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MARIA ANTONIA CAMARGO BERNARDI CONCEPÇÕES SOBRE PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO E A CONTRIBUIÇÃO DO NEGRO NA CONTRUÇÃO DA HISTÓRIA DE LONDRINA LONDRINA 2009

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MARIA ANTONIA CAMARGO BERNARDI

CONCEPÇÕES SOBRE PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO E A CONTRIBUIÇÃO DO NEGRO NA

CONTRUÇÃO DA HISTÓRIA DE LONDRINA

LONDRINA 2009

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MARIA ANTONIA CAMARGO BERNARDI

CONCEPÇÕES SOBRE PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO E A CONTRIBUIÇÃO DO NEGRO NA

CONTRUÇÃO DA HISTÓRIA DE LONDRINA

Artigo da implementação do Projeto de Pesquisa e Caderno Pedagógico desenvolvido para o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE da Secretaria Estadual de Educação do Paraná – SEED.

LONDRINA 2009

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CONCEPÇÕES SOBRE PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO E A

CONTRIBUIÇÃO DO NEGRO NA CONSTRUÇÃO DA HISTÓRIA DE LONDRINA

Autora: Maria Antonia Camargo Bernardi1

Orientador: Prof. Dr. Hernán Ramiro Ramírez2

RESUMO

Ao estudar a participação dos grupos sociais na construção da história, observa-se que alguns aparecem à margem ou nem são mencionados, apesar de ser perceptível sua existência naquele contexto. A superficialidade ou omissão no registro, geralmente ocorrem porque noções e interpretações de mundo podem seguir padrões ou concepções construídas nas relações e interações que o individuo tem com o meio em que vive. Se essas interpretações forem baseadas em conhecimentos superficiais ou mal elaborados, podem levar a preconceitos e discriminações. Estas percepções levaram a um projeto cujo objetivo é colaborar para que a pesquisa, interpretação e registro da participação de qualquer grupo social aconteçam na mesma condição de igualdade e respeitabilidade. A intenção foi registrar a participação do negro na construção da história de Londrina, com a idéia de que todos, indistintamente, somos sujeitos históricos. Considerando o exposto e acreditando que novos conhecimentos são importantes para a significação e re-significação de conceitos e atitudes, decidiu-se primeiro discutir as idéias de preconceito e discriminação construídas ao longo do tempo e observar aquelas que estão em construção na mentalidade dos alunos. Por ser estes temas subjetivos e abstratos utilizou-se como ponto de partida debates e reflexões a partir dos conhecimentos prévios, fatos históricos e dos conceitos das palavras utilizadas para comunicá-los. Este artigo relata o comportamento dos alunos, suas reflexões e descobertas no decorrer das atividades, que confirmaram a idéia que conhecimentos analisados e refletidos podem levar a novas possibilidades de perceber e se relacionar com a diversidade que compõe a sociedade.

PALAVRAS-CHAVE: Preconceito. Discriminação. Conhecimento. Conceitos.

Negros.

ABSTRACT

When considering participation of social groups in the construction of history, it is noticed that some of them appear to margin or they aren’t mentioned, although it be perceptible its existence in that context. This superficiality or omission on the registry, it usually happens because the understanding and the interpretation of the world may follow standards or concepts built in the relationship and the interactions that the

1 Licenciada em História pela Universidade Estadual de Londrina e Especialista em Administração,

Supervisão e Orientação Educacional. Professora da Rede Estadual de Educação do Paraná. 2 Universidade Estadual de Londrina.

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individuals have with environment where they live. If these interpretations are based on superficiality or they are bad elaborated, they can cause prejudices and discriminations. These perceptions conducted to a project, whose goal is to collaborate for the search, interpretation and participation that happen to some social group in the same condition of equality and respectability. The intent was to register the participation of black people on Londrina construction history, with the idea that everyone, without distinction, are historical subjects. Whereas the exposed and believing that new knowledge are important for the meaning and re-meaning of concepts and attitudes, it was decided to first discuss the ideas of prejudice and discrimination built over time and observe those that are under construction in the mentality of the students. These themes are subjective abstract, so they wereused as a starting point the debates and deliberations from prior knowledge, historical facts and concepts of the words used to communicate them.This article reports atudens’ behaviour, their thoughts and discoveries during the activities, which confirmed the idea that reflected and analysed knowledge and can be new opportunities to understand and relate with the diversity society.

KEY-WORDS: Prejudice. Discrimination. Knowledge. Concepts. Black people.

INTRODUÇÃO

Este trabalho é resultado do Programa de Desenvolvimento Educacional -

PDE promovido pelo Governo do Estado do Paraná, que tem como proposta a

reaproximação dos profissionais da educação básica com os centros acadêmicos.

Para a produção optou-se pelo Método Pesquisa-ação prática, pois segundo David

Tripp (2005), por ele “planeja-se, implementa-se, descreve-se e avalia-se tanto a

respeito da prática quanto da própria investigação” e, também porque pretende

“contribuir para o desenvolvimento das crianças, o que significa que serão feitas

mudanças para melhorar a aprendizagem e a auto-estima de seus alunos, para

aumentar interesse, autonomia ou cooperação e assim por diante”. O

desenvolvimento dos trabalhos se constituiu na elaboração de um projeto e de um

material didático, neste caso um Caderno Pedagógico, para a sua implementação na

escola. Este artigo atende a fase final da proposta que é a divulgação dos resultados

encontrados e analisados.

A primeira preocupação do projeto, implementado no primeiro semestre de

2009 com alunos do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Professora Maria

José Balzanelo Aguilera, em Londrina-PR., foi com a observação, estudo e

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discussão de como as idéias de preconceito e discriminação foram sendo

construídas ao logo do tempo e tem se mantido, apesar de iniciativas particulares e

de instituições que se esforçam em discutir, esclarecer e minimizar essas atitudes.

Um bom exemplo disso é a Lei 10.639/2003 que trata da Inserção dos Conteúdos de

História e Cultura Afro-Brasileira nos Currículos Escolares. Muitas dessas

manifestações podem ser percebidas nas colocações dos alunos quando se discute

conceitos e fatos históricos e, também, quando se estuda a história da cidade e não

se encontra registro de alguns grupos sociais que participaram e continuam

participando ativamente dessa construção histórica. Ou quando há algum registro,

geralmente não aparece na mesma condição de igualdade e respeitabilidade.

Uma das razões pode estar no fato de que o homem é um ser cultural. E,

portanto, produto do meio em que vive. Sendo assim, todas as suas noções e

interpretações de mundo recebem influências e são construções desse meio em que

se relaciona e troca informações e experiências.

Então, para começar a trabalhar com estes temas, acredita-se que um dos

caminhos é fazer uso do conhecimento científico, sempre tomando como ponto de

partida o conhecimento prévio dos alunos quando se pretende descontruir idéias que

podem levar a estas atitudes. Veja o que Coll (2000, p. 32), afirma:

[...] o que aprendemos é o produto da informação nova interpretada à luz daquilo que já sabemos. Não basta somente reproduzir informação nova, também é preciso assimilá-la ou integrá-la aos nossos conhecimentos anteriores. Somente assim compreendemos e adquirimos novos significados ou conceitos. Deveremos lembrar que ao falar da aquisição de conceitos dizíamos que compreender era traduzir algo para as próprias idéias ou palavras. Aprender significados é modificar as minhas idéias como conseqüência da sua interação com a nova informação.

O projeto propõe uma série de atividades com o objetivo de perceber que

conhecimento o aluno têm sobre a participação do negro na história da nossa

sociedade, qual a idéia que têm sobre as diferenças entre os seres humanos e como

eles percebem e lidam com essas diferenças. A partir dessas concepções e usando

como alavanca os fatos históricos, as descobertas científicas e a necessidade da

diversidade, colaborar para a reflexão e o debate sobre alteridade, igualdade e

justiça.

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Essa proposta tem a pretensão de despertar a percepção de que na

aparência física, na maneira de ser e de agir de cada indivíduo, de cada cultura e no

interior de qualquer sociedade existem diferenças. E é essa diversidade que compõe

a história.

Com essa consciência, importante para a boa convivência, o respeito e o

estabelecimento da justiça, partiu-se para o registro da participação do negro na

construção da história de Londrina. A pretensão é demonstrar que todos,

indistintamente, somos sujeitos históricos. E também porque se acredita que é

importante para todo o indivíduo se sentir parte da construção histórica de uma

sociedade que continua dando resultados positivos.

Confia-se que conhecimento analisado e refletido pode ajudar a

compreender e, então, a respeitar cada situação. Por isso o projeto se propôs a

trabalhar a questão trazendo para o ambiente escolar o registro da participação

deste grupo social na história da cidade. Dessa maneira, pretende-se que o olhar

sobre esse registro esteja, senão totalmente, um tanto mais desprovido de

preconceitos e discriminações. De certa forma isto remete a Voltaire quando ele

afirma: “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas

defenderei até a morte o direito de você dizê-las”. E aqui se acrescenta, de ser

reconhecido como parte, já que a sociedade é fruto do trabalho de todos e, portanto

todos devem ser igualmente lembrados, respeitados e responsabilizados.

HISTÓRIA: IDÉIAS, INTERPRETEÇÕES E PRÁTICAS

Discutir preconceito e discriminação surgiu da idéia de que trabalhar cultura

afro-brasileira e africana nos currículos escolares deve deixar de ser apenas

obrigatoriedade legal e passar a ser um dos temas de destaque. Isso porque, desde

o século XVI, por conta de uma imigração forçada, a africanidade passou a ser parte

constituinte da nossa vida e da nossa sociedade. Por isso, pode-se afirmar que essa

etnia e seus descendentes ajudaram e continuam ajudando a escrever a nossa

história. Registrar essa participação é demonstração de respeito e compromisso que

se deve ter com tudo e todos que contribuem para a formação da nossa sociedade,

da nossa história.

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Refletindo sobre como trabalhar o assunto vinha-nos à mente aquelas

atividades escolares que destacam a cultura africana somente nas datas

comemorativas como o 13 de maio e o 20 de novembro. Geralmente atividades

rápidas e recortadas que na maioria das vezes privilegiam o que os alunos já

conhecem sobre a influência da cultura africana no Brasil: feijoada, capoeira, dança.

E, quando a solicitação é apresentar personalidades negras que contribuíram para a

construção da nossa história, as citadas acabam sendo as mesmas, e quase todas

ligadas ao esporte. Aqui não se quer afirmar que essas personalidades não

mereçam destaque, longe disso. Elas têm grande valor e mérito. Além disso, essas

atividades são baseadas em fatos e reforçam os conhecimentos dos alunos sobre a

África e essas importantes contribuições para a nossa cultura. Mas percebo que há

necessidade de ir além.

A história não é feita somente por heróis ou personalidades que se

destacam em determinado tempo e lugar. Ela é construída também por muitos

outros atores anônimos que merecem ter seus feitos analisados e registrados. A

partir dessa idéia decidiu-se levar ao conhecimento dos alunos que a participação do

negro na construção da nossa história não se restringe a comida, a dança e ao

esporte, ela está em muitas outras atividades.

Tornou-se necessário, então, fazer um levantamento desse outro

personagem que é percebido o tempo todo ao nosso redor, através das

características físicas de muitos de nós e das pessoas que nos cercam e, no nosso

jeito de ser, agir e pensar. Porém, foram encontrados poucos registros dessa

participação na história de Londrina. Isso não foi uma novidade, pois infelizmente

muitos ainda mantêm a prática de registrar a história a partir da visão e seleção de

grupos hegemônicos. Estava implícito aí o problema que se imaginou: o preconceito

e a discriminação. E veio confirmar que esta é uma questão que precisa ser

discutida antes. Isto porque o objetivo não é apenas registrar a participação negra

na história de Londrina. Pretende-se o que é justo, isto é, que os alunos percebam o

negro na história da mesma forma como percebem qualquer outro sujeito histórico.

Para que isso acontecesse concluiu-se que seria necessário que os alunos

pesquisassem e narrassem esta participação despidos de preconceitos. Mas

preconceitos e discriminações não acabam somente com apresentações de

diferentes culturas na sala de aula. Como já se observou essas atitudes são

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construções que cada indivíduo faz a partir de influências que recebeu e recebe do

meio em que vive.

Lançou-se mão, então, da principal ferramenta de trabalho do professor: o

conhecimento. Neste caso, mais especificamente o conhecimento histórico. Isso

porque também se acredita que idéias só se modificam quando a elas são

apresentadas novas informações. E a disciplina de história proporciona inúmeras

oportunidades para tomar conhecimento dos fatos históricos, das diferentes culturas

e interpretações de mundo. É aí que está a nossa responsabilidade e onde podemos

dar nossa contribuição. Em Vygotsky encontramos legitimidade para isso quando ele

afirma:

Na escola [...] a professora acompanha a criança [...] analisa as situações para e com a criança [...]. A criança, por sua vez, raciocina com a professora. [...] Nessas situações compartilhadas com a professora, a criança aprende significados, modos de agir e de pensar e começa a elaborá-las. Ela também re-significa e reestrutura significados, modos de agir e de pensar [...] (apud FONTANA; CRUZ, 1997, p. 66).

Até aqui, descreveu-se o objetivo e o objeto do projeto: observar os

conhecimentos prévios dos alunos e as interpretações dos fatos históricos que

podem levar a preconceitos e a discriminações que, consequentemente levam a

exclusão e/ou omissão de determinados grupos ou idéias. E, a partir desse

levantamento e junto com alunos do 1º ano do Ensino Médio, analisar e refletir sobre

os conceitos das palavras utilizadas para comunicar uma idéia ou um fato sempre se

apoiando nos conhecimentos da história e de outras áreas que colaboram na re-

significação e reestruturação de modos de agir e de pensar. Dessa maneira,

acredita-se, há grandes possibilidades de despertar novos olhares sobre um mesmo

tema. Isso pode colaborar para que o registro histórico da participação desse grupo

social se aproxime mais do que é real e justo.

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ANALISANDO CONHECIMENTOS PRÉVIOS

Como primeira atividade fez-se uma sondagem para verificar os

conhecimentos e as idéias que os alunos têm sobre o assunto. Para isso foi

apresentada uma parte da história de Londrina que contemplava personagens

brancos e negros nas suas diversas atividades. Junto dessa narrativa foram

anexadas algumas imagens sem identificação. A tarefa dos alunos era relacionar as

imagens com as descrições das características profissionais dos personagens no

texto e justificar a sua escolha. A idéia era verificar que critérios eles utilizariam para

relacionar cada foto com as descrições e assim observar possíveis sinais de

preconceito e discriminação.

O resultado: a proporção de alunos que não relacionaram corretamente a

imagem dos personagens negros com suas profissões (participação) na história de

Londrina em relação à imagem dos personagens brancos não difere muito. A

exceção ficou por conta da mãe de santo, onde os alunos tiveram grande número de

acerto (71/96). (Tabela 1)

Tabela 1 - Relacionando corretamente a Imagem com a atividade profissional Personagens Negros Número de acertos Personagens Brancos Número de acertos

Oscar (Adv./ Econom../ Filho agric.)

02 Antonio (Prefeito)

06

Cypriano (Func.CTNP e Líder comnit.)

08 Joaquim (Prefeito)

00

Vilma (Mãe de Santo)

71 Carlos (Padre)

33

Jonas (Pastor)

23 Arthur (Colonizador. Inglês)

13

Justiniano (Médico)

18

OBS.: 96 ALUNOS PARTICIPARAM DA ENTREVISTA

Isto demonstrou que existe deficiência no conhecimento dos personagens

que construíram a história de Londrina. Essa falta de conhecimento pode colaborar

para que o indivíduo não valorize a sociedade em que vive porque não se vê

inserido nela e pelo mesmo motivo pode não valorizar o outro. Essa desvalorização

é reforçada quando se enxerga o outro como diferente sem perceber que é a

diferença que nos dá personalidade, originalidade. E vem confirmar uma das idéias

do projeto que coloca o conhecimento como uma das ferramentas para combater o

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preconceito e a discriminação. Lembrando que o conhecimento aqui referido é

aquele que está ao alcance de todos e não é influenciado ou manipulado para servir

grupos hegemônicos que geralmente excluem aquele ou aquilo que lhe é estranho,

diferente ou que não serve aos seus propósitos.

Outra constatação: Nas relações feitas de uma imagem com uma atividade

profissional sem considerar se esta correta o não, a situação se inverte um pouco.

As profissões consideradas mais “nobres”, ou seja, aquelas que insinuam poder

(prefeito) e/ou status (médico/advogado) na sua maioria foram atribuídas aos

personagens brancos. (Tabela 2)

Tabela 2 - Relacionando a atividade profissional e outras características dos

personagens da história de Londrina apresentada, com as imagens. Profissão / Atividade Relacionou com

Personagem negro Relacionou com

Personagem branco Adv. / Econom. / filho agricultores 24 71 Médico 34 50 Primeiro Prefeito 24 72 Prefeito 24 75 Colonizador Inglês 14 79 Func. CTNP e Líder Comunitário 50 29 Pastor 30 64 Padre 33 60 Mãe de Santo 82 (sendo 71, c/ imagem da

Vilma) 00

OBS.: 96 ALUNOS PARTICIPARAM DA ENTREVISTA A atividade que mais foi relacionada com negros (82/96) e com número

significativo de acerto (71/96) foi a de mãe de santo, seguida pela de funcionário de

uma empresa e líder comunitário (50/96). (Tabela 02). Ou seja, esses alunos não

relacionam brancos com atividade ligada à religião de matriz africana e ligaram o

negro à atividade que, na narrativa, mais sugere dependência social.

É oportuno dizer que a imagem que apresentava um personagem negro ao

lado de máquinas agrícolas em pose sugerindo ser proprietário destes bens não foi

relacionada com nenhum nome descrito numa proporção razoavelmente alta

(59/96). Com isso, é possível concluir que esses alunos não conseguem perceber

como personagem da sua história um negro com posses. (Tabela 3)

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Tabela 3 - Relacionando a imagem com atividade profissional descrita na história de Londrina apresentada

Nome Cor da pele Não relacionou com nenhuma atividade/personagem

Oscar negra 72 Cypriano negra 59 Wilma negra 08 Jonas negra 37 Justiniano negra 57 Antonio branca 68 Joaquim branca 70 Carlos branca 22 Arthur branca 56 OBS.: 96 ALUNOS PARTICIPARAM DA ENTREVISTA

No caso do personagem negro Oscar Nascimento

(advogado/economista/filho de agricultores) na foto ele aparece de terno, gravata e

com livros ao fundo e, numa proporção alta (72/96) a sua imagem não foi

relacionada com nenhuma atividade. Dos 96 alunos, 30 ligaram sua atividade

profissional e condição de filho de agricultores a imagem de Tadao Kanayama, 24

com a imagem de outros personagens negros e somente 02 com as informações

correta de filho de agricultores formado em duas faculdades.

O mesmo ocorreu com o médico negro Justiniano Clímaco da Silva que não

teve sua imagem relacionada com nenhuma atividade por 57 dos 96 alunos

pesquisados. 18 alunos relacionaram corretamente, mas utilizaram como justificativa

os objetos que estavam no cenário (caixa de remédio, roupa branca) e o adjetivo

que estava no texto. Isto é, disseram que era o único com “cara de baiano”.

Considerando isso, pode-se afirmar que o preconceito existe já que a

maioria dos estudantes não atribuiu à imagem de um negro, em número significativo,

atividades que sugere status como a de advogado, economista, médico, prefeito ou

a condição que sugere bom padrão de vida financeiro e intelectual como a de filho

de agricultores formado em duas faculdades.

Percebeu-se também o preconceito relacionado à idade e a aparência. O

mais velho e o mais novo, ambos prefeitos, não tiveram suas imagens relacionadas

a função. Ora por ser velho, ora por ser muito novo. O personagem mais velho

aparecia ao lado de um poço, com bananeiras ao fundo, passando idéia de

simplicidade e despojamento. Isso e a sua aparente idade foi fator para que nenhum

aluno relacionasse sua imagem com o cargo de primeiro prefeito de Londrina, o que

é de fato. Porém, o seu nome foi relacionado por 31 alunos com a imagem de outro

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prefeito da cidade. Provavelmente isto acorreu porque a escola municipal vizinha do

colégio desses alunos leva o nome deste prefeito. Ou seja, esses alunos

reconhecem o nome como primeiro prefeito, mas não ligou o nome a imagem

registrada na foto. Quanto ao mais novo, 75 alunos ligaram seu nome que estava

acompanhado da indicação de prefeito com a imagem de outros personagens

brancos e todos com aparência mais velha. Apenas 6 relacionaram corretamente.

Neste caso o que se observou também foi que muitos alunos olhando sua imagem

comentavam que ele poderia ser o líder comunitário, 11 registraram esse argumento

como justificativa na hora de relacionar sua imagem com outras atividades e 08

apontaram como motivo parte do texto que se referia ao incentivo em transformar

uma associação em organização de operários. Mesmo que minimamente, deu a

impressão de que relacionam movimentos “democráticos” com juventude. (Tabela 4)

Tabela 4 - Relacionando a imagem com a atividade profissional

ANTONIO Relacionou corretamente

Não relacionou com nenhum personagem

Relacionou c/ personagem negro

Relacionou c/ outro personagem branco

06 Se referindo a imagem

68

24 75 Sendo 30, com outro prefeito.

JOAQUIM Relacionou corretamente

Não relacionou com nenhum personagem

Relacionou c/ personagem negro

Relacionou c/ outro personagem branco

00 Se referindo a imagem

70

24 72 Sendo 31, com outro prefeito.

OBS.: 96 ALUNOS PARTICIPARAM DA ENTREVISTA

Na segunda atividade de sondagem foram colocadas as seguintes questões:

1. Segundo seus conhecimentos, descreva a participação dos negros na

construção da sociedade:

a) Brasileira.

b) Londrinense.

2. Escreva o que você sabe sobre:

a) A origem da escravidão.

b) As características de um escravo.

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O objetivo, na questão 1, foi observar que conhecimento os alunos tem

sobre o assunto e como eles percebem esta participação. Já na questão 2, verificar

se os alunos conhecem o significado dos termos na sua amplitude.

O resultado da análise dos depoimentos da questão 1 demonstrou que a

grande maioria dos alunos percebe o negro na história do Brasil e/ou de Londrina

como trabalhador braçal e mão de obra barata ou ligada ao esporte. (Tabela 5)

Tabela 5 - Descrever o que sabe sobre a participação do negro na construção da

sociedade A) BRASILEIRA: Não res- pondeu

Não sabe

Rel.c/ trab. Braçal/m.o. barata e/ou na agricult.

Relac. c/ escra-vidão

Cultura Esporte

Lutas Por direitos

Particip. na construção do Brasil

Miscige-nação

Sofrendo preconceito

Outros

03

06

42

06

56

15

08

02

05

03

B) LONDRINENSE : Não res- pondeu

Não sabe

Rel. c/ trab. Braçal/ m.o. barata e na agricultura.

Rel. c/ escravidão

Cultura Esporte

Lutas por direitos

Misci-genação

Formação da soc. e Constr. Cidades

Sofrendo preconceito

Diver-sos

05

16

44

02

23

12

02

12

05

05

OBS.: 96 ALUNOS PARTICIPARAM DA ENTREVISTA

Na questão 2, onde a pretensão foi a de fazer um levantamento dos

conhecimentos que esses alunos têm sobre a “origem da escravidão” e as

“características de um escravo”, a pesquisa demonstrou que a maioria dos alunos

relaciona a origem da escravidão com o negro africano e também esta cor de pele

como principal característica de um escravo. (Tabela 6)

Tabela 6 - Descrever o que sabe sobre a origem da escravidão e as características

de um escravo A) RELACIONOU A ORIGEM DA ESCRAVIDÃO COM: Negros Dívida Prisioneiro de

guerra Exploração do trabalho

Trabalho agrícola

Antiguidade Índios Não sabe

54

09

03

25

13

05

03

05

B) CARACTERÍSTICAS DE UM ESCRAVO Negro Pobreza Doença/

fraqueza/ sujeira

Exploração e trabalho gratuito

Ausência de direitos e liberdade

Mercadoria Submis-são

Não sabe

63

36

38

15

06

03

01

01

OBS.: 96 ALUNOS PARTICIPARAM DA ENTREVISTA

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Eis o preconceito se manifestando novamente. Os resultados dessas

sondagens vêm confirmar um dos problemas apontado no projeto: ao trabalhar os

conteúdos curriculares deve-se ter preocupação com os conhecimentos prévios que

os alunos têm sobre o assunto e inclusive se conhecem os significados das palavras

que se utiliza para comunicar um fato histórico. Isto é, conceitos de palavras e fatos

históricos devem sempre ser contextualizados quando forem discutidos e analisados

na sala de aula.

AS LUZES DO CONHECIMENTO

Dando continuidade à implementação, iniciou-se a apresentação dos fatos

históricos privilegiando a contextualização e a reflexão sobre os conceitos das

palavras utilizadas para comunicá-los. Sempre acreditando no conhecimento prévio

como estopim para análises e reflexões e com a pretensão de que dessa maneira se

colabora para a desconstrução de idéias que possam levar ao preconceito e a

discriminação. Neste momento estamos nos referindo a seguinte idéia de Coll (2000,

p. 27):

Os conceitos não são conhecidos de modo “tudo ou nada”, mas podem ser entendidos em níveis diferentes [...]. Enquanto a aprendizagem de fatos somente admite diferenças “quantitativas” [...], a aprendizagem de conceitos caracteriza-se pelos matizes qualitativos (não se trata tanto de se o aluno o compreende ou não, mas de como o compreende). A compreensão não é algo branco ou preto, como a reprodução de um nome ou de um dado, mas admite muitos tons de cinzas intermediários.

Para desenvolver este trabalho foram selecionados fatos históricos e

elaborado um Caderno Pedagógico. Ao trabalhar o tema “Analisando Conceitos”

propôs-se uma pesquisa de imagens e textos que descrevessem os castigos

aplicados aos escravos e a partir disso analisar a idéia de que no Brasil a escravidão

teria sido “suave”.

De modo geral a proposta surtiu o efeito esperado, os alunos refletiram

sobre as imagens e os textos. Aqui se registrou algumas considerações feita pelos

alunos, respeitando a grafia original:

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Fabíola S. / Bruna C. / Janaina M. / Monik D. (1º C): Não. A escravidão no Brasil não foi nem um pouco suave. Como podemos ver no texto e nas imagens [...] os escravos naquela época eram castigados cruelmente, torturados fisicamente e psicologicamente e tratados como algo sem valor algum. Além dos maltratados, eles trabalhavam exaustivamente e não se alimentavam direito. Muitos não suportavam essas crueldades e acabavam suicidando-se. Não há nada de suave em tudo isso. A escravidão no Brasil foi extremamente cruel.

Adriana S. / Débora F. / Juliana G. / Maria Gabriela (1º A): A escravidão não era suave, pois a escravidão tomava a liberdade dos escravos. Mas não só no Brasil, mas em vários outros paises. A escravidão é o meio mais brusco de se desvalorizar uma pessoa como pessoa. Mas não só naquela época que as pessoas crescem “escravizando” as pessoas. Hoje em dia só não é igual como eles faziam naquela época, mas daqui alguns dias poderá até ser.

Além da sala de aula, este projeto também foi discutido com professores da

rede estadual do Paraná em ambiente virtual. Veja o que uma das participantes

colocou quando, lendo o projeto, analisou a questão dos conceitos das palavras:

Professora “C”: [...] penso que devemos mesmo nos preocupar com o conceito das palavras, é preciso que o aluno conheça o significado, porque por falta de conhecimento e de informação todos nós podemos entender alguma coisa errada. Veja um exemplo do que aconteceu comigo, por minha ignorância, sempre em tom de brincadeira chamava as pessoas de "a seu danadinho", um dia, um amigo me ouvindo falar, me perguntou: você não sabe o que é "danado"? Eu respondi: é "esperto, espertinho", a pessoa me disse: procure no dicionário. Fiquei muito curiosa. Imediatamente procurei ver o significado e não gostei do que li, e percebi porque a pessoa não me disse o que era, depois disso nunca mais usei esse termo pra ninguém.

No ambiente virtual disse para a professora: O seu conhecimento do

conceito desta palavra não esta errado, apenas “incompleto”. Afinal ela também tem

o significado que você empregou e, pelo que você descreveu o contexto também

levava a interpretação de “esperto, espertinho”. Já o seu amigo tem o conhecimento

de uma outra parte do conceito desta palavra e lhe faz um alerta. Isto é “informação

nova que se deve assimilá-la ou integrá-la aos nossos conhecimentos anteriores,

pois aprender significados é modificar as minhas idéias como conseqüência da sua

interação com a nova informação”. Eis a importância de conhecer os significados

das palavras e saber interpretá-las de acordo com o contexto em que foi utilizada.

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Deixar de usar a palavra, neste caso, é uma opção. Se houver oportunidade seria

interessante você trocar idéias com seu amigo. Dessa maneira ele poderá perceber

que a maneira como você a empregou também está correto. Assim os dois, você e

seu amigo, estarão aprimorando seus conhecimentos, não é mesmo?!

Professora “R”: [...] sei da importância de enriquecer o vocabulário dos alunos e mais ainda fazer com que eles tenham esse conhecimento variado de uma mesma palavra, mas me preocupo bastante pelo fato de que são usadas muitas palavras com sentido completamente diferentes (gírias), principalmente entre os jovens. Cito como exemplos: ficou pequeno (ficou mal falado); queimou meu filme (fizeram fofoca de mim); rasga (sai correndo, sai daqui), entre tantas outras. Percebo na maioria dos alunos uma grande dificuldade de interpretação e ainda mais usando essas expressões, torna-se mais difícil. Não estou dizendo que é impossível fazer um bom trabalho, mas a dificuldade é maior [...].

Neste caso, comentei que o aparecimento de novas palavras/termos/gírias é

comum, pois as sociedades são dinâmicas, estão em eterna transformação. É por

isso que defendo a reflexão sobre os conceitos das palavras. Elas são as principais

ferramentas de comunicação humana e se tivermos conhecimento das suas

diferentes possibilidades evitaremos interpretações que possam levar ao preconceito

e a discriminação. E a história proporciona inúmeras possibilidades para se refletir

sobre isso.

Citei como exemplo uma das minhas aulas quando numa discussão entre

duas alunas, uma chamou a outra de “patricinha”. No lugar do velho sermão, preferi

perguntar quem sabia a origem deste termo (gíria para eles). Todos disseram

(menina rica, que tem tudo “do bom e do melhor”). Disse que não era isso que eu

havia perguntado. Expliquei que o que eu queria saber era de que parte da história

ele foi retirado para ser utilizado agora, por eles? E aí, entrei na história das classes

sociais no Império Romano (patrícios, plebeus...).

O que quero dizer com isso é que esses conhecimentos que os alunos

trazem para sala de aula podem ser ótimas ferramentas para “puxar” um assunto,

debater um tema. Penso que o problema não é usar uma gíria ou um termo

“diferente”. O problema é empregá-lo com irresponsabilidade, isto é, fora de contexto

(por não conhecer os seus possíveis significados). Isto pode levar a interpretações

“tortuosas” que muitas vezes induzem ao preconceito e a discriminação.

É preciso esclarecer aos nossos alunos que as gírias são normais, mas que

eles precisam também conhecer a forma culta de falar e escrever. Para demonstrar

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a eles como isso é importante, cito o exemplo de minha irmã que foi trabalhar no

exterior. Ela me afirmou que não teve grandes problemas com pessoas que falava

espanhol porque lê muito os clássicos da literatura brasileira e muitos

termos/palavras possuem significado parecido, são semelhantes. E que com um

pouco de esforço (reflexão) ela conseguia entender. Este é um pequeno, mas bom

exemplo do conhecimento servindo para unir as diferenças, não é mesmo?! E

mostra como o conhecimento é importante na nossa vida!

Após reflexões com os alunos sobre as diferentes interpretações que uma

palavra pode ter dependendo do contexto em que for utilizada, propôs-se uma

análise da diversidade que nos cerca. Apresentou-se a eles, então, várias imagens

que mostravam a diversidade da natureza. O objetivo era verificar como o aluno

percebe a importância e a necessidade da diversidade.

Olhando as figuras e percebendo a diversidades de cores e formas da

natureza ali representadas, os alunos tiveram uma noção da interdependência e,

portanto, da necessidade da diferença para a vida. Porém poucos estabeleceram

relação com os seres humanos. Isto é, que também somos seres da natureza e,

portanto temos formas e cores diferentes. Houve, então, necessidade de

interferência da professora que apresentou imagens humanas com diversos tons de

pele, de irmãos gêmeos com características físicas diferentes, inclusive na cor de

suas peles e, também, charges mostrando diferentes idéias. Foi possível, então

observar os alunos refletindo e percebendo que é essa diversidade que sustenta a

existência de todos os seres.

Neste momento um aluno do 1º “A” fez a seguinte colocação: “Mas

professora, na Bíblia está escrito que Deus fez todos iguais”. Observou-se que na

entonação da sua voz existia certa contestação da idéia de que somos todos

diferentes. Como a idéia do projeto é trabalhar também com a interpretação dos

conceitos das palavras, sugeriu-se que procurassem no dicionário o significado da

palavra igual. Em seguida foi relembrada a aula onde se discutiu as teorias da

origem da vida, mais especificamente a Teoria Criacionista registrada na Bíblia onde

mostra a diversidade de coisas e criaturas criadas por Deus. Foi proposto que

pensassem sobre o seguinte: Segundo se afirma: “a Bíblia foi escrita por homens,

inspirados por Deus”. Frisou-se a questão do “escrita por homens”. Lembrando

sempre que nós, homens (humanidade) sofremos influências do meio cultural em

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que vivemos. E essas influências também estão na interpretação das palavras, das

frases e colocações.

Na seqüência colocou-se o seguinte: A idéia principal da Bíblia é o amor,

concordam?! (e os alunos concordaram). Continuando: “Amar a todos como a si

mesmo”. E Deus amou a tudo e a todos. E Deus acolheu a tudo e a todos. E foi

buscar a ovelha desgarrada (entenda-se “diferente”). Pediu-se, então, para que

refletissem sobre estas duas questões:

a) Será que esta idéia (conceito) de “igual” exposta na Bíblia se refere a “aquilo

que é idêntico” ou “Daquele que trata a tudo e a todos de maneira igual, com

um mesmo (igual) amor, independente das diferenças”?!

b) Observem nossa sala. Somos iguais na aparência física? Nas idéias?

Observe o nosso país, nosso continente, o planeta Terra. Será que Deus

escolheria somente os iguais (idênticos) para amar ou amaria a todos

igualmente, independente da sua aparência ou idéias?

Isto posto, os alunos retornaram as atividades e veja o que alguns

registraram:

Rachel C. S. (1º C): [...] para nós vivermos nós precisamos da diferença do outro [...] não dá para viver sozinho [...] temos que saber conviver.

Letícia K. (1º E): [...] As diferenças que nos dividem são as mesmas que nos fazem tão interligados [...] são as diferenças que nos fazem especial.

Rodrigo A. (1º C): [...] porque a gente vive de diferenças, ou seja, a gente depende das diferenças pra vive.

Em seguida foi apresentada a imagem de duas impressões digitais. A

intenção: levar a percepção de que são as diferenças que nos distingue, nos dão

originalidade e personalidade. Os alunos olhavam para as imagens, a princípio, sem

saber o que fazer. Nova interferência da professora que pediu para que refletissem

sobre o que torna essas impressões digitais únicas, exclusivas. São suas diferenças

ou suas semelhanças? Solicitou-se para que se lembrasse de suas Carteiras de

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Identidade. Nesse momento alguns até pintaram os dedos com a caneta e

carimbaram em papéis. Observe algumas conclusões:

Carolina K.A. (1º A): [...] não somos iguais, para tudo precisamos de nossas diferenças [...].

Patrícia (1º E): Se eu sou diferente e [...] aceito [...] porque eu não aceito as diferenças físicas (cor, defeitos) de outra pessoa?.

Letícia K. (1º E): [...] diferença, elas nos caracterizam, nos fazem sermos quem somos.

Antonio P. (1º E): [...] se a pessoa é diferente ou tem problema ela se torna como uma pessoa normal porque todos são diferentes.

Kamila K. C. (1º E): [...] devemos respeitar a diferença dos outros porque para os outros nós também somos diferentes [...] as diferença, elas nos caracterizam, nos fazem sermos quem somos.

Débora M. (1º E): [...] A única coisa que temos que ter igual é a idéia de acreditar na diversidade.

Paulo H. B. (1º C): [...] se não ter diferenças no mundo nada vai pra frente, não vai ter contradição, não vai ter diversidade que temos hoje.

Mas a pretensão era também ultrapassar os limites da sala de aula. Foi aí

que se propôs a atividade denominada “Novos Olhares”. Para realizá-la os alunos

fotografaram diversas pessoas da família e da comunidade e observaram e

refletiram sobre a diversidade ali representada. Eis alguns depoimentos:

Adriely e Daniel (1º A): Sabemos que ainda existe preconceito, mas preste atenção, olhe para sua família e todos que estão ao nosso redor: temos características físicas e pensamentos diferentes mas ao mesmo tempo, ou seja, na essência somos todos iguais.

Alexandra, Gabrielly D., Taila F., Mayara F. (1º C): Neste mundo globalizado em que vivemos, convivemos com vários tipos de pessoas. Há pessoas com excesso de peso, outras com muito pouco peso, tem também negros, mestiços, índios, japoneses, brancos, que no final acabam casando um com os outros e cada vez mais essas diferenças vão ficando para traz. “A chamada mistura de raças”.

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Fabíola S. M., Bruna C. a., Janaina M., Monik D. (1º C): Se observamos o mundo ao nosso redor, podemos notar que somos todos diferentes. Cada um com sua cultura, idéia, religião, aparência, etc. [...] Imaginem se fossemos todos iguaizinhos, não haveria idéias diferentes e/ou novas para podermos evoluir. As diferenças são muito importantes. Duas idéias diferentes quando se unem podem gerar uma terceira [...].

Lizandra, Raquel, Anelise, Maria Gabriela, Mayara, Renan (1º C): Normalmente preconceito é causado pela ignorância, isto é, o não conhecimento do outro que é diferente. O preconceito leva a discriminação, a marginalização e a violência. Estas atitudes vem acompanhadas por teorias, justificativas, que sempre devem ser contestadas.

CONHECIMENTO, PARA LIBERTAR OU PARA OPRIMIR?

O trabalho em sala de aula continuou e o assunto foi: “O preconceito:

manifestações e resistências”. Neste caso os alunos tiveram que fazer uma

pesquisa sobre sincretismo, dissimulação religiosa, religiões de matriz africana e a

vida da personagem Luisa Mahin (2008).

Muitos alunos possuíam conhecimentos razoáveis sobre sincretismo. Para

ilustrar e debater foi apresentado alguns textos e imagens da fusão de elementos do

catolicismo com religiões de matriz africana e, também da história dos Malês∗. A

personagem Luisa Mahin agradou bastante os alunos, pois demonstraram satisfação

em ver uma mulher negra com tamanha força moral e coragem e, admirados em

descobrir que um dos seus filhos naturais, Luis Gama tornou-se poeta e um dos

maiores abolicionistas do Brasil.

A aluna Patrícia G. C. (1º E) fez esta colocação:

A aula de hoje derrubou barreiras do preconceito sobre alguns assuntos como a religião e o racismo. Não posso dizer que o preconceito acabou, mas me fez enxergar o mundo, a sociedade de uma maneira diferente. Aprendi um pouco do que a professora explicou, vou transferir para mim analisar e trazer para o meu dia a dia o que achei importante [...].

∗ Africanos mulçumanos que chegaram ao Brasil no final do século XVIII e que apesar da situação

desvantajosa que os levaram a se converter ao catolicismo, continuaram a praticar ocultamente as suas crenças ancestrais.

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Não se poderia deixar de discutir a influência da mídia no imaginário das

pessoas. Os alunos analisaram imagens e textos que descrevem a aparência física

dos antigos egípcios e fotografias das duas maiores interpretes de Cleópatra no

cinema.

Essa atividade teve a intenção de colaborar para a percepção de que as

informações devem passar por filtros e que muitas vezes merecem investigação e

análise mais aprofundada antes de ser assimilada como verdadeira. Livros, filmes e

outras obras, são produções humanas e geralmente estão carregadas das

influências que seus autores receberam e recebem do meio em que vivem. Aí está a

importância de levar o aluno a perceber que ao interpretar qualquer informação ou

fato sempre deve ser levado em consideração o tempo, o espaço e a intenção de

quem os produziu. Isto porque até as palavras que se utilizam para comunicar um

fato podem gerar diferentes interpretações se não considerarmos o conhecimento

que o aluno tem do seu conceito e do contexto em que foi utilizada. Foi neste

momento da implementação do projeto que se trouxe para análise e debate textos

que narram à origem da escravidão e quem poderia se tornar um escravo no

passado e na atualidade.

O ponto de partida foi uma simples análise dos conceitos das palavras

escravo e escravidão que podem ser encontrados nos dicionários disponíveis em

qualquer biblioteca escolar. Lendo, os alunos puderam perceber que na definição

não há qualquer referência a uma determinada cor de pele como característica

básica ou essencial para ser escravo.

A maioria dos alunos lembrou das definições que deram para as palavras

escravo e escravidão na atividade realizada no inicio deste trabalho. E mais, muitos

mencionaram o filme “Gladiador”, onde um branco com posses se torna escravo. A

professora trouxe também para o debate a história do povo Hebreu que foi

escravizado pelos egípcios na antiguidade e os diversos casos de escravidão que

estão sendo denunciados e combatidos na atualidade. Dessa maneira pretendeu-se

ajudar o aluno a perceber como o conhecimento refletido e analisado pode colaborar

para uma interpretação mais crítica e com substância, e, consequentemente para a

desconstrução de idéias que levam ao preconceito e a discriminação. Afinal,

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A construção do conhecimento na escola, exige com freqüência – ou, na verdade, quase sempre – uma ajuda pedagógica do professor, e isso tanto quando se trata de aprendizagem de fatos e conceitos como da aprendizagem de valores, atitudes e normas. (COLL et al. 2000, p. 15).

Observações dos alunos apontaram que eles estão começando a percorrer

este caminho:

Gisele C.T. (1º E): Estou percebendo mais, alguns preconceitos que eu tinha e nem sabia que era preconceito. Talissa C. (1º E): Aprendi valores que nunca havia pensado. Refleti o suficiente para começar a mudar meu modo de pensar. Tudo tem um porém, começam, pela mesma origem mais nada se iguala. As situações embaraçosas que temos que aprender a contornar e pensar antes de falar. Mudar o pensamento, se colocar no lugar de alguma pessoa que sofre preconceito.

Pretendeu-se com isso demonstrar como é importante estimular o aluno a

desenvolver a habilidade de perceber as relações que podem existir nas diversas

informações que chegam até ele. Acredita-se que significativos passos foram dados

nessa direção quando se ouviu na sala de aula um aluno dizer que “[...]

conhecimento é uma ponte para o entendimento que todos somos diferentes e que

devemos ser aceitos e aceitar, respeitar e ser respeitados”.

E, quando a aluna Débora M. (1º E) registra esta sua análise:

Aprendi que podemos viver em uma sociedade sem pré conceitos, onde a cor ou o estilo não são motivos de discriminação. Que nossos conhecimentos podem ser completados a cada dia. Que podemos aprender a ver o mundo diferente. Que somos não iguais, porém somos amados da mesma forma. Que o mundo é vivido de várias maneiras, mas que podemos derrubar as erradas (como os preconceitos).

Nesse momento percebeu-se que era hora de levar o aluno a refletir que o

conhecimento pode servir para libertar, mas também para oprimir, pois muitas vezes

tem sido utilizado para justificar a exploração do homem pelo homem. Isto porque

colaborou para a elaboração de teorias de diferenças entre os homens que, ao longo

do tempo, tem sido interpretada por cada um ou por grupos e sociedades da

maneira que lhes favoreça e sirva a seus propósitos, na maioria das vezes

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econômicos. Ou, para absolver suas consciências de uma prática que muitas vezes

até sabem ser desumanas.

Para trabalhar esta concepção foram colocadas em debate as diversas

teorias construídas por renomados cientistas sobre diferenças naturais entre os

homens e como essas idéias vão se reproduzir ao longo do tempo e servir a

propósitos particulares gerando verdadeiros genocídios. Neste caso, para

exemplificar, foram citados fatos históricos como a colonização no século XV e XVI,

a Ku Klux Klan, o Nazismo, o Apartheid e alguns personagens que ofereceram

resistências a essas ideologias, como Martin Luther King, Nelson Mandela, entre

outros.

Em seguida, os alunos foram convidados a relacionar figuras de diferentes

representações do corpo humano sem a pele que o cobre, com frases que

descreviam características físicas de seres humanos de diferentes regiões do

mundo. A maioria procurou nas imagens algo que remetesse as afirmativas para

fazer a relação. Eis alguns depoimentos:

Taynara S. S. (1º A): Eu associei as características. Mas não sei se esta errado, não confio nisto. Porque nós seres humanos somos todos iguais por dentro [...].

Lohany (1º A): Pra mim são todos a mesma coisa só que cada um está mostrando o corpo de um diferente modo, um mostra o esqueleto, outro a musculatura, outro as veias e o outro a carne do corpo. Estão apenas representando de modo diferente.

Quando terminaram esta atividade, para leitura e analise foi fornecido aos

alunos textos onde mostram que estudos científicos têm provado que as diferenças

físicas que se manifestam no corpo humano são adaptações para proteger nosso

organismo das diferentes manifestações que a natureza apresenta no tempo e no

espaço em que vivemos. E que essas diferenças são superficiais, pois todos nós

pertencemos à mesma espécie humana.

Trabalhar estes temas requer muito cuidado e atenção, pois são muito

profundos, subjetivos e consequentemente demanda tempo para análise e

discussão. Entretanto pode-se afirmar que foi plantada a idéia de que todos nós,

com as nossas diferenças físicas e ideológicas, participamos e somos responsáveis

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pela história que está sendo construída, e que devemos perceber e sermos

percebidos na mesma condição de igualdade e respeitabilidade.

A HISTÓRIA DE TODOS NÓS

Mas, ainda não era tempo de começar o levantamento da participação do

negro na construção da história da cidade. Este foi o momento escolhido para

apresentar um pouco da África aos alunos para que eles percebessem a diversidade

de etnias que existem neste imenso continente e o quanto é inegável, em diferentes

aspectos, a sua participação na construção de muitas sociedades do mundo. E

também porque é importante conhecer a origem dos povos que fazem parte da

nossa história.

Pela leitura dos textos propostos e respostas das atividades observou-se

que os alunos pouco sabiam da contribuição dos africanos nas diferentes áreas do

conhecimento e também da diversidade de culturas que existem neste imenso

continente. Isto confirma como é importante a inserção dos conteúdos de História e

Cultura afro-brasileira e africana nos currículos escolares e como o conhecimento é

uma importante ferramenta para combater preconceitos. Idéia defendida neste

projeto.

Percorrer todo esse trajeto deu a confiança de que agora os alunos estavam

mais preparados para se colocarem no papel de pesquisadores da História. E a

proposta foi a de fazerem um levantamento e registro da participação do negro na

construção da história de Londrina com a intenção de estimular a produção do

conhecimento no espaço escolar e demonstrar que todos, indistintamente, somos

personagens da história que aí está. Foi solicitada, então, que fizessem pesquisas

nos jornais da biblioteca pública da cidade e no livro “Presença Negra em Londrina”

(ALMEIDA, 2004).

É oportuno dizer que só se tomou conhecimento desta obra durante as

investigações e busca de dados para a elaboração deste projeto e, ela teve grande

importância e significado para a execução e enriquecimento do trabalho. Novamente

se evidencia como a busca do conhecimento leva ao esclarecimento e, neste caso

também, a percepção de que não é somente a abordagem deste tema que deve ser

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mais continua e intensificada, mas a divulgação de iniciativas positivas como esta e

dos resultados e materiais produzidos. É importante deixar registrado que esta obra

não se encontra à venda nas livrarias e possui somente um exemplar na Biblioteca

Pública da Cidade. Isto restringe o acesso ao grande público. Mas resolvemos este

problema na escola adquirindo dois exemplares para a biblioteca.

Para este levantamento e registro, as turmas foram divididas em equipes

onde cada uma recebeu a incumbência de pesquisar a presença e a participação

dos negros numa determinada década da história de Londrina a partir da sua

emancipação em 1934 até os dias atuais. E em seguida construir um “Painel

Histórico” com um resumo da história de cada década, ilustrado com imagens dos

personagens e/ou eventos.

Nesta atividade os jornais da Biblioteca Pública de Londrina foram pré-

selecionados, mas com um bom número de opções disponíveis. Isto para que

houvesse tempo suficiente para a produção do material e debates. Mesmo assim o

tempo foi um pouco curto. Isto porque a escola de implementação do projeto adotou

o sistema de blocos para o Ensino Médio e o contato direto em sala de aula, que é

essencial para uma boa observação do comportamento dos alunos participantes,

encerrava-se no inicio de julho, período em que os professores trocam de turma. Os

alunos demonstraram interesse pela investigação, principalmente depois que foi

lembrada a aula que explicava em que consiste o trabalho de um historiador e quais

são as suas fontes de pesquisa. Nesse processo de levantamento de dados e

montagem dos painéis, observou-se a surpresa dos alunos em descobrir tantos

personagens negros participando tão ativamente da história da sua cidade.

A atividade de encerramento consistia em apresentar à comunidade escolar

as impressões e trabalhos produzidos pelos alunos no decorrer do projeto. Apesar

da simplicidade dos trabalhos produzidos, pois o tempo disponível não favoreceu um

aprofundamento maior nas pesquisas, eles mereceram esta honraria pelo esforço e

dedicação.

Esse colégio não dispõe de teatro ou ambiente apropriado para exposições

o que é uma pena, pois expor tudo que é produzido no espaço escolar contribui para

a valorização e auto-estima da comunidade. Mas como sempre, a imaginação

supera a falta de estrutura. Foi então, que o saguão de entrada ganhou o privilégio

de sediar a “I Mostra da Diversidade” e a “I Mostra Histórica”. Foi montados varais

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com cartazes que expunham as produções dos alunos nas atividades “Novos

Olhares”, “Analisando Conceitos” e “Painel Histórico”.

Dia de receber os convidados. Considerando que “a surpresa é a alma do

negócio”, a exposição foi montada na calada da noite para surpreender os demais

alunos e convidados logo na primeira aula da manhã. E eis que surtiu o efeito

desejado. Os alunos foram chegando, entrando e tomando ciência do que estava

acontecendo. Foi muito gratificante vê-los se reconhecendo e reconhecendo

membros da sua comunidade nas fotografias e depoimentos da atividade “Novos

Olhares”. Refletindo e trocando idéias com aqueles que estavam ao seu lado sobre

as imagens e conclusões de seus colegas na atividade “Analisando Conceitos” e se

surpreendendo com o grande número de personagens negros que, como todos os

outros grupos sociais que vieram, também participaram e continuam participando

ativamente e em diferentes segmentos da construção da história desta cidade.

Mesmo que sutilmente, eles estavam se enxergando como personagens da história.

Vale aqui registrar o comentário do professor “C”, de matemática, que visitando

nossa exposição e olhando para várias fotos exclamou:

Isso tudo é verdade, eu conheço estas pessoas moram lá na Vila Nova, conheço desde pequeno. É tudo verdade, esses alunos pesquisaram mesmo hein?

CONCLUSÃO

O preconceito e a discriminação estão presentes na sociedade e, portanto

também na escola. Trabalhar este projeto levou a percepção que os alunos, muitas

vezes movidos pelo politicamente correto, manifestam aceitar a diferença e até

defendem essa idéia, mas na realidade não a internalizam. É uma aceitação teórica

sugerida por uma vigilância social estipulada pela força de uma lei que pode puni-los

e até, também, por uma necessidade de reciprocidade. Isto é, de ver seus direitos

respeitados já que, aparentemente, respeitam os direitos legais do outro. Pode-se

reafirmar que é uma aceitação teórica das diferenças que não se manifesta na

prática na mesma proporção.

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A grande maioria dos alunos não percebe a diferença como fator essencial

para a originalidade e precisam de muito estímulo para compreender a sua

necessidade na natureza e na sociedade. Faz-se necessário refletir mais sobre o

conceito de alteridade em sala de aula. Acredita-se que isso vai colaborar para que

se reconheçam também como sujeitos históricos, pois ainda demonstraram perceber

a história como uma construção alheia a sua existência e interferência.

Muitos foram os fatores que levaram a esta conclusão. Destaca-se aqui o

fato de que o tempo todo foi preciso estimular a sua participação no sentido de fazer

com que refletissem e escrevessem mais sobre seus sentimentos e opiniões, já que

na maioria das vezes respondiam as questões com frases feitas que correm pela

boca do povo. Essa superficialidade nas colocações, que infelizmente tem sido uma

constante entre os alunos em relação aos conteúdos escolares, levou a crer que

também podem estar saturados de discutir sobre um tema que, aparentemente, não

tem trazido mudança significativa e imediata como muitos deles desejam. Logo no

início de uma aula, na introdução de um dos temas do Caderno Pedagógico

construído para a implementação deste projeto, uma aluna negra (Claudiele – 1º C)

afirmou o seguinte: “[...] isso sempre foi assim, sempre falam explicam, mas não

muda nada não!”.

Nesse momento as expressões dos outros alunos da sala demonstraram

que tinham essa mesma idéia. Essa manifestação, de certa forma, confirma outra

idéia do projeto: a necessidade de ir além, de discutir com mais consistência esses

temas.

Isto também foi percebido na troca de experiências que se teve com os

professores da rede nos debates virtuais. Pode-se concluir que existe certa

banalização e até uma passividade perante atitudes preconceituosas e

discriminatórias porque se observou que os alunos sabem que é ilegal e, portanto,

tomam o cuidado para não serem pegos manifestando esses sentimentos, mas eles

continuam ali, latentes e inconscientemente transmitidos nas suas relações sociais.

Este é um grande problema, pois dessa maneira essas atitudes vão sendo

reproduzidas e perpetuadas. A idéia de normalidade contribui para a manutenção de

uma prática mesmo quando leis são construídas para reprimi-las.

O que ficou explicito também foi a tendência de enxergar e julgar o outro a

partir de si, do seu modelo. Outra atitude que reforça a discriminação e o

preconceito. Tanto é verdade que no final das atividades “Novos Olhares” e do

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levantamento e registro da participação do negro na história de Londrina, grande

parte dos alunos demonstraram surpresa ao perceberem a variedade de

personagens negros ou com características desta etnia que fazem parte de seu

circulo de relação (parentes, amigos, vizinhos) e que participaram e participam, em

diversas áreas, desta construção histórica.

Infelizmente estas pequenas atividades não mudaram efetivamente o ponto

de vista desses alunos, mas o fato de demonstrarem surpresa e preocupação em

apresentar os painéis da melhor forma possível pode ser visto como um passo para

a valorização deste grupo social. Isso pode colaborar para a diminuição do

preconceito e discriminação, objetivo desse projeto.

Preconceito e discriminação é um tema subjetivo e polêmico, que precisa de

tempo, cuidado, conhecimento e preparação para ser discutido já que, devido a

grande diversidade que existe em uma sala de aula, conforme observado, pode

levar a diversos assuntos e diferentes interpretações dependendo dos

conhecimentos prévios e experiências de vida que cada aluno traz. Mas é possível e

traz excelentes resultados. Veja o que a professora “R” afirmou em um dos debates

virtuais:

[...] Passei a pensar de maneira diferente, pois acreditamos não sermos integrantes dos pensamentos preconceituosos, mas acabamos descobrindo que muito temos a aprender nesse sentido. Uma simples palavra expressa ou um gesto inoportuno podem nos diagnosticar como preconceituosos, mesmo que inconscientemente.

É aí que está à responsabilidade do professor, que é um colaborador na

formação de cidadãos consciente de seus direitos e deveres e capazes de

perceberem que a convivência harmoniosa só é possível quando há um sincero

respeito à diferença e se reconhece a sua necessidade. Afinal, pedindo licença a

John Donne “Nenhum homem é uma ilha, completo em si próprio; cada ser humano

é uma parte do continente, uma parte do todo [...] A morte de cada homem diminui-

me, porque sou parte da humanidade.”

Ousa-se dizer que o exposto confirma a proposta do projeto: a análise e

reflexão sobre os conhecimentos prévios, científicos e dos conceitos das palavras

que utilizamos para comunicá-los são excelentes ferramentas para discutir

preconceito e discriminação na sala de aula. Além disso, pode ajudar a desenvolver

a capacidade de cada um se colocar na situação do outro o que estimula a

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percepção do que é bom e do que é ruim de receber e consequentemente de se

oferecer ao outro. Tudo isto colabora para que se entenda melhor determinada

situação o que pode levar a aceitá-la. Aqui se defende a idéia de que é a partir

dessa aceitação, que vem depois do entendimento, originado da pesquisa, da

análise, reflexão e troca de idéias, que nasce o respeito, fator importante para ajudar

na percepção da importância das diferenças e para desconstruir idéias

preconceituosas e discriminatórias.

É do comportamento do aluno, para quem este projeto foi desenvolvido que

se encontra amparo para essa afirmação. Observe o que o aluno Felipe C. (1ºE)

registrou:

[...] a aula transmitiu a idéia de que pode haver uma vida em que todos se respeitem e haja uma vivencia pacifica entre todas as cores, etnias, religiões e que a completação do conhecimento pode fazer com que diminua o preconceito. É a idéia que não somos iguais, cada um é cada um.

Possui-se a consciência que mudanças de idéias e mentalidades demandam

tempo e muita análise e reflexão, mas alguns frutos já estão sendo colhidos. Pelos

depoimentos citados os alunos demonstraram estarem abertos a novas

possibilidades, propensos a estabelecer relações entre as diversas ciências e,

percebeu-se que foi estimulada a concepção da responsabilidade de cada um na

interpretação e construção da história. Além disso, pode-se afirmar que este projeto,

mesmo que humildemente, ultrapassou as fronteiras da sala de aula. Uma das

atividades sugeridas no Caderno Pedagógico foi solicitada por uma professora para

ser trabalhada em uma reunião de estudos da filosofia Budistas. Isto porque também

defendem a idéia de que somos feitos de uma mesma essência e devemos ser

respeitados na nossa apenas aparente diferença. Outras professoras, uma que está

cursando Direito na UEL e outra que esta pretendendo mestrado, ao tomar

conhecimento deste Projeto e do Caderno Pedagógico demonstraram interesse em

ler com mais cuidado, pois acreditam que poderá auxiliá-las já que os seus

Trabalhos de Conclusão de Curso discorrem sobre assuntos afins. E ainda mais, há

demonstração de interesse que se ministre uma palestra sobre este trabalho em

uma outra escola desta cidade.

As idéias foram lançadas e, pelo que se percebe, estão germinando,

lentamente, mas germinando.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus filhos João Pedro e Fernando Antonio, pelo incentivo, apoio e compreensão nas horas de estudo.

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