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ANAIS DO XXX CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, RECIFE, 1978, V. 2 «CONSIDERAÇõES SOBRE A ESTRATIGRAFIA E AMBIENTE DE SEDIMENTAÇÃO DA FORMAÇÃO BAURU» Max Brandt Neto Instituto de Quimica (UNESP) Setembrino Petri Armando Marcio Coimbra Instituto de Geociências (USP) RESUMO A Formação Bauru na região do Baixo Tietê suporta uma subdivi- são estratigráfica em Membros e litofácies distintas: o Membro Inferior é representado por litofácies de arenitos vermelhos e litofácies sÍltica e o Membro Médio por litofácies de arenitos com estruturas sedimentares de canal e litofácies de arenitos maciços. A deposição do Membro Inferior da Formação Bauru se deu prova- velmente em depósitos de barra de canal quando se refere a litofácies arenitos vermelhos, promovendo boa classificação dos grãos, distribuídos uniformemente quanto ao tamanho. A litofácies sÍltica corresponderia a depósitos de transbordamento (depósitos de várzea) e eventualmente depo sição lacustre. - A deposição do Membro Médio teria promovido o nivelamento do pa leovale formado ao fim da deposição do Membro Inferior, correspondendo ã um ambiente de canais fluviais demonstrando uma drenagem mais organiza- da. O Membro Médio teria se depositado em ambiente fluvial, sob con dições predominantes de canais anastomosados, associados a planícies de inundação apresentando em determinados tempos a recorrência de ciclos se dimentares correspondendo a paleocanais da litofácies com estruturas se~ dimentares de canal. Acredita-se que os arenitos vermelhos do Membro Inferior corres pondam ã "Formação Caiuá" em direção a calha do rio Paraná. . ABSTRACT The present paper deals with the stratigraphy of Late Cretaceous Bauru Formation as it is developed in the lower Tietê River valley,State of S. Paulo, Brazil. 557

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Page 1: «CONSIDERAÇõES SOBRE A ESTRATIGRAFIA AMBIENTE DE

ANAIS DO XXX CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, RECIFE, 1978, V. 2

«CONSIDERAÇõES SOBRE A ESTRATIGRAFIAE AMBIENTE DE SEDIMENTAÇÃO DA

FORMAÇÃO BAURU»

Max Brandt NetoInstituto de Quimica (UNESP)Setembrino PetriArmando Marcio CoimbraInstituto de Geociências (USP)

RESUMO

A Formação Bauru na região do Baixo Tietê suporta uma subdivi-são estratigráfica em Membros e litofácies distintas: o Membro Inferioré representado por litofácies de arenitos vermelhos e litofácies sÍlticae o Membro Médio por litofácies de arenitos com estruturas sedimentaresde canal e litofácies de arenitos maciços.

A deposição do Membro Inferior da Formação Bauru se deu prova-velmente em depósitos de barra de canal quando se refere a litofáciesarenitos vermelhos, promovendo boa classificação dos grãos, distribuídosuniformemente quanto ao tamanho. A litofácies sÍltica corresponderia adepósitos de transbordamento (depósitos de várzea) e eventualmente deposição lacustre. -

A deposição do Membro Médio teria promovido o nivelamento do paleovale formado ao fim da deposição do Membro Inferior, correspondendo ãum ambiente de canais fluviais demonstrando uma drenagem mais organiza-da.

O Membro Médio teria se depositado em ambiente fluvial, sob condições predominantes de canais anastomosados, associados a planícies deinundação apresentando em determinados tempos a recorrência de ciclos sedimentares correspondendo a paleocanais da litofácies com estruturas se~dimentares de canal.

Acredita-se que os arenitos vermelhos do Membro Inferior correspondam ã "Formação Caiuá" em direção a calha do rio Paraná.

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ABSTRACT

The present paper deals with the stratigraphy of Late CretaceousBauru Formation as it is developed in the lower Tietê River valley,Stateof S. Paulo, Brazil.

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Page 2: «CONSIDERAÇõES SOBRE A ESTRATIGRAFIA AMBIENTE DE

A three fold division of the Formation, called Lower, Middleand Upper Members were recognized elsewhere. Only the Lower and~Middleones were developed in the studied area.

The Lower Member is made up of two lithofacies, a red sandy oneand a silty one. The Middle Member is also made up of two lithofacies, asandy one with channel sedimentary structures and a massive sandy one.

The red sandstone lithofacies of the Lower Member is good sorted,the grains beeing uniformly distributed. It was probably laid down influvial channel-bar environment. The silty lithofacies was probably theresult of overfload and eventually lacustrine sedimentation.

The Middle Member sediments probably were formed as a result ofthe filling-up of old valleys which would smoothed down their slopes. Theenvironments of sedimentation would be braided channels and overfloadwhich would reccur each other cyclically.

The so called Caiuá Formation would indeed be the Bauru Forma-tion Lower Member.

I - INTRODUÇÃO

A área estudada abrange a região do Estado de são Paulo compreendida entre Salto do Avanhandava e Corredeira Araçatuba. Lateralmente estende-se a sul até o alinhamento das cidades Avanhandava - Braúna e anorte por uma linha leste-oeste passando por Castilho.

Os limites cartográficos são determinados pelos meridianos 49057' a leste; 50030' a oeste e situa-se entre os paralelos 20045' e 210300 S, perfazendo uma área total aproximada de 4.980 quilômetros quadra-dos (Figura 1).

A Formação Bauru destaca-se na área pela sua dominância territorial. Esculpida por processos erosivos mostra nos vales exposições dosbasaltos subjacentes da Formação Serra Geral. Nos vales, estas Formaçõessão cobertas indistintamente por sedimentos quaternários associados ascalhas dos rios.

Neste trabalho, são caracterizadas as unidades estratigráficas,componentes da Formação Bauru e são tecidas considerações sobre o ambiente de sedimentação a que estiveram sujeitas.

11 ESTRATIGRAFIA DA FOR~~CÃO BAURU.

1 - Evolução dos conhecimentos:Após os estudos pl0nelros de GONZAGA DE CAMPOS (1905) que cul

minaram com a introdução na literatura geológica da denominação "Grês deBauru", vários autores se dedicaram ao estudo da Formação Bauru.

As primeiras tentativas de subdivisão estratigráfica foram fei-tas utilizando apenas o cimento carbonático e a presença de conglomeradoscomo critérios estratigráficos. A utilização de apenas estes critériospara a subdivisão estratigráfica esbarra no problema dos conglomeradosserem de ocorrência local e recorrerem na coluna e do fato do uso do teorde carbonato não ser válido como critério estratigráfico.

Segundo COIMBRA (1976): "Acredita-se não ser válido o uso doteor de carbonato em cimento de arenitos da Formação Bauru, como um critério estratigráfico. Por outro lado as observações de campo e laboraté=rio levam a concluir que um importante critério estratigráfico para aFormação Bauru é a ocorrência de nódulos carbonáticos".

Outros critérios, além dos supracitados, foram utilizados porSOARES e LANDIM (1975) e LANDIM e SOARES (1976) em estudos desenvolvidosno Estado de São Paulo e em caráter regional por COIMBRA (1976), SUGUIOet aI. (1977) e AMARAL (1977). Deste modo valem-se os autores de estudod~ estruturas ~edimentares, presença de canais de recheio, presença denodulos carbonaticos, minerais pesados, fotogeologia, etc... os quaisutilizam como suporte em seus estudos estratigrãficos da Formação Bauru.

O primeiro mapeamento faciológico regional da Formação Bauru,foi executado pelo DAEE (1976), comprovando a possibilidade de subdivi-são da mesma em unidades distintas.

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Ao se proceder análise dentro de um co~texto regional, e promo-vendo a devida correlação das colunas estratigraficas apresentadas pelosautores, percebe-se a existência de correspondência entre elas. Pequenasdivergências parecem existir ao se considerar individualmente os traba-lhos dos autores, porém, as mesmas não subsistem a uma correlação maisacurada se enquadrados dentro de um contexto regional. As divergênciasque parecem existir em uma primeira análise são advindas de estudos decaráter local e que se enquadram bem em escala regional (Quadro 1).

Acreditamos que com a evolução dos conhecimentos sobre esta Formação, outras propostas de subdivisão estratigráfica irão aparecer, edeste modo as denominações formais deverão aguardar um consendo geral sobre as diversas propostas. São mais convenientes os procedimentos adota7dos por SOARES e LANDIM (1975), LANDIM e SOARES (1976) e COIMBRA (1976)que apresentam propostas de subdivisão em unidades, descrevendo-as lito-logicamente, mas sem a preocupação de denominá-Ias.

2 - Estratigrafia propostaO presente trabalho apresenta a proposição de subdivisão

maçao Bauru em três unidades aqui denominadas: Membro Inferior,Médio e Membro Superior (fig. 2).

Os membros por sua vez, comportam subdivisões menores,das por características de campo e de laboratório.

da ForMembrõ

defini-

a) Membro Inferior

O Membro Inferior da Formação Bauru ocupa topografia suave apa-recendo em fotografias aéreas com coloração clara.

Os rios que lhe cortam formam vales alargados com extensas pIanícies de inundação. Via de regra a drenagem exibe textura densa, e sãõfreqUentes as lagoas quando o Membro Inferior é representado pelos siltitos. -

Pode ser subdividido em duas litofácies distintas:litofácies arenitos vermelhos (sobreposta aos basaltosda Formação Serra Geral).litofácies síltica (posição estratigráfica idêntica a litofácies anterior e interdigitada com a mesma. -

Os arenitos vermelhos são via de regra, maciços, sendo observa-da a presença de estratificações plano paralela somente em afloramentonas proximidades de Gastão Vidigal em sua saída para Monções, onde os estratos alcançam 10 cm de espessura.

A cOloração destes arenitos advêm de película limonÍtica que envolve os grãos mi~erais. A granulação varia de fina a média com pouca matriz argilosa e e normalmente dotada de pouco cimento carbonático. Osgrãos são bem arrendondados e bem selecionados.

Na região sudeste da área estudada são mais freqUentes os siltitos e no restante há dominância dos arenitos vermelhos. Sondagens efetuãdas na área e mesmo a oeste desta mostram um aumento gradativo na espes7sura da litofácies arenitos vermelhos em direção a calha do rio Paraná.

Os siltitos aparecem em bancos de espessuras variadas, podendoexceder um metro, sendo dotados de fratura conchoidal típica.

O Membro Inferior aqui proposto corresponde ao Membro Inferiorde SOARES e LANDIM (1975), LANDIM e SOARES (1976), ã Fácies A de Coimbra(1976) e ã litofácies Araçatuba de SUGUIO et aI. (1977).

Acredita-se inclusive que os arenitos vermelhos do Membro Inferior correspondam ã Formação Caiuá, em direção ã calha do rio Paraná.

b) Membro Médio

Na região estudada o Membro Médio da Formação Bauru encontra-senas posições elevadas na topografia.

Em fotografias aéreas apresenta coloração clara, destacando fa-cilmente do Membro Inferior e dos basaltos da Formação Serra Geral, porquebras visíveis no relevo.

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Este Membro apresenta topografia mais movimentada, e em direçãoaos divisores da bacia tende a formar pequenas elevações esculpidas peladrenagem.

Os vales dos afluentes do rio Tietê, vertentes acima, adentrampelos arenitos do Membro Médio, tornando-se mais fechados e profundos,semplanícies de inundação de maior expressão ao contrário de regiõ~s próxi-mas a sua foz onde estas são maiores.

O Membro Médio pode ser subdividido em duas litofácies distin-tas: a inferior rica em estruturas sedimentares, variando de arenitos finos a conglomerados de seixos de argilito e a superior com arenito for7mando bancos com ausência de estruturas sedimentares visíveis. Encontram-se as litofácies interdigitadas.

Denominamo-as respectivamente litofácies de arenitos com estruturas sedimentarcs de canal e litofácies de arenitos maciços.

A litofácies de arenitos com estruturas sedimentares de canal éconstituída de arenitos finos a médios, podendo ainda aparecer termosmais grosseiros chegando a seixos principalmente de argilito. Esta lito-fácies é abundante em estruturas sedimentares, estratificações cruzadastangenciais e acanaladas apresenta ainda nódulos carbonáticos.

O ciclo começa com conglomerados de seixos de argilito, portadores de pelotas de argila de até 30 centímetros de diâmetro, constituin ~

do verdadeiras "clay balls", passando a estratificações cruzadas acanaladas com camadas frontais de até 29 graus de inclinação indicando a açãõde correntes durante a deposição. Ocorrem ainda estratificação plano-pa-ralelas em menor intensidade em direção a parte superior da sequência.

A litofácies de arenitos maciços apresenta sempre em afloramen-tos a ocorrência na forma de bancos que atin~em espessuras de até um metro, quase sempre separados por Ilívcis de ate vinte centímetros de argi7lito ou siltito.

Esta litofácies não apresenta estruturas sedimentares visíveisde grande porte ocorrendo pequenos níveis de estratificações cruzada nabase portadoras de pelotas de argila. Estes níveis são recobertos porarenitos finos a siltitos.

O Membro Médio aqui proposto corresponde em parte à FormaçãoItaqueri de ALMEIDA e BARBOSA (1953), ã Formação Uberaba de HASUI(1968),à Facies Uberaba de Barbosa et aI (1970), à Formação Uberaba de SUGUIO(1973), à Fácies arenitos tufáceos de SOARES e LANDIM (1975) e LANDIM eSOARES (1976), ã Fácies B de COIMBRA (1976) e ã litofácies São José doRio Preto de SUGUIO et aI (1977).

c) Membro Superior

Este Membro da Formação Bauru nao foi neste trabalho, objeto deestudo pela sua ausência na área.

Caracterizaria-se por "topografia mais movimentada ( escarpassustentadas por arenitos com níveis de nódulos carbonáticos), desníveis/de cerca de 100 metros e drenagem formando vales profundos e estreitos",conforme se depreende de COIMBRA (1976).

Corresponde à Formação Marília de ALMEIDA e 3ARBOSA (19:;3), àFormação Bauru de HASUI {l968) , à Fácies Bauru e Fonte Alta de BARBOSAet aI (1970), à Fácies calco-conglomerática de SOARES e LANDIM (1975) eLANDIM e SOARES (1976), ã Fácies C de COIMBRA (1976) e à litofácies Marília de SUGUIO et aI (1977).

111 ANÁLISE PALEOAMBIENTAL

O caráter continental dos depósitos sedimentares da Formação Ba~ru e plenamente aceito no consenso geológico.

Os autores são unânimes em considerar que a Formação Bauru te-nha se depositado em ambientes aquosos, predominantemente fluvial com apresença de regiões lacustres associadas.

A Formação Bauru no início de sua sedimentação encontrou um substrato todo irregular, sendo que este fato já tinha sido salientado porGONZAGA DE CAMPOS (1905) e SUGUIO (1973).

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A superfície dos basaltos e~contra-se totalmente desniveladacoma presença de irregul~ridades topograficas. Este fato foi co~pr~va~o pe-la presen~a de variaçoes de cotas da ordem de 50 metros e~ d~s!anc~a d~seis quilometros (proximidades de Buritama). Estas variaçoes sao observ~veis também ao comparar dados altimétricos do topo do basalto em aflora-mentos e poços de sondagem.

1 - Deposifão do Membro InferiorGrandes vo umes de sed~mentos aportaram à Bacia Bauru, oriundos

principalmente das bordas leste, norte da Bacia do paraná, tendendo a n~velar a região. ~

Este primeiro episodio sedimentar corresponderia exatamente adeposição do Membro Inferior da Formação Bauru e teria ocorrido na formade lençol, correspondendo a deposição dentro de um complexo fluvial.

Esta deposição se deu provavelmente em depósitos de barra de canal quando se refere a litofácies arenitos vermelhos, promovendo boa classificação dos grãos, distribuídos uniformemente quanto ao tamanho. Estascaracterísticas são referidas por Doeglas (1962) para este tipo de depó-sito. A litofácies sÍltica corresponderia a depósitos de transbordamento(depósitos de várzeas) e ainda a provável deposição lacustre.

2 - Deposição do Membro MédioA depos~çao do Membro Med~o da Formação Bauru corresponderia a

ambiente de drenagem mais organizada, com presença constante de canaisfluviais, sob condição de canais anostomosados associados a planície deimmdação, com recorrência de ciclos sedimentares.

Os canais citados encontram-se preenchidos por arenitos com abundantes estratificações cruzadas acanaladas, apresentando em seu fundo emargens a presença de bolas de argila, o que evidencia ainda mais o truncamento da seqUência. -

Estes canais foram escavados sobre níveis de arenitos com estratificações cruzadas e as bolas de argila teriam sua origem a partir deprocessos torrenciais com remobilização de níveis de argilito e pequenotransporte.

Em dire~ão ao topo da seqUência há constante diminuição da gra-nulometria atraves de gradação do tamanho das partículas.

Este conjunto sedimentar apresenta comumente em poços e mesmoem afloramentos uma recorrência de ciclos sedimentares, correspondentesa antigos canais que se sucedem na coluna, compondo a litofácies denomi-nada arenitos com estruturas sedimentares de canal.

Esta recorrência de ciclos sedimentares é comum na litofáciesde arenitos com estruturas sedimentares de canal, não ocorrendo nas ou-tras li tofácies.

ARID (1967) quandomentação postula que "tenhadições, ou pelo menos muitoção".

se refere a Formação Bauru abordando a sediatuado de maneira rítmica sob as mesmas conpróximas, desde a base até o topo da Forma7

Este caráter repetitivo dos ciclos sedimentares se manifesta somente no Membro Médio e não da base ao topo da Formação Bauru como escr~veu ARID (1967).

A zona de estratificações cruzadas acanaladas tangenciais, de-senvolvidas em corpos lenticulares e intercrescentes apresenta melhor seleção de areia, cor respondendo a deposição em zona média da barra em pontal. -

A litofácies de arenitos maciços completa o ciclo fluvial daFormação Bauru na área, se enquadrando dentro do esquema proposto porVISHER (1965, in Med~Qro, R.A. et aI 1971). Esta lito~ácies se depositouna forma de bancos, frequentemente intercalados por n~veis pouco espes

-sos de argilito. Os bancos citados são maciços, sem estruturas visíveis,tendo se depositado provavelmente em barras de pontal representando mistura de sedimentos depositados por descarga durante as cheias.

Ambas as litofácies estão interdigitadas, havendo a presença nas

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partes superiores de modo mais constante dos bancos de arenitos maciçosaocontrário da base onde haveriam processos mais energéticos resultando nasedimentação dos arenitos com estruturas sedimentares típicas de canal.

IV - CONCLUSOES PRINCIPAIS

a) A Formação Bauru pode ser subdividida em três unidadesdenominadas: Membro Inferior, Membro Médio e Membro Superior-

b) Os Membros da Formação Bauru são unidades litológicasdefinidas por características de campo e de laboratório, com extensão su-ficiente para aparecerem em mapas com escala tão pequena quanto 1:200.000(BRANDT NETO, 1977). Potencialmente eles poderiam ser considerados, portanto, como Formaçóes o que elevaria a categoria do Bauru para Grupo. Futu~ros estudos regionais poderiam eventualmente conduzir a essa reformulaçãoestratigráfica.

c) A deposição do Membro Inferior da Formação Bauru se deuprovavelmente em depósitos de barra de canal quando se refere a litofá-cies arenitos vermelhos, promovendo boa classificação dos grãos, distri -

buídos uniformente quanto ao tamanho. A litofácies síltica corresponderiaa depósitos de transbordamento (dépósito de várzea) e eventualmente deposição lacustre. -

d) A deposição do Membro Médio da Formação Bauru teria si-do sob condições de canais anastomosados, associados a planícies de inun-dação apresentando em determinados tempos a recorrência de ciclos sedimentares correspondentes a paleocanais da litofácies com estruturas sedimen~tares de canal.

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