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In: IX Colóquio sobre questões curriculares, Atas do. Universidade do Porto, PT. 2010. Meio físico: CD-Rom. ISBN 978-972-8746-90-2. pp: 3587-3598. p. 3587 Conhecimento docente, inclusão social e tecnologias de escrita Luiz Antonio Gomes Senna Programa de Pós-Graduação em Educação Universidade do Estado do Rio de Janeiro [email protected] Resumo: Políticas públicas orientadas para a inclusão social têm sido propostas ao redor do planeta desde os dois últimos séculos, a maioria das quais relacionada à oferta de educação formal para todos. Quanto maior a oferta, entretanto, mais parece ser inóquo garantir espaço e condições materiais para certos grupos sociais marginais que, mesmo frequentando a escola regularmente, ainda permanecem desconhecidos invisíveis para a escola e, na maioria das vezes, incapazes de comprovar a existência de suas capacidades intelectuais. Este estudo analisa esta situação desde o ponto de vista do estresse causado por dois modos distintos de processamente cognitivo, associados a diferentes sujeitos sociais não igualmente reconhecidos pela sociedade moderna e, consequentemente, pelas bases ordinárias da formação de professores. A análise apresentada caracteriza a escrita e as tecnologias hipermidiáticas como determinantes de certos perfis cognitivos, seu papel na educação das periferiais sociais e seu impacto sobre a epistemologia da formação de professores. Palavras-chave: formação de professores, epistemologia, tecnologias de escrita Este estudo analisa o impacto das tecnologias pós-escrita contemporâneas sobre as práticas sociais de construção de conhecimento e como isto deverá ser encorporado em uma nova epistemologia aplicável à formação de professores. Esta discussão relaciona-se aos esforços globais destinados a prover sustentação à de uma educação inclusiva que tome da tolerância e do direito à pluralidade social como condições normais / desejáveis da humanidade. As informações aqui apresentadas distribuem-se em três breves seções: uma primeira seção dedicada à apresentação de certas explicações sobre a compreensão da escrita como uma tecnologia e como suporte para certos comportamentos intelectuais reconhecidos pela modernidade cartesiana; uma segunda seção dedicada a caracterizar as tecnologias pós-escrita e suas propriedades como suporte para a construção de conhecimento sob bases não cartesianas, e, finalmente; uma terceira seção dedicada à proposição de uma discussão sobre o papel da Epistemologia na formação de professores.

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In: IX Colóquio sobre questões curriculares, Atas do. Universidade do Porto, PT. 2010. Meio físico: CD-Rom. ISBN 978-972-8746-90-2. pp: 3587-3598.

p. 3587

Conhecimento docente, inclusão social

e tecnologias de escrita

Luiz Antonio Gomes Senna Programa de Pós-Graduação em Educação

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

[email protected]

Resumo: Políticas públicas orientadas para a inclusão social têm sido propostas ao

redor do planeta desde os dois últimos séculos, a maioria das quais relacionada à

oferta de educação formal para todos. Quanto maior a oferta, entretanto, mais

parece ser inóquo garantir espaço e condições materiais para certos grupos sociais

marginais que, mesmo frequentando a escola regularmente, ainda permanecem

desconhecidos invisíveis para a escola e, na maioria das vezes, incapazes de

comprovar a existência de suas capacidades intelectuais. Este estudo analisa esta

situação desde o ponto de vista do estresse causado por dois modos distintos de

processamente cognitivo, associados a diferentes sujeitos sociais não igualmente

reconhecidos pela sociedade moderna e, consequentemente, pelas bases ordinárias

da formação de professores. A análise apresentada caracteriza a escrita e as

tecnologias hipermidiáticas como determinantes de certos perfis cognitivos, seu

papel na educação das periferiais sociais e seu impacto sobre a epistemologia da

formação de professores.

Palavras-chave: formação de professores, epistemologia, tecnologias de escrita

Este estudo analisa o impacto das tecnologias pós-escrita contemporâneas sobre as

práticas sociais de construção de conhecimento e como isto deverá ser encorporado em uma

nova epistemologia aplicável à formação de professores. Esta discussão relaciona-se aos

esforços globais destinados a prover sustentação à de uma educação inclusiva que tome da

tolerância e do direito à pluralidade social como condições normais / desejáveis da

humanidade. As informações aqui apresentadas distribuem-se em três breves seções: uma

primeira seção dedicada à apresentação de certas explicações sobre a compreensão da

escrita como uma tecnologia e como suporte para certos comportamentos intelectuais

reconhecidos pela modernidade cartesiana; uma segunda seção dedicada a caracterizar as

tecnologias pós-escrita e suas propriedades como suporte para a construção de

conhecimento sob bases não cartesianas, e, finalmente; uma terceira seção dedicada à

proposição de uma discussão sobre o papel da Epistemologia na formação de professores.

1. A escrita como a tecnologia primária do Homem moderno

As origens da sociedade moderna são geralmente associadas ao nascimento do

Capitalismo e a reformas estruturais derivadas da ruptura com o feudalismo. Entretanto,

cada uma das reformas que estabeleceram as bases da Modernidade derivaram de outro

fator prioritário: o desenvolvimento da ciência moderna. De fato, a ciência ocupa um papel

tão cêntrico na Modernidade, que esta costuma ser tratada como a era da cultura científica,

primariamente orientada por um conjunto de padrões definidos por Francis Bacon, Galileu

Galilei and René Descartes. Este, mais especificamente, delineou os padrões ainda vigentes

de condutas científicas, em seu Discurs de la Méthode, no qual se podem encontrar, tanto as

orientações para elaboração de um trabalho científico “bom” e “confiável”, como os tipos

de seres humanos “bons” e “confiáveis”, capazes de desenvolver a Ciência (DESCARTES

s/d: 77).

“Porque, em suma, o método que ensina a seguir verdadeira ordem, e a

enumerar exatamente todas as circunstâncias do que se procura, contém

tudo o que dá certeza às regras da aritmética. (§) Mas o que me contentava

neste método era que, por meio dele, estava seguro de usar em tudo da

minha razão, se não perfeitamente, ao menos da melhor maneira (...),”

p.66; “Enfim, não saberia limitar os meus desejos nem ser feloiz, se não

houvesse trilhado um caminho pelo qual, convencido de estar seguro da

aquisição de todos os conhecimentos de que fosse cpaz, esperava conseguir,

pelo mesmo modo, todos os verdadeiros bens que estivessem ao meu

alcance; tanto mais que, não se inclinando a nossa vontade a seguir ou a

fugir a nenhuma cousa que nosso entendimento lhe apresente como boa ou

má, é bastante bem julgar para bem fazer, e julgar o melhor que se possa

para também melhor proceder, isto é, para adquirir todas as virtudes e, ao

mesmo tempo, todos os bens que se podem adquirir.” p. 77.

O desenvolvimento da ciência – e assim, o desenvolvimento dos cidadãos da cultura

científica – dependeu, contudo, da única tecnologia disponível para sustentar o pensamento

formal à época: a escrita linear, alfabética ou matemática. Tão verdadeiro quanto ser a

ciência o mais importante dos traços da sociedade moderna, é a escrita ser a tecnologia que

deu suporte ao desenvolvimento da ciência, o que significa que a escrita é, também, um dos

traços característicos da sociedade moderna. Escrever, na Modernidade, tornou-se um caso

particular de uso de linguagens gráficas, o qual sofreu um processo particular de adequação,

chamado Gramatização – do Fr.: Grammatization; (AURAUX, 1992) – o qual consistiu da

transposição das línguas orais modernas para uma conformação escrita, inteiramente

baseada em teorias gramaticais clássicas do Grego e do Latim, ambas línguas

historicamente reconhecidas como instrumentos do pensamento. Isto significa que as

formas reconhecidas hoje como Inglês, Francês ou Português escritos podem ser nada mais

do que a alegoria de alguma concepção gramatical fortemente influenciada pelo Latim, não

necessariamente a melhor forma de escrita daquelas línguas. Isto também significa que as

línguas escritas foram introduzidas na Modernidade, não exatamente como instrumentos de

comunicação, mas como o instrumento de desenvolvimento de conhecimento e idioma da

cultura científica.

1.1. A escrita como um conjunto de traços cognitivos: A gramatização é conhecida como

o processo através do qual, entre os Sécs. XV e XVI, as línguas escritas alfabéticas foram

formalmente introduzidas na era moderna. Este nome, gramatização, reporta à imposição

das gramáticas do Grego e do Latim – línguas clássicas compreendidas como símbolos de

poder e inteligência – sobre as línguas orais faladas nos estados modernos recém formados.

As línguas orais eram consideradas bárbaras, vulgares, traços da Idade Média, cujas marcas

deveriam ser apagadas em favor da cultura científica. Desde então, a escrita recebeu

primazia sobre as línguas orais, ainda hoje, em termos de comunicação oficial.

Muito mais do que uma simples representação do modo como antigos romanos

falavam, a gramatização da escrita representou a legitimação de certos procedimentos

particulares de expressão, os quais demandariam certos procedimentos equivalentes de

produção de conhecimento. Observe-se o que isto significa, através dos textos (i) e (ii)

adiante...

(i) Estes dois carros estiveram envolvidos em um terrível acidente nesta manhã,

enquanto todas as regiões da cidade eram atingidas por uma violenta tempestade

e várias rodovias tiveram de ser fechadas ao tráfego.

(ii) Esses dois carro tava envolvido – a tempestade essa manhã, você sabe – aconteceu

aquele acidente, cara, cena terrível... todas rodovia fechada, trânsito todo parado,

uma confusão.

Como se pode observar, (i) e (ii) são verdadeiros enquanto textos escritos do

Português, mas, ainda que expressem a mesma informação com basicamente nenhuma

perda de detalhes, (i) é ordinariamente considerado bem formado, enquanto (ii) não é. Se

(ii) fosse transferido para um discurso oral, sua avaliação poderia variar imensamente em

nível de adequação, vindo desde 1[plenamente adequado], em um discurso não controlado

pela cultura científica, entre sujeitos iguais e sob nenhum controle de formalidade, até 2[não

adequado], em um discurso controlado pela cultura científica, entre sujeitos desiguais e sob

forte estresse de formalidade. De fato, as condições de adequação são diferentes nas línguas

oral e escrita. Na fala, diferentes regras discursivas são consideradas, porque difentes tipos

de sujeitos falantes e diferentes atos / papéis comunicativos são permitidos. Na língua

escrita, entretanto, há somente um tipo de sujeito – o cidadão da cultura científica – e um

feixe muito pequeno de atos / papéis comunicativos, todos marcados com algum estresse de

formalidade.

Porém, o que exatamente pode explicar a inadequação do texto (ii)? Obviamente, não

se trata de nada relacionado ao uso das regras de condificação do Português escrito, algo

portanto, objetivamente explicável em termos das ferramentas de uso da escrita. Tal

situação poderia ser considerada somente no caso de construções como em (iii)...

(iii) Zoe tuia oim oaatbo roce nrt msss.

A inadequação de (ii) deriva de estratégias de controle sobre a sequência

informacional, não de algum tipo de incapacidade de uso das habilidades da escrita. A

Linguística define estas estratégias, respectivamente, como regras de controle de coesão e

modo de estruturação frasal de base predicativa. As regras de controle de coesão são

relacionadas ao uso de pronomes e marcas morfossintáticas de concordância de gênero e

número (ex.: [-s] para plural, ou [-a] para gênero) no interior de um mesmo conjunto de

relações sintáticas, ou entre as partes do nexus “sujeito↔predicado” (ex.: concordância

verbal subordinada ao número singular/plural do sujeito). Não há nenhuma base universal

para estas regras, as quais tendem a apresentar intensa variação de língua para língua.

Contudo, todas as línguas cuja gramatização ocorreu no princípio da Modernidade têm

algum conjunto de regras específicas que definem o modo de utilização da concordância, de

certo modo similar às regras análogas do Latim Clássico, ainda que irrelevantes em termos

de efeitos comunicativos nas línguas sem caso gramatical. A presença deste tipo de regras

nas línguas escritas não é exatamente uma demanda do funcionamento da gramática, mas

reporta ao uso de certo procedimento mental de memorização e controle de ocorrências de

um mesmo objeto ao longo do discurso como um todo, desde as frases aos períodos, destes

aos parágrafos e assim por diante, ao texto como um todo. Qualquer ideia expressa em um

discurso escrito imprime um valor a uma variável como “x / x [± singular][± masculino]”, a

qual será recorrentemente usada para imprimir marcas adequadas de gênero e número em

todos os termos relacionados é ideia original. O texto (ii) apresenta diversos exemplos de

não controle sobre as regras coesivas: {Esses dois [carro]??}, {Esses dois ↔ [tava(+pl.)]??} e

{todas [rodovia]??}.

Outro procedimento mental pode ser observado no modo de estruturação da sentença

eleito pela gramática da língua escrita. O que é conhecido como estruturação oracional de

base predicativa corresponde a uma interpretação gramatical da clássica operação

aristotélica de predicação, utilizada como base para a definição lógica de oração. Por longo

tempo, a oração foi considerada a principal unidade da comunicação humana e, também, a

unidade do processo de construção de conhecimento, de modo que já houve por consenso

que a construção de uma oração – uma sentença verbal que contém uma palavra da classe

gramatical dos verbos – poderia ser considerada o mesmo que construir um juízo racional.

A estruturação frasal de base predicativa demanda, entretanto, que todos os elementos

expressos em uma única oração devam preservar direta relação funcional com algum núcleo

da predicação, definido a partir da estrutura simbólico-semântica da transitividade verbal1.

Assim, não há espaço na estrutura da oração para nada que não seja previsto no conjunto de

termos lógicos, equivalentes à transitividade verbal. Consequentemente, após se iniciar a

enunciação de uma oração nada além um único feixe de termos pode vir a ser expresso. Este

é o modo como a estruturação frasal defronta-se com estratégias de controle de

informações. A escrita de uma sentença usualmente demanda um altíssimo esforço a fim de

se analisar cada um dos termos que, a cada caso, deverão ser expressos, de tal forma que

toda a estrutura frasal deve ser mentalmente planejada antes do início do processo de

escrita. Devemos recordar que a tecnologia da escrita foi trazida à humanidade muito,

muitíssimo, tempo antes da invenção de lápis, borrachas e corretivos, quando, então,

qualquer erro, qualquer omissão de partes do texto, qualquer acidente de percurso não

poderia ser corrigido, exceto com monstruosas rasuras.

O texto (ii), ainda sob análise, demonstra um controle muito fraco da sequenciação de

informações. A situação expressa arrola o seguinte conjunto de ideias: 1{[acidente]T1

envolve [dois carros]T2}, 2{[terrível tormenta]T1 atinge [toda a cidade]T2} e 3{[todas as

rodovias]T1 foram fechadas]}, em que T1 e T2 correspondem aos termos lógicos da

transitividade verbal. Mesmo não havendo óbvia relação de causalidade entre (1) e as

demais ideias, estas, (2) e (3), necessariamente mantêm relação de causalidade entre si: (2)

causa (3). Baseada na predicação, uma estrutura planejada para expressar (1), (2) e (3)

deveria conter três orações para cada uma das ideias, ainda que reunidas em um único

período. O nexo causal entre (2) e (3) deveria estar, também, marcado através de alguma

estratégia gramatical, tal como a cordenação de duas orações independentes

necessariamente dispostas na sequência { (2) e / então (3) }.

1 Compreende-se por transitividade verbal o conjunto de termos da sentença que se vinculam à idéia expressa pelo

verbo; tradicionalmente, são definidos como o sujeito e os complementos verbais (objetos direto e indireto, ou

predicativo), mas são, na realidade, vinculados à representação de mundo expressa pelo verbo, tendo, portanto,

natureza mental anterior à frase (cf. SENNA, 1991).

Contudo, o texto (ii) não é estruturado sob bases predicativas, mas sob outro tipo

modelo de estruturação frasal, chamado “tópico / comentário”. Muito usual no discurso

oral, sentenças baseadas na relação tópico/comentário apresentam um nível muito baixo de

controle e planejamento prévio, de modo que, na maioria das vezes, o fluxo da informação é

determinado pelas idiossincrasias da comunicação e o nexo entre as ideias expressas é

garantido pelo intercâmbio social entre os falantes. Na fala, prepondera o emprego de

operações inferenciais, que resgatam as relações de causalidade não formalmente expressas

no texto expresso, valendo-se de conhecimentos prévios presumivelmente compartilhados

pelos falantes que interagem no ato comunicativo. Como na tecnologia da escrita alfabética

convencional os sujeitos envolvidos na comunicação não necessariamente se conhecem

mutuamente, não sendo, portanto, capazes de presumir os conhecimentos previamente

compartilhados entre si, os textos escritos são organizados para dependerem do menor

número possível de operações inferenciais. Daí a exigência de que se empreguem marcas

formais explícitas de relações de causalidade, como no caso do texto (i). Este é motivo que

torna quase sempre impossível aplicar as categorias clássicas da gramática para classificar a

maioria das partes de textos organizados segundo premissas da fala, como é o caso do texto

(ii).

1.2. Estratégias de inclusão e procedimentos de escrita: Além de atuar como uma

ferramente para a cultura científica, a escrita também funciona como um instrumento de

exclusão social, aplicado para que se possam distinguir aqueles que são benvindos e

reconhecidos como cidadãos modernos, daqueles que permaneceram sob as regras

medievais, não orientados pelas revoluções científicas, mas ainda formados segundo

padrões tradicionais de oralidade. A alfabetização e o pleno acesso à tencologia da escrita

foram – e ainda são – compreendidos como passaporte para um lugar na sociedade

moderna, através do qual o indivíduo poderia ser reconhecido como capaz de agir segundo

o modo cartesiano de agir e de pensar.

A revolução industrial, entretanto, viria a causar mudanças as mais significativas no

conceito social acerca do que se compreenderia por pertencer ou não pertencer aos espaços

públicos modernos. O que fora primeiramente um privilégio de alguns poucos indivíduos

cartesianos, passou a ser compartilhado com trabalhadores, pessoas historicamente banidas

da sociedade urbana. Naturalmente, aqueles trabalhadores teriam suas próprias expectativas

sobre conceitos sociais primários, como os de controle sobre o futuro, verdade e produção

de conhecimento, na maioria das vezes baseadas em crenças religiosas que, a priori, negam

a Ciência como instância suficientemente capaz de substituir Deus como Razão única e

onisciente. O repentino contato da cultura científica com aqueles recém-chegados instala

um cenário de grande conflito, ainda mais intenso no Novo Mundo, onde as marcas

coloniais e a escravidão negra tiveram lugar. Para nós, Americanos do Sul ou do Norte, os

padrões sociais modernos são muito mais um síbolo de escravidão aos interesses europeus,

do que um estilo de vida realmente desejável. A escrita – já tomada como a tecnologia da

Modernidade – aporta entre os Americanos como uma ferramente de controle, punição e

humilhação.

A experiência americana de inclusão social, em parte, consistiu na experimentação de

outros modos de aprender e utilizar as línguas escritas, não plenamente reguladas por

procedimentos mentais cartesianos, em busca de algum uso singular de escrita que pudesse

expressar uma possibilidade de mundo moderno novo e livre (BHABHA 1998: 292-325).

Contudo, os suportes tradicionais da tecnologia da escrita não ofereciam àquela legião de

resistência cultural uma ferramenta consistente para o desenvolvimento de nenhum modo

novo de expressão, uma vez que por longo tempo sua resistência fora vista como mero

indicador de preguiça, doença mental, distúrbio de comportamento, e muitas outras causas

possíveis ainda hoje utilizadas para categorizá-la como indesejável. Não percamos de vista

o fato de que, mesmo nos dias de hoje, o comportamento observado no sujeito em processo

de alfabetização é utilizado para atestar, ou não, adequação de habilidades mentais, pois que

indivíduos analfabetos ou analfabetos funcionais são inevitavelmente rotulados como

mentalmente incapazes.

2. Tecnologias pós-escrita e Modernidade contemporânea

Ao longo do Séc. XIX, a Cinemática iniciava uma revolução que chegaria à

Modernidade como os primeiros ensaios que proporcionariam explicação e representação

formal do movimento. A metafísica espiritualista de Bergson, primeiramente publicada em

Essais sur les données immediates de la conscience (Paris, 1889), trouxe a Cinemática para

a Filosofia e finalmente introduziu o conceito de uma mente dinâmica, que poderia

representar o mundo real, sujeito ao tempo, historicamente determinado como um fenômeno

mutável sob as circunstâncias do devir. Este foi o contexto científico dentro do qual

nasceram tecnologias como a fotografia, o cinema e reprodutores de som. De lá até os

instrumentos comtemporâneos baseados em computação eletrônicas, internet e telefones

celulares, foi apenas uma questão de tempo.

Todas estas tecnologias são legatárias de uma nova compreensão sobre os limites da

Epistemologia humana, agora autorizada a transpor a tradicional ideia de mundo estática,

para alcançar o conceito de ideia regido pela realidade, por um mundo em movimento. Uma

vez forçada a compreender o mundo tal como este é – não como uma ideia de alguém – a

Ciência também foi forçada a reconhecer a legitimidade de todos os movimentos sociais

que vinham clamando por igualdade e emancipação para todos os tipos de indivíduos

mantidos na marginalidade. No mundo real, humanos são humanos, não ideias em que

alguns são humanos e outros, não. Este é o início da assim chamada Pós-Modernidade; um

período marcado por uma nova compreensão acerca do escopo da Epistemologia e uma

nova concepção de Humanidade. A tecnologia de escrita convencional teria, a partir de

então, de compartilhar a Modernidade com diversas outras tecnologias de escrita de mundo,

as quais basicamente reinventaram a arte de representação do conhecimento, além de

oferecer aos grupos sociais marginalizados novas oportunidades de ingresso na

Modernidade.

2.1. Diversidade cultural e fronteiras abertas – cidadãos do Século XXI: Resultante da

Pós-Modernidade, as tradicionais barreiras à diversidade cultural vieram decrescendo

paulatinamente entre os Séculos XIX e XX, em parte como resposta à pressão global por

políticas públicas objetivas destinadas à inclusão e, em parte, como consequência de um

novo arranjo global, normalmente denominado Sociedade Pós-Industrial, cuja organização

estrutural jamais poderia ter se dado sem a disponibilidade de ferramentas de

processamento computacional e da indústria de telecomunicações digitais. De fato, o Séc.

XXI abre-se a uma versão muito peculiar de Modernidade, onde as tecnologias de escrita

receberam inúmeros novos suportes e aquela figura intransigente, centrada em si mesma,

idealizada por Déscartes como cidadão da cultura científica, teve, finalmente, de se abrir à

pluralidade cultural.

Entretanto, fronteiras abertas não foram expediente suficiente para garantir plenos

recursos de inclusão para todas as pluralidades recém-ingressas na esfera pública. A

pobreza e a perda de postos de trabalho (SCHAFF 1985:27-40) – reforçadas por dramáticas

transformações no perfil das instituições do Estado – trouxeram um profundo sentimento de

disapontamento para a maioria dos cidadãos da Modernidade. Tal disapontamento também

é apontado como causa para o surgimento de uma nova subjetividade social, não mais

baseada em parões cartesianos, tampouco em ideologias semânticas, porém centradas na

individualidade (HALL 2002), em uma subjetividade que é espelho de si mesma, que

compreende o mundo como parte de seus desejos, levando a máxima cartesiana “penso logo

existo” a um total descompromisso com a realidade. Melhor seria dizer: uma representação

de mundo e de si mesmo com base em algo como “desejo, logo existe”.

Figura 1 – Figuras sociais imaginárias

Além da ira e da violência por todo lado, o desapontamento social contemporâneo

resultou, notadamente, em uma sociedade onde a verdade é uma questão de religião, ou

apenas uma questão de discurso retórico, regido por intuições individuais e auto-centradas

sobre juízos satisfatórios ou não satisfatórios (BERGER et LUCKMANN 1995: 75-84).

Sozinhos ou reunidos em suas tribos, os jovens cidadãos modernos reinventaram seus

próprios espaços de produção de conhecimento, onde tudo, todos, todo valor moral não

passam de personagens de uma interminável partida de R.P.G2.

A Figura 1 representa figuras

sociais imaginárias, preparadas para

lutarem contra forças de extrema

violência, transfiguradas em

guerreiros muito bem armados –

masculinos e femininos –, cujas

armaduras protegem corpos frágeis e

esguios. Os personagens reportam-se, contudo, a figuras do mundo real, tentando

permanecer vivos e protegidos em um espaço imaginário, onde a violência permanece sob

controle. Destaque-se o paradoxo de tempo observado na maioria das imagens relacionadas

a este lugar imaginário, onde traços medievais, como armaduras, cavaleiros e mágicos,

coexistem com tecnologia digital altamente complexa. De fato, mesmo que a sociedade real

represente o medo e a dor, a tecnologia dá sustentação ao mundo da imaginação, flutuando

entre o espaço mental simbólico e o ciberespaço, o que confere certa essencialidade ao

mundo imaterial desejado. Para além das representações dos jovens, as tecnologias

contemporâneas oferecem a mesma alternativa de um mundo imaginário a outros sujeitos

sociais que sofrem os mesmos medos, e elegendo seus próprios personagens, inspirados por

outras eras, outras sociedades possíveis.

O espaço mental – tomado a partir deste desejo de escapar da realidade – delineia um

lugar cuja essencialidade simplesmente não pode ser assimilada pels subjetividade

cartesiana, porque a imaginação, neste caso, deseja transbordar os juízos lógicos,

ultrapassando, então, as fronteiras da cultura científica tradicional. Hoje, o imaginário torna-

se algo que toma forma, uma ilusão perfeita de um mundo real, dinâmico, colorido e com o

qual qualquer um pode interagir. O espaço mental é, deste modo, algo ao mesmo tempo

imaginação e realidade, um lugar governado por alguma lógica transcendente, como

demonstrado nas figuras 2 e 3.

2 Sigla universalmente empregada para designar os Role-Playing Games, traduzido no Português como Jogos de

Representação de Personagens, em que cada jogador assume um papel com determinada personalidade e poder.

Figura 2:

Representação do Espaço mental

Figura 3: Espaço mental em suporte da escrita

A Figura 2, ostentando seu solene navio

dragão voador, apresenta um protótipo de padrões

de representação simbólica neste mundo

imaginário de que vimos tratando, onde uma

única coisa é, de fato, a síntese de um conjunto de

coisas ou traços pertencentes a partes de várias

coisas. Um navio dragão voador simplesmente

não pode ser reduzido a duas coisas distintas, um

dragão e um navio, porque se trata, de fato, de

uma coisa nova. Por outro lado, no entanto, o que poderia ser um “navio dragao voador” se

não parte de um dragão e parte de um navio? Sem dúvida, mesmo sendo uma coisa nova,

sua compreensão é baseada em representações parciais de coisas previamente conhecidas, o

que é definido como um sistema metafórico (SENNA 2007), um sistema cuja estrutura é um

híbrido derivado de vários outras estruturas pertencentes a distintos sistemas primários,

recriados em uma representação complexa.

Representações complexas são fenômenos simbólicos primeiramente formalizados

em termos de uma toeria cognitiva por Lev Vygotsky, através da alegoria de Zona de

Desenvolvimento Proximal. Juízos metafóricos – resultado do processamento de uma z.d.p.

– poderiam explicar como pluralidades sociais recém-incluídas representam a cultura

científica, como um complexo conjunto de padrões advindos, tanto de seus valores e

crenças primários, como de valores e crenças vinculadas à cultura científica moderna.

Contudo, as culturas contemporâneas incluídas defrontam-se com uma Modernidade

absolutamente diferente daquela encontrada pelos incluídos do Séc. XIX. Sua perda de

credibilidade e toda a sorte de imaginários paralelos para onde as subjetividades individuais

projetam suas vidas, autorizaram todos os novos cidadãos a preservarem suas identidades,

mesmo após desenvolverem estratégias as

mais singulares de demonstrar certo

pertencimento à cultura científica.

A Figura 3 ilustra uma representação

gráfica de um espaço mental metafórico, o

qual, mesmo sustentado por uma superfície

bidimensional, não pode ser expresso pela

tecnologia escrita convencional. A língua

escrita necessita de uma sucessão de itens

distribuídos em uma sequência ordenada no

espaço sob regras estritas da representação lógico-cartesiana de espaço. Qualquer outro tipo

de arranjo é simplesmente negado como uma estrutura escrita bem formada. Isto não é uma

propriedade das línguas naturais orais; é uma propriedade desta tecnologia de escrita

especificamente, que influenciou o estudo das línguas. Estudos linguísticos recentes já

distinguiram duas entidades diferentes, as línguas oral e escrita, cujas singularidades são

essenciamente baseadas nas diferenças de condições de uso aplicáveis a cada caso

(FAVERO 2000: 15-30). As condições de representação espacial presentes na Figura 3

possuem propriedades representacionais semelhantes às dos sistemas gramaticais das

línguas orais, particularmente quanto a não prevalência de princípios de causalidade

regulados pela lógica cartesiana, atemporal e sequencial. É a partir deste tipo de

representação de mundo, própria da expressão oral e de sistemas simbólicos similares à

Figura 3, que se pode compreender o impacto das mídias hipertextuais na sociedade

contemporânea, como se analisa a seguir.

2.2. Diversidade cognitiva e hipermídia – culturas orais no paraíso: Mesmo após a

abertura das fronteiras, a Modernidade ainda tem critérios muito estreitos para distinguir

seus cidadãos realmente desejados. Apesar de garantido por lei, o direito à identidade

cultural ainda necessita que se supere o preconceito intelectual contra os modelos mentais

não-cartesianos, como, por exemplo, os representados nas Figuras 2 e 3, assim como no

texto (ii) da seção anterior. Ordinariamente, as experiências acadêmicas escolares rejeitam

qualquer tipo de juízo ou expressão de pensamento não conformados aos padrões da cultura

científica tradicional. Fora da escola, no entanto, as tecnologias pós-escrita permitiram a

quaisquer tipos de cultura interagirem entre si, mesmo com a cultura científica, fazendo uso

de algumas das mais sofisticadas ferramentas para expressão de seus juízos, de forma

natural e sob bases intituivas, tal como se estivessem apenas conversando entre si.

Tão simples como sofisticadas, as tecnologias pós-escrita causaram uma revolução

em termos de acesso a ferramentas artificiais de expressão. É intrigante que uma hipermídia

tão complexa quanto um telefone celular tenha atingido tantas pessoas ao redor do planeta

em um período de tempo tão curto. A experiência brasileira com telefones celulares é muito

significativa, porque representa uma prova de que as tecnologias pós-escrita podem

alcançar todo tipo de culturas, letradas e não letradas. Por que, então, algumas tecnologias

são tão generosas e outras, como a língua escrita, são tão seletivas? E por que tantos

indivíduos pós-modernos e autocentrados incorporam os telefones celulares em suas vidas e

seus espaços imagnários, sem que haja a menor necessidade de implementação de políticas

públicas com esta finalidade, ao passo que políticas públicas de letramento e alfabetização

são a cada dia mais necessárias? Porque as tecnologias pós-escrita não reproduzem as

limitações típicas dos suportes empregados na língua escrita. Qualquer um, sem nenhum

perfil cartesiano, pode utilizar os suportes das tecnologias pós-escrita para construir

qualquer tipo de conhecimento, mesmo sob bases metafóricas, à forma como exemplificado

na Figura 1, anteriormente. Nenhuma pré-determinação sequencial, nenhum controle de

estresse, nenhuma restrição que possa selecionar um ou outro tipos de usuários treinados. O

termo hipertextual aplicado para designar todas as tecnologias pós-escrita reforça sua

característica mais particular, que consiste em ir além das limitações da escrita tradicional,

estática e atemporal.

Tecnologias hipertextuais seguem as mesmas tendências que agem sobre a cultura

científica contemporânea, coerentes com a nova heurística derivada da pesquisa contextual

na Ecologia e outras pioneiras da crítica à Verdade clássica. Quanto mais diferentes culturas

ganham acesso a estas tecnologias, mais se pode atestar que diferentes estilos e modos de

construção de conhecimentos são indistintamente adequados para interagirem na

contemporaneidade moderna. Contudo, as escolas ainda agem como barreiras para a Pós-

Modernidade, pois que o tratamento dado ao conhecimento nos meios escolares resiste à

mudança, mesmo quando através de práticas de ensino que buscam incorporar mídias

hipertextuais.

3. Profesores para uma efetiva educação orientada à inclusão social

A instituição da educação formal na cultura científica sempre esteve associada a

algum propósito inclusivo, o que não significa, necessariamente, o mesmo propósito que se

destaca na educação para inclusão social hoje. Tradicionalmente, incluir é algo muito

proximamente relacionado a conformar a, ensinar alguém como agir e pensar como um

cidadão civilizado normal da Modernidade, ou, ao menos, tem sido este o senso comum

sobre a finalidade da escola, mesmo após esta ter se reduzido a preparar mão-de-obra bem

qualificada. Uma vez que a produção de ciência alcançou novos parâmetros, sustentados

por novos tipos de medias e tecnologias de escrita, é mais do que presumível que certa

modificação material tenha se dado, também, nas práticas de formação escolar. Entretanto,

ferramentas materiais, per si, não são suficientes para promover o ajuste da educação às

mudanas recentes no cenário social contemporâneo.

Mesmo equipados com hipermídias, acesso à internet e toda sorte de tecnologias pós-

escrita, os professores ainda denunciam interesse decrescente dos alunos nos estudos

formais, além de proporcional queda de rendimento escolar. De acordo com as tendências

históricas, esta situação tende a se agravar entre estudantes oriundos de periferias sociais,

sob risco ou gerações recentes de imigrantes, o que conduz à conclusão de que tecnologias

pós-escritas dissociadas de outros fatores não constituem instrumento capaz de viabilizar a

consecução de uma educação verdadeiramente capaz de promover a inclusão social. Tal

como visto anteriormente, tecnologias de escrita de mundo são determinadas culturalmente,

de modo que irrecorrivelmente são sujeitas a certas condições de adequação, como no caso

dos textos (i) e (ii). Bem, o mesmo princípio se aplica à escola: é inútil o uso de tecnologias

pós-escrita quando a elas somente se aplicam critérios de adequação concernentes à língua

escrita.

Como discutido aqui, o uso da língua escrita envolve vários procedimentos mentais

associados ao modo cartesiano de produção de conhecimento. O uso das tecnologias pós-

escrita baseado nos padrões clássicos de uso da língua escrita apenas reforça um único

modo de atividade intelectual, fortemente caracterizado como avesso aos sistemas

metafóricos, próprios das culturais marginais da Modernidade, ou das novas subjetividades

sociais cujas representações de mundo tendem à subjetivação individual. Para além de todos

os recursos pedagógicos, os professores ainda permanecem sujeitos cartesianos típicos, que

utilizam hipermídias como se fossem línguas escritas grafadas em folhas de papel.

Consequentemente, professores e estudantes tendem a permanecer em dois mundos mentais

distintos: um dependente da cultura científica clássica, habitado pelos professsores, e outro,

sob influência dos padrões sociais contemporâneos de produção de conhecimento, habitado

pelos estudantes, os quais utilizam apropriadamente as tecnologias pos-escrita como

ferramentas hipertextuais.

3.1. Professores e a Epistemologia das ciências: A aparente resistência dos professores

para lidarem com outros procedimentos mentais formulados segundo padrões não

cartesianos não é, na maioria das vezes, uma questão de escolha, ainda que,

invariantemente, resulte em intolerância e incompreensão acerca de quais outros

procedimentos intelectuais podem derivar dos estudantes pós-modernos. Este é o motivo

pelo qual se pode afirmar que a escola ainda é uma das mais inespugnáveis barreiras para o

desenvolvimento da Educação inclusiva. Porém, por que os professores não têm escolha em

face da diversidade entre seus alunos?

Usualmente, as discussões acadêmicas sobre a qualidade da formação do professor

são orientadas a dois objetos: (i) aspectos metodológicos, relacionados à Didática, a arte de

bem programar e transmitir programas escolares, e (ii) aspectos heurísticos, relacionados à

conversão da abstração científica em algum conhecimento aplicado, que o professor possa

utilizar para torná-la concreta, portanto, acessível ao aluno. Costuma-se referir a estas

últimas questões através de expressões como “conversão da teoria em prática”, certo tipo

de conhecimento acadêmico especificamente orientado para professores. Contudo, nem (i)

nem (ii) abrem-se a alguma discussão sobre as possibilidades de construção de

conhecimentos fora dos parâmetros da cultura científica clássica, a partir da múltiplas bases

e modos de pensar, o que, sem dúvida, constitui um terceiro ramo de estudos concernentes à

formação do professor.

A formação do professor depende de novos modelos mentais (SENNA 2008), com os

quais se possam descrever e, finalmente, legitimar todos os mais distintos sujeitos

cognoscentes que vivem e exploram diariamente o espaço urbano pós-moderno. A

Epistemologia da Ciência, ou, melhor, as Epistemologias das várias Ciências, assumem,

assim, um papel muito cêntrico no cenário da educação com fins de inclusão social.

Diferentes concepções de Verdade, derivadas sistemas simbólicos cartesianos ou não

cartesianos, através de distintas tecnologias de escrita, tudo isto deve estar presente ao longo

de toda a formação teórico-acadêmica do professor, não apenas durante sua formação

pedagógica, mas desde as primeiras aproximações às bases fundamentais do ramo do saber

em que esteja se licenciando. Esta seria a base para a tolerância, a base de uma sociedade

realmente plural, onde a educação inclusiva fosse matéria da vida cotidiana, tão banal

quanto a utilizaçao de telefones celulares.

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