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FÁBIO ROBERTO CABAR
Concentração sérica do fator de crescimento vascular
endotelial - VEGF - e a profundidade da invasão
trofoblástica na parede tubária em gestações
ampulares
Tese apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Ciências
Área de concentração: Obstetrícia e Ginecologia Orientador: Dr. Pedro Paulo Pereira
SÃO PAULO 2008
FÁBIO ROBERTO CABAR
Concentração sérica do fator de crescimento vascular
endotelial - VEGF - e a profundidade da invasão
trofoblástica na parede tubária em gestações
ampulares
Tese apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Ciências
Área de concentração: Obstetrícia e Ginecologia Orientador: Dr. Pedro Paulo Pereira
SÃO PAULO 2008
Esta tese é dedicada:
A meus pais, Roberto e Ester, pelo Amor incondicional.
A Laura, mãe com açúcar, e Daniel, melhor amigo.
Às minhas mulheres, Roberta e Camila, motivo
da Vida e de Felicidade.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
A Maria Aparecida Baccega e José Adolfo de Granville Ponce. Como se
pais fossem, possibilitaram que tudo se tornasse realidade.
A Pedro Paulo Pereira, amigo, pelos ensinamentos e apoio constantes
durante o convívio diário.
“Uma meta sem um plano
Não passa de um desejo”
(Antoine de Saint-Exupéry)
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Marcelo Zugaib, digníssimo professor titular de Obstetrícia
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, pelas oportunidades
de aprimoramento científico e didático.
A Dra. Regina Schultz, mais uma vez essencial para a realização desse
estudo.
A Prof. Dra. Roseli Mieko Yamamoto Nomura, por me ensinar, corrigir
e incentivar. Sempre.
A Prof. Dra. Leila Antonângelo, Dra. Milena Marques Pagliarelli Acencio, Gabriela Gaspar Carnevale (laboratório de pleura – InCor FMUSP), pela presteza, cuidado e profissionalismo na realização dos testes bioquímicos.
A Dra. Rossana Pulcinelli Francisco, pela participação no projeto de
pesquisa desde sua elaboração e Dra. Maria Rita Bortolotto, por muito
auxiliar no aprimoramento desse estudo.
Ao Dr. Nélson Antunes Jr. e Dr. Jonathas Borges Soares, por me
oferecer a chance de viver a Medicina de forma especial, do jeito que sempre a
imaginei.
A Dra. Vera Lúcia Hanna, quem me ensinou a expressar-me na Língua-
Pátria.
A Sra. Inez Muras Fuentes Jazra, pela presteza e auxílio para o
cumprimento de prazos durante a realização desta tese.
“Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me ha dado el corazón, que agita su marco
Cuando mira el fruto del cerebro humano
Cuando mira el bueno tan lejos del malo
Cuando mira el fondo de tus ojos claros”
(Violeta Parra)
Esta tese está de acordo com:
Referências: adaptado de International Committee of Medical Journals Editors
(Vancouver)
Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Serviço de Biblioteca e
Documentação. Guia de apresentação de dissertações, teses e monografias.
Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha, Maria Júlia de A. L. Freddi, Maria F.
Crestana, Marinalva de Souza Aragão, Suely Campos Cardoso, Valéria Vilhena. São
Paulo: Serviço de Biblioteca e Documentação; 2004.
Abreviatura dos títulos dos periódicos de acordo com List of Journals Indexed
in Index Medicus.
SUMÁRIO
Lista de abreviaturas, símbolos e siglas
Resumo
Summary
1. INTRODUÇÃO ..............................................................................................01
2. OBJETIVOS..................................................................................................10
3. REVISÃO DA LITERATURA.........................................................................12
4. MÉTODOS....................................................................................................24
5. RESULTADOS..............................................................................................38
6. DISCUSSÃO.................................................................................................49
7. CONCLUSÕES. ............................................................................................64
8. REFERÊNCIAS.............................................................................................66
APÊNDICES
LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E SIGLAS
β-hCG fração beta da gonadotrofina coriônica humana
CAPPesq Comissão de Ética para Análise de Projetos de Pesquisa
dp desvio-padrão
et al. e outros; e colaboradores
ELISA enzyme-linked immunosorbent assay
EUA Estados Unidos da América
FIV fertilização in vitro
GE gestação ectópica
HCFMUSP Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo
hCG gonadotrofina coriônica humana
HE hematoxilina-eosina
hPL lactogênio placentário humano
IC intervalo de confiança
kDA quilodáltons
MTX metotrexato
mUI/mL miliunidades internacionais por mililitro
OR Odds ratio (razão de chances)
pg/mL picograma por mililitro
PMSP Prefeitura Municipal de São Paulo
RNA ácido ribonucléico
ROC receiver operator characteristic curve
UI/L unidades internacionais por litro
VEGF vascular endothelial growth factor
VPN valor preditivo negativo
VPP valor preditivo positivo
RESUMO
Cabar FR. Concentração sérica do fator de crescimento vascular endotelial – VEGF - e a profundidade da invasão trofoblástica na parede tubária em gestações ampulares [tese]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2008. 86 p. INTRODUÇÃO: A definição de fatores preditivos de lesão morfológica e funcional da tuba uterina poderia colaborar na escolha do tratamento de pacientes com gestação ectópica. O objetivo deste estudo foi relacionar a penetração do tecido trofoblástico na parede tubária acometida por gestação ampular com a concentração sérica materna de VEGF, avaliar a possibilidade do VEGF predizer a profundidade da invasão do tecido trofoblástico, comparando o desempenho do VEGF com o desempenho das concentrações séricas de β-hCG na predição da profundidade da invasão do trofoblasto. MÉTODOS: realizou-se estudo prospectivo, entre 21 de dezembro de 2006 a 30 de setembro de 2007, com 30 pacientes com gestação tubária ampular submetidas à salpingectomia. Foram dosadas as concentrações séricas maternas de VEGF após confirmação do diagnóstico de gestação tubária e antes da realização da salpingectomia. Histologicamente a invasão trofoblástica na parede tubária foi classificada em grau I: quando limitada à mucosa da tuba uterina; grau II: até a camada muscular; grau III: invasão de toda a espessura da tuba uterina. RESULTADOS: 10 pacientes tiveram infiltração tubária grau I, 9 pacientes infiltração grau II e 11 pacientes infiltração grau III. Os diferentes graus de invasão trofoblástica apresentaram diferença significativa das concentrações séricas de VEGF (p< 0,001). O título sérico de VEGF de 305 pg/mL apresentou sensibilidade de 100,0%, especificidade de 85,0%, valor preditivo positivo de 76,9% e valor preditivo negativo de 100,0% para determinar invasão trofoblástica grau I. Título sérico de 425,9 pg/mL foi o melhor ponto de corte para predição de invasão trofoblástica grau III: sensibilidade de 81,8%, especificidade de 94,7%, valor preditivo positivo de 90,0% e valor preditivo negativo de 90,0%. Regressão logística selecionou a concentração sérica de VEGF como fator de melhor desempenho na predição da invasão trofoblástica quando comparado com título sérico de β-hCG. CONCLUSÕES: em gestações ampulares, a profundidade da penetração do tecido trofoblástico na parede tubária acometida por gestação ectópica se relaciona com a concentração sérica de VEGF, a concentração sérica de VEGF é preditora da profundidade da invasão do tecido trofoblasto na parede tubária acometida por GE e a concentração sérica de VEGF apresenta melhor desempenho que a concentração sérica de β-hCG como preditora da profundidade da invasão do trofoblasto na parede da tuba uterina acometida por gestação ampular. Descritores: gravidez ectópica; gravidez tubária; trofoblastos; fatores de crescimento do endotélio vascular; gonadotropina coriônica humana subunidade beta.
SUMMARY
Cabar FR. Serum concentration of the vascular endothelial growth factor - VEGF - and the depth of trophoblastic invasion into the tubal wall in ampular pregnancies [Thesis]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2008. 86 p.
INTRODUCTION: The definition of predictive factors of morphologic and functional damage to the Fallopian tube may help in the choice of treatment for patients with ectopic pregnancy. The objective of the present study was to correlate the depth of penetration of trophoblastic tissue into the tubal wall with maternal serum VEGF concentrations, to evaluate the prediction of this invasion based on these concentrations and to compare the performances of VEGF and β-hCG as predictors of trophoblastic invasion. METHODS: A prospective study was conducted on 30 patients with ampular pregnancy submitted to salpingectomy between December 21st, 2006 and September 30th, 2007. Maternal serum VEGF concentrations were measured after the diagnosis confirmation and before salpingectomy was performed. Histologically, trophoblastic invasion into the tubal wall was classified as grade I when limited to the tubal mucosa, grade II when reaching the muscle layer, and grade III when comprising the full thickness of the Fallopian tube. RESULTS: ten patients had tubal infiltration grade I, nine had grade II and eleven had grade III. The different levels of trophoblastic invasion were significantly associated with VEGF concentrations (p< 0.001). VEGF levels of 305.0 pg/mL showed 100.0% sensitivity, 85.0% specificity, a positive predictive value of 76.9% and a negative predictive value of 100.0% for the diagnosis of grade I trophoblastic invasion. A VEGF titer of 425.9 pg/mL was the best cut-off for the prediction of grade III trophoblastic invasion: 81.8% sensitivity, 94.7% specificity, positive predictive value of 90.0% and negative predictive value of 90.0%. Logistic regression showed that VEGF presented higher performance as a predictor of trophoblastic invasion than β-hCG. CONCLUSIONS: in ampullary pregnancies, the depth of penetration of trophoblastic tissue into the tubal wall is correlated with serum VEGF concentrations, serum VEGF titer is predictor of the depth of penetration into tubal wall and VEGF concentrations present higher performance than β-hCG as predictor of the trophoblastic invasion. Keywords: ectopic pregnancy; tubal pregnancy; trophoblasts; vascular endothelial growth factor; human chorionic gonadotropin beta subunit.
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A gestação ectópica (GE) é definida por Cunningham et al. (2005) como
a implantação e o desenvolvimento do ovo fora da cavidade corporal do útero.
De acordo com esta definição, são consideradas GE aquelas em que a
implantação do tecido trofoblástico se dá nas regiões intersticial e cervical do
útero, na tuba uterina, cavidade abdominal e superfícies ovarianas, o mesmo
sendo admitido por outros autores como Neme et al. (2006), Cabar (2008) e
Zugaib (2008). Por outro lado, Rezende (2005) apresenta definição pouco
distinta: deve-se definir GE como a implantação do ovo fora do útero,
reservando denominação diversa para situações em que a nidação ocorre nos
cornos ou na cérvice do útero.
Em virtude de sua elevada incidência, morbidade e mortalidade, o
estudo da GE representa importante tema dentro da Obstetrícia moderna. Nos
Estados Unidos, o número de pacientes com GE aumentou de 17 800 / ano no
início da década de 70 para mais de 108 000 casos / ano no início dos anos 90,
com sua prevalência chegando a 2% de todas as gestações (Marchbanks et
al., 1988; CDC, 1995; Bjartling et al., 2000); naquele país, a GE é a principal
causa de morte materna no primeiro trimestre da gestação (Chang et al., 2003;
ACOG, 2008). No Reino Unido são diagnosticados cerca de 11 000 casos por
ano (incidência de 11,5 por 1 000 gestações) e a GE representa a quarta causa
de morte materna (Crowhurst e Plaat, 1999; Lewis e Drife, 2004).
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O aumento da incidência de GE nos últimos anos tem sido atribuído ao
crescimento de alguns fatores de risco - grande prevalência de doenças
sexualmente transmissíveis (especialmente infecções por Chlamydia
trachomatis e Neisseria gonorrhoeae), aumento da prática de esterilização
tubária e posterior tentativa de reversão, utilização mais freqüente de
tecnologias de reprodução assistida, primiparidade tardia, realização de aborto
induzido, utilização de contracepção de emergência, falha de métodos
contraceptivos - e ao aprimoramento dos métodos propedêuticos: ultra-
sonografia transvaginal e dosagem sérica da fração beta da gonadotrofina
coriônica humana (β-hCG), que possibilita o diagnóstico de GE em regressão
espontânea que no passado era despercebida (Chow et al., 1987; Marchbanks
et al., 1988; Coste et al., 1991; Fernandez et al., 1991; Job-Spira et al., 1993;
Mol et al., 1995; Parazzini et al., 1995; Coste et al. 1996; Egger et al., 1998;
Bouyer et al., 2003; Pereira et al., 2005; Barnhart et al., 2006; Bakken et al.,
2007a; Bakken et al., 2007b; Cabar et al., 2007a; Cabar, 2007; Bakken, 2008).
O aprimoramento dos métodos propedêuticos possibilita, também, a
diminuição na mortalidade materna, na medida em que os casos de GE são
diagnosticados mais precocemente (80% das vezes antes da ruptura).
Acredita-se que a morbidade e a mortalidade associadas à GE são diretamente
influenciadas pelo intervalo de tempo entre o início dos sintomas e o início do
tratamento (Department of Health, 1998). Em 1970 a mortalidade nos EUA era
de 35,5 mortes para cada 10 000 casos de GE, chegando a 2,6 para cada
10 000 casos em 1992; no Reino Unido, a mortalidade passou de 16 para
3 mortes a cada 10 000 gestações entre 1973 e 1993 (NCHS, 1994; RCOG,
4
2001). Mesmo assim a GE continua a ser a principal causa de morte materna
no primeiro trimestre da gravidez (três quartos dos casos), respondendo por
9 a 13% de todas as mortes ocorridas no ciclo gravídico-puerperal em países
desenvolvidos (NCHS, 1994; RCOG, 2001; Turner et al., 2002). A GE foi
responsável por 3,0% dos casos de mortalidade materna de causa obstétrica
no município de São Paulo no biênio 2003-2004 e é a segunda causa de morte
materna no primeiro trimestre de gestação, apenas atrás de causa relacionada
aos abortamentos (Comitê Central de Mortalidade Materna – PMSP).
A tuba uterina é estrutura anatômica bilateral, com 10 cm a 12 cm de
comprimento, podendo ser identificados quatro segmentos de limites pouco
precisos: infundíbulo, ampola, istmo e porção intersticial. O segmento mais
lateral, chamado infundíbulo, tem cerca de um centímetro de comprimento e
contém fímbrias na sua extremidade que captam o óvulo na cavidade
peritoneal. A região ampular compreende o segmento medial ao infundíbulo, é
a mais longa e o local onde, na maioria das vezes, ocorre a fertilização do
óvulo. O istmo está localizado medialmente à porção ampular e é o segmento
que apresenta o lúmen mais estreito de todo o órgão. A porção chamada
intramural ou intersticial corresponde à região de implantação tubária no
miométrio dos cornos uterinos (Gasser e Peppler, 1986). Cerca de 97% a 99%
das GE são tubárias e, dessas, quase 75% ocorrem na porção ampular da tuba
uterina (Bouyer et al., 2002).
5
Histologicamente, a tuba uterina é estrutura seromuscular cuja parede é
composta por três camadas distintas: túnica serosa, camada muscular e
mucosa. A túnica serosa, a mais externa camada, é constituída por
fibroblastos, adipócitos, macrófagos e mastócitos, entremeados por fibras
elásticas e de colágeno. A camada muscular é composta por fibras musculares
lisas dispostas longitudinalmente e em feixes circulares, de forma que, nas
regiões intramural e ístmica, essas fibras são mais delgadas. A mucosa é
formada por lâmina própria de tecido conectivo altamente vascularizado e de
epitélio colunar simples constituído por tipos celulares distintos: ciliadas,
secretoras, indiferenciadas e as células intercaladas (peg-cells) (Peppler e
Thompson, 1993).
As tubas uterinas sofrem mudanças cíclicas em sua histologia e
atividade ciliar em resposta aos estímulos dos esteróides sexuais (Critoph e
Dennis, 1977; Lyons et al., 2006). Estes órgãos não representam apenas um
canal por onde migra o óvulo após sua liberação pelo ovário; além de recolhê-
lo, os cílios de seu epitélio colunar favorecem o contato com os
espermatozóides que vêm impulsionados na direção contrária. É ainda nas
tubas onde há a capacitação espermática e a fecundação, ocorrendo depois o
transporte do ovo até a cavidade uterina (Jansen, 1984; Lyons et al., 2006). O
transporte do óvulo e do zigoto pela tuba uterina é resultado da combinação de
fatores que envolvem a motilidade ciliar e o peristaltismo muscular (Pulkkinen e
Talo, 1987), sem que se saiba, ainda, qual mecanismo desempenha principal
papel no transporte através da tuba uterina. Observou-se que a inibição da
atividade muscular com a utilização de isoproterenol (droga agonista
6
β-adrenérgica), não altera o tempo total do transporte dos gametas e embriões
através da ampola tubária. Isto poderia indicar que os cílios, sozinhos, seriam
capazes de desempenhar a função de transportar o óvulo até o sítio onde
ocorre sua fecundação (Halbert et al., 1976; McComb et al., 1986; Halbert et
al., 1989). Por outro lado, a observação de que pacientes com total inatividade
ciliar congênita (Síndrome de Kartagener) são capazes de ter gestações
tópicas faz com que alguns autores acreditem que a atividade peristáltica da
tuba representa o mecanismo principal no transporte do zigoto até a cavidade
uterina (Afzelius et al., 1978; Cartwright, 1993; Blyth e Wellesley, 2008).
Tubas acometidas por GE freqüentemente exibem alterações
morfológicas e funcionais, como focos persistentes de transformação decidual,
divertículos ou alterações pós-inflamatórias, bem como destruição de células
ciliadas ou redução da atividade ciliar (Vasquez et al., 1983; Green e Kott,
1989). Quando as GE são tratadas conservadoramente, estas anormalidades
podem permanecer, a despeito do tratamento ser instituído de forma adequada
(Green e Kott, 1989). Além disso, a implantação do tecido trofoblástico na
parede tubária pode acarretar prejuízo na função do oviduto, seja por conta da
alteração do epitélio ciliar ou, principalmente, pelo desarranjo arquitetural da
musculatura da parede do órgão causado pela reação inflamatória (Vasquez et
al., 1983; Green e Kott, 1989). Este desarranjo muscular pode deixar o órgão
hipoplásico, sujeito a discinesias (hipocinesia e espasmos tubários),
aumentando o risco de ocorrência de novo episódio de GE (Green e Kott, 1989;
Rezende, 2005). Dessa forma, acredita-se que o comprometimento da função
7
da tuba uterina é dependente do grau de invasão do trofoblasto na parede
tubária (Green e Kott, 1989).
Vários fatores têm sido estudados como possíveis preditores da
integridade tubária em pacientes acometidas por GE e submetidas a
tratamento clínico: exame físico, ultra-sonografia transvaginal (presença de
atividade cardíaca, características da imagem ectópica, presença de líquido em
pelve), concentração sérica da β-hCG, concentração sérica de hemoglobina.
Estes fatores se mostraram eficientes na predição de sucesso do tratamento
clínico e alguns deles também poderiam ser utilizados para estimar lesões
microscópicas na estrutura histológica das tubas uterinas causados pela
implantação do trofoblasto (Oktay et al., 1994; Klein et al., 1995a; Klein et al.,
1995b; Natale et al., 2003; Cabar et al., 2006, Pereira et al., 2008). Estudos
anteriores demonstram que a concentração sérica materna de β-hCG
apresenta elevados valores de sensibilidade e especificidade na predição da
profundidade da invasão do tecido trofoblástico na parede tubária (Natale et al.,
2003; Cabar et al., 2006). Os autores sugerem que os títulos séricos deste
hormônio podem ser utilizados para a definição do tipo de tratamento a ser
oferecido às pacientes acometidas por gestação tubária.
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A implantação do embrião e a placentação são processos fundamentais
para o estabelecimento da viabilidade da gestação. Estes processos são
caracterizados por extensiva angiogênese, situação na qual um potente agente
angiogênico, o fator de crescimento vascular endotelial (VEGF), desempenha
papel de destaque. Essa substância age como principal fator parácrino e
autócrino, modulando o crescimento, a remodelação e a permeabilidade
vascular no endométrio, decídua e trofoblasto. É também indispensável durante
o desenvolvimento vascular do embrião (Senger et al., 1983; Leung et al.,
1989; Clark et al., 1996; Shifren et al., 1996; Torry et al., 1996; Torry e Torry,
1997; Neufeld et al., 1999). Sua secreção e expressão dependem de outros
fatores de crescimento e de algumas citocinas e também são influenciadas
pelas condições teciduais locais. Em situações de hipoxia tecidual sua
produção encontra-se aumentada (Leung et al., 1989; Torry e Torry, 1997;
Neufeld et al., 1999).
As condições do tecido tubário são desfavoráveis para a implantação do
trofoblasto, muito distintas daquelas observadas no endométrio que é muito
vascularizado (Shifren et al., 1996; Torry et al., 1996; Torry e Torry, 1997).
Alguns autores acreditam que, pela vigência de hipoxia tecidual da tuba
uterina, a implantação do produto conceptual neste órgão ocasiona aumento da
produção de VEGF pelo trofoblasto e maior angiogênese, na tentativa de
acomodação ao ambiente desfavorável (Daniel et al., 1999; Felemban et al.,
2002; Mueller et al., 2004; Fasouliotis et al., 2004; Cabar et al., 2007b). Desta
forma, a dosagem dos níveis séricos de VEGF pode ser utilizada para
9
diagnosticar precocemente os casos de GE (Daniel et al., 1999; Felemban et
al., 2002; Cabar et al., 2008).
A definição de fatores indicativos do grau de lesão morfológica e
funcional da tuba uterina acometida por GE pode colaborar na escolha do
tratamento para pacientes com desejo reprodutivo futuro. Dessa forma,
propostas de tratamento conservador poderiam ser recomendadas para casos
com tubas pouco comprometidas, melhorando o prognóstico reprodutivo. Por
outro lado, a preservação de tubas uterinas extensamente danificadas pode ser
evitada, pois além de retardar nova gestação, tal conduta aumenta
sobremaneira a morbidade decorrente de um novo episódio de GE. A hipótese
é que a maior a produção de VEGF possibilita maior invasão trofoblástica no
sítio de implantação extra-uterino, com conseqüente maior comprometimento
da parede tubária, maior risco de sangramento e de ruptura desta estrutura.
Portanto, a possibilidade da utilização de novos marcadores bioquímicos
na predição do grau de invasão trofoblástica nos casos de GE justifica a
realização da presente investigação. Na prática clínica, estes marcadores
podem auxiliar no manejo dos casos, favorecendo a identificação de situações
de melhor prognóstico para terapêuticas conservadoras ou de casos em que a
cirurgia radical, salpingectomia, é imperativa.
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O presente estudo sobre a penetração do tecido trofoblástico na parede
tubária acometida por gestação ampular teve por objetivos:
1) Relacionar a profundidade de penetração do trofoblasto com as
concentrações séricas de VEGF;
2) Avaliar a possibilidade da concentração sérica de VEGF predizer a
profundidade da invasão do trofoblasto;
3) Comparar o desempenho das concentrações séricas de VEGF com o
desempenho das concentrações séricas de β-hCG na predição da
profundidade da invasão do trofoblasto.
13
3.1 MARCADORES DA INVASÃO TROFOBLÁSTICA
Nas gestações tubárias, após a implantação do blastocisto na mucosa
da tuba uterina, a inexistência da reação decidual possibilita ao tecido
trofoblástico invadir a lâmina própria, a camada muscular e atingir a subserosa
da estrutura (Budowick et al., 1980). Randall et al. (1987) estudam a
implantação em 105 gestações tubárias e concluem que este processo ocorre
de maneira semelhante ao verificado no útero. O trofoblasto invade o espaço
intersticial e os vasos tubários, sendo comum o desenvolvimento da placenta
na subserosa ou serosa tubária. Os autores afirmam, ainda, que a habilidade
de implantação do blastocisto na tuba uterina indica que o processo de
placentação depende exclusivamente do potencial de invasão do tecido
trofoblástico e que os tecidos maternos desempenham papel passivo nesses
processos. Também Dietl et al. (1988), após revisão de 12 tubas retiradas
cirurgicamente, publicam estudo afirmando que o blastocisto penetra as
lâminas própria e muscular da tuba uterina logo após sua nidação; para eles,
esse comportamento seria comparável à invasão do trofoblasto de placenta
com acretismo. Esse fato explicaria a maior probabilidade de persistência do
tecido trofoblástico após cirurgia conservadora (Budowick et al., 1980; Dietl et
al., 1988).
14
Vários fatores têm sido estudados como possíveis preditores da
profundidade da invasão trofoblástica na parede tubária. Dentre eles, a
concentração sérica da β-hCG se destaca por apresentar elevados valores de
sensibilidade e especificidade na predição da profundidade de invasão do
trofoblasto (Natale et al., 2003; Cabar et al., 2006), além de ser exame de baixo
custo e rápida obtenção de resultados, o que a torna ferramenta indispensável
para a realização de diagnóstico e para decisão da conduta a ser tomada.
Oktay et al. (1994) são os primeiros que relacionam o grau de invasão
do tecido trofoblástico na musculatura da tuba uterina com os títulos séricos da
β-hCG. Os autores estudam 27 tubas uterinas removidas por estarem
acometidas por GE ampulares. Em nove casos notam invasão da camada
muscular da tuba e, nesse grupo, as concentrações séricas da β-hCG dosadas
nas últimas 24 horas prévias à cirurgia estão significativamente maiores que no
grupo no qual não ocorre a invasão muscular (13 665 ± 2 986 mUI/mL e 2 169
± 870 mUI/mL, respectivamente, p= 0,0001). Afirmam que o valor sérico de
β-hCG igual ou superior a 5 400 mUI/mL apresenta 89% de valor preditivo
positivo para determinação da invasão da camada muscular da tuba uterina.
Por outro lado, dos 18 casos estudados sem invasão muscular, 17 apresentam
títulos séricos da β-hCG inferiores a 5 400 mUI/mL (valor preditivo negativo de
94%). Os autores discutem que a invasão da camada muscular pode dificultar
a remoção completa do tecido trofoblástico numa abordagem terapêutica
conservadora; a ausência dessa invasão representa fator determinante de
sucesso desses tratamentos.
15
Klein et al. (1995b) estudam a relação entre a profundidade da invasão
trofoblástica e a dosagem da β-hCG sérica nas gestações tubárias,
comparando as concentrações desse hormônio com a histopatologia das peças
cirúrgicas provenientes de salpingectomia ou ressecção segmentar da tuba
uterina acometida por GE. As pacientes com concentrações séricas pré-
operatórias abaixo de 2 500 UI/L (grupo I, 13 casos) apresentam tecido
trofoblástico restrito ao lúmen da tuba em 84,6% dos casos, proporção
significativamente maior que a observada naquelas com títulos maiores que
esse valor (grupo II, 18 casos); no grupo II a penetração da camada muscular é
mais freqüente (p= 0,0045), sendo que em apenas três dos 18 casos (16,7%)
não se observa a invasão. Os autores sugerem que títulos séricos elevados de
β-hCG poderiam estar associados à destruição da parede tubária,
inviabilizando o tratamento conservador.
Natale et al. (2003) realizam estudo prospectivo envolvendo
32 pacientes com diagnóstico de GE submetidas à salpingectomia
laparoscópica. Os autores avaliam as tubas por meio de exame
anatomopatológico e correlacionam a extensão da invasão do tecido
trofoblástico na parede tubária com os títulos séricos de β-hCG no dia da
cirurgia. A concentração sérica de β-hCG é proporcional ao grau de invasão da
tuba uterina com diferença estatisticamente significativa entre os grupos
estudados (p= 0,004). Todas as pacientes com concentração sérica desse
hormônio superior a 6 000 mUI/mL apresentam invasão trofoblástica até, pelo
menos, a camada muscular da tuba uterina. Por outro lado, apenas 35% das
pacientes com invasão tecidual até subserosa da tuba tinham concentração de
16
β-hCG inferior a 1 500 mUI/mL. Os autores ressaltam que os tratamentos
conservadores apresentam maior risco de persistência do tecido trofoblástico e
de recorrência de GE. O prognóstico reprodutivo após gestação tubária estaria
relacionado ao estado da tuba remanescente. O título de β-hCG parece indicar
o grau de invasão do trofoblasto na tuba uterina e justifica-se a realização de
salpingectomia principalmente para casos em que as concentrações séricas
deste hormônio se encontrem acima de 6 000 mUI/mL.
Estudo de Latchaw et al. (2005) analisa os fatores de risco associados à
rotura tubária. Os autores estudam 738 casos de gestação tubária durante sete
anos e encontram associação entre concentração sérica de β-hCG e rotura
tubária. Quando os títulos séricos desse hormônio estão acima de
5 000 mUI/mL, existe 1,85 vezes mais chance de rotura da tuba uterina
acometida (OR 1,85; IC 95% 1,12 – 3,06).
Em concordância com os demais estudos, Cabar et al. (2006) realizam
estudo com 105 casos de gestação ampular submetidas a salpingectomia e
verificam que a profundidade da invasão do tecido trofoblástico na parede
tubária tinha relação com as concentrações séricas pré-operatórias de β-hCG,
mas não com a idade gestacional nem com o tamanho da massa ectópica
identificada à ultra-sonografia. Os autores mostram que títulos séricos de
β-hCG inferiores a 2 400 mUI/mL poderiam predizer invasão trofoblástica
limitada à camada mucosa da parede tubária com sensibilidade de 82,8%,
especificidade de 85,5%, VPP de 68,6% e VPN de 92,7% (acurácia de 84,8%).
Por outro lado, título sérico de β-hCG de 5 990 mUI/mL seria capaz de predizer
17
invasão trofoblástica de toda a espessura da parede tubária com 82,6% de
sensibilidade, 74,6% de especificidade, 71,7% de VPP e 84,6% de VPN
(acurácia 78,1%). Eles sugerem que os casos que apresentem níveis séricos
de β-hCG maiores que 6 000 mUI/mL devam ser tratados por meio de
salpingectomia.
3.2 VEGF
Em 1983, um peptídeo de seqüência de aminoácidos até então
desconhecida é isolado de líquido em porcos com ascite (Senger et al., 1983).
Por apresentar característica de permeabilidade vascular cerca de 10 000 a
50 000 vezes maior que a histamina, esta substância é inicialmente
denominada fator de permeabilidade vascular. Posteriormente, em 1989,
identificam-se seu efeito mitótico sobre células do endotélio vascular e suas
propriedades como potente estimulador da neovascularização e do
crescimento celular endotelial, havendo mudança do nome deste peptídeo que
passa a ser chamado de fator de crescimento vascular endotelial (vascular
endotelial growth factor - VEGF) (Senger et al., 1990; Klagsbrun e D'Amore,
1996).
18
A família dos polipeptídios VEGF é composta pelos subgrupos VEGF-A,
VEGF-B, VEGF-C, VEGF-D, VEGF-E, e o fator de crescimento placentário
(placental growth factor – PIGF). O subgrupo mais extensivamente estudado
até o momento é o VEGF-A, uma proteína de aproximadamente 40 kDa,
fundamental no desenvolvimento embrionário. Esta proteína age em vários
componentes da angiogênese como proliferação e migração de células
endoteliais, mecanismo de sobrevivência e migração celular endotelial e
aumento da permeabilidade vascular (Shweiki et al., 1992; Carmeliet e Jain,
2000). O VEGF-B parece estar relacionado com as coronárias, o VEGF-C está
implicado na formação dos vasos linfáticos e os subtipos VEGF-D e VEGF-E
são ainda pouco estudados (Nakagawa et al., 2000). Até o presente há seis
isoformas conhecidas de VEGF-A em humanos: VEGF121, VEGF145, VEGF165,
VEGF183, VEGF189, VEGF206 e cada uma desempenha um papel diferente no
processo de angiogênese (Ferrara, 2004). As diferentes isoformas do VEGF
interagem com os três receptores de VEGF identificados: VEGFR-1, VEGFR-2
e VEGFR-3.
O VEGF e suas isoformas são produzidos e secretados por uma série de
células normais e estão presentes em diversos tecidos humanos. Esta
presença se faz necessária para o adequado desempenho funcional de vários
órgãos. Como exemplo, sabe-se que durante o processo de implantação e
placentação o VEGF desempenha papel de destaque na remodelação e na
permeabilidade vascular no endométrio, decídua e trofoblasto e no
desenvolvimento vascular do embrião; a ausência desta proteína durante o
desenvolvimento do produto conceptual é letal (Shifren et al., 1996; Torry et al.,
19
1996; Torry e Torry, 1997; Neufeld et al., 1999). O VEGF também tem efeito
neuroprotetor direto em neurônios in vitro após lesão isquêmica (Jin et al.,
2000). Além disso, esse peptídeo tem sido associado à neovascularização
ocular em doenças como retinopatia diabética, oclusões venosas retinianas e
retinopatia da prematuridade (Adamis et al., 1994), neovascularização tumoral
em neoplasias colorretais (Cubo et al., 2004), de colo útero (Zusterzeel et al.,
2008), ovário (Cooper et al., 2002) entre outros.
O VEGF estimula a angiogênese direta e indiretamente. Além de ser um
potente mitógeno de células endoteliais (Leung et al., 1989; Ferrara et al.,
1992), o VEGF aumenta a expressão celular de metaloproteinases,
degradando a matriz extracelular e facilitando a penetração dos neovasos nos
tecidos (Lamoreaux et al., 1998; Hiratsuka et al., 2002), ao mesmo tempo em
que diminui a expressão endotelial dos inibidores de metaloproteinases
(Lamoreaux et al., 1998; Hiratsuka et al., 2002). O VEGF também possui efeito
pró-inflamatório (Moromizato et al., 2000; Sakurai et al., 2003; Usui et al.,
2004), neuroprotetor (Storkebaum e Carmeliet, 2004), e é um fator importante
na estabilização e remodelação vasculares (Benjamin et al., 1998).
20
3.3 VEGF E GESTAÇÃO ECTÓPICA
O VEGF é indispensável durante o desenvolvimento vascular do
embrião (Carmeliet et al., 1996). De maneira diversa ao que ocorre com a hCG,
que é trofoblasto-dependente, este fator angiogênico é produzido tanto pelas
células trofoblásticas quanto pelas células endometriais (Evans et al., 1998).
Esta característica é extremamente importante porque a principal diferença
entre as gestações tópicas e as ectópicas não é a viabilidade do embrião, mas
fundamentalmente o tecido onde o embrião se implanta.
As condições do tecido extra-uterino onde ocorre a implantação da GE
são muito diferentes daquelas presentes no endométrio. As condições
hipoxêmicas usualmente verificadas no sítio de implantação ectópico
ocasionariam aumento na produção de VEGF (Ladoux e Frelin, 1993; Lam et
al., 2004). Lam et al. (2004) dosam a expressão do RNA mensageiro do VEGF
e de seus receptores (KDR e ftl-1) nos sítios de implantação e nos sítios onde
não houve implantação do saco gestacional ectópico em tubas uterinas
humanas e descrevem que a expressão destes RNA mensageiros estava
significativamente aumentada no sítio de implantação nas tubas uterinas
acometidas por GE. Os autores sugerem que o VEGF seria o fator angiogênico
responsável pela implantação da GE no oviduto.
21
Daniel et al. (1999) foram os primeiros a observar que as concentrações
séricas de VEGF eram mais elevadas em pacientes com GE quando
comparadas às pacientes com gestações tópicas não-evolutivas. Eles realizam
estudo prospectivo com 20 mulheres acometidas por gestação tubária e
sugerem que as concentrações séricas de VEGF são mais específicas e
apresentam melhor valor preditivo positivo (VPP) que os títulos séricos de
progesterona na diferenciação dos diversos tipos de gestação. O estudo
também sugere que título sérico de VEGF > 200 pg/mL diferencia gestações
tópicas evolutivas de gestações ectópicas com 90% de especificidade e VPP
de 86% e gestações tópicas não-evolutivas de gestações ectópicas com 80%
de especificidade e VPP de 86%.
Estes achados foram posteriormente confirmados por outros autores;
Felemban et al. (2002) estudam 45 gestantes (gestação ectópica, gestações
tópicas evolutivas e não evolutivas – 15 casos em cada grupo) e determinam
que valores de corte de 200 pg/mL (concentração sérica de VEGF) distinguem
gestações tópicas evolutivas de gestações tubárias com sensibilidade de 88%,
especificidade de 100% e VPP de 100%. Para a diferenciação entre GE e
gestação tópica não-evolutiva, a sensibilidade deste valor de corte é de 87,5%,
especificidade de 75% e VPP de 77,8%. Mueller et al. (2004), em estudo
semelhante, encontram títulos séricos de VEGF mais altos em mulheres
acometidas por GE quando comparadas com aquelas portadoras de gestação
tópica com comparáveis idades gestacionais. Daponte et al. (2005), comparam
as concentrações séricas de VEGF de 27 mulheres com GE e 21 pacientes
com gestação tópica e verificam que estas concentrações eram
22
significativamente mais elevadas no primeiro grupo (227,2 pg/mL e
107,2 pg/mL respectivamente, p< 0,001). Estudando população submetida a
tratamento de infertilidade por meio de fertilização in vitro (FIV), Fasouliotis et
al. (2004) encontram resultados semelhantes aos anteriormente apresentados;
no grupo de mulheres que se submeteram a FIV e que tiveram GE, as
concentrações séricas de VEGF no 11o dia após transferência embrionária
eram mais elevadas que nas demais mulheres tratadas.
Em nosso meio, Cabar et al. (2007b) estudam 60 gestantes que se
apresentaram em Serviço de Emergência com queixa de sangramento genital
e/ou dor abdominal. Após confirmação diagnóstica, as mulheres foram
divididas em três grupos: gestação tópica evolutiva, gestação tópica não-
evolutiva e gestação tubária. A concentração sérica de VEGF variou de 15,6 a
783,1 pg/mL entre as pacientes de todos os grupos. A análise estatística
demonstrou que a concentração desta substância foi significativamente
diferente entre os grupos e que títulos mais elevados foram encontrados nas
mulheres do com gestação tubária quando comparadas às demais pacientes
(P < 0,001). Concentrações séricas de VEGF > 188,7 pg/mL podiam diferenciar
gestação tubária de gestações tópicas com 96,7% de sensibilidade, 95% de
especificidade, 90,6% de valor preditivo positivo e 98,3% de valor preditivo
negativo.
23
Destaca-se que existem dados na literatura que divergem dos
anteriores. Kucera-Sliutz et al. (2002) não encontram diferença entre os níveis
séricos de VEGF em mulheres com GE e com gestação tópica não-evolutiva.
Os autores concluem que única dosagem sérica desta substância não poderia
ser utilizada para diagnóstico de GE. Estudo prospectivo semelhante
envolvendo 86 pacientes foi realizado por Ugurlu et al. (2008); os autores
incluíram 29 pacientes com gestação ectópica, 29 mulheres com gestações
tópicas normais e 28 pacientes com abortamentos espontâneos, todas
pareadas pela idade gestacional e não encontram diferença significativa nas
concentrações séricas de VEGF entre as mulheres com GE e as demais
gestantes. Eles não recomendam a utilização da concentração sérica de VEGF
para o diagnóstico de GE.
Ainda não há estudos na literatura que relacionem a profundidade da
invasão do tecido trofoblástico na parede da tuba uterina com níveis séricos de
VEGF.
25
4.1 TIPO DE ESTUDO
Realizou-se estudo prospectivo, transversal e comparativo envolvendo
pacientes com diagnóstico de gestação tubária em região ampular, que foram
atendidas na Clínica Obstétrica do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) no período de 21 de
dezembro de 2006 a 30 de setembro de 2007. O presente estudo e o termo de
consentimento livre e esclarecido foram aprovados pela Comissão de Ética
para Análise de Projetos de Pesquisa do HCFMUSP (CAPPesq) sob número
1118/06 (Apêndice A).
As pacientes atendidas no Setor de Obstetrícia de Emergência da
Clínica Obstétrica do HCFMUSP com quadro clínico sugestivo de GE foram
submetidas ao algoritmo preconizado para diagnóstico de GE (Apêndice B).
Após confirmação do diagnóstico de GE, as pacientes foram encaminhadas
para tratamento conservador (clínico ou cirúrgico) ou radical, conforme seu
estado hemodinâmico, desejo de preservação do potencial reprodutivo,
concentração e evolução da β-hCG sérica, quantidade de líquido livre na pelve
e tamanho da massa ectópica avaliados pela ultra-sonografia, seguindo o
protocolo estabelecido pelo Setor de Emergência da Clínica Obstétrica do
HCFMUSP (Pereira, 2007).
26
Os dados referentes ao atendimento de pacientes incluídas no presente
estudo foram armazenados em um instrumento de coleta de dados para
posterior análise (Apêndice C). Constam informações como identificação,
antecedentes pessoais e obstétricos (paridade, tipo de partos prévios, história
prévia de abortamento ou GE), uso de método contraceptivo, hábitos e exame
físico no momento da internação, bem como resultados de exames
complementares (β-hCG, ultra-sonografia, etc.), tipo de tratamento realizado,
localização da GE (diagnóstico cirúrgico) e evolução clínica da paciente. Estes
dados foram preenchidos no momento da alta hospitalar e posteriormente
confirmados durante seu retorno ambulatorial.
4.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
No período em questão, foram atendidas no Setor de Obstetrícia de
Emergência do HCFMUSP 52 mulheres com diagnóstico de GE. Destas, 30
pacientes foram selecionadas para participar do estudo, pois atendiam aos
critérios de inclusão propostos:
• Diagnóstico de gestação tubária em região ampular;
• Realização de tratamento cirúrgico radical (salpingectomia);
• Gestação concebida espontaneamente, isto é, sem a utilização de
nenhuma técnica de reprodução assistida;
• Coleta de sangue (para dosagem sérica de VEGF) antes da
realização do procedimento cirúrgico;
• Assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
27
Dos 22 casos que não foram incluídos no estudo, dois eram gestações
cervicais, cinco casos eram gestações tubárias não-ampulares, 15 pacientes
foram tratadas de maneira conservadora (clínica ou cirúrgica). Seriam
excluídos os casos em que o diagnóstico de gestação ampular não pudesse
ser confirmado por exame histopatológico. Nenhum caso foi excluído por este
critério.
4.2.1 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO
A idade das pacientes variou de 17 a 43 anos, com média de 29,1 e
desvio padrão (dp) de 5,8 anos. Quanto à distribuição racial, 16 mulheres
(53,3%) eram brancas e as outras 14 (46,7%), não-brancas. A idade
gestacional da população estudada variou de 42 a 56 dias, com média de
47,9 dias e dp de 4,9 dias. Em relação aos antecedentes obstétricos, oito
mulheres (26,7%) eram nulíparas e em cinco casos (16,7%) havia história
prévia de GE na tuba uterina contralateral.
28
4.3 CÁLCULO DO TAMANHO DA AMOSTRA
Em conformidade com a literatura, para cada variável explicativa
utilizada na regressão logística são necessários de sete a 15 casos do
desfecho estudado (Hair, 1998). No presente estudo, existem três possíveis
desfechos: invasão trofoblástica grau I, II, ou III.
Estudo realizado por Cabar et al. (2006) observou que a invasão do
tecido trofoblástico na parede das tubas uterinas obedeceu a seguinte
proporção aproximada: 27% apresentaram invasão superficial (grau I), 28%
invasão moderada (grau II) e 45% apresentaram invasão trofoblástica profunda
(grau III).
Considerando estas proporções e pretendendo-se incluir ao menos sete
casos em cada grupo, seriam necessários 25 casos. Com 20% de eventuais
perdas e exclusões, determinou-se que 30 casos de gestação ampular
deveriam ser incluídos na amostra para a realização da presente investigação.
29
4.4 COLETA DOS DADOS
Após confirmação do diagnóstico de GE, as pacientes que atendiam aos
critérios de inclusão foram convidadas a participar do estudo. Todas assinaram
o termo de consentimento livre e esclarecido. A partir deste momento,
amostras de sangue foram colhidas por punção venosa periférica. Foram
obtidos 10 mL de sangue de cada paciente para determinação das
concentrações séricas de VEGF. A amostra foi posteriormente encaminhada ao
Instituto do Coração do HCFMUSP para armazenamento.
Os dados referentes ao atendimento de pacientes incluídas no presente
estudo foram armazenados em um instrumento de coleta de dados para
posterior análise. Os resultados das concentrações séricas de VEGF foram
obtidos diretamente com a equipe de técnicos do laboratório responsável. Os
resultados das concentrações séricas de β-hCG foram obtidos por meio de
consulta à página eletrônica do Laboratório Central do HCFMUSP.
Após análise de todos os casos incluídos na investigação, a médica
patologista responsável pela avaliação histológica forneceu ao pesquisador
executante os resultados da classificação anatomopatológica de cada caso.
Todos estes dados foram então tabulados em uma planilha que foi
entregue ao estatístico responsável pela análise dos dados.
30
4.5 VARIÁVEIS ESTUDADAS
4.5.1 CONCENTRAÇÃO SÉRICA DE VEGF
As amostras foram coletadas em tubos siliconados e imediatamente
encaminhadas ao laboratório de pesquisa clínica do Departamento de
Cardiopneumologia do Instituto do Coração do HCFMUSP. As amostras de
sangue para determinação de concentração de VEGF foram deixadas em
temperatura ambiente por 2 a 6 horas para que coagulassem; o soro foi obtido
por centrifugação e armazenado a -80ºC até que as determinações fossem
realizadas. Para a dosagem de VEGF foi utilizado o método ELISA (enzyme-
linked immunosorbent assay) de captura, específica para molécula humana
(R&D System, Inc., Minneapolis, EUA). A concentração sérica de cada sujeito
da pesquisa foi dosada três vezes e a média dos valores foi considerada para
fins de resultado final. Placas com 96 poços (Costar/Corning, Inc., Cambridge,
EUA) foram sensibilizadas com anticorpo monoclonal e incubadas por 18 horas
a 4°C. Posteriormente, a placa foi bloqueada, para evitar ligações
inespecíficas, com solução de bloqueio (BSA 2%) e incubada por 2 horas a
37°C.
Após o bloqueio, foram adicionados as amostras e os padrões, diluídos
previamente em PBS. Em dois poços foi colocado apenas o PBS para
caracterização do branco da amostra. A placa foi incubada por 18 horas a 4°C.
31
Após incubação, foi adicionado o anticorpo conjugado (biotinilado) na
concentração estabelecida e as placas foram incubadas por 3 horas a 37°C.
Posteriormente, foi adicionado Streptavidina HRP (1:250) e incubado por
30 minutos a 37°C.
A cada etapa, a placa foi lavada com tampão de lavagem (PBS + Tween
20) por seis vezes. A revelação foi realizada através da adição de Solução de
Revelação (H2O2 + Tetrametilbenzidina) à placa, que foi incubada de 5 a 10
minutos a 37°C. A seguir, a reação foi interrompida com H2SO4 30% e a leitura
foi realizada em leitor de ELISA (Power Wave, Bio-tek, EUA) utilizando filtro de
450nm. A concentração mínima de detecção de VEGF é de 15,6 pg/mL. A
sensibilidade do teste foi < 5,0 pg/mL, variabilidade intra-ensaio foi 5,1% com
concentração de VEGF de 512 pg/mL.
4.5.2 CONCENTRAÇÃO SÉRICA DE β-hCG
A quantificação sérica de β-hCG foi realizada na Divisão de Laboratório
Central do HCFMUSP. Esta dosagem foi obtida por meio de ensaio
imunofluorimétrico de dois sítios, com base na técnica denominada “sanduíche”
direto (1 235 AutoDELFIA imunoassay system, AutoDELFIA hCG, PerkinElmer,
Finlândia). Coeficientes de variação interensaio e intra-ensaio eram,
respectivamente, 5,1 e 3,9.
32
4.5.3 CLASSIFICAÇÃO HISTOPATOLÓGICA QUANTO À
PROFUNDIDADE DA INVASÃO TROFOBLÁSTICA NAS TUBAS UTERINAS
As pacientes que foram incluídas no estudo foram submetidas à
salpingectomia e as tubas uterinas foram enviadas para posterior análise
histopatológica.
O exame anatomopatológico de todos os casos consistiu em análise
macroscópica minuciosa com determinação da área comprometida, área de
dilatação máxima e medidas da tuba uterina. As tubas uterinas foram fixadas
em formalina a 10% e seccionadas de maneira seriada para análise por
microscopia óptica.
Foram analisados, em média, dez cortes de cada tuba corada com
hematoxilina-eosina. Para facilitar a identificação do tecido invadido pelo
trofoblasto, o material histológico foi também corado pela técnica de Masson a
fim de que fossem identificadas as fibras musculares das tubas uterinas.
Coloração imuno-histoquímica para lactogênio placentário humano (hPL) foi
realizada para possibilitar a identificação de trofoblasto intermediário e
determinar a profundidade de invasão do tecido trofoblástico na parede da tuba
uterina.
A análise histológica foi realizada por uma única e experiente médica
patologista que, no momento do exame, não tinha informações acerca das
condições clínicas, cirúrgicas e laboratoriais das pacientes. A médica
patologista classificou histologicamente a profundidade de invasão do tecido
trofoblástico na parede da tuba uterina, adotando o seguinte critério (Natale et
al., 2003):
33
• Grau I: infiltração trofoblástica limitada à mucosa da tuba uterina
(figuras 1A e 1B);
Figura 1 – Imagem histopatológica de tuba uterina acometida por GE: invasão trofoblástica limitada à mucosa tubária à microscopia óptica. A: coloração HE – aumento 100X. B: coloração Masson – aumento 100X.
34
Grau II: infiltração trofoblástica até a camada muscular da tuba
uterina (figuras 2A e 2B);
Figura 2 – Imagem histopatológica de tuba uterina acometida por GE: invasão trofoblástica limitada à camada muscular tubária à microscopia óptica. A: coloração HE – aumento 200X. B: coloração hPL – aumento 200X.
35
Grau III: infiltração trofoblástica envolvendo toda a espessura da
tuba uterina, com ou sem ruptura de serosa (figuras 3A e 3B).
Figura 3 – Imagem histopatológica de tuba uterina acometida por GE: invasão trofoblástica envolvendo toda a espessura da parede tubária à microscopia óptica. A: coloração HE – aumento 200X. B: coloração Masson – aumento 100X.
36
4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA
4.6.1. ANÁLISE DESCRITIVA
As variáveis foram analisadas descritivamente e apresentadas como
freqüências absolutas e relativas.
4.6.2. GRUPOS
Os casos foram divididos em três grupos de acordo com a classificação
histológica:
• Grau I: infiltração trofoblástica limitada à mucosa da tuba uterina.
• Grau II: infiltração trofoblástica até a camada muscular da tuba
uterina.
• Grau III: infiltração trofoblástica envolvendo toda a espessura da
tuba uterina.
4.6.3. VARIÁVEIS ANALISADAS PARA COMPARAÇÃO DOS TRÊS
GRUPOS
Os três grupos foram comparados quanto a:
I – concentração sérica materna de VEGF.
II – concentração sérica materna de β-hCG.
37
4.6.4. ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS GRUPOS
A hipótese de igualdade entre os grupos foi testada por meio de análise
de variância a um fator. Nesse tipo de análise, foi realizado um teste de
significância que indicou se a variável em questão (VEGF) se relacionava com
a invasão do trofoblasto na parede da tuba uterina. Foram verificadas as
diferenças entre os grupos com uso de teste de Kruskal-Wallis.
A curva ROC foi utilizada na escolha do melhor ponto de corte. Para
esta análise, a concentração sérica materna de VEGF e de β-hCG foram as
variáveis independentes, sendo obtidos pontos de corte para os diferentes
graus de invasão para cada uma das variáveis. Sensibilidade, especificidade,
valores preditivos positivos e negativos foram calculados baseados nos pontos-
de-corte obtidos.
Foi utilizada a técnica de regressão logística para comparar o
desempenho das variáveis de interesse (concentrações de VEGF e de β-hCG)
com relação ao desfecho estudado (grau de invasão trofoblástica na parede da
tuba) (Armitage et al., 2001; Hosmer Jr. e Lemeshow, 2004).
O nível de significância utilizado para os testes foi de 5%.
39
5.1 PROFUNDIDADE DA INVASÃO TROFOBLÁSTICA
A distribuição dos 30 casos incluídos na presente pesquisa, de acordo
com a profundidade da invasão trofoblástica na tuba uterina está apresentada
no gráfico 1.
Gráfico 1 - Distribuição das pacientes com GE de acordo com a classificação histológica da invasão trofoblástica na parede
tubária – HCFMUSP – dez 2006 a set 2007
ão houve diferença estatisticamente significativa entre os três grupos
histológicos quanto à idade materna (p= 0,69). Da mesma forma, não foi
observ
Tabela 1 – Idade materna e idade gestacional e grau de infiltração do SP – dez 2006 a set 2007
*p= 0,69; **p= 0,88 Teste Kruskal-Wallis
Idade materna Idade gestacional
Grau I
Grau II
Grau III
10 casos 11 casos
9 casos
N
ada diferença quanto à idade gestacional entre os três grupos, como
pode ser observado na tabela 1 (p= 0,88).
tecido trofoblástico – HCFMU
[anos] [dias] Grau de invasão
trofoblástica média (dp)* média (dp)**
I 31,0 (4,1) 48,9 (2,4) II 30,3 (3,9) 48,5 (2,2) III 28,7 (3,5) 48,8 (2,3)
40
5.2 VEGF E GRAU DE INVASÃO TROFOBLÁSTICA
Os títulos séricos de VEGF variaram de 167,5 a 783,1 pg/mL, com
média de 368,8 pg/mL e dp de 167,7 pg/mL. Por meio de análise de variância a
um fator, observou-se que os diferentes graus de invasão trofoblástica
apresentaram diferença estatisticamente significativa nos títulos de VEGF
(p< 0,001) (tabela 2). O grau I apresentou valores significativamente menores
que os graus II e III (tabela 3).
Tabela 2 - Títulos de VEGF e grau de infiltração do tecido trofoblástico –
HCFMUSP – dez 2006 a set 2007
*p< 0,001 ANOVA
Tabela 3 – Comparação entre os títulos de VEGF e os diferentes graus de
infiltração do tecido trofoblástico – HCFMUSP – dez 2006 a set 2007
Grau de invasão trofoblástica Valor Z P
Grau I vs. Grau II -2,85 0,004*
Grau I vs. Grau III -4,22 <0,001*
Grau II vs. Grau III -1,19 0,236
Teste de Kruskal-Wallis
VEGF [pg/mL] Grau de invasão trofoblástica média* (dp) mediana (mínimo - máximo)
I 220,7 (9,1) 209,0 (167,5 – 301,9)
II 365,8 (81,7) 348,6 (297,2 – 562,7)
III 505,8 (79,6) 497,8 (215,8 – 783,1)
Total 368,8 (167,7) 321,3 (167,5 – 783,1)
41
5.3 β-hCG E GRAU DE INVASÃO TROFOBLÁSTICA
As concentrações séricas de β-hCG variaram de 108,4 a
46 165,0 mUI/mL, com média de 9 346,0 mUI/mL e dp de 11 028,0 mUI/mL.
Teste de Kruskal-Wallis revelou correlação significativa entre os diferentes
graus de invasão trofoblástica e concentrações séricas de β-hCG (p < 0,001)
(tabela 4). O grau I apresentou valores significativamente menores que os
graus II e III (tabela 5).
Tabela 4 - ação do tecido trofoblástico – HCFMUSP – dez 2006 a set 2007
s
Títulos de β-hCG e grau de infiltr
*p< 0,001 Kruskal-Walli
Tabela 5 – Comparação entre os títulos de β-hCG e os diferentes graus de infiltração do tecido trofoblástico – HCFMUSP – dez 2006 a set 2007
Grau de invasão trofoblástica Valor Z P
Grau I vs. Grau II -2,48 0,013*
Grau I vs. Grau III -4,54 <0,001*
Grau II vs. Grau III -1,87 0,061
Teste de Kruskal-Wallis
β-hCG [mUI/mL] Grau de invasão trofoblástica
mediana* (mínimo – máximo) média (dp)
I 1 731,2 (1 085,8) 0) 2 036,5 (108,4 – 3220,
I 9 720,8 (14 002,8) 3 912,0 (2228,8 – 46165,0)
15 961,7 (9 408,9) 16 100,0 (5 370,6 – 38 356,0)
I
III
42
5.4 PREDIÇÃO DE INVASÃO TROFOBLÁSTICA GRAU I
Gráfico 2 – Curva ROC para invasão trofoblástica grau I - VEGF – HCFMUSP – dez 2006 a set 2007
5.4.1 VEGF
Calculou-se por meio de curva ROC um ponto de corte para predição da
invasão trofoblástica grau I considerando-se a concentração sérica de VEGF
(gráfico 2).
ilidad
e S
ensi
b
Encontrou-se ponto de corte de valor de VEGF sérica para predição de
grau I de invasão trofoblástica de 305,0 pg/mL. Esse ponto de corte fornece
ificidade de 85,0%, VPP de 76,9% e VPN de
00,0%. A área sob a curva é de 0,93.
1 - especificidade
sensibilidade de 100,0%, espec
1
43
5.4.2 β-hCG
or meio de curva ROC um ponto de corte para predição da
invasão trofoblástica grau I considerando-se a concentração sérica de β-hCG
(gráfic
or de 2 516,3 mUI/mL apresenta 80,0% de sensibilidade, 95,0% de
especificidade, 88,9% de valor preditivo positivo e 90,5% de valor preditivo
Gráfico 3 – Curva ROC para invasão trofoblástica grau I – β-hCG –
HCFMUSP – dez 2006 a set 2007
Calculou-se p
o 3).
O val
negativo. A área sob a curva é de 0,96.
Sen
sibi
lidad
e
1 - especificidade
44
5.5 PREDIÇÃO DE INVASÃO TROFOBLÁSTICA GRAU III
eleceu-se por meio de curva ROC (gráfico 4) que título sérico de
,9 pg/mL foi o melhor ponto de corte para predição de grau III de
Verificou-se que os casos com valores de VEGF acima de 425,9 pg/mL
de invasão que os demais casos selecionados (IC 95% 7,7 – ∞).
A distribuição da população segundo classificação histológica, definida a
partir dos pontos de corte obtidos por meio de curva ROC, está demonstrada
na tabela 6.
Gráfico 4 ROC para invasão trofoblástica grau III – VEGF -
5.5.1 VEGF
Estab
VEGF de 425
invasão trofoblástica. Esse ponto de corte fornece sensibilidade de 81,8%,
especificidade de 94,7%, VPP de 90,0% e VPN de 90,0%. A área sob a curva é
de 0,88.
exibiam 81,0 vezes maior probabilidade de estarem classificados como grau III
– Curva HCFMUSP – dez 2006 a set 2007
1 - especificidade
Sen
sibi
lidad
e
45
Tabela tológica e títulos de VEGF – HCFMUSP – dez 2006 a set 2007
Títulos de VEGF (pg/mL)
6 – Distribuição da população segundo classificação his
Grau de invasão trofoblástica < 305,0 305,0 a 425,9 > 425,9
I 10 (100,0%) 0 0
II 1 (11,1%) 7 (77,8%) 1 (11,1%)
III 2 (18,2%) 0 9 (81,8%)
5.5.2 β-hCG
e, 84,2% de
especi
séricos de β-hCG maiores que 8 126,4 mUI/mL apresentavam
(IC 95% = 3,6 – 155,0).
A distribuição da população segundo classificação histológica, definida a
partir dos pontos de corte obtidos por meio de curva ROC, está demonstrada
na tabela 7.
Foi definido por meio de curva ROC (gráfico 5) que títulos séricos de
β-hCG de 8 126,4 mUI/mL apresentam 81,8% de sensibilidad
ficidade, 75,0% de valor preditivo positivo e 88,9% de valor preditivo
negativo para predição de invasão grau III (área sob a curva de 0,91). Os casos
com títulos
maior probabilidade de serem classificados como grau III com OR = 24,0
46
Gráfico 5 – Curva ROC para invasão trofoblástica grau III – β-hCG – HCFMUSP – dez 2006 a set 2007
de
ilida
Sen
sib
1 - especificidade
Tabela 7 – Distribuição da população segundo classificação histológica e
Títulos de β-hCG (mUI/mL)
títulos de β-hCG – HCFMUSP – dez 2006 a set 2007
Grau de invasão trofoblástica < 2 516,3 2 516,3 a 8 126,4 > 8 126,4
I 8 (80,0%) 2 (20,0%) 0
II 1 (11,1%) 5 (55,6%) 3 (33,3%)
III 0 2 (18,2%) 9 (81,8%)
47
5.6 ANÁLISE MULTIVARIADA
Baseado na relevância clínica e nos resultados estatísticos obtidos, foi
realizado modelo de regressão logística incluindo ambos os fatores
(concentrações séricas de VEGF e de β-hCG), objetivando-se comparar o
desempenho das variáveis como fatores de predição da profundidade da
invasão do trofoblasto na parede da tuba uterina. A análise selecionou a
concentração sérica de VEGF como fator de melhor desempenho na predição
do grau de invasão trofoblástica na parede tubária (Tabela 8). Foi possível,
ainda, a construção de curva de probabilidade do grau de invasão do tecido
trofoblástico com a concentração sérica de VEGF (figura 4).
Tabela 8 – Concentração sérica
de invasão do tecido trofoblástico – HCFMUSP – dez 2006 a set 2007
Grau de invasão
de VEGF e predição do grau histológico
trofoblástica Fator Estimativa Erro padrão P
Grau I VEGF 0,010*
Co 9 83 0
Grau III 0,011 0,004
Co -4,882 1,657 3
-0,035 0,014
nstante ,245 3,5 0,01
VEGF 0,006*
nstante 0,00
* Análise regressão logística (p < 0,05)
48
Figura 4 – Curva de probabilidade de grau I ou III de invasão trofoblástica
VEGF na gestação ampular de acordo com a concentração sérica de
50
Os avanços da tecnologia ecográfica e dos recursos laboratoriais,
principalmente a utilização de técnicas imunoenzimáticas, radioimunológicas e
imunoenzimométricas que empregam anticorpos monoclonais e aumentam a
sensibilidade e a especificidade na detecção das dosagens de β-hCG,
possibilitam o diagnóstico cada vez mais precoce de GE. Desta forma, o
enfoque da abordagem terapêutica da GE sofreu substancial mudança nas
últimas décadas. Se, anteriormente, o objetivo do tratamento era retirar o
produto conceptual implantado inadequadamente e preservar a vida da
paciente com a realização de tratamento cirúrgico radical, atualmente, além da
função precípua de outrora, pode-se, em casos selecionados, realizar
terapêuticas mais conservadoras.
Os tratamentos conservadores, clínicos ou cirúrgicos, visam,
principalmente, à manutenção do potencial reprodutivo dessas mulheres. Com
essa lógica, a Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Canadá defendia que
a tuba uterina deveria ser sempre preservada, independentemente da
integridade do oviduto ou do estado da tuba contralateral (Maternal Fetal
Medicine Committee, 1987).
Estudos mostram que o tratamento clínico da GE, pela utilização do
MTX ou pela conduta expectante, permite preservar a permeabilidade da tuba
uterina após episódio de gestação tubária. Tanaka et al. (1982) são os
primeiros a utilizar o MTX para o tratamento de paciente com GE intersticial e
demonstram, por meio de histerossalpingografia, manutenção da
permeabilidade tubária bilateral. Posteriormente, utilizando a mesma droga por
51
via intramuscular, outros pesquisadores observam sucesso terapêutico e
permeabilidade tubária ipsilateral em 52,6% a 88% das pacientes com
gestação tubária tratadas conservadoramente (Ichinoe et al., 1987; Sauer et al.,
1987; Stovall et al., 1991; Stovall e Ling 1993; Debby et al. 2000; Erdem et al.,
2004; Kirk et al., 2007). Resultados semelhantes são descritos por Feichtinger
e Kemeter (1987; 1989), Pansky et al. (1989), Tulandi et al. (1992), Vauntraub
et al. (1993), Pereira (1996), Darai et al. (1996) com a utilização de MTX local,
injetado diretamente no saco gestacional implantado na tuba uterina.
Os resultados quanto à permeabilidade tubária em pacientes com GE
submetidas à conduta expectante são semelhantes aos encontrados após
tratamento medicamentoso com MTX. Pansky et al. (1991), Shalev et al.
(1995a
eral em 72% a 94% das pacientes (Vermesh et
al., 1989; Fujishita et al., 2004).
), Trio et al. (1995), Rantala e Makinen (1997), Elito Jr. et al. (2005),
entre outros, estudam a permeabilidade tubária por meio de
histerossalpingografia e/ou laparoscopia e descrevem que as tubas uterinas
ipsilaterais permanecem patentes em 78% a 93% dos casos. Já o tratamento
cirúrgico conservador (salpingostomia / salpingotomia) possibilita manutenção
da permeabilidade tubária ipsilat
Entretanto, dois fatos devem ser ressaltados para a avaliação desses
resultados; primeiramente, a literatura médica não é concordante quanto à
importância do tipo de tratamento instituído para o prognóstico reprodutivo da
paciente com episódio prévio de GE. Aparentemente, a idade da paciente, o
estado da tuba contralateral e o antecedente pessoal de infertilidade são os
52
fatores mais importantes para que se estabeleça a chance de gestação intra-
uterina futura. Parece que o tipo de abordagem terapêutica realizada,
independentemente da preservação da tuba uterina acometida, desempenha
papel secundário nessa questão (Tuomivaara e Kauppila, 1988; Dubuisson et
al., 1990; Pouly et al., 1991; Ory, 1993; Gruft et al., 1994; Dela Cruz e
Cumming, 1997; Hajenius et al., 1997; Fernandez et al., 1998; Mol et al., 1998;
Bouyer et al., 2000; Ego et al., 2001; Cabar et al., 2004; Gervaise et al., 2004;
Hajenius et al., 2007). Com esta premissa, o Colégio Britânico de Obstetras e
Ginecologistas adverte que, frente a casos em que tuba contralateral se
aprese
Yao e Tulandi, 1997; Tay et al., 2000).
nte sadia, não há evidências que confirmem a realização de tratamento
conservador ao invés da salpingectomia (RCOG, 2004). Em segundo lugar, a
manutenção da permeabilidade tubária não garante preservação de sua
função, visto que a tuba uterina não é estrutura rígida que exerce papel passivo
no mecanismo reprodutivo. Mais do que simplesmente permitir o encontro dos
gametas, as tubas mantidas após episódio de GE têm que exibir a capacidade
de participar ativamente do transporte do embrião à cavidade uterina. Do
contrário, a manutenção de estrutura anatômica não funcionante apenas
aumenta o risco de novo episódio de GE (Pansky et al., 1993; Marana et al.,
1995; Rantala e Makinen, 1997;
Green e Kott (1989) demonstram, por meio de análise histopatológica,
que tubas uterinas tratadas conservadoramente após episódio de GE podem
exibir lesões estruturais (focos persistentes de transformação decidual,
divertículos ou alterações pós-inflamatórias) capazes de prejudicar a função
tubária e, conseqüentemente, o futuro reprodutivo dessas pacientes. Assim, a
53
pesquisa de fatores que possam permitir a seleção de casos em que a lesão
tubária seja mínima a ponto de não comprometer sua função é de grande
interesse assistencial.
No presente estudo, realizou-se investigação da invasão do tecido
trofoblástico implantado na tuba uterina; por ser estrutura anatômica com
diferenças histológicas entre seus diversos segmentos, principalmente no que
concerne à espessura da camada muscular, acredita-se que uma possível
invasão do tecido trofoblástico na intimidade de sua parede dar-se-ia de
maneira distinta em cada um desses segmentos (intersticial, ístmico, ampular e
fímbrias). Optou-se pelo estudo da invasão do trofoblasto exclusivamente nas
gestações ampulares por representarem mais de 70% das GE tubárias. Na
presente investigação, observou-se que o trofoblasto atingiu pelo menos a
camada muscular em 66,7% dos casos; esse achado é concordante com a
maioria dos artigos publicados que também relata que o tecido trofoblástico é
freqüentemente encontrado além da camada mucosa da tuba uterina
(Budowick et al., 1980; Randall et al., 1987; Dietl et al., 1988; Green e Kott,
1989; Natale et al., 2003; Cabar et al., 2006).
stes dados de literatura permitem inferir que o trofoblasto
freqüe
E
ntemente invade o espaço intersticial e os vasos tubários, e é comum o
desenvolvimento do tecido trofoblástico em camadas mais profundas da tuba
uterina, provavelmente pela ausência da reação decidual, própria do
endométrio. Nota-se que a vascularização do tecido extra-uterino onde ocorre a
implantação da gestação ectópica é muito diferente daquela presente no
54
endométrio. As condições teciduais locais no sítio de implantação ectópico
provocam maior produção de VEGF (Ladoux e Frelin, 1993; Lam et al., 2004).
A análise da expressão do RNA mensageiro do VEGF e de seus receptores
(KDR e ftl-1) nos sítios de implantação do saco gestacional ectópico em tubas
o prática que a análise de
oncentrações teciduais locais de VEGF, o que demandaria a remoção do
uterinas humanas, comparados com os locais da tuba onde não houve
implantação, sugere que o VEGF seria o fator angiogênico responsável pela
implantação da GE nestes sítios.
No presente estudo, correlacionou-se a profundidade da invasão
trofoblástica na parede tubária com as concentrações séricas maternas de
VEGF; a hipótese era de que, quanto maior a produção celular de VEGF, mais
profunda seria a invasão das células trofoblásticas na parede da tuba uterina.
Além disso, objetivou-se investigar a possibilidade de predição do grau de
invasão em situações de gestações ampulares para que o método possa
auxiliar na prática clínica. A proposta é fornecer ao clínico dados que possam
colaborar na tomada de decisões, que permitam definir estratégias para melhor
abordagem terapêutica: conservadora ou radical. Dessa forma, o estudo dos
títulos séricos vislumbra melhor aplicaçã
c
órgão comprometido.
55
Na população investigada, 33,3% das pacientes apresentaram invasão
trofoblástica até a mucosa da tuba uterina, 30% tiveram invasão até camada
muscular e os demais 36,7% apresentaram invasão de toda a espessura da
parede tubária. Esta distribuição percentual é diferente da observada em
estudo prévio realizado (Cabar et al., 2006), quando se observou que 43,8% da
amostra apresentou invasão trofoblástica até serosa tubária. Ressalta-se que
os estudos foram conduzidos em diferentes épocas; atualmente, ultra-
sonografia transvaginal é realizada de maneira sistemática em qualquer
pacien
de GE, a idade gestacional só pode ser aferida a partir
da data da última menstruação, já que não é possível sua confirmação por
meio de ultra-sonografia. O desconhecimento da data precisa, bem como a
ocorrência de irregularidades menstruais, dificultam, muitas vezes, o cálculo da
idade gestacional exata. Por outro lado, a duração do atraso menstrual no
momento do diagnóstico não reflete, necessariamente, o período em que o
te com sangramento genital que procure o Pronto Socorro do HCFMUSP
no primeiro trimestre da gestação, o que possibilita diagnóstico mais precoce
dos casos de GE. Este fato pode explicar a maior proporção de casos em que
a invasão trofoblástica esteve limitada à mucosa tubária. Outro fato que deve
ser valorizado é a diferença no número de pacientes incluídas em cada estudo:
105 mulheres na amostra anterior contra 30 gestantes na presente
investigação.
Semelhante aos resultados obtidos por Natale et al. (2003) e Cabar et al.
(2006), o presente estudo evidenciou que a média da idade gestacional das
pacientes não foi diferente de acordo com os diversos graus de invasão
trofoblástica. Em casos
56
trofobl
stacados alguns pontos: após a confirmação do diagnóstico de
GE, realizava-se coleta de amostra de sangue que era posteriormente
encam
asto permaneceu viável, com potencial capacidade de invasão. Dessa
forma, a idade gestacional no momento do diagnóstico não foi critério de
inclusão na presente investigação.
Optou-se por incluir no estudo apenas gestações concebidas
espontaneamente. Fasouliotis et al. (2004) demonstram que, também em
gestações concebidas por auxílio de FIV, existem diferenças nas
concentrações de VEGF entre gestações tópicas e ectópicas; entretanto, não
existem estudos que comparem os títulos séricos de VEGF em GE concebidas
espontaneamente daquelas que ocorrem após tratamentos de reprodução
assistida.
Para a realização da dosagem de VEGF foram utilizados métodos
rigorosos que permitiram obtenção de resultados extremamente confiáveis.
Devem ser de
inhada pelo próprio pesquisador responsável pelo estudo para o
laboratório de Pleura do Instituto do Coração do HCFMUSP. Esta amostra era
centrifugada em menos de 24 horas, pois após este período ocorreria
degranulação de plaquetas e liberação de VEGF para o soro, o que poderia
interferir nos resultados. O soro centrifugado foi então armazenado e
posteriormente foi realizada dosagem em triplicata de cada amostra de sangue.
A média das três dosagens foi utilizada para análise estatística, aumentando,
desta forma, a precisão dos resultados.
57
Ainda com relação aos métodos adotados no presente estudo, a
utilização de técnicas de coloração histológica específicas para identificação de
tecido muscular (Masson) e de tecido trofoblástico (imunohistoquímica para
hPL) também possibilitaram maior acurácia na determinação da classificação
histoló
s em pacientes com GE quando comparados com aqueles dosados
no soro de mulheres com gestações tópicas, independentemente da viabilidade
do tec
gica de cada caso estudado. Em estudo prévio de Cabar et al. (2006),
assim como nos demais trabalhos científicos disponíveis acerca do tema, a
análise histopatológica foi realizada com cortes histológicos corados apenas
pela coloração de hematoxilina-eosina.
Alguns estudos já haviam demonstrado que os títulos séricos de VEGF
são maiore
ido trofoblástico tópico (Daniel et al., 1999; Felemban et al., 2002; Mueller
et al., 2004; Daponte et al., 2005; Cabar et al., 2007b). De acordo com estes
autores, as condições de oxigenação tecidual inadequadas para o
desenvolvimento embrionário que podem ser verificadas nas tubas uterinas
provocariam incremento na produção e secreção de VEGF na tentativa de
aumentar a angiogênese local e, conseqüentemente, melhorar a oxigenação
tecidual e as condições para o desenvolvimento do tecido trofoblástico
ectópico.
58
Não existem estudos prévios que correlacionem a concentração sérica
de VEGF com a profundidade da invasão do tecido trofoblástico na parede
tubária. No presente estudo, confirmando a hipótese formulada, observou-se
que maiores concentrações séricas de VEGF estiveram relacionadas com
maior profundidade de invasão do tecido trofoblástico. Possivelmente, quanto
maior a produção de VEGF, maior a angiogênese tecidual procurando adaptar
as condições locais para a invasão do tecido trofoblástico na parede da tuba
uterina.
As concentrações séricas de VEGF também possibilitaram a predição da
profundidade da invasão do trofoblasto. Título sérico de 305,0 pg/mL forneceu
100% de sensibilidade, 85% de especificidade e 100 % de valor preditivo
negativo para detecção de profundidade grau I. Isto significa que em nenhum
caso no qual a invasão trofoblástica ocorreu até mucosa tubária a
concentração sérica de VEGF foi maior que 305,0 pg/mL. Esta informação
possibilita ao clínico, na prática, selecionar as pacientes que se beneficiariam
de conduta conservadora, pois tuba com menor dano histológico estaria sendo
preservada. Por outro lado, títulos séricos de 425,9 pg/mL possibilitaram
predição de invasão total da parede tubária com 81,8% de sensibilidade, 94,7%
de especificidade, 90% de valor preditivo positivo e negativo. Na amostra
estudada, 81,8% das pacientes que apresentavam tubas uterinas
completamente invadidas pelo tecido trofoblástico tinham títulos séricos de
VEGF maiores que 425,9 pg/mL; os casos que apresentaram níveis séricos
desta substância acima deste valor de corte apresentaram 81 vezes mais
chance de terem invasão trofoblástica mais profunda que os demais casos. Isto
59
indica
ectos: (i) se a invasão é superficial ou não; (ii) se a invasão é completa
ou não. Ao se verificar maior probabilidade de invasão superficial, o tratamento
conse
que o clínico poderia, nestes casos, indicar salpingectomia visando à
eliminação de estrutura anatômica lesada. A tentativa de preservação de
estruturas extensivamente danificadas poderia dificultar nova gestação e
possibilitar recorrência de gestação tubária.
Do ponto de vista assistencial, para nortear o tipo de tratamento a ser
oferecido (conservador ou radical), torna-se mais interessante poder esclarecer
dois asp
rvador é aceitável. Caso contrário, na probabilidade maior de invasão
profunda, o tratamento cirúrgico radical pela salpingectomia seria a conduta
mais recomendada. A predição de invasão trofoblástica parcial (classificação
grau II) torna-se de pouca utilidade na condução dos casos.
Estudos prévios relacionam as concentrações séricas de β-hCG com a
profundidade de invasão do trofoblasto na parede de tubas uterinas acometidas
por gestações ampulares e observam que títulos mais elevados deste
hormônio se relacionam com maior profundidade de penetração do trofoblasto
(Oktay et al.,1994; Klein et al.,1995b; Natale et al., 2003; Cabar et al., 2006).
Outrossim, esses dados estão de acordo com observações prévias de que a
completa erradicação do tecido trofoblástico em GE tratadas
conservadoramente, por salpingostomia, é mais difícil em pacientes que
apresentam maiores concentrações de β-hCG, sendo encontradas maiores
taxas de GE persistente nessas mulheres (Lundorff et al., 1991; Hagstrom et
al., 1994a; Hagstrom et al., 1994b; Milad et al., 1998).
60
Da mesma maneira, a literatura concernente mostra que a chance de
sucesso do tratamento conservador com MTX é maior nos casos que
apresentam menores concentrações da β-hCG, inclusive com maior
probabilidade de manutenção da permeabilidade tubária após resolução da GE
(Kooi
05) observam que
concentrações séricas acima de 5 000 mUI/mL exibem maior chance de rotura
da tub
obabilidade de estarem
e Kock, 1992; Shalev et al., 1995b; Corsan et al., 1995; Pereira, 1996;
Stika et al., 1996; Saraj et al., 1998; Elito Jr. et al., 1999; Lipscomb et al., 1999;
Elito Jr. et al., 2005). A maioria desses estudos mostra que o sucesso do
tratamento com MTX é superior a 90% no grupo de pacientes em que a
concentração sérica da β-hCG é inferior a 5 000 mUI/mL. Lipscomb et al.
(1999), acompanhando 350 pacientes tratadas com dose única de MTX,
demonstram que a taxa de sucesso é superior a 98% sempre que os títulos
hormonais são inferiores a 1 000 mUI/mL. Latchaw et al. (20
a acometida por GE (OR 1,9; IC 95% 1,1 – 3,1). No que tange à
permeabilidade tubária, Elito Jr. et al. (2005) relatam que pacientes tratadas
com MTX com títulos de β-hCG acima desse valor apresentam 11,8 vezes mais
chance de evoluírem com obstrução da tuba uterina após o tratamento (IC 95%
2,3 – 61,3).
Cabar et al. (2006), estudando 105 casos de gestações ampulares
submetidas a salpingectomia, mostram que a concentração sérica de β-hCG é
a melhor preditora da profundidade da invasão trofoblástica na parede tubária.
Neste estudo, observou-se que as pacientes com título sérico de β-hCG inferior
a 2 400 mUI/mL apresentaram 28,4 vezes maior pr
61
classificadas como grau I de invasão com relação aos demais casos estudados
(IC 95
desempenho da concentração sérica de VEGF com o da β-hCG.
Para que a análise do desempenho desses marcadores fosse realizada com
dados
% 8,9 – 90,1). Da mesma forma, os casos com concentrações séricas de
β-hCG superiores a 5 990 mUI/mL exibiram 13,9 vezes maior probabilidade de
estarem classificados como grau III de invasão (IC 95% 5,3 – 36,4).
Outros pesquisadores encontraram valores de β-hCG muito semelhantes
para a predição da profundidade da invasão do trofoblasto. Oktay et al., em
estudo publicado em 1994, afirmam que o valor de β-hCG sérica de 5 400
mUI/mL apresenta 89% de valor preditivo positivo e 94% de valor preditivo
negativo para determinação da invasão do trofoblasto na camada muscular da
tuba uterina. Natale et al., em estudo de 2003, observam que todas as
pacientes com concentração sérica desse hormônio superior a 6 000 mUI/mL
apresentam invasão trofoblástica até, pelo menos, a camada muscular da tuba
uterina. Por outro lado, apenas 35% das pacientes com invasão tecidual até
subserosa da tuba têm concentração de β-hCG inferior a 1 500 mUI/mL.
Levando-se em consideração estas evidências de que a concentração
sérica de β-hCG é bom preditor da profundidade de invasão trofoblástica, foi
comparado o
obtidos numa mesma população, calcularam-se também os pontos de
corte e respectivos valores de sensibilidade e especificidade para predição de
grau I e grau III de invasão do trofoblasto para a concentração da β-hCG. O
valor de 2 516,3 mUI/mL foi o melhor ponto de corte para predição de invasão
grau I, com 80% de sensibilidade e 95% de especificidade. Da mesma maneira,
62
concentração sérica de 8 126,4 mUI/mL foi considerado melhor ponto de corte
para predição de invasão grau III.
Estudo realizado com método semelhante, em 2006 (Cabar et al.),
mostra que o ponto de corte para predição grau I é 2 400 mUI/mL, valor muito
próxim
óstico
de grande parte dos serviços médicos de urgência. Apresenta-se como teste
de fác
o ao encontrado na presente investigação (2 516,3 mUI/mL). Com
relação a predição do grau III, no estudo anterior o melhor ponto de corte para
invasão grau III foi 5 990 mUI/mL (8 126,4 mUI/mL na presente investigação).
Ressalta-se que a amostra anterior foi composta de 105 casos, o que pode
explicar tal discrepância com relação a estes valores.
Finalmente, na comparação de desempenho, a concentração sérica de
VEGF mostrou ser melhor preditora da profundidade de invasão do trofoblasto
na tuba uterina. Entretanto, alguns fatos devem ser ressaltados; a dosagem da
concentração sérica de β-hCG é exame já incorporado ao arsenal diagn
il e rápida execução, além de ter custo baixo. Em contrapartida, a
dosagem da concentração sérica de VEGF não está disponível, ainda, na
maioria dos hospitais e laboratórios de análises clínicas do Brasil. Este fato,
sem dúvida alguma, encarece sua realização e dificulta a introdução deste
exame na rotina propedêutica.
63
Esta investigação, apesar de ter sido realizada com grupo limitado de
mulheres, apresenta resultados encorajadores. Os títulos séricos maternos de
VEGF, juntamente com demais dados clínicos e laboratoriais, efetivamente
podem
ustifica nas situações em
que a manutenção da tuba uterina não representa risco adicional para a
pacien
auxiliar o clínico na decisão pela forma de abordagem terapêutica em
pacientes com gestação ampular e desejo reprodutivo. As concentrações
séricas de VEGF parecem estar aumentadas em mulheres portadoras de
gestação tubária e a dosagem destes títulos séricos poderia auxiliar não
apenas no diagnóstico de GE, mas também na decisão do tipo de tratamento a
ser oferecido de acordo com o desejo reprodutivo dessas mulheres. A
realização de tratamento conservador após GE só se j
te que deseja engravidar no futuro.
(Antonio Machado)
“Todo pasa y todo queda,
pero lo nuestro es pasar.
Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace camino
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.”
65
O presente estudo permitiu concluir que:
1) A profundidade da penetração do tecido trofoblástico na parede
tubária acometida por GE ampulares se relaciona
de VEGF.
2) A concentração sérica de VEGF é preditora da profundidade da
invasão do trofoblasto na parede da tuba uterina
ampular.
3) A concentração sérica de VEGF apresenta m
concentração sérica de β-hCG como preditora da profund
trofoblasto na parede da tuba uterina acometida por gestação ampular.
com a concentração sérica
acometida por gestação
elhor desempenho que a
idade da invasão do
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88
Apêndice A
89
89
ALGORITMO PARA DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO ECTÓPICA
* Sensibilidade 25 mUI/mL
** Terceiro Padrão Internacional – OMS
Apêndice B
SUSPEITA CLÍNICA DE GE
*hCG urinária positiva
USTV
Ausência de gestação tópica
Outro tipo de imagem sugestiva de GE
(anel tubário, imagem complexa)
Saco gestacional ectópico
Embrião c/ atividade cardíaca
**ß-hCG sérica quantitativa
> 2000mUI/ml≤ 2000mUI/ml
GESTAÇÃO ECTÓPICA
ß-hCG sérica e USTV / 48h
ß-hCG sérica inferior a 66% sem saco gestacional tópico
90
Apêndice C
SETOR DE OBSCLÍNICA OBSTÉTRICA – HCFMUSP
Gestação ectópica Nome ______________________________________________ Idade:_____
Cor:____
Est.civil:_________ Escolaridade:_________ são:___________
End:_________________________ _______
RGHC ____________ Data:___/____/___ Alta:___/___/___
________
___________
Antecedentes: Menarca:____anos 1ª relação:____ anos
Nº de parceiros:_____
D mento: sim não
Fumante: sim (nº de cigarros/dia: ) não
GE prévia: sim não Lado: direito esquerdo ambos
ica prévia: sim (______________________) não
Endometriose: sim não
ntico cepção: sim (Método:_______________ tempo:____ anos) não
:_______ Abortos:______ CTG: sim não
ravidez atual
TETRÍCIA DE EMERGÊNCIA
:_
Profis_____ Cidade:______ Tel:__
:_
HPMA:___________________________ ______________________
____________________________ _____________
ST: sim não Corri
Cirurgia pélv
A nGestação:_____ ParidadeG
UM:___/___/___/ IG:__ __
ertilização assistida: sim (Método______________) não
étodo_____________
alha de anticoncepção: sim (Método____________) não
A:___/___ Pulso:_____ Temp:_____ Hb:___ Ht:___
eta-hCG:________
Dor: cólica pontada peso queimação lancinante
Escapulalgia: sim não Sangramento vaginal: sim (leve moderado
acentuado) não
DFIndução de ovulação: sim (M _) não
FPProgesterona:________ b
Lado: direito esquerdo generalizada
91
Colo uterino: amolecido (sim não)
Fundo-de-saco posterior: doloroso (sim não) abaulado (sim não)
USG abdominal: Imagem: ausente, embrião com BCF, embrião sem BCF,
saco gestaciona mplexa, líquido
livre ausente, líquido volvendo útero até
anexos, líquido livre em goteir paço de Morrison.
SG vaginal
l com vesícula vitelina, anel tubário, imagem co
livre restrito ao FSP, líquido livre en
a parieto-cólica ou es
U : Imagem: ausente, embrião com BCF, embrião sem BCF, saco
da imagem: ___/____/____ cm
gestacional com vesícula vitelina, anel tubário, imagem complexa.
Tamanho GE: Íntegra Rota Conduta Cirurgia dia: ___/____/____ – Laparoscopia – laparotomia
Salpingectomia, salpingostomia, ressecção parcial da tuba
Lado da GE:(direto, esquerdo, ambos)
Local(ampola, ístmico,fímbria,interst ,ovário, colo, abdômenício )
sistêmico), outras: expectante, MTX (local,
Complicações: n o, deiscência, abscesso ep i Tra sfusã , s ticem a, UTI, óbito.
Data Hb Ht Leuco Plaq Prog β-hCG
92
pêndice D A
93
94
Apêndice E