constituição de 1976
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Constituição de 1976
A Revolução do 25 de Abril de 1974, desencadeada pelo Movimento
das Forças Armadas (MFA), pôs fim a 48 anos de ditadura em Portugal
e possibilitou uma nova ordem jurídica, com a instauração do regime
democrático, abrindo o país a uma nova etapa na política europeia e
mundial. Esta nova ordem possibilitou a convocação de uma
Assembleia Constituinte, em 1975, que aprovou a nova lei
fundamental a 2 de Abril de 1976, lei esta que consagrava a
Constituição da terceira República. Esta Constituição estabeleceu as
linhas principais do novo regime, consagrou os direitos fundamentais,
definiu e programou as transformações da nova organização
económica e social, assegurou a coexistência entre os órgãos
representativos eleitos por sufrágio do povo e o Conselho da
Revolução e as forças armadas, estas últimas ainda autónomas em
relação ao poder civil e intervindo na vida política. Para além disso, a
Constituição de 1976 adoptou medidas típicas de um período pós-
revolucionário, ao sanear a função pública e ao limitar os direitos
políticos dos antigos responsáveis pelo regime ditatorial. Além disto,
o compromisso estabelecido entre os partidos políticos, durante o
processo constituinte, reflectiu-se na rejeição do modelo institucional
imposto pelo Estado democrático, na existência de vários partidos,
nas eleições livres, na garantia da alternância política e na
descentralização política e administrativa. Porém, a inexistência de
consenso no que diz respeito à constituição económica e aos
princípios fundamentais levou a que se difundissem ideias que
diminuíam a importância da Constituição de 1976, descobrindo as
suas lacunas, que culminariam, mais tarde, com a revisão
constitucional.
Assim, durante a vigência da Constituição de 1976 podem
estabelecer-se quatro fases distintas: a primeira fase (1974-1976)
corresponde ao período que decorreu entre a ruptura com o regime
totalitarista e a aprovação, pela Assembleia Constituinte, da Lei
Fundamental que aprovou a nova Constituição; na segunda fase
(1976-1982), entra em vigor o texto constitucional, com as suas
orientações de um socialismo embrionário, assistindo-se a uma
separação dos poderes militares e civis e ao desejo de uma revisão
constitucional; a terceira fase (1982-1986) é marcada pela primeira
revisão constitucional, pela subordinação das forças armadas ao
poder civil democrático e pela entrada de Portugal na Comunidade
Económica Europeia; finalmente, a quarta fase (1986-1994) é
caracterizada pela abertura económica de Portugal à Europa, pelas
revisões constitucionais de 1989 e de 1992, pelo reinício das
privatizações das empresas nacionalizadas em 1975 e pela ratificação
do Tratado de Maastricht.
Como referenciar este artigo:
Constituição de 1976. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto
Editora, 2003-2010. [Consult. 2010-11-12]. Disponível na
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