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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO UFMT FACULDADE DE DIREITO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO AGROAMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE ASPECTOS AMBIENTAIS NAS USINAS HIDRELÉTRICAS ISABELA HARUMI NEPOMUCENO CUIABÁ - MT 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – UFMT

FACULDADE DE DIREITO

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO

AGROAMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE

ASPECTOS AMBIENTAIS NAS USINAS

HIDRELÉTRICAS

ISABELA HARUMI NEPOMUCENO

CUIABÁ - MT

2016

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ISABELA HARUMI NEPOMUCENO

ASPECTOS AMBIENTAIS NAS USINAS

HIDRELÉTRICAS

Monografia apresentada a Faculdade de Pós Graduação em Direito, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Direito Agroambiental pela Universidade Federal de Mato Grosso.

Orientador: MSc. Teodoro Irigaray

CUIABÁ - MT

2016

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ISABELA HARUMI NEPOMUCENO

ASPECTOS AMBIENTAIS NAS USINAS HIDRELÉTRICAS

Monografia defendida e aprovada em março de 2016 pela Banca Examinadora constituída pelos professores:

____________________________________________ Orientador: MSc. Teodoro Irigaray

Presidente

___________________________________ Professor Ms. Membro da Banca

___________________________________ Professor Ms. Membro da Banca

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DEDICATÓRIA

Dedico especialmente a todos que se preocupam na manutenção e preservação do meio ambiente no planeta terra.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por todas as conquistas e realizações.

Aos meus pais, meu apoio.

A meu orientador, Prof. MSc. Teodoro Irigaray, por me orientar

nessa caminhada.

A todos que contribuíram para mais uma vitória em minha vida.

Muito obrigada!!

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“Não hei de pedir pedindo, senão protestando e argumentando, pois esta é a arma daqueles que não pedem favor (...), mas justiça”.

(Pe. Antônio Vieira)

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RESUMO

Atualmente, a oferta de energia é condição extremamente importante

para a ampliação do desenvolvimento econômico e social nas mais

variadas localidades. Para tal, a sociedade tem assistido um intenso

processo de transformação com as vultuosas obras das usinas

hidrelétricas e os impactos significativos causados ao meio ambiente,

diante da fragilidade da natureza, necessitando, assim, a regulação e

um árduo controle em torno da sustentabilidade ambiental. Ao apresentar

o projeto hidrelétrico para sua construção, entre outros documentos, fazem

parte do licenciamento, a Licença Prévia (LP), que garante a viabilidade

ambiental, a Licença de Instalação (LI), que autoriza o início das obras, caso os

empreendimentos sejam considerados viáveis ambientalmente, e a Licença de

Operação (LO), que garante o funcionamento do empreendimento. Esta última

requer os relatórios de EIA/RIMA completos e aprovados pelo Conselho

Estadual do Meio Ambiente após audiências e participação pública no

processo. Só então a licença para instalação e operação de uma usina

hidrelétrica pode ser concedida pela Agência Nacional de Energia Elétrica

(ANEEL). Embora com uma legislação ambiental das mais avançadas e

completas do mundo, o Brasil carece de mecanismos de fiscalização e punição

aos infratores que degradam o meio ambiente. O presente trabalho descreve

o licenciamento ambiental para as Usinas Hidrelétricas, considerando desde o

início do pedido de viabilidade do empreendimento até posterior a sua

construção e execução de atividades, abordando a legislação pátria pertinente.

Palavras-chaves: Legislação Ambiental; Usinas Hidrelétricas,

Licenciamento.

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ABSTRACT

Currently, the supply of energy is extremely important condition for the

expansion of economic and social development in various locations. To this

end, the company has witnessed an intense process of transformation with the

considerable sums construction of hydropower plants and significant impacts on

the environment, given the fragility of nature, requiring thus the regulation and

hard control around environmental sustainability. Presenting the hydroelectric

project for its construction, among other documents, are part of the license, the

Preliminary License (LP), which ensures environmental sustainability, the

Installation License (LI), authorizing the start of construction, if the projects are

considered environmentally viable, and operating License (LO), which ensures

the operation of the enterprise. The latter requires the EIA reports / full EIR and

approved by the State Council of Environment after hearings and public

participation in the process. Only then the license for installation and operation

of a hydroelectric plant may be granted by the National Electric Energy Agency

(ANEEL). Although with environmental legislation of the most advanced and

complete in the world, Brazil has lacks mechanisms of control and punishment

to offenders that degrade the environment. This paper describes the

environmental licensing for hydropower plants, considering from the beginning

of the application feasibility of the project until after its construction and

execution of activities, covering the relevant country legislation.

Keywords: Environmental Law; Power Plants, Licensing

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 10

CAPITULO I ..................................................................................................... 13

MEIO AMBIENTE E A PROTEÇÃO LEGAL .................................................... 13

1.1 Conceito de Meio Ambiente ....................................................................... 13

1.2 Proteção Constitucional e o Meio Ambiente ............................................... 15

1.3 Politica Nacional de Meio Ambiente – Lei n. 9.638/81 ............................... 17

1.4 Os instrumentos da Lei de Politica Nacional de Meio Ambiente ................ 20

CAPÍTULO II .................................................................................................... 25

MEIO AMBIENTE – DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL ................................ 25

2.1 Licenciamento Ambiental ........................................................................... 25

2.2 Dos tipos de licenças ambientais e seus prazos ........................................ 26

2.1.2 Licença Ambiental Prévia ........................................................................ 26

2.1.2 Licença ambiental de instalação ............................................................. 27

2.1.3 Licença ambiental operação ................................................................... 28

2.2 Competência do poder público para emissão de licença ambiental ........... 29

2.3 Do procedimento administrativo para requerer o licenciamento ambiental 31

2.4 Das sanções administrativas ...................................................................... 33

CAPÍTULO III ................................................................................................... 35

DAS USINAS HIDRELÉTRICAS – GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ...... 35

3.1 Recursos hídricos ...................................................................................... 35

3.2 Das usinas hidrelétricas ............................................................................. 37

3.3 Licenciamento ambiental nas usinas hidrelétricas ..................................... 40

3.5 Resolução n° 279/2001 do CONAMA ........................................................ 41

3.4 Licenciamento Ambiental Nas Usinas Hidrelétricas No Estado De Mato

Grosso ............................................................................................................. 44

3.4.1 Do Sistema Estadual de Meio Ambiente ................................................. 44

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3.4.2 Fluxograma Administrativo ...................................................................... 47

3.4.3 Dados Sobre o Setor Energético do Estado De Mato Grosso ................. 48

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 50

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 51

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INTRODUÇÃO

O Brasil é um país extremamente rico em recursos naturais, inclusive

os hídricos. Diante de tal afirmação, podemos dar ênfase para as premissas

utilizadas para a conservação e preservação do meio ambiente, a fim de que

não haja abuso no aproveitamento das fontes naturais.

A harmonização entre a utilização e conservação dos recursos naturais

é presente em toda e qualquer atividade relacionada ao meio ambiente, ou

seja, é necessário que o crescimento econômico e o desenvolvimento social

estejam alinhados com a proteção ecológica, definindo assim o

Desenvolvimento Sustentável.

O termo Desenvolvimento Sustentável advêm de terminologias

opostas. De acordo com o doutrinador Leonardo Boff, o significado de

desenvolvimento “vem do campo da economia; não de qualquer economia,

mas do tipo imperante e linear mesmo à custa iniqüidade social e depredação

ecologia”1, enquanto o significado de Sustentabilidade “provém do campo da

ecologia e da biologia. Ela afirma a inclusão de todos no processo de inter-

retrorelação o equilíbrio dinâmico que permite a todos participarem e se verem

incluídos no processo global”.2

Sendo assim, a junção das terminologias resulta no desenvolvimento e

proteção do meio ambiente, como um modo de preservá-los, atendendo ainda

os interesses humanos na utilização dos bens naturais, ou seja, é a

composição da relação entre o homem e o meio ambiente.

Desta maneira, para que seja realizada a prática do desenvolvimento

sustentável, o Estado iniciou tutelar normas jurídicas para tal fim, impondo

legislação geral e específica para a proteção ambiental e o desenvolvimento

econômico e social para o crescimento da sociedade.

Assim, o foco do presente estudo é voltado para o licenciamento

ambiental para as Usinas Hidrelétricas, considerando desde o início do pedido

1 BOFF, Leonardo. Um ethos para salvar a Terra. In: CAMARGO, Aspásia et al. Meio ambiente Brasil: avanços e obstáculos pós-Rio-92. São Paulo: Estação Liberdade/ISA, 2002. p. 49-56.

2 Idem, p. 55.

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de viabilidade do empreendimento até posterior a sua construção e execução

de atividades.

Considerando os procedimentos administrativos a serem seguidos, os

impactos em que uma Usina Hidrelétrica representa para a sociedade, seja

ambiental, social e financeiro, quando respeitadas as necessárias e cruciais

exigências.

A geração de energia elétrica proveniente de Usinas Hidrelétricas é

considerada como energia renovável e limpa, é o meio alternativo que auxilia o

desenvolvimento industrial, comercial, social, e etc, considerando a existente

possibilidade de realizar o aproveitamento energético observando o controle

dos impactos ambientais, a conservação da biodiversidade, respeitando ainda

a qualidade de vida do ser humano.

Os impactos ambientais podem ser classificados como negativos

quando não observados os procedimentos administrativos a serem adotados,

tais como as atividades mitigadoras, programas e ações que auxiliam para a

proteção ambiental e crescimento econômico do município, e outros.

Impacto ambiental tem sua definição prevista pela Resolução do

CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente): qualquer alteração das

propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por

qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que,

direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da

população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as

condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos

recursos ambientais.3

Por fim, o que será desenhado é o estudo da legislação e doutrinas

pertinentes ao Licenciamento ambiental nas Usinas Hidrelétricas respeitar as

normas ambientais, priorizando a redução ou não produção dos impactos

ambientais, através das atividades, programas, planos de ações mitigadores.

Respeitando a importância da geração de energia renovável e limpa que auxilia

para o crescimento econômico e social da sociedade.

3 BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA. Resolução Conama n° 001 (20/01/1986), Resolução n. 237/97, art, 1º, n° 303 (20/03/2002) e n° 341, (25/09/2003). Publicado em 26 mai 2007. Disponível: http://www.mma.gov.br/conama. Acesso: 22 fev 2016.

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Assim, no capítulo I, descrevem-se conceitos e características do meio

ambiente e a proteção legal.

No capítulo II, aborda-se o meio ambiente e do licenciamento ambiental

para a implantação de usinas hidrelétricas.

No capítulo III, discute-se a implantação das usinas hidrelétrica,

geração de energia, e o processo necessário para o licenciamento ambiental

das usinas.

E por fim, tecem-se comentários conclusivos ao tema em estudo.

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CAPITULO I

MEIO AMBIENTE E A PROTEÇÃO LEGAL

1.1 Conceito de Meio Ambiente

O doutrinador Luiz Paulo Sirvinskas, conceitua o

“Meio ambiente é o lugar onde habitam os seres vivos. É seu habitat.

Esse habitat (meio físico) interage com os seres vivos (meio biótico), formando um conjunto harmonioso de condições essenciais para a existência da vida como um todo”.

4

A classificação doutrinária vai além da prevista na Lei n° 6938/1981,

em seu art. 3°, I: “o conjunto de condições, lei, influencias e interações de

ordem física química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as

suas formas”.5

Para Marli Teresinha Deon Sette, o conceito não abrange todos os

elementos considerados e presentes no meio ambiente. Adicionando “o

conjunto de elementos naturais, artificiais, culturais e do trabalho, suas

interações, bem como as condições, princípios, leis e influências, que

permitem, abrigam e regem a vida em toda as suas formas”6

Portanto, pode-se concluir que meio ambiente é tudo aquilo que é

considerado vivo e não vivo compreendendo no conjunto de ecologia

perpetuando na terra nos ambientes naturais, artificial, cultural e do trabalho.

Inclui-se a fauna, flora, fenômenos naturais, entre outros.

Por se tratar de um bem precioso, inclusive para a qualidade de vida

dos seres humanos, a degradação desenfreada pode nos causar inúmeras

consequências.

4 SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental. 10ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 186.

5 BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 1981. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm. Acesso: 03 fev 2016.

6 DEON SETTE, Marli Teresinha. Manual de Direito Ambiental. 2ed. Curitiba: Juruá, 2014, p. 33.

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Toda atividade humana está relacionada, de alguma maneira, a

utilização dos recursos naturais, seja para o desenvolvimento econômico ou

para o simples lazer. Vejamos, para o crescimento de uma cidade é necessário

expandir o espaço geográfico naquele território, o que causará um possível

desmatamento, ou para assistir um filme na televisão, é necessária a utilização

de energia elétrica, proveniente da geração de energia, seja ela hidráulica (foco

do trabalho), termoelétrica, ou outra.

Melhor do que se falar em desenvolvimento sustentável – que é um

processo – é preferível insistir na “sustentabilidade”, que é um atributo

necessário a ser respeitado no tratamento dos recursos ambientais, em

especial dos recursos naturais7 que deve ser ligada a sua durabilidade, em que

pese o nível em que se pode atender as necessidades dos ecossistemas

naturais, bem como o social.

A durabilidade está ligada no quanto os recursos naturais estão

disponíveis e de como são utilizados para o crescimento da sociedade, afinal

os recursos renováveis são de melhor aproveitamento já que com as medidas

protetivas podem se renovar para não esgotar, o que não ocorre com os

recursos não renováveis, nos quais necessitam de uma proteção especial.

Logo, pode-se concluir que é de extrema importância conhecer os recursos

naturais para identificar a melhor maneira de manipular e utilizá-los.

Com o decorrer dos anos, o aprimoramento na legislação pertinente ao

meio ambiente, torna-se cada vez mais eficaz e severa, com a intenção de

minimizar os impactos ambientais decorrentes da exploração dos recursos

naturais.

Ademais, a proteção jurídica é um essencial instrumento da proteção

ambiental, em razão da obrigatoriedade por ela imposta em preservar,

conservar o meio ambiente como um todo. E como forma de equilibrar as

esferas econômicas, sociais e ambientais é fundamental a efetividade e

eficácia das ferramentas jurídicas para contribuir com a sustentabilidade da

sociedade.8

7 MILARÉ, Édis. Direito Ambiental em foco. A gestão Ambiental em foco. 7ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. p. 110.

8 MILARÉ, Edis; MACHADO, Paulo Affonso Leme (org.). Doutrinas essenciais. Direito Ambiental. Conservação e degradação do meio ambiente. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. v. 2. p. 76.

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1.2 Proteção Constitucional e o Meio Ambiente

A Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, dispõe sobre a Politica

Nacional de Meio Ambiente - PNMA, em seu artigo 2°, cujo objetivo é:

“a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.”

9

A Constituição Federal de 1988 vem de encontro a Lei de Política

Nacional de Meio Ambiente (PNMA), recepcionando os artigos 23, VI e VII e

art. 225,

“Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora.”

10

Concedendo, assim, autonomia constitucional para a matéria ambiental

em conjunto com as normas específicas, garantindo assim a tutela jurídica para

o meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Assim determina a referida lei:

“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação.”

11

9 BRASIL. Lei n. 6.938/91. Op. cit., p. 01.

10 Idem, p. 01.

11 Ibidem, p. 01.

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A carta magna ao assegurar o direito ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado, bem de uso comum e essencial para a sadia

qualidade de vida e defendido pelo Poder Público e a sociedade para a

presente e futura geração, define quatro, de grandes princípios que norteiam o

direito ambiental.12

Extrai-se, da essência do dispositivo citado, tanto a garantia a um meio

ambiente equilibrado como a essência da vida com qualidade, quanto a

vontade do constituinte de que todos, sem exceção, pudessem ser

considerados destinatários da garantia. De fato, ao utilizar o pronome indefinido

“todos” alargam a abrangência da norma jurídica, pois não particularizando

quem tem direito ao meio ambiente, evita que se exclua quem quer que seja13.

Desta feita, certifica a coletividade de um meio ambiente ecologicamente

equilibrado, que resulta na sadia qualidade e ao desenvolvimento da vida,

tutelado pelo Poder Público e, principalmente, respeitado pela sociedade.

Ademais, importante ressaltar que a garantia se estende para as

futuras gerações, ou seja, é de extrema necessidade atender, proteger o meio

ambiente nos tempos atuais, bem como seguir as diretrizes que proporcionam

a garantia do meio ambiente saudável, com as mesmas condições que temos

para a coletividade no futuro.

Partindo dessa premissa, a utilização do meio ambiente

ecologicamente equilibrado e saudável é considerada um direito fundamental,

postulada na ordem jurídica constitucional, haja vista o reconhecimento da

importância da matéria, sendo destinado um capítulo próprio pela CF/8814,

além dos artigos esparsos, impondo obrigações e instituindo direitos à

sociedade.

Ou seja, é necessária a proteção ambiental para que a fruição dos

recursos naturais seja equilibrada com o desenvolvimento econômico e social

da comunidade, garantindo assim, a sadia qualidade de vida para esta

sociedade.

12

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil , de 5 de outubro de 1988. Artigo 225. Brasília: Senado Federal, 1988. Disponível em: http://www2.planalto.gov.br/. Acesso 16 fev 2016.

13 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 17ed. São Paulo: Malheiros, 2012. p. 51.

14 BRASIL. CF/88. Op. cit, p. 01.

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1.3 Politica Nacional de Meio Ambiente – Lei n. 9.638/81

A lei de Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) é considerada a

primeira norma ambiental em sistematizar as politicas ambientais visando o

equilíbrio entre o desenvolvimento nas esferas econômicas e sociais com o

meio ambiente.

Como já foi mencionado, o objetivo geral da PNMA no item anterior, o

mesmo artigo define os princípios norteadores da política ambiental, a serem

atendidos, para garantir a aplicabilidade do mesmo, sendo eles:

I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico,

considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser

necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;

II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;

Ill - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas

representativas;

V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente

poluidoras;

VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o

uso racional e a proteção dos recursos ambientais;

VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental;

VIII - recuperação de áreas degradadas;

IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;

X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a

educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na

defesa do meio ambiente.15

Ainda que os princípios do Direito Ambiental não estejam

explicitamente enumerados na Lei PNMA, uma vez que trata-se de uma

matéria muito ampla, Paulo de Bessa Antunes, salienta que “nem todos os

princípios do Direito Ambiental estão explicitamente presentes na principiologia

15

BRASIL. Lei n. 6.938/81. Op. cit., p. 01.

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18

determinada pela Política Nacional do Meio Ambiente”16, que devem ser

severamente respeitadas no que tange qualquer tipo de atividade relacionada

ao meio ambiente.

Já os objetivos específicos, estão colacionados no art. 4°, I a VII, da Lei

da PNMA, sendo eles:

I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a

preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;

II - à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à

qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos

Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;

III - ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e

de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais;

IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais

orientadas para o uso racional de recursos ambientais;

V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação

de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública

sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio

ecológico;

VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à

sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a

manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida;

VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar

e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização

de recursos ambientais com fins econômicos.17

No inciso I, o legislador tomou cuidado ao garantir que o

desenvolvimento socioeconômico, por meio de ações ou politicas devem

obrigatoriamente atender as exigências ambientais, a fim de que o equilíbrio

ecológico (obrigação constitucional) esteja atrelado a qualidade ambiental.18

16

ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito ambiental. 4ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2000, p. 69.

17 BRASIL. Lei n. 6.938/81. Op. cit. p. 01.

18 ANTUNES, Paulo de Bessa. Op. cit., p. 69.

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19

O inciso II, indica que as ações governamentais, ou seja, as politicas

públicas devem ser voltadas aos interesses de cada esfera geográfica, dentro

de sua competência. Assim, cabe a União legislar assuntos ambientais na

esfera federal, bem como cada ente federativo do País, efetivando politicas

públicas e governamentais ambientais, instrumentos normativos de seu

interesse que resulte no equilíbrio ecológico.19

O inciso III, institui a competência para a PNMA em definir os critérios e

padrões de Qualidade Ambiental, que é considerado um instrumento da Lei de

PNMA no artigo 9°, I, possibilitando identificar a saúde ambiental, no que tange

os elementos biológicos e abióticos durante o processo de desenvolvimento

sustentável da região.20

O inciso IV, garante o desenvolvimento a pesquisas e de tecnologias, a

fim de corroborar nas ações e no controle ambiental. O objetivo maior é

garantir a proteção ambiental, e assim para que possa mensurar os impactos

ambientais, seja positivo ou negativo, os estudos, pesquisas, a tecnologia

apropriada é um grande aliado para avaliar.

O inciso V confirma os assuntos já mencionados, indicando também

outro instrumento instituído pela lei de PNMA.21

O inciso VI trata do desenvolvimento sustentável propriamente dito,

quanto a preservação e restauração, utilização racional dos recursos naturais

estão diretamente ligados ao equilíbrio ecológico.22

O inciso VII, dispõe sobre as consequências de esfera patrimonial e

social que podem atingir a aquele individuo ou coletividade que não respeitar e

se adequar nas normas ambientais. Trata-se de um assunto extremamente

importante, que é destinado Lei especifica para os crimes ambientais além as

previsões normativas esparsas pela legislação ambiental.23

Para concluir, é importante frisar que alguns desses princípios têm a

característica de orientar as ações e planejamentos governamentais, e que

quando houver dúvida ou conflito entre os mesmo, deverá prevalecer aquele

mais favorável ao meio ambiente.

19

ANTUNES, Paulo de Bessa. Op. cit., p. 69-70. 20

BRASIL. Lei n. 6.938/81. Op. cit. p. 01. 21

Idem, p 01. 22

Ibidem, p. 01. 23

Ibidem, p. 01.

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20

1.4 Os instrumentos da Lei de Politica Nacional de Meio Ambiente

No entendimento de Milaré,

“Embora o art. 9° da Lei 6.931/1981 enumere treze instrumentos para a execução da Política Nacional do Meio Ambiente, nem todas contam ainda com base legal detalhada, enquanto alguns ainda são aplicados de maneira muito empírica e esparsa nas ações de gestão ambiental”

24.

Os incisos do artigo 9° da Lei de PNMA enumeram os instrumentos da

Politica Pública de Meio Ambiente. Senão, vejamos.

“Art 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:

I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; II - o zoneamento ambiental; III - a avaliação de impactos ambientais; IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental; VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989);

25

VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental; IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental; X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989); XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989); XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais. (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)

24

MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente: a gestão ambiental em foco: doutrina jurisprudência, glossário. 7ed. rev. atual. e reform. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. p. 119.

25 BRASIL. Lei nº 7.804, de 18 de julho de 1989. Altera a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, a Lei nº 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, a Lei nº 6.803, de 2 de julho de 1980, e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 1989. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7804.htm. Acesso: 10 mar 2016.

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21

XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

26.”

27

O controle e padrão de Qualidade ambiental busca equalizar a

atividade humana com o equilíbrio socioeconômico, garantindo assim a

manutenção da qualidade de vida, tanto nos termos ambientais, quanto ao

desenvolvimento estratégico da região, ou seja, é a definição pelo órgão

competente dos padrões de qualidade da água, ar, solo, ruídos, tudo o que é

relativo ao meio ambiente.

Os critérios definidos por meio de estudos e pesquisas são

transformados em normas específicas pelo poder público. Ressalta-se a

importância entre os princípios estarem ligados efetivamente aos instrumentos

ambientais, pois um é considerado o norte do outro.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, que é

considerado um órgão consultivo e deliberativo, em eu rt. 6º, II, tem a finalidade

de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de

políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e

deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis

com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade

de vida, regula resoluções para o Padrão de Qualidade do Ar, das Águas, e

dos Níveis de Ruídos.28

O Zoneamento Ambiental tem caráter preventivo e

“pode ser definido como o resultado de estudos conduzidos para o conhecimento sistematizado de características, fragilidades e potencialidades do meio, a partir de aspectos ambientais escolhidos em espaço geográfico delimitado. De modo mais simples, o zoneamento ambiental pode ser expresso como um processo de conhecimento do meio ambiente em função do seu ordenamento”

29

26

BRASIL. Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006. Dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável; institui, na estrutura do Ministério do Meio Ambiente, o Serviço Florestal Brasileiro - SFB; cria o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal - FNDF; altera as Leis n

os 10.683, de 28 de maio de 2003, 5.868, de 12 de dezembro de 1972, 9.605, de 12

de fevereiro de 1998, 4.771, de 15 de setembro de 1965, 6.938, de 31 de agosto de 1981, e 6.015, de 31 de dezembro de 1973; e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11284.htm. Acesso: 22 fev 2016.

27 BRASIL. Lei n. 6.938/81. Op. cit., p. 01.

28 Idem. Art. 6º, II. Op. cit., p. 01.

29 MILARÉ, E. Direito do Ambiente. 2ed. rev. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. p. 452.

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22

O objetivo principal é delimitar o espaço geográfico para estabelecer o

uso, gozo e fruição da propriedade, respeitando as normas instituídas pelo

poder público. Sendo possível realizar a gestão ambiental, orientando as

atividades econômicas, o planejamento do solo, sendo o instrumento que

demonstra com clareza a esfera pública e aquele que pratica as atividades

antrópicas o seu desenvolvimento e o impacto causado.

A avaliação dos Impactos Ambientais é considerada um dos maiores

instrumentos legais utilizados para a harmonização entre a sustentabilidade e o

desenvolvimento socioeconômico, pois é um passo a ser realizado antes dos

impactos do início de uma obra ou atividade potencialmente causadora de

significativa degradação, conforme art. 225, § 3°, IV da Constituição Federal de

1988.30

O estudo é de maior abrangência que o relatório e o engloba em si

mesmo. O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) compreende o levantamento da

literatura científica e legal pertinente, trabalhos de campo e análises de

laboratórios e a própria redação do relatório31. Desta feita, indicar e quantificar

os impactos ambientais decorrentes de obra ou atividade humana que atinge o

meio ambiente é o papel do EIA, pois possui caráter preventivo e de

monitoramento dos impactos ambientais.

O licenciamento ambiental é o tema que iremos abordar com mais

exatidão no próximo capítulo.

Os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou

absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental, nada

mais é do que um “benefício” para a pessoa física ou jurídica respeitar e agir

em conformidade com a legislação ambiental. É o meio em que a esfera

pública possui em incentivar a adoção de tecnologias que resultam na melhoria

da qualidade ambiental. Diversos são benefícios: isenção de ICMS,

financiamento e incentivos governamentais para a aprovação do projeto

apresentado do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA.32

A criação de espaço territorial especialmente protegido pelo poder

público federal, estadual e municipal, que é garantido constitucionalmente,

30

BRASIL. CF/88. Op. cit., p. 01. 31

MACHADO, Paulo Affonso Leme. Op. cit., cit., p.33. 32

LEFF, Enrique. Saber ambiental. Sustentabilidade racionalidade complexidade poder. Petrópolis: Vozes 2014. p. 38.

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23

abrange as Áreas de Preservação Permanente – APP, reservas legais,

unidades de conservação, Área de Proteção Ambiental – APA.

O Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente – SINIMA,

é o documento que sistematiza as informações que auxiliam no processo de

tomada de decisão as esferas federais, estaduais e municipais nos processos

administrativos relacionados ao meio ambiente e seus devidos impactos,

indicando as problemáticas e apontando alternativas de solução.33

O Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumento de Defesa

Ambiental é o documento efetuado por profissional da área responsável em

monitorar e controlar as atividades efetivas ou potencialmente poluidoras.34

As penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento

das medidas necessárias à preservação do meio ambiente ou à correção da

degradação ambiental, é a consequência que ocorre em decorrência do não

cumprimento do objetivo geral e seus princípios da Lei de PNMA35, garantindo

a maior efetividade da norma. Todavia, é garantia constitucional também a

obrigatoriedade em reparar os danos causados ao meio ambiente, como forma

de sanção penal e administrativa.

O Relatório de Qualidade do Meio Ambiente – RQMA é fornecido pelo

IBAMA anualmente e contém informações coletadas sobre a situação atual do

meio ambiente e os resultados das politicas públicas.

A garantia do acesso a informação relativas ao meio ambiente ratifica o

direito constitucional, previsto no art. 5°, XIV: “é assegurado a todos o acesso á

informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício

profissional”.36

O Cadastro Técnico Federal de Atividade Potencialmente Poluidoras

e/ou Utilizadoras dos Recursos Ambientais é obrigatório e não exclui a

necessidade da pessoa física ou jurídica em obter as licenças ambientais para

praticar as suas atividades. Na verdade, é um meio de auxiliar o poder público

33

BRASIL. Lei n. 6.938/81. Portaria nº 310 Dez/2004 cria o Comitê Gestor do SINIMA. Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente. Op. cit., p. 01.

34 BRASIL. Lei n. 6.938/81. Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumento de Defesa Ambiental. Op. cit., p. 01.

35 BRASIL. PNMA. Op. cit., p. 01.

36 BRASIL. CF/88. Op. cit., p. 01.

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24

em fiscalizar, pois trata-se da formalização de dados e informações que

definem os padrões de emissões e de qualidade.37

Os instrumentos econômicos são a possibilidade de instituir valores

pecuniários para o uso dos recursos ambientais, sendo divididos em três

grupos: a concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental.

A concessão florestal é a prática do manejo florestal sustentável de

forma a explorar os recursos dentro da área de manejo, seguindo os requisitos

impostos pelo poder público, ex.: precedido de uma licitação, atendendo as

exigências e capacidade de uso dentro do prazo estipulado. Já a servidão

administrativa é o direito de uso e gozo de propriedade alheia por órgão público

ou outra entidade que lhe conceda o direito de exercer um direito público ou de

utilizar um bem que possui uma finalidade de utilidade pública. E o seguro

ambiental, é instrumento que garante a aplicabilidade da reparação integral do

dano ambiental, garantindo a cobertura pecuniária para restaurar os impactos

ambientais negativos causados.38

Percebe-se, assim, que as diretrizes da PNMA, juntamente com o

artigo 225 da Constituição Federal, se destacam dentro do ordenamento

jurídico nacional, quando se trata do direito ambiental no país.

37

BRASIL. Lei n. 6.938/81. Cadastro Técnico Federal de Atividade Potencialmente Poluidoras e/ou Utilizadoras dos Recursos Ambientais. Op. cit., p.01.

38 RIBEIRO, Roseli. Lei de Proteção Ambiental completa 30 anos. Publicado em 28 ago 2011. Disponível em: http://www.machadomeyer.com.br/imprensa/lei-de-protecao-ambiental-completa-30-anos. Acesso: 22 fev 2016.

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25

CAPÍTULO II

MEIO AMBIENTE – DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL

2.1 Licenciamento Ambiental

O licenciamento ambiental é classificado como instrumento da Lei de

PNMA, por força do art. 9°, IV, que segundo Milaré, por meio da Administração

Pública,

“busca exercer o necessário controle sobre as atividades que interferem nas condições ambientais, de forma a compatibilizar o desenvolvimento econômico com a preservação do equilíbrio ecológico. Isto é, como prática do poder de policia administrativa, não deve ser considerado como obstáculo teimoso ao desenvolvimento, como infelizmente, muitos assim, o enxergam.”

39

Para o CONAMA, o licenciamento ambiental

“é procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.”

40

Portanto, trata-se de um instrumento para o controle ambiental,

administrado pelo Poder Público, de acordo com a sua competência (federal,

estadual e municipal), para autorizar a prática das atividades que apresentam

riscos e impactos ambientais negativos, classificados pelo CONAMA, e ainda

exercer a gestão ambiental, como forma de controlar ação humana com o

equilíbrio ecológico.

Por sua vez, a licença ambiental é definida pela Resolução do

CONAMA em seu art. 1°, II, da Resolução n. 237/97, conceitua como:

“é o ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente estabelece condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física e jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva

39

MILARÉ, E. Op. cit., p. 511. 40

BRASIL. CONAMA, Resolução n. 237/97, Art. 1º, I.. Op. cit., p. 01.b

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26

ou potencialmente poluidoras ou aquelas que sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.”

41

Para Meirelles, a licença ambiental é

“toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública, que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si próprio.”

42

Ou seja, a Administração Pública concede à pessoa física ou jurídica o

direito de exercer as suas atividades potencialmente maléficas ao meio

ambiente, observando as obrigações e deveres para reduzir os impactos

ambientais, bem como os limites estabelecidos para a utilização dos recursos

naturais com fiscalização exercida pelo poder público.

Por fim, o art. 10 da Lei de PNMA, determina a obrigatoriedade legal

do licenciamento ambiental para a construção, instalação, ampliação e

funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos

ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer

forma, de causar degradação ambiental.43

2.2 Dos tipos de licenças ambientais e seus prazos

2.1.2 Licença Ambiental Prévia

A Licença Prévia (LP) foi definida pela Resolução do CONAMA, em seu

artigo 8°, I:

“I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação.”

44

41

BRASIL. CONAMA. Op. cit., p.01. 42

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 32ed. São Paulo: Malheiros, 2006. p. 127.

43 BRASIL. PNMA. Op. cit., p. 01.

44 BRASIL CONAMA. Art. 8º, I. Op. cit., p 01.

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27

A LP é considerada a primeira etapa do licenciamento ambiental,

fase preliminar em que o empreendedor solicita ao órgão competente munido

de documentos que comprovem o planejamento do empreendimento ou

atividade, indica a sua localização e a viabilidade ambiental com requisitos e

condicionantes a serem suportados nas etapas de sua implantação.

No que diz respeito ao prazo de validade, a pessoa física ou jurídica

que solicita a licença, deverá apresentar o cronograma de elaboração dos

planos, programas e projetos relativos ao empreendimento ou atividade

estabelecendo o prazo mínimo e não superior a 05 (cinco) anos, conforme

dispõe o art. 18, I da referida Resolução do CONAMA.45

2.1.2 Licença ambiental de instalação

A licença de instalação (LP) foi definida pela Resolução do CONAMA,

em seu artigo 8°, II:

“II - A Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante.”

46

Este é o momento em que o empreendedor possui a autorização para

iniciar a instalação do empreendimento ou atividade em consonância com os

programas e projetos aprovados previamente pelo órgão competente, na fase

da licença ambiental prévia.

O prazo de validade para a LI é o mínimo estabelecido pelo

cronograma de instalação do empreendimento ou atividade, até no máximo 06

(sei) anos, conforme art. 18, II da Resolução do CONAMA.47

Ademais, importante ressaltar que o § 1º do mesmo artigo citado

acima, possibilita a prorrogação do prazo de validade, tanto para a LP quanto

para a LI, desde que não ultrapasse o limite máximo estabelecido em cada

etapa.

45

BRASIL. CONAMA. Op. cit., p.01. 46

Idem, p. 01. 47

Ibidem, p. 01.

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28

2.1.3 Licença ambiental operação

A Licença ambiental de Operação (LO) foi definida pela Resolução do

CONAMA, em seu artigo 8°, III:

“III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação.”

48

Nesta fase, o empreendedor está autorizado em operar a atividade ou

empreendimento, haja vista o cumprimento de todas as condições

estabelecidas nos projetos, programas ambientais e demais documentos,

apresentados e validados pelo poder público nas etapas anteriores.

No que tange ao prazo de validade, o §2° do art. 18 estabelece prazos

de validade específicos para a Licença de Operação (LO) de empreendimentos

ou atividades que, por sua natureza e peculiaridades, estejam sujeitos a

encerramento ou modificação em prazos inferiores.49

Todavia, nesta etapa, o empreendedor poderá requerer a renovação

da LO, conforme prevê o § 3º e 4° do art. 18 da mencionada Resolução.

“§ 3º - Na renovação da Licença de Operação (LO) de uma atividade ou empreendimento, o órgão ambiental competente poderá, mediante decisão motivada, aumentar ou diminuir o seu prazo de validade, após avaliação do desempenho ambiental da atividade ou empreendimento no período de vigência anterior, respeitados os limites estabelecidos no inciso III. § 4º - A renovação da Licença de Operação (LO) de uma atividade ou empreendimento deverá ser requerida com antecedência mínima de 120 (cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na respectiva licença, ficando este automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental competente.”

50

Conclui-se que o empreendedor possui o prazo de 120 (cento e vinte)

dias anteriores ao termino da LO para requerer a sua renovação, que ficará a

cargo da discricionariedade do poder público avaliar o desempenho ambiental

da atividade ou empreendimento.

48

BRASIL. CONAMA. Op. cit., p. 01. 49

Idem, p. 01. 50

Ibidem, p. 01.

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29

2.2 Competência do poder público para emissão de licença ambiental

É de competência comum entre a União, os estados, Distrito Federal e

municípios, proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de

suas formas e preservar as florestas, a fauna e a flora, conforme preleciona o

art. 23, VI e VII da Constituição Federal de 1988.

Na mesma linha de pensamento, a lei de PNMA, em seu artigo 6°,

constituiu o Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA - responsável

pela proteção e qualidade ambiental e instituiu os órgãos e entidades da União,

dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como

as fundações instituídas pelo Poder Público para exercer tal atribuição.

Ainda, a Lei Complementar n° 140/201151, tem o objetivo de

estabelecer as normas referentes à competência comum entre a União, os

Estados, o Distrito Federal e os Municípios na esfera administrativa que visa a

conservação e preservação do meio ambiente. No entanto, teve como grande

objetivo, disciplinar as regras para definir competência para o Licenciamento

Ambiental de empreendimentos e atividades potencialmente poluidora ou

degradadora do meio ambiente, de acordo com a localidade do

empreendimento e atividade efetiva ou potencialmente poluidora.

Com a obrigatoriedade legal imposta pela Lei de PNMA, em seu art.

10°, a construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos

e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente

poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental,

dependerão de prévio licenciamento ambiental, a Resolução do CONAMA n.

237/9752, atualizou com as novas regras, estabelecendo as diretrizes a serem

seguidas na definição do órgão competente licenciador.

51

BRASIL. Lei Complementar nº 140, de 8 de dezembro de 2011. Fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora; e altera a Lei n

o

6.938, de 31 de agosto de 1981. Brasília: Presidência da República, 2011. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp140.htm. Acesso: 10 mar 2016.

52 BRASIL CONAMA. Resolução n. 237/97. Op. cit., p. 01.

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30

Dessa maneira, compete ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente –

IBAMA, por força de seu art. 4°, outorgar o licenciamento ambiental, nos

seguintes casos:

“I - localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; no mar territorial; na plataforma continental; na zona econômica exclusiva; em terras indígenas ou em unidades de conservação do domínio da União. II - localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados; III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do País ou de um ou mais Estados; (...).”

53

Por sua vez, compete ao órgão ambiental estadual ou do Distrito

Federal, por força do art. 5°, licenciar os empreendimentos e atividades:

“I - localizados ou desenvolvidos em mais de um Município ou em unidades de conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal; II - localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de vegetação natural de preservação permanente relacionadas no artigo 2º da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965,

54 e em todas as que

assim forem consideradas por normas federais, estaduais ou municipais; III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais de um ou mais Municípios; IV – delegados pela União aos Estados ou ao Distrito Federal, por instrumento legal ou convênio. Parágrafo único. O órgão ambiental estadual ou do Distrito Federal fará o licenciamento de que trata este artigo após considerar o exame técnico procedido pelos órgãos ambientais dos Municípios em que se localizar a atividade ou empreendimento, bem como, quando couber, o parecer dos demais órgãos competentes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, envolvidos no procedimento de licenciamento.”

55

No que concerne no âmbito municipal, é de sua competência licenciar

os empreendimentos e atividades de impacto ambiental local, quando for

delegado pelo Estado por meio de instrumento legal ou convênio, conforme o

art. 6°.

53

BRASIL. IBAMA. Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis. Art. 4º. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html. Acesso: 10 mar 2016.

54 BRASIL. Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965. Institui o novo Código Florestal. Revogada pela Lei nº 12.651, de 2012.. Brasília: Presidência da República, 1965. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4771.htm. Acesso: 09 mar 2016.

55 BRASIL. CONAMA. Resolução n. 237/97. Op. cit., p. 01.

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31

2.3 Do procedimento administrativo para requerer o licenciamento

ambiental

Por se tratar de um procedimento administrativo, o empreendedor

deverá respeitar e atender o itinerário administrativo previsto no art. 10 da

Resolução n. 237/97 do CONAMA.

“Art. 10 - O procedimento de licenciamento ambiental obedecerá às seguintes etapas: I - Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessários ao início do processo de licenciamento correspondente à licença a ser requerida; II - Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a devida publicidade; III - Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA , dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a realização de vistorias técnicas, quando necessárias; IV - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, uma única vez, em decorrência da análise dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados, quando couber, podendo haver a reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios; V - Audiência pública, quando couber, de acordo com a regulamentação pertinente; VI - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, decorrentes de audiências públicas, quando couber, podendo haver reiteração da solicitação quando os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios; VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico; VIII - Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida publicidade. § 1º - No procedimento de licenciamento ambiental deverá constar, obrigatoriamente, a certidão da Prefeitura Municipal, declarando que o local e o tipo de empreendimento ou atividade estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e ocupação do solo e, quando for o caso, a autorização para supressão de vegetação e a outorga para o uso da água, emitidas pelos órgãos competentes. § 2º - No caso de empreendimentos e atividades sujeitos ao estudo de impacto ambiental - EIA, se verificada a necessidade de nova complementação em decorrência de esclarecimentos já prestados, conforme incisos IV e VI, o órgão ambiental competente, mediante decisão motivada e com a participação do empreendedor, poderá formular novo pedido de complementação.”

56

56

BRASIL. CONAMA. Resolução n. 237/97. Op. cit., p. 01.

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32

Desta feita, o empreendedor deverá identificar o órgão competente

para pleitear as licenças ambientais fornecendo os documentos inerentes às

informações sobre o empreendimento ou atividade.

Entre os documentos, projetos e estudos ambientais, deverá constar

obrigatoriamente, por força do art. 3° da Resolução n. 237/97 do CONAMA,

estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto sobre o meio

ambiente (EIA/RIMA) e a sua devida publicidade, inclusive a realização de

audiências públicas quando necessário.

Os relatórios EIA/RIMA foram instituídos pela Resolução n. 01/86 do

CONAMA57. O estudo de impacto ambiental (EIA) é o documento técnico que

tem por objetivo assegurar a avaliação dos impactos ambientais e indicar as

suas atividades mitigadoras. Já o Relatório de Impacto Ambiental é o

documento de forma mais precisa e clara para atender a qualquer interessado

disposto a auxiliar e entender o empreendimento ou atividade. Todavia, quando

a atividade não for considerada como potencialmente poluidora, poderá ser

requerida a dispensa do EIA/RIMA, que será julgado pelo órgão competente,

na fase da licença prévia.

O instituto da audiência pública é para que a sociedade participe

efetivamente, a fim de subsidiar na análise do EIA/RIMA e demais atos

administrativos, haja vista os impactos futuramente gerados pelo

empreendimento ou atividade.

Durante a audiência pública será apresentado a população local as

características dos projetos, programas ambientais, e outros, do

empreendimento ou atividade, bem como o EIA/RIMA para o debate. Apesar

de não ser obrigatória, a mesma não será dispensada quando o órgão

competente julgar necessário, a pedido da população ou do Ministério Público.

O órgão ambiental competente poderá solicitar esclarecimentos e

complementações, quando julgar necessário, ao empreendedor, no momento

da análise dos procedimentos da licença ambiental.

Por fim, a emissão da licença ambiental será devidamente respaldada

por parecer técnico conclusivo, e se necessário, por parecer jurídico.

57

BRASIL. CONAMA. Resolução n. 01/86. Op. cit., p. 01.

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33

2.4 Das sanções administrativas

O licenciamento ambiental

“foi concebido e deve ser entendido como se fosse um compromisso estabelecido entre o empreendedor e o Poder Público. De um lado, o empresário se compromete a implantar e operar a atividade segundo as condicionantes constantes dos alvarás de licença recebidos, obedecidas suas condicionantes, em circunstancias normais, nada mais lhe será exigido a título de proteção ambiental.”

58

E para amparar os órgãos ambientais competentes, quando exercer o

dever de fiscalização, realização dos atos consoantes aos documentos,

projetos, programas ambientais, EIA/RIMA, e outros, durante a fase de

execução das licenças ambientais e entender pela ausência de suas

condicionantes para a válida licença ambiental, a Resolução n. 237/97 do

CONAMA, possibilita as seguintes opções:

“Art. 19 – O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá modificar os condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, quando ocorrer: I - Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais. II - Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença. III - superveniência de graves riscos ambientais e de saúde.”

59

Como solução para atingir os efeitos das licenças ambientais, como

sanção administrativa, pelo não cumprimento com o seu preceito de cunho

social, econômico ou ambiental, assegurada no procedimento de licenciamento

ambiental, o órgão julgador poderá, mediante decisão motivada, modificar,

suspender ou cancelar uma licença expedida.

Modificar significa alterar as condicionantes e as medidas de controle

e adequação, com a intenção de diminuir os impactos ambientais negativos.

“Nessa linha, modificação tem o sentido de ação de dar nova configuração ou nova ordem ao que existia anteriormente. Não implica, a bem ver, a nulidade do ato, mas um acertamento dos condicionantes e das medidas de um determinado controle e

58

MILARÉ, E. Op. cit., p. 539. 59

BRASIL. CONAMA. Resolução n. 237/97. Op. cit., p. 01.

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34

adequação, em um modo a conjurar ou minimizar os danos ambientais.”

60

Já a suspensão ocorre à paralisação da atividade ou do

empreendimento até que estejam devidamente regularizadas as

condicionantes ambientais quando foi emitido a licença ambiental. Ou seja,

“ato de suspensível é aquele em que a Administração pode fazer cessar os seus efeitos, em determinadas circunstancias ou por tempo, embora mantendo o ato, para oportuna restauração de sua operatividade. Difere a suspensão da revogação, por que esta retira o ato do mundo jurídico, ao passo que aquela susta, apenas, a sua exiquibilidade.”

61

Antes de entrar no mérito do cancelamento da licença ambiental, insta

consignar que modificação e suspensão poderão ser enquadradas nos incisos I

e II do art. 19 da Resolução n° 237/97 do CONAMA, como medidas de controle

e adequação.62

Por fim, o cancelamento é o ato administrativo em que o órgão anula a

licença ambiental, tornando ilegais, as ações praticadas posteriormente pelo

empreendedor, em razão dos grandes riscos ambientais. A licença poderá ser

anulada, cassada ou revogada.63

A anulação ocorre quando é detectado ilegalidade, vício durante o

procedimento administrativo, sendo declarada pela Administração Pública ou

pelo Poder Judiciário. Enquanto a revogação se dá pelo interesse público

quando identificado que o empreendimento ou atividade resultará em maiores

danos ambientais, deixando de existir o equilíbrio ecológico.64

Por fim, a cassação é o cancelamento da licença ambiental em

decorrência do não cumprimento das condicionantes previstas para a atividade

ou empreendimento.65

60

MILARÉ, E. Op. cit., p. 540. 61

Idem, p. 542. 62

BRASIL. CONAMA. Resolução n. 237/97. Op. cit., p. 01. 63

MILARÉ, E. Op. cit., p. 543. 64

Idem, p. 543. 65

Ibidem, p. 543-544.

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35

CAPÍTULO III

DAS USINAS HIDRELÉTRICAS – GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

3.1 Recursos hídricos

Os recursos hídricos estão protegidos por força da Lei de n° 9.433/97,

e foram identificados os objetivos da Politica Nacional de Recursos Hídricos,

em seu artigo 2°, I, II e III:

“I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável e III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais”.

66

Como bem assevera Sirvinskas, em seu comentário:

“Tais objetivos têm por escopo a manutenção do desenvolvimento sustentável inserido no art. 155, caput, da CF, bem como a utilização racional desses recursos para as presentes e futuras gerações. Busca-se, além disso, dar uma qualidade de vida igual ou melhor para as futuras gerações, evitando que esses recursos venham a faltar no futuro. Busca-se ainda evitar as enchentes em áreas críticas.”

67

Em consonância com o artigo 225 da Constituição Federal68, em busca

do equilíbrio ecológico na utilização dos recursos hídricos para

desenvolvimento socioeconômico da região.

Entre as possibilidades do aproveitamento dos recursos hídricos,

destaca-se a geração de energia proveniente das Usinas Hidrelétricas. A

energia hidráulica é considerada fonte renovável - a sua fonte geradora não se

66

BRASIL. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Brasília: Presidência da República, 1997. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9433.htm. Acesso: 22 fev 2016.

67 SIRVINSKAS, Luiz Paulo. Op. cit., p. 405.

68 BRASIL. CF/88. Op. cit., p. 01.

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36

esgota em razão do reabastecimento natural – e limpa, pois é considerada uma

forma eficiente da geração de energia, afinal não polui o meio ambiente.

Assim, a Politica Nacional dos Recursos Hídricos resguardou o direito

de uso da água por meio de outorga, para o aproveitamento do potencial

hidráulico. “Art. 12. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos

seguintes usos de recursos hídricos: IV - aproveitamento dos potenciais

hidrelétricos; (...).”69

A outorga de direito dos recursos hídricos “é o instrumento pelo qual o

órgão governável confere a terceiros uma determinada disponibilidade hídrica,

para fins determinados, por certo intervalo de tempo.”70 É considerado um ato

administrativo que “visa assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos

da agua e o efetivo exercício dos direitos de acesso à agua”.71

A competência para expedir a outorga esta prevista no art. 14 da Lei de

Politica Nacional de Recursos hídricos:

“Art. 14. A outorga efetivar-se-á por ato da autoridade competente do Poder Executivo Federal, dos Estados ou do Distrito Federal. § 1º O Poder Executivo Federal poderá delegar aos Estados e ao Distrito Federal competência para conceder outorga de direito de uso de recurso hídrico de domínio da União. § 2º (VETADO).”

72

No entanto, a outorga está condicionada a: 1) às prioridades de uso

estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos; 2) deverá respeitar a classe

em que o corpo de água estiver enquadrado, 3) manutenção de condições

adequadas ao transporte aquaviário, quando for o caso e 4) preservar o uso

múltiplo destes (art. 13, § único).73

Ademais, a outorga do direito de uso das águas está de mãos dadas

com o licenciamento ambiental, haja vista a obrigatoriedade de obter os dois

atos administrativos para determinados empreendimentos ou atividades que

possuem impactos ambientais. Exemplo específico para o caso é nos

empreendimentos hidráulicos acima de 10 MW.

69

BRASIL. Lei n. 9.433/97. Op. cit., p. 01. 70

MILARÉ, É. Op. cit., p. 606 71

Idem, p. 606. 72

BRASIL. Lei n. 9.433/97. Op. cit., p. 01. 73

Idem, p. 01.

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37

A Resolução n. 237/97 do CONAMA atrelou a obrigatoriedade da

apresentar a outorga do direito de uso da água, no seu art. 10 § 1º:

“No procedimento de licenciamento ambiental deverá constar, obrigatoriamente, a certidão da Prefeitura Municipal, declarando que o local e o tipo de empreendimento ou atividade estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e ocupação do solo e, quando for o caso, a autorização para supressão de vegetação e a outorga para o uso da água, emitidas pelos órgãos competentes.”

74

Vale ressaltar que, nesse momento, é de caráter preventivo, pois

possui a intenção de demonstrar a quantidade necessária para o uso hídrico só

será concedida com as licenças ambientais.

A suspensão e extinção da outorga são prevista no art. 15, I, II, III, IV,

V e VI da Lei de Politica Nacional dos Recursos Hídricos para os seguintes

casos: 1) não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga; 2) ausência

de uso por três anos consecutivos; 3) necessidade premente de água para

atender a situações de calamidade, inclusive as decorrentes de condições

climáticas adversas; 4) necessidade de se prevenir ou reverter grave

degradação ambiental; 5) necessidade de se atender a usos prioritários, de

interesse coletivo, para os quais não se disponha de fontes alternativas e

6)necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade do

corpo de água.75

3.2 Das usinas hidrelétricas

O decreto n° 8.437/2015 em seu art. 2° define usina hidrelétrica como:

“instalações e equipamentos destinados à transformação do potencial

hidráulico em energia elétrica.”76

74

BRASIL. CONAMA. Resolução n. 237/97. Op. cit., p. 01. 75

BRASIL. Lei n. 9.433/97. Op. cit., p. 01. 76

BRASIL. Decreto nº 8.437, de 22 de abril de 2015. Regulamenta o disposto no art. 7º, caput, inciso XIV, alínea “h”, e parágrafo único, da Lei Complementar nº 140, de 8 de dezembro de 2011, para estabelecer as tipologias de empreendimentos e atividades cujo licenciamento ambiental será de competência da União. Brasília: Presidência da República, 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Decreto/D8437.htm. Acesso: 09 mar 2016.

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38

Usina hidrelétrica é a obra e instalações projetadas para operar e gerar

energia elétrica, aproveitando o potencial hidráulico existente no rio.

“O potencial hidráulico é proporcionado pela vazão hidráulica e pela concentração dos desníveis existentes ao longo do curso de um rio. Isto pode se dar: 1)de forma natural, quando o desnível está concentrado numa cachoeira; 2) através de uma barragem, quando pequenos desníveis são concentrados na altura da barragem e 3)através de desvio do rio de seu leito natural, concentrando-se os pequenos desníveis nesse desvio. Basicamente, uma usina hidrelétrica compõe-se das seguintes partes: 1)barragem; 2)sistemas de captação e adução de água; 3) casa de força e 4)sistema de restituição de água ao leito natural do rio.

77

Para definir se a usina é de grande, médio porte ou uma Pequena

Central Hidrelétrica (PCH), a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL –

determina a classificação em razão da potência instalada, sendo:

Centrais Geradoras Hidrelétricas (até 1 MW de potência instalada);

Pequenas Centrais Hidrelétricas (entre 1,1 MW e 30 MW de potência

instalada) e

Usina Hidrelétrica de Energia (UHE, com mais de 30 MW).78

Assim, para produzir a energia hidrelétrica é necessário integrar a

vazão do rio, “a quantidade de água disponível em determinado período de

tempo e os desníveis do relevo, sejam eles naturais, como as quedas d’água,

ou criados artificialmente.”79

Além do que, existem duas classificações para as usinas hidrelétricas:

com reservatório de regularização e de fio d’água. A primeira ocorre quando o

fluxo para a geração de energia é decorrente do acúmulo de água no

reservatório no período de cheia. A produção é considerada constante, uma

vez que na época de seca, a utilização da água é a mesma acumulada e

disponível no reservatório. Já as usinas de fio d’água, não possuem a mesma

77

BRASIL. ELETROBRÁS. Centrais Elétricas Brasileiras S.A. Eletrobrás Sistema Furnas de Transmissão e Geração. Sistema de Transmissão. Publicado em 22 nov 2010. Disponível em: http://www.furnas.com.br/hotsites/sistemafurnas/usina_hidr_funciona.asp. Acesso: 09 mar 2016.

78 Idem, p. 01.

79 BRASIL. ANEEL. Agência Nacional de energia Elétrica. Energia Hidráulica. O caminho da água na produção de eletricidade. Publicado em 22 abr 2009. http://www2.aneel.gov.br/arquivos/pdf/atlas_par2_cap3.pdf. Acesso: 09 mar 2016.

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39

característica, pois o reservatório não é grande e não permite a regularização

do rio, consistindo na variação da vazão do rio para a produção de energia.

Portanto, no período de cheias, a produção de energia é significativa, o que é

bruscamente reduzido na época de seca.

O Brasil é extremamente rico em recursos naturais que se transformam

em fontes de produção de energia, o que é estratégico para qualquer país.

Entre outros fatores, porque reduz a dependência do suprimento externo e, em

conseqüência, aumenta a segurança quanto ao abastecimento de um serviço

vital ao desenvolvimento econômico e social. Assim,

“No caso dos potenciais hídricos, a esses argumentos favoráveis, somam-se outros dois: o baixo custo do suprimento na comparação com outras fontes (carvão, petróleo, urânio e gás natural, por exemplo) e o fato de a operação das usinas hidrelétricas não provocar a emissão de gases causadores do efeito estufa. A energia hidrelétrica é classificada como limpa no mercado internacional.

80

A construção de uma usina hidrelétrica causa grandes impactos

ambientais na sociedade, tanto nos aspectos positivos quanto nos negativos.

Por isso, há a necessidade de estudar as etapas do procedimento de

licenciamento ambiental para verificar se os benefícios contemplam as

necessidades atuais das regiões afetadas pelo empreendimento, bem como a

extensão dos danos e se as atividades mitigadoras irão suportar ao longo do

período de instalação e operação.

Entre os benefícios, pode-se citar o crescimento socioeconômico da

região. O empreendimento traz consigo uma imensa necessidade de mão-de-

obra, qualificação profissional dos habitantes locais, geração de emprego, além

dos programas e planos ambientais, no qual o empreendedor é obrigado a

realizar nas etapas da Licença de Instalação.

Evidente que fica a cargo do empreendedor delimitar quais serão os

programas socioambientais, todavia, o ganho para a cidade poderá ser

considerado de grande porte. A educação ambiental, recuperação de áreas

degradadas, conservação da fauna e da flora, não há resíduos poluentes,

80

BRASIL. ANEEL. Op. cit., p.01.

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40

gerenciamento de resíduos sólidos, atividades mitigadoras, são alguns

exemplos dos programas e planos ambientais que são utilizados.81

Todavia, observar os impactos negativos é de extrema importância, a

fim de que o dano ambiental não seja considerado maior que os ganhos do

empreendimento. Tem como exemplo: impactos sobre a biodiversidade,

degradação da qualidade hídrica, emigrantes na região, e outros.

Elementar que as usinas hidrelétricas geradoras de energia elétrica,

são consideradas como fonte renovável, no entanto, não quer dizer que os

impactos ambientais que causam danos, por muitas vezes irreversíveis, são

mínimos. Desta feita, é de suma importância o poder público, por meio de

normas específicas, legislar sobre toda e qualquer matéria ambiental, para que

exista o desenvolvimento da região em harmonia com o equilíbrio ecológico.82

3.3 Licenciamento ambiental nas usinas hidrelétricas

Como é de conhecimento, o licenciamento ambiental é o instrumento

administrativo que possui uma grande importância e eficiência no que diz

respeito à proteção ambiental e prevenção dos danos, haja vista a participação

e fiscalização do poder público em todas as etapas.

Assim, para a construção de uma usina hidrelétrica existe a

necessidade de realizar a análise dos projetos ambientais do empreendimento

hidrelétrico com muito cuidado e observar os possíveis impactos e danos, bem

como as compensações ambientais a serem realizadas.

“O Brasil possui um grande potencial para exploração da energia elétrica; contudo, sua maior capacidade encontra-se na Amazônia. Não basta somente produzir energia; é necessário transmiti-la e distribui-la ao mercado consumidor. A instalação de uma hidráulica causa – como sabemos – forte impacto ambiental, razão pela qual se exige o EIPA/RIMA, antes do licenciamento, com as medidas mitigadoras e compensatórias. O recurso hídrico, como se vê, é fonte geradora de energia e assim deve ser considerado. Cuida-se de um dos fundamentos dos recursos hídricos – os seus múltiplos.

83

81

MILARÉ, E. Op. cit., p. 601. 82

Idem, p. 01. 83

SIRVINSKAS, Luiz Paulo. Op. cit, p. 390.

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41

A grande tarefa é a analise do estudo de impacto ambiental – EIA e

relatório de impacto ambiental – RIMA pelo órgão estatal competente e do

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente – IBAMA, de natureza supletiva para:

“Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos d'água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques”.

84

Tais impactos causados, algumas vezes, não são passiveis de serem

mitigados, e para compensar a degradação ambiental, o empreendedor poderá

recuperar outra área degradada da mesma bacia hidrográfica, destinar recurso

para manutenção ou criação de criação de unidade de conservação, e outros.

Desta maneira, o licenciamento ambiental resulta em impactos positivos para a

sociedade, visando aumentar a diversidade cultural e biológica do País, além

de contribuir com o desenvolvimento de forma sustentável para a região.

3.5 Resolução n° 279/2001 do CONAMA

Devido a crise no setor energético e a dificuldade em definir os

impactos ambientais de pequeno porte, foi necessário legislar sobre o

procedimento unificado para o licenciamento ambiental para empreendimentos

de energia com pequeno potencial de impactos ambientais.

Por se tratar de um procedimento específico, existem regras especiais

para a concessão das licenças ambientais. O órgão ambiental competente é o

responsável para determinar se o empreendimento se enquadra nos termos

para o procedimento de licenciamento ambiental simplificado, mediante

decisão fundamentada, com base nos documentos e relatórios técnicos

apresentados pelo empreendedor ao requerer a Licença Prévia.

Sendo assim, o primeiro passo a ser realizado é o requerimento da

Licença Prévia instruída com o Relatório Ambiental Simplificado85, bem como o

84

BRASIL CONAMA. Art. 2, VII da Resolução n 01/86. Op. cit., p. 01. 85

BRASIL. Resoluções CONAMA. Op. cit., p. 01.

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registro na Agência Nacional de Energia Elétrica, e quando necessário, os

pareceres técnicos dos órgãos envolvidos.

“Art. 2, I - Relatório Ambiental Simplificado RAS: os estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentados como subsídio para a concessão da licença prévia requerida, 182 Medida Provisória reeditada na Medida Provisória nº 2.198, de 28 de julho de 2001. LICENCIAMENTO AMBIENTAL – Por atividade RESOLUÇÃO CONAMA nº 279 de 2001 RESOLUÇÕES DO CONAMA 699 que conterá, dentre outras, as informações relativas ao diagnóstico ambiental da região de inserção do empreendimento, sua caracterização, a identificação dos impactos ambientais e das medidas de controle, de mitigação e de compensação.”

86

Contará ainda, com a declaração de enquadramento do

empreendimento pelo responsável técnico pelo RAS e pelo empreendedor; o

cronograma físico-financeiro. Vale mencionar que o art. 3º, § 2° condiciona o

empreendedor comprovar a outorga de direito dos recursos hídricos da reserva

de disponibilidade hídrica, quando for o caso, a expedição da Licença Prévia.

Para requerer a Licença de Instalação, é necessário comprovar a

realização das condicionantes presentes na fase da Licença Prévia, Relatório

de Detalhamento dos Programas Ambientais87 e, quando couber, da

Declaração de Utilidade Pública do empreendimento, pelo empreendedor.

“Art. 2, II, II - Relatório de Detalhamento dos Programas Ambientais: é o documento que apresenta, detalhadamente, todas as medidas mitigatórias e compensatórias e os programas ambientais propostos no RAS.”

88

No que diz respeito aos prazos a serem seguidos, o art. 6º da referida

resolução soluciona para a Licença de Prévia e de Instalação, destinando 60

(sessenta) dias a partir da protocolização da licença ambiental.

Ademais, o órgão ambiental poderá suspender o prazo, mediante

justificativa técnica, para requerer estudos complementares, podendo ser

prorrogado quando o empreendedor solicitar. Caso os estudos não sejam

86

BRASIL. Resoluções CONAMA. Op. cit., p. 01. 87

Idem, p. 01. 88

Ibidem, p. 01.

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43

apresentados, o procedimento de licenciamento ambiental simplificado é

cancelado e as licenças já expedidas perderão o seu valor jurídico.

Como nos procedimentos do licenciamento ambiental poderá ocorrer a

realização da Audiência Pública, aqui, poderá ser realizada Reunião Técnica

Informativa89, quando o órgão ambiental julgar necessário, solicitado pela

sociedade - no mínimo, cinquenta pessoas – ou pelo Ministério Público julgar

conveniente. Possui o objetivo de apresentar o empreendimento, com suas

características, deveres e obrigações ambientais, documentos inerentes à

obra, os impactos positivos e negativos para a sociedade conhecer e debater

sobre a questão. As manifestações serão consideradas para fundamentar a

decisão da emissão das licenças ambientais.

“Art. 2, III, III - Reunião Técnica Informativa: Reunião promovida pelo órgão ambiental competente, às expensas do empreendedor, para apresentação e discussão do Relatório Ambiental Simplificado, Relatório de Detalhamento dos Programas Ambientais e demais informações, garantidas a consulta e participação pública.”

90

Seguindo o próximo passo, a fim de requerer a Licença de Operação –

LO, o empreendedor deverá comprovar o cumprimento das condicionantes

previstas na etapa de Licença de Instalação, no prazo de 60 (sessenta) dias

após o seu requerimento, possibilitando a realização de testes pré-

operacionais, quando necessário e autorizado pelo órgão ambiental

competente.

Por fim, é assegurado ao órgão ambiental competente, modificar as

condicionantes e as medidas de controle e adequação do empreendimento,

suspender ou cancelar a licença expedida, mediante decisão fundamenta, nos

casos em que ocorrer:

“Art. 12. (caput) I - violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou infração a normas legais; ou II - superveniência de graves riscos ambientais ou à saúde. Parágrafo único. É nula de pleno direito a licença expedida com base em informações ou dados falsos, enganosos ou capazes de induzir a erro, não gerando a nulidade qualquer responsabilidade civil para o Poder Público em favor do empreendedor.”

91

89

BRASIL. Resoluções CONAMA. Op. cit., p. 01. 90

Idem, p. 01. 91

Ibidem, p. 01.

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44

Portanto, por se tratar de um comprometimento entre as partes, o

empreendedor está sujeito a sanções administrativas, caso não ocorra o

cumprimento integral das condicionantes previstas das licenças. Todavia, há de

se considerar as alterações supervenientes durante o decorrer do

licenciamento ambiental ou durante a operação do empreendimento

energético, que deverão ser previamente comunicadas ao órgão ambiental, por

força do art. 11, para que ocorram as alterações ou providências necessárias.

3.4 Licenciamento Ambiental Nas Usinas Hidrelétricas No Estado De Mato

Grosso

3.4.1 Do Sistema Estadual de Meio Ambiente

O órgão estadual ambiental está amparado pela legislação vigente e

normas internas, ou seja, é órgão integrado da Administração do Poder

Executivo do Estado de Mato Grosso, é órgão da administração direta, de

natureza programática e tem como objetivo principal a conservação ambiental

para a sustentabilidade denominado como: Secretaria Estadual do Meio

Ambiente - SEMA, conforme art. 1 do Regimento Interno.

A competência da SEMA está elencada no art. 2°, sendo:

“Art. 2º Constituem competências da Secretaria de Estado de Meio

Ambiente - SEMA: I - formular, propor e executar as políticas estaduais do meio ambiente; II - promover o controle, a preservação, a conservação e a recuperação ambiental; III - contribuir para o desenvolvimento sustentável em benefício da qualidade de vida do povo matogrossense; IV - formular, propor, gerir e executar as políticas estaduais que visam contribuir para a proteção do clima; V - contribuir para a formação de uma cultura social voltada para a conservação ambiental; VI - promover o fortalecimento da dimensão e a responsabilidade ambiental no âmbito das políticas públicas e da sociedade; VII - exercer o poder de polícia administrativa ambiental, no âmbito Estadual, através de: a) licenciamento ambiental das atividades utilizadoras dos recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidoras ou degradadoras do meio ambiente, nos termos da legislação; a) fiscalização e aplicação das penalidades por infração à legislação de proteção ambiental; b) controle e fiscalização das

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atividades de exploração dos recursos minerais, hídricos, florestais e faunísticos. VIII - estudar, formular e propor as normas necessárias ao zoneamento ambiental; IX - promover o levantamento, a organização e a manutenção do cadastro estadual de atividades que alteram o meio ambiente; X - promover o monitoramento dos recursos ambientais estaduais e das ações antrópicas sobre os mesmos; XI - desenvolver pesquisas e estudos técnicos que subsidiem o planejamento das atividades que envolvam a conservação e a preservação dos recursos ambientais e o estabelecimento de critérios de exploração e manejo dos mesmos; XII - adotar medidas visando ao controle, à conservação e à preservação dos recursos ambientais e, quando julgar necessário, à proteção de bens de valor científico e cultural; XIII - elaborar e propor a edição de normas que julgar necessárias à sua atuação no controle, conservação e preservação do meio ambiente; XIV - propor a criação, implantar, administrar e fiscalizar as Unidades de Conservação Estaduais; XV - elaborar e divulgar inventários e censos faunísticos e florísticos periódicos, considerando principalmente as espécies raras e endêmicas, vulneráveis ou em perigo de extinção, objetivando sua perpetuação; XVI - cooperar com os órgãos federais na fiscalização ambiental das terras indígenas; XVII - promover o fortalecimento institucional, através de parcerias em ações de natureza ambiental, celebrando convênios e/ou termos de cooperação técnica com órgãos da Administração Pública Direta e Indireta Federal, Estadual e Municipal, bem como pessoas jurídicas nacionais e internacionais.”

92

Em nível de estrutura organizacional, a SEMA é composta por: Nível de

Decisão Colegiada, Nível de Decisão Superior, Nível de Apoio Estratégico,

Nível de Administração Sistêmica, Nível de Execução Programática e Nível de

Administração Regionalizada e Desconcentrada.

Entre a divisão da estrutura, a decisão colegiada é composta pelos

Conselhos e Comitês existentes no estado de Mato Grosso, identificando as

suas funções e legislação específica. Insta salientar que está presente o

Conselho Estadual de Meio Ambiente – CONSEMA, órgão de deliberação

coletiva que tem como missão garantir as diretrizes da Política Estadual do

Meio Ambiente. Em nível de decisão superior, encontra-se os gabinetes do

Secretário de Estado e os seus respectivos adjuntos. Já as gerências,

coordenadorias de apoio sediados na Secretaria, encontra-se na Administração

92

MATO GROSSO. Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Lei Complementar nº 214, de 23 de junho de 2005. Cria a Secretaria de Estado do Meio Ambiente – SEMA, e dá outras providências. Disponível em: http://app1.sefaz.mt.gov.br/sistema/legislacao/LeiCompl Estadual.nsf/250a3b130089c1cc042572ed0051d0a1/635d6837e73434a90425702d0058fc80?OpenDocument. Acesso: 09 mar 2016.

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Sistêmica, já aqueles localizados no interior de Mato Grosso está em nível de

Administração Regionaliza e Desconcentrada.

Aliás, o CONSEMA é conselho responsável em: opinar sobre o

licenciamento ambiental das usinas termelétricas ou hidrelétricas com

capacidade acima de 30MW, para o que, obrigatoriamente, será exigida a

prévia elaboração de Estudo de Impacto Ambiental-EIA e apresentação do

respectivo Relatório de Impacto Ambiental-RIMA, dependendo a validade da

licença de aprovação pela Assembléia Legislativa.93

Como se percebe, o Estado está organizado, com as diretrizes, missões

e apoios na execução de suas tarefas de meio e finalísticas, estruturada com

órgão de deliberações para atuar em processos administrativos de sua

competência. Merece o destaque para ao gabinete Adjunto de Licenciamento

ambiental, que tem a missão de formular e promover as políticas de

licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras no estado de

Mato Grosso, e suas competências estão previstas no art. 11, I, II, III, IV, V, VI,

VII, VIII do regimento interno: 1) assistir ao Secretário no desempenho das

atividades administrativas e da representação política e social; 2) supervisionar

e monitorar a execução das atividades da Secretaria de Estado de Meio

Ambiente, de acordo com as determinações do Secretário de Estado de Meio

Ambiente; 3) formular e conduzir a implementação das diretrizes estratégicas

da Secretaria Adjunta; 4) promover a elaboração e implementação de políticas

públicas de gestão dos recursos naturais e de licenciamento ambiental; 5)

orientar e aprovar a elaboração dos planos de trabalho e orçamentos anuais

das unidades administrativas da Secretaria Adjunta; 6) propor e fomentar

processos de inovação gerencial ou tecnológica, bem como melhorias nas

rotinas e normas da Secretaria Adjunta; 7) propor, viabilizar e acompanhar a

implementação de projetos e parcerias institucionais; 8) promover o

monitoramento e avaliação das competências e atividades exercidas pelas

unidades administrativas vinculadas a Secretaria Adjunta.94

93

MATO GROSSO. Lei Complementar nº 38, de 21 de novembro de 1995. Dispõe sobre o Código Estadual do Meio Ambiente e dá outras providências. Art. 3, VII. Código Estadual do Meio Ambiente. Disponível em: http://app1.sefaz.mt.gov.br/sistema/legislacao/ LeiComplEstadual.nsf/9e97251be30935ed03256727003d2d92/589a53ac84391cc4042567c100689c20?OpenDocument. Acesso: 12 mar 2016.

94 Idem, p. 01.

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3.4.2 Fluxograma Administrativo

As etapas do licenciamento ambiental estão previstas na Resolução n°

237/97 do CONAMA, na qual constam com todas as etapas necessárias para a

aquisição das licenças ambientais perante o IBAMA, todavia as regras servem

de balizadoras para os órgãos ambientais estaduais.

As etapas dos procedimentos do licenciamento ambiental obedecerão

a seguinte ordem:

Processo: Procedimento do Licenciamento Ambiental

Termo de Referência

SAÍDA

Requerimento da licença prévia - apresentação documentos

necessários (EIA/RIMA ou RAS) e publicidade

Audiência Pública quando solicitado

Solicitação de esclarecimentos ou complementações pelo

órgão ambiental

Projeto Básico Ambiental (PAE, PGRS, PRAD, Programas de Monitoramento, educação

ambiental, etc)

ENTRADAS FLUXO DO PROCESSO

Deferimento ou indeferimento da licença.

Solicitação de emissão do Licenciamento Ambiental

FIM

INÍCIO

Emissão da Licença

Ambiental.

Emissão de parecer técnico conclusivo, e parecer jurídico,

caso necessário

:

Fonte: BRASIL, CONAMA, 1997.

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O estado de Mato Grosso respeitará em conjunto com as regras no

âmbito nacional, e seguirá o seguinte fluxograma:

Fonte: SEMA, 1995.

3.4.3 Dados Sobre o Setor Energético do Estado De Mato Grosso

A geração de energia elétrica, entre as energias renováveis, a

proveniente de fonte hidráulica pelo Estado de Mato Grosso representa 11%,

conforme o Balanço Energético do Estado de Mato Grosso – 2010.

Fonte energética Percentual - %

Energia Hidráulica 11%

Gás Natural 4%

Petróleo 38%

Cana-de-açúcar 36%

Biocombustível 3%

Resíduos de Madeira 7%

Outros 1%

Fonte: SEMA, 2015.

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Segundo dados fornecidos pela SEMA/MT em junho/2015, os

empreendimentos energéticos que estão licenciados ou em fase de

licenciamento ambiental são:

• Licença Prévia: 61 (sessenta e um) empreendimentos, sendo 54 (cinquenta e

quatro) na Coordenadoria de Empreendimentos Energéticos e 7 (sete) na

Coordenadoria de Licenciamento dom Estudo de Impactos Ambientais

• Licença de Instalação: 54 (cinquenta e quatro) empreendimentos, sendo 46

(quarenta e seis na Coordenadoria de Empreendimentos Energéticos e 8

(oito) na Coordenadoria de Licenciamento dom Estudo de Impactos

Ambientais

• Licença de Operação: 144 (cento e quarenta e quatro) empreendimentos na

Coordenadoria de Empreendimentos Energéticos.95

Por fim, insta salientar que as medidas adotadas pela legislação

vigente, seja de âmbito nacional quanto estadual ou municipal, a modernização

das regras do licenciamento ambiental, os procedimentos internos nos órgãos

estaduais, resultam na segurança jurídica, a celeridade, transparência e

eficiência dos processos administrativos, garantindo assim, o desenvolvimento

sustentável e a proteção do meio ambiente por meio de construção de usinas

hidrelétricas no estado de Mato Grosso.

95

MATO GROSSO. SEMA. Empreendimentos Energéticos em andamento de Licenciamento no Estado de Mato Grosso, 2015. Disponível em: http://sema.mt.gov.br Acesso: 22 fev 2016.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A legislação ambiental brasileira estabelece normas para

implementação de empreendimentos que de alguma forma possam alterar o

meio ambiente, como é o caso das usinas hidrelétricas, porém a lei nem

sempre é cumprida de forma efetiva.

O licenciamento ambiental abrange todos os princípios norteadores do

Direito Ambiental, constitui eficiente mecanismo de defesa do meio ambiente e

devem ser observados em todas as etapas do empreendimento.

Para a implantação de uma usina hidrelétrica, a Constituição Federal

exige a realização do EIA/RIMA, que é instrumento de avaliação dos impactos

ambientais decorrentes da implantação de atividades modificadoras do meio

ambiente e seu respectivo Relatório, frente à prática de atividades

potencialmente degradadoras do meio ambiente. O Conselho Nacional do Meio

Ambiente em sua Resolução nº 237 também impõe a realização do estudo

ambiental quando verificadas possíveis degradações ao meio ambiente pela

construção do empreendimento.

As usinas hidrelétricas deverão obedecer critérios de sustentabilidade,

que ostentam uma análise sob os aspectos sociais, culturais, ecológicos,

ambientais, territoriais, econômicos e políticos para que no final, o

aproveitamento hidrelétrico seja considerado sustentável.

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___________. Lei Complementar nº 140, de 8 de dezembro de 2011. Fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora; e altera a Lei no

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___________. Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006. Dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável; institui, na estrutura do Ministério do Meio Ambiente, o Serviço Florestal Brasileiro - SFB; cria o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal - FNDF; altera as Leis nos 10.683, de 28 de maio de 2003, 5.868, de 12 de dezembro de 1972, 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, 4.771, de 15 de setembro de 1965, 6.938, de 31 de agosto de 1981, e 6.015, de 31 de dezembro de 1973; e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11284.htm. Acesso: 22 fev 2016.

___________. Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965. Institui o novo Código Florestal. Revogada pela Lei nº 12.651, de 2012.. Brasília: Presidência da República, 1965. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4771.htm. Acesso: 09 mar 2016.

___________. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 1981. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm. Acesso: 03 fev 2016.

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