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Jornal mural do curso de Comunicação Social - Jornalismo - UFU DCE mistura política e diversão na recepção aos calouros A Calourada da UFU é um evento esperado não só pelos calouros, mas também pelos formandos da Universidade. Neste primeiro semestre de 2009, os ingressantes foram recebidos pela organização do evento com atividades culturais, ocorridas entre 29 de março e 5 de abril em ambos os campi, que abordaram o tema “E agora?”, proposto pelos CAs e DAs junto ao DCE, atualmente representado pela chapa DialogAção. O tema escolhido abordou a reestruturação do Movimento Estudantil, pois, de acordo com Rafaela Soares, 19, estudante de Economia e integrante do DCE, “é importante que os alunos ingressantes compreendam que a Calourada não é só diversão, e sim uma tentativa de conscientizá-los de seu papel político na Universidade”. No entanto, a grande quantidade de palestras oferecidas com conteúdo politizado não atraiu o público esperado. Segundo Felipe Duarte, 20, estudante de História e também organizador da Calourada, revelou que a verba, a aquisição da verba é umadquirida por meio de um processo burocrático, pois o orçamento deve ser aprovado pela Reitoria,, ainda que o DCE tenha liberdade de distribuí-la, a Reitoria deve aprovar o orçamento. Este, por sua vez, foi foi destinadao à divulgação do evento, à montagem da estrutura do palco, à contratação dos artistas principais e de seguranças adicionais. Rafaela e Duarte se declararam satisfeitos e realizados com o resultado do trabalho do DCE. Apesar de alguns incidentes, como o tumulto causado pelo conflito entre um jovem e um segurança da Universidade, das imensas filas e da instabilidade do tempo, o sucesso da Calourada não foi comprometido. Calourada anima universitários O mais esperado pelos alunos foram os shows, que aconteceram durante todo o evento, com bandas de destaque na região, como a conhecida Maria Fumaça, e cantores de fama nacional, como Edgard Scandurra, integrante da banda de rock Ira!, e Arnaldo Antunes, da banda Titãs. Segundo a estudante do primeiro ano de Arquitetura, Bianca Nery Fonseca, 18, a Calourada é um evento que propicia maior integração dos alunos com a Universidade. Além disso, a estudante considerou interessante a UFU trazer dois cantores de, pois são bem conhecidos e, certamente, fizeram a diferença. Para a estudante, porém, a estrutura montada para o show não foi suficiente para o número de pessoas que compareceram. Obrigatoriedade do diploma em Jornalismo entra em discussão A profissão de jornalista se encontra devidamente regulamentada desde 1969, e, há 60 anos, está integrada ao sistema de ensino superior. Em 23 de outubro de 2001, entretanto, o diploma para exercício do jornalismo recebeu um golpe quando a juíza substituta Carla Rister, da 16ª Vara Cível da Justiça Federal, 3ª Região, em São Paulo, concedeu uma liminar que suspendia sua obrigatoriedade para a prática profissional. Tal medida provocou um debate que alcançou seu ápice nos últimos meses. A partir dessa discussão, os alunos do curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, da UFU, participaram da dinâmica “Este jornal não é um jornal”, realizada no bloco 3Q, Campus Santa Mônica, em 1º de abril de 2009. A dinâmica foi proposta pela professora Mirna Tonus, na disciplina Comunicação e Educação, realizada como forma de protesto em prol da manutenção da obrigatoriedade do diploma para profissionais do jornalismo. Segundo ela, é importante que o profissional possua diploma, já que a ética é discutida no decorrer dos cursos de jornalismo, onde também é ensinada a técnica necessária para a profissão. Opiniões divergentes Esse pensamento da professora não se estende a alguns profissionais da área de Direito e membros de redações de jornais, que acreditam não ser necessário um diploma para exercer a profissão. Luciano Beregeno, 40, editor-chefe do jornal Gazeta do Triângulo, de Araguari, MG, defende que o diploma não é essencial para o jornalista, pois as qualidades necessárias para o exercício da profissão são adquiridas somente na prática. O advogado Calvino Vieira, 44, especializado na área de Direitos Autorais, reforça a opinião de Beregeno. De acordo com Vieira, não é o curso que faz um bom profissional, qualquer um pode conhecer as técnicas jornalísticas, e, além disso, os profissionais antigos dessa área nunca precisaram de um curso para exercer bem a profissão. O Supremo Tribunal Federal (STF) está julgando a causa. No dia 1º de abril, a decisão já seria tomada, mas o julgamento só será concluído por volta dos dias 1º a 3 de dezembro deste ano. Alunos vestem a causa em defesa do diploma “Este jornal não é um jornal”. A frase foi o tema de uma atividade inspirada nas pinturas de René Magritte “Esta maçã não é uma maçã” e “Este cachimbo não é um cachimbo”, realizada pelos alunos do curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo da UFU, que foi proposta pela professora Mirna Tonus na disciplina de Comunicação e Educação e tinha um caráter de protesto, pois, no dia 1° de abril, seria votada pelo Supremo Tribunal Federal a obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo. Livres e com muita imaginação, os alunos transformaram as simples folhas de jornal em chapéus, correntes, chinelos e espadas, criticando criativamente a justiça brasileira, a banalização da informação, a manipulação feita pela imprensa e o exercício do jornalismo sem diploma. A irreverente atividade despertava olhares curiosos de quem passava pelo Campus Santa Mônica. Segundo a professora que propôs a atividade, “a função da mídia na educação não é só levar o jornal para a sala de aula, mas, também, trabalhá-la a partir de outras percepções”. Ela ressaltou que o intuito da atividade era despertar o interesse das pessoas na questão do diploma, o que acabou não acontecendo pela falta de iniciativa de quem observava para questionar os criadores das obras de jornal. “Apesar de divertida, acho que a atividade foi sem precedentes, pois quem nos olhava não entendia o que estava sendo reivindicado, as pessoas não perguntavam, acabamos 'pagando um mico', o protesto podia ter sido feito de uma forma mais eficiente”, opinou a aluna Laís Castro, que não ficou satisfeita com o resultado do trabalho. Já o aluno Danilo Nascimento afirmou que a situação foi proveitosa: “Achei interessante a ideia de fazer algo com o jornal além de lê-lo, fazendo relação com o fato de que existem pessoas que fazem jornal, mas não são bons jornalistas”. Apesar de a atividade de não agradar a todos, os alunos se mostraram engajados e empenhados em defender a profissão, além de apresentarem sua criatividade de formas variadas. Jornalistas viram “soldados da informação” por uma semana A Escola de Comando do Estado-Maior do Exército (ECEME), na figura do Major Gerson Vargas Ávila, convidou, em meados de março, os alunos de Comunicação Social: habilitação em Jornalismo da UFU para participar de uma atividade de treinamento de seus oficiais, a realizar-se do final de junho ao início de julho. “É uma preparação dos oficiais que serão, a partir de 2010, os assessores dos chefes dos mais altos escalões do Exército, juntamente com os futuros profissionais de imprensa”, definiu o Major. O projeto está também previsto para ser desenvolvido, neste ano, em Porto Alegre, Campinas e Manaus. Mesmo conhecida por formar profissionais nas mais diversas áreas, é importante ressaltar que, na ECEME, não são formados jornalistas, mas assessores com conhecimento em informações públicas, habilitados na matéria de Comunicação Social e Operações Psicológicas, como informou o Major Ávila. O projeto será desenvolvido por meio de palestras sobre assuntos de interesses do Exército e da Nação, bem como de entrevistas, coletivas ou não, e confecção de notas para imprensa na situação simulada de conflito armado. Em virtude do grande interesse dos alunos em preencher o limitado número de vagas (dividido entre os três cursos de Jornalismo existentes em Uberlândia), o critério de seleção na UFU consistiu na análise de textos dos estudantes, nos quais expuseram as razões pelas quais mereciam participar da atividade. Livros de jornalismo já estão na biblioteca Os livros destinados aos alunos do curso de Comunicação Social - habilitação em Jornalismo estão disponíveis na biblioteca do Campus Santa Mônica desde a última semana de março. A aquisição desses exemplares foi necessária devido à criação do curso na UFU. A biblioteca já contava com dezenas de títulos voltados à área e acaba de receber mais 283 volumes, sendo que outros 203 já foram pedidos e devem chegar nos próximos dias. Os professores solicitaram um número maior de obras. Entretanto, de acordo com a coordenadora do curso, Adriana Omena, alguns livros não foram encontrados no mercado. A bibliotecária Kelma Patrícia de Souza complementa que a crise financeira atingiu também os fornecedores, de modo que alguns títulos estão indisponíveis para compra no momento. A também bibliotecária Ana Maria da Silva afirma que é preciso agilizar os pedidos de livros, pois a verba destinada pelo governo federal não pode esperar. Caso a Universidade não utilize todo o dinheiro na compra de material informacional, a renda retorna para a União, que deve destiná-la a outra instituição. Curso de Jornalismo exige intensa dedicação dos alunos As aulas do curso de Comunicação Social – habilitação em Jornalismo da UFU já estão a todo vapor. A carga horária básica do curso, neste primeiro semestre, é dividida em cinco disciplinas – Sociologia, Comunicação e Educação, Mídias e Comunicação, Leitura e Produção de Textos I, Filosofia da Linguagem e um projeto interdisciplinar, PIC I –, ministradas no bloco 1G do Campus Santa Mônica. Além da carga horária das aulas, os alunos produzem diversos trabalhos extraclasse. São matérias, fichamentos, resenhas, protocolos e uma vasta quantidade de textos a serem lidos. O estranhamento de parte dos alunos é normal, pois o ingresso na universidade é o marco de uma mudança significativa na vida dos alunos, habituados ao ritmo do colégio ou cursinho pré-vestibular. Nem todos se sentem satisfeitos com tamanha quantidade de atividades. Segundo Marina Luísa Laini Gonçalves Martins, 19, aluna da primeira turma, o curso já começou com um ritmo intenso. “São muitas leituras e muitos trabalhos. As aulas são todas vespertinas, e o período da manhã, que fica livre para atividades em casa, parece curto. Eu, que tenho facilidade para estudar à noite, ainda consigo dividir melhor o tempo, mas nem todos têm essa flexibilidade”, diz. Marina acredita que é uma forma de exigir os esforços dos alunos desde o início, para que a turma se acostume ao ritmo do curso e, futuramente, da profissão de jornalista. Extremista muçulmano “aterroriza” a UFU Uma palestra sobre a atual situação do conflito no Oriente Médio, realizada em 6 de março no anfiteatro do bloco E, organizada pelo MEPR (Movimento Estudantil Popular Revolucionário), foi oferecida aos alunos da primeira turma de Comunicação Social, e também contou com a presença de alunos dos cursos de História, Pedagogia, Engenharia Civil, entre outros. Ministrada pelo libanês Salim Kadi, professor de Química em Araguari, recém-chegado do Oriente Médio, a palestra causou “frisson” na comunidade universitária. Kadi, declaradamente extremista, relatou que, desde os 14 anos de idade, foi combatente, empunhando uma AK-47 em 127 conflitos armados contra as forças israelenses. Ainda atuante no movimento pela libertação da Palestina, trocou as armas de fogo pelo poder da palavra. Munido de livros, dados e fotos chocantes do conflito, acusou o movimento sionista pela invasão judaica em terras palestinas, bem como por diversos acontecimentos que ele considera bizarros. Ele foi enfático ao dizer que os judeus sionistas são os verdadeiros terroristas e acusou a mídia ocidental de distorcer os fatos em favor de Israel, alegando que ela é controlada pelos sionistas. Um dos ouvintes contra-argumentou. Portando alguns documentos, ele questionou o palestrante de forma veemente e até agressiva. O clima esquentou e o restante da platéia reagiu. Foi nesse instante que se percebeu o “terror” das informações parciais e influenciadas que são transmitidas, escondendo o acesso à maioria dos fatos ocorridos no Oriente Médio para a sociedade ocidental, na visão de Kadi. Design Victor Barão

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Jornal mural do Curso de Jornalismo da Univarsidade Federal de Uberlândia. Primeira edição do jornal mural, desenvolvido para o Projeto Interdisciploinar em Comunicação I (PIC I)

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Page 1: COMUNICA! 01

Jornal mural do curso de Comunicação Social - Jornalismo - UFU

DCE mistura política e diversão na recepção aos calouros

A Calourada da UFU é um evento esperado não só pelos calouros, mas também pelos formandos da Universidade. Neste primeiro semestre de 2009, os ingressantes foram recebidos pela organização do evento com atividades culturais, ocorridas entre 29 de março e 5 de abril em ambos os campi, que abordaram o tema “E agora?”, proposto pelos CAs e DAs junto ao DCE, atualmente representado pela chapa DialogAção.

O tema escolhido abordou a reestruturação do Movimento Estudantil, pois, de acordo com Rafaela Soares, 19, estudante de Economia e integrante do DCE, “é importante que os alunos ingressantes compreendam que a Calourada não é só diversão, e sim uma tentativa de conscientizá-los de seu papel político na Universidade”. No entanto, a grande quantidade de palestras oferecidas com conteúdo politizado não atraiu o público esperado.

Segundo Felipe Duarte, 20, estudante de História e também organizador da Calourada, revelou que a verba, a aquisição da verba é umadquirida por meio de um processo burocrático, pois o orçamento deve ser aprovado pela Reitoria,, ainda que o DCE tenha liberdade de distribuí-la, a Reitoria deve aprovar o orçamento. Este, por sua vez, foi foi destinadao à divulgação do evento, à montagem da estrutura do palco, à contratação dos artistas principais e de seguranças adicionais.Rafaela e Duarte se declararam satisfeitos e realizados com o resultado do trabalho do DCE. Apesar de alguns incidentes, como o tumulto causado pelo conflito entre um jovem e um segurança da Universidade, das imensas filas e da instabilidade do tempo, o sucesso da Calourada não foi comprometido.

Calourada anima universitários O mais esperado pelos alunos foram os shows, que aconteceram durante todo o evento, com bandas de destaque na região, como a conhecida Maria Fumaça, e cantores de fama nacional, como Edgard Scandurra, integrante da banda de rock Ira!, e Arnaldo Antunes, da banda Titãs.

Segundo a estudante do primeiro ano de Arquitetura, Bianca Nery Fonseca, 18, a Calourada é um evento que propicia maior integração dos alunos com a Universidade. Além disso, a estudante considerou interessante a UFU trazer dois cantores de, pois são bem conhecidos e, certamente, fizeram a diferença. Para a estudante, porém, a estrutura montada para o show não foi suficiente para o número de pessoas que compareceram.

Obrigatoriedade do diploma em Jornalismo entra em discussão

A profissão de jornalista se encontra devidamente regulamentada desde 1969, e, há 60 anos, está integrada ao sistema de ensino superior. Em 23 de outubro de 2001, entretanto, o diploma para exercício do jornalismo recebeu um golpe quando a juíza substituta Carla Rister, da 16ª Vara Cível da Justiça Federal, 3ª Região, em São Paulo, concedeu uma liminar que suspendia sua obrigatoriedade para a prática profissional. Tal medida provocou um debate que alcançou seu ápice nos últimos meses.

A partir dessa discussão, os alunos do curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, da UFU, participaram da dinâmica “Este jornal não é um jornal”, realizada no bloco 3Q, Campus Santa Mônica, em 1º de abril de 2009.

A dinâmica foi proposta pela professora Mirna Tonus, na disciplina Comunicação e Educação, realizada como forma de protesto em prol da manutenção da obrigatoriedade do diploma para profissionais do jornalismo. Segundo ela, é importante que o profissional possua diploma, já que a ética é discutida no decorrer dos cursos de jornalismo, onde também é ensinada a técnica necessária para a profissão.

Opiniões divergentesEsse pensamento da professora não se estende a alguns profissionais da

área de Direito e membros de redações de jornais, que acreditam não ser necessário um diploma para exercer a profissão.

Luciano Beregeno, 40, editor-chefe do jornal Gazeta do Triângulo, de Araguari, MG, defende que o diploma não é essencial para o jornalista, pois as qualidades necessárias para o exercício da profissão são adquiridas somente na prática.

O advogado Calvino Vieira, 44, especializado na área de Direitos Autorais, reforça a opinião de Beregeno. De acordo com Vieira, não é o curso que faz um bom profissional, qualquer um pode conhecer as técnicas jornalísticas, e, além disso, os profissionais antigos dessa área nunca precisaram de um curso para exercer bem a profissão.

O Supremo Tribunal Federal (STF) está julgando a causa. No dia 1º de abril, a decisão já seria tomada, mas o julgamento só será concluído por volta dos dias 1º a 3 de dezembro deste ano.

Alunos vestem a causa em defesa do diploma

“Este jornal não é um jornal”. A frase foi o tema de uma atividade inspirada nas pinturas de René Magritte “Esta maçã não é uma maçã” e “Este cachimbo não é um cachimbo”, realizada pelos alunos do curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo da UFU, que foi proposta pela professora Mirna Tonus na disciplina de Comunicação e Educação e tinha um caráter de protesto, pois, no dia 1° de abril, seria votada pelo Supremo Tribunal Federal a obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo.

Livres e com muita imaginação, os alunos transformaram as simples folhas de jornal em chapéus, correntes, chinelos e espadas, criticando criativamente a justiça brasileira, a banalização da informação, a manipulação feita pela imprensa e o exercício do jornalismo sem diploma.

A irreverente atividade despertava olhares curiosos de quem passava pelo Campus Santa Mônica. Segundo a professora que propôs a atividade, “a função da mídia na educação não é só levar o jornal para a sala de aula, mas, também, trabalhá-la a partir de outras percepções”. Ela ressaltou que o intuito da atividade era despertar o interesse das pessoas na questão do diploma, o que acabou não acontecendo pela falta de iniciativa de quem observava para questionar os criadores das obras de jornal.

“Apesar de divertida, acho que a atividade foi sem precedentes, pois quem nos olhava não entendia o que estava sendo reivindicado, as pessoas não perguntavam, acabamos 'pagando um mico', o protesto podia ter sido feito de uma forma mais eficiente”, opinou a aluna Laís Castro, que não ficou satisfeita com o resultado do trabalho. Já o aluno Danilo Nascimento afirmou que a situação foi proveitosa: “Achei interessante a ideia de fazer algo com o jornal além de lê-lo, fazendo relação com o fato de que existem pessoas que fazem jornal, mas não são bons jornalistas”.

Apesar de a atividade de não agradar a todos, os alunos se mostraram engajados e empenhados em defender a profissão, além de apresentarem sua criatividade de formas variadas.

Jornalistas viram “soldados da informação” por uma semana

A Escola de Comando do Estado-Maior do Exército (ECEME), na figura do Major Gerson Vargas Ávila, convidou, em meados de março, os alunos de Comunicação Social: habilitação em Jornalismo da UFU para participar de uma atividade de treinamento de seus oficiais, a realizar-se do final de junho ao início de julho. “É uma preparação dos oficiais que serão, a partir de 2010, os assessores dos chefes dos mais altos escalões do Exército, juntamente com os futuros profissionais de imprensa”, definiu o Major. O projeto está também previsto para ser desenvolvido, neste ano, em Porto Alegre, Campinas e Manaus.

Mesmo conhecida por formar profissionais nas mais diversas áreas, é importante ressaltar que, na ECEME, não são formados jornalistas, mas assessores com conhecimento em informações públicas, habilitados na matéria de Comunicação Social e Operações Psicológicas, como informou o Major Ávila.

O projeto será desenvolvido por meio de palestras sobre assuntos de interesses do Exército e da Nação, bem como de entrevistas, coletivas ou não, e confecção de notas para imprensa na situação simulada de conflito armado.

Em virtude do grande interesse dos alunos em preencher o limitado número de vagas (dividido entre os três cursos de Jornalismo existentes em Uberlândia), o critério de seleção na UFU consistiu na análise de textos dos estudantes, nos quais expuseram as razões pelas quais mereciam participar da atividade.

Livros de jornalismo já estão na biblioteca

Os livros destinados aos alunos do curso de Comunicação Social - habilitação em Jornalismo estão disponíveis na biblioteca do Campus Santa Mônica desde a última semana de março. A aquisição desses exemplares foi necessária devido à criação do curso na UFU.

A biblioteca já contava com dezenas de títulos voltados à área e acaba de receber mais 283 volumes, sendo que outros 203 já foram pedidos e devem chegar nos próximos dias.

Os professores solicitaram um número maior de obras. Entretanto, de acordo com a coordenadora do curso, Adriana Omena, alguns livros não foram encontrados no mercado. A bibliotecária Kelma Patrícia de Souza complementa que a crise financeira atingiu também os fornecedores, de modo que alguns títulos estão indisponíveis para compra no momento.

A também bibliotecária Ana Maria da Silva afirma que é preciso agilizar os pedidos de livros, pois a verba destinada pelo governo federal não pode esperar. Caso a Universidade não utilize todo o dinheiro na compra de material informacional, a renda retorna para a União, que deve destiná-la a outra instituição.

Curso de Jornalismo exige intensa dedicação dos alunos

As aulas do curso de Comunicação Social – habilitação em Jornalismo da UFU já estão a todo vapor. A carga horária básica do curso, neste primeiro semestre, é dividida em cinco disciplinas – Sociologia, Comunicação e Educação, Mídias e Comunicação, Leitura e Produção de Textos I, Filosofia da Linguagem e um projeto interdisciplinar, PIC I –, ministradas no bloco 1G do Campus Santa Mônica.

Além da carga horária das aulas, os alunos produzem diversos trabalhos extraclasse. São matérias, fichamentos, resenhas, protocolos e uma vasta quantidade de textos a serem lidos.

O estranhamento de parte dos alunos é normal, pois o ingresso na universidade é o marco de uma mudança significativa na vida dos alunos, habituados ao ritmo do colégio ou cursinho pré-vestibular.Nem todos se sentem satisfeitos com tamanha quantidade de atividades. Segundo Marina Luísa Laini Gonçalves Martins, 19, aluna da primeira turma, o curso já começou com um ritmo intenso. “São muitas leituras e muitos trabalhos. As aulas são todas vespertinas, e o período da manhã, que fica livre para atividades em casa, parece curto. Eu, que tenho facilidade para estudar à noite, ainda consigo dividir melhor o tempo, mas nem todos têm essa flexibilidade”, diz.

Marina acredita que é uma forma de exigir os esforços dos alunos desde o início, para que a turma se acostume ao ritmo do curso e, futuramente, da profissão de jornalista.

Extremista muçulmano “aterroriza” a UFUUma palestra sobre a atual situação do conflito no Oriente Médio, realizada em 6 de março no anfiteatro do bloco E, organizada pelo MEPR (Movimento Estudantil Popular Revolucionário), foi oferecida aos alunos da primeira turma de Comunicação Social, e também contou com a presença de alunos dos cursos de História, Pedagogia, Engenharia Civil, entre outros.

Ministrada pelo libanês Salim Kadi, professor de Química em Araguari, recém-chegado do Oriente Médio, a palestra causou “frisson” na comunidade universitária. Kadi, declaradamente extremista, relatou que, desde os 14 anos de idade, foi combatente, empunhando uma AK-47 em 127 conflitos armados contra as forças israelenses. Ainda atuante no movimento pela libertação da Palestina, trocou as armas de fogo pelo poder da palavra.

Munido de livros, dados e fotos chocantes do conflito, acusou o movimento sionista pela invasão judaica em terras palestinas, bem como por diversos acontecimentos que ele considera bizarros. Ele foi enfático ao dizer que os judeus sionistas são os verdadeiros terroristas e acusou a mídia ocidental de distorcer os fatos em favor de Israel, alegando que ela é controlada pelos sionistas.

Um dos ouvintes contra-argumentou. Portando alguns documentos, ele questionou o palestrante de forma veemente e até agressiva. O clima esquentou e o restante da platéia reagiu. Foi nesse instante que se percebeu o “terror” das informações parciais e influenciadas que são transmitidas, escondendo o acesso à maioria dos fatos ocorridos no Oriente Médio para a sociedade ocidental, na visão de Kadi.

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