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ISSN 1414-9850 Dezembro, 2007 Brasília, DF Comunicado Técnico 42 Ailton Reis 1 Oídio das Cucurbitáceas 1 Pesquisador, Fitopatologia, Embrapa Hortaliças, Cx. Postal 218, CEP 70359-970, Brasília – DF. [email protected], Bolsista do CNPq. Importância É uma das principais doenças foliares das cucurbitáceas, cultivadas ou silvestres, no Brasil e no mundo. Ocorre em praticamente todos os locais onde se cultivam, melão, pepino, abóboras e melancia, sendo mais limitante em locais onde predominam condições de altas temperaturas e baixa umidade durante a época de cultivo (regiões semi-áridas), ou sob cultivo protegido (ZITTER et al., 1996; KUROZAWA; PAVAN, 1997). Pode haver uma redução no rendimento da cultura pela diminuição do tamanho ou do número de frutos, ou ainda pela redução do período produtivo das plantas (ZITTER et al., 1996). Sintomas O agente causal do oídio pode atacar toda a parte aérea das cucurbitáceas, mas as folhas são as mais afetadas. Os sintomas iniciam-se com um crescimento branco pulverulento, constituído de micélio, conidióforos e conídios do fungo, inicialmente visíveis sobre a parte superior das folhas (Figura 1). Com o tempo, as áreas afetadas aumentam em número e tamanho podendo tomar toda a extensão da folha (Figuras 2 a 5), devido a coalescência das manchas (KUROZAWA; PAVAN, 1997). Os sintomas iniciam-se nas folhas mais antigas e plantas mais velhas, no estádio de frutificação, são mais suscetíveis. Folhas muito atacadas secam

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ISSN 1414-9850Dezembro, 2007Brasília, DF

ComunicadoTécnico

42

Ailton Reis1

Oídio das Cucurbitáceas

1 Pesquisador,Fitopatologia,EmbrapaHortaliças,Cx.Postal218,CEP70359-970,Brasília–[email protected],BolsistadoCNPq.

Importância

É uma das principais doenças foliares das cucurbitáceas, cultivadas ou silvestres, no Brasil e no mundo. Ocorre em praticamente todos os locais onde se cultivam, melão, pepino, abóboras e melancia, sendo mais limitante em locais onde predominam condições de altas temperaturas e baixa umidade durante a época de cultivo (regiões semi-áridas), ou sob cultivo protegido (ZITTER et al., 1996; KUROZAWA; PAVAN, 1997). Pode haver uma redução no rendimento da cultura pela diminuição do tamanho ou do número de frutos, ou ainda pela redução do período produtivo das plantas (ZITTER et al., 1996).

SintomasO agente causal do oídio pode atacar toda a parte aérea das cucurbitáceas, mas as folhas são as mais afetadas. Os sintomas iniciam-se com um crescimento branco pulverulento, constituído de micélio, conidióforos e conídios do fungo, inicialmente visíveis sobre a parte superior das folhas (Figura 1). Com o tempo, as áreas afetadas aumentam em número e tamanho podendo tomar toda a extensão da folha (Figuras 2 a 5), devido a coalescência das manchas (KUROZAWA; PAVAN, 1997). Os sintomas iniciam-se nas folhas mais antigas e plantas mais velhas, no estádio de frutificação, são mais suscetíveis. Folhas muito atacadas secam

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� OídiosdasCucurbitáceas

emorremeaplantaentraemsenescênciamaiscedo,encurtandoseuperíodoprodutivo(ZITTER et al., 1996; STADNIKet al.,2001).

AgentesCausaisSãoconhecidospelomenosseisagentescausaisdooídioemcucurbitáceas,masasespécies Erysiphe cichoracearumeSphaerotheca fuligineaparecemserasmaisfreqüenteseimportantes(ZITTER et al.,1996;STADNIK et al.,2001).Aespécie S. fuligineaéoagentecausalpredominanteemclimastropicaise

subtropicaisetemsidoaúnicaencontradanoBrasil(REIFSCHNEIDERet al.,1985;STADNIKet al.,2001).Recentemente,aespécieS. fuliginea foidivididaemduasoutrasespécies,Podophaera xanthiieP. fusca,sendoimpossíveldiferenciarambasatravésdamorfologia.Poissuasestruturasassexuais,comoconidióforoseconídios,sãomuitosemelhantes.OsconídiosdeS. fuligineasãohialinos,unicelulares,comformatodebarrilaoval(Figura6).Podophaera xanthiieP. fuscasópodemserdistinguidasatravésdamorfologiadasestruturassexuaisouatravésdeseqüênciasdaregiãoITSdoDNAribossômico(BRAUNet al.,2001).Porisso,nãosesabeaocertoqualdasespéciesestácausandooídioemcucurbitáceasnoBrasil.

Sphaerotheca fuligineaapresentaespecialização fisiológica por variedades demelão(THOMAS,1988),sendoquearaça1eraaúnicaregistradanoBrasilatépoucotempo(REIFSCHNEIDER et al.,1985;STADNIKet al.,2001).Recentemente,asraças2,3e4tambémforamrelatadasnoBrasil(KOBORI et al.;2002;REIS; BUSO,2004;REISet al.,2005).Emtrabalhosrecentes,observou-sequenenhumisoladodemelão,abóboraoupepinofoi

Fig. 1. Detalhedelesãodeoídio,comesporulaçãoabundante,sobrefolhademelão.

Fig. 2.Sintomasdeoídioemfolhasdemelão,cultivadoemteladocomcoberturaplástica.

Fig. 3.Sintomasdeoídioempepino,cultivadoàcampo.

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capazdeinfectarmelanciaeosisoladosobtidosdemelanciasóforamcapazesdeinfectarestaespécie(REIS; BUSO,2004;REIS et al.,2005).Provavelmenteexisteespecificidade por hospedeiros em isolados demelancia,conformeobservadoemIsraelporCohenet al.(2000).Oconhecimentodavariabilidadedestefungoéimportanteparaosmelhoristasquebuscamvariedadesdemelãoresistentesaooídio.

EpidemiologiaOagentecausaldadoençaéumfungoparasitaobrigatórioesuasobrevivência,entreestaçõesdecultivo,ocorreemplantasvoluntárias,plantascultivadasemestufaseoutrascucurbitáceascultivasousilvestres.Entreasprincipaiscucurbitáceasooídioémaisproblemáticonomelão,pepino,abóborasemelancia.Oinóculoprimário,parainiciaraepidemiadadoença,constitui-sedeconídiosquepodemserdispersosalongasdistânciaspelovento(KUROZAWA; PAVAN,1997).Sobcondiçõesfavoráveis,osconídiospermanecemviáveispor7a8dias.Emcultivaresmuitosuscetíveisecondiçõesambientaisfavoráveisadoençadesenvolve-serapidamenteeseuciclocompletopode

levarde3a7dias,sendoproduzidaumaquantidademuitograndedeesporosemcadalesão.Ascondiçõesfavoráveisàdoençaincluemcultivomuitoadensadoebaixaintensidadedeluz.Umidaderelativaaltaéfavorávelparaainfecçãoesobrevivênciadosconídios,entretantoainfecçãopodeocorreremumidadedeaté50%.Condiçõesdeclimasecofavorecemacolonização,esporulaçãoedispersãodofungo.Oótimodetemperaturaparaocorrênciadeepidemiasseverasdadoençaéde20a27oC,entretantoainfecçãopodeocorrernafaixade10a32oC(ZITTER et al.,1996,STADNIK et al., , 2001).

Fig. 6. ConídiosdeSphaerotheca fuliginea,vistosaomicroscópioótico.

Fig. 4.Sintomasdeoídioemplantasdeabobrinha ,culti-vadas acampo.

Fig. 5.Sintomasdeoídioemplantademelancia,culti-vadaemteladocomcoberturaplástica.

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� OídiosdasCucurbitáceas

Fitopatologia Brasileira,Brasília, DF,v. 27,p.123,2002.Suplemento.

KUROZAwA,C.;PAvAN,M. A.Doençasdascucurbitáceas.In:KIMATI,H.;AMORIM,L.;BERgAMNIFILHO,A.;CAMARgO,L. E. A.;REZENDE,J. A. M.(Ed.).Manual de fitopatologia:vol.2:doençasdasplantascultivadas.SãoPaulo:CERES,1997.p. 325-337.

REIFSCHNEIDER,F. J. B.;BOITEUx,L. S.;OCCHIENA,E. M.Powderymildewonmelon(Cucumis melo)causedbySphaerotheca fuligineainBrazil.Plant Disease,St. Paul,v. 69, n. 12, p.1069-1070,1985.

REIS,A.;BUSO,J.A.LevantamentopreliminarderaçasdeSphaerotheca fuligineanoBrasil.Horticultura Brasileira,Brasília, DF, n v.22,n.3,p. 628-631,2004.

REIS,A.;DIAS,R.C.S.;ARAgÃO,F. A. S;BOITEUX, L. S. Caracterização do perfil patogênicodeisoladosdePodosphaera xanthii obtidosemcucurbitáceasnaregiãoNordestedoBrasil.Horticultura Brasileira,Brasília, DF, v. 23, p. 362.2005.

STADNIK,M. J.;KOBORI,R. F.;BETTIOL,w.Oídiosdecucurbitáceas.In:STADNIK,M. J.;RIvERA,M. C.(Ed.).Oídios.Jaguariúna:EmbrapaMeioAmbiente,2001.p. 217-254.

THOMAS,C. E.Physiologicalspecializationindownyandpowderymildewsofcucurbits.In:CUCURBITACEAE88,1988,France.Proceedings....Avignon-Montfavet:Institut National de la Recherche Agronomique 988. p. 51-56.

ZITTER,T. A.;HOPKINS,D. L.;THOMAS,C. E.Compendium of cucurbit diseases.St.Paul:APS,1996.87 p.

ControleAmedidadecontrolemaiscomumdooídiodascucurbitáceaséautilizaçãodefungicidasprotetoresesistêmicos.Estesdevemserusadoscomcritério,nasdosagensrecomendadaspelofabricanteesódevemserutilizadosaquelesregistradosnoMAPA,paraacultura.Autilizaçãodecultivaresresistentesécomumemmelãoepepino,masnãosetemdisponível,muitascultivaresdemelanciacomaltosníveisderesistênciaàdoença,apesardejásecontarcomótimasfontesderesistência.Recentemente,foilançadaacultivardemelanciatipoCrimsonSweet,BRSOpara,comaltosníveisderesistênciadecampoaooídio.

Outrasmedidasauxiliaresdecontrolesãoadestruiçãoeenterrioderestosdeculturas,evitarocultivoescalonadodecucurbitáceasnamesmaárea,eliminarplantasvoluntárias.

LiteraturacitadaBRAUN,U.;SHISHKOFF,N.;TAKAMATSU,S.PhylogenyofPodosphaera sect.Sphaerotheca subsect.Magnicellulatae(Sphaerotheca fuligineaauct.s.lat.)inferredfromrDNAITSsequences–taxonomicinterpretation.Schlechtendalia,v. 7,p. 45–52,2001.

COHEN,Y.;BAIDER,A.;PETROv,L.;SHECK,L.;vOLOISKY,v.;KATZIR,N.Cross-infectivityofSphaerotheca fuligineatowatermelon,melon,andcucumber.Acta Horticulturae,Alexandria, n. 510,p. 85-88,2000.

KOBORI,R. F.;SUZUKI,O.;wIERZBICK,R.;DELLAvECCHIA,P. T.;CAMARgO,L. E. A.Ocorrênciadaraça2deSphaerotheca fuligineaemmelãonoEstadodeSãoPaulo.

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Comunicado Exemplaresdestaediçãopodemseradquiridosna: Técnico,�� EmbrapaHortaliças BR060km9Rod.Brasília-Anápolis C.Postal�18,70��9-970-Brasília-DF

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Comitêde Presidente:GilmarP.HenzPublicações: Secretária-Executiva:FabianaS.Spada EditorTécnico:FláviaA.deAlcântara SupervisorEditorial:SieglindeBrune Membros: AliceMariaQuezadoDuval EdsonGuiducciFilho MilzaM.Lana

Expediente NormatizaçãoBibliográfica:RosaneM.Parmagnani Editoraçãoeletrônica:JoséMigueldosSantos

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