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REFER ÊNCIAS: REFERÊNCIAS:REDES DE REFERÊNCIAS:REDES DE REFERÊNCIAS:

m d p i v e u a & D e o i nUm dispositivo de Pesquisa & Desenvolvimento & D e om d p i v u a i nUm dispositivo de Pesquisa & Desenvolvimento promo da ura agricult familiarpara apoiar a promoção da agricultura familiar

C e i s so l N l aCo el N i l s s aConselho Nacional dos SistemasConselho Nacional dos SistemasEstaduais de Pesquisa AgrEstaduais de Pesquisa AgropecuáriaEstadua is de Pesquisa AgrEstaduais de Pesquisa Agropecuária

Secretaria

de Agricultura Familiar

Ministério do

Desenvolvimento Agrário

AAPOIO

GOVERNO FEDERAL

PNCONSEPAConselho Nacional dos Sistemas Estaduais de Pesquisa Agropecuária

D e r 4 0Diretoria 2004/2005D e 4r 0Diretoria 2004/2005

resPPresPresidentePresidenteCarlos Eduardo Ferreira de Castro (APTA/SP)

P e re nPre e onaVices-Presidente RegionaisVices-Presidente Regionais

g Região Sulg u Região SulOnaur Ruano (IAPAR/PR)

g e n r O t N tRegiões Centro-Oeste/Norteg r Oe n N tRegiões Centro-Oeste/NorteCrésio Gomes de Morais (AGÊNCIA RURAL/GO)

g o d tRegião Sudeste dg o tRegião SudesteMaíra Halfen Teixeira Liberal (PESAGRO-RIO)

o d s eRegião Nordeste d s e oRegião NordesteGuilherme Ferreira da Costa Lima (EMPARN/RN)

n ho Fi lConselho Fiscalh Fn o i lConselho FiscalErick Collicchio (UNITINS/TO)

Miguel Barreiro Neto (EMEPA/PB)Pedro de Faria Burnier (INCAPER/ES)

ExSecretário ExecutivoSérgio Augusto M. Carbonell (APTA/SP)

N ÇRENDEREÇOAvenida Brasil, 494

TEL./FAX: (19) 3233.9827Vila Itapura - Campinas-SP

CEP 13023-075

http://www.consepa.org.br/[email protected]@consepa.org.br

REFER ÊNCIAS: REFERÊNCIAS:REDES DE REFERÊNCIAS:REDES DE REFERÊNCIAS:

m d p i v e u a & D e o i nUm dispositivo de Pesquisa & Desenvolvimento & D e om d p i v u a i nUm dispositivo de Pesquisa & Desenvolvimento promo da ura agricult familiarpara apoiar a promoção da agricultura familiar

Co el N i l s s aConselho Nacional dos SistemasC e i s so l N l aConselho Nacional dos Sistemas Estadua is de Pesquisa AgrEstaduais de Pesquisa Agropecuária

Secretaria

de Agricultura Familiar

Ministério do

Desenvolvimento Agrário

PPAPOIOAPOIO

GOVERNO FEDERAL

o a ã E e a A t i tEditoração Eletrônica e Arte Finalistaa ã i t E e A t Editoração Eletrônica e Arte FinalistaDevanir de Souza Moraes (IAPAR)

C aCapaC aCapaDevanir de Souza Moraes (IAPAR)

D c o a a na l n c Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)Bibliotecária Responsável Marlova Santurio David CRB 9/1107

R314 Redes de referências : um dispositivo de pesquisa & desenvolvimentopara apoiar a promoção da agricultura familiar / ConselhoNacional dos Sistemas Estaduais de Pesquisa Agropecuária(CONSEPA). – Campinas: CONSEPA, 2005.44 p. : il.

Vários colaboradores.Apoio: Ministério do Desenvolvimento Agrário. Secretaria de

Agricultura Familiar.

1. Pesquisa agrícola. 2. Agricultura – Projetos. 3.Desenvolvimento sustentável. 4. Agricultura familiar. 5. Agricultura etecnologia. I. Conselho Nacional dos Sistemas Estaduais de PesquisaAgropecuária.

CDU 631(066)

ÁSUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ........................................... 7

REDES DE REFERÊNCIAS: UM DISPOSITIVO DE PESQUISA & DESENVOLVIMENTOPARA APOIAR A PROMOÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR PARANAENSE .... 9Márcio Miranda; Diniz Dias Doliveira

REDES DE REFERÊNCIAS DO RIO GRANDE DO SUL ................ 21Dulphe Pinheiro Machado Neto

PESQUISA PARTICIPATIVA EM REDE DE REFERÊNCIA NA REGIÃO SUL DO RIOGRANDE DO SUL ......................................... 27Lírio José Reichert

REDE DE REFERÊNCIAS PARA ADMINISTRAÇÃO RURAL EM SANTA CATARINA 33Airton Spies; Vamilson P. da Silva Júnior

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APRESENTAÇÃO

Não obstante a inegável consolidação havida na última décadaem algumas políticas públicas de apoio à agricultura familiar, é notórioque os atuais esforços das agências públicas e privadas de P&D nãotêm permitido a realização de uma interação dinâmica entre as instânciasde concepção e usufruto da atividade técnico-científica, interação estaque seja capaz de potencializar a competitividade e a sustentabilidadedaquele segmento de produtores.

Diante de tal fato, o Conselho Nacional dos Sistemas Estaduaisde Pesquisa Agropecuária (CONSEPA), com o suporte financeiro doMinistério do Desenvolvimento Agrário (MDA) por intermédio de suaSecretaria da Agricultura Familiar (SAF), executou no decorrer do anode 2004 a primeira etapa do projeto Redes de ReferênciasTecnológicas para o Desenvolvimento Sustentável da AgriculturaFamiliar, o qual tem por objetivo principal a geração de referênciastecnológicas para o desenvolvimento sustentável da agricultura familiarem bases locais e/ou regionais, além de garantir a participação diretade representantes dos usuários/beneficiários de P&D nos processos deformulação e consolidação de propostas de inovação tecnológica para odesenvolvimento destes produtores.

A implantação deste projeto, de caráter nacional, reforçou anecessidade de que experiências com a organização de redes de unidadesprodutivas rurais, em curso em diferentes estados, fossem descritasem um documento único, propiciando ao leitor o conhecimento acercado estado-da-arte deste enfoque de P&D agropecuários no país.

Este é o objetivo central do presente documento, o qual inicia-secom a experiência em curso no Paraná, sob a responsabilidade doInstituto Agronômico do Paraná – IAPAR e da Empresa Paranaense deAssistência Técnica e Extensão Rural – EMATER/PR.

Na seqüência são apresentados trabalhos executados no RioGrande do Sul, os quais abrangem ações sob responsabilidade daEMATER/RS com a participação da Fundação Estadual de PesquisaAgropecuária - FEPAGRO, além de trabalho da EMBRAPA porintermédio de seu Centro de Pesquisa Agropecuária de Clima Temperado.

Também a experiência da Empresa de Pesquisa Agropecuária eExtensão Rural de Santa Catarina – EPAGRI, é trazida neste documento,destacando-se as ações desenvolvidas e os resultados obtidos com otrabalho naquele estado.

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Sendo assim, gostaríamos de expressar os nossos agradecimentosaos autores dos textos apresentados, reforçando nossa convicção deque o esforço de todos em muito contribuirá para a consolidação daestratégia de Redes como importante instrumento para o fortalecimentoda agricultura familiar brasileira.

Londrina, março de 2005.

Carlos Eduardo Ferreira de CastroPresidente do CONSEPA

Dimas Soares JúniorPesquisador do IAPAR

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Redes de Referências: um dispositivo de Pesquisa

& Desenvolvimento para apoiar a promoção da

agricultura familiar paranaense

Márcio Miranda1

Diniz Dias Doliveira2

1. Introdução

O Programa Sistemas de Produção do Instituto Agronômico doParaná (IAPAR) em seu esforço de desenvolver metodologias para asetapas básicas de seu trabalho (tipologia, diagnóstico, validação detecnologias e validação de sistemas), encontrou nas Redes dePropriedades de Referências, desenvolvidas pelo Institut de l’Élevage daFrança desde 1981, uma boa alternativa metodológica para a fase devalidação de sistemas. Iniciou então contatos com o instituto francês,aproveitando um programa de cooperação entre o Brasil e a França quevigorava em 1988. A partir de então houve intercâmbio de técnicos doIAPAR e do Institut de l’Élevage, treinamento de pessoal, instalação deduas Redes de propriedades em regime experimental em 1994 efinalmente a implantação da proposta mais abrangente em 1998 peloIAPAR e pela Empresa Paranaense de Assistência Técnica e ExtensãoRural (EMATER-PR), no Projeto Paraná 12 Meses.

2. Definição e objetivos das Redes

Uma Rede é um conjunto de propriedades representativas dedeterminado sistema de produção familiar, que após processo deotimização visando ampliação de sua eficiência e sustentabilidade,conduzido por agricultores e técnicos, servem como referência técnicae econômica para as outras unidades por elas representadas.

1 Engenheiro Agrônomo, MSc. Coordenador Estadual do Projeto Redes de Referênciaspara a Agricultura Familiar – IAPAR. [email protected].

2 Engenheiro Agrônomo, Esp. Coordenador Estadual do Projeto Redes de Referênciaspara a Agricultura Familiar – EMATER/PR. [email protected]

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Os objetivos das Redes são os seguintes:

• Levantar demandas de pesquisa a partir de diagnósticos naspropriedades;

• Realizar testes, ajustes e validação de tecnologias;• Ofertar tecnologias e ou atividades que ampliem a eficiência dos

sistemas de produção;• Disponibilizar informações e propor métodos para orientar os

agricultores na gestão da propriedade rural;• Servir como pólo de difusão e capacitação de técnicos e agricultores;• Subsidiar formulação de políticas de promoção da agricultura

familiar.

3. Estrutura das Redes

O Paraná 12 Meses, projeto de desenvolvimento com apoiofinanceiro do BIRD, tem entre seus preceitos básicos “a extensão deapoios produtivos àquelas regiões que já passaram pela fase de manejoe conservação de solos” em projetos anteriores (Projeto Paraná 12 Meses– Manual operativo, 1999). As Redes, neste projeto, têm como funçãobásica servir de apoio à intensificação da produção nestas regiões coma base produtiva mais estabilizada. Assim, as Redes foram instaladasnesta área do Estado, composta por onze regiões administrativas daEMATER-PR. Em cada região há um técnico da EMATER-PR responsávelpelo acompanhamento de uma Rede de vinte propriedades em média,que se convencionou chamar de Extensionista de Redes. Estas regiõessão agrupadas em três mesorregiões: Norte, Noroeste e Oeste/Sudoeste.Em cada uma delas há uma equipe de três técnicos das áreas de sócio-economia, fitotecnia e zootecnia, chamados de ArticuladoresMesorregionais. Sua função primordial é dar apoio metodológico etécnico aos Extensionistas de Redes, fazer a consolidação e análise dasinformações dos sistemas de produção em estudo na mesorregião epromover a articulação com outros agentes, em especial com a pesquisa.Pesquisadores do IAPAR, especialistas da EMATER-PR e consultoresestão cumprindo esta função. Membros do IAPAR, da EMATER-PR eda Unidade de Gerenciamento do Paraná 12 Meses compõem acoordenação estadual, alocada em Curitiba, com a responsabilidadepela unidade do trabalho e articulação com o Paraná 12 Meses,instituições parceiras e outras organizações e atividades ligadas aodesenvolvimento rural. A estrutura e distribuição regional das Redessão apresentadas na Figura 1 a seguir.

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Atualmente participam do trabalho por volta de 200 agricultores.Este número pode variar um pouco em função de substituição depropriedades que se faz necessária eventualmente, em decorrência dealgumas inadequações demonstradas com o tempo. A Figura 2 mostraos municípios onde se encontram estabelecimentos das Redes e asatividades econômicas mais importantes na composição dos sistemasem estudo em cada região.

Figura 1. Estrutura e distribuição regional das Redes de Referências para a Agricultura Familiarno Paraná.

Cornélio Procópio

LondrinaApucaranaParanavaí

Maringá

Umuarama

Campo Mourão

Toledo

Cascavel

Francisco Beltrão

Pato Branco

Curitiba

Coordenação estadual

Equipe mesorregional

Extensionistas das Redes

Cornélio Procópio

LondrinaApucaranaParanavaí

Maringá

Umuarama

Campo Mourão

Toledo

Cascavel

Francisco Beltrão

Pato Branco

Curitiba

Coordenação estadual

Equipe mesorregional

Extensionistas das Redes

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Figura 2. Municípios onde existem estabelecimentos das Redes e principais atividades econômicasque compõem sistemas de produção em estudo.

* Ocupação Rural Não-Agrícola

4. Metodologia

As etapas do trabalho são apresentadas na Figura 3. Inicialmentefaz-se um estudo prévio sobre a região onde se instalará o trabalho,procurando-se a caracterização dos recursos naturais e condições sócio-econômicas. A tipificação dos agricultores familiares, levando em contaas atividades econômicas mais importantes na geração de renda emsuas propriedades e sua categoria social, permite a identificação dosprincipais sistemas de produção, seja pela freqüência com que ocorremou pelo potencial como opção para o desenvolvimento regional.

De posse destas informações, a comissão regional do Paraná 12Meses, composta por representantes do governo e de beneficiários doprojeto, seleciona os sistemas a integrarem as Redes. Com o auxílio deextensionistas da região são escolhidos os agricultores que representarãoestes sistemas de produção, em número mínimo de quatro por sistema.

Os estabelecimentos escolhidos passam por um diagnósticoexpedito, com base em informações dadas pelos agricultores e porobservações feitas pelo extensionista das Redes em visita de campo.Este diagnóstico servirá de base para a formulação de um plano demelhorias de curto prazo, que visa principalmente a redução de perdas

Oeste:

Leite, Grãos,Peixe, PequenasCriações

Sudoeste:

Leite, Grãos,Fruticultura,Agroindústria

Noroeste:

Leite, Grãos,Fruticultura,Sericicultura,Café,Mandioca

Norte:

Grãos, Café,Fruticultura,Aviculturade Corte,ORNA

Sistemas nas Regiões

Pato BrancoFrancisco Beltrão

Cascavel

Toledo

Campo Mourão

Umuarama

Paranavaí

MaringáApucarana Londrina

Cornélio Procópio

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e a correção de possíveis incoerências entre os objetivos dos agricultorese suas famílias e o sistema de produção conduzido no estabelecimento.No processo de implantação deste plano, dados e informações sãoregistrados de forma a permitir a confirmação dos resultados positivosem relação ao estado inicial. Também este período de observaçõespermite a ratificação e/ou retificação do diagnóstico inicial. Ao final deum ano já há condições para a formulação de um projeto de longo prazobuscando a otimização no uso dos recursos da propriedade paraobtenção dos melhores resultados, de acordo com os objetivos dosagricultores e suas famílias. As propostas elaboradas em conjunto,técnico e agricultor, são implantadas num processo que pode levar detrês a cinco anos, dependendo da complexidade do sistema atual edaquele que se pretende construir. Durante todo este período registrostécnicos e econômicos são efetuados. Validadas as propostasimplantadas, estes dados constituirão as referências técnicas eeconômicas que servirão para a orientação dos agricultores comcaracterísticas semelhantes representados nas Redes.

Figura 3. Etapas do trabalho das Redes de Referências.

oCaracterizaçãoRegional Tipificação Seleção das

Propriedades

Diagnóstico

Planejamento

Referências(Sistemas/Modulares)

DIIFFUSSÃÃO

SSuubssíídiiooss

•Políticasagrícolas•Pesquisa•Extensão

SSuubssíídiiooss

•Políticasagrícolas•Pesquisa•Extensão

Escolha dosSistemas

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Outros produtos são gerados durante a execução de todas asetapas do trabalho. Alguns servem como material de difusão, tantotecnologias quanto informações econômicas e métodos de gestão parainstrumentalizar agricultores e técnicos da assistência técnica nacondução de suas atividades, enquanto outros podem subsidiar aformulação de políticas públicas e as ações da pesquisa e da extensãorural.

5. Resultados

Sistemas de referências e referências modularesAs referências de sistemas de produção (sistemas de referência) e

de atividades específicas (referências modulares) são os resultados maiscaracterísticos das Redes. Apresentam os principais indicadores técnicose econômicos dos sistemas/atividades, servindo como ferramenta paraa assistência técnica na formulação de propostas para os agricultores.Suas informações permitem o conhecimento dos requerimentos quantoaos fatores de produção, a tecnologia recomendada e os resultadosesperados de cada sistema/atividade. Foram construídos com basenos registros coletados nos anos de acompanhamento das propriedadesdas Redes e no conhecimento de pesquisadores, especialistas, técnicose agricultores atuantes nas regiões. Servem também como apoiopara a formulação de políticas públicas na indicação de atividadescom potencial para o desenvolvimento regional, pontos chaves para osucesso de propostas e que merecem apoio, necessidade de crédito,etc.

Em alguns casos, não havendo número de propriedades suficientepara a elaboração de referências de sistemas, os resultados estãoapresentados como estudos de caso. O Quadro 1 a seguir apresenta ossistemas de referências, estudos de caso e referências modularesconcluídos, os quais podem ser acessados

em http://www.iapar.br/redreferencia/refernova.htmlou http://www.emater.pr.gov.br/redesrefer/indexref.html

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“Agrus”Numa parceria entre o IAPAR, a EMATER-PR e a MEGASOL,

empresa de informática para a área rural, foi desenvolvido o softwareAGRUS para servir como instrumento para o acompanhamento e análisede propriedades. Sua utilização trará maior agilidade ao trabalho epadronizará a análise. Este programa será utilizado por outros Processosda EMATER-PR, o que irá facilitar a integração entre os trabalhos.

Eventos de difusãoDesde o início do projeto já foram realizados mais de 200 eventos

de difusão entre seminários regionais, encontros, dias de campo,excursões, cursos e outros. Mais de 6.000 pessoas, entre agricultores

Mesorregião Sistemas de Referências R

Norte

PSM3 Grãos Especializados (> 600m)PSM3 Grãos Especializados (< 600m)EF Grãos Especializados (> 600m) GD 1 Grãos+Avicultura+Laranja GD 2 Grãos+Avicultura GD 3 Grãos+Uva Fina GD 4 Grãos+Banana GD 5 Grãos+Pêssego GD 6 Grãos+Café GD 7 Grãos+Café+Alfafa GD 8 Grãos+Café+Leite

SAC

Noroeste PSM1 Leite Intensivo PSM2 Leite+Café PSM3 Leite Extensivo

P

Sudoeste

PSM2 Leite Intensivo+Grãos PSM2 Grãos+Leite Extensivo PSM1 Leite+Grãos+Frutas de Caroço PSM2 Grãos Diversificados+Leite

P(OFFC

Oeste PSM2 Grãos+Tilápia PSM3 Suínos Iniciação+Leite+Grãos (Estudo de Caso)

TS

Quadro 1. Relação dos Sistemas de Referências e Referências Modulares descritos pelo projeto.

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e técnicos, participaram em eventos que trataram de questõestecnológicas, econômicas e de desenvolvimento envolvendo os sistemasde produção e atividades inseridos nas Redes.

Porteira abertaMerece destaque uma estratégia de difusão típica daquelas

utilizadas em propriedades das Redes, chamada de “porteira aberta”.Em dias definidos preliminarmente, o agricultor e sua família abrem asportas de sua propriedade para a visita de outros agricultores e técnicos,e lhes apresentam, apoiados pelo técnico das Redes, as práticas quetem validado na constituição de seu sistema de produção melhorado eos resultados técnicos e econômicos que tem alcançado.

Trabalhos em eventosA implantação das Redes e o trabalho de acompanhamento das

propriedades, tem suscitado a elaboração de uma série de artigostécnico-científicos, por parte de membros da equipe executoraapresentados em eventos de diferentes áreas de concentração dentroda pesquisa e desenvolvimento agropecuários.

Encontro dos agricultores colaboradoresForam realizados dois encontros estaduais reunindo todos os

agricultores das Redes e familiares. O último ocorreu no município deCampo Mourão, no final de 2003, onde foram tratados temas deimportância para a agricultura familiar tais como a sucessão familiar,legislação ambiental e assuntos de interesse específico nas atividadesleite, fruticultura e grãos. Na ocasião também foi estimulada a integraçãoentre os agricultores colaboradores, com a apresentação em plenáriade algumas propriedades feita pelos agricultores apoiados pelos técnicos,e com a realização de uma sessão de pôsteres com a exposição decinqüenta unidades das Redes distribuídas por todas as regiões ondeelas estão instaladas. O encontro alcançou sucesso, com avaliaçãopositiva dos participantes. Estes eventos deverão ocorrer a cada doisanos.

Unidades de teste e validação (UTVs)A interação com a pesquisa tem se intensificado. UTVs estão

sendo conduzidas em todas regiões. Os temas abordados sãorelacionados à pastagens, sericicultura, fruticultura, grãos, manejo de

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solos e utilização de dejetos de suínos. Na execução destes trabalhos,parcerias estão sendo feitas com outros programas e projetos do IAPAR(Programa de Produção Animal, Programa Fruticultura, Programa deCulturas Diversas, Programa Solo e Água, projeto das Redes Orgânicas/CNPq, projetos com Itaipu Binacional) e outras instituições (CEFET).

Integração na EmaterA proposta de trabalho das Redes está sendo internalizada na

EMATER-PR. Vai ocorrendo integração crescente entre as equipes etrabalhos das Redes, com os Processos da EMATER-PR e as APIs (Áreasde Planejamento Integrado), em ritmos diferentes de acordo com ascaracterísticas de cada região. Em algumas regiões, técnicos das APIsestão acompanhando propriedades segundo metodologia das Redesampliando a amostra regional e possibilitando maior confiabilidade dasreferências geradas e/ou ampliação dos sistemas estudados além deservir como ferramenta para a execução do trabalho do extensionista.

CPI do leiteDados das Redes contribuíram para o trabalho que a Comissão

Parlamentar de Inquérito da Assembléia Legislativa encarregada daanálise da situação do Leite no Estado. Entre os subsídios colhidospela CPI em suas visitas às regiões produtoras, estiveram dados dasRedes apresentados pelos agricultores e técnicos no Sudoeste, emreunião realizada em Francisco Beltrão, e no Oeste, em reunião emToledo.

Proposta de desenvolvimento para o Sudoeste e OesteCumprindo um dos papéis das Redes, a equipe do Sudoeste/Oeste

elaborou uma proposta de desenvolvimento para estas regiões, tendopor base a bovinocultura de leite, a fruticultura e a piscicultura emreservatórios de usinas hidrelétricas. Formulada a partir das análisesque o trabalho das Redes propiciou, a proposta foi apresentada paralideranças das regiões. Seguindo entendimento das pessoas envolvidas,a coordenação das ações ficaram sob a coordenação das chefias dosNúcleos da SEAB. Parte das propostas estão tendo seguimento, emvelocidades diferentes, com destaque para aquelas que se referem aoleite e piscicultura no Sudoeste.

Questão ambientalPara tratar da questão ambiental nas Redes, está se iniciando

parceria com CNPFlorestas/Embrapa. Estão sendo desenvolvidas ações

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de treinamento e instalação de UTVs tratando de reservas legais, áreasde proteção ambiental e matas ciliares e sistemas silvipastoris.

Expansão para agricultura orgânica/agroecológicaComo indicativo do sucesso das Redes, novas iniciativas vêm sendo

implantadas no Paraná inspiradas na experiência deste projeto. Hádois anos está em andamento trabalho em Redes de agricultura orgânicano Norte e Oeste financiadas pelo CNPq. Redes de propriedades orgânicastambém foram instaladas no projeto na região de Itaipu. No Centro-Sul, em projeto financiado pelo Paraná 12 Meses, estão se instalandoRedes de agroecologia.

Redes de referências em outros estados CONSEPA/ASBRAEROs bons resultados das Redes no Paraná, também motivaram o

CONSEPA (Conselho Nacional das Organizações Estaduais de Pesquisa)e a ASBRAER (Associação das Empresas de Assistência Técnica eExtensão Rural) a apresentar projeto junto ao Ministério deDesenvolvimento Agrário para a instalação de Redes de Propriedadesde Referência em outros estados brasileiros. A proposta foi aprovada eestá em curso a primeira fase do trabalho, o treinamento das equipes,que está sob a responsabilidade dos técnicos do IAPAR e EMATER-PRatuantes nas Redes paranaenses. A proposta pode ser adotada peloMDA como política pública para o País.

6. Situação atual, dificuldades e perspectivas

As características pouco usuais do trabalho, especialmente notocante ao enfoque sistêmico adotado, que se contrapõe à visãoreducionista de grande parte dos técnicos e projetos, e à forma derelacionamento institucional entre extensão e pesquisa, que nas Redesé mais integrada em relação à tradicional, trouxeram dificuldades. Aimpossibilidade de se contar com a equipe completa desde o iníciotambém prejudicou a implantação e desenvolvimento dos trabalhos.

Após seis anos desde o início, tendo passado pelas fases detreinamento da equipe, adaptação da metodologia para as condiçõesparanaenses, familiarização com a proposta de trabalho por parte daequipe e dos agricultores colaboradores, incorporação do trabalho pelasinstituições envolvidas e realização das etapas do trabalho já citadas,hoje as Redes estão consolidadas. Apesar disto o processo de construçãoé constante dada a dinâmica do trabalho, sendo apresentados semprenovos desafios a serem transpostos e oportunidades de evolução.

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Os resultados obtidos até o momento, e os que serão alcançadoscom mais intensidade a partir de agora com o trabalho mais estruturado,recomendam sua ampliação geográfica e intensificação no Estado. Estecrescimento já tem ocorrido no estudo de sistemas orgânicos nas regiõesOeste e Norte com outras fontes de recursos (CNPq, Itaipu). Emboratenha contado com recursos do Paraná 12 Meses, que permitiram oestabelecimento das Redes e a confirmação de sua importância comoinstrumento de promoção da agricultura familiar, a expectativa é a deque o trabalho será incorporado pelas instituições parceiras (IAPAR eEMATER-PR) além de ter maior número de parceiros se integrando, oque garantirá sua continuação mesmo após o final do projeto. Arepetição no Paraná do sucesso que as Redes já alcançaram em maisde vinte anos de existência na França, permite assegurar suaaplicabilidade para outros Estados brasileiros.

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Redes de Referências

do Rio Grande do Sul

Dulphe Pinheiro Machado Neto1

1. Introdução

No Rio Grande do Sul, os trabalhos em Rede de Referência tiveraminício em 1995, quando a Emater buscou assessoria junto ao Centre deCoopéracion Internacional en Recherche Agronomique pourDéveloppement (CIRAD) da França para conhecer essa tecnologia detrabalho. A partir daquele apoio, foram implantadas duas Redes deReferência.

Em 1999, o enfoque das Redes de Referência foi alterado visandoadequá-lo à nova missão da EMATER/RS. Tiveram início, a partir deentão, os trabalhos para implantação das Redes de Referência no RioGrande do Sul.

Em 2000, a Embrapa Clima Temperado de Pelotas, elaborou umaproposta de trabalho em “Pesquisa Participativa em Rede de Referência”,esse projeto teve início em 2001 e contou com o apoio do Programa RSRural com recursos do Banco Mundial e Governo do Estado. A partirdesse projeto, consolidou-se o trabalho de pesquisa e validação detecnologias, através de um processo multi-institucional emultidisciplinar.

2. Histórico das Redes de Referência na Emater/RS

A EMATER/RS teve como base para a implantação das Redes deReferência a experiência desenvolvida na França, onde esta metodologiaestá consolidada. O trabalho com Redes de Referência iniciou naEMATER/RS, complementarmente à adoção da metodologia deDiagnóstico Rápido Participativo – DRP, introduzido na empresa em1995, com duas experiências: uma na Área Piloto de Caçapava do Sul eoutra nos assentamentos agrários assistidos pela EMATER/RS. Deestudos pontuais, a metodologia do DRP passou a ser largamenteutilizada na EMATER/RS a partir de 1999, como um instrumental parao planejamento municipal, visando o desenvolvimento rural sustentável.

1 Engenheiro Agrônomo da Emater de Porto Alegre/RS: [email protected]

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A capacitação na metodologia de DRP dos técnicos da EMATER/RS que atuavam em assentamentos agrários, foi executada pelo CIRADatravés de convênio com a EMBRAPA. Além disso, o CIRAD prestou aEMATER/RS assessoria em cadeias de comercialização e introduziu atemática das Redes de Referência. Naquele momento, a idéia eratrabalhar as RR da mesma forma e com metodologia similar à francesa,adaptada ao nosso meio. Com este objetivo, o CIRAD assessorou aEMATER na concepção inicial das RR.

Em 1999, o enfoque das RR foi alterado visando adequá-lo à novamissão da EMATER/RS, onde tiveram início os trabalhos paraimplantação das RR. Para auxiliar na implantação das RR, com estenovo enfoque, foi contratada, durante o ano de 1999/2000, a consultoriado CIRAD.

A partir desse redirecionamento iniciou-se, em 2000, ações àcampo buscando, efetivamente, implementar o processo de constituiçãodas Redes de Referênia, mantendo as regiões prioritárias definidasanteriormente, ou seja, Erechim, Passo Fundo e Bagé, (Figura 1).

A Emater definiu as Redes de Referência como “uma forma deacompanhar o desenvolvimento técnico e sócio-econômico das práticasde agricultores, subsidiando assim o processo da pesquisa ou daextensão, através da coleta de informação com base em sistemas deprodução, tipologia de unidades produtivas e referenciaisagroecológicos”2. Partindo de um processo participativo que envolveagricultores, extensionistas e pesquisadores, permite aos atores aconstrução dos conhecimentos necessários para a elaboração dereferenciais técnico-econômicos.

2 RS Rural Manual operativo Volume V – Projetos de Manejo dos Recursos Naturais e deCombate à Pobreza Rural, Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado do RioGrande do Sul. Porto Alegre/RS, 1999.

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Figura 1. Mapa do Estado do Rio Grande do Sul com a localização das redes de referência daEmater/RS.

3. Objetivos

As unidades de referência que formam as redes serão monitoradasem seus aspectos técnicos, econômicos, ambientais e sociais, com osseguintes objetivos:

a) gerar indicadores de sustentabilidade técnica-econômica, social eambiental para subsidiar os trabalhos de pesquisa/extensão e tomadade decisão;

b) promover um processo de pesquisa-ação para conhecer e melhoraro manejo agroecológico de sistemas de produção familiar;

c) incentivar a participação direta dos agricultores familiares envolvendohomens, mulheres e jovens;

d) monitorar sistemas de produção identificados com a agriculturafamiliar, sistemas de produção de base ecológica ou em transição eexperiências inovadoras, considerando indicadores técnicos,econômicos, ambientais e sociais;

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e) testar e validar sistemas de produção ecológicos ou em transição,em diferentes agroecossistemas;

f) avaliar a aplicabilidade de resultados de pesquisa realizada emEstações Experimentais e adaptá-los ao meio real;

g) avaliar o impacto do trabalho da extensão rural e de políticas públicaspara melhorar sua capacidade de proposição e de ação;

h) discutir e encaminhar soluções para os pontos de estrangulamentosinternos e externos, bem como propor alternativas de políticaspúblicas.

4. Resultados Gerais

a) obtenção de um conjunto de dados e informações referentes aodesenvolvimento e resultados obtidos por sistemas de produçãoidentificados com a agricultura de base familiar, sistemas de produçãoagroecológicos ou em transição e experiências inovadoras;

b) participação efetiva dos agricultores familiares – envolvendo homens,mulheres e jovens – na construção das RR, facilitando a apropriaçãodo conhecimento construído coletivamente.

c) validação e a consolidação de sistemas de produção agroecológicose/ou em transição, em diferentes agroecossistemas;

d) divulgação de experiências inovadoras e de sistemas de produçãoagroecológicos e/ou em transição, que atendam demandas de outroscontingentes de agricultores em situação similar;

e) determinação de pontos de intervenção e seleção de apoios técnicosadequados, face ao balizamento do desempenho da propriedade dereferência no meio do qual é representativa;

f) identificação de pontos de estrangulamento, dentro e fora da unidadede produção, apontando e/ou encaminhando alternativas de solução,e propondo alternativas de políticas públicas;

g) constituição de referências (prognósticos, modelos e cenários) queapóiem ações de planejamento regional.

5. Resultados Específicos

a) fortalecimento do processo organizativo dos agricultores articuladosem rede;

b) incremento da participação ativa e direta dos agricultores familiaresna construção do processo de pesquisa-ação e acompanhamento emrede de suas unidades produtivas;

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c) identificação de um conjunto de práticas e de ações dos agricultorese avaliação das implicações técnicas, econômicas, ambientais e sociaiscom respeito ao agroecossistema e a problemas locais definidos;

d) discussão com os agricultores sobre a eficiência e a racionalidade desuas práticas e identificação dos possíveis progressos e limites;

e) teste e validação da eficiência dos sistemas de produção e asadequações e inovações capazes de incrementar resultados;

f) socialização do conhecimento sobre sistemas de produção e práticasmais eficientes localmente.

6. Acompanhamento e monitoramento das redes de referência

A EMATER/RS pretende garantir um caráter participativo paraessas UR’s, estimulando e assegurando a participação direta dosagricultores familiares (homens, mulheres e jovens) e suas organizações(formais ou informais), na construção de todo o processo e constituiçãodas Redes de Referência, objetiva-se que o agricultor, além de sediar aUnidade, participe e influencie - com o seu conhecimento e com a suaexperiência - no delineamento e na condução da Unidade de Referênciae, concomitantemente se aproprie dos resultados obtidos nesse processo.

O monitoramento dessas Unidades utilizará indicadores técnicos,econômicos, sociais e ambientais, construídos coletivamente com osagricultores e parceiros envolvidos no processo. O ponto de partida paraa identificação e contextualização dos diferentes indicadores é asustentabilidade em todas as suas dimensões.

Em termos operacionais, as Redes de Referência serãoacompanhadas pelas equipes dos Escritórios dos Municípios onde selocalizarão as Unidades de Referência, com o apoio das equipes dosEscritórios Regionais e apoio técnico e metodológico do Escritório Centralda EMATER/RS. Esse apoio das equipes seja em nível municipal,regional ou central, abrangerá técnicos das diferentes áreas doconhecimento, privilegiando uma visão sistêmica e multiprofissional. AFEPAGRO teve participação direta na condução das Redes de Referência,especialmente no que se refere ao apoio técnico e científico.

A condução das Redes se dará com o envolvimento de parceriascomo, por exemplo, representações dos agricultores e de organismosnão governamentais e governamentais. No âmbito regional serãoconstituídas instâncias de acompanhamento, análise e recomendações,com a participação dessas parcerias, como, por exemplo, Prefeituras,Conselhos e Fóruns.

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7. Monitoramento econômico das redes de referência

O monitoramento das Redes de Referência na dimensão técnico-econômica tem como unidade de análise a unidade produtiva e comoobjeto de estudo o sistema de produção. Dessa forma pretende-se captaras relações de troca e de complementaridade entre seus componentes eidentificar as modificações nas características do sistema com a adoçãode práticas adaptadas localmente. Esse monitoramento consiste emrealizar a contabilidade gerencial do estabelecimento rural, através doacompanhamento das variáveis estruturais e operacionais.

São consideradas variáveis estruturais as informações referentesà situação patrimonial, de mão-de-obra e do núcleo familiar. As variáveisoperacionais são aquelas que caracterizam o processo produtivo duranteo ciclo do sistema de produção como, por exemplo, o fluxo de caixa, decapital, de mão-de-obra e a utilização da terra. Os dados serão coletadosde forma conjunta entre os agricultores e os técnicos da EMATER/RSatravés de, no mínimo, sete visitas por ano a cada uma das unidadesde referência.

A avaliação do desempenho da unidade produtiva será obtida apartir da integração da análise das dimensões econômica, ambiental esocial. Na tarefa de contabilizar as informações será utilizado umsoftware de contabilidade agrícola denominado CONTAGRI, em uso naEMATER/RS desde 1997, no Programa de Gestão Agrícola. Para isso osindicadores obtidos em cada dimensão são integrados e inter-relacionados, os técnico-econômicos serão obtidos através do CONTAGRIe os sociais e ambientais a partir de cadernos de gestão.

As informações serão validadas pelos agricultores, possibilitandoa discussão conjunta envolvendo, além dos próprios agricultores,também os técnicos e os parceiros (instituições de pesquisa,universidades, ONGs, entidades representativas dos agricultores eprefeituras).

Os resultados da análise poderão subsidiar a tomada de decisão,identificar a necessidade de pesquisas e orientar o estabelecimento depolíticas públicas de desenvolvimento rural.

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Pesquisa Participativa em Rede de Referência na

Região Sul do Rio Grande do Sul

Lírio José Reichert1

1. Introdução

Ao longo de quatro anos a Embrapa Clima Temperado, em parceriacom a Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro-Sul),Emater, e sete Organizações Não-Governamentais: Capa (Centro deApoio ao Pequeno Agricultor), Unaic (União das Associações do Interiorde Canguçu), Coopal (Cooperativa dos Pequenos Agricultores Produtoresde Leite da Região Sul), Coopar (Cooperativa Mista dos PequenosAgricultores da Região Sul), Arpa-Sul (Associação Regional dosProdutores Agroecologistas da Região Sul), MPA (Movimento dosPequenos Agricultores), Cooperativa Sul Ecológica e agricultoresfamiliares desenvolvem um trabalho ímpar na região Sul do Rio Grandedo Sul, visando combater a pobreza, a degradação dos recursos naturaise o êxodo da população que vive no campo. Com início em janeiro de2001, essas instituições públicas e as ONGs, em conjunto com o públicoalvo, colocaram em prática o projeto Rede de Referência: validação detecnologias para a agricultura familiar.

Este projeto contou com recursos do Governo do Estado do RioGrande do Sul, através do programa RS Rural em parceria com o BancoMundial (Banco Interamericano de Desenvolvimento Rural – BIRD). Esteprograma tem como objetivo geral combater a pobreza, a degradaçãodos recursos naturais, o êxodo rural da população do estado do RioGrande do Sul, melhorando a qualidade de vida da população,aumentando a capacidade produtiva, através da promoção de açõesintegradas de infra-estrutura familiar e comunitária, geração de rendae de manejo e conservação dos recursos naturais, bem como projetosde suporte e desenvolvimento institucional.

1 Técnico de Nível Superior da Embrapa Clima Temperado de Pelotas/RS.E-mail: lí[email protected]

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O projeto teve por objetivos:

a) Socializar tecnologias e conhecimentos a partir das Propriedades deReferência, através de um processo participativo de validação nosdiferentes municípios da Região Sul do RS, objetivando asustentabilidade dos sistemas produtivos dos agricultores de basefamiliar;

b) Contribuir para a compreensão do funcionamento dosestabelecimentos dos agricultores de base familiar, identificando ossistemas produtivos dominantes, os pontos de estrangulamento eas potencialidades;

c) Analisar com os agricultores as práticas em uso e identificar ospossíveis vazios de informações, tratando-os cientificamente, atravésdo enfoque sistêmico e da interdisciplinaridade para transformá-losem insumos úteis aos sistemas produtivos dominantes na região;

d) Difundir, por um lado, as práticas mais eficientes para fora dos limitesda Rede de Referência e, divulgar e disseminar, por outro, informaçõesnos limites das propriedades participantes com vistas a qualificar osagricultores intervenientes mais diretamente no processo.

2. Metodologia

A validação de tecnologias deu-se por meio das 15 propriedadesda rede de referência localizadas nos municípios de Pelotas, SãoLourenço do Sul, Canguçu, Morro Redondo, Rio Grande e São José doNorte.

A rede de referência, estruturada e implantada de acordo com umprocesso participativo, são instrumentos válidos para contribuir napromoção do desenvolvimento dos agricultores de base familiar e napromoção do desenvolvimento rural regional. Para isso foi definida umametodologia de trabalho para selecionar as unidades que, junto com asinstituições parceiras, formaram a rede de referência.

3. Processo de seleção das Unidades de Referência

Para a escolha e definição das unidades foram realizadas váriasreuniões com a presença dos técnicos das entidades envolvidas,conselhos municipais e associações de agricultores para definir, atravésde critérios pré-estabelecidos, a escolha das unidades.

Em 2001, ano de início do projeto, foram selecionadas as unidades

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utilizando-se os seguintes critérios: a) propriedades familiares quefossem representativas dos sistemas de produção da região; b) que oagricultor estivesse comprometido com os objetivos do projeto depesquisa participativa em agroecologia ou decisão de transiçãoagroecológica; c) que atendessem aos objetivos propostos nos respectivosprojetos de pesquisa; d) que o agricultor e a família demonstrasseminteresse pelo trabalho proposto e disposto a implementar mudançastecnológicas; e) apresentassem um bom relacionamento com acomunidade local; f) participassem em grupo de produtores ouassociações, g) que pudesse ser considerado um pólo irradiador dastecnologias consolidadas.

O resultado desta atividade foi a definição e escolha das 15Unidades de Referências identificadas no mapa de localização da Figura2, distribuídas em seis municípios da região sul do Rio Grande do Sul.

Para mobilizar os agricultores a participarem desta escolha, foramutilizados os meios de comunicação em massa como rádios locais ejornais. Durante o processo de escolha foram visitados diversaspropriedades na região com o objetivo de sensibilizar o maior númerode produtores em torno do trabalho.

Figura 2. Mapa de localização das unidades pertencentes à rede de referência.

N

São Lourenço do Sul

LOCALIZAÇÃO DAS UNIDADES DE REFERÊNCIA

Canguçu

Pelotas

Rio Grande

Morro Redondo

Municípios

ARGENTINA

SANTA CATAR NA

OCEANOAT

LÂNTI

CO

URUGUAI

80

0

57

20

0

330

330

RIO GRANDE DO SUL

Á ea de abrangência dopro eto RS RURAL

São José do Norte

RELAÇÃO DAS UNIDADES DEREFERÊNCIA DO PROJETO RS RURAL

01 Propriedade agrícola do Gilberto Peter

02

03

04

Sr.

Propriedade agrícola do Sr. Arno MaltzahnSchmechel

Propriedade agrícola do Sr. Nelson dosSantos Barbosa

Propriedade agrícola do AssentamentoHerdeiros da Luta

05 Propriedade agrícola do Sr. Carlos AlbertoSchubert

06 Propriedade agrícola do Sr. Ederson MartinsBastos (Barão)

07 Propriedade agrícola do Sr. Luis AlbertoOliveira dos Santos

08 Propriedade agrícola do Sr. Edwin Radke

09 Propriedade agrícola do Sr. Mário Huttner

10 Propriedade agrícola do Sr. RoniMuhlenberg

11 Propriedade agrícola do Sr. VanderleiPrietsch

12 Propriedade agrícola do Sr. Cláudio NadirSignorini

13 Propriedade agrícola do Sr. Gilmar Gibbon

14 Propriedade agrícola do Sr. Joaquim Lopes

15 Propriedade agrícola do Sr. Inedino doEvangelho Vaz

0607

0104

02

05

10 09

1112

08

03

Lagoa dos Patos

Turuçu

14

13

15

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A partir da escolha das unidades de referência foi realizada acaracterização dos sistemas de produção desenvolvidos pelo agricultor,identificando todos os elementos que compõem os sistemas e aquelesexistentes na propriedade mas que não estão diretamente inseridosnos sistemas de produção. Realizou-se um diagnóstico para melhorconhecer os aspectos técnicos, econômicos, sociais e ambientais de cadaunidade e identificar alguns indicadores de sustentabilidade, para istoelaborou-se um “Caderno de Caracterização da Unidade de Referência”.

Na etapa seguinte foram feitas visitas coletivas com toda a equipetécnica do projeto, onde se conheceram melhor as características decada unidade e discutido, juntamente com o agricultor, o planejamentoinicial das atividades, organizando um cronograma para os primeiros12 meses. Identificou-se por ordem de importância, quais as atividadessão mais representativas na formação da renda e quais as demandasmais urgentes para alavancar o processo de produção sustentável eagroecológico.

Além disso, iniciou-se em todas as unidades o processo degerenciamento e coleta de informações técnicas e econômicas dasatividades e da propriedade como um todo. Para isso foi elaborado um“Caderno de Acompanhamento de Referência”. Todos os participantesda rede (agricultores e técnicos) receberam treinamento e orientação daforma correta do preenchimento desse caderno. Para o processamentodas informações está sendo utilizado um software de administração egerenciamento agropecuário. O acompanhamento gerencial contemplaperíodos de um ano agrícola.

4. Sistemas de produção identificados nas unidades de referência

– Sistema de produção de frutas e hortaliças como pêssego, laranja desuco, morango e hortaliças diversas;

– Sistema de produção de batata;– Sistema de produção de grãos como milho, feijão, soja, arroz de

sequeiro;– Sistema de criação de bovinos de leite a pasto, criação de suínos e

galinhas poedeiras coloniais;– Sistema de produção de fumo;– Sistema de produção de vinho e jeropiga artesanal.

O trabalho de monitoramento técnico e econômico desenvolvidonessas unidades, possibilitou mudanças na matriz produtiva emalgumas das unidades, gerando modificações nos sistemas de produção

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durante o período de acompanhamento da unidade de referência. Asmudanças ocorreram visando a viabilidade técnica, econômica e asustentabilidade da unidade produtiva.

O projeto Rede de Referência para Agricultura Familiardesenvolvido nessa região evoluiu para além das unidades em todos osmunicípios. O sistema de produção de leite a pasto desenvolvido nasduas unidades de São Lourenço do Sul, onde se implantou o pastoreiorotativo com forrageiras de inverno e verão passou a fazer parte doprograma de difusão e fomento da COOPAR (Cooperativa Mista dosPequenos Agricultores da Região Sul), de modo que dois anos após aimplantação do programa havia cerca de 150 propriedades com maisde 250 hectares implantados.

O sistema de produção de hortaliças desenvolvido na Ilha dosMarinheiros no município de Rio Grande e Morro Redondo foi ampliadopara o grupo de agricultores agroecologistas envolvendo mais de 50famílias nas respectivas localidades.

No município de São José do Norte, tradicional produtor de cebolado país, a Emater juntamente com a Embrapa, buscaram novasalternativas de renda para as mais de 30 famílias que fazem parte dogrupo de produtores agroecológicos. Foram introduzidas a criação degalinhas poedeiras em sistema livre e a formação de hortas visando aprodução de alimentos para a subsistência das famílias e para acomercialização do excedente.

No município de Canguçu, maior minifúndio da América Latinacom cerca de 15.000 propriedades rurais, a Unaic (União das Associaçõesdo Interior de Canguçu), implantou o sistema desenvolvido nas unidadesde referência para as 45 Associações filiadas, envolvendo mais de 2.000famílias. Estes foram alguns dos resultados obtidos pelas entidadesenvolvidas neste projeto.

Foram capacitados vários grupos de agricultores organizados emassociações para trabalharem na elaboração, produção e no uso deinsumos de base ecológica como calda bordalesa, calda sulfocálcica,biofertizantes, composto orgânico e vermicomposto.

5. Conclusão

O trabalho em rede de referência, viabilizou a análise dos diferentessistemas de produção e atividades, possibilitando a integração entre asentidades de pesquisa (Embrapa e Fepagro) e extensão (Emater) e ONG´s,a troca de experiências e aprendizado contínuo dos técnicos e

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agricultores, gerando referências técnicas que avaliam a matriz produtivapermitindo mudanças na busca da melhoria da qualidade de vida dasfamílias nos aspectos econômicos, social e ambiental.

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Rede de Referências para

Administração Rural em Santa Catarina

Airton Spies1

Vamilson P. da Silva Júnior2

1. Introdução

História da Administração Rural na Epagri

Em Santa Catarina a Administração Rural começou a serintroduzida na extensão rural através da Associação de Crédito eAssistência Rural de Santa Catarina - Epagri, na década de 70. Desdeentão a Empresa vem apoiando os projetos de Crédito Rural elaboradospelos extensionistas.

Entre 1978 e 1981 a Empresa atuou no Programa de PropriedadesAgrícolas Típicas. Em seguida as ações se centralizaram no Projeto deGestão Agrícola (1983/84 em diante) tendo como área piloto a Regiãode São Miguel do Oeste. Assim sendo, a rede de referências paraadministração rural já completou 21 anos de estudos. Ao longo desses21 anos, a rede foi composta de uma média de 600 propriedadesestudadas, contemplando 55 sistemas de produção distintos. O númeromáximo de propriedades acompanhadas em um ano agrícola foi de 1.600,com a participação de parceiros privados.

Atualmente, na Empresa de Pesquisa Agropecuária e ExtensãoRural de Santa Catarina S.A (Epagri), o Projeto de Administração Rurale Socioeconomia engloba as atividades da Rede de Referências.

O problema

Existem expressivas diferenças entre o desempenho técnico eeconômico de propriedades rurais familiares em Santa Catarina. Entreas causas que explicam estas diferenças estão incluídos fatores comomá gestão, falta de organização, insuficiência de informações, baixacapacidade de investimento, dificuldade de acesso a mercados edisponibilidade de recursos naturais.

1 Engenheiro Agrônomo, Administrador de Empresas, PhD. Epagri, CP 502, Florianópolis,SC 88034-901. [email protected]

2 Engenheiro Agrônomo, M.Sc., Epagri, CP 502, Florianópolis, SC [email protected]

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Algumas destas diferenças, portanto, se devem a fatores internosda propriedade enquanto outras se devem a fatores externos.

Quanto a fatores internos, existem muitas propriedades comrecursos produtivos e localização geográfica semelhantes no Estado deSanta Catarina. Nestes casos, a diferença na performance técnica eeconômica se deve a qualidade da gestão destas propriedades.

Um dos problemas a serem resolvidos é a ausência de indicadoresque identifiquem e diferenciem os sistemas de produção com melhorperformance dos demais. A falta desses indicadores ou benchmarksdificulta a utilização e a difusão das experiências de sucesso, comoforma de facilitar a melhoria dos sistemas produtivos da agriculturafamiliar com menor performance, principal desafio deste projeto.

A falta de instrumentos de planejamento eficientes também agravaeste problema.

O Projeto Administração Rural e Socioeconomia procuraidentificar, caracterizar e priorizar problemas socioeconômicos eambientais, através de estudos realizados a partir das características epotencialidades regionais e dos estabelecimentos rurais. As principaisações estão vinculadas à rede de propriedades rurais comacompanhamento técnico e contábil para geração de Normas eReferências de Administração Rural.

Visa apoiar e colaborar na formulação de alternativas e diretrizespara a construção do desenvolvimento rural sustentável beneficiandoassim as famílias rurais catarinenses.

2. Objetivos

Objetivos gerais

O objetivo principal deste projeto é estudar os sistemas produtivospredominantes na agricultura familiar de Santa Catarina, propormelhorias e sistemas alternativos com vistas à sustentabilidadeeconômica, ambiental e social. Busca:

• Identificar, estudar e definir sistemas de produção mais rentáveis esustentáveis para a agricultura familiar de Santa Catarina.

• Publicar indicadores técnicos e econômicos.• Oferecer apoio e coordenar as ações de Crédito Rural da Epagri.• Capacitar técnicos e produtores em Administração Rural.• Desenvolver ferramentas informatizadas para Administração Rural

e oferecer apoio aos usuários.

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Para alcançar seus objetivos, o projeto também atua de formaintensa na área de capacitação e no desenvolvimento de softwares emetodologias para a área de Administração Rural e para elaboração deprojetos de Crédito Rural. Este projeto está estruturado em dezsubprojetos, que têm ações em todo território catarinense.

Objetivos específicos

• Estabelecer normas e referências de Administração Rural, atravésde acompanhamento técnico e contábil de uma rede de 280 depropriedades rurais.

• Estudar, além dos sistemas tradicionais predominantes em cadaregião, também os sistemas de produção, processamento ecomercialização diferenciados, como os agroecológicos, os quepossuem alguma forma de agregação de valor através deagroindustrialização artesanal e comercialização em rede.

• Administrar um banco de dados da rede contábil catarinense, comindicadores econômicos e dados estatísticos para uso na produçãode referências de Administração Rural e outros estudos econômicos.

• Implementar cálculo do custo de produção de atividades daspropriedades acompanhadas com Contabilidade Agrícola.

• Dar manutenção, suporte e capacitação para usuários de softwaresde Administração Rural nas Unidades de Planejamento RegionalUPRs.

• Capacitar técnicos, facilitadores e produtores em técnicas e métodosde Administração Rural.

• Elaborar planos de melhoramento dos sistemas produtivos depropriedades rurais.

• Avaliar técnica e economicamente sistemas de produção alternativos,como os que usam a agroecologia e agregação de valor.

3. Ações em Andamento

O projeto busca alcançar seus objetivos através das seguintesações:

• Estudos dos sistemas de produção predominantes, determinandoos fatores endógenos e exógenos que limitam sua produtividade esua rentabilidade.

• Difusão e implementação de métodos de gerenciamento para aspropriedades rurais familiares.

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• Capacitação de técnicos e produtores em métodos e instrumentosde planejamento de propriedades rurais.

• Sistematização, produção e difusão de dados e informações denatureza técnica, econômica, social e ambiental para as ações daEpagri e de outros agentes nos âmbitos nacional, estadual regionale municipal.

• Subsídio à elaboração de Planos de Desenvolvimento Rural nos níveisestadual, regional e municipal.

• Identificação de ameaças e oportunidades ao desenvolvimento ruralsustentável.

• Análise da competitividade dos sistemas diversificados de produçãoda agricultura familiar.

• Desenvolvimento, aprimoramento e adaptação de softwareespecializado em planejamento de propriedades agrícolas e quepossibilite realizar projetos de Crédito Rural.

• Utilização de metodologias de análise e planejamento nas microbaciase nas propriedades rurais.

4. Área de Abrangência e Estrutura do Projeto

A área de abrangência do projeto compreende o Estado de SantaCatarina e é constituído de dez subprojetos executados nas regiões deplanejamento da Epagri, denominadas UPRs, que somam ao todo oitoregiões.

A Figura 1 apresenta o mapa de Santa Catarina com as oito regiõesdelimitadas onde se pode visualizar a área de abrangência de cada região.Em cada UPR o projeto conta com um subprojeto específico, além dossubprojetos de apoio às ações de Crédito Rural bem como dedesenvolvimento e apoio ao projeto como um todo.

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Estrutura: Dez subprojetos

1. Melhoria dos sistemas produtivos da agricultura familiar da UPR12. Melhoria dos sistemas produtivos da agricultura familiar da UPR23. Melhoria dos sistemas produtivos da agricultura familiar da UPR34. Melhoria dos sistemas produtivos da agricultura familiar da UPR45. Melhoria dos sistemas produtivos da agricultura familiar da UPR56. Melhoria dos sistemas produtivos da agricultura familiar da UPR67. Melhoria dos sistemas produtivos da agricultura familiar da UPR78. Melhoria dos sistemas produtivos da agricultura familiar da UPR89. Apoio às ações de Crédito Rural10. Desenvolvimento, suporte e gestão do projeto Administração Rural

e Socioeconomia.

5. Metodologia

A metodologia utilizada para a construção de referências técnicase econômicas baseia-se na seleção de sistemas de produção relevantespor região e na escolha de propriedades rurais que apresentam boaperformance. Para cada região edafoclimática, busca-se indicadorespróprios. As propriedades estudadas são acompanhadas com

Figura 1. Mapa de Santa Catarina com as oito UPRs.

Unidades Espaciaisde Planejamento RegionalUPRs

1 2 3

4 5

6 7

8

- Oeste - Meio-Oeste - Planalto Sul- Planalto Norte - Alto Vale do Itajaí- Litoral Norte - Litoral Centro- Litoral Sul

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contabilidade agrícola, através de um rigoroso processo de registros econtroles. Os dados são coletados em visitas mensais do técnico aoprodutor e depois são processados no software Contagri. Esse softwaretem a capacidade de processar todos os indicadores técnicos eeconômicos do sistemas e de cada atividade. Também permite fazer aanálise comparativa entre propriedades, gerar as médias do grupo decabeça, média e cola. Via de regra, são escolhidas 25% das melhorespropriedades para formar as referências ou benchmarks, utilizando ocritério de lucro para o sistema e a margem bruta para as atividades.Ainda são feitas as análises interanuais e o cálculo dos custos deprodução de cada produto.

Outro aspecto da metodologia são os grupos de discussão.Agricultores de um mesmo sistema de produção se reúnemperiodicamente para discutir os resultados de suas propriedades, bemcomo aspectos técnicos. Através desse processo, busca-se umnivelamento por cima, e uma busca constante do novo. Os agricultoresaprendem uns com os outros.

Para a melhoria dos sistemas produtivos da agricultura familarque têm pouca área de terra disponível, busca-se atividades de altadensidade econômica, adequadas às condições edafoclimáticas da região,com ênfase na produção de hortaliças e frutas, além da produção deleite. Também se buscam formas alternativas de organização daprodução, processamento e comercialização, para que possa ocorrermaior agregação e apropriação de valor por parte dos agricultoresfamiliares, visando à melhoria dos sistemas produtivos de cada UPR. ATabela 1 mostra em cada UPR, a descrição dos sistemas de produçãoque estão sendo estudados.

6. Equipe técnica

Atualmente estão envolvidos com a execução do projeto, 33pesquisadores e extensionistas com dedicação em tempo parcial ou total.

7. Principais resultados já alcançados

O projeto, durante seus 21 anos de atividade, estudou e permitiua melhoria de todos os principais sistemas produtivos da agriculturafamiliar de SC, através de informações técnicas e econômicas quesubsidiaram a ação de técnicos e produtores. O projeto produziupublicações periódicas como:

39

Tabela 1. Sistemas de produção a serem estudados e sua distribuição por UPR.

UPR Descrição dos sistemas estudados

1

1 - bovinos de leite com produção de leite a pasto e pastoreio racion 2 - bovinos de leite, aves de corte e suínos ciclo completo 3 - bovinos de leite e fumo 4 - produção agroecológica de cereais, frutas e hortaliças

2

1 - bovinos de leite com produção de leite a pasto e pastoreio rac 2 - aves, bovinos mistos e suínos ciclo completo 3 - aves e fruticultura 4 - aves, fruticultura e suínos terminação vertical 5 - cereais, aves e suínos ciclo completo 6 - fruticultura 7 - produção agroecológica de cereais, frutas e hortaliças

3

1 – bovino de leite em agroecológico 2 - fruticultura – maçã 3 - batata consumo 4 - cereais e bovinos mistos com produção agroecológica 5 - bovinos de corte e ovinos com melhoramento do campo nativo 6 – produção agroecológica de cereais, frutas e hortaliças

4

1 - bovinos de leite – leite a pasto e pastoreio rotativo 2 - cereais e outros grãos + industrialização de alimentos 3 - cereais e outros grãos + bovinos de leite 4 - cereais e outros grãos + culturas não cereais 5 – produção agroecológica de cereais, frutas e hortaliças

5

1 - bovinos de leite – produção de leite a pasto e pastoreio rotativo 2 - culturas não cereais (fumo de estufa) 3 - olericultura (cebola de produção agroecológico) 4 - bovinos de leite e culturas não-cereais 5 - culturas não-cereais e olericultura – fumo e cebola 6 - cereais e outros grãos, leite e culturas não-cereais (milho, leite, f 7 - bovinos de leite convencional e produção para subsistência 8 – fruticultura de produção agroecológico

6

1 - cereais outros grãos - arroz irrigado 2 - fruticultura – banana 3 - bovinos de leite com produção de leite a pasto e pastoreio rotativ 4 - bovinos de corte 5 - cereais e outros grãos - arroz irrigado - e bovino misto 6 - cereais e outros grãos e fruticultura - arroz irrigado e banana 7 - turismo rural

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• Manual de Referências em Administração Rural.• Coeficientes técnicos de mão-de-obra e mecanização.• Séries históricas de preços analisados.• Estudos de caso sobre melhoria dos sistemas produtivos da

agricultura familiar.• Apostilas de capacitação de técnicos e produtores em administração

rural.

Além disso, o projeto já desenvolveu e colocou à disposição deprofissionais de assistência técnica e extensão rural e dos agricultores,os seguintes Softwares:

• Contagri – Software para contabilidade agrícola, cálculo deindicadores de desempenho técnico e econômico das atividades edos sistemas produtivos, custos de produção, além de análisecomparativa para estabelecer os benchmarks.

• Crediagri – Software para a elaboração de planos de Crédito Rural,destinado ao uso de técnicos que elaboram os projetos e asdeclarações de aptidão do Pronaf.

• Multiagri – Software destinado ao registro e análise de séries históricasde preços pagos e preços recebidos pelos agricultores, atualizaçãode séries históricas, relações de troca, análise de investimentos, dentreoutros.

• Planagri – Software para elaboração de planos de melhoramento depropriedades rurais, que permite simular as alternativas para amelhoria da renda das propriedades, formulando assim o melhorplano, de acordo com os recursos produtivos disponíveis,oportunidades de mercado e as preferências do agricultor e de suafamília.

• Sistema especialista – Software destinado ao apoio do processo detomada de decisão na atividade de gado leiteiro.

8. Apoio às ações de Crédito Rural

Como instrumento para a melhoria dos sistemas produtivos, ocrédito rural cumpre um papel fundamental. Para tanto, o projetotambém coordena as ações de controle e apoio à elaboração de projetosde crédito, que possibilitam o acesso à recursos financeiros para que osagricultores implementem as melhorias nos sistemas produtivossugeridos pelos estudos. Esse subprojetos tem os seguintes objetivos:

41

• Agilizar a divulgação e distribuição dos Normativos do Crédito Ruralemanados do Banco Central, Badesc e outras instituições financeiras.

• Divulgar as linhas de Crédito Rural e programas de financiamentodo setor rural.

• Buscar integração com as instituições financeiras que a Epagrimantém convênios de parceria ligados ao Crédito Rural.

• Buscar renovar o convênio assinado entre Banco do Brasil e Epagrie outras instituições financeiras se houver interesse.

9. Parcerias

Ao longo dos anos de sua execução, o projeto estabeleceu parceriascom diversos instituições públicas e privadas, que cooperaram e/oureceberam apoio do projeto de rede de referências da Epagri em SantaCatarina e em outros estados. Dentre essas parcerias, cabe citar:

• Escritórios de planejamento• Sadia• Perdigão• Souza Cruz• Cooperativas• Escolas agrotécnicas• Emater/RS• Prefeituras• Produtores rurais