conciliaÇÃo na justiÇa federal - legale.com.br · autocomposiÇÃo na j. federal •a...

23
CONCILIAÇÃO NA JUSTIÇA FEDERAL Aula 29.10.16 Prof. Marco Aurélio Serau Jr. Email: [email protected] Facebook: MARCO SERAU

Upload: lediep

Post on 09-Dec-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

CONCILIAÇÃO NA JUSTIÇA FEDERAL

Aula 29.10.16Prof. Marco Aurélio Serau Jr.

Email: [email protected]: MARCO SERAU

AUTOCOMPOSIÇÃO NA J. FEDERAL

• A autocomposição de conflitos, na JustiçaFederal, difere da solução consensual deconflitos em outras esferas em razão:

• Das partes envolvidas na lide;

• Da natureza da matéria tratada;

• Da forma de resolução do conflito e da atuaçãodas partes

AUTOCOMPOSIÇÃO NA J. FEDERAL

• Partes envolvidas na lide:

• Órgão público federal:• ator institucional, megalitigante, burocracia;

restrições do D. Administrativo (competênciasdecisórias) e orçamentárias.

• Restrições à solução consensual de conflitos;

• Cidadão:• assimetria das partes; urgência; necessidade

financeira, desnível informacional

AUTOCOMPOSIÇÃO NA J. FEDERAL

• Matéria tratada na lide:

• Revisão do conceito de interesse público –indisponível e irrenunciável

• Possibilidade de negociação em torno domodo como cumprido e respeitado ointeresse público

• Barreiras do art. 100 da CF amenizadas com oadvento da Lei 10.259/01 (JEF)

AUTOCOMPOSIÇÃO NA J. FEDERAL

• Matéria tratada na lide:

• Conflito pontual e não continuado, embora arelação Adminsitração-cidadão seja perene ou delonga duração (a exemplo do INSS)

• Não se trata de aprofundar a relação ou aspectospsicológicos dela, mas apenas resolver umepisódio de conflito, ainda que se possa melhorara relação jurídica como um todo

• Preferência da conciliação

AUTOCOMPOSIÇÃO NA J. FEDERAL

• Forma de resolução do conflito:

• Adstrição ao princípio da legalidade (art. 37CF) e ao entendimento predominante noórgão público (autoridade superior)

• Art. 841 CC 2002: “Só quanto aos direitospatrimoniais de caráter privado se admite atransação”

AUTOCOMPOSIÇÃO NA J. FEDERAL

• Inovação na forma de resolução do conflito:• Alteração da redação do art. 98, I, da CF (EC 22/00),

autorizando a criação dos JEFs• Advento da Lei 10.259/01: Juizados Especiais Federais

– remissão à proposta de pequenas causas da Lei9099/95:– “Art. 2º. O processo orientar-se-á pelos critérios da

oralidade, simplicidade, informalidade, economiaprocessual e celeridade, buscando, sempre que possível, aconciliação ou a transação”

• A Lei dos JEF (art. 10, p. único), expressamente permiteao Poder Público Federal conciliar, transigir ou desistir

AUTOCOMPOSIÇÃO NA J. FEDERAL

• Inovação na forma de resolução do conflito:

• Lei 10.522/2002 – autoriza PFN a desistir e nãorecorrer até certos limites (R$ 20.000,00)

• Portarias de Conselhos Profissionais Federais

• Portaria AGU 505/2002: transação ou desistênciade recurso quando: I – inexistir controvérsiasobre o direito aplicado (Súmula Administrativaou Enunciado da AGU); II – constatar-se erroadministrativo pela autoridade competente• Questão da autotutela administrativa

AUTOCOMPOSIÇÃO NA J. FEDERAL

• Forma de resolução do conflito:

• Pouca possibilidade de influenciar o conteúdo doacordo

• Há um pré-conceito: se o cidadão teve derecorrer ao Judiciário, o entendimento já serácontrário à sua pretensão

• Conciliação/mediação comooportunidade/possibilidade da Adm rever seuposicionamento à luz de outras regras do Direito

AUTOCOMPOSIÇÃO NA J. FEDERAL

• Poder Judiciário como mediador interinstitucional:• Promovendo diálogo, por sua imparcialidade, com os

demais atores sociais envolvidos no conflito federal: MPF,INSS, AGU, OAB, DPU, INCRA, carreiras de servidorespúblicos, associações de mutuários ou aposentados, etc.

• CCAF – Câmara de Conciliação e Arbitragem daAdministração Federal (AGU, 2007)

• Mutirões• Celebração de negócios processuais e calendarização das

audiências de solução consensual (arts. 190 e 191)• Compete-lhe a preservação do devido processo legal

(mínimo)

AUTOCOMPOSIÇÃO NA J. FEDERAL

• Centros Judiciários de solução consensual deconflitos:

• Fundamento legal: NCPC (art. 165); Lei deMediação (art. 24); Res 125/10 CNJ

• Presença de ao menos um conciliador/mediadorcapacitado (CNJ) e com conhecimento da matériade competência da JF e conhecimento jurídiconecessário a redigir o termo de acordo

• Juiz Federal: coordenação geras dos trabalhos(art. 139)

J. FEDERAL 3ª Região

• GABCON – Gabinete da Conciliação: Des. Fed. nomeadopelo Presidente do TRF, com mandado de 2 anos; define apolítica de conciliação e realiza acordos interinstitucionais

• Promove os cursos de capacitação de conciliadores (juntocom a EMAG)

• CECONs - Centrais de conciliação (correspondem aos“Centros” da RES 125): atuam nas Seções e SubseçõesJudiciárias da JF, com apoio de servidores e conciliadoresleigos

• Promove as sessões de conciliações e mutirões• Conciliadores: servidor ou não; a partir do 3º ano da

Faculdade; necessidade do curso prévio

AUTOCOMPOSIÇÃO NA J. FEDERAL

• Forma de realização da conciliação/mediação:• De maneira totalmente escrita: quando não há

Procuradores atuando frequentemente no sede daSubseção

• Com distanciamento dos atos instrutórios eparcialmente escrita: realização de laudo pericial eoitiva testemunhas (p.ex.), seguida de proposta deacordo por escrito

• Com atos instrutórios seguidos de tentativa deconciliação oral: realização de laudo pericial e oitivatestemunhas (p.ex.), seguida de proposta de acordo naprópria audiência

REALIZAÇÃO DA SESSÃO CONSENSUAL ANTES DA APRESENTAÇÃO DE DEFESA

• Estando em ordem a petição inicial e não forcaso de improcedência liminar do pedido, serárealizada a audiência de conciliação oumediação (art. 334)

• Somente quando a audiência for infrutíferaserá aberto prazo para resposta (art. 355)

• Essa regra é aplicável aos órgãos federais, comoINSS ou CEF

OBRIGATORIEDADE DA SESSÃO CONSENSUAL

• A audiência de mediação/conciliação seráobrigatoriamente realizada, salvo quando aspartes manifestarem expressamentedesinteresse ou quando não se admitir aautocomposição (art. 334, § 4º)

• Essa regra é aplicável nas demandas da JF

SESSÃO CONSENSUAL REALIZADA POR CONCILIADOR OU MEDIADOR NO LUGAR DE

JUIZ• A audiência de mediação/conciliação será realizada

não pelos magistrados, mas por conciliador oumediador (art. 149), apenas supervisionados pelo juiz

• A audiência é pautada pela confidencialidade, aatuação do juiz violaria esse princípio (art. 166)– Há notório prejuízo à decisão informada pois o litigante na

JF normalmente é hipossuficiente

• Atuação do terceiro imparcial nivelando as partes emtermos de conhecimento sobre os direitos; perguntasabertas, para levar as partes a descrever situaçõesrelevantes ao conflito; teste de realidade (as partescompreenderam o resultado do acordo?)

CASUÍSTICA

• Reexame necessário:• Decisões judiciais contrárias à Fazenda Pública

demandam reexame necessário (art. 496)

• Discute-se a possibilidade de negócio processual arespeito da dispensa do reexame necessário, quandocelebrado o acordo (esse gera certo nível de prejuízoao Poder Público, ainda que haja renúncia depercentual expressivo dos atrasados)

• Flexibilidade procedimental (art. 190) em relação aoart. 496;

CASUÍSTICA

• Benefícios por incapacidade:• Necessidade de antecipação da prova pericial para

adequada formulação do acordo

• Flexibilidade procedimental (art. 190) em relação ao art.334;

• Primazia da autocomposição (3º) e dever de cooperação(6º);

• Princípio da celeridade (4º)• Possibilidade de produção de provas antecipadas para

formação da convicção das partes e viabilizar aautocomposição (381, II)

CASUÍSTICA

• Renúncia em torno de atrasados:• Acordos em que há proposição de

reconhecimento do direito mediante renúncia,pelo segurado, a percentual expressivo de seusatrasados

• Benefícios previdenciários devidos desde a DER ou apartir da citação em juízo;

• Percentuais que variam entre 60% a 80%;• Obrigação de não mais discutir em juízo aquela

matéria;

CASUÍSTICA

• Cobrança de anuidades de conselhosprofissionais:

• Execuções fiscais de baixíssimo valor, onde o quese busca sequer cobre os custos do processojudicial

• Política acertada de tratamento do conflito pela viaconsensual;

• Bom nível de desconto e parcelamento

• Percentuais elevados de acordo: 90%;

CASUÍSTICA

• Dívidas de mutuários do SFH/SFI:

• Cobranças que se tornam impagáveis, pelacondição econômica do mutuário ou medianteaplicação de teses que lhe são favoráveis (CDC,anatocismo, etc)

• Política acertada de tratamento do conflito pela viaconsensual;

• Bom nível de desconto e parcelamento

• Percentuais elevados de acordo: 50-60%;

CASUÍSTICA

• Ações contratuais/dívidas extracontratuaiscontra a CEF:

• Cobranças contra a CEF em relação a danosmorais, quebras de contrato, abusos bancários,etc.

• Política acertada de tratamento do conflito pela viaconsensual;

• Pequeno nível de desconto por parte da CEF

• Percentuais elevados de acordo: 60-70%%;

BIBLIOGRAFIA

• BATISTA, Flávio Roberto. Questões problemáticas sobre a transação com o INSS nos Juizados Especiais Federais:eficiência administrativa e acesso à justiça. in: SERAU JR., Marco Aurélio; DONOSO, Denis (coord.). JuizadosEspeciais Federais – reflexões após 10 anos de sua instalação, 2ª ed. Curitiba: Juruá, 2014.

• BRUYN JR., Herbert Cornélio Pieter de. Prova técnica nos benefícios por incapacidade e efetividade da justiça: apossibilidade de sua antecipação, à luz da Constituição e do NCPC, in: SERAU JR., Marco Aurélio; SAVARIS, JoséAntonio (coord.). O novo CPC e seu impacto nas ações previdenciárias. S. Paulo: LTr, 2016.

• GARCIA, Silvio Marques. A solução de demandas previdenciárias nos Juizados Especiais por meio da conciliação. in:SERAU JR., Marco Aurélio; DONOSO, Denis (coord.). Juizados Especiais Federais – reflexões após 10 anos de suainstalação, 2ª ed. Curitiba: Juruá, 2014.

• HACHEM, Daniel Wunder. Princípio constitucional da supremacia do interesse público. Belo Horizonte: Forum,2011.

• SERAU JR., Marco Aurélio. Resolução do conflito previdenciário e direitos fundamentais. S. Paulo: Ltr, 2015.• _____________________ Mediação e Direitos Humanos (coord.). S. Paulo: LTr, 2014.• , Bruno. Apontamentos sobre as conciliações previdenciárias no NCPC, in: SERAU JR., Marco Aurélio; SAVARIS, José

Antonio (coord.). O novo CPC e seu impacto nas ações previdenciárias. S. Paulo: LTr, 2016.• __________________ Desequilíbrio de poder e conciliação – o papel do conciliador em conflitos previdenciários.

Brasília: Gazeta Jurídica, 2016.• TARTUCE, Fernanda; BERGAMASCHI, André. Mediações e conciliações no NCPC e seu impacto nas ações

previdenciárias, in: SERAU JR., Marco Aurélio; SAVARIS, José Antonio (coord.). O novo CPC e seu impacto nas açõesprevidenciárias. S. Paulo: LTr, 2016.