteno do alumnio primrio, pelo processo eletroltico.

    (SCHMITZ, 2006, p. 27).

    Outra vantagem de reciclar o alumnio, destacada por Tenrio e Espinosa

    (2003, p. 116), est ligada reduo do consumo do minrio, a no gerao da lama

    vermelha durante o processo primrio e a no emisso de flor.

    Apesar das vantagens citadas, existe um caminho a ser trilhado para melhorar

    o ndice de reciclagem de alumnio no Brasil, tanto no que tange as polticas ambientais

    adotadas pelo governo, quanto no que se refere ao emprego de novas tecnologias,

    A notcia Mais uma vez o Brasil lder mundial na reciclagem de latas de

    alumnio, com um ndice de 98,2% (ABAL, 2010b), deve ser interpretado com cuidado,

    j que somente trata-se da reciclagem de latas, no levando em considerao todos os

    materiais produzidos em alumnio reciclado no pas. Essa notcia, pela falta de

    conhecimento do pblico em geral, vem satisfazendo a opinio de muitas pessoas

    acerca da reciclagem do alumnio.

    Um ndice mais significativo leva em considerao o total de alumnio de

    consumo domstico reciclado. Neste caso, a mdia mundial de 31,1%. O Brasil detm

    um ndice de recuperao, levando em considerao o consumo domstico, de 36,6%,

    o que lhe concede a stima posio mundial. Porm, este ndice no deve ser

    analisado sem levar em considerao o ciclo de vida dos produtos produzidos em

    alumnio, j que vrios so os setores da indstria que fazem uso do alumnio e suas

    ligas.

  • 25

    Segundo o site criado pelo IAI, Aluminium for Future Generations (2011), muitos

    produtos produzidos em alumnio tm um ciclo de vida de anos. Para se ter uma noo,

    dos 900 milhes de toneladas de alumnio produzidos desde 1880 trs quartos ainda

    esto sendo utilizados. Aproximadamente 35% esto sendo utilizados na construo

    civil, 30% em cabos de rede eltrica e 30% no setor de transporte. Deste modo, a

    quantidade de alumnio produzido em determinado perodo tende a ser maior que a

    quantidade de alumnio disponvel para reciclagem, tendo em vista que muitas

    aplicaes servem tambm como estoque de alumnio, que poder ser reciclado aps o

    fim de seu ciclo de vida.

    O mesmo aponta que do total de sucata de alumnio reciclada globalmente,

    48% tem origem no setor de transporte, 28% no setor de embalagens, 11% no setor de

    engenharia e cabos e 8% tem origem no setor da construo civil.

    Porm, produtos utilizados pelo setor de embalagem tm um curto ciclo de

    vida. Por exemplo, o ciclo da lata de alumnio, no Brasil, desde o consumo at sua volta

    ao mercado de aproximadamente 30 dias (ABRALATAS, 2011). O alumnio utilizado

    no setor de embalagem est em forma de chapas e de folhas. Segundo a EAFA (2010),

    75% das folhas de alumnio produzidas na Europa so utilizadas na indstria de

    embalagens. No ano de 2008, na Europa, foram recuperados apenas 45% do alumnio

    produzido em folhas.

    Segundo Green (2007, p. 128), a folha de alumnio totalmente reciclvel,

    porm o ndice de folhas que tem sido efetivamente reciclada limitado. Devido fina

    seo transversal e rea de superfcie elevada, a folha tende a ser rapidamente

    transformada em oxidado e escria, gerando um baixo ndice de rendimento do

    processo.

    Outro problema apontado pelo mesmo autor a reciclagem de materiais

    compsitos contendo alumnio. Segundo Padilha (2007, p. 21), materiais compsitos

    so aqueles projetados de modo a conjugar caractersticas desejveis de dois ou mais

    materiais. So exemplos de materiais compsitos que utilizam folhas de alumnio: as

    embalagens longa vida, que combinam folhas de alumnio com plsticos e papel em

    camadas. A reciclagem desses materiais tem sido um problema. No entanto, em maio

  • 26

    de 2005, uma parceria entre a Alcoa Alumino, a Tetra Pak, Klabin, TSL e Ambiental

    anunciou uma soluo para a reciclagem de embalagens longa vida: usando um jato de

    plasma de alta temperatura para aquecer a mistura de plstico e alumnio sob

    atmosfera inerte. O plstico convertido em parafina, e o alumnio recuperado na

    forma de lingotes que podem ser utilizados na fabricao de novas folhas.

    2.5.1 O Ciclo da Reciclagem do Alumnio

    Muitas vezes o local, empresas ou pessoas que realizam a classificao e o

    pr-tramento da sucata de alumnio - catadores, cooperativas, associaes e

    comerciantes de sucata - so identificados como executores da reciclagem do alumnio.

    Esses diferentes atores tm papel fundamental no processo, porm a reciclagem do

    alumnio ocorre nas plantas de reciclagem. Segundo Nani (2007, p. 11) Reciclar

    economizar energia, poupar recursos naturais e trazer de volta ao ciclo o que jogado

    fora. A palavra foi introduzida no vocabulrio internacional na dcada de 80. Recycle

    significa = Re (Repetir) + Cycle (Ciclo).

    A IAI realizou um levantamento, no ano de 2008, das plantas de reciclagem de

    alumnio existentes no mundo. O quadro 1 uma adaptao do levantamento realizado.

    Regio Nmero de plantas de reciclagem de alumnio

    Amrica do Norte 316 Amrica Latina e Caribe 117 Europa 273 frica 46 China 71 Japo 120 Restante da sia 495 Oceania 56 Oriente Mdio 50

    Quadro 1 Nmero de plantas de reciclagem de alumnio nos diversos continentes.

    Fonte: Adaptado: IAI (2009a, p. 10)

    O ciclo da reciclagem do alumnio composto por vrias etapas que vo desde

    a fabricao do produto at a fabricao de novos produtos produzidos com alumnio

  • 27

    consumido. A figura 1 apresenta o ciclo da reciclagem do alumnio de maneira genrica,

    mostrando os diversos autores que atuam no campo da reciclagem.

    Figura 1 Ciclo da reciclagem do alumnio.

    Fonte: O Autor.

    A seguir sero tratadas as etapas da coleta do alumnio e seu processo de

    reciclagem.

    2.5.1.1 A coleta da sucata de alumnio

    Apesar da reciclagem do alumnio ocorrer nas plantas de reciclagem, as

    associaes, cooperativas, catadores, comerciantes de sucata, indstrias e a sociedade

    tm papel fundamental nesse ciclo. A sociedade e as indstrias so responsveis pela

    correta destinao da sucata de alumnio ps-consumo para os diversos nveis da

    cadeia da coleta. Os demais, na realizao da classificao e pr-tratamento da sucata.

    As diferentes sucatas de alumnio so agrupadas em classes que retratam o

    processo de fabricao do produto que as geraram ou refletem a sua composio

  • 28

    qumica. Na fase da coleta e seleo, os diversos agentes ambientais procuram

    classificar o alumnio seguindo orientaes do mercado. Um dos fatores o grau de

    contaminao da sucata. So exemplos de contaminao: tinta, materiais plsticos e

    metlicos. Uma classificao da sucata de alumnio utilizada apresentada no quadro

    2. (GUSMO, 2000, p. 6).

    Tipo Materiais

    Estamparia A Retalhos industriais de alumnio (perfis e laminados), cabos e fios sem alma de ao e/ou revestimento, isento de impurezas (rendimento mnimo 95%).

    Estamparia B Retalhos de perfis e laminados usados (incluindo chapas off-set) e cabos/fios sem alma com mximo 5% de impurezas (rendimento global superior a 80%)

    Estamparia C

    Telhas, forros, fachadas decorativas, chapas usadas de nibus e bas, panelas e demais utenslios domsticos isentos de cabos (baquelite, madeira, etc..) e de ferro (parafusos, rebites, cantoneiras). (rendimento global superior a 80%)

    Pistes Pistes de automveis isentos de anis de ferro

    Blocos Alumnio duro, peas fundidas em geral

    Misto Panelas com cabo, antenas de TV, tubos de spray com ou sem cabea, persianas e midos de alumnio (bocal de lmpadas, tubos de pasta de dentes).

    Cavacos Usinados em geral, com impureza at 6% - leo, ferro e elementos estranhos

    Latas Latas de bebidas em geral, compactadas e enfardadas com mximo 6% de impurezas (rendimento geral acima de 75%)

    Quadro 2 Classificao de sucatas de alumnio.

    Fonte: Gusmo (2000, p. 6)

    O mercado tem se ajustado para o melhor aproveitamento das sucatas de

    alumnio recolhidas. Uma classificao a apresentada pela ABAL (2006, d). O

    quadro 3 mostra 20 grupos de sucatas de alumnio levantados no mercado nacional,

    tendo como base as indicaes recomendadas pelo Institute of Scrap Recycling

    Industries (ISRI), associao norte americana que congrega as empresas que atuam na

    reciclagem de vrios tipos de materiais.

  • 29

    SUCATA DESCRIO

    Bloco Blocos de alumnio isentos de contaminantes (ferro e outros), com teor de 2% de leos e/ou lubrificantes.

    Borra Escria com teores variveis de alumnio e percentual de recuperao a ser estabelecido entre vendedor e comprador

    Cabo Cabo com alma de ao. Retalhos de cabos de alumnio no ligados, usados, com alma de ao.

    Cavaco Cavacos de alumnio de qualquer tipo de liga, com teor mximo de 5% de umidade/leo, isentos de contaminantes (ferros e outros).

    Perfil Retalhos de perfis sem pintura.

    Chaparia

    Retalhos de chapas e folhas, pintadas ou no, com teor mximo de 3% de impurezas (graxas, leos, parafusos, rebites etc.); chapas usadas de nibus e bas, pintadas ou no; tubos aerossol (sem cabeas); antenas limpas de TV; cadeiras de praia limpas (isentas de plstico, rebites e parafusos).

    Chaparia mista Forros, chapas decorativas e persianas limpas (sem corroses ou outras impurezas).

    Chapas off-set Chapas litogrficas soltas, novas ou usadas, da srie 1000 e/ou 3000, isentas de papel, plstico e outras impurezas.

    Estamparia branca Retalhos de chapas e folhas, sem pintura e outros contaminantes (graxas, leos, parafusos, rebites etc.) gerados em atividades industriais.

    Latas prensadas

    Latas e alumnio usadas decoradas, prensadas com densidade entre 400kg/m3, com fardos palatizados ou amarrados em lotes de 1.500kg, em mdia, com espao para movimentao por empilhadeira, teor mximo de 2,5% de impurezas, contaminantes e umidade.

    Latas soltas ou enfardadas

    Latas de alumnio usadas decoradas, soltas ou enfardadas em prensa de baixa densidade (ate 100 kg/m3), com teor mximo de 2,5% de impurezas, contaminantes e umidade.

    Panelas Panelas e demais utenslios domsticos (alumnio mole), isentos de cabos baquelita, madeira etc. e de ferro parafusos, rebites etc.

    Perfil branco Retalhos de perfis sem pintura ou anodizados, soltos ou prensados, isentos de contaminantes (ferro, graxa, leo e rebites).

    Perfis mistos Retalhos de perfis pintados, soltos ou prensados, com teor mximo de 2% de contaminantes (ferro, graxa, leo e rebites).

    Pistes Pistes automotivos isentos de pinos, anis e bielas de ferro, com teor mximo de 2% de leos e/ou lubrificantes

    Radiador alumnio Radiadores de veculos automotores desmontados isentos de cobre, cabeceiras e outros contaminantes (ferro e plstico).

    Radiador alumnio-cobre

    Radiadores de veculos automotores desmontados isentos de cabeceiras e outros contaminantes (ferro e plstico).

    Retalho industrial branco de chapa para latas

    Retalho de produo industrial de latas e tampas para bebidas, soltos ou prensados, isentos de pinturas ou impurezas.

    Telhas

    Retalhos de telhas de alumnio, pintados em um ou em ambos os lados, isentos de parafusos ou rebites de ferro, revestimentos de espuma ou assemelhados.

    Quadro 3 Classificao de sucatas de alumnio.

    Fonte: ABAL (2006d).

  • 30

    A reciclagem do alumnio no Brasil, com toda a logstica de coleta, teve seu

    fortalecimento com a implantao da primeira fbrica de latas de alumnio no pas, a

    Reynolds Latasa, no ano de 1989. A mesma empresa, em 1991, e a Novelis, em 1995,

    lanaram os primeiros programas de reciclagem de alumnio no pas. (CASTRO, 2006,

    p. 21).

    A forma como o mercado nacional de coleta de sucata de alumnio est

    organizada e suas relaes comerciais so complexas. Muitos so os atores que

    compem essa rede, e o caminho percorrido pela sucata de alumnio pode tomar

    diferentes rumos at ser reciclada novamente.

    Dentro da rede de reciclagem de alumnio, a fidelizao entre os atores que

    compem a cadeia da coleta extremamente frgil, imperando, na maioria dos casos, o

    valor monetrio pago pelo material. Segundo Vieira e Paula (2009), que estudaram o

    campo organizacional da reciclagem da lata de alumnio no estado do Rio de Janeiro,

    foi constatado que o maior interesse, ou seja, o que move a reciclagem da lata o

    interesse econmico.

    Os mesmos identificaram que dentro das relaes comerciais existe uma

    estrutura de dominao imposta pelos grandes sucateiros e as centrais de reciclagem,

    conforme a necessidade interna das mesmas. O valor da sucata, diferentemente do

    valor das ligas de alumnio, no est atrelado a padres definidos como, por exemplo, a

    LME. So impostos conforme o interesse daqueles que esto no topo da cadeia da

    reciclagem.

    As grandes empresas de reciclagem de alumnio possuem laos comerciais

    mais estreitos com os grandes comerciantes de sucatas, pois esses possuem maior

    capital de giro, se comparado aos pequenos sucateiros, centrais de coletas e

    associaes. Assim, as vantagens conseguidas pelas empresas de reciclagem so

    maiores: preos mais baixos, devido quantidade comprada, parcelamento da compra

    e maiores prazos para pagamentos.

    J as compras que ocorrem entre os grandes comerciantes de sucatas e os

    demais nveis da cadeia da coleta so, vista ou com o adiantamento do pagamento,

    para assegurar a compra do material que ainda ser coletado. O pagamento adiantado

  • 31

    uma tentativa de fomentar e fidelizar os atores que esto em um nvel mais baixo na

    cadeia da coleta.

    2.5.1.2 O processo de reciclagem do alumnio

    Aps o alumnio ser coletado, o prximo passo o seu processamento nas

    centrais de reciclagem. Essas empresas apresentam um fluxo operacional de processo

    conforme a figura 2. (POPOVICI, 1999).

    Figura 2 - Fluxo de operao industrial do alumnio secundrio.

    Fonte: (Popovici, 1999).

    Os diferentes tipos de sucatas utilizadas e as diferentes ligas produzidas em

    uma central de reciclagem do indcios do processo de fabricao que a mesma

    emprega. Schmitz (2006) apresenta uma classificao dos processos de reciclagem de

    alumnio em: (I) Refinaria (refiner), trabalha com um mix maior de sucatas para obter

    uma gama de ligas. Na refinaria so obtidas, geralmente, ligas que sero usadas na

    fabricao de peas fundidas e ligas para desoxidao. Podem trabalhar com alumnio

    contendo contaminantes, como por exemplo: leo, tinta, plstico, papel e outros metais.

    Ou seja, sucatas que necessitam pr-tratamento para posterior fuso. (II) Refuso

    (remelter), trabalha com sucatas com teores menores de contaminantes, necessitando

  • 32

    de limpeza para retirada de matrias, que no o alumnio. Na refuso, o objetivo

    trabalhar com sucatas padronizadas, que tenham a mesma composio qumica da liga

    que ser produzida, no necessitando grandes correes, como as que ocorrem no

    processo de refinaria. A figura 3 apresenta um fluxo em paralelo para os dois

    processos.

    Figura 3 - Fluxo de processo e comparativo entre centrais de reciclagem por refuso e refinaria.

    Fonte: Schmitz (2006, p. 32).

    O processo, em uma central de reciclagem de sucatas de alumnio, tem incio

    na triagem da sucata adquirida. A sucata apesar de passar por vrios nveis da cadeia

    da coleta ainda pode conter contaminante. Nessa fase, tambm, a sucata pesada e

    coleta coleta coleta coleta coleta

    pr-triagem

    limpeza dasucata

    cominuio cavacos escria

    triagemsecundria

    triagem final

    Fe, Cu, Zn,materiais nometlicos

    Queima demateriais orgnicos

    compactao tratamento daescria

    controle dapoluio

    gases limpos

    depsito deresduos

    refuso refiner

    liga

    vazamento

    fuso fuso fuso

    correo correo correo

    vazamento vazamento vazamento

    controle dapoluio

    gases limpos

    depsito deresduos

    ligas paraconformao

    ligas paradesoxidao

    ligas parafuso

    ligas parafuso

    fuso

  • 33

    classificada. A classificao necessita ser mais especfica que a apresentada

    anteriormente. Nesse estgio, o foco a composio qumica da sucata. A definio da

    composio qumica das sucatas ajudar, posteriormente, na definio de quais

    sucatas devero ser utilizadas para compor a carga que ser fundida para fabricao

    das ligas requeridas.

    Por exemplo, o alumnio classificado como bloco nas classificaes

    apresentadas por Gusmo (2000) e ABAL (2006d), quadros 2 e 3 respectivamente,

    podem conter sucatas com composies qumicas diferentes. Isso faz com que seja

    necessria uma classificao mais refinada, com o foco na composio qumica.

    Como citado anteriormente, o processo de preparao da sucata de alumnio

    para fuso est ligado ao tipo de material a ser utilizado e as ligas que sero

    produzidas. Muitos so os equipamentos utilizados para o beneficiamento da sucata de

    alumnio. Por no ser o foco desse estudo, a preparao da sucata de alumnio no

    ser tratada neste trabalho.

    2.5.1.3 Tecnologias aplicadas fuso da sucata de alumnio

    Existem diversos tipos de fornos utilizados na produo de ligas de alumnio

    secundrias que empregam diferentes princpios de aquecimento, formas construtivas e

    equipamentos auxiliares.

    A deciso sobre o tipo de forno que deve ser utilizado em uma planta de

    reciclagem de alumnio depende: do mix, dimenses e quantidade da sucata a ser

    processada; do combustvel que ser empregado; da capacidade de produo

    desejada para a planta e do capital destinado para construo da mesma (SCHMITZ,

    2006, p. 106).

    O mesmo autor apresenta duas classificaes para os fornos utilizados na

    fuso da sucata de alumnio. A primeira leva em considerao o tipo de energia

    utilizada na fuso da sucata, sendo consideradas a energia eltrica e a energia gerada

    por combustveis fsseis. A segunda leva em considerao as caractersticas

  • 34

    construtivas dos fornos de fuso. Nessa, so apresentadas trs grandes famlias de

    fornos: fornos revrberos, fornos rotativos e fornos cadinho.

    A seguir sero apresentados os principais tipos de fornos utilizados na

    reciclagem do alumnio.

    A. Forno Rotativo Horizontal

    O forno rotativo horizontal (Rotary drum furnace) (Rotary salt furnace)

    composto por um cilindro em ao que gira em torno de seu eixo de simetria, sendo seu

    interior revestido de material refratrio. As duas extremidades so abertas, por uma

    delas realizada a alimentao da sucata e sada dos gases, na outra h um

    queimador. Aps a fuso, o vazamento do alumnio fundido ocorre por uma abertura na

    lateral da carcaa do forno.

    Devido a sua flexibilidade na fuso e a capacidade de processar uma gama

    considervel de diferentes tipos de sucatas de alumnio, o forno rotativo horizontal

    amplamente utilizado em plantas de reciclagem de alumnio, sendo empregado por

    grandes e pequenas empresas do ramo (GIL, 2005). Nos fornos rotativos horizontais

    so empregados queimadores que utilizam combustveis fsseis, geralmente: leo

    queimado; leo combustvel pesado BPF, ou olo de xisto, utilizando como comburente

    o ar; queimadores que utilizam gs natural (GN) ou gs liquefeito do petrleo (GLP),

    tendo por comburente ar ou oxignio. Apesar do ltimo ser menos poluente e garantir

    uma melhor qualidade tanto do processo quanto da liga produzida, o seu custo maior

    se comparado aos diverso tipos leos.

    Nos fornos rotativos horizontais, comumente so utilizados fluxos de proteo

    do banho fundido para previnir excessivas perdas de alumnio por oxidao. O fluxo

    tem a funo de criar uma camada protetora entre o alumnio fundido e a atmosfera do

    forno. O fluxo tambm facilita na coalescncia e precipitao pela fcil remoo do filme

    de xido, que normalmente forma-se na superfcie do alumnio. Possue tambm a

    funo de manter os xidos contidos no banho em suspenso. (BENDER; CRUZ, 2005;

    GIL, 2005; TENRIO; ESPINOSA, 2003; SCHMITZ, 2006, p. 80). A figura 4 apresenta

    um corte no sentido perpedicular ao eixo de rotao do forno rotativo.

  • 35

    Figura 4 Forno rotativo horizontal em corte.

    Fonte: Adaptado de ZHOU et al. (2006).

    Um fluxo muito utilizado o salino, composto por cloreto de sdio ou cloreto de

    potssio (NaCl e KCl), ou uma combinao entre esses. Duas composies podem ser

    utilizadas: (I) 60% NaCl e 40% KCl (Szente, 1997); (II) Mistura equimolar desses dois

    sais (50% NaCl e 50% KCl) (ABAL, 2007e, p. 34; Tenrio; Espinos, 2003, p. 126). A

    ltima composio corresponde ao ponto euttico, ou seja, a menor temperatura de

    fuso da liga, equivalente a 645C, figura 7.

    Figura 5 - Diagrama de equilbrio da mistura NaCl/KCl.

    Fonte: ABAL (2007e, p. 34).

  • 36

    Tenrio et al. (2001) realizaram estudos de modo a entender a influncia da

    adio do fluxo de sal no aumento da taxa de recuperao do alumnio. Constataram

    que o xido forma uma camada que envolve o alumnio, tendo o fluxo a funo de

    romper esssa camada e facilitar a coalescncia das gostas de alumnio. Constaram

    tambm uma melhora na viscosidade da camada de proteo, bem como um aumento

    na velocidade de corroso da camada de xido de alumnio pela mistura equimolar

    NaCl e KCl com a adio de NaF e KF.

    Para conseguir uma melhor eficincia da camada de proteo do banho

    fundido, pode-se ainda adicionar juntamente com os sais a criolita (Na3AlF6) para

    diminuir a tenso superficial do xido de alumnio aderido a superfcie da sucata,

    aumentando o rendimento metlico. A adio comumente utilizada de criolita de 5%.

    (XIAO; REUTER, 2002; ABAL, 2007e, p. 26).

    Schmitz (2006, p. 85) apresenta uma classificao dos efeitos de diversos

    fluoretos e cloretos que podem ser utilizados junto ao fluxo salino, de modo a melhorar

    a ao de coalescimento do mesmo, quadro 4.

    Excelente Na3AlF6 < LiF < NaF < NaF < KF

    Bom CaF2 < MgF2

    Moderado AlF3, Mg F

    Pobre LiCl < CaCl2 < MgCl2

    Quadro 4 Classificao da ao dos fluoretos e cloretos utilizados junto ao fluxo salino.

    Fonte: Adaptado de Schmitz (2006, p. 85).

    Segundo a ABAL (2007e, p. 32), fornos rotativos horizontais trabalham com

    rotao de 2,5 a 5 rotao por minuto. Para iniciar o processo de fuso so adicionados

    de 30% a 40% do fluxo salino em relao a carga metlica no interior do forno O fluxo

    fundido e s depois ocorre o carregamento do forno com sucata de alumnio. Os fornos

    rotativos horizontais alcanam rendimentos metlicos baixos que variam de 50% a 75%.

    Porm, segundo Kurzawa (2006, p. 33), a empresa Noviles, fabricante de laminados de

    alumnio, consegue rendimentos na fuso de latas de alumnio na ordem de 81%, em

    fornos rotativos horizontais.

    Devido s preocupaes econmicas e ambientais para alcanar melhores

    ndices de produtividade e, consequentemente, menores nveis de gerao de resduos,

  • 37

    novas tecnologias foram implementadas ao forno rotativo, de maneira a melhorar seu

    desempenho.

    B. Forno TRF (Tilting Rotary Furnace)

    O forno Rotativo Basculante, Tiliting Rotary Furnace (TRF), apresentado na

    figura 6, tambm conhecido como forno tipo pera, foi projetado com o intuito de minizar

    problemas que ocorrem na recuperao de sucatas de alumnio em fornos rotativos

    horizontais: o carregamento da sucata e a retirada da escria aps o fim do processo

    de fuso.

    Figura 6 - Forno TRF.

    Fonte: ALTEK-MDY (2009)

    O forno TRF possui somente uma abertura onde est localizado o queimador e

    por onde ocorre o carregamento da sucata, vazamento da liga e retirada da escria

    aps a fuso da carga. Devido grande dimenso dessa abertura, se comparada ao

    forno rotativo horizontal, as operaes citadas ocorrem com maior facilidade, reduzindo

    o tempo de produo. Apesar do maior dimetro da abertura, a capacidade de

    renteno de material fundido dos fornos TRF so semelhantes as dos fornos rotativos

    horizontais, graa a sua forma geomtrica e inclinao. A figura 6 ilustra essa

    caractersta do forno TRF.

  • 38

    Figura 7 Geometria e inclinao do forno TRF. Fonte: Schmitz (2006, p. 85).

    Segundo a ALTEK-MDY (2009), empresa fabricante de fornos, os fornos TRF

    utilizam queimadores do tipo oxi-combustvel, o que reduz a utilizao de fluxos de

    proteo. Segundo ABAL (2007e, p. 32) os fornos TRF utilizam de 15% a 18% em

    peso, em relao carga de fluxo de proteo. O redimento de recuperao do

    processo de reciclagem, nesse tipo de forno, pode atingir at 85%. O consumo de

    energia para o forno TRF de 400 kWh/t para queimadores do tipo oxi-gs. (ALTEK-

    MDY, 2009; SCHMITZ, 2006, p. 99).

    Hall (2004 apud SCHLESINGER, 2007, p. 146) aponta que os forno TRF

    possuem intalaes caras e custo de manuteno elevado, sendo indicado para

    sucatas oxidadas ou na recuperao de escrias de alumnio, porm, no so

    indicados para sucatas finas.

    C. Forno URTF (Universal Rotary Titable Furnace)

    Estudos realizados pela Linde introduz um novo conceito de forno rotativo: o

    Universal Rotary Titable Furnace (URTF). O diferencial do sistema URTF em relao

    ao sistema TRF, est em seu sistema de queima e no seu grau de automao.

    Segundo Bender e Cruz (2005), o principal diferencial desse forno a utilizao

    de mais uma entrada de oxignico, que permite um controle da direo da chama e

    uma maior eficncia na queima. O sistema de controle de queima, que combina um

    queimador oxi-combustvel com recursos para a queima de eventuais componentes

  • 39

    orgnicos volteis contidos na carga, olos, vernizes e tintas, atravs da injeo de

    oxignio adicional no interior do forno, reduzindo, por consequncia as emisses, figura

    8.

    Figura 8 - Forno URTF.

    Fonte: Biedenkopf et al. (2011).

    Neste processo admite-se tambm o uso de sais fundentes, ainda que em

    quantidade reduzida. Segundo Gripenberg et al. (2002), a quantidade de sais utilizados

    so da ordem de 0 a 70 kg/t, a proporo de escria gerada varia entre 180 a 250 kg/t,

    o consumo de energia igual a 350 kWh/t.

    D. Forno Reverbero (Reverb Furnace)

    O principal objetivo em um projeto de um forno reverbero maximizar a

    eficincia trmica, pela sua grande capacidade de fuso por volume, reduzindo o

    consumo de combustvel. (SCHLESINGER, 2007, p. 137).

    Muitos so os modelos de fornos reverberos existentes. Schimtz (2006, p. 110)

    apresenta 11 modelos diferentes utilizados na reciclagem do alumnio. Dentre estes,

    ser apresentado o forno tipo side well.

    O forno revrbero side well indicado para fuso de retalhos e cavacos de

    alumnio, quando utiliza equipamentos auxiliares para submerso de sucata no banho

  • 40

    de alumnio fundido. Um exemplo desse equipamento o sistema LOTTUS (Low

    Turbulence Scrap Submegence) desenvolvido pela Pyrotek.

    A figura 9 apresenta o forno side well equipado com o sistema LOTTUS.

    Basicamente, o sistema composto por uma bomba que tem a funo de fazer a

    circulao do alumnio fundido, e uma cmara de circulao localizada na sada da

    bomba que tem a finalidade gerar um vrtex. A cmara de circulao construda em

    material refratrio e possui um perfil especial, de modo a gerar o vrtex. (PYROTEK,

    2008). O vrtex gerado faz com que o material de pequena espessura no fique

    flutuando sobre o banho fundido mas v para dentro do metal lquido, evitando o

    contato com atmosfera oxidante do forno, diminuindo sua oxidao (ABAL, 2007e, p.

    30).

    Figura 9 - Forno Side-well com sistema LOTTUS.

    Fonte: Pyrotek (2010).

    Segundo a Pyrotek (2010), o sistema de bombeamento de alumnio fundido

    utiliza dois principios de funcionamento. O primeiro sistema faz o bombeamento de

    forma convencional, mecanicamente, chamado sistema Metaullic. O segundo faz o

    bombeamento de forma magntica, sistema EMP, que funciona segundo o princpio de

    um motor linear, o alumnio fundido atua como o rotor e a bobina age como estator.

    Ambos os sistemas tm por funo: melhorar a homogenizao da temperatura e a

    Cmara geradora do vrtex

    Bomba de circulao

  • 41

    composio qumica da liga fundida; realizar a filtragem do alumnio e transferncia do

    metal lquido para panelas ou outros fornos.

    Quando se pretende fundir sucatas finas com contaminantes orgnicos em

    fornos side well que possuam equipametos com sistema de submerso de sucata,

    indicado a decapagem prvia da sucata. Isso garante uma melhor qualidade do

    alumnio secundrio produzido. (SCHLESINGER, 2007, p. 143).

    E. Forno Plasma IPT

    As pesquisas sobre a recuperao do alumnio tm avanado no Brasil.

    Parceria realizada entre as empresa Alcoa, Klabin e TSL, junto Universidade de So

    Paulo (USP) e o Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo (IPT),

    proporcionou o desenvolvimento de um forno para reciclagem de alumnio que utiliza o

    plasma como fonte de energia para fuso do material. (PEDROSO; ZWICKER, 2007).

    O forno Plasma IPT, figura 10, opera em atmosfera isenta de oxignio, o que

    inibe a oxidao do banho fundido, no sendo necessria a utilizao de fluxos salinos

    para proteo do banho fundido, evitando a formao da borra preta. (SZENTE et al.,

    1997; 2007e, p. 46).

    Figura 10 Forno a Plasma IPT.

    Fonte: Adaptado de ABAL (2007e, p. 47).

    Ao contrrio dos demais processos, os quais buscam evitar pontos quentes no

    interior do forno, o forno a plasma IPT permite o aquecimento direto da carga por

  • 42

    transferncia de calor predominantemente convectiva, decorrente da circulao dos

    gases no arco de plasma. Nos outros fornos, do tipo rotativo, a transferncia de calor

    ocorre da parede do forno, predominantemente, e desta para a carga (BENDER; CRUZ,

    2005). O forno Plasma IPT tem uma eficincia energtica de 450 kWh/t, para fuso de

    sucatas de alumnio e um tempo de processo entre 1h30min a 2h30min. (ABAL 2007e,

    p. 46)

    F. Forno Eltrico Induo (Induction Furnace)

    O forno eltrico induo pertence famlia dos fornos tipo cadinho (crucible

    furnace). Existem dois tipos de fornos eltricos induo aplicados reciclagem do

    alumnio: forno eltrico induo a canal (channel induction furnace) e forno eltrico

    induo a cadinho, conhecido tambm como forno eltrico induo sem ncleo

    (coreless induction furnace) (SCHMITZ 2006, p. 110). Como a presente pesquisa

    utilizou um forno eltrico induo sem ncleo, ser trado somente sobre este, com a

    denominao de forno eltrico induo.

    O forno eltrico induo possui como diferencial, se comparado aos outros

    fornos utilizados na reciclagem do alumnio, a capacidade de uma melhor

    homogenizao das ligas produzidas. (LUZGIN et al., 2004). Para Schimitz (2006, p.

    164) o forno induo interessante para produo de ligas com alta qualidade.

    Verran et al. (2005) constatou a qualidade do alumnio secundrio obtido em um forno

    eltrico induo, pela baixa perda de elementos de ligas em diversas fuses com

    sucatas de latas de alumnio.

    Outro ponto a se destacar no forno induo a forma como realizada o

    aquecimento da carga. Devido utilizao do efeito joule para fuso da carga, no h

    gerao de emisses gasosas, o que por consequncia garante a qualidade da liga,

    reduo da oxidao desta, diminuio dos impactos ambientais e melhora das

    condies de trabalho para os operadores do forno (SCHMITZ 2006, p. 108).

    A produtividade do processo de fuso de sucatas de alumnio est ligado

    relao entre a rea especfica e seu peso, sua composio qumica, grau de

  • 43

    contaminantes existente e forma de operao do forno. Smith (1994) realizou fuses

    com diversos tipos de materiais em um forno eltrico induo, constatou ndices de

    recuperao que variaram entre 85% a 96,5%, dependendo do tipo de sucata fundida.

    Para folhas de alumnio sem contaminante e sucata laminada de alumnio velha, os

    ndices de produtividade foram de 97% e 85,5% em mdia, respectivamente.

    Os fornos eltricos induo so utilizados em plantas de reciclagem onde no

    so necessrias grandes capacidades de fuso, se comparado aos fornos rotativos e

    reverberos, que podem atingir capacidades maiores que 20t e 100t de alumnio fundido,

    respectivamente (SCHMITZ 2006, p. 108; ALTEK-MDY, 2009). Porm, apesar da baixa

    capacidade de acondicionamento de alumnio fundido, normalmente de no mximo 10

    toneladas, os fornos induo apresentam taxas de fuso considerveis. Segundo

    Luzgin et al. (2004), a Rltek fabrica fornos eltricos induo utilizados na

    recuperao de sucatas de alumnio com taxas de fuso da ordem de 12,4t/h.

    No processo reciclagem do alumnio em forno eltrico induo dispensado o

    uso de fluxo salino, para proteo do banho fundido. Somente necessrio, ao fim do

    processo de fuso, a utilizao de um fluxo exotrmico para liberao do alumnio

    contido na escria. Uma quantia de 0,5% em peso em relao carga total de material

    adicionado no forno, de fluxo exotrmico o suficiente. (SMITH, 1994).

    Estudos realizados por Samuel (2002) e Fogagnolo et al. (2003), prope a

    recuperao da sucata de alumnio por mtodos que no os convencionais, que realiza

    a fuso da sucata de alumnio. O principio est na compactao em alta presso de

    materiais, em forma de cavaco ou p, para densificao do material. Este processo tem

    como vantagem no gerar emisses de gases e produo de escria, comumentes

    gerados nos processo convencionais por fuso.

    O quadro 5 apresenta uma comparao entre os diferentes tipos de

    tecnologias, mostrando os pontos pontos fortes e os pontos fracos de cada uma delas.

    TECNOLOGIA PONTOS FORTES PONTOS FRACOS

  • 44

    Forno Rotativo Horizontal

    - Investimento inicial baixo; - Alta taxa de fuso; - Possibilidade de fundir uma gama de diferentes tipos de sucatas;

    - Utilizao de fluxo salino para proteo do alumnio fundido;

    - Alta gerao de escria; - Alta taxa de emisses gasosas; - Oxidao do alumnio fundido; - Baixos ndices de rendimento do processo; - Difcil limpeza da escria contida na parede do forno;

    Forno TRF

    - Facilidade na alimentao do forno; - Alta taxa de fuso; - Menor perda por oxidao se comparado ao forno rotativo horizontal; - Fcil remoo da escria contida na parede do forno.

    - Investimento inicial elevado; - Custo de manuteno elevado; - Utilizao de fluxo salino para proteo do banho; - ndices intermedirios de rendimento do processo; - Indicado para altas produes.

    Forno URTF

    - Facilidade na alimentao do forno; - Alta taxa de fuso; - Alto grau de automao e controle de processo; - Menores ndices de emisses gasosas; - Dispensa o uso de fluxos salinos.

    - Investimento inicial elevado; - Custo de manuteno elevado; - ndices intermedirios de rendimento do processo; - Indicado para altas produes.

    Forno Reverbero (sistema de submerso)

    - Facilidade na alimentao do forno; - Indicado para fuso de retalhos de cavacos; - Alto grau de automao e controle de processo; - Dispensa o uso de fluxos salinos.

    - Investimento inicial elevado; - Custo de manuteno elevado; - Indicado para altas produes.

    Forno Plasma IPT

    - No necessita de fluxo de proteo; - No forma borra preta; - Fcil alimentao; - Indicado para recuperar sucatas de alumnio contaminadas com polmeros;

    - Investimento inicial elevado; - Custo de manuteno elevado.

    Forno Eltrico Induo

    - No necessita de fluxo de proteo; - Fcil alimentao; - Melhor homogenizao da liga produzida; - Elevado rendimento trmico; - Baixa perda de elementos de liga; - Possibilidade de produo de diferentes tipos de ligas em um mesmo forno; - Indicado para uma gama de diversos tipos de sucatas; - Pode ser utilizado para baixas e mdias escalas de produo.

    - Investimento inicial elevado; - Custo de manuteno elevado.

    Quadro 5 Resumo das caractersticas dos equipamentos de fuso.

    Fonte: Organizado pelo autor.

  • 45

    2.6 ESCRIA DO ALUMNIO

    A escria do alumnio (dross) um resduo classificado como perigoso que

    tambm pode ser chamada, de acordo com os teores de alumnio presente, de borra

    branca ou borra preta (salt cake). Basicamente so compostas por: alumnio metlico

    (65% a 75%), xido de alumnio (25 a 30%), carbeto de alumnio (2 e 3%), nitreto de

    alumnio (3 a 5%), xido de ferro (0,5 a 2%) e xido de silcio (0,5 e 1,5%). (ABAL,

    2007e, p. 17).

    Devido elevada presena de alumnio metlico nas escrias, este tipo de

    resduo passvel de comercializao por empresas licenciadas. Desta forma, o valor

    oriundo dessa comercializao pode ser contabilizado pelas organizaes como receita

    ambiental. No entanto, um indicador negativo de rentabilidade e produtividade.

    (DINIZ, 2007).

    Segundo a ABAL (2007e, p. 25) as fundies que utilizam fornos com menor

    tecnologia, como os horizontais rotativo convencional, produzem um percentual elevado

    de borra, em torno de 30% a 40%, contendo baixos teores de alumnio metlico, em

    torno de 8% a 15%.

    2.6.1 Mecanismos de Formao da Escria

    Segundo ABAL (2007e, p. 12), a formao da escria um mal inevitvel

    durante o processo de fuso do alumnio. A formao da escrio ocorre conforme os

    seguintes mecanismos:

    Oxidao do metal lquido;

    Filme de xido inerente ao lingote/retalhos;

    Movimentao e transporte do metal lquido.

    A oxidao ocorre logo aps a fuso do material, formando uma camada

    delgada de xido (Al2O3), gerada pela reao com a umidade presente no ambiente. A

    camada formada diretamente proporcional temperatura do banho, temperaturas

    crescentes resultam em camadas de xidos mais espessas.

  • 46

    Quando ocorre a quebra da camada de xido formada sobre o banho fundido, o

    alumnio novamente exposto ao meio, formando uma nova camada, gerando maior

    quantidade de xido

    Outro fator que influencia na formao de xidos no banho fundido a

    composio qumica da liga de alumnio. Composies qumicas com maiores teores de

    magnsio apresentam facilidade em oxidar-se, devido facilidade da formao do

    xido de magnsio (MgO).

    Os tipos de chama proveniente dos queimadores dos fornos de fuso

    influenciam na oxidao do banho de alumnio. Segundo a ABAL (2007e, p. 16) este

    um fator determinante para maior ou menor oxidao, juntamente com as

    caractersticas do material a ser fundido. Uma atmosfera oxidante do forno promove a

    oxidao do metal na razo direta relao rea/peso, ou seja, quanto maior esta

    relao, maior a oxidao. A figura 11 apresenta a perda de fuso em funo da

    espessura do material fundido. Nota-se um crescimento exponencial em espessuras

    bem baixas.

    Figura 11 - Perda na fuso em funo da espessura do material.

    Fonte: ABAL (2007e, 17).

  • 47

    A figura 12 apresenta a perda na fuso em funo da espessura do material

    utilizado e sua composio qumica. Para uma temperatura de 750C, espessura de

    retalho decrescentes, abaixo de 2 mm apresentam uma elevao na perda, por

    oxidao, durante o processo de fuso. Ligas puras Al 99,5% e ligas de mangans tm

    o comportamento semelhante, em termos de gerao de escria. No entanto, as ligas

    contendo magnsio apresentam perdas maiores. (ABAL, 2007e, p. 18).

    A forma como feito o carregamento do forno influencia tambm na gerao da

    escria. Segundo ABAL (2007e), retalhos com espessuras inferiores a 0,5mm

    apresentam uma perda de fuso bem superior a retalhos mais espessos. de

    recomendado evitar que retalhos com espessuras baixas tenham contato com

    atmosferas oxidantes do forno e, sempre que possvel tentar, submerg-la no alumnio

    lquido presente no forno.

    Figura 12 - Perda de metal em funo da espessura da sucata e sua composio.

    Fonte: ABAL (2007e, 18).

  • 48

    2.7 PARMETROS DE AVALIAO DO PROCESSO DE RECICLAGEM DE

    ALUMNIO

    2.7.1 Produtividade

    Um parmetro importante para avaliao do processo de reciclagem do

    alumnio a produtividade. Segundo Schmitz (2006, p. 95), a produtividade do

    processo a relao entre o total de alumnio recuperado, obtido aps a fuso, pelo

    total de alumnio, j passado pelo processo de limpeza, carregado no forno, equao

    (1).

    (1)

    Sendo,

    P= Produtividade;

    Ms= Massa da sucata carregada no forno;

    Mp= Massa de metal produzido.

    Na equao (1) no esto sendo levados em considerao; possveis materiais

    que alterem o peso da sucata que foi fundida, como: tinta, leo, plstico, madeira, pedra

    outros metais; o xido protetor contido na sucata de alumnio, apesar de os teores de

    xidos poderem atingir 7% do peso da carga, para sucatas com muito tempo de

    armazenagem e com grande rea de superfcie; perdas de elementos de ligas, como

    magnsio e perda de partculas de material fundido carregadas pelos gases emitidos

    durante o processo de fuso. Pois quantificao de todos esses parmetros algo

    muito difcil (SCHMITZ, 2006, p. 95).

  • 49

    2.7.2 Lucratividade

    Segundo Ross et al. (2000), a lucratividade um indicador que demonstra a

    eficincia operacional de um negcio. expressa como um valor percentual que indica

    a proporo de ganhos de um negcio, mostrada pela equao (2).

    (2)

    Sendo,

    L= Lucratividade

    LL= Lucro lquido;

    RT= Receita total.

    Para o clculo da lucratividade necessrio definir o lucro lquido. Segundo

    Souza (2007), para obter o valor do lucro lquido, deve ser descontado do faturamento

    bruto: os custos variveis, impostos, despesas fixas, amortizao/ provises e outras

    despesas no-operacionais.

    Para aplicar o conceito do lucro lquido no presente estudo, algumas

    adaptaes foram realizadas, considerando que os custos de produo, custos fixos,

    custos operacionais e impostos so iguais para todas as ligas produzidas. Sendo

    variveis: os custos com matrias-primas (sucatas e elementos de adio) utilizadas no

    preparo das cargas, e a receita total (RT) que o produto entre a quantidade de liga

    produzida pelo preo de venda da liga. Definiu-se a quantidade padro de comparao

    1 kg. Deste modo, a receita total (RT) ser igual ao preo de venda de 1 kg do preo da

    liga (Pv).

    Assim, o lucro lquido (LL) fica definido como a diferena entre o preo de

    venda do quilo liga (Pv) menos os custos com matria prima (Cmp), levando em

    considerao os diversos materiais utilizadas na fabricao desta, equao (3).

  • 50

    CmpPvLL = (3) Sendo,

    LL= Lucro lquido;

    Pv= Preo de venda da liga/kg;

    Cmp= Custo com matria-prima/kg.

    Para o clculo (Cmp) inicialmente foram obtidos os custos com os materiais

    utilizados em cada corrida separadamente. Expresso pela somatria monetria de

    todas as matrias-primas utilizadas em uma corrida (Ctc) que foi divido pelo peso total

    das matrias-primas utilizadas na corrida (Pmp), obtendo assim, o custo do quilo da liga

    produzida.

    Porm, um fator importante levado em considerao o rendimento do

    processo de fuso. Esse fator indica o quo eficiente foi o processo de fuso. Ele est

    ligado diretamente a fatores implcitos no processo de fuso, como: tipo de material

    utilizado, temperaturas de trabalho, manuseio do banho fundido e a relao de

    oxidao ocorrida pela utilizao de diferentes tipos de sucatas, tendo ligao direta

    com a produtividade. Assim, o rendimento do processo expresso na equao do custo

    da matria-prima, equao (4), pelo fator de multiplicao (2-P).

    ( )PPmp

    CtcCmp = 2. (4)

    Sendo,

    Cmp = Custo da matria prima/kg;

    Ctc= Custo total da carga;

    Pmp= Quantidade de matria-prima utilizada;

    P= Produtividade.

  • 51

    Levando a expresso (4) na equao (3) obtm-se o valor da lucratividade

    utilizada no presente estudo para o clculo da lucratividade, equao (5).

    100.Pv

    CmpPvL

    = (5)

    Sendo,

    L= Lucratividade;

    Pv= Preo de venda/kg;

    Cmp= Custo com matria-prima/kg.

    No presente trabalho foram utilizados como parmetros de avaliao do

    processo de reciclagem do alumnio em forno eltrico a induo, para obteno de ligas

    de alumnio secundrio, a produtividade e a lucratividade.

  • 52

    3 MATERIAIS E MTODOS

    3.1 CLASSIFICAO DA PESQUISA

    O mtodo de pesquisa utilizado foi o hipottico-dedutivo, pois buscou confirmar

    a hiptese proposta na presente pesquisa, pela anlise dos dados obtidos por meio de

    um estudo prtico.

    Quanto a sua natureza, a pesquisa aplicada, pois produziu ligas de alumnio

    comerciais, em escala piloto, gerando informaes possveis de serem utilizadas, como

    norteadoras, para futuros trabalhos e aplicaes prticas para o setor de reciclagem de

    alumnio.

    Do ponto de vista da abordagem do problema, a pesquisa quantitativa, pois

    pela ausncia na literatura de informaes mercadolgicas procurou-se entender a

    regio onde o projeto piloto estava inserido, e dar maior fundamento hiptese

    proposta. Neste sentido, foi realizado o dimensionamento do mercado fornecedor pelo

    levantamento dos fornecedores e sua capacidade de atendimento dos materiais