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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRÔ DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Angella Monteiro Santiago CONHECENDO O PERFIL DOS ALUNOS DE CURSINHOS POPULARES DA ZONA LESTE DE SÃO PAULO - SP São Paulo 2017

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRÔ DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Angella Monteiro Santiago

CONHECENDO O PERFIL DOS ALUNOS DE CURSINHOS

POPULARES DA ZONA LESTE DE SÃO PAULO - SP

São Paulo

2017

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Angella Monteiro Santiago

CONHECENDO O PERFIL DOS ALUNOS DE CURSINHOS POPULARES DA

ZONA LESTE DE SÃO PAULO - SP

Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado ao Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciando(a) em Ciências Biológicas.

Área de habilitação:

Orientador: Prof. Dr. Adriano Monteiro de Castro

São Paulo

2017

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Angella Monteiro Santiago

CONHECENDO O PERFIL DOS ALUNOS DE CURSINHOS POPULARES DA

ZONA LESTE DE SÃO PAULO - SP

Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado ao Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial para a

obtenção do título de Licenciando(a) em Ciências Biológicas.

Aprovado em: ____ de _______ de _____.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________

Carolina Alvim de Oliveira Freitas – Universidade de São Paulo

__________________________________________

Célia Regina Batista Serrão – Universidade Presbiteriana Mackenzie

__________________________________________

Adriano Monteiro de Castro – Universidade Presbiteriana Mackenzie

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RESUMO

A educação popular é um movimento de trabalho político que atua através da educação e em conjunto com (e não para) as classes populares. É sintetizada pela pedagogia freireana, pois esta pedagogia reconhece no conhecimento uma forma de superar relações hierárquicas e modelos mecanicistas presentes na análise da sociedade e propor novas práticas que indiquem a necessidade de mudança. Dentro desta perspectiva, se inserem os Cursinhos Populares como uma possível forma de inserir pessoas de baixa renda no ensino superior e iniciar uma subversão neste sistema de diferenciação de oportunidades, ainda que, de alguma forma, entrando em conflito ao trabalhar de acordo com os moldes de um sistema excludente. Para a coleta de dados deste Trabalho foi elaborado um questionário estruturado, que foi respondido por estudantes de Cursinhos Populares da Zona Leste, sem identificação de nenhum tipo, respeitando-se a confidencialidade e anonimato, com o intuito de compreender melhor o perfil do alunado destes Cursinhos. A forte presença de uma maioria composta por mulheres negras demonstra uma população buscando ascensão e conquista de territórios negados a ela por barreiras sociais, como a discriminação de gênero e de raça, a estratificação de classe e o vestibular. Por fim, este é um trabalho introdutório, que propõe uma tomada de consciência em relação aos indivíduos que constroem os Cursinhos Populares e chama os membros acadêmicos interessados para o que deve ser um olhar profundo e atencioso para este publico, a fim de construirmos uma Educação Popular com mais respeito e coerência e, consequentemente, de maior qualidade. Palavras-chave: Educação Popular. Cursinho Popular. Raça. Gênero.

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ABSTRACT

Popular education is a political movement that operates through education and together with (not to) the popular classes. It is synthesized by Freirean pedagogy, as this pedagogy recognizes in knowledge a way of overcoming hierarchical relationships and mechanistic models that are present in the analysis of society and propose new practices that indicate the need of change. Within this perspective, the Popular Courses are inserted as a possible way of inserting people of lower incomes in the higher education and to initiate a subversion in this system of differentiation of opportunities, although it comes into conflict with this idea because it works within the molds of an exclusionary system. In order to collect data for this study, a structured questionnaire was developed, which was answered by students from the Popular Cursins of the Eastern Zone of São Paulo city, with no identification of any type, respecting confidentiality and anonymity, in order to better understand the student profile of these students. The strong presence of a majority composed of black women demonstrates a population seeking the rise and conquest of territories denied to them by social barriers, such as gender and race discrimination, class and stratification caused by college entrance examination. This is an introductory work that proposes an awareness of the individuals who construct the Popular Courses and calls the interested academic members to what should be a deep and attentive look at this public in order to construct an Education Popular with more respect and consistency and, consequently, of higher quality. Keywords: Popular Education. Popular Courses. Race. Gender.

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Figura retirada do livro “Cuidado! Escola – desigualdade, domesticação e algumas saídas”, de Babette Harper, Claudius Ceccon, Miguel Darcy de Oliveira e Rosiska Darcy de Oliveira, apresentado por Paulo Freire e com a colaboração de Monique Séchaud Raymond Fonvieille. Publicado pela Editora Brasiliense em 1987 (24ª edição).

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, à minha família, por todo o apoio e amor

incondicionais dedicados a mim em todas as dificuldades que enfrentei, em todos os

sonhos que tive e em todas as minhas conquistas. Aos meus pais pela construção

de nossa história e pelo contato diário que me abastece de força e determinação,

esse contato que é pra além da presença, está no verbo, no carinho, no olhar

atencioso e no compartilhamento da vida. A essas pessoas que são minhas

primeiras e maiores companheiras, meus infinitos agradecimentos, que certamente

vão se espalhar durante o resto de nossas vidas.

Acredito que devo um agradecimento especial juntamente aos meus pais às

minhas irmãs, aos meus irmãos, à minhas sobrinhas e aos meus sobrinhos. Muito do

que faço é para orgulhar vocês, e sei que para isso não basta eu alcançar diplomas

ou sucessos, mas também preciso estar feliz. Obrigada por me ensinarem o valor

imensurável da felicidade e a prática do amor, que é o que me guia na escolha de

minha carreira. Faço uma menção amorosa à minha irmã Alline, que sempre

segurou minha mão quando precisei e com quem compartilhei tudo, sempre e com

muita confiança.

Aos meus avós, minhas tias e meus tios pelas incontáveis vezes em que pude

contar com vocês, desde coisas práticas de suma importância até um papo informal

com muitos sorrisos que alimentam a minha essência de professora. Ao meu tio

Vandré pelo incentivo primordial, inicial e contínuo aos estudos, à leitura e,

principalmente, à reflexão.

Aos meus amigos e amigas agradeço por escolherem dividir a vida comigo.

Com saudades, agradeço a Gabriela, a Karolina, a Lígia e a Márcia pela amizade

perene que construímos. A todos que compõem a rotina diária e cheia de afetos do

Diretório Acadêmico Abrahão de Moraes, com um obrigada muitíssimo especial à

Sol Paiva por cuidar de mim com o carinho (e as ironias) de uma mãe. À Nete, ao

Seu Camargo e ao Seu Zé por serem tão camaradas e terem me ensinado coisas

que jamais aprenderia na Universidade. Também a todos que compuseram o

Coletivo Ubuntu, meu primeiro espaço de militância e de reflexão da profissão.

Faço um agradecimento particular a algumas amizades que não tenho como

descrever e que marcaram estes anos de Universidade. Primeiramente, à Marianna,

musa de tantas inspirações e sorrisos, parceira de tantas lutas, companheira de

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categoria e de momentos inesquecíveis. Também à Bianca, por ter proporcionado

muita leveza para minha experiência universitária, trazendo leveza quando as

reflexões e as dores do mundo pesavam. A Laisla, que foi minha melhor amiga,

mãe, filha, companheira, psicóloga e muito mais quando eu me vi completamente

sozinha, e permitiu que eu também cumprisse os mesmos papeis em sua vida,

construindo essa irmandade incrível que possuímos. À Rachel, Marcella e Gabi

Ucha, mulheres incríveis que compuseram essa trajetória. Ao meu melhor amigo e

companheiro Leonardo, com quem me permito desmoronar e quem me ajuda a me

reedificar e a pessoa com a qual pretendo compartilhar todas as minhas vitórias e

derrotas. Estamos na jornada acadêmica nos apoiando, e construindo uma vida em

comum. Ao Roni e ao Eduardo, com muito carinho, por tantas dificuldades e

situações nas quais nos identificamos e complementamos, por serem meus irmãos

prounistas, o que vocês sabem que significa muito, a ponto de eu não poder

descrever.

Aproveito e deixo um agradecimento à todas as pessoas envolvidas no

processo de concessão de minha bolsa, desde a criação do Programa Universidade

Para Todos até a apresentação dos documentos, pela oportunidade de ingresso ao

ensino superior. Certamente isto significa muito para mim como formanda.

Aos sujeitos que compõem o Coletivo Baobá, meu mais profundo obrigada.

Pelos aprendizados construídos, pelas risadas compartilhadas, pela inspiração do

que vem a ser minha ideologia e meu projeto de vida, pela paciência e pelo

acolhimento em todas as vezes que me sinto insegura por me achar distante

demais. Eu tenho muito orgulho de compartilhar pedaços das nossas histórias de

militância. É uma honra enorme lutar ao lado de vocês. Mesmo.

Agradeço a todos os colegas envolvidos com o Programa Institucional de

Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), assim como à nossa orientadora e aos

professores supervisores na escolas, por essa vivencia incrível que é pensar a

escola pública como um espaço tanto de aprendizado para nós como profissionais

quanto de intervenção na busca da construção de gerações mais conscientes de si

como sujeitos históricos.

A todo o corpo docente do curso de Ciências Biológicas, em especial à

Magda, a Rosana e ao Adriano por me revirarem toda e me ajudarem a construir

disso o meu melhor potencial como educadora. Ao último, que também é meu

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orientador, pelo carinho e pelas ideias trocadas durante a orientação, cheias de

perspectiva, aprendizado e conforto. Admiro plenamente vocês três.

Por fim, agradeço a todas as pessoas com quem tive o prazer de estabelecer

uma relação de educador-educando e aprender, inspiradoras de todo este trabalho e

dos projetos que planejo para minha carreira. Cada momento vivido nesta prática foi

de amor e cumplicidade, e é imprescindível para a minha formação quanto

professora, pessoa e sujeito político.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................11

1. REFERENCIAL TEÓRICO..............................................................................13

2. METODOLOGIA..............................................................................................20

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................22

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................34

REFERÊNCIAS...............................................................................................36

ANEXO I..........................................................................................................39

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01 – Cor ou Raça dos Estudantes...............................................................23

FIGURA 02 – Composição da amostra por gênero e raça/cor...................................23

FIGURA 03 – Tempo de deslocamento até o Cursinho

Popular................................25

FIGURA 04 – Meios de transporte mais citados como utilizados pelos

estudantes..................................................................................................................26

FIGURA 05 – Quantidade de estudantes que trabalham...........................................26

FIGURA 06 – Quantidade de atividades remuneradas exercidas pelos estudantes

trabalhadores..............................................................................................................27

FIGURA 07 – Quantidade de estudantes trabalhadores com assinatura em Carteira

Trabalhista..................................................................................................................27

FIGURA 08 – Quantidade de horas disponíveis para estudo fora do Cursinho

Popular.......................................................................................................................28

FIGURA 09 – Menções de hábitos de estudo atuais.................................................29

FIGURA 10 – Menções de hábitos de estudo desejados..........................................30

FIGURA 11 – Menções de empecilhos para o estudo...............................................30

FIGURA 12 – Menções de empecilhos para o estudo por grupo...............................31

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1. INTRODUÇÃO

Os Cursinhos Populares hoje se configuram, em sua maioria, como cursos

pré-vestibulares gratuitos ou de baixo custo. Como o foco, geralmente, são os

vestibulares, a questão dos Cursinhos Populares é importante de ser abordada pois

fazem parte um movimento que busca a democratização do Ensino Superior, para

que a produção científica e/ou os cargos de visibilidade sejam cada vez mais

representativos para populações de classe baixa, negra, periférica, ou incluída em

outros grupos marginalizados.

Portanto, sendo este movimento de extrema importância, é importante pensar

na qualidade da construção coletiva de uma Educação Popular que se dá nestes

espaços através de uma análise sobre qual é o público que forma o corpo discente

destes Cursinhos, pois apenas conhecendo a realidade deste público será possível

adequar o ensino às necessidades reais destas pessoas. Na abordagem de

educação trazida por Paulo Freire, a prática pedagógica está intrinsicamente

relacionada à realidade das(os) estudantes, para maior integração com seus

conceitos do cotidiano, desenvolvendo um sentimento de integração em relação ao

mundo, que por um lado auxilia no aprendizado dos conceitos, dando maior

significado à eles, e por outro lado promove reflexões que levem a pessoa a se

reconhecer como um agente transformador do mundo ao seu redor, por estar

integrada à este mundo.

Dentro da perspectiva de estudantes de escolas públicas e/ou populações

marginalizadas buscando o acesso à Universidade, é necessário construir a

percepção de pertencimento a este mundo, visto que muitas vezes a realidade do

Ensino Superior parece muito distante para estes estudantes. Portanto, de acordo

com o pensamento de Freire (2006), é importante buscar conhecer as condições em

que os sujeitos vivem, para tentar adequar os Cursinhos Populares às suas

realidades e, assim, proporcionar um ambiente mais propício para a permanência de

estudantes nos Cursinhos e construir um conhecimento que, para além de preparar

estudantes para o vestibular ou para concursos, prepare-os também para lutar pela

sua permanência nestes espaços e se sentirem no direito de ocupá-los, por mais

distante que parecessem de sua realidade anteriormente.

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Analisando-se os dados referentes a esta questão coletados através de um

questionário respondido pelas(os) estudantes, o objetivo geral deste trabalho é

caracterizar o público alvo dos Cursinhos Populares da Zona Leste de São Paulo e

suas demandas. A partir das questões trabalhadas no referencial e da análise dos

questionários, objetiva-se especificamente identificar fatores intervenientes nos

hábitos de estudos de alunas e alunos dos Cursinhos, assim como comparar dados

referentes a quatro diferentes perfis de estudantes: mulheres pretas, pardas ou

indígenas (MPPI); mulheres brancas ou amarelas (MBA), homens pretos, pardos ou

indígenas (HPPI); e homens brancos ou amarelos (HBA).

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1. REFERENCIAL TEÓRICO

Segundo Brandão (2006), a educação popular é um movimento de trabalho

político que atua através da educação e em conjunto com (e não para) as classes

populares. Tem como base a cultura popular e objetiva alimentar o poder popular,

sendo comprometida com a subversão de estruturas sociais que oprimem maiorias.

Para que se constitua desta forma, faz-se necessário retotalizar todo o processo

educativo, que atualmente parte do ponto de vista de minorias opressoras, e

embasar as práticas e conceitos educacionais na cultura popular. Surge como um

movimento de educadores que trazem esta cultura para os meios profissional e

militante como fundamentação para pensar processos políticos e mobilizar classes

populares em busca de transformação da ordem política, social, econômica e

cultural vigentes como resultado da luta de classes. De acordo com Marx e Hengels

(1999), a luta de classes é definida como um confronto entre duas classes, o

proletariado (quem não possui meios de produção próprios e se reduz à venda de

trabalho para sobreviver, trabalho este que apenas existe enquanto produzir lucros)

e a burguesia (proprietários do meio de produção social e empregadores do trabalho

assalariado feito pelo proletariado, produto de uma série de transformações

profundas no modo de produção e nos meios de comunicação inseridos em um

longo processo de desenvolvimento). A Educação Popular, inserida na luta de

classes, se reformula historicamente de acordo com a relação entre os agentes

educadores envolvidos e demandas e saberes provenientes da população na qual

se desenvolve (BRANDÃO, 2006).

A história da educação popular se inicia na América Latina, na década de

1950, e ganhou proporções internacionais de grande porte através da atuação de

Paulo Freire. A ideia de uma educação libertadora através da conscientização foi

teorizada e amplamente disseminada por Freire, ideia esta que toma forma no

âmbito da Educação de Jovens e Adultos em contraposição à educação funcional,

que é voltada para o treinamento de mão-de-obra produtiva. O educador visava uma

prática educativa aliada à teoria, que fosse capaz de visibilizar para os educandos

(os oprimidos) o que lhes foi escondido com a intenção de os oprimir (GADOTTI,

2007).

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Sendo assim, a educação popular não é um acontecimento único, mas sim

um processo composto de diversas experiências (não necessariamente uma sendo

consequência ou um desmembramento da outra) que são vivenciadas em diferentes

momentos históricos e localidades, portanto com diferentes perspectivas, não sendo

limitadas a um projeto exclusivo ou a uma única instituição. É uma educação política

desenvolvida pela ou com a classe trabalhadora, buscando emancipação dos

sujeitos envolvidos e sendo legítima em qualquer espaço onde esta classe esteja

inserida, podendo ser dentro da escola ou fora dela (MACIEL, 2011). Os espaços

fora da escola são defendidos por Mészaros (2008), pois grande parte do

aprendizado ocorre de fato fora destes espaços, os quais o autor considera livres de

manipulação e controle direto por uma estrutura educacional formalizada e

sancionada legalmente, ainda que haja uma imposição sistêmica indireta.

Segundo Maciel (2011), a pedagogia freireana sintetiza a prática da

Educação Popular, pois reconhece no conhecimento uma forma de superar relações

hierárquicas e modelos mecanicistas presentes na análise da sociedade e propor

novas práticas que indiquem a necessidade de mudança. A busca por uma relação

social em que homens e mulheres projetem um bem comum e não haja opressões é

a utopia teórica que, aliada à prática militante (que, segundo Freire, é inerente à

prática pedagógica libertadora), encorpa o que é a educação popular, sempre

encharcada por esta dialogicidade teoria-prática. Esta ideologia contraria a prática

dominante de educação, que é chamada nas obras do autor de “educação

bancária”.

Na educação bancária, o educador é narrador de um conteúdo que deve ser

mecanicamente memorizado pelos educandos, que são vistos como “vasilhas” a

serem preenchidas por estes conteúdos que estão sendo depositados pelo

educador. Não há comunicação, há apenas “comunicados” que devem ser

arquivados na memória dos receptores inativamente. Isso se justifica através da

absolutização da ignorância, ou seja, o educador tudo sabe e apenas está lá porque

o educando nada sabe, este último sendo uma página em branco a ser preenchida

de palavras sem significado no mundo real, que são lidas de forma mecânica e não

se conectam com seu cotidiano. Estas práticas pedagógicas promovem uma

alienação, refletindo as opressões de uma sociedade pautada na cultura do silêncio.

E, quanto mais se desenvolve a lógica de depósito de informações, menos se

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exercita a construção de uma consciência crítica capaz de promover

transformações, que insira o sujeito em sua realidade como agente histórico, capaz

de realizar mudanças reais. E, assim, cada vez mais se ensina o educando a se

adaptar ao invés de transformar o mundo (FREIRE, 2006). Mészaros (2008) segue a

mesma linha quando afirma que, além de proporcionar conhecimentos e

trabalhadores que são necessários para a expansão produtiva no sistema

capitalista, a educação também legitima os interesses dominantes através da

geração e propagação de valores que supõem a não existência de outra forma

possível de gerir a sociedade.

Portanto, na perspectiva de subverter as relações estabelecidas na prática da

educação bancária, utilizar a educação como uma das ferramentas para transformar

as estruturas opressoras pressupõe que a práxis educativa está a serviço das

camadas populares, sendo um instrumento de politização e conscientização a partir

das próprias culturas populares construídas e compartilhadas por esta população.

Faz-se necessária, portanto, uma reconstrução total do que é educação, pois a

intenção é fundar uma educação libertadora, que só é possível em um contexto no

qual não haja controle por parte de estruturas moldadas de acordo com um sistema

econômico pautado na opressão, o capitalismo, e marginaliza a cultura popular e os

saberes provenientes dela (BRANDÃO, 2006). Esta educação que se faz

necessária, além de ser popular, deve ser pautada na ação dos indivíduos no

sentido de transformar sua realidade ao se reconhecerem como sujeitos históricos, a

educação continuada, que se contrapõe à educação formal (ou bancária, na

definição de Freire), esta última sendo responsável por processos de internalização

da cultura dominante e dos valores capitalistas (MÉSZAROS, 2008).

Segundo Brandão (2006), a força deste sistema econômico é brutal, e lutar

contra isto demanda um poder popular cada vez mais fortalecido. Na prática da

educação popular, educadores e educandos incorporam o saber como um

instrumento de libertação nas mãos da classe oprimida, e o conhecimento aliado à

reflexão objetivam uma transformação nos indivíduos coletivos, que buscam deixar

de ser sujeitos econômicos (trabalhadores, consumidores) e passam a ser sujeitos

políticos (capazes de compreender e transformar sua realidade). Freire e Nogueira

(1989) complementam esta ideia ao afirmar que o educador popular precisa

mergulhar na luta popular e ser capaz de se integrar, se comunicar, pois até o

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próprio uso da linguagem popular já é conhecimento. O educando não deseja um

educador que apenas discursa, que se aproxima abstratamente, mas procura ver na

resolução dos problemas discutidos cotidianamente o resultado de uma

comunicação efetiva, através da qual ele aprende a aprender (FREIRE, 1989).

Para Freire (1989), também é necessário que a educação esteja integrada

com outras “ferramentas” políticas, para que o processo reflexivo do indivíduo tenha

caráter sócio-político e transformador de sociedade. A resistência já existe, está em

práticas individuais e cotidianas na camada popular, e para ser vista, demanda

organização coletiva, reflexão acerca dos incômodos que já estão presentes e, ao

pensá-los coletivamente, perceber que há soluções palpáveis e que, quando a

resistência é aliada à união (e não fica mais no plano da insatisfação individual) há

alteração no comportamento de muitos, que será notada por muitos mais, e assim a

organização se torna crucial para a eficiência do ato de resistir.

Na sociedade brasileira atual, onde há predominância de forma bancária do

ensino, como citado por Freire (2006), a educação é colocada como

responsabilidade de Instituições, estas sendo construídas por seres humanos e,

consequentemente, carregadas pelas contradições sociais humanas e

demonstrando diferentes projetos coletivos. As Universidades não fogem a esta

dinâmica. Há uma crise de valores, quando a melhor formação é a que equipa o

sujeito para a competição individual no mercado de trabalho visando o lucro (tanto

para o trabalhador quanto para o empregador, seja ele uma empresa, um órgão

público, etc). Esta crise é consequência do modelo econômico vigente, portanto não

é atual, e intrinsicamente relacionada com os projetos que norteiam as diferentes

abordagens no ensino superior bancário no Brasil, impactando negativamente as

classes populares que têm seus interesses e suas culturas desvalorizados diante da

valorização do padrão das classes sociais mais privilegiadas e busca pela formação

de mão de obra, o que leva a uma naturalização das desigualdades sociais e a uma

interiorização do que é pré-estabelecido como única realidade possível para esta

classe (SOBRINHO, 2010), impossibilitando o processo de produção de soluções

coletivas previamente citado e criando barreiras para que impedem a construção da

educação popular.

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Sendo as Instituições de Educação reflexo dos conflitos que ocorrem entre os

seres humanos, não é de surpreender o fato da exclusão da população preta e

parda ocorrer dentro destes espaços. Mesmo que tenha dobrado a presença desta

população entre 2005 e 2015 (de 5,5% para 12,8% dos pretos e pardos em idade

universitária – 18 a 25 anos – frequentando uma universidade), a disparidade deste

número em relação à quantidade de alunos brancos seguiu sendo exorbitante,

havendo menos da metade de estudantes pretos e pardos em relação a brancos

(17,8% dos brancos em idade universitária frequentavam uma universidade em 2005

e este número subiu para 26,5% em 2015). Um exemplo de dados que pode explicar

esta diferença é o fato de que 53,2% dos pretos e pardos estavam cursando o

ensino fundamental na idade universitária em 2015, enquanto apenas 29,1% dos

brancos se encontravam nesta mesma situação (IBGE apud VIEIRA, 2016).

Além da questão racial, que se apresenta neste trabalho dentro dos termos

raça (descreve um grupo de pessoas com características morfologicamente

semelhantes) e etnia (que considera, além da morfologia, religião, lingua,

parentesco, território e nacionalidade) (SANTOS et al., 2010), também é muito forte

na questão do ensino superior a questão de gênero que, segundo Barreto (2014),

remete à um conjunto de práticas sociais que orientam a percepção que as pessoas

tem de si mesmas e dos outros, criando assimetrias entre o que é considerado

feminino ou masculino. Porém, a questão de gênero não se evidencia tanto na

questão do acesso ao ensino superior, e sim nas posições alcançadas pelas

mulheres dentro da Universidade (principalmente em relação às mulheres negras)

(BARRETO, 2014) ou nos postos de trabalho (NUNES NETO et al., 2016) e como

estas são inferiores tanto socialmente quanto economicamente às dos homens.

Além de haver muito a se refletir sobre o atraso escolar em si e como isto é

uma herança histórica destes povos pretos e pardos (geradora dos conflitos

vivenciados pelos seres humanos), esta não é a única variável que define a entrada

de um estudante no ensino superior. A maior barreira que está posta entre o ensino

médio e o ensino superior, e a qual indivíduos provenientes de diferentes classes

socioculturais devem transpor de maneira igual, é o vestibular. Inclusive, são as

necessidades provocadas pelos momentos sociopolíticos que se vivencia que

determinam as mudanças que ocorrem no vestibular, ou seja, este último é

consequência de situações socioculturais e politicas. Historicamente, conforme se

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movimentam as demandas da população e, principalmente, do mercado de trabalho,

as cobranças em relação à escola e ao ensino superior se alteram e,

consequentemente, o modelo do vestibular (a porta de entrada ou de bloqueio para

as Universidades).

Sendo assim, o vestibular se coloca como um instrumento de política

educacional, e não como uma ferramenta de seleção (WHITAKER, 1983). Ainda que

fosse, não seria uma ferramenta justa, pois tenta dissimular as reais origens das

injustiças, que estão na má distribuição de renda impossibilitando o acesso dos mais

pobres ao preparo necessário para o processo do vestibular. Assim, acabam

entrando nas estatísticas de exclusão ou ingressando nos cursos de menor procura

e menor retorno financeiro, mantendo a diferenciação de oportunidades que se

apresentam para estudantes de diferentes camadas sociais (PINHO, 2001). Dentro

desta perspectiva, se inserem os Cursinhos Populares como uma possível forma de

inserir pessoas de baixa renda no ensino superior e iniciar uma subversão neste

sistema de diferenciação de oportunidades, ainda que, de alguma forma, entrando

em conflito ao trabalhar de acordo com os moldes de um sistema excludente.

Os Cursinhos Populares não são delimitados a meros espaços pedagógicos,

segundo Carvalho et al. (2008), pois possuem objetivos comunitários, políticos,

sociais e culturais que vão para muito além de apenas auxiliar no acesso de pré-

vestibulandos pobres ao Ensino Superior. Os autores afirmam que estes Cursinhos

são integrantes de um grande Movimento Social que ultrapassa o espaço individual

de cada Cursinho, buscando uma reparação de negligências históricas à

determinados grupos sociais através do acesso democrático ao Ensino Superior.

Portanto, se configura um Movimento que se constitui historicamente junto aos

momentos políticos do Brasil, que cresce com cidadania ativa, buscando inclusão

social.

Em contraposição a isso, Castro (2006) reflete sobre o ponto de vista de que

cada Cursinho possui um projeto diferente, mas que é comum o discurso de que o

acesso ao Ensino Superior estaria assegurado caso fosse ofertada uma Educação

Básica de maior qualidade. No entanto, esta afirmação estaria equivocada, pois o

que impede estudantes pobres de se inserir no Ensino Superior não é apenas a

baixa qualidade do ensino, mas também a falta de vagas nas Faculdades, Centros

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19

Universitários e Universidades, aliada ao processo excludente do Vestibular.

Somado a isso, ocorre um processo de mercantilização da educação, inclusive o

ensino superior, à partir da década de 1960, aumentando as desigualdades ao

dificultar o ingresso às universidades públicas e selecionar quem pode pagar para se

inserir na universidade privada. O autor afirma que, na tentativa de ocupar uma

destas vagas escassas, o que dificulta o acesso de estudantes de escolas públicas e

populações marginalizadas são as condições históricas de cada um destes

indivíduos. Sendo assim, se justifica a necessidade da compreensão de sua história

por parte de cada estudante, que não se desmembra do processo histórico de

formação da sociedade na qual estes estudantes estão inseridos.

Os pensamentos de Freire (2006) se alinham muito bem com esta questão. O

autor defende a importância de estudantes compreenderem o mundo ao seu redor,

porque o ser é pois está no mundo, e o mundo é pois o ser está nele também. O

autor propõe construir os conceitos baseados em “temas geradores”, temas que são

provenientes da realidade e do cotidiano de estudantes. Toda a pedagogia do autor

se baseia em conhecer a realidade dos indivíduos, para que este construa os

conceitos integrando-os à sua realidade, se enxergando quanto cidadão integrante

do mundo e, através da percepção desta integração, compreendendo as relações de

poder envolvidas na sua condição e que o sujeito é capaz de transformar a sua

própria realidade.

Porém, existe uma questão a ser colocada que configura a contradição

acerca dos Cursinhos Populares, e também a origem da luta travada por este

movimento: fazer ser possível disputar pelo acesso à universidade por meio do

preparo para o exame vestibular, abordando o próprio vestibular de forma crítica e

formativa, para que se compreenda a ideia de privação implícita neste processo

(CASTRO, 2011).

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20

2. METODOLOGIA

Para a coleta de dados deste Trabalho foi elaborado um questionário

estruturado (Anexo I), que foi respondido por estudantes de Cursinhos Populares da

Zona Leste, sem identificação de nenhum tipo, respeitando-se a confidencialidade e

anonimato, com o intuito de compreender melhor o perfil do alunado destes

Cursinhos. Portanto, primeiramente, há um contato com estes Cursinhos, explicando

o intuito do Trabalho, pedindo permissão para a aplicação do questionário para

estudantes e criando o compromisso de compartilhar o resultado do Trabalho com

os Cursinhos para um futuro trabalho de reflexão, ainda que não seja necessário o

encaminhamento deste projeto para aprovação de comitê de ética.

A delimitação da região da Zona Leste se dá para que se possam atingir

critérios mínimos de analise, pois a cidade se distribui de forma muito heterogênea e

não caberia na estrutura do presente trabalho a analise de Cursinhos de mais de

uma região da cidade, porém este tipo de analise também é de extrema importância.

Outro fator é a mobilidade para a aplicação dos questionários, sendo na Zona Leste

eles já eram distantes uns dos outros e a locomoção entre eles seria muito

dificultada se fossem de regiões diferentes da cidade.

Os dados referentes ao corpo discente dos Cursinhos coletados no

questionário foram tratados para a elaboração de estudo quantitativo, através da

confecção de gráficos e tabelas para melhor visualização dos resultados e análise

qualitativa do tipo frequencial. Inicialmente, foram tabuladas as respostas para cada

uma das questões separadamente. Foi buscada a identificação de necessidades

específicas para determinados grupos, ou necessidades coletivas, que carecem de

ser abordadas para a permanência de estudantes. Foram analisadas 94 respostas

ao questionário de estudantes de quatro Cursinhos Populares, e identificadas duas

variáveis bem marcantes: o fato de o alunado dos cursinhos ser composto

majoritariamente por mulheres e por pessoas pretas ou pardas. Portanto, foi feita

uma análise geral dos dados e, em seguida, uma análise com recorte racial e de

gênero para verificar demandas específicas de quatro grupos distintos: mulheres

autodeclaradas pretas, pardas ou indígenas (MPPI), mulheres autodeclaradas

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21

brancas ou amarelas (MBA), homens autodeclarados pretos, pardos ou indígenas

(HPPI) e homens autodeclarados brancos ou amarelos (HBA). Tais necessidades

foram discutidas a partir de referenciais teóricos pertinentes à educação popular e às

abordagens interacionistas do ensino. As categorias de cor ou raça foram utilizadas

de acordo com o padrão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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22

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados gerais (ou seja, sem nenhum tipo de recorte) são trabalhados na

ordem das temáticas de cada questão para traçar um perfil geral do alunado dos

Cursinhos Populares. Em relação às respostas da primeira pergunta, referente ao

gênero dos estudantes, os Cursinhos Populares analisados são compostos

majoritariamente por mulheres, que representam 73% do alunado, enquanto nas

Universidades representam metade dos estudantes, com uma maior distribuição nos

cursos das área de educação e cuidado (BARRETO, 2014). A presença das

mulheres na Educação Popular é de extrema importância, pois uma educação

reflexiva e construída em conjunto com estas mulheres pode ser capaz de se tornar

uma ferramenta para romper as desigualdades de gênero. Dentro do panorama de

Cursinhos Populares, isso se aprofunda mais pois estas desigualdades de gênero

são frutos de mecanismos sociais construídos para reforças padrões de gênero que

influenciam fortemente as mulheres na escolha dos cursos de graduação. A escolha

do curso, por sua vez, influencia no diferencial salarial futuro e pode ampliar a

desigualdade de gênero no que se refere à valorização do trabalho, visto que os

cursos mais visados e que oferecem um maior retorno financeiro são frequentados,

majoritariamente, por homens, mesmo que as mulheres representem mais da

metade do corpo discente do ensino superior no Brasil (GALVÃO, 2015).

Já nas respostas da segunda pergunta, que é referente à cor ou raça, outro

dado interessante surge, que é a proporção racial observada nos dados. Uma

grande maioria dos estudantes destes Cursinhos (67%) se autodeclaram pretos ou

pardos (Figura 01), o que é oposto aos dados apresentados previamente que tratam

dos jovens do com as mesmas características no ensino superior. Segundo, Soares

(2000), isto ocorre porque os obstáculos colocados para a população negra se

apresentam antes ainda da possibilidade de acesso ao ensino superior. A deficiência

de ensino básico que se apresenta para a população negra em maior frequência do

que a população branca os diferencia em relação ao acesso à Universidade. O autor

elucida a ideia comparando a realidade de mulheres brancas e de homens negros, e

observando que os homens negros encontram dificuldades na sua formação, na sua

inserção no mercado de trabalho e na definição salarial, etapas estipuladas pelo

autor. Já as mulheres brancas encontram na definição salarial o maior empecilho

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23

para a escalada social, ou seja, na maioria das vezes as mulheres brancas não

encontram dificuldades diferenciadas dos homens brancos nas duas primeiras

etapas.

FIGURA 01: Cor ou Raça dos Estudantes

FIGURA 02: Composição da amostra por gênero e raça/cor

Estes dois dados trabalhados acima foram utilizados para embasar o recorte

racial e de gênero que é representado pela Figura 02 e será empregado em

contraste com os resultados gerais em alguns temas relevantes no decorrer desta

análise. Neste recorte, foram agrupados os homens pretos, pardos e indígenas

(HPPI), os homens brancos e amarelos (HBA), as mulheres pretas, pardas e

indígenas (MPPI) e as mulheres brancas e amarelas (MBA), este último grupo

contendo informações de uma mulher que não se declarou no quesito cor ou raça.

30%

24%

1%

43%

1% 1%

Branca

Preta

Amarela

Parda

Indígena

Sem Resposta

16%

9%

53%

22%Homens pretos, pardosou indígenas

Homens brancos ouamarelos

Mulheres pretas, pardasou indígenas

Mulheres brancas ouamarelas

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24

Os dados revelam que a grande maioria dos estudantes correspondem ao grupo

MPPI (43%), seguido pelos grupos MBA (18%), HPPI (13%) e HBA (7%). Ou seja, o

grupo se compõe majoritariamente de mulheres negras (termo que corresponde

comumente à pretos e pardos), que são a população mais negligenciada de acordo

com Marcondes et al. (2013).

Em relação à orientação sexual, temática presente na terceira pergunta, 84%

dos estudantes se declaram heterossexuais, enquanto 8% se declaram

homossexuais, 6% bissexuais e 1% pansexuais (o 1% restante corresponde à

ausência de respostas). Como não há predominância de grupos sociais

negligenciados ou marginalizados neste quesito, a questão da orientação sexual não

será analisada neste trabalho, porém é importante mencionar que é uma temática

importante de ser abordada na perspectiva da Educação Popular por se tratar de um

mecanismo opressor que se inclui na luta de classes mencionada previamente

(SULIANO et al., 2015).

Na quarta questão, identifica-se a faixa etária mais comum no público-alvo

destes Cursinhos, que são compostos majoritariamente de jovens (82% dos

estudantes tem de 14 a 18 anos e 15% tem de 19 a 24 anos). Apenas um dos

Cursinhos apresentou estudantes de idades acima destas, com dois estudantes na

faixa etária de 35 a 45 anos (compreendendo 2% do total) e um estudante na faixa

etária de 46 a 56 anos (1% do total). Todos os estudantes dos Cursinhos Populares

frequentam ou já frequentaram o ensino médio (dado presente nas respostas da

questão cinco do questionário), sendo que é demonstrado na pergunta seis que a

grande maioria destes alunos (91%) ingressaram no ensino médio com idades entre

14 e 18 anos (o restante se divide entre: menos de 14 anos – 2%; 19 a 24 anos -

3%; 25 a 34 anos – 1%; 35 a 44 anos – 1%; 45 a 54 anos – 1%; e o 1% restante

corresponde à respostas indefinidas). A questão sete aponta que, destes

estudantes, 62% já concluíram o ensino médio e 38% ainda não o concluíram. De

acordo com estes dados, é possível afirmar que a maioria destes estudantes está se

preparando para o vestibular em uma faixa etária adequada para que estejam no

ensino superior dentro da idade universitária (18 a 24 anos).

Em relação ao tempo gasto com deslocamento até o cursinho, a maioria dos

estudantes demora até 30 minutos para chegar nas aulas (57%), seguida pelos

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25

alunos que levam de 30 minutos à 1 hora neste trajeto (37%), dados obtidos a partir

das respostas da pergunta de número oito do questionário (Figura 03). Os meios de

transporte mais citados como utilizados são o ônibus (46%) e a caminhada a pé

(44%), conforme dados da questão nove demonstram (Figura 04). Ambos os

resultados apresentados em relação ao deslocamento dos estudantes sugerem que

a maioria dos alunos seja moradora da região aonde o Cursinho se estabelece,

demonstrando uma questão territorial. É utilizado aqui o sentido atribuído por Castro

(2011) da palavra território, ou seja, um espaço mediado pelas relações de poder

que o impregnam, se consolidando através de conflitos e contradições

características da luta de classes. É um espaço de exercício de poder, objeto de

disputa, produzido pela sociedade e estimulado pela burguesia hegemônica. Porém,

justamente por ser consolidado por conflitos, o território é também lugar aonde se

constroem lutas contra os poderes estabelecidos por esta hegemonia, suscitando o

desejo de conquistar novos territórios com melhores condições de vida. Esta visão

de territorialismo é condizente com a prática de Educação Popular nos Cursinhos,

que tem o intuito de romper as barreiras de acesso ao ensino superior postas para

estas populações que constroem seu território cotidianamente através da luta, e,

portanto, constroem também sua história.

FIGURA 03: Tempo de deslocamento até o Cursinho Popular

A questão do trabalho é inserida na décima pergunta. A maioria dos

estudantes afirma não trabalhar (82%), enquanto 18% trabalham. A maioria dos

estudantes trabalhadores é composta por estudantes do grupo HBA, conforme se

pode observar no Figura 05, seguido pelo grupo HPPI, havendo uma grande

diferença entre a quantidade de homens trabalhadores e mulheres trabalhadoras.

De todos os estudantes trabalhadores, a maioria (50%) exerce apenas uma

57%

37%

5% 1%

até 30 min

30 min - 1h

1h - 2h

2h - 3h

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26

atividade remunerada, seguido de uma segunda maioria de trabalhadores com duas

atividades remuneradas (31%), conforme demonstrado pelas respostas questão

numero onze (Figura 06).

FIGURA 04: Meios de transporte mais citados como utilizados pelos estudantes

FIGURA 05: Quantidade de estudantes que trabalham

FIGURA 06: Quantidade de atividades remuneradas exercidas pelos estudantes

trabalhadores.

44%

46%

2% 1% 5% 1% 1%A pé

Ônibus

Trem

Metrô

Automóvel

Uber

0%

20%

40%

60%

80%

100%

HomensPetros, Pardosou Indígenas

HomensBrancos ouAmarelos

MulheresPretas, Pardasou Indígenas

MulheresBrancas ouAmarelas

Geral

Sim Não

50%

31%

13% 6%

1

2

3

mais de 3

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27

Dentro do recorte racial e de gênero, pode-se observar no Gráfico 7 que há

uma diferença substancial na quantidade de trabalhadores em cada um dos grupos.

Os grupos masculinos contém maior quantidade de trabalhadores, tanto em relação

aos grupos femininos quanto em relação aos dados gerais. Porém, apenas 33% dos

estudantes que afirmam trabalhar tem a Carteira de Trabalho registrada, conforme

pode-se observar no Figura 07, enquanto os 67% restantes declaram não ter

(conforme observado analisando as respostas da décima segunda questão). Não há

diferenças substanciais nestes dados conforme se alternam os grupos, porém os

dados gerais demonstram mais uma vez a condição de classe popular e com

trabalho precarizado destes estudantes trabalhadores, sendo esta classe a mais

negligenciada no acesso às Universidades (SOBRINHO, 2010). Cabe ressaltar

também que a quantidade de estudantes trabalhadores é pequena, o que pode ser

consequência do publico ser jovem, considerando-se os altos índices de

desemprego da população de 14 a 24 anos (IPEA apud CRISTALDO, 2017).

Apenas 5% dos estudantes tem filhos, conforme resultados da questão treze.

Destes estudantes com filhos, 50% são do grupo MBA, 25% do grupo MPPI e os

outros 25% do grupo HPPI. Porém, como a quantidade de estudantes com filhos é

muito pequena, é difícil afirmar algo a partir destes dados, visto que não é possível

observar um padrão.

FIGURA 07: Quantidade de estudantes trabalhadores com assinatura em Carteira

Trabalhista

Na décima quarta questão, as horas disponíveis para estudo fora do Cursinho

são questionadas, e foi observado que há a predominância de até 10 horas

0%

20%

40%

60%

80%

Homens Pretos,Pardos ouIndígenas

Homens Brancosou Amarelos

Mulheres Pretas,Pardas ouIndígenas

MulheresBrancas ouAmarelas

Geral

Com carteira assinada Sem Carteira assinada Sem resposta

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28

semanais (31%), seguido de estudantes que possuem de 10 a 20 horas semanais

para estudo (28%) e por alunos com 20 a 40 horas disponíveis semanalmente para

o estudo (Figura 08). Ao analisar o gráfico, é possível verificar que há diferenças

marcantes em relação à quantidade de tempo disponível para estudo em cada

grupo, o mais prejudicado sendo o MPPI, que tem a maioria de suas estudantes

dispondo de apenas até 10h semanais para estudos. Isto pode estar relacionado

com a questão do trabalho doméstico, amplamente atribuído às mulheres (FRANÇA

e SCHIMANSKI, 2009) e trabalhado também na questão dezessete (Gráfico 12),

onde fica clara a diferença entre homens e mulheres neste quesito dentro da

população estudada neste trabalho.

FIGURA 08: Quantidade de horas disponíveis para estudo fora do Cursinho Popular

Ao serem questionados sobre seus hábitos atuais de estudo na pergunta

quinze, o hábito mais citado pelos estudantes é o de estudar em casa enquanto

fazem outras coisas (47% das citações), seguido por 26% de menções do hábito de

estudar fazendo apenas isto em casa (FIGURA 09). Porém, ao responderem como

gostariam de estudar na pergunta dezesseis, as respostas são diferentes,

demonstrando que estudar em locais apropriados para isto, como bibliotecas, teve

53% das menções dos alunos, e estudar fazendo apenas isto em casa teve 22% das

menções (Figura 10). Como a maioria dos estudantes citou a vontade de estudar em

locais apropriados para isto, é de se questionar o porque de não estudarem.

Primeiro tem a questão das horas disponíveis para estudo. Como a maioria dispõe

de pouco tempo para estudo, a ida até algum lugar se torna inviável visto que se

0%

10%

20%

30%

40%

50%

até 10h 10h - 20h 20h - 40h 40h - 60h mais de 60h Sem Resposta

Homens Pretos, Pardos ou Indígenas Homens Brancos ou Amarelos

Mulheres Pretas, Pardas ou Indígenas Mulheres Brancas ou Amarelas

Geral

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29

perderia muito tempo. Acabam estudando em casa, e muitas vezes enquanto

realizam outras atividades. Junto a isso, podemos analisar no site da Secretaria da

Cultura de São Paulo que na região da subprefeitura São Mateus, aonde se inserem

dois dos Cursinhos estudados, não existe nenhuma biblioteca publica, há apenas

um ponto de leitura em toda a região, que tem uma área de 45,8km². Já na região da

subprefeitura de Itaquera, onde se localizam os outros dois Cursinhos, são

encontradas apenas duas bibliotecas e um ponto de leitura, sendo que a área

abrangida tem 54,3km². Ou seja, pelo menos no que diz respeito à bibliotecas e

pontos de leitura, não há locais de fácil acesso para estes estudantes,

principalmente considerando que a maioria já não dispõe de muito tempo para se

dedicar aos estudos.

FIGURA 09: Menções de hábitos de estudo atuais

Ao serem questionados sobre os empecilhos aos estudos na questão

dezessete, muitos estudantes marcaram mais de uma alternativa (Figura 11). Estes

talvez sejam os dados mais reveladores do trabalho. Ainda assim, 21% dos

estudantes não mencionaram nenhum empecilho, o que sugere que eles não

identificam grandes dificuldades na sua rotina de estudos. Porém, o empecilho mais

mencionado pelos estudantes no geral foi “cuidados com a família” (19%), mesmo

que a sua grande maioria seja composta por jovens que não tem filhos. O segundo

empecilho mais mencionado foi o trabalho doméstico (16%), seguido do transporte

(12%). Ao analisar os dados dos quatro grupos (HPPI, HBA, MPPI, MBA), nota-se

uma discrepância de respostas entre os grupos e com os dados gerais (Figura 12).

47%

27%

2%

7%

3%7%

1%

6%

em casa enquanto façooutras coisasfazendo apenas isto emcasano trabalho

no transporte publico

na casa de colegas

em local para estudos (ex.:biblioteca)Sem Resposta

outro

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30

Como se pode observar no gráfico, o grupo que menciona menos empecilhos

é o HBA, sendo também o grupo que tem maior acesso aos cursos de ensino

superior com maior retorno financeiro e, consequentemente, mais concorridos no

vestibular (LAVINAS, 2001). Porém, o fator “situação financeira” foi o mais

mencionado como empecilho por este grupo, demonstrando que o grupo mantem a

característica de classe popular, corroborando a hipótese da possibilidade e da

necessidade de construção de Educação Popular nestes espaços. Além disso, a

ausência de respostas pode também significar uma falta de consciência em relação

aos empecilhos, e não a ausência dos empecilhos em si. Já em relação ao grupo

MPPI pode-se observar que o empecilho mais mencionado é o trabalho doméstico,

conforme citado previamente. Um grupo que majoritariamente tem até 10h semanais

disponíveis para os estudos e aonde é presente na maioria das realidades das

mulheres o trabalho domestico como empecilho para estudar trás um panorama

passível de estudos relacionados à desigualdade de gênero.

FIGURA 10: Menções de hábitos de estudo desejados

FIGURA 11: Menções de empecilhos para o estudo

11%

21%

0%

0%

10%51%

2% 5%em casa enquanto façooutras coisasfazendo apenas isto em casa

no trabalho

no transporte publico

na casa de colegas

em local para estudos (ex.:biblioteca)

16%

19%

4%

8%12%

16%

21%

1% 2% 1%trabalho doméstico

cuidados com a família

trabalho

escola

situação financeira

transporte

Sem Resposta

Lazer

Preguiça

Doença

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31

Por fim, lhes foi perguntado na pergunta dezoito qual era o objetivo de

frequentar o cursinho. Alguns alunos marcaram mais de uma alternativa, mas as

respostas ficaram bem divididas entre se preparar para o vestibular (45%) ou se

preparar para o ENEM para participar de programas de ingresso ao ensino superior

(42%). Se preparar para um concurso corresponde a 8% das menções, se preparar

para o ENEM por motivos não relacionados ao ensino superior corresponde a 2% e

se capacitar, se preparar para a ETEC e ter conhecimento correspondem a 1% das

menções cada. Nenhum estudante respondeu algo diferente na alternativa “outros”,

o que demonstra que a finalidade básica esperada pelos alunos destes Cursinhos é

o ingresso no ensino superior.

FIGURA 12: Menções de empecilhos para o estudo por grupo

Portanto, observa-se que a configuração geral deste público se caracteriza da

seguinte forma:

• Maioria jovem (82% - 14 a 18 anos e 15% - 19 a 24 anos);

• 73% são mulheres;

• 67% são pretos ou pardos;

• 62% já concluíram o ensino médio;

• 91% ingressaram no ensino médio com idade entre 14 e 18 anos;

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

Homens PPI Homens BA Mulheres PPI Mulheres BA Geral

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32

• 82% dos estudantes não trabalham;

• 33% dos trabalhadores possuem carteira assinada;

• 5% dos estudantes tem filhos;

• 97% tem interesse no Cursinho Popular como auxílio para ingresso no ensino

superior.

A partir da análise destes dados, é possível traçar um perfil geral dos

estudantes e perceber algumas demandas necessárias ao exercício de elaboração

de projetos pedagógicos e planos de ensino em cursinhos populares. Algumas

dessas demandas podem não ser passiveis de serem contempladas na prática

pedagógica de cursinhos pré-vestibulares, o que não dispensaria o fomento de

contextos de reflexões por parte dos estudantes. Os empecilhos referentes ao

trabalho domestico, ou a cuidados com a família, por exemplo, talvez possam ser

sanados com reflexões em relação às questões de gênero e raça previamente

apresentadas (SOARES, 2000; FRANÇA e SCHIMANSKI, 2009), de modo que

possam mudar as atitudes e as relações domésticas das famílias. Porém, não se

pode afirmar que isso seja uma solução, pois cada individuo terá sua realidade

vinculada a sua história e, portanto, não há uma solução una para todos os

estudantes. Por isso, é importante para a possível ampliação do potencial de

aprendizado dos estudantes, trabalhar os Cursinhos Populares como um ambiente

de mobilização política, de desconstrução de ideias, de reconstrução de

personalidades, de organização coletiva. Para que estes estudantes, a partir destas

reflexões, olhem para si e observem as resistências diárias que exercem, todos os

empecilhos que enfrentam apenas por estarem frequentando um Cursinho Popular e

o que isto significa dentro da lógica opressora na qual vivem.

A partir desta análise, que é fruto da integração entre a educação e outras

“ferramentas” politicas, o sujeito se vê como integrante de um grupo e pode observar

um maior potencial em transformações, tanto no nível doméstico - podendo sanar

alguns dos empecilhos já citados, quanto no nível estrutural - incentivando a luta

pelo acesso ao ensino superior e a união da classe (FREIRE, 1989). Assim, é

possível ir contra a educação descrita por Mészaros (2008) como internalizadora do

processo capitalista, e seguir a ideia de Brandão (2006) de Educação Popular como

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33

uma educação que subverte as relações impostas por este processo e tem como

objetivo fortalecer o poder popular.

Este trabalho, por fim, permite conhecer melhor as características gerais dos

estudantes destes Cursinhos, assim como sugere quais subjetividades

complementam este todo que foi traçado pelo perfil. A questão das horas de estudo,

por exemplo, são um problema marcante para os estudantes. Talvez um Cursinho

que oferecesse uma biblioteca e um local apropriado para estudos durante a

semana seria de extrema importância, devido ao curto tempo disponível e a

ausência destes locais na região. Ainda assim, podem surgir empecilhos como o

trabalho, a escola, o transporte e, até mesmo, como foi discutido, preconceitos por

questões de raça ou de gênero. Portanto, não basta apenas buscar classificar os

estudantes como um grupo, mas também salientar a necessidade de se conhecer

estes indivíduos e suas historias para que a Educação Popular se dê junto com eles,

e não apenas para eles (BRANDÃO, 2006). É necessário, de fato, se integrar e

compor um coletivo junto a estas pessoas para se fazer Educação Popular (Freire e

Nogueira, 1989). Sendo assim, é de suma importância conhecê-las e reconhecer os

desafios que as direcionam ou que as impossibilitam no seu cotidiano.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os principais dados encontrados neste trabalho se referem à composição do

alunado de Cursinhos Populares da Zona Leste, que se diferencia da composição do

corpo discente do ensino superior brasileiro. A forte presença de uma maioria

composta por mulheres negras demonstra uma população buscando ascensão e

conquista de territórios negados a ela por barreiras sociais, como a discriminação de

gênero e de raça, a estratificação de classe e o vestibular.

Mulheres, no geral, estão presentes em grande maioria no alunado. A

questão de gênero fica nítida nos resultados, ao observar padrões muito diferentes

na comparação entre as respostas de homens e mulheres, assim como na

comparação entre mulheres ou homens negros e mulheres ou homens brancos. É

possível identificar demandas específicas na ordem de gênero ou cor/raça, que

demandam estudos aprofundados e específicos.

Há poucos estudantes que trabalham ou que tem filhos, porém, no geral,

pode-se dizer que a população estudada neste trabalho enfrenta empecilhos

diversos no que diz respeito aos estudos preparatórios para a prova do vestibular. A

questão dos cuidados com a família é muito presente no que concerne às estes

empecilhos para os estudantes no geral, porém cada grupo tem suas

especificidades (por exemplo, as mulheres pretas, pardas ou indígenas citam com

frequência alta o trabalho domestico como um empecilho, o que não ocorre em

outros grupos com tanta intensidade).

Este estudo teve o intuito de ser um levantamento de dados sobre esta

população, introduzindo análises sobre os dados mas, principalmente, observando

padrões para promover o levantamento de questões de importância em relação ao

público com o qual os Cursinhos Populares da Zona Leste de São Paulo estão

lidando e que baseia a construção da Educação Popular nestes territórios.

Dentro da perspectiva da Educação Popular como forma de luta e de

desenvolvimento de ferramentas para a classe trabalhadora na luta de classes, se

faz importante o reconhecimento dos sujeitos constituintes desta construção coletiva

como grupo. Porém, como o grupo é formado por indivíduos históricos, a abordagem

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individual para unir os dados e observar os padrões foi a forma utilizada para fazer

um reconhecimento geral deste alunado.

Por fim, este é um trabalho introdutório, que propõe uma tomada de

consciência em relação aos indivíduos que constroem os Cursinhos Populares e

chama os membros acadêmicos interessados para o que deve ser um olhar

profundo e atencioso para este publico, a fim de construirmos uma Educação

Popular com mais respeito e coerência e, consequentemente, de maior qualidade.

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ANEXO I

Questionário Para Aplicação nos Cursinhos Populares

1) Qual é o seu gênero: ( ) homem ( ) mulher ( ) outro: _______________________________________________________ 2) Qual é a sua cor ou raça? ( ) branca ( ) preta ( ) amarela ( ) parda ( ) indígena ( ) outro: _______________________________________________________ 3) Qual é a sua orientação sexual? ( ) heterossexual ( ) homossexual ( ) bissexual ( ) outra: _______________________________________________________ 4) Qual é a sua idade? ( ) menos de 14 anos ( ) 14-18 anos ( ) 19-25 anos ( ) 25-35 anos ( ) 35-45 anos ( ) 45-55 anos ( ) 55-65 anos ( ) acima de 65 anos 5) Você cursou ou cursa o ensino médio? ( ) sim ( ) não 6) Com quantos anos você ingressou no ensino médio? ( ) menos de 14 anos ( ) 14-18 anos ( ) 19-25 anos ( ) 25-35 anos ( ) 35-45 anos ( ) 45-55 anos ( ) 55-65 anos ( ) acima de 65 anos

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( ) ainda não ingressei 7) Com quantos anos você concluiu o ensino médio? ( ) menos de 14 anos ( ) 14-18 anos ( ) 19-25 anos ( ) 25-35 anos ( ) 35-45 anos ( ) 45-55 anos ( ) 55-65 anos ( ) acima de 65 anos ( ) ainda não concluí 8) Quanto tempo você demora pra chegar até o cursinho? ( ) até 30 minutos ( ) de 30 minutos a 1 hora ( ) 1-2 horas ( ) 2-3 horas ( ) mais de 3 horas 9) Quais meios de transporte você utiliza para chegar até o cursinho? (pode marcar mais de uma resposta) ( ) a pé ( ) bicicleta ( ) ônibus ( ) trem ( ) metrô ( ) automóvel ( ) outro: _______________________________________________________ 10) Você trabalha? ( ) sim ( ) não 11) Se sim, quantas atividades remuneradas você exerce? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) mais de 3 12) Uma ou mais dessas atividades tem registro em Carteira de Trabalho? ( ) sim ( ) não

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13) Caso trabalhe, quantas horas semanais são gastas com o trabalho (incluindo transporte)? ( ) até 20 horas ( ) de 20 a 40 horas ( ) de 40 a 60 horas ( ) de 60 a 80 horas ( ) de 80 a 100 horas ( ) mais de 100 horas 14) Você tem filhos(as)? ( ) sim ( ) não 15) Quantas horas semanais, em média, você tem disponíveis para estudo fora do cursinho? ( ) até 10 horas ( ) de 10 a 20 horas ( ) de 20 a 40 horas ( ) de 40 a 60 horas ( ) mais de 60 16) Onde/como você costuma estudar? ( ) em casa enquanto faço outras coisas ( ) fazendo apenas isto em casa ( ) no trabalho ( ) no transporte público ( ) na casa de colegas ( ) em local para estudos (ex.: biblioteca) ( ) outro: _______________________________________________________ 17) Onde/como você gostaria de estudar? ( ) em casa enquanto faço outras coisas ( ) fazendo apenas isto em casa ( ) no trabalho ( ) no transporte público ( ) na casa de colegas ( ) em local para estudos (ex.: biblioteca) ( ) outro: _______________________________________________________ 18) Assinale todas as alternativas que descrevam coisas que dificultam frequentar o cursinho: ( ) trabalho doméstico ( ) cuidados com a família ( ) trabalho ( ) escola ( ) situação financeira

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( ) transporte ( ) outro: _______________________________________________________ 19) Qual é seu objetivo ao frequentar o cursinho? ( ) se preparar para o vestibular ( ) se preparar para um concurso ( ) se preparar para o ENEM para participar dos programas de ingresso ao Ensino Superior ( ) se preparar para o ENEM por motivos não-relacionados ao ingresso ao Ensino Superior (certificação do ensino médio, por exemplo) ( ) outro: _______________________________________________________