conheço a residência da dor. É um lugar afastado, sem vizinhos, sem conversa, quase sem...

7

Upload: antonio-pereyra

Post on 07-Apr-2016

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Conheço a residência da dor. É um lugar afastado, Sem vizinhos, sem conversa, quase sem lágrimas, Com umas imensas vigílias, diante do céu
Page 2: Conheço a residência da dor. É um lugar afastado, Sem vizinhos, sem conversa, quase sem lágrimas, Com umas imensas vigílias, diante do céu

Conheço a residência da dor.É um lugar afastado,

Sem vizinhos, sem conversa, quase sem lágrimas,

Com umas imensas vigílias, diante do céu.

Page 3: Conheço a residência da dor. É um lugar afastado, Sem vizinhos, sem conversa, quase sem lágrimas, Com umas imensas vigílias, diante do céu

A dor não tem nome,Não se chama, não atende.

Ela mesma é solidão:nada mostra, nada pede, não precisa.

Vem quando quer.

Page 4: Conheço a residência da dor. É um lugar afastado, Sem vizinhos, sem conversa, quase sem lágrimas, Com umas imensas vigílias, diante do céu

O rosto da dor está voltado sobre um espelho,Mas não é rosto de corpo,

Nem o seu espelho é do mundo.

Page 5: Conheço a residência da dor. É um lugar afastado, Sem vizinhos, sem conversa, quase sem lágrimas, Com umas imensas vigílias, diante do céu

. Conheço pessoalmente a dor.A sua residência,

longe,em caminhos inesperados

Page 6: Conheço a residência da dor. É um lugar afastado, Sem vizinhos, sem conversa, quase sem lágrimas, Com umas imensas vigílias, diante do céu

Cecília Meireles26, agosto, 1954

Às vezes sento-me à sua porta, na sombra das suas árvores.

E ouço dizer:“Quem visse, como vês,

a dor, já não sofria”.E olho para ela, imensamente.

Conheço há muito tempo a dor.Conheço-a de perto.

Pessoalmente.

Page 7: Conheço a residência da dor. É um lugar afastado, Sem vizinhos, sem conversa, quase sem lágrimas, Com umas imensas vigílias, diante do céu

Música: Ernest_CortazarFire_and_Ice

Imagens: [email protected]