conceito do projeto pavilhÃo livre

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1/2 CONCURSO PÚBLICO NACIONAL DE ARQUITETURA “CASA DA SUSTENTABILIDADE” PARQUE TAQUARAL – CAMPINAS SP CONCEITO DO PROJETO O partido projetual parte da vontade de educar os usuários do parque através dos quatro elementos da natureza: a educação pela água, pelo fogo, pela terra e pelo ar é possível ao longo dos diversos percursos, áreas de contemplação e edificações que a proposta define. A água surge como o principal elo de conexão entre os espaços. Estando a área de intervenção localizada entre dois principais lagos do parque, a norte e a sul, a água foi direcionada para o centro da proposta, criando com isso um microclima mais ameno em um terreno outrora árido e, também, um centro de tratamento dos efluentes gerados pelos edifícios propostos. Tratando a água através da gravidade e plantas aquáticas, pôde- se proporcionar, além de uma técnica eficaz em remoção de impurezas, um tratamento paisagístico e ambientes visualmente agradáveis. O elemento fogo é representado pelo sol. Em uma das margens do lago projetado encontra-se um 'bosque' tecnológico, com 'árvores' de painéis fotovoltaicos direcionados a norte, que captam a energia solar, gerando eletricidade para os edifícios contemplados em projeto. À sombra dessas 'árvores' é também um espaço de convivência, onde placas sinalizadoras explicam aos usuários o funcionamento das mesmas. Eles disfrutam física e intelectualmente as estruturas propostas. A terra é um dos principais elementos contidos no projeto. O edifício do CONDEMA (bloco administrativo), utilizou-se do talude existente para a sua implantação. Com isso, ele se mescla à paisagem, se isola fisicamente para um uso mais privativo, sendo beneficiado geotermicamente por estar enterrado - propiciando, com isso, uma inércia térmica interna bastante eficaz - e ainda, com a escavação para sua implantação, gera terra para a produção das paredes do pavilhão livre de exposições e cafeteria. Para a contenção da terra do talude escavado, utilizou-se gabião, um outro recurso natural de estruturação, que envolve gaiolas de pedra. Para isso, é proposto a utilização de pedra proveniente do próprio terreno. Para as paredes do bloco livre e da cafeteria, utilizou-se a técnica de taipa de pilão, que consiste em terra-crua compactada. Essa terra é proveniente da escavação para a implantação do bloco administrativo e também dos espelhos d'agua. A terra sobressalente é utilizada para adequar a topografia e acessos. A educação pela terra ainda se dá na área de horta e compostagem. O usuário adentra este espaço através de uma horta e pomar. Ali um centro de compostagem onde o lixo orgânico do parque é destinado. Painéis explicativos ensinam que esse adubo gerado pelo lixo é devolvido à terra e reutilizado para o crescimento das frutas e hortaliças. Neste local encontra-se, também, o segundo método de tratamento de efluentes, que é o ciclo de bananeiras ou bacias de evapotranspiração. Os efluentes gerados pela cafeteria e banheiro anexo são direcionados para essas bacias e assim tratados naturalmente. O ar é representado pela ventilação natural existente em todos os edifícios. Por permitir a ventilação cruzada nos ambientes, se estimula a circulação dos ventos e se reduz a necessidade de ar-condicionado nos espaços. A topografia e vegetação natural do espaço foi preservada, havendo apenas adequações de terra nos percursos propostos. A ideia é que a terra retirada seja reutilizada no projeto. Os caminhos propostos e áreas de permanência são feitos de madeira de reflorestamento, proveniente da região de Campinas (eucalipto certificado). A madeira utilizada no fechamento dos banheiros é resultante de descarte industrial. Esse descarte provém de diversos tipos de sobras, resultando em uma coloração mista. Essa madeira será retificada e ripada para a instalação final. O plano de pisos e coberturas é em aço pré-moldado, que permite modulação, desmontagem e remontagem da estrutura caso necessário, atendendo, assim, o conceito de pensar as estruturas do berço-ao-berço. O aço também permite reciclagem no final de sua vida util. As edificações foram orientadas de modo a aproveitar ao máximo a iluminação e ventilação naturais, reduzindo assim seu consumo energético. Lajes-jardim e espelhos d’água foram utilizados como métodos de resfriamento passivo dos espaços internos, a fim de evitar ao máximo o uso de condicionadores de ar. PAVILHÃO LIVRE O edifício de 40,00x14,50 com estrutura e fechamento de taipa, laje pré-moldada, madeira e vidro pousa sobre a área do projeto, deslocando-se do chão. Uma rampa com 42,35m de extensão e 5,00m de largura leva o usuário até a laje do edifício (terraço jardim), nesse mirante, o usuário pode contemplar o parque, o edifício administrativo, os equipamentos e caminhos propostos nesse projeto. Em seu interior, o pavilhão livre possui uma área para exposições/eventos de aproximadamente 173.00m² com aberturas em duas extremidades, possibilitando o acesso externo de acordo com o uso do espaço. Um pergolado separa o setor social do setor de serviços. O setor de serviços abriga os sanitários masculino, feminino e PNEs para usuários e uma cozinha com despensa para apoio. Esse setor está localizado mais próximo da portaria 05, facilitando o acesso de serviços. Houve a preocupação em não remover as árvores existentes no local da implantação do pavilhão livre, por essa razão, algumas árvores estão transpassando a laje. IMPLANTAÇÃO CENTRO DE ENSINO PARA CRIANÇAS CORTE 01 CORTE 02 GUARDA MUNICIPAL RUA IMPLANTAÇÃO LEGENDA IMPLANTAÇÃO 1. Acesso Principal – Portaria 05 2. Rampa de Acesso ao Mirante 01 3. Pavilhão Livre de Exposições 4. Central de Informações 5. Inicio Tratamento de Águas cinzas e negras 6 e 7. Centro de Ensino para Crianças 8. Bosque Solar 9 e 10. Tratamento de Água cinzas e negras com macrófitas de fluxo ascendente 11. Praça das Águas 12. Espelho d´água 13. Cafeteria 14. Sanitários 15. Central de Compostagem 16. Horta 17. Reservatório de água de reuso 18. Ciclo de Bananeiras 19. Mirante 02 20. Pavilhão Administrativo – CONDEMA 21. Estação do Bonde 22. Patinação 23. Bicicletário 24. Acesso Carga e Descarga 25.Acesso PNE 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 12 12 12 12 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

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Page 1: CONCEITO DO PROJETO PAVILHÃO LIVRE

1/2CONCURSO PÚBLICO NACIONAL DE ARQUITETURA

“CASA DA SUSTENTABILIDADE” PARQUE TAQUARAL – CAMPINAS SP

CONCEITO DO PROJETOO partido projetual parte da vontade de educar os usuários do parque através dos quatroelementos da natureza: a educação pela água, pelo fogo, pela terra e pelo ar é possível aolongo dos diversos percursos, áreas de contemplação e edificações que a proposta define.A água surge como o principal elo de conexão entre os espaços. Estando a área deintervenção localizada entre dois principais lagos do parque, a norte e a sul, a água foidirecionada para o centro da proposta, criando com isso um microclima mais ameno emum terreno outrora árido e, também, um centro de tratamento dos efluentes geradospelos edifícios propostos. Tratando a água através da gravidade e plantas aquáticas, pôde-se proporcionar, além de uma técnica eficaz em remoção de impurezas, um tratamentopaisagístico e ambientes visualmente agradáveis.O elemento fogo é representado pelo sol. Em uma das margens do lago projetadoencontra-se um 'bosque' tecnológico, com 'árvores' de painéis fotovoltaicos direcionadosa norte, que captam a energia solar, gerando eletricidade para os edifícios contempladosem projeto. À sombra dessas 'árvores' é também um espaço de convivência, onde placassinalizadoras explicam aos usuários o funcionamento das mesmas. Eles disfrutam física eintelectualmente as estruturas propostas.A terra é um dos principais elementos contidos no projeto. O edifício do CONDEMA (blocoadministrativo), utilizou-se do talude existente para a sua implantação. Com isso, ele semescla à paisagem, se isola fisicamente para um uso mais privativo, sendo beneficiadogeotermicamente por estar enterrado - propiciando, com isso, uma inércia térmica internabastante eficaz - e ainda, com a escavação para sua implantação, gera terra para aprodução das paredes do pavilhão livre de exposições e cafeteria. Para a contenção daterra do talude escavado, utilizou-se gabião, um outro recurso natural de estruturação,que envolve gaiolas de pedra.Para isso, é proposto a utilização de pedra proveniente do próprio terreno.Para as paredes do bloco livre e da cafeteria, utilizou-se a técnica de taipa de pilão, queconsiste em terra-crua compactada. Essa terra é proveniente da escavação para aimplantação do bloco administrativo e também dos espelhos d'agua.

A terra sobressalente é utilizada para adequar a topografia e acessos.A educação pela terra ainda se dá na área de horta e compostagem. O usuárioadentra este espaço através de uma horta e pomar. Ali há um centro decompostagem onde o lixo orgânico do parque é destinado. Painéis explicativosensinam que esse adubo gerado pelo lixo é devolvido à terra e reutilizado para ocrescimento das frutas e hortaliças. Neste local encontra-se, também, o segundométodo de tratamento de efluentes, que é o ciclo de bananeiras ou bacias deevapotranspiração. Os efluentes gerados pela cafeteria e banheiro anexo sãodirecionados para essas bacias e assim tratados naturalmente.O ar é representado pela ventilação natural existente em todos os edifícios. Porpermitir a ventilação cruzada nos ambientes, se estimula a circulação dos ventos e sereduz a necessidade de ar-condicionado nos espaços.A topografia e vegetação natural do espaço foi preservada, havendo apenasadequações de terra nos percursos propostos. A ideia é que a terra retirada sejareutilizada no projeto. Os caminhos propostos e áreas de permanência são feitos demadeira de reflorestamento, proveniente da região de Campinas (eucaliptocertificado).A madeira utilizada no fechamento dos banheiros é resultante de descarte industrial.Esse descarte provém de diversos tipos de sobras, resultando em uma coloraçãomista. Essa madeira será retificada e ripada para a instalação final.O plano de pisos e coberturas é em aço pré-moldado, que permite modulação,desmontagem e remontagem da estrutura caso necessário, atendendo, assim, oconceito de pensar as estruturas do berço-ao-berço. O aço também permitereciclagem no final de sua vida util.As edificações foram orientadas de modo a aproveitar ao máximo a iluminação eventilação naturais, reduzindo assim seu consumo energético. Lajes-jardim eespelhos d’água foram utilizados como métodos de resfriamento passivo dos espaçosinternos, a fim de evitar ao máximo o uso de condicionadores de ar.

PAVILHÃO LIVRE

O edifício de 40,00x14,50 com estrutura e fechamento de taipa, lajepré-moldada, madeira e vidro pousa sobre a área do projeto,deslocando-se do chão.Uma rampa com 42,35m de extensão e 5,00m de largura leva ousuário até a laje do edifício (terraço jardim), nesse mirante, o usuáriopode contemplar o parque, o edifício administrativo, os equipamentose caminhos propostos nesse projeto.Em seu interior, o pavilhão livre possui uma área paraexposições/eventos de aproximadamente 173.00m² com aberturasem duas extremidades, possibilitando o acesso externo de acordocom o uso do espaço.Um pergolado separa o setor social do setor de serviços. O setor deserviços abriga os sanitários masculino, feminino e PNEs para usuáriose uma cozinha com despensa para apoio. Esse setor está localizadomais próximo da portaria 05, facilitando o acesso de serviços.Houve a preocupação em não remover as árvores existentes no localda implantação do pavilhão livre, por essa razão, algumas árvoresestão transpassando a laje.

IMPLANTAÇÃO

CENTRO DE ENSINO PARA CRIANÇAS

CORTE 01

CORTE 02

GUARDA MUNICIPAL

RU

A

IMPLANTAÇÃO

LEGENDA IMPLANTAÇÃO

1. Acesso Principal – Portaria 052. Rampa de Acesso ao Mirante 013. Pavilhão Livre de Exposições4. Central de Informações5. Inicio Tratamento de Águas cinzas e negras6 e 7. Centro de Ensino para Crianças8. Bosque Solar9 e 10. Tratamento de Água cinzas e negras com macrófitas de fluxo ascendente11. Praça das Águas12. Espelho d´água13. Cafeteria14. Sanitários15. Central de Compostagem16. Horta17. Reservatório de água de reuso18. Ciclo de Bananeiras19. Mirante 0220. Pavilhão Administrativo – CONDEMA21. Estação do Bonde22. Patinação23. Bicicletário24. Acesso Carga e Descarga25.Acesso PNE

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Page 2: CONCEITO DO PROJETO PAVILHÃO LIVRE

PAVILHÃO DE EXPOSIÇÕESPRAÇA LIVRE E MIRANTE

Imagem 05:

Esquema Taipa de Pilão

2/2CONCURSO PÚBLICO NACIONAL DE ARQUITETURA

“CASA DA SUSTENTABILIDADE” PARQUE TAQUARAL – CAMPINAS SP

PAVILHÃO ADMINISTRATIVO – SEDE CONDEMA

O edifício de 42,00X16,00m com estrutura e fechamento de gabião, laje pré-moldada, madeira e vidro seencaixa sob o declive da área do projeto.Sua laje (terraço jardim) oferece continuidade do nível do parque acima do declive, como um mirante aopúblico.Seu interior abriga a sede do CONDEMA. Ao lado esquerdo, com acesso restrito aos funcionários,encontra-se a recepção, área de trabalho coletiva, sanitários masculino, feminino e PNE para funcionários,salas de T.I., arquivo/biblioteca, almoxarifado, coordenação, secretaria executiva e sala da presidênciaalém de copa com área para alimentação e DML.Ao lado direito, com acesso controlado por catracas e pela recepção, há o salão para 150 usuários commobiliário inteligente para os 35 conselheiros, sendo 03 mesas de trabalho que se nivelam ao piso dosalão, podendo ser armazenadas no piso separadamente ou expostas como bancos ou mesas comdiferentes alturas.Encontram-se também as 03 salas de apoio e as 02 salas de multiuso. A estrutura das salas são de painéisde madeira com corrediças, promovendo a abertura total das salas ao salão, criando um espaçototalmente aberto, podendo abrigar sessões plenárias, assembleias e reuniões. Os painéis permitem queo espaço seja configurado de acordo com a necessidade do seu uso, podendo abrigar mais de 150 pessoasem sua abertura total.O espaço ainda contempla sanitários masculino, feminino e banheiros PNEs para os usuários do espaço,além da copa e DML ao centro do edifício.

TRATAMENTO DE RESÍDUOS POR WETLANDS (ÁGUAS NEGRAS E CINZAS)SISTEMA COM SOLOS FILTRANTES DE FLUXO ASCENDENTE E MACRÓFITAS EMERGENTESJardim filtrante é uma alternativa para destinar adequadamente o esgotoderivado das águas cinzas, aquelas provenientes de pias e tanques comou sem resíduos de detergentes, sabões, restos de alimentos e gorduras.A água cinza é direcionada para o local de tratamento (lago), após passarpela caixa de retenção de gordura é encaminhada para a área das plantasmacrófitas que realizam o tratamento dessa água.No esquema abaixo, pode-se conferir o funcionamento dessetratamento:

Imagem 01

Fonte: www.plantevida.com.br/jardinsfiltrantes/

O efluente submerso é consumido pelas macrófitas através de um fluxo ascendente, passando por diversas camadasde brita e pedrisco, se purificando. As macrófitas mais indicadas para este processo são juncos, papiros e aguapés.A ação biológica dos microorganismos do solo que decompõem a matéria orgânica ativam os processosbiogeoquímicos e atuam sobre os microorganismos que existem na matéria poluída.As plantas ativam esse fluxo da matéria através de seu sistema radicular, gerando oxigênio em torno da rizosfera. Essaoxigenação cria condições para o desenvolvimento de bactérias nitrificadoras que decompõem a matéria orgânica.A estrutura granulométrica do solo deve ser de pedriscos de granulo maior até brita mais fina, para garantir aretenção de matéria orgânica e consequente limpeza das águas.

Imagem 02:

Fonte: Utilização de Sistemas de Wetlands construídas para tratramento

de águas (SALATI, Eneas).

TRATAMENTO DE RESÍDUOS POR BACIA DE EVAPOTRANSPIRAÇÃO (CICLO DE BANANEIRAS)

Bacia de evapotranspiração (BET), conhecida popularmente como “fossa de

bananeiras”, é um sistema fechado de tratamento de água negra, ou seja, aquela usada na

descarga dos sanitários. Um pré-requisito para o uso da BET é justamente a separação da

água em cinza e negra. Apenas a água negra deve ir para a BET.

Este sistema não gera nenhum efluente e evita a poluição do solo, das águas

superficiais e do lençol freático. Nele os resíduos humanos são transformados em

nutrientes para plantas e a água só sai por evaporação, portanto completamente limpa.

Pode-se verificar este esquema na figura abaixo:

Imagem 03:

Fonte: www.setelombas.com.br/2010/10/bacia-de-evapotranspiracao-bet/

Imagem 04:

Esquema Gabião

VISTA INTERNA CONDEMA

PAVILHÃO ADMINISTRATIVO

SANITÁRIOS

Emerson
Texto digitado
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