considerações sobre o novo acordo ortográfico maria bernadete m. abaurre [email protected]...

53
Considerações sobre Considerações sobre o Novo Acordo o Novo Acordo Ortográfico Ortográfico Maria Bernadete M. Maria Bernadete M. Abaurre Abaurre [email protected] [email protected] IEL/Unicamp IEL/Unicamp 23 de março de 2009 23 de março de 2009

Upload: internet

Post on 18-Apr-2015

105 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

Considerações sobre o Considerações sobre o Novo Acordo OrtográficoNovo Acordo Ortográfico

Maria Bernadete M. AbaurreMaria Bernadete M. Abaurre

[email protected]@matrix.com.br

IEL/UnicampIEL/Unicamp

23 de março de 200923 de março de 2009

Page 2: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

Texto publicitário publicadona contracapa da revista Língua Portuguesa, ano III, no. 35,Setembro de 2008

Page 3: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

O NAO entrou em vigor em 01.01.2009O NAO entrou em vigor em 01.01.2009

No Brasil: período de transição de No Brasil: período de transição de quatroquatro anos. anos.

Em Portugal: período de transição de Em Portugal: período de transição de seisseis anos. anos.

Nesse período, durante o qual se adaptarão os livros Nesse período, durante o qual se adaptarão os livros

didáticos, as gramáticas, os dicionários os documentos didáticos, as gramáticas, os dicionários os documentos

públicos e os concursos, conviverão as duas grafias. públicos e os concursos, conviverão as duas grafias.

Page 4: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

Histórico e objetivos Histórico e objetivos do Acordodo Acordo

Page 5: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

De 1986 até os dias atuaisDe 1986 até os dias atuais

19861986 – Reunião de representantes dos sete países de – Reunião de representantes dos sete países de

língua portuguesa no Rio de Janeiro resulta nas Bases língua portuguesa no Rio de Janeiro resulta nas Bases

Analíticas da Ortografia Simplificada da Língua Portuguesa Analíticas da Ortografia Simplificada da Língua Portuguesa

de 1945 (nunca foram implementadas).de 1945 (nunca foram implementadas).

19901990 – – Surge o Surge o Acordo de Ortografia Simplificada entre Acordo de Ortografia Simplificada entre

Brasil e Portugal para a LusofoniaBrasil e Portugal para a Lusofonia, nova versão do , nova versão do

documento de 1986.documento de 1986.

Page 6: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

Principais negociadores do Acordo:Principais negociadores do Acordo:

Pelo Brasil: Atônio Houaiss (ABL)Pelo Brasil: Atônio Houaiss (ABL)

Por Portugal: João Malaca Casteleiro (Instituto de Por Portugal: João Malaca Casteleiro (Instituto de

Lexicologia e Lexicografia da Língua Portuguesa Lexicologia e Lexicografia da Língua Portuguesa

da Academia de Ciências de Lisboa. Autor do da Academia de Ciências de Lisboa. Autor do

Dicionário da Língua Portuguesa ContemporâneaDicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, ,

2001, ACL)2001, ACL)

Page 7: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

Um parêntese...Um parêntese... “ “Considerando que o projecto de texto de ortografia Considerando que o projecto de texto de ortografia

unificada de língua portuguesa (...) constitui um passo unificada de língua portuguesa (...) constitui um passo

importante para a defesa da unidade essencial da língua importante para a defesa da unidade essencial da língua

portuguesa e para o seu prestígio internacional,portuguesa e para o seu prestígio internacional,

Considerando que Considerando que o texto do acordo que ora se aprova o texto do acordo que ora se aprova

resulta de um aprofundado debate nos países signatáriosresulta de um aprofundado debate nos países signatários

(...)”(...)”

(seguem-se: lista dos países signatários, 4 artigos e as assinaturas) (seguem-se: lista dos países signatários, 4 artigos e as assinaturas)

Page 8: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

19951995 – Brasil e Portugal aprovam oficialmente o documento – Brasil e Portugal aprovam oficialmente o documento

de 1990 (assinado pelos representantes de Angola, Brasil, de 1990 (assinado pelos representantes de Angola, Brasil,

Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São

Tomé e Príncipe), que passa a ser reconhecido como Acordo Tomé e Príncipe), que passa a ser reconhecido como Acordo

Ortográfico de 1995 (no Brasil: Ortográfico de 1995 (no Brasil: Decreto Legislativo no. 54 de Decreto Legislativo no. 54 de

19951995).).

19981998 – No Primeiro – No Primeiro Protocolo Modificativo ao Acordo Protocolo Modificativo ao Acordo

Ortográfico da Língua Portuguesa fica estabelecido que todos Ortográfico da Língua Portuguesa fica estabelecido que todos

os membros da Comunidade dos Países de Língua os membros da Comunidade dos Países de Língua

Portuguesa (CPLP) devem ratificar as normas propostas no Portuguesa (CPLP) devem ratificar as normas propostas no

Acordo Ortográfico de 1995 para que este seja implantado.Acordo Ortográfico de 1995 para que este seja implantado.

Page 9: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

20022002 – O Timor Leste torna-se independente e passa a fazer parte – O Timor Leste torna-se independente e passa a fazer parte

da CPLP.da CPLP.

20042004 – Com a aprovação do Segundo Protocolo Modificativo ao – Com a aprovação do Segundo Protocolo Modificativo ao

Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, fica determinado que Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, fica determinado que

basta a ratificação de três membros para o acordo entrar em basta a ratificação de três membros para o acordo entrar em

vigor. No mesmo ano, o Brasil ratifica o acordo.vigor. No mesmo ano, o Brasil ratifica o acordo.

20062006 – Cabo Verde e São Tomé e Príncipe ratificam o documento, – Cabo Verde e São Tomé e Príncipe ratificam o documento,

possibilitando a entrada em vigor do acordo.possibilitando a entrada em vigor do acordo.

20082008 – Portugal aprova o acordo ortográfico. – Portugal aprova o acordo ortográfico.

Page 10: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

Objetivos e justificativaObjetivos e justificativa

Principal objetivo do novo acordo ortográfico:Principal objetivo do novo acordo ortográfico:

““Unificar a ortografia da língua portuguesa Unificar a ortografia da língua portuguesa

que, atualmente, é o único idioma do que, atualmente, é o único idioma do

ocidente que tem duas grafias oficiais - a do ocidente que tem duas grafias oficiais - a do

Brasil e a de Portugal”. Brasil e a de Portugal”.

Page 11: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

Justificativa apresentada:Justificativa apresentada:

O português é língua oficial de oito países: Angola, Brasil, O português é língua oficial de oito países: Angola, Brasil,

Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São

Tomé e Príncipe e Timor Leste (cerca de 230 milhões de Tomé e Príncipe e Timor Leste (cerca de 230 milhões de

falantes).falantes).

A unificação facilitará a circulação de materiais, como A unificação facilitará a circulação de materiais, como

documentos oficiais e livros, entre esses países, sem que documentos oficiais e livros, entre esses países, sem que

seja necessário fazer uma “tradução” do material.seja necessário fazer uma “tradução” do material.

Page 12: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

O fato de haver duas grafias oficiais dificulta o O fato de haver duas grafias oficiais dificulta o

estabelecimento do português como um dos estabelecimento do português como um dos

idiomas oficiais da Organização das Nações idiomas oficiais da Organização das Nações

Unidas (ONU).Unidas (ONU).

Segundo o texto oficial do acordo, ele “constitui Segundo o texto oficial do acordo, ele “constitui

um um passo importante para a defesa da unidade passo importante para a defesa da unidade

essencial da língua portuguesaessencial da língua portuguesa e para o seu e para o seu

prestígio internacional”.prestígio internacional”.

Page 13: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

Segundo o MEC:Segundo o MEC:

““com o acordo, as diferenças ortográficas com o acordo, as diferenças ortográficas

existentes entre o português do Brasil e o de existentes entre o português do Brasil e o de

Portugal serão resolvidas em 98%”.Portugal serão resolvidas em 98%”.

““A unificação da ortografia acarretará alterações A unificação da ortografia acarretará alterações

na forma de escrita em 1,6% do vocabulário na forma de escrita em 1,6% do vocabulário

usado em Portugal e de 0,5%, no Brasil”.usado em Portugal e de 0,5%, no Brasil”.

Page 14: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

Segundo Antônio Huaiss:Segundo Antônio Huaiss:

““Portugal, o Brasil e os cinco países africanos de Portugal, o Brasil e os cinco países africanos de

língua portuguesa reconhecem que língua portuguesa reconhecem que a inexistência a inexistência

de uma única ortografia oficial traz não apenas de uma única ortografia oficial traz não apenas

dificuldades de natureza linguísticadificuldades de natureza linguística, mas também , mas também

de natureza política. Daí o esforço desses países de natureza política. Daí o esforço desses países

em efetivar o novo Acordo”.em efetivar o novo Acordo”.

Page 15: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

““O novo texto da unificação é menos radical que o proposto O novo texto da unificação é menos radical que o proposto

em 1986 e em 1986 e atende de forma mais satisfatória às atende de forma mais satisfatória às

necessidades linguísticas dos diferentes países que falam o necessidades linguísticas dos diferentes países que falam o

Português, evitando, assim, a Português, evitando, assim, a desagregação do idioma”.desagregação do idioma”.

““São dois os objetivos básicos do Acordo: o primeiro é fixar São dois os objetivos básicos do Acordo: o primeiro é fixar

e delimitar as diferenças atualmente existentes entre os e delimitar as diferenças atualmente existentes entre os

falantes da língua; o segundo é criar uma comunidade que falantes da língua; o segundo é criar uma comunidade que

constitua uma unidade linguística expressiva, ampliando constitua uma unidade linguística expressiva, ampliando

seu prestígio junto aos organismos internacionais”.seu prestígio junto aos organismos internacionais”.

Page 16: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

““O novo Acordo privilegia o critério fonético O novo Acordo privilegia o critério fonético

em detrimento do etimológico, ou seja, é o em detrimento do etimológico, ou seja, é o

critério de pronúncias que justifica a critério de pronúncias que justifica a

existência de grafias duplas e a supressão existência de grafias duplas e a supressão

das consoantes ‘mudas’ ou não das consoantes ‘mudas’ ou não

articuladas”. articuladas”.

Houaiss, A. Houaiss, A. A Nova Ortografia da Língua PortuguesaA Nova Ortografia da Língua Portuguesa. São Paulo: . São Paulo:

Ática. 1991.Ática. 1991.

Page 17: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

O texto do Novo O texto do Novo Acordo: estrutura Acordo: estrutura

Page 18: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

Estruturado em 21 bases, sobre os temas:Estruturado em 21 bases, sobre os temas:

Alfabeto e grafia de nomes próprios estrangeiros (Base I)Alfabeto e grafia de nomes próprios estrangeiros (Base I)

Uso do h (Base II)Uso do h (Base II)

Grafemas consonânticos (Base III)Grafemas consonânticos (Base III)

Sequências consonânticas (Base IV)Sequências consonânticas (Base IV)

Vogais átonas (Base V)Vogais átonas (Base V)

Vogais nasais (Base VI)Vogais nasais (Base VI)

Ditongos (Base VII)Ditongos (Base VII)

Acentuação gráfica (Bases VIII, IX, X, XI, XII, XIII)Acentuação gráfica (Bases VIII, IX, X, XI, XII, XIII)

Page 19: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

Uso do trema (Base XIV)Uso do trema (Base XIV)

Uso do hífen (Bases XV, XVI, XVII)Uso do hífen (Bases XV, XVI, XVII)

Uso do apóstrofo (Base XVIII)Uso do apóstrofo (Base XVIII)

Uso de letras maiúsculas e minúsculas (Base XIX)Uso de letras maiúsculas e minúsculas (Base XIX)

Divisão silábica (Base XX)Divisão silábica (Base XX)

Grafia de assinaturas e firmas (Base XXI)Grafia de assinaturas e firmas (Base XXI)

Page 20: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

As principais As principais modificaçõesmodificações

Fonte: Faraco, C. A. Fonte: Faraco, C. A.

Mudanças ortográficas no horizonte. Mudanças ortográficas no horizonte.

Publicado originalmente em: ww.cbncuritiba.com.brPublicado originalmente em: ww.cbncuritiba.com.br

Reproduzido em:Reproduzido em:

www.museudalinguaportuguesa.org.brwww.museudalinguaportuguesa.org.br

Page 21: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

I. AcentuaçãoI. Acentuação

a) desaparece o acento circunflexo do primeiro a) desaparece o acento circunflexo do primeiro oo em em

palavras paroxítonas terminadas em palavras paroxítonas terminadas em oooo, seguidas ou não , seguidas ou não

de de ss::

vôovôo, , enjôoenjôo, , abençôoabençôo voovoo, , enjooenjoo, , abençooabençoo; ; 

b) desaparece o acento circunflexo das formas verbais da b) desaparece o acento circunflexo das formas verbais da

terceira pessoa do plural terminadas em terceira pessoa do plural terminadas em –eem–eem::

lêem, dêem, crêem,lêem, dêem, crêem, vêemvêem leem, deem, creem, veem;leem, deem, creem, veem;

Page 22: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

cc) deixam de ser acentuados os ditongos abertos ) deixam de ser acentuados os ditongos abertos éiéi e e óiói das das

palavras paroxítonas:palavras paroxítonas:

idéia, assembléia, heróico, paranóicoidéia, assembléia, heróico, paranóico ideia, assembleia, heroico, ideia, assembleia, heroico,

paranoico;paranoico;

d) fica abolido, nas palavras paroxítonas, o acento agudo no d) fica abolido, nas palavras paroxítonas, o acento agudo no ii e no e no

uu tônicos precedidos de ditongo: tônicos precedidos de ditongo:

feiúra, baiúcafeiúra, baiúca feiura, baiucafeiura, baiuca;;

e) fica abolido, nas formas verbais rizotônicas, o acento agudo do e) fica abolido, nas formas verbais rizotônicas, o acento agudo do

uu tônico precedido de tônico precedido de gg ou ou qq e seguido de e seguido de ee ou ou ii..

averigúeaverigúe, , apazigúeapazigúe e e argúemargúem averigue, apazigue, arguem;averigue, apazigue, arguem;

Page 23: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

f) deixa de existir o acento agudo ou circunflexo nas palavras f) deixa de existir o acento agudo ou circunflexo nas palavras

paroxítonas que, tendo vogal tônica aberta ou fechada, são paroxítonas que, tendo vogal tônica aberta ou fechada, são

homógrafas de palavras átonas. homógrafas de palavras átonas.

Assim, deixam de se distinguir pelo acento gráfico:– Assim, deixam de se distinguir pelo acento gráfico:– parapara, ,

flexão do verbo flexão do verbo pararparar, e , e parapara, preposição; – , preposição; – pela(s) pela(s) (é), (é),

substantivo e flexão do verbo substantivo e flexão do verbo pelarpelar, e , e pela(s)pela(s), combinação da , combinação da

preposição preposição perper e o artigo e o artigo a(s)a(s);– ;– polo(s) polo(s) (ó), substantivo, e (ó), substantivo, e

polo(s)polo(s), combinação antiga e popular de , combinação antiga e popular de porpor e e lo(s)lo(s); – pelo ; – pelo

(é), flexão de (é), flexão de pelarpelar, , pelo(s)pelo(s) (ê), substantivo, e (ê), substantivo, e pelo(s)pelo(s)

combinação da preposição per e o artigo combinação da preposição per e o artigo o(s)o(s);– ;– perapera (ê), (ê),

substantivo (fruta), substantivo (fruta), perapera (é), substantivo arcaico (pedra) e (é), substantivo arcaico (pedra) e

perapera preposição arcaica. preposição arcaica.

Page 24: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

A reforma de 1971 aboliu os acentos circunflexos diferenciais. A reforma de 1971 aboliu os acentos circunflexos diferenciais.

Manteve esse acento apenas para a forma verbal ‘Manteve esse acento apenas para a forma verbal ‘pôde’pôde’. O texto . O texto

do Acordo mantém esta exceção e acrescenta, facultativamente, o do Acordo mantém esta exceção e acrescenta, facultativamente, o

uso do acento na palavra uso do acento na palavra fôrmafôrma..

O Acordo manteve a duplicidade de acentuação (acento O Acordo manteve a duplicidade de acentuação (acento

circunflexo ou agudo) em palavras como circunflexo ou agudo) em palavras como econômico/económicoeconômico/económico, ,

acadêmico/académicoacadêmico/académico, , fêmur/fémurfêmur/fémur, , bebê/bebébebê/bebé..

Esta acentuação reflete o timbre fechado (mais freqüente no Esta acentuação reflete o timbre fechado (mais freqüente no

Brasil) e o timbre aberto (mais frequente em Portugal e nos Brasil) e o timbre aberto (mais frequente em Portugal e nos

demais países lusófonos) das pronúncias cultas das vogais nestes demais países lusófonos) das pronúncias cultas das vogais nestes

contextos, por isso não foi alterada. contextos, por isso não foi alterada.

As duas formas passam a ser aceitas em todo o território da As duas formas passam a ser aceitas em todo o território da

lusofonia e devem ambas constar dos dicionários. lusofonia e devem ambas constar dos dicionários.

Page 25: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

II. Uso do hífenII. Uso do hífen

a) Nas palavras e expressões compostas:a) Nas palavras e expressões compostas:

O Acordo manteve inalteradas as disposições anteriores, O Acordo manteve inalteradas as disposições anteriores,

determinando apenas que devem ser grafados sem hífen certos determinando apenas que devem ser grafados sem hífen certos

compostos compostos nos quais se perdeu a noção de composiçãonos quais se perdeu a noção de composição

((mandachuvamandachuva e e paraquedasparaquedas, por exemplo, mas guarda-chuva)., por exemplo, mas guarda-chuva).

“ “Para saber quais compostos perderão o hífen, teremos de esperar Para saber quais compostos perderão o hífen, teremos de esperar

a publicação do novo Vocabulário Ortográfico pela Academia das a publicação do novo Vocabulário Ortográfico pela Academia das

Ciências de Lisboa e pela Academia Brasileira de Letras. O texto Ciências de Lisboa e pela Academia Brasileira de Letras. O texto

do Acordo prevê a aglutinação, dá alguns exemplos e termina o do Acordo prevê a aglutinação, dá alguns exemplos e termina o

enunciado com um etc. – o que, infelizmente, deixa em aberto a enunciado com um etc. – o que, infelizmente, deixa em aberto a

questão.” questão.”

Page 26: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

b) Nas palavras formadas por prefixação:b) Nas palavras formadas por prefixação:

Emprega-se o hífen quando:Emprega-se o hífen quando:

o segundo elemento começa por o segundo elemento começa por h h ( ( pré-história, super-homem, pré-história, super-homem,

pan-helenismo, semi-hospitalarpan-helenismo, semi-hospitalar))

Exceção: manteve-se a regra atual para as palavras formadas com Exceção: manteve-se a regra atual para as palavras formadas com

os prefixos os prefixos desdes- e - e inin-, grafadas sem hífen (-, grafadas sem hífen (desumanodesumano, , inábilinábil, ,

inumanoinumano).).

o prefixo termina na mesma vogal com que se inicia o segundo o prefixo termina na mesma vogal com que se inicia o segundo

elemento (elemento (contra-almirante, supra-auricular, auto-observação, contra-almirante, supra-auricular, auto-observação,

micro-onda, infra-axilarmicro-onda, infra-axilar))

Exceção: manteve-se a regra atual em relação ao prefixo Exceção: manteve-se a regra atual em relação ao prefixo co-co-

((coordenaçãocoordenação, , cooperaçãocooperação, , coobrigaçãocoobrigação) )

Page 27: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

Aboliu-se o uso do hífen quando:Aboliu-se o uso do hífen quando:

o segundo elemento começa com o segundo elemento começa com ss ou ou rr, devendo estas consoantes ser , devendo estas consoantes ser

duplicadas (duplicadas (antirreligiosoantirreligioso, , contrarregracontrarregra, , infrassom, minissaia, infrassom, minissaia,

ultrarromânticoultrarromântico).).

Exceção: manteve-se o hífen quando os prefixos terminam com Exceção: manteve-se o hífen quando os prefixos terminam com rr, ou , ou

seja, seja, hiperhiper-, -, interinter- e - e supersuper- (- (hiper-requintadohiper-requintado,, inter-resistente inter-resistente, , super-super-

revistarevista). ). 

quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com

uma vogal diferente (uma vogal diferente (extraescolar, aeroespacial, autoestrada, extraescolar, aeroespacial, autoestrada,

autoaprendizagem, antiaéreo, agroindustrial, hidroelétricaautoaprendizagem, antiaéreo, agroindustrial, hidroelétrica). ).

Observação: permanecem inalteradas as demais regras do uso do hífen.Observação: permanecem inalteradas as demais regras do uso do hífen.

Page 28: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

Atenção, revisores de texto!Atenção, revisores de texto!

Na Base XX (Da divisão silábica) do Acordo, lê-se:Na Base XX (Da divisão silábica) do Acordo, lê-se:

“ “Na translineação de uma palavra composta ou de uma Na translineação de uma palavra composta ou de uma

combinação de palavras em que há um hífen, ou mais, se a combinação de palavras em que há um hífen, ou mais, se a

partição coincide com o final de um dos elementos ou partição coincide com o final de um dos elementos ou

membros, deve, membros, deve, por clareza gráficapor clareza gráfica, repetir-se o hífen no , repetir-se o hífen no

início da linha imediata” início da linha imediata”

ex-ex-

-alferes-alferes

serená-serená-

-los-emos-los-emos

Page 29: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

III. O tremaIII. O trema

O trema fica abolido pelo Acordo:O trema fica abolido pelo Acordo:

lingüísticalingüística, , cinqüentacinqüenta, , seqüestroseqüestro linguísticalinguística, ,

cinquentacinquenta, , sequestrosequestro

Obs.: mantém-se este diacrítico apenas em Obs.: mantém-se este diacrítico apenas em

palavras derivadas de nomes próprios palavras derivadas de nomes próprios

estrangeiros: estrangeiros: müllerianomülleriano (de (de MüllerMüller) )

Page 30: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

IV. Sobre o alfabeto do portuguêsIV. Sobre o alfabeto do português

Passa a ser constituído de 26 letras, com a Passa a ser constituído de 26 letras, com a

incorporação do incorporação do KK, do , do WW e do e do YY..

Essas letras continuam a ser usadas apenas em Essas letras continuam a ser usadas apenas em

casos especiais (antropônimos: casos especiais (antropônimos: DarwinDarwin; ;

topônimos: topônimos: Kuwait; Kuwait; siglas: siglas: KLM;KLM; símbolos: símbolos: kgkg

[quilograma] e unidades de medida: [quilograma] e unidades de medida: kilowattkilowatt). ).

Page 31: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

V. Sobre maiúsculas e minúsculasV. Sobre maiúsculas e minúsculas

Uso obrigatório das maiúsculasUso obrigatório das maiúsculas

Em antropônimos, topônimos, nome de seres mitológicos ou Em antropônimos, topônimos, nome de seres mitológicos ou

antropomorfizados, nomes de instituições, nomes de antropomorfizados, nomes de instituições, nomes de

festividades, títulos de periódicos, nomes de pontos cardeais festividades, títulos de periódicos, nomes de pontos cardeais

empregados absolutamente (Nordeste, por nordeste do empregados absolutamente (Nordeste, por nordeste do

Brasil), siglas, símbolos, iniciais de abreviaturas (Sr.) Brasil), siglas, símbolos, iniciais de abreviaturas (Sr.)

Page 32: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

Uso facultativo das maiúsculas:Uso facultativo das maiúsculas:

Nos nomes que designam domínios do saber, cursos e Nos nomes que designam domínios do saber, cursos e

disciplinas (disciplinas (português/Português, letras/Letrasportuguês/Português, letras/Letras); em ); em

palavras usadas reverencialmente ou hierarquicamente palavras usadas reverencialmente ou hierarquicamente

((santa/Santa Genoveva, doutor/Doutor Magalhãessanta/Santa Genoveva, doutor/Doutor Magalhães); em ); em

categorizações de logradouros públicos, templos, edifícios; categorizações de logradouros públicos, templos, edifícios;

nos bibliônimos, após o primeiro elemento, que é sempre nos bibliônimos, após o primeiro elemento, que é sempre

grafado com maiúscula (grafado com maiúscula (Menino de engenho/Menino de Menino de engenho/Menino de

EngenhoEngenho). ).

Page 33: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

VI. Além disso...VI. Além disso...

O Acordo, na Base XVIII (Do apóstrofo), incorpora, sob a forma de O Acordo, na Base XVIII (Do apóstrofo), incorpora, sob a forma de

proibição, uma tradição gramatical de rejeição à contração da proibição, uma tradição gramatical de rejeição à contração da

preposição com o artigo ou pronome em construções com preposição com o artigo ou pronome em construções com

infinitivo: infinitivo: É difícil explicar oÉ difícil explicar o fato fato de os eleitoresde os eleitores por vezes por vezes

preferirem votar em candidatos com ficha suja... preferirem votar em candidatos com ficha suja...

Passa a constituir erro de ortografia, portanto, a grafia:Passa a constituir erro de ortografia, portanto, a grafia: ... O fato ... O fato

dos eleitoresdos eleitores por vezes preferirem... por vezes preferirem...

(embora, segundo E. Bechara [(embora, segundo E. Bechara [Moderna gramática portuguesaModerna gramática portuguesa], ],

essa contração seja atestada em vários escritores clássicos da essa contração seja atestada em vários escritores clássicos da

língua).língua).

Page 34: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

Algumas dúvidasAlgumas dúvidas

Page 35: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

As maiores dúvidas dizem respeito ao uso do hífenAs maiores dúvidas dizem respeito ao uso do hífen

no caso das palavras compostas, como interpretar a observação, na no caso das palavras compostas, como interpretar a observação, na

Base XV: “certos compostos, Base XV: “certos compostos, em relação aos quais se perdeu, em em relação aos quais se perdeu, em

certa medida, a noção de composiçãocerta medida, a noção de composição, grafam-se aglutinadamente: , grafam-se aglutinadamente:

girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas,

paraquedista, etc” paraquedista, etc” ??..

Como afirmar que a noção de composição se perdeu em formações Como afirmar que a noção de composição se perdeu em formações

com verbo+substantivo como com verbo+substantivo como mandachuva, mandachuva, mas não emmas não em guarda- guarda-

chuva? chuva? EmEm paralama paralama ee parabrisa, parabrisa, mas não emmas não em para-choque? para-choque? Quem Quem

decide? Os autores do Novo VOLP, membros da Comissão de decide? Os autores do Novo VOLP, membros da Comissão de

Lexicologia e Lexicografia da ABL (Eduardo Portella, Evanildo Lexicologia e Lexicografia da ABL (Eduardo Portella, Evanildo

Bechara e Alfredo Bosi), tiveram de solucionar problemas como esse Bechara e Alfredo Bosi), tiveram de solucionar problemas como esse

para lançar a obra em março de 2009. para lançar a obra em março de 2009.

Page 36: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

No caso do prefixo No caso do prefixo re-, re-, o NAO é omisso. Há dúvidas sobre a o NAO é omisso. Há dúvidas sobre a

escrita de palavras como escrita de palavras como re-elegerre-eleger, , re-escreverre-escrever.. Por ser Por ser

átono, deveria o átono, deveria o re-re- seguir a regra aplicável a seguir a regra aplicável a pre-pre- ( (preverprever, ,

mas mas pré-escolapré-escola) e a ) e a pro-pro- ( (promoverpromover, mas , mas pró-africanopró-africano) e ) e

aglutinar-se ao elemento seguinte?aglutinar-se ao elemento seguinte?

Essa foi a solução adotada pelo VOLP. Segundo Bechara, o Essa foi a solução adotada pelo VOLP. Segundo Bechara, o

NAO apresenta alguns “silêncios normativos” (sic), o que NAO apresenta alguns “silêncios normativos” (sic), o que

criou a necessidade de interpretação do espírito do criou a necessidade de interpretação do espírito do

documento por parte dos membros da Comissão documento por parte dos membros da Comissão

responsável pela preparação do novo VOLP...responsável pela preparação do novo VOLP...

Page 37: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

Questões frequentesQuestões frequentes

Page 38: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

Consultar lista de 17 FAQ’s (questões Consultar lista de 17 FAQ’s (questões

freqüentes) sobre o NAO no site da freqüentes) sobre o NAO no site da

Comunidade dos Países de Língua Comunidade dos Países de Língua

Portuguesa (CPLP):Portuguesa (CPLP):

www.cplp.orgwww.cplp.org

Page 39: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

Um exemplo:Um exemplo:

Questão 14: Mas se o critério fonético está subjacente às Questão 14: Mas se o critério fonético está subjacente às

alterações, o Português falado é alterado?alterações, o Português falado é alterado?

Não. A forma falada do Português não sofrerá qualquer Não. A forma falada do Português não sofrerá qualquer

alteração, no curto prazo (embora não seja de excluir que, alteração, no curto prazo (embora não seja de excluir que,

no futuro, o “p” que os portugueses utilizam em no futuro, o “p” que os portugueses utilizam em baptismobaptismo e e

pronunciam muito levemente, venha a desaparecer)pronunciam muito levemente, venha a desaparecer)

(...)(...)

Page 40: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

A polêmicaA polêmica

Page 41: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

Há defesa do/oposição ao NAO tanto em Portugal como no Brasil. Há defesa do/oposição ao NAO tanto em Portugal como no Brasil.

As discussões, no entanto, têm sido muito mais acaloradas em As discussões, no entanto, têm sido muito mais acaloradas em

Portugal.Portugal.

para um exemplo do “tom” das discussões em Portugal, ver posts para um exemplo do “tom” das discussões em Portugal, ver posts

no blog oficial da no blog oficial da Petição em Defesa da Língua Portuguesa contra Petição em Defesa da Língua Portuguesa contra

o Acordo Ortográficoo Acordo Ortográfico,, do Prof. António Emiliano (linguista e do Prof. António Emiliano (linguista e

filólogo, Universidade Nova de Lisboa), em:filólogo, Universidade Nova de Lisboa), em:

www.emdefesadalinguaportuguesa.blogspot.comwww.emdefesadalinguaportuguesa.blogspot.com

Artigos sobre o NAO do escritor Vasco Graça Moura, um dos mais Artigos sobre o NAO do escritor Vasco Graça Moura, um dos mais

ferrenhos opositores do Acordo, em Portugal.ferrenhos opositores do Acordo, em Portugal.

Page 42: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

para uma defesa do NAO no Brasil, ver texto de para uma defesa do NAO no Brasil, ver texto de

Carlos Alberto Faraco (membro da Comissão para Carlos Alberto Faraco (membro da Comissão para

a Definição da Política de Ensino-Aprendizagem, a Definição da Política de Ensino-Aprendizagem,

Pesquisa e Promoção da Língua Portuguesa do Pesquisa e Promoção da Língua Portuguesa do

MEC), MEC), Uma mudança necessáriaUma mudança necessária, no site do , no site do

Museu da Língua Portuguesa:Museu da Língua Portuguesa:

www.museudalinguaportuguesa.org.brwww.museudalinguaportuguesa.org.br

Page 43: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

Alguns problemas apontados por Faraco com relação à Alguns problemas apontados por Faraco com relação à

dupla ortografia:dupla ortografia:

impedimentos à livre circulação, nos países lusófonos, de impedimentos à livre circulação, nos países lusófonos, de

livros com ortografia brasileira, o que força a existência de livros com ortografia brasileira, o que força a existência de

“traduções”, aumenta em muito os custos editoriais e “traduções”, aumenta em muito os custos editoriais e

causa prejuízos culturais e econômicos ao Brasil.causa prejuízos culturais e econômicos ao Brasil.

Impedimento a ações conjuntas na certificação de Impedimento a ações conjuntas na certificação de

proficiência em português como língua estrangeira e na proficiência em português como língua estrangeira e na

promoção internacional da língua.promoção internacional da língua.

Page 44: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

““(...) o melhor resultado do Acordo é o fim da duplicidade de (...) o melhor resultado do Acordo é o fim da duplicidade de

ortografias. Esta duplicidade não seria, em princípio, um ortografias. Esta duplicidade não seria, em princípio, um

problema, já que as diferenças não são de tal monta que problema, já que as diferenças não são de tal monta que

interfiram na compreensão dos textos.interfiram na compreensão dos textos.

No entanto – e este é um ponto que raramente aparece nos No entanto – e este é um ponto que raramente aparece nos

debates -, Portugal transformou a duplicidade de ortografias em debates -, Portugal transformou a duplicidade de ortografias em

um instrumento político para embaraçar a presença brasileira seja um instrumento político para embaraçar a presença brasileira seja

na relação com os demais países lusófonos, seja na promoção na relação com os demais países lusófonos, seja na promoção

internacional da língua. No fundo (...), Portugal teme a internacional da língua. No fundo (...), Portugal teme a

‘brasilianização da língua’ (afinal, 85% dos falantes estão aqui) e ‘brasilianização da língua’ (afinal, 85% dos falantes estão aqui) e

tenta nos neutralizar, praticando uma política da língua que busca tenta nos neutralizar, praticando uma política da língua que busca

sempre nos deixar em plano secundário”. sempre nos deixar em plano secundário”.

Page 45: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

Para pensar (sobre as escritas Para pensar (sobre as escritas “marginais”)...“marginais”)...

Lemle, Miriam. Lemle, Miriam. Reforma ortográfica: uma Reforma ortográfica: uma

questão linguística ou política?questão linguística ou política?

Em: Boletim da ABRALIN 1, pp. 18-24. Em: Boletim da ABRALIN 1, pp. 18-24.

19811981

Page 46: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009
Page 47: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009
Page 48: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009
Page 49: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009
Page 50: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

Uma opinião...Uma opinião...

Page 51: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

RL: Como o acordo de unificação ortográfica é visto em Moçambique?RL: Como o acordo de unificação ortográfica é visto em Moçambique?

MC: De uma maneira muito displicente. Percebe-se que não é isso MC: De uma maneira muito displicente. Percebe-se que não é isso

que falta, nem que vá resultar grande coisa. É como se fosse uma que falta, nem que vá resultar grande coisa. É como se fosse uma

questão só de Portugal e Brasil. Meus livros são publicados no Brasil questão só de Portugal e Brasil. Meus livros são publicados no Brasil

com grafia moçambicana, que é portuguesa, e ninguém me disse com grafia moçambicana, que é portuguesa, e ninguém me disse

que ficou muito atrapalhado com isso. que ficou muito atrapalhado com isso. Leio com enorme prazer os Leio com enorme prazer os

livros brasileiros e um dos prazeres é o fato de vocês terem uma livros brasileiros e um dos prazeres é o fato de vocês terem uma

grafia distinta. A existência dela não é problema, pois sentir certa grafia distinta. A existência dela não é problema, pois sentir certa

falta de familiaridade mostra que ali está um outro povo, uma outra falta de familiaridade mostra que ali está um outro povo, uma outra

cultura falando.cultura falando.

Mia Couto: A voz de MoçambiqueMia Couto: A voz de Moçambique. (Entrevista concedida a Luiz Costa Pereira . (Entrevista concedida a Luiz Costa Pereira

Junior. Junior. Revista Língua PortuguesaRevista Língua Portuguesa, ano III, no. 33, pp. 12-16)., ano III, no. 33, pp. 12-16).

Page 52: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

A morte é como o umbigo: o quanto nela existe é a sua cicatriz, a A morte é como o umbigo: o quanto nela existe é a sua cicatriz, a

lembrança de uma anterior existência. A bordo do barco que me leva lembrança de uma anterior existência. A bordo do barco que me leva

à ilha de Luar-do-Chão não é senão a morte que me vai ditando suas à ilha de Luar-do-Chão não é senão a morte que me vai ditando suas

ordens. Por motivo de falecimento, abandono a cidade e faço a ordens. Por motivo de falecimento, abandono a cidade e faço a

viagem: vou ao enterro do meu avô Dito Mariano.viagem: vou ao enterro do meu avô Dito Mariano.

Cruzo o rio, já é quase noite. Vejo esse poente como o desbotar do Cruzo o rio, já é quase noite. Vejo esse poente como o desbotar do

último sol. A voz antiga do Avô parece dizer-me: depois deste poente último sol. A voz antiga do Avô parece dizer-me: depois deste poente

não haverá mais dia. E o gesto gasto de Mariano aponta o horizonte: não haverá mais dia. E o gesto gasto de Mariano aponta o horizonte:

ali onde se afunda o astro é o mpela djambo, o umbigo celeste. A ali onde se afunda o astro é o mpela djambo, o umbigo celeste. A

cicatriz tão longe de uma ferida tão dentro: a ausente permanência cicatriz tão longe de uma ferida tão dentro: a ausente permanência

de quem morreu. No Avô Mariano confirmo: morto amado nunca de quem morreu. No Avô Mariano confirmo: morto amado nunca

mais pára de morrer. mais pára de morrer.

(Mia Couto.(Mia Couto.Um rio chamado tempo, uma casa chamada terraUm rio chamado tempo, uma casa chamada terra , dois parágrafos , dois parágrafos

iniciais. São Paulo: Companhia das Letras.2003 [2002])iniciais. São Paulo: Companhia das Letras.2003 [2002])

Page 53: Considerações sobre o Novo Acordo Ortográfico Maria Bernadete M. Abaurre babaurre@matrix.com.br IEL/Unicamp 23 de março de 2009

(...), Me apetece deitar, me anichar na terra macia. Deixo cair ali a (...), Me apetece deitar, me anichar na terra macia. Deixo cair ali a

mala onde trago os cadernos.mala onde trago os cadernos.

Uma voz interior me pede para que não pare. É a voz de meu pai Uma voz interior me pede para que não pare. É a voz de meu pai

que me dá força. Venço o torpor e prossigo ao longo da estrada. que me dá força. Venço o torpor e prossigo ao longo da estrada.

Mais adiante segue um miúdo com passo lento. Nas suas mãos Mais adiante segue um miúdo com passo lento. Nas suas mãos

estão papéis que me parecem familiares. Me aproximo e, com estão papéis que me parecem familiares. Me aproximo e, com

sobressalto, confirmo: são os meus cadernos. Então, com o peito sobressalto, confirmo: são os meus cadernos. Então, com o peito

sufocado, chamo: sufocado, chamo: Gaspar!Gaspar! E o menino estremece como se nascesse E o menino estremece como se nascesse

por uma segunda vez. De sua mão tombam os cadernos. Movidas por uma segunda vez. De sua mão tombam os cadernos. Movidas

por um vento que nascia não do ar mas do próprio chão, as folhas por um vento que nascia não do ar mas do próprio chão, as folhas

se espalham pela estrada. Então, as letras, uma por uma, se vão se espalham pela estrada. Então, as letras, uma por uma, se vão

convertendo em grãos de areia e, aos poucos, todos os meus convertendo em grãos de areia e, aos poucos, todos os meus

escritos se vão transformando em páginas de terra. escritos se vão transformando em páginas de terra.

(Mia Couto. (Mia Couto. Terra SonâmbulaTerra Sonâmbula, parágrafo final. São Paulo: , parágrafo final. São Paulo:

Companhia das Letras.2007 [2002])Companhia das Letras.2007 [2002])