concilio vaticano ii

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Concílio Vaticano II Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Basílica de São Pedro, Vaticano. II Concílio do Vaticano Data 11 de outubro de 1962 8 de dezembro de 1965 Aceite por Igreja Católica Concílio anterior Vaticano I Concílio seguinte Convocado por Papa João XXIII Presidido por Papa João XXIII , Papa Paulo VI Afluência cerca de 2 540 1 Tópicos de discussão O aggiornamento e a ação da Igreja nos tempos actuais Documentos Constituições: Dei Verbum : Revelação divina e Tradição Lumen Gentium : Igreja Gaudium et Spes : Pastoral e a relação da Igreja com o mundo moderno Sacrosanctum Concilium : Liturgia Decretos: Ad Gentes : actividade missionária

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Conclio Vaticano IIOrigem: Wikipdia, a enciclopdia livre.

Baslica de So Pedro, Vaticano.II Conclio do Vaticano

Data11 de outubro de 1962 8 de dezembro de 1965

Aceite porIgreja Catlica

Conclio anteriorVaticano I

Conclio seguinte

Convocado porPapa Joo XXIII

Presidido porPapa Joo XXIII, Papa Paulo VI

Aflunciacerca de 2 5401

Tpicos de discussoO aggiornamento e a ao da Igreja nos tempos actuais

DocumentosConstituies: Dei Verbum: Revelao divina e Tradio Lumen Gentium: Igreja Gaudium et Spes: Pastoral e a relao da Igreja com o mundo moderno Sacrosanctum Concilium: LiturgiaDecretos: Ad Gentes: actividade missionria Apostolicam Actuositatem: apostolado dos leigos Christus Dominus: Bispos Inter Mirifica: comunicao social Optatam Totius: formao sacerdotal Orientalium Ecclesiarum: Igrejas orientais catlicas Perfect Caritatis: renovao da vida consagrada Presbyterorum Ordinis: vida dos presbteros Unitatis Redintegratio: ecumenismoDeclaraes: Dignitatis Human: liberdade religiosa Gravissimum Educationis: educao crist e digna Nostra tate: relao com os no-cristos2

Todos os Conclios Ecumnicos CatlicosPortal do Cristianismo

O Conclio Vaticano II (CVII), XXI Conclio Ecumnico da Igreja Catlica, foi convocado no dia 25 de Dezembro de 1961, atravs da bula papal "Humanae salutis", pelo Papa Joo XXIII. Este mesmo Papa inaugurou-o, a ritmo extraordinrio, no dia 11 de outubro de 1962. O Conclio, realizado em 4 sesses, s terminou no dia 8 de dezembro de 1965, j sob o papado de Paulo VI.1 3 4Nestas quatro sesses, mais de 2 000 Prelados convocados de todo o planeta discutiram e regulamentaram vrios temas da Igreja Catlica. As suas decises esto expressas nas 4 constituies, 9 decretos e 3 declaraes elaboradas e aprovadas pelo Conclio.1 Apesar da sua boa inteno em tentar actualizar a Igreja, os resultados deste Conclio, para alguns estudiosos, ainda no foram totalmente entendidos nos dias de hoje, enfrentando por isso vrios problemas que perduram. Para muitos estudiosos, esperado que os jovens telogos dessa poca, que participaram do Conclio, salvaguardem a sua natureza; depois de Joo XXIII, todos os Papas que o sucederam at Bento XVI, inclusive, participaram do Conclio ou como Padres conciliares (ou prelados) ou como consultores teolgicos (ou peritos).3 4Em 1995, o Papa Joo Paulo II classificou o Conclio Vaticano II como "um momento de reflexo global da Igreja sobre si mesma e sobre as suas relaes com o mundo". Ele acrescentou tambm que esta "reflexo global" impelia a Igreja "a uma fidelidade cada vez maior ao seu Senhor. Mas o impulso vinha tambm das grandes mudanas do mundo contemporneo, que, como sinais dos tempos, exigiam ser decifradas luz da Palavra de Deus".5No ano 2000, Joo Paulo II disse ainda que: "o Conclio Vaticano II constituiu uma ddiva do Esprito sua Igreja. por este motivo que permanece como um evento fundamental no s para compreender a histria da Igreja no fim do sculo mas tambm, e sobretudo, para verificar a presena permanente do Ressuscitado ao lado da sua Esposa no meio das vicissitudes do mundo. Mediante a Assembleia conciliar, [...] pde-se constatar que o patrimnio de dois mil anos de f se conservou na sua originalidade autntica".6Todos os conclios catlicos so nomeados segundo o local onde se deu o conclio episcopal. A numerao indica a quantidade de conclios que se deram em tal localidade. Vaticano II portanto, indica que o conclio ocorreu na cidade-Estado do Vaticano, e o nmero dois indica que foi o segundo conclio realizado nesta localidade.Os conclios, que so reunies de dignidades eclesisticas e de telogos, so um esforo comum da Igreja, ou parte da Igreja, para a sua prpria preservao e defesa, ou guarda e clareza da F e da doutrina. No caso do Conclio Vaticano II, a necessidade de defesa se fez de modo universal, porque as situaes contemporneas de propores globais abalaram a Igreja. Isto fez com que a autoridade universal da Igreja, na pessoa do Papa, se encontra persuadida a convocar um conclio universal ou ecumnico. A fora do Conclio no reside nos bispos ou em outros eclesisticos, mas sim no Papa, como pastor universal que declara algo como sendo prprio das Verdades reveladas (e, por isso, implica a obedincia dos catlicos). Fora disso, o Conclio tem apenas poder sinodal. Porm, quando o conclio est em comunho com o Papa, e se o Papa falasse solenemente (ex cathedra) de matrias relacionadas com a f e a moral, o episcopado plenamente reunido torna-se tambm infalvel.7ndice 1 Antecedentes histricos 1.1 Influncia de Pio XII 2 Objetivos 3 Inaugurao e nmero de participantes 4 Resultados e respectivos documentos 4.1 Igreja 4.1.1 Eclesiologia: Lumen Gentium 4.1.2 Pastoral: Gaudium et spes 4.2 Bispos, presbteros, leigos e consagrados 4.3 Igrejas Orientais Catlicas 4.4 Revelao divina e Tradio 4.5 Liturgia 4.6 Liberdade e direitos humanos 4.7 Relao com os no-cristos e Ecumenismo 4.8 Educao e formao sacerdotal 4.9 Missionao e comunicao social 5 Natureza e interpretao 5.1 Viso oficial (e predominante) 5.2 Viso tradicionalista 5.3 Viso neo-modernista 6 Actualidade 7 Referncias 8 Ver tambm 9 Ligaes externas 9.1 Em portugus 9.2 Em inglsAntecedentes histricosDa Revoluo Francesa ao incio do sculo XX, passando por todo o sculo XIX, a Igreja Catlica foi sendo "perseguida, difamada, dessacralizada e desacreditada pelos liberais", pelos comunistas e socialistas e pelos radicais ateus. A Igreja, por outro lado, vendo tudo isso acontecer, condenou por isso as novas correntes filosficas agnsticas e subjectivistas, que esto associadas heresia modernista. Esta heresia foi fortemente condenada pelos Papas Gregrio XVI (1831-1846), Pio IX (1846-1878) e So Pio X (1903-1914). Esta atitude reaccionria foi tambm o esprito do Conclio Vaticano I (186970), que definiu o dogma da infalibilidade papal.1Por outro lado, floresceram tambm na Igreja tentativas de adaptao ao mundo moderno, atravs, como por exemplo, da "atitude de vrios leigos catlicos no campo poltico e social" (destaca-se Frdric Antoine Ozanam, fundador da Sociedade de So Vicente de Paulo); da publicao da encclica Rerum Novarum (1890) pelo Papa Leo XIII (1878-1903), que defendia os direitos dos trabalhadores; da criao da Aco Catlica (1922) pelo Papa Pio XI (1922-1939); e da perda gradual de popularidade da Escolstica e do consequente aparecimento da Nouvelle Theologie (que diferente do modernismo). Este movimento teolgico do incio do sculo XX, que apoiado por alguns sectores eclesisticos, defendia principalmente "a valorizao da leitura das Sagradas Escrituras" (que foi tambm um dos temas da encclica Divino afflante Spiritu do Papa Pio XII) e uma "volta s fontes", atravs do estudo da Bblia e das obras patrsticas. Os defensores mais ilustres da Nouvelle Theologie foram os progressistas Karl Rahner, John Courtney Murray, Yves Congar, Joseph Ratzinger e Henri de Lubac. Teilhard de Chardin e Jacques Maritain tambm defenderam uma maior abertura da Igreja.1Ao mesmo tempo, principalmente depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Cria Romana "encontrava-se em franco processo de estagnao" e vrios dos seus elementos mais tradicionais condenaram as novas tendncias teolgicas mais progressistas. Em 1950, o Papa Pio XII, na sua encclica Humani Generis, chegou mesmo a alertar para os possveis desvios "neo-modernistas" da Nouvelle Theologie. Enquanto que tudo isso acontea, os bispos de todo o mundo tiveram que enfrentar novos problemas originados por drsticas mudanas polticas, sociais, econmicas e tecnolgico-cientficas. neste ambiente paradoxal, quer ao nvel interno quer ao nvel externo da Igreja, que muitos catlicos sentiram a necessidade de a Igreja encontrar uma nova postura para enfrentar o mundo moderno.1E tambm neste ambiente que o Papa Joo XXIII sentiu a necessidade urgente de convocar o Conclio Vaticano II. Alis, "a idia de um Conclio j havia sido pensada por Pio XI e mesmo por Pio XII, mas sem grandes sucessos em sua realizao". Joo XXIII, "temendo um novo desastre, como foi o da Reforma Protestante", decidiu realizar este Conclio a todo o custo. Esta sua inteno foi anunciada por ele no dia 25 de janeiro de 1959, causando uma grande surpresa dentro da Cria Romana e at dentro da Igreja Catlica. Em Junho de 1960, atravs do motu proprio Superno Dei nutu, teve oficialmente incio a preparao do Conclio. Passado apenas um ano, no Natal de 1961, Joo XXIII convocou oficialmente o Conclio para o ano seguinte (1962), atravs da bula papal "Humanae salutis". Esta convocao era "uma deciso totalmente pessoal do Papa, contrariando as opinies de alguns cardeais, que pretendiam seu adiamento, em vista de uma melhor preparao".1Influncia de Pio XIISegundo o Papa Bento XVI, depois das Sagradas Escrituras, o Papa Pio XII o autor ou fonte autorizada mais citada nos documentos do Conclio Vaticano II. Bento XVI considera que no possvel entender o Conclio Vaticano II sem levar em conta o magistrio de Pio XII. () A herana do magistrio de Pio XII foi recolhida pelo Conclio Vaticano II e proposta s geraes crists posteriores.8Nas intervenes orais e escritas se encontram mais de mil referncias ao magistrio de Pio XII e o seu nome aparece mencionado em mais de duzentas notas explicativas dos documentos do Conclio, estas notas com freqncia constituem autnticas partes integrantes dos textos conciliares; no s oferecem justificativas de apoio para o que afirma o texto, mas tambm oferecem uma chave de interpretao, disse o Papa Bento XVI no discurso que dirigiu aos participantes do congresso sobre "A herana do magistrio de Pio XII e o Conclio Vaticano II", promovido pelas universidades pontifcias Gregoriana e Lateranense, no 50 aniversrio da morte de Pio XII (2008).8Como por exemplo, os conceitos e as ideias expressas na encclica Mystici Corporis Christi (1943), do Papa Pio XII, influenciaram fortemente a redaco da constituio dogmtica Lumen Gentium, que trata da natureza e da constituio da Igreja. Este documento do Conclio Vaticano II usou e defendeu o conceito de Igreja expresso nesta encclica (a Igreja como Corpo mstico de Cristo), que era baseado na velha teologia de So Paulo.ObjetivosO objetivo do Conclio discutir a aco da Igreja nos tempos actuais, ou seja, a sua finalidade "promover o incremento da f catlica e uma saudvel renovao dos costumes do povo cristo, e adaptar a disciplina eclesistica s condies do nosso tempo" e do mundo moderno.9 Por outras palavras, o Conclio pretende o aggiornamento (actualizao e abertura) da Igreja.O Papa Joo XXIII "imaginava o Conclio como um novo Pentecostes [...]; uma grande experincia espiritual que reconstituiria a Igreja Catlica" no apenas como instituio, mas sim "como um movimento evanglico dinmico [...]; e uma conversa aberta entre os bispos de todo o mundo sobre como renovar o Catolicismo como estilo de vida inevitvel e vital".10Por esta razo, ao contrrio dos conclios ecumnicos anteriores, preocupados mais em condenar heresias e em definir verdades de f e de moral, o Conclio Vaticano II "teve como orientao fundamental a procura de um papel mais participativo para a f catlica na sociedade, com ateno para os problemas sociais e econmicos".11 Alis, o prprio Papa Joo XXIII teve o cuidado de mencionar a diferena e a especificidade deste Conclio: "a Igreja sempre se ops a [...] erros; muitas vezes at os condenou com a maior severidade. Agora, porm, a esposa de Cristo prefere usar mais o remdio da misericrdia do que o da severidade. Julga satisfazer melhor s necessidades de hoje mostrando a validez da sua doutrina do que renovando condenaes".12Logo, o Conclio no visava condenar heresias nem proclamar nenhum dogma novo.10 13 O Conclio apenas queria dar uma nova orientao pastoral Igreja e uma nova forma de apresentar e explicar os dogmas catlicos ao mundo moderno, mas sempre fiel Tradio.14 O prprio Papa Joo XXIII afirmou que "o que mais importa ao Conclio Ecumnico o seguinte: que o depsito sagrado da doutrina crist seja guardado e ensinado de forma mais eficaz".15 Para satisfazer esta sua inteno, o Papa queria ardentemente que a Igreja mudasse de mentalidade, para poder melhor enfrentar e acompanhar as transformaes do mundo moderno.16Pelas palavras da constituio Sacrosanctum Concilium, o "Conclio prope-se fomentar a vida crist entre os fiis, adaptar melhor s necessidades do nosso tempo as instituies susceptveis de mudana, promover tudo o que pode ajudar unio de todos os crentes em Cristo, e fortalecer o que pode contribuir para chamar a todos ao seio da Igreja".17Inaugurao e nmero de participantes

A abertura do Conclio Vaticano II.No dia 11 de outubro de 1962, o Conclio Vaticano II, idealizado pelo Papa Joo XXIII, "teve seus trabalhos oficialmente inaugurados, contando com a presena de 2.540 padres conciliares ou prelados, nmero este indito para a Histria da Igreja: 1060 europeus (dos quais 423 italianos, 144 franceses, 87 espanhis, 59 poloneses, 29 portugueses), 408 asiticos, 351 africanos, 416 da Amrica do Norte, 620 da Amrica Latina e 74 da Ocenia". Mas, mesmo assim, "estavam ainda ausentes do Conclio muitos bispos de dioceses que viviam sob regimes autoritrios", na sua maioria de ideologia comunista. "O nmero de participantes variou muito de acordo com as sesses, nunca porm estando abaixo de 80% do total de padres conciliares".1Pela primeira vez na Histria, "os peritos [...] foram ouvidos na elaborao dos textos conciliares, trazendo consigo uma imensa riqueza de tradies e culturas". Estes peritos, que no tinham direito a voto, so tambm chamados de consultores teolgicos e tinham uma grande influncia no Conclio.1 Vrias dezenas de observadores protestantes e ortodoxos tambm foram convidados e estiveram presentes nas 4 sesses do Conclio.3De acordo com Giacomo Martina, os padres conciliares "se organizavam em torno de duas alas" (conservadora e progressista), sendo que os progressistas contam com cerca de 90% dos votos. A minoria conservadora era essencialmente constituda "pela velha-guarda italiana (Ottaviani, Ruffini, Siri)", por Marcel Lefebvre, por um grupo de espanhis (entre os quais o cardeal Larraona) e "por vrios latino-americanos, representantes de escolas teolgicas de certo prestgio, especialmente na Espanha". A maioria progressista era essencialmente "constituda por um grupo da Europa central e do Norte (a que pertenciam os cardeais Frings, Dopfner, Alfrink, Knig, Suenens, Linart e Bea)", por Montini, por Lger, pelo Patriarca Melquita Mximos IV, pelos bispos africanos e asiticos e por "uma grande maioria dos bispos latino-americanos e dos Estados Unidos". Mas, mesmo assim, os progressistas tiveram que, por diversas vezes, fazer vrias concesses aos conservadores, tornando por isso os documentos conciliares menos radicais.1Resultados e respectivos documentos

Paulo VI (no centro, com batina branca), o Papa que encerrou o II e que aplicou os seus documentos.Parte de uma srie daHistria da teologia crist

Contexto

Quatro marcas da IgrejaCristianismo primitivo CronologiaHistria do cristianismoTeologia Governo eclesisticoTrinitarianismo No-trinitarianismoEscatologia Cristologia MariologiaCnon bblico: Deuterocannicos e Livros apcrifos

Vises teolgicas da histria

De Civitate Dei Sucesso ApostlicaLandmarkismo DispensacionalismoRestauracionismo

Credos

Credo dos Apstolos Credo NicenoCredo da Calcednia Credo de Atansio

Patrstica e Primeiros Conclios

Pais da Igreja AgostinhoNicia Calcednia feso

Desenvolvimento Ps-Niceno

Heresia Lista de heresiasMonofisismo MonotelismoIconoclastia Gregrio I AlcunoFcio Cisma Oriente-OcidenteEscolstica Aquino AnselmoWilliam de Ockham Gregrio Palamas

Reforma

Reforma protestanteLutero Melncton Calvino95 Teses Justificao PredestinaoSola fide Indulgncia ArminianismoLivro de Concrdia Reforma InglesaContrarreforma Conclio de Trento

Desde a Reforma

Pietismo AvivamentoJohn Wesley Grande DespertamentoMovimento de SantidadeMovimento Vida SuperiorPentecostalismoNeopentecostalismoExistencialismoLiberalismo Modernismo Ps-modernismoConclio Vaticano II Teologia da LibertaoOrtodoxia radical Jean-Luc MarionHermenutica Desconstruo e religio

Portal do Cristianismo

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Entre vrias decises conciliares, destacam-se as renovaes na constituio e na pastoral da Igreja, que passou a ser mais alicerada na igual dignidade de todos os fiis e a ser mais virada e aberta para o mundo. Alm disso, reformou-se tambm a Liturgia, onde a Missa de rito romano foi simplificada e passou a ser celebrada em lngua vernacular.Foi clarificada a relao entre a Revelao divina e a Tradio e foi tambm impulsionada a liberdade religiosa, uma nova abordagem ao mundo moderno, o ecumenismo, uma relao de tolerncia com os no-cristos e o apostolado dos leigos.O Conclio Vaticano II no proclamou nenhum dogma, mas as suas orientaes doutrinais, pastorais e prticas so de extrema importncia para a Igreja actual.IgrejaO tema da Igreja, nos seus aspectos dogmticos e pastorais, mereceram uma grande ateno dos padres conciliares, ou seja, dos participantes-eleitores do Conclio Vaticano II.Eclesiologia: Lumen GentiumVer artigo principal: Igreja e Lumen GentiumO Conclio Vaticano II, reflectindo sobre a constituio e a natureza da Igreja, reafirmou vrias verdades eclesiolgicas, sendo os seus juzos registados na constituio dogmtica "Lumen Gentium". Este documento salientou que "a nica Igreja de Cristo, como sociedade constituda e organizada no mundo, subsiste (subsistit in) na Igreja Catlica".18 19 Tambm destacou que "a Igreja sacramento de Cristo e instrumento de unio do homem com Deus, e da unidade de todo o gnero humano". Ele continua que, para atingir esta misso da Igreja, necessrio dar aos catlicos "uma "conscincia de Igreja" mais coerente, para que tambm se possam valorizar as relaes com as outras religies" (crists ou no) e com o mundo moderno. "Com esse objetivo, os padres conciliares dirigiram a sua ateno para: o primado do mtodo bblico; o sacerdcio comum de todo o "Povo de Deus"; a funo proftica, sacerdotal e real de todo baptizado; a colegialidade episcopal; a misso de servio da Igreja, que deve estar voltada para toda a humanidade".20A partir de ento, a Igreja passou a ser vista no apenas como uma instituio hierarquizada, mas tambm como uma comunidade de cristos espalhados por todo o mundo e constituintes do Corpo Mstico de Cristo. Por isso, a constituio e "as estruturas da Igreja modificaram-se parcialmente e abriu-se espao para maior participao e apostolado dos leigos, incluindo as mulheres, na vida eclesial". O clarificou tambm a igual dignidade de todos os catlicos (clrigos ou leigos). Mas, mesmo assim, a estrutura da Cria Romana permaneceu intacta, o que permite ainda um governo da Igreja centralizado nas mos do Papa.11Pastoral: Gaudium et spesVer artigo principal: Pastoral e Gaudium et spesAlguns temas eclesiolgicos debatidos no "Lumen Gentium", tais como a misso de servio ou o sacerdcio comum do Povo de Deus, so tambm tratados pela constituio pastoral "Gaudium et spes", que foi aprovada somente em 8 de dezembro de 1965, dia de encerramento do Conclio.20Mas, este documento centra sobretudo a sua ateno nos aspectos pastorais e no-dogmticos da Igreja e nos diversos problemas do mundo actual: "a exploso demogrfica, as injustias sociais entre classes e entre povos e o perigo da guerra nuclear", entre outros problemas sociais e econmicos. Esta constituio tambm mostrou uma maior abertura da Igreja para os progressos cientficos.20Bispos, presbteros, leigos e consagradosVer artigo principal: Hierarquia catlicaAlm da constituio e da pastoral da Igreja, o preocupou-se tambm de vrios assuntos sobre os diferentes membros da Igreja: os Bispos, cuja funo e ministrio pastoral foi abordado pelo decreto "Christus Dominus", que foi aprovado no dia 28 de outubro de 1965. Este documento enfatizou tambm a "communio" povo-hierarquia j expressa na "Lumen gentium". os presbteros, cujo "ministrio e vida sacerdotal" foram abordados pelo decreto "Presbyterorum ordinis", que foi aprovado no dia 7 de dezembro de 1965. Este documento insiste no "servio que, no prprio tempo e nos ambientes particulares, deve ser realizado por todo presbtero". Nesta sua anlise, superou inclusivamente "os aspectos hierrquicos para destacar antes o "corpo real" de Cristo, sacerdote e servo no mistrio da Eucaristia", que celebrada na Missa. A formao sacerdotal dos presbteros tratado especialmente pelo decreto "Optatum totius". os leigos, cujo apostolado analisado pelo decreto "Apostolicam actuositatem", que foi aprovado em 18 de novembro de 1965. Este documento "reconhece o papel essencial que cabe aos leigos na vida da Igreja, a sua responsabilidade e autonomia em funo de sua vocao especfica". os consagrados e a vida consagrada em geral, cujas renovaes esto expressas no decreto "Perfectae charitatis", que foi aprovado em 28 de outubro de 1965. Este documento "dirige a sua ateno para a renovao e modernizao da "vida consagrada" a Deus no exerccio dos conselhos evanglicos de castidade, pobreza, obedincia, estabelecida por meio dos votos "em ordens", "congregaes religiosas" e "institutos seculares"".20Igrejas Orientais CatlicasVer artigo principal: Rito orientalO decreto "Orientalium ecclesiarum", que foi aprovado no dia 21 de novembro de 1964, aborda a questo das Igrejas orientais catlicas. Estas Igrejas particulares sui juris possuem caractersticas nicas e diferentes em relao Igreja Latina (a Igreja sui juris predominante), nomeadamente ao nvel histrico, cultural, teolgico, litrgico, hierrquico e de organizao territorial.Este documento afirma que, "na nica Igreja de Cristo" (que subsiste na Igreja Catlica), as Igrejas Latina e Orientais "desfrutam de igual dignidade nenhuma prevalece sobre a outra so confiadas ao governo pastoral do Pontfice Romano". O decreto defende tambm que estas Igrejas orientais podem e devem salvaguardar, conservar e restaurar o seu rico patrimnio espiritual, nomeadamente ritual, atravs, como por exemplo, da celebrao dos seus prprios ritos litrgicos orientais e das suas prticas rituais antigas.O documento salienta tambm o carcter autnomo das Igrejas orientais catlicas, especificando os seus vrios poderes e privilgios. Em particular, como por exemplo, afirma que os Patriarcas Orientais, "com os seus snodos, constituem a instncia suprema para todos os assuntos do Patriarcado, no excludo o direito de constituir novas eparquias e de nomear Bispos do seu rito dentro dos limites do territrio patriarcal, salvo o direito inalienvel do Romano Pontfice de intervir em cada caso. O que foi dito dos Patriarcas vale tambm, de acordo com as normas do direito, para os Arcebispos maiores, que presidem a toda uma Igreja particular ou rito sui juris".21 Mas, preciso tambm salientar o facto de nem todas as Igrejas orientais serem Patriarcados ou Arquidioceses maiores.20Revelao divina e TradioVer artigo principal: Tradio catlica e Dei VerbumA constituio dogmtica "Dei Verbum", que foi aprovada no dia 18 de novembro de 1965, "aborda o tema da Revelao divina sob dois pontos de vista: a Revelao em si mesma e a sua transmisso". A relao entre estes dois pontos de vista, que geram alguma confuso entre os catlicos, foi clarificada tambm por esta constituio.20LiturgiaVer artigo principal: Liturgia, Rito romano, Missal Romano e Sacrosanctum conciliumA constituio "Sacrosanctum concilium" foi aprovado no dia 4 de dezembro de 1963, sendo por isso o primeiro documento resultante do trabalho conciliar. Esta constituio centra-se em torno da Liturgia, que analisada pelos padres conciliares sob "uma trplice dimenso teolgica, eclesial e pastoral: a liturgia obra da redeno em ato, celebrao hierrquica e ao mesmo tempo comunitria, expresso de culto universal, que envolve toda a criao".20 Os padres conciliares descrevem ainda a Liturgia como "a primeira e necessria fonte onde os fiis ho-de beber o esprito genuinamente cristo".22Logo, o pretende renovar a Liturgia, para que "todos os fiis cheguem quela plena, consciente e activa participao nas celebraes litrgicas", visto que esta participao , "por fora do Baptismo, um direito e um dever do povo cristo, raa escolhida, sacerdcio real, nao santa, povo adquirido (1 Ped. 2,9; cfr. 2, 4-5)".22 Entre outras reformas introduzidas na Liturgia, destaca-se obviamente a reorganizao da Missa de rito romano pelo Papa Paulo VI, com o uso de novos formulrios, e a consequente permisso e uso majoritrio da lngua vernacular e da posio versus populum na sua celebrao.11 20Liberdade e direitos humanosVer artigo principal: Dignitatis humanaeA declarao "Dignitatis humanae" foi aprovada no dia 7 de dezembro de 1965 e, atravs dela, o Magistrio da Igreja Catlica mostrou grande "sensibilidade para com os problemas da liberdade e dos direitos do homem", nomeadamente da liberdade religiosa. O documento considera a liberdade religiosa como um "direito da pessoa e das comunidades liberdade social e civil em matria religiosa". Ele reconhece ainda que todos estes direitos humanos, incluindo o da liberdade, so inerentes dignidade inalienvel da pessoa humana. Aps o , com a aplicao da liberdade religiosa, os pases oficialmente catlicos, pressionados pela Santa S, largaram essa posio, para apoiarem constitucionalmente a liberdade de cultos e de imprensa.11 20Relao com os no-cristos e EcumenismoVer artigo principal: EcumenismoA declarao "Nostra aetate", aprovada no dia 28 de outubro de 1965, "analisou a atitude da Igreja Catlica para com as religies no-crists, sintetizada no pedido joanino: "Buscai primeiramente aquilo que une, antes de buscar o que divide"". Isto criou um esprito de maior tolerncia e aproximao respeitosa s outras religies no-crists e tambm progressiva rejeio do anti-semitismo. Mas, isto nunca pretendeu negar a crena catlica de que s por meio da Igreja Catlica "se pode obter toda a plenitude dos meios de salvao".18 Mas, isto tambm no impede a Igreja de defender que todos (mesmo os no-cristos) podem tambm ser salvos, desde que, sem culpa prpria, ignoram a Palavra de Deus e a Igreja, mas que "procuram sinceramente Deus e, sob o influxo da graa, se esforam por cumprir a sua vontade".23Este esprito de abertura a outras comunidades religiosas est tambm presente no decreto "Unitatis redintegratio", que foi aprovado no dia 21 de novembro de 1964. Este documento sobre o ecumenismo e "fundamenta-se em duas idias: todo aquele que acredita em Cristo, mesmo que no pertena Igreja Catlica, encontra-se em algum tipo de comunho" com a verdadeira Igreja de Cristo (que subsiste na Igreja Catlica); e "no existe ecumenismo verdadeiro sem uma converso interior que se aplica a todos, inclusive Igreja Catlica".20 Actualmente, a Igreja Catlica ensina que os cristos no-catlicos so, apesar de um modo imperfeito, membros inseparveis do Corpo Mstico de Cristo (ou seja, da Igreja Catlica), atravs do Baptismo. Eles dispem tambm de muitos, mas no da totalidade, dos elementos de santificao e de verdade necessrias salvao.24Educao e formao sacerdotalA declarao "Gravissimum educationis" foi aprovado no dia 28 de outubro de 1965 e, basicamente, tratou dos vrios temas sobre a educao e, mais em particular, sobre a educao crist. O documento exprimiu a necessidade de a actuao da Igreja nesta rea to importante "no se restringir s escolas catlicas". Defendeu tambm "o direito de todos os homens a receber uma educao que seja fundamentada na dignidade da pessoa".O decreto "Optatum totius", igualmente aprovado em 28 de Outubro de 1965, aborda um tipo especfico de educao crist: a formao sacerdotal, que extremamente importante, principalmente para o aggiornamento. Este documento "insiste na necessidade de maior amadurecimento humano, psicolgico e afetivo dos candidatos ao sacerdcio e da estruturao da formao nos seminrios vinculando a misso da Igreja s exigncias do mundo moderno".20Missionao e comunicao socialO decreto "Ad gentes", que foi aprovado em 7 de dezembro de 1965, "reflete sobre a atividade missionria da Igreja, atitude inerente sua natureza. A atividade missionria deve comear com o testemunho, continuar com a pregao e formar as comunidades valorizando as riquezas de cada cultura. Isto para, entre outras coisas, "ressaltar a afirmao de que a f catlica no se vincula diretamente a nenhuma expresso cultural em particular, mas deve adequar-se s diversas culturas dos povos aos quais a mensagem evanglica transmitida".11O decreto "Inter mirifica", que foi aprovado em 4 de dezembro de 1963, "pronuncia-se sobre os meios de comunicao de massa, sem julg-los de forma moralista, mas solicitando-os a se tornarem "admirveis dons de Deus", respeitando o bem comum de "todo o homem"".Natureza e interpretaoViso oficial (e predominante)Devido aos seus objetivos supra-mencionados, o Magistrio da Igreja Catlica reconhece que o Conclio Vaticano II tem uma natureza e um fim predominantemente pastoral, no chegando por isso a proclamar nenhum dogma novo.10Mas, o Papa Bento XVI insistiu sempre que este Conclio tem a mesma autoridade do que todos os outros conclios ecumnicos que o precedem. Para ele, o Conclio mais uma expresso da continuidade da Tradio catlica.25 Segundo o Papa, os vrios temas tratados pelo Conclio "podia emergir alguma forma de descontinuidade que, de certo modo, se tinha manifestado", mas, volta a defender que, "feitas as diversas distines entre as situaes histricas concretas e as suas exigncias, resultava [...] num processo de novidade na continuidade", que caracterizada como a "natureza da verdadeira reforma". O Papa defende ainda que, sob a ptica desta continuidade renovadora, "devamos aprender a compreender mais concretamente do que antes que as decises da Igreja em relao s coisas contingentes. [...] Em tais decises, somente os princpios exprimem o aspecto duradouro, permanecendo subjacente e motivando a deciso a partir de dentro. No so, por sua vez, igualmente permanentes as formas concretas, que dependem da situao histrica e podem portanto ser submetidas a mutaes. Assim as decises de fundo podem permanecer vlidas, enquanto as formas da sua aplicao a estes novos podem mudar."26O Papa Bento XVI, em 2005, acrescentou tambm que "se [...] lemos e recebemos [o Conclio Vaticano II] guiados por uma justa hermenutica, ele pode ser e tornar-se cada vez mais uma grande fora para a sempre necessria renovao da Igreja". E esta "justa hermenutica" (ou interpretao), em oposio hermenutica tradicionalista ou neo-modernista, consiste na "justa [...] leitura e [...] aplicao" dos documentos conciliares pelo Papa, o Chefe da Igreja Catlica.26 Ainda segundo Bento XVI, os catlicos devem manter-se fiis ao Magistrio do Papa e Igreja de hoje, que est precisamente expressa nos documentos deste Conclio.25Por esta razo, "os cristos esto obrigados a respeitar as decises conciliares" (principalmente em matrias de f e moral), at porque "os conclios ecumnicos, quando legalmente convocados, presididos, com decises aprovadas pelo Papa e legalmente encerrados, so detentores da infalibilidade quando se trata de f e moral. No necessrio apresentar cnones dogmticos na forma de antema para que o fenmeno da infalibilidade se verifique. preciso, sim, que existam documentos com juzos definitivos sobre f e moral" (o que pode no ser dogmas ou verdades de f novos), como as constituies dogmticas produzidas por este Conclio.27Embora o Papa Paulo VI afirmasse que "diferentemente dos outros Conclios, este no directamente dogmtico, mas mais doutrinal e pastoral",28 ele no quis dizer que as decises conciliares referentes a matrias de f e moral sejam falveis e "de carter provisrio, sujeitas a modificaes futuras". O Papa apenas quis dizer que "o Conclio Vaticano II no apresentou cnones dogmticos que expressam imediatamente a infalibilidade", mas, ele prprio ressalvou que o Conclio, tal como os outros que o precedem, "conferiu a seus ensinamentos a autoridade do Supremo Magistrio da Igreja Catlica".27As muitas decises de mbito pastoral e disciplinar, apesar de no serem infalveis e imutveis, devem ser obedecidos tambm pelos catlicos porque elas so uma "expresso de uma vontade colegial dominante, ainda que, eventualmente, por apenas um certo perodo de tempo". Alis, as deliberaes conciliares, incluindo as de natureza pastoral e disciplinar, "j foram incorporadas ao Cdigo de Direito Cannico, ou seja, tornaram-se leis da Igreja". Estas leis merecem respeito e obedincia dos fiis, se bem que o grau de assentimento e obedincia seja inferior ao das verdades de f e dos dogmas.27Alis, o prprio Papa Paulo VI, numa alocuo feita em 1966, afirmou que "o Conclio [...] ser o grande catecismo dos nossos tempos". Com isto, o Magistrio da Igreja Catlica quis declarar que os ensinamentos do Conclo Vaticano II, que esto expressos nos vrios documentos aprovados por este mesmo Conclio, so fundamentais para a transmisso da f catlica nos tempos modernos e recentes.29 O Papa Joo Paulo II, em 1995, acrescentou tambm que o Conclio "no marcou a ruptura com o passado" e at "soube valorizar o patrimnio da inteira" Tradio catlica. No ano 2000, ele disse ainda que "interpretar o Conclio pensando que ele comporta uma ruptura com o passado, enquanto na realidade ele se pe na linha da f de sempre, decididamente desviar-se do caminho".6Viso tradicionalistaVer artigo principal: Catolicismo tradicionalistaOs catlicos tradicionalistas rejeitam algumas ou muitas reformas elaboradas pelo Conclio Vaticano II, por considerarem essas reformas rupturas com a Tradio Catlica . Dentre estas renovaes rejeitadas, destacam-se em particular a questo da liberdade religiosa, do ecumenismo, da colegialidade episcopal e da reforma do ritual romano da Missa. Este novo ritual, chamado de "Novus Ordo", foi imposto em 1969 pelo Papa Paulo VI e por desejo do Conclio.30O Conclio, sendo ele de carcter pastoral e no dogmtico, reformvel e falvel por no ter proclamado dogmas de f, logo passvel de ser rejeitado pelos catlicos caso contenha perigos f. Isso sustentado pela prpria natureza de um conclio no dogmtico, e por textos famosos como: Lumen Gentium (um texto conciliar), que afirma, na sua nota anexa, que tendo em conta a praxe conciliar e o fim pastoral do presente Conclio este sagrado Concilio s define aquelas coisas relativas f e aos costumes que abertamente declarar como de f. Papa Paulo VI, que disse, num seu discurso proferido na Audincia de 12 de janeiro de 1966, que dado o carter pastoral do Conclio, ele evitou pronunciar de uma maneira extraordinria dogma algum, comportando a nota de infalibilidade. Papa Bento XVI, num discurso seu proferido em 2005.26 alegado que o Papa aceitou que "um conclio, cujo objetivo primeiro e confessado foi de se adaptar ao que este mundo presente tem de contingente, no pode seno ser ele mesmo contingente. Contingente, logo reformvel, por uma reforma que ser ela mesma o fruto de uma s crtica."30 de conhecimento geral tanto para a viso predominante como para os tradicionalistas que os textos do Vaticano II tem uma quantidade de ambigidades muito grande. Os equvocos foram introduzidos voluntariamente nos textos conciliares para enganar os sacerdotes conservadores. Enchia-se-lhes de iluses, insistindo sobre o fato de que o texto no queria, no fundo, dizer nada diferente do que o que a Igreja havia sempre ensinado. Mas, na seqncia, foi possvel apoiar-se sobre essas passagens para defender teses totalmente heterodoxas.Karl Rahner e Herbert Vorgrimler confirmam a coisa, quando eles escreveram, por exemplo, que se deixou aberto um certo nmero de questes teolgicas importantes, sobre as quais no se chegaria a acordo, escolhendo-se formulaes que poderiam no Conclio ser interpretadas diferentemente pelo grupos e tendncias teolgicas particulares31Essa fluidez deliberada era justificada pelo fato de o Conclio Vaticano II se querer apenas como um Conclio pastoral e, que, ento, no era mais necessrio que se exprimisse com toda a clareza teolgica requerida para um Conclio dogmtico.Um exemplo de ambigidade dado pela famosa expresso subsistit in introduzida na Constituio Dogmtica Lumen gentium sobre a Igreja (I,8). Declarou-se ali que a Igreja de Cristo subsiste na Igreja Catlica.O ensinamento tradicional da Igreja diz, expressamente, que a Igreja de Cristo a Igreja Catlica. Essa palavra est se acha ainda nos primeiros projetos dessa Constituio sobre a Igreja. A palavra foi, em seguida, substituda pela expresso subsistit in. evidente que essa mudana no foi operada sem motivo.A nova expresso foi revindicada pelo pastor protestante Wilhelm Schmidt, como se pode ver por sua declarao:32Era, ento, pastor da igreja da Santa Cruz, em Bremem-Horn, e, durante a terceira e a quarta sesses, observador no Conclio, como representante da Fraternidade Evanglica Michael, a convite do Cardeal Bea. Propus, por escrito, a formulao subsistit in quele que era, ento, o conselheiro teolgico do Cardeal Frings: Joseph Ratzinger, que a transmitiu, ento, ao Cardeal.Wilhelm Schmidt,

Segundo a doutrina catlica, a Tradio (diferenciando-se de "tradies" com "t" minsculo) imutvel. A Tradio (com um T maisculo) a Tradio apostlica; isto , o Depsito da F, que foi confiado, de uma vez por todas, aos Apstolos e que o Magistrio deve transmitir e proteger at ao fim do mundo.O Depsito Revelado por Deus e transmitido pela Tradio absolutamente imutvel, j que a Revelao se encerrou com a morte do ltimo Apstolo33 . Mas esse Depsito imutvel expresso de modo cada vez mais preciso pelo Magistrio, que o inventoria e que o classifica, ao mesmo tempo em que o transmite e em que o defende.Ela deve ser conservada pelos Romanos Pontfices de gerao em gerao, rejeitando novidades e sendo sempre transmitida de forma a melhor ensinar o povo catlico sobre sua f. Para o movimento tradicionalista, isso no aconteceu no Conclio Vaticano II, onde estava sendo formulada uma Missa que no evolui dos apstolos conforme os sculos tal qual a Missa Tridentina, a codificao dos ritos apostlicos surgidos desde esses tempos pelo papa So Pio V . O Conclio modificou matria e forma dos sacramentos, coisa que tambm foi criticada pelo movimento tradicionalista por ser algo que foi institudo divinamente.34 tambm criticado a influncia modernista, protestante e manica no Conclio, que se pode ver pelo principal autor do Novus Ordo Missae, padre Annibal Bugnini, cujo o nome se encontrou na lista de prelados maons publicados pela imprensa italiana35 . Foi ento demitido de suas funes de Secretrio da Congregao para o Culto Divino, antes de ser nomeado pr-nncio em Teer (janeiro de 1976)36 . Tambm sofre crticas por ter enganado o papa Paulo VI afirmando que os especialistas em liturgia eram a favor das mudanas introduzidas na Missa Nova.37No apenas o movimento tradicionalista viu com maus olhos o Concilio Vaticano II, mas tambm muitos dos prprios bispos e cardeais que participaram. Entre eles, Cardeal Ottaviani 38 , que havia sido Pr-Prefeito do Santo Ofcio e, pois, nmero dois do Vaticano sob trs Papas sucessivos , Mons. Marcel Lefebvre, que trocou diversas cartas com o ento cardeal Ratzinger (Posteriormente, papa Bento XVI) sobre o assunto e Cardeal Bacci.39A principal resistncia ao Conclio era principalmente por causa da Missa Nova - que estava sendo pensada e criada j nessa poca - , acusada de ter esprito revolucionrio e de tentar tornar a missa "menos catlica", j que introduziu a recitao do Cnon em voz alta (que implica uma dessacralizao do Cnon), modificou-se a frmula consecratria (aproximada do rito luterano), removeu-se os numerosos sinais-da-cruz, removido tambm vrias oraes milenares, como o salmo Judica me (sec XXII)40 ; reformas de oraes tambm milenares como no Confiteor (sec VIII, XII)41 : antes o sacerdote dizia que se confessa no somente a Deus, mas tambm Virgem Maria, ao arcanjo So Miguel, a So Joo Batista e aos apstolos: 42"Eu, pecador, me confesso a Deus todo-poderoso, bem-aventurada sempre Virgem Maria, ao bem-aventurado so Miguel Arcanjo, ao bem-aventurado so Joo Batista, aos santos apstolos so Pedro e so Paulo, a todos os Santos e a vs, Padre, porque pequei ..."

Depois da reforma, a orao foi modificada. Essa modificao tambm foi acusada de ter sofrido influncia protestante. Segue-se a modificao:"Eu, pecador, me confesso a Deus todo-poderoso e a vs, irmos, que pequei..."

Com relao ao Novus Ordo Missae, Mons. Jacques Masson, que relata a conferncia do cardeal Thiandoun, (na poca no era cardeal), ento arcebispo de Dakar, disse sobre a nova Missa:43"O senhor talvez no saiba, mas quando Mons. Bugnini fez celebrar, na reunio do Snodo dos Bispos, ad experimentum, seu projeto de Missa Nova, o Novus Ordo, houve uma reao de protestos da parte dos bispos presentes. Apesar disso, sem entendermos bem como, Bugnini conseguiu reverter a situao e fez prevalecer suas idias junto ao Papa Paulo VI, o qual promulgou o Novus Ordo. O Papa promulgou: Roma locuta est... s podamos obedecer! Mas ningum queria essa missa revolucionria".Mons. Jacques Masson,

O padre Bugnini falava em relao a Nova Missa:44A Igreja foi guiada pelo amor s almas e pelo desejo de tudo fazer para facilitar a nossos irmos separados o caminho da unio, removendo toda pedra que poderia constituir qualquer sombra de risco de obstculo ou de desprazerPe. Annibal Bugnini,

Conforme o juzo dos Cardeais Ottaviani e Bacci, o novo rito da Missa, promulgado em 1969:45Distancia-se, de modo impressionante, no todo, como no detalhe, da teologia catlica da Santa Missa.Cardeais Ottaviani e Bacci,

O Papa Paulo VI declarou, no ano de 1968, a frase bem famosa, falando de uma Igreja em estado de autodemolio:46A Igreja se acha em uma hora de inquietude, de auto-crtica, diramos mesmo de auto-demolio. como uma instabilidade interior, aguda e complexa, ao qual ningum teria esperado depois do Conclio.(...). como a Igreja se golpeasse a si mesma.Papa Paulo VI,

Viso neo-modernistaOs "neo-modernistas", afirmando tambm que o Conclio apresentou uma ruptura em relao Tradio catlica, propuseram uma hermenutica ou interpretao liberal dos documentos conciliares, levando ao excesso o aggiornamento proposto por Joo XXIII. Segundo a sua interpretao divergente dos documentos conciliares e da prpria Tradio catlica, os neo-modernistas afirmam, como por exemplo, que a misso da Igreja no devia ser a salvao eterna do homem, mas sim, que a sua misso haveria que ser de ordem preferentemente temporal.Estes afirmam que "os textos do Conclio como tais ainda no seriam a verdadeira expresso do esprito do Conclio", sendo por isso "preciso ir corajosamente para alm dos textos, deixando espao novidade em que se expressaria a inteno mais profunda, embora ainda indistinta, do Conclio. Em sntese: seria necessrio seguir no os textos do Conclio, mas o seu esprito", que cria assim um grande espao de manobra, de incerteza e de inconstncia. Segundo o Magistrio da Igreja Catlica, tudo isto viola e desvirtua o verdadeiro "esprito conciliar" proposto por Joo XXIII.26Estes liberais, ainda em nome de um pretenso e desvirtuado "esprito conciliar", causaram no mundo eclesistico catlico uma crise de fundo "neo-modernista" e de ruptura, com vrias prticas contrrias doutrina e disciplina da Igreja, em desacordo com os documentos do prprio Conclio. Esta crise j est actualmente mais ou menos resolvida, apesar da corrente neo-modernista ainda persistir em alguns sectores catlicos.Actualidade

O Papa Bento XVI.

E So Joo Paulo II.Segundo a viso oficial da hermenutica da continuao, existem ainda vrios problemas ps-conciliares que perduram at aos nossos dias,47 porque, segundo alguns estudiosos, este Conclio ainda no foi totalmente compreendido. Esta posio foi defendida pelo Snodo dos Bispos de 1985, que constatou uma "ignorncia no pequena de grande parte dos cristos para com os contedos conciliares". Este snodo tambm "afirmou que em muitos contextos o Conclio estava sendo usado de forma manipulada, conforme as necessidades das situaes, ou seja, estaria sendo esvaziado de seu sentido original, perigo este no desprezvel".1 Logo, na Carta Apostlica "Tertio milennio adveniente" (1994), o Papa Joo Paulo II convidou a Igreja a "um irrenuncivel exame de conscincia, que deve envolver todas as componentes da Igreja, [e que] no pode deixar de haver a pergunta: quanto da mensagem conciliar passou para a vida, as instituies e o estilo da Igreja?".6Por estas razes, os efeitos do Conclio so ainda vistos de forma controversa por alguns sectores catlicos,47 principalmente pelo catolicismo tradicionalista, que se ope a vrios pontos (ou at maioria) das decises do Conclio Vaticano II, nomeadamente em questes como a reforma litrgica, a liberdade religiosa e o ecumenismo.48Os catlicos tradicionalistas acusam o Conclio de, em vez de trazer uma lufada de ar fresco para Igreja, ser uma das causas principais da actual "crise na Igreja", que caracterizado, como por exemplo, na "corrupo da f e dos costumes",49 no declnio do nmero das vocaes sacerdotais e de catlicos praticantes e na perda de influncia da Igreja no mundo ocidental. Sobre esta mesma crise eclesial, alguns telogos modernistas, como Andrs Torres Queiruga (que nega a ressurreio real de Cristo 50 ) alegam que a sua causa principal " a infidelidade ao Conclio Vaticano II e o medo das reformas exigidas".51O Papa Joo Paulo II, em 1995, afirma que no h ruptura:Graas ao sopro do Esprito Santo, o Conclio lanou as bases de uma nova primavera da Igreja. Ele no marcou a ruptura com o passado, mas soube valorizar o patrimnio da inteira tradio eclesial, para orientar os fiis na resposta aos desafios da nossa poca. distncia de trinta anos [do Conclio], mais do que nunca necessrio retornar quele momento de graa6

Em 2000, Joo Paulo II afirmou tambm que:A "pequena semente", que Joo XXIII lanou [no Conclio], cresceu e deu vida a uma rvore que j alarga os seus ramos majestosos e frondosos na Vinha do Senhor. Ele j deu numerosos frutos nestes 35 anos de vida e ainda dar muitos outros nos anos vindouros. Uma nova estao abre-se diante dos nossos olhos: trata-se do tempo do aprofundamento dos ensinamentos conciliares, o perodo da colheita daquilo que os Padres conciliares semearam e a gerao destes anos cuidou e esperou. O Conclio Ecumnico Vaticano II constitui uma verdadeira profecia para a vida da Igreja; e continuar a s-lo por muitos anos do terceiro milnio h pouco iniciado. A Igreja, enriquecida com as verdades eternas que lhe foram confiadas, ainda falar ao mundo, anunciando que Jesus Cristo o nico verdadeiro Salvador do mundo: ontem, hoje e sempre!6

Em 2005, o Papa Bento XVI defendeu tambm a mesma ideia do seu predecessor, dizendo que:Quarenta anos depois do Conclio podemos realar que o positivo muito maior e mais vivo do que no podia parecer na agitao por volta do ano de 1968. Hoje vemos que a boa semente, mesmo desenvolvendo-se lentamente, cresce todavia, e cresce tambm assim a nossa profunda gratido pela obra realizada pelo Conclio. [...] Assim podemos hoje, com gratido, dirigir o nosso olhar ao Conclio Vaticano II: se o lemos e recebemos guiados por uma justa hermenutica, ele pode ser e tornar-se cada vez mais uma grande fora para a sempre necessria renovao da Igreja.26