conf terra-2010-vol-2

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  • 1. Giovanni SeabraJos Antonio Novaes da Silva Ivo Thadeu Lira Mendona(organizadores) A Conferncia da TerraAquecimento global, sociedade e biodiversidade Volume II Editora Universitria da UFPBJoo Pessoa - PB2010

2. UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARABAreitor RMULO SOARES POLARI vice-reitora MARIA YARA CAMPOS MATOSEDITORA UNIVERSITRIA diretor JOS LUIZ DA SILVA vice-diretor JOS AUGUSTO DOS SANTOS FILHO supervisor de editoraoALMIR CORREIA DE VASCONCELLOS JUNIOR 3. Capa: ric SeabraEditorao: Ivo Thadeu Lira MendonaE-mail: [email protected] da Terra: Aquecimento global, sociedade ebiodiversidade. Volume II / Giovanni de Farias Seabra, JosAntonio Novaes da Silva, Ivo Thadeu Lira Mendona(organizadores). Joo Pessoa: Editora Universitria da UFPB,2010.675 p.: il.ISBN: 978-85-7745-532-41. Meio Ambiente. 2. Mudanas climticas. 3. Educao ambiental. 4. Ecossistemas terrestres e aquticos. 5. Sade global. I. Seabra, Giovanni de Farias. II. Silva, Jos Antonio Novaes da. III. Mendona, Ivo Thadeu Lira. UFPB/BCAs opinies externadas nesta obra so de responsabilidade exclusiva dos seus autores.Todos os direitos desta edio reservados GS Consultoria Ambiental e Planejamento do Turismo Ltda.Impresso no BrasilPrinted in BrazilFoi feito depsito legal 4. SumrioSUMRIO .......................................................................................................................................... 5PREFCIO ......................................................................................................................................... 9UM NOVO PASSO... ....................................................................................... ERRO! INDICADOR NO DEFINIDO.3. EDUCAO AMBIENTAL NO MERCADO DE CONSUMO GLOBAL......................... 10A EDUCAO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO PARA A REALIZAO DO CONSUMO SUSTENTVEL E DA PROTEO CONSTITUCIONAL DO MEIO AMBIENTE .......................................................................... 11AGRESTE SETENTRIONAL DO ESTADO DE PE: IMPACTOS AMBIENTAIS CARACTERIZADOS PELO PROCESSO DE DESERTIFICAO EM SERRA SECA-PE.................................................................................. 18ANLISE DA PERCEPO AMBIENTAL DA COMUNIDADE RIBEIRINHA PANTANAL EM ARACAJU ....... 25ANLISE QUALI-QUANTITATIVA DOS RESDUOS SLIDOS EM PRAIAS DO MUNICPIO DE OLINDA-PE.................................................................................................................................................................................... 31ASPECTOS DA PERCEPO AMBIENTAL DOS MORADORES DO BAIRRO MAURO ANTNIO BENTO EM JATA GOIS, BRASIL ......................................................................................................................................... 38ASPECTOS ECODINMICOS E SERVIOS AMBIENTAIS ASSOCIADOS AO ECOSSISTEMA MANGUEZAL DO RIO COC, FORTALEZA/CE............................................................................................................................ 43CARCINICULTURA E A PRODUO DO ESPAO AGROAMBIENTAL NO LITORAL DE SERGIPE, BRASIL.................................................................................................................................................................................... 50CRISE DO CAPITAL OU CRISE AMBIENTAL: UMA DISCUSSO LUZ DA EDUCAO AMBIENTAL ...... 58CONTRIBUIO DA PREFEITURA DE OLINDA NA EDUCAO AMBIENTAL NA CONSTRUO DE UM MUNICPIO SUSTENTVEL ........................................................................................................................... 64DEGRADAO AMBIENTAL DA ZONA COSTEIRA DE SO LUIS MA: UM ESTUDO DE CASO DA PRAIA DO ARAAGY .......................................................................................................................................................... 69EDUCAO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE SUSTENTABILIDADE NA ERA DO CONSUMO GLOBAL .................................................................................................................................................................... 75EDUCAO AMBIENTAL E CONSUMO SUSTENTVEL ...................................................................................... 82EDUCAO AMBIENTAL, EDUCAO EMPREENDEDORA E DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTVEL ........................................................................................................................................................ 88EDUCAO AMBIENTAL EM COMUNIDADES COSTEIRAS DO CEAR. .......................................................... 95EDUCAO AMBIENTAL E CONSUMO NA PERCEPO DOS ESTUDANTES DE ENSINO MDIO EM ESCOLA PBLICA ESTADUAL NA CIDADE DE CATALO GOIS .......................................................... 102EDUCAO AMBIENTAL E O ALAMBIQUE SAMANA RN ........................................................................... 108EDUCOMUNICAO SOCIOAMBIENTAL: O DESENVOLVIMENTO CRTICO E CONSCIENTE DE CONSUMO POR AQUELES QUE FAZEM RDIO COMUNITRIA ................................................................ 114EDUCOMUNICAO: UMA ESTRATGIA PARA A CONSERVAO DA BIODIVERSIDADE ...................... 122EFETIVIDADE DA ROTULAGEM AMBIENTAL: UM ESTUDO DE CASO NA CIDADE DO RECIFE .............. 128MARKETING VERDE: O SEU PAPEL NO PROCESSO DECISRIO DE COMPRA DOS UNIVERSITRIOS DAS INSTITUIES PRIVADAS DE ENSINO SUPERIOR. ........................................................................................ 134O IMPACTO SECUNDRIO DA ATIVIDADE PETROLFERA NA CIDADE DE MACA COM BASE NA FOTOINTERPRETAO DE IMAGENS AREAS .............................................................................................. 142O USO DA AULA DE CAMPO COMO MECANISMO INTERDISCIPLINAR NO ENSINO DA EDUCAO AMBIENTAL ........................................................................................................................................................... 151 5. O USO DE CARTILHA COMO INSTRUMENTO DE INFORMAO DE EDUCAO AMBIENTAL E SANITRIA DIRECIONADO COMUNIDADE TRADICIONAL DA APA DO MARACAN NO MUNICPIO DE SO LUS/MA ................................................................................................................................................... 158OS REFLEXOS DA EDUCAO AMBIENTAL NA INSPEO VEICULAR ........................................................ 163PERCEPO DOS PESCADORES DO CABO DE SANTO AGOSTINHO SOBRE A ATIVIDADE PESQUEIRA FRENTE S DRAGAGENS NO PORTO DE SUAPE (PE) ................................................................................... 169PROJETO RIO LIMPO, RIO LINDO: EDUCAO AMBIENTAL AO LONGO DO RIO DAS MORTES ............. 176SELO AMBIENTAL: EDUCAR PARA CIDADANIA ................................................................................................ 184TIMOR-LESTE: PERCEPO AMBIENTAL NO CONTEXTO ESCOLAR DE UM ESTADO EM CONSTRUO .................................................................................................................................................................................. 189UNIVERSIDADE E EDUCAO AMBIENTAL NO MERCADO DE CONSUMO GLOBAL ................................ 196A EDUCAO AMBIENTAL E DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL: UMA LEITURA A PARTIR DA SOCIEDADE DO CONSUMO ................................................................................................................................ 201A EDUCAO AMBIENTAL NO CONTEXTO ESCOLAR: A ESCOLA, O PROFESSOR E O ENSINO DE GEOGRAFIA ........................................................................................................................................................... 206A FORMAO DO SUJEITO ECOLGICO DENTRO DA FORMAO DE PROFESSORES DO CURSO NORMAL MDIO DE UMA ESCOLA ESTADUAL EM PERNAMBUCO ......................................................... 213A IMPORTNCIA DE PROJETOS AMBIENTAIS: UM ESTUDO DE CASO SOBRE O PROJETO COM CINCIA, NO BAIRRO ILHA DO BISPO, NA CIDADE DE JOO PESSOA PARABA ................................................. 219A PERCEPO AMBIENTAL DOS MORADORES DA COMUNIDADE LOTEAMENTO PADRE HENRIQUE BAIRRO DA VRZEA RECIFE-PE ....................................................................................................................... 222AES ANTRPICAS NOS BAIXOS PLANALTOS COSTEIROS DA BR 101 NO TRECHO JOO PESSOA- MAMANGUAPE...................................................................................................................................................... 229ALAMBIQUE SAMANA E BACIA HIDROGRFICA PIRANHAS-ASSU CASOS DE SUSTENTABILIDADE E DEGRADAO AMBIENTAL NO SERID ..................................................................................................... 235ANLISE DE DESENHOS SOBRE O MEIO AMBIENTE FEITOS POR ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL PBLICO DO MUNICPIO DE CUIT/PB ............................................................................................................ 240ASPECTOS NATURAIS E CULTURAIS DO MORRO DA MASSARANDUBA, ARAPIRACA AL ................... 246AVALIAO DO PROCESSO DE DEGRADAO DA COBERTURA VEGETAL EM SERRA BRANCA E COXIXOLA - PB...................................................................................................................................................... 253CATADORES DE MATERIAS RECICLVEIS DO LIXO DE IREC- BA: EDUCAO E PERSPECTIVAS DE QUALIDADE DE VIDA .......................................................................................................................................... 261CONCEPO DOS MORADORES DO BAIRRO DA ILHA DE SANTA LUZIA NO MUNICPIO DE MOSSOR RN, SOBRE PROCESSOS EROSIVOS .................................................................................................................. 267EDUCAO AMBIENTAL NO PARQUE DOIS IRMOS, RECIFE-PERNAMBUCO ........................................... 275EDUCAO AMBIENTAL COM OS CHACAREIROS DO ENTORNO DA REA DE PRESERVAO PERMANENTE DO CRREGO GRANADA EM APARECIDA DE GOINIA: UMA PROPOSTA EM PROL DA VEGETAO ................................................................................................................................................... 282EDUCAO AMBIENTAL NAS ESCOLAS DA RDS PONTA DO TUBARO RN: POTENCIALIDADES E LIMITAES NA VISO DOS PROFESSORES .................................................................................................. 287EDUCAO AMBIENTAL NO MERCADO DE CONSUMO GLOBAL: A IMPORTNCIA DA CONSCIENTIZAO DA POPULAO .............................................................................................................. 295ESTUDO DA PERCEPO AMBIENTAL DE CRIANAS RIBEIRINHAS PARA PLANEJAMENTO DE AES DE EDUCAO AMBIENTAL .............................................................................................................................. 301FORMAO DE PROFESSORES E EDUCAO AMBIENTAL NAS SRIES INICIAIS DO ENSINO BSICO: UM ESTUDO NUMA CIDADE DO SERTO NORDESTINO ............................................................................. 308IDENTIFICAO DE PRTICAS DE EDUCAO AMBIENTAL DESENVOLVIDAS POR PROFESSORES DO MUNICPIO DE AREIA BRANCA/RN .................................................................................................................. 316IMPACTO AMBIENTAL NA EXTRAO DE AREIA NA REGIO DO TABULEIRO DAS LAGOAS .............. 322LINHAS QUE SE SOBREPEM: CONSIDERAES ACERCA DO TEMPO GEOLGICO E AS AES HUMANAS .............................................................................................................................................................. 330MEIO AMBIENTE NOS OLHARES DE ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL II DE ESCOLAS PBLICAS, JOO PESSOA-PB ............................................................................................................................. 336O LIMITE, O MAR: USO DA MSICA NA INVESTIGAO DA PERCEPO AMBIENTAL DOS PROFESSORES DA RDS PONTA DO TUBARO ............................................................................................... 342 6. PADRES DE CONSUMO, EDUCAO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL .................. 349PERCEPO SCIO-AMBIENTAL DOS FREQUENTADORES DAS PRAIAS DO BESSA E INTERMARES(PARABA-BRASIL) ............................................................................................................................................... 355PERCEPO AMBIENTAL DE ALUNOS EM UMA ESCOLA NORMAL, NO CONTEXTO DAS SALAS DEINCLUSO DA ESCOLA PBLICA, EM JOO PESSOA - PB .......................................................................... 362PERCEPO AMBIENTAL DOS ALUNOS EM UMA ESCOLA DA REDE PRIVADA NO MUNICPIO DE JOOPESSOA PARABA. ............................................................................................................................................. 371PERFIL E PERCEPO DOS PARTICIPANTES DE TRILHAS INTERPRETATIVAS DO PARQUE ESTADUALDE DOIS IRMOS, RECIFE-PE ............................................................................................................................. 378POSSIBILIDADES E ATUAO SOCIO EDUCACIONAL DO COMPLEXO ALUIZIO CAMPOS CAMPINAGRANDE-PB ............................................................................................................................................................ 383PRTICA DA AQUICULTURA NO ESTURIO DO CANAL DE SANTA CRUZ: IMPACTOS AMBIENTAIS .. 390PROPOSTA DO PLANO DE EDUCAO AMBIENTAL DA UFPB-CAMPUS I, JOO PESSOA - PB ............... 397RECUPERAO DE REAS DEGRADADAS EM JAZIDAS DE INSTALAES DE PETROLO .................... 404REFLEXO SOBRE CONSCINCIA AMBIENTAL NOS DIAS ATUAIS ............................................................... 410RESDUOS ELETROELETRNICOS NO MUNICPIO DE MOSSOR-RN ........................................................... 414ROEDORES VILES DA PESTE NEGRA: RECONSTRUINDO O CONHECIMENTO DOS ESTUDANTES NOSERTO PERNAMBUCANO ................................................................................................................................. 419UM JOGO NECESSRIO ............................................................................................................................................. 4254. MEGACIDADES E CIDADES SUSTENTVEIS .............................................................. 430A RELAO ENTRE O HOMEM E A NATUREZA NA TRADICAO AFRICANA BANTO .......................... 431A ESTRUTURAO DO SISTEMA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE DE PARNAMIRIM/RN E SUA IMPORTNCIA PARA A GESTO AMBIENTAL LOCAL ................................................................................ 437CIDADANIA E SUSTENTABILIDADE: ANLISE TERICA COMO FERRAMENTA PARA O ESTUDO DA EDUCAO AMBIENTAL NO MUNICPIO DE SERRA TALHADA-PE ......................................................... 444CONDIES DO MEIO AMBIENTE E GESTO AMBIENTAL EM MUNICPIOS PERNAMBUCANOS .......... 450POLUIO SONORA E SADE ................................................................................................................................. 458REESTRUTURAO PRODUTIVA E A DISTRIBUIO DA POPULAO EM MUNICPIOS DA BACIA DE CAMPOS .................................................................................................................................................................. 464RISCOS SOCIAL, ECONMICO E EPIDEMIOLGICO DAS FAMLIAS RESIDENTES NO MORRO CRISTO REI EM CAJAZEIRAS PB ................................................................................................................................... 471SOCIA(BI)LIDADE E SOLIDARIEDADE EM COMUNIDADES DE BAIXA RENDA: PRTICAS PARA VIVER EM AMBIENTES HOSTIS ...................................................................................................................................... 479UM OLHAR VOLTADO A DEMOCRATIZAAO POPULAR EM PLANOS DIRETORES VISANDO CIDADES SUSTENTVEIS ..................................................................................................................................................... 487CATADORES DE LIXO: REFGIO DO EXCEDENTE POPULACIONAL .............................................................. 492MARECHAL DEODORO AL EM FOCO: CENRIO E PERSPECTIVAS SOCIOAMBIENTAIS DA COMUNIDADE PESQUEIRA LOCAL .................................................................................................................. 498PRTICAS DE PRESERVAO NO PARQUE ESTADUAL DE DOIS IRMOS/PE ............................................. 5055. PLANEJAMENTO ESTRATGICO DOS RECURSOS HDRICOS .............................. 512A LUTA CONTRA A POBREZA E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL NAS REGIES SEMI-RIDAS PASSA PELO DESENVOLVIMENTO DA IRRIGAO A PARTIR DE PEQUENOS LENIS ALUVIAIS? REFLEXES A PARTIR DE UM ESTUDO DE CASO NO NORDESTE BRASILEIRO .................................... 513ARAGUAIA RIO DE AMOR E POESIA................................................................................................................... 525A EDUCAO AMBIENTAL NA GESTO DE RECURSOS HDRICOS ............................................................... 532A UTILIZAO DO GEOPROCESSAMENTO PARA CRIAO DE UNIDADES HIDROGRFICAS NO ESTADO DA BAHIA: UM SUPORTE NO MONITORAMENTO DA QUALIDADE DAS GUAS.................. 539AVALIAO DA QUALIDADE AMBIENTAL DE ASSENTAMENTOS NA BACIA HIDROGRFICA DA REPRESA BILLINGS (MUNICPIO DE SO BERNARDO DO CAMPO/SP) .................................................... 547 7. BACIAS HIDROGRFICAS: GESTO & DEGRADAO AMBIENTAL ............................................................. 555CARACTERIZAO DO NDICE DE DISPONIBILIDADE DE UMIDADE NA MICROBACIA HIDROGRFICA DO AUDE DOS NAMORADOS, SO JOO DO CARIRI, PB ......................................................................... 561CARACTERIZAO SOCIOAMBIENTAL: SISTEMA CATUAMA, MUNICPIO DE GOIANA-PE .................... 566DESPERDCIO DE GUA NAS EDIFICAES DA CIDADE UNIVERSITRIA - UFPB .................................... 573QUANTIFICAO DA INTERCEPTAO DA GUA DA CHUVA EM RVORES ISOLADAS E EM GRUPO.................................................................................................................................................................................. 581UTILIZAO DO MICROFITOPLNCTON NO MONITORAMENTO DA QUALIDADE DE GUA DE UM RESERVATRIO HIDROELTRICO TROPICAL ............................................................................................... 588A POLUIO DO AUDE MARECHAL DUTRA O GARGALHEIRAS ........................................................... 598ANLISES FSICO-QUMICAS E MICROBIOLGICA DA GUA DO AUDE DE BODOCONG, CAMPINA GRANDE, PARABA .............................................................................................................................................. 604AVALIAO DA IMPORTNCIA DADA PELOS MORADORES DA CIDADE DE MAMANGUAPE-PB SOBRE O MEIO AMBIENTE, O CASO DO RIO BANDEIRA .......................................................................................... 609AVALIAO DA VULNERABILIDADE EROSO NAS SUB-BACIAS DE CONTRIBUIO DOS RESERVATRIOS CARPINA, GLRIA DO GOIT E VRZEA DO UNA, PERNAMBUCO, UTILIZANDO TCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO ............................................................................................................. 614DIAGNSTICO AMBIENTAL DO RIO VERMELHO MUNICPIO DE RIO TINTO/PB ..................................... 621EFEITO DA FRAGMENTAO SOBRE A DIETA DAS ESPCIES DE PEIXES EM IGARAPS DE BAIXA ORDEM NA AMAZNIA ....................................................................................................................................... 629ESTUDOS PRELIMINARES DOS DADOS FSICO-QUMICOS DE 2007, RIO CUI, JOO PESSOA/PB .......... 637IDENTIFICAO E MAPEAMENTO DAS REAS DE PRESERVAO PERMANENTE DUNARES NA MICROBACIA DO RIO DOCE NATAL/RN .......................................................................................................... 641O REFLEXO DA POLUIO URBANA NOS ECOSSISTEMAS AQUTICOS: O CASO DO MANGUEZAL CHICO SCIENCE, COMPLEXO DE SALGADINHO, OLINDA-PE .................................................................... 649O USO DAS GUAS SUBTERNEAS PARA IRRIGAO NOS MUNICIPIOS DE JOO DOURADO, IREC E LAPO - BAHIA ..................................................................................................................................................... 656RIO MANDACARU: UMA ABORDAGEM SOBRE A PERCEPO AMBIENTAL E SITUAO SOCIAL DA POPULAO RIBEIRINHA ................................................................................................................................... 662RIO MEKONG: TRANSNACIONALIDADE, DILEMAS DE AO COLETIVA E COOPERAO INTERNACIONAL .................................................................................................................................................. 669 8. A Conferncia da Terra: Aquecimento global, sociedade e biodiversidade9 PrefcioUm novo passo...A quecimento global ou resfriamento do Planeta Terra? Estas indagaes fazem parte de um elenco de incertezas com que a humanidade se defronta diante da realidade ambiental do mundo atual, mais antropocntrico e menos holstico. As questes ambientais estoincorporadas no dia-a-dia das pessoas, invadindo as residncias, as escolas e os ambientes detrabalho, incidindo na estrutura e hbitos da sociedade humana, tornando-se tema de destaque emreunies de associaes intelectuais e cientficas. Os programas e aes ambientais so quasesempre sustentados pelas grandes corporaes empresariais e polticas, cuja sustentao reside nocapital multinacional e nacional e estes, paradoxalmente, constituem os maiores poluidores. Estasituao cria incertezas no pensamento individual e coletivo, exigindo aes de conscientizao emobilizao efetivas e livres da presso do capital. Somente assim teremos uma sociedade maisjusta no Mundo ecologicamente correto.A Conferncia da Terra surge como um importante instrumento de conscientizao emobilizao da populao, um movimento contnuo em prol da sade planetria. A Conferncia daTerra propicia a unio de todos convergindo na perspectiva, do bem estar dos outros seres, e nosomente dos homens. De nada adianta estarmos ss no Planeta, sem a atmosfera e a biodiversidadeque nos permitem viver.Na segunda edio, a Conferncia da Terra 2010 apresenta-se como mais umaoportunidade para representantes de instituies acadmicas, sociedade civil e organizada, bemcomo entidades governamentais e privadas reunirem-se com o objetivo de trazerem solues para apreservao do meio ambiente. Sob o tema Aquecimento global, sociedade e biodiversidade,damos um novo passo no intuito de despertar o censo crtico e instigar aes conservacionistaseficazes e livres das interferncias polticas e institucionais.A Conferncia da Terra, uma realizao da Universidade Federal da Paraba, com apoio deoutras instituies, propiciou o acesso de todos os participantes ao que existe de mais novo, notocante s experincias profissionais e acadmicas de centenas de pesquisadores e cidadosevolvendo meio ambiente, mudanas climticas, educao ambiental, ecossistemas terrestres eaquticos e sade global.Giovanni Seabra Ivo Thadeu Lira Mendona 9. 3. Educao Ambiental no Mercado de Consumo Global 10. A Conferncia da Terra: Aquecimento global, sociedade e biodiversidade11 A EDUCAO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO PARA AREALIZAO DO CONSUMO SUSTENTVEL E DA PROTEOCONSTITUCIONAL DO MEIO AMBIENTEKaroline de Lucena Arajo Universidade Federal da Paraba. Centro de Cincias Jurdicas. Programa de Ps-graduao em Cincias Jurdicas. Mestranda em cincias jurdicas pela Universidade Federal da [email protected] RESUMO O texto trata da importncia da educao ambiental para a formao de uma populaoconsciente e, especialmente, de consumidores conscientes. A educao revela-se primordial paraque haja uma mudana na forma de consumir o que levar a uma mudana, tambm, na forma deproduzir, j que o sistema capitalista de produo tem como um de seus pilares o fomento aoconsumo. Mostrar-se- que a educao ambiental uma previso constitucional e, por isso, reconhecidamente um instrumento para que a proteo constitucional do bem ambiental seconcretize. Alm disso, de grande relevncia tambm para a realizao do consumo sustentvel,que a forma de consumo que precisa ser fomentada diante da situao em que se encontra o meioambiente. PALAVRAS-CHAVE: Educao Meio ambiente Constituio Consumo sustentvel.ABSTRACTThis paper addresses the importance of environmental education for the formation of aconscious population and especially conscious consumers. Education appears to be essential if thereis a change in the way we consume leading to a change also in the form of produce, since thecapitalist system of production has as one of its pillars promoting consumption. Show will be thatenvironmental education is a constitutional provision and, therefore, is recognized as a means to theconstitutional protection of environmental good will come true. Furthermore, it is also of greatimportance to the achievement of sustainable consumption, the pattern of consumption that needs tobe encouraged about the situation you are in the environment.KEYWORDS: Education - Environment - Constitution - Sustainable consumption 1. INTRODUO O Brasil vive hoje um sistema capitalista de produo. Tal sistema consiste na extrao derecursos naturais, como matria prima dos mais diversos produtos, e no fomento ao consumo. Oresultado dessa forma de produo j pode ser sentido e tal sensao no das melhores, issoporque o que se pode observar que a degradao do meio ambiente que culmina com a escassez demuitos de seus recursos. Diante desse quadro, iniciou-se um movimento em nvel internacional dedivulgao do estado em que se encontrava o meio ambiente e de formas de se prevenir e evitarnovos danos a esse bem. Essa preocupao maior com meio ambiente ganhou relevo no incio da dcada de 70, coma Conferncia das Naes Unidas de Estocolmo em 1972, que publicou o documento conhecidocomo Declarao sobre o Meio Ambiente Humano. Esse evento teve como objetivo chamar aateno de todos os pases para a necessidade de se viver em um ambiente de qualidade e que este,para tanto, precisava ser preservado. Foi quando se comeou a falar em desenvolvimentosustentvel. Tal desenvolvimento implica numa forma de produo que seja suportvel pelanatureza. Era preciso equilibrar o desenvolvimento com o meio ambiente de qualidade. O presente trabalho traz, nesse diapaso, a educao como forma de esclarecer a populaopara a importncia do meio ambiente equilibrado para a manuteno da qualidade de vida. Paratanto, destaca a proteo constitucional dada ao meio ambiente e a previso no mesmo diploma dapromoo da educao ambiental como instrumento para proteger e preservar o bem ambiental. 11. A Conferncia da Terra: Aquecimento global, sociedade e biodiversidade12Sendo assim, num primeiro momento do trabalho feita localizao do meio ambiente naConstituio e, principalmente, colocada a educao ambiental como instrumento para se chegar proteo determinada pela Lei Maior. , ainda nesse momento, chamada ateno para o fato de que o Brasil possui uma Lei deEducao Ambiental que estabelece diretrizes e que ratifica a relevncia da implementao daeducao com foco ambiental para que a populao contribua na preveno de danos ao meioambiente e na manuteno do meio ambiente de qualidade, premissa constitucional. E nesse contexto que se chega ao mercado de consumo. O consumo sustentvel um dossustentculos para a mudana na forma de produo que, como dito, no possui nenhumapreocupao com manuteno do meio ambiente em equilbrio. O consumidor, atravs de umamudana de postura, vai estar mais atento ao que consome, pois tem conhecimento de como suasatitudes na hora de consumir so decisivas para que haja a preservao do meio ambiente e, assim,assegurar esse bem para outras geraes. Essas decises sero positivas medida que a populao esclarecida para a importncia de uma postura consumerista ambientalmente responsvel o que possvel atravs da educao ambiental. 2. EDUCAO, CONSTITUIO FEDERAL E MEIO AMBIENTE A educao uma das grandes riquezas, se no a maior, que o ser humano pode ter.Riqueza que pode ser acumulada ilimitadamente. Mas, no basta o acmulo de conhecimento. Aeducao vai alm. Ela se revela atravs dos atos de quem a adquire. Quando se diz que algum educado porque ele se comporta bem no relacionamento em sociedade, mesmo que no possuaconhecimento de muitas cincias. Assim, quando se fala em educao ambiental se quer dizer que uma forma de orientar o indivduo para que se relacione bem com o meio ambiente, um grandemovimento tico que deve permear toda a cultura, promovendo uma nova cosmoviso que integre eentrelace as vrias partes do mundo 1. Assim, a educao ambiental uma forma de esclarecer as pessoas sobre as formasde proteger o meio ambiente e de assegur-lo para as futuras geraes. A populao precisa estarciente de que meio ambiente precisa ser protegido sob pena de a prpria vida humana estarcondenada ao fim. Os problemas ambientais gerados por um sistema de produo descomprometido com omeio ambiente levaram muitos pases, inclusive o Brasil, a incorporar em sua legislao e,principalmente, em sua Constituio o meio ambiente como bem protegido. O meio ambienteganhou destaque constitucional com a promulgao da Constituio de 1988, consolidando efortalecendo aquela proteo como aduz Antonio Herman Benjamin: Assim configurada, a proteo ambiental deixa, definitivamente, de ser um interesse menor ou acidental noordenamento, afastando-se dos tempos em que, quando muito, era objeto de interminveis discusses cientficas epoticas. Aqui, o meio ambiente alado ao patamar mximo do ordenamento, privilgio que outros valores sociais sdepois de dcadas ou mesmo sculos lograram conquistar. 2 A Constituio Federal de 1988 traz um captulo especfico para o meio ambienteque se refere ao art. 225 daquele diploma. Ele ressalta a importncia do meio ambiente para a vidahumana e o coloca como direito de todos, assim como impe o dever de proteo ao Poder Pblicoe populao e, para tanto, destaca a importncia da educao: Art. 225 - Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo eessencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lopara as presentes e futuras geraes.1 SEARA FILHO, Germano. O que a Educao Ambiental. In: Desenvolvimento Sustentado: Problemas e estratgias.Editora: Elisabete Gabriela Castellano pg. 6.2 BENJAMIN, Antonio Herman. Meio ambiente e Constituio: uma primeira abordagem. In: 10 anos da Eco 92: Odireito e o desenvolvimento sustentvel. Org.: Antonio Herman Benjamin. So Paulo: IMESP, 2002, pg. 94. 12. A Conferncia da Terra: Aquecimento global, sociedade e biodiversidade131 - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder pblico:[...]VI promover a educao ambiental em todos os nveis de ensino e a conscientizao pblica para apreservao do meio ambiente; Necessrio se faz, ento, que haja uma unio de foras, tanto do Poder Pblico comode toda a populao no sentido de preservar o meio ambiente, pois se o ser humano que intervmno ambiente, estabelecendo riscos de degradao ele tambm que deve buscar formas de evit-lospara proteg-lo como bem elucida Marcelo Abelha Rodrigues: Ora, s haver a possibilidade de preservar e proteger para as futuras geraes se e somente se o papel do serhumano for o de lutar pela sua preservao, pois caso contrrio, permanecendo inerte ou em contnua destruio domeio, ter em pouco tempo assassinado a si prprio3. Por isso, medidas que tenham como importncia primeira a preservao devem ter lugar dedestaque nas polticas pblicas. E sem dvida a educao uma delas. Isso porque uma sociedadeesclarecida dificilmente permite que seus direitos sejam violados e quando se transfere isso para aeducao com foco ambiental, o ato de educar ganha ainda mais relevncia, pois se transforma numgrande instrumento de proteo ao meio ambiente.A EDUCAO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO CONSTITUCIONAL A Lei Maior constatou que a sadia qualidade de vida est condicionada ao equilbrioambiental e que, portanto, uma afronta a tal equilbrio deve ser evitada sob pena de se estameaando a qualidade de vida de toda a coletividade, uma vez que o mesmo diploma define meioambiente como bem de uso como comum, ocorrendo a existncia de um direito materialconstitucional caracterizado como direito ao meio ambiente, cujos destinatrios so todos 4 Uma populao esclarecida dificilmente vai permitir que o meio ambiente ao qualtem direito, mas com qualidade, seja agredido por um sistema que pe em risco os recursos naturaise a sade da populao. A educao da populao desde os primeiros anos de vida escolar umaforma de se chegar ao equilbrio do meio ambiente que indispensvel para a vida da pessoa quehabita atualmente o planeta, bem como as geraes futuras e a Constituio Federal reconhece issoao estabelecer a educao ambiental como um instrumento de proteo e como finalidade do PoderPblico, como nas palavras de dis Milar: A partir da tutela constitucional, o processo educativo relacionado com o meio ambiente adquire umadimenso transcendental, visto que ele se associa s finalidades do Estado enquanto representao da prpria sociedadecomo decorrncia de um pacto social. (...) Vale dizer, a Educao ambiental, como preceito constitucional, umaexigncia nacional que engloba dois aspectos distintos, contudo complementares: trata-se da exigncia social e natural duas faces da mesma moeda.5O problema est no fato de que muitos no sabem da importncia do bem ambientalpara garantia da qualidade de suas vidas. Isso porque desde a colonizao desse pas ficou incutidana mente da populao que os recursos naturais eram renovveis e que, portanto, a extrao dosmesmos poderia ser feita sem qualquer tipo de cuidado. preciso quebrar paradigmas, o que eravisto como renovvel no pode mais assim ser tido, alm de que meio ambiente possui limites queprecisam ser respeitados sob pena de o ser humano pagar preos altos em razo do desrespeito a taislimites. E isso que deve ser esclarecido populao.3 RODRIGUES, Marcelo Abelha. Instituies de Direito Ambiental. So Paulo: Max Limonad, 2002, p.54.4 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Princpios do processo ambiental. So Paulo: Saraiva, 2004. pg. 33.5 MILAR, dis. Direito de Ambiente. So Paulo: Revistas dos Tribunais, 2000. pg. 164. 13. A Conferncia da Terra: Aquecimento global, sociedade e biodiversidade 14Alm do disposto na Carta Magna existe a Lei de Educao Ambiental (Lei n9.795/99) que ratifica a premissa constitucional de proteo ambiental. Ela um instrumento queconcede eficcia preservao disposta na Carta Maior, pois ela d as diretrizes para odesenvolvimento da poltica de educao ambiental que deve ser desenvolvida pelo Poder Pblico,incumbido a este a promoo da educao ambiental em todos os nveis de ensino. E esta promooest prevista tanto no inciso I do art. 3 da Lei 9.795/99 quanto no inciso VI do citado art. 225 daLei Maior, o que atesta a sintonia entre os dois diplomas. a mudana de postura da sociedade, educada e preparada para lutar por seusdireitos, nesse caso, pela preservao do meio ambiente, que determinar a mudana de posturadaqueles que formam o poder econmico e colocam em risco a qualidade dos recursos naturais e,por conseguinte, da vida humana.O meio ambiente um direito de todos e de cada um assim como o o dever deproteg-lo, mas isso se torna uma tarefa rdua se toda a populao no estiver atenta para isso. E foipor essa razo que a Constituio colocou como dever do Poder Pblico a garantia dessa educao,para que a populao tivesse o conhecimento da importncia de preservar o meio ambiente. Aimplementao da educao ambiental nas escolas e na comunidade repercute em todas as reas quepodem contribuir para preservao ecolgica, j que uma populao informada exigente e atuanteo que contribui para a preservao ambiental, como nas palavras de Jos Kalil de Oliveira Costa: A sociedade civil educada com enfoque ambiental ter viso ecossistmica da ordem pblica jurdica e sociale poder assumir um papel mais participativo no controle da comunidade e do Estado, j que estar melhor qualificadapara conseguir provocar a ao socioambiental mais efetiva da Administrao Pblica, a fim de se fazer implementar asPolticas Pblicas de Educao Ambiental, dentre tantas outras (...)6. Sendo assim, a educao foi um dos instrumentos eleitos pela Carta Magna para tornareficaz seu objetivo de proteo do meio ambiente. Alm disso, convm aduzir que atravs daeducao ambiental que se pode chegar a uma mudana importante na sociedade de consumo, poiseste um lado relevante do atual sistema de produo, j que se trata do destinatrio final dosprodutos e servios para os quais , na maioria das vezes, sacrificado o bem ambiental. 3. O consumo sustentvel Como foi dito, no incio do ensejo, a forma de produo atual se baseia namercantilizao de recursos e no estmulo ao consumo. Todos os dias as vitrines comerciaisapresentam produtos novos mais sofisticados, que desqualificam peremptoriamente o produto deontem. Essa mensagem atinge diretamente o consumidor que se sente obrigado a adquirir um novoproduto, sob pena de ser excludo da modernidade. O consumo cresce cada dia mais, o que leva a crer que a cada dia o bem ambiental mais sacrificado, j que as tecnologias se modernizam objetivando o lanamento de produtos novosno mercado, mas o que permanece caduca a forma de produo, que no se preocupa com asustentao de tal mtodo produtivo pelos recursos ambientais. Em razo disso, quando se fala em desenvolvimento tendo em vista o meio ambiente,no se pode esquecer na mudana de postura que deve assumir tais consumidores. O consumidorprecisa ser um consumidor consciente, ou seja, que conhece suas responsabilidades perante o meioambiente e que a mudana de sua postura contribui sobremaneira para degradao ambiental.Afinal, o ritmo do consumo dos bens ambientais que determina a velocidade com esses benspassem a ser escassos7 Optando por produtos ou servios que sejam menos danosos ao meio ambiente, ouque, se quer, lhe causem danos, a sociedade de consumo forar os fornecedores a colocarem6 COSTA, Jos Kalil de Oliveira. Educao ambiental, um direito social fundamental. In: 10 anos da Eco 92: O direitoe o desenvolvimento sustentvel. Org.: Antonio Herman Benjamin. So Paulo: IMESP, 2002, pg. 448 449.7 FIGUEIREDO, Guilherme Jos Purvin de. Consumo sustentvel. In: Ibidem. Pg. 187. 14. A Conferncia da Terra: Aquecimento global, sociedade e biodiversidade 15produtos dessa natureza no mercado. Trata-se do consumo sustentvel. Essa forma de consumo ,sem dvida, a maior busca que deve haver por parte da populao, j que qualquer pessoa temobrigao de preservar o meio ambiente e, enquanto consumidor, est usufruindo dos recursosambientais, devendo procurar faz-lo de forma responsvel, como ratifica Lafayete Josu Petter: Aos consumidores so atribuveis mais responsabilidades na proteo do meio ambiente. Como pondera adoutrina, a livre escolha do consumidor pode ser legitimamente limitada em nome da defesa do meio ambiente. Osconsumidores, a cada dia precisam tornar-se mais conscientes da dimenso ecolgica do processo de consumo em gerale de seu comportamento individual e particular8. Isso confirma a relevncia do consumidor para o movimento de preservao ambiental,atravs da sua mudana de postura no s com relao ao que est consumindo, mas tambm comrelao ao destino dado ao produto quando este no mais servir para o uso. Ao optar pordeterminado produto, o consumidor passa a ser responsvel pela repercusso que aquele produtoter no meio ambiente. importante que o produto seja biodegradvel, j que o lixo outra formade agresso ao meio ambiente, mas que pode ser amenizada se o consumidor for responsveltambm no momento de descartar o produto. Ainda acerca do consumo, vlido salientar que a mudana na postura da sociedadeconsumerista no pode ser, apenas na opo por um produto no, ou menos, danoso ao meioambiente, mas tambm na quantidade de produtos que estes consomem. Assim, o consumo verdelana novos desafios para a comunidade mundial: a mudana radical nos processos produtivos,assim como nos aspectos quantitativos e qualitativos do consumo. 9 E aqui se est diante do dilema de se educar toda uma sociedade treinada para consumir oquanto puder, a consumir somente o necessrio e ainda optar por aquele produto que no agrida anatureza. E a palavra dita foi a mais acertada. Educar. A educao com foco ambiental grande uminstrumento. 3.1 A sociedade de consumo e a influncia cultural A sociedade foi treinada, como dito, para consumir. Para tanto, alguns parmetrosforam estabelecidos para que esse consumo seja eficiente para o sistema de produo. Existe umparmetro de beleza e para ter aquela beleza alguns produtos cosmticos so oferecidos paraconsumidor. Existe um padro de vestir que aquele ditado pela famosa indstria da moda. Enfim,isso acontece com os demais ramos da indstria. A preocupao com os danos que aqueles produtos causam ao meio ambiente e se aproduo dos mesmos se utiliza de tecnologias que no agridem, ou amenizam a agresso, ao meioambiente no faz parte das preocupaes dos consumidores. Cria-se, ento, uma cultura universalonde todos comem, vestem e calam a mesma coisa, at aqueles ditos de estilo alternativo possuemum padro. a chamada indstria cultural que insere no subconsciente humano a idia deimitao, que passa a ser considerada como um valor absoluto.10 Esse padro de consumo precisa ser combatido e isso s possvel atravs dademonstrao de que existem outros valores a serem observados. E formao desses novos valorespara a formao de uma nova sociedade de consumo s ocorrer atravs da educao ambiental.Como j foi dito, atravs da educao que antigos paradigmas so quebrados. A educaoambiental possui um papel de grande importncia para a mudana de parmetro cultural dasociedade de consumo.3.2 Educao ambiental para a formao de consumidores conscientes8 PETTER, Lafayete Josu. Princpios constitucionais da ordem econmica: o significado e o alcance do art. 170 daConstituio Federal. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. pg. 38.9 SPINOLA, Ana Luiza S. Consumo Sustentvel: o alto custo dos produtos que consumimos. In: Revista de DireitoAmbiental. p. 215.10 BASTOS, Lcia Elena Arantes Ferreira Bastos. Consumo de massa e a tica ambientalista. In: Revista de DireitoAmbiental. pg. 185. 15. A Conferncia da Terra: Aquecimento global, sociedade e biodiversidade16Antes mesmo de ser dispositivo constitucional a educao aliada ao meio ambiente jera pauta de alguns encontros de significativa importncia, como o caso da Conferncia deEstocolmo em 1972 em que se destacou a importncia de introduzir a educao ambiental nosestudos, principalmente de jovens e adultos com o fim de formar uma conscincia deresponsabilidade sobre a natureza. E mesmo depois na Conferncia do Rio de 1992, em que seelaborou a agenda 21 que props a reorientao do ensino, devendo ser voltado para a conscinciaambiental.O certo que a educao ambiental sempre foi e mencionada como meio de grandeeficcia para a formao de uma postura responsvel no consumo. A mudana na posturaconsumerista se tornou imprescindvel para a sustentao da produo pelos recursos naturais e o,mais importante, para a preservao dos mesmos. E isso relevante destacar que a preservao dobem ambiental no apenas para que o sistema de produo continue, mas para que o meioambiente seja protegido e preservado para as futuras geraes como reza o dispositivoconstitucional.A educao ambiental um instrumento de grande eficcia para que o consumosustentvel no seja um processo falacioso. preciso que, como nas palavras de Jos Kalil deOliveira Costa: A educao ambiental contemple a formao de valores e alteraes de paradigmas arraigados em nossasociedade, por um processo de aprendizado que muito mais abrangente, capaz de despertar no individuo a cidadania, aresponsabilidade social e a preocupao com o bem estar comum, criando uma conscincia crtica acerca danecessidade de harmonizar as atividades humanas com a proteo ao Meio ambiente11. A educao entra, assim, como vlvula propulsora da mudana de comportamento. preciso que o consumidor esteja bem informado e o Cdigo de Defesa do Consumidor, em seu art.31, garante o direito ao consumidor terem acesso a qualquer informao acerca do produto ouservio que adquire. Sendo assim, o consumidor tem direito de optar por um produto que seja ouno menos danoso ao meio ambiente e essa opo s ser benfica ao meio ambiente se houver umapreparao do consumidor pra isso preparao essa que fica a cargo da educao ambiental. Assim, muito mais do que ter direito informao sobre o produto, mas ter a conscincia de que talproduto danoso ou apresenta riscos ao meio ambiente e que essa conscincia influencie naescolha. Dessa forma, se permite que a abertura comunicacional proporcionada pelo discursoecolgico atue diretivamente na orientao de qualquer conduta e atividade de interveno sobre oambiente12 A educao ambiental abre a comunicao para que a sociedade seja formada parater conscincia ambiental e at se torne curiosa no sentido de buscar formas de proteger o meioambiente o que vai influenciar nas suas escolhas com relao, principalmente, ao que consumir ecomo consumir. 4. CONSIDERAES FINAISO estgio atual em que se encontra a biota no se pode mais pensar em mudana depostura da populao como algo a ser deixado para depois. preciso formar pessoascomprometidas com a preservao do meio ambiente urgentemente. E isso possvel atravs dapromoo da Educao Ambiental. Foi visto no ensejo que a Constituio impe ao Poder Pblico aimplementao da educao ambiental nas escolas, o que mais tarde foi regulado tambm atravs delei especfica, qual seja a Lei n 9.795/99, Lei de Educao Ambiental.Todas as pessoas so consumidoras em potencial. Portanto, formar uma populaoconsciente formar consumidores conscientes, que se preocupam com o impacto que seu consumoter no meio ambiente. A educao ambiental deve fazer parte da prtica escolar, mas tambm das11 COSTA, Jos Kalil de Oliveira. Ob. cit. Nota 5. pg. 450.12 LEITE, Jos Rubens Morato; AYALA, Patryck de Arajo. Direito ambiental na sociedade de risco. Rio de Janeiro:Forense Universitria, 2002. pg. 92. 16. A Conferncia da Terra: Aquecimento global, sociedade e biodiversidade17conversas em casa e tambm nas comunidades. Associaes de bairro podem contribuir bastantepara essa mudana na mentalidade de jovens, adultos e crianas. preciso que haja uma mudana de valores, para que isso repercuta na forma deconsumo e consequentemente obrigue uma mudana no prprio sistema. O que define a produo a demanda. Sendo assim, se os consumidores procurarem cada vez mais produtos que no agridama natureza e que seu descarte no gere tantos transtornos, o fornecedor indubitavelmente procurarsuprir essa demanda.A educao , pois, o caminho seguro para a formao de consumidores conscientesque protegem e preservam o meio ambiente seguindo o dever imposto pela Constituio Federal aogarantir o direito ao meio ambiente de qualidade.5. REFERNCIASBASTOS, Lcia Elena Arantes Ferreira Bastos. Consumo de massa e a tica ambientalista.In: Revista de Direito Ambiental. N. 43. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006.BENJAMIN, Antonio Herman. Meio ambiente e Constituio: uma primeira abordagem.In: 10 anos da Eco 92: O direito e o desenvolvimento sustentvel. Org.: Antonio Herman Benjamin.So Paulo: IMESP, 2002COSTA, Jos Kalil de Oliveira. Educao ambiental, um direito social fundamental. In: 10anos da Eco 92: O direito e o desenvolvimento sustentvel. Org.: Antonio Herman Benjamin. SoPaulo: IMESP, 2002.FIGUEIREDO, Guilherme Jos Purvin de. Consumo sustentvel. In: 10 anos da Eco 92: Odireito e o desenvolvimento sustentvel. Org.: Antonio Herman Benjamin. So Paulo: IMESP,2002.FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Princpios do processo ambiental. So Paulo: Saraiva,2004.LEITE, Jos Rubens Morato; AYALA, Patryck de Arajo. Direito ambiental na sociedadede risco. Rio de Janeiro: Forense Universitria, 2002.MILAR, dis. Direito de Ambiente. Doutrina jurisprudncia prtica e glossrio. SoPaulo: Revistas dos Tribunais, 2000.PETTER, Lafayete Josu. Princpios constitucionais da ordem econmica: o significado eo alcance do art. 170 da Constituio Federal. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.RODRIGUES, Marcelo Abelha. Instituies de Direito Ambiental. So Paulo: MaxLimonad, 2002.SEARA FILHO, Germano. O que a Educao Ambiental. In: DesenvolvimentoSustentado: Problemas e estratgias. Editora: Elisabete Gabriela Castellano.SPINOLA, Ana Luiza S. Consumo Sustentvel: o alto custo dos produtos queconsumimos. In: Revista de Direito Ambiental. N. 43. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais,2006. 17. A Conferncia da Terra: Aquecimento global, sociedade e biodiversidade18 AGRESTE SETENTRIONAL DO ESTADO DE PE: IMPACTOSAMBIENTAIS CARACTERIZADOS PELO PROCESSO DEDESERTIFICAO EM SERRA SECA-PE Nidja Maria Galvo Arajo e OLIVEIRAUniversidade de Pernambuco/[email protected] Allyson Ribeiro de CARVALHOUniversidade de Pernambuco/UPE [email protected] Mariana Mendes NOGUEIRAUniversidade de Pernambuco/UPE, Bolsista PIBIC/CNPq ABSTRACT The protection of areas susceptible to desertification in Brazil should be seen as a priorityto the welfare of the nature and of the society which inhabits them. This research brings as aim toanalyze the resources of nature, that are in process of degradation in the area of Serra Seca in SantaMaria do Cambuc-PE, while observing the continuation of a larger research project in this area.About the methods and techniques, it was used a methodology connected directly in the field,combined with analysis of staff, soil and interviews, all of these are the basis for a theoretical andpractical work. Still, we present the identification of the area undergoing rapid desertification,which brings out a guiding of this process, through human activities, incompatible with the carryingcapacity of the environment. KEYWORDS: Desertification; Mineral Extraction, Soil Degradation. RESUMO A proteo das reas susceptveis a desertificao no Brasil devem ser vistas comoprioridade ao bem-estar da natureza e da sociedade que nelas habitam. A presente pesquisa versa leitura de objetivo voltado a analisar os recursos da natureza e da sociedade que encontram-se emprocesso de degradao na rea da Serra Seca no municpio de Santa Maria do Cambuc-PE,pautando-se em continuidade de uma pesquisa maior dentro da rea. No que se refere aos mtodos etcnicas, foram utilizadas a metodologia direta de campo consorciada com anlises de gabinete,analise de solo e entrevistas. Elementos basilares para fundamentao teorico-prtica ao trabalhocom a identificao da rea em acelerado processo de desertificao, apresentando caractersticasque norteiam a esse processo, desencadeadas por atividades antrpicas incompatveis com acapacidade de suporte com o ambiente. PALAVRAS-CHAVE: Desertificao. Extrao Mineral. Degradao de Solos. INTRODUO O processo de desertificao um fenmeno que vem preocupando diversos pases, face sua grande perda da biodiversidade e insero malfica ao socioeconmico do lugar. O Brasil noest excludo dessa realidade degradativa: oito estados do Nordeste, alm do norte de Minas Geraissofrem riscos potenciais ao processo de desertificao. Muitos locais, j com variados nveis deocorrncia, como se faz sentir na regio de Serra Seca, rea objeto de estudo, localizada noMunicpio de Santa Maria do Cambuc/PE, cuja posio geogrfica de 7 48 45 de latitude S e35 52 50 de longitude W de Greenwich (Figura 01). 18. A Conferncia da Terra: Aquecimento global, sociedade e biodiversidade19Figura 01: Localizao da rea de estudo. Fonte: EMBRAPA, 2005. O processo de desertificao vem sendo tratado desde os anos 30 do sculo passado. Noentanto, a evoluo dos modelos de recuperao de tal processo se deu em 1992, na Conferncia dasNaes Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano do Rio de Janeiro, quando foipossvel delimitar conceitualmente o fenmeno desertificao, suas causas e efeitos, antes tratadoscom vrias divergncias entre os estudiosos. Na referida Conferncia foi aprovado o documentodiscutido e vlido at a atualidade. Pode-se exemplificar a partir da Agenda 21 nacional que em seu12 captulo define desertificao como:(...) a degradao da terra nas regies ridas, semi-ridas e sub-midas secas, resultante devrios fatores, entre eles as variaes climticas e as atividades humanas.Antes da formulao da Agenda 21 nacional, ocorreram discusses referenciando-se aosfatores que atuavam na deflagrao dos ncleos de desertificao, sem definio clara entredesertificao e desertos. Alm da Agenda 21, Nimer (1988, p. 04) tambm tratou do assunto,diferenciando deserto como sendo um estgio final de degradao, tendo caractersticas prprias, ea desertificao como um processo em que estas caractersticas se tornam variveis de acordo como grau da evoluo degradante:Deserto e Desertificao, embora tenham a mesma etimologia e, de certa forma,fundamentos semelhantes, designam coisas distintas. Deserto um fenmeno acabado e resultanteda evoluo de processos que alcanaram certa estabilidade final, e que pode ser definida comoum clmax ecolgico, isto , por uma espcie de equilbrio homeosttico natural. Os impactos naturais vm sendo visualizados, no ambiente, atravs da eliminao dacobertura vegetal com consequente reduo da biodiversidade local, permitindo que os solos fiquemmais vulnerveis eroso, como por exemplo: as guas da chuva que arrastam todos os seusnutrientes inorgnicos e orgnicos, provocando nos rios enchimento dos leitos, fenmeno esteconhecido como assoreamento. Tais eroses fazem com que ocorram perdas, parcial ou total nossolos, seja por fenmenos fsicos (voorocas) ou fenmenos qumicos (salinizao e alcalinizao).Alm disso, a incapacidade de reteno de gua nos solos aumenta seca edfica. Todos essesfatores afetam a fertilidade e a produtividade agrcola, impactando o ambiente. Elementos esses, problemas economia, como a queda na produo e produtividadeagrcola, diminuindo a renda e o consumo da populao, resultando na desorganizao do mercadolocal e regional. Prejuzos sociais como estes, so caracterizados pela diminuio da qualidade devida, o aumento da mortalidade infantil e diminuio da expectativa de vida da populao. Em 19. A Conferncia da Terra: Aquecimento global, sociedade e biodiversidade20geral, pode-se afirmar que a populao de Serra Seca uma das mais pobres do Estado sem acesso educao e renda adequada. Os impactos na regio de Serra Seca no deixam de ser perceptveis, assim como as reasque sofrem com a desertificao, essa regio padece consequncias dos impactos citados acima,principalmente os que afetam os aspectos fsicos, com a retirada da cobertura vegetal, e da areiapara a construo civil, e os que afetam os aspectos econmicos com a perda da produo dacastanha de caju, entre outros que existem na regio, desestruturando a renda familiar e o comrcioregional. A desertificao no um processo irreversvel, porm, as recuperaes das reas afetadaspodem ser inacessveis para muitos. preocupante que, na maioria das localidades brasileiras, o desenvolvimento sustentvelainda seja algo distante de ser percebido, principalmente, onde a desertificao e a seca estopresentes, devido carncia da populao que nela habita. O trabalho em referncia j se encontraem desenvolvimento desde 2008, na regio do Stio do Manduri, municpio em pauta, cujo norte deintensificao da rea de pesquisa passou a massificao face o processo de desertificao no estarexclusivamente pontuado no Stio do Manduri, mas que amplia-se em outras reas implcitas nomunicpio e at mesmo estendendo-se at outros, como se exemplifica em Vertente do Lrio. Esseltimo, atravs da extrao do calcrio. Diante do exposto, a pesquisa versa como objetivo depotencializar anlises do meio fsico e socioeconmicos, de modo a priorizar o processo emergentede desertificao na rea e suas consequncias no ambiente, associado a processos migratrios domunicpio de Santa Maria do Cambuc para as reas adjacentes de oferta de mo-de-obra. METODOLOGIA Para a elaborao da pesquisa, foi necessrio detectar o problema atravs da observaoem campo, do reconhecimento da degradao ambiental, das entrevistas e as pesquisasbibliogrficas no que diz respeito desertificao, suas causas e consequncias. Para obteno dosresultados, necessrio se fez a parceira com a Prefeitura Municipal de Santa Maria do Cambuc e aSecretaria de Cincia, Tecnologia e Meio Ambiente do Estado de Pernambuco-SECTMA/CONSEMA. No concernente metodologia aplicada, estriba-se numa combinao peculiar parapercepo das investigaes a seguir: a reviso bibliogrfica veio contribuir para o subsdio dafundamentao terica necessria ao embasamento deste trabalho. Utilizaram-se ainda mapasclimticos, geolgicos, pedolgicos, hidrogrficos, polticos e imagens de satlite. A coleta deamostras do solo, para anlise qumico-fsica e teor de matria orgnica ser imprescindvel paraverificao do grau de probabilidade ao processo de desertificao e ao mesmo tempo execuode um manejo sustentvel. Essas anlises esto sendo aferidas em laboratrio. Nesse sentido, pluraliza-se viabilidades de conscientizao no mbito ambiental. Osparticipantes da pesquisa tm como objetivo fazer com que as famlias do municpio tenhamcondies de viver do cultivo do caju, utilizando-o no apenas para a extrao da castanha, mastambm aproveitando o seu pseudofruto, seja para a produo de doces e outros produtos. Paratanto, o tratamento da presente proposta est sendo desenvolvida a partir de encontros e oficinascom a populao local. Atravs das entrevistas foram coletados dados sobre a estrutura scio-econmica do local,buscando solues para a problemtica. Tais solues esto pautadas na adoo de alternativascomo programas para a sensibilizao das famlias residentes nas reas de extrao. Como materialtcnico, foram utilizados: bssola para a aferio do grau das vertentes, o GPS para a localizao eavaliao do tamanho das reas degradadas, altmetro, que junto com o GPS foi utilizado para 20. A Conferncia da Terra: Aquecimento global, sociedade e biodiversidade21medir as altitudes, sacos plsticos, ps e esptulas para a coleta de material, e trenas para a mediodas vertentes. RESULTADOS E DISCUSSO A extrao de areia que acontece na rea foco de trabalho um espelho das condies emque vivem a populao desfavorecidas da regio. A necessidade e a desinformao so as principaiscausas das vendas e alugueis de lotes para comercializao de sedimentos. A partir desta lacunaaberta, as empresas propem a estas famlias lucro imediato. Quem permite a extrao em suapropriedade no tem conscincia de que a terra se tornar improdutiva. No sentido de compreendere solucionar essa problemtica encontra-se em processo de realizao a tabulao dos dados obtidoscom as entrevistas realizadas com os moradores da rea, uma vez que estes so os elementosfundamentais por serem os atores diretos do processo de degradao in loco. Encontra-se em fase de trabalho a conscientizao da populao, com visitas a colgioslocais e palestras abertas s pessoas diretamente ligadas atividade de extrao de areia. Essasatividades vm sendo apoiadas atravs da Prefeitura. As entrevistas com os atores locais para aanlise dos trabalhos encontram-se em desenvolvimento, portanto, as mesmas no devero aparecerno texto em face de no representarem no momento a realidade do processo social em estudo. Com a sequncia de trabalhos tcnicos de campo, percebeu-se que a extrao de areia feia a partir da venda ou aluguel de lotes de terra. Grande parte da areia retirada segue paramunicpios vizinhos, para a indstria de construo civil. E, na maioria das vezes, no mais com aretirada base da p (Figura 02), mas sim atravs de retro escavadeiras (Figura 03), retirandosedimentos em volume muito mais acentuado, chegando a alimentar indstrias de construo civilde grande porte na cidade do Recife.Figura 02: utilizao da p enquanto ferramenta. Figura 03: uso de escavadeira. No caso do caju, tambm utilizado para a extrao da castanha, que segundo uma dasentrevistadas, comercializada com um lucro mdio mensal de R$50,00. Esta prtica podecontribuir no combate desertificao, j que para cessarem as vendas e os alugueis de terras, asfamlias precisam de um trabalho que traga renda. O estudo realizado pela EMBRAPA (2009)mostra que o Municpio de Santa Maria do Cambuc possui 63% de aptido para a cultura do caju,o que um bom percentual visto que o solo e o clima no so favorveis para todos os tipos decultura. Porm, falta s famlias de produtores o aprimoramento desta atividade, como cursos decapacitao que os ajudem, a trabalhar a matria-prima. Segundo outro entrevistado, foi construdauma Usina de Benefcio do Caju e da Castanha, que ajudaria os agricultores no trabalho com o caju.Porm, segundo ele, a mesma foi construda longe da populao (no centro urbano) e acabou porno fazer o trabalho para o qual se destinava. Todavia, a usina atualmente aps esse trabalho depesquisa, j se encontra lotada na rea de produo, para seu beneficiamento. 21. A Conferncia da Terra: Aquecimento global, sociedade e biodiversidade22 notvel que a desertificao gere mltiplos prejuzos econmicos e sociais. O xodorural na regio afetada bastante comum. Considerando as entrevistas, foi percebido que as novasgeraes das famlias residentes na rea vm para a capital, tentando fugir da pobreza, fato que vemagravando os problemas de infra-estrutura j existentes. No caso do municpio de Santa Maria doCambuc, o fenmeno do xodo rural acontece quando as famlias percebem que a terra se tornoupouco ou totalmente improdutiva aps a degradao. De acordo com a SECTMA (1993, p. 03), adegradao das terras causa srios problemas econmicos. Isto se verifica principalmente no setoragrcola, como comprometimento da produo de alimentos. Alm do enorme prejuzo causado pelaquebra de safras e diminuio da produo. Como a prtica da retirada de areia ativa em certos terrenos, possvel observar naFiguras 04 e 05 as reas desnudadas aps a partida de caminhes que levam o mineral.Figura 04: rea degradada. Solo estril. Figura 05: Cratera aps a retirada da areia. A retirada da areia junto ao lucro traz consigo uma condio irreversvel para a terra, poiso solo fica vulnervel ao das chuvas, que escoam e carregam os nutrientes da rea afetada,destruindo a cobertura vegetal e trazendo prejuzos a mdio e/ou longo prazo. Este fato se d pelafalta de permeabilidade da rocha matriz, sendo esta formada pelo embasamento geneticamente deorigem do planalto da Borborema. A Figura 06 mostra o afloramento da rocha matriz aps aextrao da areia. Os prejuzos em longo prazo so mais preocupantes neste municpio, pois a agricultura omeio de subsistncia da maioria das famlias residentes. Estas tm como principais atividades ocultivo de feijo, milho e do caju, que na sua maioria so para consumo prprio. Com as visitas decampo, foram coletados alguns dados sobre as crateras e locais degradados. Sero abordados aseguir alguns fatores que mudam aps modelos de uso e ocupao do solo inadequado. Atividade degradante: Em mdia 80% das crateras visitadas j so inativas, ou seja,chegaram a um ponto em que os nutrientes e sedimentos finos se extinguem s restando a rochamatriz. Nessas reas podem ser observados troncos de rvores empilhados a serem comercializados.(Figura 07). 22. A Conferncia da Terra: Aquecimento global, sociedade e biodiversidade23Figura 06: Afloramento da rocha matriz depois de retirada Figura 07: madeira a ser comercializada proveniente doindiscriminada de sedimentos.Cajueiro.Unidade de relevo: Representada por pediplanos. Grande parte das reas analisadasdemonstra um relevo de depresso relativa, aplainado com baixas altitudes tambm causadas pelosprocessos intempricos. O relevo estudado variou entre ondulado, levemente ondulado ou plano,no tendo grandes variaes de altura, a no ser nas vertentes das crateras, que chegam at 7 metros,visualizado na Figura 06.Altitude: Foram aferidas com a ajuda do aparelho de GPS, medidas em cada ponto dasvertentes formando um X, variando de 423m a 494m. Um fato importante para a interpretaoambiental da rea, que por sua vez no apresenta declividades acentuadas apesar das considerveismdias de altitude.Hidrologia: Antes da retirada da areia, poucas vezes o solo consegue reservar gua em suasuperfcie pelo fato do relevo ser constitudo de cobertura de regossolos, com altas taxas depermeabilidade.Solos: Foram encontrados os seguintes tipos de solo:Regossolo: Em grande parte das reas visitadas foi encontrado esse tipo de solo, quasemassificado localmente. As areias quartzosas distrficas ocupam o segundo tipo de solo maisaflorante. Este solo como o regossolo possui grande poder de percolao, por ser um solo cido noretm umidade em seu perfil. Esse fato agrava o problema da populao local, pois no existemreservas para absoro de gua necessria ao consumo. O Poder Pblico implementou nas reascrticas cisternas para o armazenamento de guas pluviais.Vegetao: Foram encontrados tipos de vegetao arbrea, arbustivas e herbceasretratando o domnio da caatinga, verificou-se algumas espcies atpicas a este domnio sendo amaioria frutferas, como o caju nativo com predomnio, coco, pinha, limo, goiaba, tamarindo e jaca(cultura), que pelo que aparentavam estavam adaptadas ao ambiente.Dinmica instvel: Em alguns casos so encontradas moradias na proximidade dascrateras. Porm, na grande maioria, no h populao perto das atividades de extrao, enfatizando-se, portanto, uma dinmica voltada para a retirada indiscriminada de sedimentos.Aptido Natural: A maior parte dos terrenos possui aptido para o cultivo do caju.Tambm h, em alguns locais, aptido para a palma, agricultura de subsistncia, pecuria elaboratrio para aulas prticas.CONCLUSESA busca por condies sociais favorveis nem sempre bem sucedida. Na maior parte dasvezes, quem vem para a cidade no intuito de buscar melhores condies sociais, acaba vivendo margem da sociedade, no participando da fora de trabalho e agravando a estrutura urbana. Paraque a degradao ambiental progressiva do Municpio de Santa Maria do Cambuc seja reduzida,fazem-se necessrias Polticas Publicas que venham estimular a comunidade a se fixar no campo,evitando o xodo. 23. A Conferncia da Terra: Aquecimento global, sociedade e biodiversidade24 A degradao da rea de Serra Seca ocorre devido extrao exacerbada das areias nasreas menos desenvolvidas, por meio da negociao com os proprietrios dos lotes que alugam area para a retirada da areia. Essa extrao muitas vezes feita por indivduos de municpiosvizinhos que procuram este tipo de solo para a retirada e utilizao na construo civil. Esta prticavem trazendo grandes problemas para a populao, desde a falta de terra frtil para o plantio, quanto marginalizao da parcela afetada por esta atividade. A estrutura original da rea se mostra por uma rea de depresso relativa e em seu entorno,testemunhos residuais do Planalto da Borborema e o calcrio do municpio de Vertente do Lrio. Orelevo local e tipo de solos, em juno com a escassez relativa de pluviosidade torna bastante difcilo acmulo de umidade no solo. Por ser de relevo de pediplano e solos porosa a gua da chuva,escoa e infiltra de forma a no permitir a concentrao de nutrientes e consequentemente retenode umidade. Apesar de toda a dificuldade de fertilidade, o cajueiro bastante comum no local, o quepode ser o ponto inicial da tomada para a sustentabilidade das famlias residentes ali, j que para aextrao da areia faz-se necessria a retirada da cobertura vegetal, e consequentemente, do solo.Nessa instncia, para que a cultura do caju possa progredir as retiradas de sedimentos precisamcessar urgentemente. A adoo de aes pautadas na Educao Ambiental deve subsidiar asatividades inseridas na rea com vistas meta do desenvolvimento local e sustentvel. A presentemeta est sendo perseguida a partir de pequenas, todavia, importantes aes propostas pelo presenteestudo e com a anuncia da Prefeitura Municipal. S com o consrcio da comunidade, PoderPblico e Academia, o futuro do Municpio de Santa Maria do Cambuc poder assegurar aos seuscidados sustentabilidade local e ambiental. REFERNCIAS BRASIL, Senado Federal. Conferncia das naes Unidas sobre Meio Ambiente eDesenvolvimento. Rio 92. Agenda 21. Braslia: Senado Federal; Subsecretaria de edies tcnicas,1996. EMBRAPA, Zoneamento Pedoclimtico do Cajueiro para o Estado de Pernambuco.Disponvel em: http://www.uep.cnps.embrapa.br/caju/index.php?link=index. Acesso em:20/11/2009. NIMER, E. Desertificao: Realidade ou Mito? Revista Brasileira de Geografia. Rio deJaneiro, IBGE, 50 (1): 7 39 jan/mar, 1988. PERNAMBUCO. Secretaria de Cincia, Tecnologia e Meio Ambiente. Plano dedesenvolvimento florestal e da conservao da biodiversidade de Pernambuco. Recife:Sectma-PE, 1993. 24. A Conferncia da Terra: Aquecimento global, sociedade e biodiversidade 25 ANLISE DA PERCEPO AMBIENTAL DA COMUNIDADE RIBEIRINHA PANTANAL EM ARACAJU BIANCHINI, Ilka Maria Escaliante Rede Estadual de Ensino SE - Professora [email protected] LIMA, Josael Bruno de Souza Rede Estadual de Ensino SE Professor [email protected], Lorena XavierSENAI SE [email protected] RODRIGUES, Jos LourenoSENAI SE [email protected] ABSTRACT The necessity of protection for the aquatic environments has been assuming the projectionof global order. The adaptation of managerial and domestic processes with relationship to therelease of sewers and garbage is urgent and it requests of the competent organs a more criticalglance in than says respect to the environmental preservation. In another sphere, the environmentaleducation gone back to the riverine communities that a lot of times pollute the waters of the riversfor knowledge lack makes itself necessary, because the pollution of water by riverine besides beingan environmental problem is also a public health problem. The objective of this work is to analyzethe environmental perception of a riverine community in the Pantanal, located the river Poxim nearthe neighborhood Incio Barbosa in Aracaju, Sergipe. Data collection through site visits andinvestigative questionnaires, showed us the list of people who live there with the river Poxim. KEYWORDS: Environmental degradation; Riparian; river Poxim. RESUMO A necessidade de proteo aos ambientes aquticos tem assumido projeo de ordemglobal. A adequao de processos empresariais e domsticos quanto ao lanamento de esgotos eefluentes urgente e requer dos rgos competentes um olhar mais crtico no que diz respeito preservao ambiental. Numa outra esfera, a educao ambiental voltada para as comunidadesribeirinhas que muitas vezes poluem as guas dos rios por falta de conhecimento faz-se necessrio,pois a poluio das guas pelos ribeirinhos alm de ser um problema ambiental tambm umproblema de sade pblica. O objetivo geral deste trabalho ser o de analisar a percepo ambientalda populao ribeirinha da comunidade do Pantanal, localizada as margens do rio Poxim, prximoao bairro Incio Barbosa em Aracaju, Sergipe. O levantamento de dados deu-se atravs de visitasin loco para aplicao de questionrios investigativos, que se evidenciou uma relao de pessoasque ali habitam com o rio Poxim. PALAVRAS-CHAVE: Degradao ambiental; Mata ciliar; rio Poxim. CARACTERIZAO DO RIO POXIM O rio Poxim, um dos principais afluentes da margem direita da Bacia Hidrogrfica doRio Sergipe, considerado uma sub-bacia que abrange parte dos municpios de ItaporangaDAjuda, Areia Branca, Laranjeiras, Nossa Senhora do Socorro, So Cristvo e Aracaju recebendoas guas dos rios Poxim-Mirim, Poxim-Au e Pitanga, tendo sua foz na mar do Apicum. A regio estuarina do rio Poxim, est localizada na regio sudoeste do Estado de Sergipe,possuindo uma extenso de aproximadamente 9 km, com cerca de 100 m de largura e profundidademdia de 2 m. O esturio do rio Poxim uma das principais fontes de abastecimento de gua doEstado, recebendo uma grande carga poluidora decorrente da industrializao e do crescimentourbano desordenado. Levando-se em considerao que as concentraes de nutrientes (nitrognio e 25. A Conferncia da Terra: Aquecimento global, sociedade e biodiversidade26fsforo), esto geralmente relacionadas carga poluidora recebida pelo ecossistema aqutico, ondeelevados valores servem como indicativo do estado de eutrofizao , portanto, de grandeimportncia o controle dos teores de nutrientes neste ambiente. A necessidade de proteo aos ambientes aquticos tem assumido projeo de ordemglobal. O derramamento de leo, despejos industriais e domsticos, rejeitos de origem hospitalar,contaminao por fertilizantes e pesticidas, desmatamento de manguezais, bem como, reduo deespcies animais e vegetais, constituem foco da ateno a fim de estabelecer proteo adequada aosrecursos marinhos e aquticos. A rea estudada compreende a regio que fica localizada atrs do Conjunto Beira Rio, noBairro Incio Barbosa e surgiu de uma invaso tendo s margens o Distrito Industrial de Aracaju(DIA), onde se encontram indstrias de produtos alimentcios, mveis, plsticos, produtos txteis,qumicos, dentre outras. Constitui-se em um dos principais afluentes do rio Sergipe, amplamenteutilizado pela populao do estado desde a captao de guas pela Companhia de Saneamento deSergipe (DESO), ao uso indiscriminado pela populao em geral e comunidades ribeirinhas, queapesar de retirar o sustento de suas famlias, possuem relaes bem prximas com o rio no que dizrespeito a lazer, prtica de esportes, uso das guas para lavagem de roupas, despejo de lixo entreoutros. A destruio da mata ciliar e os desvios feitos em mananciais por fazendeiros da regiotambm vem contribuindo significativamente para a agresso ao rio, influenciando no volume degua. De acordo com o Comit da bacia hidrogrfica do rio Sergipe, a qualidade da gua do rioPoxim em alguns trechos sofrvel, apresenta altos ndices de metais pesados, coliformes fecais epesticidas, prejudicando ainda mais o ecossistema do rio.O lanamento de efluentes domsticos e industriais sem tratamento eleva os processos deeutrofizao do rio, comprometendo a vida do ecossistema e a vida das pessoas que utilizam as suasguas. O Poxim percorre vrios bairros da capital sergipana, onde a maioria no possui uma rede desaneamento correta e todos os dejetos que saem das casas da rea em questo, sejam eles orgnicosou artificiais, so jogados diretamente no rio.O esturio do Rio Poxim pode ser caracterizado como um ambiente bastante impactado,com resduos oriundos basicamente do aporte de efluentes industriais e domsticos que no temtratamento adequado. Seu estado de eutrofizao bastante elevado, o que requer aes demitigao para coloc-lo em condies ambientais sustentveis. COMUNIDADE PANTANAL: A INTERAO ENTRE OS ELEMENTOSECOLGICOS E SOCIAIS O Pantanal fica localizado atrs do Conjunto Beira Rio, no Bairro Incio Barbosa na zonasul de Aracaju e surgiu de uma invaso a mais de 25 anos. Os problemas de infra-estrutura destacomunidade em maior ou menor grau condenam a qualidade de vida da populao. Curiosamente, oPantanal est situado entre o Distrito Industrial de Aracaju, cujas atividades parecem no terabsorvido a mo de obra local, fato que poderia ter auxiliado no desenvolvimento da comunidade, eo Parque dos Coqueiros, bairro de classes mdia e mdia alta. No presente estudo, procurou-seconhecer as percepes relacionadas ao meio ambiente da populao ribeirinha do AssentamentoPantanal as margens do Rio Poxim, no municpio de Aracaju, para que a questo ambiental pudesseser contextualizada como um sistema complexo, com a interao entre os elementos ecolgicos esociais. A populao atual genuinamente urbana e composta por aproximadamente 500 famlias,segundo pesquisa de 2005 realizada pela Secretaria Municipal de Sade. Quem segue pelo primeirotrecho do conjunto Beira Rio, bairro regulamentado nas proximidades do rio Poxim, depara-se derepente com uma mudana radical de paisagem. O caminho inicial repleto de casas grandes,algumas at luxuosas, e a pista asfaltada. Alguns metros depois a situao bem diferente. No hmais asfalto, s uma estrada de terra. a ento que comea a Comunidade Pantanal, margeando o 26. A Conferncia da Terra: Aquecimento global, sociedade e biodiversidade 27rio Poxim. O acesso feito por um estreito caminho chamado de Avenida Pantanal que segundomoradores, h muito tempo, foi a primeira avenida aberta na comunidade.A rea apresenta problemas de infra-estrutura que, em maior ou menor grau, condenam aqualidade de vida da populao e comprometem o ambiente natural onde a comunidade estainstalada. Curiosamente, o Pantanal est situado entre o Distrito Industrial de Aracaju, cujasatividades parecem no ter absorvido a mo de obra local, fato que se ocorrido, poderia terauxiliado no desenvolvimento da comunidade, e o Parque dos Coqueiros, bairro de classes mdias emdias alta.Diante da crise ambiental que a humanidade est atravessando, explorao equivocadados recursos naturais e poluio diversificada do planeta, as questes referentes ao meio ambienteadquirem grande importncia. Entretanto, os problemas ambientais no esto restritos aoselementos ecolgicos, cuja degradao est combinada com a rpida expanso populacional e com aviso fragmentada da sociedade. Esses problemas no podem ser entendidos isoladamente, pois soproblemas sistmicos, o que significa que esto interligados e so interdependentes. As soluespara estas questes requerem mudanas de percepo em relao aos valores humanos, atravs deuma reflexo tica para com as atitudes em relao ao meio ambiente. A escola por sua vez, torna-se parte integrante na agregao destes valores ambientais que devem ser abordados, auxiliando naconstruo de conceitos e ampliando a viso dos cidados em todos os nveis da sociedade. Osurgimento de metodologias de ensino participativas em prol da democracia, do exerccio dacidadania e da qualidade de vida deve existir para todos da mesma forma, respeitando a diversidadecultural e as identidades dos grupos sociais. Neste sentido, a escola apresenta grande potencial paraa identificao, diagnstico e contribuio no esclarecimento das questes ambientais dacomunidade sua volta, uma vez que estudantes, professores e funcionrios levam suas vivnciaspara a prtica cotidiana escolar. Para tanto a identificao das representaes desses sujeitos sobreas questes ambientais deve ser o primeiro passo para a elaborao de um projeto de educaoambiental.O conceito clssico de Bacia Hidrogrfica explicita basicamente o conjunto de terrasdrenadas por um corpo dgua principal e seus afluentes, numa perspectiva hidrolgica (PIRES et.al, 2002). Esse conceito, porm, vem se expandindo, uma vez que a bacia hidrogrfica vem setomando uma unidade de planejamento e gerenciamento ambiental. Essa unidade apropriada paraestudos ambientais integrados, pois sobre os sistemas hidrolgicos, geolgicos e ecolgicos de umabacia hidrogrfica atuam foras antropognicas, onde os sistemas biogeofsicos, econmicos esociais interagem. (TUNDISI, 2003) A interao humana da comunidade Pantanal com o rio Poximtornou-se foco principal no levantamento de dados norteadores acerca da percepo ambiental dosmoradores desta regio, com a finalidade de averiguar a estreita relao existente entre homem emeio ambiente. No presente estudo, o conhecimento da percepo ambiental da comunidadePantanal sobre o Rio Poxim, no municpio de Aracaju, foi essencial para que a questo ambientallocal pudesse ser contextualizada como um sistema complexo, com a interpretao da interaoentre os elementos ecolgicos e sociais.A Comunidade Pantanal apresenta problemas de infra-estrutura que a mais de 25 anos,engessam a elevao da qualidade de vida da populao: saneamento bsico precrio e/ouimprovisado, ausncia de calamento, iluminao pblica deficitria, falta de segurana edificuldade de acesso aos programas sociais e/ou educativos. O poder pblico municipal apenas sefaz presente pela regularidade da coleta de lixo. O Pantanal se subdivide em duas etapas. Umadelas, provavelmente a mais antiga, conhecida por muitos como Vila do Rato, parte da invasoque possui mais de vinte anos de existncia e a parte mais pobre do Pantanal. O acesso a estaetapa feito por um estreito caminho na beira do rio. As casas (barracos), improvisadas e semcondies de habitao, acompanham a margem direita do Poxim e se espalham por algumas ruas.A segunda parte, cujos traos de urbanizao so mais evidentes (guardadas s devidas propores),apresenta construes mais bem acabadas, feitas de alvenaria e um nmero mnimo dedependncias (quarto, sala, cozinha e banheiro). Todavia, vale pena sublinhar a existncia de 27. A Conferncia da Terra: Aquecimento global, sociedade e biodiversidade28casas que, com dois quartos (amplos) e bem divididas, acabam por se destacar dentre as demaishabitaes. A partir de um questionrio dirigido comunidade no dia 08 de julho de 2009, foi possveladquirir algumas informaes pertinentes ao trabalho visitando 70 residncias, com mdia de 04pessoas por famlia. Perguntadas inicialmente se sabiam quais os motivos principais que levam aescassez de gua no Planeta Terra, 77% dos entrevistados afirmaram que sim, e apontaram odesmatamento, o desperdcio de gua, o aquecimento global, lixos domsticos e dejetos industriaiscomo as maiores causas de degradao ambiental. Solicitados que justificassem suas respostas, aproximadamente 81% dos entrevistadosdemonstraram possuir informaes mesmo que superficiais a respeito dos reais motivos que temlevado a escassez de gua no planeta, e cerca de 19% desconhecem as suas reais causas. Para osmoradores as causas que mais contribuem para a escassez de gua no Planeta Terra so: odesperdcio de gua (50,8%), o desmatamento (15,4%) e a poluio (13,8%) de gua no PlanetaTerra. As tabelas a seguir ilustram muito bem esta realidade que constatamos a partir dedepoimentos dos habitantes da regio. As demais causas juntas representaram apenas 13,0%,consideradas, portanto desprezveis para uma anlise mais profunda. Os moradores foram indagados se conheciam quais as causas de agresso aos rios quebanham a capital sergipana, especialmente o rio Poxim. Aproximadamente 94,40% dosentrevistados disseram que sim, cerca de 4,40% afirmaram desconhecer e os 2,20% restantes nadainformaram. De posse destes dados, pedimos que citassem os principais agentes causadores destapoluio. Aps a anlise e discusso chegou-se aos seguintes resultados: 42% citaram o lixocomum, 21,74% os dejetos industriais, 16,31% citaram os esgotos domsticos e 9,79% a falta deconscientizao da populao. Os entrevistados citaram o lixo, os poluentes industriais e a falta de tratamento de esgotocom peso relevante para os resultados, ou seja, constituindo-se em 80,44% do problema. Foipossvel observar que todo tipo de dejeto produzido nos barracos vo direto para o rio, nem todas ascasas possuem fossa sptica e isso torna-se um grande problema para os moradores e para o rio. Noinicio do assentamento pescadores e familiares se alimentavam do rio. O pescado hoje no RioPoxim praticamente no existe, estando bastante escasso devido poluio produzida pelas fbricasdo Distrito Industrial de Aracaju e pelas residncias da prpria comunidade. Uma das perguntas dirigida comunidade se conheciam o que pode causar as queimadase a devastao das matas ciliares aos rios. O primeiro passo foi esclarecer o que mata ciliar.Depois disso, alguns dos entrevistados disseram que as queimadas e a devastao das matas quecircundam os rios, modificam a estrutura do solo provocando o assoreamento pela diminuio dacapacidade para absorver as chuvas, afetando seriamente a pesca e a vida de outros organismosvivos. Outros destacaram o aumento do buraco da camada de oznio da atmosfera e o aumento dapoluio atmosfrica como conseqncia principalmente das queimadas. Disseram que a poluioagride ao meio ambiente e sade do homem. Pode-se notar tambm que 37% dos entrevistadosno responderam o que perguntamos, quem sabe, ou por no saber ou por no demonstrareminteresse. Segundo moradores que j vive na comunidade h muito tempo toda rea no inicio doassentamento era uma lagoa de dejetos industriais. Para alguns as conseqncias de tudo isso so 28. A Conferncia da Terra: Aquecimento global, sociedade e biodiversidade 29um nmero cada vez maior de ratos e doenas como leptospirose, clera, doena de pele,verminoses, alm de agentes biolgicos como bactrias e tantos outros que a comunidadedesconhece. De acordo com os dados da pesquisa realizada, foi possvel verificar que 58% dosmoradores da localidade conhecem alguma lei que defende o meio ambiente de condutas que oprejudiquem, porm, quando perguntamos se sabiam citar todos responderam que no. importante ressaltar que as leis so reguladores externos do comportamento humano, indispensveis sociedade. No entanto, para que sejam conscientemente respeitadas, faz-se necessrio conhecerpara que produza uma mudana interna nos indivduos. A educao para o meio ambiente, no entanto, deve ser de maneira ampla e geral, para quepossa favorecer uma nova ordem social consciente, crtica, e, sobretudo, responsvel. Apesar de nocitarem alguma legislao que defende o meio ambiente destacam o Ministrio Pblico a ADEMAe o IBAMA como rgos de fiscalizao e de encaminhamento de crimes ambientais. De acordo com os dados da pesquisa realizada, foi possvel verificar que 97% dosentrevistados disseram no ter hbito de poluir o Rio Poxim. Contradizem-se quando 61% afirmamque os dejetos sanitrios so jogados no rio e 71% destacam a no existncia em suas residncias defossa. Opondo-se a afirmao da maioria que dizem no poluir o rio, moradores talvez maisconscientes, disseram que sempre se encontra no seu leito animais mortos, sof boiando, fezesdentro de sacos plsticos, mveis e eletrodomsticos. Apesar de 28% dos entrevistados afirmarem que suas casas possuem fossas, observa-seoutra realidade. Encontramos ruas totalmente poludas e sem nenhum saneamento bsico, aexemplo da Avenida Pantanal que uma das mais antigas do assentamento segundo moradores.Infere-se tudo isso a ausncia do poder pblico, que pouco tem investido na educao parapreservao da natureza, apesar da coleta de lixo na comunidade acontecer com freqncia pelopoder pblico municipal, ou seja, trs vezes por semana, assim afirmaram 64% dos consultados.Para 33% dos indagados a coleta de lixo acontece com regularidade, porm, acreditam que deveriaser melhor. Apenas um afirmou que a coleta rara. Ao analisar as informaes a respeito do nvel de escolaridade da comunidade percebeu-seque 57% possuem nvel fundamental, 38% nvel mdio, 3% tem formao em nvel de 3 grau e 1%concluiu curso tcnico. Do universo de entrevistados foi encontrado apenas um analfabeto. Osdados levam-se a concluir, que 99% da populao entrevistada alfabetizada. J tinha sidoconcludo anteriormente que 97% dos entrevistados afirmavam no jogar lixo no rio. O dado agorapesquisado concluir-se que quanto melhor for o nvel de escolaridade, ou seja, as pessoas forempelos menos alfabetizada, melhor tambm ser seu nvel de conscincia. De acordo com a faixa etria das pessoas que moram na comunidade, verifica-se que dototal analisado, a faixa etria de maior incidncia est no intervalo de 27 a 35 anos, num total de 20,representando 32% do universo pesquisado, conforme pode ser visto na tabela 5 e no grfico 5. Naseqncia, as pessoas consultadas esto nas seguintes faixas etrias: de 11 a 19 anos, num total de11, representando 17%, de 19 a 27 anos, num total de 13 pessoas consultadas, o correspondente a21%, de 35 a 43 anos, num total de 8, o que corresponde a 13%, de 43 a 51 num total de 7 pessoas,com um percentual de 11% e finalmente de 51 a 59 anos, 4 pessoas pesquisadas, representando6%. Numa populao to jovem como a da comunidade pantanal, a aplicao de oficinas e palestrasvoltadas a comunidade em prol do desenvolvimento da percepo ambiental uma maneira deconstruir quanto mais s pessoas participarem, mais elementos para desenvolvimento de umaconscincia de respeito ao meio ambiente tero. A partir do momento em que se consegue implantar nas mentes e nos coraes de todos,uma nova maneira de enxergar e de explicar a vida e tudo o que nela existe, os cidados bemorientados podero contribuir para a preservao da vida respeitando o meio ambiente. CONCLUSO Concluiu-se que devido falta de moradia apropriada para alguns aracajuanos, acomunidade teve incio s margens do rio com casas construdas em madeira sem nenhumaestrutura nem tampouco rede de esgoto. O Pantanal fruto de um processo de loteamento irregular 29. A Conferncia da Terra: Aquecimento global, sociedade e biodiversidade 30efetivado em terras que pertence Unio. Existe pelo menos h trinta anos segundo a pesquisaefetuada no local. Podemos compreender que se fizermos uma projeo desse dado a populaohoje se aproxima de 3.000 moradores. Em conversas, atravs das entrevistas, pode-se perceber que89% da populao residem a menos de 11 anos no Pantanal e afirmam que no inicio no se via tantadestruio.A comunidade observada hoje no Pantanal jovem, boa parte instruda, fato que auxilia narelao existente entre rio e comunidade. Os problemas scio polticos que ali so verificados soinmeros, e concluiu-se que obras necessrias para o bem estar da populao e promoo daqualidade de vida, falta da aplicao e planejamento de gesto ambiental de resduos industriaistornaram-se uma constante em todos esses anos de assentamento, deixando a desejar e gerando umadesconfiana da populao em torno das resolues governamentais e da justia ambiental.Diante do exposto, percebe-se que a preservao do meio ambiente deve ir alm dasquestes legais e polticas, partindo do social, a educao voltada para o jovem, futuros cidadosatuantes, deve ser incentivada ento no que se refere ao conhecimento do ambiente em que se vive eisso sim, deve ser levado em considerao.O Poxim percorre vrios bairros da capital sergipana, onde a maioria no possui uma redede saneamento correta e todos os dejetos que saem das casas, sejam eles orgnicos ou artificiais, sojogados diretamente no rio. Para alguns moradores o mau cheiro incomoda a populao e afasta aclientela de alguns comerciantes. A ocupao desordenada e o despejo de lixo em locaisinadequados favorecem aos altos ndices de poluio. Os rgos ambientais permanecemmonitorando e fiscalizando todos os pontos a fim de manter o controle dos ndices de poluio. A Educao Ambiental tem a sua importncia na possibilidade de, a partir doconhecimento das leis e o respeito ao meio ambiente, reduzir consideravelmente as agressesambientais e, sobretudo, os danos natureza. Configura-se, pois, como expresso incondicional derespeito prpria vida. A percepo ambiental, ou cognio ambiental, o termo usado para sereferir tendncia geral pelas quais as pessoas desenvolvem atitudes e sentimentos em relao a