conceitos

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FERRARI, Celson. Dicionário de urbanismo. Editora Disal, 1 edição, São Paulo, 2004. Aglomerado urbano (urban agglomerate): conjunto de zonas urbanizadas próximas entre si, portanto muito independentes, podendo constituir uma área metropolitana ou área de nível submetropolitano, com conurbação ou sem ela. Exemplos de conurbações brasileiras que não são legalmente áreas metropolitanas: aglomerados de São José dos Campos (SP), de Londrina (PR), de Florianópolis (SC), de Caxias do Sul (RS), de Itabira (MG) e outras mais. (p. 20) Área de proteção ambiental (environmental protection área): espaço urbano ou rural que, por sua localização, geomorfologia, vegetação, hidrologia ou outra característica especial, merece ser preservado, recuperado ou modificado com o objetivo de manter, no melhor nível possível, a qualidade do meio ambiente. (p. 37) Área metropolitana (metropolitan área): conjunto de municípios de uma região metropolitana cujas zonas urbanizadas são conurbadas e fortemente polarizadas por uma cidade central ou metrópole, podendo apresentar zonas rurais intersticiais. No Brasil, este conceito difere do de região metropolitana, o que acontece em outros países, como os EUA, por exemplo. (p. 37) Bacia hidrográfica (catchment basin, watershed): área de terreno, delimitada topograficamente pelos seus divisores d’água, cuja precipitação convertida em água de escoamento,

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Page 1: CONCEITOS

FERRARI, Celson. Dicionário de urbanismo. Editora Disal, 1 edição, São Paulo,

2004.

Aglomerado urbano (urban agglomerate): conjunto de zonas urbanizadas próximas

entre si, portanto muito independentes, podendo constituir uma área metropolitana

ou área de nível submetropolitano, com conurbação ou sem ela. Exemplos de

conurbações brasileiras que não são legalmente áreas metropolitanas: aglomerados

de São José dos Campos (SP), de Londrina (PR), de Florianópolis (SC), de Caxias

do Sul (RS), de Itabira (MG) e outras mais. (p. 20)

Área de proteção ambiental (environmental protection área): espaço urbano ou

rural que, por sua localização, geomorfologia, vegetação, hidrologia ou outra

característica especial, merece ser preservado, recuperado ou modificado com o

objetivo de manter, no melhor nível possível, a qualidade do meio ambiente. (p. 37)

Área metropolitana (metropolitan área): conjunto de municípios de uma região

metropolitana cujas zonas urbanizadas são conurbadas e fortemente polarizadas por

uma cidade central ou metrópole, podendo apresentar zonas rurais intersticiais. No

Brasil, este conceito difere do de região metropolitana, o que acontece em outros

países, como os EUA, por exemplo. (p. 37)

Bacia hidrográfica (catchment basin, watershed): área de terreno, delimitada

topograficamente pelos seus divisores d’água, cuja precipitação convertida em água

de escoamento, superficial e subterrânea, tem uma única saída, onde se mede sua

vazão efluente. O mesmo que bacia de drenagem. (p.48)

Biodiversidade (biodiversity): manutenção, em todas as partes da biosfera, da

maior diversidade possível de seres vivos para que nenhum elo da cadeia destes

organismos, ao ser destruído, impeça a existência das relações vitais

complementares entre eles, importantíssimas à manutenção do equilíbrio ecológico

da natureza. Sem a biodiversidade não se alcançará o desenvolvimento sustentável

e ambientalmente saudável. Este conceito pode ser estendido ao patrimônio

genético desses seres vivos ou espécies (biodiversidade genética), bem como aos

habitats ou ambientes em que vivem tais espécies (biodiversidade de ecossistemas).

(p. 55)

Page 2: CONCEITOS

Bom desenvolvimento (good-development) 1: crescimento econômico

acompanhado de mudanças sociais com melhoria da qualidade de vida da

população. Expressão desnecessária ou redundante, já que desenvolvimento difere

de crescimento exatamente por englobar mudanças para melhor na qualidade de

vida da população, em decorrência do crescimento. 2: desenvolvimento com

emprego de tecnologia ecológica. (p. 56)

Cidade (city, town): espaço delimitado e contínuo, ocupado de forma permanente

por um aglomerado urbano denso e considerável em número, cuja evolução e

estrutura são determinadas pelo meio físico, desenvolvimento tecnológico e modo

de produção existente e cuja população possui “status” urbano. Esta definição é

extremamente eclética e considera o dinamismo do conceito, variável no tempo: os

significados de “denso”, “considerável” e principalmente de “status urbano” são

variáveis no tempo, além de subjetivos ...

Concentração urbana (urban concentration): processo ecológico urbano

caracterizado pelo adensamento de população, de instituições, de atividades

econômicas e outras em qualquer sítio ou núcleo urbanos. Se o sítio ou núcleo

coincidir com o centro (da cidade), dá-se-lhe o nome de centralização urbana,

espécie do gênero concentração. O processo inverso chama-se descentralização

urbana ou dispersão urbana. (p. 88)

Conservação (ambiental) (conservation) 1: em urbanismo, espécie de preservação

caracterizada pela não-modificação do patrimônio ambiental, de modo significativo,

mas que admite apenas um mínimo de intervenção, necessária a evitar a

deterioração daquilo que se pretende preservar. 2: em ecologia, o uso racional do

ambiente, que visa à promoção da qualidade de vida do homem. Tal uso consiste

em se utilizar alguns recursos naturais e áreas para a produção de bens e serviços,

bem como em preservar e valorizar outras áreas e recursos que possam satisfazer,

no presente e no futuro, às exigências da humanidade em ciência, arte, estética,

recreação, trabalho, circulação, habitação, saúde etc. (p. 90 e 91)

Conurbação (conurbation): zona urbanizada que abrange mais de uma zona urbana

de forma contínua, ou seja, fusão de duas ou mais zonas urbanizadas: o exemplo

mais simples são as cidades gêmeas e o mais complexo, a megalópole (como a que

se formou ao norte da costa Atlântica dos EUA, de Boston e Norfolk, englobando

Page 3: CONCEITOS

Nova Iorque e Washington). O introdutor da palavra foi Patrick Geddes, que a definiu

como “uma região urbana integrada por um grupo de cidades grandes e pequenas

situadas em uma área determinada e limitada, e unida estreitamente por laços

econômicos”, o que hoje se identificaria com o conceito de conglomerado urbano. O

prof. C. B. Fawcett, em 1932, definiu-a como “uma área ocupada por uma série

contínua de residências, fábricas e outros edifícios, porto ou docas, parques urbanos

ou campos de jogos etc., que não estejam separados entre si por nenhuma zona

rural; ainda que em muitos casos neste país (os EUA) uma área urbana possui

tratos de terra como ocupação agrícola”, em uma definição que se pretende mais

estreitamente à idéia de continuidade da superfície construída. O caso mais simples

de conurbação é o das cidades gêmeas. O exemplo mais complexo é o da

megalópole que se formou ao norte da costa atlântica dos Estados Unidos e que se

estende de Boston a Norfolk, englobando Nova Iorque e Washington. (p. 96)

Densidade urbana (urban density): relação entre a população residente na zona

urbana e a sua superfície total, em hab/km² ou hab/ha. Trata-se de uma densidade

média e bruta. Como, em geral, a zona urbanizada (cidade propriamente dita) é

menor que a zona urbana, a densidade da zona urbanizada é maior que a da zona

urbana, definida em lei. (p. 111)

Desenho urbano (urban design) 1: parte do urbanismo ou do planejamento urbano

que estuda a obra arquitetônica da cidade em escala de projeto, constituindo

importante participação do arquiteto no planejamento urbano. Melhor expressão

seria “projeto urbano. 2: para alguns arquitetos, confunde-se com o planejamento

físico-territorial da cidade. (p. 113)

Desenvolvimento sustentável (sustainable development): desenvolvimento

econômico com um planejamento integrado que emprega tecnologia ecológica,

capaz de manter continuamente a produção dos recursos naturais renováveis. Ex.:

aproveitamento da madeira de nossas florestas com reflorestamento que não

destrua a biodiversidade local. O mesmo que ecodesenvolvimento. (p. 114)

Ecodesenvolvimento (ecodevelopment): forma de desenvolvimento planejado que,

levando em conta a necessidade de manter íntegro o equilíbrio ecológico da área de

estudo e as restrições que impõe seu meio ambiente, permite a utilização ótima dos

recursos disponíveis. É um desenvolvimento sustentável. (p. 130)

Page 4: CONCEITOS

Equilíbrio ecológico (ecological balance) 1: estado do meio ambiente que

permanece inalterado enquanto não surgir uma mudança nas relações de seus

componentes (parâmetros), até então constantes. E que tende a retornar a seu

estado primitivo ou a um novo estado de inalterabilidade de seus parâmetros. É um

equilíbrio da natureza dinâmica que, todavia, pode não significar um estado ideal do

ambiente. Um meio pode, ainda que deteriorado, insalubre, manter-se em equilíbrio

ecológico. Assim, um desequilíbrio pode até ser favorável, se melhorar o estado do

ambiente. 2: para alguns ecologistas, estado ideal do ambiente, em que suas partes

(animais, vegetais e o homem) se ajustam em perfeita e eficiente associação,

devendo ser preservadas. É nesse sentido que a Constituição do Brasil, no art. 225,

entende equilíbrio e é nesse sentido que o compreendem aqueles que lutam pela

institucionalização de um ecodesenvolvimento no país. (p. 141)

Estatuto da Cidade (statute of the city): lei federal (10.257, de 10 de julho de 2001)

que regulamente os artigos 182 e 183 da Constituição e estabelece as diretrizes

gerais e instrumento da política urbana, as diretrize e objetivos do plano diretor

municipal, os instrumentos para gestão democrática da cidade e outras providências

gerais. O processo de planejamento preconizado pelo Estatuto regula o “uso da

propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos

cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental”, com a participação das comunidades

envolvidas, de forma permanente e relativamente integrada à área de influência do

município. No que diz respeito a uma correta integração vertical do processo, os

objetivos do planejamento municipal dever-se-iam vincular aos objetivos e diretrizes

dos planos dos escalões superiores de governo e não apenas a sua restrita área de

influência. Preconiza, acertadamente, uma integração horizontal ao incluir nos

objetivos do plano diretor, além dos aspectos físico-territoriais, também os sociais e

econômicos. Como a área de influência de um município abrange outros municípios,

faltou ao Estatuto o estabelecimento dos mecanismos processuais e legais para

viabilizar essa integração respeitando a autonomia municipal. (p. 151)

Estudo de impacto ambiental – EIA (environmental impact statement): conjunto de

pesquisas, análises e diagnoses das prováveis ou evidentes conseqüências ao meio

ambiente (ouseja, do impacto ambiental) de uma ação proposta (obra ou serviço),

com o objetivo de informar a população, o governo e os tomadores de decisão sobre

eventuais riscos ambientais da ação. O EIA compreende, dentre outros, estudos de

Page 5: CONCEITOS

relação custo/benefícios da ação proposta, podendo apresentar alternativas de

menores custos sociais e maiores benefícios ao ambiente, sempre que possível. As

atividades que dependem de elaboração do EIA, suas diretrizes gerais e as

atividades técnicas a serem desenvolvidas em sua feitura estão descritas pelo

Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), na resolução 1ª, de 23 de janeiro

de 1986, art. 2, 5 e6. Cada EIA deve ter suas conclusões registradas em um

relatório de impacto ambiental (RIMA). (p. 153 e 154)

Impacto ambiental (environmental impact): “qualquer alteração das propriedades

físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de

matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente,

afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II – as atividades

sociais e econômicas; III – a biota; IV – as condições estéticas e sanitárias do meio

ambiente; V – a qualidade dos recursos ambientais”, conforme o artigo 1º da

resolução 1ª do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), de 23 de janeiro de

1986. (p.186)

Infra-estrutura urbana (urban infrastructure): conjunto de obras públicas e serviços

de utilidade pública da cidade, que representa a capital fixo social urbano. Ex.: vias

urbanas, rede de água, rede de esgoto, rede telefônica, rede de gás, rede energia

elétrica, edifícios públicos e de utilidade pública e outros. (p. 200)

Lote (plot, loto f land) ou lote urbano: unidade básica do cadastro imobiliário urbano,

resultante do parcelamento de um terreno situado em zona urbana ou de expansão

urbana. O lote urbano pode ser edificável ou não, e às vezes constituir um terreno

baldio; em relação com o logradouro, há lote de esquina, lote interno, lote encravado

e lote de fundo. Um lote urbano possui confrontações com logradouro público que se

denominam testadas ou frentes; com lotes contíguos que não têm testadas voltadas

para o mesmo logradouro público, que se denominam fundos (geralmente opostos à

sua frente). A frente ou testada de um lote chama-se também de alinhamento. (p.

219 e 220)

Loteamento (urbano) (allotment, plotting): tipo de parcelamento urbano (do solo)

caracterizado pela abertura de novas vias de acesso aos lotes ou prolongamentos

das já existentes, sendo os lotes destinados à edificações para fins urbanos. (p. 221)

Page 6: CONCEITOS

Manancial (source of supply, water source, fountain) 1: nascente de água

proveniente do aqüífero. 2: em hidráulica, quantidade razoável de água, acumulável

ou já acumulada em lagos ou reservatórios, e que abastece ou pode abastecer de

água potável uma população. (p. 223)

Megalópole (megalopolis): conurbação de uma grande metrópole com outras zonas

urbanizadas próximas, formando um “continuum” de ocupação urbana de

avantajadas dimensões. A denominação foi aplicada primeiramente pelo geógrafo

Jean Gottmann, em 1961, à grande conurbação da costa nordeste dos Estados

Unidos, que abrange Nova Iorque como pólo dominante principal. No Brasil, a

Grande São Paulo e a Grande Rio de Janeiro constituem exemplos inegáveis de

megalópole. Para que as megalópoles não gerem deseconomias de aglomeração,

baixa qualidade de vida, desigualdades sociais acentuadas, falta de habitação,

transporte, trabalho, saúde, recreação e outros males, é preciso que suas regiões

metropolitanas sejam adequadamente organizadas para a implantação de um

processo de planejamento, contínuo e permanente, sob a orientação de uma

autoridade metropolitana, autônoma pelo menos nos assuntos do interesse comum

dos demais Municípios da região. (p. 230)

Meio ambiente (environment): conjunto que compreende, em seu todo, o meio físico

e o meio biótico e o meio antrópico. O meio físico é constituído pelo solo, pelos

recursos hídricos superficiais, subterrâneos e pelo clima. O meio biótico compõe-se

da flora e da fauna, isto é, da vida vegetal e animal. O meio antrópico é o criado pelo

homem: infra-estrutura física e social, infra-estrutura viária, atividades econômicas,

urbanização, instituições públicas e privadas, qualidade de vida. A expressão “meio

ambiente” parece-nos uma redundância, embora seja mais empregada que

“ambiente” simplesmente. (p. 231)

Metrópole (metropolis): cidade de grande dimensão que polariza uma região ou

área de influência, chamada área ou região metropolitana. Etimologicamente,

significa “cidade mãe”. No Brasil são consideradas metrópoles as aglomerações com

população igual ou superior a 400 mil habitantes. Já nos Estados Unidos, as

metrópoles das áreas metropolitanas têm população igual ou superior a 50 mil

habitantes. Pelas economias de aglomeração que geram, tais cidades são de

fundamental importância ao crescimento econômico de suas áreas de influência.

Além do crescimento econômico, caracterizam-se por abrigarem serviços

Page 7: CONCEITOS

profissionais raros e altamente especializados, bem como propiciarem meios ao

desenvolvimento das artes, das ciências e da tecnologia. Todavia, quando seu

crescimento é natural, sem a orientação de uma política adequada de planejamento

integrado, passa a gerar deseconomias de aglomeração, prejudiciais a seu

crescimento econômico e ao de sua região. Além disso, o crescimento desordenado

provoca várias crises: de transporte, de habitação, de emprego, de saúde, de

educação, de recreação e as decorrentes delas, como a violência urbana. Nossas

megalópoles, por crescerem desordenadamente, padecem dessas crises de forma

mais acentuadas que nossas metrópoles, também não planejadas. (p. 238 e 239)

Metropolização (metropolization): crescimento populacional acentuado das

metrópoles, bem como de suas áreas e regiões metropolitanas, em relação à

população total do país. (p. 239)

Nascente (source, fountain): lugar em que se origina uma corrente de água; fonte.

(p. 249)

Planejamento estratégico (strategical planning): formulação de intervenções, ações

e políticas estratégicas visando atingir objetivos fixados “a priori”, a partir de uma

diagnose da situação atual e de uma visão do futuro baseadas numa projeção de

tendências históricas dos dados considerados, devidamente adaptadas a uma nova

e desejada realidade. A inovação do processo consiste na formulação prévia dos

objetivos, alguns confirmando as tendências históricas prognosticadas, por serem

considerados favoráveis ao desenvolvimento almejado, outros mudando-as, para

que se tornem igualmente favoráveis. A fixação prévia dos objetivos, caso não se

baseie em uma visão clara da realidade presente e futura, configura-se como um

inconsistente rol de desejos. Aos objetivos propostos são vinculados indicadores

quantitativos que permitam avaliar a eficiência de cada estratégia adotada. O

planejamento estratégico, como todo e qualquer planejamento, deve ser do tipo

integrado. (p. 276)

Planejamento integrado (comprehensive planning): método de aplicação contínua

e permanente destinado a resolver de maneira racional a problemática que afeta

determinada sociedade (ser), situada em delimitado espaço (forma) e dada época

(tempo): atua basicamente por uma previsão ordenada das mudanças desejadas por

ela, em que se consideram os aspectos físico-territoriais, sociais, econômicos e

Page 8: CONCEITOS

administrativos da realidade, além de vincular tais mudanças aos objetivos e

diretrizes dos planos dos demais escalões de governo. O planejamento integrado

considera a realidade em sua complexidade abrangente, concomitantemente e de

forma sistêmica, num processo de integração horizontal. Ao ligar os objetivos

almejados para esta realidade aos objetivos dos planos dos demais escalões do

governo, adquire uma verticalidade em nome de sua unidade, de sua coerência. A

necessidade do enfoque abrangente, horizontal, da realidade sob planejamento

decorre em essência do assincronismo das mudanças entre o Ser e a Forma, da

diversidade de estruturas sociais e do crescimento econômico desigual das regiões.

A integração vertical, por outro lado, se impõe por razões de coerência do processo,

encarado em sua totalidade. A legislação urbanística inglesa de 1968 (Town and

Country Planning Act) manda que os “structure plans” levem em conta,

concomitantemente, os aspectos físicos, sociais e econômicos da área planejada.

Franceses, espanhóis, italianos, alemães e outros povos também adotam o

planejamento integrado. Os norte-americanos, em seus “city plans”, dão um aproche

predominatemente físico-territorial ao planejamento, em virtude de sua peculiar

organização municipal e da multiplicidade de órgão de planejamento, áreas e

assuntos. No Canadá, a atividade de “comprehensive planning” refere-se ao

planejamento de áreas metropolitanas com mais de um município. Os grupos de

trabalho de planejamento integrado são necessariamente pluriprofissionais e

multidisciplinares. Recomenda-se que a coordenação do grupo seja feita pelo

profissional que alie o conhecimento mais amplo das disciplinas envolvidas a

qualidades de liderança e organizativas de trabalho, independentemente de sua

formação profissional específica. Segundo a Carta dos Andes: “Planejamento é o

processo de ordenação e previsão para conseguir, mediante a fixação de objetivos e

por meio de uma ação racional, a utilização ótima dos recursos de uma sociedade

em uma época determinada”. O planejamento é ciência enquanto se obstem de

emitir juízos de valor, isto é, quando formula teorias a partir dos fatos observados.

Por outro lado, é a arte política quando estabelece preceitos, modos de ação, para

atingir objetivos, metas ou fins. Em âmbito municipal, enquanto ciência e teoria é

urbanismo e sua aplicação prática, urbanística. O teórico do urbanismo é o

urbanólogo, sendo o urbanista o profissional da urbanística. (p. 277 e 278)

Page 9: CONCEITOS

Planejamento urbano (sectorial planning): no sentido original, planejamento ou

ordenação do aspecto físico-territorial de uma cidade ou zona urbanizada; como

cidade e campo interagem estreitamente, o campo de atuação estendeu-se ao

território municipal e hoje a preocupação deve ser com o planejamento integrado do

Município dentro de sua região, de seu Estado e da Nação. (p. 279)

Polarização (polarizatio): ação de uma das partes de um sistema, chamado pólo ou

nó, sobre as demais, ditas polarizadas ou satélites, de sorte que as interações das

partes satélites entre si sejam sempre de ordem inferior às existentes entre o pólo e

qualquer das partes polarizadas. Quando o sistema considerado é uma região,

macro ou micro, e uma de suas cidades é um pólo em relação às demais, tem-se

uma região polarizada. (p. 284)

Política de desenvolvimento urbano (urban development policy); conjunto de

diretrizes gerais fixadas em lei federal e que “tem por objetivo ordenar o pleno

desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus

habitantes”, conforme o art. 182 da Constituição. Segundo este mesmo artigo, a

execução da política de desenvolvimento urbano é da competência do Município,

por plano diretor aprovado pela Câmera Municipal e obrigatório para cidades com

mais de 20 mil habitantes. Obviamente, o plano diretor é de abrangência no mínimo

municipal, devendo preferencialmente integrar-se aos objetivos dos planos regional,

estadual e nacional em que se inclui o Município. (p. 285)

Preservação ambiental (environmental preservation): genericamente, conservação

do ambiente natural em estado de equilíbrio ecológico, livrando-os das pressões

destrutivas da tecnologia dura empregada no processo de crescimento econômico

desordenado. Uma das ferramentas da preservação do ambiente é a

ecoengenharia, ou engenharia ambiental. (p. 296)

Qualidade de vida (life quality): condição média de uma população desfrutar de

benefícios de sua renda ou de seus recursos. A qualidade de vida de um grupo

social é a conseqüência de seu nível de vida. Segundo a ONU, os critérios para a

definição do nível de vida de um povo são doze: saúde, alimentação e nutrição,

educação, condições de trabalho, emprego e desemprego, poupança popular,

transporte, moradia, vestimenta, recreação, segurança social e liberdades humanas.

Page 10: CONCEITOS

A qualidade de vida depende, pois, de condições políticas favoráveis, democráticas,

participativas. (p. 308 e 309)

Recursos naturais (natural resources): qualquer produto da natureza, como solo,

água, floresta, mineirais, animais etc., que constitua um bem econômico, ou seja,

que por sua relativa escassez tenha valor econômico, valor de troca. (p. 314)

Região Metropolitana (metropolitan region): região polarizada definida e delimitada

por critérios estabelecidos pela fundação IBGE e pelo Instituto Brasileiro de

Geografia, pertencentes a três categorias: demográficos, estruturais e de integração.

Apenas exemplificando tais critérios, a metrópole ou cidade central deve ter uma

população mínima de 400 mil habitantes e seu distrito deve ter uma densidade

demográfica mínima de 500 hab/km² (5 hab/ha). Além disso, um Município só

poderá pertencer à região metropolitana se, no mínimo, 10% de sua população

potencialmente ativa se ocupa em atividades industriais, e também quando o valor

total de sua produção industrial for, no mínimo, o triplo de sua produção agrícola.

Finalmente, o Município, para pertencer a região metropolitana, deve ter pelo menos

10% de sua população trabalhando na metrópole, e outros critérios mais. A região

metropolitana, além de zonas conurbadas, abrange também zonas rurais, podendo

conter ou não área metropolitana. (p. 318)

Relocação populacional (relocalization of inhabitant): mudança de lugar de uma

população numerosa, de forma compulsória e permanente, em virtude de realização

de grandes obras públicas como represas, usinas nucleares, renovação urbana etc.,

de acontecimentos calamitosos ou por razões de segurança pública. A questão

social gerada por uma relocalização tem merecido a atenção dos planejadores

(antropólogos sociais, principalmente), que criaram até, de forma exagerada, uma

teoria da relocalização. A questão social referida envolve problemas de identidade

sócio-cultural, de vez que o relocalizado tende a defender sua casa, sua

comunidade, seu gênero de vida e seu entorno, em cujo seio ele se identificava até

então. O relocado pode sentir-se sem objetivos, apático, anônimo em meio a

pessoas desconhecidas e revoltado. A relocalização é uma agressão

multidimensional ao indivíduo, atingindo-o fisiológica, psicológica e sócio-

culturalmente. O custo de uma relocalização de população nunca é inferior a 20% do

custo total da obra que a gera. (p. 321 e 322)

Page 11: CONCEITOS

Saneamento básico (water supply and sanitation): ato ou efeito de tornar uma área

habitável, em condições satisfatórias de higiene, com a execução de obras e

serviços de água potável e de esgoto. A mortalidade infantil depende umbilicalmente

das condições de saneamento básico local. A expressão, desconhecida em outras

línguas, parece ter sido cunhada no Brasil, nas publicações do Banco Nacional de

Habitação. (p. 329)

Urbanismo (town planning, city planning, urbanism) 1: conjunto de disciplinas

científicas e artísticas que estudam a problemática da menor unidade territorial, que

administrativamente tem por sede uma cidade (Município), abrangendo seus

aspectos físico-territorial, social, econômico e administrativo, vinculando seus

objetivos aos objetivos maiores de suas regiões envolventes, desde a microrregião

até a macrorregião em escala nacional. Primitivamente, o urbanismo estudava

apenas os aspectos físico-territoriais das cidades, atendendo ao significado

etimológico do vocábulo. Embora empregados, os termos “urbanismo regional” e

“urbanismo nacional” devem ser substituídos respectivamente por “planejamento

regional” e “planejamento social”. O mesmo que planejamento municipal integrado.

2: modo de vida urbano, filosofia de vida urbana (acepção encontrada

principalmente nos autores de língua inglesa). 3: filosofia que defende a

superioridade da vida urbana sobre a rural; o ruralismo, ou desurbanismo, seria a

filosofia oposta. (p. 370)

Urbanização (urbanization) 1: crescimento da população urbana em relação à

população rural. 2: mesmo que urbanificação. 3: transferência do gênero de vida

urbano para o campo, pelos meios de comunicação. 4: em sentido figurado,

civilização, polidez, educação. (p. 371)

Zona urbanizada (urbanized zone, developed zone): toda área caracterizada por

utilização efetivamente urbana, em oposição à utilização rural, formando ou não um

continuum com a zona urbana, legalmente delimitada. Nos Estados Unidos, a partir

de 1950, as áreas urbanizadas das áreas metropolitanas são consideradas urbanas

pelo serviço do censo. No Brasil, de maneira predominante, as áreas urbanizadas

são bem menores que as urbanas. As conurbações ocorrem entre áreas

urbanizadas e não-urbanas, quase sempre. Só no específico caso de coincidirem as

zonas, urbana e urbanizada é que se pode falar em conurbação de zonas urbanas.

Quando a zona urbanizada abrange mais de uma zona urbana de diversos

Page 12: CONCEITOS

Municípios, ou seja, quando há conurbação, dá-lhe-se também o nome de

aglomerado urbano. O mesmo que área urbanizada. (p. 394)

Zoneamento ambiental (environmental zoning): divisão de um território em zonas,

objetivando a preservação e recuperação do equilíbrio ecológico do meio ambiente,

pela fixação dos usos mais adequados do solo para cada zona e declaração de usos

desconformes ou não permissíveis em cada uma delas ou em todo o território. É

descabida de sentido qualquer legislação de controle da poluição sem um

correspondente zoneamento ambiental. Ex.: no Brasil proíbe-se a emissão, na

atmosfera de todo o território nacional, de fumaça Ringelmann números 2, 3, 4 e 5

indistintamente, o que é um absurdo, sob os aspectos ecológicos e conômico. O

mesmo que zoneamento ecológico. (p. 394)

Zoneamento urbano (urban zoning): divisão das zonas urbana e de expansão

urbana, delimitadas por lei, em zonas ou espaços especializados de uso e ocupação

do solo, de forma predominante. (p. 395)

Page 13: CONCEITOS