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Conhecendo a História de São João da Barra

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Page 1: Conhecendo a História de São João da Barra · Em 1644, a capela de São João Batista é erguida por Lourenço e seus companheiros, sendo reconhecida pelo prelado de D. Antô-nio

Conhecendo a História de São João da Barra

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Projeto de Extensão da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF

CoordenaçãoAlcimar das Chagas Ribeiro

Professor do Laboratório de Engenharia de Produção

Bolsistas Universidade AbertaDébora Longue; Chrisson Monteiro; Francisco de Assis Moreira

AgradecimentosPró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários da UENF

Darcy Ribeiro - UENF

Pró-Reitor de ExtensãoPaulo Roberto Nagipe da Silva

Ficha TécnicaFotografias: Ramon Mulin

Pinturas: Wilton Mallet

DesignerJohn Luan Gomes

São João da Barra, janeiro de 2014

Conhecendo a História de São João da Barra

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Prédio do século XIX: Peixe FritoFonte: Wilton Mallet

Para pensar melhor o futuro da nossa cidade, precisamos tomar conhecimento do passado e do presente.

Prédios do Executivo e Legislativo MunicipalFonte: Ramon Mulin

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Porém primeiro vamos mostrar alguns aspectos geográficos e econômicos:

São João da Barra localiza-se no Estado do Rio de Janeiro, na Região Norte Fluminense, a 300 km da capital, cidade do Rio de Janeiro. Segundo o censo do IBGE de 2010, o município contabiliza uma população de 32.767 habitantes e a estimativa para 2013 é de 33.951 habitantes. A área da unidade territorial em km2 é de 455,044, com uma densidade demográfica (hab/km2) de 71,96. A cidade fica na parte mais baixa da planície Goitacá, seis metros acima do nível do mar. Situa-se a 39,9 km do município de Campos dos Goytacazes, limitando ao Norte com o município de São Francisco de Itabapoana; ao Sul e a Oeste com o município de Campos dos Goytacazes e a Leste com o Oceano Atlântico. A economia contabilizou um Produto Interno Bruto (PIB) em 2011, segundo o IBGE, de R$ 5.961.440 mil, distribuídos em 0,39% na agropecuária; 88,25% na indústria e 10,15% no setor de serviços. O PIB per capita neste ano foi de R$ 179.908,25 e o Índice de Desen-volvimento Humano Municipal (IDHM) de 0,671 em 2010, segundo o PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

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Aspectos Históricos

Antes do descobrimento, os índios Goitacá ocupavam o território entre o Rio Paraíba do Sul e o Rio Macaé, junto com outras tribos como a dos nômades Puri. A história do município de São João da Barra começa quando Portugal resolve voltar seus olhos para o Brasil, depois de ter deixa-do essas terras por muitos anos entregue à sanha de exploradores de outros países, especialmente piratas franceses e ingleses que exploravam pau-brasil e outras preciosidades. Tem-se o inicio da divisão do território em capitanias hereditárias e doação a seus fidalgos. O Fidalgo Pero de Góis da Silveira recebeu por doação de D. João III a capitania da Paraíba do Sul (ou São Tomé), com 30 léguas de costa, habitada por indígenas, entre as capitanias do Espírito Santo e São Vicente. Depois de uma viagem pelo litoral de suas terras, Pero de Góis se estabeleceu ao Sul do Rio Itabapoana, onde ergueu uma povo-ação na Barreira do Retiro, a Vila da Rainha. Em Vila da Rainha Góis pensou em produzir açúcar, produto que alcançava alto preço na Europa. Não deu certo. Os Goitacá, que durante algum tempo se mantiveram como pacíficos observadores, eventualmente colaborando com o donatário, entraram em choque com os invasores, que quiseram submetê-los a trabalho escravo, e durante uma viagem de Pero de Góis a Portugal em busca de sócios e capitais, arrasaram a Vila e a plantação. Pero ainda tentou reativar a engenhoca, rio acima, mas depois de nova investida dos Goitacá e de uma luta que durou cinco anos com os indígenas, voltou para Portugal, em 1548.

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Aspectos Históricos [2]

Na sua ausência, aventureiros ingleses se estabeleceram no local, unindo-se aos índios. Após a expulsão dos invasores, Gil, filho de Pero de Góis, associado a João Gomes Leitão, tentou retomar a produção de açúcar, erguendo uma povoação na foz do rio Itapemirim, a Vila de Santa Catarina (Das Mós), mas os conflitos com os índios recomeçaram - mais uma vez por questões de maus tratos e escravização - e a Vila foi novamente destruída. Em 1619, Gil de Góis renunciou aos direitos hereditários e devolveu a capitania à Coroa. Termina aí a primeira tentativa de explorar economicamente as terras sanjoanenses. Bem! A cidade de São João da Barra, antes mesmo de ser elevada à categoria de cidade, teve outras classificações, como: povoado, vila etc. A cidade foi constituída por pessoas simples. Naquela época era mais conhecida ou chamada de Vila de Pescado-res. As terras da cidade eram muito férteis, podendo produzir açúcar, café, farinha de mandioca etc. E com isso a população, durante muitos anos, teve sua renda e seu capital voltados para a pesca e a agricultura. Em 1622, na margem direita do delta do rio Paraíba do Sul surgiu um povoado liderado por Lourenço do Espíri-to Santo, um pescador e comerciante de artigos de pesca, morador de Cabo Frio, acompanhado de outras 30 famílias de pescadores que se estabeleceram na foz do rio Paraíba do Sul, atraídos pela pesca fácil e abundante da região.

Tipo de embarcação da épocaFonte: Wilton Mallet

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Em 1627 floresce a Pecuária

Na ponta sul do município, os sete capitães - Gonçalo Corrêa de Sá, Manoel Corrêa, Duarte Corrêa, Miguel Ayres Maldonado, Antônio Pinto, João de Castilho e Miguel Riscado - parceiros de Portugal na luta contra os índios em São Paulo, ganharam terras que iam do rio Macaé ao Iguaçu. No local foram espalhados currais de criação de gado para comercialização, quando houve o cerca-mento no início do século XVII. Antes os cuidadores de gado, em função da baixa remuneração, permitiam que muitas reses fugissem para a mata, o que deu origem ao termo "gado de vento" no período anterior à organização da pecuária na cidade. O gado foi introduzido em São João da Barra para subsidiar os engenhos de cana, gerando alimentos, transporte e força propulsora para as moedas. Em 1630, nas águas revoltosas e volumosas de sua foz, afogou-se a mulher de Lourenço. Ele então juntou o povo e subiu o rio, instalando um novo arraial no local mais alto, a quatro quilômetros da foz, que se chamou São João do Paraíba do Sul. Em 1644, a capela de São João Batista é erguida por Lourenço e seus companheiros, sendo reconhecida pelo prelado de D. Antô-nio de Maris Loureiro. O povoado é elevado à categoria de Vila em 1676 quando a população era de aproximadamente 30 pessoas, passando a se chamar Vila de São João da Praia.

Terras usadas para pecuáriaFonte: Ramon Mulin

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Capela de São João Batista

Igreja Matriz na atualidadeFonte: Ramon Mulin

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A Construção Naval

O mar e o rio possibilitaram a pesca e depois as atividades portuárias. Os portugueses plantaram cana até onde o terreno permitiu, a seguir criaram o porto para exportar o açúcar. A movi-mentação portuária de São João da Barra esteve ligada, desde a circulação de suas primeiras embarcações, ainda no século XVIII, aos portos de Salvador, primeiramente, e depois aos do Rio de Janeiro, Recife e Santos. Transportando a produção açucareira de Campos, as pipas de aguardente do interior de Minas Gerais e também da própria Campos e, no século XIX, o café produzido em São Fidélis e em Cantagalo, bem como suas próprias mercadorias - gado e açúcar - o porto de São João da Barra foi responsável direto pelo florescimento da cidade. Esta chegou a ter seis estaleiros instalados de construção naval, três vice-consulados no século XIX (Grã-Bretanha, Portugal e Países Baixos). O inicio da construção naval que se estenderia durante século e meio na cidade atraiu um fluxo considerável de pessoas para o trabalho nos estaleiros, fazendo com que a cidade começasse a experimentar um surto de prosperidade, gerando empregos, fazen-do a riqueza de muitos e alavancando a construção civil, com o aparecimento de sobrados e casas em profusão para atender à demanda de uma população que passaria a viver em função da construção naval e das navegações fluvial e marítima.

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A Evolução da Cidade

O porto surge na cidade e começa a se desenvolver. Passa a ser frequentado por embarcações que transportavam a produção do Norte/Noroeste Fluminense como o açúcar, café, madeiras, couros, aguardente, carne e peixes salgados, queijo, farinha de mandioca e aves para Mercado Nacional. Por tão expressivo desenvolvimento econômico, fazendo com que a pequena cidade de São João da Barra rapidamente se transfor-masse a partir da construção de barcos destinados ao transporte do açúcar e da aguardente, fez-se imprescindível criar, por parte do Ministério da Marinha, uma delegacia da Capitania dos Portos da corte em São João da Barra, no ano de 1847, com a finalidade de disciplinar o trânsito de embarcações e afugentar os contrabandis-tas que começaram a infestar a região com o tráfico de escravos, principalmente após a edição da Lei Euzébio de Queiroz, de 1850. Essa evolução muda o comércio que cresce fortemente, trazendo melhoria de vida para a população.

Prédio do cinema da épocaFonte: Ramon Mulin

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As Visitas do Imperador em Nossa Terra

Três vezes o Imperador D. Pedro II pisou em terras Sanjoanenses: em 1847, em 1875 e em 1878. Nas duas primeiras visitas, a cidade teve a honra de hospedar o ilustre monarca. Na última, porém, sua Majesta-de somente visitou a atual localidade de Barcelos Cordeiro, depois agraciado com o título de Barão de Barcelos, então presidente da Companhia Agrícola de Campos; a “Usina Central de Barcelos”.

A primeira visita do Imperador A segunda visita Imperial

Em 1847, quando da primeira visita Imperial, governava a então Vila de São João da Praia o major José Alves Rangel, futuro Barão de São João da Barra, que nomeou uma comissão, composta de pessoas de relevância social, para organizar os preparati-vos da recepção que se faria ao Imperador.E com isso no ano de 1847 o porto é visitado pelo Imperador Dom Pedro II, que impressionado com a sua movimentação elevou a Vila à cate-goria de cidade com o nome de São João da Barra em 17 junho de 1850.

Em 15 de julho de 1875, novamente o Imperador D. Pedro II visitou a cidade, com numerosa comitiva. Acompanhavam-no, dessa vez, a Imperatriz Teresa Cristina; o Conde D’Eu, seu genro, marido da Princesa Isabel, e outras destacadas personal-idades.

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A Inauguração da Usina Barcelos

Em 23 de novembro de 1878, foi inaugurada a Usina de Barce-los. Foi graças a um crédito aberto pelo Governo Imperial em decreto assinado pela Princesa Isabel, regente do Império, em setembro de 1876, que a Companhia Agrícola de Campos, cujo presidente era o futuro Barão de Barcelos, pôde realizar aquela obra de tão grande vulto: a segunda usina, no gênero, levantada na Província Fluminense e a quarta no Brasil. Depois de minucioso exame, Sua Majestade significou ao Dr. Domingos Alves de Barcelos Cordeiro e aos demais membros dire-tores da Usina a sua satisfação pela realização de tão importante estabelecimento. Na ocasião da inauguração, foi dado de presente às suas Majestades um livro em forma de álbum, tendo no centro a Coroa Imperial e dos lados as palavras Usina Barcelos. Diz a tradição oral que, ao se despedir; D. Pedro II dirigiu-se ao D. Barcelos Cordeiro, com a saudação: “- Adeus, Barão de Barce-los!” Era, evidentemente, uma promessa, que se concretizaria poucos meses depois, em 19 de julho de 1879, quando o Imperador o honrou com esse titulo nobiliárquico. No final do século XX a Usina foi adquirida pelo Grupo Othon, sendo desativada em 2009.

Imagem recente da Usina de Barcelos desativada

Fonte: Jornal Ururau

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A Inauguração do Telégrafo em São João da Barra

O telégrafo foi inaugurado na cidade em 02 de abril de 1870.O telégrafo foi inicialmente instala-do na residência do subdelegado de policia, Sr. Luiz Gomes Moreira e Souza, cujo espaçoso salão fora escolhido pelo Dr. Capanema para fazer o primeiro trabalho telegráfico.O primeiro telegrama foi endereçado ao Imperador pela Câmara Munici-pal.No dia 22 do corrente, teve lugar a colocação do cabo submarino em frente à praça do Aquidabã e no dia seguinte ultimou-se esse importante trabalho pelo rio Muritiba, assistin-do a todo o serviço o Sr. Dr. Capane-ma e o Sr. Alvarenga.

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A Companhia de Navegação

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A Companhia de Navegação São João da Barra e Campos domi-nava o movimento de cargas e passageiros no baixo Paraíba, man-tendo linhas de cabotagem para o Rio de Janeiro e para outros portos nacionais. A companhia contava com um estaleiro voltado para a construção e reparos em navios próprios ou de estaleiros. Quanto ao estaleiro da Companhia, tratava-se do maior estabe-lecimento do ramo em toda a região e situava-se à margem do rio, contíguo ao local onde hoje está a caixa d’água da Cedae. Por ali construíam-se barcos de certo porte para época, mas poucos navios. A tradição local até hoje repete que ali chegaram a ser produzi-das algumas das barcas que durante muito tempo atravessaram a Baía de Guanabara, entre Rio e Niterói.

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A Crise das Empresas Navais e da Navegação Sanjoanense

O porto naquela época tinha uma frequência que era de “70 navios à vela e 4 vapores quinzenais”. Parecia que a cidade tinha uma atividade sólida que só tendia a prosperar. Na verdade, sob a aparência de prosperidade, surgiam inequívo-cos sinais de decadência que viria a transformar o local numa cidade fantasma. O porto tinha sérios problemas, causados pela instabilidade da barra, cujo canal navegável era constante e subita-mente alterado pelo assoreamento do rio, exigindo a presença de práticos experimentados. A situação era ameaçadora, porém as pessoas não se uniam para defender sua principal fonte de renda. Falava mais alto o interesse político no desenvolvimento de trans-portes alternativos como a estrada de ferro e o canal hidroviário ligando Campos a Macaé. As dificuldades por que passava o porto sanjoanense, exigindo constantes dragagens do leito do rio, não estavam entre as preocu-pações dos políticos locais e muito menos da população, mais volta-da para festas, saraus literários, concertos, temporadas de compan-hias teatrais, recitais de bandas de musica e denúncias de jogatinas. Mas o município não tinha um líder político de expressão volta-do para a defesa de seus interesses. Teve início a crise da construção naval em São João da Barra e sua evolução foi sentida mais forte-mente em 1896, vez que ali chegava o ramal ferroviário da estrada de ferro Campos a Macaé, pertencente à E.F. Leopoldina, ligando a cidade de São João da Barra à zona de produção do açúcar.

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A Crise das Empresas Navais e da Navegação Sanjoanense [Parte 2]

O século XX prenunciava o declínio do movimento portuário do rio Paraíba do Sul, pois notadamente alguns estaleiros haviam deixado de existir, gerando desemprego e consequentemente falta de perspectivas de progresso para a cidade. A economia torna-se incipiente, com fuga do capital em direção aos centros mais próxi-mos e movimentados. Antes polo econômico e cultural com diver-sas associações musicais e grupos teatrais, o município logo se transforma, tendo inicio um longo período de recessão, que só não foi pior graças ao funcionamento da indústria de bebidas. Mas apesar de todos os problemas pelo qual o porto passava, um dos principais motivos para a falência do porto foi a chegada do ramal ferroviário, pois ele era mais rápido e seguro e com isso as pessoas foram deixando de lado o canal hidroviário até que o porto naufragou de vez, deixando os moradores da cidade desorientados e com isso os empreendedores e dinâmicos partiram para as cidades de Vitória- ES e Niterói- RJ. Permaneceram na cidade somente os acomodados e os que haviam conseguido emprego na indústria que surgiu, a do conhaque de alcatrão, e na fabricação caseira, artesanal, do palhão, embalagem feita de tábua para litros e garrafas de bebi-das antes do surgimento do plástico. E com isso, durante muitos anos a pesca artesanal e a indústria de conhaque de alcatrão ficaram sendo a fonte econômica da cidade.

Estrada Ferroviária Fonte: Wilton Mallet

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A Indústria de Bebidas

Em 1908, por iniciativa do grande empreendedor Joaquim Thomás de Aquino Filho, foi criada a fábrica deconhaque de alcatrão absorvendo parcela razoável do contingente de trabalhadores do município, muitos deles provenientes da decadente atividade da construção naval. Inicialmente o conhaque era chama-do de “conhaque de alcatrão da Noruega”, depois de “conhaque de alcatrão de São João da Barra”.

A indústria de BebidasFonte: André Pinto

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A primeira visita do Imperador

Abertura de Novas Fábricas

Em 1939 foi fundada a fábrica de farinha de mandioca, que chegou a utilizar oito caminhões e empregou cerca de 350 operários. Em Gargaú, havia a famosa feira semanal que comercializava produtos hortifruti-granjeiros de toda a região, que sustentou muitas famílias.

Em 1961, Dirceu da Graça Raposo cria a TECEX Fiação e Tecelagem com os seus irmãos, para produzir fios e tecidos de algodão para a praça de São Paulo. Na década de 80 a empresa enfrentou dificuldades que evoluíram quando o governo Collor abriu o mercado brasileiro às impor-tações asiáticas. Em 1994 faleceu o fundador, Dirceu Raposo, substituído na direção pelo filho Marcos Raposo. Em 2008, a empresa encerrou suas atividades.

Fábrica de Farinha de Mandioca Fábrica TECEX (Fiação e Tecelagem)

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Emancipação de São Francisco de Itabapoana

Enquanto floresceram as atividades portuárias, as duas partes do município separadas pelo Rio Paraíba do Sul se mantiveram unidas. A ausência de uma ponte - de difícil construção, graças a sua extensão -, a falta de um objetivo econômico e de uma estrada a unir as duas cabeceiras tornou a ligação entre elas muito frágil. O transporte de cargas entre as duas partes era feito por via fluvial, em pranchas, botes e canoas. Os administradores municipais da parte norte só vinham à parte sul, na sede administrativa, para resolver problemas fiscais ou jurídicos. A comunicação entre os lados se reduziu a esse mínimo, cuja execução dependia de viajar até Campos para tomar um trem ou ônibus para a cidade de São João da Barra ou enfrentar a forte correnteza do Paraíba, que se tornava um sério risco nas épocas das grandes cheias. Então, no dia 18 de Janeiro de 1995, o governador Marcelo Alencar sancionou a lei n° 2379/95, que cria o município de São Francisco de Itabapoana, a ser desmembrado do município de São João da Barra.

Rio Paraíba do Sul: divisor entre São João da Barra e São Francisco

Fonte: Ramon Mulin

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A Ascensão da Economia Regional

Em 1953, o Brasil descobriu petróleo e já em 1975, foram perfura-dos apenas sete poços antes da desc-oberta de petróleo na Bacia de Campos. O poço pioneiro 1- RJS-9-A, situ-ado em lâmina d’água de 100 metros, que deu origem ao Campo de Garou-pa, que inaugurando a produção de óleo e gás da maior bacia Petrolífera do País. Como as primeiras descobertas ocorreram em águas consideradas rasas, em torno de 100 metros, as primeiras plataformas construídas eram do tipo fixas, que consistem em jaquetas assentadas no fundo do oceano.

A Descoberta do Petróleo na Bacia de Campos dos Goytacazes

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A Tecnologia das Primeiras Plataformas

Por se tratar de uma atividade pioneira, não havia, no País, tecnolo-gia disponível para o desenvolvi-mento da Bacia de Campos. As primeiras plataformas para o Nord-este tiveram que ser construídas no exterior, com o acompanhamento de técnicos Brasileiros. Com o objetivo de transferir tecnologia, a Petrobras decidiu construir no Brasil as primeiras grandes estruturas da Bacia de Campos, para águas a cerca de 100 metros de profundidade, na época ainda considerada profundas.

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A Bacia de Campos e a indústria internacional

O Inicio da Produção na Plataforma Continental

A produção comercial de petróleo na Bacia de Campos começou em agosto de 1977, no poço 3-EM-1RJS, com vazão de 10 mil barris/dias, no campo de Enchova, onde foi instala-do um sistema de Produção Anteci-pada (SPA) sobre uma plataforma flutuante.

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Na atividade de exploração, o índice de sucesso de poços pioneiros (primeiro poço em uma estrutura) na Bacia de Campos é um dos mais elevados no mundo, atingindo na média do período 1970/2002 cerca de 33%, o que significa uma descoberta de petróleo em cada três poços perfurados.

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A Trajetória do Porto do Açu: Grandes Expectativas

À frente da Secretaria de Energia, Indústria Naval e Petróleo do Rio de Janeiro em 1999, o então secretário Wagner Victer foi o responsável pelas ações que geriam a concepção inicial de um novo Terminal Portuário e de apoio offshore para a Petrobras. A iniciativa se justificava pela importância da Bacia de Campos, responsável naquele momento, por 82% do petróleo produzido no Brasil e, sobretudo, pela necessidade da Petrobras por uma melhor estrutu-ra de apoio offshore, já que o porto de Macaé apresentava condições de saturação. No estágio seguinte, o projeto foi ampliado, visando a movimentação de graneis líquidos e sólidos. Nessa configuração, os potenciais investidores seriam o governo do Estado, um grupo de empresas privadas e a Petrobras, que dividiram um capital de US$ 100 milhões. Este projeto foi apre-sentado em 2000 à sociedade Sanjoanense, quando o mesmo secretário mostrou a sua viabilidade técnica no litoral do município, em função dos estudos de batimetria realizados no litoral da região Norte Fluminense. Com a desistência da Petrobras, o projeto foi redirecionado para movimentação de graneis sólidos, especialmente minério de ferro, cuja atividade estava concentrada no Vale do Rio Doce, que também não demonstrou interesse pelo projeto.

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A Trajetória do Porto do Açu: Grandes Expectativas [2]

Sem os principais investidores, o mesmo projeto foi apresen-tado ao empreendedor Eike Batista, que enxergou uma oportuni-dade para novos investimentos no setor, desenvolvendo, posterior-mente, estudos mais aprofundados sobre a viabilidade operacional do transporte do mineiro da mina para o Porto e, paralelamente, adquirindo as terras onde hoje se desenvolvem as obras do Com-plexo Portuário do Açu. Assim, a pedra fundamental foi instalada em 27 de dezembro de 2006 e as obras iniciadas no final de 2007, com um investimento previsto da ordem de US$ 1,6 Bilhão. Em 2006, existiam 3.994 pessoas trabalhando com carteira assinada no município, segundo o Ministério do Trabalho. Em 1º de janeiro de 2010 esse número passou para 6.383 trabalhadores, ou seja, um crescimento de 59,81% no período. Entretanto, há de se considerar que, dos 2.500 funcionários lotados no Porto, aproxima-damente 60% vêm de outras regiões, fato que leva os mesmos a transferirem parte de suas rendas para suas cidades de origem. Esta primeira fase de construção do porto do Açu apresentou problemas por conta da empresa de petróleo de Eike Batista, que perdeu a confiança do mercado acionário e teve que vender boa parte do seu patrimônio. Uma segunda fase se inicia com a chegada de novas empresas com interesse na conclusão do porto para o escoamento de minério de ferro. O projeto tem como empresas líderes a Anglo American e a EIG Global Energy Partners.

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SÁ, Carlos A. A. "Zériques: Um jornalista político na província fluminense/Carlos AA. De Sá – Rio de Janeiro, Cultura Goitacá,1995.PINTO, João Oscar "Apontamentos para a História de São João Da Barra", Rio de Janeiro, 1974.SÁ, Carlos A. A. "Aspectos culturais Sanjoanenses", Rio de Janeiro, 2009.ACRUCHE, Roberto P. "Apontam-entos para a História de são Fran-cisco de Itabapoana", 1985.PARANHOS, P. "São João da Barra (Apogeu e Crise do Porto do Açúcar do Norte Fluminense"), Rio de Janeiro, 2000. RIBEIRO, Alcimar C. "Economia Norte Fluminense: análise da

Referência Bibliográfica

conjuntura e perspectivas", Campos dos Goytacazes, 2012.Coordenação: Alcimar das Chagas RibeiroBolsistas: Débora Longue; Chris-son Monteiro; Francisco de Assis Moreira.Agradecimentos: Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF.

São João da Barra, novembro de 2013.