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Comunicado

«O PSD quer acabar com as Freguesias de Sintra»

“Depois de ter lançado o Documento Verde para a Reforma da Administração Local, vem

agora o Governo apresentar uma Proposta de Lei sobre a mesma matéria. Se o

Documento Verde já se caracterizava pela mera aplicação de fórmulas matemáticas sobre

espaços diferenciados, na insistência em extinções ou fusões a qualquer custo e sem ter-

se em conta a identidade cultural, o contexto socioeconómico e histórico dos diversos

territórios, esta Proposta de Lei ainda vem agravar mais essa situação.

Aliás, pode dizer-se que a principal orientação desta Proposta de Lei se resume a uma

única frase: reduzir significativamente o número de autarquias, com efeitos já para o

próximo ciclo eleitoral. Para atingir tal objectivo, o Governo ignora quaisquer critérios de

racionalidade, de rigor, de equidade e de envolvimento das populações, preferindo a

imposição de fórmulas e de grelhas cegas, emanadas por alguns burocratas fechados

num qualquer gabinete do Terreiro do Paço!... Até a referência ao debate sobre o

Documento Verde, que supostamente se realizou por todo o País, não deixa de ser

anedótica, porque não são apresentadas quaisquer conclusões desse debate, nem

aspectos que foram tidos em conta em resultado do mesmo e, se nos recordarmos do que

se passou em Sintra, quer ao nível da Câmara, quer na Assembleia Municipal, sabemos

bem que esse suposto debate não passou de folclore mediático e que PSD e CDS/PP

não apresentaram quaisquer propostas sobre a organização do território e tudo fizeram

para não ficar associados às propostas do Governo que apoiam, tal a sua dimensão

negativa para as populações do Concelho!

Não podemos, ainda, deixar de sublinhar que a actual Proposta de Lei é preocupante no

que respeita ao futuro de um conjunto de apoios e serviços públicos prestados pelas

Juntas de Freguesia. Em primeiro lugar porque o Governo insiste em extinguir e fundir, de

forma cega e arbitrária, Juntas de Freguesia, que sempre se constituíram como o órgão

local mais próximo das populações e um dos elos mais relevantes na ligação entre o

Estado e os cidadãos. E em segundo lugar porque no próprio texto desta Proposta de Lei

está expressamente assumido que o Governo apenas se responsabiliza pela preservação

“daqueles serviços públicos que, pela sua imprescindibilidade e sustentabilidade, deverão

continuar a ser prestados às populações”. Isto é – o Governo deixa, assim, a porta aberta

para que alguns dos actuais serviços prestados pelas Juntas de Freguesia às suas

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populações sejam, pura e simplesmente, extintos e não é claro sobre quais, nem em que

circunstâncias!

No que se refere ao Concelho de Sintra, a aplicação dos critérios que esta Proposta de

Lei integra, revela-se praticamente impossível. Em determinadas circunstâncias, dessa

aplicação resultariam, até, algumas “monstruosidades” que iriam contra o espírito da

própria Lei, o que não deixa de evidenciar a cegueira com que foi elaborada, face às

realidades concretas do território

Por tudo isto o Partido Socialista de Sintra rejeita liminarmente esta Proposta de Lei

e considera que a mesma apenas trará problemas e retrocesso na relação entre os

habitantes do Concelho e os seus órgãos de Poder Local, especialmente as Juntas

de Freguesia.

O PS defende eventuais soluções de racionalidade e de eliminação de duplicação de

estruturas administrativas em situações pontuais, e com o acordo das populações, ao

mesmo tempo que incentiva o associativismo inter-freguesias com o objectivo de ganhar

dimensão para intervir em áreas que o justifiquem, assim como o reforço das atribuições e

competências das comunidades intermunicipais e áreas metropolitanas.

Rejeitamos, contudo, propostas (como a actual) que se baseiam apenas em critérios

quantitativos ou em cortes cegos de recursos, ditados por burocratas sem conhecimento

da nossa terra e sem legitimidade para o efeito e que visam um claro condicionamento e

subordinação do Poder Local ao Poder Central.

Partido Socialista Concelhia de Sintra

23 de Fevereiro de 2012