concreto reforçado com fibras de aço

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1 Universidade Federal do Pará Instituto de Tecnologia - ITEC Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil Linha de Pesquisa: Estruturas e Construção Civil - Ênfase Estruturas Karina da Silva Souza Matricula: 201512370026 RELATÓRIO DE CONCRETO REFORÇADO COM FRIBRAS DE AÇO Belém 2015

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Relatorio Tecnico de concreto reforçado com fibra de Aço.

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    Universidade Federal do Par Instituto de Tecnologia - ITEC

    Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil Linha de Pesquisa: Estruturas e Construo Civil - nfase Estruturas

    Karina da Silva Souza Matricula: 201512370026

    RELATRIO DE CONCRETO REFORADO COM FRIBRAS DE AO

    Belm 2015

  • 2

    Karina da Silva Souza

    RELATRIO DE CONCRETO REFORADO COM FIBRAS DE AO

    Relatrio apresentado como pr-requisito para apresentao do Concreto Reforado com Fibras de Ao, como objetivo de nota para primeira avaliao na matria de Estruturas Especiais do Mestrado da Universidade Federal do Par.

    Professor: Dr. Bernardo Neto

    Belm 2015

  • 3

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Fibra de polipropileno............................................................................ 7 Figura 2 - Fibra de ao........................................................................................... 7 Figura 3 Fibra de coco........................................................................................ 7 Figura 4 Fibra de vidro......................................................................................... 7

    Figura 5 Concentrao de tenses nas extremidades das microfibras............. 10

    Figura 6 Distribuio de ao por tipo de aplicao no Brasil.............................. 11 Figura 7 Ligao viga-pilar com concreto reforado com fibra de ao............... 11 Figura 8 Exemplo de diferentes tipos de fibras de ao...................................... 13 Figura 9 Deformaes e comprimentos de fibras de ao................................... 14 Figura 10 Detalhe de fibras de ao.................................................................... 14 Figura 11 Fibras trabalham como ponte de transferncia de tenses............... 16 Figura 12 Processos de energia em concreto reforado com fibra de ao........ 17 Figura 13 Concreto reforado com fibras de ao com compatibilidade dimensional (A) e sem compatibilidade...................................................................................... 18

  • 4

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Principais propriedades de diversas fibras.......................................... 8 Tabela 2 Razes para aplicao de CRFA nos diversos tipos de fibras.......... 12 Tabela 3 Nvel de resistncia mnima do ao e respectiva classe da fibra segundo ABNT NRB 15530 (2007)...................................................................... 15 Tabela 4 Mtodos de ensaio para determinao de tenacidade especificada para o concreto projetado com fibras de ao....................................................... 22

  • 5

    SUMRIO LISTA DE FIGURAS............................................................................................... iii LISTA DE TABELAS.............................................................................................. iv 1 INTRODUO...................................................................................................... 6 2 CONCRETO COM FIBRAS.................................................................................. 7 2.1 Tipos de fibras.......................................................................................... 7 2.2 Vantagens e desvantagens da adio de fibras..................................... 10 3 CONCRETO REFORADO COM FIBRAS DE AO.......................................... 11 3.1Fibras de ao........................................................................................... 13 3.2 Interao fibra matriz.............................................................................. 17 4 PROPRIEDADES DO CRFA............................................................................... 20 4.1 Resistncia a compresso e compresso uniaxial................................. 20

    4.2 Resistncias trao e trao uniaxial.................................................. 21 4.3 Resistncia ao impacto........................................................................... 21 4.4 Resistncia fadiga................................................................................ 22 4.5 Tenacidade.............................................................................................. 22

    5 CONSIDERAES FINAIS.................................................................................. 24 6 REFERNCIAS..................................................................................................... 25

  • 6

    1. INTRODUO

    Desde a antiguidade, as fibras so utilizadas para reforar materiais

    estruturais de alta resistncia, porm de comportamento extremamente frgil. Em

    momentos histricos distintos, crinas de cavalo ou palha eram utilizadas como

    reforo nos revestimentos das construes mais pobres para evitar fissuras de

    retrao; e tranas de bambus utilizadas como reforo em forros de gesso armado.

    Alguns estudos mais recentes sobre os benefcios da utilizao das fibras

    datam do incio do sculo XX. A partir de 1910, algumas pesquisas e patentes foram

    desenvolvidas, envolvendo a utilizao de elementos descontnuos de reforo em

    ao, tais como pregos, segmentos de arame e aparas metlicas, para melhorar as

    propriedades do concreto. Porm, foi s a partir dos anos de 1950 e 1960 que

    surgiram as primeiras pesquisas relevantes na avaliao do potencial das fibras de

    ao como reforo no concreto (MACCAFERRI, 2008).

    As primeiras investigaes sobre as fibras de ao foram realizadas nos

    Estados Unidos no incio da dcada de 1960, com o objetivo de avaliar o potencial

    dessas fibras no reforo para o concreto. Desde ento, ocorreu uma quantidade

    substancial de pesquisas, desenvolvimentos, experimentaes e algumas

    aplicaes industriais nas fibras de ao no concreto armado. As geometrias mais

    complexas dessas fibras foram desenvolvidas, principalmente, para modificar a sua

    ligao e a sua ancoragem mecnica na matriz cimentcia (AFAIR, 2014).

    Alm do controle da fissurao, as fibras conferem ductilidade aos concretos,

    ou seja, permitem que o mesmo possa sofrer deformaes inelsticas nas

    vizinhanas de uma possvel ruptura, sem que ocorra a perda substancial de sua

    capacidade resistente. Todavia, o acrscimo das mesmas influencia na

    trabalhabilidade da mistura, sendo necessrios estudos de dosagem para possibilitar

    o maior acrscimo possvel na ductilidade do concreto, sem comprometer sua

    trabalhabilidade. Os concretos com fibras podem ser definidos como compsitos:

    materiais constitudos de, pelo menos, duas fases distintas principais, denominado

    matriz e as fibras, que podem ser produzidas a partir de diferentes materiais como

    ao, vidro, polipropileno, nilon, carbono, entre outros. (PINTO, Jr. e MORAES

    A.,2008)

  • 7

    2. CONCRETO COM FIBRAS

    Hoje em dia, h uma grande quantidade de mistura de diversos tipos de fibras

    para reforo do concreto, onde cada uma proporciona aos materiais melhorias em

    diferentes propriedades. So utilizadas desde fibras de ao para melhorar a

    ductilidade, microfibras polimricas para aumentar a eficincia do concreto sob altas

    temperaturas e uma variao na forma e superfcie para obteno de melhores

    resultados. Implementar inovaes na fabricao, ou na reutilizao de concreto so

    imprescindveis para evoluo do sistema convencional de construo que carece

    de apropriao tecnolgica. A ideia principal na produo de qualquer concreto a

    criao de um material com caractersticas prximas as rochas, mas com uma

    propriedade em especial: a vantagem de ser moldvel. Portanto, idealizar a

    concepo de estruturas esbeltas e arrojadas apenas de concreto sem a utilizao

    do ao convencional, sem dvida o pice da eficincia do material (GUARNIERI,

    G. e JACOSKI. C., 2014).

    Neste intuito de buscar um concreto mais dctil, as fibras para concreto vm

    aos poucos ocupando um espao significativo como material componente do

    concreto, assim como os aditivos lquidos, e na concepo de Aoki (2010), tudo

    indica que sua utilizao ser quase obrigatria em poucos anos. A adio deste

    tipo de material melhora caractersticas estruturais e funcionais dos elementos de

    concreto armado, podendo se tornar uma tendncia para o concreto industrializado.

    2.1 Tipos de Fibras

    Diversos tipos de fibras podem ser incorporados matriz cimentcia, a

    depender das propriedades que se deseja melhorar: ductilidade, resistncia

    trao, tenacidade, caractersticas de deformao, dentre outros. Dentre elas podem

    ser citadas, as fibras polimricas (Figura 1- polipropileno, polietileno e polister); as

    fibras metlicas (Figura 2); as fibras vegetais (Figura 3 - coco, piaava, sisal e

  • 8

    celulose), normalmente empregadas na produo de componentes como tijolos,

    telhas e cochos; e as fibras minerais (Figura 4 - carbono, amianto e vidro).

    Figura 1 Fibra de Polipropileno. Figura 2 Fibra de Ao.

    Fonte: Internet.

    Figura 3 Fibra de coco. Figura 4 Fibra de Vidro.

    Fonte: Internet.

  • 9

    A Tabela 01 apresenta algumas propriedades de diversos tipos de fibras e da

    matriz cimentcia para efeito de comparao.

    Tabelo 01 Principais propriedades de diversas fibras (BENTUR e MINDESS, 1990)

    O mdulo de elasticidade e a resistncia mecnica so as duas propriedades

    mais importantes na definio da capacidade de reforo que a fibra pode

    proporcionar ao concreto. As fibras polimricas, que possuem mdulo inferior ao do

    concreto endurecido, so caracterizadas por serem fibras de baixo mdulo de

    elasticidade, sendo destinadas basicamente no controle de fissurao por retrao

    restringida que surge comumente durante a hidratao inicial do cimento. J as

    fibras que possuem mdulo de elasticidade superior ao do concreto, como o caso

    das fibras de ao, so classificadas como fibras de alto mdulo de elasticidade,

    sendo destinadas ao reforo primrio do concreto, ou seja, no se destinam ao mero

    controle de fissurao, podendo at, substituir a armadura em algumas aplicaes

    (SANTANA, 2014).

  • 10

    2.2 Vantagens e Desvantagens da Adio de Fibras

    Em resumo, dentre as vantagens referentes utilizao de fibras genricas para

    reforo de matrizes cimentceas, em comparao ao concreto convencional, podem

    ser citadas (WATANABE, 2008):

    As fibras promovem um aumento nas resistncias compresso e trao

    de solos artificialmente cimentados;

    As fibras contribuem para uma mudana no comportamento tenso -

    deformao de matrizes cimentceas, com o aumento da ductibilidade,

    beneficiando o material no seu estado ps - fissurao;

    As fibras inibem a amplitude das fissuras associadas ao material compsito,

    acarretando um aumento na tenacidade;

    As fibras controlam a propagao das fissuras dentro da matriz do

    compsito;

    O reforo com fibras provoca um aumento das resistncias fadiga, s

    cargas de impacto e dinmicas.

  • 11

    3. CONCRETO REFORADO COM FIBRAS DE AO

    No concreto, um dos materiais mais versteis no domnio da construo civil,

    o agregado, aglutinado atravs de um ligante hidrulico, como o cimento.

    Normalmente, as microfissuras na zona de transio entre matriz e agregados

    grados necessitam de menor energia para que ocorra a propagao destas fissuras

    (JONHSTON, 2001). As tenses se encontram nas extremidades das microfissuras

    quando o concreto est submetido trao ou flexo (Figura 5), apresentando

    uma abertura incontrolada, fazendo com que a ruptura do material se apresente de

    forma frgil. O mesmo princpio se aplica aqui para tornar o concreto resistente

    trao, atravs da incorporao de diversos materiais metlicos, como barras de

    ao, fios, malhas, cabos ou mesmo fibras, sejam elas metlicas ou de outra

    natureza.

    Figura 5 Concentrao de tenses nas extremidades das microfibras.

    Fonte: Figueiredo (2000).

  • 12

    No Brasil, o concreto reforado com fibras de ao tem sido largamente

    utilizado em infraestruturas, nas quais podem ocorrer fissuras surgidas pelas

    tenses internas e externas (Figura 6).

    Figura 6 Distribuio de fibra de ao por tipo de aplicao no Brasil.

    Fonte: Figueiredo (2011).

    A introduo de fibras de ao na matriz de concreto pode substituir

    parcialmente as telas soldadas e os estribos em elementos pr-moldados, ligao

    viga-pilar (Figura 7).

    Figura 7 Ligao viga-pilar com concreto reforado com fibra de ao.

    Fonte: Oliveira Jr (2012).

  • 13

    O concreto reforado com fibra tem sido utilizado em vrias aplicaes

    (Tabela 2). O reforo da fibra para concreto armado pode ser um material de

    construo econmico e eficiente.

    Tabela 2 - Razes para aplicao de CRFA nos diversos tipos de estruturas.

    Fonte: Ferreira (2008).

    3.1 Fibras de Ao

    As fibras de ao so as mais utilizadas em elementos estruturais de concreto,

    pois devido ao seu alto mdulo de elasticidade melhoram caractersticas como

    tenacidade, controle de fissuras, resistncia flexo, resistncia ao impacto e

    fadiga (ACI 544.1R-96, 2006).

    Nas publicaes do (ACI 544.1R-96), um fator muito importante a ser

    esclarecido que as fibras adicionadas aos concretos no tm a finalidade de

    substituir as armaduras convencionais, porm isso possvel em estruturas que

    apresentem a possibilidade de redistribuio de esforos, como o caso dos pisos,

    pavimentos e radiers apoiados sobre o solo, concreto projetado para revestimento

    de taludes e tneis, tubos pr-fabricados, etc.

  • 14

    De acordo com LUIS (2012), existem vrios processos de fabricao das

    fibras de ao, sendo o mais comum o corte de arame trefilado, de ao de baixo teor

    de carbono. Em sua maioria as fibras de ao so produzidas com ao-carbono

    ordinrio, porm, as feitas de ligas metlicas so mais resistentes corroso, alm

    disso, so as mais adequadas para aplicaes em concretos refratrios e em

    estruturas martimas. Exemplos de diferentes tipos de fibras de ao na Figura 8.

    Figura 8: Exemplo de diferentes tipos de fibras de ao.

    Fonte: Revista Concreto IBRACON 2008

    Em geral, as fibras de ao podem ser encontradas no mercado com

    comprimentos que variam de 25mm a 60mm e dimetros entre 0,55mm a 1,0mm. As

    fibras podem apresentar deformaes ao longo de todo o seu comprimento ou

    somente nas suas extremidades, formando ganchos (Figura 9). Tais ancoragens

    possuem a finalidade de melhorar o comportamento da fibra com relao

    aderncia dentro da matriz de concreto, detalhamento (Figura 10). Basicamente, a

    fibra de ao caracterizada geometricamente pelo comprimento (L), pela sua forma

    e pelo seu dimetro ou dimetro equivalente (De). Da relao entre o comprimento

    (L) e o dimetro ou dimetro equivalente (De), obtida a relao de esbeltez, ou o

    fator de forma (=L/De). A eficincia do composto reforado com fibras est

    diretamente relacionada com a resistncia trao do arame e o fator de forma da

  • 15

    fibra (=L/De), pois quanto maior o fator de forma, maior ser a quantidade de

    fibras presentes no elemento, aumentando assim seu desempenho (PINTO Jr. e

    MORAES, A., 1996).

    Figura 9: Deformaes e comprimentos de fibras de ao.

    Fonte: Revista Concreto IBRACON 2008

    Figura 10: Detalhe da fibra de ao.

    Fonte: Revista Concreto IBRACON 2008

  • 16

    Devido s pequenas dimenses das fibras de ao, encontra-se grande

    dificuldade para normalizar a sua resistncia trao. Assim, a norma surgiu para

    determinar sua resistncia na matria-prima das fibras (FIGUEIREDO, 2011). A

    ABNT NBR 15530 (2007) regulou dois fatores principais que definem a fibra de ao:

    a resistncia trao do ao utilizado na produo da fibra e a geometria. A

    resistncia trao do ao que deu origem fibra mais significativa para concreto

    com maior resistncia mecnica. A definio da resistncia mnima de ao se

    apresenta em funo da classe da fibra analisada como mostra na Tabela 3.

    Tabela 3 - Nvel de resistncia mnima do ao e respectiva classe da fibra segundo ABNT NBR 15530 (2007)

    Fonte: Figueiredo 2011.

  • 17

    3.2 Interao fibra matriz

    A vantagem real da adio de fibras que, aps a fissurao da matriz, elas

    trabalham como ponte de transferncia de tenses na fissura e tentam restringi-la,

    por isso, necessitam-se foras e energia adicionais para retirar ou romper a fibra

    (Figura 11). Essa atribuio a capacidade de as fibras atuarem como prendedores

    ou fixadores das fissuras (ARIF, 2014). A interao da fibra matriz no CRFA

    influenciada por uma srie de fatores, tais como: resistncia da matriz, orientao,

    comprimento, seo transversal e volume crtico das fibras (PASA, 2007).

    Figura 11- Fibras trabalham como ponte de transferncia de tenses.

    Fonte: Figueiredo (2000).

  • 18

    No processo do comportamento ps-fissurao dos compsitos reforados

    com fibras esto os processos de interao fibra matriz, responsveis pela

    contribuio para a considervel capacidade em absorver energia, ductilidade e

    resistncia (SINGH; SHUKL; BROWN, 2004). Esses processos podem ser definidos

    como (Figura 12):

    Fibra atuando como ponte de transferncia de tenses (Fibreb ridging);

    Desligamento da fibra matriz (Fibre debonding);

    Arrancamento da fibra ou deslizamento (Fibre pullout);

    Ruptura da fibra (Fiber failure)

    Figura 12 - Processos de absoro de energia em concreto reforado com fibras.

    Fonte: Singh, Shukl e Brown (2004).

    Segundo Figueiredo (2000, 2011), para obter bom desempenho de

    compsito, o CRF deve apresentar uma compatibilidade dimensional entre agregado

    e fibra. Portanto, recomenda-se que o comprimento da fibra seja igual ou superior ao

    dobro da dimenso mxima do agregado utilizado no concreto. A eficincia da fibra

    como ponte de transferncia de tenses em relao ao plano de ruptura diminui

    devido ao aumento da dimenso mxima de agregado grado em relao fibra.

  • 19

    Isso ocorre porque a fissura se propaga na regio de interface entre o agregado

    grado e a pasta (Figura13).

    Figura 13 - Concreto reforado com fibras com compatibilidade dimensional (A) e sem compatibilidade (B).

    Fonte: Figueiredo (2000, 2011).

  • 20

    4. PROPRIEDADES DO CRFA

    O mecanismo bsico do reforo por fibras de ao no concreto faz a diferena

    na capacidade de deformao das fibras e da matriz. Num primeiro instante, ambas

    se deformam conjuntamente, at que a matriz sofra ruptura, sendo a fora resistida

    pela matriz transmitida s fibras. Assim, alm das propriedades da fibra, a aderncia

    na interface fibra matriz importante para eficcia do reforo (ARIF, 2014).

    4.1 Resistncia a compresso e compresso uniaxial

    Hannant (1978), Bentur e Mindess (1990) e Johnston (2001) destacam que a

    resistncia compresso da matriz pouco influenciada pela incorporao de fibras

    e a adio das fibras para concreto com teor de 1% aumenta a resistncia

    compresso em cerca de 0 a 25%. A utilizao de teores elevados e fibras longas

    aumentam levemente a resistncia compresso, pois a restrio deformao

    transversal provocada pela presena das fibras impede que o concreto rompa

    prematuramente por perda de monoliticidade (GARCEZ, 2005).

    Para Mehta e Monteiro (2008) e Figueiredo (2000), o aumento do

    comprimento das fibras aumenta tambm a resistncia. A adio das fibras e leva a

    transferncia de tenses pelas fissuras e influencia a absoro de energia,

    aumentando a ductilidade do concreto na resistncia compresso.

    A resistncia compresso uniaxial a resistncia compresso a

    propriedade mecnica mais importante do concreto e , basicamente, definida pelas

    resistncias da pasta do agregado e da interface. Estes apresentam

    comportamentos distintos na comparao. De forma geral, o fator que mais interfere

    na resistncia compresso do concreto a sua porosidade, a qual est

    relacionada com sua densidade e resistncia de uma forma bastante intuitiva, isto ,

    concretos pouco porosos so tambm mais densos e mais resistentes. (LUIS, 2012)

  • 21

    4.2 Resistncia trao e trao uniaxial

    A resistncia trao aumenta com percentagem e capacidade de fixao da

    fibra matiz. Todavia, para quantidades de fibras de ao inferior a 2% a resistncia

    trao no aumenta significativamente, exceto quando se utiliza microslica, pois,

    nesse caso, a resistncia da interface fibra matriz aumenta. Nos ensaios de trao

    por compresso diametral, a adio de fibras de ao e microslica em concreto leve

    aumentaram at 200% (BARROS, 1995).

    A resistncia trao uniaxial o concreto sem fibras apresenta uma baixa

    resistncia trao, o que se deve a baixa resistncia da interface pasta-agregado e

    a quantidade de vazios na matriz embora outros fatores tambm interfiram, mas com

    menor intensidade. A adio de fibras ao concreto proporcionar aumento de sua

    resistncia trao, pois as fibras inibem a formao e a propagao das fissuras

    na matriz. (LUIS, 2012).

    4.3 Resistncia ao impacto

    Segundo Garcez (2005), as fibras incorporadas no concreto influenciam

    significativamente o desempenho dos compsitos no estado endurecido em relao

    s solicitaes de impacto. O emprego de fibras de ao para incremento da

    resistncia ao impacto vivel e eficiente. A resistncia ao impacto de concreto

    reforado com fibras est relacionada absoro de energia e tambm aumenta

    consideravelmente (MEHTA; MONTEIRO, 2008). A resistncia ao impacto do CRFA

    incrementada de forma significativa com o aumento do teor de fibras e do seu fator

    de aspecto, so necessrias cerca de 100.000 fibras longas ou 400.000 fibras curtas

    por metro cbico para provocar mudanas mais significativas nesse tipo de

    comportamento (GARCEZ, 2005)

  • 22

    6.4 Resistncia fadiga

    Segundo Mehta e Monteiro (2008), a adio de fibras a vigas com armaduras

    convencionais diminui a abertura das fissuras sob carregamento em fadiga. Quando

    o CRF bem projetado, a resistncia fadiga aumenta em cerca de 90% da

    resistncia esttica. Para Bentur e Mindess (1990), na zona de ps-fissurao, o

    mdulo de elasticidade do CRF (cE) submetido ao esforo cclico influenciado pela

    deformao mxima do corpo de prova e pelo tamanho da fissura na ruptura da

    matriz. No incio de esforo cclico, o mdulo de elasticidade do CRF diminui com

    aumento de deslizamento da fibra na matriz do concreto.

    4.5 Tenacidade

    Para Singh, Shukl e Brown (2004), o desempenho das fibras em um

    compsito pode ser avaliado por meio de sua tenacidade, pois a maior parte da

    energia at a ruptura provm da aderncia entre a fibra e a matriz. Um dos principais

    motivos para a incorporao de fibras ao concreto o acrscimo, na capacidade de

    absoro, de energia pela matriz.

    Os fatores que influenciam a medida da tenacidade do concreto reforado

    com fibras so: tipo da mquina de ensaio (open loop ou closed loop), tamanho e

    geometria do corpo de prova, resistncia das fibras, resistncia da matriz e teor,

    espaamento das fibras, configurao de teste, taxa de carregamento, produo dos

    corpos de prova (moldagem ou serragem), configurao de carga (concentrada ou

    linear), temperatura durante o ensaio, tipo de controle de carga (fora, deflexo,

    abertura de fissura), tipo de equipamento de medio (LVDT, Clip Gage) e

    localizao de dispositivo de medio da deflexo (ARIF, 2014).

    H uma srie de tcnicas disponveis para a medio da tenacidade do

    concreto reforado com fibras. A maioria dessas tcnicas adotam corpos de prova

    prismticos como base para avaliar a medida da tenacidade, a partir de ensaio de

    flexo. O mtodo de ensaios disponveis para a medio da resistncia de CRF

    encontra- se resumido na tabela 4 (ARIF, 2014).

  • 23

    Tabela 4 - Mtodos de ensaio para determinao da tenacidade especificada para o concreto projetado reforado com fibras de ao.

    Fonte: Arif (2014)

  • 24

    5. CONSIDERAES FINAIS

    O uso das fibras para reforo no concreto vem crescendo cada vez mais no

    mercado da construo civil, pois so compsitos que contribuem no material

    fazendo o mesmo se tornar mais resistente.

    O tipo da fibra influncia de forma positiva ou negativa na matriz do concreto,

    portanto de extrema importncia saber usar a fibra correta, para no gerar

    problemas futuros na matriz.

    O concreto reforado com fibra de ao um estudo antigo que vem

    crescendo com fora cada dia mais, pois apresenta vantagens na resistncia de

    fissuras na matriz e rapidez na substituio de corte e dobra de aos, pode ser

    utilizados em vrias obras como rodovias, tneis, pisos, etc. Atravs da interao

    fibra matriz possvel verificar a utilizao do concreto.

    As propriedades do CRFA dependem do tipo de laboratrio e estudo

    abordado, pois h variaes de resultados. No relatrio apresentado encontra-se o

    aumento da resistncia a compresso que ocorre atravs do elevado teor de fibras

    longas (GARCEZ, 2005), a resistncia trao aumenta a capacidade da fixao

    fibra matriz (BARROS, 1995), a resistncia ao impacto est ligada ao aumento de

    teor fibras e do fator de aspecto (GARCEZ, 2005), quando bem projetado o CRFA a

    resistncia a fadiga aumenta em cerca de 90% a resistncia esttica (Mehta e

    Monteiro, 2008) e a tenacidade depende de todos as propriedades fibra matriz, pois

    a maior parte de energia at a ruptura promovem a interao dos mesmos.

    A adio de fibras de ao aos concretos minimiza o comportamento frgil

    caracterstico do concreto. O concreto passa a ser um material pseudo-dctil, ou

    seja, continua apresentando uma resistncia residual a esforos nele aplicados

    mesmo aps sua fissurao. A alterao do comportamento funo das

    caractersticas das fibras e da matriz de concreto e da sua interao. Com isto o

    material passa a ter exigncias especficas para seu controle da qualidade, dosagem

    e mesmo aplicao, diferentes do concreto convencional. (FIGUEREDO, 2000)

    Com os aspectos apresentados percebe-se que os estudos sobre CRFA

    muito amplo e variado, dependendo do tipo de pesquisa.

  • 25

    8. REFERNCIAS

    AOKI, J. Fibras para concreto. Cimento Itamb, 2010. Disponvel em:

    .

    AMERICAN CONCRETE INSTITUTE (1996). ACI 544.1R - 96 Reported by ACI

    COMMITTE 544. State-of-the-art report on fiber reinforced concrete. Farmington Hills

    ARIF, M. A. Avaliao da medida de tenacidade do concreto reforado com

    fibras de ao. 156 p. Dissertao (Mestrado em Engenharia Civil) - Faculdade de

    Engenharia Civil, Universidade Federal de Uberlndia, 2014.

    BARROS, J. A. O. Comportamento de beto reforado com fibras. Tese

    (Doutorado). Faculdade de Engenharia, Universidade Do Porto, 1995.

    BENTUR, A.; MINDESS, S. (1990). Fiber reinforced cementitious composites. Essex,

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