conheça o projeto os 50 anos da abraminj abraminj

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revista ABRAMINJ Relatório Executivo Biênio 2016/2018 PARCERIA DO BEM Conheça o projeto #DeclareSeuAmor ESPECIAL XXVI CONGRESSO Confira o evento que marcou os 50 anos da Abraminj APP ABRAMINJ Acesso fácil e rápido para os associados Associação Brasileira dos Magistrados da Infância e da Juventude Abraminj 50 ANOS ABRAMINJ Uma história escrita a várias mãos

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0-0_Capa Revista Abraminj 2018_webPARCERIA DO BEM Conheça o projeto #DeclareSeuAmor
ESPECIAL XXVI CONGRESSO Confira o evento que marcou os 50 anos da Abraminj
APP ABRAMINJ Acesso fácil e rápido para os associados
Associação Brasileira dos Magistrados da Infância e da Juventude
Abraminj
ADMINISTRAÇÃO ABRAMINJ 2016/2018
EXPEDIENTE REVISTA ABRAMINJ
Primeiro Vice-Presidente José Antônio Daltoé Cezar (RS)
Segunda Vice-Presidente Katy Braun do Prado (MS)
Secretário-Geral Haroldo Luiz Rigo da Silva (SE)
Secretária Adjunta Brigitte Remor de Souza May (SC)
Tesoureiro Carlos Magno da Rocha Silva (GO)
Tesoureira Adjunta Valéria da Silva Rodrigues (MG)
Titulares do Conselho Fiscal Luís Carlos Rosa (RS)
Nelson Santana do Amaral (BA) Sérgio Luiz Kreuz (PR)
Suplentes do Conselho Fiscal Maurício Porfírio Rosa (GO)
Lavínia Tupy Vieira Fonseca (DF) Luis Antônio de Abreu Johnson (RS)
Conselho Deliberativo
Guaraci Campos Vianna (RJ) Joenildo de Sousa Chaves (MS)
Jorge Duarte de Azevedo (DF) Jorge Uchôa de Mendonça (RJ)
Libórni Siqueira (RJ) Paulo Afonso Garrido (SP)
Rodrigo Lobato Junqueira Enout (SP) Samuel Alves de Melo (SP)
Tarcísio José Martins Costa (MG) Wladimir Ivanenko (SC)
Membros Eleitos Ana Cristina Borba Alves (SC)
Dalmo Antônio de Castro Bezerra (RO) Humberto Costa Vasconcelos (PE)
Márcio da Silva Alexandre (DF) Marcius da Costa Ferreira (RJ)
Maria Isabel de Matos Rocha (MS) Maria Socorro de Sousa Afonso da Silva (GO)
Odete da Silva Carvalho (PA) Reinaldo Cintra Torres de Carvalho (SP)
Silvana Maria Parfieniuk (TO) Stella Simone Ramos (AP)
Vânia Ferreira de Barros (SE) Vera Lúcia Deboni (RS)
Coordenadores Estaduais Carlos José Limongi Sterse (GO)
Francisco Jaime Medeiros Neto (CE) Giancarlo Bremer Nones (SC)
Graciete Sotto Mayor Ribeiro (RR) Hercília Maria Fonseca Lima Brito (SE)
José Dantas de Paiva (RN) Karla Jeane Matos Carvalho (MA)
Luiz Carlos de Barros Figueirêdo (PE) Marcelo Tramontini (RO)
Maria dos Remédios P. Pedrosa Sarmento (PB) Maria Roseli Gueissman (PR)
Ney Costa Alcântara de Oliveira (AL) Reinaldo Cintra Torres de Carvalho (SP)
Vladson Couto Bittencourt (ES)
Marcelo Nalesso Salmaso (SP)
Coordenação e edição Liliana Faraco
Redação Liliana Faraco
Projeto gráfico e diagramação Roberta Bontempo Lima
Créditos das imagens Acervo Abraminj
Acervo VIJ-DF Assessorias dos tribunais de Justiça
Enia Corrêa Freepik
É com imensa alegria que apresento aos colegas a Revis-
ta da Associação Brasileira dos Magistrados da Infância
e da Juventude – Abraminj, com relato das atividades
da instituição no biênio 2016-2018, além de espaços
voltados ao enriquecimento do saber.
A publicação traz exemplos de nossas mais recentes parce-
rias, como a campanha Declare seu Amor, encampada pelo TJRO,
e o lançamento do livro sobre Justiça Restaurativa, por intermédio
do nosso divulgador para a temática, juiz do TJSP Marcelo Salma-
so, coordenador do Núcleo da Justiça Restaurativa da Abraminj.
Outros parceiros institucionais da Associação estão desta-
cados na editoria Incentivos, como o Fonajup, o Fonajuv, o Colé-
gio de Coordenadores da Infância e da Juventude e o Conselho
Nacional de Justiça. Na gestão desse biênio, intensificamos o
apoio a encontros nacionais e estaduais da área infantojuve-
nil porque acreditamos nos relevantes propósitos dessas reu-
niões: integrar colegas, somar conhecimentos, elevar debates
sobre as mudanças ou as propostas de alterações nas leis rela-
tivas à criança e ao adolescente.
De fato, é aconselhável estarmos atualizados com os projetos
de lei em gestação no Poder Legislativo. Nessa linha, como de costu-
me em outras edições, refinamos os principais PLs afetos à criança
e ao adolescente em tramitação no Senado Federal e na Câmara
dos Deputados e os listamos na editoria De Olho no Congresso.
O leitor irá encontrar neste periódico entrevista com o desem-
bargador do TJRS José Antônio Daltoé Cezar, por meio da qual o
eminente colega registra sua exitosa carreira e feitos na área da in-
Palavra do PRESIDENTE
Renato Rodovalho Scussel
Juiz titular da Vara da Infância e da Juventude do Distrito Federal e
presidente da Abraminj (gestão 2012-2018)
fância e da juventude. Há ainda artigos do juiz
do TJRJ Daniel Konder de Almeida e do escritor,
pesquisador e médico psiquiatra Augusto Cury.
Não bastasse esse conteúdo, outro se
mostra eivado de expressivo significado ins-
titucional, que é a comemoração dos 50 anos
da Abraminj, criada em outubro de 1968.
Naquele momento histórico, 19 juízes da in-
fância e da juventude que representavam
capitais brasileiras se reuniram para fundar a
Associação Nacional de Juízes de Menores. De
lá para cá, muita história se passou até se tor-
nar a Associação Brasileira dos Magistrados
da Infância e da Juventude.
Entre associados e equipe diretiva, vários
magistrados dignificaram nossa trajetória até
os dias de hoje. Na matéria que assino sobre
o cinquentenário da Abraminj, há recortes de
relatos de autoria dos saudosos Jorge Duarte
de Azevedo e Alyrio Cavallieri, fundadores e
ex-presidentes da instituição. Certamente os
leitores ouviram falar dessas personalidades,
pois o legado deles ainda pulsa em obras, ar-
tigos, entrevistas publicadas em várias mídias
e na internet. Nesta revista, Suas Excelências
estão com a palavra para nos refrescar e avi-
var a memória contando fatos do nascimento
e crescimento da nossa Abraminj.
Para marcar as comemorações, falamos
como foi o XXVI Congresso da Abraminj, ocor-
rido em Brasília, nos dias 11 e 12 de junho de
2018, quase cinquenta anos após a entidade
ter sido fundada durante o III Encontro Nacio-
nal de Juízes de Menores, realizado também
na Capital Federal, em outubro de 1968.
Associados, desejo que desfrutem da leitu-
ra e, no ensejo, agradeço aos colegas o voto de
confiança na minha permanência à frente da
Abraminj pelo terceiro mandato consecutivo,
que se encerrou com as eleições de junho de
2018. O agradecimento se estende aos mem-
bros e assessores da diretoria, aos coordena-
dores estaduais, à equipe de apoio da Abra-
minj e aos nossos parceiros institucionais.
Colegas, com vocês ao meu lado, senti-
-me fortalecido para concluir um longo ciclo
no comando da Associação. Graças a vocês,
estou honrado em entalhar mais capítulos
nesta história, que se perpetua sólida e exi-
tosa. Por todos nós, eu aposto na gestão
vindoura e acredito que emplacará novos ru-
mos, renderá frutos e escreverá outras tantas
linhas da trajetória da Abraminj.
Boa leitura!
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Abraminj apoia e participa de eventos da infância e da juventude
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José Antônio Daltoé Cezar – Desembargador do TJRS e presidente eleito para o biênio 2018-2020 da Abraminj
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Marcelo Nalesso Salmaso – Juiz do TJSP e coordenador do Núcleo de Justiça Restaurativa da Infância e da Juventude da Abraminj
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SUMÁRIO
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Projetos de lei que tratam de matérias relativas à criança e ao adolescente
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Breve análise sobre a participação de pessoas inscritas no Cadastro Nacional de Adoção em programas de apadrinhamento, após o advento da Lei nº 13.509/17, sob a perspectiva da hermenêutica clássica e constitucional Daniel Konder
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Associação Brasileira dos Magis-
de – Abraminj vem sendo escri-
ta a várias mãos. Presidentes e associados já
imprimiram relevantes feitos à memória da
instituição e vêm fazendo dela um espaço de-
mocrático para expor livremente ideias, lutar
por causas, lapidar saberes, conhecerem-se
e reconhecerem-se mutuamente. Eis o maior
patrimônio dessa Associação: os magistrados
que, provenientes de cada canto deste nosso
imenso País, se unem para defender, garantir,
debater ou transformar tudo que envolve os
direitos de crianças e adolescentes brasileiros.
Várias personalidades estão aptas a contar
à sua maneira capítulos da história da Abra-
minj. Porém, alguns de seus protagonistas car-
regam o privilégio ou, ainda, a responsabilida-
de de terem sido os pioneiros dessa trajetória.
Estamos falando de magistrados fundadores e
ex-presidentes da Associação, como Jorge Du-
arte de Azevedo e Alyrio Cavallieri.
Duarte de Azevedo foi o primeiro presi-
dente da Abraminj (1968/1970), juiz de meno-
res e desembargador no Distrito Federal, au-
por Renato Scussel*
Os três presidentes: Renato Scussel, Alyrio Cavallieri e Guaraci Vianna
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tor de diversos trabalhos jurídicos na área de
Direito Penal e Direito da Infância e Juventude.
Cavallieri foi secretário-geral na primeira com-
posição da Abraminj e a presidiu por duas ve-
zes (1970/1972 e 1977/1979). Foi professor,
jurista, juiz de menores e desembargador no
Rio de Janeiro, respeitado autor de artigos e
obras da temática infantojuvenil.
idade. Cavallieri aos 91 anos, em 12/11/2012.
Duarte de Azevedo aos 90 anos, em 17/4/2017.
Viveram tanto quanto marcaram de forma in-
tensa e vocacionada suas carreiras. Passaram
por um contexto controvertido de mudanças
nos costumes das gerações e inovaram ante as
lacunas da legislação à época em vigor, ao lidar
com novos problemas que afligiam as crianças
e os adolescentes. Em toda a extensão de suas
vidas, atuaram com o coração e com a bravura
daqueles que amam a causa. Graças ao pres-
tígio que detinham, Alyrio Cavallieri e Jorge Du-
arte ergueram a sede dos juizados da infância
e da juventude no Centro do Rio de Janeiro e
na Asa Norte, em Brasília-DF, respectivamente.
Já à frente da presidência da Abraminj, es-
tive com os dois magistrados meses antes de
falecerem. Ouvi e recebi deles relatos sobre a
história da Abraminj e da Vara da Infância e da
Juventude do DF. No Rio de Janeiro, aprovei-
tando minha participação no XI Fonajuv, ocorri-
do de 30 a 31/8/2012, visitei Cavallieri no Tribu-
nal de Justiça, momento também presenciado
pelo desembargador Guaraci Campos Vianna,
ex-presidente da Abraminj (2004/2008). Nessa
oportunidade, Cavallieri narrou o histórico da
instituição. Nós conversamos sobre mudanças
legislativas atinentes às medidas socioeducati-
vas e às matérias de adoção e de acolhimento
de crianças e adolescentes.
mava visitar, Jorge Duarte de Azevedo esteve pela
última vez em meu gabinete no dia 14/10/2016.
À altura de seus 90 anos e com saúde frágil, ele
demonstrou admirável preocupação com os ru-
mos da Justiça da Infância e da Juventude. Com
esse breve e singelo relato, sinto-me incum-
bido da missão, a mim confiada por meus
antecessores, de repassar adiante trechos da
história da Abraminj para a nova geração de
magistrados. Sem mais, com a palavra, Alyrio
Cavallieri e Jorge Duarte de Azevedo, nossos
saudosos mestres, cujos ensinamentos per-
manecem vivos na memória.
Por Alyrio Cavallieri
Em 1968, por iniciativa de Jorge Duarte de Azevedo, então juiz de menores de Brasília, atualmente desembargador aposentado, reuniram-se na Capital Federal magistrados de dezenove estados, juízes de menores de suas capitais:
Moacir Barreto Sobral, Aracaju-SE ◊ Rubens Machado Lacerda, Belo Horizonte-MG ◊ Jorge Duarte de Azevedo, Brasília-DF ◊ Car- los Avalone, Cuiabá-MT / Luiz Silva e Albu- querque, Curitiba-PR ◊ Francisco May Filho, Florianópolis-SC ◊ José Barreto de Carvalho, Fortaleza-CE ◊ Djalma Tavares de Gouvea, Goiânia-GO ◊ Antônio M. Mariz Maia, João Pessoa-PB ◊ José Aguinaldo S. Araújo, Ma- ceió-AL ◊ Roberto Hermidas de Aragão, Ma- naus-AM ◊ Manoel de Araújo Silva, Natal-RN ◊ Bráulio Oliveira Neto, Porto Alegre-RS ◊ Nelson L. Ribeiro Lima, Recife-PE ◊ Alberto A. Cavalcanti Gusmão, Rio de Janeiro-RJ ◊ José Maria J. Marques, São Luiz-MA ◊ Pedro Wilson Torres, São Paulo-SP ◊ Mário da Sil- va Nunes, Vitória-ES. Serviu como secretário do encontro o juiz substituto da Guanabara Alyrio Cavallieri.
Por Jorge Duarte
Para secretário do encontro, convidei por conhecimento próprio o então juiz substituto Alyrio Cavallieri, auxiliar do titular represen- tante do Rio de Janeiro, que, com o correr do tempo, tornou-se juiz de menores desta últi- ma cidade, revisor do Código de Menores de 1979, presidente da Associação de Juízes de Menores no biênio 1970/72, vice-presidente da Associação Internacional de Magistrados da Juventude, criador do neologismo “meno- rista”, lente e autor de obras do recém-criado Direito do Menor.
Por Jorge Duarte
(…) Enquanto se processavam aquelas ati- vidades administrativas, a complexa Vara transformou-se de fato no Juizado de Meno- res do Distrito Federal, que já em 1968 reu- niu os juízes de menores das capitais do Bra- sil no III Encontro Nacional, realizado de 7 a 13 de outubro em Brasília, no auditório do Ministério das Minas e Energia, dando pros- seguimento aos ocorridos em Porto Alegre e no Rio de Janeiro, nos anos de 1956 e 1957, embora menos abrangente.
Por Alyrio Cavallieri
Aquele que foi o III Congresso resultou na fundação, em 13 de outubro de 1968, da Associação Brasileira de Juízes de Menores, segundo consta no Registro das Pessoas Ju- rídicas, nº 555, livro 4, Brasília-DF.
Por Jorge Duarte
O III Encontro, além de proporcionar a troca de experiências entre os participantes, unifor- mizar determinados procedimentos judiciais e discutir o esboço de um novo Código de Menores apresentado pelo saudoso juiz Al- berto Augusto Cavalcanti de Gusmão, apro- vou os Estatutos da Associação Brasileira de Juízes de Menores nos moldes da Association Internationale des Magistrats de la Jeunesse, sediada em Bruxelas, elegendo seu primeiro Conselho de Administração para o biênio 1969/1970, e cabendo-me por aclamação da Assembleia a honra de ser o primeiro pre- sidente da novel Associação que prossegue seu curso até nossos dias.
Criação da Associação Brasileira de Juízes de Menores durante o III Encontro de Juízes de Menores*
*Fontes: Relato de Alyrio Cavallieri, ano 2000 – arquivo Abraminj; e
Relato de Jorge Duarte de Azevedo, ano 2007 – Livro: 40 anos da Vara da Infância e da Juventude do Distrito Federal.
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Por Alyrio Cavallieri
A motivação do encontro de Brasília estava na discussão de um projeto de Código de Me- nores, para substituir aquele de 1927, de au- toria de José Cândido de Albuquerque Mello Mattos – que tinha sido, no dia 2 de fevereiro de 1924, nomeado juiz de menores do Distri- to Federal, o primeiro do Brasil e de toda a América Latina. O projeto chamado “esboço” pelo seu autor, Cavalcanti de Gusmão, juiz da Guanabara, com modéstia de mestre. Foram aprovadas dezesseis recomendações a cada encontro. O 4º princípio foi alvo de discussões mais acaloradas: havia dissensão entre fixar-se o limite da competência em 18 ou 21 anos de idade. Obteve-se consenso quanto aos 18 anos.
O Código Mello Mattos continha uma norma revolucionária, no seu artigo 131, a qual atri-
buía faculdade ao juiz de emitir provimentos para a prestação e assistência aos menores, “que a seu prudente arbítrio parecer conve- niente, ficando sujeito à responsabilidade pelos abusos de poder”. Tal faculdade, que perdurou até 1990, permitiu ao magistrado preencher lacunas que foram sendo encon- tradas no velho Código com o passar dos anos, sobretudo porque ele se destinava às crianças e adolescentes, que conviviam num mundo em mutação. O próprio Cavalcanti de Gusmão havia editado a famosa Portaria nº 555, a qual estabelecia, dentro de sua juris- dição, procedimentos a serem seguidos nos cartórios do Juizado, e era comum peticiona- rem os advogados com base em certo artigo do Código e em outros da Portaria. Aldo de Assis Dias, de São Paulo, procedimentara a Lei 4.655/65, sobre legitimidade adotiva.
Primeiro feito: contribuição para o Código de Menores
Por Alyrio Cavallieri
O senador Nelson Carneiro desengavetou um velho projeto de Código e, através do Senado Federal, distribuiu-o a todo o País, para receber sugestões. Foi tão difundido que um juiz-professor de faculdade de Di- reito foi, ao mesmo tempo, encarregado de examinar o projeto a pedido de sua Universidade e de seu Tribunal. O senador admitiu de público que havia recebido “um caminhão” de críticas. O Senado solicitou então a um grupo de juristas paulistas, com a presença de um carioca, a elaboração de um substituto ao projeto, então de nº 105. Constituíram a comissão os paulistas João Benedito Azevedo Marques, Arnaldo Malheiros Filho, Djalma Negreiros Pentea- do, Haroldo Ferreira, José Carlos Dias, José Roberto de Carvalho e Manoel Pereira do
Vale; do Rio, Jessé Torres Pereira Júnior. O substituto paulista, a pedido do ministro Nascimento Silva, foi submetido a exame de uma comissão da Associação, formada pelos magistrados José Manoel Coelho (Bra- sília), Arthur de Oliveira Costa (São Paulo), Libórni Siqueira (Duque de Caxias) e Alyrio Cavallieri (Rio de Janeiro), do que resulta- ram emendas ao substituto paulista. Elas foram submetidas a um grupo de juízes de vários estados que, em 50 horas compactas de trabalho, aprovaram-nas. O trabalho foi entregue ao então presidente da Funabem, Fawler de Mello, que o levou ao Ministro da Justiça. Submetido ao Congresso Nacional, o substituto paulista com as emendas da Associação tornou-se a Lei nº 6.697, de 10 de outubro de 1979 – o Código de Menores.
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Ouro Preto/MG
Congressos da Abraminj Desde a sua criação, a Abraminj promoveu 26 encontros nacionais em diversas cidades brasileiras. A cidade de Brasília-DF, onde foi fundada a Associação durante o III Encontro Nacional dos Juízes de Menores, foi a que mais sediou congressos da Abraminj, por cinco oportunidades, seguida de São Paulo, Vitória e Salvador, cada capital por duas vezes.
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Por Alyrio Cavallieri
1979 – Nesse ano, no congresso de Vitória, o então ministro da Justiça, Petrônio Portela, entregou à Associação um exemplar da lei, sancionada pelo presidente João Figueiredo. No mesmo evento, por instância do emérito e operoso promotor de justiça de Santa Cata- rina Nuno de Campos – o primeiro professor de Direito do Menor por concurso no país –, a Associação, então composta exclusivamente de juízes, acolheu membros do Ministério Pú- blico, passando a denominar-se Associação Brasileira de Juízes e Curadores de Menores.
Congressos da Abraminj
Por Alyrio Cavallieri
Decidiu-se, assim, considerar o de Brasília como III Encontro. Logo a seguir, os encon- tros passaram a denominar-se congressos.
Os congressos se realizavam, em regra, a cada dois anos, e eram ocasiões para se uni- formizarem procedimentos, com a troca de experiências. Todos os encontros, à exceção do de Fortaleza, produziram recomendações de valor inestimável, muitas das quais resul- taram em leis e sobretudo fundamentaram o Código de Menores de 1979.
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Congressos da Abraminj Desde a sua criação, a Abraminj promoveu 26 encontros nacionais em diversas cidades brasileiras. A cidade de Brasília-DF, onde foi fundada a Associação durante o III Encontro Nacional dos Juízes de Menores, foi a que mais sediou congressos da Abraminj, por cinco oportunidades, seguida de São Paulo, Vitória e Salvador, cada capital por duas vezes.
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Projeção internacional
Por Alyrio Cavallieri
A Associação Internacional de Magistrados da Juventude e da Família foi fundada em 1928, em Bruxelas, sendo Mello Mattos um dos seus criadores e logo eleito vice-presiden- te. Nossa Associação é antiga filiada à enti- dade internacional, tendo direito a voto em todas as assembleias, além de contar com inúmeros filiados como seus membros indi- viduais.
Posição histórica
Por Alyrio Cavallieri
Uma visão panorâmica indica o assassinato do filho do acadêmico, jornalista e diretor do maior complexo de comunicação da época (Diários Associados, TV e Rádio Tupi), Odylo Costa Filho, por um menor interno do Servi- ço de Assistência ao Menor - SAM, no Rio de Janeiro, em 1963, como marco decisivo do início dos movimentos que eclodiram numa radical mudança da política relativa ao me- nor no país. A reação da sociedade resultou na criação do Serviço de Assistência ao Me- nor – Funabem, por lei redigida por Milton Campos, em 1964. Instalada no Rio de Janei- ro em 1965, ela abriu caminhos para todos os movimentos que surgiram nessa área. O artigo 6º da Lei da Funabem traçou a linha mestra ao fixar como política prioritária a in- tegração do menor na comunidade, através de assistência na própria família e da colo- cação familiar em lares substitutos. Era o fim dos internatos, rumo seguido pelas leis de 1979 e de 1990. Na esteira do aparecimen- to daquela instituição, surgem a Associação Brasileira dos Juízes de Menores, os seminá- rios, os congressos, a primeira aula de Direito do Menor proferida em faculdade de Direito (20 de agosto de 1975), o congresso interna- cional, as publicações especializadas, mais de cem títulos nacionais, as CEJAs, os fóruns, o Conanda, as secretarias da criança, o Esta- tuto da Criança e do Adolescente (1990), lei avançada, progressista, malgrado inadequa- ções, inconstitucionalidades, e que, dez anos após sua vigência, está gritando por aperfei- çoamento. A nossa Associação figura como elo forte na corrente dessa história.
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Moacir Rodrigues
Celmilo José Evangelista Gusmão
Tarcísio José Martins Costa
Rodrigo Lobato Junqueira Enout
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Durante o III Encontro Nacional de Juízes de Menores, ocorrido de 7 a 13 de outubro de 1968, os 19 juízes fundaram a Associação e elegeram sua primeira diretoria: juiz do Distrito Federal Jorge Duarte de Azevedo (presidente); juiz da Guanabara Alberto Augusto Cavalcanti de Gusmão (vice-presidente); juiz da Guanabara Alyrio Cavallieri (secretário-geral); Jaime de Assis Almeida (tesoureiro) e o juiz de Goiás Djalma Tavares de Gouveia (membro efetivo do Conselho de Administração).
Primeira diretoria
Durante o VIII Congresso da Associação Brasileira de Juízes de Menores, em Vitória-ES, sob a presidência do juiz Libórni Siqueira, a entidade passou a se denominar Associação Brasileira de Juízes e Curadores de Menores, acolhendo entre seus associados os membros do Ministério Público.
Acolhimento de membros do Ministério Público
Durante o 14º congresso da Associação, em Vitória-ES, sob a presidência do magistrado Moacir Rodrigues (TJRS), a entidade adota nova denominação: Associação Brasileira dos Magistrados e Promotores de Justiça da Infância e da Juventude, atualizando-se com as nomenclaturas e tratamentos dispensados pelo ECA, que aboliu o termo “menor” de seu texto.
Adaptação de nome
A Associação renova sua identidade visual e passa a fazer boletins virtuais, para se adaptar às novas modalidades de comunicação visual.
Revitalização da identidade visual
A Abraminj lança mais um canal de comunicação com os associados: um aplicativo disponível para tablets e smartphones.
Lançamento do aplicativo
Abraminj no Facebook
Inaugurada a Galeria de Presidentes, situada na sede física da Associação.
Inauguração da Galeria de Presidentes
Inaugurada a sede física da Associação, situada em uma sala no Mercure Brasília Líder Hotel, em Brasília-DF, com espaço adequado e equipado para as atividades da entidade e de seus associados.
Inauguração da sede física
Em Brasília, a Associação rea¡rma ser continuadora da entidade primitiva fundada em 1968 e decide promover a volta da instituição às suas origens, passando a ser constituída tão somente por magistrados que tenham trabalhado ou trabalhem na área da infância e da juventude. Assim, surge a denominação atual: Associação Brasileira dos Magistrados da Infância e da Juventude – Abraminj.
Abraminj: continuadora da associação fundada em 1968
Marcos 1968
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*Ex-Juiz de Menores; Secretário da União dos Juristas Católicos do Rio de Janeiro; Vice-Presidente da Associação Internacional de Magistrados da Juventude e da Família. Texto publicado na Revista da EMERJ, v.1, n.2, 1998.
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Adoção Internacional Alyrio Cavallieri*
E m 1970, uma senhora sueca, viúva, que morava no Rio, frequen- tava o orfanato Romão Duarte, onde, como voluntária, ajudava com as crianças. Um dia, procurou o juizado e me disse que tinha pena de crianças que jamais eram visitadas por parentes, enquanto na
sua terra, a Suécia, casais queriam filhos e não conseguiam. Conversei com o curador Araújo Jorge e a assistente social Julieta Pires. Vamos experimen- tar? Mas não havia nenhuma lei, nem jurisprudência, nem prática ante- rior conhecida. Inventamos três condições: 1. vamos pedir a lei de lá, para saber se nossas crianças não seriam pessoas de segunda classe naquele país; 2. vamos pedir um estudo da família, como exigimos dos brasileiros aqui; e 3. só vamos mandar criança que não tenha nenhuma possibilidade de obter família brasileira. Fizemos os processos, tudo certo, o estudo das famílias era uma beleza, com exames, testemunhos e até recomendação do cônsul brasileiro de lá. Mandamos 7 crianças.
Vinte anos depois, pessoal da NIA, que trata de adoção no governo sueco, vem ao Rio. Pedi para localizarem os brasileiros que tinham ido para lá. Recusaram-se. Mas botei no bolso de um deles uma lista com nomes e endereços das famílias. Dois meses depois, vem uma carta: haviam encontrado seis. Entrei em desespero. Que bobagem havia feito: e se algum estivesse preso, miserável, sei lá. Passaram-se mais dois meses e vieram os relatórios. Telefonei para a TV Globo. O resto já sabem: o Fantástico fez aquela reportagem. Maria Lundim é professora de dança clássica. Julie Nordvall trabalha em clínica de idosos. Marcos é enfermeiro. Fátima, que fora com 9 anos, perdeu o pai e herdou algum dinheiro. Lourdes é secretá- ria e joga golfe. David é alpinista e faz o serviço militar. Passam-se 5 anos e chamam-me no consulado. Havia faltado um. Mostram-me a foto, numa revista, de um rapaz que parece astro de cinema: é o Matias. É guia de turismo. Levou um grupo à Turquia, o ônibus pegou fogo, Matias salvou muitos, e hoje é um herói sueco.
Em junho de 1996, Maria e Julie vieram ao Brasil com suas mães. Visitaram a Romão Duarte várias vezes, queriam conhecer a casa de onde saíram. Choravam o tempo todo. Trouxeram malas de presentes para as meninas de lá. Almoçaram lá em casa. Comeram feijão com farofa e bebe- ram guaraná. São morenas e lindas e só falam inglês e sueco. Eu estava tão emocionado que fingi que almocei. Cantaram uma canção sueca que falava que nosso encontro já estava escrito, há muito tempo. Não é uma história bonita? Aquelas três regrinhas, citadas lá em cima, inventadas no Juizado do Rio, há tantos anos, hoje fazem parte de leis, tratados, con- venções e até do Estatuto da Criança e do Adolescente, no meio de muita impropriedade que está nele. São puro bom senso. Mas teriam funcionado sem algo que não está na lei, o amor?
ASSOCIADOS
BOLETIM
CONGRESSO
EVENTOS
NOTÍCIAS
CONTATO
GALERIA
FACEBOOK
INSTITUCIONAL
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APLICATIVO DA ABRAMINJ conecta associado às informações da infância e juventude Além do site, fanpage no Facebook, revista bienal e informativos encaminhados por e-mail, a Abraminj criou mais um canal de comunicação com os associados.
ASSOCIADOS
BOLETIM
CONGRESSO
EVENTOS
NOTÍCIAS
CONTATO
GALERIA
FACEBOOK
INSTITUCIONAL
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E m 11 de agosto de 2017, a Associação lançou seu apli-
cativo para smartphones, uma inovação tecnológica
para manter seus filiados conectados com as informa-
ções da infância e da juventude.
A ferramenta está disponível gratuitamente para download
em sistemas Android (da Google) e IOS (da Apple). Basta baixar
pelo QR Code acima ou entrar na Play Store ou Apple Store, bus-
car por “Abraminj”, instalar o aplicativo e começar a utilizar. Até
abril de 2018, o aplicativo contava com cerca de 650 instalações
em smartphones dos sistemas operacionais IOS e Android.
O aplicativo possui notícias, boletim, eventos, galeria de fotos,
informações institucionais, acesso às redes sociais e ainda permi-
te que o usuário se associe à Abraminj.
Segundo o presidente da entidade, juiz Renato Scussel,
essa é mais uma ferramenta de comunicação inovadora que
a Abraminj disponibiliza a seus associados. “O acesso à in-
formação fomenta nosso senso crítico e nos move rumo às
transformações positivas da sociedade. E o papel da Abraminj
é colaborar com essa proposta”, afirma.
N esta entrevista exclusiva, o desembargador José
Antônio Daltoé Cezar, primeiro vice-presidente da
Abraminj de 2012 a 2018 e presidente eleito da en-
tidade para o próximo biênio, conta sobre sua traje-
tória na magistratura do Rio Grande do Sul e como a questão dos
direitos da infância e da juventude sempre esteve atrelada à sua
carreira, de juiz da comarca de entrância inicial em Rosário do Sul
a desembargador da 8ª Câmara Cível do TJRS. Iniciou a carreira
ainda sob a égide do Código de Menores e viu nascer o Estatuto
da Criança e do Adolescente e suas sucessivas modificações.
Na sua jornada profissional, Daltoé não se restringe aos ide-
ais que traça para os direitos infantojuvenis, mas batalha para
torná-los reais. Nas comarcas por onde passou, o magistrado
protagonizou grandes feitos, que serviram de referência para
o País. Entre eles, a criação do primeiro cadastro eletrônico de
adoções e abrigos e a idealização da técnica de escuta especiali-
zada de crianças e adolescentes vítimas de violência, batizada de
Depoimento sem Dano. O uso da metodologia para os tribunais
brasileiros foi objeto da Recomendação nº 33 do Conselho Nacio-
nal de Justiça e virou a Lei nº 13.431/2017, em vigor desde abril
TRAJETÓRIA em nome dos direitos infantojuvenis
Des. José Antônio Daltoé Cezar Presidente eleito para o biênio
2018-2020 da Abraminj
adolescentes nos processos judiciais”.
COMO SE DERAM O INGRESSO E A TRAJETÓRIA DE VOSSA EXCELÊNCIA NA MAGISTRATURA GAÚCHA E POR QUE A ÁREA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE DESPERTOU SUA ATENÇÃO?
Ingressei na magistratura em 1988, e já em 1989, na entrância inicial (Rosário do Sul-RS), ainda com o Código de Menores vigente, assumi a jurisdição menorista, começando a enfrentar questões para as quais não fui minimamente preparado, seja na faculdade de direito, seja duran- te o concurso para juiz de direito. Mas as causas eram apresentadas e as demandas necessitavam de decisões. Em 1990, ain- da em Rosário do Sul, tomei contato com o Estatuto da Criança e do Adolescente, e, a partir daí, verifiquei que essa matéria do direito era, a meu ver, a que mais neces- sitava de embasamento acadêmico, bem como de reconhecimento dentro das insti- tuições que compõem o sistema de justiça: Judiciário, Ministério Público e Advocacia. Enfim, o juiz da infância e da juventude deveria parar de ser visto como o patinho feio da carreira, aquele que gostava de es- tudar pouco e que queria apenas ganhar espaço entre as organizações sociais.
Em 1991 fui promovido para a comarca de São Leopoldo-RS, onde por quatro anos exerci a jurisdição criminal e da infância e da juventude. Tive então a oportunida- de de exercer plenamente a jurisdição da infância. Nesse período consegui, com a ajuda da iniciativa privada, criar o primeiro cadastro eletrônico de adoções e abrigos, o qual interligou todas as comarcas do Rio Grande do Sul.
Em 1995 fui promovido para Porto Alegre, tendo atuado inicialmente como juiz subs- tituto no Projeto Justiça Instantânea, o qual estava instalado dentro do prédio da Fe- bem, para atender adolescentes em con- flito com a lei, dando aos processos uma
celeridade que ainda hoje não se consegue implantar em quase todo o País.
Depois fiquei um ano em uma vara de fa- mília, classificando-me após para o 2º Jui- zado da Infância e da Juventude (2º JIJ) de Porto Alegre, onde fiquei até 2012, quando fui promovido a desembargador. Guardo uma grata recordação de minha atuação no 2º JIJ de Porto Alegre (talvez da que eu mais me orgulhe de ter iniciado em mi- nha carreira), por ter conseguido, na via administrativa, que todas as crianças e os adolescentes portadores de necessidades especiais então abrigados passassem a re- ceber o benefício de prestação continuada do INSS, da mesma forma que os adultos recebiam. Era minha função fiscalizar os abrigos. Via o caos financeiro em que mui- tos se encontravam pela ausência de cola- boradores, e vi também como, depois des- se pedido que fiz ao presidente do INSS, a vida dessas pessoas ficou mais digna.
No TJRS, desde novembro de 2017, estou classificado na 8ª Câmara Cível, que é es- pecializada em direito de família e da in- fância e juventude.
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VOSSA EXCELÊNCIA FOI O IDEALIZADOR DO PROJETO DEPOIMENTO SEM DANO, ATUALMENTE CHAMADO DE DEPOIMENTO ESPECIAL, E TAMBÉM BRAVO APOIADOR DA RECENTE LEI Nº 13.431/2017. COMO SURGIU ESSA IDEIA DE CRIAR UM AMBIENTE PROTEGIDO PARA OUVIR CRIANÇAS E ADOLESCENTES, QUAL A SUA RELEVÂNCIA E COMO FOI O CAMINHO PERCORRIDO ATÉ A EDIÇÃO DESTA LEI?
Quando assumi o cargo de juiz em 1988, foi como substituto na comarca de Santa Maria-RS, em uma vara criminal. Vinha da advocacia na área comercial, e quase nenhuma experiência eu tinha na área criminal. Mas, duas semanas após, já tive que fazer uma audiência na qual o pa- drasto era acusado de abusar da entea- da, uma menina de 6 ou 7 anos, pelo que me lembro. Eu nem sabia naquela época que os adultos gostavam de abusar de crianças, que isso ocorria na realidade. Para mim isso era tudo ficção. O réu, que estava preso preventivamente, foi retira- do da sala durante o depoimento. A me- nina estava apavorada, não conseguiu falar nada. Todos totalmente desprepa- rados para aquele momento. Eu, o pro- motor de justiça, o defensor e o servidor que atuava na audiência. O réu não foi responsabilizado. A prova não foi produ- zida. Várias situações dessas se sucede- ram na minha carreira. Quando estava no 2º JIJ em Porto Alegre, tinha também a competência dos atos infracionais. A si- tuação a que antes me referi se repetiu. Um adolescente de 17 anos era acusado de abusar de uma menina de 6 anos. A prova não foi produzida. Jurei para mim mesmo nunca mais repetir aquele tipo de atuação jurisdicional. Assim, com a parceria do Dr. João Barcelos de Souza Júnior, então promotor de justiça, hoje desembargador no TJRS, adquiri uma câmera dessas que são utilizadas para vigilância nos prédios, um gravador com fita K-7, uma pequena mesa de som, e interligamos a sala de audiência ao local onde a criança seria entrevistada sobre o fato por uma psicóloga (recordo que foi a Dra. Márcia Rubleski). O som era muito ruim, a imagem também, mas não havia
comparação entre as duas formas de fa- zer essa entrevista.
Em 2004 o TJRS adquiriu equipamentos de melhor qualidade para 10 comarcas. Em 2007 conheci a Childhood Brasil, ONG ligada à S. M. Rainha Silvia da Su- écia, instituição que comandou o desen- volvimento das capacitações dos pro- fissionais que atuam nos depoimentos. Parceria imprescindível.
A Lei nº 13.431/2017 foi um trabalho de grupo, comandado pela deputada Maria do Rosário, minha conterrânea, que sem- pre foi uma entusiasta da ideia. Agora o trabalho é fazer que a lei seja efetiva.
VOSSA EXCELÊNCIA PODERIA FAZER UM BREVE BALANÇO SOBRE OS 28 ANOS DE VIGÊNCIA DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA)?
O ECA alterou significativamente a le- gislação que cuidava dos direitos das crianças e adolescentes. Desconcentrou poderes do antigo todo poderoso Juiz de Menores, integrou a sociedade nas ações protetivas dirigidas à infância e adoles- cência. A visão passou a ser interdiscipli- nar, não apenas jurídica. Há muito que ser feito ainda, principalmente tornar reais os comandos legais que foram edi- tados para fazer de crianças e adolescen- tes cidadãos com plenas condições de desenvolvimento pessoal digno.
QUAL A SUA VISÃO SOBRE AS DIVERSAS MODIFICAÇÕES PELAS QUAIS O ECA VEM PASSANDO, BEM COMO SOBRE OS VÁRIOS PROJETOS DE LEI EM ANDAMENTO ALMEJANDO SUA ALTERAÇÃO?
A área da infância e da juventude, nas últimas décadas, ganhou mais notorie- dade e também recursos. É normal que em uma sociedade pluralista os pensa- mentos nem sempre sejam convergen- tes, que as pessoas busquem caminhos alternativos para alcançar os seus desi- deratos. Isso também acontece com o ECA, por várias razões. A ultravalorização
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dos vínculos biológicos, por exemplo, foi integrada à legislação após ter o Estatu- to entrado em vigor. Para contrapor-se à fragilidade da ideia da família biológica que havia no antigo Código de Menores, passou-se para o outro extremo. É ne- cessário que a legislação seja atualizada, melhorada, mas não revogada. O que se vê em muitas das iniciativas que são apresentadas ao Congresso Nacional é que elas praticamente ignoram que as situações da infância devem ser observa- das e atendidas de forma global, e não de forma pontual. A adoção deve continuar sendo regulamentada pelo ECA, assim como o acolhimento institucional, o ato infracional, etc.
NA SUA OPINIÃO, POR QUE BOA PARTE DA SOCIEDADE DEFENDE A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL COMO FORMA DE MINIMIZAR A VIOLÊNCIA?
Por ignorância de como se encontra o sistema penitenciário brasileiro, assim como a legislação que regula a execução. Pensam, ingenuamente, que mais pes- soas serão encarceradas, e assim a vio- lência nas ruas irá diminuir. Como não se conhece a contento os dois sistemas, o dos adolescentes e o dos imputáveis, presta-se essa ideia a sustentar discursos notadamente demagógicos. O processo por ato infracional pode ser alterado, sim, para se qualificar, mas isso só deve ocorrer por meio do Estatuto da Criança e do Adolescente.
QUAIS CONTRIBUIÇÕES HISTÓRICAS VOSSA EXCELÊNCIA ATRIBUI À ABRAMINJ NA LUTA PELOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE?
A Abraminj nasceu sob a égide do Código de Menores. Foi protagonista nessa época, na qual as ideias na sociedade eram totalmen- te diversas das atuais. Com a revogação do Código de Menores, a Abraminj perdeu bastante espaço. Mas há aproximadamen- te uma década renasceu, sob a liderança do Dr. Renato Rodovalho Scussel (DF), passan- do a exercer um papel importante na defe- sa dos direitos das crianças e adolescentes. É hoje, sem dúvida, o maior e o melhor polo para a discussão dessa matéria. Possui em seus quadros os profissionais que melhor conhecem, no Brasil, o direito da infância e da juventude. Certamente continuará, por muito tempo, a contribuir para o progresso da nação brasileira.
DIANTE DE UM CENÁRIO DE MUDANÇAS COMPORTAMENTAIS DA SOCIEDADE EM FACE DAS TECNOLOGIAS MODERNAS E DAS NOVAS FORMAS DE COMPOSIÇÃO DE CONFLITOS OPERADAS NO ÂMBITO DA JUSTIÇA INFANTOJUVENIL, QUAIS AS BANDEIRAS QUE A ABRAMINJ PODERIA EMPUNHAR?
Mediação familiar e Justiça Restaurativa devem ter foros de constante implanta- ção e capacitação, eis que são alternativas mais modernas para a composição dos conflitos.
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juiz do TJSP Marcelo Nalesso Salmaso, a Abraminj e
a editora Palas Athena: promover a Justiça Restau-
rativa no Brasil, especificamente com a tradução para a Língua
Portuguesa do livro “Segurança e Cuidado: Justiça Restaurativa e
sociedades saudáveis”, de Elizabeth Elliott, até então disponível
apenas em inglês.
O desejo de trazer a obra para o Brasil surgiu anos atrás quan-
do João Salm se mudou para Vancouver, no Canadá, e conheceu
Elliott na Simon Fraser University, onde era diretora do Centro de Jus-
tiça Restaurativa. Quando visitou o Brasil em 2010 na companhia
de Salm, Elizabeth alimentou o propósito de traduzir o livro para
o Português. “Após oito anos de idas e vindas, o professor Salm
encontrou o apoio necessário na Abraminj, que se envolveu com-
pletamente com a ideia”, conta Marcelo Salmaso, coordenador do
Núcleo de Justiça Restaurativa da Abraminj, nesta entrevista. Ele re-
lata como foi trilhado o caminho até a publicação da obra com o im-
prescindível incentivo da Associação e, com propriedade, Salmaso
reflete sobre o papel da Justiça Restaurativa como fator de mudança
SEGURANÇA E CUIDADO: Justiça Restaurativa e sociedades saudáveis
Juiz Marcelo Nalesso Salmaso Coordenador do Núcleo de Justiça
Restaurativa da Infância e da Juventude da Abraminj
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do marcado por conflitos e violências.
Liz, como era conhecida, faleceu em 2011
sem ter a alegria de ver seu desejo realizado.
Todavia, a sua obra está a reverberar seus
ensinamentos com vivacidade para os brasi-
leiros. A Abraminj irá distribuir aos seus asso-
ciados exemplares de “Segurança e Cuidado:
Justiça Restaurativa e sociedades saudáveis”,
que também está disponível para compra
pelo site www.palasathena.org.br.
EM LINHAS GERAIS, DO QUE TRATA O LIVRO “SEGURANÇA E CUIDADO: JUSTIÇA RESTAURATIVA E SOCIEDADES SAUDÁVEIS”, DE ELIZABETH ELLIOTT?
Nesse livro, Elizabeth Elliott traz a Justiça Restaurativa como uma possibilidade de justiça direcionada ao fortalecimento das relações com outros seres humanos e com
o meio ambiente, alinhada a uma ideia de responsabilidade coletiva.
A autora entende a Justiça Restaurativa como a relação dos seres entre si no seio da comunidade, destacando o poder da in- clusão e de valores como respeito, justiça e honestidade, e percebe que o “eu” se cons- trói a partir do “outro”. “As pessoas que têm o benefício de uma comunidade”, sustenta Elliott, “são menos propensas a cair no tra- tamento de despersonalização dos órgãos estatais. Em uma comunidade saudável, as pessoas estão cientes dos problemas uns dos outros e se ajudam em tempos de necessidade ou crise”. Ela argumenta: “O caminho para prevenir os crimes e mudar as pessoas não está na lei, mas nos relacio- namentos comunitários. As leis podem ser necessárias para manter as instituições; en- tretanto, as pessoas são mais propensas a sentir uma conexão emocional com outro humano do que com uma instituição”.
Essas convicções foram construídas por décadas de reflexão teórica, de pesquisas e de diálogo permanente. E também a par- tir da convivência com populações crimina- lizadas e oprimidas, grupos com os quais trabalhou: presos, comunidades empobre- cidas, imigrantes, populações afrodescen- dentes e indígenas.
COMO NASCEU A PROPOSTA DE DISPONIBILIZAR A OBRA NO BRASIL E QUAL O PAPEL DA ABRAMINJ NESSE CONTEXTO?
Para responder a esta questão, devo co- meçar dizendo que o professor João Salm, brasileiro que leciona Justiça Restaurati- va na Chicago Governor’s State University e muito vem contribuindo para o desenvol- vimento da Justiça Restaurativa no Brasil, pelo fato de haver construído uma relação muito próxima de amizade com a autora da obra, Elizabeth Elliott, há anos vem se empenhando para a publicação desse li- vro, e somente conseguiu realizar tal so- nho quando a Abraminj, em parceria com a Palas Athena, propôs-se a abraçar a causa.
Conforme tive oportunidade de ouvir do próprio professor João Salm, em julho de
Doutora em Criminologia, Elizabeth Elliott foi professora
adjunta e codiretora do Centre for Restorative Justice da
Faculdade de Criminologia da Simon Fraser University, na
Colúmbia Britânica, Canadá. Pioneira na implementação
da Justiça Restaurativa no sistema prisional canadense,
iniciou sua trajetória como assistente social, atuando em
comunidades (1981-1986); mais tarde como docente do Prison
Education Program das prisões federais na Colúmbia Britânica
(1988-1991), e por fim como professora universitária. Escreveu
artigos e livros, ministrou aulas e cursos sobre Justiça
Restaurativa, o sistema penitenciário e teorias criminológicas.
Foi coeditora da obra New Directions in Restorative Justice
(Willan, 2005) e primeira editora (1988) do Journal of Prisoners
on Prisons. Integrou conselhos de instituições canadenses de
ajuda a presidiários, notadamente a John Howard Society de
Fraser Valley e a West Coast Prison Justice (serviços advocatícios
para presidiários). Foi membro do grupo de Justiça
Restaurativa FAVOUR, cuja atividade na Ferndale Institution
continua promovendo avanços e mudanças significativas, no
sentido visionário da Dra. Elliott: “É preciso repensar nossos
pressupostos sobre punição e justiça, colocando a ênfase
em valores e relacionamentos. Se conseguirmos operar essa
mudança, chegaremos a um grande potencial de erguer uma
sociedade mais ética e democrática”.
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2009, ele se mudou para Vancouver, no Canadá. Um local específico dessa cidade, referência mundial em qualidade de vida, tornou a Justiça Restaurativa conhecida e admirada em todo o mundo: a Simon Fraser University. Foi lá que o professor João Salm conheceu a professora Elizabeth Elliott, então diretora do Centro de Justiça Res- taurativa daquela instituição. Os alunos e colegas chamavam-na de Liz.
Já mais adoecida, Liz confiou ao professor João Salm todos os seus cursos e palestras. Entregou a ele todo o seu conhecimento sobre Justiça Restaurativa e Justiça Indíge- na. Ela nunca se sentiu “proprietária” do assunto e muito menos pretendeu fazer dele um negócio. Muito pelo contrário, o que a motivava era trabalhar em equipe, de maneira coletiva e solidária, longe das disputas e das vaidades. A intelectual e a humanista, que formavam o todo da Liz, andaram sempre de mãos dadas, uma complementando a outra.
Liz conheceu o Brasil em agosto de 2010. Foi amor à primeira vista. O professor João Salm levou-a a São Paulo e Florianópolis, com apoio dos magistrados Egberto Peni- do e Alexandre Morais da Rosa. Ao retor- nar ao Canadá, Liz montou um “altar” de presentes e lembranças brasileiras em seu escritório na universidade.
Em razão da potencialidade do projeto, Liz e o professor João Salm decidiram que era a hora de traduzir o livro para o portu- guês. Então, o professor João Salm passou a procurar possíveis parcerias para tanto e, após quase oito anos de idas e vindas, encontrou o apoio necessário na Abra- minj, que se envolveu completamente com a ideia, assim por conta da importância mundial da obra.
Liz faleceu em 2011 e, infelizmente, não chegou a ver esta tradução, mas sabia que seria publicada e, em algum lugar, deve es- tar muito feliz.
DE QUE FORMA SE APRESENTA A JUSTIÇA RESTAURATIVA PARA O BRASIL, UM PAÍS FORTEMENTE MARCADO PELA
CORRUPÇÃO E PELA VIOLÊNCIA, EM TODAS AS SUAS FORMAS, E PELOS MALES QUE DELAS DECORREM?
Para a adequada compreensão da Justi- ça Restaurativa e de seus objetivos, mos- tra-se necessário enxergar o ser humano como um ser multidimensional e relacio- nal, bem como que a violência é um fenô- meno complexo, para, assim, se desvelar as suas causas profundas. Nos tempos atuais, boa parte das pessoas no mundo, o que se observa também na sociedade brasileira, está inserida em sistemas de convivência humana pautados pelas dire- trizes do individualismo, do utilitarismo, do consumismo e da exclusão, os quais fo- mentam a competitividade, o aniquilamen- to do outro, os discursos de ódio, a guerra. Em tais sistemas sociais, a identidade da pessoa, o ser “alguém” em meio ao grupo social, resume-se à riqueza acumulada que permite consumir bens.
Inseridos nessa lógica, grande parte dos seres humanos é submetida à violência, não somente aquela de ordem física e psí- quica, mas também à violência estrutural e cultural, pois são obstados de acessar serviços e recursos que, em tese, deveriam estar disponíveis a todos, o que coloca boa parte da população à margem da esfera de garantia do bem-estar e gera para tantas pessoas o sentimento de não pertenci- mento social, contexto este que se mostra como um fomentador de atos de violência e transgressão.
Assim sendo, para o entendimento pro- fundo da Justiça Restaurativa, cabe com- preender que, diante da complexidade dos fenômenos conflito e violência, devem ser considerados não só os aspectos individu- ais e relacionais, não deixando de lado a responsabilidade de cada um pela própria conduta, mas também os comunitários, institucionais e sociais que contribuem para seu surgimento, estabelecendo-se fluxos e procedimentos que cuidem de todas essas dimensões e promovam mu- danças de paradigmas, bem como proven- do-se espaços apropriados e adequados para tanto.
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Partindo dessa premissa, é importante destacar que a Justiça Restaurativa não se resume a uma técnica especial voltada à resolução de conflitos – apesar de contar com um rol de técnicas –, pois tem como objetivo principal a mudança dos paradig- mas de convívio social, a partir de uma sé- rie de ações, nas esferas relacional, institu- cional e social, coordenadas e interligadas pelos princípios comuns da humanidade, da compreensão, da reflexão, da constru- ção de novas atitudes, da corresponsabili- dade, do atendimento de necessidades e da paz, com o intuito de promover a mu- dança dos paradigmas de convívio entre as pessoas, para a construção de comunida- des em que cada qual se sinta igualmente responsável pelas mudanças e pela paz, ou seja, instituindo a ideia de corresponsabili- dade, de cooperação e de um poder com o outro, de forma a deixar de lado o poder sobre o outro, que é causa de tanta insatis- fação e, por conseguinte, de violência.
Nesses termos, a Justiça Restaurativa busca o resgate do justo e do ético nas relações sociais e, portanto, a sua construção, que se faz no coletivo, a partir do compartilha- mento das responsabilidades com toda a comunidade, é permanente e apresenta-se como um constante aprendizado. Assim, mostra-se fundamental construir a política pública e os projetos de Justiça Restaurativa com a comunidade e na comunidade – en- tendido o conceito de comunidade como o conjunto das pessoas que compõem as instituições, públicas e privadas, e daque- las da sociedade civil que atuam nos mais variados âmbitos do convívio social –, para que a implementação da Justiça Restau- rativa seja resultado de uma construção coletiva e para que a comunidade possa garantir suporte às necessidades de todos os envolvidos, direta ou indiretamente, no conflito, em procedimentos de resolução de conflitos plurais, dialógicos e coletivos, como ocorre nos processos circulares, mui- to utilizados em nosso país.
Aqui, resgata-se a memória de um fato his- tórico importante, quando Elizabeth Elliott esteve no Brasil, em 2010, logo nos primei- ros anos da Justiça Restaurativa no país, e, motivada pelo seu senso de humanidade e por sua visão voltada ao protagonismo
comunitário na Justiça Restaurativa, visi- tou o projeto-piloto de Justiça Restaurati- va de Heliópolis, na capital do estado de São Paulo, pois, desde o início, e sempre, a Justiça Restaurativa paulista se construiu a partir do envolvimento de todos os seg- mentos sociais, em especial, da rede de educação e suas escolas. Mesmo quando os projetos vêm desencadeados por juízes, estes convidam as demais instituições pú- blicas e privadas, bem como a sociedade civil, para repensar, coletivamente, as for- mas de convivência e para construir uma Justiça Restaurativa que não se desvie de seus princípios e valores.
Pode-se dizer, portanto, que a Justiça Res- taurativa, nas palavras de Egberto Penido, “constitui-se como um conjunto ordena- do e sistêmico de princípios, métodos, técnicas e atividades próprias, que visa à conscientização sobre os fatores relacio- nais, institucionais e sociais motivadores de conflitos e violência, de forma a envol- ver a corresponsabilidade individual e co- letiva, para fins de se entender as causas estruturais do conflito e as necessidades daí advindas, possibilitar a reparação dos danos – a partir da responsabilização ati- va dos responsáveis e corresponsáveis – e, ainda, recompor as relações interpessoais e sociais esgarçadas”.
COMO A JUSTIÇA RESTAURATIVA PODE SE ALINHAR À PROMOÇÃO DO ATENDIMENTO AOS DIREITOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES E DE QUE FORMA A ABRAMINJ PODE CONTRIBUIR PARA ESSA FINALIDADE?
No Brasil, a Justiça Restaurativa teve início no ano de 2005, com três projetos-pilotos im- plantados nos estados de São Paulo e do Rio Grande do Sul e no Distrito Federal, a par- tir de uma parceria entre o Poder Judiciário dessas localidades e a então Secretaria da Reforma do Judiciário do Ministério da Jus- tiça e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Durante esses mais de doze anos de história, a Justiça Res- taurativa se espalhou e se enraizou em todo o país, com experiências bem-sucedidas em vários estados da Federação, cada um obser- vando e respeitando, para este processo de
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implementação, os potenciais e os desafios locais, bem como os contextos institucionais e comunitários próprios.
Vale ressaltar que, no âmbito do sistema de justiça, a área da infância e da juven- tude, delineada por um arcabouço legal pautado pela lógica da proteção integral, não punição, interinstitucionalidade, in- tersetorialidade, interdisciplinaridade e articulação comunitária, mostrou-se como o campo fértil e o grande anfitrião para a chegada e o desenvolvimento da Justiça Restaurativa, tendo em vista a convergên- cia de muitos princípios e o trabalho dedi- cado de boa parte dos integrantes do siste- ma de justiça juvenil.
Assim, a Abraminj, ciente de suas obriga- ções no sentido de colaborar para o desen- volvimento de comunidades mais justas e éticas com crianças e jovens, que garantam a estes pertencimento – o que necessaria- mente passa pela justiça para com todas as pessoas –, com muita honra e com atuação intensa, está diretamente envolvida neste marco histórico para a sociedade brasileira: a Justiça Restaurativa, pautada por todos os seus princípios e valores pétreos, um ver- dadeiro “salto quântico” para o futuro da humanidade. E este livro, “Segurança e Cui- dado: Justiça Restaurativa e sociedades sau- dáveis”, que ora se apresenta aos brasilei- ros, mormente àqueles preocupados com a integridade da Justiça Restaurativa, é mais uma contribuição da Abraminj em termos de uma Justiça Restaurativa comprometi- da com as questões estruturais e culturais da convivência social e com a construção de comunidades mais seguras e cuidado- sas para com seus integrantes, mormente àqueles que mais precisam.
COMO VOSSA EXCELÊNCIA AVALIA O FUTURO DA JUSTIÇA RESTAURATIVA E OS EVENTUAIS DESVIOS NO TRILHAR DESSE CAMINHO RESTAURADOR?
Como se pode notar, a Justiça Restaurati- va demanda um trabalho árduo, de gran- des dimensões e, por consequência, com imenso potencial transformador, que, para tanto, deve contar com a participação dos poderes públicos, da sociedade como um
todo e de cada pessoa da comunidade. Justamente por isso, a Justiça Restaurativa pertence a todos, unidos e corresponsáveis pela construção de um mundo mais justo.
A Justiça Restaurativa aponta para um futu- ro de uma humanidade mais humana, pois visa à realização da justiça como um valor, no seio comunitário, em todos os âmbitos da existência e da coexistência das pesso- as. E o Brasil, atualmente, vive um momen- to histórico em termos de construção e de- senvolvimento da Justiça Restaurativa, pois muitas experiências vêm sendo realizadas nos quatro cantos do país e nos mais diver- sos ambientes e contextos.
Todavia, existem riscos de a Justiça Res- taurativa ser cooptada pelos sistemas de interesses que pautam a lógica social e ins- titucional, para, de forma velada, manter ou reforçar as estruturas de poder sobre o outro e servir àquilo a que ela não se pro- põe, mantendo-se, assim, o fazer “mais do mesmo” sob uma nova roupagem. Tal poder ocorre quando, por exemplo, práticas de Jus- tiça Restaurativa são utilizadas como verda- deiros julgamentos ou quando se classificam como “restaurativas” ações institucionais ou institutos essencialmente punitivos, mas um pouco mais brandos, dizendo-se que há nis- so algum “grau” ou “enfoque” restaurativo ou, ainda, buscando-se “engessar” a Justiça Restaurativa em modelo normativo nacional ou internacional único e rígido.
E o norte que deve guiar os caminhos res- taurativos, para que a Justiça Restaurativa não se afaste de seus objetivos como ins- trumento de transformação social, são os seus princípios e valores fundantes.
Portanto, em boa hora chega essa obra de Elizabeth Elliott, que se apoia na ideia de uma Justiça Restaurativa conectada com sua base principiológica profunda do res- peito, da corresponsabilidade e da hones- tidade, do resgate do valor da justiça que se faz pela comunidade e na comunidade, voltada ao cuidado e à responsabilidade para com as pessoas e suas necessidades, a partir da ideia de que a construção do “eu” está diretamente conectada à valori- zação do “outro”.
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Abraminj apoia e participa de EVENTOS da infância e da juventude
A Associação Brasileira dos Ma-
gistrados da Infância e da Ju-
ventude – Abraminj tem como
iniciativas, fóruns nacionais e estaduais, bem
como a entidades colegiadas ligadas à in-
fância e à juventude. Assim, a Abraminj tem
apoiado eventos que reúnem a comunida-
de jurídica vinculada às entidades parceiras,
porque se trata de momentos produtivos
e propícios para que magistrados possam
trocar experiências e conhecimentos, deba-
ter sobre a legislação e os projetos de lei e,
ainda, compartilhar boas práticas e projetos
voltados à Justiça Infantojuvenil.
parceiros da Abraminj o Fórum Nacional da
Justiça Protetiva – Fonajup, o Fórum Nacional
da Justiça Juvenil – Fonajuv, o Colégio de Co-
ordenadores da Infância e da Juventude dos
Tribunais de Justiça do Brasil, o Conselho Na-
cional de Justiça – CNJ, além dos colegiados e
fóruns estaduais que se alinham ao mesmo
propósito da Associação.
tuto da Criança e do Adolescente – ECA
com o advento da Lei 13.509, sancio-
nada em 22/11/2017. A Lei se originou
de um anteprojeto elaborado pelo Mi-
nistério da Justiça e Cidadania – MJC,
a partir de consulta pública aberta em
2016, que reuniu sugestões da socie-
dade civil e de especialistas da área.
Para que o texto também refletisse o
posicionamento daqueles que decidem
adolescente, o presidente da Abraminj,
juiz Renato Scussel, e o presidente do
Fonajup, juiz Sérgio Luiz Ribeiro de Sou-
za (gestão 2016-2018), encontraram-se,
Criança e do Adolescente do MJC, Cláu-
dia de Freitas Vidigal, a fim de dialoga-
rem sobre as sugestões a serem elabo-
radas no segundo encontro do Fonajup
como contribuição ao anteprojeto.
ca de 40 magistrados de 17 estados e do
DF se reuniram no II Fórum Nacional da
Justiça Protetiva, para estudar, debater e
consolidar propostas de mudança no ECA,
na área protetiva, especialmente na parte
que trata de procedimentos para adoção
e atualização das diversas estratégias
voltadas à efetivação do direito à convi-
FÓRUM NACIONAL DA JUSTIÇA PROTETIVA – FONAJUP
Desde a sua criação, o Fonajup já se reuniu em cinco ocasiões, to- das com apoio da Abraminj. Os ma- gistrados se encontraram no Rio de Janeiro-RJ (1º e 3º encontros), Brasí- lia-DF, Ouro Preto-MG e Bonito-MS. É inegável a atuação firme do Fórum nas questões cíveis que envolvem a criança e o adolescente na Justiça. Além disso, é papel do Fonajup de- bater novas práticas e temas atuais, como busca ativa, apadrinhamento afetivo e multiparentalidade. O Fo- najup já aprovou seis enunciados e contribuiu para as modificações do Estatuto da Criança e do Adolescente que culminaram na publicação da Lei 13.509, sancionada em 22/11/2017. Atualmente, os magistrados mem- bros se debruçam sobre outras pro- postas de mudanças na legislação.
I Fonajup – Fundação
auditório da Corregedoria do Tribunal
de Justiça do Estado do Rio de Janeiro
– TJRJ para fundar o Fórum Nacional da
Justiça Protetiva – Fonajup. Com esse
feito, a magistratura da Justiça Infanto-
juvenil dos estados e do Distrito Federal
passou a ter um espaço específico para
debates, troca de experiências, partici-
pação e acompanhamento das propos-
tas legislativas e da implementação de
políticas públicas em matéria protetiva
da criança e do adolescente.
O ato obteve o apoio e a articulação
da Abraminj, representada pelo seu pre-
sidente, Renato Rodovalho Scussel, e da
Coordenadoria Judiciária de Articula-
tude do TJRJ – Cevij, representada por
sua coordenadora, juíza Raquel Santos
Pereira Chrispino.
sua primeira diretoria, composta pelo
juiz do TJRJ Sérgio Luiz Ribeiro de Sou-
za, presidente; pela juíza do TJES Mor-
gana Dario Emerick, vice-presidente; e
pelo juiz do TJSE Haroldo Luiz Rigo da
Silva, primeiro-secretário.
e adolescentes.
grupos temáticos: apadrinhamento de
crianças e adolescentes instituciona-
lizados, acolhimento familiar, adoção
lhos pelas mães. Os grupos discutiram e
formularam consensualmente sugestões
nal de Promoção dos Direitos da Criança
e do Adolescente do MJC.
O presidente da Abraminj, Renato
Scussel, compôs a mesa de abertura do
II Fonajup e afirmou: “Precisamos mudar
de alguma forma, e que possamos con-
tribuir com nossas experiências para o
aperfeiçoamento do sistema de justiça e
da legislação da infância e da juventude,
que é o nosso instrumento de trabalho”.
Durante o evento, o Fórum aprovou
seu Regimento Interno e elegeu, por una-
nimidade, a juíza Katy Braun do Prado
(TJMS) para ocupar o cargo de segunda
secretária do Fonajup.
Mais de 130 inscritos de 17 estados
e do DF participaram do III Fórum Na-
cional da Justiça Protetiva. Na mesma
oportunidade, aconteceu o Workshop da
Infância e da Juventude do CNJ – Região
Sudeste referente ao Cadastro Nacional
de Adoção – CNA e ao Cadastro Nacional
de Crianças Acolhidas – CNCA. Presente
ao evento, o presidente da Abraminj, Re-
nato Scussel, destacou o momento difícil
que o País vive perante a ordem consti-
tucional e pediu ação e união entre os
colegas magistrados. “É importante sair
da mesmice e ir além da prestação juris-
dicional. Precisamos fazer a diferença, e
o momento é agora”, afirmou.
Temáticas abordadas
sobre busca ativa, seus limites e como
são realizados os projetos pelas redes
sociais e grupos fechados (juíza Mônica
Labuto – RJ – e Silvana Moreira – pre-
sidente da Angaad); Programa Família
Acolhedora, desenvolvido na cidade de
Cascavel-PR (juiz Sérgio Luiz Kreuz – PR);
novas constituições familiares e o avan-
ço que a multiparentalidade deve alcan-
çar no âmbito da adoção (juíza Andréa
Pachá – RJ); adoção internacional como
tratado internacional e com enfoque
na Convenção de Haia (desembargador
Reinaldo Cintra – SP); projeto de apadri-
nhamento afetivo “O Ideal é Real” e as
modalidades de apadrinhamento: auxí-
de serviços e afetivo para crianças com
poucas chances de adoção (juiz Sérgio
Luiz Ribeiro de Souza – RJ); reflexão so-
bre a mudança de perfil de habilitação e
formação de padrinhos e pretendentes à
adoção (psicóloga Maria da Penha Olivei-
ra Silva – Aconchego-DF).
cessárias e a procura de famílias para
as crianças maiores, o presidente do
Fonajup à época, juiz Sérgio Luiz Ribei-
ro de Souza, pontuou: “É preciso deixar
de ser tabu a busca ativa de pais para
crianças e adolescentes, tanto na ado-
ção nacional como na internacional. Os
institutos existem e temos o dever de
abrir essas possibilidades às crianças
e aos adolescentes”. Sérgio também se
referiu ao apadrinhamento como uma
referência afetiva para os acolhidos de
maior faixa etária.
aprovado à unanimidade um assento de
membro do Fonajup no Fórum Nacional da
Infância e da Juventude – Foninj/CNJ.
III III
tetiva teve por finalidade a integração,
o aperfeiçoamento, o acompanhamento
tação de políticas públicas por meio de
palestras e discussões entre magistra-
dos da infância e juventude de todo o
País, que estavam também presentes
para participarem do IX Encontro Bra-
sileiro dos Magistrados da Infância e
da Juventude, promovido pela Escola
Nacional da Magistratura – ENM e pela
Associação dos Magistrados Brasileiros
pois, em 19/10/2017.
11 enunciados – e aprovados 6 – que irão
nortear a atuação de juízes da infância e
juventude. Além disso, foram discutidas
propostas de vetos ao Projeto de Lei
5.850/2016, originário da Câmara dos De-
putados, que altera o Estatuto da Crian-
ça e do Adolescente (ECA).
ENUNCIADOS DO FONAJUP
e determinar a colocação em família substituta, devendo ser
informado aos pretensos adotandes, expressamente, o caráter
liminar das decisões.
ENUNCIADO 2
» Após a oitiva judicial dos pais, na entrega voluntária de seus
filhos para colocação em família adotiva, o juiz homologará a
declaração de vontade dos pais nos próprios autos e declarará
extinto o poder familiar.
» A emancipação não afasta a proteção do Estatuto da Criança
e do Adolescente e das portarias dos juizados da infância e
juventude.
» O Conselho Tutelar, em respeito ao princípio do melhor interes-
se da criança e do adolescente e em analogia ao artigo 93 do
ECA, poderá deixar crianças ou adolescentes encontrados em
situação emergencial de risco aos cuidados da família exten-
sa, a fim de evitar o acolhimento, comunicando em 24 horas à
autoridade judiciária e ao Ministério Público, devendo também
iniciar procedimento administrativo para acompanhamento do
caso e, no ato da entrega, notificar, por escrito, sobre a neces-
sidade de busca imediata de advogado ou defensoria pública
para eventual regularização da guarda.
I
constatada a ausência de vínculo afetivo e/ou in-
teresse.
instrução dos feitos em trâmite nos juízos da infân-
cia e juventude poderão ser realizados pela equipe
técnica do juízo e/ou pela equipe do município e/ou
pela equipe da instituição de acolhimento.
XVIII
32
FÓRUM NACIONAL DA JUSTIÇA JUVENIL – FONAJUV
A Abraminj tem representativi- dade no Fórum Nacional da Justiça Juvenil – Fonajuv, sendo um de seus grandes apoiadores. Criado em 8 de agosto de 2008 e de caráter perma- nente e autônomo, o Fonajuv é com- posto por magistrados de todo o País, que se reúnem periodicamente para conhecer a realidade de cada região, os desafios e as experiências exito- sas, buscando a construção de fer- ramentas para garantir a agilidade e a concretude na apuração da prática infracional e na aplicação e execução das medidas socioeducativas destina- das ao público adolescente.
Como relembrou a juíza Ana Cris- tina Borba Alves (presidente na ges- tão 2016-2018) durante o XX Fonajuv, em Alagoas, o propósito inicial do Fórum era o de contribuir para a ela- boração de diretrizes básicas na insti- tuição do Sistema Nacional de Atendi- mento Socioeducativo – Sinase, o que culminou na edição da Lei 12.594/12. “A luta foi grande e a Lei do Sinase é, em sua maioria, resultado de discus- sões no âmbito do Fonajuv. Já foi um grande avanço”, comentou.
Ao longo de 10 anos de existên- cia, o Fórum já realizou 22 encontros em diversas cidades brasileiras, ela- borou e aprovou 25 enunciados, dos quais 18 permanecem vigentes. Nos útlimos dois anos, o Fonajuv se reu- niu em quatro ocasiões, nas cidades de Florianópolis-SC, Marechal De- odoro-AL, Cuiabá-MS e Vitória-ES. Veja o resumo de cada um desses quatro encontros.
XVIII Fonajuv
sociação dos Magistrados Catarinenses,
cional e de execução de medidas socio-
educativas, além de profissionais que
trabalham com a temática.
como o panorama da infância e juven-
tude no Brasil, os padrões e referenciais
para o atendimento socioeducativo, o
atendimento socioeducativo e a Justi-
ça Restaurativa no Brasil. A reunião de
magistrados também contou com a dis-
cussão de enunciados sobre os assuntos,
além da eleição da diretoria que geriu a
entidade até março de 2018, compos-
ta pelos juízes Ana Cristina Borba Alves
(TJSC), presidente; Valéria da Silva Ro-
drigues (TJMG), vice-presidente; Vladson
Bittencourt (TJES), primeiro secretário;
(TJGO), segunda secretária.
Juvenil contou com a participação
de desembargadores, juízes e órgãos
do governo envolvidos na discussão
XIX XX
adolescentes.
sociais; debate acerca dos padrões e
referenciais para o atendimento socio-
educativo na área de saúde mental e
como acessar programas e recursos;
apresentação de propostas de alteração
do Estatuto da Criança e do Adolescente,
na parte infracional, e da Lei do Sinase;
apresentação de constelação familiar e
das boas práticas do Tribunal de Justiça
do Estado de Goiás (TJGO) relacionadas a
atos infracionais.
da Abraminj, Renato Scussel, relembrou
a criação do Fonajuv, quando “se mos-
trava uma verdadeira usina de debates e
ideias. Esse espaço motivou a revitaliza-
ção e o renascimento da Abraminj”.
Na ocasião, os magistrados debateram
e votaram enunciados sobre os assuntos
tratados por eles durante a reunião.
XX Fonajuv
O XX Fonajuv reuniu magistrados que
atuam na área infracional e de execução
de medidas socioeducativas de todo o
Brasil, além de representantes de en-
tidades e associações que defendem a
causa.
diferentes temas, como retrospecti-
socioeducação no Brasil, com abor-
dagem em padrões referenciais para
execução de medidas e a socioesco-
larização, segundo as diretrizes na-
cionais para o atendimento escolar de
adolescentes e jovens em cumprimen-
to de medidas socioeducativas.
de Adolescentes em Conflito com a Lei
e debateu-se sobre as mazelas da so-
ciedade moderna, a exemplo da pros-
tituição infantil, do tráfico de crianças,
do tráfico de drogas e de outras graves
violações de direitos endêmicas na re-
gião Nordeste. Ao final, foram votados
enunciados sobre as conclusões extra-
ídas dos debates do Fórum.
XXI Fonajuv
fios éticos e alterações legislativas; tráfico
de drogas como exploração do trabalho es-
cravo infantil; padrões e referenciais para
a execução das medidas e a escolarização
no atendimento socioeducativo; adoles-
ferença à proteção integral; atendimento
socioeducativo e Justiça Restaurativa.
presidente da Abraminj, Renato Scussel,
falou sobre as atividades da Associação
e a importância da presença da entidade
nos fóruns e eventos da Justiça Infanto-
juvenil. Ele destacou a necessidade de os
magistrados participarem efetivamente
tunidade para informar que, naquela
data, estava sendo lançado aplicativo da
Abraminj para smartphone e tablet.
Na última parte do evento, foi desti-
nado espaço para projetos e boas práti-
cas. O juiz Vanderlei Oliveira (TJPA), por
exemplo, apresentou o projeto Reescre-
vendo Nossa História, que trabalha com
egressos e socioeducandos várias fren-
tes: mercado de trabalho, capacitação,
musicalização e assistência à família.
Ao final do encontro, foram debatidos e
votados enunciados.
XXII Fonajuv
área infracional e de medidas socioe-
ducativas se reuniram no Salão Pleno do
TJES para discutir sobre educação no
XXI XXI
rada em cumprimento de medida socioe-
ducativa, entre outros temas. A Abraminj
esteve representada pelo seu presiden-
te, Renato Scussel.
vendo Nossas Histórias, pelo juiz Van-
derley Oliveira (TJPA); Criando Juízo,
pela juíza Vanessa Cavalieri (TJRJ); Se
a Vida Ensina, Eu Sou Aprendiz, pelo
juiz Marcelo Tramontini (TJRO); e Ofi-
cinas Profissionalizantes no Cumpri-
mento de Medidas Socioeducativas,
pio de Cariacica-ES e conheceram pro-
jetos e metodologias de trabalho desen-
volvidos na unidade com a participação
das famílias, os círculos de mediação de
conflito e o projeto de visita monitorada
na socioeducação.
servirão de referência para os magis-
trados em sua atuação na área da justi-
ça juvenil. Houve ainda eleição da nova
diretoria para o próximo biênio, com-
posta pelos juízes Carlos Limongi Sterse
(TJGO), presidente; Valéria Rodrigues
(TJMG), vice-presidente; Eguiliell Ricar-
da secretária.
deu muito com o debate diversificado
de questões do sistema socioeduca-
tivo brasileiro. “O Fórum é itinerante e
nos permite percorrer várias regiões
do Brasil e nos deparar com as reali-
dades e dificuldades e também com os
projetos exitosos, sendo muito produti-
vo cada encontro”, disse a magistrada
na ocasião.
ENUNCIADO 1
adolescente apreendido em flagrante, deverá ser
prontamente apresentado ao Ministério Público,
ainda que plantonista, procedendo a autoridade
policial, no prazo máximo de 24 horas, comunica-
ção à família e à Defensoria Pública, sendo entre-
gue ao adolescente nota de ciência.
ENUNCIADO 2
ternação provisória pré-processual a requerimento
da autoridade policial o