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5285 ATLETAS E ENTIDADES DESPORTIVAS - ABORDAGENS NA DIMENSÃO CONSTITUCIONAL, TRABALHISTA E EMPRESARIAL ATHLETES AND SPORTING ENTITY - CONSTITUTIONAL, LABOR AND E BUSINESS APPROACHES Lutiana Nacur Lorentz Rubia Carneiro Neves RESUMO O presente artigo defende autonomia relativa do Direito Desportivo, que como um microssistema pode ser aplicado de forma principal, porém depende de bases subsidiárias como as regras do Direito do Trabalho, do Processo do Trabalho, do Direito Empresarial e sobretudo da principiologia Constitucional. Em relação ao contrato do atleta desportivo de 14 (quatorze) a 21 (vinte e um) anos de idade, concluiu-se haver no Direito Desportivo uma regra inconstitucional, pois reconhece a possibilidade de celebração do contrato sem vínculo empregatício entre o atleta e a entidade desportiva empregadora (entidade de prática desportiva). Esta regra tensiona – se com a Constituição da República do Brasil, art. 7º, XXXIIII porque admite que adolescentes de 14 (quatorze) a 16 (dezesseis) anos venham a trabalhar por meio do contrato de aprendiz, um contrato especial de emprego que gera muito além do direito à “bolsa de aprendizagem”, também todos os direitos previstos na legislação desportiva: direito de arena, direito à imagem, luvas, “bicho” e direito de passe até 25 de março de 2001, remuneração, FGTS, etc. Com relação aos menores de 16(dezesseis) até 18 (dezoito) anos têm direito ao vínculo de emprego com ou sem aprendizagem, mas coibindo – se trabalhos noturnos, perigosos e insalubres e finalmente de 18 (dezoito) até 21 (vinte e hum anos) não há motivos para negar – se o vínculo de emprego entre atletas e entidades de prática desportiva, porque estes sequer são menores de idade. A partir de uma combinação de critérios de hermenêutica, em relação ao direito empresarial, analisou-se detidamente a definição legal de empresário e a regulamentação desportiva para concluir que as entidades desportivas exercem atividade empresária, portanto, devem adotar um dos tipos de sociedades empresárias previstos no ordenamento jurídico brasileiro e que independente dessa adoção submetem-se à falência. Por outro lado, somente poderão utilizar-se do instituto da recuperação de empresa quando regularmente transformadas em sociedades empresárias há mais de dois anos. PALAVRAS-CHAVES: ATLETAS - ENTIDADES DESPORTIVAS - DIMENSÃO - CONSTITUCIONAL - TRABALHISTA - EMPRESARIAL. Trabalho publicado nos Anais do XVII Congresso Nacional do CONPEDI, realizado em Brasília – DF nos dias 20, 21 e 22 de novembro de 2008. Trabalho indicado pelo Programa de Mestrado em Direito da Universidade FUMEC – Faculdade de Ciências Humanas (FUMEC/FCH)

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ATLETAS E ENTIDADES DESPORTIVAS - ABORDAGENS NA DIMENSÃO CONSTITUCIONAL, TRABALHISTA E EMPRESARIAL

ATHLETES AND SPORTING ENTITY - CONSTITUTIONAL, LABOR AND E BUSINESS APPROACHES

Lutiana Nacur Lorentz Rubia Carneiro Neves

RESUMO

O presente artigo defende autonomia relativa do Direito Desportivo, que como um microssistema pode ser aplicado de forma principal, porém depende de bases subsidiárias como as regras do Direito do Trabalho, do Processo do Trabalho, do Direito Empresarial e sobretudo da principiologia Constitucional. Em relação ao contrato do atleta desportivo de 14 (quatorze) a 21 (vinte e um) anos de idade, concluiu-se haver no Direito Desportivo uma regra inconstitucional, pois reconhece a possibilidade de celebração do contrato sem vínculo empregatício entre o atleta e a entidade desportiva empregadora (entidade de prática desportiva). Esta regra tensiona – se com a Constituição da República do Brasil, art. 7º, XXXIIII porque admite que adolescentes de 14 (quatorze) a 16 (dezesseis) anos venham a trabalhar por meio do contrato de aprendiz, um contrato especial de emprego que gera muito além do direito à “bolsa de aprendizagem”, também todos os direitos previstos na legislação desportiva: direito de arena, direito à imagem, luvas, “bicho” e direito de passe até 25 de março de 2001, remuneração, FGTS, etc. Com relação aos menores de 16(dezesseis) até 18 (dezoito) anos têm direito ao vínculo de emprego com ou sem aprendizagem, mas coibindo – se trabalhos noturnos, perigosos e insalubres e finalmente de 18 (dezoito) até 21 (vinte e hum anos) não há motivos para negar – se o vínculo de emprego entre atletas e entidades de prática desportiva, porque estes sequer são menores de idade. A partir de uma combinação de critérios de hermenêutica, em relação ao direito empresarial, analisou-se detidamente a definição legal de empresário e a regulamentação desportiva para concluir que as entidades desportivas exercem atividade empresária, portanto, devem adotar um dos tipos de sociedades empresárias previstos no ordenamento jurídico brasileiro e que independente dessa adoção submetem-se à falência. Por outro lado, somente poderão utilizar-se do instituto da recuperação de empresa quando regularmente transformadas em sociedades empresárias há mais de dois anos.

PALAVRAS-CHAVES: ATLETAS - ENTIDADES DESPORTIVAS - DIMENSÃO - CONSTITUCIONAL - TRABALHISTA - EMPRESARIAL.

Trabalho publicado nos Anais do XVII Congresso Nacional do CONPEDI, realizado em Brasília – DF nos dias 20, 21 e 22 de novembro de 2008. Trabalho indicado pelo Programa de Mestrado em Direito da Universidade FUMEC – Faculdade de Ciências Humanas (FUMEC/FCH)

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ABSTRACT

This article supports the relative autonomy of Sports Law, which, as a micro-system, can be applied as a principal source of law; however, it also receives subsidies from the rules of Labor Law, Labor Procedural Law, Business Law and above all, from constitutional principles. With regards to sports contracts for athletes between the ages of 14 (fourteen) and 21 (twenty-one), the article concludes that there is an unconstitutional rule in Sports Law, since it recognizes the possibility of signing a contract without an employment relationship between the athlete and the employer sporting entity (sporting entity). This rule conflicts with the Constitution of the Republic of Brazil, article 7, section XXXIIII, because it allows adolescents between the ages of 14 (fourteen) and 16 (sixteen) to work through an apprenticeship contract, a special employment contract that creates much more than the right to “an apprenticeship contract”, but also creates all the rights set forth in sporting legislation: media rights, image rights, signing fee, “bonus for results” and transfer rights until March 25, 2001, remuneration, FGTS, etc. With regards to minors between the ages of 16 (sixteen) and 18 (eighteen), they have the right to an employment relationship with or without an apprenticeship, but night work and dangerous and unhealthy conditions are prohibited. Finally, from the age of 18 (eighteen) through 21 (twenty-one), there is no reason to deny the employment relationship between athletes and sporting entities, because they are not even legally considered minors. Based on a combination of hermeneutics criteria, in relation to business law, the legal definition of business owner was examined in detail and the conclusion was reached that sporting entities exercise a business activity, and must therefore adopt one of the types of business companies established in the Brazilian legal system, and that regardless of this adoption, they are subject to bankruptcy. On the other hand, they may only benefit from corporate reorganization rules when they have been regularly transformed into business companies for more than two years.

KEYWORDS: ATHLETES - SPORTING ENTITYS - CONSTITUTIONAL - LABOR - BUSINESS - APPROACHES

Item I ) Atletas Desportivos Adolescentes, Princípios e Regras Constitucionais e o Direito e do Processo do Trabalho:

I.1) O microssistema do Direito Desportivo - Aspectos Gerais:

O Direito Desportivo tem previsão constitucional no art. 217, da Constituição da República do Brasil de 1988 e nos princípios constitucionais que serão citados neste artigo e em dimensão infraconstitucional fundamenta - se em três grandes pilares de

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regras jurídicas: a Lei nº. 9615, de 24 de março de 1998, chamada "Lei Pelé", a Lei nº.10671, de 15 de maio de 2003, chamada de "Estatuto do Torcedor" e no Código Brasileiro de Justiça Desportivo - CBJD, fundado na Resolução CNE, nº. 1, de 23 de dezembro de 2003.

Na verdade, em que pese várias doutrinas neste sentido[1] [2] [3], este artigo não considera o Direito Desportivo como um ramo do direito completamente autônomo e absolutamente independente dos demais e sim como um microssistema que ora deverá ser aplicado de forma principal, porém usando como bases subsidiárias outras regras e ora nem será usado, nas situações de omissão ou de inconstitucionalidade das regras de Direito Desportivo nos quais deverão ser aplicadas regras concernentes a ramos independentes do direito e os princípios constitucionais. Neste sentido, a Lei nº. 9615, de 24 de março de 1998 é um microssistema do Direito e Processo do Trabalho, ou seja, usará como base subsidiária a CLT e a Lei nº.10671, de 15 de maio de 2003 e a "Lei Pelé" outro microssistema que usará como base subsidiária ora o Direito do Consumidor, ora o Direito Empresarial, ou seja, ora a Lei nº. 8078/90, ora o Código Civil de 2002 e as leis especiais do Direito Empresarial e sempre os princípios constitucionais[4]. TEPEDINO[5] assevera que o termo microssistema é utilizado para denominar a atual crise de fontes normativas, em oposição ao monossistema vigorante no século XIX que era capaz de agregar todas as regras sociais em um só código (o Código Civil). Outra doutrina também explica a Teoria dos Microssistemas[6]:

"A existência de microssistemas no ordenamento jurídico nacional tornou-se uma realidade. Isto se dá, por exemplos, com o Código de Proteção e Defesa do Consumidor[7] (CDC), o Estatuto da Criança e do Adolescente[8] (ECA[9]) e o Estatuto do Idoso.[10] A criação destes microssistemas é uma pontuação aos longos Códigos, que funcionam, no particular, como regra geral, fonte de sustentação e até de aplicação analógica. Estes sistemas específicos atendem, outrossim, a necessidade de se observar peculiaridades de certas matérias que, pelo altíssimo grau de especialização, acabam por desprenderem-se do diploma geral.

Com relação ao processo coletivo isto se deu por uma interpretação sistemática e de unidade do ordenamento jurídico, especialmente quando da edição do CDC. Assim, com a junção da Constituição Federal (CF), da Lei de Ação Civil Pública[11] (LACP), do aludido CDC e da lei complementar n.º 75/1993 (EMPU[12]), formou-se um microssistema processual de proteção aos interesses e direitos metaindividuais[13]. O Código de Processo Civil (CPC) e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), como diplomas gerais, têm suas aplicações solicitadas para preencherem vazios normativos àquele microssistema, sempre quando apresentarem regras compatíveis com a visão de processo coletivo..."[14] (Negritos Nossos).

Ou seja, o microssistema suplica a aplicação principal de um diploma legal (de regras principais específicas), mas com aplicação subsidiária de outras regras e princípios (sobretudo constitucionais), ora de um ramo do direito ora de outro, desde

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que haja omissão e compatibilidade com o texto principal. Este artigo sustenta que também deverão ser aplicados dispositivos de outro ramo do direito, não só na hipótese de omissão do texto do microssistema, mas também nos casos em que este contenha disposição inconstitucional segundo CARAVALHO NETO[15], porque é a mesma hipótese "mutatis mutandis" de omissão.

No que concerne a tensão entre regras do sistema principal do Direito Desportivo (microssistema) com princípios constitucionais este artigo remete - se a doutrina de GALUPPO[16] que desvela as teorias jurídicas sobre conflitos de regras e princípios nas dimensões quantitativas e qualitativas sobretudo com base da teoria de ALEXY[17]. Para o presente artigo, de acordo com a doutrina de CANOTILHO[18] e BOBBIO[19] o conflito citado de regras do Direito Desportivo com princípios constitucionais deve ser resolvido, no caso, pela prevalência dos princípios não só porque são de hierarquia superior (constitucional), mas também porque os princípios são mais gerais que as regras e estruturais, dando uma leitura de harmonia ao próprio sistema jurídico, inclusive, é claro aos microssistemas.

No que concerne aos contratos de emprego dos atletas com seus empregadores - entidades de prática desportiva e com os possíveis liames jurídicos com entidades de administração de desporto (sobretudo nas possibilidades de aplicações de sanções) entendemos que deverá ser usada como fonte principal a Lei nº. 9615, de 24 de março de 1998 e subsidiariamente o sistema do Direito e do Processo do Trabalho, conjuntamente com os princípios constitucionais, o que também irá ocorrer no que pertine a possibilidade de falência de entidades desportivas, através do uso do sistema subsidiário do Direito Empresarial. Caso haja inconstitucionalidade de regra do microssistema desportivo deverão ser aplicados como bases principais a CLT, na dimensão de matéria trabalhista e havendo omissão ou previsão expressa, o Código Civil de 2002 e legislação especial, no que concerne a matéria empresarial, todos sempre junto aos princípios constitucionais.

I.2) O trabalho da criança e do adolescente na dimensão das normas, regras e a principiologia constitucional:

A Constituição do Brasil, de 1988 adotou várias regras no que concerne ao trabalho da criança e do adolescente e também vários princípios jurídicos porque a Teoria da Igualdade deve levar em conta as diferenças não só etárias, mas sobretudo considerá-los como seres humanos em formação. Sobre a Teoria da Igualdade e aprofundamento no tema remete-se a doutrina de GALUPPO[20]. Dentre os princípios que foram adotados pela Constituição no tema de menores, os mais relevantes são: o Princípio da Proteção Integral, o do Melhor Interesse, da Absoluta Prioridade e do Interesse Público Primário.

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O Princípio da Proteção Integral[21] é sistematizado na doutrina de CAVALLIERI como a proteção à criança e ao adolescente como seres em formação não só nas situações de conflito (concepção antes adotada pelo vetusto Código de Menores de 1979), mas também em toda e qualquer situação, preferencialmente, em situações de prevenção. Outra diferença substancial é que os menores são considerados não como meros objetos passivos do assistencialismo alheio, mas sim agentes e detentores de direitos revestidos de exigibilidade. O Princípio da Proteção Integral aplica - se a todo menor, sendo na verdade, direito não dos mesmos mas da sociedade como um todo que tem na formação de seus jovens um dos objetivos principais. Foi neste sentido que o art.227 da Constituição do Brasil, de 1988 elegeu como metas principais da sociedade democrática vedação a exploração do trabalho do menor, art. 7º, inciso XXXIII (com alterações da EC de n.° 20, de 15/12/98), além disto, a Lei nº. 8069/90 também entendeu de proibir o trabalho da criança e de proteger, através do contrato especial de emprego, o trabalho dos adolescentes (o que após a Lei nº. 11.180/05 passou a abranger, erroneamente, no nosso entender, também adultos até 24 (vinte e quatro) anos e pessoas portadoras de deficiência sem limite etário).

O Princípio da Absoluta Prioridade[22] define ser dever não apenas do Estado, mas também da família e de toda a da sociedade dar preferência total e em qualquer circunstância não só à proteção, mas também prevenção para realização dos direitos dos menores, através, inclusive, de sua participação, neste sentido também há a regra constitucional do art. 227.

O Princípio do Melhor Interesse, consoante preleciona PEREIRA[23], consagra a prevalência dos interesses que são mais consentâneos com aqueles que a Constituição da República do Brasil, de 1988 escolheu para os menores, ainda que em tensão com os interesses imediatos escolhidos pelos pais ou até pelos próprios menores. Caso clássico é a temática concernente ao trabalho de menores. Ainda que os pais ou os próprios menores optem em trabalhar premidos, amiúde, pelas necessidades alimentares mais comezinhas, este Princípio escolheu que o mais adequado aos menores é não trabalhar e sim estudar e brincar, ou se maiores de 14 (quatorze) a 16 (dezesseis) anos podem até trabalhar (embora na visão deste artigo o mais adequado fosse o cumprimento da prioridade dos mesmos estudarem, o que inclusive foi adotado na dimensão sistêmica da Constituição, arts. 212 e 227, bem como a legislação infraconstitucional adotou algumas bolsas de "não trabalho", tal como o PETI [24] e pela Lei nº. 10.836, de 09/01/04 (Lei do Programa Bolsa Família - PBF).

Neste sentido, a Constituição da República do Brasil, de 1988 determinou não só que Estado, sociedade e famílias velem por cumprimento e aplicação de medidas proibitivas de trabalho prejudicial ou em desconformidade com o modelo legal para os menores, art. 7º, XXXIII, CF/88, etc. mas também que velem pela aplicação de medidas positivas em prol dos mesmos, notadamente a aplicação dos recursos

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tributários em prol da educação, art. 212, CF/88, pela concessão dos recursos do PETI, programas Bolsa Escola,etc., porém, na visão deste artigo os valores concedidos por estes programas são pífios e não se prestam ao fim colimado, necessitando de urgente revisão.

Por fim, o Princípio do Interesse Público Primário[25] assegura que independente das escolhas feitas pelo gestor público que mantém (momentaneamente) o mandato eletivo como chefe de executivo, o que indica o Interesse Público Secundário, o Interesse Público Primário no que afeta a crianças e adolescentes indica que as escolhas com relação aos mesmos já foram feitas de forma anterior, pelos ditames da Constituição da República do Brasil, de 1988.

I. 3) O trabalho do adolescente atleta desportivo - Aspectos específicos à luz do Direito Desportivo e do Direito e do Processo do Trabalho:

A Lei nº. 9615, de 24 de março de 1998, chamada "Lei Pelé" e contém as seguintes regras específicas sobre o trabalho de adolescentes:

"Art. 29. A entidade de prática desportiva formadora do atleta terá o direito de assinar com esse, a partir de dezesseis anos de idade, o primeiro contrato de trabalho profissional, cujo prazo não poderá ser superior a cinco anos. (Redação dada pela Lei nº 10.672, de 2003)...§ 4o O atleta não profissional em formação, maior de quatorze e menor de vinte anos de idade, poderá receber auxílio financeiro da entidade de prática desportiva formadora, sob a forma de bolsa de aprendizagem livremente pactuada mediante contrato formal, sem que seja gerado vínculo empregatício entre as partes. (Incluído pela Lei nº 10.672, de 2003)". (Negritos Nossos).

Este trabalho entende que o art. 29, §4º, da Lei nº. 9615/98 está frontalmente em tensão com o art. 7º, XXXIII, da Constituição do Brasil, de 1988 ( EC n.° 20, de 15 de dez. de 1998):

"Art.7º...XXXIII- proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 (dezoito) e de qualquer trabalho a menores de 16 (dezesseis) anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de 14 (quatorze) anos;"(negritos nossos).

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Apesar dos benefícios conferidos aos adolescentes descritos no restante do art. 29, da Lei nº. 9615/98 a declaração desta regra de impossibilidade de vínculo de emprego (especial, de aprendiz) entre o adolescente e a entidade de prática desportiva é completamente inconstitucional porque ofensiva ao art. 7º, XXXIII, da Constituição da República do Brasil, de 1988 e sobretudo aos Princípios Constitucionais concernentes a temática do menor, já citados. Dessarte, o microssistema do Direito Desportivo mostra - se omisso (já que contém regra inconstitucional) no particular, merecendo a aplicação do Direito e do Processo do Trabalho (e é claro dos Princípios Constitucionais), que conceitua o contrato especial de emprego nos arts. 428 da CLT, art. 66 da Lei n° 8.069/90, Convenção 138 da OIT, ratificada pelo Brasil e a Recomendação n° 57, de 1939, da OIT.

Neste sentido, este artigo extrai três conseqüências jurídicas desta inconstitucionalidade da regra do art.29, §4º, da Lei nº. 9615/98: primeiro, para o menor de quatorze até dezesseis anos; em segundo lugar, do menor de dezesseis anos até dezoito anos; e terceiro, para o maior de dezoito até vinte e um anos.

Para os menores de quatorze até dezesseis anos a inconstitucionalidade apontada implica que eles têm direito, desde que trabalhem com onerosidade, não eventualidade e subordinação (arts.2/3, CLT) ao contrato especial de emprego de aprendizagem e a todos os consectários legais que vão muito além da concessão de mera "bolsa de aprendizagem" prevista no artigo e da concessão de assistência médica, odontológica e psicológica, bem como contratação de seguro de vida e ajuda de custo para transporte. Na verdade, pelo Princípio da Proteção[26] do Empregado, somado a todos os princípios constitucionais e regras já citadas estes adolescentes deveriam ter aplicação dos seguintes direitos básicos assegurados pela Lei n° 10.097/2000, combinada com Dec. nº. 5598/05, Portaria nº. 702/01 e Instrução Normativa SIT n° 26, de 20 de dezembro de 2001, do Ministério do Trabalho e Emprego, todos estes dispositivos combinados com os direitos específicos[27] [28] ditados pela Lei nº. 9615/98, ou seja: assinatura de CTPS, contrato especial de aprendizagem (com todas as conseqüências), remuneração ampla, incluindo o direito de arena, direito a imagem, luvas, "bicho" e até 26 de março de 2001, o direito ao "passe" (e extinto após 26 de março de 1998, nos casos de resolução contratual, falta de pagamento de salários por mais de três meses), FGTS (com 2% de recolhimento ao mês, Lei nº 8036/90), férias, 13º salário, RSR, etc.

Com relação aos menores entre dezesseis anos até dezoito anos eles têm direito, desde que trabalhem com onerosidade, não eventualidade e subordinação a terem todos os direitos empregatícios assegurados como aprendizes, ou como empregados normais, mas desde que não trabalham em horário noturno, insalubre ou perigoso. Evidentemente que têm direito a todas as parcelas do complexo remuneratório descrito na Lei nº 9615/98 (direito de arena, imagem, luvas, "bicho" e passe, até 26/3/01, nos moldes já descritos) e também a todos os direitos descritos na CLT: assinatura de CTPS, FGTS (com 8% de recolhimento ao mês, Lei nº 8036/90), férias, 13º salário, RSR, etc.

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Finalmente, com relação aos maiores de dezoito até vinte e um anos eles sempre foram considerados como maiores de idade para a CLT, arts. 402, 439 e 793, CLT e após o ano de 2002 para o CCB arts. 5º passaram a ser também considerados maiores para feitos civis, portanto a exclusão do vínculo de emprego para com os mesmos (desde que tenham, é claro os pressupostos da relação de emprego (onerosidade, não eventualidade e subordinação, arts.2/3, CLT) é totalmente sem fundamentação. Ressalte-se que de dezoito até vinte e quatro anos, após a Lei n. Lei n° 10.097/2000 é possível que estes maiores sejam contratados como aprendizes, ou como empregados normais (tendo como conseqüência que eles têm todos os direitos da CLT e mais os específicos da Lei Pelé).

De toda forma, este artigo defende a inconstitucionalidade da exclusão do vínculo de emprego normal e também do de aprendiz feito pela regra do art. 29§4º, da Lei nº 9.615/98, tendo os mesmos os seguintes direitos especiais, além de todos previstos na CLT, ora explicitados:

O direito de arena é o direito do atleta (ainda que menor) de receber um percentual não inferior a 20% (vinte por cento) dos valores pagos pelo direito de transmissão do espetáculo, devendo ser repartido entre os atletas participantes do mesmo, Lei nº. 9615/98, art.42, §1°, tendo classificação jurídica de remuneração, sendo equiparada às gorjetas, sendo que, em virtude disto, o TST, pela Súmula 354, tem restringido sua incidência às parcelas: de FGTS, férias, 13º salário e INSS.

O direito de imagem é o direito de exploração da imagem individual do atleta que não pode ser cedido para exploração de terceiros por mais de um ano, tendo nítida natureza salarial, art. 28, Lei nº. 9615/98.

As luvas são os valores pagos ao atleta em virtude do desempenho profissional que o mesmo já demonstrou, Lei nº. 9615/98, art.31, §1º, parte da doutrina o aproxima do "fundo de comércio" devido ao locatário por ter feito o "ponto do comércio" cognominando o mesmo de "fundo de trabalho"[29] e apesar de ter feição salarial similar inclusive à de gratificações, o TST vem negando ao mesmo esta classificação jurídica, considerando - o simplesmente salário por antecipação para assinatura do contrato. Este artigo reconhece que é difícil que um adolescente de 14 (quatorze) a 16 (dezesseis) anos já tenha sua boa fama a tal ponto pré-constituída de modo a receber as luvas, mas em âmbito de hipótese jurídica ele tem este direito. Porém, de toda forma é possível que um menor de 16 (dezesseis) até 18 (dezoito) anos tenha tal direito e sobretudo para os maiores de 18 (dezoito) até 21 (vinte e um anos).

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O "bicho" é o direito a receber prêmio pela participação em jogos, seja pela vitória, às vezes pelo empate, e excepcionalmente até mesmo tendo perdido a partida, mas é paga pelo empenho, pela garra e determinação demonstrada pelo atleta está prevista no art.31, §1º da Lei nº. 9615/98, tendo natureza salarial equiparada a prêmio individual.

Finalmente, com relação ao controvertido instituto do passe, com gênese na Lei nº. 6354/76, art.11, mantida pela Lei nº.9672/93 ("Lei Zico") e extinta pela Lei nº. 9615/98, art.28, §2º, após três anos em casos normais e imediatamente em casos de inadimplemento salarial (mais de três meses), o atleta teria direito a receber pelo menos 15% (quinze por cento) do valor do passe, exceto se já tivesse recebido importância de passe nos últimos 30 (trinta) meses anteriores, ou se tivesse dado causa a resolução contratual, art. 35, da Lei nº. 9615/98.

Na verdade, o atleta com o contrato de emprego especial de aprendizagem teria, assim, todos os direitos trabalhistas iguais aos outros empregados, exceto os recolhimentos de FGTS que é a base não de 8% (oito por cento) ao mês da remuneração e sim de 2% (dois por cento), Lei nº. 8036/90, art. 15, §7º. Além disto, o aprendiz tem direito a toda a carga teórica concernente à aprendizagem e condições especiais de trabalho ditadas nas regras já citadas. Como já citado os menores de dezesseis até vinte e um anos podem ser contratados como aprendizes, ou empregados normais, sendo que de dezesseis até dezoito anos há limitações, ou seja, vedações a trabalho noturno, perigoso e insalubre.

Conclusão, o Direito Desportivo é um microssistema e no que concerne às relações trabalhistas do atleta quatorze a dezoito anos merece aplicação dos princípios e regras da Constituição da República do Brasil de 1988, aqueles notadamente Princípios da Proteção Integral, do Melhor Interesse, da Prioridade Absoluta e do Interesse Público Primário e este notadamente pela aplicação do art. 7º, XXXIII, o que acarreta a possibilidade de aplicação aos mesmos de todos os direitos trabalhistas especiais previstos pela Lei nº. 9615/98, somados aos direitos previstos na CLT. Com relação aos maiores de dezoito até vinte e um anos a exclusão de possibilidade de vínculo de emprego é totalmente desprovida de fundamentação.

Item II) Entidades Desportivas e o Direito Empresarial.

II.1) Conceito de empresário.

De acordo com o art. 966, do Código Civil de 2002, considera-se empresário o profissional que exerce atividade econômica e organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. O Código Civil de 2002 não explica os significados

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de profissional, de atividade econômica e organizada, fato que por si só tem causado uma enorme confusão quanto à conceituação de cada um deles.

A confusão acirra-se ainda mais, quando se observa o § único, do art. 966, do Código Civil de 2002, pois afasta a possibilidade de serem enquadrados como empresário, os profissionais intelectuais, os artistas, os cientistas e os literários, mesmo que contém com o auxílio de colaboradores, salvo quando reunirem o elemento de empresa.Tal estipulação é feita sem a definição destas quatro atividades, muito menos de elemento de empresa. Arte, ciência e literatura são atividades com concepção nítida para as pessoas em geral.

Quanto à dúvida em relação aos profissionais intelectuais, PEIXOTO[30] sugere uma conclusão dizendo que:

"de conformidade com o art. 2229 do Código italiano, as atividades intelectuais não empresárias são aquelas cujo exercício depende de inscrição em órgãos próprios de controle profissional ou na expressão das normas tributárias brasileiras (ex-Decreto-Lei n. 1705/79, art. 1º; a Lei n. 9430/96, art. 55 e o Decreto n.3009/99, art. 146, §3º.), "profissões legalmente regulamentadas."

Mas, o próprio PEIXOTO[31] reconhece que a inscrição do profissional intelectual em órgão próprio ou a regulamentação legal da profissão intelectual não são exigências constantes da redação do Código Civil. Reconhecer que a profissão intelectual é aquela que demanda inscrição ou regulamentação legal decorre de um critério de interpretação, que pode ser perfeitamente afastado por qualquer outro.

Um critério de interpretação possível pode partir da análise da vontade do legislador para a busca do significado dessas expressões que definem o empresário. E nesse caso concreto, o jurista MARCONDES[32], autor em 1972, do livro Direito de Empresa do anteprojeto do Código Civil de 2002, publicou uma obra que viabiliza ainda mais adotar esse tipo de investigação. De acordo com as justificativas do doutrinador, por atividade profissional, entende-se a atividade exercida de forma reiterada, habitualmente, sem ser esporádica.

É claro que existem certas atividades que demandam um espaçamento de tempo maior entre a prática de um ato empresarial e outro, como é o caso de uma determinada indústria de aviões que fabrica apenas uma unidade por ano, mas isso não lhe retira a condição de habitual, apenas não é diária.

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Sobre o aspecto temporal, SZTAJN[33] contribui dizendo:

"atividade se exerce no tempo, tem início e fim, mesmo quando integrada por atos com dimensão temporal, eles não a desnaturam, sendo possível que haja atos ou séries de atos entre si relacionados por nexos jurídicos que Buonocore denomina atividade dentro da atividade."

Interpretando sistematicamente os artigos 44, 53, parágrafo único, do artigo 62, 966 e 981, do Código Civil de 2002, conclui-se ter o legislador pretendido dizer por atividade econômica como aquela que promove circulação de riqueza com fim de reversão do resultado positivo decorrente do exercício da atividade para o patrimônio do empreendedor ou empreendedores.

O art. 44, do Código Civil de 2002 define quais são as pessoas jurídicas de direito privado: associações, fundações, sociedades, entidades religiosas e partidos políticos.

Especificando o campo de atuação, o art. 53 do Código Civil de 2002 reserva às associações as atividades de fins não econômicos. O parágrafo único, do art. 62 do Código Civil de 2002 estabelece que as fundações somente possam ser constituídas para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência. O art. 981 do Código Civil de 2002 atribui às sociedades a função de exercerem atividade econômica para a partilha dos resultados.

Ora, como os partidos políticos e as entidades religiosas, pela própria essência, não desempenham qualquer atividade econômica, muito menos podem visar lucro para ser partilhado, conclui-se que a palavra econômica está sendo utilizada tanto no art. 966 quanto no art. 981, ambos do Código Civil de 2002, no sentido de atividade com finalidade de lucro. Ou seja, a atividade é exercida para que haja distribuição de lucro.

Nesse sentido, admite-se que as associações, as fundações, os partidos políticos e as entidades religiosas até podem ter lucro, como aquela parcela que excede o custo de uma operação, ou seja, podem ter um resultado positivo no exercício de suas atividades. Contudo, como não desempenham atividades econômicas, devem re-investir seu eventual lucro, diretamente em sua missão institucional, em seu objeto social.

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REALE[34] deixa claro ser esse o significado da palavra econômica, quando asseverou:

"de acordo com o art. 53 do novo Código Civil, "constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizam para fins não econômicos". Denominam-se sociedades as reuniões organizadas para finalidades econômicas."

É claro que a palavra "organizada" não está sendo utilizada como a antítese de desorganizada. Por atividade organizada, deve - se entender como aquela que é exercida com a reunião dos fatores de produção: capital, trabalho, tecnologia, natureza, de um modo preponderante, a ponto de funcionar a organização desses fatores independente da pessoa que a reuniu. A expressão "elemento de empresa" traduz essa organização de fatores de produção. Trata-se de organização desses fatores de um modo tal que o seu funcionamento não está diretamente relacionado à intelectualidade do profissional que montou a estrutura econômica organizada.

MARCONDES[35] explica que na sua concepção:

"há, porém pessoas que exercem profissionalmente uma atividade criadora de bens ou de serviços, mas não devem e não podem ser consideradas empresários - referimo-nos às pessoas que exercem profissão intelectual - pela simples razão de que o profissional intelectual pode produzir bens, como o fazem os artistas; podem produzir serviços, como o fazem os chamados profissionais liberais; mas nessa atividade profissional, exercida por essas pessoas, falta aquele elemento de organização dos fatores da produção; porque na prestação desse serviço ou na criação desse bem, os fatores da produção, ou a coordenação de fatores, é meramente acidental: o esforço criador se implanta na própria mente do autor, que cria o bem ou o serviço. Portanto, não podem - embora sejam profissionais e produzam serviços - ser considerados empresários."

Nos termos do § único do art. 966, do Código Civil de 2002, esses profissionais (artistas, cientistas, literários e profissionais intelectuais) podem vir a ser empresários se organizarem elemento de empresa. Em relação a eles, MARCONDES[36] explica:

"a não ser que, organizando-se em empresa, assumam veste de empresários. Parece ser um exemplo bem claro a posição do médico, que quando opera ou faz diagnóstico, ou dá à terapêutica, está prestando um serviço resultante de sua atividade intelectual, e por isso não é empresário. Entretanto, se ele organiza fatores de produção, isto é, une capital, trabalho de outros médicos, enfermeiros, ajudantes, etc., e se utiliza de imóvel e equipamentos para a instalação de um hospital, então o hospital é empresa e o dono ou

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titular desse hospital (...), será considerado empresário porque está, realmente, organizando os fatores da produção, para produzir serviços."

Embora a explicação do articulista seja boa e até convincente por um momento, há que se admitir uma enorme falha na construção dessa concepção. Ainda que o profissional intelectual utilize preponderantemente sua intelectualidade, acabará organizando, de algum modo, os fatores de produção. Concorda-se com SZTAJN[37] quando crítica a referida concepção:

"Hospital é empresa, clínica médica pode ser empresa, ou não. Eis aí a insegurança do direito. O que significa organizar os fatores de produção que não seja contratar formas de ter poder para usá-los ou determinar sua utilização? Por que o médico que, em conjunto com outro, da mesma especialidade, que alugam o imóvel onde exercerão a atividade, contratarão recepcionista, dividirão o custo de equipamentos, até mesmo trocarão informações sobre diagnóstico e terapêuticas, não seriam empresários? Qual a prestação personalíssima quando um deles pede ao outro que atenda seus pacientes?".

PEIXOTO[38] também critica a utilização do exemplo médico-hospital. Segundo ele:

"praticamente, todos os autores apresentam como exemplo dessa transmutação a hipótese do médico ou sociedade de médicos que também explora hospital, acrescentando, alguns, que esta demandaria uma organização tal que justificaria a transformação. (...), não entendemos que a maior ou menor complexidade no exercício da atividade intelectual seria suficiente para transformá-la em empresa."

Realmente a falta de definição legal do que vem a ser atividade organizada e elemento de empresa gera esse tipo de dúvida.

SZTAJN sugere não priorizar o critério da organização, mas investigar se a prestação do serviço é fungível. Interessante a sugestão, mas sabe-se que em certas circunstâncias da execução da atividade intelectual, o serviço é fungível pois muitas vezes o profissional principal é assistido e, até mesmo, substituído por outros.

Melhor se o Código Civil não tivesse instalado a distinção entre atividade econômica e atividade empresária. Dever-se-ia chamar todas as atividades que fazem gerar riqueza

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de atividade econômica, ou de empresária e estabelecer a incidência tributária a partir do fato gerador praticado pelo agente econômico.

O problema de conceituação do que vem a ser atividade empresária tem amplos reflexos, inclusive na hipótese de incidência tributária[39].

Assim, para este artigo, admitida a dificuldade para se estabelecer um conceito de empresário, conclui-se que deve ser uma pessoa física ou jurídica que exerce profissionalmente atividade de produção e, ou comercialização de mercadorias e, ou a prestação de serviços, com organização de capital, trabalho, tecnologia e natureza, visando à obtenção de lucro. Partindo dessa conclusão, cumpre avançar para análise da possibilidade ou não de as entidades desportivas serem obrigadas a se registrarem como sociedades empresárias.

II.2) Entidades desportivas como organizações empresariais: faculdade ou obrigatoriedade?

A Lei nº. 9.615/98 ("Lei Pelé") determinou a obrigatoriedade de transformação das entidades desportivas em sociedades comerciais. O art. 27, da Lei n. 9.615/98 previa em sua redação original:

"as atividades relacionadas a competições de atletas profissionais eram privativas de: I - sociedades civis de fins econômicos; II - sociedades comerciais admitidas na legislação em vigor; III - entidades de prática desportiva que constituírem sociedade comercial para administração das atividades de que trata este artigo. Parágrafo único. As entidades de que tratam os incisos I, II e III que infringirem qualquer dispositivo desta Lei terão suas atividades suspensas, enquanto perdurar."

Referindo-se a alteração dessa obrigatoriedade, OLIVEIRA[40], conta que:

"temendo-se que fosse declarada sua inconstitucionalidade, antes mesmo de entrar em vigência, houve alteração do texto, retornando a transformação em empresa como algo facultativo.".

A Lei n. 9981/2000 alterou a n. Lei 9615/98. O art. 27, da Lei n. 9981/2000 passou a facultar às entidades de prática desportiva participantes de competições profissionais a:

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"I - transformar-se em sociedade civil de fins econômicos; II - transformar-se em sociedade comercial; III - constituir ou contratar sociedade comercial para administrar suas atividades profissionais."

Atualmente, o referido art. 27, com redação dada pela Lei n. 10.673/2003, em seu §9º estabelece que

"é facultado às entidades desportivas profissionais constituírem-se regularmente em sociedade empresária, segundo um dos tipos regulados nos art. 1039 a 1092 da Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002."

Como se pode observar de uma análise inicial, o regime da facultatividade prevaleceu. Contudo, o § 11, acaba por trazer certa obrigatoriedade para as entidades desportivas se organizarem regularmente como um dos tipos de sociedades empresárias, pois institui a sanção da despersonalização com a conseqüente responsabilidade ilimitada e solidária para os sócios da entidade.

Isto porque, o § 11, do art. 27, da Lei n 9615/98 com a redação dada pela Lei n. 10.672/03, passou a considerar que

"apenas as entidades desportivas profissionais que se constituírem regularmente em sociedade empresária na forma do §9º (art. 27) não ficam sujeitas ao regime da sociedade em comum e, em especial, ao disposto no art. 990 da Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil.".

A Sociedade em Comum é o tipo estabelecido no Código Civil de 2002 para revestir as sociedades que estão em situação de irregularidade porque não tiveram seus atos constitutivos registrados nos órgãos próprios. O Código Civil de 2002 previu várias conseqüências para os sócios da sociedade em comum. No art. 987, previu que os sócios somente podem fazer prova da sociedade entre eles por documento escrito, não cabendo aí a prova testemunhal, ao passo que terceiros podem usar qualquer meio de prova contra os sócios. No art. 988, há a instituição de um patrimônio especial, o que significa que embora não haja constituição de uma pessoa jurídica, o capital investido por cada um dos sócios forma um condomínio, uma propriedade comum, não integrando mais o patrimônio pessoal de cada um com exclusividade. E a pior conseqüência, veio estipulada no art. 990, referente à responsabilidade pelas dívidas contraídas no exercício da atividade negocial, que recai ilimitada e solidariamente sobre sócios.

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As entidades desportivas estão, de certa maneira, obrigadas a organizar-se sob a forma de uma das sociedades empresárias: em nome coletivo, em comandita simples, em comandita por ações, limitada ou anônima. A Lei 10.672/03 entrou em vigor na data de sua publicação, isto é, 15 de maio de 2003, do que se pode concluir de acordo com a atual redação do § 11, do art. 27, da Lei n 9615/98, que as entidades desportivas profissionais que não se transformaram em sociedades empresárias estão em situação de irregularidade, podendo seus gestores, dirigentes serem acionados por dívidas da mesma.

Alegando autonomia das entidades desportivas com fundamento no art. 217 da Constituição da República do Brasil, OLIVEIRA[41] defende:

"que a compulsoriedade de adoção de qualquer regime societário imposto às associações carece de fundamento constitucional e, agora, até mesmo de coerência jurisprudencial."

Segundo ele[42]:

"esse fato cria, por conseguinte, o reconhecimento de passivos ocultos que dificultam qualquer forma de aproximação com investidores ou parceiros, visto que reina a mais completa e absoluta insegurança jurídico-tributária ao já depauperado futebol existente em terra brasilis, em completo desvirtuamento das conquistas obtidas desde os movimentos do séc. XVIII.".

O art. 22, inciso I, da Constituição da República do Brasil atribui ao Poder Legislativo Federal à competência privativa de legislar sobre o Direito Civil e o Direito Comercial, o que por si só é suficiente para afastar a alegação de inconstitucionalidade da Lei n 10.672/03.

O Código Civil de 2002 mudou o regime jurídico das pessoas jurídicas de direito privado e as associações devem se destinar a revestir entidades que exerçam atividades não econômicas, ou seja, aquelas atividades que não visem à obtenção de lucro.

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Independentemente da imposição da Lei 10.672/03, o próprio Código Civil, nos artigos 44, 53, 62, 966 e 981, oferece respaldo para poder analisar e concluir sobre o seguinte problema: se as entidades desportivas profissionais podem ou não ser consideradas como entidades empresárias. Para análise e resposta desta "vexata quaestio" basta responder aos seguintes questionamentos: a) as entidades de prática desportiva, clubes de futebol exercem uma atividade profissional? b) essa atividade é econômica? c) é organizada?

De acordo com o art. 1º da Lei n. 9.615/98, o desporto brasileiro abrange práticas formais e não-formais. O §1º do art. 1º da Lei n. 9.615/98 prevê que

"a prática desportiva formal é regulada por normas nacionais e internacionais e pelas regras de prática desportiva de cada modalidade, aceitas pelas respectivas entidades nacionais de administração do desporto."

O § único, do art. 26 da Lei n. 9615/98 estabelece que a competição será profissional quando for promovida para obter renda e disputada por atletas profissionais cuja remuneração decorra de contrato de trabalho desportivo. Assim, as entidades desportivas que promovam competições profissionais, conseqüentemente estão desempenhando uma atividade habitual e recorrente enquadrando-se na definição de profissional do art. 966, do Código Civil de 2002.

É certo que as entidades desportivas exercem atividade econômica no sentido amplo da palavra, primeiro por expressa disposição no § único, do art. 2º, da Lei n. 9.615/98[43], depois porque para ser entidade desportiva profissional precisa participar de competições profissionais, que por sua vez, assim são classificadas, se visarem à obtenção de renda.

Adotando o sentido estrito da palavra "econômica", que seria atividade que visa obter lucro com reversão do mesmo para o patrimônio do empreendedor, poder-se-ia descartar a atividade das entidades desportivas profissionais como econômica, porque os associados não participam da divisão dos lucros. É claro que se tornando uma sociedade conforme determina a Lei 10 672/03, a repartição dos lucros, se existentes, será obrigatória.

Com toda certeza, pode-se dizer que atividade das entidades desportivas profissionais é organizada nos termos do art. 966, do Código Civil, pois reúne os fatores de produção de modo preponderante, não se vinculando estritamente a intelectualidade dos atletas,

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tanto que eles trocam de entidades de prática desportiva, assim como, os técnicos. O serviço não é infungível, ao contrário, se não está desempenhando adequadamente seu papel, o atleta ou o técnico são substituídos.

Assim, exceto quanto ao aspecto da distribuição de lucros a atividade das entidades desportivas é absolutamente passível de ser considerada empresária. Vale ressaltar que atualmente a quase totalidade dessas entidades está organizada irregularmente sob a forma de associação, o que ensejaria o impedimento da distribuição de lucros. Esse impedimento, no entanto, pode ser afastado desde que atendam ao preceito impositivo de se transformarem em sociedades empresárias.

Seguindo essa linha de raciocínio, cumpre responder afinal, se as entidades desportivas profissionais sujeitam-se à falência e à recuperação de empresas previstas na Lei nº. 11.101/05.

II. 3) Entidades desportivas, organizações empresariais - sujeição à falência e à recuperação de empresa.

O art. 1º, da Lei 11.101/05, prevê o seu campo de abrangência é a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária.

Como asseverado, as entidades desportivas profissionais são suscetíveis de serem consideradas como entidades empresárias, ou por certa imposição legislativa ou por interpretação ampliativa do conceito de atividade econômica, porque exercem atividade profissional com a reunião de fatores de produção.

De acordo com a Lei n. 10.672/03, as entidades desportivas devem se transformar em sociedades empresárias o que as leva estar sujeitas aos artigos 968 e 973, do Código Civil de 2002. O art. 968 do Código Civil de 2002 determina que o empresário e conseqüentemente a sociedade empresária se registre na Junta Comercial da sua sede antes do exercício da atividade. A falta desse registro acarreta uma situação de exercício irregular da atividade empresarial, se estiverem praticando sua atividade habitual.

Sobre essa irregularidade incide o comando do art. 973 do Código Civil de 2002, segundo o qual "a pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de

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empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas". Isso significa dizer que as entidades desportivas podem ser partes passivas em ações de falência.

Observe ademais, que o art. 94, da Lei nº. 11.101/05 ao enumerar as causas que ensejam a decretação da falência faz referência a devedor. Deve-se entender por devedor, o empresário e a sociedade empresária, regulares ou irregulares. De outro modo, não se pode concluir da mesma maneira em relação à recuperação de empresa, pois tanto art. 48 quanto o art. 161, da Lei nº. 11.101/05 exigem para a recuperação judicial e para a recuperação extrajudicial, a condição de exercício regular da atividade empresarial há mais de 2 (dois) anos, além de outros requisitos.

Comprova-se o exercício regular da atividade empresarial com certidão extraída junto ao Registro Público de Empresas (art. 51, V, Lei nº. 11.101/05).

É claro que ao se registrarem na Junta Comercial, com adoção de uma das formas societárias empresarias e tendo completado o período de 2 (dois) de exercício regular, e preenchidas as demais condições como a de não estar declarada falida, as entidades desportivas poderão se beneficiar dos institutos da recuperação de empresa, judicial e extrajudicial.Não somente deles, mas também dos outros benefícios destinados com exclusividade aos empresários, como a prova em juízo com livros contábeis particulares.

Considerando como notória a situação de crise financeira de alguns clubes (entidades de prática desportiva) de futebol brasileiros, pode-se afirmar que o instituto jurídico da recuperação de empresa seria uma boa medida para reverter essa realidade e promover a sua recuperação e por fim àquelas entidades desportivas que não apresentam condições de serem recuperadas.

As entidades desportivas se encaixam nos parâmetros estipulados no art. 966, do Código Civil para a caracterização de empresário e não exercem atividades de assistência, benemerência, políticas, culturais ou religiosas. Ao contrário, exercem atividade que visa à obtenção de renda, por isso, devem ser consideradas empresárias, suscetíveis à falência e se regularmente inscritas na Junta Comercial, há mais de 2 (dois) anos, à recuperação de empresa também.

Item III) Conclusões Finais:

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Este artigo assevera que o Direito Desportivo é um microssistema e no que concerne às relações trabalhistas do atleta de quatorze a dezoito anos existe uma inconstitucionalidade no art. 29, §4º, da Lei nº 9615/98 merecendo aplicação dos princípios e regras da Constituição da República do Brasil de 1988, aqueles notadamente Princípios da Proteção Integral, do Melhor Interesse, da Prioridade Absoluta e do Interesse Público Primário e estas notadamente pela aplicação do art. 7º, XXXIII, o que acarreta a possibilidade de aplicação aos atletas menores de idade de todos os direitos trabalhistas especiais previstos pela Lei nº. 9615/98 e subsidiariamente pela aplicação de os direitos previstos no contrato de emprego especial de aprendizagem da CLT e demais direitos nela previstos para empregados não aprendizes. Da mesma maneira, é necessário aplicar as regras e os princípios do Direito Empresarial às entidades desportivas para efeito de considera -las como sociedades empresárias nos termos do art. 966, do Código Civil de 2002 e nos termos do art.1º, da Lei nº.11.101/05 reconhecer a sujeição das mesmas à falência e se regularmente inscritas na Junta Comercial, há mais de 2 (dois) anos, à recuperação de empresa também.

Item IV) Bibliografia:

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[1] -MELO FILHO, Álvaro. Direito Desportivo: Aspectos Teóricos e Práticos. SP: IOB Thomson, 2006, p.27 -54

[2]- ZAINAGHI, Domingos Savio. Os Atletas Profissionais de Futebol no Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 1998, p.10-40

[3] -MELO FILHO, Álvaro. Desporto na Nova Constituição. Porto Alegre: S. A. Fabris, 1990. p. 10-50

[4] - CANARIS, Claus-Wilhelm. Pensamento Sistemático e Conceito de Sistema na Ciência do Direito. Introdução e Tradução de A. MENEZES CORDEIRO, 3.ª Edição, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2002

[5] - TEPEDINO, Gustavo. O Código Civil, os Chamados Microssistema e a Constituição: Premissas para uma Reforma Legislativa. In.Problemas de Direito Civil. RJ: Renovar, 2001, p. 1 e seg.

[6] - Esta teoria não se confunde com a Teoria Sistêmica do Direito de NIKLAS LUHMAN APUD TEUBNER, Gunther.O Direito como Sistema Autopoiético. Lisboa: Fundação Calouste Gunbenkian, 1993.

[7]- Lei n.º 8.078/1990.

[8] -Lei n.º 8.069/1990.

5308

[9] -Nomenclatura proposta pela doutrina especializada em face do duplo significado que se verificava com a sigla ECA, que, por vezes, era utilizada em tom pejorativo.

[10] -Lei n.º 10.741/2003.

[11] -Lei n.º 7.347/1985.

[12]- Estatuto do Ministério Público da União.

[13] -Neste sentido, Carlos Henrique Bezerra Leite, que divide os atuais sistemas processuais laborais em três espécies, a saber: a) jurisdição trabalhista individual (voltada para as demandas de caráter singular); b) jurisdição trabalhista normativa (destinada para os dissídios coletivos); e, c) jurisdição trabalhista metaindividual (vocacionada para os direitos e/ou interesses metaindividuais). In Curso de direito processual do trabalho. 4. ed. LTr: São Paulo, 2006, p. 133-135. Ressalte-se que Celso Antonio Pacheco Fiorillo denomina este microssistema de jurisdição civil coletiva e considera a sua existência pela formação do CDC e LACP (Curso de direito ambiental brasileiro. 8. ed. Saraiva: São Paulo, 2007, p. 348).

[14] -FONSECA, Bruno Gomes Borges da. Microssistema processual para tutela de Direitos Coletivos. Revista do Ministério Público do Trabalho, Brasília, v.18, n. 35, p. 11-37, mar. 2008.

[15]-CARVALHO NETTO, M. Requisitos Pragmáticos Da Interpretação Jurídica Sob O Paradigma Do Estado Democrático De Direito. Revista Brasileira de Direito Comparado, Belo Horizonte, v. 3, p. 473-486, 1999.

[16] - GALUPPO, Marcelo Campos. Princípios Jurídicos e a Solução de seus Conflitos - A contribuição da obra de Alexy. Revista da Faculdade Mineira de Direito, Belo Horizonte, v. I, n. 2, p. 134-142, 2º semestre de 1998

[17] -ALEXY, Robert. Teoria de Los Derechos Fundamentales. Madrid: Centro de los Estudios Constitucionales, 1997. p. 81.

[18] -CANOTILHO, Joaquim J. Gomes. Direito Constitucional. Coimbra: Almeidina, 1995. p. 165.

[19] -BOBBIO, Norberto. Contributi ad um Dizionario Giuridico. Torino: G. Giappichelli, 1994

[20] -GALUPPO, Marcelo Campos. Igualdade e diferença. Belo Horizonte: Mandamentos, 2002.

20 -Neste sentido Cavallieri CAVALLIERI, A. Direito do menor: um direito novo. Revista da Faculdade de Direito da UFMG, Belo Horizonte, ano XXVII, n. 21, p. 384-440, maio/1979. Apud MOURA COELHO, Bernardo Leôncio. As alterações no contrato de aprendizagem: considerações sobre a Lei n° 10.097/2000. GENESIS, Curitiba, n. 98, fev./2001, p. 178, assevera existirem três teorias principais que visavam justificar as opções legislativas:...a) a doutrina da proteção integral, partindo dos Direitos da Criança reconhecidos pela ONU, na qual a lei asseguraria a satisfação de

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todas as necessidades das pessoas de menor de idade, nos seus aspectos gerais; b) a doutrina do direito Penal do "Menor", pela qual o direito só se ocupa do "menor" a partir do momento em que pratique um ato de delinqüência; c) doutrina intermediária da situação irregular, em que os "menores" são sujeitos de direito quando se encontram em estado de patologia social, definida legalmente.

21 - CURY, Munir (coord.), Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado, 8ª Ed., SP: Malheiros, 2006, p. 40- 41

22 - PEREIRA, Tânia Silva (coord.). O Melhor Interesse da Criança: Um Debate Interdisciplinar. SP: Renovar, 2000, p.1 - 102

[24] -O programa do PETI está disponibilizado a todos os municípios por meio da identificação das situações de trabalho infantil, cabendo à Secretaria Municipal de Assistência Social realizar o cadastramento das famílias, crianças e adolescentes no CadÚnico e ofertar o serviço socioeducativo no âmbito de seu território...o Incluir as famílias nas ações da rede socioassistencial., in Portaria nº 458, de 4 de outubro de 2001 ... Portaria nº 666 de 28 de dezembro de 2005 - Disciplina a integração entre o Programa Bolsa-Família e o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil e Instrução Operacional Conjunta Senarc/SNAS MDS Nº 01, de 14 de março de 2006 .

25-"Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino..." (Negritos Nossos)

26 -PLÁ RODRIGUES, Américo. Princípios de Direito do Trabalho. [Tradução Wagner D. Giglio e Edson Alkimim Cunha]. 3ª edição atualizada. São Paulo: LTr, 2000.

[27] -BARROS, Alice Monteiro de. Contratos e Regulamentações Especiais de Trabalho.3ª ed.Paulo: LTr, 2008, p.115-117 e 123-124

[28] -ZAINAGHI, Domingos Sávio. Nova Legislação Desportiva. Aspectos Trabalhistas. 2ª edição, SP: LTr, 2004, p.29-40 e 51-59

[29] - BARROS, Op. cit., p.116.

[30] -PEIXOTO, Euler da Cunha. Empresário individual e sociedade empresária. Revista do Instituto dos Advogados de Minas Gerais, n. 11, 2005, p.114-115.

[31] PEIXOTO, Euler da Cunha. Empresário individual e sociedade empresária. Revista do Instituto dos Advogados de Minas Gerais, n. 11, 2005, p.115.

[32] MACHADO, Sylvio Marcondes. Questões de direito mercantil. São Paulo: Saraiva, 1977, p. 4.

[33] SZTAJN, Rachel. Notas sobre o conceito de empresário e empresa no Código Civil brasileiro. Revista de Direito Privado. n. 25, p.243.

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[34] REALE, Miguel. MARTINS-COSTA, Judith. Historia do novo Código Civil. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. p. 225.

[35] MARCONDES, Sylvio. Questões de direito mercantil. São Paulo: Saraiva, 1977, p. 11.

[36] MARCONDES, Sylvio. Questões de direito mercantil. São Paulo: Saraiva, 1977, p. 11.

[37] SZTAJN, Rachel. Notas sobre o conceito de empresário e empresa no Código Civil brasileiro. Revista de Direito Privado. n. 25, p.247.

[38] PEIXOTO, Euler da Cunha. Empresário individual e sociedade empresária. Revista do Instituto dos Advogados de Minas Gerais, n. 11, 2005, p.115.

[39] REsp 872.311-RJ, 2a. T., rel. Min. Castro Meira, DJ 26/04/2007, p. 3 do voto.

[40] OLIVEIRA, Piraci. Liberdade e autonomia associativa e a inconstitucionalidade na transformação obrigatória dos clubes em empresas. Revista brasileira de Direito Desportivo. v. 4, n. 8, jul./dez. 2005, São Paulo: IOB Thomson: Instituto Brasileiro de Direito Desportivo, 2002.p.34.

[41] OLIVEIRA, Piraci. Liberdade e autonomia associativa e a inconstitucionalidade na transformação obrigatória dos clubes em empresas. Revista brasileira de Direito Desportivo. v. 4, n. 8, jul./dez. 2005, São Paulo: IOB Thomson: Instituto Brasileiro de Direito Desportivo, 2002.p.35.

[42] OLIVEIRA, Piraci. Liberdade e autonomia associativa e a inconstitucionalidade na transformação obrigatória dos clubes em empresas. Revista brasileira de Direito Desportivo. v. 4, n. 8, jul./dez. 2005, São Paulo: IOB Thomson: Instituto Brasileiro de Direito Desportivo, 2002.p.36.

[43] Lei n. 9615/98. "Art. 2o. (...) parágrafo único. Aexploração e a gestão do desporto profissional constituem exercício de atividade econômica sujeitando-se, especificamente, à observância dos princípios: I - da transparência financeira e administrativa; II - da moralidade na gestão desportiva; III - da responsabilidade social de seus dirigentes; IV- do tratamento diferenciado em relação ao desporto não profissional; V- da participação na organização desportiva do País."