constant e os limites da arte
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Constant e os limites da arte
Autor: Alex de Carvalho Matos
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Orientador: Ricardo Fabbrini
A presente comunicação pontua os principais momentos de inflexão da obra do pintor
Constant Nieuwenhuys (1920-2005), com o intuito de dar inteligibilidade ao percurso crítico
empreendido pelo artista no confronto entre os paradigmas da arte moderna e as contradições
fundentes da sociedade capitalista, bem como investigar o alcance de tais proposições no
presente enquanto ampliação do possível. Nessa direção, a reflexão se divide em três
momentos chave: o primeiro deles avalia de que maneira as próprias inflexões da pesquisa de
Constant - do manifesto inaugural aos escritos sobre urbanismo -, na medida em que se
articulam em torno do debate filosófico sobre o “fim da arte” e o debate arquitetônico sobre o
“fim do plano”, descrevem uma trajetória abrangente sobre as transformações sistêmicas que
atravessaram os anos 1960. Na sequência, em face das reapropriações de conceitos marxistas
realizadas pelo artista, são explorados os desdobramentos do confronto entre duas
problemáticas centrais – a da arte e da cidade – enquanto instante de convergência entre os
anseios sociais inscritos no fazer artístico e certa disponibilidade produtiva permitida pelo
processo de industrialização que passou a caracterizar o mundo urbano a partir do século XIX,
do qual sobressaem à crítica ao trabalho e a promessa de sua superação pelos significativos
avanços tecnológicos do período. Nessa perspectiva, avaliam-se especificamente os seguintes
aspectos i) a relação entre as interpretações do conceito de homo ludens e a “superação do
trabalho” pela máquina; ii) os vínculos entre a noção de “totalidade” na arte e a ideologia
globalizante que emerge como lógica do sistema capitalista; e iii) a fusão de duas
espacialidades produtivas singulares – o campo e a cidade – sob os modos de apropriação da
tecnologia e do “trabalho” pelo artista. Por fim, é investigado o alcance crítico da obra de
Constant na atualidade, frente às formas de neutralização – que embaralham o pensamento
radical com a apologia do capital – e a emergência de um discurso desencantado diante da
frustração com as promessas revolucionárias anunciadas pelas vanguardas.
Palavras-chave: fim da arte; fim do plano; imaginário revolucionário; crítica do
cotidiano; Constant Nieuwenhuys.