conselhos de políticas públicas na estratégia da cut · perspectivas para a ação da cut na...

86
Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT

Upload: dinhdang

Post on 14-Feb-2019

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT

Page 2: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

3

Conselhos de Políticas Públicasna Estratégia da CUT

Page 3: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

4

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

C755 Conselhos de políticas públicas na estratégia da CUT. – São Paulo : Central Única dos Trabalhadores, 2011.88 p. : il.

Publicação a partir do Encontro com Secretários(as) Gerais e Representantes da CUT nos Conselhos Nacionais, realizado em 16 e 17 de maio de 2011 em São Paulo.

1. Central Única dos Trabalhadores - Conselhos. 2. Políticas

públicas. 3. Sindicalismo - Brasil. 4. Democratização. 5. Sindicatos - Brasil. 6. Direitos dos trabalhadores.

CDU 331.105.44(81)CDD 331.880981

(Bibliotecária responsável: Sabrina Leal Araujo – CRB 10/1507)

Page 4: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

5

Diretores(as) ExecutivosAntonio Lisboa Amâncio do Vale

Aparecido Donizeti da SilvaDary Beck Filho

Elisângela dos Santos AraújoJasseir Alves Fernandes

Julio TurraPedro ArmengolRogério Pantoja

Shakespeare Martins de JesusValeir Ertle

Conselho FiscalJoice Belmira da Silva

Pedro de Almeida dos AnjosWaldir Maurício da Costa Filho

SuplentesMarlene Terezinha Ruza

Rubens GracianoSérgio Irineu Bolzan

DIREÇÃO EXECUTIVA NACIONAL DA CUT – Gestão 2009-2012

PresidenteArtur Henrique da Silva Santos

Secretário-GeralQuintino Marques Severo

Secretário de Administração e FinançasVagner Freitas de Moraes

Secretária de Combate ao RacismoMaria Julia Reis Nogueira

Secretária de ComunicaçãoRosane Bertotti

Secretário de FormaçãoJosé Celestino Lourenço (Tino)

Secretária da JuventudeRosana Sousa de Deus

Secretária de Meio AmbienteCarmen Helena Ferreira Foro

Secretária da Mulher TrabalhadoraRosane da Silva

Secretário de Organização e Política SindicalJacy Afonso de Melo

Secretário de Políticas SociaisExpedito Solaney Pereira de Magalhães

Secretário de Relações InternacionaisJoão Antonio Felício

Secretário de Relações do TrabalhoManoel Messias Melo

Secretária da Saúde do TrabalhadorJunéia Martins Batista

Page 5: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

6

Page 6: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

7

Índice

1. Apresentação .................................................................................................................... 92. Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT - Referências nas Resoluções da CUT .......................................................................................................... 10

2.1) Resoluções das Plenárias Estatutárias da CUT .................................................. 11 2.2) Resoluções dos Congressos da CUT - CONCUTs .............................................. 26

3. Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ....................................................................................... 58

3.1) Um Rural para ser Eterno. E não somente para ser Moderno Humberto Oliveira ............................................................................................... 58 3.2) A participação social nos Conselhos e Conferências de Políticas Públicas Gerson Almeida ................................................................................................... 63 3.3) DesafiosparaaaçãodaCUTnosConselhosdeGestãodas Políticas e Fundos Públicos e do Sistema “S” em Âmbito Nacional Quintino Severo .................................................................................................. 68 3.4) Conselhos e conselheiros Suzana Sochaczewski ........................................................................................ 70

4. A CUT e a participação institucional................................................................................. 75

4.1) A participação institucional da CUT nos Conselhos Nacionais .......................... 75 4.2) Cronograma das Conferências Nacionais previstas – 2011/12 .......................... 79 4.3) A participação institucional da CUT nos Conselhos Nacionais do Sistema S .... 82

5. Encaminhamentos do Encontro ....................................................................................... 84 5.1) Propostas elaboradas pelas Estaduais da CUT .................................................. 84 5.2) Propostas Gerais ................................................................................................. 84

Page 7: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

8

Page 8: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

9

Companheiros/as,

Realizou-se nos dias 16 e 17 de maio de 2011, em São Paulo, o “Encontro com Secretários(as) Gerais e Representantes da CUT nos Conselhos Nacionais”, a atividade teve como objetivos: Promover o debate sobre a estratégia de intervenção da CUT nos espaços institucionais buscando possibilitar uma compreensão da sua relaçãocomoprocessodedisputadehegemonianasociedade;Identificardemandase construir propostas que potencializem o processo de intervenção da CUT nos espa-ços institucionais e apontem para uma ação mais articulada dos seus representantes ePromoverumareflexãosobreopapeldaSecretariaGeralnoprocessodeconduçãoda ação da CUT nos Espaços Institucionais em âmbito nacional e estaduais.

A primeira iniciativa em reunir Secretários Gerais aconteceu em abril de 1992, quando a CUT realizou o 1º Encontro Nacional de Secretários Gerais, e, em 1º de fevereiro de 2005, realizou-se o 1º Encontro de Conselheiros da CUT, em ambas as atividades produ-ziram-se importantes propostas que contribuíram para o fortalecimento da estratégia da CUT no que se refere à atuação nos espaços institucionais, nos seus diferentes formatos: Conselhos, Comissões e Comitês, GTs, Câmara, Fórum, etc, e também nas Conferências Nacionais que são importantes espaços de deliberação e participação destinadas a pro-ver diretrizes para a formulação de políticas públicas em âmbito Federal.

A Secretaria Geral tem uma tarefa fundamental na organização dos(as) represen-tantes da CUT nos diversos espaços institucionais, portanto esperamos que esta pu-blicação construída a partir das propostas dos(as) Secretários(as) Gerais e dos(as) Conselheiros(as) nacionais indicados pela Central e presente no encontro, seja um ins-trumentoquequalifiqueanossaintervenção,econtribuaparaimplementaraspropos-tasexpressasnaPlataformadaCUT,quedefendeum“EstadoDemocráticocomcaráterpúblico e participação ativa da sociedade”, para isto é preciso ampliar: os espaços de participação social e política, o controle social sobre o Estado, e a capacidade de formu-lação e deliberação dos diversos conselhos sobre as políticas de governo, daí a impor-tância do papel dos(as) representantes da CUT nestes espaços de atuação.

Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

1. APRESENTAÇÃO

Quintino Severo Secretário Geral

Artur Henrique da Silva SantosPresidente

Page 9: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

10

A intervenção da CUT na organiza-ção e na defesa dos direitos imediatos e históricos da classe trabalhadora propõe como horizonte a construção de uma so-ciedade socialista. Desde as origens da Central travou-se uma forte luta contra as crises do capitalismo, manifestas em graves recessões, como a vivenciada no período Collor, ataques neoliberais e em-bates com o Capital e o Estado, em um processo de construção da democracia.

As mobilizações, pressões e lutas pela democracia participativa constituem um pano de fundo da atuação da CUT frente à conjuntura, como é demonstra-do nas Resoluções de Plenárias e Con-gressos da CUT. Dentre as estratégias combinadas com as lutas gerais, a CUT em sua história não apenas reivindica, como passa a ocupar espaços funda-mentais na formulação e gestão de po-líticas públicas, que são os espaços dos Conselhos e Fóruns. Deste modo a CUT consolida sua estratégia de intervenção propositiva na disputa de projetos de sociedade e de Estado, não como uma mera evolução no tempo, mas sim como um acúmulo de formulações que vai de-sembocar na reivindicação de mudan-ças estruturais de nossa Sociedade e do Estado, o que envolve debates centrais, porexemplo,sobreomodelodedesen-volvimento e a reforma política.

Na história da CUT, a atuação dos

conselheiros nas políticas públicas resul-tam de uma combinação da ação no local de trabalho, o exercício da democracianas entidades sindicais e os enfrentamen-tosaoCapitaleaoEstado.Asreflexõeseformulações sobre tal prática transforma-dora, se manifestam em mudanças nas políticas de governo e de Estado, em to-dos os níveis e esferas de governo, com impactos diretos na vida de crianças e adolescentes, mulheres, negros, pesso-ascomdeficiência, idosos,assalariadosurbanos e rurais, pescadores e trabalha-dores informais, entre outros, resultando em melhor qualidade de vida, garantia de direitos, rumo à emancipação humana.

A seguir, apresentamos uma con-solidação das Resoluções de Plenárias e Congressos da CUT como um subsí-dio para consulta e estudo, com formu-lações CUTistas para todos os temas que interessam a classe trabalhadora equesearticulamem4grandeseixos:

2. Conselhos de Políticas Públicasna Estratégia da CUT - Referênciasnas Resoluções da CUT

• Democratização do Estado e das Relações de Trabalho

• Controle Social

• Gestão das Políticas Públicas

• Participação em Conselhos

Page 10: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

11

2.1) RESOLUÇÕES DAS PLENÁRIAS ESTATUTÁRIAS DA CUT

6ª PLENÁRIA (1993)

AO TRATAR DA CAMPANhA CONTRA A FOME

A CUT, o DNTR, os DETRs, as fe-derações CUTistas e os sindicatos par-ticipação ativamente do Movimento da “Ação da Cidadania Contra a Miséria e pela Vida” em todos os estados e muni-cípios, trazendo para o primeiro plano da cenapúblicaoproblemadosexcluídose as alternativas estruturais para a crise.

Deve-se apresentar propostas que abram para a democratização do

Estado e da sociedade, especialmen-te nas questões de reforma agrária, política de geração de empregos e de uma política de crédito voltada aos pequenos agricultores.

7ª PLENÁRIA (1995)

AO TRATAR DA NEGOCIAçãO COLETIVA

Ainda neste âmbito, é indispensá-vel assegurar-se o direito à negociação coletiva para os funcionários públicos, haja vista a decisão do Supremo Tribu-nal Federal que entendeu inexistenteeste direito. Também no que diz res-peito ao serviço público, é fundamental propormos como medida de transição a criação de um Conselho Nacional da Administração Pública, com composi-ção tripartite (sindicatos, governo e so-

Rob

erto

Par

izot

ti

Page 11: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

12

ciedade civil) que terá a atribuição de acompanhar as negociações coletivas, fiscalizar o cumprimento do queé ne-gociado, compatibilizar os termos dos acordos com o interesse dos destina-tários do serviço e buscar permanente-mente a melhoria do atendimento nos serviços prestados à população. AO TRATAR DA FORMAçãO PROFISSIONAL

Reivindicamos a constituição de conselhos tripartites paritários (tra-balhadores, governo e empresários): para a gestão das agências de forma-ção profissional (Senai, Senac, Sesi,Sesc, Senar, Senat), ou de outras ini-ciativas complementares ao ensino regular de âmbito municipal, estadual, nacional e regional, visando rigoroso controlefiscale formalizaçãodepro-cessos sistemáticos de avaliação dos serviços prestados.

(...)

Duas das diretrizes aprovadas pelo Concut estão tendo desdobramentos, mesmo que ainda limitados, no âmbito institucional: a) ampliação do atendi-mento aos desempregados, incluindo umprogramaderequalificaçãoprofis-sional, com o gerenciamento por Co-missões Estaduais Tripartites de Em-prego; b) a criação de um programa de geração de emprego e renda.

Em ambos os casos trata-se de iniciativas que estão sendo discutidas pela representação dos trabalhadores no Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat).

A CUT tem pautado sua interven-ção no Codefat pelo esforço para me-lhorar o atendimento aos desempre-gados – para além da ampliação dos investimentos produtivos, base da ge-ração de novos empregos.

Nossa Central tem defendido que o atendimento aos desempregados deve estar na base de qualquer política de emprego, e não deve estar restrito ao pagamento do benefício do seguro-de-semprego, mas obrigatoriamente deve incluirarequalificaçãoprofissionaleaintermediação de empregos, permitin-do ao trabalhador desempregado vol-tar a trabalhar de forma digna. Nesse sentido o Codefat tomou medidas para reestruturar o Serviço Nacional de Em-prego (Sine). Na proposta do Codefat, o Sine deixa de ser o organismo deação política dos governadores na área do trabalho para se tornar o embrião de um Serviço Público de Emprego. Esse novo sistema deverá ser centralizado por esfera de governo (União, estados e municípios) e ser submetido a contro-le social em cada esfera.

AS POLíTICAS DE AjUSTE NEOLIBERAL, DE DEFESA DO ESTADO MíNIMO

O desmonte do Estado no Brasil – nasuacapacidadedefinanciaraedu-cação e outros serviços–– tem ocorrido atravésdadesqualificaçãodopúblico,da apologia da esfera privada e da des-centralização como mecanismos de democratizaçãoedeeficiência.Naprá-tica, a descentralização tem se consti-tuído num processo antidemocrático

Page 12: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

13

ao delegar a empresas (públicas e pri-vadas), à “comunidade”, aos estados e aos municípios a manutenção da edu-cação fundamental e média, sem que se criem e se agilizem mecanismos de financiamentomedianteumaefetivaedemocrática reforma tributária. O que de fato vem ocorrendo, através de inú-meros disfarces, convênios, cooperati-vas etc., é a privatização crescente e o desmonte da escola pública.

O projeto democrático e popular, alternativa ao anacrônico projeto neo-liberal na resolução da crise social, de cuja construção a CUT tem participado junto com os movimentos populares e partidos democráticos, deve ter como ponto nuclear a ampliação da esfera pública e a constituição de mecanis-mos democráticos de controle social dos fundos públicos. No campo edu-cacional, em particular, o avanço con-tra o neoliberalismo implica em trazer oconflitoparaaesferadopúblico,empublicizá-lo. É dessa maneira que po-deremos efetivar, como alternativa his-tórica, a proposta de uma educação democrática que traduza as necessi-dades do conjunto da sociedade.

(...)

Reivindicamos o controle social dos fundos públicos. O projeto democrático e popular, alternativa ao anacrônico projeto neoliberal na resolução da crise social, de cuja construção a CUT tem participado junto aos movimentos po-pulares e partidos democráticos, deve ter como ponto nuclear a ampliação da esfera pública e a constituição de mecanismos democráticos de controle

social dos fundos públicos. No campo educacional, em particular, o avanço contra o neoliberalismo implica em tra-zeroconflitoparaaesferadopúblico,em publicizá-lo. É dessa maneira que poderemos efetivar, como alternativa histórica, a proposta de uma educação democrática que traduza as necessida-des do conjunto da sociedade.

É necessário o controle social des-tes fundos públicos, considerando que qualquer subsídio, recolhimento com-pulsório,incentivofiscalourecursoor-çamentário destinado à formação pro-fissionalconstituifundopúblicoedeveser gerido publicamente.

A PARTICIPAçãO DA CUTA CUT reivindica, também, a parti-

cipação dos trabalhadores na formula-ção de políticas públicas de educação e na elaboração e avaliação de todos os programas e políticas de ensino/for-maçãoprofissional.

(...)

Conclusão:Énecessárioreafirmarmais um vez a importância da parti-cipação dos trabalhadores na formu-lação de políticas públicas de ensino profissional. A discussão do ensinoprofissional/educação permanentedeve estar vinculada à luta pelo salá-rio digno, liberdade de organização no local de trabalho e garantia de empre-go. A generalização dessa compreen-são é que poderá armar os trabalha-dores e sua direção na defesa de uma proposta alternativa, classista e de-

Page 13: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

14

mocrática aos processos de reconver-são, adaptação e desregulamentação que estão sendo implementados pelo capital e que tendem a se acelerar.

AçõES EM CURTO PRAzOLutar pela aprovação da Lei das

Diretrizes e Bases da Educação Na-cional – PLC-101/93 (parecer Cid Sa-bóia), reforçando as ações do Fórum Nacional em Defesa da Escola Públi-ca e fortalecendo a visão da escola básica unitária, isto é, da formação profissional como parte do sistemaregular de ensino e das demais po-líticas públicas, capaz de promover o acesso ao mundo do trabalho.

AO TRATAR DO SISTEMA DEMOCRáTICO DE RELAçõES DE TRABALhO

A história recente do país de-monstra ser possível coesionar diversos segmentos da socieda-de em torno de propostas objeti-vas e concretas. Propostas que tenham por substrato os princípios da transparência, da ética, da in-formação e dos procedimentos de-mocráticos. Que estejam voltadas para produzir cidadania.

O aperfeiçoamento do regime de-mocráticoexigemecanismosdecon-trole social sobre a gestão do Esta-do. Exige equilíbrio nas relações depoder e definição clara do papel doEstado como provedor de regras ga-rantidoras desse equilíbrio.

8ª PLENÁRIA (1996)

AO TRATAR DA REESTRUTURAçãO PRODUTIVA

Orientações da CUT e as mudan-ças tecnológicas

No desenvolvimento dessa estraté-gia há três planos de intervenção que devem ser considerados:

a)Olegal:porexemplo,oprojetodelei que regulamenta o art. 7º da CF no que diz respeito à proteção do traba-lhador frente à automação e outros;

b)Oinstitucional:porexemplo,atra-vés da atuação dos representantes da Central nos fóruns que discutem políticas públicas (como Codefat, PBQP e Mercosul) no sentido de co-locar a pauta sindical;

c) A relação direta de negociação, porexemplo,quandoossindicatos,através da mobilização, buscam impedir ações unilaterais das em-presas e conseguir cláusulas nos acordos/convenções que protejam os trabalhadores frente às mudan-ças organizacionais e tecnológicas.

9ª PLENÁRIA (1999)

AO TRATAR DA ESTRUTURA SINDICAL E RELAçõES DE TRABALhO

Luta pela permanência na terra

Page 14: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

15

A luta por reforma agrária deve ser acompanhada pela conquista de políticas públicas que garantam a permanência da família na terra. Tais políticas devem garan-tir as seguintes ações:

Crédito subsidiado, infra-estrutura bá-sica (incluindo a educação pública e capa-citaçãoprofissional),comvistasao forta-lecimento da agricultura familiar, de onde vem mais de 70% da alimentação da po-pulação do país. Tais medidas objetivam inibiroêxodoruralegarantiraalimentaçãoda classe trabalhadora brasileira.

AO TRATAR DA POLíTICA NACIONAL DE FORMAçãO

Desafiosatuaisdaformação

Diante das complexas mudançaspelas quais vêm passando o mundo do trabalho, que demandam intervenções cada vez mais qualificadas e proposi-tivas por parte dos dirigentes e lideran-ças cutistas, coloca-se como imperativo para a PNF desenvolver ações, em sua estratégia formativa, que os capacite para a luta pela negociação da reestru-turação produtiva desde os locais de tra-balho; para a luta pela democratização e gestão das políticas públicas; para a atuaçãosindicalemqualificaçãoprofis-sional, bem como para sua contratação nos processos de negociação coletiva e amadurecimento de proposições mais amplas que possibilitem um diálogo mais profícuo com a sociedade; para o enfren-tamento do processo de reestruturação sindical em suas múltiplas dimensões; paraotratocomadiversificaçãodapau-ta sindical que envolve questões como

relações de gênero, questão racial, tra-balho infantil, do menor de rua, saúde, educação, entre outros; e finalmente,para a formulação de um projeto alterna-tivo de desenvolvimento.

(...)

Nessa mesma perspectiva, deve--se ressaltar as ações do Projeto In-tegral, implementado pela Rede de Formação da CUT, que atua em duas vertentes: capacitação de conselhei-ros para as Comissões Municipais de Emprego e Formação de Formadores em Qualificação Profissional. Ao ca-pacitar nossos conselheiros para as comissões municipais de emprego, o Integral busca atender à necessidade da Central de formar os representan-tes institucionais da CUT para atuarem em todo o território nacional nos con-selhos tripartites e deliberativos. Com isso, garantindo os princípios cutistas de intervenção em políticas públicas envolvendo qualificação profissional equanto ao uso de bens públicos – os recursos do FAT e o projeto para a edu-cação profissional em construção naCentral – bem como para avaliar e de-cidir sobre ações do governo e do em-presariado coerentemente, realizando a disputa nesse âmbito. Ao realizar a Formação de Formadores emQualifi-caçãoProfissional,o Integralatuaco-erentemente com a necessidade de instituir novos modelos de educação e formaçãoprofissional,apartirdosprin-cípios educacionais e metodológicos já preconizados na 7ª Plenária, formando multiplicadores nessas bases para uma atuação consistente e coerente em pro-cessosdeformaçãoprofissional.

Page 15: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

16

A POLíTICA DA CUT SOBRE FORMAçãO PROFISSIONAL E SISTEMA PÚBLICO DE EMPREGO

Esse novo ambiente colocado para o movimento sindical passou a comandar iniciativas direcionadas à formulação de propostas sobre políticas públicas que incidem sobre o mundo do trabalho (po-lítica industrial, agrícola, reforma agrária etc.), e, no período mais recente, sobre as políticas de emprego.

AO TRATAR DA SAÚDE, PREVIDêNCIA E ASSISTêNCIA SOCIAL

A CUT acumulou muito na área deseguridadesocial.Fomos forçaex-pressiva em conferências nacionais, atuamos com grande repercussão nos conselhos setoriais, disputamos proje-tos no parlamento e lideramos mobiliza-ção em todo o Brasil também sobre as questões de seguridade social. Como resultado dessa política, tornamo-nos uma das principais referências da so-ciedade organizada sobre os temas do setor, criando uma forte aliança com as entidades representativas dos demais usuários da seguridade social. Estamos na prática desenvolvendo a política da “CUT cidadã”, que dialoga com o con-junto da população.

No 7º Concut devemos, além de re-afirmarposiçõeshistóricasemdefesados trabalhadores, formular propostas de combate efetivo ao projeto neolibe-ral, reforçando as questões sociais e avançando em novas resoluções:

AO TRATAR DA SAÚDENo próximo ano acontecerá a 11ª

Conferência Nacional de Saúde, pro-vavelmente precedida de Conferências Estaduais de Saúde e Conferência de Recursos humanos, para as quais mais uma vez a CUT deverá articular seus sindicatos e instâncias para de-bate de teses e mobilizações em torno de políticas que garantam a viabiliza-çãodoSUS.Jáexisteumaarticulação/negociação dos partidos no Congresso Nacional, que devemos acompanhar, paraaprovaçãodefinanciamentoper-manente para a saúde, mesmo que ainda não estejam nos moldes do que a PEC 169 original poderá proporcio-nar: um avanço na luta por recursos permanentes para a saúde.

Somos contra os processos de pri-vatização do atendimento à saúde da população,disfarçadaouexplícita,emcurso. Defendemos o SUS como um sistema que oferece atenção de boa qualidade para todos. Devemos enca-minhar novas discussões sobre a saú-de pública preventiva: saúde e meio ambiente, saúde no local de trabalho e políticas públicas de saúde preven-tiva (sanitárias), bem como combater quaisquer políticas de saúde que se-jamexcludentes.

AO TRATAR DO TEMA SOBRE SAÚDE DO TRABALhADOR E MEIO AMBIENTE

Defendemos os serviços públicos na área de seguridade social (saúde, previdência e assistência social), como políticas públicas, com o objetivo de

Page 16: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

17

garantir a qualidade de vida, proteção social e conquista de cidadania.

Lutarpelaexistência,naredepú-blica, de atendimento dirigido aos tra-balhadores, por meio de Centros de Referência e Programas de Saúde do Trabalhador, fortalecendo o Sistema Único deSaúde. Intensificar a parti-cipação da CUT nos Conselhos de Saúde em todos os níveis, integran-do essa ação junto às Secretarias de Políticas Sociais – articulando com os nossos sindicatos ações para in-tervenção organizada nos conselhos municipais de saúde, como também articular os nossos sindicatos para uma ação organizada nos fóruns de saúde pública e na defesa do SUS, fazendo valer os seus princípios.

AO TRATAR DO TEMA ASSISTêNCIA SOCIAL

Reafirmamos nossa defesa de um sistema de assistência social de fato, subordinado a amplo controle social, apoiando e lutando para a aprovação do Fórum Nacional de Assistência Social e pela implan-tação de Conselhos de Assistên-cia Social, articulando as ações da área, atendendo a todos que dele necessitem, combatendo as frau-des, picaretagens e clientelismos. Apoiamos a Lei Orgânica do Setor (Loas) pois, embora com limitações, é um caminho que se construiu para a constituição do sistema. Devemos também incentivar ações em todas as esferas governamentais (União, estados e municípios) objetivando elevar a qualidade de vida dos ci-

dadãos e lutar para garantir a reali-zação das conferências municipais, estaduais e nacional, conforme de-termina a Loas.

Em relação à assistência social constatamos um grande desmonte da Loas. O orçamento aprovado para 1999 é 30% menor que o orçamento de 1998, que já era pequeno, levando àextinçãodeprogramasimportantes,como o de geração de renda. Ao in-vés de atender à preocupação social com as crianças e adolescentes, as-sistimos a mais cortes. O DCA – De-partamento da Criança e Adolescente –, do Ministério da justiça, tinha em 1995 um montante de 97,5 milhões e em 1999 terá apenas 16,3 milhões, para ações em defesa dos direitos da criança e adolescente; implantação e apoio dos Conselhos Tutelares. A área rural do programa de “aquisição de veículos escolares” sofreu um cor-te de 68,75%, o que certamente pre-judicará o acesso dessas crianças e adolescentes à educação.

AO TRATAR DE MEIO AMBIENTE NO MEIO SINDICAL

A Agenda 21, assinada por 175 chefes de governo na ECO/92, in-troduziu no debate da globalização a discussão sobre desenvolvimento e meio ambiente. Não se pode falar em políticas públicas sem tocar na questão do desenvolvimento susten-tável. O meio ambiente é parte estra-tégica do processo de globalização. É preciso combater o esgotamento dos recursos naturais.

Page 17: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

18

(...)

O recente enfraquecimento do Co-nama – Conselho Nacional do Meio Ambiente – mostra claramente qual é a verdadeira intenção do governo: excluir a sociedade civil e os traba-lhadores dessas discussões. Além disso, a ausência de políticas públi-cas do governo federal na questão ambiental tem transferido decisões importantes, de caráter nacional (e portanto de toda a sociedade) à es-fera dos Estados. Os interesses eco-nômicos e políticos locais dão hoje a direção das políticas públicas para a Amazônia,porexemplo.

AO TRATAR DA POLíTICA DE COMBATE AO RACISMO

Garantir em nível de governo a real implementação das políticas públicas, no plano federal, para a população negra.

Orientar os sindicatos, especial-mente os participantes nos conselhos de saúde, que cobrem a implementa-ção da decisão da 10ª Conferência Na-cional de Saúde, sobre a leucopenia.

Assegurar conferências tripartites do Conselho de Saúde (governo, em-presários e trabalhadores), em nível de estados e municípios, para discussão e implementação de assistência à saúde da população negra.

Democratizar as Agências de Formação Profissional (Senai, Se-nac, Sesi, Senar, Senat), por meio

de conselhos tripartites, que tenham como objetivo formular a política de formação profissional, acompanhar sua implementação e fiscalizar a aplicação dos recursos, sem perder a perspectiva de substituição das mesmas, por Centros Públicos de Ensino Profissional, que levem em conta, inclusive, a abordagem da discriminação racial como fator dife-renciador nas relações de trabalho.

Assegurar para a gestão das Agên-ciasdeFormaçãoProfissionalapartici-pação de educadores negros e negras.

Criar política de monitoramento permanente, por meio dos conselhos tripartites, dos currículos escolares, livros didáticos, manuais escolares, audiovisuais e programas educativos controlados pelo Estado

Participar das comissões e conselhos tripartites que desenvolvam o tema racial.

Propor que a Confederação Nacio-nal dos Trabalhadores em Seguridade Social garanta o debate sobre a saúde da população negra, bem como a con-ferência de saúde da população negra, no conselho tripartite.

Propor que a CNTE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educa-ção e a CUT pressionem o Ministério da Educação objetivando garantir o debate sobre educação e relações raciais.

Desenvolver políticas públicas em parceria com as administrações es-taduais e municipais sobre formação profissional,comvistasaoaproveita-

Page 18: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

19

mento dos trabalhadores negros e ne-gras,considerandoabaixareinserçãodesses trabalhadores, mesmo sendo qualificados e requalificados no em-prego e na ocupação.

AO TRATAR DA POLíTICA DE GêNERO

As reformas implementadas pelo governo FhC atacam diretamente os di-reitos conquistados das mulheres, como atentativainsistentedofimdalicença--maternidade, estabilidade da mulher gestante, limite do salário-maternidade aotetodebenefíciode1.200reaisefi-xaçãodeidademínimacomomaisumcritério para aquisição da aposentado-ria, como também se vê nas esferas municipal, estadual e federal a preca-rização dos serviços que deveriam ga-rantir políticas públicas para a mulher. Nas políticas públicas de emprego e renda, é preciso criar estratégias para garantir o espaço da mulher no merca-do de trabalho, na tentativa de romper com a discriminação sexista, evitandoinclusive a discriminação da mulher na busca de crédito no Proger e outros.

AO TRATAR DA jUVENTUDEAo mesmo tempo, a CUT deverá

continuar a desenvolver seus estu-dos de caso para, ao dar visibilidade à exploração do trabalho de crian-ças, criar as condições para seu combate na sociedade, o que impli-ca envolvê-la na luta por políticas públicas que possibilitem à criança acesso, permanência e sucesso na

escola. Lutar pela instituição de Pro-grama de Renda Mínima vinculado à permanência das crianças na escola deve ser central para a CUT.

AO TRATAR DA EDUCAçãOO quadro caótico da educação

está relacionado à brutal concen-tração de renda no Brasil, à falta de reforma agrária, política habitacio-nal que garanta moradia para todos, mais e melhores empregos, melhoria para a saúde e outras. Não há solu-ção para a educação isolada da luta geral por políticas públicas e transfor-mações sociais e políticas que con-quistem uma sociedade justa e iguali-tária. A educação é, entretanto, cada vez mais estratégica para o projeto dos trabalhadores e para o país.

AO TRATAR DO MOVIMENTO SINDICAL E A CUT NA LUTA POR MORADIA

É preciso articular a atuação no Conselho Curador com as reivindica-ções dos movimentos ligados à temá-tica urbana, coordenando a ação das entidades nacionais filiadas à CUTque tratam do tema, introduzindo essa discussão na pauta da Central, espe-cialmente em função da capacidade de geração de empregos, e colocando nossa participação no CCFGTS a ser-viço do movimento popular.

A ação institucional da CUT no Conselho Curador do FGTS, bem como nos demais conselhos que tra-

Page 19: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

20

tam de fundos e temas de interesse da classe trabalhadora, deve prosseguir, ampliando seu leque de ação e procu-rando apoio nos setores do movimen-to popular envolvidos com a questão. Para isso é fundamental a constitui-ção de coletivos temáticos, com a par-ticipação de representações sindicais e do movimento popular, para elabo-ração e apoio à nossa ação nos con-selhos, que precisa ampliar a asses-soria, evitando acréscimos de custos, que a Central não poderia bancar.

10ª PLENÁRIA (2002)

AO TRATAR DA EDUCAçãOEspecificamente quanto à Gestão

Democrática, uma de nossas bandeiras mais caras, a LDB desconsidera a insti-tuição do Fórum Nacional de Educação, instância que, nas diversas esferas, iria permitir a interface com a sociedade e dar organicidade ao sistema; reduz a competência do Conselho Nacional de Educação, tornando-o um órgão subor-dinado ao MEC; não garante Conselhos Estaduais e Municipais de Educação de-mocráticos e, quanto aos Conselhos Es-colares, transfere aos respectivos siste-mas as regras para seu funcionamento.

AO TRATAR DO TEMA PELA DEMOCRATIzAçãO DA PREVIDêNCIA SOCIAL

Precisamos garantir que a pre-vidência social continue pública e

seja sustentável, assegurando bene-fícios para as gerações presentes e futuras. Um passo importante nessa direção será o retorno dos Conse-lhos Municipais e Estaduais de Pre-vidência, além da democratização e dinamização do Conselho Nacional, onde já participamos. Teremos que formar companheiras e companhei-ros para essa participação, para que ocupemos nossos postos quando essa conquista chegar.

EM DEFESA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)

Diante dos ataques que o SUS Sistema Único de Saúde vem so-frendo pela implementação da políti-ca neoliberal de FhC, traduzida nos processos de privatização e tercei-rizações de serviços, flexibilizaçãodas relações de trabalho e levando--se em conta a necessidade de or-ganizar, capacitar e nortear a ação e intervenção do campo cutista nos diversos espaços, propomos realizar Campanha de sensibilização dos di-rigentes sindicais para a defesa do Sistema Único de Saúde e da impor-tância de participação e atuação nos conselhos de saúde.

Discutir proposta de “regulamenta-ção da saúde do trabalhador no SUS” eaCentraldeveráconvocarnopróxi-mo período a 1ª Conferência Nacional de Saúde da CUT.

Page 20: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

21

PROPOSTA PARA A ERRADICAçãO DO TRABALhO INFANTIL

PorissoaCUTintensificaráasuaparticipação nos fóruns de defesa dos direitos da criança e do adolescente, bem como nos Conselhos de Direitos nos três níveis de atuação – munici-pais, estaduais e nacional.

PROPOSTAS MORADIAA CUT tem assento no Conselho

Curador do FGTS e deve aproveitar este fórum para lutar por políticas de: financiamento destinado às mo-radiasdebaixarenda;apoioeincen-tivo a projetos de construção sem intermediários (empreiteiras); incen-tivo e financiamento de projetos de cooperativas habitacionais; financia-mento de projetos para acompanha-mento de construção de moradias populares em regime de mutirão.

Com relação às políticas sobre moradia, a CUT deve organizar se-minário ou encontro para discutir especificamente este tema e tirar uma linha de atuação, abrangendo os diversos aspectos da questão: denúncia da quase inexistente po-lítica habitacional dos governos, le-galização de ocupações, incentivo e estudo de legislações municipais e estaduais que tratem e favoreçam o combate ao déficit habitacional ur-bano e o incentivo às cooperativas habitacionais – o que deveria fazer parte das políticas sindicais perma-nentes da CUT.

11ª PLENÁRIA (2005)

PLANO DE LUTASIncentivar os coletivos da juven-

tude nacional/estadual a participa-rem dos conselhos estaduais/na-cional de juventude, fomentando a criação de coletivos estaduais onde aindanãoexistem;

POLíTICAS PERMANENTESImplementar um Programa Na-

cional de Formação de Gestores de Políticas Públicas: ampliar e inten-sificar a formação de dirigentes eassessores(as) sindicais visando a apropriação, reflexão,aprimoramentode propostas e ações para a demo-cratização do Estado e instituição de mecanismos de controle social.

Preparar intervenção da CUT no Conselho Nacional de Relações do Trabalho (CNRT).

O Seminário de planejamento da juventude Trabalhadora da CUT, com a parceria da Fundação Friedrich Ebert (ILDES), realizado em dezem-bro de 2004 aprofunda ainda mais as resoluções do encontro de 2003, de-talhando e colocando todo o conjun-to do coletivo como responsável pela execução das resoluções que tevecomo prioridade à reorganização dos Coletivos Estaduais, a participação institucional no Conselho do Primeiro Emprego e a organização da Cam-panha Nacional de Sindicalização da juventude Trabalhadora.

Page 21: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

22

Conforme deliberação da 10ª Ple-nária, com a meta de participação ins-titucional, formação e sensibilização, a CUT atuou na Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil – CONAETI, que elaborou o Plano Na-cional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e no Conselho Nacional do Direito da Criança e do Adolescente – CONANDA. Participou de todas as reuniões e cursos promo-vidos pela Comissão de Erradicação do Trabalho Infantil – CETI da Coor-denadora das Centrais Sindicais do Cone Sul, bem como das reuniões do Mercosul que tratou do tema.

Desenvolver campanhas e ações contra a privatização da água e dos serviços de saneamento, tendo como princípio de que água não é merca-doria, é um direito humano, e que sua gestão deve ser pública; pelo acesso de toda a população à água tratada; pela expansãodo saneamentobási-coàpopulação;pelaqualificaçãodomovimento sindical e da população de forma geral, para o controle social da água, pela organização e partici-pação efetiva nos Conselhos de Meio Ambiente, em todas as esferas, e nos comitês de bacia; pelo controle sobre os diversos projetos de recur-sos hídricos que estão sendo desen-volvidos pela Agência Nacional das águas (ANA); pela organização dos trabalhadores e trabalhadoras em conjunto com os demais países do cone sul com o objetivo de preparar nossa militância contra a privatização do Aqüífero Guarany, maior e mais importante reserva de água subterrâ-nea sul-americana.

Fortalecer o papel dos trabalha-dores na Reforma Urbana. A CUT Nacional está presente no Conselho Nacional das Cidades criado, na 1ª Conferência Nacional das Cidades, realizada em 2002. Neste Conselho, os trabalhadores se articulam aos movimentos sociais e população na luta pelo direito à cidade – acesso à terra, à moradia, ao saneamento e ao transporte público. Reforçar este compromisso com a Reforma Urbana é uma condição essencial para calar as vozes contrárias a presença dos trabalhadores neste Conselho. No âmbito estadual, mo-bilizar os trabalhadores e as CUTs estaduais para a Reforma Urbana – esta mobilização deverá estimular a participação dos trabalhadores nas conferências municipais, regionais e estaduais para se aprovar a insta-lação dos conselhos estaduais das cidades, como fórum permanente necessário à luta pelo direito à cida-de por toda população.

12ª PLENÁRIA (2008)

PAC E MODELO DE DESENVOLVIMENTO

A CUT defende um modelo de desenvolvimento sustentável que articule as políticas de crescimento econômico com valorização do tra-balho, que promova a distribuição de renda e justiça social, geração de emprego e democratização das relações de trabalho.

Page 22: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

23

ENERGIAÉ preciso alterar as relações de

trabalho, com a extinção do trabalhoescravo e infantil, mais e crescente de-mocratização, com a adoção dos prin-cípios do trabalho decente, tal como preconizado pela OIT – Organização Internacional do Trabalho.

PETRóLEOA atual política de licitações de

blocos de petróleo e gás natural com-promete a soberania nacional e o con-trole social sobre a utilização destes recursos tão estratégicos e determi-nantes para a sociedade brasileira.

SISTEMA SDiante da ofensiva do setor patro-

nal na mídia na defesa do Sistema S enquantoorganizaçãoexclusivamen-te patronal cabe à CUT contra-atacar com uma ampla e agressiva campa-nha pela democratização do Sistema S, tendo por mote palavras de ordem como democratização, transparência e participação. São entidades que têm natureza pública, mantidas com recursos cobrados compulsoriamente sobre a folha de pagamento, portanto de natureza tributária. O Sistema S teve uma arrecadação anual, de re-cursos públicos, em 2007, da ordem de 12 milhões de reais, segundo o DIEESE, e ainda cobra mensalida-des dos trabalhadores e trabalhado-ras; geralmente, desempregados que procuram seus serviços. É preciso, portanto, romper com o atual formato

degestão,queéextremamentecor-porativo e de natureza privada.

CONSOLIDAR A DEMOCRACIA E AMPLIAR AS MOBILIzAçõES

A democratização da sociedade é um elemento estratégico para a dispu-ta de hegemonia e fortalecimento do projeto sindical CUTista. A livre mobili-zação e participação popular são ele-mentos centrais deste processo.

Potencializar a luta pela institucio-nalização de mecanismos e instrumen-tos de participação dos trabalhadores etrabalhadoras,aexemplodosconse-lhos, visando à ampliação do controle social e à consolidação de políticas de Estado, e não de governos.

DISPUTAR A hEGEMONIA NA SOCIEDADE

Os temas da agenda estraté-gica da CUT assumem relevância fundamental, seja pela capacida-de de mobilização social, seja pelo impacto provocado na vida dos tra-balhadores e trabalhadoras. Enfa-tizamos como bandeiras centrais a liberdade de organização sindical, com a ratificação da Convenção 87 (OIT), a continuidade da luta pela alteração da estrutura sindical, com prioridade à luta pelo fim do Impos-to Sindical e implantação da Contri-buição Negocial; a redução da jor-nada de trabalho sem redução de salários, acompanhada pela limita-çãodashorasextrasecontroledosritmos de trabalho; a ratificação das

Page 23: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

24

Convenções 151 e 158 da OIT; a formalização dos empregos, a am-pliação dos direitos e a seguridade social pública e universal. Também é preciso destacar a institucio-nalização de mecanismos e ins-trumentos de participação dos trabalhadores e trabalhadoras a exemplo dos Conselhos, visando ampliação do controle social e a consolidação de políticas de Es-tado (e não de governos).

SOBRE PROjETO DE CRIAçãO DE FUNDAçãO ESTATAL

Em 1988 os trabalhadores e ou-tros movimentos sociais conseguiram elevar a educação, a saúde, a assis-tência social e a cultura como direitos previstos na Constituição Federal.

Ao longo destes dezoito anos, o Sistema Único de Saúde (SUS), mo-delo constituído na saúde do Brasil, tornou-se referência na prestação de serviços públicos, apesar da fal-ta de verbas, da falta de vontade política e de outros obstáculos. Este modelo foi estruturado como um sis-tema único, hierarquizado, descen-tralizado e com base nos princípios da integralidade, equidade, univer-salidade e controle social. Nele, a própria saúde privada é vista como complementar e não concorrente com a saúde pública.

SOBRE O SUSA CUT deve lutar para que os ges-

tores federal, estadual e municipal res-peitem o controle social e a Emenda Constitucional Nº 29, colocando recur-sos mínimos na Saúde.

SAÚDE E SEGURIDADE SOCIAL

No marco dos 20 anos do SUS, surgido na promulgação da Consti-tuição de 1988, é preciso que a CUT reafirme os princípios do SistemaÚnico de Saúde – a universalidade, a integralidade, a eqüidade e o con-trole social, e que recupere o papel decisivo que historicamente ocupou nas conferências de saúde, inclusive as temáticas, como a saúde do traba-lhador e gestão do trabalho e educa-ção em saúde, para, a partir destas premissas, avançar na construção de um sistema de seguridade integrada, envolvendo as áreas de Saúde, Pre-vidência e Assistência Social.

Estimular o controle social do SUS, por parte da população, através de conferências e dos conselhos, nas três instâncias de gestão.

EIxO ESTRATÉGICO DE ATUAçãO PARA A CUT NACIONAL E SUAS ENTIDADES

A CUT, através da jornada pelo Desenvolvimento com Distribuição de Renda e Valorização do Trabalho, deve

Page 24: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

25

propor uma política para o desenvolvi-mento das cidades visando à reforma urbana e ao desenvolvimento regional (urbanoerural)comoeixosdedesen-volvimento do País.

Construída por suas entidades filiadas que integram o Conselho Nacional das Cidades, esta política deve buscar respostas às necessi-dades de infra-estrutura social e eco-nômica que façam face às demandas provocadas pelo processo de urba-nização brasileiro que se caracteri-za pelo aumento das demandas de moradia, acesso à terra urbana, às infra-estruturas de saneamento, de transporte público e mobilidade para a grande maioria da população urba-na brasileira, condição que atinge na atualidade o percentual de 82% da população brasileira.

Neste campo a CUT deve propor duas tarefas principais: articular as propostas de reforma urbana das suas entidades cutistas que inte-gram o Conselho Nacional das Ci-dades e orientar as suas instâncias regionais para garantir a coopera-ção entre os sindicatos.

SOBRE A VIOLêNCIA SExUAL CONTRA CRIANçAS E ADOLESCENTES, A CUT DEVE

Atuar nos conselhos de polí-ticas públicas, especialmente no Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente.

SOBRE ECONOMIA SOLIDáRIAA participação das organizações

da sociedade civil é de fundamental importância na construção da eco-nomia solidária no Brasil, aponta-mos que torna-se importantíssimo o engajamento efetivo da CUT nas lu-tas pela criação dos Fóruns e Con-selhos Estaduais e Municipais de Economia Solidária, como também nas lutas para criação pelo Poder Público, dos Centros Públicos de Economia Solidária, bem como leve seus conselheiros representantes nos Conselhos Estaduais e Munici-pais de Trabalho a defenderem pro-gramas que atendam às demandas dos trabalhadores e trabalhadoras daeconomiasolidária,emgeralex-cluídos do Sistema Público de Em-prego, Trabalho e Renda.

COMUNICAçãOLutar pela recomposição do Con-

selho Nacional de Comunicação So-cial,exigindoaparticipaçãodarepre-sentação dos trabalhadores e traba-lhadoras pela CUT.

Page 25: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

26

2.2) Resoluções dos Congressos da CUT - CONCUTs

1º CONCLAT (1983)

AO TRATAR DAS LUTAS GERAIS: PROPOSTA DE CONSELhOS POR LOCAL DE TRABALhO

Formação de comissões de mo-bilização permanentes nos locais de trabalho,visandotrocarexperiências,buscar soluções para nossas dificul-dades e fazer nossas discussões polí-tica e classistas.

Lutar pela democratização dos sin-dicatos através da criação de conse-lhos de representantes, formados por delegados eleitos por local de trabalho e representante dos desempregados.

1º CONCUT (1984)

AO TRATAR LUTA PELA REDENçãO DO hOMEM DO CAMPO, A CUT PROPôS

Assistência à criação de sindica-tos ou conselhos de trabalhadores nas áreas rurais.

2º CONCUT (1986)

AO TRATAR DA POLíTICA AGRáRIA, É PROPOSTA A DISCUSSãO COM OS SETORES AFETADOS PELAS POLíTICAS PÚBLICAS PARA ENCONTRAR MECANISMOS DE LUTA E RESISTêNCIA CONTRA OS EFEITOS DA POLíTICA AGRáRIA/AGRíCOLA

Para enfrentar esta situação, a CUT desenvolverá uma prática de discussão com estes setores sobre a ação das políticas públicas, visando à organização de mecanismos de luta e de resistência. Organizados, os traba-lhadores rurais sem-terra, os assen-tados e os camponeses de um modo geral poderão desenvolver ações que inviabilizam os efeitos desagregado-res da política agrária e da política agrícola do governo.

3º CONCUT (1988)

AO TRATAR DA SAÚDE, PREVIDêNCIA SOCIAL E MELhORES CONDIçõES DE TRABALhO

O 3º Concut referenda as propostas do 1º Encontro Nacional de Saúde e Pre-vidência Social da CUT. São elas:

A criação do Sistema Único de Saúde, estatal, público, gratuito, de boa qualidade, sob o controle da população através de suas entida-des representativas;

Page 26: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

27

O custeio do Sistema Único de Saúde através de orçamento da União, estados e municípios e efeti-vação de conselhos de saúde, de ní-vel nacional a local, com participação democrática das representações do movimento sindical e popular, com caráter deliberativo e autonomia para gestão e controle do sistema;

A previdência social sob gestão dos trabalhadores.

CONTROLE SOCIAL: AO TRATAR DO TEMA “A LUTA PELA PAz E PELO DESARMAMENTO”

No Brasil, são inúmeros os sinais de que se desenvolve um programa nuclear paralelo para a produção da bomba atômica. A CUT não só repu-dia essa iniciativa, como participará, conjuntamente com outros setores da sociedade, da luta pela desnucleari-zação militar do país e do continen-te. De outro lado, a indústria militar brasileira vem se desenvolvendo ra-pidamente, com inúmeras formas de subsídios do Estado, sem qualquer transparência para a sociedade civil e sem controle social e democrático sobre esse setor.

A CUT lutará pelo direito da so-ciedade de tomar conhecimento e exercer o controle sobre a indústriabélica e uso da energia nuclear, com a perspectiva da utilização desses imensos recursos para o desenvolvi-mento econômico e social, e para a defesa da vida e da paz.

4º CONCUT (1991)

AO TRATAR DA ATUAçãO FRENTE à CONjUNTURA NACIONAL (GOVERNO COLLOR)

Organizar ampla mobilização de massa contra a recessão, envolvendo todos os setores da classe trabalhado-ra. Para isso a CUT deverá ampliar o “Fórum Anti-Recessão”, criado por sua própria iniciativa, visando sensibilizar entidades civis, movimentos sociais e partidos políticos e promover maior uni-dade de ação com as várias organiza-ções sindicais. Por outro lado, a CUT deve elaborar propostas referentes às reformas nas áreas de política industrial, social e em todas aquelas que afetarem os níveis de emprego, salário, renda e vida do trabalhador. Deve ainda reivin-dicar sua participação nos conselhos e fóruns de decisão públicos e o direito de acesso à informação. As secretarias nacionais da CUT devem sistematizar tais temas, criando grupos de trabalho e realizando encontros ou seminários que possibilitemadefiniçãodepropostaseaçõesespecíficas.Como,porexemplo,nas áreas de política habitacional e de reforma urbana, educacional, de saúde, de previdência e outras.

AO TRATAR DA EDUCAçãO - CONCEPçãO DE ESCOLA: A ESCOLA QUE QUEREMOS

Uma escola democrática, onde os conselhos de escola, democraticamen-te eleitos, com poder deliberativo, te-

Page 27: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

28

nham como tarefa central a elaboração dos planos de educação, com a partici-pação dos trabalhadores.

Uma escola descentralizada, crí-tica, criativa, autônoma, cabendo ao Estado a execução desses planos,através da aplicação de recursos fi-nanceiros suficientes e controladospela comunidade escolar. Essa des-centralização deverá ser articulada com as linhas gerais de um plano de educação mais amplo, nacional, para evitar a regionalização.

Uma escola de tempo integral, que tenha no trabalho seu princípio educa-tivo e que possa superar as dicotomias entre o trabalho manual e intelectual, a teoria e a prática, a formação geral e a formaçãoprofissional.

MERCOSUL - A ATUAçãO DA CUT FRENTE AO MERCOSUL

Propor aos companheiros das cen-trais sindicais dos outros países envol-vidos apresentação de uma reivindica-ção conjunta aos quatro governos de representação sindical no Conselho do Mercado do Cone Sul (assim como também deve haver a representação parlamentar e empresarial).

Constituição formal de conselhos ou comissões por setores econômi-cos, também com a participação dos governos, representações empresa-riais e sindicais.

5º CONCUT (1994)

AO TRATAR DA CUT NO PERíODO 1983-1993

Nessa caminhada da luta sindical, a CUT tem ampliado sua presença na sociedade e certamente assumirá, por direito próprio, a possibilidade de interfe-rir nos rumos do país. Isso se traduz em avanços na ocupação de espaços institu-cionaiscomo,porexemplo,nosdiversosconselhos de controle sobre os fundos e aspolíticaspúblicashojeexistentes.

CONTROLE SOCIAL, AO TRATAR DA ESTRATÉGIA

Para a CUT, um dos elos de liga-ção entre o horizonte socialista e nossa ação imediata são as reformas estru-turais (econômicas, sociais e políticas) que a Central propõe. Essas reformas buscam resgatar o direito à cidadania plena das maiorias e assentar as bases para a nova sociedade: a conquista da soberania nacional; a reforma agrária; a democratização do mundo do traba-lho; a ampliação da democracia políti-ca; o controle social sobre a economia; a universalização do direito à educa-ção, à seguridade social, à moradia, ao emprego; o fimdaoligopolizaçãodosmeios de comunicação etc.

AO TRATAR DA CUT NA LUTA PELO EMPREGO

Reforma agrária, que deve começar pelo imediato assentamento de 100 mil famílias (proposta aprovada no Conse-lho Nacional de Segurança Alimentar – Consea), acompanhada de uma política agrícolaorientadaafinanciarospeque-nos e médios produtores.

Page 28: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

29

AO TRATAR DA PLATAFORMA DA CUT – REESTRUTURAçãO PRODUTIVA COM DESENVOLVIMENTO ECONôMICO E SOCIAL

Para isso é preciso elevar os níveis de produtividade, mas com base nos in-vestimentos, principalmente públicos, em educação, em conhecimento técnico, em saúde, em tecnologia e em pesquisa; mo-dernizareexpandirainfra-estruturaeconô-mica e social (transportes, energia, teleco-municações, habitação e saneamento); e, principalmente, estabelecer formas demo-cráticas e ampliadas de formulação e ges-tão de todas as políticas que atuam sobre odesenvolvimento industrial–aexemplodo que hoje está pautado nas experiên-cias das câmaras setoriais, do Conselho de Desenvolvimento do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), do Programa Brasi-leiro de Qualidade e Produtividade (PBQP), do Conselho Consultivo dos Trabalhadores para a Competitividade (CTCOM), do Pro-grama de Apoio à Capacitação Tecnológica da Indústria (PACTI) e do Conselho Nacio-nal de Informática (Corin).

AO TRATAR DA DEMOCRATIzAçãO E CONTROLE SOCIAL DO SISTEMA FINANCEIRO

ParaaCUT,osistemafinanceirona-cional deve ser um instrumento de pro-moção de desenvolvimento do país, ser-vindo aos interesses da coletividade. Sua principal função é bancar o crédito indus-trial, comercial, habitacional e agrícola, estimulando o investimento e a geração

de empregos. Três são as diretrizes que devem nortear a proposta da CUT:

Aumentar o controle da sociedade sobre as instituições de regulação ou comerciais públicas ou privadas, que de-vemcomporosistemafinanceiro.Exem-plos: Banco Central, CVM e outras.

Modernizar as relações do Estado eseusórgãoscomosistemafinancei-ro, garantindo sua transparência e im-pedindo o favorecimento, por ação ou omissão, de instituições privadas.

Fortalecer as instituições financei-ras públicas, essenciais na consolida-ção de um novo padrão de financia-mento para a economia brasileira e insubstituíveis na tarefa de facilitar o acesso ao crédito e viabilizar as opera-çõesfinanceirasde interessesetorial,regional ou social.

AO TRATAR DAS POLíTICAS PÚBLICAS

É preciso assumir as lutas para qualificar o trabalhador como sujeitosocial, não se fechando no corpora-tivismo nem no economicismo. Fixarparâmetros básicos para as políticas de abrangência nacional nas áreas de saúde, educação, moradia, criança e adolescente e outros.

Assim, é importante conceituarmos modelos de financiamento, gestão e controle público.

É necessário de imediato garantir o modelobásicoatualdefinanciamentovia contribuições sobre lucro, folha, PIS

Page 29: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

30

e loterias, e ao mesmo tempo propug-nar sua imediata alteração, passando a incidir fundamentalmente sobre o fatu-ramento e lucros das empresas.

Garantirpercentuaisfixosdoorçamen-to para investimento em educação e saúde.

Democratizar o Estado, despriva-tizando-o e colocando-o a serviço dos interesses da maioria da população.

Combater a corrupção e o clientelismo.

O controle público da gestão do Estado deve ser feito através de nossa participação em conselhos, em seus diversos níveis, articulan-do-a permanentemente com a luta cotidiana e real dos trabalhadores.

AO TRATAR DA POLíTICA DE MORADIA POPULAR – CONTROLE SOCIAL

Uma política de habitação popu-lar, que busque resolver o déficit de mais de 12 milhões de unidades ha-bitacionais, deve ser acompanhada de um reordenamento do espaço ur-bano desde a ótica da função social da propriedade.

Para financiar tal política, aCUTpropõe, junto com outros movimentos sociais de moradia, a constituição de um Conselho Nacional de habitação e de um Fundo Nacional de Moradia, a partir de recursos orçamentários, do sistema de poupança e outros, com prioridade para a população de maisbaixarenda.

E para viabilizá-la plenamente a CUT propõe uma lei federal de desen-volvimento urbano, que regulamente o capítulo de política urbana da Constitui-ção federal, criando estruturas e instru-mentos que permitam que o Estado e a sociedadecivil definamosprogramasde aplicação, as prioridades no âmbito municipal e estadual, participando tam-bém do controle e da fiscalização dautilização dos recursos.

Estas são as medidas no campo legis-lativo que devem complementar os impor-tantes passos que o movimento popular vem dando na conquista da reforma urba-na e do controle social sobre o Estado.

É fundamental, ainda, ampliar o apoio aos trabalhos que a Central vem desenvolvendo com sua participação em conselhos sociais, sobretudo os ligados ao tema, como o Conselho Curador do FGTS e o Conselho Curador do Fundo de Desenvolvimento Social (FDS).

São exemplos de mecanismos einstrumentos de participação e con-trole social na elaboração, gestão e aplicação das políticas urbanas que precisam ser fortalecidos e apoiados.

AO TRATAR DA AMPLIAçãO DA DEMOCRACIA POLíTICA

A sociedade brasileira tem longa trajetóriadeexclusãopolítica.Aseli-tes conservadoras têm conseguido historicamente manter sua hegemonia política com soluções “por cima”, atra-vés da intervenção militar autoritária ou de acordos políticos – eliminando

Page 30: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

31

de uma ou de outra forma a interven-ção das maiorias na definição dosrumos da nação. Exclusão política eexclusão social são duas facetas domesmo modelo que as elites conser-vadoras têm imposto à nação.

A CUT faz parte de um amplo mo-vimento existente na sociedade bra-sileira pela superação desse qua-dro. Seu nascimento em confronto com a ditadura militar e sua posição firme contra o caráter conservador da transição política nos anos 1980 são a expressão dessa vocação dos setores populares para desbravar espaços de participação política.

O processo de impeachment de Collor, as CPIs, notadamente a da cor-rupção no Congresso, as denúncias que se avolumam em relação ao Po-der judiciário, entre outros fatos, têm mostrado, nos últimos anos, que os poderes instituídos e o aparato do Es-tado estão marcados pelo arbítrio, pela corrupção e pelo cerceamento aos in-teresses da maioria da população. Es-ses processos mostraram por um lado um avanço democrático em relação à impunidade das elites, mas também evidenciaram,poroutro,ainsuficiênciados mecanismos normais de controle do Estado pela sociedade.

Soma-se ainda a concentração oli-gopólica dos meios de comunicação de massaeaextensãodaviolêncianacida-de e no campo, que são outras vias de ini-bição à participação das maiorias do país.

Por tudo isso, a CUT levanta a bandeira da ampliação da democracia

política através de iniciativas como:

Aperfeiçoamento e difusão dos me-canismosdeexpressãodiretadasobe-raniapopularnadefiniçãodosrumosdopaís, tais como plebiscitos, referendum e projetos de lei de iniciativa popular.

Extensãodasformasdecontroleso-cial sobre os fundos públicos, serviços públicos, orçamentos públicos (via me-canismos de orçamento participativo) e políticas de interesse social, através de conselhos onde tenham assento com voz e voto as organizações dos trabalha-dores, junto a outras da sociedade civil.

Democratização do acesso aos meios de comunicação de massa.

Modernização e controle democrá-tico do judiciário.

AO TRATAR DO MEIO-AMBIENTE

Reivindicar a participação da CUT nos conselhos de meio ambiente em todos os níveis do poder público.

AO TRATAR DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

O controle social sobre o SUS deve ser absoluto. Os conselhos de saúde na-cional, estaduais e municipais têm sido um embrião desse controle. Devemos reforçarequalificarnossaparticipaçãonos conselhos, avançando para um ver-dadeiro controle dos trabalhadores so-bre o SUS, numa aliança do movimento sindical, popular e demais usuários.

Page 31: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

32

AO TRATAR DA PREVIDêNCIA SOCIAL

No momento, devemos reforçar nossa participação nos conselhos de Previdên-cia,buscando,alémdefiscalizarofuncio-namento da máquina, atuar em aliança com outras entidades do nosso campo, na defesa dos interesses dos trabalhadores, garantindo as conquistas da Constituição de 1988 relativas à Previdência Social.

AO TRATAR DA ASSISTêNCIA SOCIAL

Queremos a imediata implantação dos conselhos de Assistência Social nos moldes dos conselhos da Saúde, com participação prioritária dos trabalhado-res, idosos, crianças, adolescentes e portadoresdedeficiência,representadosatravés de suas entidades, que permi-tamfiscalizarofuncionamentoedelibe-rar prioridades para a política do setor.

AO TRATAR DA CRIANçA E ADOLESCENTE

Atuar nos espaços políticos de formulação, deliberação e controle das políticas públicas, como os con-selhos de Direitos da Criança e do Adolescente (nacional, estaduais, municipais) que vêm sendo constitu-ídos de forma democrática (eleições diretas, assembléias) e nos espaços de articulação da sociedade civil, como os fóruns de Defesa dos Direi-tos da Criança e do Adolescente (na-cional, estaduais, municipais).

Criação e fortalecimento das comis-sões dos direitos da criança e do adoles-

cente da CUT nos níveis nacional, esta-dual,regionaledesindicatosfiliados.

AO TRATAR DA FORMAçãO PROFISSIONAL

Propostas de organização e de atividades

Lutar pela aprovação e sanção de uma Lei de Diretrizes e Bases da Edu-cação Nacional, reforçando as ações do Fórum Nacional em Defesa de Es-cola Pública e fortalecendo a visão de uma formaçãoprofissionalcomopar-te de um sistema regular de ensino e de políticas públicas que promova o acesso ao mundo do trabalho, fruto da discussão e participação da socieda-de civil organizada, de entidades re-presentativas da educação, dos sindi-catos e da própria CUT.

Nesse sentido, a política de for-maçãoprofissionaldeveestarsubme-tida concomitantemente ao Conselho Nacional de Educação e ao Conselho Nacional do Trabalho.

Defender a formulação pública das políticasdeformaçãoprofissional,comamplo espaço para a participação dos trabalhadoresnadefiniçãodos rumosdessa formação e, em especial durante afasedeformaçãoprofissional,orien-tar os treinadores no tocante à legis-lação sobre segurança e medicina no trabalho. Portanto, a CUT deve reivin-dicar a sua participação, nos termos da resolução da OIT que prevê a gestão tripartite (trabalhadores, empresários e Estado), na gestão de fundos públicos

Page 32: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

33

e nas agências e programas de forma-çãoprofissionaldealcancemunicipal,estadual, nacional e internacional.

Reiterar a posição da CUT nas negociações tripartite no âmbito do Mercosul de que toda formação pro-fissionaldeveestarassociadaaumapolítica de emprego elaborada com vistas à integração regional. Lutar, ao mesmo tempo, para que a política de formaçãoprofissionalparaoMercosulnão se restrinja a demandas empresa-riais, mas possa responder às neces-sidades dos trabalhadores envolvidos no processo de integração.

(...)

Reivindicar que todos os recursos compulsórios ou na forma de incentivos destinados à formação e/ou requalifi-caçãoprofissionalsejamconsideradose administrados como fundos públicos, com a participação dos trabalhadores.

Constituição de conselhos tripartites (trabalhadores, governo e empresários) para a gestão de agências de forma-ção profissional (Senai, Senac, Sesi,Senar), ou de outras iniciativas comple-mentares ao ensino regular de âmbito municipal, estadual, nacional e regional, visandorigorosocontrolefiscaleforma-lização de processos sistemáticos de avaliação dos serviços prestados.

AO TRATAR DA POLíTICA ANTI-RACISTA

Um dado interessante é que a par-tir do seminário realizado no Estado

de Santa Catarina, em maio de 1992, definiu-sequeumrelatórioelaboradopelo Ceert sobre as desigualdades raciais no trabalho deveria ser envia-do à OIT, como forma de denúncia do racismo e da não-observância da Convenção 111. O referido relatório foiassumidopelaExecutivadaCUTeenviado à OIT em novembro de 1992. Em março de 1993, a Comissão de Peritos da OIT julgou procedente a denúncia, remetendo-a à Comissão de Aplicação de Normas, a qual, por sua vez, apreciou a denúncia durante a Conferência Mundial da OIT, realiza-da em maio do ano passado.

Nesta mesma conferência, os repre-sentantes dos trabalhadores, dos empre-gadores e do governo reconheceram a existênciadoproblemaemanifestaramanecessidade de políticas públicas antidis-criminatórias. Além do mais, em resposta à citada denúncia, o representante do go-verno anunciou a criação de uma “Câma-ra sobre as Discriminações”, vinculada ao Conselho Nacional do Trabalho.

6º CONCUT (1997)

AO TRATAR DO BALANçO POLíTICO

A CUT tem representantes em vá-rios Conselhos Públicos, onde tem procurado disputar espaço na defesa de nossas propostas de políticas públi-cas. Cabe destacar alguns que tiveram maior repercussão na conjuntura vigen-te: o Conselho da Saúde, o Conselho de Defesa do FAT e o Conselho Cura-dor do FGTS. O primeiro pela acumula-

Page 33: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

34

ção de políticas que teve seu ponto alto na 10ª Conferência Nacional da Saúde, o segundo pela sua intervenção nas políticas de emprego e formação pro-fissional,oúltimo,emfunçãodadefesada habitação popular e da luta contra a utilização do FGTS como moeda de privatização. Recentemente pudemos nomear um representante para o Con-selho de Administração do BNDES que movimenta recursos do FAT.

Essa participação, no entanto, tem enfrentado problemas. O governo tem procuradomodificarosregimentosdefuncionamento dos conselhos para ini-bir as iniciativas e poderes decisórios dos integrantes não-governamentais. Alémdisso,encontramosdificuldadespara socializar as discussões para o conjunto da Central, no sentido da de-finiçãodepropostasedemobilizaçãoem torno delas, bem como de articular a participação em conselhos, como o daSaúde,queexistemnostrêsníveisde governo (federal, estadual e mu-nicipal), e nos conselhos municipais de emprego, uma conquista da nossa atuação no FAT.

AO TRATAR DO BALANçO ORGANIzATIVO DA CUT E SUAS INSTÂNCIAS

Apesar dos problemas, muitas CUTs Estaduais estão funcionando satisfato-riamente, mesmo reconhecendo que suas ações concentram-se, na maioria dos casos, nas capitais. É necessário re-conhecer que essas CUTs têm consegui-do organizar ativamente as campanhas aprovadas, participar das comissões es-

taduais de emprego, nos conselhos de saúde, da criança e do adolescente e da previdência, transformando-se num re-ferencial de luta para os trabalhadores. Mas, há dificuldades de representaçãoe ausência de mobilização por parte de algumas CUTs Estaduais.

Todas estas questões, sem dúvi-da, estarão presentes na discussão sobre o novo modelo de organização sindical que pretendemos construir e qual será o papel que as CUTs Esta-duais terão neste novo modelo.

AO TRATAR DA ESTRATÉGIAFundada em agosto de 1983, na re-

sistência contra a ditadura militar e na luta contra o arrocho salarial, a CUT, em 14 anos, atravessou as mais diversas conjunturas, acumulando uma experi-ência que vai do enfrentamento de su-cessivos planos de estabilização eco-nômica, preparando greves gerais, lu-tando contra as demissões em massa, defendendo a preservação do poder de compra dos salários, e passando pelos enfrentamento das ocupações de terra e radicalização da luta nas fábricas. Pa-ralelamente, a Central foi conquistando espaços de negociação mais amplos, representando os trabalhadores junto aos diversos poderes constituídos, in-clusive em conselhos oficiais, colegia-dos tripartites e fóruns internacionais.

AO TRATAR DA ESTRATÉGIA, NO ITEM “MOBILIzAçãO, CIDADANIA E NEGOCIAçãO”

Na relação com o governo, é funda-

Page 34: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

35

mentalexigirabertura,transparênciaeparticipação popular. Nas relações de trabalho,acidadaniaexigea implan-tação de pressupostos consolidados internacionalmente, em documentos da ONU, como a declaração dos Di-reitos humanos e diversas resoluções saídas das conferências sociais desta década, além das convenções basila-res da OIT, como as de no 87, 98 e 151, entre outras. Essa é a base da luta por relações democráticas de tra-balho, desenvolvida pela central nos últimos14anos,exigindoaimplanta-ção da organização dos trabalhadores no local de trabalho e um contrato co-letivo nacionalmente articulado.

É com essas preocupações que combinamos, desde a fundação da Central, a mobilização dos trabalha-dores com a ocupação de espaços institucionais (Codefat, o Conselho Curador do FGTS, o Conselho de Seguridade Social e o Conselho Na-cional do Trabalho), de negociação ampla com o governo e o patrona-to, disputando, em contraposição às organizações e propostas patro-nais, influência junto à sociedade. Inicialmente, lutando pela definição do princípio da representatividade como requisito básico de represen-tação, ao lado da abertura para ne-gociação na definição de todas as políticas que sejam do interesse da classe trabalhadora.

O princípio democrático da parti-cipação popular, aliado à represen-tatividade real, deve estar vinculado à mobilização e ao reconhecimento efetivodos conflitos.ACUT, surgida

dalutacontraaditaduraeaexplora-ção, atua a partir das decisões demo-cráticas de sua base, representando seusinteresses,explicitandooscon-flitos, mobilizando com a radicaliza-ção necessária e procurando conci-liar os interesses dos trabalhadores com os da maioria da população.

AO TRATAR DE PROPOSTA PARA UM DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTáVEL: POLíTICA AGRíCOLA

Uma das grandes conquistas do sindicalismo rural no último período foi a implantação do Pronaf – Programa Nacional de Fortalecimento da Agri-cultura Familiar. Sua formatação atual inclui a criação de Conselhos Nacio-nal, Estaduais e Municipais de De-senvolvimento, onde se prevê a par-ticipação dos agricultores na gestão das seguintes linhas que constam do Programa: elaboração e negociação de políticas para a agricultura familiar, infra-estrutura e serviços para os mu-nicípios, capacitação e formação pro-fissional,efinanciamentorural.

AO TRATAR DA POLíTICA AGRáRIA

Estabelecer uma aliança perma-nente com o MST, Movimento dos Atingidos por Barragens, Conselho dos Seringueiros, Movimento dos Pescadores, Movimento das Mulheres Trabalhadoras Rurais, Organizações dos Povos Indígenas, CPT e demais organizações aliadas.

Page 35: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

36

AO TRATAR DE PROPOSTA PARA UM DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTáVEL: AçõES NO ÂMBITO SINDICAL

Planos de desenvolvimento local: Par-ticipar ativamente na elaboração de Proje-tos Desenvolvimento Sustentável Local e dos Conselhos Municipais de Desenvol-vimento (ou de Saúde, ou de Agricultura), estabelecer parcerias com o poder público ou a sociedade civil no sentido de organi-zarasespecificidadesregionaisbuscandoa melhoria do nível de vida e a recupera-ção do poder aquisitivo das populações ru-rais e urbanas devem ser uma preocupa-ção constante de nossos sindicatos e uma nova forma de construir alternativas locais.

AO TRATAR DE PROPOSTAS PARA UMA POLíTICA DE CIDADANIA – CONTROLE SOCIAL

(...) as políticas sociais podem ser definidas enquanto um conjunto deações planejadas e implementadas pelo Estado, combinadas com mecanismos de controle social, objetivando o desen-volvimento e bem-estar individual e co-letivo da população. Enquadram-se aí a educação, a seguridade social (saúde, previdência e assistência), a promoção de igualdades de oportunidades, sanea-mento, meio ambiente, lazer, cultura etc.

REPRESENTAçãO EM CONSELhO DE EMPRESA: AO TRATAR DA MOçãO DE REPÚDIO à DIREçãO DO BANESTES

Os delegados e delegadas pre-

sentes no 6º Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores – CUT, realizado na cidade de São Paulo-SP, em 1997, repudiam vee-mente a decisão do Banco do Esta-do do Espírito Santo S/A – Banes-tesS/A,deextinguiroConselhodeRepresentação e Participação dos Empregados do Sistema Financei-ro Banestes – Cresb e exigem queo Governador do Espírito Santo, Vi-tor Buaiz, determine que a Diretora do Banestes reveja a decisão e re-conheça o Conselho e a eleição que os companheiros e companheiras doBanestesvãorealizarnopróximomês de outubro/1997. A CUT apoia e reconhece a organização dos traba-lhadores do Banestes e apóia a rea-lização das eleições do Cresb.

EM “TExTOS REMETIDOS à 9ª PLENáRIA”– ESTRUTURA SINDICAL E RELAçõES DE TRABALhO – REVIGORAR A ESTRUTURA SINDICAL CUTISTA

Participar de forma mais quali-ficada das Comissões Estaduais e Municipais de Emprego e dos Con-selhos Estaduais e Municipais de Saúde e Educação, Conselhos da Criança e do Adolescente e da Previ-dência. Caberá às CUTs estaduais junto com a SNF elaborar progra-ma específico para formação dos quadros sindicais que represen-tam a CUT nestes organismos;

Page 36: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

37

(...)

Debater o orçamento dos Estados e dos municípios, e buscar uma atua-ção conjunta com a sociedade civil local parainfluenciarnasuaelaboração.

EM “TExTOS REMETIDOS à 9ª PLENáRIA”– POLíTICAS PERMANENTES – POLíTICA NACIONAL DE FORMAçãO

Ajudar a CUT a intervir com mais qualidade nos espaços institucionais tripartites ou outros conselhos públicos, sob a orientação de políticas de desen-volvimento, de emprego, de saúde, de educação etc.

SOBRE PREVIDêNCIAReafirmamos nosso projeto de

Previdência apresentado à sociedade e no Congresso Nacional. A Previdên-cia tem que ser pública e ter o caráter social, ou seja, redistributivo da renda. Devepriorizarataxaçãodoslucroseser administrada por um conselho qua-dripartite, composto por trabalhadores da ativa, aposentados, empregadores e governo, como uma das formas para se evitar fraudes e sonegação.

CONTROLE SOCIAL – SOBRE ASSISTêNCIA SOCIAL

Reafirmamos nossa defesa de um Sistema de Assistência Social de fato, subordinado a amplo con-trole social, articulando as ações

da área, atendendo a todos que dele necessite, combatendo as fraudes, picaretagens e clientelis-mos. Apoiamos a Lei Orgânica do setor pois, embora com limitações, foi o caminho que se construiu para a constituição do Sistema.

SAÚDE DO TRABALhADOR E MEIO AMBIENTE

Lutar pela existência na rede pú-blica do atendimento dirigido aos tra-balhadores, através de Centros de Referência e Programas de Saúde do Trabalhador, fortalecendo assim, o SistemaÚnicodeSaúde. Intensificara participação da CUT nos Conselhos de Saúde em todos os níveis, inte-grando esta ação junto às Secretarias de Politícas Sociais;

EDUCAçãOParticipação dos trabalhadores no

controle social da educação e nos Conse-lhos Municipais e Estaduais de Educação.

POLíTICA DE hABITAçãOEm 1994 foi criado o Comitê Na-

cional para Preparação da Conferên-cia habitat II, com a participação de representantes do movimento popu-lar, igrejas, entidades empresariais e acadêmicas, além das organiza-ções não-governamentais. O Fórum da Reforma Urbana teve assento no comitê. Foram realizados encontros preparatórios, com destaque para a Conferência Brasileira para o habitat

Page 37: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

38

II, realizada no Rio de janeiro, entre 9 e 12 de maio de 1996.

A participação da CUT nesse pro-cesso aconteceu a partir de algumas entidades nacionais filiadas, como aFederação Nacional dos Urbanitários (FNU), Federação Nacional dos Arqui-tetos (FNA) e a Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge). Através de sua representação no Conse-lho Curador do FGTS –CCFGTS, a CUT participou da Conferência Brasileira, no Rio, e da habitat II, em Istambul.

No Conselho Curador do FGTS, a presença da CUT desde 1990 repre-senta um importante espaço na luta institucional, atuando de forma uni-tária com toda a bancada dos traba-lhadores, articulando com as demais entidades da sociedade civil, nego-ciando e defendendo as propostas que interessam aos trabalhadores e à maioria da população.

É preciso articular a atuação no Conselho com os movimentos ligados à temática urbana, coordenando a ação das entidades nacionais filiadas quetratam do tema, trazendo essa discus-são para a Central e colocando nossa participação no CCFGTS a serviço do movimento popular.

A importância da questão dos as-sentamentos humanos, que inclui as moradias urbanas e rurais, além dos assentamentosagrícolas,estáaexigiruma maior discussão entre os sindica-tos e uma efetiva articulação do movi-mento sindical com o movimento popu-lar, passando pelos setores técnicos e

acadêmicos que tratam dessa questão etêmexpressãosocial.

A ação institucional da CUT junto ao Conselho Curador do FGTS, bem como junto aos demais conselhos que tratam de fundos e temas de interes-se da classe trabalhadora, deve pros-seguir, ampliando seu leque de ação e procurando apoio junto aos setores do movimento popular que estão envol-vidos com essa questão. Para isso é fundamental a constituição de coletivos temáticos, com a participação de re-presentações sindicais e do movimen-to popular, para elaboração e apoio à nossa ação nos conselhos, que pre-cisam ampliar a assessoria, evitando acréscimos de custos, que a Central não poderia bancar.

No mesmo sentido, precisamos de-senvolver mecanismos de articulação com as instituições acadêmicas, no sentido de ampliar o debate e a reper-cussão de nossa ação institucional. Ao mesmo tempo é preciso divulgar essas questões junto aos sindicatos, intro-duzindo-as em nossos programas de formação e incentivando a participação comunitária de nossos sindicatos, atra-vés de novos espaços de participação, como cooperativas habitacionais e ou-tros espaços de participação popular – como a discussão do orçamento – em construção a partir das prefeituras e administrações populares, que deve-mos lutar para ampliar, como forma efetiva de prática da democracia.

FORMAçãO PROFISSIONALContinuar articulando, nacional-

Page 38: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

39

mente, as ações de suas instâncias horizontais e verticais e das entidades filiadas,naquiloqueserefereàForma-ção Profissional, em torno de algunsobjetivos básicos:

Aprofundar o levantamento sobre as iniciativas governamentais, empre-sariais e por parte de organizações dos trabalhadores.

Definircommaiorclarezaosparâ-metros norteadores da intervenção da CUT quanto a essa questão, seja no que se refere às reivindicações, campanhas e lutas nacionais e à sua participação institucional (comissões de emprego, convênios com instituições públicas, fó-runs institucionais etc.), seja no que diz respeito às ofertas próprias de cursos e programasprofissionalizantes.

Avançar na articulação das políticas deFormaçãoProfissionalemrelaçãoàdefesa do ensino público, gratuito e de qualidade para todos os brasileiros.

7º CONCUT (2000)

EM DEFESA DOS DIREITOS E LIBERDADE E AUTONOMIA SINDICAL

Revigorar a estrutura horizontal CUTista.

Desenvolver ações sindicais volta-das à sensibilização e à capacitação de dirigentes sindicais, objetivando a cons-trução de um sindicalismo cidadão. A intervenção do movimento sindical nos Conselhos Setoriais (saúde, criança e adolescente, assistência social, previ-

dência, educação, combate à discrimina-ção racial, entre outros) resultou em con-quistassignificativas.Comomovimentosocial incentivou-se a participação e in-terlocução dos dirigentes sindicais com as entidades que tratam dos temas de políticas sociais, nas organizações e fó-runs desse segmento, tais como: coleti-vo/comissões de saúde, trabalho e meio ambiente; aposentados e pensionistas; juventude; direitos da criança e do ado-lescente; contra a discriminação racial.

EM ORGANIzAçãO SINDICAL E ESTRUTURA ORGANIzATIVA DA CUT – ESTRUTURA ORGANIzATIVA DO SETOR PÚBLICO

A Campanha atuará com o Fórum Nacional de Luta, Conselho de Políticas Públicas, OIT, Congresso Nacional, en-tre outros, com o objetivo de ampliar a luta do funcionalismo e garantir ou pre-servar os interesses e necessidades dos servidores e dos serviços à população.

CONTROLE SOCIAL - EM POR UM SISTEMA PÚBLICO DE EMPREGO AVANçAR NA CONSTRUçãO DE UM SISTEMA PÚBLICO DE EMPREGO

A primeira é o envolvimento direto de entidades sindicais na gestão de políti-cas de emprego, trabalho e renda, que por si só representa uma grande inova-ção, nesta década, para as relações do sindicato com a sua base social e com os desempregados, mas representa

Page 39: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

40

também a criação de mecanismos dirigi-dos a desenvolver maior controle social;

8º CONCUT (2003)

EM PAPEL DA CUT EM RELAçãO AO GOVERNO LULA E A LUTA PELA SUPERAçãO DO MODELO ECONôMICO NEOLIBERAL

A construção de um projeto alterna-tivo ao neoliberalismo implica a demo-cratização da vida social e política, com o fortalecimento e a criação de espaços institucionais de participação da socie-dade,aexemplodosConselhosdePo-líticas públicas e Fóruns. Esses espaços possibilitam a explicitação de conflitose da disputa com as elites dos setores da indústria, do comércio, do sistema financeiro, da agricultura, enfim, elitesque historicamente resistiram à busca de um amplo espaço de negociação, sobretudo pautado pela transparência. Além disso, é essencial avançar para a criação de espaços políticos de partici-pação popular e democracia direta, para além da representação institucional dos setores organizados, o que requer uma firmedisposiçãodealterarospadrõesatualmente vigentes para a comunica-ção de massas.

EM PAPEL DO ESTADO, POLíTICAS PÚBLICAS E ATUAçãO DA CUT

Com a vitória de Lula em 2002, tor-nam-se maiores as possibilidades para

uma efetiva democratização do Estado: a construção de uma democracia parti-cipativa e de uma cidadania de fato. O projeto político e a mobilização popular que venceram o medo e o conservado-rismo são a força para que a disputa de hegemonia e a construção de uma so-ciedade socialista, democrática, justa e igualitária alcancem outro patamar.

Neste sentido, a CUT estará dis-putando concepções, políticas e proje-tos em todos os âmbitos sociais – no Estado, na relação com o capital e o empresariado, e com outras centrais sindicais, estabelecendo um marco de alianças com a sociedade civil organi-zada no campo democrático e popular. A democratização do Estado, com re-flexosimportantesnossistemasdere-gulação das relações sociais em geral – formas coordenadas de sociabilidade e participação e ampliação do acesso a bens e serviços, e das relações en-tre capital e trabalho –, com a demo-cratização das relações nos locais de trabalho e nos estamentos jurídicos es-tabelecidos, é uma disputa de concep-ção de sociedade e de papel do Estado a ser travada em várias frentes.

A CUT já possui acúmulo no debate e formulações voltadas para a democrati-zação do Estado e das políticas públicas, como também experiências concretasde gestão de políticas e de participação ativa em diversos conselhos públicos – Emprego e Renda, Saúde, Saneamento, Educação, entre outros. Se por um lado democratizaroEstadosignificainterrom-peralógicadofinanciamentodainiciati-va privada, em detrimento dos cidadãos, do trabalho digno e do emprego, e con-

Page 40: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

41

ferireficáciaaoplanejamentoeàexecu-ção das diversas políticas e serviços pú-blicos,poroutro ladosignificacolocá-loa serviço da república e da democracia em um compromisso radical com a defe-sa da coisa pública, da transparência, do efetivo acesso à informação.

É necessário também recolocar as políticas públicas no campo do direito, com a defesa e ampliação da cidadania dos trabalhadores, tomados individual-mente e como classe, além de políticas afirmativasdegênero,raça,etnia,gera-ção,orientaçãosexual,entreoutras.Emoutraspalavras,significaexigirqueoEs-tado garanta a universalização das políti-cas públicas, entendidas como proteção social e, portanto, como direito de toda população brasileira. Isto implica por par-te do governo a garantia da qualidade dos serviços prestados e a implementa-ção de mecanismos e controle social das políticas públicas, bem como o impedi-mento a quaisquer formas de mercantili-zação e privatização de tais serviços.

UmEstadoeficiente,ágil,quevalo-riza o funcionalismo público e cumpre seu papel regulador, gestor, executore fiscalizador, efetivamente controla-do pela sociedade e pelos cidadãos, é também a melhor estratégia contra o desperdício, a corrupção, a discrimina-ção e a omissão. Um Estado democrá-ticorequertambémocontroleexternodo poder judiciário com participação da sociedade civil organizada, em es-pecial trabalhadores, centrais sindicais e sindicatos; a democratização do ju-diciário com a participação dos traba-lhadores na escolha dos presidentes de Tribunais de justiça; e a implemen-

tação de Orçamento Participativo, que permita aos trabalhadores discutir o or-çamento do judiciário, trazendo trans-parência ao poder.

O novo governo está propondo a criação de diferentes espaços de parti-cipação da sociedade na condução das políticas estatais – conselhos, fóruns, entre outros. Neste sentido, a CUT e os setores nela organizados devem impul-sionar fortemente a ampliação da trans-parência no trato da coisa pública e dos controles sociais sobre as políticas e programas governamentais, colocando--se como um ator relevante e principal para representar os trabalhadores e tra-balhadoras, visando a garantia e a am-pliação de direitos.

ACUTdeve intensificarsuasaçõesna relação com o Estado, o governo e a sociedade civil, visando aprofundar a de-mocracia no Brasil com a efetiva demo-cratização do Estado e a participação da sociedadeedostrabalhadoresnadefini-ção, na gestão e no controle social das políticas públicas. Uma democracia radi-cal, socialista, e econômica e social. Uma importante tarefa para a CUT neste perío-do deve ser a de resgatar, organizar e co-ordenar a formulação de propostas para políticas públicas, no marco da disputa de hegemonia e da defesa dos direitos dos trabalhadores – direitos individuais, coletivos (de classe) e de grupos (políti-casafirmativasdegênero,raça,geração,orientaçãosexualetc.),emdoisâmbitosde direitos, que se complementam:

Direitos gerais de cidadania identificados com qualidade de vida, refletidos nas chamadas po-

Page 41: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

42

líticas sociais – sistema público de emprego (políticas ativas e passi-vas), saúde, habitação, educação, saneamento básico, meio ambiente saudável, entre outras.

Direitos dos trabalhadores, a partir da concepção de trabalho de-cente/digno, e no marco do modelo de desenvolvimento, do sistema de regulamentação capital-trabalho e da organização e ação sindical de-fendidas pela CUT.

A proposta de sociedade defendi-da pela CUT pressupõe a universa-lização de direitos e, neste rumo, é fundamental que as políticas públi-cassejamdefinidasparapromoveraigualdade de direitos entre segmen-tos populacionais desiguais, diferen-ciados quanto a poder econômico, cultura, origem racial, gênero, gera-ção e posse de necessidades espe-ciais, promovendo, em larga escala, políticasafirmativasdeinclusão,tan-to na cidadania em geral quanto no mundo do trabalho.

EM PAPEL DO ESTADO, POLíTICAS PÚBLICAS E ATUAçãO DA CUT

Visando garantir as condições para disputar hegemonia, a organização interna da Central deve ser planejada pelaDireçãoNacionalnopróximoperí-odo, priorizando:

Envolver os diversos setores e estaduais da CUT em um es-paço permanente de debate,

formulação e atuação conjunta nas políticas públicas, visando à otimização de esforços; na de-mocratização do Estado em to-dososníveis;nadefiniçãoenadefesa de critérios e instrumen-tos de gestão e controle social; e na participação em conselhos de gestão de políticas públicas.

junto com as entidades da CUT, identificar, centralizar e socializar (em conjunto com a política de comunicação) as produções (livros, vídeos, jor-nais etc.), as iniciativas e os diversos resultados alcança-dos (como a negociação Con-venção 100 da OIT – relativa à igualdade de remuneração entre homens e mulheres por um trabalho de igual valor), vi-sando dar visibilidade às po-líticas geradas nos diversos âmbitos e maior unidade de ação na Central.

Promover atividades para aprofundamento de temas e diálogo no conjunto da CUT (conferências, seminários, oficinas); da Central com o Governo; e da Central com a Sociedade Civil – aglutinando estes setores na perspectiva de um arco de alianças.

Organizar nossa intervenção junto ao Congresso Nacional e aoExecutivo, visandogarantirnossas propostas no orçamen-to federal: Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias,

Page 42: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

43

Lei Orçamentária Anual; assim como o acompanhamento da implementação do orçamento. Orienta-se que nos estados e municípios o mesmo procedi-mento seja adotado.

Intensificar a participação daCUT nos conselhos de ges-tão das políticas públicas, e buscar a redefinição dosmar-cos de participação para uma democracia substantiva. Para tanto, devemos debater acerca de critérios de representação, composição, funcionamento, atribuições e papel dos conse-lhos de gestão das diferentes políticas públicas.

Formular propostas concretas para políticas de financiamen-to público em geral, e do uso de fundos públicos em particu-lar, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

Formular, propor e fortalecer instrumentos de controle so-cial, tanto organizados pelo Estado para a sociedade quanto organizados e man-tidos autonomamente pela Central, sobretudo no que diz respeito à elaboração e à execução de metas e priori-dades do orçamento público.

Fomentar o debate e as formula-

ções sobre a função pública de empresas estatais, aprofundan-do a problematização da privati-zação do Estado implementada durante a era FhC.

Na relação da CUT com o Legis-lativo federal, estadual e muni-cipal, devemos formular emen-das constitucionais em conjunto com parlamentares, deputados e senadores comprometidos com a classe trabalhadora, para efetivar o papel do Estado e das políticas públicas que defende-mos, como também intervir na construção das leis orgânicas dos municípios.

Propor a imediata retirada das empresas estatais do Plano Nacional de Desestatização (PND), revendo as empresas estatais privatizadas na era Collor e FhC.

EM DESENVOLVIMENTO, EMPREGO E RENDA

Um novo modelo de desenvolvi-mento deve estar fundamentado na construção da democracia como um valor universal e estratégico. Uma de-mocracia radical, econômica e social, que dê plenas condições às opções dos indivíduos e autonomia aos grupos or-ganizados. A implantação de um mode-lo de desenvolvimento alternativo, sus-tentável nos aspectos econômicos, am-bientaisesociais,sópoderáterêxitoseacompanhada, também, da democrati-zação do Estado, com controle social, e das relações sociais. Esse novo modelo

Page 43: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

44

deve também basear-se na solidarieda-de como um valor essencial e como es-tratégia de construção. A solidariedade social e econômica entre povos, entre gerações, entre categorias, entre gru-pos sociais e entre as pessoas é uma característica da humanidade que de-vemos resgatar e reconstruir.

Devemos, portanto:

• Propor, incentivar e reivindicar políticas públicas de crédito, capacitação, assistência téc-nica, desenvolvimento tecno-lógico, promoção de mercados e políticas desenvolvimento local, essenciais para criar condições mais adequadas para uma inserção eqüitativa dos empreendimentos solidá-rios no mercado.

• Incentivar as formas autônomas de organização dos trabalha-dores, reivindicando a definiçãoconjunta com o Ministério do Tra-balho e o Ministério Público de critérios claros e objetivos para a fiscalizaçãodascooperativas.

• Reivindicar mecanismos efi-cazesdecontrole,fiscalizaçãoe coibição às cooperativas e fundações criadas por em-presascujaúnicafinalidadeéreduzir os custos do trabalho, reduzindo os direitos dos tra-balhadores e precarizando as relações de trabalho.

• Propor e reivindicar alterações na Lei de Falências e na le-

gislação e regulamentação do sistema financeiro, visando ofortalecimento e a livre organi-zação dos trabalhadores em empreendimentos coletivos.

• Aprofundar a formulação do Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidá-rio, propiciando um processo da transformação alicerçado e focado principalmente na economia familiar.

Quando falamos em desen-volvimento sustentável e solidário, é relevante desta-car que tais conceitos estão em construção e em disputa teórico-política. Foi sobre-tudo nos anos 1990 que o debate sobre sustentabili-dade ganhou corpo, incor-porando preocupações de caráter social, como empre-go, educação, necessidades básicas, além da percepção do comprometimento das bases ambientais para qual-quer perspectiva de pro-gresso futuro.

Assim cunhou-se a expres-são “desenvolvimento sus-tentável”, a partir da qual se procurou incorporar a ques-tão ambiental ao rol de pro-blemas a serem equaciona-dos nas propostas de desen-volvimento. Essa concepção foi consagrada, sobretudo, a partir da Conferência Rio-92 realizada no Brasil, embora

Page 44: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

45

venha sendo timidamente in-corporada nas políticas pú-blicas e nas práticas sociais.

EM POLíTICAS DE EMPREGO E RENDA E SISTEMA PÚBLICO

No Brasil não se constituiu ao longo da história um verdadeiro sis-tema público de emprego, situado nos marcos da proteção social alcan-çada nos países desenvolvidos. Nem mesmo as operações mais elemen-tares voltadas para a intermediação da mão-de-obra foram concretizadas nacionalmente através do Sistema Nacional de Emprego (SINE). Com a criação do Fundo de Amparo ao Tra-balhador (FAT) e do Conselho Delibe-rativo do FAT (Codefat) do qual a CUT foi protagonista e participa, criou-se a possibilidade de um sistema público. No entanto, é preciso avançar rumo a uma efetiva política pública de traba-lho, emprego e renda.

O ponto de partida para a renova-ção das bases de um sistema público de trabalho, emprego e renda deve ser parte do esforço para recolocar as políticas públicas no campo do direito, como uma tarefa permanente do Es-tado, para conferir perenidade, esta-bilidade e qualidade à política. Neste sentido, deve-se buscar a articulação do conjunto das políticas, ativas e pas-sivas, de emprego e renda, bem como garantir o financiamento institucional-mente ordenado e alocado no Fundo de Amparo ao Trabalhador. Gerar em-prego e renda deve ser uma diretriz constituinte desta política.

A primeira tarefa, evidentemente, é a de coordenar, integrar e articular as políticasjáexistentes–intermediaçãode mão-de-obra, seguro-desemprego, qualificaçãoprofissional, pesquisa so-bre o mercado de trabalho, fomento à alternativas de trabalho e renda, e os diversos atores já organizados em tor-no delas. Trata-se, portanto, de garan-tir que todos os trabalhadores possam ter acesso a todas as políticas, e que, ao mesmo tempo, o foco de cada po-lítica seja bem delimitado, evitando-se dispersão de esforços e recursos.

Uma vez estabelecido um novo arranjo articulado das políticas públi-cas voltadas para os trabalhadores no mercado de trabalho, é possível alcan-çar também um rearranjo da rede de atores hoje atuantes em torno dessas políticas.Emespecial,pode-sedefinirmelhor as atribuições das instâncias federal, estadual e municipal, conferin-do maior autonomia às ações descen-tralizadas, emanadas das comissões municipais de emprego.

Da mesma forma, é preciso ga-rantir que esse novo arranjo contem-ple com maior clareza o papel dos atores não-estatais – em particular das centrais sindicais e o “Sistema S” – tanto no que toca à sua participa-çãonagestãoeexecuçãodiretadaspolíticas quanto no que diz respeito à sua intervenção no controle social e na participação nos conselhos gesto-res em todas as esferas.

Em ambas as frentes, esse rear-ranjo articulador deve ser realizado si-multaneamente a uma reorganização

Page 45: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

46

ampla de cada política específica, vi-sando adequá-las às novas realidades do mercado de trabalho – utilizando como base privilegiada de informações as pesquisas de emprego e desempre-go, também custeadas parcialmente com recursos do FAT – e conferir a elas foco mais claro e preciso.

EM REFORMA DA PREVIDêNCIA

Previdência complementar – Para a complementação de salários no setor privadoexistemdoissistemasdepre-vidência: um aberto e outro fechado. O fechado, constituído em sua grande parte de antigas empresas estatais, to-taliza 361 fundos de pensão, com um total de 136 bilhões de reais em ativos. O sistema e os planos abertos, dos Bancos, totalizam 2,9 bilhões de re-ais. houve recentemente a aprovação de duas leis criando a possibilidade de fundos de pensões complementares para os servidores públicos, estabele-cendo como regras a contribuição e a gestão paritárias.

No caso do setor estabeleceu-se a portabilidade (transferência de um fundo para outro), a gestão por par-te dos trabalhadores e aposentados com a participação em, no mínimo, um terço de assentos dos conselhos e, entre outros itens, a possibilidade de sindicatos e associações consti-tuírem fundos de pensão comple-mentares. Foi recentemente criada a Anapar (Associação Nacional de Participantes de Fundos de Pen-são), que tem construído uma pla-taforma de defesa dos direitos dos

participantes: não-estabelecimento de limite de idade, defesa do plano de benefício definido, gestão pari-tária dos fundos, além de políticas de investimentos que preservem o emprego e o salário, e o desenvol-vimento local sustentável com res-ponsabilidade social.

EM A DISPUTA DA REFORMA SINDICAL E TRABALhISTA

O governo federal estabeleceu dois espaços institucionais para dis-cussão do tema da reforma sindical e trabalhista. Segundo o governo federal, o Conselho Nacional de De-senvolvimento Econômico e Social (CDES), órgão de assessoria da Pre-sidência da República, teria compe-tênciaparaadefiniçãodasdiretrizesgerais destas reformas, constituindo para tanto grupos de trabalho espe-cíficos.O conteúdo destas reformasdeverá ser objeto das negociações no Fórum Nacional de Trabalho, um espaço paritário e tripartite.

EM OUTROS TEMAS E POLíTICAS PERMANENTES – DIRETRIzES PARA A POLíTICA NACIONAL DE FORMAçãO DA CUT NO PERíODO DE 2003 A 2006

Dar continuidade ao desenvolvi-mento de projetos nas áreas de Edu-cação Integral dos Trabalhadores, Formação de Gestores de Políticas Públicas (Conselhos e Fóruns), For-mação de Formadores e de Formação

Page 46: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

47

de Trabalhadores para a autogestão, com vistas a avançar no processo de formulação conceitual e metodológica, articulados à estratégia de intervenção da CUT no âmbito das políticas públi-cas e da busca de um outro padrão de desenvolvimento econômico e social.

EM A CUT E A CONSTRUçãO DE UMA EDUCAçãO DO TAMANhO DO BRASIL

A CUT resolve:

(...)

Orientarasentidadesfiliadasarea-lizar debates com os trabalhadores, sin-dicalizados ou não, sobre a importân-cia de sua participação, como pais ou responsáveis por crianças e jovens, na construção democrática dos conselhos escolares, transformando os conselhos emespaçosparadefiniçãodepropos-tas pedagógicas que atendam aos inte-resses amplos dos trabalhadores.

Reivindicar que piso salarial dos professores seja nacional e não re-gional ou estadual; o cumprimento do Artigo 6o da Lei do Fundef, e a implan-tação imediata de um novo Conselho Nacional de Educação e a realização deumarigorosaauditoriaexternaso-bre o reconhecimento de cursos uni-versitários no período mais recente; participaçãodaUniãonofinanciamen-to dos diversos níveis de ensino, ele-vando os investimentos educacionais em relação ao PIB; revisão do pacto federativo, rediscutindo as competên-cias e o processo de municipalização;

revisão completa do sistema nacional de avaliação, mantendo instrumentos de avaliação das instituições educa-cionais, amostragens de desempenho educacional e abolindo exames na-cionais; o resgate da autonomia das universidades; a convocação imediata de uma conferência nacional de edu-cação que conte com grande partici-pação popular, com poder deliberativo sobre as políticas educacionais.

(...)

A participação dos sindicatos, atra-vés de seus coletivos de combate ao ra-cismo, nos fóruns ou conselhos comu-nitários que discutam a questão racial e que tenham por meta a implementação, a regulamentação e a fiscalização depolíticas públicas de combate ao racis-mo e de promoção da igualdade.

EM ENERGIAA CUT deve aprofundar o deba-

te sobre a concepção de energia como um serviço público essencial, encampando as seguintes lutas. Investimento na constituição de conselhos municipais de serviços públicos de energia, visando maior controle social.

EM DEFESA DO SANEAMENTO BáSICO

Democratização da Compesa, ga-rantindo a representação dos trabalha-dores, da sociedade civil e do poder municipal no Conselho Administrativo.

Page 47: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

48

Democratização dos meios de co-municação social

(...)

Capacitar os dirigentes sindicais para intervir junto ao Conselho Social de Comunicação, no Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação e seus respectivos comitês estaduais, visando a implantação de sistemas pú-blicos de emissoras de rádio e televi-são com controle público.

DIRETRIzES PARA A IMPLEMENTAçãO DO PLANO DE LUTAS

(...)

Envolver os diversos setores e es-taduais da CUT em um espaço per-manente de debate, formulação e atu-ação conjunta nas políticas públicas, visando otimizar esforços na luta pela democratização do Estado em todos osníveis,nadefiniçãoedefesadecri-térios e instrumentos de gestão e con-trole social e para a participação nos conselhos de Gestão de Políticas pú-blicas. Em consonância com as políti-cas da Secretaria Nacional da Mulher Trabalhadora da CUT e na perspec-tiva de se conquistar políticas públi-cas de interesse dos trabalhadores e trabalhadoras, devemos aprofundar o debate e avançar na formulação para conquistas de políticas públicas sobre proteção social da maternidade, res-ponsabilidades familiares, combate à violência contra a mulher, formação profissional,empregoerenda.

9º CONCUT (2006)

FORTALECER A DEMOCRACIA E VALORIzAR O TRABALhO

A estratégia adotada no 9º CON-CUT, organiza-se em duas grandes fren-tes: o fortalecimento da democracia e a valorização do trabalho. Neste marco estratégico, situa-se a luta pela demo-cratização das relações sociais e das relações de trabalho; a manutenção e ampliação dos direitos da classe trabalhadora, com toda a sua diversi-dade; as garantias para um Trabalho Decente, a inclusão social da popula-ção com a universalização de acesso e permanência junto às políticas públi-cas; a democratização do Estado e o controle social. Por outro lado, impli-ca ações concretas para impulsionar o crescimento do emprego formal, a am-pliação da renda geral da população e a adoção de políticas de desenvolvimento sustentável nos seus aspectos social, econômico e ambiental. Igualmente im-portante é a promoção da necessária unidade interna, através de uma gestão democrática e compartilhada, adotando mecanismos de planejamento e gestão, informação e comunicação mais ágeis e eficientes,como tambémaarticulaçãosistemática e cotidiana com os ramos e as estaduais da CUT.

DEMOCRATIzAçãO DO ESTADO, POLíTICAS PÚBLICAS E UNIVERSALIzAçãO DE DIREITOS

Uma agenda dos trabalhadores

Page 48: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

49

paraalteraroperfildaspolíticaspú-blicas em nosso país – além de sua necessária democratização – deve ser baseada na busca de uma polí-tica de valorização permanente do salário mínimo; na redução da jorna-da de trabalho sem redução de salá-rios; na recomposição do orçamento público destinado aos investimentos sociais, com a necessária diminuição do superávit, atendendo aos anseios emergenciais da população.

Fortalecerademocraciasignifica,sobretudo, garantir que o Estado e as políticas públicas estejam a serviço do bem comum da população. Rea-firmamosasresoluçõesjáaprovadasno 8º CONCUT sobre Papel do Es-tado, Políticas Públicas e atuação da CUT. Assim, em linhas gerais, nossa atuação deve se pautar pela:

Participação na definição e acompanhamento dos orçamentos públicos em todas as esferas de go-verno, visando ampliar a distribui-ção de renda e universalização do acesso e permanência junto às polí-ticas e ações públicas;

Intervenção organizada e qualifi-cada em fóruns e espaços públicos, visando garantir o caráter público do Estado, a qualidade e aprimoramen-to das políticas e serviços prestados; a instituição de mecanismos de par-ticipação efetiva na gestão e desen-volvimento das políticas, incluindo a adoção de mecanismos concretos de controle social.

Dar concretude a estas decisões

implica, necessariamente, em reto-mar e aprimorar processos e ati-vidades de articulação e qualifica-ção/capacitação dos conselheiros que representam a CUT nos diver-sos conselhos de gestão de Políti-cas Públicas, de modo a intensifi-car e garantir a ação cada vez mais articulada do conjunto das instân-cias nestes espaços.

Também, impulsionar uma refor-ma política que traga mudanças no sistema eleitoral e partidário, para combater a corrupção. Mas seria in-suficiente se não viesse acompanha-da da implementação das consultas nacionais propostas por iniciativa popular. Ao lado disto, a implemen-tação do Orçamento Participativo Nacional como política de governo, trará as decisões sobre as priorida-des orçamentárias para as mãos da população brasileira.

A conquista da regulamentação do artigo 14 da Constituição Federal passa a ser estratégica para a CUT. Só os setores comprometidos com a democracia e a população podem mobilizar os trabalhadores(as) para garantir a participação direta de cada eleitor nas decisões de maior interes-se do conjunto da classe trabalhado-ra, tanto na esfera federal quanto es-tadual e municipal.

É preciso também considerar a realização de Conferências das Ci-dades, com a formação de conse-lhos que têm se constituído em um dos mais amplos e democráticos processos para multiplicar e insti-

Page 49: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

50

tucionalizar oportunidades de parti-cipação direta da sociedade, junto com o Poder Público, na formula-ção, execução e fiscalização daspolíticas públicas para a ocupação e o uso dos espaços urbanos.

EM DIRETRIzES PARA A IMPLEMENTAçãO DO PLANO DE LUTAS

Reafirmamos as definições da 11ª Plenária Nacional da CUT no que se refere às estratégias apon-tadas para a Educação Integral dos Trabalhadores jovens e Adultos, a Negociação e Contratação Coleti-vas, especialmente da Qualificação e Certificação Profissionais e nossa intervenção junto às políticas públi-cas, em especial no Sistema Público de Emprego, Sistema S e Sistemas Públicos de Educação, Qualificação e Certificação Profissionais.

SAÚDE E SEGURIDADEEM DEFESA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

A defesa do SUS é questão estraté-gica para os trabalhadores. O Sistema Único de Saúde tem como diretrizes básicas a universalidade, a eqüidade, a igualdade, a descentralização, o fi-nanciamento e o controle social. Como, conceitualmente, a política pública de saúde se destina a toda a sociedade, esta é uma de nossas mais importan-tes conquistas históricas.

Nosso desafio é resistir aos ata-

ques que o SUS sofre dos empresá-rios e de seus representantes que estão inseridos no parlamento e no poder executivo, que mercantilizama saúde e que também atacam a po-lítica de saúde pública por meio de terceirizações e parcerias entre os setores público e privado. Os sindi-catos precisam se reaproximar daluta em defesa do SUS. É urgen-te a retomada dessa discussão e o efetivo envolvimento dos sindicatos na defesa do SUS, participando do FOPS (Fórum Popular de Saúde) e dos espaços institucionais de contro-le social (Conferências, Conselhos e Comissões Temáticas).

SAÚDE DO TRABALhADOR NO SUS E DEFESA DO SAT

A imensa maioria dos municípios tem pouca ou nenhuma atuação vol-tada à saúde do trabalhador, predo-minando a ausência da prática do planejamento local e de equipes de saúdeparaexecuçãodestasações.O investimento em recursos huma-nosemateriaisémuitobaixo,sendoincipientes os mecanismos de parti-cipaçãoecontrolesocial,porexem-plo, não existem CIST’s (ComissãoIntersetorial de Saúde do Trabalha-dor) na quase totalidade dos muni-cípios. Por isso é necessário que a CUT fortaleça essas comissões onde elas já existam e contribuapara a criação nas cidades onde não possuam mecanismos de controle social, como as Comissões Temáti-cas e Fórum Popular de Saúde nos municípios e no estado.

Page 50: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

51

POLíTICA ENERGÉTICA E DE SANEAMENTO

Considerando que a energia e a água são bens universais e estratégi-cos para o desenvolvimento susten-tável de uma nação, a CUT deve, em conjunto com a entidade do ramo: pros-seguir na luta contra a privatização, em defesa do serviço público e pelo controle social, unificando todos(as)trabalhadores(as) através de mobiliza-ções nacionais e estaduais, pelo fun-cionamento da CPI das Privatizações, acompanhando e pressionando para a efetivação de seus trabalhos.

DEMOCRATIzAR A COMUNICAçãO

Que a CUT mobilize os trabalha-dores e a sociedade civil na luta pelo controle social dos meios de comuni-cação de massa, para monitorar e dar visibilidade à estrutura e ao modo de atuação das redes de televisão e rá-dio,bemcomoàinfluênciadocapitalestrangeiro sobre elas, formulando proposições que combatam a concen-tração e os conglomerados de mídia.

POR MAIS DEMOCRACIA E ORGANIzAçãO DO ESTADO NO BRASIL

Novo formato e papel para o Con-selho de Desenvolvimento Econômi-co e Social, equilibrando a partici-pação popular para torná-lo um real instrumento de aconselhamento da Presidência da República.

Revisão do funcionamento dos diver-

sos conselhos tripartites, transformando--os em espaços efetivos de formulação, deliberação,negociaçãoeexecução.

EDUCAçãOGarantir a participação dos Movi-

mentos Sociais nos Conselhos de Edu-cação Nacional, Estaduais e Municipais, e em outros espaços institucionais.

TRABALhO INFANTILApoiar a parceria entre as De-

legacias Regionais do Trabalho ou substitutas e os Conselhos Estaduais e Municipais de Direitos da Criança e do Adolescente, no sentindo de ga-rantir o cumprimento da legislação existente, que proíbe o trabalho dacriança e protege direitos do trabalho do adolescente.

10º CONCUT (2009)

Valorizar a Educação como direito de todos e todas na construção de ou-tro projeto de desenvolvimento econô-mico e social

(...) Também no âmbito da CONAE (Conferência Nacional de Educação), devemoslutarpeladefiniçãodocaráterpúblico do chamado Sistema “S”, uma vez que essas organizações empresa-riaissãofinanciadascomrecursospúbli-cos há cinquenta anos, por força de uma lei que precisa urgentemente ser revista.

Em 2007 este sistema, sob gestão patronal, recebeu recursos, incluindo as contribuições advindas de impostos cobrados sobre a massa salarial dos

Page 51: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

52

trabalhadores e trabalhadoras, na or-dem de R$ 11.800.000.000,00 (onze bilhões e oitocentos milhões de reais), sobreosquaispraticamentenãoexisteregulação e nenhum controle social. Ao mesmo tempo persiste neste sistema uma política de cobrança de mensali-dades, e permanece vigente no mes-mo uma concepção tecnicista e meri-tocrática, que vai contra a perspectiva emancipatória da educação libertadora de interesse da classe trabalhadora. No ano de 2007, apenas o Serviço Nacio-nal de Aprendizagem Industrial – SENAI e o Serviço Social da Indústria – SESI receberam R$ 7 bilhões para fazer en-sinoprofissional,enquantoaRedePú-blicaFederaldeEducaçãoProfissionale Tecnológica em todo o país teve uma receitadeR$690milhões;aproximada-mente dez vezes menos.

AO TRATAR DA QUALIFICAçãO E CERTIFICAçãO PROFISSIONAL

Promoverá, a partir dos acúmulos já existentes emsuaRededeForma-ção e nos Ramos que têm intervenções consistentes neste campo, um amplo processodedebatessobrequalificaçãoecertificaçãoprofissional,tendoemvis-taodesafiodese impedirqueosetorpatronal continue a exercer uma forteinfluêncianaspolíticasdeeducaçãoecertificaçãoprofissional, tantonosetorpúblico quanto no setor privado, princi-palmente por meio do Sistema S.

Este processo de debates será ar-

ticulado com a defesa do Sistema Na-cional Articulado de Educação.

DEMOCRATIzAçãO DO ESTADO, AO TRATAR DA DEFESA DE SISTEMAS UNIVERSAIS DE SEGURIDADE SOCIAL

Cabe destacar nesta agenda as diretrizes do Conselho Nacional de Saúde para campanha de mobiliza-ção nacional pela implementação do Pacto em Defesa do SUS, com vistas ao seu reconhecimento como Patri-mônio Social e Cultural da humani-dade pela UNESCO Conquistado em 1988, na contramão do avanço neoli-beral no país, o SUS é, sem dúvida, a maior conquista do povo brasileiro e referência internacional de política pública de inclusão social e de demo-cratização do Estado.

O 10º CONCUT AbORDA A QUESTÃO DO CONTROLE SOCIAL EM RELAÇÃO AO ESTADO E AO CAPITAL

Se a ampliação da intervenção do Estado for combinada com o controle social de suas atividades, os cidadãos e cidadãs ganharão mais poder de decisão sobre as próprias condições de vida. Ou seja, a classe trabalhado-ra só será politicamente hegemônica revolucionando a estrutura do Estado. Portanto, fortalecer o Estado e ampliar os espaços de participação social nas diversas instâncias decisórias é fun-

Page 52: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

53

damental para que seja implementa-do um projeto legítimo de desenvolvi-mento para o país.

Isto depende de uma organização e de uma mobilização social crescente, e de uma disputa ideológica de fundo na sociedade. Devemos reforçar neste pe-ríodo a disputa por uma reforma política democrática que aprofunde os meca-nismos de participação popular, como os plebiscitos, referendos, orçamento participativo, incentivar as leis de inicia-tiva popular, além do fortalecimento dos conselhos, assembleias e conferências. O controle social é fundamental para redefiniropapeldosistemafinanceiro,de forma a ampliar e baratear o crédito, visando o desenvolvimento econômico e a geração de empregos.

É necessário impor limites à ação predatória das empresas financeiras;normatizar a atuação dos Bancos Pú-blicos; e regular as atividades de insti-tuições bancárias estrangeiras no país de modo a subordiná-las aos interes-ses nacionais e a critérios de reciproci-dade. A participação dos trabalhadores nos conselhos de administração dos bancos, a regulamentação do artigo 192 da Constituição Federal e a demo-cratização e ampliação do Conselho Monetário Nacional – como também a participação nos espaços de decisão das empresas públicas através de elei-ção de representantes por parte dos trabalhadores, bem como a eleição pa-ritária dos trabalhadores nos fundos de pensão das empresas – são medidas de combate à crise e redefinição dopapel do Estado. Neste sentido a CUT reforçará a discussão sobre o papel do

Sistema Financeiro, com a realização de uma Conferência Nacional.

A CUT sintetiza sua concepção de “participação popular”, democrati-zação do Estado e controle social, na Resolução sobre Reforma Política, o que aponta para uma combinação da atuação da CUT nos Conselhos com a pressão junto aos 3 poderes.

REFORMA POLíTICA: CONSTRUIR O PROTAGONISMO POPULAR NAS DECISõES POLíTICAS

A Reforma Política no Brasil é fun-damental e imprescindível para a demo-cracia brasileira, para o fortalecimento da participação popular e maior contro-le social sobre os partidos e o Estado. Para que isso realmente ocorra, a Re-forma deve tratar das questões centrais que ampliam os espaços de participa-çãoegarantemoseuplenoexercício.

A política brasileira sempre esteve pautada quase exclusivamente pelosmandatos, seja do Executivo ou dosparlamentares, o que termina fragili-zando o papel dos Partidos Políticos, da sociedade civil organizada e, con-sequentemente, da democracia. Neste processo, deve-se ter como prioridade a superação da falta de espaços demo-craticamente constituídos, que visem o protagonismo popular a partir da garan-tia da participação direta da sociedade.

A CUT defende um parlamento eleito sob regras mais democráticas, aomenoscomfinanciamentopúblico–

Page 53: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

54

com recursos igualmente divididos entre homensemulheres–,fidelidadeparti-dária,fimdocaráterrevisordoSenadoecomoenfretamentodainfluênciadopoder econômico privado nas eleições.

Para ser de fato representativa, a política deve trazer para o seu seio se-toresdasociedadeatéentãoexcluídos- caso das mulheres, jovens, negros e segmentos minoritários.

Democratizar os espaços de Poder é tornar a política mais acessível e me-nosexcludente,ondeumaminoriaseimpõe sobre a grande maioria.

Para o movimento social, a garantia de instrumentos que possibilitem a am-pliação da participação das mulheres na política é determinante para o fortaleci-mento do Estado democrático trazen-do reflexos positivos na construção depolíticas específicas.Sendomaioria dapopulação brasileira e também entre os que votam garantir-lhes o poder de re-presentação com igualdade, é aferir uma real democracia direta e representativa.

Devemos considerar vários com-ponentes, que impulsionem a partici-pação popular. Um deles é a garantia de instrumentos para o exercício davontade soberana da coletividade – os referendos e plebiscitos –, instrumen-tos até então desconsiderados para o exercíciodademocracia.

AMPLIAR O CONTROLE SOCIAL SOBRE O ESTADO

já em alguma medida implementa-do pelo Governo Lula, é fundamental

ampliar o controle social sobre o Esta-do. O aumento da participação popu-lar, na linha das Conferências Nacio-nais, Orçamento Participativo e parti-cipação nos conselhos das empresas, agências reguladoras, bancos públi-cos e a democratização do Conselho Monetário Nacional devem acompa-nhar o processo de fortalecimento do Estado. Não se trata de simplesmente erguer um poder burocrático em subs-tituição ao poder do capital, mas sim de aumentar a presença da sociedade democraticamente organizada na con-dução do seu próprio destino.

A CUT estará engajada na busca de alianças com os movimentos popu-lares por uma reforma política demo-crática com participação popular. Uma forma de impulsionar a mobilização so-cialéarealizaçãodeumabaixo-assi-nado em apoio à reforma democrática com participação popular. Fortalecer o Estado e ampliar os espaços de parti-cipação social nas diversas instâncias decisórias é fundamental para que seja implementado um projeto legítimo de desenvolvimento sustentável, sobera-no e democrático para o Brasil.

VALORIzAR A EDUCAçãO COMO DIREITO DE TODOS E TODAS NA CONSTRUçãO DE OUTRO PROjETO DE DESENVOLVIMENTO ECONôMICO E SOCIAL

A CUT assumirá também, a luta con-tra a desnacionalização da educação pri-vada e pela sua regulamentação, fomen-

Page 54: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

55

tando o debate sobre a premência de se criar mecanismos e instrumentos de controle por parte do poder público e da sociedade, por meio dos quais se coíba a comercialização de ações das escolas privadas na Bolsa de Valores e o ingres-so de capital estrangeiro para a aquisi-ção de instituições de ensino, inserindo desta forma no interior da sociedade o elemento contra-hegemônico denuncia-dor da mercantilização da educação em nosso país, e colocando na ordem do dia da classe trabalhadora a discussão sobre a necessidade do controle social da edu-cação, pública e privada; apresentando a pauta da classe trabalhadora para um novo modelo educacional.

DESENVOLVER CAMPANhA PELA EDUCAçãO PÚBLICA DE QUALIDADE PARA TODOS/AS

Intensificar a participação nos Conselhos Municipais de Gestão, Fiscalização e de Direitos (Conse-lhos Municipais de Educação, FUN-DEB, Saúde etc.), bem como estra-tégias de formação e capacitação dos conselheiros representantes da sociedade civil.

DEFESA DE SISTEMAS UNIVERSAIS DE SEGURIDADE SOCIAL

Nesse momento em que o mundo discute a crise estrutural do neolibe-ralismo e a construção de alternativas para reverter, de forma sustentável, a enormedívidasocialporeledeixada,adefesa de Sistemas Universais de Se-

guridade Social assume uma importân-cia estratégica ainda maior em nossa pauta. Aprofundar o debate e a inte-gração de propostas de intervenção no âmbito das três áreas que compõem a Seguridade Social brasileira – Saúde, Previdência Social e Assistência Social, em direção à sua efetiva consolidação como um sistema pressupõe, dentre outros elementos, avançarmos na pro-posição de alternativas concretas para compatibilizar princípios, diretrizes e os objetivos das três áreas, bem como para aprimorar os mecanismos de ges-tão,financiamentoecontrolesocial.

ACUTnopróximoperíododevein-tensificaralutanadefesadoSUS(...)Diante disso nossa Central irá: Defen-der intransigentemente o controle so-cial, orientando todos seus sindicatos a participarem dos Fóruns de Debates para contribuir na implantação efetiva do Sistema Único de Saúde.

ORGANIzAR A jUVENTUDE TRABALhADORA

Lutar pela institucionalização de um marco legal para as políticas pú-blicas de juventude; com a aprova-ção do Estatuto da juventude, do Plano Nacional de juventude e da Proposta de Emenda Constitucio-nal – PEC sobre juventude (todos tramitando no Congresso Nacional); com o fortalecimento de conselhos estaduais e municipais; garantindo e aprimorando a presença da CUT na implantação desses espaços de con-trole social e participando ativamen-te das conferências e construção de políticas públicas.

Page 55: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

56

POLíTICA INTERNACIONALO Sindicalismo internacional

deve pressionar pela criação de fó-runs e organismos que tenham como objetivo a cooperação econômica para o desenvolvimento social, com sustentabilidade ambiental e sobe-rania popular. Esses novos organis-mos devem ser democráticos, não impondo receitas pré-definidas, mas estabelecendo critérios básicos de controle social, de modo que con-temple os interesses do trabalho, da ecologia e da igualdade social. joga importante papel a relação entre as economias centrais e os países em desenvolvimento e mais pobres.

LUTAS GERAISLutar pela erradicação do trabalho

infantil e escravo, organizando cam-panhajuntoàsentidades,exigindoocontrole social das políticas públicas, mobilização pela aprovação da PEC 438, que trata do trabalho escravo e inclusão de cláusula obrigatória nos acordos coletivos sobre a eliminação do trabalho infantil.

NA PLATAFORMA DA CUT PARA A CONFERêNCIA NACIONAL DE COMUNICAçãO

Garantia de mecanismos de Fisca-lização, com Controle Social e Parti-cipação Popular, no cumprimento da legislação, em todos os processos como: a) Financiamento; b) Acompa-nhamento das obrigações fiscais etrabalhistas das emissoras; c) Cumpri-

mento de percentuais educativos, pro-duções nacionais; d) Cumprimento de percentuais destinados à publicidade; e) Cumprimento do Estatuto da Crian-ça e do Adolescente.

SEGURANçA PÚBLICA: PREVENçãO à VIOLêNCIA E CONSTRUçãO DE UMA POLíTICA ALTERNATIVA DE SEGURANçA

A CUT irá reivindicar assento nos Conselhos de Segurança Pública Na-cional e nos estados, para a represen-tação dos trabalhadores, respeitando a participação paritária de gênero.

POLíTICAS DA CUT PARA A INCLUSãO DAS TRABALhADORAS E TRABALhADORES COM DEFICIêNCIA

A CUT e seus sindicatos filiadosdevem disputar os espaços nos Con-selhosdeDireitodePessoascomDefi-ciência nas estâncias municipais, esta-duais e nacional nas vagas destinadas a representação de trabalhadores.

CONSOLIDAçãO DE UM ESTADO DEMOCRáTICO

Disputar um modelo de desenvol-vimento que tenha como elemento decisivo a participação popular nas decisões políticas; com sustentabili-dade econômica, social e ambiental,

Page 56: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

57

distribuição de renda e a valorização do trabalho dos trabalhadores e tra-balhadoras do campo e da cidade.

Um Estado Democrático, com caráter público, cuja gestão esteja sustentada na participação ativa da sociedade civil. Isto implica a compreensão de uma concep-

çãodesociedadecujacidadaniaseex-presse através de instrumentos que coa-dunem aspectos da democracia direta e indireta, já que a construção de um novo marco ético-político na gestão do Estado em nosso país, passa necessariamente pela construção de um projeto que lhe confiraumcaráterdemocráticoepopular.

Page 57: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

58

3.1) Um Rural para ser Eterno. E não somente para ser Moderno

humberto Oliveira, Especialista em Cooperativismo

(UFPB) e ex-Secretário Nacional de Desenvolvimento Territorial

no MDA

Um Rural para ser Eterno. E não somente para ser Moderno. É assim parafraseando o poeta Carlos Drum-mond de Andrade em seu poema Eterno, quando anuncia “E como fi-cou chato ser moderno. Agora serei eterno. Eterno! Eterno!”, que faço expressar esse pensamento sobreo meio rural. A despeito da moder-nidade do campo tão efusivamente anunciada, a ponto de ser chata por-que superficialmente tratada como progresso, o rural precisa ser tratado como o lugar da sustentabilidade, do futuro da humanidade e, portanto – ser Eterno, muito mais que está na “moda”, de ser moderno.

Essareflexãoinfelizmentenãoseencontra no centro do debate sobre o rural brasileiro, dominado quase que exclusivamente pelo tema da agri-cultura e da distribuição e proprieda-de da terra ou com alguma inserção nosúltimostempos,poucosuficiente,do tema ambiental. Do ponto de vista

político o mais grave é a reserva de domínio dos ruralistas sobre qualquer assunto que trate do rural, já visto até com alguma naturalidade pela socie-dade brasileira, enfeitiçada pelo parâ-metro da modernidade, da tecnologia de ponta, dos altos índices de produti-vidade,dasexportaçõesegeraçãodedivisa para o país e quase que com-pletamente alheia aos mais variados temas que se relacionam ao mundo rural, exceto aos conflitos agrários euma ou outra vez aos problemas am-bientais, de forma muita restrita aos desmatamentos na Amazônia.

E nesse rumo, a “modernidade” terá vida breve, como moda mesmo, enquanto se pode desfrutar dos re-cursos naturais ainda abundantes no Brasil. Ainda assim é uma modernida-de eivada de atrasos seculares como a fome, a miséria, o analfabetismo, o trabalho escravo e a violência na dis-puta pela terra. Em várias regiões em que ela está mais presente e mais consolidada, é recorrente o convívio com essas e outras mazelas em am-bientes onde a cidadania é quase ine-xistenteeoesvaziamentopopulacio-nal é constante, com gente que sai do campo e se aglomera nas periferias das cidades rurais do país.

A oposição a esse quadro de mo-dernidade ainda está restrita a poucos

3. PERSPECTIVAS PARA A AÇÃO DA CUT NA DISPUTA DE PROJETOS DEESTADO E SOCIEDADE

Page 58: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

59

setores da sociedade, aos militantes do próprio setor agrícola e agrário que lu-tam por outra formatação na estrutura fundiária e pela implantação de um novo modelo de produção na agricultura, e aos militantes ambientalistas. A maioria da sociedade não se deu conta de que essa modernidade do campo, nos pa-drões que são praticados no Brasil, tem uma dupla face e uma delas quase nun-ca é mostrada, aquela que compromete a sustentabilidade e, portanto o próprio futuro do país.

Mas, para que outros setores da sociedade se tornem interessados pelo tema e possam ao menos vislumbrar alternativas é necessário que se am-plie o debate para além do confronto entre latifúndio e reforma agrária, agro-negócio e agricultura familiar, produção e meio ambiente. Embora todos esses temas sejam atuais e importantes, formam apenas parte do debate, que vai bem mais além. Trata-se de colo-car no centro da discussão nacional o novo papel que compete ao rural para o desenvolvimento do país. E nesses termos, o assunto passa a ser de inte-resse da sociedade em geral.

Dito isto, é preciso que se enten-dam algumas importantes mudanças de paradigmas para se avançar nessa análise do papel do rural. A primeira mudança é a ampliação do conceito de rural para além da agricultura, pois se tornou lugar comum relacionar rural com agrícola e ao se referir a desen-volvimento rural pensar em desenvol-vimento da agricultura e da pecuária. A agricultura continua sendo, sem nenhu-ma dúvida a principal atividade econô-

micadomeiorural,masnelejáexisteuma forte participação dos setores se-cundários e terciários da economia, de maneiraquecoexistemnoBrasilRuralde hoje agricultura, indústria, comércio, turismo e outras tantas atividades ge-radoras de emprego e renda.

Outra relação muito comum e equi-vocada é se referir ao rural exclusiva-mente como campo (que poderia ser floresta, cerrado ou caatinga). São osespaços não urbanizados. Ou seja, o rural no Brasil é aquilo que não é urba-no, é a sobra da urbanização. É assim a contagem populacional brasileira, que apresenta um país com um índice de urbanização de 84%, superior ao dos Estados Unidos da América que é de 82%. No censo brasileiro, toda popula-ção residente nas sedes de municípios é considerada urbana, independente de que esse município seja São Paulo com seus 11 milhões de habitantes ou um município de 10 mil, 20 mil ou 50 mil habitantes, com predominância de pai-sagensnaturaisebaixadensidadepo-pulacional,comumaexpressivarelaçãocom o modo de vida que tem raízes cul-turais profundamente ligadas ao campo e onde predomina ainda a agricultura e outras atividades do setor primário.

Essa óbvia distorção é contrastada com a realidade do país que tem 89% de seus municípios com menos de 50 mil habitantes, onde vivem mais de 64 milhões de pessoas. Cerca de um ter-ço da população total do Brasil vive em ambientes com forte relação com um modo de vida rural que se distingue a olhos vistos do modo de vida metropoli-tano dos grandes centros urbanos, com

Page 59: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

60

necessidadesedemandasespecíficase com potencial para contribuir com o desenvolvimento do país, a seu modo. Este universo rural brasileiro, reconsi-derado, ocupa mais de 90% do território nacionaleéformadoporexatos4.958municípios. É esse rural que deve ser visto por todos os setores da sociedade como um espaço de produção, um es-paço de vida e um espaço privilegiado de convivência com o meio ambiente.

É um espaço de produção agríco-la, mas como já afirmado é tambémum espaço onde se realizam cada vez mais outras atividades produtivas in-dustriais, comerciais, de turismo e de prestação de serviços em geral, ca-racterizandoumaampladiversificaçãoeconômica com possibilidades de inter-faces e de combinações entre os seto-res, proporcionando maior agregação de valor aos produtos primários locais e, sobretudo maior apropriação da ren-da gerada localmente, criando ambien-tes de desenvolvimento no interior do Brasil como uma alternativa à grande concentração da riqueza nacional em porções restritas do território brasileiro, geralmente superpovoadas e com gra-ves problemas urbanos.

Mais que uma agricultura “moder-na” parece amplamente apropriada a essa função do rural no desenvolvi-mento nacional uma agricultura que combine inovação tecnológica com um alto padrão de ocupação e gera-ção de empregos e maior distribuição derenda,capazderefletirnadinami-zação econômica dos municípios ru-rais, movendo a roda de uma econo-miadiversificadanosseusterritórios.

Do ponto de vista de ser um espa-ço de vida o meio rural brasileiro preci-sa ser dotado de condições para uma vida digna das pessoas que ali vivem. Receber a atenção merecida das políti-caspúblicasparaseenxergaremcomocidadãos. Se sentirem prestigiados por contribuir com o desenvolvimento do país. Essa visão certamente contribui-rá para uma melhor redistribuição da populaçãobrasileira,redefinindonofu-turo o processo de ocupação do territó-rio nacional com vantagens para toda a sociedade. Não se pode conceber que em um país com mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, pessoas tenham que recorrer a moradias em favelaseatésobremontanhasdelixopara gozar de algum modo de vida um pouco menos sofrido e miserável que os milhões que estão no meio rural, desprovidos da atenção das políticas públicas e excluídos das possibilida-des de mobilidade social e inclusão no projeto de desenvolvimento da nação, pelocaráterquasequeexclusivamenteurbano de seu modelo.

Serumespaçodevidatambémsignifi-ca a preservação dos costumes, das tradi-ções, dos gostos, dos saberes e dos sabo-res do mundo rural, presentes na culinária, na música, na dança, nas festas populares ereligiosas,enfimsignificaapreservaçãoda diversidade e do patrimônio cultural pre-sentes em cada recanto do Brasil, que em sua maioria tem origem rural.

Lamentavelmente o rural como es-paço de vida é, no projeto de moderniza-ção, o mais ameaçado, pois sem gente no campo, substituída em alta escala por máquinas e equipamentos, todos

Page 60: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

61

os aspectos relacionados à cultura e ao próprio meio ambiente estão seriamente comprometidos. Além disso, o proces-so de desocupação do território nacio-nalexpostoa todo tipodeaventurasea grande e continuada concentração de população em regiões densamente ha-bitadas, agravam os problemas, criam dificuldades para o desenvolvimento eafetam a toda sociedade à custa de uma modernidade que cada vez mais, tem menosbrasileirosbeneficiados.

Sob o ponto de vista de ser um es-paço privilegiado de convivência com o meio ambiente, o rural cumpre um papel fundamental. Se existem pro-blemas ambientais graves no meio urbano e no meio rural, praticamente as soluções que causam maior impac-to positivo para o meio ambiente vão estar no segundo. Seja na neutraliza-ção dos efeitos, na preservação ou na recomposição dos diversos recursos naturais,énoruralquevaisedefiniroquanto é possível garantir o futuro da humanidade. Entre as soluções está o equacionamento entre produção e meio ambiente que tem toda relação com o modelo de produção agrícola priorizado, que por sua vez não diz res-peito somente a agricultores e ambien-talistas, senão a toda sociedade.

E para além da produção agríco-la, será o meio rural fundamental para outros temas que também estão na pauta mundial e que deve apontar os rumos sobre o futuro da humanidade, como a gestão dos recursos hídricos, a própria segurança alimentar e nutri-cional dos povos, a produção de agro-bioenergia e a gestão dos recursos

naturais para redução dos efeitos nas mudanças climáticas.

É nesses termos que se evoca o papel do rural para o desenvolvimento do país como um tema de interesse de todos os brasileiros e não apenas de uma parcela deles. Se o Brasil tem vo-cação para ser um país desenvolvido, com um modelo de desenvolvimento sustentável, deve-se repensar o papel do meio rural e aqui o rural precisa ser entendido como o conjunto da popula-ção, dos municípios, dos trabalhado-res, dos empresários, dos governan-tes, dos representantes políticos, dos ambientalistas e dos agricultores que vivem e nele atuam.

Esse debate ainda timidamente ini-ciado no Brasil não é algo do passado. É do futuro. Para quem só acredita no Brasil se espelhando nos países de-senvolvidos vale lembrar que Inglaterra, França e Espanha realizaram essa dis-cussão muito recentemente e revisaram suaslegislaçõesexatamenteparadefi-nir o papel do rural no desenvolvimento dos seus países. Entre os anos de 2005 e 2007 esses países aprovaram novas leis para o desenvolvimento rural.

Aqui no Brasil dois projetos de lei tramitam no Congresso Nacional sobre o assunto. No Senado a iniciativa é do Senador Antonio Carlos Valadares do Partido Socialista Brasileiro do estado de Sergipe que apresentou o PLS nú-mero 258/2010 e na Câmara Federal o autor é o Deputado Federal Assis do Couto, do Partido dos Trabalhadores do Paraná que apresentou o Projeto de Lei de número 54/2011.

Page 61: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

62

Ambos os projetos utilizaram como base a proposta elaborada pelo Conse-lho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável, o CONDRAF, colegiado pertencente a estrutura do Ministério do Desenvolvimento Agrário e composto por representantes de governos e da socie-dade civil. A proposta do CONDRAF que foi elaborada com base nas resoluções da primeira Conferência Nacional de Desenvolvimento Rural é de um Projeto de Lei de Desenvolvimento para o Brasil Rural, iniciativa inédita no país que entra na pauta do Congresso Nacional neste início de século xxI como um sinal de que o país precisa reposicionar velhos e conhecidos temas rurais, atualizando-os e recolando-os na pauta nacional, sob o prisma do interesse da nação para o seu desenvolvimento sustentável.

Se essa iniciativa é importante, mais importante ainda é ampliar esse debate para o conjunto da sociedade brasileira. Faz-se necessário que todos compreendam, para que todos se po-

sicionem. É fundamental que os rurais não-agrícolas se associem a esse pro-jeto para que fortaleçam essa aliança territorial campo-cidade nos ambiente rurais e exerçam seu protagonismo,colocando no novo Projeto para o ru-ral os seus legítimos interesses e de-mandas de habitantes do meio rural. Demandas que passam pelo conjunto das políticas públicas como educa-ção, saúde, infraestrutura, segurança, comunicação, esporte, lazer, além da-quelas que devem estimular um ciclo produtivo virtuosos e sustentável.

Como visto esse rural necessita de outros atores políticos institucionais para juntar-se e fortalecer os atores sociais do campo, construir uma pau-ta mais ampla e organizar um projeto novo de sociedade em que os habitan-tes, especialmente os trabalhadores, do meio rural tragam a sua mais va-liosa contribuição, a partir do conheci-mento da sua realidade, da sua inclu-são social, do seu protagonismo e da

Rob

erto

Par

izot

ti

Page 62: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

63

capacidade de agregar o seu trabalho e o seu talento na construção de um país novo em que o rural mais do que moderno, possa ser o assegurador da eternidade, entendida aqui como a continuidade da vida no planeta.

3.2) A participação social nos Conselhos e Conferências de Políticas Públicas

Gerson Almeida, Sociólogo e ex-Secretário Nacional

de Articulação Social

Boa tarde para todos e para to-das. Em primeiro lugar agradeço ao companheiro Quintino, o convite para compartilhar com os companheiros da CUT esse importante debate e dividir a mesa com a Susana, do DIEESE. Te-nho uma forte ligação afetiva e política com a CUT, pois na minha trajetória de militante social, tive a honra de ter sido um dos seus fundadores e ter sido elei-toparaasuaexecutivanacional,quan-do foi presidida pelo jair Meneguelli.

Feita essa breve apresentação, acho altamente relevante uma entida-de do campo popular, importante como a CUT, preocupar-se em discutir a qua-lidade da atuação dos seus represen-tantes nos Conselhos Nacionais de Políticas Públicas e, assim, incidir de forma organizada para aprofundar as potencialidades democráticas que os Conselhos e as Conferências Nacio-nais possuem para incorporar as ques-tões de interesse do campo popular ao longo do processo de construção das políticas públicas. Essa iniciativa está coerente com a trajetória da CUT, que

nunca negligenciou as questões sindi-cais mais típicas, e sempre soube vin-cularessasquestõesaodesafiodepro-duzir um projeto nacional de interesse dos trabalhadores e seus aliados, cul-tivando o bom hábito de ver a árvore, semdeixardeobservaraflorestatoda.

Essa característica de não perder de vista qual o projeto que interessa aos trabalhadores e seus aliados sempre é importante, mas ganha ainda mais rele-vância neste período no qual estamos vivendo, que encerra duas característi-cas fundamentais: é o mais longo perí-odo democrático ininterrupto da nossa história e, dentro dele, a mais relevan-te experiência de governo democráti-co e popular, que começa seu terceiro período. O papel das organizações do campo popular para que as vitórias elei-torais sejam traduzidas em efetivas mu-danças na direção dos interesses dos setores populares é insubstituível.

Essa iniciativa da CUT de reunir os seus representantes nos Conse-lhos Nacionais de políticas públicas servirá para melhorar a articulação de todos os conselheiros das entidades do campo popular e, assim, colaborar para que essas instâncias de partici-pação social e de democratização do Estado possam ampliar ainda mais a sua importância na produção e no controle social em todo o ciclo de pro-dução das políticas públicas.

Para auxiliar nesse objetivo, pre-parei uma sistematização dos dados sobre as formas de participação social no governo federal, que podem res-ponder alguns questionamentos que,

Page 63: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

64

vez por outra, surgem nessa discus-são, tal como qual a efetividade da participação, ou a abrangência das questões que são submetidas ao de-bate nos Conselhos. Essas são pre-ocupações relevantes, pois participar e não incidir no desenho das políticas públicas não faz sentido.

Os processos de participação não podem ser apenas uma questão estéti-ca, de forma, ela deve ser um elemen-to de renovação das formas de deli-beração e de incorporação de novos sujeitos sociais nas decisões do Esta-do. Até porque, na medida em que a democracia começa a ganhar conteú-do social e passa a enfrentar todas as formas de desigualdade, ela passa a se tornar um campo de disputas cada vezmaisacirradas.Portanto,aexperi-ência democrática ganha a forma que a correlação de forças social lhe con-fere em cada período, processo que foi muito bem apreendido pelo soció-logoBoaventuraSantos,quedefiniuademocracia como um movimento sem fim, o que torna a renovação e rein-venção permanente, características próprias da vida democrática.

A eleição de um governo cuja legiti-midade fundamental são os movimen-tos sociais organizados e a luta contra asexclusõeseconômica,social,culturalepolítica,exigeumareconfiguraçãodasformas de tomada de deA eleição de um governo cuja legitimidade fundamental são os movimentos sociais organizados ea lutacontraasexclusõeseconômi-ca,social,culturalepolítica,exigeumareconfiguração das formas de tomadade decisão, o que precisa uma efetiva

incorporação de novos sujeitos sociais e suas pautas. Caso não seja demo-cratizado o acesso ao processo de de-cisão, as tradicionais elites dirigentes, queproduzirame reproduziramasex-tremas desigualdades e concentração de renda no país, jamais serão capa-zes de liderar uma alteração efetiva das prioridades de investimento do Estado. O que torna a construção de espaços de participação, capazes de incorporar a sociedade organizada ao longo do ci-clo de construção das políticas públicas, um elemento fundamental para a rede-finição sobrequais setores devemserbeneficiadoscomosfundospúblicos.

A seguir, em linhas gerais, apre-sentam-se as principais formas de participação social em curso no gover-no federal e o esforço em transformar efetivamente e relação entre o Estado e a sociedade de forma a torná-lo mais permeável às agendas dos setores tra-dicionalmenteexcluídosdoprocessodedecisão das políticas públicas.

As diferentes formas de participação no âmbito federal

Um dos seus primeiros atos do pre-sidente Lula foi mudar as atribuições da secretaria-geral da presidência, que passou a atuar prioritariamente como interlocutora dos movimentos sociais e articuladora desta relação no âmbito do governo. As formas mais significativasencontradas para ampliar as formas de participação são as seguintes:

Page 64: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

65

Conselhos Nacionaishá mais de cem (100) conselhos

no âmbito do governo federal, dos quais trinta e quatro (incluídos aqui 2 comissõesnacionais)possuemsignifi-cativa participação da sociedade civil. Mesmo que o tamanho da representa-ção da sociedade civil não tenha uma definição geral e, tampouco, a formacomo devem ser escolhidos os repre-sentantes da sociedade nestes espa-ços, desde 2003 está em curso um processo de ampliação da participa-ção social. Para isso houve a reformu-lação de 6 conselhos já constituídos –

nos quais houve ampliação da repre-sentação da sociedade civil – e a cria-ção de dezoito (18) novos conselhos nacionais (quadro 1). Isso demonstra que foi a partir do primeiro mandato do presidente Lula que essa forma de participação passou a se constituir em política geral de governo, tornando--se uma maneira efetiva de ampliar o mundo da política para a sociedade. Além disso, há ampla autonomia para a escolha dos representantes das or-ganizações sociais nos Conselhos, sendo que em 18 há maioria de repre-sentantes da sociedade civil.

QUADRO 1CONSElhOS NACiONAiS CRiADOS A PARTiR DE 2003

1. Transparência Pública e Combate à Corrupção 20032. Desenvolvimento Rural Sustentável 20033. Economia Solidária 20034. Turismo 20035. Segurança Alimentar e Nutricional 20036. Desenvolvimento Econômico e Social 20037. Aqüicultura e Pesca 20038. Promoção da Igualdade Racial 20039. Ciência e Tecnologia 200310. Combate à Pirataria e Delitos contra a Prop. Intelectual 200311. Região Integrada de Desenvolvimento do Pólo Petrolina 200312. Fundo da Marinha Mercante 200413. Cidades 200414. juventude 200515. Fundo Nacional de habitação de Interesse Social 200516. Acompanhamento do FUNDEB 200717. Fundo de Desenvolvimento da Amazônia 200718. Fundo de Desenvolvimento do Nordeste 2007

Page 65: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

66

Conferências Nacionais As Conferências Nacionais es-

tão se constituindo numa das mais dinâmicas e abrangentes formas de participação social na esfera federal. A convocação de cada uma dessas Conferências abre um processo inten-so de discussão que incorpora uma diversidade de atores sociais que, de um modo geral, não possuem outros espaços institucionalizados para dis-cutir e apresentar as suas propostas, opiniões, ou preocupações relativas aos temas em debate.

As Conferências podem ser vis-tas como arenas públicas nas quais é viabilizado o encontro de diferentes opiniões e enfoques sobre questões de relevância, cumprindo um papel importante na construção do dese-nho das políticas públicas e contri-buindo para o desenvolvimento eco-nômico e social do país. Permitem o encontro de diferentes perspectivas existentesnasociedadeeseconsti-tuem numa forma efetiva de partici-pação da sociedade na produção de políticas públicas, conforme diretriz inscrita na Constituição Federal do país. Esses processos de debates nos Conselhos e nas Conferências servem, ainda, como um verdadeiro exercíciodeaproximaçõesdeopini-ões e pontos de vista diferentes. As suas resoluções servem como ver-dadeiras agendas e organizam o de-bate na sociedade e no governo.

As Conferências Nacionais e os Conselhos possuem uma estreita rela-ção. De uma forma geral, as resoluções das Conferências produzem a agenda

de diretrizes sobre a qual os Conselhos respectivos deverão se debruçar e bus-car transformá-las em políticas públicas. Além disto, muitos dos Conselhos cria-dos a partir de 2003 foram originados de resoluções aprovadas em Conferências.

Mesas de Negociação

As mesas de negociação são constituídas para tratar de pautas na-cionais apresentadas pelas entidades que representam movimentos sociais. Além das pautas nacionais regular-mente apresentadas, as mesas de negociação são constituídas também para tratar de assuntos determinado, como a mesa nacional de negociação do salário mínimo, que reuniu o gover-no e as Centrais Sindicais com o ob-jetivo de encontrar uma fórmula capaz de assegurar a recuperação acelera-da do poder de compra do salário mí-nimo. Essa fórmula fez com que fosse alterada a curva histórica descenden-te do salário mínimo, o que se tornou um fator importante para o crescimen-to do mercado interno e da diminuição dapobreza.Outrointeressanteexem-plo de mesa de negociação é a que foi constituída para aperfeiçoar as Condi-ções de Trabalho na Cana-de-açúcar, na qual participaram os representan-tes das entidades dos trabalhadores, dos empresários e do governo fede-ral, cujo resultado foi a construção do “Compromisso Nacional

Areconfiguraçãodoestado

A ampliação e intensificação das

Page 66: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

67

formas de participação social em curso colocam o desafio de reorga-nizar o estado para que seja possí-vel responder de forma adequada a essa nova dinâmica social. Assim como as Conferências e os Conse-lhos servem para unificar a agenda dos movimentos sociais em cada área, para que o processo de diálogo possa fluir, é preciso também que o Estado se reorganize para dar conta dessa nova realidade social. É isso queexplica,porexemplo,acriaçãopelo presidente Lula de vários minis-térios e secretarias especiais, como o Ministério das Cidades, fruto de anos de reivindicação das entidades articuladas no Movimento Nacional pela Reforma Urbana.

Antes, era preciso “bater” em inú-meras portas para discutir as políticas voltadas às questões urbanas. Outro bomexemploéacriaçãodoMinistériode Desenvolvimento Social e Combate à Fome, antiga reivindicação dos mo-vimentos sociais que lidam com a te-mática daassistência e exclusão, quetambémnãoconseguiam fazerfluirassuas discussões com o poder público de forma ampla, já que as políticas so-ciais estavam segmentadas em vários ministérios e órgão do governo. Outras lutas sociais importantes que não en-contravam adequada interlocução na forma como estava organizado o Esta-dosão,porexemplo,alutadasmulhe-res, da igualdade racial e da juventude, para as quais foram criadas a Secreta-ria Especial de Políticas para as Mulhe-res, a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e a Secretaria Nacional da juventude.

ConsideraçõesfinaisA incorporação novos sujeitos no

processo de construção das políticas públicas, por meio das diferentes for-mas de participação apresentadas é, em grande medida, responsável pela melhoria geral dos indicadores sociais que está em curso no país. A dinâmica de participação e a sua abrangência fa-zem com que não seja mais aceitável qualquer idéia que dissocie desenvolvi-mento econômico do social. Com uma maior diversidade de setores sociais opinando sobre as políticas públicas e sobre a destinação dos fundos públicos, começamos a inverter a tradição perver-sa de, mesmo em momentos de cresci-mento econômico haver ampliação da pobreza e concentração de renda.

Épossívelafirmarqueoforteincre-mento das formas de participação social, ao incorporar milhões de brasileiros e brasileiros tradicionalmente excluídosda vida política, trouxe também novasagendas e interesses que passaram a incidir no desenho das ações do Esta-do e, assim, torná-las mais inclusivas e universais. A participação social, assim, mostra-se a forma mais efetiva de rom-percomomonopóliodapolíticaexerci-do pelos arranjos tradicionais e um fa-tor fundamental para a nova feição que o Brasil começou a ganhar. É, então, a democracia e não apenas a economia queexplicaosavançossociaisconquis-tados, mesmo que saibamos que essa jornada apenas se inicia, mas não nos enganemos que seja possível seguir adiante sem ampliar ainda mais a partici-pação da sociedade. Para essa tarefa, a CUT e os demais movimentos populares organizados são insubstituíveis.

Page 67: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

68

3.3)Desafiosparaaaçãoda CUT nos Conselhos de Gestão das Políticas e Fundos Públicos e do Sistema “S” em Âmbito Nacional

Quintino Severo, Secretário Geral da CUT e Conselheiro no Codefat

Na América Latina, de modo geral, se constituem espaços de representa-ção que produzem novas instituciona-lidades e inovações democráticas na esfera pública, resultantes das novas práticas de participação da sociedade civil. As esferas participativas e delibe-rativas organizam-se em diferentes ní-veis: conselhos gestores, conferências nacionais, câmaras e fóruns de partici-pação, conselhos em diversos temas.

Uma das tendências do atual período, do início do século xxI quanto à participa-ção em conselhos é a focalização das po-líticas, dando ênfase a segmentos sociais e comunidades étnicas, tais como: jovens, Idosos, crianças e afrodescendentes, bem como temáticas sociais: educação, saúde, alimentação, ambiente, energia, etc.

No Brasil, consolida-se a participação social nos espaços de políticas públicas. São 61 Conselhos Nacionais em funcio-namento no país. E, das 112 Conferências Nacionais realizadas de 1941 a 2010, 21 acorreram de 1941 a 1994, 20 de 1995 a 2002 e 71 de 2003 a junho de 2010. As conferências, nos anos recentes, mobi-lizaram mais de 4 milhões de pessoas na discussão e definição de prioridadese subsídios para as políticas públicas. E, juntamente com os Conselhos de Políticas Públicas, representam a luta para implan-

tar as conquistas constitucionais (sobretu-do a partir dos anos 1990). Desse modo, consolida-se também uma política de am-pliação das formas de gestão deliberativas na esfera pública, ampliando as consultas e conferências, sobretudo a partir dos anos 2000, possibilitando aumento da participa-ção e do controle social.

Um olhar especial deve ser dado á relação entre políticas públicas, orça-mento e Fundos Públicos. A Lei de Dire-trizes Orçamentárias está na ordem de R$ 2,073 trilhões, os recursos do FGTS 46,9 bilhões e do FAT: 48,6 bilhões. Os desembolsos do BNDES foram de R$ 168,4 bilhões em 2010 e, de janeiro a julho de 2011 já foram desembolsados cerca de R$ 70 bilhões. há outros fundos importantes, tais como: a Previ, Petros e Funcef. Cabe ressaltar que tais fundos são constituídos a partir de recursos dos trabalhadores e, como tais, exigem ocontrole social e, devemos cobrar a in-clusão de contrapartidas sociais e traba-lhistas em todas as decisões de investi-mento de todos os bancos e fundos pú-blicos destinados a para uma destinação aofinanciamentododesenvolvimento.

Diante desse quadro e das tendências observadas no atual cenário brasileiro, a estratégia da CUT nos espaços de políti-cas públicas se desenvolve em alguns ei-xosdeatuaçãoapartirdasresoluçõesdeCongressos e Plenárias: Democratização do Estado e das Relações de Trabalho, Controle Social, Gestão das Políticas Públicas e Participação em Conselhos.

A partir do 9º CONCUT (2006) há uma centralidade na estratégia da CUT em relação à participação cidadã a partir da

Page 68: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

69

proposta de luta pela Democratização do Estado, Políticas Públicas e Universaliza-ção de Direitos, se desdobrando em “parti-cipação em espaços de políticas públicas, defendendo o caráter público do Estado e a universalização das políticas;Instituição de mecanismos de participação efetiva na gestão e desenvolvimento das políticas e qualificaçãodeConselheiros.

Porém, a estratégia CUTista não se restringe à participação nos espaços institucionais. É preciso alterar a pró-pria institucionalidade do Estado na óti-ca da classe trabalhadora, por meio de uma reforma política com mudanças no sistema eleitoral e partidário, consultas nacionais de iniciativa popular, pela im-plementação do Orçamento Participati-vo Nacional como política de governo e, especialmente, pela regulamentação do artigo 14 da Constituição Federal passa a ser estratégica para a CUT (Iniciativa Popular, democracia direta).

No10º CONCUT, há uma formula-ção que sintetiza o acúmulo da Cen-tral sobre o tema:

“Se a ampliação da intervenção do Estado for combinada com o controle social de suas atividades, os cidadãos e cidadãs ganharão mais poder de decisão sobre as próprias condições de vida. Ou seja, a classe trabalhadora só será politicamente hegemônica revolucionando a estrutura do Es-tado. Portanto, fortalecer o Esta-do e ampliar os espaços de par-ticipação social nas diversas ins-tâncias decisórias é fundamental para que seja implementado um

projeto legítimo de desenvolvi-mento para o país”.

A CUT sintetiza sua concepção de “participação popular”, democrati-zação do Estado e controle social, na resolução sobre Reforma Política, o que aponta para uma combinação da atuação da CUT nos Conselhos com a pressão junto aos 3 poderes.

“A Reforma Política no Brasil é fun-damental e imprescindível para a democracia brasileira, para o for-talecimento da participação popu-lar e maior controle social sobre os partidos e o Estado. Para que isso realmente ocorra, a Reforma deve tratar das questões centrais que ampliam os espaços de par-ticipação e garantem o seu pleno exercício”.

A política brasileira sempre es-teve pautada quase exclusiva-mente pelos mandatos, seja do Executivo ou dos parlamenta-res, o que termina fragilizando o papel dos Partidos Políticos, da sociedade civil organizada e, consequentemente, da democra-cia. Neste processo, deve-se ter como prioridade a superação da falta de espaços democratica-mente constituídos, que visem o protagonismo popular a partir da garantia da participação direta da sociedade”.

Há, portanto, uma agenda extensapara que a CUT possa avançar na sua estratégia de “Disputar um modelo de desenvolvimento que tenha como ele-

Page 69: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

70

mento decisivo a participação popular nas decisões políticas; com sustenta-bilidade econômica, social e ambien-tal, distribuição de renda e a valoriza-ção do trabalho dos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade”.

3.4) Conselhos e conselheirosSuzana Sochaczewski,

socióloga (Dieese)

Não há dúvida que uma dimensão política historicamente nova, a participa-ção democrática no poder por meio de conselhos, cria no Brasil, introduz, ali-menta e requer novas práticas políticas que se fundamentam e, ao mesmo tem-po, se desdobram em novas práticas so-ciais. Espera-se que essa nova dimen-sãodapolíticatenhavindoparaficar,oque depende em grande medida do uso que se faz dessa participação, tanto em termos da presença efetiva de membros da classe trabalhadora nos conselhos, como pela qualidade da intervenção sin-dical nesses fóruns de discussão.

Deummodogeral,umareflexãosobreconselhos começa apontando possibilida-deselimitesdessesespaços,masprefirome referir a desafios, sempre presentesem todos os momentos em que se discute e, algumas vezes, se decide, ou pelo me-nos se influencia, os rumosdematériasconflituosasemnossasociedade.

Quais seriam então os grandes de-safiosqueessaformadeparticipaçãopolítica nos traz?

Gostariadecomeçarrefletindoso-bre os sujeitos, os atores sociais que

participam desses conselhos, espe-cialmente aqueles representantes da classe trabalhadora.

Em primeiro lugar, é preciso lem-brar a complexidade da atuação re-querida de conselheiros. Ser conse-lheiro é difícil. Os temas discutidos em quase todos os conselhos não fazem parte do cotidiano sindical, pelo me-nos na forma em que se apresentam nestes fóruns. Algumas vezes, a dis-cussão que se propõe já é conhecida de representantes de outros grupos – porexemplo,médicosnumconselhode saúde – mas os sindicalistas que lá estão, e que não podem fugir da discussão, não convivem com a pro-blemática de saúde em seu cotidiano.

Dirigentes sindicais, de um modo ge-ral, têm outra temática no seu dia-a-dia. Isso não quer dizer que não devam estar lá. Pelo contrário, sua presença é impor-tante, na verdade é fundamental que par-ticipem com um olhar da classe trabalha-dora, mesmo que certos temas não façam parte de seu cotidiano. Mas é um grande desafiocompreendereseposicionarso-breumaquestãoconflituosa -senãoofosse não seria pauta de conselho - e de-cidir tendo como norte as necessidades da classe trabalhadora como um todo.

O papel do conselheiro é também complexo,porqueemgeralsãoques-tões modo algum menores. Sua abran-gência política e sua importância social podem ser muito grandes. Resolver, por exemplo, a quantidade de recur-sos para um determinado projeto, seu cronograma de desembolso e utiliza-ção tem uma importância que é políti-

Page 70: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

71

ca, porque do âmbito de um conselho, mastambémexcedeopolítico,porquepode abranger o social e o econômico. No entanto, se uma decisão tem con-sequências que são, ao mesmo tempo, políticas, sociais e econômicas é por-que a vida em sociedade tem essas di-mensões e lidar com elas faz parte da atuação de um conselheiro.

Outra questão complicada é a res-ponsabilidade social desse cargo. A possibilidade de participação demo-crática numa sociedade capitalista não elimina a existência de interesses emconflito,projetossocietárioseforçasemdisputa. Isso faz com que o conselheiro representeinteressesespecíficosnumaluta civilizada, mas nem por isso menos intensa, em que muitas vezes são ne-cessárias alianças táticas para avançar.

Finalmente, para valorizar ainda um pouco mais essa difícil participação, o movimento sindical tem um papel que talvez não seja único, mas com certeza é dos mais importantes. Representantes sindicais em conselhos ao atuar do ponto de vista da classe trabalhadora se tornam sujeitos políticos no processo de cons-trução democrática no Brasil. Ou seja, o conselheiro é, naquele momento, um su-jeito político fundamental. Por tudo isso, vê-se que não é fácil ser conselheiro.

As sociedades modernas já convive-ram com vários tipos de conselhos em diferentes épocas. Alguns, chamados conselhos revolucionários, tinham como propósito instituir uma nova maneira de organizaropoder.Osexemplosmaisco-nhecidos são a Comuna de Paris, quan-do em março de 1871, operários toma-

ram e mantiveram por 72 dias o poder reorganizado por meio de conselhos na cidade de Paris. Outro fato histórico co-nhecido foi a Revolução Russa de 1917 que ao derrubar o Estado czarista russo instituiu os Sovietes – conselho em russo – formados por operários e camponeses, como uma nova ordem, uma nova repre-sentação política. Finalmente, na Espa-nha Republicana em 1936 formaram-se conselhos revolucionários que seriam o embrião de outra ordem social, política e econômica. Esses são conselhos revolu-cionários que há muito tempo não apa-recem por aqui, mas que fazem parte de nossa história.

Ainda ao longo do século xx foram formados conselhos operários com o ob-jetivo de transformar as relações de poder no local de trabalho. Na Espanha Repu-blicana de 36, mais uma vez, na Iugoslá-via, na Polônia, na hungria, na Alemanha, em Turim na Itália, operários instituíram a autogestão em locais de trabalho.

Também em vários países, se im-plantaram os chamados conselhos ur-banos ou representativos que são uma forma de organização coletiva, pontual, como,porexemplo,colegiadosescola-res, conselhos de moradores, conse-lhos gestores, entre vários outros.

Finalmente, chegamos aos conse-lhos de políticas públicas que hoje têm umcrescimentoextraordinárioeexpres-siva participação da sociedade civil em nosso país. São conselhos que no Brasil tiveram como uma de suas parteiras a Constituição Federal de 1988, embora algunsjáestivessememexercícionumperíodo anterior. A participação de movi-

Page 71: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

72

mentos populares e do movimento sindi-cal na Constituinte possibilitou, logo em seguida, o surgimento de alguns destes conselhos. No entanto, foi nos oito anos de governo do Presidente Lula que essa forma de organização do poder teve um crescimentoextraordinário.

Quantoasuaabrangênciageográficaos conselhos, que podem ser tanto deli-berativos como apenas consultivos, tem abrangência nacional, regional, estadual, municipal e ainda em regiões dentro do município. Todos são igualmente impor-tantes em termos da participação no pro-cesso democrático em construção.

A questão fundamental que ain-da é preciso discutir quanto à natu-reza dos conselhos é a da paridade. Temos conselhos paritários, ou seja, onde os movimentos sociais, operá-rios, sindicais têm peso suficiente, ou igual ao de outros grupos, para influir nas decisões. E outros conse-lhos em que sua participação é muito pequena, alguns até de apenas uma pessoa. São conselhos não paritá-rios onde a representação muitas ve-zes acaba sendo apenas pro forma.

Quais seriam então os atributos e conhecimentos necessários a conse-lheiros e, neste caso, aos conselhei-ros sindicalistas da CUT para uma participação efetiva em conselhos de políticas públicas? Na verdade, talvez mais do que atributos e conhecimen-tos quais as maneiras ser apropria-das a um conselheiro da classe traba-lhadora numa sociedade capitalista?

1. Os conselhos hoje tratam de uma

variedade enorme de temas e essa temáticaestáemexpansão,oquedeve ser visto como possibilidade e não como problema. No entanto, o conselheiro não precisa ser um especialista no tema de seu con-selho, e na verdade nem deve ser. O especialista, o conselho con-trata. Um conselho de saúde, por exemplo,nãopodetercomocon-selheiros só médicos, sanitaristas, enfermeiros ou donos de hospital. Mas precisa também de pessoas deoutrossegmentosprofissionaise sociais. O conselheiro não é o es-pecialista. Mas o conselho precisa consultar especialistas e deve ou-vi-los como parte do processo de deliberação. O que o conselheiro deve ter é o conhecimento que é essencial da questão em jogo que, no exemplo dado, ou seja, no âmbito de um conselho de saúde não é estritamente uma questão médica, mas uma ques-tão social que fundamenta uma política pública sobre saúde.

2. A outra condição que é funda-mental para ser conselheiro é que além da questão específi-ca de seu conselho, ele precisa estar a par do contexto social, econômico e político do país, do estado, ou município, de-pendendo do âmbito em que essa discussão se dá. Porque é só assim, que poderá fazer a escolha acertada em termos de aconselhamento ou decisão. Se-não,seelenãosouberocontextoem que a discussão se dá, vira especialista,aquelequesóenxer-

Page 72: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

73

ga a sua especialidade. E espe-cialista é diferente de conselheiro. Nem melhor, nem pior, diferente.

3. Também se considera necessário aesseperfildeconselheiroalgomais difícil. O conselheiro deve olhar a questão que se discute do ponto de vista da classe que ele representa, e nesse caso do ponto de vista da classe traba-lhadora. Ao mesmo tempo, deve refletir o que é o melhor para a sociedade como um todo. De-cidir a partir dessa duplicidade não é fácil. Não perder o olhar de sua classe e, ao mesmo tem-po, olhar a sociedade como um todo. Isso é fundamental.

Um bom conselheiro, e acho que só se faz um bom conselheiro no exercíciodafunção,umbomcon-selheiro faz isso. Não perde o seu olhar de classe, não perde o seu ponto de vista e seus interesses de classe, mas pensa a socieda-de como um todo em relação à cada questão discutida. Seja ela de saúde, de educação, meio am-biente ou qualquer outra. Mostrar que a classe trabalhadora pensa a sociedade como um todo – é cla-ro que a utopia de uma sociedade justa, rica e igualitária – é uma di-mensão importante na disputa he-gemônica que se faz na socieda-de. Uma boa discussão num con-selho, não uma imposição, mas uma apresentação do ponto de vista da classe trabalhadora sobre uma questão ou tema estratégico, se bem trabalhada pelos conse-

lheiros sindicais, marca pontos na disputa de hegemonia em torno de projetos societários.

4. O conselheiro não pode se iso-lar, nem se desprender da enti-dade que representa. No caso de conselheiros da CUT, sua referência maior é a Central. E isso vale também no vice- ver-sa. O conselheiro não pode ser o mala e o conselho não pode ser a solução para os não de-sejados. Isso seria um desper-dício fantástico. Um desperdício que não se pode permitir.

O conselheiro deve ser escolhido por ser uma pessoa interessada, capacitada e que faz esse vai e vem entre o conselho e sua enti-dade. Ele precisa trazer para sua bancada ou entidade os elemen-tos necessários para que ela pos-sa, junto com ele, construir uma estratégia sobre determinada questão. Uma estratégia de atu-ação no conselho. O conselheiro não é autônomo. Nem pode ser autônomo. O conselheiro informa permanentemente sua base e é orientado por ela, e nesse movi-mento se constroem estratégias.

A estratégia num conselho é fundamental. Uma participa-ção sem estratégia, uma par-ticipação na base do que deu na cabeça ali na hora não faz o menor sentido.

5. Finalmente, o conselheiro pre-cisa ser capacitado, não por-

Page 73: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

74

que é incapaz. Mas porque a atuação num conselho requer uma alimentação constante, alimentação política, também temática, uma alimentação so-bre a conjuntura. Ele precisa es-tar a par de como as questões, e não necessariamente só aquelas que dizem respeito diretamente a seu conselho, estão sendo trata-das por sua entidade sindical. Isso é essencial para que ele possa exercer com segurança o papelde representante sindical.

Finalmente, o conselheiro precisa ser capacitado, não porque é incapaz. Mas por-que a atuação num conselho requer uma alimentação constante, alimentação políti-ca, também temática, uma alimentação so-bre a conjuntura. Ele precisa estar a par de como as questões, e não necessariamente só aquelas que dizem respeito diretamente a seu conselho, estão sendo tratadas por sua entidade sindical. Isso é essencial para queelepossaexercercomsegurançaopa-pel de representante sindical.

Um grande problema relacionado à representação em conselhos é o rodízio de conselheiros. Poucos se mantêm o tempo necessário no mesmo conselho para desenvolver um trabalho de mé-dio ou longo prazo. há efetivamente um rodízio, seja por mudança de moradia, ou porque a pessoa é absolutamente necessárianumoutroposto,enfim,porvários motivos, e essa troca provoca uma perda total de um conhecimento que não é fácil de ser adquirido. É um conhecimento com dimensões gerais e específicas,umconhecimentodepes-soas que têm outra formação, adquirido

por pessoas que fazem outras coisas na vida. Requer uma formação temá-tica, não no nível de especialista, mas temática no nível de compreensão. Sua formação deve ser política, pra cumprir seu papel e ela tem que ser estratégica construída junto com a entidade sindical e por último deve ser continuada. Seria necessário pensar uma maneira de fa-zer a transição de um conselheiro para outro, de como passar esse bastão. Se-não todo substituto vai sempre começar do zero, o que é muito ruim.

Para terminar, quero lembrar um fato histórico que talvez estejamos mudando um pouco hoje no Brasil. Na França, em Paris, em 1968, com toda a convulsão social e política que acontecia naquele momento, os muros da cidade estavam cobertos por grafites. Um deles dizia:“Eu participo, tu participas, ele participa, nós participamos, vós participais, eles decidem”. Isso é horrível, não é?

NoBrasil,estamosexperimentandoum processo de construção inverso. Não estou dizendo que todos os conselhos, todos os conselheiros e todas as con-ferências precisam necessariamente decidir. Inclusive porque há conselhos consultivos muito importantes. O conse-lho consultivo tem a importante tarefa de mostrar caminhos. Não decide, não bate o martelo, mas mostra os caminhos. Mas, além disso, temos hoje um proces-so de construção entre uma participação pro forma e uma atuação de fato. Seja ela consultiva, seja ela deliberativa. Por-que as duas são importantes. E no caso, de conselheiros sindicais, ela será bem sucedidasemprequeelafizerpartedeuma estratégia de classe.

Page 74: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

75

4. A CUT E A PARTICIPAÇÃO INSTITUCIONAL

4.1) A Participação Institucional da CUT nos Conselhos Nacionais

Conselhos Informações básicas Início do Atual Mandato, Duração

CONSEA – Conselho Nacional de

Segurança Alimentar e Nutricional

É constituído por 19 representantes do Poder

Público e 38 da sociedade civil.2009, mandato de 2 anos permitida a recondução.

CONJUVE – Conselho Nacional de Juventude

É constituído por 20 integrantes do Poder Público

e 40 da sociedade civil.

2010, mandato de 2 anos, recondução nãoespecificadana

legislação.CNDM – Conselho

Nacional dos Direitos da Mulher

É constituído por 16 integrantes do Poder Público

e 21 da sociedade civil.2010, mandato de 3 anos.

CNPIR – Conselho Nacional de

Promoção de Igualdade Racial

É constituído por 22 integrantes do Poder Público,

19 da sociedade civil e 3 personalidades notoriamente reconhecidas no âmbito das

relações raciais.

2010, mandato de 2 anos, permitida única

recondução.

CODEFAT – Conselho Deliberativo do

Fundo de Amparo do Trabalhador

Caráter tripartite, composto por: empresários, governo e

trabalhadores.

2009-2013

(designação)

CCFGTS – Conselho Curador do Fundo de Garantia por Tempo

de Serviço

Colegiado tripartite, participam governo, 6 centrais sindicais,

6 representantes dos empregadores.

2009, mandato de 2 anos permitida única

recondução.

Page 75: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

76

Conselhos Informações básicas Início do Atual Mandato, Duração

CNig – Conselho Nacional de Imigração

É constituído por 09 representantes do Poder

Público e 11 da sociedade civil.

2011, tempo de mandato não é mencionado na

legislação.

Conselho Curador da FUNDACENTRO

É constituído por representantes do

Governo, Trabalhadores e Empregadores.

2008, mandato de 3 anos.

CONCIDADES – Conselho das

Cidades

É constituído por 86 titulares, 49 representantes da

sociedade civil e 37 dos poderes públicos federal,

estadual e municipal.

2011-14, mandato de 3 anos permitida a

recondução.

CCFDS - Conselho Curador do Fundo de

Desenvolvimento Social

Vinculado ao Ministério das Cidades, é composto por

um conselheiro e respectivo suplente de entidades que

representam paritariamente o Governo e a Sociedade civil.

2011, mandato de 2 anos.

CGFNHIS - Conselho Gestor do Fundo

Nacional de Habitação de Interesse Social

Vinculado ao Ministério das Cidades, órgão de caráter

deliberativo, composto de forma paritária, por

representantes do Poder Executivoedasociedadecivil.

2010, mandato de 2 anos.

CNS – Conselho Nacional de Saúde

É constituído por 8 representantes do Poder

Público e 40 da sociedade civil.2009, mandato

de 3 anos.

CNPS – Conselho Nacional de

Previdência Social

É constituído por 6 representantes do Poder

Público e 09 da sociedade civil.

2010, mandato de 2 anos permitida única

recondução.

CDES – Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social

É constituído por 17 representantes do Poder

Público e 90 da sociedade civil.Mandato de 2 anos,

permitida a recondução.

Page 76: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

77

Conselho de Administração do

bNDES

É constituído por 11 membros, entre eles o Presidente do

Conselho, sendo 4 indicados, respectivamente pelos Ministros do Planejamento, do Trabalho, da Fazenda, e das Relações Exterioreseosdemaispelo

Ministro do Desenvolvimento, IndústriaeComércioExterior.

2010, Mandato de 3 anos, podendo ser

reconduzido por igual período.

CONANDA – Conselho Nacional dos Direitos

da Criança e do Adolescente

É constituído por 14 representantes do Poder

Público e 14 da sociedade civil.

2010, mandato de 2 anos, permitida a

recondução.

CONADE – Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora

de Deficiência

É constituído por 19 representantes do Poder

Público e 19 da sociedade civil.

2011, mandato de 2 anos permitida a

recondução.

CARF – Conselho Administrativo de Recursos Fiscais

Conselho vinculado à SecretariaExecutivadoMinistério da Fazenda.

2010, mandato de 3 anos, permitida a

recondução desde que o mandatonãoexcedaouvenhaexceder9anos.

Conselho Deliberativo da Agência brasileira de Desenvolvimento

Industrial - AbDI

O Conselho Deliberativo é o órgão superior de direção da ABDI, composto por oito

representantes do Poder ExecutivoFederaleseteindicados pelas entidades

privadas.

2009, mandato de 2 anos permitida única

recondução.

Conselhos Informações básicas Início do Atual Mandato, Duração

Page 77: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

78

Conselho Nacional Combate à

Discriminação e Promoção dos

Direitos de LGbT

O Conselho é formado por 15 representantes do governo federal e 15 representantes

da sociedade civil, é um órgão colegiado, integrante da

estrutura básica da Secretaria de Direitos humanos da

Presidência da República.

2011, mandato de 2 anos permitida a

recondução.

Conselho de Relações do Trabalho

O Conselho de Relações de Trabalho é composto por representantes, titulares e

suplentes, das bancadas do MTE, dos trabalhadores e dos

empregadores.

2010, o mandato dos conselheiros tem caráter institucional, facultando-

se às respectivas entidades a sua

substituição.

Fonte: Elaboração Secretaria Geral/CUT-Nacional, agosto de 2011.

Conselhos Informações básicas Início do Atual Mandato, Duração

Page 78: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

79

Conferências Data/local Tema

14ª Conferência Nacional de

Saúde

Etapa municipal -01/03 a 15/07/11Etapa estadual -16/07 a 31/10/11

Etapa nacional - 30/11 a 04/12/11, em Brasília.

“Todos usam o SUS! SUS na Seguridade Social –

Política Pública, Patrimônio do Povo Brasileiro”.

2ª Conferência Nacional

de Políticas Públicas de Juventude

Etapas Estaduais e do DF – de 01/09 a 31/10/2011

Etapa nacional - 09 a 12 de dezembro de 2011, em Brasília.

“juventude, Desenvolvimento e Efetivação de Direitos”.

1ª Conferência Nacional de

Turismo2012, em Brasília.

“Aprimorando do Modelo de Gestão Descentralizada,

Compartilhada e Participativa do Turismo no Brasil”.

3ª Conferência Nacional de

Políticas para as Mulheres

12 a 14 de dezembro de 2011, em Brasília.

Discutir e elaborar propostas de políticas que contemplem a construção da igualdade

de gênero, na perspectiva do fortalecimento da autonomia econômica, social, cultural e políticas das mulheres, e

contribuam para a erradicação dapobrezaextremaeparaoexercícioplenodacidadaniapelas mulheres brasileiras.

4.2) CRONOGRAMA DAS CONFERÊNCIAS NACIONAIS previstas – 2011/12

Page 79: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

80

Conferências Data/local Tema

4ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional

Etapa Municipal e/ou regional – até 31/07/11

Etapa Estadual e do Distrito Federal – até 15/09/11Etapa Nacional – 07 a

10/11/11, em Salvador, Bahia.

“Construir compromissos para efetivar o direito humano

à alimentação adequada e saudável e promover a

soberania alimentar por meio da implementação da Política

e do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e

Nutricional”.

9ª Conferência Nacional dos Direitos da

Criança e do Adolescente

Etapa municipal – de 10/08 a 13 de novembro de 2011

Etapas estaduais – de fevereiro a 15 de maio de 2012

Etapa nacional – 11 a 14 de julho de 2012, em Brasília

“Plano Decenal de Política Nacional dos Direitos humanos

da Criança e Adolescente”

3ª Conferência Nacional dos Direitos da

Pessoa Idosa

Etapa municipal até 31 de julho de 2011

Etapa estadual até setembro/2011

Etapa nacional – de 23 a 25 de novembro de 2011

“O compromisso de todos por um envelhecimento

digno no Brasil”.

8ª Conferência Nacional de Assistência

Social

Etapa municipal – 02/05 a 07/08/11

Etapa estadual e do DF – 14/10/11

Etapa nacional – de 07 a 10/12/2011, DF

“...avanços na consolidação do Sistema Único de Assistência Social –

SUAS com a valorização dos trabalhadores e a

qualificaçãodagestão,dosserviços, programas, projetos

e benefícios”.

Page 80: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

81

Conferências Data/local Tema

1ª Conferência Nacional sobre Transparência e Participação

Social

Etapa municipal/regional – 25/07 a 13/11/2011

Etapa estadual e Distrital – 14/11/2011 a 08/04/2012

Etapa nacional – 18 a 20/05/2012, em Brasília.

“A sociedade no acompanhamento e controle

da gestão pública”.

1ª Conferência Nacional de

Emprego e Trabalho Decente

Etapa municipal – 01/07 a 31/08Etapa estadual – 19/09 a 15/11

Etapa nacional – 15 a 18/12/2011, em Brasília.

I – Geração de mais e melhores empregos

com proteção social; II – Erradicação do Trabalho Escravo e do Trabalho

Infantil; III – Fortalecimento do diálogo social.

2ª Conferência Nacional LGbT

Etapa municipal – 01/07 a 31/08

Etapa estadual – 01/09 a 31/10

Etapa nacional – 15 a 18/12/2011, em Brasília.

“Por um país livre da pobreza e da discriminação: promovendo

a cidadania LGBT”.

5ª Conferência brasileira

de Arranjos Produtivos

Locais

08 a 11 de novembro de 2011

“2ª Geração de Políticas Públicas para Arranjos

Produtivos Locais: Competitividade e Sustentabilidade”.

4ª Conferência brasileiros no

Mundo05 a 07 de outubro de 2011, em

Brasília Adefinir

Fonte: Organização Secretaria Geral/CUT, com informações da Secretaria Geral daPresidência da República, atualizado em agosto de 2011.

Page 81: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

82

4.3) A Participação Institucional da CUT nos Conselhos Nacionais do Sistema S

Conselhos Informações básicasInício do Mandato, Duração

Conselho Nacional do

SESC

(Decreto 5.725 de 16 de março de

2006)

Estruturatripartite,instânciamáximadedecisão. Tem como presidente nato o

Presidente da ConfederaçãoNacional do Comércio (CNC).

É composto de um a três representantes de cada Conselho Regional do SESC, do

Diretor Geral do Departamento Nacional; e de representantes das Federações Nacionais de Comércio de Bens e Serviços, do Ministério do Trabalho e Emprego e do INSS; e seis

representantes dos trabalhadores, indicados pelas centrais sindicais.

Conselho Fiscal, também tripartite.Cada Administração Regional do SESC tem

uma estrutura semelhante,com conselhos regionais tripartites.

Mandato por tempo

indeterminado.

Conselho Nacional do

SENAC

(Decreto 5.728 de 16 de março de

2006)

Conselho Nacional - órgão deliberativo máximo,tripartite(governo,empresáriose

trabalhadores), dirigido pelo presidente da CNC.Conselho Fiscal também é tripartite.

O Senac possui nos Estados estrutura organizacional semelhante à nacional, com

conselhos regionais tripartites.

Mandato por tempo

indeterminado.

Page 82: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

83

Conselho Nacional do

SESI

(Decreto 5.726 de 16 de março de

2006)

O Conselho Nacional do SESI - órgão normativo superior da instituição - discute, estabelece as metasedefineseusprogramas,aprovandooorçamento do Departamento Nacional e dos DepartamentosRegionais,bemcomofiscaliza

suaexecução.O Conselho é composto por um presidente, nomeado pelo presidente da República; pelo

presidente da CNI; pelos presidentes das Federações das Indústrias de todos os Estados; por um representante do Ministério do Trabalho e Emprego; por um representante do Instituto

Nacional do Seguro Social - INSS; por um representante de categoria assemelhada e

por seis representantes dos trabalhadores da indústria, indicados pelas suas confederações e

centrais sindicais.

2011: mandato de 2 anos,

podendo ser reconduzido

Conselho Nacional do

SENAI

(Decreto 5.727 de 16 de março de

2006)

O Conselho Nacional do SENAI - órgão normativo superior O Conselho é composto

por um presidente nato, o Presidente da CNI; pelo presidente da CNI; pelos presidentes das

Federações das Indústrias de todos os Estados; por um representante do Ministério do Trabalho e Emprego; por um representante de categoria

assemelhada e por seis representantes dos trabalhadores da indústria, indicados pelas suas

confederações e centrais sindicais.

2011: mandato de 2 anos,

podendo ser reconduzido

Conselhos Informações básicasInício do Mandato, Duração

Não há previsão de representação dos trabalhadores nos demais órgãos do Sistema S:

- SEST: Serviço Social do Transporte;

- SENAT: Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte.

- SENAR: Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

- SEBRAE: Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa

- SESCOOP: Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo.

Fonte: Elaboração Secretaria Geral/CUT-Nacional, maio de 2011.

Page 83: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

84

5.1) Propostas elaboradas pelas Estaduais da CUT

Quanto ao fortalecimento da repre-sentação da CUT nos espaços institu-cionais,orienta-se:aDireçãoExecuti-va Estadual a debater e deliberar sobre a participação da Central nos espaços institucionais. A Secretaria Geral faz a indicação e monta o cadastro com os dados do representante.

A Estadual da CUT tem a tarefa de mapear os espaços de participação insti-tucional,GT’s,comissões,conselhos,fó-runs, etc, no âmbito estadual, municipal, objetivando montar um cadastro estadu-al, a CUT Nacional deverá ser informada.

Que cada Estadual da CUT reali-ze um momento de formação, com os conselheiros estaduais e representan-tes no sistema S, nos moldes do Se-minário organizado pela CUT Nacional, em maio de 2011, a parceria com as Escolas da CUT é fundamental para organizar esta ação no âmbito regional.

Nos Estados, identificar os di-rigentes que são formadores para ampliar o número de iniciativas no campo de formação de conselheiros e em políticas públicas, neste senti-do a Secretaria Geral e Secretaria de formação tem um papel fundamental na organização da ação.

5.2) Propostas gerais

Realizar reuniões anuais dos conselheiros, no âmbito dos Estados e no âmbito nacional, para manter o diálogo permanente entre os conse-lheiros e a CUT.

Criar na internet um e-grupo de con-selheiros, fórum de discussão, criando espaço de discussão nas midias da CUT.

Manter um banco de conselheiros, com divulgação dos contatos dos con-selheiros,parasuperarasdificuldadesde comunicação interna.

No âmbito da formação, avançar com a capacitação dos conselheiros, fortalecereexecutaroDPPAR.

Criação de um GT dos Conselhos do “S”, com assessoria técnica.

Definição de uma coordenaçãopolítica dos representantes da CUT no Sistema S.

Realizar seminários nas regiões para aperfeiçoar a estratégia da CUT, no âmbito dos espaços institucionais, neste debate envolver as estaduais da CUT e as Escolas de formação.

Proposição de representação nos demais S (SEST/SENAT, SENAR, SE-BRAE e SESCOOP).

5. ENCAMINHAMENTOSDO ENCONTRO

Page 84: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

85

Mudança no estatuto para inclu-são de trabalhadores do Sistema S nos Conselhos (atualmente repre-sentados pelos Senalbas).

Lutar pela democratização da es-trutura do Sistema S, disputar no Sis-tema S a proposta de Educação In-tegral dos Trabalhadores e para isto, propomos: qualificar os conselheirosregionais; agendar reuniões nos de-partamentos regionais para obter in-formações detalhadas sobre organiza-ção, estrutura, programas ofertados, gratuidade, etc, e buscar aprofundar no debate, temas como o Pronatec e o projeto CUTista de desenvolvimento.

Desafiosdestacadospelos/aspartici-pantes: a) Representatividade das Cen-trais nos espaços: garantir o tamanho da CUT; b) Fortalecer a concepção CUTista e a atuação de bancada; c) Participação qualificadados/asCUTistasnasConferên-cias de Políticas Públicas; d) Ampliar a par-ticipação institucional da CUT; e) Dar cen-tralidade ao Trabalho no debate das políti-cas públicas; f) Valorizar as dimensões da territorialidade; g) Diversidade dos sujeitos; h) Fortalecer a articulação interna da CUT conforme as áreas de interface das políti-cas públicas; i) Criar um sistema de infor-mações na CUT para socializar as pautas ecanalizaraspropostas; j)Qualificaros/as Conselheiros e representantes da CUT.

Page 85: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!

86

Expediente

Coordenação:Secretaria Geral Nacional

Edição:Secretaria Nacional de Comunicação

ProjetoGráficoeDiagramação:MGiora Comunicação

Impressão:Bangraf

Tiragem:2 mil exemplares

Outubro, 2011CENTRAL ÚNICA DOS TRABALhADORES

Page 86: Conselhos de Políticas Públicas na Estratégia da CUT · Perspectivas para a Ação da CUT na Disputa de Projetos de Estado e Sociedade ... Boa leitura e bom trabalho a todos(as)!