conceito de meio ambiente
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Falando um pouco sobre o conceito de Meio Ambiente, Natureza e
Sociedade
Éderson Dias de Oliveira
GONÇALVES. Carlos Walter Porto. Os (Des) caminhos do Meio Ambiente. São Paulo, Contexto: 2010
•Várias ciências, tem tratada a temática ambiental, colocando-a como um dos focos de suas preocupações.
•Ao longo da história, a interação
homem e natureza se mostraram
diversificada; a paisagem natural foi
paulatinamente tornando-se social e
cultural. •Da “primeira
natureza” surgiu a “segundo natureza” - o meio artificializado.
•Por isso, não basta somente considerar o meio ambiente do ponto de vista dos elementos físicos e bióticos, mas também é necessário incluir a sociedade como um sistema que sofre e promove modificações em outros sistemas. •Assim, as mudanças que ocorrem nos sistemas
ambientais, irão refletir em nossa vivência.
•Considerando a visão
holística atual, ao tratar do
meio, é preciso considerar o
homem enquanto
sujeito social nessa relação. •Meio ambiente, é um conceito que deriva do termo
meio da Física newtoniana - “o espaço de transcurso ou espaço de relação”.
•Resumidamente, o termo meio evoca a relação do ser individual ou do ser coletivo com o seu entorno.
•Hoje quer vivamos na zona rural/urbana, esse entorno é artificializado.•A nossa natureza já não é mais 1ª natureza, mas
sim numa perspectiva marxista, 2ª natureza (Santos, 1997) - “natureza artificializada”. •Suertegaray (2015), usa o termo “natureza
transfigurada”, por que essa relação sociedade-natureza, transfigura a natureza em outra, ainda que sua dimensão de “natureza natural” esteja presente.
•Assim o ambiente nosso é a relação dos seres e seu entorno, fundada no tripé sociedade - cultura - natureza em todas as nossas dimensões do viver.
•De forma abstrata, meio e ambiente são semelhantes, sendo conceituados como a relação dos seres com o entorno. •Com relação ao ambiente, é importante levar em
consideração a relação natureza/sociedade e o resultado dessa produção conjunta. •Cada vez mais se vê implicado, na questão
ambiental, dimensões de: cultura; natureza; economia e política, portanto uma construção social.
Concepções de Natureza
•Para Dulley (2004) a Natureza é anterior ao homem com inicio no pré-cambriano, existindo independente dele, englobando o que o homem conhece ou não.•Toda sociedade e cultura cria, inventa e institui uma determinada ideia do que seja natureza. •Nesse sentido, o conceito de natureza não é natural, ele é criado e constitui um dos pilares de onde se dão as relações sociais, a produção material e espiritual, enfim, a cultura. •Na Idade Média, a natureza era a própria
personificação de Deus, oculta e insondável à inteligência humana.
•Toda a sua dinâmica adivinha intencionalmente de um ente superior que regulava não só a natureza, mas todas as coisas. •A razão medieval era geocêntrica, o que
representava a perfeição divina do universo criado por Deus para servir ao homem. •Com o advento do capitalismo, a natureza perde o
status de divino e passa a ser um elemento essencial para o modo de produção capitalista - sua transformação produz mercadoria e lucro.
•A natureza passa a ter um papel utilitarista para a sociedade, sendo vista como recurso e, como tal, pode ser apreendida e manipulada.
•O conceito de natureza, expressa formas de concebe-la dos diferentes povos, culturas e sociedades. Ex. índios.•Nossa “cultura ocidental”, é forjada e dá sustentação
ao modo de produção capitalista, tendo uma concepção de natureza externa ao homem.•Ainda que a biologia ensina que somos seres
biológicos (seres naturais), nós ainda teimamos visualizar a natureza como algo separado de nós. •Essa separação foi construída para melhor explorá-la
ou dominá-la (natureza). •Essa natureza é
concebida de forma externo, constituída por
algo que a Ecologia chama de biótico e
abiótico.
•Nesta concepção de natureza capitalizada, o homem e a natureza são dois pólos separados, onde este é um objeto manipulável e aquele o agente da manipulação. •Assim as práticas capitalistas são calcadas na
exploração intensa da natureza, que resultaram em efeitos perversos para ao homem/meio. •Em nossa sociedade/cultura vive-se com essa
dualidade, onde, ao mesmo tempo que nos reconhecemos enquanto natureza, a concebemos como diferente de nós.
•Temos exemplos em nosso próprio território, a partir de sociedades
indígenas, onde a concepção de cultura é
outra.
•A natureza é, em nossa sociedade, um objeto a ser dominado, muito embora saibamos que nem todos são proprietários da natureza. •A grande maioria dos homens
não passa também, de objeto que pode até ser descartado. •O homem-sujeito pode ser ou
estar sujeito – submetido – a determinadas circunstâncias perversas.•A ação tem a sua
contrapartida na submissão”. Crianças de até 11 anos são submetidas a até 100 horas de trabalhos forçados em fazendas de
cacau.
•Dentro da lógica capitalista Francis Bacon (1626), desassociou a natureza da ideia de sujeito contemplativo e divino, tornando-a um objeto utilitária a nação. •Ele propôs o método empírico dedutivo, que se
baseava na observação dos fenômenos via experimentação contínua. •Dois aspectos da filosofia cartesiana marcam a
modernidade: o caráter pragmático caráter pragmático que o conhecimento adquire (natureza como um recurso), e o antropocentrismoantropocentrismo - o homem passa a ser visto como o centro do mundo; em oposição ao objeto, à natureza. •Assim, o homem, instrumentalizado pelo método
científico, pode penetrar os mistérios da natureza e, assim, torna-se “senhor e possuidor da natureza”.
•Esse homem racional desnaturalizado por meio da Ciência e da Técnica, exerce a dominação da Natureza. •Homem e Natureza se excluem e o conhecimento
racional lógico-matemático desvenda os ministérios da natureza proporcionando a sua dominação.
“Vê-se assim, que esse homem-senhor-todo-poderoso do Renascimento não é somente a espécie que se coloca acima das outras, como uma crítica ingênua ao antropocentrismo. É um homem que calcula os custos e benefícios. É o homem burguês que, cada vez mais, precisa mobilizar energias para o trabalho. É aquele que nega o ócio, que vive para o negócio, que chama os que se movem com outros ritmos/tempos de indolentes e preguiçosos porque para ele, parecem estar sempre atrasados” (Gonçalves, 2002).
•O conceito de meio ambiente é trabalhado nas ciências ambientais desde a sistematização do conhecimento moderno.
•Até meados de 1950/60 o meio ambiente era puramente naturalista/ambientalista, com o predomínio do positivismo (catalogação, descrição, tecnicismo e o romantismo), natureza recurso.
•Hoje, o grande desafio
dos intelectuais é
relacionar temas como
natureza, sociedade e o
homem.
•Ainda hoje a natureza por vezes, é tida em nossa sociedade, como aquilo que se opõe à cultura (natureza-recurso e antropocentrismo), como se fossemos exógenos a ela.•Com isso as ciências ambientais nesse período
foram concebidas de forma fragmentada, voltada aos interesses coloniais; exploração dos recursos naturais; desenvolvimento de tecnologias e etc.
•Ciência ambiental colonial – priorização dos aspectos físicos – secundarização dos aspectos humanos,
•Pouca Ética Ambiental.
•A partir da segunda metade do século XX mudanças mundiais alteram os enfoques ambientais: SGM, explosão demográfica, movimentos sociais, abertura do conhecimento científico, problemas socioeconômicos, globalização, consumismo, Estocolmo 72 e Rio 92.•Santos, coloca que hoje é até difícil falar em
natureza. •Essa se tornou um objeto ( produzido
intencionalmente), dada a sua artificialização ex. transgênico, depósitos tecnogênicos e etc., (MTCI).
•O movimento ecológico engessa essas discussões, sendo o mesmo difuso e consequentemente a fonte de riqueza das suas abordagens (desmatamentos. agrotóxicos, erosão e etc.) enquanto movimento politico e cultural.
•Isso tudo demandou uma
nova abordagem ambiental –
enfoque socioambiental
superando o naturalismo e
inserindo o homem nas discussões.
•Esses debates na ciência faz emergir o paradigma ambiental (relação sociedade/natureza), como uma nova corrente com teoria e método estruturado.
•A ciência socioambiental/ambiental supera a desgastada
dicotomia, por apresentar conceitos
tanto humanos ou físicos.
•Os métodos de abordagem são menos
fixos (ditadura do método), haja vista a característica multi-
interdisciplinar dessa corrente.
•No Brasil falar de meio ambiente significa antes de tudo, lutar para o equacionamento de graves problemas sociais. •O movimento ecológico no país surge nos anos
1970, num clima de ditadura que buscava o progresso destruindo a natureza.•Apesar dos avanços na discussão ambiental, o
termo também tem sido utilizado por vários agentes apenas como instrumento para autopromoção (ecocapitalismo e ecopolítica).
•A verdade acaba sendo
camuflada pelo sensacionalismo
midiático (ecologite).
•É preciso superar o chavão os homens estão destruindo a natureza. •A maior parte da população não tem acesso aos
recursos-capital, não sendo portanto diretamente responsável pelo uso que é dado a esses recursos.
•A crise ambiental atual é a crise da razão, da
civilização, estando a demandar de
toda sociedade e da ciência uma
reflexão profunda acerca de sua
trajetória (Leff, 01).
•Grandes poderes (razão) exigem grandes responsabilidades. •Talvez estejamos presos a nós mesmos, e jamais
conseguiremos enxergar nada além do ser humano (egoísmo antropocêntrico).•A habilidade de mudar/destruir dá aos homens uma
responsabilidade maior com relação à natureza.