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COMUNIDADES RIBEIRINHAS AMAZONICAS: CULTURA, TRABALHO E ECONOMIA NO DITRITO DE FREGUESIA DO ANDIRÁ NO MUNIIPIO DE BARREIRINHA-AM. Greycianne da Cruz Leite [email protected] Orivane Souza e Souza RESUMO O Distrito de Freguesia está localizado numa área de terra firme na margem direita do Rio Andirá distante 6 km do município de Barreirinha no Estado do Amazonas, em linha reta entre Barreirinha e a Capital do Estado Manaus, é cerca de 370 km, e por via fluvial 420 km. Este trabalho tem por finalidade discutir e analisar a realidade de uma população amazônica, bem como as relações estabelecidas nas territorialidades construídas no local. Temos as relações “Percebidas” e “Vividas” pelos comunitários do Distrito “Freguesia” no rio Andirá, do município de Barreirinha no Estado do Amazonas. Objetiva-se analisar as relações socioculturais e a organização comunitária da área pesquisada, como também identificar a realidade social, política e econômica. Para desenvolvimento do referido recorte geográfico do Distrito de Freguesia, utilizamos as concepções da “Nova Cartografia Social da Amazônia” e dados estatísticos que estabelecem as várias relações de conhecimentos desses locais, e fazendo com que cada membro do local analisado se denomine “Ator Social” de conhecimentos socialmente construídos. Nas reproduções comunitárias os conceitos podem ser trabalhados na realidade de cada morador, tais como; modo de vida, convívio, organização política do lugar e as questões sociais. Sendo formado na atualidade os elementos culturais, visando manifestar em épocas específicas às tradições reproduzidas de anos pretéritos, deixando claro que as “Tradições” é algo com pouca transformação na cultura desses locais, mesmo os costumes e hábitos sofrendo impactos com a presença do sistema capitalista de reprodução. Para tal, realizou-se a pesquisa de cunho quali-quantitativa, tendo como base concepções do método materialismo histórico e dialético, na perspectiva de entender as elações antigas, como também as afirmações de novos hábitos e costumes, tornando-se possível a multiculturalidade no sistema atual do sistema capitalista de produção. Aplicando-se formulários, entrevistas e a observação in loco para se conhecer o lugar e a realidade de uma determinada população na Amazônia. O resultado da pesquisa comprovou a diversificação dos sistemas de produção agrícola e extrativista, pequenas propriedades com baixa produtividade voltada mais para a subsistência, onde se da pouca importância para a comercialização dos produtos na “área urbana”, aja visto que produz em pouca quantidade, logo o lucro será inferior ao investimento nos cultivos. Palavras-Chaves: Comunidade. Produção Agrícola. Economia. Freguesia do Andirá. INTRODUÇÃO

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COMUNIDADES RIBEIRINHAS AMAZONICAS: CULTURA, TRABALHO E

ECONOMIA NO DITRITO DE FREGUESIA DO ANDIRÁ NO MUNIIPIO DE

BARREIRINHA-AM.

Greycianne da Cruz Leite

[email protected]

Orivane Souza e Souza

RESUMO

O Distrito de Freguesia está localizado numa área de terra firme na margem

direita do Rio Andirá distante 6 km do município de Barreirinha no Estado do

Amazonas, em linha reta entre Barreirinha e a Capital do Estado Manaus, é cerca de 370

km, e por via fluvial 420 km. Este trabalho tem por finalidade discutir e analisar a

realidade de uma população amazônica, bem como as relações estabelecidas nas

territorialidades construídas no local. Temos as relações “Percebidas” e “Vividas” pelos

comunitários do Distrito “Freguesia” no rio Andirá, do município de Barreirinha no

Estado do Amazonas. Objetiva-se analisar as relações socioculturais e a organização

comunitária da área pesquisada, como também identificar a realidade social, política e

econômica. Para desenvolvimento do referido recorte geográfico do Distrito de

Freguesia, utilizamos as concepções da “Nova Cartografia Social da Amazônia” e dados

estatísticos que estabelecem as várias relações de conhecimentos desses locais, e

fazendo com que cada membro do local analisado se denomine “Ator Social” de

conhecimentos socialmente construídos. Nas reproduções comunitárias os conceitos

podem ser trabalhados na realidade de cada morador, tais como; modo de vida,

convívio, organização política do lugar e as questões sociais. Sendo formado na

atualidade os elementos culturais, visando manifestar em épocas específicas às tradições

reproduzidas de anos pretéritos, deixando claro que as “Tradições” é algo com pouca

transformação na cultura desses locais, mesmo os costumes e hábitos sofrendo impactos

com a presença do sistema capitalista de reprodução. Para tal, realizou-se a pesquisa de

cunho quali-quantitativa, tendo como base concepções do método materialismo

histórico e dialético, na perspectiva de entender as elações antigas, como também as

afirmações de novos hábitos e costumes, tornando-se possível a multiculturalidade no

sistema atual do sistema capitalista de produção. Aplicando-se formulários, entrevistas e

a observação in loco para se conhecer o lugar e a realidade de uma determinada

população na Amazônia. O resultado da pesquisa comprovou a diversificação dos

sistemas de produção agrícola e extrativista, pequenas propriedades com baixa

produtividade voltada mais para a subsistência, onde se da pouca importância para a

comercialização dos produtos na “área urbana”, aja visto que produz em pouca

quantidade, logo o lucro será inferior ao investimento nos cultivos.

Palavras-Chaves: Comunidade. Produção Agrícola. Economia. Freguesia do Andirá.

INTRODUÇÃO

Na Amazônia sobre tudo no rio Andirá existem comunidades Rurais que são

denominas distritos, como é o caso de Freguesia do Andirá, que recebe em sua

paisagem sociocultural alguns elementos do meio urbano, como ruas asfaltadas, posto

de saúde, escolas apresentando nível fundamental e médio e outros acessos básicos.

Estabelecem ainda suas relações sociais, politicas e econômicas próprias da comunidade

de Freguesia.

O Distrito de Freguesia do Andirá é uma comunidade tradicional, pois,

estabelece uma organização social e cultural voltada para as relações religiosas que

historicamente foram se construindo, devido ás regras de “convívio” das pessoas que

compõe a sociedade do lugar, na qual se constrói desde as mais idosas até as mais novas

estabelecendo suas regras e respeitos sobre crenças e hábitos religiosos.

No recorte geográfico do Distrito de Freguesia do Andirá, objetivou-se a

construção desse trabalho técnico-cientifico, abordando as relações e concepções acerca

das relações sociais do “Distrito”, voltada para os entendimentos de vários conceitos

tais como: modo de vida, relações sociais, politicas, econômicas e culturais.

Neste sentido, os objetivos, foram se desenhando na prática de campo realizada

na comunidade, deixando claro para o geral que na analise da produção sociocultural

politica e econômica do distrito de Freguesia do Andirá, se tem uma organização

comunitária estabelecida pelos próprios moradores. E no especifico tem o papal de

identificar o desenvolvimento social, politico e econômico na historia da formação do

distrito, esclarecendo os modos de vida particular da comunidade.

Tendo como procedimentos metodológicos: a observação direta na área

pesquisada com registros fotográficos, aplicação de questionários, diálogos com

moradores norteados pelas concepções do materialismo histórico e dialético na

perspectiva de entender as relações antigas, como também as afirmações de novos

hábitos costumes, tornando-se possível a multiculturalidade no sistema atual de

consumo do sistema capitalista de produção do local.

DISTRITO DE FREGUESIA DO ANDIRÁ COMUNIDADE RIBEIRINHA

AMAZÔNICA

O Distrito de Freguesia do Andirá está localizado na margem direita do rio

Andirá, em uma área de terra firme situado no município de Barreirinha como mostra a

(figura 01), em linha reta entre Barreirinha e Capital do estado Manaus e de 372 km via

fluvial. O Distrito de Freguesia do Andirá fica distante 06 km da sede do município de

Barreirinha. E de Parintins para o local da área pesquisada o acesso se dá apenas por via

fluvial com duração de 6 horas de viagem.

Figura 01: Mapa de localização de Freguesia do Andirá e da cidade de Barreirinha

Fonte: INDE, 2015

Org.: Orivane Souza, 2015

Figura 02: croqui da frente de freguesia do Andirá

Fonte: Orivane Souza, 2015

O termo “Distrito” foi utilizado neste local através do artigo 195º da lei Orgânica

do município de Barreirinha na qual declara que só é considerado distrito quando uma

comunidade possui uma população acima de 80 famílias e que apresentem condições

básicas como escolas, posto de saúde, energia elétrica, água encanada, etc.

(MESQUITA, 2013).

Segundo Costa e Silva (2013), no artigo O rural e o Urbano na Amazônia: um

estudo das transformações socioespaciais no Distrito de freguesia do Andirá no

município de Barreirinha-Am realizaram entrevistas com os moradores antigos do

referido local, e fizeram os seguintes questionamentos para os moradores antigos com

era antigamente a estrutura espacial da localidade do Distrito de Freguesia do Andirá?

Os mesmo assemelham-se bastante em suas respostas, dizendo

q

u

e

a

n

t

i

g

a

m

e

n

t

e

n

ã

o

havia ruas como existem atualmente, existiam apenas alguns

caminhos, bem estreitos, e que o “mato era muito feio” ao redor,

e como não havia ainda energia elétrica, para andar a noite era

somente com a lamparina. Até mesmo para se prevenir de

animais peçonhentos. Havia também muita fartura de peixes, de

caça, coisas que não existem mais hoje em dia no local. Havia

também uma união muito forte entre os moradores, onde

predominavam as relações de ajuda mutua e vizinhança.

Atualmente freguesia possui serviços de infraestrutura como centro de saúde

comunitária onde são realizados os atendimentos básicos de saúde, possuindo duas

escolas sendo uma municipal e outra estadual, que vão da educação básica, do nível

fundamental ao médio, sendo que nível médio está ligado ao ensino tecnológico,

realizado pelo sistema de educação à distancia, além disso possui serviços de água

encanada, energia elétrica e asfalto em algumas ruas , atendendo a maioria dos

moradores, presente também sistema publico de telefonia como orelhões e tem

disponível o sistema de telefonia móvel, apesar desse serviço ser prestado com muita

precariedade.

DAS INVISIBILIDADES PARA AS VISIBILIDADES NOS MODOS DE VIDA

DOS MORADORES DE FREGUESIA DO ANDIRÁ

Os comunitários de Freguesia do Andirá vivem próximos às margens de um

relevo amazônico que na atualidade vem sendo firmadas sobre esse território

pertencendo ao município de Barreirinha. Nesse sentido analisamos como se deu a

expansão da população desse local e como surgiu a sua forma de desenvolvimento sobre

o modo de vida na logica de “união” de forças entre as pessoas que moram nesse local.

Nas invisibilidades foi delimitada sua territorialidade nas atividades primarias de

consumo ou renda familiar como à caça, pesca e a agricultura, que para se chegarem ao

que conhecemos atualmente como “distrito” as famílias que residem no local tem papel

fundamental no desenvolvimento da comunidade, pois se mostra ser uma comunidade

bastante unida sobre o modo de vida comunitário e o uso da coletividade dos

moradores.

Observa-se o avanço dos estudos sobre “o modo de vida” das comunidades

ribeirinhas na Amazônia, dando possibilidades essenciais sobre tudo pelo fato de cada

dia demostrar a sua relação com o espaço global, visando os impactos socioculturais da

comunidade de Freguesia do Andirá. Percebendo, assim no local a sua organização que

esta muito ligada e se iguala as politicas vivenciadas numa cidade como o próprio

município, organizando-se politicamente e socialmente, através de elementos culturais

frequentes na Amazônia como é o caso da igreja católica na qual exerce poder de

controle social da população e constrói a historicidade do local.

O USO DO TERRITÓRIO PELA POPULAÇÃO

Analisar o Distrito de Freguesia do Andirá é levar em consideração a sua

densidade demográfica, e buscar conhecer como surgiu o uso desse território e seu

desenvolvimento presente na comunidade. Que vão dês das primeiras famílias que

ajudaram na fundação e na construção do Distrito e chegando até nas gerações atuais

que vivem no local.

O uso desse local se faz de forma bastante tradicional pelos comunitários e

moradores vivenciada no dia a dia de cada um, pois cada membro traz consigo

ensinamentos de seus familiares e que corrobora para a produção e reprodução na

diversificação da população distrital. Dando um pressuposto sobre a densidade

demográfica na zona rural respeitando a logica de casamento que se acredita ser ainda

uma das formas de crescimento populacional mais comum das comunidades ribeirinhas

amazônica, sendo também um evento cultural sob a circularidade entre comunidades

que facilita essa dinâmica cultural e também pelo fluxo migratório de pessoas para o

local em busca de melhorias de vida para suas famílias.

A população se distribui na comunidade à medida que começa o crescimento da

parte interna no local, tendo como apoio as famílias comunitárias, que ainda cultivam o

tradicional modo de vida, como a realização dos plantios em seus próprios quintais ou

áreas próximas de suas casas, dando assim uma gama de possibilidade de consumo e

vendas dentro do próprio distrito, essas áreas conhecemos como roça1.

CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA E ESPACIAL DO DISTRITO DE

FREGUESIA DO ANDIRÁ

Ao realizarmos algumas entrevistas com moradores da comunidade, os mesmos

destacaram que sobrevivem sobre tudo da agricultura familiar e da pesca, na qual

falaram que vários moradores do local ainda praticam a pesca e a agricultura nem tanto

por uma questão de renda, mais por uma questão alimentar de suas famílias.

Entre três pessoas entrevistadas, dois responderam que nasceram no referido

Distrito de Freguesia do Andirá, e foi constatado que a composição dessas famílias que

moram bastante tempo, por mais de vinte anos no local. Assim sendo, um dos

entrevistados foi o senhor O. F. de 73 anos nasceu em outra comunidade rural do

mesmo município e migrou talvez pela infraestrutura oferecida do local, ou mesmo em

alguns casos por questões de casamento e entre outros motivos que os trouxeram até a

comunidade.

Então podemos afirmar que a expansão da população distrital deve ser pelo fato

do processo de migração e de casamento que se deu ao crescimento populacional do

distrito. Assim sendo podemos dizer sobre as famílias nucleares que moram no distrito,

segundo o autor diz que:

Qualquer família que deseje ter seu próprio terreno, basta se dirigir

ao presidente do Distrito, que este cede para a família um terreno

com o tamanho de 20 x 40, (vinte metros de frente por quarenta

metros de fundo), cada família tem um prazo de cerca de três meses

pera construir sua casa, e caso nesse prazo nada seja construído o

terreno volta para o domínio do Distrito. COSTA, (2013, p...)

1 Roça- Área com uma maior concentração de terras, onde possibilitam o plantio de maior quantidade e

também permite a diversificação de plantas e produtos agrícolas como a mandioca.

Nesse sentido durante pesquisa in loco, observou-se a estrutura das casas dos

moradores que é na maioria de madeira, ainda existem muitas casas em construção. O

gráfico (figura 03) abaixo demostra que 37% dos moradores temos como principal

forma de renda a atividade agrícola e a pesca, muitos ainda se dedicam com o trabalho

do plantio da mandioca e da macaxeira e entre outros produtos, sendo que alguns

agricultores vendem seus produtos no próprio distrito, entretanto, existem outros

agricultores que vão vender na sede municipal.

Outros procuram formas de complementá-la através de pequenos comércios. Em

outros casos 13% dos entrevistados há complementação de sua renda da bolsa família e

aposentadorias.

No gráfico (figura 04) pode-se observar que na produção agrícola realizada pelos

entrevistados esta ligada ao plantio de: mandioca, macaxeira, frutos, plantio de

hortaliças e derivados da mandioca como a farinha.

37%

25%

12%

13%

13%

OCUPAÇÃO/RENDA FAMILIAR

Agricultura

Pesca

Aposentadoria

Bolsa Familia

OutrosFigura 03: origem da renda principal Fonte: trabalho de campo, 2015.

Figura 04: tipo de produção agrícola

Fonte: trabalho de campo, 2015

É importante destacar que essas plantações de mandioca, macaxeira segue ainda

o modo tradicional ensinado pelos seus pais. Nesse contexto peara se realizar as

plantações, primeiramente se faz o desmatamento da vegetação, na qual chamamos de

“roçado” depois é realizado processo de queimada, por seguinte fazem a limpeza do

terreno em seguida a plantação, que pode ser feita com a pratica de ajuda mutua

“puxirum” 2 ou individualmente somente entre famílias.

Com base na tabela 01, podemos observar os produtos da atividade agrícola que

as pessoas do Distrito de Freguesia do Andirá plantam além da mandioca e da

macaxeira, os agricultores entrevistados preferem realizar o plantio apenas para o

próprio consumo da família e também às vezes quando se tem uma boa produção tiram

para vender, o mesmo ocorre com a farinha de mandioca que de acordo com os

moradores da comunidade vendem nos valores do saco de farinha que corresponde a 80

litros tendo um valor que varia entre R$ 120,00 e R$ 130,00.

2 Puxirum- seria um multirão de pessoas que se juntam para fazer a plantação no roçado, cujo s mesmos

cooperam um com o outro.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

Mandioca Frutos Farinha Macaxeira Hortaliças Outros

PRODUÇÃO AGRÍCOLA

FORMAS DE PLANTIO NA AGRICULTURA ULTILIZADA PELA

POPULAÇÃO DO DISTRITO DE FREGUESIA DO ANDIRÁ

O trabalho agrícola realizado no distrito de freguesia do Andirá corresponde a

uma agricultura familiar. Pois se percebe um compadrio entre as famílias para realizar a

produção agrícola, onde essa atividade envolve principalmente membros de

determinada famílias, na qual vão realizar o plantio principalmente da mandioca nos

meses de novembro e dezembro, que são os meses apropriados para se realizar a

plantação da mandioca no referido distrito, percebe-se ainda os vários fatores

principalmente o clima muito quente existente na Amazônia que impedem que se

realizem plantações em outros meses do ano, assim as famílias plantam

aproximadamente 02 hectares onde é feito todo o processo de fertilização do solo e

plantio, até o período que dura um ano para se fazer a colheita da mandioca figura 05.

Tabela 01: Produção Agrícola

Fonte: Pratica de Campo, 2015

Com isso as benfeitorias que esses agricultores possuem para realização da boa

qualidade do produto na maioria cada família possui sua casa de farinha, seu forno,

garera, tipiti, peneira etc. sendo estas ferramentas essenciais para a produção da farinha

e dos derivados da mandioca além dos materiais utilizados no roçado para o plantio

como: Enxada, terçados, machado e outros. A agricultura dessa comunidade apresenta

também certas variações de plantações, porem o produto comum é a mandioca na qual a

atividade agrícola esta intrinsicamente ligada. Entretanto a atividade agrícola é uma

fonte de renda de famílias que ali vivem.

No processo do plantio ocorre no terreno que é chamado de roçado na qual

trabalham sobre ele o manejo do solo tornando-o um solo fertilizado pronto para a

plantação. Entretanto na comunidade, esse processo ocorre primeiramente com a

derruba da mata, logo em seguida acontece à queima da matéria prima, e

consequentemente a limpeza da área do cultivo, porem com a queima do material

orgânico, o solo torna-se pobre em nutrientes, apresentando assim certa dificuldade do

manejo agrícola. Segundo CRUZ, 1999 “[...] as culturas agrícolas tem dificuldades,

devi

do à

baix

a

ferti

lida

de

do solo o que somente ocorre, quando é executado o manejo criação/agricultura, o que

Figura 05: A e B: fertilização do solo e plantio

fonte: GOMES, G., 2015

consiste em plantar cultivar dentro dos currais. [...]”. Em função disso, a população do

distrito realiza o manejo e fertilização do solo, para realizar na maioria das vezes suas

plantações como o açaí, abacaxi, jerimum, hortaliças como pimentão, tomate, pimenta

do reino, e entre outros produtos.

Portanto, as plantações produzidas são divididas para comercializar, sendo que

uma parte é direcionada para ajudar na renda familiar, onde é vendida em media de 02

(dois) a 03 (três) sacos de farinha e o restante é para consumo próprio, onde essa

produção é comercializada tanto no próprio distrito e quanto no município de

Barreirinha.

FORMAS DE COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS GERADOS NO

DISTRITO DE FREGUESIA DO ANDIRÁ

A forma de comercialização de produtos em freguesia do Andirá se dá pela

necessidade de auxiliar e suprir suas necessidades financeiras de todas as famílias, onde

sua principal produção agrícola é a mandioca, macaxeira, cara, e outros diversos tipos

produtos. Mas sabemos das dificuldades que os produtores agrícolas do distrito têm para

realizar a fertilização do solo, e para efetuar o plantio. Um dos desafios para a

agricultura é a comercialização de produtos do distrito, que seria conseguir algumas

ações que pudesse dinamizar a comercialização dos seus produtos, gerando qualidade de

vida para os produtores do local, aumentando assim, a renda dos agricultores através da

organização, da qualificação dos produtores e da capacitação para acesso aos mercados.

A comercialização agrícola do distrito de Freguesia do Andirá é um conjunto de

princípios, objetivos, ações e prioridades do desenvolvimento do comercio agrícola e

deve ser vista de forma integrada, levando em consideração pontos como escoamento,

armazenagem, processamento, distribuição, mercados interno e externo. Mais sabemos

que os familiares que moram em Distrito de freguesia a maior parte deles são ainda

produtores agrícolas e muitas das vezes fazem seus plantios para subsistência de seus

familiares.

Numa visão mais limitada, a comercialização agrícola pode ser passada como

um simples ato do agricultor que consiste na transferência de seu produto para outros

agentes que compõe a cadeia produtiva em que está inserido. Esta é uma visão

tradicional da comercialização agrícola, definida pela transferência de propriedade do

produto num único ato após o processo produtivo, ainda dentro ou logo depois dos

limites da unidade de produtos agrícola.

Entretanto a comercialização agrícola pode (e deve) ser entendida de forma mais

abrangente, como um “processo continuo e organizado de encaminhamento da produção

agrícola ao longo de um canal de comercialização, no qual o produto sofre

transformações, diferenciação e agregação de valor”. (MENDES; PADILHA JUNIOR,

2007, p. 08). Em um enfoque mais atual, estes autores associam o conceito de

comercialização à coordenação existente entre a produção e o consumo dos produtos

agropecuários, incluindo a transferência de direitos de propriedades, a manipulações de

produtos e os arranjos institucionais que contribuem para a satisfação dos

consumidores.

Trata-se de um conceito amplo, em que se atribui a essa atividade a função de

transferir os produtos ao consumidor final, considerando aa influencia de todas as

atividades nesse processo (produção agrícola, industrializado, transporte de produtos,

relações com o consumidor e etc.). Dessa forma, o conceito de comercialização

distancia-se do conceito de simples vendas dos produtos agrícolas (pós-colheitas da

safra, por exemplo), devido a essa amplitude e complexidade. Partido dessa perspectiva,

as estratégias de comercialização agrícola começam a ser pensadas na propriedade rural,

e até mesmo na aquisição dos insumos.

A PESCA E A CRIAÇÃO DE ANIMAIS DUAS ATIVIDADE GERADORAS DE

RENDA FAMILIAR NO DISTRITO DE FREGUESIA DO ANDIRÁ

Freguesia do Andirá comunidade popular e tradicional como qualquer outras do

município de Barreirinha tem como uma das principais atividades econômica familiar,

assim como a agricultura, a pesca e a criação de animais também é uma atividade

bastante praticada pelos comunitários onde são realizados esses trabalhos em suas casas

e em seus terrenos, na pesca os comunitários reúnem-se em grupos de família e amigos

para realizar essa atividade deslocando-se para os rios e lagos, com o intuito de

conseguir no pescado produtos para o meio de subsistência e para comercialização. Já a

criação de animais é feita pelos moradores onde eles apontaram alguns animais como

principais criações de galinha, patos e outros, e constatam que eles criam somente para

o seu consumo.

Assim, de acordo com os comunitários da localidade a pesca é de fundamental

importância, pois é de onde muitas vezes eles retiram suas rendas, e de acordo com a

moradora os pescados são exportados para a sede do município nas feiras ou vendas

feitas pelos próprios moradores na cidade, além da bolsa família da agricultura e da

criação de animais mencionado pela moradora da localidade também são atividades

realizadas para ajudar na renda familiar.

Não que o pescador-agricultor ou polivalente, que é o pescador não

profissional que pratica a pesca apenas como complementar as

atividades da agricultura e do extrativismo, tenha deixado de existir,

em absoluto. Este ainda permanece em muitas unidades familiares [...]

SILVA, 2009.

Assim todas essas atividades mencionadas, principalmente quando se trata de

um lugar onde a comunidade ainda é pequena, e na maioria das vezes os moradores são

parentes e amigos onde todos se conhecem essas atividades praticadas pelos

comunitários, é passada de geração para geração, visto que tanto a pesca quanto a

criação de animais sempre está presente no cotidiano dos comunitários da zona rural.

A pescaria realizada em família e nos grupos formados pelos vizinhos

próximos é de essencial importância para socialização dos

conhecimentos tradicionais, e para a manutenção dessa atividade pelas

futuras gerações da comunidade. Como foi destacado por Fraxe et al.

(2004, p. 124), “a vivência dessas práticas durante as pescarias é

muito comum nas comunidades, pois o pai atribui responsabilidades a

seus filhos e ensina-os empiricamente, a identificar e demarcar os

melhores pontos de pesca”. SILVA, 2009 apud FRAXE et. al. 2004.

Assim podemos constatar os resultados da pesquisa partindo da coleta de dados

realizados no trabalho de campo na comunidade, entrevistamos algumas famílias do

distrito onde nos passou algumas informações como e quais instrumentos de pesca os

moradores utilizam mais nas suas atividades, na qual são os arrastões, malhadeira,

zagaia, caniço e tarrafa. Destacam-se as espécies de peixes que são mais pescados por

eles como o pacu, cara, tucunaré, Jaraqui, tambaqui outras espécies, e como eles

chegam ao local que é de Rubeta Canoa e o modo de armazenamento realizado pela

família entrevistada que é através de frezzer, salga e gelo.

RELAÇÃO CAMPO E A CIDADE E OS MOTIVOS QUE INFLUENCIAM ESSA

RELAÇÃO ACONTECER

A relação do campo e cidade que encontramos na localidade se dá a partir das

modificações existente na comunidade bem como a economia, o modo de vida dos

comunitários dessa região. A partir da observação do espaço geográfico existente no

Distrito de Freguesia do Andirá, notamos que a comunidade oferece áreas residenciais,

áreas de pequenos comércios (tanto alimentícios, quanto vestuários e venda de

variedades), possuem escolas, posto de saúde, áreas de lazer comunitário, (bares, praças,

campo de futebol, sede para festejos, igrejas), áreas de cultivos e de criações de animais,

fluxo de pessoas nas ruas, energia elétrica. E assim observamos que o campo não esta

isolado da cidade, já que existe uma circulação de pessoas, mercadorias, informações

nesse cotidiano e seus respectivos espaços, que produzem a relação campo e cidade.

Dessa forma, MORAES (2007. p, 70) “RATZEL elabora o conceito de “espaço vital”;

este representaria uma porção de equilíbrio de uma dada sociedade e os recursos

disponíveis para suprir as necessidades, definindo, portanto, suas potencialidades de

progredir e suas premências necessidades”.

Uma das relações campo e cidade no distrito de freguesia do Andirá é a

existência de alguns produtores maiores morarem na cidade, transferindo assim a renda

da produção dos produtos para a cidade. Assim, relação do homem com a terra torna-se

o meio de subsistência muito importante, colocando em puta a relação campo e cidade.

Mas, os moradores das áreas rurais como é coso do distrito, deve dar prioridades a vida

que possuem no campo como proprietário de terra.

Dessa maneira, compreender as relações campo cidade é uma maneira de

analisar como se dá e divide a atividade social em determinado espaço, analisando como

esta dividida as ideias das pessoas que vive esse contraste. “Nesse contexto SILVA

(1998, p. 51), defende que o campo e a cidade são territórios econômicos-políticos,

interdependente e articulados”. Um depende do outro, dando valor nas relações

existente que são inquestionáveis. A necessidade de ambos entre essa relação é muito

importante, tanto no contexto social como no politico e também no cultural. De acordo

com essas relações, tivemos como objetivo analisar qual frequência com que os

comunitários vão ao município de Barreirinha, haja vista que o mesmo é a área urbana

mais próxima da respectiva localidade.

Em relação ao campo e a cidade, utilizou-se a classificação existente no Brasil

para distinguir os meios rurais e urbanos, que dessa forma a cidade e o campo foram

considerados como zona urbana e zona rural respectivamente de um município. Os

meios rurais e urbanos não podem ser estudado d forma separada, já que possui relações

de variadas formas e constituem uma só sociedade como aponta (QUEIROZ, 1972).

Na figura 07, diz que 67% dos entrevistados no distrito vão na cidade sede do

município mensalmente, principalmente para fazer compras para o uso diário, vão

também receber a bolsa família e aposentadorias e outros benefícios. Entretanto 33% da

população vão semanalmente à cidade para fazer compras de mercadorias para os

pontos comerciais de Freguesia, e para chegar à cidade só por via fluvial. Assim o

transporte da comunidade rural são as embarcações de recreio/linha com mostra na

figura 08 e o Rabeta que se torna o meio de transporte mais importante na integração

social e espacial, de ambos os espaços. A necessidade de acessibilidade dos serviços

rurais a área urbana, e dos serviços urbanos a área rural deve ter uma atenção maior,

onde por muitas vezes a qualidade de vida dos moradores das comunidades se dá a

partir dessa ligação entre campo e cidade.

Figura 07: Relação do Campo e a Cidade

Fonte: Pratica de campo, 2015

Figura 08: Meio de

Transporte campo/cidade

Fonte: Pratica de

campo, 2015

Os motivos que levam

até a cidade são diversos entre eles podemos analisar no gráfico na figura abaixo (figura

09).

33%

67%

Relação de Campo e Cidade

Semanalmente Mensalmente

60%

40%

Meio de Transporte

Barco de recreio/linha Rabeta

Figure 09: Motivações que os levam a cidade

Fonte: Pesquisa de Campo, 2015.

VENDAS DE PRODUTOS E COMPRA DE ALIMENTO

Na comunidade de freguesia foi observada a agricultura voltada para o meio de

subsistência, um sistema de roça, onde os agricultores retiram seus sustentos de suas

famílias, sem apoio ou investimento de governo, onde são pequenas propriedades com

baixa produtividade. Observamos na que a venda de produtos na cidade é de pouca

intensidade, onde a ida da cidade para vender o produto é realizada de forma mínima,

quando a produção é grande e sobra para venda, ou quando fazem roça com finalidade

de vender o produto final. Mas a venda de produto na cidade não é uma prioridade. De

acordo com CORRÊA (1988, p. 58), o processo de comercialização da produção rural é

muito complexo, mais de forma geral “(...) a cidade impõe ao campo um preço inferior

aos praticados no meio urbano”. Com isso, muitos preferem produzir apenas para

consumo familiar, haja vista que não produz em grande quantidade, logo, o gasto será

maior que o lucro, que vai desde o preparo da terra, a plantação e o transporte, e não

compensaria o preço final. Essa é umas das justificativas de não existir venda em massa

dos produtos da produção agrícola, ou extrativista para a cidade.

A comunidade disponibiliza uma pequena área de comercio, onde se podem

encontrar todos os tipos de alimentos. Porém, os habitantes tem a necessidade de ir a

00,5

11,5

22,5

33,5

4

4

1

3 3

2

3

1-Essencial 2-muito importante 3-Importante 4-Pouco

Importante

Motivações

cidade para comprar alimento, principalmente os produtos industrializados como os

enlatados. Foi observadas que muitas famílias têm suas pequenas plantações, suas

criações de animais, e a pesca e caça que também estão inclusas na sua alimentação. E o

método de troca de alimentos entre familiares ainda é bastante atual. Mas, como foi

observado na (figura 09), a necessidade de ir a cidade comprar alimentos é essencial.

COMPRA DE REMÉDIO E RECEBER BENEFICIOS

Culturalmente, nos centros rurais existem os conhecimentos de “remédios

caseiros”, das ervas medicinais, onde até os dias de hoje são bastante utilizados entre os

comunitários. Segundo relatos a ida á cidade para a compra de remédios não é muito

comum, mas, para as pessoas que precisam, torna-se importante como podemos

observar na figura 09. A comunidade disponibiliza um posto de saúde, porem

necessidade de casos graves de ir ao medico são indispensáveis e tornasse muito

importante.

Mensalmente as famílias que são beneficiadas com qualquer tipo de benefícios

vão à cidade, muitas famílias possuem renda baixa, e necessitam desse complemento de

renda, e para alguns é mais de 50% da renda familiar mensal. A motivação e

necessidade dessa ida a cidade é importante, para as famílias.

COMPRAR INSULMOS E MERCADORIAS EM GERAL

A necessidade de ir a cidade em busca de insumos e mercadorias sempre se faz

importante, para alguns com prioridades, para outros nem tanto. É indispensável que os

comerciantes façam sempre essa trajetória de ida a cidade para se comprar e vender,

logo, s centros urbanos e o rural estão em total ligação. Todos participam dessa

prioridade de visita à cidade, mesmo que direta ou indiretamente.

CONCLUSÃO

Os resultados desta pesquisa comprovam a diversificação dos sistemas de

produção agrícola, que são desenvolvidos no conjunto das atividades no distrito de

Freguesia do Andirá, onde sua principal renda familiar provém da pesca, agricultura e

bolsa família e outros benefícios ofertados pelo governo, e têm como base na pecuária,

agricultura e piscicultura, e desenvolve seus plantios agrícolas como: mandioca,

macaxeira, frutos, hortaliças e farinha onde na maioria das vezes esses produtos são

comercializados no próprio munícipio de Barreirinha pelo fato de ser a cidade mais

próxima ao distrito.

Os produtos têm parte retida para a comercialização e parte da produção e é

destinada para consumo familiar, uma conclusão imediata é que a produção agrícola é

muito superior à que vem sendo estimada e ainda desconhecida nas estatísticas oficiais.

Portanto, os resultados apresentados nesta pesquisa não pretende ser

conclusivos, no sentido de encerrar uma agenda de pesquisa. Ao contrario, acredita-se

que as pistas explicitadas aqui, deverão colaborar para fazer outras caminhadas e lançar

novos desafios interpretativos sobre tal comunidade.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

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